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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
MARCUS ROBERTO GÓES FERREIRA COSTA
CONSUMO, DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES E
COMPORTAMENTO INGESTIVO DE OVINOS COM DIETAS À
BASE DE FENO DE JUAZEIRO (Zizyphus joazeiro)
FORTALEZA-CE
2008
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ii
MARCUS ROBERTO GÓES FERREIRA COSTA
CONSUMO, DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES E
COMPORTAMENTO INGESTIVO DE OVINOS COM DIETAS À
BASE DE FENO DE JUAZEIRO (Zizyphus joazeiro)
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de Pós-
Graduação em Zootecnia, da Universidade Federal do
Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Zootecnia.
Orientador: Profª. Dra. Maria Socorro de Souza Carneiro
FORTALEZA-CE
2008
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iii
C874c Costa, Marcus Roberto Góes Ferreira
Consumo, digestibilidade dos nutrientes e comportamento ingestivo de
ovinos com dietas à base de feno de Juazeiro (
zizyphos joazeiro) / Marcus
Roberto Góes Ferreira Costa, 2008.
58 f. ; il. enc.
Orientadora: Profa. Dra. Maria Socorro de Souza Carneiro
Co-orientadora: Profa. Dra. Elzânia Sales Pereira
Área de concentração: Nutrição Animal e Forragicultura
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Ceará, Centro de
Ciências Agrárias. Depto. de Zootecnia, Fortaleza, 2008.
1. Ingestão de nutrientes. 2. Ruminantes. 3. Volumosos. I. Carneiro,
Maria Socorro de Souza (orient.). II.Pereira, Elzânia Sales (co-orient.). III.
Universidade Federal do Ceará – Pós-
graduação em Zootecnia. IV.Título
CDD 636.08
iv
MARCUS ROBERTO GÓES FERREIRA COSTA
CONSUMO, DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES E
COMPORTAMENTO INGESTIVO DE OVINOS COM DIETAS À
BASE DE FENO DE JUAZEIRO (Zizyphus joazeiro)
Dissertação submetida à Coordenação do Curso de
Pós-Graduação em Zootecnia da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestre em Zootecnia.
Área de Concentração: Forragicultura
_______________________________________
Marcus Roberto Góes Ferreira Costa
Aprovada em ____/______/____
BANCA EXAMINADÓRA
______________________________
Profª. Maria Socorro de Souza Carneiro
ORIENTADORA
______________________________
Profª. Elzânia Sales Pereira
CO-ORIENTADORA
______________________________
Prof. Sérvulo Heber Lopes Vasconcelos
CO-ORIENTADOR
______________________________
Profª. Ana Cláudia Nascimento Campos
EXAMINADORA
______________________________
Prof. Jacob Silva Souto
EXAMINADOR
v
Nenhuma árvore boa fruto
ruim, nenhuma árvore ruim
fruto bom. Toda árvore é
reconhecida por seus frutos.
Ninguém colhe figos de
espinheiros, nem uvas de ervas
daninhas.
Lc. 6.43-44
vi
Aos meus avós maternos (in
memonian
) Zelito e Maria
Emília, meus exemplos de
família.
Aos meus avos paterno Antony
(
in memorian) e Neusa, pessoas
muito importantes na formação
de meu caráter.
Aos meus pais Vera e Marcus
Roberto, pois graças a eles,
possibilitando meus estudos
dando-me conforto, lar e amor, é
que hoje posso concluir mais
uma etapa de minha vida.
DEDICO
vii
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, pois Ele é o nosso poderoso Pai, a quem
devo a vida, que sem Ele nada teria sentido. Deus tem me abençoado
generosamente e por isso fica aqui registrada minha eterna gratidão.
À minha orientadora, Profª. Socorro, pela participação decisiva,
orientando-me humana e profissionalmente.
À Profª. Elzânia, pelo apoio e valiosa contribuição nesse trabalho.
À minha noiva Virgínia, que tem sido grande amiga e companheira
nas horas de angústia em minha vida, pela compreensão às minhas
ausências. Também devo a ela as ótimas escolhas que tenho feito e aos
maravilhosos momentos passados a seu lado. Meu amor, muito obrigado.
Aos meus irmãos, Toin e George, meu agradecimento, e minhas
desculpas, pelas vezes que os incomodei durante meus estudos.
Aos meus tios, tias, primos e primas, pelo incentivo moral recebido,
em especial, minha tia e madrinha Cláudia, para mim, grande exemplo de
superação, meu tio Narcélio (tiCé), minha maior inspiração profissional,
e meu primo Daniel, que muito me incentivou em minha pós-graduação.
Ao meu amigo e colega Luiz Neto, uma parceria que vem dando
certo, amigo é um irmão que se escolhe.
Aos colegas e amigos da pós-graduação, Márcio, William
(Maranhão), Leonardo (Baiano), Cutrim, Rômulo (Gaúcho), Roberto,
Labib, Gilson, Marieta, Patrícia Barreto, Ana Patrícia, Socorro, Rossana,
Jaime Miguel, Joaquim, Higor (Pará), Higor, Marcelo Cassimiro,
viii
Marcelo Milfont, João Avelar, Liandro, Fernando, Paulo Marcelo, Carol,
Débora, Rafa, Suelen, Ìtalo, Bartolomeu, enfim, a todos, desculpa se
esqueci alguém.
Aos alunos de graduação, Carlos Eduardo, Gilney, Karina e
Anderson, pela ajuda de vocês durante a condução do meu experimento e
nas análises laboratoriais.
As queridas laboratoristas do LANA, Roseane e Helena, obrigado
pelo apoio e pela nossa amizade, que sejam eternos.
À fazenda Terra Nova, Icó-CE, na pessoa do Dr. Fernando por
fornecer os animais utilizados em minha pesquisa.
À Universidade Federal do Ceará, pela oportunidade concedida para
realização de meu curso de mestrado.
Ao CNPq, pela concessão da bolsa, viabilizando a execução de
minhas atividades acadêmicas.
ix
CONSUMO, DIGESTIBILIDADE DOS NUTRIENTES E
COMPORTAMENTO INGESTIVO DE OVINOS COM DIETAS À
BASE DE FENO DE JUAZEIRO (Zizyphus joazeiro)
RESUMO
Avaliaram-se o consumo, a digestibilidade aparente dos nutrientes e o comportamento
ingestivo de ovinos da raça Morada Nova, recebendo rações contendo níveis crescentes de
feno de juazeiro em substituição ao feno de capim-tifton 85 (0, 33, 67 e 100%). Utilizaram-
se dezesseis ovinos machos, não castrados, com peso médio de 26,75kg, alocados em
gaiolas metabólicas individuais, distribuídos em um delineamento em blocos inteiramente
casualizado, com quatro tratamentos e quatro repetições. Os consumos de matéria seca,
matéria orgânica, proteína bruta, extrato etéreo, fibra em detergente neutro, carboidratos
totais, carboidratos fibrosos, carboidratos não fibrosos e nutrientes digestíveis totais não
foram influenciados pela adição do feno de juazeiro às dietas, com valores médios de
1.042,78 e 595,59 g/dia de matéria seca e fibra em detergente neutro, respectivamente.
Observou-se uma redução linear para os coeficientes de digestibilidade da matéria seca,
matéria orgânica, fibra em detergente neutro e carboidratos fibrosos. Para o coeficiente de
digestibilidade da fibra em detergente ácido, observou-se uma redução quadrática. Os
coeficientes de digestibilidade da proteína bruta, extrato etéreo, carboidratos totais e
carboidratos fibrosos não apresentaram variações significativas. O balanço de nitrogênio
também não foi influenciado e apresentou-se positivo para todos os tratamentos. A inclusão
do feno de juazeiro não influenciou o consumo de nutrientes nem o balanço de nitrogênio,
porém reduziu o coeficiente de digestibilidade de alguns componentes da dieta. Não se
verificou influencia da inclusão do feno de juazeiro no tempo despendido para alimentação
e ruminação (min/dia), eficiência de alimentação e ruminação (g de MS/h e g de FDN/h),
dos ovinos em relação às dietas experimentais. Não houve diferenças para o número de
refeições/dia, bem como para números de períodos ruminativos. O feno de juazeiro
administrado juntamente com feno de gramíneas convencionais pode ser uma estratégia
alimentar para época seca no semi-árido nordestino.
Palavras-chave: ingestão de nutrientes, ruminantes, volumosos
x
INTAKE, APPARENT DIGESTIBILITY AND INGESTIVE
BEHAVIOR IN SHEEP MORADA NOVA RACE FED DIETS
CONTEINING JUAZEIRO (Zizyphos joazeioro) HAY
ABSTRACT
The intake, the apparent digestibility of nutrients and ingestive behavior of sixteen sheep of
Morada Nova race with average weight of 26.75 kg, divided into individual metabolic
cages, receiving diets containing crescent levels of juazeiro hay (0, 33, 67 and 100%) were
evaluated. A casualized block experimental design with four treatment and four replications
was used. Dry matter, organic matter, crude protein, ether extract, neutral detergent fiber,
acid detergent fiber, total carbohydrates, carbohydrates fiber and non-fiber carbohydrates
intakes were not influenced by addiction of juazeiro hay of the experimental diets, with
average value in the 1042.78 and 595 g/day the dry mater and neutral detergent fiber,
respectively. Observed a reduction linear for dry matter, organic matter, neutral detergent
fiber and carbohydrates fiber digestibility. For acid detergent fiber digestibility observed a
reduction quadratic. The crude protein, ether extract, total carbohydrates, carbohydrates
fiber digestibility did not present significant variation. The nitrogen balance was not
influencing, present positive for treatments. The inclusion of juazeiro hay did not
influencing the intake of nutrients, but it reduces the digestibility coefficient in some diet
components. The inclusion of hay juazeiro did not influence the ingestive behavior of
animals (P> 0.05). The juazeiro hay with convection grass hay is a feeding strategy for
northwest semi-arid.
