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MANUELA DREYER DA SILVA
BIOMONITORAMENTO DE UMA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO
NATURAL (RPPN) ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DE BIOMARCADORES
BIOQUÍMICOS, MORFOLÓGICOS E GENÉTICOS EM Astyanax sp.
CURITIBA
2008
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MANUELA DREYER DA SILVA
BIOMONITORAMENTO DE UMA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO
NATURAL (RPPN) ATRAVÉS DA APLICAÇÃO DE BIOMARCADORES
BIOQUÍMICOS, MORFOLÓGICOS E GENÉTICOS EM Astyanax sp.
Dissertação apresentada como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre,
Programa de Pós-Graduação em Ecologia e
Conservação, Área de Concentração em
Ecotoxicologia, Setor de Ciências Biológicas,
Universidade Federal do Paraná.
Orientadora: Prof
a
. Dr
a
. Helena Cristina da
Silva de Assis.
Co-orientador: Prof. Dr. Ciro Alberto de
Oliveira Ribeiro.
CURITIBA
2008
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AGRADECIMENTOS
Agradeço a todas as pessoas que de alguma forma colaboraram com minha
vida acadêmica, profissional e pessoal, contribuindo para tornar possível meu projeto
(ou os meus projetos de vida) e fazendo dessa escolha uma realização mais plena.
À minha mãe Tânia e ao pai Gerson por todo o apoio não apenas nessa
conquista, mas em todas as outras de minha vida. Obrigada também por todo
carinho e compreensão extra trabalho. Amo muito vocês!
Ao Le, marido querido e amado, amigo de todas as horas e Biólogo que
tanto me ajudou e me faz compreender um pouco mais dessa profissão. Obrigada
pela paciência, incentivo nas horas mais complicadas e pelos momentos mágicos.
Aos meus irmãos Diogo, Rosana e Filipe (com ‘i’) por todos os momentos
vividos juntos, companheirismo e amizade, mesmo que em muitas ocasiões a
distância aumente tanto as saudades. Ao pitoco Caio, que tantas vezes esteve do
meu ladinho, com seu jeitinho curioso e encantador.
À minha orientadora Helena, pela orientação, conselhos, paciência e
amizade, que me fizeram crescer como pessoa e como Bióloga desde a graduação.
Ao co-orientador Ciro, pela força e pelas oportunidades oferecidas.
Às minhas grandes amigas biólogas, amigas de tantos momentos, de tantas
conquistas, de tantas descobertas e viagens, amigas da vida.
Às gurias extra facul, que fizeram parte das mais variadas fases da minha
vida e, como não poderia deixar de ser, amigas nesse momento também.
Aos amigos de trabalho de todos os dias, pessoas que me fazem
compreender como é atuar nessa profissão que tanto amo e que possibilitam a
prática de atividades de extensão em comunidades.
A todo o pessoal do laboratório e do departamento, por todos os auxílios,
mesmo que corridos, e bate-papos diários. Agradecimento especial à Stéfani, amiga
que me ajudou muito nas fases de campo e nas discussões produtivas sobre esse
trabalho. Também ao pessoal do Laboratório de Toxicologia Celular e Mutagênese
Ambiental, por todo o auxílio nas análises realizadas nesse trabalho.
Aos amigos do mestrado, pelas conversas na cantina e nos corredores, pelo
companheirismo nas disciplinas e pela amizade.
Ao pessoal da coordenação e da secretaria da PPGECO, por todas as
ajudinhas e conversas nas diferentes horas.
Ao pessoal do laboratório do professor Marcelo Aranha, da UFPR, e do
Museu de História Natural Capão da Imbuia, pela ajuda na identificação dos
espécimes utilizados nesse trabalho. Também aos amigos de campo que tanto lutam
para conservar os fragmentos de Floresta Estacional Semidecidual do Paraná.
Ao pessoal da Usina Vale do Ivaí, por tornarem esse trabalho realidade e
pelos auxílios oferecidos. Obrigada especial ao guarda-parque Zaquel, pela
paciência e conhecimento apresentados nas fases de campo.
Com carinho, obrigada a todos.
SUMÁRIO
RESUMO __________________________________________________________i
ABSTRACT _______________________________________________________ ii
LISTA DE FIGURAS ________________________________________________ iii
LISTA DE TABELAS________________________________________________ v
LISTA DE ABREVIATURAS __________________________________________ vi
1.
INTRODUÇÃO _________________________________________________ 01
1.1. UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E AS RESERVAS PARTICULARES DO
PATRIMÔNIO NATURAL _____________________________________ 01
1.2. CONTAMINAÇÃO EM AMBIENTES AQUÁTICOS __________________ 03
1.2.1. Glifosato ______________________________________________ 08
1.2.2. Diuron ________________________________________________ 10
1.3. BIOMONITORAMENTO_______________________________________ 11
1.3.1. Biomarcadores _________________________________________ 13
1.3.1.1. Biotransformação e Estresse Oxidativo ________________ 15
1.3.1.2. Neurotoxicidade __________________________________ 19
1.3.1.3. Histopatologia ____________________________________ 20
1.3.1.4. Genotoxicidade ___________________________________ 21
2.
OBJETIVOS ___________________________________________________ 23
2.1. OBJETIVOS GERAIS_________________________________________ 23
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ___________________________________ 23
CAPÍTULO I: APLICAÇÃO DE BIOMARCADORES BIOQUÍMICOS,
MORFOLÓGICOS E GENÉTICOS EM Astyanax sp. NO BIOMONITORAMENTO
DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL (RPPN) FAZENDA
BARBACENA ____________________________________________________ 24
I.1 INTRODUÇÃO ______________________________________________ 24
I.2 MATERIAL E MÉTODOS ______________________________________ 27
I.2.1 ÁREA DE ESTUDO_______________________________________ 27
I.2.2 DESENHO EXPERIMENTAL _______________________________ 28
I.2.2.1 Modelo Biológico_____________________________________ 31
I.2.2.2 Extração Enzimática __________________________________ 32
I.2.2.3 Histopatologia de Fígado ______________________________ 35
I.2.2.4 Teste do Micronúcleo Písceo ___________________________ 35
I.2.3 ANÁLISE ESTATÍSTICA ___________________________________ 36
I.3 RESULTADOS ______________________________________________ 37
I.3.1 ATIVIDADE DA GLUTATIONA-S-TRANSFERASE ______________ 37
I.3.2 ATIVIDADE DA CATALASE ________________________________ 37
I.3.3 LIPOPEROXIDAÇÃO _____________________________________ 38
I.3.4 ATIVIDADE DA ACETILCOLINESTERASE ____________________ 39
I.3.5 COMPARAÇÃO ENTRE ÉPOCA CHUVOSA E ÉPOCA SECA _____ 40
I.3.6 HISTOPATOLOGIA DE FÍGADO ____________________________ 43
I.3.7 TESTE DO MICRONÚCLEO PÍSCEO ________________________ 47
I.4 DISCUSSÃO ________________________________________________ 49
CAPÍTULO II: BIOMONITORAMENTO COMO FERRAMENTA PARA O
INCREMENTO DE PLANOS DE MANEJO EM RESERVAS PARTICULARES DO
PATRIMÔNIO NATURAL: CASO DA RPPN FAZENDA BARBACENA _______ 59
II.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DAS RPPN E LEVANTAMENTO DA
PROBLEMÁTICA DA RPPN FAZENDA BARBACENA __________________ 59
II.2 BIOMONITORAMENTO AMBIENTAL NA GESTÃO DE RPPN _________ 62
II.2.1 ZONAS DE AMORTECIMENTO EM RPPN ___________________ 63
II.2.2 PLANO DE MANEJO DA RPPN FAZENDA BARBACENA ________ 67
2.2.1 Subprograma de Monitoramento da Qualidade das Águas e
Subprograma de Controle do Entorno __________________________ 67
2.2.2 Programa de Interpretação e Educação Ambiental ___________ 69
II.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ____________________________________ 70
CONCLUSÕES GERAIS ____________________________________________ 72
RESUMO
Dentre as Unidades de Conservação se encontram as Reservas Particulares do
Patrimônio Natural (RPPN). Como muitas RPPN estão em áreas sujeitas a diversos
impactos, os estudos de biomonitoramento nessas reservas devem ser
desenvolvidos. O presente estudo objetivou avaliar o impacto de pesticidas na RPPN
Fazenda Barbacena, São Pedro do Ivaí, Paraná, utilizando biomarcadores de
contaminação ambiental a fim de contribuir com a elaboração de estratégias de
minimização dos possíveis impactos em áreas do entorno das RPPN e/ou no interior
dessa unidade. Foram analisados os biomarcadores bioquímicos (atividade da
Acetilcolinesterase - AChE, da Glutationa S-transferase - GST, da Catalase - CAT e
Peroxidação Lipídica - LPO), morfológicos (histopatologia de fígado) e genético
(teste de Micronúcleo Písceo) em Astyanax sp. em duas fases de campo: seca
(setembro/2006) e chuvosa (março/2007). Foram coletados 30 indivíduos de
Astyanax sp., em cada ponto amostral: (1) tanque formado na lavoura de cana de
açúcar; (2) tanque formado no entorno da área produtiva com a RPPN e (3) no rio no
interior da RPPN. Amostras de sangue foram coletadas para realização do teste do
micronúcleo, amostras de fígado para análise da GST, CAT, LPO e histopatologia e
de músculo para a AChE. Os resultados bioquímicos foram analisados por ANOVA
de uma via, seguido do Teste de Tukey para comparação entre os grupos. Os
resultados dos índices histopatológicos e das alterações nucleares foram analisados
pelo teste de Kruskal-Wallis. Para todos os testes foi considerado nível de
significância de 5%. Um aumento na atividade da CAT foi observado na coleta de
set/06 no grupo coletado no interior da RPPN quando comparado ao ponto 1 e 2. A
LPO aumentou nos peixes coletados no entorno da área produtiva e RPPN em
set/06, quando comparado ao interior da RPPN e à área de cana-de-açúcar; e na
coleta de mar/07 nesse mesmo ponto em relação aos demais. Também houve
aumento da atividade da GST no entorno da reserva na última coleta, quando
comparada à cana-de-açúcar. A AChE não apresentou alteração significativa. Foram
observados, ainda, em todos os pontos de coleta, alterações hepáticas como
presença de melanomacrófagos livres, necrose, infiltração leucocitária, alteração dos
núcleos dos hepatócitos e diferenciação tecidual. Na contagem de micronúcleos em
eritrócitos foi encontrada diferença entre o entorno e os demais pontos, na coleta de
mar/07. Os dados obtidos neste trabalho permitem afirmar que alteração nos
biomarcadores analisados na área produtiva de cana e até mesmo na RPPN, e que
essas alterações podem ter sido causadas pela administração de herbicidas como o
glifosato e o diuron, mas não se descarta a hipótese de haver exposição múltipla da
RPPN a vários xenobiontes provenientes do cultivo de cana-de-açúcar vizinho.
i
ABSTRACT
Private Reserves of Natural Heritage (RPPN) are a kind of Protected Areas in which
several environmental impacts can occur, therefore biomonitoring studies should be
developed in these areas. The present study aimed to evaluate the impact of
pesticides in RPPN “Fazenda Barbacena” (Barbacena Farm), in São Pedro do Ivaí,
Paraná State, using environmental contamination biomarkers in order to contribute to
the development of strategies to minimize the possible impacts in RPPN. The
biochemical biomarkers (enzymatic activity of Acetylcholinesterase - AChE,
Glutathione S-transferase - GST, Catalase - CAT and Lipid Peroxidation - LPO), the
liver histopathology and Piscine Micronucleus Test were analyzed in Astyanax sp. in
September/2006 and March/2007. The specimens of Astyanax sp. (N=30) were
collected at each sampling point: (1) sugarcane farming; (2) around the producing
area with the RPPN (3) in the interior of RPPN. The blood samples were collected in
order to carry out the micronucleus test, liver samples were collected to GST, CAT,
LPO analysis and histopathology and muscle samples for AChE activity assay. The
biochemical results were analyzed by one-way analysis of variance (ANOVA)
followed of Tukey post-test, to comparison among the groups. The results of
histopathologic rates and nuclear alterations were analyzed by Kruskal-Wallis test.
For all the tests was considered a significance level of 5%. It was observed an
increase in CAT activity in Sept/06 sample in group 3, when compared to groups 1
and 2. LPO increased in group 2 in Sept/06 when compared to groups 3 and 1, and
in March samples when compared to the others. There was also an increase in GST
around the producing area with the RPPN in the last sampling, when compared to
sugarcane farming. AChE did not present any significant alteration. It was observed,
in all the points, liver alteration as presence of free melano-macrophages, necrosis,
leukocyte infiltration, hepatocytes nuclear alterations and tissue differentiation. The
erythrocytes micronucleus counting was different in the group 2 compared to the
others in March/07 sampling. The results showed a change in sugarcane farming
area and in the RPPN. It may have been caused by herbicide administration such as
glyphosate and diuron, but there cannot be discarded the hypothesis of multiple
exposure of the RPPN to a various xenobiotics from the sugarcane farming in the
neighbourhood area.
ii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Movimento dos pesticidas em ambientes aquáticos______________ 06
FIGURA 2 - Fórmula estrutural do Glifosato (C3H8NO5P) - (N-phosphonomethyl)
glycine)__________________________________________________________ 08
FIGURA 3 - Fórmula estrutural do Diuron (C9H10Cl2N2O) - (3-(3,4-dichlorophenyl)-
1,1-dimethylurea) _________________________________________________ 10
FIGURA 4 - Representação esquemática das vias de desintoxicação e de possíveis
efeitos moleculares decorrentes de uma alteração no sistema biológico _______ 16
FIGURA 5 - Esquema representativo da localização da RPPN Fazenda Barbacena,
São Pedro do Ivaí, Paraná, Brasil _____________________________________ 28
FIGURA 6 - Imagens da RPPN e dos pontos de coleta na Fazenda Barbacena, São
Pedro do Ivaí, Paraná ______________________________________________ 29
FIGURA 7 - Representação da RPPN e dos pontos de coleta na Fazenda
Barbacena, São Pedro do Ivaí, Paraná _________________________________ 30
FIGURA 8 - Atividade específica (AE) da GST (nmol.min
-1
.mgproteína
-1
) no fígado de
Astyanax sp., nos grupos Cana de Açúcar, Entorno e RPPN ________________ 37
FIGURA 9 - Atividade específica (AE) da CAT (µmol.min
-1
.mgproteína
-1
) no fígado de
Astyanax sp, nos grupos Cana de Açúcar, Entorno e RPPN ________________ 38
FIGURA 10 - Concentração de hidroperóxidos (CP) (nmol.mgproteína
-1
) no fígado de
Astyanax sp, nos grupos Cana de Açúcar, Entorno e RPPN ________________ 39
FIGURA 11 - Atividade específica (AE) da AchE (nmol.min
-1
.mgproteína
-1
) no
músculo de Astyanax sp, nos grupos Cana de Açúcar, Entorno e RPPN _______ 39
FIGURA 12 - Atividade específica da GST (nmol.min
-1
.mgproteína
-1
) e CAT
(µmol.min
-1
.mgproteína
-1
) no Astyanax sp, nos diferentes pontos amostrais (Cana de
Açúcar, Entorno e RPPN)____________________________________________ 41
FIGURA 13 - Atividade específica da AchE (nmol.min
-1
.mgproteína
-1
) e concentração
de hidroperóxido (nmol.mgproteína
-1
) no Astyanax sp, nos diferentes pontos
amostrais (Cana de Açúcar, Entorno e RPPN) ___________________________ 42
FIGURA 14 - Cortes histológicos de fígado de Astyanax sp. coletados em corpos
hídricos da Fazenda Barbacena, São Pedro do Ivaí, PR ___________________ 44
FIGURA 15 - Cortes histológicos de fígado de Astyanax sp. coletados em corpos
hídricos da Fazenda Barbacena, São Pedro do Ivaí, PR ___________________ 45
iii
FIGURA 16 - Índice de Lesão histopatológica em fígado de Astyanax sp., nos grupos
Cana de Açúcar, Entorno e RPPN_____________________________________ 46
FIGURA 17 - Índice de Lesão histopatológica em fígado de Astyanax sp., nos grupos
Cana de Açúcar, Entorno e RPPN_____________________________________ 46
FIGURA 18 - Alterações Nucleares e micronúcleos em eritrócitos de Astyanax sp.,
nos grupos Cana de Açúcar, Entorno e RPPN ___________________________ 47
FIGURA 19 - Eritrócitos de Astyanax sp. coletados na Fazenda Barbacena, São
Pedro do Ivaí, PR _________________________________________________ 48
FIGURA 20 - Desenvolvimento da criação de RPPN na Mata Atlântica, de 1998 a
2006 ___________________________________________________________ 61
iv
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Potencial de risco dos pesticidas glifosato e diuron _____________ 07
TABELA 2 - Ocorrência de lesões em fígado de Astyanax sp. coletados em setembro
de 2006 e março de 2007, Fazenda Barbacena, São Pedro do Ivaí, PR _______ 43
TABELA 3 - Representação das RPPN no bioma Mata Atlântica _____________ 60
v
LISTA DE ABREVIATURAS
AchE – Acetilcolinesterase
ATC – Iodeto de Acetiltilcolina
BHT – Hidroxitolueno Butilato
CAT – Catalase
CDNB – 1-cloro-2,4-dinitrobenzeno
CHP – Concentração de Hidroperóxido
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente
DTNB – Ácido 5,5-ditio-bis-(2-nitrobenzóico)
EDTA – Ácido etilenodiamino tetra-acético
ERO – Espécie(s) Reativa(s) de Oxigênio
FOX – do inglês Ferrous Oxidation / Xylenol Orange Method
GSH – Glutationa Reduzida
GST – Glutationa S-transferase
H
2
O
2
– Peróxido de Hidrogênio
HO• – Radical Hidroxila
IAP – Instituto Ambiental do Paraná
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IUCN – União Internacional para Conservação da Natureza
LPO – Peroxidação Lipídica (do inglês lipid peroxidation)
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
MMA – Ministério do Meio Ambiente
O
2
•- – Ânion Superóxido
RPPN – Reserva Particular do Patrimônio Natural
SEMA – Secretaria do Estado do Meio Ambiente
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação
UC – Unidade de Conservação
vi
1 INTRODUÇÃO GERAL
1.1 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO E AS RESERVAS PARTICULARES DO
PATRIMÔNIO NATURAL
A fragmentação é uma crescente ameaça aos ecossistemas naturais do
Brasil, os quais vêm cedendo lugar a diversas atividades, principalmente a
agropecuária. Combinado ao processo de fragmentação, ambientes naturais vêm
sofrendo diferentes alterações, sendo que muitos distúrbios podem ser atribuídos a
contaminantes ambientais, em especial aos pesticidas utilizados nas culturas de
soja, milho, cana de açúcar e arroz (SILVA, 2004; ARMAS, 2005).
A interferência dos pesticidas nesses sistemas pode ser observada, também,
em áreas protegidas e unidades de conservação. Unidades de Conservação (UC)
são “porções do território nacional, incluindo as águas territoriais, com características
naturais de relevante valor, de domínio público ou propriedades privadas, legalmente
instituídas pelo Poder Público com objetivos e limites definidos, sob regimes
especiais de administração e às quais se aplicam garantias de proteção”
(FUNATURA, 1989).
Dada a pluralidade dos objetivos de conservação ambiental, faz-se
necessário considerar tipos distintos de UC. Essas classes distintas são
denominadas categorias de unidades de conservação, cada uma das quais
atendendo prioritariamente a determinados objetivos (MILANO, 2000).
Em sua especificidade, as Reservas Particulares do Patrimônio Natural
(RPPN) encontram-se inseridas em um quadro bastante complexo, no qual
fragmentos vêm sendo protegidos por diversos proprietários rurais, sem, no entanto,
possuírem um manejo que integre a área protegida com as características do
entorno, em grande parte áreas agrícolas.
