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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS
MESTRADO EM INTEGRAÇÃO LATINO-AMERICANA
CRIAÇÃO E DESVIO DE COMÉRCIO NO
MERCOSUL: O CASO DO ARROZ EM CASCA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Rafael Pentiado Poerschke
Santa Maria, RS, Brasil
2008
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CRIAÇÃO E DESVIO DE COMÉRCIO NO MERCOSUL:
O CASO DO ARROZ EM CASCA
por
Rafael Pentiado Poerschke
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Integração Latino-
Americana, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como
requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Integração Latino-
Americana,
Orientador: Prof.
a
Dr.
a
Rita Inês Pauli Prieb
Santa Maria, RS, Brasil
2008
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________________________________________________________________
© 2008
Todos os direitos autorais reservados a Rafael Pentiado Poerschke. A
reprodução de partes ou do todo deste trabalho só poderá ser feita com
autorização por escrito do autor.
Endereço: Rua Venâncio Aires, n.920/502, Bairro Centro, Santa Maria, RS,
97010-000
Fone (0xx)55 32221077; End. Eletr:
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Sociais e Humanas
Mestrado em Integração Latino-Americana
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado
CRIAÇÃO E DESVIO DE COMÉRCIO NO MERCOSUL: O CASO DO
ARROZ EM CASCA
elaborada por
Rafael Pentiado Poerschke
como requisito parcial para a obtenção do grau de
Mestre em Integração Latino-Americana,
COMISSÃO EXAMINADORA:
Rita Inês Pauli Prieb, Prof.
a
Dr.
a
(UFSM)
(Presidente/Orientador)
Adayr da Silva Ilha, Prof. Dr. (UFSM)
Sérgio Marley Modesto Monteiro, Prof. Dr. (UFRGS)
Santa Maria, 15 de agosto de 2008.
Aos meus pais,
e todos que contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho;
DEDICO.
AGRADECIMENTOS
Agradeço àqueles que me apoiaram na difícil caminhada que foi escrever um trabalho
com este teor. Dificultado, em parte, pela minha mudança e adaptação ao novo lar, Porto
Alegre. Não houve, entretanto, um só dia sem uma linha para conseguir atingir a meta.
Para realização deste agradeço aos meus pais, Maria de Fátima Pentiado Poerschke e
Paulo Renato Cardoso Poerschke, que mais uma vez, com auxílio e compreensão
contribuíram para que este trabalho se concretizasse. Agradeço pelo carinho, dedicação e o
constante incentivo para continuar estudando e ao apoio para poder levar a vida em uma
cidade estranha.
À minha amiga, orientadora e Professora Doutora Rita Inês Pauli Prieb, por não ter
poupado esforços para contribuir na realização deste e ter aceitado dar continuidade na
orientação iniciada na graduação.
Ao Professor Doutor e co-orientador Clailton Ataíde de Freitas pela amizade e a total
atenção dedicada na construção deste, para que o resultado final fosse o melhor possível.
Ao Professor Doutor Sérgio Marley Modesto Monteiro pelo acolhimento enquanto e
durante freqüentei suas aulas nas dependências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS).
Não poderia deixar de agradecer também a Maristela Ribas, pela amizade, atenção e
sua constante disponibilidade para solucionar problemas burocráticos surgidos durante o
curso.
Agradecimento especial ao pesquisador Honório Kume do Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (IPEA) pelas conversas informais que possibilitaram a realização da
presente dissertação, assim como, elevou o nível da discussão do problema proposto.
Aos técnicos do Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), Camilo Feliciano Oliveira,
Tiago Sarmento Barata e Victor Hugo Kayser que não pouparam esforços quando acionados
para entrevistas extra-oficiais na busca de informação de ordem técnica e de dados acerca da
cultura do arroz no Brasil e Rio Grande do Sul (RS).
À Osmira de Fátima da Silva pelos dados cedidos e por seu excelente e fundamental
trabalho desempenhado na Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Centro Nacional
de Pesquisa em Arroz e Feijão (Embrapa/CNPAF).
À Carolina Seeger Bortoluzzi pelo amor e companheirismo durante a realização deste
trabalho e de outros que virão.
A todos os professores presentes em minha formação do curso de Mestrado, pelo
acolhimento e auxílio no decorrer de minha passagem pelo departamento.
À Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), pela excelência do ensino público.
Enfim, aos meus verdadeiros amigos e pessoas sinceras que me cercam. À vocês que
sempre estiveram do meu lado e me agüentaram tanto nos bons e maus momentos, o meu
muito obrigado.
A vida ideal consiste em
ter bons amigos, bons livros
e uma consciência sonolenta.
(Mark Twain)
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Mestrado em Integração Latino-Americana
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil
CRIAÇÃO E DESVIO DE COMÉRCIO NO MERCOSUL: O CASO DO
ARROZ EM CASCA
Autor: Rafael Pentiado Poerschke
Orientador: Prof.
a
Dr.
a
Rita Inês Pauli Prieb
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 15 de agosto de 2008.
Resumo: Os Acordos Regionais de Integração permeiam a economia internacional como uma
alternativa à total liberalização dos mercados. No caso a união aduaneira imperfeita do
Mercado Comum do Sul (Mercosul) alterou a dinâmica do mercado de arroz. Nesse caso, o
Brasil ao remover as restrições ao comércio para os membros do Bloco reduziu a proteção em
uma TEC de 10%. Como efeito, a mudança nos instrumentos de política comercial, em função
da integração, geraram uma re-orientação dos fluxos de comércio no Mercosul. Com um olhar
na economia brasileira e sobre o mercado de arroz, essas alterações, pela ótica da abordagem
das uniões aduaneiras, teriam qual padrão de comportamento, sabendo que o Brasil é fiel
importador de arroz da Argentina e Uruguai – agora beneficiados pela ausência de restrição
tarifária? Segundo a abordagem Vineriana esses efeitos poderiam ser benéficos – criação de
comércio – ou prejudiciais – desvio de comércio – para o bem-estar econômico. Os efeitos,
criação e desvio de comércio, ocorridos no Mercosul foram mensurados por meio de um
modelo de equilíbrio parcial para o cereal a fim de estimar o potencial de comércio criado e
desviado. Como resultado, tem-se que no período de 1995 a 1999 se concentra o maior
potencial de comércio criado com a desgravação tarifária no Bloco. Bem como, o comércio
criado entre 1991 e 1994 superou o comércio desviado para dentro do Bloco. Sob essa ótica, a
partir da direção comércio criado, a Argentina foi país que mais se beneficiou com a remoção
das tarifas. Contudo, o comércio criado, paulatinamente, diminuiu ao longo do tempo para
ambos os membros do Mercosul. Do lado do desvio de comércio, seus valores foram mínimos
e, dessa forma, os prejuízos ao comércio com terceiros, pouco representam se comparado ao
potencial de comércio criado no interior do Bloco. Por fim, ficou claro que mediante a
alterações na tarifa, no comércio de arroz, existe um grande potencial de criação de comércio
e um real impacto sobre as importações e produção brasileira de arroz.
Palavras-chave: União Aduaneira, Mercosul, Arroz, Equilíbrio Parcial.
ABSTRACT
Dissertação de Mestrado
Mestrado de Integração Latino-Americana
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil
CRIAÇÃO E DESVIO DE COMÉRCIO NO MERCOSUL: O CASO DO
ARROZ EM CASCA
(TRADE CREATION AND DIVERSION IN MERCOSUL: THE CASE
OF THE ROUGH RICE)
Author: Rafael Pentiado Poerschke
Advisor: Prof.
a
Dr.
a
Rita Inês Pauli Prieb
Date and Place of defense: Santa Maria, Agost 15 of 2008.
Abstract: The Regional Integration Agreements surround the international economy as an
alternative to total liberalization of markets. Latin America was not astonished with the
resurgence of the post-cold war regionalism. Regarding the imperfect customs union
Mercosur, even when in this kind of agreement the goal is a Common External Tariff (CET)
that would stimulate the external competitiveness under the aegis of the XXIV article of the
GATT/OMC, discrimination still persists. In this case, Brazil, by removing restrictions to
commerce for the members of the Block, reduced the CET tariff to 10 %. As an effect of the
change in trade politics due to integration, a redirection in Mercosur trade flow took place.
With a glance on the Brazilian economy and the rice market, which behavioral pattern would
these alterations have, under the optics of the customs unions approach, knowing that Brazil is
a loyal rice importer from Argentina and Uruguay – now with the benefit of the absence of
tariff restriction? According to the Vinerian approach, these effects might be beneficial –
trade creation – or damaging – trade diversion – for the economical welfare. These effects to
Mercosur can be measured with a partial equilibrium model for the cereal in order to find the
potential of trade creation and diversion after the change in Brazil’s import politics. As a
result, we find that the greatest trade potential was created with the tariff reduction in the
Block, from 1995 to 1999, as well as the trade creation surpassed the trade diversion to the
Block from 1991 to 1994. Regarding the trade creation, Argentina was the more benefited
country to the removal of tariffs. Nevertheless, the trade creation has gradually diminished for
both members of the Mercosur. As consequence the Brazilian internal production has been
more competitive than the imports, even without tariff protection. Regarding trade diversion,
its values were minimal, so the damages to third party trade represent somewhat if compared
to the potential of trade creation in the Block. Finally, it was clear that the alterations of the
rough rice trade tariff allowed a great potential of trade creation and a real impact on the
Brazil importation and internal production of rice.
Keywords: Custom Union, Mercosur, partial equilibrium, rough rice.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Oferta e Demanda do bem X no país 1 (P
1
)..........................................................32
Figura 2 – Oferta e Demanda do bem X no país 1 (P
1
)..........................................................34
Figura 3 – Área cultivada de arroz no Brasil, por sistema de cultivo (1986/2007)................44
Figura 4 – Produtividade média do arroz no Brasil, por sistema de cultivo (1986/2007)......45
Figura 5 – Produção de arroz no Brasil, por sistema de cultivo (1986/2007)........................46
Figura 6 – Relaçao Percentual entre Rio Grande do Sul e Brasil: Área semeada e produção
(1980/2007) ..........................................................................................................48
Figura 7 – Evolução do consumo de arroz (base casca) e da população, em milhões no Brasil
(1980/2007) ..........................................................................................................52
Figura 8 – Balança Comercial brasileira, em mil toneladas, base casca (1960/2008) ...........54
Figura 9 – Comportamento do logaritmo da série de quantidade de arroz em casca importado
do Mercosul (LQ), Renda Real (LY), Preço Doméstico (Pd) e Preço de
Importação (LPm) – set/1991-dez/2007.............................................................110
Figura 10 – Diagrama de dispersão da série quantidade de arroz em casca importado do
Mercosul (LQ), Renda Real (LY), Preço Doméstico (Pd) e Preço de Importação
(LPm) – set/1991-dez/2007 ................................................................................111
Figura 11 – Erro e Erro em função do Erro defasado – modelo sem ajsutes........................120
Figura 12 – Erro e Erro em função do Erro defasado.............................................................122
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Quadro de oferta e demanda de arroz no Paraguai (1991/2008)...........................37
Tabela 2 – Quadro de oferta e demanda de arroz na Argentina (1991/2008) .........................40
Tabela 3 – Quadro de oferta e demanda de arroz no Uruguai (1991/2008)............................42
Tabela 4 – Área plantada de arroz no Brasil – 1976/77 a 2006/07 – mil hectares..................49
Tabela 5 – Produção de arroz no Brasil – 1976/77 a 2006/07 – mil toneladas.......................50
Tabela 6 – Produtividade do arroz no Brasil – 1976/77 a 2006/07 – kg/ha............................51
Tabela 7 – Importações brasileiras de arroz em casca por origem – 1989/2008 – mil toneladas
..............................................................................................................................55
Tabela 8 – Quadro de oferta e demanda no Brasil (1991/2008)..............................................55
Tabela 9 – Relação de coeficientes sugeridos para função demanda brasileira agregada
segundo autor........................................................................................................70
Tabela 10 – Elasticidades de Longo Prazo para as Importações brasileiras (1978/1996)........73
Tabela 11 – Elasticidades de Longo Prazo para as importações brasileiras (1966/1995)........75
Tabela 12 – Tarifas Aduaneiras impostas pelo Brasil ao arroz com origem de Terceiros.......86
Tabela 13 – Comparativo entre Criação e Desvio de Comércio para o Brasil no comércio de
arroz em casca – 1991/1995 (Em mil dólares).....................................................88
Tabela 14 – Resultado da Criação de Comércio para o Brasil no comércio de arroz em casca –
1991/2007 (Em mil dólares)
.................................................................................90
Tabela 15 – Resultado da Criação de Comércio para o Brasil de arroz em casca por membros
do Mercosul – 1991/2007 (Em mil dólares).........................................................94
Tabela 16 – Resultado para os testes de raiz unitária (ADF) .................................................114
Tabela 17 – Ordem de Integração das variáveis utilizadas no modelo ..................................115
Tabela 18 – Resultado para o teste de co-integração de Johansen.........................................116
Tabela 19 – Matriz de correlação entre as variáveis utilizadas..............................................117
Tabela 20 – Resultado para o teste de White (p)....................................................................120
Tabela 21 – Resultado para os testes de significância dos parâmetros e regressão................121
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Equação utilizada para a elasticidade-preço de importação..................................87
Quadro 2 – Correlograma de LQ............................................................................................112
Quadro 3 – Resultados para o teste Jarque-Bera para normalidade dos resíduos ..................121
LISTA DE ANEXOS
ANEXO A – Histograma da série de Quantidade de arroz em casca importado do Mercosul
(LQ), Renda Real (LY), Preço Doméstico (LPd) e Preço de Importação (LPm) –
set/1991 até dez/2007. ......................................................................................128
ANEXO B – Correlograma da Renda Real (LY), Preço Doméstico (LPd) e Preço de
Importação (LPm).............................................................................................129
ANEXO C – Teste ADF da série de quantidade importada (LQ)..........................................131
ANEXO D – Teste PP da série de quantidade importada (LQ) .............................................134
ANEXO E – Teste ADF da série de Renda Real acumulada (LY).........................................137
ANEXO F – Teste PP da série de Renda Real acumulada (LY).............................................140
ANEXO G – Teste ADF da série de Renda Real acumulada na primeira diferença (DLY) ..143
ANEXO H – Teste ADF da série de preços domésticos (LPd)..............................................146
ANEXO I – Teste PP da série de preços domésticos (LPd)...................................................149
ANEXO J – Teste ADF da série de preços de importação (LPm). ........................................152
ANEXO K – Teste PP da série de preços de importação (LPm)............................................155
ANEXO L – Teste ADF da série de quantidade importada na primeira diferença (DLQ) ....158
ANEXO M – Teste ADF da série de Renda Real acumulada na segunda diferença (D2LQ)159
ANEXO N – Teste ADF da série de preços na primeira diferença (DLPd)...........................160
ANEXO O – Teste ADF da série de preços de importação na primeira diferença (DLPm).161
ANEXO P – Teste de Johansen para co-integração das variáveis utilizadas na equação de
demanda
............................................................................................................162
ANEXO Q – Teste de Breusch-Godfrey para presença de autocorrelação dos resíduos.......165
ANEXO R – Teste de White para presença de heteroscedasticidade.....................................166
ANEXO S – Teste de White com termos cruzados para presença de heteroscedasticidade..167
ANEXO T – Saída do modelo utilizado para estimar a elasticidade-preço do arroz em casca
do Mercosul – corrigidos as violações de homocedasticidade e ausência de
autocorrelação...................................................................................................168
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACA
Associacíon del Arroz en Uruguai
ACP Acordo Comercial Parcial
ACPA
Asociacíon Correntina de Plantadores de Arroz
ADF Teste de Dickey-Fuller Aumentado
ALADI Associação Latino-Americana de Integração
ALALC Associação Latino-Americana de Livre Comércio
ALCA Área de Livre Comércio das Américas
ALCs Áreas de Livre Comércio
AR Autocorrelação
ARIs Acordos Regionais de Integração
BCB Banco Central do Brasil
BLS
Bureau of Labor Statistics
BLUE –
Best Linear Unbiased Estimator
CAN Comunidade Andina de Nações
CAMEX Câmara de Comércio Exterior
CARICOM Comunidade e Mercado Comum do Caribe
CC Criação de Comércio
CE Comunidade Européia
CM
Common Market
CMC Conselho do Mercado Comum
CONAB Companhia Nacional de Abastecimento
CU
Customs Union
DC Desvio de Comércio
DIEA
Direcion Integrada de Estadísticas Agropecuarias
ECLAC
Economic Commision for Latin America and the Caribean
Embrapa Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária
EUA – Estados Unidos da Amércia
FAS
Foreign Agricultural Service
FAO
Food and Agriculture Organization
FTAs
Free Trade Agreements
GATT
General Agreement on Tariffs and Trade
GMA
Associacion e Industria de Molinos Arroceros
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IED Investimento Externo Direto
IIC Índice de Intensidade de Comércio
INDEC
Instituto Nacional de Estadísticas y Censos de la Republica Argentina
IRGA Instituto Rio Grandense do Arroz
IOR Índice de Orientação Regional
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
IVCR Índice de Vantagens Comparativas Reveladas
MC Mercado Comum
MCCA Mercado Comum na América Central
MCE Mecanismo de Correção de Erros
MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
MFN – Nação Mais Favorecida (Cláusula)
MQO – Mínimos Quadrados Ordinários
NBM Nomenclatura Brasileira de Mercadorias
NCM Nomenclatura Comum do Mercosul
PA Pacto Andino
PTA –
Partial Trade Agreement
PIB Produto Interno Bruto
PICE – Programa de Integração e Cooperação Econômica
POF – Pesquisa de Orçamento Familiar
PP Phillips-Perron
PPI – Producer Price Index
PPP Produtos Primários e Pesca
RTAs
Regional Trade Agreements
SAGPyA –
Secretaria de Agricultura, Ganadería, Pesca y Alimentos da Republica da
Argnetina
SECEX – Sistema Aliceweb da Secretária de Comércio Exterior do Brasil
SH – Sistema Harmonizado
SMART
Software for Trade Analsys and Restrictions Trade
SRF – Secretaria da Receita Federal
TA Tratado de Assunção
TCR – Taxa de Câmbio Real
TEC Tarifa Externa Comum
TPSM –
Trade Plicy Simulation Model
UA União Aduaneira
UNCTAD
United Nations Conference on Trade and Development
UE – União Européia
USDA –
United States Departement of Agriculture
VAB Valor Agregado Bruto
WB
The World Bank
WTO
World Trade Organization
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................19
1.1 Objetivos ............................................................................................................................20
1.1.1Objetivo geral...................................................................................................................20
1.1.2 Objetivos específicos.......................................................................................................20
1.2 Justificativa.........................................................................................................................21
1.3 Estrutura do trabalho ..........................................................................................................21
2 MERCOSUL: PARA ALÉM DE UMA ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO ..........................22
2.1 Integração Regional na América Latina.............................................................................22
2.2 Mercosul: União Aduaneira Imperfeita..............................................................................26
2.3 Marco Teórico: a abordagem Vineriana da União Aduaneira............................................30
3 A PRODUÇÃO DE ARROZ NO ÂMBITO DO MERCOSUL ...........................................35
3.1 Argentina, Paraguai e Uruguai: potenciais exportadores no Mercosul..............................35
3.1.1 O Paraguai: menor player do Mercosul...........................................................................36
3.1.2 A Argentina: terceira maior produção do Bloco. ............................................................37
3.1.3 O Uruguai: excelência na produção de arroz no Mercosul .............................................40
3.2 O Brasil: maior produtor e consumidor do Mercosul.........................................................42
3.2.1 A evolução da produção, produtividade e da área de arroz brasileira.............................43
4 ASPECTOS METODOLÓGICOS........................................................................................57
4.1 Referencial Metodológico..................................................................................................57
4.1.1 Fundamentos matemáticos e teóricos do modelo de Equilíbrio Parcial: a abordagem das
elasticidades..............................................................................................................................57
4.1.2 As estimações das funções demanda de importação brasileira.......................................62
4.1.3 Elasticidades de Armington para o Brasil.......................................................................70
4.1.4 Modelos de Equilíbrio Parcial: aplicações aos fluxos brasileiros de comércio...............72
4.2 Metodologia e fonte de dados.............................................................................................78
4.2.1 Modelo SMART de Criação e Desvio de Comércio.......................................................78
4.2.2 Cálculo da Criação de Comércio.....................................................................................79
4.2.3 Cálculo do Desvio de Comércio......................................................................................83
4.2.4 Fonte e base dos dados....................................................................................................84
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...............................................................87
5.1 Criação e Desvio de Comércio no Mercosul:o caso do arroz em casca.............................87
5.2 Criação de Comércio : a formação do Mercosul no Mercado brasileiro de arroz..............89
6 CONCLUSÕES.....................................................................................................................95
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................97
APÊNDICE ............................................................................................................................108
APÊNDICE A – Descrição da abordagem econométrica do modelo utilizado.....................109
APÊNDICE B – Descrição algébrica do modelo utilizado....................................................123
ANEXO..................................................................................................................................127
1 INTRODUÇÃO
O aumento considerável de acordos de integração regional entre países está
influenciando as economias nacionais e o inter-relacionamento entre os países próximos
geograficamente. Essa integração vem ocorrendo em duas vias: uma multilateral e outra
regional. Um dos objetivos principais de uma integração, mesmo que regional, consiste na
criação de mercados maiores e mais competitivos, ou seja, almeja um aumento do bem-estar e
eficiência econômica dos países inseridos no processo.
O Tratado de Assunção (TA), em março de 1991, se apresenta como um marco da
integração no Cone Sul, estabelecendo as bases para um mercado comum entre Argentina,
Brasil, Paraguai e Uruguai, que se traduziu em janeiro de 1995 na união aduaneira do
Mercado Comum do Sul (Mercosul). Posterior ao processo de integração, verifica-se no
agregado de mercadorias, um notável crescimento do fluxo comercial do Brasil com o
Mercosul. Tendo se destacado a Argentina como principal parceiro comercial brasileiro
intrabloco.
Atualmente, os países membros do Mercosul em meio a avanços, também, têm
enfrentado divergências internas que resultam numa certa paralisação no processo de
integração, sendo essas na maioria unilaterais, enleadas de interesses, algumas vezes,
protecionistas e/ou privados não integracionistas. O setor agropecuário brasileiro, por ser
apontado como sensível quanto à competitividade acarretava forte risco, principalmente para
as culturas do Sul, como a do arroz e trigo, por exemplo. Então, a supressão das barreiras
tarifárias equivale, sem dúvida, a falar de prudência. A crítica, por parte de produtores e
associações, ressalta que o arroz do Mercosul tomou uma grande parcela de mercado dos
produtores brasileiros – em função da competitividade superior desses produtores.
Sob a ótica Vineriana das uniões aduaneiras, é possível verificar os efeitos da criação
de uma união aduaneira entre Estados. Pela abordagem Vineriana, os efeitos estáticos na
economia de acordos deste tipo são divididos entre criação e desvio de comércio. O primeiro
efeito ocorre quando os países signatários do Tratado de Assunção passaram a ter acesso a
produtos mais baratos produzidos por membros do Bloco, trazendo um efeito de aumento de
bem-estar. O segundo efeito decorre da substituição de importações de terceiros por
importações dos membros do Bloco. Esse deslocamento artificial do comércio está
relacionado a perda de bem-estar e eficiência.
20
Tais efeitos foram previstos e a atual situação do setor arrozeiro é simplesmente efeito
da união aduaneira e, pode-se depreender que era plausível em função de o Brasil ser um
importador líquido do arroz no Mercosul, mas seu tratamento parece instável pelos Governos
e por alguns produtores. Pois, no caso da ação cautelar impetrada por associações de
arrozeiros e tratoraços, talvez causassem conseqüências mais graves do que tentaram evitar.
Nesse sentido, é factível que parte da produção doméstica, anteriormente protegida e
teoricamente de menor eficiência, fosse substituída por outras fontes mais eficientes, do
interior do próprio Bloco e de terceiros. O resultado da supressão tarifária foi refletido na
queda do preço do arroz nas prateleiras de supermercados e maior pressão ao preço pago ao
produtor brasileiro.
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo geral
Sendo assim, o presente trabalho, sob a ótica brasileira, se propõe a responder “em
que medida, ou ainda, quais foram os efeitos de criação e desvio de comércio para o arroz em
casca com a formação do Mercosul”? Dessa forma, esta resposta servirá de parâmetro para
avaliar os impactos estáticos da união aduaneira sobre o mercado de arroz no Mercosul por
meio da abordagem Vineriana e, também, como alicerce para estimar a influência de novas
alterações da atual TEC do arroz em casca para o Brasil.
1.1.2 Objetivos específicos
a) Verificar a magnitude dos efeitos criação e desvio de comércio a partir das importações
brasileiras de arroz em casca no período de transição para a TEC (1991-1994);
b) Identificar o ápice do potencial da criação de comércio e o país do Mercosul que mais se
beneficiou com o Tratado de Assunção;
21
c) O potencial de comércio criado entre 1991 e 2007 com a isenção tarifária para o arroz do
Mercosul;
d) Apresentar conclusões e sugestões acerca do estudo proposto.
1.2 Justificativa
Tendo por base a discussão acerca dos efeitos estáticos gerados pela formação do
Mercosul no mercado de arroz, sob a ótica brasileira, é necessário que se desmitifique a idéia
muitas vezes aceita, de que a integração só trouxe reflexos negativos para a produção
brasileira e, possivelmente, para o bem-estar econômico. O Brasil, por ser um país que não é
auto-suficiente em arroz depende das importações de arroz de outros países. A supressão
tarifária sobre os membros do Bloco e a imposição de uma TEC para terceiros pressionaram o
preço interno do arroz brasileiro. Isso afetou diretamente o produtor e, em diversos momentos
aludiu que o motivo dessa situação fosse a formação do Mercosul. Nesse sentido, é preciso
verificar a magnitude da criação e desvio de comércio além de apontar o maior beneficiado
com a supressão tarifária e ainda mapear a evolução da criação de comércio nesses 17 anos de
Mercosul.
1.3 Estrutura do trabalho
O presente trabalho está dividido em seis capítulos, sendo o primeiro esta introdução
ao problema, seguido de um marco teórico sobre a integração econômica e o Mercosul. Um
terceiro e quarto que versam sobre o mercado de arroz no Mercosul e a revisão de literatura
do modelo de equilíbrio parcial, os pormenores da metodologia e fonte de dados utilizada para
atingir os resultados propostos. Por fim, inferir sobre os resultados no quinto capítulo e
culminar com a conclusão do estudo proposto.
2 MERCOSUL: PARA ALÉM DE UMA ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO
Em torno de 380 Acordos Regionais de Integração
1
(ARIs) foram notificados ao
GATT/WTO
2
até julho de 2007. Desses, cerca de 205 estão ainda em funcionamento e pelo
menos 90% são Áreas de Livre Comércio
3
(ALCs) e os 10% restantes evoluíram para uma
etapa de união aduaneira
4
(UA). A América concentra quatro desses em condição de UA. O
presente capítulo aborda dos ancestrais do Mercado Comum do Sul (Mercosul) a discussão de
sua atual UA sob uma ótica Vineriana por seus efeitos estáticos sobre o bem-estar econômico.
2.1 Integração Regional na América Latina
A complexidade das questões políticas por trás das relações econômicas no âmbito da
Integração Regional do Mercosul levou ao descrédito os primeiros acordos da década de 1960
ao mesmo tempo em que expuseram o desejo perseguido nos Governos Latinos pela
Integração. A cristalização desse ensejo se deu com maior intensidade após um processo de
(re)democratização e maior abertura comercial. Dessa forma, as tentativas de integração na
América Latina são partes de uma história, com presente e futuro.
A raiz dessa quase utópica integração latina, poderia ter sido deflagrada a partir da
tentativa falha do líder revolucionário Simon Bolívar no ano de 1826 no ensaio de prover a
integração continental da América em meio ao Congresso do Panamá
5
. Contudo, como sua
1
Usualmente na literatura esses acordos são tratados pelo termo em inglês como Regional Trade Agreements
(RTAs).
2
O Acordo Geral de Tarifas ou no idioma que dá origem a sigla, General Agreement on Tariffs and Trade
(GATT), foi estabelecido em 1947 como incentivo a uma total ou maior liberalização comercial. Está atualmente
inserido nas bases da World Trade Organization (WTO) que passou a funcionar em 1995. Sobre esse avanço da
liberalização, Baldwin (2006) salienta que os níveis de proteção em 1960 fossem ainda elevados, esses eram
inferiores ao período entre guerras. Segundo o autor, a média da tarifa aplicada na Europa e América do Norte
era de 18% e 15%, respectivamente, e atingiram um dígito apenas na década de 1970.
3
Também chamados de Free Trade Agreements (FTAs).
4
Também chamadas de Customs Union (CU).
5
Foi um congresso idealizado por Simon Bolívar no intento de articular uma confederação hispano-americana.
Compareceram ao congresso os representantes do México, Peru e Grã-Colômbia em que acordaram mais uma
aliança militar – contra intervenção política e econômica em território Latino da Espanha – do que a própria
integração. Curiosamente, Bolívar é constantemente lembrado por Hugo Chávez (1999- ) atualmente como
sendo um herói integrador e socialista em meio a sua Revolução Bolivariana. É importante lembrar que “Bolívar
era um aristocrata Venezuelano que herdou terras e minas. Era um homem da elite, leitor de Adam Smith [...] um
23
idéia não avançou, é mais sensato pensar no Pacto do ABC
6
. O ABC foi celebrado em maio
de 1915 e aproximou os Governos de Argentina, Brasil e Chile para uma cooperação exterior
envolto a um cenário de busca pela hegemonia no Cone Sul.
Mais tarde, no início dos anos 1950, sob os Governos de Juan Domingo Perón (1946-
1955/1973-1974) na Argentina e Getúlio Vargas (1930-1945/1951-1954) no Brasil, agora
pós-Segunda Guerra, dividiram a idéia de que o futuro dos povos latinos dependeria da
magnitude de suas reservas de alimentos e matérias-primas. A alternativa seria um novo ABC
cujo restante da América Latina deveria gravitar em torno do eixo Argentina-Brasil-Chile. O
projeto vislumbrado por Perón que reuniria as vontades de Brasil e Argentina foi frustrado
pela Associação Latino-Americana de Livre Comércio (ALALC). Assim, é seguro afirmar
que as iniciativas latino-americanas anteriores ao avanço da segunda onda de globalização
7
não lograram frutos consideráveis para a liberalização comercial. Os avanços significativos só
foram verificados ao longo da década de 1980 na América Latina após a superação da
estrutura protecionista e rompimento do modelo substitutivo de importações que vigorava nos
anos 1980 “através do relaxamento contínuo das barreiras impostas aos produtos importados,
tanto de forma unilateral como preferencial” (PORTUGAL E AZEVEDO, 2000, p. 153). Em
um esforço os países latinos superaram o velho regionalismo
8
acelerando o processo no
período pós-guerra fria como resultado da multilateralização – mesmo que ainda com
discriminação.
Em 1960, foi criada a ALALC, com o objetivo de diminuir a proteção tarifária e
formar uma área de livre comércio em um prazo de 12 anos (SEITENFUS, 2005, p. 279). Seu
propósito principal era alargar os mercados e obter ganhos de escala para viabilizar o processo
de substituições de importação vigentes nos países. Fatores como a ausência de
constrangimento, um prazo pretensioso, uma grande heterogeneidade das partes, constante
economista liberal que libertou seus próprios escravos [...] um político conservador, pois, acreditava que as
novas repúblicas precisavam de governos fortes (TIME, 2008)”.
6
Para uma discussão mais apurada desse momento da história ver Cervo e Rapoport (1998) e Reckziegel (2004).
7
Baldwin e Martin (1999) chamam a atenção para as diferenças e similaridades entre as duas ondas de
globalização – a primeira onda entre 1870-1914 e a segunda iniciada a partir de 1960 –, pois, essas “duas ondas
são superficialmente similares mas fundamentalmente diferentes” diante do novo contexto pós-grande guerra.
Sobre globalização econômica e suas ondas ver Chesnais (1996), Hirst e Thompson (1998), Baldwin e Martin
(1999), Ianni (2006).
8
Para uma discussão maior sobre as características do primeiro e segundo impulso ao regionalismo, ou velho e
novo regionalismo, ver Ethier (1998), Bhagwati (1993), Sabbatini (2001) e Winters (2001). Ainda, nesses artigos
a discussão se estende ao modelo de regionalismo – aberto ou fechado – e os motivos do sucesso das iniciativas
second best em contrapartida a via multilateral sob a égide do artigo XXIV do GATT/OMC – o qual contraria a
MFN.
24
violação nas cláusulas de Nação Mais Favorecida
9
(MFN) e o antagônico objetivo que
mesclava liberdade comercial e protecionismo do modelo de substituição de importações,
traduziram-se na relutância dos governos em fazer concessões. Esse conjunto multifacetado
de fatores e conjuntura levou à substituição da ALALC em 1980. Schaposnick (1997, p. 186)
também atribui o fracasso da extinta ALALC à falta de vontade de mudança. Pois, segundo o
autor não apresentava vantagens concretas e possuía prazos demasiadamente curtos para
harmonizar tamanha heterogeneidade das economias que ali se envolveram.
Outros acordos foram também assinados nessa década e muitos desses precederam o
Mercosul. Em 1960, El Salvador, Guatemala, Nicarágua e Honduras pretendiam criar um
Mercado Comum na América Central
10
(MCCA). Em 20 de maio de 1969, através do Acordo
de Cartagena: Bolívia, Colômbia, Equador e Peru visavam formar, também, uma união
aduaneira. Essa tentativa bem sucedida ficou conhecida como o Pacto Andino (PA). Em 1996
o PA deixa de ser um Pacto e passa a ser conhecido como a Comunidade Andina de Nações
11
(CAN). Em 1973, mais ao caribe, através do Tratado de Chaguaramas, atualmente une 14
países
12
do Caribe em uma união aduaneira imperfeita que é reconhecida como a Comunidade
e Mercado Comum do Caribe (CARICOM).
Depois de intensas relações diplomáticas entre os Governos de Brasil e Argentina, foi
somente em 1980, que o General Jorge Rafael Videla (1976-1981) – presidente da Argentina
– e General João Batista Figueiredo no Brasil (1979-1985) encontraram-se e sepultaram
qualquer hipótese de conflito no Cone Sul – motivados por avanço no comércio e cooperação
em energia e também na indústria bélica. No ano de 1980, a ALALC deu lugar à Associação
Latino-Americana de Integração
13
.
9
A Cláusula da Nação mais Favorecida estabelece que qualquer dos Estados Membros se compromete a
estender automaticamente aos demais Estados do Tratado, qualquer vantagem, favor, franquia, imunidade ou
privilégio que conceda a um produto originário ou destinado a terceiros. Tem por finalidade eliminar qualquer
discriminação entre os membros.
10
Foi criado em 13 de dezembro de 1960 a partir do Tratado de Manágua que acordaram uma união aduaneira
que deveria funcionar dentro de cinco anos da assinatura do Tratado. Após vários protocolos, o MCCA
permanece na condição de união aduaneira imperfeita. Em julho de 1962 a Costa Rica aderiu ao tratado.
11
É outro complexo processo de integração Latino com diversas mudanças ao longo de sua história que também
possui uma Tarifa Externa Comum (TEC). Entre as principais mudanças, está a saída do Chile em 1976 sob a
presidência de Augusto Pinochet (1973-1990) e da Venezuela em 2006, sob o Governo de Hugo Chávez para se
incorporar ao Mercosul. Também, vale ressaltar os estritos laços com o Mercosul, cuja CAN tem como
associados todos os membros desse. Ainda, o Chile que retornou a condição de sócio em setembro de 2006.
12
Antígua e Barbuda, Bahamas, Barbados, Belize, República Dominicana, Granada, Guianas, Haiti, Jamaica,
Montserrat, San Cristoban e Nevis, San Vicente e Granadinas, Santa Lúcia, Suriname, Trinidad e Tobago.
13
A ALADI foi criada em 12 de agosto de 1980 pelo Tratado de Montevidéu. Tem como membros: Argentina,
Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Cuba (1999), Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela. A
ALADI tem como objetivo expandir a integração da região a fim de garantir seu desenvolvimento econômico e
social.
25
Esse novo acordo, em vigência até hoje, assumiu uma posição bem mais flexível que o
anterior, uma vez que não estabelecia prazos nem mecanismos para eliminar as barreiras ao
comércio. Segundo Seitenfus (2005, p. 280) a ALADI recolhe os ensinamentos da Associação
anterior e propõe uma pauta modesta, porém objetiva e pragmática. Tem como cerne de sua
criação a idéia de incentivar acordos preferenciais entre os membros, que se ampliariam até
formar uma única área comercial. Dessa forma os signatários pretendem “como objetivo de
longo prazo o estabelecimento, em forma gradual e progressiva de um mercado comum
latino-americano” (art. 1º). Para alcançar tal fim nenhuma data limite foi fixada.
A partir de 1979, os países do Cone Sul começaram a intensificar suas relações
diplomáticas. Nesse mesmo ano, foi assinado o Acordo Tripartite entre Paraguai, Argentina e
Brasil para solucionar problemas estratégicos oriundos dos recursos hídricos fronteiriços –
demonstrando a rivalidade tão profunda como difusa entre esses. Assim, esse acordo evoluiu
para o Programa de Integração e Cooperação Econômica (PICE) entre Brasil e Argentina.
Somente em 1988, os dois países assinam um Tratado que previa a integração, cooperação e
desenvolvimento, com a pretensão de criar um mercado comum em 10 anos. Porém três anos
mais tarde, um acordo mais abrangente viria em substituição a esse.
Segundo Cervo e Rapoport (1988, p. 318-330) o relacionamento mais intenso na parte
comercial foi vivido ao longo dos Governos dos presidentes José Sarney (1985-1990) e Raul
Alfonsín (1983-1989). O Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento
14
celebrado
em 1988 à sombra da ALADI, entre Brasil e Argentina, previa a formação de um mercado
comum entre os dois países dentro de um prazo de 10 anos. A Ata de Buenos Aires, de 1990,
adaptou os objetivos propostos no Tratado de 1988 às políticas de abertura econômica e
reforma aduaneira defendida por Carlos Saúl Ménem (1989-1999) e Fernando Collor de
Mello (1990-1992) reduzindo prazo para alcançar um mercado comum para dezembro de
1994. Vendo a aceleração do processo de integração entre Brasil e Argentina, Uruguai e
Paraguai prevendo a perda de preferência nesses mercados, foram levados a somar esforços
para a construção de um espaço econômico comum entre os países da Bacia do Prata.
