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repetindo-se no tempo e no espaço, o que gera, no bebê, um antes
e um depois pessoal, um aqui e ali pessoal, ou seja, um tempo e um
espaço que dizem respeito àquele bebê, um tempo e um espaço,
por assim dizer, subjetivos (Fulgencio,2006,p.11).
Assim, o bebê não sabe da existência da mãe, mas sente os efeitos da
sua presença, da freqüência dos cuidados, criando, desta forma, uma
memória.
A mãe propicia ao bebê um início de período de tempo, pela repetição da
experiência e o bebê começa a ser capaz de prever o que virá. Esta previsão
se dá através dos ruídos, cheiro, luminosidade, tom de voz da mãe. Pode-se
dizer que ele está sendo temporalizado, adquirindo um sentido de futuro, e isto
indica a sua capacidade de esperar. Exatamente neste ponto que os
psicóticos, por não terem sido temporalizados na subjetividade, sofrem do
imediatismo, sendo a espera, para eles, inconcebível.
A personalização indica o alojamento da psique no corpo. O corpo do bebê
é a sua primeira morada (cf.Dias,2003,p.166) e é fundamental que este corpo
não fique solto no espaço, mas sinta que está sendo envolvido, segurado
pelos braços da mãe. Se ele for deixado por muito tempo sem ser sustentado,
perde o contato com seu próprio corpo e isto indica estados de
despersonalização, ou seja, não pertencer ao próprio corpo.O bebê deve
possuir uma rotina, um sentido de segurança, caso contrário, pode ocorrer
dispersão, confusão. Em relação a isso, Dias afirma: “Residindo no corpo, o
bebê começa a ocupar espaço, a dar concretude à presença, a ter distâncias e