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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Análise comparativa in vitro da infiltração
bacteriana na interface implante/conexão
protética em implantes osseointegráveis
tipo cone morse
Bruno José de Oliveira
Belo Horizonte
2008
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Bruno José de Oliveira
Análise comparativa in vitro da infiltração
bacteriana na interface implante/conexão
protética em implantes osseointegráveis
tipo cone morse
Belo Horizonte - MG
Faculdade de Odontologia da PUC-Minas
2008
Dissertação apresentada ao Programa de
Mestrado da Faculdade de Odontologia da
Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Odontologia,
área de concentração Implantodontia
Orientador: Prof. Dr. Peter Reher
Co-orientadora: Profª Dra.
Maria Eugênia
Alvarez - Leite
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FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Oliveira, Bruno José de
O48a Análise comparativa in vitro da infiltração bacteriana na interface
implante/conexão protética em implantes osseointegráveis tipo cone morse /
Bruno José de Oliveira. Belo Horizonte, 2008.
64f. : Il.
Orientador: Peter Reher
Co-orientadora: Maria Eugênia Alvarez Leite
Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais. Programa de Pós-Graduação em Odontologia
1. Implantes dentários. 2. Adaptação. 3. Infiltração dentária. 4. Implante
dentário endoósseo. I. Reher, Peter. II. Leite, Maria Eugênia Alvarez. III.
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação
em Odontologia. IV. Título.
CDU: 616.314-089.843
DEDICATÓRIAS
À minha esposa Patrícia, pelo amor, carinho e compreensão, que sempre
me dedicou nos momentos felizes e nas horas difíceis de minha vida.
Ao Matheus e à Luiza, pelo amor, carinho e
felicidade de tê-los como excelentes filhos, razão maior
de minha motivação na busca de novos horizontes na profissão e pelos momentos
que estivemos distantes
Ao meu inesquecível pai,
apesar de não estar mais neste mundo, foi meu exemplo de profissional da
Odontologia e de ser humano. Suas dificuldades e dedicação à profissão
despertaram em mim, desde criança, o entusiasmo e a vontade de abraçar esta
carreira como minha fonte de realização pessoal e profissional.
À minha mãe, a quem devo meus estudos no curso de odontologia e os primeiros
passos profissionais
Aos meus irmãos, cunhadas e cunhados e em especial ao Oder Júnior que partiu tão
cedo deste mundo, deixando uma grande saudade
Ao Doutor Heleno dos Reis Junqueira (In Memorian), ex Professor Titular de cirurgia
da Faculdade de Odontologia da Universidade de Itaúna, pelo incentivo, apoio e
iniciação na especialidade e na docência em cirurgia.
Ao Doutor Fernando de Sousa Lapa (In Memorian)
Coordenador do meu curso de Especialização em Cirurgia e Traumatologia
Bucomaxilofacial, pelos grandes ensinamentos na área de cirurgia e traumatologia
bucomaxilofacial.
Ao Professor Jair Raso (In Memorian)
Ex diretor da Faculdade de Odontologia da Universidade de Itaúna, a quem devo
também minha iniciação na carreira docente.
Ao Professor José Diniz Camargos (In Memorian) da Faculdade de Odontologia da
Universidade de Itaúna, pelo incentivo e apoio na minha vida profissional
AGRADECIMENTOS
À Faculdade de Odontologia da PUC Minas pela estrutura disponibilizada para o
desenvolvimento do curso de mestrado e parte experimental do estudo.
Ao Professor Doutor Peter Reher, meu orientador, pela orientação, disponibilidade,
paciência, amizade antiga e sincera e pela valiosa contribuição para o
desenvolvimento deste trabalho.
À Professora Doutora Maria Eugênia Avarez Leite, minha Co – orientadora, pois sem
seu apoio, dedicação, compreensão e ensinamentos, este trabalho não teria sido
realizado.
À Universidade de Itaúna, na pessoa de seu Reitor, Professor Doutor Faiçal David
Freire Chequer, de seu Vice Reitor, Doutor Irineu Carvalho de Macedo e de seus
Pró – Reitores, Matozinhos Barbosa e Terezinha Alves de Almeida pelo apoio
incondicional para a realização do Curso de Mestrado e pelas oportunidades e
confiança dadas a mim, em minha carreira docente.
À Faculdade de Odontologia da Universidade de Itaúna, na pessoa de seu Diretor,
Professor Juraci Correa da Silveira, por seu apoio e incentivo.
A todos os Professores do Curso de Mestrado em Implantodontia da PUC- Minas,
pelos ensinamentos, amizade e experiência profissional e docente transmitidas
incondicionalmente.
Ao Professor Doutor Elton Zenóbio, Coordenador do Programa de Mestrado em
Implantodontia da PUC Minas, pela competência, dedicação, amizade e seriedade
transmitidas.
Ao Professor Doutor Roberval de Almeida Cruz, coordenador geral dos Programas
de Mestrado em Odontologia da PUC Minas, pela forma competente com que
conduz a pós graduação,
Aos Professores da disciplina de cirurgia bucomaxilofacial, da Faculdade de
Odontologia da Universidade de Itaúna, pelo apoio e amizade demonstrada durante
minha ausência.
Aos Professores da Faculdade de Odontologia da Universidade de Itaúna e da PUC
Minas, Doutor Frank Ferreira da Silveira e Doutora Cláudia Valéria Resende de
Sousa Penido, pela amizade incentivo e apoio.
Aos meus colegas do Curso de Mestrado, Branca, Juliana, Mariana, Marília,
Rodrigo, Guilherme, Leonardo, Davidson e em especial ao Marco Monteiro e ao
Francisco, membros da minha equipe de trabalho, pelo coleguismo, amizade e
ensinamentos compartilhados
À Minha cunhada Elaine Sheila, seu marido Marcos, seus filhos Marcos e Ariane,
pelo carinho e receptividade em sua casa, durante minha estada em Belo Horizonte
À Minha cunhada Cristina e seu marido Steves pelo apoio e incentivo
Às Secretárias do Programa de Pós Graduação da PUC – Minas, Angélica e Sivânia,
e a todos os funcionários pela atenção e presteza sempre presente
Aos funcionários da Faculdade de Odontologia da Universidade de Itaúna, em
especial Sr. Valmir Matos, Maria do Carmo e Maria Amélia, pelo apoio e incentivo.
Ao aluno de graduação da Faculdade de Odontologia da PUC - MInas e bolsista
pesquisador do FIPE, Daniel Guião Fernandes, pela ajuda e contribuição na parte
experimental deste trabalho.
À Neodent na pessoa da Professora Ivete Sartori, à Titaniun Fix, na pessoa do Dr.
Carlos Ademar Ferreira, grande amigo de tanto tempo, à Dentsply e à Intralock, pelo
material doado para a realização deste trabalho.
LISTA DE ARTIGOS
Esta dissertação gerou as seguintes propostas de artigos:
I. Infiltração bacteriana na interface implante/conexão protética em implantes
osseointegráveis (artigo de revisão de literatura).................................................. 17
(A ser submetido á revista Implantnews)
II.
Análise comparativa in vitro da infiltração bacteriana na interface
implante/conexão protética em implantes osseointegráveis tipo cone Morse (artigo
de pesquisa)........................................................................................................... 37
(A ser submetido á revista Implantnews)
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo avaliar in vitro a ocorrência da infiltração
bacteriana na interface implante/conector protético, em quatro sistemas de implantes
tipo cone morse, comercializados no Brasil. Foram avaliados, pelo método de cultura
microbiológica, a ocorrência de infiltração bacteriana na interface implante/conector
protético nos sistemas de implantes tipo cone morse das seguintes marcar
comerciais: Neodent®, Titaniunfix®, Intralock® e Ankylos®. Foi utilizado também um
grupo composto por implantes de hexágono externo (Neodent®) como controle
positivo. Foram avaliados um total de 25 implantes, divididos em 5 grupos de 5
unidades cada. Após manipulação e abertura dos implantes em condições estéreis,
inoculou-se de 0,1 a 0,5 µL de uma solução contendo colônia da bactéria
Streptococcus sanguinis na superfície interna de cada implante e, logo após, o
conector protético foi adaptado e parafusado com o auxílio de um torquímetro
calibrado de acordo com cada fabricante. Culturas microbiológicas foram realizadas
em três momentos: 1) Swab e cultura para avaliar a esterilização do implante; 2)
Imersão por 30 seg. em meio de cultura após a fixação do conector, para avaliar
extravasamento das bactérias; 3) Cultura final de 14 dias do conjunto
implante/conector. As culturas foram realizadas tubos eppendorf contendo o meio de
cultura BHI (Brain Heart Infusion) e levada a uma estufa bacteriológica, mantidos sob
condições ideais durante 14 dias. Verificou-se que todos os sistemas de implantes
apresentaram microinfiltração bacteriana, sendo que não foram observadas
diferenças significantes entre os sistemas avaliados.
Unitermos: Implantes dentais, adaptação implante/conector protético,
microinfiltração bacteriana, implantes cone Morse
ABSTRACT
The purpose of this paper is to evaluate in vitro the occurrence of bacterial
infiltration between the implant/prothetic connector interface, in four cone-morse
implant systems commercially available in Brazil. A qualitative bacterial culture
method was used to evaluate the following implant systems: Neodent®, Titaniunfix®,
Intralock® and Ankylos®. A traditional external hexagonon system (Neodent®) was
also used as a positive control. A total of 24 implants were evaluated, divided into 4
groups of 5 implants and 1 group or 4 implants each. After manipulation of the
implants under sterile conditions, 0,3 µL of a solution containing Streptococcus
sanguinis was inserted into each implant, and immediatly after the prosthetic
connector was adapted using the proper calibrated torquimeter, according to the
fabricant instructions. Microbiological cultures were realized in three moments: 1)
Swab and culture to evaluate the implant sterilization; 2) Immersion for 30 seconds in
the culture medium after the fixation of the connector, to evaluate possible
extravasation of the bacteriun; 3) Long time culture of the implant/connector conjunct,
for 14 days. The cultures were realized in eppendorf tubes with BHI (brain heart
infusion), and kept for 14 days under ideal conditions in a bacteriological incubator.
