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MARILIA BEATRIZ DE CASTRO SCHENKEL
COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO EM
INSTITUÃO ESTADUAL DE ENSINO SUPERIOR:
O CASO DO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA
EDUCAÇÃO DA UDESC
Florianópolis, 2008
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MARILIA BEATRIZ DE CASTRO SCHENKEL
COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO EM
INSTITUÃO ESTADUAL DE ENSINO SUPERIOR:
O CASO DO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA
EDUCAÇÃO DA UDESC
Dissertação de mestrado apresentada à Banca
Examinadora do Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação do Centro de Ciências da
Educação da Universidade Federal de Santa
Catarina, como requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Ciência da Informação, área de
concentração Gestão da Informação, linha de
pesquisa Fluxos de Informação, sob a orientação da
Professora Doutora Marilia Maria Roslindo Damiani
Costa e co-orientação do Professor Doutor Raimundo
Nonato Macedo dos Santos.
Florianópolis, 2008
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MARILIA BEATRIZ DE CASTRO SCHENKEL
COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO EM
INSTITUIÇÃO ESTADUAL DE ENSINO SUPERIOR:
O CASO DO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E DA EDUCAÇÃO DA
UDESC
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Ciência da Informação do Centro de Ciências da Educação da Universidade
Federal de Santa Catarina em cumprimento a requisito parcial para a obtenção do
título de Mestre em Ciência da Informação.
APROVADO PELA COMISSÃO EXAMINADORA
EM FLORIANÓPOLIS, 30 DE JULHO DE 2008.
Profª. Drª. Miriam Figueiredo Vieira da Cunha,
Coordenadora do Curso
Prof. Dr. Raimundo Nonato Macedo dos Santos - CIN/CED/UFSC (Co-Orientador)
Profª. Drª Delsi Fries Davok - DBI/FAED/UDESC
Profª. Drª. Rosângela Schwarz Rodrigues -CIN/CED/UFSC
Quanto mais conhecemos, mais amamos."
Leonardo da Vinci
Dedico a três amores:
Cláudio, Bel e Aninha.
AGRADECIMENTOS
À Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da
Universidade Federal de Santa Catarina e seus professores e professoras, pela
oportunidade oferecida e pelos ensinamentos dados.
À professora e orientadora Marília Maria Roslindo Damiani Costa pelo empenho
e dedicação no processo de elaboração deste trabalho.
Ao professor e co-orientador Raimundo Nonato Macedo dos Santos pela
importante contribuição dada ao trabalho e pelo novo olhar lançado sobre o tema inicial.
À Direção da Faculdade de Educação/Centro de Ciências Humanas e da
Educação da UDESC pela colaboração e presteza das informações fornecidas.
Às professoras Delsi Fries Davok e Maria Lourdes Blatt Ohira pelo incentivo.
À professora Rosângela Schwarz Rodrigues por ter aceitado o convite para
participar na comissão examinadora.
À amiga Sonali Bedin pelo companheirismo.
A todos que contribuíram para a realização desta pesquisa, de uma forma ou de
outra.
À minha família querida.
Aos amigos do coração.
SCHENKEL, Marilia Beatriz de Castro. Compartilhamento do Conhecimento Científico
em Instituição Estadual de Ensino Superior: o caso do Centro de Ciências Humanas e
da Educação da UDESC 2008. 134 f. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação)
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal de
Santa Catarina.
Trata-se de um estudo de natureza exploratória, descritiva, quali-quantitativa, do tipo
estudo de caso desenvolvido no Centro de Ciências Humanas e da Educação da
Universidade do Estado de Santa Catarina. Na perspectiva do compartilhamento na
produção do conhecimento científico, o estudo é focado no compartilhamento do
conhecimento desenvolvido no processo de construção e comunicação científica.
Nesse contexto buscou-se por meio de entrevistas semi-estruturadas aplicadas aos
professores pesquisadores e líderes dos grupos de pesquisa, perceber as formas de
compartilhamento utilizadas por eles bem como as facilidades e dificuldades
encontradas no desenvolvimento de suas pesquisas científicas no âmbito institucional.
A busca por integrantes do seu próprio grupo de pesquisa institucional ocorre em 60%
das escolhas quando estes necessitam de conhecimento para desenvolver suas
pesquisas acadêmicas. Motivos ligados a falta de estrutura organizacional para a
ocorrência de compartilhamento montam a 94,4% das respostas dadas. O periódico
científico é apontado por 44,44% dos entrevistados quando é aludida a melhor forma de
compartilhamento do conhecimento científico, seguido de 33,33% que consideram os
fóruns, congressos e seminários. O fator facilitador do compartilhamento mais escolhido
foi o ligado às tecnologias de informação, com 44,44% da preferência, seguido de
27,77% para comunicação entre pares. Considerado como maior estímulo e fornecedor
de recursos para o desenvolvimento de pesquisas científicas e para despesas com
publicações foram destacados os editais internos pelos entrevistados com 50% das
respostas, sendo também apontado em 66,66% como grande estimulador do
compartilhamento científico. Por meio da análise da produção científica, no período
entre 2004 e 2007, dos líderes dos grupos de pesquisa, contida nos currículos
cadastrados no CNPq, foi possível verificar a que ponto os produtos bibliográficos
resultantes de tais pesquisas refletem o discurso contido nas entrevistas. A partir dos
critérios estabelecidos pela CAPES, em seus documentos de área para os programas
de pós-graduação, pode-se constatar que a produção acadêmica dos professores
pesquisadores e líderes dos grupos de pesquisa estava coerente com as exigências do
referido órgão.
Palavras-chave: Compartilhamento do Conhecimento. Comunicação científica.
Compartilhamento na Gestão do Conhecimento. Grupos de Pesquisa. UDESC.
SCHENKEL, Marilia Beatriz de Castro. Sharing in the Knowledge Management in the
Scientific Knowledge Management of Higher Education Institutions: UDESC College of
Education. 2008. 134 f. Thesis (Master in Information Science) Programa de Pós-
Graduação em Ciência da Informação, Universidade Federal de Santa Catarina
This is a study of exploratory, descriptive, qualitative and quantitative nature, a case
study carried out at the Human Sciences and Education Center of Santa Catarina State
University. In the perspective of Knowledge Management, the study focuses on the
sharing of knowledge built during the process of scientific production and
communication. In this context, by means of a semi-structured interview applied to
professors who were researchers and leaders of the research groups, it aimed at
pointing out the ways of sharing used by them as well as the strengths and difficulties
found in the development of their scientific research at the institutional level. The search
for members from their own institutional research group appears in 60% of the choices,
when they need some knowledge to carry their academic research out. Reasons
connected with the lack of organizational structure for the carrying-out of sharing are
present in 94.4% of the answers given. The scientific journal is remembered by 44.44%
of the interviewees when the best way of sharing scientific knowledge is alluded to,
followed by 33.33% of people who consider forums, congresses and seminars the best
ways. The most frequent facilitating factor for sharing was the one connected with
information technologies, at a 44.44% preference, followed by a 27.77% preference for
communication with peers. Considered as the greatest stimulus and provider of
resources for the development of scientific researches and for expenses with
publications, the intern announcements were remembered by interviewees in 50% of the
answers, being also seen as a great scientific sharing stimulus with a 66.66%
preference. Through an analysis of the research group leaders scientific production
between 2004 and 2007, found in the curricula vitae stored at CNPq, it was possible to
verify up to which level the bibliographic products resulting from those researches reflect
the discourse present in the interviews. Based on the criteria established by CAPES in
its documents per area for the postgraduate programs, it was possible to deduce that
the research professors and research groups leaders academic production was in
accordance with the demands of the aforementioned institution.
Keywords: Knowledge Sharing. Scientific Communication. Sharing in Knowledge
Management. UDESC.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Modelo Tradicional da Comunicação Científica de Garvey e Griffith............26
Figura 2 Modelo conceitual de gestão do conhecimento científico no contexto
acadêmico.......................................................................................................................28
Figura 3 Espiral de criação do conhecimento organizacional.....................................45
Figura 4 O ciclo do conhecimento...............................................................................49
Figura 5 Processos essenciais da Gestão do Conhecimento.....................................50
Figura 6 Colaborações científicas internacionais entre 1988 e 2001..........................53
LISTAS DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Periódico: tipo de autoria.............................................................................82
Gráfico 2 Capítulo de livro: tipo de autoria..................................................................83
Gráfico 3 Anais completos: tipo de autoria..................................................................84
Gráfico 4 Livro: tipo de autoria....................................................................................84
Gráfico 5 Pesquisas 2007- 2008: tipo de participações por pesquisa........................86
Gráfico 6 Pesquisas 2008-2009: tipo de participações por pesquisa.........................87
Gráfico 7 Busca por conhecimento.............................................................................93
Gráfico 8 Tipo de autoria em anais de eventos...........................................................95
Gráfico 9 Etapas do compartilhamento.......................................................................97
Gráfico 10 Fatores dificultadores do compartilhamento..............................................98
Gráfico 11 Fatores facilitadores do compartilhamento................................................99
Gráfico 12 Melhores formas de compartilhamento das pesquisas científicas
desenvolvidas................................................................................................................102
Gráfico 13 Tipo de autoria em periódico...................................................................103
Gráfico 14 Busca por recursos..................................................................................105
Gráfico 15 Qualis das publicações em periódicos: 2004 - 2007...............................106
Gráfico 16 - Qualis das publicações em periódicos por tipo: 2004 2007..................107
Gráfico 17 Estímulo da Instituição ao compartilhamento..........................................109
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 Dissertações e teses com a temática da Gestão e Redes de
Conhecimento.................................................................................................................22
Quadro 2 Os atritos mais comuns e formas de superá-los.........................................60
Quadro 3 Relação dos grupos de pesquisa agraciados com PAP 2008.....................70
Quadro 4 Grupos de Pesquisa FAED/UDESC............................................................77
Quadro 5 Percentual de professores pesquisados por área de atuação....................88
Quadro 6 Centros de excelência indicados.................................................................89
Quadro 7 Ator ou pesquisador-chave..........................................................................91
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ARS - Análise das Redes Sociais
C&T - Ciência e Tecnologia
CAPES Coordenação de aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CBD Departamento de Biblioteconomia e Documentação
CCE Centro de Ciências Humanas e da Educação
CENADEM - Centro Nacional de Desenvolvimento do Gerenciamento da Informação
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
DM - Data Mining
DW - Data Warehouse
ECA Escola de Comunicação e Artes
FAED Faculdade de Educação
FAPESC - Fundação de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do Estado de Santa
Catarina
FCS fatores críticos de sucesso
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
GED - Gerenciamento Eletrônico de documentos
IEES Instituição Estadual de Ensino Superior
IES - Instituição de Ensino Superior
KDD - Knowledge Discovery in Database
LEPDs - Laboratórios de Ensino, Pesquisa e Desenvolvimento
MCT Ministério da Ciência e Tecnologia
NTIC Novas Tecnologias de Informação e Comunicação
PAP Programa de Apoio à Pesquisa
PIBIC Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
PIC Programa Institucional de Iniciação Científica
PIVIC Programa Institucional Voluntário de Iniciação Científica
PPGCI Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
PPGCInf - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação
PROBIC Programa de Bolsa de Iniciação Científica
PRODIP Programa de Apoio à Divulgação da Produção Intelectual
PROEVEN Programa de Auxílio a Participação em Eventos
TI Tecnologia de Informação
TIC - Tecnologias de Informação e Comunicação
UDESC Universidade do Estado de Santa Catarina
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
USP - Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................15
1.1 Objetivos da pesquisa............................................................................................18
1.2 Justificativa da pesquisa........................................................................................19
1.3 Relevância da pesquisa..........................................................................................21
2 BASES TEÓRICAS DA PESQUISA............................................................................24
2.1 O conhecimento científico......................................................................................24
2.1.1 Processo de criação e comunicação do conhecimento científico..........................25
2.1.2 Institucionalização da pesquisa científica..............................................................29
2.1.3 A pesquisa acadêmica...........................................................................................32
2.1.4 Produção e comunicação científica.......................................................................34
2.1.5 Literatura Cinzenta.................................................................................................36
2.1.6 Canais de comunicação científica..........................................................................40
2.2 Gestão do Conhecimento.......................................................................................43
2.2.1 Redes de Conhecimento: Compartilhamento do conhecimento tácito..................51
2.2.2 Fatores facilitadores e dificultadores na Gestão do Conhecimento.......................59
3. CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA....................................................................65
3.1 Descrição dos grupos de pesquisa FAED/UDESC...................................................68
4 METODOLOGIA..........................................................................................................75
5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS...........................................................81
5.1 Compartilhamento na produção bibliográfica dos líderes dos grupos.............81
5.2 Os dados das entrevistas.......................................................................................87
5.3 Quanto ao compartilhamento na concepção da pesquisa..................................92
5.4 Quanto ao compartilhamento no desenvolvimento da pesquisa.......................94
5.5 Quanto ao compartilhamento na divulgação da pesquisa................................101
5.6 Quanto a políticas institucionais.........................................................................108
6 CONCLUSÃO............................................................................................................112
REFERÊNCIAS............................................................................................................116
APÊNDICE A Entrevista semi-estruturada............................................................124
ANEXO A Documentos de área da CAPES...........................................................129
15
1 INTRODUÇÃO
A universidade brasileira está inserida em um ambiente de produção e
disseminação de conhecimento científico. Nesse contexto ela deve contribuir com
ações pró-ativas para a transformação de toda a sociedade. Ao mesmo tempo, a
universidade é chamada a participar de projetos e programas de cunho social, contando
em sua agenda de debates temas como crescimento e desenvolvimento sustentável e
inclusão social, particularmente em Instituições de Ensino Superior (IES). Como
possível resposta afirmativa a esses desafios essas instituições poderiam propiciar
acesso do resultado das pesquisas científicas desenvolvidas à sociedade em geral e
maior transparência no uso dos recursos públicos aplicados.
A universidade do ponto de vista da produção e disseminação do conhecimento
se distingue como instituição que permite articular o encontro entre pares, com vistas a
um diálogo crítico e à construção de saberes diversos, sendo nesse ambiente que a
criação do conhecimento científico ocorre.
No meio universitário o conhecimento científico pode ser traduzido como de
caráter específico e sistemático, necessitando ser permanentemente atualizado e
demandando soluções e/ou informações de forma imediata e estratégica.
A Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), focando neste estudo o
Centro de Ciências Humanas e da Educação (FAED) tradicionalmente chamado
Faculdade de Educação, ao longo de sua trajetória tem se destacado como um centro
dinâmico de investigação científica nas quatro áreas abrangidas por seus cursos de
graduação, a saber: Biblioteconomia, Geografia, História e Pedagogia.
16
Assim sendo, os Projetos de Pesquisa coordenados pelo corpo docente da
Instituição, têm desenvolvido investigações de caráter científico tanto internamente,
como fator de fomento à formação de novos pesquisadores junto ao corpo discente,
quanto voltado a proporcionar benefícios à sociedade como um todo.
Percebe-se, no entanto, que os resultados dessas pesquisas ficam, por vezes,
restritos à circulação interna, com pouca divulgação de seus resultados para a
comunidade em geral ou até mesmo para seus pares.
Intui-se a possibilidade da existência de uma lacuna no processo de gestão
desse conhecimento desenvolvido institucionalmente, pois ainda que ocorram as
pesquisas científicas, sua divulgação e posterior reutilização acontece de forma
pontual, ou por iniciativa isolada dos pesquisadores em veículos de divulgação externos
ou por meio de eventos promovidos internamente.
A construção da memória científica em uma instituição de ensino superior, aqui
traduzida por publicações e documentos que registram a produção científica, reveste-se
de importância na medida em que, de forma objetiva, busca preservar o acervo relativo
à produção intelectual resultado das pesquisas realizadas institucionalmente tanto
quanto proporcionar o acesso a mesma.
Desse modo, a Universidade do Estado de Santa Catarina e, no caso, a FAED,
sensível às demandas sociais, preocupa-se sobremaneira com o conhecimento
científico que tem desenvolvido nas várias esferas em que atua. A complexidade de
suas atividades é notória quanto ao âmbito de atuação da universidade em ensino,
pesquisa e extensão, e tamm o fato de seu insumo principal ser a informação - fonte
geradora de conhecimento.
17
Fortemente impactado pela conjuntura em que são fomentadas tais pesquisas, a
preocupação com a gestão desse conhecimento deve necessariamente acompanhar
esse processo. Desse modo, iniciativas que aprimorem o processo de criação e
compartilhamento do conhecimento gerado internamente a partir das pesquisas
institucionais concretizam seu papel de instituição voltada ao conhecimento.
Partindo do resultado de pesquisa realizada por Ohira, Schenkel e Oliveira
(2005), cujo foco foi a produção científica dos pesquisadores do Centro, realizou-se
uma classificação quanto a produção científica, destacando-se as publicações sob
forma de artigos científicos, livros e capítulos de livros e publicações em anais de
eventos.
À época da pesquisa referida acima houve ocorrência de maior destaque de
alguns pesquisadores em cada Departamento, em termos qualitativos e quantitativos na
produção científica, a qual alavancou inclusive a comunicação científica nos Grupos de
Pesquisa da Instituição. Como conseqüência houve um maior fomento aos programas
de pós-graduação do Centro, inclusive com reconhecimento e aval da CAPES.
A valorização da produção científica, a partir da conscientização dos
pesquisadores, ocorreu também com a sensibilização deles em seminários internos,
ocorridos em 2005 e 2006, que visavam à conscientização para a importância das
pesquisas institucionais compartilhadas tanto com a comunidade acadêmica quanto
com a sociedade em geral. Esse compartilhamento ou distribuição do conhecimento,
como parte do processo de identificação, aquisição, desenvolvimento, utilização e
retenção do conhecimento pode ser traduzido pelas publicações científicas, fruto dos
resultados das pesquisas desenvolvidas institucionalmente.
18
Dessa forma, o processo de Gestão do conhecimento estaria se completando
num ciclo que se retro-alimentaria dos resultados das pesquisas, instigando a criação
de novos conhecimentos, o seu compartilhamento e reutilização.
Esta pesquisa propõe-se a instrumentalizar a Instituição FAED/UDESC na
medida em que analisa as dinâmicas de atuação dos líderes dos grupos de pesquisa no
compartilhamento do conhecimento oriundo das pesquisas institucionais. Isso só foi
possível a partir da sistematização de dados (metadados) de produtividade que levaram
a constatar tendências comportamentais e apontar recomendações à Instituição.
A partir de narrativas de formas bem sucedidas de alcançar compartilhamento
pleno ou de sugestões dos atores envolvidos, podem tornar-se possíveis tomadas de
decisão por parte da Instituição com vistas a multiplicarem-se como procedimentos
habituais. Também a indicação de problemas detectados pelos envolvidos nos
processos de compartilhamento são sinalizadores de ações possíveis para saná-los.
As questões contempladas neste estudo dizem respeito a seguinte demanda:
Como criar condições para que o processo de gestão do conhecimento
científico proporcione uma maior fluidez à dinâmica de compartilhamento do
conhecimento gerado por meio das pesquisas científicas desenvolvidas na
Instituição? Como esse conhecimento pode ser compartilhado entre pares e a
comunidade como um todo?
1.1 Objetivos da pesquisa
Para fazer face a tais questões foram estabelecidos os objetivos conforme
segue:
19
Objetivo geral
Compreender as práticas de compartilhamento do conhecimento científico, na
perspectiva das recomendações e políticas de pesquisa estabelecidas para as
instituições estaduais de ensino superior (IEES), com base nas atividades de
construção e de comunicação do conhecimento produzido.
Objetivos específicos
a) Analisar, com base na fundamentação teórica, o processo de produção e
de comunicação científica em IEES.
b) Analisar a dinâmica da estrutura de produção e comunicação científica em
IEES.
c) Analisar as formas de compartilhamento detectadas a luz das
recomendações dos documentos das áreas do conhecimento.
d) Avaliar as redes e atividades de compartilhamento do conhecimento
científico acadêmico.
