Download PDF
ads:
ALESSANDRA FERREIRA DALES NAVA
Espécies sentinelas para a Mata Atlântica:
as conseqüências epidemiológicas da fragmentação
florestal no Pontal do Paranapanema, São Paulo
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Epidemiologia Experimental e Aplicada às
Zoonoses da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Doutor em Ciências
Departamento:
Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal
Área de concentração:
Epidemiologia Experimental e Aplicada às Zoonoses
Orientador:
Prof. Dr. Fernando Ferreira
São Paulo
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Autorizo a reprodução parcial ou total desta obra, para fins acadêmicos, desde que citada a fonte.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO-NA-PUBLICAÇÃO
(Biblioteca Virginie Buff D’Ápice da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo)
T.2001 Nava, Alessandra Ferreira Dales
FMVZ Espécies sentinelas para a Mata Atlântica: as conseqüências
epidemiológicas da fragmentação florestal no Pontal do Paranapanema,
São Paulo / Alessandra Ferreira Dales Nava. – São Paulo : A. F. D. Nava,
2008.
147 f. : il.
Tese (doutorado) - Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia. Departamento de Medicina Veterinária Preventiva
e Saúde Animal, 2008.
Programa de Pós-Graduação: Epidemiologia Experimental e Aplicada
às Zoonoses.
Área de concentração: Epidemiologia Experimental e Aplicada às
Zoonoses.
Orientador: Prof. Dr. Fernando Ferreira.
1. Medicina da conservação. 2. Medicina preventiva. 3. Fragmentação
florestal. 4. Saúde pública. 5. Doenças infecciosas. I. Título.
ads:
PARECER DA COMISSÃO DE BIOÉTICA
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome: NAVA, Alessandra Ferreira Dales
Título: Espécies sentinelas para a Mata Atlântica: as conseqüências epidemiológicas
da fragmentação florestal no Pontal do Paranapanema, São Paulo
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Epidemiologia Experimental e Aplicada às
Zoonoses da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Doutor em Ciências
Data; ____ / ____ / _____
Banca Examinadora
Prof. Dr. ________________________ Instituição: ____________________
Assinatura: _________________________ Julgamento: ____________________
Prof. Dr. _________________________ Instituição: ____________________
Assinatura: _________________________ Julgamento: ____________________
Prof. Dr. _________________________ Instituição: ____________________
Assinatura: _________________________ Julgamento: ____________________
DEDICATÓRIA
Dedico esta tese a todos os animais silvestres do Pontal do Paranapanema, e toda
sua biodiversidade, verdadeiros sobreviventes em um mundo antropocêntrico e
ganancioso; às pessoas que lutaram e lutam para a conservação da biodiversidade
brasileira; aos meus bichos maravilhosos e companheiros Nina, Juju e Izidro. E para
Katherine, Morgs e Chiara para sempre no meu coração.
AGRADECIMENTOS
À minha mãe Rosa Nava, jornalista e pesquisadora, que com certeza me inspirou
para o caminho da pesquisa, ao meu pai e minhas irmãs Déa e Dri, que certamente
nunca entenderam o que faço.
A Luara por existir...
Aos meus, avós Enzo e Caçula, por me cederem sua casinha.
Ao Rodrigo pelo carinho e companheirismo na reta final da tese.
Ao Prof. Fernando Ferreira pela sua orientação e amizade nos momentos difíceis.
Ao Laury Cullen Junior que me iniciou nos caminhos da preservação ambiental, e
me ensinou que a vida deve ser enxergada da lua...
Aos amigos Fernando Pacheco, Adriana Cortez e Marcos Heinemann pela
confiança, apoio, carinho e orientação.
A Patricia Marques Ferreira e Monica Fagundes pelas muitas ajudinhas e apoio.
Ao Sr. Cícero Joaquim Sebastião, assentado da Ribeirão Bonito pelo apoio
constante, excelente trabalho de campo e profissionalismo.
A Terezinha e família pelo carinho e aconchego no assentamento Tucano.
À amiga Taninha por sempre me ajudar na parte burocrática da pós...
A Alonso Aguirre, pela amizade, orientação e gentil doação dos kits diagnósticos
para leucemia felina e imunodeficiência felina e, principalmente, por acreditar em
mim.
A Aleksei Mac Durian pela grande amizade e carinho.
À Fapesp pelo apoio financeiro.
A Marcello Schiavo Nardi pela imensa ajuda no trabalho de campo e amizade.
A Daniela Ribeiro, Camila, Fernanda e Fátima Andreoni pela acolhida em muitas
noites, enquanto realizava meus créditos.
Aos funcionários do Laboratório de Zoonoses Bacterianas do Departamento de
Medicina Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (VPS/FMVZ/USP), pela
realização da sorologia e tentativas de isolamento de leptospirose e brucelose,
especialmente para a Zenaide e Gisele.
À equipe do laboratório de Doenças Parasitárias do Departamento de Medicina
Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia da Universidade de São Paulo (VPS/FMVZ/USP), especialmente ao
professor Marcelo Labruna.
Aos professores do VPS, em especial aos professores Silvio Vasconcellos, José
Soares e Evelise.
A Jucélia, Danival e demais funcionários do VPS pelo apoio.
À Biovet, especialmente ao José Domingues de Ramos Filho por todo auxílio na
realização do sorodiagnóstico para cinomose.
Aos padrinhos mágicos, Martinho, Renata e Atito, sempre ao meu lado.
A todos os estagiários que me auxiliaram ao longo deste estudo, especialmente a
Anaiá Paixão Sevá.
A Elza e Fátima da Biblioteca da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade de São Paulo.
Aos amigos Fabíola, Wanessa e Antonio pelos momentos de descontração
compartilhados...
RESUMO
NAVA, A. F. D. Espécies sentinelas para a Mata Atlântica: as consequências
epidemiológicas da fragmentação florestal no Pontal do Paranapanema, São
Paulo. [Sentinel species for Atlantic Rainforest: epidemiological consequences of
forest fragmentation in Pontal do Paranapanema, São Paulo]. 2008. 147 f. Tese
(Doutorado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
A conservação da biodiversidade e de ecossistemas saudáveis é extremamente
necessária para a saúde dos indivíduos, das populações humanas e das demais
espécies encontradas na natureza. Como conseqüência desses múltiplos estresses
ambientais estão certas doenças emergentes, a desestabilização de cadeias tróficas
e os efeitos deletérios na saúde de populações silvestres e na ecologia dos habitats
fragmentados. O objetivo principal deste estudo foi estudar as conseqüências
epidemiológicas da fragmentação florestal nas populações de animais domésticos,
felinos silvestres e taiassuídeos presentes no Parque Estadual Morro do Diabo e
fragmentos florestais próximos, intencionando determinar o padrão de ocorrência de
doenças na população silvestre. Para isso foram capturados e tiveram amostras
coletadas: 39 catetos (Tayassu tajacu), 61 queixadas (Tayassu peccari), 2
jaguatiricas (Leopardus pardalis), 2 onças pardas (Puma concolor), 8 onças pintadas
(Panthera onca), e 100 Rattus rattus bem como os seguintes animais domésticos:
782 bovinos, 214 caninos, 193 eqüinos, 108 ovinos, 97 suínos e 17 gatos
domésticos do entorno do PEMD e fragmentos florestais. Para os animais silvestres
e domésticos amostrados, com exceção dos gatos domésticos foi realizado
sorodiagnóstico para Leptospira spp (MAT) e Brucella spp. (rosa bengala e fixação
de complemento) e tentativas de isolamento para Leptospira spp e Brucella spp. ;
para os caninos domésticos, felídeos silvestres e taiassuídeos foi realizado
sorodiagnóstico para cinomose (soroneutralização); para felídeos silvestres e felinos
domésticos foi realizado sorodiagnóstico para imunodeficiência felina e leucemia
felina (ELISA indireto). Dentre os felídeos selvagens e domésticos, nenhum animal
foi reagente para imunodeficiência felina e leucemia felina; também não foi
identificado animal reagente para cinomose entre os felídeos silvestres e
taiassuídeos, porém os caninos domésticos 12 de 200 animais foram reagentes;
para brucelose 7 queixadas, 1 cateto, 13 bovinos, 3 cães e 1 onça pintada foram
reagentes, as outras espécies como ovinos, suínos e equinos não foram reagentes;
para leptospirose 18 queixadas, 4 catetos, 1 onça pintada, 322 bovinos, 12 ovinos,
15 suínos e 64 equinos. As tentativas de isolamento para leptospirose e brucelose
foram inconclusivas. Os resultados indicam que os animais silvestres e os animais
domésticos do entorno das florestas foram expostos a alguns agentes pesquisados.
É urgente um programa de extensionismo rural visando o incremento da saúde
animal doméstica que vive no entorno do PEMD e fragmentos florestais. As altas
prevalências de leptospirose em animais domésticos e silvestres, e outras doenças
infecto contagiosas que possam estar presentes no estoque animal doméstico da
região devem ser minimizadas com um trabalho de medicina preventiva nesta
população. A presença de zoonoses como a leptospirose e brucelose nos animais
domésticos são um risco de saúde pública para os proprietários rurais. Um programa
de conscientização deve ser realizado na região perante os resultados desse estudo,
envolvendo saúde pública, controle populacional de cães e gatos, e vacinação dos
animais domésticos. Na elaboração dos planos de manejo das UCs deve ser
incluído diagnóstico da fauna selvagem a patógenos, e conhecer o risco existente de
doenças infectocontagiosas nos animais domésticos que vivem no entorno das UCs.
Palavras-chave: Medicina da conservação. Medicina preventiva. Fragmentação
florestal. Saúde pública. Doenças infecciosas.
ABSTRACT
NAVA, A. F. D. Sentinel species for Atlantic Rainfores: epidemiological
consequences of forest fragmentation in Pontal do Paranapanema, São Paulo.
[Espécies sentinelas para a Mata Atlântica: as consequências epidemiológicas da
fragmentação florestal no Pontal do Paranapanema, São Paulo]. 2008. 147 f. Tese
(Doutorado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
The biodiversity conservation and healthy ecossistems are extremely necessary for
human health and wild animal species. As a consequence of environmental stresses
are emerging diseases, trofic disrupten and harmful effects in the wildlife health
population and fragmented landscape ecology. The main objective of this study is to
study relationships between forest fragmentation in domestic stock, white-lipped,
collared peccary, wild felides in Morro do Diabo state Park and forest fragments, to
determining the pattern of disease occurrence in the wildlife population. 39 collared
peccaries (Tayassu tajacu), 61 white lipped peccaries (Tayassu peccari), 2 ocelots
(Leopardus pardalis), 2 pumas (Puma concolor), 8 jaguars (Panthera onca), e 100
rats (Rattus rattus) as well: 782 cattle, 214 dogs, 193 horses, 108 sheeps, 97 pigs e
17 cats surrounded MDSP and forest fragments. Serological tests were conducted
for wild animals and domestic stock for Leptospira spp (MAT) e Brucella spp. (rose
Bengal test, standard serum agglutination test , complement fixation) and cultures
for Leptospira spp e Brucella spp..Serological tests for canine distemper (SN) were
conducted for dogs, wild felides and peccaries; FIV and FelV were conducted for wild
felides and cats (ELISA). Among wild felides and cats were no exposure for FIV and
FeLV, as well dogs, wild felides, peccaries were no positives for canine distemper,
however 12 of 200 dogs tested for canine distemper were serologically positive; for
brucellosis 7 white lipped peccaries, 1 collared peccary, 13 cattle, 3 dogs, 1 jaguar
were serologically positive instead of pigs, horses and sheeps, were serologically
negative. For Leptospira spp. 18 white lipped peccaries, 4 collared peccaries, 1
jaguar, 322 cattle, 12 sheeps, 15 pigs, 64 horses were serologically positive instead
the rats were all serologically negatives. Leptospirosis and brucellosis isolation were
inconclusive. These results demonstrate that wild animals and domestic animals
were exposed by these pathogens. An outreach program is necessary to improve the
livestock health surround the forest fragments and the state Park. High levels of
exposure of leptospirosis and brucellosis found in wild animals and livestock
indicates that these pathogens are in contact with the animal population. A preventive
medicine work is urgent in this area. The presence of zoonosis such as leptospirosis
and brucellosis in the domestic stock are a threat to human health. An outreach
program must be develop in the region facing these results and should involve public
health, dogs and cats population vaccination and sterilization, vaccination of
livestock. The management plans for protected areas should include screening for
diseases in wild animals and domestic stock, to the acquire knowledge of infectious
diseases risk nearby protected areas.
Key words: Conservation medicine. Preventive medicine. Forest fragmentation.
Public health. Infectious diseases
LISTA DE MAPAS
Mapa 1- Distribuição de eqüinos no entorno dos fragmentos florestais do
Pontal do Paranapanema..............................................................
61
Mapa 2- Distribuição de bovinos nos fragmentos florestais do Pontal do
Paranapanema..............................................................................
62
Mapa 3- Distribuição de suínos no entorno dos fragmentos de floresta do
Pontal do Paranapanema.............................................................
63
Mapa 4- Distribuição de cães no entorno dos fragmentos de floresta do
Pontal do Paranapanema.............................................................
64
Mapa 5- Local de amostragem de cães e onças pintadas amostrados
para cinomose no Pontal do Paranapanema................................
66
Mapa 6- Cães amostrados para cinomose reagentes e não reagentes......
68
Mapa 7- Locais de amostragem dos felinos domésticos e silvestres.........
85
LISTA DE FIGURAS
Figura 1- Região do Pontal do Paranapanema...........................................
21
Figura 2- Remanescentes florestais no Pontal do Paranapanema
circundados por assentamentos da reforma agrária...................
22
Figura 3- Catetos capturados nos fragmentos agrupados por tamanho.....
46
Figura 4- Queixadas capturados nos fragmentos florestais do Pontal do
Paranapanema.............................................................................
46
Figura 5- Faixa etária dos catetos capturados no Pontal do
Paranapanema.............................................................................
48
Figura 6- Faixa etária dos queixadas capturados no Pontal do
Paranapanema.............................................................................
48
Figura 7- Animais domésticos amostrados no Pontal do Paranapanema...
54
Figura 8- Quantidade de bovinos no entorno do PEMD e amostrados……
55
Figura 9- Quantidade de suínos, ovinos, eqüinos e cães no entorno do.
PEMD - quantidade de animais domésticos amostrados no
entorno do PEMD.........................................................................
56
Figura 10- Quantidade de animais no entorno de fragmentos pequenos e
quantidade de animais domésticos amostrados..........................
57
Figura 11- Quantidade de bovinos no entorno dos pequenos fragmentos
de mata e numero de animais amostrados………………………..
58
Figura 12- Quantidade de suínos, ovinos, eqüinos e cães no entorno e
animais domésticos amostrados no entorno dos fragmentos
grandes……………………………………………………………….
59
Figura 13-
Quantidade de bovinos e número de animais amostrados no
entorno dos remanescentes de mata Tucano, Ponte Branca,
Água Sumida e Santa Maria (fragmentos grandes)……………..
60
Figura 14-
Queixadas amostrados no Pontal do Paranapanema mostrando
quantidade de indivíduos reagentes e não reagentes para
leptospirose nos grupos de fragmentos.......................................
69
Figura 15-
Catetos amostrados no Pontal do Paranapanema mostrando
quantidade de indivíduos reagentes e não reagentes para
leptospirose nos diferentes grupos de fragmentos.......................
70
Figura 16- Felídeos reagentes e não reagentes para leptospirose...............
71
Figura 17- Bovinos reagentes e não reagentes para leptospirose nos
diferentes grupos dos fragmentos de estudo……………………..
72
Figura 18- Caninos reagentes e não reagentes para leptospirose................
73
Figura 19- Ovinos reagentes e não reagentes para leptospirose nos
diferentes grupos.........................................................................
73
Figura 20- Suínos reagentes e não reagentes para leptospirose nos
diferentes grupos.........................................................................
74
Figura 21- Equinos reagentes e não reagentes para leptospirose nos
diferentes grupos..........................................................................
75
Figura 22- Prevalência de leptospirose em taiassuídeos provenientes de
fragmentos pequenos e animais e domésticos de seus entornos
77
Figura 23- Prevalência de leptospirose em taiassuídeos provenientes de
fragmentos grandes e animais domésticos de seus entornos....
77
Figura 24- Prevalência de leptospirose em taiassuídeos provenientes do
PEMD e animais domésticos de seu entorno..............................
78
Figura 25- Queixadas amostrados no PEMD, fragmento Ponte Branca
(fragmento grande) e Santa Mônica (fragmento pequeno) para
brucelose......................................................................................
79
Figura 26- Catetos amostrados para brucelose.............................................
80
Figura 27- Bovinos reagentes para brucelose no entorno dos diferentes
fragmentos florestais....................................................................
81
Figura 28- Cães reagentes para brucelose nos diferentes fragmentos
florestais.......................................................................................
81
Figura 29- Bovinos amostrados no entorno de PEMD e taiassuídeos
amostrados no PEMD reagentes e não reagentes para
brucelose......................................................................................
83
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Algumas doenças encontradas em populações silvestres de
queixadas (T. pecari) e catetos (T. tajacu) no sudoeste Norte
Americano, América Central e do Sul..............................................
25
Quadro 2- Métodos diagnósticos empregados neste estudo............................
41
Quadro 3- Relação das variantes sorológicas de leptospiras empregadas
como antígenos para a realização da soroaglutinação
microscópica......................................................................................
42
Quadro 4- Índices de riqueza de carrapatos coletados em queixadas em três
diferentes fragmentos florestais........................................................
50
Quadro 5- Indices de riqueza de carrapatos coletados em catetos em três
diferentes fragmentos florestais........................................................
50
Quadro 6- Medida de Similaridade de Jaccard entre os carrapatos coletados
em catetos nas diferentes áreas.......................................................
51
Quadro 7- Medida de Similaridade de Jaccard entre os carrapatos coletados
em queixadas nas diferentes áreas..................................................
51
Quadro 8- Índices de riqueza de endoparasitas coletados em catetos em três
diferentes fragmentos florestais........................................................
52
Quadro 9- Índices de riqueza de endoparasitas coletados em queixadas em
três diferentes fragmentos florestais.................................................
52
Quadro 10- Medida de Similaridade de Jaccard entre os endoparasitas
coletados em catetos nas diferentes áreas.......................................
53
Quadro 11- Medida de Similaridade de Jaccard entre os endoparasitas
coletados em queixadas nas diferentes áreas..................................
53
Quadro 12- Titulação para cinomose, ponto de corte 1:16..................................
67
Quadro 13- Sorovares mais prováveis em animais silvestres nos três grupos
de fragmentos...................................................................................
71
Quadro 14- Sorovares mais prováveis em animais domésticos nos três grupos
de fragmentos…………………………………………………………….
76
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
as anticorpo sérico
at microscopia eletrônica
ia isolamento do agente
id imunofluorescência direta
IDH-M Índice de desenvolvimento humano
ha hectares
me anticorpos teciduais
PEMD Parque Estadual Morro do Diabo
PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
UC´s Unidades de Conservação
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................... 19
2 REVISÃO DE LITERATURA............................................................... 24
2.1 TAIASSUÍDEOS BRASILEIROS........................................................ 24
2.2 ONÇAS PINTADAS, ONÇAS PARDAS E JAGUATIRICAS............... 27
2.3 AGENTES PATOGÊNICOS E SUA OCORRÊNCIA EM FELÍDEOS
SELVAGENS E TAIASSUÍDEOS.......................................................
27
2.3.1 Vírus da imunodeficiência felina (FIV) e leucemia felina (FELV).... 28
2.3.2 Vírus da cinomose canina (CDV)..................................................... 29
2.3.3 Leptospirose..................................................................................... 30
2.3.4 Brucelose......................................................................................... 32
3 OBJETIVOS.......................................................................................... 35
3.1 OBJETIVO PRINCIPAL...................................................................... 35
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS............................................................... 35
4 MATERIAL E MÉTODOS...................................................................... 37
4.1 ÁREAS ESPECÍFICAS DE ESTUDO................................................. 37
4.2 COLETA DE AMOSTRAS PARA TAÍASSUÍDEOS............................ 38
4.3 COLETA DE AMOSTRA DE FELÍDEOS............................................ 40
4.4 COLETA DE AMOSTRAS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS................. 40
4.5 METODOLOGIA DE PROVAS SOROLÓGICAS E ISOLAMENTO
DE AGENTES INFECCIOSOS...........................................................
41
4.6 AVALIAÇÃO DO PARASITISMO (CARRAPATOS E
ENDOPARASITAS)............................................................................
43
5 RESULTADOS...................................................................................... 45
5.1 CARACTERÍSTICAS ECOLOGICAS DOS TAIASSUÍDEOS............. 45
5.2 FELÍDEOS.......................................................................................... 49
5.3 CARRAPATOS................................................................................... 49
5.4 ENDOPARASITAS ............................................................................ 51
5.5 ANIMAIS DOMÉSTICOS................................................................... 53
5.5.1 Animais domésticos do entorno do PEMD...................................... 54
5.5.2 Animais domésticos do entorno dos Fragmentos pequenos…….. 56
5.5.3 Animais domésticos do entorno dos Fragmentos grandes............. 58
5.5.4 Mapas da distribuição de animais domésticos................................ 60
5.6 CINOMOSE........................................................................................ 64
5.6.1 Animais silvestres............................................................................ 65
5.6.2 Animais domésticos......................................................................... 66
5.7 LEPTOSPIROSE................................................................................ 68
5.7.1 Animais silvestres............................................................................ 69
5.7.2 Animais domésticos……………………………………………………. 72
5.7.3 Animais domésticos e animais silvestres……………………………. 76
5.8 BRUCELOSE……………………………………………………………… 79
5.8.1 Animais silvestres………………………………………………………. 79
5.8.2 Animais domésticos......................................................................... 80
5.8.3 Animal doméstico e silvestre…………………………………………. 82
5.9 IMUNODEFICIÊNCIA FELINA E LEUCEMIA FELINA....................... 84
6 DISCUSSÃO………………………………………………………………… 86
6.1 CARACTERÍSTICAS ECOLÓGICAS DOS FELÍDEOS E
TAIASSUÍDEOS..................................................................................
86
6.2 ECTOPARASITAS.............................................................................. 90
6.3 ENDOPARASITAS............................................................................. 93
6.4 CARACTERÍSTICAS DE MANEJO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
NO ENTORNO DOS DIFERENTES GRUPOS DE FRAGMENTOS..
95
6.5 CINOMOSE........................................................................................ 96
6.6 LEPTOSPIROSE............................................................................... 98
6.7 BRUCELOSE…………………………………………………………….. 102
6.8 IMUNODEFICIÊNCIA FELINA E LEUCEMIA FELINA...................... 104
7 CONCLUSÕES...................................................................................... 107
REFERÊNCIAS..................................................................................... 110
ANEXOS................................................................................................ 127
APÊNDICES.......................................................................................... 131
19
1 INTRODUÇÃO
O papel das doenças, como um importante fator para a sobrevivência das
espécies, esteve sempre atrelado às mudanças antrópicas em escalas local,
regional e global, com impactos diretos e indiretos na saúde dos animais
(WOODROFFE, 1999). Essas mudanças incluem, por exemplo, a explosão
demográfica da população mundial, a fragmentação e a degradação dos habitats, a
caça predatória, o isolamento de espécies e populações silvestres, o aumento da
proximidade entre as comunidades humanas (e seus animais domésticos) e as
populações de animais silvestres. Como conseqüências desses múltiplos estresses
ambientais estão: o aparecimento de doenças emergentes, a desestabilização de
cadeias tróficas e os efeitos deletérios na saúde de populações silvestres, de
animais de produção, que vivem próximos a florestas e na ecologia dos habitats
fragmentados (HOLMES, 1996; CALEY E HONE, 2004).
Algumas espécies animais podem funcionar como verdadeiros “termômetros”,
ajudando a monitorar a saúde dos ecossistemas. Assim, o conceito de espécies
sentinelas - aquelas que por refletirem as perturbações do meio ambiente podem
servir de indicadores da conservação do ecossistema - está cada vez mais sendo
utilizado na união entre a medicina veterinária e a biologia da conservação (DEEN et
al., 2001; AGUIRRE et al., 2002).
Estas espécies animais podem ser utilizadas em levantamentos rápidos sobre
os impactos ambientais e em monitoramentos de longo prazo com o objetivo de
acompanhar e avaliar a preservação ou degradação dos ecossistemas estudados.
Dessa forma, são essenciais e emergenciais, levantamentos que utilizem espécies
sentinelas, ajudando a esclarecer aspectos ecológicos e sanitários dessas
populações animais, os quais certamente contribuirão para o entendimento da
dinâmica das paisagens fragmentadas, da conservação dos ecossistemas e dos
recursos naturais. Neste sentido, este estudo tem como objetivo principal a utilização
de ungulados (queixadas e catetos) e felinos selvagens (onças pintadas, pardas e
jaguatiricas) como espécies sentinelas no monitoramento da saúde da Mata
Atlântica do Interior do Estado de São Paulo. A escolha dessas espécies se deve a
características ecológicas inerentes. No caso de catetos e queixadas, são animais
que exploram bastante o entorno (roças de cana, mandioca) e que vivem em grupos,
20
o que propicia maior chance de adquirirem doenças infectocontagiosas. Os felídeos
apresentam extensa área de uso e são predadores, entrando em contato com
diversas espécies de animais selvagens e espécies domésticas.
Uma das grandes dificuldades encontradas por profissionais da Biologia da
Conservação é a de promover o elo existente entre biodiversidade e o bem estar da
humanidade. Há uma evidente necessidade de se unir disciplinas e profissionais de
várias áreas que, historicamente, não haviam demonstrado muita interação, para se
obter respostas mais efetivas às questões sócio-ambientais emergentes. Um recente
e estimulante esforço vem ocorrendo entre a Biologia da Conservação, a Medicina
Veterinária e a Medicina Humana que, ao se juntarem, estão promovendo uma única
disciplina: “A Medicina da Conservação”. Este estudo tem como denominador
comum a saúde, considerada de maneira mais ampla. Esse forte elo entre a biologia
da conservação e a saúde das populações humanas e animais pode funcionar como
uma nova ferramenta e contribuir com políticas públicas e sanitárias substanciais
para promover a saúde dos animais de produção e defender a conservação da
biodiversidade em nosso planeta.
A tese refere-se à região do Pontal do Paranapanema, no extremo oeste do
Estado de São Paulo (Figura 1). As bacias do rio Paraná, a noroeste, e do
Paranapanema, ao sul, correspondem aos limites dessa região com os Estados de
Mato Grosso do Sul e Paraná, respectivamente. Os municípios que fazem parte da
região são: Teodoro Sampaio, Rosana, Euclides da Cunha Paulista, Marabá Paulista
e Presidente Epitácio. Em 1991, o índice de desenvolvimento humano (IDH-M) para
a região era de 0.718. Seguindo a classificação do PNUD, o Pontal do
Paranapanema está entre as regiões consideradas de médio desenvolvimento
humano (IDH entre 0,50 e 0,80) (PNUD, 2006).
21
Figura 1 - Região do Pontal do Paranapanema, extremo oeste do Estado de São Paulo
Em 1942, o governo do Estado de São Paulo criou uma unidade de
conservação chamada “Grande Reserva do Pontal do Paranapanema”, para
proteger 247.000 ha de Mata Atlântica (DITT, 2002). Durante as cinco décadas
seguintes, quando a região ficou marcada por constantes conflitos fundiários, as
terras dessa reserva foram ocupadas e convertidas em grandes propriedades rurais.
Sua cobertura florestal foi substituída por pastagens para pecuária extensiva e por
plantios de cana-de-açúcar. Atualmente, os fragmentos de mata remanescentes
totalizam 21.000 ha e juntamente com os 36.500 ha de floresta do Parque Estadual
Morro do Diabo, que é vizinho à Grande Reserva do Pontal do Paranapanema, são
considerados os últimos refúgios da fauna e da flora, incluindo espécies ameaçadas
como o mico-leão-preto e a onça-pintada (Figura 2). Hoje, uma nova dinâmica de
ocupação tem levado a uma transformação na paisagem regional, onde vários
fragmentos florestais estão sendo circundados e pressionados por assentamentos
rurais da reforma agrária (NAVA et al., 2004).