As RPPN são áreas privadas, naturais ou pouco alteradas, de tamanhos
variáveis, que são oficialmente protegidas para conservação da biodiversidade e/ou
outros atributos naturais considerados relevantes. Essas áreas são instituídas por
manifestação e destinação dos proprietários, sendo reconhecidas pelo Estado,
destinando-se de forma perpétua à conservação dos atributos que tornaram possível
seu reconhecimento (SNUC, 2000).
Através do Decreto 4.262, o Estado do Paraná instituiu a categoria de manejo
de conservação denominada RPPN (SEMA, 2007). Essa categoria de manejo foi
criada em 1990, para legitimar as intenções conservacionistas de proprietários
rurais. A Lei 9.985 de 2000, que aprovou o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC), deu mais força às RPPN, tornado-as categoria de unidade de
conservação. O decreto estadual 4.890, de 31 de m aio de 2005, dispõe sobre as
RPPN como unidade de proteção integral inserida no Sistema Estadual de Unidades
de Conservação, estabelecendo critérios e procedimentos administrativos para a sua
criação e estímulos para a sua implementação. E em 2007, o decreto estadual
1529 (chamado Estatuto das Terras Privadas) trouxe força à categoria, com a
criação de incentivos à conservação da biodiversidade em áreas privadas.
Nesse sentido, as RPPN têm servido cada vez mais como instrumento
adicional para o fortalecimento do sistema de conservação da natureza, permitindo
em várias situações a manutenção de um grau mais elevado de conectividade da
paisagem natural, assim como o incremento da representação de áreas prioritárias
para a conservação, ainda não contempladas pela rede de áreas protegidas públicas
(SEMA, 2007).
Sendo unidades de dimensões e características tão variáveis, os objetivos de
manejo podem variar de RPPN para RPPN. Nas RPPN do Paraná podem ser
implementadas atividades de pesquisa, educação ambiental e turismo em áreas
naturais, com anuência do proprietário e devidamente autorizadas e licenciadas pelo
Instituto Ambiental do Paraná (IAP). O objetivo primordial, contudo, das RPPN sendo
interpretadas como de proteção integral no estado, deve ser o de conservação da
biodiversidade. Tendo em vista o atendimento desse objetivo, muitas características
ambientais devem ser consideradas na conservação das RPPN: a própria
preservação da diversidade biológica; a proteção de espécies raras, endêmicas,
vulneráveis ou em perigo de extinção; a preservação de recursos de flora e/ou fauna
e de recursos hídricos; o incentivo à pesquisa científica; o incentivo à educação
ambiental; a contribuição do monitoramento ambiental; entre outros (SNUC, 2000).
O Brasil conta, atualmente, com 800 RPPN cadastradas e averbadas em
caráter perpétuo como determina o Decreto Federal 1.922/96 (dados de fevereiro
de 2008). O Paraná possui 191 delas, perfazendo um total de 37.149,77 hectares de
área conservada, distribuídas por 82 municípios (SEMA, 2007). Em sua
especificidade, o ecossistema Floresta Estacional Semidecidual, ambiente foco
desse estudo, possui importantes fragmentos conservados como RPPN, entre eles a
RPPN Estadual Fazenda Barbacena. A RPPN Fazenda Barbacena possui quase
555 ha, sendo considerado um dos mais importantes fragmentos da região. Está
inserida em um mosaico de produção de cana de açúcar, no qual se aplicam,
periodicamente, pesticidas recomendados para esse cultivo (glifosato e diuron).
As características citadas acima são suficientes para que as RPPN sejam, de
fato, protegidas. A necessidade de compreender e manejar essas áreas é tarefa
prioritária, que, muitas vezes, as demandas sócio-econômicas (atividades
industriais, agrícolas, turísticas, entre outras) tendem a colidir com os interesses
conservacionistas.
Nesse sentido, o presente estudo visou o biomonitoramento da RPPN
Fazenda Barbacena, possivelmente alterada pelo uso de contaminantes ambientais
de origem agrícola, através da utilização de biomarcadores bioquímicos,
morfológicos e genéticos em peixes, no intuito de contribuir para o desenvolvimento
de estratégias efetivas de controle das possíveis alterações.
Embora o projeto tenha sido desenvolvido em uma área-piloto relativamente
restrita, os resultados relativos ao manejo integrado da matriz (área de cultivo) com a
área protegida são passíveis de utilização em outras porções da Floresta Atlântica,
bem como em outros biomas brasileiros, desde que respeitadas suas
particularidades.
1.2 CONTAMINAÇÃO EM AMBIENTES AQUÁTICOS
Poluentes são substâncias que causam desvio da composição normal de um
ecossistema. Contaminantes ambientais, por sua vez, são substâncias presentes em
quantidades maiores que a concentração natural, como um resultado da atividade
humana e que apresentam um efeito de prejuízo ao ambiente (ODUM, 1988). Os
ecossistemas aquáticos são considerados receptores finais de poluentes liberados
no ambiente, estando susceptíveis a ação de contaminantes ou poluentes aéreos,
que chegam aos corpos d´água por deposição atmosférica, e contaminantes ou
poluentes terrestres, os quais atingem os ambientes aquáticos através do
escoamento pelas chuvas.
As principais fontes de impacto ambiental nesses ambientes seriam o
escoamento de esgoto proveniente de áreas urbanas, a liberação de diversos
produtos químicos (orgânicos e inorgânicos) pela atividade industrial e a agricultura.
Em sua especificidade, os rios situados em regiões agropecuárias o susceptíveis
aos impactos decorrentes da utilização de pesticidas. Os pesticidas podem ser
categorizados consoante o seu objetivo de utilização, sendo os três mais
importantes grupos os herbicidas, os inseticidas e os fungicidas (SINDAG, 2003).
Para o presente projeto, foi considerada, principalmente, a categoria dos herbicidas.
Existe uma discussão em relação ao próprio nome dado aos produtos
utilizados no controle de pragas, doenças e plantas daninhas na agricultura.
Segundo as indústrias produtoras dos produtos para este fim, a denominação é
produtos fitossanitários ou defensivos agrícolas (SINDAG, 2003). Por ocasião da
promulgação da Lei Federal 7802 de 11 de julho de 1989 sobre o tema instituiu-se
o termo agrotóxico. Internacionalmente, contudo, o termo mais utilizado é pesticida.
De acordo com o Decreto 4.074, de 4 de janeiro de 2002, que regulamenta
a Lei nº7802/1989 acima citada, os pesticidas são produtos e agentes de processos
físicos, químicos ou biológicos destinados ao uso nos setores de produção, no
armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na
proteção de florestas, nativas ou plantadas e de outros ecossistemas e de
ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição
da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos
considerados nocivos, bem como as substâncias de produtos empregados como
desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento (SINDAG,
2003).
No passado, os organismos indesejáveis à agricultura eram controlados
através da aplicação de pequeno número de compostos inorgânicos à base de cobre
e arsênico, além de alguns inseticidas de ocorrência natural, como as piretrinas. Até
a II Guerra Mundial o desenvolvimento e uso efetivo de compostos orgânicos foram
lentos, porém, com a descoberta da propriedade inseticida do dicloro-difenil-
tricloroetano, o DDT, iniciou-se a expansão e desenvolvimento de uso, característico
dos últimos 40 anos. Em função do modelo de agricultura adotado a partir desse
período, baseado no uso intenso de pesticidas, estas substâncias passaram, então,
a ser amplamente utilizadas (ANVISA, 2004).
Não se pode negar que esses produtos possibilitaram o aumento da
produtividade agrícola, entretanto, seu uso desordenado e excessivo vem
provocando diversos impactos sobre o meio ambiente. No ambiente aquático, os
pesticidas podem sofrer transformações através de reações fotoquímicas e químicas
como oxirredução e hidrólise, além de transformações biológicas ocorridas nos
organismos. A transformação desses compostos pode ser mais ou menos tóxica que
o produto original (RAND e PETROCELLI, 1985).
A Figura 1, extraída de Tomita (2002), demonstra a movimentação dos
pesticidas no ambiente. Processos de lixiviação, precipitação, volatização e
escoamento são conhecidos por influenciar o comportamento dos herbicidas no
meio que atuam, sendo que os pesticidas podem alcançar os ambientes aquáticos
através da aplicação intencional, deriva e escoamento superficial a partir de áreas
onde ocorreram aplicações. O destino de um pesticida é decidido através da
combinação de efeitos de processos físico-químicos e biológicos, que causam a
transformação e/ou a degradação do produto. Esses processos podem transformar o
produto de molécula inicial em uma série de produtos secundários, definindo seu
comportamento no ambiente (BLUS,1995). O transporte de pesticidas na água por
escoamento superficial ou enxurrada tem sido considerado como um dos maiores
meios de contaminação de rios e lagos (GAYNOR et al., 1995).
Os resíduos provenientes dos pesticidas presentes na água podem tornar-se
aderidos ao material em suspensão, depositados no sedimento ou absorvidos pelos
organismos. Peixes e invertebrados podem acumular pesticidas em grande
concentração em relação ao meio em que vivem, pois tais compostos podem se ligar
à matéria ingerida ou serem passivamente absorvidos durante as trocas
respiratórias. Quanto mais lipofílico, maior a facilidade com que o pesticida será
absorvido pelos organismos aquáticos. Tamanho, sexo e idade do organismo podem
afetar a taxa de absorção, além disso o mesmo composto pode ser absorvido em
diferentes concentrações (RAND e PETROCELLI, 1985).
Figura 1 - Movimento dos pesticidas em ambientes aquáticos.
Fonte: Tomita, R. Y. 2002. O Biológico.
Os pesticidas que merecem destaque no presente trabalho são herbicidas
comumente utilizados na cultura de cana-de-açúcar: Glifosato e Diuron. Segundo
Armas (2005), a cultura da cana-de-açúcar respondeu, em 2002, por 11,5% das
vendas de pesticidas no Brasil, atrás somente da soja. Em 2003, a cultura
representou 8,0% das vendas, ocupando a posição, movimentando 251 milhões
de dólares.
A cana-de-açúcar (Sccharum sp.) pertence à família Poaceae (Gramineae) e
sua origem geográfica é atribuída ao Sudoeste Asiático, Java, Nova Guiné e também
a Índia. Atualmente a cana-de-açúcar, além de produzir açúcar, álcool e aguardente,
tem os subprodutos bagaço, vinhaça e torta de filtro de grande importância
socioeconômica na geração de energia, produção de ração animal, produtos
aglomerados e fertilizantes.
O surpreendente aumento do plantio de cana-de-açúcar, ocorrido no Brasil no
ano de 2001, foi decisivo para mudar radicalmente as perspectivas para o mercado
mundial de açúcar, o que significou, em outras palavras, um maior investimento na
tecnologia de produção, incluindo o uso de defensivos químicos (SILVA, 2004).
Por outro lado, o sistema de produção da cana de açúcar provoca ainda
impactos desconhecidos sobre o meio aquático, mesmo que com um manejo
adequado de aplicação de pesticidas. O carreamento de nutrientes e de pesticidas,
que podem ser lixiviados e conduzidos para corpos hídricos nas proximidades da
plantação ou mesmo para canais de linhaça, originando a perda de recursos
materiais e financeiros, e pode impactar o meio, afetando as populações que fazem
uso das águas dos corpos receptores (CAVENAGHI et al., 2002).
A Tabela 1 mostra o potencial de risco dos pesticidas glifosato e diuron,
segundo Duarte (2003). Segundo o autor, o diuron possui maior capacidade de
mobilidade disperso em água, enquanto que o glifosato possui alto potencial de
transporte associado ao sedimento.
TABELA 1 - POTENCIAL DE RISCO DOS PESTICIDAS GLIFOSATO E DIURON
SUBSTÂNCIA SOLUBILIDADE K
OC
DT
50
Diuron A (42 mg/l) N A (90 dias)
Glifosato A (900.000 mg/l) N A (47 dias)
FONTE: Duarte (2003)
NOTA: N = não atende ao crítico;
A = atende ao crítico como potencial perigoso;
Solubilidade em água: quando A, Sol. em água > 30mg/l (segundo a Agência de Proteção
Ambiental dos Estados Unidos - EPA);
DT
50
= meia vida (quando A, o DT
50
> 2-3 semanas, segundo EPA);
K
oc
= coeficiente de adsorção à matéria orgânica do solo (quando A, o K
oc
< 300-500,
segundo EPA).
Em âmbito nacional, não limites legais estabelecidos para a interação de
pesticidas no ambiente. No entanto, a resolução do CONAMA n°357/05 trás os
limites para o glifosato em água, apesar de não indicar limites para o diuron. No caso
do glifosato, a resolução aponta o limite de 65 µg/L para águas de Classe I
(indicadas para consumo humano; recreação de contato primário; irrigação de
hortaliças e proteção de comunidades aquáticas) e 280 µg/L para Classe III
(irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras; pesca amadora; recreação
de contato secundário e dessedentação de animais). No caso das águas de Classe
I, definidas como aquelas no interior de unidades de conservação de proteção
integral (aqui entram as RPPN, portanto) e para abastecimento humano e proteção
do equilíbrio natural das comunidades aquáticas, é vedado o lançamento de
efluentes ou disposição de agricultura.
No Brasil há, também, normas e critérios para a realização de testes
preliminares para a avaliação ecotoxicológica de pesticidas. Estes testes consistem
em estudos de biodegradabilidade, adsorção e mobilidade. Estudos que avaliem o
comportamento e destino dos pesticidas em solos de regiões tropicais são limitados,
entretanto, existem aqueles efetuados em regiões de clima temperado (AMARANTE
e SANTOS, 2002).
A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) estabelece limite
de 700 µg/L de glifosato em água potável como “limite consultivo de saúde”. A
Comunidade Européia, por sua vez, estabelece como “concentração máxima
admissível” para pesticidas em água potável, como substâncias individuais, o limite
de 0,1 g/L, desde que a concentração total de pesticidas não ultrapasse 0,5 g/L.
1.2.1 Glifosato
O herbicida glifosato (N-(fosfonometil)glicina), o-seletivo e sistêmico,
representa 60% do mercado mundial de herbicidas não seletivos (SMITH, 1992). Foi
criado em 1950 como um potente agente complexo e, a partir de 1971, quando sua
ação herbicida foi descoberta, passou a ser largamente utilizado. Desde então, três
principais tipos de glifosato vêm sendo comercializados: glifosato-isopropilamônio,
glifosato-sesquisódio (patenteados pela empresa Monsanto e vendido como
Roundup) e glifosato-trimesium (patenteado pela empresa ICI, atual Syngenta). O
glifosato é indicado no controle de monocotiledôneas ou dicotiledôneas, em culturas
de arroz irrigado, cana-de-açúcar, café, citros, maçã, milho, pastagens, soja (plantio
direto ou indireto), fumo e uva (ANVISA, 2006). Sua fórmula estrutural pode ser vista
na Figura 2.
Figura 2 - Fórmula estrutural do Glifosato (C3H8NO5P) - (N-(phosphonomethyl)glycine) (ANVISA,
2006).
O presente estudo tem como alvo a discussão da marca Roundup,
considerando que a Usina Vale do Ivaí, administradora da RPPN foco desse estudo,
utiliza tal produto. Além da substância ativa, o glifosato, o Roundup apresenta como
ingredientes inertes água e um surfactante, o polioxietilenamina, que ajuda o
glifosato a penetrar na folha das plantas, sendo assim um herbicida ativo (PASTRO,
1995). Segundo informações da empresa, eventualmente também se utiliza na
produção da cana a marca Milênia (glifosato Trop), que segue as mesmas
especificações que o Roundup.
Segundo Pastro (1995), a ação herbicida do Roundup se pelo bloqueio da
síntese de um aminoácido aromático essencial e do metabolismo de compostos
fenólicos, influenciando diretamente a síntese protéica e a formação dos tecidos da
planta, resultando em parada do crescimento, disfunção celular e conseqüente
morte da planta.
Segundo a ANVISA (2006), o glifosato possui classificação toxicológica IV.
Estudos sobre a degradação do princípio ativo glifosato indicam que a taxa de
biodegradação pode variar substancialmente, dependendo das condições
ambientais em estudo (PASTRO, 1995). Segundo a Organização Mundial da Saúde
(WHO, 1994), o tempo necessário para a biodegradação do glifosato em água, sob
condições aeróbias, é inferior a 14 dias, enquanto que em condições anaeróbias
esse tempo varia entre 14 e 21 dias. Ainda segundo a WHO (1994), o glifosato é
pouco bioacumulável em organismos aquáticos devido a sua alta solubilidade em
água e caráter iônico. O estudo de Duarte (2003), por outro lado, mostrou que
dependendo das condições do terreno o glifosato pode ficar presente no solo por 47
dias.
Apesar do glifosato ser citado como pouco tóxico, evidências de efeitos
deletérios no ambiente, principalmente devido ao uso prolongado e sistemático do
herbicida. Segundo Amarante e Santos (2002), as concentrações mais altas de
glifosato e seu metabólito, o ácido aminometilfosfônico (AMPA), têm sido
encontradas no solo. A ocorrência de glifosato em água subterrânea é citada com
pouca freqüência, mas foi constatada no estado do Texas, EUA, por Hallberg
(1989), mas a concentração medida não foi especificada. Como o glifosato é
bastante solúvel em água e em pH próximo à neutralidade se complexa com íons
Ca
2+
, Mg
2+
, Fe
3+
e Cu
2+
, em corpos hídricos ele é carreado para o fundo onde se
adere fortemente às partículas de sedimento (PASTRO, 1995). Para Hallberg (1989)
ainda, a aplicação direta como herbicida em águas superficiais pode ser responsável
pela presença de glifosato em água potável.
1.2.2 Diuron
O diuron (3-(3,4–diclorofenil)–1,1–dimetiluréia) é um herbicida não ionizável,
com baixa solubilidade em água (42mg/L a 25°C) e é aplicado em pré-emergência
no controle de plantas daninhas associadas principalmente à cultura de cana-de-
açúcar (MUSUMECI et al., 1995). É um herbicida do grupo dos derivados da uréia
(feniluréias) e tem o 3,4-dicloroanilina como um dos principais produtos do seu
metabolismo. Trata-se de metabólito persistente no solo e em ambientes aquáticos
(GEISSBUHLER et al., 1975).
Segundo Rao e Davidson (1982), o diuron possui tempo de meia-vida no solo
(DT
50
) de 328 + 212 dias, enquanto que para Duarte (2003) esse período é de 90
dias. Sua ação como herbicida se por inibir a reação de Hill do fotossistema II,
bloqueando a fluência elétrica do aceptor primário Q, para a proteína D1
(TEISSEIRE e VERNET, 2000). Sua fórmula estrutural pode ser vista na Figura 3.
Figura 3 - Fórmula estrutural do Diuron (C9H10Cl2N2O) - (3-(3,4-dichlorophenyl)-1,1-dimethylurea) -
(ANVISA, 2006).
Segundo Silva (2004), o diuron sendo analisado pelo potencial de lixiviação,
segundo o critério de Goundwater Ubiquity Score GUS (índice de GUS, pelo qual
os pesticidas podem ser classificados em função dos (a) produtos que possuem
potencial não lixiviador - valor de GUS=1,8; (b) intermediário - valor de
1,8<GUS<2,8; e (c) lixiviador - GUS=2,8); apresenta-se com potencial intermediário
de lixiviação, com GUS=2,58.
Outra característica relatada do diuron é sua possível toxicidade a organismos
do solo e a organismos aquáticos. Nebeker e Schuytema (1998) estudaram o efeito
crônico do diuron em peixes e invertebrados e constataram que a sobrevivência e
reprodução de Daphnia pulex foi reduzida significativamente quando a concentração
de diuron na água era de 7,7 mg/L.
1.3 BIOMONITORAMENTO
Segundo Shugart et al. (1992), biomonitoramento consiste no monitoramento
de uma área possivelmente impactada através do estudo de uma ou mais espécies
(bioindicadores). Através de programas de monitoramento é possível identificar e
acompanhar impactos antropogênicos em determinadas áreas ao longo do tempo
(LANGE et al., 1996).