Na América Latina os anos 1990 são sinônimos de ajustes profundos nas estruturas do
Estado e mercados. O aparelho estatal “[...] é levado a reorganizar-se ou ‘modernizar-se’
segundo exigências do funcionamento mundial dos mercados, dos fluxos de fatores de
produção, das alianças estratégicas” (IANNI, 2006, p. 59). Foram transformações que
14
Essa aproximação incipiente foi advinda pelo Tratado de Integração, Cooperação e Desenvolvimento, assinado
em 29 de novembro de 1988 entre os governos do Brasil e Argentina. Além do objetivo de constituir um espaço
econômico comum por meio da liberalização integral do comércio recíproco, previa a eliminação de todos os
obstáculos tarifários e não-tarifários ao comércio de bens e serviços.
26
promoveram uma maior abertura comercial, reformas fiscais e privatizações. A liberalização
precoce chilena se estendeu a todo continente. As tarifas alfandegárias médias decaíram dos
41,6% da década de 1980, levando-se em conta a tendência a acordos comerciais como o
Mercosul e o Pacto Andino que acentuaram esta tendência (DABÈNE, 2003, p. 280). Para o
Brasil esse resultado foi mais agudo entre 1991/93 que caíram para 13,5% e 11,2% em 1994
(ABREU, 2004, p. 7).
Com o término da Segunda Guerra e a superação da mentalidade e condução de
políticas protecionistas os países da América Latina estão tornando unívocos seus interesses
econômicos. Tanto nos Andes como no Cone Sul os países lançaram-se em um esforço de
cooperação política e econômica que se cristalizou em diversos acordos: Comunidade Andina;
Mercado Comum Centro-Americano; Mercado Comum do Caribe; e, no atual Mercado
Comum do Sul.
2.2 Mercosul: União Aduaneira Imperfeita
O ecumenismo entre os países do Cone Sul ocorre concomitante ao retorno dos
Governos Civis no Brasil e Argentina. O Mercado Comum do Sul foi criado em meio a
princípios comuns que contemplassem a diversidade de seus quatro membros. O Bloco surgiu
a partir do Tratado de Assunção
15
(TA), assinado em 26 de março de 1991 pelos Presidentes
da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. O objetivo principal, como o nome já denota, era a
criação de um Mercado Comum
16
(MC) que vigorasse a partir de 1˚ de janeiro de 1995.
Em 17 de dezembro de 1994, com a assinatura do Protocolo de Ouro Preto, que
conferiu ao Mercosul uma personalidade legal
17
, a credibilidade do Bloco foi reforçada na
concretização do objetivo de imposição de uma TEC. Ademais, segundo Kume e Piani (2001)
depois de cumprida a fase de transição no período de 1991-94
18
, a TEC entraria em plena
15
O Tratado de Assunção deixa claro em seu art. 1° a constituição do Mercado Comum do Sul como uma área
de livre circulação de bens e fatores produtivos. Também, prevê o estabelecimento de uma Tarifa Externa
Comum por meio de uma política comercial comum. O estabelecimento da TEC, segundo o art. 5° prevê uma
transição de forma gradual – vide Anexo 1 do TA – para alcançar em 31 de dezembro de 1994 com uma tarifa
zero entre os membros. E ainda salienta uma forma de regionalismo aberto, ou seja, buscou uma TEC que
incentivasse a competitividade externa dos membros. Para mais discussões sobre objetivos gerais e específicos
do TA ver Ventura (2005).
16
Também chamado de Common Market (CM).
17
O Protocolo conferiu ao Mercosul uma estrutura intergovernamental em detrimento da supranacional como
encontrada na União Européia (UE).
18
Segundo Portugal e Azevedo (2000, p. 148-155) antes mesmo da implementação do cronograma de redução
preferencial das tarifas para o Mercosul, surgiu em maio de 1988 reduções nas tarifas médias e iniciativas de
27
vigência em 2006. Contudo, a convergência para uma única TEC esbarrou na Lista de
Exceções
19
e outras iniciativas unilaterais que perfuram a TEC, baseados em argumentos
macroeconômicos que buscam a aprovação de seus parceiros, os quais quase invariavelmente
acabam por referendar as demandas por tais medidas. Segundo crítica de Seitenfus (2004, p.
214) o Mercosul enfrenta todo tipo de problema em sua trajetória à exceção do princípio de
democracia representativa nos membros. Ainda, Ventura (2005) critica a forma spaghetti
bowl das intensas relações bilaterais, ademais, além dos membros existem muito mais sócios.
Pois, a união aduaneira
20
do Mercosul ao mesmo tempo confunde zonas de livre comércio
com países que têm uma união aduaneira no Pacto Andino.
A discussão mais ferrenha na imposição de uma TEC se manteve sobre os bens
duráveis ficando os produtos agropecuários em segundo plano na discussão sobre a tarifa
21
a
ser aplicada. Conforme David e Nonnenberg (1997, p. 22-23) o Brasil por ser um importador
líquido de arroz estava sujeito ao aumento das importações provenientes da Argentina e
Uruguai com a redução das tarifas de importação. Contudo, os autores sugerem que a
produção brasileira de arroz é competitiva podendo aumentar sua produção não apenas para
substituir a importação, mas, principalmente, para tornar-se exportador. Mas, segundo
mostraram os resultados, a participação do arroz uruguaio e argentino cresceu no mercado
internacional entre 1980 e 1994, pois, as exportações desses elevaram-se mais que a média
mundial, mas também mais do que a média das exportações totais dos dois países,
representando nítida trajetória de especialização.
remoção das redundantes restrições não-tarifárias que se estendeu pelo Governo Collor. Segundo Azevedo e
Portugal (1998) as médias caíram de 51% em 1985/86 para 41% e 32,2% em 1988 e 1990, respectivamente. Para
um estudo mais detalhado do processo de abertura comercial brasileira e características da política brasileira de
importações para o final da década de 1980 e Plano Real ver por completo Azevedo e Portugal (1998), Portugal
e Azevedo (2000), Markwald (2001) e Abreu (2004).
19
Por decisão do Conselho de Mercado Comum (CMC) foi alongada essa convergência (Decisão CMC Nº.
59/07). O CMC estabeleceu um máximo de 100 itens executados para a Argentina e Brasil, 225 para o Uruguai e
649 para o Paraguai. A convergência deve seguir um programa gradual previsto para durar até 2015 no Uruguai
e Paraguai e 2010 para Argentina e Brasil, dessa forma, a UA no Mercosul pode ser taxada de “imperfeita” até
que se finalize a transição. Para os pormenores da convergência, as informações estão disponível na página do
Mercosul e sumariamente listados pela Decisão CMC Nº. 59/07. Uma outra discussão do processo de
convergência da TEC no Mercosul é recomendada em Olarreaga, Soloaga e Winters (1999), Kume e Piani
(2001, 2003a, 2003b) e Azevedo (2004).
20
Entende-se por união aduaneira a substituição num único território aduaneiro de dois ou mais territórios
aduaneiros, quando esta substituição tem por conseqüência: i) eliminar os direitos aduaneiros e as outras
regulamentações comerciais restritivas para o fluxo essencial das trocas comerciais entre territórios constitutivos
da união [...] e ii) que os países membros apliquem substancialmente os mesmos direitos aduaneiros e outros
regulamentos ao comércio com territórios não participantes GATT (p. III, art. XXIV).
21
Segundo Krugman e Obstfeld (2005, p. 139-141) a tarifa é o mais simples instrumento de política comercial
utilizado para proteger algum setor/produto internamente. Por definição, é um imposto cobrado sobre um bem
importado. No caso, a TEC do Mercosul é versão ad-valorem, ou seja, uma fração do valor dos bens importados.
28
Inúmeras são as críticas ao Mercosul, contudo, em sua curta jornada de história em
muito já se avançou, mas, há ainda um longo caminho a ser percorrido, tomando como
paradigma a União Européia. Atualmente, está caracterizado com um esquema de integração
“raso
22
”, por esse motivo, o Mercosul ainda é um processo de imersão e constante
experimentação.
No cerne da maioria dos acordos de Integração listados na WTO repousa a busca pela
alteração – maximização – do bem-estar público. Mas tais alterações em conseqüência de uma
integração são de difícil determinação a priori, contudo, por trás de um projeto bem sucedido
existe um conjunto de condições. A convergência de políticas macroeconômicas, mesmo que
em um ritmo de ajustamento diferente derivado das assimetrias de ordem política, fiscal e
social, denotava as aspirações liberais que afloravam no Cone Sul. Num estágio mais
acelerado, na Argentina e Brasil, são de fato concomitantes e serviram como propulsor e de
alicerce na formação do Bloco. De um modelo endógeno de desenvolvimento esses países
buscaram e ainda continuam perseguindo, um ajustamento/estabilização macroeconômica
para consolidar políticas de abertura comercial e apagar definitivamente as dificuldades das
décadas anteriores.
Dessa forma, entende-se “que o objetivo fundamental da atividade econômica é um
aumento do bem-estar” (BALASSA, 1961, p. 24). A criação do Mercosul tem como objetivo
primeiro a supressão de barreiras tarifárias e não-tarifárias denotando o caráter econômico
preponderante da integração entre Brasil e Argentina, seguido do Uruguai, Paraguai e
Venezuela
23
. Tal desobstrução corrobora com o ideal de livre comércio entre os Estados
membros e tende a proporcionar mercados maiores e mais eficientes, ou seja, aumentando a
produtividade dos fatores e preços menores pela criação de comércio (MACHADO, 2000, p.
20).
Algumas medidas verificadas foram comuns e quase concomitantes nos países
membros do Mercosul, como: privatizações e atração de Investimento Externo Direto (IED),
gradual desregulamentação e abertura comercial e o combate à hiperinflação – que levou a
sobrevalorização das moedas no Brasil (julho 1994) e Argentina (março de 1991). No entanto,
“subsistem numerosas e fortes assimetrias” em relação ao processo de convergência das
22
Em inglês, Shallow, como empregado por Baldwin (1997) o que significa que o Mercosul é assim classificado
por não envolver supragovernabilidade e manter a condução das decisões do Mercado Comum em âmbito
intergovernamental. Para maior discussão sobre Deep and Shallow integration schemes ver Baldwin (1997).
Quanto à discussão mais apurada sobre supranacionalidade e Blocos de cooperação ver Ianni (1999), Ferrajoli
(2002) e Ventura (2005).
23
Para a inclusão da Venezuela como Membro pleno do Mercosul é necessário ainda o reconhecimentos dos
parlamentos do Paraguai e Brasil.
29
políticas cambiais, fiscais, monetárias entre outras (CHALOULT E HILLCOAT, 1996, p.
171) em virtude da complexidade da matriz produtiva nesses países.
Para tanto, espera-se que o aumento do bem-estar econômico de algum Estado
membro em particular se não dê com base na redução do bem-estar de nenhum dos outros
membros, satisfazendo assim, a condição de Pareto ótima. Sendo assim, no caso da criação de
comércio do arroz, que aparentemente beneficiou a produção da Argentina e Uruguai,
inicialmente, não foram bem absorvidos pelos produtores brasileiros
24
, sobretudo, os gaúchos
responsáveis por 60% da produção brasileira (IRGA, 2008). Ao integrarem-se, os membros
esperam que esse fenômeno esteja presente em ambos os Estados, de outro lado as
economias/setores que não se apresentarem competitivas tendem a sair do mercado ou
adequar-se à realidade competitiva, outrora distorcida pela proteção tarifária.
Em uma abstração, seria como se houvesse uma reconversão do setor aproveitando-se
daquilo que ainda o torna competitivo, contudo, no caso do arroz mercosulino causou um
enorme constrangimento para o Brasil as atitudes tomadas pelos arrozeiros gaúchos, que, no
momento em que entraram com o pedido de medida cautelar não se identificaram como
cidadãos, enquanto, um processo de integração, mas, apenas observavam passivos o processo
sem se reconhecerem incluídos no mesmo. Pois, uma vez que a ação cautelar impetrada
denota que naquele momento eram avessos a tal processo por entender que a entrada de arroz
dos membros do Bloco era a principal responsável pela redução da rentabilidade do setor, ou
seja, da redução do preço pago ao produtor brasileiro. De fato, a tendência em um processo de
supressão tarifária é tornar os preços dos importados relativamente menores no mercado
interno. Nesse caso específico, o preço relativo do arroz chegava no mercado nacional em
similar patamar ao cereal brasileiro. Sem a tarifa para os Membros a tendência seria uma
equalização dos preços na direção ao mais competitivo, ou seja, do preço de exportação do
arroz Argentino e Uruguaio. Mas é um tanto confusa tal situação pois se busca um aumento
do comércio devido a desgravação tarifária, ou seja, almeja-se a criação de comércio.
24
Para uma discussão maior do reflexo da criação de comércio no setor e mercado de arroz brasileiro ver Ilha et
al. (2004), Einloft (2006), Poerschke e Prieb (2007) e Oliveira (2007). Sobre a repercussão internacional da
medida cautelar deferida em agravo de instrumento pela Egrégia 4ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª
Região – Porto Alegre – em favor da Associação de Arrozeiros de Itaqui e outras em abril de 2000 no Rio
Grande do Sul (RS) ver Perotti (2000), Hahn (2001), Secretaría del Mercosur (2006) e Poerschke e Prieb (2007).
30
2.3 Marco Teórico: a abordagem Vineriana da União Aduaneira
Segundo Markwald (2001) a extinção das barreiras não-tarifárias anteriores ao
cronograma de reduções tarifárias que vigorou entre 1991 e 1994 é o ponto de inflexão entre o
regime fechado e protecionista herdado do modelo de substituição de importações e o regime
de economia mais aberta. O Tratado de Assunção foi apenas mais uma das diversas mudanças
na política de importação brasileira.
A proximidade e semelhanças no consumo entre as nações, assim como, a necessidade
de maximizar o bem-estar econômico favorece a formação de acordos regionais em diversos
graus de intensidade de integração. Dessa forma, os RTAs são tratados que discriminam
geograficamente o comércio exterior e podem ser divididos em quatro
25
classificações
segundo Baldwin e Venables (1995): a) uma área de livre comércio que prevê a eliminação
das barreiras ao comércio entre os membros mas preserva a autonomia das políticas
comerciais dos membros; b) a união aduaneira é um acordo que além de possuir as
características de uma ALC, os membros adotam uma TEC; c) um mercado comum que prevê
a livre circulação de fatores de produção, bens e serviços entre os membros do Bloco,
geralmente, pela complexidade do acordo é necessário que se adote uma coordenação
macroeconômica conjunta entre os membros; e, d) acordo comercial parcial
26
(ACP) que se
refere à situação na qual as tarifas entre os membros são reduzidas, mas não completamente
eliminadas.
Dessa forma, a integração econômica é vista como um processo de eliminação de
fronteiras – fronteiras econômicas que demarcam o mercado nacional – e barreiras de
natureza econômica entre dois ou mais países (MACHADO, 2000). As fronteiras se
apresentam como obstáculos ao livre fluxo de bens, serviços e fatores de produção entre
países. Nesse sentido, a integração econômica busca a criação de mercados maiores, tomando
como base que são mercados mais eficientes do que os menores.
A teoria que envolve a integração é definida por Machado (2000, p. 23-24) baseado em
Viner (1999) e Lipsey (1999) como o ramo da teoria da proteção que trata dos efeitos da
discriminação das barreiras alfandegárias entre países e seus impactos sobre o fluxo e o
25
Balassa (1964) e Machado (2000) trazem algumas classificações além das de Baldwin e Venables (1995),
contudo, a essência na ordem e origem dos processos é a mesma. Ainda, nesses autores podem ser observados
alguns argumentos estáticos e dinâmicos, a favor da integração como: utilização de economias de escala,
especialização, aproveitamento do comércio fronteiriço, eficiência industrial, incrementar a capacidade de
barganha, dentre outras.
26
Também chamado de Partial Trade Agreement (PTA).
31
padrão de comércio. Tem como objeto o estudo dos impactos da formação de uniões
aduaneiras ou mercados comuns sobre o bem-estar econômico e se restringe à discussão
desses impactos.
A contribuição de Viner (1999) foi importante, pois, demonstrou que, em determinadas
circunstâncias, a formação de áreas de livre comércio ou uniões aduaneiras não constitui
necessariamente um movimento em direção ao livre comércio. O autor propõe que a maior
conseqüência de uma UA seria a troca das fontes de oferta de bens, sendo que essa troca pode
servir para aumentar ou diminuir o bem-estar econômico. Os benefícios dependeriam da
magnitude do efeito criação de comércio (trade creation), enquanto seus custos estariam
associados à magnitude do desvio de comércio (trade diversion).
Dessa forma, quando a criação de comércio é predominante, pelo menos um dos
membros será beneficiado, talvez ambos possam se beneficiar, caracterizando o efeito
“desejável” da UA. Mas, se o desvio de comércio é o efeito predominante, terceiros serão
prejudicados pela formação da UA – a imposição da TEC beneficiaria um produtor ineficiente
interno ao Bloco à custa de terceiros que em uma situação de livre comércio seriam mais
eficientes.
Tratando de um caso de integração econômica, ou, propriamente dito, de uma união
aduaneira, a qual prevê dentre suas medidas um acordo para se chegar a alíquotas de
importação comuns para terceiros e a total remoção das barreiras internas ao comércio
intrabloco, acabam por alterar o excedente do produtor e do consumidor. Segundo Viner
(1999) uma UA além de um movimento para o livre comércio é o movimento na direção de
oferta de bens a preços menores. Dentro dessa ótica surgem específicas conseqüências. Para
ilustrar o efeito de uma tarifa sobre produto importado considere um exemplo prático, com
base nas curvas de oferta (S) e demanda (D) de um país pequeno que aplique uma tarifa
aos demais que tem como opções de comércio
1
P
2
P
e
3
P
. Quando dois países
1
P
e
2
P
assinam
um acordo comercial, sob a égide do artigo XXIV do GATT/OMC, por exemplo – está
implícita a redução da proteção comercial, e os produtos de
2
P
que antes eram penalizados
pela tarifa passam a ser vendidos a preços menores
27
em . Assim, se os custos de são
menores em relação a , as importações intrabloco tendem a aumentar e a gerar uma criação
de comércio (CC). A queda da tarifa implica que os consumidores irão pagar preços menores
1
P
2
P
1
P
27
Lipsey (1999) salienta que na formação de uma união aduaneira o preço relativo no mercado doméstico de um
bem importado varia com a remoção da tarifa, ou seja, considera também que as uniões aduaneiras podem ter
efeitos sobre o consumo.
32
no mercado interno, portanto, seu excedente aumentará em função da diminuição do
excedente do produtor e da arrecadação de receitas através da extinta tarifa. Por esse motivo,
segundo Viner (1999, p. 108) a CC é identificada como um elemento positivo, pois acarreta
um aumento do bem-estar econômico.
Contudo, com um terceiro país no mercado e com maior eficiência e vantagem de
custo em relação a
3
P
2
P
,
1
P
certamente importaria esse produto de
3
P
na situação de livre
comércio. Assim, com a assinatura de um acordo comercial entre e e a eliminação da
tarifa (T) entre ambos traria uma alteração no fluxo de importações de . Pois, após a
assinatura do mesmo, a remoção tarifária traz o produto de a um patamar de preço
inferiores que , os consumidores passarão a consumir bens produzidos em , que não é o
produtor mais eficiente, enquanto em uma situação de livre comércio importaria o mesmo
produto de . Desse modo, existe um desvio de comércio (DC), que, segundo Viner (1999,
p. 108) seria o elemento negativo da integração e não desejável. E, em sua concepção, esse
seria o efeito ineficiência ocasionando uma perda de bem-estar.
1
P
2
P
1
P
2
P
3
P
2
P
1
P
3
P
Teoricamente os conceitos de criação e desvio de comércio são vislumbrados por meio
de um diagrama de oferta e demanda. A Figura 1 mostra um gráfico que representa o mercado
do produto X em
1
P
. Em que é a oferta interna, e são as ofertas do mesmo bem
provenientes de
S
2
S
3
S
2
P
e
3
P
, respectivamente. As elasticidades das ofertas externas são assumidas
como infinitas nesse modelo hipotético.
33
Figura 1 – Oferta e Demanda do bem X no país 1
)
1
P
.
Inicialmente, adota uma tarifa externa WH. As ofertas de e com a tarifa
passam a ser, respectivamente,
1
P
2
P
3
P
2
ST
+
e
3
ST
+
. Como tem custos menores,
naturalmente importa de
3
. Admitindo uma união aduaneira entre
1
P
e
2
P
eliminar-
se-ão as tarifas entre os mesmos mantendo a discriminação a
3
. Dessa maneira, o bem X
proveniente de
2
passa a custar menos que o similar produzido em
3
P
, o que significa que
2
P
será a nova fonte provedora do bem X ara
1
P
. A produção de
1
P
c ara
0''O
e o
consumo aum a em
0''C
. Assim, a criação de comércio pode ser vislumbrada a partir da
redução da produção doméstica e do aumento no consumo. Se
1
P
produzisse o que i porta de
2
P
, arcaria com um custo adicional de
'''XO O Y
. Como no caso rta
'''YZO O
, a área
do triângulo XYZ representa a economia de recursos que passa
3
P
1
P
''OC
P
P
P
p ai p
ent
im
a ser feita.
C
m
1
P
po
Analisando o lado da demanda, estaria consumido em
'
. Para consumir , os
consumidores estariam dispostos a pagar . Como a despesa com importados é
, a área do triângulo RST representa um aumento do excedente do consumidor. Em
suma, o total de comércio criado é dado pela soma da área dos triângulos XYZ e RST.
1
P
0 0''C
'''RC C T
'' 'TC C S
Anterior a formação do Bloco, quando
1
P
adquiria o bem de
3
P
, o custo de importação
era dividido em duas distintas partes: o retângulo
''OC ''
M
NC O
, que representa o
34
pagamento aos importadores, e o retângulo XRMN, que representa a receita com a tarifa.
Desse modo, representa o custo de importação. Com a formação do Bloco, a
despesa passa a
''XRC O
''OC ''
Z
SC O
. O pagamento ao país exportador aumenta em ZSMN. Essa
quantia representa o peso morto provocado pela preferência dada ao fornecedor mais custoso,
ou seja, a ineficiência causada pelo desvio de comércio.
O efeito líquido do acordo comercial pode ser avaliado através da comparação da área
total dos triângulos, que representam os efeitos de criação, com a área do retângulo, que
representa as conseqüências do desvio. Na Figura 1 é possível observar que os triângulos
somam uma área proporcionalmente maior que o retângulo. Dessa forma, a criação de
comércio prevalece e o efeito líquido do Bloco é o aumento do bem-estar e eficiência. Uma
situação contrária é mostrada na Figura 2. Conforme pode ser visto, as áreas dos triângulos
somam uma área aproximadamente menor que a área do retângulo. Assim, o desvio supera o
efeito da criação de comércio levando a uma redução de bem-estar e eficiência.
Figura 2 – Oferta e Demanda do bem X no país 1
)
1
P
.
3 A PRODUÇÃO DE ARROZ NO ÂMBITO DO MERCOSUL
O arroz exerce um importante papel no mercado agropecuário da América do Sul,
embora, os maiores produtores e exportadores estejam na Ásia. O Brasil figura como maior
produtor e consumidor de arroz da América Latina. No mercado brasileiro, Argentina e
Uruguai competem como exportadores com os Estados Unidos, mas, não com os países
asiáticos
1
. A partir dos anos 1990, intensificou-se a expansão da produção nesses países. O
mesmo comportamento se verifica na produção brasileira, contudo, ainda dependente das
importações de Argentina, Estados Unidos e Uruguai para prover a demanda interna. Este
capítulo apresenta os aspectos relacionados à produção de arroz nos países signatários do
Tratado de Assunção dividindo-os entre superavitários em arroz – Argentina, Paraguai e
Uruguai – e o Brasil – maior importador do Bloco. Para esses, aborda-se a evolução da cultura
de arroz, assim como, peculiaridades da cultura.
3.1 Argentina, Paraguai e Uruguai: potenciais exportadores de arroz no Mercosul
No Mercosul é latente a distinção entre exportadores e importadores de arroz.
Embora o Brasil seja o maior produtor de arroz do Bloco é, também, o maior importador e
consumidor do cereal. Contudo, os demais membros que também se dedicam a produção de
arroz não possuem um consumo elevado dessa fonte de carboidrato e por esse motivo
apresentam um excedente comerciável. À exceção do Brasil, o Mercosul se apresenta como
um player no comércio de arroz mundial, contudo, boa parte do excedente de arroz no
Mercosul continua sendo absorvida pelo Brasil.
3.1.1 O Paraguai: menor player do Mercosul
O Paraguai pode ser visto como um país que apresenta uma dinâmica econômica
relativamente simples, uma vez que sua base econômica está fortemente vinculada ao setor
1
Segundo Cornish e Fernandez (2005) entre 1995-2000 Tailândia, Vietnã, Índia e China responderam juntos por
60% da média de 25 milhões de toneladas exportadas ao ano. Esses mesmos países foram responsáveis por 64%
das 388 milhões de toneladas produzidas ao ano no mesmo período.
36
agropecuário. Ressalta-se a importância do setor agropecuário paraguaio que respondeu por
90% do total exportado em 2006 e por 45% da geração de emprego (MAG, 2007). Sob a ótica
do mercado de arroz sua influência é quase nula, tanto como, produtor, consumidor ou player
desse mercado.
No contexto do Mercosul, a importância econômica paraguaia em toda história
contemporânea é muito discreta. Sua representatividade no Produto Interno Bruto (PIB) do
Bloco foi de 0,8% em 2005 (ECLAC, 2007) e da relação entre Valor Agregado Bruto (VAB)
da agricultura
2
com o PIB manteve uma média de 17% entre 1995 e 2005. Dentre os países do
Mercosul o Paraguai possui o PIB mais dependente do setor agropecuário. Em 2005, o VAB
desse setor contribuiu com 19,51% na formação do PIB paraguaio passando para 25,20% do
PIB em 2006. Somente a agricultura foi responsável por 16,60%, pecuária e exploração
florestal, responderam por 6,60% e 1,90%, respectivamente (MAG, 2007).
O principal cultivo do Paraguai é mandioca, base da alimentação da população e
responsável por 34,3% da produção total, seguida pela soja com 28,6% do total colhido no
país. Na balança comercial da conta de exportações, o principal produto da pauta é a soja, que
responde por 45%, seguido do algodão, com 43% do total exportado de produtos primários.
O arroz, nesse caso não tem prioridade e nem expressividade entre as principais
commodities exportáveis pelo Paraguai, ou seja, foi exportado apenas 50 mil toneladas em
2007 (Tabela 1). Na cultura do cereal utilizam-se os modos de cultivos em sequeiro (terras
altas) e irrigado, contudo, o país concentra sua produção no sistema irrigado. Nos anos de
1970, cultivou-se, anualmente, no país, cerca de 26 mil hectares (ha), com produção estimada
em 50,8 mil toneladas. A década de 1980 registrou incremento de cerca de 28,85% na área.
Contudo, a partir da entrada do Paraguai no Mercosul, sua área tem se mantido por volta de
30 mil ha cultivados por safra. A partir da safra de 1995/96 a produtividade paraguaia vem se
mantendo próxima dos 4.000 kg/ha (Tabela 1). Também, em quase todo período de existência
do Mercosul manteve a oferta doméstica de arroz superior ao seu consumo, possibilitando um
pequeno excedente exportável. Em 2006, sua produção representou apenas 0,76% do total
produzido de arroz no Mercosul. Em termos estatísticos esse percentual é insignificante.
Dos Departamentos, pode-se apontar três principais que concentram cerca de 88,20%
da produção de arroz paraguaio. Misiones é o departamento que teve maior expressão na
produção de arroz na safra 2005/06, respondendo por 46,8% do total produzido no país,
seguido de Itapua e Caazapà com 23,1% e 18,3% respectivamente (MAG, 2007).
2
Incluindo os valores de caça, silvicultura e pesca.
37
Conforme a Tabela 1 as lavouras de arroz Guaranis visam suprir apenas a demanda
interna – que vem diminuindo ao longo do tempo, visto que, a expressividade na pauta de
exportação de produtos agropecuários. O quadro de oferta e demanda paraguaio, que segue,
traduz sua pouca expressão no mercado de arroz do Mercosul. Finalmente, o Paraguai tem a
menor área semeada de arroz do Mercosul e, também, a menor produtividade nessa cultura –
3,86 t/ha em média entre 1995/2008. Por essas características o Paraguai não figura como
destaque na produção de arroz no âmbito do Mercosul.
Tabela 1 – Quadro de oferta e demanda de arroz do Paraguai (1991/2008).
Safra 1991/92 1995/96 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08
Área (1.000 há) 33 44 27 27 28 31 28 28 28 28 28
Produtividade
(t/ha)
2,58 3,02 3,93 4,06 3,93 4,03 3,93 3,93 3,93 3,93 3,93
Estoque Inicial
- - - - - - - - - - -
Produção
57,82 90,48 72,11 74,82 74,83 85,03 74,83 74,83 74,83 84 74
Produção Casca
85 133 106 110 110 125 110 110 110 110 110
Oferta Total
*
57,82 90,48 72,11 74,82 74,83 85,03 74,83 74,83 74,83 84 84
Importações
3 8 12 10 10 10 10 10 10 10 10
Consumo
60 91 78 83 84 84 81 50 27 34 34
Demanda Total
*
63 99 90 93 94 94 91 60 37 44 44
Exportações
0 6 0 0 0 13 34 57 50 50 10
Estoques Finais 0,82 1,48 1,11 0,83 0,83 1,03 0,83 0,83 0,83 0,83 0,82
* - 1.000 Toneladas.
Fonte: Foreign Agricultural Service (FAS/USDA, 2008) adaptados pelo autor.
3.1.2 A Argentina: terceira maior produção do Bloco
Dentro do bloco, a Argentina é vista como um grande parceiro comercial em algumas
commodities e, em outras, como um grande concorrente e detentor do terceiro maior PIB da
América Latina. A Argentina é o país do Mercosul que menos depende da agricultura em
relação ao PIB mesmo que seja caracterizado como um grande produtor e player no mercado
agropecuário. Entre 1900 e 1930 a agropecuária contribuiu com 45% da formação do PIB
argentino; nos quarenta anos seguintes, 1930-1970, sua contribuição caiu para 17%
(FERRER, 2005, p. 264). Entre a década de 1980 e 1990 a participação continuou em
declínio, caindo de 10% para 5% no transcurso desse período (FERRER, 2005, p. 341)
passando para 4,9% em 2005 (ECLAC, 2007). Essa relação entre Valor Agregado Bruto
agropecuário
3
e PIB entre 1995 e 2005 vem se mantendo estável ao longo desse período.
3
Incluindo os valores de caça, silvicultura e pesca.
38
A grave crise econômica enfrentada pela Argentina foi amenizada pelo desempenho
do setor agropecuário, uma vez que o PIB desse setor se manteve estável, contrastando com o
PIB agregado que veio reduzindo desde 1998-2001. Dessa forma, Delgado (2002) afirma que
nesse período o setor agropecuário acompanhou parcialmente o movimento da economia.
Essa estabilidade demonstrada pelo setor foi devido, segundo Ferrer (2005), a dotação de
recursos naturais na Argentina e o avanço da revolução tecnológica que possibilitaram a
redução de custos
4
. Com a reforma cambial de janeiro de 2002, que acabou com a paridade
peso/dólar mantida por quase 11 anos, o setor voltou a encontrar espaço para crescer com
suporte na conjuntura internacional favorável ao agronegócio, pois, o crescimento do PIB
agregado da economia em 2007 foi de 9,7% (INDEC, 2008).
Sem dúvida, foi um cenário pessimista até fins da crise para economia como um todo.
O PIB teve uma retração de 18% a preços constantes, mas, segundo Freijo, Portillo e Maceira
(2003) a agricultura manteve um padrão contra-cíclico durante o auge da crise. O crescimento
verificado no setor agropecuário se deve, principalmente, ao complexo soja, em especial, pelo
uso de transgênicos que mais tarde estendeu-se ao Brasil. Nesse cenário, Freijo, Portillo e
Maceira (2003) reconhecem que as exportações de produtos primários de pesca (PPP) e
manufaturas de origem agropecuária (MOA) cresceram 9% em 2002, enquanto que os setores
de veículos e combustíveis apresentaram decréscimos na produção.
O milho é o principal cereal produzido pela Argentina e respondeu por 45,52% da
produção entre as safras de 2001/02 e 2005/06 seguido do trigo e do sorgo representando
cerca de 40,41% e 7,31 %, respectivamente, da produção total. Assim como no Paraguai, a
produção de arroz não tem muita expressividade, e representou, nesse período, apenas 2,65%
da produção portenha de grãos e 8,66% do Bloco. Dentre os produtos de destaque em
representatividade na pauta de exportação, fazem parte o complexo soja e cereais, com 40% e
16% do montante de US$ 12,9 milhões porque respondem os PPP e MOA em 2005. Contudo,
segundo Chaloult e Hillcoat (1996, 1997), com um olhar sobre o fluxo comercial
agropecuário entre Brasil e Argentina nos primeiros anos de Mercosul, as exportações
portenhas de arroz passaram a ter importância para a Argentina, pois, quase triplicaram.
Nesse sentido, são latentes quatro momentos na história do arroz na Argentina: década
de 1970 em que a área semeada não ultrapassava os cem mil hectares e com produtividades
médias de 3.500 kg/ha; década de 1980, momento em que a produção deu sinais de avanço
baseada nos incrementos de produtividade que se aproximou dos 4.000 kg/ha; nos anos 1990
4
Ferrer (2005, p. 241) salienta esse resultado devido aos avanços como a rotação de cultura, plantio direto, nova
gama de insumos (máquinas, implementos e herbicidas) e a biotecnologia.
39
a área semeada aproximou-se dos 200 mil ha, com produtividade por volta de 5.000 kg/ha; e o
primeiro qüinqüênio dos anos 2000, período em que a produção Argentina experimenta um
salto tecnológico bem definido baseado no avanço da produção combinando eficiência.
Verificou-se, entre as safras de 1991/92 e 2006/07, a ampliação de 90,52% da
produção Argentina de arroz. Contudo, na safra 2006/07 ocorreu retrocesso que pode ser
explicado, em parte, pelo bom desempenho no mercado internacional de outras commodities e
o fraco desempenho do arroz.
O cultivo desse cereal se concentra no método irrigado e é geograficamente localizado
ao norte da Argentina. É explorado principalmente nas províncias de Entre Rios, Corrientes,
Santa Fé, Formosa, Misiones e Chaco. Dessas, Entre Rios e Corrientes se destacam na
produção. Corrientes sozinha respondeu em 2005/06 por 45,45% (545,6 mil toneladas) dos
170,3 mil ha semeados (SAGPyA, 2008), seguida de Entre Rios e Santa Fé com 38,34% e
11,69% do total. Essas três províncias concentram cerca de 95,48% da produção Argentina na
safra 2005/06 (SAGPyA, 2008). Esses departamentos, também, concentram fortemente a
indústria processadora de arroz. Entre Rios processa cerca de 85% de tudo que é produzido no
país em 45 indústrias processadoras – 37 delas estão localizadas na província de Entre Rios
(SAGPyA, 2008). Contudo, boa parte dessa produção tem como destino o mercado externo.
Na Argentina, conforme o seu quadro de oferta e demanda (Tabela 2), o arroz não
ocupa um lugar de destaque no cardápio Portenho, pois, suas exportações superaram o próprio
consumo
5
interno na maioria das safras. Depois do Brasil, a Argentina é o segundo maior
produtor de arroz no Mercosul conforme a área semeada. Sua produtividade, que gira em
torno de uma média de 5,88 t/ha é ainda inferior a média atingida no Uruguai e, dessa forma,
sua produção ocupa o posto de terceira maior do Bloco com uma previsão de produção de 654
toneladas para a safra 2007/08. Quanto às importações, ao longo de sua história o volume tem
sido discreto e insignificante.
5
Segundo o INDEC (2008), o consumo per capita, considerando alimentação no interior e fora do domicílio,
está por volta de 5 a 6 kg/ano.
40
Tabela 2 – Quadro de oferta e demanda de arroz na Argentina (1991/2008).
Safra
1991/92 1995/96 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08
Área (1.000 ha)
140 193 151 124 133 174 165 169 162 180 140
Produtividade
(t/ha)
4,67 5,11 5,77 5,74 5,40 6,56 6,37 6,95 6,56 6,92 4,67
Estoque Inicial
50 124 244 211 306 351 534 617 646 592 50
Produção
444,90 670,75 593,20 484,35 488,44 776,87 714,97 799,32 723,13 847,62 444,90
Produção casca
654 986 872 712 718 1.142 1.051 1.175 1.063 1.246 654
Oferta Total
*
494,90 794,75 837,20 693,35 794,44 1.127,87 1.248,97 1.416,32 1.369,13 1.439,62 494,90
Importações
2 7 13 11 18 10 10 9 10 10 2
Consumo
180 210 235 245 265 275 285 294 305 310 180
Demanda Total
*
182 217 248 256 273 285 295 303 315 320 182
Exportações
207 366 378 134 175 294 325 450 450 450 207
Estoques Finais
109,90 225,75 237,20 327,35 372,44 568,87 648,97 681,32 624,13 689,62 109,90
* - 1.000 Toneladas.
Fonte: Foreign Agricultural Service (FAS/USDA, 2008) adaptados pelo autor.
