101
palco da história sob um disfarce respeitável e com esta
linguagem emprestada
221
.
A solução para a crise, (política, social, etc.) da sociedade necessita do
encontro de um “profeta”, como menciona Bourdieu, “o profeta é quem pode
contribuir para realizar a coincidência da revolução consigo própria, operando a
revolução simbólica que a revolução política requer
222
”. Um exemplo de como o
símbolo e o rito estão cheios de elementos que também impulsiona e motiva na
busca por transformações sociais esta na mística
223
, prática presente em diversos
movimentos sociais e populares, como observa Christine Chaves ao analisar o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), afirmando que:
Múltiplos elementos conjugam-se, desde os ideais modernos de
igualdade, direito e cidadania até os sentidos religiosos da terra,
da solidariedade e da defesa da vida, passando pela crença
política na importância da disciplina e da organização e pelos
valores morais de lealdade, firmeza e coragem. Sentimentos e
crenças são acionados pelo grupo reunido em torno de símbolos
comuns e na ação conjunta em busca dos mesmos fins. No MST
elabora-se conscientemente a construção da identidade de sem-
terra e a reafirmação dos ideais e desejos condensados na "luta".
Para além dos símbolos do MST - o timbre, a bandeira, o hino - as
próprias ações são revestidas daquelas idéias e crenças políticas,
morais e religiosas. Não é incidental que essa elaboração múltipla
e multifacetada receba no MST o nome de mística
224
.
221
MARX, K. O 18 Brumário e Cartas a Kugelman, 4ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
222
BOURDIEU, Pierre, op.cit., p. 78.
223
A mística no MST é quase sempre uma atividade que precede encontros e reuniões dos
grupos, e tem como finalidade acolher os participantes e dar início às atividades. A mística é
realizada através de dinâmicas, teatro, canto e dança, possuindo um forte caráter simbólico.
Segundo João Pedro Stédile, a mística no MST é uma prática social e há nela uma influência da
Igreja no sentido de ser um fator de unidade, de vivenciar os ideais; porém, procura-se que a
mística não seja somente uma liturgia propriamente dita. Neste sentido, diz Stedile, a mística deve
fazer parte da vida cotidiana, não pode ser um momento à parte, é sentimento canalizado em
direção a um ideal alcançável. Assim, o MST procura "fazer a mística" quando, em cada atividade
do movimento, ressalta o projeto global, traz para o cotidiano o projeto de conquistar o lugar
prometido para todos. [http://www.imaginario.com.br/artigo/a0061_a0090/a0064.shtml]
224
CHAVES, Christine de Alencar Chaves. Símbolos de Luta e Identidade no MST. In:
http://www.comciencia.br/reportagens/agraria/agr18.shtml - Data da Pesquisa: 10 de abril de 2005.
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