22
Figura 2 - Remanescentes florestais no Pontal do Paranapanema circundados por
assentamentos da reforma agrária. O maior remanescente (canto inferior
direito) é o Parque Estadual Morro do Diabo (36.500 ha)
Um dos aspectos relevantes da Biologia da Conservação e da Medicina
Veterinária nos ungulados taiassuídeos é que todos os membros desta família estão
desaparecendo em certas regiões devido à caça predatória e à destruição do seu
hábitat. A onça parda (Puma concolor) e a onça pintada (Panthera onca) são os
principais predadores dos porcos-do-mato. Porém, o homem é o único predador que
pode ter um efeito significante sobre estas espécies em sua área de distribuição
(TERBORGH et al., 2001).
Alguns autores citam que os taiassuídeos são suscetíveis a doenças comuns
aos suínos domésticos e selvagens (MARGARIDO; MANGINI, 2001). A possibilidade
da ocorrência de zoonoses envolvendo os taiassuídeos deve ser considerada tanto
nas criações em cativeiro como em populações selvagens. Na distribuição
geográfica dos taiassuídeos, em áreas onde essas espécies são encontradas,
sempre há a presença de animais domésticos.
A situação torna-se mais freqüente no sul e sudeste da América do Sul, como
por exemplo, a região do Pontal do Paranapanema, com a intensa fragmentação de
habitat e o maior adensamento humano na paisagem ocorridos nos últimos anos.
Entre os carnívoros presentes, no Parque Estadual Morro do Diabo e nos
fragmentos florestais vizinhos, destacam-se: a onça pintada (Panthera onca), a onça
23
parda ou suçuarana (Puma concolor) e a jaguatirica (Leopardus pardalis). “Estes
três felinos estão listados no “livro vermelho” das espécies brasileiras ameaçadas de
extinção (IBAMA, 2003) e, no Ranking dos felinos selvagens, a onça pintada está
classificada como "quase ameaçado”, ou seja, em um futuro próximo a espécie
tende a se tornar ameaçada (IUCN, 2007).
Quando a biodiversidade é perdida e a composição das espécies é alterada,
processos ecológicos são interrompidos e sérios problemas envolvendo saúde
começam a surgir (TABOR, 2002). Sendo assim, o entendimento das interconexões
entre as espécies e a complexidade dos problemas de saúde envolvendo aspectos
ecológicos da paisagem é necessário para avaliação das conseqüências
epidemiológicas da fragmentação florestal.
24
2 REVISÃO DE LITERATURA
Nesta seção é feita uma revisão sobre as espécies silvestres envolvidas neste
estudo e os agentes patogênicos abordados e sua ocorrência em animais
selvagens, especialmente os felídeos e taiassuídeos.
2.1 TAIASSUÍDEOS BRASILEIROS
Os taiassuídeos são um grupo de mamíferos do Novo Mundo, e são
relacionados superficialmente como similares aos porcos domésticos e porcos do
Velho Mundo. São compreendidas três espécies pertencentes a este grupo, os
catetos (Tayassu tajacu), queixadas (Tayassu peccari) e o chacoan peccary
(Catagonus wagneri), este último presente no oeste do Paraguai, norte da Argentina
e na parte leste da Bolívia (SOWLS, 1996).
A posição dos taiassuídeos em relação a outros animais pertencentes à
Classe Mamalia e Ordem Artiodactyla é Subordem Suiformes, Família Tayassuidae.
O queixada (Tayassu pecari) e o cateto (Tayassu tajacu) compreendem duas das
espécies mais caçadas nas florestas tropicais, encabeçando a lista de animais
abatidos para consumo das comunidades locais (BODMER et al., 1996; CULLEN et
al., 2000, 2001; ALTRICHTER;BOAGLIO, 2004). Estas duas espécies simpátricas,
entretanto, diferem consideravelmente em relação à sua morfologia, ecologia e
estrutura social, o que poderia afetar sua suscetibilidade à caça. Os queixadas são
menos freqüentes que os catetos, mesmo em áreas que não tenham sido
submetidas à perturbação ambiental. Os catetos, por outro lado, parecem persistir
mesmo em áreas sujeitas à caça (CULLEN et al., 2000).
Alguns autores relatam ocorrências de doenças e agentes etiológicos
infecciosos em populações selvagens de taiassuídeos (Quadro 1). Contudo, tais
informações, na sua maioria, são pontuais e esporádicas, não observando
características sazonais, inter-relação entre diferentes espécies suscetíveis a
mesma doença e conseqüências de alterações ambientais, como a fragmentação,
25
sobre a saúde dos animais. A ausência de informações a esse respeito implica no
desconhecimento da real influência das doenças no status da população observada.
Doença Espécie Localização Evidência Referência
Cinomose Cateto U.S. A: Arizona at/me/as
(APPEL et al.,
1991)
Encefalite Equina
Venezuelana
Cateto U.S. A: Texas as
(SMART et al.,
1975)
Encefalite Eqüina
cepa Western
Cateto U.S. A: Texas as
(SMART et al.,
1975)
Calicivirose Queixada Bolívia as
(KARESH et al.,
1998)
Virose dos leões
marinhos de San
Miguel
Queixada Bolívia as
(KARESH et al.,
1998)
Brasil: Paraná,
Mato Grosso do
Sul
as
(MANGINI et
al.,1998; ITO et
al., 1998)
Queixada
Brasil: São
Paulo
as
(NAVA;
CULLEN, 2003)
Venezuela
ia
(LORD e LORD,
1991)
Brucelose
Cateto
Brasil:
Amazônia, São
Paulo, Mato
Grosso do Sul
as
(MAYOR et al,
2006; NAVA et
al., 2004; ITO et
al., 1998)
Streptococose Queixada Bolivia as
(KARESH et al.,
1998)
26
Doença Espécie Localização Evidência Referência
Peste bubonica Cateto USA: Texas -
(GRUVER;
GUTHRIE,
1996)
Toxoplasmose.
Cateto Panama
as
(FRENKEL;
SOUSA, 1983)
Borreliose Cateto USA: Texas -
(GRUVER;
GUTHRIE,
1996)
Queixada
Bolívia
as
(KARESH et al.,
1998)
Raiva
Cateto
U.S. A: Arizona as
(CORN et al.,
1987)
Queixada
Bolívia as
(KARESH et al.,
1998)
Leptospirose
Cateto
U.S. A: Arizona
Brasil:
Amazônia
as
(CORN et al.,
1987; MAYOR
et al., 2006)
Quadro 1 - Algumas doenças encontradas em populações silvestres de queixadas (T.
pecari) e catetos (T. tajacu) no sudoeste Norte Americano, América Central e
do Sul. (at: Anticorpos teciduais; me: microscopia eletrônica; as: anticorpo
sérico; id: imunofluorescência direta; ia: isolamento do agente)
Os queixadas formam os maiores bandos e a maior biomassa forrageadora
de todos os ungulados neotropicais, deslocando-se em grupos que excedem a 200
indivíduos. Talvez, para satisfazer as altas necessidades metabólicas de tão
grandes grupos, os queixadas parecem executar um dos mais notáveis movimentos
de longa distância do que qualquer mamífero não voador nas florestas neotropicais
(FRAGOSO, 1994). Isto pode tornar as populações destas espécies altamente
vulneráveis à extinção local em áreas de florestas fragmentadas, uma tendência que
tem sido largamente ilustrada pelo seu desaparecimento de pequenos fragmentos
27
florestais na Floresta Atlântica do sudeste do Brasil e América Central (CULLEN et
al., 2000).
Na Estação Ecológica de Maracá em Roraima, se documenta o
desaparecimento de queixadas, e a maior hipótese desta queda de população é
atribuída a ocorrência de alguma doença infecto contagiosa (FRAGOSO, 1997).
2.2 ONÇAS PINTADAS, ONÇAS PARDAS E JAGUATIRICAS
No Parque Estadual Morro do Diabo e nos fragmentos florestais vizinhos,
entre os carnívoros presentes destacam-se: a onça pintada (Panthera onca), a onça
parda ou suçuarana (Puma concolor) e a jaguatirica (Leopardus pardalis). Segundo
o IBAMA (2003) estes três felinos encontram-se entre as espécies brasileiras
ameçadas de extinção. Essas três espécies de felinos são importantes indicadores
ecológicos e essenciais para a manutenção da integridade ecológica do ecossistema
(GREENE, 1988). Segundo a “hipótese da diversidade de predadores” a presença
no topo da cadeia alimentar, seguido do controle populacional via predação - em
queixadas, catetos, veados, cotias, capivaras, lagartos etc. - exercido por esses
grandes gatos, tem papel fundamental no controle natural da densidade dessas
presas e, conseqüentemente, na integridade e diversidade biológica da floresta
(TERBORGH, 1990).
2.3 AGENTES PATOGÊNICOS E SUA OCORRÊNCIA EM FELÍDEOS SELVAGENS
E TAIASSUÍDEOS
Nesta sub-seção é realizada uma revisão sobre os agentes patogênicos
pesquisados neste estudo, e em especial sua ocorrência nos taiassuídeos e felídeos
selvagens.
28
2.3.1 Vírus da imunodeficiência felina (FIV) e leucemia felina (FELV)
Algumas doenças típicas de felinos merecem atenção especial quando suas
populações se encontram em ambientes de florestas fragmentadas. Lentiviroses
relacionadas ao vírus da imunodeficiência felina de gatos domésticos têm sido
descritas em várias espécies dentro de família Felidae (OLMSTED, 1992;
CARPENTER et al., 1996; OSTROWSKY et al., 2003). Cerca de 18 membros,
dentro das 37 espécies pertencentes à família Felidae, possuem um vírus
relacionado ao FIV que tem sido identificado através da presença de anticorpos que
reagem com antígenos de FIV no soro desses animais (CARPENTER et al., 1996).
Em um estudo em zoológicos da América do Norte, três felídeos neotropicais
de cativeiro estavam em fase de viremia de FeLV, estes eram um gato maracajá
(Leopardus wiedii) e dois gatos palheiros (Oncifelis colocolo) (KENNEDY-
STOSKOPF, 1999).
O FeLV que é um Gammaretrovírus, e os demais lentivírus felinos, como o
FIV (CARPENTER et al., 1996) pertencem à família Retroviridae; associam-se com
uma variedade de síndromes desenvolvendo tumores malignos de longa latência,
doenças de emagrecimento progressivo e desordens neurológicas e
imunodeficiências em gatos domésticos em todo o mundo (WOORLEY, 2001).
O FIV e FeLV são vírus que têm o seu contágio determinado através do
contato de um gato portador do vírus para um gato sadio (LURIA et al., 2004), e são
as duas doenças infecciosas mais comuns em gatos. Ambas são viroses que
causam imunossupressão em gatos domésticos. A maior rota de transmissão para
FeLV é através da saliva dos gatos (FILONI et al., 2003; LURIA et al., 2004), devido
ao hábito dos felinos de se lamberem uns aos outros, secreções nasais (FILONI et
al., 2003), dividir vasilhas de alimento ou liteiras, mordidas e arranhões (LURIA et
al., 2004).
O FIV causa imunodeficiência em gatos domésticos porque envolve a
depleção da população de CD41 dos linfócitos T, levando a uma suscetibilidade à
doenças infecciosas oportunistas e podendo culminar em morte (ENGLISH et al.,
1994).
A principal rota de FIV é através de mordidas e arranhões entre os felinos. O
diagnóstico realizado rotineiramente em gatos domésticos é ELISA e testes
29
imunocromatográficos para detecção do antígeno solúvel p27 ou anticorpo para FIV,
em sangue total, soro ou plasma de gatos (LURIA et al., 2004).
Na maioria dos estudos relacionados à FIV em felídeos selvagens, não foi
relatada a patogenicidade aparente atribuída ao vírus (KENNEDY-STOSKOPF,
1999). Porém, em estudo de Carpenter et al. (1996), envolvendo seqüenciamento do
vírus FIV em pumas, em um indivíduo amostrado, o FIV encontrado no puma era
característico de gato doméstico, sugerindo uma recente transmissão do vírus entre
espécies diferentes.
2.3.2 Vírus da cinomose canina (CDV)
A cinomose é uma doença altamente infecciosa, causada por um RNA vírus,
da família Paramyxoviridae e do gênero Morbillivirus. Acomete todas as famílias da
ordem Carnivora, sendo os canídeos bastante suscetíveis e importantes na
epidemiologia da doença (WILLIANS, 2001).
Durante muito tempo acreditou-se que a cinomose (CDV) não causava
doença em felinos, em decorrência de estudos nos quais gatos infectados
apresentavam um discreto aumento da temperatura corporal, sem eliminação do
vírus (APPEL et al., 1974). Apenas quando houve uma epizootia por CDV em
diversas espécies de felídeos em zoológicos norte americanos que a importância
deste patógeno foi reconhecida para a famíla Felidae (KENNEDY-STOSKOPF,
1999). Posteriormente, houve outra epizootia em população de leões de vida livre no
Serengeti, África, que eliminou cerca de 30 % da população em 1994 (ROELKE-
PARKER et al., 1996) e nos Estados Unidos atingiu a última colônia de furões-de-
patas negras (Mustela nigripes) na natureza causando morte de vários indivíduos
(WILLIANS et al., 1988).
A epizootiologia da doença está relacionada a contato com canídeos
infectados e nos Estados Unidos, também ao contato com guaxinins (Procyon lotor)
infectados (RAMOS SILVA; ADANIA, 2007).
A cinomose em felinos infectados produz sintomas neurológicos, respiratórios
e gastrointestinais. Entretanto, 60% dos casos reportados em felídeos somente os
sintomas neurológicos estiveram presentes, incluindo convulsões, encefalomielites,
30
fraqueza, incoordenação entre outros (FILONI, 2006). Em estudo realizado no
Parque Estadual de Ivinhema, três onças pintadas e uma onça parda de vida livre
foram reagentes para cinomose (NAVA et al., 2007). Em populações isoladas, o
vírus da cinomose, quando é introduzido, costuma ocorrer de forma epidêmica,
acometendo cães de todas as idades (LEIGHTON et al., 1988). Em zoológicos do
Brasil, de 1989 a 1994 houve morte de filhotes de lobos-guarás em decorrência de
um surto de cinomose (REGO et al.,1997), como também em cachorro vinagre
(CUBAS, 1996). Após programa de vacinação com vírus vivo modificado, cultivado
em células de aves, os casos de cinomose entre os filhotes de lobo guará
decresceram (PESSUTI; SANTIAGO, 1994). Em um zoológico da Europa, o vírus da
cinomose é indicado como a causa mortis em ursos polares filhotes (RAMSAY,
2003) e mediante sorologia, pandas em cativeiro foram reagentes ao vírus da
cinomose (MAINKA et al.,1994). Catetos e queixadas também são suscetíveis a
cinomose, apresentando sintomas neurológicos como letargia, ataxia e tremores
(CORN et al., 1987). Estudos sorológicos com amostras de catetos de vida livre no
sudeste dos Estados Unidos foram reagentes ao vírus (APPEL et al., 1991). E
NOON et al. (2003) observou um surto de cinomose em catetos de vida livre no
Arizona, e o vírus da cinomose foi isolado dos animais afetados. Em um período de
quatro anos testando soro de catetos capturados nesta região, 58% das amostras
foram reagentes, sugerindo que a cinomose seja enzoótica naquela população.
A transmissão do vírus da cinomose ocorre principalmente através de contato
com secreções orais, respiratórias ou oculares, em aerossóis contendo o agente, e
também animais com infecção subclínica podem eliminar o agente (APPEL, 1987).
Estima-se que 25% a 75% dos cães domésticos infectados pela cinomose
desenvolvem infecção subclínica e eliminam o vírus sem desenvolver a doença
(GREENE; APPEL, 1998).
2.3.3 Leptospirose
Leptospirose é uma zoonose globalmente distribuída causada pelo gênero
Leptospira que afeta animais domésticos e muitos animais silvestres. A leptospirose
pode produzir ou não sintomas clínicos (WEBSTER et al.,1995), que em humanos
31
incluí infecção de multíplos órgãos e potencialmente morte. O patógeno é
considerado uma doença infecciosa emergente, exemplificado por recentes surtos
na Nicaraguá, Brasil, índia, sudeste da Ásia e Estados Unidos (LEVETT, 2001).
A transmissão de leptospirose ocorre via contato com água ou solo
contaminados, e seu ciclo epidemiológico envolve a interação com o animal
reservatório, um meio ambiente de transmissão favorável e humanos ou fauna
susceptíveis. Os fatores de risco associados com a infecção dependem das
características e organização espacial do ecossistema e condições de vida da
população suscetível (VINETZ et al., 2005).
O alcance da transmissão e cenários expostos, reservatórios e manifestações
clínicas são determinados geralmente por dois sorovares. Em áreas urbanas, por
exemplo, ratos (Ratus ratus e Ratus novergicus) são os principais reservatórios para
L. icterohemorrhagiae, enquanto cães e gado são reservatórios para L. canicola e L.
hardjo em áreas rurais (BARCELLOS et al., 2001).
Mundialmente há um aumento dos casos de leptospirose que tem sido
associado com esportes e atividades de lazer, confirmando a suspeita do ciclo
selvático da doença (MORGAN et al., 2002). A identificação de áreas de risco e seus
sorovares associados são necessários para um eventual controle e eficiente
investigação epidemiológica. É sabido que os taiassuídeos são suscetíveis à
leptospirose, sendo reagentes no exame sorológico (CORN et al.,1987; NAVA;
CULLEN, 2003) tendo sintomatologia clínica e morte (FOWLER, 1993; KARESH et
al., 1998). Woods et al. (1968) testou o soro de 20 catetos no Novo México e não
achou nenhum animal reagente. Já Corn et al. (1987), no Arizona, identificou 23
catetos reagentes para leptospirose, dentre 213 amostrados.
No Pantanal sul mato grossense foram descritos queixadas reagentes para os
sorotipos copenhageni, icterohaemorragiae IV, panama, patoc e autumnalis. Neste
mesmo estudo, os catetos foram reagentes para o sorotipo patoc (ITO et al.,1998).
Em trabalho na Amazônia com catetos em cativeiro, foram encontrados
animais reagentes para os sorotipos butembo e autumnallis (MAYOR, 2006). Mais
recentemente na mesma região, os sorogrupos Australis, Hebdomadis, Autumnalis,
Bataviae, Djasiman, Grippothyphosa, Balum, Canicola, Mini, Tarassovi e
Icterohaemorragiae, este dois últimos com as maiores titulações encontradas, sendo
respectivamente 6.400 e titulação 3.200 (MENDOZA, 2007).
32
Em felídeos de cativeiro do criadouro de animais silvestres da Itaipu
Binacional e Zoológico Municipal Bosque Guarani foram encontrados em onças
pintadas os seguintes sorovares: castellonis e hardjo; em suçuaranas grippotyphosa
e bratilslava; jaguatiricas: butembo, patoc e grippotyphosa; em gatos maracajá:
andamana, patoc, butembo e autumnalis; em gatos do mato pequeno : patoc
(GUERRA-NETO et al., 2003). Em felídeos da Fundação Parque Zoológico de São
Paulo foram indicados os seguintes sorovares mais prováveis: pomona,
icterohaemorragiae e hardjo (CORREA et al., 2004).
2.3.4 Brucelose
A brucelose é uma doença que consta da antiga lista B da OIE, ou seja, uma
doença transmissível que pode ser considerada de importância sócioeconômica e de
saúde pública e que pode ter impacto significativo no comércio de animais e
subprodutos (OIE, 2004). Nos bovinos o principal sinal clínico é o aborto ou expulsão
prematura dos fetos. Em geral o aborto ocorre na segunda metade da gestação,
podendo haver retenção placentária seguida de metrite, podendo causar infertilidade
permanente. Tanto machos como fêmeas são susceptíveis à doença, porém as
fêmeas gestantes são mais sensíveis e permanecem cronicamente infectadas
devido à permanência das brucelas nos linfonodos e no útero (PAULIN; FERREIRA
NETO, 2003). A brucelose é usualmente assintomática em fêmeas não prenhes.
Clinicamente pode apresentar um ou mais destes sintomas: aborto, retenção de
placenta, orquite, epididimite. Também o animal pode apresentar higromas
envolvendo as articulações da perna, esta é uma manifestação comum da brucelose
em países tropicais, e pode ser o único sintoma óbvio de infecção; o fluído do
higroma é sempre infectado com Brucella. O produto do aborto é o principal fator de
contaminação ambiental por brucelas. A porta de entrada mais freqüente é o trato
gastro-intestinal, pela ingestão de pasto, forragens e água contaminada (ACHA;
SZIFRES, 1986).
A Brucella abortus tem como hospedeiro preferencial o bovino, mas outros
animais podem se infectar com este patógeno, podendo transmiti-lo novamente para
os bovinos (PAULIN; FERREIRA NETO, 2003). Os cães não são acometidos pela
33
Brucella abortus, porém são importantes carreadores de restos de aborto, até
mesmo entre propriedades (VASCONCELLOS et al., 1987). Os suínos são
preferencialmente acometidos pela Brucella suis, porém podem ser acometidos pela
Brucella abortus (VASCONCELLOS et al., 1987), sendo que nos suínos a infecção
por Brucella abortus é transitória, mas pode constituir uma importante fonte de
infecção para os bovinos. Os bovinos por sua vez raramente se infectam com
Brucella suis sendo que essa possibilidade está ligada ao hábito de compartilhar
pastagens e instalações com suínos (PAULIN; FERREIRA NETO, 2003).
A brucelose já foi reportada em camelos de uma corcova (Camelus
dromedarius) e duas corcovas (C. bactrianus). A brucelose também foi reportada em
búfalos domésticos (Bubalus bubalus), bisão europeu e americano (Bison bonasus,
Bison bison). As manifestações da brucelose nesses animais são semelhantes às
que ocorrem no gado (OIE, 2004). A presença de brucelose nos bisões do Parque
de Yellowstone foi talvez uma das políticas públicas mais controversas relacionadas
a doenças em animais silvestres. Todo ano, bisões são mortos pelo Departamento
de Pecuária quando eles migram para fora do Parque. O medo que os bisões
transmitam brucelose para o gado doméstico, sem considerar a evidência contrária
questiona toda essa política de manejo (TABOR, 2002). Meagher e Meyer (1994)
afirmam que a Brucella foi introduzida no Parque de Yellowstone devido ao gado
mantido pelos empregados do Parque.
Woods et al. (1968) examinou o soro de 20 catetos do Novo México e todos
foram negativos para brucelose. Entretanto (MAYOR et al., 2006) encontrou
anticorpos para Brucella spp. em 4.9% (2/41) em catetos de cativeiro na região
amazônica, e Lord e Lord (1991) num estudo bacteriológico e sorológico na
Venezuela tipificou 43 vezes Brucella suis biovar 1 em isolados de linfonodo e baço
de 25 catetos machos e 18 fêmeas e Brucella spp. em 122 de 139 catetos
estudados.
Em estudos na região do Mato Grosso do Sul foram amostrados três catetos
e nenhum deles foi reagente para brucelose (ITO et al., 1998).
No Paraná em animais de cativeiro 2 animais foram reagentes para brucelose
(MANGINI et al., 1998). Na Itália de 562 porcos selvagens (Sus scrofa) nenhum foi
reagente para Brucella spp. (EBANI et al., 2003), nos Estados Unidos, 8 wapitis
(Cervus elaphus) dentre 456 amostrados em diferentes parques nacionais foram
reagentes para B. abortus (AGUIRRE et al., 1995). Em focas do Hawai (Monachus
34
schauinslandi), dentre 144 animais amostrados, 11.6% foram reagentes para
Brucella spp. (AGUIRRE et al., 2007), e em focas de porto (Phoca vitulina richardsi)
em regiões da costa do Alaska, 46% (46/100) foram reagentes para Brucella spp
(ZAMKE et al., 2006).
35
3 OBJETIVOS
Nesta seção são descritos o objetivo principal e os objetivos específicos deste
estudo, bem como suas hipóteses.
3.1 OBJETIVO PRINCIPAL
O objetivo principal é o estudo das conseqüências epidemiológicas da
fragmentação florestal nas populações de animais domésticos, felinos (onças e
jaguatiricas) e ungulados (porcos do mato) presentes no Parque Estadual Morro do
Diabo e fragmentos florestais próximos, com a intenção de determinar o padrão de
ocorrência de doenças na população silvestre.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Meta I: Estudar a associação entre fragmentação florestal e a presença de doenças
nas populações de taiassuídeos e felinos;
Hipótese: A prevalência e intensidade de parasitismo por carrapatos hospedeiro-
específicos com ciclo de vida direta e o número de animais reagentes para doenças
infecto contagiosas deveriam ser maiores em taiassuídeos, onças e jaguatiricas em
áreas com maior grau de fragmentação de hábitat (fragmentos de floresta) do que
em áreas contínuas como o Parque Estadual Morro do Diabo.
Meta II: Estudar as relações entre fragmentação florestal e risco de transmissão de
doenças entre animais domésticos, taiassuídeos e felinos;
Hipótese: O risco de transmissão de doenças entre animais domésticos,
taiassuídeos e felinos está relacionado ao grau de fragmentação de habitat,
36
adensamento humano, densidade de animais domésticos nos entornos, distribuição
espacial dos fragmentos, e doenças em que os animais domésticos foram
reagentes.
37
4 MATERIAL E MÉTODOS
Nesta seção são descritas as áreas de estudo, implementação, bem como
metodologia de coleta de amostras e métodos diagnósticos utilizados.
4.1 ÁREAS ESPECÍFICAS DE ESTUDO
Foram estudadas as populações de taiassuídeos e felídeos nas florestas
fragmentadas da Região do Pontal do Paranapanema, extremo oeste do estado de
São Paulo. Nesta região, o maior fragmento com floresta contígua é o Parque
Estadual Morro do Diabo, que consiste em 36.500 ha de floresta semidecidual
primária. Os demais fragmentos na região foram reduzidos a retalhos florestais que
variam menos de 400 ha até aproximadamente 2000 ha. Apresentando formas
variadas, esses fragmentos menores estão dispostos em maior ou menor grau de
isolamento ao redor do Parque Estadual Morro do Diabo. Fazendas de gado,
agricultura e assentamentos da reforma agrária são as atividades humanas
predominantes que cercam os fragmentos e o Parque (SCHLOEGEL et al., 2005).
O Parque Estadual foi considerado área “controle” no estudo, assumindo-se
que as populações de taiassuídeos e felinos presentes nele sejam mais estáveis.
Adicionalmente, serão estudadas as populações de quatro fragmentos de floresta
relativamente grandes (entre 1100 e 2000 ha) e tres menores (entre 400 e 600 ha).
Os fragmentos diferem no grau de isolamento entre si e entre a floresta
contínua (Parque Estadual Morro do Diabo). Fragmentos abaixo de 400 ha não
foram amostrados porque que essas áreas não possam manter populações viáveis
de taiassuídeos (KEUROGHLIAN et al., 2004). Também se assume que fragmentos
entre 400 a 600 ha não têm populações viáveis de queixadas. A seguir, descreve-se
os fragmentos de floresta de captura dos animais.
1. Parque Estadual Morro do Diabo: considerado como área contínua (36.500 ha)
2. Fragmentos pequenos
Fragmento Ribeirão Bonito (500 ha)
38
Fragmento Santa Zélia (400 ha)
Fazenda Santa Mônica/São Paulo (584 ha).
3. Fragmentos grandes
Fazenda Tucano/Rosanella/Nova Canaã (1.990 ha);
Fazenda Ponte Branca (1.195ha);
Fazenda Água Sumida/Estrela Alcídia (1.135 ha).
Fazenda Santa Maria B/Cachoeirinha (1732 ha).
Em cada fragmento alvo deste estudo foram realizados 3 (três) eventos ou
campanhas de capturas mensais. Uma campanha representa 7 dias consecutivos de
esforço de captura.