The results showed that all implant systems presented bacterian microinfiltration, and
no statistical diferences between groups could be observed.
Keywords: Dental implants, implant/prosthetic conector interface, bacterian micro-
infiltration, cone-morse implants
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................12
2 – OBJETIVOS.................................................................................................................................................15
2.1
-
O
BJETIVO
G
ERAL
................................................................................................................................................... 15
2.2
O
BJETIVOS
E
SPECÍFICOS
........................................................................................................................................ 15
3 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................................16
4 - ARTIGO I ....................................................................................................................................................18
RESUMO......................................................................................................................................................................... 19
ABSTRACT.................................................................................................................................................................... 19
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................. 20
REVISÃO
DA
LITERATURA .................................................................................................................................... 21
DISCUSSÃO................................................................................................................................................................... 30
CONCLUSÃO................................................................................................................................................................. 31
REFERÊNICAS
BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................................ 32
5 - ARTIGO II...................................................................................................................................................37
RESUMO......................................................................................................................................................................... 38
ABSTRACT.................................................................................................................................................................... 38
INTRODUÇÃO.............................................................................................................................................................. 39
REVISÃO
DA
LITERATURA .................................................................................................................................... 40
MATERIAIS
E
MÉTODOS......................................................................................................................................... 46
RESULTADOS .............................................................................................................................................................. 54
DISCUSSÃO................................................................................................................................................................... 58
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................................ 60
6 - CONCLUSÃO FINAL ..................................................................................................................................63
12
1- INTRODUÇÃO
Desde a antiguidade, o ser humano procurou um substituto ideal para um ou
mais dentes perdidos. Perda essa que causa deficiência no sistema
estomatognático, influencia negativamente na estética e vida social das pessoas.
Foram empregados diversos materiais e técnicas cirúrgicas como dentes de seres
humanos vivos (transplante dental homógeno) ou de cadáveres, e até pedaços de
marfim, na tentativa de substituir dentes perdidos (SPIEKERMANN et al., 1995).
Baseado em resultados obtidos nos estudos experimentais de Branemark e
colaboradores em 1969, os implantes dentários tornaram-se uma terapia
cientificamente comprovada e aceita no mundo odontológico. Baseado nisso
pensou-se que havia chegado ao fim da procura de um material ideal, que pudesse
substituir os elementos dentários perdidos. (BUSER & BELSER, 1996).
Outra grande evolução ocorrida após o descobrimento da osseointegração
foram as técnicas de reconstrução óssea: regeneração óssea guiada, enxertos
ósseos em bloco e particulados, levantamento do seio maxilar e distração
osteogênica alveolar (MISCH et al., 1992).
O sucesso dos implantes osseointegrados ampliou as suas indicações e isso
levou à necessidade de novas pesquisas, como melhoras na sua topografia, adesão
celular na interface implante/osso e colonização bacteriana na região periimplantar.
(BUSER et al., 1992).
JANSEN et al (1997) afirmou que uma interface implante/conector protético
com fenda ampla pode ter uma influência negativa na saúde dos tecidos
periimplantares. A presença de bactérias no interior de implantes de titânio é um
achado relatado por diversos autores, mesmos nos sistemas considerados de ponta,
13
onde a passagem bidirecional de fluídos é evidente (TRAVERSY & BIREK, 1992;
QUIRYNEN & VAN ESTEENBERGHE, 1993).
É sabido que o sucesso primário dos implantes se deve à osseointegração,
no entanto, se não existir uma perfeita adaptação entre o implante e seus
componentes protéticos, o risco de perda dos implantes torna-se evidente, pois pode
ocorrer uma colonização bacteriana nessa área de desadaptação, levando a uma
patologia periimplantar, causando o comprometimento da osseointegração (JANSEN
et al., 1997; VIDIGAL Jr. et al., 1995).
Os implantes osseointegrados são bem suportados pelo tecido ósseo, porém,
se a interface implante/pilar o for precisa, pode se tornar uma fonte de
complicações microbiológicas e biomecânicas. O acúmulo de biofilme bacteriano na
superfície dos implantes inicia uma reação do hospedeiro que, na mucosa
periimplantar, se caracteriza pelo estabelecimento de uma resposta inflamatória
(ZITZMANN et al., 2002). Essa resposta inflamatória pode ficar restrita à mucosa
(mucosite) ou se estender ao tecido ósseo (periimplantite), podendo comprometer a
manutenção da osseointegração.
COVANI et al. (2006) demonstraram intensa colonização bacteriana na
interface implante/pilar de implantes que falharam e foram removidos vários anos
após sua instalação. Essas bactérias eram, em sua maioria, cocos e filamentos, que
estavam aderidos à superfície do implante em uma orientação perpendicular ao seu
longo eixo. Numerosos microorganismos foram encontrados nos tecidos
periimplantares. Nessas áreas, filamentos, bastões e espiroquetas estavam
presentes.
14
Para tentar evitar os problemas causados pela microinfiltração na interface
implante/conector protético, foram desenvolvidos os implantes tipo cone morse, que
segundo seus fabricantes e alguns pesquisadores apresentam várias vantagens em
relação aos implantes de hexágono externo e interno convencionais, como: 1)
selamento bacteriano, 2) ausência de “gap”, fixação anti-rotacional estável, 4) alta
estabilidade mecânica, 5) maior resistência do pilar, 6) ausência de afrouxamento do
parafuso e 7) estabilidade dos tecidos ósseos e gengivais (LANG, 2002;
MORGANO, 2001).
15
2 – OBJETIVOS
2.1 - Objetivo Geral
Avaliar in vitro a ocorrência da infiltração bacteriana na interface
implante/conector protético, em quatro sistemas de implantes tipo cone morse,
comercializados no Brasil.
2.2 Objetivos Específicos
1 Realizar uma revisão de literatura sobre infiltração bacteriana na interface
implante/conector protético em implantes tipo cone morse.
2 - Avaliar, com o uso de coleta de material por swab e cultura bacteriana, a eficácia
da esterilização dos implantes tipo cone morse Neodent®, Titanium Fix®, Intralock®
e Ankylos®.
3 Avaliar se houve contaminação inicial no experimento, através de imersão do
conjunto implante/conector infectado internamente no meio de cultura por 30 seg.
4 - Avaliar, pelo método de cultura microbiológica (método qualitativo), a ocorrência
de infiltração bacteriana na interface implante/conector protético nos sistemas de
implantes tipo cone morse Neodent®, Titanium Fix®, Intralock® e Ankylos®.
16
3 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - BUSER, D.; BELSER, U. C. Considerações anatômicas, cirúrgicas e estéticas em
implantodontia. In: BUSER, D.; DAHLIN, C.; SCHENK, R. K. Regeneração óssea
guiada na Implantodontia. Chicago: Quintessence, 1996. cap.1, p.13-29.
2 - BUSER D, WEBER HP, DONATH K, FIORELLINI JP, PAQUETTE DW,
WILLIAMS RC Soft tissue reactions to non-submerged unloaded titanium implants in
beagle dogs. Journal of Periodontology. 1992;63(3):225-35.
3 - COVANI, U.; MARCONCINI, S.; CRESPI, R.; BARONI, A. Bacterial plaque
colonization around dental implant surface. Implant Dentistry, Baltimore, v3, n.7
Sep, 2006.
4 - JANSEN, V. K.; CONRADS, G; RICHTER, E. J. Microbial leakage and marginal fit
of the implant-abutment interface. International Journal of Oral & Maxillofacial
Implants. Lombard, v.12 n.4, p.527-540, 1997.
5 - LANG, L.A. The Influence of abutment screw tightening joint configuration.
Journal Prosthetic, Saint Louis, v.87, n.1, p.74-79, 2002.
6 - MISCH, C. M. et al. Reconstruction of maxillary alveolar defects with mandibular
synphisis grafts for dental implants: a preliminary procedural report. International
Journal of Oral & Maxillofacial Implants. Lombard v.7, n.3, p. 360-336, 1992.
7 - MORGANO, C. et al. Single tooth replacement by Morse taper connection
implants: a retrospective study of 80 implants. International Journal of Oral &
Maxillofacial Implants, Lombard, v.16, n.5, p.675-80, 2001.
8 - QUIRYNEN, M.; VAN STEENBERGHE, D. Bacterial colonization of the internal
part of two-stage implants: an in vivo study. Clinical Oral Implants Research,
Copenhagen, v.4, n.3, p.158-161, 1993.
17
9 - SPIEKERMANN, H. et al. Color Atlas of Dental Medicine Implantology.
Stuttgart, Thiene Verlag, 1995, Cap. 1, p. 1 – 2.
10 - TRAVERSY, M. C.; BIREK, C. Fluid and microbial leakage of implant-abutment
assembly in vitro. Journal Dental Research, Washington, v.71, p.754, 1992.
11 - VIDIGAL, Jr. et al. Evaluation of the implant connection interface using
scanning electron microscopy. Brazilian Dental Journal, Ribeirão Preto, v.6, n.1,
1995.
