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Universidade Federal de Sergipe
Departamento de Física
Núcleo de Pós-Graduação em Física
Dissertação de Mestrado
A Influência da Pressão e da Temperatura na
Emissão de Luz do ZnO
Nedison Oliveira Dantas
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II
Universidade Federal de Sergipe
Departamento de Física
Núcleo de Pós-Graduação em Física
Dissertação de Mestrado
A Influência da Pressão e da Temperatura na
Emissão de Luz do ZnO
Nedison Oliveira Dantas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Cidade Universitária “Prof. José Aluísio de Campos
o Cristóvão / SE / Brasil
São Cristóvão, Março de 2008
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III
Nedison Oliveira Dantas
A Influência da Pressão e da Temperatura na
Emissão de Luz do ZnO
Aracaju, Março de 2008
Dissertação submetida ao
Programa de Pós-Graduação em
Física da Universidade Federal de
Sergipe, como requisito para a
obtenção do Título de Mestre em
Física, sob orientação do Prof. Dr.
Marcelo Andrade Macêdo.
IV
V
A família é a base de tudo
(Nedison Oliveira Dantas)
VI
Aos meus amados pais
Laurita Oliveira Dantas e Nelson Oliveira Dantas, homem e mulher de bem que
me deram educação, carinho e muito amor
A minha linda filha
Júlia Meireles Dantas, que é o significado da minha vida
A minha amada esposa
Luciene Meireles Dantas (lucy)
Aos meus queridos queridos irmãos, Noelio Oliveira Dantas e José Oliveira
Dantas, que foram meus grandes incentivadores.
VII
Agradecimentos
A todos que contribuíram direto ou indiretamente para a concretização
desta dissertação.
Ao Prof. Dr. Marcelo Andrade Macêdo pelo incentivo, dedicação, interesse,
amizade, competência e exigência, fatores e características indispensáveis, para a
conclusão desta dissertação.
Aos Professores Dr. Marcos Antônio Couto dos Santos pelo apoio técnico-
científico.
Ao Prof. Dr. Frederico Guilherme de Carvalho Cunha pelo apoio técnico
científico.
Aos Professores do Departamento de Física da UFS, no qual tive a
oportunidade de adquirir conhecimentos técnicos-científicos, na área de física,
indispensáveis ao desenvolvimento deste trabalho de pesquisa.
Aos colegas e amigos conquistados no Departamento de Física da UFS,
pois sem eles tornava-se ainda mais difícil: Marcos Chagas, rgio, Fábio ( peixe ),
Dárcio, Luiz Carlos, Paulinho, Catiúcia, pelo incentivo e amizade sincera durante a
graduação e o período de desenvolvimento da pesquisa que resultou nesta
dissertação.
Aos funcionários do Departamento de Física da UFS: Gineilda ( Gigi ), pelo
apoio e amizade,a Cochiran pela amizade, a Marcio pela ajuda nos equipamentos e
amizade.
Ao apoio financeiro da Capes, que fui bolsista durante um ano.
À minha linda filha, Júlia Meireles Dantas, pelo seu lindo sorriso e abraço
cheio de amor, que sempre me deu ao retornar dos estudos e do trabalho.
À minha amada esposa, Luciene Meireles Santos Dantas (Lucy), e aos
meus pais, que foram os pioneiros, quanto a incentivar e dar apoio aos meus estudos.
A meus sobrinhos José Santos B. Júnior e Beatriz.
A Deus por ter me dado saúde e inteligência, que foram os dois fatores
mais importantes para a concretização desta dissertação.
VIII
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS
X
RESUMO XI
ABSTRACT XII
CAPÍTULO I
I. INTRODUÇÃO
1
I.1. NANOCRISTAIS
3
I.2. NANOCRISTAIS DE ZnO
4
I.3. OBJETIVOS 4
CAPÍTULO II
II. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
5
II.1. MÉTODO SOL-GEL
5
II.1.1 O PROCESSO SOL-GEL CONVENCIONAL
6
II.1.2 PROCESSO SOL-GEL PROTÉICO
7
II.3 PROPRIEDADES DO ZnO
8
II.3.1. ESTRUTURAS CRISTALINAS DO ZnO
9
II.3.2. PARÂMETROS DE REDE DO ZnO
10
II.3.3. ESTRUTURAS DE BANDAS DO ZnO
12
II.4. ÉXCITONS (EXCITAÇÃO)
13
CAPÍTULO III
III. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
14
IX
III.1. MATERIAIS E TODOS
14
III.1.1. SÍNTESES DO SOL-GEL PROTÉICO À BASE DE NITRATO DE
ZINCO E ÁGUA DE COCO
14
III.1.2. PRODUÇÃO DE PASTILHAS À BASE DE NANOPÓS DE ZnO
15
III.2 CARACTERIZAÇÕES ÓPTICAS
15
III.2.1. FLUORESCÊNCIA
15
III.3. CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA
18
III.3.1. MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA (AFM)
18
III.3.1.1. MODO CONTATO
20
III.4. CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL
20
III.4.1. DIFRACTOMETRIA DE RAIOS X (DRX)
20
CAPÍTULO IV
IV. EQUIPAMENTOS
23
IV.1. DIFRATÔMÊTRO
23
IV.2. ESPECTROFLUORÍMETRO
24
CAPÍTULO V
V. RESULTADOS E DISCUSSÕES
26
V.1. ESPECTROS DE FLUORESCÊNCIA
26
V.2. MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA
30
V.3. DIFRACTOMETRIA DE RAIOS X (DRX)
32
CAPÍTULO VI
VI. CONCLUSÕES 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 35
APÊNDICE A 39
X
Lista de Figuras
Figura II.1. Representação esquemática das estruturas cristalinas do ZnO:
(a) Rocksalt (B1) cúbica, (b) Zinc blende (B3) cúbica e (c) Wurtzite (B4)
hexagonal. As bolas cinzas e pretas representam os átomos de Zn e O,
respectivamente [OZGUR, 2005]
10
Figura II.2. Representação esquemática de uma estrutura wurtzite de ZnO
com uma constantes de rede a no plano da base e c na direção da base;
parâmetro u é expresso como o comprimento ou a distância do vizinho
mais próximo b dividido por c (0,375 em cristal ideal), e alfa e beta
(109,47° em cristal ideal) são os ângulos [OZGUR, 2005].
11
Figura II.3. Estruturas de bandas eletrônicas do ZnO: (a) wurtizite (B4), (b)
Zinc Blend (B1) e (c) rocksalt (B2) ZnO [JAFTE, 2000].
13
Figura III.1. Possíveis maneiras para a recombinação radiativa de
portadores: (a) recombinação banda a banda; (b) recombinação através
de um nível doador e (c) recombinação através de um vel receptor.
18
Figura III.2. Desenho esquemático das deflexões da alavanca e
deformações do scanner em função da força de interação sonda-amostra
no modo de operação contato.
19
Figura III.3. Representação da difração de raios X por dois planos
paralelos de átomos separados por uma distancia d.