A implementação do estudo teve dois componentes principais:
a. Captura e imobilização de taiassuídeos e felinos silvestres avaliação dos
parâmetros de condição corporal e sanidade animal, coleta de material para
realização de testes sorológicos e para tentativa de isolamento dos agentes e
avaliação da carga de ectoparasitos e endoparasitos.
b. Exames sorológicos e tentativa de isolamento dos agentes em animais
domésticos ao redor dos fragmentos, com o objetivo de determinar a distribuição
dos animais reagentes as doenças selecionadas.
4.2 COLETA DE AMOSTRAS PARA TAÍASSUÍDEOS
Durante um estudo piloto deste projeto, 12 queixadas e 8 catetos foram
capturados, estabelecendo a viabilidade da metodologia aqui detalhada. O tamanho
da amostra necessária para estimar a prevalência das diversas doenças dos
taiassuídeos no Parque Estadual Morro do Diabo (floresta contínua) foi 130
taiassuídeos, e nos fragmentos o tamanho da amostra necessária foi de 120
animais.
Este valor permite identificar diferenças significativas entre os mesmos com
95% de confiança e poder de 75%, considerando-se uma prevalência esperada de
5% nos animais de áreas íntegras e 15% nos animais de áreas fragmentadas (MINI
TAB 14).
39
Inicialmente a presença dos grupos de taiassuídeos é determinada através de
sinais deixados por estes animais no ambiente como pegadas, cheiro e marcas no
solo, devido ao comportamento de fuçar destes animais. Nos locais onde estes
sinais evidenciavam-se mais recentes e intensos, foram instaladas cevas e currais
de captura.
Confirmada a freqüência dos queixadas e catetos nas cevas de alimentação,
foram construídos cercados de captura nas dimensões de 12.0 metros de
comprimento por 6.30 metros de largura e 2.20 metros de altura, construídos com
tábuas resistentes de madeira e justapostas. No interior dos cercados foram
instalados cochos cobertos, onde foi mantida alimentação constante, constituída de
milho seco. A porta do cercado do tipo guilhotina, sustentada por um pedaço de
madeira (gatilho) que, por sua vez, estava conectado a um cordão para o desarme,
ou isca, posicionada no solo atrás do cocho de alimentação. O posicionamento do
cocho de alimentação permite a entrada de um grupo grande de animais no cercado.
Uma vez capturado o grupo é manipulado por meio de contenção física utilizando-se
uma caixa de contenção acoplada à porta de entrada do curral, onde cabem dois
animais adultos separados por uma pequena guilhotina localizada na parte central
da caixa de contenção.
Cada taiassuídeo capturado recebeu um brinco numerado, e foi anotado o
sexo e estimada a idade em classes de adulto, subadulto e jovem através de
parâmetros dentários e pelagem (FRAGOSO, 1994). Quando em plano anestésico
os animais tiveram sua condição corporal avaliada, efetuada a coleta de sangue,
fezes da ampola retal, swab vaginal ou prepucial.
Os animais foram manipulados após contenção química, com exceção dos
filhotes que eram manipulados através de contenção física.
Com relação aos anestésicos, foi utilizada a associação tiletamina-zolazepam
(Zoletil
®
, Virbac) nas seguintes dosagens recomendadas por kg de peso: cateto de
3,0 a 3,5 mg; e queixada 5 mg.
40
4.3 COLETA DE AMOSTRA DE FELÍDEOS
Os felídeos silvestres foram capturados com armadilhas de ferro e, também,
com cães treinados. Foram imobilizados quimicamente com o uso de dardos com
uma combinação de tiletamina HCl e zolazepam HCl (Telazol
®
, Fort Dodge, Iowa,
USA) na dosagem de 5.5 mg/kg para jaguatiricas; 4-6mg/Kg para onça pintada e 4.4
mg/kg em onça parda.
Em todos os felinos capturados foram coletados carrapatos, determinada
massa corporal através de balança de precisão e avaliação de estado reprodutivo
nas fêmeas por meio de palpação abdominal.
4.4 COLETA DE AMOSTRAS DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS
Com a permissão dos proprietários do entorno do PEMD e fragmentos foram
coletados sangue e material biológico dos animais domésticos dessas propriedades,
para sorologia e tentativa de isolamento para agentes infecciosos das doenças
selecionadas. A amostragem dos animais domésticos em cada propriedade foi
realizada de modo aleatório.
Foram amostrados gado bovino, eqüino, ovinos, suínos, felinos e cães. Para
estimar a soroprevalência de doenças infecto-contagiosas nas populações de
animais domésticos no entorno do PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) e
fragmentos foi calculada uma amostra mínima de 374 bovinos para cada grupo
(áreas fragmentadas e não fragmentadas). Este valor foi calculado considerando-se
uma prevalência de 50%, levando-se em conta o levantamento prévio da quantidade
de animais domésticos do entorno do PEMD de aproximadamente 14.000 animais,
com precisão desejada de 5% e confiança de 95%. Em todas as outras espécies de
animais domésticas houve tentativa de coleta da totalidade dos animais de cada
propriedade.
A utilização de uma estimativa de soroprevalência de 50% maximiza o
tamanho da amostra garantindo a precisão mínima de 5 % (Epi Info software).
41
4.5 METODOLOGIA DE PROVAS SOROLÓGICAS E ISOLAMENTO DE AGENTES
INFECCIOSOS
O material biológico utilizado para sorodiagnóstico de leptospirose, brucelose,
cinomose, imunodeficiência felina e leucemia felina foi soro dos animais silvestres e
domésticos amostrados e os métodos diagnósticos utilizados estão demonstrados
no quadro abaixo (Quadro 2).
Doenças Teste Utilizado Animais Avaliados
Brucelose Antígeno Acidificado
Tamponado, Soro
Aglutinação Rápida (SAR) e
Soro Aglutinação Lenta
em Tubo (SAT), utilizando
Brucella abortus
Bovinos,suínos, cães
e taiassuídeos
Leptospirose Soro Aglutinação
Microscópica
Bovinos, suínos, cães,
taiassuídeos e felídeos
Leucemia Viral
Felina (FELV)
ELISA direto Felideos
Cinomose Soroneutralização Lenta Cães, felideos
silvestres e
Taiassuídeos
Imunodeficiência
Felina (FIV)
ELISA indireto
Felídeos
Quadro 2 - Métodos diagnósticos empregados neste estudo
Dentre os métodos indiretos, a Soroaglutinação Microscópica (SAM) é o teste
mais utilizado no sorodiagnóstico humano e animal da leptospirose, sendo inclusive
o teste referência para outros testes sorológicos em fase de validação. Possui como
vantagem a sensibilidade, quando comparado a outros testes, permitindo o
diagnóstico em estágios precoces da infecção. É um teste específico para o sorovar
infectante ou antigenicamente próximo, mas não permite a discriminação do tipo de
42
imunoglobulina implicada na reação de aglutinação. As IgMs produzidas nas fases
iniciais de infecção reagem amplamente com vários sorovares de leptospiras quando
comparadas as IgGs produzidas posteriormente (CUMBERLAND et al., 1999). A
técnica da soroaglutinação microscópica detalhada está descrita no (Anexo A). No
quadro abaixo (Quadro 3), as variantes sorológicas de leptospiras empregadas
como antígenos para a realização da soroaglutinação microscópica:
SOROGRUPO
VARIANTE SOROLÓGICA (SOROTIPO)
Australis Australis
Australis Bratislava
Autumnalis Autumnalis
Autumnalis Butembo
Ballum Castellonis
Batavia Batavie
Canicola Canicola
Celedoni Whitcombi
Cynopteri Cynopteri
Grippothyphosa Grippotyphosa
Hebdomadis Hebdomadis
Icterohaemorrhagiae Copenhageni
Icterohaemorrhagiae Icterohaemorrhagiae IV
Javanica Javanica
Panama Panama
Pomona Pomona
Pomona Fronn
Pyrogenes Pyrogenes
Sejroe Hardjo (hardjoprajitno)
Serjoe Wolffi
Sejroe Hardjo (hardjobovis)
Shermani Shermani
Tarassovi Tarassovi
Andamana Andamana
Seramanga Patoc
Djasiman Sentot
Mini Mini
Quadro 3 - Relação das variantes sorológicas de leptospiras empregadas como antígenos
para a realização da soroaglutinação microscópica.
Para o diagnóstico de cinomose foi utilizado o método de soroneutralização
lenta. As amostras foram enviadas ao laboratório Biovet em Vargem Grande
Paulista, São Paulo. A descrição da técnica de soroneutralização lenta encontra-se
no (Anexo A). Para o diagnóstico de FIV e FeLV em gatos domésticos e felídeos
selvagens foi utilizado testes sorológicos imunoenzimáticos comerciais,
43
representados pelo Snap Combo FeLV Antigen/FIV Antibody Test Kit (IDEXX
Laboratories, Inc., Westbrook, Maine 04092, USA), que em um único dispositivo
combinam dois testes diferentes: um direto para antígeno viral p27 do FeLV e um
indireto para anticorpos contra lentivírus felinos.
A tentativa de isolamento para leptospirose foi realizada utilizando-se a urina
de animais silvestres capturados e animais domésticos amostrados.
A urina foi coletada através de sonda uretral específica para cada espécie animal.
Para taiassuídeos, onças e jaguatiricas a coleta foi realizada com a utilização de
sonda uretral para caninos. A técnica de isolamento para leptospirose está descrita
no (Anexo B).
Para brucelose, a colheita de material para tentativa de isolamento foi feita
através de swab vaginal ou prepucial dos animais domésticos e silvestres. O
material coletado foi conservado em meio de transporte de Stuart até a chegada ao
laboratório. A técnica de isolamento para brucelose está descrita no (Anexo B).
4.6 AVALIAÇÃO DO PARASITISMO (CARRAPATOS E ENDOPARASITAS)
Os ectoparasitos coletados nos animais silvestres foram guardados vivos e
trazidos para o laboratório de Parasitologia do Departamento de Medicina
Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Universidade de São Paulo para
identificação.
Os estádios imaturos foram alimentados em coelhos para a obtenção dos
estádios adultos e, em seguida, identificados através de chaves taxonômicas
(BARROS–BATTESTI et al., 2006).
Os endoparasitas foram identificados em amostras de fezes coletadas
diretamente do reto dos animais silvestres, e colocadas em tubo com bicromato de
potássio. Os métodos utilizados para detecção dos endoparasitas foi Centrífugo-
Flutuação em Sacarose, Centrífugo-Sedimentação em Água-Éter e Centrífugo-
Flutuação em Sulfato de Zinco (Laboratório de Parasitologia VPS FMVZ USP).
Para avaliar a diversidade de ectoparasitas e endoparasitas encontrados em
taiassuídeos capturados em cada fragmento de floresta, foram utilizados os
seguintes índices de diversidade: índice de diversidade de Shannon, eveness,
44
riqueza e similaridade. Hill´s (1973) sugere que a noção de diversidade é um pouco
maior do que a noção do número efetivo de espécies em uma amostra. Desta forma,
a utilização de índices de diversidade ou heterogeneidade mede as espécies em
comum em cada amostra e que vão produzir a mesma heterogeneidade (PEET,
1974). O índice de Shannon mede a abundância proporcional de uma amostra, e o
índice de riqueza a abundância, desta forma, o índice de diversidade de Shannon
engloba o índice de riqueza e o índice de igualdade ou “eveness” (STIRLING;
WILSEY, 2001). O índice de igualdade mede a abundância relativa de espécies em
uma comunidade, outro fator que afeta diversidade (WHITTAKER, 1965;
HURLBERT, 1971), e que é medido por uma escala de 0 a 1 . O resultado 0 do
índice de igualdade significa um baixo índice de igualdade, ou uma dominância de
alguma espécie naquela amostra. Entretanto, um índice de igualdade de valor 1
indica uma igual abundância de todas espécies naquela amostra, ou um índice de
igualdade máximo (MAGURRAN, 1988).
O índice de similaridade ou índice de Jaccard é baseado na relação entre o
número de espécies comuns às duas áreas e o número de espécies em cada área e
avalia a similaridade de cada área (DRUMOND, 1992).
45
5 RESULTADOS
Nesta seção são descritos os resultados da amostragem de animais
domésticos e silvestres; distribuição dos animais domésticos no entorno dos
fragmentos de floresta e características de manejo de cada área; diagnósticos
laboratoriais nas espécies estudadas.
5.1 CARACTERÍSTICAS ECOLÓGICAS DOS TAIASSUÍDEOS
Neste estudo foram amostrados 39 catetos (Tayassu tajacu) e 61 queixadas
(Tayassu peccari) totalizando 100 animais capturados. No fragmento Santa Zélia
(fragmento pequeno) foram capturados apenas dois indivíduos e não foram
encontrados rastros que indicassem a presença de um grupo estruturado de catetos
neste fragmento, estimando-se dois indivíduos ou três no fragmento. Nos
fragmentos Santa Mônica (fragmento pequeno), Água Sumida e Santa Maria
(fragmentos grandes) não foi possível capturar catetos.
No PEMD foram capturados 9 catetos, no grupo fragmentos pequenos
próximos ao PEMD, que engloba os fragmentos Ribeirão Bonito e Santa Zélia, foram
capturados 10 catetos. No grupo fragmentos grandes, que inclui os fragmentos de
floresta Tucano e Ponte Branca, foram capturados 20 catetos. Abaixo a figura 3
demonstrando o número de catetos capturados nos diferentes fragmentos florestais.
46
Figura 3 - Catetos capturados nos fragmentos agrupados por tamanho
Os queixadas amostrados foram provenientes do PEMD, fragmento florestal
Santa Mônica e fragmento florestal Ponte Branca, este último parte da Estação
Ecológica Mico Leão Preto. Foram amostrados 28 queixadas no PEMD, 15 animais
no fragmento Ponte Branca (grupo fragmento grande), e 18 animais no fragmento
Santa Mônica (grupo fragmento pequeno) como mostra a figura 4.
Figura 4 - Queixadas capturados nos fragmentos florestais do Pontal do Paranapanema
47
Os fragmentos Água Sumida e Santa Maria, pertencentes ao grupo
fragmentos grandes não foram capturados taiassuídeos nesses dois fragmentos,
apesar da intensa campanha de captura.
Dentre os 39 catetos amostrados neste estudo, 23 eram fêmeas e 16
machos. Em relação a faixa etária as fêmeas capturadas são (n:14) adulta, (n:7)
filhote , (n:1) juvenil e 1 sub adulto. Os machos são: (n:7) adulto, (n:1) ,filhote (n: 4),
juvenil ( n:1) e sub adulto (n:4).
Os queixadas e catetos são classificados em quatro categorias de idade
baseadas na coloração, tamanho, status reprodutivo e análise dos molares.
Queixadas adultos são indivíduos grandes com queixo totalmente brancos e
corpo marrom acinzentado. Os subadultos têm dois terços a três quartos do
tamanho de um adulto, mantendo a coloração marrom avermelhada do juvenil. Os
juvenis são animais com a coloração marrom avermelhada e têm a metade do
tamanho de um adulto. Os filhotes representam um quarto do tamanho de um
adulto e ainda mamam. Adicionalmente, pela análise dos molares podemos
identificar se um indivíduo adulto é muito velho, observando os desgastes do dente e
geralmente se os molares estão 2 mm acima da linha da gengiva. Nos adultos de
meia idade, os molares estarão 2mm a 3mm acima da linha da gengiva. Nos adultos
e adultos jovens, parte da coroa dos molares está 3 a 4 mm acima da linha da
gengiva. Os juvenis adultos têm as mesmas características, mas retém a coloração
de subadultos e mostram pequena parte do molar, 4 a 5 mm está acima da linha da
gengiva. Na figura 5 encontra-se o mapeamento da idade estimada dos catetos
capturados.
48
Figura 5 - Faixa etária dos catetos capturados no Pontal do Paranapanema
Dos queixadas amostrados (n:61), foram capturadas (n:40) fêmeas e (n:21)
machos. A faixa etária das fêmeas capturadas foi: adulta (n:29), filhote (n:6), sub
adulto (n:6). A faixa etária dos machos: adulto (n:8), filhote ( n:6), juvenil (n:2) e sub
adulto (n:5), como mostra a figura 6 seguinte:
Figura 6 - Faixa etária dos queixadas capturados no Pontal do Paranapanema
A biomassa de fêmeas adultas e subadultas de catetos apresentou média
aritmética de 18.8 kg e dos machos 15.25 kg. Nos queixadas, a biomassa das
49
fêmeas adultas e subadultas apresentou média de 31.11 kg e os machos 30.15kg.
(Apêndice A).
5.2 FELÍDEOS
Os felídeos deste estudo foram capturados no PEMD e fazendas vizinhas ao
PEMD. Foram no total oito onças pintadas, duas onças pardas e quatro jaguatiricas.
Em trabalho envolvendo armadilhamento fotográfico para obtenção de quantidade
de onças no PEMD, foi constatado que o número mínimo da população no PEMD é
de 6 indivíduos, ou 2,22 indívíduos por km
2
(CULLEN et al., 2005). Esses dados
demonstram que a amostragem deste estudo é bastante alta para caracterizar
epidemiologicamente a população de onças pintadas do PEMD.
As duas onças pardas capturadas eram machos adultos aparentemente
saudáveis. Dentre as onças pintadas dois eram machos, e um dos animais foi
considerado velho devido aos caninos bastante amarelados e gastos. Este indivíduo
foi capturado duas vezes, sendo que na primeira captura apresentava-se bastante
magro e debilitado. Na recaptura estava aparentemente saudável e tinha recobrado
peso. Este animal foi reagente para leptospirose na segunda amostragem de soro. O
outro macho adulto foi reagente para brucelose.
As seis onças capturadas eram fêmeas, sendo uma delas filhote, capturada
junto com a mãe.
As jaguatiricas eram dois machos, um jovem e um velho e duas fêmeas
estando uma delas em lactação. Uma onça pintada fêmea e a jaguatirica que estava
em lactação, alguns meses depois que foram amostradas, foram mortas por
atropelamento na estrada Arlindo Bétio, que corta o PEMD ao meio.
5.3 CARRAPATOS
Os carrapatos, encontrados em catetos e queixadas, são do gênero
Amblyomma e as espécies A. naponense, cajennense, A. brasiliense, A.coelebs e
50
Amblyomma sp. Apenas em catetos e queixadas amostrados em fragmentos
grandes, foram amostrados carrapatos da espécie Amblyomma brasiliense. O A.
naponense foi o único ectoparasita que ocorreu em todas as campanhas de captura
nos diferentes fragmentos. Os carrapatos encontrados nas onças pintadas foram
ninfas de Amblyomma sp e fêmeas de Boophilus microplus.
Os índices utilizados neste estudo são os índices de riqueza (R1) e
diversidade Shannon (H’) mostrados no quadro 4 abaixo. O (NO) se refere ao
número de espécies de carrapatos encontrados em cada espécie amostrada e em
um determinado grupo de fragmento, e o (E) se refere ao eveness, ou índice de
igualdade, que representa o equilíbrio entre o número de indivíduos encontrados
entre as espécies.
Grupo N0 R1 H E
PEMD
4 0,70 1,01 0,73
Grande
5 0,82 1.46 0,90
Pequeno
2 0,20 0,11 0,17
Quadro 4 - Índices de riqueza de carrapatos coletados em queixadas em três diferentes
fragmentos florestais
O grupo fragmentos grandes mostrou maior riqueza em carrapatos coletados
de queixadas como mostra o quadro 5 abaixo.
Grupo N0 R1 H E
PEMD
3 1,24 0,64 0,92
Grande
5 0,87 1,21 0,75
Pequeno
3 0,32 0,45 0,65
Quadros 5 - Índices de riqueza de carrapatos coletados em catetos em três diferentes
fragmentos florestais
Nos quadros 6 e 7 abaixo, os resultados do índice de similaridade de Jaccard
entre os diversos fragmentos de estudo:
51
Cateto PEMD e
Fragmentos
pequenos
PEMD e
Fragmentos
grandes
Fragmentos
grandes e
fragmentos
pequenos
Indíce de
similaridade de
Jaccard
66,6% 40% 40%
Quadro 6 – Medida de Similaridade de Jaccard entre os carrapatos coletados em catetos
nas diferentes áreas
Queixada PEMD e
Fragmentos
pequenos
PEMD e
Fragmentos
grandes
Fragmentos
grandes e
fragmentos
pequenos
Indíce de
similaridade de
Jaccard
50% 80% 40%
Quadro 7 – Medida de Similaridade de Jaccard entre os carrapatos coletados em queixadas
nas diferentes áreas
O grupo fragmentos grandes mostra maior riqueza em carrapatos coletados
de catetos.
5.4 ENDOPARASITAS
Os endoparasitas encontrados nos taiassuídeos foram: Strongyloidea-like,
Strongyloides-like, Ascarídeo-like, Giardia sp. e Ascarídeo Ascaris suum-like. Os
coproparasitológicos dos felídeos selvagens foram todos negativos.
Dentre as fezes de catetos, analisadas nos diferentes fragmentos florestais,
pelo menos um animal de cada localidade apresentou Ascarídeo like. No quadro 8
abaixo, os índices de diversidade para os endoparasitas coletados em fezes de
catetos nos diferentes grupos de fragmentos florestais:
52
Grupo NO R1 E
PEMD
1 0 0 -
FRAGMENTO
GRANDE
5 1,44 1,39
0,86
FRAGMENTO
PEQUENO
3 1,82 1,09
1
Quadro 8 - Índices de riqueza de endoparasitas coletados em catetos em três diferentes
fragmentos florestais
No quadro 9 abaixo, os índices de diversidade para os endoparasitas
coletados em fezes de queixadas nos diferentes grupos de fragmentos florestais:
Grupo NO R1 E
PEMD
2 0 0,69
1
FRAGMENTO
GRANDE
2 1,67 0,67
0,97
FRAGMENTO
PEQUENO
2 0 0,59
0,86
Quadro 9 - Índices de riqueza de endoparasitas coletados em queixadas em três diferentes
fragmentos florestais
No quadro 10 abaixo, o índice de similaridade de Jaccard para os
endoparasitas encontrados em fezes de catetos amostrados nos diferentes grupos
de fragmentos florestais:
53
Cateto PEMD
e Fragmentos
pequenos
PEMD
e Fragmentos
grandes
Fragmentos
grandes
e fragmentos
pequenos
Indíce
similaridade de
Jaccard
0 20% 66,6%
Quadro 10 – Medida de Similaridade de Jaccard entre os endoparasitas coletados em
catetos nas diferentes áreas
No quadro 11 abaixo o índice de similaridade de Jaccard para os
endoparasitas encontrados em fezes de queixadas amostrados nos diferentes
grupos de fragmentos florestais:
Queixada PEMD
e Fragmentos
pequenos
PEMD
e Fragmentos
grandes
Fragmentos
grandes e
fragmentos
pequenos
Indíce de
similaridade de
Jaccard
33,33% 33,33% 66,6%
Quadro 11 – Medida de Similaridade de Jaccard entre os endoparasitas coletados em
queixadas nas diferentes áreas
5.5 ANIMAIS DOMÉSTICOS
Com o objetivo de obter dados sobre a quantidade de animais e tipo de
manejo de cada propriedade, esquema de vacinação e histórico informal da região
sobre doenças infectocontagiosas nos animais domésticos, foram realizadas
entrevistas com moradores das 214 propriedades vizinhas às florestas em estudo. A
lista das propriedades amostradas encontra-se no (Apêndice E).
Foram amostrados 782 bovinos, 214 caninos, 193 eqüinos, 108 ovinos e 97
suínos como mostra a figura 7 abaixo.
54
Figura 7 - Animais domésticos amostrados no Pontal do Paranapanema
5.5.1 Animais domésticos do entorno do PEMD
O entorno do PEMD é o mais heterogêneo em tipos de propriedades,
comparado ao grupo fragmentos pequenos e grandes. No entorno da face norte do
Parque há o predomínio de grandes fazendas com criação extensiva de gado de
corte. Esse tipo de propriedade tem como característica ter um menor contato com a
borda do Parque, sendo a sede da fazenda muito distante dos limites do Parque, na
maioria das vezes maior que 5 km de distância. Essa distância limita o tráfego de
animais domésticos como cães e gatos na borda do parque, diferentemente da face
leste e oeste do Parque, onde as casas dos sitiantes e assentados estão muito
próximas da borda da mata. Ainda na face norte, outro fator limitante à proximidade
de gado e animais domésticos é uma estrada de terra, que liga duas estradas
paralelas (estrada da Alcídia e estrada do Planalto), e que fica entre a divisa das
fazendas e toda a borda norte do Parque.
Na face oeste, os animais domésticos e animais silvestres, por muito tempo,
dividiram o mesmo recurso de água, o rio Ribeirão Bonito, que limita o Parque e o
assentamento Ribeirão Bonito. Em 2007, a Polícia Ambiental local, juntamente com
55
o Ministério Público Ambiental advertiram os proprietários para cercar a área e
impedir a entrada de animais domésticos na borda do PEMD e no curso de água.
Na face noroeste, a fazenda Rosanella faz divisa com o PEMD, tendo as
mesmas características das fazendas do norte do PEMD com criação extensiva de
gado de corte.
Na face leste e na face oeste há uma maior proximidade dos animais
domésticos do entorno com a borda do PEMD.
Na face sul do PEMD se encontra o rio Paranapanema que faz a divisa entre
o Estado de São Paulo e Paraná.
O assentamento Ribeirão Bonito é constituído de propriedades pequenas,
variando de 10 – 20 ha. Destaca-se o manejo rudimentar dos animais domésticos e
adensamento de diversas espécies animais em um mesmo lote. Nesse
assentamento, a maioria das propriedades não possui fossa séptica. A base da
economia do assentamento Ribeirão Bonito é a venda do leite da propriedade para o
laticínio local.
Nas figuras 8 abaixo a quantidade de bovinos no entorno do PEMD e animais
amostrados, e na figura 9 a quantidade de suínos, ovinos, eqüinos e cães no
entorno do PEMD e quantidade de animais domésticos amostrados no entorno do
PEMD.
Figura 8 - Quantidade de bovinos no entorno do PEMD e amostrados
56
Figura 9 - Quantidade de suínos, ovinos, eqüinos e cães no entorno do PEMD quantidade
de animais domésticos amostrados no entorno do PEMD
Nas fazendas, sítios e assentamentos do entorno do PEMD, as vacinas
aplicadas ao gado são aftosa e brucelose. Os eqüinos são vacinados para “mal do
rincho” - uma enfermidade que é associada à encefalomielite eqüina pelos
proprietários rurais e veterinários locais. O esquema de vermifugação para todas as
espécies das propriedades é com o uso de ivermectina injetável. Nos cães e gatos,
o único esquema vacinal é anti-rábico, com a visita as propriedades dos
profissionais do posto de saúde da cidade de Teodoro Sampaio.
5.5.2 Animais domésticos do entorno dos Fragmentos pequenos
Os fragmentos de floresta Ribeirão Bonito e Santa Zélia são circundados por
assentamentos da reforma agrária, respectivamente os assentamentos: Ribeirão
Bonito e Santa Zélia. Cada propriedade dentro destes assentamentos tem em média
o tamanho de 10 a 20 hectares. O assentamento Santa Zélia segue as
características do assentamento Ribeirão Bonito, pobre e com modos rudimentares
de higiene e manejo de animais domésticos. Entretanto, o fragmento Santa Mônica é
57
circundado pela fazenda Santa Mônica e fazenda São Paulo, duas fazendas
extensivas de gado de corte. Nas visitas à floresta Santa Mônica era comumente
observada a presença de gado dentro do fragmento. Os proprietários da fazenda
São Paulo não permitiram a coleta de sangue dos animais domésticos da
propriedade. Na figura 10 abaixo, a quantidade de animais no entorno de fragmentos
pequenos (fragmento Santa Mônica, Santa Zélia e Ribeirão Bonito) e quantidade de
animais domésticos amostrados.
Figura 10 - Quantidade de animais no entorno de fragmentos pequenos (fragmento Santa
Mônica, Santa Zélia e Ribeirão Bonito) e quantidade de animais domésticos
amostrados
Na figura 11 abaixo, a quantidade de bovinos no entorno dos pequenos
fragmentos de mata e número de animais amostrados.
