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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
MESTRADO EM DINÂMICAS DO ESPAÇO HABITADO
DEHA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Miquelina Rodrigues Castro Cavalcante
MACEIÓ
2007
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE
TÉRMICA DE PRAÇAS EM MACEIÓ –
ALAGOAS: TRÊS ESTUDOS DE CASO.
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
MESTRADO EM DINÂMICAS DO ESPAÇO HABITADO
DEHA
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE TÉRMICA DE
PRAÇAS EM MACEIÓ – ALAGOAS: TRÊS
ESTUDOS DE CASO.
Orientadora: Profa. Dra. Gianna Melo Barbirato
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Dedico este trabalho a meus queridos pais,
Neide e Castro, que estiveram sempre ao meu
lado, apoiando-me e ensinando-me a construir
um caminho de honestidade e dignidade. A meu
marido Felipe e minha filha Tatiana que são a
minha razão de viver.
AGRADECIMENTOS
Ao Mestre Jesus que me ilumina em todos os momentos.
A toda minha família, inclusive os que já se encontram no mundo espiritual, pelo
amor, incentivo e ajuda em todas as fases de minha vida.
A meu querido marido, Felipe, pela sua compreensão, incentivo e amor, e por estar ao
meu lado nos momentos mais difíceis.
A minha orientadora, Prof. Dra. Gianna Melo Barbirato, pela orientação, pela
paciência, e pelo carinho dedicados a mim durante a elaboração deste trabalho.
Aos professores do mestrado pelos ensinamentos transmitidos.
Aos amigos do mestrado pelo estímulo, pelas dificuldades e alegrias compartilhadas.
Aos companheiros do Grupo de Estudo em Conforto Ambiental (GECA) pela calorosa
acolhida e conhecimentos compartilhados.
Aos meus sogros Radjalma e Tânia pela afeição que sempre me dedicaram.
As minhas amigas Polyana Alcântara, Carina Costa, Karine Sanny e Ivette Kafure,
pelas palavras de estímulo e por sua amizade sincera.
SUMÁRIO
Resumo
14
Introdução
16
1 As praças: conceituação e qualidade ambiental
22
1.1 Conceituando praças
22
1.2 A qualidade ambiental das praças
25
2 O clima urbano e sua relação com o conforto térmico
28
2.1 Condicionantes do clima urbano
28
2.2 Conforto térmico humano
41
2.2.1 As variáveis climáticas
43
2.2.2 Atividade física
47
2.2.3 Vestimenta
48
2.3 Conforto térmico em espaços externos
49
3 Métodos e técnicas
56
3.1 Pesquisa bibliográfica e documental
56
3.2 Coleta de dados
56
3.2.1 A cidade de Maceió e seu perfil climático
56
3.2.2 Levantamento das praças da cidade
58
3.3 Ficha cadastral
58
3.4 Escolha das praças para estudo
59
3.4.1 Praça Ricardo Lessa
63
3.4.1.1 O Bairro Tabuleiro do Martins
63
3.4.1.2 O entorno
64
3.4.1.3 Características e equipamentos
65
3.4.2 Praça Tenente Madalena
69
3.4.2.1 O Bairro Cruz das Almas
69
3.4.2.2 O entorno
70
3.4.2.3 Características e equipamentos
71
3.4.3 Praça Muniz Falcão
77
3.4.3.1 O Bairro Ponta Verde
77
3.4.3.2 O entorno
78
3.4.3.3 Características e equipamentos
78
3.5 Mapas Comportamentais
83
3.6 Questionários
84
3.7 Medições das variáveis climáticas
85
4 Resultados e discussões
89
4.1 Praça Ricardo Lessa
89
4.1.1 Mapas comportamentais
90
4.1.2 Questionários
92
4.1.3 As medições microclimáticas
94
4.1.3.1 Temperatura do ar
96
4.1.3.2 Umidade relativa do ar
100
4.1.3.3 Velocidade do ar
102
4.1.3.4 Temperatura radiante média
104
4.1.4 Comparação dos mapas comportamentais com os
questionários aplicados
106
4.1.5 Comparação da sensação dos usuários com os índices de
conforto aplicados
108
4.1.6 Comparação dos dados climáticos com os mapas
comportamentais
110
4.2 Praça Tenente Madalena
111
4.2.1 Mapas comportamentais
112
4.2.2 Questionários
114
4.2.3 As medições microclimáticas
116
4.2.3.1 Temperatura do ar
117
4.2.3.2 Umidade relativa do ar
120
4.2.3.3 Velocidade do ar
122
4.2.3.4 Temperatura radiante média
123
4.2.4 Comparação dos mapas comportamentais com os
questionários aplicados
127
4.2.5 Comparação da sensação dos usuários com os índices de
conforto aplicados
128
4.2.6 Comparação dos dados climáticos com os mapas
comportamentais
130
4.3 Praça Muniz Falcão
132
4.3.1 Mapas comportamentais
132
4.3.2 Questionários
134
4.3.3 As medições microclimáticas
136
4.3.3.1 Temperatura do ar
138
4.3.3.2 Umidade relativa do ar
141
4.3.3.3 Velocidade do ar
144
4.3.3.4 Temperatura radiante média
145
4.3.4 Comparação dos mapas comportamentais com os
questionários aplicados
149
4.3.5 Comparação da sensação dos usuários com os índices de
conforto aplicados
151
4.3.6 Comparação dos dados climáticos com os mapas
comportamentais
153
Conclusões e recomendações
155
Referências Bibliográficas
159
Apêndice
163
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1 Distribuição das praças nos bairros da cidade 19
Ilustração 2 Espaço delimitado pelo envolvente 24
Ilustração 3 Plaza Mayor da Catalunha 24
Ilustração 4 Largo da Carioca 24
Ilustração 5 Gradiente dos ventos 29
Ilustração 6 Fator de céu visível 33
Ilustração 7 Efeitos aerodinâmicos do vento 34
Ilustração 8 Aproveitamento das habitações no deserto de Colorado –
EUA
35
Ilustração 9 Diferenças na temperatura do ar pela vegetação 36
Ilustração 10 Diagrama bioclimático de Olgyay 46
Ilustração 11 Mapa de Maceió com a localização das três praças escolhidas 60
Ilustração 12 Praça Ricardo Lessa 61
Ilustração 13 Praça Tenente Madalena 61
Ilustração 14 Praça Muniz Falcão 62
Ilustração 15 Bairro Tabuleiro do Martins com a localização da Praça
Ricardo Lessa
64
Ilustração 16 Revestimento do solo na praça e distribuição da vegetação
respectiva legenda.
66
Ilustração 17 Distribuição dos Equipamentos e respectiva legenda. 66
Ilustração 18 Equipamentos de serviço existentes na Praça Ricardo Lessa 67
Ilustração 19 Mobiliário de lazer existentes na Praça Ricardo Lessa 69
Ilustração 20 Bairro Cruz das Almas com a localização da Praça Tenente
Madalena em quadra central
70
Ilustração 21 Praça Tenente Madalena e as principais ruas de acesso 71
Ilustração 22 Revestimento do solo na praça Tenente Madalena e
distribuição da vegetação
72
Ilustração 23 Distribuição dos Equipamentos na praça Tenente Madalena 73
Ilustração 24 Mobiliário de serviço existente na Praça Tenente Madalena 74
Ilustração 25 Mobiliário de lazer existente na Praça Tenente Madalena 76
Ilustração 26 Placa informativa existente na Praça Tenente Madalena 76
Ilustração 27 Bairro Ponta Verde com a localização da Praça Muniz Falcão 77
Ilustração 28 Revestimento do solo na praça e distribuição da vegetação na
Praça Muniz Falcão.
79
Ilustração 29 Distribuição dos Equipamentos na Praça Muniz Falcão 79
Ilustração 30 Mobiliário de serviço existente na Praça Muniz Falcão 81
Ilustração 31 Mobiliário de lazer existente na Praça Muniz Falcão 82
Ilustração 32 Elemento decorativo existente na Praça Muniz Falcão 83
Ilustração 33 Os instrumentos utilizados nas medições das variáveis
climáticas
87
Ilustração 34 Mapas comportamentais da praça Ricardo Lessa 90
Ilustração 35 Pontos de medição 1 a 6 e a classificação das áreas segundo a
vegetação existente
96
Ilustração 36 Valores de temperatura média do ar na Praça Ricardo Lessa 99
Ilustração 37 Valores da umidade relativa média do ar na Praça Ricardo
Lessa
102
Ilustração 38 Velocidade média do ar na Praça Ricardo Lessa 103
Ilustração 39 Temperatura Média de Globo na Praça Ricardo Lessa 104
Ilustração 40 Temperatura Média Radiante na Praça Ricardo Lessa 106
Ilustração 41 Mapas comportamentais da praça Tenente Madalena 112
Ilustração 42 Pontos de medição 1 a 5 e a classificação das áreas segundo a
vegetação existente
117
Ilustração 43 Valores das Temperaturas Médias do Ar na Praça Tenente
Madalena
119
Ilustração 44 Valores das Umidades Relativas Médias do Ar na Praça
Tenente Madalena
122
Ilustração 45 Velocidade média do ar na Praça Tenente Madalena 123
Ilustração 46 Temperatura Média de Globo da Praça Tenente Madalena 124
Ilustração 47 Temperatura Radiante Média na Praça Tenente Madalena 126
Ilustração 48 Mapas comportamentais da Praça Muniz Falcão nos horários
da manhã, tarde e noite
133
Ilustração 49 Pontos de medição 1 a 6 e a classificação das áreas segundo a
vegetação existente
138
Ilustração 50 Temperatura Média do Ar na Praça Muniz Falcão 140
Ilustração 51 Umidade Relativa Média do Ar na Praça Muniz Falcão 143
Ilustração 52 Valores de Velocidade Média do Ar na Praça Muniz Falcão 144
Ilustração 53 Temperatura de Globo na Praça Muniz Falcão 146
Ilustração 54 Temperatura Radiante Média na Praça Muniz Falcão 148
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Características do Clima Urbano 29
Tabela 2 Albedo de diferentes materiais 41
Tabela 3 Comportamento médio dos principais parâmetros
meteorológicos de Maceió – AL
58
Tabela 4 Percepção do usuário quanto ao conforto térmico na
Praça Ricardo Lessa
93
Tabela 5 Valores de Temperaturas do Ar encontrados na Praça
Ricardo Lessa
97
Tabela 6 Valores de Umidade Relativa do Ar encontrados na
Praça Ricardo Lessa
101
Tabela 7 Temperatura de Globo na Praça Ricardo Lessa 104
Tabela 8 Temperatura Radiante na Praça Ricardo Lessa,
calculadas a partir da fórmula de convecção forçada, em
função da velocidade do ar de 1,0m/s
105
Tabela 9 Classificação do Conforto Térmico na Praça Ricardo
Lessa
108
Tabela 10 Utilização das áreas e a condição de conforto térmico 110
Tabela 11 Percepção do usuário quanto ao conforto térmico na
Praça Tenente Madalena
114
Tabela 12 Valores de Temperatura do Ar encontrados na Praça
Tenente Madalena
118
Tabela 13 Valores de Umidade Relativa do Ar encontrados na
Praça Tenente Madalena
121
Tabela 14 Temperatura de globo na Praça Tenente Madalena 124
Tabela 15 Temperatura Radiante na Praça Tenente Madalena,
calculadas a partir da fórmula de convecção forçada, em
função da velocidade do ar de 1,0m/s
125
Tabela 16 Classificação do Conforto Térmico na Praça Tenente
Madalena
128
Tabela 17 Utilização das áreas e a condição de conforto térmico 130
Tabela 18 Percepção do usuário quanto ao conforto térmico na
Praça Muniz Falcão
135
Tabela 19 Valores de Temperaturas do Ar encontrados na Praça
Muniz Falcão
139
Tabela 20 Valores de Umidade Relativa do Ar encontrados na
Praça Muniz Falcão
142
Tabela 21 Temperatura de globo na Praça Muniz Falcão 145
Tabela 22 Valores de Temperatura Radiante na Praça Muniz
Falcão, calculados a partir da fórmula de convecção
forçada, em função da velocidade do ar de 1m/s
147
Tabela 23 Classificação do Conforto Térmico na Praça Muniz
Falcão
151
Tabela 24 Utilização das áreas e a condição de conforto térmico 153
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Coeficiente de absortividade em função da cor 39
Quadro 2 Condutibilidade térmica de alguns materiais 40
Quadro 3 Escala de Beaufort 45
Quadro 4 Estratégias para o clima quente e úmido relacionando as
variáveis climáticas
47
Quadro 5 Calor cedido ao ambiente, segundo atividades
desenvolvidas pelo indivíduo
47
Quadro 6 Resistência térmica dos itens do vestuário 48
Quadro 7 Características dos pontos de medição da Praça Ricardo
Lessa
95
Quadro 8 Características dos pontos de medição da Praça Tenente
Madalena
116
Quadro 9 Características dos pontos de medição da Praça Muniz
Falcão
137
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo avaliar a qualidade térmica de praças na cidade de
Maceió - AL e a sua relação com a utilização destes espaços e a sensação térmica dos
usuários. Os procedimentos utilizados foram a pesquisa bibliográfica e documental e a
pesquisa de campo. Na pesquisa bibliográfica e documental foi demarcado o referencial
teórico: as características de praças, do clima urbano e a sua relação com o conforto térmico
humano. Para caracterizar as praças foi usado o conceito de PRAÇA de Robba e Macedo
(2002). Na pesquisa de campo, após a elaboração de um inventário das praças de Maceió-AL,
foram escolhidas e analisadas as praças Ricardo Lessa, no Bairro Tabuleiro do Martins;
Tenente Madalena, no Bairro Cruz das Almas; e Muniz Falcão, no Bairro Ponta Verde. Foram
realizadas medições de variáveis climáticas, aplicados questionários e construídos mapas
comportamentais nos meses de janeiro e fevereiro de 2006. Como Índice de Conforto
Térmico foram utilizados os parâmetros estabelecidos por Fanger (1970). Ficou comprovado
que a qualidade térmica dos espaços nas praças é um importante fator para a sua utilização,
principalmente quando se trata de uma área destinada ao lazer e descanso. Em virtude dos
limites e dificuldades, este estudo representa esforço de reflexão e um levantamento de
questões que devem continuar sendo objeto de investigação.
PALAVRAS-CHAVE: Praças - Maceió (AL) - clima – conforto térmico – usuário das praças
ABSTRACT
The aim of this work is to evaluate the thermal quality of urban squares in Maceió city, AL,
Brazil, and its relationship with the use of those areas and the thermal sensation of the users.
The adopted procedures were the bibliographic review and a field research. In the bibliografic
review was set the theoretical reference: the squares´ characteristics, the urban climate and its
relationship with human thermal confort. To charachterize those squares it was used the
concept of Robba and Macedo´s SQUARE (2002). As a field research after an inventory of
the squares in Maceió, AL these squares were chosen and analyzed: Ricardo Lessa´s square,
in Tabuleiro dos Martins district; Tenente Madalena´s square, in Cruz das Almas district; and
Muniz Falcão´s square, in Ponta Verde´s district. Climate variables were measured and
questionnaires were applyed, and behaviour maps were built for January and February, 2006.
As thermal confort index it was used the parameters proposed by Fanger (1970). It has been
found that thermal quality in square areas is an important factor for their use, specially
because they refer to leasure and relaxing areas. This study represents an effort to raise
questions and should continue as an investigation object.
KEY WORDS: Squares - Maceió (AL) - climate – themal confort – user of squares
INTRODUÇÃO
Os espaços de uso público são aqueles de uso comum, como ruas, canteiros, praças e parques.
Em alguns estão registradas as memórias que fazem parte da história da cidade. São
componentes essenciais à paisagem urbana, pois a vitalidade de uma cidade deve-se, em
parte, à qualidade de seus espaços abertos (HACKENBERG et al, 2002).
Esses espaços podem contribuir para a melhoria da qualidade climática urbana, minimizando
os efeitos causados pela urbanização como, por exemplo, o aumento da temperatura do ar.
Aspectos como o tipo de cobertura do solo, geometria do espaço e a presença ou ausência de
vegetação são importantes para a determinação de sua qualidade bioambiental
(LEVERATTO, 1999).
Dos elementos que compõem as áreas de uso público, as praças possuem extrema importância
porque, além de diminuir os efeitos da “ilha de calor” nas cidades, têm a função social como
principal função. Formam um espaço cheio de significados e com ambiência própria
(MASCARÓ, 1996), assim como, promovem a mudança na paisagem do ambiente
construído.
A praça é, na maioria das vezes, um espaço aberto, podendo conter diferentes materiais,
mobiliário, vegetação e ser localizada em áreas com uso e ocupação do solo distinto. Segundo
Romero (1988), o jogo entre espaços abertos, como as praças, e fechados, como as
edificações, pode criar um microclima favorável às atividades do homem.
Os materiais utilizados nas construções das praças possuem diferentes propriedades
termodinâmicas. Estes materiais estão sujeitos ao aquecimento pela incidência de radiação
solar, causando o aumento da temperatura do ar através das trocas térmicas de calor
(GIVONI, 1998). Desta forma, são mais adequados os materiais que permitem a maior
reflexão desta radiação (albedo elevado). A utilização correta desses materiais permite a
melhoria da qualidade térmica dos espaços.
A vegetação arbórea constitui um importante elemento a ser utilizado no sombreamento de
espaços das praças devido às suas propriedades físicas e morfológicas. Ela permite a redução
da temperatura do ar, pode modificar a velocidade e direção dos ventos e servir como
elemento decorativo, entre outros aspectos (MASCARÓ; MASCARÓ, 2002).
O mobiliário urbano contribui para a maior ou menor utilização das praças. Pode ser
constituído por diferentes materiais e promover o exercício de diferentes atividades. A
localização do mobiliário na praça em áreas termicamente confortáveis pode intensificar o seu
uso em determinados períodos do dia.
Na maioria das vezes, o uso desses espaços depende da sua qualidade térmica, sendo, por isto,
objeto de várias pesquisas. São encontradas pesquisas sobre vários aspectos: a relação entre o
uso do espaço e o microclima existente; a relação do uso com o desenho urbano; a interação
entre arquitetura e sociedade; a relação de espaços secos e vegetados; as características do
mobiliário urbano; entre outros.
Segundo Fontes e Melo (2003), as condições do entorno, a presença de mobiliário, a
existência de segurança, as oportunidades de lazer e o próprio desenho influenciam
positivamente os usos das praças. Neste estudo desenvolvido em Bauru – SP, foi verificado
que existe uma preferência, por parte dos usuários, de utilizarem os espaços mais frescos e
arborizados nos horários mais quentes do dia. No período noturno, quando a influência da
temperatura é menor, os usuários se apropriam dos espaços em função da morfologia espacial
e atrativos existentes. O estudo ressalta ainda que a diversidade de espaços (áreas muito
sombreadas, áreas pouco sombreadas e expostas à radiação) contribui para a existência de
diferentes microclimas e favorece a criação de nichos de atividades variadas. Desta forma, foi
comprovado que o desenho e os diferentes microclimas podem influenciar os usos.
A qualidade térmica dos espaços externos é importante também para o desempenho térmico
das edificações. Santamouris et al (2001), em estudo sobre o impacto do clima urbano no
consumo de energia das edificações, verificaram que altas temperaturas do ar nos espaços
externos urbanos podem causar um sério impacto na demanda de eletricidade por ar
condicionado nas construções. A pesquisa demonstrou que o consumo de energia por
resfriamento de ar no centro da cidade dobrou em comparação com as áreas periféricas
circundantes, devido ao aquecimento dos espaços externos pelo desenho urbano.
Apesar de as praças promoverem inúmeros benefícios para as cidades e sua população,
observa-se que, em Maceió, as áreas destinadas à construção de praças estão diminuindo ao
longo dos anos. Os bairros em expansão como Serraria, Benedito Bentes e Tabuleiro do
Martins, localizados ao norte da cidade, e dotados de grande extensão territorial, apresentam
menor número de praças que os bairros Centro, Jaraguá e Farol, mais antigos e com menor
área total (Ilustração 01).
Como em Maceió o clima é caracterizado pela forte incidência de radiação solar e alta
umidade, o sombreamento por elementos vegetais dos espaços de praças é muito importante.
Entretanto, o uso desta vegetação é cada vez menor, havendo um aumento de espaços
impermeabilizados. Assim, é importante mostrar a necessidade de estratégias bioclimáticas
que podem e devem ser incentivadas no planejamento de espaços de uso público na cidade,
como é o caso do sombreamento de recintos por meio de vegetação, que ajudam a diminuir os
efeitos do desconforto térmico urbano em climas quentes e úmidos. As condições térmicas
dos microclimas no interior das praças interferem no conforto térmico de seus usuários e,
conseqüentemente, no desempenho de suas atividades.
Ilustração 1 - Distribuição das praças nos bairros da cidade.
Fonte: SOMURB (2004).
A partir destas evidências, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a qualidade térmica de
áreas no interior das praças em Maceió – AL, verificando a relação entre os microclimas
existentes e o comportamento e a sensação de conforto térmico dos usuários da praça, de
modo a auxiliar em futuros projetos ou intervenções, destacando a importância da abordagem
climática como critério de planejamento urbano. Esta pesquisa pretende verificar que os
espaços mais utilizados das praças são os que apresentam melhores condições térmicas.
Para alcançar esse objetivo, foram traçados os seguintes objetivos específicos:
Identificar as várias funções e qualidades das praças, verificando a relevância deste
espaço de uso público para as cidades;
Verificar os condicionantes climáticos que interferem no clima urbano e a relação destes
com o conforto térmico humano;
Avaliar a qualidade térmica dos espaços de praças na cidade;
Observar o conforto térmico nas praças estudadas conforme a percepção do usuário.
O presente trabalho está estruturado em quatro seções:
A primeira seção refere-se aos espaços de uso público, em especial as praças, conceituando-os
e classificando-os quanto às características de uso e às várias funções. Nessa seção é
identificada também a qualidade ambiental das praças e sua relação com a vegetação e os
mobiliários existentes.
A segunda seção corresponde aos condicionantes do clima urbano e sua relação com o
conforto térmico humano. São analisados os componentes da forma urbana que interferem na
formação de microclimas e da “ilha de calor”. São verificados também os condicionantes do
conforto térmico humano e sua relação com os espaços externos.
A terceira seção corresponde à descrição dos procedimentos metodológicos que são adotados
para a realização deste trabalho e à definição da área de estudo. Essa seção localiza e
caracteriza a cidade de Maceió – AL quanto ao seu perfil climático e aos seus espaços de uso
público na forma de praças. São apresentadas as três praças selecionadas para estudo: Praça
Ricardo Lessa, no bairro do Tabuleiro; Praça Tenente Madalena, no bairro Cruz das Almas e
Praça Muniz Falcão, no bairro Ponta Verde. São demonstrados as características das praças e
os mobiliários existentes.
A quarta seção apresenta os resultados e discussões sobre a análise das praças estudadas. São
analisados três aspectos: o comportamento térmico de espaços no interior das praças,
utilizando os dados obtidos através das medições das variáveis climáticas e relacionando-os
com os índices de conforto térmico; a identificação das áreas com maior concentração de
usuários e fluxo de pessoas em passagem através do mapa comportamental e o conforto
térmico, segundo a sensação dos usuários nas praças.
Por último, apresentam-se conclusões e recomendações sobre a pesquisa realizada, a partir
dos resultados obtidos, e são apontadas propostas para futuras modificações nas praças
estudadas, que podem servir de referência para a construção ou intervenção em praças com
semelhantes características.
A pesquisa se justifica face à importância de se avaliar os espaços de uso público quanto à
qualidade térmica e às características de ocupação para que haja um maior e melhor
aproveitamento das áreas. O planejamento correto desses espaços, levando em consideração
os aspectos climáticos do lugar, o entorno envolvente, a existência e a manutenção dos
equipamentos, entre outros fatores, produz conseqüências benéficas para a melhoria da
qualidade de vida da população.
1 AS PRAÇAS: CONCEITUAÇÃO E QUALIDADE AMBIENTAL
1.1 CONCEITUANDO PRAÇA
As praças são espaços de uso público nas cidades, cujas dimensões permitem a existência de
mobiliários como bancos, brinquedos infantis, quadra de esportes e outros itens. Possuem área
total entre 100m² e 10 hectares, segundo classificação descrita em Harder (2002). Apresentam
três importantes características: social, simbólica e ambiental.
O mobiliário possibilita o exercício de inúmeras atividades de lazer, esportivas ou
contemplativas pelos usuários, dando à praça um caráter social.
O caráter simbólico pode ser encontrado em alguns praças que foram palco de manifestações
populares e discussões políticas, podendo, então, representar as memórias que fazem parte da
história de uma cidade.
Nas praças podem ser encontradas vegetação gramínea, arbustiva e arbórea, de diferentes
espécies e portes, que promovem o sombreamento dos espaços e a permeabilidade do solo nas
áreas onde estão localizadas. A vegetação atua no microclima urbano, contribuindo para
melhorar a ambiência urbana sob vários aspectos: ameniza a incidência de radiação solar na
estação quente através do sombreamento; reduz a carga térmica recebida pelos edifícios,
veículos e pedestres; modifica a velocidade e direção dos ventos; atua como barreira acústica;
reduz a poluição do ar através da fotossíntese e da respiração (MASCARÓ; MASCARÓ,
2002).
As características estão integradas às várias funções das praças. As funções estão ligadas às
características culturais dos habitantes das cidades, com isto, algumas deixam de existir com o
passar do tempo, enquanto outras surgem. Dentre as funções de uma praça, podem ser citadas:
área de convivência social; melhoria das condições climáticas; espaço para celebração de
datas comemorativas; área de veneração dos Deuses; espaço recreativo; espaço para
treinamento militar; lugar para comercialização de produtos; área de passagem; diversidade e
embelezamento da paisagem urbana; ponto de referência; e representação simbólica.
Grande parte dos conceitos atribuídos a esse espaço faz referência às suas funções e ao
conforto térmico. Com isto, inúmeros autores fazem alusão a tal equipamento urbano
exaltando suas qualidades e sua relevância como um ambiente da cidade:
As praças são espaços livres que constituem zonas de amenização do clima,
cumprem funções sociais, culturais e higiênicas. Contribuem para uma melhor
movimentação do ar, transformando as condições de salubridade (CAVALCANTE;
VELOSO, 2001, p.1).
A praça, delimitada pelas fachadas das edificações que a circundam, é um espaço
pleno de significados e com ambiência própria. Responde espacialmente ao
conceito de volume oco entre edifícios que serve para defini-lo como um lugar
particular. No sentido estrito, a praça é um lugar fechado – ou um interior aberto –
ao qual se aplica a noção de lugar, possuindo um alto conteúdo simbólico.
(MASCARÓ, 1996, p. 155).
São atribuídas ao conceito de praças denominações como espaços livres, espaços coletivos,
espaços abertos, espaços internos e externos, espaços secos e áreas verdes.
Os espaços livres são aqueles disponíveis para todos e, por isso, também chamados de
espaços coletivos. Para Cerasi (1990, p.27), “um espaço é tanto mais significativo para a
coletividade quanto maior for o número de cidadãos que o utiliza ou que o conhece e quanto
mais longo for o período histórico durante o qual ele exerce sua influência”. O espaço
coletivo pode ser considerado um espaço liberado, expropriado do uso privado.
Os espaços abertos são aqueles não construídos, não afetados pelas grandes infra-estruturas no
interior ou nas proximidades dos setores reservados das construções. Correspondem a uma
porção do território onde dominam os elementos naturais (BUSTOS ROMERO, 2001).
Os conceitos de espaços internos e externos são bastante utilizados para identificar as
edificações e os espaços livres, respectivamente. A distinção entre estes conceitos está
diretamente ligada ao envolvente de um ambiente (Ilustração 1). O interno é tridimensional,
delimitado fisicamente por piso, paredes e teto, enquanto o externo é bidimensional: piso e
paredes. Os espaços de uso público são, na maioria das vezes, considerados ambientes
externos por não possuírem proteção vertical. Entretanto, se o conceito de espaço interno for
relacionado com a noção de lugar, verifica-se que o interior corresponde ao lugar onde as
atividades estão acontecendo, sendo este uma área coberta ou não, em contraste com o
exterior que corresponde aos espaços que o rodeiam (BUSTOS ROMERO, 2001). As ruas,
por exemplo, podem ser consideradas como espaços externos de uma praça.
Ilustração 2 – Espaço delimitado pelo envolvente
Fonte: Ashihara apud Bustus Romero (2001, p. 32)
Os espaços secos são aqueles desprovidos de espécies vegetais como, por exemplo, as piazzas
italianas e a plazas mayores espanholas (Ilustração 2 e 3). Em Portugal e no Brasil esses
espaços são denominados largos. Por outro lado, as praças ajardinadas são aquelas que
possuem vegetação, unindo a tradição da praça medieval aos jardins públicos (ROBBA;
MACEDO, 2002; HARDER, 2002).
Ilustração 3 – Plaza Mayor da Catalunha– 1729/55
Fonte: Goitia et al (1997. Vol. IV, p. 91)
Ilustração 4 – Largo da Carioca – 1981
Fonte: Robba; Macedo (2002, p. 122)
O termo “áreas verdes” é utilizado para diversos tipos de espaços urbanos com características
semelhantes: formadas por uma massa vegetal, são abertas, acessíveis, relacionadas com a
saúde, recreação ativa e passiva. Proporcionam interação das atividades humanas com o meio
ambiente. Podem ser áreas públicas ou particulares, como jardins, praças, parques, balneários,
bosques, alamedas, campings, cemitérios, entre outros.
O termo praça é bastante abrangente e, por isto, pode causar confusões terminológicas.
Espaços como canteiros centrais de avenidas; jardins juntos a alças de acesso a pontes e
viadutos, rotatórias, entre outros, não podem receber a denominação de praça por não
possuírem programas sociais, como atividades de lazer e recreação, e, em muitos casos, por
não serem acessíveis aos pedestres devido à sua localização junto às grandes artérias viárias
(ROBBA; MACEDO, 2002).
Todos esses conceitos podem ser empregados no ambiente praça, haja vista a diversidade de
composições que uma praça pode abranger. As praças podem ter diferentes formatos e
dimensões; ser constituídas por diversos materiais com características e propriedades
diferentes; e apresentar elementos de composição variados como vegetação e mobiliário.
Devido a sua diversidade e complexidade, as praças são componentes essenciais à paisagem
urbana e constituem o tema principal deste trabalho.
A qualidade ambiental das praças pode ser de grande importância para o desenvolvimento das
atividades humanas. A próxima subseção tem como objetivo identificar tal qualidade.
1.2 A QUALIDADE AMBIENTAL DAS PRAÇAS
As praças são espaços de uso público que podem trazer benefícios para a cidade. A boa
qualidade do espaço pode favorecer a permanência numa espacialidade tranqüila e o
desenvolvimento de atividades sociais (FONTES; MELO, 2003).
Pesquisas comprovam que a qualidade do espaço pode interferir no uso da praça. Fontes e
Gasparini (2003), em pesquisa realizada em um parque na cidade de Bauru – SP, observaram
que as áreas com sombreamento denso abrigavam maior número de pessoas, confirmando que
o planejamento arbóreo correto pode intervir na utilização dos espaços externos. Além disto,
verificaram a importância do mobiliário no interior da praça, visto que este foi utilizado
mesmo estando em áreas consideradas termicamente desconfortáveis.
São importantes qualidades das praças nos dias atuais: valores sociais; estéticos; simbólicos e
ambientais.
As praças contribuem para o desenvolvimento de relações sociais, possibilitando as trocas
fundamentais e o convívio com as diferenças, que são marcas da civilização. O desenho da
praça e os mobiliários existentes favorecem a prática de atividades leves e moderadas. A
cenografia da praça pode instigar o uso dos espaços para contemplação e descanso.
Os valores estéticos e simbólicos são importantes referenciais na paisagem urbana,
fortalecendo o embelezamento da cidade e contribuindo como memória representativa de
momentos históricos.
Os valores ambientais das praças estão relacionados a elementos climáticos como ventilação,
radiação solar, precipitações, e a elementos causados pela interferência do homem no meio
ambiente natural, como poluição e sensação de desconforto térmico. Significam a melhoria da
ventilação e aeração urbana; melhoria da insolação de áreas muito densas; ajuda no controle
da temperatura do ar; melhoria na drenagem das águas pluviais; proteção do solo contra
erosão. Desta forma os elementos climáticos podem ser utilizados para a melhoria da
qualidade ambiental dos espaços, promovendo conforto aos usuários.
Entende-se por qualidade ambiental urbana o conjunto de condições materiais, sociais e
psicológicas que maximizam o bem-estar humano nas cidades (ALVA, 1997). O desenho e a
vegetação urbana podem intervir na qualidade ambiental destes espaços. Além disso, as
praças permitem a integração do homem com o meio ambiente natural.
O mobiliário urbano no interior da praça é um componente muito importante, pois o uso da
praça não está relacionado apenas com as condições de conforto térmico, mas também com as
atividades que ela pode oferecer.
Os projetos das praças nas cidades são normalmente elaborados e executados por órgãos
públicos. Sua conservação é responsabilidade deles e também da população. Quando a
população se apropria do lugar de maneira afetiva e efetiva, o usuário passa a cuidar da praça
como sendo a extensão da sua residência. Entretanto, a conscientização sobre a importância
deste equipamento para a melhoria da qualidade de vida das pessoas, algumas vezes, não
acontece, gerando vandalismo e degradação ao equipamento. A conservação depende também
da constante manutenção, que é de responsabilidades dos órgãos competentes.
As praças, assim como todos os espaços de uma cidade, devem ser planejadas para atender as
necessidades dos usuários e da cidade. Bustos Romero (2001, p. 30) afirma que “desenhar
espaços públicos não é dispor massas de edifícios ou fachadas dos mesmos, mas criar uma
experiência de espaço envolvente, articulado entre si e apto para o uso comum a que se
destina”.