Keywords: intake of nutrients, roughage, ruminants
xi
ÍNDICE
Páginas
AGRADECIMENTOS
....................................................................................... vii
.............................................................................................. ix
ABSTRACT
......................................................................................................... x
LISTA DE TABELAS
........................................................................................ xii
LISTA DE FIGURAS
......................................................................................... xiv
REFERENCIAL TEÓRICO
............................................................................. 1
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................. 9
Capítulo 1 - Consumo e digestibilidade aparente de nutrientes em ovinos
da raça Morada Nova alimentados com dietas contendo feno
de juazeiro em substituição ao feno de capim-tifton 85............. 14
RESUMO......................................................................................... 14
ABSTRACT..................................................................................... 15
INTRODUÇÃO............................................................................... 16
MATERIAL E MÉTODOS............................................................. 18
RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................... 20
CONCLUSÃO................................................................................. 26
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................ 27
Capítulo 2 - Comportamento ingestivo de ovinos da raça Morada Nova
recebendo dietas com níveis crescentes de feno de juazeiro em
substituição ao feno de capim-tifton 85....................................... 29
RESUMO........................................................................................ 29
ABSTRACT..................................................................................... 30
INTRODUÇÃO............................................................................... 31
MATERIAL E MÉTODOS............................................................. 33
RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................... 36
CONCLUSÃO................................................................................. 41
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................ 42
CONSIDERAÇÕES FINAIS
............................................................................. 45
xii
LISTA DE TABELAS
Páginas
Capítulo 1
Tabela 1: Composição química-bromatológica dos ingredientes e das rações
experimentais com base na matéria seca.............................................. 19
Tabela 2: Consumos de nutrientes das dietas, coeficientes de variação (CV),
coeficiente de determinação (R²) e equações de regressão ajustadas
(ER)...................................................................................................... 21
Tabela 3: Coeficientes de digestibilidade dos nutrientes, equações de regressão
(ER), coeficientes de determinação (R²) e coeficientes de variação
(CV) ..................................................................................................... 23
Tabela 4: Valores médios para os compostos nitrogenados ingeridos,
excretados nas fezes e na urina e balanço de nitrogênio...................... 25
xiii
Páginas
Capítulo 2
Tabela 1: Composição química-bromatológica dos ingredientes e das rações
experimentais com base na matéria seca............................................ 35
Tabela 2: Médias, equações de regressões ajustadas (ER), coeficiente de
derteminação (R²) e para as variáveis do comportamento ingestivo
expressos em minutos por dia dos animais submetidos a dietas com
níveis crescentes de feno de juazeiro................................................. 37
Tabela 3: Parâmetros da eficiência alimentar e mastigação merícica de ovinos
Morada Nova recebendo feno de juazeiro em níveis crescentes com
as equações de regressão ajustadas (ER), coeficiente de
determinação (R²) e coeficiente de variação (CV)............................. 39
xiv
LISTA DE FIGURAS
Páginas
Capítulo 2
Figura 1: Comportamento alimentar de ovinos Morada Nova alimentados com níveis
crescentes de feno de juazeiro......................................................................... 38
1
REFERENCIAL TEÓRICO
A região nordeste do Brasil representa uma porção territorial com grande expressão
no cenário nacional, abrangendo uma área aproximada de 882 mil km² e com uma
população com cerca de 18 milhões de habitantes, possuindo uma densidade demográfica
de 20/hab/km² (DUARTE, 2001). Vale ressaltar a importância da zona rural desta região,
que mesmo sendo caracterizada por limitações ambientais e pelo êxodo rural, nela se
encontra grande percentual da população do Nordeste, com aproximadamente nove milhões
de habitantes (IBGE, 2006).
As limitações ambientais são claramente visíveis na produção animal, que é afetada
diretamente com a distribuição irregular das chuvas ao longo do ano, ocasionando uma
baixa oferta de forragem durante este período, assim, em virtude do sistema de criação
predominante nesta região ser o extensivo e esse tem como fonte de alimento volumoso a
pastagem nativa, com isso, a oferta de forragem e diretamente prejudicada com a carência
de precipitações.
Ressalta-se que a pecuária representa uma das mais importantes atividades para os
agricultores familiares do semi-árido brasileiro. Em função de sua maior resistência à seca
quando comparada às explorações agrícolas, ela tem se constituído em um dos principais
fatores de garantia da segurança alimentar das famílias rurais e geração de emprego e renda
na região.
Para Chedly e Lee (2005) a criação de animais tem um papel significante para os
pequenos agricultores dos países em desenvolvimento, pois ela provê elementos essenciais
à economia, tais como: tração animal, transporte, esterco como fertilizante e combustível,
alimento, fibras, couro, poupança e renda pela venda de animais e produtos.
De acordo com os dados do IBGE (2006), na nesta região nordeste do Brasil estão
90,76% dos caprinos e 55,94% dos ovinos, com rebanhos na ordem de 6,45 e 7,75 milhões
de cabeças de caprinos e ovinos respectivamente.
Mesmo nessas condições desfavoráveis, estudos recentes da EMBRAPA/Semi-
Árido em 107 municípios situados nas áreas secas do Nordeste constataram que cresce a
renda dos produtores, à medida que se eleva a participação da pecuária na unidade
produtiva (ARAÚJO, 2003).
2
Sendo o regime de criação predominantemente extensivo, a vegetação da caatinga é
a principal e muitas vezes a única fonte de alimento para os rebanhos (ARAÚJO FILHO e
BARBOSA, 1999). Com isso surge a importância de se conhecer o potencial de produção
de forragem e a viabilidade desta ser utilizada na alimentação dos ruminantes. Vários
estudos mostraram que a produção de fitomassa das espécies lenhosa e da porção aérea de
espécies herbáceas em área de caatinga nativa atinge, em média, 4,0 ton/ha/ano, com
grandes variações temporais e espaciais (BARRETO, 2005).
Segundo Araújo Filho e Carvalho (1997), a produção de fitomassa em aéreas de
caatinga nativa pode ser considerada, em termo quantitativo, elevada comparada com
outros ecossistemas semi-áridos, Oliveira (1996) relata que a potencialidade para
produção animal é considerada extremamente baixa, fato que pode está relacionado com a
qualidade das plantas forrageiras desta região, uma vez que, devido às condições climáticas
extremas, as espécies vegetais nativas acabam desenvolvendo fatores anti-herbivorismo, o
que permite a perpetuação destas espécies.
Estudos mostraram que mais de 70% das espécies da caatinga participam
significativamente da dieta dos ruminantes domésticos e em termos de grupos de espécies
botânicas, as gramíneas e dicotiledôneas herbáceas perfazem acima de 80% da dieta dos
ruminantes, durante as águas (CÂNDIDO et al. 2005).
Com isso, a presença de fatores anti-nutricionais como taninos, flavonóides,
terpenóides e lignina, dentre outros, reduzem a qualidade nutricional desses volumosos,
afetando diretamente a palatabilidade, consumo e digestibilidade dos mesmos.
As limitações das caatingas do semi-árido no aspecto quantitativo de
disponibilidade de fitomassa são por outro lado compensadas por uma grande diversidade
de espécies forrageiras, principalmente leguminosas, de alto valor forrageiro e plenamente
adaptadas ao ambiente.
Apesar de uma boa produção de fitomassa, o aproveitamento desta e ineficiente,
tendo um pico de produção na época das chuvas, quando a forragem nativa é aproveitada, e
reduzindo praticamente a zero a disponibilidade no período de estiagem.
Uma alternativa para melhor explorar da produção de fitomassa na caatinga é
armazenar o excesso de forragem produzido na época das águas. Uma técnica que pode ser
3
aplicada para esse objetivo é a fenação, sendo a forma mais antiga e de maior importância
de conservar forragem, apesar da dependência de condições climáticas satisfatórias no
período da colheita. Pode ser produzido com equipamentos simples, manualmente ou com
mecanização, e, em pequena ou grande escala, assegurando alimento volumoso ao gado na
estação seca (SUTTIE, 2000).
As espécies de gramíneas e leguminosas mais indicadas para produção de fenos
(tifton, coast cross, pangola, alfafa, entre outras) possuem pouca difusão no semi-árido, e
com isso faz-se necessário difundir a utilização da fenação de espécies forrageiras
adaptadas à região, com alto potencial de produção de matéria seca, mesmo que estas não
apresentem as características tradicionalmente mencionadas das espécies recomendadas
para a fenação (muitas folhas, talos finos) ou requeiram processos alternativos de
dessecação.
Juntamente com a difusão da técnica de fenação, surge a necessidade de estudos
avaliando as qualidades nutricionais e as potencialidades de uso de feno de espécies
vegetais da caatinga como plantas forrageiras, tanto do estrato herbáceo como do estrato
arbóreo. Algumas espécies vêm sendo estudadas bastante tempo, enquanto outras,
também com grande utilização na alimentação animal, são deixadas no esquecimento.
A importância dos estudos destas plantas se confirma uma vez que os alimentos não
são iguais na capacidade de atender aos requisitos de manutenção, crescimento, reprodução
e lactação, e no suprimento de energia e nutrientes essenciais na forma de proteínas,
vitaminas e minerais (VAN SOEST, 1994). Dentro do estudo do valor forrageiro das
plantas da caatinga destaca-se a importância do estudo do consumo e da digestibilidade dos
nutrientes, uma vez que estas apresentam características peculiares comparadas com as
forrageiras convencionais
O consumo de nutrientes é considerado o fator mais relevante para determinar a
performance animal, pois é o primeiro fator influenciador da ingestão de nutrientes,
principalmente, energia e proteína, necessária ao atendimento das exigências de mantença e
produção animal (NOLLER e NASCIMENTO, 1982).
De acordo com Mertens (1992), o consumo pode ser limitado pelo alimento, animal
ou pelas condições de alimentação. Para Sniffen et al. (1992) em sistemas de alimentação
4
dependentes dos volumosos, a capacidade dos animais de consumir alimentos em
quantidade suficiente para alcançar seus requerimentos de mantença e de produção são
muito importantes.
A regulação da ingestão voluntária de alimentos envolve sinais de fome e saciedade
que agem por intermédio de vários mecanismos hormonais e neurais, quando dietas de alta
qualidade são fornecidas, o animal se alimenta para satisfazer sua demanda de energia e a
ingestão é limitada pelo potencial genético do animal em utilizar a energia absorvida,
entretanto, quando são fornecidas dietas de baixa qualidade, o animal consome o alimento
ao nível que corresponde à capacidade do trato gastrintestinal (MERTENS, 1994).
Fatores ligados ao ambiente como elevadas temperatura e umidade relativa do ar,
alta concentração de tanino, altos níveis de lipídios principalmente, as gorduras saturadas
podem limitar o consumo de alimento pelos animais. Outro importante parâmetro na
avaliação da qualidade de uma planta forrageira é a digestibilidade, definida como sendo a
fração de um determinado alimento ou constituinte da dieta que é perdido na passagem
através do trato digestivo (COCHRAM e GALYEAN, 1994). Para Merchen & Bourquin
(1994) digestão é o processo de degradação de macromoléculas do alimento em composto
simples que possam ser absorvidos pelo trato gastrintestinal.