3.1.3 O Uruguai: excelência na produção de arroz no Mercosul
O Uruguai é um país predominantemente pecuarista, tendo 85% do território dedicado
ao pastoreio. No contexto do Mercosul, tem o terceiro maior PIB do Bloco e representou
cerca de 2,07% em 2005 (ECLAC, 2007). A relação entre Valor Agregado Bruto da
agricultura
6
com o PIB entre 1995 e 2005, cresceu aproximadamente 2,81%. O país, mesmo
com uma economia de dimensões diminutas, a relação VAB da agropecuária/PIB é próxima a
brasileira e superior a Argentina. Em 2005 o VAB agropecuário uruguaio contribuiu para
8,86% da formação no PIB caindo para 8,79%, em 2006 (MAG/DIEA, 2008).
Assim como na Argentina, a consolidação do Mercosul foi benéfica para a produção
agrícola uruguaia. Apesar de ter 24,3% do total das exportações representados pelo complexo
carnes, os maiores reflexos recaíram sobre a produção agrícola lastreado no bom desempenho
externo das oleaginosas (MAG/DIEA, 2008). A soja, que ocupava uma área de 18,6 mil ha
em 1990/91 saltou para 309,1 mil ha em 2005/06 (DIEA, 2007). Sua importância nas
exportações também cresceu, pois, dos 24% passou a representar 30,1% das exportações
agrícolas em 2006. Mesmo assim, o arroz vem se mantendo como segundo maior cultivo em
área no Uruguai.
A produção de arroz uruguaio, na safra 2005/06, respondeu por 43,5% do total
produzido pelo Uruguai seguido da soja (21,20%) e do trigo (15,2%). A representatividade do
arroz também é grande na pauta de exportações de produtos agrícolas. Em 2006, as
exportações de arroz responderam por 47% do total de produtos agrícolas exportados. O
6
Incluindo os valores de caça, silvicultura e pesca.
41
arroz, além de representar um dos principais produtos exportáveis do Uruguai, se apresenta
com uma organização sui generis em relação aos demais do Bloco. Segundo Oliveira (2007) o
número reduzido de produtores e de indústrias se traduz em duas associações – Associação de
Cultivadores de Arroz do Uruguai (ACA) e Associação e Indústria de Molinos Arroceros
(GMA) – que, segundo Batello (2008), definem um “Precio Convenio” que é o mesmo para
todos os produtores a fim de dividir os resultados comerciais. Dessa forma, segundo Batello
(2007) tal integração vertical vai além de uma prévia fixação de preços para comercialização,
pois, permite acordar políticas comuns em diversas frentes, como sementes, pesquisa, crédito,
dentre outras que garantem a estabilidade da lavoura orizícula.
Segundo Batello (2008) o método de cultivo do arroz uruguaio é 100% irrigado e está
concentrado em três regiões: Norte e Litoral Oeste (Artigas, Salto, Paysandú, Rio Negro e
Soriano), Centro (Rivera, Tacuarembó e Durazno) e Leste (Cerro Largo, Treinta y Três,
Rocha e Lavalleja). O Norte e o Litoral Oeste concentraram cerca de 23,60% da produção de
arroz do país em 2005/06, com produtividade média de 7.905 kg/ha. O Centro, responde por
10,30% da produção obtendo uma produtividade média de 6.834 kg/ha. A Região Leste do
Uruguai é a principal produtora de arroz no país, pois, participou com 66,10% da produção
com produtividade de 7.165 kg/ha.
Assim como na Argentina, a maior parte do arroz produzido no Uruguai é voltado para
exportação em função do baixo consumo
7
desse cereal no mercado interno. Segundo a ACA
(2008) o Uruguai é o maior exportador da América Latina e nos últimos anos alterna entre
quinto ou oitavo maior exportador do mundo. Assim sendo, cerca de 81,71% do total da
produção em 2005/06 foi exportada. Por essas razões, o Uruguai se configura como o grande
agente exportador de arroz no Mercosul. Assim, sua produção está voltada à demanda no
mercado internacional, principalmente, a brasileira.
O Uruguai parece estar ciente da vulnerabilidade e riscos de uma produção voltada
para poucos mercados, aludindo a uma maior diversificação dos destinos para o arroz. Há que
se ressaltar que em 1998 eram destinados ao Brasil 75,80% de todo o cereal exportado pelo
Uruguai. Em 2006, em função de o Brasil ser o principal demandante de arroz uruguaio, o
Uruguai a buscou novos mercados – Irã, Haiti, Bélgica, Iraque, dentre outros – diminuindo
para cerca de 39,02% a participação do Brasil na demanda por exportações uruguaias. A ACA
(2008) com base nos levantamentos da CONAB (2008b) projetou que o Uruguai deverá
7
Segundo a ACA (2008), o consumo per capita, considerando alimentação no interior e fora do domicílio, está
por volta de 7,4 kg/ano.
42
exportar em 2008, cerca de 500 mil toneladas para o Brasil – aproximadamente 43% do total
projetado para exportação em 2008.
Conforme a Tabela 3 o Uruguai possui uma área semeada semelhante as proporções
da Argentina. Contudo, sua produtividade média de 6,78 t/ha é a maior do Bloco o que lhe
garante figurar como segundo maior produtor do cereal (Tabela 3). O grande volume
produzido (735 mil toneladas por safra em média), aliado à produtividade (6,61 t/ha em
média) e baixo consumo, se traduzem em um excedente exportável e competitivo
externamente. Dessa forma, o Uruguai se apresenta como o maior player entre os
exportadores de arroz no Mercosul. A Tabela 3 sintetiza o quadro de oferta e demanda do
arroz uruguaio.
Tabela 3 – Quadro de oferta e demanda de arroz no Uruguai (1991/2008).
Safra 1991/92 1995/96 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08
Área (1.000 ha) 127 146 154 160 153 186 180 177 145 180 145
Produtividade
(t/ha)
4,87 6,62 6,69 5,88 5,92 6,79 6,74 7,29 7,88 7,14 6,87
Estoque Inicial
41 19 173 58 141 60 119 94 64 64 35
Produção
421,09 657,82 700,68 639,46 616,33 859,18 825,85 878,23 777,55 874,83 832,17
Produção Casca
619 967 1.030 940 906 1.263 1.214 1.291 1.143 1.286 1.190
Oferta Total
*
462,09 680,82 873,68 697,46 757,33 919,18 944,85 972,23 841,55 938,83 867,17
Importações
0 4 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Consumo
80 80 100 100 100 100 100 100 100 100 65
Demanda Total
*
80 84 100 100 100 100 100 100 100 100 65
Exportações
344 600 736 475 615 725 775 834 700 800 748,30
Estoques Finais 38,09 0,82 37,68 122,46 42,33 94,18 69,85 38,23 41,55 38,83 38,09
* - 1.000 Toneladas.
Fonte: Foreign Agricultural Service (FAS/USDA, 2008) adaptados pelo autor.
3.2 O Brasil: maior produtor e consumidor do Mercosul
O Brasil possui uma das economias mais industrializadas e também o maior mercado
da América Latina com o setor agropecuário respondendo por considerável parcela do PIB e
exportações. No contexto do Mercosul, o país responde por cerca de 66,16% do PIB do Bloco
(ECLAC, 2007). É ainda, o maior PIB da América Latina, em 2005 respondeu por cerca de
30,72% do PIB total. A relação entre Valor Agregado Bruto da agricultura
8
com o PIB, entre
1995 e 2005, cresceu, aproximadamente, 14,16%. Dos países do Bloco, considerando a
8
Incluindo os valores de caça, silvicultura e pesca. Ainda, Lucena e Souza (2001) concluíram que o complexo
agroindustrial brasileiro segue exercendo importantes impactos sobre a economia, principalmente, pelas compras
de insumos e geração de emprego.
43
grande diversificação da economia, a relação VAB da agricultura/PIB é a segunda maior do
Bloco, ratificando a herança agroexportadora.
Em 2007 o VAB da agricultura contribuiu com 5,52% na formação do PIB brasileiro
contra os 4,16% de 2006 (IBGE, 2008). Como boa parte desse VAB é gerado por exportáveis
o arroz não se destaca muito em extensão de área no Brasil (cerca de 6,13%), pois, não é um
produto com excedente para o mercado externo. Dessa forma, segundo a Conab (2008c,
2008d) o arroz representa cerca de 8,5% da safra 2007/08 de grãos brasileira, atrás da soja
(41,77%) e do milho (40,78%).
A expressividade das importações do Bloco para complementar a oferta doméstica se
justificam, pois, o arroz é largamente utilizado no cardápio dos brasileiros para suprir boa
parte das necessidades calóricas da população, além de ser consumido em todas as classes,
principalmente, nas dos três primeiros estratos de renda
9
(HOFFMANN, 2000, p. 19) é
garantia de segurança alimentar.
Por isso sua história no Brasil é antiga e, conforme Pereira (2002), o cultivo do arroz é
anterior à colonização, pois, os índios já conheciam o cereal por abati-uaupé – milho d’água,
em idioma tupi. No século XVI já fazia parte das lavouras da Bahia passando a importante
cultivo do Maranhão no século XVIII para se beneficiar no Rio de Janeiro, capital brasileira
até a construção de Brasília (DF). Em meados dos XVIII e XIX o cereal até mesmo chegou a
fazer parte da pauta de exportação brasileira. Mas, o desenvolvimento da cultura só se
acentuou nos séculos XX e XXI.
3.2.1 A evolução da produção, produtividade e da área de arroz brasileira
O processo de produção do arroz no Brasil utiliza-se de dois padrões tecnológicos
distintos: i) arroz de terras altas (sequeiro), cultivo predominante nos Estados do Centro-
Oeste, Norte e Nordeste; e, ii) arroz irrigado, cultivado principalmente na Região Sul. A
característica que determina o tipo de cultivo é a intensa utilização de recursos hídricos que
demanda o sistema irrigado (GOMES E MAGALHÃES JR., 2004).
Em 1986, a área cultivada de arroz no Brasil era de 5.608 mil hectares, sendo 1.110
mil ha de irrigado e 4.498 mil ha de terras altas. Em 2007, esta área diminuiu para cerca de
9
Essa afirmação se baseia nos estratos de renda segundo o IBGE (1998) que engloba até aqueles que recebem
mais de 3 a 5 salários mínimos.
44
2.863 mil ha, e está atualmente distribuída entre 1.259 mil ha de arroz irrigado e 1.604 mil ha
de sequeiro. Dessa forma, entre 1985 e 2007 houve decréscimo de 48,94% da área cultivada
com o cereal no Brasil, sendo que em sequeiro houve declínio de 64,34%, enquanto o irrigado
cresceu cerca de 13,48%. Esse avanço da área de arroz cultivado em sistema irrigado em meio
à queda da área total brasileira pode ser vislumbrado na figura que segue.
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
Safra
Área - Mil hectares (ha)
Sequeiro Irrigado Total
Fonte: Embrapa (2008).
Figura 3 – Área cultivada com arroz no Brasil, por sistema de cultivo
(1986/2007).
Mesmo com a redução da fronteira agrícola, os avanços tecnológicos permitiram que a
produtividade (rendimento) médio das lavouras orizícolas no Brasil fosse crescente (Figura
4). Em 1986, o país apresentava rendimento de 1.750 quilogramas por hectare (kg/ha),
apresentando o arroz em terras altas produtividade média de 1.197 kg/ha e o irrigado 3.992
kg/ha. O rendimento década após década vem crescendo e somente nos anos 1990, a
produtividade média cresceu em 62% e mais 26% entre 2000 e 2007. Ao todo, o rendimento
médio da lavoura arrozeira no Brasil cresceu 118,7% desde 1986. O arroz de cultivo irrigado
é o que tem puxado essa média para cima ao longo dessas décadas. Pois, a produtividade
média do tipo irrigado elevou-se para 64,28% (4.000 kg/ha para 6.558 kg/ha) contra 42,54%
(1.197 kg/ha para 1.706 kg/ha) do cereal cultivado em terras altas. A figura que segue traduz
essa evolução da produtividade brasileira ao longo de sua história.
45
0
1.000
2.000
3.000
4.000
5.000
6.000
7.000
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
Safra
Produtividade média (kg/ha)
Sequeiro Irrigado Total
Fonte: Embrapa (2008).
Figura 4 – Produtividade média do arroz no Brasil, por sistema de cultivo
(1986/2007).
Assim, o suprimento de arroz esteve garantido e a produção se manteve equilibrada,
mesmo com a redução da área semeada. Comparando-se as safras de 1986 e 2007, verifica-se
um crescimento de 12,05% na produção total, passando de 9.813 mil toneladas, para 10.996
mil toneladas. Por sistema, essa variação foi de um incremento em 86,46% no cultivo irrigado
enquanto nas áreas de sequeiro houve uma queda de 49,17% (Figura 4). Nesse sentido, é
evidente a dicotomia no comportamento da produção brasileira de arroz segundo os modos de
cultivo. Pois, as vantagens competitivas naturais de algumas Regiões têm se traduzido na
especialização do cultivo. O caso irrigado, no Sul, assim como, se verificou no Uruguai e
Argentina tem avançado em pesquisa e produtividade. Contudo, de outro lado, o cultivo em
terras altas tem sido substituído por outras culturas.
46
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
14.000
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2000
2002
2004
2006
Safra
Produção - Mil Toneladas (t)
Sequeiro Irrigado Total
Fonte: Embrapa (2008).
Figura 5 – Produção de arroz no Brasil, por sistema de cultivo (1986/2007).
Essas inerentes diferenças regionais levam à especialização do sistema de cultivo
salientado pela história da evolução da cultura no Brasil. A Região Sul do país, ao longo de 30
safras, apresentou um equilíbrio na área de cultivo. Dessa forma, na safra de 1976/77 foram
semeados 1.278 mil hectares, que se comparados à safra 2005/06 e 2006/07 – que
apresentaram um cultivo de 1.258 mil ha e 1.167 mil ha, respectivamente – ambas sofreram
variação negativa muito pequena se comparado às demais Regiões.
Apesar da quase manutenção da extensão de área plantada, a tecnologia adotada na
Região Sul proporcionou um impressionante ganho de eficiência, com produtividades
crescentes a cada safra – ignorando adversidades climáticas. O desenvolvimento e a
disseminação de novos cultivares pelos produtores, cujas características apresentam alta
produtividade, qualidade de grão e estabilidade de produção, foram responsáveis pelo
incremento produtivo da Região (ALVIM E NETTO, 1999).
Polarizada e com características de produção diferentes, o caminho da produção do
arroz foi alternado ao longo de sua história. Dessa forma, distingue-se um pólo irrigado no Sul
do país e outro de sequeiro formado por Estados como Matogrosso (MT), Tocantins (TO) e
Maranhão (MA) (FERREIRA E WANDER, 2005, p. 39). A área no segundo pólo tem
diminuído em função da substituição dessas áreas de arroz de sequeiro motivadas por preços
47
mais atrativos
10
em culturas como soja, milho e outras (ALVIM E NETTO 1999, p. 15).
Diferentemente, em uma fronteira de produção mais antiga como o Sul, o arroz tem maior
importância em determinadas propriedades rurais – propícias à produção do cereal – e capital
imobilizado próprio para a cultura devendo-se então manter a produção para cobrir os custos
fixos (ALVIM E WAQUIL, 1998, p. 15). Ainda, Alvim e Netto (1999) e Alvim e Waquil
(1998) salientam o avanço das pesquisas concernentes a melhoria genética dos cultivares de
arroz irrigado. Também, a Região Sul apresentou uma concentração de instituições de
pesquisa e extensão rural, os quais permitiram que os resultados dos campos experimentais
sejam transferidos com mais rapidez e eficiência para a maioria dos produtores de arroz.
A existência de recursos naturais favoráveis ao cultivo do arroz irrigado, com
produtividade muito mais elevada do que o arroz de sequeiro, bem como a presença de
extensos vales e baixadas planas e úmidas, como também, a abundância de recursos hídricos,
foram fundamentais para a expansão do cereal por toda a Metade Sul do Estado do Rio
Grande do Sul (OLIVEIRA, 2007). Conforme (GOMES E MAGALHÃES JR., 2004), em
termos locais, essa é a principal cultura, participando com 40% da produção gaúcha.
Por outro lado, o mesmo comportamento não se verifica nas demais Regiões
brasileiras. Posterior a safra de 1992/93, a Região Sul se manteve com a maior extensão de
área cultivada de arroz no Brasil – exceto na safra 1995/96 em que a área foi ligeiramente
inferior a Região Nordeste. É possível verificar uma ampliação dessa participação em virtude
da redução de área em praticamente todas as demais Regiões do País – exceto na Região
Norte.
Para se ter idéia do peso do Estado do RS na produção nacional de arroz basta
observar a evolução da representatividade da área e produção do Rio Grande do Sul em
relação ao total brasileiro (Figura 6). Entre as safras 2000/01 e 2006/07, o Estado Gaúcho
passa a responder, em média, por 51% do total da produção brasileira de arroz e por volta de
30% da área semeada com o cereal.
10
É provável que um aumento do preço no período anterior estimule o aumento da produção no período
seguinte. Então, o agricultor responde a uma variação no preço, seja através de uma variação na área plantada,
seja através da utilização de diferentes quantidades de insumos agrícolas (ALVIM E WAQUIL, 1998, p. 12).
48
0
5
10
15
20
25
30
35
40
1980/81
1990/91
1995/96
1999/20
2000/01
2001/02
2002/03
2003/04
2004/05
2005/06
2006/07
-
10
20
30
40
50
60
70
Área Produção
Fonte: Elaboração própria com dados CONAB (2008a) / IRGA (2008).
Figura 6 – Relação Percentual (%) entre Rio Grande do Sul e Brasil:
Área semeada e produção (1980/2007).
Por Regiões, confrontando os extremos (safras 1991/92 e 2006/07), conforme a
Tabela 4 é possível notar expressivas reduções nas áreas semeadas nas Regiões Centro-Oeste
(– 59,87%), Nordeste (– 36,94%) e Sudeste (– 83,43%). Embora, os extremos sejam passíveis
de vieses, nota-se que a taxa de crescimento anual da área nessas Regiões foi igualmente
negativa, com destaque para o Sudeste que apresenta uma taxa de crescimento negativa de
cerca de 8,05% ao ano, seguido do Centro-Oeste e Nordeste, com taxas negativas de 5,58% e
2,12%, respectivamente. Contudo, o Norte foi a única Região que registrou um significativo
aumento de área, com elevação de 5,11% no período em questão puxado a uma taxa de
crescimento de área anual de 3,41%. No Sul, a taxa de crescimento também foi positiva, mas,
com uma magnitude inferior, ou seja, a área cresceu somente 0,47% ao ano. Assim, observou-
se que durante 30 safras a área total semeada no Brasil diminuiu cerca de 50,50% a uma taxa
de crescimento de – 2,48%. Nesse mesmo período, o Estado do Rio Grande Sul vem
aumentando sua proporção da área plantada no Brasil em 2,11% ao ano. Pois, em 1976/77
respondia por 9,45% (566 mil ha) da área total plantada passando a 954 mil ha em 2006/07
(32,16%).
49
Tabela 4 – Área plantada de arroz no Brasil – 1976/77 a 2006/07 – em mil hectares.
Safras Norte Nordeste
Centro-
Oeste
Sudeste Sul
Rio
Grande do
Sul
Brasil % RS
1991/92 471,80 1.183,40 1.103,10 694,10 1.162,00 875,00 4.614,40 18,96
1992/93 467,30 1.050,80 971,00 654,60 1.241,60 960,00 4.385,30 21,89
1993/94 542,40 1.097,40 924,90 576,20 1.250,30 975,00 4.391,20 22,20
1994/95 604,00 1.113,60 767,00 544,00 1.239,30 975,00 4.267,90 22,84
1995/96 532,50 1.081,90 718,50 452,00 1.078,70 828,80 3.863,60 21,45
1996/97 529,60 1.010,10 555,00 374,00 1.025,70 779,10 3.494,40 22,30
1997/98 575,00 712,40 617,40 269,00 1.075,20 849,20 3.249,00 26,14
1998/99 621,10 757,50 1.007,90 264,60 1.194,10 985,10 3.845,20 25,62
1999/00 615,60 800,00 896,70 208,70 1.156,60 942,20 3.677,60 25,62
2000/01 563,40 727,90 630,90 171,40 1.155,00 940,30 3.248,60 28,94
2001/02 529,50 735,30 605,20 145,80 1.203,80 985,00 3.219,60 30,59
2002/03 551,60 720,30 606,30 133,10 1.174,80 960,40 3.186,10 30,14
2003/04 593,00 777,00 892,40 136,10 1.277,50 1.060,80 3.676,00 28,86
2004/05 663,30 820,50 1.013,60 152,30 1.288,20 1.071,20 3.937,90 27,20
2005/06 455,40 734,90 442,20 127,40 1.257,90 1.039,70 3.017,80 34,45
2006/07 495,90 746,20 442,70 115,00 1.167,70 954,40 2.967,50 32,16
Média 450,66 1.061,05 1.325,75 609,18 1.140,18 820,82 4.586,83 19,66
Taxa de
Crescimento
Anual
*
(%)
3,41 -2,12 -5,58 -8,05 0,47 2,11 -2,48
* - Referente ao intervalo que compreende as safras de 1976/77 a 2006/07. Obtida através do modelo log-linear
01
ln
t
Yt
α
α
=+
, em que
a Taxa de Crescimento é resultado de .
1
exp 1*100
α
Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2008a).
Embora exista uma aparente redução da área semeada no Brasil, verifica-se o aumento
da produção com base em ganhos de eficiência e não no alargamento da fronteira agrícola.
Esse fenômeno, como salientado, tem fortes características regionais, ou seja, na Região Sul
se concentrou maior parte dessa produção formando o já referido pólo. Conforme verificado
na série de preço
11
pago ao produtor, mesmo com os preços do cereal em franca queda –
presença de tendência determinista – ao longo da década de 90 a produção continuou
crescendo (ALVIM E NETTO, 1999). Cerca de 10,36% entre a safras 1991/92 e 1999/00 e
crescendo mais 23% no período seguinte (safras 2000/01 a 2006/07) puxada por uma taxa de
crescimento de 3,45% ao ano – 3,92% no Rio Grande do Sul. Se observado os extremos desse
intervalo, 1991/92 a 2006/07 a Região Sul, que cresceu cerca de 40% nessas 17 safras e pode
ser considerada responsável pela estabilidade no fornecimento de arroz à população (GOMES
E MAGALHÃES JR., 2004).
Novamente, as Regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste foram as únicas que
apresentaram redução de produção. Contudo, no Brasil como um todo observa-se avanço de
1,17% no volume produzido (Tabela 5). Isso é resultado basicamente do aumento da
produtividade e não no aumento da fronteira agrícola.
11
Para uma abordagem das componentes da série temporal de preços pagos ao produtor, base casca e fornecido
pelo IRGA, ver Viana e Souza (2006).
50
Tabela 5 – Produção de arroz no Brasil – 1976/77 a 2006/07 – mil toneladas.
Safras Norte Nordeste
Centro-
Oeste
Sudeste Sul
Rio
Grande do
Sul
Brasil % RS
1991/92 744,20 884,10 1.741,20 1.234,30 5.499,30 4.567,50 10.103,10 45,21
1992/93 761,30 816,80 1.343,20 1.229,40 5.752,30 4.886,40 9.903,00 49,34
1993/94 977,30 1.628,70 1.675,00 1.063,20 5.179,20 4.221,80 10.523,40 40,12
1994/95 1.109,00 1.709,40 1.459,00 947,50 6.013,10 5.070,00 11.238,00 45,11
1995/96 996,00 1.684,80 1.410,60 811,20 5.135,30 4.210,30 10.037,90 41,94
1996/97 985,20 1.502,20 1.177,80 729,80 5.129,50 4.160,40 9.524,50 43,68
1997/98 968,70 933,10 1.470,90 508,60 4.581,60 3.609,10 8.462,90 42,65
1998/99 1.098,60 1.120,00 2.330,30 485,70 6.547,60 5.605,20 11.582,20 48,39
1999/00 1.150,90 1.337,20 2.428,20 438,00 6.068,80 5.087,90 11.423,10 44,54
2000/01 1.121,20 1.004,50 1.684,30 325,20 6.250,80 5.190,50 10.386,00 49,98
2001/02 1.090,00 966,40 1.650,10 343,00 6.576,60 5.464,80 10.626,10 51,43
2002/03 1.261,50 1.124,80 1.749,10 311,60 5.920,10 4.696,40 10.367,10 45,30
2003/04 1.330,50 1.168,30 2.517,50 337,00 7.607,10 6.432,70 12.960,40 49,63
2004/05 1.529,80 1.251,80 2.660,70 379,70 7.533,00 6.332,90 13.355,00 47,42
2005/06 1.014,60 1.115,10 1.139,00 300,80 8.152,20 6.872,90 11.721,70 58,63
2006/07 1.115,80 1.047,30 1.180,80 274,60 7.698,10 6.419,60 11.316,60 56,73
Média 796,70 1.289,71 1.961,73 972,77 5.044,82 4.114,68 10.064,58 40,05
Taxa de
Crescimento
Anual
*
(%)
5,40 -0,61 -1,75 -5,82 3,45 3,92 1,17
* - Referente ao intervalo que compreende as safras de 1976/77 a 2006/07. Obtida através do modelo log-linear
01
ln
t
Yt
α
α
=+
, em que
a Taxa de Crescimento é resultado de .
1
exp 1*100
α
Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2008a).
A possibilidade de se manter crescente a produção, mesmo com decréscimo de área
semeada e pressão nos preços externo e interno foi possível devido ao incremento tecnológico
nas lavouras. Novos cultivares foram desenvolvidos, de melhor qualidade e rendimento,
resistência a adversidades climáticas, facilitando os manejos das lavouras e fertilização
adequada, além da introdução de novos métodos de controle de pragas e doenças, acarretaram
incremento médio de 81% no rendimento médio das lavouras no Brasil (safras 1976/77 a
2006/07), como se pode notar na Tabela 6. A produtividade média brasileira cresceu cerca de
3,75% ao ano. Todas as Regiões ao longo do tempo aumentaram sua eficiência, mas, com
incrementos diferenciados (Tabela 6).
O maior salto de produtividade verificado foi no Centro-Oeste que aumentou sua
produtividade em 4,06% ao ano. Na Região Sul, cuja produtividade é superior as demais
Regiões, a taxa foi superior e se manteve por volta de 2,97% ao ano. Esse avanço, em todas as
Regiões, elevou a produtividade média brasileira a 2.361 kg/ha a uma taxa de crescimento de
3,75% a cada safra (Tabela 6).
51
Tabela 6 – Produtividade do arroz no Brasil – 1976/77 a 2006/07 – kg/ha.
Safras Norte Nordeste
Centro-
Oeste
Sudeste Sul
Rio
Grande
do Sul
Brasil
1991/92 1,577 0,747 1,579 1,778 4,417 5,220 2,190
1992/93 1,629 0,777 1,383 1,878 4,733 5,090 2,258
1993/94 1,802 1,484 1,811 1,845 4,633 4,330 2,397
1994/95 1,836 1,535 1,902 1,742 4,142 5,200 2,633
1995/96 1,870 1,557 1,963 1,795 4,852 5,080 2,598
1996/97 1,860 1,487 2,122 1,951 4,761 5,340 2,726
1997/98 1,685 1,310 2,382 1,891 5,001 4,250 2,605
1998/99 1,769 1,479 2,312 1,836 4,261 5,690 3,012
1999/00 1,870 1,672 2,708 2,099 5,247 5,400 3,106
2000/01 1,990 1,380 2,670 1,897 5,412 5,520 3,197
2001/02 2,059 1,314 2,727 2,353 5,463 5,548 3,300
2002/03 2,287 1,562 2,885 2,341 5,039 4,890 3,254
2003/04 2,244 1,504 2,821 2,476 5,953 6,064 3,511
2004/05 2,306 1,526 2,625 2,493 5,847 5,912 3,377
2005/06 2,228 1,517 2,576 2,361 6,481 6,610 3,884
2006/07 2,250 1,403 2,667 2,388 6,593 6,726 3,814
Média 1,699 1,254 1,770 1,793 4,305 4,875 2,361
Taxa de Crescimento
Anual
*
(%)
1,93 1,54 4,06 2,43 2,97 1,77 3,75
* - Referente ao intervalo que compreende as safras de 1976/77 a 2006/07. Obtida através do modelo log-linear
01
ln
t
Yt
α
α
=+
, em que a
Taxa de Crescimento é resultado de .
1
exp 1*100
α
Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2008a).
Em função do elevado consumo interno a produção nacional não conseguiu – ao
longo do período que compreende a formação do Mercosul – ainda ser auto-suficiente. Todo
esse cenário alude a um aumento da demanda brasileira pelo cereal e na busca da autonomia e
garantia da segurança alimentar da população. Contudo, segundo a Pesquisa de Orçamento
Familiar (POF) (IBGE, 2004) o arroz é um cereal que tem um consumo estimado em 24,55
quilos per capita por ano
12
(base beneficiado). Fracionando por Região, o Centro-Oeste
possui o maior consumo per capita 34,58 kg, seguido pela Região Sudeste (27,27 kg), Norte
(26,94 kg) e Nordeste (20,65 kg). A Região Sul, a maior produtora, figura como a Região com
menor consumo per capita de arroz no Brasil com 18,03 kg.
Contudo, esses dados da POF não englobam o consumo total e sim o domiciliar.
Segundo Barata (2005), como conseqüência da modernização da sociedade brasileira, o
consumo de arroz não acompanhou o crescimento populacional. As principais causas do
descompasso entre consumo de arroz e crescimento vegetativo foram as alterações nos
12
Conforme pesquisas anteriores do POF o consumo desse cereal vem diminuindo com o passar do tempo. Para
1974/75 o consumo estimado pelo IBGE era de 31,571 kg/per capita passando em 1987/88 a um consumo médio
no Brasil de 29,725 kg/per capita (IBGE, 1991). Em 1995/96 o consumo de arroz diminui, passando para 26,483
kg/per capita (IBGE, 1998). Essa diminuição, segundo a Embrapa (2008) ocorre a partir de 1994 (Plano Real),
quando “houve uma expansão da massa salarial e melhoria do poder aquisitivo da população, levando à retração
no consumo de arroz e à diversificação do uso de proteínas animais, massas e produtos elaborados com maior
valor agregado”.
52
hábitos alimentares, expressas por um maior acesso das mulheres
13
ao mercado de trabalho,
aumento das refeições extradomiciliar
14
(HOFFMANN, 2000, p. 22), pela difusão de
produtos mais elaborados e que economizam tempo a fim de dinamizar o dia-a-dia e pelo
desconhecimento das características nutricionais do arroz. Conforme a Figura 7 é possível
verificar que o consumo não tem acompanhado o crescimento populacional no Brasil.
100
120
140
160
180
200
1981
1983
1985
1987
1989
1991
1993
1995
1997
1999
2001
2003
2005
2007
Ano
Residentes no Brasil, em
milhões de habitantes
0
2
4
6
8
10
Consumo aparente, em
milhões de toneladas
População brasileira Consumo de arroz
Fonte: Elaboração própria com dados IBGE (2008a) / FAS/USDA (2008).
Figura 7 – Evolução do consumo de arroz (base casca) e da população,
em milhões, no Brasil (1980/2007).
Quanto à inserção do Brasil no mercado internacional de arroz e sua balança
comercial de arroz, é passiva de uma periodização dividida em três fases. Inicialmente, uma
primeira fase se identifica entre os anos de 1960 e 1976, nos quais o Brasil atua no mercado
de forma superavitária em arroz, exportando um excedente que não ultrapassou um máximo
de 570 mil toneladas (base casca), mantendo uma média de 157,5 mil toneladas/ano. A
segunda fase, entre 1977 e 1988, mostra uma clara reversão em relação a etapa anterior. Nesse
período, a demanda por arroz ultrapassa a oferta interna levando o Brasil a adquirir, em
13
Schlindwein (2006) salienta a mudança do padrão de consumo alimentar das famílias brasileiras desde a
década de 1970. A autora além de citar que o consumo domiciliar de arroz caiu 46% entre 1970 e 2003, ressalta
que 54% das mulheres brasileiras, que atualmente são chefes de famílias, trabalham e 26% dos chefes de família
são mulheres. E esse papel contemporâneo está diretamente ligado ao custo de oportunidade de seu tempo, ou
seja, está diretamente relacionado a um aumento da probabilidade de consumo e no gasto domiciliar com
alimentos que demandam menor tempo de preparo. A repercussão seria uma redução em alimentos tradicionais
como feijão, arroz e mandioca (SCHLINDWEIN, 2006).
14
Conforme o IBGE (2004) em torno de 62% das famílias brasileiras costumam consumir algum tipo de
alimentação fora do domicílio. A pesquisa corrobora com as conclusões de Schlindwein (2006), pois, essa
salienta essa mudança de hábitos alimentares, verificada na redução de alimentos considerados saudáveis, como
o arroz e feijão, e um aumento da alimentação rápida.
53
média, 459,4 mil toneladas por ano de arroz em casca em função do aumento da demanda
interna.
Uma terceira etapa é nítida na Figura 8, ou seja, a formação do Mercosul favorece o
déficit comercial de arroz. Segundo Magrini e Canever (2003) entre 1991 e 2001, o valor
bruto da produção arrozeira decai aceleradamente. De fato, Gasques (2008) aponta para
redução de 25% da renda agrícola do produtor de arroz no Brasil. A renda que em 1999 era
estimada em R$ 7.590 milhões cai para a casa de R$ 5.731 milhões em 2007
15
. Como parte da
produção está no Rio Grande Sul, boa parte dessa queda de rentabilidade do setor atingiu o
RS.
Assim, o reflexo é maior no Rio Grande do Sul que ainda faz fronteira com Uruguai e
Argentina. Uma saída para inverter a queda nos preços e a redução da rentabilidade do setor,
segundo o IRGA em a Lavoura Arrozeira (2008), está em adotar uma política de escoamento
de parte da produção interna para exportação e aliviar a pressão interna nos preços. Com o
salto da produção que tem se verificado nas últimas três safras o Brasil buscou mercados para
o arroz de menor qualidade – quebrado – em países da África retomando o perfil exportador.
Contudo, esse perfil se voltou a um tipo de arroz de baixa qualidade. Mas, no agregado o
quadro de déficits na balança não foi revertido.
Segundo o IRGA o Brasil para a safra 2007/08 conforme previsão deverá galgar
novos mercados para arroz elaborado além de manter os já conquistados (LAVOURA
ARROZEIRA, 2008). Dessa forma, segundo o IRGA haveria atenuação da pressão exercida
pelo arroz uruguaio e argentino sobre os preços internos, o que garantiria para o setor uma
rentabilidade mais elevada. Considerando a safra 2007/08 e a crise dos mercados de
alimentos, a possibilidade de exportação proporcionaria essa consolidação até mesmo com
real valorizado
16
. A Figura 8 traduz essa variação do comportamento da Balança Comercial
brasileira de arroz em casca.
15
Ambos os valores das rendas estão deflacionados pelo IGP-DI da FGV – dezembro de 2007. Segundo o Rice
Almanac (MACLEAN et al., 2002) depois de dois anos de resultados positivos em (2002/03 e 2003/04) as duas
safras seguintes foram de resultados adversos para as principais regiões produtoras do cereal, ou seja, padrões
cíclicos.
16
As boas cotações internacionais do arroz em 2008 elevaram as exportações brasileiras do cereal beneficiado.
Segundo o AliceWeb (2008) as exportações brasileiras do primeiro semestre cresceram cerca de 1.000%. Entre
janeiro e junho foram exportadas cerca de 100.728 toneladas de arroz ante um total de 56.784 toneladas
exportadas entre janeiro e dezembro de 2007.
54
-2500
-2000
-1500
-1000
-500
0
500
1000
1960
1963
1966
1969
1972
1975
1978
1981
1984
1987
1990
1993
1996
1999
2002
2005
Ano
Mil toneladas
Fonte: Elaboração própria com dados FAS/USDA (2008).
Figura 8 – Balança Comercial brasileira, em mil toneladas – base casca.
(1960/2008).
Nos últimos 15 anos essas importações têm se concentrado no Mercosul e nos Estados
Unidos. O histórico das importações com origem do Mercosul, conforme o AliceWeb (2008),
representam cerca de 54,81% do total importado pelo Brasil.
O remanescente das aquisições tem origem os Estados Unidos (40,65%) e o restante
em países asiáticos como Tailândia e Vietnã. Essa lista também inclui China e Índia – outros
grandes exportadores mundiais, mas, estatisticamente insignificante. Conforme a Tabela 7 o
Uruguai deteve cerca de 24,66% entre 1991 e 2007, atrás de Argentina e Estados Unidos, com
parcelas de 29,79% e 40,65% do total importado pelo Brasil respectivamente.
Com auxílio dos dados de importações brasileiras de arroz fica evidente que o Brasil
tem como fontes principais os Estados Unidos, Argentina e o Uruguai. Nesse sentido, os
produtores desses países tendem a ser os maiores beneficiados com a redução tarifária
brasileira. O volume de arroz em casca importado pelo Brasil segundo origem está disposto na
Tabela 7.
55
Tabela 7 – Importações brasileiras de arroz em casca por origem – 1989/2008 – mil
toneladas.
Estados Unidos Uruguai Argentina Paraguai Vietnã Outros Total/Ano
1989
0 0 0 0 0 6 6
1990
66.955 3.720 0 0 0 1 70.676
1991
304.759 5.187 9.208 0 0 4 319.158
1992
9.252 11.078 69.432 0 0 900 90.662
1993
10.599 45.867 45.088 1.200 0 790 103.544
1994
193.284 39.526 12.271 450 0 0 245.531
1995
142.842 176.169 37.914 100 1.996 28 359.048
1996
4 114.054 41.210 7.933 0 0 163.202
1997
4 103.638 83.082 10.977 3 0 197.703
1998
317.167 129.502 126.161 1.681 0 20.673 595.185
1999
218.056 100.231 316.468 1.685 0 1.138 637.577
2000
74 0 175.775 24.567 0 6 200.422
2001
2 30.022 177.298 11.890 0 4 219.215
2002
6.523 84.998 121.783 7.797 0 1 221.102
2003
466.561 138.263 43.840 1.487 0 0 650.152
2004
61.985 92.773 47.824 11.595 0 120 214.297
2005
100 9.671 4.965 29.588 0 22 44.346
2006
1 3.262 1.171 26.374 0 0 30.807
2007
58 5.175 3.118 38.177 0 0 46.528
2008
*
0 1.549 1.550 11.884 0 0 14.983
Total/Origem
1.798.225 1.094.684 1.318.160 187.382 1.998 23.694 4.424.143
* – Dados parciais de importação (janeiro/abril).