12 - ZITZMANN, N.U.; ABRAHAMSSON, I.; BERGLUNDH, T.; LINDHE, J. Soft
tissue reactions to plaque formation at implant abutments with different surface
topography. An experimental study in dogs. Journal of Clinical Periodontology.
v.29, n.5, p.456-61, 2002.
18
4 - ARTIGO I
Infiltração bacteriana na interface implante/pilar protético
Bacterial infiltration on the implant/prosthetic conector interface
Bruno José de Oliveira Mestrando em Implantodontia (PUC Minas);
Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial; Professor da
Faculdade de Odontologia da Universidade de Itaúna
Maria Eugênia Alvarez Leite Mestre e Doutora em Microbiologia;
Professora da Faculdade de Odontologia da PUC Minas
Peter Reher Mestre e Doutor em Cirurgia Bucomaxilofacial; Professor da
UFMG e da Faculdade de Odontologia da PUC Minas
Endereço do autor para correspondência:
Bruno José de Oliveira
Praça Dr. Augusto Gonçalves 146 sala 1113 - centro
Itaúna, MG, CEP 35680 - 054 - Brasil
Tel.: (37) 3241-1368
e-mail: Oliveira.brunojose@gmail.com
Bruno José de Oliveira [email protected]
Peter Reher [email protected]
Maria Eugênia Alvarez Leite [email protected]
19
RESUMO
A implantodontia tem demonstrado, de forma inequívoca, tratar-se de uma
modalidade terapêutica confiável, apresentando em longo prazo, altos índices de
sucesso. Entretanto existem relatos de diversos problemas e complicações
relacionadas a esta especialidade. Um desses problemas é a periimplantite, que
apresenta prevalência de 5 a 10%, podendo teoricamente levar à perda dos
implantes. A periimplantite é uma doença de etiologia multifatorial, tendo como fator
etiológico principal a microbiota da placa bacteriana, diretamente relacionada à
infiltração bacteriana na interface implante/pilar protético. Estudos in vivo e in vitro
demonstraram a contaminação da porção interna de implantes osseointegráveis por
bactérias associadas à periimplantite. Considerando o biofilme bacteriano como um
importante fator etiológico da periimplantite, a infiltração bacteriana nesta área
poderá afetar a evolução do tratamento e interferir no sucesso a longo prazo dos
implantes osseointegráveis. O objetivo deste trabalho foi fazer uma revisão de
literatura abordando a infiltração bacteriana na interface implante/pilar protético e
correlacioná–la à periimplantite.
Unitermos: Periimplantite, conexões cone Morse, implantes, infiltração bacteriana
ABSTRACT
Implantology is demonstrating without doubt that it is an efficient treatment
modality, with high long term success rates. However, there are reports of several
problemas and complications related to this speciality. One of these problems is
perimplantitis. Its prevalence is occuring between 5 and 10% of the cases, and it may
lead to implant loss. Perimplantitis is a multifactorial disease, and the main etiological
factor is the bacterial plaque flora, directly related to the implant/prosthetic connector
interface. Several in vivo and in vitro studies showed contamination of the internal
portion of implants by bacteria that cause perimplantitis. Considering that the
bacterial biofilm is an important ethiological factor in perimplantitis, the bacterial
infiltration on this area may alter treatment evolution, interfering with the long term
success of osseointegrated implants. The purpose of this paper was to perform a
20
literature review of the bacterial infiltration in the implant/prosthetic connector
interface, correlating this to perimplatitis.
Keywords: Perimplantitis, cone Morse connections, implants, bacterial infiltration
INTRODUÇÃO
Desde a antiguidade, o ser humano procurou um substituto ideal para
substituir um ou mais dentes perdidos. Perda essa que causa deficiência no sistema
estomatognático, influencia negativamente na estética e vida social das pessoas.
Foram empregados diversos materiais e técnicas cirúrgicas como dentes de seres
humanos vivos (transplante dental homógeno) ou de cadáveres, e até pedaços de
marfim, para substituir os dentes perdidos.
1
Baseado em resultados obtidos nos estudos experimentais de Branemark e
colaboradores em 1969, os implantes dentários tornaram-se uma terapia
cientificamente comprovada e aceita no mundo odontológico. Baseado nisso
pensou-se que havia chegado ao fim da procura de um material ideal, que pudesse
substituir os elementos dentários perdidos
2
.
Outra grande evolução ocorrida após o descobrimento da osseointegração
foram as técnicas de reconstrução óssea: regeneração óssea guiada, enxertos
ósseos em bloco e particulados, levantamento do seio maxilar e distração
osteogênica alveolar
3
.
O sucesso dos implantes osseointegrados levou diversos pesquisadores a
ampliar suas indicações e isso levou à necessidade de novas pesquisas para se
obter melhorias na sua topografia, adesão celular na interface implante/osso e
colonização bacteriana na região periimplantar.
5
21
O estudo da contaminação da interface implante/conector protético, e seu
potencial de causar doenças periimplantares é de fundamental importância na
implantodontia moderna e será detalhado a seguir.
REVISÃO DA LITERATURA
O uso de implantes dentários osseointegrados, têm aumentado com o passar
dos anos. E apesar dos altos índices de sucesso, os insucessos ainda são motivos
de preocupação. Existem basicamente três possibilidades que podem levar ao
insucesso: 1) trauma cirúrgico; 2) sobrecarga oclusal; 3) infecção bacteriana.
4
O processo de infecção no sulco periimplantar leva inicialmente a formação
de uma mucosite periimplantar, que pode ser definida como uma inflamação dos
tecidos moles periimplantares sem ocasionar perda óssea. Em algumas situações
esta mucosite pode evoluir para uma periimplantite, que consiste numa inflamação
periimplantar associada com perda óssea. Ambos os processos estão associados
com presença de bactérias periodontopatogênicas.
5
A microflora presente nos sulcos periimplantares doentes parece ser bem
distinta das encontradas ao redor de implantes osseointegrados saudáveis. É
bastante evidente que bactérias anaeróbicas gram-negativas estão envolvidas em
desenvolvimento de processos patológicos na região periimplantar. As bactérias
mais importantes envolvidas na doença periimplantar são: Actinobacillus
actinomycetemcomitans (Aa), Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedius,
Peptostreptococus micros, Fusobacteríum, Candidas albican e espiroquetas.
6
A
presença de espiroquetas
pode ser um indicador da
presença de uma flora com
características anaeróbicas.
7 - 8
22
É sabido que o sucesso primário dos implantes se deve à osseointegração.
No entanto, se não existir uma perfeita adaptação entre o implante e seus
componentes protéticos, o risco de perda dos implantes torna-se evidente, pois pode
ocorrer uma colonização bacteriana nessa área de desadaptação, levando a uma
patologia periimplantar, causando o comprometimento da osseointegração.
9 - 10
Apesar de todos os esforços no desenvolvimento técnico-científico dos
sistemas de implantes dentais na busca do sucesso, um dos fatores mais
preocupantes é a interface entre o implante e o conector protético. A existência de
más adaptações entre o conector protético e o implante favorecem o
desenvolvimento de microrganismos, contribuindo para os insucessos na
osseointegração.
11
Em outro trabalho, foi avaliada a aderência de Streptococcus sanguis G9–B e
Actinomyces viscosus T14V à superfície do esmalte dentário e à de titânio
comercialmente puro, tratados com saliva. Streptococcus sanguis G9–B aderiu às
duas superfícies em uma escala estatisticamente significante quando comparada à
de Actinomyces viscosus T14V, em ambas as superfícies. Streptococcus sanguis
G9–B faz parte da flora habitual da cavidade bucal, estando associada ao
mecanismo inicial de formação de placa bacteriana.
12
Em estudo microbiológico longitudinal em pacientes que perderam os dentes
após tratamento periodontal foram submetidos a implantes dentais osseointegrados.
Os autores concluíram que bactérias potencialmente patogênicas podem ser
encontradas após um mês da adaptação da conexão protética aos implantes.
13
As bactérias subgengivais em implantes clinicamente saudáveis apresentam
a mesma microflora do periodonto com saúde. Bactérias potencialmente patógenas
podem ser observadas em implantes e em periodontos saudáveis, não havendo
23
diferença na microbiota subgengival entre os implantes e os dentes na mesma
cavidade oral.
14
Em um estudo in vitro, os autores avaliaram quais das espécies de
Streptococcus apresentavam maior adesão à superfície do titânio. A adesão dos
Streptococcus sanguis e oralis foi maior que as outras espécies estudadas. Essas
bactérias estão associadas ao mecanismo inicial de formação da placa bacteriana,
podendo favorecer a colonização de bactérias patógenas secundariamente.
15
Os implantes de dois estágios resultaram em fendas e espaços entre implante
e conector, podendo agir como nichos para desenvolvimento de bactérias, com
possibilidade de reações inflamatórias nos tecidos periimplantares. As fendas entre
implantes e componentes protéticos são inevitáveis e seu significado clínico está sob
responsabilidade dos cuidados, industrialização e de negligências clínicas. Foram
analisadas treze diferentes combinações entre implantes e componentes in vitro,
com penetração de bactéria Eschericlia coli, observada em dez amostras de cada
tipo de implante. Foram utilizados os seguintes sistema de implantes: Ankylos®,
Astra®, Bonefit®, Calcitek®, Frialit®, Branemak®, Frialit® e IMZ®. Todos os
sistemas de implantes apresentaram infiltração bacteriana
9
.
Em outro trabalho, os autores
16
observaram através de microscopia
eletrônica de varredura em 45 implantes removidos, a presença de placa bacteriana
na interface implante/conector protético. A arquitetura de alguns implantes favorece
ao acúmulo de placa bacteriana, geralmente na interface implante/conector
protético, interface prótese/conector protético, sobre a superfície do conector, no
implante e na prótese. A presença e o tamanho do gap (fenda) entre
implante/conector ajudam no acúmulo de placa bacteriana e proporciona um ótimo
meio para colonização bacteriana.
