Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
ANDRÉIA CRISTIANE PIZANI DOMINGOS
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A NÃO REALIZAÇÃO
DO EXAME DE PREVENÇÃO DO CÂNCER CÉRVICO
UTERINO, NO MUNICÍPIO DE CIANORTE - PR
MARINGÁ
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ANDRÉIA CRISTIANE PIZANI DOMINGOS
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A NÃO REALIZAÇÃO
DO EXAME DE PREVENÇÃO DO CÂNCER CÉRVICO
UTERINO, NO MUNICÍPIO DE CIANORTE
Dissertação apresentada como requisito
parcial para obtenção do título de mestre
em Enfermagem, Curso de Pós-
Graduação em Enfermagem área de
concentração A Enfermagem e o
processo do cuidado. Centro de Ciências
da Saúde, Departamento de
Enfermagem, da Universidade Estadual
de Maringá – UEM.
Orientadora: Prof Dra. Sandra Marisa
Pelloso.
MARINGÁ
2008
ads:
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil)
Domingos, Andréia Cristiane Pizani
D671f Fatores que contribuem para a não realização do exame de
prevenção do câncer cérvico uterino, no Município de
Cianorte-PR / Andréia Cristiane Pizani Domingos. – Maringá,
PR: [s.n.], 2008.
86 f. : il. color.
Orientadora : Prof. Dr. Sandra Marisa Pelloso.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de
Maringá. Curso de Pós-graduação em Enfermagem, 2008.
1. Câncer do colo do útero – Cianorte, PR – Avaliação.
2. Exame citopatológico – Motivos da não realização. 3.
Exame papanicolau – Realização. 4 Exame colpocitológico –
Cianorte, PR – Procura. I. Universidade Estadual de
Maringá. Curso de Pós-graduação em Enfermagem. II. Título.
CDD 21.ed.616.994
ANDRÉIA CRISTIANE PIZANI DOMINGOS
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A NÃO REALIZAÇÃO
DO EXAME DE PREVENÇÃO DO CÂNCER CÉRVICO
UTERINO, NO MUNICÍPIO DE CIANORTE - PR
Dissertação apresentada à Pós-
Graduação em Enfermagem do Centro de
Ciências da Saúde, Departamento de
Enfermagem, da Universidade Estadual
de Maringá UEM como requisito parcial
para obtenção do título de mestre em
Enfermagem.
Aprovado em:
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________________
Profª Dra. Sandra Marisa Pelloso.
Universidade Estadual de Maringá - UEM
Profª Dra. Janine Schirmer
Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP
___________________________________________________________________
Profª Dra. Deise Serafin
Universidade Estadual de Maringá - UEM
Maringá
2008
Dedico este trabalho em primeiro lugar a
uma pessoa que eu amo muito, meu Tio
Edemilson Marques (Tio Bibi) que me
ensinou a importância e a gostar de
estudar. Dedico também às pessoas que
mais amo, meu marido, Wanderley, e
meu filho, Guilherme, aos meus avós
João e Izabel, meus pais, Devanir e
Neide, meus irmãos, Fabiano e Melissa, à
Júlia, que é uma inspiração em minha
vida. À Tia Neusa e o Tio Luiz que me
deram meu primeiro livro (que tenho até
hoje), ao meu primo Ítalo que foi o
primeiro a me incentivar fazer o mestrado
e a minha amiga Daniela da Graça que
me ajudou muito durante este período.
AGRADECIMENTOS
A Deus. Só com a ajuda dele pude chegar até aqui.
À minha orientadora Dra. Sandra Marisa Pelloso, porque sem seu conhecimento,
apoio e ajuda não teria conseguido terminar esta dissertação.
À Secretaria Municipal de Saúde pelo apoio para a realização desta pesquisa.
Aos motoristas das ambulâncias, juntamente com os pacientes da Secretaria
Municipal de Saúde de Cianorte, que tantas vezes me levaram até a Universidade
em Maringá durante o período de aula do mestrado.
Ao Professor Dr. Miguel Fecchio que me ajudou e deu força para terminar este
trabalho.
Á Dra Isolde Terezinha S. Previdelli, professora de estatística, e que me ajudou e
corrigiu minha dissertação.
RESUMO
FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A NÃO REALIZAÇÃO DO EXAME DE
PREVENÇÃO DO CÂNCER CÉRVICO UTERINO, NO MUNICÍPIO DE CIANORTE
O câncer do colo uterino representa a segunda causa de morte do sexo feminino no
Brasil. A neoplasia cervical possui uma incidência em todo o mundo com cerca de
meio milhão de casos por ano, principalmente em países em desenvolvimento. Este
estudo teve como objetivo identificar os possíveis fatores da não realização do
exame citopatológico de rotina do colo uterino de rotina, por mulheres residentes no
município de Cianorte-Pr. O trabalho caracteriza-se por um estudo survey, aplicado
por meio de inquérito populacional. A pesquisa foi desenvolvida no município de
Cianorte, região noroeste do Paraná. A amostra totalizou 427 mulheres. Para a
seleção de endereços e realização das entrevistas, foi solicitado à Prefeitura o mapa
do município. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário. Para a
seleção das mulheres entrevistadas, a entrevistadora iniciava o percurso na primeira
casa da primeira rua do bairro, pulava duas casas e entrevistava a próxima; no caso
de não encontrar mulheres na idade estudada ou a residência fechada, dirigia-se à
casa seguinte. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da UEM (COPEP).
Resultados obtidos: mulheres de 40 anos, menstruaram aos 13 anos, iniciaram a
vida sexual em média aos 19 anos; não fumam, são casadas, tem um parceiro fixo,
40,98% possuem o ensino fundamental incompleto, tiveram dois ou três filhos, de
partos normais ou cesarianas, o utilizam camisinha e a maioria diz não ter tido
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST) nos últimos dez anos. Das mulheres
que relataram ter tido alguma DST a mais citada foi o Papiloma Vírus Humano
(HPV). Quanto a infecções ginecológicas, 64% apresentaram estas patologias,
mas não necessitaram de cauterização e 54% o tiveram nenhum tipo de ncer
em sua família. Quanto ao método de anticoncepção, 56% das mulheres relatam
não utilizar nenhum método e entre as mulheres que o utilizam, os todos são o
anticoncepcional hormonal e a laqueadura. Quanto ao exame preventivo, 92% o
realizaram sendo que 73% não sentem dor na coleta e 46,84% apresentam alguma
dificuldade para a sua realização. Apenas 8% nunca realizaram o preventivo, 30%
não têm rotina na coleta e 53% realizam o Papanicolaou anualmente. Das mulheres
que realizam o preventivo 72,26% o fazem por vontade própria. O motivo principal
para a não realização do exame foi o comodismo, seguido do medo e vergonha. As
mulheres que tinham filhos realizavam mais freqüentemente o exame. Dentre as
dificuldades encontradas para a realização do exame, as mulheres que o realizam
nos postos apresentam mais dificuldades. As mulheres casadas fazem mais
preventivo que as solteiras, e por terem parceiro fixo, o acham necessária a
utilização do preservativo. Como conclusão, verificamos que muitas mulheres
entrevistadas realizam o preventivo nos consultórios particulares, ou não
apresentam rotina na coleta, o que pode explicar a baixa cobertura municipal do
Programa de Prevenção de Câncer Ginecológico. Para solucionar este problema
sugerimos campanhas de conscientização e coleta em horários diferentes dos
existentes no município.
PALAVRAS-CHAVES: Câncer de colo uterino, Papanicolaou, Saúde da mulher.
ABSTRACT
Factors which contribute for not doing preventive exams for cervical cancer in
the city of Cianorte, Paraná, Brazil
Cervical Cancer represents the second most common cause of death of women in
Brazil. Cervical cancer has an incidence of about half million cases a year in the
world, especially in developing countries. This study aims at identifying possible
factors why women do not have routine pap smears for cervical cancer performed in
the city of Cianorte-Pr. The work is characterized by a survey study, out applied by
means of population inquiry. The research was performed in the city of Cianorte-Pr,
northwest of Paraná, Brazil. The sample totality 427 women. For the selection of
addresses and the interviews, the map of the city was obtained from the city hall.
The collection of data was performed by means of a questionnaire. For the selection
of interviewed women, the interviewer started the way in the first house of the first
street of the village, skipped two houses and interviewed the next one. In case of not
finding women in the age studied or a closed house, the next one was interviewed.
The research had the approval of the ethics committee of the Universidade Estadual
de Maringá (COPEP). Results obtained: women in the 40s, menstruated at the age
of 13, initiated the sexual life at an average age of 19, don’t smoke, are married,
have a regular partner, 40,98% incomplete elementary school, had two or three
children born in normal or cesarean birth, do not use condoms and most of them
affirmed not having had a sexually transmitted disease (STD) in the last ten years. Of
the women who reported to have had some STD, the most cited was HPV. As for
gynecological infections, 64% had already presented this problem, but did not need
cauterization and 54% had never had any kind of cancer in the family. As for
contraceptive methods, 56% of women did not use any and among women who used
them, the methods were pills and surgery. About the preventive examinations, 92%
had already had them performed. Of those, 73% reported to have felt no pain in the
procedure and 48,84% had some difficulty during its performance. Just 8% had
never been submitted to the exam, 30% percent do not do it regularly and 53% do it
annually. Of the women who do it, 72,26% do it because of their own will. The main
reason for not doing it was for comodity, followed by fear or shame. Women who had
children had the exam done more often. Among the difficulties found for the
performing of the exam, women who make use of public health service had more
difficulty. Married women do it more than single women and, because they have
regular partners, don’t think condoms are necessary. As a conclusion, it was
possible to notice that many of the interviewed women perform the preventive exam
in private clinics or do not do it regularly, which may explain the low municipal cover
of the Program of Prevention of Gynecological Cancer. As a solution we suggest
campaigns for making people aware of its importance and different times of
collection.
Keywords: cervical cancer, Pap smears, woman health
RESUMÉN
FACTORES QUE CONTRIBUYEN PARA LA NO REALIZACIÓN DEL EXAMEN DE
PREVENCIÓN DEL CÁNCER CÉRVICO UTERINO, EN EL MUNICÍPIO DE
CIANORTE
El cáncer de cuelo uterino representa la segunda causa de muerte del sexo
femenino en Brasil. La neoplasia cervical posee una incidencia en todo el mundo,
con casi medio millón de casos por año, principalmente en países en desarrollo.
Este estudio tiene como objetivo, identificar los posibles factores de la no realización
del examen citopatológico rutina de cuelo uterino de las mulheres de Cianorte-Pr. El
trabajo se caracteriza por un estudio survey, aplicado por medio de encuesta
populacional. La encuesta fue desarrollada en el Município de Cianorte-Pr, región
noroeste de Paraná. La muestra con con 427 mujeres. Para selección de
direcciones y realización de las encuestas, fue solicitado a la Alcaldia el mapa del
município. La colecta de datos se realizó por medio de cuestionario. Para la
selección de las mujeres entrevistadas, la entrevistadora empezaba el percurso en
la primera casa de la primera calle del barrio, pasaba dos casas y entrevistaba la
próxima; en el caso de no encontrarse mujeres en la edad estudiada o la casa estar
cerrada, se iba a la casa siguiente. La encuesta fue aprovada por el “Comité de
Ética” de UEM (COPEP). Resultados obtenidos: mujeres de 40 años, menstruaron a
los 13 años de edad, empezaron la vida sexual en média a los 19 años, no fuman,
son casadas, tienen un compañero fijo, 40,98% poseen enseñanza sica
incompleta, tuvieron dos o tres hijos, de partos normales o cesarianas, no utilizan
preservativo y la mayoria dice no haber tenido Enfermidades Sexualmente
Transmisibles en los últimos diez años. De las mujeres que relataron haber tenido
alguna Enfermidad Sexualmente Transmisible, la s citada fue el HPV. Cuanto a
infecciones ginecológicas, 64% ya presentaron estas patologias, mas no necesitaron
cauterización y 54% no tuvieron ningún tipo de cáncer en la família. Cuanto al
método de anticoncepción, 56% de mujeres dijeron no utilizar ninguno y entre las
mujeres que lo utilizan, los métodos de preferencia son el anticoncepcional
hormonal y la laqueadura. Cuanto al examen preventivo, 92% ya lo realizaron siendo
que 73% no sienten dolor en la colecta y 46,84% presentan alguna dificultad para
su realización. Solamente 8% nunca realizaron el preventivo, 30% no tienen rutina
en la colecta y 53% realizan el Papanicolaou a cada o. De las mujeres que
realizan el examen preventivo 72,26% lo hacen por voluntad própia. La causa
principal para la no realización del examen fue falta de voluntad, seguido del miedo
y vergüenza. Las mujeres que tenian hijos realizaban con más frecuencia el
examen. Dentre las dificultades encontradas para la realización del examen, las
mujeres que lo realizan en los puestos médicos presentan más dificultades. Las
mujeres casadas hacen más exámenes preventivos que las solteras y, por tener un
compañero fijo, no creen que se necesite utilizar preservativo. Como conclusión,
verificamos que muchas mujeres entrevistadas realizan el examen preventivo en
consultórios particulares, o no presentan rutina en la colecta, lo que puede explicar
la baja cobertura municipal del Programa de Prevención de Cáncer Ginecológico.
Para solucionar este problema sugerimos campañas de conscientización y colecta
en horários distintos de los que ya existen en el município.
PALAVRAS-CLAVE: Cáncer de cuelo uterino, Papanicolaou, Salud de la mujer.
LISTA DE FIGURAS
Figura 01. Sistema reprodutor feminino ...............................................................16
Figura 02. Epitélio do colo do útero normal .........................................................17
Figura 03. Estadiamento do Câncer de colo uterino............................................18
Figura 04. Estadiamento do câncer NIC I, NIC II e NIC III ....................................18
Figura 05. Esfregaço vaginal (A- células escamosas; B- NIC I; C- NIC II; D- NIC
III).............................................................................................................19
Figura 06. Mapa Distrito de Vidigal, São Lourenço e Cidade de Cianorte .........25
Figura 07. Percentagem de mulheres entrevistadas em cada bairro. Cianorte,
Pr, 2007...................................................................................................32
Figura 8. Box plot da variável idade. Cianorte, Pr, 2007......................................33
Figura 9. Box plot da variável idade da menarca. Cianorte, Pr, 2007.................36
Figura 10. Box plot da variável idade da primeira relação sexual. Cianorte, Pr,
2007. ........................................................................................................38
Figura 11. Percentual de mulheres fumantes. Cianorte, Pr, 2007.......................39
Figura 12. Percentual da variável parceiro fixo. Cianorte, Pr, 2007....................40
Figura 13. Uso de camisinha entre as pacientes. Cianorte, Pr, 2007 .................43
Figura 14. Presença de DST´s nas mulheres nos últimos 10 anos. Cianorte, Pr,
2007 .........................................................................................................47
Figura 15. Freqüência das doenças apresentadas por mulheres que
declararam ter tido alguma DST nos últimos 10 anos, Cianorte, Pr,
2007. ........................................................................................................48
Figura 16. Presença de infecção nas mulheres. Cianorte, Pr, 2007 ...................49
Figura 17. Pacientes que realizaram ou não cauterização. Cianorte, Pr, 2007.50
Figura 18. Presença ou não de casos de câncer na família. Cianorte, Pr, 2007.
.................................................................................................................52
Figura 19. Freqüência de mulheres que alegam sentir dor durante o preventivo.
Cianorte, Pr, 2007...................................................................................54
Figura 20. Motivos apresentados para não realizar o exame preventivo.
Cianorte, Pr, 2007...................................................................................55
Figura 21. Periodicidade da realização do exame preventivo citado pelas
pacientes. Cianorte, Pr, 2007 ................................................................58
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Distribuição do número e porcentagem das mulheres, segundo faixa
etária. Cianorte, Pr, 2007 .......................................................................32
Tabela 2. Distribuição do número e porcentagem das mulheres, segundo
situação conjugal. Cianorte, Pr, 2007...................................................34
Tabela 3. Distribuição do número e porcentagem das mulheres, segundo grau
de escolaridade. Cianorte, Pr, 2007......................................................34
Tabela 4. Distribuição do número e porcentagem das mulheres, segundo idade
da menarca, Cianorte, Pr, 2007.............................................................35
Tabela 5. Distribuição do número e porcentagem das mulheres, segundo Idade
da primeira relação sexual. Cianorte, Pr, 2007....................................37
Tabela 6. Número de parceiros nos últimos 12 meses das mulheres de
Cianorte, Pr, 2007...................................................................................41
Tabela 7. Métodos contraceptivos utilizados pelas mulheres. Cianorte, Pr,
2007. ........................................................................................................41
Tabela 8. Uso de camisinha e parceiro fixo. Cianorte, Pr, 2007..........................44
Tabela 9. Uso de camisinha e situação conjugal. Cianorte, Pr, 2007.................44
Tabela 10. Método anticoncepcional e número de partos. Cianorte, Pr, 2007 ..45
Tabela 11. Freqüência do número de partos por mulher. Cianorte, Pr, 2007 ....46
Tabela 12. Freqüência do tipo de parto realizado pelas entrevistadas. Cianorte,
Pr, 2007....................................................................................................46
Tabela 13. Freqüência de infecção e presença de DST nos últimos 10 anos.
Cianorte, Pr, 2007...................................................................................48
Tabela 14. Cauterização e câncer na família. Cianorte, Pr, 2007........................50
Tabela 15. Freqüência de mulheres que realizaram o exame preventivo.