1.2 Justificativa da pesquisa
O desenvolvimento desta pesquisa se justifica por haver uma lacuna e uma
presença incipiente de estudos que enfoquem a gestão do conhecimento científico nos
meios acadêmicos. Sobre esse tema, trabalhos inéditos, como de Fernando César Lima
Leite, do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação (PPGCInf) da
Universidade de Brasília, que escreveu sua dissertação de mestrado sob o título
Gestão do Conhecimento Científico no contexto acadêmico: proposta de um modelo
conceitual, contribuíram consideravelmente para análise desse tipo de gestão.
20
Simultaneamente, redes de compartilhamento é o mote de muitos artigos científicos. O
que distingue este trabalho é o foco no elemento constitutivo da gestão do
conhecimento - o compartilhamento associado ao conhecimento científico na
conjuntura de uma instituição de ensino superior.
Considerando o modelo tradicional de comunicação científica, a gestão desse
conhecimento toma contornos ainda mais relevantes por se tratar de um ambiente onde
a informação é o insumo principal e o conhecimento o resultado final do processo.
Nesse contexto, o compartilhamento da informação, entendido como
conhecimento codificado, pode se fazer de várias formas através da criação de
repositórios, do registro das melhores práticas, de dispositivos de memória
organizacional para gerenciamento de seus ativos intelectuais, entre outros.
O compartilhamento do conhecimento se faz, dentro do processo de gestão do
conhecimento, em etapa que envolve trabalhos em equipe ou, pelo menos, a
socialização do conhecimento tácito entre pares. Essas trocas podem ocorrer através
dos chamados colégios invisíveis, de listas de discussões, antes mesmo de estar
concluído o processo de gestão do conhecimento. É por meio dessa interação social
entre os atores, através de canais de comunicação informais, que ocorrem em reuniões,
seminários e/ou congressos, que acontece esse intercâmbio de conhecimentos tácitos.
No caso do conhecimento científico essa troca se faz entre os membros da academia,
os pesquisadores.
Se por um lado, na perspectiva de um modelo conceitual de construção e de
comunicação do conhecimento científico, é possível identificar características do perfil
de pesquisadores e das redes sociais das quais participa, por outro, é possível o exame
das principais práticas utilizadas pelos docentes pesquisadores no compartilhamento
21
tanto entre os pares como entre docentes e discentes pesquisadores. Como resultado
pode-se constatar as diversas formas de compartilhamento vigentes na Instituição,
detectando possíveis comportamentos característicos de determinada área do
conhecimento e, assim, estimular iniciativas na gestão institucional que contemplem
essa área.
1.3 Relevância da pesquisa
A relevância desta pesquisa está no fato de detectar as práticas de
compartilhamento do conhecimento científico em uma instituição estadual de ensino
superior. Além disso, ao retratar o exercício da colaboração entre os atores envolvidos,
pesquisadores líderes de grupos de pesquisa, contribui para o esboço de um modelo
conceitual de construção e comunicação do conhecimento científico acadêmico, dando
importância à ocorrência do compartilhamento durante a construção e a comunicação
científica institucional.
O tema Gestão do Conhecimento em Universidades tem sido tratado em
algumas teses e dissertações, com focos distintos, relatados no Quadro 1.
22
Autor tulo Tipo/Programa Data
LEITE,
Fernando
César Lima
Gestão do conhecimento
científico no contexto
acadêmico: proposta de um
modelo conceitual
Dissertação (Mestrado)-
Programa de Pós-Graduação
Programa de Pós-Graduação
em Ciência da Informação -UNB
2006
STRAUHS,
Faimara do
Rocio
Gestão do conhecimento em
laboratório acadêmico:
proposição de metodologia
Tese (Doutorado)-Programa de
Pós-Graduação em Engenharia
de Produção-UFSC
2003
TOMAÉL,
Maria Inês
Redes de conhecimento: o
compartilhamento da informação
e do conhecimento em consórcio
de exportação do setor moveleiro
Tese (Doutorado)-Escola de
Ciência da Informação-UFMG
2005
OLIVEIRA,
Vitória Peres
Uma informação tácita ou o
aspecto tácito nos processos de
geração e transferência de
informação na Ciência e no
Sufismo
Tese (doutorado)
Universidade Fedral do Rio de
Janeiro -CNPq/IBICT
1998
Quadro1 Dissertações e teses com a temática da Gestão e Redes de
Conhecimento
Fonte: criação própria.
O presente trabalho foi elaborado em cinco seções. A primeira seção apresenta
a Introdução, constituída pela contextualização do ambiente onde foi desenvolvida a
pesquisa e a sua relevância; a segunda seção, relativa a Bases Teóricas da
Pesquisa, reflete sobre os conceitos de dois campos de estudo sobre os quais o
trabalho buscou aporte teórico - o conhecimento científico e a gestão do conhecimento;
a terceira seção, Fundamentos Conceituais da Pesquisa, aborda conceitos definidos
por duas instituições, CNPq e CAPES, utilizados na metodologia e que ajudaram a
definir os critérios para os instrumentos de pesquisa, além disso, apresenta o universo a
ser focado na pesquisa; na quarta seção consta a Metodologia da pesquisa, na qual se
detalha a forma como foi feita a pesquisa, suas fontes, bem como sua importância e
limitações; a última seção, apresenta a Análise e Interpretação, que buscou detalhar,
por meio de gráficos e tabelas tanto as respostas dadas no momento da entrevista,
apontando tendências quanto a determinadas escolhas dos entrevistados, quanto uma
23
avaliação da produção bibliográfica dos líderes dos grupos de pesquisa da Instituição
FAED/UDESC.
24
2 BASES TEÓRICAS DA PESQUISA
Nesta seção são apresentados os fundamentos teóricos que embasaram os
questionamentos e as reflexões críticas para a elaboração do presente estudo.
2.1 O conhecimento científico
O conhecimento científico ocorre através de um processo dinâmico, em que
paradigmas se transformam, e que utiliza para isso a investigação científica, metódica e
com rigor científico, tornando-se um [...] processo produtivo histórico, não um produto
acabado (DEMO, 2000, p. 25). Ao referenciar o conceito de conhecimento científico o
autor declara
Do ponto de vista dialético, conhecimento científico encontra seu distintivo
maior na paixão pelo questionamento, alimentado pela dúvida metódica [...] Os
resultados do conhecimento científico, obtidos pela via do questionamento,
permanecem questionáveis, por simples coerência de origem. (DEMO, 2000,
p. 25)
Assim, entender o processo em que transcorre o conhecimento científico é
perceber não somente as várias etapas pelas quais passa a sua construção, mas
também compreender a dinâmica com que flui, além de não perder de foco o seu todo.
Para a construção do conhecimento científico busca-se fundamentar hipóteses,
estabelecer justificativas e metodologias e buscar comprovação através de
procedimentos experimentais.
O conhecimento científico para Ziman (1996, p. 13) [...] é produto de um
empreendimento humano coletivo ao qual os cientistas fazem contribuições individuais
purificadas e ampliadas pela crítica mútua e pela cooperação intelectual.
25
Demo (2000, p. 82) aponta a importância do princípio científico na pesquisa
apontando que:
[...] trata-se da atividade fundamental de reconstruir conhecimento, com apuro
metodológico e qualidade acadêmica [...] No fundo, corresponde a um dos
mandatos cruciais da universidade: manejar com criatividade possível o filho
predileto de nossa cultura, o conhecimento científico, de tal forma que a mera
transmissão não basta.
O processo que envolve as várias etapas do conhecimento científico, que vai da
criação à comunicação, já recebeu interpretações de rios autores.
2.1.1 Processo de criação e comunicação do conhecimento científico
O papel do pesquisador, no processo de criação e comunicação do
conhecimento científico, caracteriza-se por ser cíclico. Para Weitzel (2006) ele pode
exercer simultaneamente os papéis de produtor, distribuidor e consumidor de
informação científica, incorporando-os às suas práticas. Para a autora ess é a base do
sistema de comunicação científica.
O modelo de comunicação científica adaptado de Garvey e Griffith por Campello
(2000), concebido na década de 70, baseia-se nas pesquisas desenvolvidas na área de
psicologia, sendo facilmente adaptado a outras áreas.
De acordo com o referido modelo a comunicação científica se dá de forma
continuada. Campello (2000) adaptou o modelo tradicional de comunicação científica de
Garvey e Griffith evidenciando os vários encaminhamentos para a divulgação científica,
desde a realização de relatórios parciais, a apresentação de seus resultados em
congressos e seminários, a publicação de artigos referentes a investigação em
periódicos da área, até a citação do artigo em reuniões, na literatura, em textos
didáticos, etc.
26
O modelo apresentado por Campello (2000) encontra-se na Figura 1.
Figura 1 Modelo Tradicional da Comunicação Científica de Garvey e Griffith
Fonte: CAMPELLO; CENDÓN; KREMER (2000)
27
De acordo com o modelo, a pesquisa pode tanto ficar restrita a eventos de menor
abrangência geográfica como encontros e colóquios como tamm pode tomar uma
maior dimensão, uma vez que depois de indexado pode vir a ser citado por inúmeros
autores, fator de impacto, além da possibilidade de disponibilização via rede Internet.
Já o modelo conceitual de gestão do conhecimento científico no contexto
acadêmico de Leite (2006) representa o fluxo da criação e da comunicação científica no
meio acadêmico. Tal modelo considera as várias etapas do processo e o ciclo por que
passa a informação e o conhecimento científico. Há que se destacar a complexa
contextualização em que ocorre a comunicação científica representada pelo modelo na
Figura 2.
28
Figura 2 Modelo conceitual de gestão do conhecimento científico no contexto
acadêmico
Fonte: LEITE (2006)
29
Sobre os chamados colégios invisíveis, grupos de eminentes cientistas criados
como espaços para trocas científicas, Meadows (1999, p.144) declara que há tantas
comunicações científicas dentro quanto fora da referida estrutura, e que Em geral, é
provável que uma estrutura de colégio invisível seja favorecida onde haja grupos de
pesquisa consolidados situados em um número limitado de instituições. Sobre o uso
dos recursos em rede, Meadows declara que:
[...] o uso dos recursos em rede para troca de informações entre pesquisadores
e grupos é um fenômeno recorrente neste ambiente cujas características
crescentes são o compartilhamento, a rapidez e a minimização do problema de
distância entre pesquisadores. (MEADOWS. 1999, p. 144)
Do mesmo modo, o contexto em que ocorrem essas trocas leva a constatar que
seja um espaço de múltiplos comportamentos quando se reporta ao compartilhamento
do conhecimento desenvolvido a partir das pesquisas realizadas.
2.1.2 Institucionalização da pesquisa científica
De acordo com Le Coadic (1996, p. 31), cinco etapas demarcam a
institucionalização da pesquisa científica: a do cientista isolado, quando as ciências
eram empreendidas sem apoio institucional; a do amadorismo científico, quando havia
alternância entre esforços isolados e tentativas de trabalhos coletivos; a da ciência
acadêmica, quando primeiramente as academias permitiram especialistas das ciências
naturais e a universidades a dedicarem-se a seus trabalhos; a da ciência organizada,
quando são lançados os alicerces para o desenvolvimento da pesquisa e de formação
para pesquisa; e da megaciência, na qual os laboratórios, os orçamentos, os
equipamentos, tanto quanto a comunidade profissional ganham maior dimensão e
importância.
30
As atividades da Royal Society, formada em 1662, foram assim descritas por
Meadows (1999) relativamente a indícios de institucionalização da pesquisa,
Desde seu início, a Royal Society interessou-se pela comunicação. Seus
fundadores haviam sido influenciados pelos trabalhos de Francis Bacon, que,
no último de seus livros, descrevera as atividades possíveis de uma instituição
de pesquisa. Segundo uma de suas sugestões, um dos requisitos seria que se
concedesse alta prioridade à coleta e análise de informações importantes.
(MEADOWS, 1999, p. 5)
A institucionalização da pesquisa científica se constituiria no reconhecimento da
produtividade do pesquisador. Sendo uma etapa posterior ao reconhecimento
interpessoal pela comunidade científica, entre pares, segundo Le Coadic (1996, p. 30),
essa institucionalização é maior e com maior prestígio, pois ela ocorre em razão do [...]
volume intenso e constante de publicações originais.
Institucionalizada a pesquisa científica, aqui identificada como produção erudita,
distingue-se do sistema da indústria cultural que se submete a lei da concorrência, de
acordo com Bourdieu (2003). O autor assim explica o grau de autonomia desse campo:
O campo da produção erudita tende a produzir ele mesmo suas normas de
produção e os critérios de avaliação de seus produtos, e obedece à lei
fundamental da concorrência pelo reconhecimento propriamente cultural
concedido pelo grupo de pares que são, ao mesmo tempo, clientes
privilegiados e concorrentes. (BOURDIEU, 2003, p. 105)
Nesse sentido, Packer e Meneghini (2006, p. 238) destacam a certificação dada
pelos pares [...] ao publicar em um periódico os resultados de uma pesquisa original,
os autores buscam que seu artigo seja revisado, credenciado, lido e citado pelos
pares. Ao mesmo tempo, a necessidade de haver uma crescente produção também
no sentido quantitativo, leva muitas vezes a questionamentos como os de Meadows
(1999), sobre o conflito entre qualidade e quantidade na produção científica acadêmica
31
Em que medida alta produtividade corresponde a alta qualidade de publicações
científicas? Resulta a produtividade da multiplicação artificial de uma grande
quantidade de banalidades ou reflete a automotivação de um pesquisador de
alta qualidade? (MEADOWS, 1999, p. 89)
Nesse contexto, como resultado das transformações nas formas de trabalho e
organização, Le Coadic (1996) aponta mudanças em cinqüenta anos quanto ao
exercício da pesquisa, como: uma profissionalização generalizada da pesquisa,
traduzida pela necessidade de publicar um artigo científico passa a não apenas ratificar
competência obtenção ou conservação de um emprego; aumento dos meios para
regulamentação não de natureza intelectual, mas também econômica para a atividade;
além de um aumento quantitativo de pesquisadores junto a uma estratificação interna.
Sobre as práticas entre pares, Bourdieu assinala
Nunca se prestou a devida atenção às conseqüências ligadas ao fato de que o
escritor, o artista e mesmo o erudito, escrevem não apenas para um público,
mas para um público de pares que são tamm concorrentes. Afora os artistas
e os intelectuais, poucos agentes sociais dependem tanto, no que são e no que
fazem, da imagem que têm de si próprios e da imagem que os outros e, em
particular, os outros escritores e artistas, têm deles e do que eles fazem.
(BOURDIEU, 2003, p. 108)
Corroboram nesse sentido Packer e Meneghini (2006), quando declaram a
pressão sofrida por pesquisadores para publicarem os resultados de suas pesquisas na
forma de artigos científicos em mero cada vez maior. Os autores apontam como
resultado a alta taxa de rejeição de artigos que participam, assim, de um círculo
virtuoso que sustentação ao periódico como veículo de prestígio e de destacada
visibilidade.
Em contraposição, Merton, citado por Zarur (1994, p. 47) como o fundador da
Sociologia da ciência, aponta possíveis lacunas em todo o processo de construção e
comunicação científica na medida em que, destacando a importância do aspecto ético
32
da pesquisa, institui normas e valores como o desinteresse, ceticismo organizado, o
comunismo, o universalismo, originalidade e humildade.
2.1.3 A pesquisa acadêmica
O professor universitário pode exercer, além da docência, o papel de
pesquisador, seja por aptidão ou pelas circunstâncias de seu cargo. Do mesmo modo,
algumas instituições de ensino superior necessitam de professores que desenvolvam
competências relacionadas à função de pesquisador como forma de suprir demandas
relacionadas ao desenvolvimento de recursos humanos com o fim de desenvolvimento
de projetos de pesquisa institucionais. A importância da atividade de pesquisa na
universidade moderna é assim descrita por Sampaio:
A natureza das atividades da Universidade moderna tem sua origem na
Universidade de Berlim, criada em 1810, como instituição voltada para o
Ensino Superior, tendo como função primordial a pesquisa, desenvolvida em
todos os campos do conhecimento. (SAMPAIO, 2000, p. 2)
Assim, segundo a autora, não existiria universidade sem haver produção e sem
difusão do conhecimento, ratificando a posição de que a pesquisa é a função principal
da universidade e que sem a pesquisa não há universidade.
Com base na realidade dos profissionais da informação, Guimarães define como
elementos estratégicos para a plena realização do desafio da pesquisa, entre outros, os
seguintes pontos:
[...] b) a vivência da pesquisa docente como elemento de testemunho e de
motivação para a construção de conhecimento pelo discente e, ainda, como
forma de visibilidade de um compromisso institucional com a construção do
conhecimento (linhas de pesquisa, grupos de pesquisa, projetos integrados de
pesquisa, etc.); c) a garantia de espaços de veiculação da produção científica,
como forma de compartilhamento de um conhecimento construído, seja com a
comunidade científica, seja com os espaços de exercício profissional.
(GUIMARÃES, 2004, p. 100)
33
A pesquisa tem importante papel na formação dos indivíduos. Por meio dela, o
docente contribui para a construção das bases científicas de sua área de
conhecimento.
Na visão de Demo (1997), a pesquisa deve ser encarada como tarefa cotidiana,
como parte da formação acadêmica e com vistas à construção do conhecimento, além
de ser um elemento integrador de conteúdos curriculares. Acrescente-se a isto o fato
que uma área do conhecimento se constrói pelo aporte teórico que lhe serve de base, e
esse construto teórico só se faz a partir da pesquisa científica desenvolvida, publicada e
avaliada por seus pares, o que lhe confere legitimidade.
A preocupação em estimular a atividade de pesquisa dos professores,
capacitando-os para a orientação, é evidente na Universidade do Estado de Santa
Catarina (UDESC). Os editais de pesquisa destacam como objetivo, entre outros:
estimular o desenvolvimento do pensar cientificamente e da criatividade, decorrentes
das condições criadas pelo confronto direto com os problemas de pesquisa. (Edital PIC
2007-2008 UDESC)
O desenvolvimento de pesquisa institucional estimula o pensamento científico do
professor. No caso da UDESC, o fomento ocorre através de programas como:
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), do CNPq; o Programa
de Bolsas de Iniciação Científica (PROBIC); e o Programa Institucional Voluntário de
Iniciação Científica (PIVIC), os dois últimos programas são da UDESC. (Edital PIC
2007-2008 UDESC)
A solicitação de bolsa de iniciação científica deve estar vinculada a projeto de
pesquisa coordenado por professor que tenha publicado artigo científico em periódicos
34
da área de atuação, nos três anos anteriores à solicitação. Há tamm uma vinculão
entre a concessão de bolsas aos Centros da UDESC e a presença de pesquisadores
com Bolsas de Produtividade de Pesquisa do CNPq.
A pesquisa desenvolvida com o aporte de bolsas de iniciação científica fica, por
determinações institucionais, vinculada à produtividade científica de seus
pesquisadores. Isso ocorre como forma de estimular a publicação dos resultados das
pesquisas financiadas.
Em contraposição às exigências vigentes, Le Coadic (2004) contra argumenta:
[...] a profissionalização generalizada da pesquisa conduziu, como bem o
sabemos, os homens e as mulheres (elas ainda são pouco numerosas) que se
dedicam à pesquisa, a esperar da comunidade científica o somente um
status mas também um benefício, de maneira direta para os pesquisadores
profissionais e de maneira indireta para os pesquisadores de universidades.
Esta é uma causa de desregulação aguda na medida que a publicação de um
artigo deixou de ter como objetivo a consagração, mas transformou-se em um
imperativo fundamental para obter ou conservar um emprego. (LE COADIC,
2004, p. 208)
Targino (2000), por sua vez, argumenta haver no meio acadêmico uma tendência
a incentivar a pesquisa produtora de papéis, havendo a substituição da qualidade pela
quantidade exacerbada.