A descrição qualitativa do consumo, expressa pelo coeficiente de digestibilidade,
indica a quantidade percentual de cada nutriente do alimento que o animal tem condições
de utilizar, existem vários fatores que podem interferir a digestibilidade dos alimentos, em
se tratando de forragens, o estádio de maturação, exerce forte e negativo efeito sobre
digestibilidade dos nutrientes, em decorrência, principalmente, da redução no teor de
proteína e do aumento da lignificação da parede celular (FIGUEREIDO, 2005).
Forrageiras arbóreas e arbustivas geralmente apresentam coeficiente de
digestibilidade inferiores aos encontrados para forrageiras herbáceas e gramíneas, isto se
deve às mais elevadas concentrações de lignina contidas nestas categorias. Além do estudo
do consumo e digestibilidade dos nutrientes das forrageiras nativas da caatinga é importante
também avaliar o comportamento ingestivo de ruminantes alimentados com essas espécies.
Segundo Cardoso et al. (2006), o conhecimento do comportamento ingestivo é uma
ferramenta de grande importância na avaliação das dietas, pois possibilita ajustar o manejo
5
alimentar dos animais para obtenção de melhor desempenho produtivo. De acordo com
Hodgson (1990), os ruminantes adaptam-se às diversas condições de alimentação, manejo e
ambiente, modificando seus parâmetros de comportamento ingestivo para alcançar e manter
determinar o nível de consumo, compatível com as exigências nutricionais. Animais
confinados gastam em torno de uma hora consumindo alimentos ricos em energia, ou até
mais de seis horas, para fontes com baixo teor de energia e alto em fibra. Da mesma forma,
o tempo despendido em ruminação é influenciado pela natureza da dieta e, provavelmente,
é proporcional ao teor de parede celular dos volumosos. Assim, quanto maior a participação
de alimentos volumosos na dieta, maior será o tempo despendido com ruminação (VAN
SOEST, 1994).
Pesquisas têm sido realizadas com diversas espécies arbustivo-arbóreas de
forrageiras nativas, a exemplo da maniçoba (Manihot pseudo glaziovii), catingueira
(Caesalpinea bracteosa), feijão-bravo (Capparis flexuosa) e o juazeiro (Zizyphus joazeiro),
entre outras que tiveram o valor nutritivo para alimentação animal relatado por diversos
autores (BARROS et al., 1990; NASCIMENTO e NASCIMENTO, 1991; ARAÚJO et al.
1996a; ARAÚJO et al. 1996b; ARAÚJO et al. 1996c).
A maniçoba é considerada uma forrageira com alto grau de palatabilidade, além de
ser bastante procurada por animais em pastejo, possuindo um razoável teor de proteína e
também boa digestibilidade. Análises químicas bromatológicas de amostras de folhas e
ramos tenros normalmente apresentam os seguintes valores (% na MS): 20,88, 8,30, 13,96,
49,98, 6,88, 62,30%, respectivamente para de proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra
bruta (FB), extrato não nitrogenado (ENN), cinzas e digestibilidade in vitro da matéria seca
(DIVMS). Com esta composição, a maniçoba pode ser considerada uma forrageira de boa
qualidade, quando comparada com outras forrageiras tropicais (SOARES, 1995).
Em relação às dietas a base de feno de maniçoba, os autores relataram que elas
afetaram (P<0,01) o ganho de peso médio diário, que apresentou redução de 1,43 g/dia para
cada unidade de feno acrescida à dieta Verificou-se efeito significativo (P<0,01) das dietas
sobre a conversão e eficiência alimentar.
A catingueira, aliada a outros recursos naturais, apresenta-se como boa alternativa
alimentar para os rebanhos desse ecossistema, pois se mantém com bom teor de proteína
6
bruta (em torno de 14%), durante boa parte do ano, principalmente, por se tratar de uma
espécie que se adapta muito bem à maioria dos solos e climas, além de ser bastante
tolerante à seca (BARROS et al., 1990). No entanto, informações acerca do valor nutritivo,
dos dados de produção da catingueira e das quantidades máximas que devem ser oferecidas
aos animais são praticamente inexistentes na literatura (GONZAGA NETO et al., 2004).
Assim, Gonzaga Neto et al. (2004) desenvolveram um trabalho com o objetivo de
avaliar o efeito da adição de feno de catingueira na ração sobre os balanços de energia e
nitrogênio, em ovinos da raça Morada Nova. O teor de proteína bruta (PB) do feno de
catingueira verificado neste trabalho foi de 11,25%, este teor pode ser considerado baixo
comparado a outras espécies forrageiras nativas.
Os autores explicam esse baixo teor de PB devido a fase fisiológica da planta, uma
vez que o feno de catingueira na fase de vegetação plena, ou seja, após o início da brotação
(estação chuvosa), pode apresentar teor de proteína bruta próximo a 17%, esse valor reduz
para 15,60% no estádio de floração, depois para 14,40% no estádio de frutificação e
finalmente para 11,20% no estádio de dormência. Este último é determinado no restolho
lenhoso, ou seja, nas folhas que caem por ocasião da senescência. Embora não se tenha
observado efeito (P>0,05) entre os tratamentos, o aumento do teor de proteína da dieta
tendeu à melhoria do balanço de nitrogênio dos animais. Os níveis de inclusão de feno de
catingueira às dietas experimentais não afetaram os balanços de nitrogênio e de energia, o
que permite considerá-lo como um alimento estratégico para o período seco.
Com relação ao feno de feijão-bravo, sua inclusão na alimentação de cordeiros da
raça Santa Inês na fase de cria e recria foi avaliado por Barreto (2005). Na fase de cria o
autor relatou um aumento no consumo de FDA de acordo com o nível de feno de feijão-
bravo. Embora o aumento do nível de feno tenha reduzido o desempenho dos animais,
todas as dietas avaliadas possibilitaram o desmame dos cordeiros aos 77 dias com peso
superior a 15 kg, o que sugere a viabilidade da inclusão de até 35% de feno de feijão-bravo
na dieta de cordeiros em fase de aleitamento.
Na fase de recria todas as variáveis foram influenciadas de forma quadrática pela
inclusão de feno na dieta. O ganho de peso médio diário diminuiu com o aumento do nível
de feno na dieta, enquanto a conversão alimentar mostrou comportamento inverso. Assim
7
Barreto (2005) relatou que a inclusão de até 60% de feno de feijão-bravo em dietas
completas permitiu um desempenho satisfatório de cordeiros da raça Santa Inês em fase de
recria.
Em estudo do consumo e digestibilidade de nutrientes em dietas contendo diferentes
níveis do feno de feijão-bravo, Barreto (2005) identificou um aumento nos consumo de
MS, MO, MM, FDN, FDA, PB, EE, carboidratos totais e não fibrosos de maneira
quadrática com o aumento da inclusão do feno de feijão-bravo, verificando-se efeito linear
decrescente para o consumo de extrato mineral e linear crescente para os consumos de FDN
e FDA. A digestibilidade dos nutrientes foi reduzida linearmente com a inclusão do feno.
O juazeiro (Zizyphus joazeiro) é uma planta arbórea típica dos sertões nordestinos
sendo, uma das poucas espécies que se conservam sempre verdes. Suas folhas e ramas
constituem um dos mais valiosos recursos alimentares para os ruminantes nos períodos
secos, apresentado um teor de proteína em torno de 18% (BRAGA, 1976).
Seu profundo sistema radicular permite retirar água do subsolo para manter-se
verde, tem preferência a solos férteis, mas se adapta aos mais variados tipos de solos,
inclusive aos pedregosos e arenosos, não tolerando solos encharcados e em solos pobres e
sem água subterrânea, a planta não se desenvolve bem, apresentando-se na forma arbustiva,
chegando a ficar completamente destituída de folhas nas épocas de estiagens severas
(MAIA, 2004).
O juazeiro apresenta alto índice de preferência pelos pequenos ruminantes durante
a estação seca. Assim Barros et al. (1991) avaliaram o valor nutritivo do feno da folhagem
de juazeiro e de acordo com os autores, apesar de não ser uma leguminosa, o feno da
folhagem de juazeiro apresentou um bom teor de proteína bruta (15,2%).
Com relação à fibra em detergente neutro (66,7%), o valor encontrado pelos autores
foi considerado elevado em relação a algumas outras espécies nativa da caatinga, contudo,
justificaram que houve a inclusão dos ponteiros que continham acúleos, bem como, o fato
de as folhas se encontrarem fisiologicamente maduras.
Além de ser utilizado na alimentação animal o juazeiro tem uma gama de aplicações
na vida dos nordestinos, sua madeira é empregada para construções rurais, mourões,
estacas, cabos de ferramentas marcenaria e para lenha e carvão, contém grande quantidade
8
de celulose e lignina, podendo ser utilizada para produção de álcool combustível e coquete
metalúrgico (MAIA, 2004).
Suas folhas e entrecasca do tronco são utilizadas na medicina caseira como
expectorante e antitérmico; para alívio da asma e tratamento das doenças de pele, do
sangue, do fígado, do estômago e do fígado. A tintura é usada como loção capilar e no
tratamento de úlceras. Na veterinária popular as folhas de juazeiro são usadas no tratamento
de ectoparasitoses dos animais domésticos (MAIA, 2004).
O valor nutritivo de plantas nativas da caatinga é inquestionável. Entretanto, além
de sua qualidade e disponibilidade da forragem produzida relativa à preferencia animal e à
sua abilidade de digeri-la (LEITE et al., 1994).
Mesmo sendo de importância conhecida, estudos utilizando o juazeiro são escassos,
mostrando assim a relevância de se avaliar a viabilidade do uso desta planta na alimentação
de ruminantes.
