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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
CÂMPUS DE JABOTICABAL
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CLONAGEM E EXPRESSÃO DO GENE DA GLICOPROTEÍNA
S1 DO VÍRUS DA BRONQUITE INFECCIOSA EM PICHIA
PASTORIS
Mariana Costa Mello Gonçalves
Bióloga
JABOTICABAL – SÃO PAULO - BRASIL
Fevereiro - 2009
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Livros Grátis
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO”
CÂMPUS DE JABOTICABAL
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CLONAGEM E EXPRESSÃO DO GENE DA GLICOPROTEÍNA
S1 DO VÍRUS DA BRONQUITE INFECCIOSA EM PICHIA
PASTORIS
Mariana Costa Mello Gonçalves
Orientador: Prof. Dr. Hélio José Montassier
Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias Unesp, Câmpus de
Jaboticabal, para a obtenção do título de Mestre em
Microbiologia Agropecuária.
JABOTICABAL – SÃO PAULO - BRASIL
Fevereiro – 2009
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Gonçalves, Mariana Costa Mello
G635c
Clonagem e expressão do gene da glicoproteína S1 do Vírus da
Bronquite Infecciosa em Pichia pastoris / Mariana Costa Mello
Gonçalves - - Jaboticabal, 2009
xiii, 63 f.; il.; 28 cm.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2009
Orientador: Hélio José Montassier
Banca examinadora: José Moacir Marin, Camillo Del Cistia
Andrade
Bibliografia
1.Biotecnologia- clonagem e expressão. 2. Pichia pastoris. 3.VBI.
I. Título. II. Jaboticabal-Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 576.8: 616.988.73
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da
Informação Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de
Jaboticabal.
i
DADOS CURRICULARES DA AUTORA
MARIANA COSTA MELLO GOALVES -
nascida em 10 de janeiro de 1985, em São Paulo, SP, graduou-se em Ciências
Biológicas, modalidade Licenciatura, pela Universidade Estadual Paulista Faculdade
de Ciências Agrárias e Veterinárias, câmpus de Jaboticabal, em 30 de novembro de
2006.
ii
“No fim tudo dá certo. Se não deu certo, é porque ainda não chegou ao fim.”
(Fernando Sabino)
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus, por todos os problemas que pareciam sem solução, por todas as expectativas
não confirmadas, por todas as tentativas que pareceram tempo perdido...só o Senhor
sabe o caminho para me fazer crescer e aprender cada vez mais.
A família que Deus me deu, obrigada pela compreensão e apoio, todo o esforço é por
vocês.
Ao Profº Hélio José Montassier, obrigada pelo exemplo, a forma mais sublime de
ensinar.
A banca examinadora : Profº Drº José Moacir Marin e Drº Camillo Del Cistia
Andrade, obrigada pelas correções e sugestões que contribuíram para o
enriquecimento deste trabalho.
A Profª Drª Adolorata Ap. Bianco Carvalho e Profª Drª Maria Inês T. Ferro,
membros da banca do exame de qualificão, obrigada pela contribuição e atenção.
Aos meus anjos sem asas: Rosketa, Jagunça, Migalha, Rafa, Zeni, Aline, Pedrinho,
Lucas: que bom que vocês existem e sempre estão ao meu lado.
A família Imunovir: Aliandra, Aline, Camila, Cíntia, Maria de Fátima, obrigada por não
terem me deixado desistir quando eu não via outra saída, é uma honra conviver com
vocês!
A Maria de Lourdes, obrigada por todas as técnicas ensinadas, principalmente as de
como viver melhor.
iv
Aos funcionários e professores do Departamento de Patologia Veterinária,
obrigada por toda a colaboração e boa vontade.
Aos funcionários da sessão de Pós-Graduação, obrigada pelas orientações sempre
dadas de forma tão gentil.
Aos funcionários da Biblioteca da Unesp, câmpus Jaboticabal, obrigada pelas
informações e correções.
A Merial pelos ovos fornecidos.
A Capes, obrigada pela bolsa concedida.
v
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS ......................................................................................................vii
LISTA DE FIGURAS .....................................................................................................viii
LISTA DE ABREVIATURAS........................................................................................... xi
RESUMO........................................................................................................................xii
ABSTRACT ...................................................................................................................xiii
I. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
II. REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... .3
2.1 Glicoproteína S....................................................................................................... 3
2.2 Diagnóstico da Bronquite Infecciosa ......................................................................6
2.3 Controle da Infecção pelo VBI................................................................................ 8
2.4 Sistema Pichia pastoris para clonagem e expressão de proteínas heterólogas.... .9
2.4.1 Vetores de expressão para o sistema P. pastoris ........................................ 10
2.4.2 Promotor pFLD1........................................................................................... 12
2.4.3 Condições de cultivo .................................................................................... 13
2.4.4 Secreção de proteínas heterólogas.............................................................. 14
III. OBJETIVOS ............................................................................................................. 15
IV.MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................... 16
4.1 Propagação Viral.................................................................................................. 16
4.2 Oligonucleotídeos iniciadores............................................................................... 16
4.3 Extração do RNA viral .......................................................................................... 17
4.4 Clonagem do gene da glicoproteína S1 em E. coli DH10b................................... 17
4.5 Expressão da proteína recombinante S1 em P. pastoris linhagem GS115.......... 19
4.5.1 Linhagem de P. pastoris............................................................................... 19
4.5.2 Linearização e purificação do plasmídeo recombinante............................... 20
4.5.3 Eletroporação em P. pastoris ....................................................................... 20
4.5.4 Indução da expressão da glicoproteína S1 do VBI....................................... 21
4.6 Separação das proteínas do extrato bruto da levedura recombinante ................ 21
4.7 Análise da proteína S1 expressa por SDS e Western blotting ............................. 22
4.8 Delineamento experimental para determinar o perfil de crescimento na fase de
pré indução.................................................................................................................... 23
4.9 Delineamento experimental para determinar o perfil de crescimento na fase de
indução.......................................................................................................................... 24
V.RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................. 25
5.1 Extração de RNA e amplificação do cDNA........................................................... 26
5.2 Otimização da amplificação do gene da glicoproteína S1.................................... 27
5.3 Pré-clonagem do gene da glicoproteína S1 com o vetor pGem T Easy em células
de Escherichia coli ........................................................................................................ 28
5.4 Clonagem do gene da glicoproteína S1 com o vetor pFLDα em células de
Escherichia coli DH10b ................................................................................................. 29
5.5 Sequenciamento do inserto gênico extraído dos clones bacterianos transformados
...................................................................................................................................... 32
5.6 Expressão do gene da glicoproteína S1 em P. pastoris GS115........................... 35
vi
5.7 Extração e quantificação do extrato protéico total intracelular e extracelular das
células de leveduras transformadas pelo vetor pFLDα ................................................. 36
5.8 Análise dos extratos protéicos totais intracelulares e extracelulares pelas técnicas
de SDS-PAGE e Western Blotting................................................................................. 37
5.9 Perfil de crescimento da levedura P. pastoris durante a fase de pré-indução...... 38
5.10 Perfil de crescimento da levedura P. pastoris durante a fase de indução .......... 40
VI.CONCLUSÕES......................................................................................................... 47
VII.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 48
VIII APÊNDICES .......................................................................................................... .56
8.1 Soluções estoque................................................................................................. 57
8.1.1 YNB 17%...................................................................................................... 57
8.1.2 Biotina 2% .................................................................................................... 57
8.1.3 Histidina 0,4% .............................................................................................. 57
8.1.4 Dextrose (D-Glicose) 20%............................................................................ 57
8.1.5 Metanol 50% ................................................................................................ 57
8.1.6 Glicerol 10% ................................................................................................. 57
8.1.7 Ampicilina [20mg/mL] ................................................................................... 58
8.1.8 Tampão Fosfato de Potássio 1M, pH 6,0 ..................................................... 58
8.1.9 Sorbitol 1M ................................................................................................... 58
8.1.10 Sulfato de Amônio 10% .............................................................................. 58
8.1.11 Tampão de lise para Pichia pastoris.......................................................... .58
8.2 Meios de cultura ................................................................................................... 59
8.2.1 Meio LB Sólido com ampicilina..................................................................... 59
8.2.2 Meio LB Líquido com ampicilina................................................................... 59
8.2.3 Meio YPD Líquido......................................................................................... 59
8.2.4 Meio YPD Sólido .......................................................................................... 60
8.2.5 Meio YPDS Líquido com zeocina ................................................................. 60
8.2.6 Meio YPDS Sólido com zeocina................................................................... 61
8.2.7 Meio MGA .................................................................................................... 61
8.2.8 Meio MMA .................................................................................................... 62
8.2.9 Meio BMGH.................................................................................................. 62
8.2.10 Meio BMMH................................................................................................ 63
vii
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 01: Principais componentes do vetor pFLDα (Invitrogen) e suas funções............11
Tabela 02. Quantidade de proteína total obtida pelo método de Bradford (em mg/L),
após indução da expressão da glicoproteína recombinante S1, expressa
intracelularmente e secretada no sobrenadante da cultura após 24h, 48h, 72h e 96h de
indução de expressão em meios de composição definida (MMA) e complexa
(BMMH)............................................................................................................................43
viii
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 01: Esquema do Vírus da Bronquite Infecciosa das galinhas...............................4
Figura 02: O caminho do metanol em P. pastoris. 1-álcool oxidase, 2-catalase, 3-
formaldeído desidrogenase, 4-fomato desidrogenase, 5-diidroxiacetona sintase, 6-
diidroxiacetona quinase, 7-frutose-1,6-bifosfato aldolase, 8-frutose 1,6-
difosfatase.......................................................................................................................10
Figura 03: Mapa do vetor pFLDα (Invitrogen)................................................................11
Figura 04. Mapa do vetor pGem-T Easy (Promega) utilizado para a clonagem do gene
da glicoproteína S1 em células de E. coli........................................................................18
Figura 05: Amplificação do gene da glicoproteína S1 a partir da extração de RNA de
suspensão viral da estirpe M41 do VBI após reação de RT-PCR com oligonucleotídeos
específicos.......................................................................................................................26
Figura 06: Quantificação em gel de agarose do produto amplificado após purificação,
utilizando o padrão Low DNA Mass Ladder (Invitrogen).................................................27
Figura 07 Gradiente de temperaturas para otimização da amplificação do gene
codificador da glicoproteína S1 do VBI...........................................................................28
Figura 08: DNA plasmidial amplificado após reação de PCR com combinação de
oligonucleotídeos do gene da glicoproteína S1 do VBI e do vetor pGem-T Easy
(Promega)........................................................................................................................29
Figura 09: DNA plasmidial extraído de células de E. coli utilizando o Kit Wizar Plus SV
Minipreps DNA Purification System (Promega)...............................................................30
ix
Figura 10: Dna plasmidial extraído de células de E. coli após reação de digestão com
as enzimas Sac II e Pml I ...............................................................................................30
Figura 11: Quantificação do material necessário para a clonagem no vetor
pFLDα..............................................................................................................................31
Figura 12. Visualização dos “scores” dos nucleotídeos seqüenciados do clone de E.coli
obtidos através do BLAST no site http://www.ncbi.nlm.nih.gov/blast/bl2seq/wblast2.cgi
.........................................................................................................................................33
Figura 13
Alinhamento entre a seqüência nucleotídica completa do gene da
nucleoproteína do novo isolado de campo no Brasil IBVPR05 do VBI clonado no vetor
pGEM- T Easy (Query) com o mesmo gene da estirpe de referência M41 do VBI
depositado no Gene Bank (Sbjct) e identificado sob o número de acesso
DQ834384.......................................................................................................................34
Figura 14: Quantificação em gel de agarose do vetor pFLDα ligado ao gene da
glicoproteína S1 após linearização com a enzima Cla I (Invitrogen)..............................36
FIGURA 15: Alise nas técnicas de SDS-Page(A) e Western-Blotting (B), da proteína
recombinante S1 expressa em Pichia pastoris...............................................................38
Figura 16: Avaliação do perfil de crescimento da levedura Pichia pastoris GS 115
contendo apenas o vetor pFLDα, sem o gene da glicoproteína S1, na fase de
enriquecimento de biomassa em meios de composição mínima (A) e de composição
complexa (B)...................................................................................................................40
Figura 17: Avaliação do perfil de crescimento da levedura Pichia pastoris GS 115
contendo apenas o vetor pFLDα (GS115+pFLDα) e da levedura contendo o inserto
gênico da glicoproteína S1 do VBI (GS115+pFLDα+ S1) durante o processo de indução
x
que inclui a fase de suplementação com glicerol (0-36 horas) e indução da expressão
com metanol (0-96 horas), em meio de composição mínima (A) e complexa
(B)....................................................................................................................................42
FIGURA 18: Análise na técnica de Western Blotting da proteína recombinante S1,
fração intracelular, expressa em Pichia pastoris após cultivo em meio de composição
definida............................................................................................................................45
xi
LISTA DE ABREVIATURAS
AOX: Álcool oxidase
BI: Bronquite Infecciosa
BMGH: Buffered Glycerol Complex Medium with Histidine
BMMH: Buffered Methanol Complex Medium with Histidine
DHAS: Diidroxiacetona sintase
E. coli: Escherichia coli
ELISA: Enzyme Linked Imunossorbent assay
FLD: Formaldeído desidrogenase
HVR: Regiões hipervariáveis
LCA: Líquido cório alantóide
MCS: Sítio de clonagem múltipla
MGA: Minimal Glycerol with Ammonium Sulfate Medium
MMA: Minimal Methanol with Ammonium Sulfate Medium
MUT
+
: Methanol utilization plus
ORF: Open Reading Frame
PBS: Salina tamponada com fosfato
PCR: Reação em cadeia da polimerase
PMSF: Phenylmethylsulfonyl fluoride
RT: Transcrição reversa
SPF: Specific Pathogen Free
VBI: Vírus da Bronquite Infecciosa
VN: Vírus neutralização
YNB: Yeast Nitrogen Base with ammonium sulfate and without amino acids
YPD: Yeast Extract Peptone Dextrose Medium
YPDS: Yeast Extract Peptone Dextrose Medium with Sorbitol
xii
Clonagem e expressão do gene da glicoproteína S1 do Vírus da Bronquite
Infecciosa em Pichia pastoris
RESUMO: A glicoproteína S1 do vírus da broquite infecciosa (VBI) além de ser
altamente variável é responsável pela adsorção com os receptores das células
hospedeiras e pela indução de anticorpos vírus-neutralizantes e inibidores da
hemaglutinação em galinhas. A disponibilidade desse tipo de proteína pode contribuir
com o imunodiagnóstico e com a imunoprofilaxia da bronquite infecciosa aviária. O
presente estudo foi conduzido com a finalidade de fazer a clonagem e a expressão do
gene da glicoproteína S1 derivada da estirpe M41 do VBI no sistema constituído pelo
vetor pFLDα Picchia pastoris. O cDNA completo do gene S1 foi preparado a partir do
RNA extraído do líquido alantóide infectado com a estirpe M41 do VBI e o amplicon
obtido pela PCR foi clonado no vetor de expressão pFLDα. O plasmídeo foi linearizado
e usado na transformação da linhagem GS115 de Picchia pastoris por eletroporação.