2.1.4 Produção e comunicação científica
Para o docente pesquisador tão importante quanto desenvolver uma pesquisa é
a sua publicação, o que dá maior visibilidade à produção científica. Nesse sentido,
Meadows (1999, p. 161) afirma que [...] a realização de pesquisas e a comunicação de
seus resultados são atividades inseparáveis. Quando se trata de uma instituição
35
pública esse compromisso fica evidente, já que está intrínseca a responsabilidade
social dos recursos aplicados em atividades que retornem em benefícios à sociedade.
Por outro lado, a publicação dos resultados de pesquisas torna o conhecimento
sujeito à avaliação dos pares ao mesmo tempo em que divulga a um público mais
amplo o seu conteúdo. Como conseqüência disso, Müeller aponta que:
[...] Para obter confiabilidade, além da utilização de uma rigorosa metodologia
científica para a geração do conhecimento, é importante que os resultados
obtidos pelas pesquisas de um cientista sejam divulgados e submetidos ao
julgamento de outros cientistas, seus pares. (MÜLLER 2000, p. 21)
Além disso, Müeller (2000, p. 25), lembra que [...] os resultados alcançados por
determinado pesquisador são freqüentemente retomados por outros cientistas, teóricos
ou aplicados, ratificando a necessidade de tornar disponíveis tais estudos.
Nesse contexto, Müeller (2000, p. 26) declara que [...] a ciência se baseia no
consenso dos cientistas, e os autores se destacam pela freqüência com que são lidos e
citados [...].
Os canais de comunicação científica são meios de divulgação do conteúdo das
pesquisas. Destacam-se pela sua importância os periódicos, os anais de congressos,
os livros e capítulos de livros. Por meio desses canais torna-se possível avaliar o teor
das pesquisas bem como tornar público o conhecimento.
A comunicação científica pode variar dependendo da etapa em que a pesquisa
se encontra. Segundo Meadows:
[...]durante as etapas iniciais de um projeto de pesquisa, a maior parte da
comunicação é informal, começando com as conversas face a face. À medida
que o trabalha avança, são feitos relatos orais perante pequenas platéias,
normalmente por meio de seminários de pesquisa. À medida que o projeto se
aproxima de sua conclusão, podem começar a ser feitos relatos verbais em
reuniões maiores, como congressos e conferências (MEADOWS, 1999, p. 161)
36
Como aponta Mueller, alguns artigos podem trazer resultados parciais de
pesquisa; outros resultados conclusivos, e podem ser apresentadas durante o período
de desenvolvimento da pesquisa, variando em seu formato, suporte e função
Tais publicações variam no formato (relatórios, trabalhos apresentados em
congressos, palestras, artigos de periódicos, livros e outros), no suporte (papel,
meio eletrônico e outros), audiências (colegas, estudantes, público em geral) e
função (informar, obter reações, registrar autoria, indicar e localizar
documentos, entre outras) (MÜLLER, 2000, p. 22)
Para Le Coadic (2004, p. 209), de acordo com seu princípio interacionista
As comunidades científicas são, antes de tudo, redes de organizações e
relações sociais formais e informais, com várias funções. Uma das funções
predominantes é a função comunicativa. O papel da comunicação é o de
assegurar a troca de informações sobre os trabalhos em andamento, em
colocar os pesquisadores em contato, em interação.
Mas para que isto ocorra há uma longa trajetória a ser cumprida, que representa
o fluxo da pesquisa, desde seu início até sua publicação, seja em periódico científico,
em livro ou em anais de eventos. Assim, com a publicação dos resultados das
pesquisas científicas o ciclo não se encerraria.
2.1.5 Literatura cinzenta
A universidade consolida-se como um espaço de construção do conhecimento
científico e que busca instigar o interesse por novos avanços no campo da pesquisa,
preocupando-se em disseminar o resultado dos mesmos. Nesse contexto, a produção
científica deve seguir princípios metodológicos para que seja assegurada a validade de
seus resultados sendo, posteriormente, mensurada de forma concreta por meio de sua
publicação e posterior comunicação aos pares.
37
A literatura cinzenta, a exemplo das teses, dissertações, monografias, anais de
eventos e relatórios de pesquisas, tem como características: não ter sido publicada em
mídia na qual tenha sido submetida à apreciação de seus pares; poder ser impressa ou
apresentada sob forma de mídia eletrônica; apresentar uma circulação restrita e, por
isto ter uma distribuição geográfica limitada e o acesso ser local. Vários
questionamentos surgem em função da relevância dessa literatura no meio acadêmico.
Entre eles pode-se destacar: a rápida obsolescência da informação, principalmente em
algumas áreas do conhecimento (como as ciências ligadas à computação e à área da
saúde); o fato de relatar pesquisas recentes, com assuntos/tópicos de ponta e por
serem estudos que são rapidamente apresentados e, portanto, passíveis de discussão
e apreciação junto à comunidade científica.
Segundo Stumpf (2000), a comunicação da ciência permite que ocorra o fluxo de
idéias entre as fontes geradoras e os receptores dessas idéias por meio de um canal,
Os canais são meios através dos quais o conhecimento produzido pelos
cientistas adquire a forma de um produto para que seja possível disseminar o trabalho
de pesquisa realizado. Visto dessa forma, a comunicação da produção científica é
efetivada através de canais formais e/ou informais, que tomaram maior dimensão com a
publicação em meio digital, quebrando as barreiras geográficas, de tempo e de acesso,
atribuindo-lhe um caráter mais público.
Assim, a produção publicada por esses canais vem crescendo nas últimas
décadas a ponto de, entre 1990 e 1999, dos 1.108 documentos produzidos nos cinco
Programas em Ciência da Informação e na Área de concentração do Programa de
Comunicação da ECA/USP, 40,2% referirem-se à literatura cinzenta, sendo que 29,8%
deles dizem respeito a comunicações em eventos (Población, 2002, p. 105).
38
Infere-se desses dados que há um número considerável de autores que se
utilizam desse canal de comunicação científica para disseminar seus conhecimentos e
suscitar a discussão e a reflexão junto a seus pares e a comunidade envolvida. Apesar
disso, a partir do estudo desses documentos, Poblácion (2002, p. 102) afirma que eles
[...] levam como estigma a categorização com menor índice de
reconhecimento, nos processos de avaliação acadêmica, geralmente o
desprezadas pelos autores por ocasião da elaboração dos currículos ou
registro da produção científica.
Considerando essa realidade algumas iniciativas de sistematização e
disponibilização do acervo de Literatura Cinzenta passaram a ser uma realidade junto
às instituições que buscam a informação como insumo para gerar conhecimento.
Assim, a partir de novos modelos de comunicação científica que buscam uma
maior rapidez e acesso à informação, surgem iniciativas de sua padronização, que
apresentam modelos com reconhecimento, dando origem a criação das bibliotecas
digitais. Exemplo disso é o Banco de Teses e Dissertações do PPGEP/UFSC, criado a
partir de 1995, e que apresentando o objetivo de tornar acessível a literatura cinzenta
produzida na Universidade, sem deixar de lado a preocupação com a [...] padronização
do mapeamento de informações (metadados) (Pacheco; Kern, 2001, p. 71).
Noronha, Poblácion e Santos (2000, p. 2) afirmam que [...] os estudos
quantitativos da produção científica têm permitido entender melhor a amplitude e a
natureza das atividades de pesquisa desenvolvidas nas diferentes áreas do
conhecimento, de diversos países, instituições e pesquisadores.
Algumas análises sobre a pouca utilização da literatura cinzenta como referência
já foram realizadas. Segundo Ohira e Prado (2002, p. 72), em pesquisa realizada em
periódicos brasileiros, a ocorrência de referências relativas a documentos do tipo teses,
39
dissertações, monografias, relatórios de pesquisa é de 10,27%, ficando [...] o reduzido
número de documentos resultantes das comunicações em eventos (anais), com apenas
2,90% de referências citadas.
Segundo Marcondes e Sayão (2001, p. 25) com o projeto da Biblioteca Digital
Brasileira, o IBICT
[...] quer abrir a possibilidade, fomentar e fornecer meios para que a
comunidade brasileira de C & T possa publicar seus trabalhos de forma
rotineira, diretamente em rede, aumentando com isso a sua visibilidade
nacional e internacional, otimizando o fluxo da comunicação científica e
reduzindo o ciclo de geração de novos conhecimentos.
Considerando haver uma produção científica tão elevada, a princípio, os usuários
em potencial poderiam ser os atores da própria comunidade universitária, como os
discentes e docentes, sobre isto Pacheco e Kern (2001, p. 65) argumentam
[...] um mestre ou doutor em formação tem nas bibliotecas digitais um recurso
inestimável. Enquanto nas bibliotecas tradicionais o pesquisado se defronta
com limitações de tempo, espaço e outros recursos, as bibliotecas digitais lhe
oferecem ubiqüidade, baixo custo e facilidades de pesquisa.
Simultaneamente, por produzir conhecimento muitas vezes de caráter
estratégico, surgem outros usuários, como pesquisadores externos e gestores de
diferentes áreas, principalmente as que envolvem inovação tecnológica.
Para Almada e Santos (2004, p. 1), com referência ao conteúdo de teses e
dissertações, resultado dos projetos e pesquisas [...] a proposta das bibliotecas digitais
é a democratização do conhecimento e a universalização da informação.
Assim, nesse contexto, o compartilhamento ocorreria como um processo interno
nas instituições, como tamm de forma interna entre elas.
40
2.1.6 Canais de comunicação científica
De acordo com Targino (2000) a comunicação científica proporciona à produção
científica e aos pesquisadores visibilidade e credibilidade no meio em que estão
inseridos. Para a autora:
A comunicação científica é indispensável à atividade científica, pois permite
somar os esforços individuais dos membros das comunidades científicas. Eles
trocam continuamente informações, com seus pares, emitindo-as para seus
sucessores e/ou adquirindo-as de seus predecessores. (TARGINO, 2000, p.
10)
Os canais de comunicação científica podem ser classificados como formais ou
informais. Os primeiros se caracterizam pela comunicação escrita mais convencional,
enquanto que a comunicação informal ocorre a partir do diálogo interpessoal direto,
sendo muitas vezes efêmera. Apesar de não se constituírem como conceitos unânimes
entre os teóricos, Targino (2000) destaca como canais formais os livros, os periódicos,
as obras de referência em geral, os relatórios técnicos, entre outros. Para Poblácion e
Noronha (2002)
A produção do conhecimento gerado nas universidades é divulgada em
diferentes canais que variam de área para área, ou mesmo de pesquisa para
pesquisa, sendo o documento formal o meio mais reconhecido para dar maior
visibilidade aos estudos e pesquisas realizados (POBLÁCION e NORONHA,
2002, p. 98)
Dentro da categoria de canais informais estão as comunicações realizadas em
seminários, congressos, conferências e encontros. Esses canais caracterizam-se por
ser uma comunicação direta pessoa a pessoa (TARGINO, 2000, p.19). Para a autora,
esse tipo de canal tem como vantagem atingir quase que imediatamente o seu alvo
com uma informação recente e ágil. É importante lembrar que os artigos publicados em
41
periódicos científicos são submetidos a avaliação dos pares antes de sua publicação, o
que lhes atribui maior legitimidade.
Há ainda os canais classificados por Moreira (2005) como híbridos, como a
Internet. Segundo Araújo e Freire (1996, p. 52) a Internet poderia ser definida como um
canal formal de comunicação informal. Para as autoras
Logo que foi criado o correio eletrônico, e com ele um canal de comunicação
entre pesquisadores. Um colégio invisível começa a tomar forma no quadro
emergente do ciberespaço. Nos anos 80, essa rede inicial foi ampliada e dela
surgiu a Internet, usando o mesmo protocolo de comunicação de dados e
oferecendo o acesso a centros de computadores e serviços como troca de
mensagens, transferência de arquivos, uso de fontes remotas e
compartilhamento de arquivos.
Acresce-se a essa nova realidade a utilização das listas de discussão, via
Internet, que têm grande impacto no campo da ciência contribuindo com mudanças nos
padrões de comunicação científica. Com referência à utilização das Tecnologias de
Informação e Comunicação, Targino (2000, p. 22) afirma
Sem dúvida, o desenvolvimento das NTIC tem sido imensurável. Mais de 1.800
conferências anuais on line nos mais diferentes campos criam espaços sociais,
onde membros da comunidade acadêmica de todo o mundo interagem.
Nesse cenário a comunicação formal impressa tende a persistir, todavia segundo
Targino (2000), a mesma infere que a informação do tipo eletrônica possui seu
espaço.
Pode-se ainda acrescentar como canal informal a chamada literatura cinzenta.
Em estudo comparativo realizado por Poblácion, Noronha e Currás (1996), baseado em
levantamento feito a partir da produção de eventos realizados entre 1978 e 1994 na
área da documentação e informação científica realizados na Espanha e no Brasil, foi
42
feito um diagnóstico da participação dos autores de artigos de periódicos
especializados na área. As autoras destacam que:
[...] Se, por um lado, a "literatura cinzenta" caracteriza-se pela sua tiragem
reduzida, portanto, de divulgação restrita e conseqüentemente pela dificuldade
de acesso... por outro lado, ela flui com rapidez entre os pares, pelo fato de ser
"não-convencional", isto é, independe da formalização exigida para
apresentação dos documentos convencionais - livros e publicações periódicas
- que integram o grupo chamado de "literatura branca". (POBLÁCION,
NORONHA e CURRÁS, 1996, p. 2)
Pinheiro (2003) enfatiza a importância e o predomínio da comunicação informal
entre pares, focalizando em seu estudo a informação científica e tecnológica na
comunicação científica. Para ele,
[...] Portanto, abordar a comunicação científica significa não somente enfocar
padrões de comunicação entre pares, mas também englobar tanto a informação
à qual recorrem para as suas pesquisas quanto aquela que produzem e
transmitem por diferentes canais de comunicação e tipos de documentos.
(PINHEIRO, 2003, p. 64)
Há que se destacar o que Sampaio (2000), em sua investigação realizada com
pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco, detectou como barreiras que
interferem nas atividades de comunicação científica como: a escassez de recursos para
as atividades de pesquisa. Isto se traduziria, segundo a autora, pela falta de recursos
para o custeio da estrutura básica de pesquisa, tendo como conseqüência o
comprometimento da manutenção e desenvolvimento de setores básicos dessa
atividade, como os laboratórios e bibliotecas.
Por outro lado, o estudo de Sampaio (2000) também enfatiza os fatores que
influem na escolha dos canais de comunicação científica pelos pesquisadores. Em
ordem de importância são eles: maior difusão, penetração na comunidade científica,
obter maior reconhecimento profissional e prestígio na área.
43
Campello (2000, p. 56) ratifica o valor da comunicação científica e dos encontros
científicos imputando maior agilidade às trocas científicas e promovendo interação entre
pesquisadores. Nessa linha argumenta que
[...] Mesmo com as novas possibilidades trazidas pela tecnologia, como, por
exemplo, as teleconferências e as listas de discussão via correio eletrônico,
que permitem a comunicação rápida e a baixo custo, os encontros continuam a
ocorrer com freqüência, reunindo os membros de uma comunidade científica
e/ou técnica para exporem e discutirem seus trabalhos, envolvendo-os num
processo de avaliação que constitui o cerne da atividade da pesquisa.
Soma-se a isso o fato de que a apresentação oral de trabalhos científicos
permite a interação direta entre o interlocutor e os pares. que se destacar a
relevância dos canais formais como os periódicos, uma vez que se tornaram o lócus
tradicionalmente utilizado pela comunidade científica para comunicar os resultados das
pesquisas ainda que seu acesso seja restrito.
Nesse contexto há um crescimento exponencial dos periódicos publicados
eletronicamente, o que leva à relativização dos conceitos de canais formais e informais.
2.2 Gestão do Conhecimento
A universidade aqui reconhecida como uma instituição cujas atividades
fundamentam-se no conhecimento (ativo intangível) e que por meio de seu
gerenciamento tornam-se cada vez mais competitivas em relação a outras, cujos ativos
predominantes são os tangíveis, marcadamente perecíveis e que não apresentam
agilidade nas tomadas de decisão.
Para Davenport (2003), são os ativos intangíveis que agregam valor a produtos e
serviços, e que podem ser traduzidos por know how, criatividade, inovação e marketing.
Exemplo disso são as organizações baseadas em conhecimento e trabalho qualificado.
44
Nessa linha, as instituições de ensino superior destacam-se como organizações que se
sustentam tendo como um dos pilares principais o conhecimento.
Sveiby (1998) enfatiza que muitos paradigmas foram quebrados com o advento
da Gestão do conhecimento: o poder está voltado para o conhecimento e não para a
hierarquia; houve uma maior valoração dos ativos intangíveis, representados pelo
capital intelectual das organizações e instituições em contraponto ao capital físico e
financeiro, fortemente depreciável enquanto que os intangíveis podem tornar-se
ilimitados.
O uso da Gestão do Conhecimento é uma estratégia que, ao ser aplicada, por
essas instituições, apresentam vantagem competitiva no cenário em que se atuam. A
dinâmica existente no conhecimento construído a partir das pesquisas científicas
institucionais pode se aplicar à espiral do conhecimento, concebida por Nonaka e
Takeuchi (1997). Conforme a Figura 3 há um ciclo que se retro-alimenta, onde cada
etapa desencadeia a próxima. Assim, ocorre uma necessidade de mapear o
conhecimento cientifico desenvolvido nesse ambiente, tornando-o explicito e
sistematizado, possibilitando o monitoramento desse por meio de sua gestão, conforme
Figura 3.
45
Figura 3 - Espiral de criação do conhecimento organizacional
Fonte: NONAKA; TAKEUCHI (1997)
No meio universitário, o conhecimento pode ser traduzido como de caráter
profundo e específico, necessitando ser permanentemente atualizado e demandando
soluções e/ou informações de forma imediata e estratégica.
Dessa forma para melhor gerir esse estoque de conhecimento, a universidade
necessita mapear e capturar o conhecimento gerado por seus atores, buscando formas
de armazenar, representar, recuperar e, sobretudo, (re)utilizar tais conhecimentos como
parte da memória da organização. Fazem parte dessa memória dois tipos de
conhecimento: o formalizado ou explícito e o cito, construído informalmente e o
importante quanto o primeiro e que se encontra na cabeça dos pesquisadores da
Instituição.
Com vistas a tornar tal conhecimento sistematizado e acessível, a espiral de
conversão de Nonaka e Takeuchi (1997) aborda aspectos como a socialização
46
(conhecimento compartilhado), a externalização (conhecimento conceitual), a
combinação (conhecimento sistêmico) e a internalização (conhecimento operacional).
Como resultado dessa sistematização das informações e disseminação do
conhecimento, a instituição universitária tende a agregar valor às suas atividades de
ensino, pesquisa e extensão na medida em que imputa eficiência à produção
acadêmica e à gestão documental e de pessoas.
Nesse contexto, o conhecimento se apresenta de várias formas, tanto pode ser
formal como fluído, podendo ser transmitido tanto por meios estruturados, como de
modo informal através de trocas de aprendizado, estando fortemente ligado à ação, ou
a tomada de decisões.
Dentro dos modos de conversão do conhecimento, concebidos por Nonaka e
Takeuchi (1997) apontam como questão recorrente o compartilhamento do
conhecimento seja ele explícito ou tácito, formal ou informal. Nesse sentido Grotto
(2005, p. 107) conceitua da seguinte forma estes dois tipos de conhecimento:
[...] o conhecimento explícito é formal e sistemático e pode ser facilmente
comunicado e partilhado. Já o conhecimento tácito é altamente pessoal, de
difícil formalização e comunicação. O conhecimento organizacional explícito é
o conhecimento exibido em manuais de procedimentos, memórias de
computador, relatórios, pesquisas; o tácito que inclui o discernimento, o instinto
e a compreensão profunda dos indivíduos.
As pesquisas científicas, ao serem divulgadas formal ou informalmente, através
dos canais de comunicação, estabelecem não a propriedade intelectual e o
reconhecimento pelos pares, como também, a ampla divulgação dos resultados das
mesmas de forma a proporcionar acesso à comunidade científica e à sociedade como
um todo.
