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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DA CAMA DE FRANGOS
DE CORTE COM OU SEM SEPARAÇÃO
DAS FRAÇÕES SÓLIDA E LÍQUIDA
Airon Magno Aires
Zootecnista
JABOTICABAL, SP - BRASIL
2009
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Livros Grátis
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DA CAMA DE FRANGOS
DE CORTE COM OU SEM SEPARAÇÃO
DAS FRAÇÕES SÓLIDA E LÍQUIDA
Airon Magno Aires
Orientador: Prof. Dr. Jorge de Lucas Junior
Dissertação apresentada à Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias do Campus
de Jaboticabal, Unesp, como parte das
exigências para a obtenção do título de
Mestre em Zootecnia.
JABOTICABAL, SP - BRASIL
2009
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Aires, Airon Magno
A298b Biodigestão anaeróbia da cama de frangos de corte com ou sem
separação das frações sólida e líquida / Airon Magno Aires. –
Jaboticabal, 2009
xviii, 134 f. : il. ; 28 cm
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2009
Orientador: Jorge de Lucas Junior
Banca examinadora: Roberto Alves de Oliveira, Mônica Sarolli
Silva de Mendonça Costa
Bibliografia
1. Produção de biogás. 2. Aproveitamento de resíduos. 3.
Biodigestor batelada e contínuo. I. Título. II. Jaboticabal-Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias.
CDU 662.76:636.5
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação – Serviço
Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
AIRON MAGNO AIRES nascido na cidade de Sorocaba-SP, aos 21 dias do mês
de novembro do ano de 1980, filho de Roseli Narciso de Oliveira e Ivo Aires dos
Santos. Em 1999 obteve a Habilitação Profissional de Processamento de dados
pelo Instituto de Educação “Ciências e Letras”, Sorocaba-SP. Em Agosto de 2006,
graduou-se em Zootecnia pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
(UEMS), Aquidauana-MS. Em março de 2007, ingressou no curso de Pós-
graduação em Zootecnia, junto à Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da
Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita Filho”, área de concentração em
Produção Animal, em nível de Mestrado.
“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"
(Antoine Laurent Lavoisier, 1774 – Lei da Conservação das Massas - Químico francês)
“Nada neste mundo é tão poderoso como uma idéia que chegou no tempo certo”
(Victor-Marie Hugo, 1885 – Pensamento político - Escritor, poeta e político francês)
“Por onde quer que andeis, sempre deixeis uma imagem”
(Victor Narciso de Oliveira, 1997 – Conselho de avô – Inventor, artesão e poeta brasileiro)
Aos meus exemplos de vida,
meus pais, Ivo e Rose, que sempre com sorriso e amor,
estão presentes nas minhas conquistas, me ensinando,
me ajudando e me apoiando. Por tudo que significam em
minha vida, por toda confiança na realização do meu sonho
e por não medirem esforços para minha formação pessoal.
Agradeço por vocês terem me proporcionado o convívio com
os animais e com a vida do campo, isso ajudou a incentivar a
minha verdadeira vocação profissional. Muito Obrigado !!!
DEDICO
Aos meus espelhos,
meus avós, João e Carolina (in memorian),
Victor e Iraídes, a ensinarem desde
pequeno o significado da vida.
OFEREÇO
AGRADECIMENTOS
A Deus, por guiar meus passos e iluminar minha vida em todos os momentos e
por me dar saúde, para que eu siga meu caminho.
À minha família, meu porto-seguro, que sempre me apoiou, independente da
distância, sempre esteve presente, especialmente meus pais pelo apoio e incentivo em
todas as decisões da minha vida, os quais sacrificaram o próprio pão para ofertá-lo a
mim. Aos meus tios(as), primos(as), padrinhos e madrinhas, que sempre tiveram uma
palavra amiga de incentivo, força e amizade. E as minhas queridas irmãs, Aieska e
Aletéia, e sobrinhos Allison e Marcelinho, e sobrinhas Cacá e Duda, por todo amor e
carinho.
Aos meus avós que sempre me deram carinho, em especial ao meu avô Victor
que além de exemplo de vida, é um poeta, um artista que encanta e lança seu perfume
de sabedoria e amor sobre a nossa família... Obrigado.
A minha linda namorada Tatiana Champion por todo companheirismo,
paciência, ajuda, amor e força em todos os momentos. Admiro a sua ética profissional,
suas condutas sempre me ensinam a ser uma pessoa melhor, obrigado por fazer parte
da minha vida.
Ao meu orientador Prof. Dr. Jorge de Lucas Junior, o qual tenho como um pai
aqui em Jaboticabal, por sua paciência, ensinamentos, convívio, amizade, confiança,
exemplo de profissionalismo, amor à profissão e principalmente pelo incentivo a
pesquisa, muito obrigado !
Ao nosso grupo de pesquisa, Camila Romantini, Ellen Fukayama, Adélia
Miranda, Adriane Silva e Cristiane Xavier, por toda ajuda na condução dos
experimentos e análises laboratoriais. Seria muito difícil concluir esta Dissertação sem
ajuda de vocês ! Saibam que admiro o profissionalismo de cada um. Minha eterna
gratidão !
E aos colegas de laboratório orientados(as) do Prof. Roberto, que sempre me
passaram dicas na hora das análises. E aos amigos de Jaboticabal, companheiros ou
não de PG, pelas conversas amigas e pensamentos positivos, meu abraço.
Aos membros da qualificação e defesa Prof. Dr. Roberto Alves de Oliveira, Prof.
Dra. Vera Maria Barbosa de Moraes e Prof. Dra. Mônica Sarolli Silva de Mendonça
Costa pelas contribuições prestadas a este trabalho.
A todos os funcionários do Depto de Eng° Rural (Lui zinho, Primo, Marquinho,
Cido, Maranhão, Torto, Tião, Fiapo, Luís Fiapo, Luís Cláudio, Carlão, Miriam, David, Ari,
Silvia e Clarice) do setor de Avicultura (Robson, Vicente, Izildo e João), fundamentais
no suporte deste trabalho e na minha vida profissional. Cada um sabe o quanto foram
significantes para mim.
Ao meu amigo Diego, por ter me ajudado, tanto na universidade como na vida
pessoal, e pelo convívio tão harmonioso e saudável que tivemos durante esses anos...
Obrigado amigão !
Aos amigos da UNESP que de alguma forma me ajudaram a realizar este
trabalho. E a todos que mesmo à distância, me deram suporte e apoio em toda esta
jornada.
Aos meus senseis de Judô, Eduardo Odin de Arruda, Loi, Sergio Tanigawa e
Lincoln Ortolani por terem me ensinado os princípios orientais do judô, contribuindo
para o fortalecimento do meu caráter, a busca da serenidade e da simplicidade, minha
gratidão !
A Empresa Rei Frango (São Carlos-SP/Brasil), pela contribuição no
desenvolvimento do experimento das criações dos frangos de corte e pela cama de
amendoim cedida, Muito Obrigado.
À Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias FCAV - UNESP, campus de
Jaboticabal e ao programa de Pós-graduação do curso de Zootecnia pela oportunidade
de realizar o curso de mestrado.
À CAPES pela concessão de bolsa de mestrado.
Muito obrigado!
SUMÁRIO
Página
Lista de Tabelas..............................................................................................
vi
Lista de
Figuras
..............................................................................................
xii
Lista de Apêndice...........................................................................................
xv
.....................................................................................
xvi
R
esumo...............................
.............................................................................
xvii
Abstract...........................................................................................................
xviii
CAPÍTULO 1
-
CONSIDERAÇÕES GERAIS
01
1.1. Introdução
01
1.2. Revisão de Literatura
04
1.2.1. Problemas ambientais relacionados aos dejetos 04
1.2.2. Produção de biogás e biodigestão anaeróbia 06
1.2.3. Caracterização da cama de frango 07
1.2.4. Pré-tratamento da cama de frango para biodigestão anaeróbia 09
1.2.5. Fatores intrínsecos a biodegradação da matéria orgânica 10
1.2.6. Compostagem de cama frango 12
1.3.
Objetivos Gerais
15
1.4.
Estrutura da Dissertação
16
CAPÍTULO 2 - AVALIAÇÃO DA DILUIÇÃO E SEPARAÇÃO DE SÓLIDOS
E LÍQUIDOS DA CAMA DE FRANGOS DE CORTE PARA
ABASTECIMENTO DE BIODIGESTORES.
17
Resumo............................................................................................................
17
ii
Abstract...........................................................................................................
18
2.1. Introdução
19
2.2. Material e Métodos
20
2.2.1. Delineamento do teste de diluições 20
2.2.2. Determinação dos teores de sólidos totais e voláteis 21
2.2.3. Teor de carbono orgânico e matéria orgânica compostável 22
2.2.4. Análise estatística dos dados 22
2.3. Resultados e Discussão
23
2.4. Conclusões
26
CAPÍTULO 3 - BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE DIFERENTES
REUTILIZAÇÕES DE CAMA DE FRANGOS DE CORTE COM OU SEM
SEPARAÇÃO DE SÓLIDOS E LÍQUIDOS PARA PRODUÇÃO DE BIOGÁS
EM SISTEMA BATELADA
27
Resumo............................................................................................................
27
Abstract.......................................................
....................................................
28
3.1. Introdução
29
3.2. Material e Métodos
30
3.2.1. Coleta da cama de frango de corte 30
3.2.2. Ensaio de biodigestão anaeróbia com cama de frango 32
3.2.3. Preparo da solução (fração líquida) 35
3.2.4. Preparo do inóculo 35
3.2.5. Preparo do substrato 36
3.2.6. Dados meteorológicos do período experimental 39
3.2.7. Determinação dos teores de sólidos totais e voláteis 39
3.2.8. Digestão e quantificação dos minerais 40
3.2.9. Determinação da produção de biogás 41
iii
3.2.10. Teste de queima 42
3.2.11. Determinação dos teores de metano e dióxido de carbono e
impurezas
43
3.2.12. Análise estatística dos dados 43
3.3. Resultados e Discussão
43
3.3.1. Teores de sólidos totais e voláteis 43
3.3.2. Concentração de nutrientes dos substratos 45
3.3.2.1. Concentração de nutrientes da cama de frango 45
3.3.2.2. Concentração de nutrientes da fração líquida da cama de
frango (solução)
47
3.3.2.3. Concentração de nutrientes do inóculo 49
3.3.2.4. Concentração de nutrientes dos afluentes 50
3.3.2.5. Concentração de nutrientes dos efluentes 54
3.3.3. Produção de biogás dos biodigestores batelada 55
3.4
.
Conclusõ
es
62
CAPÍTULO 4 - BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE DIFERENTES
REUTILIZAÇÕES DE CAMA DE FRANGOS DE CORTE COM OU SEM
SEPARAÇÃO DE SÓLIDOS E LÍQUIDOS PARA PRODUÇÃO DE BIOGÁS
OPERADOS EM SISTEMA CONTÍNUO.
63
Resumo.............................................
...............................................................
63
Abstract...........................................................................................................
64
4.1. Introdução
65
4.2. Material e Métodos
66
4.2.1. Coleta da cama de frango de corte 67
4.2.2. Ensaio de biodigestão anaeróbia com cama de frango 69
4.2.3. Preparo da solução (fração líquida) 72
4.2.4. Preparo do inóculo 72
iv
4.2.5. Preparo das cargas e coletas de efluentes 72
4.2.6. Preparo do substrato 75
4.2.7. Dados meteorológicos do período experimental 77
4.2.8. Determinação dos teores de sólidos totais e voláteis 78
4.2.9. Digestão e quantificação dos minerais 79
4.2.10. Determinação da produção de biogás 80
4.2.11. Teste de queima 81
4.2.12. Determinação dos teores de metano e dióxido de carbono 81
4.2.13. Análise estatística dos dados 82
4.3. Resultados e Discussão
82
4.3.1. Teores de sólidos totais e voláteis 83
4.3.2. Concentração de nutrientes dos substratos 84
4.3.2.1. Concentração de nutrientes da cama de frango 84
4.3.2.2. Concentração de nutrientes da fração líquida da cama de
frango (solução)
87
4.3.2.3. Concentração de nutrientes do inóculo 88
4.3.2.4. Concentração e redução de nutrientes dos afluentes e
efluentes
90
4.3.3. Produção de biogás 91
4.4. Conclusões
96
CAPÍTULO 5 - COMPOSTAGEM DO MATERIAL RETIDO EM PENEIRA
APÓS A SEPARAÇÃO DE SÓLIDOS E LÍQUIDOS DA CAMA DE
FRANGO DE CORTE
97
Resumo......
......................................................................................................
97
Abstract...........................................................................................................
98
5.1. Introdução
99
5
.2. Mate
rial e Métodos
99
v
5.2.1. Materiais utilizados na compostagem, montagem e monitoramento
da leira (temperatura e peso)
100
5.2.2. Determinação dos teores de sólidos totais e voláteis 100
5.2.3. Digestão e quantificação de minerais 102
5.2.4. Teor de carbono orgânico 103
5.2.5. Análise estatística dos dados 103
5
.
3.
R
esultados e
D
iscussão
103
5.3.1. Temperatura da Leira 103
5.3.2. Pesagens e sólidos totais da leira 105
5.3.3. Teores de carbono orgânico (C) e nitrogênio (N). 106
5.3.4. Teores da MO, MOC e MORC da leira 108
5.3.5. Teores de macro e micronutrientes da leira 109
5.4 Conclusões
110
CAPÍTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS E IMPLICAÇÕES
ECONÔMICAS
111
7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
116
APÊNDICES
129
vi
LISTA DE TABELAS
Página
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
1
Tabela 1. Concentração de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e
magnésio, nos materiais estudados.
9
CAPÍTULO 2. AVALIAÇÃO DA DILUIÇÃO E SEPARAÇÃO DE SÓLIDOS
E QUIDOS DA CAMA DE FRANGOS DE CORTE PARA
ABASTECIMENTO DE BIODIGESTORES.
17
Tabela 1. Valores médios obtidos com a separação da fração sólida (FS)
e líquida (FL) de cama de frango em diferentes diluições,
sólidos totais (ST) da fração líquida.
23
CAPÍTULO 3 - BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE DIFERENTES
REUTILIZAÇÕES DE CAMA DE FRANGOS DE CORTE COM OU SEM
SEPARAÇÃO DE SÓLIDOS E LÍQUIDOS PARA PRODUÇÃO DE BIOGÁS
EM SISTEMA BATELADA.
26
Tabela 1. Períodos de operação, tempos de retenção hidráulica (TRH),
quantidades médias dos componentes do substrato colocados
nos biodigestores, de acordo com as reutilizações de cama.
38
Tabela 2.
Concentrações de sólidos totais (ST) e sólidos voláteis (SV),
em porcentagem e massa e redução de SV em porcentagem,
para as diferentes reutilizações de cama de frango em
biodigestores batelada.
44
vii
Tabela 3. Concentrações de macronutrientes na casca de amendoim, em
g/100g de matéria seca (MS).
45
Tabela 4. Concentrações de micronutrientes e metais na casca de
amendoim, em mg/kg de matéria seca (MS).
45
Tabela 5. Concentrações de macronutrientes, em g/100g de matéria seca
(MS), das camas utilizadas nos biodigestores batelada.
45
Tabela 6. Concentrações de micronutrientes e metais, em mg/kg de
matéria seca (MS), das camas utilizadas nos biodigestores
batelada.
46
Tabela 7. Concentrações de macronutrientes, em g/100g de matéria seca
(MS), das frações líquidas (solução) adquiridas no
peneiramento e diluição 4:1 (água:cama), utilizadas nos
biodigestores batelada e contínuo.
48
Tabela 8. Concentrações de micronutrientes e metais, em mg/kg de
matéria seca (MS), das frações líquidas (solução) adquiridas no
peneiramento e diluição 4:1 (água:cama), utilizadas nos
biodigestores batelada e contínuo.
48
Tabela 9. Concentrações de macronutrientes, em g/100g de matéria seca
(MS), nos inóculos utilizados nos biodigestores batelada e
contínuo, abastecidos com cama de frango.
49
Tabela 10.
Concentrações de micronutrientes e metais, em mg/kg de
matéria seca (MS), nos inóculos utilizados nos biodigestores
batelada e contínuo, abastecidos com cama de frango.
50
Tabela 11.
Concentrações de macronutrientes, em g/100g de matéria seca
(MS) nos afluentes de biodigestores batelada abastecidos com
cama de frango.
51
Tabela 12.
Concentrações de micronutrientes e metais, em mg/kg de
matéria seca (MS), nos afluentes de biodigestores batelada
abastecidos com cama de frango.
51
viii
Tabela 13.
Concentrações de macronutrientes, em g/100g de matéria seca
(MS) nos efluentes de biodigestores batelada abastecidos com
cama de frango.
53
Tabela 14.
Concentrações de micronutrientes e metais, em mg/kg de
matéria seca (MS), nos efluentes de biodigestores batelada
abastecidos com cama de frango.
53
Tabela 15.
Potencial médio de produção de biogás, corrigido para 20°C e
1 atm., em biodigestores batelada abastecidos com camas de
frango reutilizadas.
55
Tabela 16.
Valores médios da produção diária de biogás, corrigido para
20°C e 1 atm, em biodigestores alimentados com cama de
frango de diferentes reutilizações de cama.
57
Tabela 17.
Produção média de CH
4
e CO
2
e impurezas (%) da última
semana de operação dos biodigestores, para diferentes
reutilizações de cama de frango.
60
Tabela 18.
Média do dia inicial da queima do biogás, para diferentes
reutilizações.
61
Tabela 19.
Média da produção de biogás acumulada (%) antes e após o
início da queima.
62
CAPÍTULO 4 BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE DIFERENTES
REUTILIZAÇÕES DE CAMA DE FRANGOS DE CORTE COM OU SEM
SEPARAÇÃO DE SÓLIDOS E LÍQUIDOS PARA PRODUÇÃO DE BIOGÁS
OPERADOS EM SISTEMA CONTÍNUO.
63
Tabela 1. Períodos de operação, tempos de retenção hidráulica (TRH) e
quantidades médias dos componentes iniciais do substrato
colocado nos biodigestores, de acordo com o tratamento.
77
Tabela 2. Concentrações de sólidos totais e voláteis, em porcentagem e
em massa e redução de SV, em porcentagem, para as
ix
diferentes reutilizações de cama de frango em biodigestores
contínuo.
83
Tabela 3. Concentrações de macronutrientes na casca de amendoim, em
g/100g de matéria seca (MS).
84
Tabela 4. Concentrações de micronutrientes e metais na casca de
amendoim, em mg/kg de matéria seca (MS).
84
Tabela 5. Concentrações de macronutrientes, em g/100g de matéria seca
(MS), das camas utilizadas nos biodigestores contínuos.
85
Tabela 6. Concentrações de micronutrientes e metais, em mg/kg de
matéria seca (MS), das camas utilizadas nos biodigestores
contínuo.
85
Tabela 7. Concentrações de macronutrientes, em g/100g de matéria seca
(MS), das frações líquidas (solução) adquiridas no
peneiramento e diluição 4:1 (água:cama), utilizadas nos
biodigestores contínuo.
87
Tabela 8. Concentrações de micronutrientes e metais, em mg/kg de
matéria seca (MS), das frações líquidas (solução) adquiridas no
peneiramento e diluição 4:1 (água:cama), utilizadas nos
biodigestores contínuo.
87
Tabela 9. Concentrações de macronutrientes, em g/100g de matéria seca
(MS), nos inóculos utilizados nos biodigestores contínuo,
abastecidos com cama de frango.
89
Tabela 10.
Concentrações de micronutrientes e metais, em mg/kg de
matéria seca (MS), nos inóculos utilizados nos biodigestores
contínuo, abastecidos com cama de frango.
89
Tabela 11.
Concentrações médias de macronutrientes, em g/100g de
matéria seca (MS), nos afluentes e efluentes de biodigestores
contínuo abastecidos com cama de frango.
90
Tabela 12.
Concentrações de micronutrientes e metais, em mg/kg de
matéria seca (MS), nos afluentes e efluentes de biodigestores
90
x
contínuo abastecidos com cama de frango.
Tabela 13.
Potencial médio de produção de biogás, corrigido para 20°C e
1 atm., em biodigestores contínuo abastecidos com camas de
frango reutilizada.
91
Tabela 14.
Valores médios da produção semanal de biogás, corrigido para
20°C e 1 atm, em biodigestores alimentados com cama de
frango de diferentes reutilizações de cama.
92
Tabela 15.
Produção semanal de CO
2
e de CH
4
e impurezas (%) a partir
da sexta semana para diferentes reutilizações de cama de
frango.
94
Tabela 16.
Média da produção de biogás acumulada (%) antes e após o
início da queima.
95
CAPÍTULO 5 - Compostagem do material retido em peneira após a
separação de sólidos e líquidos da cama de frango de corte
97
Tabela 1. Quantidades (kg) na matéria natural (MN), na matéria seca
(MS) e porcentagem (%) de sólidos totais (ST) e as reduções
de ST da leira de compostagem da cama de frango retida em
peneira após diluição de 4:1 (cama/água).
105
Tabela 2. Teores de carbono orgânico (C %), nitrogênio (N %) e a
relação C/N da leira de compostagem da cama de frango
retida em peneira após diluição de 4:1 (cama/água).
107
Tabela 3. Teores da matéria orgânica (MO %), matéria orgânica
compostável (MOC %) e matéria orgânica resistente a
compostagem (MORC %) da leira de compostagem da cama
de frango retida em peneira após diluição de 4:1 (cama/água).
108
xi
Tabela 4. Teores de (%) de macronutrientes da leira de compostagem da
cama de frango retida em peneira após diluição de 4:1
(cama/água).
109
Tabela 5. Teores de (%) de micronutrientes da leira de compostagem da
cama de frango retida em peneira após diluição de 4:1
(cama/água).
110
xii
LISTA DE FIGURAS
Página
CAPÍTULO 2. AVALIAÇÃO DA DILUIÇÃO E SEPARAÇÃO DE SÓLIDOS
E LÍQUIDOS DA CAMA DE FRANGOS DE CORTE PARA
ABASTECIMENTO DE BIODIGESTORES.
17
Figura 1. Quantidade de carbono, em kg por 100 kg e tendência
polinomial da fração sólida e líquida segundo as diluições de
cama de frango em água.
25
Figura 2. Quantidade de matéria orgânica compostável, em kg por 100 kg
e tendência polinomial com curva de regressão da fração sólida
e líquida segundo as diluições de cama de frango em água.
25
CAPÍTULO 3 - BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE DIFERENTES
REUTILIZAÇÕES DE CAMA DE FRANGOS DE CORTE COM OU SEM
SEPARAÇÃO DE SÓLIDOS E LÍQUIDOS PARA PRODUÇÃO DE BIOGÁS
EM SISTEMA BATELADA.
28
Figura 1.
Esquema dos biodigestores batelada de campo, medidas em
mm.
33
Figura 2.
Biodigestores tipo batelada utilizados no experimento.
34
Figura 3. Parte interna do biodigestor tipo batelada utilizado no
experimento.
34
Figura 4. Volume acumulado de biogás (m
3
/49 dias) e tendência
polinomial (1º a lote de criação de aves) dos tratamentos
peneirados e não peneirados em 49 dias de produção,
56
xiii
utilizando cama de frango reutilizadas.
Figura 5. Volume de Biogás m
3
/dia de cama de frango de números
diferentes de reutilizações não peneiradas.
58
Figura 6. Volume de Biogás m
3
/dia de cama de frango de números
diferentes de reutilizações peneiradas.
58
Figura 7. Volume de biogás (m
3
/dia) e tendência polinomial (1º a lote
de criação de aves) dos tratamentos peneirados e não
peneirados, utilizando cama de frango reutilizadas.
59
CAPÍTULO 4 BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE DIFERENTES
REUTILIZAÇÕES DE CAMA DE FRANGOS DE CORTE COM OU SEM
SEPARAÇÃO DE SÓLIDOS E LÍQUIDOS PARA PRODUÇÃO DE BIOGÁS
OPERADOS EM SISTEMA CONTÍNUO.
63
Figura 1. Esquema dos biodigestores contínuos.
70
Figura 2. Biodigestores tipo batelada utilizados no experimento.
71
Figura 3. Parte interna do biodigestor tipo contínuo utilizado no
experimento
71
Figura 4. Valores médios do volume de biogás (m
3
/semana) início da
queima e tendência polinomial das camas de frango
reutilizadas, durante sete semana para o tratamento não
peneirado e 23 semanas para o tratamento peneirado.
93
CAPÍTULO 5 - COMPOSTAGEM DO MATERIAL RETIDO EM PENEIRA
APÓS A SEPARAÇÃO DE SÓLIDOS E LÍQUIDOS DA CAMA DE
FRANGO DE CORTE
97
xiv
Figura 1. Temperatura (ºC) e tendência polinomial da leira de
compostagem durante os 90 dias de avaliação.
104
Figura 2. Peso (kg) na matéria natural e tendência linear da leira de
compostagem durante os 90 dias de avaliação.
105
xv
LISTA DE APÊNDICES
Página
APÊNDICE 1. Galpão de frangos de corte utilizado no experimento.
134
APÊNDICE 2. Abertura de uma vala em cada box para coleta da cama.
134
APÊNDICE 3. Espaço para homogeneização da cama após a coleta
134
APÊNDICE 4. Sistema de separação de sólidos e líquidos da cama de
frango (Cama in natura, separação dos sólidos e fração
líquida resultante).
135
APÊNDICE 5. Inóculo (biofertilizante) do lote anterior.
135
APÊNDICE 6. Fluxograma do delineamento dos tratamentos peneirado
(com diluição 4:1 e separação de sólidos e líquidos) e não
peneirado (sem diluição e separação), para biodigestão
anaeróbia e compostagem da cama de frangos de corte.
136
APÊNDICE 7. Dados meteorológicos mensais do ano de 2007 em
Jaboticabal no período experimental.
137
APÊNDICE 8. Carga diária de biodigestores contínuos.
137
APÊNDICE 9. Início do processo de compostagem (Figura A); Material
final peneirado após 90 dias de enleiramento (Figura B);
Material retido em peneira com malha de 10 mm no fim do
processo (Figura C); Perspectiva do material peneirado e
retido na peneira ao final da compostagem (Figura D).