24
Investigando a origem de espécies de microrganismos que colonizavam os
implantes, os autores realizaram uma análise de DNA de 42 espécies subgengivais.
As amostras foram coletadas pré-implantação em dentes e língua e pós implantação
em dentes, língua e superfícies subgengivais dos implantes de 10 pacientes
edêntulos totais e de 11 parcialmente edêntulos. Nos pacientes edêntulos totais
houve uma prevalência de Streptococcus sanguis, seguida de Actinomyces
naeslundii, Capnocytophaga ochracea e Campylobacter rectus. O Streptococcus
gordonii, Actinomyces naeslundii, Fusobacterium nucleatum. vincentii e Treponema
denticola estavam entre os mais presentes nos pacientes parcialmente edêntulos.
Os níveis de microrganismos que colonizaram implantes e dentes foram similares,
contudo a língua apresentou maiores índices de colonização. A maioria das
espécies detectadas nos implantes estava presentes antes da implantação,
localizadas na língua e nos dentes remanescentes. Apesar da presença na região
desses microrganismos, os implantes achavam-se osseointegrados.
17
Numa avaliação da micro-infiltração na interface implante/pilar de cinco
sistemas com torques de aparafusamento de 10N/cm
2
, 20N/cm
2
e com o torque
recomendado pelos fabricantes dos sistemas, os autores concluíram que a micro-
infiltração foi significativamente reduzida com o uso do torque recomendado pelo
fabricante, em comparação com torque de 10N/cm
2
e 20N/cm
2
.
18
Em relato de um caso clínico de uma paciente de 72 anos de idade que
recebeu 2 implantes osseointegrados, e após 5 meses, veio a falecer, os autores
retiraram o bloco ósseo que continha os implantes e verificaram, após análise
histológica, que havia infiltrado inflamatório nos tecidos adjacentes à junção
implante/conector protético. Observaram ainda a presença de bactérias na porção
interna dos implantes.
19
25
A presença de micro espaço entre pilar/implante é fato comprovado em
inúmeros trabalhos. Para resolver esses problemas alguns autores sugerem deixar o
implante numa posição supracrestal, e encontrar o melhor torque possível na
adaptação implante/conector protético.
20
Analisando in vitro conectores parafusados e cimentados, bem como a
presença de micro fenda em 12 implantes, os autores encontraram microfenda em
todos eles, inclusive nos conectores cimentados. Nesses últimos a fenda estava
preenchida com cimento e não foi encontrada contaminação bacteriana.
21
Para tentar evitar os problemas causados pela microinfiltração na interface
implante/conector protético, foram desenvolvidos os implantes tipo cone morse, que
segundo seus fabricantes e alguns pesquisadores apresentam várias vantagens em
relação aos implantes de hexágono externo e interno convencionais, como: 1)
selamento bacteriano, 2) ausência de gap”, 3) fixação anti-rotacional estável, 4) alta
estabilidade mecânica, 5) maior resistência do pilar, 6) ausência de afrouxamento do
parafuso e 7) estabilidade dos tecidos ósseos e gengivais.
22 - 23
Numa avaliação de oitenta implantes tipo cone morse, instalados em 69
pacientes, sendo 36 do sexo masculino e 33 do sexo feminino. Pacientes fumantes e
diabéticos não fizeram parte desse estudo. Os implantes foram instalados em
diversas áreas da cavidade oral, alguns deles para substituir dentes perdidos por
trauma, outros, devido à agenesia, e a grande maioria para substituir dentes
perdidos por cárie ou doença periodontal. Todas as cirurgias para instalação dos
implantes ocorreram com pelo menos um ano após as exodontias. Do total de 80
implantes, 2 foram removidos no segundo estágio cirúrgico, por falta de
osseointegração. Após dois anos, um implante apresentou periimplantite e foi
removido. Em dois implantes, ocorreu fratura do conector e em um implante o
26
conector se perdeu. Os autores chegaram à conclusão que os implantes tipo cone
Morse apresentaram pouquíssimas complicações mecânicas e
infecciosas/inflamatórias, além de apresentarem ótima estabilidade das conexões
cônicas.
23
Os implantes osseointegrados são bem suportados pelo tecido ósseo, porém,
se a interface implante/pilar o for precisa, pode se tornar uma fonte de
complicações microbiológicas e biomecânicas. O acúmulo de biofilme bacteriano na
superfície dos implantes inicia uma reação do hospedeiro que, na mucosa
periimplantar, se caracteriza pelo estabelecimento de uma resposta inflamatória.
Essa resposta inflamatória pode ficar restrita à mucosa (mucosite) ou se estender ao
tecido ósseo (periimplantite), podendo comprometer a manutenção da
osseointegração.
24
Em estudo com implantes tipo cone morse e implantes do sistema Branemark
e seus respectivos conectores protéticos, verificou - se ao microscópio eletrônico de
varredura que o primeiro grupo de implantes apresentou uma perfeita adaptação do
pilar protético ao implante com ausência de micro fenda ou gap”. Já os implantes de
hexágono externo apresentaram a presença de “gap” entre o pilar e o implante.
22
Em um trabalho de revisão envolvendo estudos publicados entre os anos de
1998 e 2000, constatou se que: a) dez estudos descreveram que a microflora
presente na cavidade oral antes da instalação dos implantes determina a
composição da flora no periimplante; b) para cinco estudos, a microflora ao redor de
implantes estáveis se assemelha àquela presente em dentições saudáveis; c) em
sete estudos, a microflora em lesões periimplantares é descrita como semelhante
àquela presente em periodontite refratária; d) cinco estudos relatam que os
patógenos periodontais potenciais presentes na cavidade oral não necessariamente
27
atuam como patógenos periimplantares; e e) para três estudos, a etiologia da
periimplantite provavelmente é multifatorial e fatores genéticos têm um importante
papel.
25
Analisando a microbiota de implantes com periimplantite, foram encontradas
colônias de bastonetes anaeróbios Gram negativos, espiroquetas e Fusobacterium.
nos implantes saudáveis foi coletado um menor número de bactérias sendo os
cocos a cepa predominante.
26
Em outro estudo utilizando, implantes de hexágono interno e hexágono
externo foram encontradas evidências de micro infiltração bacteriana através da
interface implante/conector protético, não encontrando diferença significativa em
relação aos tipos dos implantes estudados.
27
Em estudo in vitro, foi avaliada a contaminação bacteriana, por meio de testes
microbiológicos e as dimensões dos espaços na interface Implante/conector
protético por microscopia eletrônica de varredura. Foi encontrada elevada
contaminação em todos os sistemas de implantes, exceto um (INP – hexágono
Interno) que apresentou baixo nível de colonização. Concluiu - se também que as
dimensões dos espaços na interface implante/conector protético não se
correlacionaram significativamente com a contaminação bacteriana observada nos
sistemas de implantes estudados.
28
Um estudo in vitro foi realizado com o objetivo de testar se o selamento
promovido pelo travamento cônico usado na conexão implante/pilar protético seria
capaz de prevenir a invasão por microorganismos orais. Em uma primeira fase, dez
conjuntos formados por implante e pilar protético que não utiliza parafusos, do
sistema Bicon® (Boston, MA) foram imersos em um caldo de bactérias contendo
Actinobacillus actinomycetemcomitans, Streptococcus oralis e Fusobacterium
28
nucleatum por 24 horas. Os pilares foram então separados dos implantes e a
presença de bactérias avaliada por meio de microscopia eletrônica de varredura.
Nenhuma bactéria foi detectada no interior dos implantes testados. Na segunda
fase, os pilares foram inoculados com uma pequena gota de um gel com bactérias e
montados nos implantes. Esses conjuntos foram incubados em um caldo nutriente
estéril por 72h e amostras recolhidas para avaliar a presença de bactérias.
Novamente, nenhuma bactéria foi detectada no meio nutriente ou nas placas de
Agar. Os autores concluíram que tal pilar com travamento cônico demonstrou ser
hermético em relação à invasão bacteriana in vitro.
29
A detecção de bactérias periodontopatogênicas é geralmente realizada por
métodos de cultura, os quais nem sempre apresentam sensibilidade suficiente e
requerem habilidades especiais, principalmente quando do isolamento de bactérias
anaeróbias. Vários outros métodos para a detecção de bactérias
periodontopatogênicas vêm sendo utilizados, tais como testes enzimáticos e
imunológicos e sondas de DNA específicas para determinadas espécies. Nos
últimos anos, a reação em cadeia da polimerase (Polymerase Chain Reaction, PCR)
tem sido empregada para a detecção destas bactérias por ser um método
relativamente simples e capaz de detectar microorganismos em baixas quantidades,
com um limite de detecção de algumas a 10
2
células. Desta forma, conclui a autora,
o PCR é considerado uma técnica adequada para a detecção de microrganismos
periodontopatogênicos, especialmente em situações em que um número limitado
de patógenos presentes, como na placa.
30
Foi encontrada intensa colonização bacteriana na interface implante/pilar de
implantes que falharam e foram removidos vários anos após sua instalação. Essas
bactérias eram, em sua maioria, cocos e filamentos, que estavam aderidos à
29
superfície do implante em uma orientação perpendicular ao seu longo eixo.
Numerosos microorganismos foram encontrados nos tecidos periimplantares.
Nessas áreas, filamentos, bastonetes e espiroquetas estavam presentes.