21
Figura IV.1. Difratômetro de raios X
23
Figura IV.2. Espectrofluorímetro
24
Figura V.1. Medidas de emissão com excitação em 325 nm das pastilhas
tratadas termicamente
28
Figura V.2. Medidas de emissão com excitação em 400 nm das pastilhas
tratadas termicamente
29
Figura V.3. Imagem de AFM da pastilha de ZnO tratadas a 1000°C
31
Figura V.4. Mostra as bandas de clivagens do ZnO
32
XI
RESUMO
Uma nova rota para a preparação de Óxido de Zinco em pó é descrita juntamente
com a sua caracterização. Um sol protéico foi preparado, dissolvendo nitrato de zinco
em água de coco filtrada. Após calcinação a 1000°C, o foi compactado a 1,3 x 10
8
Pa, foram obtidas pastilhas de ZnO. Os espectros de emissão foram registrados com
excitação UV em 325 nm e 400 nm. O pó não revelou respostas espectroscópicas já
que pico em torno de 396 nm foi observado, para o pó prensado (pastilhas sem
tratamento térmico). As pastilhas foram então tratadas termicamente por 24 h a 500°
C, 800º C e 1000°C. No primeiro caso, bandas em 396 nm, 440 nm e uma estrutura
em torno de 480 nm de picos estreitos (vacância de oxigênio) foram observadas.
Aumentando a temperatura de tratamento térmico conduziu a uma redução na
intensidade das emissões em 440 nm e 480 nm. Propomos que a alta pressão induz
red-shift na região do ultravioleta dos picos de missão de pós de ZnO para 396 nm.
Esta é uma indicação de que pós de ZnO submetidos a pressão e temperatura de
sinterização exibe o comportamento espectroscópico característico de monocristalitos
de ZnO. O desaparecimento das linhas em 480 nm e 440 nm indica a produção de
vacâncias de oxigênio. Micrografias de força atômica sugerem um ponto coalescência
térmica entre os grãos, as imagens de raios X mostra a estrutura wurtzita.
Palavras - chave: ZnO; Processo sol-gel protéico; Emissão de luz
XII
ABSTRACT
A new route for the preparation of Zinc Oxide powder is described along with its
characterization. A proteic sol was prepared dissolving zinc nitrate in filtered coconut
water. After calcination at 1000°C, the powder was compressed to 1.3 x 10
8
Pa and
ZnO pellets were obtained. The emission spectra were recorded under UV excitation
at 325 nm and 400 nm. The powder showed no spectroscopic response, whereas one
peak around 396 nm was observed for the pressed powder (pellet with no heat
treatment). The pellets were then annealed for 24 h at 500°C, 800°C and 1000°C. In
the first case, bands at 396 nm, 440 nm and a structure of narrow peaks around 480
nm (oxygen vacancies) were observed. Increasing the annealing temperature led to a
decrease in the intensity of the emissions at 440 nm and 480 nm. We propose that the
high pressure induces a red-shift in the UV region of the ZnO nanopowder emission
peaks to 396 nm. This is an indication that the ZnO nanopowder treated under
pressure and sintering temperature exhibits the spectroscopic behavior characteristic
of the ZnO single crystal. The disappearance of the 440 nm and 480 nm lines indicate
the reduction of oxygen vacancies. The atomic force micrographs suggest a
coalescence thermal point.
Keywords: ZnO; Proteic sol-gel process; Light emission
1
CAPÍTULO I
I. INTRODUÇÃO
A tecnologia tem expandido vertiginosamente as suas fronteiras. Essa
expansão foi possível graças às descobertas sobre a natureza quântica da matéria e
da luz no decorrer do século XX, que tamm abriram caminho para a nanociência e
a nanotecnologia.
Recentemente o óxido de zinco, por ser um semicondutor é alvo de
inúmeras pesquisas devido as suas diversas aplicações tecnológicas,
principalmente, nas industrias de dispositivos optoeletrônicos, como células solares,
sensores de gás, espelhos refletores de calor, laser (LDs), entre outras aplicações.
O óxido de zinco apresenta transmitância ótico superior a 80% e resistividade
elétrica na ordem de grandeza em torno de 10
-3
.cm. Ainda apresenta boa
estabilidade química, a energia de GAP ótico é em torno de 3,37 eV a 300K, que
estar conveniente na produção de luz, logo emite luz na série do visível, do azul,
verde, ultravioleta ou luz branca; além de ser um material de alta abundância natural
e baixa toxidade.
As necessidades de se ter materiais com emissão de luz, aumenta com o
desenvolvimento tecnológico, que é crescente a cada dia. Para isso, torna-se
necessária à obtenção de novos materiais, a fim de acompanhar esta crescente
procura. A criação de novos dispositivos, depende em geral, da obtenção de
materiais que possam ser sintetizados, sem que haja a necessidade de utilização de
condições especiais de síntese como o óxido de zinco (ZnO).
O estudo das propriedades físicas dos materiais em escala nanométrica está
favorecendo a compreensão dos princípios fundamentais da matéria, quanto à área
de Nanociência em todo o mundo. A área de nanociências é relativamente recente,
considerando-se a palestra proferida por Richard Feynman em 1959, ele alertou aos
cientistas ali presentes, quanto à possibilidade de manipular-se átomos
individualmente [FEYNMAN, 1992]. Diante deste alerta, os cientistas passaram a
pesquisar, visando essa possibilidade de manipular átomos individualmente. A partir
de 1981, com a construção do primeiro microscópico de varredura por tunelamento
eletrônico (STM) [BINNING, 1982], foi possível obter imagens de átomos em uma
2
superfície e em 1989 cientistas norte americanos manipularam átomos individuais,
escrevendo IBM com átomos de xenônio sobre uma superfície de níquel. Diante
destes fatos, a busca por novas técnicas e processos experimentais, para as
nteses de novos materiais em determinadas faixas da escala nanométrica vêm
sendo pesquisadas em todo o mundo, visando o desenvolvimento da
Nanotecnologia.
O estudo desses sistemas, conduz ao desenvolvimento de materiais com
propriedades únicas, como, por exemplo, lasers constituídos de pontos quânticos
[KLIMOV, 2003]; fibras ópticas com pontos quânticos [WISE, 2002]; fotodetectores
de infravermelho [JIANG, 2004]; diodos emissores de luz [FIORE, 2002; DE LA
TORRE, 2003]; células solares [SCHALLER, 2004]; portas lógicas [QIAO, 2002];
materiais biológicos fluorescentes [BRUCHEZ, 1998].
Um dos grandes desafios atualmente é a produção de sistemas
nanoestruturados que apresentem propriedades físicas desejadas para aplicações
tecnológicas e que sejam de custos relativamente baixos comparados aos obtidos
por técnicas convencionais de crescimento epitaxial (MBE, CBE, MOCVD e VLE).
Dentre estas técnicas, o método sol gel, para sínteses de nanocristais com
propriedades quânticas e magnéticas, como, por exemplo, pontos quânticos de ZnO,
são de custo relativamente baixo e obtém-se materiais de alta qualidade, para
aplicações nanotecnologias.
A Nanotecnologia está presente no mercado mundial, sob forma de
produtos tecnologicamente sofisticados, como: microprocessadores de última
geração, vidro autolimpante, fibras ópticas e telefonia celular avançada. Avanços em
nanomateriais permitiram o desenvolvimento de novos tipos de lasers, como é o
exemplo do laser no azul, assim como aumento nas densidades e capacidades de
armazenamento de dados digitais. Têm-se ainda, catalisadores nanométricos mais
diversificados e eficientes, materiais avançados para próteses, e até anticorpos
sintéticos capazes de encontrar e destruir vírus ou células cancerígenas onde eles
se encontrem no corpo. Dessa forma, doses menores de drogas podem ser efetivas,
reduzindo os efeitos colaterais [SILVA Jr., 2002].