Fonte: AliceWeb (2008).
Conforme o quadro de oferta e demanda brasileiro (Tabela 8) fica claro que o
consumo brasileiro é superior aos demais países do Bloco e sua oferta doméstica foi sempre
inferior em todo o período. Nesse sentido, as importações brasileiras de arroz representam
entre 8-9% do consumo interno nacional atual. É possível ainda verificar que nas últimas duas
safras as exportações aumentaram, contudo, a balança comercial brasileira de arroz em casca
continua negativa.
Tabela 8 – Quadro de oferta e demanda no Brasil (1991/2008).
Safra 1991/92 1995/96 1999/00 2000/01 2001/02 2002/03 2003/04 2004/05 2005/06 2006/07 2007/08
Área (1.000 HA)
4.614 3.858 3.655 3.142 3.149 3.186 3.732 3.921 2.996 2.975 3.000
Produtividade
(T/HA)
2,19 2,6 3,13 3,25 3,3 3,25 3,43 3,37 3,86 3,81 3,92
Estoque Inicial
1.659 2.085 1.369 1.656 1.171 538 586 1.342 1.746 1.114 564
Produção
6.871 6.820 7.771 6.936 7.070 7.053 8.712 8.999 7.877 7.703 7.993
Produção Casca
10.100 10.026 11.424 10.196 10.393 10.368 12.807 13.229 11.579 11.324 11.750
Importações
450 770 602 654 625 1.117 813 550 750 689 850
Oferta Total
8.980 9.675 9.742 9.246 8.866 8.708 10.111 10.891 10.373 9.506 9.407
Consumo
7.700 7.815 8.025 8.050 8.300 8.100 8.687 8.860 8.974 8.789 8.900
Exportações
0 8 58 22 25 19 79 282 282 150 300
Demanda Total 7.700 7.823 8.083 8.072 8.325 8.119 8.766 9.142 9.256 8.939 9.050
Estoques Finais 1.280 1.868 1.775 1.218 591 627 1.503 2.313 1.681 867 207
* - 1.000 Toneladas.
Fonte: Foreign Agricultural Service (FAS/USDA) adaptados pelo autor.
56
Por fim, a Tabela 8 salienta a superioridade do volume consumido e produzido pelo
Brasil em relação aos demais membros do Bloco. A área de aproximadamente 3 milhões de
hectares não é suficiente para suprir a demanda de quase 13 milhões de toneladas ano (base
casca) da população brasileira. Como já ressaltado, a área vem encolhendo, contudo, a
produtividade tem crescido proporcionando o aumento da produção.
4 ASPECTOS METODOLÓGICOS
O presente capítulo se dedica, primeiramente, a revisar os trabalhos fundamentais que
utilizaram o modelo de equilíbrio parcial para estimar os efeitos de uma mudança tarifária,
bem como, os principais trabalhos voltados para o Brasil que se cercaram desse objetivo.
Ainda, como a abordagem das elasticidades envolve a utilização de elasticidades-preço,
efetua-se uma revisão dos principais trabalhos que se preocuparam em estimar funções de
demanda e elasticidades de Armington para o Brasil. Também, este capítulo expõe a
metodologia e as fontes de dados empregados para atingir os objetivos propostos pelo
presente estudo.
4.1 Referencial Metodológico
4.1.1 Fundamentos matemáticos e teóricos do modelo de Equilíbrio Parcial: a abordagem das
elasticidades
Em termos de equilíbrio parcial, as técnicas empregadas para detectar ex post ou
estimar ex ante impactos no fluxo de comércio em decorrência de acordos de integração
variam segundo objetivos. Nesse sentido, são de grande evidência na literatura estudos que
levam em consideração modelos de equilíbrio parcial pela abordagem das elasticidades. Tal
metodologia é capaz de mensurar empiricamente efeitos advindos de uma mudança da
política de importação em função da formação de Acordos de Livre Comércio e uniões
aduaneiras, ou seja, mensuram efeitos estáticos advindos da abertura comercial
discriminatória entre países e/ou Blocos. As três abordagens de modelos de equilíbrio parcial
1
– crescimento da taxa de importação, gravitacional e abordagem das elasticidades – para
estimar o impacto no fluxo de comércio em decorrência de um acordo comercial são cruciais
na condução de uma Política Comercial.
1
O estado de equilíbrio “[...] é, essencialmente, uma situação na qual inexistem tendências para a mudança [...] e
por essa razão que a análise de equilíbrio [...] é conhecida como Estática” (CHIANG, 1982, p. 36).
58
A criação do Mercosul teve como objetivo principal a remoção de barreiras tarifárias e
não-tarifárias entre os membros do Bloco além de reduzir o nível de proteção tarifária do
então Mercosul
2
. O resultado dessas alterações na Política Comercial do Brasil, agora em
conjunto aos sócios, reflete em alterações dos volumes comercializados pelo país. Essa
mudança do quantum, na forma de criação e desvio de comércio, podem ser simulados ou
mensurados com um modelo de equilíbrio parcial ex post ou ex ante baseado em dados reais.
Conforme Laird e Yeats (1986, 1990) esses modelos, mesmo que limitados e
inferiores a modelos de equilíbrio geral, possibilitam inferir com grande nível de detalhe os
efeitos das alterações de políticas comerciais que conduzem a mudanças nas tarifas de
proteção.
A abordagem marshalliana de equilíbrio parcial é utilizada no intuito de verificar
possíveis conseqüências de uma mudança de preço relativo sobre a quantidade transacionada
e sobre a estabilidade do equilíbrio. Segundo Zini Jr. (1995), assume-se que as funções de
oferta e de demanda sejam estáveis, e que o nível de preços pode ser tomado como dado,
embora os preços relativos domésticos dos bens importados e exportados devam mudar em
decorrência da desvalorização da moeda ou alteração na proteção tarifária. O modelo de
equilíbrio parcial, isto é, um modelo de determinação do preço em um mercado isolado, ou
que apenas uma mercadoria é considerada – no caso do arroz – reconhece que os produtos são
diferenciados por país fornecedor e, com base nas equações usuais de oferta de exportação e
demanda de importação, são derivadas das expressões algébricas nas quais são estimados os
impactos potenciais comerciais resultantes da abertura dos mercados e adoção de uma Tarifa
Externa Comum.
Tal modelo calcula o efeito de primeira ordem de reduções tarifárias diferenciais, no
contexto estabelecido de acordos preferenciais de comércio como o Mercosul. Esses efeitos
variam entre estáticos e dinâmicos
3
. Jacob Viner em 1950 ao investigar os efeitos de uma
união aduaneira nas correntes de trocas fez sua distinção: a) a criação de comércio (CC),
decorrente da redução dos preços recebidos pelos importadores e do aumento dos preços
recebidos pelos exportadores
4
; e, b) o desvio de comércio (DC), decorrente do barateamento
dos produtos provenientes dos parceiros em relação aos produtos procedentes de nações que
não fazem parte do referido acordo (VINER, 1999).
2
Em uma perspectiva brasileira a adoção da TEC aprovada no Mercosul elevou a tarifa efetiva média de 1,9%
em 1993 a 4,4% nos produtos agropecuários (KUME E PIANI, 2003b).
3
Para uma discussão mais pormenorizada sobre os efeitos dinâmicos de um processo de integração ver Balassa
(1964, p. 155-247) e Machado (2000).
4
A diferença entre esses dois preços são as incidências de tarifas e das barreiras não-tarifárias, dos gastos com
transportes e serviços.
59
Para isso Viner (1999) adota as seguintes pressuposições
5
: os bens são homogêneos
(para consumo final); a competição é perfeita nos mercados de bens e fatores; há mobilidade
de fatores de produção dentro dos países, mas não entre os países; não há custos de
transportes; as restrições ao comércio se restringem às tarifas; os custos de oportunidade de
produção estão plenamente refletidos nos preços; a economia opera em pleno emprego e há
equilíbrio nas transações correntes.
Laird e Yeats (1986) trazem uma metodologia desenvolvida pela United Nations
Conference on Trade and Development (UNCTAD) e Banco Mundial
6
. Essa metodologia é
baseada na abordagem das elasticidades e possibilita inferir sobre os efeitos da formação do
Mercosul ou de qualquer outro acordo ou Bloco comercial.
O método foi inicialmente desenvolvido por Baldwin e Murray (1977) e, por meio de
equilíbrio parcial, possibilita mensurar os efeitos de uma união aduaneira pela utilização de
elasticidades-preço de demanda de importação.
Então, a abordagem das elasticidades estima a magnitude dos ganhos ou perdas em
negociações/acordos comerciais. A união aduaneira do Mercosul, na abordagem Vineriana,
pode ser vislumbrado sob duas óticas: Criação e Desvio de Comércio. Sob essa ótica e
abordagem, para mensurar a criação de comércio a notação utilizada é a seguinte
7
:
()
+
Δ
=
ijk
ijk
ijk
ijkijkijk
i
Ex
Em
t
tEmM
CC
11
(1)
onde:
i
CC = criação de comércio do setor i;
ijk
M
= valor das importações do setor
i
no país
j
provenientes de membros e/ou K
terceiros;
k
ijk
Em
= elasticidade-preço das importações;
ijk
t
= tarifa ad-valorem equivalente, incluindo tarifa aduaneira e barreiras não-tarifárias
(BNTs); e
5
Ver Robson (1987).
6
Tal metodologia é empregada no Software for Trade Analysis and Restrictions Trade (SMART), uma versão
simplificada do Trade Policy Simulaiton Model (TPSM) desenvolvida e disseminada pela UNCTAD e The
World Bank (WB). Vale lembrar que o software é limitado na medida em que as tarifas para alguns produtos não
captam a realidade, no caso do arroz ela é linear de 1991 a 2006 na casa de 10%, por exemplo.
7
As variáveis de fluxo (exportações e importações) referem-se a quantidades (peso ou unidades). A abordagem
matemática da criação de comércio está descrita no APÊNDICE B (página 123).
60
ijk
Ex
= elasticidade-preço das exportações.
Conforme salientado por Laird e Yeats (1986, p. 22) existe a possibilidade de assumir
a hipótese de uma elasticidade de exportação infinita. Tal opção é plausível na medida em que
as exportações não tenham muito peso no total da produção de
j
. A CC é agora definida por:
()
..
1
ijk
i ijk ijk
ijk
dt
CC M Em
t
=
+
(2)
permitindo uma interpretação bastante simples. A redução na tarifa causa uma variação no
preço
()
()
1
ijk
ijk
i
ijk
dp
dt
p
t
⎡⎤
=
+
⎢⎥
⎣⎦
, que, multiplicada pela elasticidade-preço de importação e pelo
valor das importações no ano-base se traduz na variação nas importações.
Para o desvio de comércio há mais de uma metodologia na literatura. Primeiro,
Baldwin e Murray (1977) propuseram que a elasticidade de substituição é igual a variação
negativa na produção doméstica
)
j
CC V=−Δ
e o desvio de comércio é representado pela
variação negativa na importação de terceiros
(
)
, e, assumindo a pressuposição
de igualdade na substituição entre percentagem da mudança da produção doméstica e
importação d
d
ijE
DC Q=−Δ
e terceiros
d
ijE
d
Q
V
Δ
=
, seus efeitos são representados então em função da
criação de comércio e dados pela e
ijE
VQ
⎛⎞
Δ
⎝⎠
xpressão:
)
(
/
d
i i iE ij
DC CC Q V=
(3)
onde representa as importações provenientes dos países que não se beneficiam do acordo
e a produção do país importador. Essa necessidade de se obter o nível de produção
doméstica do bem em questão limita esse tipo de abordagem. Tal limitação foi apontada por
Pomfret (1986) seguido de crítica quanto à subestimação para a mensuração do efeito de
desvio de comércio além de aludir para resultados viesados.
d
iE
Q
ij
V
Sawyer e Sprinkle (1989) apresentam uma solução através do modelo de Verdoorn
(1960) que não inclui a produção doméstica do bem i no cálculo do desvio de comércio
61
d
ijk
ii
dd
ijE ijk
Q
DC CC
QQ
⎛⎞
=
+
⎝⎠
(4)
onde
d
ijk
dd
ijE ijk
Q
QQ
⎛⎞
+
⎝⎠
)
representa a relação entre demanda de importações do país j pelo bem i
oriundo do país membro k e a notação E para terceiros, com relação às importações totais do
bem i pelo país j, oriundas ou não do país beneficiário.
Em um novo avanço uma abordagem mais complexa foi sugerida pela UNCTAD e o
World Bank conforme Laird e Yeats (1986). O modelo sugerido envolve a utilização de uma
elasticidade de substituição entre produtos provenientes de países beneficiados com o acordo
comercial e os produtos provenientes de países não beneficiados. A elasticidade de
substituição é definida por:
Es
=
()(
()()
///
///
ijk ijE ijk ijE
ijk ijE ijk ijE
MM MM
PP PP
Δ∑
Δ
(5)
em que k denota o preço e importações referentes a parceiros (os beneficiados com as
reduções tarifárias), e E denota preço e importações referentes a não parceiros. Assim, tem-se:
(
)
(
)
()()
()()
()()
/
...
/
.
/
..
/
ijk ijE
ijk ijE
ijk ijE
ijk
i
ijk
ijk ijE
ijk ijE ijk
ijk ijE
PP
MMEs
PP
M
DC
M
P
P
MMMEs
PP
Δ
∑∑
=
Δ
∑++
(6)
onde:
i
DC = desvio de comércio do setor i;
ijk
M
= importações dos parceiros de bloco;
ijE
M
= importações dos países não-parceiros – terceiros;
ijk
P
= preço das importações i no país j, proveniente de k (parceiro); e
ijE
P
= preço do produto i de terceiros.
Ainda Jachia e Teljeur (1999) reduzem (6), sem alterar a robustez do SMART, para
62
()
(
)
()(
)
... /
.. /
ijk ijE ijk ijE
i
ijk ijE ijk ijk ijE
MMEsPP
DC
M
MMEsPP
∑∑ Δ
=
∑++ Δ
(7)
Assim, o impacto total da liberalização das importações pode ser medido como
iii
DCCCM +=Δ (8)
O resultado esperado, para o aumento do bem-estar mundial segundo a concepção
Vineriana, seria que a criação fosse superior ao desvio de comércio. Contudo, para estimar
tais efeitos a metodologia exige a estimação das elasticidades-preço e de substituição para o
setor ou tipo de bem que se pretende inferir. Em função disso, buscou-se tratar
exclusivamente da estimação dessas, em especial, as elasticidades-preço para o Brasil que
proporcionam um valioso subsídio para modelos de equilíbrio parcial. Esses trabalhos que
envolvem a estimação de elasticidades-preço e renda são mais freqüentes e isso se deve ao
fato de serem obtidas mais prontamente através de instrumentos de econometria usuais. Por
outro lado, até o momento, “os modelos econométricos para estimar elasticidade de
substituição são pouco confiáveis, além de serem raras as tentativas nesse sentido”, conforme
lembra Carvalho e Parente (1999a, p. 38) e existem dois trabalhos voltados para estimar tais
elasticidades – Armington – para grupo de produtos para o Brasil.
4.1.2 As estimações das funções de demanda de importações brasileira
Entre os trabalhos precursores para estimar a demanda brasileira de importações está o
trabalho de Abreu e Horta (1982). Nessa tentativa foram estimadas equações agregadas
8
e
desagregadas pelas categorias de uso – bens intermediários
9
, de consumo e capital – entre
1960 e 1980. A especificação do modelo base incluía, além do quantum importado por
total/por setor
(
)
d
t
M
, uma variável independente relativa ao nível de atividade – Produto
Interno Bruto Real
()
t
Y
10
–, e outra variável correspondente a preços relativos
11
, , e o
(
t
PRI
)
8
Excluindo os valores referentes à comercialização de petróleo e trigo.
9
Entende-se por bens de consumo intermediários aqueles bens que são utilizados para produção de outros bens
tidos então como finais (SANDRONI, 2002).
10
Dado pela soma das quantidades de bens finais multiplicados por preços constantes.
11
O preço relativo exige que se considere dois preços absolutos – no caso interno e externo –, uma vez que é
definido como um quociente.
63
quantum de importações totais defasado
(
)
1
d
t
M
. O modelo foi definido com ambas as
variáveis em logaritmo natural, ou seja, log-log:
01 2 3 1
ln ln ln ln
d
ttt
M Y PRI M
tt
β
ββ β
=+ + + +
ε
(9)
onde
t
ε
representa o termo de distúrbio aleatório (erro). Conforme a teoria econômica os
sinais esperados das elasticidades-renda e quantum defasado deveriam ser positivos e o sinal
da elasticidade-preço, negativo. Os resultados segundo os autores para o todo agregado foram
satisfatórios estatisticamente, enquanto as estimativas desagregadas por categoria de uso
foram em parte desapontadoras, pois, apresentaram alguns parâmetros não-significativos nas
diversas combinações testadas, revelando o complexo exercício de estimar esse tipo de
funções. No agregado, a elasticidade-renda reportada
12
foi de 2,525 e de – 0,487 para
elasticidade-preço. Para os bens intermediários, as mesmas ficaram em 1,111 e – 0,547
respectivamente.
Ainda, Zini Jr. (1988) também pesquisou a mudança de preços relativos e tarifas sobre
o saldo da balança comercial do Brasil. Para tanto, estimou funções de exportação e
importação para o país usando dados trimestrais dessazonalizados de 1970 a 1989. Para as
funções de importação supôs um modelo de economia pequena – oferta de importações
infinitamente preço-elástica – sob o modelo log-log dado por:
01 2 3 4
ln ln ln ln ln
d
t
tttt
t
Pm
MeTU
Pd
tt
Y
β
ββββ
⎛⎞
=+ ++ ++
⎜⎟
⎝⎠
ε
(10)
onde
d
M
é a quantidade demanda por importação; é o preço de importação
t
Pm
13
em
dólares; é o preço doméstico dos produtos substitutos da importação; é a renda
doméstica expressa pelo Produto Interno Bruto Real; é o índice de ciclos domésticos; é
t
Pd
t
Y
t
U
t
T
12
Segundo Abreu e Horta (1982) o coeficiente que representa a elasticidade-renda não foi significativo, assim
como aconteceu no trabalho de Dib (1981).
13
O Preço de Importação ( ) é dado pelo quociente entre o valor (US$) importado/exportado pela quantidade
(kg) importada/exportada.
t
Pm
64
a tarifa média; é a Taxa de Câmbio Nominal
t
e
14
e
t
ε
é um termo de distúrbio aleatório.
Partindo desse modelo básico o autor testou mais três funções estáticas definidas como:
,,,,
d
Pm
M
fe PdTUY
Pd
=
⎝⎠
)
(11)
(
,,,,
d
M
f ePm Pd T U Y=
(12)
,,,,,
d
PWW Pm Pd
M
f
PWD PWW PWD
=
⎝⎠
TUY
(13)
em que e são os preços por atacado no resto do mundo e preço de importação
do resto do mundo, respectivamente. O autor utilizou uma abordagem econométrica um
pouco mais apurada que Abreu e Horta (1982) por selecionar um modelo adequado pelo teste
RESET-RAMSEY, além verificar a presença de autocorrelação (AR) e multicolinearidade. O
procedimento usado foi Mínimos Quadrados de Dois Estágios para os modelos de importação
com presença de AR e de Mínimos Quadrados Ordinários (MQO) para aqueles que não
apresentaram AR. Também, estendeu suas análises do modo agregado aos produtos
industrializados, minerais e agrícolas. Quanto aos resultados, centrando a análise nos produtos
agrícolas, salientou a escolha correta do modelo log-log mesmo com um alto erro-padrão. Os
sinais para o preço de importação foram negativos conforme a teoria, contudo, somente na
função 12 o coeficiente da elasticidade foi significativo e, ainda, inelástico
PWW PWD
15
para todos os
modelos. Ainda, a taxa de câmbio incorporada pelos modelos não foi significativa, assim
como, os sinais do coeficiente para a tarifa estavam contrários a teoria. Os coeficientes
estimados para a variável renda-tendencial foram positivos e significativos nos três modelos,
sendo selecionado pelo autor a função (12), por sua melhor adequação e resultados.
Portugal (1992)
16
praticamente discutiu e aprofundou os trabalhos de Abreu e Horta
(1982) e Zini Jr. (1988), que incorpora testes de co-integração e o mecanismo de correção de
14
A Taxa de Câmbio Real, geralmente representada por , é igual a
t
R
t
t
t
P
m
e
P
d
, sendo a Taxa de Câmbio
Nominal,
t
e
t
P
m
o nível de preços no exterior (expresso na moeda desse país) e
t
P
d
o nível de preços doméstico
expresso na moeda corrente.
15
Os coeficientes da equação de demanda por importação de produtos agrícolas foram gerados a partir de um
modelo com base na função (12) para o preço de importação foi – 0,263 e 1,980 para a elasticidade-renda. Os
coeficientes para a equação agregada foram de – 0,181 e 1,280, respectivamente.
16
Uma metodologia semelhante, que incorpora o MCE, é também encontrada em Azevedo e Portugal (1998).
65
erros (MCE) para a demanda de importação brasileira. Também, buscou estimar as funções no
agregado, bem como, importações de bens de capital e intermediários. Foram utilizados dados
trimestrais e referentes ao período em que o Brasil ainda possuía o modelo de substituição de
importações datando do período de 1975 a 1988. Ainda, as séries foram transformadas em
logaritmo e não foram ajustados sazonalmente. A abordagem mais apurada levou em
consideração a ordem de integração das variáveis e a relação de longo prazo das mesmas
através da obtenção de um vetor co-integrado. Verificada a igualdade na ordem de integração
das séries, o autor sugeriu, então, trabalhar com as séries em nível e não removendo a
tendência à maneira de Box e Jenkins para não se perder as propriedades de longo prazo do
modelo, portanto, não diferenciando os dados antes da estimação. Na demanda para
importações totais o teste de raiz unitária mostrou que todas as variáveis consideradas eram I
(1) e também co-integravam. Sua elasticidade-renda foi substancialmente menor (0,344) em
relação àquela que era consenso entre Abreu e Horta (1982) e Zini Jr. (1988) e o coeficiente
para o preço de importação foi um pouco maior e quase elástico (– 0,910). Quanto aos bens
intermediários o coeficiente para o preço de importação ficou próximo da equação agregada
(– 0,908) e com uma elasticidade-renda de 0,972. Assim, para a elasticidade-preço os valores
ficaram relativamente mais próximos dos – 0,547 relatados por Abreu e Horta (1982). Ao
final, salientou a necessidade de desagregar os dados visando aumentar a quantidade de
informações disponíveis impedindo/diminuindo o viés, ou seja, devendo ser evitada a
abordagem mais generalizada/agregada.
Resende (2000), assim como Portugal (1992), procurou explorar um MCE para o
Brasil
17
. Contudo, Resende (2000) centrou mais sua análise em testar a adição de novas
variáveis explicativas ao modelo sugerido por Portugal (1992). Pois, parte do princípio que
nos países em desenvolvimento as importações são fortemente influenciadas por suas receitas
de divisas, ou seja, um aumento nessas levaria a uma redução das restrições de comércio e,
conseqüentemente, favoreceria as importações. Para isso, em seu modelo inclui uma proxy
que expressa a disponibilidade de divisas externas da economia brasileira além de dummies
para testar a existência de ruptura a partir da abertura comercial que se iniciou no Brasil
posterior a 1989 e com a implementação do Plano Real. Para o total agregado, a elasticidade-
renda encontrada foi baixa (0,543), assim como em Portugal (1992). A partir de 1990:1
salientou uma ruptura no coeficiente que se tornou bastante elevado (3,85) sugerindo que após
a abertura comercial as importações tornaram-se bem mais sensíveis a variações da renda. No
17
Utilizou séries temporais trimestrais que datam do primeiro trimestre de 1978 ao quarto trimestre de 1998.
66
caso da elasticidade-preço sugerida até 1994:3 foi inelástica ao preço de importação e após
esse período verifica-se a mudança no parâmetro para – 1,39 sugerindo que a estabilização
monetária elevou a sensibilidade dos agentes econômicos em relação às mudanças de preços
relativos das importações.
Para estimarem as equações de importação e exportação para o Brasil – dados anuais
do período de 1955 até 1995 – Castro e Cavalcanti (1997) também investigaram as
propriedades de integração e co-integração para nível de atividade e preços relativos. Assim, a
especificação das equações de importações por eles adotadas não difere das utilizadas nos
trabalhos já citados anteriormente. Um modelo em log-log que incluía o Produto Interno
Bruto (PIB) como a proxy para o nível de atividade e a Taxa de Câmbio Real (TCR) para os
preços relativos. Para o total de importação – em dólares – e renda testados na primeira
diferença não apresentaram raiz unitária, ou seja, eram integradas de primeira ordem – I (1).
Dessas variáveis, de ordem, foram indicados pelos autores até dois vetores de co-integração.
Contudo, relataram que as estimações apresentaram diversos problemas de confiança na
existência de relações de co-integração, mas, os parâmetros do ponto de vista estatístico eram
teoricamente robustos e plausíveis. Para as importações totais a elasticidade da Taxa de
Câmbio Real encontrada, ou , equivale a – 0,45 e 2,03 para a elasticidade-renda, as
mesmas para bens intermediários foram – 0,55 e 2,63, respectivamente.
t
TCRΔ
Carvalho e Parente (1999b) estimaram suas equações de demanda de importações
relacionadas ao comércio exterior segundo especificações semelhantes às utilizadas por
Portugal (1992). Tais especificações baseiam-se no modelo de substituição imperfeita com
características de livre diferenciação entre produtos domésticos e estrangeiros, preços também
diferenciados e baseados na função básica:
(
,.,,
d
)
M
fYTCRPmPdT=
(14)
(
***
,,,
s
)
M
fPmPdSY=
(15)
ds
M
M
= (16)
em que
M
refere-se ao quantum de importações/exportações; Y é o Produto Interno Bruto;
é a Taxa de Câmbio Real; , o preço das importações; , o preço doméstico; T , a
TCR Pm Pd
67
tarifa de importação
18
; e , os subsídios à exportação. O sinal
S
(
)
*
indica que os valores
correspondem a economia estrangeira;
(
)
s
indica a equação de oferta; e
(
)
d
indica equação de
demanda. Os preços foram expressos em moeda estrangeira – dólares. Como Portugal (1992)
e Cavalcanti e Castro (1997) os autores constataram que as séries econômicas relacionadas às
estimações de equações de comércio – mensais referentes ao período de 1978 a 1996 – eram
integradas de ordem 1 – todas na forma logarítmica. Testando e comprovando a co-integração
das variáveis estimou as equações por meio de um MEC. As elasticidades-preço de longo
prazo para bens não duráveis e intermediários foram de – 2,003 e – 1,406 respectivamente.
Para a renda, o parâmetro não foi significativo no modelo e para os bens não duráveis (7,150)
e intermediários ficou na casa de 1,337. Os autores também relataram problemas com viés e
instabilidade nas estimações dos parâmetros. Apesar dos problemas os autores afirmaram que
os resultados são estatisticamente satisfatórios.
Holanda (1999) em seu trabalho objetivou incorporar às estimações já feitas no
passado dados mais recentes da economia brasileira. Para isso, formulou um modelo log-log
com variáveis trimestrais que cobriram o período do primeiro trimestre de 1975 até o último
trimestre de 1997. Utilizou o valor, em Dólares correntes, das importações
()
M
como
variável dependente; a variável para captar o efeito preço é a Taxa de Câmbio Real
(
)
TCR
e
Produto Interno Bruto como a renda doméstica
(
)
Y
para captar o efeito renda. Ainda, utilizou
a variável reservas internacionais
(
)
R
como proxy para barreiras não-tarifárias.
(
,,
d
)
M
fTCRYR=
(17)
O autor estimou funções de exportação e importação para o total agregado e
manufaturados utilizando o método de Mínimos Quadrados Ordinários. Em seus resultados
para os efeitos preço e renda, para a demanda por importação agregada, encontrou – 0,24 e
1,12, respectivamente. Os autores relataram a dificuldade de agregar no modelo variáveis com
ordens de integração diferentes, para isso, assumiram a hipótese de que ambas as variáveis
eram estacionárias. Assim, relataram que ambos os parâmetros foram significantes e os sinais
corresponderam ao esperado pela teoria.
18
Zini Jr. (1988) e Carvalho e Parente (1999b) avaliam que a utilização da variável Tarifa no modelo pode trazer
problemas de má especificação. Pois, conforme os autores, não existe uma série histórica para tarifas setoriais ou
por produtos confiável. No caso do arroz, ocorre o mesmo, seria difícil traçar um histórico de tarifas,
principalmente, no período anterior a 1994.
68
Carvalho e Negri (2000) seguem o mesmo modelo de equações verificados em
Carvalho e Parente (1999b) para estimar um modelo de comércio exterior, contudo, centram
suas análises nos produtos agropecuários. Os autores utilizaram séries trimestrais
19
que
começaram no primeiro trimestre de 1978 e terminam no primeiro trimestre de 1998. A
elasticidade-preço de importação demonstrou ter grande influência na quantidade importada
em uma relação de longo prazo. Conforme os autores a elasticidade encontrada foi de – 1,342.
A taxa de capacidade instalada
20
proxy da renda – apresentou valor também acima da
unidade (1,200). Por fim, os autores ressaltaram a importância da taxa de capacidade instalada
e câmbio na quantidade importada pelo Brasil de produtos agropecuários. No caso das
exportações brasileiras desses produtos, o quantum se mostrou mais influenciado pelo nível
de atividade mundial e, em menor intensidade, pela Taxa de Câmbio Real.
Palmeira (2005) utilizou séries trimestrais que datam do primeiro trimestre de 1992
até o quarto trimestre de 1999 para estimar funções de exportações e importações do Brasil
para os países do Mercosul. O autor optou por considerar em seu modelo a adição de duas
variáveis dummy, a fim de captar os efeitos do Plano Real (junho 1994) e da desgravação
tarifária que culminou com a formação da União Aduaneira no Mercosul (janeiro de 1991)
concomitante à abertura comercial brasileira. Para a função de importação Palmeira (2005)
optou pela forma agregada que segue:
),,( YPdPmfM
d
= (18)
onde é o preço das importações, é o preço de bens domésticos e Y é relativo a renda
doméstica, traduzida pelo Produto Interno Bruto brasileiro. Em um passo posterior segundo a
teoria da demanda, propõe-se que:
Pm Pd
=
Pd
Y
Pd
Pm
fM
d
,
(19)
Como se observa a Taxa de Câmbio Real (
TCR
) não está incluída, então o autor
sugere para Argentina e Uruguai:
19
Conforme Carvalho e Negri (2000) as séries utilizadas apresentaram, em sua maioria, uma raiz unitária.
20
A taxa de utilização da capacidade instalada utilizada pelo autor foi captada junto à Fundação Getúlio Vargas
(FGV).
69
= TCR
Pm
Y
fARGM
d
,
(20)
= TCR
Pm
Y
fURUM
d
,
(21)
em que e representam as importações em valores reais feitas pelo Brasil
com origem na Argentina e Uruguai, respectivamente. A variável TCR seria a proxy que
contém o efeito preço na quantidade da demanda. O autor testou diversas combinações para a
demanda de importações da Argentina, dentre essas, o modelo de melhor ajustamento foi em
logaritmo e com a dummy referente ao período de transição do Mercosul e Abertura
Comercial no Brasil. Para o Uruguai, o melhor modelo dentre os testados foi estimado em
logaritmo e com inclusão da variável dummy relativa ao período de instituição do Plano Real.
A abordagem econométrica foi clássica sem adentrar nos pormenores da teoria de séries
temporais.
ARGM
d
URUM
d
Como se observa, nenhum dos autores supra-expostos abordaram especificamente um
capítulo da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), à exceção da sugestão de Portugal
(1992) que aconselhou tal desagregação. No geral, os autores buscaram estimar funções
baseadas no agregado da demanda brasileira e, em alguns momentos, se aproximaram do
objetivo do presente estudo – nos casos em que desagregaram por categorias de uso. Ainda,
no caso que os trabalhos tangenciaram o objetivo deste, alertaram para a complexidade que
seria tratar das elasticidades em uma função desagregando por categorias. Apenas em
Carvalho e Negri (2000), por abordar o agregado agropecuário, forneceu alguma idéia sobre a
grandeza da variável da elasticidade que este estudo pretende estimar. Mas, desses estudos se
extraem as várias experiências e resultados relatados sobre as estimações de funções de
demanda e oferta de exportações/importações para o Brasil. A Tabela 9 que segue sintetiza os
principais resultados por esses autores.
70
Tabela 9 – Relação de coeficientes sugeridos para função demanda brasileira agregada
segundo autor.
Autores Elasticidade-Renda Elasticidade-Preço
Abreu e Horta (1982) 2,525 – 0,487
Zini Jr. (1988) 1,280 – 1,181
Portugal (1992) 0,344 – 0,910
Castro e Cavalcanti (1997) 2,030 – 0,450
Holanda (1999) 1,120 – 0,240
Carvalho e Negri (2000) 1,200 – 1,342
Resende (2000) 0,543 – 1,391
Fonte: Elaboração própria.
4.1.3 Elasticidades de Armington para o Brasil
Conforme ressaltaram Carvalho e Parente (1999a, p. 38) são raras as tentativas na
literatura nacional de estimar elasticidades de substituição para o Brasil. Em função disso,
alguns trabalhos que envolveram equilíbrio parcial adotaram como proxy para a ES o modo
como Erzan e Yeats (1992) abordaram a falta de cálculos para elasticidade desse tipo ou,
ainda, utilizaram as elasticidades de Cline et al. (1978) – dependendo do caso. Mais tarde na
literatura alguns trabalhos se voltaram a estimar as mesmas. Pois, assumir a presença de uma
elasticidade de Armington no modelo é tão importante quanto a estimação da elasticidade-
preço. A parte interessante da abordagem desse tipo de elasticidades é o pressuposto que o
consumidor distingue produtos por suas fontes. Esse tipo de pressuposto é utilizado também
em estudos de comércio internacional, em que os consumidores assumem a diferenciação
entre bens domésticos e aqueles importados substitutos, ou seja, a elasticidade de Armington
descreve o grau de substituição entre bens domésticos/do bloco e importados/externos ao
bloco (GALLAWAY, McDANIEL E RIVERA, 2003).
Erzan e Yeats (1992) estimaram o desvio de comércio simulando um acordo num
cenário que Estados Unidos estende preferências comerciais a exportadores da América
Latina. Escolheram uma elasticidade com valor meritório de – 1,5 e variaram esse valor meio
ponto para baixo e 1,0 para cima a fim de apenas testar a sensibilidade entre bens substitutos
em diferentes cenários. Pelo escopo da elasticidade de substituição seria possível inferir e
determinar o desvio de comércio conforme um cenário que alterne padrão inelástico ou
elástico conforme o grau de desvio em função da substituição, ou seja, o grau de elasticidade
entre bens provenientes de países beneficiados com a preferência e aqueles similares
provenientes de terceiros na ausência das elasticidades de Armington específicas.
71
Para suas simulações de alterações nas trocas brasileiras em função de uma abertura
aos moldes do projeto da ALCA, Carvalho e Parente (1999a) estimaram o desvio de comércio
por setores
21
da economia. Como medida de sensibilidade adotaram a elasticidade de
substituição meritória de – 1,5. Adicionalmente, procederam com a análise de sensibilidade
para um cenário que alterne o grau de substituição entre os bens numa amplitude de – 1,0 e –
2,0.
De maneira semelhante, em Carvalho et al. (1999) a elasticidade de substituição
meritória adotada foi de – 1,5 e alternaram cenários com versões elásticas e inelásticas a fim
de determinar o desvio de comércio advindo da liberalização comercial entre Estados Unidos
e Brasil. Nesse ínterim Nonnenberg e Mendonça (1999) em uma análise ex post do Mercosul
estimaram pela sensibilidade possíveis perdas para um mercado de produtos agrícolas. Os
autores começaram com uma elasticidade de substituição em – 1,5 e variaram a magnitude
entre – 0,5 e – 2,5 sob as importações desses produtos pelo Brasil. Esse mesmo padrão de
inferência utilizado por Nonnenberg e Mendonça (1999) sobre a sensibilidade das
importações foi adotado em Vasconcelos (2001) que mensurou o desvio de comércio para
grupos segundo NCM de produtos industrializados entre Brasil e Mercosul.
Até o surgimento dos trabalhos de Tourinho, Kume e Pedroso (2002) e Tourinho,
Kume e Pedroso (2003) as elasticidades de substituição eram puramente meritórias e, as
estimativas de desvio de comércio seguiram um mesmo padrão de avaliação por sensibilidade
nas trocas entre os países envolvidos por suas análises. Com a disponibilidade das primeiras
estimativas de elasticidades de substituição, para grupo de bens voltados para o Brasil, se
percebe a importância de estimativas de criação e desvio em função das experiências
realizadas para estimar impactos para novos avanços no sentido de liberalização tarifária. No
caso das elasticidades de substituição, os trabalhos anteriores ao cálculo de Tourinho, Kume e
Pedroso (2002, 2003) para o Brasil se baseavam em elasticidades usadas em Cline et al.
(1978) e no método de Erzan e Yeats (1992), os quais adotaram uma elasticidade para os
Estados Unidos de – 1,5 e, variaram em 0,5 pontos para cima/baixo a fim de medir o grau de
sensibilidade das importações e exportações americanas variando de cenários menos
pessimistas a outro mais pessimista nos ganhos/perdas com uma liberalização.
Por serem raras e inexistentes para o Brasil Tourinho, Kume e Pedroso (2002)
buscaram estimar para o Brasil elasticidades de Armington a fim de medir o grau de
substituição entre bens domésticos e importados para 28 setores industriais da matriz insumo-
21
Com base na equação (7) do capítulo anterior.