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13
CAPÍTULO 1
Consumo e digestibilidade aparente de nutrientes em ovinos da raça Morada Nova
alimentados com dietas contendo feno de juazeiro em substituição ao feno de capim-
tifton 85
RESUMO
Avaliaram-se o consumo e a digestibilidade aparente dos nutrientes da dieta de ovinos da
raça Morada Nova, recebendo rações contendo níveis crescentes de feno de juazeiro em
substituição ao feno de capim-tifton 85 (0, 33, 67 e 100%). Utilizaram-se dezesseis ovinos
machos, não castrados, com peso médio de 26,75kg, alocados em gaiolas metabólicas
individuais, distribuídos em um delineamento em blocos inteiramente casualizado, com
quatro tratamentos e quatro repetições. Os consumos de matéria seca, matéria orgânica,
proteína bruta, extrato etéreo, fibra em detergente neutro, carboidratos totais, carboidratos
fibrosos, carboidratos não fibrosos e nutrientes digestíveis totais não foram influenciados
pela adição do feno de juazeiro às dietas, com valores médios de 1.042,78 e 595,59 g/dia de
matéria seca e fibra em detergente neutro, respectivamente. Observou-se uma redução
14
linear para os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, matéria orgânica, fibra em
detergente neutro e carboidratos fibrosos. Para o coeficiente de digestibilidade da fibra em
detergente ácido, observou-se uma redução quadrática. Os coeficientes de digestibilidade
da proteína bruta, extrato etéreo, carboidratos totais e carboidratos fibrosos não
apresentaram variações significativas. O balanço de nitrogênio também não foi
influenciado e apresentou-se positivo para todos os tratamentos. A inclusão do feno de
juazeiro não influenciou o consumo de nutrientes nem o balanço de nitrogênio, porém
reduziu o coeficiente de digestibilidade de alguns componentes da dieta. O feno de juazeiro
administrado juntamente com feno de gramíneas convencionais pode ser uma estratégia
alimentar para época seca no semi-árido nordestino.
Palavras-chave: nutrição de ruminantes, volumosos, Zizyphus joazeiro
ABSTRACT
The intake and the apparent digestibility of nutrients of sixteen sheep of Morada Nova race
with average weight of 26.75 kg, divided into individual metabolic cages, receiving diets
containing crescent levels of juazeiro hay (0, 33, 67 and 100%) were evaluated. A
casualized block experimental design with four treatment and four replications was used.
Dry matter, organic matter, crude protein, ether extract, neutral detergent fiber, acid
detergent fiber, total carbohydrates, carbohydrates fiber and non-fiber carbohydrates
intakes were not influenced by addiction of juazeiro hay of the experimental diets, with
average value in the 1042.78 and 595 g/day the dry mater and neutral detergent fiber,
respectively. Observed a reduction linear for dry matter, organic matter, neutral detergent
fiber and carbohydrates fiber digestibility. For acid detergent fiber digestibility observed a
reduction quadratic. The crude protein, ether extract, total carbohydrates, carbohydrates
fiber digestibility did not present significant variation. The nitrogen balance was not
influencing, present positive for treatments. The inclusion of juazeiro hay did not
influencing the intake of nutrients, but it reduces the digestibility coefficient in some diet
15
components. The juazeiro hay with convection grass hay is a feeding strategy for northwest
semi-arid.
Keywords: ruminant nutrition, roughage, Zizyphus joazeiro
INTRODUÇÃO
As espécies vegetais encontradas no bioma da caatinga possuem características
adaptativas ao ambiente, onde predominam espécies de baixo a médio porte, classificadas
como xerófilas, sendo esta vegetação nativa a principal fonte de alimentos em pastagens
naturais deste bioma, cujas folhas e ramos são bastante apreciados pelos ruminantes
(SAGRILO et al., 2003).
A conservação do pasto nativo através da técnica da fenação, durante os meses das
águas, propicia, aos pecuaristas, estratégico aporte de forragem de boa qualidade a ser
fornecida aos animais durante a época seca. Dentre as espécies arbóreas da caatinga tem-se
o juazeiro (Zizyphos joazeiro) como uma forrageira com potencial para produção de feno.
Considerando a importância das espécies forrageiras nativas do semi-árido do Brasil,
as pesquisas de avaliação da qualidade destas plantas são escassas. Neste caso, é de suma
16
relevância submeter tais espécies a ensaios de consumo e digestibilidade dos nutrientes,
buscando conhecer suas qualidades e limitações nutricionais na alimentação de ruminantes.
O consumo voluntário pode ser definido como sendo a quantidade de alimento
ingerida espontaneamente por um animal ou grupo de animais em um determinado período,
com livre acesso ao alimento, sendo este um dos principais fatores limitantes da produção
de ruminantes (Van SOEST, 1994).
Segundo MERTENS (1987), a regulação da ingestão de matéria seca por parte do
animal ocorre em função de dois mecanismos: um de curto prazo e outro de longo prazo. A
regulação de consumo em curto prazo refere-se aos eventos que ocorrem ao longo do dia e
que influenciam a freqüência, o tempo e o padrão das refeições, enquanto a regulação de
consumo em logo prazo refere-se ao consumo médio diário por determinado período de
tempo, durante o qual o animal busca atender as exigências para sua mantença e produção
(BAUMGARDT, 1970).
De acordo com MERTENS (1994) e FORBES (1995), quando a densidade energética
da dieta é alta, ou o teor de fibra é baixo, a ingestão é regulada pela demanda fisiológica de
energia, e em dietas com elevado conteúdo de fibra, ou baixa densidade energética, o
consumo é regulado por mecanismos físicos, como o efeito de enchimento do rúmen-
retículo.
COCHRAN & GALYEAN (1994) definiram a digestibilidade como a fração de
determinado alimento ou constituinte da dieta perdida na passagem pelo trato digestório. A
digestibilidade é influenciada por fatores relacionados ao animal ou inerentes ao alimento,
como composição, relação entre os nutrientes, forma de preparo das rações e densidade
energética da ração (SILVA et al., 2004)
17
Diante disso este estudo foi realizado para avaliar o efeito da substituição do feno de
capim-tifton 85 pelo feno de juazeiro na dieta de ovinos da raça Morada Nova.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Setor de Ovinocultura do Departamento de Zootecnia
da Universidade Federal do Ceará, Campus do Pici, na cidade de Fortaleza, CEARÁ. O
feno de juazeiro foi produzido na Fazenda Experimental Vale do Curu, pertencente ao
Centro de Ciências Agrárias da UFC. Para obtenção do feno, o juazeiro foi colhido em
estágio de pré-frutificação, sendo cortados os ramos com espessura de até 1,5cm,
preservando-se parte da copa das árvores, e, em seguida, picado em máquina picadora de
forragem e desidratado em fenil de alvenaria. Para avaliação do consumo e digestibilidade
dos nutrientes, bem como para o balanço nitrogenado, foram utilizados dezesseis ovinos da
ração Morada Nova, não castrados, com peso médio de 26,75kg, alojados em gaiolas de
metabolismo, providas de bebedouro e comedouro, equipadas com coletores e separadores
de fezes e de urina. Os animais foram distribuídos em quatro dietas experimentais
constituídas de quatro níveis de substituição (0, 33, 67 e 100%) de feno de capim-tifton 85
pelo feno de juazeiro, em delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições. O
período experimental foi de 21 dias, sendo 14 dias para adaptação dos animais às dietas e às
gaiolas de metabolismo, e sete dias para mensuração do consumo e digestibilidade dos
nutrientes e balanço nitrogenado. A composição dos ingredientes e rações experimentais
está apresentada na Tabela 1, a relação volumoso:concentrado das dietas foi de 60:40,
sendo as rações experimentais balanceadas conforme as recomendações do NRC (2007).
18
Os animais foram pesados no início e ao final do período experimental. A dieta total
foi fornecida à vontade, na forma de mistura completa, uma vez ao dia, e as sobras foram
recolhidas e pesadas todos os dias, para determinação do consumo diário. A quantidade de
ração fornecida foi calculada de modo que permitisse aproximadamente 10% de sobras, a
água foi fornecida à vontade. Para determinação da digestibilidade dos nutrientes entre o
14
o
e o 21
o
dia do período experimental, realizou-se coleta total de fezes. Neste período
coletaram-se também amostras de alimentos e sobras, as quais foram armazenadas a -15ºC.
Ao fim do período de coleta, as amostras foram pré-secas em estufa de ventilação forçada,
a 55ºC, durante 72 horas, trituradas em moinho tipo Willey em peneiras de um mm e
homogeneizadas para confecção de amostras compostas por animal/tratamento.
As determinações dos teores de matéria seca (MS), matéria mineral (MM), matéria
orgânica (MO), proteína bruta (PB) e extrato etéreo (EE) foram realizadas conforme os
procedimentos padrões descritos em AOAC (1990); e as de fibra em detergente neutro
(FDN) e ácida (FDA), celulose, hemicelulose e lignina, conforme proposto por Van Soest
et al. (1991). O fracionamento dos carboidratos foram obtidos conforme Sniffen et al.
(1992).
Tabela 1: Composição química-bromatológica dos ingredientes e das rações experimentais
com base na matéria seca
Componentes da dieta Níveis de inclusão do FJ (%)
Feno de
capim-
tifton 85
Feno de
juazeiro
Conc.
0 33 67 100
MS
90,30 91,76 94,57 92,01 91,76 92,04 92,88
MO
83,38 83,80 86,23 84,52 84,10 84,18 84,77
PB
10,22 12,05 20,87 14,48 14,10 15,14 15,58
EE
1,01 0,72 2,64 1,66 1,60 1,54 1,49
MM
6,89 7,74 8,03 7,35 7,47 7,64 7,86
FDN
85,68 73,67 21,25 59,87 56,97 54,60 52,66
FDA
40,37 46,45 7,36 27,17 28,13 29,33 30,82
19
Lignina
5,14 13,31 0,70 3,36 4,95 6,57 8,27
Celulose
31,00 31,93 6,44 21,18 21,17 21,36 21,73
Hemicelulose
23,89 3,57 13,35 19,67 15,51 11,48 7,48
NDT
- - - 65,07 66,11 60,66 60,30
CHT
80,22 79,27 69,77 79,84 79,32 79,27 79,71
CF
76,61 65,63 1,33 47,45 40,97 34,95 29,21
CNF
3,61 14,36 77,94 32,39 38,35 44,32 50,50
As amostras de urina foram obtidas através de coletas ao longo de 24 horas,
armazenadas em recipientes plásticos contendo 200 mL de solução de ácido sulfúrico
(H
2
SO
4
) a 10%. Após a coleta, os recipientes contendo urina foram devidamente pesados,
para determinação do volume total produzido e homogeneizados. Em seguida, foram
retiradas alíquotas de aproximadamente 100 mL, devidamente identificadas e armazenadas
a -5ºC para posterior quantificação de compostos nitrogenados.
O consumo de nutrientes digestíveis totais (NDT) foi calculado conforme NRC
(2001), onde: NDT (%) = PBd + FDNd + CNFd+ 2,25EEd, sendo: PBd a proteína bruta
digestível; FDNd a fibra em detergente neutro digestível, CNFd os carboidratos não
fibrosos digestíveis; EEd o extrato etéreo digestível.