Foi avaliada a influência da composição do meio de cultura sobre a produção de
biomassa e a expressão da proteína recombinante S1 durante a fase de indução. A
produção da proteína S1 recombinante foi detectada somente no compartimento
intracelular, embora o vetor pFLDα seja capaz de direcionar a ntese de uma proteína
heteróloga para a via secretora. A proteína recombinante foi caracterizada
imunoquimicamente como uma banda de aproximadamente 90 kDa e com reatividade
específica para os anticorpos monoclonais anti-polihistidina. Concluindo, o sistema
hospedeiro de células da levedura P. pastoris com o vetor pFLDα usado nesse estudo
comprovou ser um método eficaz para a produção no compartimento intracelular da
proteína recombinante S1 da estirpe M41 do VBI, com potencial para futura utilização
em técnicas de imuno-diagnóstico da bronquite infecciosa aviária.
Palavras-chave: Clonagem, expressão, Pichia pastoris, VBI, Glicoproteína S1.
xiii
Cloning and expression of the S1 glycoprotein gene of infectious bronchitis virus
in Pichia pastoris
SUMMARY: The glycoprotein (S1) of infectious bronchitis virus (IBV) has been
shown to be highly variable and responsible for attachment to the receptor in host
cellular membrane, induction of neutralizing and haemagglutination-inhibiting antibodies
in chickens. Thus, the availability of such protein can contribute to the immuno-diagnosis
and immunoprofilaxis of avian infectious bronchitis. The present study was carried out
aiming to clone and to express the gene of S1 glycoprotein from M41 strain fo IBV in the
system constituted by pFLDα vector Picchia pastoris. Full length cDNA of IBV S1
glycoprotein was prepared from RNA extracted from infected allantoic fluid and the
amplicon generated by PCR was cloned into yeast expression vector pFLDα to
construct the plasmid of pFLDα - S1 - IBV. This plasmid was linearized and then
transformed in Picchia pastoris GS115 by electroporation. The recombinant yeast clones
were cultivated and selected. The influence of media composition on biomass and in the
production of recombinant S1 during induction phase was studied. The production of
recombinant S1 protein was detected only in the intra-cellular compartment, though the
pFLDα vector would direct the synthesis for the secretor pathway. The recombinant
protein was characterized by SDS-PAGE and Western-Blotting as a band of a molecular
weight of approximately 90 kDa with specific reactivity against anti-Histidina monoclonal
antibodies. The use of complex media promotes an increase in biomass, but no soluble
S1 recombinant protein was produced. Concluding, the yeast system composed by
pFLDα - P. pastoris was efficient to express intra-cellularly the recombinant S1 protein
of M41 strain of IBV which has a potential to be used in the immuno-diagnosis of avian
infectious bronchitis.
Keywords: Cloning, expression, Pichia pastoris, VBI, S1 Glicoprotein.
1
I. INTRODUÇÃO
A bronquite infecciosa das galinhas é uma doença aguda e altamente contagiosa
que acomete aves da espécie Gallus gallus, caracterizada primariamente por sintomas
e lesões no trato respiratório e genito-urinário. Essa enfermidade tem um significante
impacto econômico pela perda na produção, pouco ganho de peso das aves,
diminuição na qualidade dos ovos, aumento da mortalidade, além de gastos com
medicamentos para controlar infecções bacterianas secundárias.
O vírus da bronquite infecciosa (VBI), patógeno causador da Bronquite
Infecciosa, dissemina-se com rapidez e facilidade entre as espécies de aves
susceptíveis. Esse vírus possui elevada variabilidade genética e antigênica em
decorrência das mutações e recombinações. No campo, isso leva a um isolamento
contínuo de novas estirpes variantes desse vírus, causando a quebra da imunidade
conferida pelas estirpes vacinais. Seu genoma é formado por RNA de fita simples, não
segmentado, de polaridade positiva e com aproximadamente 27,6 Kb para codificar três
proteínas principais: a nucleoproteína (N), a glicoproteína da matriz (M) e a
glicoproteína (S) que é composta por duas subunidades, S1 e S2.
A proteína S1 do Vírus da Bronquite Infecciosa das Galinhas (VBI) é a principal
indutora da resposta imune-protetora contra a infecção pelo vírus e é um dos principais
alvos antigênicos de testes de imunodiagnóstico que o destinados à identificação e
caracterização de amostras do VBI. foram produzidas preparações da proteína S1
recombinante utilizando batatas transgênicas, adenovírus, baculovírus e poxvírus. A
possibilidade de fazer a clonagem, a expressão e a caracterização da glicoproteína S1
do VBI, abre perspectivas interessantes com grande potencial de ser aplicada no
imunodiagnóstico da infecção causada por esse vírus, ou no monitoramento da
imunidade humoral induzida após a administração de vacinas contra a bronquite
infecciosa.
2
As células da levedura Pichia pastoris constituem-se em um dos sistemas
hospedeiros mais utilizados e bem sucedidos para a expressão de proteínas
heterólogas, seja no âmbito acadêmico ou industrial. Uma grande vantagem dessa
levedura está relacionada ao fato de ela combinar a capacidade de crescer em meio
mínimo a altas densidades celulares com baixos níveis de secreção de proteínas
endógenas, e a habilidade de secretar proteínas heterólogas eficientemente
simplificando sua recuperação. Ademais, este sistema consegue processar a maioria
das modificações pós traducionais requeridas por proteínas maiores ou de composição
mais complexa, tais como dobramento das cadeias polipeptídicas, processamento
proteolítico, formação de pontes dissulfeto e glicosilação, conservando as
características antigênicas das proteínas possibilitando sua aplicação em ensaios
diagnósticos e vacinas.
Recentemente esta levedura foi usada como um eficiente sistema para a
produção de diversas proteínas virais como a glicoproteína Tipo 1 do herpesvírus
bovino, o antígeno nuclear do rus da Hepatite B e C, a proteína Gag do rus da
Imunodeficiência adquirida tipo 1 (HIV-1), a glicoproteína de envelope do vírus da
dengue tipo 2 e a proteína VP2 do vírus da doença infecciosa da bursa
Em vista da importância em patologia e sanidade avícola do VBI, da carência de
meios mais rápidos, precisos e acessíveis de diagnóstico laboratorial da infecção por
ele causada, propôs-se a clonagem e expressão da proteína S1 em células de
leveduras Pichia pastoris, que pode se constituir em uma alternativa interessante e
eficiente para a geração de um importante antígeno, de potencial aplicação como é a
proteína S1.
3
II. REVISÃO DE LITERATURA
A bronquite infecciosa foi descrita pela primeira vez por SCHALK & HAWN
(1931) na cidade Dakota do Norte, EUA, espalhando-se rapidamente por todo o país
(COOK et al, 1996). No Brasil, foi diagnosticada pela primeira vez no ano de 1957 no
estado de Minas Gerais (HIPOLITO, 1957).
A importância econômica dessa doença decorre da diminuição na produção e
qualidade interna e externa dos ovos, diminuição da eclodibilidade, diminuição do
ganho de peso e aumento da mortalidade, além dos gastos com medicamentos para
debelar infecções bacterianas secundárias. (PENA et al, 2005).
O agente etiológico da bronquite infecciosa é o Vírus da Bronquite Infecciosa
(VBI), que pertence à ordem Nidovirales, família Coronaviridae e está classificado no
gênero Coronavírus. É um vírus pleomórfico, embora predominem as formas esféricas.
Seu genoma é formado por RNA de fita simples, não segmentada, de polaridade
positiva e com aproximadamente 27,6 Kb (PENA et al., 2005). Codifica a produção das
proteínas estruturais mais importantes: a nucleoproteína (N) de capsídeo, com cerca de
52 a 54 kDa; a glicoproteína de membrana (M) com cerca de 27 kDa e a glicoproteína
de superfície do envelope viral (S) a qual é clivada pós traducionalmente em S1 (84
kDa) e S2 (82 kDa), além de uma pequena proteína E (LAI & CAVANAGH, 1997;
MONEIN et al., 2006).
2.1. Glicoproteína S
Foi demonstrado que o gene da glicoproteína S consiste de aproximadamente
3400 a 3500 nucleotídeos e codifica uma proteína de 1145 a 1157 resíduos de
aminoácidos. Esta proteína é clivada após a tradução em S1, com 520 a 532 resíduos
de aminoácidos, compreendendo desde a extremidade aminoterminal para uma região
mais central da molécula e, em S2 com 625 resíduos de aminoácidos, que se distribui
desde essa região mediana do polipeptídio S até a extremidade carboxi-terminal dessa
mesma molécula (NIESTERS et.al., 1986).
4
Figura 01: Esquema do Vírus da Bronquite Infecciosa das galinhas.
Essas glicoproteínas encontram-se intimamente associadas com o envelope
viral, sendo que a subunidade S2 fixa essa molécula na camada lipídica do envelope,
enquanto a subunidade S1 está mais exposta na superfície viral e é responsável pela
interação com receptores específicos presentes na superfície de células alvo da
infecção pelo VBI para que ocorra a adsorção viral a tais células. As unidades S1 não
estão fortemente associadas a S2 e há pontes dissulfeto intrapeptídicas, mas não
interpeptídicas (CAVANAGH, 1993; CAVANAGH, 1995).
A unidade S1 pode ser removida por meio de tratamento com uréia, o que resulta
na perda de infectividade e da atividade de hemaglutinação, como conseqüência da
falha do vírus para adsorver-se às células alvo (CAVANAGH & DAVIS, 1986). Em
síntese, foi verificado que a glicoproteína S1 possui um papel crucial em dois processos
que são muito relevantes para a indústria avícola e se constituem nas principais
funções biológicas da mesma. Primeiramente, porque é a principal indutora da resposta
imune-protetora contra a infecção pelo VBI, constituindo-se em um dos principais alvos
antigênicos nos testes de imuno-diagnóstico que são destinados à identificação e
caracterização de amostras desse mesmo vírus (PENA et al., 2005; KOCH et al., 1990).
Ainda, nesse contexto, a glicoproteína S1 é a principal responsável pela geração
de anticorpos rus neutralizantes tendo sido demonstrado que a administração da
5
forma purificada dessa proteína foi capaz de estimular um estado de proteção contra o
desafio com estirpe virulenta do VBI (WANG et al., 2002). Desse modo, foi constatado
que essa glicoproteína pode ser usada na formulão de vacinas contra o VBI.
A propósito, as vacinas vivas e inativadas, por seu turno, que têm sido usadas
para controlar a bronquite infecciosa apresentam algumas desvantagens, sobretudo por
dependerem para a sua produção da propagação em ovos embrionados SPF (“specific
pathogen free”), um sistema oneroso e com grandes restrições. Além disso, vacinas
inativadas mostram-se bastantes seguras, mas tem um maior custo de produção e são
menos efetivas do que as vacinas vivas, enquanto que estas últimas podem propiciar o
surgimento de novas variantes do VBI (ZHOU et al., 2003), principalmente como
resultado de pequenas mudanças de aminoácidos na glicoproteína S1 decorrentes de
mutações, ou de recombinações (MONEIM et al., 2006; IGNJATOVIC & SAPATS, 2005;
JOHNSON et al., 2003; SONG et al., 1998;).
Ademais, com o auxilio de técnicas de indução de mutantes do VBI com
determinados anticorpos monoclonais neutralizantes contra esse vírus, foram
mapeados os principais sítios antigênicos nessa glicoproteína. Dessa forma, foi
verificado que a glicoproteína S apresenta oito sítios antigênicos mais importantes,
sendo que seis estão presentes na subunidade S1, e são identificados por S1- A/B/C;
que se encontram sobrepostos e S1-D, S1-E e S1-F. Já, na subunidade S2, localizam-
se mais dois sítios antigênicos S2-G e S2-H. Foi relatado, também, que esses sítios
antigênicos, com exceção de S1-F e S2-H, podem induzir a produção de anticorpos
vírus-neutralizantes, sendo, portanto, críticos na definição dos diferentes sorotipos do
VBI (CAVANAGH et al., 1984).