O clima urbano interfere na qualidade térmica dos espaços, assim como a praça interfere nas
condições climáticas dos espaços externos e, conseqüentemente, na sensação de conforto
térmico dos usuários. A próxima seção refere-se à relação destes espaços com as condições
climáticas dos aglomerados urbanos e como isso pode intervir na sensação de conforto
térmico das pessoas.
2 O CLIMA URBANO E SUA RELAÇÃO COM O CONFORTO TÉRMICO
Nesta seção são apresentados os condicionantes do clima urbano, como as variáveis
climáticas e a forma urbana; as características e índices de conforto térmico humano; e a
condição de conforto térmico em espaços abertos.
2.1 CONDICIONANTES DO CLIMA URBANO
O clima de uma região sofre modificações devido à morfologia e configuração espacial do
aglomerado urbano, a densidade de edificações, uso e ocupação do solo e as propriedades
termodinâmicas dos materiais, entre outros, dando origem ao clima urbano (LANDSBERG,
1981; OKE, 1996). Nas cidades a presença de veículos e algumas tipologias de edificações,
como as fábricas, poluem e aquecem o ar. As áreas densamente edificadas dificultam a
passagem do vento, impedindo a dispersão dos poluentes e do calor. Materiais utilizados na
composição da cidade como pedras e concreto absorvem o calor e o retém durante o dia,
liberando-o no período noturno. Todos estes fatores juntos produzem um clima urbano
distinto daquele encontrado na área rural.
As cidades geralmente apresentam valores de temperatura do ar, umidade relativa do ar,
velocidade do vento, quantidade de radiação solar, precipitações, nebulosidade e poluição
diferentes dos existentes nas áreas rurais circundantes devido às características da forma
urbana. A tabela 1 mostra a diferença dos valores dos elementos nas cidades em comparação
com os valores das áreas rurais circundantes.
Os ventos se deslocam com menor velocidade nos centros urbanos quando comparados às
áreas rurais, devido à rugosidade do solo e aos obstáculos existentes. Este deslocamento
acontece em forma de turbilhões, com sentidos e direções diferentes (OLIVEIRA, 1987, p.
22). Esta diferença de velocidade dos ventos pode ser mostrada em porcentagem por meio do
gráfico do gradiente dos ventos, levando em consideração a altura das edificações (Ilustração
5).
Tabela 1 - Características do Clima Urbano
ELEMENTOS CARACTERÍSTICAS COMPARADO A AMBIENTES RURAIS
Temperatura:
Média anual
Mínima de inverno (média)
Máxima de verão
Dias com uso de aquecimento
0,5 a 3ºC mais
1 a 2ºC mais
1 a 3ºC mais
10% menos
Umidade relativa: Média anual
Inverno
Verão
6% menos
2% menos
8% menos
Velocidade do
vento:
Média anual
Rajadas de vento
Calmarias
20 a 30% menos
10 a 20% menos
5 a 20% mais
Radiação:
Total em superfície horizontal
Ultravioleta, inverno
Ultravioleta, verão
Duração da luz solar
0 a 20% menos
30% menos
5% menos
5 a 15% menos
Nebulosidade:
Nuvens
Fog, inverno
Fog, verão
5 a 10% mais
100% mais
30% mais
Precipitação:
Quantidades
Dias com menos de 5 mm
Queda de neve, interior da cidade
Queda de neve, limite da cidade
Tempestades
5 a 15% mais
10% mais
5 a 10% mais
10% mais
10 a 15% mais
Poluentes:
Núcleo de condensação
Particulados
Misturas gasosas
10 vezes mais
10 vezes mais
5 a 25 vezes mais
Fonte: Landsberg (1981).
Ilustração 5 – Gradiente dos ventos
Fonte: Spirn (1995, p. 67).
Centro da cidade
Gradiente do vento
Altura acima do solo (em metros)
61%77%
91%
Zona rural
0
100
Subúrbio
56%
68%
78%
86%
65%
Direção do vento
Gradiente do vento
200
300
400
500
600
Gradiente do vento
84%
90%
95%
98%
95%
68%
75%
80%
85%
90%
94%
Entretanto, o clima urbano também pode sofrer variações no interior da cidade devido às
atividades praticadas pelas pessoas, às formas e materiais urbanos empregados nas
edificações, e ao modo como estes são combinados. Com isto, dentro da cidade podem existir
diferentes microclimas. Microclima corresponde a um desvio climático com características
singulares e reconhecíveis em um recinto atmosférico de limites físicos identificáveis
(MASCARÓ, 1996).
A forma urbana, os elementos climáticos e a presença de poluentes no ar podem originar o
efeito denominado “ilha de calor”. As ilhas de calor acontecem quando, em algumas áreas da
cidade, as temperaturas noturnas permanecem elevadas durante um longo período. Em
muitas regiões metropolitanas as ilhas de calor podem ser visualizadas em mapas das
temperaturas noturnas. Não apresentam valores constantes durante todo o ano, pois sofrem a
interferência das mudanças anuais e sazonais das variáveis climáticas como ventos e radiação
solar (SPIRN, 1995).
Vários fatores são responsáveis pelas ilhas de calor. Alguns independem da vontade humana
como a velocidade dos ventos regionais. Outros são manipuláveis como os materiais
utilizados na construção das cidades. Materiais como pedra, tijolo e asfalto absorvem
radiação solar e conservam calor durante todo o dia, liberando aos poucos durante a noite e
aumento a temperatura do ar neste período.
Altas temperaturas do ar e a concentração de poluição do ar agravam o fenômeno de ilha de
calor, intensificando o aquecimento nas áreas de maior concentração e dificultando a
dispersão do calor. A umidade do ar em combinação com os contaminantes urbanos conduz
rapidamente às calmarias (mescla de névoa e fumaça), que influenciam a irradiação tanto nos
comprimentos de ondas longas e curtas como nas neblinas baixas. Outro fator são os índices
de ocupação do solo. A grande concentração de edificações pode dificultar a passagem do
vento no interior da cidade e, conseqüentemente, a dispersão do calor acumulado (GIVONI,
1998; RORIZ; BARBUGLI, 2003; BUSTOS ROMERO, 2001).
A forma e a densidade da cidade influenciam a intensidade da ilha de calor muito mais do que
o tamanho da cidade. Uma pesquisa realizada em Londres e Leicester, ambas localizadas na
Inglaterra e apresentando características urbanas similares, verificou que, nas mesmas noites,
as diferenças de temperatura do ar entre as duas cidades e suas áreas rurais circundantes foram
semelhantes, mesmo Leicester tendo uma população trinta vezes menor que Londres
(LANDSBERG, 1981).
A ilha de calor urbana pode trazer efeitos benéficos ou prejudiciais. Em regiões com invernos
rigorosos, a ilha de calor pode ser benéfica, devido à redução de consumo de aquecedores
neste período. Entretanto, em regiões com clima quente, ela pode aumentar significativamente
o consumo de condicionamento de ar, principalmente no verão. Um estudo realizado em doze
cidades localizadas em diferentes partes dos Estados Unidos comparou o uso de aquecimento
e condicionamento de ar em áreas dentro das cidades e áreas rurais circunvizinhas. Os
resultados em percentual de dias de uso indicaram que o aquecimento foi utilizado 8% menos
na cidade em comparação com as áreas afastadas e que o condicionamento do ar foi utilizado
numa porcentagem de 12% mais na cidade. Neste caso o consumo de energia foi maior por
causa da ilha de calor (LANDSBERG, 1981).
A ilha de calor pode modificar a estabilidade atmosférica através do aumento das correntes
ascendentes até uma determinada altura. Com isto, as massas de ar da atmosfera urbana
portam mais nuvens do que aquelas encontradas sobre o campo (OLIVEIRA, 1987, p. 21).
Por outro lado, a presença de nuvens na cidade faz com que parte da radiação solar direta não
atinja o solo, e a intensidade da ilha de calor torna-se menos expressiva.
Em áreas com calor intenso, onde a ilha de calor pode trazer conseqüências indesejáveis para
o conforto térmico, a velocidade do vento tem um papel fundamental para o seu controle, já
que uma brisa, por exemplo, pode deslocá-la a favor do vento e um vendaval pode dispersá-la
inteiramente. A velocidade do vento requerida para dispersar uma ilha de calor varia de
cidade para cidade (SPIRN, 1995, p. 69).
A forma urbana pode intervir para o surgimento ou não de ilhas de calor. Entretanto é
necessário conhecer os aspectos que caracterizam a forma urbana e como estes interagem com
os elementos climáticos.
A forma urbana “é a disposição no espaço das várias partes da aglomeração urbana e o
conjunto das relações espaciais que estas mantém entre si e com o todo, como percebida pelo
seu contorno, cor e textura” (SERRA, 1936, p. 99). É caracterizada pelo desenho urbano,
edificações, relevo, vegetação, recobrimento do solo e as propriedades dos materiais, que são
importantes condicionantes do clima urbano, interferindo nas condições de conforto e
salubridade no ambiente construído.
¾ O desenho urbano “trata a dimensão físico-ambiental da cidade, enquanto conjunto de
sistemas físico-espaciais e sistemas de atividades que interagem com a população através de
suas vivências, percepções e ações cotidianas” (DEL RIO, 1990, p. 54). Deve ser organizado
para garantir o desenvolvimento da cidade segundo as necessidades de seus usuários
(BRANCO; ARAÚJO, 2001).
O traçado urbano interfere nas variáveis climáticas devido à densidade de construções,
disposição e tamanho (altura e largura) das edificações, rugosidade, orientação de ruas e
edificações, e da permeabilidade superficial do solo urbano.
A densidade das edificações tem grande relevância na formação de ilhas de calor na cidade.
Os altos valores de temperatura do ar estão normalmente associados a altas densidades de
construções.
Disposição e tamanho (altura e largura) das edificações estão relacionados com o princípio
da porosidade. Porosidade corresponde à capacidade da estrutura urbana de permitir maior ou
menor permeabilidade dos ventos entre as edificações. Em localidades com clima quente e
úmido, por exemplo, a localização apropriada de edifícios altos entre edifícios baixos poderá
ventilar os espaços urbanos mais eficientemente do que quando todos estão com a mesma
altura, proporcionando melhor qualidade do ar e conforto térmico (OLIVEIRA, 1988).
O tamanho das edificações interferem no fator de céu visível. A parcela de céu visível
determina a taxa de resfriamento radiativo do local. A ilustração 6 mostra a relações entre
largura, altura e espaçamento do recinto urbano que determinam o fator de céu visível (ψ).
Quanto mais baixas as edificações e quanto maior o espaçamento entre elas, maior será a
porção de céu visível. Entretanto, a existência de nuvens no céu também interfere na
incidência de radiação solar. Quanto maior a nebulosidade, menor a incidência de radiação
solar nas superfícies.
Ilustração 6 – Fator de céu visível
Fonte: Mascaro (1996, p. 57).
Além disso, a orientação e composição das edificações podem contribuir ou impedir a
penetração da radiação solar nos espaços externos como ruas, praças e parques. Com isto, este
aspecto da forma urbano pode ser utilizado como condicionante para o planejamento dos
espaços externos.
FATOR DE CÉU
VISÍVEL
H
L L
H
FATOR DE CÉU
VISÍVEL
Os edifícios constituem os principais obstáculos para o deslocamento do vento no interior da
cidade. Eles são corpos rígidos constituídos por diferentes materiais. As superfícies destes
materiais acrescentam características rugosas à estrutura urbana. As massas de ar, ao se
movimentarem próximas às superfícies das edificações e do solo, sofrem atrito, que tanto
pode reduzir a velocidade desse movimento como alterar a forma de deslocamento (deixando
de ser laminar para formar turbilhões). Quanto mais rugosa a superfície, maior o atrito e
menor a velocidade do ar (OLIVEIRA, 1988).
Na cidade, a penetração dos ventos depende da orientação e continuidade das ruas e dos
espaços livres. Os ventos têm sua velocidade aumentada em ruas com orientação paralela à
sua direção, formando rajadas de ventos. Em ruas orientadas perpendicularmente à direção
dos ventos são formados redemoinhos. As calmarias acontecem no fundo de pátios e de outros
espaços confinados. A ilustração 7 mostra os efeitos causados à ventilação pelo desenho
urbano no interior das cidades, algumas vezes aumentando ou reduzindo sua velocidade.
a) Efeito Pilotis b) Efeito Barreira c) Efeito Esquina
d) Efeito de canalização e) Efeito Venturi
Ilustração 7 – Efeitos aerodinâmicos do vento
Fonte: Bustos Romero (1998)
As rajadas de vento, os redemoinhos ou as calmarias podem ocorrer simultaneamente em
espaços separados dentro da cidade ou de um segundo para outro no mesmo lugar, como
resultado da interação das mudanças nas direções e velocidades do vento regional com a
superfície topográfica, da aerodinâmica das formas dos edifícios, do tamanho e forma dos
espaços livres em seu entorno (SPIRN, 1995).
¾ As características do relevo de um lugar podem ser utilizadas de modo a favorecer ao
conforto térmico nas habitações, princípio empregado na arquitetura vernácula. Um exemplo
disto são as habitações construídas pelo povo de Mesa Verde no deserto de Colorado, Estados
Unidos. As habitações eram protegidas do sol pelas encostas de pedra, de forma a sombrear a
incidência dos raios solares no verão quente e seco. No inverno, a inclinação mais baixa do
sol permitia a entrada da radiação nas habitações, aquecendo-as durante o dia (Ilustração 19).
O calor armazenado na rocha das encostas durante o dia era devolvido ao interior das
habitações à noite, garantindo o conforto térmico (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 1997).
Ilustração 8 – Aproveitamento das habitações no deserto de Colorado – EUA
Fonte: Lamberts; Dutra; Pereira (1997, p. 16).
¾ A vegetação urbana permite a integração entre os espaços construídos e o meio
ambiente natural. É parte integrante da paisagem da cidade e modifica as características
climáticas provocadas pela urbanização, podendo provocar inúmeros efeitos benéficos ao
ambiente urbano. Espécies vegetais são elementos completos para adaptar e proteger os
espaços livres, mantendo o equilíbrio do ecossistema urbano.
VERÃO
REFRESCAMENTO
DA TERRA
VENTO
FRESCO
INVERNO
RESERVA
DE CALOR
VENTO FRIO
A vegetação urbana é representada por espécies arbóreas, arbustivas e gramíneas.
Normalmente são encontradas em áreas de uso público como praças, parques, canteiros, ruas
e áreas particulares como jardins e quintais. Interferem no clima urbano quanto à incidência
de radiação direta, à temperatura do ar, umidade do ar, velocidade e direção dos ventos, à
permeabilidade do solo, entre outros aspectos.
A vegetação tem menor capacidade calorífica e condutividade que os materiais constituintes
dos edifícios. A maior parte da radiação incidente na vegetação é absorvida pelas folhas, que
têm um alto coeficiente de absorção de radiação solar e baixa reflexão. Além disso, outra
parte consegue penetrar entre os galhos e as folhas, em maior ou menor quantidade,
dependendo da densidade da espécie.
A vegetação permite a diminuição da temperatura do ar e o aumento na sua umidade relativa,
através do sombreamento com espécies maiores como as arbóreas, por exemplo, reduzindo a
carga térmica recebida pelos edifícios, veículos e pedestres. Entretanto, isso apenas acontece
no ambiente imediatamente próximo à cobertura vegetal (Ilustração 9).
Ilustração 9 – Diferenças nas temperaturas superficiais pela vegetação
Fonte: Rivero (1985, p. 157).
A vegetação pode ainda modificar a direção e velocidade do vento, causando efeitos
diferenciados como a canalização do vento; a deflexão do vento; a obstrução e a filtragem. É
Grama
ao sol
35 C
Asfalto
ao sol
0
50 C
32 C
Grama à
sombra
0
38 C
Concreto
ao sol
Concreto
à sombra
0
47 C
00
utilizada como canalizadora do vento, quando disposta em fileiras paralelas, formando um
corredor com largura 2,5 vezes menor que a altura média da vegetação (MASCARÓ;
MASCARÓ, 2002). Entretanto, esse efeito apenas acontece quando a vegetação possui copa
fechada desde o nível do solo.
Um edifício ou um espaço aberto pode ser ventilado ou protegido do vento através da posição
e distância que a vegetação está em relação à área. Dessa forma, ela é utilizada como defletora
do vento, alterando sua direção e sua velocidade. A obstrução acontece quando a vegetação é
utilizada como uma barreira à passagem do vento, reduzindo a velocidade do ar.
As folhas das árvores e outras espécies vegetais podem filtrar a poeira e a contaminação do ar.
A sua utilização nas áreas urbanas reduz os efeitos da ilha de calor e da poluição urbana,
contribuindo para se obter uma ambiência urbana agradável.
As plantas possuem volumes como porte, forma, textura, cor, densidade de folhagem, floração
e características ambientais que variam de espécie para espécie, podendo ser utilizadas como
elemento estético no ambiente urbano.
¾ O tipo de revestimento do solo exerce grande influência sobre o clima urbano, devido
à permeabilidade do solo urbano e as propriedades dos materiais utilizados. O solo das áreas
urbanas é mais impermeável que o solo encontrado nas áreas rurais. Essa impermeabilização
pode causar o aumento da temperatura do ar nessas áreas, a redução da umidade do ar, a
diminuição da evaporação na área urbana e o acúmulo da radiação térmica na estrutura
urbana, entre outros (MASCARÓ, 1996).
A permeabilidade do solo depende da área ocupada por edificações, da quantidade de
superfície pavimentada (passeios, ruas, avenidas) e da quantidade de superfícies de solo nu
(áreas desocupadas ou ainda sem interferência do homem).
Solo impermeável e sem planejamento pode causar prejuízo à cidade, com o alagamento de
ruas em períodos chuvosos, dificultando o trajeto de veículos e contribuindo para acidentes.
Permite a redução da umidade do ar e da evaporação, decorrente da pouca absorção das águas
pluviais pela superfície do solo. As estruturas urbanas acumulam radiação térmica que, devido
à baixa umidade, não pode ser perdida por evaporação. Com isto, a radiação térmica fica
aquecendo os espaços, a massa edificada e as pessoas.
Além disso, as características e composições dos materiais empregados na superfície urbana,
em conjunto com a impermeabilidade do solo favorecem o surgimento da ilha de calor.
Muitos materiais impermeáveis utilizados nas cidades absorvem grande parte da radiação
solar, emitindo calor para o ambiente externo e aumentando a temperatura do ar.
A vegetação urbana contribui para a permeabilidade do solo, permitindo que parte da água da
chuva ou de abastecimento local penetre no solo sem dificuldade, tornando o solo mais
produtivo e reduzindo o aquecimento nessas áreas.
¾ Todo material (madeira, concreto, alumínio, entre outros) possui capacidade térmica, isto
é, capacidade de armazenar calor. Os materiais empregados nas áreas urbanas possuem uma
capacidade térmica mais elevada que os materiais de áreas menos construídas e são melhores
condutores, sendo capaz de provocar alterações na composição da atmosfera (LOMBARDO,
1985).
As principais características desses revestimentos são: absortividade da radiação solar (função
das cores), a capacidade de armazenar calor (inércia térmica) e os índices de
impermeabilidade (RORIZ; BARBUGLI, 2003).
O coeficiente de absortância ou absortividade (α) está ligado às cores dos materiais. Materiais
com cores mais claras costumam absorver pouca quantidade da radiação solar. Enquanto os
que possuem cores mais escuras costumam absorver muita. Essa radiação absorvida é
transformada em energia, sendo devolvida ao ambiente externo através das trocas térmicas de
calor (GIVONI, 1998). O quadro 1 mostra os valores referentes à absortividade dos materiais
em relação às cores escuras, médias e claras. Se a absortividade de um material for 0,8, por
exemplo, significa dizer que este material absorve 80% da radiação incidente e reflete 20%
dela.
CORES α
Escuras 0,7 a 0,9
Médias 0,5 a 0,7
Claras 0,2 a 0,5
Quadro 1 – Absortividade em função da cor
Fonte: Lamberts; Dutra; Pereira (1997, p. 57).
Para regiões de clima quente e úmido, materiais que tenham grande capacidade de armazenar
calor devem ser evitados nas superfícies externas, porque o calor armazenado durante o dia é
devolvido para o ar durante a noite, aumentando sua temperatura.
A radiação incidente é absorvida pelos materiais e transformada em calor. Parte deste calor
será transferido para outras superfícies. Essa propriedade de conduzir maior ou menor
quantidade de calor por unidade de tempo é representada pelo coeficiente de condutibilidade
térmica e depende da densidade do material. No quadro 2 podem ser identificados os
coeficientes de condutividade térmica de alguns materiais.
Quanto maior o valor da condutividade térmica, maior é a quantidade de calor transferida
entre os corpos. Os metais possuem grande coeficiente de condutividade térmica, conduzindo
rapidamente o calor para outras superfícies.
Quanto maior a inércia térmica do material, mais tempo levará para o calor atravessar a
superfície e ser devolvido ao meio externo. Materiais com essa característica podem ser
utilizados em locais com dias muito quentes e noites muito frias. Durante o dia ele absorve o
calor bem devagar, sendo dissipado apenas durante a noite como um aquecimento natural. No
período da noite acontece o inverso.
MATERIAL λ (W/mºC) MATERIAL λ (W/mºC)
Água 0,58 Aço 52,0
Amianto 0,15 Aço inox 46,0
Areia seca 0,49 Alumínio 230,0
Areia úmida 2,35 Chumbo 35,0
Argila 0,72 Cobre 380,0
Asfalto puro 0,70 Ferro fundido 56,0
Asfalto com areia 1,15 Ferro puro 72,0
Cerâmica 0,46 latão 110,0
Cimento amianto 0,65 a 0,95
Metais
zinco 112,0
Concreto aparente 1,65 a 1,91 Ardósia 2,1
Concreto armado 1,75 arenito 1,28
Concreto comum 1,28 a 1,74 basalto 3,5
Abeto, cedro 0,12 calcário 1,4
Balsa 0,05 gnaise 3,5
Madeira
Carvalho, frutíferas 0,23 granito 3,5
Terra argilosa seca 0,52
Pedras
mármore 3,26
Terra comprida (bloco) 1,15 Tijolo de concreto furado 0,91
Terra úmida 0,6 Tijolo maciço prensado 0,72
Telha cerâmica 0,93 Vidro 0,8
Quadro 2 – Condutividade térmica de alguns materiais
Fonte: Frota; Schiffer (2003, p. 184).
O albedo é a unidade em porcentagem utilizada para indicar quanto da radiação solar recebida
por alguma superfície será refletida. Quanto maior o albedo de um material, maior é a
reflexão da radiação solar por este material. Um exemplo disso é o asfalto encontrado nas
ruas. Na tabela 2, esse material apresenta valor de albedo representado entre 5% e 20%,
dependendo da composição do asfalto. Isso corresponde a afirmar que o material reflete, no
máximo, 20% da radiação recebida pelo sol. O restante da radiação é absorvido pela
superfície do material e emitido em forma de onda curta para o exterior, sendo representado
pelo valor de emitância do material. No caso do asfalto, o valor da emitância é de 95%.
A reflexão da radiação solar por espécies vegetais depende da morfologia e das características
físicas das plantas, mais especificamente do albedo da superfície foliar, que chega a cerca de
30% da superfície total (MASCARÓ, 1996).
Tabela 2 – Albedo de diferentes materiais
SUPERFÍCIE MATERIAIS ALBEDO (RADIAÇÃO
SOLAR) EM %
EMITÂNCIA (ONDA
LONGA) EM %
ruas asfalto 5 - 20 95
paredes concreto
tijolo
pedra
madeira
10 - 35
20 – 40
20 – 35
40
71 – 90
90 – 92
85 – 95
90
coberturas betume e cascalho
telhas
ardósia
chapa metálica
8 - 18
10 – 35
10
10 - 16
92
90
90
13 – 28
outras terra preta úmida
terra preta seca
areia seca
erva seca
deserto
campos verdes
8 - 9
12 – 25
18 – 30
32
24 – 28
3 - 15
-
-
-
-
-
-
Fonte: Mascaró (1996, p. 63).
Todos esses componentes da forma urbana interagem com o homem e as variáveis climáticas
(temperatura do ar, umidade do ar, velocidade do ar) através das trocas térmicas de calor, o
que será abordado na próxima subseção.
2.2 CONFORTO TÉRMICO HUMANO
A ASHRAE, American Society of Heating, Refrigeration and Air Conditioning, estabeleceu
que conforto térmico é “um estado de espírito que reflete a satisfação com o ambiente térmico
que envolve a pessoa” (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 1997, p. 41).
O homem produz calor por meio do metabolismo da comida e segundo a atividade praticada.
Metabolismo é o processo de produção de energia interna a partir de elementos combustíveis
orgânicos (FROTA; SCHIFER, 2003). A energia térmica produzida pelo organismo humano
advém de reações químicas internas, sendo a mais importante a combinação do carbono,
introduzido no organismo sob a forma de alimentos, com o oxigênio, extraído do ar pela
respiração. Parte deste calor precisa ser liberada em quantidade suficiente para que sua
temperatura interna se mantenha na ordem de 37ºC. Para isso, o homem troca calor com o
ambiente. Quando as trocas de calor entre o corpo humano e o ambiente ocorrem sem maior
esforço, a sensação do indivíduo é de conforto térmico.
As trocas térmicas relacionadas ao corpo humano podem acontecer por condução, radiação e
convecção, consideradas trocas secas, ou por evaporação, considerada troca úmida (FROTA;
SCHIFFER, 2003). O fluxo de energia térmica acontece sempre do corpo de maior
temperatura para o de menor.
O homem troca calor com o ar por convecção. As trocas de calor por convecção dependem da
relação entre a temperatura do ar, a temperatura do sistema corpo-vestimenta e a velocidade
do ar em contato com o sistema.
O corpo humano troca calor com outros corpos próximos por radiação, através de sua
capacidade de emitir e de absorver energia térmica. A transmissão dessa energia térmica não
precisa de um meio para propagação, ocorrendo mesmo no vácuo. Neste caso, a capacidade
térmica dos materiais em relação ao coeficiente de absortância e sua inércia térmica é bastante
importante.
Ocorre troca térmica por condução quando existe um contato direto entre os corpos, estando
eles em diferentes temperaturas. De acordo com o tipo de material empregado na superfície,
essa troca térmica pode ocorrer lentamente ou rapidamente. Neste caso, o coeficiente de
condutibilidade térmica dos materiais é um relevante indicativo.
Na evaporação as trocas térmicas acontecem com a mudança da água do estado líquido para o
estado gasoso. Essa troca pode acontecer com o corpo humano devido à evaporação do suor
para o ar. Para ser evaporada, a água gasta uma certa quantidade de energia. A velocidade da
evaporação depende do estado higrométrico do ar e de sua velocidade. O ar tem capacidade
de conter uma certa quantidade de vapor de água a uma determinada temperatura. Esta
quantidade deve ser igual ou inferior a sua capacidade máxima de contenção de vapor de
água, denominado peso do fator saturante. A diferença entre o peso do fator saturante e o peso
de vapor contido no ar corresponde ao grau higrométrico do ar.
As condições de conforto térmico estão relacionadas a uma série de variáveis, como os
elementos climáticos do lugar, a atividade física praticada e as vestimentas utilizadas.
2.2.1 As variáveis climáticas
As principais variáveis climáticas que eso relacionadas ao conforto térmico são a
temperatura do ar (ºC), temperatura radiante média (ºC), umidade relativa do ar (%) e
velocidade do ar (m/s).
A temperatura do ar é normalmente medida através de termômetros. Como parâmetros de
conforto térmico para regiões de clima quente e úmido, Rivero (1985) classifica os limites de
conforto a partir da temperatura do ar: ótimo para ambientes com temperatura do ar
compreendida entre 23°C e 25°C; levemente quente quando a temperatura do ar está entre
25°C e 28°C; quente quando a temperatura do ar estiver entre 28°C e 31°C ( início de
desconforto a partir deste último valor); e muito quente quando a temperatura se situa entre
31°C e 35°C, limite no qual o ambiente já está muito desconfortável.
A temperatura radiante média pode ser calculada por meio de duas fórmulas, uma de
convecção natural e outra de convecção forçada com globo padronizado (equações 1 e 2,
respectivamente). Normalmente a segunda é a mais utilizada.
Tr = [(t
g
+ 273)
4
+ 0,4x10
8
| t
g
– t
a
|
¼
. (t
g
– t
a
)]
¼
- 273 [1]
Tr = [(t
g
+ 273)
4
+ 2,5x10
8
. v
a
0,6
. (t
g
– t
a
)]
¼
- 273 [2]
Esta variável depende dos valores de temperatura do ar (t
a
em
ºC), velocidade do ar (v
a
em
m/s) e da temperatura de globo (t
g
em
ºC), medida através de um termômetro de globo negro,
para a execução dos cálculos. Essa é uma variável ainda pouco encontrada em pesquisas
científicas em espaços abertos, por isso ainda sem limites de conforto definidos. Entretanto,
pesquisas avançam constantemente nessa área (EMMANUEL, 2005; NIKOLOPOULOU;
LYKOUDIS, 2006).
O termômetro utilizado nas medições consiste em globo negro, em cujo centro é colocado um
sensor de temperatura do tipo bulbo de mercúrio, termopar ou resistor. Este termômetro deve
estar posicionado acima de um metro. O globo deve ter diâmetro de 15 cm (padrão) e
superfície em pintura negra ou cobertura eletroquímica negra (LAMBERTS; XAVIER, 2002).
No caso em que o termômetro estiver exposto à radiação solar direta, estudos mais recentes
apontam que a pintura do globo deve apresentar a mesma absortividade para ondas curtas que
as superfícies das roupas, como, por exemplo, o cinza claro, com 0,5 de refletância. Segundo
Nikolopoulou e Lykoudis (2006), o termômetro de globo negro, utilizado comumente nas
pesquisas da área, podem superestimar valores da temperatura radiante média.
O grau de umidade relativa do ar interfere nas condições climáticas de um lugar quanto à
amplitude das temperaturas diárias. Desta forma, quanto mais úmido for o ar, menor é a
diferença entre suas temperaturas extremas (mínima e máxima).
A umidade do ar está relacionada à quantidade de partículas de água em suspensão. Estas
partículas têm capacidade de receber calor do sol e se aquecerem. Funcionam como barreira
da radiação solar durante o dia e barreira ao calor dissipado pelo solo durante a noite. No
período diurno, o solo em áreas úmidas recebe menos radiação solar que o solo em clima
mais seco. No período noturno, o ar úmido resulta em temperaturas noturnas não muito
diversas das diurnas. Isso acontece porque as partículas de água que acumulam calor durante
o dia devolvem parte do calor para o solo e outra parte para a atmosfera, aumentando a
temperatura do ar e diminuindo a amplitude térmica entre o período diurno e noturno.
Para o conforto térmico é considerado satisfatório o valor de umidade relativa do ar entre
30% e 70% (LAMBERTS; XAVIER, 2002). Em baixas umidades a radiação solar chega em
maior quantidade nas superfícies, podendo causar desconforto pelo calor acumulado. Em altas
umidades relativas, a evaporação do suor da pele acontece com maior dificuldade, podendo
aumentar a sensação de desconforto térmico.
Quando a velocidade do fluxo de ar é pequena, a temperatura do ar é conseqüente, na maior
parte, dos ganhos térmicos solares do local. Quando a velocidade do ar é alta, a influência dos
fatores locais na temperatura do ar é bem menor. O valor da velocidade do ar provoca
diferentes efeitos, interferindo na sensação de conforto. Segundo a escala de Beaufort
(Quadro 3), o vento pode ser classificado a partir de sua velocidade, com limite de vento
agradável entre 8,0 m/s e 13,8 m/s.
NÚMERO DESCRIÇÃO
DO VENTO
VELOCIDADE
DO VENTO (m/s)
DESCRIÇÃO DOS EFEITOS DOS VENTOS
0 Calmo Menor que 0,4 Vento não perceptível
1 Ventos leves De 0,4 a 1,5 Vento não perceptível
2 Brisa leve De 1,6 a 3,3 Vento sentido no rosto
3 Brisa suave De 3,4 a 5,4 Ventos que levemente estendem as bandeiras /
cabelos desarrumados / roupas balançando
4 Brisa
moderada
De 5,5 a 7,9 Ventos levantando poeira / solo seco / papéis soltos /
cabelos desordenados
5 Brisa fresca De 8,0 a 10,7 Força dos ventos sentidos no corpo / limite de vento
agradável sobre a terra.
6 Brisa forte De 10,8 a 13,8 Uso de sombrinhas com dificuldade / cabelos
golpeados imediatamente / dificuldade de caminhar
com firmeza / ventos ruidosos, desagradáveis no
ouvido.
7 Ventania
moderada
De 13,9 a 17,1 Sentida de maneira inconveniente quando
caminhando.
8 Ventania
fresca
De 17,2 a 20,7 Grande dificuldade com o balanço das rajadas.
9 Ventania forte De 20,8 a 24,4 Pessoas golpeadas por cima pelas rajadas
Quadro 3: Escala de Beaufort
Fonte: Mascaro (1996, p. 46)
A radiação solar e os ventos são fatores climáticos que interferem nas condições de conforto
térmico, porque modificam os valores da temperatura do ar, da temperatura das superfícies
que rodeiam o indivíduo e da umidade relativa do ar.
As condições ambientais capazes de proporcionar sensação de conforto térmico nas pessoas
são diferentes de acordo com o tipo climático de cada região. Havendo tais diferenças
climáticas, a forma urbana deve ser organizada de maneira que minimize os efeitos causados
pelo clima e favoreça a sensação de conforto térmico nos espaços urbanos.
A adequação dos espaços às condições favoráveis do clima para a obtenção de conforto
térmico tem como referência o diagrama bioclimático criado por Olgyay (ilustração 10) nos
anos de 1960, que propõe estratégias de adequação da arquitetura ao clima. Este diagrama era
utilizado para análise de áreas externas (LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 1997).
Ilustração 10 – Diagrama bioclimático de Olgyay
Fonte: Frota; Schifer (2003, 178).