58
Figura 11 - Quantidade de bovinos no entorno dos pequenos fragmentos de mata e número
de animais amostrados
O esquema vacinal das propriedades do entorno dos fragmentos
pequenos segue o mesmo padrão das propriedades do entorno do PEMD. As
vacinas utilizadas são contra a febre aftosa e brucelose no gado e anti-rábica nos
cães e gatos perante visita dos profissionais dos postos de saúde locais.
5.5.3 Animais domésticos do entorno dos fragmentos grandes
O fragmento de floresta Ponte Branca, parte da Estação Ecológica Mico-
Leão-Preto é circundado pela fazenda Ponte Branca que tem criação extensiva de
gado de corte. Os proprietários desta fazenda arrastavam todas as carcassas
bovinas da propriedade para dentro do fragmento Ponte Branca. Neste “cemitério”
foi observado rastros de onça pintada. Nesta fazenda não era permitida a criação de
suínos, devido ao risco de brucelose para o gado.
O fragmento Tucano, também faz parte da Estação Ecológica Mico-Leão-
Preto e é circundado pelo assentamento de reforma agrária Tucano. O fragmento
Água Sumida é circundado pelo assentamento Água Sumida e o fragmento Santa
59
Maria e pelo assentamento Santa Maria e fazendas Cachoeirinha e Maravilha,
nessas duas não foi permitida a coleta de sangue dos animais domésticos. O
esquema vacinal é o mesmo que ocorre no entorno dos demais grupos de
fragmentos do estudo, vacinação para brucelose, febre aftosa e anti-rábica nos cães
e gatos.
Os animais amostrados no entorno dos fragmentos grandes estão
demonstrados nas figuras 12 e 13 abaixo.
Figura 12 - Quantidade de suínos, ovinos, eqüinos e cães no entorno e animais domésticos
amostrados no entorno dos remanescentes de mata Tucano, Ponte Branca,
Água Sumida e Santa Maria (fragmentos grandes)
60
Figura 13 - Quantidade de bovinos e número de animais amostrados no entorno dos
remanescentes de mata Tucano, Ponte Branca, Água Sumida e Santa Maria
(fragmentos
grandes)
5.5.4 Mapas da distribuição de animais domésticos
Os mapas abaixo indicam o intervalo da quantidade das espécies animais
domésticos no entorno de cada fragmento de mata.
Os eqüinos são animais utilizados para trabalho na propriedade, não havendo
um elevado número de animais nas propriedades. Os eqüinos são vacinados em
algumas propriedades da região apenas para encefalomielite eqüina.
No mapa 1 abaixo, pode-se observar a distribuição e quantidade de eqüinos
no entorno dos fragmentos do Pontal do Paranapanema.
61
Mapa 1 - Distribuição de eqüinos no entorno dos fragmentos florestais do Pontal do
Paranapanema
Os bovinos têm uma distribuição mais uniforme que os eqüinos. A face oeste
do PEMD tem o predomínio do assentamento rural Ribeirão Bonito e a sudoeste a
fazenda Rosanella. Nota-se que a quantidade de bovinos é maior na fazenda
Rosanella do que nas propriedades do assentamento. Os pontos vermelhos e os
pontos azuis claros no mapa 2 abaixo são os que demonstram os intervalos mais
elevados na quantidade de bovinos, sendo coincidentes com as fazendas extensivas
de gado de corte.
62
Mapa 2 - Distribuição de bovinos nos fragmentos florestais do Pontal do Paranapanema
Notamos que a paisagem no entorno do PEMD é mais heterogênea que ao
redor dos diversos fragmentos florestais. Essa paisagem é resultado da existência
de diferentes modos de produção das propriedades do entorno do PEMD com sítios,
assentamentos e fazendas. Nos bovinos o esquema de vacinação que persiste em
praticamente todas as propriedades é vacinação para febre aftosa e brucelose.
Os suínos são animais que não persistem muito tempo nas propriedades,
sendo vendidos e comprados com muita freqüência, pois são utilizados como fonte
de subsistência nestas propriedades. Não é aplicado nenhum tipo de vacina nesses
animais, sendo aplicado ivermectina um dia antes do abate ou durante gestação. Em
apenas dois sítios no entorno do PEMD havia criação com mais de 50 animais. No
mapa 3 abaixo, a distribuição e quantidade de suínos no entorno dos fragmentos de
mata do estudo.
63
Mapa 3 - Distribuição de suínos no entorno dos fragmentos de floresta do Pontal do
Paranapanema
Não há programa de esterilização de cães e gatos na região, sendo a
população de animais errantes alta e a vacinação efetiva apenas anti-rábica.
Os cães, que vivem no entorno dos fragmentos, regularmente entram nas
áreas de mata para caçar, demarcar território, ou acompanhar o dono nas caçadas.
No mapa 4 abaixo, a distribuição e quantidade de caninos na paisagem fragmentada
do Pontal.
64
Mapa 4 - Distribuição de cães no entorno dos fragmentos de floresta do Pontal do
Paranapanema
5.6 CINOMOSE
Nesta seção encontram-se os resultados do sorodiagnóstico de caninos e
felídeos silvestres amostrados para cinomose.
5.6.1 Animais Silvestres
65
Foram coletadas 13 amostras de sangue de felídeos de vida livre. Essas
amostras foram coletadas dos animais provenientes do Parque Estadual Morro do
Diabo (onças pintadas n=8, onças pardas n=2 e jaguatiricas n=4).
Não houve nenhum felídeo reagente para cinomose amostrados no Parque
Estadual Morro do Diabo. Os taiassuídeos capturados no Parque Estadual Morro do
Diabo e nos fragmentos de floresta (n=100) não apresentaram titulação para
cinomose. As amostras foram analisadas atravéz do método diagnóstico
soroneutralização lenta.
No mapa 5 a seguir estão sinalizados os locais de captura das onças pintadas
e locais de amostragem dos caninos reagentes e não reagentes para cinomose:
66
Mapa 5 - Local de amostragem de cães e onças pintadas amostrados para cinomose no
Pontal do Paranapanema
5.6.2 Animais domésticos
Nenhum cão é vacinado contra cinomose em todo o entorno dos fragmentos
de floresta. Mesmo na cidade mais próxima, são raros os animais que são
vacinados.
67
Dentre os cães amostrados do entorno do PEMD, Tucano e Santa Zélia (n=
200), obtivemos (n=12) indivíduos reagentes, ou seja, (6%). No quadro 12 abaixo, a
titulação para cinomose dos caninos do Pontal do Paranapanema através da
soroneutralização lenta.
Espécie Titulação
Canino
1:128
Canino
1:128
Canino
1:128
Canino
1:128
Canino
1:128
Canino
1:256
Canino
1:256
Canino
1:256
Canino
1:256
Canino
1:32
Canino
1:32
Canino
1:512
Quadro 12 - Titulação para cinomose (ponto de corte 1:16)
No mapa 6 abaixo, a distribuição na paisagem fragmentada do Pontal de
cães reagentes e não reagentes para cinomose.
68
Mapa 6 - Cães amostrados para cinomose reagentes e não reagentes no Pontal do
Paranapanema
5.7 LEPTOSPIROSE
Nesta seção, os resultados de animais reagentes e não reagentes para
leptospirose e os sorovares prováveis encontrados em cada espécie divididos por
localidade.
69
5.7.1 Animais silvestres
Os queixadas do PEMD apresentaram maior número de animais reagentes
para leptospirose do que os queixadas dos fragmentos Santa Mônica (fragmento
pequeno) e Ponte Branca (fragmento grande) como mostra a figura 14 abaixo.
Figura 14 - Queixadas amostrados no Pontal do Paranapanema mostrando quantidade de
indivíduos reagentes e não reagentes para leptospirose nos grupos de
fragmentos
Comparando-se o número de animais reagentes nos três diferentes grupos:
PEMD, fragmento grande e fragmento pequeno, nota-se que há diferença
significativa na diferença no número de animais reagentes entre os três grupos, valor
de χ² = 0.018.
Comparando-se o número de queixadas reagentes capturados nos
fragmentos grandes e pequenos e no PEMD, foi observada diferença significativa
entre os dois grupos, valor de χ²=
0.016.
Dos catetos amostrados no PEMD e fragmentos, apenas 4 indivíduos
apresentaram anticorpos para leptospirose. Na figura 15 abaixo, os catetos
reagentes e não reagentes para leptospirose nos três diferentes grupos de florestas
(PEMD, fragmentos pequenos e fragmentos grandes):
70
Figura 15 - Catetos amostrados no Pontal do Paranapanema mostrando quantidade de
indivíduos reagentes e não reagentes para leptospirose nos diferentes grupos
de fragmentos
A diferença entre o número de catetos reagentes e não reagentes não foi
significativa entre os três grupos (χ²= 0.5). Comparando-se o número de catetos
amostrados no PEMD e fragmentos, não houve diferença significativa (teste exato
de Fisher = 0.65). Dois catetos apresentaram título para o sorovar patoc, ambos
capturados no fragmento Tucano e o único cateto positivo capturado no PEMD não
foi reagente. O cateto capturado no fragmento Ribeirão Bonito apresentou título
para o sorovar pyrogenes.
Dentre as 8 onças pintadas amostradas, apenas um animal macho adulto foi
reagente para Leptospira pomona. As onças pardas e jaguatiricas deste estudo não
foram reagentes para leptospirose. Na figura 16 abaixo, as onças pintadas,
jaguatiricas e onça pardas amostradas para leptospirose:
71
Figura 16 - Felídeos reagentes e não reagentes para leptospirose
No quadro 13 abaixo, os sorovares mais prováveis encontrados em animais
silvestres nos diferentes grupos de fragmentos:
Fragmentos
pequenos
Fragmentos
grandes
PEMD
Cateto
Pyrogenes
pyrogenes
Seramanga patoc --------------
Queixada
Panama
panama
Icterohaemorrhagiae
Icterohaemorrhagiae IV
Pomona
pomona
Onça Pintada
-------------
---------------
Pomona
pomona
Quadro 13 - Sorovares mais prováveis em animais silvestres nos três grupos de fragmentos.
72
5.7.2 Animais domésticos
Na figura 17 abaixo, o número de bovinos reagentes e não reagentes para
leptospirose entre os grupos PEMD, fragmentos pequenos e fragmentos grandes:
Figura 17- Bovinos reagentes e não reagentes para leptospirose nos diferentes grupos dos
fragmentos de estudo
Não se detectou diferença estatisticamente significativa entre as proporções
de bovinos com sorologia positiva para leptospirose entre os diferentes grupos (χ²=
0.22). Agrupando os bovinos reagentes e não reagentes para leptospirose do
entorno dos fragmentos e comparando com os bovinos reagentes e não reagentes
para leptospirose do entorno do PEMD, não foi encontrada diferença significativa
entre os grupos (teste exato de Fisher= 0.92).
Na figura abaixo, os caninos regentes e não reagentes para leptospirose no
entorno dos diferentes grupos (PEMD, fragmentos pequenos e fragmentos grandes):
73
Figura 18 - Caninos reagentes e não reagentes para leptospirose
Dentre os caninos reagentes entre os três grupos, houve diferença
significativa entre os caninos com sorologia para leptospirose entre os diferentes
grupos (χ²= 0.048). Comparando-se o grupo PEMD e fragmentos, não houve
diferença significativa (teste exato de Fisher = 0.92).
Na figura 19 abaixo, os ovinos reagentes não reagentes para leptospirose no
entorno dos diferentes grupos (PEMD, fragmentos pequenos e fragmentos grandes):
Figura 19 - Ovinos reagentes e não reagentes para leptospirose nos diferentes grupos
74
Não se detectou diferença estatisticamente significativa entre as proporções
de animais com sorologia positiva para leptospirose entre os três diferentes grupos
(χ²= 0.125). Na comparação entre ovinos reagentes no entorno dos fragmentos e
PEMD, também não houve diferença estatisticamente significativa (teste exato de
Fisher = 0.91).
A figura 20 abaixo mostra os números de suínos reagentes não reagentes
para leptospirose no entorno dos diferentes grupos (PEMD, fragmentos pequenos e
fragmentos grandes):
Figura 20- Suínos reagentes e não reagentes para leptospirose nos diferentes grupos
Não se detectou diferença estatisticamente significativa entre as proporções
de animais com sorologia positiva para leptospirose entre os três diferentes grupos
(χ²= 0.33). Comparando-se o número de suínos reagentes e não reagentes para
leptospirose no entorno do PEMD e fragmentos, também não houve diferença
significativa entre os dois grupos (teste exato de Fisher = 0.35).
Na figura 21 abaixo, os eqüinos reagentes e não reagentes para leptospirose
nos diversos grupos de fragmentos:
75
Figura 21- Equinos reagentes e não reagentes para leptospirose nos diferentes grupos
Não se detectou diferença estatisticamente significativa entre as proporções
de animais com sorologia positiva para leptospirose entre os diferentes grupos (teste
exato de Fisher χ²= 0,95). Entre os eqüinos reagentes do PEMD e fragmentos,
também não houve diferença estatisticamente significativa (teste exato de Fisher=
0,92).
Foram capturados dentro das propriedades vizinhas do entorno n = 100 ratos
sinantrópicos, identificados como Ratus rattus, sendo que todos animais não foram
reagentes para leptospirose.
No quadro 14 abaixo, os sorovares mais prováveis encontrados nos animais
domésticos amostrados no entorno dos diferentes grupos:
76
Fragmentos
pequenos
Fragmentos
Grandes
PEMD
Bovinos
Sejroe hardjo;
Shermani shermani
Sejroe hardjo; Sejroe
wolffi
Sejroe hardjo;
Cães Hardjobovis
Autumnalis autumnalis Seramanga patoc
Equinos
Icterohaemorrhagiae
icterohaemorrhagiae
IV; Australis
batislava;
Hardjobovis
Autumnalis autumnalis;
Icterohaemorrhagiae
Icterohaemorrhagiae
IV; Hardjobovis;
Seramanga patoc
Autumnalis
autumnalis;
Suínos
Australis batislava Icterohaemorrhagiae
copenhageni
Australis batislava
Ovinos castellonis
-------------- Autumnalis
autumnalis
Quadro 14 - Sorovares mais prováveis em animais domésticos nos três grupos de
fragmentos
5.7.3 Animais domésticos e animais silvestres
Na figura 22 abaixo, o número de animais domésticos reagentes e não
reagentes do entorno dos fragmentos pequenos e taiassuídeos reagentes e não
reagentes capturados nos fragmentos pequenos.
77
Figura 22 - Prevalência de leptospirose em taiassuídeos provenientes de fragmentos
pequenos e animais e domésticos de seus entornos
Não houve diferença significativa entre os animais domésticos do entorno dos
pequenos fragmentos e taiassuídeos amostrados nestes fragmentos florestais χ²=
0.11. Na figura 23 abaixo, o número de animais domésticos reagentes e não
reagentes no entorno dos fragmentos grandes e taiassuídeos reagentes e não
reagentes amostrados nos fragmentos grandes:
Figura 23 - Prevalência de leptospirose em taiassuídeos provenientes de fragmentos
grandes e animais domésticos de seus entornos
78
Houve diferença estatisticamente significativa entre os animais domésticos
reagentes do entorno dos fragmentos grandes e taiassuídeos amostrados em
grandes fragmentos χ²= 0.0024.
Comparando taiassuídeos reagentes e não reagentes capturados em
fragmentos grandes e pequenos e animais domésticos nos seus entornos, houve
diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos χ²= 0.0060. Na figura 24
abaixo, os taiassuídeos reagentes e não reagentes para leptospirose amostrados no
PEMD e animais domésticos reagentes e não reagentes para leptospirose
amostrados no entorno do PEMD.
Figura 24 - Prevalência de leptospirose em taiassuídeos provenientes do PEMD e animais
domésticos de seu entorno
Não houve diferença significativa entre os animais domésticos reagentes do
entorno do PEMD e taiassuídeos reagentes amostrados no PEMD χ²= 0.96.
Em todos os animais domésticos reagentes para leptospirose e animais
silvestres amostrados foi realizada tentativa de isolamento para leptospirose, sendo
que todas as culturas foram inconclusivas.
79
5.8 BRUCELOSE
Nesta seção, os resultados dos animais reagentes e não reagentes para
brucelose na paisagem fragmentada do Pontal
5.8.1 Animais silvestres
Dentre as oito onças pintadas amostradas, apenas um animal foi reagente.
As onças pardas e jaguatiricas não foram reagentes para brucelose. Entre os
queixadas amostrados no PEMD (n=28), sete animais apresentaram anticorpos para
Brucella spp e apenas um indivíduo do fragmento Ponte Branca (n=15) foi reagente
para brucelose como mostra a figura 25 abaixo.
Figura 25 - Queixadas amostrados no PEMD, fragmento Ponte Branca (fragmento grande) e
Santa Mônica (fragmento pequeno) para brucelose
Não houve diferença significativa entre o número de queixadas reagentes
para brucelose nos três grupos χ²= 0.059.
Agrupando os queixadas reagentes e não reagentes dos grupos fragmento
grande e pequeno e, comparando com os queixadas amostrados no PEMD, não
80
houve diferença significativa χ²= 0.065. Dentre os 39 catetos amostrados nesse
estudo, apenas um indivíduo capturado foi reagente para brucelose.
Este indivíduo foi capturado no PEMD em uma ceva localizada na borda do
PEMD com o assentamento Ribeirão Bonito. Abaixo na figura 26, os catetos
reagentes para brucelose nos diversos grupos de floresta:
Figura 26 - Catetos amostrados para brucelose
Não houve diferença significativa entre os catetos reagentes e não reagentes
para brucelose nos diferentes fragmentos florestais χ²= 0.46. Agrupando os catetos
reagentes e não reagentes dos grupos fragmento grande e pequeno e comparando
com os catetos amostrados no PEMD, não houve diferença significativa χ²= 0.51.
5.8.2 Animais domésticos
Dentre os 782 bovinos amostrados neste estudo para brucelose, 6 animais
foram reagentes (n=1 animal no entorno do PEMD, n=1 no assentamento Santa
Zélia e n=4 animais do assentamento Ribeirão Bonito no entorno do fragmento
Ribeirão Bonito). Na figura 27 abaixo, os bovinos reagentes para brucelose nos
entorno dos três diferentes grupos.
81
Figura 27 - Bovinos reagentes para brucelose no entorno dos diferentes fragmentos
florestais.
Houve diferença significativa no número de animais com sorologia
positiva nos diferentes fragmentos (χ²= 0.00).
Agrupando os bovinos amostrados no entorno dos fragmentos pequenos e
grandes, e comparando-se com os bovinos amostrados no entorno do PEMD, não
houve diferença significativa χ²= 0.11. Na figura 28 abaixo, os bovinos reagentes e
não reagentes para brucelose nos três grupos estudados:
Figura 28 - Cães reagentes para brucelose nos diferentes fragmentos florestais
82
Dos 92 cães amostrados no entorno do PEMD, n=3 animais foram reagentes
para brucelose, sendo que dois animais pertenciam a mesma propriedade. Nesta
propriedade n=1 bovino foi positivo sugerindo que os cães possam ter tido contato
com a bactéria através do leite desse animal ou restos placentários. Não houve
diferença significativa entre os cães reagentes e não reagentes amostrados no
entorno dos três diferentes grupos χ²= 0.32. Comparando os caninos do entorno do
PEMD, com os caninos do entorno dos dois grupos (fragmentos pequenos e
grandes) não foi encontrada diferença significativa χ²=
0.2.
Não houve nenhum suíno, eqüino e ovino reagente para brucelose entre os
animais amostrados.
Em todos os animais amostrados foi feita a tentativa de isolamento através de
swab vaginal ou prepucial através de meio de transporte de Stuart. Todas as
amostras mostraram-se inconclusivas.
5.8.3 Animal doméstico e silvestre
Comparando-se o número de taiassuídeos reagentes para
brucelose amostrados no PEMD e bovinos reagentes no entorno do PEMD, houve
diferença significativa χ²= 0.00. Na figura 29 abaixo os bovinos e taiassuídeos
reagentes e não reagentes para brucelose:
83
Figura 29 - Bovinos amostrados no entorno de PEMD e taiassuídeos amostrados no
PEMD reagentes e não reagentes para brucelose
Comparando-se taiassuídeos amostrados em fragmentos pequenos reagentes
para brucelose com o número de bovinos reagentes amostrados para brucelose no
entorno dos fragmentos pequenos, não houve diferença significativa χ²= 0.44.
Também para os taiassuídeos amostrados nos fragmentos grandes e bovinos
reagentes amostrados nos entornos dos fragmentos grandes, não foi encontrada
diferença significativa χ²= 0.65.
84
5.9 IMUNODEFICIÊNCIA FELINA E LEUCEMIA FELINA
O número de gatos domésticos, que vivem no entorno do PEMD, é de 102
indivíduos (n=102). Foram colhidas amostras de 17 gatos domésticos no entorno do
PEMD em locais de maior proximidade das propriedades rurais ao PEMD e maior
adensamento de animais e humanos. Os locais de amostragem situam-se na face
leste e oeste do PEMD. Na face leste se localiza o bairro Córrego Seco, composto
por pequenos sítios e algumas propriedades maiores. Na face oeste está o
assentamento de reforma agrária Ribeirão Bonito.
Ao exame clínico os gatos apresentaram-se em sua maioria subnutridos e
com infestação de ectoparasitas (pulgas e carrapatos), mas aparentemente não
apresentavam sintomatologia de qualquer doença infecto contagiosa. Os felídeos
selvagens capturados foram oito onças pintadas (Panthera onca), duas onças
pardas (Puma concolor) e quatro jaguatiricas (Felis pardalis) e apenas uma onça
pintada macho estava abaixo do peso. Porém na segunda captura se encontrava
com peso normal. Os animais domésticos e silvestres testados não foram reagentes
para imunodeficiência felina e leucemia felina. No mapa 7 abaixo, os locais de
amostragem dos animais domésticos e silvestres deste estudo.
85
Mapa 7 - Locais de amostragem dos felinos domésticos e silvestres
86
6 DISCUSSÃO
Nesta seção são discutidos os resultados encontrados neste estudo e a
comparação dos achados entre os demais fragmentos estudados.
6.1 CARACTERÍSTICAS ECOLÓGICAS DOS FELÍDEOS E TAIASSUÍDEOS
O tamanho do grupo de catetos do PEMD e Ponte Branca e Tucano (grupo
fragmentos grandes), aproxima-se da média encontrada em outros fragmentos
florestais da Mata Atlântica do interior paulista (8.8 indivíduos / grupo)
(KEUROGHLIAN et al., 2004). No fragmento Santa Zélia (fragmento pequeno), onde
foram capturados apenas dois indivíduos, não foram encontrados rastros indicando
a presença de um grupo estruturado de catetos neste fragmento (8.8 indivíduos /
grupo) (KEUROGHLIAN et al., 2004), estimando-se dois indivíduos ou três no
fragmento. O fragmento pequeno Ribeirão Bonito, entretanto, se encaixa na média
de 8.8 indivíduos / grupo (KEUROGHLIAN et al., 2004). Ambos fragmentos são
próximos ao PEMD, porém o fragmento Ribeirão Bonito tem maior possibilidade de
trânsito de catetos do PEMD para fragmento devido aos sistemas agroflorestais que
se localizam nas propriedades do assentamento, e ficam entre o PEMD e o
fragmento Ribeirão Bonito. No fragmento Santa Zélia há uma estrada asfaltada entre
o PEMD e o fragmento, podendo ser uma explicação da baixa densidade de catetos
mesmo com a proximidade similar destes dois fragmentos com o PEMD. Gonçalves
(2007), estudando o padrão genético dos catetos e queixadas do Pontal do
Paranapanema demonstra que ambas espécies não tem uma dispersão
homogênnea comparada com outras espécies de herbívoros e carnívoros, e
preferem se mover em fragmentos com vegetação nativa, confirmando a estrada
como uma barreira para a dispersão destas espécies.
Nos fragmentos Água Sumida e Santa Maria, pertencentes ao grupo
fragmentos grandes, não foi capturado taiassuídeos nesses dois fragmentos, apesar
da intensa campanha de captura. É muito provável que esses fragmentos estejam
enfrentando a extinção local de taiassuídeos devido ao gargalo em que se
87
encontraram essas duas espécies após o desmatamento intenso da região e
algumas décadas de isolamento. As relações de fonte – dreno (DITT, 2002) se
aplicam a este resultado de capturas nos fragmentos citados, e se apóia na própria
história da região, em que uma área após sofrer intenso desmatamento, os
fragmentos de floresta remanescentes funcionam como sumidouro, e o maior
fragmento de mata e mais contínuo, no caso o Parque, teria a função de “fonte”
(DITT, 2002). Nesta relação, os fragmentos menores tendem a ter uma densidade
alta de espécies após o desmatamento, e em seguida ocorre um declínio
populacional devido a competição por alimentos, e tamanho de território relacionado
à área de uso da espécie e doenças (BARBRAUD et al., 2003; REJMÁNKOVÁ et al.,
2006).
O fragmento Santa Mônica, mesmo possuindo um tamanho menor que os
fragmentos Santa Maria e Água Sumida, apresenta um grupo de queixadas. A
explicação para esse fato pode ser a história de ocupação do entorno dos diferentes
fragmentos florestais, e como esse modo de ocupação influencia na viabilidade de
algumas espécies. O fragmento Santa Mônica fica dentro de uma fazenda, sendo
parte de sua área averbada. Os demais fragmentos grandes Santa Maria e Água
Sumida possuem uma densidade de pessoas e uma pressão de caça que pode ter
sido responsável pelo desaparecimento local dessas espécies.
No fragmento Santa Mônica, durante o reconhecimento do fragmento florestal
e escolha dos locais de captura, foram avistados rastros de catetos. Mas, sendo o
fragmento pequeno (584 ha), quando a ceva era instalada, o grupo de queixadas
impedia a presença dos catetos nas cevas, pela competição por alimento e território.
O fragmento Santa Mônica por seu tamanho, distância do PEMD e isolamento era o
local com menos probabilidade de se encontrar queixadas. Em oposição, o
fragmento Tucano pela sua proximidade com o PEMD e tamanho teria chance maior
de se encontrar queixadas. Porém, a história do fragmento Tucano, Água Sumida e
Santa Maria tem algus pontos em comum: alta densidade de pessoas; alta
densidade de diversas espécies domésticas; grande pressão de caça no fragmento.
A população de queixadas e catetos no fragmento Santa Mônica pode ser
considerada sobrevivente em todo esse processo pós-desmatamento. Nos
fragmentos menores e isolados como o Santa Mônica deveriam ser os primeiros a
ocorrer o desaparecimento de mamíferos de médio porte (FAHRIG; MERRIAN,
88
1993). Entretanto, o modo de ocupação do entorno do fragmento tem um peso muito
importante na continuidade de certas espécies silvestres.
Perante esses resultados de captura, é possível concluir que mesmo
fragmentos pequenos que teriam a função de sumidouro após um processo de
desmatamento intenso, ainda abrigam populações de taiassuídeos. A questão
principal é até quando um fragmento de 584 ha terá capacidade de manter uma
espécie que necessita de uma área de uso de aproximadamente 1.871 ha
(KEUROGHLIAN et al., 2004).
Atualmente o fragmento Tucano e Ponte Branca fazem parte da Estação
Ecológica Mico Leão Preto. Porém, o histórico de ocupação do entorno do fragmento
Ponte Branca (fragmento grande) e Santa Mônica (fragmento pequeno) é bastante
semelhante. Ambas as áreas são circundadas por fazendas com predomínio de
gado de corte, onde há uma pressão de caça bem menor que em fragmentos de
mata circundados por assentamentos. O fragmento Ribeirão Bonito e Santa Zélia
(fragmentos pequenos) são circundados por assentamentos da reforma agrária
como o fragmento Tucano. Em fragmentos de floresta de Mata Atlântica com
tamanho de 2.000 ha e com intensa pressão de caça, antas, queixadas e veados
são rapidamente levados à extinção local. Em locais onde a pressão de caça é
moderada, os bandos de queixada têm sua dinâmica alterada e a população de
ungulados é reduzida (CULLEN et al., 2000).
