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Universidade de São Paulo
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto
Departamento de Química
Programa de Pós-Graduação em Química
“Adsorção de colato em hidróxidos duplos lamelares de
magnésio e alumínio: efeito da temperatura, pH e força iônica
do meio”
José Francisco Naime Filho
Dissertação apresentada à Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Ribeirão Preto da Universidade
de São Paulo, como parte das exigências para a
obtenção do título de Mestre em Ciências, Área:
Química
RIBEIRÃO PRETO - SP
2009
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2
Índice
1. Introdução............................................................................................................................2
1.1) Adsorção............................................................................................................................ 2
1.2) Hidróxidos Duplos Lamelares (HDL)............................................................................... 3
1.3) Propriedades e Aplicações dos Hidróxidos Duplos Lamelares........................................ 9
1.4) Hidróxidos Duplos Lamelares como adsorventes........................................................... 13
1.5) Síntese dos Hidróxidos Duplos Lamelares...................................................................... 14
1.5.1) Métodos de Síntese Direta ....................................................................................... 15
1.5.2) Métodos de Síntese Indireta..................................................................................... 17
1.6) Modelos Gerais para o Estudo de Adsorção................................................................... 19
1.7) O adsorvato – Ácido Cólico............................................................................................ 21
2. Objetivos ........................................................................................................................... 23
3. Parte Experimental .......................................................................................................... 24
3.1) Materiais ........................................................................................................................ 24
3.2) Preparação do HDL MgAlCO
3
, o adsorvente................................................................. 24
3.3) Tratamento Térmico – Calcinação.................................................................................. 25
3.4) Caracterização dos materiais obtidos............................................................................. 25
3.4.1) Difração de Raios-X no Pó...................................................................................... 25
3.4.2) Análise Termogravimétrica / Térmica Diferencial.................................................. 26
3.4.3) Espectroscopia na Região do Infravermelho........................................................... 26
3.4.4) Espectrofotometria de Absorção Atômica................................................................ 26
3.4.5) Espectrofotometria na Região do Ultravioleta-Visível............................................ 27
3.4.6) Área Superficial Específica...................................................................................... 27
3.4.7) Microscopia Eletrônica de Varredura..................................................................... 27
3.4.8) Potencial Eletrocinético e Potencial de Carga Zero............................................... 28
3.5) Quantificação dos Ânions Colato.................................................................................... 29
3.6) Estudo da adsorção e sorção dos ânions colato em MgAlCO
3
– HDL em função do
tempo ...................................................................................................................................... 29
3.7) Adsorção e Sorção........................................................................................................... 30
3.7.1) Determinação das isotermas de adsorção / sorção...................................................... 30
3.8) Forma de Tratamento de Dados...................................................................................... 31
3.9) Tratamento Estatístico dos Dados................................................................................... 34
4. Resultados e Discussão..................................................................................................... 37
4.1) Preparação e caracterização do adsorvente MgAlCO
3
-HDL......................................... 37
4.2) Estudo da adsorção de ânions colato em MgAlCO
3
-HDL em função do tempo – estudo
cinético.................................................................................................................................... 41
4.3) Adsorção dos ânions colato em MgAlCO
3
– HDL.......................................................... 50
4.3.1) Influência da temperatura e do pH.......................................................................... 51
4.3.2) Influência da Força Iônica e do pH......................................................................... 57
4.3.3) Influência da Temperatura e da Força Iônica......................................................... 62
4.4) Comparação entre as isotermas...................................................................................... 66
4.5) Tratamento Estatístico dos Dados – Análise Multivariacional....................................... 68
4.5.1) Cálculo dos efeitos principais (efeitos de primeira ordem)..................................... 69
4.5.2) Cálculo dos efeitos combinados (efeitos de segunda ordem) .................................. 70
4.6) Otimização do processo de adsorção – Experimentos a 288K....................................... 72
4.7) Sorção.............................................................................................................................. 75
4.7.1) Sorção de colato – Efeito da Temperatura.............................................................. 76
5. Conclusões......................................................................................................................... 84
6. Perspectivas....................................................................................................................... 86
7. Referências Bibliográficas............................................................................................... 87
Apêndice A..................................................................................................................................95
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Índice de Figuras
Figura 1.1. Representação esquemática de uma lamela de Mg(OH)
2
. ......................................... 4
Figura 1.2. Representação esquemática da estrutura do tipo da hidrotalcita............................... 5
Figura 1.3. Representação esquemática dos polítipos obtidos para os HDL................................. 6
Figura 1.4. Representação esquemática dos domínios contendo água nos HDL.......................... 9
Figura 1.5. Algumas das principais áreas de aplicação dos HDL .............................................. 10
Figura 1.6: Sistema de classificação de isotermas proposto por Giles. ....................................... 20
Figura 1.7. Representação da estrutura molecular do ácido cólico............................................. 22
Figura. 3.1: Exemplo para o cálculo do tamanho de partículas do HDL por DRXP: Mg-Al-CO
3
-
HDL utilizando KCl como padrão interno.................................................................................. 33
Figura 4.1. a) Difratograma de raios X no pó (DRXP) para: a) o MgAlCO
3
-HDL após
tratamento hidrotérmico; b) para o MgAlCO
3
-HDL após tratamento térmico (calcinação)....... 37
Figura 4.2. Curvas de TA e DTA para o MgAlCO
3
-HDL após o tratamento hidrotérmico ..... 38
Figura 4.3. Espectros IV-TF para o MgAlCO
3
-HDL: a)após tratamento hidrotérmico;
b)calcinado .................................................................................................................................. 39
Figura 4.4. Isotermas BET para o MgAlCO3-HDL: a) após o TH; b) calcinado....................... 40
Figura 4.5. Variação do Potencial Eletrocinético em função do pH, para suspensões do HDL em
água............................................................................................................................................. 40
Figura 4.6. Imagens de MEV para o MgAlCO
3
-HDL. a) não calcinado (5.000 x); b) não
calcinado (10.000 x); c) calcinado (1.000 x); d) calcinado (10.000 x)......................................... 41
Figura 4.7. Curvas de adsorção de ânions colato em MgAlCO
3
-HDL em função do tempo em
diferentes condições. a) em diferentes temperaturas (298 e 323K); b) na presença e na ausência
de NaCl no meio; c) em diferentes valores de pH das soluções iniciais de colato (7,0 e
10,0).Curva de evolução temporal do pH do sobrenadante (d), após a adsorção, em diversas
condições ..................................................................................................................................... 42
Figura 4.8. DRXP para o HDL original em diversas condições. a) puro; b) adsorvido com colato
a 298K em pH 10 ; c) adsorvido a 323 K em pH 7; d) adsorvido a 298 K em pH 7 com adição de
NaCl............................................................................................................................................ 45
Figura 4.9. Espectro na região do infravermelho para o HDL original. a) puro; b) adsorvido com
colato a 298K em pH 10; c) adsorvido a 323 K em pH 7; d) adsorvido a 298 K em pH 7 com
adição de NaCl ............................................................................................................................ 46
Figura 4.10. Curvas de adsorção e de sorção de colato em MgAlCO
3
-HDL ou no material
calcinado, em função do tempo em diferentes condições de temperatura. Comparação entre as
taxas de remoção de íons pelo HDL original e calcinado ............................................................ 48
Figura 4.11. DRXP para o HDL calcinado em diversas condições. a) puro; b) adsorvido a 323
K; c) adsorvido a 298 K............................................................................................................... 49
Figura 4.12. DRXP para o colato de sódio puro......................................................................... 50
Figura 4.13. Isotermas de adsorção de colato em HDL, a 298 e 323 K. a) pH 7,0; b) pH 10,0.. 51
Figura 4.14. Potecial eletrocinético em função da adsorção de colato em HDL, a 298 e 323 K. a)
pH 7; b) pH 10 ............................................................................................................................ 52
Figura 4.15. Variação do pH do sobrenadante em função da adsorção de colato em HDL, a 298 e
323K. a) pH 7; b) pH 10.............................................................................................................. 53
Figura 4.16. DRXP para o HDL adsorvido com colato em diferentes condições. a) puro; b)
adsorvido a 323 K a pH 7; c) adsorvido a 298 K a pH 7............................................................. 54
Figura 4.17. Espectros na região do infravermelho para o HDL adsorvido com colato em
diferentes condições. a) puro; b) adsorvido a 323 K a pH 7; c) adsorvido a 298 K a pH 7.......... 55
Figura 4.18. Isotermas de adsorção de colato em HDL, a 298 K com e sem adição de NaCl a) pH
7,0; b) pH 10,0. ........................................................................................................................... 57
Figura 4.19. Potencial Eletrocinético em função da adsorção de colato em HDL, a 298 K com e
sem adição de NaCl. a) pH 7; b) pH 10....................................................................................... 58
Figura 4.20. Variação do pH em função da adsorção de colato em HDL, com e sem adição de
0,1M de NaCl no meio. a) pH 7; b) pH 10.................................................................................. 59
Figura 4.21. DRXP para o HDL adsorvido com colato em diferentes condições. a) puro; b)
adsorvido a 298 K, pH 10 ; c) adsorvido a 298 K a pH 7............................................................ 60
Figura 4.22. Espectros de IV-TF para o HDL adsorvido com colato em diferentes condições. a)
puro; b) adsorvido a 298 K e pH 10; c) adsorvido a 298 K e pH 7.............................................. 61
Figura 4.23. Isotermas de adsorção de colato em HDL, a pH 7,0 com e sem adição de NaCl. a)
298K; b) 323K............................................................................................................................. 62
Figura 4.24. Potencial Eletrocinético em função da adsorção de colato em HDL, (pH inicial das
soluções igual a 7,0) com e sem adição de NaCl. a) 298K; b) 323K............................................ 63
Figura 4.25. Variação do pH em função da adsorção de colato em HDL, com e sem adição de
0,1M de NaCl no meio. a) 298K; b) 323K................................................................................... 64
Figura 4.26. DRXP para o HDL adsorvido com colato em diferentes condições. a) puro; b) 323K
e presença de 0,1M de NaCl ; c) 298 K e presença de 0,1M de NaCl ......................................... 65
Figura 4.27. Isotermas relativas a adsorção de colato em MgAlCO
3
-HDL, considerando todas
as variáveis analisadas ................................................................................................................ 66
Figura 4.28. Esquema de Adsorção de Colato por Interações Eletrostáticas.............................. 68
Figura 4.29. Comparação das isotermas de adsorção de colato a 288K e 298K. a) pH 7, com
adição de 0,1M de NaCl; b) pH 7, sem adição de NaCl .............................................................. 72
Figura 4.30. Potencial eletrocinético em função da adsorção de colato em HDL, à 288 e 298 K
em pH 7. a) com adição de 0,1M de NaCl; b) sem adição de NaCl............................................. 74
Figura 4.31. DRXP (à esquerda) e IV-TF (à direita) para o HDL adsorvido com colato a 288 K.
a) puro; b) pH 7; c) pH 7 e adição de 0,1M de NaCl................................................................... 75
Figura 4.32. Representação esquemática do processo de calcinação/sorção................................ 76
Figura 4.33. Sorção de colato no HDL calcinado a 298 e 323 K. a) Isotermas; b) Potencial
Eletrocinético em função da sorção ............................................................................................. 76
Figura 4.34. Isotermas de sorção de colato no HDL calcinado à 298 e 288 K. a) Isotermas; b)
Potencial Eletrocinético em função da sorção ............................................................................. 77
Figura 4.35. Variação do pH do sobrenadante em função da sorção de colato em HDL, à 288,
298 e 323K. ................................................................................................................................. 79
Figura 4.36. DRXP para o HDL sorvido com colato em diferentes temperaturas. a) regenerado
em H
2
O; b) 323 K; c) 298 K e d) 288 K....................................................................................... 80
Figura 4.37. Esquema de Sorção de Colato. ............................................................................... 81
Figura 4.38. IV-TF para o HDL sorvido com colato em diferentes temperaturas. a) regenerado
em H
2
O; b) 323 K; c) 298 K e d) 288 K....................................................................................... 82
Índice de Tabelas
Tabela 1.1: Combinações de cátions divalentes e trivalentes em HDL........................................ 7
Tabela 1.2. Propriedades Físico-Químicas do Ácido Cólico ...................................................... 22
Tabela 3.1. Níveis dos fatores para os experimentos de adsorção.............................................. 35
Tabela 3.2. Matriz experimental para os experimentos de adsorção de colato em MgAlCO
3
HDL ............................................................................................................................................ 35
Tabela 4.1. Taxas de extração de colato pelo HDL original....................................................... 44
Tabela 4.2. Tamanho médio dos cristalitos para o HDL adsorvido com colato (estudo cinético)
..................................................................................................................................................... 47
Tabela 4.3. Taxas de extração de colato pelo HDL calcinado .................................................... 48
Tabela 4.4. Tamanho médio dos cristalitos para o HDL adsorvido com colato variando o pH e a
temperatura................................................................................................................................. 55
Tabela 4.5. Dados sobre a quantidade máxima adsorvida pelo HDL não-calcinado, em diversas
condições, considerando-se a influência da temperatura e do pH .............................................. 56
Tabela 4.6. Tamanho médio dos cristalitos para o HDL adsorvido com colato variando a força
iônica e o pH................................................................................................................................ 60
Tabela 4.7. Dados sobre a quantidade máxima adsorvida pelo HDL não-calcinado, em diversas
condições, considerando-se a influência da temperatura e do pH............................................... 61
Tabela 4.8. Tamanho médio dos cristalitos para o HDL adsorvido com colato variando a
temperatura e a força iônica do meio........................................................................................... 65
Tabela 4.9. Dados sobre a quantidade máxima adsorvida pelo HDL não-calcinado, em diversas
condições, considerando-se a influência da temperatura e da força iônica.................................. 66
Tabela 4.10. Matriz experimental para os experimentos de adsorção de colato em MgAlCO
3
HDL e suas variáveis respostas (adsorção máxima e eficiência de adsorção).............................. 69
Tabela 4.11. Valores absolutos dos efeitos principais na adsorção de colato em MgAlCO
3
HDL e sua influência (em %) no processo, baseado em duas respostas (adsorção máxima e
eficiência de adsorção)................................................................................................................. 70
Tabela 4.12. Valores absolutos dos efeitos combinados na adsorção de colato em MgAlCO
3
HDL e sua influência (em %) no processo baseado em duas respostas (adsorção máxima e
eficiência de adsorção)................................................................................................................. 71
Tabela 4.13. Dados sobre a quantidade máxima adsorvida pelo HDL não-calcinado, em diversas
condições (experimentos a 288 K)............................................................................................... 73
Tabela 4.14. Dados sobre a quantidade máxima sorvida pelo HDL calcinado, em diversas
temperaturas ............................................................................................................................... 78
Tabela A.1. Detalhes sobre os reagentes utilizados....................................................................95
Introdução
2
1. Introdução
1.1) Adsorção
A adsorção pode ser descrita como fenômeno do acúmulo de espécies (adsorvato)
sobre uma superfície (adsorvente).
A utilidade da adsorção tem uma longa história e sua primeira aplicação foi
notada no Antigo Egito. No entanto, o uso racional do fenômeno, considerando os
propósitos industriais, começou no século XVIII, quando o químico sueco Carl Wilhelm
Scheele descobriu, em 1773, que gases ficavam aprisionados nos poros dos sólidos.
Mais tarde, em 1794, o acadêmico russo Lowitz descobriu que o carvão, quando imerso
em uma solução de ácido tartárico, mudava de cor pela adsorção dos contaminantes
orgânicos.
A descoberta do processo de adsorção seletiva pelo cientista russo Tswett, em
1903, originou uma nova técnica analítica que é a adsorção cromatográfica. Tswett
recomendou esse processo para a separação de várias misturas. Amplas investigações de
adsorção continuaram durante a Primeira Guerra Mundial no sentido de proteger os
seres humanos dos agentes tóxicos introduzidos no ar.
As experiências e pesquisas de guerra, feitas na década de 1930, levaram ao
desenvolvimento de tecnologias para a obtenção de carvão ativo que é um dos
adsorventes mais utilizados.
No presente, a produção de novos adsorventes, catalisadores e trocadores de íons
são extremamente relacionados com ciência de materiais, que podem ser considerados
como uma tecnologia estratégica para o século XXI. A teoria de adsorção iniciou-se
com o trabalho fundamental de Langmuir e tem sido extensivamente estudada durante
os últimos setenta anos e hoje constitui em um dos assuntos importantes da química
moderna de superfície.
1
A adsorção é um dos processos mais eficientes no tratamento de efluentes,
empregado pelas indústrias para reduzir a concentração de compostos poluentes, tanto
orgânicos como inorgânicos.
Poluentes orgânicos em solos e suprimentos de água potável têm se tornado sério
problema ambiental. Proteção e recuperação de solos e aqüíferos contaminados por
compostos orgânicos requerem esforços adicionais em pesquisa no desenvolvimento de
Introdução
3
materiais adsorventes naturais ou sintéticos que efetivamente removam esses
poluentes.
2
Ahmaruzzaman e Sharma (2005) utilizaram materiais de baixo custo como
resíduos de carvão na adsorção de fenol em efluentes. Nesse estudo, foram usados os
modelos de isoterma de Langmuir, de Freudlich e de Redlich-Peterson.
3
Outros materiais adsorventes amplamente pesquisados são as zeólitas. As zeólitas
são importantes adsorventes em processos comerciais incluindo o tratamento de água, a
separação de gases, e craqueamento de hidrocarbonetos de cadeia longa para
produzirem gasolina de alta octanagem.
4
O processo de adsorção pode ser dividido em duas classes: adsorção física e
adsorção química. Na adsorção física, também conhecida como fisiossorção, a interação
entre adsorvente e adsorvato é do tipo de van der Waals. Essa interação tem como
característica um longo alcance, porém fraca, sendo que a energia envolvida, quando
uma partícula é assim adsorvida, é da mesma magnitude da entalpia de condensação.
Na
adsorção química, também conhecida como quimiossorção, as partículas se aderem à
superfície por meio de uma ligação química (usualmente covalente) e tendem a ocupar
sítios que maximizem seu número de coordenação com o substrato. A entalpia de
quimiossorção é muito maior que a observada na fisiossorção.
5
1.2) Hidróxidos Duplos Lamelares (HDL)
Os Hidróxidos Duplos Lamelares, tanto naturais quanto sintéticos, podem ser
denominados de diversas maneiras, tais como: hidróxidos metálicos mistos, compostos
do tipo hidrotalcita e argilas aniônicas.
Hidróxidos Duplos Lamelares são minerais pouco abundantes na natureza, sendo
o mais comum a hidrotalcita, que é constituída principalmente de hidróxido duplo
lamelar de magnésio e alumínio, contendo carbonato intercalado. Pode ser encontrado
em depósitos salinos, o que evidencia que altas condições de temperatura e pressão não
são absolutamente necessárias para sua obtenção. Minerais da família das argilas
aniônicas são reportados por mineralogistas desde o início do século passado.
Os
principais relatos datam de 1926 (Kurnakov e Chernykh); 1930 (Aminoff e Broomè);
1933 (Read e Dixon) e 1941 (Frondell). Entretanto, o primeiro relato que trata da
existência desses materiais ocorreu na Suécia em 1842, com a descoberta de um mineral
Introdução
4
branco que podia ser facilmente macerado resultando em um semelhante ao talco,
daí o nome hidrotalcita.
6-8
Devido ao grande número de combinações entre cátions e ânions possíveis, uma
ampla gama de HDL pode ser obtida em laboratório. Esses compostos podem ser
representados pela seguinte fórmula geral:
[
]
OnHA)OH(MM
2
m
m/x2
III
x
II
x1
+
onde:
M
II
representa um cátion divalente;
M
III
representa um cátion trivalente;
A
m-
representa o ânion intercalado com carga m
-
.
Que pode ser simplificada e representada por:
HDL
A
M
M
IIIII
A princípio, a caracterização da estrutura dos HDL foi detalhadamente elaborada
por Allmann
9
e Taylor
10
estudando monocristais de piroaurita e esjorgrenita. Entretanto,
o HDL mais estudado até hoje é a hidrotalcita e seus similares sintéticos.
Para que se tenha um melhor entendimento da estrutura de um Hidróxido Duplo
Lamelar, pode-se partir de um composto com estrutura bastante similar, a brucita, um
mineral constituído de Mg(OH)
2
. Nesse mineral, os íons magnésio são octaédricamente
coordenados por hidroxilas, com as unidades octaédricas compartilhando arestas,
formando camadas infinitas, como representado na figura 1.1. Nesse caso, as camadas
são empilhadas umas sobre as outras, por meio de ligações de hidrogênio.
Figura 1.1. Representação esquemática de uma lamela de Mg(OH)
2
.
Se uma parcela dos íons magnésio na estrutura da brucita são isomórficamente
substituídos por cátions de maior carga (cátions trivalentes, como por exemplo Al
3+
ou
Introdução
5
Cr
3+
), então a carga da lamela passa a ser positiva, sendo necessário a presença de
ânions para neutralizar essa carga. A intercalação de ânions hidratados, entre as lamelas,
possibilitará o balanceamento dessa carga residual com o empilhamento das mesmas,
resultando na estrutura característica dos Hidróxidos Duplos Lamelares, representada
pela estrutura da hidrotalcita que está esquematizada na figura 1.2. Uma enorme
variedade de ânions, orgânicos ou inorgânicos, pode ocupar o domínio interlamelar dos
HDL.
Figura 1.2. Representação esquemática da estrutura do tipo da hidrotalcita.
A estrutura descrita anteriormente (empilhamento de lamelas positivamente
carregadas, neutralizadas por ânions no domínio interlamelar) é comum a todos os
Hidróxidos Duplos Lamelares.
10
Os HDL o classificados no sistema cristalino
hexagonal, com exceção da proporção M
II
/M
III
= 1, que pertence ao sistema
ortorrômbico. A análise por difração de raios-X no resulta em difratogramas com
padrões característicos, apresentando reflexões (00l) relacionadas com o empilhamento
das camadas, reflexões (hk0) associadas à organização da estrutura no interior das
lamelas e reflexões (0kl) relacionadas com a ordenação de uma lamela em relação à
outra. Conforme a ordenação do empilhamento no sistema hexagonal são possíveis três
polítipos: 3R, com distância interlamelar igual a c/3, encontrados na maioria dos HDL
naturais ou sintéticos; 2H, com distância interlamelar igual a c/2, mais raro e associado
Introdução
6
à formação em altas temperaturas e pressões
7,11
e 1H, com distância interlamelar igual a
c, bastante raro e associado a HDL altamente hidratados, freqüentemente intercalados
com ânion sulfato (d 11 Å). A figura 1.3 ilustra a diferença entre os politipos
apresentados.
c
c/3 = d
c/3
c/3
c/2 = d
c/2
c = d
c
c
c/3 = d
c/3
c/3
c/2 = d
c/2
c = d
cc
Figura 1.3. Representação esquemática dos polítipos obtidos para os HDL.