Em suma, deve ser destacado também que a glicoproteína S1 está envolvida
com a infectividade viral e contém os principais epítopos rus-neutralizantes, os quais
são constituídos por determinadas seqüências de aminoácidos que conferem a
especificidade de sorotipo a cada estirpe do VBI e, ainda, apresenta sítios responsáveis
pela atividade hemaglutinante desse mesmo vírus (LAI e CAVANAGH, 1997;
CAVANAGH, 1995). A glicoproteína S1 se caracteriza ainda por apresentar uma
variabilidade acentuada em determinadas sequências de aminoácidos de sua estrutura,
6
fenômeno este que foi identificado quando se fez a comparação dessas proteínas
provenientes de diferentes estirpes européias e também de algumas estirpes
pertencentes ao sorotipo Massachusetts (Mass) do VBI. Tais seqüencias são
denominadas de regiões hipervariáveis (HVR), tendo sido mapeadas 3 dessas regiões
para a glicoproteína S1: a região HVR I, que é delimitada pelos resíduos 56-69 de
aminoácidos, a região HVR II, compreendida entre os resíduos 117-131 de aminoácidos
e a região HVR III, que se estende do resíduo 250 ao 386 de aminoácidos. Vários
estudos têm demonstrado que todas essas três regiões estão diretamente associadas
na interação com anticorpos vírus-neutralizantes e, por conseguinte constituem os
determinantes sorotipo-específicos apresentados pelas diferentes estirpes do VBI
(CAVANAGH, et al., 1984)
2.2- Diagnóstico da Bronquite Infecciosa
A variabilidade antigênica do VBI juntamente com os diferentes tropismos
teciduais demonstrados por estirpes desse mesmo vírus, dificultam o diagnóstico e o
controle da infecção por este patógeno (VILLEGAS, 1997). Dessa forma, para se
alcançar um controle mais efetivo da bronquite infecciosa é necessário que seja feito
um rápido e correto diagnóstico, notadamente uma identificação e caracterização mais
precisa de seu agente etiológico. É imprescindível para isso o desenvolvimento de
métodos rápidos, específicos e sensíveis de detecção e classificação das estirpes virais
através de técnicas destinadas a otimização do sorodiagnóstico e do monitoramento da
imunidade pós-vacinal contra o VBI ou da caracterização antigênica de novos isolados
desse mesmo vírus.
Na busca de um maior aprimoramento das técnicas de diagnóstico laboratorial,
sabe-se que o uso de anticorpos monoclonais e a aplicação das técnicas moleculares
se constituem nos métodos mais avançados para este fim (PENA et al, 2005).
Ainda, no tocante aos métodos de sorodiagnóstico verifica-se que vários
procedimentos para serem aplicados, destacando-se os ensaios imunoenzimáticos em
fase sólida (ELISA) que fornecem dados importantes sobre os níveis de anticorpos
produzidos por aves infectadas ou vacinadas com o VBI. Em vista disso, a
7
disponibilidade de um polipeptídeo recombinante da glicoproteína S1 teria contribuições
relevantes para o uso como antígeno na técnica de ELISA, e também na produção de
anticorpos monoclonais direcionados contra fragmentos específicos da proteína S1 que
podem detectar e distinguir estirpes do VBI (HU et al., 2007).
A técnica convencional para diagnosticar o VBI depende diretamente do
isolamento viral em ovos embrionados SPF (GELB et al., 1991) ou em culturas
celulares, seguido da identificão por meio da reação de vírus-neutralização (VN)
(COOK, 1984).
Os métodos sorológicos mais utilizados no diagnóstico da BI são o teste de vírus-
neutralização, de inibição de hemaglutinação e o ELISA que é realizado com anticorpos
monoclonais ou policlonais (IGNJATOVIC & ASHTON, 1996).
Por outro lado, deve-se salientar que o diagnóstico rápido da infecção pelo VBI e
a determinação do estado de imunidade contra esse mesmo vírus em um plantel de
aves, são aspectos críticos para se conseguir uma melhor condição de controle da BI.
Para tanto, foi comprovado que os testes sorológicos e, dentre estes, os ensaios
imunoenzimáticos, quando realizados com reagentes e padrões apropriados, indicam
com elevada acurácia, as concentrações de anticorpos específicos anti - VBI, podendo
contribuir de forma relevante na avaliação e no monitoramento do estado imunitário em
criações com grande número de aves (MARQUARDT et al., 1981; SNYDER et al.,
1983).
Atualmente a suspensão purificada do VBI por ultra - centrifugação em gradiente
de sacarose é rotineiramente usada para ser adsorvida, na primeira etapa da reação,
ao suporte sólido (superfície da cavidade da microplaca), dentro do desenho dos atuais
kits comerciais de ELISA. A purificação de partículas do VBI requer, por sua vez, a
propagação freqüente desse vírus em sistemas de células eucarióticas, no caso
específico desse vírus, em ovos embrionados SPF. Em adição a isso, os imuno-
reagentes mais eficientes e confiáveis para serem usados nos ensaios imuno-
enzimáticos, exigem a utilização de preparações altamente purificadas desse vírus. Isso
torna bastante difícil e oneroso os procedimentos para purificação de um vírus
envelopado e com elevada labilidade de conservação da estrutura nativa dos seus mais
8
importantes antígenos; especialmente as glicoproteínas das espículas de superfície,
como é o VBI (NDIFUNA et al., 1998, WANG et al., 2002).
Dentre os vários testes sorológicos para o VBI, o ELISA tem-se mostrado o mais
sensível e o mais amplamente usado para o monitoramento dos plantéis avícolas,
especialmente nas criações industriais de maior porte. Uma vez que o ELISA não é um
ensaio sorotipo-específico para o VBI (MARQUADT et al., 1981), ele se torna
apropriado para avaliar as respostas imunes induzidas por vacinas preparadas com
diferentes sorotipos do VBI. O uso de kits comerciais de ELISA para a detecção de
anticorpos é rotineiramente adotado em várias partes do mundo e, inclusive, no Brasil.
Considerando-se que as microplacas dos kits comerciais de ELISA são adsorvidas com
partículas virais inteiras do VBI, esses ensaios detectam anticorpos contra todos os
principais antígenos desse vírus e já é reconhecido que a glicoproteína S1 é
diretamente responsável pela interação com anticorpos vírus-neutralizantes e inibidores
da hemaglutinação (KUSTERS et al., 1990). Dessa forma, se for possível revestir as
cavidades das microplacas de ELISA apenas com a glicoproteína S1, os anticorpos
detectados nessa reação poderiam apresentar uma maior correlação com aqueles que
exercem atividade vírus-neutralizante, o que proporcionaria algumas informações
adicionais biologicamente relevantes quando da aplicação desse tipo de técnica
imunológica.
2.3 Controle da infecção pelo VBI
O controle da BI está principalmente fundamentado no uso de vacinas
formuladas com estirpes "vivas" e atenuadas do VBI, ou ainda com estirpes inativadas
associadas a adjuvantes oleosos. No entanto, a BI permanece, em vários países,
inclusive no Brasil, como um dos problemas mais proeminentes para a sanidade
avícola, mesmo com a ampla utilização das vacinas acima mencionadas, indicando a
importância e a necessidade de que sejam procuradas algumas novas alternativas de
preparações imunogênicas mais eficazes para fazer frente aos mecanismos de evasão
desse vírus que não raro conduzem a ruptura do estado de imunidade conferido por
essas vacinas nos hospedeiros imunizados. Assim, surtos de infecção pelo VBI
9
continuam ocorrendo em aves vacinadas, devido à baixa proteção cruzada conferida
pelas estirpes vacinais em relação às variantes de campo, que constantemente estão
surgindo em plantéis de aves comerciais (COOK, 1984; DAVELAAR et al, 1984; GELB
et al,1991; JIA et al., 1995; KING, 1988).
2.4- Sistema Pichia pastoris para clonagem e expressão de proteínas heterólogas
A base conceitual do sistema de expressão de P.pastoris vem da observação
que algumas enzimas necessárias para o metabolismo do metanol estão presentes em
níveis substanciais somente quando as células crescem em meio contendo metanol
(EGLI et al., 1980). Estudos bioquímicos mostraram que a utilização de metanol requer
um novo caminho metabólico envolvendo algumas enzimas únicas. A enzima álcool
oxidase (AOX) catalisa o primeiro passo no caminho de utilização do metanol, a
oxidação deste a formaldeído e peróxido de hidrogênio. AOX é armazenada dentro de
peroxissomos somente com catalase, que degrada o peróxido de hidrogênio em água e
oxigênio. A porção formaldeído gerada pela AOX sai do peroxissomo e é mais oxidada
para formar dióxido de carbono por duas desidrogenases citoplasmáticas, reações que
são a fonte de energia das células crescendo em metanol. O formaldeído restante é
assimilado para formar constituintes celulares por um caminho cíclico que se inicia com
a condensação do formaldeído com xilulose-5-monofosfato, uma reação catalisada por
uma terceira enzima peroxissomal a diidroxiacetona sintase (DHAS). Os produtos dessa
reação, gliceraldeído-3-fosfato e diidroxiacetona saem do peroxissomo e entram em um
caminho citoplasmático que regenera a xilulose-5-monofosfato. Duas das enzimas do
caminho do metanol, AOX e DHAS estão presentes em altos níveis no crescimento
celular em metanol mas não são detectáveis em células crescendo em outras fontes de
carbono(glicose, glicerol, etanol). AOX constitui mais de 30% do total de proteínas
solúveis da levedura (COUDERC et al., 1980; HARTNER & CLIEDER, 2006). As vias
de processamento do metanol são mostradas na figura 02.
10
Figura 02: O caminho do metanol em P. pastoris. 1-álcool oxidase, 2-catalase, 3-formaldeído
desidrogenase, 4-fomato desidrogenase, 5-diidroxiacetona sintase, 6-diidroxiacetona quinase,
7-frutose-1,6-bifosfato aldolase, 8-frutose 1,6-difosfatase.
2.4.1- Vetores de expressão para o sistema Pichia pastoris
Todos os vetores têm sido desenhados como vetores fechados para E. coli/P.
pastoris, contendo uma origem de replicação para manutenção do plasmídeo em E. coli
e marcadores funcionais em um ou ambos os microrganismos. Muitos vetores de
expressão têm um cassete de expressão composto de um fragmento de AOX1 com 0,9-
Kb que contém uma seqüência promotora 5’ e. em direção a parte 3’, um segundo
fragmento curto derivado desse mesmo gene AOX1 contendo seqüências necessárias
para terminação da transcrição. Entre as seqüências promotora e de terminação está o
local de múltipla clonagem (MCS) para inserção da seqüência codificante heteróloga.
Além disso, para secreção de proteínas heterólogas, vetores permitem fusão “in frame”
das proteínas como um sinal de secreção da P. pastoris, o PHO1 (ácido fosfatase) ou
fator α-MF de S. cerevisia (CEREGHINO & CREGG, 2000).
O mapa do vetor de expressão utilizado neste estudo está ilustrado na figura 03
e a descrição de seus compontentes etá contida na tabela 01.
11
Figura 03: Mapa do vetor pFLDα (Invitrogen).
Tabela 01: Principais componentes do vetor pFLDα (Invitrogen) e suas funções.
Componente Função
Promotor FLD1
Fragmento de 597 pb contendo o promotor FLD1 que
permite a indução por metanol ou metilamina e alto nível
de expressão do gene de interesse em P. pastoris.
Direciona a integração do plasmídeo no locus FLD1.
Sinal de secreção fator-α
Codifica o sinal de secreção nativo de Saccharomyces
cerevisiae que permite eficiente secreção de muitas
proteínas.
MCS
Sítio de clonagem múlipla. Permite a inserção do gene
de interesse no vetor.
Epítopo V5
Permite a detecção da proteína recombinante de fusão
com o anticorpo Anti-V5 ou Anti-V5-HRP.
Cauda C-terminal poli histidina
Permite a purificação da proteína recombinante de fusão
em resina quelante-metal como as ProBond. Também é
um epítopo para o Anticorpo Anti-His e Anti-His-HRP.
12
Região AOX1 TT
Terminação da transcrição nativa e sinal de
poliadenilação do gene AOX1 (aproximadamente 260pb)
que permite eficiente processamento do RNAm, incluindo
poliadenilação para maior estabilidade .
Promotor TEF1
Promotor de transcrição do gene de elongação fator 1 de
Saccharomyces cerevisiae que direciona expressão do
gene de resistência a Zeocina em P. pastoris
Promotor T7
Promotor sintético procariótico que direciona a expressão
constitutiva do gene de resistência a Zeocina em E. coli.
Gene resistência a Zeocina (Sh
ble)
Permite seleção de transformantes em E. coli e P.
pastoris.
Região de terminação da
transcrição CYC1
Extremidade 3’ do Gene CYC1 de Saccharomcyces
cerevisiae que permite eficiente processamento do
RNAm do gene de resistência a Zeocina e aumenta sua
estabilidade.
Origem pUC
Permite replicação e manutenção do plasmídeo em E.
coli
2.4.2- Promotor FLD1
Embora o promotor AOX1 tenha sido usado com sucesso para expressar
numerosos genes heterólogos circunstâncias em que este promotor não é
adequado. Por exemplo, o uso de metanol para induzir expressão gênica pode não ser
apropriado para a produção de itens alimentícios. Além disso, o metanol é inflamável, e
é necessário em grandes quantidades para fermentação em larga escala. Com isso,
promotores que não são induzidos por metanol são atrativos para a expressão de
certos genes sendo eles GAP, FLD1, PEX8 e YPT1 (CEREGHINO & CREGG, 2000).
O promotor do gene que codifica a formaldeído desidrogenase (FLD) utiliza o
promotor de uma enzima chave no metabolismo de certas aminas metiladas como fonte
de nitrogênio e metanol como fonte de carbono. O promotor FLD1 pode ser induzido por
metanol como fonte de carbono (e sulfato de amônia como fonte de N) ou metilamina
13
como fonte de N (e glicose como fonte de C). O promotor FLD1 oferece a flexibilidade
de induzir altos níveis de expressão usando metanol ou metilamina, uma fonte de N
barata e não tóxica (SHEN et al, 1998).
2.4.3- Condições de cultivo
A P. pastoris é pouco fermentadora, o que representa uma maior vantagem em
relação à levedura S. cerevisiae. Em culturas com alta densidade celular, o etanol (um
dos produtos da fermentação) rapidamente atinge níveis tóxicos que limitam o
crescimento e a produção de proteínas heterólogas Com essa preferência pelo
crescimento respiratório P. pastoris pode ser cultivada em densidades extremamente
altas (500 OD
600
U mL
-1
) em ambiente controlado. O crescimento fermentativo é
especialmente importante para proteínas secretadas onde a concentração do produto
no meio é diretamente proporcional à concentração de células na cultura. Outro aspecto
positivo é que o nível de transcrição iniciado do promotor AOX1 pode ser 3-5 vezes
maior em células crescendo em metanol. Assim, em proteínas expressas
intracelularmente, o produto é significativamente maior em culturas de células
fermentadoras. Além disso, o metabolismo do metanol utiliza oxigênio a altas taxas, e a
expressão de genes heterólogos é negativamente afetada pela limitação de oxigênio.