138
xvi
LISTA DE ABREVIATURAS
atm atmosfera
cm.c.a centímetros de coluna d'água
cm Centímetro
CO
2
Dióxido de Carbono
C:N Relação entre Carbono e
Nitrogênio
CV Coeficiente de Variação
(estatística)
Cu Cobre
kWh Quilowatt-hora
FL Fração líquida
Fe Ferro
FS Fração sólida
G Grama
GEE Gases de Efeito Estufa
GLM
º Grau
ºC Grau Celsius
HNO
3
Ácido Nítrico
HClO
4
Ácido Perclórico
H
2
S Ácido Sulfídrico
H
2
SO
4
Ácido sulfúrico
K Potássio
kcal Quilocaloria
kg Quilograma
L Litro
M Metro
M
2
Metro quadrado
m
3
Metro cúbico
Mg Magnésio
µg Micrograma
mg Miligrama
mL Mililitro
mm Milímetro
Mn Manganês
MWh Megawatt-hora
MN Matéria Natural
MOC Matéria orgânica compostável
MORC Matéria orgânica resistente à
compostagem
N Nitrogênio
N
2
Gás Nitrogênio
Na Sódio
NH
3
Amônia
N
2
O Óxido Nítrico
O
2
Oxigênio
P Fósforo
% Porcentagem
pH Potencial hidrogeniônico
PM Peso obtido após queima em mufla
Pu Peso úmido
Ps Peso seco
S Sul
SAS Statistical Analyis Software
ST Sólidos Totais
SV Sólidos Voláteis
TRH Tempo de retenção hidráulica
U Umidade
Z Fator de compressibilidade
Zn Zinco
xvii
BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DA CAMA DE FRANGOS DE CORTE COM OU SEM
SEPARAÇÃO DAS FRAÇÕES SÓLIDA E LÍQUIDA
RESUMO: Objetivou-se avaliar o efeito da reutilização das camas de quatro lotes
de frango de corte, sobre a produção de biogás, sendo estas submetidas ou não à
diluição e separação de sólidos e líquidos em biodigestores operados em batelada e
contínuo. No Capítulo 1 é apresentado o problema, a justificativa do estudo juntamente
com os objetivos gerais do projeto. O Capítulo 2 teve como objetivo avaliar as diluições
de cama de frango e as concentrações de Sólidos Totais (ST). As camas de casca de
amendoim foram diluídas em água e separadas em peneira de malha de 3 mm, nas
seguintes proporções: 2:1; 4:1 até 14:1. Assim foi escolhida a diluição 4:1 (a qual se
obteve 3,01 % de ST) para realizar os ensaios. Os Capítulo 3 e 4 avaliaram as camas
de quatro lotes de frango de corte com diluição 4:1, submetidas ou não à separação de
sólidos, em biodigestores batelada e contínuo respectivamente. O tratamento não
peneirado obteve maiores produções de biogás em relação ao tratamento peneirado
(Capítulo 3), ao passo que no Capítulo 4 os resultados se inverteram. Em ambos os os
ensaios experimentais, ocorreram aumento da concentração de minerais em massa. O
objetivo do Capítulo 5 foi avaliar o processo de compostagem da cama de frango, após
diluição e separação de sólidos. O ensaio foi conduzido por um período de 90 dias,
utilizando-se a cama de frango de corte de reutilização. Foram utilizados para
montagem da leira 348,94 kg de cama de frango/MN. A cama retida na peneira se
mostrou favorável ao processo de compostagem, apresentando uma relação C:N de
12:1, o que influenciou na redução de 25 % dos ST ao final do enleiramento.
Palavras-Chave: aproveitamento de resíduos, biogás, biodigestor batelada e contínuo,
compostagem, dejetos, energia.
xviii
ANAEROBIC DIGESTION OF BROILER LITTER WITH OR WITHOUT SEPARATION
OF FRACTION SOLID AND LIQUID
ABSTRACT: This study aimed to evaluate the effect of reuse of litters of four
batches of broilers on the production of biogas. The litters were submitted or not the
dilution and separation of solids and liquids in batch and continuous systems of
anaerobic digestion (AD). In Chapter 1 is presented the problem, the justification of the
study together with the general objectives of the project. Chapter 2 was to evaluate the
dilutions of broiler litter and the concentrations of Total Solids (TS) for AD. The litter of
peanut hulls was diluted in water and separated in a mesh sieve of 3 mm, as follows:
2:1, 4:1 to 14:1. The highest values of TS were found in the lower dilutions, was chosen
as the dilution 4:1 (which returned 3.01% in TS) to perform the tests for AD. In Chapter 3
and 4 were intended to assess the DA of the litters of four batches of broiler with 4:1
dilution, or not submitted to the separation of solids in batch and continuous systems,
respectively. The treatment not sieved obtained higher production of biogas in the
treatment sieved (Chapter 3), while Chapter 4 the results are reversed. In both chapters
were reductions of mineral mass (kg) after AD. The purpose of Chapter 5 was to
evaluate the process of composting of broiler litter, after dilution and separation of solids.
The test was conducted in a period of 90 days, using the litter of broilers from 4 reuses.
Were used for assembling a pile 348.94 kilograms of broiler litter / MN. The litter
retained on the sieve was favorable to the process of composting, giving a C:N of 12:1,
which influenced the reduction of 25% of the end of piling ST.
Keywords: biogas, compost, digesters batelada and continuous, energy, manure,
recovery of waste.
CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS
1.1. Introdução
Durante o último século e início deste, o mundo se fez dependente de energia de
fontes não renováveis, os combustíveis fósseis, os quais contribuem intensivamente ao
aquecimento global. Estes combustíveis oriundos do petróleo tiveram por várias vezes
seus fornecimentos comprometidos e preços super valorizados por crises políticas e
econômicas. Por isso, durante os últimos decênios estudos relacionados à produção de
energias de fontes renováveis tem-se intensificado no meio rural em especial na
avicultura, no sentido de substituir a fonte de energia até agora utilizada.
A partir da crise do petróleo nos anos 70, ocorreu uma busca de fontes
alternativas de energia, no Brasil e no mundo. Para o meio rural, a alternativa que se
mostrou promissora foi o biogás obtido com a biodigestão anaeróbia de material
orgânico vegetal e/ou animal. Considerando a elevação crescente dos preços dos
insumos energéticos, o que torna extremamente cara a utilização de combustíveis de
natureza fóssil, a vocação avícola do Brasil e suas condições climáticas, verifica-se que
a geração de biogás, juntamente com outras formas de energia relacionadas à
biomassa, constitui-se em importante alternativa de fornecimento de energia às
propriedades avícolas, contribuindo para sustentabilidade da cadeia produtiva.
Visto que, ao longo de 2008 uma empresa de fornecimento de energia elétrica
desenvolveu um projeto piloto (com respaldo em autorização concedida pela
ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), eficaz e de baixo custo para o
gerenciamento e geração de eletricidade pelo produtor rural. E de forma pioneira
em janeiro de 2009, fez uma chamada pública inédita no Brasil para comprar energia
elétrica produzida com biogás gerado por dejetos de animais. O objetivo da empresa é
adquirir a energia elétrica produzida em instalações com no máximo 300 kW
(quilowatts) de poncia instalada cada, a atingir um limite de 3 mil kW no total.
Com essa potência, seria posvel atender aproximadamente 600 resincias de
2
padrão dio de consumo. O resultado dessa chamada blica foi a contratão de
seis empresas que geram de 20 a 240 kW com pro de venda de até R$
129,72/MWh.
O setor avícola só tem a ganhar com estas iniciativas, visto que a produção
de cama de frango es intimamente ligada a geração de energia térmica atras da
prodão de bios.
Registra-se que em 2008 foram produzidos no Brasil 5,08 bilhões de pintos de
corte, que resultaram a produção de 11,03 milhões de toneladas de carne, consagrando
o Brasil como o maior exportador mundial de carne de frango por cinco anos
consecutivos (ABEF, 2009; UBA, 2009). Considerando-se a produção média de cama
de 2,19 kg por frango de corte na matéria natural (MN) (SANTOS e LUCAS JR., 2003)
estima-se, portanto que em 2008 foram produzidos aproximadamente 11,12 bilhões de
kg de cama de frango (MN).
À medida que a produção nacional de frangos aumenta, maiores quantidades de
cama são geradas sendo notória a necessidade eminente de se pensar nas
possibilidades de manejo e de destino deste resíduo a fim de minimizar os impactos por
ele causados, principalmente pelas elevadas concentrações de nitrogênio e carbono
orgânico presente no material.
Entre as novas opções de manejo de resíduos encontra-se a separão das
frações sólidas e líquidas com destinos diferenciados dentro da propriedade, aonde a
fração líquida teria o destino da biodigestão anaeróbia e a fração sólida a
compostagem. No entanto, para uma otimização do processo de biodigestão anaeróbia,
esse substrato residual, a fração líquida, pode precisar de ajustes em suas
características de sólidos totais e diluições necessárias visando o melhor desempenho
do biodigestor com a menor diluição possível.
O conteúdo de sólidos totais do resíduo líquido do efluente pode ser separado,
em termos gerais, entre aquele dissolvido e o presente como matéria suspensa. De
acordo com este fato, um fracionamento útil do material suspenso pode ser realizada
para refletir a performance dos principais grupos de equipamentos de separação
3
disponíveis. Estas frações são constituídas por sólidos dissolvidos, partícula coloidal,
sólidos finos, grossos e fibras (BURTON, 2007).
Neste sentido muitos estudos surgiram nas últimas décadas para avaliar a
biodigestão anaeróbia de dejetos de aves com a finalidade de otimizar a produção de
biogás (JONES JR e OGDEN, 1984; WEBB e HAWKES, 1985; LUCAS JR et al., 1993;
CHEN e SHYU, 1998; ITODO e AWULU, 1999; SANTOS, 2001; STEIL et al., 2002;
AUGUSTO, 2007; FUKAYAMA, 2008; AIRES et al., 2008).
A biodigestão anaeróbia de excretas, uma das formas de bioconversão, oferece
várias vantagens como: conversão de resíduos orgânicos em gás metano, o qual pode
ser usado diretamente como fonte energética; redução da emissão de amônia; controle
de odores e o efluente da digestão anaeróbia, que pode ser utilizado como
biofertilizante nas plantações, por ser fonte de vários minerais, além de contribuir para a
rápida amortização dos custos da tecnologia instalada.
Além destas, outras vantagens da digestão anaeróbia podem ser citadas como: a
contribuição para a mitigação das emissões de gases estufa como o CH
4
; a
conservação de áreas destinadas a aterro de resíduos, diminuindo o acúmulo de metais
no solo, além da lixiviação dos mesmos para o lençol freático; alterações nas relações
familiares e sociais nas camadas de baixa renda em função do fornecimento de energia
de baixo custo e todas as benéficas conseqüências; influência na balança comercial do
país pela substituição de combustíveis fósseis e redução dos conseqüentes impostos;
minora distorções de mercado referentes a práticas monopolistas do setor energético
em função da auto-suficiência que propicia; a atuação como um mecanismo de
segurança para o sistema regional ou local de geração e distribuição de energia e a
geração de empregos (FUKAYAMA, 2008).
Segundo Konzen (2003), a cama de frangos de corte pode constituir fertilizante
eficiente e seguro na produção de grãos e de pastagem, desde que precedidos dos
ativos ambientais que assegurem a proteção do meio ambiente, antes de sua
reciclagem.
Embora ainda o existam projetos relacionados a Mecanismos de
Desenvolvimento Limpo (MDL) com o uso de cama de frangos como fonte de energia
4
renovável, é possível observar a necessidade de maiores avaliações para implantação
de uma linha de base com o objetivo da redução dos Gases de Efeito Estufa (GEE),
para que com isso possa requerer a Redução Certificada de Emissão (RCEs) no âmbito
do Protocolo de Kyoto.
1.2. Revisão de Literatura
1.2.1. Problemas ambientais relacionados aos dejetos
O problema ambiental que vem recebendo atenção especial nos últimos anos, não
apenas no que se refere à avicultura, mas a produção animal em geral é o alto potencial
de emissão de gases de efeito estufa proveniente da degradação dos dejetos em locais
inapropriados. Segundo a United Nations Framework Convention on Climate Change
(2006) 20% das emissões mundiais de gases de efeito estufa são provenientes das
atividades agropecuárias, sendo o metano (produzido durante a degradação da matéria
orgânica em meio anaeróbio) e o óxido nitroso (produzido em meios anaeróbios
utilizando os compostos nitrogenados de natureza orgânica ou inorgânica) os principais
gases envolvidos. Estes gases impedem a saída da radiação solar que é refletida na
superfície da Terra para o espaço contribuindo assim para o aumento da temperatura
global.
Esses gases trazem grande preocupação devido ao seu tempo de vida na
atmosfera e seu potencial de aquecimento global com relação ao CO
2
(o CO
2
é o
principal gás do efeito estufa, por isso foi eleito como sendo índice 1 para o
aquecimento global e os demais gases são comparados a ele). Segundo a United
Nations Framework Convention on Climate Change (2006) a vida média desses gases
na atmosfera seria de 12 anos para o CH
4
e 120 anos para o N
2
O e os respectivos
potenciais de aquecimento global de 21 e 310.
5
A única forma de evitar a emissão destes gases seria a captação e posterior
queima, onde o CH
4
e N
2
O seriam transformados em CO
2
e N
2
após a queima,
reduzindo assim a contribuição para o aquecimento global.
Em função desse apelo ambiental o manejo de dejetos merece destaque como,
atualmente como uma preocupação a mais aos produtores do setor, envolvendo
qualidade, comércio e interferindo nos custos de investimento e retorno, que são fatores
importantes na produção lucrativa de aves.
Os dejetos provenientes da avicultura de corte são tão valiosos do ponto de vista
biológico que devem ser usados com inúmeras vantagens e não simplesmente como
dejeto a ser eliminado (MORENG e AVENS, 1990).
Os resíduos, quando dispostos sem prévio tratamento, comprometem a qualidade
do solo e da água, com contaminação dos mananciais pelos microrganismos, toxidade
a animais e plantas e depreciação do produto, porém com percepção em médio e longo
prazo.
Deste modo, fica evidente a necessidade de desenvolvimento de tecnologias mais
limpas com perspectivas de mitigar o abuso ao meio ambiente e produção de tais
resíduos.
O direcionamento para cada uma dessas situações depende exclusivamente do
manejo adotado que, quando bem conduzido, permite o aproveitamento quase que
integral dos resíduos dentro das condições estabelecidas em cada propriedade
(SANTOS, 2000).
Com base nas características quantitativas, qualitativas e pelo alto potencial de
emissão de gases de efeito estufa dos dejetos de aves, torna-se evidente a
necessidade de um tratamento que atue sobre cada um desses pontos. A biodigestão
anaeróbia pode ser utilizada nesse tratamento, pois além de reduzir o poder poluente, e
os riscos sanitários dos dejetos, tem como subprodutos o biogás e o biofertilizante
(PLAIXATS et al., 1988).
Enfim o poder poluente dos dejetos animais é extremamente alto, face ao
elevado número de contaminantes que possui, cuja ação individual ou combinada,
representa uma fonte potencial de contaminação e degradação do ar, dos recursos
6
hídricos e do solo. Estes fatos vêm exigindo a fixação de parâmetros de emissão cada
vez mais rigorosos pela legislação ambiental, visando à preservação dos recursos
naturais, do conforto e da saúde humana (STEIL et al., 2003).
1.2.2. Produção de biogás e biodigestão anaeróbia
O biogás é o nome comum dado à mistura gasosa produzida durante a
biodegradação anaeróbia da matéria orgânica (RUIZ et al., 1992; CAMARERO et al.,
1996; GARBA, 1996; LASTELLA et al., 2002; YADVIKA et al., 2004).
Na forma como é produzido, o biogás é constituído basicamente de 60 a 70% de
metano (CH
4
) e 30 a 40% de dióxido de carbono (CO
2
), além de traços de O
2
, N
2
, H
2
S,
etc., segundo Ruiz et al. (1992).
O processo biológico para produção de biogás ocorre na ausência de oxigênio
molecular, no qual um consórcio de diferentes tipos de microrganismos interage
estreitamente para promover a transformação de compostos orgânicos complexos em
produtos mais simples, resultando, principalmente, nos gases metano e dióxido de
carbono (FORESTI et al., 1999).
A biodigestão anaeróbia geralmente é dividida em três fases, hidrólise,
acidogênese e metanogênese. Porém, há autores que a dividem em quatro fases,
acrescentando a acetogênese, fase intermediária entre a acidogênese e a
metanogênese (CAMARERO et al., 1996; SINGH e SINGH, 1996; STERLING et al.,
2001). ainda quem divida o processo nas fases de hidrólise, acetogênese e
metanogênese (SHARMA et al., 2000).
A primeira fase da digestão anaeróbia é chamada de hidrólise e envolve a
transformação mediada por enzimas extracelulares dos compostos insolúveis e dos
compostos com alto peso molecular como carboidratos, proteínas, lipídios e ácidos
nucléicos em compostos solúveis mais simples como os monossacarídeos, os
aminoácidos e os ácidos graxos. As bactérias que hidrolisam a matéria orgânica nessa
primeira fase são facultativas e anaeróbias estritas.
7
Na segunda fase, chamada de acidogênese, outro grupo de microrganismos
transformam os produtos resultantes da fase anterior em ácido acético, hidrogênio,
dióxido de carbono e outros ácidos orgânicos como o propiônico e o butírico que podem
ser convertidos em ácido acético.
Na terceira fase, o ácido acético, o hidrogênio e o dióxido de carbono são
convertidos em uma mistura de metano e de dióxido de carbono pelas arquéias
metanogênicas (dentre elas as que utilizam o acetato, Methanosarcina spp. e
Methanosaeta e as que utilizam o formiato e o hidrogênio, Methanobacterium spp. e
Methanococcus spp.) (RUIZ et al., 1992; GARBA, 1996; HESSAMI et al., 1996;
HAMMAD et al., 1999; LASTELLA et al., 2002; LIU et al., 2002)
O sucesso do processo de biodigestão anaeróbia depende, portanto, de
condições ambientais específicas (nutrientes, temperatura, tempo de retenção
hidráulica suficiente e outros) para que as diferentes populações de microrganismos
possam crescer e se multiplicar (SINGH, S. e SINGH, S.K. 1996; HAMMAD et al., 1999;
YADVIKA et al., 2004).
O uso do biogás traz ganhos econômicos devido à redução dos gastos com
combustíveis, como também traz ganhos ambientais através da troca de um
combustível não renovável por um renovável e redução da contribuição da atividade
para o aquecimento global.
1.2.3. Caracterização da Cama de Frango
Cama é todo o material distribuído sobre o piso de galpões para servir de leito às
aves (PAGANINI, 2004), sendo uma mistura de excreta, penas das aves, ração e o
material utilizado sobre o piso. Vários materiais são utilizados como cama: maravalha,
casca de amendoim, casca de arroz, casca de café, capim seco, sabugo de milho
picado, entre vários outros materiais (GRIMES, 2004).
A cama de frango foi fornecida para ruminantes por muito tempo, porém, devido
aos problemas sanitários ocorridos na Europa em 2001, como a encefalopatia
8
espongiforme bovina (BSE), o Minisrio da Agricultura publicou uma Instrução
Normativa (BRASIL, 2001) proibindo, entre outros, a comercialização da cama de
frango com a finalidade de alimentação para ruminantes. Tal proibição se deve aos
riscos de haver contaminação da cama com restos de ração que por ventura tenha
proteína animal em sua composição. Devido à dificuldade de fiscalização em todo o
território brasileiro para a diferenciação se as aves foram alimentadas com proteína
especificamente vegetal ou animal, a instrução proíbe o uso de toda e qualquer cama,
independente da sua origem.
Com esta correta proibição, o destino para cama de frango tornou-se restrito,
sendo necessárias pesquisas com objetivo de estudar alternativas para o
aproveitamento deste resíduo.
A reutilização da cama é uma alternativa viável para diminuir o impacto ambiental
provindo do acúmulo deste resíduo, além de favorecer regiões em que escassez do
material base e dificuldade para vender a cama após a saída dos animais.
Outras razões para a reutilização da cama são: custo para aquisição do material;
mão-de-obra para retirar a cama do galpão, aliada à tentativa de diminuir o tempo
ocioso das instalações; diminuição da atividade madeireira, tornando escassa a oferta
de maravalha e adaptação às épocas do ano para disponibilidade dos materiais
(PAGANINI, 2004).
Segundo Lien et al. (1992); Malone (1992) e Brake et al. (1993), a cama pode ser
reutilizada de 1 a 6 vezes sem que haja diferenças significativas no que se refere à
mortalidade, ganho de peso, consumo de ração, eficiência alimentar e qualidade das
carcaças.
Vários fatores influenciam a composição químico-bromatológica da cama de
frango, como a composição da ração, quantidade do material de cobertura do piso do
galpão, estação do ano, densidade de alojamento das aves, tipo de substrato de cama,
ventilação do galpão, nível de reutilização da cama e características das excretas das
aves.
Santos (1997) constatou que há diminuição significativa na produção de resíduos
na granja quando se reutiliza a cama. Segundo a autora, o coeficiente de resíduo no
9
qual se criou um lote foi de 0,521 kg de matéria seca (MS) de cama/kg de peso vivo de
ave, e para dois lotes de 0,439 kg de MS de cama/kg de peso vivo de ave, indicando
que uma reutilização pode diminuir o coeficiente de resíduo (produção de cama) em
aproximadamente 16%. Severino et al. (2006), ao estudarem onze materiais orgânicos
(Tabela 1), dentre esses a casca de amendoim e a cama de frango, encontraram
valores de macronutrientes diferentes de Santos et al. (1997).
Tabela 1. Concentração de nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio e magnésio, nos materiais
estudados.
Materiais
N P K Ca Mg
(g/100g)
Casca Amendoim
1,53 0,36 0,79 0,46 0,21
Cama Frango
2,95 3,87 1,10 4,71 6,93
Fonte: SEVERINO et al. (2006).
Como a concentração de minerais na cama de frango pode influenciar no
desenvolvimento da biodigestão anaeróbia, demonstra-se a importância de conhecê-la
para melhor manejar o biodigestor e conseqüentemente conhecer o valor agronômico
do efluente (biofertilizante) para adubação de plantas.
1.2.4. Pré-tratamento da cama de frango para biodigestão anaeróbia
Pode ser necessário que a cama tenha que sofrer um pré-tratamento antes de
ser adicionada ao biodigestor, o mais indicado seria a moagem, pois as partículas de
maravalha são muito grandes e isso pode diminuir a eficiência da atividade dos
microrganismos. Em relação ao teor de umidade da cama, é necessária a adição de
água para a da diminuição do teor de sólidos e diluição do conteúdo. Se o teor de
sólidos totais for muito alto, demandará um longo TRH dificultando a consorciação
produção de biogás/avicultura.
10
Segundo Lucas Junior et al. (1993), biomassas que apenas diluídas podem
apresentar bons resultados no processo de digestão anaeróbia, com relativa facilidade
de degradação, porém outras são mais difíceis de serem degradadas pelos
microrganismos envolvidos no processo, apresentando degradação lenta e nesses
casos, se faz necessária não apenas a diluição como também a inoculação.
Um dos problemas é a quantidade de material de difícil degradação existente em
algumas camas de frangos, como por exemplo a casca de amendoim, que por muitas
vezes pode se tornar um empecilho para os microorganismos na bioconversão do
carbono em biogás. Por isso, infere-se que o peneiramento em malha, desta fração
grosseira existente na cama possa incrementar a produção de biogás e reduzir o
percentual de ST, antes da biodigestão anaeróbia, proporcionando uma diminuição do
potencial poluidor desse resíduo no solo, na água e no ar.
1.2.5. Fatores intrínsecos a biodegradação da matéria orgânica
A temperatura é um fator extremamente importante na digestão anaeróbia, uma
vez que influi na velocidade do metabolismo bacteriano, no equilíbrio iônico e na
solubilidade dos substratos (FORESTI et al., 1999). O efeito da temperatura sobre o
processo de digestão anaeróbia tem sido estudado por diversos autores nas faixas
psicrofílica, abaixo de 20 ºC (MASSÉ et al., 2000; MAS e DROSTE, 2000),
mesofílica, entre 20 e 45 ºC (BROUGHTON et al., 1998; CHEN e SHYU, 1998), e
termofílica, entre 50 e 70 ºC (ÖZTÜRK, 1993; LEPISTO e RINTALA, 1996).
A disponibilidade de certos nutrientes é essencial para o crescimento e atividade
microbiana. Dentre eles o carbono, nitrogênio e o fósforo são minerais essenciais para
todos os processos biológicos da metanogênese. A quantidade de N e P necessária
para a degradação da matéria orgânica presente depende da eficiência dos
microrganismos em obter energia para a síntese, a partir de reações bioquímicas de
oxidação do substrato orgânico (FORESTI et al., 1999).
11
Embora essencial ao processo de biodegradação da matéria orgânica, o
nitrogênio, pode tornar-se um fator inibitório quando em altas concentrações na forma
de amônia. As concentrações do íon amônio (NH
4
+) e amônia livre (NH
3
) são ditadas
pelo pH, com altos valores de pH a forma NH
3
prevalece, e é mais inibitória que a forma
ionizada (MATA-ALVAREZ et al., 2000).
Damianovic (1992) em revisão de literatura sobre aspectos nutricionais em
processos anaeróbios fez referências a uma série de trabalhos que comprovaram a
importância de micronutrientes na estimulação do processo, no entanto, o único metal
traço testado em reatores de grande porte foi o ferro, com resultados bastante
satisfatórios.
Apesar dos dejetos de aves possuírem alta degradação, uma fração deste total
pode não ser biodegradável ou lentamente biodegradável. Por isso espera-se que a
separação desta fração sólida do restante do resíduo a ser destinado ao tratamento
anaeróbio, se torne mais facilmente degradado pelos microorganismos. Com isso o
processo pode se tornar mais eficiente (maior produção de biogás/kg de sólido), rápido
(menor tempo de retenção hidráulica) e econômico, pois necessitará de biodigestores
menores para um mesmo número de animais.
Existem várias formas de separar frações mais degradáveis de frações menos
degradáveis. Em se tratando de água residuária, uma das formas mais comuns é a
separação da fração sólida da fração líquida, por meio de peneiras de separão,
tambores rotativos, centrifugação e decantação. A fração liquida possui maior
quantidade de nutrientes solúveis, na fração sólida maiores quantidades de frações
insolúveis menos degradáveis como celulose, hemicelulose e lignina.
O fato de a fração sólida possuir menor potencial de produção de biogás não
implica que essa fração deva ser descartada do processo, a decisão vai depender da
eficiência e a rapidez que se necessita para tratar os dejetos. Caso a decisão seja
favorável à separação de sólidos será necessário um tratamento concomitante
(compostagem), para que os resíduos sólidos sejam tratados, pois estes possuem um
poder poluente elevado e necessitam de tratamento adequado antes de serem
aplicados no meio ambiente.
12
Os avanços conseguidos na avicultura, como um todo, indicam que os meros
que correspondem ao crescimento da atividade avícola, tanto da produção de carne
como da produção de dejetos, merecem ser analisados sob aspectos que se
relacionam aos ganhos de mercado e as perdas e degradação de recursos naturais.
Nesse contexto, consideram-se os impactos nos receptores de efluentes (solo, água e
ar), indicando que qualquer sistema que promova transformação nos dejetos seja o
mais eficiente possível em reduzir os impactos, quando o meio em que se instala a
atividade se apresentar com alta sensibilidade no comprometimento dos recursos.
Porém quando o meio apresentar boa capacidade suporte para a atividade, o
sistema de estabilização dos dejetos deverá ser o mais eficiente possível em permitir a
ciclagem energética e orgânica/mineral na propriedade, resultando em menores custos
de produção. Este fato justifica o estudo da separação de sólidos, dos tempos de
retenção hidráulica e do potencial de produção de biogás remanescente no efluente dos
biodigestores, pois este dado permitia avaliação do potencial de emissão de metano
para atmosfera em cada tempo de retenção adotado.
1.2.6. Compostagem de cama de frango
O composto orgânico é um material bioestabilizado, homogêneo, de odor não
agressivo, coloração escura, rico em matéria orgânica, isento de microrganismos
patogênicos e o teor de nutrientes presentes no composto orgânico é determinado
pelas matérias-primas que foram utilizadas no processo. Tem capacidade de liberação
lenta de macro e micronutrientes, excelente estruturador do solo, favorecendo rápido
enraizamento das plantas e aumenta a capacidade de infiltração de água, reduzindo a
erosão (KIEHL, 1985; MELO et al., 1997).
A matéria orgânica presente no composto orgânico é responsável por algumas
reações químicas que ocorrem no solo, como complexação dos elementos tóxicos e
micronutrientes, influência na capacidade de troca catiônica e pH, além de fornecer
nutrientes às plantas (CEZAR, 2001).