O espaçamento basal para um HDL com simetria 3R é igual à espessura da
camada mais o tamanho do ânion interlamelar. Essa espessura da camada varia, numa
faixa de 4,5 a 4,8 Å, com a composição dos cations. A distância interlamelar depende da
dimensão, da orientação dos ânions entre as camadas, da hidratação e da interação entre
os mesmos. Quando a simetria é do tipo 1H ou 2H, o resultado da soma da espessura da
lamela com o tamanho do ânion interlamelar é menor que o espaçamento basal obtido.
Feitknecht
12
atribui este fato à presença de moléculas de água entre o ânion e a lamela.
Os cátions metálicos formadores da estrutura devem apresentar coordenação
octaédrica e uma faixa de raio iônico normalmente entre 0,50 e 0,74 Å. Em alguns
casos, os cátions podem apresentar coordenação tetraédrica, entretanto, a estabilização
das camadas é menor.
13-16
A tabela 1.1 apresenta combinações de cátions utilizados na
obtenção de HDL.
6
Introdução
7
Tabela 1.1: Combinações de cátions divalentes e trivalentes em HDL
.
Cátion
Trivalente
Divalente
Al
Fe
Cr
Co
Mn
Ni
Sc
Ga
Ti*
La
V
Sb
Y
In
Zr*
Mg
Ni
Zn
Cu
Co
Mn
Fe
Ca
Li**
Cd
(* tetravalente; ** monovalente)
A razão entre os cátions di e trivalentes (M
II
/M
III
) nos HDL pode variar em um
intervalo de 1 a 6, correspondendo a uma faixa de 0,14 x 0,5 no parâmetro x da
fórmula geral (onde x = M
III
/(M
II
+ M
III
))
17
. Essa razão determina a densidade de carga
da lamela do HDL, e tem influência sobre propriedades como organização estrutural e
capacidade de troca iônica. Uma redução nesta razão resulta num aumento da densidade
de carga da lamela e, conseqüentemente, a intercalação de uma quantidade
relativamente maior de ânions, uma vez que para cada cátion trivalente tem-se na
intercamada uma quantidade equivalente (em termos de cargas) de ânions. Um aumento
dessa razão implica na redução da densidade de carga e, portanto na quantidade relativa
de ânions. Nesse caso, os ânions podem estar suficientemente espaçados para que poros
sejam formados entre eles, disponibilizando assim a área interna dos HDL. De acordo
com Vaccari, somente é possível obter HDL puros com uma razão entre os cátions de
0,2 x 0,34. Para razões fora deste intervalo, compostos com diferentes estruturas
têm sido observados
7
. Em HDL como os de Mg e Al formados com valores de x
menores que 0,33, os octaedros de Al não são vizinhos. Quando o valor de x aumenta,
ocorre um aumento no número de octaedros de Al vizinhos, conduzindo à formação de
Al(OH)
3
. Do mesmo modo, baixos valores de x produzem uma alta densidade nos
octaedros de Mg das lamelas do HDL, que atuam como um núcleo para a formação de
Mg(OH)
2
.
Estudos empregando difração de raios-X em monocristal
9
,
1
H RMN
18,19
e
EXAFS
20
revelam a natureza altamente desordenada do domínio interlamelar. Os ânions
e as moléculas de água na região interlamelar são dispostos ao acaso e são livres para se
Introdução
8
mover pela quebra de suas interações (ligações de hidrogênio) e formação de outras
7
.
Baseado nesse comportamento, muitos autores consideram o domínio interlamelar dos
HDL como um estado quase líquido.
6,9,20
A natureza dos ânions capazes de compensar a carga residual positiva das lamelas
dos HDL é quase ilimitada. Entretanto, quando o ânion de interesse não é carbonato,
torna-se mais difícil obter materiais puros e cristalinos, pois é preciso evitar, durante a
síntese, a contaminação da solução aquosa por esses ânions oriundos do CO
2
atmosférico
21
.
Uma ampla variedade de ânions foi intercalada dentre elas: ânions inorgânicos
(F
-
, Cl
-
, Br
-
, I
-
, (ClO
4
)
-
, (NO
3
)
-
, (ClO
3
)
-
, (IO
3
)
-
, OH
-
, (CO
3
)
-
, (SO
4
)
-
, (S
2
O
3
)
2-
, (WO
4
)
2-
,
(CrO
4
)
2-
); ânions complexos ([Fe(CN)
6
]
3-
, [Fe(CN)
6
]
4-
, [SiO(OH)
3
]
-
); ânions organo-
inorgânicos (sulfatos, sulfonatos, fosfonatos); carboxilatos (tereftalato, benzoato,
ânions de ácidos graxos); polímeros aniônicos (
poli(acrilato), poli(acrilonitrila),
poli(estireno-sulfonato));
macrociclos (ftalocianinas e porfirinas); compostos lamelares
((Mg
2
Al(OH)
6+.
[Mg
3
(OH)
2
/Si
3
AlO
10
]
-
); biomoléculas (peptídeos, ATP); dentre outras.
Na preparação de HDL, um fator de extrema importância é a capacidade de
estabilização da estrutura lamelar que o ânion a ser intercalado apresenta. Quanto maior
essa capacidade, mais facilmente o HDL se formará. Ânions inorgânicos simples
seguem a seguinte seqüência de interação (e, conseqüentemente, facilidade de
intercalação) com as lamelas:
CO
3
2-
> OH
-
> F
-
> Cl
-
> SO
4
-
> Br
-
> NO
3
-
>I
-
A estrutura dos HDL é altamente influenciada pela natureza (tamanho, carga,
geometria) e a distribuição (orientação em relação às lamelas) dos ânions intercalados,
determinando o espaçamento interlamelar
6,22
.
As moléculas de água nos HDL encontram-se no domínio interlamelar,
juntamente com os ânions (águas de hidratação, ou intrínseca) e também entre os
cristalitos e adsorvida na superfície (extrínseca). As moléculas intrínsecas fazem parte
da estrutura cristalina do HDL, enquanto que as extrínsecas têm sua quantidade
dependente da umidade relativa da atmosfera com a qual o HDL está em contato.
6,23
O
estado de hidratação global é dado pela soma das moléculas presentes nos domínios
intrínseco e extrínseco. A figura 1.4 mostra uma esquematização dos domínios das
moléculas de água nos HDL.
Introdução
9
Cristalitos de
Argila Aniônica
Lamela do tipo da brucita
Domínio interlamelar
Dom
í
nio extrínseco
Ânion interlamelar
Molécula de água
Hidróxido Duplo Lamelar
Figura 1.4. Representação esquemática dos domínios contendo água nos HDL.
A quantidade de água nos HDL é determinada por análise termogravimétrica e a
perda de água de hidratação ocorre numa faixa de temperatura
24
. As temperaturas
limites desta faixa são relacionadas com a composição e o método de síntese do
material. HDL que foram secos a vácuo ou ao ar, começam a perder água desde a
temperatura ambiente. HDL com cristalitos muito pequenos tendem a adsorver grandes
quantidades de água da atmosfera. Muitos autores consideram a massa perdida pelo
HDL, até aproximadamente 373 K, como proveniente da água adsorvida
(extrínseca).
7,25-27
Os HDL não apresentam propriedades de expansão interlamelar para intercalar
moléculas neutras e grandes quantidades de água, devido à forte interação eletrostática
entre as lamelas e os ânions interlamelares.
17
A inserção de moléculas polares é
possível, quando as lamelas são separadas por ânions volumosos intercalados, como o
composto Zn
2
Cr(OH)
6
(C
12
H
25
SO
4
).12H
2
O, com espaçamento basal de 26,15 Å, que
expande este espaçamento para 44,9 Å em presença de C
16
H
33
OH.
23
No caso de
tensoativos aniônicos, a orientação do ânion ocorre de modo que a cabeça polar fique
próxima da lamela e a calda apolar, voltada para o interior do domínio interlamelar
gerando uma região hidrofóbica na intercamada.
22
Existe ainda na literatura uma revisão
que trata da presença de sais neutros como MgSO
4
, NiSO
4
e Na
2
SO
4
, em argilas
aniônicas naturais.
17
1.3) Propriedades e Aplicações dos Hidróxidos Duplos Lamelares.
Devido à grande variedade de combinações possíveis entre cátions e ânions, os
HDL apresentam notáveis propriedades estruturais, químicas e físicas que conferem a
Introdução
10
estes materiais e seus produtos de decomposição térmica, uma gama de aplicações
bastante extensa em áreas diversificadas. Algumas das principais áreas de aplicação dos
HDL são mostradas na figura 1.5.
7
Suporte p/ Catalisadores
- Ziegler- Natta
- CeO
2
- Decomposi ção SOx e NOx
Catalisadores
- Catálise Básica
- Hidrogenação
- Polimeriza ção
- Reforma Catal ítica
- Oxidação
- Decomposi ção SOx e NOx
Adsorvente
- Halogênios
- Compostos Orgânicos
Industrial
- Retardante de Chama
- Tratamento de Efluentes
- Estabilizante PVC
Medicinal
- Antiácido
- Antipéptico
- Veículo
HIDR
HIDR
Ó
Ó
XIDOS DUPLOS
XIDOS DUPLOS
LAMELARES
LAMELARES
Suporte p/ Catalisadores
- Ziegler- Natta
- CeO
2
- Decomposi ção SOx e NOx
Suporte p/ Catalisadores
- Ziegler- Natta
- CeO
2
- Decomposi ção SOx e NOx
Catalisadores
- Catálise Básica
- Hidrogenação
- Polimeriza ção
- Reforma Catal ítica
- Oxidação
- Decomposi ção SOx e NOx
Catalisadores
- Catálise Básica
- Hidrogenação
- Polimeriza ção
- Reforma Catal ítica
- Oxidação
- Decomposi ção SOx e NOx
Adsorvente
- Halogênios
- Compostos Orgânicos
Adsorvente
- Halogênios
- Compostos Orgânicos
Industrial
- Retardante de Chama
- Tratamento de Efluentes
- Estabilizante PVC
Industrial
- Retardante de Chama
- Tratamento de Efluentes
- Estabilizante de polímeros
Medicinal
- Antiácido
- Antipéptico
- Veículo
Medicinal
- Antiácido
- Antipéptico
- Veículo
HIDR
HIDR
Ó
Ó
XIDOS DUPLOS
XIDOS DUPLOS
LAMELARES
LAMELARES
HIDR
HIDR
Ó
Ó
XIDOS DUPLOS
XIDOS DUPLOS
LAMELARES
LAMELARES
Suporte p/ Catalisadores
- Ziegler- Natta
- CeO
2
- Decomposi ção SOx e NOx
Catalisadores
- Catálise Básica
- Hidrogenação
- Polimeriza ção
- Reforma Catal ítica
- Oxidação
- Decomposi ção SOx e NOx
Adsorvente
- Halogênios
- Compostos Orgânicos
Industrial
- Retardante de Chama
- Tratamento de Efluentes
- Estabilizante PVC
Medicinal
- Antiácido
- Antipéptico
- Veículo
HIDR
HIDR
Ó
Ó
XIDOS DUPLOS
XIDOS DUPLOS
LAMELARES
LAMELARES
Suporte p/ Catalisadores
- Ziegler- Natta
- CeO
2
- Decomposi ção SOx e NOx
Suporte p/ Catalisadores
- Ziegler- Natta
- CeO
2
- Decomposi ção SOx e NOx
Catalisadores
- Catálise Básica
- Hidrogenação
- Polimeriza ção
- Reforma Catal ítica
- Oxidação
- Decomposi ção SOx e NOx
Catalisadores
- Catálise Básica
- Hidrogenação
- Polimeriza ção
- Reforma Catal ítica
- Oxidação
- Decomposi ção
Suporte p/ Catalisadores
- Ziegler- Natta
- CeO
2
- Decomposi ção SOx e NOx
Catalisadores
- Catálise Básica
- Hidrogenação
- Polimeriza ção
- Reforma Catal ítica
- Oxidação
- Decomposi ção SOx e NOx
Adsorvente
- Halogênios
- Compostos Orgânicos
Industrial
- Retardante de Chama
- Tratamento de Efluentes
- Estabilizante PVC
Medicinal
- Antiácido
- Antipéptico
- Veículo
HIDR
HIDR
Ó
Ó
XIDOS DUPLOS
XIDOS DUPLOS
LAMELARES
LAMELARES
Suporte p/ Catalisadores
- Ziegler- Natta
- CeO
2
- Decomposi ção SOx e NOx
Suporte p/ Catalisadores
- Ziegler- Natta
- CeO
2
- Decomposi ção SOx e NOx
Catalisadores
- Catálise Básica
- Hidrogenação
- Polimeriza ção
- Reforma Catal ítica
- Oxidação
- Decomposi ção SOx e NOx
Catalisadores
- Catálise Básica
- Hidrogenação
- Polimeriza ção
- Reforma Catal ítica
- Oxidação
- Decomposi ção SOx e NOx
Adsorvente
- Halogênios
- Compostos Orgânicos
Adsorvente
- Halogênios
- Compostos Orgânicos
Industrial
- Retardante de Chama
- Tratamento de Efluentes
- Estabilizante PVC
Industrial
- Retardante de Chama
- Tratamento de Efluentes
- Estabilizante de polímeros
Medicinal
- Antiácido
- Antipéptico
- Veículo
Medicinal
- Antiácido
- Antipéptico
- Veículo
HIDR
HIDR
Ó
Ó
XIDOS DUPLOS
XIDOS DUPLOS
LAMELARES
LAMELARES
HIDR
HIDR
Ó
Ó
XIDOS DUPLOS
XIDOS DUPLOS
LAMELARES
LAMELARES
Figura 1.5. Algumas das principais áreas de aplicação dos HDL.
Os produtos de decomposição térmica obtidos pelo processo de calcinação do
HDL são os óxidos metálicos (M
2+
O) e óxidos mistos (M
2+
M
3+
)
2
O
4
, além da
possibilidade de formação de espinélios como MgAl
2
O
4
, quando calcinados em
temperaturas entre 873 e 1073 K. A estabilidade térmica desses materiais é avaliada por
análise termogravimétrica e rmica diferencial. Entretanto, é difícil descrever um
comportamento geral para a decomposição térmica, por causa da diversidade de
composição apresentada por estes materiais.
6,7,28
A hidrotalcita e seus similares sintéticos são os HDL mais estudados quanto a sua
estabilidade térmica.
29
As etapas e a seqüência de decomposição térmica podem variar
conforme a razão entre os cátions
30
, mas, de um modo geral, obedece à seqüência: i) a
perda de água adsorvida; ii) a perda da água de hidratação; iii) a decomposição de parte
dos grupos hidroxilas (desidroxilação) e decomposição do ânion interlamelar; iv) a
decomposição dos grupos hidroxilas residuais. Em muitos casos, essas faixas se
sobrepõem, tornando impossível uma distinção clara entre as mesmas.
11,31
Os óxi-hidróxidos obtidos por calcinação apresentam superfície básica, sendo
excelentes catalisadores heterogêneos. Os de Mg-Al, por exemplo, têm importância
particular, pois podem substituir compostos alcalinos, no desenvolvimento de
catalisadores sólidos que não afetam o meio ambiente e são facilmente reciclados.
Introdução
11
Ainda em catálise, os HDL são empregados como suporte para catalisadores, podendo
suportá-los de duas formas: i) adsorvido na superfície do HDL ou ii) intercalado entre
as lamelas de hidróxido duplo lamelar.
31-33
Os HDL também são aplicados como estabilizadores para polímeros como, por
exemplo, polietileno (PE), polipropileno (PP) e poli-(cloreto de vinila) (PVC), trazendo
como benefícios maior resistência térmica, maior resistência à chama e maior
estabilidade frente à radiação ultravioleta. Podem agir como retardantes de chama por
dois modos de ação: i) pela diluição do polímero, reduzindo a quantidade total de
material que pode entrar em combustão, e ii) pela liberação de uma grande quantidade
de gases não combustíveis (CO
2
e H
2
O) quando aquecidos, reduzindo a concentração de
O
2
na superfície do material em combustão.
7,34
A condutividade elétrica dos HDL está ligada à mobilidade dos ânions
interlamelares. Estudos revelam que a condutividade de alguns ânions em HDL de [Zn-
Cr-A], onde A é
F
,
Cl
,
Br
,
I
,
2
3
CO ,
3
NO , ou
OH
, está relacionada com a
relação carga/raio dos ânions e também com a sua geometria.
35
Os HDL têm sido
empregados na preparação de eletrodos modificados, com vantagens sobre eletrodos
comerciais, como: maior estabilidade química e mecânica, melhor capacidade de
transferência de carga, tornando a reação eletroquímica mais facilmente reversível, e
superfície de recobrimento do eletrodo bastante homogênea. A intercalação de ânions
eletroativos em HDL tem possibilitado estudos eletroquímicos comparativos entre o
ânion intercalado na matriz do HDL (eletrodo modificado) e o ânion livre. Também tem
sido investigada a influência do tipo e da proporção dos cátions metálicos M
II
e M
III
neste tipo de material.
36,37
As propriedades texturais são influenciadas pelas variáveis no processo de síntese
tais como: tempo e temperatura do tratamento hidrotérmico, velocidade de adição e
concentração das soluções utilizadas. Essas variáveis afetam a coagulação, a forma e a
porosidade das partículas obtidas, dificultando uma generalização. Os parâmetros mais
freqüentemente observados serão discutidos a seguir.
A porosidade e a área superficial específica dos HDL são de grande importância
para sua aplicabilidade como adsorventes e catalisadores. Na literatura científica,
encontram-se valores na faixa de 50 a 100 m
2
g
-1
para este tipo de material
6,7
, sendo que
o domínio interlamelar não está disponível devido a sua alta densidade de carga,
estabilizada pela presença de ânions e moléculas de água. Quando ânions orgânicos são
Introdução
12
intercalados, estes valores tendem a diminuir pela possibilidade de adsorção destes
ânions na superfície, preenchendo os poros de menor diâmetro.
22,38
Quando a síntese é
realizada em temperaturas mais altas, uma diminuição na área superficial é observada,
podendo chegar até apenas 12 m
2
g
-1
.
25
Os poros são superficiais, não interconectados e situados nas faixas de microporos
(φ < 20 Å) e mesoporos (20 < φ < 500 Å).
11,39,40
Em HDL puros, obtêm-se poros com
diâmetros entre 75 e 300 Å. Quando calcinados a 723 K, observa-se um grande número
de poros entre 20 e 40 Å, resultando em um considerável aumento na área superficial.
39
A morfologia, avaliada por microscopia eletrônica de varredura e transmissão,
mostra partículas achatadas, como escamas, podendo exibir partículas muito pequenas,
em formato de esferas, em casos onde o material é pouco ordenado.
39,41-43
O tamanho de partículas dos HDL tem sido pouco estudado e comentado na
literatura, encontrando-se apenas medidas obtidas através da largura à meia altura dos
picos obtidos no difratograma de raios-X no pó. Essa técnica não considera a agregação
entre os cristalitos, de modo que um valor médio, e não uma distribuição do tamanho
das partículas é calculado. Os valores assim reportados variam entre 134 e 1653 Å, para
um Mg-Al-CO
3
-HDL (Mg/Al = 3), com tratamento hidrotérmico, variando entre 313 e
473 K.
7
A capacidade de troca aniônica dos HDL é uma propriedade dependente da razão
entre os cátions metálicos M
II
e M
III
e da massa molecular dos cátions e ânions
envolvidos. Entretanto, a troca nunca é 100% efetiva, devido a fatores como a
capacidade dos ânions envolvidos em estabilizar a estrutura lamelar.
44
A reação de troca
iônica é realizada por meio do simples contato por um tempo determinado (> 24 horas)
de uma suspensão do HDL precursor em solução aquosa, contendo excesso do ânion de
interesse. O pH da solução pode favorecer ou não a troca e deve ser compatível com a
faixa de estabilidade do HDL precursor e do ânion.
45
O termo “efeito memória” descreve a propriedade de regeneração da estrutura
lamelar, característica apenas em HDL dos sistemas Mg-Al e Zn-Al intercalados com
ânions que se decompõem termicamente. Quando calcinados à temperatura adequada
(determinada por análise termogravimétrica e normalmente variando entre 673 e
823 K), esses materiais formam oxi-hidróxidos mistos, que ao serem colocados em uma
solução aquosa, podem intercalar os ânions ali presentes, formando um novo HDL
intercalado com os ânions que se encontravam em solução. Essa propriedade depende
da temperatura de calcinação, pois acima de 873 K, os HDL perdem a capacidade de
Introdução
13
regeneração, devido à decomposição completa das hidroxilas, produzindo fases
cristalinas estáveis dos óxidos. Em HDL dos sistemas mencionados, a etapa de
eliminação de água não causa mudanças na morfologia cristalina, ou esfoliação da
estrutura lamelar, preservando a microestrutura lamelar após a decomposição térmica e
possibilitando a reconstituição da estrutura lamelar do precursor com um ânion
interlamelar de interesse.
46
A regeneração estrutural pode ocorrer pelo contato com água, do óxido misto
formado após a calcinação, produzindo um HDL intercalado com grupos hidroxilas
provenientes da hidrólise. A regeneração também pode ocorrer pela simples exposição
da suspensão aquosa do HDL calcinado ao dióxido de carbono da atmosfera, com
intercalação de ânions carbonato.
17
A região interlamelar dos HDL fornece um novo meio para reações fotoquímicas
de moléculas fotoativas. As propriedades fotoquímicas e fotofísicas de compostos
intercalados têm mostrado a ocorrência de fotodimerização e fotoisomerização entre as
lamelas.
47
Na área farmacêutica, as aplicações concentram-se nos agentes atuantes no suco
gástrico (antiácidos), mais especificamente com MgAlCO
3
-HDL. Estudos realizados in
vitro e in vivo confirmam a eficácia do HDL como antiácido, atuando na inibição da
ação do HCl e da pepsina no suco gástrico.
48-50
Uma outra aplicação no campo medicinal tem sido como veículo na administração
de drogas. A droga pode ser apenas misturada ou intercalada (se for um ânion) no HDL.
Em ambos os casos, o HDL atua como veículo e também como antiácido, minimizando
efeitos colaterais como irritação da mucosa do estômago. Se a droga é intercalada no
HDL, tem-se ainda a vantagem da liberação gradual da mesma.
51-53
1.4) Hidróxidos Duplos Lamelares como adsorventes
Os HDL têm sido utilizados como adsorventes em vários processos, para
remoção de diferentes espécies aniônicas de soluções aquosas. Dentre essas utilizações,
podemos destacar: a remoção de ânions de água utilizada para refrigeração de reatores
nucleares, remoção de óxidos de enxofre de misturas gasosas, remoção de corantes de
suco de beterraba na fabricação de açúcar, purificação da cicloexanona pela remoção de
subprodutos ácidos orgânicos, dentre outras.