47
O compartilhamento do conhecimento tende a gerar aprendizado interno,
levando ao crescimento do capital intelectual da organização e, conseqüentemente,
retro-alimentando o ciclo de dados coletados - informação gerada internamente -
conhecimento produzido.
Assim, é que todas as etapas, como a socialização, externalização, combinação
e internalização da espiral do conhecimento, se encontram presentes no processo de
construção do conhecimento institucional e de modo cíclico no desenvolvimento dos
projetos de pesquisa.
A pesquisa científica desenvolve-se a partir da formulação de um problema e do
levantamento de hipóteses, como ocorre no modelo de Nonaka e Takeuchi (1997).
Nesse momento o conhecimento tácito dos participantes da pesquisa é compartilhado,
havendo uma socialização.
Nonaka e Takeuchi (1997) ao representar a criação do conhecimento
organizacional por meio de uma espiral demonstram ser este um processo que parte do
nível individual e amplia-se por meio de comunidades de interação para uma
dimensão de grupo, daí para a organização e entre organizações.
O modelo, apesar de basear-se em desenvolvimento de produtos, é facilmente
aplicável a outras situações uma vez que associa os conhecimentos, tácito e explícito,
da equipe envolvida, com as fases pelas quais passa o processo de compartilhamento
como: combinação, socialização, externalização e internalização.
Para Senge (1990), os modelos mentais, conceito imprescindível quando se trata
de criação do conhecimento tácito, refletem os valores e as crenças de cada um ou do
grupo, podendo levar a resistência às mudanças ou a novas formas de pensar e
conceber as coisas, pois parte do princípio de que nada adianta mudar a realidade a
48
sua volta se não for mudado o modo de encará-la, a visão do em torno. Incluem-se aí
as mudanças de paradigmas. Os modelos mentais podem abranger também as visões
que se tem da organização. Partindo de novas visões deve ocorrer um aprendizado
organizacional que levará a um novo conceito de planejamento e gestão. Nesse deve-
se buscar superar modelos ultrapassados e que não alcançam mais seus objetivos
iniciais, associa-se a isto o aparecimento de novas lideranças, de pessoas-chave,
também chamados gatekeepers, e uma maior comunicação entre diferentes indivíduos
contribuindo para que isto se efetive.
Na fase denominada de combinação, o conhecimento é sistematizado e, no caso
das pesquisas científicas institucionais, transformado em relatórios parciais e finais ou,
ainda, em artigos científicos, com a participação tanto de docentes como de discentes,
quando se trata de pesquisas de iniciação científica.
A etapa da internalização caracteriza-se por transformar o conhecimento em
operacional, quando é possível demonstrar a sua funcionalidade junto à sociedade
como um todo.
Na concepção de Choo (2003, p. 45) o modelo de construção do conhecimento
coloca a organização envolvida na conversão do conhecimento. Choo descreve o
processo de construção do conhecimento da seguinte forma:
[...] O conhecimento tácito e pessoal de seus membros deve ser transformado
em conhecimento explícito, que a organização possa usar para desenvolver
novos produtos e serviços. Do processo resultam novos conhecimentos e
novas capacidades organizacionais.
O autor declara que quando o conhecimento tácito interno dos indivíduos é
convertido em conhecimento explícito externo para benefício da organização aí então
ocorre a construção do conhecimento. Um modelo de ciclo do conhecimento, concebido
49
por Choo (2003), demonstra a dinâmica da organização do conhecimento, conforme
Figura 4.
Figura 4 - O ciclo do conhecimento
Fonte: CHOO (2003)
Considerando que o conhecimento proveniente dos projetos de pesquisa torna-
se, ao longo de seu desenvolvimento, sistematizado pela intervenção entre docentes
bem como entre docentes e discentes, algumas questões são suscitadas a partir daí.
Entre os pontos relevantes a serem considerados estão, sobretudo, as condições em
que o conhecimento é criado, os fatores facilitadores e dificultadores na criação, na
sistematização e na disseminação do conhecimento.
Para Davenport e Prusak (1999), a utilização das tecnologias de informação e
comunicação no processo de gestão do conhecimento, pelos chamados trabalhadores
do conhecimento, deve levar a preocupações não com a fase de disseminação do
conhecimento, mas também fazer com que aconteça a transferência do conhecimento
tácito entre os atores do processo. Segundo os autores, para que isso se realize,
existem tecnologias infra-estruturais como os sistemas especialistas e os repositórios
50
do conhecimento. Todavia, somente iniciativas desse tipo não são capazes, sozinhas
de promoverem todo o processo de gestão do conhecimento: é preciso a intervenção
humana principalmente na etapa de criação do conhecimento.
Um enfoque distinto à gestão do conhecimento, a partir das áreas diferentes em
que elas ocorrem, é dado por Probst, Raub e Romhardt (2002) e que são chamados
pelo autor de elementos construtivos, conforme mostra a Figura 5.
Figura 5 - Processos essenciais da gestão do conhecimento
Fonte: PROBST; RAUB; ROMHARDT (2002)
O autor demonstra, a partir do modelo, uma visão holística do cenário em que
todos os elementos construtivos estão presentes, inseridos no ciclo da gestão do
conhecimento e os quais se interligam entre si.
O compartilhamento apontado por Probst, Raub e Romhardt (2002) ocorre na
fase de transição do conhecimento do indivíduo para o grupo ou para a organização.
Apontada como uma das tarefas mais difíceis dos elementos construtivos, o
compartilhamento só se a partir do reconhecimento da existência do conhecimento.
A partir daí, é preciso detectar quem necessita de determinado conhecimento e qual o
tipo de conhecimento é necessário.
51
A tarefa de compartilhamento pode ser realizada mecanicamente (manuais,
redes de computadores, como nos groupware) e principalmente por meio de trocas
pessoais ou ainda entre grupos. Probst, Raub e Romhardt (2002) destacam que existe
um potencial expressivo na criação de sistemas híbridos.
2.2.1 Redes de conhecimento: compartilhamento do conhecimento tácito
Dada a importância atribuída por diversos autores ao conhecimento tácito tanto
como fator relevante na competitividade quanto como fonte de inovação nas
organizações, as redes sociais surgem como ferramentas de representação da
socialização e da internalização desse tipo de conhecimento. Sobre inovação e
conhecimento tácito, Terra (2005, p. 71) argumenta que
[...] O conhecimento tácito ou inconsciente tem sido associado ao processo de
inovação, na medida em que serve aos seguintes propósitos (do menor para o
maior impacto): solução de problemas, identificação de problemas e,
finalmente, predição e antecipação.
Reconhecido pelos atuais gestores, o autor aponta como principal capital das
empresas o conhecimento individual de seus funcionários tanto quanto a sua
capacidade de aprender e inovar de forma coletiva.
Silva (2004) considera que, a internalização e a socialização também são
conversões importantes que envolvem o conhecimento cito. A primeira pode utilizar-
se de recursos como a TI, sendo fortemente influenciada pelas redes e comunidades de
prática, enquanto que a segunda ocorre praticamente independentemente dessas
tecnologias, acontecendo somente se houver um trabalho face a face, seja em equipes
formais, ou em redes e comunidades informais.
52
Nesse contexto, para Nonaka e Takeuchi (1997, p. 67) [...] o modelo dinâmico
da criação do conhecimento humano é criado e expandido através da interação social
entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito.
Sobre as relações sociais em rede nas quais se constrói o conhecimento cito,
Albagli e Maciel (2004, p. 12) indicam a existência de uma ligação entre capital social,
aprendizado e cooperação. Para a autora:
Os recursos imateriais ou intangíveis, presentes nas redes sociais, quando
direcionados para um esforço conjunto de desenvolvimento, convergem no que
Hubert Schmitz (2000) chamou de eficiência coletiva, envolvendo um
complexo de interações sociais locais, que propiciam a produção e reprodução
de conhecimento tácito, catalisando processos de inovação e difusão.
A análise de redes sociais de Marteleto (2001, p. 71), feita a partir da visão do
pesquisador, reveste-se de uma utilização estática. Para a autora
A utilização estática explora a rede estruturada, ou seja, lança mão da idéia de
rede para melhor compreender a sociedade ou um grupo social por sua
estrutura, seus nós e suas ramificações. Essa foi a contribuição que o enfoque
de redes sociais deu à sociologia e a outras ciências. A utilização dinâmica
explicita a rede sistema, o que significa trabalhar as redes como uma
estratégia de ação no nível pessoal ou grupal, para gerar instrumentos de
mobilização de recursos.
Ao sistematizar a gestão do conhecimento, Silva (2004) aponta as redes de
trabalho como elemento facilitador para o trabalho com o formato tácito de
conhecimento. Através delas as pessoas experientes e preparadas atuam pela
interação com trocas de conhecimentos tácitos. Tamm denominadas pelo autor como
comunidades de prática, as redes são organizações informais e podem existir de
forma espontânea e paralela a estrutura formal das organizações.
Segundo Terra (2005), muitos são os fatores que demonstram a mudança de
paradigma das formas de realizar tarefas cotidianas. Destaca-se entre eles a rapidez
proporcionada pela Era do Computador e da Informação. O autor detecta, ainda,
53
algumas tendências: o crescimento do número de conexões de todos os computadores,
como conseqüência do advento da Internet e o crescimento exponencial da capacidade
de banda de comunicação associado a elevação da capacidade de processamento dos
computadores.
Assim, o fenômeno da colaboração assíncrona e síncrona, cresce rapidamente
como forma de trabalho. Terra (2005) aponta como relevante o rápido crescimento das
colaborações científicas internacionais, como atesta a Figura 6.
Figura 6 Colaborações científicas internacionais entre 1988 e 2001
Fonte: TERRA (2005)
54
Tomaél, Alcará e Chiara (2005a) entendem que as redes sociais são utilizadas
pela sociedade para o compartilhamento da informação e do conhecimento, mediante
as relações entre seus atores. Para as autoras, nessas redes, cada indivíduo tem sua
função e identidade e sua formação ocorrerá de acordo com a temática da organização.
Sobre a dinâmica das redes Tomaél, Alcará e Chiara (2005a, p. 94) definem:
Com base em seu dinamismo, as redes, dentro do ambiente organizacional,
funcionam como espaços para o compartilhamento de informação e do
conhecimento. Espaços que podem ser tanto presenciais quanto virtuais, em
que pessoas com os mesmos objetivos trocam experiências, criando bases e
gerando informações relevantes para o setor em que atuam.
Ao confrontar os valores de escassez e de abundância. Terra (2005, p. 33)
revela haver uma mudança de paradigma, pois se antes quanto mais escasso um
produto maior seria seu valor, [...] na econômica baseada em rede, quanto mais
abundante um produto, maior o seu valor.
Para Silva (2004) a capacidade criativa de inovação, de aprendizagem individual
e organizacional dos atores é também importante fator facilitador de conversões entre
conhecimentos tácitos e que dependem de talentos individuais e de um sistema de
motivação da organização. Em síntese, feita a partir de vários autores Silva (2004, p.
146) destaca algumas condições para que redes funcionem:
[...] grupos e redes são voluntários e espontâneos, a empresa o deve
formalizá-los ou forçar sua criação, mas apenas remover barreiras e motivar a
participação; a empresa deve respeitar as lideranças e elementos de ligação
(gatekeepers) que surgem nesses grupos ou comunidades, escolhidos não por
sua posição na hierarquia formal da empresa, mas sim por suas habilidades
(motivadoras e inovadoras) de condução do trabalho do grupo; a empresa
deve respeitar e valorizar os termos e linguagens comuns que esses grupos
adotam e proteger os canais de comunicação (físicos e virtuais) e as
oportunidades para o compartilhamento de experiências criado por esses
grupos.
55
Marteleto (2001) associa a idéia da existência de gatekeepers, considerarndo a
posição de um indivíduo em relação aos outros, levando em consideração o número de
elos estabelecidos, utilizando-se do conceito de centralidade dos atores dentro das
redes. Para a autora:
[...] Calcular a centralidade de um ator significa identificar a posição em que ele
se encontra em relação às trocas e à comunicação na rede. Embora não se
trate de uma posição fixa, hierarquicamente determinada, a centralidade em
uma rede traz consigo a idéia de poder. Quanto mais central é um indivíduo,
mais bem posicionado ele está em relação às trocas e à comunicação, o que
aumenta seu poder na rede. (MARTELETO, 2001, p. 76)
Castells (2002, p. 65) define como uma das características principais da
sociedade informacional a lógica de sua estrutura básica em redes, o que explicaria a
utilização do conceito sociedade em rede. Aplicando os conceitos do autor às redes
sociais e seus fluxos, com lugares intercambiáveis, alguns exercendo o papel de
coordenadores, interagindo e integrando a rede, enquanto que em outros lugares
existem os nós, com funções estratégicas e responsáveis por uma função chave.
Os autores Silva et al. (2006) realizaram um estudo da rede de co-autoria dos
professores do PPGCI/UFMG, na área da Ciência da Informação, através da Análise
das Redes Sociais (ARS). Através desse tipo de estudo é possível perceber a
ocorrência de trabalhos colaborativos e interdisciplinares, bem como analisar a
produção científica. Pela ARS é possível identificar, segundo os autores, os cogios
invisíveis. Sobre rede de co-autoria, Silva et al. declaram (2006, p. 78) declaram:
Uma rede de co-autoria é uma rede na qual os nós são os professores /
pesquisadores, e há conexão entre eles sempre que partilham a autoria de um
artigo. A visualização da rede, na forma de grafos, é considerada, pelos
autores da área, mais intuitiva do que a visualização na forma de matrizes,
embora os dados coletados sejam, normalmente, apresentados dessa forma.
56
Muitas pesquisas, segundo Terra (2005), têm mostrado que uma maior
tendência das pessoas compartilharem mais seus conhecimentos na medida em que
mantêm uma relação de confiança entre elas e a organização a que estão ligadas.
Portanto, se o conhecimento for considerado como um bem intangível, mas de
grande valor, as trocas promovidas pelo compartilhamento só se darão se houver uma
cultura de compartilhamento. Essa cultura organizacional deve pautar-se pela ética e
proporcionar recompensas.
Terra (2005, p. 127) assim define os parâmetros onde isto deve ocorrer.
No contexto da gestão do conhecimento, confiança entre as pessoas tem a ver
com as seguintes evidências: confiança na competência do trabalho dos
colegas, confiança no sentido de que as pessoas não escondem ou sonegam
informação, confiança de que prevalecem atitudes de crítica construtiva,
confiança de que desentendimentos são tratados de forma transparente e
profissional.
O compartilhamento de informações e conhecimentos entre pesquisadores
ocorre em diferentes âmbitos e fases de seus estudos. Assim, muitos são os ambientes
em que as trocas de conhecimentos tácitos ocorrem: desde eventos como conferências,
seminários e congressos como em conversas informais, face a face com seus pares ou
através dos chamados colégios invisíveis. Segundo Meadows (1999) os cientistas
mais eminentes tendem a ser focos importantes de intercâmbio informal de informação,
tanto quanto do intercâmbio formal.
Os próprios cientistas eminentes favorecem principalmente os contatos com
outros cientistas eminentes em seus respectivos campos. No mundo
acadêmico, a maioria desses últimos pertencerá a outras instituições
educacionais de nível superior do próprio país e do exterior. O quadro de
comunicação informal que isso sugere é essencialmente hierárquico, com os
papéis de destaque sendo assumidos por grupos de pessoas experientes e
conhecidas em cada especialidade. (MEADOWS, 1999, p. 141)
57
Meadows acrescenta que esses grupos podem receber várias denominações
como colégios invisíveis ou, ainda, círculos sociais que estariam ligados a comunicação
informal seja entre indivíduos ou entre indivíduos e grupos de pesquisa.
Costumeiramente chamados de pessoas-chave ou gatekeepers, aqueles mais
procurados por outros pesquisadores a procura de informações, esses pesquisadores
mostram ser também os mais ativos nesse tipo de comunicação como tamm os mais
produtivos. Segundo Meadows (1999) os vínculos entre os participantes de um colégio
invisível teriam a composição de uma rede interconectada para melhor transferência de
informações.
Para Tomaél, Alcará e Chiara (2005a, p. 94) muitos autores consideram que o
conhecimento precisa ser transformado, trabalhado e desenvolvido nas organizações.
As autoras consideram como maior desafio da Era da Informação a criação de
organizações com capacidade de compartilhar o conhecimento. Partindo desse
enfoque, as redes passariam a ganhar mais valor promovendo um compartilhamento
mais proveitoso simultaneamente a contribuiriam para o aprimoramento dos ativos
organizacionais.
Entre os argumentos apresentados por Terra (2005) para o compartilhamento
como forma de mudar os modelos mentais em vigência na maior parte das
organizações, destacam-se:
[...] os desafios empresariais atuais requerem pessoas capazes de articular
várias redes de relacionamento. Redes de relacionamento são, por sua vez,
forjadas em grande medida a partir de um esforço contínuo de
compartilhamento de conhecimentos e experiências. O compartilhamento
freqüente de conhecimento leva à notoriedade e a notoriedade é um ativo
intangível pessoal extremamente importante em um contexto no qual a
evolução pessoal e profissional está crescentemente associada à oportunidade
de atuação em projetos interessantes. (TERRA,2005, p. 129)
58
Muitas são as barreiras apontadas para a plena realização da comunicação oral.
Conforme Meadows (1999), de forma decrescente em relação à importância essas
barreiras são: desconfiança geral, distância física dos colegas, rivalidade profissional,
relações sociais ruins, estrutura hierárquica, entre outras, e que podem refletir em
disputas dentro dos grupos de pesquisa.
As razões apresentadas podem levar a várias interpretações sobre a motivação,
ou não, para o compartilhamento de informações e conhecimentos entre
pesquisadores. Dessa forma, o estudo do comportamento de grupos de pesquisadores
possibilita verificar qual tipo de comunicação é priorizado por determinados indivíduos,
bem como a freqüência em que ocorre o compartilhamento de
informação/conhecimento e se a comunicação informal se faz com indivíduos/grupos
institucionais e/ou externos.
É possível perceber tamm, segundo Meadows (1999, p. 145), se há
especificidades em determinadas áreas do conhecimento quanto ao tipo de estrutura
necessária para a comunicação intra e inter grupos de cientistas.
Uma forma comum de investigar a comunicação dentro de um grupo ou
organização consiste em examinar quem consulta quem quando se defronta
com a necessidade de informação. Essa investigação normalmente leva à
identificação de um número limitado de pessoas que são particularmente ativas
como focos de informação. (MEADOWS, 1999, p. 145)
A partir desse tipo de estudo poderão ser detectados, nos grupos de pesquisa e
instituições, tanto os mencionados gatekeepers quanto os pesquisadores isolados, de
forma voluntária ou involuntariamente, o que interferirá sobremaneira na comunicação
informal.
59
Dessa forma, o diagnóstico das interações capazes de promover a produção e
compartilhamento do conhecimento tácito, proporciona o mapeamento das dinâmicas
existentes na organização e o seu aprimoramento, buscando remover obstáculos e
estimular as trocas. Do mesmo modo, a constatação da existência de redes informais,
intra e inter organização permite o estudo de aspectos subjacentes às práticas dos
atores envolvidos no desenrolar de seus trabalhos.
2.2.2 Fatores facilitadores e dificultadores na gestão do conhecimento
Davenport e Prusak (1998) apontam alguns atritos que podem surgir quando do
compartilhamento de conhecimento como também algumas possíveis soluções. Os
atritos mais comuns como também as formas de superá-los estão indicados, Quadro 2.