Cianorte, Pr, 2007...................................................................................52
Tabela 16. Freqüência das mulheres que sentem ou não dificuldade durante o
exame preventivo. Cianorte, Pr, 2007...................................................54
Tabela 17. Motivos para realização do exame preventivo. Cianorte, Pr, 2007...57
Tabela 18. Número de partos e realização do exame preventivo. Cianorte, Pr,
2007 .........................................................................................................59
Tabela 19. Dificuldade na realização do preventivo e local de realização.
Cianorte, Pr, 2007...................................................................................60
Tabela 20. Local de realização do exame e dor durante a realização do exame.
Cianorte, Pr, 2007...................................................................................61
Tabela 21. Uso de camisinha e realização do exame preventivo. Cianorte, PR,
2007. ........................................................................................................61
Tabela 22. Exame preventivo e situação conjugal. Cianorte, Pr, 2007...............62
Tabela 23. Bairros onde residem as entrevistadas e o local de realização do
exame. Cianorte, Pr, 2007......................................................................63
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................11
2 REvisão da literatura....................................................................................16
3 OBJETIVOS...................................................................................................22
3.1 Geral ..............................................................................................................22
3.2 Específicos....................................................................................................22
4 MATERIAL E MÉTODO .................................................................................23
4.1 Tipo do estudo..............................................................................................23
4.2 População alvo .............................................................................................23
4.3 Local de realização.......................................................................................23
4.4 Amostra .........................................................................................................24
4.5 Divisão do município....................................................................................24
4.6 Seleção dos bairros endereços...................................................................27
4.7 Questionário..................................................................................................27
4.8 Seleção das entrevistadoras .......................................................................27
4.9 Validação do questionário...........................................................................28
4.10 Percurso........................................................................................................28
4.11 Seleção das mulheres..................................................................................28
4.12 Alise estatística ........................................................................................29
4.13 Comitê de ética .............................................................................................29
4.14 Variáveis de estudo......................................................................................29
4.15 Rotina dos postos de coleta........................................................................30
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................................31
5.1 Caracterização dos Bairros .........................................................................31
5.2 Caracterização da amostra..........................................................................32
5.3 Risco para câncer colo uterino / antecedentes familiares de câncer:.....39
5.4 Realização do exame citopatológico do colo uterino:..............................52
6 CONCLUSÃO.................................................................................................64
7 Fatos que chamaram a atenção durante a pesquisa.................................67
8 SUGESTÃO PARA A MELHORIA DO ATENDIMENTO................................69
REFERÊNCIAS.........................................................................................................71
ANEXO 1 - questionário..........................................................................................79
ANEXO 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ..................84
1 INTRODUÇÃO
O câncer de colo uterino representa a segunda causa de morte
entre as mulheres em todo o mundo, sendo superado somente pelas doenças
cardiovasculares. O câncer de mama, assim como o de útero, é responsável por
quase um terço das mortes em todo o país (HACKENHAAR, CESAR, DOMINGUES,
2006).
Segundo Franco, Duarte-Franco e Ferenczy (2001) a neoplasia
cervical possui uma incidência em todo o mundo com cerca de meio milhão de
casos por ano, principalmente em países em desenvolvimento, especialmente na
América Latina, sendo o Brasil considerado pela Organização Mundial da Saúde
(OMS) um país de alto risco para o carcinoma cervical.
Nas décadas de 80 e 90, houve uma discreta diminuição da
mortalidade (0,61%) por câncer de colo uterino (BRASIL, 2006). Segundo a OMS
diagnostica-se a cada ano 470.000 casos de câncer do colo uterino no mundo todo.
Destes, 230.000 evoluem para o óbito sendo que 80% ocorrem em países em
desenvolvimento. Portanto, a neoplasia cervical permanece como um dos mais
importantes e danosos cânceres (PARKIN et al, 2001; PISANI et al, 1999).
Os principais fatores prédisponentes para o câncer cérvico uterino
são: início precoce da atividade sexual, multiparidade, multiplicidade de parceiros
sexuais, doenças sexualmente transmissíveis, infecção pelo papiloma vírus humano
(HPV), tabagismo, falta de vitaminas A e C e uso de contraceptivo oral (BOUNDY et
al, 2004; PARANÁ, 2002).
O câncer cervical é uma doença passível de prevenção que pode
ser efetuada através da erradicação do HPV ou da detecção e tratamento das
lesões precursoras (WARNER, PARSONS, 1996). Importante para a prevenção do
HPV é a utilização de preservativo. Com a prática do sexo seguro o risco de
contágio diminui (INCA, 2007). Outra forma preventiva é a vacina contra o HPV que
é altamente imunogênica. A vacina bivalente (que protege contra os tipos 16 e 18)
apresenta eficácia em 91,6% em casos de infecção incidental e 100% em infecções
persistentes. A vacina quadrivalente (que protege contra os tipos 6,11616 e 18) tem
apresentado redução da incidência de infecções pelo HPV (NADAL; MANZONE,
2006). Estas vacinas devem ser administradas antes do primeiro contato sexual.
12
Mesmo com resultados expressivos, as vacinas ainda estão com custo elevado, não
estando acessível à população (LINHARES; VILLA, 2006).
Alguns tipos de HPV são considerados o agente etiológico mais
importante envolvido na patogenia do câncer cervical. O HPV tem sido
responsabilizado pelo desenvolvimento de malignidade comprometendo, na mulher,
o períneo, vulva, vagina, colo do útero e região anal; no homem, infectam nis,
uretra, saco escrotal e região anal (SANTOS et al, 2002; LINDEL et al, 2001).
Um marco histórico importante no conhecimento do câncer de colo
uterino foi o estudo de Papanicolaou (Traut, 1943 apud Chong, 1990), que mostrou
ser possível detectar células neoplásicas mediante o esfregaço vaginal. Assim, o
exame Papanicolaou passou a ser utilizado em diversos países para o rastreamento
populacional, e para detecção precoce do câncer de colo uterino.
Segundo Murta et al (1999), a prevenção do câncer de colo uterino é
proporcional à diminuição de sua incidência por meio da coleta do exame de
Papanicolaou em programas permanentes de prevenção.
Realizando o exame Papanicolaou periodicamente, a mulher
consegue fazer a detecção precoce das lesões devido à fase pré-clínica longa e
a expectativa da identificação de lesões que o foram identificadas em exames
anteriores, o que é uma segurança maior para a cliente (MARTINS; THULER;
VALENTE, 2005).
Considerando a elevada ocorrência deste tipo de câncer e
dependendo do estágio em que é detectado, do seu elevado potencial de cura a um
custo aceitável pelos serviços da saúde, é licito destacar a importância de exames
periódicos como estratégia para a redução da mortalidade por esta causa
(HERRERO et al, 1990; ROBLES et al, 1996; SANKARANARAYANAN et al, 2001;
DRAIN et al, 2002).
O maior número de casos diagnosticados de câncer de colo uterino
está na faixa etária de 40 anos e as lesões encontradas são com estadiamento
avançado (MURTA et al 1999).
Segundo Bittencourt, Scaletzky e Boehi (2004), 70% dos casos
diagnosticados de câncer terão que realizar quimioterapia e 60% será necessário o
tratamento de radioterapia, o que representa um gasto elevado para o Estado.
Portanto, a detecção e tratamento das lesões precursoras
constituem um método viável e eficaz na prevenção do câncer de colo uterino.
13
Entretanto, para que o diagnóstico precoce seja realizado com êxito, o
necessários programas de rastreamento organizados. Os programas que tentam
incluir todas as mulheres através de convites objetivos e personalizados mostram-se
mais eficientes do que aqueles em que os controles são realizados por demanda
espontânea (SIGURDSON, 1993). A maioria deles baseia-se na aplicação do exame
de Papanicolaou ou citologia espontânea (MANDELBLATT et al, 2002; FRANCO,
1997;). A proposta destes programas inclui diagnosticar e tratar lesões precursoras
de câncer cervical, prevenindo a progressão para a forma invasora (IARC, 1995).
Mesmo com a ampliação do programa de prevenção ao ncer de
colo uterino, a incidência continua alta e o número de mortes vem aumentando no
Brasil. A taxa de mortalidade aumentou 34% de 1979 para 2002 (INCA, 2002).
Os obstáculos ao estabelecimento dos programas são muito
grandes, incluindo custos, processos educativos e interesses políticos (MILLER et
al, 1986). O objetivo do programa é diminuir a incidência e mortalidade por câncer
de colo de útero, através da ampliação do acesso das mulheres ao exame de
Papanicolaou, priorizando as de maior risco e garantindo diagnóstico, tratamento e
seguimento adequado (BRASIL, 2005).
A Organização Mundial da Saúde coloca como meta mínima para a
realização do exame preventivo de câncer 80% das mulheres, enquanto que o
Ministério da Saúde coloca apenas de 70% (BRASIL, 2006).
No Brasil, estima-se que em 2006 tenham sido diagnosticados
19.260 casos novos de câncer de colo uterino. Se excluirmos o câncer de pele o
melanoma, o câncer de colo uterino é o de maior incidência na região Norte e o
segundo nas regiões Sul, Centro-Oeste e Nordeste. Estes dados levam a entender
que o diagnóstico e o tratamento do câncer de colo uterino é cil e acessível e,
assim mesmo, a incidência e a mortalidade por esta doença ainda é elevada. A
incidência de câncer de colo de útero no Paraná em 2006 (taxa bruta) foi de 27,52
por 100.000 mulheres (INCA, 2007).
Em 1997, o Estado do Paraná implantou o Programa Estadual de
Prevenção e Controle do Câncer Ginecológico que visa rastrear o câncer em todo o
Estado (PARANÁ, 2002).
A Secretaria Regional de Saúde de Cianorte/Programa de
Prevenção do Câncer Ginecológico (2006) estabeleceu como meta para o ano de
2005 a realização de 11.520 exames de Papanicolaou no município, ou seja, 960
exames/mês em mulheres na faixa etária de 25 a 59 anos, porém, foram realizados
14
4.187 exames no total, o que inclui todas as mulheres acima de 12 anos de idade
que fizeram o preventivo de ncer no município. Durante o ano de 2005, em
nenhum mês foi registrado o cumprimento da meta estipulada de exames, mesmo
em outubro quando houve uma mobilização e incremento da coleta. Esta estratégia
é recomendada por Pelloso e Carvalho (2000), pois verificaram que as campanhas
constantes de divulgação e orientação sobre o câncer cérvico uterino apresentam
resultados evidentes.
No ano de 2006, o Ministério da Saúde estimou para Cianorte a
coleta de 70% da população de 25 a 59 anos, perfazendo uma média mensal de
852 exames, em um total de 10.214 exames/ano (PARANÁ, 2006). Em 2006, o
município realizou 1.879 (36,75%) exames no primeiro semestre do ano, ficando
bem abaixo da meta mensal.
Dados da 13ª Regional de Saúde de Cianorte (13ª RS) mostram que
em 2005 a cobertura de exames também foi baixa. A 13ª RS tinha a meta de colher
20.168 exames (70% da população na faixa etária de 25 a 59 anos) e colheu
apenas 39,9%. No primeiro semestre de 2006, atingiu 15,5% de sua meta para o
ano, o que leva a crer que os dados ficarão parecidos com os obtidos em 2005
(PARANÁ, 2006).
Ao compararmos o número de coletas realizadas no município e a
previsão de exames para o ano, notamos a dificuldade do município em atingir as
metas estabelecidas pelo programa. Para o rastreamento do câncer cérvico uterino,
a OMS preconiza que o preventivo de câncer realizado pela rede pública atenda
85% das mulheres na faixa etária de risco para o câncer. No Brasil, o Ministério da
Saúde preconiza 80%, considerando que os 20% restantes procurem atendimento
particular. O município de Cianorte atingiu, com a estratégia acima, apenas (39,9%)
das mulheres na idade de maior risco do programa no ano de 2005 (PARANÁ,
2006).
A estimativa da população de Cianorte para o ano de 2006 era de
62.986 habitantes (IBGE, 2006). A população feminina estava estimada em 32.042
mulheres. Destas, 17763, na faixa etária de 20 a 59 anos (DATASUS, 2007). O
coeficiente de óbito por câncer de colo de útero foi de 5,56/100.000 habitantes em
2003. Entretanto, na 13
a
RS, no mesmo ano, o coeficiente de mortalidade por
câncer de colo de útero foi de 7,86/100.000 mulheres (PARANÁ, 2006).
Este estudo se justifica devido ao câncer cérvico uterino ser passível
de prevenção e, de acordo com os dados da Secretaria de Estado, as mulheres
15
atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) não estarem procurando o serviço.
2 REVISÃO DA LITERATURA
O câncer é considerado um conjunto de mais de 100 patologias que
comprometem os tecidos e órgãos no corpo humano alterando o crescimento celular
(BRASIL, 2002).
A característica principal do câncer é a divisão celular acelerada,
com crescimento desordenado levando, assim, à formação de tumores (INCA,
2007). As neoplasias se iniciam após uma hiperplasia, metaplasia ou uma displasia,
que podem ocorrer em qualquer tecido do organismo. A causa do crescimento
autônomo, ilimitado e não controlado das células ainda não é conhecida (LOPES
DE FARIA et al, 2003).
Os órgãos que compõem o aparelho reprodutor feminino são os
ovários, tubas uterinas, útero e vagina. O útero, maior órgão do sistema reprodutor
feminino, se localiza no abdome inferior, atrás da bexiga. É dividido em duas partes:
corpo e colo.
No câncer de colo uterino as células atingidas são aquelas da região
da ectocérvice e endocérvice, revestimento externo e interno do colo uterino
(BRASIL, 2006).
Figura 01. Sistema reprodutor feminino
Fonte: HERLIHY; MAEBIUS, 2002.
17
Com crescimento lento e imperceptível, o câncer de colo uterino
avança progressivamente, podendo evoluir de 10 a 20 anos, atingindo as células
intra- epiteliais e chegando a atingir um processo invasor. Podemos dividir este
estadiamento em três fases de Neoplasia Intra-Epitelial (NIC) I, II e III. NIC I são
consideradas as lesões de baixo grau (displasia leve), a diferenciação celular chega
a 1/3 proximal da membrana. NIC II são lesões de alto grau (displasia moderada),
as lesões evoluem para 2/3 proximais da membrana e NIC III são lesões de alto
grau com desordenação celular em todas as camadas (displasia grave e carcinoma
in situ), mas não chegam a romper a membrana basal. As lesões de alto grau (NIC
III) geralmente contêm o Papiloma Vírus Humano (HPV) (BRASIL,2006; RUBIN e
FARBER, 2002; CONTRAN, 2000).
O câncer de colo uterino geralmente se inicia com uma displasia de
revestimento que evolui. Essa situação é considerada displasia leve quando as
atipias celulares e a desorganização celular atingem até 1/3 das células epiteliais do
colo uterino. Quando atingirem 2/3 do epitélio é considerado um caso de displasia
grave. A evolução das displasias leva ao diagnóstico de carcinoma in situ
(alterações celulares são maiores que 2/3 do epitélio). O carcinoma invasor se
caracteriza com o rompimento da membrana basal nas células do epitélio, que se
tornam invasoras ao atingir o estroma subjacente. Assim, a evolução da displasia,
carcinoma in situ e carcinoma invasor, pode-se dizer que são a evolução de um
mesmo processo (LOPES DE FARIA et al, 2003).
Figura 02. Epitélio do colo do útero normal
Epitélio do colo do útero normal
Fonte: RAMOS, 2007.
18
Figura 03. Estadiamento do Câncer de colo uterino
Progressão do câncer
Início da modificação celular Reprodução das células anormais
Porção do colo uterino constituído
totalmente de células anormais
Invasão de células anormais no
organismo
Fonte: RAMOS, 2007.
Figura 04. Estadiamento do câncer NIC I, NIC II e NIC III
Fonte: CONTRAN et al, 2000.
19
Figura 05. Esfregaço vaginal (A- células escamosas; B- NIC I; C- NIC II; D- NIC
III)
Fonte: CONTRAN et al, 2000.
Toda mulher apresenta dois tipos de fatores ligados ao câncer de
colo uterino: os fatores protetores e os fatores de risco. Como fatores protetores
temos a atividade física e alimentação saudável. Associados ao risco, porém,
existem muitos fatores: HPV, baixa renda, multiparidade, multiplicidade de parceiros,
início precoce de atividade sexual (menos de 16 anos), tabagismo, uso de
contraceptivo oral e baixa ingestão de vitaminas A e C (BRASIL, 2006; BOUNDY et
al 2004; BRASIL, 2002; PARANÁ, 2002; CONTRAN, RAMZI, ROBBINS, 2000;
CONTRAN, KUMAR, COLLINS, 2000).
Os fatores protetores (alimentação e exercícios físicos) colaboram
mantendo a imunidade da mulher diminuindo, assim, o risco de desenvolver o
câncer de colo uterino. Hábitos saudáveis de alimentação podem reduzir em até
40% o risco de desenvolver o ncer. Dentre os hábitos saudáveis estão: diminuir
ingestão de gorduras, principalmente as de origem animal, introduzir e/ou aumentar
o consumo de fibras, minerais e vitaminas (BRASIL, 2006; BRASIL, 2002).