As variáveis analisadas foram interpretadas estatisticamente por meio de análises de
variância e regressão, utilizando-se o Statiscal Analysis System Institute (SAS, 2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os consumos médios diários de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), proteína
bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN), carboidratos totais
(CHT), carboidratos fibrosos (CF), carboidratos não fibrosos (CNF) e nutrientes digestíveis
totais (NDT), com seus respectivos coeficientes de variação, determinação e equação de
20
regressão, estão demonstrados na Tabela 2. Não foi verificado efeito do feno de juazeiro
sobre os consumos de nutrientes. Vale ressaltar que os consumos médios de matéria seca
relativos ao peso vivo dos animais variaram de 3,36 a 4,07%, estando próximos ao valor
preconizado no NRC (2007) para animais de categorias, condições fisiológicas e pesos
equivalentes aos animais utilizados neste trabalho. Os consumos médios de matéria seca
foram próximos aos 3,42 %PV, relatado por Araújo et al. (2004), em dietas contendo 70%
de feno de maniçoba, que também é uma espécie arbórea nativa da caatinga brasileira. Isso
vem confirmar que ao utilizar-se de plantas que se desenvolvem em condições
edafoclimáticas desfavoráveis na alimentação de ruminantes, promove-se o aumento do
consumo de matéria seca por parte dos animais, em virtude da indisponibilidade dos
nutrientes presentes em sua composição. Com isso, os animais consomem mais, pois
buscam suprir suas demandas nutricionais, e a sensação de saciedade é imposta pelo
preenchimento físico do espaço do trato gastrintestinal (MERTENS, 1987).
Tabela 2: Consumos de nutrientes das dietas, coeficientes de variação (CV), coeficiente de
determinação (R²) e equações de regressão ajustadas (ER)
Níveis de feno de juazeiro (%) ER CV(%)
0 33 67 100
Consumo (g/dia)
MS
1134,31 906,88 1106,95 1022,99 Ŷ= 1042,78 - 10,72
MO
1038,78 828,74 1008,01 928,70 Ŷ= 951,06 - 10,70
PB
185,78 148,73 187,63 178,41 Ŷ= 174,97 - 11,91
EE
18,63 15,72 20,32 19,30 Ŷ= 18,43 - 11,51
FDN
636,53 516,80 638,79 590,23 Ŷ= 595,59 - 10,08
CHT
906,28 722,51 876,58 805,48 Ŷ= 827,71 - 10,66
CF
461,39 378,51 472,50 432,69 Ŷ= 436,34 - 9,87
CNF
429,43 334,57 395,86 367,83 Ŷ= 381,93 - 12,27
NDT
790,03 679,07 729,13 695,77 Ŷ= 726,80 - 12,79
Consumo (%PV)
MS
4,07 3,36 3,79 3,43 Ŷ= 3,66 - 9,64
FDN
2,28 1,98 2,18 1,98 Ŷ= 2,09 - 9,18
21
Consumo (g/kg
0,75
)
MS
93,35 76,50 81,10 80,21 Ŷ= 84,54 - 9,70
PB
15,24 12,54 14,93 14,01 Ŷ= 14,18 - 10,94
FDN
52,36 43,60 50,85 46,25 Ŷ= 48,26 - 9,18
O consumo de FDN médio obtido neste estudo foi de 2,09% PV. Provavelmente a
ingestão voluntária foi regulada pela limitação física do trato gastrintestinal (Van SOEST,
1994), levando assim ao limite da distensão ruminal, que determina a interrupção do
consumo (BAILE e FORBES, 1974). Possivelmente a energia ficou restrita, devido ao
volume do rúmen ter sido ocupado pela fibra. Mertens (1994) relatou que a ingestão de
alimento é limitada pelo enchimento físico do compartimento ruminal quando o consumo
diário de FDN é superior a 13 g/kg PV. De acordo com Mertens et al. (1987), as dietas de
ruminantes devem apresentar composição química que possibilite o consumo de FDN em
torno de 1,2%PV, dessa maneira, valores acima desse poderão promover repleção
ruminal, o que ocasiona a saciedade física do animal, ou seja, os espaços do trato
gastrintestinal estarão ocupados por partículas indigestíveis.
Van Soest (1994) sugeriu que os ruminantes tendem a ultrapassar o limite do
consumo de FDN de 0,8 e 1,2% PV quando a dieta apresenta baixos níveis de energia,
buscando, assim, compensar a deficiência dietética. Nete trabalho observou-se que a
utilização do feno de juazeiro manteve elevado o teor de FDN das rações, reduzindo a
quantidade de NDT, promovendo uma diluição energética, o que influenciou diretamente o
CFDN, quando expresso em %PV.
Pode-se inferir que em virtude das maiores proporções de feno de juazeiro nas
rações, os animais submetidos a estas dietas raramente ingerem energia suficiente para
22
atender suas exigências para produções potenciais, exceto em dietas formuladas com
maiores níveis de concentrado.
Com esses resultados observa-se que os estudos com plantas forrageiras típicas das
regiões semi-áridas do globo requerem mais atenção, pois desempenham papel fundamental
na alimentação dos rebanhos locais. Estas plantas apresentam características peculiares que
proporcionam a obtenção de dados diferenciados quando comparadas a forrageiras
tradicionalmente utilizadas.
Os coeficientes de digestibilidade para os nutrientes avaliados estão apresentados na
Tabela 3. A inclusão do feno de juazeiro nas dietas ocasionou uma redução de forma linear
nos coeficientes de digestibilidade da matéria seca, da matéria orgânica, da fibra em
detergente neutro e dos carboidratos estruturais. Para os coeficientes de digestibilidade da
fibra em detergente ácido, a inclusão do feno de juazeiro promoveu uma redução de forma
quadrática, no entanto, para a proteína bruta, o extrato etéreo, os carboidratos totais e os
carboidratos não fibrosos, a inclusão do feno de juazeiro não apresentou variações
significativas.
Para Van Soest (1985), a digestibilidade do alimento é influenciada pelo conteúdo e
pelo tipo de fibra presente, assim, com base na Tabela 1, pode-se observar que a adição do
feno de juazeiro promoveu redução nos teores de FDN nas dietas avaliadas e, no entanto,
elevou os teores de FDA, em virtude do maior teor de lignina no feno de juazeiro
comparado ao feno de capim-tifton 85.
Tabela 3: Coeficientes de digestibilidade dos nutrientes, equações de regressão (ER),
coeficientes de determinação (R²) e coeficientes de variação (CV)
Variáveis Niveis de Feno de Juazeiro (%) ER CV(%)
0 33 67 100
CDMS
(%)
64,99 61,89 55,50 53,30 Ŷ= 65,10 – 0,124x 0,96 53,30
23
CDMO
(%)
66,53 63,32 56,96 54,56 Ŷ= 66,65 – 0,126x 0,96 54,56
CDPB
(%)
71,33 69,80 67,71 67,12 Ŷ = 68,99 - 67,12
CDEE
(%)
71,40 74,98 76,72 70,73 Ŷ= 73,68 0,93 70,73
CDFDN
(%)
71,12 66,57 65,76 58,48 Ŷ= 71,28 – 0,116x 0,91 58,48
CDFDA
(%)
36,61 20,22 20,78 18,04 Ŷ= 35,58 – 0,4736x + 0,0031x² 0,90 18,04
CDCHT
(%)
18,40 23,56 17,40 15,12 Ŷ= 18,63 - 15,12
CDCF
(%)
52,06 47,36 37,33 30,16 Ŷ= 53,04 – 0,227x 0,98 30,16
CDCNF
(%)
53,77 62,20 54,04 62,08 Ŷ= 58,02 - 62,08
Como relatado anteriormente, a redução da digestibilidade de alguns nutrientes pode
estar atribuída ao aumento do teor de lignina nas dietas com o aumento no nível do feno de
juazeiro, o que reduz a ação dos microrganismos ruminais sobre a digestão dos nutrientes,
pois para que ocorra a digestão do conteúdo celular, as bactérias ruminais devem ter acesso
à parede externa das células do mesófilo das folhas que passaram pelo processo
mastigatório (WILSON & MERTENS, 1995).
Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca decresceram de 64,99% (0% de
feno de juazeiro) para 53,30% (100% de feno de juazeiro). Vale ressaltar que as atividades
dos microrganismos ruminais são diretamente dependentes da disponibilidade de nitrogênio
amoniacal no rúmen (RUSSELL et al., 1992), assim, a suplementação dos animais com
fontes de proteínas de alta degradação ruminal, fornecido por meio de uma ração
concentrada, poderia otimizar o crescimento microbiano, aumentando a digestibilidade dos
nutrientes (ACEDO et al., 2007).
Com relação aos coeficientes de digestibilidade dos carboidratos, a inclusão do feno
de juazeiro influenciou negativamente, de forma linear, somente os carboidratos fibrosos.
Enquanto a digestibilidade dos carboidratos totais e dos carboidratos não fibrosos não
foram influenciadas pela inclusão do feno de juazeiro, apresentando médias iguais a 18,63 e
58,02%, respectivamente. A baixa digestibilidade dos carboidratos totais pode ser atribuída
à composição química das dietas, onde se observa elevado teor de carboidratos fibrosos, e
24
na composição deste está presente alta porcentagem de FDA, o que reduz a taxa
fermentativa da parede celular, promovendo assim uma queda na digestibilidade dos
carboidratos totais. Segundo Valadares Filho (1985), carboidratos não fibrosos possuem
coeficiente de digestibilidade aparente total acima de 90%, enquanto, para carboidratos
fibrosos, a digestibilidade aparente aproxima-se de 50%. Estas considerações sugerem que
ocorre maior digestão da MS em rações com menores teores de carboidratos fibrosos, ou
seja, em rações com maior proporção de concentrado.
Com relação ao balanço de nitrogênio, na Tabela 4 estão apresentados os valores de
nitrogênio ingerido, nitrogênio fecal, nitrogênio urinário e nitrogênio retido, e os
respectivos coeficientes de variação, determinação e equações de regressão.