31
Avaliando a desadaptação na interface entre implante e seu respectivo pilar
protético em seis sistemas fabricados e comercializados no Brasil, verificou - se
infiltração bacteriana através dessa interface. No estudo foram testadas cinco
amostras de cada sistema: Neodent Titamax, Neodent Cone Morse, Titanium Fix,
Conexão, SIN e Dentoflex, aos quais foram aplicados os torques recomendados
pelos fabricantes. O sistema que apresentou infiltração bacteriana no maior número
de amostras foi o Neodent Cone Morse, com todas as oito amostras (100%),
enquanto o sistema Dentoflex apresentou infiltração bacteriana em sete amostras
(87,5%), Titanium Fix e Conexão apresentaram infiltração em cinco amostras
(62,5%), SIN e Neodent Titamax apresentaram infiltração em uma amostra (12,5%).
No presente estudo não foi possível estabelecer uma relação entre o tamanho da
desadaptação e a infiltração bacteriana.
32
Em outro estudo, foram analisadas 7 sistemas de implantes do tipo hexágono
interno e cone morse. Participaram da pesquisa os seguintes sistemas: Straumann,
Titamax II Plus – Neodent (Hexágono interno), SIM (cone Morse), Titanium Fix (cone
Morse), Conexão (cone Morse) Titamax CM - Neodent (cone Morse). Foi utilizada a
bactéria Enterococcus faecalis para o teste de contaminação, sendo esta inoculada
no interior do implante com imediata instalação e torque do pilar protético. Em
seguida o conjunto implante abutment foi colocado em um meio de cultura (BHI)
no qual foi mantido por 14 dias. O controle da contaminação foi feito pela análise do
turvamento do meio de cultura. Os resultados demonstraram que todas as amostras
do grupo Ankylos e Neodent CM não apresentaram contaminação, sendo que 20%
30
do grupo Conexão apresentaram infiltração. Todas as amostras dos grupos
Straumann, Titanium Fix, Neodent Titamax II Plus e SIM apresentaram
contaminação após 14 dias de estudo.
33
Foi avaliada a infiltração bacteriana na interface implante/conector protético
em três tipos de implante: hexágono externo, hexágono interno e cone Morse, todos
da Conexão Sistemas de Prótese. O resultado obtido foi o seguinte: 10,53% dos
implantes de hexágono externo apresentaram infiltração, 4,88% dos implantes de
hexágono interno apresentaram infiltração em 7,5% dos implantes cone Morse
houve infiltração bacteriana.
34
Foi realizado um estudo com finalidade de determinar qual a melhor
metodologia par determinar a infiltração bacteriana na interface implante/pilar. A
primeira seria de fora para dentro do implante e a segunda ao contrário. Os
resultados foram os seguintes: nos implantes de hexágono externo ocorreu
contaminação de 5 e 10 %, respectivamente. Nos implantes de hexágono interno
houve contaminação de 60 e 5% e nos implantes tipo cone Morse a contaminação
foi de 45 e 0% respectivamente. Os autores concluíram que a segunda metodologia,
ou seja, verificar a passagem de microorganismos de dentro para fora dos
implantes utilizando material lido mostrou–se mais eficiente, com menor descarte
de amostras.
35
DISCUSSÃO
Vários autores são unânimes em afirmar que apesar do sucesso da terapia
com implantes, a colonização bacteriana na interface implante/pilar protético é um
fator preocupante, devido ao acúmulo de bactérias nessa região, o que favorece a
31
instalação de periimplantite. Tal processo pode levar à perda primária ou tardia de
um implante.
9, 4, 5, 10, 11,16
A infiltração bacteriana para o interior de implantes osseointegrados in vivo e
in vitro foi e continua sendo muito estudada por diversos autores.
18, 19, 21, 27, 28, 33
Em relação aos microorganismos habitantes dos sulcos periimplantares, não
houve diferenças na microbiota subgengival entre os implantes e os dentes na
mesma cavidade oral.
4
A microflora presente nos sulcos peri-implantares doentes
parece ser bem distinta das encontradas ao redor de implantes osseointegrados
saudáveis.
6
Tais bactérias, potencialmente patogênicas podem ser encontradas
após um mês da adaptação da conexão protética aos implantes.
13
Analisando o tipo de conexão protética (cone morse), foram encontrados
níveis extremamente baixos e anegativos de infiltração bacteriana na interface
implante/pilar protético.
29, 33, 34, 35
No entanto há trabalhos onde se encontrou
índices elevadíssimos (100%) das amostras com contaminação, em implante tipo
cone Morse.
32
Os mesmos autores encontraram infiltração bacteriana com índices
elevados em implantes de hexágono interno e externo.
CONCLUSÃO
Diante da revisão da literatura pertinente concluiu-se que:
1) A Infiltração bacteriana na interface implante/pilar protético apresentou uma
predominância elevada e está diretamente relacionada à periimplantite.
. 2) A flora bacteriana relacionada com a periimplantite assemelha-se à flora
presente na doença periodontal (periodontite). A periimplantite pode ser considerada
uma infecção sítio-específico com microorganismos que fazem parte da periodontite
em dentes naturais.
32
3) No âmbito da literatura específica, concluiu - se que apesar de toda
evolução na implantologia, a infiltração bacteriana na interface implante/pilar
protético continua a ser um grande desafio, apesar dos avanços na topografia
interna dos implantes ( implantes tipo cone Morse)
4) Apesar da grande diferença entre os resultados encontrados por diversos
pesquisadores, os implantes tipo cone Morse parecem apresentar menor índice de
infiltração bacteriana na interface implante/pilar protético.
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Avaliação da micro infiltração bacteriana na interface implante/pilar em três
tipos de conexões protéticas. Braz. Oral res. São Paulo, suplemento
1,setembro 2008;22.
37
5 - ARTIGO II
Análise comparativa in vitro da infiltração bacteriana na interface
implante/conexão protética em implantes osseointegráveis tipo
cone Morse
An in vitro comparison of the bacterial infiltration in the implant/prosthetic
conector interface in cone Morse type implants
Bruno José de Oliveira Mestrando em Implantodontia (PUC Minas)
Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial; Professor da
Faculdade de Odontologia da Universidade de Itaúna
Maria Eugênia Alvarez Leite Mestre e Doutora em Microbiologia;
Professora da Faculdade de Odontologia da PUC Minas
Peter Reher Mestre e Doutor em Cirurgia Bucomaxilofacial; Professor da
UFMG e da Faculdade de Odontologia da PUC Minas
Endereço do autor para correspondência:
Bruno José de Oliveira
Praça Dr. Augusto Gonçalves 146 sala 1113 - centro
Itaúna, MG, CEP 35680 - 054 - Brasil
Tel.: (37) 3241-1368
e-mail: Oliveira.brunojose@gmail.com
Bruno José de Oliveira [email protected]
Peter Reher [email protected]
Maria Eugênia Alvarez Leite [email protected]
38
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo avaliar in vitro a ocorrência da infiltração
bacteriana na interface implante/conector protético, em quatro sistemas de implantes
tipo cone morse, comercializados no Brasil. Foram avaliados, pelo método de cultura
microbiológica (método qualitativo), a ocorrência de infiltração bacteriana na
interface implante/conector protético nos sistemas de implantes tipo cone morse das
seguintes marcar comerciais: Neodent®, Titaniumfix®, Intralock® e Ankylos®. Foi
utilizado também um grupo composto por implantes de hexágono externo
(Neodent®) como controle positivo. Foram avaliados um total de 25 implantes,
divididos em 5 grupos de 5 unidades cada. Após manipulação e abertura dos
implantes em condições estéreis, inoculou-se 0,3 µL de uma solução contendo
colônia da bactéria Streptococcus sanguinis na superfície interna de cada implante
e, logo após, o conector protético foi adaptado e parafusado com o auxílio de um
torquímetro calibrado de acordo com cada fabricante. Culturas microbiológicas foram
realizadas em três momentos: 1) Swab e cultura para avaliar a esterilização do
implante; 2) Imersão por 30 seg. em meio de cultura após a fixação do conector,
para avaliar extravasamento das bactérias; 3) Cultura final de 14 dias do conjunto
implante/conector. As culturas foram realizadas em tubos eppendorf contendo o
meio de cultura BHI (Brain Heart Infusion) e levada a uma estufa bacteriológica,
mantidos sob condições ideais durante 14 dias. Verificou-se que todos os sistemas
de implantes apresentaram microinfiltração bacteriana, sendo que não foram
observadas diferenças significantes entre os sistemas avaliados.
Unitermos: Implantes dentais, adaptação implante/conector protético,
microinfiltração bacteriana, implantes cone Morse
ABSTRACT
The purpose of this paper is to evaluate in vitro the occurrence of bacterial
infiltration between the implant/prothetic connector interface, in four cone-morse
implant systems commercially available in Brazil. A qualitative bacterial culture
method was used evaluating the following implant systems: Neodent®, Titaniunfix®,
39
Intralock® and Ankylos®. A traditional external hexagonon system (Neodent®) was
also used as a positive control. A total of 25 implants were evaluated, divided into 5
groups of 5 implants each. After manipulation of the implants under sterile conditions,
0,3 µL of a solution containing Streptococcus sanguinis was inserted into each
implant, and immediatly after the prosthetic connector was adapted using the proper
calibrated torquimeter, according to the fabricant instructions. Microbiological cultures
were realized in three moments: 1) Swab and culture to evaluate the implant
sterilization; 2) Immersion for 30 seconds in the culture medium after the fixation of
the connector, to evaluate possible extravasation of the bactéria; 3) Long time culture
of the implant/connector conjunct, for 14 days. The cultures were realized in
eppendorf tubes with BHI (brain heart infusion), and kept for 14 days uder ideal
conditions in a bacteriological incubator. The results showed that all implant systems
presented bacterian microinfiltration, and no statistical diferences between groups
could be observed.