Dentre os fatores de risco para o ncer e colo uterino, o HPV é um
20
dos mais importantes, pois está presente em quase 100% dos casos diagnosticados
e estima-se que sua prevalência seja de 05 a 20% das mulheres sexualmente ativas
(BRASIL, 2002). A transmissão do HPV geralmente ocorre com o contato sexual
entre um portador do vírus e uma pessoa sadia sem a utilização de preservativo, o
que comprova a importância da educação da população em geral para o uso do
preservativo (SOUTO, FALHARI, CRUZ, 2005).
Estudos recentes, usando testes com a técnica de reação em
cadeia polimerase (PCR) de uma grande coleção de espécimes internacionais de
câncer cervical, demonstram a presença do DNA do HPV em mais de 99,7% dos
casos. Atualmente, está bem estabelecido que a infecção pelo HPV é o fator central
e causal do ncer do colo de útero (SOUTO et al, 2005; DELUCA et al, 2004;
FRANCO et al, 2001).
O HPV apresenta mais de 100 genótipos, dentre estes são
considerados de alto risco os tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59 e 68
devido sua associação às neoplasias intracelulares cervicais (NIC), câncer cervical e
seus precursores (FRANCO, 2001). Segundo Silva et al (2006), o Tipo HPV-16 foi
encontrado em 60% das pacientes diagnosticadas. Em todo o mundo, o HPV-16 e o
HPV-18 é identificado em 70% das lesões neoplásicas de alto grau e no câncer
cervical invasivo (NADAL; MANZONE, 2006). Além dos tipos 16 e 18 presentes em
quase todas as lesões, os tipos mais encontrados são: 31, 33 e 35. Estes cinco
tipos são considerados mais graves (RUBIN; FABER, 2002).
A multiparidade, multiplicidade de parceiros, início precoce de
atividade sexual e o uso de contraceptivo oral o considerados co-fatores de risco
por facilitar o contágio do vírus HPV (LEAL et al, 2003).
A utilização do tabaco faz com que a mulher apresente maior risco
de desenvolver algumas patologias, dentre elas: o câncer de colo de útero,
infertilidade e problemas ligados à menstruação (irregularidade menstrual,
dismenorréia e até mesmo menopausa precoce) (BRASIL, 2006).
Na fase inicial, o câncer de colo uterino não apresenta
sintomatologia. Quando estas aparecem, inicia-se com sangramento após o ato
sexual e sangramentos irregulares, isto é, sangramentos entre uma menstruação e
outra, ou, ainda, após a menopausa. Com a evolução da doença, estes
sangramentos tendem a piorar e vir acompanhados de dor forte, anemia e febre, o
que sugere que a doençaestá avançada. Pode ocorrer, ainda, secreção com odor
forte e emagrecimento. Em grau avançado, o câncer de colo uterino pode
21
apresentar metástase na bexiga e reto e neste estágio a paciente pode apresentar
eliminação de urina e fezes involuntariamente (BRASIL, 2006; BOUNDY, 2004;
NETTINA, 2003).
O diagnóstico precoce é feito pelo exame de Papanicolaou,
preferencialmente uma vez ao ano realizado tanto em serviços privados como na
rede pública. Com o rastreamento citológico positivo a mulher é encaminhada para a
colposcopia e biópsia. Confirmando a positividade das lesões os próximos passos
no tratamento são: a cirurgia que pode ser por conização, histerectomia,
ooforectomia, entre outras, e a radioterapia e/ou a quimioterapia (BRASIL, 2006;
BOUNDY, 2004; NETTINA, 2003).
O câncer de colo uterino apresenta um potencial de cura perto de
100%, desde que seu diagnóstico aconteça no início da doença e o tratamento
realizado corretamente (BRASIL, 2002).
A prevenção primária do câncer de colo de útero compreende:
utilizar preservativo (sexo seguro), combater as deficiências nutricionais, diminuir a
utilização e/ou o contato com o tabaco, diminuir a ingestão de álcool, e realizar
atividades físicas regularmente (BRASIL, 2006; INCA, 2002).
Associado à prevenção primária, outras formas de prevenção
que são o rastreamento pelo preventivo e a imunização (NADAL, 2006).
O rastreamento do câncer de colo uterino foi implantado no Brasil há
vários anos e, em 1998, o programa foi reestruturado e é a principal estratégia para
a detecção precoce desta doença. Segundo recomendação do programa de
prevenção do ncer do colo uterino, para todas as mulheres, após dois exames
consecutivos negativos, a coleta pode ser realizada a cada três anos (BRASIL,
2006).
A vacina tem se mostrado de grande eficácia na proteção contra o
HPV e deve ser administrada antes da primeira relação sexual. Deveria ser
administrada em todos os adolescentes e crianças. A dificuldade hoje em relação à
vacina é que seu custo ainda é muito alto, o que impede o acesso da população
(LINHARES; VILLA, 2006).
22
3 OBJETIVOS
3.1 Geral
Analisar os fatores que influenciam a mulher à não realização do
exame citopatológico do colo uterino de rotina em município do noroeste do Paraná.
3.2 Específicos
- Caracterizar as mulheres do município de Cianorte/PR segundo as
variáveis: faixa etária, escolaridade, situação cio econômica, situação conjugal,
história obstétrica;
- Levantar os antecedentes familiares e os fatores de risco para o
câncer de colo de útero;
- Descrever os motivos associados à não realização do exame
citopatológico do colo uterino.
4 MATERIAL E MÉTODO
4.1 Tipo do estudo
O trabalho caracteriza-se por um estudo survey, aplicado por meio de
inquérito populacional.
4.2 População alvo
A população alvo deste estudo foi composta por mulheres com idade
entre 20 a 59 anos, excluindo mulheres com idade inferior a 20 anos e as que nunca
tiveram relação sexual. A faixa etária estudada foi selecionada de acordo com
outras pesquisas que estudaram os fatores associados à realização e a não
realização do exame Papanicolaou e o conhecimento sobre as práticas do exame
citopatológico em outras partes do Brasil (AMORIM, et al, 2006; HACKENHAAR et
al, 2006; SILVA et al, 2006; BRENNA, et al 2001; CESAR, et al, 2003). Ressalta-se
que esta é a mesma faixa etária recomendada pelo Programa de Prevenção do
Câncer Ginecológico, que fundamenta a nossa opção por mulheres nessa fase de
vida (PARANÁ, 2002).
4.3 Local de realização
A pesquisa foi desenvolvida no Município de Cianorte - PR, cidade
fundada em 1953, localizada na região noroeste do Paraná.
A população divulgada para Cianorte, pelo censo de 2000 do IBGE, foi
de 57.401 habitantes, com projeção para 2006 de 62.986 habitantes (IBGE, 2007).
A estimativa de mulheres na idade entre 20 e 59 anos, faixa etária da população
alvo deste estudo, residentes na cidade de Cianorte - PR, pela projeção do último
Censo para o ano de 2006 foi de 17.763 mulheres (DATASUS, 2007).
O Município de Cianorte faz parte da 13ª Regional de Saúde e a
Secretaria Municipal de Saúde compõe-se de 9 Unidades Básicas de Saúde e um
24
Pronto Atendimento.
4.4 Amostra
Para o cálculo da amostra foi utilizado o Programa Estatístico
Statdisk V8.4, com intervalo de confiança de 95% e erro padrão de 5%. A amostra
calculada foi de 376 mulheres. Porém, foi acrescido 13,5% para possíveis perdas e
recusas, que, conforme bibliografia examinada esta porcentagem em trabalhos
semelhantes variam de 10 a 20% (HACHENHAAR et al 2006; AMORIN et al, 2006).
Portanto, a amostra totalizou 427 mulheres residentes no município.
4.5 Divisão do município
Para a seleção dos bairros e endereços das entrevistas, foram
contemplados a zona urbana de Cianorte e os dois distritos, Vidigal e São Lourenço.
Foi solicitada à Prefeitura, a lista de bairros existentes no município
e o número de residências em cada bairro. Foram solicitados, ainda, os mapas das
áreas de abrangência da Cidade de Cianorte e dos Distritos de Vidigal e São
Lourenço.
O mapa geral foi dividido, agregando os bairros mais próximos,
totalizando 10 regiões denominadas pelo bairro mais populoso do conjunto
agregado: Zona 1, Zona 2, Zona 3, Zona 4, Zona 6, Zona 7, Zona 8, Conjuntos
Novos, Vidigal e São Lourenço.
25
Figura 06. Mapa Distrito de Vidigal, São Lourenço e Cidade de Cianorte
26
Mapa da Cidade de Cianorte
Fonte: Prefeitura do Município de Cianorte, Setor de Engenharia.
CIANORTE
27
Em cada região, foi somado o número de residências e aplicado a
fórmula abaixo para descobrir o número de entrevistas por região.
de residências da região
Nº de entrevistas por região = ------------------------------------------------- x amostra
Total de residências
4.6 Seleção dos bairros endereços
Foram selecionadas ruas e avenidas de cada região e endereços
quanto foram necessários para completar o número desejado de entrevistas,
iniciando sempre pela primeira rua do bairro.
4.7 Questionário
Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário elaborado de
modo a facilitar o trabalho da entrevistadora e ajudar a entrevistada a fornecer as
informações necessárias, de forma objetiva e precisa (Anexo 1).
O questionário consta de cinco seções:
Seção 1: Caracterização da entrevistada (Indicadores demográficos,
sócio-econômicos e clinico - ginecológicos)
Seção 2: Caracterização dos fatores de risco
Seção 3: Métodos contraceptivos
Seção 4: Exames preventivos e motivos para a não realização
Seção 5: Indicadores do nível de satisfação
Quase todas as perguntas foram pré-codificadas, mas algumas
exigiram respostas textuais, e estas foram agrupadas e codificadas para digitação.
4.8 Seleção das entrevistadoras
A coleta de dados foi realizada por sete entrevistadoras que foram
28
selecionadas no Curso de Enfermagem da UNIPAR de Cianorte. Para participar, a
candidata deveria ser mulher, ter disponibilidade de horário (ao menos 20 horas
semanais). As acadêmicas selecionadas foram treinadas em relação ao conteúdo
teórico da pesquisa e, também, aos procedimentos de coleta de dados.
4.9 Validação do questionário
O questionário foi validado em uma pesquisa realizada em um
Shopping de Cianorte. Foi entregue as mulheres trabalhadoras do Shopping, e 116
mulheres responderam o mesmo e devolveram a pesquisadora. Resultou no artigo
publicado na revista de Enfermagem da UEM, do Congresso Internacional do CCS
– UEM.
4.10 Percurso
A pesquisadora começava o seu percurso no primeiro endereço do
mapa e continuava percorrendo a rua limite. Seguia em frente, andando pela
calçada de seu lado esquerdo. Ao precisar virar, sempre que possível, o fazia à
direita. Quando não era possível virar à direita, recomeçava em outro ponto ainda
não visitado da região. Não entrevistava os dois lados de uma mesma rua. Se não
houvesse ninguém em casa, passava para o número subseqüente.
4.11 Seleção das mulheres
Em cada região, entrevistava a primeira mulher da rua, depois
pulava duas casas e entrevistava a moradora da casa seguinte, prosseguindo desta
forma a obter o número de entrevistas definido por região. Se a mulher
selecionada não pudesse ser entrevistada por qualquer razão (doença, ausência
prolongada, recusa em participar, etc.), continuava o processo de seleção, pulando
as duas casas subseqüentes e entrevistava a moradora da moradia seguinte.
29
4.12 Alise estatística
Os dados foram processados e submetidos a estudo estatístico
utilizando-se o software SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão
12.0. Foi montada uma base de dados a partir das informações coletados pelas
entrevistadoras. Para verificar se existiam relações interessantes entre as variáveis
apresentadas no banco de dados do trabalho, realizaram testes qui-quadrado ou
exato de Fisher, quando necessário.
T
ESTE
Q
UI
-Q
UADRADO E
T
ESTE
E
XACTO DE
F
ISHER
H
0
:
N
ÃO EXISTE ASSOCIAÇÃO ENTRE AS VARIÁVEIS
H
1
:
E
XISTE ASSOCIAÇÃO
O qui-quadrado é utilizado para aceitar ou rejeitar uma amostra,
mede a probabilidade das diferenças encontradas na amostra serem devidas ao
acaso, partindo do pressuposto que, na verdade, não diferenças entre os dois
grupos na população de onde provêm. Se a probabilidade for alta poderemos
concluir que não diferenças estatisticamente significativas. Se a probabilidade for
baixa (particularmente menor que 5%) poderemos concluir que existe diferença
estatisticamente significativa.
No entanto, o Qui-quadrado tem limitações, devendo ser substituído
pela prova exata de Fisher quando os valores esperados nas células da tabela são
inferiores a 5 (VIEIRA, 1980).
4.13 Comitê de ética
O trabalho de campo foi realizado em abril, maio e junho de 2007,
após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da UEM
(COPEP), parecer 095/2007, de acordo com a Resolução 196/96 e
complementares do CNS/MS na 131ª reunião em 13/04/2007.
4.14 Variáveis de estudo
- Sócio – econômicas e demográficas;
30
- Exame Papanicolaou de rotina;
- Fatores de risco para o câncer;
- Antecedentes ginecológico / obstétrico.
4.15 Rotina dos postos de coleta
No município de Cianorte temos clinicas particulares de ginecologia
onde as mulheres podem realizar a coleta do preventivo durante as consultas
médica, nestes casos são os médicos ginecologistas que realizam o procedimento.
Na rede pública, a coleta do Papanicolaou é realizada por enfermeiras e auxiliares
de enfermagem. Em todos os postos de saúde é realizado o procedimento. O
programa não tem um protocolo único para a Secretaria de Saúde, em cada
unidade a equipe organiza e monta sua rotina de serviço. Nas unidades do PSF as
enfermeiras que realizam o procedimento de coleta do citopatológico e o exame de
mama, temos postos que colhem uma vez por semana, de quinze em quinze dias, e
uma vez ao mês. Na sede da Secretaria Municipal de Saúde (NIS II), no centro da
cidade de Cianorte, tem uma sala de coleta que funciona das 07:00 às 18:00 horas
sem intervalo, de segunda a sexta feira, onde auxiliares de enfermagem realizam o
exame.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Caracterização dos Bairros
O Município foi dividido em dez setores. Os bairros Zona 01, 03, 07
e 08 são os mais populosos. Os setores Zona 01 e Zona 02 o os bairros mais
ricos do município, onde residem famílias de classe média -alta e alta. Na Zona 01
está o centro comercial da cidade, bancos, prédios residenciais e comerciais. A
Zona 02 é um bairro basicamente residencial. A Zona 03, Zona 04 e Zona 06 são
bairros de classe média baixa. A Zona 03 também é conhecida como Vila Operária
por ser a característica principal dos moradores do bairro. Nestes bairros várias
creches e escolas, onde as crianças ficam para que seus pais possam trabalhar. A
Zona 07 é um bairro pobre, formado por vários conjuntos habitacionais. A Zona 08 é
um dos bairros mais novos, basicamente residencial, é conhecido como 06
conjuntos porque seu início foi com a abertura de seis conjuntos habitacionais, em
um projeto de ampliação da cidade. Hoje tem 2.226 residências e está dividido em
23 conjuntos. Os Conjuntos Novos são bairros loteados por construtoras e que
estão começando a ser habitados há pouco tempo (menos de 3 anos) e, ainda,
apresentam muitos terrenos desocupados. Vidigal e São Lourenço são dois distritos
do município com menos de 400 residências cada um e considerados bairros
pobres. A característica principal de São Lourenço é a presença de uma grande
empresa de farinha de mandioca e derivados. A maioria dos habitantes do distrito
trabalha nessa empresa, ou têm um familiar que trabalha nela, ou ainda trabalham
na zona rural plantando mandioca que vendem para a farinheira. Vidigal é o distrito
mais pobre e basicamente rural.
32
Figura 07. Percentagem de mulheres entrevistadas em cada bairro. Cianorte,
Pr, 2007
Zona 01
19%
Zona 04
7%
Zona 06
11%
Zona 07
15%
zona 08
14%
São
Lourenço
3%
Zona 03
15%
Zona 02
13%
Vidigal
2%
novos
1%
5.2 Caracterização da amostra
Tabela 1. Distribuição do número e porcentagem das mulheres, segundo faixa
etária. Cianorte, Pr, 2007
Idade n %
20I---25 45 10,5
25I---30 60 14,1
30I---35 44 10,3
35I---40 60 14,1
40I---45 66 15,5
45I---50 53 12,4
50l---55 63 14,7
55I---60 36 8,4
Total 427 100
Percebe-se pela Tabela 1 que a maior proporção de mulheres
entrevistadas encontra-se na faixa etária de 40 a 45 anos, seguida da faixa etária de
50 a 55 anos. A dia da variável idade é de aproximadamente 40 anos, assim
como a mediana; no entanto, a “moda” da idade das pacientes, ou seja, o valor que
mais aparece é de 50 anos de idade. A idade mínima encontrada foi de 20 anos e a
máxima de 59. A amostra apresenta pouca variabilidade, o que é consideravelmente
bom para este trabalho.
Por ser uma pesquisa realizada em faixa etária considerada de
rastreamento pelo Programa de Prevenção do Ministério da Saúde, muitos trabalhos
seguem o mesmo método, assim, os dados encontrados como nos mostram
33
Hachenhaar, César e Domingues (2006), em sua pesquisa que teve por foco a
realização e os fatores associados à não realização do exame citopatológico, a faixa
etária mais encontrada foi de 20 a 29 anos, seguida da faixa etária 50 a 59 anos, o
que mostra dados parecidos com este estudo, em que a segunda faixa etária mais
encontrada foi de 50 anos.