A necessidade cada vez maior de transmissão de informações tem levado
a substituição dos sistemas de comunicações eletrônicos pelos atuais sistemas
ópticos, os quais possuem uma largura de banda muito superior à dos sistemas
eletrônicos. Toda eletrônica está baseada em elétrons que possuem carga, massa, e
3
sofrem forte influência de cargas do meio por onde é transportado. Já os fótons são
muito mais rápidos, viajando na velocidade da luz não tem massa de repouso (m=0),
nem carga (q=0) e, por isso, sofrem menos influência do meio transporte.
A utilização inteligente de nanoestruturas, isoladas ou acopladas com
outras, pode levá-las a novas aplicações. Um exemplo típico e, de sucesso foi à
descoberta do nanotubo de carbono, a qual representou um marco na nanociência.
Os nanotubos de carbono m sendo estudados, devido às suas possíveis
aplicações tecnológicas, uma delas é a aglomeração texturizada dos mesmos, para
a fabricação de materiais cinco vezes mais leves e vinte vezes mais resistentes que
o aço, além da capacidade de operar sob temperaturas três vezes mais elevadas.
Materiais com tais propriedades revolucionaram a indústria mecânica, especialmente
a de veículos terrestres, aéreos e espaciais, os quais se tornarão muito mais
duráveis, leves e eficientes no uso da energia de seu combustível [CHAVES, 2002].
I.1. NANOCRISTAIS
Nanocristais que apresentam propriedades de confinamento eletrônico nas
três direções espaciais são denominados de pontos quânticos. Esses sistemas
possuem propriedades físicas diferentes dos correspondentes, por exemplo, dos
semicondutores bulk, em que podem ser estudados do ponto de vista da
Nanociência, visando a Nonotecnologia. Esses nanaocristais, ou pontos quânticos,
podem ser obtidos utilizando-se várias técnicas e métodos experimentais, tais como:
métodos químicos [MURRAY, 1993; BOWEN, 1994], técnicas litográficas
[SCHERER, 1986] ou mediante os processos de MBE (Molecular Beam Epitaxy)
[LEONARD, 1993]
Os pontos quânticos semicondutores exibem propriedades eletrônicas,
ópticas e fotoquímicas interessantes que diferem significativamente daquelas
observadas no material bulk devido aos efeitos do confinamento quântico. Diante
desta possibilidade, é possível sintetizar materiais com propriedades desejadas, não
apenas modificando sua composição química, mas tamm pelo controle do seu
tamanho e forma[HENS, 2002].
4
Quando um elétron é confinado em um volume do espaço, duas coisas
acontecem: adquire energia cinética (referente ao confinamento), e seu espectro de
energia se torna discreto [WISE, 2000]. Em razão desse espectro de energia
discretizado é que surge o interesse em trabalhar com os nanocristais, pois assim
torna-se possível obter absorção e/ou emissão de energia em comprimentos de
onda específicos. Os pontos quânticos são chamados algumas vezes de átomos
artificiais, este comportamento atômico seria muito útil em um dispositivo óptico
semicondutor, como o chaveamento óptico [GARMIRE, 1994], mas na prática este
comportamento não é totalmente idêntico ao atômico.
I.2. NANOCRISTAIS DE ZnO
Um dos grandes interesses atualmente é a produção de sistemas
nanoestruturados que apresentem propriedades físicas desejadas para aplicações
tecnológicas e que sejam de baixo custo. Entre os materiais que satisfazem essas
necessidades estão os nanocristais de ZnO, semicondutor II-VI, que apresenta uma
energia de éxciton de 60 meV, é interessante para a investigação das propriedades
de um sistema de tamanho quantizado.
Os nanocristais de ZnO, devido a grande energia de éxciton, apresentam
processos de transições eletrônicas únicos e de grande interesse quanto à
nanotecnologia.
Os nanocristais de ZnO estudados neste trabalho foram sintetizados pelo
método sol-gel protéico no Laboratório de Preparação e Caracterização de Materiais
( LPCM ) do Departamento de Física da Universidade Federal de Sergipe.
I.3. OBJETIVOS
Uma meta da pesquisa mundial na área de nanociência e nanotecnologia
é a procura por novas metodologias para obtenção de nanocristais com
propriedades físicas adequadas a determinadas aplicações tecnológicas. Diante
desse fato, este trabalho tem como objetivo geral uma criar nova rota de sínteses de
nanocristais de ZnO em forma de pós.
5
1.4. Objetivos específicos
Sintetizar nanocristais de ZnO em forma de pó pelo meto do sol-gel protéico;
Caracterizar opticamente esses nanopós de ZnO por Fluorescência;
Caracterizar morfologicamente esses nanopós de ZnO por Microscopia de
Força Atômica (AFM);
Caracterizar estruturalmente esses nanopós de ZnO por Difractometria de
Raios X (DRX);
Estudar o efeito da temperatura de tratamento térmico e da pressão na
emissão de luz e da estrutura desses nanopós de ZnO.
Capítulo II
II. CONSIDERAÇÕES TEÓRICAS
Neste capítulo são apresentadas considerações teóricas que servirão de
base para o entendimento dos processos físicos presentes na formação dos cristais
de ZnO pelo método sol-gel protéico. A seguir, tem-se uma revisão dos principais
tópicos tratados neste trabalho, de forma resumida são apresentados aspectos
experimentais do método sol-gel protéico.
6
II.1. MÉTODO SOL-GEL
Neste item, vamos apresentar duas técnicas de preparação de amostras
usando o processo sol-gel: o processo sol-gel convencional e o processo sol-gel
protéico, sendo o último usado na nossa pesquisa.
II.1.1 O processo sol-gel convencional
O processo sol-gel há muito tempo vem sendo utilizado na produção de
vidros e cerâmicas, é bastante utilizado na produção de filmes, principalmente na
nos anos 80. E até hoje esse método vem sendo utilizado, por ter capacidade de
sintetizar muitos materiais em diversas estruturas.
O processo sol-gel é baseado na polimerização inorgânica, onde isso
nada mais é do que uma transição da solução em forma coloidal “sol” para um
estado semi-sólido rico em líquido “gel”, que uma molécula que alcança dimensões
macroscópicas que se estende por toda solução (BRINKER (1990)). Mas é através
do colóide que geralmente se determina as principais propriedades.
Existem duas maneiras para a preparação do sol. Uma é utilizando
soluções aquosas e a outra é a mais utilizada no processo sol-gel convencional,
onde se utiliza como precursor um composto orgânico-metálico hidrolisável chamado
de alcóxidos metálicos (M(OR)), onde M é metal, R é radial orgânico que pode ser
um álcool e O oxigênio. Este composto quando em contato com a água, sofre
hidrólise conforme a equação II.1, e se torna capaz de realizar reações de adição
(condensação), através de monômeros, até gerar cadeias poliméricas.
Em ambos os casos, a reação pode por duas maneiras:
a) A hidrolização
do precursor levando a formação de ligações M-OH.
Sendo que a hidrolização de alcóxidos é simplismente formada via hidrólise,
adicionando-se água.
M(OR)
N
+ H
2
O M(OH)(OR)
N-1
+ROH (II.1)
b) A reação de condensação
é o inicio de duas moléculas parcialmente
hidrolizadas que podem se ligar formando monômero.
7
( OR )
N-1
M-OH+( OR )
N-1
-OH ( OR )
N-1
M-O-M( OR )
N-1
+H
2
O (II.2)
O processo de hidrólise de condensação inicia com a adição da água que
solvata o metal alcóxido. Este estabelece ligações com a hidroxila, que libera um
hidrogênio para a formação de um álcool. Em seguida este metal alcóxido se liga a
outro através de uma ponte de oxigênio, liberando um hidrogênio. Este , no sol,
tende a se ligar a uma hidroxila que então volta a reagir com um outro metal alcóxido
e começa a formar inúmeras cadeias. Sendo que as pontes e os números de
ligações do metal alcóxido dependem do metal e do grupo alcóxido.