Inicialmente, os estudos de monitoramento focavam a detecção de
contaminantes no compartimento abiótico de ambientes aquáticos (coluna d’água e
sedimento) (RAINBOW et al., 1995; VAN DER OOST et al., 1996; SILVA et al.,
2001). Posteriormente, começou-se a avaliar a presença de xenobiontes nos
componentes bióticos desses ecossistemas (KEHRIG et al., 1998; SCHMITT et al.,
1999; WATANABE et al., 1999). Estudos de biomonitoramento direcionados a
detecção e avaliação de efeitos em organismos vivos são, portanto, bem mais
recentes (DORAN et al., 2001; NASCI et al., 2002; MONTEIRO et al., 2005).
A utilização de parâmetros biológicos nesses estudos possibilita a avaliação
de áreas impactadas, através de estudos com biomarcadores. Van Der Oost et al.
(2003), caracterizou o termo biomarcador como “qualquer resposta biológica
correspondente a uma exposição, efeito, ou susceptibilidade dos indivíduos aos
agentes químicos e/ou estressores ambientais”. Peakall (1999) já havia também
definido biomarcador como qualquer resposta biológica a químicos ambientais em
um indivíduo ou em parte dele, a qual demonstre uma alteração do estado normal do
organismo. Os biomarcadores permitem detectar, portanto, uma contaminação
ambiental, avaliar a magnitude da contaminação e identificar espécies ou
populações em risco de contaminação (WALKER et al., 1996).
Por outro lado, o termo bioindicador foi definido como as informações
retiradas de um organismo que revelam as condições ambientais medidas no seu
habitat natural, ou mesmo o organismo como um todo (SHUGART et al., 1992; VAN
DER OOST et al., 2003).
A utilização de bioindicadores se necessária quando valores atuais ou
valores de entrada de um dado sistema se diferem de valores considerados padrões.
Nisso baseia-se a principal diferença entre o monitoramento de parâmetros físicos e
químicos do uso de bioindicadores de fatores ambientais (WALKER et al., 1996).
Determinadas características devem ser consideradas na utilização de
bioindicadores: (1) a espécie deve ser representativa da área de estudo; (2) deve
possuir hábito preferencialmente sedentário ou de baixa mobilidade, para que possa
refletir as condições da região em estudo (RADTKE, 1979); (3) os organismos
bioindicadores devem ser de cil identificação e coleta e (4) o nível trófico da
espécie a ser utilizada também deve ser avaliado, pois espécies que ocupam níveis
tróficos superiores geralmente são mais representativas, uma vez que podem
fornecer informações relacionadas aos fenômenos de bioacumulação e
biomagnificação (OLIVEIRA RIBEIRO et al., 1999).
Segundo Silva Filho et al. (2000), vários trabalhos utilizam os peixes como
bioindicadores, na tentativa de avaliar efeitos xicos de diversos contaminantes,
dentre eles os pesticidas de forma geral (SILVA et al., 2001; NASCI et al., 2002;
SVÄRDH, 2003; OLIVEIRA RIBEIRO et al., 2005; AMADO et al., 2006; ZANETTE et
al., 2006).
Os diferentes padrões de alterações, inerentes a cada composto e a cada
organismo, possibilitam que os efeitos de vários pesticidas possa ser distintamente
analisados em organismos, por meio de uma resposta biológica desses em relação
aos poluentes, considerando que estes efeitos são precedidos por mudanças sub-
letais em moléculas e células. Assim, a utilização de parâmetros biológicos
(bioindicadores) possibilita a avaliação de ambientes aquáticos ditos impactados e o
biomonitoramento de áreas protegidas, através de estudos com biomarcadores. O
bioindicador escolhido para esse estudo foi o lambari do gênero Astyanax sp.
Apesar da importância dessas ferramentas, escassez de trabalhos que
relacionam diferentes biomarcadores, bioindicadores tropicais e efeitos de
contaminantes, em especial nos peixes (OLIVEIRA RIBEIRO et al., 2000).
Existem três principais situações que requerem biomonitoramento: (1) onde
existam razões para se acreditar que espécies nativas estão sendo ameaçadas; (2)
quando implicações para a saúde humana quanto ao consumo de organismos
potencialmente afetados e (3) quando existe o interesse em conhecer a qualidade
ambiental (DA SILVA et al., 2003).
O presente projeto realizou um estudo de campo, na região noroeste do
estado do Paraná, Brasil, avaliando a possibilidade de danos causados pela
administração de pesticidas no entorno imediato de uma área natural protegida, a
RPPN Fazenda Barbacena, mais especificamente alterações causadas sobre grupos
de lambari.
1.3.1 Biomarcadores
Segundo Giesy e Graney (1989) existem muitos níveis de organização que
podem ser afetados por poluentes, sendo que, em cada um destes níveis, existem
processos que podem ser empregados para monitorar ou predizer os efeitos destes
poluentes nos organismos. Dentre estes processos ou mecanismos, pode-se pensar
que os biomarcadores devam ser empregados como respostas sensíveis e/ou
específicas das alterações que acontecem nas diferentes espécies.
Durante décadas os efeitos de poluentes sobre o ambiente aquático foram
avaliados pelo monitoramento de mudanças ambientais em cada nível de
organização do ecossistema como, populações, comunidades e o ecossistema
propriamente dito. Entretanto, estes estudos eram limitados, pois vários efeitos
importantes podiam ocorrer simultaneamente. A toxicologia ambiental passou a
estudar o ambiente de uma forma mais complexa, utilizando marcadores para cada
nível de organização. Estes marcadores, bioquímicos, fisiológicos, genéticos,
histológicos e comportamentais, devem apresentar habilidade de medir diferentes
respostas em relação à presença de estressores distintos (HUGGETT et al., 1992).
De acordo com Van Der Oost et al. (2003) existem dois tipos de
biomarcadores: aqueles que indicam um efeito direto na exposição do organismo a
uma substância química (biomarcadores específicos) e aqueles que indicam
qualquer alteração diferente do normal, não se podendo correlacionar
exclusivamente com exposição a uma determinada substância (biomarcadores
inespecíficos). Os primeiros podem também ser classificados como biomarcadores
de efeito, e os segundos, como biomarcadores de exposição. A especificidade dos
biomarcadores aos químicos varia grandemente e tanto os específicos como os não
específicos têm sua importância na avaliação do risco ambiental.
Como comentado, a avaliação de contaminação de ambientes aquáticos
através de biomarcadores tem sido bastante utilizada em estudos de
biomonioramento (STURM et al., 1999; LIONETTO et al, 2003; GALLOWAY et al.,
2004; ZANETTE et al., 2006). A utilização de biomarcadores pertencentes a dois ou
mais níveis de organização biológica como realizado por Amado et al. (2006) e
Camargo e Martinez (2006), vem também crescendo nos últimos anos,
possibilitando a obtenção de diferentes tipos de respostas que podem ser
comparadas e confrontadas. Este tipo de abordagem proporciona um diagnóstico
mais preciso e confiável da situação da área estudada e representa a tendência
atual em estudos de biomonitoramento.
Por detectarem alterações enzimáticas, os biomarcadores bioquímicos são
considerados como sistemas de aviso precoce, indicando a contaminação do
ambiente antes que ocorram danos mais severos aos organismos e, possivelmente,
ao ecossistema (MCCARTHY e SHUGART, 1990). Dentre os biomarcadores
bioquímicos que merecem destaque neste projeto estão a atividade da GST
(Glutationa S-transferase), da CAT (Catalase), da AchE (Acetilcolinesterase) e
também a lipoperoxidação (LPO).
Os biomarcadores morfológicos, por sua vez, auxiliam na detecção da
presença de xenobiontes em ambientes aquáticos, sendo altamente recomendada
sua utilização em estudos de biomonitoramento ambiental e diagnóstico de áreas
impactadas (AKAISHI et al., 2004). Nesse trabalho, a histopatologia de fígado foi
utilizada para complementar o estudo do bioindicador Astyanax sp.
A interferência de compostos tóxicos na integridade e funcionamento do DNA,
além da formação de adutos de DNA e anomalias nucleares, vêm sendo cada vez
mais utilizada em estudos de biomonitoramento (AL-SABTI, 1986; MINISSI et al.,
1996; OBE et al., 2002; FERRARO et al., 2004; CESTARI et al. 2004). Sendo assim,
o presente estudo utilizou o Teste de Micronúcleo Písceo como biomarcador
genético, no intuito de relacionar os danos fisiológicos causados por pesticidas com
aqueles sofridos no material genético dos indivíduos.
As alterações histopatológicas, juntamente com os parâmetros bioquímicos e
genéticos, permitem analisar, portanto, respostas agudas e crônicas aos agentes
estressores, assim como estabelecer o grau de toxicidade dos contaminantes.
1.3.1.1 Biotransformação e Estresse Oxidativo
A transformação metabólica (biotransformação) dos compostos químicos nos
organismos é essencial para alterar a atividade biológica do composto e,
conseqüentemente, cessar a interação entre o elemento químico e a célula. A
biotransformação inclui numerosos sistemas enzimáticos diferentes, os quais atuam
em diversos tipos de substratos. Muitas destas enzimas têm em comum a função de
converter estruturas tóxicas para menos tóxicas, e converter químicos lipofílicos em
estruturas hidrofílicas, que são mais rapidamente excretadas (HANG et al., 2004).
Os biomarcadores bioquímicos mais amplamente utilizados em programas de
monitoramento ambiental são as enzimas envolvidas na biotransformação de
xenobióticos e seus metabólitos (enzimas de biotransformação e enzimas
antioxidantes). Em peixes, como nos demais vertebrados, o fígado é o órgão mais
comumente envolvido na desintoxicação desses compostos (VERMEULEN et al.,
2002). Sabe-se, ainda, que o fígado é o principal órgão responsável pelo
metabolismo de xenobióticos em vertebrados. Isso porque as células do parênquima
hepático, os hepatócitos, tornaram-se especializadas na remoção de substâncias
tóxicas; na sua biotransformação e no lançamento dos produtos de biotransformação
na circulação para posterior excreção (RODRIGUES, 2003).
O oxigênio é indispensável para a vida da maioria dos organismos, sendo
utilizado como substrato de muitas enzimas. Muitas das reações nas quais esse
elemento é utilizado geram as chamadas espécies reativas de oxigênio (ERO ou
ROS). Uma condição para o desenvolvimento da vida aeróbica é a presença de
mecanismos de desintoxicação das ERO (STOREY, 1996). A produção excessiva e
desregulada de ERO pode ter graves conseqüências às células, contudo, em baixas
concentrações, as ERO (e ainda as ERN: espécies reativas de nitrogênio) têm
importante papel no contexto biológico. Elas são importantes reguladores fisiológicos
na sinalização celular, participando de processos envolvidos na proliferação celular,
relaxamento endotelial, destruição de patógenos, apoptose, etc. (PALMER et al.,
1987; MANNICK e SCHONHOFF, 2002).
Muitos tipos de defesas estão envolvidos nesses processos, constituindo o
chamado Sistema de Defesas Antioxidantes (SDA). Estes sistemas têm funções de
prevenção, reparação e interceptação das ERO e podem ou não ser catalisados por
enzimas. Um SDA do tipo enzimático inclui a Catalase (CAT).
o estresse oxidativo ocorre quando um desequilíbrio intracelular entre a
geração e os níveis normais que formam os mecanismos de defesa aos agentes
oxidantes numa dada espécie (SIES, 1985). O aumento na concentração das ERO
pode levar a um aumento ou a inibição na atividade dos sistemas enzimáticos de
proteção.
O estresse oxidativo pode estar relacionado a danos em diversos níveis tais
como: mutagênese, carcinogênese, lipoperoxidação e a oxidação e fragmentação de
proteínas e carboidratos (SIES, 1985). Vários estudos de biomonitoramento
ambiental relacionam o grande aporte de diversas classes de poluentes com a
geração dessas ERO destacando inúmeras conseqüências aos organismos
aquáticos e aos seus respectivos ecossistemas (MALINS et al., 1988; BAINY et al.,
1996; TORRES et al., 2002). Os efeitos mediados pela oxidação, assim como suas
respostas adaptativas, como o aumento da atividade de enzimas antioxidantes e
concentração de componentes não enzimáticos, são potentes biomarcadores
(VERMEULEN et al., 2002). A Figura 4 traz uma representação das vias de
desintoxicação e de possíveis efeitos decorrentes de uma alteração nesse sistema.
Figura 4 - Representação esquemática das vias de desintoxicação e de possíveis efeitos moleculares
decorrentes de uma alteração no sistema biológico.
FONTE: Van Der Oost et al. 2003. Fish bioaccumulation and biomarkers in environmental risk
assessment. Envir. Toxicol. Pharmacol.
Metabolismo Toxicidade
Ambiente Organismo
Efeitos moleculares:
- Peroxidação Lipídica
- Dano no DNA
- Alteração enzimática
- Outros
Efeitos Celulares
Efeitos Fisiológicos
Efeitos Individuais
Efeitos Populacionais
Efeitos em Comunidades
Xenobiótico
Metabólitos
Conjugados
Polares
Fase I
Metabolismo
Fase II
Metabolismo
Absorção do
Xenobiótico
Excreção
Reação de
Óxido
Redução
Metabólitos
Tóxicos
O
2
reativo
(O
2
-
/ OH
-
/
H
2
O
2
)
Sistemas
Antioxidantes
Glutationa S-transferase (GST)
A enzima Glutationa S-transferase (GST) pertence à fase II do metabolismo
sendo responsável pela conjugação de componentes eletrofílicos ou oriundos da
fase I com GSH (VERMEULEN et al., 2002). A reação de conjugação realizada pela
GST é importante às células, pois atua na hidrólise de substâncias lipofílicas, às
quais podem ser excretadas como substâncias inertes no organismo. Essa
superfamília de enzimas ocorre em seres procarióticos, plantas, moluscos,
crustáceos, insetos, anfíbios, répteis, peixes e mamíferos (VAN DER OOST et al.
2003).
As GST são classificadas como alfa, mi, pi, e teta, de acordo com suas
propriedades físicas, químicas e imunológicas. Cada classe de GST pode ser
diferentemente induzida por poluentes ambientais. A família destas enzimas é
caracterizada por ter uma ampla especificidade de substrato com baixa afinidade.
Esta baixa eficiência catalítica teve importante papel na evolução das GST como
agente desintoxicador de amplo espectro, tanto de componentes endógenos, quanto
exógenos (TEW et al., 1999).
A estimulação da enzima GST envolve reações de conjugação na presença
de glutationa. O quociente entre a glutationa reduzida e a oxidada (GSH/GSSG) na
célula é um bom indicador dos níveis de estresse oxidativo. A GST catalisa a
conjugação da glutationa reduzida (GSH) com diversos tipos de xenobióticos ou
componentes celulares danificados por espécies reativas de oxigênio (STOREY,
1996).
Animais aquáticos que habitam ambientes poluídos podem estar expostos a
xenobióticos, os quais sofrem desintoxicação mediada pela glutationa na sua forma
reduzida, catalisada pela enzima glutationa S-transferase. Esta enzima de
biotransformação tem sido estudada em trabalhos de campo no monitoramento de
poluentes de origem industrial e agrícola (CHO et al., 1999). Induções da GST no
tecido hepático de peixes foram observadas por George (1993).
Catalase (CAT)
Catalases são enzimas intracelulares localizadas nos peroxissomos, com a
função de facilitar a remoção do peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
), o qual se transforma
em oxigênio molecular (O
2
) e água (H
2
O) (reação: H
2
O
2
+ O
2
-
OH
-
+ HO
+ O
2
)
(STEGEMAN et al., 1992). As catalases também são citadas como enzimas
envolvidas na desintoxificação de alguns substratos, como fenol, alcoóis, ácido
fórmico e formaldeído (NORDBERG e ARNÉR, 2001; ALBERTS et al., 2002).
Um dos papéis antioxidantes das CAT é reduzir o risco de formação do
radical hidroxila (HO
) a partir do H
2
O
2
, via reação de Fenton (H
2
O
2
+ Cu
+
/Fe
2+
OH
-
+ Cu
2+
/Fe
3+
+ HO
) (NORDBERG e ARNÉR, 2001) ou por reação com ânion
superóxido (O
2
-
). Apesar da baixa capacidade de difusão, o radical hidroxila é,
provavelmente, a espécie reativa de oxigênio capaz de causar mais danos aos
sistemas biológicos, segundo Diplock et al. (1998); Betteridge (2000); Nordberg e
Arnér (2001).
Contudo, de acordo com Van Der Oost et al. (2003), pesquisas ainda o
necessárias para elucidar melhor o mecanismo da CAT em peixes, o que o retira
a importância dessa enzima como biomarcador de exposição em estudos de
biomonitoramento.
Peroxidação Lipídica (LPO)
A peroxidação lipídica, lipoperoxidação ou oxidação de ácidos graxos
polinsaturados é um processo fisiológico regular, considerando sua importância na
maturação celular (SCHEWE et al., 1986; MATSUI et al. 1997; VAN LEYEN et al.,
1998) e mobilização de lipídios (FEUSSNER et al., 1995; 2001). Determinadas
classes de contaminantes, contudo, podem acarretar em efeitos deletérios nesse
processo (BENZIE, 1996; SEVANIAN e URSINI, 2000), levando a um
comprometimento no funcionamento celular (KOZAR et al., 1994; BAKER e
KRAMER, 1999), destituição da função das membranas celulares e das organelas
essenciais, tais como o processo de transporte, a manutenção de gradiente de
metabólitos e íons e a transdução de sinais mediada por receptores (MEAGHER e
FITZGERALD, 2000), com conseqüentes modificações estruturais dos complexos
lipoprotéicos das membranas celulares (MASON et al., 1997; GIROTTI, 2002).
A lipoperoxidação como conseqüência negativa do estresse oxidativo tem
sido extensamente investigada (STEGEMAN et al., 1992). Esse processo ocorre por
uma reação em cadeia e demonstra a habilidade de um único radical propagar
reações bioquímicas deletérias (VERMEULEN et al., 2002). Durante a
lipoperoxidação os grupos hidroperóxidos ligam-se aos sítios hidrofóbicos dos ácidos
graxos insaturados, tendo este processo uma dupla conseqüência: perturbação nas
interações lipídicas, que levam a alterações estruturais das biomembranas e das
lipoproteínas; e a formação de espécies reativas de oxigênio, que podem induzir a
modificação secundária de outros constituintes da membrana (GIROTTI, 2002).
A lipoperoxidação tem se mostrado um potencial biomarcador de
contaminação ambiental (STEGEMAN et al., 1992), sendo relacionado com danos
causados por estresse oxidativo (KAPPUS, 1987; REGOLLI et al., 2005).
1.3.1.2 Neurotoxicidade
Acetilcolinesterase (AchE)
O termo colinesterase é normalmente utilizado para referir-se a soma da
atividade da “pseudocolinesterase”, ou butirilcolinesterase, com a atividade da
acetilcolinesterase, ou “colinesterase verdadeira”. Estas enzimas diferem na
afinidade pelo substrato, bem como na velocidade de degradação deste e diferem
na localização e concentração numa mesma espécie (SILVA DE ASSIS, 1998).
Peixes possuem somente AchE no cérebro, enquanto no músculo ambas são
encontradas (STURM et al., 1999). A AchE está envolvida na desativação da
acetilcolina na fenda sináptica, prevenindo o estímulo contínuo do neurônio, o que é
vital para o funcionamnto normal do sistema sensorial e motor (MURPHY, 1986).
A medida da atividade da AchE é muito utilizada para diagnosticar exposição
a tóxicos anticolinesterásicos em peixes, e pode ser considerada um dos mais
antigos biomarcadores (SILVA DE ASSIS, 1998; STURM, et al., 1999). Van Der Oost
et al. (2003), indicam que peixes expostos a pesticidas podem apresentar redução
da atividade da acetilcolinesterase proporcional à concentração e ao tempo de
exposição. A medida enzimática da colinesterase possibilita a detecção de efeitos
toxicológicos subletais, principalmente de compostos organofosforados e
carbamatos, mesmo sem a presença de sintomatologia clínica.
