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períodos de 10 anos ou mais (BEHRENSMEYER, 1982; ASLAN & BEHRENSMEYER,
1996). Em águas rasas, a abrasão mecânica é o principal agente de desgaste dos restos
esqueléticos (BRETT & BAIRD, 1986). Além disso, ossos fossilizados sofrem mais abrasão
do que ossos frescos (FERNÁNDEZ-JALVO & ANDREWS, 1992). A abrasão é
caracterizada pela remoção da camada externa do osso, expondo a estrutura esponjosa interna
e/ou pelo arredondamento observado nas extremidades, projeções ósseas e bordas fraturadas.
Esta variável foi classificada como grau 0 (sem sinais de abrasão), grau 1 (sinais de desgaste
pouco extensos ou profundos) ou grau 2 (sinais de abrasão profundos e extensos, ocupando a
maior parte da estrutura do osso). Contudo, deve-se ressaltar que sinais similares a desgaste
nas extremidades podem ser resultado do ressecamento de cartilagens (CAPILLA &
HENRIQUES, 2005). Sinais de osteoartrite (FERIGOLO, 1992) também podem ser
confundidos com evidências de abrasão.
• Marcas superficiais: Diversos fatores biogênicos, como insetos (KAISER, 2000;
FEJFAR & KAISER, 2005; ROBERTS et al., 2007), predadores/necrófagos (HAYNES,
1980; ANDREWS & FERNÁNDEZ-JALVO, 1997; DOMÍNGUEZ-RODRIGO &
PIQUERAS, 2003), plantas (MONTALVO, 2002), ou humanos (SELVAGGIO, 1994;
BLUMENSCHINE et al., 1996; DEFLEUR et al., 1999), podem deixar marcas distintas nos
ossos. Sinais de dentes de mamíferos carnívoros aparecem na forma de furos ou sulcos bem
marcados, paralelos e agrupados, e são mais evidentes em ossos nasais, escápula,
extremidades distais do úmero, rádio e tíbia, extremidades distal proximal do fêmur, crista
ilíaca e sínfise púbica (HAYNES, 1980; D’ANDREA & GOTTHARDT, 1984). Embora seja
possível distinguir com relativa segurança marcas causadas por carnívoros e necrófagos
daquelas resultantes de ação humana, como cortes de ferramentas e fraturamento
(BLUMENSCHINE et al., 1996), marcas de dentes nos ossos não possibilitam distinguir o
agente causador a nível inter-específico, a menos que se conheça a variação intra-específica
na morfologia dentária e distribuição geográfica dos táxons (DOMÍNGUEZ-RODRIGO &
PIQUERAS, 2003). Outros agentes biogênicos causadores de marcas em ossos são insetos,
que utilizam materiais orgânicos para alimentação, moradia e reprodução. Coleópteros
(especialmente da Família Dermestidae) são comuns em carcaças, sendo encontrados desde
animais recém-mortos até ossos secos, e espécies distintas desses organismos são observadas
em diferentes estações do ano e em diferentes estágios da decomposição (MOURA et al.,