Somente em ambiente controlado de fermentação é possível monitorar e ajustar o
níveis de oxigênio no meio de cultura. Embora algumas proteínas heterólogas tenham
sido bem expressas em culturas “shake-flasks”, níveis de expressão são tipicamente
baixos quando comparados a culturas fermentadoras. Para otimizar a expressão de
proteínas heterólogas, protocolos foram desenvolvidos. Em geral, as linhagens crescem
inicialmente em meio definido contendo glicerol como fonte de carbono. Durante esse
tempo há acúmulo de biomassa mas a expressão do gene heterólogo é reprimida. Após
a retirada do glicerol, uma fase de transição é iniciada. Finalmente, o metanol ou uma
mistura de glicerol+metanol é adicionado à cultura para induzir a expressão. As
condições de crescimento de P. pastoris são ideais para produção em larga escala
porque os componentes do meio são baratos e definidos, consistindo de fontes puras
de carbono, biotina, sais e água. Esse meio é livre de ingredientes não definidos que
14
podem ser fonte de pirógenos ou toxinas e assim é compatível com a produção de
fármacos humanos. Além disso, o baixo pH do meio e a presença do metanol dificultam
a contaminação por outros microorganismos (CEREGHINO & CREGG, 2000).
2.4.4- Secreção de proteínas heterólogas
A maior vantagem da P. pastoris sobre os sistemas de expressão bacterianos é
que as leveduras têm o potencial de realizar muitas modificações pós-traducionais
tipicamente associadas com eucariotos superiores como o processamento de
seqüências sinal, dobramentos, formação de pontes dissulfeto, adição de certos tipos
de lipídios e glicosilação O e N-ligada.
Proteínas heterólogas expressas em P. pastoris podem ser produzidas intra e
extracelularmente. Devido ao fato de que a levedura secreta apenas baixos níveis de
proteínas endógenas, as proteínas secretadas constituem a vasta maioria do total de
proteína no meio. Além disso, direcionar a proteína heteróloga para o meio pode servir
como um primeiro passo na purificação. Contudo, devido a estabilidade da proteína e
dobramentos necessários, a opção de secreção é normalmente reservada a proteínas
heterólogas que são normalmente secretadas por seus hospedeiros nativos. Usando
vetores selecionados, pesquisadores podem clonar um gene ‘in frame’ com seqüências
contendo o sinal nativo, o peptídeo α-MF de S. cerevisiae, ou o sinal PHO1 (P. pastoris
Acid Phosphatase). Embora diferentes seqüências sinal de secreção, incluindo o sinal
de secreção nativo presente em proteínas heterólogas, estarem sendo usados com
sucesso, os rendimentos têm sido variáveis. O peptídeo fator α de S. cerevisiae têm
sido usado com muito sucesso para a secreção de proteínas heterólogas. A seqüência
sinal consiste de 19 aminoácidos (pré) seguido por 66 resíduos (pró) contendo sítios de
glicosilação N-ligados e um sítio de processamento da endopeptidase Kex2. A
seqüência sinal prepro α-MF S. cerevisiae é o sinal mais amplamente usado. Em
alguns casos ele é melhor sinal de secreção que a seqüência líder da proteína
heteróloga nativa. (KURJAN & HERSKOWITZ, 1982; BRAKE et al., 1984)
15
III. OBJETIVOS
3.1. Desenvolver e estabelecer um sistema hospedeiro heterólogo constituído por
células de leveduras da espécie Pichia pastoris para a expressão o gene da
glicoproteína S1 da estirpe M41 do vírus da bronquite infecciosa aviária, obtido a partir
do produto amplificado de toda a open reading frame (ORF) desse mesmo gene por
RT-PCR a partir do RNA genômico viral.
3.2. Caracterizar imunoquimicamente a proteína S1 recombinante expressa em
leveduras da espécie Picchia pastoris.
16
IV. MATERIAL E MÉTODOS
4.1- Propagação Viral
A estirpe M41 foi multiplicada na cavidade córion-alantóide de ovos embrionados,
livres de patógenos específicos SPF, com 9 a 11 dias de idade. Após 36 h de
inoculação, estes ovos foram resfriados a 4 ºC, por um período mínimo de 4 h. Após
decorrido esse tempo, o liquido cório-alantóide (LCA) foi colhido e centrifugado a 2500
xg a C por 30 min, ocorrendo assim a clarificação da suspensão viral. O volume total
obtido foi separado em alíquotas de 2 mL e armazenado a - 70°C.
4.2- Oligonucleotídeos Iniciadores
Foram desenhados oligonucleotídeos iniciadores específicos para amplificar toda
a open reading frame” (ORF) do gene codificador da glicoproteína S1, que no caso da
estirpe M41 do VBI perfaz um total de 1541 pb. Para isso consultou-se a seqüência de
nucleotídeos do VBI cadastrado sob n-º de acesso M21883 do GeneBank. Com auxílio
de programas computacionais como Gene Runner (versão 3.05, Hastings Software,
Inc.) e BioEdit Sequence Alingment Editor (versão 7.0.4.1, 1997-2005 Tom Hall) as
características sico-químicas e desempenho da técnica de PCR foram analisadas. Os
iniciadores obtidos então foram: Forward: 5’- CACGTGATGTTGGTAACACCTCTTTT-3’
com o sítio de restrição para a enzima Pml I incluído, e Reverse 5’-
CCGCGGAGAACGTCTAAAACGACG - 3’, com o tio de restrição para a enzima Sac II
incluído. Com isso pode-se amplificar toda a região de interesse, obtendo-se um
fragmento de 1613 pb. A inserção dos sítios de restrição das enzimas Pml I e Sac II foram
necessários para a retirada do gene de interesse do vetor de clonagem pGem T- Easy
(Promega) e sua inseão no vetor de expressão pFLDα (Invitrogen).
17
4.3- Extração do RNA viral
A extração do RNA da estirpe M41 do VBI foi realizada a partir de suspensão de
líquido alantóide infectado e através dos procedimentos do kit comercial Trizol LS
Reagent (Invitrogen), seguindo-se as recomendações do fabricante.
4.4- Clonagem do gene da glicoproteína S1 do VBI em E. coli DH10b
Primeiramente foi preparado o cDNA a partir do RNA genômico, tendo sido
aplicada a técnica de RT (transcrição reversa) e de PCR (Reação em Cadeia da
Polimerase). Para tanto, incubou-se dNTP (0,5 mM), Randon Primers (0,15 µg/l ) e o
RNA previamente extraído a 25°C por 10 min. Acrescentou-se, em seguida, o tampão
apropriado da enzima transcriptase reversa [Tris-HCl 50 mM, pH 8,3 ; HCl 75mM, MgCl
2
3mM] incubando-se por 2 min a 42°C. Após esse procedimento foi acrescentada a
enzima transcriptase reversa (Superscript da Invitrogen). A reação total foi encubada a
42°C por 60 min, e por fim, a 70 °C por 15 min em um Termociclador TECHNE
PROGENE ® (Techne Incorporat, Duxfod CAMBRIDGE, UK). Segui-se a reação de
PCR onde o cDNA obtido foi amplificado com a utilização dos oligonucleotídeos
iniciadores previamente elaborados (item 4.2) e a enzima Taq DNA polimerase “High
Fidelity” (Invitrogen).
O produto amplificado (1613 pb) foi purificado através da utilização do “kit”
comercial GFX PCR DNA and Gel Band Purification Kit (Amershan), de acordo com as
especificações do fabricante, para depois ser ligado ao vetor pGEM-TEasy (Promega)
(Figura 04), segundo as recomendações do fabricante. O plasmídeo recombinante
obtido foi utilizado para a transformação de células de E. coli da linhagem DH10b
previamente tornadas competentes, por choque térmico sendo que os transformantes
foram selecionados em meio 2x LB Sólido com 50 µg/ml de ampicilina, e as placas
foram recobertas com uma camada de X-Gal. Com isso pode-se distinguir os clones
que foram transformados com o plasmídeo integro, contendo o vetor e o gene da
glicoproteína S1, sendo que estes formaram colônias de coloração branca nas placas.
Foram extraídas as amostras de DNA plasmidial dos clones previamente
coletados e estocados em meio LB 2x com ampicilina (item 8.2.2) utilizando-se o kit
18
comercial “Wizard Plus SV Minipreps Dna Purification System” (Promega). Após a
extração do DNA dos clones bacterianos foi feita a confirmação da presença de
plasmídeos contendo o inserto do gene S1 do VBI, por meio da técnica de PCR com
combinações de oligonucleotídeos iniciadores, bem como se fez a determinação da
quantidade de DNA, em espectrofotômetro UV, nos comprimentos de onda de 260nm e
280nm (SAMBROOK, et al. 1989).
Figura 04. Mapa do vetor pGem-T E asy (Promega) utilizado para a clonagem do gene da
glicoproteína S1 em células de E. coli
Após isso o DNA extraído foi incubado com as enzimas Pml I (Biolabs) e Sac II
(Biolabs) a 37ºC por 1 hora conforme recomendações do fabricante. Após puficação
utilizando o Kit “GFX PCR DNA and Gel Band Purification (Amershan) foi ligado ao
vetor de expressão pFLDα (Figura 03), sendo o plasmídeo recombinante obtido foi
utilizado na transformação de E.coli DH10b. Os clones transformantes foram
selecionados em meio 2x LB Sólido com ampicilina (item 8.2.1) e foram utilizados para
extração de DNA. Ao final dessa etapa, preparações de DNA plasmidial obtidas a partir
dos clones transformantes foram analisadas por eletroforese em gel de agarose para a
confirmação da presença e do tamanho correto do fragmento a ser expresso.
Além disso, as amostras de DNA plasmidial obtidas foram submetidas à reação
de seqüenciamento, utilizando-se 2µl de “Big Dye Terminator” (Perkin Elmer), 2µl de
19
tampão [2,5X] (Tris-HCl 200mM, pH 9,0 e MgCl
2
5Mm), 10 pmoles/µl de cada um dos
iniciadores do vetor de expressão sendo os oligonucleotídeos: sense AOX(-) (5’
GCAAATGGCATTCTGACATCC 3’) e antisense Fator α (5’
TACTATTGCCAGCATTGCTGC 3’) do vetor pFLDα, 100ng de DNA e água destilada
grau Milli-Q, previamente esterilizada (q.s.p) 10µl. As amplificações foram realizadas
em placas de 96 poços conforme o programa recomendado pelo fabricante. Após
amplificação, o produto da reação de PCR, “cycle-sequecing”, foi purificado por meio da
adição de isopropanol. Ao final, as placas foram mantidas à temperatura ambiente, por
20 min, para a secagem das amostras.
A reação de seqüenciamento do DNA foi realizada no aparelho ABI PRISM 3700
DNA Analyzer (Applied Biosystems, Foster-City, CA, USA). A seqüência de
nucleotídeos foi compilada e analisada usando-se o programa Clustal W (THOMPSON
et al., 1994) e para comparar a similaridade de cada um dos clones analisados com a
estirpe M41 do VBI, foi empregada a seqüência do gene S depositada no GenBank
citada anteriormente.
4.5- Expressão da proteína recombinante S1 em Pichia pastoris linhagem GS 115
4.5.1- Linhagem de Pichia pastoris
A linhagem de expressão usada no estudo foi a P. pastoris GS115 transformada
com o plasmídeo pFLDα (Invitrogen, Carlsbad, CA, USA) contendo o gene da
glicoproteína S1 do Vírus da Bronquite Infecciosa (Gene bank M21883) previamente
clonado em células de E. coli DH 10b. GS115 é uma linhagem his 4
-
e necessita de
suplementação com histidina no meio para crescer. pFLDα contém o promotor da
formaldeído desidrogenase, uma enzima envolvida na metabolização do metanol, além
da seqüência líder fator-α de Saccharomyces cerevisiae para secreção do produto
recombinante. Clones transformados foram selecionados com o gene de resistência à
Zeocina. Todos os transformantes gerados apresentam o fenótipo MUT
+
(methanol
20
utilization plus) considerando-se que a integração do cassete de expressão não
interfere na orf da álcool oxidase.
4.5.2 - Linearização e purificação do plasmídeo recombinante
Após a clonagem do gene de interesse em células de E. coli DH10b, o plasmídeo
recombinante obtido foi linearizado com a enzima Cla I (Invitrogen) segundo
recomendações do fabricante. A esta digestão seguiu-se a precipitação e purificação do
DNA utilizando-se acetato de amônio 7,5M e etanol. Após isso o material foi
quantificado em gel de agarose com Low Mass e em espectrofotômetro. O DNA obtido
foi utilizado para a eletroporação de células de P. pastoris GS115.
4.5.3.- Eletroporação em Pichia pastoris
Inicialmente as células de P. pastoris foram preparadas para a eletroporação.
Para isso, as células da linhagem GS115 foram crescidas em 10 mL de meio YPD
líquido (item 8.2.3) por 16-18 horas a 30ºC, sob agitação de 250 rpm (pré-inóculo).
Foram inoculados 5mL do pré-inóculo em 100 mL de meio YPD quido que
permaneceram a 30ºC sob agitação de 250 rpm até ser obtida uma densidade óptica a
600 nm (DO
600
) de 1,3-1,5. Posteriormente as células foram centrifugadas a 1500xg por
5 minutos. O sobrenadante foi descartado e ressuspendido com 30 mL de água gelada
estéril. Após isso, as células foram centrifugadas novamente a 1500xg, 4ºC, e o
sobrenadante descartado e novamente ressuspendido em 30 mL de água estéril
gelada. A solução foi centrifugada a 1500xg, 4ºC por 5 minutos. Posteriormente as
células foram ressuspendidas em 10 mL de Sorbitol 1M (item 8.1.9) gelado. A solução
de células foi mantida em gelo por 5 minutos e novamente centrifugada a 1500xg por 5
minutos. O sobrenadante foi descartado e as células foram ressuspendidas em 0,2 mL
de Sorbitol 1M gelado. Tais células não podem ser estocadas.