7
Introdução
14
São três os mecanismos de remoção de compostos em soluções: adsorção,
absorção e sorção. A adsorção é um processo relacionado com interações entre o
adsorvato e a superfície do adsorvente, interações essas que podem ser físicas e/ou
químicas. Nesse caso não há alteração da estrutura do adsorvente. Normalmente, o HDL
utilizado é aquele em que o ânion interlamelar possui baixa tendência à troca, como o
carbonato.
A absorção acontece quando o substrato entra na estrutura interna do sólido. A
absorção pode ocorrer através da regeneração de um HDL previamente calcinado, ou
pela substituição do ânion interlamelar.
A sorção ocorre na regeneração de um precursor calcinado de HDL que
apresenta a propriedade “efeito memória”. Neste caso, o processo de sorção envolve a
absorção do ânion no domínio interlamelar, acompanhado de adsorção do mesmo na
superfície do material regenerado. A sorção pode ocorrer também pelo processo de
troca aniônica concomitante com a adsorção, no material sem ser calcinado, quando o
ânion interlamelar tem menor capacidade de estabilização das lamelas do que o ânion
que foi adicionado à suspensão.
O que se observa normalmente é a contribuição de mais de um desses processos
na remoção de compostos de uma dada solução. Finalmente, a própria síntese direta de
HDL tem sido utilizada para remoção de ânions e cátions de soluções, por meio da
formação de compostos intercalados com os mesmos.
7
Exemplos recentes do uso de HDL como adsorventes incluem a separação de
gases
54,55
, e a remoção de tensoativos
56,57
e crômio (VI)
58
de soluções aquosas. No caso
da remoção de tensoativos, foi constatado que os HDL apresentam uma capacidade de
adsorção muito maior que adsorventes comerciais, como a alumina. Exemplos da
remoção de contaminantes de soluções aquosas por sorção ou troca nica incluem
tensoativos
59
, crômio (VI)
60
,
iodeto
61,62
, tetraóxido de Tecnécio (
4
TcO ) e tetraóxido de
Rênio (
4
ORe )
62
, triclorofenol e trinitrofenol.
63
1.5) Síntese dos Hidróxidos Duplos Lamelares
Desde o primeiro trabalho
64
, publicado em 1942, vários métodos foram
desenvolvidos e vêm sendo empregados na síntese de HDL. Apesar de serem raros na
natureza, a preparação de HDL em escala laboratorial ou industrial é relativamente
Introdução
15
simples e economicamente viável. Os métodos de síntese de HDL podem ser escolhidos
em função da composição requerida e classificados em duas categorias: i) métodos
diretos (método sal-base, método sal-óxido, síntese hidrotérmica, hidrólise induzida,
síntese eletroquímica, método sol-gel)
6,7,11,24
e ii) métodos indiretos: (método de troca
iônica em solução, troca iônica em meio ácido, troca iônica por regeneração de material
calcinado e troca aniônica com a formação de um sal entre os tensoativos.)
6,35,65-67
1.5.1) Métodos de Síntese Direta
O método do sal-base ou coprecipitação é o mais utilizado na síntese de HDL.
Este consiste na precipitação simultânea do hidróxido de dois ou mais cátions metálicos
di e trivalentes. Pode ser empregado de duas maneiras diferentes: coprecipitação a pH
variável (crescente ou decrescente) e coprecipitação a pH constante.
6,7,11,68
O método de coprecipitação a pH crescente, menos utilizado, consiste na
titulação de uma solução alcalina (NaOH e/ou Na
2
CO
3
) contendo o ânion a ser
intercalado sobre uma solução de sais dos cátions. Sua desvantagem é a dificuldade em
se obter HDL puros.
7
Na coprecipitação a pH decrescente, uma solução contendo os
sais dos cátions é adicionada sobre outra, contendo base e o ânion a ser intercalado. É
um método simples que apresenta ótimos resultados, principalmente na ntese de HDL
contendo ânions simples como carbonato.
Dentre todos os métodos de ntese direta, a coprecipitação a pH constante é o
mais utilizado para preparar HDL, quando se faz necessário um bom controle das
condições de síntese. Consiste na adição de uma solução contendo sais dos cátions
sobre uma solução contendo o ânion a ser intercalado, onde o pH é mantido constante
pela adição concomitante de uma solução de NaOH ou KOH. Esse método permite a
obtenção de condições ótimas para a síntese de materiais cristalinos e puros.
6,7,22
Para se obter um material mais bem ordenado, é importante controlar variáveis
como: concentração, velocidade de adição, grau de agitação, o pH final da suspensão
obtida (método de pH variável), o pH durante a adição (método de pH constante) e a
temperatura durante a síntese. Na maioria dos casos, a coprecipitação é feita à
temperatura ambiente (inferior a 303 K). A adição é normalmente realizada sob forte
agitação.
Muitas vezes, a otimização dos métodos de síntese não basta para a obtenção de
HDL bem ordenados e com boa pureza de fase. O tratamento hidrotérmico (TH) é
Introdução
16
normalmente empregado para melhorar a organização estrutural do precipitado. Logo
após a precipitação, o sólido é lavado para retirada dos precursores não reagidos e
outros possíveis contaminantes. Em seguida, é suspenso novamente em água deionizada
(ou em uma solução concentrada do ânion de interesse) e colocado em um reator, onde
é mantido sobre temperatura e pressão controladas.
7,69
Na maioria dos casos, o
tratamento hidrotérmico, na presença do vapor de água, aumenta muito a organização
estrutural do HDL, desde que a temperatura de decomposição do material não seja
atingida.
Miyata e colaboradores estudaram o efeito do tratamento hidrotérmico em HDL
do sistema [Mg-Al-CO
3
]. Os resultados indicaram um aumento no tamanho dos cristais
com o aumento da temperatura e tempo de tratamento.
7
O método do sal-óxido
6,70
consiste na reação entre uma suspensão formada pelo
óxido do metal divalente que é titulada com uma solução de um sal formado pelo ânion
que se deseja intercalar e o cátion trivalente, mantendo-se o pH levemente ácido (entre 5
e 6) propiciando a hidrólise lenta do óxido do cátion bivalente. Apresenta excelentes
resultados, porém algumas limitações o tornam restrito a poucas combinações de
cátions e ânions, sendo impossível a síntese de HDL contendo carbonato, hidroxila ou
carboxilatos intercalados por este método.
Na síntese hidrotérmica, os cátions di e trivalentes, na forma de seus óxidos, são
suspensos em água e sobre essa suspensão é adicionada uma solução do ácido, cuja base
conjugada é o ânion que se pretende intercalar. Essa reação é realizada sempre em altas
pressões e temperaturas. Apesar de ser um método eficiente, é pouco utilizado, pois
existem métodos mais simples com resultados semelhantes. Sua principal vantagem é
evitar a presença de sais.
26,39
Na hidrólise induzida
71
, a síntese é realizada com uma solução do cátion que
precipita em pH mais baixo (normalmente M
III
) e elevando-se o pH aum valor pouco
abaixo (0,2 unidades) daquele em que o outro tion precipitaria formando hidróxido.
Então, uma solução contendo o M
II
é adicionada. A hidrólise com incorporação do
cátion M
III
à estrutura do hidróxido ocorre lentamente, provocando uma redução no pH,
que é corrigido pela adição de NaOH ou KOH até ficar constante. As principais
desvantagens são: baixa organização estrutural dos materiais obtidos, longo tempo de
síntese e a presença de impurezas.
No método de síntese
eletroquímica, um eletrodo de quel metálico (ou platina)
é colocado em uma solução contendo nitrato de níquel e nitrato do metal trivalente. O
Introdução
17
nitrato é reduzido, formando hidroxila e precipitando o hidróxido duplo lamelar na
superfície deste eletrodo. Os HDL assim obtidos não são de boa qualidade,
principalmente quanto à organização estrutural, porém existe a possibilidade de
aplicação posterior do eletrodo formado.
72,73
No método sol-gel, ocorre a reação de uma solução alcoólica de etóxido de
magnésio dissolvida em HCl com uma solução contendo tri-sec-butóxido de alumínio.
A mistura é aquecida em refluxo e agitada até formação do gel. Os materiais preparados
por este método têm tamanho de poro controlado e elevada área superficial específica,
sendo o único método, diferente da coprecipitação, utilizado industrialmente para
síntese de HDL, pois tem a vantagem de produzir materiais mais puros.
18,74
1.5.2) Métodos de Síntese Indireta
A estrutura dos HDL, baseada no empilhamento de camadas positivamente
carregadas intercaladas com ânions hidratados por atração eletrostática, torna favorável
a difusão dos ânions. Essa característica tem sido amplamente utilizada na ntese de
HDL, pela substituição do ânion interlamelar de um precursor previamente preparado.
Tal substituição pode ser realizada de diferentes maneiras e envolve a capacidade do
ânion para estabilizar a estrutura lamelar. Os métodos indiretos são particularmente
úteis na intercalação de ânions que apresentam tendência a formar sais insolúveis ou
complexar com os cátions di ou trivalente, ou ainda quando o ânion a ser intercalado
não é estável na faixa de pH ideal para a precipitação do HDL.
6,11,35
A equação geral
que representa este equilíbrio é:
XY]M[MYX]M[M
IIIIIIIIII
+
++
+
+
++
+
Baseado na mobilidade do ânion interlamelar, através da competição entre o ânion
a ser intercalado e aquele do precursor, o método de troca aniônica em solução se
utiliza de um HDL precursor (intercalado com ânions cloreto ou nitrato) que é suspenso
em uma solução concentrada ( 0,1 mol dm
-3
) do ânion de interesse. O ânion
substituinte deve apresentar maior capacidade de estabilização da lamela e estar em
maior proporção que o ânion do material precursor, deslocando o equilíbrio no sentido
da troca. A principal desvantagem é a baixa eficiência de troca e a existência de
impurezas resultantes do ânion precursor.
27
Introdução
18
O método de troca aniônica em meio ácido é baseado no deslocamento de
equilíbrio causado pela reação do ânion interlamelar com ácido. Para isto é necessário
suspender o HDL precursor e adicionar sobre esta suspensão uma solução do ácido cuja
base conjugada deseja-se intercalar. O pH da solução do ácido deve ser suficientemente
baixo para protonar o ânion e substituí-lo, mas não para destruir a estrutura das lamelas,
sendo que o precursor deve ter ânions suscetíveis a ataque ácido (carbonato ou
carboxilato). Esse método é muito eficiente, entretanto o ataque ácido pode provocar
destruição parcial das lamelas.
75
A troca aniônica por regeneração de um precursor calcinado requer a
preparação de um HDL contendo carbonato que deve submeter-se a um tratamento
térmico (calcinação), em temperatura adequada (determinada por análise
termogravimétrica), de modo a produzir um óxi-hidróxido. Os HDL do sistema [Mg-Al-
CO
3
] normalmente são calcinados à temperatura 773 K durante 4 horas. Outros ânions
também poderiam ser empregados como o Cl
-
e o
3
NO
, entretanto o uso do
2
3
CO
é
justificado pelo fato deste se decompor em temperaturas mais baixas e o gás resultante
da decomposição não ser oxidante, como o gás Cl
2
ou gás NO
2
. O processo ocorre
devido à propriedade chamada “efeito memória” características de alguns HDL.
29
O
oxi-hidróxido duplo obtido é então colocado em contato com uma solução do ânion a
ser intercalado, normalmente em temperatura abaixo de 353 K. A hidrólise deste óxido
ocorre com regeneração da estrutura do HDL e intercalação do ânion. O processo é
acompanhado por um aumento no pH que pode atingir valores superiores a 12, que em
muitos casos deve ser corrigido, para evitar a competição entre as hidroxilas e o ânion
de interesse. Este método é particularmente útil na preparação de HDL intercalados com
o ânions hidroxila, dificilmente obtidos em sua forma pura por outros métodos
7
,
entretanto, está limitado aos HDL dos sistemas Mg-Al-HDL e Zn-Al-HDL únicos
capazes de regenerar sua estrutura lamelar.
29
Outro fator importante para que a troca
seja realizada com sucesso é evitar o contato do material calcinado com o CO
2
do ar, o
que levaria à regeneração da estrutura com a intercalação de carbonato.
11
Existe também um método de síntese indireta, que foi desenvolvido em nosso
laboratório, a troca aniônica por substituição em fase dupla
67
, que consiste na
preparação de um HDL precursor intercalado com ânions de tensoativos sulfatados ou
sulfonados
69
, onde a troca do ânion intercalado pelo ânion de interesse ocorre através da
adição de uma solução de um tensoativo catiônico em uma suspensão contendo: o HDL
Introdução
19
precursor, o ânion de interesse e uma fase orgânica. Ocorre a formação de um sal entre
os tensoativos aniônicos e catiônicos, insolúvel em água e altamente solúvel na fase
orgânica, para a qual é extraído, deslocando os ânions previamente intercalados do
domínio interlamelar, permitindo a entrada do ânion de interesse, presente na fase
aquosa, tornando a substituição rápida e eficiente. Os HDL assim obtidos apresentam
alta organização estrutural e pureza de fase.
66,76
1.6) Modelos Gerais para o Estudo de Adsorção
Na literatura são reportados vários modelos teóricos para a interação na interface
sólido/líquido, tendo como objetivo a obtenção de parâmetros termodinâmicos,
cinéticos e conformacionais. Esse processo é complexo e ainda não é completamente
compreendido, pois informações detalhadas sobre estruturas e fases superficiais dos
materiais adsorvidos são limitadas, tendo como principal fonte de dados os estudos de
adsorção.
77
Os modelos clássicos de Langmuir, BET, Freundlich, Temkin, embora
simples, ainda são muito utilizados e servem como base para a concepção de modelos
(teóricos ou não) mais detalhados, considerando sistemas reais.
Giles desenvolveu um estudo utilizando as isotermas típicas de adsorção, a fim de
otimizar informações contidas nas mesmas, estudo esse muito utilizado como referência
para o tratamento geral e classificação de isotermas de adsorção de solutos em soluções
diluídas.
78
Desenvolveu-se uma base teórica que relaciona o perfil característico das
isotermas a parâmetros do solvente e influência da presença de um outro soluto,
podendo auxiliar no tratamento teórico e na interpretação de isotermas. De acordo com
essa classificação, as isotermas são divididas em quatro classes principais, em função de
sua inclinação inicial, convenientemente chamadas de: S, L (Langmuir), H (high
affinity), e C (constant partition), sendo cada uma dividida em vários subgrupos como
mostrado na figura 1.6.
Introdução
20
Figura 1.6: Sistema de classificação de isotermas proposto por Giles.
78
De acordo com essa classificação, o perfil observado nas classes S, L e H pode ser
explicado por diferenças na energia de ativação de dessorção dos solutos e do solvente,
em magnitude relativa. A isoterma do tipo S apresenta também uma dependência da
concentração, implicando numa adsorção cooperativa, pelo aumento do número de
sítios capazes de reter moléculas do adsorvato. A isoterma do tipo H é observada em
casos especiais onde se tem uma alta afinidade entre adsorvente e adsorvato. A isoterma
linear observada no tipo C ocorre em sistemas onde o adsorvente é microporoso e o
adsorvato tem mais afinidade por ele do que pelo solvente, de modo que o adsorvato
penetra nos microporos do adsorvente, levando à criação de novos sítios de adsorção.
As curvas das outras classes (S, L e H) também podem apresentar uma região linear
acima da qual se esperaria o início do platô, representando condições semelhantes
àquelas das curvas do tipo C. Finalmente, as isotermas da classe L são aquelas obtidas
quando não são observados: a existência de microporos no adsorvente, adsorção
cooperativa e uma alta afinidade entre adsorvato e adsorvente.
79
As curvas do subgrupo 1 representam sistemas com a monocamada do adsorvato
não saturada, provavelmente por dificuldades experimentais, como quando o Kps do
adsorvato é atingido. No subgrupo 2, observa-se um patamar representando a saturação
Introdução
21
da monocamada. O subgrupo 2c indica microporosidade no adsorvente, sendo que na
classe C, o segundo segmento da curva, nesse caso, pode ser horizontal, ou ter uma
inclinação menor (ci) ou maior (cii) em relação ao primeiro segmento, de acordo com a
natureza do sistema. Pode também representar uma modificação no empacotamento do
adsorvato.
80,81
Os aumentos subseqüentes (subgrupo 3) representam o desenvolvimento
de uma segunda camada, que é saturada no subgrupo 4. Outros subgrupos,
representando novas camadas, podem ser observados. Entretanto, esses casos seriam
extremamente raros. Em casos conhecidos, uma curva que se classifica no subgrupo
“max” (máximo) ocorre com soluções aquosas de um soluto que se associa em solução,
tal como detergentes e certos tipos de tintas, provavelmente causado pela existência de
traços de impurezas com alta atividade superficial. Nesse caso, com o aumento da
concentração do adsorvato, na solução, alcança-se um ponto no qual as interações de
van der Waals entre soluto-soluto ultrapassam as interações soluto-substrato de forma
que parte do soluto é desorvido e incorporado em micelas solvatadas possivelmente
incorporando alguma impureza de alta atividade superficial.
1.7) O adsorvato – Ácido Cólico
O ácido cólico é um dos quatro principais ácidos produzidos pela vesícula, também
conhecidos como ácidos biliares. É uma substância branca e cristalina que tem
propriedades detergentes similares aos sais de ácidos orgânicos de cadeia longa e
promovem o transporte de lipídios através do meio aquoso. A estrutura molecular e as
propriedades do ácido cólico são apresentadas respectivamente na figura 1.7 e na tabela
1.2.
Derivados do colesterol, como o ácido cólico, são moléculas anfifílicas que
promovem importante papel na digestão de gorduras solúveis ingeridas na alimentação.
Algumas doenças como a bradicardia (diminuição na freqüência cardíaca humana), a
hipertonia (aumento anormal do tônus muscular e redução de sua capacidade de
estiramento) e hemólise (enfraquecimento das hemácias que liberam hemoglobina no
plasma) podem ser decorrentes de um aumento na quantidade de ácido cólico produzido
pelo organismo humano. A adsorção de ácido cólico, nos casos onde o composto é
produzido em excesso pelo organismo, reduz a quantidade de colesterol no sangue e
conseqüentemente o risco de tais doenças.
82
Introdução
22
Figura 1.7. Representação da estrutura molecular do ácido cólico.
Tabela 1.2. Propriedades Físico-Químicas do Ácido Cólico
Solubilidade
Álcool, acetona, éter, clorofórmio e aminoácidos
Ponto de Fusão
198° C (anidro)
pKa
5,08
Objetivos
23
2. Objetivos
O objetivo geral deste trabalho foi o estudo da adsorção e sorção do ânion
colato, a partir de soluções aquosas, em hidróxidos duplos lamelares de magnésio e
alumínio.
Os objetivos específicos consistiram em:
i) Preparar e caracterizar o hidróxido duplo lamelar de magnésio e alumínio contendo
carbonato assim como o produto de sua calcinação, que foram utilizados como
adsorvente ou sorvente para o colato;
ii) Estudar a adsorção e a sorção de colato em função do tempo, ou seja, realizar
um estudo cinético da adsorção do colato levando em conta efeitos como
temperatura, pH e força iônica do meio;
iii) Estudar o efeito de parâmetros como temperatura, pH e força iônica do meio,
na adsorção do colato no HDL, monitorando a variação do potencial
eletrocinético em função da quantidade adsorvida;
iv) Estudar a sorção deste composto no HDL calcinado, com controle de
temperatura;
v) Realizar um tratamento estatístico dos dados obtidos, visando quantificar a
influência de cada variável no processo de adsorção.
Parte Experimental
24
3. Parte Experimental
3.1) Materiais
Todos os reagentes empregados na execução deste trabalho apresentavam grau
de pureza analítica e assim sendo, foram utilizados sem purificação prévia. Uma
listagem completa, contendo nome, fórmula molecular, marca e grau de pureza dos
reagentes utilizados é apresentada no apêndice A. Reagentes higroscópicos como os
nitratos dos cátions magnésio e alumínio foram previamente secos sob vácuo em
presença de sílica gel ativada. Toda água utilizada neste trabalho foi destilada e sempre
que necessário utilizou-se água deionizada através do sistema de purificação “Millipore
MilliQ
®
“. Para os experimentos de adsorção/sorção, optou-se pelo uso do colato de
sódio (Acros Organics, 99%) no preparo das soluções. O colato de sódio é mais solúvel
que o ácido cólico, além de ter um custo um pouco menor.
3.2) Preparação do HDL MgAlCO
3
, o adsorvente
O HDL utilizado como adsorvente foi preparado pelo método de precipitação a
pH variável (decrescente)
39
. O material foi preparado em quantidade suficiente para ser
utilizado durante todo o projeto (aproximadamente 200g), garantindo assim a
homogeineidade do material adsorvente, de forma que os resultados pudessem ser
correlacionados.
Para isto utilizou-se duas soluções. A solução 1, que consistiu em 2,0 mol de
Mg(NO
3
)
2
.6H
2
O e 1,0 mol de Al(NO
3
)
3
.9H
2
O dissolvidos em 1,4 dm
3
de água
deionizada (MilliQ
); e a solução 2 que constituiu em 7,0 mol de NaOH (17% excesso)
e 2,0 mol de Na
2
CO
3
(300% de excesso do ânion), dissolvidos em 2,0 dm
3
de água
deionizada.
A solução 1 foi adicionada lentamente à solução 2 (por aproximadamente
8 horas), sob vigorosa e constante agitação, em temperatura sempre inferior a 303 K. Ao
final da adição mediu-se o pH, obtendo-se em um valor próximo de 13.
O material proveniente deste tipo de coprecipitação normalmente apresenta uma
baixa organização estrutural. Desse modo, é recomendado que a suspensão viscosa
obtida seja submetida a um tratamento hidrotérmico (neste caso, durante 18 horas à
Parte Experimental
25
343 K e pressão ambiente) para uma melhor cristalização do material obtido. Feito isso,
a suspensão foi resfriada até a temperatura ambiente (~ 298 K) e o sólido foi lavado,
através de sucessivos procedimentos de filtração a vácuo e re-suspensão em água
destilada, até que o sobrenadante apresentasse um valor constante de pH (próximo de
7,3), sendo que a última lavagem foi feita com água MilliQ
. O sólido assim obtido foi
seco em dessecador sob vácuo, em presença de sílica gel ativado e então triturado
manualmente a pó e estocando para caracterização e posterior utilização.
Todas as medidas de pH aqui referidas, assim como aquelas que serão
mencionadas posteriormente, foram realizadas utilizando um potenciômetro
“Analyser pH 300” associado a um eletrodo de vidro combinado.