César et al (2003), em pesquisa no sul do Brasil, identificaram os
fatores associados à não-realização do exame preventivo de colo uterino.
Verificaram que 24% das mulheres entrevistadas estavam na faixa etária de 40 a
49 anos. A faixa etária mais encontrada por este autor está de acordo com os dados
encontrados em nossa pesquisa, mesmo tendo sua amostra abrangido a idade de
15 a 49 anos apenas.
Ao compararmos esta pesquisa com as outras encontradas,
podemos notar que a faixa etária predominante é semelhante, mas não igual. O
Município de Cianorte apresenta uma característica importante: por ser um pólo
confeccionista, as mulheres mais jovens, em sua grande maioria, trabalham na
fabricação ou venda do vestuário em horário comercial.
Figura 8. Box plot da variável idade. Cianorte, Pr, 2007.
Box Plot
Median = 40
25%-75%
= (31, 49)
Non-Outlier Range
= (20, 59)
Outliers
Extremes
Var1
Idade
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
34
O Box plot é importante para analisarmos a idade média das
mulheres estudadas. Ele nos mostra que a amostragem acima apresenta uma
população bem distribuída, simétrica, com quartis aproximadamente do mesmo
tamanho, sem a presença de fato não esperado (outliers) nem pontos extremos,
onde a mediana ou segundo quartil encontra-se aos 40 anos de idade (idade
média).
O fato de não ocorrer fato não esperado dá-se devido à amostra não
permitir a entrevista de mulheres com idade inferior a 20 anos e/ou com 60 e mais.
Tabela 2. Distribuição do número e porcentagem das mulheres, segundo
situação conjugal. Cianorte, Pr, 2007
Situação conjugal N %
Amasiada 30 7
Casada 290 67,9
Divorciada 31 7,2
Separada 13 3,1
Solteira 43 10,1
Viúva 20 4,7
Total 427 100
Com relação à situação conjugal a tabela acima mostra que a
maioria (67,9%) das mulheres são casadas, 10,1% solteiras, 7% amasiadas, 4,7%
viúvas e 3,1% separadas.
Tabela 3. Distribuição do número e porcentagem das mulheres, segundo grau
de escolaridade. Cianorte, Pr, 2007.
Escolaridade N %
Não alfabetizada 6 1,4
Ensino fundamental completo 61 14,3
Ensino fundamental incompleto 175 41
Ensino médio completo 92 21,5
Ensino médio incompleto 28 6,6
Graduação completa 45 10,5
Graduação incompleta 20 4,7
Total 427 100
Observa-se que 1,4% das entrevistadas o o alfabetizadas, 41%
35
possuem ensino fundamental incompleto, 14,3% possuem ensino fundamental
completo, 21,5% das possuem ensino médio completo e 6,6%. A maior parte, 41%,
apresentam baixa escolaridade, o que revela um achado importante, visto que na
bibliografia encontrada quanto mais baixa a escolaridade, maior é a chance de a
mulher não realizar o exame preventivo para o ncer de colo uterino
(HACKENHAAR et al, 2006; MARTINS et al, 2005; MOTTA et al, 2001; MURTA et
al, 1999).
Brenna et al (2001), ao estudarem o conhecimento, atitude e prática
quanto ao exame de preventivo do câncer de colo de útero em mulheres com esta
doença (câncer de colo uterino), encontraram dados que mostravam que as que
tinham maior escolaridade apresentavam maior conhecimento em relação ao exame
de Papanicolaou.
Tabela 4. Distribuição do número e porcentagem das mulheres, segundo idade
da menarca, Cianorte, Pr, 2007.
Idade n %
8l---12 78 18,3
12l---16 313 73,3
16 ou mais 22 5,1
não informou 14 3,3
Total 427 100
Percebemos, na tabela quatro, que 73,3% das mulheres
menstruaram na faixa etária entre 12 e 16 anos. Calculando a média, a mediana e a
moda encontram-se aproximadamente o mesmo valor, de 13 anos de idade. A idade
mínima encontrada foi de 08 anos e a máxima de 17. A variabilidade dos dados
encontrados neste caso foi consideravelmente baixa.
A idade referida da primeira menstruação nas mulheres
entrevistadas em Cianorte segue um padrão igual a do país, de acordo com a
bibliografia encontrada em trabalhos realizados em várias cidades do Brasil.
Petroski, Velho e De Bem (1999), em pesquisa no Município de Florianópolis,
caracterizam a maturação sexual através da idade de menarca e a satisfação com a
massa corporal. Observaram que a menarca, em dia, ocorria aos 12 anos de
idade com uma oscilação de 6,5 anos, o que corresponde a 18 anos e meio. Estas
informações corroboram com a pesquisa realizada em Cianorte onde a idade dia
36
foi de 13 anos e uma das entrevistadas apresentou a menarca aos 17 anos.
Os dados encontrados por Leal et al (2003), quando estudaram as
lesões precursoras do ncer de colo uterino também estão de acordo com os
achados neste estudo. Em sua pesquisa, a faixa etária mais encontrada para a
menarca foi de 13 -15 anos.
A pesquisa realizada em Cianorte e as bibliografias encontradas
mostram que a idade média da menarca apresenta variações, mas se detém na
faixa-etária de 12 e 13 anos.
Figura 9. Box plot da variável idade da menarca. Cianorte, Pr, 2007.
Box Plot
Median = 13
25%-75%
= (12, 14)
Non-Outlier Range
= (9, 17)
Outliers
Extremes
Var2
Idade da 1ª menstruação
6
8
10
12
14
16
18
Novamente encontra-se uma população simétrica, com parte
(quartis) de aproximadamente o mesmo tamanho, e um caso não esperado (outlier )
de 08 anos de idade.
Este dado nos mostra que as mulheres entrevistadas tiveram a
37
primeira menstruação, em média, aos 13 anos de idade. A faixa etária da primeira
menstruação variou de 09 a 17 anos. Apenas uma apresentou uma idade não
esperada, 08 anos o que estatisticamente é considerado um fato não esperado .
Tabela 5. Distribuição do número e porcentagem das mulheres, segundo Idade
da primeira relação sexual. Cianorte, Pr, 2007.
Idade n %
12l---16 49 11,5
16l---20 223 52,2
20l---24 103 24,2
24 ou mais 42 9,8
não informou 10 2,3
Total 427 100
A tabela cinco mostra que a maior parcela das mulheres
entrevistadas teve a primeira relação sexual na faixa etária entre 16 e 20 anos.
Quando calculamos a média da variável idade, o resultado é 19,03 anos, enquanto
a mediana e a moda encontram-se centradas em 18 anos; neste caso tem-se uma
maior variabilidade dos dados. A idade mínima encontrada foi de 12 anos e a
máxima foi de 36. As mulheres que moram em Cianorte estão iniciando sua vida
sexual antes dos 20 anos de idade.
Analisando os dados encontrados nesta pesquisa e comparando-os
com a bibliografia encontrada podemos dizer que as mulheres estão iniciando a vida
sexual antes dos 20 anos de idade como comprovam as pesquisas realizadas por
César et al (2003) que estudaram os fatores da não realização do preventivo no Rio
Grande, encontraram resultados que mostram que 70% das mulheres tinham tido
relações sexuais antes dos 20 anos.
O início da vida sexual precoce, menores de 20 anos (BRASIL,
2000; WEREBE, 1998; AQUINO, 1997), sugere que as mulheres m vários
parceiros durante a vida, aumentando assim o risco de contrair o HPV e desenvolver
o ncer de colo uterino como mostra a pesquisa realizada por Silva et al (2006),
quando estudaram a cobertura e fatores associados à não realização do exame
Papanicolaou no município de Londrina. Concluíram em seu estudo que as
mulheres que tiveram a primeira relação sexual na faixa etária entre 16 e 18 anos
apresentam menor risco de desenvolver Neoplasias em comparação com as que
38
iniciaram a atividade sexual na faixa etária entre 10 e 16 anos, devido a estarem
mais tempo em risco de contrair o HPV.
Murta et al (1999) analisaram a paridade, o início da vida sexual e
sua relação com o câncer de colo uterino. Descobriram que 59,2% das mulheres
com câncer de colo de útero estudadas iniciaram a vida sexual antes de completar
18 anos de idade.
Simão et al (2006), em pesquisa realizada em Belo Horizonte,
compararam as idades da primeira relação sexual, à primeira união e ao nascimento
do primeiro filho, concluíram que as mulheres mais jovens iniciam a vida sexual por
volta dos 18 anos e as mais velhas por volta dos 21 anos. Consideram que esta
alteração ocorre devido às mudanças socioculturais em nosso país nas últimas
décadas.
Figura 10. Box plot da variável idade da primeira relação sexual. Cianorte, Pr,
2007.
Box Plot
Median = 18
25%-75%
= (17, 21)
Non-Outlier Range
= (12, 27)
Outliers
Extremes
Var3
Idade da 1ª relação sexual
10
12
14
16
18
20
22
24
26
28
30
32
34
36
38
39
Neste caso encontra-se uma população assimétrica à direita, em
que a mediana localiza-se em 18 anos de idade. Observa-se também a presença de
4 outliers e 3 pontos extremos.
A idade da maioria das mulheres para a primeira relação sexual é de
18 anos. Na amostra da pesquisa encontramos 04 mulheres cujas idades foram
muito diferentes da média, 28, 29, 30 e 33 anos. Estes casos chamaram a nossa
atenção devido ao fato de serem pessoas muito recatadas e com muita vergonha de
abordar o assunto da pesquisa.
5.3 Risco para câncer colo uterino / antecedentes familiares de câncer:
Figura 11. Percentual de mulheres fumantes. Cianorte, Pr, 2007
o
86%
sim
14%
Observamos pela figura acima que 367 (86%) das mulheres
entrevistadas em Cianorte são não fumantes e apenas 60 (14%) são fumantes.
O tabagismo pode levar a mulher para a situação de
imunossupressão, elevando o risco para desenvolvimento do câncer, e,
conseqüentemente, o aumento do risco de morte prematura e limitações físicas por
doenças dos sistemas circulatório, cardíaco e respiratório (BRASIL, 2006; BRASIL,
2002).
Por ser o tabagismo considerado fator de risco para o câncer de
40
colo uterino, autores de pesquisas relacionadas ao câncer de colo uterino
apresentam a informação do número de fumantes. Brinton (1986, apud Aleixo
Neto,1991) mostra que o risco de desenvolver o câncer de colo uterino em mulheres
que fumam é de 1,5%. Essa proporção pode variar para mais ou para menos
conforme o número de cigarros fumados/dia.
Os dados apresentados por Amorim et al (2006) em seu estudo
sobre os fatores associados à não realização do exame de Papanicolaou no
município de Campinas mostram que, mesmo sendo um risco para a saúde da
mulher, 14% das entrevistadas em sua pesquisa eram fumantes, o que confere com
os dados encontrados em Cianorte.
Leal et al (2003) verificaram que 9,1% das mulheres entrevistadas
em sua pesquisa utilizavam o tabaco e, avaliando estatisticamente este dado, citam
o mesmo como significativamente associado à presença de lesões do colo uterino.
Figura 12. Percentual da variável parceiro fixo. Cianorte, PR., 2007
não
17%
sim
83%
Na figura 12 observamos alto número de mulheres com parceiro fixo: 354
(83%). Somente 73 mulheres (17%) alegaram não ter parceiro fixo.
41
Tabela 6. Número de parceiros nos últimos 12 meses das mulheres de
Cianorte, Pr, 2007.
Parceiro no último ano n %
Nenhum 44 10,3
Um 369 86,4
Dois 6 1,4
Três 3 0,7
Quatro ou mais 2 0,5
Não respondeu 3 0,7
Total 427 100
Os dados apresentados na tabela 6 e a figura 12 mostram que a
grande maioria das mulheres alega ter tido apenas um parceiro nos últimos 12
meses (86,4%), 10,3% das mulheres alegam não ter tido nenhum parceiro nos
últimos 12 meses e menos de 2% das mulheres alegam ter tido mais de dois
parceiros nos últimos 12 meses, um número relativamente pequeno. Leal et al
(2003) relataram que o risco de contrair o HPV é menor em mulheres que
apresentam parceiro fixo ou número reduzido de parceiros e esse fato diminui
também o risco de ncer de colo uterino, tendo em vista a constatação de que as
mulheres que tiveram um único parceiro apresentaram freqüência inferior de lesões
quando comparadas com as que tiveram dois ou mais. Esta informação é
confirmada também por Silva et al (2006) ao estudarem a cobertura e os fatores
associados à o realização do Papanicolaou em Londrina -Pr, onde verificaram
que o número de parceiros foi maior (de 2 a 3) no grupo das que apresentavam
casos confirmados de câncer.
Tabela 7. Métodos contraceptivos utilizados pelas mulheres. Cianorte, Pr,
2007.
Método contraceptivo n %
Nenhum 242 56,7
Camisinha 27 6,4
Camisinha e pílula 3 0,7
Camisinha e tabelinha 1 0,2
Coito interrompido 1 0,2
Dispositivo Intra Uterino (DIU) 1 0,2
Dispositivo Intra Uterino (DIU) e camisinha 1 0,2
Contraceptivo hormonal injetável (Injeção) 10 2,4
Laqueadura tubária 50 11,7
Contraceptivo hormonal oral (Pílula) 90 21,1
Tabelinha 1 0,2
Total 427 100
42
Mais da metade (56,7%) das entrevistadas o utiliza nenhum tipo
de método contraceptivo. Aproximadamente 6,4% das pacientes fazem uso de
camisinha, 21,1% utilizam anticoncepcional hormonal e 11,7% são laqueadas. Uma
(0,23%) delas, disse realizar o coito interrompido, outra diz utilizar o método da
tabelinha e 10 (2,4%) delas fazem o uso de contraceptivo hormonal injetável.
Os dados encontrados na pesquisa realizada em Cianorte são
inferiores aos encontrados por César et al (2003) em pesquisa semelhante, onde
relatam que 69% das mulheres utilizaram anticoncepcional oral e 19% eram
laqueadas.
Em nosso estudo, podemos observar que, entre as mulheres que
adotam algum método contraceptivo, a maior parte delas utiliza a pílula.
Segundo Souza et al (2006), o método anticonceptivo mais utilizado
na rede pública de saúde de Maringá - Pr é a pílula, onde 50,3% de suas
entrevistadas referiram este método, seguidos da laqueadura (32%) e do
preservativo (28,1%). A diferença constatada entre os dados encontrados por Souza
et al(2006) e os resultados obtidos no município de Cianorte é que a utilização do
preservativo é mais baixo entre as cianortenses, o que traz maior risco de contágio
do HIV. De acordo com Praça e Gualda (2003) que, ao estudarem o risco do HIV
em mulheres de uma favela, relataram que as mulheres confiavam em seus
companheiros e acreditavam que seriam avisadas por eles sobre algum risco como,
por exemplo, uma relação sexual extraconjugal desprotegida. Estas mulheres
respeitavam e acreditavam no comportamento responsável de seus companheiros.
As mulheres de Cianorte também acreditam em seus parceiros, quando afirmam
que não utilizam o preservativo porque são casadas e, por esse motivo, não acham
necessário. As campanhas e orientações direcionadas à população em massa são
importantes e necessárias no município. Alves et al (2002) analisaram fatores
psicossociais e a infecção por HIV em mulheres no município de Maringá e
constataram a necessidade de a mulher conhecer as formas de contágio e as
conseqüências da AIDS. Relatam ainda, as dificuldades de a mulher se posicionar
em relação a sua vida sexual e o julgamento dos conceitos de moral na sociedade
local, o que faz com que estas mulheres não acreditem nos riscos de contágio
devida sua honestidade, cuidado e fidelidade. Essas circunstâncias correspondem à
realidade semelhante verificada em Cianorte e registrada na figura 12.
43
Figura 13. Uso de camisinha entre as pacientes. Cianorte, Pr, 2007
não
79%
não informou
2%
sim
19%
A figura 13 mostra que 79% das mulheres o fazem uso da
camisinha para prevenção de DST, 19% delas alegam fazer o uso de camisinha e
2% não informaram.
Este dado chama a nossa atenção devido ao grande risco de
contrair DST, como o HPV que está presente em mais de 99% dos casos de ncer
de colo do útero (BRASIL, 2006; BRASIL, 2002; FRANCO, DUARTE-FRANCO, e
FERENCZY, 2001).
As mulheres entrevistadas alegavam o utilizar a camisinha por
serem casadas e, sendo assim, não necessitar desta prevenção, o que é um grave
erro, visto que o índice de mulheres casadas que contraem DST/HIV vem
aumentando em nosso país. Dados do Ministério da Saúde, Programa DST- AIDS
(2007) mostram que a incidência da AIDS entre as mulheres no Brasil, nos anos de
1996 a 2005, passou de 6,0 para 17,3.
Além do risco de DST, a prática sexual sem preservativo traz outros
riscos para a saúde da mulher como relata Silva (2006) apud Danaei et al (2005)
mostra que a prática sexual sem preservativo é responsável por 100% das mortes
por câncer de colo uterino no mundo todo, visto que todas as mulheres que tiveram
diagnóstico de câncer de colo uterino apresentavam também o vírus do HPV que é
transmitido sexualmente (BRASIL, 2006; BOUNDY, 2004).
44
Tabela 8. Uso de camisinha e parceiro fixo. Cianorte, Pr, 2007.