72
produto brasileira, referente ao período entre 1986 a 2000. Ao tratar as séries percebeu-se
séries que não co-integraram. Para contornar o imprevisto, os autores optaram por fazer
estimativas segundo quatro tipos de modelos. Além dos modelos em nível – com variáveis I
(0) – e co-integrados CI (1,1) estimaram dois modelos chamados de “mistos” que envolviam
variáveis com ordens de integração diferentes. Esses modelos “mistos” foram estimados com
variáveis I (0) e I (1) que apresentaram ao final resíduo I (0) e parâmetros significantes.
Ainda, as estimativas variaram em uma amplitude de 0,16 a 4,95, refletindo os diferentes
graus de substituição entre o bem importado e o produto produzido domesticamente na
indústria brasileira. Para o grupo “Beneficiamento de produtos de origem vegetal, fumo
22
”,
envolvendo variáveis sem raiz unitária, a elasticidade de Armington relatada foi de – 2,35. A
magnitude foi, segundo os autores, apontada como alta.
Contudo, em Tourinho, Kume e Pedroso (2003), os autores publicaram uma versão
revista de Tourinho, Kume e Pedroso (2002). As novas estimativas utilizaram a nova base de
dados com as revisões feitas pela SECEX/MDIC, que incluem as informações de 2002 e
adicionaram, também, a volatilidade da taxa de câmbio como variável explicativa. Da mesma
forma, encontraram limitações com a ordem de integração das séries utilizadas. Também, na
parte de séries temporais, foram descritas combinações de séries que não tinham mesma
ordem de integração. Defronte ao mesmo imprevisto, os autores optaram por quatro tipos de
modelos anteriormente descritos. De posse das novas estimativas, a amplitude do intervalo
permaneceu variando entre 0,16 e 4,95, refletindo os diferentes graus de substituição entre o
bem importado e o similar doméstico. Ainda, a nova estimativa da elasticidade de substituição
para o grupo “Beneficiamento de produtos de origem vegetal, fumo” ficou ligeiramente
superior a anterior, ou seja, – 2,47.
4.1.4 Modelos de Equilíbrio Parcial: aplicações aos fluxos brasileiros de comércio
Partindo das notas metodológicas sugeridas em Yeats e Laird (1986) alguns trabalhos
foram realizados tendo como foco o Brasil a fim de estimar impactos sobre os fluxos
comerciais a partir de um modelo de equilíbrio parcial, contudo, apenas diferem quanto às
elasticidades adotadas pelos autores. Ademais, essa gama de trabalhos voltados a mensurar os
22
O grupo seria o equivalente aos 71 produtos do grupo Produtos Alimentares.
73
efeitos estáticos da integração para o Brasil se dividem em dois grupos: um primeiro grupo
23
de artigos publicados entre 1999 e 2001 que tinham como elasticidades de substituição uma
calibragem default, como em Yeats e Laird (1986) para se utilizar o SMART e sugerido em
Erzan e Yeats (1992); e, o segundo grupo, de artigos que partem de 2001 até o presente, pois,
esses incorporam elasticidades de substituição de Armington calculadas por outros autores.
Até o surgimento dos trabalhos de Tourinho, Kume e Pedroso (2002) e Tourinho,
Kume e Pedroso (2003) a grande maioria das estimações sobre os fluxos comerciais eram
estimadas sem a presença das reais elasticidades de substituição para um agregado ou grupo
específico de bens. Em função da dificuldade de se encontrar tais elasticidades para o Brasil
alguns autores buscaram mensurar o desvio de comércio como foi feito em Erzan e Yeats
(1992).
De início, Carvalho e Parente (1999a) buscaram, então, simular cenários para uma
possível integração Brasil à Área de Livre Comércio das Américas
24
(ALCA). Assim,
utilizaram as elasticidades de longo prazo baseadas na função (14) e extraíram as mesmas em
Carvalho e Parente (1999b). Os dados de comércio utilizados são referentes a 1996 e a todos
os capítulos na Nomenclatura Brasileira de Mercadorias (NBM) similar a atual Nomenclatura
Comum do Mercosul.
Tabela 10 – Elasticidades de Longo Prazo para as importações brasileiras
(1978/1996).
Setor Elasticidade-preço (TCR)
Bens de Capital – 1,897
Bens Intermediários – 2,003
Bens Não Duráveis – 1,406
Bens Duráveis – 2,928
Bens Combustíveis – 0,561
Fonte: Carvalho e Parente (1999b).
Os autores com esses suplementos mostraram que a integração entre as Américas
traria para o Brasil um aumento muito maior no volume importado, frente ao incremento no
total exportado. Confirmando a consistência da metodologia de equilíbrio parcial mostraram
que a integração intra-americana incorreria em um desequilíbrio para a balança comercial
23
Boa parte da literatura produzida nesse grupo de trabalhos pode ser vislumbrada em Castilho (2002) que em
forma de resenha descreve alguns dos trabalhos que buscaram estimar os impactos de acordos comercias por
modelos de equilíbrio parcial, gravitacional ou geral.
24
As negociações para a criação da ALCA começaram em dezembro de 1994 com uma perspectiva de
integração continental da América.
74
brasileira. Contudo, a limitação fica na impossibilidade de inferir sobre os efeitos no nível de
produção, emprego, tecnologia entre outros. Dessa forma, Carvalho e Parente (1999a, p. 54)
chamaram a atenção na medida em que o modelo “não possibilita afirmações sobre o real
impacto econômico de longo prazo que uma negociação internacional poderia trazer ao
Brasil”. Por fim, confirmam a importância de simulações como essa para se obter ex ante,
indicações dos setores que deveriam receber uma maior/menor atenção do Governo brasileiro.
Em Carvalho et al. (1999) a sombra da ALCA levou os autores a inferir sobre o efeito
preliminar de uma integração entre Brasil e Estados Unidos (EUA) caso haja algum tipo de
acordo comercial entre esses países. A fim de inferir sobre os fluxos comerciais entre esses
países também empregaram um modelo de equilíbrio parcial. Os autores utilizaram as
elasticidades-preço de longo prazo para o Brasil baseadas na função (14) extraindo as mesmas
em Portugal (1992). Para o caso dos Estados Unidos, essas foram compiladas a partir de Cline
et al. (1978). Os dados de comércio utilizados eram referentes ao ano de 1996 e a todos os
capítulos na NBM.
De acordo com Carvalho et al. (1999), assim como em Carvalho e Parente (1999a), os
resultados apontaram para o mesmo lado. As importações brasileiras provenientes dos
Estados Unidos seriam superiores ao crescimento esperado das exportações para aquele
mercado. Embora, segundo os autores, exista a possibilidade de incremento de exportações
para os EUA, esse representaria um incremento muito pequeno em termos monetários.
Nonnenberg e Mendonça (1999) a fim de inferir sobre possíveis perdas de produção
na agricultura brasileira utilizaram, também, um modelo de equilíbrio parcial. De posse dessa
metodologia estimaram os valores da criação e desvio de comércio nos Países do Mercosul e
no resto do mundo
25
advindos da formação do Mercosul para alguns produtos agrícolas,
como: arroz; milho; trigo; leite e bovinos. Os autores, como novidade, além da desagregação,
estimaram suas próprias elasticidades-preço com dados anuais que datam de 1966 a 1995.
Para isso partiram da função genérica de importação agregada expressa como:
(
,,
d
)
M
fYPmPd=
(22)
25
Lembrando que no caso do arroz houve uma redução tarifária também na Tarifa Externa Comum. Dos então
20%, agora, a TEC seria de 10% para terceiros e nula para os membros do Bloco.
75
onde a variável
d
M
foi definida como o quantum do bem importado, o preço doméstico,
sendo o preço de importação e Y a renda real
Pd
Pm
26
. Contudo, com uma amostra de tamanho
reduzido relaxaram as hipóteses básicas do MQO sobre estacionariedade e normalidade dos
resíduos (NONNENBERG E MENDONÇA, 1999, p. 7). Assumindo essas condições,
sugeriram as seguintes elasticidades-preço (Tabela 11):
Tabela 11 – Elasticidades de Longo Prazo para as importações brasileiras
(1966/1995).
Setor Elasticidade-preço
Arroz 2,825
Milho – 3,356
Trigo – 0,388
Algodão – 2,605
Leite – 0,402
Bovinos 1,400
Fonte: Nonnenberg e Mendonça (1999).
Os autores mostraram que a criação de comércio superou amplamente a substituição
de importação de terceiros países por parte do Brasil em favor dos membros do Bloco –
desvio de comércio – tanto individualmente como para o conjunto dos seis produtos. No caso
do arroz, esse fenômeno foi bem mais expressivo para os países do Mercosul do que para o
resto do mundo, além de salientar sobre a consistência da metodologia para a mensuração de
tais efeitos.
Vasconconcelos (2001) buscou avaliar, sob a ótica do equilíbrio parcial, os impactos
estáticos do processo de integração. O autor, motivado pela discussão dos efeitos distorcidos
do processo de integração para o Mercosul sugeridos por Yeats (1997)
27
, buscou levantar a
26
Conforme Nonnenberg e Mendonça (1999) a Renda Real resultou da diferença entre Produto Interno Bruto
brasileiro e os valores referentes a soma do total importado a fim de evitar dupla contagem.
27
Yeats (1997) preocupado com a proliferação de acordos regionais e seus efeitos para o comércio internacional
inferiu sobre o Mercosul utilizando dados de comércio para as categorias de Alimentos, Insumos Agrícolas,
Combustíveis Minerais, Metais e Conexos, Manufaturados e Máquinas e Material de Transporte. No artigo
avaliou a mudança de políticas comerciais no Mercosul no período entre 1988-1994. As ferramentas utilizadas
para inferir sobre os efeitos foram: o Índice de Intensidade de Comércio (IIC); Índice de Orientação Regional
(IOR) e Índice de Vantagens Comparativas Reveladas (IVCR). Através desse conjunto de Índices sugeriu, além
de uma reorientação, que a intensidade de comércio entre os países membros do Mercosul melhorou
significativamente em grupos de produtos que as vantagens comparativas anteriores a integração eram pequenas,
ou seja, em produtos de maior valor agregado. Dessa forma, alertou que haviam sido encontradas mudanças
substancias nas trocas intra-mercosul, em especial, no período de transição para a formação da União Aduaneira
no Bloco. Contudo, o autor se ateve só nas alterações nas políticas comerciais e esqueceu que no Mercosul,
principalmente, Brasil e Argentina, além da abertura comercial, emergiam para uma estabilização monetária e
um ajustamento fiscal. Ao afirmar que o comércio ficou mais distorcido no período posterior ao Tratado de
76
criação e desvio de comércio através dos fluxos de comércio nos setores de Produtos das
Indústrias Químicas e Conexas (capítulos 28 a 38); Plástico e Borrachas (capítulos 39 e 40);
Pastas de Madeira e Papel (capítulos 47 a 49); Matérias Têxteis (capítulos 50 a 63); Metais
Comuns e Suas Obras (capítulos 72 a 83); Máquinas e Aparelhos, Material Elétrico (capítulos
84 e 85) e Material de Transporte (capítulos 86 a 89). As elasticidades-preço por categorias de
uso utilizadas pelo autor, assim como em Carvalho e Parente (1999a), foram extraídas em
Carvalho e Parente (1999b). Os resultados obtidos por Vasconcelos (2001) contrapuseram as
afirmações em Yeats (1997)
28
. Segundo o autor, no agregado dos setores, a criação de
comércio na ótica brasileira estaria entre 14,3% e 12,9% das importações efetivamente
ocorridas em 1991. Igualmente, o desvio de comércio
29
estaria entre 3,2% e 15,3%. Logo, no
agregado, o autor confirmou que a criação de comércio no Mercosul para o conjunto de bens
superou o desvio.
Essa preocupação de uma integração do Brasil com mercados como Estados Unidos e
Canadá, pela ALCA, também ficou marcada em Negri, Arbache e Falcão Silva (2003). Os
autores buscaram quantificar o impacto sobre as exportações brasileiras para mercados como
Estados Unidos e Canadá. Assim, com a eliminação total de tarifas, segundo os autores,
verifica-se um aumento de US$ 699 milhões para os EUA e US$ 53,7 milhões para o Canadá.
Como buscaram apenas saber da penetração das exportações brasileiras em outros mercados
não foram estimadas elasticidades-preço
30
para o Brasil. Dessa forma, as elasticidades-preço
referentes a Estados Unidos e Canadá foram obtidas junto ao Trade Group at World Bank.
Depois da ampla gama de aplicações do modelo de equilíbrio parcial, ainda existe
espaço para uma utilização regional desse. Omar, Braz e Ródenas (2006) buscaram analisar os
efeitos da economia Argentina na economia do Rio Grande do Sul, sob a luz do Tratado de
Assunção. Os autores escolheram 56 capítulos de produtos relativos a economia do RS
descritos na Nomenclatura Comum do Mercosul e que representavam cerca de 45% dos totais
de importação da Argentina para um período de tempo compreendido entre janeiro de 1995 e
junho de 2004 – com séries bimestrais. As elasticidades-preço foram estimadas pelo próprio
autor com base nas funções (18) e (20). Para o cálculo do desvio de comércio a abordagem
das elasticidades de substituição foi feita conforme os trabalhos Vasconcelos (2001),
Assunção reconhece que “análises de dados de comércio sozinhos não podem responder essa questão por
completo” (YEATS, 1997, p. 29).
28
A literatura sobre índices é vasta, contudo, poder-se-á resumir esses em Vollrath (1989) e o próprio Yeats
(1997).
29
Considerando que as elasticidades de substituição adotadas por Vasconcelos (2001) foram de – 0,5, – 1,5 e
2,5.
30
Negri, Arbache e Falcão Silva (2003) não forneceram as elasticidades de substituição utilizadas para os
cálculos de desvio de comércio.
77
Nonnenberg e Mendonça (1999) e Carvalho e Parente (1999a) que se basearam na
metodologia sugerida em Erzan e Yeats (1992). Com os resultados os autores mostraram que
para o Rio Grande do Sul à medida que os bens tendem a ser substitutos, o desvio de
comércio aumenta – apenas no caso de se considerar a elasticidade de substituição de – 0,5 –,
pois, nos outros casos o desvio supera a criação de comércio. Ao fim os autores concluíram
que houve ganhos líquidos de comércio para o RS nas transações comerciais com o principal
sócio comercial do Brasil no MERCOSUL.
Em Kume e Piani (2004) verifica-se o avanço do emprego de um modelo de equilíbrio
parcial para o Brasil. Os autores em seu estudo contaram com elasticidades de substituição
calculadas para o Brasil. Kume e Piani (2004) com dados referentes ao período de 1999-2000,
na onda de estudos voltados para a ALCA, buscaram quantificar o impacto da formação desse
Bloco para a economia brasileira. A elasticidades-preço de importação para o Brasil dos
grupos de bens – bens de capital, bens intermediários, bens de consumo duráveis e não
duráveis e combustíveis/lubrificantes – são as mesmas utilizadas em Carvalho et al. (1999) e
as elasticidades de substituição entre bens foram as calculadas em Tourinho, Kume e Pedroso
(2002). De posse das estimativas, os autores mostraram que a eliminação das tarifas
aduaneiras dos EUA causaria um incremento de US$ 697 milhões nas exportações brasileiras
para aquele mercado. Esse aumento estaria baseado em produtos como calçados, suco de
laranja, vestuário e têxteis, cerâmicas, vidros e fumo. Estimaram, também, a eliminação de
barreiras não-tarifárias, assim, as exportações para o país americano teriam um acréscimo de
US$ 531 milhões. Em contrapartida, os Estados Unidos teriam um ganho potencial em 1.444
produtos e que atingiriam o valor anual de US$ 2,23 bilhões em 1999-2000 – com máquinas e
equipamentos entre os mais beneficiados. Com o modelo de equilíbrio parcial, os autores,
atentaram para as dificuldades de se alcançar equilíbrio nas negociações no âmbito da ALCA.
Kume et al. (2004) buscou avaliar ex ante o impacto sobre o comércio exterior
brasileiro sob a égide de um possível acordo de liberalização recíproca entre o Mercosul e a
União Européia (UE). Assim, as elasticidades-preço para os grupos foram extraídas em
Carvalho e Parente (1999b) e as elasticidades de substituição utilizadas foram as calculadas
em Tourinho, Kume e Pedroso (2003). Os resultados, pelo modelo de equilíbrio parcial,
indicaram um adicional de US$ 947 milhões na exportação de 184 produtos. Já o adicional
em importações estaria na casa de US$ 1.325 milhões.
Fonseca e Hidalgo (2006) aplicaram o modelo de equilíbrio parcial na ótica das
exportações agrícolas – café, cacau, soja, açúcar, suco de laranja e carnes para o período de
1999-2002 – brasileiras à luz de uma possível ALCA. Quanto às elasticidades-preço para os
78
EUA, os autores basearam-se em Cline et al. (1978) e as elasticidades de substituição
utilizadas foram retiradas do trabalho revisado em Tourinho, Kume e Pedroso (2003). O
resultado líquido encontrado seria de superação das exportações brasileiras se comparado ao
aumento das importações dos sócios. Assim, a eliminação tarifária geraria um incremento nas
exportações brasileiras de US$ 185,89 bilhões para os países da ALCA entre 1999 e 2002.
Desse modo, os diversos modelos sugeridos pelos autores foram testados para se
encontrar um, dentre todos, que melhor represente a demanda por importações brasileira de
arroz do Mercosul e total.
4.2 Metodologia e fonte de dados
4.2.1 Modelo SMART de Criação e Desvio de Comércio
O presente estudo é uma aplicação prática do modelo de equilíbrio parcial. Tal
metodologia, proposta em Cline et al. (1978), mais tarde se cristalizou com Laird e Yeats
(1986) através da UNCTAD em cooperação com The World Bank. O modelo de equilíbrio
parcial é uma técnica de simulação e quantificação de efeitos sobre os fluxos de comércio
induzidos por trocas nas condições de acesso a mercados. Em particular, pretende-se aplicar
esse de forma ex post com o propósito de quantificar o volume de comércio criado e desviado
em direção ao Mercosul no comércio de arroz em casca com a formação do Bloco.
Para obtenção dos resultados efetua-se uma abordagem pela ótica da demanda, ou
seja, pelo fluxo do cereal importado pelo Brasil entre janeiro de 1991 e dezembro de 2007.
Desse modo, sob a ótica da importação, o efeito total da redução tarifária para os membros do
Mercosul é captado pelo modelo. Segundo a ótica Vineriana, o efeito total estático é diluído
em dois componentes:
a) Criação de Comércio (CC), o qual mensura o aumento das importações brasileiras
de Argentina, Uruguai e Paraguai, segundo a redução dos preços relativos dessas
importações, vis-à-vis preços do mesmo bem doméstico, resultando em um
potencial aumento nas importações do Brasil, aliado a redução do excedente do
produtor brasileiro;
79
b) Desvio de Comércio (DC), o qual mensura o aumento das importações brasileiras
dos membros do Mercosul advindo da redução nos preços relativos dessas
importações vis-à-vis preços de terceiros, resultando em um deslocamento do fluxo
natural verificado na ausência de uma TEC, ou seja, a substituição de importações
com origem em produtores de terceiros ao Bloco em benefício dos produtores
locais do Bloco – Argentina. Uruguai e Paraguai.
Essa análise quantitativa será efetuada tomando por base o Sistema Harmonizado de
Designação e Codificação de Mercadorias, ou simplesmente Sistema Harmonizado (SH)
combinado com a Nomenclatura Comum do Mercosul. Sua composição, formada por oito
dígitos, permite que se verifique as especificidades dos produtos comercializados
externamente, em um ordenamento lógico, crescente e de acordo com o nível de sofisticação
das mercadorias. O resultado para a mensuração do efeito total no comércio de arroz no
âmbito do Mercosul segue conforme a metodologia.
4.2.2 Cálculo da Criação de Comércio
Posto que, a estimação da criação e desvio de comércio está diretamente aplicado, se
faz necessário mostrar passo a passo os cálculos, a fim de esclarecer as suposições
fundamentais da análise proposta. Particularmente, segundo Viner (1999), a CC depende de
três fatores, efetuando as devidas adaptações para o caso do arroz: a) o volume de
importações brasileiras de arroz em casca segundo origem; b) a elasticidade-preço para o
cereal, que define a porcentagem de troca na demanda por importação quando o preço de
importação no mercado brasileiro varia 1%; e, c) a mudança operada na tarifa.
Formalmente, a CC de arroz em casca no Mercosul é definida pela expressão:
()
..
1
aBM
aaBMaBM
aBM
dt
CC M Em
t
=
+
(23)
onde:
a
CC = volume de comércio criado de arroz em casca;
aBM
M = valor das importações de arroz em casca brasileiras provenientes do Mercosul;
80
aBM
Em = elasticidade-preço de arroz em casca da função de demanda brasileira de importação
desse cereal do Mercosul; e
aBM
t = tarifa ad-valorem equivalente, excluindo barreiras não-tarifárias (BNTs).
Dessa forma, assume-se a pressuposição de Viner (1999, p. 108) de um mundo
dividido em três países, no caso, Brasil (A), Mercosul (B) e terceiros (C). O efeito da alteração
de política de importação será considerado sobre o bem-estar de A. Sendo que A é um país
pequeno
31
e não influencia o preço relativo do cereal internacionalmente. Na abordagem das
elasticidades, o a CC é então proporcional a elasticidade-preço da demanda, por conseguinte,
esse parâmetro influencia diretamente nos resultados da metodologia.
Finalmente, a expressão (23) é uma forma reduzida da equação (1). Um modelo que
contemple equilíbrio de mercado deve levar em consideração as combinações de preço e
quantidades geradas a partir da interação entre as curvas de demanda e oferta. Portanto,
estimar uma função de demanda a partir de uma curva individual seria incorreto. Contudo, a
fim de contornar esse problema, admitiu-se a elasticidade-preço de oferta como infinita. Essa
expressão, então, só é válida na medida em que se assume uma elasticidade-preço de
exportação infinita. Conforme salientado por Laird e Yeats (1986, p. 22) tal hipótese
32
é
incluída no modelo para assegurar que a elasticidade-preço de exportação independe da
quantidade importada e que os preços de exportação não irão variar em função do aumento de
importações do cereal.
A fim de determinar a elasticidade-preço de importação presente na expressão
algébrica (23), ou seja, caracterizar o nível de resposta da importação à variação do preço
internacional recorre-se a uma equação de demanda de importações. A abordagem das
elasticidades veio à luz nas décadas de 30 e 40 como uma adição à análise keynesiana do
multiplicador de comércio exterior
33
. Conforme Zini Jr. (1995) tal abordagem – cujo trabalho
seminal é de Marshall – analisa o impacto que uma mudança nos preços relativos tem sobre o
balanço comercial agregado, ou, nesse caso, na demanda pelo referido cereal.
31
Segundo o USDA (2008) a média das importações totais brasileiras de arroz em casca entre 1989-2007,
responderam por apenas 2% do consumo interno em 2007 – 13 milhões de toneladas – e 0,05% das 623,21
milhões de toneladas consumidas mundialmente nesse mesmo período. Em relação ao fluxo total de arroz em
casca, as importações brasileiras representaram apenas 0,56% do total mundial do cereal exportado em 2007 e
2% da produção de arroz local.
32
As expressões de criação de comércio, bem como as de desvio de comércio fornecem valores em quantidade,
devendo-se efetuar, em seguida, a multiplicação pelos preços, para se obter os impactos em valores monetários.
No caso de adotar a elasticidade de oferta como infinita e incluir valores em moeda corrente ao invés de
quantidades, os impactos de criação e desvio de comércio são obtidos em termos monetários.
33
Zini Jr. (1995) salienta duas lições importantes da análise do multiplicador: a) as importações dependem da
renda doméstica e, b) o saldo líquido na conta corrente é um componente importante da demanda agregada.
81
A abordagem marshalliana de equilíbrio parcial é utilizada no intuito de verificar as
conseqüências de uma mudança de preço relativo sobre a quantidade transacionada e sobre a
estabilidade do equilíbrio. Segundo Zini Jr. (1995), assume-se que as funções de oferta e de
demanda sejam estáveis, e que o nível de preços pode ser tomado como dado, embora os
preços relativos domésticos dos bens importados e exportados devam mudar em decorrência
de uma desvalorização cambial ou alteração de política comercial. No caso da CC, a questão
colocada é o efeito de uma mudança no preço relativo sobre o volume importado de arroz em
casca, no caso, gerado pela desgravação tarifária acordada através do Tratado de Assunção
que constituiu uma TEC entre Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.
Parte-se, então, para estimação da demanda de importação brasileira no contexto de
bens substitutos imperfeitos, ou seja, uma função de demanda marshalliana (ordinária) que
relaciona o total da quantidade de arroz em casca importado pelo Brasil com a renda real
(
)
t
Y
a fim de capturar a capacidade de gasto doméstico, o preço do bem importado
(
e o
preço de seu substituto doméstico
)
t
Pm
(
)
t
Pd medidos na mesma moeda.
A função genérica para a importação agregada é então expressa por:
()
123
, , 0, 0, 0
d
aBM B aB aBM
MfYPdPmFFF=∴>><
(24)
onde é a proxy da renda brasileira; é o preço do arroz em casca doméstico; é
o preço de importação do mesmo cereal proveniente do Mercosul e é a quantidade
importada pelo Brasil junto aos seus parceiros comerciais do Bloco. Ainda, se refere aos
sinais esperados da equação (27), ou seja, os coeficientes esperados das variáveis renda e
preço doméstico devem ser positivos e, negativo para a variável preço de importação.
B
Y
aB
Pd
aBM
Pm
aBM
M
n
F
Espera-se que aumentos na renda, bem como, no preço doméstico do arroz em casca
somados a uma apreciação da taxa de câmbio real, acarrete efeitos positivos sobre a
importação e o inverso ocorre no aumento do preço internacional do produto (CASTRO E
CAVALCANTI, 1997). No equilíbrio tem-se a igualdade entre importação e exportação:
ijk ikj
M
X=
(25)
Considerando que as “relações lineares não são, em geral, suficientes para todas as
aplicações econômicas” (WOOLDRIDGE, 2006, p. 41) aliado a afirmação de Nonnenberg e
82
Mendonça (1999, p. 6) que “a teoria não sugere uma forma funcional como ideal” e tendo
como objetivo estimar a elasticidade-preço de importação de arroz com casca, nesse ínterim,
introduz-se uma versão log-log da função (24) tal como:
3
12
0
t
u
d
aBM B aB aBM
Q Y Pd Pm
β
ββ
β
ε
× × ×
(26)
que, transformando em logaritmos a equação (26), tem-se:
01 2 3
d
aBM B aB aBM t
lnQ lnY lnPd lnPm u
ββ β β
=+ + + +
(27)
A opção pelo modelo log-log se deu pelo fato de as elasticidades serem fornecidas
diretamente. Sua utilização só é possível desde que os valores nas observações das variáveis
explicativas e explicadas sejam positivos
34
. Assim, o modelo torna-se conveniente na medida
em que se busca obter a elasticidade. Pois, de acordo com Hill, Griffiths e Judge (1999) a
elasticidade-preço demandada será o próprio parâmetro. Outrossim, Greene (1993, p. 238)
afirma que a forma logarítmica é a que melhor se ajusta para a demanda de importação sendo
útil em tais estudos. Ainda, ressaltando que aplicar uma transformação linear aos dados
suaviza a série e reduz sua escala eliminando possíveis problemas decorrentes quando se
trabalham com dados de grandeza elevada.
O método dos MQO será utilizado para obtenção dos parâmetros mantendo as
observações em nível. Contudo, em se tratando de séries temporais esse processo incorre em
risco. A hipótese de regressão espúria só será descartada se as séries tiverem uma relação de
longo prazo entre elas, ou seja, forem co-integradas.
A análise empírica parte da investigação das propriedades de integração e co-
integração das séries. Inicialmente, procura-se determinar a ordem de integração das
variáveis, através dos testes Dickey-Fuller Aumentado (ADF) e Phillips-Perron (PP),
utilizando-se dos valores críticos calculados fornecidos pelo software Eviews 5.0. Ainda,
verificada a ordem de integração das variáveis, resta identificar as relações de longo prazo
através dos testes de co-integração desenvolvidos por Johansen e Engle-Granger.
Em etapa posterior, espera-se que o modelo de regressão seja linear, corretamente
especificado, com ausência de multicolinearidade entre as variáveis explicativas, tenha
b
34
Para, , Chiang (1982, p. 257) complementa, afirmando que “qualquer número positivo
Y possui, necessariamente, um logaritmo único, t, na base b>1 [...] conseqüentemente, um número negativo, ou
zero, não possui logaritmo”.
log
t
b
tYY=⇔=
83
resíduo distribuído de forma normal
2
(0, )N
σ
–, parâmetros constantes e regressores fixos,
ou seja, os estimadores devem ser consistentes, eficientes e não-tendenciosos como as
tradicionais suposições sobre os erros:
()
()
()
()
22
1
0
,0,
i
ij
Eu
E u Homocedástico
.
E
u u para i j ausência de autocorrelação dos erros
σ
=
=→
=≠
Por fim, na CC salientam-se novamente as limitações/restrições para a aplicação do
modelo sob a abordagem Vineriana de mensuração dos efeitos estáticos da integração no
Mercosul. Dessa forma, a equação de CC assume que a elasticidade de exportação é infinita
por estimar apenas a equação de demanda por importações. Ainda, lembrando que existem
outros modelos, gravitacional e de equilíbrio geral, que podem ser mais eficientes a fim de
estimar tais efeitos. Contudo, sua utilização é válida por proporcionar que se captem ex post,
por exemplo, esses efeitos em um único capítulo da NCM. Por conseguinte, o emprego do
modelo de equilíbrio parcial pela ótica da elasticidade é igualmente válido na medida em que
proporciona um grande detalhamento nos resultados encontrados.
4.2.3 Cálculo do Desvio de Comércio
O desvio de comércio para dentro do Mercosul é dado a partir da equação (6).
Contudo, para facilitar o cálculo procede-se em dois passos. Primeiro, é preciso saber a
mudança nos preços relativos. No caso de uma união aduaneira, a qual reduz a tarifa para os
membros do Mercosul a zero – TEC, o preço de importação dos países do Bloco relativo ao
preço de importação de terceiros cairá proporcionalmente à redução nos gravames.
Formalmente Laird e Yeats (1986, p. 23) salientam que a mudança nos preços relativos é
especificada em termos do movimento da incidência tarifária da fonte intra e extrabloco.
Assim sendo, é definida como:
84
()
()
1
1
0
0
1
1
1
1
1
M
E
aBM
M
aBE
E
T
Pm
T
T
Pm
T
+
Δ
+
=
+
+
(28)
sendo que o subscrito
M
representa as tarifas entre os membros do Mercosul no momento
anterior e no presente
1
(
t
M
= 0) ( 1)
t
M
=
. Da mesma forma que E se remete a mesma lógica
para não-membros/terceiros. Não havendo mudança nas tarifas aplicadas a terceiros
(
)
E
t
T
,
nesse caso os membros engajam no livre comércio sem a variação . A expressão (28) se
reduz a:
E
t
T
()
()
1
0
1
1
1
M
aBM
M
aBE
Pm
T
Pm T
Δ
+
=
+
(29)
Após o cálculo da mudança de preço relativo, segue-se para o cálculo do desvio de
comércio baseado na equação (7):
)
)
()()
... /
.. /
aBM aBE a aBM aBE
i
aBM aBE aBM a aBM aBE
MMEsPP
DC
MMMEsPP
∑∑ Δ
=
∑++ Δ
(30)
Como o desvio de comércio está diretamente ligado a sensibilidade da elasticidade de
substituição e na mudança de preços relativos com a alteração para uma nova TEC
35
, na
perspectiva de que quanto menor a TEC estabelecida, mais o preço do parceiro comercial se
aproxima do vigente no mundo, minimizando, assim, o desvio de comércio e favorecendo a
concorrência.
4.2.4 Fonte e base de dados
A base de dados do presente trabalho é composta por séries mensais que datam de
janeiro de 1991 a dezembro de 2007
36
. A quantidade importada de arroz
37
em casca foi
35
Ver Kume e Piani (2003a, p. 56-64).
36
Pelo fato de em determinados meses, entre janeiro de 1989 e setembro de 1991, o Brasil não ter importado o
cereal de nenhum país, para não constarem zeros nas séries de importação e preço de importação foi necessário
tomar as séries a partir de outubro de 1991 para a estimação da elasticidade-preço.
85
coletada junto ao Sistema AliceWeb da Secretaria de Comércio Exterior do Brasil (SECEX) e
sua medida é equivalente ao número de sacas de 50 kg
38
, bem como, o preço de importação
39
.
()
t
Pm
O Produto Interno Bruto Acumulado
40
( ) foi fornecido pelo Banco Central do Brasil
(BCB) deduzido o valor mensal acumulado das importações brasileiras conforme o Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) a fim de evitar dupla contagem,
ambos na unidade padrão (milhões de dólares).
t
Y
O preço interno
41
do arroz foi cedido pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA).
Também foi medido em dólares por saca de 50 kg. A opção por variáveis em dólares (US$)
fez-se na medida em que o Brasil vivenciou uma sucessão de planos econômicos até meados
da década de 90. Ainda, todo o universo das variáveis estava expresso em moeda americana.
Dessa maneira, as séries foram deflacionadas pelo Producer Price Index (PPI) – equivalente
ao Índice de Preços no Atacado brasileiro – de fevereiro de 2008, o índice é mensalmente
publicado pelo Bureau of Labor Statistics (BLS) dos Estados Unidos.
A elasticidade de substituição adotada como proxy para o arroz em casca será retirada
de Tourinho, Kume e Pedroso (2003). Dessa forma, segundo os autores a elasticidade que
mais se aproxima do arroz em casca, conforme definido pelo IBGE, é a calculada para o item
“Beneficiamento de produtos de origem vegetal, fumo”. No caso, esse grupo não apresenta
elasticidade para o arroz em casca e sim para o arroz beneficiado. Assim sendo, o presente
trabalho toma como proxy a elasticidade do arroz beneficiado na ausência da elasticidade para
o arroz em casca.
37
A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), de acordo com o capítulo 10 – Cereais – da
Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) considera o arroz em casca a soma do capítulo que vai de
1006.10.10 a 1006.10.92 e 1006.30.11 a 1006.30.29 para o arroz beneficiado. Para o período anterior, da
vigência da Nomenclatura Brasileiras de Mercadorias (NBM), a convergência para a NCM – 1989 a 1996 – os
códigos para o arroz em casca e beneficiado correspondem a 1006.10.0100 a 1006.10.9900 e 1006.30.0100 a
1006.30.9900, respectivamente. Ainda, vale ressaltar para trabalhos futuros, que a série referente às importações
da mercadoria 1006.10.0100 a 1006.10.9900, com origem do Uruguai, o dado de setembro de 1995, segundo a
Secretaria da Receita Federal (SRF) está com o valor incorreto e superior 105.485.500 kg da realidade para o
período.
38
A opção foi feita para seguir um padrão equivalente ao peso da saca comercializada no Rio Grande do Sul
conforme especificações do IRGA e de mercado. Vale lembrar que no Estado de Mato Grosso, o arroz é
comercializado em sacas de 60 kg.
39
Para se obter o preço de importação referente a saca de 50 kg no tempo t ( ) basta coletar, além da
quantidade (
t
Pm
t
M
) – peso líquido em kg – importada, o valor total ( ) do tempo tem dólares (FOB-US$)
importados pelo Brasil. Assim: .
t
V
.
tt
VPmM=
t
40
Para o PIB foram utilizadas duas séries para os testes, uma série de PIB acumulada e, outra em valores
mensais correntes, ambos deflacionados. Contudo, mesmo que não ajustadas sazonalmente, os resultados foram
mais favoráveis para a série acumulada.
41
Os preços são referentes ao preço da saca de 50kg de arroz em casca irrigado cedidos pelo IRGA.
86
Quanto às restrições tarifárias e não-tarifárias para os cálculos da criação e desvio de
comércio uma restrição foi assumida. Assim, na medida em que é complexo estimar com
exatidão a intensidade das restrições não-tarifárias para o arroz
42
, foram utilizadas as tarifas
coletadas junto à Receita Federal (RF) e decretos do Governo publicados no Diário Oficial da
União (DOU), para o período anterior a TEC, e à Câmara de Comércio Exterior (CAMEX)
segundo histórico de boletins e resoluções publicados pela CAMEX, órgão que junto ao
MDIC passou a responder pelo controle tarifário brasileiro pós-TEC, para a variável T. No
caso do período da desgravação tarifária para os membros do Mercosul, a amplitude tarifária
utilizada seguiu a partir da aplicação do Tratado de Assunção, Anexo I. O histórico das tarifas
para terceiro está descrito na Tabela 12.
Tabela 12 – Tarifas Aduaneiras impostas pelo Brasil
ao arroz com origem de Terceiros.
Intervalo de Vigência
Início Fim
Ad-valorem
Nov. 1988 Dez. 1989 20
Jan. 1990 Jun. 1993 15
Jul. 1993 Ago. 1994 10
Set. 1994 Dez. 1994 8
Jan. 1995 Mai. 1995 10
Jun. 1995 Dez. 1995 20
Jan. 1996 Abr. 1996 10
Mai. 1996 Dez. 1999 13
Jan. 2000 Mai. 2001 15,5
Jun. 2001 Ago. 2003 13
Set. 2003 Dez. 2003 4
Jan. 2004 Dez. 2007 10
Fonte: Receita Federal (Relatório de Tarifas Aduaneiras – 1988-89), Decreto 8.085
(1989), Decreto 1.490 (1995), Decreto 1.767 (1995), Decreto 1.848 (1996), Decreto
2.376 (1997), Decreto 3.704 (2000), Decreto 2.624 (1998), Resolução CAMEX n. 16
(2001) e Resolução CAMEX n. 25 (2003).
Por fim, considerando a importância da variável câmbio, essa foi inserida
indiretamente junto à variável sendo dados coletados na base de dados do Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEAData) e referentes à Taxa de câmbio – efetiva real – IPA-
OG – exportações – índice (média 2000 = 100).
t
Pm
42
Como exemplo, no nº 4 do Boletim de Política Industrial (1998) para arroz e têxteis era condição para emissão
das guias de importação o pagamento à vista pelo importador.