3.3) Tratamento Térmico – Calcinação
Nos experimentos para avaliar a capacidade de remoção por sorção (adsorção e
intercalação simultâneas por regeneração), o HDL foi tratado termicamente (calcinado)
para remover o ânion inicialemente intercalado (CO
3
2-
) e obter o óxido-hidróxido misto
de Mg e Al utilizado como sorvente. Realizou-se a calcinação do material em um forno
de cerâmica “EDGCON-5P” com atmosfera de oxigênio White Martins de pureza
>99,9% (fluxo de 150 cm
3
.min
-1
) a 773 K durante 4 horas, sendo em seguida resfriado
até temperatura ambiente em dessecador sob vácuo em presença de sílica gel ativada. O
material obtido desta calcinação também foi submetido às técnicas de caracterização. A
temperatura ideal de calcinação foi determinada através de análise termogravimétrica
acoplada à análise térmica diferencial.
3.4) Caracterização dos materiais obtidos
3.4.1) Difração de Raios-X no Pó
As análises por difração de raios X no (DRXP) dos sólidos obtidos foram
realizadas em um difratômetro de raios X modelo “Siemens D 5005”, que utiliza fonte
de cobre e monocromador de grafite, selecionando a radiação Kα
do Cu com
comprimento de onda de 1,5406 Å. Foi aplicada uma diferença de potencial de 40 kV,
Parte Experimental
26
resultando em corrente de 40 mA. Os difratogramas foram coletados em uma faixa de
ângulo (2θ) de 2 a 70° a uma velocidade de 0,02° s
-1
.
6,7
3.4.2) Análise Termogravimétrica / Térmica Diferencial
As análises termogravimétrica e térmica diferencial (ATG/ATD) simultâneas
foram realizadas em uma microbalança térmica “SDT 2960 Simultaneous TGA-DTA”,
acoplada ao microcomputador (analisador) “Thermal Analyst 2100”, ambos da “TA
Instruments”, que permitem a realização simultânea das análises termogravimétrica e
térmica diferencial. As análises foram realizadas com uma taxa de aquecimento de
10 K min
-1
, com um fluxo de ar sintético superseco (White Martins, 80% N
2
, 20% O
2
,
>99,997%) de 100 cm
3
min
-1
, utilizando uma faixa de aquecimento desde a temperatura
ambiente até 1173 K. A quantidade de amostra utilizada foi de aproximadamente 10 mg
e as medidas foram feitas contra um padrão de alumina.
46,83
3.4.3) Espectroscopia na Região do Infravermelho
As análises por espectroscopia na região do infravermelho (IV-TF) foram
realizadas em um espectrofotômetro “ABB Bomem MB 100”, em pastilhas de KBr
(soluções sólidas de 2,5% da amostra em KBr) com 60 varreduras por espectro, na
região espectral de 4000 a 400 cm
-1
.
3.4.4) Espectrofotometria de Absorção Atômica
A quantidade de cátions metálicos M
II
(magnésio) presente no HDL preparado foi
determinada através de espectrofotometria de absorção atômica (AA), utilizando-se um
espectrofotômetro de absorção atômica “VARIAN AA-175”, com lâmpada específica
para magnésio e chama de acetileno-ar. O padrão utilizado foi o óxido de magnésio, que
após pesagem e conseqüentes diluições (ambas em balança analítica com precisão de ±
0,01 mg) apresentou uma concentração final de 1000 ppm.
Para preparar as amostras inicialmente tomou-se 400 mg do HDL, que foi
dissolvido em ácido clorídrico (10%) e diluído a 50 cm
3
em água deionizada. Para
leitura das absorbâncias a solução contendo o HDL dissolvido sofreu várias diluições
Parte Experimental
27
sucessivas, até apresentar uma concentração compatível com o limite de detecção do
aparelho.
3.4.5) Espectrofotometria na Região do Ultravioleta-Visível
A quantidade de cátions metálicos M
III
(alumínio) presente no HDL preparado foi
determinada através de espectrofotometria na região do ultravioleta-visível (UV-Vis)
utilizando um espectrofotômetro de absorção no ultravioleta-visível “Hewlett Packard
HP 8453 UV-Vis”.
As amostras para a quantificação do alumínio foram feitas a partir da mesma
amostra empregada na determinação de magnésio, adicionando 0,1 cm
3
de uma solução
contendo hidrato de morina e álcool acidificado (H
2
SO
4
) em 0,1 cm
3
da solução
contendo o HDL dissolvido. A solução resultante foi então diluída, com água
deionizada, para um volume de 25 cm
3
e medida a absorbância da solução
(λ = 418 nm). Os dados de absorbância das amostras foram convertidos em
concentração através da curva-padrão adequada, obtida a partir de diluições sucessivas
de um padrão primário de alumínio.
84
3.4.6) Área Superficial Específica
A área superficial específica (ASE) foi determinada através da isoterma BET,
obtida a partir de experimentos de adsorção de nitrogênio. Para essas medidas foi
utilizado um “Quantachrome NOVA 1200”.
As amostras foram previamente secas sob vácuo em presença de sílica gel ativada.
A degaseificação da amostra ocorreu a 340 K e os experimentos foram realizados a
partir da adsorção de nitrogênio no seu ponto de ebulição (a 77,35 K em banho de
nitrogênio líquido), utilizando-se cerca de 100 mg de amostra. As medidas foram
realizadas, adicionando-se, no interior do porta-amostra, volumes conhecidos de
nitrogênio gasoso e medindo-se a pressão, em cada caso, após se atingir o equilíbrio.
3.4.7) Microscopia Eletrônica de Varredura
A morfologia do adsorvente obtido foi verificada pela técnica de microscopia
eletrônica de varredura (MEV), pela micrografia gerada do contraste topográfico
observado através de um microscópio eletrônico, “LEO 440 – Scanning Electronic
Parte Experimental
28
Microscope”. As amostras foram suportadas no porta-amostra pela dispersão do
sobre uma camada de verniz e submetidas ao jateamento com ouro, utilizando para isso
um “Bal – Tec MED 020 - Coating System”. Esta cobertura é necessária, pois o HDL
não apresenta condutividade suficiente para a geração de boas imagens.
3.4.8) Potencial Eletrocinético e Potencial de Carga Zero
Quando uma partícula sólida carregada como a de um HDL é colocada em
solução e uma diferença de potencial é aplicada, a partícula se movimenta na solução
carregando contra íons e, evidentemente, terá moléculas de solvente compondo um
plano de cisalhamento. Esse plano de cisalhamento constituído por partícula-
carregada/contra-íons/solvente tem um potencial que pode ser medido facilmente
através de eletroforese, ou seja, determinando-se a velocidade da partícula sob a
influência de um campo elétrico aplicado. Esse potencial de cisalhamento é, por
definição, o potencial eletrocinético ou potencial zeta (ζ). Para se produzir um campo
elétrico uniforme, utiliza-se uma célula cilíndrica, longa e fina. A velocidade da
partícula através da célula é medida por observação microscópica óptica direta ou pelo
uso de técnicas de espalhamento de luz laser por efeito Doppler, segundo o qual a luz
espalhada a partir de uma partícula em movimento, sofre um deslocamento da
freqüência (desde que a freqüência da luz utilizada seja alta comparada com a
freqüência do deslocamento). Assim, o deslocamento pode ser determinado utilizando-
se um par de feixes de laser mutuamente coerentes, a partir de uma única fonte e
seguindo caminhos de comprimentos similares, arranjados de forma a se cruzarem; a luz
espalhada na região (ponto) do cruzamento dos feixes é, portanto, detectada. A
mobilidade eletroforética pode então ser calculada pela razão entre a velocidade da
partícula e a força do campo aplicado. A partir da mobilidade eletroforética pode-se
determinar o potencial eletrocinético, visto que o mesmo é diretamente proporcional a
ela.
O potencial de carga zero (PZC Point of Zero Charge) de uma partícula em
suspensão pode ser interpretado como a condição na qual a partícula apresenta uma
densidade de carga superficial igual a zero, ou seja, partícula não apresenta mobilidade
frente a um campo elétrico. Esta análise é de extrema importância, uma vez que o HDL
(partícula carregada), será utilizado como adsorvente. Esse potencial eletrocinético nulo
é também interpretado como uma carga superficial “líquida” igual a zero, dessa forma,
Parte Experimental
29
o conceito de PZC pode ser monitorado não apenas em função da variação do pH, mas
também em função da presença de outros eletrólitos.
O PZC foi determinado utilizando suspensões do HDL em água deionizada na
mesma razão massa/volume que a utilizada nos experimentos de adsorção. Estas
suspensões tiveram o pH ajustado em valores diferentes, sendo então submetidas a
medidas de potencial eletrocinético, utilizando um “Zetasizer 3000 HSada Malvern
Instruments.
As medidas de potencial eletrocinético das amostras provenientes dos
experimentos de adsorção foram realizadas da seguinte forma: a suspensão, formada
pelo HDL e a solução de colato nas condições estudadas, permaneceu em repouso até
que as partículas maiores fossem decantadas (~ 10 minutos) e a suspensão resultante foi
submetida à análise na mesma temperatura em que o experimento foi realizado. As
medidas foram realizadas com amostras em duplicata, sendo que os valores obtidos em
cada análise são valores médios correspondentes a três leituras individuais.
3.5) Quantificação dos Ânions Colato
A quantificação dos ânions colato foi feita por meio de cromatografia líquida de
alta performance (HPLC). As condições cromatográficas utilizadas foram: coluna
cromatográfica C18 RP-ODS (250 mm X 4,6 mm X 5 mm) com detector de índice de
refração (RID) acoplado. A fase móvel era constituída de 69,6% (%v/v) de metanol;
17,4% de acetonitrila; 12,99% de água e 0,01% de ácido fórmico. A taxa de eluição pela
coluna foi de 1,4 mL min
-1
.
85
3.6) Estudo da adsorção e sorção dos ânions colato em MgAlCO
3
HDL
em função do tempo
Os experimentos consistiram na adição de 400 cm
3
de uma solução de
concentração inicial de colato (C
0
= 5x10
-3
mol L
-1
) sobre uma massa constante do
sólido (3200 mg do HDL preparado) previamente seco a vácuo, com vigorosa agitação,
em uma cela fechada, de forma a evitar evaporação da água e o contato com CO
2
da
atmosfera, que era mantida à temperatura constante através de circulação de água de um
banho termostatizado através de uma camisa de vidro, que envolvia a cela. Alíquotas
Parte Experimental
30
de 25 cm
3
foram retiradas, em tempos pré-estabelecidos, mantendo sempre o sistema à
temperatura constante. As alíquotas retiradas foram centrifugadas, para que o material
sólido fosse separado e seco e as soluções sobrenadantes fossem analisadas para a
quantificação de colato pelo método apropriado. O pH das soluções sobrenadantes foi
medido. Adotou-se o mesmo procedimento utilizando o HDL calcinado.
Nestes experimentos, foram utilizadas duas temperaturas diferentes, de 298K e de
323 K, sendo que na temperatura de 298K foram empregados dois valores diferentes de
força iônica, sem e com a adição de 0,1 mol dm
-3
de NaCl e dois valores diferentes de
pH, iguais a 7 e 10, na solução de colato.
3.7) Adsorção e Sorção
Os experimentos de adsorção e sorção do colato foram realizados utilizado o
método batelada. O material sólido proveniente dos experimentos de adsorção foi
submetido às análises de DRXP e IV-TF. A suspensão HDL/solução de colato foi
submetida a medidas de potencial eletrocinético. O sobrenadante obtido foi submetido a
medidas de pH e à quantificação do colato em solução.
3.7.1) Determinação das isotermas de adsorção / sorção
Os experimentos constituíram na adição de uma massa constante de HDL (200
mg) previamente seco à vácuo em 16 erlenmeyers com capacidade de aproximadamente
125 cm
3
. A cada um foram adicionados 25 cm
3
das soluções contendo diferentes
quantidades de colato nas condições de pH e força iônica desejadas, submetendo-os à
sonicação para diminuir e homogeneizar o tamanho das partículas. Todas as soluções de
colato foram preparadas em água deionizada (Milli-Q), bem como suas diluições.
Quando necessário, o pH foi ajustado com HCl/NaOH. As variações de força iônica
foram obtidas através da adição de NaCl.
As amostras permaneceram em um banho termostatizado tipo Dubnoff (Marconi)
à temperatura controlada sob agitação constante, por cerca de 72 horas, para garantir o
equilíbrio. Após esse período, dividiu-se cada amostra em duas porções: uma parte que
foi centrifugada por 10 minutos em uma centrífuga Eppendorf 5403, tornando possível a
separação e análise para quantificação do colato presente no sobrenadante e
Parte Experimental
31
caracterização do resíduo (sólido); a outra porção foi mantida em suspensão para as
medidas de potencial eletrocinético.
As concentrações iniciais e finais de colato em solução foram determinadas por
cromatografia líquida de alta perfomance (HPLC), como citada no item 3.5. Os
resultados obtidos foram comparados com os de uma curva de calibração preparada nas
mesmas condições do experimento.
Os experimentos foram realizados nas seguintes condições:
Adsorção (com HDL sem calcinar)
1. pH 7; 298K; sem adição de NaCl
2. pH 7; 323K; sem adição de NaCl
3. pH 7; 298K; com adição de NaCl
4. pH 7; 323K; com adição de NaCl
5. pH 10; 298K; sem adição de NaCl
6. pH 10; 323K; sem adição de NaCl
7. pH 10; 298K; com adição de NaCl
8. pH 10; 323K; com adição de NaCl
9. pH 7; 288K; sem adição de NaCl
10. pH 7; 288K; com adição de NaCl
Sorção (com HDL calcinado)
1. pH 7; 298K; sem adição de NaCl
2. pH 7; 323K; sem adição de NaCl
3. pH 7; 288K; sem adição de NaCl
3.8) Forma de Tratamento de Dados
Os dados obtidos através de difração de raios X no permitiram determinar se o
composto é lamelar, pela repetição dos picos basais, obtendo-se os espaçamentos basais
através da equação de Bragg.
6,11,86
.senθ
hkl
2dnλ =
Parte Experimental
32
onde n é a ordem de “reflexão” do pico,
λ
λλ
λ
é o comprimento de onda dos raios X
utilizado na análise, d
hkl
é o espaçamento basal para o conjunto de planos hkl e θ o
ângulo de Bragg, determinado pelo pico de difração. Estes cálculos foram realizados
com o auxílio do programa computacional “Diffrac Plus Basic 1.70”, específico para o
equipamento de raios X utilizado (seção 3.4.1). A partir do valor de d assim calculado,
descontando-se o valor da espessura da lamela, que para HDL deste sistema é de 4,8 Å,
obtem-se o valor da distância entre as lamelas.
Outra informação obtida a partir dos dados obtidos por DRXP foi a determinação
do tamanho médio de partículas do HDL no lido precursor e do sólido adsorvido em
alguns pontos das isotermas obtidas. O método de Scherrer utilizado
87
, baseia-se no fato
de que cristalitos pequenos (< 2000 Å) causam um alargamento do pico de difração de
raios X. Portanto, utilizando-se como padrão interno um material que apresenta
seguramente um tamanho médio de partículas acima de 2000 Å (normalmente KCl ou
NaCl) e picos de difração próximos ao do material a ser analisado, pode-se obter o
tamanho de partículas do material através da equação
B
cosB
9,0
θ
λ
=t
onde
t
é a espessura da partícula, λ
λλ
λ é o comprimento de onda dos raios X utilizados na
análise,
B
é a diferença entre a largura à meia altura dos picos da amostra e do padrão e
θ
θθ
θ
B
é o ângulo de Bragg, determinado pelo pico da amostra. O valor de
B
é obtido pela
relação
222
PdAm
BBB =
onde
B
Am
e
B
Pd
representam, a largura à meia altura dos picos da amostra e do padrão
respectivamente. Um exemplo deste cálculo, realizado para o adsorvente Mg-Al-CO
3
-
HDL, é apresentado na
figura 3.1
.
Parte Experimental
33
22 23 24 25 26
1416,1
2
3,
7
4
B
am
= 3,23 x10
-3
rad
B
pd
= 1,630 x10
-3
rad
B = 2,79 x10
-3
θ
θθ
θ
máx
= 23,74
λ
λλ
λ
= 1,5406 Å
t = 507,9 Å
t = 0,9
λ
λλ
λ
B cos
θ
θθ
θ
B
2
= B
2
am
- B
2
pd
Intensidade (cps)
2
θ
θθ
θ
(Graus)
Figura. 3.1: Exemplo para o cálculo do tamanho de partículas do
HDL por DRXP: Mg-Al-CO
3
-HDL utilizando KCl como padrão
interno.
A determinação das etapas de decomposição dos HDL foi realizada pela
comparação da taxa de decomposição ao longo da curva de análise termogravimétrica
(ATG). Esta diferença na taxa de decomposição pode ser claramente observada pela
curva da primeira derivada da curva de ATG (DTG). A definição de máximos e
mínimos na curva derivada foi então utilizada para determinar os limites das etapas de
decomposição. Assim os pontos de máximo representam as velocidades máximas de
decomposição, sendo que o os mínimos nas curvas derivadas indicam o início e término
dos processos que levam a perda de massa.
35,39
A curva de ATD identifica a ocorrência de processos endotérmicos e exotérmicos
através da medida da variação de temperatura da amostra em relação a um padrão, no
caso alumina, em função da variação de temperatura do forno. Estes processos podem
estar associados ou não à decomposição térmica do material e ainda indicar quando
ocorrem reações de combustão, quando picos altamente exotérmicos são observados em
experimentos realizados em fluxo de gás contendo oxigênio, enquanto que os mesmo
são menos intensos em atmosfera inerte. Através da avaliação da quantidade de água
perdida é possível determinar o grau de hidratação do composto.
A análise das propriedades texturais como ASE e MEV do material preparado em
sua forma original e calcinado, foi realizada conforme descrito nas Seções 3.4.6. e 3.4.7.
Parte Experimental
34
Através das análises por IV-TF é possível se obter informações sobre a estrutura e
composição do material, inclusive detectar a presença de quantidades discretas de
espécies como carbonato e nitrato.
Os espectros IV-TF foram utilizados aqui para avaliar e confirmar a presença ou
não de espécies orgânicas (ânions colato) e inorgânicas (carbonato e/ou nitrato) nas
amostras, através da identificação das bandas de absorção relacionadas a grupos
característicos.
Os dados obtidos nos experimentos descritos na Seção 3.7.1 foram convertidos
em quantidade de colato adsorvida, através do cálculo da diferença entre as
concentrações iniciais e após o equilíbrio de adsorção. As isotermas são apresentadas
em gráficos contendo no eixo das abscissas a concentração (em mol.dm
-3
) do colato em
solução após o equilíbrio de adsorção e no eixo das ordenadas, a quantidade adsorvida
(em mmol de colato por grama de HDL). As concentrações iniciais e finais foram
obtidas conforme descrito na Seção 3.5.
3.9) Tratamento Estatístico dos Dados
Os resultados obtidos nos experimentos de adsorção foram tratados utilizando-se
da análise multivariacional. O planejamento de experimentos, além de ser aplicável a
qualquer tipo de processo, é uma ferramenta que permite o estudo de diversas variáveis
simultâneas e proporciona a modelagem matemática empírica do processo estudado. A
análise multivariacional pode levar à otimização do processo analisado, além de
quantificar a contribuição de cada variável ao processo.
Para que esta de análise possa ser aplicada, devem-se introduzir alguns conceitos
básicos de planejamento de experimentos. As variáveis independentes, ou variáveis de
entrada, são denominadas fatores. As variáveis dependentes, ou variáveis de saída, são
denominadas respostas. Os valores físicos dos fatores que são ajustados no processo são
chamados de níveis, e são geralmente divididos em nível alto e baixo, determinados
pelo experimentador. Para a obtenção de respostas conclusivas, deve se garantir a
aleatorização dos experimentos propostos.
88,89
Os fatores pré-determinados nos experimentos de adsorção foram temperatura,
pH inicial da solução de colato e presença ou ausência de NaCl às soluções de colato
Parte Experimental
35
(alteração da força iônica do meio). Cada fator foi dividido em dois níveis, como
mostrado na tabela 3.1
Tabela 3.1. Níveis dos fatores para os experimentos de adsorção.
Definidos os fatores e seus níveis, foi montada a matriz experimental. Usando a
equação:
n° de experimentos = N
k
Onde:
N...quantidade de níveis
k...quantidade de fatores
Logo, para o experimento estudado foram necessários 8 experimentos (2
3
),
realizados de maneira randômica.
A tabela 3.2 mostra a matriz experimental para os experimentos de adsorção.
Tabela 3.2. Matriz experimental para os experimentos de adsorção de colato em
MgAlCO
3
– HDL.
Fatores
Nível alto
+
Nível baixo
-
Temperatura (K)
298
323
pH da solução de colato
7,0
10,0
Presença de 0,1 mol.dm
-3
de NaCl
Sim
Não
Experimento Temperatura pH Força Iônica Resultados
1 + + + y
1
2 - + + y
2
3 + - + y
3
4 - - + y
4
5 + + - y
5
6 - + - y
6
7 + - - y
7
8 - - - y
8
Parte Experimental
36
Finalmente, puderam ser calculados os efeitos de cada variável no processo de
adsorção. Os efeitos podem ser interpretados como as influências exercidas pelos
fatores sobre a variável resposta. Os efeitos podem ser classificados como principais
(efeitos simples), ou efeitos de 2ª ordem (efeitos combinados).
As equações 3.1, 3.2 e 3.3 foram utilizadas para o cálculo dos efeitos principais,
seguindo-se como exemplo a matriz experimental mostrada na tabela 3.2.
EP
(T)
= (y
1
+y
3
+y
5
+y
7
)/4 – (y
2
+y
4
+y
6
+y
8
)/4 (3.1)
EP
(pH)
= (y
1
+y
2
+y
5
+y
6
)/4 – (y
3
+y
4
+y
7
+y
8
)/4 (3.2)
EP
(FI)
= (y
1
+y
2
+y
3
+y
4
)/4 – (y
5
+y
6
+y
7
+y
8
)/4 (3.3)
As equações 3.4, 3.5 e 3.6 foram utilizadas para o cálculo dos efeitos
combinados, seguindo-se também como exemplo a matriz experimental (tabela 3.2)
EP
(T/pH)
= (y
1
+y
4
+y
5
+y
8
)/4 – (y
2
+y
3
+y
6
+y
7
)/4 (3.4)
EP
(pH/FI)
= (y
1
+y
2
+y
7
+y
8
)/4 – (y
3
+y
4
+y
5
+y
6
)/4 (3.5)
EP
(FI/T)
= (y
1
+y
3
+y
6
+y
8
)/4 – (y
2
+y
4
+y
5
+y
7
)/4 (3.6)
Resultados e Discussão
37
4.