Camisinha
Parceiro fixo não sim Total
Não 45 (10,7%) 20 (4,8%) 65 (15,5%)
Sim 291(69,4%) 63 (15,03%) 354 (84,5%)
Total 336 (80,2%) 83 (19,80%) 419 (100%)
P=0.0159*
***Observação: do total da amostra (427 mulheres), 8 foram excluídas da tabela
devido a não ter prestado as informações solicitadas.
Notamos que das 354 (84,5%) mulheres que têm parceiro fixo, 291,
69,4%, não fazem o uso de camisinha, das 65 (15,5%) mulheres que não têm
parceiro fixo 45 (10,7%) não fazem o uso de camisinha. Testando estas variáveis
obteve-se diferença significativa, ou seja, usar camisinha sofre influência de ter ou
não parceiro fixo. Oito (8) mulheres não informaram.
Mesmo apresentando diferença entre as mulheres com parceiros
fixos ou não, o dado encontrado é um importante achado porque indica ser
necessário realizar um trabalho intenso de conscientização. O índice de
contaminação das doenças sexualmente transmissíveis, principalmente o HIV está
aumentando nas mulheres a cada ano (VERMELHO, SILVA, COSTA, 1999).
Associadas as informações colhidas em Cianorte com as do trabalho com
adolescentes acima citados, podemos inferir que o preservativo é pouco utilizado e
há falta de conscientização quanto à necessidade de seu uso.
Tabela 9. Uso de camisinha e situação conjugal. Cianorte, Pr, 2007.
Camisinha
Situação Conjugal não sim Total
Amasiada 25 (5,9%) 5 (1,2%) 30 (7%)
Casada 246 (57,6%) 42 (9,8%) 290 (67,9%)
Divorciada 20 (4,7%) 8 (1,9%) 31 (7,3%)
Separada 8 (1,9%) 5 (1,2%) 13 (3,1%)
Solteira 21 (4,9%) 22 (5,1%) 43 (10,%)
Viúva 16 (3,7%) 1(0,2%) 20 (4,7%)
Total 336 (78,7%) 83 (19,4%) 427 (100%)
P<0.0001*
45
Das mulheres que não usam camisinha, 25 (5,9%) são amasiadas,
246 são casadas, 20 (4,7%) o divorciadas, 08 são separadas, 21 são solteiras, 16
são viúvas e, tratando das que usam camisinha, 05 o amasiadas, 42 casadas, 08
(1,9%) divorciadas, 05 (1,2%) separadas, 22 (5,1%) solteiras e apenas uma viúva.
Como era de se esperar, o cruzamento de informações entre
situação conjugal e uso da camisinha foi significativo, ou seja, os dados
demonstram que o uso da camisinha ocorre em pequena parcela das mulheres
entrevistadas.
Um dado que chamou a atenção foi o fato de que muitas mulheres,
além de o utilizar o preservativo como preventivo de DST, mostravam-se
contrárias a isto, apenas por estarem com companheiro fixo.
Penã e Figueiredo (2000) estudaram a concepção de emergência e
preservativos. A aceitação da mulher para prevenir a DST/HIV e AIDS no município
de São Paulo, na favela Monte Azul mostraram que é necessário a divulgação sobre
a camisinha. Hoje o uso do condon tem tripla proteção, além de método
contraceptivo, ele ainda previne as doenças sexualmente transmissíveis (DST) e o
contágio pelo HPV.
Encontramos uma mulher que ficou brava, como se estivéssemos
desrespeitando-a ao perguntar se utilizava o preservativo.
A associação entre casamento e ter um parceiro fixo para algumas
mulheres significam imunidade a certas doenças. Os dados atuais de aumento de
infecção pelo HIV em união estável contradizem o pensamento das mulheres. Este
fato mostra, ainda, a falta de orientação destas mulheres quanto à prevenção.
Tabela 10. Método anticoncepcional e número de partos. Cianorte, Pr, 2007
Método anticoncepcional
Nº partos não sim Total
Nenhum 28 (6,5%) 26 (6,1%) 54 (12,6%)
Um 32 (7,5%) 53 (12,4%) 85 (20%)
Dois 92 (21,5%) 38 (8,9%) 130 (30,4%)
Três 92 (21,5%) 15 (3,5%) 107 (25,1%)
Quatro ou mais 48 (11,3%) 3 (0,7%) 51 (11,9%)
Total 292 (68,4%) 135 (31,6%) 427 (100%)
P<0.0001*
Através do teste qui-quadrado podemos dizer que o uso de métodos
46
anticoncepcionais exerce influência sobre o número de partos realizados, ou seja,
quem não faz uso de métodos anticoncepcionais tende a ter mais filhos.
Percebemos mais facilmente essa diferença nas mulheres que tem quatro filhos ou
mais, como demonstra a tabela 10.
Tabela 11. Freqüência do número de partos por mulher. Cianorte, Pr, 2007
Nº de partos n %
Nenhum 54 12,6
Um 85 19,9
Dois 130 30,4
Três 107 25,1
Quatro 32 7,5
Mais de quatro 19 4,5
Total 427 100
Percebe-se que mais da metade das mulheres tiveram de dois a
três partos (55,5%), enquanto que 12,6% não tiveram nenhum parto, 19,9% apenas
um parto, 7,5% quatro partos e apenas 4,5% das mulheres tiveram mais de quatro
partos.
Ao estudarem a relação do câncer de colo uterino com a paridade e
início da atividade sexual, Murta et al (1999) verificaram que a paridade pode estar
relacionada com o risco do câncer cervical e que o número de partos vem
diminuindo ao longo dos anos, mas a idade em que se inicia atividade sexual
continua sendo a mesma.
Tabela 12. Freqüência do tipo de parto realizado pelas entrevistadas. Cianorte,
Pr, 2007.
Tipo de parto n %
Nenhum 54 12,6
Cesáreo 155 36,3
Normal e cesáreo 69 16,2
Normal 147 34,4
Não respondeu 2 0,5
Total 427 100
Verificamos que 36,30% das mulheres realizaram somente
47
cesáreas, 16,2% realizaram parto normal e cesárea e 34,4% realizaram somente
partos normais.
As tabelas 10 e 11 mostram o histórico obstétrico das mulheres
entrevistadas. Com relação ao mero de partos, 30,4% das mulheres declararam
ter tido dois partos e, destes, o número maior foi de partos normais (36,3%), seguido
da cesárea (34,4%).
Yazlle et al (2001) estudaram os tipos de parto de acordo com a
categoria de internação e perceberam que a relação entre o número de cesárea e
partos normais está muito próxima, dados parecidos com os encontrados no
município de Cianorte. O tipo de parto mais utilizado foi a cesárea (48,8%) e o parto
normal veio em 2º lugar com 48,3%.
Figura 14. Presença de DST´s nas mulheres nos últimos 10 anos. Cianorte, Pr,
2007
não
95%
o informou
1%
sim
4%
De todas as mulheres entrevistadas 406 (95%) disseram não ter tido
nenhum tipo de DST nos últimos 10 anos, 21 (4%) disseram ter desenvolvido DST
na última década e 1% não respondeu.
48
Tabela 13. Freqüência de infecção e presença de DST nos últimos 10 anos.
Cianorte, PR, 2007.
Infecção
DST 10 anos não sim Total
Não 143 (34%) 261 (62,1%) 404 (96,2%)
Sim 3 (0,71%) 13 (3,1%) 16 (3,8%)
Total 148 (35,2%) 276 (65,7%) 420 (100%)
P=0.1703
***Observação: do total da amostra (427 mulheres), 7 foram excluídas da tabela
devido a não terem prestado a informação.
Da amostra de entrevistadas: 143 (34%) mulheres não tiveram DST
nem infecção nos últimos 10 anos; 261 (62,1%) delas não tiveram DST, contudo
tiveram infecção; 03 (0,71%) tiveram DST e não tiveram infecção; 13 (3,1%) tiveram
ambas as patologias.
O teste para estas duas variáveis não foi significativo, ou seja, não
apresentou associação.
Figura 15. Freqüência das doenças apresentadas por mulheres que
declararam ter tido alguma DST nos últimos 10 anos, Cianorte, PR, 2007.
2
1
5
1
1
1
3
0 1 2 3 4 5 6
o informou
sífilis
HPV
herpes e cândida
herpes
gonoria
candidíase
A Figura 15 demonstra que as principais doenças citadas pelas
mulheres que disseram ter tido algum tipo de DST são o HPV com cinco casos e a
49
candidíase com três casos.
Segundo o Ministério da Saúde, as mulheres que apresentam DST,
principalmente pelo vírus HPV, devem realizar o preventivo mais vezes que o
estipulado pelo programa que é de 3 em 3 anos no caso de ter dois resultados
anteriores negativos para o ncer devido ao risco de desenvolver esta doença.
(BRASIL, 2006)
A candidíase é uma vulvovaginite comum nas mulheres, 75% delas
pelo menos, apresentavam um episódio durante sua vida. É causada por um fungo,
Cândida SP, que faz parte da flora vaginal e na mucosa do sistema digestório,
fazendo parte da sua microbiota normal. A gravidez, a utilização de medicamentos
como anticoncepcional oral ou antibióticos, o diabetes e qualquer alteração que faça
a acidificação da vagina, propicia o crescimento da cândida e a infecção. Os
sintomas principais são o corrimento tipo leite talhado, prurido, hiperemia, edema
vulvar (PASSOS, 2005; BEREK J. S, 2005; PASSOS, 2004)
Figura 16. Presença de infecção nas mulheres. Cianorte, PR, 2007
o
35%
sim
64%
o informou
1%
Observa-se que 276 (64%) das mulheres relatam ter tido algum
tipo infecção, 150 (35%) delas nunca tiveram nenhum tipo de infecção e 1% não
informou. As infecções relatadas foram associadas aos sintomas: prurido, leucorréia
e/ou a utilização de pomada. A cândida não foi referida como infecção e sim como
50
DST.
Figura 17. Pacientes que realizaram ou não cauterização. Cianorte, PR, 2007.
não
69%
sim
25%
o informou
6%
Nota-se que 295 (69%) das mulheres não realizaram cauterização,
107 (25%) realizaram e 25 (6%) não informaram.
Tabela 14. Cauterização e câncer na família. Cianorte, PR, 2007
Cauterização
Câncer na família não sim Total
Não 158 (40%) 57 (14,4%) 215 (54,4%)
Sim 132 (33,4%) 48 (12,5%) 180 (45,6%)
Total 290 (73,4%) 105 (26,6%) 395 (100%)
P=0.9723
***Observação: do total da amostra (427 mulheres), 32 foram excluídas da tabela
devido a não terem prestado a informação.
Das mulheres entrevistadas, 158 (40%) não tiveram câncer na
51
família nem realizaram cauterização, 57 (14,4%) não tiveram câncer na família, mas
realizaram cauterização, 132 (33,4%) tiveram câncer na família e não realizaram
cauterização; 48 (12,5%) tiveram câncer na família e realizaram cauterização e 32
não responderam ou não souberam informar.
Com o valor do p=0.9723, podemos observar que não houve
significância e que não existe associação entre as variáveis: cauterização e câncer
na família.
A cauterização pode ser realizada como tratamento de lesões que
nem sempre são associadas ao câncer. Este tratamento em Cianorte é acessível, o
que facilita a prevenção do câncer, visto que todas as mulheres que fizeram
cauterização ou passaram por exame preventivo antes e devido às lesões foram
encaminhadas ao ginecologista para tratamento ou, ao contrário, foram ao médico
e, após diagnóstico, encaminhadas à coleta de preventivo (CIANORTE, 2006).
Com a utilização de um cautério, pode-se realizar a cauterização,
que é a destruição dos tecidos (GUIMARÃES, 2002). Muitos postos de Saúde
oferecem à população o atendimento de cauterização. Na Secretaria de Saúde de
Cianorte, este procedimento é realizado mediante agendamento prévio.
A cauterização é indicada para tratamento de lesões e um bom
exemplo são as verrugas ocasionadas pelo condiloma. Este é um procedimento que
muitas vezes deve ser realizado com anestesia local (BRASIL, 2006).
Nesta pesquisa não foi encontrado relação entre a cauterização e o
aparecimento do câncer. As mulheres que realizaram este procedimento
apresentaram infecção em algum momento de sua vida. Esta infecção pode ser
sexualmente transmissível (no caso de condiloma), o HPV que pode ser um fator de
risco do aparecimento do câncer de colo uterino, que, segundo o Ministério da
Saúde (2002), as DST representam um risco maior de desenvolver o câncer.
52
Figura 18. Presença ou não de casos de câncer na família. Cianorte, Pr, 2007.
o
54%
sim
44%
o informou
2%
A Figura 18 mostra que 231 (54%) das mulheres alegam não ter tido
casos de câncer na família, 188 (44%) alegam ter tido e 08 (2%) não informaram.
5.4 Realização do exame citopatológico do colo uterino:
Tabela 15. Freqüência de mulheres que realizaram o exame preventivo.
Cianorte, PR, 2007.
Preventivo n %
Não 34 8
Sim 393 92
Total 427 100
A tabela acima fornece uma boa estimativa, 393 mulheres (92%)
realizaram o exame preventivo alguma vez na vida e 34 (8%) nunca fizeram o
exame. Em nossa pesquisa, os dados revelam um número maior do que os
encontrados em pesquisas realizadas no Brasil. Esse achado pode ser explicado
devido a muitos destes estudos terem verificado apenas se a mulher havia realizado
o exame nos 3 anos anteriores.
Em Cianorte, o número de mulheres que haviam realizado o
preventivo foi bem acima do esperado. Este dado confere com muitas das
53
bibliografias levantadas, em que o número de mulheres que realizaram o preventivo
foi maior que o número de mulheres que não haviam realizado o exame. Como
mostra Silva et al (2006), quando estudaram a cobertura e fatores associados à
realização do preventivo do câncer de colo de útero, concluíram em seu estudo que
80,7% das entrevistadas haviam realizado o preventivo com variação de 71 a
88% de acordo com o bairro estudado.
César et al (2003) estudando os fatores associados à não realização
do exame citopatológico do colo uterino, mostram que 43% de suas entrevistadas
haviam realizados o preventivo.
Amorin et al (2006) relatam em seu trabalho sobre os fatores
associados à não realização do Papanicolaou em Campinas, que 8,5% das
mulheres de 40 a 59 anos e 11,2% das mulheres com 60 anos ou mais nunca
haviam realizado o exame.
Hackenhaar, César e Domingues et al (2006) em seu estudo sobre
a prevalência, foco e fatores associados à o realização do exame citopatológico
de colo do útero, concluíram que 19% de suas entrevistadas não haviam realizado a
coleta do preventivo.
Motta et al (2001) avaliando os resultados de colpocitologia em um
ambulatório de ginecologia preventiva descobriram que 20,5% das mulheres não
tinham coletado o preventivo. Guarisi et al (2004) em pesquisa que avalia a
gravidade das lesões cervicais com biópsia de células do colo uterino, observam ao
entrevistarem pacientes com diagnóstico de NIC constataram que 41% das
mulheres não conheciam o exame, 59% conheciam, mas apresentaram atitudes
desfavoráveis à realização do mesmo e 37% realizavam o preventivo
inadequadamente.
Na pesquisa realizada por Pinho et al (2003) 86,1% mulheres
haviam realizado o exame de Papanicolaou.
Dias da Costa et al (1998), verificaram em seu estudo a cobertura
do exame citopatológico em Pelotas e relataram que 65% das pacientes haviam
realizado o exame nos 3 anos anteriores ao estudo.
54
Figura 19. Freqüência de mulheres que alegam sentir dor durante o preventivo.
Cianorte, Pr, 2007.
o
73%
o fez
8%
o informou
1%
sim
18%
Podemos observar na figura acima que 312 (73%) das mulheres não
sentem dor durante a realização do preventivo, 77 (18%) delas sentem dor, 04 (1%)
não informou e 34 (8%) nunca o realizaram. Estes dados estão diferentes daqueles
encontrados por Hackenhaar, César e Domingues et al (2006) em seu estudo
relacionado à não realização do preventivo, realizado no município de Pelotas, que
mostra que 26,7% das entrevistadas informaram sentir dor durante a coleta do
Papanicolaou.
Tabela 16. Freqüência das mulheres que sentem ou não dificuldade durante o
exame preventivo. Cianorte, Pr, 2007.
Dificuldade n %
Não 184 46,8
Não informou 09 2,3
Sim 200 50,9
Total 393 100
***Observação: do total da amostra (427 mulheres), 34 foram excluídas da tabela
devido a nunca terem realizado o Papanicolaou.
55
Nota-se que 46,81% delas não sentem nenhuma dificuldade, Das
200 (50%) que disseram sentir dificuldade, 03 disseram que, devido às dificuldades
encontradas, nunca realizaram o exame e 09 (2,3%) delas não informaram se
tinham dificuldades ou não.
Dentre as dificuldades as mulheres relataram dor e vergonha como
os problemas principais. Outros relatos citam dificuldade de horário e de
agendamento. As mulheres não estão informadas para que serve o preventivo,
ainda acham que é para diagnóstico de infecções e portanto como não apresentam
sintomas seria motivo para não realizá-lo anualmente como uma rotina.
A dificuldade em agendar e a imposição de dia específico para a
coleta levam muitas mulheres que tem medo ou trabalham fora a desistirem da
coleta.
Os dados encontrados por Brenna et al (2001) são idênticos ao
encontrados em Cianorte. Colocam como dificuldade a vergonha, a falta de tempo,
desmotivação e dificuldades financeiras. Outras relataram simplesmente que não
sentiam necessidade do preventivo.