5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
A análise e discussão dos resultados presentes neste capítulo estão divididas em dois
momentos conforme os objetivos propostos. Nesse sentido, em um primeiro momento será
efetuada a análise do resultado para a criação e desvio de comércio no período da desgravação
tarifária ao longo da transição para a união aduaneira a fim de inferir sobre o efeito do
Mercosul sob a ótica Vineriana das UAs. Em um segundo momento, pretende-se estimar o
total de comércio criado com a formação do Mercosul, bem como, verificar os períodos em
que mais se criou comércio e o principal país beneficiado com a formação do Bloco.
5.1 A Criação e Desvio de Comércio no Mercosul: o caso do arroz em casca
Para iniciar a análise dos resultados, antes é preciso salientar as elasticidades
utilizadas para o modelo de equilíbrio parcial. Para o caso da elasticidade-preço de demanda
de arroz brasileira foi escolhido um modelo co-integrado rodado por MQO
1
, cuja elasticidade
é muito próxima a – 2,825 de Nonnenberg e Mendonça (1999), ou seja, o Quadro 1 traz a
elasticidade-preço de – 2,956. Para o caso da elasticidade de Armington foi utilizada como
proxy a estimativa da elasticidade de substituição de Tourinho, Kume e Pedroso (2003) para o
grupo “Beneficiamento de produtos de origem vegetal, fumo”, ou seja, – 2,47.
Parâmetros Testes
Produto
Const LPd LPm LY R
r
ajust
DW F
c
(p)
Arroz
10,6021 1,4325 - 2,9560 0,1275 0,7644 2,4242 0,0000
*
(p)
0,0000
*
0,0081
*
0,0000
*
0,0427
**
* - Denota rejeição da hipótese nula com grau de 1% de significância estatística.
** - Denota rejeição da hipótese nula com grau de 5% de significância estatística.
Quadro 1 – Equação utilizada para a elasticidade-preço de importação.
De acordo com Viner (1999) o ideal almejado por uma união aduaneira é que a
criação de comércio supere o desvio para que se atinja um estágio superior de bem-estar
1
As minúcias do modelo estão descritas no APÊNDICE A (página 109).
88
econômico com a formação de uma união aduaneira. O período de transição, que aconteceu
de forma linear e crescente entre 1991 e 1994 se traduziu nos resultados dispostos na Tabela
13.
Os efeitos de criação e desvio de comércio foram se acelerando à medida que a
desgravação tarifária brasileira acontecia. Nesse sentido, a criação e desvio de comércio com
início em 1991 foram crescentes ao longo do período de transição para uma união aduaneira.
Dessa forma, de posse dos resultados para o caso do arroz na formação do Mercosul é
possível inferir que no período em análise a criação superou em grande parte o desvio de
comércio. Apenas em 1994 que os números foram próximos, contudo, a criação ainda supera
em aproximadamente US$ 5.980,44 mil dólares.
A expressividade da criação é maior em 1994, pois, seu montante responde por
24,94% do total de arroz em casca importado pelo Brasil nesse período. O ano de 1994 é o
ápice também do desvio de comércio para os países do Mercosul, pois, juntos a criação e o
desvio de comércio respondem por aproximadamente 57,80% do total importado.
Como esperado, o efeito benéfico da união aduaneira prevaleceu sobre o ônus da
discriminação tarifária. No total, com a formação do Mercosul, estima-se que tenha sido
gerado uma criação de comércio em torno de US$ 42.808 mil dólares e um desvio de US$
19.656,24 mil dólares. Juntos, os efeitos estáticos da união aduaneira do Mercosul
representam cerca de US$ 62.465 mil dólares, ou, 30,27% do valor total importado nesse
período de análise. A Tabela 13 resume as estimações do modelo de equilíbrio parcial para o
caso do arroz no Mercosul.
Tabela 13 – Comparativo entre Criação e Desvio de Comércio para o Brasil no comércio
de arroz em casca – 1991/1994 (Em mil dólares).
1991 1992 1993 1994 Total
CC
(A)
7.721,24 6.403,33 8.029,74 20.654,54
42.808,85
%(A/D)
7,97 27,48 34,34 32,86 20,74
DC
(B)
2.324.43 329,74 1.327,97 15.674,10
19.656,24
%(B/D)
2,40 1,42 5,68 24,94 9,52
Efeito Total (C)
10.045,67 6.733,07 9.357,71 36.328,64
62.465,09
%(C/D)
10,37 28,90 40,02 57,80 30,27
Total Importado
(D)
96.855,25 23.299,34 23.384,19 62.853,25
206.392,03
Fonte: Elaboração própria.
89
5.2 Criação de Comércio: a afirmação do Mercosul no Mercado brasileiro de arroz
A desgravação tarifária promovida no item arroz com a formação do Mercado
Comum do Sul variou conforme sua classificação na Nomenclatura Comum do Mercosul. O
Programa de Liberação Comercial imposto desencadeou no Capítulo 10 da NCM, e em todos
os demais capítulos, uma redução tarifária progressiva, linear e automática
2
. Assim, o padrão
do Mercosul alude para uma opção de integração e liberalização via um Regionalismo Aberto.
Regional, pois, o Tratado de Assunção concebia um Mercosul para países fronteiriços e com
restrições tarifárias para terceiros, porém, “aberto” por iniciativa de impor uma Tarifa Externa
Comum que admita uma competitividade externa. Ambos os tipos de arroz, em casca ou
beneficiado, tiveram sua proteção externa reduzida em 50%. A proteção tarifária decresceu de
um nível de 20% ad-valorem até atingir os 10% atuais para terceiros. O fluxo de arroz e o
volume de comércio criado variaram conforme se desencadeava a gradual redução tarifária.
A fim de analisar os resultados das estimações da criação de comércio opta-se por
fazê-lo isolando os efeitos sob a ótica de cinco períodos. Os períodos ou cenários,
considerando a soma da criação de comércio, são dados como:
I) período que compreende a desgravação tarifária para os membros do Bloco
(julho de 1991 a dezembro de 1994) e alteração/redução para terceiros;
II) período no qual há intenção de captar o reflexo da eliminação total das
restrições tarifárias entre os membros e da imposição de uma TEC para
terceiros até, o período final da política de câmbio fixa brasileira (janeiro de
1995 a dezembro de 1998);
III) período que capta a mudança do regime cambial
3
brasileiro e a inércia da
TEC (janeiro de 1999 a dezembro de 2001);
2
Da mesma forma que “as restrições não tarifárias ou medidas de efeito equivalente, assim como, de outras
restrições ao comércio entre os Estados Partes” – conforme o artigo 5° do Tratado de Assunção foram
igualmente removidas.
3
Nesse instante exclui-se a possibilidade de considerar os possíveis efeitos positivos do Plano Real em conta de
se captar um único efeito sob uma mudança do mesmo ao longo de seu curso. Admitindo a estabilização
econômica proporcionada pelo Real e considerando os resultados de Hoffmann (2000, 2007) e da seqüência de
pesquisas POF/IBGE (1991, 1998, 2004) o efeito renda no consumo brasileiro de arroz tem pouca influência e
está diminuindo dentro dos domicílios de alguns estratos de renda. Prioriza-se então a Política Cambial do Plano
Real. Pois, a valorização artificial da moeda brasileira entre 1994 e 1999 pode ser tida como prejudicial à
agropecuária na medida em que transfere renda da agropecuária para outros setores e reduz o preço em reais de
produtos agropecuários estrangeiros importados forçando, via concorrência, uma redução no preço em reais do
produto nacional (BACHA, 2004, p. 54). Ainda, conforme lembra Zini Jr. (1995, p. 149), contraria a lógica de
“liberalização e ajustamento” da taxa de mbio. Pois, ao reduzir a proteção tarifária, a taxa de câmbio é
apreciada não prezando preservar o equilíbrio da conta comercial e do nível de emprego. Vicente (2006) salienta
que a política de câmbio fixo afetou a balança comercial do agronegócio brasileiro, que após o fim da vigência,
90
IV) período que capta novas alterações, para baixo, da TEC no Mercosul
(janeiro 2002 até dezembro de 2004); e,
V) período em que se restabelece a inércia da TEC e de Real apreciado.
Analisando os resultados na Tabela 14, de pronto, percebe-se que a maior parte do
volume criado de comércio em função das reduções tarifárias para o arroz se concentrou mais
nos exportadores do Bloco do que em terceiros. Essa hipótese havia sido levantada, pois, boa
parte do arroz importado pelo Brasil vem do Mercosul. De fato, é verificado um potencial
maior de criação de comércio com a eliminação das tarifas, preferencialmente para aqueles
países que além de fazerem fronteira com o Brasil – que são fiéis sócios comerciais do Brasil
no mercado de arroz – Argentina, Paraguai e Uruguai. Do total criado de comércio com o
Mercosul, cerca de 76,56% foi criado entre os países do Bloco e 23,44% para terceiros.
Tabela 14 – Resultado da Criação de Comércio para o Brasil de arroz em casca –
1991/2007 (Em mil dólares).
Período CC no Mercosul (%) CC com
Terceiros
(%) CC Total (%)
I 21.112,24 7,74 21.696,61 25,99 42.808,85 10,35
II 113.410,07 41,60 27.655,91 33,13 141.065,98 34,11
III 72.729,18 26,68 12.254,71 14,68 84.983,89 27,40
IV 54.392,35 19,95 21.623,05 25,90 76.015,41 24,51
V 10.974,62 4,03 249,99 0,30 11.224,61 3,62
Soma
272.618,47
100%
83.480,26
100%
356.098,73 100%
Fonte: elaboração própria.
No período de transição para uma TEC a criação de comércio verificada para o
Mercosul mostrou-se tímida, pois, a desgravação foi progressiva e não imediata. De posse
dessa informação, a tomada de decisão dos importadores foi agir com cautela, em 1995 as
tarifas seriam nulas aliado a um real sobrevalorizado. No segundo período, em que as tarifas
para os membros já haviam sido removidas, houve um salto na criação de comércio paralelo a
um real ainda valorizado. Assim, a eliminação das restrições ao comércio intrabloco e o
câmbio apreciado acentuaram o potencial de criação de comércio desse período. O período II
representa cerca de 41,60% do total criado de comércio entre os membros e 31,85% do total
favoreceu novamente o vigor das exportações frente às importações – sem mencionar a atratividade externa para
produtos do complexo soja.
91
criado de comércio. Ainda, passado o primeiro período, era esperado que a oferta dos países
do Mercosul reagisse em resposta ao aumento da demanda brasileira (Tabela 14).
Esse feedback
4
da oferta é vislumbrado no salto de produtividade e produção de
Argentina e Uruguai. Na Argentina a produção da safra 1995/96 foi 51% superior a safra do
primeiro ano de Mercosul. No Uruguai, a produção cresceu cerca de 56% nesse mesmo
período. Já o Brasil nesse período, o setor ainda atordoado, manteve a produção praticamente
estagnada – com redução de 0,73% da produção e com uma diminuição ainda mais severa nas
duas safras seguintes.
A partir do período III, conforme Tabela 14, é perceptível a redução da criação de
comércio, na medida em que é influenciada pela apreciação do câmbio brasileiro e pelo
melhor desempenho da produtividade no Brasil – além de não haver novas alterações nas
tarifas.
Essa mesma tendência se percebe no período IV, em que o volume criado chega a
níveis inferiores ao período I, quando ainda existiam tarifas entre os membros do atual Bloco.
Dessa forma, se deduz que a produção nacional vem safra a safra avançando em eficiência.
Isto é um indício de que a produção brasileira de arroz tem grande potencial de resposta à
competitividade internacional.
Em vista disso, os períodos II e III juntos concentram cerca de 68,28% do potencial
criado com a remoção tarifária entre os membros do Bloco, enquanto para os não membros
esse percentual chega a 47,81% da criação de comércio. Os períodos II e III (1995/98 –
1999/2001) para membros e não membros concentram cerca de 63,48% do total criado dos
cinco períodos estudados. Assim, esses dois períodos podem ser apontados como uma fase
potencialmente mais aguda para a produção arrozeira no Brasil e Rio Grande do Sul.
O período II foi um período de queda acentuada de preços internos em função da
mudança de política comercial e de câmbio desfavorável para todo o agronegócio brasileiro –
além de outros fatores que afetam/afetaram também a competitividade do mercado de arroz
brasileiro. O período II pode ser apontado como o ápice do comércio criado com a total
remoção tarifária entre os países do Mercosul e uma tarifa externa comum 50% menor. A
repercussão desse período para o Rio Grande do Sul pode ser considerada grande, pelo fato de
4
Segundo Simon (1977) a decisão compreende três fases principais, as quais são indivisíveis e complementares,
estando também envolvidas por um constante feedback. Dentre as fases, vale lembrar que a primeira seria a
inteligência/investigação que compreende a análise da conjuntura, a segunda é tida como a fase de
concepção/desenho, que consiste em analisar os cursos da ação. Por fim, a terceira fase é a escolha, a qual
determina a linha de ação dentro das alternativas possíveis.
92
uma associação de agricultores gaúchos
5
ter impetrado, contra a União, uma Ação Cautelar
no ano de 2000 que pedia a suspensão de importações, ou mesmo, a imposição de cotas para
os membros do Mercosul.
Os períodos III e IV podem ser entendidos de duas maneiras que juntas explicam o
comportamento do efeito de criação de comércio para os membros do Mercosul:
a) As mudanças advindas da alteração na política comercial apresentam um
feedback para se acomodar e diluir os efeitos da união aduaneira, assim
como, a produção necessita de um tempo para se ajustar à mudança de
realidade entre o período I e II. Então, inicialmente existe um salto das
importações impulsionado pela alteração/eliminação das tarifas, alavancado
pela âncora cambial do Plano Real. Passado o efeito inicial, o potencial de
criação de comércio mostrou uma tendência de queda nos períodos
posteriores ao ápice no período II em função de o efeito se concentrar mais
no período em que são verificadas alterações nas barreiras tarifárias; e,
b) Como salientado anteriormente, a produção brasileira de arroz precisou
encontrar alternativas para superar a conjuntura desfavorável do período II.
Essa superação aconteceu baseada no aumento da eficiência produtiva.
Assim, a evolução da produção, observada desde a criação do Mercosul
coaduna com a acomodação na criação de comércio gerada intrabloco pós
fase aguda. Entre 1990/91 e 2006/07 o Brasil reduziu a área destinada ao
arroz em 29,87% aliado a um aumento de produção de cerca de 13,20%.
A dinâmica do comportamento da criação de comércio para terceiros seguiu um
padrão semelhante quanto aos períodos e a concentração do efeito criação de comércio. O
segundo período tem uma parcela considerável gerada pela redução das tarifas de 20% para
uma TEC de 10%. Assim como o período II favoreceu a criação de comércio entre os
membros, para terceiros, o período II concentrou cerca de 33,13% do que se criou de
comércio externamente. Mas como observado a criação de comércio favoreceu mais os países
do Bloco, pois, os valores de criação com terceiros representam cerca de 30,62% do que foi
criado entre os membros.
5
Para elucidação, reuniram-se a Associação dos Arrozeiros de Jaguarão, Associação dos Arrozeiros de
Caçapava do Sul, Sindicato Rural de Cachoeira do Sul, Sindicato Rural de Barra do Quaraí, Sindicato Rural de
Candelária, Sindicato Rural de Cacequi, Sindicato Rural de São Gabriel, Sindicato Rural de Jaguarão, Sindicato
Rural de Agudo, Sindicato Rural de Santa Vitória do Palmar, Sindicato Rural de Tapes, Sindicato dos
Empregadores Rurais de Dom Pedrito e Sindicato Rural de Uruguaiana.
93
Do segundo para o terceiro período averigua-se uma queda acentuada do potencial de
criação de comércio com terceiros. Contudo, na passagem do período III para o IV, a redução
do volume não segue em uma tendência decrescente como no caso do Mercosul. Essa
diferença de comportamento ocorre em função de novas alterações nos gravames externos do
Brasil pela Câmara de Comércio Exterior (CAMEX). Essas intervenções dessa instituição
foram motivadas pela iminência de desabastecimento.
Dessa forma, houve aumento de 76,46% do potencial de comércio criado com
terceiros no período IV. A dinâmica dessa criação acabou sendo semelhante entre os membros
do Mercosul e terceiros na medida em que quando os gravames são alterados, para baixo,
acarreta uma potencialização do volume de comércio a ser criado. Assim, enquanto para o
Mercosul o período IV caiu 79,82%, para terceiros a alteração promovida nesse período,
elevou a criação a patamares superiores ao período anterior.
Por fim, o quinto período, passado os efeitos das mudanças tarifárias, traduz a
acomodação das importações de terceiros. Sem mais alterações nas tarifas e com a
normalização da produção no Mercosul – incluindo Argentina, Brasil e Uruguai, as
importações e o potencial de criação de comércio tendem a diminuir. De fato, do IV para o V
período o comércio criado caiu bruscamente. O que se criou de comércio no período V foi
cerca de 98,38% inferior ao que se criou no período anterior – de alterações promovidas pela
CAMEX.
Assim, do ponto de vista agregado, cerca de 39,61% de comércio criado de arroz em
casca com o Mercosul se concentra no período II e a tônica da interpretação do agregado é
semelhante a do Mercosul. Pois, dos US$ 356.098,73 mil dólares criados com o comércio de
arroz, cerca de 76,56% se criou no interior do Bloco. Então, o período que mais potencializou
essa criação, foi sem dúvida, o momento em que as tarifas foram zeradas intrabloco e
reduzidas para terceiros entre o segundo e terceiro período. Posterior a isso, o volume
paulatinamente arrefece ao longo do período, considerando o fluxo intrabloco. De forma mais
severa, o período V foi quando menos se criou comércio em função da adaptação do setor
nacional à realidade imposta pelo Mercosul.
O efeito criação de comércio distribuído entre os países manteve padrão diferenciado
entre os períodos analisados. No caso da Argentina, que respondeu por aproximadamente
36,84% do comércio criado no Mercosul, com um potencial de criação concentrado no
período III. Esse período é muito representativo e responde por volta de 44,25% do que foi
criado de comércio de arroz com a Argentina. No período subseqüente, ocorre o já referido
94
arrefecimento do potencial de criação de comércio. Finalmente, o período V é o período onde
se verifica o menor potencial de criação de comércio.
No caso do Uruguai, segundo maior beneficiado segundo a Tabela 15, foi observado a
criação total de comércio de US$ 101.761,81 mil dólares, ou 28,58% do total criado no
Mercosul. O período em que mais se criou comércio, diferentemente da Argentina, foi o
segundo. O período II responde por cerca de 52,07% do total de comércio criado no Uruguai.
No período III ocorre uma queda brusca (80,29%) do potencial de criação de comércio.
Durante o terceiro período o Uruguai – que manteve a maior parcela do mercado
brasileiro ao longo do período II – dá lugar à Argentina que assume a posição de maior
fornecedora de arroz para o Brasil. Esse fato coaduna com os resultados supra-expostos, ou
seja, o período II foi quando mais se criou comércio no Uruguai e que foi superado pela
Argentina no seguinte. O período IV foi um momento de recuperação das exportações
uruguaias e o potencial de comércio criado ultrapassou novamente a Argentina. Contudo,
assim como na Argentina, a criação de comércio despencou no quinto período (Tabela 15).
Tabela 15 – Resultado da Criação de Comércio para o Brasil de arroz em casca por
membros do Mercosul – 1991/2007 (Em mil dólares).
Período
I II III IV V Total
Argentina 10.312,52 41.367,18 58.061,96 19.954,61 1.505,61
131.201,88
(%)
7,86 31,53 44,25 15,21 1,15 100,00
Paraguai 1.692,17 19.050,50 4.221,71 6.108,13 8.582,27
39.654,78
(%)
4,27 48,04 10,65 15,40 21,64 100,00
Uruguai 9.107,55 52.992,40 10.445,51 28.329,61 886,74
101.761,81
(%)
8,95 52,07 10,26 27,84 0,87 100,00
Mercosul 21.112,24 113.410,07 72.729,18 54.392,35 10.974,62
272.618,47
Externa 21.696,61 27.655,91 12.254,71 21.623,05 249,99
83.480,26
Total
42.808,85 141.065,98 84.983,89 76.015,41 11.224,61 356.098,73
Fonte: Elaboração própria.
O Paraguai, dentre os países do Mercosul, foi o que menos se beneficiou com a
desgravação tarifária promovida pelo Mercosul. Seus valores totais respondem por apenas
11,14% do total de comércio criado no Mercosul. Assim como no caso uruguaio, foi ao longo
do período II que mais se criou comércio. Contudo, o comportamento dos períodos
subseqüentes, mesmo que também apresente quedas em relação ao pico de comércio criado,
foi diferenciado. Ao invés de queda acentuada do IV para o V, verificou-se uma nova alta de
(40,51%). Esse é um sinal de reação da produção paraguaia que tem ganhado uma parcela no
mercado de arroz brasileiro. O comportamento da criação de comércio nos países do
Mercosul pode ser confirmado com os dados da Tabela 15.
6 CONCLUSÕES
Na formação do Mercosul, o risco de desvio de comércio era grande em função da alta
proteção dos países do Bloco. Assim, uma primeira crítica levantada contra acordos regionais
e, no caso, o Mercosul, foi de que o Bloco podia ser um desviador e não um criador de
comércio. No caso do arroz, essa hipótese existia em função de o Brasil depender, também, do
arroz dos Estados Unidos. Contudo, como as importações brasileiras estão historicamente
ligadas a Argentina e Uruguai esse efeito seria atenuado.
Também, é válido ressaltar que os valores encontrados, tanto para a criação quanto
para o desvio de comércio, são valores potenciais, não estando assim diretamente
relacionados com as modificações ocorridas nas importações brasileiras de arroz em casca a
partir do ano de 1991. Pois, os valores encontrados dependem diretamente dos valores das
importações correntes de um determinado ano, da magnitude da elasticidade-preço da
demanda de importação brasileira, da elasticidade de substituição e da variação das tarifas
aduaneiras do setor.
Sob a ótica do arroz em casca essa hipótese foi descartada ao se verificar que o
potencial de criação de comércio entre 1991-1994 foi superior ao desvio causado. Nesse
sentido, o efeito total estimado da união aduaneira do Mercosul para o comércio de arroz foi
de US$ 62.465,09 mil dólares. Desse total, cerca de 68,53% são oriundos da criação de
comércio e os US$ 19.656,24 mil dólares (31,47% do total do efeito líquido) restantes
respondem pelo que foi desviado para o interior do Mercosul. Esses resultados conferem ao
Mercosul um caráter positivo e criador de comércio para o setor de arroz.
Ainda é possível concluir que existe uma correlação forte entre o método de cultivo
irrigado e o volume de produção. Argentina, Uruguai e o Sul do Brasil, em especial, o Rio
Grande do Sul, são regiões predominantemente de cultivo irrigado, que apresentam os
maiores índices de produtividade do Mercosul. Nesse sentido, o potencial do aumento de
importação de arroz pelo Brasil, em função da desgravação tarifária, ocorreu na Argentina e
Uruguai, confirmando a posição de players no mercado brasileiro.
Na análise do efeito de criação de comércio efetuada sob a forma de períodos, a
criação de comércio no Mercosul, na casa de US$ 272.618,47 mil dólares, foi superior ao
volume criado com terceiros (US$ 83.480,26 mil dólares). E se concentrou nos primeiros
períodos, os quais se verificam as maiores magnitudes das alterações tarifárias. Os valores de
criação de comércio crescem ao longo do primeiro e segundo períodos e, posteriormente,
96
decrescerem, paulatinamente, na medida em que a produção brasileira é estimulada a
responder com aumentos de produtividade repercutindo da diminuição desse efeito.
Desse potencial criado no interior do Mercosul, é possível apontar a Argentina e o
Uruguai como os principais beneficiados com a alteração da política de importação brasileira
para o arroz em casca em decorrência da criação do Mercosul. Na Argentina, o efeito de
criação de comércio respondeu por 36,84% do total criado ao longo dos cinco períodos
analisados. No Uruguai, esse mesmo efeito é também positivo, porém com menor magnitude,
mas substancialmente representativo os 28,58% que se criou de comércio no Uruguai.
Em menor escala ficou beneficiado com a abertura do mercado brasileiro de arroz o
Paraguai. Que por sua falta de características e especialização na produção de arroz não
conseguiu se beneficiar em igual grau aos demais parceiros brasileiros do Bloco. Nesse
sentido, o Paraguai foi responsável por cerca de 11,14% do total de comércio criado com a
formação do Mercosul.
Os ganhos relacionados a terceiros mantiveram um padrão semelhante e se
concentram no II e IV períodos. Para terceiros, em especial os Estados Unidos, verificou-se
que com as constantes alterações de tarifa para terceiros repercutiram nas importações, ou
seja, demonstram alta sensibilidade com que as importações brasileiras de arroz respondem a
alterações das políticas de importação. Nesse sentido, os US$ 83.480,26 mil dólares de
potencial de comércio criado ao longo dos cinco períodos representam cerca de 23,44% do
total criado e apenas 30,62% do que se criou com os membros do Bloco.
Por fim, de posse dos resultados é possível inferir sobre futuras alterações da TEC
para o setor e seus efeitos sobre os fluxos de comércio além de ser possível vislumbrar que
novas alterações da TEC – para baixo – podem se traduzir em aumentos de importação de
arroz dessas terceiras fontes, principalmente, dos Estados Unidos. Ainda, como sugestão de
trabalhos futuros, recomenda-se uma aplicação do mecanismo de correção de erros (MEC)
nesse modelo de demanda por arroz para o Brasil, em função de as séries serem co-integradas,
bem como, a estimação da elasticidade-preço para o arroz beneficiado que vem crescendo na
pauta de importação brasileira.
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108
APÊNDICE
109
APÊNDICE A – Descrição da abordagem econométrica do modelo utilizado
Essa seção se dedica a discutir e descrever o modelo de Mínimos Quadrados
Ordinários (MQO) utilizado para estimar a elasticidade-preço de importação brasileira de
arroz do Mercosul. Nesse sentido, este desenvolvimento foi deslocado para o Apêndice A,
contudo, a qualidade da discussão do modelo não foi relaxada.
A Figura 9 descreve o comportamento das séries utilizadas em logaritmo natural
1
para inferir sobre a estacionariedade dessas por meio de uma inspeção visual. Em LQ, para o
período compreendido entre 1991 e 1999, se percebe uma clara tendência de aumento das
importações de arroz com origem do Mercosul. De fato, essa tendência de alta se justifica ao
ponto que nesse espaço temporal, está contido o período de desgravação tarifária aplicado aos
países membros do Bloco e câmbio apreciado. No caso do arroz, em que o Brasil é um fiel
importador da Argentina e Uruguai, o efeito imediato esperado da união aduaneira, nessas
circunstâncias, seria de uma elevação na quantidade importada em função da eliminação
tarifária entre esses reduziria o preço relativo.
No período seguinte, paulatinamente esse padrão altista de importações começa a
arrefecer e variar conforme a demanda nacional após (re)ajuste do quadro de demanda e
oferta interna. Segundo o IRGA (2008) a partir desse período a produção nacional atinge
níveis de produtividade próximos aos membros do Mercosul se aproximando da quase
autonomia do cereal.
Em LPd, percebe-se uma tendência de baixa nos preços domésticos para o período. Os
preços pagos ao produtor mostraram uma persistente tendência de queda após o Mercosul. A
maior concorrência e competitividade do arroz platino se traduziram em pressão sobre os
preços internos, anteriormente protegidos, que se estenderam até o consumidor. Essa situação
tem sido determinante na motivação de intervenção do Estado sob forma de políticas
2
específicas para o setor, bem como, o produtor buscar reduzir custos e maximizar a utilidade
de insumos e terra. Como reflexo verificaram-se elevadas taxas de crescimento nas últimas
décadas da produção brasileira, principalmente no Estado do Rio Grande do Sul.
Em LPm, a série aparenta uma tendência muito semelhante a LPd. No cenário externo,
a produtividade também vem aumentando e, consequentemente a produção. O arroz, no
e
1
De acordo com Chiang (1982) um logaritmo de base e é chamado de logaritmo natural, tal que:
em que .
log
t
e
tXX=⇔=
2,71828...e =
2
Para um detalhamento maior das políticas Governamentais voltadas para setor ver Einloft (2006) e Oliveira
(2007).
110
cenário internacional igualmente vem em uma curva de preços decrescentes ao longo dos
últimos anos USDA (2008). Fato que se verifica também no preço de importação do cereal
para o Brasil.
Por fim, a série de LY não deixa clara sua tendência por ser uma série acumulada e
com presença de sazonalidade implícita. Mas, na forma corrente a série tem clara tendência de
alta que se acelera concomitante a abertura comercial mundial e do Brasil. De fato, ainda não
é possível inferir sobre essa série até que se teste a hipótese de raiz unitária.
8
9
10
11
12
13
14
15
1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006
LQ
14
15
16
17
18
19
1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006
LY
1.8
2.0
2.2
2.4
2.6
2.8
3.0
3.2
1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006
LPd
2.0
2.4
2.8
3.2
3.6
4.0
1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006
LPm
Figura 9 – Comportamento do logaritmo da série de Quantidade de arroz em
casca importado do Mercosul (LQ), Renda Real (LY), Preço
Doméstico (LPd) e Preço de Importação (LPm) – set/1991 até
dez/2007.
Com base na Figura 10, que traz o diagrama de dispersão das séries, fica claro a
presença de autocorrelação em ambas as séries indicando um padrão de tendência. Em todas
as séries pôde se verificar que as médias não são constantes ao longo do tempo, bem como,
suas variâncias. Além de inferir sobre a tendência da série inspecionou-se as Funções de
Autocorrelação (FACs) e Função de Autocorrelação Parcial (FACPs) das mesmas.
111
8
9
10
11
12
13
14
15
8 9 10 11 12 13 14 15
LQ
LQ(-1)
14
15
16
17
18
19
14 15 16 17 18 19
LY
LY(-1)
1.8
2.0
2.2
2.4
2.6
2.8
3.0
3.2
1.8 2.0 2.2 2.4 2.6 2.8 3.0 3.2
LPd
LPd(-1)
2.0
2.4
2.8
3.2
3.6
4.0
2.0 2.4 2.8 3.2 3.6 4.0
LPm
LPm(-1)
Figura 10 – Diagrama de dispersão da série de Quantidade de arroz em casca
importado do Mercosul (LQ), Renda Real (LY), Preço Doméstico
(LPd) e Preço de Importação (LPm) – set/1991 até dez/2007.
No Quadro 2, estão dispostas a FAC e FACP para a série LQ
3
, bem como suas
representações gráficas – correlograma. Seguindo uma distribuição normal padrão, com
intervalo de confiança de 95% para qualquer
k
ρ
, percebe-se que os lags da FAC são
significativos e diferentes de zero por estarem fora do intervalo de confiança
4
. Aliado a isso, a
FAC diminui muito lentamente ao longo dos 20 lags. De outro modo, a FACP apresente um
único lag significativo na primeira defasagem que diminui drasticamente tornando todas as
FACPs depois da defasagem 1 estatisticamente insignificantes. Conforme Gujarati (2000, p.
721) esse tipo de padrão é geralmente um indicador de não estacionariedade da variável. O
mesmo padrão pôde ser verificado nos correlogramas em anexo de LY, LPd e LPm).
3
No ANEXO B (página 129) estão as FACs e FACPs para as demais variáveis envolvidas no modelo.
4
O interalo de confiança está representado pelas linhas pontilhadas do correlograma.
112
FAC FACP FAC FACP Q-Stat Prob
1 0.833 0.833 137.34 0.000
2 0.732 0.127 244.10 0.000
3 0.634 -0.013 324.60 0.000
4 0.589 0.124 394.32 0.000
5 0.502 -0.107 445.22 0.000
6 0.455 0.056 487.28 0.000
7 0.417 0.052 522.75 0.000
8 0.418 0.107 558.69 0.000
9 0.411 0.056 593.53 0.000
10 0.405 0.018 627.59 0.000
11 0.434 0.163 666.88 0.000
12 0.432 -0.036 706.05 0.000
13 0.413 -0.033 742.10 0.000
14 0.353 -0.117 768.53 0.000
15 0.338 0.058 792.88 0.000
16 0.335 0.099 816.94 0.000
17 0.330 0.007 840.44 0.000
18 0.275 -0.107 856.89 0.000
19 0.250 -0.020 870.53 0.000
20 0.246 0.052 883.80 0.000
Quadro 2 – Correlograma de LQ.
Ainda, sob a ótica do conjunto das variáveis, é preciso que se formalize mais alguns
conceitos no campo das séries temporais. Nesse sentido, segundo Enders (2004, p. 171) “a
pressuposição do modelo clássico de regressão necessita que ambas as variáveis envolvidas
sejam estacionárias e possuam um vetor de erros com média zero, variância constante” e não-
autocorrelacionado. A presença de variáveis não-estacionárias no modelo se traduz em uma
violação dessa condição que é chamada de regressão espúria (GRANGER E NEWBOLD,
1974). Granger e Newbold (1974) sugerem que essas variáveis sejam examinadas através da
estimação de um caminho aleatório
5
partindo de
01tt
yaaze=+ +
t
(31)
generalizando em duas seqüências pelas fórmulas
5
Segundo Gujarati (2000, p. 725) o caminho aleatório é um exemplo de uma série temporal não-estacionária,
que se compara ao modo de andar de uma pessoa embriagada.
113
1tt
yy
yt
ρ
ε
=+
(32)
e
1tt
zz
zt
ρ
ε
=+
(33)
onde
yt
ε
e
zt
ε
são um processo ruído branco, ou seja, não-autocorrelacionados e
independente. Rearranjando em
()
1
1
1
tt
tt
yy
y
t
ρ
ε
δε
Δ= +
=+
(34)
em que
(1)
δρ
=−
e representam o operador primeira diferença que segue um esquema
auto-regressivo de primeira ordem, representado por AR (1), sob condição de que
Δ
1
ρ
<
para
que o processo AR não possua característica “explosiva”. Se
1
ρ
=
, entende-se que a variável
y tem raiz unitária. Dessa forma, tem-se como hipótese nula
0
:H 0
δ
=
contra
1
:0H
δ
<
.
A aceitação da hipótese nula indica a presença de raiz unitária e, portanto, se está
diante de uma série não-estacionária. Assim, uma série temporal na primeira diferença
6
se
torna estacionária, a série original (com caminho aleatório) é tida como integrada de ordem 1
e definida por I (1). Dessa forma, a ordem de integração de uma variável diz respeito ao
número de vezes que a série tem que ser diferenciada para que se torne estacionária
(ENDERS, 2004, p. 164).
Até o momento assume-se que as séries em questão possuem tendência e mostraram-
se não-estacionárias ao longo do período. Contudo, resta determinar se a tendência é do tipo
determinista ou estocástica. Os resultados dos testes
7
de Dickey-Fuller Aumentado
8
(ADF)
para raiz unitária são apresentados na Tabela 16, a seguir. O número de defasagens a fim de
6
A primeira diferença de uma série temporal é dada por:
1ttt
y
yy
Δ
=− .
7
Os testes realizados seguem a seqüência sugerida por Enders (2004, p. 213).
8
Além do teste ADF utilizou-se também o teste de Phillips Perron (PP). Para uma revisão de literatura dos testes
ver Dickey e Fuller (1979), Phillips e Perron (1988) e Enders (2004). A interpretação de ambos os testes foi
satisfatória na medida que LQ as interpretações foram conflitantes. Contudo, tendo por base a maior robustez do
teste ADF, por acrescentar as defasagens no modelo auto-regressivo, assumiu-se esse como cerne na tomada de
decisão em classificar as séries com ou sem raiz unitária mesmo sob hipótese da ocorrência de um erro do tipo 2.
114
preservar a parcimônia do modelo auto-regressivo foi escolhido de acordo com os critérios de
Akaike Info Criterion (AIC) e Schwarz Info Criterion (SIC).
Tabela 16 – Resultados dos Testes de raiz Unitária.
t-ADF (ct)
P
AIC SIC Defasagens
LQ
-3,3359 0,0636 1,5705 1,6757 3
DLQ
-7,2968 0,0000 1,5042 1,7100 9
t-ADF (c)
p
AIC SIC Defasagens
-3,2222 0,0202 1,5724 1,6576 3
-7,1499 0,0000 1,5014 1,6936 9
t-ADF
p
AIC SIC Defasagens
-0,0724 0,6574 1,5014 1,6936 10
-7,1785 0,0000 1,4905 1,6653 9
t-ADF (ct)
p
AIC SIC Defasagens
LY
-2,2334 0,4679 -2,8774 -2,6134 12
DLY
-2,1189 0,5314 -2,8589 -2,6125 11
D2LY
-172,8883 0,0001 -3,8235 -2,6147 10
t-ADF (c)
p
AIC SIC Defasagens
-2,1776 0,2153 -2,8866 -2,6402 12
-2,1199 0,2372 -2,8698 -2,6409 11
-173,4574 0,0001 -2,8545 -2,6433 10
t-ADF
p
AIC SIC Defasagens
-0,0724 0,6574 1,5014 1,6936 10
-7,1785 0,0000 1,4905 1,6653 9
-173,9240 0,0001 -2,8649 -2,6713 10
t-ADF (ct)
p
AIC SIC Defasagens
LPd
-2,9998 0.1350 -2,2724 -2,2048 1
DLPd
-9,3797 0,0000 -2,2487 -2,1808 1
t-ADF (c)
p
AIC SIC Defasagens
-2,7645 0,0654 -2,2743 -2-2236 1
-9,4046 0,0000 -2,2584 -2,2075 1
t-ADF
p
AIC SIC Defasagens
-0,4041 0,5370 -2,2592 -2,2083 2
-9,4304 0,0000 -2,2687 -2,2348 1
t-ADF (ct)
p
AIC SIC Defasagens
LPm
-3,5917 0,0331 -2,1045 -2,0367 1
DLPm
-10,9283 0,0000 -2,0751 -2,0073 1
t-ADF (c)
p
AIC SIC Defasagens
-2,9002 0,0472 -2,1126 -2,0448 2
-10,8688 0,0000 -2,0792 -2,0283 1
t-ADF
p
AIC SIC Defasagens
-1,3627 0,1602 -2,0834 -2,0325 2
-10,8179 0,0000 -2,0840 -2,0501 1
(ct) – presença da variável tendência e constante no teste; (c) – com constante.