Além dos chamados inseticidas anticolinérgicos, outras classes de
contaminantes ambientais, incluindo outros pesticidas, tem o potencial de inibir a
AchE (DAVIES e COOK,1993; GILL et al., 1990a,b). Reddy et al. (1992), observaram
em um estudo com exposição ao diuron (60 dias) uma modificação comportamental
em peixes, com diminuição na movimentação dos opérculos e redução da
locomoção. Os autores atribuíram essas mudanças a uma possível diminuição da
atividade da AchE. Entretanto, ainda poucos trabalhos relatam a influência de
exposição a herbicidas na atividade da AchE.
1.3.1.3 Histopatologia
Técnicas morfológicas como microscopia de luz têm sido utilizadas em
trabalhos de toxicologia, que permitem avaliar possíveis efeitos de xenobiontes
em órgãos e tecidos alvos. Segundo Fent (1996), os efeitos nas estruturas das
células e tecidos constituem um importante parâmetro a ser considerado na
avaliação do potencial tóxico de contaminantes sobre os organismos vivos.
Wester e Canton (1991) relatam que através da morfologia é possível tanto
revelar os órgãos alvos mais afetados quanto detectar a sensibilidade do organismo
em relação aos níveis tóxicos dos contaminantes aos quais foram expostos. A
histopatologia permite, ainda, diferenciar lesões promovidas por doenças daquelas
induzidas por outros fatores ambientais como a exposição a poluentes
(SCHWAIGER et al., 1997).
O órgão alvo desse trabalho foi o fígado. O fígado, por representar o principal
órgão responsável pelos mecanismos de biotransformação e bioativação de
xenobiontes lipossolúveis, apresenta-se como um excelente alvo para estudos de
danos resultantes da exposição a diferentes contaminantes (OLIVEIRA RIBEIRO et
al., 2002b, 2005; DAMEK-PROPRAWA e SAWICKA-KAPUSTA, 2003; PADROS et
al., 2003; AKAISHI et al., 2004; RABITTO et al., 2005).
O fígado desempenha variadas funções metabólicas, de estoque e de
distribuição nos vertebrados. Genericamente, pode ser tratado como a maior
glândula por produzir substâncias exócrinas não enzimáticas (GUILLOUSO et al.,
1990). É considerado o principal órgão que metaboliza e excreta substâncias
xenobióticas, sendo, portanto, um dos primeiros órgãos a entrar em contato com os
contaminantes após exposição trófica.
O fígado de teleósteos, de maneira geral, é formado por células do
parênquima hepático (com forma oval apolígonos irregulares) que se encontram
dispostas de forma concêntrica ao redor de capilares sanguíneos, os sinusóides.
Seus núcleos são geralmente esféricos. regiões especializadas de membranas,
com dois a quatro hepatócitos, que formam canalículos biliares que são canais
intercelulares que recebem a bile por secreção celular. Vários canalículos formam o
ducto biliar. Esses ductos convergem, por sua vez, para um ducto hepático que pode
se abrir no duodeno ou alimentar a vesícula biliar, dependendo da espécie de peixe
(TAKASHIMA e HIBIYA, 1995).
1.3.1.4 Genotoxicidade
Teste de Micronúcleo Písceo e Alterações Morfológicas Nucleares
O estudo de danos no DNA em nível cromossômico é uma parte essencial da
genética toxicológica, uma vez que a mutação cromossômica é um evento
importante na carcinogênese (RIBEIRO, 2003). Dentre as ferramentas para
avaliação genotóxica, o Teste de Micronúcleo Písceo, com a análise das alterações
nucleares, constituem ferramentas importantes devido à resposta clara e de rápida
interpretação (HEDDLE et al., 1991; BOMBAIL et al., 2001).
Micronúcleos são formados pela condensação de fragmentos cromossômicos
acêntricos ou por cromossomos inteiros que não foram incluídos no núcleo principal
durante a anáfase. Apesar do pouco conhecimento sobre os mecanismos que
relacionam a formação dos micronúcleos em peixes com contaminantes ambientais,
a contagem de micronúcleos e o registro de alterações morfológicas nucleares
fornecem dados importantes nas avaliações de genotoxicidade em função da sua
capacidade de detecção da presença de substâncias clastogênicas na água (AL-
SABTI e METCALFE, 1995).
O teste do micronúcleo foi originalmente desenvolvido por Schimd (1975) para
células da medula óssea de camundongos e foi adaptada por Hooftman e Raat
(1982) para o estudo de células sanguíneas de peixes mantidos em laboratórios. O
ensaio do micronúcleo em sangue periiférico é considerado, atualmente, um dos
mais estabelecidos ensaios citogenéticos in vivo no campo da genética toxicológica
(FENECH, 2000). A técnica vem sendo cada vez mais usada em análises ambientais
por demonstrar a sensibilidade dos peixes frente a diversos contaminantes, inclusive
de origem orgânica (GRISOLIA e CORDEIRO, 2000; AYLLON e GARCIA-
VAZQUEZ, 2003; AMADO et al., 2006).
Ayllon e Garcia-Vazquez (2001) indicam que além da identificação de
micronúcleos, a análise de anomalias nucleares deve ser incluída nos estudos de
genotoxicidade em peixes por apresentar resultados mais confiáveis e completos,
considerando que muitas vezes o micronúcleo pode ter baixa sensibilidade devido à
baixa e também variável freqüência de micronúcleos em peixes silvestres.
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Biomonitorar a RPPN Fazenda Barbacena e área do entorno (região
possivelmente alterada pelo uso de contaminantes aquáticos) através da aplicação
de biomarcadores bioquímicos, morfológicos e genéticos em peixes.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar possíveis danos causados por contaminantes ambientais na RPPN
Fazenda Barbacena através da medida da atividade da Glutathiona S-transferase
(GST) em Astyanax sp.;
Avaliar possíveis danos causados por contaminantes ambientais na RPPN
Fazenda Barbacena através da medida da atividade da Acetilcolinesterase (AchE)
em Astyanax sp.;
Avaliar possíveis danos causados por contaminantes ambientais na RPPN
Fazenda Barbacena através da medida da atividade da Catalase (CAT) em Astyanax
sp.
Avaliar possíveis danos causados por contaminantes ambientais na RPPN
Fazenda Barbacena através da concentração de Peroxidação Lipídica (LPO) em
Astyanax sp.;
Avaliar possíveis danos causados por contaminantes ambientais através da
morfologia de células do fígado em Astyanax sp.;
Avaliar possíveis danos causados por contaminantes ambientais através do
Teste de Micronúcleo em Astyanax sp.;
Contribuir com a elaboração de estratégias de minimização das possíveis
alterações causadas por pesticidas em áreas do entorno das RPPN e/ou no interior
dessa unidade a partir da discussão de instrumentos de gestão em áreas protegidas.
CAPÍTULO I: APLICAÇÃO DE BIOMARCADORES BIOQUÍMICOS,
MORFOLÓGICOS E GENÉTICOS EM Astyanax sp. NO BIOMONITORAMENTO
DA RESERVA PARTICULAR DO PATRIMÔNIO NATURAL (RPPN) FAZENDA
BARBACENA
I.1 INTRODUÇÃO
A fragmentação ameaça todos os ecossistemas nacionais, sendo que a
Floresta Estacional Semidecidual do Paraná, ecossistema onde se encaixa essa
proposta, não foge a esta regra, tendo cedido lugar a diversas atividades,
principalmente às atividades agropecuárias. Combinado ao processo de
fragmentação, esses ambientes vêm sofrendo diferentes alterações do seu estado
natural, sendo que muitos distúrbios podem ser atribuídos a contaminantes
ambientais, em especial aos pesticidas utilizados nas culturas de soja, milho e cana
de açúcar (SILVA, 2004; ARMAS, 2005).
A interferência dos pesticidas nos sistemas naturais pode ser observada,
também, em unidades de conservação. Em sua especificidade, as Reservas
Particulares do Patrimônio Natural encontram-se inseridas em um quadro bastante
complexo, no qual fragmentos vêm sendo protegidos por diversos proprietários
rurais, sem, no entanto, possuírem um manejo que integre a área protegida com as
características do entorno (em sua maioria áreas produtoras agrícolas, no caso do
Paraná).
Os ambientes aquáticos inseridos em complexos agrícolas podem ser
afetados diretamente pelo carreamento de pesticidas utilizados nessas áreas. Na
RPPN Fazenda Barbacena, considerada um dos mais importantes fragmentos da
Floresta Estacional Semidecidual do estado do Paraná, o entorno é composto por
um mosaico de produção de cana de açúcar (no qual se aplicam, periodicamente,
diferentes pesticidas recomendados para esse cultivo, em especial o glifosato e o
diuron) combinada a nascentes que formam importantes corpos hídricos da região. A
utilização de parâmetros biológicos nesses estudos de biomonitoramento possibilita
a avaliação de áreas impactadas, através de estudos com biomarcadores (VAN DER
OOST et al., 2003).
Devido, portanto, à ampla utilização de contaminantes no entorno dessas
áreas e a possibilidade de impactos nas UC (BUSCHBACHER, 2000) é de suma
importância o desenvolvimento de estudos de biomonitoramento nas RPPN.
Combinado a isso, a falta de dados referentes a bioindicadores e biomarcadores das
condições ambientais no Brasil também demonstra a necessidade da realização de
trabalhos que visem o monitoramento das regiões protegidas. Vale ressaltar que,
apesar da importância desses estudos, existem poucos dados sobre os efeitos de
tóxicos na fauna e flora, sendo escassos, ainda, dados à respeito da toxicidade de
pesticidas em peixes (objeto de estudo desse trabalho), principalmente quando se
trata de espécies brasileiras (COSTA, 2001). escassez, também, de trabalhos
que relacionam as atividades fisiológicas, bioquímicas e genéticas em peixes
tropicais com efeitos de contaminantes, em especial de estudos que sugerem o uso
de diferentes biomarcadores em conjunto (OLIVEIRA RIBEIRO et al., 2000).
O uso de biomarcadores bioquímicos em programas de monitoramento
oferece algumas vantagens, pois são, normalmente, os primeiros a serem alterados,
apresentam boa sensibilidade, relativa especificidade e baixo custo de análise
quando comparados com análises químicas. A medida enzimática da
acetilcolinesterase (AchE), considerada um dos mais antigos biomarcadores,
possibilita a detecção de efeitos toxicológicos subletais, principalmente de
compostos organofosforados e carbamatos, sendo atualmente outros pesticidas
descritos como potenciais inibires da AchE (DAVIES e COOK,1993; GILL et al.,
1990a,b). Van Der Oost et al. (2003) indicam que peixes expostos a diferentes
pesticidas podem apresentar redução da atividade da acetilcolinesterase
proporcional à concentração e ao tempo de exposição.
A catalase (CAT), por sua vez, possui a capacidade de degradar rapidamente
o peróxido de hidrogênio (formado por oxidação metabólica) em oxigênio e água. A
reação de conjugação realizada pela enzima glutationa S-transferase (GST) é
importante às células, pois atua na hidrólise de substâncias lipofílicas, às quais
podem ser excretadas como substâncias inertes no organismo. Induções da GST e
da CAT no tecido hepático foram observadas em diversas espécies de peixes
expostas a xenobiontes (GEORGE, 1993), sendo que as atividades dessas enzimas
vêm sendo utilizadas com maior freqüência como biomarcadores bioquímicos (VAN
DER OOST et al., 2003; FATIMA et al, 2006).
O estresse oxidativo, que pode ocorrer quando essas enzimas chamadas
antioxidantes (no caso a CAT) têm suas funções alteradas; ou quando o índice de
produção de espécies reativas de oxigênio é alto; pode causar a peroxidação dos
ácidos graxos existentes nas membranas celulares. A presença de xenobióticos,
responsável por essa alteração, pode, portanto, levar a um aumento de peroxidação
lipídica ou peroxidação (LPO) e danificar estruturas celulares (REGOLLI et al.,
2005).
Lesões histopatológicas e alterações genéticas, como aberrações nucleares,
são também efeitos relatados em estudos prévios em organismos aquáticos em
áreas impactadas (AKAISHI et al., 2004; MOUCHET et al., 2006). A ocorrência de
danos celulares e teciduais em fígado de peixes ambientalmente expostos a
pesticidas, metais pesados, esgoto e efluentes industriais tem sido descrita por
vários autores (STENTIFORD et al., 2003; NORENA-BARROSO et al., 2004;
OLIVEIRA RIBEIRO et al., 2005).
Nesse sentido, o presente projeto vem contribuir para o desenvolvimento de
pesquisas de biomonitoramento em Unidades de Conservação no estado do Paraná,
em especial as Reservas Particulares do Patrimônio Natural. A proposta foi realizar o
biomonitoramento da RPPN Fazenda Barbacena, possivelmente alterada pelo uso
de contaminantes ambientais de origem agrícola, através da utilização de
biomarcadores bioquímicos, morfológicos e genéticos em em Astyanax sp.
I.2 MATERIAL E MÉTODOS
I.2.1 ÁREA DE ESTUDO
O presente projeto foi conduzido em uma área-piloto localizada na região
noroeste do Estado do Paraná, inserida na Fazenda Barbacena, município de São
Pedro do Ivaí, a RPPN Estadual Fazenda Barbacena, de propriedade de Jayme Watt
Longo (Figura 5). Segundo IBGE (2007), esta região está recoberta pela Floresta
Estacional Semidecidual, comunidade vegetal onde 20 a 50% dos indivíduos do
estrato arbóreo superior perdem as folhas na estação desfavorável, por condições
periódicas de seca ou frio.
Atualmente, esta cobertura vegetal encontra-se seriamente comprometida
pelas atividades agropecuárias ali desenvolvidas (MIKICH et al., 2002, MIKICH e
OLIVEIRA, 2003). O clima da região é do tipo Cfa, com tendência de concentração
das chuvas nos meses de verão e temperatura média do mês mais quente acima
dos 22°C e do mês mais frio abaixo dos 18°C (MIKICH e OLIVEIRA, 2003).
A RPPN Fazenda Barbacena foi criada em 2004 e preserva mata nativa de
Floresta Estacional Semidecidual. A área possui também importante papel na
preservação hidrográfica (Bacia do Ivaí) – (SEMA, 2007).
As atividades realizadas atualmente na área protegida abrangem turismo
ecológico, educação ambiental e pesquisa científica. A área é, hoje, administrada
pela empresa Vale do Ivaí. No entorno da RPPN a produção de cana de açúcar,
também gerida pela empresa citada, a qual utiliza, periodicamente, diferentes tipos
de pesticidas recomendados para esse tipo de cultivo, em especial o glifosato e o
diuron.
A pulverização é realizada por maquinários específicos e eventualmente por
meio de pulverização manual.
Figura 5 - Esquema representativo da localização da RPPN Fazenda Barbacena, São Pedro do Ivaí,
Paraná, Brasil.
I.2.2 DESENHO EXPERIMENTAL
Foram realizadas duas fases de campo, uma no mês de setembro de 2006
(final da seca) e outra no mês de março de 2007 (final da chuva), considerando que
a disponibilidade dos pesticidas no ambiente pode variar com a disponibilidade de
água, ou seja, nas diferentes estações pluviométricas, bastante característica da
Floresta Estacional da região trabalhada. Para a escolha das épocas de coleta
considerou-se, também, que os pesticidas nessa fazenda possuem aplicação
contínua (não variação sazonal de aplicação), segundo informações fornecidas
pela gerência agrícola da empresa Vale do Ivaí. Os meses escolhidos, portanto,
representaram uma época final de cada estação pluviométrica, de seca e chuva.
Foram amostrados três pontos de um mesmo córrego da Fazenda
Barbacena, o córrego Itaubaté, o qual possui sua nascente na área produtiva da
fazenda (com plantio de cana) e cruza, posteriormente, toda a RPPN. O primeiro
ponto se localiza no tanque formado pelas nascentes do córrego, o segundo no
limite da área produtiva com a RPPN e o terceiro no interior da RPPN
(aproximadamente na zona núcleo da reserva) (Figuras 6 e 7).
Figura 6 - Imagens da RPPN e dos pontos de coleta na Fazenda Barbacena, São Pedro do Ivaí,
Paraná. A: Vista da RPPN ao fundo, com plantio de cana em primeiro plano. B: Ponto de Coleta
“Cana de Açúcar”: tanque formado por nascentes na área de plantio. C: Ponto de Coleta “Entorno”. D:
Ponto de Coleta “RPPN”: córrego Itaubaté.
A
B
C
D
Figura 7 - Representação da RPPN e dos pontos de coleta na Fazenda Barbacena, São Pedro do
Ivaí, Paraná. Os pontos vermelhos identificam os pontos amostrais.
Foram coletados 30 indivíduos por ponto amostral, em ambas as coletas.
Primeiramente, os animais tiveram sua coluna secionada e, em seguida, foram
coletadas amostras de sangue (com o auxílio de um tubo capilar para hematócrito)
para confecção de extensão em lâmina (para realização do teste do micronúcleo).
Após secção ventral, retirou-se o fígado (para análises bioquímicas da CAT, GST e
LPO, além de avaliação histológica) e uma porção do músculo axial (para análise da
enzima AchE). Os indivíduos foram, então, armazenados em formol 4%, para
posterior identificação dos espécimes.
As amostras de fígado e músculo coletadas foram acondicionadas em
criotubos devidamente identificados e imediatamente congeladas em nitrogênio
líquido. Uma pequena porção do fígado de cada animal também foi fixada em
ALFAC e depois desidratada em álcool, para avaliação histológica.
As amostras obtidas foram encaminhadas aos laboratórios de Toxicologia
Ambiental do Departamento de Farmacologia, de Toxicologia Celular do
Departamento de Biologia Celular e de Mutagênese Ambiental do Departamento de
Genética da UFPR, para processamento e realização das análises abaixo descritas.
I.2.2.1 Modelo Biológico
Neste estudo foram utilizados lambaris Astyanax sp. A posição taxonômica
segundo Fink e Fink (1981) é Classe Osteichthyes; Superordem Osthariophysi;
Ordem Characiformes; Subordem Characioidea; Família Characidae. A identificação
dos espécimes foi realizada pelo Museu de História Natural Capão da Imbuia,
Curitiba, Paraná.
Os peixes da família Characidae geralmente apresentam uma nadadeira
caudal adiposa, são bons nadadores e incluem a maioria dos peixes de escamas
conhecidos no Brasil, como lambaris, piracanjubas, piranhas, dourados, etc.
(BRITSKI, 1988). O lambari é uma espécie nativa e largamente distribuída no
território brasileiro, sendo encontrado em grandes grupos habitando rios, lagos e
represas. O termo lambari é uma designação (nome popular) a quase 150 espécies,
de diferentes gêneros. Em outras regiões do Brasil, o lambari pode receber o nome
de Piaba ou Canivete.
O gênero Astyanax foi inicialmente proposto em 1854 e a revisão mais
recente, realizada por Lima et al. (2003) cita 86 espécies e algumas subespécies. Os
indivíduos do gênero Astyanax são peixes de escamas, de pequeno porte,
raramente ultrapassando 10 cm de comprimento total. Sua coloração é bastante
variada.
O gênero compreende adultos preferencialmente insetívoros, mas que
também consomem outros itens alimentares vegetais e animais (flores, frutos,
sementes, crustáceos, algas, detritos) (GASPAR DA LUZ e OKADA, 1999;
ANDRIAN, 2001). Grande representatividade numérica tem sido comum em estudos
envolvendo espécies do gênero Astyanax (UIEDA e BARRETO, 1999; ORSI et
al.,2004). Tal característica se pelo fato destas espécies apresentarem ciclos de
vida dinâmicos com elevado potencial reprodutivo e oportunismo trófico (FILHO e
BRAGA,1996), fato este interessante para o uso do gênero como modelo biológico
para diferentes estudos. Vale salientar, também, que esse gênero apresenta
comportamento reofílico, ou seja, realiza apenas curtas migrações reprodutivas
durante os períodos de maior precipitação, não variando muito sua ocorrência nas
diferentes faixas dos corpos hídricos (SUZUKI e AGOSTINHO, 1997). Por essas
características e por sua relativa facilidade de captura, o gênero Astyanax foi
escolhido como modelo nesse estudo.