Em regiões com clima quente e úmido, o aumento da temperatura do ar causado pela forte
incidência de radiação solar, assim como a alta taxa de umidade do ar, característica desse
tipo de clima, podem causar desconforto térmico humano no espaço externo. O
sombreamento dos espaços pode reduzir a quantidade de radiação solar, interferir na
temperatura do ar e proteger contra as precipitações. A ventilação pode interferir nas
temperaturas do ar e das superfícies, dispersar os poluentes e promover a evaporação.
O quadro 4 mostra de que maneira os elementos climáticos devem ser controlados no clima
quente e úmido para melhoria da qualidade ambiental nos aglomerados urbanos.
ELEMENTOS DO CLIMA ESTRATÉGIAS BIOCLIMÁTICAS
Temperatura
Reduzir a produção de calor em razão da condução e da convecção
dos impactos externos
Ventos
Aumentar o movimento do ar e direcionar este movimento segundo
as necessidades
Umidade
Evitar a absorção e diminuição à pressão de vapor. Promover a
evaporação
Radiação
Reduzir a absorção de radiação
Precipitações
Proteger ao máxima os espaços públicos
Quadro 4 – Elementos do clima quente e úmido a serem controlados
Fonte: Busto Romero (2001, p. 54).
2.2.2 Atividade física
Outro fator importante para o conforto térmico humano é a atividade praticada. Nas pessoas,
o calor gerado por metabolismo é diretamente proporcional à atividade física (Quadro 5). Este
calor é denominado calor metabólico e é medido em watts (W). Através do metabolismo, o
organismo adquire energia. Cerca de 20% dessa energia é transformada em potencialidade de
trabalho. O restante é transformado em calor e deve sair do organismo para mantê-lo em
equilíbrio. Qualquer atividade exercida pelo indivíduo requer perda de calor. Em repouso
absoluto o calor dissipado pelo organismo é de aproximadamente 80W (FROTA; SCHIFFER,
2003, p. 19).
ATIVIDADE CALOR
METABÓLICO (W)
CALOR
SENSÍVEL (W)
CALOR
LATENTE (W)
Durante o sono (basal) 80 40 40
Sentado, em repouso 115 63 52
Em pé, em repouso 12 63 57
Sentado, cosendo à mão 130 65 65
Escritório (atividade moderada) 140 65 75
Em pé, trabalhando leve 145 65 80
Datilografando rápido 160 65 95
Lavando pratos 175 65 110
Confeccionando calçados 190 65 125
Andando 220 75 145
Trabalho leve, em bancada 255 80 175
Garçom 290 95 195
Descendo escadas 420 140 280
Serrando madeira 520 175 345
Nadando 580 - -
Subindo escadas 1280 - -
Esforço máximo 870 a 1400 - -
Quadro 5 - Calor cedido ao ambiente, segundo atividades desenvolvidas pelo indivíduo.
Fonte: Frota; Schiffer (2003, p. 177).
Para manter a temperatura interna do corpo constante, quando o calor produzido pelo
metabolismo não é compatível com sua atividade realizada, o organismo utiliza os
mecanismos termorreguladores que comandam a redução dos ganhos ou o aumento das
perdas de calor.
2.2.3 Vestimenta
A resistência térmica da roupa também exerce grande importância na sensação de conforto.
As vestimentas aumentam ou reduzem as trocas térmicas de calor por convecção. A pele troca
calor com a roupa por condução, convecção e radiação, que, por sua vez troca com o ar por
convecção e com outras superfícies por radiação. Essa resistência é medida em
“clo”.(LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 1997). O quadro 6 mostra valores, em clo, de
resistência térmica de vestimentas usuais.
Item do vestuário Material de fabricação Massa (g) Iclu (clo)
Sutiã ---------------------- 44 0,01
Calcinha 100% nylon 27 0,03
Cueca 100% algodão 65 0,04
Camiseta sem manga Poliéster, algodão 106 0,05
Camiseta com manga curta Algodão 180 0,1
Blusa feminina 65% poliéster, 35% algodão 142 0,27
Short Algodão --------- 0,08
Bermuda até o joelho Algodão 195 0,11
Calça justa 65% poliéster, 35% algodão 605 0,20
Saia curta 50% lã, 50% poliéster 305 0,23
Saia longa 50% lã, 50% poliéster 378 0,28
Vestido longo 65% poliéster, 35% algodão 177 0,26
Jaqueta 65% poliéster, 35% algodão 640 0,26
Paletó tipo jaquetão Algodão 794 0,46
Suéter manga longa e gola
olímpica
--------------------- 815 0,54
sapato --------------------- --------- 0,05
Gorro, bo --------------------- 100 0,01
Quadro 6 – Resistência térmica dos itens do vestuário.
Fonte: Ruas (1999, p. 23).
Quando as condições térmicas ambientais causam sensação de frio ou de calor, significa dizer
que o corpo está perdendo mais ou menos calor que o necessário para a manutenção da
temperatura interna (homeotermia). Com isso, o corpo produz um esforço adicional para
manter o corpo em equilíbrio. Essa sobrecarga pode causar queda no rendimento da atividade
ou, até mesmo, problema de saúde (FROTA; SCHIFFER, 2003).
Nos ambientes externos o conforto térmico sofre a interferência de diversos fatores que serão
expostos no item a seguir.
2.3 CONFORTO TÉRMICO EM ESPAÇOS EXTERNOS
O desempenho térmico dos espaços externos pode interferir na utilização dos espaços e no
desenvolvimento de atividades pelos usuários. As características do clima do lugar e os
elementos da forma urbana são os principais condicionantes dessa interferência. Inúmeras
pesquisas realizadas sobre a qualidade dos espaços externos e o conforto dos seus usuários
corroboram a importância destes espaços para as cidades. Estudos sobre conforto térmico em
espaços externos, nos quais as situações encontradas são bem mais complexas que os espaços
internos, levam em consideração, além da taxa de metabolismo, a vestimenta, a radiação solar
e demais fatores ambientais intervenientes, a atividade praticada, os fatores climáticos e suas
respostas fisiológicas e os fatores psicológicos (expectativa, preferências e aceitabilidade).
Muitos estudos de conforto térmico utilizam como base a metodologia de Fanger (1970). Esta
metodologia é caracterizada pelo Índice de PMV (Voto Médio Estimado) e o PPD
(Percentagem de Pessoas Insatisfeitas). O PMV é definido por uma escala que varia de -3 a
+3. Desta forma, os ambientes podem ser classificados como muito frio (-3), frio (-2),
levemente frio (-1), neutro (0), levemente quente (+1), quente (+2), muito quente (+3). O
parâmetro PPD indica a quantidade em percentual de pessoas insatisfeitas com o ambiente
térmico. Para o cálculo destes índices são utilizados o valor da resistência da roupa,
metabolismo, temperatura do ar, velocidade do ar, temperatura radiante média e umidade do
ar.
Lois e Labaki (2001) apontam diversos índices utilizados para o cálculo desse conforto, entre
eles: Índice de Stress Térmico (I.T.S.); Modelo de Morgan e Baskett; Modelo de Jendritzky e
Nübler; Modelo de Munique para Balanço de Energia para Indivíduos (MEMI); Temperatura
Fisiológica Equivalente (PET); Temperatura Neutra ao Exterior (Tne); Índice de Noguchi e
Givoni. Elas indicam também que a maioria dos estudos encontrados têm como base o
modelo de Fanger.
O Índice de Stress Térmico, desenvolvido por Givoni em 1962, descreve o mecanismo de
troca entre o corpo humano e o ambiente, considerando a taxa metabólica, as diferentes
vestimentas e a taxa de sudação. É um método analítico para determinar o efeito combinado
destes elementos com as condições ambientais. Utiliza como referência as taxas de valores:
temperatura do ar – 20 a 50ºC; pressão de vapor – 5 a 40 mmHg; velocidade do ar – 0,10 a
3,5 m/s; radiação solar – máximo de 600 Kcal/h; taxa metabólica – 100 a 600 kcal/h;
vestimenta – seminu, roupa leve de verão, uniforme industrial ou militar.
O Modelo de Morgan e Baskett utiliza um conjunto de fatores fisiológicos (tamanho,
localização, atividade e vestimenta) e as características climáticas do ambiente (radiação,
temperatura do ar, umidade relativa do ar e velocidade do ar) para calcular a temperatura e
umidade da pele. Os resultados são classificados em muito agradável (1), agradável (2),
neutro (3), desagradável (4) e muito desagradável (5). O valor da sensação térmica representa
a diferença entre a temperatura média da pele obtida pelo modelo e a temperatura média
confortável da pele. Pode ser classificada, segundo escala de Fanger, entre +3 (muito quente)
e -3 (muito frio), com 0 representando a neutralidade térmica.
O Modelo de Jendritzky e Nübler adaptou o modelo de Fanger para os ambientes externos.
Neste modelo é calculado o fluxo de calor radiante do ambiente para o corpo humano e a
temperatura radiante média. No primeiro são consideradas a radiação solar direta, difusa e
refletida, a emissão de radiação de onda longa pelas superfícies vizinhas e a radiação da
vestimenta. No segundo, os autores introduzem “fatores de ângulos” para cada superfície de
entorno ao corpo humano, com características de turbidez da atmosfera (T), albedo (σ) e
emissividade (ε). Como critério de conforto, esse modelo utiliza o Voto Médio Estimado de
Fanger e a escala psicofísica de sete pontos da ASHRAE.
O modelo de Munique para Balanço de Energia para Indivíduos (MEMI) foi desenvolvido em
1984, baseado na equação de balanço de energia. Consiste em três equações: balanço de
energia total do corpo; o fluxo de calor do interior do corpo para a pele; e o fluxo de calor da
pele. O sistema destas equações permite a quantificação da temperatura média da pele, da
temperatura da roupa e da temperatura interna do corpo, utilizando os parâmetros
meteorológicos (temperatura do ar, umidade relativa do ar, velocidade do ar, temperatura
radiante média) e pessoais (idade, sexo, altura, pelo, taxa metabólica, resistência térmica da
roupa, posição do indivíduo) conhecidos.
A Temperatura Fisiológica Equivalente (PET), utilizado em Katzschner (2000), é baseada na
equação de equilíbrio térmico em estado de uniformidade. Foi criado visando estabelecer um
índice de fácil entendimento. É calculado a partir da equação 3:
PET = f (t
1
, t
mrt
, e, v) [Eq. 3]
Onde: t
1
= temperatura do ar em ºC; t
mrt
= temperatura radiante média em ºC; e = pressão de
vapor em mb; v = velocidade do ar em m/s. Valores de PET próximos a 20ºC podem ser
considerados confortáveis, enquanto valores maiores podem indicar desconforto para o calor
e valores menores, desconforto para o frio.
A Temperatura Neutra ao Exterior (Tne), desenvolvida em Aroztegui (1995), incorpora os
efeitos dos agentes externos à temperatura neutra interna. Teve como base o Índice de Stress
térmico de Givoni. É calculada através da equação 4:
Tne = 3,6 + 0,31 Tmm + 100 + 0,1 Rdn (1 – 0,52 (V
0,2
– 0,88)) [Eq. 4]
11,6 V
0,3
Onde Tne = Temperatura Neutra ao Exterior (ºC); Tmm = temperatura média mensal (ºC);
Rdn = radiação solar direta normal (W/m²); V = velocidade do ar (m/s). Para temperatura do
ar inferior à Temperatura Neutra Exterior (tar<tne) é considerado desconforto para o frio.
O Índice de Noguchi e Givoni, criado em 1997, envolve dados característicos do espaço
aberto (temperatura do ar, velocidade do ar e radiação solar), sensação térmica e sensação
global de conforto. Teve como base a aplicação de questionários a homens e mulheres em
áreas com características físicas distintas nas quatro estações do ano no Japão. A escala
utilizada para classificação da sensação térmica foi de 1 (muito frio) a 7 (muito calor), com 4
em neutralidade. A classificação do conforto foi de 1 (muito desconfortável) a 7 (muito
confortável). Esta pesquisa deu origem à seguinte equação de sensação térmica:
TS = 1,7 + 0,118Ta + 0,0019SR – 0,322WS – 0,0073RH + 0,0054ST [Eq. 5]
Onde: TS = sensação térmica; Ta = temperatura na sombra (ºC); SR = radiação solar
horizontal (W/m²); WS = velocidade do vento (m/s); RH = umidade relativa (%); ST =
temperatura da superfície ao redor (ºC). Para TS igual a 5, 6 ou 7 (pouco confortável, mais
confortável e muito confortável, respectivamente), o valor pode ser considerado confortável.
Para índices menores, são considerados desconfortáveis. Para índices maiores, são
considerados “super confortáveis”, representando, segundo os autores, uma situação de prazer
fora de uma análise específica de conforto.
Em Emmanuel (2005) é apresentada uma aplicação do Índice de Temperatura e Umidade –
THI, comumente usado nos trópicos para regiões de clima quente e úmido. O THI indica o
percentual de pessoas confortáveis e desconfortáveis, calculado através da equação 6, onde t =
temperatura do ar em ºC e RH = Umidade Relativa em %.
THI = 0,8.t + RH.t [Equação 6]
500
Os limites de conforto definidos pelo THI são:
21 THI 24 = 100% de pessoas confortáveis
24 < THI 26 = 50% de pessoas confortáveis
THI > 26 = 100% de pessoas desconfortáveis pelo calor.
Encontra-se atualmente em desenvolvimento o Índice Termo-Climático Universal pela
Sociedade Internacional de Biometeorologia (ISB), com o objetivo de ser aplicável para todos
tipos de climas, independentemente das características pessoais dos indivíduos. Será um
índice no qual devem ser consideradas diversas situações de adaptação das pessoas, e baseado
em modelo termo-regulador.
Nos dias atuais, várias pesquisas buscam criar metodologias para o desenvolvimento de
estudos sobre conforto térmico em espaços externos, intencionando a melhoria da qualidade
ambiental destes espaços e o desenvolvimento das atividades humanas (LOIS; LABAKI,
2001).
No ambiente externo, a radiação solar é certamente a maior fonte para o ganho de calor
radiante. Este calor exposto ao corpo humano pode alterar sua condição de conforto térmico,
atrapalhando o desempenho das atividades. Sendo a radiação solar um dos principais fatores
para o aumento das temperaturas urbanas, a sua incidência nos espaços externos deve ser
controlada segundo as condições do lugar. Para regiões de clima quente e úmido, cuja
incidência de radiação solar é intensa, a qualidade térmica dos espaços externos pode ser
influenciada pelo sombreamento de algumas áreas, pelo uso de materiais permeáveis,
orientação e desenho desses espaços.
A vegetação urbana e outros elementos naturais, como a água, por exemplo, são formadores
de microclimas. A existência de microclimas diferentes é um fator importante para o uso de
espaços como praças e parques, visto que a variedade proporciona o aparecimento de
diferentes nichos de atividades. Chiesura (2004) avaliou que a vegetação pode exercer forte
influência na sustentabilidade de um parque urbano em Amsterdan como área de convívio
social. Nessa pesquisa, a existência de diferentes arranjos no interior do parque influenciou
para que grupos de pessoas de diferentes faixas etárias se sentissem motivados em visitá-lo e
ali permanecer.
Muitos estudos em espaços externos utilizam também como parâmetro de conforto térmico a
sensação do usuário (CHIESURA, 2004; KATZSCHNER; BOSCH; RÖTTGEN, 2002;
CHRISOMALLIDOU; TSIKALOUDAKI; THEODOSIOU, 2002; NIKOPOPOULOU;
LYKOUDIS, 2005). Algumas destas pesquisas comparam os dados das variáveis climáticas e
a sensação térmica dos usuários nos ambientes. Ornstein (1992) considera essencial a opinião
dos usuários in loco, sendo um dos principais elementos da Avaliação Pós-Ocupação (APO).
A APO é uma das metodologias correntes de avaliação de desempenho de ambientes
construídos, sendo também utilizada em espaços externos.
Na pesquisa desenvolvida em Nikolopoulou (2002) em espaços da praça Karaiskaki (Athens -
Grécia) com diferentes características e natureza, foi verificado que dados unicamente
relacionados à sensação fisiológica são inadequados para caracterizar condições de conforto
térmico externo, pois as questões de adaptação são cada vez mais importantes. Isto realça a
necessidade de investigar diferentes caminhos para a qualidade das condições de conforto em
espaços externos.
Chrisomallidou; Tsikaloudaki e Theodosiou (2002), em pesquisa realizada nas praças
Makedonomahon e Kristis, em Thessaloniki - Grécia, concluíram que o uso e a função dos
espaços abertos são afetados pela sua localização quanto aos diferentes usos de solo (área
central da cidade densamente ocupada e áreas periféricas). Constataram que, nas áreas densas,
as pessoas utilizavam a praça apenas para passagem, enquanto nas áreas residenciais
localizadas na periferia da cidade os habitantes faziam uso extensivo da praça. Além disso,
observaram que a adaptação psicológica dos usuários às condições térmicas no interior da
praça é tão importante quanto a adaptação física (variação de vestimentas e taxa metabólica).
Entre as pesquisa existentes sobre os espaços externos, deve ser destacado o projeto RUROS
(Rediscovering the Urban Realm and Open Spaces). Este projeto, cujos resultados mais
recentes para cinco países europeus estão descritos em Nikolopoulou; Lykoudis (2006),
objetiva melhorar a qualidade de vida e revitalizar centros urbanos, estudando seus espaços
urbanos abertos, quanto às condições de conforto térmico, além de visual e acústico. O projeto
utiliza a aplicação de questionários e medições das variáveis climáticas nas áreas
selecionadas. Com isso, a coleção de uma grande quantidade de dados empíricos em
diferentes contextos climáticos, não avançará apenas o conhecimento de base, mas tem uma
importância primária para fixação de diferentes normas para conforto térmico em ambientes
externos.
Devido à complexidade de controlar algumas variáveis climáticas nos espaços externos como,
por exemplo, a velocidade do ar, muitas pesquisas utilizam programas computacionais para o
estudo do desempenho térmico dos espaços e do conforto térmico das pessoas
(SANTAMOURIS et al, 2001; DESSI, 2002; AHMED, 2003).
3 MÉTODOS E TÉCNICAS
Para alcançar os objetivos, o presente trabalho foi desenvolvido fundamentando-se na
avaliação da movimentação dos usuários no interior das praças, por meio da construção de
mapas comportamentais; a relação das variáveis climáticas (temperatura do ar, umidade
relativa do ar e velocidade do ar) com os parâmetros de conforto térmico para o clima quente
e úmido, tendo a opinião do usuário, quanto à sensação de conforto térmico em determinadas
áreas das praças como importante fonte de informação.
Foram aplicados os procedimentos descritos a seguir.
3.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA DOCUMENTAL
A pesquisa bibliográfica e documental possibilitou a construção de um referencial teórico que
norteou o desenvolvimento deste trabalho. Este referencial abrangeu a conceituação de praça
e sua qualidade ambiental. Como as praças formam microclimas diferenciados e interferem na
sensação de conforto térmico das pessoas, foram observados os condicionantes do clima
urbano, as características no conforto térmico humano e sua relação com os espaços externos.
3.2 LEVANTAMENTO DE DADOS: ÁREA DE ESTUDO
Foram coletados dados referentes à cidade de Maceió, ao seu perfil climático, bem como foi
elaborado um levantamento das praças cadastradas pela Prefeitura de Maceió, utilizando
como base os mapas dos bairros do ano de 2005, versão atualizada da época.
3.2.1 A cidade de Maceió e seu perfil climático
Maceió, região universo de estudo do presente trabalho, está situada no nordeste brasileiro, a
uma latitude de 09º 40' sul e longitude de 35º 42' oeste. É banhada pelo Oceano Atlântico e
pelas lagoas Mundaú e Manguaba. Atualmente a cidade tem crescido na direção norte,
incluindo a região litorânea, e para o litoral sul.
É uma cidade de clima quente e úmido com pequenas variações térmicas. Apresenta uma forte
incidência de radiação solar e umidade do ar elevada, devido à proximidade de massas de
água e à baixa latitude. A umidade relativa média é de 78%, havendo redução no período do
verão. A média anual de precipitações, 2167,7mm, sendo os meses mais chuvosos entre abril
e julho (INMET, 2006).
A condição típica de céu é parcialmente nublado, ocorrendo dias com céu claro numa média
de 4,5% e com céu nublado acima de 15%. A radiação solar é normalmente difusa devido à
presença de nuvens no céu. O período médio de insolação é de 7,9 horas/dia no verão e de 5,8
horas/dia no inverno (INMET, 2006).
Assim como todo litoral nordestino, Maceió é caracterizada por uma constância de nível
térmico, com temperatura média anual de 25ºC. A maior média mensal de temperatura é de
26,3ºC no mês de fevereiro, e a menor corresponde a 23,5ºC no mês de julho (Tabela 3). As
estações mais distintas são verão entre os meses de novembro a fevereiro, e inverno entre os
meses de junho a agosto.
Recebe a influência dos ventos alísios de Sudeste, que são ventos com velocidade mais fraca e
moderada, e dos ventos de retorno do Nordeste, que são ventos mais freqüentes. Os ventos de
retorno predominantes são o Nordeste, que acontece nos meses mais quentes (entre janeiro e
março) e o Sudeste, nos outros meses. A velocidade média mensal dos ventos é de 2,8 m/s
podendo chegar a valores absolutos de 10 m/s na direção Nordeste (INMET, 2006).
A tabela 3 demonstra o comportamento médio dos principais parâmetros meteorológicos de
Maceió – AL, permitindo uma melhor compreensão do seu clima.
Tabela 3 - Comportamento médio dos principais parâmetros meteorológicos de Maceió – AL
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ ANO
Temperatura
Média (ºC)
26,2 26,3 25,3 25,9 25,1 24,3 23,7 23,5 23,9 24,1 24,4 24,8 24,8
Temperatua
Máxima (ºC)
30,2 30,4 30,2 29,6 28,5 27,6 27,0 27,1 27,8 29,0 29,9 30,0 28,9
Temperatura
Mínima (ºC)
22,4 22,6 22,7 22,5 22,0 21,3 20,5 20,2 20,7 21,2 21,6 22,0 21,6
Temperatura
Máxima
Absoluta
(ºC)
38,0
13/82
34,4
04/89
35,0
14/82
33,4
01/84
32,6
04/87
33,2
-
xx/77
31,8
31/87
30,7
10/87
32,0
02/83
34,1
30/74
34,1 34,2
31/88
38,0 –
13/01/82
Temperatura
Mínima
Absoluta
(ºC)
18.8
13/84
19,1
25/76
17,4
24/79
17,8
29/82
18,0
28/81
11,3
16/80
16,0
15/76
15,9
17/76
16,0
04/81
17,4
03/74
18,2
22/78
17,9
01/74
11,3 –
16/06/80
Precipitação
Total (mm)
74,8 111,0 191,0 312,6 340,7 298,3 325,1 179,0 148,4 72,7 51,9 62,1 2167,7
Precipitação
– Altura Máx
em 24h (mm)
100,1
31/66
152,2
20/85
200,5
03/79
407,6
28/79
149,7
02/77
137,4
27/77
185,6
12/89
91,3
26/68
109,3
29/78
90,3
16/77
140,4
22/86
89,2
21/89
407,6 –
28/04/79
Umidade
Relativa (%)
75,4 76,6 78,3 81,5 82,6 79,6 82,1 79,5 77,2 76,0 74,7 75,8 78,3
Insolação
total (horas e
décimos)
254,2 225,7 203,0 179,4 191,8 178,6 176,0 205,2 204,6 252,4 274,7 264,2 2609,7
Nebulosidade
(0-10)
5,9 6,0 6,3 6,8 6,8 6,8 6,8 6,3 6,2 5,5 5,5 5,6 6,2
Fonte: Instituto Nacional de Meteorologia - INMET, período: 1961-1990
3.2.2 Levantamento das praças da cidade
Por meio dos mapas da Prefeitura Municipal de Maceió, atualizado em 2000, foi construída
uma listagem das praças (Apêndice 1) e calculadas as áreas aproximadas de cada uma.
Através dos mapas foram encontradas 108 praças, apesar da Prefeitura de Maceió afirmar que
154 estão cadastradas (SOMURB, 2004). Das 108 praças, 12 não estão identificadas pelo
nome e apenas 53 possuem área superior a 1000 m², que possibilita a existência de brinquedos
infantis, entre outros equipamentos para o lazer da população.
3.3 FICHA CADASTRAL
Cada praça da listagem elaborada teve suas principais características identificadas em uma
ficha cadastral. A ficha cadastral foi dividida em três partes fundamentais: identificação,
características do entorno imediato e características do interior. O modelo da ficha cadastral
encontra-se no apêndice 2.
As informações solicitadas pelas fichas foram preenchidas “in loco”, por meio de visitas a
cada praça. O conjunto de fichas cadastrais deu origem a um inventário das praças da cidade.
3.4 ESCOLHA DAS PRAÇAS PARA ESTUDO
O conceito definido como parâmetro para a escolha das praças neste trabalho foi:
“Praças são espaços livres públicos urbanos destinados ao lazer e ao convívio
da população, acessíveis aos cidadãos e livres de veículos” (ROBBA;
MACEDO, 2002).
Assim sendo, entendem-se como praças os espaços providos de mobiliário e vegetação que
permitam a sua utilização para o lazer e o convívio social. Os critérios de escolhas das praças
foram os seguintes:
- estar em bairros distintos quanto ao uso do solo e a posição geográfica, permitindo verificar
variações no uso e diferenças microclimáticas que afetem a qualidade dos espaços;
- ser um importante equipamento urbano para o seu bairro, tendo como referência a
freqüência de usuários na praça e sua localização próxima a áreas residenciais;
- apresentar áreas sombreadas por vegetação arbórea e áreas não sombreadas, para a
identificação dos microclimas e suas interferências na sensação de conforto térmico das
pessoas;
- possuir brinquedos infantis, quadra de esportes e bancos que fazem parte do mobiliário de
lazer;
- possuir área total superior a 1000,0 m². Em muitos casos, praças com área inferior não
comportam a vegetação e os mobiliários;
- ter tipos diferentes de revestimento do solo (areia, concreto, grama), pois interferem nas
condições térmicas do lugar e no conforto dos usuários;
PRAÇA RICARDO LESSA
PRAÇA TENENTE
MADALENA
PRAÇA MUNIZ
FALCÃO
- estar localizada em área movimentada, para promover segurança aos instrumentos durante
sua utilização.
De acordo com os critérios estabelecidos, foram escolhidas as seguintes praças para análise:
Praça Ricardo Lessa, no Bairro Tabuleiro do Martins; Praça Tenente Madalena, no Bairro
Cruz das Almas e Praça Muniz Facão, na Ponta Verde (Ilustração 11). Algumas praças que
também atendiam aos critérios de escolha foram descartadas para análise e monitoramento
por motivos relevantes como falta de segurança, principalmente no período noturno, o que
poria em risco os equipamentos e o pesquisador, além de fatores como a intensa ventilação
em algumas praças à beira mar, que interfere na condição térmica do lugar.
Ilustração 11 – Mapa de Maceió com a localização das três praças escolhidas
Fonte: Adaptado de SOMURB (2004).
A praça Ricardo Lessa (Ilustração 12) foi escolhida por sua localização no bairro do Tabuleiro
do Martins, área alta da cidade, cujas edificações são em grande parte unifamiliares. Essa
praça é bastante utilizada pela população local, visto que não existem outras áreas de lazer
próximas.
Ilustração 12 – Praça Ricardo Lessa
Fonte: A autora
A praça Tenente Madalena (Ilustração 13) foi escolhida por estar localizada em área com
predominância residencial. As edificações do entorno são unifamiliares. Essa praça é uma
importante área de lazer para a população, sendo algumas vezes a extensão de suas casas.
Alguns mobiliários da praça são utilizados para exercícios esportivos de estudantes de escolas
próximas.
Ilustração 13 – Praça Tenente Madalena
Fonte: A autora
A praça Muniz Falcão (Ilustração 14) está localizada em área nobre da cidade. As edificações
próximas são residenciais multifamiliares ou comerciais, o que representa uma grande
diferença em relação às duas anteriores. É muito utilizada devido aos mobiliários existentes e
aos espaços limitados do interior dos apartamentos ao redor.
Ilustração 14 – Praça Muniz Falcão
Fonte: A autora
Para a avaliação das praças escolhidas, foram elaborados dois mapas: o primeiro continha a
distribuição dos equipamentos e do mobiliário existentes; o segundo identificava a
distribuição da vegetação arbórea e os tipos de revestimento do solo utilizados (gramínea,
areia, pedra, concreto). Os equipamentos encontrados no interior da praça foram classificados
segundo Mourthé (1998), como mobiliário de serviço, mobiliário de lazer, mobiliário de
sinalização e elementos decorativos.
Mourthé (1998) define o mobiliário da seguinte forma:
- Mobiliário de serviços: palco, telefone público, caixa de correio, lixeiras, luminárias,
abrigo de ônibus, cabines policiais, banheiros públicos, banca de jornal, quiosques,
barraca de vendedor ambulante.
- Mobiliário de lazer: bancos, mesas de jogos, brinquedos infantis, quadra de esportes,
campo de futebol, pista de skate, equipamentos de musculação, pista de ciclismo e
caminhadas.
- Mobiliário de sinalização: placas informativas, placas de trânsito e sinalização de
semáforo.
- Elementos decorativos: esculturas, estátuas, bustos e fontes.
3.4.1 Praça Ricardo Lessa
3.4.1.1. O bairro Tabuleiro do Martins
A praça Ricardo Lessa está inserida no bairro Tabuleiro do Martins (Ilustração 15). Esse
bairro possui aproximadamente 8.570.951,28 m² de área total. Situam-se neste bairro os
seguintes conjuntos habitacionais: José Dubeaux Leão, Salvador Lyra, José Maria de Melo,
Moura Castro, Sônia Sampaio, Cleto Marques Luz, Nossa Senhora Aparecida, Habitacional
Tabuleiro Novo, Loteamento Vida Nova, Loteamento Pôr-do-Sol, Loteamento Jardim
Formosa, Loteamento São Geraldo, Condomínio Xavier (PREFEITURA DE MACEIÓ,
2000).
O bairro localiza-se numa área cuja altitude varia entre 30 m e 90 m acima do nível do mar.
Entretanto, a maior parte da área, cerca de 99,105%, está numa altitude acima de 65 m e
apenas 0,894% encontra-se abaixo de 65 m, numa área de encosta. Duas importantes vias de
escoamento da cidade passam por este bairro: a Av. Durval de Góes Monteiro, que atravessa o
bairro, e a Av. Menino Marcelo, que serve parcialmente de limite para o mesmo. Em alguns
conjuntos habitacionais predominam as edificações unifamiliares com um ou dois
pavimentos. Em outras áreas são encontrados edifícios com até oito pavimentos.
A Praça Ricardo Lessa está situada no conjunto Dubeaux Leão, a aproximadamente 80 m
acima do nível do mar. O traçado viário, nessa área, é definido pelo cruzamento de ruas
paralelas com outras perpendiculares.
Ilustração 15 – Bairro Tabuleiro do Martins com a localização da Praça Ricardo Lessa
Fonte: Adaptado de SOMURB (2004).
3.4.1.2 – O Entorno
No entorno da praça, o uso do solo é residencial, com a existência de alguns estabelecimentos
comerciais e instituições religiosas.
Os lotes ao redor da praça possuem dimensões de 10m de largura e 20m de profundidade,
com área aproximada de 200m². As construções foram feitas com materiais resistentes
(alvenaria, cimento, telha), com até dois pavimentos, e ocupam a maior área dos lotes. As
principais aberturas (portas e janelas) estão concentradas nas fachadas principais e posteriores
das edificações, em função da ocupação da edificação em lotes estreitos. Isso dificulta a
entrada de iluminação e ventilação natural em alguns ambientes no interior das edificações.
A praça é circundada pelas seguintes ruas: Carlos Milito, Cel. Pedro Pierre Braga, Hamilton
Moraes e Adriano Magalhães, todas com fluxo moderado e em mão dupla. Estas ruas
possuem entre 6m e 7 m de largura.
3.4.1.3 – Características e equipamentos
A Praça Ricardo Lessa possui forma retangular, com 53,02 m de largura e 193,09 m de
comprimento, totalizando uma área de 10237, 38 m² (SOMURB, 2004). A maior parte da área
(76,60%) é revestida com areia fina na cor cinza claro e o restante com cimento (calçada,
quadra de esportes, área com equipamentos para musculação, palco e espaços com mesas e
bancos, destinados ao convívio social).
As espécies vegetais encontradas no interior da praça são de porte arbóreo, arbustivo e
gramíneo (Ilustração 16). Existem duas áreas com grande concentração de espécies arbóreas:
uma com vegetação de grande porte com copa fechada e outra com vegetação de grande porte
com copa semi-aberta. Algumas árvores são encontradas isoladamente no interior da praça.
Estas, quando de grande porte, possibilitam também espaços sombreados. Este sombreamento
intensifica o uso do mobiliário da praça, como bancos, e o comércio informal. Poucas áreas
são cobertas por vegetação gramínea. Em algumas áreas, parte da grama tem altura elevada
devido à falta de poda. Nas áreas gramadas são encontrados “caminhos” formados a partir da
passagem constante de pessoas pelo mesmo local. As espécies arbustivas são quase escassas.
No interior da praça é encontrado o seguinte mobiliário (Ilustração 17): de serviço (palco,
telefone público, lixeira e luminárias) e de lazer (bancos, mesas para jogos, quadra de
esportes, campo de futebol, brinquedos infantis e equipamentos para musculação).
Ilustração 16 – Revestimento do solo na praça,
distribuição da vegetação e respectiva legenda.
Fonte: A autora (2006)
Ilustração 17 –Distribuição dos Equipamentos e
respectiva legenda.
Fonte: A autora (2006)
Mobiliário de serviço
O palco tem formato retangular e altura de 60 cm acima do solo, com acesso por uma
escadaria, em alvenaria. A área está exposta à radiação solar do meio da manhã em diante. É
utilizado por casais como banco.