Keywords: Dental implants, implant/prosthetic conector interface, bacterian micro-
infiltration, cone-morse implants
INTRODUÇÃO
Baseado em resultados obtidos nos estudos experimentais de Branemark e
colaboradores em 1969, os implantes dentários tornaram-se uma terapia
cientificamente comprovada e aceita no mundo odontológico. Baseado nisso
pensou-se que havia chegado ao fim da procura de um material ideal, que pudesse
substituir os elementos dentários perdidos. O sucesso dos implantes
osseointegrados levou diversos pesquisadores a ampliar suas indicações e isso
levou à necessidade de novas pesquisas, com o objetivo de melhorar sua topografia,
adesão celular na interface implante/osso e colonização bacteriana na região
periimplantar.
1
40
Atualmente é incontestável a eficiência da terapia implantodôntica,
comprovada por centenas de trabalhos científicos realizados em todo o mundo. No
entanto, a implantodontia enfrenta um grande problema, a periimplantite. Tal
processo normalmente é causado pelo acúmulo de bactérias no sítio periimplantar,
devido ao espaço, ou fenda existente na interface implante/conector protético dos
implantes de hexágono interno e externo,fato comprovado por inúmeras pesquisas
científicas.
REVISÃO DA LITERATURA
O uso de implantes dentários osseointegrados, têm aumentado com o passar
dos anos. E apesar dos altos índices de sucesso, os insucessos ainda são motivos
de preocupação. Existem basicamente três possibilidades que podem levar ao
insucesso: 1) trauma cirúrgico; 2) sobrecarga oclusal; 3) infecção bacteriana
2
.
O processo de infecção no sulco periimplantar leva inicialmente a formação
de uma mucosite periimplantar, que pode ser definida como uma inflamação dos
tecidos moles periimplantares sem ocasionar perda óssea. Em algumas situações
esta mucosite pode evoluir para uma periimplantite, que consiste numa inflamação
periimplantar associada com perda óssea. Ambos os processos estão associados
com a presença de bactérias periodontopatogênicas.
3
Microbiologia
A existência de más adaptações entre o conector protético e o implante
favorecem o desenvolvimento de microrganismos, contribuindo para os insucessos
na osseointegração.
3-4
41
A microflora presente nos sulcos periimplantares doentes parece ser bem
distinta das encontradas ao redor de implantes osseointegrados saudáveis. É
bastante evidente que bactérias anaeróbicas gram-negativas estão envolvidas em
desenvolvimento patológicos na região periimplantar. As bactérias mais importantes
envolvidas na doença periimplantar são: Actinobacillus actinomycetencomians (Aa),
Porphyromonas gingivalis, Prevotella intermedius, Peptostreptococus micros,
Fusobacteríum, Candidas albicans e espiroquetas.
5
A presença de espiroquetas
pode indicar
a
presença de uma flora com características anaeróbicas.
6-7
Em outro trabalho foi avaliada aderência de Streptococcus sanguis G9–B e
Actinomyces viscosus T14V à superfície do esmalte dentário e à de titânio
comercialmente puro, tratados com saliva. Streptococcus sanguis G9–B aderiu às
duas superfícies em uma escala estatisticamente significante quando comparada à
Actinomyces viscosus T14V, em ambas as superfícies. Streptococcus sanguis G9–B
faz parte da flora habitual da cavidade bucal, estando associada ao mecanismo
inicial de formação de placa bacteriana.
8
A microbiota encontrada em implantes clinicamente saudáveis apresentam as
mesmas características do periodonto com saúde. Bactérias potencialmente
patógenas podem ser observadas em implantes e em periodontos saudáveis, não
havendo diferença na microbiota subgengival entre os implantes e os dentes na
mesma cavidade oral.
9
Em um estudo in vitro, os autores avaliaram quais das espécies de
Streptococcus apresentavam maior adesão à superfície do titânio. A adesão dos
Streptococcus sanguis e oralis foi maior que as outras espécies estudadas. Para os
autores estas bactérias estão associadas ao mecanismo inicial de formação da placa
42
bacteriana, podendo favorecer a colonização de bactérias patógenas
secundariamente.
10
Em um trabalho de revisão envolvendo estudos publicados entre os anos de
1998 e 2000, os autores concluíram que: a) dez estudos descreveram que a
microflora presente na cavidade oral antes da instalação dos implantes determina a
composição da flora no periimplante; b) para cinco estudos, a microflora ao redor de
implantes estáveis se assemelha àquela presente em dentições saudáveis; c) em
sete estudos, a microflora em lesões periimplantares é descrita como semelhante
àquela presente em periodontite refratária; d) cinco estudos relatam que os
patógenos periodontais potenciais presentes na cavidade oral não necessariamente
atuam como patógenos periimplantares; e e) para três estudos, a etiologia da
periimplantite provavelmente é multifatorial e fatores genéticos têm um importante
papel.
11
Investigando a origem de espécies de microrganismos que colonizavam os
implantes, os autores realizaram uma análise de DNA de 42 espécies subgengivais.
As amostras foram coletadas pré-implantação em dentes e língua e pós implantação
em dentes, língua e superfícies subgengivais dos implantes de 10 pacientes
edêntulos totais e de 11 parcialmente edêntulos. Nos pacientes edêntulos totais
houve uma prevalência de Streptococcus sanguis, seguida de Actinomyces
naeslundii, Capnocytophaga ochracea e Campylobacter rectus. O Streptococcus
gordonii, Actinomyces. naeslundii, Fusobacterium nucleatum subsp. vincentii e
Treponema denticola estavam entre os mais presentes nos pacientes parcialmente
edêntulos. Os níveis de microrganismos que colonizaram implantes e dentes foram
similares, contudo a língua apresentou maiores índices de colonização. A maioria
das espécies detectadas nos implantes estava presentes antes da implantação,
43
localizadas na língua e nos dentes remanescentes. Apesar da presença na região
desses microrganismos, os implantes achavam-se osseointegrados.
12
Micro infiltração bacteriana
Para tentar evitar os problemas causados pela microinfiltração na interface
implante/conector protético, foram desenvolvidos os implantes tipo cone morse, que
segundo seus fabricantes e alguns pesquisadores apresentam várias vantagens em
relação aos implantes de hexágono externo e interno convencionais, como:
selamento bacteriano, ausência de gap”, fixação anti-rotacional estável, alta
estabilidade mecânica, maior resistência do pilar, ausência de afrouxamento do
parafuso e estabilidade dos tecidos ósseos e gengivais.
13-14
Numa avaliação de oitenta implantes tipo cone morse, instalados em 69 de
um total de 80 implantes, 2 foram removidos no segundo estágio cirúrgico, por falta
de osseointegração. Após dois anos um implante apresentou periimplantite e foi
removido. Em dois implantes, ocorreu fratura do conector e em um implante o
conector se perdeu. Os autores chegaram à conclusão que os implantes tipo cone
morse apresentaram pouquíssimas complicações mecânicas e
infecciosas/inflamatórias, além de apresentarem ótima estabilidade das conexões
cônicas.
14
Em estudo com implantes tipo cone morse e implantes do sistema Branemark
e seus respectivos conectores protéticos, verificou ao microscópio eletrônico de
varredura que o primeiro grupo de implantes apresentou uma perfeita adaptação do
pilar protético ao implante com ausência de micro fenda ou gap”. Já os implantes de
hexágono externo apresentaram a presença de “gap” entre o pilar e o implante
13
.
44
Em outro estudo, utilizando implantes de hexágono interno e hexágono
externo foram encontradas evidências de micro infiltração bacteriana através da
interface implante/conector protético, não encontrando diferença significativa em
relação aos desenhos dos implantes.
15
Em estudo in vitro, foi avaliada a contaminação bacteriana, por meio de teste
microbiológicos e as dimensões dos espaços na interface Implante/conector
protético por microscopia eletrônica de varredura. Foi encontrada elevada
contaminação em todos os sistemas de implantes, exceto um (INP – hexágono
Interno) que apresentou baixo nível de colonização. Concluiu também que as
dimensões dos espaços na interface implante/conector protético não se
correlacionaram significativamente com a contaminação bacteriana observada nos
sistemas de implantes estudados.
16
Um estudo in vitro foi realizado com o objetivo de testar se o selamento
promovido pelo travamento cônico usado na conexão implante/pilar protético seria
capaz de prevenir a invasão por microorganismos orais. Em uma primeira fase, dez
conjuntos formados por implante e pilar protético que não utiliza parafusos, do
sistema Bicon® (Boston, MA) foram imersos em um caldo de bactérias contendo
Actinobacillus actinomycetemcomitans, Streptococcus oralis e Fusobacterium
nucleatum por 24 horas. Os pilares foram então separados dos implantes e a
presença de bactérias avaliada por meio de microscopia eletrônica de varredura.
Nenhuma bactéria foi detectada no interior dos implantes testados. Na segunda
fase, os pilares foram inoculados com uma pequena gota de um gel com bactérias e
montados nos implantes. Esses conjuntos foram incubados em um caldo nutriente
estéril por 72h e amostras recolhidas para avaliar a presença de bactérias.
Novamente, nenhuma bactéria foi detectada no meio nutriente ou nas placas de
45
Agar. Os autores concluíram que tal pilar com travamento cônico demonstrou ser
hermético em relação à invasão bacteriana in vitro.