Fonte: Elaboração própria.
De acordo com a Tabela 16, conclui-se que praticamente todas as variáveis na forma
logarítmica são não-estacionárias em nível com ou sem inclusão da constante, ou seja,
denotando um padrão I (1) – exceto pela variável LY que é integrada
9
de ordem 2 – e
9
Ehlers (2005, p. 6) salienta que para dados com características sazonais, como é o caso da variável LY, são
necessárias duas diferenças para induzir a estacionariedade aproximada. A operação da segunda diferença é dada
por:
.
2
12
2
tt t t
yy y y
−−
Δ= +
115
estacionárias na primeira diferença. Nesse sentido a Tabela 17 resume o resultado para a
ordem de integração das variáveis utilizadas no modelo.
Tabela 17 – Ordem de integração das variáveis
utilizadas no modelo
Variáveis Ordem de Integração
LQ
1
LY
2
LPd
1
LPm
1
Fonte: Elaboração própria.
Para descartar a idéia de regressão espúria e poder estimar por MQO a função passa-se
a análise de co-integração. Para isso, entende-se que séries co-integradas são aquelas séries de
mesma ordem de integração que no longo prazo caminham “na mesma onda” (GUJARATI,
2000, p. 732). Em outras palavras, é possível que séries de mesma ordem de integração
possuam uma combinação linear estacionária, ou seja, co-integradas e com resíduo
estacionário de ordem I (0). Existindo essa relação de longo prazo no grupo de variáveis, o
modelo co-integrado é denotado por CI (
d, b), para d indicando a ordem de integração das
variáveis do modelo e b é o número de vetores de co-integração presente na relação.
Entretanto, Enders (2004, p. 323) salienta que é possível encontrar uma relação de equilíbrio
entre grupos de variáveis que são integradas de diferentes ordens, nesse sentido, o autor
sugere a denominação da ocorrência de multi-co-integração.
Para descartar a hipótese de regressão espúria advindo do relacionamento entre as
variáveis, Enders (2004, p, 362) sugere o teste de Johansen que testa a existência de vetores
de co-integração entre o grupo de variáveis do estudo. O teste de Johansen
10
é dividido em
etapas: a) verifica-se a presença de raiz unitária nas variáveis e a ordem de integração; b)
estima-se o modelo co-integrado e determina-se o número de vetores co-integrados; e c)
identifica-se a ordem do modelo co-integrado.
Os pacotes estatísticos de hoje facilitam a obtenção das estatísticas sugeridas por
Johansen para verificar se as séries são ou não co-integradas. A primeira estatística
(Estatística do Traço) testa a hipótese nula de que as variáveis são não co-integradas contra a
alternativa da hipótese de um ou mais vetores de co-integração. Se a hipótese nula for
rejeitada, automaticamente é aceito que as variáveis possuem pelo menos um vetor de co-
10
Para um maior detalhamento dos testes ver Johansen (1988) e Enders (2004, p. 362-366).
116
integração. Nesse sentido, repete-se o teste para uma hipótese nula de um vetor de co-
integração contra a existência de dois ou mais vetores, e assim, sucessivamente. A última
estatística (Estatística do Máximo Autovalor) testa a hipótese nula de que o número de vetores
de co-integração é nulo, contra a hipótese alternativa de que o número de vetores é 1. Os
valores críticos de l
trace
e l
ma
x podem ser obtidos em MacKinnon, Haug e Michelis (1999).
Geralmente, adota-se apenas uma das estatísticas anteriormente descritas. A Tabela 18 traz os
dados referentes aos testes do traço e do máximo autovalor.
Tabela 18 – Teste de co-integração de Johansen.
Máximo Autovalor Traço
Variáveis
0
h
1
h
Estatística V.C. 95%
p
Estatística V.C. 95%
p
Posto
r0** r>1 53,0233 32,1183 0,0000 96,1802 63,8761 0,0001 r=0
Variáveis do
r1** r>2 27,9977 25,8232 0,0255 43,1569 42,9153 0,0473 r=1
modelo*
r2 r>3 9,3913 19,3870 0,6837 15,1591 25,8721 0,5615 r=2
r3 r>4 5,7678 12,5180 0,4903 12,5179 12,5180 0,4903 r=3
* - Teste de co-integração com interceptos restritos e com tendência no VAR, 190 observações de março de 1992 a dezembro de 2007
fornecido pelo Eviews 5.0.
** - Denota rejeição da hipótese nula com um grau de 5% de significância estatística.
De pronto, assumindo a presença de tendência para o teste de co-integração, percebe-
se a rejeição da hipótese para não co-integração entre o grupo de variáveis, aceitando-se e
a existência de pelo menos um vetor de co-integração. Novamente, testando a hipótese nula,
agora de pelo menos um vetor de co-integração contra a hipótese alternativa de até dois
vetores de co-integração, rejeita-se para um vetor de co-integração entre as variáveis que
compõem o grupo. Ainda, em um terceiro momento, é aceita a hipótese nula que atesta a
presença de dois vetores de co-integração. Tal conclusão coaduna com a que se chegou em
testar Engle-Granger
1
h
0
h
11
(1987), ou seja, de que o erro é estacionário de média zero e variância
constante e, nessas condições, descartando a hipótese de regressão espúria.
Ainda antes de passar a analisar os resultados da análise de variância e os testes “t”
para os parâmetros é necessário descartar, também, a hipótese de multicolinearidade
imperfeita – imperfeita porque existe a inversa de
|
4 190 190 4
XX
×
×
–, autocorrelação e condição
de homoscedasticidade do erro. Na multicolinearidade mesmo que os estimadores continuem
11
Engle e Granger (1987) a fim de verificar a hipótese de co-integração sugerem rodar o resíduo da regressão
por MQO por um modelo AR (1), ou seja, testando
1
1
tt
t
uae
ε
Δ
=+
. A rejeição da hipótese nula com
1
0a
=
implica que o grupo de variáveis do modelo são co-integradas por exibirem um resíduo estacionário em um
comportamento de longo prazo. No caso do presente modelo a hipótese nula foi rejeitada com um grau de 1% de
significância ao exibir ump” de 0,00000. Para um maior detalhamento dessa metodologia ver Enders (2004, p.
235-238).
117
best linear unbiased estimator (BLUE), esta afeta a variância gerando estimadores não muito
precisos, na medida em que, gera maiores desvios-padrão. Um sinal de sua presença pode ser
a ocorrência de sinais contrários ao que se espera pela teoria para os estimadores.
Conforme Pindyck e Rubinfeld (1999) a variação do preço pode ocasionar um
consumo de maior/menor quantidade de mercadoria. Em outras palavras, os coeficientes LPd
e o LY devem possuir sinais positivos, contudo, o LPm deve exibir sinal negativo. Junto a
equação obtida por MQO que segue, encontram-se os desvios-padrão (dp), a estatística de
Durbin Watson (DW), o Coeficiente de Determinação Ajustado (
2
R
), os valores para “t” de
Student dos regressores, “F” de Snedecor do modelo em forma de p. Sendo p definido como
“o mais baixo nível de significância com o qual a hipótese nula pode ser rejeitada”
(GUJARATI, 2000, p. 122).
Ainda, levanta-se a hipótese da presença de heteroscedasticidade. Pois, uma alteração
da variância leva a intervalos de confiança e os testes de hipóteses que se utilizam desses
desvios-padrão podem ser enganosos. Do ponto de vista da multicolinearidade imperfeita, um
indicativo segundo Gujarati (2000, p. 334) seria um alto
2
R
e poucas razões “t” significativas,
ou, existindo uma forte correlação entre as variáveis que não 1, pois seria um caso de
multicolinearidade perfeita. Uma regra empírica é que o coeficiente de correlação entre duas
variáveis explicativas não seja superior a 0,9 em valor absoluto (HILL, GRIFFITHS E
JUDGE, 1999, p. 381). A Tabela 19 tem os resultados para a correlação simples entre as
variáveis explicativas, como se nota, nenhum resultado extrapola o postulado de Hill,
Griffiths e Judge (1999).
Tabela 19 – Matriz de Correlação entre as variáveis utilizadas.
LQ LY LPd LPm
LQ
1,000000 0,065395 0,009776 -0,125268
LY
0,065395 1,000000 0,113311 -0,042328
LPd
0,009776 0,113311 1,000000 0,836135
LPm
-0,125268 -0,042328 0,836135 1,000000
Fonte: Elaboração própria.
Ainda, para estar certo da ausência da multicolinearidade imperfeita Gujarati (2000, p.
337) sugere o fator inflação da variância ( ). Então, para um modelo de k variáveis – Y,
intercepto/constante e (K – 1) regressores –, a variância de um coeficiente de regressão parcial
pode ser expressa como:
j
FIV
118
()
22
22 2
1
var . .
1
j
j
jj j
FIV
xR x
σσ
β
⎛⎞
==
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
∑∑
(35)
em que
j
β
é o coeficiente de regressão (parcial) do regressor
j
X
,
2
j
R
é o
2
R
na regressão
(auxiliar) de
j
X
sobre os demais (K – 2) regressores e é o fator inflação da variância.
“À medida que
j
FIV
2
j
R
aumenta em direção à unidade, ou seja, conforme aumenta a colinearidade
de
j
X
com os outros regressores, o FIV também aumenta e, no limite, pode ser infinito”
(GUJARATI, 2000, p. 337). Ainda, Gujarati (2000) sugere que o FIV não deva exceder 10.
O FIV encontrado foi de 4,333552. Com base na correlação entre as variáveis
explicativas e valor de FIV inferior a 10, descarta-se a hipótese de multicolinearidade. Ainda,
o teste de Breusch-Godfrey (BG) rejeitou-se a hipótese nula, de ausência de autocorrelação,
com 1% de significância estatística exibindo um “p do “t” calculado de 0,000000.
Pela inspeção da Figura 11 é o termo de erro da equação (27) plotando-o em linha e
dispersão fica latente a presença de autocorrelação positiva, conforme a inspeção visual dos
gráficos aliado a estatística de Durbin (0,294575), logo está violada a suposição ausência de
autocorrelação –
t
u
(
)
0,
ij
E
uu i j=≠
.
-3
-2
-1
0
1
2
3
1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006
Erro
-3
-2
-1
0
1
2
3
-3 -2 -1 0 1 2 3
Erro
Erro(-1)
Figura 11 – Erro e Erro em função do Erro defasado – modelo sem ajustes.
119
Uma solução para correção é gerar Rho (
ρ
) através do esquema auto-regressivo de
primeira ordem:
1tt
uu
t
ρ
ε
=+
(36)
para |
ρ
| < 1 e os
t
ε
seguem as hipóteses dos MQO de valor esperado zero, variância
constante e ausência de autocorrelação, caso contrário, “
ρ
” não pode ser usado como fator de
correção dos parâmetros. Antes, gera-se um modelo a partir da equação (27) defasada, ou
seja:
111
01 2 3
ln ln ln ln
tttt
d
aBM B aB aBM t
Q Y Pd Pm u
ββ β β
−−1
1
=+ + + +
(37)
Multiplica-se ambos os lados de (37) pelo escalar “
ρ
” gerado em (36):
111
01 2 3
ln ln ln ln
tttt
d
aBM B aB aBM t
QYPdPm
ρρβρβρβ ρβ
−−1
1
u
ρ
=+ + + +
(38)
Subtraindo (27) por (38), tem-se:
()
()
(
)
()( )
()
1 1
11
011
22 3 3
ln ln 1 ln ln
ln ln ln ln
t t
tt
dd
aBM aBM B B
aB aB aBM aBM t t
QQ YY
Pd Pd Pm Pm u u
ρβρβρβ
βρβ β ρβ ρ
−−
−=+
+− + +
1
(39)
Sendo (39) agora expressa por:
** * * *
01 2 3
d
aBM B aB aBM t
lnQ lnY lnPd lnPm u
ββ β β
=+ + + + (40)
Rodando o esquema auto-regressivo de primeira ordem (36) obtém-se que
0,852471
ρ
=
.
Para inferir sob a presença de heteroscedasticidade, utilizam-se dois testes: a) White
com termos cruzados e b) White sem termos cruzados, ambos sob a hipótese nula de
homoscedasticidade dos erros. A Tabela 20 tem os resultados:
120
Tabela 20 – Resultados para o teste de White ( ). p
Com termos cruzados Sem termos cruzados
0,000020
*
F 0,002720
*
0,000052
*
2
nR
×
0,003366
*
* - Denota rejeição da hipótese nula com grau de 1% de significância estatística.
Fonte: Elaboração própria.
Ambos os testes, de White, rejeitam a hipótese nula, ou seja, foi violada a suposição
da homoscedasticidade dos erros – existe heteroscedasticidade –, o que já era de se esperar,
por se tratar de séries temporais econômicas, “as quais muitas séries de tempo são
freqüentemente representadas como não estacionárias e, em particular, não mantendo uma
média constante ao longo do tempo” (BOX, JENKINS E REINSEL, 1994, p. 7). Dessa forma,
os estimadores ainda não são BLUE. No formato de matrizes, a suposição de
homoscedasticidade era expressa como
)
|2
E
uu I
σ
=
– I sendo a matriz identidade. Em
outras palavras, a variância varia no tempo e não é constante. Sob heteroscedasticidade infere-
se , onde ômega (
()
|2
Euu
σ
Ω
) contém o padrão de heteroscedasticidade. Dessa forma,
os estimadores até aqui estimados deixam de ser BLUE por ter sido detectado uma variância
tendenciosa e inconsistente além de os testes de significância para os parâmetros não serem
válidos.
Logo, o modelo estimado AR (1) e corrigindo a heteroscedasticidade pela matriz de
covariância de White, chega-se a equação
2
19,0565 0,1275 1,4325 2,9560
(1,7974) (0,0625) (0,5354) (0,4336)
0,0000* 0,0427 ** 0,0081* 0,0000*
( ) 0,0000*
2,4242
0,7644
L
QLYLPd
dp
p
pF
DW
R
=+ +
=
=
=
LPm
(41)
* - Denota rejeição da hipótese nula com grau de 1% de significância estatística.
** - Denota rejeição da hipótese nula com grau de 5% de significância estatística.
Os testes “F” de Snedecor e “t” de Student medem a significância da regressão e dos
parâmetros respectivamente. Assim como em “F” e “t” a hipótese nula é de que o coeficiente
de regressão seja zero. Sua aceitação aponta uma conclusão de uma regressão ou o/os
121
parâmetros são não significativos. Se os valores de “t” e “F” calculados forem maiores que os
tabelados estarão na condição de rejeitar a hipótese nula e aceitar a significância dos
parâmetros e da regressão. Mas ainda, além dos “t” e “F” calculados pode se utilizar a
estatística p. Contudo, tanto para a regressão como para os parâmetros são significativos a um
grau de 5% de significância estatística. A Tabela 21 apresentadas os respectivos valores.
Tabela 21 – Resultados para os testes de significância dos parâmetros e regressão.
“t” de Student “F” de Snedecor
Estatística “t” P Estatística “F” P
C
10,6021 0,0000*
LY
2,0404 0,0427**
157,5103 0,0000*
LPd
2,6757 0,0081* Regressão
LPm
-6,8178 0,0000*
* - Denota rejeição da hipótese nula com grau de 1% de significância estatística.
** - Denota rejeição da hipótese nula com grau de 5% de significância estatística.
Fonte: Elaboração própria.
A 5% de significância a regressão é significativa, assim como, todos os parâmetros da
regressão são significativos. Por fim, falta confirmar se os resíduos do modelo seguem uma
distribuição normal –
2
(0, )N
σ
, para isto Gujarati (2000) aponta o teste de normalidade de
Jarque-Bera. Assim, a hipótese nula é de que o resíduo segue uma distribuição normal
respectivamente. O Quadro 3 apresenta os resultados para o devido teste.
Estatística de Jarque-Bera
0
4
8
12
16
20
24
-1.5 -1.0 -0.5 0.0 0.5 1.0 1.5
Series: Residuals
Sample 1991M11 2007M12
Observations 194
Mean 1.62e-12
Median 0.005713
Maximum 1.537596
Minimum -1.680251
Std. Dev. 0.476013
Skewness -0.039301
Kurtosis 3.762382
Jarque-Bera 4.748187
Probability 0.093099
* - Denota aceitação da hipótese nula com grau de 1% de significância estatística.
Fonte: Elaboração própria.
Quadro 3 – Resultados para os testes de Jarque-Bera para
normalidade.
122
Finalizando, para ambos os testes pode-se aceitar a hipótese nula com um grau de
significância de 5%. Assim, o resíduo segue uma distribuição normal com média zero e
variância constante. Dessa forma, satisfeitas todas as hipóteses do modelo clássico de
regressão linear, por Mínimos Quadrados Ordinários (MQO), o modelo estimado (46) fornece
diretamente a elasticidade-preço de demanda do Brasil para o Mercosul.
Assim, como o valor para a elasticidade do arroz em casca é de – 2,9560, ou seja, uma
variação de 1% no preço de exportação acarreta uma diminuição da importação de arroz em
2,96%. Para o arroz em casca, a elasticidade-preço é elástica, ou seja, a quantidade importada
é sensível a variação do preço externo. Finalmente, os gráficos de linha e dispersão do erro da
regressão demonstram o padrão estacionário do erro já ressaltado pelo teste de Jarque-Bera.
-2.0
-1.6
-1.2
-0.8
-0.4
0.0
0.4
0.8
1.2
1.6
1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006
Erro
-2.0
-1.6
-1.2
-0.8
-0.4
0.0
0.4
0.8
1.2
1.6
-2.0 -1.6 -1.2 -0.8 -0.4 0.0 0.4 0.8 1.2 1.6
Erro
Erro(-1)
Figura 12 – Erro e Erro em função do Erro defasado.
123
APÊNDICE B – Descrição algébrica do modelo utilizado
12
Para fins de análise do fluxo de comércio entre o Brasil e o Mercosul, foi utilizado o já
referido modelo de equilíbrio parcial na mensuração dos efeitos estáticos da formação de uma
união aduaneira. Nesse sentido o modelo depende de equações básicas como: a função de
demanda de importação de arroz do Brasil (j) pelo arroz (i) produzido pelo país (k),
(
,,
d
ijk ijk ijj j
)
M
fPm Pd Y=
(42)
onde, é o preço do bem i no país j com origem em k; é o preço do bem i produzido
internamente em j;
ijk
Pm
ijj
Pd
j
Y é a renda do país j; e
d
ijk
M
é a quantidade demandada do bem i pelo
país j proveniente do país k.
De outro lado, a função de oferta de exportação do país k para o país j referente ao
bem i pode ser descrita por:
(
S
ikj ikj
)
X
fP=
(43)
onde, é o preço do bem i produzido pelo país k no país j e
ikj
P
ikj
X
é a exportação do país k do
bem i para o país j. No equilíbrio tem-se a igualdade entre a importação e exportação:
d
ijk ikj
S
M
X=
(44)
Considerando uma situação de livre comércio e dado que sobre o bem i importado do
país k incide uma tarifa T ad-valorem cobrada pelo país j, o preço do bem i proveniente do
país k em j seria dado por:
(
.1
ijk ikj ijk
PP T=+
)
(45)
A receita do exportador k, representado por
ikj
R
, é dada por:
12
Tópico baseado em Laird e Yeats (1986).
124
.
ikj ikj ikj
R
XP= (46)
Nesse sentido, dado o modelo básico definido pelas equações (42) a (45) e levando
em consideração os conceitos de elasticidades de oferta, demanda e substituição, pode-se
derivar as equações para o cálculo de criação e desvio de comércio. Para a criação de
comércio, primeiramente, considera-se o diferencial total da equação (45):
()()
.1 1 .
ijk ikj ijk ijk ikj
dP P d T T dP=+++ (47)
Dada a expressão clássica para a elasticidade-preço demanda de importação,
m
ε
, e
rearranjando os termos:
.
ijk ijk
m
ijk ijk
dM dP
MP
ε
⎛⎞
=
⎝⎠
(48)
Substituindo (45) em (47) e dividindo por chega-se a:
ijk
P
1
ijk ijk ikj
ijk ijk ikj
dP dT dP
PTP
=+
+
(49)
Substituindo a expressão (49) em (48) tem-se:
.
1
ijk ijk ikj
m
ijk ijk ikj
dM dT dP
MT
ε
⎛⎞
=+
+
⎝⎠
P
(50)
Considerando a elasticidade oferta de exportação,
x
η
, com respeito ao preço mundial
e rearranjando tem-se:
.
ikj ikj
x
ikj ikj
dX dP
X
P
η
=
(51)
125
Com base na elasticidade-preço de oferta do país k para o bem i, pode-se encontrar a
taxa de crescimento do preço do bem i no país j. Assim, considerando inicialmente a
expressão (44), tem-se a igualdade entre a taxa de crescimento da importação e exportação:
ijk ikj
ijk ikj
dM dX
M
X
=
(52)
Substituindo (52) em (51) e levando em consideração o resultado em (50), tem-se a
expressão para a criação de comércio, ou seja,
ijk
ijk
ikj
ikj x
dM
M
dP
P
η
⎛⎞
⎜⎟
⎜⎟
=
(53a)
.
1
ijk
ijk
ikj ijk
m
ikj ijk x
dM
M
dP dT
PT
ε
η
⎛⎞
⎛⎞
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
=+
+
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
(53b)
.1 .
1
ijk ijk
m
m
ijk x ijk
dM dT
M
T
ε
ε
η
⎛⎞
⎛⎞
−=
⎜⎟
+
⎝⎠
⎝⎠
(53c)
Portanto, a expressão para a criação de comércio é dada por:
1
.. .
1
1
m
ijk
ijk ijk
ijk
m
x
dT
CC dM M
T
ε
ε
η
⎛⎞
==
⎜⎟
⎜⎟
+
⎛⎞
⎝⎠
⎜⎟
⎝⎠
(54)
126
Caso se admita que a elasticidade-preço de exportação seja infinita, a expressão (54) é
dada por:
.. .CC
(55)
1
m
ijk
ijk
ijk
dT
M
T
ε
⎛⎞
=
⎜⎟
⎜⎟
+
⎝⎠
127
ANEXO
128
ANEXO A – Histograma da série de Quantidade de arroz em casca importado do
Mercosul (LQ), Renda Real (LY), Preço Doméstico (LPd) e Preço de
Importação (LPm) – set/1991 até dez/2007.
0
5
10
15
20
25
9 10 11 12 13 14
Series: LQ
Sample 1991M10 2007M12
Observations 195
Mean 12.04355
Median 12.20547
Maximum 14.11862
Minimum 8.535033
Std. Dev. 0.993129
Skewness -0.603044
Kurtosis 3.066238
Jarque-Bera 11.85468
Probability 0.002666
0
4
8
12
16
14.5 15.0 15.5 16.0 16.5 17.0 17.5 18.0
Series: LY
Sample 1991M10 2007M12
Observations 195
Mean 17.17074
Median 17.45041
Maximum 18.34488
Minimum 14.42958
Std. Dev. 0.890978
Skewness -1.177030
Kurtosis 3.719407
Jarque-Bera 49.23058
Probability 0.000000
0
4
8
12
16
2.0 2.2 2.4 2.6 2.8 3.0
Series: LPd
Sample 1991M10 2007M12
Observations 195
Mean 2.451032
Median 2.479224
Maximum 3.074155
Minimum 1.919797
Std. Dev. 0.297298
Skewness -0.032702
Kurtosis 1.897387
Jarque-Bera 9.912763
Probability 0.007038
0
4
8
12
16
20
2.2 2.4 2.6 2.8 3.0 3.2 3.4 3.6 3.8
Series: LPm
Sample 1991M10 2007M12
Observations 195
Mean 2.825520
Median 2.805658
Maximum 3.777300
Minimum 2.187966
Std. Dev. 0.344491
Skewness 0.299806
Kurtosis 2.296756
Jarque-Bera 6.939449
Probability 0.031126
129
ANEXO B – Correlograma da Renda Real (LY), Preço Doméstico (LPd) e Preço de
Importação (LPm).
LPY
FAC FACP FAC FACP Q-Stat Prob
1 0.413 0.413 33.709 0.000
2 0.093 -0.093 35.441 0.000
3 -0.115 -0.144 38.089 0.000
4 -0.244 -0.163 50.072 0.000
5 -0.316 -0.184 70.221 0.000
6 -0.338 -0.203 93.503 0.000
7 -0.322 -0.228 114.70 0.000
8 -0.254 -0.234 128.00 0.000
9 -0.127 -0.212 131.34 0.000
10 0.069 -0.123 132.33 0.000
11 0.372 0.147 161.28 0.000
12 0.927 0.881 341.59 0.000
13 0.376 -0.509 371.41 0.000
14 0.079 -0.015 372.73 0.000
15 -0.115 0.035 375.56 0.000
16 -0.235 -0.015 387.41 0.000
17 -0.301 0.029 406.96 0.000
18 -0.322 0.049 429.41 0.000
19 -0.306 0.041 449.88 0.000
20 -0.243 0.014 462.83 0.000
LPd
FAC FACP FAC FACP Q-Stat Prob
1 0.945 0.945 176.79 0.000
2 0.875 -0.162 329.35 0.000
3 0.818 0.097 463.35 0.000
4 0.767 -0.012 581.62 0.000
5 0.717 -0.012 685.47 0.000
6 0.677 0.080 778.72 0.000
7 0.653 0.098 865.92 0.000
8 0.629 -0.027 947.32 0.000
9 0.602 -0.015 1022.1 0.000
10 0.581 0.066 1092.2 0.000
11 0.552 -0.110 1155.9 0.000
12 0.510 -0.088 1210.5 0.000
13 0.452 -0.155 1253.6 0.000
14 0.391 -0.061 1285.9 0.000
15 0.336 -0.002 1310.1 0.000
16 0.277 -0.124 1326.5 0.000
17 0.222 -0.008 1337.2 0.000
18 0.181 0.021 1344.3 0.000
19 0.154 0.057 1349.5 0.000
20 0.136 0.057 1353.5 0.000
130
LPm
FAC FACP FAC FACP Q-Stat Prob
1 0.917 0.917 166.37 0.000
2 0.860 0.127 313.71 0.000
3 0.812 0.044 445.57 0.000
4 0.787 0.144 570.14 0.000
5 0.738 -0.113 680.31 0.000
6 0.713 0.110 783.70 0.000
7 0.691 0.054 881.34 0.000
8 0.676 0.031 975.21 0.000
9 0.655 0.031 1063.9 0.000
10 0.624 -0.094 1144.8 0.000
11 0.596 0.001 1218.9 0.000
12 0.576 0.037 1288.4 0.000
13 0.543 -0.088 1350.7 0.000
14 0.511 -0.008 1406.1 0.000
15 0.499 0.097 1459.1 0.000
16 0.475 -0.092 1507.5 0.000
17 0.452 0.019 1551.5 0.000
18 0.424 -0.040 1590.5 0.000
19 0.404 -0.015 1626.0 0.000
20 0.378 0.003 1657.3 0.000
131
ANEXO C – Teste ADF da série de quantidade importada (LQ).
Null Hypothesis: Q4 has a unit root
Exogenous: Constant, Linear Trend
Lag Length: 3 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -3.335868 0.0636
Test critical values: 1% level -4.006824
5% level -3.433525
10% level -3.140623
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(Q4)
Method: Least Squares
Date: 07/11/06 Time: 22:52
Sample (adjusted): 1992M02 2007M12
Included observations: 191 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
Q4(-1) -0.142107 0.042600 -3.335868 0.0010
D(Q4(-1)) -0.168832 0.073093 -2.309827 0.0220
D(Q4(-2)) -0.055424 0.072957 -0.759687 0.4484
D(Q4(-3)) -0.171097 0.070383 -2.430947 0.0160
C 2.386479 0.690155 3.457889 0.0007
@TREND(1991M10) -0.001049 0.000690 -1.519192 0.1304
R-squared 0.157363 Mean dependent var 0.010739
Adjusted R-squared 0.134589 S.D. dependent var 0.561654
S.E. of regression 0.522493 Akaike info criterion 1.570499
Sum squared resid 50.50478 Schwarz criterion 1.672665
Log likelihood -143.9826 F-statistic 6.909777
Durbin-Watson stat 2.014670 Prob(F-statistic) 0.000006
132
Null Hypothesis: Q4 has a unit root
Exogenous: Constant
Lag Length: 3 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -3.222167 0.0202
Test critical values: 1% level -3.464643
5% level -2.876515
10% level -2.574831
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(Q4)
Method: Least Squares
Date: 07/11/06 Time: 22:55
Sample (adjusted): 1992M02 2007M12
Included observations: 191 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
Q4(-1) -0.137376 0.042635 -3.222167 0.0015
D(Q4(-1)) -0.165388 0.073314 -2.255882 0.0252
D(Q4(-2)) -0.051452 0.073166 -0.703222 0.4828
D(Q4(-3)) -0.166698 0.070570 -2.362158 0.0192
C 2.207046 0.682360 3.234431 0.0014
R-squared 0.146851 Mean dependent var 0.010739
Adjusted R-squared 0.128504 S.D. dependent var 0.561654
S.E. of regression 0.524327 Akaike info criterion 1.572426
Sum squared resid 51.13485 Schwarz criterion 1.657564
Log likelihood -145.1667 F-statistic 8.003952
Durbin-Watson stat 2.007114 Prob(F-statistic) 0.000006
133
Null Hypothesis: Q4 has a unit root
Exogenous: None
Lag Length: 3 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic 0.127396 0.7216
Test critical values: 1% level -2.577125
5% level -1.942499
10% level -1.615594
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(Q4)
Method: Least Squares
Date: 07/11/06 Time: 23:18
Sample (adjusted): 1992M02 2007M12
Included observations: 191 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
Q4(-1) 0.000310 0.002430 0.127396 0.8988
D(Q4(-1)) -0.246450 0.070619 -3.489858 0.0006
D(Q4(-2)) -0.120213 0.071758 -1.675259 0.0956
D(Q4(-3)) -0.220184 0.070319 -3.131202 0.0020
R-squared 0.098866 Mean dependent var 0.010739
Adjusted R-squared 0.084409 S.D. dependent var 0.561654
S.E. of regression 0.537428 Akaike info criterion 1.616675
Sum squared resid 54.01092 Schwarz criterion 1.684785
Log likelihood -150.3924 Durbin-Watson stat 2.007002
134
ANEXO D – Teste PP da série de quantidade importada (LQ) .
Null Hypothesis: Q4 has a unit root
Exogenous: Constant, Linear Trend
Bandwidth: 3 (Newey-West using Bartlett kernel)
Adj. t-Stat Prob.*
Phillips-Perron test statistic -3.878703 0.0147
Test critical values: 1% level -4.006059
5% level -3.433156
10% level -3.140406
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Residual variance (no correction) 0.289820
HAC corrected variance (Bartlett kernel) 0.232181
Phillips-Perron Test Equation
Dependent Variable: D(Q4)
Method: Least Squares
Date: 07/11/06 Time: 23:19
Sample (adjusted): 1991M11 2007M12
Included observations: 194 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
Q4(-1) -0.166278 0.039356 -4.224981 0.0000
C 2.707020 0.636963 4.249884 0.0000
@TREND(1991M10) -0.000517 0.000697 -0.741370 0.4594
R-squared 0.086525 Mean dependent var 0.002924
Adjusted R-squared 0.076959 S.D. dependent var 0.564726
S.E. of regression 0.542561 Akaike info criterion 1.630310
Sum squared resid 56.22511 Schwarz criterion 1.680844
Log likelihood -155.1401 F-statistic 9.045789
Durbin-Watson stat 2.225988 Prob(F-statistic) 0.000176
135
Null Hypothesis: Q4 has a unit root
Exogenous: Constant
Bandwidth: 3 (Newey-West using Bartlett kernel)
Adj. t-Stat Prob.*
Phillips-Perron test statistic -3.854856 0.0029
Test critical values: 1% level -3.464101
5% level -2.876277
10% level -2.574704
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Residual variance (no correction) 0.290654
HAC corrected variance (Bartlett kernel) 0.234651
Phillips-Perron Test Equation
Dependent Variable: D(Q4)
Method: Least Squares
Date: 07/11/06 Time: 23:21
Sample (adjusted): 1991M11 2007M12
Included observations: 194 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
Q4(-1) -0.164543 0.039240 -4.193232 0.0000
C 2.628966 0.627465 4.189823 0.0000
R-squared 0.083896 Mean dependent var 0.002924
Adjusted R-squared 0.079125 S.D. dependent var 0.564726
S.E. of regression 0.541924 Akaike info criterion 1.622874
Sum squared resid 56.38690 Schwarz criterion 1.656564
Log likelihood -155.4188 F-statistic 17.58319
Durbin-Watson stat 2.223532 Prob(F-statistic) 0.000042
136
Null Hypothesis: Q4 has a unit root
Exogenous: None
Bandwidth: 9 (Newey-West using Bartlett kernel)
Adj. t-Stat Prob.*
Phillips-Perron test statistic -0.018511 0.6754
Test critical values: 1% level -2.576936
5% level -1.942473
10% level -1.615611
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Residual variance (no correction) 0.317229
HAC corrected variance (Bartlett kernel) 0.101140
Phillips-Perron Test Equation
Dependent Variable: D(Q4)
Method: Least Squares
Date: 07/11/06 Time: 23:22
Sample (adjusted): 1991M11 2007M12
Included observations: 194 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
Q4(-1) -0.000450 0.002535 -0.177545 0.8593
R-squared 0.000136 Mean dependent var 0.002924
Adjusted R-squared 0.000136 S.D. dependent var 0.564726
S.E. of regression 0.564688 Akaike info criterion 1.700054
Sum squared resid 61.54237 Schwarz criterion 1.716899
Log likelihood -163.9053 Durbin-Watson stat 2.405173
137
ANEXO E – Teste ADF da série de Renda Real acumulada (LY).
Null Hypothesis: Y has a unit root
Exogenous: Constant, Linear Trend
Lag Length: 12 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -2.233363 0.4679
Test critical values: 1% level -4.009271
5% level -3.434706
10% level -3.141318
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(Y)
Method: Least Squares
Date: 07/14/06 Time: 21:09
Sample (adjusted): 1992M11 2007M12
Included observations: 182 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
Y(-1) -0.038837 0.017389 -2.233363 0.0269
D(Y(-1)) -0.010805 0.030696 -0.352009 0.7253
D(Y(-2)) -0.014284 0.029853 -0.478489 0.6329
D(Y(-3)) -0.016953 0.029066 -0.583245 0.5605
D(Y(-4)) -0.019938 0.028322 -0.703972 0.4824
D(Y(-5)) -0.022651 0.027630 -0.819793 0.4135
D(Y(-6)) -0.026222 0.026988 -0.971628 0.3326
D(Y(-7)) -0.029523 0.026419 -1.117460 0.2654
D(Y(-8)) -0.032770 0.025923 -1.264122 0.2079
D(Y(-9)) -0.035983 0.025501 -1.411037 0.1601
D(Y(-10)) -0.038924 0.025088 -1.551511 0.1227
D(Y(-11)) -0.042178 0.024809 -1.700115 0.0910
D(Y(-12)) 0.946398 0.024603 38.46739 0.0000
C 0.495840 0.220941 2.244222 0.0261
@TREND(1991M10) 4.27E-05 7.94E-05 0.537552 0.5916
R-squared 0.995260 Mean dependent var 0.005533
Adjusted R-squared 0.994863 S.D. dependent var 0.769963
S.E. of regression 0.055187 Akaike info criterion -2.877358
Sum squared resid 0.508615 Schwarz criterion -2.613291
Log likelihood 276.8396 F-statistic 2504.692
Durbin-Watson stat 2.042232 Prob(F-statistic) 0.000000
138
Null Hypothesis: Y has a unit root
Exogenous: Constant
Lag Length: 12 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -2.177589 0.2153
Test critical values: 1% level -3.466377
5% level -2.877274
10% level -2.575236
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(Y)
Method: Least Squares
Date: 07/14/06 Time: 21:11
Sample (adjusted): 1992M11 2007M12
Included observations: 182 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
Y(-1) -0.037210 0.017088 -2.177589 0.0308
D(Y(-1)) -0.011389 0.030611 -0.372056 0.7103
D(Y(-2)) -0.014737 0.029777 -0.494890 0.6213
D(Y(-3)) -0.017278 0.028998 -0.595825 0.5521
D(Y(-4)) -0.020140 0.028259 -0.712677 0.4770
D(Y(-5)) -0.022732 0.027571 -0.824515 0.4108
D(Y(-6)) -0.026187 0.026930 -0.972380 0.3323
D(Y(-7)) -0.029371 0.026362 -1.114152 0.2668
D(Y(-8)) -0.032504 0.025863 -1.256771 0.2106
D(Y(-9)) -0.035605 0.025437 -1.399745 0.1634
D(Y(-10)) -0.038352 0.025012 -1.533340 0.1271
D(Y(-11)) -0.041479 0.024722 -1.677781 0.0952
D(Y(-12)) 0.947293 0.024494 38.67414 0.0000
C 0.479421 0.218356 2.195598 0.0295
R-squared 0.995252 Mean dependent var 0.005533
Adjusted R-squared 0.994884 S.D. dependent var 0.769963
S.E. of regression 0.055070 Akaike info criterion -2.886618
Sum squared resid 0.509495 Schwarz criterion -2.640156
Log likelihood 276.6822 F-statistic 2708.803
Durbin-Watson stat 2.040852 Prob(F-statistic) 0.000000
139
Null Hypothesis: Y has a unit root
Exogenous: None
Lag Length: 12 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic 0.888705 0.8994
Test critical values: 1% level -2.577730
5% level -1.942584
10% level -1.615541
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(Y)
Method: Least Squares
Date: 07/14/06 Time: 21:12
Sample (adjusted): 1992M11 2007M12
Included observations: 182 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
Y(-1) 0.000301 0.000338 0.888705 0.3754
D(Y(-1)) -0.051458 0.024853 -2.070475 0.0399
D(Y(-2)) -0.051663 0.024849 -2.079052 0.0391
D(Y(-3)) -0.051051 0.024859 -2.053658 0.0415
D(Y(-4)) -0.050746 0.024858 -2.041407 0.0428
D(Y(-5)) -0.050160 0.024855 -2.018123 0.0452
D(Y(-6)) -0.050423 0.024840 -2.029906 0.0439
D(Y(-7)) -0.050413 0.024834 -2.029956 0.0439
D(Y(-8)) -0.050339 0.024831 -2.027307 0.0442
D(Y(-9)) -0.050220 0.024827 -2.022820 0.0447
D(Y(-10)) -0.050062 0.024712 -2.025846 0.0444
D(Y(-11)) -0.050027 0.024688 -2.026358 0.0443
D(Y(-12)) 0.941527 0.024627 38.23185 0.0000
R-squared 0.995116 Mean dependent var 0.005533
Adjusted R-squared 0.994769 S.D. dependent var 0.769963
S.E. of regression 0.055689 Akaike info criterion -2.869317
Sum squared resid 0.524115 Schwarz criterion -2.640459
Log likelihood 274.1078 Durbin-Watson stat 1.978771
140
ANEXO F – Teste PP da série de Renda Real acumulada (LY).