Junto à calçada que circunda a praça é encontrado um telefone público. O telefone está em
bom estado de conservação e é bastante utilizado pelos moradores do bairro.
As lixeiras encontradas são equipamentos improvisados e com pouca durabilidade. Com isso,
grande parte do lixo é depositada no chão. Por causa da existência de muita vegetação
arbórea, folhas caem constantemente no chão. Muitos animais domésticos como cães e gatos
usam a praça para depositar seus dejetos, aumentando a sujeira e o contágio de doenças para
os usuários da praça. Mesmo assim, esta praça é limpa devido aos profissionais da prefeitura
que costumam limpá-la diariamente, no período da manhã e da tarde.
LEGENDA
COPA FECHADA
COPA SEMI-ABERTA
AREIA FINA
GRAMA EM MAU ESTADO
DE CONSERVAÇÃO
NV NV
CAMPO DE FUTEBOL
QUADRA DE ESPORTES
LIXEIRA
QE
CF
LEGENDA
BANCOS GRANDES EM
CIMENTO
BRINQUEDOS
INFANTIS
TELEFONE PÚBLICO
REFLETORE PARA
QUADRA DE ESPORTES
LUMINÁRIA
PALCO
Existem vários postes para iluminação espalhados por toda a praça, principalmente devido a
sua grande extensão. Entretanto, a má distribuição das luminárias desfavorece a ocupação
noturna em alguns locais. Além disso, em algumas áreas a copa das árvores bloqueia a
iluminação. A quadra de esportes e o campo de futebol são as áreas mais iluminadas da praça
devido aos refletores que direcionam e intensificam a iluminação.
O comércio informal é caracterizado na praça pela comercialização de mercadorias
alimentícias em carrinhos.
A ilustração 18 mostra o mobiliário de serviço existente na Praça Ricardo Lessa.
a) Palco b) Telefone público e Ponto de
ônibus
c) Lixeira d) Poste de iluminação
Ilustração 18: Equipamentos de serviço existentes na Praça Ricardo Lessa.
Fonte: A autora (2006).
Mobiliário de lazer
Os bancos são dispostos próximos à calçada que circunda a praça. Foram construídos com
cimento e alguns estão danificados. São muitos utilizados, principalmente os que se
encontram em área sombreada. Como não possuem encostos, algumas pessoas costumam
levar cadeiras de praia para a praça, afirmando serem mais confortáveis.
Existem duas áreas na praça destinadas a mesas com bancos. Este mobiliário é fixo e foi
construído em concreto. O revestimento do solo desses espaços é em cimento e eles
comportam aproximadamente cinco mesas. As mesas são utilizadas para reuniões, jogos e
conversas entre amigos. São áreas bastante requisitadas, principalmente no período noturno,
pois durante o dia algumas mesas ficam expostas à radiação solar.
A quadra de esportes é um dos equipamentos mais utilizados, juntamente com o campo de
futebol. O piso da quadra é cimentado e está diariamente em exposição ao sol. Os períodos de
maior uso são à tarde e à noite.
O campo de futebol também é utilizado nesses períodos. O solo é arenoso, com coloração
cinza claro. Recebe sombreamento de árvores próximas no início da manhã e final da tarde.
Por ser um espaço amplo, serve como base para eventuais equipamentos.
Os brinquedos infantis
estão localizados nas duas extremidades norte e sul da praça. Existem
poucos brinquedos (balanço e escorregador). Alguns estão danificados e torna-se um risco
para a diversão infantil. Com isso, as crianças buscam outras atividades, como andar de
bicicleta, favorecidas pelas dimensões da praça.
Uma área foi destinada para exercícios musculares
. A cobertura do solo é de cimento e
normalmente está exposta ao sol. Foram utilizadas barras de ferro com alturas variadas e uma
cama inclinada de cimento.
A ilustração 19 mostra o mobiliário de lazer existente na Praça Ricardo Lessa
a) Bancos b) Mesa de jogos c) Quadra de esportes
d) Campo de futebol e) Brinquedos infantis f) Equipamentos para musculação
Ilustração 19: Mobiliário de lazer existentes na Praça Ricardo Lessa.
Fonte: A autora (2006).
3.4.2 Praça Tenente Madalena
3.4.2.1. O bairro de Cruz das Almas
Cruz das Almas está localizado à nordeste da cidade, na planície litorânea. Possui uma larga
faixa de área plana e uma área de encosta com até 60 m de altitude. Grande parte da ocupação
do solo no bairro está situada em área plana, com altura entre 5 m e 10 m acima do nível do
mar.
O sistema viário está distribuído em avenidas e ruas com largura máxima de 10 m. O traçado
das quadras na área sofre mudança de disposição quanto à orientação (Ilustração 20).
Algumas quadras formam ruas com orientação norte-sul e outras com orientação leste-oeste.
O traçado urbano possibilitou a formação de quadras menores ao centro e com acessos
aparentemente restritos, devido à pouca visibilidade dessas quadras pelos transeuntes das
principais vias de acesso. As ruas e avenidas são estreitas e com largura entre 5 m e 6 m.
Ilustração 20 – Bairro Cruz das Almas com a localização da Praça Tenente Madalena em quadra
central.
Fonte: Adaptado de SOMURB (2004).
Os empreendimentos comerciais encontram-se espalhados pelo bairro, principalmente junto
às avenidas de maior acesso. Muitas residências são unifamiliares com edificações de um ou
dois pavimentos. Alguns edifícios com até oito pavimentos são encontrados espalhados pelo
bairro, entretanto são poucas unidades.
3.4.2.2 O entorno
No entorno da praça são encontradas edificações para uso residencial, com um ou dois
pavimentos. Os lotes dessas edificações dispõem das seguintes dimensões: 8 m de largura, 15
m de profundidade, com área total de 120 m² aproximadamente. As edificações ocupam quase
toda a área do terreno, dificultando a entrada de ventilação natural em seu interior e elevando
as temperaturas do ar nos ambientes. Foram construídas com materiais resistentes: alvenaria,
cimento, coberta com telha canal ou de fibrocimento. Portas e janelas são normalmente
localizadas nas fachadas frontais e posterior da residência, visto que, na maioria dos casos, as
outras fachadas estão encostadas ao muro.
NV
BAIRRO CRUZ DAS ALMAS
AVENIDA PILAR
MADALENA
PRAÇA TENENTE
A praça está circundada por quatro ruas: Capela, Atalaia, União dos Palmares e Batalha, que
são utilizadas por moradores ou visitantes do local (Ilustração 21). São ruas estreitas (3,5 m de
largura) e estão interligadas às avenidas Pilar e Santana do Ipanema que possibilitam o acesso
à praça. A largura das avenidas é de aproximadamente 6 metros e em sua extensão são
encontrados alguns estabelecimentos comerciais e de serviços.
Ilustração 21 – Praça Tenente Madalena e as principais ruas de acesso
Fonte: SOMURB (2004).
3.4.2.3 Características e equipamentos
A Praça Tenente Madalena possui formato retangular com as dimensões: 36,69 m de largura,
76,24 m de comprimento e 2.717,96 m² de área total (SOMURB, 2004). A maior parte da
extensão da praça é revestida com cimento na cor cinza claro e o restante com areia fina de
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PRAÇA
TENENTE
MADALENA
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M
A
NV
coloração marrom claro. Espaços destinados para canteiros exibem um gramado descuidado,
quando existe.
A vegetação arbórea é encontrada concentrada em algumas áreas da praça (Ilustração 22).
Árvores de grande porte com copa fechada proporcionam sombreamento às mesas de jogos e
a alguns bancos.
Ilustração 22 – Revestimento do solo na praça Tenente Madalena e
distribuição da vegetação
Fonte: A autora (2006).
As áreas sem vegetação ficam expostas à radiação solar direta e indireta quase todo dia,
principalmente porque as edificações do entorno da praça são baixas (dois pavimentos) e não
produzem muita sombra.
No interior da praça (Ilustração 23) é encontrado mobiliário de serviço como estacionamento,
palco, telefone público, lixeira, luminárias. Fazem parte do mobiliário de lazer da praça: os
bancos, mesas de jogos, quadra de esportes, brinquedos infantis e barras de musculação. Uma
placa informativa com o nome da praça é o único componente do mobiliário de sinalização.
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CONCRETO
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NV
GRAMA EM BOM ESTADO
DE CONSERVAÇÃO
AREIA GROSSA
AREIA FINA
GRAMA EM MAU ESTADO
DE CONSERVAÇÃO
COPA FECHADA
COPA SEMI-ABERTA
LEGENDA
Ilustração 23 – Distribuição dos Equipamentos na praça Tenente
Madalena
Fonte: A autora (2006).
Mobiliário de serviço
Os estacionamentos são equipamentos de bastante utilização, principalmente pelos moradores
das edificações circundantes à praça. Estão situados nas áreas leste e oeste da praça. Encontra-
se em um nível intermediário entre a rua e a praça: dez centímetros acima da rua e dez
centímetros abaixo da praça. O revestimento do solo é de cimento.
O palco está localizado à sudeste da praça. Possui forma arredondada formada pela união de
dois semicírculos com raios 4,83 m e 6,33 m aproximadamente. O material utilizado para a
construção foi alvenaria e cimento. A altura é de 54 cm e o acesso pode acontecer por duas
escadas, também em alvenaria, que estão localizadas nas laterais direita e esquerda do palco.
TELEFONE PÚBLICO
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QUADRA DE ESPORTES
ESTACIONAMENTO
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QE
PROJEÇÃO DA
VEGETAÇÃO ARBÓREA
PALCO
LIXEIRA
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A
NV
LUMINÁRIA
EQUIPAMENTO DE
MUSCULAÇÃO
BRINQUEDOS
INFANTIS
REFLETORE PARA
QUADRA DE ESPORTES
MESA COM QUATRO
BANCOS EM CIMENTO
BANCOS GRANDES EM
CIMENTO
LEGENDA
Dentro da praça existe um telefone público localizado na área leste. O seu estado de
conservação é satisfatório, sendo mais utilizado pelos moradores próximos. Ao longo da praça
foi encontrada apenas uma lixeira.
Existem cinco postes de iluminação, com quatro lâmpadas incandescentes cada. A iluminação
artificial do interior da praça no período noturno é bastante deficiente, exceto pelos refletores
que iluminam a quadra de esportes. A ilustração 24 mostra o mobiliário de serviço existente
na Praça Tenente Madalena.
a) Estacionamento b) Palco
c) Telefone público d) Lixeira
Ilustração 24: Mobiliário de serviço existente na Praça Tenente Madalena
.
Fonte: A autora (2006).
Mobiliário de lazer
Os bancos estão localizados ao redor da quadra de esportes, o que faz deste espaço uma área
de grande concentração de pessoas no período noturno, visto que quase todas as noites
acontecem disputas de futebol na quadra. Por outro lado, durante o período diurno a maioria
dos bancos não é ocupada por estarem expostos à radiação solar.
As mesas de jogos são de cimento com quatro bancos pequenos (para uma pessoa), também
em cimento. Estão concentradas em uma das extremidades da praça, em área sombreada por
vegetação arbórea e são normalmente ocupadas nos três períodos.
A quadra de esportes é revestida com cimento e circundada por uma mureta de alvenaria
(50cm de altura). Uma tela de proteção com aproximadamente 7m de altura envolve este
equipamento e encontra-se em parte danificada. A quadra é um equipamento bastante
utilizado nos períodos vespertino e noturno. No período da manhã a quadra está
completamente exposta à radiação solar e a cobertura cimentada intensifica a sensação de
desconforto no seu interior. À tarde, a exposição ao sol ainda existe até às 16:30 horas
aproximadamente. Mesmo assim, a quadra é utilizada neste período por alunos de um colégio
localizado próximo à praça.
Os brinquedos infantis estão concentrados na área sudoeste da praça. O espaço está cercado
por grade com altura média de 50 cm. O solo é revestido com areia fina bege claro. São
encontrados quatro tipos de brinquedos: balanço, escorregador, gangorra. Junto aos
brinquedos existem duas árvores de grande porte com copa fechada que possibilitam o
sombreamento da área em algumas horas do dia. Os brinquedos são bastante utilizados por
crianças que moram em edificações próximas, principalmente no período da tarde.
Os equipamentos para musculação
estão localizados próximos à quadra de esportes, e
normalmente não são utilizados para suas funções.
A ilustração 25 mostra o mobiliário de lazer existente na Praça Tenente Madalena.
a) Bancos b) Mesa de jogos c) Quadra de esportes
d) Brinquedos e) Equipamentos para musculação
Ilustração 25: Mobiliário de lazer existente na Praça Tenente Madalena.
Fonte: A autora (2006).
Elemento decorativo
Uma placa informativa com o nome da praça é encontrada próximo ao palco. Foi construída
em cimento e possui altura aproximada de 1,00 m. A placa está legível e em bom estado de
conservação (Ilustração 26).
Ilustração 26: Placa informativa existente na Praça Tenente Madalena.
Fonte: A autora, janeiro de 2006.
3.4.3 Praça Muniz Falcão
3.4.3.1 O bairro de Ponta Verde
Ponta Verde é um bairro de Maceió que nas últimas décadas sofreu um grande crescimento
demográfico, por causa do grande número de edificações multifamiliares construídas.
Apresenta área total de 1.374.681, 28 m² (SOMURB, 2004). Esta área possui altitude entre
10m (98,25% da área total) e 5m (1,75% da área total).
Está localizado em área litorânea, margeada pelas praias de Ponta Verde e Sete Coqueiros.
Por esse motivo é uma das áreas mais cobiçadas na cidade. O uso do solo no bairro varia entre
residencial, comércio e serviço, com 100% de ocupação. A maioria das construções são
edifícios com até oito pavimentos, exceto os edifícios Verde Mar e Praia Verde que possuem
treze pavimentos.
O sistema viário é formado por ruas e avenidas lineares paralelas e perpendiculares à margem
litorânea, semelhante a um tabuleiro de xadrez (Ilustração 27). .Muitas vias possuem um
único sentido para facilitar o fluxo de veículos no bairro.
Ilustração 27 – Bairro Ponta Verde com a localização da Praça Muniz Falcão.
Fonte: Adaptado de SOMURB (2004).
PRAÇA MUNIZ
FALCÃO
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3.4.3.2 O Entorno
O uso do solo no entorno da praça é residencial de alta renda, contendo edificações
multifamiliares de até oito pavimentos. Existem também algumas edificações comerciais e de
serviço, como um estabelecimento comercial de roupas esportivas, uma lavanderia, uma
clínica médica e uma imobiliária.
A praça é circundada pelas ruas: Durval Guimarães, rua em mão única que apresenta fluxo
intenso de veículos; General João Saleiro Pita, rua secundária com fluxo em mão dupla;
Desportista Valfredo Bandeira Melo e a Rua Dr. Pompeu de Miranda Sarmento, estas duas
últimas são secundárias e com fluxo em mão única. Estas ruas têm largura entre 9 m e 10 m.
3.4.3.3 Características e equipamentos
A praça foi construída em 1988. Possui formato retangular com dimensões: 140 m de largura
e 67,95 m de comprimento, totalizando 9514 m² de área (SOMURB, 2004), delimitada pelas
quatro ruas anteriormente citadas. A praça é totalmente circundada por calçada e dois
estacionamentos de veículos.
Em seu interior são encontradas espécies arbóreas, arbustivas e gramíneas (Ilustração 28). A
vegetação arbórea de grande porte e com copa fechada está concentrada em duas áreas
centrais da praça: junto às bancas de revistas e ao mobiliário de sinalização, havendo
sombreamento nestas áreas. As palmeiras, que possuem copa semi-aberta, estão concentradas
em duas extremidades da praça. Espécies arbóreas de médio e pequeno portes são encontradas
isoladas em toda praça. Os canteiros são cobertos por gramíneas, entretanto, devido à
passagem constante de pessoas em algumas áreas, parte da grama não existe mais. A presença
de arbustos é bastante reduzida.
Ilustração 28 – Revestimento do solo na praça e distribuição da vegetação na Praça Muniz Falcão.
Fonte: A autora (2006).
Os equipamentos e o mobiliário encontrados no interior da praça estão em bom estado de
conservação (Ilustração 29). Fazem parte do mobiliário de serviço: estacionamento, telefone
público, lixeira, luminárias, banca de revistas, sorveteria e o comércio informal. O mobiliário
de lazer que compõe a praça é formado por: os bancos, quadra de esportes, brinquedos
infantis, pista de skate e coreto. O mobiliário de sinalização é composto por uma placa de
sinalização e um busto de Muniz Falcão.
Ilustração 38 – Distribuição dos Equipamentos na Praça Muniz Falcão.
Fonte: A autora (2006).
PEDRA PORTUGUESA
CONCRETO
LEGENDA
COPA FECHADA
GRAMA EM BOM ESTADO
DE CONSERVAÇÃO
COPA SEMI-ABERTA
AREIA GROSSA
AREIA FINA
GRAMA EM MAU ESTADO
DE CONSERVAÇÃO
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CAMPO
DE
FUTEBOL
PISTA
DE
SKATE
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PONTO DE ÔNIBUS
SORVETERIA
LEGENDA
LUMINÁRIA
BANCOS GRANDES EM
CIMENTO
BRINQUEDOS
INFANTIS
BANCA DE REVISTA
LIXEIRA
CORETO
TELEFONE PÚBLICO
PROJEÇÃO DA
VEGETAÇÃO ARBÓREA
REFLETORE PARA
QUADRA DE ESPORTES
Mobiliário de Serviço
Os estacionamentos estão localizados nas extremidades leste e oeste da praça. Além dos
usuários da praça, este equipamento é também utilizado por moradores de edificações
próximas, por pacientes da clínica localizada em frente à praça e taxistas de empresas em
serviço.
Os telefones públicos estão próximos às bancas de revista e sorveteria. São utilizados por
funcionários destes estabelecimentos e usuários da praça.
A lixeira é um equipamento bastante utilizado, principalmente por pessoas que vão à praça
para comprar sorvetes ou doces nas barracas. A limpeza é feita constantemente pela
prefeitura, porém algumas vezes o lixo é depositado junto às árvores, produzindo um odor e
um visual desagradáveis.
São encontrados seis postes altos enfileirados dois a dois, que permitem boa iluminação
noturna. A quadra de esportes recebeu postes menores tipo refletor, que produzem uma
iluminação direcionada e permitem a utilização desse equipamento durante a noite.
A comercialização de produtos no interior da praça acontece devido à existência de uma
banca de revistas, duas sorveterias e a presença de ambulantes (comércio informal). Muitos
usuários da praça são atraídos por estes serviços, que produzem uma grande rotatividade de
pessoas nestas áreas.
A ilustração 30 mostra o mobiliário de serviço existente na praça.
a) Telefone público b) Lixeira c) Iluminação artificial
d) Estacionamento e) Banca de revistas e sorveterias
Ilustração 30: Mobiliário de serviço existente na Praça Muniz Falcão
Fonte: A autora (2006).
Mobiliário de lazer
Os bancos, de cimento, são encontrados por toda a praça, margeando os corredores de
circulação interna e a calçada que envolve a praça. Alguns bancos são sombreados pela
vegetação arbórea e, por este motivo, são bastante utilizados no período diurno. No período
noturno todos os bancos da praça são utilizados. Há ainda um banco semicircular, também em
cimento, na área próxima ao coreto. Este banco fica exposto à radiação solar durante o dia e,
por isso, sua utilização apenas acontece no período noturno.
A quadra de esportes está localizada na área oeste da praça. O revestimento do solo é
cimentado e normalmente está em exposição à radiação solar, exceto a partir das 16:30h,
quando o sol é escondido por um edifício de oito pavimentos existente no entorno. É utilizada
por moradores de edificações próximas para jogos de futebol, principalmente nos períodos da
tarde e noite.
Os brinquedos infantis encontrados na praça são balanços em ferro e uma montanha para
escaladas em cimento. Estão em áreas sombreadas por vegetação e são muito utilizados nos
períodos da manhã e tarde.
A pista de skate é um dos grandes atrativos da praça. É uma pista cimentada com forma
côncava. Poucas praças na cidade permitem a prática deste esporte, por isso, muitos jovens se
reúnem nesta praça com esse objetivo. É utilizada nos três horários: manhã, tarde e noite. Esse
equipamento deu origem ao nome popular da praça, conhecida como “praça do skate” .
O coreto
está localizado em área central da praça. Ao redor do coreto o solo foi revestido com
pedra portuguesa nas cores branca, cinza e vermelha. Um banco semicircular possibilita a
acomodação de pessoas em alguma eventual apresentação. Contudo, o coreto é atualmente um
elemento decorativo e serve como abrigo para moradores de rua (quando não chove) que
adotaram a praça como residência.
A ilustração 31 mostra o mobiliário de lazer existente na Praça Muniz Falcão.
a) Bancos b) Quadra de esportes c) Brinquedos infantis
d) Pista de skate e) Coreto
Ilustração 31: Mobiliário de lazer existente na Praça Muniz Falcão
Fonte: A autora (2006).
Elementos decorativos
O Busto de Muniz Falcão está situado no centro de um dos canteiros, envolvido por vegetação
gramínea e abaixo de uma árvore de grande porte com copa fechada (Ilustração 32).
Ilustração 32: Elemento decorativo existente na Praça Muniz Falcão
Fonte: A autora (2006).
Na estrutura que apóia o busto existe uma placa de identificação com o nome da praça. O
Busto e a placa estão em bom estado de conservação, servindo também como elemento
decorativo.
3.5 MAPAS COMPORTAMENTAIS
Em todas as praças, durante sete dias foram elaborados mapas preliminares em três horários -
manhã, tarde e noite – que, condensados, deram origem aos mapas comportamentais,
conforme procedimento metodológico descrito em Fontes; Gasparini (2003). Foram gastos
30 minutos para elaboração do mapa em cada horário. Os mapas comportamentais identificam
as principais áreas de concentração dos usuários e os principais percursos representados pelas
linhas de fluxo, permitindo uma análise qualitativa da utilização da praça nesses períodos. É
importante salientar que tais mapas fornecem dados representativos sobre o uso das praças
unicamente para a época em que foi elaborado.
Os mapas preliminares foram construídos a partir da observação “in loco” da movimentação e
localização dos usuários em cada praça. As observações foram marcadas em plantas baixas da
praça correspondente e foram identificadas segundo o horário observado. As áreas com
concentração de usuários na praça foram marcadas com formas orgânicas e hachuras na cor
azul, enquanto o fluxo de pessoas foi marcado com linhas contínuas na cor vermelha.
O cruzamento dos mapas de um mesmo horário originou o mapa comportamental do período
da manhã, da tarde e da noite para as três praças estudadas. A relevância desses mapas está
em identificar os horários do dia com maior concentração de usuários e as áreas ocupadas em
cada horário, relacionando-as com os equipamentos existentes e as características
morfológicas dos espaços, além das áreas com fluxo dos transeuntes em passagem pela praça.
3.6 QUESTIONÁRIOS
Os questionários aplicados permitiram a obtenção de informações sobre perfil do usuário da
praça, sua percepção quanto à sensação de conforto térmico e a importância da praça. Foram
aplicados no interior das três praças selecionadas, nos períodos da manhã, tarde e noite, a
pessoas que estavam em áreas próximas aos pontos em que foram medidas as variáveis
climáticas, permitindo a análise dos dados obtidos com os parâmetros de conforto térmico.
A aplicação de questionários para os usuários foi uma importante fonte informativa quanto às
vantagens e desvantagens existentes no ambiente construído. Segundo Ornstein (1992), a fase
de uso do ambiente construído é de longa duração e é nesta fase que o ambiente passa a ter
um papel social pleno, e por esse motivo sua eficiência pode ser medida através da satisfação
do usuário.
O questionário utilizado na pesquisa teve como base o questionário elaborado para o projeto
RUROS (2001) - Rediscovering the urban realm and open spaces. O projeto RUROS tem
como objetivo produzir ferramentas de desenho urbano que possam orientar desenhistas e
planejadores desses espaços, de forma a contribuir para o desenvolvimento urbano,
tangenciando os espaços abertos, em várias regiões da Europa. Existem poucas pesquisas nos
quais o usuário possa estar envolvido na evolução do microclima e na condição de conforto
no ambiente do mundo real. Nos apêndices 3 e 4 são mostrados o modelo do questionário
utilizado e as tabelas com os dados coletados.
O questionário foi dividido em duas partes. A primeira representava observações sobre a
atividade que o usuário praticava momentos antes da entrevista, a vestimenta que está
utilizando, o local onde estava, entre outras questões. A segunda parte continha perguntas
objetivas e subjetivas, referentes a dados pessoais da pessoa entrevistadas, sua percepção
quanto ao conforto térmico no instante da entrevista e quanto a sua satisfação pela área onde
estava.
Foram aplicados 127 questionários divididos para as três praças, sendo a margem de erro de
10%. Foi adotado como universo da pesquisa a população residente nos três bairros, que
corresponde a 81.429 habitantes: Tabuleiro – 55818, Cruz das Almas – 9250 e Ponta Verde –
16361 (SOMURB, 2004). Utilizou-se como base de cálculo a tabela de amostras casuais
simples para nível de confiança de 95,5% com hipótese p = 50%. Para uma população
superior a 50.000,00 habitantes, deve ser aplicada a quantidade mínima de 100 questionários,
cuja margem de erro corresponde a 10% (ORNSTEIN, 1992, p. 80 e 81).
3.7 MEDIÇÕES DAS VARIÁVEIS CLIMÁTICAS
As variáveis climáticas observadas nas praças foram a temperatura do ar, umidade relativa do
ar, velocidade média do ar e temperatura de globo. A velocidade do ar é uma variável
climática instantânea. O ar possui características de velocidade e direção inconstantes, que
pode ser modificada pela presença de obstáculos. Por isso, ela é representativa apenas para o
período em que ocorreram as medições.
As medições foram realizadas em três horários: 9:00, 15:00 e 21:00, sob condição de céu
parcialmente nublado, normalmente encontrado na região, a 1,10m aproximadamente do solo,
em dias não consecutivos, segundo procedimentos de Fontes; Gasparini (2003).
As áreas para medição das variáveis foram escolhidas segundo as características de
sombreamento, o tipo de revestimento do solo e a disposição do mobiliário existente. Estas
áreas foram identificadas por pontos em que os instrumentos utilizados para a coleta de dados
foram locados. Foram classificadas como áreas sombreadas por vegetação arbórea de grande
porte com copa fechada; intermediárias (sombreadas por vegetação arbórea de grande ou
médio porte com copa semi-aberta, permitindo mais de 50% de penetração da radiação solar);
e expostas à radiação solar.
Na praça Ricardo Lessa, as medições microclimáticas aconteceram nos dias 31 de janeiro a 07
de fevereiro de 2006, em seis pontos. Os dias 01 e 06 de janeiro não foram considerados
devido à condição desfavorável do tempo. Na praça Tenente Madalena, as medições
aconteceram em cinco pontos, nos dias 13 a 19 de fevereiro de 2006. Os dados do dia 15 de
fevereiro foram desconsiderados devido à má condição de tempo. Na praça Muniz Falcão, os
dias foram de 10 a 16 de janeiro de 2006, em seis pontos.
Entretanto, os valores da temperatura de globo foram observados em apenas dois pontos
distintos: área sombreada com vegetação e cobertura do solo em areia seca, e área exposta à
radiação solar e cobertura do solo em areia seca. Isso ocorreu, devido ao tempo necessário
para a estabilização do instrumento (termômetro de globo) que corresponde a 30 minutos para
cada ponto medido.
Para medição de temperatura do ar, umidade relativa do ar e velocidade do vento foi utilizado
um termohigroanemômetro digital, modelo Homis LM-8000 da Homis Construções e
Instrumentos Ltda (Ilustração 33 – A), conectado ao sensor do termômetro 52 K/J da Fluke
Corporation – EUA (Ilustração 33 – B).
O sensor do termohigroanemômetro foi protegido para que as medições não sofressem
interferência da radiação. Foram utilizadas três bases de alumínio com dimensões 22 x 15 x 5
cm, porque refletem grande parte da radiação que recebem. Uma base foi colada na parte
inferior e duas na parte superior (Ilustração 33 – C), de modo a permitir a passagem de
ventilação natural. Na parte superior foram feitos vários furos para não acumular ar quente
junto ao sensor.
Para medição da temperatura de globo foi utilizado um termômetro de globo negro
padronizado (diâmetro de 15 cm e pintura com tinta negra), UN 081 com minitripé da Homis
Construções e Instrumentos Ltda. (Ilustração 33 - D).
a) Termohigroanemômetro utilizado b) O sensor do termômetro utilizado
c) Montagem final d) Termômetro de globo
Ilustração 33– Os instrumentos utilizados nas medições das variáveis climáticas
Fonte: A autora (2006).
Os valores da temperatura radiante foram elaborados com a fórmula de convecção forçada
(Equação 2, p. 43). Foram utilizados os dados de temperatura do ar para cada ponto, os dados
de temperatura de globo a partir da localização do ponto (sombreado por vegetação ou
exposta à radiação) e a velocidade do ar encontrada. Devido à inconstância da velocidade do
vento, adotou-se o valor de 1,0 m/s para o cálculo desta temperatura, pois corresponde à
menor média encontrada em todos os pontos.
Os valores obtidos através das medições foram comparados a parâmetros de conforto térmico
para o clima quente e úmido, o que possibilitou a identificação de áreas termicamente
confortáveis ou desconfortáveis.
Foram utilizados como parâmetros de conforto térmico o Índice de PMV (Voto Médio
Predito) e PPD (Percentagem de Pessoas Insatisfeitas) de Fanger (1970) e o THI (Índice
Temperatura – Umidade), segundo os parâmetros de Emmanuel (2005). Para o calculo do
PMV e PPD foi utilizado o programa computacional Analysis. A classificação do PMV foi
demonstrada por cores que representam a variação de muito frio a muito quente (-3 a +3).
Os resultados das medições das variáveis climáticas com os mapas comportamentais e os
questionários obtidos junto aos usuários foram analisados e discutidos, de modo a demonstrar
a relação entre a utilização dos espaços no interior da praça e as sensações de conforto
térmico dos usuários, além da verificação teórica de limites de conforto nos espaços
estudados, a partir das indicações utilizadas. Entretanto, não se pode esquecer que cada ser
humano tem um limiar de conforto térmico individual e diferentes capacidades de adaptação.
4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
Esta seção corresponde à análise térmica das praças Ricardo Lessa, Tenente Madalena e
Muniz Falcão, a partir da construção dos mapas comportamentais, aplicação de questionários
com os usuários no interior da praça e realização de medições das variáveis climáticas.
A relação entre os mapas comportamentais e os dados obtidos através dos questionários
possibilitou identificar se as áreas com maior concentração de pessoas eram as mesmas
consideradas mais confortáveis pelos usuários.
A comparação dos resultados obtidos através dos questionários com o PMV calculado
permitiu a avaliação da percepção do usuário quanto ao conforto térmico dos espaços da
praça, e permitiu saber se a sensação de conforto térmico dos usuários correspondia aos
índices do PMV.
O confronto entre os índices do PMV e os mapas comportamentais permitiu a identificação
das áreas mais utilizadas e sua condição de conforto térmico durante o período, observando-
se, assim, se áreas mais utilizadas eram também as mais confortáveis.
Os dados analisados para cada praça serão mostrados nos itens 4.1, 4.2 e 4.3, a seguir.
4.1 PRAÇA RICARDO LESSA
Das três praças em estudo, a praça Ricardo Lessa possui maior área (10237,38 m²). Apesar de
apresentar grandes dimensões, alguns espaços desta praça são mais utilizados que outros.
Durante o período estudado, houve uma variação dos espaços ocupados a partir da hora do dia
(manhã, tarde e noite), demonstrado nos mapas comportamentais.
4.1.1 Mapas Comportamentais
A ilustração 34, a seguir, mostra o comportamento das pessoas no interior da praça Ricardo
Lessa. Nestes espaços são praticadas atividades leves como conversar, ler, observar o
movimento, e atividades físicas como jogos de futebol, andar de bicicleta, skate.
Ilustração 34 – Mapas comportamentais da praça Ricardo Lessa
Fonte: A autora (2006).
Observa-se que, no período da manhã, os espaços onde existe maior permanência de usuários
são aqueles que comportam o mobiliário de lazer: brinquedos infantis, quadra de esporte,
campo de futebol, de exercícios musculares e o comércio informal.
O fluxo de pessoas em passagem pela praça é maior nas extremidades norte e sul da praça. Na
extremidade norte o movimento de pessoas é ampliado pela existência de estabelecimentos
MANH
Ã
5
3
4
6
NV
1
NV
TARDE
5
6
3
2
NV
4
1
2
NOITE
5
3
4
6
1
2
PONTO DE
MEDIÇÃO
FLUXO DE PESSOAS
EM PASSAGEM
CONCENTRAÇÃO
DE USUÁRIOS
comerciais e institucionais (Escola Estadual Professora Irene Garrido), localizados próximos a
este espaço. Na extremidade sul, a existência de um ponto de ônibus, utilizado por moradores
do conjunto, e a proximidade com a Escola São Jerônimo intensificam o fluxo de transeuntes
nessa área.
No período da tarde, a localização das áreas ocupadas foi a mesma do período anterior,
entretanto, com uma maior concentração de usuários. O espaço situado na extremidade norte,
onde existe concentração de usuários, apresenta várias espécies arbóreas de grande porte e
com copa fechada que promovem o sombreamento da área. Na extremidade sul estão
localizados três equipamentos: mesas e bancos em concreto sombreados por vegetação,
brinquedos infantis e barraca para comércio informal de lanches. A área central apresenta
quadra de esportes, campo de futebol e aparelhos para musculação. Nestes espaços, muitos
usuários ficam conversando sentados nos bancos da praça ou em cadeiras de suas residências.
Alguns usuários se reúnem diariamente para conversar ou jogar dama.
O fluxo de pessoas em passagem pela praça também é maior nesse horário, principalmente na
parte central, onde estão localizados o campo de futebol e a quadra de esportes.
No período noturno a maior concentração de usuários na praça acontece em áreas onde estão
localizados os bancos, margeando a calçada que circunda a praça.