13
Segundo Kiehl (1985), compostagem é um processo controlado de
decomposição bioquímica de materiais orgânicos transformados em um produto mais
estável e utilizado como fertilizante, obtendo-se mais rapidamente e em melhores
condições a estabilização da matéria orgânica. Para Carvalho (2001) a compostagem é
um processo de bio-oxidação exotérmica, aeróbio, de um substrato orgânico sólido e
heterogêneo obtendo como produto final água, gás carbônico, com simultânea liberação
de matéria orgânica que estabiliza após a maturação.
O processo de compostagem consiste em duas fases distintas: a primeira, fase
termofílica, em que ocorre a máxima atividade microbiológica de degradação fazendo a
temperatura permanecer elevada entre 45 e 65°C (VIT ORINO e PEREIRA NETO,
1992). Tal condição causa a morte efetiva de patógenos e sementes de plantas
invasoras (LEAL e MADRID de CAÑIZALES, 1998). Os microrganismos predominantes
nesta fase são bactérias, em geral do gênero Bacillus, fungos e actinomicetos (PAUL,
1996).
Nesta fase o material apresenta a característica de fitotoxidade, formando ácidos
orgânicos, minerais e toxinas de curta duração. Se o material contiver mais nitrogênio
(N) do que o necessário para que os microrganismos decomponham o resíduo, como
no caso dos dejetos de galinhas poedeiras, este excesso pode ser eliminado na forma
de amônia (KIEHL, 2002).
Após a fase termofílica, segue-se uma fase de abaixamento de temperatura,
chegando a temperaturas próximas ao ambiente, quando se a bioestabilização da
matéria orgânica e humificação e consequentemente a produção de um composto final,
denominado composto orgânico (KIEHL, 1985).
No processo de compostagem, a matéria-prima é absolutamente heterogênea e
tem seus componentes agrupados em moléculas de rápida degradação, como por
exemplo, amido e hemicelulose, que são responsáveis pela rápida liberação de gás
carbônico. as proteínas são hidrolisadas em peptídeos, aminoácidos e outros
produtos de transformação que se incorporam ao composto durante o processo de
humificação. Os fragmentos da degradação da lignina dão origem à diferentes
derivados que são moléculas de degradação lenta. Ao mesmo tempo, a lignina reage
14
com o nitrogênio para formar moléculas de lignoproteínas e nitrogênio heterocíclico, que
não são encontrados nos vegetais. Estas reações são realizadas por fungos lignolíticos,
bactérias e actinomicetos (CARVALHO, 2001).
Os materiais a serem compostados geralmente apresentam-se com tamanhos de
partículas completamente irregulares. A sua redução favorece o aumento da atividade
bioquímica durante o processo de compostagem. Quanto mais fragmentado for o
material, maior será a área superficial sujeita à ataques microbiológicos. Entretanto, a
redução excessiva desse tamanho pode acarretar em falta de espaço para a entrada de
ar, ocupação dos espaços vazios pela água e conseqüente anaerobiose indesejada.
Em geral, as partículas do material inicial devem estar entre 25 e 75 mm, como sugeriu
KIEHL (1985).
Das características químicas dos materiais, além do carbono, o nitrogênio é o
principal elemento que caracteriza a matéria prima e sua presença em certo grau é uma
garantia de que os outros nutrientes importantes, como fósforo, cálcio, magnésio,
potássio e micronutrientes, também estão presentes num grau proporcional. Por isso ao
invés de se fazer uma análise dos teores de todos os elementos, determina-se o N em
relação ao teor de C (relação C:N). Materiais ricos em N terão C:N baixa; materiais
pobres em N terão C:N alta. Segundo KIEHL (2002), a relação ideal para os
microrganismos decompositores fica entre 25/1 a 35/1.
Na prática, a aplicação dos dejetos como fertilizantes no solo, tem sido utilizada
por muitos anos, pois possuem elementos químicos que podem constituir em nutrientes
para o desenvolvimento das plantas, acreditando-se que o solo seja um filtro com
capacidade quase ilimitada de absorver e depurar os resíduos nele adicionados
(SEGANFREDO, 2000), mas para uso como fertilizante, o dejeto deve sofrer um
processo de fermentação microbiológica, provocando a decomposição da matéria
orgânica de forma aeróbia ou anaeróbia. A compostagem e a biodigestão anaeróbia
são exemplos respectivos de cada uma dessas formas de decomposição controlada.
15
1.3. Objetivos Gerais
Avaliar a biodigestão anaeróbia da cama de frangos com ou sem separação de
sólidos em dois tipos de biodigestores (batelada e contínuo);
Avaliar a concentração de nutrientes em camas de frangos reutilizadas de quatro
lotes de criações, em afluentes e efluentes de biodigestão anaeróbia e em
material compostado;
Avaliar a redução de sólidos totais e voláteis das camas reutilizadas durante o
processo de biodigestão anaeróbia;
Caracterizar qualitativa e quantitativamente os efeitos dos diferentes preparos na
produção de biogás;
Avaliar a produção de composto com os resíduos retidos no peneiramento da
cama.
16
1.4. Estrutura da Dissertação
O desenvolvimento da Dissertação foi embasado em dados coletados em galpão
experimental de uma granja comercial de produção de frangos de corte.
No Capítulo 1 foi feita a apresentação do problema, justificativa do estudo,
revisão bibliográfica e objetivos.
Para iniciar os ensaios com biodigestão anaeróbia, foi necessária a realização de
um projeto piloto para encontrar a melhor diluição da cama de frangos de corte
(Capítulo 2).
Com a diluição mais adequada apresentada no Capítulo 2, foram realizados
ensaios experimentais de biodigestão anaeróbia, com biodigestores em batelada para
avaliar a diluição e a separação dos sólidos na produção de biogás, bem como a
concentração de nutrientes do efluente (Capítulo 3).
Foram apresentados no Capítulo 4, ensaios realizados com biodigestores
contínuos, utilizando a mesma avaliação do Capítulo anterior.
O material retido na peneira foi estabilizado em processo de compostagem,
sendo este descrito no Capítulo 5.
No Capítulo 6 são apresentadas as considerações finais e implicações dos
resultados obtidos nos Capítulos 3 e 4, mostrando estimativas econômicas e
bioconversões energéticas comparando dados do experimento com dados da literatura.
O estabelecimento da estrutura da dissertação e das referências bibliográficas
seguiram orientações constantes no volume 4 das Normas para Publicações da UNESP
(UNESP, 2003) e ABNT (2002), respectivamente.
17
CAPÍTULO 2 - AVALIAÇÃO DA DILUIÇÃO E SEPARAÇÃO DE SÓLIDOS E
LÍQUIDOS DA CAMA DE FRANGOS DE CORTE PARA
ABASTECIMENTO DE BIODIGESTORES ANAERÓBIOS
RESUMO: O objetivo do trabalho foi avaliar a operação de diluição e separação
dos sólidos. Foram avaliados os percentuais de sólidos totais e quantidades mínimas de
água para diluição. Foram delineados três ensaios para encontrar uma diluição que
utilizasse menores quantidades de água. As camas de casca de amendoim foram
diluídas em água e separadas em peneira de malha de 3 mm, nas seguintes
proporções: 2:1, 4:1, 6:1, 8:1, 10:1, 12:1 e 14:1 gua/cama). Os menores valores de
Sólidos Totais (ST) foram encontrados nas maiores diluições, mas as menores
quantidades de água são prioridade para viabilidade da execução do projeto, assim foi
escolhida a diluição 4:1 (com a qual se obteve 3,01 % de ST) para realizar os ensaios
de biodigestão anaeróbia.
Palavras-Chave: aproveitamento de resíduos, separação de sólidos, biogás, casca de
amendoim
18
CHAPTER 2 - AVALIATION OF DILUTION AND SEPARATION OF SOLID AND
LIQUID OF LITTER BROILERS FOR SUPPLY OF ANAEROBIC
DIGESTERS.
ABSTRACT: The objective of this study was to evaluate the process of dilution
and separation of solids, which was measured in percentage of total solids and minimum
amounts of water for dilution. Three experimental trials were designed to find a dilution
with high concentrations of ST and that use smaller quantities of water in dilutions. The
litter of peanut hulls were diluted in water and separated into a mesh sieve of 3 mm, as
follows: 2:1, 4:1, 6:1, 8:1, 10:1, 12:1 and 14: 1 (water / litter). The lowest total solids (TS)
were found in higher dilutions, but the smaller quantities of water are priority for
feasibility of implementation of the project, was chosen as the dilution 4:1 (which
returned 3.01% in ST) to conduct testing of anaerobic digestion.
Keywords: recovery of waste, solids separation, biogas, peanut shell
19
2.1. Introdução
Com a crescente demanda pela produção de alimentos, a agropecuária vem
acentuando sua participação nos impactos provocados ao ambiente, o que torna cada
vez mais necessário o desenvolvimento de sistemas de produção sustentáveis
(AMORIM et al., 2004). Por isso hoje, a transformação de dejetos animais em formas de
aproveitamento bioenergético, apresenta repercussão no setor agropecuário, surgindo
um mercado paralelo, que transforma ativos ambientais em ativos financeiros.
No setor avícola, a intensa produção de cama de frango de corte é uma das
maiores preocupações, pois este é um resíduo sólido de alto poder poluente,
principalmente pelas elevadas concentrações de nitrogênio e carbono orgânico
presente no material. O manejo do dejeto na forma sólida gera um poder calorífico por
combustão direta de 14,8 X 10
12
Kcal (JONES JR. e OGDEN, 1984), porém esta não é
mais uma possibilidade quando se pensa em melhoria ambiental.
Entre as novas opções de manejo encontra-se a separação das frações sólidas e
líquidas com destinos diferenciados dentro da propriedade, aonde a fração líquida teria
o destino da biodigestão anaeróbia e a fração sólida poderia ser compostada. No
entanto, para uma otimização do processo de biodigestão anaeróbia, esse substrato
residual, a fração líquida, pode precisar de ajustes em suas características de sólidos
totais e diluições necessárias visando o melhor desempenho do biodigestor com a
menor diluição possível.
A performance aparente do sistema de separação dependerá do volume da
fração sólida produzida em porcentagem de alimento. Um simples equilíbrio de massa
pode demonstrar que esta irá aumentar rapidamente conforme a concentração de
nutrientes se aproxima dos sólidos finais dos efluentes (MARTINEZ et al., 1995).
O conteúdo de sólidos totais do resíduo líquido do efluente pode ser separado,
em termos gerais, entre aquele dissolvido e o presente como matéria suspensa. De
acordo com este fato, um fracionamento útil do material suspenso pode ser realizado
para refletir a performance dos principais grupos de equipamentos de separação
20
disponíveis. Estas frações são constituídas por sólidos dissolvidos, partícula coloidal,
sólidos finos, grossos e fibras (BURTON, 2007).
Essas técnicas de separação de sólidos indicam que podem promover um
processo biológico aeróbico em remover relativamente, materiais indigestíveis dos
efluentes; melhorar a performance de biodigestão anaeróbia por produzir uma
concentração de nutriente vindo do efluente diluído; produzir uma fração de sólido
compostável de resíduos líquidos.
Para tanto, avaliou-se a diluição e separação dos sólidos e líquidos, sendo estes
separados em peneira para avalião dos percentuais de lidos totais e de massa dos
materiais.
2.2. Material e Métodos
A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Digestão Anaeróbia do
Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias/UNESP - Campus de Jaboticabal, o qual está em local cujas coordenadas
geográficas são: 21°15'22" S; 48°18'58" W e altitud e de 575 metros.
2.2.1. Delineamento do teste de diluições
Realizaram-se para o estudo, três ensaios experimentais, utilizando cama de
frango de corte reaproveitada de quarto lote, retirada de uma granja comercial no
município de São Carlos-SP.
A cama utilizada era de casca de amendoim e foi diluída em água e separada em
peneira de malha de 3 mm: os tratamentos consistiram em diluições de 2 kg água em 1
kg de cama, 4 kg água em 1 kg de cama, 6 kg água em 1 kg de cama, 8 kg água em 1
kg de cama , 10 kg água em 1 kg de cama, 12 kg água em 1 kg de cama, 14 kg água
em 1 kg de cama.
21
Em seguida foram realizadas pesagens das frações sólidas e líquidas para
calcular o percentual de passagem do líquido diluído e do material retido na peneira.
2.2.2. Determinação dos teores de sólidos totais e voláteis
As amostras destinadas às determinações dos teores de sólidos totais e voláteis,
das camas de frangos de corte, foram acondicionadas em latas de alumínio
previamente tarados, pesados para se obter o peso úmido (Pu) do material e em
seguida, levadas à estufa com circulação forçada de ar, à temperatura de 65ºC até
atingirem peso constante e em seguida, resfriadas em dessecador e pesadas
novamente em balança com precisão de 0,01 g, obtendo-se o peso seco (Ps). O teor de
sólidos totais foi determinado segundo metodologias descritas pela APHA (2000).
Onde:
ST = 100 – U e U = ( PU – PS ) / PU x 100
No qual:
ST = teor de ST, em porcentagem;
U = teor de umidade, em porcentagem;
PU = peso úmido da amostra, em g;
PS = peso seco da amostra, em g.
Em seguida as amostras foram previamente moídas em moinho IKA
®
A11 basic,
para realização de todas as análises experimentais.
Para a determinação do teor de sólidos voláteis, os materiais secos obtidos após
a determinação do teor de sólidos totais, foram pesados em cadinhos de porcelana e
levados à mufla a temperatura de 575ºC durante um período de 2 horas, após
resfriamento em dessecadores, os materiais foram pesados em balança com precisão
de 0,0001 g, obtendo-se o peso de cinzas. O teor de sólidos voláteis foi determinado a
partir de metodologia descrita pela APHA (2000).
22
Onde:
SV = ST – cinzas e cinzas = { 1 - [ ( PU – Pm ) / PU ] } x 100
No qual:
SV = teor de SV, em porcentagem;
PU = peso úmido da amostra, em g;
Pm= peso obtido após queima em mufla, em g.
Os sólidos voláteis foram expressos, portanto, em porcentagem da matéria seca.
2.2.3. Teor de carbono orgânico e matéria orgânica compostável
O princípio do método para a determinação de C fundamenta-se no fato da
matéria orgânica oxidável ser atacada pela mistura sulfo-crômica, utilizando-se o
próprio calor formado pela reação Dicromato de potássio com o ácido sulfúrico como
fonte calorífica; o excesso de agente oxidante, que resta desse ataque, é determinado
por titulação com sulfato ferroso ou sulfato ferroso amoniacal. O método oferece a
vantagem de não oxidar a fração de matéria orgânica não decomponível durante o
período de compostagem, baseado em KIEHL (1985).
A partir desse dado pode-se calcular: a matéria orgânica compostável (MOC) em
porcentagem, multiplicando-se o teor de carbono orgânico encontrado pelo fator 1,8
(Lossin, 1971 citado por KIEHL, 1985).
2.2.4. Análise estatística dos dados
Os dados foram submetidos à análise de variância pelo procedimento GLM do
SAS program version 9.1. (2003) e as médias comparadas pelo Teste de Tukey a um
nível de significância de 5%.
23
2.3. Resultados e Discussão
Os resultados obtidos durante o experimento estão apresentados na Tabela 1.
Não houve diferença significativa quanto às quantidades de fração sólida retida
na peneira. As maiores diluições de cama de frango aumentam a quantidades da fração
líquida, variando de 20,9 a 89,4 % dos totais dos dejetos diluídos. Houve diferença
significativa para os teores de ST da fração líquida. As maiores diluições apresentaram
menores teores de ST, o que era esperado que a peneira retinha mesmas
quantidades de material para as diferentes diluições e nos tratamentos com maiores
diluições, maiores quantidades de água diluíam mesmas quantidades de ST.
Tabela 1. Valores médios obtidos com a separação da fração sólida (FS) e líquida (FL) de cama de
frango em diferentes diluições, sólidos totais (ST) da fração líquida.
Diluição FS
FL
FS FL ST
Água : Cama ..............(kg)............. ........................(%)........................
2 1 2,305
a
0,628
d
76,8
a
20,9
d
5,0
a
4 1 2,310
a
2,528
cd
46,2
b
50,6
b
3,1
b
6 1 2,245
a
4,560
c
32,1
c
65,1
bc
3,1
b
8 1 2,200
a
6,783
b
24,4
d
75,4
ab
2,4
bc
10 1 2,155
a
8,745
b
19,6
de
79,5
ab
1,5
c
12 1 2,018
a
11,348
a
15,5
e
87,3
a
1,5
c
14 1 2,345
a
13,408
a
15,6
e
89,4
a
1,4
c
CV (%) 6,76 7,49 5,12 5,34 20,12
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
Os teores de ST da fração líquida variaram de 1,4 à 5,0%. Esse parâmetro é
importante para o abastecimento de biodigestores anaeróbios, pois têm relação com a
produção de biogás (Itodo e Awulu, 1999). Se os teores de ST são demasiado altos ou
baixos pode ocorrer inibição do processo (Yadvika et al., 2004). Além disso, substratos
muito diluídos, com menores teores de ST e, por conseqüência, menores potenciais de
produção, contribuem para o aumento dos custos na instalação dos biodigestores.
24
Utilizando-se os resultados obtidos nessas duas diluições para o
dimensionamento de biodigestores, inferem-se que seria necessário um volume útil três
vezes maior para obtenção do dobro da produção de biogás, na diluição 6:1, o que
encarece o sistema. Outro fator a ser considerado são os teores de ST que nas
menores diluições chegam mais próximo dos teores recomendados por Lucas Jr. (1996)
para esse tipo de dejeto. Todavia, os teores de ST dos dejetos podem influenciar na
escolha do tipo de biodigestor.
Um fator importante a ser respeitado na escolha da diluição mais adequada, ou
seja, aquela que tra maior quantidade de gás produzido com menores quantidades de
diluente é a viabilidade manual ou mecânica (dependendo do sistema) de
homogenização da cama e a sua separação por peneira. Estes fatores podem
influenciar na quantidade de sólidos, em ambas as frações. Isto explica os resultados
de linhas de tendências polinomiais na caracterização orgânica das diluições de cama
de frango.
Outro fator preponderante na escolha da diluição é a quantidade de água a ser
utilizada para diluição, pois com a escassez eminente, nos faz escolher tratamentos os
quais estejam dentro de padrões respeitáveis nos sistemas de sustentabilidade
ambiental.
Os teores de carbono orgânico e matéria orgânica compostável das frações
sólida e líquida estão apresentadas nas Figuras 1 e 2, respectivamente.
25
Figura 1. Quantidade de carbono orgânico, em kg por 100 kg e tendência polinomial da fração sólida
(FS) e líquida (FL) segundo as diluições de cama de frango em água.
Figura 2. Quantidade de maria orgânica compostável, em kg por 100 kg e tendência polinomial com
curva de regressão da fração sólida (FS) e quida (FL) segundo as diluições de cama de
frango em água.
26
As quantidades de carbono orgânico variaram de 18,31 a 30,87 kg por 100 kg da
fração líquida nas diluições 4:1 e 6:1, respectivamente, E na fração sólida de 41,10 à
47,34 kg por 100 kg nas diluições 8:1 e 12:1, respectivamente.
As quantidades de matéria orgânica compostável variaram de 73,97 à 85,20 kg
por 100 kg da fração sólida, enquanto que a cama de frango ficou com 62,67 kg por 100
kg de cama de frango.
Os maiores valores obtidos para matéria orgânica na fração líquida foram das
diluições 6:1 e 14:1, com 55,56 e 53,60 kg por 100 kg, respectivamente, evidenciando
que a mesma quantidade de matéria orgânica entraria num biodigestor anaeróbio por
ambas as diluições.
2.4. Conclusões
A separação das frações líquida e sólida da cama de frango é viável nas
diluições de 4:1 e 6:1, pois estas garantem uma proporção adequada entre o percentual
de sólidos totais (3,01 %) e uma economia de água para a diluição. A fração sólida é
passível a compostagem, principalmente se obtida em grande escala.
27
CAPÍTULO 3 - BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE DIFERENTES REUTILIZAÇÕES DE
CAMA DE FRANGOS DE CORTE COM OU SEM SEPARAÇÃO DE
SÓLIDOS E LÍQUIDOS PARA PRODUÇÃO DE BIOGÁS EM
SISTEMA BATELADA
RESUMO: O objetivo desse estudo foi avaliar a diluição e a separação de sólidos
e líquidos da cama de frango de corte em diferentes reutilizações (1 a 4° Lotes) sobre a
biodigestão anaeróbia da fração líquida em sistema batelada. Foram realizadas
análises de avaliação de produção de biogás e de caracterização mineral dos afluentes
(entrada) e efluentes (saída) dos biodigestores. Para cada lote de aves foi realizado um
ensaio de biodigestão anaeróbia, sendo quatro ensaios para cada tratamento
(tratamento com separação de sólidos - PEN e sem separação de sólidos - NPE). Para
o tratamento peneirado utilizou-se a diluição 4:1 (água/cama), com 3,01 % de Sólidos
Totais (ST) em ambos os tratamentos. Foram utilizados 24 biodigestores em batelada,
distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com três repetições por
tratamento. Ambos os tratamentos apresentaram menores produções de biogás nas
duas primeiras reutilizações, e melhores resultados nas reutilizações seguintes. Com o
tratamento NPE obtiveram-se maiores produções de biogás em relação ao tratamento
PEN, visto que apresentou maiores ST adicionados por m
3
de biogás/kg. Ambos os
tratamentos apresentaram reduções de minerais em massa (kg) após a biodigestão
anaeróbia, não ocorrendo diferenças entre os tratamentos.
Palavras-Chave: aproveitamento de resíduos, biodigestores anaeróbios, casca de
amendoim, energia, excretas, peneira.
28
CHAPTER 3 - ANAEROBIC DIGESTION OF DIFFERENT REUSES OF BROILER
CUTTING WITH OR WITHOUT THE SEPARATION OF LIQUID AND
SOLID FOR PRODUCTION OF BIOGAS SYSTEM IN BATELADA
ABSTRACT: The aim of this study is to assess the dilution and separation of
solids and liquids from the litter of broilers in different reuses (1 to 4 batchs) on the
anaerobic digestion of liquid fraction in batch system. Were analyzed the production of
biogas and mineral characterization of the affluents (entry) and effluents (exit) of
digesters. For each batch of broiler was a test of anaerobic digestion, four tests for each
treatment (treatment with separation of solids - PEN and without separation of solids -
NPE). For treatment sieved using the dilution (found in Chapter 2) 4:1 (water / litter), with
3.01% Total Solids (TS) in both treatments. 24 digesters were used in batch, distributed
in a completely randomized design with three replicates per treatment. Both treatments
showed lower production of biogas in the first two reuses, and reuses the following
major results. Treatment NPE obtained highest yields of biogas in the treatment PEN,
since it showed higher ST added per m
3
of biogas / kg. Both treatments showed
reductions in mineral mass (kg) after the anaerobic digestion and there were no
differences between treatments.
Keywords: anaerobic digesters, energy, manure, peanut hulls, recovery of waste, sieve.
29
3.1. Introdução
Atualmente a exploração avícola tem se caracterizado pela produção de frango
de corte cada vez mais precoce, que constitui um dos ramos da produção animal de
maior desenvolvimento e progresso tecnológico, no entanto esse aumento gera um
montante de resíduos de mesma proporção.
Por isso é constante a busca de alternativas que visam reduzir os efeitos que
estes resíduos possam causar. Nesse sentido, tem-se verificado a necessidade de
maiores estudos relacionados com o manejo adequado de resíduos gerados pela
avicultura, principalmente com o destino final da cama de frango de corte, que pode
passar de “vilão a salvação da lavoura” quando se transforma a cama de frango em
biogás + biofertilizantes, através da biodigestão anaeróbia.
A biodigestão anaeróbia, conversão anaeróbia de substratos orgânicos
complexos, na ausência de luz, nitrato, nitrito e sulfato é realizada por bactérias
quimioheterotróficas e bactérias metanogênicas. Ela é influenciada por diversos fatores
que atuam no início da produção de biogás, degradação do substrato, população de
microrganismos presentes no substrato, assim como na eliminação de patógenos.
Estes fatores englobam temperatura, pH, uso de inóculo, composição do material e teor
de sólidos totais, entre outros (LUCAS e SANTOS, 2000).
A cama de frango de corte quando utilizada para produção de biogás, através da
biodigestão anaeróbia possui alguns entraves que precisam ser solucionados para que
essa alternativa se torne viável economicamente ao produtor.
Um dos problemas é a quantidade de material de difícil degradação existente em
algumas camas de frangos, como por exemplo, a casca de amendoim, que por muitas
vezes pode se tornar um empecilho para as bactérias na bioconversão do carbono em
biogás. Por isso, infere-se que o peneiramento em malha, desta fração grosseira
existente na cama deva incrementar a produção de biogás e reduzir o percentual de ST,
antes da biodigestão anaeróbia, proporcionando uma diminuição do potencial poluidor
desse resíduo no solo, na água e no ar.
30
Dessa maneira, o objetivo desse estudo foi avaliar a diluição e a separação de
sólidos e líquidos da cama de frango de corte em diferentes reutilizações sobre a
biodigestão anaeróbia da fração líquida em sistema batelada.
3.2. Material e Métodos
A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Digestão Anaeróbia do
Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias/UNESP- Campus de Jaboticabal, o qual está em local cujas coordenadas
geográficas são: 21°15'22" S; 48°18'58" W e altitud e de 575
metros.
Realizaram-se para o estudo, quatro coletas de camas de frango reutilizadas de
1 a 4 lotes, para realizar ensaios experimentais de biodigestão anaeróbia em
biodigestores em batelada com ou sem separação de sólidos.
3.2.1. Coleta da cama de frango de corte
Foram avaliados quatro lotes subseqüentes criados em um galpão comercial
pertencente à Empresa Rei Frango, localizada no município de São Carlos – SP
(Apêndice 1).
O galpão experimental foi construído em alvenaria na orientação leste-oeste,
com dimensões de 18,0 x 250,0 m, direito de 3,0 m, sem lanternim, coberto com
telhas de fibrocimento, piso de concreto e mureta lateral em alvenaria com 0,6 m de
altura, completada com tela de arame até o telhado e cortinado móvel externo. O
galpão foi subdividido em 12 boxes de 18,0 x 20,7 m, sendo que no centro do galpão
tem um corredor de 18,0 x 1,6 m.
As aves foram criadas nos períodos de 17 de janeiro a 19 de março (primeiro
lote), 17 de abril a 9 de junho (segundo lote), 25 de junho a 09 de agosto (terceiro lote)
e 31 de agosto a 11 de outubro (quarto lote) de 2007.
31
1º Criação: Todos boxes (1 a 12) receberam casca de amendoim nova
Criação: Boxes 4, 5 e 6 permaneceram com cama da Criação (2º Lote) e nos
demais boxes foi retirada toda a cama da criação anterior e colocada casca
de amendoim nova.
Criação: Boxes 4, 5 e 6 permaneceram com cama da 2º Criação (3º Lote), Boxes 1,
2 e 3 permaneceram com cama da criação anterior (2º Lote) e nos demais
boxes foi retirada toda a cama da criação anterior e colocada casca de
amendoim nova.
Criação: Boxes 4, 5 e 6 permaneceram com cama da 3º Criação (4º Lote), Boxes 1,
2 e 3 permaneceram com cama da Criação (3º Lote), Boxes 7, 8 e 9
permaneceram com cama da criação anterior (2º Lote) e nos demais boxes
foi retirada toda a cama da criação anterior e colocada casca de amendoim
nova (1º Lote).