As principais precauções na preparação do sol para a produção de
camadas são controle no tempo de hidrolização, condensação e escolha
conveniente dos reagentes, pois é necessário obter sois com uma baixa cinética
visando mantê-lo estável.
Alguns fatores químicos e físicos podem afetar o processo de agregação
das espécies contidas no sol e o controle dos parâmetros leva o sol controladamente
ao ponto gel, tempo em que as últimas ligações são realizadas na formação de
polímeros. Esses fatores são: pH do sol, concentração dos reagentes,
eletronegatividade do(s) metal(is) envolvidos, temperatura, solvente envolvido, entre
outras características dos sóis.
II.1.2 Processo sol-gel protéico
O processo sol-gel protéico ainda é pouco utilizado na produção de
amostras, mas o Departamento de Física da Universidade Federal de Sergipe no
Laboratório de Preparação e Caracterização de Materiais (LPCM) vem
desenvolvendo essa técnica desde o ano 1998, através do professor Dr. Marcelo A.
Macêdo. Nesse processo é utilizado como componente principal à água de coco
verde.
A água de coco na formão do sol se quando alguns dos
componentes dos aminoácidos da água do coco se ligam ao metal, principalmente a
alanina, mais presente na água de coco verde, tem oxigênios carregados
negativamente que pode se ligar ao cátion metálico. A possibilidade da
polimerização de outros componentes envolvidos na solução, ou a formação do sol
pode ser através da união do metal de cada sal aos aminoácidos, ou, de preferência,
8
em apenas um dos aminoácidos, de cada uma das proteínas contidas na água de
coco. Devido à água de coco ser composta por diversas proteínas e gorduras, até o
momento não se conhece claramente como o sol-gel protéico se forma e como ele
se estabiliza. O possível e mais provável é que o metal se ligue quimicamente com
as proteínas, porquê quando um sal é dissolvido nela, o seu tempo de estabilidade
aumenta em até 50 vezes. A presença do íon metálico impede que a proteína se
decomponha e leve a formação de fungos e bactérias.
Podemos observar , no esquema a seguir uma possível formação do sol,
considerando que a ligação do metal com a água de coco sejam através de
aminoácidos de arginina, a qual está presente no leite de coco.
CÔO
-
CÔO
-
Li
+
ARGININA R + LiCl = R
NH
+3
NH
+3
Cl
-
. (II.3)
O método sol-gel protéico que produz o sol com semelhança ao
convencional, ele se torna mais promissor por ser muito mais barato do que o
convencional, substituindo solventes mais caros, tais como carbonato de propileno,
isopropanol, etanol e outros pela a água de coco. A outra vantagem entre o método
protéico e o convencional é que, no convencional, o soluto apresenta baixa
solubilidade entre o solvente. Já a água de coco tem uma grande afinidade em
dissolver vários sais.
9
II.3. PROPRIEDADES DO ZnO
ZnO é um semicondutor com energia de gap de 3,37 eV a 300 K
(estrutura wurtzite). Ele é um material com características únicas, como
piezoelectricidade, fotoelectricidade e piroelectricidade, sendo, portanto, apropriado
para uma variedade de aplicações [WANG, 2004]. As propriedades físicas do ZnO
dependem fortemente do tamanho e orientação dos nanocristalitos, bem como da
forma como eles interagem uns com os outros. É possível produzir dispositivos que
emitam luz com ampla janela óptica (ultravioleta, azul, verde ou luz branca) e
dispositivos sensores [YANG, 2004; RAO, 1999; MITRA, 1998; GOLEGO, 2000].
Pode-se encontra na literatura um grande número de investigações
espectroscópicas, relatando que a emissão do ZnO ocorre na faixa do ultravioleta, a
partir de 373 nm a 390 nm. [WANG, 2004; HOU, 2006; JING, 2006]. Na estrutura
wurtzite, o gap está em torno de 368 nm. Além disso, os resultados em sistemas
com finas películas de ZnO, o aumento da sua espessura leva à supressão das
linhas de emissão atribuídas à vacâncias de oxigênio.
No presente trabalho é apresentada uma nova rota sol-gel para obtenção de
nanopós de ZnO de qualidade [MACÊDO, Pedido de Patente 0203876-5/BR]. Esta
rota utiliza água de coco como precursora. A emissão foto-induzida de pastilhas de
pós de ZnO foi estudada e uma correlação entre a emissão com pressão e a
temperatura de sinterização foi encontrada.
II.3.1. ESTRUTURAS CRISTALINAS DO ZnO
A maioria dos semicondutores do grupo II - VI podem se cristalizar na
estrutura cúbica Zinc-blend ou hexagonal wurtzite e Rocksat, onde cada ânion está
rodeado por quatro cátions nos cantos de um tetraedro, e vice-versa. Esta
coordenação tetraédrica é típica da ligação covalente sp
3
, mas esses materiais têm
também um caráter iônico. ZnO é um semicondutor II - VI composto cuja ionicidade
reside na fronteira entre semicondutores covalentes e iônicos. As estruturas
cristalinas do ZnO são compartilhas por wurtzite (B4, zinc blende (B3) e rocksalt
(B1), como esquematicamente mostrado na Figura II.1. Em condições ambiente, a
10
fase termodinamicamente estável é wurtzite. A estrutura zinc-blend do ZnO pode ser
estabilizada apenas pelo crescimento sobre substratos cúbicos e a estrutura rocksalt
(NaCl) podem ser obtida em pressões relativamente altas.
Figura II.1. Representação esquemática das estruturas cristalinas do ZnO: (a)
Rocksalt (B1) cúbica, (b) Zinc blende (B3) cúbica e (c) Wurtzite (B4) hexagonal. As
bolas cinzas e pretas representam os átomos de Zn e O, respectivamente [OZGUR,
2005].
II.3.2. PARÂMETROS DE REDE DO ZnO
A estrutura wurtzite tem uma célula unitária hexagonal com dois
parâmetros de rede, a e c, na proporão de c/a = (8/3)
1/2
= 1,633. A representação
esquemática da estrutura wurtzite do ZnO é mostrada na Figura II.2. A estrutura é
composta de duas sub-redes hexagonais, em que cada uma consiste de um tipo de
átomo, deslocadas em relação a outra ao longo do eixo triplo c por uma quantidade
u = 3/8 = 0,375 (em uma estrutura wurtzite ideal).
11
Figura II.2. Representação esquemática de uma estrutura wurtzite de ZnO
com uma constante de rede a no plano da base e c na direção da base; parâmetro u
é expresso como o comprimento ou a distância do visinho mais próximo b dividido
por c (0,375 em cristal ideal), e alfa e beta (109,47 ° em cristal ideal) são os ângulos
[OZGUR, 2005].