O equipamento utilizado para a eletroporação foi o Gene Pulser II (Biorad) sendo
as condições ideais para a eletroporação: capacitância de 25 µF, resistência mínima de
200, voltagem de 1,5KV. O procedimento de preparo da reação foi feito em gelo, no
interior do fluxo laminar onde foi separado um microtubo de 1,5mL contendo 120 µL das
21
células previamente tornadas competentes onde foram adicionados 20µg de DNA
linearizado previamente purificado ressuspendido em água deionizada. A solução foi
homogenizada e transferida para um cuveta específica, Gene Pulser Cuvette (Biorad) e
que permaneceu no gelo por 5 minutos. Após a eletroporação a cuveta foi levada para o
fluxo laminar onde foi adicionado 1mL de Sorbitol 1M gelado. A reação foi
homogenizada e transferida para um tubo falcon de 15 mL que foi incubado sem
agitação a 30ºC por 1 hora. Após isso, foi adicionado 1 mL de meio YPD sem antibiótico
e a cultura permaneceu em estufa por 1 hora a 30ºC sob agitação de 200 rpm. Após
isso, foram plaqueados de 50 a 200 µL de cultura em meio YPDS sólido (item 8.2.6). As
placas foram mantidas em estufa a 30ºC por 2-3 dias. As colônias formadas foram
coletadas com palito de dente estéril e armazenadas em placas de 96 cavidades tipo
Cluster contendo 400µL de meio YPDS líquido (item 8.2.5). Após agitação de 250 rpm
por 16-18 horas a 30ºC, foi adicionado 200µL de glicerol 80% estéril em cada poço e a
placa foi armazenada a -80ºC.
4.5.4 - Indução da expressão da glicoproteína S1 do VBI
Todos os cultivos foram iniciados com um pré-inóculo em 5mL de YPD (item
8.2.3) sob agitação de 250 rpm, 30ºC por 16-18 horas.
Após isso a cultura foi centrifugada e as células ressuspendidas em meio mínimo
com glicerol MGA (item 8.2.7) onde permaneceram sob agitação por 36 horas para
acúmulo de biomassa. A indução da expressão do gene de interesse deu-se após a
centrifugação e ressuspensão da cultura em meio MMA (item 8.2.8) onde permaneceu
sob agitação por 96 horas.
4.6- Separação das proteínas do extrato bruto da levedura recombinante
Inicialmente as culturas foram centrifugadas por 3 minutos a 14000g para a
separação do sobrenadante e das células.
Para a extração das proteínas intracelulares totais as células foram
ressuspendidas em tampão de lise (item 8.1.11) e centrifugadas a 3000g, 4ºC por 10
minutos. Após isso as células foram novamente ressuspendidas em 2mL de tampão de
22
lise e foi adicionado igual volume de “glass beads”. As culturas foram agitadas em
vórtex por 60 minutos permanecendo um minuto em vórtex e um minuto no gelo. A lise
foi sucedida por uma centrifugação a 12000g, 4ºC, 10 minutos. O sobrenadante colhido
foi submetido a análise imunoquímica.
As proteínas secretadas presentes no sobrenadante da cultura foram
concentradas usando Polietileno glicol (PEG) 8000 e NaCl. Inicialmente o volume do
sobrenadante foi medido e sob agitação suave foi adicionado 2,7% do volume em
massa de NaCl e 8,7% de PEG 8000. Após dissolução completa do PEG e do NaCl o
sobrenadante permaneceu sob agitação por 1h a 4ºC.Após isso foram incubados em
geladeira por 16-18 horas. As proteínas foram peletadas após centrifugação a 10000g,
4ºC, 30 minutos. O “pellet” formado foi ressuspendido em 200µL de tampão TEN (0,1M
NaCl, 10mM Tris-HCl pH 8,0, 1mM EDTA pH 8,0) pH 7,4 e foram conservados com
adição de 25 µL de PMSF 10mM.
As proteínas extraídas da fração intracelular e do sobrenadante concentrado
foram dosadas pelo método de Bradford (BRADFORD, 1976)
4.7 - Análise da Proteína S1 Expressa por Eletroforese de gel de poliacrilamida
SDS e Western blotting
As amostras foram solubilizadas em tampão contendo 62,5mM Tris-HCl, pH6,8,
1% SDS, 10% de glicerol, 0,001% de azul de bromofenol e 1% de 2-mercaptoetanol,
fervidas por 5 minutos e aplicadas em 2 géis de poliacrilamida com concentração de 9%
no gel de separação. A separação eletoforética pela técnica de PAGE-SDS foi realizada,
usando-se um sistema de tampão descontínuo. As bandas polipeptídicas foram, ao final,
detectadas, em um dos géis, através da coloração com Coomassie Blue.
Os polipeptídeos previamente separados pela eletroforese no gel de
poliacrilamida foram eletrotransferidos em cuba úmida para uma membrana de PVDF,
usando-se um tampão de transferência contendo 50mM de Tris, 384mM de glicina e
20% (v/v) de metanol pH 8,3, sendo o processo realizado a 90V por 45 minutos. Após o
fim da transferência, a eficiência da mesma foi verificada corando-se a membrana com
0,1% Ponceau S dissolvido em ácido acético 1%, descorando-se a seguir com água
23
destilada. Em seguida, a membrana foi submetida a lavagens com água deionizada e
bloqueada com 10 mL de PBS (salina tamponada com fosfato; 0,01 M tampão fosfato;
2,7 mM KCl2; 137 mM NaCl; pH 7,4); 5% de leite em pó desnatado e 0,02% Tween-20,
sob agitação suave por uma hora, a temperatura ambiente. Procedeu-se, na fase
seguinte, a reação com anticorpos monoclonais anti-poli histidina na diluição 1:500, na
presença de PBS 0,01M 5% e 0,02% Tween-20, sob agitação suave por uma hora.
Após este passo, foram realizadas lavagens subseqüentes com PBS (Tampão salina
saturado em fosfato) e PBST (Tampão salina saturado em fosfato + 1% Tween).
O conjugado imunoenzimático de peroxidase com o anticorpo de coelho anti IgG
de camundongo foi utilizado para revelação do complexo antígeno-anticorpo, na diluição
1:500 em PBS-LPD 5%. Após a incubação por uma hora, a membrana foi novamente
lavada com PBS e PBST e a reação de desenvolvimento da cor se desenvolveu com a
mistura do cromógeno mais substrato específico (FAST DAB SIGMA) contendo dietil-
amino-etil-benzidina (0,7mg) e peróxido de hidrogênio - uréia (1,6mg). Para interrupção
da reação de degradação enzimática, a membrana foi lavada com água deionizada e
posteriormente dessecada em temperatura ambiente; ao final foi guardada em local
escuro.
4.8- Delineamento experimental para determinar o perfil de crescimento na pré-
indução:
Para a análise da cinética de crescimento da linhagem GS115 na fase de acúmulo
da biomassa (pré-indução), as leveduras da espécie P. pastoris foram transformadas
por eletroporação apenas com o vetor pFLDα sendo que este foi previamente
linearizado com a enzima ClaI conforme recomendações do fabricante. Os
transformantes foram selecionados pelo crescimento em meio sólido YPDS com
Zeocina (item 8.2.6). Dois clones foram cultivados simultaneamente para a análise.
Inicialmente cresceram em 5mL de YPD (item 8.2.3), a 30ºC, 250 rpm, 16-18 horas. As
culturas foram centrifugadas e ressuspendidos em 50 mL dos meios a serem avaliados
sendo três deles de composição mínima: MGA-1 (0,17% YNB, 4x10
-5
%
Biotina, 1%
24
Glicerol, 0,5% Sulfato de amônio, 0,004% Histidina), MGA-2 (0,34% YNB, 4x10
-5
%
Biotina, 1% Glicerol, 0,5% Sulfato de amônio, 0,004% Histidina), MGA-3 (item 8.2.7)
(1,34% YNB, 0,02%
Biotina, 2% Glicerol, 0,5% Sulfato de amônio, 0,004% Histidina); e
um de composição complexa BMGH (item 8.2.9) (1% Extrato de levedura, 2% Peptona,
100mM Tampão Fosfato pH 6,0, 1,34% YNB, 4x10
-5
%
Biotina, 1% Glicerol, 0,004%
Histidina) . As culturas foram colocadas em erlenmeyers de 250 mL e mantidas em
agitação de 250 rpm, 30ºC. Para avaliar o crescimento dos clones de leveduras
transformados foram realizadas medições da densidade óptica a 600 nm (DO
600
) nos
intervalos de 0h, 6h, 12h, 18h, 24h, 36h, 48h, 60h e 72h.
4.9- Delineamento experimental para determinar o perfil de crescimento na fase
de indução
Os clones anteriormente avaliadas, contendo apenas o vetor pFLDα foram
novamente cultivados e além deles um outro clone de P. pastoris transformado com o
vetor pFLDα contendo o inserto do gene da glicoproteína S1 do VBI . Inicialmente foram
cultivados em YPD (item 8.2.3) nas mesmas condições descritas anteriormente.
Durante a pré indução foram cultivados em volumes de 25 mL contidos em erlenmeyes
de 250 mL por 36h. Foram realizadas leituras da DO
600
nos intervalos de 0h, 12h, 18h,
24h e 36h. Após isso as células foram centrifugadas e ressuspendidas em 50 mL dos
meios de indução MMA (item 8.2.8) (1,34% YNB, 0,02% Biotina, 1% Metanol, 1%
Sulfato de anio, 0,004% Histidina) e BMMH (item 8.2.10) (1% Extrato de levedura,
2% Peptona, 100mM Tampão Fosfato pH 6,0, 1,34% YNB, 4x10
-5
%
Biotina, 0,5%
Metanol, 0,004% Histidina) em erlenmeyers de 250 mL cobertos com uma camada de
gaze. Foram realizadas leituras da DO
600
com 0h, 24h, 48h, 72h e 96h de cultivo. A
cada 24h foi realizada a separação de proteínas de 50 mL de cultura do clone
transformado com o vetor pFLDα contendo o gene de glicoproteína S1 para a avaliação
do intervalo de maior expressão da proteína recombinante
25
V. RESULTADOS E DISCUSSÃO
As técnicas moleculares de clonagem e expressão de proteínas heterólogas em
sistemas de procariotos e eucariotos o alternativas para a produção de antígenos
isolados e, ainda, podem contribuir na diminuição dos custos de produção dos
imunoensaios. Nesse contexto, a literatura mostra possibilidades do uso de sistemas de
clonagem e expressão cada um com suas vantagens e desvantagens, e principalmente,
apropriados ou não para a expressão de um determinado antígeno viral. Para tanto
existem sistemas constituídos por procariotos, como a E.coli, ou por eucariotos, como
as leveduras Saccharomyces spp., Picchia spp., acrescendo-se ainda, a possibilidade
de serem usados vetores virais como Poxvírus, Baculovírus juntamente com células
animais em culturas in vitro (CHANG, et.al., 1998). Foi demonstrado também que as
leveduras S. cerevisiae e P. pastoris foram utilizadas na expressão da proteína N desse
mesmo vírus (GIBERTONI et al, 2005; SLIBINSKAS et.al. 2004).
Uma limitação importante para tornar disponíveis reagentes ideais para serem
usados em testes sorológicos aplicados ao diagnóstico de patógenos virais é a
necessidade de serem produzidas preparações purificadas de vírus, o que requer a
propagação de grandes volumes desses microrganismos e o seu processamento por
técnicas demoradas, trabalhosas e muito onerosas, tal como se configura a purificação
de massa antigênica viral por meio de ultra-centrifugação em gradiente de sacarose
(LOA et al, 2004; NDIFUNA et al, 1998). A clonagem molecular e a expressão se
constituem em um dos mais importantes métodos para se fazer a preparação de
grandes quantidades de antígenos virais altamente purificados. dentro desse
contexto a possibilidade de serem usados vários sistemas de clonagem, na
dependência dos vetores plasmidiais escolhidos e das células hospedeiras, isto é, se
procariotos, como a E. coli, ou eucariotos como as leveduras dos gêneros
Saccharomyces ou Picchia, acrescendo-se ainda, a possibilidade de serem usados
vetores virais como Poxvírus, Baculovírus para serem replicados em células
eucarióticas apropriadas. (CHEN et al, 2000; DAS & SCHULTZ, 1987). Para a
expressão da proteína S1 do VBI, sabe-se que foram utilizados os sistemas
26
constituídos por batatas transgênicas (ZHOU et al., 2003), adenovírus (JOHNSON et
al., 2003), baculovírus (SONG et al., 1998) e poxvírus (WANG et al., 2002).
5.1- Extração de RNA e amplificação do cDNA
Os produtos obtidos nos procedimentos de extração do RNA viral genômico e na
técnica de RT e amplificados na PCR estão documentados na figura 05, onde constam
os resultados da PCR com iniciadores Sense e Antisense, tendo sido obtida
amplificação do fragmento correspondente ao gene codificador da proteína S1 do VBI
com tamanho esperado, isto é, 1613 pb. A dimensão do fragmento amplificado foi
comparada a um padrão de tamanho molecular de DNA 1 Kb Plus DNA Ladder
(Invitrogen) aplicado na primeira canaleta do gel onde foram aplicadas as amostras a
serem analisadas em corrida eletroforética.
Figura 05: Amplificação do gene da glicoproteína S1 a partir da extração de RNA de suspensão
viral da estirpe M41 do VBI após reação de RT-PCR com oligonucleotídeos específicos.
Canaletas: (01) Marcador 1 Kb plus DNA Ladder (Invitrogen); (2), (3), (4): produto amplificado
com oligonucleotídeos específicos.
O fragmento gênico alvo foi, depois de purificado com o Kit “GFX DNA and Gel
Band Purification” (Amershan), quantificado por meio da técnica de eletroforese em gel
de agarose, utilizando-se um padrão de quantificação de DNA, o “Low DNA Mass
27
Ladder” (Invitrogen) conforme demonstrado na figura 06. A preparação continha uma
concentração de aproximadamente 150ng/µl de DNA, conforme confirmado em
quantificação no espectrofotômetro.