Resultados e Discussão
4.1) Preparação e caracterização do adsorvente MgAlCO
3
-HDL
O hidróxido duplo lamelar de magnésio e alumínio contendo o ânion inorgânico
carbonato foi preparado pelo método da precipitação a pH variável, descrito na seção
3.2, alcançando um pH final próximo de 13, na solução da suspensão obtida.
A figura 4.1a mostra o difratograma obtido para o material preparado sem
calcinar. A análise por difração de raios-X no pó (DRXP) apresentou picos basais
característicos, confirmando a natureza lamelar do material. As distâncias interlamelares
foram calculadas utilizando-se a equação de Bragg. O espaçamento basal obtido pela
média dos valores de θ dos picos basais no difratograma (003 e 006) foi de 7,58 Å, que
concorda com o valor reportado na literatura para este tipo de material.
7
O tamanho
médio dos cristalitos calculado foi de 501,6 Å. Nota-se, pela intensidade e largura dos
picos que o material é bem ordenado.
A figura 4.1b mostra o difratograma de raios-X no obtido para o material
após tratamento térmico (calcinação), indicando que o sólido resultante não apresenta
mais a estrutura lamelar organizada do HDL. Os picos mostrados são referentes ao
óxido misto.
10 20 30 40 50 60 70
(110)
(112)
(116)
(018)
(015)
(012)
(006)
(003)
Intensidade (cps)
2
θ
(graus)
10 20 30 40 50 60 70
MgO
MgO
intensidade (cps)
2
θ
(graus)
10 20 30 40 50 60 70
(110)
(112)
(116)
(018)
(015)
(012)
(006)
(003)
Intensidade (cps)
2
θ
(graus)
10 20 30 40 50 60 70
MgO
MgO
intensidade (cps)
2
θ
(graus)
a) b)
10 20 30 40 50 60 70
(110)
(112)
(116)
(018)
(015)
(012)
(006)
(003)
Intensidade (cps)
2
θ
(graus)
10 20 30 40 50 60 70
MgO
MgO
intensidade (cps)
2
θ
(graus)
10 20 30 40 50 60 70
(110)
(112)
(116)
(018)
(015)
(012)
(006)
(003)
Intensidade (cps)
2
θ
(graus)
10 20 30 40 50 60 70
MgO
MgO
intensidade (cps)
2
θ
(graus)
a) b)
Figura 4.1.
a) Difratograma de raios X no pó (DRXP) para: a) o MgAlCO
3
-HDL após
tratamento hidrotérmico; b) para o MgAlCO
3
-HDL após tratamento térmico
(calcinação).
As curvas de decomposição térmica, obtidas por análise termogravimétrica
acoplada à análise térmica diferencial (ATG/ATD) são mostradas na
figura 4.2
.
Resultados e Discussão
38
Por meio da análise termogravimétrica, podemos identificar três faixas distintas
de decomposição do material utilizado. A primeira faixa, entre a temperatura ambiente
até aproximadamente 500K, corresponde à eliminação de água adsorvida e água de
solvatação dos ânions na estrutura cristalina do material, correspondendo a 15% da
massa do HDL. A segunda faixa, entre 500 e 700K, corresponde à desidroxilação e a
decomposição do carbonato intercalado, representado outros 30% de perda de massa.
Acima de 700K, a perda de massa corresponde à formação do óxido misto e o colapso
da estrutura lamelar.
300 400 500 600 700 800 900 1000 1100
60
65
70
75
80
85
90
95
100
ATG
ATD
Temperatura (K)
Massa (%)
-27
-24
-21
-18
-15
-12
-9
-6
-3
0
T (K)
Endo
Endo
Exo
Exo
300 400 500 600 700 800 900 1000 1100
60
65
70
75
80
85
90
95
100
ATG
ATD
Temperatura (K)
Massa (%)
-27
-24
-21
-18
-15
-12
-9
-6
-3
0
T (K)
Endo
Endo
Exo
Exo
Figura 4.2. Curvas de TA e DTA para o MgAlCO
3
-HDL após o tratamento
hidrotérmico.
A figura 4.3 mostra a análise por espectroscopia na região do infravermelho (IV-
TF) para o HDL sem calcinar (a) e para o mesmo após a calcinação (b). Para o material
sem calcinar observa-se uma banda larga na faixa de 3450 cm
-1
que é atribuída ao
estiramento do grupo OH das moléculas de água de hidratação, cristalização e grupos
hidroxilas das lamelas, comuns a todos os HDL. A banda de absorção na região
próxima de 1590 cm
-1
é atribuída à deformação angular das moléculas de água. Na
região de 1400 cm
-1
tem-se a banda referente ao estiramento C-O do carbonato
intercalado. As bandas na região entre 920 e 430 cm
-1
são referentes aos estiramentos
das ligações M-O e O-M-O (M = Mg
2+
ou Al
3+
) nas lamelas dos HDL. Em (b) são
mostradas diferenças significativas para o material calcinado. As bandas observadas na
Resultados e Discussão
39
faixa de 3400 cm
-1
e em 1400 cm
-1
são de menor intensidade. Isso se deve,
respectivamente, à perda de água de adsorção e de intercalação e perda de carbonato.
90
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
3450
3000
1590
840
1400
430
650
b)
a)
ν
νν
ν
(cm
-1
)
Transmitância (%)
Figura 4.3. Espectros IV-TF para o MgAlCO
3
-HDL: a)após tratamento hidrotérmico;
b)calcinado.
Através das quantidades de Mg e Al, determinadas por espectroscopia de
absorção atômica e espectroscopia na região do ultravioleta-visível respectivamente,
determinou-se uma razão M
II
:M
III
de 2,56:1 para o material submetido a tratamento
hidrotérmico. Esta razão é de extrema importância, pois especifica a densidade de carga
do HDL, um dos fatores que devem ser levados em conta para o entendimento do
processo de adsorção. As análises foram realizadas em triplicata, de modo que a razão
obtida é resultado de valores médios.
As propriedades texturais do HDL preparado foram avaliadas conforme descrito
na seção 3.4.6, através de isotermas de adsorção-desorção de nitrogênio, mostradas na
figura 4.4, para o material calcinado e não-calcinado. Nos dois casos, a histerese da
curva indica uma morfologia de mesoporos
91
. No caso dos HDL sem calcinar, estes são
formados pelos agregados do material, enquanto para o material calcinado estes
mesoporos são formados durante a calcinação.
Resultados e Discussão
40
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
0
10
20
30
40
50
60
70
ASE = 41,53 m
2
.g
-1
Vol. Adsorvido (cm
3
.g
-1
)
P/P
0
Adsoão
Desorção
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
ASE = 200,41 m
2
.g
-1
Vol. Adsorvido (cm
3
.g
-1
)
P/P
0
Adsoão
Desorção
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
0
10
20
30
40
50
60
70
ASE = 41,53 m
2
.g
-1
Vol. Adsorvido (cm
3
.g
-1
)
P/P
0
Adsoão
Desorção
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
0
10
20
30
40
50
60
70
80
ASE = 200,41 m
2
.g
-1
Vol. Adsorvido (cm
3
.g
-1
)
P/P
0
Adsoão
Desorção
Figura 4.4. Isotermas BET para o MgAlCO3-HDL: a) após o TH; b) calcinado.
Sabendo que um dos objetivos desse trabalho é avaliar a variação da adsorção do
colato em função do pH, outro método de caracterização usado no material foi a
determinação do ponto de carga zero do HDL. O PZC foi determinado, conforme
descrito na seção 3.4.8, para o material preparado. A variação do potencial
eletrocinético em função do pH é mostrado na figura 4.5, indicando o PZC em um valor
de pH de 11,46.
6 7 8 9 10 11 12 13
-10
0
10
20
30
40
PZC = 11,46
I
I
I
I
I
I
I
I
I
-----------------------------------
Potencial Eletrocinético (mV)
pH
Figura 4.5. Variação do Potencial Eletrocinético em função do pH, para suspensões do
HDL em água.
A figura 4.6 mostra as imagens de microscopia eletrônica de varredura (MEV),
em diferentes magnificações, obtidas para o HDL preparado e para o produto de
Resultados e Discussão
41
calcinação do mesmo. No caso do HDL original, observa-se uma superfície irregular,
pouco porosa e a existência de alguns aglomerados. Já no material calcinado, destaca-se
um grande aumento na porosidade da superfície.
3 µ
µµ
µm
1 µ
µµ
µm
1 µ
µµ
µm
10 µ
µµ
µm
a) b)
c) d)
3 µ
µµ
µm
1 µ
µµ
µm
1 µ
µµ
µm
10 µ
µµ
µm
3 µ
µµ
µm
1 µ
µµ
µm
1 µ
µµ
µm
10 µ
µµ
µm
a) b)
c) d)
Figura 4.6. Imagens de MEV para o MgAlCO
3
-HDL. a) não calcinado (5.000 x); b)
não calcinado (10.000 x); c) calcinado (1.000 x); d) calcinado (10.000 x)
4.2) Estudo da adsorção de ânions colato em MgAlCO
3
-HDL em função
do tempo – estudo cinético
A partir do estudo da adsorção (para o HDL original) e sorção (para o HDL
calcinado) em função do tempo, foi possível determinar o tempo necessário para se
atingir o equilíbrio nos dois tipos de processos. Realizaram-se experimentos variando-se
os seguintes parâmeteros: temperatura (298 e 323 K), pH da solução inicial de colato
(7,0 e 10,0) e presença ou ausência de 0,1 mol.dm
-3
de NaCl às soluções (aumento da
força iônica do meio). Foram também medidos os valores de pH finais, no sobrenadante
Resultados e Discussão
42
de cada alíquota. A variação do valor da concentração de equilíbrio em função do tempo
passa a ser praticamente nula após 72 horas. Os perfis das curvas obtidas são
semelhantes para todas as condições. (figura 4.7)
0 10 20 30 40 50 60 70
0,0
2,0x10
-4
4,0x10
-4
6,0x10
-4
8,0x10
-4
1,0x10
-3
C
e
(mol.dm
-3
)
tempo (h)
298K / pH = 7 / FI = 0,0M
323K / pH = 7 / FI = 0,0M
0 10 20 30 40 50 60 70
0,0
2,0x10
-4
4,0x10
-4
6,0x10
-4
8,0x10
-4
1,0x10
-3
C
e
(mol.dm
-3
)
tempo (h)
298K / pH = 7 / FI = 0,0M
298K / pH = 7 / FI = 0,1M
323K / pH = 7 / FI = 0,1M
0 10 20 30 40 50 60 70
0,0
2,0x10
-4
4,0x10
-4
6,0x10
-4
8,0x10
-4
1,0x10
-3
C
e
(mol.dm
-3
)
tempo (h)
298 K / pH = 7 / FI = 0,0M
298 K / pH = 10 / FI = 0,0M
0 10 20 30 40 50 60 70
7,0
7,2
7,4
7,6
7,8
8,0
8,2
pH
tempo (h)
298K / FI = 0,0M
323K / FI = 0,0M
298K / FI = 0,1M
323K / FI = 0,1M
a) b)
d)
c)
0 10 20 30 40 50 60 70
0,0
2,0x10
-4
4,0x10
-4
6,0x10
-4
8,0x10
-4
1,0x10
-3
C
e
(mol.dm
-3
)
tempo (h)
298K / pH = 7 / FI = 0,0M
323K / pH = 7 / FI = 0,0M
0 10 20 30 40 50 60 70
0,0
2,0x10
-4
4,0x10
-4
6,0x10
-4
8,0x10
-4
1,0x10
-3
C
e
(mol.dm
-3
)
tempo (h)
298K / pH = 7 / FI = 0,0M
298K / pH = 7 / FI = 0,1M
323K / pH = 7 / FI = 0,1M
0 10 20 30 40 50 60 70
0,0
2,0x10
-4
4,0x10
-4
6,0x10
-4
8,0x10
-4
1,0x10
-3
C
e
(mol.dm
-3
)
tempo (h)
298 K / pH = 7 / FI = 0,0M
298 K / pH = 10 / FI = 0,0M
0 10 20 30 40 50 60 70
7,0
7,2
7,4
7,6
7,8
8,0
8,2
pH
tempo (h)
298K / FI = 0,0M
323K / FI = 0,0M
298K / FI = 0,1M
323K / FI = 0,1M
0 10 20 30 40 50 60 70
0,0
2,0x10
-4
4,0x10
-4
6,0x10
-4
8,0x10
-4
1,0x10
-3
C
e
(mol.dm
-3
)
tempo (h)
298K / pH = 7 / FI = 0,0M
323K / pH = 7 / FI = 0,0M
0 10 20 30 40 50 60 70
0,0
2,0x10
-4
4,0x10
-4
6,0x10
-4
8,0x10
-4
1,0x10
-3
C
e
(mol.dm
-3
)
tempo (h)
298K / pH = 7 / FI = 0,0M
298K / pH = 7 / FI = 0,1M
323K / pH = 7 / FI = 0,1M
0 10 20 30 40 50 60 70
0,0
2,0x10
-4
4,0x10
-4
6,0x10
-4
8,0x10
-4
1,0x10
-3
C
e
(mol.dm
-3
)
tempo (h)
298 K / pH = 7 / FI = 0,0M
298 K / pH = 10 / FI = 0,0M
0 10 20 30 40 50 60 70
7,0
7,2
7,4
7,6
7,8
8,0
8,2
pH
tempo (h)
298K / FI = 0,0M
323K / FI = 0,0M
298K / FI = 0,1M
323K / FI = 0,1M
a) b)
d)
c)
Figura 4.7. Curvas de adsorção de ânions colato em MgAlCO
3
-HDL em função do
tempo em diferentes condições. a) em diferentes temperaturas (298 e 323K); b) na
presença e na ausência de NaCl no meio; c) em diferentes valores de pH das soluções
iniciais de colato (7,0 e 10,0).Curva de evolução temporal do pH do sobrenadante d),
após a adsorção, em diversas condições.
Para o HDL original, a condição experimental que resultou em uma melhor
eficiência de adsorção foi aquela com temperatura de adsorção de 298 K, com pH da
solução de colato com valor ajustado para 7,0 e com a adição de 0,1 mol.dm
-3
de NaCl.
Resultados e Discussão
43
Além disso, todas as curvas indicam uma tendência ao início de saturação dos sítios do
adsorvente nos últimos pontos das isotermas.
Comparando as curvas, verifica-se que o aumento da temperatura de 298 para
323 K levou a um desfavorecimento da quantidade adsorvida de colato. Este efeito pode
ser visto na figura 4.7a. O aumento da temperatura causa uma diminuição na adsorção
porque resulta numa maior influência da componente entrópica da variação de energia
livre do sistema (dada por G = H – TS). Entretanto, a adsorção de colato na
superfície do HDL resulta numa maior organização do sistema, ou seja, uma diminuição
da entropia (S<0), representando uma diminuição no valor negativo de energia livre,
governada pelo fator entálpico (H), de modo que a adsorção ocorre acompanhada da
liberação de calor. Quando a temperatura é maior, a componente entrópica (TS) é
aumentada, diminuindo a importância da componente entálpica no valor da energia livre
do sistema para o processo espontâneo (G<0). Assim, a organização de agregados
mais compactos ou com um número maior de moléculas de colato no HDL, leva a uma
diminuição da eficiência da adsorção em temperaturas mais altas.
Como demonstrado na figura 4.7b, o aumento da força iônica do sistema,
provocado pela adição de NaCl, resultou em um considerável aumento na quantidade
adsorvida de colato, na faixa de concentração avaliada. Foi também observada formação
de um patamar de adsorção. A adição de NaCl, com conseqüente aumento de força
iônica do meio, ajuda a diminuir as forças repulsivas existentes entre os grupos polares
do colato, permitindo a formação de agregado mais compacto, aumentando a adsorção
do composto em HDL.
Em condições de pH mais elevado, a quantidade de colato adsorvido é menor uma
vez que ocorre uma diminuição da carga da superfície do HDL em função da interação
desta com íons hidroxilas (OH
-
) da solução. Essa diminuição da quantidade adsorvida
fica evidenciada na figura 4.7c.
Nos experimentos onde o pH inicial das soluções de colato foi 7, houve uma
pequena dissolução do HDL e conseqüente liberação de hidroxilas para a solução, fato
esse que eleva o pH do meio após a adsorção. Contudo, a quantidade de OH
-
liberada
pela dissolução do HDL é pequena e não interfere significativamente no processo de
adsorção. Após a adsorção, os valores de pH atingiram valores entre 7,6 e 8,2. Esse
efeito pode ser visto claramente na figura 4.7d. Por outro lado, quando o valor inicial do
pH é igual a 10, a dissolução do HDL foi praticamente nula.
Resultados e Discussão
44
As taxas de extração foram calculadas medindo a diferença entre a concentração
inicial da solução de colato (C
0
= 5x10
-3
mol.L
-1
) e a concentração obtida após 72 horas
(concentração de equilíbrio). A tabela 4.1 indica os valores de taxa de extração para a
adsorção do colato em MgAlCO
3
-HDL, em diversas condições diferentes.
Tabela 4.1. Taxas de extração de colato pelo HDL original.
Na figura 4.8, são apresentados os difratogramas de raios-X obtidos para o HDL
original e o HDL com colato adsorvido após 72 horas em contato com as soluções, em
diferentes condições.
Os resultados mostram que não diferenças significativas em relação aos picos
basais que caracterizam o MgAlCO
3
-HDL, ou seja, não foi observada alteração no
espaçamento basal do HDL.
Temperatura
(K)
0,1 M (NaCl)
pH Taxas de
Extração (%)
298 Sim 7,0 19,8
298 Não 7,0 16,8
323 Sim 7,0 14,7
323 Não 7,0 14,1
298 Não 10,0 3,9
Resultados e Discussão
45
10 20 30 40 50 60 70
b)
a)
c)
d)
Intensidade (cps)
2
θ
(graus)
Figura 4.8. DRXP para o HDL original em diversas condições. a) puro; b) adsorvido
com colato a 298K em pH 10 ; c) adsorvido a 323 K em pH 7; d) adsorvido a 298 K em
pH 7 com adição de NaCl.
O espectro de infravermelho para o MgAlCO
3
-HDL com colato adsorvido após
72 horas em contato com as soluções, em diferentes condições, é mostrado na figura
4.9. Esse espectro apresenta uma larga banda na região próxima a 3400 cm
-1
, atribuída à
água de hidratação e às hidroxilas (das lamelas). As bandas localizadas entre 2750-3000
cm
-1
podem estar associadas às ligações de hidrogênio existentes entre os dímeros de
ânions colato intercalados no domínio interlamelar.
As bandas localizadas na região próxima a 1500 cm
-1
comprovam a presença do
composto carboxílico no material. Nos compostos em que existem ligações de
hidrogênio intermoleculares entre ácidos carboxílicos, a banda C=O aparece na região
de 1700 cm
-1
. Observam-se também bandas largas na região de 1400 a 920 cm
-1
,
devidos à deformação da ligação O-H.
92
Resultados e Discussão
46
d)
c)
b)
a)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Transmitância (%)
υ (cm
-1
)
d)
c)
b)
a)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Transmitância (%)
υ (cm
-1
)
d)
c)
b)
a)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Transmitância (%)
υ (cm
-1
)
d)
c)
b)
a)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
Transmitância (%)
υ (cm
-1
)
Figura 4.9. Espectro na região do infravermelho para o HDL original. a) puro; b)
adsorvido com colato a 298K em pH 10; c) adsorvido a 323 K em pH 7; d) adsorvido a
298 K em pH 7 com adição de NaCl.
.
O tamanho médio dos cristalitos foi determinado pelo método de Scherrer, como
explicado na seção 3.8, para os sólidos correspondentes aos últimos pontos de cada
curva mostradas na figura 4.7. Os valores obtidos são mostrados na tabela 4.2. Os
valores de tamanho médio de cristalitos é sempre maior para os sólidos adsorvidos,
quando comparados com o do HDL puro.
Resultados e Discussão
47
Tabela 4.2. Tamanho médio dos cristalitos para o HDL adsorvido com colato (estudo
cinético)
Adotou-se o mesmo procedimento de estudo cinético para o HDL calcinado.
Para isso, quantidade suficiente de adsorvente foi colocado em um cadinho de porcelana
em um forno e levado à temperatura de 873 K, durante 6 horas, em atmosfera de
oxigênio. As condições experimentais de adsorção foram as mesmas usadas para o HDL
original. Após a calcinação, esse material foi devidamente armazenado de forma a evitar
o contato com CO
2
presente na atmosfera. Para a sorção no material calcinado, a única
variável foi a temperatura, pois as outras variáveis são de difícil controle para esse tipo
de material.
Para o HDL calcinado, a condição experimental que leva a melhor eficiência de
remoção de íons é aquela com temperatura de adsorção de 298 K. Novamente, o
aumento da temperatura desfavorece a adsorção de colato, como discutido. Mais uma
vez, as curvas indicam uma tendência ao início da saturação dos sítios do adsorvente
nos últimos pontos das isotermas. Nota-se, entretanto, que a região de saturação é
atingida mais rapidamente (aproximadamente 4 horas) para estas condições. A figura
4.10 mostra uma comparação entre as curvas de adsorção de colato pelo HDL original e
de sorção pelo HDL calcinado, em diferentes temperaturas.
Amostra Tamanho (Å)
HDL puro 433,5
298K; pH 10; FI 0,0M 454,6
323K; pH 7; FI 0,0M 481,9
323K; pH 7; FI 0,1M 482,6
298K; pH 7; FI 0,0M 495,6
298K; pH 7; FI 0,1M 496,2
Resultados e Discussão
48
0 10 20 30 40 50 60 70
0,0
5,0x10
-4
1,0x10
-3
1,5x10
-3
2,0x10
-3
2,5x10
-3
3,0x10
-3
3,5x10
-3
4,0x10
-3
C
e
(mol.dm
-3
)
tempo (h)
Calcinado / 298 K
Calcinado / 323 K
Não-Calcinado / 298 K
Não-Calcinado / 323 K
Figura 4.10. Curvas de adsorção e de sorção de colato em MgAlCO
3
-HDL ou no
material calcinado, em função do tempo em diferentes condições de temperatura.
Comparação entre as taxas de remoção de íons pelo HDL original e calcinado.
A tabela 4.3 mostra as taxas de extração de colato pelo HDL calcinado nas
condições experimentais utilizadas. As eficiências de sorção são maiores do que as
eficiências de adsorção. Isso pode ser explicado por dois fatores: (i) Durante o processo
de sorção, ocorrem ambos os processos de adsorção e intercalação devido a regeneração
do precursor calcinado (também conhecido com efeito memória”); (ii) o valor de área
superficial específica do HDL calcinado é aproximadamente cinco vezes maior do que
do material não-calcinado, resultando assim em taxas de extração maiores.