Para todos os lotes de criações, a amostragem da cama foi realizada da seguinte
forma:
passo: Em cada boxe de criação das aves, foram coletados amostras de cama,
abrindo-se uma vala, no sentido norte e sul (sentido transversal) do galpão
para obtenção da cama de várias situações, abaixo de comedouro,
bebedouro e cantos do boxe. Cada vala possuía 0,5 m de largura, 18 m de
comprimento e 0,3 m de altura (Apêndice 2).
passo: Dentro do mesmo boxe foi aberto um espaço de 8 m
2
para homogenização da
cama (Apêndice 3), e em seguida foi amostrado 150 kg de cama (matéria
natural) por boxe e levado para a realização da biodigestão anaeróbia. O
restante da cama produzida permaneceu para condução do lote
subseqüente.
Com a finalidade de controlar os aspectos sanitários na criação dos frangos de
corte, os procedimentos para desinfecção do galpão foram da seguinte forma: 1)
32
Retirada da cama; 2) Limpeza do piso, da calçada e das telas; 3) Lavagem com água
em todo galpão; 4) Pulverização com amônia quartenária 15% mais glutaraldeído 35%
na proporção de 1 L para 1000 L de água; 5) Aplicação de cal virgem sobre o piso, na
proporção de 60 kg de cal virgem para 200 L de água; 6) Colocação da casca de
amendoim desinfectada.
Quando a cama era reutilizada, seguia os seguintes procedimentos: 1) Queima
das penas com lança-chamas; 2) Aplicação de inseticida para controle de cascudinho
(Alphitobius diaperinus); 3) Adição de 1000 kg de casca de amendoim nova (matéria
natural) por boxe no pinteiro, previamente limpa e desinfectada com alguns dias de
antecedência ao alojamento dos pintos.
3.2.2. Ensaio de biodigestão anaeróbia com cama de frango
Para cada lote de aves foi realizado um ensaio de biodigestão anaeróbia com as
camas de frangos produzidas, totalizando oito ensaios, sendo quatro ensaios (camas de
a reutilização) com separação de sólidos (tratamento peneirado - PEN) e quatro
ensaios (camas de 1º a reutilização) sem separação de sólidos (tratamento não
peneirado - NPE).
Foram utilizados 24 biodigestores em batelada, distribuídos em um delineamento
inteiramente casualizado sendo quatro reutilizações de cama, duas condições do
substrato (com ou sem separação de sólidos) e três repetições.
Nas Figuras 1, 2 e 3 estão apresentadas as descrições dos biodigestores com
capacidade útil de 60 litros de substrato em fermentação, fazendo parte de uma bateria
de mini-biodigestores, descrita por Ortolani et al. (1986). São constituídos basicamente,
por dois cilindros retos, um dos quais se encontra inserido no interior do outro, de tal
forma que o espaço existente entre a parede externa do cilindro interior e a parede
interna do cilindro exterior comporte um volume de água que se convencionou
denominar “selo d´água”, atingindo profundidade de 480 mm.
33
Uma campânula flutuante de fibra de vidro, emborcada no selo d´água”,
armazena o gás produzido e conferi pressão ao mesmo.
Figura 1. Esquema dos biodigestores batelada de campo, medidas em mm.
(Fonte: ORTOLANI et al., 1986).
34
Figura 2. Biodigestores tipo batelada utilizados no experimento.
Figura 3. Parte interna do biodigestor tipo batelada utilizado no experimento.
35
Os biodigestores são semi-subterrâneos, sendo a superfície do solo a sua volta
revestida por uma calçada de concreto com 5 cm de espessura. O cilindro interior
(câmara de fermentação) encontra-se em comunicação com uma vala de drenagem por
meio de um tubo de escoamento ligado ao fundo da câmara e que serve para descarga
do efluente.
3.2.3. Preparo da solução (fração líquida)
Com os resultados encontrados no Capítulo 2, foi escolhida a diluição 4:1 kg de
água/kg de cama para os ensaios experimentais, tendo como parâmetro os sólidos
totais e a utilização da menor quantidade possível de diluente (água).
Para obter a fração líquida (Apêndice 4) das camas realizou-se uma
padronização na separação dos sólidos, onde a cama após pesada e diluída na
proporção de 4:1, era separada por malha de 3 mm, resultando em duas frações
distintas.
3.2.4. Preparo do inóculo
O inoculo é composto por cama de frango digerida (Apêndice 5), a ser utilizado
nos 24 biodigestores durante a fase inicial de avaliação experimental, foi previamente
preparado em quatro biodigestores com capacidade de 60,0 kg, utilizando-se de 20,0 kg
de biofertilizante de estrume de bovinos coletado em biodigestor contínuo modelo
indiano, 4,5 kg de cama de frango e 35,5 kg de água para completar a capacidade de
cada biodigestor.
Após a biodigestão anaeróbia utilizando cama de frango de 1° lote, obteve-se um
efluente (biofertilizante), sendo este utilizado como inóculo na biodigestão anaeróbia
seguinte, dessa maneira sempre havia inóculo para o próximo ensaio experimental.
36
3.2.5. Preparo do substrato
O inóculo utilizado para o abastecimento foi preparado para obtenção do teor de
sólidos totais próximos a 15 % do total da mistura, como recomendado por Santos
(2001), seguindo o modelo proposto por Lucas Junior (1994) onde, mistura-se cama de
frango, água e inóculo. Os substratos dos abastecimentos dos biodigestores foram
preparados para obtenção de teor de sólidos totais próximos a 3,0 %.
No Apêndice 6 apresenta-se um fluxograma que descreve o delineamento dos
tratamentos e as suas formas de reciclagem.
Para o tratamento NPE, o substrato foi preparado conforme expressões citadas
em Ortolani et al. (1991) e Lucas Junior (1994), adaptando-as para cama de frango, ou
seja:
Fórmula:
(1) SB =
(2) IN =
(3) CF = 100
(4) INS = 100
(5) A = W – (CF + INS)
No qual:
SB = peso seco da cama de frango a ser adicionado em W;
W = peso do substrato a ser colocado no biodigestor;
STs = porcentagem de sólidos totais que se pretende em W;
37
IN = fator de correção de inclusão de ST;
PIs = percentual de inoculo na matéria seca do substrato (15%);
CF = quantidade de cama em kg a ser adicionado em W;
STc = sólidos totais da cama de frango;
INS = peso de inóculo que deverá ser adicionado em W;
STi = porcentagem de sólidos totais contida no inóculo;
A = peso de água a ser misturado com CF e INS para se obter W.
Para o tratamento PEN, o substrato foi preparado conforme expressões
citadas em Ortolani et al. (1991) e Lucas Junior (1994), no entanto teve-se que adaptá-
las para frações líquidas de cama de frango, ou seja:
Fórmula:
(1) SB =
(2) IN =
(3) FL = 100
(4) CF =
(5) A =
(6) INS =
100
No qual:
38
SB = peso seco da cama de frango a ser adicionado em W;
W = peso do substrato a ser colocado no biodigestor;
STs = porcentagem de sólidos totais que se pretende em W;
IN = fator de correção de inclusão de ST;
PIs = percentual de inoculo na matéria seca do substrato (15%);
FL = fração líquida que será adicionada em W;
STl = sólidos totais da fração líquida;
CF = quantidade de cama em kg a ser diluída em água;
PS = peso da fração líquida (2,528 kg) do teste de diluição (4:1);
1 e 4 = Constante para diluição 4:1 (cama/água);
A = peso de água a ser misturado com CF para diluição;
INS = peso de inóculo que deverá ser adicionado em W;
STi = porcentagem de sólidos totais contida no inóculo.
Na Tabela 1, estão apresentados os períodos de operação dos experimentos, os
tempos de retenção hidráulica (TRH) e as quantidades médias dos componentes do
substrato colocados nos biodigestores, de acordo com as reutilizações de cama.
Tabela 1. Períodos de operação, tempos de retenção hidráulica (TRH), quantidades médias dos
componentes do substrato colocados nos biodigestores, de acordo com as reutilizações de
cama.
Cama Reutilizada
Período de TRH Cama Água Solução Inóculo
Operação (dias) (kg) (kg) (kg) (kg)
NPE
Lote 26/jul a 15/ago 50 2,13 45,79 - 12,08
Lote 26/jul a 15/ago 50 2,15 45,76 - 12,08
Lote 16/ago a 17/out
62 2,15 37,41 - 20,44
Lote 18/out a 03/dez
50 2,02 49,63 - 8,35
PEN
Lote 26/jul a 15/ago 50 19,20 76,80 48,54 11,47
Lote 26/jul a 15/ago 50 18,86 75,46 47,69 12,31
Lote 16/ago a 17/out
62 16,28 65,13 41,17 18,84
Lote 18/out a 03/dez
50 20,00 80,02 50,57 9,42
39
3.2.6. Dados meteorológicos do período experimental
No Apêndice 7, são apresentadas as médias das variáveis climáticas em
Jaboticabal – SP, obtidas durante o período experimental.
3.2.7. Determinação dos teores de sólidos totais e voláteis
As amostras destinadas às determinações dos teores de sólidos totais e voláteis,
dos substratos e efluentes nos ensaios de biodigestão anaeróbia, foram acondicionadas
em latinhas de alumínio previamente tarados, pesados para se obter o peso úmido (Pu)
do material e em seguida, levadas à estufa com circulação forçada de ar, à temperatura
de 65ºC até atingirem peso constante (em dia 72 horas), em seguida foram pesadas
novamente em balança com precisão de 0,01 g, obtendo-se o peso seco (Ps). O teor de
sólidos totais foi determinado segundo metodologia descrita pela APHA (2000).
Onde:
ST = 100 – U e U = ( PU – PS ) / PU x 100
No qual :
ST = teor de ST, em porcentagem;
U = teor de umidade, em porcentagem;
PU = peso úmido da amostra, em g;
PS = peso seco da amostra, em g.
Em seguida as amostras foram previamente moídas em moinho IKA
®
A11 basic,
para realização de todas as análises experimentais.
Para determinação do teor de sólidos voláteis, os materiais secos obtidos após a
determinação do teor de sólidos totais, foram pesados em cadinhos de porcelana e
levados à mufla a temperatura de 575ºC durante um período de 2 horas e 30 minutos,
após resfriamento em dessecadores, os materiais foram pesados em balança com
40
precisão de 0,0001 g, obtendo-se o peso de cinzas. O teor de sólidos voláteis foi
determinado a partir de metodologia descrita pela APHA (2000).
Onde:
SV = ST – cinzas e cinzas = { 1 - [ ( PU – Pm ) / PU ] } x 100
No qual :
SV = teor de SV, em porcentagem;
PU = peso úmido da amostra, em g;
Pm= peso obtido após queima em mufla, em g.
Os sólidos voláteis foram expressos, portanto, em porcentagem da matéria seca.
3.2.8. Digestão e quantificação dos minerais
As amostras coletadas foram digeridas, utilizando-se do método da digestão
ácida Nítrico-Perclórica, que promove a digestão total da matéria orgânica à base de
ácido nítrico (HNO
3
) e ácido perclórico (HClO
4
) levados ao bloco digestor, segundo
metodologia descrita pela APHA (1998).
Neste extrato foi possível determinar-se os teores dos macro e micronutrientes
fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e sódio (Na) em g/100g, zinco (Zn),
cobre (Cu), manganês (Mn) e Ferro (Fe) em mg/kg, segundo BATAGLIA et al. (1983).
A digestão das amostras para determinação do nitrogênio foi realizada utilizado
ácido sulfúrico (H
2
SO
4
) e mistura digestora composta por sulfato de sódio (Na
2
SO
4
),
sulfato de cobre (CuSO
4
.5H
2
O) e selenito de sódio (Na
2
SeO
3
). O nitrogênio foi
determinado por meio da utilização do destilador micro-Kjeldahl, cujo princípio baseia-
se na transformação do nitrogênio amoniacal (NH
4
)2SO
4
em amônia (NH
3
), a qual é
fixada pelo ácido bórico e posteriormente titulada com H
2
SO
4
até nova formação de
(NH
4
)
2
SO
4
, na presença do indicador ácido/base, conforme metodologia descrita por
SILVA (1981).
41
Os teores de fósforo foram determinados pelo método colorimétrico utilizando-se
espectrofotômetro HACH modelo DR-2000. O método baseia-se na formação de um
composto amarelo do sistema vanadomolibdofosfórico em acidez de 0,2 a 1,6N, onde a
cor desenvolvida foi medida em espectrofotômetro, determinando-se assim a
concentração de fósforo das amostras, por meio da utilização de uma reta padrão
traçada previamente a partir de concentrões conhecidas, entre 0 e 32 µg de P/mL. Os
padrões foram preparados conforme metodologia descrita por Malavolta et al. (1991).
Os demais elementos foram quantificados através da leitura em
espectrofotômetro de absorção atômica GBC, modelo 932 AA.
3.2.9. Determinação da produção de biogás
As produções de biogás foram calculadas com base na leitura das réguas
dispostas ao lado dos eixos de condução dos gasômetros que continham setas que
apontavam nas réguas o deslocamento vertical do gasômetro obtido no intervalo entre
as leituras. O número obtido na leitura foi multiplicado pela área da seção transversal
interna dos gasômetros, que no caso dos biodigestores batelada em questão era igual a
0,2827 m
2
. Após cada leitura, os gasômetros foram zerados utilizando-se o registro de
descarga do biogás. A correção do volume de biogás para as condições de 1 atm e
20
o
C, foi efetuada com base no trabalho de Caetano (1985) no qual verificou-se que,
pelo fator de compressibilidade (Z), o biogás apresentou comportamento próximo ao
ideal. Conforme descrito por Santos (2001), para a correção do volume de biogás,
utilizou-se a expressão resultante da combinação das leis de Boyle e Gay-Lussac,
Onde:
1
11
T
PV
T
PV
o
oo
=
42
No qual:
V
o
= volume de biogás corrigido, m
3
;
P
o
= pressão corrigida do biogás, 10322,72 mm de água;
T
o
= temperatura corrigida do biogás, 293,15 K;
V
1
= volume do gás no gasômetro;
P
1
= pressão do biogás no instante da leitura, 9652,10 mm de água;
T
1
= temperatura do biogás, em K, no instante da leitura.
Considerando-se a pressão atmosférica média de Jaboticabal igual a
9641,77 mm de água e pressão conferida pelos gasômetros de 10,33 mm de água,
obteve-se como resultado a seguinte expressão, para correção do volume de biogás:
Expressão:
84575,273
1
1
x
T
V
Vo =
Após cada leitura do volume de biogás produzido, era verificada a temperatura
do biogás com o uso de um termômetro digital portátil Brastermo
(em °C), o qual possui
um sensor localizado na extremidade de uma haste metálica introduzida a 5 cm de
profundidade no orifício de saída do gás do biodigestor.
3.2.10. Teste de queima
Este teste consistiu na verificação de queima ou não do biogás proveniente dos
biodigestores em batelada para detecção de presença ou não de metano em
quantidade suficiente para manter uma chama.
Os testes foram realizados por meio de um Bico de Bunsen, cuja mangueira era
acoplada à saída de gás do biodigestor. Se ao colocar fogo no Bico de Bunsen a chama
continuasse acesa, confirmava-se a queima. Após a detecção da mesma, este teste
não mais era necessário, sendo efetuado, portanto, apenas no início do processo.
43
3.2.11. Determinação dos teores de metano, dióxido de carbono e impurezas
Para avaliação do teor de metano no biogás produzido, foram retiradas amostras
de biogás da última semana de operação, utilizando-se seringas de plástico de 100 mL
de volume, apropriadas para coletas de biogás, sendo as determinações feitas
utilizando-se cromatógrafo de fase gasosa GC 2001, equipado com colunas Porapack
Q e Peneira Molecular 5A, utilizando o hidrogênio como gás de arraste. A calibração do
equipamento foi feita com o s padrão contendo metano, dióxido de carbono, oxigênio
e nitrogênio. Os percentuais dos componentes foram determinados com o auxílio de um
integrador processador.
3.2.12. Análise estatística dos dados
Os dados foram submetidos à análise de variância pelo procedimento GLM do
SAS program version 9.1. (2003) e as médias comparadas pelo Teste de Tukey a um
nível de significância de 5%.
3.3. Resultados e Discussão
3.3.1. Teores de sólidos totais e voláteis
Estão apresentados na Tabela 2, os dados de concentração de ST e SV em (%)
e (kg), dos afluentes e efluentes dos biodigestores PEN e NPE de diferentes
reutilizações de cama de frango, além das suas reduções de SV.
Com o tratamento NPE obtiveram-se valores médios de 0,89 kg de ST
adicionados nos afluentes, menores (P<0,05) que os valores médios do tratamento
PEN (1,79 kg de ST adicionados).
44
Tabela 2. Concentrações de sólidos totais (ST) e sólidos voláteis (SV), em porcentagem e massa e
redução de SV em porcentagem, para as diferentes reutilizações de cama de frango em
biodigestores batelada.
Criação
Aves
Sólidos Totais Sólidos Voláteis
*A **E *A **E *A **E *A **E Redução
(%) (kg) (%) (kg) (%)
NPE
Lote 1,21
d
0,87
b
0,72
d
0,52
b
0,84
c
0,55
b
0,45
c
0,29
bc
69,75
a
Lote 1,21
d
0,89
b
0,72
d
0,53
b
0,83
c
0,55
b
0,44
c
0,27
c
65,70
a
Lote 1,26
d
0,88
b
0,75
d
0,53
b
0,73
c
0,48
b
0,39
c
0,26
c
65,14
a
Lote 2,30
c
1,40
ab
1,38
c
0,84
ab
1,65
b
0,89
ab
0,93
b
0,50
ab
54,10
ab
PEN
Lote 3,00
abc
1,97ª 1,79
abc
1,18
a
1,96
ab
1,14ª 1,08
ab
0,59ª 59,53
ab
Lote 3,33
a
1,99ª 2,00
a
1,20
a
2,29ª 1,06ª 1,24ª 0,56ª 46,31
ab
Lote 2,50
bc
1,64ª 1,50
bc
0,99
a
1,51
b
0,84
ab
0,84
b
0,46
abc
55,81
ab
Lote 3,13
ab
1,36
ab
1,88
ab
0,82
ab
1,95
ab
0,78
ab
1,10
ab
0,43
abc
40,20
b
P Value
<0,0001
<0,0001
<0,0001
<0,0001
<0,0001 0,0003 <0,0001
0,0002 0,0136
CV (%)
12,12 17,53 12,12 17,53 12,25 19,27 12,41 18,24 14,63
R
2
0,94 0,83 0,94 0,83 0,93 0,78 0,94 0,79 0,62
* A = Afluente; ** E = Efluente.
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
Observa-se que ocorreram menores reduções de ST no tratamento NPE, visto
que este tratamento possuía maiores quantidades de sólidos insolúveis.
Os valores médios do afluente do tratamento NPE (0,55 kg de SV) foram
menores (P<0,05) que do tratamento PEN (1,07 kg de SV). Sendo que os SV dos
efluentes também diferiram (P<0,05) e apresentaram os seguintes valores médios 0,33
e 0,51 kg de SV, para o tratamento NPE e PEN, respectivamente.
Os tratamentos apresentaram maiores (P<0,05) valores dios (63,7 e 50,5 %
de SV reduzidos) ao fim do processo de biodigestão anaeróbia, para o NPE e PEN,
respectivamente, quando comparados com Santos (2001), que na avaliação da
biodigestão anaeróbia de cama de frango (maravalha), obteve 41,3 a 41,9 % de
redução nos teores de SV nas camas de 1º e 2º reutilização, respectivamente.
45
3.3.2. Concentração de nutrientes dos substratos
3.3.2.1. Concentração de nutrientes da cama de frango
Os resultados médios da composição química para o aproveitamento das camas
de frangos para biodigestão anaeróbia estão apresentados nas Tabelas 3 e 4, para os
materiais originais e nas Tabelas 5 e 6, para as camas obtidas em 4 lotes seguidos de
criações de frangos de corte.
Tabela 3. Concentrações de macronutrientes na casca de amendoim, em g/100g de matéria seca (MS).
Material
N P K Ca Mg
g/100g
Casca Amendoim 0,56 ND 0,86 0,26 0,11
*ND: Não Detectável
Tabela 4. Concentrações de micronutrientes e metais na casca de amendoim, em mg/kg de matéria
seca (MS).
Material
Zn Cu Mn Fe
(mg/kg)
Casca Amendoim 135 189 81 947
*ND: Não Detectável
Tabela 5. Concentrações de macronutrientes, em g/100g de matéria seca (MS), das camas utilizadas
nos biodigestores batelada.
Criação N P K Ca Mg Na
Aves (g/100g)
Cama 1º L 5,10 1,33
c
2,35
b
2,11
c
0,52
b
0,48
b
Cama 2º L 6,14 1,47
c
2,44
b
2,37
bc
0,58
b
0,60
ab
Cama 3º L 6,28 2,27
a
3,17
a
3,42
a
0,76
a
0,78
ab
Cama 4º L 6,49 1,80
b
2,76
ab
2,84
b
0,61
b
0,85
a
P Value ns <0,0001 0,0089 0,0001 0,0015 0,0307
CV (%) 16,28 6,7 8,49 7,06 7,62 19,30
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05)
ns: não significativo.
46
Tabela 6. Concentrações de micronutrientes e metais, em mg/kg de matéria seca (MS), das camas
utilizadas nos biodigestores batelada.
Criação Zn Cu Mn Fe
Aves (mg/kg)
Cama 1º L 399,10
b
524,50 333,39
b
1495,85
b
Cama 2º L 472,44
ab
558,66 343,82
b
1569,53
ab
Cama 3º L 567,44
a
631,11 442,48
a
1715,83
a
Cama 4º L 532,56
ab
597,89 383,82
ab
1405,99
b
P Value 0,0200 ns 0,0028 0,0058
CV (%) 10,68 10,66 6,71 4,86
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
ns: não significativo.
Comparando com os resultados apresentados neste experimento a casca de
amendoim apresentou maiores teores de macronutrientes do que os obtidos em estudo
realizado por Severino et al. (2006), os quais foram 1,53; 0,36; 0,46 e 0,21 % para N, K,
Ca e Mg, respectivamente.
Por ser um subproduto do beneficiamento de amendoim e não ser utilizado para
o consumo, a composição deste material pode variar de acordo com a variedade da
cultura, o clima, e principalmente o beneficiamento.
Comparando a média dos resultados de composição de minerais dos lotes de
criações (reutilizações de cama) com a casca de amendoim, observa-se que houve um
aumento em todos os teores: N, P, K, Ca, Mg, Cu, Fe, Mn e Zn mostrando o acúmulo
de nutrientes depositados após as criações das aves, devido a composição das
excretas, penas, rações e outros materiais que compõem a cama de frango.
Observando os resultados nas Tabelas 5 e 6, os minerais P, K, Ca, Mg, Na, Zn,
Mn e Fe aumentaram significativamente (P<0,05) com a reutilização da cama, com
exceção para o N e Cu.
Os resultados apresentados por Konzen (2003) sobre as concentrações de
macronutrientes nas camas (N, P, K, Ca e Mg) estão próximos, com exceção do
nitrogênio, que em média foi duas vezes menor (3,00 g/100g) que o encontrado neste
experimento (6,00 g/100g).
47
Apenas alguns macronutrientes como P, Ca e Mg estavam próximos ao
comparar os resultados citados por Jordaan (2004).
Severino et al. (2006), ao estudarem onze materiais orgânicos, dentre esses a
casca de amendoim e a cama de frango, encontraram valores de macronutrientes (N:
1,53 e 2,95; P: 0,36 e 3,87; K: 0,79 e 1,10; Ca: 0,46 e 4,71; Mg: 0,21 e 6,93 g/100g,
respectivamente) diferentes dos autores citados anteriormente e também dos
resultados apresentados neste experimento.
Santos (1997) ao avaliar diferentes camas de frango (napier, maravalha e a
mistura de napier com maravalha) sobre dois lotes de criação, observou aumento
significativo (P<0,05) na concentração dos minerais (N, P, K, Ca, Mg, S, Cu, Fe, Mn,
Zn, Cr e Ni) na cama de frangos de acordo com a reutilizão. Sendo os resultados
apresentados por esta autora, semelhantes aos obtidos neste estudo.
Esta variação na composição química da cama de frango se deve ao fato de
haver diferenças entre os materiais utilizados como cama, no balanço nutricional, no
manejo dos frangos de corte, na reutilização da cama, dentre diversas outras variações.
3.3.2.2. Concentração de nutrientes da fração líquida da cama de frango (solução)
Estão apresentados na Tabela 7 e 8, a concentração de macro e micronutrientes
das frações líquidas (solução) obtidas no peneiramento e diluição de 4:1 (água/cama)
da cama de frango de corte.
48
Tabela 7. Concentrações de macronutrientes, em g/100g de matéria seca (MS), das frações líquidas
(solução) adquiridas no peneiramento e diluição 4:1 (água:cama), utilizadas nos biodigestores
batelada.
Criação N P K Ca Mg Na
Aves
(g/100g)
Solução 1º L 5,22
b
0,89
b
0,66
b
3,89
b
0,93 2,03
b
Solução 2º L 5,61
b
1,66
a
0,72
b
7,84
a
1,00 7,15
a
Solução 3º L 5,61
b
1,47
ab
0,83
b
6,08
ab
0,95 5,51
a
Solução 4º L 6,35
a
1,13
ab
1,12
a
6,19
ab
0,90 8,18
a
P Value 0,0065 0,0226 0,0005 0,0086 ns 0,0008
CV (%) 4,835 19,518 9,978 16,543 20,238 19,913
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
ns: não significativo.
Tabela 8. Concentrações de micronutrientes e metais, em mg/kg de matéria seca (MS), das frações
líquidas (solução) adquiridas no peneiramento e diluição 4:1 (água:cama), utilizadas nos
biodigestores batelada e contínuo.
Criação
Zn Cu Mn Fe
Aves
(mg/kg)
Solução 1º L 1321 1060
b
595 2379
Solução 2º L 1797 1760
ab
738 2800
Solução 3º L 2522 2090
a
653 3019
Solução 4º L 2111 2275
a
845 2847
P Value ns 0,0132 ns ns
CV (%) 27,989 19,687 15,156 16,105
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
ns: não significativo.
Os valores encontrados nos macro e micronutrientes das soluções tiveram
variações nas suas concentrações em relação ao material original (cama sem diluição
em água), visto que o processo de coleta da cama pode muitas vezes influenciar na
concentração e quantificação dos nutrientes.
Outro fator que também pode influenciar é a forma como a cama se apresenta
após a sua utilizão na granja. Normalmente são formados blocos (dejeto + casca de
49
amendoim + umidade ambiente) que dificultam a solubilização após a maceração e
diluição em água.
A fração quida da cama de frango diluída em 4:1 (água/cama), apresentou de
maneira geral, um aumento nas quantidades dos macro e micronutrientes avaliados,
conforme se aumentava a reutilização. Isto se deve a quantidade de tempo que a cama
ficou disponível aos frangos de corte.
Além de que, a forma com que a separação por malha dos sólidos e líquidos é
realizada, pode também influenciar na passagem da quantidade de nutrientes,
dificultando a padronização dos sólidos.
Por isso deve se padronizar a separação dos sólidos, sendo esta realizada da
melhor forma, quando mecanizada, pois assim o existirá um menor risco de erros na
mensuração ou quantificação dos macro e micronutrientes.
3.3.2.3. Concentração de nutrientes do inóculo
As concentrações de macro e micronutrientes dos inóculos utilizados encontram-
se nas Tabelas 9 e 10, respectivamente.