Comunidades rurais vizinhas a fragmentos de floresta, produz perda gradual
da biodiversidade nos fragmentos, principalmente por: (a) caça ilegal, (b) erosão das
bordas da mata por: fogo, pastejo do gado, colonização, dessecação pelo vento,
invasão de sementes de gramíneas agressivas e pesticidas. Esse processo modifica
a estrutura da floresta, afetando processos ecológicos e causando a perda de muitas
espécies animais e de plantas devido a uma “defaunação” (TERBORGH, 1988;
BROWN; HESKE, 1990; DIRZO; MIRANDA, 1990) e efeitos de borda (TERBORGH,
1974; SAUNDERS et al., 1991; LAURANCE, 1991; MURCIA, 1995; DIDHAM et
al.,1996; KAPOS et al., 1997).
O fragmento Tucano se enquadra nesta situação, tendo no seu entorno um
dos primeiros assentamentos da reforma agrária da região, com intensa pressão de
caça. Em estudos ecológicos no fragmento Tucano no ano de 2000 realizados por
Cullen (2000, p. 56) revelaram que a população de ungulados desta floresta não
atinge 50 indivíduos o que evitaria a depleção genética na população. Com este
89
resultado, ressalta-se a importância do histórico de ocupação do entorno como uma
variável importante na presença e ausência de algumas espécies animais.
Em entrevistas com proprietários rurais dos fragmentos florestais do Pontal
do Paranapanema, com o objetivo de obter pontuações em comportamentos de
conservação, os proprietários com menor pontuação foram o casal que possuía o
fragmento Tucano. Este proprietário já foi multado 14 vezes e ficou preso durante
um mês por agressão contra o meio ambiente (DITT, 2002). Portanto o fragmento
Tucano sofreu por diversas vezes a agressão de um proprietário que via na floresta
um empecilho na sua expansão e produtividade (comunicação pessoal) e também
de um assentamento da reforma agrária exercendo enorme pressão de caça. Cullen
et al., (2001) caracteriza o fragmento Tucano como um dos mais intensamente
caçados dentre os cinco fragmentos de Mata Atlântica pesquisados (CULLEN et al.,
2001).
O PEMD que por ser uma área protegida, e com fiscalização própria tem uma
pressão de caça menor (CULLEN et al., 2001). Em fazendas, geralmente a caça não
é admitida por facilitar o roubo de gado, motivando os proprietários rurais a terem
um controle severo nesse assunto, essa atitude ocorre nas fazendas Santa Monica e
Ponte Branca. O modo de ocupação do entorno do fragmento, densidade de
pessoas e animais domésticos, atitude e comportamento do proprietário, são fatores
determinantes para a viabilidade de algumas espécies na paisagem fragmentada.
Durante a elaboração deste estudo, foram encontradas oito onças pintadas
no total. Em trabalho envolvendo armadilhamento fotográfico para obtenção de
quantidade de onças no PEMD, foi constatado que o número mínimo da população
no PEMD é de 6 indivíduos, ou de 2,22 indívíduos por km
2
(CULLEN et al., 2005).
Estes dados demonstram a validade da amostragem deste estudo como bastante
alta para caracterizar epidemiologicamente a população de onças pintadas do
PEMD. Ainda em trabalho envolvendo armadilhamento fotográfico no PEMD,
constatou-se que a capacidade populacional de jaguatiricas no PEMD é de 95-125
indivíduos residentes e densidade 0,27-0,36 ind./Km² (JACOB, 2002).
Os felídeos do Pontal do Paranapanema enfrentam a falta de habitat para a
dispersão das novas gerações. A fragmentação da região, e o alto requerimento de
área de uso da espécie coloca esses animais na berlinda, deixando-os muito
próximos a animais domésticos e seus patógenos.
90
6.2 ECTOPARASITAS
A espécie de carrapato mais freqüente nos queixadas e catetos capturados
foi o A. naponense seguido do Amblyomma cajennense. Estas espécies ocorreram
em todos fragmentos estudados e em ambas espécies de taiassuídeos.
O A. naponense foi encontrado em porcos criados em fazenda com acesso
irrestrito ao pasto e a mata Equatorial Amazônica nativa adjacente (LABRUNA et al.,
2002). A presença de Amblyomma cajennense foi descrita em capivaras
(Hydrochaeris hydrochaeris) e queixada (Tayassu pecari), na região do Pantanal
(ITO et al., 1998).
O fato do Amblyomma cajennense não apresentar especificidade em relação
aos hospedeiros pode propiciar maiores riscos de disseminação de patógenos
transmitidos por estes artrópodes com o envolvimento humano (MARTINS et al.,
2004), pois os estágios imaturos mostram baixo nível de especificidade
especialmente os estágios larvais, indicando a existência de hospedeiros
secundários que provavelmente servem como dispersores na natureza (LISBÔA
LOPES et al., 1998).
Em queixadas e catetos amostrados nos fragmentos pequenos não foram
encontrados Amblyomma coelebs. Esse resultado pode demonstrar uma
especificidade maior do carrapato e a dificuldade de amostrá-lo em ambiente com
menor diversidade de hospedeiros específicos. Os adultos da espécie Amblyomma
coelebs são comuns em antas, mas também foram encontrados em humanos e
cavalos (BELDOMÉNICO et al., 2003; NAVA et al., 2004). A lista de carrapatos
encontrados nos catetos e queixadas encontram-se respectivamente nos (Apêndices
C e D).
Somente nos catetos e queixadas amostrados em fragmentos grandes, foram
coletados carrapatos da espécie Amblyomma brasiliense. Na Argentina, existem
registros de A. brasiliense parasitando humanos (GUGLIELMONE; VIÑABAL, 1994),
e pesquisadores na Mata Atlântica brasileira foram mordidos por Amblyomma
brasiliense (SZABÓ et al., 2006).
Verificou-se que os fragmentos grandes apresentam maior índice de riqueza
(R) e diversidade ( H’ ) em relação aos ectoparasitas coletados nos queixadas
amostrados, como também um maior “eveness” (E), o que significa que nestes locais
91
as populações são mais uniformes relativamente ao número de indivíduos por
espécie (NETO et al., 1999). Estes dados devem ser analisados cautelosamente,
pois apesar desses resultados obtidos demonstrarem que os fragmentos grandes
têm maiores índices de diversidade de carrapatos que o PEMD e maior número de
espécies coletadas, isso não significa que os fragmentos grandes tenham uma maior
biodiversidade geral. Muitas doenças que residem em animais reservatórios são
transmitidas por vetores artrópodes através da picada. Muitos desses vetores se
alimentam de uma grande variedade de espécies hospedeiras que diferem muito
entre si quanto à competência reservatória para determinado patógeno, o que
siginifica a probabilidade de conseguir transmitir o patógeno do hospedeiro ao vetor.
O “efeito diluição” é alcançado, quando em um determinado local, há a
presença de hospedeiros vertebrados com baixa capacidade de infectar os vetores,
diluindo o efeito dos reservatórios altamente competentes (KENNETH; SCHMIDT,
2001), e com a remoção de floresta e fragmentação do habitat teremos a redução ou
perda da biodiversidade (WILSON, 1992; HOBBS, 1994), tendo um “efeito diluição”
reduzido ou inexistente.
Os índices de diversidade mais baixos dos três grupos foram os provenientes
da análise dos carrapatos coletados do grupo fragmentos pequenos.
Os queixadas capturados no grupo fragmentos pequenos foram provenientes
da floresta Santa Mônica apresentando apenas as espécies A. cajennense e
naponense. Sendo que todos os queixadas amostrados neste fragmento foram
coletadas fêmeas e machos adultos de A. cajennense, e com maior freqüência
comparando-se com todos os demais fragmentos do estudo, incluindo o PEMD.
O A. cajennense é uma espécie importante em termos de saúde pública pois
parasita animais domésticos e atua como vetor da Rickettsia ricketsii (TRAVASSOS;
VALEJO-FREIRE, 1944). O A. cajennense é um parasita com ciclo de três
hospedeiros ocorrendo na maioria das vezes em eqüinos, mas alcançando um vasto
número de espécies hospedeiras (LINARDI et al., 1991). É importante determinar os
hospedeiros secundários na manutenção do seu ciclo biológico, como os queixadas.
A ocorrência de Boophilus microplus em onças pintadas está relacionada ao hábito
de atravessar áreas de pasto, e predar gado. Entre os resultados dos índices de
diversidade dos carrapatos coletados em catetos, o maior índice de riqueza (R1) e
“eveness” (E) ocorreu no PEMD. O índice de diversidade (H’) maior ocorreu no
grupo fragmentos grandes. Os carrapatos encontrados nos catetos amostrados no
92
PEMD foram Amblyomma cajenense, naponense e sp. Foram amostrados mais
catetos nos fragmentos grandes n=21 do que no PEMD, n=8 e fragmentos pequenos
n=9.
Esse desequilíbrio amostral pode ter afetado o resultado dos índices,
principalmete o “eveness” que mostra a igualdade de distribuição das espécies
coletadas. Os carrapatos coletados dos catetos provenientes dos fragmentos
grandes foram: Amblyomma sp. , A. naponense, A. brasiliensis, A. coelebs e A.
cajennense. Nos fragmentos pequenos foram coletados os seguintes carrapatos dos
catetos amostrados: Amblyomma sp. , A. naponense, e A. cajennense.
Os taiassuídeos amostrados no PEMD apresentaram menores freqüências de
carrapato por captura, esse resultado pode indicar o “efeito diluição” no PEMD, uma
área contínua, com maior diversidade de hospedeiros. O fragmento pequeno Santa
Mônica, seguido do fragmento pequeno Ribeirão Bonito, demonstraram as maiores
freqüências de carrapatos em taiassuídeos por captura.
O índice de similaridade Jaccard entre os carrapatos coletados de catetos nos
diferentes grupos (PEMD, fragmentos pequenos e fragmentos grandes) mostra
maior similaridade entre os carrapatos coletados no PEMD e fragmentos pequenos
(66.6%). Este Índice é baseado na relação entre o número de espécies comuns às
duas áreas e o número de espécies coletadas. O PEMD e o grupo fragmentos
grandes, e fragmentos grandes e fragmentos pequenos apresentaram 40% de
similaridade. O índice de similaridade dos carrapatos coletados dos queixadas do
PEMD e fragmentos grandes foi (80%), pois foram coletadas 4 espécies em comum,
sendo menor a similaridade com fragmentos pequenos (50%), e fragmentos
pequenos e fragmentos grandes apresentaram similaridade de (40%).
O fato de terem sido encontrados poucos carrapatos nos catetos capturados,
pode ser um indicativo para o índice de similaridade do PEMD ser maior com o
grupo fragmentos pequenos.
É necessário conhecer a importância dos taiassuídeos como hospedeiros
secundários de carrapatos do gênero Amblyomma e a interação epidemiológica em
cada fragmento de estudo.
93
6.3 ENDOPARASITAS
Os endoparasitas coletados das fezes de catetos do PEMD não puderam ser
calculados por ser um número muito reduzido. O gênero encontrado foi Ascarídeo-
like. Fezes de cateto coletadas na Serra da Capivara, foram identificados ovos de
quatro espécie/morfotipos de nematódeos Strongyloidea 1, Strongyloidea 2,
Ancylostomatidae 5, Ascaridiae 2 e ovos de uma espécie/morfotipo não identificada
(BRANDÃO, 2007). Em catetos sacrificados, provenientes do Pantanal de Paiaguás,
Mato grosso do Sul foram encontrados Physocephalus sexalatus, Ascarops
strongylina, Parabronema pecarie, Texicospirura turki, Trichostrongylus axei, T.
colubriformis, Spiculopteragia tayassui, Cooperia spatulata, C. punctata,
Parostertagia heterospiculum, Strongyloides ransomi, Monodontus aguiari, M.
semicircularis, Macracanthorhynchus hirudinaceus, Oesophagostomum dentatum,
Eucyathostomum dentatum, Stichorchis giganteus, Metastrongylus salmi e Dirofilaria
acutiúscula (NASCIMENTO et al., 2005). Os índices de diversidade (H’) e “eveness”
(E) foram mais elevados nos endoparasitas coletados de catetos amostrados nos
fragmentos grandes. Nestes fragmentos foram encontrados Strongyloidea-like,
Strongyloides-like, Ascarídeo-like, Giardia sp. , Ascarídeo Ascaris suum-like e nos
fragmentos pequenos Strongyloidea-like, Strongyloides-like, Ascarídeo-like. Os
Estrongilídeos, Metastrongilídeos, Ascaris suum e Trichuris suis tem sido
identificados, com alta freqüência, em estudos com taiassuídeos silvestres.
Os nematódeos listados por Vicente et al. (1997) em catetos são:
Eucyathostomum dentatum, Gongylonema baylisi, Molineus semicircularis,
Nematodirus molini e Oesophagostomum dentatum. Neto e Thatcher (1986)
acrescentam a esta lista Parabronema pecariae.
Os endoparasitas coletados das fezes de queixadas do PEMD apresentaram
os maiores índices de diversidade (H’) e “eveness” máximo. As fezes de queixadas
do PEMD apresentaram os seguintes ovos de endoparasitas: Strongyloidea-like e
Ascarídeo-like, em apenas dois indivíduos amostrados. Nas amostras provenientes
dos fragmentos grandes os índices de diversidade (H’) e “eveness” foram
aproximados ao PEMD e riqueza ( R ) foi superior devido a um maior número de
queixadas parasitados. Os endoparasitas encontrados foram: Strongyloidea-like e
Giardia sp.
94
Nos fragmentos pequenos, os parasitas encontrados foram: Strongyloidea-like
e Ascarídeo-like. Em queixadas abatidos no Mato Grosso do Sul, foram identificados
Physocephalus sexalatus, Ascarops strongylina, Trichostrongylus axei, Texicospirura
turki e Spiculopteragia tayassui; no intestino delgado, Parostertagia heterospiculum,
Monodontus semicircularis, M. aguiari e Macracanthorhynchus hirudinaceus; no
intestino grosso, Eucyathostomum dentatum, Oesophagostomum dentatum e
Stichorchis giganteus; e, ainda, Dirofilaria acutiuscula e Metastrongylus salmi
(NASCIMENTO et al.,2005).
Analisando os resultados dos índices de similaridade dos endoparasitas
identificados nas fezes de catetos e queixadas, houve maior similaridade entre os
endoparasitas encontrados nas fezes de taiassuideos dos fragmentos grandes e
fragmentos pequenos. A similaridade de endoparasitas coletados em queixadas e
catetos desses dois grupos de fragmentos (fragmentos grandes e fragmentos
pequenos) pode ser um indicativo do efeito da fragmentação na dinâmica de
endoparasitas. Lymbery (2005) comenta que os parasitologistas sempre estudaram
a parasitologia por uma visão reducionista, e que apesar de devido a esta visão
terem alcançado importantes avanços no tratamento e controle de doenças
parasitárias, negligenciaram a importância que os parasitos têm como modelo para
se estudar questões ecológicas e evolutivas, podendo ser bons indicadores de
saúde de ecossistemas. Para isso são necessários estudos que abordem a biologia
parasitária na população e, em nível de comunidade.
Pesquisas com patógenos em populações silvestres poderão elucidar
questões sobre suas origens, a determinação de doenças emergentes e fatores que
influenciam a manutenção destes patógenos em seus reservatórios. Desta forma,
possibilitar o conhecimento das relações inter e intraespecíficas de parasitas e
hospedeiros em um ecossistema. O conhecimento da diversidade microbiológica de
um ecossistema, pode nos ajudar a entender a influência de comunidades
microbiológicas na integridade de ecossistemas (OGUNSEITAN, 2005).
95
6.4 CARACTERÍSTICAS DE MANEJO DOS ANIMAIS DOMÉSTICOS NO
ENTORNO DOS DIFERENTES GRUPOS DE FRAGMENTOS
Divididos os animais domésticos em três grandes grupos: fragmentos
grandes, pequenos e PEMD, para comparação do manejo no entorno das florestas
conclui-se que o tipo de manejo nos três diferentes locais não difere muito. A razão
pela qual isso ocorre, é que os três grupos possuem fazendas e assentamentos no
seu entorno, sendo que apenas no entorno do PEMD há sítios, porém estes com
densidade de animais domésticos, tamanho da propriedade e modo de produção
semelhantes aos assentamentos. Os fragmentos de mata pequeno Santa Mônica e
o fragmento de mata grande Ponte Branca são os únicos fragmentos circundados
por fazendas, sem assentamentos no entorno.
Os cães que vivem no entorno dos fragmentos, regularmente entram nas
áreas de mata para caçar, demarcar território, ou acompanhar o dono nas caçadas.
A presença de cães dentro e no entorno de áreas protegidas, e o risco que isso
possa representar para as espécies ameaçadas de carnívoros, dado o potencial de
transmissão de doenças tem progressivamente recebido atenção das comunidades
científicas de conservação (DEEM; EMMONS, 2005). Trabalhos bem coordenados
de vacinação na América do Norte e Europa fizeram a ocorrência de transmissão de
doenças de carnívoros domésticos para animais silvestres raras (RUPPRECHT et
al., 1995; CHANG et al., 2002).
A falta de um manejo adequado dos animais domésticos, incluindo esquema
de vacinação é altamente preocupante para a sanidade das pessoas e animais
silvestres que coabitam essa região.
A distribuição dos animais domésticos na paisagem fragmentada do Pontal do
Paranapanema, sua proximidade com o PEMD e demais fragmentos, a falta de
controle populacional, nos levam a concluir que os animais silvestres dessa região
estão suscetíveis as doenças transmitidas por animais domésticos do entorno
desses fragmentos.
Nos assentamentos e sítios, como há maior densidade de animais
domésticos, o risco do surgimento de doenças infectocontagiosas é maior do que
em grandes propriedades, onde geralmente os cães e gatos estão próximos a sede
e distantes da floresta. A possibilidade de transmissão de patógenos de uma
96
população grande de animais domésticos para uma população menos adensada de
animais silvestres pode resultar em uma epidemia de determinada doença em
populações de carnívoros ameaçada (LAURENSON et al., 1998).
6.5 CINOMOSE
Os resultados encontrados indicam que os cães da região do Pontal do
Paranapanema foram expostos ao vírus da cinomose, e que há um grande potencial
do vírus da cinomose dos cães entrarem em contato com a população de carnívoros
selvagens na região do Pontal do Paranapanema. O PEMD não permite a entrada
de animais domésticos na UC. Entretanto, caninos domésticos são frequentemente
avistados em estradas centrais do PEMD, inclusive áreas consideradas pelo Plano
de manejo da unidade como áreas intangíveis, e relatos de predação de caninos por
onças ocorrem ao menos duas vezes ao ano. Em populações maiores de animais
domésticos aumentam as possibilidades de grandes populações transmitirem seus
patógenos para populações menores de carnívoros silvestres de vida livre
(GASCOYNE et al., 1993; ROELKE-PARKER et al., 1996; LAURENSON et al.,
1998).
Os cães apresentando títulos para cinomose nos mostram que a sua
presença dentro de áreas protegidas, representa uma ameaça à saúde da
população de carnívoros silvestres por abrigarem doenças infecciosas susceptíveis
a estas espécies (FIORELLO et al., 2004). Durante epizootia em canídeos da África,
os cães foram identificados como sendo a origem mais provável do agente
(CLEAVELAND et al., 2003). Em trabalho recente na população das onças do
Parque Estadual de Ivinhema, 21% dos felídeos silvestres amostrados apresentaram
titulação para cinomose, e 100% dos cães domésticos amostrados foram reagentes
(NAVA et al., 2007).
No Parque Estadual de Ivinhema o relato de predação de cães por onça
pintada e as incursões destes dentro da Unidade são muito mais frequentes que no
PEMD. A comparação de resultados dessas duas áreas pode indicar que um maior
contato entre as os canídeos domésticos e os felídeos selvagens pode propiciar a
troca de patógenos (NAVA et al., 2007).
97
Para prevenir futuros declínios populacionais é necessário identificar e
quantificar os riscos antes que a doença possa causar um impacto na população de
felídeos selvagens (CLEAVELAND et al., 2003). No passado, cães domésticos
portadores de cinomose causaram declínio populacional em várias espécies
ameaçadas como o lobo selvagem africano (Lycaon pictus) entre outros
(GASCOYNE et al., 1993).
O método diagnóstico para cinomose em felídeos selvagens e cães
domésticos foi a soroneutralização lenta. Esse teste diagnóstico já foi utilizado em
animais silvestres, em uma epizootia em guaxinim (Procyon lotor) e em raposa cinza
(Urocyon cinereoargentus) nos Estados Unidos e os animais reagentes, com
titulação de até 1:20 apresentaram lesões microscópicas relacionadas a cinomose
(HOFF et al., 1974). O uso de RT- PCR para diagnóstico da cinomose é indicado
quando se quer caracterizar a cepa de cinomose encontrada (HAAS et al.,1996;
STANTON et al., 2004) e seria a ferramenta indicada para uma nova amostragem
desses animais, se no resultado da soroneutralização houvesse felídeos silvestres e
taiassuídeos reagentes. Entretanto, nas epizootias de cinomose em animais
silvestres, os sequenciamentos indicam que não há uma linhagem adaptada de
cinomose para felídeos silvestres, e que a causa inicial da epizootia é devida a
transmissão interespécies de cinomose de carnívoros domésticos e ferais que vivem
em proximidade aos felídeos silvestres (HARDER et al., 1996). As cepas de
cinomose são relacionadas geograficamente, como no Serengeti entre as hienas
(Crocuta crocuta) e os leões (Panthera leo), a cepa de cinomose encontrada nas
duas populações simpátricas eram homólogas (HAAS et al., 1996).
A percepção do aumento da mortalidade em carnívoros da fauna silvestre
brasileira é dificultada em nosso país pela característica de nossos biomas (JORGE,
2008). Essa característica é aplicada ao local de estudo, Mata Atlântica do interior,
na qual a visualização de um felídeo silvestre é rara.
98
6.6 LEPTOSPIROSE
Os resultados obtidos neste estudo demonstram que os taiassuídeos e onças
pintadas do Pontal do Paranapanema foram expostos a Leptospira spp. , bem como
os animais domésticos que vivem no entorno das florestas desta região.
Houve maior frequência de queixadas reagentes para leptospirose no PEMD
comparado aos fragmentos, e foi estatisticamente significativo. Esse fato pode ser
explicado pela história do entorno do PEMD e do modo de ocupação do entorno dos
fragmentos. O entorno do PEMD tem mais tempo de ocupação e um adensamento
maior de animais domésticos do que o dos fragmentos Ponte Branca e Santa
Mônica. Esses fragmentos são circundados por grandes latifúndios, enquanto que o
PEMD tem como vizinhos desde assentamentos da reforma agrária, sítios e uma
porcentagem menor de latifúndios. Esse tipo de contato pode ser um fator a
proporcionar um maior tempo de contato entre os animais domésticos circunvizinhos
e animais silvestres do PEMD, resultando em um maior número de animais
reagentes.
A história de ocupação da região, e seu desmatamento intenso durante 4
décadas, contribuíram com esse quadro epidemiológico. A população de animais
silvestres do Pontal está ainda passando por um processo de adaptação na nova
paisagem que surgiu nestes 40 anos.
O isolamento é relativamente recente entre os fragmentos e a dinâmica de
algumas espécies hospedeiras e reservatórios de algumas doenças está passando
também por um processo de adaptação. Com a reforma agrária, pastos vazios que
circundavam alguns fragmentos e parte do PEMD, agora estão altamente
adensados com animais domésticos e pessoas, muito próximos à mata e aos
animais silvestres (SCHLOEGEL et al., 2005).
Os queixadas capturados nos fragmentos eram provenientes da mata da
fazenda Santa Mônica (fragmento pequeno) e da Estação Ecológica Mico Leão
Preto (fragmento grande), na porção correspondente ao fragmento Ponte Branca. O
modo de ocupação do entorno dessas duas matas é bastante semelhante, sendo as
matas circundadas por fazendas, e com baixa densidade pessoas e animais
domésticos. Esse modo de ocupação proporcionou 2 fatores: a permanência de
99
queixadas nestes fragmentos, e uma menor prevalência de queixadas reagentes
para leptospirose.
Uma explicação para a permanência de queixadas em um fragmento
pequeno como a mata Santa Mônica (400 ha), é uma menor pressão de caça do
entorno, visto que o assentamento Tucano, Água Sumida e Santa Maria (2000 ha)
não possuem queixadas, pois apresentam um histórico de ocupação totalmente
diferente da Santa Mônica e Ponte Branca, possuindo um adensamento muito maior
de famílias e alta pressão de caça (CULLEN et al., 2000).
Um maior adensamento humano e animal é encontrado em pequenas
propriedades. Nestas, criam-se diversas espécies animais, e em condições mínimas
de higiene. No entorno do PEMD, na face oeste onde se localiza o assentamento
Ribeirão Bonito, os animais silvestres e domésticos compartilharam o mesmo curso
de água durante muitos anos, até que no ano de 2006 a polícia ambiental restringiu
essa área. Esse contato por muito tempo pode ter propiciado a exposição a
Leptospira spp. em ambas populações (silvestres e domésticas).
Os catetos amostrados no PEMD não foram regentes para leptospirose. O
número de catetos reagentes para leptospirose nos fragmentos é baixo, mas pode
nos indicar um padrão de sorotipos por localidade. Aumentando o número amostral
de catetos no PEMD, poderemos verificar se a fragmentação pode estar alterando o
padrão de sorotipos de leptospirose em cada floresta, devido a dinâmica de
hospedeiro e reservatório estar modificada nos diferentes fragmentos. Os catetos
comparados aos queixadas foram menos prevalentes para leptospirose. Esse
resultado pode estar relacionado a biologia da espécie, sendo que os queixadas
andam em maiores grupos, e exploram mais o entorno do que os catetos,
proporcionando um maior contato com outras espécies.
Os catetos reagentes dos fragmentos pequenos apresentaram o sorotipo
mais provável pyrogenes. O sorotipo pyrogenes já foi isolado do silvestre Nectomys
squamipes no Brasil com resultados sorológicos positivos em roedores, bovinos e
humanos na região Norte do Brasil (SANTA ROSA et al.,1980; FAVERO et al., 2001)
e cães errantes no sul do país (BLAZIUS et al., 2005). Apenas n=1 queixada
amostrado em fragmento pequeno foi reagente e apresentou como sorovar mais
provável o sorotipo panama.O entorno do fragmento pequeno Santa Mônica, onde
os queixadas foram amostrados, é uma fazenda extensiva de gado bovino, na qual
nenhum dos animais domésticos amostrados (suínos, bovinos, eqüinos e ovinos)
100
apresentou o sorovar panama. Uma amostragem maior de indivíduos reagentes
poderia nos indicar um padrão de sorotipo em queixadas desse fragmento. Os
queixadas capturados no PEMD apresentaram pomona como sorovar mais provável.
O sorovar pomona é frequentemente associado a suínos (FAINE, 1994). Neste
estudo, encontramos anticorpos para sorovar pomona em queixadas do PEMD e em
uma onça pintada macho capturada no PEMD. Como queixadas são uma das
presas deste felídeo selvagem, podemos considerar que o ciclo da leptospirose em
vida livre nessa região pode estar ligada a biologia dessas espécies e sua dinâmica
ecológica. O sorovar pomona já foi encontrado em onças pintadas de cativeiro no
estado de São Paulo (GUERRA-NETO, 2006), e LARSSON (1981) e DICKESON et
al. (1993) estudando a leptospirose em grandes grupos de gatos domésticos,
relataram uma maior freqüência do sorovar pomona nestes animais.
Nos fragmentos grandes, o sorovar mais provável encontrado em queixadas
foi Icterohaemorrhagiae IV e em catetos o sorovar mais provável foi patoc. O sorovar
patoc também foi encontrado em javalis de cativeiro no estado de São Paulo
(MARCHIORI et al., 2002).