Tabela 4.3. Taxas de extração de colato pelo HDL calcinado.
Na figura 4.11, são apresentados os difratogramas de raios-X obtidos para o
HDL calcinado e o HDL calcinado com colato adsorvido após 72 horas em contato com
as soluções, em diferentes condições.
Os difratogramas mostram a reconstrução das lamelas do HDL calcinado quando
colocado em contato com as soluções de colato, entretanto com um valor de
Temperatura (K) Taxas de Extração
(%)
298 71,1
323 61,4
Resultados e Discussão
49
espaçamento basal similar à intercalação de íons hidroxila. O oxi-hidróxido obtido após
a calcinação do HDL é hidrolisado, regenerando a estrutura do HDL. Nota-se o
surgimento de dois discretos picos em 2θ igual a 7,5 e 16,3°. Comparando com o
difratograma obtido para o colato de sódio puro, mostrado na figura 4.12, observa-se a
existência de dois picos com o mesmo valor de 2θ . Assim, concluímos que devido à
grande quantidade de colato sorvido pelo HDL calcinado, cristais podem ter se formado
na superfície do HDL, sendo detectados por meio de difração de raios-X.
10 20 30 40 50 60 70
a)
Intensidade (cps)
2
θ
(graus)
c)
b)
Figura 4.11. DRXP para o HDL calcinado em diversas condições. a) puro; b)
adsorvido a 323 K; c) adsorvido a 298 K.
Resultados e Discussão
50
0 10 20 30 40 50
2
θ
= 16,
2
θ
= 7,5°
Intensidade (cps)
2
θ
(graus)
Figura 4.12. DRXP para o colato de sódio puro.
4.3) Adsorção dos ânions colato em MgAlCO
3
– HDL
Os resultados obtidos do estudo da adsorção do colato no HDL sem calcinar são
mostrados na forma de isotermas de adsorção e discutidos, detalhadamente, para cada
variável estudada.
Foram escolhidas três variáveis para serem estudadas no processo de adsorção
utilizando-se o HDL não calcinado (já citadas: temperatura, pH inicial das soluções de
colato e força iônica do meio). Cada variável foi dividida em duas condições, e foram
realizadas todas as combinações possíveis entre essas condições, totalizando oito
experimentos. As duas condições das variáveis escolhidas foram: temperatura (298K e
323K); força iônica (presença ou ausência de 0,1M de NaCl às soluções de colato) e pH
inicial da solução de colato (7,0 e 10,0).
Resultados e Discussão
51
4.3.1) Influência da temperatura e do pH
O efeito da adsorção do colato foi avaliado em dois valores de pH, que o
adsorvente apresenta valores diferentes de potencial eletrocinético, dependendo do pH
de meio. Os resultados obtidos são mostrados na figura 4.13.
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
7,0x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298K; pH = 7,0
T = 323K; pH = 7,0
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
1,2x10
-2
1,4x10
-2
1,6x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298K; pH = 10,0
T = 323K; pH = 10,0
a)
b)
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
7,0x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298K; pH = 7,0
T = 323K; pH = 7,0
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
1,2x10
-2
1,4x10
-2
1,6x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298K; pH = 10,0
T = 323K; pH = 10,0
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
7,0x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298K; pH = 7,0
T = 323K; pH = 7,0
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
1,2x10
-2
1,4x10
-2
1,6x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298K; pH = 10,0
T = 323K; pH = 10,0
a)
b)
Figura 4.13. Isotermas de adsorção de colato em HDL, a 298 e 323 K. a) pH 7,0; b) pH
10,0.
De acordo com a classificação proposta por Giles
78,79
, as isotermas da figura
4.12 são do tipo S, indicando que a isoterma apresenta uma dependência da
concentração, implicando numa adsorção cooperativa, pelo aumento do número de
sítios capazes de reter moléculas de adsorvato. Em ambas as condições de pH, as
isotermas se encaixam no subgrupo 2, característica nos casos de saturação da
monocamada. Nota-se, pelos gráficos, que as isotermas a pH 7 atingem um patamar de
adsorção, que poderia ser interpretado com a saturação dos sítios de adsorção
disponíveis. Nas isotermas a pH 10, apesar dos patamares ainda não estarem bem
definidos, os perfis das isotermas indicam uma tendência ao início da formação destes.
Comparando os gráficos, é possível notar que o aumento da temperatura causou
uma visível redução na quantidade máxima adsorvida, sendo esta diferenciação mais
pronunciada em concentrações de equilíbrio mais altas. Esse comportamento está de
acordo com o explicado na seção 4.2. Novamente, o aumento na temperatura torna mais
difícil a formação de uma organização ou agregado mais compacto na superfície do
Resultados e Discussão
52
HDL. Essas características têm sido reportadas para vários sistemas de adsorção de
tensoativos em óxidos minerais e em HDL.
Pelos gráficos, também fica evidenciado que o aumento do pH de 7,0 para 10,0
causou uma redução na quantidade máxima adsorvida. A menor capacidade de adsorção
em pH mais alto deve-se à mudança provocada no potencial superficial do adsorvente
pela maior concentração de íons hidroxila em solução. Como já demonstrado, o
potencial eletrocinético do HDL preparado sofre uma variação, em função do pH, de
aproximadamente 16 mV (36 mV em pH 7 a 16 mV em pH 10). Considerando que as
interações responsáveis pela adsorção na superfície do HDL são predominantemente de
origem eletrostática, ou seja, dependem das cargas presentes na superfície do HDL e do
ânion em solução, a diferença na capacidade de adsorção é justificada.
As curvas de variação de potencial eletrocinético em função da temperatura e do
pH para estas isotermas são mostradas na figura 4.14.
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
T = 298K; pH = 7,0
T = 323K; pH = 7,0
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
T = 298K; pH = 10,0
T = 323K; pH = 10,0
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
a)
b)
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
T = 298K; pH = 7,0
T = 323K; pH = 7,0
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
T = 298K; pH = 10,0
T = 323K; pH = 10,0
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
T = 298K; pH = 7,0
T = 323K; pH = 7,0
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
T = 298K; pH = 10,0
T = 323K; pH = 10,0
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
a)
b)
Figura 4.14. Potecial eletrocinético em função da adsorção de colato em HDL, a 298 e
323 K. a) pH 7; b) pH 10.
Os perfis das curvas de potencial eletrocinético relativos à adsorção do colato no
HDL, em cada valor de pH, são bastante semelhantes. Em pH 7, as duas curvas
começam em valores pouco acima de 31 mV que decrescem com o aumento da
concentração de colato, até o ponto em que as duas curvas convergem a valores
próximos a zero. No segundo caso, em pH 10, as duas curvas começam em valores
próximos a 15 mV decrescendo também até valores próximos a zero. Em ambos os
casos, os perfis estão de acordo com o observado em suas respectivas isotermas. Os
Resultados e Discussão
53
valores próximos a zero nos pontos de maior quantidade adsorvida confirmam a
proposta de saturação dos sítios adsorventes disponíveis.
Foram realizadas medidas de pH em cada uma das soluções de sobrenadante
obtidas após o contato com o adsorvente. A figura 4.15 mostra a variação do pH com a
concentração.
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,4
7,6
7,8
8,0
8,2
8,4
pH
equilíbro
[colato]
eq.
T=298K; pH=7,0
T=323K; pH=7,0
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,8
8,0
8,2
8,4
8,6
8,8
9,0
9,2
9,4
9,6
9,8
pH
equilíbro
[colato]
eq.
T=298K; pH=10,0
T=323K; pH=10,0
a)
b)
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,4
7,6
7,8
8,0
8,2
8,4
pH
equilíbro
[colato]
eq.
T=298K; pH=7,0
T=323K; pH=7,0
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,8
8,0
8,2
8,4
8,6
8,8
9,0
9,2
9,4
9,6
9,8
pH
equilíbro
[colato]
eq.
T=298K; pH=10,0
T=323K; pH=10,0
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,4
7,6
7,8
8,0
8,2
8,4
pH
equilíbro
[colato]
eq.
T=298K; pH=7,0
T=323K; pH=7,0
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,8
8,0
8,2
8,4
8,6
8,8
9,0
9,2
9,4
9,6
9,8
pH
equilíbro
[colato]
eq.
T=298K; pH=10,0
T=323K; pH=10,0
a)
b)
Figura 4.15. Variação do pH do sobrenadante em função da adsorção de colato em
HDL, a 298 e 323K. a) pH 7; b) pH 10.
Os gráficos mostram dois comportamentos distintos para os materiais estudados.
No primeiro caso, nos experimentos preparados em pH 7, após o equilíbrio, o pH
observado foi maior que o inicial, começando em valores de 7,45 e 7,6 (298 e 323 K),
sendo incrementado gradualmente até tornar-se constante em valores de
aproximadamente 8,3 e 8,4 298 e à 323 K respectivamente). Isso ocorre porque em
pH 7, uma pequena quantidade do HDL pode ser solubilizada, liberando hidroxilas para
a solução, promovendo um discreto incremento no pH da solução, conforme a adsorção
inicia-se em baixas concentrações de colato. Quando o pH atinge um determinado valor,
o equilíbrio é atingido e o mesmo permanece constante.
No segundo caso, nos experimentos realizados em pH 10 observou-se nas
menores concentrações um valor de pH menor do que o inicial (8,0 e 8,1 à 298 e à
323 K respectivamente), que foi aumentado gradualmente até convergir, nas duas
temperaturas, para o valor próximo do inicial (~10,0). Esse comportamento pode ser
explicado pelo fato de que em pH 10, a concentração de íons OH
-
em solução é grande
Resultados e Discussão
54
o suficiente para promover uma competição com a adsorção do colato pelos sítios de
adsorção do HDL, em baixas concentrações do colato (primeiros pontos da curva).
Quando a concentração de colato aumenta, o equilíbrio de adsorção é deslocado
favorecendo a adsorção do mesmo, fazendo com que a diminuição do pH seja cada vez
menor, até que a concentração do colato seja suficientemente alta para manter o pH da
solução constante.
Os sólidos adsorvidos correspondentes a alguns pontos da região do patamar nas
isotermas mostradas na figura 4.13 foram submetidos à análise por difração de raios X
no pó. Os difratogramas foram comparados com o obtido para o adsorvente puro (figura
4.16).
10 20 30 40 50 60 70
(006)
(003)
Intensidade (cps)
2
θ
θθ
θ
(graus)
(116)
(113)
(110)
(018)
(015)
+ (012)(009)
a)
b)
c)
10 20 30 40 50 60 70
(006)
(003)
Intensidade (cps)
2
θ
θθ
θ
(graus)
(116)
(113)
(110)
(018)
(015)
+ (012)(009)
a)
b)
c)
Figura 4.16. DRXP para o HDL adsorvido com colato em diferentes condições. a)
puro; b) adsorvido a 323 K a pH 7; c) adsorvido a 298 K a pH 7.
Os difratogramas indicam que não ocorreu substituição do ânion interlamelar
CO
3
2-
pelo colato na forma aniônica, visto que não foi observada alteração no
espaçamento basal do HDL. Em todas as amostras, o valor de d = 7,59
Å
permanece
constante, indicando que ocorre adsorção de colato apenas na superfície. Os valores
obtidos para o tamanho médio dos cristalitos, para os sólidos correspondentes aos
últimos pontos nas isotermas de adsorção, são mostrados na tabela 4.4. Estes resultados
Resultados e Discussão
55
estão de acordo com o observado nas isotermas: os valores de tamanho médio de
cristalitos são sempre maiores para os sólidos adsorvidos.
Tabela 4.4. Tamanho médio dos cristalitos para o HDL adsorvido com colato variando
o pH e a temperatura.
As mesmas amostras analisadas por DRXP foram submetidas à análise por IV-
TF, e os espectros são mostrados na figura 4.17.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
650
840
920
1400
1500
Transmitância (%)
ν
(cm
-1
)
3000
a)
c)
b)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
650
840
920
1400
1500
Transmitância (%)
ν
(cm
-1
)
3000
a)
c)
b)
Figura 4.17. Espectros na região do infravermelho para o HDL adsorvido com colato
em diferentes condições. a) puro; b) adsorvido a 323 K a pH 7; c) adsorvido a 298 K a
pH 7.
Amostra Tamanho (Å)
HDL puro 433,5
323K; pH 10 454,7
298K; pH 10 459,8
323K; pH 7 482,7
298K; pH 7 495,4
Resultados e Discussão
56
Os espectros obtidos para o material adsorvido apresentam perfil diferente
daquele obtido para o HDL puro. A presença de bandas características na região
próxima a 3400 cm
-1
, são atribuídas à água de hidratação e às hidroxilas (das lamelas).
As bandas localizadas entre 2750-3000 cm
-1
estão associadas às ligações de hidrogênio
existentes entre os dímeros de ânions colato intercalados no domínio interlamelar.
As bandas localizadas na região próxima a 1500 cm
-1
comprovam a presença de
composto carboxílico no material. Nos compostos em que existem ligações de
hidrogênio intermoleculares entre ácidos carboxílicos, a banda C=O aparece na região
de 1700 cm
-1
.
A tabela 4.5 mostra a adsorção máxima obtida em diferentes condições, assim
como a eficiência de adsorção no último ponto de cada isoterma. Considera-se como
“eficiência” a porcentagem de massa do adsorvato adsorvida na região do platô, em
relação à quantidade de adsorvente utilizada. Os cálculos foram realizados utilizando a
quantidade de colato inicial como sendo a máxima disponível para ser adsorvida
(100%), considerando-se a influência da temperatura e do pH inicial das soluções de
colato.
Tabela 4.5. Dados sobre a quantidade máxima adsorvida pelo HDL não-calcinado, em
diversas condições, considerando-se a influência da temperatura e do pH .
Os dados da tabela confirmam que o aumento da temperatura diminui a adsorção
de colato. O aumento do pH inicial das soluções de colato também prejudica
sensivelmente a adsorção máxima e, conseqüentemente, a eficiência de adsorção.
Temperatura
(K)
pH
0,1 M (NaCl)
Adsorção
Máxima
(mmol.g
-1
)
Eficiência (%)
298 7,0 Não 6,424x10
-2
5,561
323 7,0 Não 4,444x10
-2
3,555
298 10,0 Não 1,438x10
-2
1,152
323 10,0 Não 1,186x10
-2
0,951
Resultados e Discussão
57
4.3.2) Influência da Força Iônica e do pH
O efeito da alteração da força iônica causado pela adição de um sal (NaCl) na
adsorção do colato foi avaliado também em dois valores diferentes de pH e mantendo-se
a temperatura constante a 298 K As isotermas são apresentadas na figura 4.18.
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
2,0x10
-2
4,0x10
-2
6,0x10
-2
8,0x10
-2
1,0x10
-1
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
pH = 7; FI = 0,1M
pH = 7; FI = 0,0M
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
5,0x10
-3
1,0x10
-2
1,5x10
-2
2,0x10
-2
2,5x10
-2
3,0x10
-2
3,5x10
-2
4,0x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
pH = 10; FI = 0,1M
pH = 10; FI = 0,0M
a) b)
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
2,0x10
-2
4,0x10
-2
6,0x10
-2
8,0x10
-2
1,0x10
-1
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
pH = 7; FI = 0,1M
pH = 7; FI = 0,0M
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
5,0x10
-3
1,0x10
-2
1,5x10
-2
2,0x10
-2
2,5x10
-2
3,0x10
-2
3,5x10
-2
4,0x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
pH = 10; FI = 0,1M
pH = 10; FI = 0,0M
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
2,0x10
-2
4,0x10
-2
6,0x10
-2
8,0x10
-2
1,0x10
-1
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
pH = 7; FI = 0,1M
pH = 7; FI = 0,0M
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
5,0x10
-3
1,0x10
-2
1,5x10
-2
2,0x10
-2
2,5x10
-2
3,0x10
-2
3,5x10
-2
4,0x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
pH = 10; FI = 0,1M
pH = 10; FI = 0,0M
a) b)
Figura 4.18. Isotermas de adsorção de colato em HDL, a 298 K com e sem adição de
NaCl a) pH 7,0; b) pH 10,0.
Em ambos os casos, as isotermas obtidas em força iônica maior podem ser
classificadas como pertencentes à classe S, subgrupo 1, de acordo com Giles,
78,79
indicando sistemas com a monocamada do adsorvato não saturada. Isso explica a não
formação de um patamar bem definido nessas condições experimentais. As isotermas
sem alteração da força iônica já foram discutidas em 4.3.1.
Em ambos os valores de pH, as isotermas obtidas com aumento da força iônica do
meio apresentaram uma capacidade de adsorção maior do que a obtida sem a adição de
NaCl. Esse efeito já foi discutido no estudo cinético em 4.2.
As curvas de variação do potencial eletrocinético em função da força iônica e do pH
para estas isotermas são mostradas na figura 4.19.
Resultados e Discussão
58
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
pH 7; FI = 0,1M
pH 7; FI = 0,0M
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
0
5
10
15
20
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
pH = 10; FI = 0,1M
pH = 10; FI = 0,0M
a)
b)
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
pH 7; FI = 0,1M
pH 7; FI = 0,0M
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
0
5
10
15
20
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
pH = 10; FI = 0,1M
pH = 10; FI = 0,0M
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
pH 7; FI = 0,1M
pH 7; FI = 0,0M
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
0
5
10
15
20
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
pH = 10; FI = 0,1M
pH = 10; FI = 0,0M
a)
b)
Figura 4.19. Potencial Eletrocinético em função da adsorção de colato em HDL, a
298 K com e sem adição de NaCl. a) pH 7; b) pH 10.
As curvas do potencial eletrocinético relativo à adsorção de colato no HDL
apresentam perfis semelhantes. Em pH 7, as curvas começam em valores próximos a 34
e 32 mV, decrescendo, com o aumento da concentração de colato avalores próximos
de 5 e -2 mV, respectivamente para as isotermas com e sem adição de NaCl. Em pH 10,
as curvas começam em valores próximos de 19 e 13 mV e decrescem até valores
próximos 1,5 e -0,5 mV, respectivamente.
Observa-se que o potencial eletrocinético medido é mais positivo para as
suspensões obtidas em presença de NaCl, embora a adsorção seja maior nestas
condições. Esse fenômeno pode estar atribuído ao fato de que o sal promove um
aumento no tamanho das partículas, devido à formação de agregados de tamanho
significativamente maior. Esses agregados seriam grandes o suficiente para rapidamente
decantar na suspensão, fazendo com que os resultados das medidas do potencial
eletrocinético não levem em conta o potencial destas partículas e os valores observados
sejam relativamente mais positivos do que os reais, quando a concentração de adsorvato
é suficientemente alta.
93
Mais uma vez, foram realizadas medidas de pH em cada uma das soluções de
sobrenadante, obtidas após o contato com o adsorvente. A figura 4.20 mostra a variação
do pH com a concentração.
Resultados e Discussão
59
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,4
7,6
7,8
8,0
8,2
8,4
8,6
pH
equilíbro
[colato]
eq.
pH=7,0; FI=0,1M
pH=7,0; FI=0,0M
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,8
8,0
8,2
8,4
8,6
8,8
9,0
9,2
9,4
9,6
9,8
pH
equilíbro
[colato]
eq.
pH=10,0; FI=0,1M
pH=10,0; FI=0,0M
a) b)
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,4
7,6
7,8
8,0
8,2
8,4
8,6
pH
equilíbro
[colato]
eq.
pH=7,0; FI=0,1M
pH=7,0; FI=0,0M
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,8
8,0
8,2
8,4
8,6
8,8
9,0
9,2
9,4
9,6
9,8
pH
equilíbro
[colato]
eq.
pH=10,0; FI=0,1M
pH=10,0; FI=0,0M
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,4
7,6
7,8
8,0
8,2
8,4
8,6
pH
equilíbro
[colato]
eq.
pH=7,0; FI=0,1M
pH=7,0; FI=0,0M
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,8
8,0
8,2
8,4
8,6
8,8
9,0
9,2
9,4
9,6
9,8
pH
equilíbro
[colato]
eq.
pH=10,0; FI=0,1M
pH=10,0; FI=0,0M
a) b)
Figura 4.20. Variação do pH em função da adsorção de colato em HDL, com e sem
adição de 0,1M de NaCl no meio. a) pH 7; b) pH 10.
Os gráficos mostram dois comportamentos distintos para os materiais estudados.
Como discutido em 4.3.1, nos experimentos preparados em pH 7, após o equilíbrio, o
pH observado foi maior que o inicial, começando em valores de 7,5 e 7,6 (0,0M de
NaCl e 0,1M de NaCl), sendo incrementado gradualmente até tornar-se constante em
valores de aproximadamente 8,3 e 8,4. No segundo caso, nos experimentos realizados
em pH 10 observou-se nas menores concentrações um valor de pH menor do que o
inicial (8,0 e 8,1 com 0,0 e 0,1M de NaCl, respectivamente), que foi aumentado
gradualmente até convergir, nas duas temperaturas, ao valor próximo do inicial (~10,0).
Novamente, alguns pontos onde houve maior adsorção, foram submetidos à
análise de raios-X. O resultado é mostrado na figura 4.21, indicando que não houve
alteração no espaçamento basal do HDL e que a adsorção de colato ocorre apenas na
superfície do material. O tamanho médio dos cristalitos para os sólidos correspondentes
aos últimos pontos nas isotermas de adsorção é mostrado na tabela 4.6. Mais uma vez,
os valores de tamanho médio de cristalitos são maiores para os sólidos adsorvidos.
Resultados e Discussão
60
10 20 30 40 50 60 70
(006)
(003)
Intensidade (cps)
2
θ
θθ
θ
(graus)
(116)
(113)
(110)
(018)
(015)
+ (012)(009)
a)
c)
b)
10 20 30 40 50 60 70
(006)
(003)
Intensidade (cps)
2
θ
θθ
θ
(graus)
(116)
(113)
(110)
(018)
(015)
+ (012)(009)
a)
c)
b)
Figura 4.21. DRXP para o HDL adsorvido com colato em diferentes condições. a)
puro; b) adsorvido a 298 K, pH 10 ; c) adsorvido a 298 K a pH 7.
Tabela 4.6. Tamanho médio dos cristalitos para o HDL adsorvido com colato variando
a força iônica e o pH.
As mesmas amostras analisadas por DRXP foram submetidas à análise por IV-
TF, e os espectros são mostrados na figura 4.22.
Amostra Tamanho (Å)
HDL puro 433,5
pH 10; FI 0,0M 459,8
pH 10; FI 0,1M 477,1
pH 7; FI 0,0M 495,4
pH 7; FI 0,1M 498,2
Resultados e Discussão
61
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
650
840
920
1400
1500
3000
ν
(cm
-1
)
Transmitância (%)
a)
c)
b)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
650
840
920
1400
1500
3000
ν
(cm
-1
)
Transmitância (%)
a)
c)
b)
Figura 4.22. Espectros de IV-TF para o HDL adsorvido com colato em diferentes
condições. a) puro; b) adsorvido a 298 K e pH 10; c) adsorvido a 298 K e pH 7.