Tabela 4: Valores médios para os compostos nitrogenados ingeridos, excretados nas fezes e
na urina e balanço de nitrogênio
Parâmetros Níveis de feno de juazeiro
0 33 67 100 ER CV(%)
N ingerido g/dia 29,31 23,57 29,81 28,38 Ŷ = 27,77 - 11,90
N fecal (g/dia) 9,98 6,46 10,79 9,98 Ŷ =9,30 - 25,29
N Urinário (g/dia) 12,05 11,11 13,58 13,58 Ŷ =12,44 - 45,82
Balanço de N (g/dia) 7,28 6,01 6,02 4,81 Ŷ =6,03 - 62,10
A inclusão do feno de juazeiro não influenciou na eficiência de utilização do
nitrogênio pelos animais, apresentando valores de 7,21; 6,01; 6,02 e 4,81 g/dia. O
nitrogênio excretado na urina mensurado por meio da concentração da uréia está
correlacionado positivamente com as concentrações de nitrogênio no plasma e com a
ingestão de nitrogênio (Van SOEST, 1994), constituindo-se um indicativo da eficiência de
utilização do nitrogênio no rúmen.
Assim, o balanço de nitrogênio positivo observado em todos os tratamentos indica
que não ocorreram perdas de proteína ou de compostos nitrogenados durante o período
25
experimental, demonstrando que a fração protéica das dietas foi utilizada de forma eficiente
pelos animais. Esse balanço positivo indica que houve retenção de proteína no organismo
animal, proporcionando condições para que não ocorresse perda de peso dos animais. O
valor médio de nitrogênio retido, apresentado neste trabalho, ficou próximo ao valor obtido
por Barros et al. (1991), fornecendo exclusivamente feno de juazeiro, que foi de 6,0 g/dia.
CONCLUSÃO
A inclusão do feno de juazeiro em dietas de ovinos Morada Nova, em substituição
ao feno de capim-tifton 85, não influenciou o consumo de nutrientes, porém promoveu a
redução da digestibilidade de alguns nutrientes.
O feno de juazeiro em dietas para pequenos ruminantes pode ser administrado com
feno de gramíneas convencionais, sendo, desta forma, uma estratégia alimentar para época
seca no semi-árido nordestino.
26
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CAPÍTULO 2
28
Comportamento ingestivo de ovinos da raça Morada Nova recebendo dietas com
níveis crescentes de feno de juazeiro em substituição ao feno de capim-tifton 85
RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos de dietas com diferentes níveis de feno
de juazeiro em substituição ao feno capim-tifton 85 sobre o comportamento ingestivo de
ovinos (alimentação, ruminação e ócio). Dezesseis ovinos da raça Morada Nova, machos,
não castrados, confinados em gaiolas de metabolismo com peso médio de 26,75 kg, foram
distribuídos em um delineamento em blocos casualizados com quatro tratamentos (0, 33, 67
e 100%) com quatro repetições. No primeiro dia, os animais foram avaliados durante três
períodos (8 às 10 h, 14 às 16 h e 18 às 20 h), estimando-se a média do número de
mastigações merícicas por bolo ruminal e a média do tempo despendido de mastigação
merícica por bolo ruminal, utilizando-se cronômetro digital. No segundo dia, o
comportamento ingestivo de cada ovino foi determinado visualmente, a intervalos de cinco
minutos, durante 24 horas, para determinação do tempo despendido em ócio, alimentação e
ruminação. Não se verificou influencia da inclusão do feno de juazeiro no tempo
despendido para alimentação e ruminação (min/dia), eficiência de alimentação e ruminação
(g MS/h e g/FDN/h), dos ovinos em relação às dietas experimentais. Não houve diferenças
para o número de refeições/dia, bem como para números de períodos ruminativos.
Observou-se média de 265,63 minutos por dia para alimentação e 617,19 minutos por dia,
despendidos para ruminação. O número médio de bolo rumunal por dia foi de 619,76 e de
mastigação merícica por dia foi de 38.772,18
Palavras–chave: alimentação, ruminação, capim-tifton 85, volumoso, Zizyphus joazeiro
ABSTRACT
The purpose of this experiment was to evaluate the ingestive behavior of sheep fed diets
containing increasing levels of juazeiro hay to replace the grass-tifton 85 hay. We observed
29
sixteen sheep breed of Morada Nova races, male, not castrated, confined in cages of
metabolism with an average weight of 26.75kg. The animals were divided into four
experimental treatments in blocks entirely at casualized with four replications. The
treatments were levels of juazeiro hay replace the in the diets of Tifton 85 hay (0, 33, 66,
100%) based on dry matter. The trial period was twenty-one days, and fourteen days for the
adaptation of animals and seven days for data collection. The ingestive behavior was
evaluated individually during the test of consumption of digestibility of nutrients, between
the nineteenth and twentieth day, totaling a period of twenty-four hours with remarks made
every five minutes for the behavioral parameters and the parameters of efficiency food
were made three comments for a period of two hours each during the nineteenth day. Were
determined daily grazing time, ruminating time, idling time, in minutes per day. The
variables related to feed efficiency, were obtained: TMT (h/day) is the time to chew total;
TAL (h / day), ruminating time; TRU (h/day), the time for rumination; BOL (in /day), the
number of cakes rumen; TRU (min/day), the time for rumination; MMnd (nº/day) the
ruminating chewing number. The inclusion of hay juazeiro did not influence the ingestive
behavior of animals (P> 0.05).
Key Words: ruminating, Tifton 85, roughage, Zizyphus joazeiro
INTRODUÇÃO
A produção de fitomassa em aéreas de caatinga nativa pode ser considerada, em
termo quantitativo, elevada comparada com outros ecossistemas semi-áridos (ARAÚJO
FILHO e CARVALHO, 1997), mesmo assim a potencialidade para produção animal é
30
considerada extremamente baixa, fato que pode está relacionado com a qualidade das
plantas forrageiras desta região, uma vez que, devido às condições climáticas extremas, as
espécies vegetais nativas acabam desenvolvendo fatores anti-herbivorismo, o que permite a
perpetuação destas espécies (OLIVEIRA, 1996).
A presença dos fatores anti-nutricionais como taninos, flavonóides, terpenóides e
lignina, dentre outros, reduzem a qualidade nutritiva desses volumosos, afetando
diretamente a palatabilidade, consumo e digestibilidade dos mesmos como também tem
uma influência direta sobre o comportamento ingestivo dos animais, pois segundo Arnold
(1985), citado por Van Soest (1994), os ruminantes, como outras espécies, procuram ajustar
o consumo alimentar às suas necessidades nutricionais, especialmente energia.
A presença de eventuais substâncias antinutricionais nos alimentos poderá refletir
de forma a alterar os tempos despendidos em alimentação e, conseqüentemente, em
ruminação e ócio (DADO e ALLEN, 1994).
Assim surge a importância de estudos avaliando a relação das características
químicas dos alimentos com o comportamento animal, principalmente se tratando de
espécies vegetais endêmicas da caatinga utilizadas na alimentação de ovinos de raças
nativas.
O comportamento alimentar tem sido estudado com relação às características dos
alimentos, à motilidade do pré-estômago, ao estado de vigília e ao ambiente climático
(BÜRGER, et al., 2000). Dulphy et al. (1980) e Forbes, (1995) descrevem a existência de
uma diversidade de objetivos e condições experimentais que conduziram a várias opções de
técnicas de registro dos dados, na forma de observações visuais, registros semi-automáticos
e automáticos e parâmetros estudados selecionados para a descrição do comportamento
ingestivo, como tempo de alimentação ou ruminação, número de alimentações, períodos de
ruminação e eficiência de alimentação e ruminação.
De acordo com Thiago et al. (1992), a quantidade de alimento consumido por um
ruminante, em determinado período de tempo, depende do número de refeições nesse
período e da duração e taxa de alimentação de cada refeição. Estes processos resultam da
interação entre as propriedades físicas e químicas da dieta e do metabolismo do animal,
estimulando receptores da saciedade (BÜRGER, et al., 2000).
31
O uso de alimentos volumosos induz ao aumento da mastigação e da degradação
ruminal por elevar a matéria seca ingerida e as frações de fibra potencialmente digerível e
reduzir o tempo de latência da degradação da fibra (BÜRGER, et al., 2000). No entanto,
estes alimentos, quando empregados de maneira inadequada, podem deprimir o consumo e
ainda causar prejuízos no desempenho dos animais (ARMENTANO e PEREIRA, 1997).
De acordo com Hodgson (1990) para alcançar e manter determinado nível de
consumo os ruminantes são capazes de modificar as características relacionadas ao seu
comportamento ingestivo para adaptarem-se as diferentes condições de alimentação,
manejo e ambiente. O estado fisiológico bem como nutricional, também são fatores que
podem interferir significativamente no comportamento ingestivo dos ovinos.
O conhecimento dos padrões de comportamento dos animais para escolha,
localização e ingestão de alimento é crucial para o desenvolvimento e sucesso da prática de
manejo (FRASER, 1985). O estudo do comportamento ingestivo possibilita o ajuste do
manejo alimentar para obtenção do melhor desempenho produtivo (MENDONÇA et al.,
2004).
As atividades diárias são caracterizadas por três comportamentos básicos:
alimentação, ruminação e ócio: sua duração e distribuição podem ser influenciadas pelas
características da dieta, manejo, condições climáticas e atividade dos animais do grupo
(FISHER et al., 1998).
Diante disso, o objetivo desta pesquisa foi avaliar o comportamento ingestivo de
ovinos da raça Morada Nova submetidos a dietas contendo níveis crescentes de feno de
juazeiro em substituição ao feno capim-tifton 85.
MATERIAIS E MÉTODOS
O experimento foi realizado no Setor de Ovinocultura do Departamento de
Zootecnia da Universidade Federal do Ceará, Campus do Pici, na cidade de Fortaleza, CE,
no período de setembro a outubro de 2007. As coordenadas geográficas da área são as
seguintes: 3º44’ latitude e 38º33’ W longitude Gm e altitude 19,5m (AGUIAR et al;. 2002).
32
Foram utilizados dezesseis ovinos da ração Morada Nova, não castrados, com peso
médio de 26,75 kg. Os animais foram alocados individualmente em gaiolas de metabolismo
providas de bebedouro e comedouro, equipadas com coletores e separadores de fezes e de
urina.
O feno de juazeiro foi produzido na Fazenda Experimental Vale do Curu,
pertencente ao Centro de Ciências Agrárias da UFC. A forragem foi colhida de plantas em
estágio de pré-frutificação, sendo cortados os ramos com espessura de até 1,5 cm,
preservando parte da copa das árvores, e, em seguida, foram picados em uma máquina
picadora de forragem e postos para desidratar em um fenil de alvenaria.