Apesar dessas características, o grupo lambari passa eventualmente por
modificações em sua classificação taxonômica, o que pode dificultar, em alguns
casos, o seu uso como bioindicador. Muitas espécies do gênero Astyanaxo
morfologicamente similares e por isso diferentes autores citam a formação de um
complexo do ponto de vista taxonômico (FERNANDES, 2004; MARTINS-SANTOS,
2004). Durante a coleta realizada em setembro de 2006, apareceram alguns
exemplares do lambari Bryconamericus sp. (no ponto localizado no entorno da
reserva). Esses exemplares foram retirados, após identificação do Museu, das
análises bioquímicas, morfológicas e genéticas, sendo utilizado apenas o gênero
Astyanax. Portanto, o número amostral nesse grupo sofreu variações.
I.2.2.2 Extração enzimática
As amostras de fígado armazenadas em freezer -70ºC (pool de 2 animais)
foram descongeladas em temperatura de 4˚C e homogeneizadas em tampão fosfato
0,1M, pH 6,5, com auxílio do homogeneizador automático Potter Elvejhem, na
proporção 1:10 (peso do tecido / volume do tampão). O homogeneizado utilizado
como fonte de enzimas foi obtido pela centrifugação a 10000 x g a C, por 30
minutos. O sobrenadante (fração S9) foi aliquotada para análise da GST, CAT, LPO
e para dosagem de proteína.
Glutationa-S-transferase (GST):
O método baseia-se no trabalho proposto por HABIG et al. (1974) e HABIG e
JAKOBY (1981). As GSTs catalisam a reação de conjugação do substrato CDNB
com a GSH, formando um tioéter que pode ser monitorado pelo aumento de
absorbância, através da leitura em microplacas.
O sobrenadante resultante da centrifugação foi diluído na proporção 1:10
(volume/volume) em tampão fosfato 0,1M pH6,5, e 100
µl deste foi pipetado nas
microplacas. Em seguida, foram adicionados 200 µl de solução reação (CDNB 2,5
mM, GSH 2 mM em tampão fosfato 0,1M pH6,5), para realização imediata da leitura
(quatro réplicas de cada amostra). O aumento linear da absorbância, a 340nm, foi
monitorado e a atividade foi expressa em nmoles de conjugado GSH-CDNB
produzido por minuto, por miligrama de proteína, em espectrofotômetro de
microplaca Sunrise – TECAN.
Catalase (CAT):
Para a atividade da Catalase, o sobrenadante resultante da centrifugação foi
diluído na proporção 1:5 (volume/volume) em tampão fosfato 0,1M pH6,5. As
amostras de enzima foram pipetadas em cubetas de quartzo (10µl). Em seguida,
foram adicionados 990 µl de solução reação 20mM (Tampão Tris 1 M / EDTA 5mM
pH 8,0, peróxido de hidrogênio 30% e água milli-q, em concentrações específicas e
mantida em banho-maria a 2C). Foram lidas três ré plicas de cada amostra.
O método consiste em mensurar a atividade da catalase através do consumo
de peróxido de hidrogênio exógeno, gerando oxigênio e água, através de
espectofotometria (AEBI, 1984). O aumento linear da absorbância foi monitorado em
espectrofotômetro (Ultrospec 2000, UV/Visible - Pharmácia Biotec), a 240 nm, por 1
minuto a cada 15 segundos. A atividade enzimática foi expressa em µmol.min
-1
.mg
proteína
-1
.
Lipoperoxidação Lipídica (LPO):
A análise da LPO baseia-se no método descrito por Jiang et al. (1991; 1992) e
Hermes Lima et al. (1995). A determinação da lipoperoxidação foi feita segundo o
ensaio Laranja de Xilenol ou Ensaio FOX modificado, que tem por princípio a rápida
oxidação do Fe
+2
mediada por peróxidos sob condições ácidas e posterior formação
do complexo Fe
+3
- laranja de xilenol (fonte de absorção de luz), na presença do
estabilizador hidroxitolueno butilato (BHT).
O sobrenadante inicial foi ressuspendido em metanol PA na proporção 1:2
(volume/volume), sonicado durante 1 minuto e centrifugado 10 minutos a 10000 x g
a 4ºC. Em seguida, 30 µl do sobrenadante dessa última centrifugação foi pipetado
em microplacas e incubado por cerca de trinta minutos, com 270 µl de solução
reação (metanol 90%, ácido sulfúrico (H
2
SO
4
)
25mM, BHT 4mM, sulfato ferroso
amoniacal 250 µM, e laranja de xilenol 1mM). A leitura foi realizada em
espectrofotômetro de microplacas, a 570 nm. O resultado foi expresso em
equivalentes de CHP (concentração de hidroperóxido) pela quantidade de proteína
encontrada na amostra (nmol.mgproteína
-1
).
Acetilcolinestarase (AchE):
Foi preparada uma diluição de cada amostra de músculo 10% (peso do
tecido/volume do tampão) em tampão fosfato (0,1 M; pH 7,50). 50 µl da fonte de
enzima foi pipetada em microplaca, com 200 µl de DTNB (0,75 mM) e 50 µl de ATC
(iodeto de acetiltiocolina 9mM). Foram lidas três réplicas de cada amostra.
A atividade da AchE foi medida segundo o método Ellman et al. (1961),
modificado para microplaca por Silva de Assis (1998). O substrato, iodeto de
acetiltiocolina, é hidrolizado pela enzima, liberando tiocolina e acetato. A tiocolina
reage com o íon 5,5'-ditiobis-(2-nitrobenzoato) para produzir o ânion amarelo 5-tio-2-
nitrobenzoato.
A absorbância foi medida a 405 nm, em espectrofotômetro de microplaca,
Sunrise – TECAN. Os resultados foram expressos em nmol.min
-1
.mgproteína
-1
.
Concentração protéica:
Os dados das atividades enzimáticas foram normalizados pelas respectivas
concentrações protéicas totais, quantificadas pelo método de Bradford (1976),
utilizando-se soro albumina como padrão. A leitura foi realizada em
espectrofotômetro de microplaca (Sunrise – TECAN).
I.2.2.3 Histopatologia de fígado
Para análise histopatológica, amostras de fígado foram fixadas em ALFAC por
16 horas (álcool 80%, formol 40% e ácido acético glacial). Em seguida, foram
armazenadas em álcool e transportadas para o laboratório de Toxicologia Celular da
UFPR, para preparação das lâminas histológicas.
Em laboratório, as amostras foram desidratadas em série crescente de
álcoois: 1 hora em 80%, 1 hora em 90%, 1 hora em 95%, 1 hora em 100% e 30
minutos em 100%. O material foi diafanizado utilizando-se xilol PA e álcool 100% na
proporção 1:1 durante 1 hora, em seguida xilol PA por mais 1 hora. A inclusão foi
realizada em paraplast plus a 56ºC por 2 horas. Para a microtomia, os blocos foram
mantidos em freezer por 15 minutos, a fim de facilitar a obtenção dos cortes. Os
cortes foram, então, fixados em lâminas com albumina 1% e distendidos sobre uma
chapa quente.
Os cortes foram corados com Hematoxilina de Harris e Eosina 1%. Para o
processo de coloração, as lâminas foram diafanizadas em xilol (dois banhos de 5
minutos cada), em seguida, hidratadas em série decrescente de álcoois (5 minutos
em álcool 100%, 90% e 70%), imersas em água destilada e então coradas. Após
coloração, as lâminas foram novamente diafanizadas com xilol e finalmente
montadas com resina e lamínula.
As características morfológicas foram analisadas através de microscopia de
luz, sendo o índice das lesões calculado segundo Bernet et al. (1999). Os resultados
foram gravados em imagens digitalizadas através do fotomicroscópio Axiophot Zeiss.
I.2.2.4 Teste do Micronúcleo Písceo
Para a realização do teste do micronúcleo foram coletadas amostras de
sangue dos lambaris, para confecção de extensão em lâmina de vidro, conforme
técnica descrita por Heddle (1973). O sangue foi coletado com o auxílio de um tubo
capilar heparinizado para hematócrito, sendo a amostra depositada imediatamente
em lâmina de vidro para a realização do esfregaço, feito logo em seguida. Após a
lâmina secar por 5 minutos, o material foi fixado em etanol PA (Merck®) durante 30
minutos.
Após fixação, as lâminas foram coradas com Giemsa 5%, diluída em tampão
fosfato pH 8,6, por 10 minutos. As lâminas foram, então, analisadas em microscopia
ótica, para identificação e quantificação de micronúcleos e núcleos com formas
alteradas (teste cego para contabilização total de alterações nucleares em 2000
hemácias periféricas por lâmina). Foram consideradas como micronúcleos as
partículas que se encontravam nitidamente separadas no núcleo principal, sem
exceder 1/3 do seu tamanho, com bordas visíveis e com mesma cor e refringência
do núcleo. As alterações de forma elíptica nucleares que o se enquadraram no
conceito do micronúcleo foram, então, descritas como alterações morfológicas
nucleares (CARRASCO et al.,1990), sendo computadas de forma conjunta e o
como alterações específicas.
I.2.3 ANÁLISE ESTATÍSITCA
Os resultados dos experimentos bioquímicos foram analisados por Anova de
uma via, seguida da Prova de Tukey para comparação entre os grupos. Também
foram comparadas as amostras coletadas em um mesmo ponto nas fases de seca
(setembro de 2006) e de chuva (março de 2007) a partir da realização do Teste de
Mann-Whitney.
Para comparação dos índices histopatológicos e das alterações nucleares, os
resultados foram analisados pelo teste de Kruskal-Wallis. O nível de significância
adotado para os testes foi de 5%.
I.3 RESULTADOS
I.3.1 Atividade da Glutationa S-Transferase
Não foi observada diferença da atividade da GST nos pontos localizados na
área de plantio de cana de açúcar (média ± erro padrão / 72,9±6,8 nmol.min
-1
.mg
proteína
-1
), no entorno da área protegida (83,5±4,8) e no interior da RPPN
(73,9±14,5) para as amostras coletadas em setembro de 2006 (após época de
seca). Na coleta de março de 2007 (após época de chuva), contudo, foi verificado
um aumento da atividade da GST, expressa em nmol.min
-1
.mg proteína
-1
, no entorno
da reserva (média ± erro padrão / 186,5±7,6), quando comparada à região de plantio
de cana de açúcar (145,2±6,9; p<0,05), como é possível observar na Figura 8.
Figura 8 - Atividade específica (AE) da GST (nmol.min
-1
.mg proteína
-1
) no fígado de Astyanax sp., nos
grupos Cana de Açúcar, Entorno e RPPN. Os resultados expressam média±erro padrão. Nível de
significância adotado p<0,05. A: Coleta de setembro de 2006, n=15 para os pontos localizados na
cana de açúcar e RPPN; n=9 para o ponto localizado no entorno. B: Coleta de março de 2007. Letras
diferentes expressam grupos estatisticamente diferentes (p<0,05; n=15).
I.3.2 Atividade da Catalase
Para a CAT foi observada uma indução da expressão enzimática na coleta
realizada em setembro de 2006 (média ± erro padrão), expressa em µmol.min
-1
.mg
proteína
-1
, no grupo coletado no interior da RPPN (616,1±52,0), quando comparado
Cana Açúcar Entorno RPPN
0
50
100
150
200
a a
a
AE nmol.min
-1
.mg prot
-1
GST Setembro 2006
Cana Açúcar Entorno RPPN
0
50
100
150
200
a
b
ab
AE nmol.min
-1
.mg prot
-1
GST Março 2007
A
B
ao ponto localizado na cana de açúcar (240,5±9,1; p<0,05) e entorno (246,3±8,5;
p<0,05). Não foi observada, porém, diferença da atividade da CAT nos pontos
localizados na área de plantio de cana de açúcar (469,3±41,88), no entorno da área
protegida (536,7±19,83) e no interior da RPPN (461,8±52,9) nas amostras coletadas
em março de 2007, conforme indica a Figura 9.
Figura 9 - Atividade específica (AE) da CAT (µmol.min
-1
.mg proteína
-1
) no fígado de Astyanax sp, nos
grupos Cana de Açúcar, Entorno e RPPN. Os resultados expressam média±erro padrão. Nível de
significância adotado p<0,05. A: Coleta de setembro de 2006. Letras diferentes expressam grupos
estatisticamente diferentes (p<0,05; n=15 para os pontos localizados na cana de açúcar e RPPN; n=9
para o ponto localizado no entorno). B: Coleta de março de 2007, n=15.
I.3.3 Lipoperoxidação
Foi verificada diferença na LPO na coleta de setembro de 2006 (nmol.mg
proteína
-1
) do grupo coletado no entorno da área protegida (média ± erro padrão /
2,03±0,23) quando comparado ao interior da RPPN (0,69±0,17; p<0,05) e à área de
cana de açúcar (0,73±0,11; p<0,05). Na coleta de março de 2007, esse mesmo
ponto, o entorno, também apresentou diferença da LPO (média ± erro padrão /
4,33±0,30) em relação aos demais pontos (RPPN: 2,3±0,24; p<0,05 e área com
cana: 3,2±0,27; p<0,05), conforme indica a Figura 10.
Cana Açúcar Entorno RPPN
0
100
200
300
400
500
600
700
a
a
b
AE µmol.min
-1
.mg protnas
-1
CAT Setembro 2006
Cana Açúcar Entorno RPPN
0
100
200
300
400
500
600
700
a
a
a
AE µmol.min
-1
.mg proteínas
-1
CAT Mao 2007
A
B
Figura 10 - Concentração de hidroperóxidos (CP) (nmol.mg proteína
-1
) no fígado de Astyanax sp, nos
grupos Cana de Açúcar, Entorno e RPPN. Os resultados expressam média±erro padrão. Nível de
significância adotado p<0,05. Letras diferentes expressam grupos estatisticamente diferentes. A:
Coleta de setembro de 2006, p<0,05; n=15 para os pontos localizados na cana de açúcar e RPPN;
n=9 para o ponto localizado no entorno. B: Coleta de março de 2007, p<0,05; n=15.
I.3.4 Atividade da Acetilcolinesterase
Não foi observada alteração da atividade da AchE (expressa em nmol.min
-
1
.mg proteína
-1
) nos pontos localizados na área de plantio de cana de açúcar
(164,3±11,2), no entorno da área protegida (189,5±6,2) e no interior da RPPN
(174,8±4,6) nas amostras coletadas em setembro de 2006; e nesses mesmos
pontos na coleta de março de 2007 (Cana de açúcar: 405,1±19,8; Entorno:
339,0±10,7 e RPPN: 361,5±33,9), conforme indica a Figura 11.
Figura 11 - Atividade específica (AE) da AchE (nmol.min
-1
.mg proteína
-1
) no músculo de Astyanax sp,
nos grupos Cana de Açúcar, Entorno e RPPN. Os resultados expressam média±erro padrão. Nível de
significância adotado p<0,05. A: Coleta de setembro de 2006, n=15 para os pontos localizados na
cana de açúcar e RPPN; n=9 para o ponto localizado no entorno. B: Coleta de março de 2007, n=15.
Cana Açúcar
Entorno RPPN
0
1
2
3
4
5
a
a
b
LPO Setembro 2006
CP nmol.mg proteínas
-1
Cana Açúcar Entorno RPPN
0
1
2
3
4
5
a
a
b
LPO Março 2007
CP nmol.mg proteínas
-1
A
B
A
B
Cana Açucar
Entorno RPPN
0
100
200
300
400
500
a
a
a
AE nmol.min
-1
mg.prot
-1
AchE Setembro 2006
Cana Açucar Entorno RPPN
0
100
200
300
400
500
a
a
a
AchE Março 2007
AE nmol.min
-1
mg.prot
-1
I.3.5 Comparação entre época chuvosa e época de seca
Segundo a SIMEPAR (Sistema Metereológico do Paraná), a precipitação
acumulada obtida para a região durante os meses de estudo (set/06 a mar/07) foi de
1163,6 mm. Os meses que antecederam a coleta no início de setembro de 2006
representaram a época de maior seca (total de 85,8 mm de maio a agosto de 2006)
e os meses que antecederam a coleta de março de 2007 representaram a época de
concentração de chuvas (total de 692,8 mm de dezembro de 2006 a fevereiro de
2007). Esses dados caracterizam, portanto, o clima do tipo Cfa ou Sub-tropical
Úmido Mesotérmico, com tendência de concentração das chuvas até o fim do verão
e seca até o fim do inverno, o que justifica a escolha dos períodos para coleta.
Na comparação dos dados para as diferentes épocas do ano foi verificado
aumento da atividade da GST (nmol.min
-1
.mg proteína
-1
) em todos os pontos de
coleta quando comparados dois a dois, nos diferentes períodos de coleta (média ±
erro padrão / seca x chuva): (1) Cana de Açúcar Seca: 72,4±6,8 / Cana de Açúcar
Chuva: 148,8±6,9; p<0,05; (2) Entorno Seca: 78,8±4,8 / Entorno Chuva: 179,0±7,7;
p<0,05 e (3) RPPN Seca: 70,5±9,8 / RPPN Chuva: 165,1±8,9; p<0,05, como é
possível observar na Figura 12.
Nessa figura observa-se, também, a diferença da atividade da CAT (µmol.min
-
1
.mg proteína
-1
) quando realizada a mesma comparação entre os pontos, em épocas
de seca e chuva. No ponto localizado no interior do plantio de cana e no entorno da
reserva houve aumento da CAT na coleta realizada na chuva (Cana de Açúcar Seca:
234,2±9,1 / Cana de Açúcar Chuva: 521,8±32,5; p<0,05; Entorno Seca: 245,6±8,5 /
Entorno Chuva: 518,7±19,8; p<0,05), enquanto que no ponto localizado na RPPN
houve um decréscimo na atividade (RPPN Seca: 646,2±36,6 / RPPN Chuva:
462,3±21,2; p<0,05).
Figura 12 - Atividade específica da GST (nmol.min
-1
.mg proteína
-1
) e CAT (µmol.min
-1
.mg proteína
-1
)
em Astyanax sp, nos diferentes pontos amostrais (Cana de Açúcar, Entorno e RPPN), nas diferentes
épocas de coleta (seca/setembro 2006 e chuva/março 2007), n=15. Os resultados expressam
média±erro padrão. Letras diferentes expressam grupos estatisticamente diferentes (p<0,05).
Foi verificado, ainda, aumento da atividade da AchE (nmol.min
-1
.mg proteína
-
1
) em todos os pontos de coleta quando comparados dois a dois, nos diferentes
períodos de coleta (média ± erro padrão / seca x chuva): (1) Cana de Açúcar Seca:
172,7±11,2 / Cana de Açúcar Chuva: 420,2±19,2; p<0,05; (2) Entorno Seca:
192,2±6,2 / Entorno Chuva: 344,6±10,8; p<0,05 e (3) RPPN Seca: 174,8±4,6 /
RPPN Chuva: 342,0±25,9; p<0,05, como é possível observar na Figura 13.