Figura 20. Motivos apresentados para não realizar o exame preventivo.
Cianorte, PR, 2007.
11
1
1
2
1
5
5
2
4
2
0 2 4 6 8 10 12
Comodismo
Dor
Falta de informação
Falta de tempo
Marcava e vinha a menstruação
Medo
Vergonha
Vergonha e medo
Não gosta
Não respondeu
56
A Figura 20 mostra os motivos apresentados pelas entrevistadas
para não realizarem o exame preventivo. Das 34 mulheres que não realizaram o
preventivo o motivo mais apresentado foi o comodismo (31,4%), seguido de
vergonha e medo (14,2%). Os dados de Cianorte o corroborados com os
encontrados por Silva et al (2006) que relatam que os maiores motivos para a não
realização do exame de preventivo foi a vergonha (24,2%), seguido de
desinformação (19,2%), desinteresse/medo (13,1%). Muitas mulheres que relataram
o comodismo como motivo para a não realização do preventivo o trabalhadoras
de facções ou das fábricas e lojas de vestuário. Elas alegam que devido à vida
corrida e ao fato de não apresentarem sintomas de problemas ginecológicos deixam
de procurar o exame.
Segundo Brenna et al (2001) as mulheres não realizam o exame
preventivo regularmente devido à desmotivação e vergonha.
Dias da Costa et al (1998) relatam que o maior motivo da não
realização de preventivo em Pelotas foi o fator socioeconômico, quanto menor a
renda maior era o número de mulheres que não realizavam o preventivo.
Pinho et al (2003) descobriram que 45,3% de suas entrevistadas
não realizavam o exame por não achar necessário e 35,5% por sentir medo e
vergonha.
Amorin et al (2006) mostram que 43,5% das mulheres entrevistadas
disseram que não realização o Papanicolaou por acharem ser necessário, seguido
de 28,1% por considerar “embaraçoso” este exame fica claro que há, ainda, entre as
mulheres, a falta de conscientização da importância da realização do exame.
César et al (2003) demonstram em seu trabalho que o motivo das
mulheres não realizarem o preventivo foi um fator sociodemográfico; a raça. Seu
estudo revela que as mulheres de cor negra ou parda, de baixa renda, menores de
idade, e que apresentam companheiros foram as que tinham dificuldade e não
realizavam o exame.
Para Martins et al (2005) os fatores mais importantes para não
realizarem o preventivo são baixo nível socioeconômico, baixa escolaridade e serem
mulheres jovens.
Para Hackenhaar, César e Domingues (2006) os maiores motivos s
é o fator socioeconômico; mulheres com baixa escolaridade, de baixa renda, com
pele de cor mulata ou negra e por não consultar um ginecologista ha mais de 12
57
meses antes da pesquisa.
Estas pesquisas nos mostram que os dados encontrados em
Cianorte o estão diferentes em relação com todos estes estudos. Se analisarmos
que a falta de informação e a dificuldade de acesso à saúde estão ligados aos
fatores socioeconômico em nosso país, podemos dizer que os estudos se
relacionam. O comodismo, o medo e a vergonha encontrados na pesquisa em
Cianorte, não estão diferentes das pesquisas encontradas no Brasil todo e, também,
associamos a falta de informação e a principal desmotivação para a realização do
exame. (Martins et al, 2005; Hackenhaar, César e Domingues, 2006; César et al,
2003; Amorin et al, 2006; Pinho et al, 2003, Dias da Costa et al, 1998; Brenna et al,
2001; Silva et al, 2006).
Tabela 17. Motivos para realização do exame preventivo. Cianorte, Pr, 2007.
Motivos n %
Não respondeu 6 1,5
Encaminhamento de outro profissional 4 1
Orientação do médico 80 20,4
Orientação de conhecidos 7 1,8
Propaganda 11 2,8
Propaganda e orientação de conhecidos 1 0,2
Vontade própria 284 72,3
Total 393 100,00
***Observação: do total da amostra (427 mulheres), 34 foram excluídas da tabela
devido nunca ter realizado o Papanicolaou.
Das entrevistadas, 1,5% não deram nenhum motivo para realizar o
exame preventivo, 1% recebeu orientação de outro profissional que não o
ginecologista, 20,36% receberam orientação do dico da área, 2,8% foram
motivadas por propagandas e 72,3% por vontade própria.
Estes dados são corroborados por Pinho et al (2003) que
descreveram os motivos para a realização de exame preventivo. Em sua pesquisa,
55,5% das mulheres foram coletar o exame porque querem, ou seja,
espontaneamente e 24,9% por orientação médica o que também foi encontrado em
Cianorte. Podemos inferir que campanhas informativas são importantíssimas que
as mulheres, se informadas, procuram o exame de Papanicolaou, como mostram
58
resultados da nossa pesquisa, que 72,3% realizaram o exame por iniciativa
própria.
Segundo Guarasi et al (2004), das mulheres atendidas no Hospital
Franco da Rocha, a maioria procurou o serviço espontaneamente ecom sintomas
da doença. Este dado somado às informações obtidas em Cianorte e nas
bibliografias levantadas mostra a necessidade de divulgação do serviço de
rastreamento do Câncer cérvico uterino.
Figura 21. Periodicidade da realização do exame preventivo citado pelas
pacientes. Cianorte, Pr, 2007
230
22
2
12
1
126
34
0 50 100 150 200 250
1 em 1
2 em 2
3 em 3
6 em 6 meses
o informou
o tem rotina
nunca fez
Percebemos, pela figura 21, que 230 (53,8%) das mulheres realizam
o exame anualmente, 126 (29,5%) delas não m rotina, 22 (5,1%) de dois em dois
anos, 12 (2,8%), de seis em seis meses e 02 (0,4%) de três em três anos.
A maioria das mulheres realizam o exame com regularidade anual
(53,8%), mas muitas ainda (29,5%) não têm rotina de coleta.
Em todos os trabalhos levantados, o número de mulheres que
realizam o Papanicolaou regularmente é maior do que as que não realizam como
mostram Martins et al (2005). Realizando um levantamento bibliográfico dos relatos
de cobertura do citopatológico, os autores encontraram em São Paulo, no primeiro
estudo, que 68,9% das mulheres haviam realizado o preventivo em menos de 03
59
anos e, no segundo, esse percentual aumentou para 77,3%.
Silva et al (2006) relatam que 8,0% das mulheres de seu estudo
nunca haviam realizado o preventivo e 9,4% o tinham realizado em 3 anos ou mais,
26,9% haviam coletado em menos de 3 anos e 53,8% em menos de 1 ano;
Pinho et al (2003) informaram que 83,6% já haviam realizado o
exame e destas 65,5% realizaram em menos de 1 ano.
Amorin et al (2006) disseram que 83,3 % de 40 anos ou mais
realizaram o Papanicolaou pelo menos uma vez em 3 anos, 8,5% das mulheres
entre 45 e 59 anos e que 11,2% das mulheres de 60 anos ou mais nunca haviam
coletado material para o exame.
Hackenhaar, César e Domingues (2006) concluíram que 83,0% das
entrevistadas realizaram o exame em menos de 3 anos.
os achados de César et al (2003) indicam que 57% das
entrevistadas nunca haviam realizado o Papanicolaou o que difere da pesquisa
realizada no município de Cianorte e dos outros trabalhos encontrados.
Segundo Brenna et al (2001) das mulheres entrevistadas que
apresentavam diagnóstico de câncer cervical, 81% realizavam o preventivo
inadequadamente.
Tabela 18. Número de partos e realização do exame preventivo. Cianorte, Pr,
2007
Preventivo
Nº partos não sim Total
Nenhum 17 (4%) 37 (8,7%) 54 (12,7%)
Um 4 (0,9%) 81 (18,9%) 85 (19,9%)
Dois 6 (1,4%) 124 (29%) 130 (30,4%)
Três 3 (0,7%) 104 (24,3%) 107 (25,1%)
Quatro ou mais 4 (0,9%) 47 (11%) 51 (11,9%)
Total 34 (8%) 393 (92%) 427 (100%)
P<0.0001*
Através do valor de P acima podemos dizer com 95% de segurança
que existe alta associação entre realizar o exame preventivo e o número de partos.
As mulheres que passaram pela gravidez e realizaram
regularmente o pré-natal e foram orientadas quanto à realização do preventivo. O
número de mulheres que não tiveram nenhum filho e, assim, não passaram pelo
60
pré-natal, pode ser um fator que contribui para a não realização do preventivo (17
mulheres). Enquanto os outros dados (1, 2, 3, 4 ou mais filhos) este número ficou
pequeno (4, 6, 3, 4 mulheres respectivamente).
Tabela 19. Dificuldade na realização do preventivo e local de realização.
Cianorte, Pr, 2007.
Local
Dificuldade no preventivo Consultório Posto Total
Não 90 (23,8%) 91 (24,1%) 181 (48%)
Sim 54 (14,3%) 142 (37,6%) 196 (52%)
Total 144 (38,2%) 233 (61,8%) 377 (100%)
P<0.0001*
***Observação: do total da amostra (427 mulheres), 50 foram excluídas da tabela
devido a nunca terem realizado o Papanicolaou e/ou não informaram.
Entre as mulheres entrevistadas, que realizaram exames em Postos de
Saúde, 142 (37,6%)
sentiram dificuldade e, 91 (24,1%) relataram não sentir
qualquer tipo de dificuldade. Entre as mulheres que realizaram o exame no
consultório, 90 (23,8%) não sentiram dificuldade durante o preventivo e 54 (14,3%)
relataram sentir dificuldade. Cinquenta (50) mulheres não informaram e/ou nunca
realizaram o exame. Observa-se que o p<0.0001, portanto, existe alta associação
entre a variável dificuldade no preventivo e local onde foi realizado o exame. Um
problema comum nos serviços é a falta de acolhimento à mulher. Em muitos lugares
apenas o número de exames (produtividade) é o importante, e isto pode levar ao
medo e consequentemente a dor. A mulher que se sente acolhida forma mais
facilmente o vínculo com a equipe de saúde, enquanto que as clientes dos postos
de saúde precisam participar ativamente, buscando a garantia do atendimento
(OLIVEIRA, PINTO E COIMBRA, 2007)
A principal dificuldade apresentada pelas entrevistadas foi a dor no
momento da coleta. A tabela 20 mostra o ambiente em que as mulheres sentiram
mais dificuldades durante a realização do exame.
61
Tabela 20. Local de realização do exame e dor durante a realização do exame.
Cianorte, Pr, 2007.
Local
Dor no preventivo Consultório Posto Total
Não 131 (33,9) 180 (46,6) 311 (80,5)
Sim 16 (4,1%) 59 (15,2%) 75 (19,5%)
Total 147 (38,9%) 239 (61,9%) 386 (100%)
P=0.0009*
***Observação: do total da amostra (427 mulheres), 41 foram excluídas da tabela
devido nunca ter realizado o Papanicolaou e/ou não informaram.
Na tabela 20, nota-se que 75 (19,5%) mulheres alegaram sentir dor durante
o exame preventivo. Dessas, 16 (4,1%) realizaram o exame no consultório e 59
(15,2%) no posto de saúde. Foi realizado o teste qui-quadrado com p= 0.0009,
evidenciando que existe diferença significativa entre local de realização do exame e
o fato de sentir ou não dor durante o mesmo. Quarenta e uma mulheres não
informaram e/ou nunca realizaram o exame.
Tabela 21. Uso de camisinha e realização do exame preventivo. Cianorte, PR,
2007.
Camisinha
Preventivo não sim Total
Não 27 (6,4%) 7 (1,7%) 34 (8,1%)
Sim 309 (73,7%) 76 (18,1%) 385 (91,9%)
Total 336 (80,2%) 83 (19,8%) 419 (100%)
P=0.9053
***Observação: do total da amostra (427 mulheres), 08 foram excluídas da tabela
devido a não prestarem a informação solicitada.
Pode-se notar que a grande maioria das mulheres não faz o uso da
camisinha (80,2%), 309 (73,7%)
dessas mulheres realizaram o exame preventivo
e 27 (6,44%) nunca o realizaram. Das 83 (19,8%) que informam usar camisinha, 07
nunca realizaram o exame preventivo e 76 (18,1%) já realizaram.
O teste para estas duas variáveis não foi significativo, ou seja, não
62
existe associação entre as duas variáveis.
Tabela 22. Exame preventivo e situação conjugal. Cianorte, Pr, 2007.
Preventivo
Situação Conjugal não sim Total
Amasiada 7 (1,6%) 23 (5,4%) 30 (7%)
Casada 10 (2,3%) 280 (65,6%) 290 (67,9%)
Divorciada 2 (0,5%) 29 (6,8%) 31 (7,3%)
Separada 0 13 (3%) 13 (3%)
Solteira 14 (3,3%) 29 (6,8%) 43 (10,1%)
Viúva 1 (0,2%) 19 (4,4%) 20 (4,7%)
Total 34 (8%) 393 (92%) 427 (100%)
(fisher)p<0.0001*
Observa-se que o p< 0.0001 foi significativo para a Tabela 22, ou
seja, a situação conjugal influencia na realização ou o do exame preventivo. Para
este caso foi realizado o teste exato de Fisher mais adequado quando se observam
valores pequenos e/ou células vazias na tabela.
Em Cianorte e em todos os estudos encontrados e analisados, a
maioria das entrevistadas realizava o exame citopatológico. De acordo com estes
estudos, a maioria das mulheres tinha companheiro. Como mostra Hackenhaar,
César e Domingues (2006) 61,8%. Para sar et al (2003) 72% de suas
entrevistadas moravam com companheiro. No estudo realizado por Amorin et al
(2006) 42,3% eram casadas ou tinham companheiro. Pinho et al (2003) 42,3%. O
único trabalho em que as mulheres que apresentaram companheiro foi menor que
as solteiras foi o achado por Silva et al (2006) 17,3% tinham companheiro enquanto
24,3% não tinham. Martins, Thuler e Valente (2005) verificaram que mulheres jovens
e solteiras realizam o exame de preventivo com menor freqüência.
Podemos inferir com estes dados que as mulheres casadas ou com
companheiros se preocupam mais com a realização do citopatológico e que devido
aos episódios de gravidez ou problemas ginecológicos comuns as mulheres
procuram auxilio de profissionais para consulta ou exames o que as levaria ao
preventivo devido à informação ou solicitação médica ou de enfermagem
63
Tabela 23. Bairros onde residem as entrevistadas e o local de realização do
exame. Cianorte, Pr, 2007.
Local
Bairro Consultório Posto Total
Conjuntos novos 2 (0,5%) 4 (1%) 6 (1,6%)
São Lourenço 6 (1,5%) 3 (0,8%) 9 (2,3%)
Vidigal 1 (0,3%) 9 (2,3%) 10 (2,6%)
Zona 01 51 (13,1%) 23 (5,9%) 74 (19%)
Zona 02 33 (8,5%) 20 (5,1%) 53 (13,6%)
Zona 03 13 (3,3%) 43 (11%) 56 (14,4%)
Zona 04 13 (3,3%) 13 (3,3%) 26 (6,7%)
Zona 06 11 (2,8%) 30 (7,7%) 41 (10,5%)
Zona 07 14 (3,6%) 44 (11,3%) 58 (14,9%)
Zona 08 5 (1,3%) 51 (13,1%) 56 (14,4%)
Total 149 (38,3%) 240 (61,7%) 389 (100%)
P<0.0001
***Observação: do total da amostra (427 mulheres), 38 foram excluídas da tabela
devido a nunca terem realizado o Papanicolaou e/ou não informaram.
Analisando-se as variáveis: Bairro e local de realização do exame,
observamos que existe forte associação entre ambas. Estudando as diferenças,
notamos que na Zona 01 e na Zona 02, aproximadamente o dobro de mulheres
realizaram o exame em consultórios, em comparação com as Zonas 03, 06, 07 e 08.
Trinta e oito (38) mulheres não informaram e/ou nunca realizaram o exame
preventivo.
A Zona 01 e a Zona 02 são os bairros habitados por pessoas com
maior poder aquisitivo do município, o que explica o grande número de mulheres
que procuram o atendimento no serviço particular (consultório).
O Distrito de o Lourenço também apresenta uma particularidade:
sua economia está diretamente ligada a uma grande empresa de farinha de
mandioca que gera renda para todas as famílias do local. Esta empresa mantém
atendimento à saúde de seus empregados e familiares o que explica os dados
encontrados onde a maioria (06) pacientes realizam o preventivo no consultório
particular.
6 CONCLUSÃO
Concluímos com esta pesquisa que as mulheres na faixa etária de
40 anos menstruaram por volta dos 13 anos, iniciaram a vida sexual em média aos
19 anos, não fumam, são casadas, apresentam um parceiro fixo, possuem o ensino
fundamental incompleto, tiveram dois ou três filhos, de partos normais ou cesariana.
As mulheres encontradas nos domicílios durante os dias de semana
ficavam em casa para cuidar de netos ou crianças pequenas. Além do serviço
doméstico, muitas ainda costuravam em casa para fábricas de confecção.
Não utilizam camisinha e a maioria diz não ter tido DST nos últimos
10 anos. Das mulheres que relataram ter tido alguma DST, a mais citada foi o HPV.
Quanto a infecções ginecológicas, 64% apresentaram algum tipo
de sintoma ou vários sintomas juntos como prurido vaginal ou relatam ter utilizado
pomada ginecológica, mas não necessitaram de cauterização 54% não tiveram
nenhum tipo de câncer em sua família.