Tabela 9. Concentrações de macronutrientes, em g/100g de matéria seca (MS), nos inóculos utilizados
nos biodigestores batelada e contínuo, abastecidos com cama de frango.
Criação N P K Ca Mg Na
Aves
(g/100g)
Inóculo 1º L 3,65
c
0,76
d
1,81
a
3,21 0,91
ab
2,04
Inóculo 2º L 4,46
b
1,99
c
0,33
c
3,50 0,82
b
2,76
Inóculo 3º L 4,63
b
2,48
b
0,95
b
3,57 1,13
a
2,25
Inóculo 4º L 5,17
a
2,91
a
1,22
b
4,45 1,11
a
2,49
P Value 0,0007 <0,0001 0,0012 ns 0,0284 ns
CV (%) 2,45 0,69 11,19 15,83 7,01 16,31
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
ns: não significativo.
50
Tabela 10. Concentrações de micronutrientes, em mg/kg de matéria seca (MS), nos inóculos utilizados
nos biodigestores batelada e contínuo, abastecidos com cama de frango.
Criação Zn Cu Mn Fe
Aves (mg/kg)
Inóculo 1º L 591
c
242
c
349
b
2309
b
Inóculo 2º L 1013
b
746
b
426
ab
2185
b
Inóculo 3º L 1027
b
1000
ab
459
ab
2486
b
Inóculo 4º L 2297
a
1121
a
547
a
3964
a
P Value 0,0002 0,0006 0,0575 0,0142
CV (%) 7,61 8,16 10,58 11,53
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
As concentrações de N, P, Mg, Zn, Cu, Mn e Fe dos iculos aumentaram
significativamente (P<0,05) com a reutilização da cama de frango. o K, Ca e o Na,
não sofreram aumentos significativos.
Como o inóculo contém mais de 90% de água e a quantidade de nutrientes tende
a ser mais concentrada com a reutilização da cama, provavelmente, a maior
concentração de alguns minerais devem-se ao aumento da quantidade de excreta e
também pela decomposição da matéria orgânica, da qual a maior parte é carbono.
Uma vez passado pelo processo, o carbono é transformado em metano e em
dióxido de carbono, sendo perdidos do substrato na forma de gases. Cada quilo de
matéria seca do iculo passa a ter então, maior quantidade de outros elementos que
não carbono.
3.3.2.4. Concentração de nutrientes dos afluentes e efluentes
Os teores de macro e micronutrientes dos afluentes PEN e NPE encontram-se
nas Tabelas 11 e 12, respectivamente.
51
Tabela 11. Concentrações de macronutrientes, em g/100g de matéria seca (MS) nos afluentes de
biodigestores batelada abastecidos com cama de frango.
Criação N P K Ca Mg Na
Aves (g/100g)
NPE
Afluente 1º L 4,30
bc
1,60 1,62 2,80 0,67 2,47
Afluente 2º L 4,47
bc
1,92 1,55 2,84 0,72 3,07
Afluente 3º L 3,57
cd
2,24 1,88 3,16 0,59 3,03
Afluente 4º L 2,99
d
1,20 1,94 2,91 0,79 2,89
PEN
Afluente 1º L 5,31
ab
2,00 1,41 2,38 0,71 2,71
Afluente 2º L 5,66
a
1,51 1,33 2,51 0,63 3,43
Afluente 3º L 3,77
cd
1,68 1,80 2,63 0,61 4,56
Afluente 4º L 3,66
cd
1,43 1,68 2,62 0,46 3,06
P Value <0,0001 Ns ns ns ns ns
CV (%) 9,69 28,75 12,52 15,02 22,34 26,05
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
ns: não significativo.
Tabela 12. Concentrações de micronutrientes, em mg/kg de matéria seca (MS), nos afluentes de
biodigestores batelada abastecidos com cama de frango.
Criação Zn Cu Mn Fe
Aves (mg/kg)
NPE
Afluente 1º L 1870 1683 710 3328
Afluente 2º L 2023 1591 749 2809
Afluente 3º L 1938 1920 715 3087
Afluente 4º L 1803 1821 613 3867
PEN
Afluente 1º L 2010 1736 712 3180
Afluente 2º L 1788 1437 663 2618
Afluente 3º L 1785 1659 613 3210
Afluente 4º L 1855 1838 691 3563
P Value ns ns Ns ns
CV (%) 6,16 11,51 13,75 14,35
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
ns: não significativo.
52
Houve diferenças significativas (P<0,05) nas concentrações de N dos afluentes
utilizados para biodigestão anaeróbia com diferentes reutilizações de cama. Essa
diminuição de N se deve provavelmente ao aumento da volatilização conforme se
aumenta a reutilização da cama. Observa-se que a concentração de minerais nos
afluentes de maneira gerais aumentaram com as reutilizações de cama, devido ao
acúmulo de excretas nas camas reutilizadas.
Para abastecimento dos biodigestores de todos os lotes, os teores de sólidos
totais foram calculados para obter valor próximo a 3,0 % e 15,0 % de iculo, porém
verificou-se no lote uma diminuição nos teores de macronutrientes e nas
concentrações de micronutrientes, isso se deve provavelmente a maior matéria seca
determinada na cama e inóculo de lote para cálculo de abastecimento dos
biodigestores. Com isso, a quantidade de inóculo foi menor em comparação ao lote,
como verificado na Tabela 1, sendo utilizados 20,44 e 8,35 kg de inóculo para lote NPE,
18,84 e 9,42 kg de inóculo para lote PEN, ambos de e lote respectivamente,
acarretando em uma diminuição dos minerais no 4° lote.
Não houve diferença (P>0,05) nos micronutrientes dos 4 lotes avaliados, tanto no
tratamento PEN como NPE. Esses resultados não coadunam com resultados de
Fukayama (2008), que trabalhou com diferentes reutilizações de cama de amendoim.
Em seus estudos ocorreram diferenças significativas (P<0,05) nas concentrações de
micronutrientes dos afluentes utilizados para biodigestão anaeróbia com diferentes
reutilizações de cama.
As concentrações de macro e micronutrientes dos efluentes da biodigestão
anaeróbia dos tratamentos NPE e PEN, encontram-se nas Tabelas 13 e 14,
respectivamente.
53
Tabela 13. Concentrações de macronutrientes, em g/100g de matéria seca (MS) nos efluentes de
biodigestores batelada abastecidos com cama de frango.
Criação N P K Ca Mg Na
Aves (g/100g)
NPE
Efluente 1º L 3,69
b
1,62
cde
1,55 2,88 0,82
ab
2,61
c
Efluente 2º L 5,15
ab
2,60
a
1,46 2,87 0,85
ab
3,08
bc
Efluente 3º L 4,46
ab
2,35
abc
1,82 3,20 0,62
b
3,45
abc
Efluente 4º L 3,80
b
1,30e 1,77 3,07 1,15
a
2,94
bc
PEN
Efluente 1º L 5,70
ab
2,31
abcd
1,39 2,59 0,77
ab
3,69
abc
Efluente 2º L 6,58
a
1,72
bcde
1,31 2,67 0,71
b
4,63
ab
Efluente 3º L 4,74
ab
2,45
ab
1,78 2,71 0,83
ab
4,87
a
Efluente 4º L 4,85
ab
1,54
de
1,62 2,68 0,79
ab
3,18
abc
P Value 0,0049 0,0001 ns ns 0,0136 0,0027
CV (%) 15,71 14,05 12,28 17,31 16,77 17,03
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
ns: não significativo.
Tabela 14. Concentrações de micronutrientes e metais, em mg/kg de matéria seca (MS), nos efluentes
de biodigestores batelada abastecidos com cama de frango.
Criação Zn Cu Mn Fe
Aves (mg/kg)
NPE
Efluente 1º L 1930 1858 788 3353
bc
Efluente 2º L 2059 1984 868 2834
c
Efluente 3º L 1977 2014 835 3700
abc
Efluente 4º L 1908 2037 704 4724
a
PEN
Efluente 1º L 2004 2084 810 3877
abc
Efluente 2º L 1851 1963 755 2705
c
Efluente 3º L 2036 1760 734 3539
abc
Efluente 4º L 1875 1876 809 4299
ab
P Value ns ns ns 0,0004
CV (%) 10,87 9,59 12,09 11,91
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
ns: não significativo.
54
Houve diferenças significativas (P<0,05) nas concentrações de macronutrientes
dos efluentes da biodigestão anaeróbia com diferentes reutilizações de cama. Observa-
se que as concentrações de minerais nos efluentes (N, P, K, Mg e Na) apresentaram
variações das concentrações de nutrientes nas diferentes reutilizações de cama.
Fukayama (2008) encontrou diferenças significativas (P<0,05) nas concentrações de
macronutrientes, micronutrientes e metais nos efluentes de biodigestores abastecidos
com cama de frango em diferentes reutilizações de cama.
As médias das concentrações de N no tratamento NPE (1º lote) do afluente e no
efluente foram 4,3 e 3,69 g/100g (Tabela 12 e 14), respectivamente, porém em ST
foram utilizados 0,645 e 0,463 kg de afluentes e efluentes (Tabela 2), portanto em
massa foram produzidos 0,028 e 0,017 g/100g de N no afluente e efluente,
respectivamente. Comparando os mesmo dados para o tratamento PEN, tem-se em
massa 0,087 e 0,058 g/100g de N no afluente e efluente, respectivamente. Por fim tem-
se um percentual de 38,40 e 32,91 % de redução de N para o tratamento NPE e PEN
(1º lote), respectivamente.
Portanto, observa-se que a quantidade (em massa) dos nutrientes no efluente,
diminui com a biodigestão anaeróbia.
Essas variações de concentrações de minerais, podem ser um
representatividade da quantidade de dias das quais as aves ficaram alojadas, em
detrimento disto as concentrações de afluentes variaram.
Houve diferença significativa (P<0,05) nas concentrações de Fe nos efluentes da
biodigestão anaeróbia com diferentes reutilizões de cama. Já o Zn, Cu e o Mn
apresentaram variações nas suas concentrações sem diferenças (P>0,05) nas
diferentes reutilizações. Ao passo que, Fukayama (2008) ao trabalhar com
biodigestores abastecidos com cama de frango, encontrou nos efluentes, um aumento
na concentração de micronutrientes com as reutilizações de cama, devido ao acúmulo
de excretas nas camas reutilizadas.
55
3.3.3. Produção de biogás dos biodigestores batelada
O potencial médio de produção de biogás durante 49 dias e por dia em
biodigestores abastecidos com cama de frango de diferentes reutilizações de cama,
com ou sem separação de sólidos e líquidos encontra-se na Tabela 17.
Tabela 15. Potencial médio de produção de biogás, corrigido para 20°C e 1 atm., em biodigestores
batelada abastecidos com camas de frango reutilizadas.
Produção de Biogás (m
3
)
Criação
Aves
Volume
(m
3
)
Substrato Cama ST* adic SV** adic SV** red
49 dias (m
3
/kg)
NPE
Lote 0,337
ab
0,006
ab
0,158
b
0,472
ab
0,742
b
2,023
b
Lote 0,310
bc
0,005
bc
0,144
b
0,429
abc
0,698
bc
1,837
b
Lote 0,457
a
0,008
a
0,212
a
0,607
a
1,172
a
3,613
a
Lote 0,419
ab
0,007
ab
0,207
a
0,317
bcd
0,465
cd
1,008
c
PEN
Lote 0,174
cd
0,003
cd
0,009
c
0,100
d
0,166
ef
0,445
de
Lote 0,131
d
0,002
d
0,007
c
0,066
d
0,471
f
0,194
e
Lote 0,327
ab
0,005
ab
0,020
c
0,219
cd
0,563
de
0,871
cd
Lote 0,395
ab
0,007
ab
0,020
c
0,211
bcd
0,361
de
0,606
cde
P Value <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001
CV (%) 15,61 15,61 10,53 31,35 16,73 13,91
R
2
0,87 0,87 0,99 0,80 0,96 0,98
Em cada coluna seguida de letras minúsculas comparam tratamento, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05);
* ST: Sólidos totais **; SV: Sólidos voláteis; C: Cama; S: Solução.
Quanto à produção média de biogás, para as variáveis m
3
/kg de substrato,
apresentaram valores médios superiores (P<0,05) na comparação de lotes, 3º e 4º lotes
de ambos os tratamentos. na comparação de tratamentos, não houve diferença
(P>0,05) entre 1º, e 4º lotes e e lotes dos tratamentos, NPE e PEN,
respectivamente.
Para as variáveis que comparam valores médios de m
3
/kg de cama, os lotes com
maiores (P<0,05) produções foram o 3º e 4º lotes de ambos os tratamentos.
56
E na comparação de tratamento houve diferença (P<0,05) na produção de
biogás, ficando com os maiores valores médios o tratamento NPE (3º, 4º lotes), 0,212 e
0,207 m
3
/kg de biogás/cama.
Ao se comparar a produção de biogás entre os tratamentos, observa-se que
houve uma maior (P<0,05) produção de biogás no tratamento NPE, no entanto ao
analisar a quantidade de sólidos totais adicionados observa-se um aumento na
quantidade de excretas nas camas reutilizadas deste tratamento.
Os valores médios de produção do tratamento NPE 0,46 m
3
de biogás/kg ST e
0,77 m
3
de biogás/kg SV adicionados foram superiores aos obtidos por Lucas Junior et
al. (1993) 0,25 a 0,29 m
3
de biogás/kg ST adicionados e Santos (1997) 0,17 a 0,27
m
3
de biogás/kg ST adicionados e Webb e Hawkes (1985) – 0,25 a 0,37 m
3
de
biogás/kg SV adicionados. Porém está próximo aos obtidos por Jamila (1990) citado por
Santos (2001) 0,20 a 0,40m
3
de biogás/kg ST adicionados. Isso se deve
provavelmente ao material utilizado e o número de vezes que foi utilizado a cama de
frango.
Por meio da visualização do comportamento das curvas de volume de biogás
dos tratamentos é possível planejar um sistema que atenda determinada demanda de
energia. A antecipação dos picos de produção de biogás dos tratamentos (1° e
reutilizações) pode ser claramente observada na Figura 4.
Figura 4. Volume acumulado de biogás (m
3
/49 dias) e tendência polinomial (1º a lote de
criação de aves) dos tratamentos PEN e NPE em 49 dias de produção, utilizando
cama de frango reutilizadas.
57
Estão apresentados na Tabela 18, os valores de produção diária de biogás de
biodigestores operados com cama de frango de diferentes reutilizações, com
tratamentos NPE e PEN.
Tabela 16. Valores médios da produção diária de biogás, corrigido para 20°C e 1 atm, em biodigestores
operados com cama de frango de diferentes reutilizações de cama.
Criação Aves
Produção de Biogás (m
3
/dia)
NPE PEN
Lote 0,0069
a
0,0045
Aa
Lote 0,0063
a
0,0027
Bb
Lote 0,0093
a
0,0067
Aa
Lote 0,0086
a
0,0081
Aa
F para tratamentos (T)
31,01**
F para Lotes (L)
19,83**
F para T * L
2,58
CV da parcela (%)
15,222
Médias seguidas de mesma letra minúscula na linha e maiúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,05).
Durante os 49 dias de biodigestão anaeróbia, não houve diferença (P>0,05)
durante as reutilizações de cama de frango do tratamento NPE. No entanto ocorreram
diferenças (P<0,05) no tratamento PEN, apresentando maiores valores o 4º, e
lotes.
na comparação de tratamentos, ocorreram diferenças (P<0,05) apenas na
produção de biogás entre o lote, com 0,0063 e 0,0027 para tratamento NPE e PEN,
respectivamente. Não ocorrendo interação entre lotes e tratamento ao logo do tempo.
Os dois primeiros lotes de ambos os tratamentos, apresentaram baixas
produções de biogás em relação às reutilizações subseqüentes. Estes resultados
indicam que as camas de e lote possam apresentar apenas casca de amendoim,
com poucas quantidades de dejetos e conseqüentemente pouca matéria orgânica
disponível para os microrganismos.
58
As médias diárias de produção de biogás são parâmetros importantes para se
avaliar a freqüência média da produção, para que possa mensurar a quantidade de
energia que estará disponível ao longo do tempo.
Estão apresentados nas Figuras 5 e 6, os valores diários do volume de biogás
(m
3
) produzido pelos biodigestores abastecidos com cama de frango, com tratamentos
NPE e PEN, respectivamente .
Figura 5. Volume de Biogás m
3
/dia de cama de frango de meros diferentes de
reutilizações não peneiradas.
Figura 6. Volume de Biogás m
3
/dia de cama de frango de números diferentes de
reutilizações peneiradas.
59
O tratamento NPE apresentou nos três primeiros lotes, similaridade no volume de
biogás (m
3
/dia), com pequenos picos de CO
2
sem seqüência de vazio pós-pico, com
picos de CH
4
entre os 23 dias em média, e após um pequeno vazio, apresentou uma
produção constante de biogás em todos os lotes.
Os quatro lotes do tratamento PEN, tiveram picos iniciais de CO
2
, caindo em um
vazio durante 15 dias em média, ocorredo em seguiga um novo pico, agora com um
percentual maior de CH
4
. Deve- salientar que a produção biogás foi interrompida aos 49
dias de produção, para poder obter dados que se assemelhem com os dias de
produção de um galpão de frango de corte, onde tem-se um período médio de 42 dias
de criação e 15 dias de vazio sanitário. Observa-se que os biodigestores ainda
produziriam um volume maior de biogás se fosse alongado o período de biodigestão
anaeróbia.
Para comparação dos tratamentos, estão apresentados na Figura 7, a produção
média do volume e a linha de tendência que mais se ajusta a este tipo de dado.
Figura 7. Volume de biogás (m
3
/dia) e tendência polinomial (1º a 4º lote de criação de aves) dos
tratamentos PEN e NPE, utilizando cama de frango reutilizada.
60
Se analisar as médias dos tratamentos de volume de biogás, observa-se que
houve uma inversão nas épocas de maior produção de CO
2
e CH
4
. O tratamento NPE
obteve após um pequeno pico de CO
2
, um pico maior de produção de CH
4
, talvez em
função da antecipação da queima. Já o tratamento PEN, apresentou médias de volume
maiores no inicio do processo de biodigestão anaeróbia, seguido de vazio e um novo
pico, para depois seguir em produção constante.
Estão apresentados na Tabela 19, os dados referentes à última semana de
operação dos biodigestores, apresentando as produções médias de CH
4
, CO
2
e
impurezas (%) presentes no biogás produzido pela biodigestão anaeróbia da cama de
frangos de corte.
Tabela 17. Produção dia de CH
4
e CO
2
e impurezas (%) da última semana de operação dos
biodigestores, para diferentes reutilizações de cama de frango.
Criações Aves
Percentual de Metano (CH
4
)
NPE PEN
CH
4
CO
2
Impurezas
CH
4
CO
2
Impurezas
1º Lote 81,35
ab
18,01
ab
0,64
b
78,92
b
20,07
a
1,01
b
2º Lote 82,98
ab
16,11
ab
0,91
b
80,66
ab
18,65
ab
0,70
b
3º Lote 85,98
a
13,37
b
0,65
b
81,98
ab
16,32
ab
1,70
a
4º Lote 84,93
ab
14,49
ab
0,58
b
79,98
ab
19,31
ab
0,71
b
Média 83,81
A
15,49
B
0,70
B
80,38
B
18,59
A
1,03
A
P Value 0,0165 0,0281 0,0002 0,0165 0,0281 0,0002
CV (%) 2,704 13,625 24,667 2,704 13,625 24,667
Em cada coluna médias seguidas de letras minúsculas, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
Em cada coluna médias dos tratamentos seguidas de letras maiúsculas, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
Na comparação dos tratamentos não houve diferença (P>0,05) entre os lotes na
última semana de produção de CH
4
, exceto o lote do tratamento NPE que diferiu
(P<0,05) com maiores produções de CH4 (85,98 %).
Houve diferença (P<0,05) na comparação da produção de CO
2
dos tratamentos
NPE (3º lote) e PEN (1º lote), apresentando valores médios 13,37 e 20,07 %,
respectivamente.
61
E na comparação dos valores médios de CH
4
dos tratamentos NPE e PEN,
observam-se maiores (P<0,05) valores 83,81 e 80,38 %, para o tratamento NPE.
E na comparação dos valores médios de CO
2
dos tratamentos NPE e PEN,
observam-se maiores (P<0,05) valores 18,59 e 15,49 %, para o tratamento PEN.
Estão apresentados na Tabela 20, médias do dia inicial de queima dos
biodigestores abastecidos com cama de frango.
Tabela 18. Média do dia inicial da queima do biogás, para diferentes reutilizações.
Criação Aves
Início da queima (dia)
NPE PEN
1º Lote 23
abc
30
a
2º Lote 16
bc
27
ab
3º Lote 15
c
24
abc
4º Lote 14
c
24
abc
P Value 0,0019
CV (%) 20,123
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
Os tratamentos apresentaram suas queimas em média no 17º e 20º dia após o
abastecimento dos biodigestores, para o tratamento NPE e PEN, respectivamente. O
tratamento NPE apresentou uma queima precoce diferindo (P<0,05) do tratamento
PEN.
Na comparação dos lotes, houve uma maior diferença (P<0,05) entre o e
lote (PEN) e o e lote (NPE), apresentando valores médios 30 e 27; 15 e 14,
respectivamente.
A produção média de biogás acumulado (%) antes e após o inicio da queima
está apresentada na Tabela 21.
Os valores de produção de biogás acumulado antes da queima foram maiores
(P<0,05) para o tratamento PEN (2º lote) apresentando 81,08 %, o tratamento NPE
obteve o menor valor 17,61 %.
62
Na comparação dos tratamentos após a queima de biogás, observam-se maiores
(P<0,05) percentuais de CH
4
no tratamento NPE e PEN de lote com valores médios
de produção de biogás acumulado 82,39 e 78,66 % respectivamente.
Tabela 19. Média da produção de biogás acumulada (%) antes e após o início da queima.
Criação Aves
Produção de biogás acumulada (%)
NPE PEN
Queima
Antes Após Antes Após
1º Lote 41,86
c
58,14
d
69,43
b
30,57
e
2º Lote 28,32
de
71,68
bc
81,08
a
18,92
f
3º Lote 17,61
f
82,39
a
21,34
ef
78,66
ab
4º Lote 26,63
def
74,86
ab
35,16
cd
64,84
dc
P Value <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001
CV (%) 8,325 5,471 8,325 5,471
Em cada coluna (antes e após) médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
3.4. Conclusões
A diluição e separação da cama de frangos de corte causam maiores aumento
das concentrações de macro e micronutrientes ao final da biodigestão anaeróbia. A não
diluição e separação de sólidos proporcionam maiores produções de biogás (m
3
) na
cama dos dois primeiro lotes de criação. Ao passo que nas 3 e camas reutilizadas,
não existe diferença no volume de biogás (m
3
) produzido quando a cama de frango é
diluída e separada, possibilitando a redução de sólidos pré biodigestão anaeróbia,
reduzindo impactos ambientais.
63
CAPÍTULO 4 - BIODIGESTÃO ANAERÓBIA DE DIFERENTES REUTILIZAÇÕES DE
CAMA DE FRANGOS DE CORTE COM OU SEM SEPARAÇÃO DE
SÓLIDOS E LÍQUIDOS PARA PRODUÇÃO DE BIOGÁS OPERADOS
EM SISTEMA CONTÍNUO.
RESUMO: O objetivo desse estudo foi avaliar a diluição e a separação de sólidos
e líquidos da cama de frango de corte em diferentes reutilizações (1° a Lotes) sobre
a biodigestão anaeróbia da fração líquida em biodigestores contínuos. Foram realizadas
análises de avaliação da produção de biogás e da caracterização mineral dos afluentes
(entrada) e efluentes (saída) dos biodigestores. Foi utilizado um delineamento
inteiramente casualizado com dois tratamentos, sendo um com diluição e separação de
sólidos e líquidos (PEN) e outro sem diluição e separação de sólidos e líquidos (NPE),
com três repetições para cada tratamento, totalizando seis biodigestores. Para o
tratamento PEN utilizou-se a diluição 4:1 (água/cama), com 3,0 % de Sólidos Totais
(ST) em ambos os tratamentos. Os biodigestores foram abastecidos com cama de
lote, e suas cargas foram feitas com camas reutilizadas de 1º, 2º, e 4º lote, mudando
o lote a cada 40 dias, respectivamente. O tratamento NPE teve entupimento na caixa de
entrada, por isso foram obtidos dados até os 49 dias de operação, a partir daí
operando como batelada, o PEN foi operado até 160 dias. Em ambos os tratamentos
foram obtidos 0,24 e 1,44 m
3
de biogás/kg de ST adicionados, respectivamente. A
concentração de nutrientes de ambos os tratamentos apresentaram reduções de
minerais em massa (kg) após a biodigestão anaeróbia.
Palavras-Chave: aproveitamento de resíduos, biodigestores anaeróbicos, casca de
amendoim, dejetos, energia.
64
CHAPTER 4 - ANAEROBIC DIGESTION OF DIFFERENT REUSES OF LITTER
BROILER WITH OR WITHOUT THE SEPARATION OF LIQUID AND
SOLID FOR PRODUCTION OF BIOGAS IN CONTINUOUS SYSTEM
OPERATED.
ABSTRACT: The aim of this study was to assess the dilution and separation of
solids and liquids from the litter of broilers in different reuses (1 to 4 Lots) on the
anaerobic digestion of liquid fraction in continuous system. Were analyzed for evaluation
of production of biogas and mineral characterization of the affluents (entry) and effluents
(exit) of digesters. The experimental was distributed in a completely randomized design
with two treatments, one with dilution and separation of solids and liquids (PEN) and
another without dilution and separation of solids and liquids (NPE) with three replications
for each treatment, totaling six digesters. For treatment PEN used the dilution (found in
Chapter 2) 4:1 (water / litter), with 3.01% Total Solids (TS) in both treatments. These
were supplied with litter for 1 batch, and their load were made with reused litters for 1
st
,
2
nd
, 3
rd
and 4
th
batch, changing the lot every 40 days, respectively. Treatment NPE was
clogging the inbox, so data were not obtained until the 49 days of operation, having to
work as a batch, the PEN has operated up to 160 days. Both treatments were 0.24 and
1.44 m
3
of biogas / kg of ST added, respectively. The concentration of nutrients from
both treatments showed reductions in mineral mass (kg) after anaerobic digestion.
Keywords: anaerobic digesters, energy, manure, peanut hulls, recovery of waste.
65
4.1. Introdução
A avicultura brasileira vem passando por períodos favoráveis nos últimos anos,
pois durante os cinco últimos é a maior exportadora e a terceira maior produtora de
frangos de corte do mundo. Com este invejável desempenho a avicultura também
ostenta outro troféu pouco notável, que é o de campeão na produção de cama de
frango.
Cama é todo o material distribuído sobre o piso de galpões para servir de leito às
aves (PAGANINI, 2004), sendo uma mistura de excreta, penas das aves, ração e o
material utilizado sobre o piso. Vários materiais são utilizados como cama: maravalha,
casca de amendoim, casca de arroz, casca de café, capim seco, sabugo de milho
picado, entre vários outros materiais (GRIMES, 2004).
muitos anos a cama de frango vem sendo utilizado como fertilizante no solo,
pois possuem elementos químicos que podem constituir em nutrientes para o
desenvolvimento das plantas, acreditando-se que o solo seja um filtro com capacidade
quase ilimitada de absorver e depurar os resíduos nele adicionados (SEGANFREDO,
2000), mas para uso como fertilizante, a cama de frango deve sofrer um processo de
fermentação microbiológica, provocando a decomposição da matéria orgânica de forma
aeróbia ou anaeróbia. A compostagem e a biodigestão anaeróbia são exemplos
respectivos de cada uma dessas formas de decomposição controlada.
