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O Movimento da Escola Nova se tornou conhecido no Brasil após a Primeira
Guerra Mundial, especialmente a partir da década de 1920, caracterizada por um conjunto
de reformas educacionais.
No que se refere a esse conjunto, para além das reformas de ensino de abrangência
nacional, é preciso referir as reformas que aconteceram no período entre 1920 e 1930, em
vários estados brasileiros – São Paulo, Ceará, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Pernambuco – impulsionadas por pensadores e educadores motivados pela disseminação
de novos métodos educativos inspirados na Psicologia (métodos criados e praticados nos
principais países da Europa e da América)
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. De acordo com Nagle (1990), é por iniciativa
principalmente dos estados, e não tanto da União, que a reorganização da escola brasileira
começa a ser pensada e efetivada, no que se refere à administração escolar; à ampliação da
rede e da clientela; às pesquisas sobre o perfil dos estudantes; e ao uso de instrumentos de
planejamento, como, por exemplo, os recenseamentos escolares.
Como um dos importantes acontecimentos diretamente relacionados à
disseminação das idéias escolanovistas no Brasil, destaca-se a criação da Associação
Brasileira de Educação, fundada em 1924 por um grupo de engenheiros e médicos,
composto em seguida também por educadores brasileiros (pre)ocupados com as reformas
de ensino em diferentes estados do país
26
.
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Dentre as reformas educacionais de abrangência estadual, destacam-se: Reforma Sampaio Dória, realizada
em São Paulo, em 1920; Reforma Lourenço Filho, no Ceará, em 1923; Reforma Anísio Teixeira, na Bahia,
em 1925; Reforma Francisco Campos e Mário Casassanta, em Minas Gerais, em 1927; Reforma Fernando
de Azevedo, no Distrito Federal (atual Rio de Janeiro), em 1928; Reforma Carneiro Leão, em Pernambuco,
em 1928. Além disso, embora não tenham se constituído sob o nome de Reformas, é preciso destacar a
atuação de José Augusto Bezerra de Menezes que, no período entre 1925 e 1928, levou o movimento de
renovação educacional ao Estado do Rio Grande do Norte, e também a atuação de Lisímaco Costa que, em
1927, deu continuidade ao movimento no Estado do Paraná (Lemme, 1984; Niskier, 1993). Para uma síntese
das principais reformas educacionais de abrangência nacional, desde a proclamação da república brasileira
até o período do Estado Novo, ver anexo 1.
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Entre os fundadores da Associação Brasileira de Educação, destacaram-se, primeiro, sob a liderança de
Heitor Lira da Silva, os engenheiros Fernando Laboriau, Dulcídio Pereira, Amoroso Costa, Isabel Lacombe,
Alice Carvalho de Mendonça, Paulo Carneiro, Venâncio Filho, Edgard Süssekind de Mendoça, Everardo
Backeuser, Álvaro Alberto, Menezes de Oliveira, o médico Amaury de Medeiros e o advogado José
Augusto. À expressiva maioria de engenheiros, uniram-se os médicos Fernando de Magalhães, Roquette
Pinto, Artur Moses, Gustavo Lessa, Carlos Sá e Miguel Couto.
Após a predominância de engenheiros e médicos – que levantaram a bandeira da educação como direito de
todos os brasileiros – foram se chegando à Associação professores de todos os graus e níveis de ensino, tais
como: Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Fernando de Azevedo, Consuelo Pinheiro, Paschoal Lemme, Juracy
Silveira, Franklin Botelho de Magalhães, Basílio de Magalhães, entre muitos outros (informações obtidas no
site da Associação Brasileira de Educação:
http://www.abe1924.org.br). Apesar de extensas, considero que
tais informações são importantes especialmente para que fiquem aqui registradas as participações pioneiras
de outros profissionais que não os professores na criação de um órgão especificamente educacional.