60
Atrito Soluções possíveis
Falta de confiança mútua
Construir relacionamentos e confiança
mútua através de reuniões face a face
Diferentes culturas, vocabulários
e quadros de referência
Estabelecer um consenso através de
educação, discussão, publicações, trabalho
em equipe e rodízio de funções
Falta de tempo e de locais de
encontro; idéia estreita de
trabalho produtivo
Criar tempo e locais para transferência do
conhecimento como: feiras, salas de bate-
papo, relatos de conferências
Status e recompensas vão para
os possuidores do conhecimento
Avaliar o desempenho e oferecer incentivos
baseados no compartilhamento
Falta de capacidade de absorção
pelos recipientes
Educar funcionários para a flexibilidade;
propiciar tempo para aprendizado; basear
as contratações na abertura a idéias
Crença de que o conhecimento é
prerrogativa de determinados
grupos, síndrome do não
inventado aqui
Estimular a aproximação não hierárquica do
conhecimento; a qualidade das idéias é
mais importante que o cargo da fonte
Intolerância com erros ou
necessidade de ajuda
Aceitar e recompensar erros criativos e
colaboração; não perda de status por
não se saber tudo
Quadro 2 Os atritos mais comuns e formas de superá-los
Fonte: DAVENPORT; PRUSAK (1998)
Tais atritos podem servir como parâmetros para questionamentos a respeito de
possíveis obstáculos pessoais e conjunturais aos pesquisadores assim como apontar
soluções institucionais plausíveis para os problemas detectados.
Stollenwerk (2001a) aponta como fatores facilitadores da gestão do
conhecimento, a liderança, a cultura organizacional, a medição, a avaliação e a
tecnologia de informação. Para a autora, sem ter o aval da alta administração a eficácia
da gestão do conhecimento e de seu compartilhamento ficam prejudicados, tendo
61
também grande contribuição para isto a cultura organizacional. Outro fator facilitador
seria a medição e a avaliação.
Nesse sentido, devem ser medidos e acompanhados o desempenho, o
comportamento e as atitudes, para poder efetuar-se o devido reconhecimento
e a recompensa dos colaboradores. Bons métodos de medição e
acompanhamento permitem melhor foco nas ações, facilitam o atingimento de
metas e permitem definição de padrões. (STOLLENWERK, 2001a, p. 156)
A tecnologia de informação é apontada pela autora como sendo de grande
importância quanto a disponibilização e o compartilhamento de conhecimento em larga
escala, em diversos formatos e em qualquer tempo. As tecnologias serviriam como
suporte à gestão do conhecimento e ao compartilhamento em especial.
Oliveira, Fleury e Child (2001, p. 303), ao analisarem organizações, apontam
quatro pontos críticos na rede corporativa, tanto para a aprendizagem como para o
compartilhamento do conhecimento e que os tornam uma competência essencial, a
saber: conhecimento como estratégia vantagem competitiva; atores focalizadores
pessoas-chave; troca de know-how (conhecimento tácito); fluxos de informações
troca.
Oliveira, Fleury e Child (2001, p. 303) destacam que os participantes-chave são
aqueles que consolidam a informação e agem como o ponto de transmissão principal
para outros nós e veis da rede. Além disso, para Oliveira, Fleury e Child (2001, p.
296) [...] os problemas estratégicos estão relacionados principalmente a transferência,
compartilhamento e proteção do conhecimento. O que imprime ao compartilhamento
do conhecimento uma dimensão crescente, sobretudo se considerarmos o locus onde
isto ocorre uma instituição de ensino superior.
62
Já o método dos fatores críticos de sucesso, citado por Stollenwerk (2001b), é
voltado para a formulação de estratégias com vistas a organizações que atuam em
ambientes que sofrem transformações profundas. Para Stollenwerk, o método dos
fatores críticos de sucesso tem por objetivo geral
[] identificar as características, condições ou variáveis que deverão ser
devidamente monitoradas e gerenciadas pela organização para que ela fique
bem posicionada em seu ambiente de competição. Esse método tem sido
aplicado nas organizações, basicamente como: ... o primeiro passo para o
mapeamento das características exclusivas de uma organização; [...].
(STOLLENWERK, 2001b, p. 194)
Atualmente, a identificação dos Fatores Críticos de Sucesso (FCS) de acordo
com Stollenwerk (2001b) tem integrado o planejamento estratégico de sistemas de
informação tanto à missão, quanto as opções estratégicas e os objetivos empresariais,
sendo o seu suporte. Esses possibilitarão a identificação dos problemas como as
necessidades de informação, propriamente ditas.
Como decorrências do compartilhamento do conhecimento interno podem ser
apontados diversos resultados, de acordo com a literatura da área, desde o
mapeamento do conhecimento, que permite localizar quem produz determinado tipo de
conhecimento, até a construção de repositórios de conhecimento, que possibilitam
através do conhecimento explicitado a sua reutilização.
Nesse sentido, adequou-se o conceito de Grotto (2005) no qual compartilhar
conhecimento é o processo de partilhar tanto o conhecimento tácito como o explícito,
seja por meio de práticas formais e/ou informais. Assim, o compartilhamento do know-
how (conhecimento) e do know-what (informação) fazem parte desse ciclo
organizacional em que, à semelhança dos modos de conversão do conhecimento de
Nonaka e Takeuchi (1997), o conhecimento transforma-se e sofre interferência de seus
63
atores. Se aplicada tal teoria a uma instituição de ensino superior, pode-se referir aos
docentes e discentes, bem como à sua estrutura organizacional como um todo, com a
intermediação de tecnologias de informação e comunicação.
Grotto (2005) aponta as duas formas de compartilhamento como válidas,
destacando que o compartilhamento formal vai muito além do que ocorre em reuniões
ou através de documentos escritos, manuais, como a utilização de outras práticas como
palestras e audiovisuais. A autora enfatiza o método de compartilhamento pela
imitação, feito pelo profissional júnior, junto ao profissional mais antigo, através da
observação. Mas, para que isso ocorra, Davenport e Prusak (1998) estabelecem uma
condição: [...] a existência de uma linguagem comum é essencial para a transferência
produtiva do conhecimento.
A utilização de tecnologias de informação como ferramentas na gestão do
conhecimento é importante componente de análise. Teixeira Filho (2000) cita a
pesquisa sobre implantação da gestão do conhecimento em empresas européias,
publicada pela revista Information strategy on line (www.infor-strategy.com), ligada à
conceituada The Economist, que traz algumas informações sobre o uso de tecnologias
de informação no âmbito da gestão do conhecimento.
Ainda, segundo a mesma pesquisa, Teixeira Filho declara:
[...] os aspectos principais da Gestão do Conhecimento, na visão dos
executivos europeus entrevistados, são: compartilhar o conhecimento
internamente atualizá-lo, processá-lo e aplicá-lo para algum benefício
organizacional, encontrar o conhecimento internamente, adquiri-lo
externamente e reutilizá-lo; criar novos conhecimentos e compartilhá-los com a
comunidade externa à empresa. (TEIXEIRA FILHO, 2000, p. 105)
64
Sobre o uso de tecnologias de informação Stollenwerk (2001a, p. 158) afirma:
Na prática, a maioria dos casos de projetos de gestão do conhecimento
reportados na literatura especializada descreve o uso das seguintes
ferramentas de TI: mapeamento do conhecimento (knowledge mapping);
bancos de dados relacionais; Data Mining; Data Warehousing; ferramentas
automatizadas de busca, as quais permitem a otimização do tempo de busca
de informação sobre um determinado tema dentro de um determinado
repositório de conhecimento ou de informação.
A propósito desse tipo de ferramenta complementa:
Taís ferramentas podem ser usadas em bancos de dados internos da
organização e repositórios externos (bancos de dados específicos e Internet); e
ferramentas de colaboração e de compartilhamento de conhecimento que
incluem videoconferências, workgroups, newsgroups, grupos virtuais de
discussão, correio eletrônico, etc. (geralmente em ambiente Lótus Notes),
Intranet e Internet. (STOLLENWERK, 2001a, p. 159)
Teixeira Filho (2000, p. 105), considera estratégica a função que as ferramentas
de TI exercem uma vez que elas, entre outras coisas, tornam mais fáceis o
compartilhamento de problemas, perspectivas, idéias e soluções entre as pessoas
envolvidas.
O autor afirma que as tecnologias de informação na gestão do conhecimento
devem ser encaradas como ferramentas que possibilitem o contato entre os
profissionais, devendo dar suporte a troca de experiências e o trabalho em conjunto,
como também ter a finalidade de mapear e acompanhar a participação dos atores.
Ressalta, no entanto, que essas ferramentas devem ser fáceis e flexíveis de serem
usadas, tornando mais autônomo seu usuário.
65
3 CONTEXTUALIZAÇÃO DA PESQUISA
A abordagem sobre a estrutura dos programas de pós-graduação relacionados à
pesquisa científica levou a busca pela fundamentação de conceitos e da
contextualização de onde ocorre o processo de construção e comunicação científica
institucionalmente. Assim, tornou-se necessário compreender a estrutura desses
programas que estão inseridos nas grandes áreas de conhecimento e em linhas de
pesquisa a que os grupos de pesquisa estão submetidos.
Conforme Borges-Andrade (2003), a Resolução do Conselho Federal de
Educação nº. 05, de 10/03/83, fixa as normas de funcionamento e credenciamento dos
cursos de pós-graduação stricto sensu, o Artigo 4º dessa Resolução estabelece que:
A implantação de um curso de pós-graduação dever ser precedida da
existência de condições propícias à atividade criadora e de pesquisa, aliando-
se disponibilidade de recursos materiais e financeiros às condições adequadas
de qualificação e dedicação do corpo docente nas áreas ou linhas de pesquisa
envolvidas no curso. (BORGES-ANDRADE, 2003, p. 158)
O Artigo 6º, dessa mesma Resolução determina que o pedido de credenciamento
de curso de pós-graduação deve ser acompanhado de relatório resumido do programa,
constando dados como
[...]relação dos docentes responsáveis pela orientação de dissertações, teses
ou trabalhos equivalentes, cuja qualificação será comprovada pela formação
acadêmica, com a titulação correspondente, e pela produção científica ou
atividade criadora, devendo ser explicitadas as linhas de pesquisa em que atua
cada orientador. (BORGES-ANDRADE, 2003, p. 158)
Os programas de pós-graduação são submetidos a avaliações periódicas feitas
pela CAPES, sendo esse sistema de avaliação implantado em 1976. A avaliação ocorre
em momentos distintos e abrange dois tipos de processos: a avaliação dos Programas
de Pós-Graduação e a avaliação das Propostas de Cursos Novos de Pós-Graduação,
sendo realizado por comissões de consultores.
66
Assim, a avaliação da produtividade em pesquisa dos docentes torna-se
indispensável na pós-graduação, seja em programas de mestrado ou doutorado. Essas
avaliações periódicas, feitas através do instrumento de Coleta CAPES, tornam-se um
instrumento determinante do estado da arte em determinado programa de pós-
graduação.
De acordo com informações contidas na página web da CAPES o aplicativo
Coleta de Dados CAPES é um [...] sistema informatizado desenvolvido com o objetivo
de coletar informações dos cursos de mestrado, doutorado e mestrado profissional
integrantes do Sistema Nacional de Pós-Graduação. Com esses dados é possível
produzir anualmente relatórios de produção dos docentes ligados aos programas com
vistas a avaliação, atribuição de conceito e posterior manutenção como programa
reconhecido.
Os documentos de área o relatórios elaborados por comissões instituídas pela
CAPES com o intuito de serem determinadas diretrizes nacionais para os programas de
pós-graduação, específicas para cada área do conhecimento. As comissões são
constituídas por docentes de diversas universidades/instituições de ensino superior,
têm inserção acadêmica nas diversas áreas a serem avaliadas. Essas avaliações dizem
respeito, principalmente, a produtividade dos docentes dos programas, bem como as
condições necessárias para a viabilização dos mesmos. São apresentadas
recomendações e orientações a serem seguidas pelos programas de pós-graduação.
Outros índices importantes também podem ser mensurados a partir desses
documentos de área, como: a participação de discentes de graduação e pós-graduação
em projetos de pesquisa e na publicação de produtos bibliográficos; o número de
orientações feitas por docentes na graduação e na pós-graduação; indicadores de
67
atualização da formação como programas de pós-doutorado, visitas de intercâmbio,
participação em eventos; a participação dos docentes em grupos certificados de
pesquisa, em programas ou projetos especiais, em projetos de pesquisas que envolvem
redes de pesquisadores nacionais e/ou internacionais; captação pelos docentes de
recursos públicos ou privados; etc.
Os veículos utilizados pelos programas de pós-graduação para a divulgação da
produção intelectual de seus docentes e alunos são classificados pelo programa
QUALIS.
O QUALIS foi idealizado pela CAPES com a finalidade de [...] atender as
necessidades específicas do sistema de avaliação e baseia-se nas informações
fornecidas pelos programas e pelo Coleta de Dados, (www.capes.br). Assim, os
periódicos o classificados, também por consultores, que levam em consideração a
lista das publicações dos programas de pós-graduação feitas no ano anterior e avaliam,
adequando o conceito das publicações já classificadas, atribuindo classificação àquelas
que não possuíam.
De acordo com o Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq, o papel dos grupos
de pesquisa é ser [...] um conjunto de indivíduos organizados hierarquicamente em
torno de uma ou, eventualmente, duas lideranças. Destaca-se entre suas
características a de que o trabalho dos integrantes desses grupos se organizaria em
torno de linhas de pesquisa comuns, além de haver um [...] envolvimento profissional e
permanente com atividade de pesquisa. Os grupos de pesquisa são constituídos de
pesquisadores, estudantes e/ou pessoal de apoio técnico.
Borges-Andrade (2003, p. 164) define uma linha de pesquisa, utilizando-se da
figura de um traço imaginário o qual:
68
determina o rumo, ou o que será investigado num dado contexto ou realidade;
limita as fronteiras do campo específico do conhecimento em que deverá ser
inserido o estudo; oferece orientação teórica aos que farão a busca; e
estabelece os procedimentos que serão considerados adequados nesse
processo.
A disponibilização de recursos informacionais em instituições como a CAPES e o
CNPq, como os documentos de área, o diretório de grupos de pesquisa e currículos
lattes de pesquisadores, respectivamente, possibilitou um maior entendimento das
variáveis e conceitos básicos que compõem esse cenário de produção e comunicação
científica.
3.1 Descrição dos Grupos de Pesquisa
A preocupação com a formação e produção dos grupos de pesquisa na UDESC
vem desde 2004, quando ocorreu o I Encontro de Grupos de Pesquisa, com segunda
edição em 2005. O fórum foi criado com o intuito de socializar as atividades dos grupos
e como locus para troca do conhecimento gerado internamente.
Os dezesseis grupos de pesquisa do Centro de Ciências Humanas e da
Educação FAED/UDESC seus distribuem-se em quatro áreas de conhecimento, a
saber: história, geografia, educação e biblioteconomia. Oito grupos 50 % - atuam na
área de educação; 12,5 % na geografia; 31,25 % na história e 6,25 % na área de
biblioteconomia. Dez grupos possuem dupla liderança, e dois professores são líderes,
simultaneamente, em dois grupos. Registre-se que 69 % dos grupos foram criados a
partir de 2000, sendo que o mais antigo deles é o grupo de Multiculturalismo: história,
educação e populações de origem africana, datado de 1995.
69
De acordo com a Resolução nº 004/2007, do Conselho Universitário, que dispõe
sobre o Programa de Apoio à Pesquisa, a UDESC passou a regular o funcionamento
dos grupos de pesquisa existentes e a serem criados no âmbito da Universidade.
Dentre as condições para existência dos grupo de pesquisa estão as seguintes:
[...] estar cadastrado no diretório de grupos de pesquisa do CNPq; o líder do
grupo deverá possuir a titulação de doutorado; o grupo deve ser constituído
por, no mínimo, dois e, no máximo, dez professores; os professores, técnicos e
alunos não poderão participar em mais de dois grupos institucional; dois
grupos não poderão compartilhar mais do que uma linha de pesquisa ou mais
do que 50% de seus professores pesquisadores; as linhas de pesquisa,
limitadas a duas por grupo, deverão estar vinculadas aos projetos pedagógicos
dos cursos de graduação e/ou linhas de pesquisa de cursos de pós-graduação
stricto sensu da UDESC, com relevante e evidente impacto institucional.
(RESOLUÇÃO Nº 004/2007 CONSUNI)
Como objetivo geral dessa Resolução destaca-se o intuito de consolidar a
pesquisa e de criar uma política institucional para os grupos de pesquisa, além do
propósito de nucleão de novos programas de pós-graduação stricto sensu. Em seu
artigo 3º, parágrafo III, a resolução busca estimular pesquisadores produtivos a
envolverem outros professores, técnicos e alunos nos grupos de pesquisa
institucionais.
Nesse cenário, o Edital do Programa de apoio à Pesquisa - PAP nº 01/2007,
ratificou os objetivos dessa Resolução, pois destinava-se a apoiar financeiramente
projetos de grupos de pesquisa emergentes ou consolidados. Do valor dos recursos
financeiros alocados para essa edição, de acordo com o artigo da Resolução
004/2007 CONSUNI, 17,30% foram destinados a grupos da FAED que submeteram
propostas ao referido edital. As propostas da FAED representaram 19,23 % do
montante de grupos que se inscreveram da UDESC, totalizando cinqüenta e dois
grupos, dos sete Centros que foram habilitados à concorrência.
70
De acordo com as solicitações, e atendendo às exigências do Edital PAP
01/2007, dez grupos da FAED foram contemplados ao mesmo tempo em que foram
categorizados pela Instituição, de acordo com o artigo da resolução 004/2007 do
CONSUNI, nas seguintes categorias: em agrupamento, em estruturação ou estruturado
(Quadro 3).
Líder Nome do Grupo Estratificação Valor em R$
Ademilde
Silveira Sartori
Educação, Comunicação e
Tecnologia
EM ESTRUTURAÇÃO 8.743,16
Elisa Maria
Quartieiro
Comunicação e Processos de
Ensino e de
Aprendizagem E
EM AGRUPAMENTO 7.650,27
Francisco
Henrique de
Oliveira
Natureza e Sociedade: autonomia
e relação
EM ESTRUTURAÇÃO 32.786,85
Luiz Felipe
Falcão
Memória e Identidade
EM ESTRUTURAÇÃO
13.114,74
Marcia Ramos
de Oliveira
Linguagens e Representação
EM AGRUPAMENTO
7.650,27
Maria de Jesus
Nascimento
GPINFO - Grupo de Pesquisa em
Informação
EM AGRUPAMENTO
4.371,58
Maria Teresa
Santos Cunha
Sociedade, Memória e Educação
EM AGRUPAMENTO
9.836,06
Marlene de
Faveri
Relações de Gênero e Família
EM AGRUPAMENTO
10.928,95
Martha Kaschny
Borges
Educação a Distância
ESTRUTURADO
6.557,37
Sônia Maria
Martins de Melo
Formação de Educadores e
educação sexual
EM AGRUPAMENTO
2.185,79
TOTAL 103.825,04
Quadro 3 - Relação dos grupos de pesquisa agraciados com PAP 2008
Fonte: Adaptação da listagem emitida pela Universidade do Estado de Santa
Catarina referente a resultado de Edital PAP publicado em 17/12/2007.
71
Dos grupos de pesquisa existentes na FAED/UDESC, 62,5% participaram do
Edital referido em busca de recursos internos para sanar despesas oriundas da
realiação de seus projetos de pesquisa.
O desenvolvimento de pesquisas institucionais ocorre com a subvenção de
agências de fomento que, através da publicação de editais e chamadas públicas,
patrocinam a investigação científica. Assim as instituições captam recursos externos em
órgãos de fomento como: CNPq, CAPES, FINEP, FAPESC.
Segundo a página web do Banco Central do Brasil, as agências de fomento têm
entre suas atribuições a concessão de financiamento de capital fixo e de giro, de médio
e longo prazo, associado a projetos na Unidade da Federação onde tenham sede, além
de captação de recursos para repasse, entre outros.
O CNPq destaca-se no apoio a projetos de pesquisa quer através de chamadas
públicas ou por meio de editais públicos. Esses projetos são financiados com recursos
dos Ministérios ou de outros fundos setoriais ou com fundos do próprio CNPq. Uma das
formas de apoio dado pela Instituição é o auxílio à pesquisa, através de subsídio a
publicações científicas, apoio à capacitação de pesquisadores bem como através da
concessão de bolsas aos alunos do ensino médio, graduação, pós-graduação, recém
doutores e pesquisadores já experientes.