Com a utilização de biodigestores, a cama de frango pode tornar-se fonte de
geração de energia, visto que por meio da biodigestão anaeróbia da matéria orgânica,
obtém-se o biogás com alto poder energético. possibilidade de utilização do biogás
para geração de energia agregando valor ao dejeto diminuindo seus custos com o
tratamento. O biofertilizante, material estabilizado no interior do biodigestor, pode ser
utilizado na agricultura, pois é constituído por vários compostos minerais. Assim sendo,
a utilização da biodigestão anaeróbia, propicia que três benefícios ocorram
concomitantemente, ou seja, saneamento no meio rural, atendimento da demanda
energética e a utilização do material biodegradado como biofertilizante.
66
O processo biológico para produção de biogás ocorre na ausência de oxigênio
molecular, no qual um consórcio de diferentes tipos de microrganismos interage
estreitamente para promover a transformação de compostos orgânicos complexos em
produtos mais simples, resultando, principalmente, nos gases metano e dióxido de
carbono (FORESTI et al., 1999).
A cama de frango de corte quando utilizada para produção de biogás, através da
biodigestão anaeróbia possui alguns entraves que precisam ser solucionados para que
essa alternativa se torne viável economicamente ao produtor.
Um dos problemas é a quantidade de material de difícil degradação existente em
algumas camas de frangos, como por exemplo, a casca de amendoim, que por muitas
vezes pode se tornar um empecilho para os microorganismos na bioconversão do
carbono em biogás. Por isso, infere-se que o peneiramento em malha, retendo a fração
grosseira existente na cama deva incrementar a produção de biogás e reduzir o
percentual de ST, antes da biodigestão anaeróbia, proporcionando uma diminuição do
potencial poluidor desse resíduo no solo, na água e no ar.
Os ensaios de biodigestão anaeróbia das camas de frango de corte foram
desenvolvidos com o objetivo de avaliar o potencial para produção de biogás em
biodigestores contínuos das camas obtidas nos ensaios descritos no Capítulo 2, bem
como conhecer a distribuição da produção ao longo do tempo. Além de quantificar e
qualificar os afluentes e efluentes, assim como as suas reduções de matérias
orgânicas.
4.2. Material e Métodos
A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Digestão Anaeróbia do
Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias/UNESP- Campus de Jaboticabal, o qual está instalado em local cujas
coordenadas geográficas são: 21°15'22" S; 48°18'58" W e altitude de 575
metros.
67
Realizaram-se para o estudo, quatro coletas de camas de frango reutilizadas de
até 1º a 4º lote, para realizar ensaios experimentais de biodigestão anaeróbia em
biodigestores contínuo com ou sem separação de sólidos.
4.2.1. Coleta da cama de frango de corte
Foram avaliadas as camas de frango de corte de quatro lotes subseqüentes
criados em um galpão comercial pertencente à Empresa Rei Frango, localizada no
município de São Carlos – SP (Apêndice 1).
O galpão experimental foi construído em alvenaria na orientação leste-oeste,
com dimensões de 18,0 x 250,0 m, direito de 3,0 m, sem lanternim, coberto com
telhas de fibrocimento, piso de concreto e mureta lateral em alvenaria com 0,6 m de
altura, completada com tela de arame até o telhado e cortinado móvel externo. O
galpão foi subdividido em 12 boxes de 18,0 x 20,7 m, sendo que no centro do galpão
tem um corredor de 18,0 x 1,6 m.
As aves foram criadas nos períodos de 17 de janeiro a 19 de março (primeiro
lote), 17 de abril a 9 de junho (segundo lote), 25 de junho a 09 de agosto (terceiro lote)
e 31 de agosto a 11 de outubro (quarto lote) de 2007.
1º Criação: Todos os boxes (1 a 12) receberam casca de amendoim nova
Criação: Boxes 4, 5 e 6 permaneceram com cama da Criação (2º Lote) e nos
demais boxes foi retirada toda a cama da criação anterior e colocada casca
de amendoim nova.
Criação: Boxes 4, 5 e 6 permaneceram com cama da Criação (3º Lote), Boxes 1,
2 e 3 permaneceram com cama da criação anterior (2º Lote) e nos demais
boxes foi retirada toda a cama da criação anterior e colocada casca de
amendoim nova.
68
Criação: Boxes 4, 5 e 6 permaneceram com cama da Criação (4º Lote), Boxes 1,
2 e 3 permaneceram com cama da Criação (3º Lote), Boxes 7, 8 e 9
permaneceram com cama da criação anterior (Lote) e nos demais boxes
foi retirada toda a cama da criação anterior e colocada casca de amendoim
nova (1º Lote).
Para todos os lotes de criações, a amostragem da cama foi realizada da seguinte
forma:
passo: Em cada boxe de criação das aves, foram coletados amostras de cama,
abrindo-se uma vala, no sentido norte e sul (sentido transversal) do galpão
para obtenção da cama de várias situações, abaixo de comedouro,
bebedouro e cantos do boxe. Cada vala possuía 0,5 m de largura, 18 m de
comprimento e 0,3 m de altura (Apêndice 2).
passo: Dentro do mesmo boxe foi aberto um espaço de 8 m
2
para homogenização da
cama (Apêndice 3), e em seguida foi amostrado 150 kg de cama (matéria
natural) por boxe e levado para universidade para realização da biodigestão
anaeróbia. O restante da cama produzida permaneceu para condução do lote
subseqüente.
Com a finalidade de controlar os aspectos sanitários na criação dos frangos de
corte, os procedimentos para desinfecção do galpão foram da seguinte forma: 1)
Retirada da cama; 2) Limpeza do piso, da calçada e das telas; 3) Lavagem com água
em todo galpão; 4) Pulverização com amônia quartenária 15% mais glutaraldeído 35%
na proporção de 1 L para 1000 L de água; 5) Aplicação de cal virgem sobre o piso, na
proporção de 60 kg de cal virgem para 200 L de água; 6) Colocação da casca de
amendoim desinfectada.
Quando a cama era reutilizada, seguia os seguintes procedimentos: 1) Queima
das penas com lança-chamas; 2) Aplicação de inseticida para controle de cascudinho
(Alphitobius diaperinus); 3) Adição de 1000 kg de casca de amendoim nova (matéria
natural) por boxe no pinteiro, previamente limpa e desinfectada com alguns dias de
antecedência ao alojamento dos pintos
69
4.2.2. Ensaio de biodigestão anaeróbia com cama de frango
Os biodigestores foram inicialmente abastecidos com cama de lote, e suas
cargas foram feitas com camas reutilizadas de 1º, 2º, e lote, mudando o lote a
cada 40 dias, respectivamente. Sendo três repetições para o tratamento com separação
de sólidos (PEN) e três repetições sem separação de sólidos (NPE), totalizando seis
biodigestores em sistema contínuo, distribuídos em um delineamento inteiramente
casualizado.
Nas Figuras 1 e 2 estão apresentadas as descrições dos biodigestores com
capacidade útil de 60 litros de substrato em fermentação, fazendo parte de uma bateria
de mini-biodigestores, descrita por ORTOLANI et al. (1986). São constituídos
basicamente, por dois cilindros retos, um dos quais se encontra inserido no interior do
outro, de tal forma que o espaço existente entre a parede externa do cilindro interior e a
parede interna do cilindro exterior comporte um volume de água que se convencionou
denominar “selo d´água”, atingindo profundidade de 480 mm.
Uma campânula flutuante de fibra de vidro, emborcada no selo d´água”,
armazena o gás produzido e conferi pressão ao mesmo.
Os biodigestores são semi-subterrâneos, sendo a superfície do solo a sua volta
revestida por uma calçada de concreto com 5 cm de espessura. O cilindro interior
(câmara de fermentação) encontra-se em comunicação com uma vala de drenagem por
meio de um tubo de escoamento ligado ao fundo da câmara e que serve para descarga
do efluente.
A diferença deste biodigestor (contínuo) com o biodigestor batelada, é que este
possui uma parede central que divide o tanque de fermentação em duas câmaras
(Figura 3). A função da parede divisória e fazer com que o material circule por todo o
interior da câmara de fermentação. Além de que neste é realizada uma carga diária de
substrato, por isso ele possui uma caixa de entrada (local onde se deposita o afluente)
e uma caixa de saída (local onde se extrai o efluente).
70
Figura 1. Esquema dos biodigestores contínuos.
(Fonte: ORTOLANI et al., 1986).
H - é a altura do nível do substrato;
Di - é o diâmetro interno do biodigestor;
Dg - é o diâmetro do gasômetro;
Ds - é o diâmetro interno da parede superior;
h1 - é a altura ociosa (reservatório do biogás);
h2 - é a altura útil do gasômetro.
a - é a altura da caixa de entrada.
e - é a altura de entrada do cano com o afluente.
71
Figura 2. Biodigestores tipo contínuo utilizados no experimento.
Figura 3. Parte interna do biodigestor tipo contínuo utilizado no experimento
72
4.2.3. Preparo da solução (fração líquida)
Através das diluições testadas no Capítulo 2, foi escolhida a de 4:1 kg de
água/kg de cama para os ensaios experimentais, tendo como parâmetros os sólidos
totais e a utilização da menor quantidade possível de diluente (água).
Para obter a fração líquida (Apêndice 4) das camas realizou-se uma
padronização na separação dos sólidos, onde a cama após pesada e diluída na
proporção de 4:1, era separada por malha de 3 mm, resultando em duas frações
distintas.
4.2.4. Preparo do inóculo
O inóculo, composto por cama de frango digerida (Apêndices 5), a ser utilizado
nos seis biodigestores na fase inicial de avaliação experimental, foi previamente
preparado em quatro biodigestores com capacidade de 60,0 kg, utilizando-se de 20,0 kg
de biofertilizante de estrume de bovinos coletado em biodigestor contínuo modelo
indiano, 4,5 kg de cama de frango e 35,5 kg de água para completar a capacidade de
cada biodigestor.
4.2.5. Preparo das cargas e coletas de efluentes
Foram realizados cálculos para obtenção de um tempo de retenção hidráulica
(TRH) de 30 dias:
Onde
(1)
CD =
No qual:
73
CD = carga diária;
Vol. = volume do biodigestor;
TRH = tempo de retenção hidráulica.
Como o volume do biodigestor era de 60 L, foram adicionados dois litros diários
(Apêndice 10) da fração líquida da cama de frango para o tratamento PEN e dois litros
de cama de frango diluída em água (tratamento NPE).
O início das cargas diárias em ambos os tratamentos foram feitos após a queima
do biogás.
As cargas diárias de ambos os tratamentos, foram preparadas para obtenção de
teor de sólidos totais próximos a 3,0%. Para o tratamento NPE, as cargas foram
preparadas conforme expressões citadas em Ortolani et al. (1991) e Lucas Junior
(1994), adaptando-as para cama de frango, ou seja:
Fórmula:
(6) SB =
(7) CF = 100
(8) A = W – CF
No qual:
SB = peso seco da cama de frango a ser adicionado em W;
W = peso do substrato a ser colocado no biodigestor;
STs = porcentagem de sólidos totais que se pretende em W;
CF = quantidade de cama em kg a ser adicionado em W;
STc = sólidos totais da cama de frango;
A = peso de água a ser misturado com CF para se obter W.
Para o tratamento PEN, as cargas foram preparadas conforme expressões
citadas em Ortolani et al. (1991) e Lucas Junior (1994), no entanto teve-se que adaptá-
las para frações líquidas de cama de frango, ou seja:
74
Fórmula:
(7) SB =
(8) FL = 100
(9) CF =
(10) A =
No qual:
SB = peso seco da cama de frango a ser adicionado em W;
W = peso do substrato a ser colocado no biodigestor;
STs = porcentagem de sólidos totais que se pretende em W;
FL = fração líquida que será adicionada em W;
STl = sólidos totais da fração líquida;
CF = quantidade de cama em kg a ser diluída em água;
PS = peso da fração líquida (2,528 kg) do teste de diluição (4:1);
1 e 4 = Constante para diluição 4:1 (cama/água);
A = peso de água a ser misturado com CF para diluição;
Na mesma hora em que eram realizadas as cargas, eram feitas as coletas diárias
dos efluentes, sendo separados em recipientes de plástico durante sete dias, obtendo
sete amostras para cada biodigestor, totalizando 21 amostras. Em seguida eram
congeladas em freezer para que ao final desse período, fossem misturadas, obtendo-se
assim três amostras homogêneas de sete coletas diárias de cada tratamento,
totalizando seis amostras semanais.
75
4.2.6. Preparo do substrato
O inóculo utilizado para o abastecimento foi preparado para obtenção do teor de
sólidos totais próximos a 15%, como recomendado por Santos (2001). Seguindo o
modelo proposto por Lucas Junior (1994) onde, mistura-se cama de frango, água e
inóculo. Os substratos dos abastecimentos dos biodigestores foram preparados para
obtenção de teor de sólidos totais próximos a 3,0%.
É apresento no Apêndice 6, um fluxograma que descreve o delineamento dos
tratamentos e as suas formas de reciclagem.
Para o tratamento, NPE, o substrato foi preparado conforme expressões citadas
em Ortolani et al. (1991) e Lucas Junior (1994), adaptando-as para cama de frango, ou
seja:
Fórmula:
(1) SB =
(2) IN =
(3) CF = 100
(4) INS = 100
(5) A = W – (CF + INS)
No qual:
SB = peso seco da cama de frango a ser adicionado em W;
W = peso do substrato a ser colocado no biodigestor;
STs = porcentagem de sólidos totais que se pretende em W;
76
IN = fator de correção de inclusão de ST;
PIs = percentual de inoculo na matéria seca do substrato (15%);
CF = quantidade de cama em kg a ser adicionado em W;
STc = sólidos totais da cama de frango;
INS = peso de inóculo que deverá ser adicionado em W;
STi = porcentagem de sólidos totais contida no inóculo;
A = peso de água a ser misturado com CF e INS para se obter W.
Para o tratamento PEN, o substrato foi preparado conforme expressões
citadas em Ortolani et al. (1991) e Lucas Junior (1994), no entanto teve-se que adaptá-
las para frações líquidas de cama de frango, ou seja:
Fórmula:
(1) SB =
(2) IN =
(3) FL = 100
(4) CF =
(5) A =
(6) INS =
100
No qual:
77
SB = peso seco da cama de frango a ser adicionado em W;
W = peso do substrato a ser colocado no biodigestor;
STs = porcentagem de sólidos totais que se pretende em W;
IN = fator de correção de inclusão de ST;
PIs = percentual de inoculo na matéria seca do substrato (15%);
FL = fração líquida que será adicionada em W;
STl = sólidos totais da fração líquida;
CF = quantidade de cama em kg a ser diluída em água;
PS = peso da fração líquida (2,528 kg) do teste de diluição (4:1);
1 e 4 = Constante para diluição 4:1 (cama/água);
A = peso de água a ser misturado com CF para diluição;
INS = peso de inóculo que deverá ser adicionado em W;
STi = porcentagem de sólidos totais contida no inóculo.
Na Tabela 1, estão apresentados os períodos de operação dos experimentos e
as quantidades médias dos componentes do substrato colocados nos biodigestores, de
acordo com as reutilizações de cama.
Tabela 1. Períodos de operação, tempos de retenção hidráulica (TRH) e quantidades médias dos
componentes iniciais do substrato colocado nos biodigestores, de acordo com o tratamento.
Cama Reutilizada
Período de TRH Cama Água Solução Inóculo
Operação (dias) (kg) (kg) (kg) (kg)
NPE
26/jul a 14/set
(50 dias)
50 2,13 45,79 - 12,08
PEN
26/jul a 03/dez
(160 dias)
30 19,52 78,09 49,35 10,65
4.2.7. Dados meteorológicos do período experimental
São apresentadas no Apêndice 7, as médias das variáveis climáticas em
Jaboticabal – SP, obtidas durante o período experimental.
78
4.2.8. Determinação dos teores de sólidos totais e voláteis
As amostras destinadas às determinações dos teores de sólidos totais e voláteis,
dos substratos e efluentes nos ensaios de biodigestão anaeróbia, foram acondicionadas
em cadinhos de alumínio previamente tarados, pesados para se obter o peso úmido
(Pu) do material e em seguida, levadas à estufa com circulação forçada de ar, à
temperatura de 65ºC até atingirem peso constante e em seguida, resfriadas em
dessecador e pesadas novamente em balança com precisão de 0,01 g, obtendo-se o
peso seco (Ps). O teor de sólidos totais foi determinado segundo metodologia descrita
pela APHA (2000).
Onde:
ST = 100 – U e U = ( PU – PS ) / PU x 100
No qual:
ST = teor de ST, em porcentagem;
U = teor de umidade, em porcentagem;
PU = peso úmido da amostra, em g;
PS = peso seco da amostra, em g.
Em seguida as amostras foram previamente moídas em moinho IKA
®
A11 basic,
para determinação de todas as análises experimentais realizadas.
Para a determinação do teor de sólidos voláteis, os materiais secos obtidos após
a determinação do teor de sólidos totais, foram pesados em cadinhos de porcelana e
levados à mufla a temperatura de 575ºC durante um período de 2 horas, após
resfriamento em dessecadores, os materiais foram pesados em balança com precisão
de 0,0001 g, obtendo-se o peso de cinzas. O teor de sólidos voláteis foi determinado a
partir de metodologia descrita pela APHA (2000).
Onde:
SV = ST – cinzas e cinzas = { 1 - [ ( PU – Pm ) / PU ] } x 100
79
No qual :
SV = teor de SV, em porcentagem;
PU = peso úmido da amostra, em g;
Pm= peso obtido após queima em mufla, em g.
Os sólidos voláteis foram expressos, portanto, em porcentagem da matéria seca.
4.2.9. Digestão e quantificação dos minerais
As amostras coletadas foram digeridas, utilizando-se do método da digestão
ácida Nítrico-Perclórica, que promove a digestão total da matéria orgânica à base de
ácido nítrico (HNO
3
) e ácido perclórico (HClO
4
) levados ao bloco digestor, segundo
metodologia descrita pela APHA (1998).
Com este extrato foi possível determinar-se os teores dos macro e
micronutrientes fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e sódio (Na) em
g/100g e zinco (Zn), cobre (Cu), manganês (Mn) e Ferro (Fe) em mg/kg, segundo
Bataglia et al. (1983).
A digestão das amostras para determinação do nitrogênio foi realizada utilizado
ácido sulfúrico (H
2
SO
4
) e mistura digestora composta por sulfato de sódio (Na
2
SO
4
),
sulfato de cobre (CuSO
4
.5H
2
O) e selenito de sódio (Na
2
SeO
3
). O nitrogênio foi
determinado por meio da utilização do destilador micro-Kjeldahl, cujo princípio baseia-
se na transformação do nitrogênio amoniacal (NH
4
)
2
SO
4
em amônia (NH
3
), a qual é
fixada pelo ácido bórico e posteriormente titulada com H
2
SO
4
até nova formação de
(NH
4
)
2
SO
4
, na presença do indicador ácido/base, conforme metodologia descrita por
Silva (1981).
Os teores de fósforo foram determinados pelo método colorimétrico utilizando-se
espectrofotômetro HACH modelo DR-2000. O método baseia-se na formação de um
composto amarelo do sistema vanadomolibdofosfórico em acidez de 0,2 a 1,6N, onde a
cor desenvolvida foi medida em espectrofotômetro, determinando-se assim a
concentração de fósforo das amostras, por meio da utilização de uma reta padrão
80
traçada previamente a partir de concentrões conhecidas, entre 0 e 32 µg de P/mL. Os
padrões foram preparados conforme metodologia descrita por Malavolta et al. (1991).
Os demais elementos foram quantificados através da leitura em
espectrofotômetro de absorção atômica GBC, modelo 932 AA.
4.2.10. Determinação da produção de biogás
As produções de biogás foram calculadas com base na leitura das réguas
dispostas ao lado dos eixos de condução dos gasômetros que continham setas que
apontavam nas réguas o deslocamento vertical do gasômetro obtido no intervalo entre
as leituras. O número obtido na leitura foi multiplicado pela área da seção transversal
interna dos gasômetros, que no caso dos biodigestores batelada em questão era igual a
0,2827 m
2
. Após cada leitura, os gasômetros foram zerados utilizando-se o registro de
descarga do biogás. A correção do volume de biogás para as condições de 1 atm e
20
o
C, foi efetuada com base no trabalho de Caetano (1985) no qual verificou-se que,
pelo fator de compressibilidade (Z), o biogás apresentou comportamento próximo ao
ideal. Conforme descrito por Santos (2001), para a correção do volume de biogás,
utilizou-se a expressão resultante da combinação das leis de Boyle e Gay-Lussac,
Onde:
No qual:
V
o
= volume de biogás corrigido, m
3
;
P
o
= pressão corrigida do biogás, 10322,72 mm de água;
T
o
= temperatura corrigida do biogás, 293,15 K;
V
1
= volume do gás no gasômetro;
P
1
= pressão do biogás no instante da leitura, 9652,10 mm de água;
T
1
= temperatura do biogás, em K, no instante da leitura.
1
11
T
PV
T
PV
o
oo
=
81
Considerando-se a pressão atmosférica média de Jaboticabal igual a
9641,77 mm de água e pressão conferida pelos gasômetros de 10,33 mm de água,
obteve-se como resultado a seguinte expressão, para correção do volume de biogás:
Expressão:
84575,273
1
1
x
T
V
Vo =
Após cada leitura do volume de biogás produzido, era verificada a temperatura
do biogás com o uso de um termômetro digital portátil Brastermo
(em °C), o qual possui
um sensor localizado na extremidade de uma haste metálica introduzida a 5 m de
profundidade no orifício de saída do gás do biodigestor.
4.2.11. Teste de queima
Este teste consistiu na verificação de queima ou não do biogás proveniente dos
biodigestores contínuos para detecção de presença ou não de metano em quantidade
suficiente para manter uma chama.
Os testes foram realizados por meio de um Bico de Bunsen, cuja mangueira era
acoplada à saída de gás do biodigestor. Se ao colocar fogo no Bico de Bunsen a chama
continuasse acesa, confirmava-se a queima. Após a detecção da mesma, este teste
não mais era necessário, sendo efetuado, portanto, apenas no início do processo.
4.2.12. Determinação dos teores de metano e dióxido de carbono
Para avaliação do teor de metano no biogás produzido foram retiradas amostras
de biogás a partir da 6º semana, até a última semana de operação, utilizando-se
82
seringas de plástico de 100 mL de volume, apropriadas para coletas de biogás, sendo
as determinações feitas utilizando-se cromatógrafo de fase gasosa GC 2001, equipado
com colunas Porapack Q e Peneira Molecular 5A, utilizando o hidrogênio como gás de
arraste. A calibração do equipamento foi feita com o gás padrão contendo metano,
dióxido de carbono, oxigênio e nitrogênio. Os percentuais dos componentes foram
determinados com o auxílio de um integrador processador.
4.2.13. Análise estatística dos dados
Os dados foram submetidos à análise de variância pelo procedimento GLM do
SAS program version 9.1. (2003) e as médias comparadas pelo Teste de Tukey a um
nível de significância de 5%.
4.3. Resultados e Discussão
Os biodigestores NPE (eram em número de três), sofreram entupimento na
tubulação de carga (entre o 17º e o 18º dia de operação). Foi realizado o
desentupimento com mangueiras, as quais eram pressionadas para dentro do
compartimento de carga, para que esta chegasse até a parte interna do biodigestor.
Além disso, preocupou-se com a forma de preparo da carga, sendo este macerado de
forma efetiva, não restando partes grosseiras. No entanto, sem êxito decidiu-se operar
o tratamento NPE como batelada, ou seja, sem adição de cargas e coletas de efluentes.
Sendo possível apenas um total de três cargas e coletas de efluentes semanais para
esse tratamento.
O entupimento da tubulação se deve a dois fatores importantes, que devem ser
levados em consideração no dimensionamento de biodigestores contínuos para
operação com cama de frango: uma delas está relacionada com o dimensionamento
estrutural do compartimento de carga, sendo que a altura e a angulação deste em
83
relação a parte interna do biodigestor, devem ter suas medidas redimensionadas, além
de que é preciso rever o diâmetro da tubulação utilizada para realizar a carga e
conseqüentemente a tubulação de coleta dos efluentes.
Outro fator importante é o grau de decomposição que a cama de frango se
apresenta, pois uma das causas do entupimento pode ser também pela quantidade de
material grosseiro existente na cama, justificando a diluição e a separação por malha.
Por isso seria necessário um pré-tratamento da cama de frango, tal como foi realizado
em um dos tratamentos.
4.3.1. Teores de sólidos totais e voláteis
Estão apresentados na Tabela 2, os dados de concentração de ST e SV em (%)
e (kg), dos afluentes e efluentes dos biodigestores PEN e NPE de diferentes
reutilizações de cama de frango, além das suas reduções de SV. Não foram feitos
análises estatísticas para comparação dos dois tratamentos, visto que o tratamento
NPE foi operado como batelada.
Tabela 2. Concentrações de sólidos totais e voláteis, em porcentagem e em massa e redução de SV, em
porcentagem, para as diferentes reutilizações de cama de frango em biodigestores contínuo.
Criação
Aves
Sólidos Totais Sólidos Voláteis
A E A E A E A E Redução
(%) (kg) (%) (kg) %
NPE 1,697 0,908 0,556 0,290 1,543 0,809 0,507 0,259 40,29
PEN 3,497 1,868 1,406 0,615 3,249 1,707 1,303 0,562 46,71
O tratamento NPE obteve valores médios de 0,556 kg de ST adicionados nos
afluentes, menores que os valores médios do tratamento PEN (1,406 kg de ST
adicionados). Esta diferença se deve ao tempo de retenção de ambos os tratamentos,
pois o tratamento NPE foi prejudicado com a operação em batelada dos biodigestores.
84
Os tratamentos NPE e PEN apresentaram valores (40,29 e 46,71 % de SV
reduzidos) que diferiram ao fim do processo de biodigestão anaeróbia em função do
dos dias de operação utilizado paca cada tratamento. Esses valores são equivalentes
aos encontrados por Santos (2001), avaliando a biodigestão anaeróbia de cama de
frango (maravalha), obteve 41,27 a 41,95 % de redução nos teores de SV nas camas
de 1º e 2º reutilização, respectivamente.
4.3.2. Concentração de nutrientes dos substratos
4.3.2.1. Concentração de nutrientes da cama de frango
Os resultados médios da composição química para o aproveitamento das camas
de frangos para biodigestão anaeróbia estão apresentados nas Tabelas 3 e 4, para os
materiais originais e nas Tabelas 5 e 6, para as camas obtidas em 4 lotes seguidos de
criações de frangos de corte.
Tabela 3. Concentrações de macronutrientes na casca de amendoim, em g/100g de matéria seca (MS).
Material N P K Ca Mg Na
g/100g
Casca Amendoim 0,56 ND 0,86 0,26 0,11 0,12
*ND: Não Detectável
Tabela 4. Concentrações de micronutrientes e metais na casca de amendoim, em mg/kg de matéria seca
(MS).
Material Zn Cu Mn Fe
(mg/kg)
Casca Amendoim 135,40 189,56 81,24 947,79
*ND: Não Detectável
85
Tabela 5. Concentrações de macronutrientes, em g/100g de matéria seca (MS), das camas utilizadas
nos biodigestores contínuos.