O fluxo de pessoas em passagem é maior na calçada da praça. Como a praça possui grandes
dimensões e sem delimitações de canteiros ou jardins, praticamente todo o interior da praça é
transitado. Alguns caminhos definidos pela passagem constante de pessoas são os mais
utilizados, principalmente aqueles iluminados por postes.
Com isso, foi verificado que nos períodos da manhã e tarde as áreas que apresentam maior
concentração de usuários são aquelas onde estão localizados o mobiliário de lazer e a
vegetação arbórea que promove sombreamento. No período na noite a praça é mais utilizada
para encontros e conversas, sendo necessária a existência de equipamento como bancos e
luminárias, para que os espaços sejam ocupados.
4.1.2 Questionários
Foram aplicados 49 questionários e entre os entrevistados foram encontrados usuários em
todas as faixas etárias estipuladas na pesquisa (de adolescentes a maiores de 65 anos),
havendo um maior número de usuários entre 10 e 34 anos (71,4%). A maioria dos
entrevistados foram mulheres (67,3%).
Dos entrevistados, 91,7% possui grau de escolaridade entre o primeiro grau incompleto e o
segundo grau completo. A maioria tinha primeiro grau incompleto (35,4%), 27,1%, segundo
grau completo e 22,9%, segundo grau incompleto, representando as maiores porcentagens
encontradas.
Quanto às atividades sociais desempenhadas: 31,3% eram trabalhadores, 31,3% eram
estudantes, 14,6% eram donas de casa, 10,4% eram estudantes e trabalhavam, 10,4% eram
aposentados e 2,1% eram desempregados. A maioria (87,8%) mora no Conjunto Dubeaux
Leão e 12,2% moram em outros conjuntos pertencentes ao bairro. Costumam usufruir a praça
diariamente (46,9%).
Os entrevistados afirmaram que as principais funções de uma praça são servir para o lazer da
população (100%) e para prática de esportes (10,2%). O lazer infantil foi mencionado
individualmente como um importante papel das praças (34,7%). Os entrevistados
referenciaram o equipamento urbano praça como sendo um espaço para namorar, encontrar
amigos, conversar, paquerar, brincar, passear, divertir-se, distrair-se, descansar, embelezar a
cidade, praticar esportes, caminhar e se refrescar.
Nos três períodos, todos os entrevistados vestiam roupas leves, com no máximo 0,5 clo e com
cores variadas. Poucos utilizavam acessórios como boné, chapéu e óculos de sol (12,2%) ou
estavam consumindo algum tipo de alimento (6,1%), encontrados apenas no período da
manhã. Dos alimentos consumidos 100% foram bebidas.
Para os entrevistados, o que mais desagrada na Praça Ricardo Lessa é limpeza (36,7%), que
para eles era ineficiente, e a falta de segurança (16,6%), principalmente pela freqüência de
“maloqueiros e drogados” no interior da praça. Outras questões abordadas pelos entrevistados
foram: a falta de manutenção da vegetação (14,3%), a desorganização da praça (10,2%), a
falta de manutenção dos brinquedos infantis (4,1%) e a freqüência de usuários fumantes na
praça (2%).
A tabela 4 mostra os resultados obtidos sobre a percepção do usuário quanto ao conforto.
Tabela 4 – Percepção do usuário quanto ao conforto térmico na Praça Ricardo Lessa
ENTREVISTADOS NO PERÍODO DA MANHÃ
Quanto ao conforto
(%)
Quanto à exposição
ao sol (%)
Quanto à atividade
(%)
Quanto ao propósito
de estar na praça (%)
Quanto à sensação
térmica (%)
34,8
Confortáveis
26 Expostas 52,2 Andando 56,5 Passagem 78,3
Muito calor
65,2 Desconfortáveis 74 Não expostas 39,1 26,1 Lazer 17,4 Calor
Parado sentado
13 Trabalho
8,7 Parado em pé 4,3 Alimentação
4,3
Nem frio
nem calor
ENTREVISTADOS NO PERÍODO DA TARDE
Quanto ao conforto
(%)
Quanto à exposição
ao sol (%)
Quanto à atividade
(%)
Quanto ao propósito
de estar na praça (%)
Quanto à sensação
térmica (%)
81,8
Confortáveis
27,3 Expostas 36,4 Andando 27,3 Passagem 45,5
Muito calor
18,2 Desconfortáveis 72,7 Não expostas 63,6 63,6 Lazer
Parado sentado
9,1 Trabalho
54,5
Nem frio
nem calor
ENTREVISTADOS NO PERÍODO DA NOITE
Quanto ao conforto
(%)
Quanto à exposição
ao sol (%)
Quanto à atividade
(%)
Quanto ao propósito
de estar na praça (%)
Quanto à sensação
térmica (%)
86,7
Confortáveis 100 Não expostas 46,7 Andando 40,0 Passagem 13,3 Muito calor
13,3 Desconfortáveis 53,3 Lazer 6,7 Calor
40,0
Parado sentado
6,7 Alimentação 73,3
Nem frio
nem calor
13,3 Parado em pé 6,7 Frio
Fonte: A autora (2006).
No período da manhã, a porcentagem de usuários com sensação de desconforto térmico
(65,2%) foi maior do que nos outros períodos, devido à atividade praticada, visto que 52,2%
dos entrevistados estavam andando, e as condicionantes térmicas, como temperatura do ar,
umidade relativa do ar e temperatura radiante, pois a maioria dos usuários afirmou estar
sentindo muito calor (78,3%). A incidência de radiação solar direta, nestes casos, não pode ser
atestada como uma variável impactante para o desconforto térmico dos entrevistados, pois
74% não estavam expostos à radiação solar direta, devido à grande quantidade de espécies
arbóreas encontradas no interior da praça. A maioria dos entrevistados estava apenas de
passagem (56,5%) pela praça.
No período da tarde, a maioria dos entrevistados (81,8%) afirmou estar confortável
termicamente e 54,5% afirmaram não estar sentindo frio nem calor (neutralidade térmica),
principalmente por estarem praticando atividades leves (63,6% estavam paradas e sentadas no
interior da praça), em áreas sombreadas por vegetação (72,7% não estavam expostas à
radiação solar direta). A maioria dos entrevistados (63,6%) foi à praça para passear, conversar
com amigos e se distrair.
O período da noite apresentou a maior porcentagem de usuários em conforto térmico (86,7%),
mesmo estando em movimento no interior da praça (46,7% estavam andando). Como estas
pessoas estavam com o propósito de aproveitar a praça para o lazer, como passear, conversar
com amigos (53,3%), elas se deslocavam de forma lenta e descompromissada. Com isso, a
maioria (73,3%) dos entrevistados afirmou que não estava sentindo frio nem calor. Além da
atividade praticada, as variáveis climáticas também influenciaram nesta sensação térmica,
visto que nesse período as temperaturas apresentaram valores mais baixos que os demais
períodos, como será visto no próximo item.
4.1.3 As medições microclimáticas
Os pontos escolhidos na Praça Ricardo Lessa possuem as seguintes características (Quadro 7):
PONTO LOCALIZAÇÃO E
CARACTERÍSTICAS
MOBILIÁRIO
PRÓXIMO
CONDUT.
TÉRMICA
λ (W/mºC)
ALBEDO
(%)
1 Localizado a norte da praça. Área
com sombra mais densa. Solo
revestido com grama em mau
estado de conservação.
Bancos, lixeiras e
brinquedos infantis
32
2 Localizado a nordeste da praça.
Área com sombra mais densa. Solo
revestido com areia fina seca.
Bancos 0,46 18 – 30
3 Localizado a noroeste da praça.
Área intermediária devido à
existência de vegetação arbórea
com sombra rala. Solo revestido
com grama em mau estado de
conservação.
Bancos e mesas
fixas de concreto
32
4 Localizado a sudeste da praça.
Área com sombra rala. Solo
revestido com areia fina seca.
Bancos
0,46 18 – 30
5 Localizado a sul da praça. Área
exposta à radiação solar direta.
Solo revestido com areia fina seca.
Brinquedos infantis 0,46 18 – 30
6 Localizado na região central da
praça. Área exposta à radiação
solar direta. Solo revestido com
cimento.
Quadra de esportes 1,28 - 1,74 10 – 35
Quadro 7 – Características dos pontos de medição da Praça Ricardo Lessa
Fonte: A autora (2006)
A ilustração 35 demonstra os pontos localizados no interior da praça e a distribuição das áreas
sombreadas por vegetação, intermediárias e expostas à radiação solar.
a) Planta baixa da praça com a localização
dos pontos
b) Distribuição das áreas da praça em três
áreas distintas, totalizando oito espaços.
Ilustração 35 – Pontos de medição 1 a 6 e a classificação das áreas segundo a vegetação existente
Fonte: A autora (2006).
4.1.3.1 Temperatura do ar
As medições de temperatura do ar nos períodos da manhã, tarde e noite resultaram nos dados
mostrados na tabela 5:
DIREÇÃO DO VENTO
PONTO PARA MEDIÇÃO DAS VARIÁVIEIS
CLIMÁTICAS
VEG. ARBÓREA - COPA SEMI-ABERTA
VEG. ARBÓREA - COPA FECHADA
5
LEGENDA
NV
4
6
3
1
2
ÁREA EXPOSTA À RADIAÇÃO SOLAR
ÁREA INTERMEDIÁRIA
LEGENDA
ÁREA SOMBREADA POR VEGETAÇÃO
ARBÓREA DE GRANDE PORTE
NV
Tabela 5: Valores de temperatura do ar encontradas na praça Ricardo Lessa.
TEMPERATURA DO AR (ºC)
MANHÃ
SOMBRA DENSA SOMBRA RALA EXPOSTO À RADIAÇÃO
DATA PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5 PONTO 6
31/jan 29,2 30,6 30,9 30,7 31,3 31,9
2/fev 30,7 30,5 31 31,7 31,8 33
3/fev 29,5 28,8 29,6 29,5 29,1 29,5
4/fev 30,1 30,2 30,4 31,5 32,4 34,2
5/fev 29,9 29,8 29,6 31,7 31,9 32
7/fev 32 31,4 31,4 31,9 33,6 33,5
MÉDIA 30,2 30,2 30,5 31,2 31,7 32,4
TARDE
SOMBRA DENSA SOMBRA RALA EXPOSTO À RADIAÇÃO
31/jan 30 30,5 30,9 31,5 31,5 31,5
2/fev 30,1 30,9 31 31 31 31,5
3/fev 30,4 29,9 30,7 29,9 31 31,7
4/fev 29,7 30,4 29,6 30,7 31,4 32
5/fev 30,5 30,7 30,6 31,8 31,2 31,9
7/fev 29,9 30,5 30,9 30,6 33,4 33
MÉDIA 30,1 30,5 30,6 30,9 31,6 31,9
NOITE
SOMBRA DENSA SOMBRA RALA EXPOSTO À RADIAÇÃO
31/jan 26,6 26,7 26,7 26,7 26,4 26,8
2/fev 27,1 28,2 28,3 27,2 27,4 27,4
3/fev 27 28 28 27 26,9 27,3
4/fev 26,7 26,4 26,7 26,8 26,8 26,8
5/fev 26,9 27,2 27,6 26,9 27,1 26,8
7/fev 26 26,4 27,2 26,8 27,4 27,1
MÉDIA 26,7 27,2 27,4 26,9 27,0 27,0
Fonte: A autora (2006).
No período da manhã, encontrou-se uma diferença significativa de 4,1ºC em valores
máximos absolutos para o ponto 6 (34,2ºC), exposto à radiação solar, em comparação com o
ponto 1, sombreado (30,1ºC). O ponto 1 está localizado na extremidade norte da praça, em
uma área que concentra espécies arbóreas de grande porte com copa fechada, que juntas
constituem um amplo espaço sombreado. O revestimento do solo neste ponto é arenoso, do
tipo fino, e com coloração cinza claro. O ponto 5 está em exposição ao sol. Está situado na
extremidade sul da praça, na área onde estão os brinquedos infantis. O solo também é
revestido com areia fina na cor cinza claro, sem qualquer influência de vegetação.
Entre os pontos expostos à radiação solar (5 e 6), verificou-se que as temperaturas do ar nestes
pontos apresentam diferentes valores, conseqüência também do tipo de revestimento do solo
empregado. Em cinco dos seis dias de medição, o ponto 6 (cimentado) mostrou valores
absolutos de temperaturas do ar maiores que o ponto 5 (solo arenoso). A amplitude térmica
encontrada foi de 1,8ºC entre os ponto 6 de 34,2ºC e o ponto 5 de 32,4ºC.
A menor temperatura média do ar observada durante esse período foi de 30,2ºC, nos pontos 1
e 2, e a mais elevada foi 32,4ºC, no ponto 6, com amplitude térmica média de 2,2ºC entre
estes pontos.
No período da tarde a temperatura do ar em cada ponto apresentou valores próximos aos
encontrados no período da manhã. A maior amplitude térmica foi de 3,5ºC, em valores
absolutos, entre os pontos 5 (exposto à radiação solar) e 1 (sombreado por vegetação), que
apresentaram as temperaturas 33,4ºC e 29,9ºC, respectivamente.
A diferença entre as temperaturas do ar nos pontos 5 e 6, ambos expostos à radiação solar, é
proveniente do revestimento do solo. O ponto 6 localiza-se no centro de uma quadra de
esportes em área revestida de concreto e o ponto 5, em área revestida com areia fina. O ponto
6 apresentou valor de 31,9ºC, enquanto o ponto 5, o valor de 31,2ºC (diferença de 0,7ºC entre
os pontos).
Nesse período, observou-se que o ponto 1 obteve a menor temperatura média do ar (30,1ºC),
enquanto a maior temperatura média do ar (31,9ºC) foi encontrada no ponto 6. A amplitude
térmica média entre estes pontos foi de 1,8ºC.
No período da noite
as temperaturas do ar nos pontos apresentaram-se muito próximas entre
si, devido ao resfriamento das superfícies após o pôr-do-sol. A temperatura máxima
encontrada foi 28,3ºC no ponto 3 e a mínima foi 26,0 no ponto 1. A maior amplitude foi de
1,4ºC entre os pontos 1 e 5, com respectivos valores 26,0ºC e 27,4ºC.
A diferença entre as temperaturas do ar nos pontos 5 (26,9ºC) e 6 (27,3ºC), expostos à
radiação solar, foi de 0,4ºC a mais para o ponto localizado em área cujo solo é revestido de
concreto (ponto 6). No ponto 5, o solo está revestido com areia fina.
A menor temperatura média do ar detectada foi de 26,7ºC no ponto 1 e a maior foi 27,4ºC no
ponto 3. A amplitude térmica média encontrada foi 0,7ºC entre estes pontos.
A ilustração 36 mostra a diferença dos valores de temperaturas médias do ar na praça Ricardo
Lessa nos três períodos de medição (manhã, tarde e noite).
TEMPERATURA MÉDIA DO AR
25
26
27
28
29
30
31
32
33
PONTO
1
PONTO
2
PONTO
3
PONTO
4
PONTO
5
PONTO
6
TEMPERATURA MÉDIA DO A
R
MANHÃ
TARDE
NOITE
Ilustração 36 – Valores de temperatura média do ar na Praça Ricardo Lessa
Observou-se que, nos períodos da manhã e da tarde, os pontos expostos à radiação solar (5 e
6) apresentaram valores médios de temperatura do ar superiores àqueles encontrados nos
pontos sombreados por vegetação (1 e 2) e nos pontos intermediários (3 e 4).
O aumento da temperatura do ar no ponto 5 é proveniente da grande incidência de radiação
solar na superfície do solo e nos materiais próximos (brinquedos infantis em ferro pintado na
cor branca), visto que o revestimento do solo nos pontos 1 a 5 são os mesmos (areia fina
seca). Nos pontos 1 e 3 são encontradas pequenas partes com erva seca cujo albedo
corresponde a 32%.
O ponto 6 apresentou os maiores valores de temperatura média do ar (32,4ºC) em comparação
com os demais no período diurno, e atingiu maior amplitude térmica (5,4ºC) entre os valores
médios de temperatura diurnos (32,4ºC) e noturnos (27,0ºC). Isto pode ser explicado devido
ao revestimento do solo ser em concreto nesse ponto. O concreto possui maior condutividade
térmica (1,28 a 1,74 W/mºC) que a areia fina seca (λ = 0,46 W/mºC). Da radiação solar
incidente no solo em concreto, 10% a 35% é refletida (albedo). No período diurno este calor é
transferido para o ar, aumentando sua temperatura, enquanto no período noturno este calor é
dissipado rapidamente, reduzindo a temperatura do ar.
Os pontos 1 e 2 apresentaram menores valores de temperatura média do ar. Nos pontos 1 e 2
os valores são menores devido à vegetação arbórea com copa fechada que absorve boa parte
da radiação solar incidente.
No período noturno, as temperaturas do ar apresentam valores muito próximos em todos os
pontos estudados. Segundo os limites estabelecidos por Rivero (1985) para o conforto
térmico, em todos os pontos de medição as temperaturas do ar podem ser consideradas
levemente quentes. Entretanto, a capacidade de adaptação do corpo humano, ao movimento
do ar, a umidade do ar e as vestimentas utilizadas não podem ser esquecidas. Estes fatores
também influenciam no conforto térmico, podendo deixar os espaços mais confortáveis. Tudo
isso favoreceu o uso indiscriminado de todos os espaços da praça.
4.1.3.2 Umidade Relativa do ar
Durante os dias em que ocorreram às medições, os valores de umidade relativa do ar variaram
de 42,8% a 73,4%, como mostra a tabela 6.
Pela manhã, a umidade relativa do ar apresentou diferença máxima de 11,3% entre os pontos
1 (56,8%) e 5 (45,5%), em valores absolutos. O maior valor de umidade relativa do ar
encontrado foi 59,7% no ponto 6 e o menor foi 43,6% no mesmo ponto.
Tabela 6: Valores de umidade relativa do ar encontradas na Praça Ricardo Lessa.
UMIDADE RELATIVA DO AR (%)
MANHÃ SOMBRA DENSA SOMBRA INTERMEDI EXPOSTO À RADIAÇÃO
DATA PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5 PONTO 6
31/jan 58,6 50,1 49,9 48,9 49,1 52,3
2/fev 49,9 50,9 48,8 45,2 48,5 43,6
3/fev 55,7 59,2 58,9 58,9 59 59,7
4/fev 52 50,7 52,8 50,1 49,2 46
5/fev 56,8 56,7 56,8 48,8 45,5 50,3
7/fev 42,8 47,3 48,7 46 44,9 46
MÉDIA 52,6 52,5 52,7 49,7 49,4 49,7
TARDE SOMBRA DENSA SOMBRA RALA EXPOSTO À RADIAÇÃO
31/jan 50,7 49,1 51,8 48,5 53 51,9
2/fev 57 53,1 52 53,4 54,4 54,5
3/fev 58,5 59,3 51,2 59,2 52,9 52
4/fev 57 54,6 56 58,1 55,5 55,3
5/fev 52,9 52 52 49,9 52 53,4
7/fev 58,8 60,3 55,6 59,3 53,5 53,2
MÉDIA 55,8 54,7 53,1 54,7 53,6 53,4
NOITE SOMBRA DENSA SOMBRA RALA EXPOSTO À RADIAÇÃO
31/jan 69,1 69,5 59 69,3 70,4 70,9
2/fev 71,2 63 67,9 70,1 70,4 68,3
3/fev 69 64,1 66,3 69,1 70,2 67,5
4/fev 62,5 62,4 64,2 67,2 67,6 65,8
5/fev 69,2 67,3 68,6 69,2 69 69,6
7/fev 73,4 72,8 72,3 72,3 71,7 72,4
MÉDIA 69,1 66,5 66,4 69,5 69,9 69,1
Fonte: A autora (2006).
À tarde, a umidade relativa do ar mais alta foi 60,3% no ponto 2 e a mais baixa, 48,5% no
ponto 4, e apresentou diferença máxima de 8,1% entre os pontos 2 (59,3%) e 3 (51,2%), em
valores absolutos.
À noite, a umidade relativa do ar apresentou valores mais elevados em comparação com os
outros horários. A máxima encontrada foi 73,4% no ponto 1 e a mínima foi 59% no ponto 3.
A maior diferença de umidade relativa do ar encontrada foi 11,9% entre os pontos 3 (59%) e 6
(70,9%).
A ilustração 37 mostra o comportamento da umidade relativa média do ar nos pontos 1 a 6
nos três período (manhã, tarde e noite).
UMIDADE RELATIVA MÉDIA DO AR (%)
40
45
50
55
60
65
70
75
123456
PONTOS
UMIDADE RELATIV
A
MÉDIA DO AR
Manhã
Tarde
Noite
Ilustração 37 – Valores da umidade relativa média do ar na Praça Ricardo Lessa
Nos três períodos, as médias da umidade relativa do ar demonstraram que todos os pontos
estão no padrão satisfatório de umidade do ar, visto que se encontram concentrados no
intervalo entre 30% e 70%.
Entre os dados encontrados nos períodos da manhã e tarde, a umidade relativa média do ar
apresentou valores maiores no período da tarde. O aumento da umidade do ar neste período
aconteceu devido aos elevados valores de velocidade média do ar que resfriavam as
superfícies e permitiam o aumento das partículas de água no ar. Isso explica o fato desse
período ter uma maior concentração de usuários que a manhã, mesmo havendo uma variação
de temperatura média do ar pequena entre os dois períodos. Como era esperado, a média de
umidade relativa do ar apresentou valores maiores no período da noite, devido ao
resfriamento das superfícies.
4.1.3.3 Velocidade do ar
Foi observado que a velocidade do ar teve uma maior concentração de valores entre 0,0 e 5,0
m/s (brisa suave, segundo a escala de Beaufort). Os maiores valores de velocidade do ar
foram encontrados no período da tarde.
A ilustração 38 demonstra a média das velocidades do ar nos pontos 1 a 6, identificadas nos
três períodos estudados.
VELOCIDADEDIA DO AR
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
123456
PONTOS
VELOCIDADE MÉDIA D
O
AR
MANHÃ
TARDE
NOITE
Ilustração 38 – Velocidade média do ar na Praça Ricardo Lessa.
Durante as medições, verificou-se que a velocidade média do ar variou entre ventos leves (1,0
m/s no ponto 1), que são ventos não perceptíveis, à brisa fresca (10, 1 m/s no ponto 6), cuja
força dos ventos pode ser sentida no corpo e representa o limite do vento agradável sobre a
terra, segundo a Escala de Beaufort.
No período da manhã, as velocidades médias do ar encontradas representavam brisas leves
(de 1,6 a 3,3 m/s), perceptíveis no rosto, e brisa suave (de 3,4 a 5,4 m/s), com ventos que
desarrumam os cabelos e balançam as roupas.
Verificou-se que nos períodos da manhã e noite as velocidades médias do ar variaram entre
2,3m/s a 4,1m/s e 1,1m/s a 2,8m/s, respectivamente. Os valores mais elevados foram
encontrados no período da tarde, principalmente nos pontos 5 e 6, com variação entre 2,9m/s
e 10,1m/s. Os elevados valores de velocidade do ar podem ser explicados pela morfologia do
bairro e das edificações do entorno, e pelo dimensionamento da praça. O bairro onde a praça
está inserida tem grande predominância de edificações com no máximo dois pavimentos,
assim como as edificações do entorno, permitindo que o vento circule livremente nesses
espaços próximos ao nível do chão. Além disso, a praça possui grande extensão de área, com
parcial isenção de obstáculos, o que permite a penetração da ventilação no nível dos usuários,
principalmente nos espaços com pouca ou nenhuma concentração de espécies arbóreas.
4.1.3.4 Temperatura radiante média
As temperaturas de globo encontradas podem ser visualizadas na tabela 7.
Tabela 7 – Temperatura de Globo na Praça Ricardo Lessa
TEMPERATURA DE GLOBO
PERÍODO MANHÃ TARDE NOITE
Localização
dos pontos
SOMBREADO
POR
VEGETAÇÃO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO
SOMBREADO
POR
VEGETAÇÃO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO
SOMBREADO
POR
VEGETAÇÃO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO
DATA tg tg tg tg tg Tg
31/jan 42,15 56,85 45,5 54,45 32,3 37,6
2/fev 44,8 58,25 44,85 53,8 34,45 39
3/fev 40,1 44,95 45,5 54,45 36,1 40,15
4/fev 43,05 56,8 48,4 56,2 32,8 36,8
5/fev 42,2 55,15 43,3 50,79 34,1 38,5
7/fev 45,75 57,6 44,55 51,6 32,3 39,61
MÉDIA 43,0 54,9 45,4 53,5 33,7 38,6
Fonte: A autora (2006).
Como esperado, a temperatura de globo apresentou valores menores na área sombreada por
vegetação (Ilustração 39). O período que apresentou menores valores foi o período da noite.
20
30
40
50
60
TEMPERATURA
MÉDIA DE
GLOBO
123
MANHÃ TARDE NOITE
TEMPERATURA MÉDIA DE GLOBO
SOMBREADO POR
VEGETAÇÃO
EXPOSTO À RADIAÇÃO
Ilustração 39 – Temperatura Média de Globo na Praça Ricardo Lessa
A tabela 8 mostra os dados de temperatura radiante.
Nos três períodos, observou-se que a temperatura radiante média calculada na Praça Ricardo
Lessa apresentou maiores valores nos pontos 5 e 6 em comparação com os demais pontos.
Isto pode ser explicado pela incidência de radiação solar na área que elevou as temperaturas
do ar e de globo, intensificando as trocas térmicas e a temperatura radiante média.
Tabela 8 – Temperatura Radiante na Praça Ricardo Lessa, calculadas a partir da fórmula
de convecção forçada, em função da velocidade do ar de 1,0m/s
TEMPERATURA RADIANTE (ºC)
PERÍODO
Manhã
SOMBREADO POR
VEGETAÇÃO
INTERMEDIÁRIO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO SOLAR
DATA PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5 PONTO 6
13/fev 65,3 63 62,5 62,9 94,4 93,7
14/fev 69,3 69,6 68,8 67,7 96,6 95,1
16/fev 59,8 60,9 59,6 59,8 72,1 71,5
17/fev 66,1 65,9 65,6 63,8 92,9 90,6
18/fev 64,3 64,5 64,8 61,3 90,2 90,1
19/fev 69,5 70,4 70,4 69,7 93 93,1
MÉDIA 65,7 65,7 65,3 64,2 89,9 89,0
PERÍODO
Tarde
SOMBREADO POR
VEGETAÇÃO
INTERMEDIÁRIO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO SOLAR
DATA PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5 PONTO 6
13/fev 72 71,2 70,6 69,7 89,3 89,3
14/fev 70,3 69,1 68,9 68,9 88,6 88
16/fev 71,4 72,1 70,9 72,1 90 89,1
17/fev 79 78 79,1 77,5 93 92,2
18/fev 66 65,7 65,9 63,9 82 81,1
19/fev 70 69 68,4 68,8 80,7 81,3
MÉDIA 71,5 70,9 70,6 70,2 87,3 86,8
PERÍODO
Noite
SOMBREADO POR
VEGETAÇÃO INTERMEDIÁRIO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO SOLAR
DATA PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5 PONTO 6
13/fev 44,1 43,9 43,9 43,9 58,7 58
14/fev 49,2 47,1 46,9 49 60,5 60,5
16/fev 53,8 52 52 53,8 64,2 63,5
17/fev 45,3 45,9 45,3 45,1 56 56
18/fev 48,6 48 47,3 48,6 59,8 60,3
19/fev 45,3 44,5 42,9 43,7 62,1 62,6
MÉDIA 47,7 46,9 46,4 47,4 60,2 60,2
Fonte: A autora (2006).
Os valores foram mais elevados nos períodos da manhã e tarde, devido à presença de radiação
solar, chegando a 96,6ºC no ponto 5 (manhã) e 93ºC no ponto 5 (tarde). No período da
manhã, a amplitude máxima encontrada foi 31,9ºC, em valores absolutos, entre os ponto 5
(96,6ºC) e 3 (62,5ºC). No período da tarde, a maior amplitude encontrada foi 19,7ºC entre o
ponto 5 (88,6ºC) e os pontos 3 e 4 (68,9ºC). À noite, obteve-se a amplitude máxima de 19,7ºC
entre os pontos 6 (62,6ºC) e 3 (42,9ºC).
As médias da temperatura radiante, identificadas na ilustração 40, demonstram o
comportamento dessa temperatura em cada ponto de medição nos três períodos.
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
TEMPERATURA
RADIANTE MÉDI
A
PONTO
1
PONTO
2
PONTO
3
PONTO
4
PONTO
5
PONTO
6
TEMPERATURA RADIANTE MÉDIA
MANHÃ
TARDE
NOITE
Ilustração 40 – Temperatura Média Radiante na Praça Ricardo Lessa
Observa-se que os pontos 5 e 6 apresentaram valores superiores nos três horários. Estes dois
pontos estão, durante o período diurno, em local ensolarado. A radiação solar contribuiu para
o aumento da temperatura do ar e das superfícies, intensificando a temperatura radiante. A
umidade do ar nesses pontos é baixa, facilitando a penetração da radiação. Os dois pontos
apresentam características de revestimento do solo com albedo baixo (areia seca – 18 a 30% e
concreto – 10 a 35%), havendo uma maior absorção da radiação e, conseqüentemente,
geração de calor.
No período da noite a temperatura média radiante nos pontos 5 e 6 podem sofrer a influência
da umidade do ar neste período. As partículas de água no ar impedem a dissipação do calor e
concentra-o próximo à superfície.
Os altos valores observados da temperatura de globo e, conseqüentemente, da temperatura
média radiante corroboram as observações feitas em Nikolopoulou; Lykoudis (2006), sobre a
utilização de termômetro de globo negro em medições externas.
4.1.4 Comparação dos mapas comportamentais com os questionários aplicados
Os mapas comportamentais comprovaram uma variação no uso da Praça Ricardo Lessa de
acordo com o período do dia. Os questionários indicaram que os propósitos de estar nesta
praça também variaram em cada período. Isso explica as diferenças no fluxo de pessoas em
passagem, assim como nas áreas de concentração dos usuários.
Verificou-se por meio dos questionários que no período da manhã a maioria dos usuários
(56,5%) estavam na praça em passagem, por isso estavam andando (52,2%). Tais usuários
disseram sentir muito calor (78,3%) e estar em desconforto térmico (65,2%), o que foi
comprovado pelos mapas comportamentais, nos quais o período da manhã mostrou ter menor
concentração de usuários. Como estes usuários estavam de passagem para outro lugar (rua,
edificação, ponto de ônibus), o fluxo de pessoas foi concentrado nos caminhos existentes,
estando grande parte na área norte e sul da praça.
No período da tarde, a maioria dos usuários estavam na praça para lazer (63,6%), em
atividades que aconteciam com eles parados e sentados. A maioria confirmou não estar
sentindo frio nem calor e, por esse motivo, estar termicamente confortável (81,8%). O
aumento no percentual de pessoas na praça para lazer foi mostrado pelo mapa
comportamental desse período, em que as áreas de concentração de usuários foram maiores
em comparação com o período da manhã.
No período noturno, 53,3% dos usuários foram à praça a lazer. Estes usuários estavam com o
propósito de passear e conversar com os amigos. Isso justifica a concentração de usuários nos
arredores da praça, onde estão localizados os bancos, como mostra o mapa comportamental
do período. A maioria das pessoas afirmou estar em conforto térmico (86,7%), não sentindo
frio nem calor (73,3%), mesmo estando em movimento (andando: 46,7%). A sensação de
conforto térmico contribui para o desenvolvimento dessa atividade, como foi observado no
mapa comportamental, com o aumento no fluxo de pessoas em movimento.
Diante do exposto, foi constatado que a sensação de conforto térmico dos usuários influenciou
no tipo de atividade desempenhada na praça (passagem, lazer) e, conseqüentemente, nas áreas
de concentração de usuários e no fluxo de pessoas em passagem. Assim sendo, o desenho da
praça deve levar em consideração a condição de conforto dos usuários quanto à localização da
vegetação e do mobiliário, para que a praça seja utilizada em sua totalidade, independente do
período do dia.
4.1.5 Comparação da sensação dos usuários com os índices de conforto aplicados
Os dados obtidos das variáveis climáticas em cada ponto identificaram as áreas em conforto
ou desconforto térmico na Praça Ricardo Lessa nos dias estudados, de acordo com os índices
aplicados. Cada ponto de medição foi classificado quanto ao conforto térmico nos três
períodos, como mostra a tabela 9.
Tabela 9 – Classificação do Conforto Térmico na Praça Ricardo Lessa
CONFORTO TÉRMICO NO PERÍODO DA MANHÃ
PONTOS 1 2 3 4 5 6
PMV (FANGER, 1970)
PPD em % 54,9 52,7 69,4 57,8 87,8 77,8
THI em % com D=desconfortável e
C=confortável
100D 100D 100D 100D 100D 100D
CONFORTO TÉRMICO NO PERÍODO DA TARDE
PONTOS 1 2 3 4 5 6
PMV (FANGER, 1970)
PPD em % 52,2 60,1 64,7 58,5 81,5 75,9
THI em % com D=desconfortável e
C=confortável
100D 100D 100D 100D 100D 100D
CONFORTO TÉRMICO NO PERÍODO DA NOITE
PONTOS 1 2 3 4 5 6
PMV (FANGER, 1970)
PPD em % 15,7 16,5 12,8 18,2 12,7 12,1
THI em % com D=desconfortável e
C=confortável
50C 50C 50C 50C 50C 50C
Fonte: A autora (2006).
LEGENDA
BOM LEVEMENTE QUENTE QUENTE
Segundo o PMV, os pontos 1 e 2, sombreados por vegetação, foram classificados como
levemente quente nos períodos da manhã e tarde. Os pontos 5 e 6 foram considerados quentes.
No período da noite todos os pontos foram classificados como confortáveis.
Com a aplicação dos questionários, foi observado que no período da manhã a maioria dos
usuários estava sentindo muito calor (muito quente), estando em área sombreada ou em área
exposta à radiação solar. O PMV classificou estas áreas como levemente quente ou quente.