Dos animais domésticos amostrados no entorno dos diferentes grupos de
floresta (PEMD, fragmentos grandes e fragmentos pequenos), não houve diferença
significativa na quantidade de animais reagentes e não reagentes por espécie entre
os três diferentes grupos, com exceção dos caninos. Os caninos amostrados no
entorno dos fragmentos pequenos foram proporcionalmente mais reagentes para
leptospirose do que os caninos amostrados no PEMD e fragmentos grandes
respectivamente. Nos fragmentos pequenos, o sorovar mais provável entre os
caninos foi o hardjobovis. Sendo o sorovar hardjobovis, um sorovar com maior
predileção para a espécie bovina, podemos associar proximidade dos cães com os
bovinos, e o hábito dos cães acompanharem os peões no pasto no manejo do gado
e durante ordenha.
No entorno dos pequenos fragmentos amostrados a predominância é de
pequenas propriedades, na forma de assentamentos rurais da reforma agrária com
adensamento de animais domésticos. A única exceção é o entorno do fragmento
pequeno Santa Mônica, que é cercado por uma fazenda de criação de gado de corte
extensiva, e onde não foi encontrado nenhum canino reagente para leptospirose.
Mais uma vez, o modo de ocupação do entorno do fragmento pode condicionar a
101
uma maior prevalência de leptospirose devido ao adensamento e tipo de manejo dos
animais domésticos.
Os bovinos tiveram a maior proporção de animais reagentes para leptospirose
entre os animais domésticos (41,2%), seguido dos eqüinos (33,5%). Os eqüinos por
serem animais usados em trabalho, e como animais de locomoção tem maior
chance de contato com a bactéria. Já os bovinos, a epidemiologia da leptospirose
deve estar relacionada a manutenção da mesma dentro dos rebanhos da região,
devido ao sorovar mais provável nos três grupos de estudo ( fragmentos grandes ,
pequenos e PEMD) ser o sorovar hardjo. No entorno dos fragmentos pequenos o
sorovar mais provável juntamente com o hardjo foi shermani, e nos fragmentos
grandes foi wolfii. No PEMD o sorovar mais provável foi hardjo.
Os suínos do entorno do PEMD e fragmentos pequenos apresentaram o
mesmo sorovar provável batislava e os suínos do entorno dos fragmentos grandes
o sorovar mais provável foi copenhageni. Esse resultado pode estar ligado ao
comércio informal de suínos da região, onde os fragmentos pequenos ficam
próximos as propriedades do PEMD e a venda e troca de animais é constante entre
os proprietários do entorno do PEMD e entorno do fragmento Ribeirão Bonito e
Santa Zélia (fragmentos pequenos), com exceção do fragmento pequeno Santa
Mônica que é distante do PEMD e os suínos amostrados não foram reagentes.
As tentativas de isolamento para Leptospira spp. foram realizadas em todos
animais domésticos reagentes, e em todos animais silvestres amostrados e foram
inconclusivas. Nas propriedades onde foram amostrados os animais domésticos
foram capturados ratos sinantrópicos (Ratus rattus) (n=100) e nenhum dos animais
foi reagente para leptospirose, indicando que na região de estudo, a importância
epidemiológica do rato para leptospirose como reservatório deve ser reconsiderada.
Houve diferença estatisticamente significativa entre os animais domésticos
reagentes do entorno dos fragmentos grandes e taiassuídeos amostrados em
grandes fragmentos. Os sorovares mais prováveis em comum que os taiassuídeos
amostrados em fragmentos grandes e animais domésticos amostrados no entorno
desses fragmentos apresentaram foi patoc e icterohaemorrhagiae IV. Estes
encontrados em eqüinos. Esses sorovares em comum podem nos mostrar uma
proximidade destas espécies, tanto pela biologia dos taiassuídeos de explorarem o
entorno, quanto da função do eqüino na propriedade de trabalho, sendo o animal
doméstico que se locomove mais que as outras espécies domésticas da
102
propriedade. No entorno dos grandes fragmentos do estudo, em especial o
fragmento Tucano, Água Sumida e Santa Maria, houve modificações no uso da terra
e ocupação do entorno nos últimos dez anos. Mudanças antropogênicas no uso da
terra podem produzir condições que facilitem a expansão geográfica de patógenos
via aumento de sua área de extensão, ou reemergencia de hospedeiros,
aumentando a prevalência de hospedeiros e reservatórios suscetíveis, e a
adaptação do patógeno (WILCOX; GLUBER, 2005).
Comparando taiassuídeos reagentes e não reagentes capturados em
fragmentos grandes e pequenos e animais domésticos nos seus entornos, houve
diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos, mesmo assim, os
taiassuídeos amostrados nos fragmentos pequenos não apresentaram nenhum
sorovar em comum com os animais domésticos amostrados nos seus entornos.
A ocorrência de reação cruzada entre os sorovares encontrados neste estudo não
deve ser descartada. Esses resultados indicam que possivelmente as variantes
encontradas estão presentes na região.
A ocorrência de eqüinos, bovinos, suínos, ovinos, caninos, taiassuídeos e onça
pintada reagentes para Leptospira spp. mostram a complexidade da cadeia
epidemiológica da região. É necessário entender a cadeia epidemiológica da
leptospirose no contexto da fragmentação florestal, sabendo-se que a presença da
leptospirose geralmente é associada á uma saúde ecológica empobrecida do meio
ambiente (VINETZ et al., 2005).
6.7 BRUCELOSE
Perante esses resultados evidencia-se que os taiassuídeos tiveram contato
com Brucella abortus. Comparando as duas espécies de taiassuídeos deste estudo,
identificamos maior número de queixadas reagentes para brucelose do que catetos.
Esse fato pode ser explicado perante a biologia das espécies. Os queixadas
formam os maiores bandos e a maior biomassa forrageadora de todos os ungulados
neotropicais, frequentemente deslocando-se longas distâncias (FRAGOSO, 1994),
desta forma, a espécie se torna mais suscetível a contato com patógenos.
103
Os animais do PEMD estão mais em contato com esses patógenos do que os
animais do fragmento, apesar de não haver diferença significativa no número de
animais reagentes entre o PEMD e fragmentos. Isso gera um paradoxo, pois os
fragmentos florestais, como regiões mais alteradas que o PEMD e com maior
pressão antrópica e adensamento populacional de animais domésticos em seu
entorno, teriam a maior probabilidade de encontrar animais reagentes para doenças
infecto-contagiosas. Porém, a forma de ocupação do entorno do PEMD continua a
mesma desde a década de 30 com sítios e fazendas distribuídos na face norte e
leste, com exceção do lado oeste do PEMD que até o ano de 1997 era um grande
latifúndio com criação extensiva de gado de corte, até se tornar o assentamento
Ribeirão Bonito (COSTA; FUTEMMA, 2006).
O desmatamento do Pontal foi intensificado em 1946 (DITT, 2002), sendo que
a ocupação do entorno dos fragmentos de mata restantes teve início a partir deste
ano, e era caracterizado por grandes latifúndios. Sendo assim, a população de
animais silvestres do PEMD teve maior tempo de exposição a patógenos
provenientes de animais domésticos do que os animais silvestres dos fragmentos
florestais. As tentativas de isolamento de Brucela spp. foram inconclusivas neste
estudo. Entretanto, seria muito importante a caracterização molecular da espécie de
Brucella nos animais silvestres e domésticos, para a compreensão da cadeia
epidemiológica da brucelose na região.
Em queixadas de vida livre no Mato Grosso do Sul, dois animais dentre sete
amostrados foram reagentes para brucelose (ITO et al., 1998), tendo sido usado o
mesmo método diagnóstico deste estudo. Em catetos em cativeiro na Amazônia,
dois animais dentre n=41 amostrados forma reagentes para Brucella spp (MAYOR et
al., 2006).
Uma onça pintada capturada no PEMD foi reagente para brucelose. Esse
indivíduo era monitorado por telemetria e verificou-se que ele rotineiramente predava
gado no entorno do PEMD e atravessava o rio Paranapanema para predar gado em
fazendas do Paraná. Sendo assim, pode haver a possibilidade desta onça ter
entrado em contato com o patógeno por estar em contato freqüente com o gado
destas propriedades.
Os bovinos do entorno dos fragmentos pequenos foram proporcionalmente
mais reagentes para brucelose que os bovinos amostrados no entorno do PEMD e
fragmentos grandes. A fazenda Santa Mônica é uma propriedade de criação
104
extensiva de gado de corte. Os animais reagentes amostrados não haviam sido
vacinados para brucelose, descartando a possibilidade do resultado positivo ser uma
reação por título vacinal. Os queixadas capturados no fragmento Santa Mônica não
foram reagentes para brucelose, bem como os catetos amostrados nos fragmentos
Santa Zélia e Ribeirão Bonito.
A prevalência de brucelose é baixa na região do Pontal do Paranapanema, e
provavelmente é devido ao Programa Nacional de Controle e Erradicação da
Brucelose e Tuberculose (PNCETB), onde O PNCEBT instituiu em 2001 a vacinação
obrigatória contra brucelose bovina e bubalina em todo o território nacional e definiu
uma estratégia de certificação de propriedades livres ou monitoradas onde essas
enfermidades são controladas com rigor (BRASIL, 2008).
6.8 IMUNODEFICIÊNCIA FELINA E LEUCEMIA FELINA
Os felídeos selvagens amostrados e os felinos domésticos não foram
reagentes para imunodeficiência felina e leucemia Felina. Entretanto, os níveis de
FeLV e FIV oscilam largamente, devido aos diferentes estágios de infecção,
ocasionando baixas quantidades de antígenos e anticorpos (ROJKO; HARDY,
1994).
Também, durante a fase imunossupressiva da FIV, os anticorpos podem não
estar mais sendo produzidos pelo hospedeiro em níveis detectáveis pelo teste
diagnostico. Tem sido demonstrado que o sistema imune do gato doméstico pode
inibir a replicação viral e ainda assim ser um reservatório viável para o vírus (LEVY
et al., 2005)
O FeLV é mantido em mais espécies de felinos, sendo que a maioria dos
casos confirmados são originados de cepas de gatos domésticos (KENNEDY-
STOSKOPF, 1999); há relatos na epidemiologia de FeLV envolvendo o gato
selvagem europeu e há uma cepa enzoótica característica dessa população
(LEUTENEGGER et al., 1999). Portanto, podemos assumir que todos os resultados
obtidos nas quatro espécies amostradas no PEMD havia níveis detectáveis do
antígeno p27. Entretanto, há uma extensa gama de amino ácidos entre as várias FIV
lentiviroses o que torna os falsos negativos uma possibilidade (KENNEDY-
105
STOSKOPF, 1999). Provavelmente, há a possibilidade de que as amostras de
felídeos selvagens que carreiam cepas de FIV não terem sido reconhecidas pelo
ELISA indireto utilizado.
Entretanto, para um estudo inicial dessas doenças a técnica diagnóstica
utilizada ELISA indireto, através de kits comerciais Iddex para detecção de
anticorpos para FIV e Felv, ainda é considerada o teste mais adequado (BARR,
1995; KENNEDY-STOSKOPF, 1999).
Em estudo na Arábia Saudita em gatos do deserto (Felis margarita) dois
animais foram reagentes para FeLV utilizando ELISA através de kits comerciais
Iddex (OSTROWSKY et al., 2003), e com esse mesmo teste comercial, foi detectado
anticorpos para FIV no gato selvagem europeu (FROMONT et al., 2000;
LEUTENEGGER et al., 1999). O teste de FeLV procura a proteína solúvel p27 na
circulação periférica, sendo que a presença desta proteína está correlacionada com
uma infecção viral ativa e potencial da transmissão viral. O teste para FIV usa uma
proteína sintética p24 para capturar anticorpos na amostra.
A presença de anticorpos para FIV sugere uma infecção persistente e a
capacidade de transmitir o vírus. Resultados negativos para FeLV e FIV indicam
que o antígeno p27 e o anticorpo FIV- específico não foram detectados na amostra e
sugere que o animal não está infectado. O principal questionamento seria uso errado
da técnica ou falha do teste nas diferentes fases de infecção do animal. Durante
estágio recente da infecção por FIV, resultados negativos podem ocorrer devido a
um tempo insuficiente na soroconversão, e o similar ocorre na fase aguda da
infecção por FeLV, onde os níveis do antígeno p27 podem estar abaixo do limite de
detecção do teste (FILONI et al., 2003). Na fase final da infecção por FIV, a
imunossupressão é tão severa que inibe a produção de anticorpos (BARR, 1995). O
teste possui um controle, o que elimina o questionamento de erro operacional.
Com base nos dados obtidos, pode-se observar que as infecções por FIV e
FeLV por enquanto são raras na região e que medidas de controle para que esses
agentes não sejam introduzidos devem ser tomadas. O uso de outros métodos
diagnósticos como PCR devem ser utilizados, e continuação de um monitoramento
sorológico na região. A crescente proximidade de gatos domésticos nos habitats de
felídeos selvagens aumenta o risco de contato direto e transmissão de doenças inter
espécies (OSTROWSKI et al., 2003). Os futuros planos de manejo para as UC´s da
região deve considerar a orientação e educação dos proprietários quanto ao modo
106
de criação, sanidade e alimentação dos gatos domésticos e sobre a importância do
controle populacional desses animais para evitar o aumento dessa população no
entorno da unidade de conservação.
107
7 CONCLUSÕES
A fragmentação florestal cria ilhas isoladas que diminuem o tamanho da
população, mas paradoxalmente aumentam a densidade local dos animais que são
forçados a competir por recursos em habitats altamente concentrados (BURKEY,
1999). Esse quadro é retratado na região do Pontal do Paranapanema, onde
populações de queixadas se concentram em fragmentos pequenos, como no
fragmento florestal Santa Mônica. O tamanho reduzido de alguns fragmentos, que
não tem tamanho de área suficiente para um grupo de queixadas, mostram que a
população de animais selvagens do Pontal continua passando por um “ gargalo”, e a
dinâmica fonte – sumidouro ainda está ocorrendo nesta região como o exemplo do
fragmento florestal Santa Mônica.
Fragmentos florestais com alta densidade animal são invariavelmente mais
susceptíveis a epidemias devido ao aumento do contato de indivíduos da mesma
espécie (BRADSHAW; BROOK, 2005).
Cenários que permitem dispersão limitadas entre ilhas florestais
(metapopulação) tem sido pouco estudados no seu contexto epidemiológico. Em
modelos, há normalmente um controle da troca entre o número de migrantes entre
os fragmentos e o potencial impacto da transmissão de doenças (REED, 2004).
Quando a dispersão é muito baixa (similar ao cenário ilhas isoladas), a transmissão
de doenças será atenuada; entretanto, a resistência a infecção em animais isolados
em fragmentos de floresta não irá se desenvolver, tornando-os suscetíveis á
extinção local atravéz de patógenos oportunistas. Com altas taxas de troca entre
fragmentos de floresta isolados entretanto, há uma outra ameaça de uma epidemia
rapidamente disseminada entre os fragmentos florestais. Paradoxalmente, altas
taxas de migração favorecem a recolonização de fragmentos florestais que estão
enfrentando extinção local de algumas espécies animais (HANSKI, 1997).
Em um sistema fechado, o cenário epidemiológico mais favorável é um
número intermediário de sub populações mistas.Entretanto, estes modelos teóricos
não se aplicam totalmente ao Pontal do Paranapanema, onde há um constante e
potencial fluxo de patógenos na paisagem rural. O contínuo fluxo e alta densidade
de animais domésticos que são mais suscetíveis a epidemias (MARIANTE; EGITO,
108
2002), mostra que no cenário do Pontal do Paranapanema, as epidemias tem maior
chance de virem da matriz antrópica mais rapidamente do que entre os animais
silvetres que se movem entre os fragmentos florestais.
É urgente um programa de extensionismo rural visando o incremento da
saúde animal doméstica que vive no entorno do PEMD e fragmentos florestais. As
altas prevalências de leptospirose em animais domésticos e silvestres, e outras
doenças infecto contagiosas que possam estar presentes no estoque animal
doméstico da região devem ser minimizadas com um trabalho de medicina
preventiva com os produtores rurais. A presença de zoonoses como a leptospirose e
brucelose nos animais domésticos são um risco de saúde pública para os
proprietários rurais. Um programa de conscientização deve ser realizado na região
perante os resultados desse estudo, envolvendo saúde pública, controle
populacional de cães e gatos, e vacinação dos animais domésticos.
Na elaboração dos planos de manejo das UCs deve ser incluído diagnóstico
da fauna selvagem a patógenos, e conhecer o risco existente de doenças
infectocontagiosas nos animais domésticos que vivem no entorno das UCs.
O uso de sorologia é o primeiro passo para saber o a presença e ausência de
alguns patógenos. Estudos de monitoramento de fauna selvagem devem ser
realizados periodicamente, e o uso de técnicas sorológicas e moleculares devem ser
utilizadas em um futuro estudo para melhor entendimento da epidemiologia de
alguns agentes na população silvestre e doméstica e sua origem.
A paisagem fragmentada do Pontal do Paranapanema sofreu modificações
bruscas em um curto período de tempo. Os resultados deste estudo demonstram
que o modo de ocupação e manejo dos animais domésticos no entorno dos
remanescentes florestais são fatores a serem levados em consideração para
estudos envolvendo conectividade florestal e saúde do ecossistema. Informações
como tamanho do fragmento florestal e seu estado de preservação devem ser
aliados ao conhecimento da epidemiologia de doenças infecto contagiosas nas
populações silvestres e domésticas de uma mesma região.
A emergência de algumas doenças virais pelo mundo exigiu um novo
conhecimento da relação entre degradação ecológica e surgimento de doenças.
A preocupação com a saúde em um contexto holístico, apesar de parecer
óbvia, só recentemente está sendo reconhecida como um objeto de rigorosa
109
examinação científica. A Medicina da Conservação está construindo os avanços
deste conhecimento na área da saúde e ciências ecológicas para futuros
pesquisadores trabalharem tendo esta conexão como peça chave para mitigar
futuras ameaças a saúde ecológica.
110
REFERÊNCIAS
ACHA, P. N.; SZYFRES, B. Zoonosis y enfermidades transmissibles comunes al
hombre y los animales. Washington: Organizacion Panamericana de la Salud,
1986. p. 502-506. (Publicacion científica, 503).
AGUIRRE, A. A.; HANSEN, D. E., STARKEY, E. E.; MC LEAN, R. G. Serologic
survey of wild cervids for potential disease agents in selected national parks in
United States. Preventive Veterinary Medicine. v. 21, p. 313- 322, 1995.
AGUIRRE, A. A.; KEEFE, T. J.; RIEF, J. S.; KASHINSKY, L.;YOCHEM, P. K.;
SALIKI, J. T. ; STOTT, J. L. ; GOLDSTEIN, T. ; DUBEY, J. P. ;BRAUN, R.;
ANTONELIS, G. Infectious disease monitoring of the endangered Hawaiian monk
seal. Journal of Wildlife Disease, v. 43, n. 2, p.57-58, 2007
AGUIRRE, A. A.; O’ HARA, T. M.; SPRAKER, T. R.; JESSUP, D.A. Monitoring the
Health and conservation of marine mammals, sea turtles , and their ecosystems. In:
AGUIRRE, A. A.; OSTFELD, R. S.; TABOR, G. M.; HOUSE, C.; PEARL, M. C.
Conservation Medicine: ecological health in practice. New York: Oxford University
Press, 2002. p. 79-94.
ALTRICHTER, M. AND BOAGLIO, G. I. Distribution and relative abundance of
peccaries in the Argentine Chaco: associations with human factors. Biological
Conservation, v. 116, p. 217-225, 2004.
APPEL, M.; REGGIARDO, C.; SUMMERS, B. A.; PEARCE-KELLING, S.; MÁRE, C.
J.; NOON, T. H.; REED, R. E.; SHIVELY, J. M.; ORVELL, C. Canine distemper virus
infection and encephalitis in javelinas (collared peccaries). Archives of Virology, v.
119, p.147-152, 1991.
APPEL, M., SHEFFY, B. E.; PERCY, D. H. Canine distemper virus in domesticated
cats and pigs. American Journal of Veterinary Research, v. 35, p. 803-806, 1974.
APPEL, M. J. G. Canine distemper virus. In: APPEL, M. J. G. (Ed.). Virus infections
of carnivores. Amsterdan: Elsevier Science, 1987. p. 133-159.
BARBRAUD, C.; NICHOLS, J. D.; HINES, J. E.; HAFNER, H. Estimating rates of
local extinction and colonization in colonial species and an extension to the
metapopulation and community levels. Oykos, v. 101, p.113-126, 2003.
111
BARCELLOS, C.; SABROZA, P. C. O lugar por detrás do caso: risco de leptospirose
e condição ambiental associada em uma inundação no Rio de Janeiro. Cadernos
de Saúde Pública v. 17, p. 59-67, 2001.
BARR, M. C.; FIV, FeLV, and FIPV: interpretation and misinterpretation of serological
test results. Seminary of Veterinary Medicine Surgery in Small Animals. v. 11,
p.144–153, 1995.
BARROS-BATTESTI, D. M.; ARZUA, M.; BECHARA, G. H. Carrapatos de
importância médico-veterinária da Região Neotropical: um guia ilustrado para
identificação de espécies. São Paulo: Vox/ International Consortium on Ticks and
Tick-borne Diseases (ICTTD-3)/Butantan, 2006. p. 45-54.
BELDOMÉNICO, P. M.; BALDI, J. C.; ANTONIAZZI, L. R.; ORDUNA, G. M.;
MASTROPAOLO, M.; MACEDO, A. C.; RUIZ, M.F.; ORCELLET, V.; PERALTA, J. L.;
VENZAL, J. M.; MANGOLD, A. J.; GUGLIELMONE, A. A. Las garrapatas argentinas
del género Amblyomma (Acari: Ixodidae): Ixodid ticks (Acari:Ixodidae) present at
parque nacional El Rey, Argentina. Neotropical Entomology, v. 32, p. 273-277,
2003.
BLAZIUS, R. D.; ROMÃO, P. R. T.; BLAZIUS, E. M. C. G.; SANTOS DA SILVA, O.
Ocorrência de cães errantes soropositivos para Leptospira spp. na Cidade de
Itapema, Santa Catarina, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, v. 21 n. 6, p. 160,
2005.
BODMER, R.E.; AQUINO, R.; PUERTAS, P.; REYES, C.; FANG, T.; GOTTDENKER,
N. Manejo y Uso Sustentable de Pecaríes en la Amazonia Peruana. No. 18. De la
Comisión de Supervivencia de Especies. Lima: 1996. Occasional Paper.
BRADSHAW, C. J. A. ; AND BROOK, B. W. Disease and the devil: density-
dependent epidemiological processes explain historical population fluctuations in the
Tasmanian devil. Ecography , v. 28, n. 2, p. 181-190, 2005.
BRANDÃO, M.L. Helmintos de mamíferos da região do Parque Nacional Serra da
Capivara, sudeste do Piauí: Diversidade e influências antrópicas. Tese de Mestrado.
Fio Cruz, 2007.
BRASIL, Programa Nacional de controle e erradicação da brucelose e tuberculose.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasília, 2008. Disponível em
Http://Www.Agriculturda.Gov.Br/. Acesso em 30 Mai 2008.
112
BROWN, J. H. ; HESKE, E. J. Control of a desert-grassland transition by a keystone
rodent guild. Science, v. 250, p. 1705-1707, 1990.
BURKEY, T. V. Extinction in fragmented habitats predicted from stochastic birth-
death processes with density dependence. Journal of Theoretical Biology, v 199,
n. 4, p. 395-406, 1999.
CALEY, P. ; HONE, J. Disease transmission between and within species, and the
implications for disease control. Journal of Applied Ecology , v. 41, p. 94-104,
2004.
CARPENTER, M. A. ; BROWN, E. W. ; CULVER, M. ; WARREN, E. J. ; PECON-
SLATTERY, J. ; BROUSSET,D. ; O’BRIEN, S. J. Genetic and phylogenetic
divergence of feline immunodeficiency virus in the puma (Puma concolor). Journal
of virology, v.70, p. 6682–6693, 1996.
CHANG, H. H.; EIDSON, M.; NOONAN-TOLY, C.; TRIMARCHI, C. V.; RUDD,
R.; WALLACE, B. J.; SMITH, P. F.; MORSE, D. L. Public health impact of
reemergence of rabies, New York. Emerging Infectious Disease, v. 8, p. 909-913,
2002.
CLEAVELAND, S., G. R.; HESS, A. P.; DOBSON, M. K.; LAURENSON, H. I.;
CALLUM, M. C.; ROBERTS, M. G.; WOODROFFE, R. The role of pathogens in
biological conservation. In: HUDSON, P. J.; RIZZOCI, A.; GRENFELL, B. T.;
HEESTERBEEK, H.; DOBSON, A. P. The ecology of wildlife diseases. Oxford:
Oxford University Press, 2003. p. 39 -150.
CORN, J. L.; LEE, R. M.; ERICKSON, G. A.; MURPHY, C. D. Serologic survey for
evidence of exposure to vesicular stomatitis virus, pseudorabies virus, brucellosis
and leptospirosis in collared peccaries from Arizona. Journal of Wildlife Diseases,
v.23, p. 551-557, 1987.
CORREA, S. H. R.; VASCONCELLOS, S. A.; MORAIS, Z. Epidemiologia da
leptospirose em felinos silvestres da Fundação Parque Zoológico de São Paulo. In:
CONGRESSO E XII ENCONTRO DA ABRAVAS, 2004, Jaboticabal., 2004, p.15.
COSTA, R. C.; FUTEMMA,C. R. T. Racionalidade com compromisso: os assentados
do Ribeirão Bonito (Teodoro Sampaio – SP) e o projeto de conservação ambiental.
Ambiente & Sociedade, v. 9, n. 1, p. 55-57, 2006.
113
CUBAS, Z. S. Special challenges of mantaining wild animal in captivity in south
america. In: FOWLER, M.E. Wildlife husbandry and diseases. Paris: Office of
International des epizooties, 1996. n.1, p. 267-288. (Scientific and technical review,
15)
CULLEN, L.; ABREU, K. C.; SANNA, D.; NAVA, A .F. D. Jaguars as landscape
detectives for the upper Paraná River corridor, Brazil. Natureza e Conservação, v.
3, p. 43-58, 2005.
CULLEN, L.; BODMER, R. E.; VALLADARES-PADUA, C. Effects of hunting in
habitat fragments of the Atlantic forests, Brazil. Biological Conservation, v.95, p.
49-56, 2000.
CULLEN JR. L.; BODMER, R. E.; VALLADARES-PADUA, C.; Ecological
consequences of hunting in Atlantic forest patches, São Paulo, Brazil., Oryx. v. 35, n.
2, p. 137-144, 2001.
CUMBERLAND, P.; EVERARD, C. O.; LEVETT, P. N. Assesment of the efficacy of
an IgM-ELISA and microscopico agglutination test (MAT) in the diagnosis of acute
leptospirosis. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 61, n. 5, p.
731-734, 1999.
DEEM, S. L.; EMMONS, L. H. Exposure of free-ranging maned wolves (Chrysocyon
brachyurus) to infectious and parasitic disease agents in the Noel Kempff Mercado
National Park, Bolivia. Journal of Zoo and Wildlife Medicine, v 36,n.2, pp. 192-
197, 2005.
DENN, S. L.; KARESH, W. B.; WEISMAN, W. Putting theory into practice: wildlife
heath in conservation. Conservation Biology, v. 15, n. 5, p. 24-33, 2001.
DICKESON, D.; LOVE, D. N. A serological survey of dogs, cats and horses in
southeastern Australia for leptospiral antibodies. Australian Veterinary Journal,
v.70, n.10, p. 389-390, 1993.
DIDHAM, R. K.; GHAZOUL, J.; STORK, N. E.; DAVIS, A. J. Insects in fragmented
forests: a functional approach. Trends in ecology and evolution, v. 11, p. 255-260,
1996.
DIRZO, R.; MIRANDA, A. Altered patterns of herbivory and diversity in the forest
understory: a case study of possible consequences of contemporary defaunation. In:
PRICE, W. P.; LEWINSOHN, T. M.; FERNANDES, G. W.; BENSON, W. W. Plant-
114
animal interactions: evolutionary ecology in tropical and temperate regions.
John Wiley & Sons, 1991, p. 273-287
DITT, E. H. Avaliação da nova paisagem do Pontal do Paranapanema. In:______.
Fragmentos florestais do Pontal do Paranapanema. São Paulo: Selo
Universidade, 2002. p. 38-40.
DRUMOND, M.A.; LIMA, P.C.F.; SOUZA, S.M.; JOSÉ, L.M. Sociabilidade das
espécies florestais da Caatinga em Santa Maria da Boa Vista-PE. Boletim de
Pesquisa Florestal, n.4, p.47-59, 1982.
EBANI, V. V.; CERRI, D. ; POLI, A. ;ANDREANI, E. Prevalence of Leptospira and
Brucella antibodies in wild boars (Sus scrofa ) in Tuscany, Italy. Journal of wildlife
diseases, v. 39, n. 3, p. 718-722, 2003.
ENGLISH, R. V.; NELSON, P.; JOHNSON, C. M.; NASISSE, M.; TOMPKINS, W. A.;
TOMPKINS, M. B. Development of clinical disease in cats experimentally
infected with feline immunodeficiency virus. Journal of Infectious Diseases, v. 170,
p. 543–552, 1994.
FAHRIG, L.; MERRIAN, G. Conservation of fragmented populations. Conservation
Biology, v. 8, n. 1, p. 50-59, 1993.
FAINE, S. Leptospira and Leptospirosis. Boca Raton: CRC Press, 1994. 353 p.
FAVERO, M.; PINHEIRO, S. R.; VASCONCELLOS, S. A., MORAIS, Z. M.;
FERREIRA, F.; FERREIRA NETO, J. S. Leptospirose bovina – Variantes sorológicas
predominantes em colheitas efetuadas no período de 1984 a 1997 em rebanhos de
21 estados do Brasil. Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v.68, n.2, p. 29-
35, 2001.
FILONI, C.; ADANIA, H. C.; DURIGON, E.; CATÃO-DIAS, J. Serosurvey for feline
leukemia virus and lentiviruses in captive small neotropic felids in São Paulo state,
Brazil. Journal of Wildlife Diseases, v. 34, n.1, p. 65-68, 2003.
FILONI, C., CATÃO-DIAS, J.L., BAY, G.; DURIGON, E.L.; JORGE, R.S.P.; LUTZ, H.;
HOFMANN-LEHMANN, R. First Evidence of Feline Herpesvirus, Calicivirus,
Parvovirus, and Erlichia Exposure in Brazilian Free-ranging Felids. Journal of
Wildlife Diseases v.42, n. 2, p. 470-477, 2006.
115
FIORELLO, C. V.; DEEM, S. L.; GOMPPER, M.; DUBOV, E. J. Seroprevalence of
pathogens in domestic carnivores on the border of Madidi National Park, Bolivia
Animal Conservation, v. 7, p. 45–54, 2004.
FOWLER, M. E. Wild swine and peccaries. W.B. Saunders Company, 1993.
FRAGOSO, J. M. Desapariciones locales del baquiro labiado (Tayassu peccari)
migracion sobre cosecha o epidemia? In: FANG, T. G.; BODMER, R.; AQUINO,
R. ; VALQUI, M. H. Manejo de fauna silvestre en la Amazonia. UNAP-University of
Florida-UNDP/GEF-Universidade Mayor de San Andrés, 1997, p. 309-312.
FRAGOSO, J. M. Large mammals and the community dynamics of an
Amazonian rain forest. 1994. 209p .PhD Dissertation. University of Florida.
FRENKEL, J. K. AND SOUZA, O. E. Antibodies to toxoplasmosis in Panamanian
mammals. Journal of Parasitology, v. 69, p. 244-245, 1983.
FROMONT, E.; ARTROIS, M.;PONTIER, D. Cat population structure and circulations
of feline viruses. Acta Oncologica, v. 17, p. 609-620, 1996.
GASCOYNE, S. C.; LAURENSON, M. K..; BORNER, M. Rabies in African wild dogs
(Lycaon pictus) in the Serengeti region. Journal of wildlife disease, v.29, p. 396-
402, 1993.
GONÇALVES, A. S. Causes of spatial genetic structure in mammals: a case study in
the Atlantic Forest, Brazil. 2007. 150p. PhD Dissertation. Columbia University.
GREENE, H. W. Species richness in tropical predators. In: Tropical rainforests:
diversity and conservation, In: ALMEDA, F., PRINGLE, C.M. Ed. San Francisco,
California: California: Academic Sciences, 1988. p. 259-280.
GREENE, C. E.; APPEL, M. J. Canine distemper. In: GREENE, C. E. (Ed.).
Infectious disease of the dog and cat. 2. ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 1998.p.
9-22.
GREINER, M.; GARDNER, I. A. Epidemiologic issues in the validation of veterinary
diagnostic tests. Preventive Veterinary Medicine, v. 45, p. 3–22, 2000.
116
GRUVER, K. S.; GUTHRIE, J. W. Parasites and selected diseases of collared
peccaries (Tayasu tajacu) in the Trans-Pecos region of Texas. Journal of Wildlife
Disease, v. 32, n. 3, p. 560-562, 1996.
GUERRA NETO, G. Freqüência de anticorpos contra Leptospira spp. em
felídeos neotropicais em cativeiro no Brasil, , 2006. 56p. Tese (Mestrado),
Universidade Estadual de São Paulo, Jaboticabal, 2006.
GUERRA NETO, G.; GIRIO, R. J. S.; ANDRADE, T. M. Ocorrência de anticorpos
para Leptospira spp., felinos neotropicais pertencentes ao Criadouro de Animais
Silvestres da Itaipu Binacional e ao Zoológico Municipal Bosque Guarani, Foz do
Iguaçu- PR. In: CONGRESSO DE ZOOLÓGICOS DO BRASIL, 2701, 2003. Bauru,
2003.
GUGLIELMONE, A. A.; VIÑABAL, A. E. Claves morfológicas dicotómicas e
información ecológica para la identificación de garrapatas del gênero Amblyomma
Koch, 1844 de la Argentina. Revista de Investigaciones Agropecuárias,v. 25, p.
39-67, 1994.
HAAS, L., HOFER, H., EAST, M.. Canine distemper virus in Serengeti spotted
hyaenas. Veterinary Microbiology, v. 49, p. 147-152, 1996.
HANSKI, I. Metapopulation Dynamics: from concepts and observations to
predictive models. London: Academic, 1997. p. 61-91.
HARDER, T. C.; KENTER, M.; VOS, H.; SIEBELINK, K.; HUISMAN, W.; VAN
AMERONGEN, G.; ORVELL, C.; BARRETT, T.; APPEL, M. J. G; OSTERHAUS, D.
M. E. Canine distemper virus form diseased large felids: biological properties and
phylogenetic relationships. Journal of General Virology, v. 77, p. 397-405, 1996.
HILL, M.O.Diversity and eveness: a unifying notation and its consequences.
Ecology, v.54, p. 427-432, 1973.
HOBBS, R. J. Landscape ecology and conservation: moving from description to
application. Pacific Conservation Biology, v. 1, p. 170–177, 1994.
HOLMES, J. C. Parasites as threats to biodiversity in shrinking ecosystems.
Biodiversity and Conservation, v. 5, p. 1975-1983, 1996.
HOOF, G. L.; BIGLER, W.; PROCTOR, S.; STALLINGS, L. P. Epizootic of canine
distemper virus infection among urban raccoons and gray foxes. Journal of Wildlife
Disease, v. 10, p. 423-428, 1974.
117
HURLBERT, S. H. The nonconcept of species diversity: a critique and alternative
parameters. Ecology, v.52, p. 577-586, 1971.
IBAMA. Lista nacional das espécies da fauna brasileira ameaçadas de extinção
(Versão atualizada), 2003. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/sbf/fauna/index.cfm>. Acesso em: 14 maio 2007.
ITO, F. H.; VASCONCELLOS, S. A.; BERNARDI, F.; NASCIMENTO, A. A.;
LABRUNA, M. A.; ARANTES, I. G. Evidência sorológica de brucelose e leptospirose
e parasitismo por ixodídeos em animais silvestres do pantanal sul-mato-grossense.
Ars. Veterinária: Revista de Medicina Veterinária e Zootecnia Unesp,SP.,
Jaboticabal, SP, v. 14, n. 3, p. 302-310, 1998.
IUCN 2007 IUCN Red list of threatened species. Disponível em:
<www.iucnredlist.org>. Acesso em: 23 mar 2008.
JACOB, A. Ecologia e conservação da jaguatirica (Leopardus pardalis)
no Parque Estadual Morro do Diabo, Pontal do Paranapanema, SP. (Mestrado
em Ciências Florestais seminário avançado) - Universidade de Brasília Faculdade de
Tecnologia Departamento de Engenharia Florestal, Brasília, 2002
JORGE, R. S. P. Caracterização do estado sanitário dos carnívoros selvagens
da RPPN SESC Pantanal e de animais domésticos da região. 119 f. Tese
(Doutorado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, 2008
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.
KAPOS, V. E. ; WANDELLI, J. ; CAMARGO, D. ; GANADE, G. Edge-related changes
in environmental and plant responses due to forest fragmentation in central
Amazonia. In: LAURANCE, W. F.; BIERREGAARD, R. O. Tropical forest
remnants: ecology, management, and conservation of fragmented
communities. Chicago: University of Chicago Press, 1997. p. 33-44.
KARESH, W. B.; UHART, M.; PAINTER, L.; WALLACE, R.; BRASELTON, E.;
THOMAS, L.A.; HOUSE C.; MCNAMARA, T.; GOTTDENKER, N. Health evaluation
of white-lipped peccary populations in Bolivia. In: AAZV/AAWV Annual Meeting.
1998, Philadelphia, USA. , 1998.
118
KENNEDY-STOSKOPF, S. Emerging viral infections in large cats. In: FOWLER, M.
E.; MILLER, R. E. Zoo and wild animal medicine, 4
th
ed, Philadelphia: W. B.
Saunders, 1999. p. 401-410.
KENNETH, A.; SCHMIDT, A.; OSTFELD, R. S. Biodiversity and the dilution effect in
disease ecology, Ecology, v. 82, n. 3, p. 609-619, 2001.
KEUROGHLIAN, A.; EATON, P. D.; LONGLAND, S. W. Area use by white-lipped and
collared peccaries (Tayassu pecari and Tayassu tajacu) in a tropical forest fragment.
Biological Conservation, v. 120, n. 3, p. 411-425, 2004.
LABRUNA, M.B.; CAMARGO, L. M. A.; SCHUMAKER, T. S.; CAMARGO,E. P.
Parasitism of domestic swine (Sus scrofa) by Amblyomma ticks (Acari: Ixodidae) on a
farm at Monte Negro, Western Amazon. Brazil Journal of Medical Entomology v.
39, n. 2, p. 241–243, 2002.
LARSSON, C. E.; SANTA ROSA, C. A.; LARSSON, M. H.; BIRGEL, E. H.;
FERNANDES, W. R.; PAIM, G.V. Laboratory and clinical features of experimental
feline leptospirosis. International Journal of Zoonosis, v. 12, n. 2, p.111-119, 1985.
LAURANCE, W. F. Edge effects in tropical forest fragments: application of a model
for the design of nature reserves. Biological Conservation, v. 57, p. 205 -219,
1991.
LAURENSON, K.; SILLERO-ZUBIRI, C.; THOMPSON, H.; SHIFERAW,
F.;THIRGOOD, S.; MALCOLM, J. Disease as a threat to endangered species:
ethiopian wolves, domestic dogs, and canine pathogens. Animal Conservation, v.
1, p. 273–280, 1998.
LEIGHTON, F.; FERGUSON, M.; GUNN, A.; HENDERSON, E.; STENHOUSE, G.
Canine distemper in sled dogs. Canadian veterinary journal, v. 29, p. 299, 1988.
LEUTENEGGER, C.; HOFMANN-LEHMANN, R.; RIOLS, C.; LIBEREK, M.; WOREL,
G. LUPS, P.; FEHR, D.; HARTMANN, M.; WEILENMANN. P.; LUTZ, H. Viral
infections in free-living populations of the european wildcat, Journal of Wildlife
Diseases, v. 35, n. 4, p. 678–686, 1999.
LEVETT, P. N. "Leptospirosis." Clinical Microbiology Reviews, v.14, n.2, p. 296-
326, 2001.
119
LEVY, J.; RICHARDS, J.; EDWARDS, D. Panel on Feline Retrovirus Testing and
Management. In: Report of the American Association of Feline Practitioners
and Academy of Feline Medicine Advisory,Boston, 2005
LINARDI, P.M.; BOTELHO, J.R.; RAFAEL, J.A.; VALLE, C.M.C.; CUNHA, A.;
MACHADO, P.; Ectoparasitos de pequenos mamíferos da Ilha de Maracá, Roraima,
Brasil. I. Ectoparasitofauna, registros geográficos e de hospedeiros. Acta
Amazonica 21: 131-140, 1991.
LISBÔA LOPES, C. M.; CERQUEIRA LEITE, R.; LABRUNA, M. B.; OLIVEIRA P.R.;
BORGES, L.M.F.; RODRIGUES, Z.B.; ÁVILA DE CARVALHO, H.; FREITAS, M.C.;
Host Specificity of Amblyomma cajennense (Fabricius, 1787) (Acari: Ixodidae) with
Comments on the Drop-off Rhythm. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de
Janeiro, v. 93, n.3, p. 347-351, 1998.
LORD, V. R.; LORD, R. D.; Brucella suis infection in collared peccaries in Venezuela.
Journal of Wildlife Diseases, v. 27, p. 477-481, 1991.
LUDWIG, J. A. ; REYNOLDS, J. F. Diversity Indices, In: Statistical Ecology, Wiley
Interscience, 1988, cap. 8. p. 85.
LURIA, A.; BRIAN, J.; LEVY, J. K.; LAPPIN, M. R.; BREITSCHWERDT, E. B.;
LEGENDRE, A. M.; HERNANDEZ, J. A.; GORMAN, S. P.; LEE, I. T. Prevalence of
infectious diseases in feral cats in Northern Florida. Journal of Feline Medicine and
Surgery, v. 6, p. 287-296, 2004.
LYMBERY, A. J. Parasites and ecosystem health. International Journal for
Parasitology, v. 35, p.703, 2005.
MAGURRAN, A. E. Ecological diversity and its measurement. Princeton
University Press, Princeton: New Jersey, 1988. p.525
MAINKA, S.A. ;QIU, X. ; HE, T. Serologica survey of giant pandas (Ailuropoda
melanoleuca) and domestic dogs and cats in The Wolong Reserve, China. Journal
of Wildlife Disease, v. 30, n.1, p. 86-89, 1994
MANGINI, P.R.; GASINO-JOINEAU, M.E.; CARVALHO-PATRICIO, M.A.; FORTES,
M.; GONÇALVES, M.; MARGARIDO, T.; KLEMZ, C.; Avaliação da incidência de
doenças infecto contagiosas em populações selvagens e cativas de Tayassu pecari,
na região de quedas do iguaçu-Paraná.In: CONGRESSO DA ABRAVAS, 7.,
1998,Aguas de São Pedro, SP. 1998, p. 24-25.
120
MARCHIORI FILHO, M.; GIRIO, R. J. S.; LUI, J. F.; MATHIAS, L. A.; BRASIL, A. T.
R. Estudo sorológico para leptospirose em populações de diferentes grupos
genéticos de javalis (sus scrofa scrofa,Linnaeus, 1758) dos estados de São Paulo e
Paraná Arquivos do Instituto Biológico, São Paulo, v. 69, n. 3, p. 9-15, 2002.
MARGARIDO, T. C.; MANGINI, P. R. Order artiodactyla, family Tayassuidae
(peccaries). In: FOWLER, M. E.; CUBAS, Z. S. Biology, Medicine and Surgery of
South American wild animals, Iowa,. Ed.. Iowa State University Press, 2001. p.
377-391.
MARIANTE, A. D. S.; EGITO, A. A. Animal genetic resources in Brazil: Result of five
centuries of natural selection. Theriogenology, v. 57, n.1, p. 223-235, 2002.
MARTINS, J. R.; MEDRI, I.; MERI.; OLIVEIRA, C. M.; GUGLIELMONE, A.
Ocorrência de carrapatos em tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e
tamanduámirim (Tamandua tetradactyla) na região do Pantanal Sul Mato-
Grossense, Brasil. Ciência Rural, v. 24, n.1, p. 293-295, 2004.
MAYOR, P.; LE PENDU, Y.; GUIMARÃES, B. D. A.; SILVA J.V.; TAVARES, H. L.;
TELLO, M. A.; WASHINGTON, P.; LO´PEZ-BE´JAR, M. A.; FERRAN JORI, A.
A health evaluation in a colony of captive collared peccaries (Tayassu tajacu) in the
eastern Amazon. Research in Veterinary Science, v. 81, n. 2, p. 246-253, 2006.
MEAGHER, M.; MEYER, M. E. On the origin of brucellosis in bison in Yellowstone
National Park: a review. Conservation Biology, v.8. p. 645-653, 1994.
MENDOZA, P.; MAYOR, P.; GALVEZ, H. A.; CESPEDES, M. J.; JORI, F. Antibodies
against Leptospira spp. in captive collared peccaries, Peru. Emerging Infectious
Diseases, v. 13, n. 5, p. 793-794, 2007.
MORGAN, J.; KATZ, S.; MANEA, H.; SASAKI, F. Outbreak of leptospirosis among
triathlon participants and community residents in Springfield, Illinois, 1998. Clinical
Infectious Diseases v. 34, n.12, p. 1593-1599, 2002.
MURCIA, C. Edge effects in fragmented forests: implications for conservation.
Trends in ecology and evolution, v. 10, p. 58-62, 1995.
NASCIMENTO, A. A.; HOPPE, E. G.; MAPELI, E.B. Infecções naturais por helmintos
parasitas em catetos (Tayassu tajacu) no Pantanal de Paiaguás, Ms, Brasil. Revista
de Parasitologia Tropical, , v.34, p. 45, 2005a. Suplemento Especial
121
NASCIMENTO, A. A.; HOPPE, E. G.; MAPELI, E.B. Infecções naturais por helmintos
parasitas em queixadas (Tayassu Pecari) no Pantanal de Paiaguás, Ms, Brasil.
Revista de Parasitologia Tropical, v.34, p. 75, 2005b. Suplemento Especial
NAVA, A.F.D.; CULLEN, L.; SANA, D.; NARDI, M.; CACHUBA, K. Primeiras
evidências de contato de felídeos neotropicais de vida livre com o vírus da cinomose
In: 31 Congresso Anual da Sociedade de Zoológicos do Brasil – SZB, XIV
Congresso Anual da Asóciacion latino americana de Parques Zoológicos e
Acquários – ALPZA, 14 Encontro da Associação Brasileira de Veterinários de
Animais Selvagens – ABRAVAS, São Paulo. Anais. p. 24, 2007, São Paulo.
NAVA, A. F. D. ; PETERKA C. R. L.; BANDEIRA, D. S.; CULLEN, L. Avaliação da
prevalência pelo vírus da infecção por leucemia felina (FELV) e imunodeficiência
felina (FIV) em felinos domésticos e silvestres na região do Parque estadual Morro
do Diabo – SP. In: CONGRESSO, 8 ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA
DE VETERINÁRIOS DE ANIMAIS SELVAGENS, ABRAVAS, 12., 2004, Jaboticabal.
NAVA, A.; CULLEN, L. Peccaries as sentinel species: conservation, health and
training in Atlantic Forest Fragments, Brazil. Suiform Soundings PPHSG
Newsletter, v.3, n.2, p.15–16, 2003.
NAVA, S.; LARESCHI, M.; MANGOLD, A.J.; GUGLIELMONE, A. A. Registros de
garrapatas de importancia médico-veterinaria detectadas ocasionalmente en la
Argentina. Revista FAVE, v. 3, p. 61-65, 2004.
NETO, E. ; BARTOLOMEU, V.; MONTEIRO, P.; SEVERO, A.; D. A. CANCELA,
D.A.; FONSECA, L. Avifauna invernante na reserva natural do sapal de Castro
Marim e Vila Real de Santo António. In: Congresso do Algarve, 10, 1999. Algarve.
Actas do10º Congresso do Algarve, p. 455-464.
NETO, JB. ; THATCHER, V.E. Estudos parasitológicos preliminares em
tayassuídeos (Tayassu tajacu) na Amazônia Central. Revista Brasileira de
Medicina Veterinária. v.8., p. 175-184, 1986.
NOON, T. H.; HEFFELFINGER, J. R.; OLDING, R. J.; WESCHE, S. L.;
REGGIARDO, C. Serologic survey for antibodies to canine distemper virus in
collared peccary (Tayassu tajacu) populations in Arizona. Journal of Wildlife
Diseases, v. 39, n. 1, p. 221–223, 2003
OGUNSEITAN O. Microbial diversity. Austrália: Blackwell Publishing, 2005.
122
OIE, OFFICE INTERNATIONAL DES EPIZOOTIES. Terrestrial animal health code,
2004. Disponível em:<http://www.oie.int/eng/normes/mmanual/A_00052.htm>
Acesso em: 20 fev.2008.
OLMSTED, R. A.; LANGLEY, R.; ROELKE, M. E.; GOEKEN, R. M.; ADGER-
JOHNSON, J.; GOFF, J. P.; ALBERT, C.; PACKER, M. K.; LAURENSON,T. M.;
CARO, L.; SCHEEPERS, D. E.; WILDT, M.; BUSH, M.; MARTENSON, J. S.;
O’BRIEN, S. J. Worldwide prevalence of lentivirus infection in wild feline species:
Epidemiologic and phylogenetic aspects. Journal of Virology, v. 66, p. 608–618,
1992.
OSTFELD, R.S.; KEESING, F. Biodiversity and disease risk: the case of Lyme
disease. Conservation Biology, v. 14, p. 722-728, 2000.
OSTROWSKI, S.; VAN VUUREN, M.; LENAIN, D. M.; DURAND, A. A. serologic
survey of wild felids from Central West Saudi Arabia. Journal of Wildlife Diseases,
v. 39, p. 696–701, 2003.
PEET, R.K. The Measurement of diversity. Annual Review of Ecology and
Systematics, n. 5, p. 285-307, 1974.
PAULIN, L. M.; FERREIRA NETO, J. S. O combate a brucelose bovina: situação
brasileira. Jaboticabal: Funep, 2003.154 p.
PESSUTI, C.; SANTIAGO, M. E. B. Protocolo de manejo para o lobo Guará
(Chrysocyon brachyurus) e resposta ao segundo questionário biológico ,
veterinário e ambiental. Sorocaba: Sociedade dos Zoológicos do Brasil, 1994.
PNUD. Relatórios de desenvolvimento humano RDHS 2006. New York, New
York, USA . 2006, p. 65.
RAMOS SILVA, J. ; ADANIA, C. H. Carnivora- Felidae (Onça Suçuarana,
Jaguatirica, Gato- do- mato). In: CUBAS, Z. S.; SILVA, J.; CATÃO DIAS, J. Tratado
de animais selvagens medicina veterinária. São Paulo: Ed Roca, 2007. p.533.
RAMSAY, E. C. Ursidae and hyaenidae. In: FOWLER, M. E.; MILLER, R. E. Zoo
and wild animal medicine. 5. ed. Philadelphia: W.B. Saunders, 2003. cap. 51, p.
523-534.
123
REED, D. H. Extinction risk in fragmented habitats. Animal Conservation, v.7, p.
181-191, 2004.
REGO DA SILVA, A. A. M. ; MATUSHIMA, E.R.; PINTO, C.M.; BIASI, I. Distemper in
Brazilian wild canidae and mustelidae: Case report. Brazilian Journal of Veterinary
Animal Science, São Paulo, v. 34, n. 3., p. 156-158, 1997.
REJMÁNKOVÁ, E.; GRIECO, J. ; ACHEE, N.; MASUOKA, P.;POPE, K.;ROBERTS,
D.;HIGASHI, R. Freshwater community interacions and malaria. In: COLINGE, S.K.;
RAY, C. Disease Ecology: community structure and pathogen dynamics, New York:
Oxford University Press, 2006. p. 90-103.
ROELKE-PARKER, M.E.; MUNSON, L. ; PACKER, C.; KOCK, R.; CLEAVELAND,
S.; CARPENTER, M.; O’BRIEN, S.J.; POSPISCHIL, A.; HOFMANN-LEHMANN, R.;
LUTZ, H.; MWAMENGELE,G.; MGASA; M.N.; MACHANGE, G. A.; SUMMERS,
B.A.; APPEL, M. J. G. A canine distemper virus epidemic in Serengeti lions
(Panthera leo). Nature v. 379, p. 441–445, 1996.
ROJKO, J. L.; HARDY, W. D. Feline leukemia virus and other retroviruses. In:
SHERDING, R.G, (Ed). The Cat: Diseases and Clinical Management. New York:
Churchill Livingstone; 1994; p. 263–432.
RUPPRECHT, C. E.; SMITH, J. S.; FEKADU, M.; CHILDS, J. E. The ascension of
wildlife rabies: a cause for public health concern or intervention? Emerging
Infectious Disease, v. 1, p. 107–114, 1995.
SANTA ROSA, C.A.; SULZER, C.R.; YANAGUITA, R.M.; SILVA, A.S. Leptospirosis
in wildlife in Brazil: isolation of serovars canicola, pyrogenes and grippotyphosa.
International Journal of Zoonoses, 7. p. 40-43, 1980.
SAUNDERS, D. A.; HOOBS, R. J.; MARGULES, C. R. Biological consequences of
ecossystem fragmentation: a review. Conservation Biology, v. 5. p. 18-32,1991.
SCHLOEGEL, L. M.; DASZAK, P.; NAVA, A. Conservation Medicine: tackling the root
causes of emerging infectious diseases and seeking practical solutions. Natureza &
Conservação, v. 3, n. 2, p. 135-146, 2005.
SMART, D. L.; TRAINER, D. O.; YUILL, T. M. Serologic evidence of Venezuelan
Equine Encephalitis in some wild and domestic populations of Southern Texas.
Journal of Wildlife Diseases, v. 11, p. 195-200, 1975.
124
SOWLS, L.K., Na introduction to peccaries. In:____Javelinas and other peccaries,
their Biology, management and use. Texas A&M University Press,1996. p. 4-15.
STANTON, B.J.; BROWN, C. C.; POET, S.; LIPSCOMB, M.; SALIKI, J.;FRASCA JR,
S. Retrospective differentiation of canine distemper virus in phocids. Journal of
Wildlife Diseases, v. 40, n. 1, p. 53-59, 2004.
STIRLING, G.; WISLEY, B. Empirical Relationships between Species Richness,
Evenness, and Proportional Diversity .The American Naturalist, v. 158, n. 3, p. 268-
299, 2001.
SZABÓ, MATIAS P. J.
; LABRUNA, MARCELO B. ; CASTAGNOLLI, KARINA C. ,
GARCIA MARCOS V.; PINTER, ADRIANO, VERONEZ, VIVIANE A.; MAGALHÃES,
GEÓRGIA M.; CASTRO, MÁRCIO B.; VOGLIOTTI, ALEXANDRE. Ticks (Acari:
Ixodidae) parasitizing humans in an Atlantic rainforest reserve of Southeastern Brazil
with notes on host suitability . Experimental and Applied Acarology Journal. v. 39,
n. 3-4, p. 34, 2006.
TABOR, G. M. In: Defining Conservation Medicine. In: AGUIRRE, A.A.; OSTFELD,
R. S.; TABOR, G.M.; HOUSE, C.; PEARL, M. C. Conservation Medicine: ecological
health in practice. New York: Oxford University Press, 2002. p. 14-20.
TERBORGH, J. Preservation of natural diversity: the problem of extinction prone
species. BioScience, v. 24, p. 715-722, 1974.
TERBORGH, J. The big things that run the world - a sequel to E.O. Wilson.
Conservation Biology, v. 2, p. 402-403, 1988.
TERBORGH, J. The role of felid predators in Neotropical forests. Neotropical, v. 2,
n.2, p. 3-5, 1990.