Cada sub-rede possui quatro átomos por célula unitária e cada átomo de um
tipo tomo do grupo II) é rodeado por quatro átomos de outro
tipo (átomo do grupo VI) ou vice versa, que são coordenadas nas
arestas de um tetraedro. Num cristal de ZnO real, A estrutura wurtzite afasta do
arranjo ideal, alterando a razão c/a ou o valor de u. Salienta-se que existe uma forte
correlação entre a razão c/a e o parâmetro u, em que quando a razão c/a diminui, o
parâmetro u aumenta. Estes dois comprimentos ligeiramente diferentes serão iguais
se obedecer a seguinte relação:
U = (1/3)(a
2
/c
2
) + ¼ (II.4)
12
Outros semicondutores II VI semelhantes ao ZnO wurtzite podem ser
transformados na estrutura rocksalt do NaCl com pressões hidrostáticas
relativamente modestas. A razão para isto é que a redução das dimensões da rede
causa interação de Coulomb entre íons para favorecer maior sob natureza
covalente. No ZnO, a pressão induz uma transição de fase de wurtzite (B4) para
rocksalt (B1), quando submetido a aproximadamente 10 GPa [BATES, 1962]
Os parâmetros de rede de um semicondutor usualmente depende dos
seguintes fatores: (i) concentração de elétrons livres, deformando o potencial do
mínimo da banda de condução ocupa esses elétrons, (ii) concentração de átomos
estranhos e defeitos e suas diferenças de rios iônicos com relação aos íons
substituídos as matrizes, (iii) strains externos, por exemplo, aqueles induzidos pelo
substrato e (iv) temperatura. Os parâmetros de rede alguns materiais cristalinos são
comumente medidos por difração de raios X de alta resolução (HRXDR).
II.3.3. ESTRUTURAS DE BANDAS DO ZnO
A estrutura de banda eletrônica dos semicondutores é crucial é de
fundamental importância, em que contém informações sobre uma série de
parâmetros indispensáveis ao entendimento das suas propriedades físicas, visando
fabricação e aplicações de dispositivos feitos a partir deles, como, por exemplo, na
nanotecnologia. Então, conhecimento dos extremos de energia da banda de
condução e da banda de valência, assim como os valores das massas efetivas de
elétrons e dos buracos, são grandezas fundamentais, por exemplo, para o estudo de
transições ópticas em nanocristais de ZnO. Portanto, o conhecimento da estrutura
de bandas e, principalmente do gap, do ZnO , é indispensável já que ele faz parte da
família de materiais considerados como potencial, devido suas propriedades físicas
como gap grande da ordem de 3,37 eV e energia de éxciton de 60 meV para
aplicações em dispositivos foto-eletrônicos. Diversas abordagens teóricas de
diferentes graus de complexidade, foram empregadas para calcular a estruturas de
bandas do ZnO wurzite, zinc-blende e rocksalt. Além disso, uma série de dados
experimentais foram publicados no que se refere à estrutura de banda dos estados
eletrônicos de ZnO wurtzite.
13
A figura II.3 mostra as estruturas de bandas eletrônicas das fases
wurtizte (B4), zinc blende (B1) e rocksalt (B2) do ZnO [JAFTE, 2000].
Figura II.3. Estruturas de bandas eletrônicas do ZnO: (a) wurtizite (B4), (b) Zinc
Blend (B1) e (c) rocksalt (B2) ZnO [JAFTE, 2000].
O semicondutor ZnO apresenta band gap no ponto
da primeira zona de Brillouin,
como mostra a Figura II.3.
II.4. Excitação
Um elétron pode permanecer ligado a um buraco através de uma atração
eletrostática existente entre eles, do mesmo modo que um elétron permanece ligado
a um próton. O sistema ligado elétron-buraco denomina-se éxciton, o qual modifica
os espectros de absorção óptica, a baixas temperaturas, criando uma estrutura para
energias abaixo do gap do material, onde se esperaria não haver absorção.
Quando o material absorve luz, um elétron é promovido da banda de
valência para a banda de condução, deixando um buraco na banda de valência. No
modelo de Wannier, o éxciton é formado por este par elétron-buraco. O estado
excitado de mais baixa energia é um estado ligado, do tipo do estado fundamental
14
do átomo de hidrogênio, com energia inferior à energia da excitação banda-banda. A
descrição de Wannier mostra-se válida para materiais com constante dielétrica alta,
em que a interação Coulombiana é fortemente blindada, apresentando pequena
variação nas dimensões da célula unitária, permitindo a utilização da aproximação
da massa efetiva.
CAPÍTULO III
III. PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
Neste capítulo, são descritos os detalhes experimentais quanto à síntese e
caracterização das amostras de ZnO pelo método sol-gel protéico.
III.1. MATERIAIS E MÉTODOS
III.1.1. SÍNTESES DO SOL-GEL PROTEICO À BASE DE NITRATO DE ZINCO E
ÁGUA DE COCO
O sol–gel protéico foi preparado dissolvendo nitrato de zinco em água de coco
filtrada, com uma concentração de 0,5 mol/dm
3
. Depois o sol-gel foi aquecido em
uma estufa a 100°C durante 24 h, formando após esse aquecimento o xerogel,
material sólido e de cor escura, Logo depois o xerogel foi triturado e em seguida
calcinado a uma temperatura de 1000°C durante 24h, com isso toda parte orgânica
é evaporada do material obtendo-se o óxido de zinco ( ZnO ) um pó de cor branca.
15
III.1.2. PRODUÇÃO DE PASTILHAS À BASE DE NANOPÓS DE ZnO
Os nanopós de ZnO foram compactados e submetidos a uma pressão de
1,3x10
8
Pa, obtendo-se amostras em forma de pastilhas. Em seguida algumas
pastilhas foram sintetizadas a temperaturas de 500°C, 800°C e 1000°C por um
tempo de 24h, a taxa de aquecimento das amostras foi de 20°C por minuto e o
resfriamento foi lento até atingir a temperatura ambiente, em seguida foi feito as
caracterizações ópticas, morfológicas e estruturais, respectivamente, por
Fluorescência, Microscopia de Força Atômica (AFM) e Difração de Raios-x (DRX),
que serão descritas a seguir..
III.2. CARACTERIZAÇÕES ÓPTICA
III.2.1. FLUORESCÊNCIA
A análise da uniformidade de tamanhos dos nanocristais pode ser
encontrada por análise do espectro de emissão. Por exemplo, o deslocamento para
a região do vermelho, dos espectros de emissão, são evidências experimentais
claras do efeito do confinamento nos nanocristais. O espectro de emissão de um
determinado material, nas regiões dos espectros infravermelho, visível e ultravioleta,
também pode identificar os agentes modificadores. Através de espectros de
emissão, é possível acompanhar a cinética de crescimento de nanocristais,
observando a evolução da(s) banda(s) de emissão.
É preciso considerar que o tamanho dos nanocristais não é único. Os
veis eletrônicos, em um nanocristal, são dependentes do seu tamanho e por isso é
de se esperar que a distribuição de tamanhos tamm exerça uma forte influência
na determinação das propriedades ópticas dos nanocristais. Devido a essa não
uniformidade, o espectro de emissão dessas amostras não apresenta aquela
estrutura constituída por uma série de picos de emissão isolados associada a um
sistema ideal de nanocristal. O espectro de emissão de um nanocristal é formado
por diversas linhas de transições e o ponto de interesse em diversas aplicações não
está exatamente na largura das linhas e sim na superposição entre elas, ou seja, na
resolução espectral entre linhas vizinhas. Para entender melhor essa questão é
necessário examinar os efeitos da distribuição de tamanhos sobre o espectro total
de um sistema de nanocristais.
16
A relevância do tempo de tratamento térmico na determinação do perfil de
distribuição de tamanhos é apontada em algumas referências onde se mostra que
tratamentos realizados em um intervalo de tempo curto e a temperaturas
relativamente baixas, resultam em uma distribuição Gaussiana. No caso de
tratamentos térmicos com tempo mais prolongado (mais de 12 horas) e
temperaturas elevadas, a distribuição resultante é aquela conhecida como de
Lifshitz-Slyezov, que se diferencia da Gaussiana por envolver uma etapa de
crescimento competitivo, quando os cristais maiores crescem em detrimento dos
menores, ou seja, ocorre uma transferência de massa dos cristalitos menores para
os maiores devido a coalescência dos grãos [REDÍGOLO, 1998].