Já a CAPES é uma agência ligada a pesquisa e a formação de acadêmicos do
país. Está voltada à concessão de bolsas de pós-graduação stricto sensu (mestrado,
doutorado e pós-doutorado) preferencialmente para brasileiros.
72
A FINEP, vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, é incumbida do
fomento e do financiamento das atividades de pesquisa e de desenvolvimento no
âmbito das empresas e das entidades de Ciência e Tecnologia.
A FAPESC é um órgão do Governo do Estado de Santa Catarina que apóia
projetos de pesquisa científica ou tecnológica e que objetiva o atendimento de
solicitações de apoio às atividades técnico-científicas inerentes aos projetos de
pesquisas científicas e tecnológicas selecionados por suas chamadas públicas.
Além disso, a própria Universidade do Estado de Santa Catarina financia alguns
projetos de pesquisa através de seus editais como o PROBIC e mais atualmente o
PAP.
Um dos parâmetros para medir a produção científica nas universidades é a
quantidade de Grupos de Pesquisa cadastrados no CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e a qualidade dos mesmos, que pode ser
verificada por meio de sua consistência no que se refere a titulação de seus membros,
sua produção científica e o foco de suas pesquisas. Isto repercute diretamente no
aporte de financiamento bem como na espécie/tipo de recurso oriundo das diversas
agências de fomento.
O Diretório dos Grupos de Pesquisa foi criado pelo CNPq em 1992, podendo ser
definido como uma Base de Dados com informações sobre os Grupos de Pesquisa
existentes no Brasil e que realiza levantamentos censitários proporcionando vinculação
direta com os currículos dos pesquisadores, técnicos, estudantes e bolsistas. Esse
diretório tem como finalidades principais: intercâmbio e troca de informações; subsidiar
73
ações de planejamento e gestão das atividades de C & T; preservação da memória da
atividade científico-tecnológica do País (www.cnpq.br).
O Diretório dos Grupos de Pesquisa proporciona dois tipos de acesso: site de
coleta/atualização, destinado aos atores diretamente envolvidos ou participantes; site
de busca, com interface de busca de informações sobre os grupos, seus líderes ou
outro tipo de participante.
Os Grupos de Pesquisa proporcionam um espaço de intercâmbio entre pares
com campos de pesquisa afins apresentando-se como nichos onde os pesquisadores
compartilham informações e conhecimento, bem como podem possibilitar a construção
do conhecimento.
Para Meadows (1999), apesar de haver interação entre os integrantes dos
grupos de pesquisa, existe uma capacidade máxima de trocas e contatos de
informações de forma regular. Outros comportamentos recorrentes em grupos de
pesquisa foram apontados pelo autor, como a presença de pesquisadores mais
procurados quando surge a necessidade de informação, e os gatekeepers ou, ainda, os
chamados pesquisadores que se encontram isolados e que raramente ou nunca são
procurados, tornado-se elementos isolados.
Sobre a dinâmica das redes de comunicação dentro dos grupos de pesquisa
Meadows declara:
[...] dentro de um grupo de pesquisa é diferente. Normalmente ela tem a forma
de estrela, em que o líder do grupo é o principal fornecedor de informações, ou
a forma de árvore, em que o líder ocupa o lugar mais alto. Essa é a forma mais
eficiente de divulgação de informações, porém os membros do grupo (exceto o
líder) normalmente se sentem menos felizes com esse tipo de transferência de
informação do que com uma rede mais densamente conectada. (MEADOWS,
1999, p. 43)
74
Castells (1999, p. 232) aborda a sociedade em rede destacando duas
características que considera relevantes para o desempenho de uma determinada rede,
no caso o Grupo de Pesquisa: a conectividade entre seus membros, ou seja, a
comunicação sem ruídos e a coerência, já que seus membros devem ter interesses a
serem compartilhados entre seus objetivos. Além disso, aponta um relacionamento que
oscila entre a dependência e a autonomia de seus componentes em relação à rede que
se estabelece.
75
4. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de natureza exploratória, descritiva, qualitativa e
quantitativa, do tipo estudo de caso, feito com os pesquisadores e líderes dos grupos
de pesquisa do Centro de Ciências Humanas e da Educação da UDESC, abordando a
ocorrência de compartilhamento do conhecimento científico durante as pesquisas
científicas na Instituição.
A escolha na forma de intervenção junto ao universo entrevistado foi a entrevista
semi-estruturada em função de promover uma maior liberdade de expressão ao
entrevistado. A entrevista semi-estruturada cria um maior interesse, de acordo com Uwe
(2004, p. 89)
Tal interesse está vinculado à expectativa de que é mais provável que os
pontos de vista dos sujeitos entrevistados sejam expressos em uma situação
de entrevista padronizada com planejamento relativamente aberto do que em
entrevista padronizada ou em um questionário.
Para este estudo tornou-se necessário identificar os atores pesquisados na
instituição bem como algumas dimensões dos ativos institucionais, como os recursos
disponíveis e a estrutura organizacional. Para compreender as práticas de
compartilhamento fez-se necessário conhecer os fatores facilitadores e dificultadores,
na perspectiva da Gestão do Conhecimento, foram analisadas as três dimensões,
apontadas por Angeloni (2005): infra-estrutura organizacional, pessoal e tecnologia
TI.
No âmbito deste trabalho foram considerados como universo pesquisado 18
docentes pesquisadores e, ao mesmo tempo, líderes de grupos de pesquisa, suas
práticas e competências internas, a rede de relacionamentos, além do conhecimento
desenvolvido propriamente dito. Partindo desse modelo ecológico, segundo Davenport
76
e Abrão (2003), são considerados aspectos da estrutura interna e do ambiente externo
que interferem no pleno desenvolvimento das competências do capital humano como
institucionais, tem-se um diagnóstico dos pontos fortes e dos pontos críticos do
processo de gestão do conhecimento da instituição.
O método utilizado neste estudo apóia-se como fontes de pesquisa para
compreender o compartilhamento do conhecimento científico produzido
institucionalmente em três pilares, a seguir descritos.
O primeiro deles refere-se à escolha do público alvo a ser pesquisado - os
líderes dos grupos de pesquisa do Centro de Ciências Humanas e da Educação
FAED/UDESC, conforme Quadro 4.
77
GRUPO LIDER(ES) LINHAS DE PESQUISA
1. Comunicação e
Processos de Ensino e
de Aprendizagem
Elisa Maria Quartiero
Educação e comunicação
Trabalho, educação e tecnologia
2. Educação, arte e
Inclusão
Maria Cristina da Rosa
Geovana Mendonça
Lunardi Mendes
Currículo e inclusão
Ensino de arte e inclusão
3. Educação a Distância
Martha Kaschny Borges Educação, Comunicação e
Tecnologia
4. Educação, Comunicação
e Tecnologia
Ademilde Silveira Sartori
Alba Regina Battisti de
Souza
Educação, Comunicação e
Tecnologia
Educação, Teoria e Prática
Pedagógica
5. Formação de
Educadores e educação
sexual
Sonia Maria Martins de
Melo
Formação de educadores e
educação sexual e novas tecnologias
Educação, comunicação e
tecnologias
6. GPINFO - Grupo de
Pesquisa em Informação
Maria de Jesus
Nascimento
Informação: Organização,
Gestão e Novas Tecnologias
7. Instituições
Educacionais: Gestão e
Avaliação
Antônio Elízio Pazeto
Jarbas José Cardoso
Educação, Cultura e Sociedade
8. Instituições, Políticas
Públicas e o Trabalho
Maurício Aurélio dos
Santos
Estado, Políticas Públicas e
Movimentos Sociais
9. Linguagens e
Representação
Márcia Ramos de Oliveira
Maria Teresa Santos
Cunha
Linguagens e Identificações
10. Memória e Identidade
Luiz Felipe Falcão
Reinaldo Lindolfo Lohn
Culturas políticas e sociabilidades
Linguagens e identificações
11. Multiculturalismo:
História, Educação e
Populações de Origem
Africana
Paulino de Jesus
Francisco Cardoso
Culturas políticas e sociabilidades
12. Natureza e Sociedade:
autonomia e relação
Francisco Henrique de
Oliveira
Isa de Oliveira Rocha
Análise e Gestão Ambiental
Planejamento Territorial e
Desenvolvimento Urbano, Econômico
e espacial
13. O Desenvolvimento da
criança no processo de
alfabetização nas séries
iniciais
Gersolina Antonia de
Avelar Lamy
Educação, Teoria e Prática
Pedagógicas
Formação de educadores e
práticas pedagógicas
14. Relações de Gênero e
Família
Marlene de Fáveri
Silvia Maria Fávero Arend
Cultura políticas e sociabilidades
Planejamento territorial,
78
desenvolvimento social, econômico e
espacial
15. Sociedade, Memória e
Educação
Maria Teresa Santos
Cunha
Norberto Dallabrida
História, Cultura e Educação
História e Historiografia da
Educação
16. Ensino, Aprendizagem e
Formação de
Educadores
Alba Regina Battisti de
Souza
Lourival José Martins
Filho
Educação, Teoria e Prática
Pedagógica
Quadro 4 - Grupos de Pesquisa FAED/UDESC
Fonte: criação própria, baseado em dados extraídos da plataforma Lattes do
CNPq
Assim, os entrevistados foram os líderes dos grupos de pesquisa do Centro de
Ciências Humanas e da Educação que responderam perguntas do tipo escolha múltipla
e discursiva, o que possibilitou maior liberdade para os depoimentos (Apêndice A).
Os entrevistados foram considerados nesse estudo como pesquisadores
referenciais e que, serviriam como amostragem dos demais integrantes dos grupos da
Instituição que, segundo o próprio CNPq, primam por uma hierarquia baseada tanto na
experiência como na competência técnico-científica.
A existência de uma interface entre os líderes dos grupos de pesquisa e os
programas de pós-graduação do Centro criou a segunda base de sustentação deste
trabalho na medida em que tais pesquisadores submetem-se periodicamente às
diretrizes da CAPES, traduzidas por seus documentos de área (Anexo A), para que
esses programas possam permanecer reconhecidos por esta Instituição.
Fundamentada nessas diretrizes foi feito o instrumento de coleta de dados
realizada a entrevista junto com os líderes dos grupos. A ocorrência de
compartilhamento em eventos científicos em suas várias formas, fatores facilitadores e
dificultadores ocasionais, condições organizacionais da Instituição são alguns dos itens
79
abordados, bem como as diversas formas de compartilhamento do conhecimento
científico.
O terceiro ponto de estudo foram os currículos lattes dos líderes dos grupos de
pesquisa, no período entre 2004 e 2007, disponíveis na plataforma do CNPq, e que
possibilitaram diversas análises quanto a ocorrência de compartilhamento como: tipos
de produções bibliográficas e autoria; tipos de participação em projetos de pesquisa e
produções derivadas; etc.
Assim, dos professores que se encontravam na condição de e líder dos
grupos de pesquisa do Centro de Ciências Humanas e da Educação FAED/UDESC
foram analisadas os seguintes produtos bibliográficos: artigos completos publicados em
periódicos, livros publicados/organizados ou edições, capítulos de livros publicados e
trabalhos completos publicados em anais de congressos.
As condições de ocorrência do compartilhamento do conhecimento institucional
nos grupos de pesquisa, a socialização dos resultados das pesquisas acadêmicas, inter
e intra grupos e o funcionamento da dinâmica de seus participantes são importantes
variáveis deste estudo.
Simultaneamente, como resultado desta interação, a análise da produção
científica quer seja sobre a sua forma quer pelo seu conteúdo, também é um relevante
fator que foi avaliado. A partir da análise da produção científica, com enfoque na
autoria, fontes e canais de comunicação foi possível identificar as tendências dos
trabalhos científicos na Instituição.
Além disso, foi possível traçar as redes de relacionamento entre os Grupos, e
seus componentes, e o setor produtivo e ainda os órgãos de fomento, bem como
80
relacionar as linhas de pesquisa a que estão subordinados, número de pesquisadores
por área, por região e outras combinações possíveis.
81
5 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
O atendimento aos critérios da Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível
Superior (CAPES), no triênio 2004-2006, na área de Educação para os Programas de
Pós-Graduação moveu muitos dos questionamentos feitos aos líderes dos grupos de
pesquisa. A maioria desses grupos, 72,7% por estar atuando em programa de mestrado
da Instituição, sente uma maior necessidade de alcançar parâmetros de excelência
determinados por agências como a CAPES, que desempenha papel fundamental na
expansão e consolidação da pós-graduação stricto sensu (mestrado e doutorado) em
todos os estados da Federação (www.capes.gov.br).
Assim é que, basear os questionamentos e as análises nos parâmetros
estabelecidos pela CAPES para os programas de pós-graduação/mestrado conferiu
maior credibilidade ao trabalho possibilitando tornar-se uma ferramenta capaz de
instrumentalizar a Instituição para tomada de decisões. Essas ações futuras
permitiriam, entre outras finalidades, sanar possíveis defasagens na produção científica
de seus líderes e, por extensão, dos outros participantes dos grupos ou, ainda,
possíveis desvios dos objetivos considerados imprescindíveis à manutenção desses
programas na categoria de reconhecido pela CAPES.
5.1 Compartilhamento na produção bibliográfica dos líderes dos grupos
Dentro do processo de comunicação científica o compartilhamento do
conhecimento científico pode ocorrer das mais variadas formas, desde a sua
concepção, passando ao desenvolvimento, até a disseminação, através da
comunicação aos pares. Nesse contexto, a avaliação da produção dos líderes dos
82
grupos de pesquisa focou quatro produtos bibliográficos em relação ao tipo de autoria
de cada um desses trabalhos. O levantamento e o cruzamento desses dados, extraídos
dos currículos dos docentes incluídos na plataforma lattes do CNPq, possibilitaram
comprovar a situação da produção desses pesquisadores no que tange ao modelo de
autoria preferencial desses autores para cada tipo de produto bibliográfico.
Assim, algumas tendências foram verificadas, como a predominância de autoria
individual nos trabalhos publicados em periódicos e em capítulos de livros no período
entre 2004 e 2007, conforme os Gráficos 1 e 2 a seguir.
PERDICO: TIPO DE AUTORIA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
2004 2005 2006 2007
Trabalho Individual Autoria Múltipla
Gráfico 1 Periódico: tipo de autoria
Packer e Meneghini (2006) enfatizam a certificação dada pelos pares nas
publicações em periódicos. Para eles
Ao publicar em um periódico os resultados de uma pesquisa original, os
autores buscam que seu artigo seja revisado, credenciado, lido e citado pelos
pares. Quanto maior a visibilidade de um periódico, maior o seu potencial de
fazer com que seus artigos sejam acessados, lidos e citados, especialmente no
âmbito da sua disciplina ou área temática. (PACKER e MENEGHINI, 2006, p.
238)
83
Percebe-se que no somatório dos quatro anos analisados 69,83% dos trabalhos
publicados em periódicos foram realizados de forma individual pelo autor. Na mesma
linha, 69,23% dos capítulos de livro também apresentam autoria individual.
CAPITULO DE LIVRO: TIPO DE AUTORIA
0
2
4
6
8
10
12
2004 2005 2006 2007
Trabalho Individual Autoria Múltipla
Gráfico 2 Capítulo de livro: tipo de autoria
Nesse mesmo período, conforme o Gráfico 3, 58,26% dos trabalhos elaborados
com a finalidade de publicação em anais completos de eventos são de autoria múltipla.
84
ANAIS COMPLETOS: TIPO DE AUTORIA
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
2004 2005 2006 2007
Trabalho Individual Autoria Múltipla
Gráfico 3 Anais completos: tipo de autoria
A mesma predisposição é verificada no trabalho do tipo livro em que 85,75%
são trabalhos com autoria múltipla. Isso pode ser verificado no Gráfico 4.
LIVRO: TIPO DE AUTORIA
0
1
2
3
4
5
6
7
2004 2005 2006 2007
Trabalho Individual Autoria Múltipla
Gráfico 4 Livro: tipo de autoria
85
Na comparação entre os tipos de produtos bibliográficos que são objetos do
estudo, percebe-se um crescimento no número de trabalhos do tipo individual entre
2004 e 2007, principalmente em periódicos além de considerável queda nos trabalhos
com autoria múltipla publicados em anais notadamente entre 2006 e 2007.
Apesar disso, os 368 trabalhos totalizados ficaram assim distribuídos: 50,82%
com autoria múltipla e 49,18% autoria individual, o que demonstra um equilíbrio entre
ambos.
Constatou-se que a modalidade de autoria nos produtos bibliográficos esteja
diretamente ligada às pesquisas científicas institucionais. Nesse contexto uma maior
participação de bolsistas de iniciação científica, outros participantes como docentes e
técnicos e mestrandos demonstra ser uma tendência verificada.
Nesse sentido, em função da implantação de programas de mestrado no Centro
de Ciências Humanas e da Educação, constata-se um crescimento das participações,
acima arroladas, nas pesquisas institucionais realizadas entre 2007 e 2008 e nos
projetos de pesquisa a serem realizados entre 2008 e 2009, conforme Gráfico 5.
86
PESQUISAS 2007-2008
0
1
2
3
4
5
6
7
PART EXT
6 1 2 1
BOLS
3 0 0 0 3 2 0 0 0 1 1 0 1 2 1 2 0 2 5 4 5 1
MESTR
2 2 1 1 3 2 1 4 1 1 2 2
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1
0
1
1
1
2
1
3
1
4
1
5
1
6
1
7
1
8
1
9
2
0
2
1
2
2
Gráfico 5 Pesquisas 2007- 2008: tipos de participações por pesquisa
Em números absolutos no primeiro período apontado houve o envolvimento de
22 mestrandos, enquanto que no período imediatamente posterior foi indicada a
participação de 39 mestrandos, notadamente um aumento de 77,27% nesse tipo de
participação. Abaixo, o Gráfico 6 apresenta a participação nos projetos de pesquisa a
serem desenvolvidos entre 2008 e 2009, para fins de comparação.
87
PESQUISAS 2008-2009
0
2
4
6
8
10
PART EXT
1 1 1 2 2
BOLS
2 0 0 3 3 2 0 2 0 2 2 0 1 4 3 3 0 5 9 3 3 2
MESTR
2 0 0 3 2 2 0 2 0 2 2 0 0 7 2 2 0 4 2 3 4
1 2 3 4 5 6 7 8 9
1
0
1
1
1
2
1
3
1
4
1
5
1
6
1
7
1
8
1
9
2
0
2
1
2
2
Gráfico 6 Pesquisas 2008-2009: tipos de participações por pesquisa
Observe-se também a importante e crescente participação de bolsistas de
iniciação científica. Essa participação pode ser atribuída aos editais internos publicados
anualmente pela Instituição com a finalidade de contribuir para a formação de recursos
humanos para a pesquisa (Edital PIC 2008-2009).
5.2 Os dados das entrevistas
Os documentos de área da Educação da CAPES foram norteadores na
elaboração das perguntas feitas por meio da entrevista. Assim, de acordo com a
síntese da avaliação no Quesito I, item 4, são avaliadas as atividades inovadoras e
diferenciadas de formação e gestão. Esse item refere-se a existência de iniciativas de
auto-avaliação bem como aquelas voltadas ao planejamento para desenvolvimento do
88
programa de pós-graduação/mestrado, o que corrobora para que este trabalho
investigativo tenha um cunho significativo quanto a benefícios que posso ensejar.
Os líderes de grupos de pesquisa pesquisados são oriundos das quatro áreas de
conhecimento compreendidas no Centro de Ciências Humanas e da Educação -
educação, história, geografia e biblioteconomia e de seus cursos de graduação.
CURSO
HISTÓRIA
GEOGRAFIA
BIBLIOTECONOMIA
PEDAGOGIA
38,89 % 11,11 % 5,55 % 44,45 % PROFESSORES
PESQUISADOS
07 02 01 08
Quadro 5 Percentual de professores pesquisados por área de atuação
Fonte: criação própria.