Os tratamentos experimentais foram constituídos de quatro níveis de inclusão (0, 33,
67 e 100%) de feno de juazeiro em substituição ao feno de capim-tifton 85. O delineamento
experimental utilizado foi o de blocos inteiramente casualizados, com quatro repetições,
sendo os animais agrupados conforme o peso corporal.
A relação volumoso:concentrado das dietas foi de 60:40. As rações experimentais
foram formuladas conforme as exigências preconozadas no NRC (2007).
O período experimental foi de vinte e um dias, quando os primeiros quatorze dias
foram para a adaptação dos animais às dietas experimentais, e os últimos sete dias, para
coletas de dados. As dietas foram fornecidas em um único período, sempre às 8 horas.
Durante o período de coletas foram colhidas amostras dos alimentos fornecidos
(feno de capim-tifton 85, feno de juazeiro e ração concentrada), das sobras e das fezes
(coleta total) e levadas ao LANA, onde foram pesadas individualmente e congeladas. Ao
final do período de coleta as amostras de cada tratamento foram homogeneizadas em uma
amostra composta de onde retirou-se uma alíquota do material para posteriores análises.
As amostras das fezes foram pré-secas em estufa de ventilação forçada a 55ºC por
setenta e duas horas para extração do excesso de umidade.
As amostras do oferecido, sobras e fezes foram moídas em moinho de peneira com
malha de 1 mm para, ao final, obterem-se amostras para realização das análises
laboratoriais, nas quais foram determinados os teores de matéria seca (MS), matéria
orgânica (MO), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), matéria mineral (MM), fibra em
33
detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), celulose (CEL), hemicelulose
(HEM) e lignina (LIG), segundo a metodologia descrita por Silva e Queiroz (2002).
Os dados do comportamento animal foram coletados visualmente, a intervalos de
cinco minutos (amostragem scan), durante 24 horas, para determinação do tempo
despendido em ócio, alimentação e ruminação (JOHNSON & COMBS, 1991). O tempo
despendido em ócio foi expresso em minutos/dia; por conseguinte, as atividades de
alimentação e ruminação, em minutos/dia e minutos/kg de MS e FDN. Na observação
noturna dos animais, o ambiente foi mantido com iluminação artificial. O tempo gasto em
cada atividade foi calculado multiplicando-se o número total de observações por cinco.
Para coleta dos dados de mastigação merícica e eficiência alimentar os animais
foram observados em três períodos de duas horas de duração durante o décimo nono dia,
das 8:00 às 10:00, das 14:00 às 16:00 e das 18:00 às 20:00.
As variáveis referentes ao comportamento ingestivo, avaliadas por um observador
por animal, foram obtidas pelas relações: TMT = TAL+TRU; BOL = TRU/MMtb; MMnd
= BOL*MMnb, em que TMT (h/dia) é o tempo de mastigação total; TAL (h/dia), o tempo
de alimentação; TRU (h/dia), o tempo de ruminação; BOL (no/dia), o número de bolos
ruminais; TRU (seg/dia), o tempo de ruminação; o tempo de mastigação merícica por bolo
ruminal (Polli et al., 1996); MMnd (nº/dia), o número de mastigações merícicas por dia.
A eficiência de alimentação e ruminação, em g MS/h e g FDN/h, foi calculada por
meio da divisão do consumo médio diário de MS e FDN pelo tempo total despendido em
alimentação e/ou ruminação durante 24 horas.
Foram calculados também os teores de carboidratos totais (CHT) por meio da
equação descrita por Sniffen et al. (1992), os carboidratos estruturais (CHE) foram
obtidos por meio da fibra em detergente neutro corrigido para cinzas e proteína, e os
carboidratos não estruturais (CNE) foram os resultado da diferença entre os CHT e
os CHE. Os dados da composição química dos ingredientes e das dietas experimentais
encontram-se na Tabela 1.
Tabela 1: Composição química-bromatológica dos ingredientes e das rações experimentais
com base na matéria seca
Componentes da dieta Níveis de inclusão do FJ(%)
Feno de
Tifton 85
Feno de
juazeiro
Conc.
0 33 66 100
34
MS(%)
90,30 91,76 94,57 92,01 91,76 92,04 92,88
MO¹
83,38 83,80 86,23 84,52 84,10 84,18 84,77
PB¹
10,22 12,05 20,87 14,48 14,10 15,14 15,58
EE¹
1,01 0,72 2,64 1,66 1,60 1,54 1,49
MM¹
6,89 7,74 8,03 7,35 7,47 7,64 7,86
FDN¹
85,68 73,67 21,25 59,87 56,97 54,60 52,66
FDA¹
40,37 46,45 7,36 27,17 28,13 29,33 30,82
LIG.¹
5,14 13,31 0,70 3,36 4,95 6,57 8,27
CEL.¹
31,00 31,93 6,44 21,18 21,17 21,36 21,73
HEMC.¹
23,89 3,57 13,35 19,67 15,51 11,48 7,48
NDT¹
- - - 65,07 66,11 60,66 60,30
CHT¹
80,22 79,27 69,77 79,84 79,32 79,27 79,71
CHE¹
76,61 65,63 1,33 47,45 40,97 34,95 29,21
CNE¹
3,61 14,36 77,94 32,39 38,35 44,32 50,50
¹% na matéria seca
O consumo de nutrientes foi encontrado pela diferença entre a quantidade do
nutriente ingerido e a quantidade do nutriente contido nas sobras. O coeficiente de
digestibilidade foi obtido pela diferença do teor do nutriente ingerido pelo teor do nutriente
nas fezes dividido pelo teor do nutriente ingerido.
Os teores de nutrientes digestíveis totais (NDT) foram determinados por meio da
fórmula descrita no NRC (2001), onde:
NDT(%) = PBD + FEND + CNFD+ 2,25EED, em que,
PBD é a proteína bruta digestível (PB da dieta – PB das fezes);
FDND é a fibra em detergente neutro digestível (FDN da dieta – FDN das fezes);
CNFD são os carboidratos não fibrosos estruturais digestíveis (CNF da dieta CNF
das fezes);
EED é o extrato etéreo digestível (EE da dieta – EE das fezes);
A eficiência da utilização do nitrogênio foi obtida por meio do cálculo da
quantidade de nitrogênio ingerido subtraído da quantidade de nitrogênio excretado na urina
e nas fezes, determinados na análise de nitrogênio realizada pelo método de Kjeldahl
descrito por Silva e Queiroz (2002).
As variáveis analisadas foram interpretadas estatisticamente por meio de análises de
variância e regressão utilizando-se o Statiscal Analysis System Institute (SAS, 2001). Os
critérios adotados para escolha do modelo foram o coeficiente de determinação, calculado
35
através da relação entre a soma de quadrados da regressão e a soma de quadrados de
tratamento, e a significância observada por meio do teste F, em níveis de 1 ou 5% de
probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A inclusão do feno de juazeiro em dietas de ovinos da raça Morada Nova em
substituição ao feno de capim-tifton 85 não ocasionou alterações no comportamento
ingestivo dos animais (Tabela 2), assim os tempos gastos pelos ovinos para realizarem suas
atividades ao longo do dia foram semelhantes (P>0,05) em todos os tratamentos.
Com base nos dados da composição bromatológica das dietas experimentais, pode ser
observado uma redução no teor de FDN, mais em contrapartida, o teor de FDA aumentou
com a inclusão do feno de juazeiro nas dietas, isso explica não haver diferença entre os
tempos despendidos nas atividades de alimentação, ruminação e ócio, já que de acordo com
Mertens (1997), o incremento da quantidade de fibra nas dietas estimula a atividade
mastigatória, fato comprovado por Carvalho et al. (2006), que avaliaram o efeito de cinco
níveis de FDN (20, 27, 34, 41 e 48%) na dieta de cabras e constataram aumento nos tempos
de ingestão e ruminação e diminuição do ócio com a elevação dos níveis de FDN na ração.
Assim, mesmo os teores de FDN terem reduzidos com a inclusão do feno de juazeiro, os
teores de FDA aumentaram, anulando o efeito da diminuição da FDN na dieta.
Tabela 2: Médias, equações de regressões ajustadas (ER), coeficiente de derteminação (R²) e para
as variáveis do comportamento ingestivo expressos em minutos por dia dos animais
submetidos a dietas com níveis crescentes de feno de juazeiro
Variáveis Níveis de inclusão do feno de juazeiro (%)
0 33 66 100 ER CV(%)
Ingestão 251,25 266,25 301,25 243,75 Ŷ= 265,63 - 21,43
Bebendo 25,00 17,50 25,00 21,25 Ŷ= 22,19 - 35,22
Ruminando deitado 555,00 485,00 537,50 562,50 Ŷ= 535,00 - 14,38
Ruminando em pé 23,75 26,25 23,75 23,75 Ŷ= 24,38 - 27,14
Ócio 585,00 645,00 552,50 588,75 Ŷ= 592,81 - 17,86
Os animais alimentados com feno de juazeiro apresentaram menor tempo de
alimentação e maiores tempos para ruminação e ócio comparados a ovinos alimentados
com capim elefante e ração concentrada relatados por Carvalho et al. (2006). Essa diferença
pode ser atribuída a um menor teor de FDA contido nas dietas experimentais desses
36
autores, uma vez que a FDA é a porção indigestível da fração fibrosa dos alimentos e seu
incremento na dieta reduz a taxa de passagem dos alimentos. De acordo com Pereira et al.
(2000) esta fração deixa o rúmen somente por meio do processo de passagem, assim,
quanto maior for a porção indigestível de um alimento, mais tempo o animal despende
ruminando para que o bolo alimentar passe mais rápido pelo rúmen e assim o animal possa
ingerir mais alimento para suprir sua demanda nutricional, com isso espera-se que essa
porção da fibra tenha uma grande contribuição para o efeito de repleção ruminal
(PEREIRA et al. 2000).
Macedo et al. (2007), avaliando a inclusão do bagaço de laranja em substituição à
silagem de sorgo, relataram que o tempo gasto para alimentação foi, em média, de 405,31
minutos por dia, tempo superior ao obtido neste trabalho. Isso ocorreu em virtude das dietas
dos referidos autores apresentarem baixos teores de proteína bruta, com isso a animal tende
a gastar mais tempo alimentando-se para suprir sua demanda nutricional, pois segundo
Mertens (1996) para que o animal possa suprir suas exigências energéticas, ocasionado em
conseqüência da relação inversa entre o conteúdo de fibra e o conteúdo de energia líquida
ele tende a aumentar o período em que passa ingerindo alimento.
