institucionais, sociais, culturais, arte e mídia) passíveis de nos criar num campo
existencial de auto-referência.
Desse modo, nossa investigação visou ‘marchar’ com um ator social produzido
no cerne das estratégias de intervenção de uma máquina social do espectro do MST
junto a seus integrantes: o militante político, materializado na figura do Sem Terra
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Assim sendo, pretendemos conduzir uma discussão partindo de alguns
pressupostos que, a nosso ver, encontram aporte teórico-conceitual no campo da
Psicologia Social, mas também em outras áreas como a Filosofia e as Ciências Sociais.
São eles:
1. Considerar a produção/fabricação social e histórica das categorias amizade
(Ortega, 2004, 2000, 2002, 1999; Vincent-Buffault, 1996, Arendt, 2004;
Passeti, 2004, 2003a, 2003b; Konstan, 2005), identidade e singularidade
(Woodward, 2004; Castells, 2006; Pelbart, 2003; Guattari, 2000, 1999;
Guattari e Rolnik, 1986; Rolnik, 1997, 1989).
2. Situar o MST como um regime de subjetivação, ou seja, portador de uma
economia subjetiva, já que faz circular, distribuir e promover o consumo de
uma ordem imaterial, simbólica (Esmeraldo, 2004; Leite e Dimenstein,
2006) alimentada na figura do militante.
3. Vislumbrar, ainda, o MST como um jogo de forças que atua em dois
regimes: extensivo e intensivo (Neves, 2004). No primeiro caso, tais forças
se configuram nas suas modalidades de intervenção (dentre elas, apontamos
as práticas educativas e a formação política do Sem Terra) junto aos
integrantes, na tentativa de implantação de seus princípios organizativos. Por
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Há uma distinção ortográfica e conceitual entre o termo sem-terra (com hífen) e Sem Terra (sem hífen).
O primeiro “corresponde uma categoria de trabalhadores que, embora já tenha tido acesso precário à
terra, na condição de morador, parceiro, posseiro ou arrendatário, passou por um processo de
expulsão/expropriação e, após uma experiência como assalariado bóia-fria, residente em vilarejos rurais
ou periferias urbanas se organiza e resolve lutar para reaver o direito de retornar à terra e a ter acesso a
um pedaço de chão” (Moreira, 1997, p. 31). O segundo faz alusão a uma referência identitária do
trabalhador que incorpora os princípios do MST (Caldart, 2000). Essa distinção será adotada neste
trabalho.