Criação N P K Ca Mg Na
Aves g/100g
Cama 1º L 5,10
1,33
c
2,35
b
2,11
c
0,52
b
0,48
b
Cama 2º L 6,14
1,47
c
2,44
b
2,37
bc
0,58
b
0,60
ab
Cama 3º L 6,28
2,27
a
3,17
a
3,42
a
0,76
a
0,78
ab
Cama 4º L 6,49
1,80
b
2,76
ab
2,84
b
0,61
b
0,85
a
P Value ns <0,0001 0,0089 0,0001 0,0015 0,0307
CV (%) 16,28 6,7 8,49 7,06 7,62 19,30
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
ns: não significativo.
Tabela 6. Concentrações de micronutrientes e metais, em mg/kg de matéria seca (MS), das camas
utilizadas nos biodigestores contínuo.
Criação Zn Cu Mn Fe
Aves (mg/kg)
Cama 1º L
399,10
b
524,50
333,39
b
1495,85
b
Cama 2º L
472,44
ab
558,66
343,82
b
1569,53
ab
Cama 3º L
567,44
a
631,11
442,48
a
1715,83
a
Cama 4º L
532,56
ab
597,89
383,82
ab
1405,99
b
P Value 0,0200 ns 0,0028 0,0058
CV (%) 10,68 10,66 6,71 4,86
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
ns: não significativo.
Comparando com os resultados apresentados neste experimento a casca de
amendoim apresentou maiores teores de macronutrientes do que os obtidos em estudo
realizado por Severino et al. (2006), os quais foram 1,53; 0,36; 0,46 e 0,21 % para N, K,
Ca e Mg, respectivamente.
Por ser um subproduto do beneficiamento de amendoim e não ser utilizado para
o consumo, a composição deste material pode variar de acordo com a variedade da
cultura, o clima, e principalmente o beneficiamento.
Comparando a média dos resultados de composição de minerais dos lotes de
criações (reutilizações de cama) com a casca de amendoim, observa-se que houve um
86
aumento em todos os teores: N, P, K, Ca, Mg, Cu, Fe, Mn e Zn mostrando o acúmulo
de nutrientes depositados após as criações das aves, devido a composição das
excretas, penas, rações e outros materiais que compõem a cama de frango.
Observando os resultados nas Tabelas 5 e 6, os minerais P, K, Ca, Mg, Na, Zn,
Mn e Fe aumentaram significativamente (P<0,05) com a reutilização da cama.
Em geral, os resultados apresentados por Konzen (2003) sobre as
concentrações de macronutrientes nas camas (N, P, K, Ca e Mg) eso próximos, com
exceção do nitrogênio, que em média foi duas vezes menor (3,00 g/100g) que o
encontrado neste experimento (6,00 g/100g).
Apenas alguns macronutrientes como P, Ca, Mg e Na estavam próximos ao
comparar com os resultados citados por Jordaan (2004).
Severino et al. (2006), ao estudarem onze materiais orgânicos, dentre esses a
casca de amendoim e a cama de frango, encontraram valores de macronutrientes (N:
1,53 e 2,95; P: 0,36 e 3,87; K: 0,79 e 1,10; Ca: 0,46 e 4,71; Mg: 0,21 e 6,93 g/100g,
respectivamente) diferentes dos autores citados anteriormente e também dos
resultados apresentados neste experimento.
Santos (1997) ao avaliar diferentes camas de frango (napier, maravalha e a
mistura de napier com maravalha) sobre dois lotes de criação, observou aumento
significativo (P<0,05) na concentração dos minerais (N, P, K, Ca, MG, S, Cu, Fe, Mn,
Zn, Cr e Ni) na cama de frangos de acordo com a reutilizão. Sendo os resultados
apresentados por esta autora, semelhante apenas na concentração em K, Ca, Mg, Mn,
Zn e Fe, devido a diferença do material utilizado como cama.
Esta variação na composição química da cama de frango se deve ao fato de
haver diferenças nos materiais utilizados como cama, no balanço nutricional, no manejo
dos frangos de corte, na reutilização da cama, dentre diversas outras variações.
87
4.3.2.2. Concentração de nutrientes da fração líquida da cama de frango (solução)
Estão apresentados na Tabela 7 e 8, a concentração de macro e micronutrientes
das frações líquidas (solução) adquiridas no peneiramento e diluição de 4:1
(água/cama) da cama de frango de corte.
Tabela 7. Concentrações de macronutrientes, em g/100g de matéria seca (MS), das frações líquidas
(solução) adquiridas no peneiramento e diluição 4:1 (água:cama), utilizadas nos biodigestores
contínuo.
Criação N P K Ca Mg Na
Aves
(g/100g)
Solução 1º L 5,22
b
0,89
b
0,66
b
3,89
b
0,93 2,03
b
Solução 2º L 5,61
b
1,66
a
0,72
b
7,84
a
1,00 7,15
a
Solução 3º L 5,61
b
1,47
ab
0,83
b
6,08
ab
0,95 5,51
a
Solução 4º L 6,35
a
1,13
ab
1,12
a
6,19
ab
0,90 8,18
a
P Value 0,0065 0,0226 0,0005 0,0086 ns 0,0008
CV (%) 4,835 19,518 9,978 16,543 20,238 19,913
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
ns: não significativo.
Tabela 8. Concentrações de micronutrientes e metais, em mg/kg de matéria seca (MS), das frações
líquidas (solução) adquiridas no peneiramento e diluição 4:1 (água:cama), utilizadas nos
biodigestores contínuo.
Criação Zn Cu Mn Fe
Aves (mg/kg)
Solução 1º L 1321 1060
b
595 2379
Solução 2º L 1797 1760
ab
738 2800
Solução 3º L 2522 2090
a
653 3019
Solução 4º L 2111 2275
a
845 2847
P Value ns 0,0132 ns ns
CV (%) 27,989 19,687 15,156 16,105
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
ns: não significativo.
88
Os valores encontrados nos macro e micronutrientes das soluções foram maiores
que o material original (cama sem diluição em água), isto porque o processo de coleta
da cama pode muitas vezes influenciar na concentração e quantificação dos nutrientes.
Outro fator que também pode influenciar é a forma como a cama se apresenta
após a sua utilizão na granja. Normalmente são formados blocos (dejeto + casca de
amendoim + umidade ambiente) que dificultam a solubilização após a maceração e
diluição em água.
A fração quida da cama de frango diluída em 4:1 (água/cama), apresentou de
maneira geral, um aumento nas quantidades dos macro e micronutrientes avaliados,
conforme se aumentava a reutilização. Isto se deve a quantidade de tempo que a cama
ficou disponível aos frangos de corte.
Além de que, a forma com que a separação por malha dos sólidos e líquidos é
feita, pode também influenciar na passagem da quantidade de nutrientes, dificultando a
padronização dos sólidos.
Por isso deve se padronizar a separação dos sólidos, sendo esta realizada da
melhor forma, quando mecanizada, pois assim o existirá um menor risco de erros na
mensuração ou quantificação dos macro e micronutrientes.
4.3.2.3. Concentração de nutrientes do inóculo
As concentrações de macro e micronutrientes dos inóculos utilizados encontram-
se nas Tabelas 9 e 10, respectivamente.
89
Tabela 9. Concentrações de macronutrientes, em g/100g de matéria seca (MS), nos inóculos utilizados
nos biodigestores contínuo, abastecidos com cama de frango.
Criação N P K Ca Mg Na
Aves
g/100g
Inóculo 1º L 591
c
242
c
349
b
2309
b
591
c
242
c
Inóculo 2º L 1013
b
746
b
426
ab
2185
b
1013
b
746
b
Inóculo 3º L 1027
b
1000
ab
459
ab
2486
b
1027
b
1000
ab
Inóculo 4º L 2297
a
1121
a
547
a
3964
a
2297
a
1121
a
P Value 0,0002 0,0006 0,0575 0,0142 0,0002 0,0006
CV (%) 7,61 8,16 10,58 11,53 7,61 8,16
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05; ns: não significativo.
Tabela 10. Concentrações de micronutrientes e metais, em mg/kg de matéria seca (MS), nos inóculos
utilizados nos biodigestores contínuo, abastecidos com cama de frango.
Criação Zn Cu Mn Fe
Aves (mg/kg)
Inóculo 1º L 591
c
242
c
349
b
2309
b
Inóculo 2º L 1013
b
746
b
426
ab
2185
b
Inóculo 3º L 1027
b
1000
ab
459
ab
2486
b
Inóculo 4º L 2297
a
1121
a
547
a
3964
a
P Value 0,0002 0,0006 0,0575 0,0142
CV (%) 7,61 8,16 10,58 11,53
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
As concentrações de N, P, Mg, Zn, Cu, Mn e Fe dos iculos aumentaram
significativamente (P<0,05) com a reutilização da cama de frango. o K, Ca e o Na,
não sofreram aumentos significativos.
Como o inóculo contém mais de 90% de água e as quantidades de nutrientes
tendem a ser mais concentrada com a reutilização da cama, provavelmente, a maior
concentração de alguns minerais deve-se ao aumento da quantidade de excreta e
também pela decomposição da matéria orgânica, da qual a maior parte é carbono.
Uma vez passado pelo processo, o carbono é transformado em metano e em
dióxido de carbono, sendo perdidos do substrato na forma de gases. Cada quilo de
matéria seca do iculo passa a ter então, maior quantidade de outros elementos que
não carbono.
90
4.3.2.4. Concentrações de nutrientes dos afluentes e efluentes
Os teores de macro e micronutrientes dos afluentes e efluentes dos tratamentos
PEN e NPE encontram-se nas Tabelas 11 e 12, respectivamente.
Tabela 11. Concentrações médias de macronutrientes, em g/100g de matéria seca (MS) nos afluentes e
efluentes de biodigestores contínuos abastecidos com cama de frango.
Criação N P K Ca Mg Na
Aves (g/100g)
NPE
Afluente 4,10
b
1,28
b
1,06
b
2,78 1,26 2,07
Efluente 6,11
a
2,02
a
1,28
a
3,44 1,61 2,11
P Value <0,0001 0,0187 0,0043 ns ns ns
CV (%) 2,847 14,388 1,433 17,909 31,268 11,172
PEN
Afluente 4,73
b
2,33 0,95 1,72 0,99 3,64
Efluente 6,47
a
2,99 1,10 2,20 1,33 3,73
P Value 0,0286 ns ns ns ns ns
CV (%) 11,400 30,034 16,442 22,662 17,555 32,244
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
ns: não significativo.
Tabela 12. Concentrações de micronutrientes, em mg/kg de matéria seca (MS) nos afluentes e efluentes
de biodigestores contínuo abastecidos com cama de frango.
Criação Zn Cu Mn Fe
Aves (mg/kg)
NPE
Afluente 1519
b
1374
b
740 2922
Efluente 2018
a
2509
a
931
b
4455
P Value 0,0168 0,0038 ns ns
CV (%) 8,746 11,866 16,910 28,941
PEN
Afluente 1480 1535 694 1372
b
Efluente 1737 1932 842 2328
a
P Value ns ns ns 0,0072
CV (%) 8,093 27,001 10,618 12,534
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05); ns: não significativo.
91
Houveram diferenças significativas (P<0,05) nas concentrações de N, P e K do
tratamento NPE e a concentração de N do tratamento PEN dos afluentes e efluentes
utilizados para biodigestão anaeróbia com diferentes reutilizações de cama. Observa-se
que a concentração de minerais nos afluentes foi menor (P<0,05) que dos efluentes.
Apesar das concentrações de macro e micronutrientes nos efluentes
apresentarem-se maior que nos afluentes, quando se avalia a massa (kg), observa-se
que houve uma redução nos ST dos efluentes com a biodigestão anaeróbia.
Houve diferenças significativas (P<0,05) nas concentrações de Zn e Cu do
tratamento NPE e as concentrações de Fe do tratamento PEN dos afluentes e efluentes
utilizados para biodigestão anaeróbia com diferentes reutilizações de cama. Observa-se
que a concentração de minerais nos afluentes foram menores (P<0,05) que dos
efluentes.
4.3.3. Produção de biogás dos biodigestores contínuos
O potencial médio de produção de biogás durante 30 dias e por dia em
biodigestores abastecidos com cama de frango de diferentes reutilizações de cama,
com ou sem separação de sólidos e líquidos encontra-se na Tabela 13.
Tabela 13. Potencial médio de produção de biogás, corrigido para 20°C e 1 atm., em biodigestores
contínuo abastecidos com camas de frango reutilizada.
Criação
Aves
Produção de Biogás (m
3
)
Volume
(m
3
)
30 dias
Substrato Cama *STadic **SVadic ***SVred
(m
3
/kg)
NPE 0,337 0,006 0,018 0,240 0,259 0,824
PEN 0,801 0,013 0,376 1,441 1,581 3,693
92
Para demonstrar o potencial de produção de biogás dos biodigestores de ambos
os tratamentos, foi escolhida uma faixa (30 dias) em que existiu constância de produção
de biogás.
O tratamento PEN apresentou maiores valores de produção (0,013 m
3
biogás/kg
de substrato) de biogás, do que o tratamento NPE (0,006 m
3
biogás/kg de substrato).
E na comparação de tratamento de m
3
biogás/kg de cama, houve diferença na
produção de biogás, ficando com os maiores valores o tratamento PEN (0,376 m
3
biogás/kg de cama) e os menores o tratamento NPE (0,018 m
3
/kg de biogás/cama).
Estes valores se devem ao fato de que o tratamento peneirado teve uma maior
quantidade de ST adicionados (1,581 m
3
biogás/kg de ST adicionados) do que o
tratamento NPE. Os valores médios de produção do tratamento NPE 0,240 m
3
de
biogás/kg ST coadunam com os obtidos por Lucas Junior et al. (1993) 0,25 a 0,29 m
3
de biogás/kg ST adicionados e Santos (1997) – 0,17 a 0,27 m
3
de biogás/kg ST
adicionados.
Os valores de SV adicionados foram maiores (P<0,05) para o tratamento PEN,
obtendo 1,322 m
3
biogás/kg de SV a mais que o tratamento NPE. Webb e Hawkes
(1985) encontraram valores mais baixos (0,25 a 0,37 m
3
de biogás/kg SV adicionados).
Estão apresentados na Tabela 14, os valores de produção diária de biogás de
biodigestores operados com cama de frango, de tratamentos NPE e PEN, durante os
primeiros 49 dias.
Tabela 14. Valores médios da produção semanal de biogás, corrigido para 20°C e 1 atm, em
biodigestores alimentados com cama de frango de diferentes reutilizações de cama.
Semanas
Produção de Biogás (m
3
/dia)
NPE PEN P Value CV (%)
0,0478 0,0446 ns 19,232
0,0669 0,0442 ns 25,667
0,0931
a
0,0414
b
0,0231 26,293
0,0715
a
0,0349
b
0,0023 12,106
0,0444 0,0376 ns 31,469
0,0432
b
0,0754
a
0,0402 22,236
0,0768 0,0922 ns 15,241
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
93
Durante os 49 dias de biodigestão anaeróbia, não houve diferença (P>0,05)
durante a 1º, e 7º semana de produção de biogás. No entanto ocorreram
diferenças (P<0,05) na , semana, com maiores valores o tratamento NPE, 0,931 e
0,0715 m
3
/dia, respectivamente. No entanto, durante a semana, houve um maior
(P<0,05) valor (0,0754 m
3
/dia) para o tratamento PEN.
As médias diárias de produção de biogás são parâmetros importantes para se
avaliar a freqüência média da produção, para que possa mensurar a quantidade de
energia que estará disponível ao longo do tempo.
Para avaliação do volume de biogás (m
3
/semana) dos tratamentos, estão
apresentados na Figura 4, a produção média de volume e a linha de tendência que
mais se ajusta a este tipo de dado.
Em função do entupimento do dos biodigestores do tratamento NPE, não se
apresenta um gráfico completo para uma comparação do volume de biogás produzido.
No entanto, observa-se que o pico de volume de biogás do tratamento NPE e PEN,
ocorre na 3º e 16º semana, com valores médios 0,0925 e 0,1783 m
3
biogás/semana.
Figura 4. Valores médios do volume de biogás (m
3
/semana) início da queima e tendência
polinomial das camas de frango reutilizadas, durante sete semanas para o tratamento
NPE e 23 semanas para o tratamento PEN.
94
Por meio da visualização do comportamento das curvas de volume de biogás
dos tratamentos é possível planejar um sistema que atenda determinada demanda de
energia. Esse conhecimento pode auxiliar na elaboração de programas que utilizem a
biomassa na geração de bioenergia durante a criação de frangos de corte.
Estão apresentados na Tabela 15, os dados a partir da semana de operação
dos biodigestores, apresentando a porcentagem de CH
4
, CO
2
e impurezas (%)
presentes no biogás produzido pela biodigestão anaeróbia da cama de frangos de
corte.
Tabela 15. Porcentagem de CO
2
e de CH
4
e impurezas (%) a partir da sexta semana para
diferentes reutilizações de cama de frango.
Semana
Produção de Biogás (%)
NPE PEN
CH
4
CO
2
Impurezas
CH
4
CO
2
Impurezas
59,76 24,83 15,41 64,26 34,03 1,71
69,09 26,65 4,26 63,85 34,44 1,71
- - - 63,02 35,15 1,83
- - - 65,50 34,07 0,43
10º
- - - 67,06 30,68 2,25
11º
- - - 67,85 31,72 0,42
12º
- - - 73,72 24,94 1,34
13º
- - - 73,11 26,14 0,75
14º
- - - 66,85 32,40 0,75
15º
- - - 71,25 28,10 0,65
16º
- - - 71,02 28,52 0,47
17º
- - - 72,29 27,15 0,56
18º
- - - 80,21 19,05 0,74
Média
64,43 25,74 9,84 69,23 29,72 1,05
Em cada coluna médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
Os picos máximos de volume do tratamento PEN, observados na Figura 4, não
coincidem com picos de porcentagem de CH
4
e CO
2
. Pode-se observar que o maior
95
percentual de CH
4
(80,2 %), ocorreu na 18º semana, duas semanas após o pico de
vazão, e por conseqüência, esta foi a menor média percentual de produção de CO
2
(19,0 %).
Observa-se na Tabela 15 que o percentual médio de impurezas produzidos na
biodigestão de ambos os tratamentos. Essa diferença na 6º e 7º semana ocorreu
porque o tratamento NPE já estava no fim da sua produção de biogás (fase de falência),
por isso apresentou os valores 15,41 e 4,26 % de impurezas, respectivamente, já o
tratamento PEN, apresentou nessa mesma época, 1,71 e 1,71 % de impurezas, visto
que este tratamento recebeu carga diária durante todo o período experimental, tal qual
não aconteceu com o tratamento NPE.
Estão apresentados na Tabela 16, os percentuais médios de produção de biogás
acumulado antes e após o inicio da queima de do biogás.
Observa-se que até o início da queima a produção de biogás acumulada foi
maior (P<0,05) no tratamento PEN (41,43 %) e menor no tratamento NPE (29,01 %), ou
seja, ocorreram picos maiores de CO
2
no tratamento PEN.
Agora se avaliar a mesma produção após a queima (até os 49 dias), nota-se
maiores (P<0,05) percentuais de produção de biogás para o tratamento NPE (70,99 %)
em relação ao tratamento PEN (58,57 %). Estes resultados se devem ao fato de que os
biodigestores com tratamento PEN receberam cargas diárias durante todo o período de
operação, o tratamento NPE, recebeu cargas até o seu entupimento, o que ocorreu
Tabela 16. Média da produção de biogás acumulada (%) antes e após o início da queima.
Tratamento
* Produção de biogás acumulada (%)
Queima
Antes Após
NPE 29,01
b
70,99
a
PEN 41,43
a
58,57
b
P Value 0,0026 0,0026
CV (%) 6,475 3,521
Em cada linha médias seguidas de letras diferentes, diferem pelo Teste de Tukey (P<0,05).
* Dados referentes a 49 dias de produção de biogás.
96
por volta dos 16 dias de operação, tal qual influenciou na atividade microbiana, e por
conseqüência na produção de biogás.
4.4 Conclusões
A diluição e separação da cama de frangos de corte causam maiores
concentrações de macro e micronutrientes ao final da biodigestão anaeróbia. A não
diluição e separação de sólidos acarretam entupimento da caixa de entrada de
biodigestores contínuos. A linha de tendência polinomial do tratamento com diluição e
separação de sólidos permite a leitura do comportamento das curvas de volume de
biogás (m
3
), possibilitando o planejamento de um sistema que atenda determinada
demanda de energia.
97
CAPÍTULO 5 - COMPOSTAGEM DO MATERIAL RETIDO EM PENEIRA APÓS A
SEPARAÇÃO DE SÓLIDOS E LÍQUIDOS DA CAMA DE FRANGO
DE CORTE
RESUMO: O objetivo deste estudo foi avaliar o processo de compostagem da
cama de frango, após diluição e separação de sólidos. O ensaio foi conduzido em um
período de 90 dias, utilizando-se a cama de frango de corte da reutilização (Capítulo
3), retida em malha de 3 mm após diluição de 4:1 (água/cama). Foram utilizados para
montagem da leira 348,94 kg de cama de frango (matéria natural). As o enleiramento
dos materiais, monitorou-se semanalmente a temperatura das leiras e do ambiente. As
leirais foram revolvidas a cada sete dias manualmente e pesadas a cada 15 dias.
Quando necessário, foi ajustada a umidade da leira, adicionando água até que esta
atingisse 60% de umidade. A temperatura teve seu pico (68 °C) na segunda semana de
compostagem influenciando na redução final da leira que foi de 75% de peso na matéria
seca. A cama retida na peneira se mostrou favorável ao processo de compostagem,
apresentando uma relação C:N de 11:1, o que influenciou na redução de 25 % dos
sólidos totais do enleiramento.
Palavras-Chave: aproveitamento de resíduos, casca de amendoim, dejetos, energia,
relação C:N
98
CHAPTER 5 - COMPOSTING MATERIAL RETAINED IN THE SIEVE AFTER THE
SEPARATION OF SOLIDS AND LIQUIDS FROM THE LITTER OF
BROILERS
ABSTRACT: This study aimed to evaluate the process of composting of litter of
broilers, after dilution and separation of solids. The test was conducted in a period of 90
days, using the litter of broilers from four reuses (Chapter 3), retained in mesh of 3 mm
after dilution of 4:1 (water / bed). Were used for assembling the pile 348.94 kilograms of
litter of broiler / Natural Material. After piling of materials, is monitored weekly the
temperature of the piles and of the environment. The piles were revolving every seven
days and weighed manually every 15 days. When necessary, moisture was adjusted to
the litter, adding water until it reaches 60% humidity. The temperature had its peak (68
°C) in the second week of composting influence in t he final reduction of litter that was
75% weight in Dry Material. The bed retained on the sieve was favorable to the process
of composting, giving a relation C:N of 11:1, which influenced the reduction of 25% of
the Total Solids of piling.
Keywords: energy, manure, peanut shells, recovery of waste, relation C: N
99
5.1. Introdução
A compostagem é definida, atualmente, como um processo biotecnológico,
desenvolvido em meio aeróbio controlado, realizado por uma colônia mista de
microrganismos tendo como objetivo, segundo Tsutya (2000), a conversão biológica de
matéria orgânica putrescível para uma forma estabilizada, destruição de patógenos,
redução da umidade e produção de um produto que possa ser utilizado na agricultura.
Todo resíduo orgânico, quer seja de origem animal ou vegetal, tende a se
decompor se deixado amontoado à superfície ou no solo (NAKAGAWA, 1992) e
relatos da utilização do processo de compostagem desde a antigüidade na China
(Stentiford et al. 1983 citado por ALVES, 1996). Entretanto, somente a partir de 1920
passou a ser estudada cientificamente (CARVALHO, 2001).
Como a compostagem é um processo conduzido por microrganismos, estes
necessitam de água em suas atividades e mesmo em sua estrutura, além disso, todo
nutriente necessário ao metabolismo celular precisa ser dissolvido em água antes de
sua assimilação. A umidade ideal deve estar entre 50 e 55% (KIEHL, 2002).
A compostagem é uma técnica idealizada a fim de acelerar a estabilização
aeróbia e a humificação da porção fermentável dos resíduos vegetais ou animais
através da ação de microrganismos específicos obtendo-se como produto final o
composto orgânico (KIEHL, 2002), que pode ser aplicado no solo com rias vantagens
sobre os fertilizantes químicos de síntese, exercendo influências tanto nas propriedades
físicas quanto nas propriedades químicas do solo.
O objetivo desse estudo, é avaliar o processo de compostagem da cama de
frango pós diluição e separação de sólidos.
5.2. Material e Métodos
A pesquisa foi desenvolvida no Laboratório de Digestão Anaeróbia do
Departamento de Engenharia Rural da Faculdade de Ciências Agrárias e
100
Veterinárias/UNESP- Campus de Jaboticabal, o qual está instalado em local cujas
coordenadas geográficas são: 21°15'22" S; 48°18'58" W e altitude de 575 metros.
A leira foi montada no pátio de compostagem que está construído no
Departamento de Engenharia Rural e possui piso de concreto, cobertura com lona
plástica, direito de 2,0 m e declividade de 2 %. O processo de compostagem teve
duração de 90 dias.
5.2.1. Materiais utilizados na compostagem, montagem e monitoramento da leira
(temperatura e peso)
O ensaio foi conduzido utilizando-se a cama de frango de corte de reutilização
(Capítulo 3), retida em malha de 3 mm após diluição de 4:1 (água/cama), como
apresentado nos Apêndices 2, 3 e 4. O fluxograma com o sistema de peneiramento
está apresentado no Apêndice 6.
Foram utilizados 348,94 kg de cama de frango/MN para montagem de uma leira.
A cama utilizada estava com as seguintes características químicas: umidade (59,40 %),
sólidos totais (40,36 %), nitrogênio (3,79 %) e carbono (44,29 %).
Após o enleiramento dos materiais, monitorou-se semanalmente a temperatura
das leiras e do ambiente no pátio de compostagem com termômetro digital. A leira foi
revolvida a cada sete dias manualmente e pesada em balança digital a cada 15 dias.
Quando necessário, foi ajustada à umidade da leira, adicionando água até que esta
atingisse 60% de umidade.
Para obter um material mais homogêneo, ao fim do processo de compostagem, o
material foi separado em peneira com malha de 10 mm (Apêndice 9).
5.2.2. Determinação dos teores de sólidos totais e voláteis
As amostras destinadas às determinações dos teores de sólidos totais e voláteis,
da leira, foram acondicionadas em latinhas de alumínio previamente tarados, pesados
101
para se obter o peso úmido (Pu) do material e em seguida, levadas à estufa com
circulação forçada de ar, à temperatura de 65ºC até atingirem peso constante e em
seguida, resfriadas em dessecador e pesadas novamente em balança com precisão de
0,01 g, obtendo-se o peso seco (Ps). O teor de sólidos totais foi determinado segundo
metodologia descrita pela APHA (2000).
Onde:
ST = 100 – U e U = ( PU – PS ) / PU x 100
No qual:
ST = teor de ST, em porcentagem;
U = teor de umidade, em porcentagem;
PU = peso úmido da amostra, em g;
PS = peso seco da amostra, em g.
Em seguida as amostras foram previamente moídas em moinho IKA
®
A11 basic,
para determinação de todas as análises experimentais realizadas.
Para a determinação do teor de sólidos voláteis, os materiais secos obtidos após
a determinação do teor de sólidos totais, foram pesados em cadinhos de porcelana e
levados à mufla a temperatura de 575ºC durante um período de 2 horas, após
resfriamento em dessecadores, os materiais foram pesados em balança com precisão
de 0,0001 g, obtendo-se o peso de cinzas. O teor de sólidos voláteis foi determinado a
partir de metodologia descrita pela APHA (2000).