Assim, a análise das respostas auxiliou na contextualização dos líderes dos
grupos na medida em que apontaram as áreas de conhecimento abrangidas por suas
pesquisas institucionais, além de mostrar o universo de instituições, autores e
pesquisadores a quem eles se reportam quando da realização dessas mesmas
pesquisas.
Na questão na qual foi perguntado quais são os principais centros de excelência
e/ou de referência na área de conhecimento em que o entrevistado realizava suas
pesquisas, foram indicadas instituições nacionais e estrangeiras, além de entidades,
conforme Quadro 6.
89
Universidade
Brasileira Estrangeira
Entidade/
Evento/Outro
Líder A USP PUCRS UERJ
UNICAMP - UFP
Líder B
Líder C UNICAMP USP UERJ
PUCSP - PUCRS
Líder D
UDESC - UFRGS UFRJ
PUCRJ - PUCPR
Líder E USP UNESP UFSC UFPR
-
Instituições francesas Instituto de
Fotogrametria
(Alemanha)
Líder F PUCSP USP Universidade do Minho
(Portugal)
Sorbone (França)
Fundação Carlos
Chagas
Líder G USP - UFMG ANPED
Líder H USP Instituições francesas
Líder I UFRGS UFBA ANPAE - ANPED
Líder J
Líder K UFRJ UFF USP
UNICAMP - UNESP
Fundação Getúlio
Vargas FUNART
Ministério da Cultura
Petrobrás - Centro
Cultural Banco do
Brasil Itaú Cultural
Líder L UFMG UFPB PUCCAMP IBICT
Líder M USP UFMG UFRGS -
PUCRS
Centro Cultura Escrita
Algália de Henares
(Espanha)
Centro de Pesquisa -
Cultura Escrita e
Cotidiana (Itália)
Líder N UFSC USP UFU - UFRGS
Líder O
Líder P AUF e ANR (França)
Grupos de Pesquisa -
CAPES CNPq
Líder Q
Líder R UNICAMP PUCRJ - UFSC
Líder S UFBA UNEB UFF CEERT GLE 10
90
UNICAMP - USP
Líder T UFRJ UFF USP -
UNICAMP
Líder U USP UNICAMP UFF LÉcole dês Haute
Études em Sciences
Sociales (França)
Harvard (USA)
Líder V
UDESC UNESP - UEL
Quadro 6 Centros de excelência indicados
Fonte: criação própria
Das 10 Instituições e/ou Universidades estrangeiras citadas: 50% eram da
França, os outros 50% distribuiu-se entre Portugal, Alemanha, Espanha, Itália e
Estados Unidos. Destas intui-se que haja, em alguns casos, uma ligação com a
formação do próprio líder seja em seu mestrado, doutorado ou pós-doutorado. A
própria UDESC foi destacada por duas líderes de grupos como centros de excelência
em sua área. Entre as mais citadas como centro de referência em suas áreas de
conhecimento estão: a USP, apontada por nove líderes e a UNICAMP, por sete.
Foram citadas ao todo 20 universidades como centros de referência, sendo que
70% delas são instituições públicas das quais quatro são estaduais e 10 federais.
Na mesma linha de indagação também foi questionado ao entrevistado quem
seriam as pessoas e/ou os atores-chave, também na área de conhecimento em que o
entrevistado realizava suas pesquisas e, ainda quais os pesquisadores que teriam
influência em sua área de conhecimento. Conforme Quadro 7, as indicações ficaram
dessa forma distribuídas:
91
Ator/Pesquisador-chave
Brasileiro/a Estrangeiro/a
Líder A
Jesus Martin Barbero; Vani Moreira
Kenski; Marcos Silva; Alex Primo; Paulo
Freire
Líder B
Líder C
Vera Maria Candau; Menga Ludke;
Selma Garrido Pimenta; José Cláudio
Libanio; Celso Vasconcelos; Maurício
Tasdif; Jimeno Sacristan
Líder D
Gilka Girardelo; Rosa Maria Bueno
Fischer; Lea Fagundes; Nelson Preto;
Vani Moreira Kenski; Tânia Porto;
Marcos Silva; Maria Elisabete de
Almeida; Antonio Zuin
Líder E
Diego Alfonso Erba Jüngen Philips; Carlos Loch
Líder F
José Augusto Brito Pacheco Gimeno Sacristan; Viñao Frago; U.
Murcia; Stephen Ball;
Líder G
Telma Weis; Magda Soares; Ângela
Kleiyman; Roxane Rojo
Emília Ferrero; Piaget; Vygotsky
Líder H
Armen Marmognian; Inácio Rangel;
Milton Santos
Líder I
Beno Sander; Lauro Witthiman; Maria
Beatriz Luci; Maria Estela Dalpan Franco
Vitor Paro; Jamil Cury
Líder J
Líder K
Marcos Francisco Napolitano de
Eugenio; Marta Ulhôa; Elizabete
Travassos; Marieta de Moraes; Ana
Manad; Sandra Jathay Pesavento; José
Geraldo Vince de Moraes
Líder L
Susana Muller; Elias Sans Casado
Líder M
Marta Carvalho; Diana Vidal; Maria
Helena Bastos; Sandra Jathay
Pesavento; Mary Del Priore
Líder N
Joana Maria Pedro; Jacy Alves de
Freitas
Michelle Perrot (França); Joan Scott
(EUA);
Líder O
Líder P
Arnaldo Valente; Nelson Preto; Cecilia
Ramal; Marcos Silva
Manuel Castels; Pierre Levy; Jean Jorge
Baron
Líder Q
Líder R
Ana Almeida; Nadir Zago; Zaia Brandão Pierre Bourdieu; Monique de Saint
Martin; Jean Pierre Fagener (França);
92
Líder S
Sidney Chalhoub; Beatriz Gonçalves da
Silva; Boubaca Bary; Antonio Sérgio
Guimarães; Amauri Mendes Pereira;
Boubacar Bary; Erlikia Mbokolo;
Homilhaha
Líder T
Maria Estela Bressiani; Sandra Jathay
Pesavento; Teresa Caldeira;
Richard Sennett; Roger Chartier
Líder U
Sidney Chalhoub; Michel Foucalt (França); Felipe Áries;
Joan Scott (EUA)
Líder V
Vani Moreira Kenski, Nunes; Figueiró;
Boaventura Souza Santos
Philippe Perrenoud; Maurice Merlau
Ponty (França); Peters; Karl Marx
Quadro 7 Ator ou pesquisador-chave
Fonte: criação própria
Os líderes dos grupos citaram 69 autores nacionais com grande influência em
suas pesquisas e como sendo referência em suas áreas de conhecimento. Ao mesmo
tempo foram indicados 32 autores estrangeiros como sendo autores-chave para suas
pesquisas e áreas onde desenvolvem seus conhecimentos. que se destacar
presença de autores nacionais em relação aos estrangeiros.
5.3 Quanto ao compartilhamento na concepção da pesquisa
A questão que compreende o compartilhamento do conhecimento enquanto
busca por recursos humanos detentores de conhecimento para as pesquisas
científicas, denotou-se uma predominância da busca por docentes do grupo de
pesquisa institucional seguido de perto por aqueles de outras instituições em detrimento
dos pertencentes a mesma instituição e/ou bolsistas ou acadêmicos.
Essa pergunta se insere dentro dos critérios de avaliação da CAPES, no Quesito
II (Corpo docente): item 5, referente a participação dos docentes nas atividades de
ensino e pesquisa na graduação; item 6, participação dos docentes em pesquisa e
desenvolvimento de projetos e quesito III (corpo discente, teses e dissertações), item 3,
93
participação de discentes autores da pós-graduação e da graduação (nesse caso, se a
IES possuir graduação na área) na produção científica do programa.
Há por outro lado uma conotação bastante positiva no sentido de que tal fato
pode levar a uma maior projeção da Instituição externamente ao mesmo tempo em que
se instalam parceiras com outras instituições de ensino superior (Gráfico 7).
Com quem costuma buscar o conhecimento de que
necessita para suas pesquisas?
0
2
4
6
8
10
1º 2º 3º 4º 5º 6º
docentes de seu grupo de pesquisa institucional
docente da instituição independente do grupo de pesquisa
docentes de outras instituições
bolsistas/acadêmicos de área afim
outro
Gráfico 7 Busca por conhecimento
Referente ao comportamento de busca por informação por cientistas Meadows
(1999, p. 141) declara
No mundo acadêmico, a maioria desses últimos (cientistas eminentes)
pertencerá a outras instituições educacionais de nível superior do próprio país
e do exterior. O quadro de comunicação informal que isso sugere é
essencialmente hierárquico, com os papéis de destaque sendo assumidos por
grupos de pessoas experientes e conhecidas em cada especialidade.
94
Muitas são as oportunidades em que ocorrem intercâmbio de informações
referentes a seus trabalhos entre cientistas. Segundo Meadows (1999, p. 141), a
tendência seria a de que cientistas eminentes atuam como focos importantes de
intercâmbio informal de informação, do mesmo modo que no caso do intercâmbio
formal.
Weitzel (2006, p.98) aponta uma peculiaridade no processo de construção e
comunicação científica quanto ao papel do pesquisador, pois este pode exercer, ao
mesmo tempo o papel de produtor, distribuidor e consumidor de informação científica
incorporado às práticas científicas. Assim , para Weitzel (2006, p. 99) o processo
revela
O mesmo cientista que busca informação para sua própria pesquisa está
também construindo e comunicando informação a fim de fomentar os avanços
em sua área a partir do uso, do que ele mesmo produz e do que é produzido
por outros, para obter reconhecimento e prestígio e para garantir a prioridade e
descoberta conforme foi visto anteriormente.
Os pesquisadores entrevistados, na busca por conhecimento para o
desenvolvimento de suas pesquisas, apresentam uma tendência de comportamento
vinculado a outros docentes sejam da próprio grupo ou de outra instituição. Percebe-se
uma valorização do grupo de pesquisa como primeira opção de escolha, e pouca
preferência por bolsistas e/ou discentes.
5.4 Quanto ao compartilhamento no desenvolvimento da pesquisa
Com relação as possíveis etapas onde ocorre o compartilhamento do
conhecimento científico durante as pesquisas científicas desenvolvidas pelos deres,
percebe-se um maior destaque para as opções: na concepção de suas pesquisas/na
95
elaboração do projeto de pesquisa, no desenvolvimento do referencial teórico/da
pesquisa propriamente dita, no decorrer do desenvolvimento da pesquisa, através de
encontros informais/correio eletrônico e no decorrer do desenvolvimento da pesquisa,
durante eventos da área.
Nessa pergunta também se insere o Quesito III, participação de discentes
autores da pós-graduação e da graduação (nesse caso, se a IES possuir graduação na
área) na produção científica do programa.
Tal fato ratifica-se pela análise dos currículos dos líderes, pois houve
participação em anais de eventos com apresentação de 242 trabalhos entre 2004 e
2007, sendo 58,26% com trabalhos de autoria múltipla (141), desses 43,26% realizados
com bolsistas de iniciação científica, 27,66% com docentes de outras instituições e
26,24% autoria conjunta entre líder, bolsista(s) e docente(s).
Essa ocorrência é apresentada no Gráfico 8 abaixo, de acordo com o tipo de
autoria.
TIPO DE AUTORIA EM ANAIS DE EVENTOS
42%
58%
Trabalho individual Autoria Múltipla
Gráfico 8 Tipo de autoria em anais de eventos
A autoria múltipla de trabalho completo apresentado em anais de eventos
caracteriza várias possilibilidades de compartilhamento de conhecimento nas diversas
fases da construção do conhecimento.
96
Com referência ao tipo de autoria, Meadows (1999, p. 109) relaciona diretamente
com a qualidade
De modo menos previsível, a pesquisa em colaboração parece ser mais
amplamente visível (medida, por exemplo, por citações) do que a pesquisa
individual e também tende a ser de melhor qualidade. Os trabalhos mais
citados em determinada disciplina são, com mais freqüência do que seria
previsível, escritos em colaboração, e em geral envolvem os pesquisadores
mais produtivos e eminentes.
Também é possível constatar que muitos são os líderes que promovem
seminários, oficinas, colóquios ou encontros. A partir da análise dos currículos pode-se
constatar que 77,27 % dos líderes promoveram institucionalmente, desde 2004,
eventos que tinham como propósito, entre outros, do compartilhamento dos
conhecimentos produzidos nas diversas pesquisas desenvolvidas.
Assim, quando a pergunta feita aos líderes envolvia em que etapa(s) ele
costumava compartilhar o conhecimento científico desenvolvido durante as suas
pesquisas científicas, várias foram as formas de compartilhamento e a seqüência de
construção do conhecimento em pesquisas científicas. Isto é bem demonstrado pelo
Gráfico 9 a seguir:
97
Em que etapa(s) você costuma compartilhar o
conhecimento cienfico desenvolvido durante as
suas pesquisas científicas?
0
2
4
6
8
1º 2º 3º 4º 5º 6º
na concepção de suas pesquisas/na elaboração do projeto de pesquisa
no desenvolvimento do referencial teórico/da pesquisa propriamente dita
no decorrer do desenvolvimento da pesquisa, durante eventos da área
no decorrer do desenvolvimento da pesquisa, através de encontros
informais/correio eletrônico
no decorrer do desenvolvimento da pesquisa, através de reuniões com esta
finalidade
após encerrada a pesquisa e finalizados os resultados
outro
Gráfico 9 Etapas do compartilhamento
Quanto a questão sobre possíveis fatores que poderiam impactar de forma
negativa o desenvolvimento dos processos de compartilhamento do conhecimento
científico, destacam-se como maiores impecilhos ao pleno desenvolvimento deste
compartilhamento a escassez de recursos seguido da carga horária considerada
insuficiente (Gráfico 10).
98
Que fatores são dificultadores para o pleno
desenvolvimento do processo de compartilhamento
do conhecimento cienfico na Instituição
0
2
4
6
1º 2º 3º 4º 5º
falta de estrutura organizacional
falta de equipamentos (tecnologias de informação)
escassez de recursos (financeiros, físicos)
carga horária alocada reduzida
outro
Gráfico 10 Fatores dificultadores do compartilhamento
Sampaio (2000), em sua investigação realizada com pesquisadores da
Universidade Federal de Pernambuco, revelou algumas barreiras que interfeririam nas
atividades de comunicação científica, tais como: a escassez de recursos para as
atividades de pesquisa. Para a autora, entre eles se destacaria a falta de recursos para
o custeio da estrutura básica de pesquisa, tendo como conseqüência o
comprometimento da manutenção e desenvolvimento de setores básicos dessa
atividade, como os laboratórios e bibliotecas.
99
Segundo Angeloni (2005), os fatores facilitadores e dificultadores, na perspectiva
da Gestão do Conhecimento podem ser analisados dentro do contexto onde ocorrem
levando em consideração três dimensões: infra-estrutura organizacional, pessoal como
também em tecnologia TI. Tais dimensões podem facilitar a compreensão da
ocorrência em maior ou menor escala dos fatores na Instituição, de acordo com a
escolha dos entrevistados.
Simultaneamente, a pergunta anterior questionou-se a existência de fatores
facilitadores para a existência de compartilhamento do conhecimento oriundo das
pesquisas científicas desenvolvidas (Gráfico 11).
Qual(is) os fatores facilitadores para o
desenvolvimento do processo de compartilhamento
do conhecimento em suas pesquisas?
0
2
4
6
8
10
1º 2º 3º 4º 5º
tecnologias de informação (correio eletrônico, listas de discussão, chats,
groupware, internet)
cultura organizacional
estrutura organizacional
comunicação entre pares
canais de comunicação
outro
Gráfico 11 Fatores facilitadores do compartilhamento
100
Quanto a esse item destacam-se, sobremaneira, as tecnologias de informação
como elementos que possibilitam a ocorrência do compartilhamento, secundado pela
comunicação entre pares, tanto na primeira como na segunda opção. O que faz intuir
que há uma grande ocorrência da comunicação informal entre pesquisadores facilitando
o compartilhamento.
A crescente importância da TI como espo de compartilhamento entre pares
pode bem ser explicada pela alusão feita por Targino (2000, p. 22) sobre a utilização
das novas tecnologias de informação e comunicação. Para a autora
Sem dúvida, o desenvolvimento das NTIC tem sido imensurável. Mais de 1.800
conferências anuais on line nos mais diferentes campos criam espaços sociais,
onde membros da comunidade acadêmica de todo o mundo interagem.
Dentre os fatores facilitadores da Gestão do Conhecimento Stollenwerk (2001a,
p.158) destaca a tecnologia de informação porque o [...] uso da tecnologia de
informação é vital para a disponibilização e compartilhamento de conhecimento em
larga escala, tornando-o acessível em qualquer parte, a qualquer tempo e em qualquer
formato.
As TI são apontadas com destaque pelos entrevistados como ferramenta
facilitadora no compartilhamento do conhecimento desenvolvido no processo de
construção e comunicação científica em função da quebra de obstáculos quanto a
tempo e espaço, pois as trocas entre pares podem ser feitas independente de barreiras
geográficas. Há que se destacar a importância dada pelos entrevistados à comunicação
entre pares como sendo um fator facilitador para o desenvolvimento do processo de
compartilhamento do conhecimento em suas pesquisas. Intui-se que esta escolha
esteja diretamente ligada as redes que costumam se estabelecer entre eles.
101
5.5 Quanto ao compartilhamento na divulgação da pesquisa
Sampaio (2000) enfatiza em seus estudos os fatores que influenciariam os
pesquisadores na escolha dos canais de comunicação científica. Hierarquicamente por
sua importância esses fatores seriam: maior difusão, penetração na comunidade
científica, obter maior reconhecimento profissional e prestígio na área.
A pergunta refere às melhores formas de compartilhamento com vistas ao
acesso à pesquisas desenvolvidas institucionalmente. Nesse item, os periódicos das
respectivas áreas de conhecimento foram reconhecidos, na primeira opção, como o
veículo que melhor facilita tal acesso, secundado pelos fóruns, congressos, seminários,
ou eventos da área (Gráfico 12).
102
Em sua opinião qual(is) a(s) melhor(s) forma(s)
para compartilhamento do conhecimento
cienfico com vistas a facilitar o acesso às
pesquisas científicas desenvolvidas
institucionalmente
0
2
4
6
8
10
1º 2º 3º 4º 5º 6º
periódicos da área
fóruns, congressos, seminários
comunicação informal entre pares
comunicação entre professor orientador e orientando(s)
troca de experiências entre pares em eventos da área, listas de discussão,
etc.
outro
Gráfico 12 Melhores formas de compartilhamento das pesquisas científicas
desenvolvidas
Essa pergunta enquadra-se no Quesito IV (produção intelectual), item 1
Publicações qualificadas do Programa por docente permanente, que analisa a produção
dos docentes do programa com base no QUALIS da área, considerando os produtos
bibliográficos em periódicos e livros, assim como os trabalhos completos em anais de
eventos. Além disso, se insere no Quesito II (corpo docente), item 1, que diz respeito a
também a participação em eventos.
103
Corroborando nesse sentido, conforme alguns dados quanto a quantidade de
produção em periódicos dos líderes tem-se a seguinte incidência, de acordo com os
currículos pesquisados, do tipo de autoria nesse tipo de publicação no período
compreendido entre 2004 e 2007, conforme Gráfico 13.