Assim, verificou-se que as áreas apresentaram valores calculados mais confortáveis que a
sensação dos usuários. O aumento do desconforto pode ser atribuído à atividade que os
usuários estavam exercendo no momento da entrevista, visto que a maioria estava em
movimento (andando – 52,2%).
No período da tarde, a maioria dos usuários que estava em área sombreada afirmou não estar
sentindo frio nem calor (62,5%), enquanto os que estavam expostos à radiação estavam
sentindo muito calor (66,7%). Foi constatado, então, que as pessoas em área sombreada
estavam sentindo conforto térmico, apesar da classificação levemente quente encontrada no
PMV. Por outro lado, os usuários expostos à radiação estavam sentindo mais calor que aquele
registrado no ambiente. Novamente a variação pode ser atribuída à atividade praticada no
momento da entrevista. Os usuários que afirmaram não estarem sentindo calor nem frio se
encontravam parados e sentados (100%). Aqueles que estavam sentindo muito calor estavam
em movimento (andando – 100%).
No período noturno, 86,7% dos entrevistados afirmaram estar termicamente confortáveis,
enquanto todos os pontos medidos estavam em conforto. 53,3% estavam parados (sentados ou
em pé) e 46,7 % estavam andando.
Assim sendo, verificou-se que nem sempre a classificação quanto à sensação de conforto
térmico dos usuários corresponde aos valores obtidos pelos índices calculados. Foi constatada
também a grande influência da atividade exercida na sensação de conforto térmico das
pessoas.
4.1.6 Comparação dos dados climáticos com os mapas comportamentais
A tabela 10 mostra a classificação dos espaços da Praça Ricardo Lessa a partir dos mapas
comportamentais e do PMV calculado.
Tabela 10 – Utilização das áreas e a condição de conforto térmico
PONTOS 1 2 3 4 5 6
Localização dos pontos a partir dos mapas comportamentais
+ + - - + +
PMV
Localização dos pontos a partir dos mapas comportamentais
+ + - - + +
PMV
Localização dos pontos a partir dos mapas comportamentais
+ + - - + +
PMV
Fonte: A autora (2006).
LEGENDA 1 LEGENDA 2
Bom
Houve concentração de
usuários
+
Levemente
Quente
Quente
Não houve concentração
de usuários
-
Verificou-se que os pontos 1, 2, 5 e 6 apresentaram concentração de usuários. Os pontos 1 e 2
apresentaram índices mais confortáveis que os pontos 5 e 6 no período diurno (manhã e
tarde).
A concentração de usuários nos pontos 1 e 2 é justificada pelos menores valores de
temperatura do ar e temperatura radiante, principalmente no período diurno. Estes pontos
estão localizados próximos a alguns bancos que são utilizados pelos usuários para descanso e
para prática de atividades leves.
As áreas onde estão localizados os pontos 3 e 4, apesar de disporem de bancos próximos, não
foram utilizadas. Mesmo estando no limite estabelecido por Fanger (LAMBERTS; XAVIER,
2002) como levemente quente, as referidas áreas são ocupadas por vegetação arbórea com
copa semi-aberta que permite a incidência de radiação solar no local. Também apresentaram
maiores valores de temperatura do ar e temperatura radiante que os pontos 1 e 2. Como a
praça possui grande extensão, possibilita que os usuários escolham as áreas mais confortáveis
para sua utilização.
As áreas onde estão os pontos 5 e 6 demonstraram as piores condições térmicas, entretanto, a
utilização destas áreas aconteceu nos três períodos, devido a existência de brinquedos infantis
no ponto 5 e pela quadra de esportes no ponto 6. Esses espaços foram utilizados por crianças e
jovens, cujo conforto térmico não interfere em suas atividades.
Concluiu-se, portanto, que o uso desses espaços dependeu, em grande parte, das atividades
praticadas pelos usuários e dos equipamentos existentes. Para a prática de atividades leves
como descansar, conversar ou observar, os espaços mais confortáveis da praça foram os mais
utilizados (pontos 1 e 2). Nas áreas que possibilitam a prática de atividades mais
movimentadas (pontos 5 e 6), como jogos e brincadeiras, a presença do mobiliário como
quadra de esportes e brinquedos infantis foi mais importante para o uso que o conforto
térmico.
4.2 PRAÇA TENENTE MADALENA
Das três praças, a Praça Tenente Madalena é a que possui menor dimensão (2.717,96 m²). Os
espaços são ocupados por muitos equipamentos (brinquedos, quadra de esportes, palco,
estacionamento) e vegetação (árvores e canteiros), restando algumas áreas para descanso.
Localizada em área residencial, é bastante utilizada pelos moradores locais, sendo uma das
mais importantes áreas de lazer, competindo apenas com a praia de Cruz das Almas, cuja
localidade é próxima. A utilização da praça nos períodos diurno (manhã e tarde) e noturno foi
demonstrada a partir da construção de mapas comportamentais, que serão ilustrados a seguir.
4.2.1 Mapas comportamentais
A ilustração 41 mostra os mapas comportamentais referentes aos três períodos (manhã, tarde e
noite) na praça Tenente Madalena.
Ilustração 41 – Mapas comportamentais da praça Tenente Madalena
Fonte: A autora (2006).
No período da manhã foi observado que três áreas da praça são utilizadas pelos usuários para
sua permanência: uma área coberta por vegetação arbórea de grande porte e com copa
fechada, onde estão situadas as mesas para jogos; uma área onde estão localizados os
brinquedos infantis; junto ao palco, que neste horário também é utilizado como assento, no
espaço sombreado por vegetação. Percebe-se, então, que a permanência na praça no período
da manhã está relacionada à proteção dos usuários da radiação solar e da existência de
mobiliários de lazer. Todos os espaços utilizados têm cobertura do solo em areia fina com
coloração cinza claro.
NVNV
NV
R
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C
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P
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TARDE
NOITE
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I
A
PONTO DE
MEDIÇÃO
FLUXO DE PESSOAS
EM PASSAGEM
CONCENTRAÇÃO
DE USUÁRIOS
O maior fluxo de pessoas passando pela praça acontece no sentido norte-sul. Nesse caso os
pedestres usam a praça para acesso mais rápido entre as ruas, sem intenção de permanecer em
seu interior.
No período da tarde a permanência de usuários na praça é maior. Assim sendo, há
permanência também em espaços com revestimento do solo em cimento, como a quadra de
esportes e o interior da praça, próximo aos brinquedos. A quadra de esportes, nesse horário, é
utilizada por alunos das escolas municipais, localizadas em quadras próximas à praça, para
prática de educação física. As áreas onde estão os brinquedos infantis e as mesas também são
ocupadas, entretanto, com maior número de usuários.
O fluxo de passagem acontece nas calçadas longitudinais da praça e em seu interior. Entre a
quadra de esportes e a área das mesas de jogos aparece um fluxo de pessoas, devido à entrada
da quadra de esportes localizada na lateral e dos bancos sombreados pela vegetação arbórea.
No período noturno, a área total da praça é utilizada, tanto para permanência dos usuários
como para passagem de transeuntes. Na quadra de esportes são organizados diariamente jogos
de futebol, concentrando um grande número de espectadores ao redor da quadra. As pessoas
se acomodam nos bancos da praça, em cadeiras próprias e nos equipamentos de exercícios
musculares. Alguns espectadores permanecem de pé e, às vezes, circulam os espaços internos
da praça.
A passagem de pessoas acontece em todas as áreas da praça, principalmente por elas não ter
dimensões muito grandes. O maior fluxo acontece ao redor dos mobiliários de lazer da praça:
quadra de esportes, brinquedos infantis, mesas para jogos e equipamentos para musculação.
Foi verificado, então, que, no período noturno, o mobiliário de lazer é o maior atrativo para
permanência de pessoas na praça e intensifica o fluxo de transeuntes no local. Durante o dia,
os espaços sombreados exercem grande influência para a permanência de usuários no interior
da praça.
4.2.2 Questionários
A maioria dos entrevistados nessa praça (51,2%) possuía faixa etária entre 25 e 44 anos. 61%
eram mulheres. Todos utilizavam vestimentas leves com no máximo 1 clo. Alguns usuários
utilizavam acessórios como boné e óculos de sol (9,8%), todos no período da manhã. 2,4%
dos usuários estavam consumindo bebidas (período da tarde).
A maioria dos entrevistados possuía primeiro grau incompleto (46,3%), seguido de 22% com
segundo grau completo e 14,6% com segundo grau incompleto. 92,7% são moradores do
bairro Cruz das Almas. A maioria são trabalhadores (48,8%) e estudantes (29,3%) e usufruem
a praça diariamente (51,2%).
O resultado das entrevistas realizadas pode ser observado na tabela 11.
Tabela 11 – Percepção do usuário quanto ao conforto térmico na Praça Tenente Madalena
ENTREVISTADOS NO PERÍODO DA MANHÃ
Quanto ao conforto
(%)
Quanto à exposição
ao sol (%)
Quanto à atividade
(%)
Quanto ao propósito
de estar na praça (%)
Quanto à sensação
térmica (%)
73,3
Confortáveis
33,3 Expostas 40,0 Andando 26,7 Passagem 53,3
Muito calor
26,7 Desconfortáveis 66,7 Não expostas 20,0 Parado sentado 66,7 Lazer 26,7
Calor
40,0 Parado em 6,6 Trabalho
20,0
Nem frio
nem calor
ENTREVISTADOS NO PERÍODO DA TARDE
Quanto ao conforto
(%)
Quanto à exposição
ao sol (%)
Quanto à atividade
(%)
Quanto ao propósito
de estar na praça (%)
Quanto à sensação
térmica (%)
72,7
Confortáveis
18,2 Expostas 27,3 Andando 100,0 Lazer 27,3
Muito calor
27,3 Desconfortáveis 81,8 Não expostas 63,6 Parado sentado 18,2 calor
9,1 Parado em pé 54,5
Nem frio
nem calor
ENTREVISTADOS NO PERÍODO DA NOITE
Quanto ao conforto
(%)
Quanto à exposição
ao sol (%)
Quanto à atividade
(%)
Quanto ao propósito
de estar na praça (%)
Quanto à sensação
térmica (%)
80,0
Confortáveis
100 Não expostas 33,3 Andando 40,0 Passagem 40,0
Muito calor
20,0 Desconfortáveis 40,0 Parado sentado 60,0 Lazer 26,7
Calor
26,7 Parado em 26,7
Nem frio
nem calor
6,6 Frio
Fonte: A autora (2006).
A maioria dos entrevistados afirmou que as praças servem para o lazer (82,9%) de um modo
geral (namorar, encontrar amigos, conversar, paquerar, brincar, passear, divertir, distrair,
descansar, pensar na vida, ler livros), lazer infantil (22%), prática de esportes (14,6%), para o
usuário se refrescar em dias quentes (4,9%) e eventos culturais (2,4%).
Entre as questões dessa praça que foram consideradas desagradáveis pelos entrevistados:
muitos mencionaram a presença de pessoas embriagadas (24,4%), maloqueiros (14,6%) e
drogados (4,9%) na praça, totalizando 43,9% de insatisfação. Outra questão abordada foi a
falta de manutenção (34,1%) do mobiliário, como a tela que envolve a quadra de esportes,
bancos e brinquedos infantis. A falta de limpeza correspondeu a 14,6%, a desorganização foi
de 9,8%, o barulho correspondeu a 4,9% e a falta de jardins teve 2,4% de indicações.
No período da manhã, a maioria dos entrevistados afirmou estar sentindo conforto térmico
(73,3%). As áreas com maior número de entrevistados foram as sombreadas por vegetação
arbórea, onde os usuários não estavam expostos à radiação solar (66,7%). Além disso, 66,7%
dos entrevistados estavam na praça para lazer (passar o tempo, jogar com os amigos e fugir do
calor de suas residências).
Mais da metade dos entrevistados (53,3%) asseguraram estar sentindo muito calor. O que
comprova a subjetividade das questões. Esta sensação térmica pode ter sido causada pela
atividade exercida pelos usuários, visto que 40% estavam andando e 40% estavam parados,
porém em pé.
No período da tarde, 72,7% dos entrevistados afirmaram estar em conforto térmico, não
sentindo calor nem frio (54,5%), principalmente porque foram à praça para lazer (100%),
praticando atividades leves como estar parado e sentado (66,6%) em áreas não expostas à
radiação solar (81,8%) devido ao sombreamento por vegetação arbórea.
No período da noite, a porcentagem de entrevistados que afirmou estar em conforto térmico
foi de 80%. A maioria assegurou estar sentindo muito calor (40%), entretanto tal sensação não
lhes trouxe desconforto. Isso pode ser explicado pelas atividades dos entrevistados e pelas
condições climáticas das áreas onde eles estavam. A maioria foi à praça para lazer (60%) e
estava sentado (40%) conversando, observando brincadeiras infantis e os jogos.
4.2.3 A medições microclimáticas
Na praça Tenente Madalena, os pontos escolhidos para a coleta de dados estão demonstrados
na ilustração 42 e apresentam as seguintes características (Quadro 8):
PONTO LOCALIZAÇÃO E
CARACTERÍSTICAS
MOBILIÁRIO
PRÓXIMO
CONDUT.
TÉRMICA
λ (W/mºC)
ALBEDO
(%)
1 Localizado a nordeste da
praça. Área com sombra
mais densa. Solo revestido
com areia fina seca.
bancos e mesas
fixas em cimento
0,49 18 – 30
2 Localizado a sul da praça.
Área com sombra mais
densa. Solo revestido em
concreto.
palco em alvenaria 1,24 a 1,74 10 – 35
3 Localizado a sudoeste da
praça. Área com sombra
rala. Solo revestido em
concreto.
quadra de esportes
e brinquedos
infantis
1,24 a 1,74 10 – 35
4 Localizado no centro -
sudoeste da praça. Área
exposta à radiação solar.
Solo revestido com areia
fina seca.
brinquedos infantis 0,49 18 – 30
5 Localizado no centro – sul
da praça. Área exposta à
radiação solar direta. Solo
revestido em concreto.
brinquedos infantis 1,24 a 1,74 10 - 35
Quadro 8 - Características dos pontos de medição da Praça Tenente Madalena
Fonte: A autora (2006).
A – Planta baixa da praça com a localização
dos pontos
B – Distribuição das áreas da praça em três
áreas distintas, totalizando quatro
espaços.
Ilustração 42 – Pontos de medição 1 a 5 e a classificação das áreas segundo a vegetação existente
4.2.3.1 Temperatura do ar
A tabela 12 mostra os valores de temperatura do ar observados na Praça Tenente Madalena:
5
ÁREA EXPOSTA À RADIAÇÃO SOLAR
VEG. ARBÓREA - COPA SEMI-ABERTA
VEG. ARBÓREA - COPA FECHADA
ÁREA SOMBREADA POR VEGETAÇÃO
ARBÓREA DE GRANDE PORTE
ÁREA INTERMEDIÁRIA
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PONTO PARA MEDIÇÃO DAS VARIÁVIEIS
CLIMÁTICAS
LEGENDA
DIREÇÃO DO VENTO
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LEGENDA
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NV
Tabela 12: Valores de Temperatura do Ar encontrados na Praça Tenente Madalena.
TEMPERATURA DO AR (ºC)
Manhã
SOMBRA DENSA INTERMEDIÁRIO EXPOSTO À RADIAÇÃO
DATA PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5
13/fev 30,9 31 31,5 33,1 32,7
14/fev 30,3 30,6 31,2 33,9 32,9
16/fev 29,6 31,3 31,6 34,4 33
17/fev 29,6 29,5 29,2 30,1 29,6
18/fev 29,2 29,9 29,6 32,8 32
19/fev 30,6 30,3 31,2 31,9 31,5
MÉDIA 30 30,4 30,7 32,7 32
Tarde
SOMBRA DENSA INTERMEDIÁRIO EXPOSTO À RADIAÇÃO
13/fev 31,4 31,5 31,1 31,3 31,5
14/fev 29,9 30,9 31 32 33,2
16/fev 30,1 30,6 30,1 32 31,5
17/fev 28,1 28,1 28,5 28 28,1
18/fev 30,5 30,9 30,3 32,2 31,1
19/fev 30,9 30,9 31,5 32,7 31,9
MÉDIA 30,2 30,5 30,4 31,4 31,2
Noite
SOMBRA DENSA INTERMEDIÁRIO EXPOSTO À RADIAÇÃO
13/fev 28,3 28,6 29,2 28,5 28,4
14/fev 28,9 28,5 28,7 28,7 28,6
16/fev 28,5 28,5 28,5 28,4 28,4
17/fev 28,1 28,5 28,9 28,6 28,9
18/fev 28,4 28,3 28,4 28,1 28,3
19/fev 29,9 27,9 28 28,1 28,1
MÉDIA 28,7 28,4 28,6 28,4 28,5
Fonte: A autora (2006).
Foi observado que, no período da manhã, a temperatura do ar apresentou valores mais
elevados nos pontos 4 e 5, expostos à radiação solar. Em valores absolutos foi encontrada uma
diferença máxima de 4,8ºC entre os pontos 1 (29,6ºC) e 4 (34,4ºC). Apesar dos dois pontos
terem o mesmo revestimento do solo (areia fina λ = 0,49 W/mºC, albedo 18 – 30%), o ponto 1
recebe menos incidência de radiação solar que o ponto 4, devido à existência de uma
cobertura vegetal neste ponto servindo de barreira para a radiação.
Também no período da tarde, os pontos 4 e 5 apresentaram temperaturas do ar mais elevadas
que os demais. Foi encontrada uma diferença de 3,3ºC entre os pontos 1 (29,9ºC) e 5 (33,2ºC),
em valores absolutos. O ponto 5 está situado em local cujo solo é revestido de concreto e
desprovido de sombra. O concreto possui maior valor de condutividade térmica (λ = 1,24 a
1,74 W/mºC).
No período da noite, a temperatura do ar variou entre 27,9ºC e 29,2ºC. A temperatura do ar
teve uma amplitude máxima de 0,9ºC entre os pontos 1 (28,3ºC) e 3 (29,2ºC). Nesse caso, o
tipo de revestimento do solo teve maior influência. O ponto 3, com solo concretado, apresenta
maior absorção da radiação solar e maior condutividade térmica. A vegetação arbórea, da
maneira como está disposta, dificulta a passagem de ventilação natural. Com isso, o calor
acumulado não é dissipado facilmente, interferindo para o aumento da temperatura do ar
nesse ponto.
Os valores de temperaturas médias do ar permitem a observação do seu comportamento nos
três períodos. Estes valores foram demonstrados na ilustração 43.
A RELAÇÃO ENTRE AS TEMPERATURAS MÉDIAS
DO AR NOS TRÊS PERÍODOS
26
27
28
29
30
31
32
33
34
12345
PONTOS
TEMPERATURA DO
AR
Manhã
Tarde
Noite
Ilustração 43 – Valores de Temperatura Média do Ar na Praça Tenente Madalena
As menores temperaturas médias do ar no período diurno foram encontradas nos pontos 1, 2 e
3, comprovando, assim, que a presença de espécies arbóreas de grande porte é favorável à
definição de condições climáticas adequadas ao conforto de seus usuários, mesmo com
diferentes sombreamentos. A vegetação arbórea pode impedir a penetração de radiação solar,
contribuindo com o aumento da umidade do ar e a conseqüente diminuição da temperatura do
ar.
A diminuição da temperatura média do ar no ponto 1, que apresentou os menores valores em
comparação com os demais pontos, pode ser atribuída também aos materiais utilizados para
revestimento do solo (areia fina seca), visto que nos pontos 2 e 3 o solo é concretado. A areia
fina apresenta características que favorece a redução da temperatura do ar: possui menor valor
de condutividade térmica (λ = 0,49 W/mºC) que o concreto (λ = 1,28 a 1,74W/mºC).
O ponto 4 apresentou os maiores valores de temperatura diurna. Isso pode ser atribuído à
baixa umidade do ar, resultante da exposição das superfícies à radiação solar e a propriedade
dos materiais das superfícies do solo e do entorno. Esse ponto está localizado próximo aos
brinquedos infantis construídos em ferro com pintura em cores variadas. O ferro possui uma
alta condutividade térmica (72 W/mºC), conduzindo rapidamente grande quantidade de calor
para o ambiente e para outras superfícies próximas, elevando a temperatura do ar.
No período noturno, a amplitude térmica entre os pontos foi pequena, com valores médios de
temperatura do ar semelhantes em todos os pontos, devido ao resfriamento das superfícies
pela ventilação.
5.2.3.2 Umidade relativa do ar
Os valores de umidade relativa do ar encontrados na coleta de dados variaram entre 47% e
74,4% e estão representados na tabela 13.
Foi observado que, no período da manhã, o menor valor de umidade relativa foi registrado em
47,9% no ponto 4 e o maior valor foi registrado em 68,7% no ponto 1. A diferença entre os
pontos foi de 10,6% em valores absolutos.
No período da tarde foram registrados os seguintes valores como menor e maior umidade
relativa do ar: 51,5% e 73,8% respectivamente, ambos no ponto 4. A maior diferença
calculada em valores absolutos foi 9,8% entre os pontos 2 (61,3%) e 4 (51,5%).
Tabela 13 – Valores de Umidade Relativa do Ar encontrados na Praça Tenente Madalena.
UMIDADE RELATIVA DO AR
Manhã
SOMBRA DENSA INTERMEDIÁRIO EXPOSTO À RADIAÇÃO
DATA PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5
13/fev 61,3 59,1 60,6 57,4 56,8
14/fev 64 63,5 58,3 53,4 54,5
16/fev 56,5 55 55,1 47,9 50,5
17/fev 64,8 64,1 68,1 64,2 66,4
18/fev 68,7 64 65,2 59,5 62
19/fev 63,7 64,5 62,5 57,6 59,3
MÉDIA 63,2 61,7 61,6 56,7 58,3
Tarde
SOMBRA DENSA INTERMEDIÁRIO EXPOSTO À RADIAÇÃO
13/fev 57,2 55,6 58,1 57,8 60,5
14/fev 64,5 63,6 61,8 59 64
16/fev 58,7 57,2 58,9 51,8 55,3
17/fev 66,1 74,4 68,1 73,8 69,9
18/fev 62,9 61,4 62,2 58,2 59,5
19/fev 59,9 61,3 51,6 51,5 55,6
MÉDIA 61,6 62,3 60,1 58,7 60,8
Noite
SOMBRA DENSA INTERMEDIÁRIO EXPOSTO À RADIAÇÃO
13/fev 71,5 71 70,6 73,5 72,2
14/fev 68,4 72,7 72,4 72,4 71,5
16/fev 63,3 64,8 65 63,3 64,2
17/fev 71,1 70,5 65 67 64,1
18/fev 70,1 71,7 70,4 73,4 72,3
19/fev 67,5 71,2 70,5 71 70,6
MÉDIA 68,7 70,3 69 70,1 69,2
Fonte: A autora,(2006).
No período da noite, o menor valor de umidade relativa foi 63,3%, encontrado nos pontos 1 e
4. O maior valor, 73,5% no ponto 4. A maior diferença encontrada foi entre os pontos 1
(71,1%) e 5 ( 64,1%) e correspondeu a 7,0% em valores absolutos.
As médias das umidades relativas do ar encontradas na praça identificam o comportamento da
umidade nos períodos estudados (Ilustração 44). Nos três períodos a umidade relativa média
do ar atingiu valores acima de 30% e abaixo de 70%, sendo, então, considerados satisfatórios
para o conforto térmico humano (LAMBERTS; XAVIER, 2002).
UMIDADE RELATIVA MÉDIA DO AR (%)
50
55
60
65
70
75
12345
PONTOS
UMIDADE RELATIV
A
MÉDIA DO AR
Manhã
Tarde
Noite
Ilustração 44 – Valores de Umidade Relativa Média do Ar na Praça Tenente Madalena
Fonte: A autora (2006).
Verificou-se que o período noturno apresentou os maiores valores médios de umidade relativa
do ar em todos os pontos, causados pela ausência de radiação solar e pelo resfriamento das
superfícies através da ventilação, permitindo o aumento da quantidade de água no ar. Nos
períodos da manhã e tarde, a umidade relativa média do ar apresentou maiores valores nos
pontos 1 e 2, devido à presença de superfície evapotranspirante (vegetação).
4.2.3.3 Velocidade do ar
Verificou-se uma predominância de velocidade do ar entre 0 a 5m/s., principalmente no ponto
1. A redução da velocidade neste ponto é resultante de sua localização em área protegida por
espécies arbóreas de copa fechada e da proximidade a edificações do entorno que servem de
barreira à passagem da ventilação.
O ponto 3 apresentou maiores valores de velocidade do ar. As altas velocidades são
provenientes da localização do ponto no sudoeste da praça, com uma área sem obstáculos à
frente, que permite a penetração de ventilação neste local. A disposição da espécie arbórea no
local direciona a ventilação para este ponto.
A média dos valores demonstra o comportamento da ventilação nos três períodos (Ilustração
45).
VELOCIDADE MÉDIA DO AR
1
2
3
4
5
6
7
12345
PONTOS
VELOCIDADE MÉDIA D
O
AR
MANHÃ
TARDE
NOITE
Ilustração 45 – Velocidade média do ar na Praça Tenente Madalena
A ventilação média do ar variou de brisa leve (de 1,6 a 3,3 m/s), com o vento sentido no rosto,
à brisa moderada (de 5,5 a 7,9 m/s), cujo vento levanta poeira, papéis e desarruma cabelos.
Por meio das médias das velocidades do ar, foi observada uma grande variação de valores
entre os pontos no período da manhã, com maiores valores no ponto 3 (4,9 m/s). O ponto 4
apresentou o maior valor de velocidade média do ar no período da tarde (5,8 m/s). No período
da noite a maior média encontrada foi 3,5m/s no ponto 3.
A velocidade do vento nesta praça é influenciada por suas dimensões e pela morfologia das
edificações do entorno da praça. O seu entorno é caracterizado por edificações com no
máximo dois pavimentos, permitindo a passagem de vento próximo aos usuários. Entretanto,
as dimensões da praça, a vegetação existente e a tela da quadra de esportes, com altura
superior a 6 m, reduzem a velocidade do ar em vários pontos ou direciona-o para o plano
acima das edificações.
4.2.3.4 Temperatura radiante média
A tabela 14 evidencia as temperaturas de globo observadas nos seis dias de medição em áreas
sombreadas e ensolaradas.
Tabela 14 – Temperatura de globo na Praça Tenente Madalena
TEMPERATURA DE GLOBO (ºC)
PERÍODO MANHÃ TARDE NOITE
Localização
dos pontos
SOMBREADO
POR
VEGETAÇÃO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO
SOMBREADO
POR
VEGETAÇÃO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO
SOMBREADO
POR
VEGETAÇÃO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO
DATA tg tg tg tg tg Tg
31/jan 46,4 61,5 47,6 50,1 32,3 41,2
2/fev 44,6 58,1 44,3 54,0 40,3 41,7
3/fev 45,9 53,1 43,0 54,3 39,0 38,5
4/fev 42,2 48,3 38,7 39,8 38,1 39,0
5/fev 40,3 56,3 42,5 54,4 38,4 39,3
7/fev 44,6 57,6 43,8 56,9 36,6 39,0
MÉDIA
44,0 55,8 43,3 51,6 37,4 39,8
Fonte: A autora
A temperatura de globo variou entre 40,3ºC e 61,5ºC no período da manhã, 38,7ºC e 56,9ºC
no período da tarde e entre 32,3ºC e 41,7ºC no período da noite. Nos períodos da manhã e
tarde, os maiores valores foram encontrados na área exposta à radiação solar devido à sua
forte incidência. As amplitudes máximas encontradas foram 21,2ºC (manhã) e 18,2ºC (tarde).
No período da noite, as amplitudes variaram entre 0,9ºC e 2,4ºC, exceto no dia 31 de janeiro
(9,4ºC).
A média das temperaturas de globo estão representadas na ilustração 46 e demonstram a
variação nos três períodos.
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
TEMPERATURA MÉDI
A
DE GLOBO
123
MANHÃ TARDE NOITE
TEMPERATURA MÉDIA DE GLOBO
SOMBREADO POR
VEGETÃO
EXPOSTO À RA DIA ÇÃ O
SOLAR
Ilustração 46 - Temperatura Média de Globo da Praça Tenente Madalena
Verificou-se que a área sombreada por vegetação obteve valores de temperatura de globo
semelhantes no período da manhã e da tarde. Na área exposta à radiação a temperatura média
de globo foi maior no período da manhã. A ventilação neste período apresentou valores
menores e, por isso, a incidência de radiação solar tornou-se a maior influenciadora.
Os valores da temperatura radiante média nos pontos 1 a 5 foram apresentados na tabela 15.
Tabela 15 – Temperatura Radiante na Praça Tenente Madalena, calculadas a partir da
fórmula de convecção forçada, em função da velocidade do ar de 1,0 m/s.
TEMPERATURA RADIANTE
Manhã SOMBRA DENSA INTERMEDIÁRIO EXPOSTO À RADIAÇÃO
DATA PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5
13/fev 63,6 63,4 62,6 96,2 96,8
14/fev 60,2 59,7 58,8 86,9 88,5
16/fev 64,5 61,9 61,4 74,3 76,5
17/fev 55,6 55,8 56,2 69,4 70,2
18/fev 51,7 50,7 51,1 84,3 85,6
19/fev 59,7 60,2 58,8 88,9 89,6
MÉDIA 59,2 58,6 58,2 83,3 84,5
Tarde
SOMBRA DENSA INTERMEDIÁRIO EXPOSTO À RADIAÇÃO
13/fev 65,7 65,5 66,1 71,8 71,5
14/fev 60,2 58,7 58,5 80,1 78,2
16/fev 56,6 55,9 56,6 80,9 81,7
17/fev 49,5 49,5 48,9 52,2 52,0
18/fev 54,9 54,3 55,2 80,8 82,6
19/fev 57,3 57,3 56,5 86,0 87,3
MÉDIA 57,4 56,9 57,0 75,3 75,6
Noite
SOMBRA DENSA INTERMEDIÁRIO EXPOSTO À RADIAÇÃO
13/fev 35,1 34,8 34,2 54,8 54,9
14/fev 52,2 52,8 52,5 55,8 55,9
16/fev 49,5 49,5 49,5 48,6 48,6
17/fev 48,1 47,5 47,0 49,5 49,1
18/fev 48,4 48,5 48,4 50,9 50,6
19/fev 42,3 44,9 44,8 50,1 50,1
MÉDIA 45,9 46,3 46,1 51,6 51,5
Fonte: A autora (2006).
Foi verificado que, no período da manhã, a temperatura radiante variou entre 50,7ºC (ponto 2)
e 96,8 ºC (ponto 5). A amplitude máxima encontrada foi 34,9ºC entre os pontos 5 (85,6ºC) e 2
(50,7ºC). O maior valor encontrado foi no período da manhã (ponto5), o que pode ser
explicado pelo elevado valor das temperaturas de globo e do ar neste período.
No período da tarde, a temperatura radiante variou entre 48,9ºC (ponto 3) e 87,3ºC (ponto 5).
Foi encontrada uma amplitude máxima de 30,8ºC entre os pontos 5 (87,3ºC) e 3 (56,5ºC).
À noite foi observada uma variação de 34,2ºC (ponto 3) a 55,9ºC e amplitude máxima de
20,7ºC entre os pontos 5 (54,9ºC) e 3 (34,2ºC). Os valores foram menores nesse período
devido ao resfriamento das superfícies pela ventilação natural e pela elevada umidade do ar
que interferem nas trocas de calor.
A ilustração 47 apresenta os valores das temperaturas radiantes médias nos cinco pontos e seu
comportamento, segundo o período especificado (manhã, tarde e noite).
TEMPERATURA RADIANTE MÉDIA (ºC)
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
12345
PONTOS
TEMPERATURA RADIAN
T
MÉDIA
Manhã
Tarde
Noite
Ilustração 47 – Temperatura Radiante Média na Praça Tenente Madalena
Foi observado que os pontos 4 e 5 apresentaram valores de temperatura radiante média
superiores nos três períodos, em comparação com os demais pontos. No período diurno
(manhã e tarde) a incidência de radiação solar interferiu para o aumento das temperaturas do
ar e de globo. No período noturno, estes pontos apresentaram valores maiores, entretanto com
amplitude menor (5,7ºC entre os pontos 4 e 1).
Da mesma forma que a Praça Ricardo Lessa, os valores da temperatura de globo e,
conseqüentemente, da temperatura radiante média confirmam as observações feitas em
Nikolopoulou; Lykoudis (2006), sobre a utilização de termômetro de globo negro em
medições externas.
4.2.4 Comparação dos mapas comportamentais com os questionários aplicados
Assim como aconteceu na Praça Ricardo Lessa, os mapas comportamentais da Praça Tenente
Madalena mostraram que houve variação no uso de acordo com o período do dia. Entretanto,
os questionários indicaram que nos três períodos os usuários foram à praça para lazer (manhã
– 66,7%, tarde – 100% e noite – 60%). Isso explica a concentração de usuários nas áreas
sombreadas da praça e junto aos brinquedos infantis nos períodos da manhã e tarde.
Por meio dos questionários foi observado que no período da manhã a maioria dos usuários
(73,3%) afirmou estar sentindo conforto térmico. Dos que estavam confortáveis, 81,8% não
estava exposto à radiação solar. Nesse período a maioria dos usuários estava sentindo muito
calor (53,3%), explicando assim a concentração de usuários nas áreas sombreadas, observadas
através dos mapas comportamentais da manhã.
No período da tarde, a maioria dos usuários também afirmou estar em conforto térmico
(72,7%). 100% dos usuários em conforto não estavam expostos à radiação. Grande parte dos
usuários confirmou não estar sentindo frio nem calor (54,5%). Nesse período, o mapa
comportamental mostrou um aumento na área de concentração dos usuários em comparação
com o período da manhã. Isso aconteceu também pelo uso de espaços como a quadra de
esportes e a área central da praça, que, mesmo estando expostos à radiação solar, foram
utilizados por crianças para jogos e brincadeiras.