Quanto ao método de anticoncepção, 56% relatam não utilizar
nenhum. Entre as mulheres que o utilizam, os métodos citados o o
anticoncepcional hormonal oral seguido da laqueadura.
Quanto ao preventivo, 92% o realizaram; 73% não sentem dor na
coleta e 46,84% apresentam alguma dificuldade para a realização do exame; 8%
nunca realizaram o preventivo; 30% não m rotina na coleta e 53% realizam o
Papanicolaou anualmente.
Um problema que detectamos é que muitas das entrevistadas
realizam o preventivo sem o compromisso de uma rotina. as que o realizam
todos os anos, mas encontramos mulheres que havia 10, 15 e a30 anos que não
faziam o Papanicolaou, mesmo morando perto dos postos de saúde.
Das mulheres que realizam o preventivo, 72,26% o fazem por
vontade própria (espontaneamente). Estas relatam que acham importante o
preventivo e muitas querem fazer até mais vezes, se tiverem oportunidade. Esse
fato indica que falta informação a estas mulheres.
Os motivos para a não realização do exame foram o comodismo,
seguido do medo e vergonha. Por o sentirem sintomas de doenças ginecológicas,
as entrevistadas acham não ser necessário a coleta do preventivo. Mais uma vez há
falta de informação e de conscientização sobre o câncer e sua prevenção.
65
As mulheres que tinham filhos realizaram com maior freqüência o
preventivo. É rotina nos postos de saúde a gestante realizar o preventivo no Pré-
natal. Este dado nos leva a pensar que estas mulheres realizam o exame e muitas
entendem e colocam em prática as orientações recebidas na gestação, o que nos
faz crer que são necessárias mais informações e divulgação a respeito do
preventivo, pois quando a mulher é bem orientada ela tem interesse de prevenir-se
contra o câncer.
As mulheres que realizam o exame nos postos de saúde
apresentam mais dificuldades que as que o fazem nos consultórios particulares.
Entre as dificuldades citadas estão problemas com horários e muitas
reclamam que, para a coleta do preventivo, têm que faltar ao serviço para marcar,
depois, novamente no dia de coletar, pelo menos um período do dia. O fato de a
enfermeira o poder dar atestado e em muitos postos não haver dias e horários
alternativos para agendamento e coleta, faz com que elas faltem no serviço e
percam gratificações e/ou prêmios que muitas bricas oferecem para funcionários
que não faltam ao serviço.
As mulheres casadas fazem mais preventivo que as solteiras e, por
terem parceiro fixo, não acham necessária utilização do preservativo. Muitas
entrevistadas atribuem a necessidade de uso do preservativo às mulheres que
têm muitos parceiros sexuais e relatam não utilizar o condom por terem parceiros
fixos. Este dado chamou nossa atenção por ser preconceituoso e, mais uma vez,
mostrar a falta de informação destas mulheres.
O fato de as casadas realizarem mais o preventivo que as solteiras
leva-nos a supor que podem apresentar mais casos de infecção ou problemas
relacionados à vida sexualmente ativa, o que as levariam à realização do preventivo.
Outra hipótese é que as mulheres casadas têm mais filhos e que no pré-natal há a
coleta do preventivo e orientação quanto ao mesmo, como foi descrito nesta
pesquisa.
Verificamos que muitas mulheres entrevistadas realizam o
preventivo nos consultórios particulares, ou não apresentam rotina na coleta, o que
pode explicar a baixa cobertura no município do Programa de Prevenção de Câncer
Ginecológico.
A grande maioria sabe quais são os cuidados antes do exame, mas
dizem esquecer de marcá-lo por não terem problemas, por falta de tempo ou
dificuldade de horário. Solicitaram que os Agentes Comunitários de Saúde (ACS)
66
lembrassem a elas do exame e divulgassem dia e horário das coletas. Solicitaram,
ainda, mais campanhas de conscientização e coleta em horários diferentes dos
existentes no município, principalmente depois das 18 horas ou aos sábados.
Relatam que vizinhas, filhas, ou elas próprias deixam de realizar o preventivo devido
os horários de coleta serem os mesmos de funcionamento das fábricas e shopings
onde trabalham.
Concluindo o presente trabalho, podemos afirmar que são muitas as
dificuldades, mas o que falta no município para aumentar a cobertura do preventivo
é maior divulgação e mais informação às mulheres. A população entrevistada acha
isso importante e necessário e solicitou mais orientação.
Cianorte conta com muitas fábricas e, nestas, a maioria dos
funcionários são mulheres que ouvem dio o dia todo. É difícil encontrar uma
fábrica onde não esteja ligado um rádio, o que facilita a veiculação das informações
por esse veículo de comunicação e por outros meios de comunicação de massa.
Os resultados desta pesquisa serão levados ao conhecimento da
Secretaria Municipal de Saúde para contribuir com a melhoria do atendimento às
mulheres e a implementação do programa já instalado no município.
7 FATOS QUE CHAMARAM A ATENÇÃO DURANTE A PESQUISA
Este estudo é quantitativo, mas durante as entrevistas algumas falas
chamaram a nossa atenção e nos mostraram a importância de nosso trabalho,
porque permitiram identificar casos que merecem ser observados e problemas que
podem ser resolvidos pelo município.
Ao iniciarmos as entrevistas em um bairro de classe média baixa,
um relato chamou a nossa atenção. Ao perguntar a uma senhora se ela realizava o
preventivo de câncer ela se assustou e rapidamente se expressou assim:
“[...] câncer, não , não faço nada de câncer não tenho medo [...]”
Questionada se fazia o exame no posto de saúde (que fica em
frente a sua casa), o exame realizado pela enfermeira, a paciente relatou:
“[...] Ah! O preventivo, faço sim todo ano [...]”
Esta fala nos mostra que muitas mulheres até realizam o exame
anualmente, mas não estão sabendo o porquê da realização do mesmo. Existe
ainda muita desinformação, e as mulheres necessitam ser orientadas não só a fazer
o exame, mas pra que ele serve, ou qual sua importância.
Outro fato importante foi que, quando questionadas sobre a
utilização do preservativo, muitas entrevistadas demonstravam surpresa pela
pergunta e outras ficavam bravas como se a utilização da camisinha devesse ser
feita apenas por casais não casados ou, ainda, ligavam a utilização do condon em
casos de traição de um dos cônjuges. Algumas achavam absurda a pergunta,
associando o uso do preservativo a mulheres com muitos parceiros e de pouco
respeito. Essas foram frases comuns durante as entrevistas:
“[...] imagina, eu não preciso disso não, sou casada!”
“[...] pra quê? Sou casada!”
“Imagina só! Eu sou casada...”
“Claro que não. Eu não uso, sou casada.”
Outro dado relevante diz respeito ao início da atividade sexual.
Encontramos mulheres que iniciaram a vida sexual após os 30 anos de idade, o que
difere da dia local que está entre 16 e 20 anos, sendo a idade mais citada 19
anos. Uma delas que tinha 35 anos, era muito tímida e com vergonha de falar sobre
o assunto, quando perguntada por que nunca havia realizado o exame preventivo
explicou seus motivos com a seguinte fala:
68
“[...] eu fui marcar e não era dia, voltei outro dia e marquei o exame,
dia marcado veio a minha menstruação, marquei outro, chegou o dia, a enfermeira
não pode colher, não lembro se ela tinha reunião ou tinha acabado o material. Bem,
eu desisti e nunca mais fui. Não sinto nada e tenho vergonha mesmo.” Este é um
dos casos em que o serviço perdeu oportunidade de realizar o exame e demonstrou
a necessidade de se tomar providências para que não ocorram mais.
Verificamos que as mulheres o sentem a necessidade da
realização do preventivo, ao colocarmos barreiras na realização do mesmo, até as
que procuram o serviço para a coleta deste exame desanimam e protelam sua
realização deixando assim passar o tempo, o que pode esclarecer os índices baixos
alcançados pelo Programa de Prevenção ao câncer de colo de útero do município
de Cianorte.
A Secretaria Municipal de Saúde de Cianorte quando nos autorizou
a realização desta pesquisa mesma e nos deu todo o apoio necessário, solicitou que
os resultados obtidos fossem repassados a todas as enfermeiras. Será marcada
uma reunião para passar a elas as informações e os resultados aqui registrados, a
fim de melhorar a qualidade do atendimento no serviço público.
A 1Regional de Saúde nos solicitou que nessa reunião estejam
presentes não as enfermeiras do município de Cianorte, mas dos 11 municípios
que compõem sua área de abrangência, o que pode melhorar a qualidade do
atendimento à saúde da mulher em toda a região, devido às discussões e
estratégias de atendimento e divulgação que serão realizadas após esta reunião.
Diante da exposição dos resultados e conseqüente discussão, sobre
o assunto poderão ser propostas estratégias de sensibilização, informação e
atendimento ao público, de maneira a colaborar direta ou indiretamente com a
melhoria da qualidade de vida das mulheres objetivamente a diminuição do
sofrimento e do número de mortes causadas por essa doença, o aumento da
realização dos exames.
8 SUGESTÃO PARA A MELHORIA DO ATENDIMENTO
Para ajudar na solução de muitos problemas encontrados durante
esta pesquisa sugeriremos à Secretaria Municipal de Saúde de Cianorte algumas
ações, muitas delas solicitadas pelas entrevistadas, para aumentar a procura pelo
exame preventivo nas unidades de Saúde:
- Abrir os postos para coleta em horários alternativos como após as
18:00 horas ou aos sábados, já que muitas entrevistadas trabalham no mesmo
horário de funcionamento do serviço de saúde, o que as impede de realizar o
exame. Oferecendo-se horários diferenciados, mais mulheres teriam acesso ao
preventivo;
- Solicitar aos ACS para divulgarem o preventivo em suas visitas.
Isto faria com que as mulheres se lembrassem do mesmo. O município não utiliza
nenhuma carteirinha de preventivo como rotina, o que deveria acontecer, e os ACS
deveriam ser treinados para, além das carteirinhas de vacina, solicitar também a
carteirinha do preventivo;
- Garantir o atendimento não deixando faltar material ou pessoal
treinado para a coleta. Os postos que mais apresentaram mulheres que haviam
realizado o exame são aqueles onde as mulheres tinham mais facilidade no
agendamento e têm opção de escolha na data para a coleta. Nestes postos (Vidigal
e Zona 08) as mulheres conheciam a enfermeira pelo nome e relataram facilidade
no acesso à profissional e ao preventivo;
- Realizar campanhas para coleta. Além de ter sido um dos itens
mais solicitados, as campanhas realizadas com intensificação do programa levam
mais informação e divulgação do preventivo, levando as mulheres para a coleta;
- Desenvolver atividades para divulgação do programa de prevenção
do câncer ginecológico. Muitas mulheres não o fazem por esquecimento. A
realização de campanhas nas rádios e meios de comunicação em massa
lembrariam as mulheres “esquecidas” e com informações (lembretes) diários muitas
mulheres poderiam se conscientizar da necessidade do exame;
- Desenvolver atividades para melhoria do atendimento e
relacionamento interpessoal dos funcionários. Muitas mulheres reclamaram do mau
atendimento. Como enfermeiras, subentende-se que toda parte de humanização
está implícito em nossa profissão, mas, hoje, trabalhos de inter-relacionamento
70
pessoal e de humanização se fazem necessários devido às inúmeras reclamações
feitas pelas entrevistadas com relação às funcionárias e profissionais da área nos
mais diferentes setores da saúde pública. Desenvolvendo atividades de
relacionamento e de incentivo e reconhecimento do profissional poderíamos
melhorar o atendimento e, assim, a qualidade do programa.
REFERÊNCIAS
ALEIXO NETO, A. A. Aspectos epidemiológicos do câncer cervical. Revista de
Saúde Pública. São Paulo, 23 (4). 326-33, 1991.
ALVES, R. N; KOV´SCS, M.J; STALL, R; PAIVA, V. Fatores psicossociais e a
infecção por HIV em mulheres, Maringá, Pr. Revista de Saúde Pública. vol.36 nº4
suppl. São Paulo Aug. 2002
AMORIN, V M S L; BARROS, M B A; CESAR, C L G; CARANDINA, L; GOLDBAUM,
M. Fatores associados à não realização do exame de Papanicolaou: um estudo
de base populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Caderno de
Saúde Pública. Rio de Janeiro, 22 911 0:2329-2338, nov, 2006.
AQUINO, J.G. Sexualidade na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo,
SP. Summus, 1997.
BEREK, JONATHAN S. Novak Tratado de Ginecologia. 13ª ed. Editora Guanabara
Koogan. Rio de Janeiro, 2005.
BITTENCOURT, R.; SCALETZKY, A.; BOEHI, J.A.R. Perfil epidemiológico do
cancer na rede pública em Porto Alegre –RS. Revista brasileira de Cancerologia,
2004; 50(2): 95-101.
BOUNDY, J et al Enfermagem médico-cirurgica. Tradução Carlos Henrique
Cosendey; revisão Sônia Regina Souza. Rio de Janeiro: Rechmann & Affonso
Editores, 2004.
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria Nacional de Assistência à Saúde. Instituto
Nacional de Câncer (INCA). Falando sobre o câncer de colo do útero. Rio de
janeiro: MS/INCA, 2002
BRASIL, Ministério da Saúde. Programa DST-AIDS. AIDS no Brasil. Disponível no
site: <http://www.saude.gov.br> acesso outubro de 2007.
BRASIL, Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica.
Caderno de Atenção Básica nº 13, Série A. Normas e Manuais Técnicos, Ministério
da Saúde, 2006.
72
BRASIL. Ministério da Saúde. Indicadores Municipais de Saúde, 2005. Disponível
em: <http://www.saude.gov.br> acesso em ago. 2006
BRASIL, Instituto Nacional de Câncer (Brasil) (INCA). Programa nacional de
controle do câncer do colo do útero e de mama; Viva mulher. Disponível em:
<http://www.inca.gov.br> acesso em 12 de set 2005.
BRASIL, Ministério da Saúde. Brasília, 2002. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br> acesso ago. de 2007.
BRASIL, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO FUNDAMENTAL. Parâmetros
Curriculares nacionais: pluralidade cultural orientação sexual. 2 ed. Rio de janeiro:
D&A, 2000.
BRENNA, S M F; HARDY, E; ZEFERINO, L C; NAMURA, I. Conhecimento, atitude
e prática do exame de Papanicolaou em mulheres com câncer de colo uterino.
Caderno de Saúde Pública. Vol17 nº 4 Rio de janeiro july/aug. 2001
CIANORTE, Secretaria Municipal de Saúde. Cianorte, 2006.
CÉSAR, J. A.; HORTA, B L; GOMES, G; HOULTHAUSEN, R. S; WILLRICH, R. M.;
KAERCHER, A.; IASTRENSKI, F. M. Fatores associados à não realização de
exame citopatológico de colo uterino no extremo sul do Brasil. Caderno de
Saúde Pública. Rio de janeiro, 19(5): 1365-1372, set-out. 2003.
CHONG, C. Y. P., 1990. Estudo de Fatores Sócio-Demográficos Associados ao
Conhecimento e à Realização do Exame de Papanicolaou. Dissertação de
Mestrado, Campinas: Universidade Estadual de Campinas.
COTRAN, RAMZI S. ROBBINS. Patologia Estrutural e Funcional, trad. Jane
Bardawil Barbosa. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000
CONTRAN, R S; KUMAR, V; COLLINS, T. Patologia Estrutural e Funcional. 6 ed.
Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2000.
DELUCA, G, D; LUCERO, R H; MARTIN DE CIVETTA, M T; VICENTE, L;
GORODNER, O L Z; SCHELOVER, E; ALONSO, J M. Human Papilomavisrus
Genotypes in Women With Cervical Cytological Abnormalities From na Área
With Higt Incidence of Cervical Câncer. Rev. Inst. Med. Trop. S. Paulo. 46(1):9-
12. January-February, 2004
73
DIAS DA COSTA, J.S; D,ELIA, P.B; MANZOLLI, P; MOREIRA, M. R. Cobertura do
exame citopatológico na cidade de Pelotas, Brasil. Ver. Panam Salud
Publica/Pan Am; Public Health 3(5), 1998.
DRAIN, P.K; HOLMES, K.K; HUGHES, J.P e KOUTSKY, L.A. Determinants of
cervical cancer rates in developing countries. International Journal of Cancer.
100: 199-205, 2002.
FRANCO, E.L. Understanding the epidemiology of genital infection with
oncogenic and nononcogenic human papillomaviruses: a promising lead for
primary prevention of cervical cancer. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev. 6: 759-
761, 1997.
FRANCO, E.L; DUARTE-Franco, E; e FERENCZY, A. Cervical câncer:
epidemiology, prevention and the role of human papillomavirus infection. Can
Med Assoc J. 164 (7): 1017-1025, 2001.
GUARASI, R; HARDY, E; DERCHAIN, F M; FONSECHI-CAVASON, G A; BORGES,
J B R. Rastreamento, diagnóstico e tratamento das lesões precursoras e do
câncer invasor de colo uterino no município de Franco da Rocha, SP. Revista
Brasileira de Cancerologia. 2004: 50(1): 7-15.
GUIMARÃES, D.T. Dicionário de termos médicos e de enfermagem. 1 ed. São
Paulo: Rideel, 2002.