TIPO DE AUTORIA EM PERIÓDICO: 2004 A 2007
70%
30%
Trabalho individual Autoria Múltipla
Gráfico 13 Tipo de autoria em periódico
A publicação dos resultados de pesquisas proporciona a avaliação do
conhecimento científico desenvolvido e sistematizado por meio da publicação de seus
resultados de pesquisas por seus pares, além do compartilhamento. Segundo Müeller
(2000), tornando o conhecimento sujeito à avaliação dos pares por sua divulgação a um
público mais amplo de seu conteúdo, o pesquisador objetiva:
[...] obter confiabilidade, além da utilização de uma rigorosa metodologia
científica para a geração do conhecimento, é importante que os resultados
obtidos pelas pesquisas de um cientista sejam divulgados e submetidos ao
julgamento de outros cientistas, seus pares. (MÜLLER 2000, p. 21)
A importância do periódico se na medida em que o atributo visibilidade toma
conotações cada vez mais fortes. Para Packer e Meneghini (2006) a visibilidade pode
se aplicar também aos índices como fontes de referência
104
Assim, um periódico é mais visível quando ele está indexado nos índices
referenciais com mais visibilidade na sua área temática, isto é, nos índices
mais utilizados por sua comunidade de pesquisadores, quando estes buscam
informação para seu trabalho. (PACKER e MENEGHINI 2006, p. 246)
Quanto as formas de busca por recursos pelos líderes dos grupos de pesquisa
para participar de eventos como para dar conta de despesas com editoração e
publicações foi verificado que há várias alternativas. Entre elas destaca-se o grande
índice de escolhas relativas a editais internos. O que ratifica o respaldo dado por meio
de recursos da própria Instituição, sendo que foram destacados pelos pesquisados os
editais referentes a apresentação de trabalhos em eventos científicos, como o
Programa de Auxílio a Participação em Eventos (PROEVEN) e Programa de Apoio à
Divulgação da Produção Intelectual (PRODIP), ou ainda aqueles referentes a ajuda a
participação discente em eventos.
Quanto a despesas referentes a custos de elaboração e editoração de trabalhos,
destacam-se os recursos do Programa de Apoio a Pesquisa (PAP), sendo que de
acordo com alguns depoimentos certas despesas com tradução e revisões de texto são
muitas vezes custeados com recursos próprios. O comportamento quanto a buscas
destes recursos estão demonstrados no Gráfico 14.
105
Onde costuma buscar recursos para participar de
eventos científicos da área e/ou para dar conta de
despesas para elaboração de artigos,
editoração?
0
2
4
6
8
10
1º 2º 3º 4º 5º
editais internos editais externos
verba de bancada utiliza-se de recursos próprios
outro
Gráfico 14 Busca por recursos
Com referência a editais ainda existe a possibilidade de busca por editais
externos com vistas aO desenvolvimento de projetos de pesquisa. Assim, alguns líderes
já foram contemplados com tais editais como os indicados a seguir: o Prêmio Mérito
Catarinense de 2006, da FAPESC; recursos do CNPq como Edital Universal, como do
Ministério da Ciência e Tecnologia através de edital de apoio a atividades de pequisa
cintífica, tecnológica e de inovação; bolsa de produtividade em pesquisa (PQ) do CNPq;
entre outros.
Quando o questionamento foi sobre o critério utilizado para definição e escolha
de veículo de comunicação científica com vistas à promoção do compartilhamento do
conhecimento produzido, enfatizando o caráter de maior visibilidade para essa
produção bibliográfica, 66,67 % dos entrevistados admitiram ter como critério prioritário
106
de escolha de veículo de comunicação científica o programa QUALIS, sendo enfatizado
por alguns que independente do do tipo QUALIS se A ou B.
A distribuição das publicações em periódicos QUALIS entre 2004 e 2007 dos
líderes dos grupos de pesquisa demonstra a tendência na escolha, conforme Gráficos
15 e 16.
0
1
2
3
4
5
6
2004 2005 2006 2007
A INT
B INT
C INT
A NAC
B NAC
C NAC
A LOC
B LOC
C LOCAL
Gráfico 15 Qualis das publicações em periódicos: 2004 2007
107
6%
0%
0%
28%
17%
11%
19%
15%
4%
A INT B INT C INT A NAC B NAC
C NAC A LOC B LOC C LOCAL
Gráfico 16 Qualis das publicações em periódicos por tipo: 2004 2007
Torna-se cada vez mais necessário publicar-se em periódicos ou eventos com
padrão QUALIS em razão das cobranças dos editais e/ou dos programas de pós-
graduação de que se participa, alegou um dos respondentes.
Critérios como maior disseminação, visibilidade, impacto ou acessibilidade foram
mencionados por dez entrevistados. Outro quesito lembrado pelos respondentes, como
forma de maior disseminação, foi: que as publicações sejam em periódicos eletrônicos,
que estejam indexados em bases de dados e que sejam referência na área de estudo.
Busco qualquer mídia desde que alcance o público alvo, o objetivo é maior
abrangência o que não significa necessariamente que o mesmo tenha QUALIS, referiu-
se um entrevistado sobre as revistas eletrônicas. Outro aspecto declarado por
entrevistada foi que a questão é a acessibilidade, é publicar em veículos estratégicos e
com inserção na região que se pretende atingir. Nesse aspecto, ferramentas
108
eletrônicas de socialização, do tipo intranet, de textos e outros conteúdos tamm
foram apontados como recursos para compartilhamento do conhecimento produzido
com vistas a uma maior visibilidade.
Nesse sentido corroboram Packer e Meneghini (2006)
Para os periódicos dos países em desenvolvimento a estratégia é quase
sempre fortalecer sua presença (visibilidade) em fluxos locais publicando
resultados de pesquisas de qualidade que não são atrativos à visibilidade dos
periódicos internacionais. (PACKER e MENEGHINI, 2006, p. 239)
A confiabilidade na editora foi outro item considerado relevante por um
entrevistado, principalmente na escolha de veículo como na publicação de livros e
capítulos de livros.
As publicações que são resultado de eventos como seminário e/ou congressos
também são de grande valia, pois encontram respaldo na sociedade, e aprovação de
seus pares desde que esses eventos tenham credibilidade e periodicidade. A
importância da participação em pelo menos quatro ou cinco eventos da área foi
considerada essencial por entrevistada. Em princípio escolhia eventos da área, mas
em função dos critérios da CAPES estou priorizando veículos QUALIS, afirma uma das
entrevistadas.
5.6 Quanto a políticas institucionais
De acordo com o tipo trabalho, em colaboração ou não, Meadows (1999, p. 109)
afirma que [...] o grau de colaboração , em diferentes disciplinas ou diferentes países,
relaciona-se com o nível de apoio financeiro.
Assim, a importância dos editais também é destacada pelos respondentes
quando percebe-se uma vinculação estreita entre o estímulo ao compartilhamento do
109
conhecimento científico pela Instituição e os editais publicados. Conforme demonstra o
Gráfico 17, é possível verificar o quanto esse recurso é buscado pelos líderes dos
grupos de pesquisa com o objetivo de compartilhamento do conhecimento científico.
Como a Instituição estimula o compartilhamento
do conhecimento cienfico?
0
2
4
6
8
10
12
14
1º 2º 3º 4º 5º
bolsa de produtividade
ajuda financeira
através de editais/programas com este fim
promoção de semirios ou eventos afins
outro
Gráfico 17 Estímulo da Instituição ao compartilhamento
Quanto à indagação sobre a participação em treinamento, palestras, capacitação
com o mote ligado a trabalho cooperativo/compartilhamento de conhecimento/trabalho
em equipe/grupo de pesquisa 44,44 % dos entrevistados não tinha recebido qualquer
tipo de treinamento, palestra ou capacitação com vistas a compartilhamento ou ainda
por meio dos grupos de pesquisa. Iniciativas nesse sentido, oriundas dos próprios
grupos de pesquisa, foram apontadas por 35% dos entrevistados; 11,8% participaram
desse tipo de capacitação em outras entidades e 17,6% referiu-se a realização dos
Encontros dos Grupos de Pesquisa realizados em 2004 e 2005.
110
Importante declaração feita por entrevistada alude a publicação de recente Edital
PAP 01/2007 publicado pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UDESC
que entre outros objetivos destina-se a apoiar financeiramente projetos de grupos de
pesquisa emergentes ou consolidados, contribuindo para a consolidação da pesquisa
institucional com isso segundo entrevista [...] os integrantes dos grupos (interessados
em participar do edital) foram forçados a trabalharem juntos.
Relativo a existência de iniciativa Institucional quanto ao compartilhamento do
conhecimento científico no aspecto de mensuração do conhecimento compartilhado
44,44% dos entrevistados não percebem qualquer tipo de iniciativa por parte da
Instituição com esse propósito. 44,44% consideram que algumas iniciativas
aconteceram institucionalmente como: editais destinados a participação de eventos e a
posterior socialização dos mesmos; iniciativas que visam a reorganização de grupos de
pesquisa; realização de seminários de pesquisa e de iniciação científica. A iniciativa na
realização de seminário no Centro, em 2004 e 2005, com a finalidade de mensurar as
pesquisas e os produtos bibliográficos resultantes dos projetos de pesquisa pelos
diversos departamentos do Centro foi citado por 29,4% dos entrevistados.
A submissão dos projetos de pesquisa a pareceristas ad hoc associado à
publicação de editais que envolvem os programas de pós-graduação levou a um maior
envolvimento dos grupos de pesquisa, o que levou a pesquisa a uma maior
profissionalização.
As decisões colegiadas referentes a projetos de pesquisa e a própria criação de
comissões e comitê de pesquisa foram fatos citados que ratificam o objetivo de
111
mensurar o conhecimento produzido e compartilhado na Instituição, segundo
entrevistado.
O próprio (currículo) lattes proporciona a mensuração, segundo outro
entrevistado.
Muitas das declarações dos entrevistados explicitam a necessidade da
realização de fóruns institucionais com maior representatividade e participação docente
e discente e, assim, maior compartilhamento dos conhecimentos produzidos.
A prática de algumas formas de compartilhamento parece permear a rotina da
construção e comunicação do conhecimento científico dos líderes dos grupos de
pesquisa, seja em maior ou menor escala. A diferença se principalmente na etapa
em que isso ocorre, pois se intui que há, invariavelmente, compartilhamento do
conhecimento científico desenvolvido.
112
6 CONCLUSÕES
O presente estudo objetivou compreender as práticas de compartilhamento de
conhecimento científico e para isso focou o estudo numa Instituição Estadual de Ensino
Superior. Essa análise foi contextualizada dentro de um sistema de pesquisa
acadêmica com base nas atividades de construção e de comunicação do conhecimento
científico produzido no Centro de Ciências Humanas e da Educação da Universidade
do Estado de Santa Catarina.
Para realizar a análise foi necessário um embasamento teórico sobre o processo
e a dinâmica de prodão e de comunicação científica e a compreensão de conceitos
básicos da área de gestão do conhecimento.
Com esses subsídios foi possível compreender as formas de compartilhamento
percebidas nas práticas dos pesquisadores líderes dos grupos de pesquisa. Os
parâmetros que sustentaram a análise foram as recomendações de área definidas pela
CAPES.
Ao buscar cobrir todo o processo de comunicação científica, com foco no
compartilhamento, algumas tendências foram observadas, entre elas destacam-se: a
importância atribuída aos integrantes do grupo de pesquisa da Instituição na busca por
conhecimento a ser utilizado nas pesquisas científicas; a ocorrência de
compartilhamento em maior escala durante o desenvolvimento das pesquisas
científicas por meio de encontros e reuniões com esta finalidade; a importância
destacada das tecnologias de informação como fator facilitador no compartilhamento
científico, bem como da comunicação entre pares; o destaque dado ao periódico
científico da área como veículo prioritário para a comunicação científica, seguido dos
fóruns e encontros.
113
Pela análise dos depoimentos dos entrevistados, da produção dos líderes e de
dados sistematizados pela Direção de Pesquisa e Pós-Graduação da FAED, foi
possível identificar que alguns grupos de pesquisa funcionam como espaços de trocas
entre pares e de construção de conhecimento científico, enquanto que outros parecem
existir como mera formalidade institucional.
Destaque deve ser dado a importância atribuída, pelos entrevistados, aos editais
considerados como estímulo ao compartilhamento na medida em que proporcionam a
participação em eventos da área para fins de comunicação científica, bem como para
dar conta de despesas de elaboração de artigos e editoração. Nesse contexto, a
implantação de políticas institucionais referentes ao compartilhamento do conhecimento
científico pode se fazer presente, pois tende a fomentar por meio de seus editais a
construção e a comunicação científicas tanto na publicação em periódicos como em
encontros com esse fim.
Percebe-se que ainda há uma lacuna quanto a políticas institucionais de
incentivo sistemático ao trabalho cooperativo, em equipe e/ou grupo de pesquisa.
Todavia essa lacuna aos poucos está sendo preenchida por meio de iniciativas
pessoais de alguns integrantes de grupos de pesquisa com publicações com autoria
múltipla, trabalhos científicos desenvolvidos em laboratórios e núcleos de pesquisa
além de projetos de pesquisa com participação de discentes e outros docentes.
Assim, depreende-se que é de interesse da Instituição uma iniciativa de análise
do processo de construção e comunicação do conhecimento científico, focado no
compartilhamento e na melhoria do fluxo desse compartilhamento.
Esse tipo de análise também poderá instrumentalizar a Instituição em processos
decisórios sobre atividades ligadas à C&T, a partir do conhecimento do perfil do
114
pesquisador líder de grupo de pesquisa e de sua rede de cooperação traduzida pelas
trocas entre pares.
Com esse estudo espera-se colaborar para melhorias nos processos de
compartilhamento científico da instituição associando a superação de lacunas ao
fomento de práticas que melhorem o desempenho dos pesquisadores acadêmicos. Isso
ocorrerá com a detecção das dificuldades e com o aprimoramento das formas de saná-
las ou de proporcionar maior compartilhamento de conhecimento científico.
A importância dessa pesquisa está no fato de, ao retratar o exercício da
colaboração entre os atores envolvidos, poder contribuir para o esboço de um modelo
de construção e comunicação do conhecimento científico institucional, dando destaque
ao compartilhamento tanto na construção como durante a fase da comunicação
científica.
Foram percebidas perspectivas de ampliação do universo da pesquisa e de seus
resultados, na medida em que neste estudo foram entrevistados os líderes dos grupos
de pesquisa. Assim, com o acréscimo de todos os pesquisadores do Centro seria
possível conhecer ainda mais profundamente o cenário em que há a ocorrência de
compartilhamento nas pesquisas científicas institucionais.
Percebeu-se um grande potencial de estudo a ser feito quanto a análise e
avaliação das redes de compartilhamento científico. Nesse sentido o estudo da
ocorrência do compartilhamento do conhecimento desenvolvido pelos professores
pesquisadores líderes dos grupos de pesquisa, possibilitou a identificação de suas
práticas. Adicionalmente, seus resultados podem contribuir para a Instituição no sentido
de: subsidiar ações administrativas quanto a sua infra-estrutura organizacional a partir
da indicação dos fatores facilitadores e dificultadores na etapa de compartilhamento do
115
conhecimento científico e colaborar para o esboço de um modelo de compartilhamento
de conhecimento científico inserido no processo de construção e comunicação do
conhecimento científico acadêmico, o que poderá ensejar maior estímulo à produção
científica.
116
REFERÊNCIAS
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124
APÊNDICE
APÊNDICE A Entrevista semi-estruturada
125
As seguintes questões dizem respeito à pesquisa científica na Instituição. Todas são de
caráter sigiloso, não sendo identificado o respondente das mesmas.
Os resultados obtidos poderão contribuir para uma melhor dinâmica dos processos que
envolvem os Projetos de Pesquisa bem como os Programas de Pós-Graduação, pois
contemplam parâmetros apontados pela CAPES para mensurar entre outros itens o da
produtividade dos pesquisadores destes Programas. Entre estes critérios destacam-se,
entre outros, aqueles voltados à participação dos docentes em grupos certificados de
pesquisa, em programas ou projetos especiais, em projetos de pesquisas que envolvem
redes de pesquisadores nacionais e/ou internacionais.
Busca-se apontar indicadores que visem assegurar a eficácia do processo de gestão
institucional.
1. Considerando a tabela de áreas e sub-áreas do conhecimento, que se encontra em
anexo (http://www.cnpq.br/areas/tabconhecimento/ibdex.htm), em quais delas você
domina ou costuma pesquisar?
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
..............................................................................................................................
2. Com quem costuma buscar o conhecimento de que necessita para suas pesquisas?
(escolha múltipla, por ordem de escolha: 1º, 2º, 3º, 4º, 5º)
( ) docentes de seu Grupo de Pesquisa institucional
( ) docente da Instituição independente do Grupo de Pesquisa
( ) docentes de outras instituições
( ) bolsistas/acadêmicos de área afim
( ) outro, especificar
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
..................................................................
3. Em que etapa(s) você costuma compartilhar o conhecimento científico desenvolvido
durante as suas pesquisas científicas? (escolha múltipla, por ordem de escolha: 1º,
2º, 3º, 4º, 5º)
( ) na concepção de suas pesquisas/na elaboração do projeto de pesquisa
( ) no desenvolvimento do referencial teórico/da pesquisa propriamente dita
( ) no decorrer do desenvolvimento da pesquisa, durante eventos da área
( ) no decorrer do desenvolvimento da pesquisa, através de encontros
informais/correio eletrônico
126
( ) no decorrer do desenvolvimento da pesquisa, através de reunes com esta
finalidade
( ) após encerrada a pesquisa e finalizados os resultados
( ) outro (favor especificar)
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.........................................................................................................................
4. Que fatores são dificultadores/inibidores para o pleno desenvolvimento do processo
de compartilhamento do conhecimento científico na Instituição? Justifique. (escolha
múltipla, por ordem de escolha: 1º, 2º, 3º, 4º, 5º)
( ) falta de estrutura organizacional
( ) falta de equipamentos (tecnologias de informação)
( ) escassez de recursos (financeiros, físicos)
( ) carga horária alocada reduzida
( ) outro (favor especificar)
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
..............................................................................................................................
5. Qual(is) os fatores facilitadores para o desenvolvimento do processo de
compartilhamento do conhecimento em suas pesquisas? (escolha múltipla, por
ordem de escolha: 1º, 2º, 3º, 4º, 5º)
( ) tecnologias de informação (correio eletrônico, listas de discussão, chats, groupware,
Internet)
( ) cultura organizacional
( ) estrutura organizacional
( ) comunicação entre pares
( ) canais de comunicação
( ) outro (favor especificar)
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
..............................................................................................................................
6. Em sua opinião qual(is) a(s) melhor(es) forma(s) para compartilhamento do
conhecimento científico com vistas à facilitar o acesso às pesquisas científicas
desenvolvidas institucionalmente? (escolha múltipla, por ordem de escolha: 1º, 2º,
3º, 4º, 5º)
( ) periódicos da área
( ) fóruns, congressos, seminários
( ) comunicação informal entre pares
( ) comunicação entre professor orientador e orientando(s)
127
( ) troca de experiências entre pares em eventos da área, listas de discussão, etc.
( ) outro (favor especificar)
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.........................................................................................................................
7. Onde costuma buscar recursos para participar de eventos científicos da área e/ou
para dar conta de despesas para elaboração de artigos, editoração? (escolha
múltipla, por ordem de escolha: 1º, 2º, 3º, 4º, 5º)
( ) editais internos
( ) editais externos
( ) verba de bancada
( ) utiliza-se de recursos próprios
( ) outro, favor especificar
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.........................................................................................................................
8. Quais são os principais centros de excelência/centros de referência, em sua área de
conhecimento?
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
...............................................................................................................
9. Quem são as pessoas-chave (os atores-chave) em sua área de conhecimento?
Quais são os pesquisadores que tem influência em sua área de conhecimento?
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
...............................................................................................................
10. Qual o critério para definição e escolha de veículo de comunicação científica com
vistas a promoção do compartilhamento do conhecimento produzido (visibilidade)?
128
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
...............................................................................................................
11. Como a Instituição estimula o compartilhamento do conhecimento científico?
(escolha múltipla, por ordem de escolha: 1º, 2º, 3º, 4º, 5º)
( ) bolsa de produtividade
( ) ajuda financeira
( ) através de editais/programas com este fim
( ) promoção de seminários ou eventos afins
( ) outro (favor especificar)
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
..............................................................................................................................
12. Você participou de treinamento, palestras, capacitação de trabalho
cooperativo/compartilhamento de conhecimento/trabalho em equipe/grupo de
pesquisa?
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
...............................................................................................................
13. Em sua opinião existe alguma iniciativa Institucional quanto ao compartilhamento do
conhecimento científico quanto a mensuração do conhecimento compartilhado?
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
...............................................................................................................
129
ANEXO
ANEXO A Documento de área da Educação
130
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