No período noturno, 80% dos usuários afirmou estar em conforto térmico. A maioria das
pessoas estava praticando atividades leves (parada e sentada 40%). Devido aos jogos de
futebol que aconteciam nesse horário, muitos usuários ficavam assistindo aos jogos. Isso
justifica a grande concentração de usuários em volta da quadra de esportes, como pode ser
visto no mapa comportamental. Houve também um maior fluxo de pessoas em passagem no
interior da praça. Em alguns casos, a ocupação de todos os bancos da praça causou este fluxo,
principalmente ao redor da quadra. Em quase toda a extensão da praça havia concentração de
usuários, mostrando a importância desse equipamento urbano.
Diante do que foi observado, pode-se concluir que as áreas da Praça Tenente Madalena foram
ocupadas por dois motivos, sendo utilizadas para o lazer da população nos três períodos. O
primeiro corresponde à qualidade térmica dos ambientes no período diurno. A maioria dos
usuários que tinham por objetivo utilizar a praça para descanso, conversar, passar o tempo,
procuravam as áreas sombreadas por vegetação. O segundo corresponde à presença do
mobiliário de lazer (bancos, brinquedos infantis e quadra de esportes), que mesmo estando em
área exposta à radiação, foram bastante utilizadas.
Assim, o desenho da praça deve levar em consideração a condição de conforto dos usuários
quanto à localização da vegetação e do mobiliário, bem como as dimensões da praça, para que
esta seja melhor aproveitada por seus usuários, independente de período do dia.
4.2.5 Comparação da sensação dos usuários com os índices de conforto aplicados
Cada ponto de medição da Praça Tenente Madalena foi classificado quanto ao conforto
térmico nos três períodos, como mostra a tabela 16.
Tabela 16 – Classificação do Conforto Térmico na Praça Tenente Madalena
CONFORTO TÉRMICO NO PERÍODO DA MANHÃ
PONTOS 1 2 3 4 5
PMV (FANGER, 1970)
PPD em % 53,7 63,1 64,3 92,3 85,1
THI em % com D=desconfortável e C=confortável 100D 100D 100D 100D 100D
CONFORTO TÉRMICO NO PERÍODO DA TARDE
PONTOS 1 2 3 4 5
PMV (FANGER, 1970)
PPD em % 56,2 62,0 58,5 75,5 73,7
THI em % com D=desconfortável e C=confortável 100D 100D 100D 100D 100D
CONFORTO TÉRMICO NO PERÍODO DA NOITE
PONTOS 1 2 3 4 5
PMV (FANGER, 1970)
PPD em % 32,1 28,1 29,1 26,5 31,4
THI em % com D=desconfortável e C=confortável 100D 100D 100D 100D 100D
Fonte: A autora
LEGENDA
BOM LEVEMENTE QUENTE QUENTE
Segundo o PMV, o ponto 1, sombreado por vegetação e com cobertura do solo em areia seca
foi classificados como levemente quente nos períodos da manhã e tarde. Os pontos 2 e 3,
sombreados por vegetação e solo concretado, também foram considerados levemente quentes
no período diurno. Os pontos 5 e 6 foram considerados quentes pela manhã e levemente
quente à tarde. No período da noite os pontos 1 e 5 foram classificados como levemente
quentes e os pontos 2, 3 e 4 estavam confortáveis.
Pelos questionários, foi observado que no período da manhã a maioria dos usuários afirmou
estar sentindo muito calor (53,3%), principalmente nas áreas expostas à radiação. Nas áreas
sombreadas, 10% dos usuários estavam insatisfeitos, enquanto nas áreas expostas à radiação
solar, 60% dos usuários estavam insatisfeitos. O PMV classificou essas áreas como levemente
quentes ou quentes. Com isto, verificou-se que a sensação de conforto variou com os espaços.
Nas áreas sombreadas apresentaram valores menos confortáveis (levemente quentes) que a
sensação dos usuários (confortáveis). Nas áreas expostas à radiação a sensação de desconforto
(muito quente) foi maior que o valor apresentado pelo PMV (quente). A sensação de conforto
ou desconforto em tais espaços pode ser atribuída à atividade que os usuários estavam
exercendo no momento da entrevista. Nas áreas sombreadas a maioria estava parada e
observando o movimento (90%), enquanto 100% dos usuários expostos à radiação estavam
andando.
No período da tarde, 11,1% dos usuários que estavam em áreas sombreadas afirmaram não
estar confortáveis, enquanto 100% dos que estavam expostos à radiação estavam
desconfortáveis. Pelo PMV, todos os pontos foram classificados como levemente quente.
Assim como aconteceu no período da manhã, os usuários em áreas sombreadas estavam
sentindo mais conforto térmico que a condição real do ambiente, enquanto aqueles expostos à
radiação estavam sentindo mais calor que o registrado no ambiente. Do mesmo modo, as
atividades praticadas foram diferentes: parado e observando (77,8%) nos espaços sombreados
e andando (50%) nos espaços expostos.
No período noturno, 80% dos entrevistados afirmaram estar sentindo conforto térmico. Os
pontos 2, 3 e 4, segundo o PMV, estavam em conforto, enquanto os pontos 1 e 5 estavam
levemente quentes. No ponto 1, o aumento de calor pode ser explicado devido à presença de
vegetação e à baixa velocidade do ar, que dificultam a dispersão do calor para a atmosfera. No
ponto 5, o calor pode ser explicado pela baixa velocidade do ar e pelo alto coeficiente de
absortividade (1,24 – 1,79) do material que reveste o solo.
Assim como foi observado na Praça Ricardo Lessa, a sensação de conforto térmico dos
usuários apresentou diferenças quanto ao cálculo dos índices de conforto nos espaços da
praça, tendo a atividade praticada no local como principal influência na sensação de conforto
térmico dos usuários.
4.2.6 Comparação dos dados climáticos com os mapas comportamentais
A tabela 17 apresenta a classificação dos espaços da Praça Tenente Madalena a partir dos
mapas comportamentais e do PMV calculado.
Tabela 17 – Utilização das áreas e a condição de conforto térmico
PONTOS 1 2 3 4 5
Localização dos pontos a partir dos mapas comportamentais
+ - - + -
PMV
Localização dos pontos a partir dos mapas comportamentais
+ - + + -
PMV
Localização dos pontos a partir dos mapas comportamentais
+ - + + +
PMV
Fonte: A autora
LEGENDA 1 LEGENDA 2
Bom
Houve concentração de
usuários
+
Levemente
Quente
Quente
Não houve concentração
de usuários
-
Verificou-se que os pontos 1 e 4 apresentaram concentração de usuários. O ponto 1
apresentou índices mais confortáveis que o ponto 4 no período da manhã. Entretanto, no
período noturno, o ponto 4 estava em área mais confortável que o ponto 1.
A área onde está localizado o ponto 1 obteve concentração de usuários nos três períodos. Isso
pode ser explicado devido à existência de mesas e bancos, além do sombreamento pela
vegetação arbórea existente. O ponto apresentou as menores temperaturas do ar (30ºC -
manhã e 30,2ºC - tarde) e maiores umidades (63,2% - manhã e 61,6% - tarde). Os usuários
utilizam estes espaços para descansar e conversar, que são atividades leves.
A utilização da área onde está localizado o ponto 4 pode ser justificada pela presença dos
brinquedos infantis. É uma área exposta à radiação, entretanto com índice de conforto
desfavorável apenas no período da manhã. Este ponto está localizado em uma área cujo
revestimento do solo é areia seca, material que tem como propriedade o valor de albedo baixo
(18% – 30%).
Os pontos 2 e 3 apresentaram valores favoráveis de PMV em comparação com os demais
pontos. O ponto 2 não obteve concentração de usuários na área. Isso pode ser explicado pela
falta de mobiliário, como bancos, por exemplo. Já no ponto 3 houve concentração de usuários
no período da tarde e noite, mesmo não existindo bancos próximos. Isto aconteceu devido à
proximidade dessa área com a quadra de esportes, onde ocorriam jogos nos dois períodos.
Contudo, a ocupação era momentânea, devido à falta de bancos no local.
No período da manhã o ponto 5 foi considerado quente pelo PMV, explicando assim sua não-
utilização do espaço no período referido. À tarde a condição climática melhorou (levemente
quente), contudo, a existência de outras áreas a serem ocupadas e a falta de mobiliário fizeram
com que não houvesse ocupação no período vespertino. Neste ponto houve concentração de
usuários no período na noite. Esta concentração era temporária, pois as atividades praticadas
eram em movimento (crianças jogando bola, com skate ou bicicletas).
Foi concluído que os usos desses espaços dependeu, em grande parte, da existência do
mobiliário de lazer. Para a prática de atividades leves como descansar, conversar ou observar,
a área onde está localizado o ponto 1 foi o mais utilizada. Das áreas que possibilitaram a
prática de atividades mais movimentadas, o ponto 4 foi o mais utilizado devido à presença dos
brinquedos infantis.
4.3 PRAÇA MUNIZ FALCÃO
A Praça Muniz Falcão possui área total de 8.846,17m², distribuída em espaços para lazer, com
a existência de mobiliário, e espaços abertos, permitindo a incidência de radiação solar e a
penetração da ventilação natural. Em seu entorno são encontradas varias edificações
multifamiliares, com dimensões internas e áreas de lazer limitadas, sendo, a praça, um
importante equipamento de lazer para os moradores do entorno, principalmente para as
crianças.
4.3.1 Mapas comportamentais
A ilustração 48 mostra os mapas comportamentais da Praça Muniz Falcão.
No período da manhã as áreas da praça ocupadas por usuários corresponderam às que
possuíam equipamentos como a pista de skate, brinquedos infantis, ponto de ônibus e
sorveteria. O espaço onde estão localizadas as sorveterias e os brinquedos infantis são os
mais utilizados, devido aos equipamentos e ao sombreamento da área por espécies vegetais.
Entre os três períodos observados, este foi o que apresentou menor concentração de usuários
no interior da praça e maior fluxo de pessoas em passagem. A maioria dos fluxos de
transeuntes aconteceram na área central da praça, em caminhos definidos pelo desenho da
praça e outros criados pela passagem constante de pessoas, com o objetivo de encurtar a
distância percorrida.
Ilustração 48 – Mapas comportamentais da Praça Muniz Falcão nos horários da manhã, tarde e noite.
Fonte: A autora (2006).
No período da tarde a praça apresentou maior concentração de usuários em alguns dos seus
espaços. Os mesmos equipamentos utilizados no período da manhã também tiveram grande
utilização no período da tarde, entretanto, com maior número de usuários. Muitos bancos
localizados em áreas de circulação também foram utilizados neste horário, estando eles
sombreados por vegetação ou por alguma edificação do entorno. As áreas com maior fluxo de
usuários em passagem foram aquelas definidas pelo desenho da praça.
No período da noite
, a ocupação dos espaços da praça aconteceu de forma mais abrangente,
incluindo espaços não ocupados nos períodos anteriores, como a área próxima ao coreto e os
bancos que margeiam a calçada externa da praça. A área onde está localizado o coreto é uma
4
1
3
5
2
6
4
4
6
1
5
3
1
5
3
2
6
2
TARDE
MANHÃ
NOITE
NV
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I
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S
P
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V
A
L
F
R
E
D
O
B
.
M
E
L
O
PONTO DE
MEDIÇÃO
FLUXO DE PESSOAS
EM PASSAGEM
CONCENTRAÇÃO
DE USUÁRIOS
área descoberta, revestida com pedra portuguesa e possui uma extensa bancada em concreto
com forma semi-circular, que normalmente é utilizada neste período. O fluxo de pessoas em
passagem pela praça aconteceu nas áreas destinadas para esta finalidade pelo desenho da
praça.
É importante salientar que essas áreas de concentração e de fluxo de usuários representam os
dias de pesquisas, não sendo correta a generalização dos dados para o ano todo. Contudo, foi
verificado que os mobiliários foram importantes atrativos para a permanência de pessoas no
interior desta praça.
4.3.2 Questionários
A maioria dos entrevistados possui faixa etária entre 25 e 44 anos (63,2%), 57,9% são do sexo
feminino e 47,4% são trabalhadores. Muitos estudantes também foram encontrados na praça
(26,3%). Todos estão usando vestimentas leves com no máximo 1 clo. Dos entrevistados,
52,6% são moradores de bairro Ponta Verde e costumam ir à praça diariamente (31,6%) ou
semanalmente (31,6%).
Dos entrevistados, a maioria (79%) possuíam grau de escolaridade entre o primeiro e o
segundo grau completos, sendo 31,6% apresentando primeiro grau completo, 26,3% com o
segundo grau incompleto e 21,1% com o segundo grau completo.
Quanto à função das praças, os entrevistados afirmaram ser uma área para o lazer (63,2%),
como passear, namorar, distrair-se e descansar, para brincadeiras infantis (42,1%) e para
caminhadas (5,3%). Os entrevistados afirmaram não gostar da falta de segurança (46,7%) na
praça, porque são encontradas pessoas drogadas, traficantes de drogas, assaltantes,
principalmente no período da noite. 26,7% disseram que esta praça não tem nada que os
desagrade. Outros indicaram que os equipamentos e o mobiliário deveriam ser melhorados,
como os brinquedos infantis (6,7%), os jardins (6,7%) e o abrigo de ônibus (6,7%). Devido à
proximidade da praça com ruas movimentadas, 6,7% dos entrevistados afirmaram que os
brinquedos infantis deveriam estar em uma área gradeada, para segurança das crianças. 6,7%
asseguraram que a limpeza da praça é deficiente e deveria ser melhorada.
A tabela 18 mostra que a maioria dos entrevistados, nos três horários, estava sentindo
conforto térmico.
Tabela 18 – Percepção do usuário quanto ao conforto térmico na Praça Muniz Falcão
PERÍODO DA MANHÃ
Quanto ao conforto
(%)
Quanto à exposição
ao sol (%)
Quanto à
atividade (%)
Quanto ao
propósito de estar
na praça (%)
Quanto à sensação
térmica (%)
100 Confortáveis 16,7 Expostas 83,3 83,3 Lazer 16,7 Muito calor
Parado
sentado
16,7 16,7 Calor
83,3
Não
expostas
16,7 correndo
Comprar
jornal
66,6
Nem frio
nem calor
PERÍODO DA TARDE
Quanto ao conforto
(%)
Quanto à exposição
ao sol (%)
Quanto à
atividade (%)
Quanto ao
propósito de estar
na praça (%)
Quanto à sensação
térmica (%)
77,8 Confortáveis 33,3 Expostas 22,2 Andando 44,4 Lazer 33,3 Muito calor
22,2 Desconfortáveis 66,7 11,2 Trabalho 33,3 calor
Não
expostas
55,6
Parado
sentado
22,2
Comprar
sorvete 33,3
22,2 Parado em
22,2 Passagem
Nem frio
nem calor
PERÍODO DA NOITE
Quanto ao conforto
(%)
Quanto à exposição
ao sol (%)
Quanto à
atividade (%)
Quanto ao
propósito de estar
na praça (%)
Quanto à sensação
térmica (%)
75 Confortáveis 100 50 Andando 33,3 Lazer 50 Calor
25 Desconfortáveis
Não
expostas
50
Parado
sentado
66,7
Comprar
sorvete
50
Nem frio
nem calor
Fonte: A autora (2006).
Os resultados demonstraram que a maioria também não estava exposta à radiação solar,
praticavam atividades leves (parado e sentado) e foram à praça para lazer. Assim como foi
visto nas demais praças, a sensação de conforto térmico no ambiente externo está fortemente
relacionada às condições fisiológicas, confirmando o fato de que o sombreamento deve ser
utilizado para a melhoria do conforto térmico também em espaços abertos. A principal função
das praças, que é a sua utilização como área de lazer, interfere positivamente na sensação de
conforto térmico dos usuários.
No período da manhã, 100% dos entrevistados afirmaram estar em conforto térmico e 66,6%
não estavam sentindo frio nem calor. A maioria dos entrevistados foi à praça para lazer
(83,3%), estava praticando atividade leve (83,3% - parado e sentando) em área sombreada
(83,3%), o que favorece a redução da perda de calor do corpo humano para o ambiente
externo.
No período da tarde
, a porcentagem de usuários em conforto térmico diminuiu para 77,8%,
havendo também uma redução no número de pessoas que estavam na praça para lazer
(44,4%). A maioria continuava a praticar atividade leve (55,6%) em área sombreada (66,7%),
porém a sensação térmica está dividida igualmente em muito calor, calor e nem frio nem
calor.
No período da noite
, 75% dos entrevistados estavam em conforto térmico. Devido à sensação
de calor sentida por 50% usuários, o principal atrativo da praça foi à sorveteria, onde estavam
66,7% dos entrevistados. No ambiente da sorveteria são praticadas atividades como descanso
e conversas com amigos, por isso, ele pode também ser identificado como área de lazer.
4.3.3 As medições microclimáticas
Os pontos escolhidos possuem as seguintes características (Quadro 9):
PONTO LOCALIZAÇÃO E
CARACTERÍSTICAS
MOBILIÁRIO
PRÓXIMO
CONDUT.
TÉRMICA
λ (W/mºC)
ALBEDO
(%)
1 Localizado a norte da praça.
Área com sombra mais densa.
bancos em
cimento, banca
0,49 18 30
Solo revestido com areia fina
seca.
de revista e
sorveteria
2 Localizado a sul da praça.
Área com sombra mais densa.
Solo revestido com areia fina
seca com vegetação gramínea
em mau estado de
conservação.
bancos em
concreto, busto
e peças
decorativas
0,49 32
3 Localizado a sudeste da
praça. Área com sombra rala.
Solo revestido com areia fina
seca e grama em mau estado
de conservação.
bancos em
concreto e pista
de skate
0,49 18 30
4 Localizado a sudoeste da
praça. Área com sombra rala.
Solo revestido com areia fina
seca.
bancos em
concreto e
ponto de
ônibus
0,49 18 30
5 Localizado a nordeste da
praça. Área exposta à
radiação solar direta. Solo
revestido com pedra
portuguesa com
predominância da cor branca.
coreto 1,4 20 - 35
6 Localizado a oeste da praça.
Área exposta à radiação solar
direta. Solo revestido com
concreto.
quadra de
esportes
1,24 a 1,74 10 - 35
Quadro 9 - Características dos pontos de medição da Praça Muniz Falcão
A ilustração 49 mostra a localização dos pontos na praça (A) e as áreas onde os pontos foram
localizados (B).
Ilustração 49 – Pontos de medição 1 a 6 e a classificação das áreas segundo a vegetação existente
Fonte: A autora (2006).
5.3.3.1 Temperatura do ar
A tabela 19 mostra os valores absolutos de temperatura do ar encontradas nos seis pontos de
medição durante os períodos da manhã, tarde e noite, e suas médias.
A – Planta baixa da praça com a localização
dos pontos
B – Distribuição das áreas da praça em três
áreas distintas, totalizando seis espaços.
LEGENDA
PONTO PARA MEDIÇÃO DAS VARIÁVIEIS
CLIMÁTICAS
DIREÇÃO DO VENTO
VEG. ARBÓREA - COPA SEMI-ABERTA
VEG. ARBÓREA - COPA FECHADA
3
5
2
4
6
1
R
U
A
D
E
S
P
.
V
A
L
F
R
E
D
O
B
.
M
E
L
O
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A
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.
P
O
M
P
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L
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P
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T
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V
E
N
I
D
A
D
U
R
V
A
L
G
U
I
M
A
R
Ã
E
S
NV
LEGENDA
ÁREA SOMBREADA POR VEGETAÇÃO
ARBÓREA DE GRANDE PORTE
ÁREA INTERMEDIÁRIA
ÁREA EXPOSTA À RADIAÇÃO SOLAR
NV
A
V
E
N
I
D
A
D
U
R
V
A
L
G
U
I
M
A
R
Ã
E
S
R
U
A
G
E
N
E
R
A
L
J
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S
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L
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O
P
I
T
A
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A
D
R
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P
O
M
P
E
L
D
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M
.
S
A
R
M
E
N
T
O
R
U
A
D
E
S
P
.
V
A
L
F
R
E
D
O
B
.
M
E
L
O
Tabela 19 – Valores de Temperatura do Ar encontrados na Praça Muniz Falcão.
TEMPERATURA DO AR (ºC)
PERÍODO
SOMBREADO POR
VEGETAÇÃO
INTERMEDIÁRIO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO SOLAR
Manhã
PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5 PONTO 6
10/jan 29,2 29,4 31,4 32,6 34,4 34,3
11/jan 30 31,9 31,1 30,7 34,3 32,9
12/jan 30,1 30,2 32 32,2 33,4 33,7
13/jan 31 30,6 31,3 31,1 35 33,5
14/jan 30,2 30,8 31,8 31,1 32 32,2
15/jan 28,9 29,4 30,2 29,9 33,5 34,7
16/jan 29,4 29,6 30,3 29,4 32,1 33,2
MÉDIA 29,8 30,3 31,2 31 33,5 33,5
Tarde
SOMBREADO POR
VEGETAÇÃO
INTERMEDIÁRIO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO SOLAR
10/jan 31 31,4 32,7 32,1 34,4 33,1
11/jan 29,9 29,9 30,7 30,5 33 32,1
12/jan 30,3 29,3 29,8 30,6 31,3 31,1
13/jan 31,2 30,5 31,1 31,2 32,6 32,4
14/jan 29,9 30,2 32,1 30,5 31 31
15/jan 29,5 29,8 31 30,1 33 33,4
16/jan 30,7 30,6 30,5 30,7 33,3 33,8
MÉDIA 30,4 30,2 31,1 30,8 32,7 32,4
Noite
SOMBREADO POR
VEGETAÇÃO
INTERMEDIÁRIO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO SOLAR
10/jan 28,2 27,5 28,4 27,9 27,6 27,9
11/jan 28,5 28,3 27,9 27,9 27,9 28,2
12/jan 29 28 27,8 28,1 27,9 28,6
13/jan 27,4 27,8 27,7 28,2 27,7 28,8
14/jan 27,4 27,6 27,8 27,9 27,8 28,3
15/jan 28,1 28,4 27,9 28,1 27,7 28,8
16/jan 28 27,9 28,1 27,9 27,8 28,6
MÉDIA 28,1 27,9 27,9 28 27,8 28,5
Fonte: A autora (2006).
Foi apurado que no período da manhã o maior valor de temperatura encontrado foi 34,7ºC no
ponto 6, exposto à radiação solar, e o menor encontrado foi de 28,9ºC no ponto 1, sombreado
por vegetação, com amplitude térmica de 5,8ºC em valores absolutos entre esses pontos. A
diferença de temperatura nesses pontos pode ser explicada pela incidência de radiação solar
nos pontos e pelas propriedades dos materiais nos espaços. A vegetação arbórea existente na
área onde está localizado o ponto 1 serve de barreira para a incidência de radiação solar na
área, contribuindo para a redução da temperatura do ar e o aumento da umidade do ar. Além
disso, o revestimento do solo no ponto 1 é areia fina seca, enquanto o ponto 6 está em área
revestida com concreto, que possui maior valor de condutividade térmica (λ = 1,24 a 1,74
W/mºC), em comparação com a areia (λ = 0,49 W/mºC, albedo 18% – 30%).
No período da tarde a temperatura do ar apresentou valor máximo de 34,4ºC no ponto 5 e
valor mínimo de 29,3ºC no ponto 2. A amplitude térmica máxima calculada foi 3,9ºC entre os
pontos 6 (33,4ºC) e 2 (29,8ºC). O material utilizado para revestir o espaço onde foi localizado
o ponto 5 (pedra portuguesa) possui propriedades que interferem para o aumento da
temperatura do ar nesse local. A pedra portuguesa branca possui maior condutividade térmica
(λ = 1,4 W/mºC) e menor albedo (20% – 35%) que a grama (λ = 0,49 W/mºC, albedo 32%),
havendo uma menor reflexão da radiação solar recebida e uma maior transferência de calor
para o ar, aumentando sua temperatura. Além disto, a vegetação arbórea diminui a incidência
de radiação solar no ponto 2.
No período da noite o menor valor apresentado foi 27,4ºC no ponto 1 e o maior foi 28,8ºC no
ponto 6. A amplitude térmica máxima observada foi 1,4ºC entre os pontos 6 (28,8ºC) e 1
(27,4ºC). Nesse período foram encontrados os menores valores de temperatura do ar, devido
ao resfriamento das superfícies pela ventilação natural e pelo aumento da umidade do ar.
A média das temperaturas do ar mostra os pontos com maiores e menores valores e a variação
térmica entre os períodos. A ilustração 50 apresenta os valores das temperaturas médias do ar.
TEMPERATURA MÉDIA DO AR
25
27
29
31
33
35
123456
PONTOS
TEMPERATURA MÉDI
A
DO AR
Man
Tarde
Noite
Ilustração 50 – Temperatura Média do Ar na Praça Muniz Falcão
Foi constatado que o período da manhã apresentou os maiores valores de temperatura média
do ar, exceto no ponto 1. A redução da temperatura do ar no ponto 1 pode ser explicada pelo
valor da velocidade do ar que foi maior neste período, interferindo na temperatura do ar. Foi
percebida a significativa redução dos valores de temperatura do ar no período da noite,
principalmente nos pontos 5 e 6. Neste período a umidade do ar estava mais elevada,
dificultando a transferência de calor para o ambiente.
Os pontos 5 e 6 apresentaram as maiores temperaturas médias do ar nos períodos diurnos
(manhã e tarde). Estes pontos estão expostos à radiação solar e localizados em áreas
revestidas com pedra e concreto respectivamente, onde parte do calor existente nas superfícies
é transmitida para o ar, aumentando assim a sua temperatura. No período da noite o calor
nessas superfícies é dissipado facilmente através da ventilação, por isso as temperaturas foram
menores e com valores semelhantes aos demais.
4.3.3.2 Umidade relativa do ar
Os valores de umidade relativa do ar na Praça Muniz Falcão variaram entre 43,1% a 72,6%,
encontrados na coleta de dados e demonstrados tabela 20.
Foi observado que no período da manhã, o maior valor de umidade relativa do ar encontrado
foi 72,0% no ponto 2 e o menor foi 43,1% no ponto 5. A amplitude máxima foi de 20,1%
entre os pontos 2 (72%) e 6 (51,9%).
À tarde, a umidade relativa do ar mais alta foi 64,2% no ponto 1 e a mais baixa, 44,3% no
mesmo 4. Apresentou amplitude máxima de 6,3%, em valores absolutos entre o ponto 1
(54,0%) e os pontos 5 e 6 (47,7%).
Tabela 20: Valores de Umidade Relativa do Ar encontrados na Praça Muniz Falcão.
UMIDADE RELATIVA DO AR (%)
PERÍODO
SOMBREADO POR
VEGETAÇÃO
INTERMEDIÁRIO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO
Manhã
PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5 PONTO 6
10/jan 66 72 53,2 52,3 53,8 51,9
11/jan 53,8 50,3 50,5 51,6 45,3 49,1
12/jan 61,8 61,8 52,2 51,4 43,1 50,9
13/jan 55,6 58,2 56 54,9 48,7 53,6
14/jan 55,2 53,8 51,2 51,9 49 47,3
15/jan 53,1 51,2 49,8 50,8 48,9 43,2
16/jan 58 55,8 53,8 56,3 52 49,1
MÉDIA 57,6 57,6 52,4 52,7 48,7 49,3
Tarde
SOMBREADO POR
VEGETAÇÃO
INTERMEDIÁRIO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO
10/jan 49,3 49,1 48,7 52,4 49 48,1
11/jan 56,8 55,3 54,3 55,4 51,6 52,3
12/jan 64,2 63,7 62,9 62,3 59,3 59,9
13/jan 56 55,9 58,6 53,9 53,9 54,7
14/jan 49,6 51,7 53,7 49,7 53,2 53,8
15/jan 54 52,3 51 52,2 47,7 47,7
16/jan 44,3 46 47,5 46,5 47,3 47,7
MÉDIA 53,5 53,4 53,8 53,2 51,7 52,0
Noite
SOMBREADO POR
VEGETAÇÃO
INTERMEDIÁRIO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO
10/jan 59,3 61,6 59 60,7 61,6 61,6
11/jan 63,6 64,6 64,7 63,7 65,3 64
12/jan 62,3 69 68,1 68,8 67,2 65,3
13/jan 72,6 70,7 70,9 67,6 72,2 67
14/jan 58,4 62,8 62,9 61,5 63,7 59,7
15/jan 67 64,3 68,5 67,5 70 63,4
16/jan 63,6 62 61,3 62,8 63,4 58,5
MÉDIA 63,8 65,0 65,1 64,7 66,2 62,8
Fonte: A autora (2006).
À noite, a umidade relativa do ar apresentou valores mais elevados em comparação com os
outros horários. A máxima encontrada foi 72,6% no ponto 1 e a mínima foi 58,5% no ponto 6.
A amplitude máxima calculada foi 6,7% entre os pontos 1 (62,3%) e 2 (69,0%).
As médias da umidade relativa do ar demonstradas na ilustração 51 mostram o
comportamento dessa variável nos três períodos para cada ponto de medição.
UMIDADE RELATIVA MÉDIA DO AR (%)
40,0
45,0
50,0
55,0
60,0
65,0
70,0
123456
PONTOS
UMIDADE RELATIV
A
MÉDIA DO AR
Manhã
Tarde
Noite
Ilustração 51 – Valores de Umidade Relativa Média do Ar na Praça Muniz Falcão
Verificou-se que, em todos os pontos, a umidade relativa média do ar atingiu valores
considerados satisfatórios, visto que estes valores se encontram concentrados no intervalo
entre 30% e 70%.
Entre os valores encontrados no período diurno (manhã e tarde), os pontos 1 e 2 apresentaram
maiores médias no período da manhã, havendo uma redução no período da tarde. Pela manhã,
quando a temperatura do ar apresentou valores elevados, o sombreamento por vegetação
arbórea nesses pontos permitiu o aumento da umidade relativa do ar, devido à obstrução da
incidência de radiação solar nestas áreas.
Os pontos 3, 4, 5 e 6 apresentaram menores médias pela manhã, havendo um aumento dos
valores à tarde, principalmente nos pontos 5 e 6. Os pontos 3 e 4 que estão sombreados por
vegetação arbórea com menor densidade apresentaram diferenças pequenas entre os dois
períodos. Já os pontos 5 e 6, que são expostos à radiação solar, apresentam maiores valores
médios de umidade do período da tarde. Nesses pontos, os materiais utilizados para o
revestimento do solo (concreto e pedra portuguesa) têm elevado coeficiente de condutividade
térmica (λ = 1,24 a 1,74 W/mºC), dissipando rapidamente o calor recebido pela manhã.
Como era esperado, o período noturno apresentou as maiores médias de umidade relativa do
ar, devido ao resfriamento das superfícies.
4.3.3.3 Velocidade do ar
Foi observado que os valores da velocidade do ar estavam em maior concentração no
intervalo de 0,5 m/s e 1,5 m/s (ventos leves). Os maiores valores foram encontrados no
período da manhã, cujo valor máximo foi 2,5 m/s. Em comparação com as demais praças, a
Praça Muniz Falcão apresentou os menores valores de velocidade do ar. A explicação para
tais valores está na morfologia das edificações do entorno. A praça Muniz Falcão está
localizada em um bairro com a predominância de edificações multifamiliares, cuja
verticalidade, incluindo fatores como rugosidade e porosidade, interfere na direção e
velocidade do vento.
As médias das velocidades do ar são importantes para identificar o comportamento do vento
em cada ponto durante os três períodos. As velocidades médias do ar são mostradas na
ilustração 52.
VELOCIDADE MÉDIA DO AR
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
123456
PONTOS
VELOCIDADE MÉDIA D
O
AR
MANHÃ
TARDE
NOITE
Ilustração 52 – Valores de Velocidade Média do Ar na Praça Muniz Falcão
Foi constatado que as maiores velocidades médias do ar estavam no período da manhã e as
menores no período da noite. Estes valores permaneceram no intervalo de 0,5m/s a 1,5m/s,
que são considerados ventos leves pela escala de Beaufort, cujo efeito principal é não ser
perceptível.
No período da manhã a velocidade média do ar variou entre 1,1 m/s (ponto 3) a 1,5 m/s
(ponto 4). No período da tarde a variação foi de 1,0 m/s (ponto 5) a 1,3 m/s (ponto 6). À noite
a variação foi de 0,6 m/s (ponto 2) a 1,0 m/s (ponto 4 e 6).
Pela manhã, as velocidades médias do ar foram maiores, principalmente nos pontos 1, 4, 5 e
6. No período da tarde os valores foram maiores nos pontos 2 e 6. No período da noite os
valores foram maiores nos pontos 4 e 6. O ponto 6 apresentou velocidade média do ar
elevadas nos três períodos. Isto pode ser explicado pela localização deste ponto na praça. Está
localizado em área aberta, no centro do campo de futebol, sem a presença de barreiras que
pudessem interferir na direção e velocidade do ar. Assim sendo, a temperatura do ar, a
umidade do ar e a temperatura radiante sofreram a interferência da velocidade do vento,
apresentando melhores condições térmicas nos pontos.
4.3.3.4 Temperatura radiante média
Os dados coletados de temperatura de globo estão representados na tabela 21.
Tabela 21 – Temperatura de globo na Praça Muniz Falcão.
TEMPERATURA DE GLOBO (ºC)
PERÍODO MAN TARDE NOITE
Localização
dos pontos
SOMBREADO
POR
VEGETAÇÃO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO
SOMBREADO
POR
VEGETAÇÃO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO
SOMBREADO
POR
VEGETAÇÃO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO
DATA tg tg tg tg tg tg
10/jan 42,1 54,8 46,3 56,9 36,5 39,4
11/jan 44,5 58,1 41,5 54,2 34,1 40,5
12/jan 46,3 60,5 43,2 51,1 38,8 42,0
13/jan 45,2 62,2 46,2 54,6 34,2 40,1
14/jan 43,1 54,3 42,5 55,0 31,3 36,8
15/jan 40,2 58,1 40,1 51,2 32,4 36,5
16/jan 42,4 56,9 42,6 52,4 32,9 39,6
MÉDIA 43,4 57,8 43,2 53,6 34,3 39,3
Fonte: A autora (2006).