Cana/seca Cana/chuva
0
200
400
600
800
a
b
CAT
AE
µ
µ
µ
µ
mol.min
-1
.mg prot
-1
Entorno/seca Entorno/chuva
0
200
400
600
800
a
b
CAT
AE
µ
µ
µ
µ
mol.min
-1
.mg prot
-1
RPPN/seca RPPN/chuva
0
200
400
600
800
a
b
CAT
AE
µ
µ
µ
µ
mol.min
-1
.mg prot
-1
Cana/seca Cana/chuva
0
50
100
150
200
250
a
GST
Seca
Chuva
AE nmol.min
-1
.mg prot
-1
b
Entorno/seca Entorno/chuva
0
50
100
150
200
250
a
b
GST
AE nmol.min
-1
.mg prot
-1
RPPN/seca RPPN/chuva
0
50
100
150
200
250
a
b
GST
AE nmol.min
-1
.mg prot
-1
Nessa figura observa-se, também, o aumento da concentração de
hidroperóxido (nmol.mg proteína
-1
) em todos os pontos de coleta quando
comparados dois a dois, nos diferentes períodos de coleta: (1) Cana de Açúcar
Seca: 0,60±0,06 / Cana de Açúcar Chuva: 3,2±0,2; p<0,05; (2) Entorno Seca:
1,9±0,2 / Entorno Chuva: 4,5±0,3; p<0,05 e (3) RPPN Seca: 0,61±0,09 / RPPN
Chuva: 2,5±0,2; p<0,05.
Figura 13 - Atividade específica da AchE (nmol.min
-1
.mg proteína
-1
) e concentração de hidroperóxido
(nmol.mg proteína
-1
) em Astyanax sp, nos diferentes pontos amostrais (Cana de Açúcar, Entorno e
RPPN), nas diferentes épocas de coleta (seca/setembro 2006 e chuva/março 2007), n=15. Os
resultados expressam média±erro padrão. Letras diferentes expressam grupos estatisticamente
diferentes (p<0,05).
Cana/seca Cana/chuva
0
100
200
300
400
500
a
b
AchE
Seca
Chuva
AE nmol.min
-1
.mg prot
-1
Entorno/seca Entorno/chuva
0
100
200
300
400
500
a
b
AchE
AE nmol.min
-1
.mg prot
-1
RPPN/seca RPPN/chuva
0
100
200
300
400
500
a
b
AchE
AE nmol.min
-1
.mg prot
-1
Cana/seca Cana/chuva
0
1
2
3
4
a
b
LPO
CP nmol.mg prot
-1
Entorno/seca Entorno/chuva
0
1
2
3
4
5
6
a
b
LPO
CP nmol.mg prot
-1
RPPN/seca RPPN/chuva
0
1
2
3
4
a
b
LPO
CP nmol.mg prot
-1
I.3.6 Histopatologia de Fígado
As lesões encontradas no fígado estão demonstradas na Tabela 2 e nas
Figuras 14 e 15. A Figura 14A mostra a estrutura normal do tecido hepático do
Astyanax sp., que apresenta vasos de diferentes tamanhos distribuídos por todo o
parênquima hepático e é observado o tecido pancreático, característica essa comum
nos teleósteos. Em todos os pontos amostrais (Cana-de-açúcar, Entorno e RPPN),
em ambas as estações (setembro/seca e março/chuva) foram identificadas lesões
como alterações nucleares (Figura 14B), vacuolização citoplasmática (Figura 14D),
infiltrações leucocitárias (Figura 15A), diferenciação do tecido e presença de
melanomacrófagos livres (Figura 15D). Foram identificados, também, parasitas
(Figura 15B e 15C). Necrose foi a lesão mais evidente em todos os pontos amostrais
(Figura 14C).
TABELA 2 FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA DE LESÕES EM FÍGADO DE Astyanax sp.
COLETADOS EM SETEMBRO DE 2006 E MARÇO DE 2007, FAZENDA BARBACENA, SÃO PEDRO
DO IVAÍ, PR
Lesão Cana/06 Entorno/06 RPPN/06 Cana/07 Entorno/07 RPPN/07
Setembro Março
Melanomacrófago
Livre
4 (13) 11 (14) 15 (15) 8 (14) 13 (14) 7 (14)
Centro de
Melanomacrófago
1 (13) 1 (14) 0 (15) 0 (14) 0 (14) 0 (14)
Infiltração
Leucocitária
5 (13) 2 (14) 2 (15) 4 (14) 1 (14) 5 (14)
Necrose 12 (13) 14 (14) 15 (15) 12 (14) 12 (14) 11 (14)
Neoplasia 1 (13) 1 (14) 0 (15) 0 (14) 0 (14) 0 (14)
Vacúolo 1 (13) 1 (14) 3 (15) 0 (14) 0 (14) 0 (14)
Diferenciação do
Tecido
2 (13) 2 (14) 0 (15) 3 (14) 4 (14) 0 (14)
Alteração Nuclear 0 (13) 0 (14) 0 (15) 0 (14) 0 (14) 2 (14)
NOTA: ( ) = Número de indivíduos analisados.
Figura 14 - Cortes histológicos de fígado de Astyanax sp. coletados em corpos hídricos da Fazenda
Barbacena, São Pedro do Ivaí, PR. Coloração em Hematoxilina e Eosina. A: estrutura normal do
tecido hepático. Seta () indica tecido pancreático e () indica vasos sanguíneos (Barra = 50 µm).
B: setas indicam alterações nucleares (Barra = 10 µm). C: setas indicam áreas de necrose (Barra =
20 µm). D: setas apontam para a presença de vacuolização citoplasmática (Barra = 20 µm).
A
C
B
D
Figura 15 - Cortes histológicos de fígado de Astyanax sp. coletados em corpos hídricos da Fazenda
Barbacena, São Pedro do Ivaí, PR. Coloração em Hematoxilina e Eosina. A: setas indicam áreas de
infiltração leucocitária (Barra = 10 µm). B: setas indicam parasitas no tecido (Barra = 10 µm). C: seta
indica um parasita (Barra = 20 µm). D: setas apontam para a presença de melanomacrófagos em
tecido caracterizado por diferenciação tecidual e infiltração de células sangüíneas (Barra = 20 µm).
Na comparação do índice de lesão entre os pontos amostrais, calculado com
base em Bernet et al. (1999), foi encontrada diferença entre os pontos Cana-de-
Açúcar e RPPN, com um aumento desse índice na área preservada, na coleta
realizada em setembro de 2006, como é possível observar na Figura 16 A. Essa
mesma figura mostra, no entanto, que na coleta de março de 2007 não houve
diferença entre os pontos de coleta (Figura 16 B). Na comparação dos dados para
as diferentes épocas do ano foi verificado aumento do índice na época de seca, nos
indivíduos coletados no entorno da reserva e na RPPN (Figura 17).
A B
C D
Figura 16 Índice de Lesão histopatológica em fígado de Astyanax sp., nos grupos Cana de Açúcar,
Entorno e RPPN. Nível de significância adotado p<0,05. A: Coleta de setembro de 2006, n=13. B:
Coleta de março de 2007, n=13. Letras diferentes expressam grupos estatisticamente diferentes.
Figura 17 - Índice de Lesão histopatológica em fígado de Astyanax sp., nos grupos Cana de Açúcar,
Entorno e RPPN, nas diferentes épocas de coleta (seca/setembro 2006 e chuva/março 2007). Letras
diferentes expressam grupos estatisticamente diferentes (n=13, p<0,05).
Histopatologia de Fígado -
Setembro 2006
Cana Entorno RPPN
0
5
10
15
20
a
b
a,b
Índice de Leo
Histopatologia de Fígado -
Março 2007
Cana Entorno RPPN
0
5
10
15
20
a
a
a
Índice de Lesão
A
B
Histopatologia de gado
Cana/seca Cana/chuva
0
5
10
15
20
a a
Seca
Chuva
Índice de leo
Entorno/seca Entorno/chuva
0
5
10
15
20
a*
b
Índice de leo
RPPN/seca RPPN/chuva
0
5
10
15
20
a*
b
Índice de leo
I.3.7 Teste do Micronúcleo Písceo
Na contagem de alterações morfológicas nucleares e micronúcleos em
eritrócitos do Astyanax sp. não foi encontrada diferença entre os pontos cana-de-
açúcar, entorno e RPPN na coleta realizada em setembro de 2006, como é possível
observar na Figura 18 A. Porém, a Figura 18 B mostra que na coleta realizada em
março de 2007 houve diferença entre o entorno e os demais pontos.
Figura 18 Alterações nucleares e micronúcleos em eritrócitos de Astyanax sp., nos grupos Cana de
Açúcar, Entorno e RPPN. Nível de significância adotado p<0,05. A: Coleta de setembro de 2006,
n=15. B: Coleta de março de 2007, n=15. Letras diferentes expressam grupos estatisticamente
diferentes.
A Figura 19 apresenta as principais alterações nucleares e a presença de
micronúcleos em exemplares de Astyanax sp. coletados nesse estudo.
Alterações Nucleares
Março 2007
Cana Entorno RPPN
0
15
30
45
60
75
a
a
b
Mediana
Alterações Nucleares
Setembro 2006
Cana Entorno RPPN
0
15
30
45
60
75
Mediana
a
a
a
A
B
Figura 19 Eritrócitos de Astyanax sp. coletados na Fazenda Barbacena, São Pedro do Ivaí, PR.
Coloração em Giemsa 10%. A: estrutura normal dos núcleos dos eritrócitos (Barra = 10 µm). B e C:
setas indicam alterações nucleares (Barra em B = 10 µm e Barra em C = 50 µm). D: seta aponta para
um eritrócito com um micronúcleo (Barra = 50 µm).
A B
C D
I.4 DISCUSSÃO
Os danos causados por efluentes nos ecossistemas aquáticos vêm sendo
estudados mais intensamente ao longo dos últimos 20 anos, especialmente pela
intensificação das ações antrópicas consideradas impactantes. Entretanto, ainda a
maior parte da bibliografia disponível detecta a presença de pesticidas nos tecidos
dos peixes através de exames químicos, havendo, comparativamente, poucas
referências sobre análises com biomarcadores bioquímicos, morfológicos e
genéticos. Além disso, poucos estudos envolvem análises de mais de um
biomarcador em monitoramento de campo, que representa, geralmente, exposição
múltipla a diversos tipos de pesticidas.
A exposição de organismos a contaminantes ambientais indica interações
entre essas substâncias químicas e os sistemas biológicos, interações essas, que
podem resultar em distúrbios bioquímicos e/ou respostas adaptativas dos
organismos (MASFARAUD et al., 1992). Na maioria das vezes, os processos
metabólicos de biotransformação de fase I e fase II são necessários para
desintoxicação e excreção desses compostos em animais aquáticos (GOKSOYR e
FÖURLIN, 1992).
Apesar da dificuldade de muitas vezes se avaliar e mensurar os efeitos
específicos de misturas químicas nesses ambientes, recentemente tem-se dado
ênfase aos estudos com diversos contaminantes, uma vez que os organismos estão
de fato expostos a misturas complexas de compostos (OLGUN et al., 2004), as quais
podem agir aditivamente, sinergicamente, potencialmente ou antagonicamente nos
organismos (KÖNEMANN, 1981).
A indução da atividade da GST verificada na coleta de março de 2007, no
ponto localizado no entorno quando este é comprado com os demais pontos de
coleta, sugere um aumento do metabolismo dos animais, no intuito de
desintoxicação, conseqüência provável da exposição aos herbicidas locais.
Vale ressaltar que não apenas o entorno parece estar sujeito a alterações
ambientais, mas também a área de plantio de cana e a RPPN, considerando as
diferenças verificadas na atividade da GST (e das outras enzimas estudadas nesse
trabalho) quando comparadas as épocas de seca e de chuva. Compostos
carcinogênicos, pesticidas e compostos secundários reativos podem ser eliminados
via glutationização (Van Der Oost et al., 2003). A indução da GST em relação à
exposição a pesticidas foi citada na literatura, como mostram os trabalhos de
Egaas et al. (1999); Cho et al. (1999) e Jonsson et al. (2001).
O aumento da atividade da GST também foi reportado para o peixe de água
doce Leuciscus albumoides, inserido em áreas com diferentes perfis de
contaminação (LOPES et al., 2001). A conclusão desses autores para a análise da
GST é que a atividade enzimática aumentada pode estar indicando uma tentativa de
adequação metabólica no caso de exposições contínuas a contaminantes. No caso
do presente estudo, essa argumentação poderia explicar a indução da GST vista no
ponto localizado no entorno da reserva, que após as chuvas passa a receber um
maior volume de água dos demais tanques existentes na fazenda, o que pode
acarretar em aumento da lixiviação dos pesticidas para esse tanque amostrado.
Em alguns casos também, dependendo da concentração e tipo de
contaminantes, a biotransformação de xenobióticos pode envolver reações de
oxidação, produzindo espécies ativas de oxigênio. Essas ERO ativam sistemas de
defesa antioxidante, sendo que a atividade da enzima GST pode ser indiretamente
associada ao estresse oxidativo, uma vez que ela utiliza como co-fator a GSH, e
este também participa da degradação do peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) através da
atuação da enzima Glutationa peroxidase (GPx) (TEW e RONAI, 1999).
O aumento da GST verificado após essa época de concentração de chuvas
na região poderia, portanto, indicar ainda uma relação de desequilíbrio no sistema
antioxidante dos animais coletados. A GST, tendo sido descrita por alguns autores
(HAYES e MCLELLAN, 1999; PASTORE et al., 2003) como agente pró-oxidante,
catalisando a conjugação da GSH com xenobiontes, pode estar, então, indicando
uma situação de estresse oxidativo nos lambaris. Segunda Xia et al. (1996), a
expressão da GST é regulada pelo estado redox da célula, atuando como um sensor
da variação desse estado (ADLER et al. 1999).
A indução da GST também foi reportada em Lemma minor exposta ao
diuron (TEISSEIRE e VERNET, 2000), sendo que os autores relacionam esse
aumento a uma situação de estresse oxidativo. A atividade da GST e o herbicida
diuron têm sido relacionados em diferentes estudos, com diferentes bioindicadores
(NIEDERER et al., 2001; BARATA et al., 2006). Silva (2004) verificou, ainda, indução
da GST em Astyanax sp. residentes em corpos hídricos de áreas de cultivo de arroz
e de áreas naturais vizinhas, com interferência de diferentes classes de pesticidas.
Essa modificação oxidativa nos peixes pode afetar uma grande variedade de
funções celulares, envolvendo proteínas, e pode contribuir para a ocorrência de
danos secundários a outras biomoléculas, como ao DNA e às membranas celulares
(EVANS et al., 1999). No caso do dano de lipoperoxidação avaliado no presente
estudo, nesse mesmo ponto de coleta, o entorno entre as áreas de plantio de cana e
a RPPN (ponto com a indução da GST), o aumento na concentração de
hidroperóxidos lipídicos foi visto em ambas as coletas (época de seca e chuva).
Variações nos níveis de lipoperoxidação vêm sendo apresentadas como uma
resposta eficiente na exposição a poluentes em organismos aquáticos (THOMAS e
WOFFORD, 1993; REMEO e GNASSIA-BARELLI, 1997; SRIDEVI et al., 1998).
Wilhelm Filho et al. (2001) também demonstraram a eficiência da avaliação da
lipoperoxidação como biomarcador de estresse oxidativo em espécies neotropicais
de água doce, expostas a diversas classes de contaminantes.
Um estudo conduzido no México (TEJEDA-VERA et al., 2007), em um rio que
recebe efluentes da produção de cana-de-açúcar, mostrou aumento nos níveis de
LPO em Ameca splendens e Goodea atripinnis, relacionados com os pesticidas
aplicados nessa produção, em especial o diuron, o que corrobora a ação negativa
desse herbicida sobre os grupos de Astyanax sp. estudados nesse trabalho.
Outros estudos também revelaram um aumento na concentração de
hidroperóxidos em fígado de organismos expostos a diversos contaminantes,
inclusive misturas de pesticidas (LIVINGSTONE et al., 1993; DI GIULIO et al., 1993).
Segundo Acworth e Bailey (1995), quando os ácidos graxos são peroxidados,
eles tornam-se mais hidrofílicos, perturbando as funções normais da membrana, seja
a membrana plasmática ou as membranas de organelas como mitocôndrias e
lisossomos. Desse modo, a peroxidação lipídica traz conseqüências sérias às
células. Os hidroperóxidos lipídicos formados durante a LPO podem interagir com
outros ácidos graxos, principalmente os poliinsaturados, gerando uma cadeia
autocatalítica de peroxidação lipídica, a qual pode levar à modificação estrutural das
membranas biológicas (ABUJA e ALBERTINI, 2001). Considerando que a
integridade das membranas biológicas é indispensável para a regulação de muitos
processos celulares, sua alteração pode comprometer importantes parâmetros como
a fluidez, a permeabilidade, o potencial elétrico e o transporte celular (KÜHN e
BORCHERT, 2002), acarretando em danos irreversíveis (STRMAC e BRAUNBECK,
2002), como a formação de alterações morfológicas nucleares.
Esse mesmo ponto de coleta, o entorno da área protegida com a área
produtiva, apresentou também na coleta de março de 2007, ou seja, após época de
chuva, aumento no número de alterações nucleares, incluindo a formação de
micronúcleos, fato este que pode estar relacionado com a alteração na concentração
de hidroperóxidos citada acima, considerando que os danos ao DNA podem estar
diretamente associados à produção de espécies reativas de oxigênio. Como
comentado, estas moléculas altamente reativas são conhecidas por atuarem sobre a
estrutura de macromoléculas celulares como proteínas e ácidos nucléicos (EVANS
et al., 1999).
A fragmentação do DNA sob condições com aumento da produção de ERO
pode ocorrer por dois mecanismos: (1) radicais livres lipídicos produzidos a partir
dos ácidos graxos poliinsaturados (tanto na membrana plasmática quanto nuclear)
podem diretamente acometer o DNA presente na cromatina do núcleo e/ou (2) a
lipoperoxidação em uma célula causa a perda da integridade da membrana celular e
pode tornar o ambiente favorável à interferência no DNA por outros tipos de radicais
de oxigênio. O radical hidroxila pode inicialmente causar quebra da fita simples do
DNA e, posteriormente, levar a quebra da fita dupla (HIGUCHI, 2003).
Danos nucleares e a formação de micronúcleos também foram vistos por Rao
et al. (1997) e Ayllon e Garcia-Vazquez (2003) com a exposição de peixes a
diferentes contaminantes ambientais. Minissi et al. (1996) também validam a
utilização do micronúcleo em peixes como ferramenta eficaz no monitoramento de
ambientes naturais.
Heddle et al. (1991) destacam que a formação de micronúcleos é uma
resposta a curto prazo frente a uma substância genotóxica, de modo que a sua
expressão depende da intensidade da exposição ao contaminante e provavelmente
independe da duração de tal exposição. Minissi et al. (1996) também mostram que o
teste de micronúcleo em eritrócitos de peixes é indicativo de danos de curto prazo,
uma vez que podem desenvolver a capacidade de recuperação, fato este observado
com o deslocamento dos peixes do sítio contaminado para local controlado. Essas
observações podem indicar que após uma época de concentração de chuvas os
danos genotóxicos dos compostos utilizados na lavoura de cana-de-açúcar se
acentuam e o detectáveis pela técnica de contagem de alteração nuclear utilizada
no presente estudo.
Por outro lado, nem todos os compostos que induzem a formação de
micronúcleos são clastogênicos. Segundo Heddle et al. (1991), essas alterações
nucleares podem ser resultante de uma não disjunção do fuso a partir de chamados
“contaminantes do fuso”. Desse modo, seriam necessários estudo mais específicos
para elucidar os mecanismos pelos quais os peixes coletados tiveram a formação de
micronúcleos e aparecimento de outras alterações nucleares.
Em relação à CAT, foi visualizada uma indução da atividade enzimática no
ponto localizado no interior da RPPN, na coleta de setembro de 2006 (final da seca).
O aumento da atividade específica da CAT também tem sido relatado como
indicador de estresse oxidativo (VAN DER OOST et al., 2003). Este aumento sugere
uma defesa do organismo na tentativa de eliminar espécies reativas de oxigênio,
formadas principalmente durante o metabolismo de compostos químicos.