Figura 06: Quantificação em gel de agarose do produto amplificado após purificação, utilizando
o padrão Low DNA Mass Ladder (Invitrogen). Canaletas: (1):Marcador 1 Kb plus DNA Ladder
(Invitrogen); (2), (3): DNA purificado após amplificação a partir do RNA viral com
oligonucleotídeos específicos; (4) Low DNA Mass Ladder (Invitrogen).
5.2- Otimização da amplificação do gene da glicoproteína S1
Para se obter um melhor resultado na amplificação do gene da glicoproteína S1
foi realizada uma reação de PCR com gradiente de temperatura para a confirmação da
temperatura adequada de pareamento dos oligonucleotídeos iniciadores. A reação foi
feita no Termociclador TECHNE PROGENE
®
(Techne Incorporat, Duxford,
CAMBRIDGE, UK), com um gradiente das seguintes temperaturas: 46°C; 46,3°C;
46,9°C;47,7ºC; 48,8ºC; 50,3ºC; 52,0ºC; 53,4ºC; 54,5ºC; 55,3ºC; 55,8ºC e 56ºC. Através
da confirmação por gel de agarose mostrado na figura 07 verificou-se que a melhor
temperatura para amplificação do inserto gênico foi 56ºC sendo esta a ideal para o
pareamento dos oligonucleotídeos e amplificação do fragmento no tamanho esperado
de 1613 pb.
28
Figura 07: Gradiente de temperaturas para otimização da amplificação do gene codificador da
glicoproteína S1 do VBI. Canaletas: (1) Marcador 1Kb plus DNA Ladder; (2) 46,0ºC; (3) 46,3ºC;
(4) 46,9ºC ;(5) 47,7ºC; (6) 48,8ºC; (7) 50,3ºC; (8) 52,0ºC; (9) 53,4ºC; (10) 54,5ºC; (11)55,3ºC;
(12) 55,8ºC; (13)56,0ºC.
5.3 - Pré-clonagem do gene da glicoproteína S1 com o vetor pGem-T Easy
(Promega) em células de E. coli DH10b:
Após a otimização da amplificação e purificação do fragmento gênico da
glicoproteína S1, foi realizada a ligação do inserto ao vetor de clonagem pGem-T Easy
(Promega) de acordo com as recomendações do fabricante, onde foi utilizado l de
cDNA (aproximadamente 150 ng). A reação foi mantida a C por 16 horas e
posteriormente utilizada para transformação de células de E.coli DH10b, previamente
tornadas competentes, através de choque térmico para possibilitar a clonagem do
inserto. Foram obtidas aproximadamente 15 colônias transformadas, selecionadas em
meio LB com ampicilina (item 8.2.1) e X-Gal e estocadas em microtubos contendo meio
LB (item 8.2.2) e glicerol 80%.
Alguns clones transformantes foram selecionados para a confirmação da
presença do fragmento gênico de interesse e a correta posição de inserção através da
combinação dos oligonucleotídeos iniciadores específicos para o gene da glicoproteína
S1 e para o vetor pGem-T Easy. Foram utilizadas as seguintes combinações de
primers: Sense do inserto e Antisense do inserto (Tamanho esperado:1613pb), Sense
do inserto e Antisense do vetor (Tamanho esperado: 1691pb), Sense do vetor e
Antisense do inserto (Tamanho esperado: 1712 pb), Sense do vetor e Antisense do
vetor (Tamanho esperado:1790 pb). O produto obtido após a extração de DNA
29
plasmidial utilizando o Kit Wizard Plus SV Minipreps DNA Purification System”
(Promega) e reação de PCR analisado em gel de agarose está mostrado na figura 08.
Conforme evidenciado nas canaletas 2, 3, 4 e 5 obteve-se um clone com a amplificação
nos tamanhos esperados, portanto, contendo o gene de glicoproteína S1 na correta
posição de inserção no vetor de clonagem.
Figura 08: DNA plasmidial amplificado após reação de PCR com combinação de
oligonucleotídeos do gene da glicoproteína S1 do VBI e do vetor pGem-T Easy (Promega).
Canaletas: (1) Marcador 1 Kb plus DNA Ladder; (2) Inserto-Inserto: 1613pb; (3) Inserto-Vetor:
1691pb; (4) Vetor-Inserto: 1712pb; (5) Vetor-Vetor: 1790pb.
5.4- Clonagem do gene da glicoproteína S1 com o vetor pFLD α
αα
α (Invitrogen) em
células de E. coli DH10b:
Após a confirmação da presença e correta orientação do inserto de interesse no
vetor pGem-T Easy através da reação de amplificação com combinação de
oligonucleotídeos iniciadores específicos para o inserto e para o vetor, foi realizada a
extração do DNA plasmidial das células de E. coli transformadas utilizando o Kit “Wizard
Plus SV Minipreps DNA Purification System” (Promega). O material extraído foi avaliado
em gel de agarose e quantificado em espectrofotômetro sendo obtidas
aproximadamente 300 ng/µL de DNA conforme evidenciado na figura 09.
30
Figura 09: DNA plasmidial extraído de células de E. coli utilizando o Kit Wizar Plus SV Minipreps
DNA Purification System (Promega). Canaletas: (1) Marcador 1 Kb plus DNA Ladder
(Invitrogen); (2), (3) : DNA plasmidial; (4) Low DNA Mass Ladder.
Obtida a confirmação da presença do inserto através da reação de PCR com os
oligonucleotídeos específicos e amplificação do fragmento gênico no tamanho esperado
foi realizada uma reação de digestão do material com as enzimas Pml I e Sac II
(Biolabs) segundo as recomendações do fabricante utilizando 5 µL do material
anteriormente extraído (aproximadamente 1,5µg de DNA). Os sítios de restrição foram
adicionados aos primers confeccionados para o gene da glicoproteína S1 e não
estavam contidos no vetor pGem-T Easy (Promega). Com isso, apenas o gene da
glicoproteína S1 previamente clonado foi retirado do vetor pGem-T Easy para ser
posteriormente ligado ao vetor de expressão pFLD α (Invitrogen). O fragmento obtido
apresentou o tamanho esperado de 1613 pb, o que pode ser constatado após corrida
em gel de agarose mostrada na figura 10. O material digerido apresentou concentração
de aproximadamente 100 ng/mL.
Figura 10: Dna plasmidial extraído de células de E. coli após reação de digestão com as
enzimas Sac II e Pml I (Biolabs). Canaletas: (1) Marcador 1 Kb plus DNA Ladder; (2),(3):
Material digerido; (4) Low DNA Mass Ladder (Invitrogen).
31
Após isso foi realizada a abertura do vetor com as mesmas enzimas para se
obter a condição adequada de ligação do inserto gênico ao vetor de expressão. Todo o
material previamente digerido foi purificado utilizando o Kit “GFX PCR Dna and Gel
Band Purification” (Amershan), e quantificado em gel de agarose utilizando o marcador
Low Mass sendo obtida uma concentração de aproximadamente 120 ng conforme
ilustrado na figura 11.
Figura 11: Quantificação do material necessário para a clonagem no vetor pFLDα. Canaletas:
(1) Marcador 1 Kb plus DNA Ladder; (2) Gene da glicoproteína S1 após digestão com as
enzimas Pml I e Sac II (Biolabs) para sua retirada do vetor pGEm-T Easy e purificação com o
Kit “GFX PCR Dna and Gel Band Purification” (Amershan); (3) Vetor pFLDα (Invitrogen) após
digestão com as enzimas Pml I e Sac II (Biolabs) e purificação com o Kit “GFX PCR Dna and
Gel Band Purification” (Amershan); (4) Low DNA Mass Ladder.
Posteriormente foi então realizada a ligação do gene ao vetor pFLDα (Invitrogen)
segundo as recomendações do fabricante, para a clonagem do inserto em células de
E. coli DH10b. Foram utilizados 4µL do vetor previamente quantificado e 3 µL do
produto amplificado do gene da glicoproteína S1, também previamente quantificado.
Segui-se a transformação das células de E. coli DH10b por choque térmico, e a
seleção dos transformantes deu-se em meio LB sólido com ampicilina (item 8.2.1).
Foram obtidas aproximadamente 12 colônias transformantes, estocadas em meio LB
com ampicilina (item 8.2.2) e glicerol a -80ºC.
Dois clones foram selecionados para serem submetidos à extração de DNA com
o Kit “Wizard Plus SV Minipreps Dna Purification System” (Promega). O material
extraído foi submetido a análise para confirmação da presença do inserto através da
32
reação de PCR com os oligonucleotídeos específicos para o gene da glicoproteína S1
e digestão com as enzimas PmlI e Sac II (Biolabs). Após a confirmação da presença
do inserto e da correta orientação deste no vetor pFLDα, o material foi enviado para
análise por sequenciamento.
5.5 - Sequênciamento do inserto gênico extraído dos clones bacterianos
transformados
Após a clonagem e extração do DNA plasmidial dos clones transformantes de
E.coli DH10b, realizou-se o seqüênciamento do inserto, e a análise das seqüências foi
feita, utilizando o programa ”BLAST 2 sequences”
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/blast/bl2seq/wblast2.cgi , onde foi possível constatar a
homologia existente entre a seqüência de nucleotídeos da glicoproteína S1 da estirpe
M41 do VBI disponível no “GeneBank” sob o número de acesso acesso M21883 com
os do inserto nos clones bacterianos. Esse seqüênciamento demostrou que o ATG
encontra-se na fase correta de leitura. O e-value obtido no Blast foi de 0.0, e a
porcentagem de identidade alcançou 100%.
33
Figura 12. Visualização dos “scores” dos nucleotídeos seqüenciados do clone de E.coli obtidos
através do BLAST no site
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/blast/bl2seq/wblast2.cgi
34
Figura 13. Alinhamento entre a seqüência nucleotídica completa do gene da nucleoproteína do
novo isolado de campo no Brasil IBVPR05 do VBI clonado no vetor pGEM- T Easy (Query) com
o mesmo gene da estirpe de referência M41 do VBI depositado no Gene Bank (Sbjct) e
identificado sob o número de acesso DQ834384
35
Até o momento são reconhecidas as inúmeras estratégias frequentemente mais
usadas de clonagem de genes codificadores de uma gama de diferentes proteínas com
o auxilio dos mais diversos vetores plasmidiais e usando como hospedeiros
principalmente as células bacterianas, particularmente a E. coli. Esses sistemas de
clonagem revelaram o seu enorme potencial de aplicação por serem mais acessíveis e
comuns na produção de proteínas recombinantes heterólogas. (WALSH, 1998)
O gene codificador da glicoproteína S1 foi anteriormente clonado com sucesso
em células bacterianas e expresso em sistemas utilizando vetores plasmidiais e virais,
como células de batatas (ZHOU et al., 2003), baculovírus (SONG et al, 1998) e
adenovírus (JOHNSON et al, 2003) A proteína recombinante S1 expressa em células
de batatas transgênicas foi clonada, após a amplificação, com oligonucleotídeos
específicos contendo sítios para enzimas de restrição como adotado neste estudo.
Houve adequada amplificação do fragmento de interesse sendo obtida homologia de
99,7% para a estirpe M41 (ZHOU et al, 2003), demonstrando o sucesso do
procedimento anteriormente adotado. Tal metodologia também já foi utilizada para a
clonagem de outras estirpes desse mesmo vírus (SONG et al, 1998, JOHNSON et al,
2003) e foi adotada neste trabalho para facilitar a retirada do inserto gênico de interesse
do vetor de clonagem e sua inserção no vetor de expressão pFLDα.
Com relação aos sistemas de expressão sabe-se que atualmente encontram-se
diversas possibilidades de vetores produzidos para a levedura P. pastoirs. O vetor
adotado neste trabalho, o pFLDα apresenta como vantagem sobre os demais a
codificação de uma cauda de poli-histidina. Tal etiqueta facilita a detecção da proteína
recombinante com o uso de anticorpos monoclonais anti-histidina e também facilita a
purificação da proteína recombinante obtida.
5.6 Expressão do gene da glicoproteína S1 em células de leveduras Pichia
pastoris GS115
Após a confirmação da correta orientação do inserto no vetor pFLDα e da
elevada homologia com a seqüência nativa da glicoproteína S1 da estirpe M41 do VBI
36
foi iniciada a expressão da proteína recombinante. Inicialmente foi extraído o DNA
plasmidial dos clones bacterianos cujo DNA havia sido extraído e foi utilizado na
reação de sequenciamento. Este foi submetido à reação de linearização com a digestão
pela enzima Cla I (Invitrogen) para posterior transformação das células de leveduras.
Pode-se observar que o material digerido apresentou-se superior no gel pela maior
lentidão na corrida eletroforética.
Após a linearização do vetor o material foi purificado e quantificado segundo o
marcador Low DNA Mass Ladder (Invitrogen) e apresentou concentração de
aproximadamente 120 ng/µL conforme mostrado na figura 14.
Figura 14: Quantificação em gel de agarose do vetor pFLDα ligado ao gene da glicoproteína S1
após linearização com a enzima Cla I (Invitrogen). Canaletas: (1) 1 KB Plus DNA Ladder; (2)
Vetor pFLDα ligado ao gene da glicoproteína S1 extraído de lulas de E. coli; (3) Vetor pFLDα
ligado ao gene da glicoproteína S1 extraído de células de E. coli; submetido à reação de
digestão com a enzima Cla I (Invitrogen); (4) Marcador Low DNA Mass Ladder.
Posteriormente foram preparadas as células competentes e foi realizada a
eletroporação das leveduras P. pastoris GS 115, utilizando-se neste procedimento 20µL
do DNA previamente preparado. Foi obtido um grande número de colônias
transformantes que foram armazenadas em uma placa de 96 poços tipo Cluster.