Mais uma vez, os espectros obtidos para o material adsorvido apresentaram
bandas diferentes quando comparadas ao HDL puro. Os espectros dos sólidos
adsorvidos mostram bandas características já mencionadas em 4.3.1.
A tabela 4.7 mostra a adsorção máxima obtida em diferentes condições,
considerando-se a influência da força iônica e do pH inicial das soluções de colato,
assim como a eficiência da adsorção.
Tabela 4.7. Dados sobre a quantidade máxima adsorvida pelo HDL não-calcinado, em
diversas condições, considerando-se a influência da temperatura e do pH .
pH
0,1 M (NaCl)
Temperatura
(K)
Adsorção
Máxima
(mmol.g
-1
)
Eficiência (%)
7,0 Sim 298 8,765x10
-2
7,010
7,0 Não 298 6,424x10
-2
5,561
10,0 Sim 298 3,723x10
-2
2,959
10,0 Não 298 1,438x10
-2
1,152
Resultados e Discussão
62
4.3.3) Influência da Temperatura e da Força Iônica
O efeito da alteração da força iônica causado pela adição de um sal (NaCl) na
adsorção do colato foi avaliado também em dois valores diferentes de temperatura
(298K e 323K) e mantendo-se, dessa vez, o pH inicial das soluções de colato no valor
fixo de 7,0. As isotermas são apresentadas na figura 4.23.
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
7,0x10
-2
8,0x10
-2
9,0x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298K; FI = 0,1M
T = 298K; FI = 0,0M
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 323K; FI = 0,1M
T = 323K; FI = 0,0M
a) b)
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
7,0x10
-2
8,0x10
-2
9,0x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298K; FI = 0,1M
T = 298K; FI = 0,0M
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 323K; FI = 0,1M
T = 323K; FI = 0,0M
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
7,0x10
-2
8,0x10
-2
9,0x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298K; FI = 0,1M
T = 298K; FI = 0,0M
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 323K; FI = 0,1M
T = 323K; FI = 0,0M
a) b)
Figura 4.23. Isotermas de adsorção de colato em HDL, a pH 7,0 com e sem adição de
NaCl. a) 298K; b) 323K.
Seguindo a classificação proposta por Giles,
78,79
as isotermas obtidas em força
iônica maior, em ambos os casos, podem ser classificadas na classe S, subgrupo 1,
indicando sistemas com a monocamada do adsorvato não saturada. Novamente, não
temos a formação de um patamar bem definido nessas condições experimentais.
as isotermas obtidas sem a adição de 0,1 M de NaCl às soluções de colato se
encaixam na classe S, subgrupo 2 da classificação de Giles, indicando que a isoterma
apresenta uma dependência da concentração (adsorção cooperativa). Esse tipo de
isoterma é característica nos casos onde ocorre a saturação da monocamada. É nítido,
nas figuras das isotermas, que as curvas atingem um patamar de adsorção.
Em ambos os valores de pH, as isotermas obtidas com aumento da força iônica do
meio apresentaram uma capacidade de adsorção maior do que a obtida sem a adição de
NaCl. O aumento da temperatura causou novamente uma redução na quantidade
máxima adsorvida. Esse efeito já foi discutido na seção 4.2.
Resultados e Discussão
63
As curvas de variação do potencial eletrocinético em função da temperatura e da
força iônica para estas isotermas são mostradas na figura 4.24.
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
0
5
10
15
20
25
30
35
T = 298K; FI = 0,0M
T = 298K; FI = 0,1M
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
0
5
10
15
20
25
30
35
T = 323K; FI = 0,0M
T = 323K; FI = 0,1M
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
a) b)
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
0
5
10
15
20
25
30
35
T = 298K; FI = 0,0M
T = 298K; FI = 0,1M
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
0
5
10
15
20
25
30
35
T = 323K; FI = 0,0M
T = 323K; FI = 0,1M
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
0
5
10
15
20
25
30
35
T = 298K; FI = 0,0M
T = 298K; FI = 0,1M
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
0
5
10
15
20
25
30
35
T = 323K; FI = 0,0M
T = 323K; FI = 0,1M
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
a) b)
Figura 4.24. Potencial Eletrocinético em função da adsorção de colato em HDL,
(pH inicial das soluções igual a 7,0) com e sem adição de NaCl. a) 298K; b) 323K.
As curvas do potencial eletrocinético relativo à adsorção de colato no HDL, nestas
condições, apresentam perfis semelhantes. Na temperatura de 298K, as curvas começam
em valores próximos a 34 e 31 mV, decrescendo, com o aumento da concentração de
colato até valores próximos de 4 para a isoterma com adição de NaCl e valores
próximos a zero para a isoterma sem adição de NaCl. Na temperatura de 393K, as
curvas começam em valores próximos a 33 mV e decrescem até valores próximos a 5,0
para a isoterma com adição de 0,1M de NaCl e para valores próximos de zero para a
isoterma sem adição de NaCl. Novamente, os valores de potencial eletrocinético obtidos
para as isotermas com adição de 0,1M de NaCl são mais positivos, efeito explicado
na seção 4.3.2.
A figura 4.25 mostra a variação do pH com a concentração, das soluções de
sobrenadante obtidas após o contato com o adsorvente.
Resultados e Discussão
64
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,4
7,6
7,8
8,0
8,2
8,4
8,6
pH
equilíbro
[colato]
eq.
T=298K; FI=0,1M
T=298K; FI=0,0M
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,6
7,8
8,0
8,2
8,4
pH
equilíbro
[colato]
eq.
T=323K; FI=0,1M
T=323K; FI=0,0M
a)
b)
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,4
7,6
7,8
8,0
8,2
8,4
8,6
pH
equilíbro
[colato]
eq.
T=298K; FI=0,1M
T=298K; FI=0,0M
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,6
7,8
8,0
8,2
8,4
pH
equilíbro
[colato]
eq.
T=323K; FI=0,1M
T=323K; FI=0,0M
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,4
7,6
7,8
8,0
8,2
8,4
8,6
pH
equilíbro
[colato]
eq.
T=298K; FI=0,1M
T=298K; FI=0,0M
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
7,6
7,8
8,0
8,2
8,4
pH
equilíbro
[colato]
eq.
T=323K; FI=0,1M
T=323K; FI=0,0M
a)
b)
Figura 4.25. Variação do pH em função da adsorção de colato em HDL, com e sem
adição de 0,1M de NaCl no meio. a) 298K; b) 323K.
Os resultados discutidos em 4.3.1 e 4.3.2 se repetem. Nos experimentos
preparados a 298K, após o equilíbrio, o pH observado foi maior que o inicial,
começando em valores de 7,45 e 7,5 (0,0M de NaCl e 0,1M de NaCl), sendo
incrementado gradualmente até tornar-se constante em valores de aproximadamente 8,3
e 8,4. No segundo caso, nos experimentos preparados a 323K, o pH observado também
foi maior que o inicial, começando em valores iguais a 7,6 (em ambos os casos, com e
sem adição de 0,1M de NaCl), sofrendo um incremento até valores de aproximadamente
8,3.
Os pontos na região do patamar nas isotermas onde houve maior adsorção foram
submetidos à análise de raios-X. O resultado está apresentado na figura 4.26. Mais uma
vez o espaçamento basal do HDL se manteve constante, indicando que a adsorção de
colato ocorre apenas na superfície do material. O tamanho médio dos cristalitos para os
sólidos correspondentes aos últimos pontos nas isotermas de adsorção é mostrado na
tabela 4.8. Como observado anteriormente, os valores de tamanho médio de
cristalitos são maiores para os sólidos adsorvidos.
Resultados e Discussão
65
10 20 30 40 50 60 70
(006)
(003)
Intensidade (cps)
2
θ
θθ
θ
(graus)
(116)
(113)
(110)
(018)
(015)
+ (012)(009)
a)
c)
b)
10 20 30 40 50 60 70
(006)
(003)
Intensidade (cps)
2
θ
θθ
θ
(graus)
(116)
(113)
(110)
(018)
(015)
+ (012)(009)
a)
c)
b)
Figura 4.26. DRXP para o HDL adsorvido com colato em diferentes condições. a)
puro; b) 323K e presença de 0,1M de NaCl ; c) 298 K e presença de 0,1M de NaCl.
Tabela 4.8. Tamanho médio dos cristalitos para o HDL adsorvido com colato variando
a temperatura e a força iônica do meio.
A tabela 4.9 mostra a adsorção máxima e a eficiência obtida em diferentes
condições, considerando-se a influência da temperatura e da força iônica.
Amostra Tamanho (Å)
HDL puro 433,5
323K; FI 0,0M 482,7
323K; FI 0,1M 485,2
298K; FI 0,1M 488,2
298K; FI 0,0M 495,4
Resultados e Discussão
66
Tabela 4.9. Dados sobre a quantidade máxima adsorvida pelo HDL não-calcinado, em
diversas condições, considerando-se a influência da temperatura e da força iônica.
4.4) Comparação entre as isotermas
Realizou-se também uma comparação geral entre todas as isotermas obtidas nos
oito experimentos realizados na adsorção de colato usando-se o HDL não-calcinado. A
figura 4.27 mostra esses resultados.
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
2,0x10
-2
4,0x10
-2
6,0x10
-2
8,0x10
-2
1,0x10
-1
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T=298K; pH=7; NaCl 0,1M
T=298K; pH=7; NaCl 0,0M
T=323K; pH=7; NaCl 0,1M
T=323K; pH=7; NaCl 0,0M
T=298K; pH=10; NaCl 0,1M
T=323K; pH=10; NaCl 0,1M
T=298K; pH=10; NaCl 0,0M
T=323K; pH=10; NaCl 0,0M
Figura 4.27. Isotermas relativas a adsorção de colato em MgAlCO
3
-HDL,
considerando todas as variáveis analisadas.
Temperatura
(K)
0,1 M (NaCl) pH
Adsorção
Máxima
(mmol.g
-1
)
Eficiência (%)
298 Sim 7,0 8,765x10
-2
7,010
298 Não 7,0 6,424x10
-2
5,561
323 Sim 7,0 5,904x10
-2
4,720
323 Não 7,0 4,444x10
-2
3,555
Resultados e Discussão
67
Analisando as curvas da figura 4.27, nota-se a influência das diferentes
condições no processo de adsorção, com a variação na concentração de colato em
equilíbrio. Para concentrações de equilíbrio no intervalo entre 0 e aproximadamente 10
-4
mol.dm
-3
, a adsorção sofre pouca influência das variáveis estudadas. A partir de 10
-4
mol.dm
-3
, a adsorção à 298K em pH 7 com a adição de 0,1 mol.dm
-3
de NaCl passa a
ser a condição em que a adsorção é mais eficiente.
Como pode ser observado no gráfico, para as demais condições, as capacidades
de adsorção do material alternam suas posições, sendo em alguns casos bastante
equivalentes entre si. Dessa forma, para uma possível aplicabilidade além da escala
laboratorial, será necessário avaliar as condições do ambiente onde será realizada a
extração e, partindo disso, optar pela condição que melhor se adapta ao processo.
Em todos os oito tipos de experimentos, a distância interlamelar do adsorvente
foi mantida constante, em 7,59
Å
(4,8
Å
referentes ao tamanho da lamela do HDL e 2,8
Å
referentes ao tamanho da molécula de carbonato), valor esse comprovado por todos
os difratogramas de raios-x já discutidos nas seções anteriores. Não houve a substituição
do ânion CO
3
2-
intercalado. Sendo assim, utilizando-se o software de simulação “ACD –
Chemsketch 4.0”, foi proposto o esquema de adsorção proposto na figura 4.28. No
esquema, as moléculas de colato são mostradas em contato apenas na superfície do
HDL. O adsorvente mantém as moléculas de carbonato e água em seu domínio
interlamelar.
Resultados e Discussão
68
4,8
4,8
Å
Å
2,8
2,8
Å
Å
4,8
4,8
Å
Å
2,8
2,8
Å
Å
Figura 4.28. Esquema de Adsorção de Colato por Interações Eletrostáticas.
4.5) Tratamento Estatístico dos Dados – Análise Multivariacional
Como explicado na seção 3.9, os dados obtidos na realização dos experimentos
de adsorção do ânion colato foram tratados utilizando-se de uma ferramenta estatística,
conhecida como análise multivariacional. Assim sendo, foi possível quantificar
numericamente a influência de cada variável estudada no processo, visando à
otimização do mesmo.
Primeiramente, foram definidos os fatores e seus níveis e montada a sua matriz
experimental (já discutidos em 3.9). A tabela 4.10 mostra essa matriz juntamente com
as respostas obtidas dos experimentos realizados nas seções 4.3.1, 4.3.2 e 4.3.3.
Resultados e Discussão
69
Tabela 4.10. Matriz experimental para os experimentos de adsorção de colato
em MgAlCO
3
HDL e suas variáveis respostas (adsorção máxima e eficiência de
adsorção).
4.5.1) Cálculo dos efeitos principais (efeitos de primeira ordem)
Utilizando-se as equações 3.1, 3.2. e 3.3 (seção 3.9), foram calculados os efeitos
para cada uma das variáveis estudadas. Os efeitos, como já explicado, são as influências
exercidas pelos fatores sobre a variável resposta. Os valores dos efeitos e sua
porcentagem de influência no processo de adsorção do colato em MgAlCO
3
-HDL são
mostrados na tabela 4.11.
Experimento Temperatura
pH
Força
Iônica
Adsorção
Máxima
(mmol.g
-1
)
Eficiência
(%)
1 298 K 7
0,1M
NaCl
8,765x10
-2
7,010
2 323 K 7
0,1M
NaCl
5,904x10
-2
4,720
3 298 K 10
0,1M
NaCl
3,723x10
-2
2,959
4 323 K 10
0,1M
NaCl
3,626x10
-2
2,906
5 298 K 7
0,0M
NaCl
6,424x10
-2
5,561
6 323 K 7
0,0M
NaCl
4,444x10
-2
3,555
7 298 K 10
0,0M
NaCl
1,438x10
-2
1,152
8 323 K 10
0,0M
NaCl
1,186x10
-2
0,951
Resultados e Discussão
70
Tabela 4.11. Valores absolutos dos efeitos principais na adsorção de colato em
MgAlCO
3
HDL e sua influência (em %) no processo, baseado em duas respostas
(adsorção máxima e eficiência de adsorção).
Dentro da faixa avaliada, o pH inicial da solução de colato é a variável que mais
influi no processo de adsorção (53,15 e 54,04% considerando-se a resposta como
adsorção máxima e eficiência no último ponto da isoterma, respectivamente). A
alteração da força iônica do meio corresponde à segunda variável mais influente (29,12
e 26,82%, respectivamente). Por fim, a temperatura é a variável menos influente nesse
processo estudado (17,73 e 19,14%, respectivamente). Todos os efeitos tiveram valores
absolutos positivos, indicando que o melhor ajuste para a adsorção, na faixa avaliada,
corresponde aos níveis ajustados como “positivos” na seção 3.9, O melhor ajuste das
variáveis, confirmado pela análise multivariacional é: temperatura de 298K; pH inicial
das soluções de colato ajustado para 7 e com a adição de 0,1M de NaCl ao meio.
4.5.2) Cálculo dos efeitos combinados (efeitos de segunda ordem)
Outra análise realizada foi o cálculo dos efeitos combinados do processo de
adsorção estudado. Nesses novos cálculos, as variáveis são agrupadas em pares, e
utilizando-se as equações 3.4, 3.5. e 3.6 (seção 3.9). Os efeitos combinados são
apresentados na tabela 4.12.
Variável
Efeito da
adsorção
máxima
(valor absoluto)
Influência no
processo
(%)
Efeito da
eficiência
(valor absoluto)
Influência no
processo
(%)
Temperatura
1,298x10
-2
17,73
1,138
19,14
pH
3,891x10
-2
53,15
3,212
54,04
Força Iônica
2,132x10
-2
29,12
1,594
26,82
7,321x10
-2
100
5,944
100
Resultados e Discussão
71
Tabela 4.12. Valores absolutos dos efeitos combinados na adsorção de colato
em MgAlCO
3
HDL e sua influência (em %) no processo baseado em duas respostas
(adsorção máxima e eficiência de adsorção).
A análise de efeitos combinados apresenta resultados interessantes. Dentro da
faixa avaliada, o efeito combinado que mais influencia no processo de adsorção dos
ânions colato é o efeito combinado da temperatura e do pH inicial das soluções de
colato. Esse efeito combinado é responsável por 73,11 e 75,90% (considerando-se a
resposta como adsorção máxima e eficiência no último ponto da isoterma,
respectivamente). A segunda variável combinada mais influente é a combinação
pH/força iônica responsável por 15,04 e 21,55%, respectivamente para cada resposta
obtida. Apesar de serem variáveis influentes quando analisadas separadamente, o efeito
de uma variável anula” o efeito positivo da outra. Em outras palavras, a influência
“positiva” da adição de 0,1M de NaCl se contrapõe a influência “negativa” de valores
de pH inicial das soluções de colato ajustados para 10. Esse efeito também é observado
na combinação força nica/temperatura, responsável por apenas 11,85 e 2,55% de
influência, respectivamente para cada resposta obtida.
Como demonstrado na análise multivariada, todas as variáveis escolhidas para o
estudo de adsorção de ânions colato em MgAlCO
3
-HDL influem, em diferentes
magnitudes, no processo. O próximo passo nesse trabalho foi melhorar essas condições
experimentais, ampliando-se a faixa de avaliação de algumas variáveis e novamente,
comparando-se os resultados obtidos.
Variável
combinada
Efeito da
adsorção
máxima
(valor absoluto)
Influência no
processo
(%)
Efeito da
eficiência
(valor absoluto)
Influência no
processo
(%)
Temperatura
/pH
1,123x10
-2
73,11
1,011
75,90
pH/Força
Iônica
0,231x10
-2
15,04
0,287
21,55
Força Iônica/
Temperatura
0,182x10
-2
11,85
0,034
2,55
1,536x10
-2
100
1,332
100
Resultados e Discussão
72
4.6) Otimização do processo de adsorção – Experimentos a 288K
Entre todas as variáveis estudadas, a temperatura exerce influência significativa
nos estudos de adsorção, como já discutido. Na adsorção de colato por hidróxidos
duplos lamelares de magnésio e alumínio, a influência da temperatura na faixa entre
298-323K é de aproximadamente 20%. Quando combinado com o valor inicial do pH
da solução de colato, o valor da influência chega a valores de aproximadamente 75%,
como visto na seção anterior. O aumento da temperatura, nessa faixa, causou uma
diminuição da quantidade adsorvida (seção 4.2). A temperatura é uma variável que
pode ser facilmente controlada, apenas ajustando-se o banho termostatizado onde as
amostras permaneceram em agitação. Assim sendo, foram escolhidas as duas condições
onde as quantidades ximas adsorvidas foram maiores (pH 7; 298K; sem adição de
NaCl e pH 7; 298K; com adição de NaCl) e a temperatura foi alterada, dessa vez para
288K. Os resultados são mostrados nas isotermas da figura 4.29.
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
2,0x10
-2
4,0x10
-2
6,0x10
-2
8,0x10
-2
1,0x10
-1
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 288K; FI = 0,1M; pH = 7
T = 298K; FI = 0,1M; pH = 7
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
7,0x10
-2
8,0x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 288K; FI = 0,0M; pH = 7
T = 298K; FI = 0,0M; pH = 7
a) b)
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
2,0x10
-2
4,0x10
-2
6,0x10
-2
8,0x10
-2
1,0x10
-1
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 288K; FI = 0,1M; pH = 7
T = 298K; FI = 0,1M; pH = 7
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
7,0x10
-2
8,0x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 288K; FI = 0,0M; pH = 7
T = 298K; FI = 0,0M; pH = 7
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
2,0x10
-2
4,0x10
-2
6,0x10
-2
8,0x10
-2
1,0x10
-1
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 288K; FI = 0,1M; pH = 7
T = 298K; FI = 0,1M; pH = 7
10
-4
10
-3
10
-2
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
7,0x10
-2
8,0x10
-2
Adsorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 288K; FI = 0,0M; pH = 7
T = 298K; FI = 0,0M; pH = 7
a) b)
Figura 4.29. Comparação das isotermas de adsorção de colato a 288K e 298K. a) pH 7,
com adição de 0,1M de NaCl; b) pH 7, sem adição de NaCl.
Nos experimentos realizados a 288 K, os perfis das curvas seguiram os mesmos
padrões dos experimentos realizados a 298 K. Pela classificação de Giles,
78,79
as
isotermas obtidas em força iônica maior, em ambos os casos, são classificadas na classe
S subgrupo 1, indicando sistemas com a monocamada não saturada do adsorvato.
Novamente, não há formação de patamar bem definido.
Resultados e Discussão
73
As isotermas obtidas sem a adição de 0,1 M de NaCl às soluções de colato se
encaixam na classe S subgrupo 2 da classificação de Giles. Esse tipo de isoterma é
característica nos casos onde ocorre a saturação da monocamada. As figuras das
isotermas mostram que as curvas atingem um patamar de adsorção.
Em ambos os casos, a adsorção foi maior quando realizada a 288 K. Esse
fenômeno já foi explicado na seção 4.2. A tabela 4.13 mostra dados referentes à
adsorção máxima e eficiência de adsorção, para os experimentos realizados a 288 K.
Tabela 4.13. Dados sobre a quantidade máxima adsorvida pelo HDL não-calcinado, em
diversas condições (experimentos a 288 K).
Nos experimentos onde a presença de 0,1M de NaCl ao meio, a redução da
temperatura de 298K para 288K proporcionou um aumento na eficiência de adsorção de
aproximadamente 13%. Quando não presença de 0,1M de NaCl ao meio, a mesma
redução da temperatura causa um aumento na eficiência de aproximadamente 4,5%.
As curvas de variação do potencial eletrocinético para estas isotermas realizadas
a 288K são mostradas na figura 4.30.