O termo “estresse oxidativo” denota, portanto, um desequilíbrio entre a
produção de agentes pró-oxidantes e os respectivos sistemas de defesa
antioxidantes de uma célula ou organismo (HALLIWELL e GUTTERIDGE, 1999; CUI
et al., 2004). Esse desequilíbrio favorece, conseqüentemente, o estabelecimento de
um ambiente mais oxidante que o normal. As ERO geradas durante o metabolismo
oxidativo possuem um limiar de tolerância bastante estreito em todos os organismos
aeróbicos (TEW e RONAI, 1999). Elas reagem com vários aminoácidos, o que
favorece o aparecimento de enzimas modificadas ou com suas atividades alteradas
(BUTTERFIELD et al., 1998). Apesar de não esperada uma contaminação no ponto
RPPN, por se tratar da área protegida, parece que os lambaris Astyanax sp.
ativaram esse sistema de defesa antioxidante (CAT) para restabelecer o balanço
redox após uma possível contaminação do meio aquático.
Em ambientes aquáticos, aumento nas atividades de enzimas relacionadas à
defesa antioxidante, incluindo a CAT, foram demonstrados por diversos autores,
em diferentes estudos em peixes (LEMAIRE e LIVINGSTONE, 1993;
LIVINGSTONE, 2001) e outras espécies expostas a misturas de contaminantes e
pesticidas (PORTE et al., 1991; RODRIGUEZ-ARIZA et al., 1993). Peixinho dourado
(Carassius auratus) exposto a misturas de herbicidas, incluindo o diuron, mostrou
alteração em enzimas de estresse oxidativo e, como conseqüência, reduziram sua
resistência contra patógenos, sugerindo uma ação imunossupressora, conforme
mostra o trabalho de Fatima et al. (2006). Exposição de organismos ao glifosato, e a
marcas comerciais deste composto, também mostrou alteração da atividade da
catalase, com e sem o uso de surfactante, no estudo de Gehin et al. (2006).
Quando comparadas as épocas de seca e chuva, as atividades específicas da
GST e AchE tendem a mostrar uma relação direta dose-resposta se considerarmos
que a chuva aumenta a disponibilidade dos pesticidas na água. Segundo Rank et al.
(2005) aumento prolongado de chuvas pode causar turbulência dos sedimentos e
transporte de poluentes para locais distantes do seu local de origem, ou acúmulo de
contaminantes em corpos d’água sem grande circulação, como em lagos e tanques.
na atividade da CAT parece que outros fatores podem estar associados nessa
relação. Segundo Vassuer e Cossu-Leguille (2003), a diminuição da CAT pode estar
associada a uma toxicidade diferencial do poluente em maiores concentrações,
decorrente dessa relação indireta dose-resposta, e pode, mesmo assim, provocar
danos celulares por desequilíbrio no sistema antioxidante.
Em relação à AchE, outros compostos além dos organofosforados e dos
carbamatos parecem ter a capacidade de inibir as colinesterases (GILL et al., 1990).
Porém, segundo Sturm et al. (2000), as concentrações desses outros inibidores
requeridas para promover efeitos sobre a AchE seriam relativamente altas em
comparação aos fosforados e carbamatos.
Vale salientar que apesar dos resultados encontrados nesse estudo para a
enzima AchE, a medida da inibição da colinesterase é amplamente aceita como
método diagnóstico de exposição a agentes anticolinesterásicos em vertebrados.
Variações específicas de atividade dessa enzima são inúmeras e a viabilidade do
uso dela como biomarcador de poluição aquática deve sempre estar relacionada à
caracterização nas diferentes espécies (STURM et al., 1999).
A atividade da colinesterase em peixes e outros organismos aquáticos tem
sido utilizada globalmente como biomarcador de contaminação em programas de
monitoramento por diferentes grupos (STURM et al., 1999; RODRIGUEZ-FUENTES
e GOLD-BOUCHOT, 2000; MONSERRAT e BIANCHINI, 2001; MONSERRAT et al.,
2002; VENTURA et al., 2002; CORSI et al., 2003; MONTEIRO et al., 2005;
TORTELLI et al., 2006).
Analisando conjuntamente os biomarcadores bioquímicos, tem-se que a
indução da CAT no tecido hepático pode indicar uma exposição dos peixes, até
mesmo no interior da reserva, aos herbicidas aplicados com maior freqüência na
área de estudo (glifosato e diuron). o aumento da LPO encontrado no grupo
coletado no limite entre a área produtiva e a RPPN sugere uma formação de radicais
livres que não estão sendo eliminados pelo sistema antioxidante desses organismos.
Os herbicidas poderiam estar provocando lipoperoxidação celular e o aumento da
GST nesse mesmo ponto poderia indicar, em especial, a tentativa de eliminação dos
xenobiontes pelos peixes.
Foram observadas alterações morfológicas no tecido hepático em todos os
pontos amostrados, nas diferentes estações pluviométricas, não havendo, portanto,
dentro das áreas investigadas nenhuma que estivesse completamente livre de
alteração.
Lesões histopatológicas têm sido freqüentemente descritas como importantes
ferramentas em estudos de biomonitoramento devido à facilidade de interpretação
tanto em situações de exposição aguda quanto crônica (WESTER et al., 2002; GÜL
et al., 2004; OLIVEIRA RIBEIRO et al., 2005). Assim como relatado neste trabalho, a
ocorrência de lesões hepáticas em animais expostos ambientalmente a
contaminantes tem sido reportada em organismos aquáticos por outros autores
como NOREÑA-BARROSO et al. (2004) e OLIVEIRA RIBEIRO et al. (2005).
Devido aos processos de absorção e metabolização as lesões observadas no
fígado estão geralmente relacionadas à exposição contínua a poluentes. A
ocorrência de necroses foi a mais evidente neste estudo. Este tipo de lesão tem sido
registrada em peixes de áreas impactadas por múltiplos contaminantes (PACHECO
e SANTOS, 2002; STEHR et al., 2003; OLIVEIRA RIBEIRO et al., 2005). Áreas de
necrose causam prejuízos funcionais e estruturais no fígado de peixes
(STENTIFORD et al., 2003), podendo causar o colapso do órgão (RABITTO et al.,
2005). Embora a ocorrência de áreas necróticas não ter sido, nesse estudo,
relacionada diretamente com a quantificação de um determinado pesticida, o
aparecimento dessa lesão tem sido freqüentemente observada em recursos hídricos
contaminados por agrotóxicos (FANTA et al., 2003). A presença de necroses em
indivíduos coletados no interior da RPPN e também nas áreas mais próximas aos
cultivos de cana-de-açúcar representa um indicativo de que os corpos hídricos locais
estejam comprometidos.
Melanomacrófagos podem ser visualizados como lulas pigmentadas (ou
conjunto de células no caso do centro de melanomacrófagos) em órgãos como
fígado, rim anterior e intestino de peixes. Hartley et al. (1996) propuseram a
utilização de melanomacrófagos como biomarcador de poluição aquática a partir da
quantificação destas estruturas. Segundo Rabitto et al. (2005), essa sensibilidade
em relação a exposição a contaminantes vem do fato dos melanomacrófagos
estarem relacionados a respostas inflamatórias e desintoxicação de substâncias
exógenas. Meseguer et al. (1994), ao observarem abundantes macrófagos livres no
parênquima do fígado, sugeriram que estes se movem livremente dentro do
parênquima formando os centros de melanomacrófagos quando um aumento na
atividade fagocítica como resposta imune a lesões em indivíduos expostos a
contaminantes. No presente estudo, foi observada uma alta incidência de
melanomacrófagos livres em organismos que também apresentaram áreas de
necrose, o que pode indicar que os melanomacrófagos estejam envolvidos, nesse
caso, na remoção de células necróticas.
A vacuolização citoplasmática observada no fígado dos lambaris das áreas
estudadas pode representar, por sua vez, um mecanismo de imobilização de
compostos mais lipofílicos como descrito por Oliveira Ribeiro et al. (2005) em
Anguilla anguilla ambientalmente exposta a pesticidas. Essa vacuolização pode
indicar que os animais acumulam o xenobiótico na tentativa de reduzir a
concentração deste na circulação e demais tecidos, conforme verificado por França
(2005) para o peixe Atherinella brasiliensis.
Segundo Bernet et al. (1999), a infiltração de células de defesa, como a
infiltração leucocitária observada no presente estudo, é uma resposta do organismo
frente a presença de contaminantes. Geralmente, essas áreas são encontradas
próximas a outras lesões como focos de necrose, sendo que essas células
atravessam as paredes dos vasos sanguíneos e infiltram no tecido afetado. os
centros eosinofílicos encontrados nos lambaris da Fazenda Barbacena podem ser
considerados como um estágio pré-neoplásico (HAWKINS et al., 1990), servindo
como um potencial biomarcador de exposição (STENTIFORD et al., 2003) frente a
seriedade desse tipo de lesão.
É necessário ressaltar, nesse sentido, que a RPPN foi a área que apresentou
maior incidência de lesões pelo cálculo de Bernet et al. (1999) e que o maior índice
de lesão visto para a época de seca nesse ponto, quando comparado com a estação
chuvosa, corrobora a observação de alterações biológicas nos lambaris da reserva e
a importância do monitoramento dessa área. Além disso, vale considerar que os
dados morfológicos podem indicar uma exposição cumulativa da RPPN a
contaminantes aquáticos. Os indivíduos coletados imediatamente no entorno, por
outro lado, apresentaram alterações agudas, fato este que sugere diferença na
estrutura dos grupos de Astyanax sp. dentro e fora da área protegida. De qualquer
modo, as lesões morfológicas aparecem em todos os pontos, em ambas as coletas,
o que reforça a proposta de um monitoramento contínuo da efetividade de
conservação não apenas da reserva, mas também de seu entorno.
Embora a toxicidade aguda do glifosato seja considerada baixa, a WHO
(1994) têm sugerido que o herbicida pode causar defeitos crônicos em determinadas
espécies de animais quando administrado em doses elevadas e por um período
prolongado, sendo os peixes e os invertebrados aquáticos os mais sensíveis a este
herbicida e aos outros componentes de seus produtos comerciais. No caso do
Roundup, tem-se que a toxicidade do produto comercial é maior que o glifosato
utilizado sozinho, provavelmente pela toxicidade do surfactante, como mostra o
estudo de Folmar et al. (1979) no tratamento de diversas espécies de peixes com
roundup, glifosato e o surfactante. O glifosato se mostrou menos tóxico que o
roundup ou o surfactante, e a toxicidade do roundup foi similar a do surfactante.
Um experimento conduzido por Rossi (dados não publicados), também com o
gênero Astyanax sp. exposto aos herbicidas glifosato e diuron em laboratório, indica
maior sensibilidade dos peixes ao Diuron (exposição em dose subletal 30 mg/L), os
quais tiveram aumento na atividade da GST e aumento na atividade da AchE. Nesse
mesmo estudo, o grupo com a mistura desses dois herbicidas mostrou aumento na
concentração de hidroperóxidos. Esses resultados corroboram com o presente
estudo, demonstrando que os dados encontrados nas coletas realizadas na Fazenda
Barbacena devem ter relação com a aplicação de pesticidas na região de cultivo de
cana-de-açúcar.
Em relação ao uso do Astyanax sp. como bioindicador nesse trabalho tem-se
que as características mais marcantes foram: (1) a sensibilidade do gênero no uso
dos biomarcadores aqui estudados e (2) na visualização de danos sub-letais. Esta
última característica permite pôr em prática ações remediadoras ou, melhor, ações
preventivas em áreas protegidas. Daí a importância e o interesse atual de
incorporação do biomonitoramento em programas de manejo de unidades de
conservação inseridas em mosaicos de alteração antrópica.
Vale ressaltar, todavia, que a interpretação dos resultados de campo é
sempre muito complexa, pois um grande número de fatores pode influenciar as
variáveis analisadas de maneira não controlada (ROCHE et al., 2002; ZANETTE et
al., 2006). Abordagens realizadas com múltiplos biomarcadores fornecem uma
melhor caracterização de uma dada área durante um período de tempo em estudos
de biomonitoramento. Este trabalho tem, portanto, um caráter preliminar sugerindo
uma exposição dos lambaris aos herbicidas utilizados na Fazenda Barbacena.
CAPÍTULO II: BIOMONITORAMENTO COMO FERRAMENTA PARA O
INCREMENTO DE PLANOS DE MANEJO EM RESERVAS PARTICULARES DO
PATRIMÔNIO NATURAL: CASO DA RPPN FAZENDA BARBACENA
II.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DAS RPPN E LEVANTAMENTO DA PROBLEMÁTICA
DA RPPN FAZENDA BARBACENA
O sistema de áreas protegidas do Brasil possui uma ampla heterogeneidade
no que diz respeito às estratégias de proteção e às categorias de conservação. Em
sua especificidade, a temática da conservação em terras particulares tem se
ampliado de forma considerável, crescendo principalmente a partir da década de 90,
quando os mecanismos de conservação privada passaram a ser incrementados no
Brasil.
Reservas privadas se diferenciam de acordo com a situação legal, forma de
manejo, origem da iniciativa de criação, atividades oferecidas, instituição
responsável e formas de instituição. Como categoria de área protegida privada
prevista no Sistema Nacional de Unidades de Conservação Brasileiro (SNUC, 2000),
as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) o caracterizadas como
áreas particulares de relevante interesse ecológico, instituídas voluntariamente, cujo
objetivo principal é o de conservar a biodiversidade e onde se admite o uso indireto
dos recursos naturais.
As 800 RPPN atualmente existentes no Brasil têm, cada vez mais, servido
como um instrumento adicional para o fortalecimento do sistema de unidades de
conservação, protegendo mais de 600 mil hectares em todo o país. As RPPN
representam um mecanismo eficiente para ampliação de áreas sob proteção legal,
para o aumento da conectividade da paisagem natural, para proteção complementar
à rede de áreas protegidas públicas, além de contribuírem na proteção de áreas
prioritárias para a conservação da diversidade biológica.
Na Mata Atlântica, bioma foco desse estudo, as RPPN já representam o
dobro, em número, das unidades de conservação públicas de proteção integral,
sendo reconhecidas pela sua importância para a proteção da biodiversidade, seu
valor paisagístico, educacional ou outras variáveis que dependam de proteção ou
restauração do habitat natural. Atualmente, mais da metade das RPPN do Brasil
estão localizadas nesse bioma, 75% (558 RPPN), e mesmo com tamanho muitas
vezes modesto, as RPPN têm sido fundamentais para garantir a proteção da
diversidade biológica dos estados que compõem esse ecossistema, em especial por
incremento aos chamados corredores ecológicos.
A Tabela 3 mostra o número de RPPN em cada estado da Mata Atlântica,
categoria essa que conserva aproximadamente 200 mil hectares no bioma. Apesar
da diferença de representatividade nas ecorregiões desse bioma, o movimento de
conservação em RPPN está em ascensão, como é possível perceber na Figura 20.
Esses esquemas permitem notar que um crescimento atual no número de RPPN
no Brasil, apesar da falta de incentivos gerais para a conservação em terras
privadas, o que demonstra o perfil de continuidade das ações por parte dos
diferentes atores envolvidos no tema, principalmente dos proprietários das reservas,
incluindo empresas privadas.
TABELA 3 – REPRESENTAÇÃO DAS RPPN NO BIOMA MATA ATLÂNTICA
UF
Número de RPPN no
Bioma Mata Atlântica
Área (ha)
Alagoas 7 610,58
Bahia 54 33.799,19
Ceará 10 9.600,39
Espírito Santo 4 586,22
Minas Gerais 143 76.098,25
Paraíba 8 6.652,62
Paraná 191 37.149,77
Pernambuco 10 2.857,53
Sergipe 1 13,27
Rio Grande do Norte
3 2.939,93
Rio Grande do Sul 25 4.044,79
Rio de Janeiro 44 4.230,39
Santa Catarina 25 15.212,97
São Paulo 33 3.348,99
Total 558 197.144,89
FONTE: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis- IBAMA,
Ministério do Meio Ambiente e Órgãos Ambientais Estaduais, 2007.
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
35000
Alagoas
Bahia
Ceará
Espírito
Santo
Goiás
Minas
Gerais
Paraíba
Paraná
Pernambuco
Rio Grande
do Norte
Rio Grande
do Sul
Rio de
Janeiro
Santa
Catarina
São Paulo
Área em ha
1998
2006
Figura 20 - Desenvolvimento da criação de RPPN na Mata Atlântica, de 1998 a 2006.
FONTE: Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis- IBAMA,
Ministério do Meio Ambiente e Órgãos Ambientais Estaduais, 2006.
Considerando ainda, que remanescentes importantes para a conectividade da
paisagem estão localizados em sua maioria dentro de propriedades particulares, é
imprescindível incrementar o sistema de conservação em terras privadas, não
deixando, entretanto, de considerar a efetividade de conservação dessas áreas.
Embora se note esse potencial, é importante considerar, por outro lado, que
proprietários de RPPN, organizações ambientalistas e mesmo técnicos de órgãos
ambientais reconhecem a necessidade de fortalecimento para trabalhar com o tema.
A preocupação com a quantidade e qualificação dos responsáveis pelo
desenvolvimento e consolidação dos mecanismos de conservação privada, e até
mesmo dos gestores diretos das RPPN, tem sido constante.
Paralelamente, a necessidade de compreender e manejar essas áreas é
tarefa prioritária, que, muitas vezes, as demandas sócio-econômicas (atividades
industriais, agrícolas, entre outras) tendem a colidir com os interesses
conservacionistas. Considerando que muitas RPPN estão sujeitas a impactos
ocasionados pelas matrizes produtivas, estudos para a elaboração/incremento dos
planos de manejo dessas áreas devem ser desenvolvidos, objetivando a detecção e
a minimização dos possíveis danos existentes em um trabalho conjunto da área
protegida com seu entorno.
Sob o ponto de vista das atividades realizadas no entorno das RPPN, em
especial do Sul e Sudeste do Brasil, a atividade agrícola e suas características de
produção merecem destaque na presente discussão. Segundo Tomita (2002), os
ambientes aquáticos inseridos em complexos agrícolas podem ser afetados
diretamente pelo carreamento de pesticidas utilizados nas culturas de soja, milho,
cana-de-açúcar, arroz, entre outros.
Na RPPN Fazenda Barbacena, considerada um dos mais importantes
fragmentos da Floresta Estacional Semidecidual do estado do Paraná e foco desse
trabalho, esse tema encontrou abertura, sendo realizado o estudo de monitoramento
através de biomarcadores em Astyanax sp.
A RPPN Fazenda Barbacena, localizada na região noroeste do Estado do
Paraná, inserida na Fazenda Barbacena, município de São Pedro do Ivaí, foi criada
em 2004 (pela Portaria 207/2004) e possui importante papel na preservação
hidrográfica da Bacia do Ivaí (a reserva está inserida na microbacia do Rio
Barbacena, afluente de 1
a
ordem do Rio Ivaí). As atividades realizadas atualmente
na área protegida abrangem turismo ecológico, educação ambiental e pesquisa
científica. O entorno da RPPN é composto por uma região de plantio, utilizada pela
Usina Vale do Ivaí. A atividade principal se caracteriza pela produção de cana de
açúcar, a qual utiliza, periodicamente, diferentes tipos de pesticidas recomendados
para esse tipo de cultivo, em especial o glifosato e o diuron.
Os resultados discutidos no capítulo I, para o estudo de biomonitoramento,
permitem afirmar que os pontos amostrados no interior da RPPN, bem como no
entorno da reserva e na área de plantio direto de cana-de-açúcar, não estão
completamente livres de algum tipo de alteração causada por esse sistema de
produção.
Nesse sentido, o presente capítulo pretende discutir possibilidades de
incremento ao plano de manejo da RPPN Fazenda Barbacena, frente ao diagnóstico
dessas alterações.
II.2 BIOMONITORAMENTO AMBIENTAL NA GESTÃO DE RPPN
Um dos primeiros passos para a resolução dos problemas sócio-ambientais
gerados pela gestão inadequada dos recursos hídricos é o desenvolvimento de
metodologias de diagnóstico eficientes. O presente trabalho aponta a importância do
tema Biomonitoramento, que consiste no uso sistemático das respostas fisiológicas
mensuráveis em organismos vivos para avaliar as mudanças ocorridas no ambiente
(VAN DER OOST et al., 2003), como ferramenta para o incremento de planos de
manejo em reservas particulares.