Em termos percentuais, pode-se observar na Figura 1 que a distribuição entre as
atividades desenvolvidas ao longo do dia foram semelhantes, onde em todos os tratamentos
o ócio representa o maior percentual do tempo, semelhante aos resultados obtidos por
Cardoso et al. (2006), destacando o tratamento dois com o ócio correspondendo 44,79% das
vinte e quatro horas do dia, .
37
Figura 1: Comportamento alimentar de ovinos Morada Nova alimentados com
níveis crescentes de feno de juazeiro
Gonçalves et al. (2001) observaram que caprinos em lactação recebendo ração com
uma relação volumoso:concentrado de 60:40 destinaram mais de 50% de seu tempo diário
para o ócio, em contrapartida o tempo destinado a ruminação representou um percentual
próximo aos 20%, tempo inferior ao obtido nesta pesquisa, essa diferença entre os ovinos e
caprinos pode ser explicado devido a cabra apresenta maior taxa de passagem das partículas
do alimento pelo trato gastrintestinal (VAN SOEST, 1994).
Avaliando dietas a base em silagem de sorgo, Cardoso et al. (2006) obtiveram em
média um menor tempo despendido na alimentação (14,27%), tempo inferior ao obtido
neste trabalho que foi, em média 18,44%, isso se deve ao fato das dietas a base de silagem
de sorgo apresentaram um bom valor nutritivo, com elevados teores de proteína bruta e
elevados níveis de energia digestível, assim o animal necessita menor tempo de ingestão
para suprir sua demanda por nutrientes, sendo o consumo regulado pelo efeito fisiológico,
onde a sensação de saciedade ocorre quando a exigência nutricional é atendida
(MERTENS, 1987), confirmando o efeito da qualidade do alimento em relação ao tempo
gasto na ingestão de alimentos.
Os parâmetros da eficiência de alimentação obtidos neste trabalho encontram-se na
Tabela 3. Com base nesses dados observa-se que a inclusão do feno de juazeiro não
promoveu influência sobre os parâmetros avaliados.
Tabela 3: Parâmetros da eficiência alimentar e mastigação merícica de ovinos Morada Nova
recebendo feno de juazeiro em níveis crescentes com as equações de regressão
ajustadas (ER), coeficiente de determinação (R²) e coeficiente de variação (CV)
Parâmetros Níveis de inclusão do feno de juazeiro (%)
0 33 66 100 ER CV(%)
TAL(h/dia) 4,25 4,54 5,17 4,00 Ŷ= 4,47 - 21,91
EAL(g/h) 278,62 219,90 225,22 268,36 Ŷ= 244,51 - 19,96
TRU(h/dia) 9,63 8,21 9,17 9,88 Ŷ= 9,31 - 15,08
ERU(gMS/h) 114,85 103,75 112,56 106,51 Ŷ= 113,03 - 13,54
ERU(gFDN/h) 64,42 59,63 65,35 61,62 Ŷ= 64,55 - 13,12
TMT(h/dia) 14,25 13,13 14,17 13,92 Ŷ= 13,78 - 13,08
BOL(nº/dia) 706,74 596,49 544,48 631,34 Ŷ= 619,76 - 35,47
MMnd(nº/dia) 40.920,59 33.684,66 37.396,00 43.087,50 Ŷ= 38.772,18 - 13,37
38
O valor médio observado para o tempo de alimentação foi superior aos encontrados
por Cardoso et al. (2006) e aos encontrados por Turino (2003) que obteve médias de 3,42 e
2,58 respectivamente. No entanto, o menor valor encontrado pelo segundo autor é atribuído
a qualidade de suas dietas que continham alta proporção de concentrado de forma a compor
dietas com um máximo de 18% de FDN na MS.
Os estímulos de mastigação, motilidade ruminal, manutenção ruminal, manutenção da
estabilidade do ambiente ruminal, saúde do animal, consumo de MS e fornecimento de
energia, entre outros estão associados diretamente a fibra contida na dieta (MERTENS,
1992).
Segundo Van Soest (1994), o tempo gasto em ruminação é proporcional ao teor de
parede celular dos alimentos, assim, ao elevar-se o nível de FDN das dietas haverá um
aumento no tempo despendido com ruminação. Da mesma forma, Church (1988) cita que
forragens com alto conteúdo de FDN necessitam de maior tempo para ruminação, devido à
maior necessidade de processar a fibra da dieta.
Quanto a eficiência de ruminação, o resultado médio tanto em relação a gMS/h e
gFDN/h foram superiores aos resultados de Cardoso et al.(2006) obtidos com dietas
contendo 43% de FDN.
O tempo total de mastigação apresentou-se semelhante aos resultados obtidos por
Macedo et al. (2007), que relataram um tempo total médio de mastigação igual a 14,9 horas
por dia. comparando com os resultados de Cardoso et al. (2006), o tempo de mastigação
total obtido nesta pesquisa foi superior, mostrando a influencia direta da composição da
dieta no tempo despendido na mastigação, pois as dietas contendo feno de juazeiro
apresentam um elevado teor FDA.
Os valores médios observados para os tempos de alimentação (205,25 min.dia
-1
) e de
ruminação (487,25 min.dia
-1
) são superiores aos encontrados por TURINO (2003) que
obteve médias de 154,8 e 215,4 min.dia
-1
para alimentação e ruminação, respectivamente.
No entanto, este autor trabalhou com dietas que continham alta proporção de concentrado e
baixa fração fibrosa, como já citada anteriormente.
Com relação ao número de mastigação merícica observou-se que os valores obtidos
nesta pesquisa foram semelhantes aos relatados por Macedo et al. (2007) e superiores aos
39
obtidos por Carvalho et al. (2004) que observaram o comportamento ingestivo de cabras em
lactação.
A comparação dos dados do número de mastigação merícica por dia obtido nesta
pesquisa, com os da literatura citada a cima, confirma a influencia da composição química
da dieta sobre o comportamento mastigatório de ovinos, onde em dietas com maior teor de
fibra vai proporcionar um maior número de mastigação merícicas, pois para uma digestão
eficiente o animal necessitará ruminar bem o material ingerido para que as bactérias
ruminais tenham acesso à parede externa das células do mesófilo das folhas mastigadas,
porque essas são arranjadas frouxamante, possuem alta interligação, espaços aéreos
intercelulares e poucos contatos de parede celular (WILSON e MERTENS, 1995).
CONCLUSÃO
O feno de juazeiro utilizado na alimentação de ovinos da raça Morada Nova no
promove alterações nos parâmetros do comprtamento animal, podendo ser utilizado na
formulação de rações para ovinos.
O feno de juazeiro não deve ser utilizado como volumoso exclusivo em ração
completa de ovino pois o tempo dispendisado na alimentação quando os animais recebem
esse volumos é superior comparado a outros volumosos.
40
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A busca por novas espécies vegetais ou adaptadas ao bioma caatinga que possam ser
usadas como ingrediente em rações nas regiões semi-áridas é de fundamental importância
para viabilizar a exploração pecuária neste território, uma vez que nessa porção do globo
encontra-se uma grande proporção de habitantes e com isso se faz necessário à fixação
destes no meio rural para evitar o agravamento de problemas socioeconômicos nas grandes
metrópoles que são o refúgio dos agricultores retirantes em busca de melhores condições de
vida (êxodo rural).
A criação de ovinos sempre foi um atividade que promove a fixação da população do
meio rural da região nordeste do Brasil, tendo uma aptidão natural para a atividade pecuária
que tradicionalmente é praticada desde o descobrimento do continente onde houve a
chegada dos primeiros animais oriundos da Europa, principalmente, Portugal. Esses
primeiros exemplares foram se espalhando por toda a região e com o passar do tempo esses
animais foram se adaptando às condições climáticas adversas da caatinga e surgiram às
raças ovinas nativas, dentre elas destaca-se a Morada Nova.
A criação de pequenos ruminantes das raças nativas aliada ao uso de espécies
forrageiras nativas da caatinga promove uma junção perfeita na exploração da ovinocultura,
44
onde se têm animais adaptados às condições edafoclimáticas e plantas com potencial
forrageiro que fornecem um aporte alternativo de alimento para os rebanhos durante o
período seco do ano.
Para aperfeiçoar o uso das forrageiras nativas as mesmas devem passar por algum
processo de conservação (fenação ou ensilagem) durante a época das chuvas, quando se
tem uma grande produção de massa de forragem. Essa produção de forragem chega a
atender as necessidades dos animais criados nos sistemas extensivos e ainda fornecem
sobras, que com o passar do tempo são perdidas devido à queda do seu valor nutricional,
imposta pela estiagem que se prolonga ao longo do ano.
Dentre as várias espécies arbóreas da caatinga, o juazeiro (Zizyphos joazeiro) tem um
grande destaque, pois mantém sua folhagem sempre verde, mesmo nos meses sem chuva,
tornando-se muitas vezes a única fonte de alimento para os rebanhos, sendo considerada
por muitos como o símbolo da resistência do povo nordestino.
Apesar do uso da rama in natura do juazeiro ser bastante difundido nas propriedades
agrícolas, pouco ou quase nunca é conservada no período de abundância, para ser oferecida
durante os meses de seca do ano. Acredita-se que a falta de conhecimento cientifico sobre o
valor nutricional deste material é um dos principais fatores que contribui para essa
realidade. Por isso, surge a importância de se estudar o valor nutricional do feno de juazeiro
utilizado na alimentação de ovinos nativos da região nordeste como uma forma para
contribuir para melhorar o desempenho dos rebanhos na região semi-árida brasileira.
O feno de juazeiro apresenta restrição em seu uso no referente a digestibiliade de
nutrientes, pois com o aumento do percentual deste em ração completa para ovinos ocorreu
a redução da digestibilidade de alguns nutrientes. Assim o feno de juazeiro não pode ser
utilizado como volumoso exclusivo em dietas de ovinos.
Outro fato importante é o uso de uma ração concentrada juntamente com o volumoso,
principalmente quando este é uma planta forrageira nativa da caatinga. Pois com o
fornecimento de um concentrado devidamente balanceado um aporte de nutrientes para
os microrganismos ruminais que aumentam suas populações e aumentam a eficiência da
digestão melhorando o aproveitamento da forragem.
45
O uso do feno de juazeiro juntamente, fartamente disponível encontrado nos sertões
do nordeste brasileira, mostra-se interessante e viável, que a inclusão na formulação de
rações, em substituição a outras forragens, não promovem alterações no comportamento
ingestivo dos animais.
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