Temperatura
(K) 0,1 M (NaCl)
pH Adsorção
Máxima
(mmol.g
-1
)
Eficiência (%)
288 Sim 7,0 9,891x10
-2
7,913
298 Sim 7,0 8,765x10
-2
7,010
288 Não 7,0 7,228x10
-2
5,810
298 Não 7,0 6,424x10
-2
5,561
Resultados e Discussão
74
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
0
5
10
15
20
25
30
35
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298K; FI = 0,1M; pH = 7,0
T = 288K; FI = 0,1M; pH = 7,0
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298K; FI = 0,0M; pH = 7,0
T = 288K; FI = 0,0M; pH = 7,0
a) b)
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
0
5
10
15
20
25
30
35
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298K; FI = 0,1M; pH = 7,0
T = 288K; FI = 0,1M; pH = 7,0
0,0
2,0x10
-3
4,0x10
-3
6,0x10
-3
8,0x10
-3
1,0x10
-2
-5
0
5
10
15
20
25
30
35
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298K; FI = 0,0M; pH = 7,0
T = 288K; FI = 0,0M; pH = 7,0
a) b)
Figura 4.30. Potencial eletrocinético em função da adsorção de colato em HDL, à 288 e
298 K em pH 7. a) com adição de 0,1M de NaCl; b) sem adição de NaCl.
As curvas do potencial eletrocinético relativo à adsorção de colato no HDL, em
duas temperaturas diferentes, apresentam perfis bem semelhantes. Com adição de 0,1M
de NaCl, as curvas começam em valores próximos a 35 mV, decrescendo, com o
aumento da concentração de colato até valores próximos de 7 mV. Sem adição de 0,1M
de NaCl, as curvas começam em valores próximos de 33 mV e decrescem até valores
próximos a zero. Os valores próximos a zero nos pontos de maior quantidade adsorvida
confirmam a proposta de saturação dos sítios adsorventes disponíveis.
Os últimos pontos das isotermas realizadas a 288K, onde houve maior adsorção,
foram submetidos às análises de DRXP e IV-TF, como já descrito anteriormente. Os
resultados são mostrados na figura 4.31.
Resultados e Discussão
75
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
650
840
920
1400
1500
Transmitância (%)
ν
(cm
-1
)
3000
10 20 30 40 50 60 70
(006)
(003)
Intensidade (cps)
2
θ
θθ
θ
(graus)
(116)
(113)
(110)
(018)
(015)
+ (012)(009)
a)
b)
c)
10 20 30 40 50 60 70
(006)
(003)
Intensidade (cps)
2
θ
θθ
θ
(graus)
(116)
(113)
(110)
(018)
(015)
+ (012)(009)
a)
b)
c)
a)
b)
c)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
650
840
920
1400
1500
Transmitância (%)
ν
(cm
-1
)
3000
10 20 30 40 50 60 70
(006)
(003)
Intensidade (cps)
2
θ
θθ
θ
(graus)
(116)
(113)
(110)
(018)
(015)
+ (012)(009)
a)
b)
c)
10 20 30 40 50 60 70
(006)
(003)
Intensidade (cps)
2
θ
θθ
θ
(graus)
(116)
(113)
(110)
(018)
(015)
+ (012)(009)
a)
b)
c)
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
650
840
920
1400
1500
Transmitância (%)
ν
(cm
-1
)
3000
10 20 30 40 50 60 70
(006)
(003)
Intensidade (cps)
2
θ
θθ
θ
(graus)
(116)
(113)
(110)
(018)
(015)
+ (012)(009)
a)
b)
c)
10 20 30 40 50 60 70
(006)
(003)
Intensidade (cps)
2
θ
θθ
θ
(graus)
(116)
(113)
(110)
(018)
(015)
+ (012)(009)
a)
b)
c)
a)
b)
c)
Figura 4.31. DRXP (à esquerda) e IV-TF (à direita) para o HDL adsorvido com colato
a 288 K. a) puro; b) pH 7; c) pH 7 e adição de 0,1M de NaCl.
Igualmente a todos os casos onde foi empregado o HDL não-calcinado como
adsorvente, não houve alteração de seu espaçamento basal (à esquerda), indicando que
a adsorção de colato ocorre apenas na superfície do material também a 288K. As bandas
características que comprovam a presença do colato adsorvido (3400, 2750-3000 e 1500
cm
-1
) estão presentes no espectro de IV-TF (à direita).
4.7) Sorção
Os experimentos para avaliar a sorção de colato foram realizados conforme
descrito na Seção 3.7.1. O pH das soluções iniciais de colato foi ajustado para 7, e nos
casos dos experimentos de sorção, variou-se apenas a temperatura. As outras variáveis
avaliadas no processo de adsorção são de difícil controle no caso da sorção. Não é
possível, por exemplo, a adição de NaCl às soluções de colato. Na regeneração do
precursor calcinado, os ânions cloreto podem ser intercalados na estrutura do HDL.
Assim sendo, a obtenção de dados sobre a sorção exclusivamente do colato se torna
muito difícil, impossibilitando o estudo da variável força iônica.
A figura 4.32 mostra uma representação esquemática do processo
calcinação/sorção realizado no HDL.
Resultados e Discussão
76
MgAlCO
MgAlCO
3
3
-
-
HDL
HDL
MgAl(O)(OH
MgAl(O)(OH
)
)
HDL
HDL
regenerado
regenerado
+
+
Col
Col
(Ads)
(Ads)
?
?
500
500
oo
C
C
4 h 4 h
SoluSoluççãoão
ColCol
72 h72 h
(
(
Agita
Agita
ç
ç
ão
ão
)
)
ColCol = = ColatoColato de de SSóódiodio
MgAlCO
MgAlCO
3
3
-
-
HDL
HDL
MgAl(O)(OH
MgAl(O)(OH
)
)
HDL
HDL
regenerado
regenerado
+
+
Col
Col
(Ads)
(Ads)
?
500
o
o
C
C
4 h
4 h
SoluSoluççãoão
ColCol
72 h72 h
(
(
Agita
Agita
ç
ç
ão
ão
)
)
ColCol = Colato
MgAlCO
MgAlCO
3
3
-
-
HDL
HDL
MgAl(O)(OH
MgAl(O)(OH
)
)
HDL
HDL
regenerado
regenerado
+
+
Col
Col
(Ads)
(Ads)
?
?
500
500
oo
C
C
4 h 4 h
SoluSoluççãoão
ColCol
72 h72 h
(
(
Agita
Agita
ç
ç
ão
ão
)
)
ColCol = = ColatoColato de de SSóódiodio
MgAlCO
MgAlCO
3
3
-
-
HDL
HDL
MgAl(O)(OH
MgAl(O)(OH
)
)
HDL
HDL
regenerado
regenerado
+
+
Col
Col
(Ads)
(Ads)
?
500
o
o
C
C
4 h
4 h
SoluSoluççãoão
ColCol
72 h72 h
(
(
Agita
Agita
ç
ç
ão
ão
)
)
ColCol = Colato
Figura 4.32. Representação esquemática do processo de calcinação/sorção.
Os resultados obtidos experimentalmente referentes à sorção do colato serão
discutidos nas seções a seguir.
4.7.1) Sorção de colato – Efeito da Temperatura
O efeito da temperatura na sorção de colato foi avaliado utilizando-se o método
batelada, tal qual usado nos experimentos de adsorção. Os resultados obtidos são
mostrados na figura 4.33.
10
-2
10
-1
1
2
3
4
5
6
Sorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298 K
T = 323 K
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
7,0x10
-2
8,0x10
-2
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 323 K
T = 298 K
a)
b)
10
-2
10
-1
1
2
3
4
5
6
Sorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298 K
T = 323 K
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
7,0x10
-2
8,0x10
-2
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 323 K
T = 298 K
a)
b)
Figura 4.33. Sorção de colato no HDL calcinado a 298 e 323 K. a) Isotermas; b)
Potencial Eletrocinético em função da sorção.
As isotermas de sorção apresentadas na figura 4.33a podem ser classificadas
segundo Giles,
78,79
na classe S, subgrupo 2, indicando saturação da monocamada. Nos
casos de sorção, o processo predominante é a regeneração do HDL, tendo a adsorção
Resultados e Discussão
77
como um processo adicional. A classificação das isotermas de adsorção de Giles tem,
portanto, pouca aplicabilidade nesses casos. Entretanto, vamos utilizá-la, apenas para
verificar o comportamento nesses experimentos.
Analisando as isotermas, verifica-se que o aumento da temperatura implica
numa menor quantidade máxima sorvida pelo material calcinado. Esse mesmo efeito
foi discutido na seção 4.2.
As curvas de variação de potencial eletrocinético (figura 4.33b) são bastante
semelhantes, apresentando inicialmente, valores de potencial de ordem de 14 mV, que
decrescem rapidamente até valores nulos. Esses resultados estão de acordo com o perfil
das isotermas. Os resultados nulos nos últimos pontos das curvas confirmam a proposta
de saturação dos sítios adsorventes do HDL.
Os experimentos de sorção também foram realizados a temperaturas mais baixas
(288 K), assim como foi feito na adsorção. Novamente, em temperaturas mais baixas, a
quantidade sorvida foi maior. Esse fator é mostrado na figura 4.34.
10
-2
1
2
3
4
5
6
Sorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298 K
T = 288 K
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298 K
T = 288 K
a)
b)
10
-2
1
2
3
4
5
6
Sorção (mmol.g
-1
)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298 K
T = 288 K
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
-4
-2
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Potencial Eletrocinético (mV)
[Colato]
eq.
(mol.dm
-3
)
T = 298 K
T = 288 K
a)
b)
Figura 4.34. Isotermas de sorção de colato no HDL calcinado à 298 e 288 K. a)
Isotermas; b) Potencial Eletrocinético em função da sorção.
A isoterma de sorção a 288 K também se encaixa na classificação do tipo S,
subgrupo 2, proposta por Giles. A 288 K, também há a saturação dos sítios adsorventes
nos últimos pontos da isoterma (figura 4.34a)
Resultados e Discussão
78
As curvas de variação do potencial eletrocinético seguem perfis praticamente
idênticos, começando em valores da ordem de 14 mV e chegando a valores nulos nos
seus últimos pontos (figura 4.34b).
A quantidade máxima sorvida e a eficiência de sorção para os experimentos
realizados em três temperaturas diferentes, considerando o último ponto da isoterma,
são mostradas na tabela 4.14.
Tabela 4.14. Dados sobre a quantidade máxima sorvida pelo HDL calcinado, em
diversas temperaturas.
Pelos valores observados, o aumento na temperatura, de 288 para 298 K, causou
um decréscimo na eficiência de sorção de aproximadamente 7,2%. Quando a
temperatura é aumentada para 323 K, o decréscimo na eficiência de sorção chega a
valores próximos de 41,2%. Igualmente ao ocorrido nos experimentos de adsorção, o
aumento da temperatura influi negativamente o processo de sorção.
Foram realizadas medidas de pH em cada uma das soluções de sobrenadante
obtidas após o contato com o sorvente. A figura 4.35 mostra a variação do pH com a
concentração.
Temperatura
(K)
Sorção
Máxima
(mmol.g
-1
)
Eficiência (%)
288 5,6784 45,427
298 5,2689 42,157
323 3,3380 26,704
Resultados e Discussão
79
0,0
1,0x10
-2
2,0x10
-2
3,0x10
-2
4,0x10
-2
5,0x10
-2
6,0x10
-2
7,0x10
-2
8,0x10
-2
10,0
10,5
11,0
11,5
12,0
pH
[Colato]
eq
(mol.dm
-3
)
T = 298 K
T = 323 K
T = 288 K
Figura 4.35. Variação do pH do sobrenadante em função da sorção de colato em HDL,
à 288, 298 e 323K.
Os perfis das curvas são semelhantes para todos os casos. Nos primeiros pontos,
um aumento brusco em relação ao valor de pH inicial das soluções de colato (7,0).
As curvas começam em valores em torno de 10,2 a 10,5 e convergem rapidamente a
valores próximos entre 11,4 e 11,7. Durante a regeneração do HDL, ocorre a hidrólise
da água onde íons H
+
são removidos da solução para a reconstrução da estrutura
lamelar, fazendo com que um excesso de ânions OH
-
permaneça em solução,
provocando o aumento no valor do pH. O HDL é reconstituído, incorporando ânions
OH
-
como responsável pelo espaçamento basal e ânions colato intercalados e adsorvidos
na superfície. O pH atinge um valor máximo a partir do qual ocorre a substituição de
OH
-
por colato no domínio interlamelar. Quando se atinge o equilíbrio (últimos pontos),
o pH passa a ser praticamente constante.
Os sólidos resultantes destes experimentos foram submetidos à análise por
DRXP e os resultados obtidos são mostrados na figura 4.36.
Resultados e Discussão
80
10 20 30 40 50 60 70
2
θ
(graus)
(006) Col
(003) Col
(116)
(113)
Intensidade (cps)
d)
c)
b)
a)
(110)
(018)
(015)
(012)
+
(009)
(006)
(003)
Figura 4.36. DRXP para o HDL sorvido com colato em diferentes temperaturas. a)
regenerado em H
2
O; b) 323 K; c) 298 K e d) 288 K.
Comparando os difratogramas apresentados nesta figura com aqueles observados
para o HDL puro e calcinado (figura 4.1), muitas diferenças são notadas. Na figura
4.36a, obtido da regeneração do material calcinado em água, o difratograma é
condizente com o de um HDL regenerado com ânions OH
-
, apresentando picos basais
característicos, que resultam num valor de d = 7,56 Å e uma elevada organização
estrutural.
7
As figuras 4.36b, c e d, mostram o difratograma obtido para o HDL
regenerado com colato a diversas temperaturas. Em todos os casos, os difratogramas são
bastante similares entre si, porém bastante diferentes do HDL regenerado apenas em
água. Em todos os difratogramas os picos característicos da regeneração com ânions
OH
-
são observados. Esses picos estão devidamente indexados na figura 4.36.
Adicionalmente, aos picos referentes à hidroxila, é notado um pico de alta intensidade
em 2θ igual a 7,5° e picos de menor intensidade na região entre 15 e 20°. Esses mesmos
picos são observados no difratograma do colato de sódio puro (figura 4.12). Pode-se
dizer que, como a quantidade de colato sorvida foi bastante significativa, cristais podem
Resultados e Discussão
81
ter sido incorporados à superfície do HDL, sendo assim detectados por meio de difração
de raios-X. Esse mesmo efeito foi observado no estudo cinético, reportado na seção 4.2.
Nos últimos pontos das isotermas (pontos que foram submetidos à análise por
DRXP), onde a concentração de colato é suficientemente alta, nota-se também a
formação de duas fases distintas. Os difratogramas apresentam picos referentes às
reflexões dos planos (003) e (006). O espaçamento basal obtido para estas fases são: d =
34,3 Å e d = 16,9 Å que correspondem à intercalação de colato. Um arranjo dessa
intercalação (usando o software de simulação ACD Chemsketch 4.0) é esquematizado
na figura 4.37.
Å
d = 34,3
ÅÅ
d = 34,3
ÅÅ
d = 34,3
ÅÅ
d = 34,3
ÅÅ
d = 34,3
ÅÅ
d = 34,3
Å
Figura 4.37. Esquema de Sorção de Colato.
Resultados e Discussão
82
Pelos valores de distâncias interlamelares obtidos, é proposto um arranjo onde
a formação de bicamada de colato intercalado. Cada molécula de colato tem um
tamanho de 14,75 Å. Ou seja, duas moléculas emparelhadas formando bicamada
medem aproximadamente 29,5 Å. Esse valor, somado aos 4,8 Å da lamela do hidróxido
duplo lamelar de magnésio e alumínio, totalizam exatamente 34,3 Å, confirmando a
teoria de intercalação de colato em bicamada, como proposto.
Os mesmos últimos pontos das isotermas, onde houve maior quantidade sorvida,
também foram submetidos à análise de IV-TF. Os resultados são mostrados na figura
4.38.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
650
840
920
1500
3000
Transmitância (%)
ν
(cm
-1
)
b)
c)
d)
a)
Figura 4.38. IV-TF para o HDL sorvido com colato em diferentes temperaturas. a)
regenerado em H
2
O; b) 323 K; c) 298 K e d) 288 K.
Os espectros obtidos para o material sorvido apresentam perfil diferente daquele
obtido para o HDL regenerado apenas em água. São notadas bandas na região de 3400
cm
-1
, atribuídas à água de hidratação e às hidroxilas das lamelas do HDL e dos ânions
do colato. As bandas localizadas entre 2750-3000 cm
-1
estão associadas às ligações de
hidrogênio existentes entre os dímeros de ânions colato intercalados no domínio
interlamelar.
As bandas localizadas na região próxima a 1500 cm
-1
comprovam a presença de
composto carboxílico no material. Nos compostos em que existem ligações de
Resultados e Discussão
83
hidrogênio intermoleculares entre ácidos carboxílicos, a banda C=O aparece na região
de 1700 cm
-1
.
Conclusões
84
5.
Conclusões
Tendo como referência os resultados aqui discutidos, podemos concluir que a
adsorção e sorção de colato em HDL constituem em um campo de pesquisa que ainda
tem muito a ser explorado. O fenômeno da adsorção de colato em HDL tem sido
estudado, porém não são muito claros quanto aos mecanismos pelos quais a adsorção
ocorre, justamente pelo número de variáveis envolvidas. Este trabalho teve como
objetivo tentar auxiliar a compreensão de alguns desses mecanismos. Espera-se que em
trabalhos futuros, com o advento de novas técnicas de análise e o avanço de estudos de
simulação, seja possível a elaboração de modelos teóricos cada vez mais próximos dos
dados experimentais.
Os resultados observados para a adsorção de colato mostraram que o adsorvente é
bastante estável em solução aquosa na presença destes, visto que não se observa
substituição do ânion inicialmente intercalado (CO
3
2-
). Quanto à capacidade de remoção
por adsorção, o colato foi removido em quantidades satisfatórias, que poderiam
justificar seu emprego numa aplicação prática.
Com base nos resultados obtidos, podemos concluir que o material sintetizado
apresentou as propriedades comuns aos hidróxidos duplos lamelares. Essas
propriedades foram evidenciadas por diversas caracterizações diferentes, como difração
de raios-X no pó, análise térmica e análise térmica diferencial, espectroscopia na região
do infravermelho, microscopia eletrônica de varredura, área superficial específica e
determinação do potencial de carga zero.
A adsorção em todos os casos mostrou dependência das variáveis estudadas. O
aumento na temperatura causa uma diminuição na quantidade adsorvida, pois afeta
diretamente a estabilidade termodinâmica do sistema sendo decisiva para a eficiência da
remoção, em concentrações mais altas do adsorvato.
Nas condições avaliadas, o aumento na força iônica por meio da adição de um sal
neutro causou um efeito positivo, aumentando substancialmente a quantidade adsorvida
no material. O sal neutro ajuda a diminuir as forças repulsivas existentes entre os grupos
polares do colato, permitindo a formação de agregado mais compacto, e
conseqüentemente, aumentando a adsorção do composto em HDL.
O pH inicial das soluções de colato também exerce influência na adsorção. Dentro
da faixa examinada, valores maiores de pH diminuem sensivelmente a remoção de
Conclusões
85
ânions colato. A análise estatística multivariacional realizada com os resultados obtidos
no estudo de adsorção, comprovaram e quantificaram a influência de cada variável.
O HDL preparado também foi empregado na sua forma calcinada, o oxi-hidróxido
duplo, nos experimentos onde foi observada a capacidade de regeneração. Os resultados
mostraram que a intercalação por sorção é um processo que sofre grande dependência
da concentração do colato utilizada. A temperatura influi no processo de sorção da
mesma maneira de que no processo de adsorção. Na faixa avaliada, o aumento da
temperatura causa um decréscimo na quantidade sorvida. Os padrões de raios-X
mostram que o HDL é reconstituído predominantemente contendo ânions hidroxila
intercalados e a formação de uma nova fase contendo ânions colato intercalados,
quando a concentração destes em solução é elevada. O modelo proposto, pelos
resultados obtidos, sugere a intercalação de colato formando bicamada no domínio
interlamelar.
Finalmente, é possível concluir, de uma maneira geral, que este trabalho alcançou
seus objetivos iniciais. O adsorvente foi preparado, caracterizado e utilizado voltado
para o estudo da adsorção de colato nos HDL de magnésio e alumínio. Além disso, o
adsorvente também foi empregado na forma calcinada onde sua capacidade de
adsorção/sorção é fortemente aumentada. Os resultados, quando comparados entre si,
mostram que a sorção por regeneração no precursor calcinado é mais eficiente que a
adsorção no HDL não calcinado.
Perspectivas
86
6. Perspectivas
O presente trabalho possibilitou uma melhor compreensão do processo de adsorção
e sorção de colato em HDL do sistema [Mg-Al-CO
3
] e do produto de calcinação do
mesmo. Embora ainda hajam lacunas a serem preenchidas quanto às informações aqui
reportadas, este estudo abre caminho para muitos outros, associando estes resultados a
outros que possam vir, visando o tratamento e reaproveitamento de efluentes ou
aplicação em fármacos para a extração do excesso de ânions colato, produzidos pelo
organismo humano, devido à elevada eficiência demonstrada na remoção.
Alguns trabalhos complementares ainda podem ser realizados como o estudo da
adsorção de colato em outras faixas de temperatura ou com o pH inicial das soluções de
colato menor (porém não em valores de pH muito baixos, para não ocorrer a destruição
do HDL).
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87
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[LiAl
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6
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-
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2
O, where X
-
=F
-
, Cl
-
, Br
-
, L
-
, NO
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2004.
Apêndice A
95
Tabela A.1: Detalhes sobre os reagentes utilizados.
Reagentes
Fórmula
Molecular
Marca
Pureza
(%)
Acetona C
3
H
6
O Mallinkrodt > 99
Acetonitrila CH
3
CN Fisher >98
Ácido Acético CH
3
COOH EM Science > 99
Ácido Clorídrico HCl Merck > 37
Ácido Fórmico HCOOH Merck >98
Ácido Nítrico HNO
3
Merck > 65
Ácido Sulfúrico H
2
SO
4
EM Science > 95
Alumínio (Padrão) Al(NO
3
)
3
.
9H
2
O Carlo Erba > 99
Ar Sintético 80% N
2
, 20% O
2
White-Martins
99,997
Brometo de Potássio KBr Mallinckrodt >37
Carbonato de Sódio Na
2
CO
3
Mallinckrodt > 99
Cloreto de Sódio NaCl Mallinkrodt > 99
Colato de Sódio C
24
H
39
NaO
5
Acros > 99
Dicromato de Potássio K
2
Cr
2
O
7
Synth > 99
Etanol C
2
H
6
O Merck > 99
Hidrato de Morina C
15
H
10
O
7
.
XH
2
O Acros > 95
Hidróxido de Sódio NaOH Mallinckrodt > 98
Metanol CH
3
OH Fisher >98
Nitrato de Alumínio(III)
Nonahidratado
Al(NO
3
)
3
.9H
2
O
Riedel-de-
Haën
> 98
Nitrato de Magnésio (II)
Hexahidratado
Mg(NO
3
)
2
.
6H
2
O Mallinckrodt > 99
Nitrogênio N
2
White-Martins
>99,997
Óxido de Magnésio MgO Fisons > 96
Oxigênio O
2
White-Martins
>99,9
Zinco Metálico Zn J.T. Baker > 99
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