Com aconteceu nas demais praças, a temperatura de globo apresentou maiores valores nas
áreas expostas à radiação. A ilustração 53 mostra as temperaturas médias do ar nos três
períodos.
20,0
30,0
40,0
50,0
60,0
TEMPERATUR
A
DE GLOBO
123
MANHÃ TARDE NOITE
TEMPERATURA DE GLOBO
SOMBREADO POR
VEGETÃO
EXPOSTO À
RADIÃO
Ilustração 53 – Temperatura Média de Globo na Praça Muniz Falcão
Verificou-se que a área exposta à radiação no período da manhã apresentou a maior
temperatura de globo o que pode ser explicado pela incidência de radiação solar nesse
período. O período que apresentou menores valores foi o período da noite, devido à não
incidência de radiação solar e ao resfriamento das superfícies pela ventilação.
Os valores de temperatura radiante, calculados para a Praça Muniz Falcão, estão indicados na
tabela 22.
No período da manhã a menor temperatura radiante detectada foi 51,2ºC no ponto 2 e a maior
foi 97,2ºC no ponto 6. A amplitude térmica máxima calculada foi 36,6ºC em valores
absolutos, entre os pontos 6 (97,2ºC) e 1 (60,6ºC).
Tabela 22 – Temperatura Radiante na Praça Muniz Falcão, calculados a partir da
fórmula de convecção forçada, em função da velocidade do ar de 1m/s.
TEMPERATURA RADIANTE (ºC)
PERÍODO
Manhã
SOMBREADO POR
VEGETAÇÃO
INTERMEDIÁRIO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO SOLAR
DATA PONTO 1 PONTO 2 PONTO 3 PONTO 4 PONTO 5 PONTO 6
10/jan 56,0 55,7 61,7 59,9 78,3 78,5
11/jan 60,5 57,6 57,6 58,2 86,3 88,5
12/jan 64,7 64,5 73,0 72,7 93,4 92,9
13/jan 60,6 61,3 62,8 63,1 94,8 97,2
14/jan 56,8 56,0 72,4 73,5 80,9 80,6
15/jan 51,9 51,2 60,9 61,4 87,5 85,7
16/jan 56,4 56,1 58,4 59,7 86,9 85,2
MÉDIA 58,1 57,5 63,8 64,1 86,9 86,9
Tarde
SOMBREADO POR
VEGETAÇÃO
INTERMEDIÁRIO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO SOLAR
10/jan 63,3 62,7 70,0 70,9 83,3 85,3
11/jan 53,5 53,5 60,6 60,9 79,1 80,5
12/jan 56,9 58,5 59,8 58,6 74,4 74,7
13/jan 62,7 63,8 67,9 67,8 80,7 81
14/jan 55,9 55,4 69,2 71,8 84,2 84,2
15/jan 50,8 50,4 53,5 54,9 71,9 71,3
16/jan 54,9 55,1 60,2 59,9 74,3 52,4
MÉDIA 56,9 57,0 63,1 63,5 78,3 75,6
Noite
SOMBREADO POR
VEGETAÇÃO
INTERMEDIÁRIO
EXPOSTO À
RADIAÇÃO SOLAR
10/jan 44,3 45,2 44,7 45,4 51,9 51,5
11/jan 38,6 38,8 39,3 39,3 54,1 53,6
12/jan 48,5 49,9 39,6 39,3 57,7 56,6
13/jan 40,1 39,6 44,7 44,0 53,4 51,8
14/jan 34,0 33,8 35,4 35,3 45,5 44,8
15/jan 35,5 35,2 38,4 38,2 45,0 43,5
16/jan 36,6 36,7 44,6 44,9 52,1 50,9
MÉDIA 39,7 39,9 41,0 40,9 51,4 50,4
Fonte: A autora (2006).
No período da tarde, 50,4ºC (ponto 2) foi o menor valor de temperatura radiante encontrado e
85,3ºC (ponto 6) foi o maior. A maior amplitude térmica encontrada foi 28,8ºC em valores
absolutos, entre os pontos 6 (84,2ºC) e 2 (55,4ºC).
No período da noite, a maior e menor temperaturas radiantes detectadas foram 57,7ºC e
33,8ºC nos pontos 5 e 2, respectivamente, e a amplitude térmica máxima foi 18,4ºC entre os
pontos 5 (57,7ºC) e 4 (39,3ºC), em valores absolutos.
Constatou-se, então, que os maiores valores de temperatura radiante foram encontrados no
período da manhã, devido às elevadas temperaturas de globo e do ar neste período,
principalmente nas áreas expostas à radiação solar.
As médias das temperaturas radiantes possibilitam a melhor visualização dos valores para
cada ponto analisado. A temperatura radiante média para os seis pontos foi demonstrada na
ilustração 54.
TEMPERATURA RADIANTEDIA C)
30,0
40,0
50,0
60,0
70,0
80,0
90,0
123456
PONTOS
TEMPERATURA
RADIANTE MÉDI
A
Man
Tarde
Noite
Ilustração 54 – Temperatura Radiante Média na Praça Muniz Falcão
As maiores temperaturas radiantes médias foram encontradas no período da manhã e as
menores, no período da noite.
Nos três períodos, os pontos 1 e 2 apresentaram temperaturas radiantes menores que os
demais pontos. Isto pode ser explicado pela presença de espécies arbóreas que absorvem
grande parte da radiação solar, diminuindo a quantidade a ser recebida pela superfície do solo
onde foram localizados os pontos. Além disso, os materiais utilizados para revestimento do
solo e de superfícies próximas apresentam propriedades que favorecem a melhoria das
condições ambientais nestes pontos (menor condutividade térmica – 0,49 W/mºC – e maior
albedo – 18% a 32%).
Os ponto 3 e 4 apresentam as mesmas características de revestimento do solo dos pontos 1 e
2. Entretanto, a existência de vegetação arbórea com copa semi-aberta, permitindo passagem
de maior quantidade de radiação solar, elevou o valor da temperatura radiante naqueles
espaços, principalmente no período diurno.
Os pontos 5 e 6 apresentaram as temperaturas radiantes médias mais elevadas, devido às
propriedades térmicas dos materiais empregados nas superfícies onde estão localizados os
dois pontos, e falta de sombreamento nesses espaços. A área onde estava localizado o ponto 5
era revestida com pedra portuguesa e o local onde estava o ponto 6 era concretado (quadra de
esportes). Tais materiais possuem alta condutividade térmica (pedra portuguesa: λ = 1,4
W/mºC e concreto: λ = 1,28 W/mºC – 1,74 W/mºC) em comparação como as áreas revestidas
com areia fina seca (λ = 0,49 W/mºC), encontrada nos demais pontos. O concreto ainda
apresenta menor albedo (10% – 35%), interferindo nas condições térmicas do ponto 6.
Da mesma forma que as praças anteriores, os elevados valores de temperatura radiante média
indicam que a utilização do termômetro de globo negro em medições externas pode causar
distorções de valores (NIKOLOPOULOU; LYKOUDIS, 2006).
4.3.4 Comparação dos mapas comportamentais com os questionários aplicados
Também nessa praça, os mapas comportamentais demonstraram que as áreas ocupadas
variaram segundo o período do dia. Nos três períodos o lazer foi o principal propósito para os
usuários estarem na Praça Muniz Falcão (manhã – 83,3%, tarde – 44,4% e Noite – 100%).
No período da manhã, 100% dos usuários disseram estar sentindo conforto térmico. 83,3%
estavam parados, sentados e observando o movimento. 66,6% afirmaram não estar sentido
frio nem calor. O mapa comportamental deste período indica que a área com maior
concentração de usuários correspondia a uma área sombreada por vegetação e equipada com
bancos. Além da atividade praticada, o sombreamento do espaço explica o conforto térmico
que os usuários estavam sentindo.
No período da tarde, a maioria dos usuários estava sentindo conforto térmico (77,8%). Destes
em conforto, 85,71% não estavam expostos à radiação e 71,4% estavam parados, sentados e
observando. Dos que estavam expostos à radiação (33,3%), 66,7% disseram estar
desconfortáveis termicamente, estavam parados e em pé e afirmaram sentir muito calor. O
mapa comportamental desse período mostrou que houve um aumento de concentração de
usuários nas áreas sombreadas, por isso a maioria dos usuários estava em conforto. Áreas
como a pista de skate e a quadra de esportes também foram ocupadas. Não havendo espaços
sombreados, alguns usuários permaneceram expostos à radiação para observar as atividades
praticadas. Por este motivo afirmaram estar em desconforto térmico.
No período da noite, todos os espaços onde existiam bancos foram ocupados. Isto
descentralizou as áreas de uso por toda praça. Houve concentração de usuários também nos
arredores da praça, área limite entre a calçada circundante e a praça, devido à existência de
bancos. 75% dos usuários afirmaram estar sentindo conforto térmico. 50% estavam andando e
50% estavam parados e sentados. A sensação de conforto térmico e a inexistência de radiação
solar permitiram a ocupação de espaços não ocupados nos outros períodos como, por
exemplo, o banco semicircular próxima ao coreto. Esta é uma área revestida com pedra
portuguesa, que apresenta elevada condutividade térmica (1,4 W/mºC). O banco semicircular
foi construído em concreto que possui elevada condutividade térmica (1,28 – 1,74 W/mºC) e
albedo (10 – 35). Assim, o espaço torna-se aquecido no período diurno, prejudicando sua
utilização.
Diante do que foi observado, pode-se afirmar que a sensação de conforto térmico dos usuários
confirmou o tipo de ocupação que ocorreu em cada período da Praça Muniz Falcão. Foi
verificado que as áreas consideradas mais confortáveis foram aquelas sombreadas por
vegetação. As áreas que causavam desconforto térmico e estavam expostas à radiação também
foram utilizadas devido ao mobiliário existente (pista de skate e quadra de esportes). Conclui-
se, então, que a qualidade térmica do espaço e o mobiliário existente são os principais fatores
que interferem no uso da praça, como foi verificado também na Praça Ricardo Lessa e na
Praça Muniz Falcão.
4.3.5 Comparação da sensação dos usuários com os índices de conforto aplicados
Os dados obtidos das variáveis climáticas em cada ponto identificaram as áreas em conforto
ou desconforto térmico na Praça Muniz Falcão nos dias estudados, de acordo com os índices
aplicados. Cada ponto de medição foi classificado quanto ao conforto térmico nos três
períodos, como mostra a tabela 23.
Tabela 23 – Classificação do Conforto Térmico na Praça Muniz Falcão
CONFORTO TÉRMICO NO PERÍODO DA MANHÃ
PONTOS 1 2 3 4 5 6
PMV (FANGER, 1970)
PPD em % 54,9 52,7 69,4 57,8 87,8 77,8
THI em % com D=desconfortável e
C=confortável
100D 100D 100D 100D 100D 100D
CONFORTO TÉRMICO NO PERÍODO DA TARDE
PONTOS 1 2 3 4 5 6
PMV (FANGER, 1970)
PPD em % 52,2 60,1 64,7 58,5 81,5 75,9
THI em % com D=desconfortável e
C=confortável
100D 100D 100D 100D 100D 100D
CONFORTO TÉRMICO NO PERÍODO DA NOITE
PONTOS 1 2 3 4 5 6
PMV (FANGER, 1970)
PPD em % 15,7 16,5 12,8 18,2 12,7 12,1
THI em % com D=desconfortável e
C=confortável
50C 50C 50C 50C 50C 50C
Fonte: A autora (2006).
LEGENDA
BOM LEVEMENTE QUENTE QUENTE
Foi observado que os pontos 1, 2, 3 e 4, no período diurno (manhã e tarde), apresentaram
melhores condições térmicas (levemente quente) que os pontos 5 e 6 (quentes). Nos pontos 1
a 4 o revestimento do solo foi em areia seca e grama, enquanto nos pontos 5 e 6 o
revestimento foi pedra portuguesa e concretado (maiores condutividades térmicas e albedos).
Além disso, os pontos 1 a 4 estão localizados em áreas sombreadas por vegetação arbórea,
que reduz a incidência de radiação solar nestes espaços. Os pontos 5 e 6 apresentaram valores
de temperatura do ar e radiante superiores aos valores encontrados nos demais pontos.
Segundo os questionários aplicados, nos períodos da manhã e da tarde a maioria dos usuários
(100% e 77,8% respectivamente) afirmaram estar em conforto térmico. 100% dos usuários em
conforto térmico estavam em áreas sombreadas nos períodos da manhã e tarde. Isso
demonstra que, também para os usuários, os pontos 1 a 4 estavam em melhores condições
térmicas. A maioria dos usuários confirmou não estar sentindo frio nem calor (100% - manhã,
50% - tarde), enquanto o PMV representava tais áreas como levemente quentes. Desta forma,
foi verificado que o corpo humano pode adaptar-se à condição térmica do ambiente,
proporcionando a sensação de conforto dos usuários.
No período noturnos, os pontos 3, 4 e 5 foram classificados como confortáveis, enquanto os
pontos 1, 2 e 6 foram classificados como levemente quentes. Nos pontos 1 e 2 isso pode ser
explicado devido à presença da vegetação arbórea de grande porte e com copa fechada. Esta
vegetação forma uma barreira natural, dificultando a dispersão de calor para a atmosfera.
Assim como, os valores baixos da velocidade do ar nesses pontos confirmaram que a
vegetação arbórea atrapalhou a passagem da ventilação natural. O ponto 6, por estar
localizado em área revestida com concreto, absorve grande quantidade de radiação durante o
dia (coeficiente de absortância elevado) e a devolve em forma de calor para o exterior no
período noturno (albedo baixo e emitância elevada).
A maioria dos usuários (75%) estavam sentindo conforto térmico no período noturno. Dos
usuários em conforto, 66,7% não estavam sentindo nem frio nem calor. Segundo o PMV, esse
período foi o que apresentou melhores condições térmicas. Entretanto, também apresentou o
maior percentual de pessoas em desconforto térmico (25%) em relação aos outros períodos.
Isso mostra que, à noite, o calor acumulado em algumas superfícies e a distribuição da
vegetação pode interferir no conforto térmico dos usuários, causando insatisfação em alguns.
4.3.6 Comparação dos dados climáticos com os mapas comportamentais
A tabela 24 mostra a classificação dos espaços da Praça Muniz Falcão a partir dos mapas
comportamentais e do PMV calculado.
Tabela 24 – Utilização das áreas e a condição de conforto térmico
PONTOS 1 2 3 4 5 6
Localização dos pontos a partir dos mapas comportamentais
+ - - - - -
PMV
Localização dos pontos a partir dos mapas comportamentais
+ - + - - +
PMV
Localização dos pontos a partir dos mapas comportamentais
+ - + - + +
PMV
Fonte: A autora (2006).
LEGENDA 1 LEGENDA 2
Bom
Houve concentração de
usuários
+
Levemente
Quente
Quente
Não houve concentração
de usuários
-
Foi observado que os pontos 1, 2, 3 e 4 apresentaram as melhores condições climáticas
(levemente quente) nos períodos da manhã e da tarde. Entre eles, apenas o ponto 1 apresentou
concentração de usuários nos dois períodos, que pode ser explicado devido à existência dos
mobiliários de lazer (bancos e brinquedos infantis) e de serviço (duas sorveterias e banca de
revista) nesta área. Todavia, não se pode atribuir a tal uso apenas o mobiliário, visto que a
qualidade térmica do espaço teve uma relevante influência. O ponto 5, por exemplo, estava
em uma área que possui a maior extensão de assentos da praça, no entanto, sem uso nesses
períodos.
No período da tarde o ponto 3 obteve concentração de usuários. Este espaço foi ocupado por
pessoas que esperavam o transporte rodoviário e utilizavam o sombreamento das árvores
como abrigo.
A não-utilização das áreas onde estão os pontos 2 e 4 no período diurno pode ser explicada
pela sua localização. Tais pontos estavam em áreas cujo revestimento do solo era grama em
mau estado de conservação e areia seca, respectivamente, com a presença de formigas e
poucos bancos.
Os pontos 5 e 6 apresentaram piores condições térmicas nos períodos da manhã e da tarde,
sendo classificados como quentes. O ponto 5, apesar de estar localizado próximo a um banco
com grande extensão, não mostrou concentração de usuários. Isto devido às condições
climáticas que interfere na sensação de conforto térmico dos usuários. O revestimento do solo
nesse ponto (pedra portuguesa) possui elevada condutividade térmica (1,4W/m²) e está
exposto à radiação solar, interferindo na qualidade climática do espaço. O ponto 6 apresenta
concentração de usuários no período da tarde, devido a sua localização no interior de uma
quadra de esportes, cujos jogos se intensificavam com o pôr-do-sol.
No período noturno os pontos 1, 3, 5 e 6 tiveram concentração de usuários. Todos estes
pontos foram ocupados por causa dos mobiliários existentes, além das condições climáticas.
Verificou-se então que a ocupação das áreas aconteceu devido à qualidade térmica dos
espaços e à existência do mobiliário de lazer e serviços no local. A Praça Muniz Falcão possui
grande dimensões. Desta forma, o usuário tem possibilidade de escolher os espaços a ocupar,
de acordo com suas atividades, como descansar, conversar, brincar, entre outras. Observou-se
que para descanso e conversa o ponto 1 foi o mais utilizado, por apresentar melhor condição
de conforto térmico, como aconteceu nas Praças Ricardo Lessa e Tenente Madalena.
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
As praças podem conter diferentes espaços em seu interior, devido ao seu desenho e
composição. As praças Ricardo Lessa, Tenente Madalena e Muniz Falcão, situadas em
Maceió e objetos de estudo desta pesquisa, possuem espaços distintos que são ocupadas de
maneira diferenciada pelos usuários.
Foi constatado, nas três praças estudadas, que as áreas sombreadas por vegetação
apresentaram melhor qualidade térmica que as áreas expostas à radiação solar no período
diurno (manhã e tarde) e que obtiveram maior concentração de usuários, neste período. Isso
comprova, então, que a utilização dos espaços está diretamente relacionada à qualidade
térmica dos espaços.
Observou-se no interior das três praças uma concentração de usuários em espaços onde existia
o agrupamento de árvores com copa fechada ou semi-aberta provedoras de sombra. Estas
áreas foram utilizadas para a prática de atividades leves como descansar, conversar ou
observar as pessoas. Com isso, comprovou-se que a existência de espécies arbóreas contribui
para utilização dos espaços, sendo, então, necessário o planejamento dessas espécies, quanto
sua distribuição, tipologia e manutenção, na elaboração de projetos de praças.
Foi verificado também, que as áreas revestidas com areia seca fina (λ = 0,49 W/mºC e albedo
= 18% - 30%) ou grama (albedo = 32), mesmo em mau estado de conservação, apresentaram
melhores valores de temperatura do ar, umidade relativa do ar e temperatura radiante, em
comparação com as áreas revestidas em concreto (λ = 1,24 a 1,74W/mºC e albedo = 10% –
35%). Foi comprovado que o tipo de revestimento do solo é um elemento influenciador para a
qualidade térmica dos espaços externos, pois possuem diferentes propriedades, interferindo no
acúmulo de calor dos mesmos.
O mobiliário de lazer apresentou grande utilização nos espaços das três praças. Observou-se
que todas as áreas que possuíam concentração de usuários apresentavam algum tipo de
mobiliário (brinquedos infantis, bancos, mesas, campo de futebol, quadra de esportes, banca
de revista, sorveteria, pista de skate). A prática de atividades leves como descanso
aconteceram em áreas sombreadas por vegetação e com melhor qualidade térmica. A pratica
de atividades esportivas, como jogos com bolo, aconteceram expostas à radiação solar e
termicamente desconfortáveis. Foi comprovado que o mobiliário de lazer em praças é um
elemento importante para a utilização delas. Desta maneira, a sua existência deve ser
planejada durante o projeto de novas praças ou intervenções em outras existentes, visando
proporcionar diferentes atividades e ampliar o nicho de usuário.
Nas três praças analisadas, a temperatura radiante média apresentou valores elevados que
foram calculados a partir de medições com termômetro de globo padrão (negro),
demonstrando que, para ambientes externos, o uso deste instrumento pode superestimar os
valores da temperatura radiante, como foi também observado em Nikolopoulou; Lykoudis
(2006).
Verificou-se também que nem sempre a classificação quanto à sensação de conforto térmico
dos usuários corresponde aos valores obtidos pelos índices calculados. Comprovou-se, então,
que a condição de conforto térmico está relacionada a diversos fatores, como os fisiológicos
(intrinsecamente ligados às variáveis ambientais, à vestimenta e a atividade exercida) e os
psicológicos. Além disso, o corpo humano tem capacidade de adaptação a condições
climáticas adversas, em determinados casos, podendo intervir na sensação de conforto
térmico.
Nas três praças foram encontrados espaços com concentração de usuários e espaços sem
utilização. Fica comprovado, então, que algumas intervenções poderiam favorecer a utilização
das três praças. A Praça Ricardo Lessa não dispõe de agenciamento com definições de
circulação e canteiros. A utilização de jardins valorizaria e embelezaria os espaços, além de
interferir na qualidade térmica deles. A grama encontrada está em mau estado de conservação,
devendo ser reparada, de modo a proporcionar maior permeabilidade ao solo e conseqüente
redução da temperatura do ar. Novos espaços sombreados por vegetação descentralizariam a
utilização de algumas áreas, formando novos nichos de atividades e concentração de usuários.
A praça tem grande extensão, podendo conter maior número de bancos e outros equipamentos
em seu interior.
Algumas intervenções trariam melhores condições térmicas e conseqüentemente de uso para a
Praça Tenente Madalena, como a substituição de parte do revestimento em concreto por
espécies vegetais ou materiais que acumulem menos calor, de forma a permitir maior
permeabilidade do solo; além de outras ações como manutenção da grama existente e do
mobiliário danificado.
A Praça Muniz Falcão poderia ser melhor aproveitada com a modificação em alguns de seus
espaços. A utilização de espécies arbóreas para sombreamento em áreas com condições
térmicas desconfortáveis como, por exemplo, o ponto 5, poderia favorecer a melhoria da
qualidade térmica deste espaço e intensificar seu uso. A manutenção dos canteiros existentes
pode contribuir para a redução da temperatura do ar, servindo também como elemento
decorativo. Algumas áreas com melhores condições térmicas, porém pouco utilizadas, como,
por exemplo, o ponto 2 (sombreado por vegetação arbórea e revestido com areia seca e
grama), poderiam ser mais utilizadas com a inclusão de mobiliário para prática de atividade,
como descanso e recreação infantil. Além disso, a substituição do mobiliário danificado pode
estimular o uso dos espaços e impedir alguns acidentes.
As três praças, enfim, representam uma importante área de lazer para os moradores dos
bairros onde estão inseridas. Poderiam atender um maior número de usuários e proporcionar-
lhes melhor qualidade térmica, com a utilização de mais espécies vegetais, principalmente as
arbóreas; o revestimento do solo com materiais permeáveis, ou que proporcionem menor
acúmulo de calor; colocação de mobiliário em áreas pouco utilizadas; e a manutenção do
mobiliário e da vegetação existentes.
Diante do que foi exposto, observa-se que pesquisas nessa área são relevantes, pois fomentam
discussões sobre a qualidade dos espaços externos, tendo em visto o crescimento das cidades.
São estudos que direcionam para a elaboração de projetos arquitetônicos e urbanísticos
adequados ao clima da região, almejando melhores condições de uso e conforto térmico para
seus habitantes. Sendo assim, o presente trabalho contribuiu para incentivar e levantar novas
questões, devendo ser objeto de outras investigações.
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ZUCKER, P. Tows and Square: From the Agora to the Village Green. Nova Iorque:
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APÊNDICE 1
PRAÇAS DE MACEIO
BAIRRO PRAÇA ÁREA (m²)
ANTARES
BARRO DURO PRAÇA 282,62
PRAÇA LUCENA MARANHÃO 2.366,41 BEBEDOURO
PRAÇA NOSSA SENHORA PERPÉTUO SOCORRO 329,83
PRAÇA PADRE CÍCERO 23.654,70 BENEDITO BENTES
PRAÇA ANTÔNIO DANTAS DA SILVA 339,98
BOM PARTO
CANAÃ
PRAÇA VISCONDE DE SINIMBÚ 9.923,8
PRAÇA DA INDEPENDÊNCIA 6.531, 08
PRAÇA MARECHAL FLORIANO PEIXOTO 6.116,31
PRAÇA MARECHAL DEODORO DA FONSECA 3868,8
PRAÇA DOM PEDRO II 3.506,8
PRAÇA DOM RANULPHO 1.065,89
PRAÇA MONTEPIO DOS ARTISTAS 785,66
PRAÇA JOAQUIM LEÃO 656,34
PRAÇA ÉLIO LEMOS 405,37
PRAÇA ADEMAR DE BARROS 377,70
CENTRO
PRAÇA DR. CÍCERO DE M. T. LEITE 108,20
CHÃ DE BEBEDOURO PRAÇA SENADOR RUI PALMEIRA 1.805,13
CHÃ DE JAQUEIRA
PRAÇA PEDRO TENÓRIO RAPOSO 8.278,91
PRAÇA MARCOS VINÍCIOS 4.200,20
PRAÇA 1.297,20
PRAÇA 536,80
CIDADE UNIVERSITÁRIA
PRAÇA 91,21
PRAÇA ENGENHEIRO GUSTAVO LÚCIO
RODRIGUES BARBOSA
21.240,36 CLIMA BOM
PRAÇA ERNANDES ELIAS CALHEIROS 698,08
PRAÇA TENENTE MADALENA 2.717,96
PRAÇA MAR AZUL 2.624,25
CRUZ DAS ALMAS
PRAÇA GANGA ZUMBA 2.194,93
PRAÇA DO CENTENÁRIO 15.730,03
PRAÇA SANTA RITA DE CASSÍA 4.831,0
PRAÇA MIRANTE ENGENHEIRO REINALDO 5.319,0
PRAÇA JOSÉ BÉCIO FILHO 2.945,5
PRAÇA ACENDEDOR DE LAMPIÃO 846,96
PRAÇA SERGIPE 820,5
PRAÇA ROSALVO RIBEIRO 600,81
PRAÇA MARCOS VINÍCIOS GUIMARÃES 255,91
PRAÇA POLÉO 337,65
FAROL
PRAÇA ERCÍLIO MARQUES 85,0
PRAÇA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA 4.645,82 FEITOSA
PRAÇA 6.736,93
PRAÇA SÃO JOSÉ 1772,05
PRAÇA OTHON BEZERRA DE MELO 1.519,70
PRAÇA EDUARDO SANTOS 1.220,0
PRAÇA RECREIO 237,67
FERNÃO VELHO
PRAÇA SÃO PEDRO 151,76
PRAÇA GENÉSIO DE CARVALHO 4.308,0
PRAÇA DELMIRO GOUVEIA 1.805,44
GRUTA DE LOURDES
PRAÇA MIRANTE DA GRUTA 342,34
JACARECICA
PRAÇA SANDOVAL CAJU 2.414,85
PRAÇA MÁRIO JAMBO 1.795,19
JACINTINHO
PRAÇA 188,15
PRAÇA MARCÍLIO DIAS 5.143,24
PRAÇA DOIS LEÕES 2.213,36
PRAÇA ARTUR RAMOS 1.491,47
LARGO BOM JESUS DOS NAVEGANTES 1050,0
PRAÇA DR. OMERO GALVÃO 936,01
JARAGUÁ
PRAÇA 18 DE COPACABANA 890,01
JATIÚCA PRAÇA MIGUEL TORRES FILHO 275,32
PRAÇA EMÍLIO DE MAIA 2615,17
PRAÇA NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS 1.945,06
PRAÇA DO PIRULITO 1.028,21
PRAÇA SANTO ANTÔNIO 613,27
LEVADA
PRAÇA CARLOS AURÉLIO 495,63
PRAÇA ALOÍSIO BRANCO 1.144,63 MANGABEIRAS
PRAÇA CIPRIANO JUCÁ 340,46
MUTANGE
OURO PRETO
PRAÇA LYON 6.537,66
PRAÇA MANUEL DUARTE 1.219,65
PRAÇA DA LIBERDADE 1.168,63
PRAÇA ELCLIDES MALTA 761,14
LARGO DA VITÓRIA 288,55
PAJUÇARA
PRAÇA DO O 131,43
PETRÓPOLIS
PRAÇA ARNON DE MELLO 2.471,72
PRAÇA MARQUES DA LUZ 2.149,22
PRAÇA 834,54
PINHEIROS
PRAÇA FRANCISCO DE OLIVEIRA 800,07
PITANGUINHA PRAÇA OSÓRIO CALHEIROS GATO ÁREA
PRAÇA 13 DE MAIO 2.469,80
PRAÇA SENHOR DO BONFIM 2.188,33
PRAÇA MARAVILHA 1.806,89
PRAÇA SOLDADO EDUARDO SANTOS 1.588,91
PRAÇA RAUL RAMOS 906,24
PRAÇA GUIMARÃES PASSOS 749,66
PRAÇA UNIDOS DO POÇO 225,0
POÇO
PRAÇA DR. CÍCERO M. T. LEITE 43,20
PRAÇA MUNIZ FALCÃO 8.846,17
PRAÇA GOGÓ DA EMA 3.554,63
PRAÇA FREITAS CAVALCANTE 2944,38
PRAÇA HÉLIO VASCONCELOS 793,20
PRAÇA ALOÍSIO DE FREITAS MELRO 544,69
PRAÇA RITZ 357,60
PONTA VERDE
PRAÇA EMÍLIO DE MAIA 131,44
SANTA AMÉLIA PRAÇA DA COLINA 19.634,80
SANTOS DUMONT
SÃO JORGE
SERRARIA
PRAÇA RICARDO LESSA 10.543,24
CALÇADÃO PLÁCIDO JOSÉ DA SILVA 4.257,51
PRAÇA DO PEL 2.803,0
PRAÇA ANTÔNIO PACHECO MOREIRA 1.404,21
PRAÇA IRMÂ SUZANA 551,47
PRAÇA FIRMO CORREIA DE ARAÚJO 503,25
TABULEIRO DO MARTINS
PRAÇA ANTÔNIO CALHEIROS DE MELO 209,86
Fonte: SOMURB (2004).
APÊNDICE 2
FICHA CADASTRAL
Nome:
Bairro: Ano: C –
R –
Mapa:
Foto:
Externo
Entorno: Comercial
Residencial
Industrial
Edificações: Horizontal
Vertical
Misto
Altura: Um pavimento
Até dois pavimentos
De três a oito pavimentos
Equipamentos: Parada de ônibus
Parada de táxi
Cabine telefônica
Banca de revista
Sinais de trânsito
Desenho urbano:
Uma extremidade junto a edificações
Duas extremidades junto a edificações
Três extremidades junto a edificações
Quatro extremidades junto a edificações
Ruas: Uma em mão única
Duas em mão única
Três em mão única
Quatro em mão única
Uma em mão dupla
Duas em mão dupla
Três em mão dupla
Quatro em mão dupla
Instituições:
Escolas
Igrejas
Edifícios públicos
Interno
Forma: Quadrada
Retangular
Redonda
Triangular
Orgânica
Outra
Vegetação: Arbórea
Arbustiva
Gramínea
Revestimento do solo:
Gramínea Arenosa
Cimentado Outro
Acessos:
Extremidades
Centralidades
Equipamentos:
Bancos
Lixeiras
Luminárias
Brinquedos
Cabine telefónica
Quadra de esporte
Campo de futebol
Pista de skate
Coreto
Fonte luminosa
Gradeamento
Estacionamento
Placas informativas
Bustos
Esculturas
Banca de revista
Ambulantes
Observações:
APÊNDICE 3
1. Observações: Descrições: data – hora ______________________________________
Atividade ________________________________________________________________
Localização no espaço (indicação no mapa)
No instante anterior a entrevista, o(a) entrevistado(a) está:
sozinho Com uma pessoa Mais de duas pessoas animal de estimação
Está parado exposto à radiação solar: Sim não
Atividade: Parado, observando Lendo / escrevendo andando correndo
Status: Deitado Sentado Em
Assessórios: Óculos de sol boné chapéu
Consumindo: Bebida Comida
Sexo: masculino feminino
Roupas:
Sem camiseta Camiseta Blusa miniblusa
Camisa c/ manga Short Bermuda Saia curta
Saia longa Vestido curto Vestido longo Calça (malha)
Calça (jeans) Cor: clara Cor: escura Cor: forte
Cores claras: branco, bege, tons pasteis, cinza claro.
Cores escuras: preto, azul marinho, verde musgo, cinza escuro, marrom, vinho.
Cores fortes: laranja, vermelho, verde limão, verde maçã, azul royal, amarelo, mostarda.
Idade do grupo: criança adolescente 18-24
25-34 35-44 45-54 55-64 <65
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CAMPO
DE
FUTEBOL
PISTA
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Mapa da
Praça Muniz
Falcão
2. Questionário:
Neste momento, o que você está sentindo?
Muito frio frio Nem frio nem calor calor Muito calor
O que você acha do sol neste momento?
Preferia mais sol Está bom Tem muito sol
Como você acha que está o vento neste momento?
Parado Pouco vento Está bom Muito vento Vento em excesso
Como você acha que está a umidade do ar neste momento?
Úmido Está bom Seco
Você se sente confortável neste momento? Sim Não
Por quê você veio aqui?
Onde você estava antes de vir para cá?
Com que freqüência você uso este espaço: Por dia Por semana
Por mês Por ano
Tem alguma coisa que você não goste nesta área?
Na sua opinião, qual é a função dos espaços abertos?
Você é um morador local? Sim Não De onde você é?
Você é? Estudante Trabalhador Aposentado Desempregado
Do lar Outro:
Grau de escolaridade
Primeiro grau incompleto Segundo grau incompleto Universitário incompleto
Primeiro grau completo Segundo grau completo Universitário
APÊNDICE 4
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