5.7 Extração e quantificação do extrato protéico total intracelular e extracelular
das células de leveduras transformadas pelo vetor pFLDα
αα
α - S1
37
Após cultivo e indução da expressão em meios de composição mínima (item
4.5.4) e em pequena escala, foi realizada a análise bioquímica e imunoquímica das
proteínas totais intracelulares e secretadas no compartimento extracelular. Foi
observado que as maiores concentrações ocorreram na fração intracelular, sendo iguais
a 0,60mg/mL, enquanto que na fração solúvel obtida no compartimento extracelular,
após concentração com PEG, as concentrações foram muito reduzidas e iguais a
0,29mg/mL.
5.8 Análise dos Extratos Protéicos totais intracelular e extracelular pelas
técnicas de SDS-PAGE e Western Blotting
A análise pelas técnicas de SDS-PAGE do extrato bruto da levedura submetida
ao processo de indução com metanol em meio de composição mínima, após 96 horas
de indução, demonstrou a presença de uma banda com peso molecular estimado de 90
kDa, juntamente com várias outras frações protéicas da própria levedura. Para ajudar
na comparação e identificação da banda referente à proteína S1 recombinante foi
aplicada amostra de VBI concentrado com PEG, onde se pode observar com clareza a
banda da proteína S1 viral com cerca de 90 kDa.Os resultados do Western-Blotting
também revelaram a presença de uma única banda intensamente marcada pelos
anticorpos monoclonais anti-histidina no tamanho esperado, indicando que foi expressa
a proteína S1 recombinante com a cauda de poli-histidina, conforme demonstrado na
figura 15. No entanto, o sistema adotado para a expressão da proteína S1 utilizando a
linhagem GS115 e o vetor de secreção pFLDα não permitiu a detecção da proteína
recombinante no sobrenadante das culturas de leveduras recombinantes propagadas
em pequeno volume, nem em meios mínimos, onde apesar da evidência do sucesso da
integração do cassete de expressão e indução da expressão dada pelo ensaio de
Western Blotting, nem em meio complexo onde as quantidades de biomassa foram
superiores.
A despeito de a proteína recombinante obtida não ter sido secretada, conforme
se esperava para o vetor, a presença desse polipeptídeo recombinante no extrato da
38
fração intracelular juntamente com a sua reatividade, detectadas no Western-blotting
caracteriza uma potencial aplicação em técnicas de imunodiagnóstico da infecção ou
vacinação com o VBI.
FIGURA 15: Análise nas técnicas de SDS-Page(A) e Western-Blotting (B), da proteína
recombinante S1 expressa em Pichia pastoris. Canaletas (1) Marcador de peso molecular, (2)
LCA M41 concentrado, (3)Proteína recombinante S1.
5.9 Perfil de crescimento da levedura Pichia pastoris GS115 durante a fase de
pré-indução
Como a proteína recombinante S1 foi obtida somente na fração intracelular do
extrato protéico obtido após 96 h da indução de expressão nas células transformadas
pelo vetor pFLDα-S1 de P. pastoris, foi avaliada a inflncia de alguns fatores sobre o
crescimento e a expressão de proteínas heterólogas por essas leveduras.
Assim foi determinado o perfil de crescimento da linhagem GS115 recombinante
de P pastoris durante o período que antecede a indução da expressão do gene de
39
interesse, utilizando como única fonte de carbono o glicerol, com o objetivo de
identificar o melhor intervalo de manutenção das culturas nestas condições para se
pudesse iniciar a indução da expressão, o qual deveria ser coincidente com um
momento de máximo de crescimento e, por conseguinte de mais elevada densidade
óptica da cultura desse microrganismo. As leveduras utilizadas foram transformadas
apenas com o vetor pFLDα, sem o inserto do gene S1, para que pudessem ser
avaliados a influência de dois possíveis fatores separadamente, isto é, a presença do
vetor pFLDα e deste juntamente com o inserto do gene S1 e, nesse último caso, do
produto protéico expresso, sobre o crescimento da levedura transformada, em
diferentes meios de maior ou menor seletividade.
Para tanto, foram comparados, na análise acima, quatro meios de cultura, três de
composição definida (MGA) e um de composição mais complexa (BMGH), sendo feitas
para avaliação da cinética de crescimento as leituras da DO
600
das culturas nos
intervalos: 0h, 6h, 12h, 18h, 24h, 36h, 48h e 72h, de forma que pudesse ser
determinado o período de obtenção da maior biomassa possível, o qual se constituiria
no intervalo de tempo ideal para a interrupção da suplementação com glicerol e início
do processo de indução com a adição do metanol. Os resultados obtidos revelaram que
para o meio complexo, a partir de 6h, houve diferença significativa da DO
600
no
desenvolvimento das culturas, a qual foi se acentuando até o intervalo de 36 h,
enquanto que as leveduras transformadas somente pelo vetor, apresentaram nos meios
mínimos e nesse mesmo período, uma redução drástica no crescimento, com exceção
de uma ligeira mudança na tendência de crescimento para o meio MGA-3 (figura 16).
Tal comportamento pode ser justificado pela adaptação das culturas após transferência
de um pré inoculo em meio complexo para o meio de composição mínima O intervalo
de 36 horas foi então inicialmente definido como o ideal para o início da indução, pois
neste a DO
600
dos tratamentos atingiu o valor máximo, dentre todos os intervalos
avaliados (figura 16).
40
(A)
Perfil de crescimento em meios mínimos com glicerol
0,40
0,42
0,44
0,46
0,48
0,50
0,52
0,54
0,56
0,58
0,60
0,62
0,64
0,66
0 6 12 18 24 36 48 60 72
DO
600
MEIO MGA-1
MEIO MGA-2
MEIO MGA-3
(B)
Perfil de crescimento em meio complexo com glicerol
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
50,00
55,00
60,00
0 6 12 18 24 36 48 60 72
DO
600
Figura 16: Avaliação do perfil de crescimento da levedura Pichia pastoris GS 115 contendo
apenas o vetor pFLDα, sem o gene da glicoproteína S1, na fase de enriquecimento de
biomassa em meios de composição mínima (A) e de composição complexa (B).
5.10 Perfil de crescimento da levedura Pichia pastoris GS115 durante a fase de
indução
Após a avaliação do perfil de crescimento das leveduras nos meios de composição
mínima e complexa e determinação do melhor intervalo para manutenção da cultura no
período que antecede a indução, foi realizada análise do crescimento das leveduras
contendo apenas o vetor (GS115+pFLDα) durante a indução da expressão onde a
única fonte de carbono é o metanol (item 4.9). Além disso, analisou-se o melhor período
para a obtenção da proteína recombinante através da avaliação, em intervalos
definidos, das proteínas da levedura transformada com o vetor contendo o inserto do
gene da glicoproteína S1 (GS115+pFLDα+ gene S1). As leveduras foram submetidas a
41
cultivo no meio mais complexo (BMGH/BMMH) e também no meio mínimo (MGA/MMA).
Ao final dessa avaliação da cinética de crescimento, foi observado um pior desempenho
das culturas da linhagem GS115+pFLDα+ gene S1 em relação à cultura dessa mesma
linhagem GS115+pFLDα sem o inserto do gene S1, ficando, assim, evidenciado um
possível efeito da instabilidade genômica após a integração do plasmídeo
recombinante, além de um possível efeito deletério da expressão da proteína
recombinante S1 sobre a fisiologia celular (figuras 16 e 17).
Durante o monitoramento da cinética do crescimento da linhagem recombinante de
P. pastoris, foram realizadas coletas da proteína bruta total intracelular e secretada nos
intervalos de 24h, 48h, 72 e 96h para analisar o período de maior rendimento da
secreção da proteína recombinante das levedura cultivadas em meio mínimo e
complexo. O extrato das proteínas brutas obtidas após dosagem foram submetidos a
análise pela técnica de SDS-PAGE e Western blotting e somente o extrato obtido da
fração intracelular das leveduras cultivadas em meio de composão mínima após 96h
de indução foi marcado por anticorpos monoclonais anti-poli-histidina, que nesse
compartimento ocorreu a expressão da proteína recombinante S1 no tamanho esperado
de aproximadamente 90kDa (figura 18).
42
Perfil de crescimento durante a fase de indução em Meio Mínimo
-0,1
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0 12 18 24 36 0 24 48 72 96
GS115+pFLD
GS115+pFLD+S1
(A)
Perfil de crescimento durante a indão em Meio Complexo
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 12 18 24 36 0 24 48 72 96
GS115+pFLD
GS115+pFLD+S1
(B)
Figura 17: Avaliação do perfil de crescimento da levedura Pichia pastoris GS 115 contendo
apenas o vetor pFLDα (GS115+pFLDα) e da levedura contendo o inserto gênico da
glicoproteína S1 do VBI (GS115+pFLDα+ S1) durante o processo de indução que inclui a fase
de suplementação com glicerol ( 0-36 horas) e indução da expressão com metanol (0-96 horas),
em meio de composição mínima (A) e complexa (B).
43
Tabela 02. Quantidade de proteína total obtida pelo método de Bradford (em mg/mL), após
indução da expressão da glicoproteína recombinante S1, expressa intracelularmente e
secretada no sobrenadante da cultura após 24h, 48h, 72h e 96h de indução de expressão em
meios de composição definida (MMA) e complexa (BMMH).
Meio Mínimo
Tempo de indução
24h 48h 72h 96h
Intracelular
0,209
0,100
0,260
0,603
Secretada
0 0 0 0
Meio complexo
Tempo de indução
24h 48h 72h 96h
Intracelular
4,331
3,132
4,096
5,006
Secretada 1,204
2,511
0,979
0,002
Embora o meio de composição complexa tenha se mostrado mais eficiente com
relação à obtenção de biomassa e tenha proporcionado valores significativamente
superiores na dosagem de proteínas tanto na fração intracelular como no sobrenadante
das culturas conforme ilustrado na tabela 02, somente as proteínas extraídas da fração
intracelular de células cultivadas em meio de composição definida após 96 horas de
indução foram marcadas pelos anticorpos monoclonais anti-histidina (figura 18) no
ensaio de Western Blotting. Embora a quantidade de proteínas obtida após indução em
meios de composição definida não tenha ultrapassado 0,6 mg/mL e a biomassa obtida
tenha sido inferior, pode-se supor que o processo de indução da expressão do gene
heterólogo foi mais eficiente, proporcionando a produção da proteína S1 recombinante.
44
Em vista de que a proteína S1 recombinante não foi encontrada sob a forma
secretada no sobrenadante das culturas de P. pastoris recombinantes submetidas à
indução da expressão gênica com metanol, pode-se supor que o volume de cultivo da
linhagem recombinante em meio mínimo não tenha sido suficiente para a detecção da
proteína recombinante na fração solúvel do sobrenadante da cultura, fazendo-se
necessário o cultivo em volumes maiores para a obtenção de quantidades significativas
do produto de interesse. Por outro lado, a produção de grandes quantidades de
proteína heteróloga em frascos colocados sob agitação orbital em incubadoras
apropriadas é difícil devido a limitações de volume, transferência de oxigênio, adição de
substrato e impossibilidade de monitorar esses fatores eficientemente (PATRICK et al,
2005). Deve-se considerar, também, que, nessas condições de cultura, o consumo de
metanol é limitado pela capacidade de transferência de oxigênio, e a indução da
expressão pode sofrer restrições pelo menor consumo de metanol, o que poderia atuar
negativamente sobre o processo de expressão pelas células de levedura (KHATRI &
HOFFMAN, 2005; ZHANG et al., 2000).
Além disso, a ausência de um sinal da proteína recombinante sob a forma
secretada pode ser conseqüência de um outro problema, que é a retenção de parte do
produto protéico no interior do retículo endoplasmático das células transformadas
(HOHENBLUM et al, 2004). Nessas circunstâncias, foi verificado que após o início da
indução com metanol as células da levedura P. pastoris acumulam a proteína
recombinante e após aproximadamente 20 horas começam a liberar o produto para o
sobrenadante (HOHENBLUM et al, 2003), o que não foi observado em nosso sistema
que, mesmo depois desse intervalo de tempo, não produziu a proteína S1 sob a forma
secretada no sobrenadante da cultura da levedura recombinante. A propósito e no
sentido de reforçar a hipótese acima, foi relatada a ocorrência desse tipo de retenção
intracelular de proteínas recombinantes não processadas em protocolos de expressão
por meio do sistema P. pastoris da enzima lípase de Rhizopus oryzae (ROL) (RESINA
et al., 2005), do tripsinogênio humano (GASSER et al., 2007) e de fragmentos de
anticorpos scFv (GASSER et al., 2006).
45
Figura 18 Análise na técnica de Western Blotting da proteína recombinante S1, fração
intracelular, expressa em Pichia pastoris após cultivo em meio de composição definida.
Canaletas (1) Marcador de peso molecular, (2) 6h indução, (3)12h de indução, (4)24h de
indução, (5) 36h de indução, (6)48h de indução, (7)60h de indução, (8) 72h de indução, (9) 84h
de indução, (10) 96h de indução, (11) Marcador de peso molecular, (12) 108 h de indução, (13)
120h de indução.
Todos esses fenômenos acima descritos, podem ser explicados também por um
elevado estresse celular a que são submetidas as células de leveduras recombinantes,
quando uma alta taxa de acúmulo de polipeptídeos não é acompanhada por uma
elevada taxa de processamento, o que forçaria a proteínas ficar retida no meio
intracelular (GASSER et al., 2006). Essa resposta é denominada UPR (unfolded protein
response) e foi descrita para P. pastoris por HOHENBLUM et al. (2004) durante a
expressão de tripsinogênio. Taxas limitadas de diferentes estágios de processamento
de proteínas (dobramentos, translocação na membrana, processamento da seqüência
sinal, formação de pontes dissulfeto, glicosilação) podem induzir a UPR em leveduras
(GASSER et al., 2006; MATTANOVICH et al., 2004). De forma que, uma conseqüência
potencial das limitações de processamento do retículo endoplasmático é a resposta de
estresse associada com a degradação das proteínas (ERAD) (MATTANOVICH et al.,
2004). O processo é detectado em proteínas não processadas e redirecionadas para o
46
citosol, onde tais proteínas sofrem degradação proteosomal. WERNER et al (1996) e
HILLER et al (1996) mostraram que durante a ERAD os substratos retrotransportados
para o citosol são conjugados com ubiquitina e direcionados para uma via de
degradação (MATTANOVICH et al., 2004).