Apesar do grande número de variáveis encontradas em campo dificultar a
relação causa-efeito de uma determinada alteração em organismos, estrutura de
populações ou de comunidades; o biomonitoramento permite uma avaliação mais
ampla das condições naturais às quais os organismos estão sujeitos, o que de fato
pode colaborar na discussão da efetividade de conservação de uma área protegida.
O monitoramento que combina diferentes testes em sistemas biológicos
(biomarcadores) propicia, por sua vez, promissores instrumentos para a identificação
de impactos no ambiente (DA SILVA et al., 2003).
Concomitante à realização do estudo dos biomarcadores citados no Capítulo
I, a proposta deste trabalho foi, portanto, subsidiar uma discussão sobre o manejo
das RPPN em relação ao seu entorno. Em linhas gerais, os tópicos aqui discutidos
poderão ser aplicados em duas diferentes esferas: (1) divulgação e discussão dos
resultados e recomendações de manejo na RPPN Estadual Fazenda Barbacena e
na comunidade do entorno; (2) apresentação em congressos e encontros de
proprietários de RPPN, fortalecendo a idéia de um manejo integrado das reservas
com seu entorno, considerando, inclusive, a implantação de “zonas de
amortecimento” para essa categoria de unidade de conservão, salvo as
particularidades do uso desse instrumento em áreas particulares e sem o caráter de
obrigatoriedade.
A proposta é criar, deste modo, subsídios para a gestão integrada da RPPN
Fazenda Barbacena com sua área de entorno produtora de cana de açúcar, sem, no
entanto, descaracterizar o objetivo de conservação que norteia essa UC.
2.1 Zonas de Amortecimento em RPPN
A criação de unidades de conservação é a forma mais tradicional de se
proteger ecossistemas. Contudo, o entorno, em muitas destas áreas, vem sendo
manejado sem critérios de conservação, determinando a formação de “ilhas”, as
quais permitem que as UC possam sofrer mais diretamente os impactos das
atividades externas. Uma das soluções para esta questão, segundo Orlando (1997),
é o estabelecimento de zonas de amortecimento ou tampão (buffer zones) com
restrições ou proibições de atividades no entorno das unidades.
A Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que institui o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, define zona de amortecimento
como sendo “o entorno de uma unidade de conservação onde as atividades
humanas estão sujeitas às normas e restrições específicas, com o propósito de
minimizar os impactos negativos sobre a unidade”. O SNUC determina a
obrigatoriedade das UC, exceto na Área de Proteção Ambiental APA e na Reserva
Particular do Patrimônio Natural - RPPN, em possuir uma zona de amortecimento e
que o órgão da administração da unidade é o responsável pela regulamentação da
ocupação e do uso dos recursos desta área.
O tema central aqui, contudo, o é entrar no mérito da obrigatoriedade da
implantação de uma área de entorno com restrições específicas, e sim discutir a
importância dos instrumentos “Zona de Amortecimento” e “Biomonitoramento” no
manejo de reservas particulares. A implantação de medidas nesse sentido em
fragmentos de RPPN no sul e sudeste do país é particularmente importante devido
ao processo de insularização ocorrido principalmente no início da década de 70.
Este período coincidiu com a fase de mecanização da agricultura no estado do
Paraná, que se caracterizou pelo uso intensivo de agrotóxicos e fertilizantes
químicos.
Primeiramente, acreditava-se que as ações em UC deveriam ser realizadas
dentro de seus limites, fato este que vem sofrendo mudanças considerando que
freqüentemente as ameaças originam-se fora dos limites dessas unidades.
Atualmente, Planos de Manejos caracterizam-se por ser contínuos, gradativos e
flexíveis, abordando novos enfoques, como a proteção integrada com o entorno.
Nesse enfoque e de acordo com Orlando (1997), zona de amortecimento
uma zona periférica às áreas protegidas, onde são feitas restrições no uso dos
recursos ou nas medidas de desenvolvimento para melhorar os valores de
conservação dessas áreas". Segundo MMA/IBAMA (1997), o conceito de zona de
amortecimento é análogo ao existente sobre a zona de transição ou zona tampão, e
esta proposta apóia-se, ainda, na Convenção sobre Diversidade Biológica (1994),
que afirma que cada parte responsável, na medida do possível e conforme o caso,
deve promover o desenvolvimento sustentado e ambientalmente sadio nas áreas
adjacentes às áreas protegidas a fim de reforçar a proteção destas áreas. Este
documento descreve os principais problemas nas UC vizinhas a áreas agrícolas,
problemas estes causados principalmente pela contaminação ocasionada por
defensivos agrícolas e pela prática das queimadas.
Outro conceito importante é o de “Área de Influência”, que significa “área que
exerce alguma influência direta sobre a unidade, considerando-se principalmente as
microbacias onde a mesma está inserida, bem como quaisquer outras áreas onde
outros atores interfiram na unidade ou que a unidade possa interferir sobre elas”
(MMA/IBAMA, 1996). Esta expressão se apoiou na Resolução do Conselho Nacional
do Meio Ambiente (CONAMA) 13/90, que determinou uma faixa de 10 km em
torno das unidades de conservação, na qual qualquer atividade que possa afetar a
biota deve ser obrigatoriamente licenciada pelo órgão ambiental competente.
No caso específico das RPPN não a intenção de caracterizar uma faixa de
entorno e/ou uma zona de amortecimento de fato, mas sim apontar possibilidades
para a gestão de reservas particulares inseridas em mosaicos produtivos, em
especial a RPPN Fazenda Barbacena, utilizando esse conceito de área de
influência.
Ao trazer outros conceitos de zonas de amortecimento, fica mais evidente a
relação destas com programas de biomonitoramento. Segundo Padovan (2000),
para se implantar uma área de menor impacto no entorno de áreas protegidas, é
importante considerar se a intervenção humana é direta ou indireta, é real ou
potencial, onde o desenho e manejo devem considerar as interelações entre
pessoas e recursos, identificar áreas ou situações críticas nestas inter-relações,
além de orientar o manejo segundo a demanda real destas áreas ou situações
críticas. Conforme Cerqueira et al. (2003), entorno é a área circunvizinha a uma UC,
onde o uso do solo pode influenciar, tanto positiva como negativamente o ambiente
natural desta. Morsello (2001) define essa zona como uma porção adjacente à área
protegida, no qual o uso da terra é parcialmente restringido para incorporar uma
camada a mais de proteção para a UC. Pode ter a função de ampliar a presença na
área protegida de certo tipo de habitat e pode servir a propósitos sociais. Britez et
al. (2003) afirmam que o estabelecimento de UC por si não assegura a efetiva
manutenção de comunidades, haja visto que essas áreas podem ser verdadeiras
ilhas que, isoladas em meio à paisagem, sofrem deterioração progressiva de seus
ambientes, na maioria das vezes, partindo da borda.
No biomonitoramento, por sua vez, tem-se que estudos que consideram a
biota nativa de um local (os bioindicadores) por meio de testes em sistemas
biológicos podem ser utilizados como excelentes ferramentas para a identificação de
ameaças ao ambiente. Em estudos ecotoxicológicos, o maior objetivo é a detecção
da causa-efeito entre sistemas biológicos e as misturas complexas de poluentes aos
quais organismos podem estar expostos. Daí a relação com o manejo de áreas
protegidas, considerando a ecotoxicologia como um dos instrumentos capazes de
diagnosticar ameaças da área de entorno.
Atualmente no Brasil, existem instrumentos que auxiliam o planejamento
considerando as atividades do entorno de um RPPN. Em 2004, em uma iniciativa
que reuniu diferentes profissionais que trabalham com reservas particulares, de
órgãos ambientais públicos, universidades e organizações não-governamentais, foi
criado o roteiro metodológico para elaboração de plano de manejo para Reservas
Particulares do Patrimônio Natural. O roteiro trás, entre outras características, os
itens “caracterização da área de entorno” e “pesquisa e monitoramento” nas RPPN.
Quando trata da caracterização do entorno, indicação para descrição do uso da
terra, bem como os impactos e ameaças, tratando das atividades e situações que
estejam em desenvolvimento no entorno da RPPN que conflitem com seus objetivos
de criação. no item de pesquisa, o roteiro indica, quando possível e quando de
interesse do proprietário, o desenvolvimento de estudos e parcerias para o
monitoramento da área e das possíveis alterações na biota da reserva.
Além desse instrumento, hoje bastante utilizado, o Paraná, pelo decreto
estadual 4890 de 2005, dispõe sobre as RPPN como sendo unidades de
conservação de proteção integral, e coloca o órgão estadual como um dos
responsáveis pelo controle e monitoramento da qualidade ambiental das reservas
instituídas e presentes no sistema estadual de unidades de conservação. Um dos
mecanismos desenvolvidos para esse auxílio na gestão e efetividade de
conservação das RPPN, descrito nesse decreto, é o uso de recursos provindos da
Lei do ICMS Ecológico (Lei 59/91), pleiteado jun to aos Municípios beneficiários
desse aporte, para que realizem ações concretas de apoio, consolidação e proteção
das RPPN. A RPPN Fazenda Barbacena é, atualmente, beneficiária desse recurso e
o utiliza no desenvolvimento de ações de pesquisa, de educação e turismo na área,
porém atividades ligadas diretamente ao monitoramento de impactos do entorno
ainda não são desenvolvidas.
2.2 Plano de Manejo da RPPN Fazenda Barbacena
Segundo o Plano de Manejo para a RPPN Fazenda Barbacena, a elaboração
do planejamento desta foi baseada nos “dados que se encontram disponíveis
sobre a unidade e visitas de campo, destacando-se os diagnósticos procedidos da
avifauna local, abrangendo observações e apontamentos sobre outros grupos
animais, e da flora da área realizado no último trimestre de 2003, além das
observações e anotações procedidas em entrevistas com funcionários da Fazenda
Barbacena e da Vale do Ivaí S/A Açúcar e Álcool sobre as características físicas e
ocupacionais da área e do seu entorno”.
A partir desses levantamentos, foram criados os seguintes programas para
reserva: (1) Programa de Interpretação e Educação Ambiental; (2) Programa de
Controle Ambiental; (3) Programa de Manejo do Meio Ambiente e (4) Programa de
Operacionalização.
Os resultados do biomonitoramento desenvolvido por esse estudo podem,
portanto, ser incorporados por esses programas, conforme os tópicos que se
seguem.
2.2.1 Recomendações para o Plano de Manejo da RPPN Fazenda Barbacena e
gestão da área de entorno
2.2.1.1 Subprograma de Monitoramento da Qualidade das Águas e Subprograma de
Controle do Entorno
Esses programas indicam o monitoramento ambiental dos cursos d´água da
reserva, apontando o controle dos processos erosivos e de carreamento exagerado
de sedimentos nos talvegues; o monitoramento de gramíneas exóticas nas bordas; o
controle dos canais de vinhaça e de descarte de lixo. Não indicam, por outro lado, o
monitoramento dos corpos hídricos em relação às possíveis alterações causadas
pelo uso contínuo de pesticidas na área de entorno.
Além da sugestão para que o plano englobe o conceito de biomonitoramento
trabalhado nesse estudo, cabe aqui a discussão da recuperação da mata ciliar da
área de cultivo de cana e o trabalho diferenciado da área de influência da RPPN, por
meio de ações de controle na aplicação de pesticidas e/ou na prática de um manejo
diferenciado da cana-de-açúcar.
Segundo Nery (2000), o rápido crescimento da cana é considerado como
ponto positivo no manejo dessa produção por permitir uma boa cobertura do solo,
facilitando o controle da erosão e da lixiviação de pesticidas, por exemplo. Por outro
lado, o uso constante de herbicidas e fertilizantes é mostrado pelo mesmo autor
como um dos maiores problemas dessa atividade. Nesse contexto, deve-se
considerar também a problemática ocasionada pela supressão das matas ciliares, o
que pode acarretar, em diferentes graus, aumento no impacto sobre os recursos
hídricos adjacentes, mesmo que a cana possibilite na maior parte do tempo a
cobertura do solo.
Diferentes estudos mostram que em áreas onde não mata ciliar, rregos
e rios adjacentes à área de plantio de cana sofrem impacto de diferentes classes de
pesticidas, em especial no sedimento e na água após processo de lixiviação
(SANTOS, 1999; OLIVEIRA e TORNISIELO, 2000). O estudo de Corbi (2006)
mostrou que corpos hídricos com ausência de mata ciliar, localizados em áreas de
plantio de cana, apresentam maior impacto quando investigadas as concentrações
de metais e de pesticidas, quando comparadas com área florestadas e/ou com mata
ciliar.
Nesse contexto, a recuperação das matas ciliares da Fazenda Barbacena
pode ser uma das possibilidades de melhoria da qualidade ambiental do entorno da
RPPN em questão e, consequentemente, das comunidades biológicas da reserva.
Além disso, a implantação e recuperação dessas áreas de proteção permanente
podem propiciar o desenvolvimento e incremento de corredores biológicos da RPPN
Fazenda Barbacena com outros fragmentos da região.
Quanto ao manejo diferenciado do cultivo de cana no entorno imediato da
RPPN, vale destacar, aqui, a possibilidade de o plano de manejo incorporar uma
“zona de amortecimento” ou “zona de transição” no que diz respeito ao uso de
técnicas ambientalmente corretas da agricultura convencional, desenvolvimento de
uma área com sistemas agroflorestais (que podem também ser utilizados no
programa de educação ambiental) e/ou ainda na implementação de uma faixa de
produção livre de pesticidas.
No caso da produção livre de pesticidas, a proposta seria difundir cnicas
agrícolas compatíveis com um modelo ambiental mais durável, que valoriza os
aspectos econômicos e pode agregar renda diferencial ao produtor. Segundo
UNILIVRE (1999), para a área do entorno do Parque Nacional do Iguaçu, por
exemplo, o zoneamento da unidade recomenda o cultivo orgânico de diferentes
culturas, inclusive a de cana-de-açúcar.
A Instrução Normativa 007/99 do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA, 1999), considera “sistema orgânico de produção
agropecuária e industrial todo aquele em que se adotam tecnologias que otimize o
uso dos recursos naturais e socioeconômicos, tendo como um dos objetivos a
eliminação do emprego de agrotóxicos e outros insumos artificiais tóxicos”. Oliveira
et al. (2007) mostram em seu trabalho que as condições físico-químicas e
bioquímicas do solo de uma área com cultivo orgânico de cana apresenta melhores
índices quando comparados à área de plantio convencional.
2.2.1.2 Programa de Interpretação e Educação Ambiental
Rodriguez e Gomez (1992), em estudo no Parque Nacional Cerro Corá, no
Paraguai, sugeriram um programa de educação ambiental que enfoque também os
problemas que afetam a manutenção dos recursos naturais na zona de
amortecimento, a relação que existe entre os produtos diariamente utilizados e sua
origem nos recursos naturais e soluções ao alcance dos gestores para minimizar os
problemas.
No ano de 2005, a Vale do Ivaí realizou um trabalho de interpretação
ambiental com alunos do ensino fundamental e médio das escolas municipais e
estaduais de São Pedro do Ivaí, além de uma atividade com trabalhadores rurais
que participaram de um curso de Bolsa de Qualificação. No ano de 2006, foram
realizadas visitas com trilhas interpretativas e atividades de sensibilização para
alunos do PETI e grupos da 3ª. Idade do município, durante a II Semana do Meio
Ambiente. Em 2007, por sua vez, a RPPN recebeu a Faculdade Integrada de Campo
Mourão, FAFIJAN de Jandaia do Sul e ainda escolas do município. Durante a III
Semana do Meio Ambiente realizada pela empresa, a comunidade também teve
oportunidade de conhecer a reserva.
Apesar desses trabalhos de caráter mais pontual e do Plano de Manejo
indicar o uso do instrumento educativo “interpretação de trilhas”, não indicação
direta de público alvo a ser trabalhado no programa de educação ambiental da
RPPN. A proposta, a partir disso seria, então, desenvolver um programa contínuo de
educação ambiental para os trabalhadores rurais da empresa, não apenas com
interpretação de trilhas, mas com a aproximação efetiva destes à RPPN. Em um
primeiro momento, o programa poderia ser direcionado aos trabalhadores que
realizam aplicação dos pesticidas, por exemplo, mostrando a relação do entorno
com a área protegida e a importância da conservação dos recursos hídricos locais.
Esse programa poderia colaborar, ainda, para a ação prevista no Plano de Manejo
em relação à fiscalização de despejo de lixo no entorno da área, provocado por
trabalhadores rurais em períodos de intervalo de suas atividades no cultivo de cana-
de-açúcar.
Vale ressaltar que a integração entre a Educação Ambiental e as demais
ciências foi considerada fundamental pelo MMA (2000) para a eficácia na
conservação dos biomas, pois pode alavancar processos participativos que
favoreçam a conservação. Nesse contexto, a comunidade científica e os gestores
das unidades têm uma grande responsabilidade em divulgar as informações às
comunidades locais.
II.3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para Milano (1998), o plano, como instrumento de planejamento, deve contar
com três aspectos fundamentais: deve tratar do futuro, deve implicar em ação e deve
identificar as pessoas ou organizações que realizarão as atividades.
É necessária, nesse contexto, a compreensão de que a gestão de áreas
protegidas não é estanque, é processo, o que implica em estágios de transição onde
ocorrem contínuas avaliações e correções de direção e sentido. Para Ducros (1988),
algumas ilhas de proteção de nada servem, se no exterior tem-se uma degradação
dos recursos naturais, uma alienação dos indivíduos e uma uniformização das
culturas, portanto é preciso ser objetivo para seguir com a gestão de unidades de
conservação.
Em linhas gerais, o presente projeto vem contribuir, portanto, para o
desenvolvimento de estratégias que visem um efetivo controle das alterações em
RPPN inseridas em um mosaico agropecuário, aprimorando metodologias de
manejo e possibilitando a criação de ferramentas para a realização de ações de
proteção nas regiões de entorno dessas unidades, amortizando alterações e
colaborando para evitar a insularização das áreas protegidas.
CONCLUSÕES GERAIS
O lambari Astyanax sp. mostrou-se um organismo capaz de expressar efeitos
de contaminação ambiental e, apesar das dificuldades para identificação em campo,
pode ser considerado um bom bioindicador;
Os resultados das análises bioquímicas demonstram aumento da atividade da
Catalase (CAT) em Astyanax sp. no interior da RPPN na estação de seca; aumento
da atividade da Glutathiona S-transferase (GST) em Astyanax sp. na cana de açúcar
na estação de chuva; e aumento da concentração de Peroxidação Lipídica (LPO) em
Astyanax sp. no entorno da reserva em ambas as coletas. A avaliação da atividade
da Acetilcolinesterase (AchE) em Astyanax sp. não demonstrou diferença para os
pontos amostrais cana de açúcar, entorno e RPPN;
Os resultados do estudo de histopatologia do fígado de Astyanax sp
demonstram lesões em todos os pontos amostrais, em ambas as estações
estudadas. Os dados encontrados podem indicar uma exposição cumulativa da
RPPN a contaminantes aquáticos. Os indivíduos coletados imediatamente no
entorno, por outro lado, parecem apresentar alterações agudas;
Os resultados da análise do micronúcleo písceo em Astyanax demonstram
um aumento no número de alterações nucleares no entorno da reserva, na estação
de chuva, seguindo os dados encontrados para a enzima GST e para a LPO;
Os resultados encontrados nas análises realizadas para os peixes coletados
na Fazenda Barbacena e RPPN parecem ter relação com a aplicação de pesticidas
(como o glifosato e diuron) na região de cultivo de cana-de-açúcar;
Os resultados encontrados podem nortear a elaboração de estratégias de
minimização de alterações causadas por pesticidas em áreas do entorno da RPPN
Fazenda Barbacena, São Pedro do Ivaí, Paraná.
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