As propriedades ópticas da matéria podem ser modificadas através de
inclusões ou exclusões de agentes modificadores, como dopantes e/ou íons
modificadores e, tamm no caso de cristais, imperfeições na rede cristalina. Esse
fenômeno pode ser observado em materiais e substâncias orgânicas e inorgânicas,
como também em sólidos cristalinos e amorfos. Os deslocamentos para
comprimentos de ondas menores, dos espectros de emissão são evidências
experimentais claras do efeito do confinamento nos nanocristalitos. O deslocamento
dos espectros está relacionado ao tamanho dos nanocristalitos, em que o
deslocamento se dá para energias maiores nos nanocristalitos menores e para
energias menores nos nanocristalitos maiores.
Os espectros de emissão, de uma determinada amostra, são obtidos através
de espectrofluorimetros apropriados para cada região espectral de interesse. A
maioria dos espectrofluorimetros registra diretamente a grandeza luminescência em
função do número de onda dos fótons emitidos pela amostra.
Nos espectros de luminescência, pode-se ter a emissão ou intensidade de
luz em função do comprimento de onda ou em função da energia dos fótons
emitidos. A energia está relacionada com o comprimento de onda pela seguinte
fórmula:
=
)(
8,1239
)(
nm
eVE
λ
(III.1)
Através de espectros de emissão, é possível acompanhar a cinética de
crescimento de nanocristais, observando a evolução da(s) bandas de emissão,
17
quanto à posição, forma e largura de banda, em função de tratamentos térmicos
prévios os quais as amostras foram submetidas. Portanto, podem-se tirar as
seguintes conclusões básicas, a respeito da cinética de crescimento de nanocristais,
utilizando espectros de emissão:
A técnica de fluorescência consiste essencialmente na criação do par
elétron-buraco através da absorção da luz incidente em um cristal. O feixe incidente
deve possuir fótons com energia,
0
ν
h
, maior que o gap (E
g
) do cristal, suficiente
para excitar os elétrons da banda de valência para a banda de condução. Ao ocorrer
esse processo, o cristal se torna excitado, uma vez que o elétron na banda de
condução e o buraco na banda de valência, possuem excesso de energia em
relação ao estado fundamental do sistema. O comportamento inicial dos portadores
recém criados envolve um processo denominado de termalização. Neste processo,
ocorre a relaxação do elétron, para o fundo da banda de condução, e do buraco,
para o topo da banda de valência, através da emissão de fônons (recombinação
não-radiativa). Posteriormente, esses elétrons e buracos se recombinam por
emissão espontânea de luz, emitindo fótons, característicos do material, com energia
correspondente ou não ao valor do gap, em que essa luz emitida é coletada e
analisada espectralmente. Portanto, o processo de absorção de fótons, com energia
0
νh , para a criação do par elétron-buraco, seguido da termalização, que posiciona
os portadores nas extremidades das bandas e a recombinação radiativa, onde
ocorre a emissão de fótons a serem detectados e analisados espectralmente.
Os processos de recombinação radiativa podem ocorrer diretamente entre
portadores ocupando o mínimo de energia das respectivas bandas ou precedida da
captura do portador por estados que, eventualmente, estejam presentes, por
influência de impurezas e/ou defeitos, no gap do material. Os níveis D (doador) e A
(aceitador), presentes no gap, ilustram a possibilidade de existência de defeitos ou
impurezas no cristal. As presenças desses veis criam novas vias de recombinação
radiativa: transição da banda de condução para o vel aceitador, transição do nível
doador para a banda de valência e transição do vel doador para o nível aceitador
Na Figura. III.1 são ilustrados alguns tipos de transições radiativas que podem ser
estudadas pela técnica de fluorescência.
18
Figura lll.1
Figura III.1. Possíveis maneiras para a recombinação radiativa de portadores: (a)
recombinação banda a banda; (b) recombinação através de um nível doador e (c)
recombinação através de um nível receptor.
III.3. CARACTERIZAÇÃO MORFOLÓGICA
III.3.1. MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA (AFM)
Essa técnica permite determinar o tamanho do raio médio dos nanocristais
em uma determinada área nanométrica do material em estudo. Na Microscopia de
Força Atômica, uma sonda extremamente fina (~ 100 Å de diâmetro na extremidade
da sonda) varre a superfície da amostra em inspeção. A sonda é montada sobre a
extremidade livre de uma alavanca que mede entre 100 e 200 µm de comprimento.
Quando a sonda se aproxima da superfície da amostra, forças de interação sonda-
amostra surgem e fazem a alavanca defletir. Essa deflexão é monitorada por um
detector à medida que a sonda varre a superfície. O sinal de deflexão da alavanca
pode ser utilizado pelo computador para gerar um mapa da topografia da superfície
da amostra, bastando fazer uma conversão da variação do sinal no detector em
função da variação de altura na amostra. Entretanto, esse processo de conversão é
complicado e o método mais utilizado na geração de imagens topográficas é o
seguinte: determina-se uma força que se quer aplicar constantemente sobre a
amostra, ou seja, determina-se um valor do sinal que deve ser permanentemente
observado pelo detector.
O computador, então, durante a varredura ajusta a posição vertical da
amostra, através do “scanner” piezoelétrico, de maneira a manter a força, ou o sinal,
Banda de Condução
Banda de Valência
Nível Doador
Nível Aceitador
Fóton
Fóton
Fóton
a)
b)
c)
19
no valor previamente determinado. A variação de altura no “scanner” corresponde
exatamente à variação topográfica na amostra, e assim a morfologia da amostra é
revelada diretamente, sem a necessidade de conversão do sinal do detector. As
forças de interação sonda-amostra podem ser atrativas ou repulsivas, dependendo
da distância sonda-amostra, conforme mostra a Figura III.2. A longas distâncias (d >
1 µm), praticamente não há qualquer interação. À medida que a sonda se aproxima
da amostra (d <
50 nm), forças atrativas passam a atuar entre a sonda e amostra –
tipicamente, forças de Van der Waals. A força atrativa aumenta com a aproximação
da sonda, conforme mostra a Figura III.2, até que a separação seja da ordem da
separação inter-atômica (
nm5.0d
). A partir deste ponto, fortes forças eletrostáticas
repulsivas entre as nuvens eletrônicas das camadas de valência da sonda e da
amostra passam a atuar, e a força resultante total passa e ser repulsiva. Nesta
região, diz-se que a sonda está em contato físico com a superfície da amostra.
Conforme o caráter da interação, atrativo ou repulsivo, pode-se definir
alguns modos de operação na técnica de AFM. São eles: Contato (C), onde a
interação sonda-amostra é repulsiva; Não-Contato (NC), com interação atrativa; e
Contato Intermitente (CI), onde o regime ora é atrativo, ora é repulsivo.
(a) (b) (c)
Figura III.2. Desenho esquemático das deflexões da alavanca e deformações do
scanner em função da força de interação sonda-amostra no modo de operação
Contato. Em (a) têm-se força de referência definida pelo operador, em (b) a força de
interação maior que a de referência e em (c) a força de interação menor que a de
referência [CHINAGLIA, 2002].