Além disso, observou-se que para obter a secreção da proteína recombinante
do coronavírus SARS foram necessárias pequenas modificações na seqüência do
inserto nativo através de PCR “over-lap”, para que houvesse diminuição do teor de
bases adenina e timina no gene (LU et al, 2006). Dessa forma foi obtida uma proteína
recombinante expressa no sobrenadante das culturas utilizando a linhagem GS115 e o
vetor pPIC9K. Considerando-se a homologia existente entre tais vírus pode-se supor
que seja necessária uma modificação na seqüência da glicoproteína S1 do VBI através
de um procedimento semelhante para possibilitar sua expressão no sistema P. pastoris,
vetor pFLDα no sobrenadante das culturas.
Constata-se, assim, que o sistema adotado nesse estudo para a expressão da
glicoproteína S1 utilizando a linhagem GS115 de Picchia pastoris e o vetor de secreção
pFLDα não permitiu a detecção da proteína recombinante no sobrenadante das culturas
de leveduras recombinantes propagadas em pequeno volume, nem em meios de
composição mínima, apesar da evidência do sucesso da integração do cassete de
expressão e da indução da expressão demonstrada pelo ensaio de Western blotting,
nem em meios de composição mais complexa, onde as quantidades de biomassa
produzida foram superiores.
Ainda, deve ser ressaltado que, a despeito de a proteína S1 recombinante
obtida não ter sido secretada, conforme esperava-se para esse vetor, a presença desse
polipeptídeo recombinante no extrato da fração intracelular juntamente com a
demonstração de sua reatividade, detectadas no Western-blotting caracteriza uma
potencial aplicação em técnicas de imunodiagnóstico da infecção ou vacinação com o
VBI.
47
VI. CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos neste trabalho foi possível concluir que:
6.1 O par de oligonucleotídeos iniciadores desenhados especificamente para esse
estudo, permitiu a amplificação de toda a ORF do gene S1 da estirpe M41 do VBI por
meio das técnicas de RT-PCR realizada a partir do RNA genômico desse vírus.
6.2 O processo de clonagem inicial foi bem sucedido e possibilitou que fossem isolados,
um grande número de clones bacterianos transformantes e portadores do inserto gênico
de interesse em posição correta de leitura e com seqüência de nucleotídeos homóloga
a do gene S1 da estirpe M41 do VBI.
6.3 O procedimento de subclonagem em células de leveduras da espécie P. pastoris do
vetor contendo o gene codificador do polipeptídeo S1 do VBI e que foi obtido a partir do
RNA genômico viral, foi realizado de forma apropriada e permitiu a obtenção de clones
de leveduras transformantes que, após a indução, levou a expressão no compartimento
intra-celular da proteína S1 com a etiqueta de poli-histidina e com propriedades
imunoquímicas muito similares ás da proteína S1 da própria estirpe M 41 do VBI.
6.4 O sistema hospedeiro de células da levedura P. pastoris com o vetor pFLDα
usado para a clonagem e expressão de proteínas heterólogas, a despeito não ter
produzido a proteína recombinante sob a forma solúvel, como era esperado, comprovou
ser um método eficaz para a produção da proteína recombinante S1 da estirpe M41 do
VBI, não impedindo inferir sobre o potencial da sua futura utilização em técnicas de
imuno-diagnóstico da bronquite infecciosa das galinhas.
48
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56
APÊNDICE
57
8.1- Soluções estoque
8.1.1- Yeast Nitrogen Base with ammonium sulfate and without amino acids (YNB)
17% (Invitrogen):
Dissolver 170g de YNB em 1000mL de água Mili-Q. Filtrar a solução em capela de fluxo
laminar para ocorrer a completa esterilização. Estocar a 4ºC por até um ano.
8.1.2 - Biotina 2% (Invitrogen):
Dissolver 20g de biotina em 1000mL de água Mili-Q. Filtrar a solução em capela de
fluxo laminar para ocorrer a completa esterilização. Estocar a 4ºC por até um ano.
8.1.3 - Histidina 0,4% (Invitrogen) :
Dissolver 4g de histidina 1000mL de água Mili-Q. Se necessário, aquecer para dissolver
completamente (até 50ºC). Filtrar a solução em capela de fluxo laminar para ocorrer a
completa esterilizão. Estocar a 4ºC por até um ano.
8.1.4 - Dextrose (D-Glicose) 20% :
Dissolver 200g de Dextrose em 1000mL de água Mili-Q. Filtrar a solução em capela de
fluxo laminar para ocorrer a completa esterilização. Estocar a 4ºC por até um ano.
8.1.5 - Metanol 50% :
Misturar 500mL de metanol em 500 mL de água Mili-Q . Filtrar a solução em capela de
fluxo laminar para ocorrer a completa esterilização. Estocar a 4ºC por até dois meses.
8.1.6- Glicerol 10%
Misturar 100 mL de Glicerol com 900 mL de água Mili-Q. Autoclavar a 121ºC por 30
minutos. Estocar a temperatura ambiente por até um ano.
58
8.1.7- Ampicilina [20mg/mL] :
Dissolver 23,64 mg de ampicilina (pureza 846 µg/mg) em 1mL de água Mili-Q. Se
necessário adicionar hidróxido de sódio para diluir completamente a ampicilina. Filtrar a
solução em capela de fluxo laminar e estocar a -20ºC.
8.1.8 - Tampão Fosfato de Potássio 1M, pH 6,0:
Misturar 132 mL de K
2
HPO
4
1M com 868mL de KH
2
PO
4
1M e acertar o pH até 6,0
±0,1(usar ácido fosfórico ou hidróxido de potássio para ajustar o pH). Autoclavar a
121ºC por 30 minutos e estocar a temperatura ambiente por até um ano.
8.1.9 - Sorbitol 1M:
Dissolver 182,17g de Sorbitol em 1000mL de água Mili-Q. Após a dissolução completa
autoclavar a 121 ºC por 30 minutos. Estocar a 4ºC.
8.1.10 - Sulfato de amônio 10% :
Dissolver 100g de sulfato de amônio em 1000mL de água Mili-Q. Após a dissolução
completa filtrar a solução em capela de fluxo laminar e estocar a 4ºC.
8.1.11- Tampão de lise para Pichia pastoris
50 mM Fosfato de sódio Monobásico, pH 7,4
1mM PMSF (fenilmetilsulfonil fluorida)
1mM EDTA
5% Glicerol
Dissolver o fosfato de sódio, o EDTA e o glicerol em água deionizada. Ajustar o pH até
6,0 usando hidróxido de sódio. Adicionar o PMSF ou outros inibidores de proteases.
Estocar a 4ºC.
59
8.2- Meios de Cultura
8.2.1 - Meio LB (Luria-Bertani) (Sambrook & Russel, 1989) sólido com ampicilina a
[50µ
µµ
µg/mL]:
Composição para 1000mL:
LB ...............................................................40g
Ágar ...........................................................15g
Ampicilina (20mg/mL) (item 8.1.7)...........250µL
Água destilada ..........................................1000mL
Dissolver o LB em aproximadamente 700mL de água destilada. Após a dissolução
completa acertar o volume para 1000 mL, adicionar o ágar e autoclavar a 121ºC por 30
minutos. Após a esterilização e o resfriamento adicionar a ampicilina e distribuir o meio
em placas de Petri. Estocar a 4ºC.
8.2.2 - Meio LB (Sambrook & Russel, 1989) líquido com ampilicina a [50µ
µµ
µg/mL]:
Composição para 1000mL:
LB ................................................................40g
Ampicilina (20mg/mL).(item 8.1.7)..........250µL
Água destilada ..........................................1000mL
Dissolver o LB em aproximadamente 700mL de água destilada. Após a dissolução
completa acertar o volume para 1000 mL e autoclavar a 121ºC por 30 minutos. Após a
esterilização e o resfriamento adicionar a ampicilina em capela de fluxo laminar. Estocar
a 4ºC.
8.2.3 - Meio YPD (Yeast Extract Peptone Dextrose Medium ) Líquido:
Composição para 1000mL:
Extrato de levedura (Yeast extract).............................................10g
Peptona (Peptone) ......................................................................20g
Dextrose 20% .(item 8.1.4)......................................................100mL
60
Água destilada ............................................................................900mL
Dissolver os componentes sólidos em aproximadamente 700mL de água destilada.
Após a dissolução completa acertar o volume para 900mL e autoclavar a 121ºC por 30
minutos. Após a esterilização e o resfriamento adicionar a glicose 20% em capela de
fluxo laminar. Estocar a 4ºC.
8.2.4- Meio YPD Sólido:
Composição para 1000mL:
Extrato de levedura (Yeast extract) .............................................10g
Peptona (Peptone) ......................................................................20g
Ágar .............................................................................................20g
Dextrose 20% .(item 8.1.4) ......................................................100mL
Água destilada ............................................................................900mL
Dissolver os componentes sólidos em aproximadamente 700mL de água destilada.
Após a dissolução completa acertar o volume para 900mL, adicionar o ágar e
autoclavar a 121ºC por 30 minutos. Após a esterilização e o resfriamento adicionar a
glicose 20% em capela de fluxo laminar e distribuir o volume em placas de Petri.
Estocar a 4ºC.
8.2.5 - Meio YPDS (Yeast Extract Peptone Dextrose Medium with Sorbitol) líquido
com antibiótico Zeocina (Invitrogen):
Composição para 1000mL:
Extrato de levedura (Yeast extract) .............................................10g
Peptona (Peptone) ......................................................................20g
Sorbitol ........................................................................................182,2g
Dextrose 20% .(item 8.1.4) .........................................................100mL
Zeocina (100mg/mL) ...................................................................250 µL
Água destilada ............................................................................900mL
Dissolver os componentes sólidos em aproximadamente 700mL de água destilada.
Após a dissolução completa acertar o volume para 900mL e autoclavar a 121ºC por 30
61
minutos. Após a esterilização e o resfriamento adicionar a glicose 20% e a Zeocina em
capela de fluxo laminar. Estocar a 4ºC.
8.2.6 - Meio YPDS Sólido com antibiótico Zeocina (Invitrogen):
Composição para 1000mL:
Extrato de levedura (Yeast extract) .............................................10g
Peptona (Peptone) .......................................................................20g
Sorbitol ........................................................................................182,2g
Ágar .............................................................................................20g
Dextrose 20% .(item 8.1.4) ......................................................100mL
Zeocina (100mg/mL) ...................................................................250µL
Água destilada ............................................................................900mL
Dissolver os componentes sólidos em aproximadamente 700mL de água destilada.
Após a dissolução completa acertar o volume para 900mL e adicionar o ágar.
Autoclavar a 121ºC por 30 minutos. Após a esterilização e o resfriamento adicionar a
glicose 20% e a Zeocina em capela de fluxo laminar. Distribuir o volume em placas de
Petri e estocar a 4ºC.
8.2.7 - Meio MGA (Minimal Glicerol with Ammonium Sulfate Medium):
Composição para 1000mL:
YNB 17% (item 8.1.1) .................................................................79 mL
Biotina 2% (item 8.1.2) ................................................................10 mL
Glicerol 10% (item 8.1.6) .............................................................200mL
Sulfato de amônio 10% (item 8.1.10) ..........................................100mL
Histidina 0,4% (item 8.1.3) ..........................................................10 mL
Água destilada ................................................................................601 mL
Autoclavar a água.a 121ºC por 30 minutos. Em capela de fluxo laminar adicionar os
demais componentes previamente esterilizados. Estocar a 4ºC.
62
8.2.8- Meio MMA (Minimal Methanol with Ammonium Sulfate Medium):
Composição para 1000mL:
YNB 17% (item 8.1.1) .................................................................79 mL
Biotina 2% (item 8.1.2) ................................................................10 mL
Metanol 50% (item 8.1.5) .............................................................20mL
Sulfato de amônio 10% (item 8.1.10) ..........................................100mL
Histidina 0,4% (item 8.1.3) ...........................................................10 mL
Água destilada ................................................................................781 mL
Autoclavar a água a 121ºC por 30 minutos. Em capela de fluxo laminar adicionar os
demais componentes previamente esterilizados. Estocar a 4ºC.
8.2.9 - Meio BMGH (Buffered Glycerol Complex Medium with Histidine):
Composição para 1000mL:
Extrato de levedura (Yeast Extract) ...........................................10g
Peptona ......................................................................................20g
Tampão fosfato de potássio 1M (item 8.1.8) ............................100mL
YNB 17% (item 8.1.1) ...............................................................79mL
Biotina 2% (item 8.1.2) .............................................................0,02 mL
Glicerol 10% (item 8.1.6) ..........................................................100mL
Histidina 0,4% (item 8.1.3) ........................................................10 mL
Água destilada ...........................................................................711 mL
Dissolver o extrato de levedura e a peptona em 711 mL de água destilada e autoclavar
a 121ºC por 30 minutos. Após o resfriamento adicionar os demais componentes
previamente esterilizados em capela de fluxo laminar. Estocar a 4ºC.
63
8.2.10 - BMMH (Buffered Glycerol Complex Medium with Histidine):
Composição para 1000mL:
Extrato de levedura (Yeast Extract) ...........................................10g
Peptona ......................................................................................20g
Tampão fosfato de potássio 1M (item 8.1.8) ...........................100mL
YNB 17% (item 8.1.1) ..............................................................79mL
Biotina 2% (item 8.1.2) .............................................................0,02 mL
Metanol 50% (item 8.1.5) ..........................................................10mL
Histidina 0,4% (item 8.1.3) ........................................................10 mL
Água destilada ...........................................................................801 mL
Dissolver o extrato de levedura e a peptona em 801 mL de água destilada e autoclavar
a 121ºC por 30 minutos. Após o resfriamento adicionar os demais componentes
previamente esterilizados em capela de fluxo laminar. Estocar a 4ºC.
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