17
Noutro estudo foram testadas cinco amostras de cada sistema: Neodent
Titamax, Neodent Cone Morse, Titanium Fix, Conexão, SIN e Dentoflex, aos quais
foram aplicados os torques recomendados pelos fabricantes. O sistema que
apresentou infiltração bacteriana no maior número de amostras foi o Neodent Cone
Morse, com todas as oito amostras (100%), enquanto o sistema Dentoflex
apresentou infiltração bacteriana em sete amostras (87,5%), Titanium Fix e Conexão
apresentaram infiltração em cinco amostras (62,5%), SIN e Neodent Titamax
apresentaram infiltração em uma amostra (12,5%). No presente estudo não foi
possível estabelecer uma relação entre o tamanho da desadaptação e a infiltração
bacteriana.
18
Em outro estudo, foram analisadas 7 sistemas de implantes do tipo hexágono
interno e cone morse. Participaram da pesquisa os seguintes sistemas: Straumann,
Titamax II Plus – Neodent (Hexágono interno), SIM (cone Morse), Titanium Fix (cone
Morse), Conexão (cone Morse) Titamax CM - Neodent (cone Morse). Foi utilizada a
bactéria Enterococcus faecalis para o teste de contaminação, sendo esta inoculada
no interior do implante com imediata instalação e torque do pilar protético. Em
seguida o conjunto implante abutment foi colocado em um meio de cultura (BHI)
no qual foi mantido por 14 dias. O controle da contaminação foi feito pela análise do
turvamento do meio de cultura. Os resultados demonstraram que todas as amostras
do grupo Ankylos e Neodent CM não apresentaram contaminação, sendo que 20%
do grupo Conexão apresentaram infiltração. Todas as amostras dos grupos
Straumann, Titanium Fix, Neodent Titamax II Plus e SIM apresentaram
contaminação após 14 dias de estudo.
19
46
Foi avaliada a infiltração bacteriana na interface implante/conector protético
em três tipos de implante: hexágono externo, hexágono interno e cone Morse, todos
da Conexão Sistemas de Prótese. O resultado obtido foi o seguinte: 10,53% dos
implantes de hexágono externo apresentaram infiltração, 4,88% dos implantes de
hexágono interno apresentaram infiltração em 7,5% dos implantes cone Morse
houve infiltração bacteriana.
20
Com finalidade de determinar qual a melhor metodologia para avaliar a
infiltração bacteriana na interface implante/pilar, os autores testaram duas técnicas
distintas A primeira seria de fora para dentro do implante e a segunda ao contrário.
Na metodologia 1 os resultados foram os seguintes: nos implantes de hexágono
externo ocorreu contaminação de 5 e 10 %, nos implantes de hexágono interno
houve contaminação de 60 e 5% e nos implantes tipo cone Morse a contaminação
foi de 45 e 0% respectivamente. Os autores concluíram que a segunda metodologia,
ou seja, verificar a passagem de microorganismos de dentro para fora dos implantes
utilizando material sólido mostrou–se mais eficiente, com menor descarte de
amostras.
21
MATERIAIS E MÉTODOS
Seleção das amostras
Foram utilizados sistemas de implantes tipo cone morse das marcas
Intralock®, Titanium Fix®, Neodent®, e Ankylos® e um sistema de implantes com
hexágono externo padrão, da marca Neodent®. De cada sistema foram utilizados
cinco implantes, bem como suas respectivas conexões protéticas. Os implantes
foram divididos em 5 grupos pertencentes a cada um dos sistemas citados acima e
47
recebendo a denominação de grupo 1, grupo 2, grupo 3, grupo 4 e grupo 5,
respectivamente.
Os implantes foram recebidos dos fabricantes em suas embalagens,
totalmente lacradas e intactas. As conexões protéticas dos sistemas Neodent® e
Intralock® vieram estéreis por raios gama. as conexões protéticas dos sistemas
Titanium Fix® e Ankylos® foram acondicionadas em invólucro de papel grau
cirúrgico e esterilizadas por óxido de etileno.
Preparo da cultura de microrganismos
Para o experimento, foi utilizado o microrganismo indicador proveniente de
América Tape Cultura Coletem (ATCC) - Streptococcus sanguinis (ATCC 105571),
por ser uma amostra microbiana de relevância clínica e microbiológica. Além de ser
um microrganismo indígena da cavidade bucal, esta espécie tem papel importante
na colonização inicial do biofilme bacteriano jovem, podendo ainda estar envolvida
em processos periodontopatogênicos ou associada às doenças periimplantares.
A bactéria Streptococcus sanguinis foi recuperada e mantida em caldo Brain
Heart Infusion - BHI (Difco) e o cultivo foi realizado, utilizando-se 100µl da bactéria
previamente descongelada, semeando-a no referido meio e incubando-a em
condições de micro-aerofilia, por 24 horas, a 37º C, em estufa bacteriológica, no
Laboratório de Microbiologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
Após a turvação do meio, realizou-se o método de coloração de Gram e nova
semeadura em meio Triptic Soy Agar (Difco), suplementado com extrato de levedura
(5mg/mL) e sangue desfibrinado de carneiro (5%) TSA S, para a confirmação da
manutenção da cultura pura de Streptococcus sanguinis.
48
Suspensões bacterianas foram obtidas a partir deste crescimento em meio
sólido, após 24 horas de incubação e preparadas com 5 mL de água destilada
esterilizada até se obter turbidez correspondente a escala 1 de McFarland (3 X 10
8
células/ mL). Retirou-se então 1 mL para o preparo de nova suspensão microbiana
em 9 mL de caldo BHI, sendo esta empregada para inoculação dos espécimes. A
partir destas suspensões, alíquotas de 0,5 µl foram inoculadas dentro dos implantes.
Controle da esterilidade do implante e conexões protéticas
A fim de verificar a condição de esterilidade dos implantes e suas conexões,
um swab estéril foi utilizado em todo o corpo do aparato antes do procedimento de
inoculação. Em seguida, introduzidos em tubos de ensaio contendo caldo BHI e
incubado em estufa bacteriológica, a 37º.C, por 24 horas.
Controle da viabilidade do microrganismo
Para verificar a viabilidade do microrganismo em quantidades tão ínfimas
quanto as que se utilizou neste experimento, alíquotas de 0,1µl e 0,5µl foram
inoculadas em tubos de ensaio contendo 5 mL de caldo BHI (Difco) e incubadas em
condições de micro-aerofilia, a 37º.C por 24 horas. A turbidez destes meios de
cultura indicou o crescimento do microrganismo nestas condições e a viabilidade do
estudo.
Inoculação microbiana
49
Os implantes foram fixados por meio de porta agulhas reforçado (um para cada
implante) estéril e colocados em posição vertical. Com o auxílio de uma pipeta de
precisão (Eppendorf, Alemanha)(Fig. 1), alíquotas de 0,5 µl da solução contendo os
microrganismos, foram inoculadas dentro dos implantes das marcas Neodent (
hexágono esterno), Titanium Fix, Intralock e Ankylos (Fig. 2). Os implantes da marca
Neodent ( Cone Morse) receberam alíquotas de 0,1µl pois sua dimensão interna não
comportava o volume utilizado nas outras marcas.
Figura 1 - Micro pipeta utilizada para inoculação dos microorganismos dentro do
implante
50
Figura 2 – Inoculação dos microorganismos no interior de um implante.
A conexão protética foi retirada de sua embalagem e adaptada ao implante. Um
torquímetro (Intralock, USA) calibrado de acordo com o fabricante de cada sistema
foi utilizado para o aperto do pilar protético (Fig. 3).
Após estes procedimentos e visando controle de possível extravasamento ou
contaminação externa durante a inoculação, cada conjunto implante/conexão
protética foi inserido, por 30 segundos, em um tubo eppendorf contendo caldo BHI e,
em seguida, retirado e colocado definitivamente em um segundo eppendorf, no qual
permaneceu por 14 dias (Fig. 4).
51
Figura 3 – Utilização do torquímetro para aperto do pilar protético
Todos os aparatos foram devidamente numerados e a relação
número/sistema de implante foi lacrada, sendo aberta somente no final do
experimento.
Os tubos de eppendorf contendo os implantes e seus pilares protéticos assim
como aqueles que continham o meio de cultura para verificação de extravasamento
e contaminação externa foram acondicionados em estojo próprio, mantidos na
posição vertical e levados a uma estufa bacteriológica onde permaneceram por 14
dias, a 37ºC, em condições de micro-aerofilia.
52
Figura 4 – Implante/pilar dentro do tubo eppendorf
A leitura dos resultados foi feita a cada dia do período experimental através
da observação da presença ou ausência de turvação do meio de cultura no interior
do eppendorf e registrada em planilhas (Fig. 5). O observador não teve acesso à
identificação das amostras, desconhecendo assim, a que grupo pertencia. Para
servir de referência nesta observação visual diária, dois novos tubos eppendorf
foram incubados nas mesmas condições: o primeiro somente com meio BHI estéril e
o segundo com o meio BHI e implante estéreis.
Em todas as etapas do experimento microbiológico, as medidas de
biossegurança e controle da contaminação foram rigorosamente observadas. A
manipulação dos implantes e seus conectores ocorreu em capela de fluxo laminar,
previamente exposta à luz ultravioleta (15 minutos), com a bancada forrada com
53
campos estéreis. Todo o procedimento foi realizado, com o operador devidamente
paramentado com luvas cirúrgicas estéreis, capote cirúrgico estéril, gorro e máscara.