HACHKENHAAR, A A; CÉSAR, J A; DOMINGUES, M R. Exame citopatológico de
colo uterino em mulheres com idade entre 20 e 59 anos em Pelotas, RS:
prevalência, foco e fatores associados à sua não realização. Revista Brasileira
Epidemiologia: 2006; 9 (1): 103-11
HERRERO, R; BRINTON, L.A; REEVES, W.C; BRENES, M.M; TENÓRIO, F; DE
BRITTON, R.C; CAITAN, E; MONTALVAN, P; GARCIA, M e RAWLS, W.E. The
risck factors of invasive carcinoma of the cervix uteri in Latin America. Boletin
de la Oficina Sanitaria Panamericana. 109: 6-26, 1990.
HERLIHY, B.; MAEBIUS, N K. Anatomia e Fisiologia do Corpo Humano
Saudável e Enfermo. 1 ed. Editora Manole, São Paulo, 2002.
IARC - International agency for research on cancer. Papillomavirus. Lyon: IARC.
(monographs on the evaluation of carcinogenic risks to humans. Vol 64, 1995.
74
IARC - International agency for research on cancer. 2007. Disponível em:
<http://www.iarc.fr> acesso em 10 de fev. 2007.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2006. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/> acesso em 12 de set. 2005.
INCA – Instituto Nacional de Câncer. Ministério da Saúde. 2002. Disponível em:
<http://www.inca.gov.br> acesso em 12 de set. 2005.
INCA – Instituto Nacional de Câncer. Ministério da Saúde. Programa Nacional de
Controle do Câncer do Colo do Útero e de Mama – Viva Mulher. Disponível em:
<http://www.inca.gov.br> acesso em 12 de set. 2005.
INCA – Instituto Nacional de Câncer. Ministério da Saúde. 2007. Disponível em:
<http://www.inca.gov.br/conteúdo_view.asp?id=326> acesso em 17 de jul. 2007.
LEAL,.E.A.S; LEAL JÚNIOR, O.DE.S;GUIMARÃES, M,H; VITORIANO, M.N;
NASCIMENTO, T.L.DO; COSTA, O.L.N.Lesões precursoras do câncer de colo
em mulheres adolescentes e adultas jovens do município de Rio Branco –
Acre. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Rio de janeiro, 25 (2): 81-86,
2003.
LINDEL, K; BEER, K.T; LAISSUE, J; GREINER, R.H e AEBERSOLD, D.M. Human
papillomavirus positive squamous cell carcinoma of the oropharynx: a
radiosensitive subgroup of head and neck carcinoma. Cancer. 92 (4): 805-813,
2001.
LINHARES, A C; VILLA, L,L. Vacinas contra rotavirus e papilomavírus humano
(HPV). Lornal de Pediatria, vol. 82 nº3. Porto Alegre, Julho de 2006.
LOPES DE FARIA, J; e COLABORADORES. Patologia Geral: Fundamentos das
Doenças, com Aplicações Clínicas. 4 ed. Rio de Janeiro: Ganabara Koogan, 2003.
MANDELBLATT, J; LAWRENCE, W; GAFFIKIN, L; LIMPAHAYOM, K.K,
LUMBIGANON, P; WARAKAMIN, S,l. Costs and benefits of different strategies to
screen for cervical cancer in less-developed contries. J Natl Cancer Ins. 94:
1469-1483, 2002.
MARTINS, L.F. L; THULER, L.C.S; VALENTE, J.G. Cobertura do exame de
Papanicolaou no Brasil e seus fatores determinantes: uma revisão sistemática
da literatura. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. V. 27 n. 08. Rio de
75
Janeiro. Ago.2005
MILLER, A.B; NAZEER, S; FONN, S; BRANDUP-LUKANOW, A; REHMAN, R;
CRONJE, Hl. Report on consensus conference on cervical cancer screning and
management. Int J Cancer. 86: 440-447, 1986.
MOTTA, E.V.DA; FONSECA, A.M.DA; BAGNOLI, V.R; RAMOS, L.DE.O.; PINOTTI,
J.A. Colpocitologia em Ambulatório de Ginecologia Preventiva. Revista da
Associação Médica Brasileira. V47 nº 4. São Paulo. out/dez. 2001
MURTA, E, F, C; FRANÇA,H,G; CARNEIRO,M,C; CAETANO, M.S.S.G; ADAD, S,J;
SOUZA, M.A.H DE. Câncer do Colo Uterino: Correlação com o Início da Atividade
Sexual e Paridade. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 21(9): 555-559,
Rio de Janeiro. Outubro. 1999.
NADAL, S R.; MANZONE,C. R., Vacina Contra o Papiloma Vírus Humano. Ver.
Brás. Coloproct, 2006; 26(3):337-340
NETTINA, S, M, Bruner Prática de Enfermagem 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2003.
OLIVEIRA, M. M.; PINTO, I. C.; COIMBRA, V. C. C. Potencialidades no
atendimento integral: a prevenção do câncer do colo do útero na concepção
de usuárias da estratégia saúde da família. Ver. Latino Americana. Enfermagem
vol. 15 nº 3 Ribeirão Preto, June, 2007.
PARANÁ, Secretaria de Estado da Saúde. Manual do Programa de Controle e
Prevenção do Câncer Ginecológico. Brasília: Secretaria de Estado da Saúde;
SESA: 2002.
PARANÁ – Secretaria Estadual de Saúde, Programa de Controle e Prevenção do
Câncer Ginecológico. 13ª Regional de Saúde de Cianorte, 2006.
PARKIN, D.M; BRAY, F.I E DEVESA, S.S. Cancer burden in the year 2000. The
global picture. Eur J Cancer. 37: 55-66, 2001.
PASSOS, M. R. L Deessetologia, DST 5. 5ª edição p 322d. Rio de janeiro: Cultura
Médica, 2005., 1104p.; il
PASSOS, M. R. L Deessetologia, no bolso: o que deve saber um profissional
76
que atende DST. Niterói: RQV, 2004
PELLOSO, S.M; CARVALHO, M. D. de B. O impacto da comunicação de massa
na campanha de prevenção do câncer cérvico uterino. Comunicação como meio
de promover a saúde - 7º Simpósio Brasileiro de Comunicação em Enfermagem/
Org. Isabel Amélia Costa Mendes – Ribeirão Preto, : Fundação Instituto de
Enfermagem de Ribeirão Preto, 2000. Ribeirão Preto, SP: Editora e Gráfica Scala,
2000. 234 págs.:30 cms
PETROSKI, E L; VELHO, N M; DE BEM, M F L. Idade de menarca e satisfação
com o peso corporal. Revista brasileira de Cineantropometria & Desempenho
Humano. Vol. 1 nº 1 – p. 30-36, 1999.
PENÃ, M; FIGUEIREDO, R. Relatório final do projeto: Contracepção de
emergência e preservativos: Conhecimento e percepção de gravidez não-
planejada, DST e HIV/AIDS. Disponível em: http://www.redece.org/conhece acesso
em out. 2007.
PINHO, A.A.; FRANÇA JÚNIOR, I.; SCHRAIBER,L,B; D’OLIVEIRA, A.F.P.L.
Cobertura e motivos para a não realização ou não do teste de Papanicolaou no
Município de São Paulo. Caderno de Saúde Pública. Rio de janeiro. 19 (Sup. 2):
S303. S313, 2003.
PISANI, P; PARKIN, D.M; BRAY, F E FERLAY, J. Estimates of the worldwide
mortality from 25 cancers in 1990. In J Cancer. 83: 18-29, 1999.
PRAÇA, N.S; GUALDA, D,M,R. Risco de infecção pelo HIV: como mulheres
moradoras em uma favela se percebem na cadeia de transmissão do vírus.
Rev. Latino-am Enfermagem 2003. janeiro-fevereiro: 11(1):14-20
PREFEITURA MUNICIPAL DE CIANORTE, SETOR DE ENGENHARIA, Mapa da
Cidade de Cuianorte, Distrito de Vidigal e Distrito de São Lourenço. Cianorte,
2007
RAMOS, S P. Câncer do colo do útero, 2007. Disponível em:
<http://www.gineco.com.br/cancer.htm> acesso em out. de 2007.
ROBLES, S.C; WHITE, F E PERUGA, A. Trends in cervical cancer mortality in
the Americas. Bulletin of Pan American Health Organization. 30: 291-301, 1996.
RUBIN, E; FABER, J. L. Patologia Terceira Edição. Tradução de Patology. Rio de
77
Janeiro: Guanabara Koogan, 2002.
SANKARANARAYANAN, R; BUDUKH, A.M E RAJKUMAR, R. Effective
programmes for cervical câncer in low and middle income developing
countries. Bulletin of the World Health Organization. 79:954-962, 2001.
SANTOS, O.S.N, ROMANOS, V.T.M E WIGG, D.M. Introdução à virologia
humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002.
SIGURDSON, K. Effect of organized screening on the risk of cervical câncer
evalution of screening activity in Iceland. Int J Cancer. 54: 563-570, 1993.
SILVA, T. T.; GUIMARÃES, M. L.; BARBOSA, M. I. C.; PINHEIRO, M.F.G.; MAIA, A
F. Identificação de tipos de papilomavirus e de outros fatores de risco para
neoplasia intra-epitelial cervical. Revista Brasileira Ginecologia e Obstetrícia. Rio
de Janeiro, 2006; 28(5):285-91.
SILVA, T. T.; GUIMARÃES, M. L.; BARBOSA, M. I. C.; PINHEIRO, M.F.G.; MAIA, A
F. apud .DANAEI, G; HOORN,V S; LOPES, A D; MURRAY, S J; EZZATTI, M;
Comparative Risk Assessment Collaborating Group (Cancers). Causas of
câncer in the world: comparative risk assenssment of nine behavioural and
environmental risk factors. Lancet 2005; 366 (9499): 1784-93
SIMÃO, A B; MIRANDA-RIBEIRO, P; CAETANO, A J; CESAR, C C. Comparando
as idades à primeira relação sexual, à primeira união e ao nascimento do
primeiro filho de duas coortes de mulheres brancas e negras em Belo
Horizonte: evidências quantitativas. Revista Brasileira Est. Pop., São Paulo, vol.
23, nº 1, p 151-166, jan/jun. 2006.
SOUZA, J,M,M; PELLOSO, S,M; UCHIMURA,N,S; SOUZA,F. Utilização de
métodos contraceptivos entre as usuárias da rede pública do município de
Maringá-PR. Rev. Brás. Ginecol. Obstet. V.28 n5. Rio de janeiro maio 2006.
SOUTO, R; FALHARI, J.B; CRUZ, A.D.DA. O papiloma vírus humano: um fator
relacionado com a formação de neoplasias. Revista Brasileira de Cancerologia.
2005; 51(2): 155-160.
VERMELHO, L. L; SILVA, L. P; COSTA, A J L. Epidemiologia da transmissão
Vertical do HIV no Brasil. Disponível em:
<http://www.aids.gov.br/udtv/boletim_jun_ago99/trans_vertical.htm> acesso em out.
2007.
78
VIEIRA, S. Introdução à bioestatística, 3ª ed. Revista e ampliada. Rio de
janeiro:Elsevier, 1980, 15ª reimpressão
WARNER, E.A E PARSONS, A.K. Screening and early diagnosis of gynecologic
cancers. Medical Clin North Am. 80; 45-61, 1996.
WEREBE, M. J. G. Sexualidade, política e educação. Campinas, SP. Autores
Associados, 1998.
YAZLLE, M E H D; ROCHA, J S Y; MENDES, M C; PATTA, M C; MARCOLIN, A C;
AZEVEDO,G D. Incidência de cesáreas segundo fonte de financiamento da
assistência ao parto. Revista de saúde Pública. Vol.35, nº 2. São Paulo. Apr. 2001.
ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO
QUESTIONÁRIO:
Seção 1: Caracterização da entrevistada (indicadores demográficos, sócio-
econômicos e clinico-ginecológicos)
1-Idade _____
2- Idade da 1ª menstruação_____
3- Idade da 1ª relação sexual _____
4- Fuma? ( )sim ( )não
5- Situação conjugal:
( ) casada ( )solteira ( )divorciada ( )amasiada
6- Tem parceiro sexual fixo? ( )sim ( )não
7- Qual o número de parceiros sexuais nos últimos 12 meses? __________
8-Escolaridade:
( ) ensino fundamental completo ( ) ensino fundamental incompleto
( )ensino médio compl. ( )ensino médio incompl. ( )graduação compl. ( )graduação
incompl.
9-Renda familiar (em salários):
( ) 1 sal. ( ) 2 sal. ( ) 3 sal. ( ) 4 sal. ( ) 5 sal. ou mais
10- Quantos Partos teve?
( ) 01 ( ) 02 ( ) 03 ( ) 04 ( ) 05 ou mais ( ) Não teve
11-Tipo de parto:
( )normal ( )cesariana ( )Outro_________________
81
12-Usa camisinha com o parceiro para prevenção de DST?
( )sim ( )não
13-Teve Doença Sexualmente Transmissíveis (DST) nos últimos 10 anos?
( ) sim ( ) não
14-Se teve DST, qual? _______________________________________________
15-Já teve infecção ginecológicas? ( ) sim ( ) não ( ) leucorreia ( ) prurido
( ) usou pomada
16-Já fez cauterização?
( ) sim ( )não
Seção 2: Caracterização dos fatores de risco.
17- Apresenta algum fator de risco?
( ) início precoce da atividade sexual ( ) multiparidade ( ) tabagismo ( )
multiplicidade de parceiros sexuais ( ) doenças sexualmente transmissíveis ( )
infecção pelo papiloma vírus humano (HPV) ( ) uso de contraceptivo oral
18- Tem histórico de câncer na família?
( )sim ( )não
19- Se sim, qual câncer? ______________________________
20-Em quem?
( ) pai ( ) mãe ( ) tia/tio ( )avó/avô ( )outro____________________
Seção 3: Métodos contraceptivos
21- Utiliza método anticoncepcional?
( )sim ( )não
22-Qual método utiliza?
( ) DIU ( ) Diafragma ( ) Temperatura ( ) Injeção ( )Camisinha
82
( ) Pílula ( ) Tabelinha Outro________________________
Seção 4: Exames preventivos
23-Você já fez o preventivo de câncer?
( )sim ( )não
24- Você sente dor na coleta do preventivo?
( )sim ( )não
25-Você teve alguma dificuldade para fazer o exame preventivo? ( )sim ( )não
Quais? ( ) falta de tempo ( ) horário não compatível com o do serviço
( ) vergonha ( ) medo ( )outro_____________________________________
26- Se nunca fez, porque?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
27-Onde fez?
( ) Consultório médico ( ) Posto de saúde ( )outro local
_________________________
28- Porque Você fez o exame :
( )o médico mandou ( ) orientação de algum conhecido ( ) por vontade
própria ( ) porque viu propaganda ( ) por encaminhamento de profissional de
saúde ,
qual?_______________________________________________________________
____
29-De quanto em quanto tempo você faz o preventivo?
( )1 vez por ano ( ) 2 em 2 anos ( ) 3 em 3 anos ( ) não tem rotina ( ) nunca fez o
exame
83
30-Qual o motivo de fazer o exame neste intervalo de tempo descrito acima?
Seção 5: Indicadores do nível de satisfação
31- Você sabe o que precisa fazer antes do exame?
( )não ter relação 2 dias antes ( ) não estar menstruada ( ) não estar
utilizando pomada (
)outro_________________________________________________________
32- Qual sua sugestão para que o número de mulheres que realizam o
preventivo de câncer aumente em Cianorte?
___________________________________________________________________
ANEXO 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Este trabalho se propõe avaliar os possíveis fatores predisponentes para a
não realização do exame preventivo de câncer de colo uterino.
O câncer de colo uterino representa a segunda causa de morte entre
mulheres. Esta doença é passível de prevenção e pode ser efetuada através do
exame de papanicolaou. O trabalho caracteriza-se por um estudo descritivo, de
corte transversal, aplicado por meio de inquérito populacional.
A população alvo deste estudo será composta por mulheres com idade entre
20 a 59 anos, atendidas pelo SUS, excluindo mulheres com idade inferior a 20 anos
e as que nunca tiveram relação sexual
A pesquisada poderá negar-se a qualquer momento em participar da
pesquisa caso sinta algum desconforto ou constrangimento antes ou durante a
pesquisa, sem penalização ou ônus para a mesma.
Os benefícios esperados são: aumento na demanda de mulheres realizando
o exame de prevenção e melhoria no atendimento à saúde da mulher.
Será garantido o sigilo e a privacidade da participante na pesquisa em
relação as informações obtidas durante as entrevistas.
Eu, _______________________________________________________, após ter
lido e entendido as informações e esclarecido todas as minhas dúvidas referentes a
este estudo com a Enfermeira Andréia Cristiane Pizani Domingos; e a Enfermeira
Dra. Sandra Marisa Pelloso, CONCORDO VOLUNTARIAMENTE de participar do
mesmo.
________________________________________ Data: ____/ ____/ _____
Assinatura do pesquisado
Eu, Andréia Cristiane Pizani Domingos declaro que forneci todas as informações
referentes ao estudo. Equipe:
1- Andréia Cristiane Pizani Domingos – telefone: (44) 3629-5668
Rua Marquês de Olinda, 62; Cianorte – Paraná
2- Sandra Marisa Pelloso – telefone: (44) 32614444
86
Universidade Estadual de Maringá - UEM, Campus Central; Maringá – PR.
Qualquer dúvida ou maiores esclarecimentos procurar um dos membros da equipe
do projeto ou o Comitê Permanente de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres
Humanos (CONEP) da Universidade Estadual de Maringá - Sala 01 Bloco 010 -
Campus Central – Telefone: (44) 3261-4444
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo