Resumo
O stress tem sido considerado um dos fatores contribuintes para prejuízos na qualidade
de vida, podendo, inclusive, se constituir em uma das causas do desenvolvimento e
manutenção de doenças. Mostram-se necessárias pesquisas que investiguem o stress
excessivo e, assim, contribuam para o desenvolvimento de modelos de prevenção e
tratamento. Este estudo teve como objetivos gerais avaliar o nível de stress de médicos
e enfermeiros da Atenção Básica (AB) de Paracambi, bem como identificar e analisar os
estressores ocupacionais mais freqüentes destas categorias profissionais. Como
objetivos específicos, buscou-se caracterizar a amostra investigada quanto aos dados
sociobiográficos e ocupacionais, relacionar os mesmos ao stress e verificar a existência
de relação entre stress e os estressores ocupacionais mais encontrados em cada categoria
profissional. Participaram da pesquisa 20 médicos e 10 enfermeiros, correspondendo a
71% dos médicos e 91% dos enfermeiros do total de profissionais destas categorias na
AB. Todos foram submetidos ao ISSL, a um Questionário Informativo (QI) e ao QELT.
No que se refere aos resultados, dentre os médicos, observou-se nove (45%) estressados
e 11 (55%) não estressados. Quanto aos enfermeiros, verificou-se que quatro (40%)
estavam estressados e seis (60%) não estressados. Todos os estressados na amostra de
médicos, nove (100%), e de enfermeiros, quatro (100%), encontravam-se na fase de
Resistência. No que tange à freqüência de sintomas, dentre os médicos constatou-se que
em seis (67%) predominaram sintomas psicológicos em detrimento dos físicos, que
foram apresentados por três (33%). Notou-se que em dois (50%) dos enfermeiros
estressados preponderou a sintomatologia psicológica, em um (25%) a sintomatologia
física e em um (25%) ambos os sintomas, físicos e psicológicos. Os estressores mais
apontados pelos médicos estressados referiram-se à necessidade de concentração
intensa, sete (78%); trabalho repetitivo, sete (78%); hora em que começa e pára de
trabalhar, cinco (71%); não tirar dias de folga quando deseja, cinco (71%) e falta de
perspectivas para o desenvolvimento de carreira, cinco (71%). Todos os enfermeiros
estressados, (100%), consideraram como estressores a interrupção de suas tarefas antes
delas serem completadas e falta de segurança do trabalho. O estressor “não tirar dias de
folga quando deseja” foi eleito por três (75%) dos estressados nesta categoria
profissional. A análise estatística mostrou que não há relação de dependência entre
stress e os dados sociobiográficos, profissão e estressores. Conclui-se que o número de
estressados encontrado é preocupante, especialmente por estarem todos na fase de
Resistência, relacionada a sintomas como cansaço excessivo e problemas de memória,
os quais podem contribuir não só para dificuldades pessoais, como também para
prejuízos no desempenho profissional. Quanto aos estressores, os médicos indicaram
dificuldades específicas das atividades profissionais, de ritmo, horário e falta de
perspectivas e os enfermeiros apontaram interrupções nas tarefas e falta de segurança
relacionada à permanência no emprego, eventos não diretamente relacionados às suas
ocupações específicas. Essa diferença, possivelmente, se deve ao fato dos enfermeiros
atuarem não só na assistência, mas também na administração. Sugere-se que os médicos
e enfermeiros da AB de Paracambi sejam submetidos a um treino de controle do stress,
a fim de que aprendam a manejá-lo, bem como a lidar com estressores típicos da
profissão ou do sistema a que estão submetidos.
Palavras-chave: Atenção Básica; médicos e enfermeiros; stress; estressores
ocupacionais.