Figura 5 – Turvação no fundo do tubo eppendorf
Controle da infiltração microbiana nos implantes e do extravasamento ou
contaminação externa
Para todos os tubos de eppendorf que apresentaram turvação do meio, foram
realizadas análises microscópicas, utilizando-se do método de coloração de Gram, e
verificado as características morfo-tintoriais dos microrganismos contaminantes
assim como a origem da contaminação das amostras. A presença de características
semelhantes ao microrganismo indicador Streptococcus sanguinis confirmava a
infiltração bacteriana nos casos dos tubos contendo o implante.
54
A observação diária também foi realizada nos tubos de eppendorf onde os
implantes foram submersos, por 30 segundos, os quais foram utilizados como
controle da contaminação externa ou extravasamento. Na presença da turvação
nestes tubos, considerou-se a hipótese de que a parte externa do implante tenha
sido contaminada durante os procedimentos de inoculação da bactéria, por
extravasamento ou por contaminação ambiental. Nestes casos, o implante
correspondente foi excluído da amostra.
RESULTADOS
No teste de verificação da esterilidade, todas as amostras comprovaram a
esterilidade dos implantes, comprovado pela cultura do material colhido pelos swabs.
Houve uma contaminação da amostra 4 do grupo Ankylos, provavelmente
contaminada por manipulação indevida do swab (Tabelas 1 e 2).
No teste de verificação de contaminação externa pelo meio ambiente,
manipulação ou extravasamento, houve turvamento em todas as amostras do grupo
Ankylos, 2 amostras do grupo Titanium Fix, 1 amostra do grupo Neodent, e
nenhuma amostra do grupo formado por implantes de hexágono externo. Em uma
amostra do grupo Ankilos ocorreu extravasamento visível a olho nu , e esta foi
descartada.
Na avaliação principal, ou seja, a verificação da infiltração bacteriana na
interface implante/pilar protético, obtivemos o seguinte resultado: em 3 amostras do
grupo Intralock, obtivemos cultura positiva (Tabelas 1 e 2). A cultura foi positiva em
todas as amostras do grupo Titanium Fix. Ocorreu turvamento em 3 amostras do
grupo Neodent, e em 2 amostras do grupo de implante de hexágono externo. Desta
avaliação foi retirado o grupo Ankylos, devido à contaminação externa (Fig. 2).
55
Tabela 1 – Dados originais de crescimento bacteriano
Amostra /
Fabricante
Verificação de
Esterilização
Controle de
Extravasamento
Cultura de 14
dias
Intralock 1
- -
Intralock 2
- - +
Intralock 3
- - -
Intralock 4
- + +
Intralock 5
- - +
Titanium fix 1
- + +
Titanium fix 2
- + +
Titanium fix 3
- - +
Titanium fix 4
- - +
Titanium fix 5
- - +
Neodent 1
- + +
Neodent 2
- - +
Neodent 3
- - -
Neodent 4
- - +
Neodent 5
- - -
Ankylos 1
- + +
Ankylos 2
- + +
Ankylos 3
- + +
Ankylos 4
+ + +
Hex. Externo 1
- - -
Hex. Externo 2
- - -
Hex. Externo 3
- - +
Hex. Externo 4
- - -
Hex. Externo 5
- - +
Percentualmente não vimos diferença significativa entre os grupos estudados.
56
Tabela 2 – Percentagem de culturas positivas em cada etapa de análise, de acordo
com o tipo de implantes.
Intralock Titaniofix
Neodent
Hex.
Externo
Ankylos
Verificação de
Esterilidade
0 0 0 0 25
Controle
Extravasamento 20 40 20 0 100
Cultura 14 dias 60 100 60 40 100
Gráfico 1 – Gráfico demonstrando as percentagens de culturas positivas em cada
etapa de análise, de acordo com o tipo de implantes.
57
Gráfico 2 – Gráfico com as percentagens de culturas positivas em cada etapa de
análise, eliminando o grupo Ankylos, e excluindo a verificação de esterilidade, de
acordo com o tipo de implantes.
O gráfico 3 mostra uma análise eliminando-se as amostras com contaminação
inicial, avaliando-se portanto apenas o crescimento do dia 1 ao dia 14, decorrentes
puramente do extravasamamento bacteriano. Esta observação mostra que houve
crescimento em 40% nas amostras Neodent hexágono externo, Neodent cone Morse
e Intralock, e de 60% na amostra Titanium Fix. As amostras da Ankylos foram
descartadas nesta análise pois todas estavam contaminadas no dia 1.
58
Crescimento Controle até 14 dias
Gráfico 3 – Gráfico mostrando a percentagem de novas culturas positivas entre o
dia 1 (controle) até o dia 14 de crescimento, de acordo com o tipo de implantes.
DISCUSSÃO
Vários autores são unânimes em afirmar que apesar do sucesso da terapia
com implantes, a colonização bacteriana na interface implante/pilar protético é um
fator preocupante, devido ao acúmulo de bactérias nessa região, o que favorece a
instalação de periimplantite. Tal processo pode levar á perda primária ou tardia de
um implante.
2-3-22
A infiltração bacteriana para o interior de implantes osseointegrados in vivo e
in vitro foi e continua sendo amplamente estudada por diversos autores.
15-16-21
Em relação aos microorganismos habitantes dos sulcos periimplantares,
alguns autores
9
,não viram diferenças na microbiota subgengival entre os implantes
59
e os dentes na mesma cavidade oral, enquanto que outros
5
, afirmaram que a
microflora presente nos sulcos periimplantares doentes parece ser bem distinta das
encontradas ao redor de implantes osseointegrados saudáveis.
Analisando o tipo de conexão protética, alguns autores
17-19-20-21
encontraram
níveis extremamente baixos e até negativos de infiltração bacteriana na interface
implante/pilar protético enquanto que outro autor
18
, encontrou índices
elevadíssimos (100%) das amostras em implante tipo cone Morse. Os mesmos
autores encontraram infiltração bacteriana com índices elevados em implantes de
hexágono interno e externo. Em nosso trabalho os índices de infiltração no grupo
formado por implantes de hexágono externo foi intermediário, contrário dos
resultados obtidos pela maioria dos autores. nos grupos formados por implantes
tipo cone Morse, encontramos resultados semelhantes aos trabalhos pesquisados.
17-19-20-21
Achamos pertinente realizar o estudo avaliando a contaminação
imediatamente após a fixação do conector. Ela ocorreu provavelmente devido ao
extravasamento (microscópico ou macroscópico) da solução contendo os
microorganismos que é depositada no interior dos implantes, ou da contaminação
de suas paredes internas. Isto não foi descrito nos outros artigos da literatura, e
realmente foi importante, pois comprovou que tal fato pode ocorrer, devendo-se
observar melhor a questão do volume de líquido que pode ser introduzido em cada
implante. Interessante observar ainda que apenas o grupo de hexágono externo não
apresentou contaminação, provavelmente por ter uma câmara interna maior do que
os implantes tipo cone morse.
Encontramos na literatura um trabalho
21
comparando duas cnicas para .
verificação da infiltração bacteriana na interface implante/pilar. Em uma delas os
60
autores utilizaram material sólido colocado na ponta do parafuso ou do pilar. Essa
técnica parece ser eficiente para impedir o extravasamento da solução, no entanto
não como fazer a padronização da carga microbiana pela escala de Mc Farland,
o que julgamos ser muito importante. Utilizamos portanto a cnica da inoculação
com material líquido, devido á possibilidade de fazermos a padronização da carga
microbiana.
Este trabalho mostrou que a ocorrência de microinfiltração bacteriana na
interface implante/conector ocorre em níveis elevados, mesmo nos implantes do tipo
cone Morse. A ocorrência também freqüente de contaminação imediatamente após a
inserção do conector protético sugere que se deve dar mais importância aos
volumes de cultura bacteriana que podem ser inseridos nos implantes, que
provavelmente devem ser menores que os utilizados aqui. Estudos futuros são
necessários para normatizar melhor este tipo de metodologia.
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Copenhagen, 1988;3:113-20.
6 - CONCLUSÃO FINAL
1) A revisão da literatura mostrou que a infiltração bacteriana na interface
implante/pilar protético pode ocorrer e está diretamente relacionada à periimplantite.
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A flora bacteriana encontrada relacionada com a periimplantite assemelha-se à
flora presente na doença periodontal invasiva (periodontite). A periimplantite pode
ser considerada uma infecção sítio-específico com microorganismos que fazem
parte da periodontite em dentes naturais.
2) No âmbito da literatura específica, concluiu -se que apesar de toda
evolução na implantodontia, a infiltração bacteriana na interface implante/pilar
protético continua a ser um grande desafio, apesar dos avanços na topografia
interna dos implantes (implantes tipo cone morse).
3) Apesar da literatura sugerir que os implantes tipo cone Morse apresentam
menor índice de infiltração bacteriana na interface implante/pilar protético, na
metodologia empregada neste trabalho observou se que esta infiltração também
ocorre neste tipo de implante.
4) Dentre os grupos de implantes estudados, os que apresentaram melhor
resultado foram os grupos compostos pelos implantes Intralock e Neodent Cone
Morse. Contrariando vários estudos anteriores, os implantes de hexágono externo
apresentaram níveis de infiltração semelhante aos implantes cone morse.
5) Com relação às técnicas utilizadas para avaliar a infiltração na interface
implante/pilar protético, são necessários mais estudos para definir com exatidão a melhor
metodologia a ser utilizada neste tipo de estudo. A ocorrência freqüente de contaminação
imediatamente após a inserção do conector protético observada neste estudo sugere que se
deve dar maior importância aos volumes de cultura bacteriana que podem ser inseridos nos
implantes, que provavelmente devem ser menores que os utilizados aqui. Estudos futuros são
necessários para normatizar melhor este tipo de metodologia.
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