Null Hypothesis: Y has a unit root
Exogenous: Constant, Linear Trend
Bandwidth: 6 (Newey-West using Bartlett kernel)
Adj. t-Stat Prob.*
Phillips-Perron test statistic -7.482953 0.0000
Test critical values: 1% level -4.006059
5% level -3.433156
10% level -3.140406
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Residual variance (no correction) 0.449590
HAC corrected variance (Bartlett kernel) 0.380838
Phillips-Perron Test Equation
Dependent Variable: D(Y)
Method: Least Squares
Date: 07/17/08 Time: 13:21
Sample (adjusted): 1991M11 2007M12
Included observations: 194 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
Y(-1) -0.487828 0.062488 -7.806784 0.0000
C 6.139044 0.795072 7.721366 0.0000
@TREND(1991M10) 0.001097 0.000873 1.257253 0.2102
R-squared 0.242184 Mean dependent var 0.004772
Adjusted R-squared 0.234249 S.D. dependent var 0.772234
S.E. of regression 0.675760 Akaike info criterion 2.069386
Sum squared resid 87.22050 Schwarz criterion 2.119920
Log likelihood -197.7305 F-statistic 30.52004
Durbin-Watson stat 1.911969 Prob(F-statistic) 0.000000
141
Null Hypothesis: Y has a unit root
Exogenous: Constant
Bandwidth: 6 (Newey-West using Bartlett kernel)
Adj. t-Stat Prob.*
Phillips-Perron test statistic -7.404950 0.0000
Test critical values: 1% level -3.464101
5% level -2.876277
10% level -2.574704
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Residual variance (no correction) 0.453311
HAC corrected variance (Bartlett kernel) 0.391399
Phillips-Perron Test Equation
Dependent Variable: D(Y)
Method: Least Squares
Date: 07/17/08 Time: 13:23
Sample (adjusted): 1991M11 2007M12
Included observations: 194 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
Y(-1) -0.478241 0.062114 -7.699357 0.0000
C 6.123390 0.796176 7.691000 0.0000
R-squared 0.235912 Mean dependent var 0.004772
Adjusted R-squared 0.231933 S.D. dependent var 0.772234
S.E. of regression 0.676781 Akaike info criterion 2.067319
Sum squared resid 87.94233 Schwarz criterion 2.101008
Log likelihood -198.5299 F-statistic 59.28010
Durbin-Watson stat 1.913828 Prob(F-statistic) 0.000000
142
Null Hypothesis: Y has a unit root
Exogenous: None
Bandwidth: 29 (Newey-West using Bartlett kernel)
Adj. t-Stat Prob.*
Phillips-Perron test statistic 0.115446 0.7180
Test critical values: 1% level -2.576936
5% level -1.942473
10% level -1.615611
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Residual variance (no correction) 0.592967
HAC corrected variance (Bartlett kernel) 0.073398
Phillips-Perron Test Equation
Dependent Variable: D(Y)
Method: Least Squares
Date: 07/17/08 Time: 13:25
Sample (adjusted): 1991M11 2007M12
Included observations: 194 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
Y(-1) -0.001410 0.004324 -0.325974 0.7448
R-squared 0.000512 Mean dependent var 0.004772
Adjusted R-squared 0.000512 S.D. dependent var 0.772234
S.E. of regression 0.772036 Akaike info criterion 2.325570
Sum squared resid 115.0356 Schwarz criterion 2.342415
Log likelihood -224.5803 Durbin-Watson stat 2.362253
143
ANEXO G – Teste ADF da série de Renda Real acumulada na primeira
diferença (DLY).
Null Hypothesis: D(Y) has a unit root
Exogenous: Constant, Linear Trend
Lag Length: 11 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -2.118871 0.5314
Test critical values: 1% level -4.009271
5% level -3.434706
10% level -3.141318
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(Y,2)
Method: Least Squares
Date: 07/17/08 Time: 13:33
Sample (adjusted): 1992M11 2007M12
Included observations: 182 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
D(Y(-1)) -0.620158 0.292683 -2.118871 0.0356
D(Y(-1),2) -0.431603 0.268334 -1.608456 0.1096
D(Y(-2),2) -0.483594 0.243991 -1.982018 0.0491
D(Y(-3),2) -0.534996 0.219636 -2.435824 0.0159
D(Y(-4),2) -0.586114 0.195278 -3.001437 0.0031
D(Y(-5),2) -0.636667 0.170916 -3.725029 0.0003
D(Y(-6),2) -0.687503 0.146560 -4.690946 0.0000
D(Y(-7),2) -0.738349 0.122197 -6.042294 0.0000
D(Y(-8),2) -0.789139 0.097822 -8.067090 0.0000
D(Y(-9),2) -0.839829 0.073429 -11.43723 0.0000
D(Y(-10),2) -0.890398 0.049098 -18.13501 0.0000
D(Y(-11),2) -0.940954 0.024770 -37.98704 0.0000
C 0.002815 0.009173 0.306859 0.7593
@TREND(1991M10) 1.18E-05 7.92E-05 0.149484 0.8814
R-squared 0.997935 Mean dependent var -0.000150
Adjusted R-squared 0.997776 S.D. dependent var 1.183919
S.E. of regression 0.055838 Akaike info criterion -2.858916
Sum squared resid 0.523807 Schwarz criterion -2.612454
Log likelihood 274.1614 F-statistic 6246.258
Durbin-Watson stat 1.978740 Prob(F-statistic) 0.000000
144
Null Hypothesis: D(Y) has a unit root
Exogenous: Constant
Lag Length: 11 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -2.119937 0.2372
Test critical values: 1% level -3.466377
5% level -2.877274
10% level -2.575236
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(Y,2)
Method: Least Squares
Date: 07/17/08 Time: 13:34
Sample (adjusted): 1992M11 2007M12
Included observations: 182 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
D(Y(-1)) -0.616466 0.290795 -2.119937 0.0355
D(Y(-1),2) -0.434972 0.266611 -1.631486 0.1046
D(Y(-2),2) -0.486641 0.242433 -2.007319 0.0463
D(Y(-3),2) -0.537723 0.218243 -2.463875 0.0147
D(Y(-4),2) -0.588527 0.194046 -3.032922 0.0028
D(Y(-5),2) -0.638769 0.169843 -3.760934 0.0002
D(Y(-6),2) -0.689300 0.145642 -4.732826 0.0000
D(Y(-7),2) -0.739847 0.121432 -6.092696 0.0000
D(Y(-8),2) -0.790346 0.097206 -8.130668 0.0000
D(Y(-9),2) -0.840752 0.072957 -11.52395 0.0000
D(Y(-10),2) -0.891019 0.048781 -18.26586 0.0000
D(Y(-11),2) -0.941274 0.024606 -38.25426 0.0000
C 0.004023 0.004320 0.931239 0.3531
R-squared 0.997935 Mean dependent var -0.000150
Adjusted R-squared 0.997788 S.D. dependent var 1.183919
S.E. of regression 0.055676 Akaike info criterion -2.869772
Sum squared resid 0.523876 Schwarz criterion -2.640915
Log likelihood 274.1493 F-statistic 6806.151
Durbin-Watson stat 1.979117 Prob(F-statistic) 0.000000
145
Null Hypothesis: D(Y) has a unit root
Exogenous: None
Lag Length: 11 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -1.931958 0.0512
Test critical values: 1% level -2.577730
5% level -1.942584
10% level -1.615541
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(Y,2)
Method: Least Squares
Date: 07/17/08 Time: 13:35
Sample (adjusted): 1992M11 2007M12
Included observations: 182 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
D(Y(-1)) -0.536611 0.277755 -1.931958 0.0550
D(Y(-1),2) -0.508171 0.254661 -1.995479 0.0476
D(Y(-2),2) -0.553176 0.231575 -2.388749 0.0180
D(Y(-3),2) -0.597585 0.208480 -2.866390 0.0047
D(Y(-4),2) -0.641709 0.185379 -3.461597 0.0007
D(Y(-5),2) -0.685268 0.162274 -4.222903 0.0000
D(Y(-6),2) -0.729115 0.139171 -5.238976 0.0000
D(Y(-7),2) -0.772974 0.116059 -6.660172 0.0000
D(Y(-8),2) -0.816783 0.092932 -8.789069 0.0000
D(Y(-9),2) -0.860494 0.069782 -12.33122 0.0000
D(Y(-10),2) -0.904180 0.046670 -19.37383 0.0000
D(Y(-11),2) -0.947879 0.023552 -40.24578 0.0000
R-squared 0.997924 Mean dependent var -0.000150
Adjusted R-squared 0.997790 S.D. dependent var 1.183919
S.E. of regression 0.055655 Akaike info criterion -2.875643
Sum squared resid 0.526564 Schwarz criterion -2.664390
Log likelihood 273.6835 Durbin-Watson stat 1.982150
146
ANEXO H – Teste ADF da série de preços domésticos (LPd) .
Null Hypothesis: PD has a unit root
Exogenous: Constant, Linear Trend
Lag Length: 1 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -2.999770 0.1350
Test critical values: 1% level -4.006311
5% level -3.433278
10% level -3.140478
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(PD)
Method: Least Squares
Date: 07/11/06 Time: 23:14
Sample (adjusted): 1991M12 2007M12
Included observations: 193 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
PD(-1) -0.068696 0.022900 -2.999770 0.0031
D(PD(-1)) 0.309820 0.068650 4.513063 0.0000
C 0.181938 0.063788 2.852239 0.0048
@TREND(1991M10) -0.000153 0.000121 -1.267151 0.2067
R-squared 0.121802 Mean dependent var -0.002087
Adjusted R-squared 0.107863 S.D. dependent var 0.081404
S.E. of regression 0.076888 Akaike info criterion -2.272415
Sum squared resid 1.117336 Schwarz criterion -2.204795
Log likelihood 223.2881 F-statistic 8.737839
Durbin-Watson stat 1.985739 Prob(F-statistic) 0.000019
147
Null Hypothesis: PD has a unit root
Exogenous: Constant
Lag Length: 1 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -2.764508 0.0654
Test critical values: 1% level -3.464280
5% level -2.876356
10% level -2.574746
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(PD)
Method: Least Squares
Date: 07/11/06 Time: 23:26
Sample (adjusted): 1991M12 2007M12
Included observations: 193 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
PD(-1) -0.052265 0.018906 -2.764508 0.0063
D(PD(-1)) 0.296039 0.067891 4.360528 0.0000
C 0.126673 0.046623 2.716998 0.0072
R-squared 0.114342 Mean dependent var -0.002087
Adjusted R-squared 0.105019 S.D. dependent var 0.081404
S.E. of regression 0.077011 Akaike info criterion -2.274318
Sum squared resid 1.126828 Schwarz criterion -2.223603
Log likelihood 222.4717 F-statistic 12.26482
Durbin-Watson stat 1.975969 Prob(F-statistic) 0.000010
148
Null Hypothesis: PD has a unit root
Exogenous: None
Lag Length: 1 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -0.552386 0.4768
Test critical values: 1% level -2.576999
5% level -1.942482
10% level -1.615606
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(PD)
Method: Least Squares
Date: 07/11/06 Time: 23:27
Sample (adjusted): 1991M12 2007M12
Included observations: 193 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
PD(-1) -0.001263 0.002286 -0.552386 0.5813
D(PD(-1)) 0.277337 0.068660 4.039283 0.0001
R-squared 0.079931 Mean dependent var -0.002087
Adjusted R-squared 0.075114 S.D. dependent var 0.081404
S.E. of regression 0.078287 Akaike info criterion -2.246564
Sum squared resid 1.170609 Schwarz criterion -2.212753
Log likelihood 218.7934 Durbin-Watson stat 1.969714
149
ANEXO I – Teste PP da série de preços doméstico (LPd) .
Null Hypothesis: PD has a unit root
Exogenous: Constant, Linear Trend
Bandwidth: 3 (Newey-West using Bartlett kernel)
Adj. t-Stat Prob.*
Phillips-Perron test statistic -2.772244 0.2095
Test critical values: 1% level -4.006059
5% level -3.433156
10% level -3.140406
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Residual variance (no correction) 0.006478
HAC corrected variance (Bartlett kernel) 0.009294
Phillips-Perron Test Equation
Dependent Variable: D(PD)
Method: Least Squares
Date: 07/14/06 Time: 21:26
Sample (adjusted): 1991M11 2007M12
Included observations: 194 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
PD(-1) -0.055190 0.023694 -2.329302 0.0209
C 0.137824 0.066008 2.087974 0.0381
@TREND(1991M10) -5.65E-05 0.000126 -0.449170 0.6538
R-squared 0.032959 Mean dependent var -0.002941
Adjusted R-squared 0.022833 S.D. dependent var 0.082059
S.E. of regression 0.081117 Akaike info criterion -2.170501
Sum squared resid 1.256779 Schwarz criterion -2.119968
Log likelihood 213.5386 F-statistic 3.254870
Durbin-Watson stat 1.392861 Prob(F-statistic) 0.040736
`
150
Null Hypothesis: PD has a unit root
Exogenous: Constant
Bandwidth: 3 (Newey-West using Bartlett kernel)
Adj. t-Stat Prob.*
Phillips-Perron test statistic -2.779296 0.0631
Test critical values: 1% level -3.464101
5% level -2.876277
10% level -2.574704
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Residual variance (no correction) 0.006485
HAC corrected variance (Bartlett kernel) 0.009234
Phillips-Perron Test Equation
Dependent Variable: D(PD)
Method: Least Squares
Date: 07/14/06 Time: 21:27
Sample (adjusted): 1991M11 2007M12
Included observations: 194 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
PD(-1) -0.049204 0.019550 -2.516808 0.0127
C 0.117646 0.048264 2.437558 0.0157
R-squared 0.031938 Mean dependent var -0.002941
Adjusted R-squared 0.026896 S.D. dependent var 0.082059
S.E. of regression 0.080948 Akaike info criterion -2.179755
Sum squared resid 1.258106 Schwarz criterion -2.146066
Log likelihood 213.4362 F-statistic 6.334320
Durbin-Watson stat 1.399668 Prob(F-statistic) 0.012661
151
Null Hypothesis: PD has a unit root
Exogenous: None
Bandwidth: 1 (Newey-West using Bartlett kernel)
Adj. t-Stat Prob.*
Phillips-Perron test statistic -0.760242 0.3859
Test critical values: 1% level -2.576936
5% level -1.942473
10% level -1.615611
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Residual variance (no correction) 0.006686
HAC corrected variance (Bartlett kernel) 0.008544
Phillips-Perron Test Equation
Dependent Variable: D(PD)
Method: Least Squares
Date: 07/14/06 Time: 21:29
Sample (adjusted): 1991M11 2007M12
Included observations: 194 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
PD(-1) -0.001896 0.002384 -0.795309 0.4274
R-squared 0.001980 Mean dependent var -0.002941
Adjusted R-squared 0.001980 S.D. dependent var 0.082059
S.E. of regression 0.081978 Akaike info criterion -2.159587
Sum squared resid 1.297040 Schwarz criterion -2.142742
Log likelihood 210.4800 Durbin-Watson stat 1.423719
152
ANEXO J – Teste ADF da série de preços de importação (LPm) .
Null Hypothesis: PM6 has a unit root
Exogenous: Constant, Linear Trend
Lag Length: 1 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -3.591653 0.0331
Test critical values: 1% level -4.006311
5% level -3.433278
10% level -3.140478
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(PM6)
Method: Least Squares
Date: 07/14/06 Time: 21:30
Sample (adjusted): 1991M12 2007M12
Included observations: 193 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
PM6(-1) -0.103490 0.028814 -3.591653 0.0004
D(PM6(-1)) 0.179905 0.070996 2.534025 0.0121
C 0.327276 0.095704 3.419666 0.0008
@TREND(1991M10) -0.000407 0.000175 -2.323240 0.0212
R-squared 0.084271 Mean dependent var -0.005773
Adjusted R-squared 0.069735 S.D. dependent var 0.086701
S.E. of regression 0.083623 Akaike info criterion -2.104482
Sum squared resid 1.321649 Schwarz criterion -2.036861
Log likelihood 207.0825 F-statistic 5.797623
Durbin-Watson stat 1.946136 Prob(F-statistic) 0.000821
153
Null Hypothesis: PM6 has a unit root
Exogenous: Constant
Lag Length: 2 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -2.900210 0.0472
Test critical values: 1% level -3.464460
5% level -2.876435
10% level -2.574788
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(PM6)
Method: Least Squares
Date: 07/14/06 Time: 21:31
Sample (adjusted): 1992M01 2007M12
Included observations: 192 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
PM6(-1) -0.052515 0.018107 -2.900210 0.0042
D(PM6(-1)) 0.171740 0.070075 2.450812 0.0152
D(PM6(-2)) -0.160873 0.070282 -2.288968 0.0232
C 0.141790 0.051436 2.756629 0.0064
R-squared 0.091308 Mean dependent var -0.006248
Adjusted R-squared 0.076807 S.D. dependent var 0.086676
S.E. of regression 0.083281 Akaike info criterion -2.112578
Sum squared resid 1.303918 Schwarz criterion -2.044713
Log likelihood 206.8075 F-statistic 6.296905
Durbin-Watson stat 2.014303 Prob(F-statistic) 0.000430
154
Null Hypothesis: PM6 has a unit root
Exogenous: None
Lag Length: 2 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -1.362678 0.1602
Test critical values: 1% level -2.577062
5% level -1.942491
10% level -1.615600
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(PM6)
Method: Least Squares
Date: 07/14/06 Time: 21:32
Sample (adjusted): 1992M01 2007M12
Included observations: 192 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
PM6(-1) -0.002944 0.002161 -1.362678 0.1746
D(PM6(-1)) 0.160178 0.071160 2.250961 0.0255
D(PM6(-2)) -0.180139 0.071144 -2.532045 0.0122
R-squared 0.054578 Mean dependent var -0.006248
Adjusted R-squared 0.044574 S.D. dependent var 0.086676
S.E. of regression 0.084722 Akaike info criterion -2.083370
Sum squared resid 1.356623 Schwarz criterion -2.032471
Log likelihood 203.0035 Durbin-Watson stat 2.013443
155
ANEXO K – Teste PP da série de preços de importação (LPm) .
Null Hypothesis: PM6 has a unit root
Exogenous: Constant, Linear Trend
Bandwidth: 2 (Newey-West using Bartlett kernel)
Adj. t-Stat Prob.*
Phillips-Perron test statistic -3.249615 0.0780
Test critical values: 1% level -4.006059
5% level -3.433156
10% level -3.140406
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Residual variance (no correction) 0.007054
HAC corrected variance (Bartlett kernel) 0.007999
Phillips-Perron Test Equation
Dependent Variable: D(PM6)
Method: Least Squares
Date: 07/14/06 Time: 21:35
Sample (adjusted): 1991M11 2007M12
Included observations: 194 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
PM6(-1) -0.087830 0.028382 -3.094615 0.0023
C 0.273880 0.094327 2.903516 0.0041
@TREND(1991M10) -0.000322 0.000174 -1.846262 0.0664
R-squared 0.051792 Mean dependent var -0.005784
Adjusted R-squared 0.041863 S.D. dependent var 0.086476
S.E. of regression 0.084647 Akaike info criterion -2.085317
Sum squared resid 1.368529 Schwarz criterion -2.034783
Log likelihood 205.2758 F-statistic 5.216337
Durbin-Watson stat 1.670005 Prob(F-statistic) 0.006227
156
Null Hypothesis: PM6 has a unit root
Exogenous: Constant
Bandwidth: 1 (Newey-West using Bartlett kernel)
Adj. t-Stat Prob.*
Phillips-Perron test statistic -2.693920 0.0769
Test critical values: 1% level -3.464101
5% level -2.876277
10% level -2.574704
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Residual variance (no correction) 0.007180
HAC corrected variance (Bartlett kernel) 0.008223
Phillips-Perron Test Equation
Dependent Variable: D(PM6)
Method: Least Squares
Date: 07/14/06 Time: 21:36
Sample (adjusted): 1991M11 2007M12
Included observations: 194 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
PM6(-1) -0.046817 0.017775 -2.633812 0.0091
C 0.126559 0.050618 2.500255 0.0132
R-squared 0.034870 Mean dependent var -0.005784
Adjusted R-squared 0.029843 S.D. dependent var 0.086476
S.E. of regression 0.085176 Akaike info criterion -2.077937
Sum squared resid 1.392952 Schwarz criterion -2.044248
Log likelihood 203.5599 F-statistic 6.936965
Durbin-Watson stat 1.708418 Prob(F-statistic) 0.009132
157
Null Hypothesis: PM6 has a unit root
Exogenous: None
Bandwidth: 3 (Newey-West using Bartlett kernel)
Adj. t-Stat Prob.*
Phillips-Perron test statistic -1.249774 0.1940
Test critical values: 1% level -2.576936
5% level -1.942473
10% level -1.615611
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Residual variance (no correction) 0.007414
HAC corrected variance (Bartlett kernel) 0.007246
Phillips-Perron Test Equation
Dependent Variable: D(PM6)
Method: Least Squares
Date: 07/17/08 Time: 13:37
Sample (adjusted): 1991M11 2007M12
Included observations: 194 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
PM6(-1) -0.002700 0.002176 -1.240323 0.2164
R-squared 0.003447 Mean dependent var -0.005784
Adjusted R-squared 0.003447 S.D. dependent var 0.086476
S.E. of regression 0.086327 Akaike info criterion -2.056207
Sum squared resid 1.438305 Schwarz criterion -2.039362
Log likelihood 200.4520 Durbin-Watson stat 1.728825
158
ANEXO L – Teste ADF da série de quantidade importada na primeira diferença
(DLQ).
Null Hypothesis: D(Q4) has a unit root
Exogenous: Constant, Linear Trend
Lag Length: 9 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -7.296780 0.0000
Test critical values: 1% level -4.008706
5% level -3.434433
10% level -3.141157
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(Q4,2)
Method: Least Squares
Date: 07/17/08 Time: 13:50
Sample (adjusted): 1992M09 2007M12
Included observations: 184 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
D(Q4(-1)) -2.837928 0.388929 -7.296780 0.0000
D(Q4(-1),2) 1.578228 0.362097 4.358572 0.0000
D(Q4(-2),2) 1.336470 0.331010 4.037555 0.0001
D(Q4(-3),2) 1.039321 0.296647 3.503557 0.0006
D(Q4(-4),2) 0.946896 0.260981 3.628225 0.0004
D(Q4(-5),2) 0.772466 0.227549 3.394733 0.0009
D(Q4(-6),2) 0.604876 0.192117 3.148480 0.0019
D(Q4(-7),2) 0.428832 0.150906 2.841722 0.0050
D(Q4(-8),2) 0.315932 0.114152 2.767635 0.0063
D(Q4(-9),2) 0.202513 0.070693 2.864666 0.0047
C 0.106193 0.082460 1.287812 0.1995
@TREND(1991M10) -0.001028 0.000715 -1.437109 0.1525
R-squared 0.641931 Mean dependent var 0.000196
Adjusted R-squared 0.619032 S.D. dependent var 0.804334
S.E. of regression 0.496456 Akaike info criterion 1.500351
Sum squared resid 42.39264 Schwarz criterion 1.710021
Log likelihood -126.0323 F-statistic 28.03227
Durbin-Watson stat 2.007252 Prob(F-statistic) 0.000000
159
ANEXO M – Teste ADF da série de Renda Real acumulada na segunda
diferença (D2LY).
Null Hypothesis: D(Y,2) has a unit root
Exogenous: Constant, Linear Trend
Lag Length: 10 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -172.8883 0.0001
Test critical values: 1% level -4.009271
5% level -3.434706
10% level -3.141318
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(Y,3)
Method: Least Squares
Date: 07/17/08 Time: 13:53
Sample (adjusted): 1992M11 2007M12
Included observations: 182 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
D(Y(-1),2) -11.96726 0.069220 -172.8883 0.0000
D(Y(-1),3) 9.967191 0.067152 148.4275 0.0000
D(Y(-2),3) 8.966834 0.063168 141.9518 0.0000
D(Y(-3),3) 7.966813 0.057581 138.3581 0.0000
D(Y(-4),3) 6.967426 0.050757 137.2695 0.0000
D(Y(-5),3) 5.969242 0.043067 138.6030 0.0000
D(Y(-6),3) 4.971959 0.034884 142.5278 0.0000
D(Y(-7),3) 3.975568 0.026592 149.5022 0.0000
D(Y(-8),3) 2.980124 0.018584 160.3598 0.0000
D(Y(-9),3) 1.985732 0.011258 176.3904 0.0000
D(Y(-10),3) 0.992365 0.005035 197.0767 0.0000
C 0.001563 0.009248 0.168993 0.8660
@TREND(1991M10) -2.32E-06 7.97E-05 -0.029140 0.9768
R-squared 0.999308 Mean dependent var -2.30E-05
Adjusted R-squared 0.999259 S.D. dependent var 2.072077
S.E. of regression 0.056412 Akaike info criterion -2.843532
Sum squared resid 0.537805 Schwarz criterion -2.614675
Log likelihood 271.7614 F-statistic 20336.24
Durbin-Watson stat 2.029470 Prob(F-statistic) 0.000000
160
ANEXO N – Teste ADF da série de preços domésticos na primeira diferença
(DLPd) .
Null Hypothesis: D(PD) has a unit root
Exogenous: Constant, Linear Trend
Lag Length: 1 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -9.379729 0.0000
Test critical values: 1% level -4.006566
5% level -3.433401
10% level -3.140550
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(PD,2)
Method: Least Squares
Date: 07/17/08 Time: 13:54
Sample (adjusted): 1992M01 2007M12
Included observations: 192 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
D(PD(-1)) -0.807550 0.086095 -9.379729 0.0000
D(PD(-1),2) 0.088769 0.071267 1.245591 0.2145
C -0.004440 0.011502 -0.386036 0.6999
@TREND(1991M10) 3.76E-05 0.000102 0.369706 0.7120
R-squared 0.384502 Mean dependent var 0.000929
Adjusted R-squared 0.374680 S.D. dependent var 0.098386
S.E. of regression 0.077801 Akaike info criterion -2.248706
Sum squared resid 1.137970 Schwarz criterion -2.180841
Log likelihood 219.8757 F-statistic 39.14792
Durbin-Watson stat 1.985327 Prob(F-statistic) 0.000000
161
ANEXO O – Teste ADF da série de preços de importação na primeira diferença
(DLPm) .
Null Hypothesis: D(PM6) has a unit root
Exogenous: Constant, Linear Trend
Lag Length: 1 (Fixed)
t-Statistic Prob.*
Augmented Dickey-Fuller test statistic -10.92834 0.0000
Test critical values: 1% level -4.006566
5% level -3.433401
10% level -3.140550
*MacKinnon (1996) one-sided p-values.
Augmented Dickey-Fuller Test Equation
Dependent Variable: D(PM6,2)
Method: Least Squares
Date: 07/17/08 Time: 13:55
Sample (adjusted): 1992M01 2007M12
Included observations: 192 after adjustments
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
D(PM6(-1)) -1.028089 0.094076 -10.92834 0.0000
D(PM6(-1),2) 0.184463 0.071419 2.582828 0.0106
C -0.018349 0.012578 -1.458774 0.1463
@TREND(1991M10) 0.000121 0.000111 1.092936 0.2758
R-squared 0.455178 Mean dependent var -0.000480
Adjusted R-squared 0.446484 S.D. dependent var 0.114054
S.E. of regression 0.084855 Akaike info criterion -2.075143
Sum squared resid 1.353655 Schwarz criterion -2.007278
Log likelihood 203.2137 F-statistic 52.35555
Durbin-Watson stat 2.016925 Prob(F-statistic) 0.000000
162
ANEXO P – Teste de Johansen para co-integração das varáveis utilizadas na
equação de demanda.
Date: 07/17/08 Time: 14:02
Sample (adjusted): 1992M03 2007M12
Included observations: 190 after adjustments
Trend assumption: Linear deterministic trend (restricted)
Series: PM6 Q4 Y PD
Lags interval (in first differences): 1 to 4
Unrestricted Cointegration Rank Test (Trace)
Hypothesized Trace 0.05
No. of CE(s) Eigenvalue Statistic Critical Value Prob.**
None * 0.243513 96.18016 63.87610 0.0000
At most 1 * 0.137014 43.15686 42.91525 0.0473
At most 2 0.048226 15.15912 25.87211 0.5613
At most 3 0.029901 5.767778 12.51798 0.4903
Trace test indicates 2 cointegrating eqn(s) at the 0.05 level
* denotes rejection of the hypothesis at the 0.05 level
**MacKinnon-Haug-Michelis (1999) p-values
Unrestricted Cointegration Rank Test (Maximum Eigenvalue)
Hypothesized Max-Eigen 0.05
No. of CE(s) Eigenvalue Statistic Critical Value Prob.**
None * 0.243513 53.02330 32.11832 0.0000
At most 1 * 0.137014 27.99774 25.82321 0.0255
At most 2 0.048226 9.391341 19.38704 0.6837
At most 3 0.029901 5.767778 12.51798 0.4903
Max-eigenvalue test indicates 2 cointegrating eqn(s) at the 0.05 level
* denotes rejection of the hypothesis at the 0.05 level
**MacKinnon-Haug-Michelis (1999) p-values
Unrestricted Cointegrating Coefficients (normalized by b'*S11*b=I):
PM6 Q4 Y PD @TREND(91M11)
5.944625 -0.026655 2.292594 -5.762879 0.004788
-5.159862 0.554390 1.323713 3.150269 -0.012576
2.880370 0.426002 -0.254161 2.262095 0.019044
-6.283513 -0.940819 0.407145 5.587103 -0.020361
Unrestricted Adjustment Coefficients (alpha):
D(PM6) -0.019582 0.016735 -0.005229 0.004725
D(Q4) 0.087120 -0.131093 0.005182 0.047685
D(Y) -0.258767 -0.162988 -0.014821 -0.008956
163
D(PD) 0.006125 -0.003514 -0.014197 -0.000826
1 Cointegrating Equation(s): Log likelihood 206.3974
Normalized cointegrating coefficients (standard error in parentheses)
PM6 Q4 Y PD @TREND(91M11)
1.000000 -0.004484 0.385658 -0.969427 0.000805
(0.02639) (0.06083) (0.10859) (0.00055)
Adjustment coefficients (standard error in parentheses)
D(PM6) -0.116407
(0.03057)
D(Q4) 0.517896
(0.21530)
D(Y) -1.538274
(0.28993)
D(PD) 0.036408
(0.03010)
2 Cointegrating Equation(s): Log likelihood 220.3963
Normalized cointegrating coefficients (standard error in parentheses)
PM6 Q4 Y PD @TREND(91M11)
1.000000 0.000000 0.413627 -0.985057 0.000734
(0.06360) (0.11345) (0.00058)
0.000000 1.000000 6.237425 -3.485791 -0.015850
(1.13467) (2.02388) (0.01030)
Adjustment coefficients (standard error in parentheses)
D(PM6) -0.202755 0.009799
(0.03921) (0.00276)
D(Q4) 1.194318 -0.074999
(0.27402) (0.01932)
D(Y) -0.697279 -0.083461
(0.37124) (0.02618)
D(PD) 0.054541 -0.002111
(0.03980) (0.00281)
3 Cointegrating Equation(s): Log likelihood 225.0919
Normalized cointegrating coefficients (standard error in parentheses)
PM6 Q4 Y PD @TREND(91M11)
1.000000 0.000000 0.000000 -0.321235 0.003122
(0.16956) (0.00087)
0.000000 1.000000 0.000000 6.524545 0.020153
(2.37790) (0.01222)
0.000000 0.000000 1.000000 -1.604883 -0.005772
(0.44583) (0.00229)
164
Adjustment coefficients (standard error in parentheses)
D(PM6) -0.217817 0.007572 -0.021412
(0.04162) (0.00347) (0.01321)
D(Q4) 1.209245 -0.072791 0.024884
(0.29177) (0.02435) (0.09257)
D(Y) -0.739970 -0.089775 -0.805230
(0.39520) (0.03299) (0.12539)
D(PD) 0.013649 -0.008159 0.012998
(0.04139) (0.00346) (0.01313)
165
ANEXO Q – Teste de Breusch-Godfrey para presença de autocorrelação dos
resíduos.
Breusch-Godfrey Serial Correlation LM Test:
F-statistic 11.67040 Probability 0.000778
Obs*R-squared 11.33897 Probability 0.000759
Test Equation:
Dependent Variable: RESID
Method: Least Squares
Date: 07/17/08 Time: 14:07
Presample missing value lagged residuals set to zero.
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
C -0.581450 1.542772 -0.376887 0.7067
Y 0.001007 0.045940 0.021911 0.9825
PD -0.079135 0.439708 -0.179971 0.8574
PM6 0.252978 0.428013 0.591051 0.5552
AR(1) 0.047284 0.033851 1.396832 0.1641
RESID(-1) -0.271897 0.079591 -3.416196 0.0008
R-squared 0.058448 Mean dependent var 1.62E-12
Adjusted R-squared 0.033407 S.D. dependent var 0.476013
S.E. of regression 0.467995 Akaike info criterion 1.349720
Sum squared resid 41.17557 Schwarz criterion 1.450787
Log likelihood -124.9228 F-statistic 2.334079
Durbin-Watson stat 2.024672 Prob(F-statistic) 0.043795
166
ANEXO R – Teste de White para presença de heteroscedasticidade.
White Heteroskedasticity Test:
F-statistic 3.487360 Probability 0.002720
Obs*R-squared 19.52292 Probability 0.003366
Test Equation:
Dependent Variable: RESID^2
Method: Least Squares
Date: 07/17/08 Time: 14:09
Sample: 1991M11 2007M12
Included observations: 194
White Heteroskedasticity-Consistent Standard Errors & Covariance
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
C 4.352495 5.476097 0.794817 0.4277
Y -0.954687 0.940420 -1.015171 0.3113
Y^2 0.036953 0.037843 0.976480 0.3301
PD 3.337598 1.970653 1.693651 0.0920
PD^2 -0.761470 0.401570 -1.896233 0.0595
PM6 -1.470572 1.559449 -0.943007 0.3469
PM6^2 0.324883 0.268862 1.208362 0.2284
R-squared 0.100634 Mean dependent var 0.225421
Adjusted R-squared 0.071777 S.D. dependent var 0.375628
S.E. of regression 0.361896 Akaike info criterion 0.840496
Sum squared resid 24.49117 Schwarz criterion 0.958409
Log likelihood -74.52815 F-statistic 3.487360
Durbin-Watson stat 1.822442 Prob(F-statistic) 0.002720
167
ANEXO S – Teste de White com termos cruzados para presença de
heteroscedasticidade.
White Heteroskedasticity Test:
F-statistic 4.555798 Probability 0.000020
Obs*R-squared 35.35265 Probability 0.000052
Test Equation:
Dependent Variable: RESID^2
Method: Least Squares
Date: 07/17/08 Time: 14:11
Sample: 1991M11 2007M12
Included observations: 194
White Heteroskedasticity-Consistent Standard Errors & Covariance
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
C -4.289439 5.293249 -0.810360 0.4188
Y -0.060001 0.815172 -0.073606 0.9414
Y^2 0.012198 0.035202 0.346509 0.7294
Y*PD 0.221847 0.271606 0.816796 0.4151
Y*PM6 -0.294012 0.247754 -1.186708 0.2369
PD -0.933178 3.839038 -0.243076 0.8082
PD^2 1.657945 0.940953 1.761985 0.0797
PD*PM6 -3.580954 1.724896 -2.076041 0.0393
PM6 4.468301 3.591277 1.244209 0.2150
PM6^2 1.431821 0.727551 1.968001 0.0506
R-squared 0.182230 Mean dependent var 0.225421
Adjusted R-squared 0.142231 S.D. dependent var 0.375628
S.E. of regression 0.347891 Akaike info criterion 0.776315
Sum squared resid 22.26917 Schwarz criterion 0.944761
Log likelihood -65.30253 F-statistic 4.555798
Durbin-Watson stat 2.018395 Prob(F-statistic) 0.000020
168
ANEXO T – Saída do modelo utilizado para estimar a elasticidade-preço do
arroz em casca do Mercosul – corrigidos as violações de
homocedasticidade e ausência de autocorrelação.
Dependent Variable: LQ
Method: Least Squares
Date: 07/02/06 Time: 22:56
Sample (adjusted): 1991M11 2007M12
Included observations: 194 after adjustments
Convergence achieved after 10 iterations
White Heteroskedasticity-Consistent Standard Errors & Covariance
Variable Coefficient Std. Error t-Statistic Prob.
C 19.05651 1.797424 10.60212 0.0000
LY 0.127510 0.062493 2.040406 0.0427
LPd 1.432498 0.535376 2.675686 0.0081
LPm -2.955997 0.433572 -6.817783 0.0000
AR(1) 0.909690 0.032144 28.30072 0.0000
R-squared 0.769242 Mean dependent var 15.96253
Adjusted R-squared 0.764359 S.D. dependent var 0.990926
S.E. of regression 0.481024 Akaike info criterion 1.399636
Sum squared resid 43.73161 Schwarz criterion 1.483860
Log likelihood -130.7647 F-statistic 157.5103
Durbin-Watson stat 2.424155 Prob(F-statistic) 0.000000
Inverted AR Roots .91
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