20
III.3.1.1. MODO CONTATO
No modo contato a sonda é colocada em contato físico com a amostra,
sendo repulsiva à força de interação entre a sonda e a amostra. Esse modo permite
obter imagens com altíssima resolução, a nível atômico, mas o atrito entre a sonda e
a amostra pode danificar a superfície, caso ela seja macia, produzindo uma imagem
distorcida. Durante a varredura, a sonda desliza sobre a superfície da amostra e a
alavanca sofre deflexões que dependem da morfologia da superfície da amostra.
Nesse modo de operação, utilizam-se sondas de constante elástica baixa (0.01 N/m
a 1.0 N/m).
Em adição à força repulsiva, outras forças são importantes no modo de
contato: as forças capilares exercidas por uma fina camada de água, geralmente
presente na superfície das amostras, e as forças exercidas pela própria alavanca
sobre a amostra. A força exercida pela capilaridade é de caráter fortemente atrativo
(~10
-8
N). Considerando-se o papel relativo das forças envolvidas, o valor da força
resultante pode variar de 10
-8
N a 10
-6
N. Diminuindo a força repulsiva entre a sonda
e amostra, ou seja, afastando a sonda da superfície, pode-se também trabalhar no
modo contato onde existem somente forças atrativas entre a sonda e a amostra.
Este modo de operação é conhecido como Contato Atrativo [CHINAGLIA, 2002].
III.4. CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL
III.4.1. DIFRACTOMETRIA DE RAIOS X (DRX)
Difração é um fenômeno que ocorre com as ondas quando elas passam
por um orifício ou contornam um objeto cuja dimensão é da mesma ordem de
grandeza que o seu comprimento de onda. Por volta de 1912, Max Von Laue
concebeu a possibilidade de realizar difração de raios X, utilizando uma estrutura
cristalina como rede de difração tridimensional. As primeiras experiências foram
realizadas por dois alunos de Laue, Walter Friedrich e Paul Knipping. Um ano
depois, William Henry Bragg apresentou uma explicação simples para os feixes de
raios X difratados por um cristal. Ele supôs que as ondas incidentes são refletidas
especularmente (o ângulo de incidência é igual ao ângulo de reflexão) por planos
paralelos de átomos no interior do cristal, sendo que cada plano reflete somente
21
uma pequena fração da radiação. Os feixes difratados são formados quando as
reflexões provenientes dos planos paralelos de átomos produzem interferência
construtiva. Os planos paralelos da rede são separados por uma distância
interplanar d, como indicado na Figura III.3.
Figura III.3. Representação da difração de raios X por dois planos paralelos de
átomos separados por uma distancia d.
A diferença de caminho para os feixes incidente e difratado é
θ
dsen2  onde
θ
é o ângulo medido a partir do plano de átomos. A interferência construtiva da
radiação proveniente de planos sucessivos ocorre quando a diferença desse
caminho for igual a um número inteiro de comprimentos de onda (), escrita como:
.2 λθ nsend
hkl
=
(III.2)
A Equação III.2 representa a lei de Bragg, com
hkl
hkl
H
d
1
=
onde h, k e l
são os índices de Miller,
***
clbkahH
hkl
r
r
r
r
++=
é o vetor de difração,
V
cb
a
r
r
r
×
=
*
,
V
ac
b
r
r
r
×
=
*
e
V
ba
c
r
r
r
×
=
*
são os vetores recíprocos da rede cristalina, ).( cbaV
×
=
é o
volume da célula unitária. A lei de Bragg é, portanto, uma conseqüência direta da
periodicidade da rede cristalina.
Dentre as várias técnicas de caracterização de materiais, a técnica de
difração de raios X é a mais indicada na determinação das fases cristalinas
presentes em materiais vítreos. Isto é possível porque na maior parte dos sólidos
22
(cristais), os átomos se ordenam em planos cristalinos separados entre si por
distâncias da mesma ordem de grandeza dos comprimentos de onda dos raios X. Ao
incidir um feixe de raios X em um cristal, o mesmo interage com os átomos
presentes, originando o fenômeno de difração. As vantagens da técnica de DRX
para a caracterização de fases são: a simplicidade e a confiabilidade dos resultados
obtidos, a possibilidade de análise de materiais compostos por uma mistura de fases
e uma análise quantitativa destas fases.
Os raios X são radiações eletromagnéticas, que resultam da excitação de
átamos (ou íons) no interior de uma fonte selada e mantida em alto vácuo, consiste
basicamente de um filamento aquecido (cátodo), que é uma fonte de elétrons, e de
um alvo metálico (ânodo) de natureza diversa (Cu, Co, etc). A aplicação de uma
diferença de potencial entre o câtodo e o ânodo faz com que os elétrons emitidos
pelo filamento incandescente sejam acelerados em direção a esse último, colidindo
com o alvo metálico, à transformação da energia cinética adquirida em calor,
havendo excitação dos elétrons em veis mais energéticos. Cada elemento ou
substância possui uma característica única, quanto à posição angular e intensidade
do perfil de difração, que é a sua impressão digital. Cada elemento em uma mistura
produz um difratograma único e independente de outros elementos presentes. A
partir do difratograma obtido pela interferência dos raios X refletidos pelos planos
cristalinos da amostra, compara-se a localização dos picos com os valores da ficha
padrão JCPDS (Joint Committee for Powder Diffraction Studies), e a estrutura
cristalina do material pode ser identificada.
Uma estimativa do diâmetro médio D dos cristais que compõe o grão
pode ser obtido, tomando-se a largura à meia altura do pico de reflexão mais
pronunciado e utilizando-se a relação de Debye-Sherrer [ANTOLINI, 2005]:
,
cos.
2 B
D
θω
λ
θ
=
(III.3)
onde
θ
é ângulo de Bragg e
λ
é o comprimento de onda do raio-x ( nm
CuK
154,0=
α
λ ).
Tem-se que
θ
ω
2
é a largura a meia altura do pico de reflexão, estimada através de
um ajuste gaussiano deste pico. Assume-se que os nanocristais têm a forma
23
esférica, mas, neste trabalho não usamos essa estimativa porque não trabalhamos
com o e sim com o material prensado.
lV- Equipamentos
Os equipamentos utilizados neste trabalho foram: pastilhadores, usado na
compactação da amostra; prensa hidráulica, usado para fazer preso na amostra;
fornos, usados para aquecer as amostras; difratômetro de raios X, utilizado na
caracterização das amostras ; o espectrofluorímetro, utilizado na análise
espectroscópica das amostras, DFI (UFS); estes equipamentos são monitorados por
computador. Uns dos acessórios bastante utilizados nas medidas de emissão e
excitão foram os filtros de absorção para reduzir o espalhamento de luz.
lV.1- Difratômetro de Raios X
As medidas de difração por raios X, foram realizadas em um difratômetro
Rigaku (RINT 2000/PC), como mostra a figura IV.1, todas as medidas foram feitas a
temperatura ambiente, utilizando o modo de varredura contínua.
24
Figuura: IV.1 Equipamento de rios X do Departamento de Física da UFS.
lV.2- Espectrofluorímetro
O espectrofluorímetro, figura IV.2.1, foi utilizado para fazer o estudo
espectroscópico das amostras de ZnO, pelos processos de emissão e excitação
óptica . É um dispositivo que consta de monocromadores, fendas de emissão e de
excitação, uma porta amostras e uma lâmpada de xenônio de 300 W de potência.
Os passos, os números de interações e as fendas podem ser parcialmente
25
ajustadas. Na figura IV.2, temos o esquema dos monocromadores do
espectrofluorímetro.
Figura IV.2 Espectrofluorímetro
26
CAPÍTULO V
V. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo estão apresentados resultados e discussões a partir das
técnicas de caracterizações utilizadas, estas consistem em análises: ópticas
(Fluorescência), morfológicas (Microscopia de Força Atômica) e estruturais (Difração
de Raios X).