Onde:
SV = ST – cinzas e cinzas = { 1 - [ ( PU – Pm ) / PU ] } x 100
No qual
:
SV = teor de SV, em porcentagem;
PU = peso úmido da amostra, em g;
Pm= peso obtido após queima em mufla, em g.
Os sólidos voláteis foram expressos, portanto, em porcentagem da matéria seca.
102
5.2.3. Digestão e quantificação de minerais
As amostras coletadas foram digeridas, utilizando-se do método da digestão
ácida Nítrico-Perclórica, que promove a digestão total da matéria orgânica à base de
ácido nítrico (HNO
3
) e ácido perclórico (HClO
4
) levados ao bloco digestor, segundo
metodologia descrita pela APHA (1998).
Com este extrato foi possível determinar-se os teores dos macro e
micronutrientes fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg) e sódio (Na) em
g/100g e zinco (Zn), cobre (Cu), manganês (Mn) e Ferro (Fe) em mg/kg, segundo
Bataglia et al. (1983).
A digestão das amostras para determinação do nitrogênio foi realizada utilizado
ácido sulfúrico (H
2
SO
4
) e mistura digestora composta por sulfato de sódio (Na
2
SO
4
),
sulfato de cobre (CuSO
4
.5H
2
O) e selenito de sódio (Na
2
SeO
3
). O nitrogênio foi
determinado por meio da utilização do destilador micro-Kjeldahl, cujo princípio baseia-
se na transformação do nitrogênio amoniacal (NH
4
)
2
SO
4
em amônia (NH
3
), a qual é
fixada pelo ácido bórico e posteriormente titulada com H
2
SO
4
até nova formação de
(NH
4
)
2
SO
4
, na presença do indicador ácido/base, conforme metodologia descrita por
SILVA (1981).
Os teores de fósforo foram determinados pelo método colorimétrico utilizando-se
espectrofotômetro HACH modelo DR-2000. O método baseia-se na formação de um
composto amarelo do sistema vanadomolibdofosfórico em acidez de 0,2 a 1,6 N, onde a
cor desenvolvida foi medida em espectrofotômetro, determinando-se assim a
concentração de fósforo das amostras, por meio da utilização de uma reta padrão
traçada previamente a partir de concentrões conhecidas, entre 0 e 32 µg de P/mL. Os
padrões foram preparados conforme metodologia descrita por Malavolta et al. (1991).
Os demais elementos foram quantificados através da leitura em
espectrofotômetro de absorção atômica GBC, modelo 932 AA.
103
5.2.4. Teor de carbono orgânico
O princípio do método para a determinação de C fundamenta-se no fato da
matéria orgânica oxidável ser atacada pela mistura sulfo-crômica, utilizando-se o
próprio calor formado pela reação Dicromato de potássio com o ácido sulfúrico como
fonte calorífica; o excesso de agente oxidante, que resta desse ataque, é determinado
por titulação com sulfato ferroso ou sulfato ferroso amoniacal. O método oferece a
vantagem de não oxidar a fração de matéria orgânica não decomponível durante o
período de compostagem, baseado em KIEHL (1985).
Foram coletadas amostras quinzenais para calcular a matéria orgânica
compostável (MOC %), multiplicando-se o teor de carbono orgânico encontrado pelo
fator 1,8 e a matéria orgânica resistente à compostagem (MORC %), subtraindo a
matéria orgânica total pela matéria orgânica compostável (Lossin, 1971 citado por
KIEHL, 1985).
5.2.5. Análise estatística dos dados
Os dados foram submetidos à análise de variância pelo procedimento GLM do
SAS program version 9.1. (2003) e as médias comparadas pelo Teste de Tukey a um
nível de significância de 5%.
5.3. Resultados e Discussão
5.3.1. Temperatura da Leira
Os resultados que se referem ao acompanhamento da temperatura durante o
período de compostagem estão representados na Figura 1. Este parâmetro é
considerado como um fator determinante na eficiência do processo sobre a redução das
104
características poluentes do resíduo e por isto é utilizado como indicador da
performance do processo de compostagem.
Independente do material que será utilizado como substrato para o processo de
compostagem a US EPA (citado por LAU et al., 1992) recomenda que a temperatura no
interior da leira atinja, no mínimo, 55 ºC e mantenha-se nesta faixa por pelo menos 3
dias consecutivos para que o número de patógenos atinja níveis aceitáveis, permitindo
a aplicação no solo. Por esta razão a temperatura deve ser acompanhada durante todo
o processo de compostagem.
Figura 1. Temperatura (ºC) e tendência polinomial da leira de compostagem durante os
90 dia
s de avaliação.
A compostagem da fração sólida da cama de frango permaneceu com
temperaturas superiores a 36 ºC durante o período de enleiramento. E da até a
semana, obteve média de 63 ºC, sendo que o pico da temperatura foi de 68 ºC na
semana. Esse aumento elevado da temperatura nas primeiras semanas de
compostagem se dá devido ao desenvolvimento de reações bioquímicas mais intensas,
conseqüência da atividade microbiológica de degradação da matéria orgânica. Com a
exaustão da fonte de carbono mais disponível, a temperatura diminuiu a 40 °C,
caracterizando o fim da fase termofílica (VITORINO e PEREIRA NETO, 1994).
Temperatura
(ºC)
105
5.3.2. Pesagens e sólidos totais da leira
Na Tabela 1 estão representados os pesos medidos a cada 30 dias de processo
e na Figura 2 a curva da redução do peso e a tendência linear da leira com base na
matéria natural.
Tabela 1. Quantidades (kg) na matéria natural (MN), na matéria seca (MS) e porcentagem
(%) de sólidos totais (ST) e as reduções de ST da leira de compostagem da cama
de frango retida em peneira após diluição de 4:1 (cama/água).
Período (d)
MN MS ST Redução ST
(kg)
(%)
Inicio 348,94 140,83 40,36 -
30 243,5 120,17 49,35 14,67
60 175,4 109,88 62,65 8,56
90 142,51 105,81 74,25 3,70
Redução Total 206,43 35,02 - 24,87
Figura 2. Peso (kg) na matéria natural e tendência linear da leira de compostagem
durante os 90 dias de avaliação.
Observa-se, na Tabela 1 que as reduções da leira são mais representativas no
início do processo, quando a atividade microbiológica é mais intensa. A redução de
Peso (kg)
106
peso (MS) da leira de compostagem foi expressiva, sendo que o resultado encontrado
foi de 35 kg MS ou seja, 25 % de redução de peso na MS. Este resultado difere dos
achados de Augusto (2007), que trabalhou com compostagem de dejetos de aves de
postura em sistemas automatizados com adição de fontes de carbono (T1), sem adição
de fontes de carbono (T2) e dejetos de sistemas convencionais (T3), após
compostagem encontrou reduções de peso de 72,3 %, 77,9 %, e 44,7 %. No entanto
esta diferença se pelo tipo de substrato utilizado para compostagem.
Segundo Grossi (1993), a composição heterogênea de materiais expostos a
compostagem apresenta diferenças quanto à suscetibilidade e à degradação, sendo
que componentes como açúcares e proteínas são rapidamente degradados, enquanto
celulose e lignina necessitam de períodos mais longos para que os microrganismos
consigam degradá-los.
Verifica-se que as maiores reduções de ST ocorreram no primeiro mês do
processo, sendo que até ao fim do processo de compostagem (aos 90 dias) a eficiência
na degradação levou a uma redução de 25 % ST do material. Em contrapartida, Flynn e
Wood (1996), avaliando o processo de compostagem de diversos materiais orgânicos,
observaram uma redução de 77% em leiras montadas com palha de trigo e cama de
frango de cepilho de madeira.
5.3.3. Teores de carbono orgânico (C) e nitrogênio (N).
Estão apresentados na Tabela 2, os teores de carbono orgânico, nitrogênio e a
relação existente entre esses dois elementos.
107
Tabela 2. Teores de carbono orgânico (C %), nitrogênio (N %) e a relação C/N da leira de
compostagem da cama de frango retida em peneira após diluição de 4:1
(cama/água).
Período
C N
Relação C/N
(%)
Inicio 44,29 3,79 12:1
30 27,35 2,58 11:1
60 26,27 2,36 11:1
90 25,45 2,35 11:1
Redução Total 42,54 37,95
As reduções de N foram maiores nos primeiros 30 dias de enleiramento (32 % N)
isto ocorre porque atividade microbiana aeróbia encontra um ambiente mais propício
para sua proliferação. Outro fato em relação à perda de N é devido à baixa relação C/N
dos materiais utilizados, altas temperaturas e umidade média de 55%, que facilitam a
volatilização na forma de amônia. Prochnow et al. (1995) estudando a perda de N por
amônia durante a compostagem de esterco, observaram que tal perda ocorre
intensivamente nos primeiros 35 dias de compostagem numa porção de 51 % do N total
inicial. A redução total do N encontrada na cama de frango foi de 38 % ao passo que
Mondini et al. (1996) compostaram cama de frango de serragem de madeira e
observaram uma diminuição de N de 56 % em relação a inicial.
A relação C:N do composto (final) apresentou-se na faixa ideal de compostagem
segundo Lopez-Real (1990) citado por GORGATI (2001), que foi de 10:1. No entanto
Gorgati (2001) encontrou no composto obtido de lixo urbano relação C:N de 6,6 em
leiras cobertas. Estas diferenças provavelmente possam ser atribuídas a qualidade dos
substratos, e conseqüentemente à facilidade de degradação, visto que a relação tida
como ideal foi estabelecida com base na hierarquia básica de decomposição,
preconizada por Kiehl (1985), juntamente com diversos resultados encontrados em
experimentos de compostagem, conduzidos, na maioria das vezes, com substratos
contendo fontes vegetais (palhadas e/ou restos de culturas).
108
5.3.4. Teores da MO, MOC e MORC da leira
Estão apresentados na Tabela 3, os teores (%) da matéria orgânica, matéria
orgânica compostável e a matéria orgânica resistente a compostagem da leira de
compostagem de cama de frango retida em peneira após diluão 4:1 (cama/água).
Tabela 3. Teores da matéria orgânica (MO %), matéria orgânica compostável (MOC %) e
matéria orgânica resistente a compostagem (MORC %) da leira de compostagem
da cama de frango retida em peneira após diluição de 4:1 (cama/água).
Período
MO MOC MORC
%
Inicio 80,25 57,34 22,91
30 77,65 49,23 28,42
60 72,07 45,82 26,25
90 70,88 37,02 33,85
Variação (%) 11,68 35,43 -47,77
A MO e a MOC apresentaram valores menores (80,25 a 70,88 % e 57,34 a 37,02
%) ao longo do tempo, apresentando uma redução no final do ensaio de 11,68 e 35,43
% em relação ao inicio da compostagem, respectivamente. Este fato se deve a
utilização de matéria orgânica pelos microrganismos para sua proliferação.
a MORC final (33,85 %) aumentou os seus valores em relação aos seus
valores iniciais (22,19 %), apresentando um incremento de 47,77 % no final do
enleiramento. Com a utilização da MO pelos microrganismos e com as reduções de ST
dentro da leira, ao fim do processo de compostagem, a MORC (%) tende a aumentar os
seus valores.
109
5.3.5. Teores de macro e micronutrientes da leira
Estão apresentados na Tabela 4, os teores (%) de fósforo (P), potássio (K),
cálcio (Ca), magnésio (Mg) e sódio (Na) da leira de compostagem de cama de frango
retida em peneira após diluição 4:1 (cama/água).
Tabela 4. Teores de (%) de macronutrientes da leira de compostagem da cama de frango
retida em peneira após diluição de 4:1 (cama/água).
Período
P K Ca Mg Na
(g/100g)
Inicial 1,19 3,92 5,66 0,09 0,73
Final 2,28 6,54 9,02 0,14 1,21
Concentração (%) 91,60 66,79 59,41 55,56 65,75
As quantidades (g/100g) de macronutrientes (P, K, Ca, Mg e Na) aumentaram ao
final do processo de compostagem. Este aumento não se deve a um incremento de
minerais, sendo explicado pelo aumento de concentração, já que as quantidades de
sólidos totais diminuíram ao final do ensaio experimental. Observa-se que independente
do nutriente avaliado, houve correspondência entre as reduções de massa seca obtidas
com a compostagem e a concentração de nutrientes. Esta ocorrência revela os
cuidados adotados durante a compostagem, como evitar que a leira tomasse chuvas ou
ficasse excessivamente úmida e assim favorecesse a formação de chorume com
conseqüente escoamento superficial e/ou lixiviação de nutrientes. Santos (2000)
encontrou resultados semelhantes de concentração de P, em que ao final do processo
de compostagem de camas de frango de pinus (serragem), de casca de arroz e de
amendoim, respectivamente, tinham 1,87%, 2,81% e 3,23% de P. Os teores de Ca
encontrados pela mesma autora foram de 3,77, 7,17 e 10,2% nas mesmas camas,
como descrito anteriormente.
Estão apresentados na Tabela 5, os teores (%) de zinco (Zn), Cobre (Cu),
manganês (Mn) e ferro (Fe) da leira de compostagem de cama de frango retida em
peneira após diluição 4:1 (cama/água).
110
Tabela 5. Teores de (%) de micronutrientes da leira de compostagem da cama de frango
retida em peneira após diluição de 4:1 (cama/água).
Período
Zn Cu Mn Fe
(mg/kg)
Inicial 1319 898 468 2785
Final 1864 1236 754 3831
Concentração (%) 41,32 37,64 61,11 37,56
Os micronutrientes apresentaram resultados semelhantes aos macronutrientes,
em relação ao aumento da concentração dos mesmos, explicado pela diminuição de
sólidos totais da leira de compostagem de cama de frango.
5.4 Conclusões
A cama de frango retida na peneira se mostrou favorável ao processo de
compostagem, apresentando uma excelente relação C:N, proporcionando um material
orgânico adequado para incorporação no solo.
111
CAPÍTULO 6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS E IMPLICAÇÕES ECONÔMICAS
O Capítulo 2 apresentou viabilidade nas diluições 4:1 e 6:1, visto que estas
garantem uma proporção adequada entre o percentual de sólidos totais (3,01 %) e uma
economia de água para a diluição. Com diluições maiores ocorreria uma alta utilização
de água para diluição.
Um dos maiores entraves enfrentados para utilização da cama de frango para
produção de biogás em condições de campo é provavelmente, a dificuldade
operacional, tanto antes como depois da cama ter sido submetida à fermentação para a
produção de energia. A diluição da cama em água e o trabalho de fazer a mistura para
formar uma pasta homogênea antes do abastecimento dos biodigestores, representam
uma grande dificuldade para o agricultor. Após o término da fermentação, a dificuldade
de manejar um esterco diluído em água aumenta em relação a um esterco com menor
teor de umidade.
No entanto, estes inconvenientes da produção de biogás podem ser
solucionados, pois já existem equipamentos adequados para trituração e mistura de
resíduos sólidos em água aumentando a homogeneidade dos substratos, sendo estes
equipamentos acionados por motores elétricos ou mesmo diretamente na tomada de
potência de tratores. Exemplos destes equipamentos são os trituradores automatizados,
as prensas parafuso ou os decantadores celulares, os quais trabalham de forma
contínua desaguando sólidos numa caixa ou caçamba de carga, com um parafuso
helicoidal transportando e compactando os sólidos enquanto o líquido extraído pelo
efeito da prensa escoa para uma caixa de abastecimento e daí para lagoas ou
biodigestores. Os sólidos prensados são descarregados pelo extremo superior da
prensa enquanto que o líquido extraído é coletado numa bandeja. Podendo este
sistema estar acoplado a peneiras estáticas com vazão de até 620 m
3
/h.
O Capítulo 3 pode esclarecer quanto a utilização de sistemas de biodigestão
anaeróbia em batelada para diluição e separação da cama de frangos de corte. Verifica-
se que os minerais aumentam suas concentrações de macro e micronutrientes ao final
da biodigestão anaeróbia quando diluídos em água e separados por peneira com malha
112
de 3 mm. A não diluição e separação de sólidos proporcionam maiores produções de
biogás (m
3
) na cama dos dois primeiro lotes de criação. Ao passo que na cama de 3 e
lotes, não existe diferença no volume de biogás (m
3
) produzido quando diluímos e
separamos a cama de frango, por isso a diluição possibilita a redução de sólidos pré
biodigestão anaeróbia, reduzindo os impactos ambientais.
Fukayama (2008) descreve que 4000 aves geram cerca de 5.390 kg de cama
de frango corte no lote de reutilização, oriunda de casca de amendoim. Este
montante equivale (para o tratamento com separação de sólidos PEN com 80 % de
CH
4
) a 7 botijões de 13 kg de gás liquefeito pressurizado GLP, o que corresponde a
86,4 m
3
de CH
4
. para o tratamento sem separação de sólidos NPE com 85 % de
CH
4
equivale a 73 botijões de 13 kg de GLP, o que corresponde a 948 m
3
de CH
4
em
sistema batelada. Esses valores diferem ao fato que para produzir o biogás no
tratamento PEN, foram utilizados 20 kg de cama e 2 kg para o NPE.
Em função desses resultados, sugere-se a utilização de biodigestores do tipo
batelada, onde a cama é adicionada uma única vez e o biodigestor é esvaziado após o
término da fermentação. O período de 15 dias entre a retirada dos frangos do aviário e
o novo loteamento coincide com o período necessário para um biodigestor atingir o pico
de produção de biogás. Visto que, as primeiras semanas de criação são o período em
que o avicultor utiliza grandes quantidades de energia para o aquecimento dos pintos e,
com a utilização do biogás, poderia reduzir sensivelmente os gastos com este insumo e
possibilitando talvez, a viabilização de um novo capital para o seu empreendimento.
No Capítulo 4, a diluição e separação da cama de frangos de corte
proporcionaram maiores concentrações de macro e micronutrientes ao final da
biodigestão anaeróbia. A não diluição e separação de sólidos podem acarretar em
entupimento da caixa de entrada de biodigestores contínuos, o que impossibilita a
produção de biogás. Uma solução seria adequar um diâmetro e/ou angulações
diferenciadas de tubulações para permitir o fluxo hidráulico do biodigestor contínuo.
A linha de tendência polinomial do tratamento com diluição e separação de
sólidos permite a leitura do comportamento das curvas de volume de biogás (m
3
),
113
possibilitando o planejamento de um sistema que atenda determinada demanda de
energia.
Segundo dados de Fukayama (2008), as médias de produção de cama de frango
(oriunda de casca de amendoim) de a lotes é de 3.310 kg de cama para cada
2500 aves. Se considerarmos a produção de biogás do tratamento com diluição e
separação de sólidos PEN com 70 % de CH
4
(0,376 m
3
de biogás por kg de cama),
vamos obter o equivalente a 67 botijões de 13 kg de GLP, o que corresponde a 872 m
3
de CH
4
, ou seja 0,436 m
3
de CH
4
por ave em biodigestor contínuo.
A aplicabilidade da utilização de biogás foi estuda por Kosaric e Velikonja (1995).
Eles inferem que 1 m
3
de biogás pode ser aplicado para iluminação por lâmpada de 60
W por cerca de sete horas, ou gerar 1,25 kWh de eletricidade, ou cocção de 12
refeições, ou funcionar um motor de 2 HP por uma hora ou funcionar um refrigerador de
300 L por três horas. Se considerarmos a produção de biogás do tratamento com
diluição e separação de sólidos PEN (1,245 m
3
de biogás por ave que equivale a
1,556 kWh/ave), vamos obter energia para gerar iluminação por lâmpada de 60 W por
cerca de 11 horas/ave ou cocção de 19 refeições/ave ou funcionar um motor de 2 HP
por três horas ou funcionar um refrigerador de 300 L por cinco horas/ave.
Em um estudo comparativo entre a produção de frangos de corte nos períodos
de inverno e verão, denota-se a utilização de 0,12 e 0,20 kWh para criação de uma ave,
respectivamente (FERREIRA e TURCO, 2003). Se a cama de um frango de corte gera
1,556 kWh a partir da biodigestão anaeróbia, obtemos um incremento de 92 e 87 % de
energia nos períodos de inverno e verão, respectivamente ou seja, a cama de um
frango de corte produz energia térmica suficiente para criação de 8 a 13 aves.
Silva et al. (2005) estudaram o desempenho de um aquecedor de água do tipo
acumulação a biogás, este demonstrou ser de fácil adaptação e operação para o uso de
biogás apresentando eficiência térmica média de 68%. O consumo de biogás pode ser
considerado baixo, pois, para ganho térmico de 36,7 ºC (temperatura final da água igual
a 62,7 ºC) foi necessário apenas 0,796 m
3
de biogás, aquecendo 75 L de água em 72
minutos.
114
Em um exemplo mais prático, toma-se como padrão um banho de 10 minutos
com chuveiro a gás GLP, este consome segundo o relatório anual de tabelas de
consumo e eficiência energética do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (INMETRO, 2008) cerca de 70 litros de água. Se considerarmos
uma família de quatro pessoas que tomam um banho por dia teremos o consumo de
8.400 litros de água/mês. Utilizando o biogás da cama de frango diluída e peneirada
operados em biodigestores contínuo, para aquecer a água do seu chuveiro, necessitará
por mês, segundo Fukayama (2009) de 237 kg de cama de frango de corte (1,49 kg de
cama de frango por ave) que equivale a 89 m
3
de biogás, totalizando a cama de frango
de 159 aves.
Em outro exemplo, Santos et al. (2007), em estudo avaliando o desempenho de
um aquecedor (recomendado para 500 aves) adaptado para utilizar biogás como
combustível, encontrou o consumo de 0,223 m
3
h
-1
de biogás em campânula com
abertura de injetor de 1,979 mm
2
e 12 cm.c.a. de pressão de biogás. Segundo trabalho
de Funck e Fonseca (2008), uma ave utiliza em média (dependendo da região) 0,032
m
3
de GLP para atender as sua necessidades termorreguladoras, via aquecimento de
campânulas. Ou seja, uma campânula a biogás necessita de 19,15 kg de cama de
frango, já que segundo Fukayama (2008) uma ave de reúne no fim de 42 dias o
equivalente a 1,49 kg de cama de frango. Assim, para operar uma campânula para
criação de 500 aves, são necessários 16 m
3
de biogás, (considerando os resultados do
tratamento PEN em sistema contínuo (1,245 m
3
de biogás por ave).
Para uma implicação prática, tomamos uma granja de pequeno porte com um
galpão de 20.000 aves, na sua 3º reutilização de cama de frango de corte, se obtêm
uma produção de 24.900 m
3
de biogás se considerar a diluição e separação de sólidos
PEN (1,245 m
3
de biogás por ave que equivale a 1,556 kWh/ave) que equivale a 31
MWh. Se considerarmos o valor de mercado desta “commodity de recursos enerticos
(CRE)” (R$ 129,72), a venda da produção em forma de energia elétrica ofereceria R$
4.048, que equivale a R$ 1,98/kg de frango de corte. Segundo dados de quantidade de
cama de frango/ave (1,49 kg de cama de frango por ave) de Fukayama (2008) seriam
115
gerados na produção de 20.000 aves, 29.800 kg de cama, o equivalente a R$
135,84/ton. de cama de frango.
As negociações desta CRE, ainda são precoces, por isso a tendência de
mercado pode surpreender, visto que o produtor está entusiasmado com as diminuições
de custos com a produção de biogás, sendo este tipo de compensação o adicional que
faltava para a manutenção da viabilidade econômica da implantação de biodigestores
na produção avícola. Os próximos passos serão talvez a ratificação de projetos
relacionados a Mecanismos de Desenvolvimento Limpo com o uso de cama de frangos
como fonte de energia renovável para que com isso possa requerer a Redução
Certificada de Emissão no âmbito do Protocolo de Kyoto.
No Capítulo 5, verifica-se que a cama de frango retida na peneira se apresenta
favorável ao processo de compostagem, mostrando uma excelente relação C:N,
proporcionando um material orgânico adequado para incorporação no solo.
Esses resultados lançam um grande desafio: o desenvolvimento de sistemas de
produção agropecuários, socialmente desejáveis, técnica e economicamente possíveis
e ambientalmente seguros. A superação desse desafio implica em alguns investimentos
em ativos ambientais para alcançar a sustentabilidade de todos os elos da cadeia
produtiva. Ainda há muito que ser feito, mas o desenvolvimento do conhecimento sobre
a digestão anaeróbia tem sido um dos mais promissores no campo da biotecnologia,
uma vez que é fundamental para promover, com grande eficiência, a degradação dos
resíduos orgânicos que são gerados em grandes quantidades nas modernas atividades
rurais e industriais. À medida que os sistemas de produção animal se intensificam e se
modernizam também se oprimem as necessidades energéticas e de tratamento dos
resíduos.
116
7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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APÊNDICES
130
Apêndice 1. Galpão de frangos de corte utilizado no experimento.
Apêndice 2. Abertura de uma vala em cada box para coleta da cama.
Apêndice 3. Espaço para homogeneização da cama as a coleta.
131
Apêndice 4. Sistema de separação de sólidos e quidos da cama de frango (Cama in
natura, separação dos sólidos e fração líquida resultante).
Apêndice 5. Inóculo (biofertilizante) do lote anterior.
132
Apêndice 6. Fluxograma do delineamento dos tratamentos peneirado (com diluição 4:1 e separação
de sólidos e líquidos) e não peneirado (sem diluição e separação), para biodigestão
anaeróbia e compostagem da cama de frangos de corte.
133
Apêndice 7. Dados meteorológicos mensais do ano de 2007 em Jaboticabal no período experimental.
Mês Pressão
Tmax Tmin Tmed UR Precipitação Nº. dia Insolação
(hPa) (ºC) (ºC) (ºC) (%) (mm) chuva (h)
Janeiro 941,3 28,9 21,0 23,9 88,4 644,6 25 114,5
Fevereiro 942,0 31,1 19,8 24,4 78,6 154,7 12 223,5
Março 943,4 31,7 20,0 24,9 73,9 156,3 13 250,6
Abril 944,2 30,5 18,7 23,6 75,1 53,7 7 258,5
Maio 945,6 26,5 14,2 19,5 73,7 105,7 6 236,7
Junho 947,2 27,7 13,5 19,5 69,1 2,5 1 268,4
Julho 946,5 26,4 12,8 18,5 68,8 87,7 5 248,5
Agosto 947,0 29,6 14,1 21,0 58,1 0,0 0 311,4
Setembro 946,0 32,7 17,3 24,3 50,8 0,4 2 287,1
Outubro 942,6 33,4 19,2 25,7 56,0 38,2 7 246,9
Novembro 941,1 30,3 18,5 23,7 72,0 137,5 16 196,4
Dezembro 940,9 31,5 20,0 24,8 71,7 204,4 13 233,2
Ano
944,0 30,0 17,4 22,8 69,7 1585,7 107 2875,7
Pressão: pressão atmosférica; Tmax: temperatura máxima; Tmin: temperatura mínima; Tmed: temperatura média; UR: umidade
relativa do ar; Nº. dia chuva: número de dias com chuva
Fonte: UNESP (2008)
-
Departamento de Ciências Exatas
-
Estação Agroclimatológica
Apêndice 8. Carga diária de biodigestores contínuos.
134
Apêndice 9. Início do processo de compostagem (Figura A); Material final peneirado após 90 dias
de enleiramento (Figura B); Material retido em peneira com malha de 10 mm no fim do
processo (Figura C); Perspectiva do material peneirado e retido na peneira ao final da
compostagem (Figura D).
A B
C D
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