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leva em conta apenas o objeto isolado, porém, serve de noção para o entendimento do
que vem a ser sensação
.
No caso do estudo de um bairro, entende-se que por ser porção de espaço, ele
está submetido, além de uma realidade condicionada por um contexto específico, a
parâmetros que o inserem em um contexto citadino (LYNCH, 1999). Assim, em se
tratando dos lugares, a sensação deve ser considerada enquanto definição que situa o
objeto no mundo, ou seja, que trate-o como um fragmento em meio a um universo
maior. Para Merleau-Ponty (1999) quando se quer relacionar sensação a um objeto
inserido em um contexto, é mais coerente uma definição que derive do senso comum,
pois só assim pode-se delimitar o sensível pelas condições humanas das quais ele
depende. De acordo com o mesmo, neste sentido a sensação é uma resposta direta e
imediata a um estímulo que por chegar ao indivíduo sem ser solicitado constrói objetos
limpos, sem significação. “Sabe-se muito bem o que é ouvir, ver e sentir porque desde
criança, através da percepção, aprende-se a diferenciar os objetos por sua cor, forma,
cheiro ou textura, ou seja, atribui-se qualidades ao que se sente, constrói-se a sensação
com a percepção”. No entanto, embora relacionada diretamente a percepção, a sensação
corresponde a um processo independente, com uma noção própria. Assim, neste sentido,
deve-se considerar que “sensação é tudo aquilo que é captado pelos sentidos”
(MERLEAU-PONTY; 1999:24).
Segundo Machado (apud DEL RIO, 1996) a sensação tem um grande
envolvimento no processo de conhecimento, sobretudo do ambiente. O meio é
aprendido pelos sentidos, que podem ser comuns (visão, audição, tato, olfato, paladar)
ou especiais, como o sentido das formas, de harmonia, de equilíbrio, de espaço, de
lugar. Assim, as sensações seriam as responsáveis pelo primeiro contato com o meio,
constituindo-se na relação mais próxima da consciência com a realidade objetiva. Neste
primeiro contato, é estabelecido um trajeto em que o mundo real confia aos órgãos dos
sentidos mensagens que devem então ser conduzidas, depois decifradas, de modo a
produzir no indivíduo informações que condizem exatamente com a realidade, ou seja,
um “texto original”.
Entretanto, existe uma série de fatores que não permitem que o texto seja
produzido de forma “original”. Por exemplo, quando a grandeza aparente de um objeto
varia com sua distância aparente, ou sua cor aparente ou ainda com as recordações que
temos dela, isto é, reconhece-se que o estímulo despertado será influenciado por meio
de sua qualidade de grandeza. Outro fator também seria o aparelho sensorial e as