V.1. ESPECTROS DE FLUORESCÊNCIA
O comportamento espectroscópico do sistema foi obtido, utilizando um
espectrofluorimetro ISS PC1
TM
. O dispositivo de excitação está equipado com uma
lâmpada xenônio de 300 W de potência e uma grade holográfica. A emissão é
selecionada por monocromador de distância focal de 25 cm e 0,1 nm de resolução,
que, em seguida é coletada por uma foto multiplicadora. A fenda utilizada no
processo excitação-emissão foi de 1 mm de largura, mesmo que os
monocromadores tenham grades de 1200 linhas por mm.
As medidas das emissões de nanopós e de pós de ZnO prensados e sem
tratamentos térmicos foram registradas. Espectros de emissão das pastilhas
submetidas aos tratamentos térmicos de 500°C, 800ºC e 1000°C foram registradas.
Utilizou-se, em todos os caso, os comprimentos de 325 nm e 400nm como linhas de
excitação. Isto é mostrado nas figuras V.1 e V.2, ambos os casos, ficaram evidentes
que o comportamento espectroscópico das nanopartículas de ZnO foi alterado pela
pressão. A linha de emissão em 396 nm, que aparece em todos os espectros das
pastilhas, é interpretada como uma transição entre a borda da banda de condução
para a valência da banda.
Como o crescimento da temperatura de tratamento térmico os picos devido
a vacâncias desaparecem. O aumento da temperatura de tratamento térmico tem o
mesmo efeito nas nanopartículas de ZnO como observado na literatura [HOU,
2006]. Devido à banda de emissão em torno de 396 nm aparecer, apenas,
submetendo o pó a pressão, ocorre o processo de formação de nanocristais de ZnO.
A partir dos espectros, após os tratamentos térmicos na faixa de 500°C a 1000° C,
27
pode – se, claramente, observar o desaparecimento das linhas de emissão em torno
de 480 nm e a permanência da transição radiativa em 396 nm, interpretado como o
desaparecimento dos veis de defeitos devido às vacâncias de oxigênio. Isto é uma
indicação de que aquecimento da amostra com uma temperatura acima de um ponto
de coalescência térmica (ponto térmico a partir do qual as partículas visinhas
coalecem para formar o cristal) conduz à depleção dos íons de oxigênio da
superfície das partículas. A agitação térmica leva a fricção entre as partículas. Acima
desta temperatura, aqui chamado ponto de coalescência térmica as partículas
coalescem para formar o cristal.
28
420 480 540 600 660
e
d
c
b
λ (nm)
a
b
c
d (x100)
e (x100)
λ
exc
=325 nm
a
Figura V.1. Medidas de emissão com excitação em 325 nm das pastilhas tratadas a
(a) 500°C, (b) 800°C, (c) 1000°C; (d) pó prensado e (e) pó sem tratamento térmico.
29
420 480 540 600 660 720
emission (a.u.)
λ (nm)
a
b
c (x5)
d (x200)
e
λ
exc
=400nm
a
b
c
d
e
Figura V.2. Medidas de emissão com excitação em 400 nm das pastilhas tratadas a
(a) 500°C, (b) 800°C, (c) 1000°C, (d) pó prensado e (e) sem tratamento térmico.
30
V.2. MICROSCOPIA DE FORÇA ATÔMICA (AFM)
Microscopia de força atômica (AFM) foi empregada para análise
morfológica. As imagens de AFM foram adquiridas pelo modo de contato de um
Veeco da CP. Os parâmetros utilizados foram: 50 nN; 1 Hz.
A estrutura topográfica foi analisada utilizando Microscopia de Força
atômica no modo contato. Os tamanhos dos grãos das amostras tratadas a
diferentes temperaturas tiveram pequenas variações acima de 500
o
C, mas uma
medição precisa das dimensões dos grãos foi prejudicada devido à falta de
estabilidade, quando analisadas devido à varredura da ponta da AFM. Medimos a
rugosidade das três amostras em diversos pontos, utilizando o software fornecido
pela Veeco. Os valores obtidos variaram pouco em cada ponto da mesma amostra,
mas foi perceptível uma clara tendência para um valor menor com o aumento da
temperatura. O aumento da temperatura conduziu claramente a maiores tamanhos
de grãos, mas só alcançou um comportamento estável aceitável acima de 900
o
C. Na
Figura V.2 é mostrada uma imagem tomada da superfície da amostra tratada a
1000°C. Um grande traço pode ser visualizado no centro que se estende ao longo
de pelo menos três centenas de nanômetros de dmetro.
31
A Figura V.3 mostra a imagem de AFM da pastilha de nanopós de ZnO, submetidos
a pressão de 1,3.10
8
Pa e posteriores tratamentos rmicos de 1000
o
C por 24 horas
.
Figura V.3. Imagens de AFM da pastilha de oxido de zinco (ZnO) sinterizada a 1000°C.
32
V.3. DIFRACTOMETRIA DE RAIOS X (DRX)
As medidas de DRX foram realizadas em um difratômetro Rigaku, modelo
DMax 2200. A fonte de raios X foi excitada com 40 kV e 30 mA. Os difratogramas
foram obtidos com radiação característica CuKα filtrada com uma lâmina de Ni, com
passo angular de 0,02º na faixa de 30
o
a 70
o
. A identificação das fases cristalinas
presente nos difratogramas foi realizada com ajuda das tabelas JCPDS (Joint
Committee on Powder Diffraction Standards).
A fase cristalina do pó estava consistente com a norma padrão JCPDS 36-
1451 por difração de raios x (DRX), mostrando a fase wurtzita. A Figura V.4 mostra
o difratograma de raios X obtido das amostras
30 40 50 60 70
(201)
(112)
(200)
(103)
(110)
(102)
(101)
(002)
(100)
Intensidade (u.a.)
2
Figura IV.4. Difratograma de raios X obtido da amostra de ZnO, com
tratamento térmico de 700°C. Mostra as bandas de clivagem características do oxido
de zinco (ZnO); apresentando os três primeiros picos sem o terceiro o mais
acentuado (101).
Com isso podemos afirmar que o material usado neste trabalho realmente é o
oxido de zinco (ZnO), mesmo prensado não perdeu suas características.
33
CAPÍTULO VI
VI. CONCLUSÕES
Nanopós de ZnO foram preparados pelo método sol-gel protéico; e as
pastilhas de ZnO foram comprimidas e tratadas termicamente, nas temperaturas de
500°C, 800°C e 1000°C. O comportamento espectroscópico do pó preparado de
ZnO, não mostrou nenhuma resposta espectroscópica. Uma interpretação
preliminarmente é que nanopós de ZnO comporta-se como uma molécula isolada de
ZnO, sem estrutura de banda gap, mas com níveis na região do UV acima de 325
nm. Um resultado semelhante foi observado em nanopartículas de Ag embutida em
vidro fluoroborate [COUTO DOS SANTOS, 1992]. O desaparecimento das linhas de
emissão em função da temperatura indica que existe um ponto de coalescência
térmica. As micrografias de força atômica deram apoio a esta explicação.
A análise por Difractometria de Raios X permitiu afirmar que foram
desenvolvidos nanocristais de ZnO com estrutura wurtzita. A emissão de luz no
visível tem uma forte dependência da pressão e da temperatura.
34
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APÊNDICE A
Artigo publicado na revista Physic B
“The influence of the pressure and temperature on the light emission of the ZnO
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