TERBORGH, J.; LOPEZ, L.; NUÑEZ, P.; RAO, M.; SHAHABUDDINM, G.;
ORIHUELA, G.; RIVEROS, M.; ASCANIO, R.; ADLER, G. H.; LAMBERT, T. D.;
BALBAS, L. Ecological meltdown in predator-free forest fragments. Science, v. 294,
p. 1923-1926, 2001.
THIERMANN, A. B. Isolation of leptospiras in diagnosis of leptospirosis. Modern
Veterinary Practice, v. 65, n. 758, 1984.
125
TRAVASSOS J; VALEJO-FREIRE J. A criação artificial de Amblyomma cajennense
para o preparo de vacina contra a febre maculosa. Memórias Instituto Butantan, v.
18, p. 145-235, 1944
VASCONCELLOS, S.A.; ITO,F.H.; CÔRTES,J.A. Bases para a prevenção da
brucelose animal. Comunicação Científica da Faculdade de Medicina Veterinária
e Zootecnia da Universidade de São Paulo, São Paulo, v. 11, n. 1, p. 25-36, 1987.
VICENTE J.J.; RODRIGUES, H, O; GOMES, D. C; PINTO, R, M. Nematódeos do
Brasil. Parte V: Nematódeos de Mamíferos. Revista Brasileira de Zoologia v.14 p.
1-452, 1977. Suplemento 1.
VINETZ, J. M.; WILCOX, B.A.; AGUIRRE, A.; GOLLIN, L. X.; KATZ, A. R.;
FUJIOKA, R. S.; MALY, K.; HORWITZ, P.; CHANG, H. Beyond Disciplinary
Boundaries: Leptospirosis as a model of Incorporating Transdisciplinary Approaches
to Understand Infectious Disease Emergence. EcoHealth, v. 2, p. 291-306, 2005.
WEBSTER, J. P.; ELLIS, W. A.; MACDONALD, D. W. Prevalence of Leptospira spp
in Wild Brown-Rats (Rattus- Norvegicus) on Uk Farms. Epidemiology and
Infection, v.11, n .4 , p. 195-201,1995.
WHITTAKER, R. H. 1965. Dominance and diversity in land plant communities.
Science, v.147, p. 250-260, 1965.
WILCOX, B. A.; GUBLER, D.; Disease ecology and the global emergence of zoonotic
pathogens. Journal of Environmental and Health & Preventive Medicine, v.10, p.
263-272, 2005.
WILLIANS, E.S. Canine distemper. In: WILLIANS, E. S.; BARKER, I. K. Infectious
diseases of wild mammals. 3. ed. Ames: Iowa State University Press, 2001. cap. 2,
p. 50-58.
WILLIANS, E. S.; THORNE, E. T.; APPEL, M.J.G.; BRLITSKY, D. W. Canine
distemper in black-footed ferrets (Mustela nigripes) from Wyoming. Journal of
Wildlife diseases. v. 24, n. 3, p. 385-398, 1988.
WILSON, E. O. The diversity of life. Cambridge, MA: Harvard University Press,.
1992.
126
WOODROFFE, R. Managing disease threats to wild mammals. The Zoological
Society of London Natural Conservation, v. 2 , p. 185-193, 1999.
WOODS, G. G.;DONALDS, B.R.; SNYDER, W. A.; HANSON, L. E. Serology of New
Mexico javelin ( Pecari angulatus) for evidence of some zoonotic infections. Bulletin
Wildlife Disease Association. v. 4, p. 139, 1968.
WOORLEY, M. Retrovirus infections. In: WILLIANS, E.S.; BARKER, I.K. Infectious
Diseases of wild mammals. 3. ed., Iowa, Iowa State University Press, 2001. p .213-
222.
ZAMKE,L. R.; SALIKI, J.T.; ALASTAIR,P.M.;BREW, S.D.; DAWSON, C.E; VER
HOEF, J.M.;FROST, K.J; SMALL, R.J. Serologic survey for brucella spp.,phocid
herspesvirus-1, phocid herspesvirus-2, and phocine distemper virus in harbor seals
from alaska, 1976-1999. Journal of Wildlife Diseases, v. 42, n. 2, p. 290-300,
2006.
127
ANEXO A- Técnicas de diagnóstico: Sorologia
Soroneutralização lenta: A técnica empregada para diagnóstico da cinomose está
descrita abaixo:
-Inativar o soro a ser testado em “banho-maria” a 56º C por 30 minutos
-Em uma microplaca de 96 orifícios vazia (sem cultura de células), colocar 50 µl do
soro a ser testado nos dois primeiros orifícios de uma fileira e nos dois primeiros
orifícios da fileira ao lado (duplicata). Serão utilizadas 10 colunas da microplaca,
totalizando 5 amostras.
-Colocar nos dois primeiros orifícios da 11ª fileira 50 µl de soro positivo com titulação
de anticorpos para cinomose conhecido (controle positivo).
-Colocar 150 µl de meio 209 com gentamicina nos orifícios contendo as amostras de
soro, resultado da diluição 1:4. Após, colocar 100 µl de meio 209 com gentamicina
nos orifícios restantes das onze colunas utilizadas.
-Transferir 100 µl dos orifícios da segunda fileira para os da terceira e, após
homogeneizar devidamente a mistura, transferir para os orifícios da fileira seguinte.
Repetir o procedimento até a última fileira. Desprezar os 100 µl que sobrarem dos
orifícios desta.
- Adicionar aos orifícios contendo o soro diluído, 100 µl da suspensão viral contendo
100 TCID
50
, com exceção dos orifícios da primeira fileira, que serão utilizados como
controle do soro.
- Agitar cuidadosamente para homogeneizar a mistura vírus-soro e colocar a placa
em estufa úmida a 37º C, com 3 a 5 % de CO
2
, por uma hora.
- Aspirar o meio da microplaca contendo cultura de células FEG com 24 horas de
crescimento.
- Transferir o conteúdo da microplaca com a mistura soro-vírus para aquela que
contém a cultura de células e colocar 200 µl de meio 209 nos primeiros orifícios da
última coluna (controle de células).
- Colocar 100 µl de meio 209 e 100 µl da suspensão viral contendo 100 TCID
50
nos 4
orifícios restantes da última coluna (controle do antígeno).
- Incubar a placa em estufa úmida a 37º C, com 3 a 5 % de CO
2
, por 5 dias.
- Proceder à leitura da placa em microscópio invertido. Deve-se verificar a presença
ou ausência de efeito citopático. Sua presença indica a auncia de anticorpos em
128
títulos suficientes para neutralizar o antígeno. Desta forma, o título de anticorpos
para o vírus da cinomose na amostra testada será definido como diluição que
determina completa proteção do tapete celular.
Soroaglutinação microscópica: Os soros testados foram diluídos, através de
diluições seriadas, em microplaca de fundo plano. O mesmo volume de antígeno foi
adicionado a cada poço e misturado por agitação. As placas são incubadas sem
agitação, numa temperatura de 28-30ºC por 2-4 horas, tomando-se o cuidado para
que não ocorra evaporação.
A suspensão de cada poço foi examinada ao microscópio com uma objetiva de
longo alcance em campo escuro para a observação da aglutinação. A aglutinação foi
examinada pela observação de agrupamentos e pela densidade residual das
leptospiras não-agrupadas. A titulação é identificada pela maior diluição no poço na
qual 50% de aglutinação foi detectada. O ponto de corte adotado foi título 100.
card test, soroaglutinação lenta e 2-mercaptoetanol:
O card test é uma prova qualitativa, de aglutinação macroscópica, que é realizado
apenas com uma diluição e detecta, principalmente, as IgGs. Emprega-se um
antígeno corado com Rosa Bengala, tamponado com um pH de 3,65 numa
concentração celular de 8%. As amostras são classificadas como positivas ou
negativas, não existindo amostra suspeita. Uma reação positiva nesta prova indica
que existe uma alta probabilidade de isolar brucela das secreções ou tecidos destes
animais e que o animal é um potencial excretor e, portanto perigoso para a saúde do
rebanho.
A prova de soroaglutinação lenta é realizada em tubos onde os soros são diluídos a
1:25, 1:50, 1:100 e 1:200 e é utilizado um antígeno padronizado na concentração
celular de 0,045% suspendido numa solução fisiológica a 0,85% fenolada a 0,5%. As
amostras são lidas para a presença de aglutinação ou não, após terem sido
incubadas por 48h à 37º C. Esta prova detecta a presença de anticorpos da classe
IgM e IgG, sendo que as IgM se aglutinam mais fortemente.
O teste de 2-mercaptoetanol é uma prova confirmatória que detecta somente a
presença das IgGs. Baseia-se que na presença de radicais tiol, como o 2-
mercaptoetanol, as moléculas de IgM se degradam em cinco subunidades
129
semelhantes e perdem a capacidade de aglutinação e de precipitação.Esta prova
deve ser realizada sempre com a prova de soroaglutinação lenta. A prova de 2-
mercaptoetanol é nterpretada pelas diferenças de títulos entre o soro sem
tratamento (soroaglutinação lenta) e com o soro tratado. Se na prova de
soroaglutinação, as amostras, por exemplo, tiveram um título 100 e na de 2-
mercapto etanol negativas, se tem a indicação de que a classe de imunoglobunas
presentes é a de IgM que pode significar infecção recente ou ainda, reações
inespecíficas. Se as duas provas confirmarem o título, é indicativo da presença de
IgG, o que sugere um diagnóstico presuntivo de infecção, se houver uma redução
parcial do título a níveis baixos da prova de soroaglutinação frente a de 2-
mercaptoetanol, se aconselha colher nova amostra após um intervalo mínimo de 30
dias.
130
ANEXO B - Técnicas de isolamento para leptospirose e brucelose
Técnica de isolamento para leptospirose: após colheita da urina, diluir a amostra na
proporção 1:10, 1:100, e 1:1000 de solução salina de Soerensen. Cada diluição
deve ser efetuada em tubo com antibiótico e meio de cultura Fletcher ou EMJH ágar.
Após 24 horas passar para um meio sem antibiótico. As observações serão feitas
durante 6 semanas para detectar se houve crescimento, chegando ao título mais
provável. Para colheita de fragmento de órgão de animais de apreensão será
realizado o mesmo procedimento acima com exceção do uso de antibiótico na
cultura com este tipo de amostra (THIERMANN, 1984).
Técnica de isolamento para brucelose: Na tentativa de isolamento para brucelose o
material pode ser sangue total, swab vaginal e órgãos (linfonodo, baço, fígado e
órgãos reprodutivos). Na colheita de sangue total o material deve ser diluído em
citrato de sódio. Semear em meio de cultura líquido (caldo brucela ou triptose).
Incubar em anaerobiose e microaerofilia até 30 dias. A cada 7 dias será realizado o
repique em placa e procede a observação. Na colheita através de swab vaginal o
material deve ser colocado em meio líquido com antibiótico e realizado PCR de
primer gênero específico (detecta Brucella sp). Se positivo, identificar com primer
específico. Na tentativa de isolamento através de fragmentos de órgãos, as
amostras de eleição são linfonodos, baço, fígado, órgãos reprodutivos e rim. Nesta
metodologia, os fragmentos de órgão vão diretamente para a placa com meio de
cultura caldo brucela ou triptose (GREINER et al., 2000) .
131
APÊNDICE A- Catetos (Tayassu tajacu) capturados no Parque Estadual Morro do
Diabo e fragmentos florestais do Pontal do Paranapanema:
Código
do
animal
Sexo
Massa
Corporal
(Kg)
Condição
Corporal
Faixa Etária
Local de
captura
2 M 19 Proporcional Adulto PEMD*
3 F 9,5 Proporcional Filhote 2 PEMD*
4 F 21 Proporcional Sub adulto PEMD*
5 M 10 Proporcional Filhote 2 PEMD*
6 F 22 Proporcional Adulto PEMD*
7 M 19 Proporcional Sub adulto PEMD*
23 M 20 Proporcional Adulto PEMD*
24 F 9 Proporcional Filhote 2 PEMD*
25 F 22 Proporcional Adulto PEMD*
1 F 19 Proporcional Adulto Ponte Branca
29 M 13 Proporcional Sub adulto Ponte Branca
32 M 9 Proporcional Sub adulto Ponte Branca
33 F 19 Proporcional Adulto Ponte Branca
34 M 6 Proporcional Filhote 2 Ponte Branca
35 F 18,5 Proporcional Adulto Ponte Branca
36 M 8,5 Proporcional Sub adulto Ponte Branca
37 M 15 Proporcional Adulto Ponte Branca
151 M 6 Proporcional Filhote 1 Ponte Branca
152 F 14 Proporcional Adulto Ponte Branca
153 F 8,5 Proporcional Adulto Ponte Branca
155 F 17 Proporcional Adulto Ponte Branca
- F 8 Proporcional Filhote 1 Ribeirão Bonito
26 F 10 Proporcional Filhote 2 Ribeirão Bonito
27 F 19 Proporcional Adulto Ribeirão Bonito
154 M 18 Proporcional Adulto Ribeirão Bonito
156 M 8 Proporcional Sub adulto Ribeirão Bonito
132
Brinco Sexo
Massa
Corporal
(Kg)
Condição
Corporal
Faixa Etária
Local de
captura
157 F 10 Proporcional juvenil Ribeirão Bonito
158 M 11 Proporcional Adulto Ribeirão Bonito
159 F 20 Proporcional Adulto Ribeirão Bonito
- F 4 Magro Filhote 1 Tucano
28 M 14 Proporcional Adulto Tucano
30 M 10 Proporcional Juvenil Tucano
31 M 15 Proporcional Adulto Tucano
160 M 7 Proporcional juvenil Tucano
161 F 13 Proporcional Adulto Tucano
171 F 19,5 Proporcional Adulto Tucano
173 F 10 Proporcional Filhote 2 Tucano
172 M 22 Proporcional Adulto Santa Zélia
174 F 21 Proporcional Adulto Santa Zélia
133
APÊNDICE B- Queixadas (Tayassu peccari) capturados no Parque Estadual Morro
do Diabo e Fragmentos florestais:
Código
do animal
Sexo Massa
Corporal
(Kg)
Condição
Corporal
Faixa
Etária
Local de
captura
8 F 26 Proporcional Sub adulto PEMD*
9 F 34 Proporcional Adulto PEMD*
10 F 26 Proporcional Adulto PEMD*
11 F 34 Proporcional Adulto PEMD*
12 M 32 Proporcional Sub adulto PEMD*
13 M 30 Proporcional Adulto PEMD*
14 M 31 Proporcional Adulto PEMD*
15 F 33 Proporcional Adulto PEMD*
16 F 34 Proporcional Adulto PEMD*
17 M 37 Proporcional Adulto PEMD*
18 F 26.5 Proporcional Adulto PEMD*
19 F 29.5 Proporcional Adulto PEMD*
20 F 30 Proporcional Adulto PEMD*
21 F 26.5 Proporcional Sub adulto PEMD*
22 F 26 Proporcional Adulto PEMD*
38 F 33 Proporcional Adulto PEMD*
39 F 35 Proporcional Adulto PEMD*
40 M 36 Proporcional Adulto PEMD*
41 F 39 Proporcional Adulto PEMD*
42 F 31 Proporcional Adulto PEMD*
43 F 24 Proporcional Sub adulto PEMD*
44 M 27 Proporcional Sub adulto PEMD*
45 F 27 Proporcional Adulto PEMD*
46 M 20 Proporcional Sub adulto PEMD*
47 F 33.5 Proporcional Adulto PEMD*
48 F 31 Proporcional Adulto PEMD*
49 F 31 Proporcional Adulto PEMD*
134
Código
do animal
Sexo Massa
Corporal
(Kg)
Condição
Corporal
Faixa
Etária
Local de
captura
50 F 28 Proporcional Adulto PEMD*
162 M 39 Proporcional Adulto Ponte Branca
163 F 44 Proporcional Adulto Ponte Branca
165 F 20 Proporcional Sub adulto Ponte Branca
166 F 12 Proporcional Filhote 2 Ponte Branca
167 F 23 Proporcional Sub adulto Ponte Branca
168 F 20 Proporcional Sub adulto Ponte Branca
169 F 40 Proporcional Adulto Ponte Branca
170 F 21 Proporcional Adulto Ponte Branca
175 F 36 Proporcional Adulto Ponte Branca
281 M 22 Proporcional Juvenil Ponte Branca
282 F 40 Proporcional Adulto Ponte Branca
283 M 33 Proporcional Adulto Ponte Branca
F1 F 4 Proporcional Filhote 1 Ponte Branca
F2 F 4 Proporcional Filhote 1 Ponte Branca
164 F 40 OBESO Adulto Ponte Branca
288 F 34 Proporcional Adulto Santa Monica
289 M 34 Proporcional Adulto Santa Monica
290 F 37 Proporcional Adulto Santa Monica
285 M 19 Proporcional Juvenil Santa Monica
293 F 29 Proporcional Adulto Santa Monica
284 F 35 Proporcional Adulto Santa Monica
292 M 39 Proporcional Adulto Santa Monica
286 M 20 Proporcional subadulto Santa Monica
291 M 14 Proporcional subadulto Santa Monica
Filhote A F 4 Proporcional Filhote 1 Santa Monica
Filhote B M 4 Proporcional Filhote 1 Santa Monica
Filhote C M 4.5 Proporcional Filhote 1 Santa Monica
Filhote D F 7 Proporcional Filhote 2 Santa Monica
Filhote E M 6 Proporcional Filhote 1 Santa Monica
135
Código
do animal
Sexo Massa
Corporal
(Kg)
Condição
Corporal
Faixa
Etária
Local de
captura
Filhote F M 7 Proporcional Filhote 1 Santa Monica
296 M 20 Proporcional Filhote 2 Santa Monica
294 M 15 Proporcional Filhote 2 Santa Monica
287recap F 32 Proporcional Adulto Santa Monica
136
APÊNDICE C- Ectoparasitas encontrados em catetos (Tayassu tajacu) capturados
no Parque Estadual Morro do Diabo e fragmentos florestais do Pontal
do Paranapanema:
Código
do animal
Ectoparasitas Faixa Etária Local de Captura
02 0 Adulto PEMD*
03 0 Filhote 2 PEMD*
04 0 Sub adulto PEMD*
05 0 Filhote 2 PEMD*
06 0 Adulto PEMD*
07 0 Sub adulto PEMD*
23
1M de Amblyomma
cajennense
1 F de Amblyomma
naponense
3N de Amblyomma sp
Adulto PEMD*
24 0 Filhote 2 PEMD*
25 0 Adulto PEMD*
1
2F de Amblyomma
cajennense
Pnt Branca 1M e 1F de
Amblyomma naponense
Adulto Ponte Branca
29
4M e 1F de Amblyomma
cajennense
1F e 1M de Amblyomma
cajennense
1F e 1M de Amblyomma
naponense
3N de Amblyomma sp
Sub adulto Ponte Branca
32
1F de Amblyomma
cajennense
3M e 2F de Amblyomma
cajennense
Filhote 1 Ponte Branca
137
2N de Amblyomma sp
33
1F e 1M de Amblyomma
cajennense
1F de Amblyomma
naponense
1L de Amblyomma sp
Adulto Ponte Branca
34
1M de Amblyomma
cajennense
Pnt Branca 1F de
Amblyomma naponense
Filhote 2 Ponte Branca
35
5F e 2M de Amblyomma
cajennense
1F de Amblyomma
naponense
Adulto Ponte Branca
36
1F e 1M de Amblyomma
cajennense
Sub adulto Ponte Branca
37
1M e 1F de Amblyomma
cajennense
1F de Amblyomma
naponense
1N de Amblyomma
coelebs
Adulto Ponte Branca
151
1N e 1F de Amblyomma
cajennense
Filhote 1 Ponte Branca
152
4F de Amblyomma
cajennense
Adulto Ponte Branca
153 5N de Amblyomma sp Adulto Ponte Branca
155 3N e 2L de Amblyomma sp Adulto Ponte Branca
-
2F e 1N de Amblyomma
naponense
Filhote 1 Ribeirão Bonito
26 0 Filhote 2 Ribeirão Bonito
27 0 Adulto Ribeirão Bonito
154 0 Adulto Ribeirão Bonito
138
156 0 Sub adulto Ribeirão Bonito
157 0 juvenil Ribeirão Bonito
158 0 Adulto Ribeirão Bonito
159 0 Adulto Ribeirão Bonito
-
1F e1M de Amblyomma
naponense
2 N de Amblyomma sp
Filhote 1 Tucano
28
1F de Amblyomma
naponense
1M de Amblyomma
cajennense
Adulto Tucano
30
2M e 2F de Amblyomma
naponense
1F de Amblyomma
cajennense
1N e 1L de Amblyomma sp
Juvenil Tucano
31
4F de Amblyomma
naponense
Adulto Tucano
160 2N e 1L de Amblyomma sp Filhote 2 Tucano
161 1N de Amblyomma sp Adulto Tucano
171 0 Adulto Tucano
173 0 Filhote 2 Tucano
172 0 Adulto Santa Zélia
174 0 Adulto Santa Zélia
139
APÊNDICE D- Ectoparasitas encontrados em queixadas (Tayassu pecari)
capturados no Parque Estadual Morro do Diabo e fragmentos
florestais do Pontal do Paranapanema:
Código do
animal
Ectoparasita Faixa Etária Local de captura
008 0 Sub adulto PEMD*
009 0 Adulto PEMD*
010 0 Adulto PEMD*
011 0 Adulto PEMD*
012 0 Sub adulto PEMD*
013 0 Adulto PEMD*
014 0 Adulto PEMD*
015 0 Adulto PEMD*
016 0 Adulto PEMD*
017 0 Adulto PEMD*
018 0 Adulto PEMD*
019 0 Adulto PEMD*
020 0 Adulto PEMD*
021 0 Sub adulto PEMD*
022 0 Adulto PEMD*
038 4 ninfas de
Amblyomma
cajennense
Adulto PEMD*
039 1 fêmea de
Amblyomma
naponense
Adulto PEMD*
040 2 fêmeas de
Amblyomma
naponense
Adulto PEMD*
041 1 macho de
Amblyomma
naponense
Adulto PEMD*
140
4 ninfas de
Amblyomma
cajenense
042 1 fêmea de
Amblyomma
naponense
Adulto PEMD*
043 1 macho e 1
ninfa de de
Amblyomma
cajennense
Sub adulto PEMD
044 3 fêmeas de
Amblyomma
naponense
Sub adulto PEMD*
045 5 ninfas de
Amblyomma
cajennense
1
Adulto PEMD*
046 0 Sub adulto PEMD*
047 0 Adulto PEMD*
048 0 Adulto PEMD*
049 0 Adulto PEMD*
050 0 Adulto PEMD*
162 0 Adulto Ponte Branca
163 0 Adulto Ponte Branca
165 0 Sub adulto Ponte Branca
166 0 Filhote 2 Ponte Branca
167 0 Sub adulto Ponte Branca
168 0 Sub adulto Ponte Branca
169 0 Adulto Ponte Branca
170 0 Adulto Ponte Branca
175 0 Adulto Ponte Branca
281 0 Juvenil Ponte Branca
282 0 Adulto Ponte Branca
141
283 0 Adulto Ponte Branca
F1 0 Filhote 1 Ponte Branca
F2 0 Filhote 1 Ponte Branca
164 0 Adulto Ponte Branca
287 0 Adulto Santa Monica
288 0 Adulto Santa Monica
289 0 Adulto Santa Monica
290 0 Adulto Santa Monica
285 0 Adulto Santa Monica
293 0 Adulto Santa Monica
284 0 Adulto Santa Monica
292 0 Adulto Santa Monica
286 0 subadulto Santa Monica
291 0 subadulto Santa Monica
Filhote A 0 Filhote 1 Santa Monica
Filhote B 0 Filhote 1 Santa Monica
Filhote C 0 Filhote 1 Santa Monica
Filhote D 0 Filhote 1 Santa Monica
Filhote E 0 Filhote 1 Santa Monica
Filhote F 0 Filhote 1 Santa Monica
296 0 Filhote 2 Santa Monica
294 0 Filhote 2 Santa Monica
287recap 0 Adulto Santa Monica
142
APÊNDICE E - Propriedades amostradas no estudo:
Fragmento vizinho Nome da propriedade Proprietário
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Água Sumida)
Água Sumida 1
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Água Sumida)
Água Sumida 2
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Água Sumida)
Água Sumida 3
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Água Sumida)
Água Sumida 4
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Água Sumida)
Água Sumida 5
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Água Sumida)
Água Sumida 6
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Água Sumida)
Água Sumida 7
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Água Sumida)
Água Sumida 8
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Ponte Branca)
Fazenda Ponte Branca 9
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Tucano)
Tucano 10
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Tucano)
Tucano 11
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Tucano)
Tucano 12
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Tucano)
Tucano 13
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Tucano)
Tucano 14
Estação Ecológica Mico Leão Preto Tucano 15
143
(fragmento Tucano)
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Tucano)
Tucano 16
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Tucano)
Tucano 17
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Tucano)
Tucano 18
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Tucano)
Tucano 19
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Tucano)
Tucano 20
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Tucano)
Tucano 21
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Tucano)
Tucano 22
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Tucano)
Tucano 23
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Tucano)
Tucano 24
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Tucano)
Tucano 25
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 26
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 27
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 28
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 29
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 30
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 31
144
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 32
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 33
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 34
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 35
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 36
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 37
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 38
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 39
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 40
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 41
Estação Ecológica Mico Leão Preto
(fragmento Santa Maria)
Santa Maria 42
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Sitio São Pedro 43
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Chácara Boca da Noite 44
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Sítio Alvorada 45
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Lusitana 46
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) s/nome 47
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) s/nome 48
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Estância N.SªAparecida 49
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Sitio 50
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Sitio Primavera 51
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Sitio 52
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Herling 53
145
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Chacara Um Sonho a
Mais
54
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Fazenda São Sebastião 55
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Fazenda 56
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Sitio Maravilha 57
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Fazenda Cacique 58
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Fazenda Cachoeira 59
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Fazenda Nossa
Aparecida
60
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Fazenda Vasconcelos 61
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Sítio Mihama 62
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Estância N.SªAparecida 63
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Chacara 64
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Fazenda Sta Rita de
Cassia
65
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 66
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 67
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 68
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 69
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 70
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 71
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 72
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 73
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 74
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 75
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 76
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 77
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 78
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 79
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 80
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 81
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 82
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 83
146
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 84
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 85
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 86
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 87
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 88
PEMD (Parque Estadual Morro do Diabo) Ribeirão Bonito 89
Ribeirão Ribeirão Bonito 90
Ribeirão Ribeirão Bonito 91
Ribeirão Ribeirão Bonito 92
Ribeirão Ribeirão Bonito 93
Ribeirão Ribeirão Bonito 94
Ribeirão Ribeirão Bonito 95
Ribeirão Ribeirão Bonito 96
Ribeirão Ribeirão Bonito 97
Ribeirão Ribeirão Bonito 98
Ribeirão Ribeirão Bonito 99
Ribeirão Ribeirão Bonito 100
Ribeirão Ribeirão Bonito 101
Ribeirão Ribeirão Bonito 102
Ribeirão Ribeirão Bonito 103
Ribeirão Ribeirão Bonito 104
Ribeirão Ribeirão Bonito 105
Ribeirão Ribeirão Bonito 106
Ribeirão Ribeirão Bonito 107
Ribeirão Ribeirão Bonito 108
Ribeirão Ribeirão Bonito 109
Santa Mônica Fazenda Santa Mônica 200
Santa Zelia Santa Zelia 201
Santa Zelia Santa Zelia 202
Santa Zelia Santa Zelia 203
Santa Zelia Santa Zelia 204
Santa Zelia Santa Zelia 205
147
Santa Zelia Santa Zelia 206
Santa Zelia Santa Zelia 207
Santa Zelia Santa Zelia 208
Santa Zelia Santa Zelia 209
Santa Zelia Santa Zelia 210
Santa Zelia Santa Zelia 211
Santa Zelia Santa Zelia 212
Santa Zelia Santa Zelia 213
Santa Zelia Santa Zelia 214
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo