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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
MESTRADO PROFISSIONAL EM CUIDADO PRIMÁRIO EM SAÚDE
EVA PATRÍCIA PEREIRA DE ARAÚJO
COBERTURA, ACESSO E FATORES RELACIONADOS À REALIZAÇÃO DO
EXAME PAPANICOLAOU NO PÓLO DELFINO MAGALHÃES E MONTE
CARMELO II, MONTES CLAROS
Montes Claros - Minas Gerais - Brasil
2008
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ii
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
MESTRADO PROFISSIONAL EM CUIDADO PRIMÁRIO EM SAÚDE
EVA PATRÍCIA PEREIRA DE ARAÚJO
COBERTURA, ACESSO E FATORES RELACIONADOS À REALIZAÇÃO DO
EXAME PAPANICOLAOU NO PÓLO DELFINO MAGALHÃES E MONTE
CARMELO II, MONTES CLAROS
ORIENTADOR: Prof. Dr. Fábio Ribeiro
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ciências da Saúde, PPGCS, da
Universidade Estadual de Montes Claros, como
parte integrante dos requisitos para obtenção
do título de Mestre em Cuidado Primário em
Saúde.
Montes Claros - Minas Gerais - Brasil
2008
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Araújo, Eva Patrícia Pereira de.
A663c Cobertura, acesso e fatores relacionados à realização do exame
Papanicolaou no Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes
Claros [manuscrito] / Eva Patrícia Pereira de Arjo. – 2008.
114 f. : il.
Bibliografia : f. 54-70.
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Montes Claros
Unimontes, Programa de s-Graduação em Ciências da Saúde/
PPGCS, 2008.
Orientador: Prof. Dr. Fábio Ribeiro.
1. Exame Papanicolaou cobertura acesso. 2. ncer colo do
útero. 3. Equipe de Saúde da Família Montes Claros (MG). I.
Ribeiro, Fábio. II. Universidade Estadual de Montes Claros. III. Título.
Catalogação Biblioteca Central Prof. Antonio Jorge
iii
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço grandiosamente a Deus por permitir que esse momento fosse possível em
minha vida.
Agradeço a minha mãe e ao meu pai, por tudo que fizeram e fazem por mim, pela
dedicação, apoio e amor; ao meu irmão e a Luiz Filipe pela compreensão e
tolerância. Ao meu namorado, pelo incentivo, apoio e por estar ao meu lado em
todos os momentos com seu amor e otimismo.
Ao Prof. Dr. Fábio Ribeiro, pela valiosa e imensurável orientação e pelo respeito às
minhas escolhas.
Aos Professores do Mestrado, pelo alto nível dos nossos momentos de discussões.
Aos que idealizaram esse Mestrado bem como toda a sua estrutura.
À Secretaria Municipal de Saúde de Montes Claros e gestores, pelo apoio.
Aos colegas e funcionários do PPGCS, pela convivência.
Às secretárias do Mestrado pela atenção.
E a todos aqueles que me apoiaram e contribuíram para que esse momento se
concretizasse.
v
RESUMO
A identificação precoce do câncer do colo do útero aumenta a sua probabilidade de
cura. A principal estratégia para a detecção precoce do câncer do colo do útero é o
exame Papanicolaou. Este estudo tem o objetivo de verificar a cobertura, o acesso e
fatores relacionados à realizão do exame Papanicolaou em mulheres com idade
de 20 anos ou mais, no Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II. Estudo
transversal, com 1240 mulheres do Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II,
município de Montes Claros, Minas Gerais. Verificou-se a cobertura do exame e os
motivos para a sua realização ou não. Investigou-se a associação da realização ou
não do exame com fatores sociodemográficos, ginecológicos e referentes ao acesso
ao exame e à Unidade de Saúde da Família (USF). A intensidade dessa associação
foi estimada a partir da regressão logística, considerando-se o Odds Ratio (OR)
como estimativa da razão de prevalência e admitindo-se um nível de significância de
0,05. A cobertura geral do exame foi de 94,4%. Os fatores que se mostraram
estatisticamente associados à sua realização foram: faixas etárias 30 a 39 anos
(OR = 3,3; p = 0,005) e 40 a 49 anos (OR = 3,7; p = 0,016) e os associados à o
realização foram: não ter plano de saúde (OR = 0,4; p = 0,020), não ter parceiro
atual (OR = 0,5; p = 0,018), não ter tempo disponível para realizá-lo (OR = 0,1; p =
0,000) e não ter tido gestação (OR = 0,4; p = 0,009). O principal motivo para a
adesão ao exame foi a rotina, e para a o adesão, a vergonha/medo. A principal
dificuldade de acesso ao exame foi a demora no agendamento. Os resultados
demonstraram uma elevada cobertura do exame Papanicolaou. Observou-se que as
dificuldades encontradas relacionaram-se às questões pessoais, sociais e aos
serviços de saúde. A organização da atenção à saúde nos moldes da Saúde da
Família favorece a adesão ao exame Papanicolaou.
Palavras chave: Exame Papanicolaou; ncer do colo do útero; cobertura; acesso;
Equipe de Saúde da Família.
vi
ABSTRACT
Early detection of cervical cancer increase the probability of cure. The main strategy
for precocious detention of the cervical cancer is the Papanicolaou test. This
objective study to evaluate the coverage, the access and the factors related to the
submission to the Papanicolaou test, in 20-year-old or over women, in the districts of
Delfino Magalhães and Monte Carmelo II. A cross sectional study, with 1,240 women
in Delfino Magalhães Pole and Monte Carmelo II, in the city of Montes Claros, Minas
Gerais. It was verified the coverage of the test and its realization or not. It was
investigated the association with the test realization related with socialdemographic
and gynecological factors, referred to the access to the test and to the Family Health
Unit (FHU). The association intensity was estimated by logistic regretion considering
the Odds Ratio (OR) as a to for estimating the prevalence ratio with a significance
level of 0.05. The overall coverage of the test was 94.4%. The factors that were
statistically associated with the coverage were: age from 30 to 39 years old (OR =
3.3; p = 0.005) and from 40 a 49 years old (OR = 3.7; p = 0.016), the ones that were
not coverage were: not having a health insurance (OR = 0.4; p = 0.020), not having a
current partner (OR = 0.5; p = 0.018), not having available time to have the test done
(OR = 0.1; p = 0.000), not having any pregnancy before (OR = 0.4; p = 0.009). The
main reason to do the test was the routine, and the reason for not joining was the
shame/fear. The main difficult to have access to the test was the schedule delay. The
results showed a high coverage of the Papanicolaou test. It was observed that the
difficulties found were related with social, personal subjects and to the health
services. It was concluded that the organization of health care in accordance with the
Family Health model favors adhesion to this Papanicolaou test.
Keywords: Papanicolaou test, cervical cancer, coverage, access; Family Health
Group.
vii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .............................................................................................
01
1.1
O exame Papanicolaou ................................................................................ 02
1.2
Anatomia do útero ........................................................................................ 02
1.3
História natural do câncer do colo do útero .................................................. 03
1.4
Aspectos epidemiológicos ............................................................................ 05
1.5
Fatores e co-fatores de risco ........................................................................ 06
1.6
Tratamento, rastreamento e prevenção ....................................................... 07
1.7
Os serviços de saúde e o exame Papanicolaou ...........................................
13
2 OBJETIVOS .................................................................................................
19
2.1
Objetivo geral ................................................................................................
20
2.2
Objetivos específicos .................................................................................... 20
3 METODOLOGIA ...........................................................................................
21
3.1
Localizão do estudo .................................................................................. 22
3.2
População-alvo ............................................................................................. 23
3.3
Critérios de inclusão e exclusão.................................................................... 24
3.4
Instrumentos de coleta de dados ..................................................................
25
3.5
Seleção e treinamento dos entrevistadores ................................................. 27
3.6
Aspectos éticos .............................................................................................
27
3.7
Coleta dos dados .......................................................................................... 28
3.8
Análise estatística ......................................................................................... 28
4
RESULTADOS .............................................................................................
30
4.1
Aspectos sociodemográficos ........................................................................ 31
4.2
Aspectos ginecológicos ................................................................................ 32
4.3
Aspectos do atendimento, acesso ao exame e à Unidade de Saúde
da Família e conhecimento sobre o câncer do colo do útero e do
Papanicolaou ................................................................................................
33
4.4
Avaliação da associação das variáveis com a realizão ou não do
exame Papanicolaou ....................................................................................
35
4.5
Cobertura do exame Papanicolaou .............................................................. 36
viii
4.6
Principais motivos para a adesão ou não ao exame Papanicolaou .......... 38
5 DISCUSSÃO .................................................................................................
39
6 CONCLUSÃO ...............................................................................................
51
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 54
ANEXOS ............................................................................................................... 71
ANEXO 1
Questionário da Pesquisa................................................................... 72
ANEXO 2
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para a
Participação em Pesquisa .................................................................
75
ANEXO 3
Parecer consubstanciado do Comitê de Ética ....................................
77
ANEXO 4
Tabelas ...............................................................................................
78
ANEXO 5
Gráficos .............................................................................................. 86
PRODUTOS ALCANÇADOS ................................................................................ 89
ARTIGO 1 Fatores relacionados à realização do exame Papanicolaou no
lo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes Claros............. 90
ix
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Associação entre variáveis sociodemográficas e a realização do
exame Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo
II, Montes Claros, MG, 2008 ............................................................. 78
Tabela 2 Associação entre variáveis ginecológicas e a realização do
exame Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo
II, Montes Claros, MG, 2008 ............................................................. 79
Tabela 3 Perfil de atendimento segundo a realizão do exame
Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes
claros, MG, 2008 ..............................................................................
80
Tabela 4 Associação entre os aspectos referentes ao acesso e ao
conhecimento, segundo a realização do exame Papanicolaou,
Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes Claros, MG
2008................................................................................................... 81
Tabela 5 Análise multivariada dos fatores associados à realizão ou não
do exame Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte
Carmelo II, Montes Claros, MG, 2008................................................
82
Tabela 6 Medidas descritivas (média e desvio padrão) das variáveis (idade,
início da atividade sexual e tempo de moradia) segundo a
realização do exame Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e
Monte Carmelo II, Montes Claros, MG, 2008.....................................
82
Tabela 7 Tempo de moradia no Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo
II, segundo a realizão do exame Papanicolaou, Montes Claros,
MG, 2008........................................................................................... 83
Tabela 8 Período de realização do exame Papanicolaou segundo faixa
etária, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes
Claros, MG, 2008 ..............................................................................
83
Tabela 9 Freqüência de realização do exame Papanicolaou segundo a
faixa etária, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes
Claros, MG, 2008 .............................................................................. 84
x
Tabela 10
Análise de Concordância Kappa entre variáveis categóricas ........... 84
Tabela 11 Coeficiente de Correlação Intraclasse entre variáveis numéricas..... 85
xi
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Dificuldades relatadas pelas mulheres em relação ao
agendamento do exame Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e
Monte Carmelo II, Montes Claros, MG, 2008 ....................................
86
Gráfico 2 Dificuldades relatadas pelas mulheres para ir à Unidade de Saúde
da Família, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes
Claros, MG, 2008 ..............................................................................
86
Gráfico 3
Percentual de mulheres segundo o número de repetições do
exame Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II,
Montes Claros, MG, 2008 .................................................................
87
Gráfico 4 Principais motivos referidos pelas mulheres para a realização do
exame Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II,
Montes Claros, MG, 2008 .................................................................
87
Gráfico 5 Principais motivos referidos pelas mulheres para a não realização
do exame Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo
II, Montes Claros, MG, 2008 .............................................................
88
xii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Divisão geográfica da zona urbana do município de Montes
Claros, MG, 2008..................................................................................23
1
Introdução
2
1 INTRODUÇÃO
1.1 O exame Papanicolaou
Dentre as estratégias para o controle do câncer do colo do útero e
detecção precoce de suas lees precursoras, destaca-se o exame Papanicolaou
1
.
O teste é uma homenagem a George Nicholas Papanicolaou, nascido em 13 de
maio de 1883 em Kymi, Grécia. Em 1920, ao iniciar seu estudo da citologia vaginal
em humanas, detectou os primeiros casos malignos. E em 1928, publicou o artigo
“Novo Diagnóstico do Câncer”, onde apresentou seus resultados
2
.
O Dr. Papanicolaou realizou em 1939, uma reavaliação do raspado vaginal
para detecção do câncer e, com a colaboração do patologista Dr. Herbert F. Traut
validaram o poder diagnóstico desse tipo de procedimento. Ambos publicaram suas
conclusões na monografia: Diagnóstico do ncer Uterino pelo Raspado Vaginal”.
O procedimento foi nomeado Pap test, sendo posteriormente, adotado
mundialmente. naquele período, provocou um significante impacto relacionado à
redução da mortalidade pelo câncer cervical
3
.
1.2 Anatomia do útero
O útero, órgão do aparelho reprodutor feminino, situa-se no abdome
inferior, posteriormente à bexiga e anteriormente ao reto. É dividido em corpo e
colo
4
.
O colo do útero ou cérvice é a porção inferior do útero que se projeta para
dentro do canal vaginal. Possui uma parte interna, a endocérvice, e uma parte
3
externa, a ectocérvice que são constituídas respectivamente pelo epitélio colunar
simples, e epitélio escamoso e estratificado. A junção escamocolunar é uma linha
que se encontra entre esses dois epitélios. Na fase reprodutiva da mulher, em geral,
a junção escamocolunar encontra-se no nível do orifício externo ou para fora deste,
denominando-se ectopia ou eversão, onde o epitélio colunar fica em contato com o
ambiente da vagina e se transforma em células mais adaptadas escamosas
originando um novo epitélio entre os epitélios originais, chamado de zona de
transformão
5,6
.
1.3 História natural do câncer do colo do útero
A maioria das lesões precursoras do câncer do colo do útero surge na zona
de transformação que apresenta susceptibilidade para neoplasia
7
.
O câncer do colo do útero é uma afeão de crescimento lento em sua
maioria, que se inicia com uma fase pré-clínica, cujo tempo de evolução descrito na
literatura pode variar de três a trinta anos
5,8,9,10
.
Várias camadas de lulas epiteliais pavimentosas revestem o colo do
útero de maneira ordenada; quando sofrem transformações intra-epiteliais
progressivas, e na medida em que a desordenação das camadas avança, tem-se a
Neoplasia Intra-epitelial Cervical (NIC)
6
. Define-se a NIC como um espectro de
alterações intra-epiteliais que se inicia com atipias mínimas
5
.
A NIC apresenta-se como: grau I NIC I baixo grau, quando as
anormalidades atingem o epitélio no 1/3 proximal da membrana; grau II NIC II
alto grau, quando a desordenação avaa 2/3 da membrana, e grau III NIC III -
alto grau, quando é observado a desordenação em todas as camadas, sem
4
rompimento da membrana basal
6
. A classificação de Bethesda divide estas lesões
em duas categorias: lesões de baixo grau (associadas à infecção por Papilomavírus
Humano e NIC I) e lesões de alto grau (NIC II e III)
11
.
A NIC III é sinônimo de carcinoma in situ. O carcinoma de células
escamosas microinvasivo é caracterizado por invasão mínima, e consiste no estado
inicial doncer cervical invasor; focos de câncer microinvasivo são encontrados em
aproximadamente 7% das amostras de carcinoma in situ
5
. Ocorre o carcinoma
invasor quando as alterações celulares tornam-se mais acentuadas invadindo o
tecido conjuntivo do colo do útero
6
.
A gravidade da atipia determina as chances de uma lesão pré-neoplásica
tornar-se invasora. Entre as mulheres mais jovens em relação às idosas, a taxa de
progressão das NIC é diferente; em mulheres de até 34 anos as taxas de regreso
espontânea em relação a novas lesões descobertas é de 84%, e nas mais idosas
essa taxa é de 40%
12
.
O tipo mais comum de câncer do colo do útero é o carcinoma de células
escamosas que se subdivide em carcinoma de grandes células o-queratinizado
sendo este o mais freqüente, carcinoma de grandes células queratinizado e
carcinoma de pequenas lulas não-queratinizado. O adenocarcinoma da
endocérvice é menos freqüente sendo responsável por 10 a 25% dos tumores
cervicais malignos. Os fatores epidemiológicos do carcinoma de células escamosas
e do adenocarcinoma são semelhantes. Disseminam-se para a mucosa vaginal,
miométrio, linfonodos, estruturas adjacentes de forma que as metástases fora da
pelve são raras
5,13
.
5
A incidência de ncer do colo do útero aumenta com a idade, aatingir
seu pico, em geral, na faixa etária de 45 a 49 anos
1
. As manifestações clínicas
consistem em sangramento vaginal após o coito, corrimento e dor
6
.
1.4 Aspectos epidemiológicos
O câncer do colo do útero se destaca dentre as doenças que acometem a
população feminina, em virtude da gravidade e freqüência com que ocorre, tendo
assim grande importância em saúde pública,
atingindo mais as mulheres de classes
sociais menos favorecidas
14,15
.
Representa o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo onde são
estimados em torno de 500.000 casos novos a cada ano
1,13
. Aproximadamente 288
mil mulheres morrem anualmente em todo o mundo como conseqüência do ncer
do colo do útero e pelo menos 80% dessas mortes ocorrem nos países em
desenvolvimento, onde altas taxas de incidências são observadas na América
Latina, Caribe, no Sul e no Sudeste da Ásia e África subsaariana
7,16,17
. É um grave
problema de saúde nos países em desenvolvimento e apresenta altos índices de
prevalência e mortalidade em mulheres das classes sociais menos favorecidas
18
.
Nas últimas quatro décadas, tem-se observado um declínio nas taxas de
incidência e mortalidade em países desenvolvidos como nos Estados Unidos e
Canadá. O mesmo não se observa em países em desenvolvimento como o Brasil
8,17
.
No Brasil, o câncer do colo do útero continua sendo um problema de saúde
pública
19
. Em 1979, a taxa de mortalidade pelo câncer do colo do útero era de 3,44
por 100.000 mulheres e de 4,45 por 100.000 em 1998
20
. Para o ano de 2008, o
6
Instituto Nacional do Câncer estima 18.680 casos novos de câncer do colo do útero,
o que corresponde a 19 casos a cada 100.000 mulheres
1
.
Em uma análise sobre a distribuição e a tendência da mortalidade por
câncer nas regiões brasileiras no período entre 1980 a 1995, foi observado que no
Norte e Nordeste do Brasil, a população feminina apresentou mortalidade mais
elevada por câncer do colo do útero em relação às demais regiões e que em 1995,
esses tumores representaram 7% de todas as mortes por câncer em mulheres
brasileiras
4
.
No Brasil, no período compreendido entre 1995 a 2002, 45,5% dos casos
de câncer do colo do útero, foram diagnosticados em estádios avançados
21
. Para o
Ministério da Saúde (MS), o diagnóstico tardio es relacionado, dentre outras
causas, à dificuldade de acesso das mulheres aos serviços de saúde, a baixa
capacitação de recursos humanos e à dificuldade de se estabelecer uma linha de
cuidados relacionados à atenção primária, à média complexidade e à alta
complexidade e de outros aspectos referentes ao atendimento nos níveis de
promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação
6
.
1.5 Fatores e co-fatores de risco
O Papilomavírus Humano (HPV) está relacionado com a patogenia do
câncer do colo do útero, mas muitas infecções por este vírus não causam sintomas
ou mudanças celulares
22
. Esta neoplasia foi correlacionada com o HPV mais de
três décadas por Zuhr Hausen
13
. O HPV foi detectado em 93% dos tumores
cervicais invasivos e tem sido descrito como o fator central na etiologia do câncer do
colo do útero
23,24
. o divididos de acordo com o seu potencial de oncogenicidade
7
de forma que os tipos 6, 11, 40, 42, 43, 44, 54, 61, 70, 72, 81 são de baixo risco e os
tipos 16, 18, 31, 33, 35, 39, 45, 51, 52, 56, 58, 59, 68, 73, 82 são de alto risco. Os
tipos de alto risco estão associados ao câncer cervical sendo que os tipos 16 e 18
são os mais prevalentes, contudo existem variações dessa prevalência entre
diferentes países
23,25,26,27,28,29
.
Os co-fatores que promovem o aumento do risco para câncer invasor entre
mulheres com HPV incluem: multiplicidade de parceiros
6
, aumento da idade, uso
prolongado de anticoncepcionais orais, alta paridade, Vírus da Imunodeficiência
Humana
15
, além disso, está associado ao baixovel social
8,12
. Mulheres portadoras
de HPV de alto risco, com antecedentes de doenças sexualmente transmissíveis,
que tiveram início precoce da relação sexual e as tabagistas tamm foram
identificadas com maior probabilidade de desenvolver neoplasia intra-epitelial
cervical
30,31,32,33
.
1.6 Tratamento, rastreamento e prevenção
Nos casos em que existam lesões de baixo grau, as pacientes poderão ser
apenas acompanhadas, pois muitas infecções pelo HPV curam por si mesmas
9,22
. Já
nos casos das lesões de alto grau, estas são tratadas de acordo com a extensão da
doença, além disso, a terapêutica adequada dependerá de vários fatores, entre eles:
a idade, o desejo de manter fertilidade e a condição clínica. Os tratamentos
disponíveis são: excisão por eletrocautério, conização cervical, criocirurgia ou ainda
histerectomia. A conização e a histerectomia são realizadas nos casos de cânceres
microinvasivos. A quimioterapia e a radioterapia são utilizadas de acordo com o
estadiamento do tumor
5,11,13
.
8
O prognóstico do carcinoma invasor depende de uma série de fatores,
como o volume tumoral, invasão do corpo uterino, bem como do estádio do tumor,
dentre outros fatores
9
. É uma doença para qual existe prevenção eficiente e quando
detectada em seu estádio inicial, apresenta um elevado índice de cura
14,18,34
. É uma
doença que pode ser evitada uma vez que a detecção precoce de lesões pré -
neopsicas (intra epiteliais) pode na maioria dos casos, impedir o aparecimento
de lesões mais avançadas
12
.
O objetivo das estratégias de rastreamento é detectar precocemente as
lesões de colo uterino antes de se tornarem invasivas
22
. Dentre as técnicas
disponíveis, tem-se a colpocitologia oncológica, também chamada de teste de
Papanicolaou ou Pap test; a citologia em meio líquido, a colposcopia, a
cervicografia, a inspeção visual com aplicão de ácido acético, e os testes para
detecção do HPV por captura híbrida
6,7,35,36
.
Ressalta-se também a importância da vacina contra o HPV, cujas
pesquisas profiláticas iniciaram nos Estados Unidos alguns anos e atualmente
esses estudos abrangem em torno de 25.000 mulheres em diversos países
37
. Uma
maior efetividade dessas vacinas tem sido observada quando administradas antes
do início da atividade sexual. Assim, as campanhas de vacinação serão,
possivelmente, direcionadas para as mulheres adolescentes e pré-adolescentes,
com a esperança de que a vacina tenha resultados promissores e evite pelo menos
70% dos cânceres cervicais
38
.
Atualmente, a vacina desenvolvida para a prevenção das infecções mais
comuns que causam a condilomatose genital (HPV 6 e 11) e o câncer do colo do
útero (HPV 16 e 18) foi aprovada para uso no Brasil através da Agência Nacional
9
de Vigilância Sanitária/Ministério da Saúde, bem como por agências de
regulamentação de medicamentos de outros países como os Estados Unidos
1
.
A redução da mortalidade pode ser obtida em países em desenvolvimento
com programas de rastreamento bem organizados e com baixos custos
39
. Segundo
a Organização Pan-americana da Saúde a cobertura dos programas de detecção do
câncer do colo do útero determina a redução da mortalidade por esta doença, dessa
forma estabelece que esses programas obtêm melhores resultados quando atingem
coberturas superiores a 80%
40
.
O teste Papanicolaou serve como um padrão a ser utilizado no
rastreamento do câncer cervical por se tratar de uma técnica de baixo custo, segura,
não invasiva e por apresentar sensibilidade e especificidade razoáveis. Contudo,
resultados variáveis são demonstrados na literatura quando comparado a outros
todos
24,36,41,42
. A acuidade diagnóstica do teste Papanicolaou depende de
atividades de controle de qualidade que devem estar presentes nos laboratórios,
mesmo assim, o rastreamento através deste exame mantém-se como o melhor
todo disponível de redução da incidência e da mortalidade do câncer cervical
invasivo
2,42,43
.
A principal estratégia utilizada no Brasil para detecção precoce e
rastreamento do câncer do colo do útero é a realização do exame Papanicolaou.
Essa técnica consiste na coleta de material citológico do colo do útero. Inicialmente
é introduzido um espéculo vaginal e procede-se à esfoliação da supercie externa
ou ectocérvice e da interna ou endocérvice por meio de uma espátula de madeira e
de uma escovinha endocervical
6
. As demais alternativas para rastreamento têm
custo elevado no Brasil
43
.
10
As recomendações para as mulheres que se submeterão ao exame
Papanicolaou consistem em não utilizar durante as 48 horas que antecedem a
coleta, duchas ou medicamentos vaginais ou exames intravaginais,
anticoncepcionais locais, espermicidas e nas 48 horas anteriores ao exame deve-se
evitar relações sexuais. A presença de sangue pode prejudicar a exatidão do exame,
portanto não deve ser realizado no período menstrual, a menos que exista um
sangramento anormal
6,22
.
Desde 1988, o Ministério da Saúde (MS) preconiza que o exame
Papanicolaou seja realizado anualmente e prioritariamente em mulheres na faixa
etária de 25 a 60 anos de idade. Após dois exames anuais consecutivos com
resultados negativos, deve ser realizado a cada três anos, apoiando-se na história
natural do câncer do colo do útero. Para as mulheres virgens, o exame não deve ser
realizado na rotina, e em caso de gestantes o exame deve ser feito
preferencialmente ao mês. A coleta de esfregaço de fundo de saco vaginal é
recomendada para mulheres que se submeteram à histerectomia total
6
. As
mulheres precisam ser submetidas a um novo teste, um a três anos após um exame
normal, devido ao número de testes falso-negativos, reduzindo assim as chances de
perda das alterações que possam estar presentes
36
.
Os fatores de risco, a freqüência de realização dos exames e os resultados
dos exames anteriores devem ser observados em mulheres com idade acima da
faixa etária preconizada para o rastreamento. A freqüência do rastreamento deverá
ser individualizada
6
.
Na Europa, as políticas e os programas de rastreamento do câncer do colo
do útero são bem variados. Países como a Finlândia e a Dinamarca, iniciaram seus
programas em 1963 e 1967, respectivamente. As recomendações do rastreamento
11
por faixas etárias bem como para o intervalo preconizado também diferem entre os
países europeus
44
. Já a American Cancer Society recomenda que o rastreamento do
câncer do colo do útero seja iniciado 3 anos as o intercurso sexual, mas não após
a idade de 21 anos, anualmente através do teste Papanicolaou ou a cada dois
anos utilizando-se o teste em meio líquido e um intervalo de dois ou três anos para
mulheres com 30 anos de idade ou mais, que tenham tido três resultados
consecutivos normais. As mulheres com idade de 70 anos que tenham três ou mais
exames normais nos últimos 10 anos ou que tenham se submetido a histerectomia
total podem parar de se submeterem ao rastreamento
45
.
Alguns autores descrevem que programas de rastreamento anual teriam
custos mais elevados, o que seria contrário às questões de custo-benefício em
países com recursos escassos como o Brasil. A periodicidade trienal do exame
Papanicolaou tem sido a mais difundida uma vez que estudos sugerem que não têm
sido observadas diferenças significativas na diminuição da incidência do câncer do
colo do útero quando os exames são realizados em intervalos anuais ou trienais.
Diversos estudos indicam que a manutenção dos elevados índices de incidência e
mortalidade por câncer cérvico-uterino em países em desenvolvimento está
relacionada à baixa qualidade e cobertura do exame de Papanicolaou
35
. A o
realização do exame Papanicolaou de rotina foi identificada como fator associado à
ocorrência de câncer do colo uterino
46
.
Um estudo realizado com o objetivo de apresentar o panorama nacional da
cobertura do exame Papanicolaou enfatizando também os seus fatores
determinantes, concluiu que são poucos os estudos sobre cobertura do exame
Papanicolaou no Brasil. Além disto, foram identificados dois estudos de abrangência
nacional realizados em 2003 que apresentaram coberturas abaixo de 70% nos
12
últimos três anos. Dentre as variáveis mais freqüentemente observadas nas
mulheres não submetidas ao exame Papanicolaou foram encontradas: baixo nível
socioeconômico, baixa escolaridade, baixa renda familiar e pertencer às faixas
etárias mais jovens. Os autores concluíram que os dados encontrados
demonstraram diferenças na cobertura do exame Papanicolaou na população
feminina brasileira entre as regiões e a necessidade de intervenção em relação aos
fatores a ela associados
47
.
Em 2003, um estudo utilizando os dados da Pesquisa Mundial de Saúde,
com o objetivo de descrever o perfil sócio-demográfico das mulheres brasileiras
entre 18 e 69 anos que têm cuidados adequados com a sua saúde, demonstrou que
a cobertura do exame Papanicolaou nos últimos três anos foi de 65%. Além disso,
observou-se que menos do que 20% das mulheres tinham cuidados adequados com
a saúde, ou seja, em relação à utilização dos serviços e comportamentos
saudáveis
48
.
Outro estudo realizado com o objetivo de identificar a prevalência e os
fatores associados à realização dos exames Papanicolaou e mamografia por
mulheres brasileiras, de 25 anos ou mais, identificou uma prevalência de exames
Papanicolaou de 75,5%. Os principais fatores preditivos para a realização do
Papanicolaou foram: ter filhos, consulta médica no último ano, renda elevada, médio
a alto grau de escolaridade, ter plano de saúde e morar em zona urbana
49
.
As pesquisas sobre cobertura do Papanicolaou, seja por faixa etária ou
para avaliar a periodicidade de realizão do exame, bem como os fatores
associados à sua não realização são importantes, pois através delas é possível
avaliar o impacto das ões que estão sendo realizadas e planejar estratégias de
intervenção
50
.
13
No período de 1999 a 2000, um estudo em Pelotas identificou que 72,2%
das mulheres realizaram o exame Papanicolaou nos últimos três anos e 11,2%
nunca o haviam realizado, e a sua não realização esteve associada com baixa
inserção social e idade avançada
51
. Em 2003, tamm em Pelotas, outro estudo
constatou que as mulheres com maior mero de fatores de risco para o câncer de
colo uterino apresentaram menor parâmetro de realizão deste exame
52
. Em
Londrina, município do Sul do Brasil encontrou-se uma cobertura geral de realizão
do exame de 80,7%
53
.
A aderência ao exame Papanicolaou difere o entre os países, mas
também entre grupos étnicos. Um estudo realizado com 406 mulheres cambojano-
americanas de 18 anos de idade ou mais, demonstrou que 76% dessas mulheres
relataram terem se submetido ao exame Papanicolaou uma vez na vida. Entre as
vietnamita-americanas de 18 a 64 anos de idade, 68% foram submetidas ao exame
nos últimos três anos
54,55
.
1.7 Os serviços de saúde e o exame Papanicolaou
No Brasil, no ano de 2004, o MS lançou a “Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde da Mulher Princípios e Diretrizes (PNAISM), com o objetivo de
implantar ações de saúde que reduzissem a morbi-mortalidade por causas
preveníveis entre mulheres, além de outras ões que pudessem colaborar para a
garantia de seus direitos. Além disso, a prevenção e o tratamento de mulheres
portadoras do HIV/AIDS e de outras doenças crônicas não transmissíveis e de
câncer fizeram parte dos princípios norteadores dessa política
6
.
14
Com o objetivo de atingir o controle do câncer do colo do útero e da mama,
reduzir a incidência e a mortalidade do câncer do colo do útero, a mortalidade por
câncer de mama por meio de ões de prevenção e detecção precoce dessas
enfermidades, além da garantia do tratamento e reabilitação para as mulheres
acometidas, foram implantadas também diversas ações, dentre elas o Programa
Viva Mulher - Programa Nacional de Controle do Câncer do Colo do Útero e Mama.
O Programa Viva Mulher foi submetido a uma avaliação em 2004, através da qual foi
identificada a necessidade de revisão de sua estrutura e de estratégias para que
seus objetivos pudessem ser alcançados. Dessa forma, foi criado o Plano de Ação
para o Controle do Câncer de Mama e do Colo do Útero no Brasil 2005 2007 que
contempla, dentre suas Diretrizes Estratégicas, o aumento da cobertura da
população-alvo, além das demais diretrizes propostas para o nível nacional
6
.
A estratégia de Saúde da Família tem contribuído para uma importante
diminuição das iniqüidades no que se refere ao acesso e utilização dos serviços de
saúde
56
. Ressalta-se ainda que a cobertura de serviços de saúde no Brasil tem
aumentado através desta estratégia
53
. A organização da atenção à saúde através da
estratégia Saúde da Família favorece a realização do exame Papanicolaou
57
.
A estratégia Saúde da Família foi implantada nos municípios brasileiros a
partir das experiências exitosas do Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(PACS) que foi criado oficialmente pelo MS em 1991 com o objetivo de diminuir a
mortalidade infantil e materna na região Nordeste do Brasil. O PACS diminuiu a
mortalidade infantil, aumentou o aleitamento materno exclusivo, melhorou os
indicadores de nutrição infantil e contribuiu com o aumento da cobertura vacinal e foi
expandido para a região Norte para colaborar no combate à epidemia de cólera que
assolava a região
58
.
15
A partir de 1994, a estratégia Saúde da Família passou a ser considerada
como o recurso de estruturação do modelo assistencial de saúde até então vigente
no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) centrado na doença, para um modelo
voltado para a promão da saúde e a prevenção de doenças
53,59
. A equipe de
Saúde da Família é constituída por no mínimo um médico generalista ou de família,
enfermeiro, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde
53
. Ressalta-
se que tem ocorrido a inserção de outros profissionais de nível superior à equipe
60
.
O trabalho das equipes de Saúde da Família é direcionado a uma
população com área de abrangência definida. Tem o objetivo de resolver os
problemas de maior freqüência e relevância, fundamentando-se nos princípios de
acessibilidade, universalidade, coordenação, integralidade, continuidade,
humanizão, eqüidade e participação da comunidade, com uma prática voltada
para todos os níveis do ciclo de vida familiar, seja da gestante ao idoso, seja
individualmente ou coletivamente
61
. Além disso, desenvolve ações de vigilância em
saúde, vigilância sanitária e vigilância epidemiológica sobre doenças e agravos
como tuberculose, hanseníase, hipertensão, diabetes, câncer do colo do útero e de
mama, entretanto ainda de forma incipiente
59
. Tem como desafio, alcançar a
integralidade na assistência à saúde da mulher incluindo ações de controle do
câncer do colo do útero
6
.
Incipientes também são os estudos entre a população feminina usuária dos
serviços prestados pela estratégia Saúde da Família que avaliem a cobertura do
exame Papanicolaou e os fatores associados à adesão ou não ao exame
53
.
O município de Montes Claros localiza-se na região Norte de Minas Gerais.
Possui uma população de 352.384 habitantes, uma área territorial de 3.470 Km²,
clima tropical, temperatura média anual de 24,2ºC, onde predomina a vegetação de
16
Cerrados com áreas de transição de Cerrado/Caatinga. Suas principais atividades
econômicas são relativas à indústria, comércio e pecuária
62,63
.
Montes Claros conta com uma ampla rede de saúde, incluindo hospitais
privados e públicos, policlínicas e demais estabelecimentos de saúde, totalizando
142 estabelecimentos, sendo que 86 integram o SUS
62
.
Atualmente, o município possui uma cobertura de aproximadamente 48,7%
pela estratégia Saúde da Família sendo que na zona urbana atuam 44 Equipes de
Saúde da Família (ESF) e 01 Equipe de Agentes Comunitários de Saúde (EACS), e
na zona rural atuam 05 ESF e 04 EACS. São 167.933 pessoas e 44.241 famílias
atendidas por estas equipes
64
.
O município em questão foi dividido em 13 pólos regionais nos quais foram
implantadas as Unidades Administrativas Intersetoriais (UAIs), que possuem
representantes das secretarias e órgãos municipais cujos objetivos destinam-se à
discussão de diagnósticos e planejamento de ações que busquem o crescimento da
cidade. O Pólo Delfino Magalhães esinserido entre os 13 pólos de Montes Claros
e possui cobertura de 100% por ESF
63
. Coincide com a área de abrangência de 10
ESF (ESF Vila Sion, ESF Alto Boa Vista, ESF Santo Antônio I, ESF Santo Antônio II,
ESF Delfino Magalhães, ESF Jardim Palmeiras I, ESF Jardim Palmeiras II, ESF
Novo Delfino, ESF Vila Anália e por último foi acoplada a ESF Santa Lúcia I)
63
. A
ESF Alto Boa Vista possui menos de três anos de implantação
64
.
Nesta região, também existe o Núcleo de Atenção Integral na Saúde da
Família que é a referência da área de abrangência supracitada e mais a ESF Monte
Carmelo II. Todavia, conforme a divisão em los, esta equipe faz parte do Pólo
Independência.
17
Os Núcleos de Atenção Integral na Saúde da Família foram criados pela
Portaria 1.065, de 4 de julho de 2005, com o objetivo de expandir a integralidade
e a resolubilidade da atenção à saúde. Integra o atendimento do psicólogo,
assistente social, nutricionista, fisioterapeuta, profissional de educação física e do
instrutor de práticas corporais
65
. A unidade é tamm referência para as equipes da
estratégia Saúde da Família em relação à pediatria e ginecologia
66
.
Ressalta-se que existe um projeto, ainda em fase de discussão, de adesão
e implantação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) em conformidade
com a Portaria nº 154 de 24 de janeiro de 2008, cujo objetivo é a ampliação da
abrangência e da finalidade das ações da atenção primária à saúde em relação ao
apoio à estratégia Saúde da Família
66
. Dessa forma o Núcleo de Atenção Integral na
Saúde da Família será então denominado Núcleo de Apoio à Saúde da Família.
A escolha do tema justifica-se pela relevância dos aspectos
epidemiológicos e pela gravidade do impacto do câncer do colo do útero na
sociedade como um todo, pelos aspectos que norteiam o seu controle e prevenção,
além da importância do exame Papanicolaou como principal ferrramenta de
rastreamento, e que ainda encontra barreiras relacionadas à adesão entre as
mulheres. Além disso,o incipientes os estudos que avaliem a cobertura do exame
Papanicolaou bem como os fatores dificultadores e favorecedores em relação à sua
adesão entre a população feminina usuária dos serviços prestados pela estratégia
Saúde da Família.
O estudo proposto é importante porque seus resultados podem contribuir
para uma avaliação do impacto das ações que estão sendo realizadas no âmbito do
tema abordado, por parte dos serviços envolvidos, além de poder proporcionar um
18
redirecionamento relativo ao planejamento de estratégias para enfrentamento dos
resultados encontrados.
19
Objetivos
20
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Verificar a cobertura, o acesso e fatores relacionados à realização do exame
Papanicolaou em mulheres com idade de 20 anos ou mais, no Pólo Delfino
Magalhães e Monte Carmelo II.
2.2 Objetivos Específicos
Verificar a cobertura do exame Papanicolaou em mulheres com idade de 20
anos ou mais, no Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II;
Identificar na população estudada, fatores sociodemográficos associados à
realização ou o do exame Papanicolaou e verificar aspectos referentes ao
acesso ao exame e acesso geográfico à unidade de saúde da Família,
através de questionário padronizado;
Identificar os principais motivos para a adesão ou não ao exame
Papanicolaou na população estudada;
Contribuir com os serviços locais de saúde, de acordo com os resultados
obtidos para um redirecionamento das ações relacionadas à situação
encontrada.
Disponibilizar dados novos sobre cobertura e acesso ao exame Papanicolaou
que são escassos na literatura.
21
Metodologia
22
3 METODOLOGIA
3.1 Localização do estudo
Estudo descritivo, transversal, conduzido no Pólo Delfino Magalhães e
Monte Carmelo II, na zona urbana da cidade de Montes Claros, Minas Gerais, no
período de Março a Junho de 2008. O município de Montes Claros possui
atualmente uma população de 352.384 habitantes e uma cobertura aproximada de
48,7% pela estratégia Saúde da Família. A região do Pólo Delfino abrange 10
equipes da estratégia Saúde da Família, sendo 09 equipes implantadas mais de
três anos e 01 equipe há menos de três anos.
Foram incluídas as 09 equipes com três anos ou mais de atuação
pertencentes ao Pólo Delfino Magalhães e mais a área de abrangência da Equipe de
Saúde da Família Monte Carmelo II que esinserida no Pólo Independência (figura
1) totalizando 10 equipes, 62 micro-áreas. As 10 equipes inseridas neste estudo
utilizam como referência o Núcleo de Atenção Integral na Saúde da Família Delfino
Magalhães.
A área do Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II foi escolhida por
possuir uma cobertura de 100% de equipes da estratégia Saúde da Família. Além
disso, não foi realizado nenhum estudo com essa abordagem considerando o Pólo
Delfino e o Monte Carmelo II como um todo.
23
Figura 1 - Divisão geográfica da zona urbana do município de Montes Claros, Minas
Gerais, 2008.
Fonte: http://www.montesclaros.mg.gov.br/saúde/index.htm
3.2 População-alvo
Foram selecionadas aleatoriamente mulheres com idade de 20 anos ou
mais, residentes nas 62 micro-áreas de 10 Equipes de saúde da Família (ESF),
identificadas através de consulta à ficha A - Cadastro das Famílias. Optou-se por
mulheres com idade igual ou maior que 20 anos, por contemplar a faixa etária
recomendada pelo MS como população alvo para o rastreamento do ncer do colo
do útero.
O tamanho da amostra foi calculado considerando-se uma proporção
estimada de 50% de mulheres que realizaram o exame Papanicolaou, com precisão
de 0,03 e nível de confiança de 0,95, obtendo-se um tamanho amostral de 1.560
7 - Pólo Independência (onde está
inserida a ESF Monte Carmelo II)
11 - Pólo Delfino Magalhães
24
mulheres para compor a amostra. Sorteou-se 3 ruas de cada micro-área contendo
os números das casas de todas as mulheres da rua que posteriormente foram
sorteadas por amostragem aleatória simples. Excluiu-se deste estudo 320 mulheres
(82 o residiam mais no endereço, 159 recusaram a participar da pesquisa, 04
eram portadoras de distúrbio mental, 33 não tinham iniciado a atividade sexual, 10
eram histerectomizadas, 03 haviam morrido e 29 tinham idade inferior a 20 anos),
ficando a amostra final em 1.240 mulheres. Foram entrevistadas em suas
residências, 301 mulheres de 20 a 29 anos, 381 de 30 a 39 anos, 248 de 40 a 49
anos, 185 de 50 a 59 anos e 125 de 60 anos ou mais.
3.3 Critérios de inclusão e exclusão
Critérios de inclusão:
(a) Mulheres com 20 anos de idade ou mais que tinham iniciado a atividade
sexual;
(b) Mulheres com 20 anos de idade ou mais que aceitaram participar
voluntariamente da pesquisa, após leitura e assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE) (anexo 2).
Critérios de exclusão:
(a) Mulheres com idade inferior a 20 anos;
(b) Mulheres que não tinham iniciado a atividade sexual;
(c) Mulheres que tinham se submetido à histerectomia;
25
(d) Mulheres portadoras de distúrbios mentais;
(e) Mulheres que se recusaram a assinar o TCLE de participação voluntária na
pesquisa.
3.4 Instrumentos de coleta de dados
Para a coleta dos dados, foi confeccionado um questionário padronizado,
contendo questões fechadas e algumas opções abertas. Algumas questões foram
validadas por estudo piloto, enquanto que as demais foram validadas em estudos
semelhantes
49,50,52,53,67,68,69
.
O exame Papanicolaou foi considerado como variável dependente,
dicotomizado em: exame realizado e exame não realizado. As variáveis
independentes foram classificadas em subgrupos: sociodemográficas, ginecológicas
e referentes ao acesso e conhecimento das mulheres sobre o câncer do colo do
útero e sobre e exame preventivo (Papanicolaou).
As variáveis sóciodemográficas consideradas foram: idade, situação
conjugal, cor da pele, escolaridade, profissão, trabalho fora de casa, renda familiar,
tabagismo, plano de saúde. As varáveis ginecológicas foram: início da atividade
sexual, mero de parceiros na vida, parceiro atual, uso de anticoncepcional,
número de gestações, número de filhos vivos, idade da primeira gestação. As
variáveis referentes ao acesso ao Papanicolaou e à Unidade Saúde da Família
(USF) e conhecimento do câncer do colo do útero e do exame Papanicolaou foram:
tempo gasto para chegar à USF, dificuldade para ir até a USF, tipo de transporte
utilizado para ir até a USF, ouviu falar sobre câncer do colo do útero, ouviu falar do
26
exame preventivo do câncer do colo do útero, possui tempo disponível para se
submeter ao exame Papanicolaou.
As varveis sociodemográficas foram categorizadas da seguinte forma:
faixa etária (20 a 29 anos, 30 a 39 anos, 40 a 49 anos, 50 a 59 anos, 60 anos ou
mais)
51
, situação conjugal (vive com o parceiro: casada, união estável; vive sem o
parceiro: solteira, separada, divorciada, viúva)
67
, cor da pele (branca; não branca)
51
,
escolaridade (analfabeta, 1ª a 4ª série completa ou incompleta: 0 a 4 anos de
estudos; 5ª a 8ª série completa ou incompleta: 5 a 8 anos de estudos; 2º grau acima:
9 anos de estudos ou mais)
50
; profissão (dona de casa: do lar; outras: domésticas
ou outras profissões), trabalho fora de casa (sim; não)
53
, renda familiar (menor que 1
salário; 1 salário; 2 ou mais salários) tabagismo (sim; não: incluindo as ex-
tabagistas)
52
, plano de saúde (sim; não)
49
.
As variáveis ginecológicas foram categorizadas em: Início da atividade
sexual (menor que 20 anos; 20 anos ou mais)
50
, número de parceiros na vida (único;
múltiplos: mais que 1)
68
, parceiro atual (sim; não) uso de anticoncepcional (pílula,
injetável, preservativo masculino, Dispositivo Intra-uterino, outros: sim; nenhum,
ligadura de trompas, vasectomia, menopausa: o), número de gestações
(nenhuma, 1 gestação e mais que 1 gestação)
69
.
As variáveis referentes ao acesso e conhecimento foram categorizadas
em: tempo gasto para chegar à Unidade de Saúde da Família USF (20 minutos ou
menos; mais que 20 minutos), dificuldade para ir aa USF (sim; não), meio de
locomoção utilizado para ir aa USF (a pé; outros: bicicleta, ônibus, carro, moto,
etc), ouviu falar sobre o câncer do colo do útero (sim; não)
50
, ouviu falar do exame
preventivo do câncer do colo do útero (sim; não)
59
, tem tempo disponível para se
submeter ao exame Papanicolaou (sim; não).
27
O questionário tamm contemplava pergunta sobre qual o motivo para a
não realização do exame Papanicolaou exclusiva para as mulheres que não haviam
se submetido ao exame em questão. Além dessas, havia também as seguintes
perguntas direcionadas para as mulheres que realizaram o exame Papanicolaou:
quando realizou o último exame, recebeu o resultado do último exame, onde realizou
o último exame, foi atendida da maneira como gostaria (sim, não, se não porque),
teve dificuldade para agendar o exame no Programa Saúde da Família (sim, não, se
sim quais dificuldades), quantas vezes repetiu o exame Papanicolaou
50
e se fez
somente uma vez porque não repetiu, qual o motivo para a realizão do último
exame Papanicolaou, conforme questionário (anexo 1) .
3.5 Seleção e treinamento dos entrevistadores
Foram selecionadas 06 entrevistadoras que foram treinadas e
supervisionadas. Foram realizadas reuniões para treinamento e discussão sobre o
projeto de pesquisa, seus objetivos e sobre o instrumento de coleta dos dados.
3.6 Aspectos éticos
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comide Ética em Pesquisa da
Universidade Estadual de Montes Claros processo nº 869/07 (anexo 3)
O acesso às informões das Fichas A Cadastro de Saúde da Família e
do Sistema de Informação da Atenção sica necessárias à execução do projeto foi
autorizado pela Secretaria Municipal de Montes Claros.
28
3.7 Coleta dos dados
As mulheres da amostra foram visitadas em suas residências e
entrevistadas após leitura e assinatura do TCLE.
3.8 Análise estatística
Os dados coletados foram armazenados e analisados através do software
estatístico SPSS for Windows, versão 15.0.
A cobertura do exame Papanicolaou em mulheres com idade de 20 anos
ou mais residentes no pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, foi estimada
através da freqüência relativa e seu intervalo de 95% de confiança. Foram
estimadas as médias e desvios-padrão para descrever as mulheres da amostra
quanto às variáveis: idade, Idade de início da atividade sexual e tempo de moradia.
Na análise univariada, a relação entre os fatores pesquisados e a realização do
exame Papanicolaou foi inicialmente avaliada pela Odds Ratio (OR).
Posteriormente, foram selecionadas para a análise multivariada aquelas
variáveis que mostraram nível descritivo até 0,25 (p < 0,25) na etapa univariada. A
intensidade dessa associação foi estimada a partir da regressão logística
multivariada considerando-se o Odds Ratio (OR) como estimativa da razão de
prevalência, admitindo-se um nível de signifincia de 0,05, e assumindo-se um
intervalo de confiança de 95%.
Foram construídas as distribuições de freqüências na descrição das
variáveis: quando realizou o exame, recebeu o resultado, local onde realizou o
exame, se foi atendida como gostaria, dificuldade para agendar, o motivo para a
29
realização ou não do exame, repetição do exame e freqüência de realização do
exame em relação à faixa etária.
Para descrever o grau de concordância das respostas entre as variáveis
categóricas foi utilizado o Índice Kappa e para as variáveis numéricas foi utilizado o
Coeficiente de Correlação Intraclasse.
30
Resultados
31
4 RESULTADOS
4.1 Aspectos sociodemográficos
A amostra se constituiu de 1.240 mulheres, resultantes das entrevistas
realizadas no período de março a junho de 2008.
Quanto ao perfil sociodemográfico das entrevistadas, 71,0% relataram que
vivem com o parceiro (casadas, união estável), 93,8% se declararam o brancas
(pardas, negras, amarelas e outras), 40,6% possuíam 9 anos de estudos ou mais.
Quanto à profissão, 62,2% informaram ser donas de casa e 37,8% relataram ter
outras profissões, 69,3% informaram que o trabalham fora de casa, 46,6%
disseram ter uma renda igual a 1 salário e 76,0% informaram que não possuem
plano de saúde. O tabagismo foi autodeclarado por 9,8% das mulheres, sendo que
90,2% se declararam não tabagistas.
Entre as mulheres pertencentes às seguintes categorias: vive sem o
parceiro, não brancas, com 0 a 4 anos de estudos e 9 anos ou mais, as donas de
casa, as que não trabalham fora de casa, com renda familiar igual ou menor a 1
salário, as não tabagistas e as que o possuem plano de saúde, observou-se
maiores percentuais de não realização do exame Papanicolaou quando comparadas
intra categorias (Tabela 1).
A análise univariada cujos resultados são demonstrados nas Tabelas 1,
evidenciou associação (nível de significância estatística p < 0,05) da realização ou
não do exame Papanicolaou com as variáveis: faixas etárias 30 a 39 anos (p =
0,000), 40 a 49 anos (p = 0,001) e 50 a 59 anos (p = 0,015) em relação à faixa etária
32
de 20 a 29 anos, viver sem o parceiro (p = 0,000) e não ter plano de saúde (p =
0,018).
4.2 Aspectos ginecológicos
Entre as mulheres que responderam sobre a idade de início da atividade
sexual (n = 1217), 62,7% informaram tê-la iniciado antes dos 20 anos de idade e
37,3% iniciaram com 20 anos ou mais. A média de idade em relação ao início da
atividade sexual entre as que realizaram o exame foi de 19,2 (DP = 3,8), e entre as
que não o realizaram foi de 19,5 (DP = 3,6) (Tabela 6).
Verificou-se que entre as mulheres que relataram sobre o número de
parceiros que tiveram na vida (n = 1160), 71,1% das entrevistadas responderam ter
tido parceiro único; já em relação a parceiro atual, 83,4% informaram que possuem
(Tabela 2).
Quando questionadas sobre o uso de anticoncepcional na atualidade,
35,3% responderam que sim, e 64,7% informaram que o. Entre as que
responderam que não utilizam métodos anticoncepcionais, estão incluídas as que
estavam na menopausa (18,7%), as grávidas (1,0%) e as que tinham sido
submetidas à ligadura de trompas (26,5%) ou cujos parceiros tinham sido
submetidos à vasectomia (8,4%). Verificou-se que 8,2% das mulheres não tiveram
gestação, 14,4% tiveram 1 gestação, e 77,4% tiveram mais que 1 gestação (Tabela
2).
Entre as mulheres pertencentes às seguintes categorias: as que iniciaram
a atividade sexual com 20 anos de idade ou mais, que usam anticoncepcional, as
que tiveram parceiro único, que o tiveram gestação e as que tiveram 1 gestação
33
observou-se maiores percentuais de não realização do exame Papanicolaou quando
comparadas intra categorias (Tabela 2).
A análise univariada cujos resultados são demonstrados nas Tabelas 2,
evidenciou associação (nível de significância estatística p < 0,05) da realização ou
não do exame Papanicolaou com as variáveis: não ter parceiro atual (p = 0,000) e
nenhuma gestação (p = 0,000).
4.3 Aspectos do atendimento, acesso ao exame e à Unidade de Sde da
Família e conhecimento sobre o câncer do colo do útero e do Papanicolaou
Referindo-se às mulheres que realizaram o exame Papanicolaou, 70,8%
informaram que haviam se submetido ao último exame na unidade de Saúde da
Família de seu bairro, 4,1% realizaram o exame no Centro de Saúde local, 15,6% o
realizaram em locais que prestam atendimento privado ou por convênios médicos,
7,6% em outras unidades do SUS, 1,6% o realizaram em outras cidades e 0,3% não
lembraram (Tabela 3).
Quando questionadas sobre o recebimento do resultado do último exame,
10,1% informaram que ainda não o haviam recebido. Em relação ao atendimento,
98,7%% responderam que foram atendidas como gostariam (Tabela 3).
Dentre as que realizaram o Papanicolaou, foi questionado se tiveram
dificuldades para agendá-lo, 78,3% relataram que não, e 21,7% relataram que sim
(Tabela 3).
Observou-se que entre mulheres que relataram ter dificuldades para
agendar o exame (21,7%), as principais dificuldades citadas foram: demora no
agendamento do exame (68,6%), não encontram vagas (12,9%), falta de tempo para
34
procurar pelo agendamento (3,5%), e 14,9% declararam ter outras dificuldades que
foram enquadradas na categoria outras por corresponder a percentuais inferiores a
3% (não encontram o Agente Comunitário de Saúde, falta de médicos, falta material,
não conseguem ir quando agendam, e não é agendado quando pedem) (Gráfico 1).
Quando foram interrogadas sobre quantos minutos gastam para chegar à
Unidade de Saúde da Família (USF) 95,4% informaram que gastam 20 minutos ou
menos (Tabela 4). Em relação a ter ou não dificuldades para ir à USF, 97,0%
disseram o ter nenhuma dificuldade e 3,0% responderam que sim (Tabela 4). As
principais dificuldades relatadas encontram-se descritas no Gráfico 2.
No que se refere ao meio de locomoção utilizado para ir à USF, 97,3%
declararam que vão a pé e apenas 2,7% informaram que utilizam outros meios
(Tabela 4).
Ao serem interrogadas se ouviram falar sobre o câncer do colo do útero,
99,0% responderam que sim. Quando perguntadas se ouviram falar sobre o exame
preventivo, 99,4% informaram que sim e quando questionadas se m tempo
disponível para realizar o exame apenas 3,5% relataram que não (Tabela 4).
Entre as mulheres pertencentes às seguintes categorias: as que
informaram gastar mais que 20 minutos para chegar à USF, que declararam possuir
dificuldade para ir à USF, que utilizam outros meios de locomoção, que não ouviram
falar do câncer do colo do útero e do exame preventivo observou-se maiores
percentuais de não realizaram o exame Papanicolaou quando comparadas intra
categorias (Tabela 4).
A análise univariada cujos resultados o demonstrados nas tabelas 4,
evidenciou associação (nível de significância estatística p < 0,05) da realização ou
35
não do exame Papanicolaou com as variáveis: não ter ouvido falar sobre o exame
preventivo (p = 0,026) eo ter tempo disponível para fazer o exame (p = 0,000).
4.4 Avaliação da associação das variáveis com a realização ou não do exame
Papanicolaou
A análise univariada cujos resultados são demonstrados nas tabelas 1, 2 e
4, evidenciou associação da realização ou não do exame Papanicolaou com: faixas
etárias 30 a 39 anos, 40 a 49 anos e 50 a 59 anos em relação à faixa etária de 20 a
29 anos, viver sem o parceiro, não ter plano de sde, o ter parceiro atual, não
ter tido gestação, não ter ouvido falar do exame preventivo e não ter tempo
disponível para fazer o exame, todas elas com nível de significância estatística p <
0,05.
Para a análise multivariada, além das variáveis citadas acima, foram
selecionadas aquelas que também apresentaram associação com a realizão ou
não do exame Papanicolaou, com o nível de significância de a0,25 (p < 0,25)
(Tabelas 1, 2 e 4): ter 9 anos ou mais de estudos (p = 0,212), ter 5 a 8 anos de
estudos (p = 0,170), outras profissões (p = 0,123), não trabalhar fora de casa (p =
0,224), ter tido uma gestação (p = 0,177), ter dificuldade para ir à USF (p = 0,124),
outros meios de locomoção para ir à USF (p = 0,077), não ter ouvido falar sobre o
câncer do colo do útero (p = 0,091).
Após a análise multivariada mantiveram-se associadas com a realização
do exame Papanicolaou, as variáveis: 30 a 39 anos OR = 3,3 (IC95% 1,447,57),
p = 0,005 e faixa etária 40 a 49 anos OR = 3,7 (IC95% 1,27 10,6) p = 0,016; e os
fatores associados à não realização foram: não ter plano de saúde OR = 0,4 (IC95%
36
0,16 0,86), não ter parceiro atual OR = 0,5 (IC95% 0,25 0,88), não ter tempo
disponível para fazer o exame OR = 0,1 (IC95% 0,57 0,26) e nenhuma gestação
OR = 0,4 (IC 95% 0,16 – 0,77) (Tabela 5).
A prevalência de realização do exame Papanicolaou foi maior entre as
mulheres da faixa etária de 30 a 39 e 40 a 49 anos em relação às mulheres da faixa
etária de 20 a 29 anos e menor entre as que não possuem plano de saúde, não têm
parceiro atual, não possuem tempo disponível para fazer o exame e que não tiveram
gestação.
O grau de concordância das respostas entre as variáveis categóricas
utilizando-se o Índice Kappa variou de 0,642 a 1,000 (Tabela 10), e entre as
variáveis numéricas utilizando-se o Coeficiente de Correlação Intraclasse, os valores
variaram de 0,848 a 1,000 (Tabela 11).
4.5 Cobertura do exame Papanicolaou
A cobertura geral, ou seja, a realização do exame Papanicolaou pelo
menos uma vez na vida entre as participantes do estudo nas 62 micro-áreas do Pólo
Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, foi de 94,9% (n = 1177). Constatou-se que
5,1% das mulheres referiram nunca terem se submetido ao exame Papanicolaou
(Tabela 1).
A média de idade entre as mulheres que realizaram o exame Papanicolaou
foi de 40,6 anos (DP = 13,2) e entre as que não o realizaram foi de 41,5 anos (DP =
20,6) (Tabela 6).
Referindo-se ao tempo de moradia na área, a proporção de mulheres que
não realizaram o exame foi maior entre as que informaram morar menos de três
37
anos (7,5%), e entre as que informaram morar há 3 anos ou mais esse percentual foi
de 4,4% (Tabela 7).
Considerando a realização do exame nos últimos três anos, observou-se
uma cobertura de 92,4% em relação a todas as idades (Tabela 3). Quando
estratificadas por faixa etárias, as prevalências de realização do exame foram
decrescentes da faixa etária de 20 a 29 anos (98,5%) anos para as demais: 30 a 39
anos (94,4%), 40 a 49 anos (93,8%), 50 a 59 anos (90,5%), sendo o menor
percentual na faixa etária de 60 anos ou mais (70,9%), onde também foi observado
um menor percentual de mulheres que não se lembraram de sua última coleta
(9,1%) e um maior percentual das que realizaram o exame mais de três anos
(20,0%) (Tabela 8).
O percentual de mulheres segundo o número de repetições do exame
Papanicolaou no Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II esdemonstrado no
Gráfico 3.
Considerando as faixas etárias, verifica-se um maior percentual de
mulheres que fizeram o exame apenas 1 vez na vida na faixa etária de 20 a 29 anos
(13,2%) seguida da faixa etária de 60 anos ou mais (10,0%); considerando o número
de repetições de 2 a 6 vezes, observa-se um percentual decrescente da faixa etária
de 20 a 29 anos (64,8%) até a faixa etária de 40 a 49 anos (34,2%), e a partir da
faixa etária de 50 a 59 anos (35,8%), verificou-se um percentual crescente até a
faixa etária de 60 anos ou mais (43,6%) (Tabela 9)
Em relação ao número de 6 repetições ou mais, verificou-se um percentual
crescente de 20 a 29 anos (18,7%) até 40 a 49 anos (55,1%), com decscimo de 50
a 59 anos (50,8%) até 60 anos ou mais (35,5%) conforme descrito na Tabela 9.
38
4.6 Principais motivos para a adesão ou não ao exame Papanicolaou
Os principais motivos citados para a adesão ao exame Papanicolaou entre
as mulheres que o realizaram foram: rotina (71,6%) e queixa ginecológica (17,2%).
Os demais motivos estão representados no Gráfico 4. Dentre outros motivos,
citaram: a pedido da mãe, por causa da menopausa, desejavam engravidar ou saber
se estava tudo bem após o parto e curiosidade.
Os principais motivos para a não adesão ao exame foram: vergonha/medo
(50,8%). Os demais motivos estão demonstrados no Gráfico 5. Dentre outros
motivos, citaram: não es preparada, decidiu o fazer, o aceita realizar o
exame.
39
Discussão
40
5 DISCUSSÃO
Os resultados mostram uma expressiva cobertura do exame Papanicolaou
na região estudada, atingindo níveis superiores ao preconizado pela Organizão
Pan-Americana da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde, que estabelecem
níveis superiores a 80% para que haja um impacto na redução da mortalidade pelo
câncer do colo do útero
6,40
.
Além da escassez de estudos que avaliem cobertura de ações preventivas
do câncer do colo do útero, existe pouca padronização metodológica entre as
pesquisas, tanto em relão à amostragem quanto ao perfil das mulheres, o que
dificulta a comparação dessas pesquisas entre si e, além disso, essas diferenças
metodológicas contribuem para a variabilidade nas coberturas
47
.
Todavia, apesar dessas diferenças, várias pesquisas demonstram
coberturas inferiores ao encontrado no presente estudo. Constatou-se que 94,9%
das mulheres realizaram o exame Papanicolaou pelo menos uma vez na vida e o
estudo realizado em Londrina, município do Sul do Brasil, em 2004, identificou uma
cobertura geral (exame realizado pelo menos uma vez na vida) de 80,7% variando
de 71% a 88,4% entre mulheres de 20 a 59 anos
53
. Em São Leopoldo, um estudo
demonstrou que 92,4% das mulheres de 20 a 60 anos realizaram o exame
Papanicolaou pelo menos uma vez na vida
67
.
Em relação à cobertura do Papanicolaou nos últimos três anos, verificou-se
que 92,4% das mulheres realizaram o exame, sendo que na zona urbana de
Pelotas, entre 1999 e 2000, foi encontrada uma cobertura de 72,2% nos últimos três
anos entre mulheres de 20 a 69 anos e em 2003 essa cobertura foi de 83,0% entre
1.404 mulheres de 20 a 59 anos
51,52
. O estudo realizado a partir da análise de
41
informações sobre mulheres de 25 anos ou mais, no suplemento Saúde da Pesquisa
Nacional de Amostras Domiciliares (PNAD) do IBGE 2003, demonstrou que 75,5%
das mulheres com idade de 25 anos ou mais, realizaram o Papanicolaou nos últimos
5 anos
49
. Em São Leopoldo, foi identificado que 85,5% das mulheres de 20 a 60
anos realizaram o exame nos últimos três anos
67
.
As diferenças de cobertura do Papanicolaou também divergem entre
grupos étnicos como evidenciado na pesquisa realizada entre 2001 a 2002 para
verificar a vivência de mulheres japonesas das cidades de Kobe e Kawasaki e
mulheres brasileiras descendentes de japoneses, quanto ao exame precoce do
câncer cérvico-uterino. O estudo concluiu que a grande maioria das mulheres
(82,6%) realizou o exame Papanicolaou, e as brasileiras submeteram-se mais a
esse tipo de exame que as japonesas
70
. Entre mulheres cambojano-americanas com
idade igual ou maior a 18 anos, foi demonstrada uma cobertura de 76% do
Papanicolaou pelo menos uma vez na vida e entre as vietnamita-americanas de 18 a
64 anos, apenas 68% foram submetidas ao exame nos últimos três anos
54,55
.
Possivelmente, a elevada cobertura do exame Papanicolaou encontrada
neste estudo pode estar relacionada ao fato de que a área estudada possui uma
cobertura de 100% por Equipes de Saúde da Família, conseqüentemente as
mulheres podem ter um vínculo maior com os serviços, pois a maioria realizou o
exame na USF. Além disso, a maior proporção de realizão do exame foi
identificada entre as mulheres que residem na área de abrangência do estudo
mais de três anos, sugerindo esse vínculo mais tempo e, portanto uma maior
adesão ao exame, o que foi constatado também em outras pesquisas
57
.
Considerando as mulheres que não foram submetidas ao exame, a
proporção encontrada no presente foi 5,1%, um percentual inferior ao encontrado
42
em outras pesquisas, como por exemplo, no Município de Rio Grande, Rio Grande
do Sul, Brasil, onde foi constatado um percentual de não realização do exame de
57% entre mulheres de 15 a 49 anos
71
. Em Pelotas, o percentual de não adesão foi
de 11,2%
51
e em São Leopoldo observou-se que 7,6% das mulheres nunca
realizaram o exame Papanicolaou
67
.
Quando consideramos as faixas etárias, observou-se que a proporção de
não realização do exame foi maior entre as mais jovens (20 a 29 anos) e entre as
mulheres de 60 anos ou mais. Coberturas mais baixas também foram identificadas
nessa faixa etária em pesquisas semelhantes
51,52
.
relatos na literatura de que mulheres em fase reprodutiva realizam mais
o exame Papanicolaou em relação às mulheres que já não pertencem a essa
categoria, em decorrência da demanda por procedimentos de rotina durante o pré-
natal ou como parte do planejamento familiar ou tratamento de leucorréias. Portanto,
mulheres com 60 anos ou mais de idade, pelo fato de não estarem mais em idade
fértil, possuem a tendência em o realizar consultas ginecológicas ou procurar
menos os serviços de saúde
69,72
, ou ainda quando procuram, demandam atenção
para outras morbidades e estas oportunidades podem não estar sendo aproveitadas
para a realização do exame Papanicolaou
73
.
Em relação ao mero de exames realizados, o percentual de mulheres
que fizeram o exame uma única vez foi de 7%, menor que o encontrado no estudo
realizado em São Luiz, Maranhão, que constatou um percentual de 27,9% de
mulheres que informaram-lo realizado somente uma vez, mesmo se restringindo à
faixa etária de 25 a 49 anos
50
.
Ressalta-se que o presente estudo identificou um maior percentual de
repetições do exame (mais de 6 vezes) na faixa etária de 40 a 49 anos, idade onde
43
ocorre o pico de incidência do câncer do colo do útero
1
, contudo observou-se um
decréscimo a partir dessa faixa etária, ratificando, portanto a necessidade de
intervenções para melhorar a adesão dessas mulheres ao exame.
Chama a atenção, o fato de que mais da metade das mulheres iniciaram a
atividade sexual antes dos 20 anos de idade e nesse grupo foi maior o percentual de
mulheres que realizaram o exame quando comparadas às que não se submeteram
ao mesmo, quando se considera a mesma categoria. Ressalta-se aqui, portanto que
a realização do exame foi oportuna uma vez que o início precoce da atividade sexual
é co-fator que promove o aumento do câncer do colo do útero
32
.
Outro ponto a ser destacado, é que mais da metade das mulheres relatou
que tiveram parceiro único na vida, mas entre a categoria das que informaram ter
tido múltiplos parceiros, a maioria realizou o exame, presumindo também que esse
grupo foi em sua maior parte, oportunamente coberto, que números de parceiros é
um co-fator de risco para o câncer invasor
6
.
Quanto ao recebimento do resultado do último exame realizado, 10,1% das
mulheres não o havia recebido, ou seja, um percentual menor que o observado no
município de São Paulo que se restringiu à faixa etária de 15 a 49 anos
74
.
As mulheres que realizaram o exame foram questionadas sobre as
dificuldades em relação ao agendamento, verificou-se que a demora no
agendamento foi a principal referida. As dificuldades descritas foram também
encontradas em outras pesquisas como dificuldades e motivos pelos quais as
mulheres não realizam o exame
69,74
. Ressalta-se aqui, que somando-se as
dificuldades encontradas para o agendamento: demora, não encontram vagas e as
outras dificuldades (não encontram o Agente Comunitário de Saúde, falta de
dicos, falta material, não conseguem ir quando agendam, e não é agendado
44
quando pedem), com exceção da falta de tempo (3,5%), todas relacionam-se aos
serviços.
Essas dificuldades que desestimulam ou demandam um grande tempo
para ter algum atendimento e que levam as mulheres a deixarem seus afazeres
diários para se ocuparem em conseguir atendimento médico foram demonstradas
em outras pesquisas como barreiras para realização do Papanicolaou, sendo estas
geradas pelos próprios serviços de saúde
72
.
Constatou-se que quase a totalidade das mulheres entrevistadas relatou
um tempo gasto para se locomoverem de suas residências à USF de 20 minutos ou
menos e que se deslocam a , o que pode ser justificado pela proximidade das
casas em relação à unidade de saúde. O fato de existir uma proximidade entre a
moradia do usuário e o serviço de saúde não significa garantia de atendimento,
todavia observou-se no atual estudo que mais da metade das usuárias relataram
não possuir dificuldades para agendar o exame Papanicolaou nas USF
75
.
Um fator importante que deve ser ressaltado diante dos resultados
encontrados, refere-se ao fato que a maior parte das mulheres não possui plano de
saúde, e que a grande maioria foi submetida ao exame Papanicolaou na USF do seu
bairro. Além disso, quando questionadas se foram atendidas como gostariam, 98,7%
responderam que sim. Caso o usuário tenha experiências prévias negativas junto ao
serviço de saúde mais próximo de sua residência, o mesmo pode optar por outras
unidades mesmo que demandem um maior deslocamento, em busca de um acesso
fácil e um bom acolhimento
75
.
Os atuais resultados sugerem um vínculo à USF que pode ter sido
propiciado pelo atendimento esperado, e esse vínculo acaba por otimizar a forma
como a assistência se processa
76
. O presente estudo demonstrou que um elevado
45
percentual de mulheres realizou o exame Papanicolaou nas USF do seu bairro. Um
estudo conduzido também em Montes Claros, através do qual avaliou-se a
qualidade da assistência materno-infantil em dois modelos de Atenção Primária à
Saúde em relação aos indicadores de processo da assistência, comparando a
estratégia de Saúde da Família com centros de saúde tradicionais, observou-se que
as orientações para auto-exame das mamas, realização de exame preventivo de
câncer de colo uterino no último ano e relato de participação em programa de
planejamento familiar estavam associadas com o modelo de atenção primária à
saúde de forma que todas as diferenças apontadas mostraram melhor desempenho
da Estratégia de Saúde da Família
77
.
Observou-se nos resultados que os problemas relativos à presença de
doenças ou seqüelas somaram a maioria das dificuldades relacionadas ao acesso
geográfico à USF (ir até à USF), o que ressalta a particularidade desse grupo de
mulheres que apresentam dificuldades de locomoção até à USF e que são inerentes
à condição física.
As entrevistadas (21,6%) relataram que cuidar de crianças pequenas é um
fator que as impedem de chegar até à USF. Esta dificuldade foi referida em menor
proporção em um estudo realizado com mulheres argentinas
69
. Problemas como
distância, dificuldades para deixar filhos ou parentes, não poder deixar o trabalho ou
ainda ter dificuldades financeiras e com transportes também foram dificuldades
apontadas em outro estudo
72
.
Observou-se que uma grande proporção das mulheres ouviu falar do
câncer do colo do útero, entretanto não se investigou a origem e a qualidade deste
conhecimento, e da mesma forma, a maioria informou ter ouvido falar do exame
46
Papanicolaou ou preventivo, o que o significa que possuem um conhecimento
adequado sobre o assunto, o que também não foi investigado no presente estudo.
Um estudo realizado entre mulheres argentinas evidenciou que apesar de
92,5% das entrevistadas terem informado que já tinham ouvido falar sobre o exame,
cerca da metade delas não possuíam conhecimento adequado
69
. Segundo outros
autores, o conhecimento da finalidade do exame favorece e influencia a realização
do mesmo, e a desinformação sobre a doença e o exame, pode prejudicar a procura
da prevenção pela mulher
70
.
Quando questionadas se têm tempo disponível para realizar o exame, uma
pequena parcela de mulheres respondeu que não tinha, ao contrário dos resultados
encontrados na literatura
70
.
Quanto aos principais motivos citados para a adesão ao exame
Papanicolaou, a rotina do programa oferecido pelos serviços de saúde predominou
como o mais referido, o que pode ser decorrente do aumento da cobertura e da
oferta do exame pelas unidades, pois a região pesquisada possui a particularidade
de ter uma cobertura de 100% por Equipes de Saúde da Família, com três ou mais
anos de atuação e, além disso, possui o cleo de Atenção Integral na Saúde da
Família que é a referência em ginecologia para essas unidades. Entretanto, deve-se
considerar aqui o viés de resposta, uma vez que as mulheres podem ter fornecido
informações convenientes ao que é moralmente desejável. A rotina do programa
oferecido pela unidade de saúde também foi o principal motivo para a adesão ao
exame Papanicolaou entre mulheres em Londrina
53
.
Em relação às queixas ginecológicas, que foi o segundo motivo mais
citado, é fato que algumas mulheres recorrem ao exame em decorrência de
sintomas, o que foi tamm identificado por outros autores
53
. Essa procura motivada
47
pela presença de sintomas poderia ser uma característica da população dos países
em desenvolvimento, em virtude da cultura de que não é preciso ir ao médico na
ausência de sintomas
72,78
.
Os principais motivos referidos pelas mulheres que nunca realizaram o
Papanicolaou, foram: vergonha/medo, não teve interesse, não precisa, o
consegue agendar, o horário não coincide com as folgas, relatos todos citados
também na literatura
68,69,74
. Os outros motivos encontrados foram bastante
específicos à decisão da própria mulher em não realizar o exame. Verificou-se que a
vergonha e o medo foram os motivos mais citado para a não realizão do
Papanicolaou. Estes motivos foram também relatados entre mulheres entrevistadas
em o Paulo e entre mulheres das cidades de Kobe e Kawasaki
70,74
.
É interessante notar, que a falta de interesse tenha sido o segundo motivo
mais comum para a não submissão ao exame, diferentemente do constatado em
São Paulo, uma vez que esse motivo foi referido com uma freqüência bastante
inferior
74
. Todavia, em outros estudos, a desmotivação e a vergonha foram os
motivos mais referidos entre as mulheres com Neoplasia Intra-epitelial Cervical e
com câncer invasivo do colo do útero
72
.
Destaca-se aqui, que na perspectiva do profissional de saúde, o exame
Papanicolaou pode parecer simples e rotineiro, mas na verdade, para diversas
mulheres trata-se de uma experiência constrangedora
19
.
Observou-se neste estudo que as faixas etárias 30 a 39 anos, 40 a 49 anos
e 50 a 59 anos foram associadas à realização do Papanicolaou em relação à faixa
etária de 20 a 29 anos. A literatura destaca a associação da faixa etária de 20 a 29
anos e a não realização do exame Papanicolaou
47,52
. Quanto à associação das
faixas etárias de 30 a 39 anos, 40 a 49 anos e 50 a 59 anos com a realização do
48
exame, há controvérsias em pesquisas semelhantes
52,73
. Constatou-se menor
percentual de realização na faixa etária de 60 anos ou mais, porém sem significância
estatística nos resultados encontrados. Essa associação foi encontrada em estudo
realizado em Pelotas
51
.
A associação entre a variável viver sem o parceiro e a não realização do
exame Papanicolaou, também foi verificada entre mulheres no Maranhão e no Rio
Grande
50,73
. Proporções maiores de realização do exame foram observadas entre as
que vivem com o companheiro em outros estudos
79
.
A variável não ter parceiro atual foi evidenciada neste estudo como
associada à o realização do exame Papanicolaou tanto na análise univariada,
quanto na multivariada. Em pesquisa semelhante, ter tido parceiros sexuais nos três
últimos meses foi associado a menor risco de não realização do preventivo e
obtiveram maiores percentuais de realização deste exame
50
.
Quanto a variável não ter plano de saúde, a mesma foi associada à o
realização do exame Papanicolaou, o que esem acordo com resultados a nível
nacional onde evidenciaram que ter plano de saúde está associado à realização do
exame
49
.
Os resultados da análise univariada evidenciaram também que não ter
ouvido falar sobre o exame preventivo e não ter tempo disponível para realizá-lo
foram fatores associados à não realização do exame Papanicolaou. O conhecimento
do exame contribui para a realizão do mesmo
70
e ter tempo disponível é uma
condição necessária uma vez que o período em que as unidades estão abertas e em
funcionamento, nem sempre coincide com o tempo em que a usuária pode
comparecer à sua consulta.
49
As variáveis ter 5 a 8 anos de estudos
47,49,71,73
, 9 anos ou mais de estudos,
outras profissões
73
, não trabalhar fora de casa
53,69
, ter dificuldades para ir á USF,
utilizar outros meios de locomoção até à USF, não ter ouvido falar sobre o câncer do
colo do útero
50
foram associadas à realização ou não do exame Papanicolaou,
porémo foi observou-se significância estatística neste estudo. A cor da pele
51,52,71
,
a renda familiar
47,49,51,71
, tabagismo
50,52
, mero de parceiros na vida e uso ou o
de anticoncepcional
50
, tempo gasto para chegar à USF, não foram fatores
observados neste estudo como associados à realização ou não do exame
Papanicolaou.
Todavia entre as mulheres não brancas e com renda familiar igual ou
menor que 1 salário, foram observados os maiores percentuais de não realização do
exame Papanicolaou e se enquadram, portanto dentro do perfil de mulheres que não
realizam o exame
71
.
Entre as mulheres tabagistas e as que tiveram múltiplos parceiros foram
observados os maiores percentuais de realizão do Papanicolaou. Diante destes
resultados pode-se afirmar que essa população está sendo submetida ao exame de
maneira oportuna uma vez que possuem co-fatores de risco para o câncer do colo
do útero
6
.
Entre as usuárias de anticoncepcional foram identificados os maiores
percentuais de não realização do exame, dessa forma ressalta-se a necessidade de
que essas mulheres sejam abordadas para que tenham uma melhor adesão ao
exame, principalmente as que fazem uso prolongado de anticoncepcionais orais,
pelo risco aumentado em relação ao câncer invasor
7
.
Este estudo tamm constatou que entre as mulheres que gastam mais
que 20 minutos para chegar à USF e que informaram possuir dificuldades para ir à
50
USF foram observados maiores percentuais de não realizão do exame. Embora
essas dificuldades sejam características pessoais, é importante que sejam de
alguma forma, abordadas de acordo com suas particularidades, principalmente as
que informaram dificuldades para ir à USF em decorrência da presença de
doenças/seqüelas.
A associação entre a varvel nenhuma gestação e a não realização do
exame foi evidenciada neste estudo e menores proporções de não realização
também foram identificadas entre mulheres em Maharashtra, Índia
79
.
Após a análise multivariada, os fatores que se mantiveram associados à
realização do exame Papanicolaou foram: pertencer às faixas etárias de 40 a 49
anos e 30 a 39 anos, e os fatores que foram associados à não realização do exame
foram: o ter plano de saúde, não ter parceiro atual, não ter tempo disponível para
realizar o exame e nenhuma gestação.
No presente estudo, enfocou-se a realização do exame Papanicolaou entre
outras questões, somente pela óptica das mulheres, que por sua vez depende de
muitos fatores, alguns relacionados com o sistema de saúde e com profissionais que
prestam a assistência e outros, com as próprias usuárias.
Além disso, ressalta-se a dificuldade de medir a veracidade das
informações, como por exemplo, àquelas relacionadas às questões sexuais e
ginecológicas. A entrevistada pode ter-se equivocado em relação ao tempo
decorrido desde a realização do último exame, ou ainda dizer que realizou o exame
por considerar esta conduta a adequada, ou pode ter se sentido constrangida em
fornecer informões íntimas na presença de familiares, uma vez que as entrevistas
ocorreram no seu domicílio.
51
Conclusão
52
6 CONCLUSÃO
A cobertura geral do exame Papanicolaou (realizado pelo menos uma vez
na vida) no Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II foi de 94,4% e em relação
ao exame realizado nos últimos três anos, foi de 92,4%, atingindo, portanto níveis
superiores ao preconizados pela Organizão Pan-Americana da Saúde e
Organização Mundial da Saúde, para que haja um impacto na redução da
mortalidade pelo câncer do colo do útero. A cobertura encontrada superou os níveis
demonstrados em outras localidades nacionais e em outros grupos étnicos. Os
resultados também mostraram que houve uma cobertura oportuna em alguns grupos
com co-fatores de risco para o câncer do colo do útero.
Os fatores que se mostraram estatisticamente associados à realização do
Papanicolaou foram: pertencer às faixas etárias de 40 a 49 anos e 30 a 39 anos e os
associados à sua não realização foram: não ter plano de saúde, não ter parceiro
atual, não ter tempo dispovel para realizar o exame e não ter tido gestação.
Quanto ao acesso ao exame, a maioria das mulheres informou não possuir
dificuldades, mas entre as que possuem, as principais relacionaram-se às
características que poderão ser contornadas pelos os próprios serviços de saúde,
como a demora no agendamento. Em relação ao acesso geográfico, as USF o
próximas à área de abrangência e também à população, o que pode ter colaborado
para que a grande parte das mulheres relatasse um tempo gasto pequeno para
chegar à USF, para onde a maioria se locomove a pé. Observou-se que uma minoria
relatou dificuldades quanto ao acesso geográfico à USF que foram relacionados às
condições físicas e à presença de doenças.
53
Os principais motivos para a adesão ao exame foram: a rotina oferecida
pelos serviços de saúde e as queixas ginecológicas, e para a o adesão
predominaram motivos pessoais como vergonha/medo. Este estudo demonstrou
também, que o conhecimento sobre o exame preventivo e sobre oncer do colo do
útero pode favorecer a sua realização, mostrando, portanto, a relevância das
estratégias de educação em sde que podem inclusive disseminar informações a
respeito da freência que esses exames precisam ser repetidos.
Algumas condições sociais determinaram uma maior ou menor adesão ao
exame, como por exemplo, o fato de não ter plano de saúde que foi associado à não
realização do Papanicolaou.
Conclui-se também que a expressiva cobertura do exame Papanicolaou no
Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II foi propiciada pela distribuição equânime
das USF e pela organização do agendamento, o que conseqüentemente favoreceu
os altos níveis de acesso ao exame bem como ao elevado nível de acesso à USF.
As mulheres, em sua maioria, foram submetidas ao exame Papanicolaou na
Unidade de Saúde da Família do bairro, sugerindo que esse vínculo pode ter sido
propiciado pela qualidade do atendimento.
Estudos que avaliem o processo e a estrutura dos serviços serão
necessários e poderão avaliar melhor a dimensão de outros fatores associados à
realização ou não do exame Papanicolaou na região em questão.
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67. Muller DK, Dias-da-Costa JS, Luz AMH, Olinto MTA. Cobertura do exame
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70. Chubaci RYSC, Merighi MAB. Exame para detecção precoce do câncer cérvico-
uterino: vivência de mulheres das cidades de Kobe e Kawasaki, Japão e São Paulo,
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71. Cesar JA, Horta BL, Gomes G, Houlthausen RS, Willrich RM, Kaercher A,
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69
72. Brenna SMF, Hardy E, Zeferino LC, Namura I. Conhecimento, atitude e prática
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73. Amorim VMSL, Barros MBA, César CLG, Carandina L, Goldbaum M. Fatores
associados à não realização do exame de Papanicolaou: um estudo de base
populacional no Município de Campinas, São Paulo, Brasil. Cad. Sde Pública
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74. Pinho AA, França Junior I, Schraiber LB, D'Oliveira AFPL. Cobertura e
motivos para a realização ou não do teste de Papanicolaou no Município de o
Paulo. Cad. Saúde blica [periódico na Internet]. [citado 2008 Set 12]. Dispovel
em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-311X20030008000
12&lng=pt&Nrm=iso. doi: 10.1590/S0102-311X2003000800012.
75. Ramos DD, Lima MADS. Acesso e acolhimento aos usuários em uma unidade
de saúde de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Cad. Saúde blica jan./fev. 2003;
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76. Lima MADS, Ramos DD, Rosa RB. Nauderer TM, Davis R. Acesso e
acolhimento em unidades de saúde na visão dos usuários. Acta Paulista de
Enfermagem 2007; 20(1): 12–17.
70
77. Caldeira AP, Oliveira RM, Rodrigues AO. Qualidade da assistência materno-
infantil em diferentes modelos de Atenção Primária. Disponível em:
http//www.abrasgo.org.br/cienciaesaudecoletiva/artigos/artigo_int.php/id_artigo=1525
78. Duavy LM, FLR Batista, Jorge MSB, Santos JBF. A percepção da mulher sobre o
exame preventivo do câncer cérvico-uterino: estudo de caso. Ciência & Saúde
Coletiva 2007; 12(3):733-742.
79. Nenê B, Jayant K, Arrossi S, Shastri S, Budukh A, Hingmire S, Muwonge R,
Malvi S, Dinshaw K , Sankaranarayanan R. Determinants of women’s participation in
cervical câncer screening trial, Maharashtra, India. Bulletin of the World Health
Organization April 2007, 85 (4): 264-272.
71
Anexos
72
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO DA PESQUISA
DATA DA ENTREVISTA: ____/____/___
1) Identificação (iniciais do nome): ______
Há quanto tempo você mora nesse bairro: _____
Data Nascimento: _____
Idade: _____
2) Qual o seu Estado Conjugal?
[ ] Solteira [ ] Casada [ ] Separada
[ ] União estável [ ] Divorciada [ ] Viúva
3) Cor da Pele:
[ ] Branca [ ] Amarela [ ] Outros
[ ] Parda [ ] Negra
4) Qual a sua escolaridade?
[ ] Analfabeta [ ] 5ª a 8ª incompleta [ ] 2º Grau completo
[ ] 1ª a 4ª incompleta [ ] 5ª a 8ª completa [ ] Superior incompleto
[ ] 1ª a 4ª completa [ ] 2º Grau incompleto [ ] Superior completo
5) Qual a sua profissão?
[ ] Dona de casa [ ] Doméstica [ ] Se outra, qual?
6) Você trabalha fora de casa?
[ ] Sim [ ] Não
7) Qual a sua religião?
[ ] Católica [ ] Evangélica [ ] Outra
8) Quantos salários a família toda ganha em um mês?
[ ] < 1 [ ] 4 [ ] 7
[ ] 2 [ ] 5 [ ] 8
[ ] 3 [ ] 6 [ ] > 8
9) Você fuma?
[ ] Sim - Há qua
nto tempo você fuma? ______ [ ] Não fuma
[ ] É ex fumante - Fumou por quanto tempo? ______
73
10) Com qual Idade você Iniciou a atividade sexual? ______
11) Quantos parceiros você teve na vida?
[ ] 1 [ ] 2 [ ] 3 [ ] 4 [ ] 5 [ ] 6 [ ] 7 [ ] >7
E quantos parceiros você tem atualmente? _____
12) Qual método você utiliza para evitar a gravidez?
[ ] Pílula (comprimido)
[ ] Injeção [ ] DIU
[ ] Ligadura de Trompas
[ ] Preservativo femin [ ] Outros
[ ] Preservativo Mascul. [ ] Menopausa
3) Quantas vezes você ficou grávida?
[ ] Nenhuma [ ] 2 [ ] 3 [ ] 4 [ ] 5 [ ] 6 [ ] 7 [ ] > 7
Quantos filhos vivos você tem? _____Qual a idade da sua primeira gravidez? _____
14) Você tem Plano de Saúde: [ ] Sim [ ] Não
15) Quanto tempo gasta para chegar à unidade do Programa Saúde da Família do
seu bairro?
[ ] Menos que 10 min. [ ] Entre 10 e 15 min. [ ] De 15 a 20 min.
[ ] Mais de 20 min. [ ] Não sabe [ ]
16) Você já ouviu falar do câncer de colo de útero? [ ] Sim [ ] Não
17) Você já ouviu falar do exame de prevenção de câncer de colo de útero?
[ ] Sim [ ] Não
18) Você realizou o exame de prevenção de câncer de colo de útero alguma vez
na vida?
[ ] Sim [ ] Não
Você tem encontrado tempo disponível para fazer o seu exame preventivo?
[ ] Sim [ ] Não
19) Se você nunca realizou o exame preventivo, por que nunca realizou o exame?
[ ] Medo [ ] Vergonha [ ] Não conseguiu marcar [ ] Outros. Quais?
20) Se você já fez o exame preventivo, quando realizou o último exame:
[ ] Há menos de 6 meses
[ ] 6 meses há 1 ano [ ] Há 2 anos
[ ] Há 3 anos [ ] Há mais de 3 anos [ ] Não lembra
74
21) Você recebeu o resultado do último exame preventivo que você fez?
[ ] Sim [ ] Não [ ] Não lembra
22) Onde realizou o último exame de prevenção do câncer do colo do útero?
[ ] PSF do bairro [ ] Centro de Saúde, qual? [ ] Outros, onde?
23) Você foi atendida da maneira que gostaria de ter sido atendida por quem
realizou o seu último exame de prevenção do câncer do colo do útero?
[ ] Sim [ ] Não. Se não, por quê? [ ] Não sabe
24) Você teve ou tem alguma dificuldade para agendar o seu exame de prevenção
do câncer do colo do útero no Programa Saúde da Família?
[ ] Sim, qual? [ ] Não
Se sim, quais dificuldades você teve ou tem? ______
25) Quantas vezes você repetiu o exame de prevenção do câncer do colo do útero
na vida?
[ ] Fez 1 vez [ ] 3 vezes [ ] 5 vezes [ ] 7 vezes
[ ] 2 vezes [ ] 4 vezes [ ] 6 vezes [ ] 8 vezes
Se você o fez somente uma vez, porque não repetiu? _____
26) Por que você fez o último exame de prevenção?
[ ] Rotina [ ] Queixa ginecológica (Qual?) _____
[ ] O médico pediu para fazer
[ ] O agente comunitário de saúde pediu para fazer
[ ] Outro motivo, qual _____
27) Você tem alguma dificuldade para ir à unidade de Saúde da Família do seu
bairro?
[ ] Sim, qual ? [ ] Não
28) Que transporte você utiliza para chegar à unidade de Saúde da Família do seu
bairro?
[ ] A pé [ ] Ônibus [ ] Bicicleta [ ] Outro, qual
75
ANEXO 2
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA A
PARTICIPAÇÃO EM PESQUISA
tulo da pesquisa:
Cobertura, acesso e fatores relacionados à realização do exame Papanicolaou na
região do Grande Delfino, Montes Claros.
Instituição promotora:
Universidade Estadual de Montes Claros UNIMONTES
Patrocinador: Não se aplica
Coordenador: Fábio Ribeiro
Atenção:
Antes de aceitar participar desta pesquisa, é importante que você leia e compreenda
a seguinte explicação sobre os procedimentos propostos. Esta declaração descreve
o objetivo, metodologia/procedimentos, benefícios, risco, desconfortos e precauções
do estudo. Também descreve os procedimentos alternativos que estão disponíveis a
você e seu direito de sair do estudo a qualquer momento. Nenhuma garantia ou
promessa pode ser feita sobre os resultados do estudo.
1. Objetivo
Verificar a cobertura, o acesso e os fatores relacionados à realização ou não
do exame Papanicolaou em mulheres de idade de 20 anos ou mais, na região do
Grande Delfino.
2. Metodologia/procedimentos
Trata-se de um estudo transversal, no qual será utilizado um questionário
semi-estruturado para realização das entrevistas.
3. Justificativa
O tema foi selecionado em virtude da relevância do exame Papanicolaou
como instrumento de prevenção e controle do câncer do colo do útero que ainda se
mantém como um problema de saúde Pública. A faixa etária se justifica por ser
76
recomendada pelo Ministério da Saúde como população alvo para o rastreamento
do câncer do colo do útero.
4. Benefícios: Contribuir com os serviços locais de saúde, de acordo com os
resultados obtidos, para um redirecionamento das ações relacionadas à situação
encontrada.
5. Desconfortos e riscos: Este estudo não oferece nenhum tipo de desconforto,
riscos ou danos, e o entrevistado poderá se desligar da pesquisa assim que o
desejar.
6. Danos: Não haverá nenhum tipo de dano ao entrevistado
7. Confidencialidade das informações: Será mantido e garantido o sigilo das
informações coletadas, bem como o anonimato dos participantes.
8. Compensação/Indenização: Não haverá qualquer tipo de compensação ou
indenização, e a participação na pesquisa é voluntária.
11. Consentimento:
Li e entendi as informões precedentes. Tive oportunidade de fazer perguntas e
todas as minhas dúvidas foram respondidas a contento. Este formulário está sendo
assinado voluntariamente por mim, indicando meu consentimento para participar
nesta pesquisa, aque eu decida o contrário. Receberei uma cópia assinada deste
consentimento.
____________________________ ______________________________ _________
Nome do participante Assinatura do participante Data
____________________________ ______________________________ _________
Nome da testemunha Assinatura da testemunha Data
____________________________ _______________________________ _________
Nome do coordenador da pesquisa Assinatura do coordenador da pesquisa Data
77
ANEXO 3
78
ANEXO 4
TABELAS
Tabela 1 Associação entre variáveis sociodemográficas e a realização do exame
Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes Claros, MG,
2008.
Exame
realizado
Exame não
realizado
Total
Variável
n % n % n %
OR (IC 95%)
p
Faixa etária
20 a 29 273 23,2 28 44,4 301 24,3 1 0,000
30 a 39 372 31,6 9 14,3 381 30,7 4,2 (1,97 – 9,13) 0,000
40 a 49 243 20,6 5 7,9 248 20,0 5,0 (1,89 – 13,1) 0,001
50 a 59 179 15,2 6 9,5 185 14,9 3,1 (1,24 – 7,54) 0,015
60 anos ou mais 110 9,3 15 23,8 125 10,1 0,8 (0,39 – 1,46) 0,401
Situação conjugal
Vive com o parceiro 850 72,2 31 49,2 881 71,0 1
Vive sem o parceiro 327 27,8 32 50,8 359 29,0 0,4 (0,22 – 0,62) 0,000
Cor da pele
Branca 74 6,3 3 4,8 77 6,2 1
Não branca 1103 93,7 60 95,2 1163 93,8 0,7 (0,23 – 2,43) 0,626
Escolaridade (anos)
9 anos ou mais 476 40,4 27 42,9 503 40,6 1 0,212
5 a 8 anos 320 27,2 11 17,5 331 26,7 1,7 (0,81 – 3,37) 0,170
0 a 4 anos 381 32,4 25 39,7 406 32,7 0,9 (0,49 – 1,51) 0,610
Profissão
Dona de casa 726 61,7 45 71,4 771 62,2 1
Outros 451 38,3 18 28,6 469 37,8 1,6 (0,89 – 2,72) 0,123
Trabalha fora de
casa
Sim 366 31,1 15 23,8 381 30,7 1
Não 811 68,9 48 76,2 859 69,3 0,7 (0,39 – 1,25) 0,224
Renda familiar
2 ou mais salários 447 38,0 20 31,7 467 37,7 1 0,610
1 salário 546 46,4 32 50,8 578 46,6 0,8 (0,43 – 1,35) 0,355
< 1 salário 184 15,6 11 17,5 195 15,7 0,7 (0,35 – 1,59) 0,452
Tabagismo
Não 1059 90,0 59 93,7 118 90,2 1
Sim 118 10,0 4 6,3 122 9,8 1,6 (0,59 – 4,61) 0,345
Plano de saúde
Sim 290 24,6 7 11,1 297 24,0 1
Não 887 75,4 56 88,9 943 76,0 0,4 (0,17 – 0,85) 0,018
Total 1177 100,0 63 100,0 1240 100,0
Análise Univariada
79
Tabela 2 – Associação entre variáveis ginecológicas e a realização do exame
Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes Claros, MG,
2008.
Exame
realizado
Exame não
realizado
Total
Variável
n % n % n %
OR (IC 95%)
p
Início da atividade
sexual*
20 anos ou mais 429 37,1 25 41,0 454 37,3 1
< 20 anos 727 62,9 36 59,0 763 62,7 1,2 (0,69 – 1,99) 0,543
Parceiros na vida **
Único 834 71,8 48 76,2 882 71,1 1
Múltiplos 326 28,2 15 23,8 341 27,5 1,3 (0,69 – 2,27) 0,460
Parceiro atual
Sim 992 84,3 42 66,7 1034 83,4 1
Não 185 15,7 21 33,3 206 16,6 0,4 (0,22 – 0,64) 0,000
Anticoncepcional
Sim 415 35,3 23 36,5 438 35,3 1
Não 762 64,7 40 63,5 802 64,7 1,1 (0,63 – 1,81) 0,807
Número de
Gestações
> 1 gestação 922 78,3 38 60,3 960 77,4 1
1 gestação 167 14,2 11 17,5 178 14,4 0,6 (0,31 – 1,24) 0,177
Nenhuma 88 7,5 14 22,2 102 8,2 0,3 (0,13 – 0,48) 0,000
Total 1177 100,0 63 100,0 1240 100,0
Análise Univariada
* n = 1217 (foram excluídas 23 mulheres que não responderam)
** n =1160 (foram excluídas 17 mulheres que não responderam)
80
Tabela 3 - Perfil de atendimento segundo a realização do exame Papanicolaou, Pólo
Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes Claros, MG, 2008.
Variável
n
Percentual (%)
Quando realizou o último exame
Há 3 anos ou menos 1088 92,4
Há mais de 3 anos 73 6,2
Não lembram 16 1,4
Recebeu o resultado do exame
Sim 1046 88,9
Não 119 10,1
Não lembra 12 1,0
Onde realizou o último exame
PSF do bairro 834 70,8
Centro de Saúde local 48 4,1
Outras unidades de saúde SUS 89 7,6
Particular 184 15,6
Outra cidade 19 1,6
Não lembra 3 0,3
Foi atendida como gostaria
Sim 1162 98,7
Não 14 1,2
Não sabe 1 0,1
Teve dificuldade para agendar
Sim 255 21,7
Não 922 78,3
Total 1177 100
81
Tabela 4 Associação entre os aspectos referentes ao acesso e ao conhecimento,
segundo a realização do exame Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte
Carmelo II, Montes Claros, MG, 2008.
Exame
realizado
Exame não
realizado
Total
Variável
n % n % n %
OR (IC 95%)
p
Tempo gasto para
chegar à USF
< ou igual a 20 min 1124 95,5 59 93,7 1183 95,4 1
> 20 min 53 4,5 4 6,3 57 4,6 0,7 (0,25 – 2,02) 0,516
Dificuldade para ir à
USF
Não 1144 97,2 59 93,7 1203 97,0 1
Sim 33 2,8 4 6,3 37 3,0 0,4 (0,15 – 1,26) 0,124
Meio de locomoção
utilizado para ir à
USF
A pé 1148 97,5 59 63,7 1207 97,3 1
Outros 29 2,5 4 6,3 33 2,7 0,4 (0,13 – 1,11) 0,077
Ouviu falar sobre
câncer do colo do
útero
Sim 1167 99,2 62 96,8 1228 99,0 1
Não 10 0,8 2 3,2 12 1,0 0,3 (0,06 – 1,24) 0,091
Ouviu falar sobre o
exame preventivo
Sim 1171 99,5 61 96,8 1232 99,4 1
Não 6 0,5 2 3,2 8 0,6 0,2 (0,03 – 0,80) 0,026
Tem tempo
disponível para fazer
o exame
Sim 1147 97,5 50 79,4 1197 96,5 1
Não 30 2,5 13 20,6 43 3,5 0,1 (0,05 – 0,20) 0,000
Total 1177 100,0
63 100,0 1240 100,0
Análise Univariada
82
Tabela 5 Análise multivariada dos fatores associados à realização ou não do
exame Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes Claros,
MG, 2008.
Variável
OR IC 95% p
Faixa etária
20 a 29 1,0
30 a 39 3,3 (1,44 – 7,57) 0,005
40 a 49 3,7 (1,27 – 10,6) 0,016
Plano de saúde
Sim 1,0
Não 0,4 (0,16 – 0,86) 0,020
Parceiro atual
Sim 1,0
Não 0,5 (0,25 – 0,88) 0,018
Tempo disponível para fazer o
exame
Sim 1,0
Não 0,1 (0,57 – 0,26) 0,000
Gestações
> 1 gestação 1,0
Nenhuma 0,4 (0,16 – 0,77) 0,009
Tabela 6 Medidas descritivas (média e desvio padrão) das variáveis (idade, início
da atividade sexual e tempo de moradia) segundo a realização do exame
Papanicolaou, Pólo Delfino e Monte Carmelo II, Montes Claros, MG, 2008.
variável
Realizou o exame
n
dia
Desvio
Padrão
Idade Sim 1177 40,6 13,2
Não 63 41,5 20,6
Idade de IAS* Sim 1156 19,2 3,8
Não 61 19,5 3,6
Tempo de moradia Sim 1177 14,6 10,0
Não 63 14,9 11,7
* n= 1217 (foram excluídas 23 mulheres que não responderam)
83
Tabela 7 Tempo de moradia no Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II,
segundo a realização do exame Papanicolaou, Montes Claros, MG, 2008.
Realizou o exame Papanicolaou
Sim Não
Total
Tempo de moradia
n % n % n %
< 3 anos 185 92,5 15 7,5 200 16,1
Há 3 anos ou mais 992 95,4 992 4,4 992 83,9
Total 1177 94,9 63 5,1 1240 100
Tabela 8 – Período de realização do exame Papanicolaou segundo faixa etária, Pólo
Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes Claros, MG, 2008.
Quando realizou o exame Papanicolaou
≤3 anos > 3 anos Não lembra
Total
Faixa etária
n % n % n % n %
20 a 29 269 98,5 3 1,1 1 0,4 273 23,2
30 a 39 351 94,4 19 5.1 2 0,5 372 31,6
40 a 49 228 93,8 14 5,8 1 0,4 243 20,6
50 a 59 162 90,5 15 8,4 2 1,1 179 15,2
60 anos ou mais 78 70,9 22 20,0 10 9,1 110 9,3
Total 1088 92,4 73 6,2 16 1,4 1177 100
84
Tabela 9 – Freqüência de realização do exame Papanicolaou segundo a faixa etária,
Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes Claros, MG, 2008.
Quantas vezes fez o exame Papanicolaou
Fez 1 vez 2 a 6 Mais de 6 o lembra
Total
Faixa etária
n % n % n % n % n %
20 a 29 anos 36 13,2 177 64,8 51 18,7 9 3,3 273 23,2
30 a 39 anos 16 4,3 158 42,5 184 49,5 14 3,8 372 31,6
40 a 49 anos 14 5,8 83 34,2 134 55,1 12 4,9 243 20,6
50 a 59 anos 5 2,8 64 35,8 91 50,8 19 10,6 179 15,2
60 anos ou mais 11 10,0 48 43,6 39 35,5 12 10,9 110 9,3
Total 82 7,0 530 45,0 499 42,4 66 5,6 1177 100
Tabela 10 - Análise de Concordância Kappa entre variáveis categóricas
IC 95%
Variável
Kappa
Inferior Superior
p
Situação conjugal 0,955 0,865 1,000 0,000
Cor da pele 0,914 0,836 0,992 0,000
Escolaridade (anos) 0,841 0,698 0,984 0,000
Profissão 1,000 1,000 1,000 0,000
Trabalha fora de casa 1,000 1,000 1,000 0,000
Renda Familiar 0,810 0,653 0,967 0,000
Tabagismo 0,877 0,642 1,000 0,000
Anticoncepcional 0,971 0,889 1,000 0,000
Plano de saúde 0,873 0,630 1,000 0,000
Tempo gasto para chegar à USF 0,826 0,665 0,987 0,000
Ouviu falar sobre câncer do colo do útero 1,000 1,000 1,000 0,000
Ouviu falar sobre o exame preventivo 1,000 1,000 1,000 0,000
Realizou o exame 1,000 1,000 1,000 0,000
Tem tempo disponível para fazer o exame
0,909 0,850 0,968 0,000
Quando realizou último exame 0,941 0,874 1,000 0,000
Recebeu resultado último exame 0,642 0,179 1,105 0,000
Onde realizou o último exame 1,000 1,000 1,000 0,000
Foi atendida da maneira que gostaria 1,000 1,000 1,000 0,000
Dificuldade para agendar o exame 1,000 1,000 1,000 0,000
Quantas vezes repetiu o exame 0,724 0,357 1,000 0,000
Por que fez último exame 0,765 0,702 0,828 0,000
Dificuldade para ir à USF 0,890 0,741 1,000 0,000
Meio de locomoção para ir à USF 0,653 0,024 1,000 0,000
85
Tabela 11 - Coeficiente de Correlação Intraclasse entre variáveis numéricas
IC - 95%
Variável
CCI
Inferior Superior
p
Tempo de moradia 0,988 0,977 0,994 0,000
Idade 1,000 1,000 1,000 0,000
Idade de início da atividade sexual 0,992 0,983 0,996 0,000
Número de parceiros vida 0,848 0,718 0,921 0,000
Parceiro atual 1,000 1,000 1,000 0,000
Número de Gestações 0,936 0,877 0,967 0,000
86
ANEXO 5
GRÁFICOS
3,5%
68,6%
14,9%
12,9%
Falta de tempo
Demora no agendamento
Falta vagas
Outras
Gráfico 1 – Dificuldades relatadas pelas mulheres em relação ao agendamento do
exame Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes Claros,
MG, 2008.
21,6%
21,6%
13,5%
5,4%
37,8%
Doenças/dor coluna ou
pernas
Seqüela de AVC ou de
acidentes
Cuida de crianças
pequenas
Trabalho
Outras
Gráfico 2 – Dificuldades relatadas pelas mulheres para ir à Unidade de Saúde
da Família, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes Claros, MG, 2008.
87
7,0%
45,0%
42,4%
5,6%
Fez uma única vez
2 a 6 vezes
Mais que 6 vezes
Não lembra
Gráfico 3 Percentual de mulheres segundo o número de repetições do exame
Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes Claros, MG,
2008.
71,6%
17,2%
4,5%
4,0%
2,7%
Rotina
Queixa ginecogica
A pedido médico
A pedido do ACS
Outros motivos
Gráfico 4 Principais motivos referidos pelas mulheres para a realização do exame
Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes Claros, MG,
2008.
88
50,8%
15,9%
7,9%
9,5%
3,2%
12,7%
Vergonha/medo
Não teve interesse
Não precisou
Não conseguiu agendar
Não coincide com folgas
Outros motivos
Gráfico 5 - Principais motivos referidos pelas mulheres para a não realizão do
exame Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes Claros,
MG, 2008.
89
Produtos
Alcançados
90
Título: Fatores relacionados à realização do exame Papanicolaou no Pólo Delfino Magalhães
e Monte Carmelo II, Montes Claros.
Title: Factors related to the coverage of Papanicolaou test in Delfino Magalhães and Monte
Carmelo II District, Montes Claros, Minas Gerais.
Autores:
1 - Eva Patrícia Pereira de Araújo - Especialista em Saúde da Família e Mestranda em
Cuidado Primário em Saúde pelo Programa de s-graduação em Ciências da Saúde da
Universidade Estadual de Montes Claros – UNIMONTES – Minas Gerais (MG), Brasil.
Participação na elaboração: Concepção, redação e interpretação dos dados.
Marise Fagundes Silveira - Mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade Federal de
São Paulo; Docente da Universidade Estadual de Montes Claros - Minas Gerais (MG), Brasil.
Participação na elaboração: delineamento e análise dos dados.
Dr. Fábio Ribeiro Doutorado em Parasitologia pela Universidade Federal de Minas Gerais,
Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Universidade Estadual de
Montes Claros - UNIMONTES - Minas Gerais (MG), Brasil.
Participação na elaboração: Revisão crítica e aprovação da versão a ser publicada.
Correspondência: Eva Patrícia Pereira de Araújo
Rua Eduardo de Almeida, nº 22, Bairro Delfino Magalhães, CEP: 39402-092, Montes Claros,
Minas Gerais, Brasil. E-mail: evap[email protected]
91
RESUMO
Objetivos: Verificar os fatores relacionados à realização do Papanicolaou em mulheres com
idade de 20 anos ou mais, no Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II. Métodos: Estudo
transversal, com 1240 mulheres do Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, município
de Montes Claros, Minas Gerais. Investigou-se a cobertura do exame e a associação da sua
realização ou não com fatores sociodemográficos, ginecológicos, e referentes ao acesso ao
exame e à Unidade de Saúde da Família (USF). A análise dos dados foi realizada através da
comparação das proporções com o uso do teste Qui-quadrado. As varveis que se mostraram
associadas na análise univariada até ovel de significância de 0,25 (p < 0,25) foram
selecionadas para a análise multivariada, assumindo-se nesta segunda etapa o nível de
signifincia de 0,05 e um intervalo de confiança de 95%. Resultados: A cobertura geral do
exame foi 94,4%. Os fatores que se mostraram estatisticamente associados à sua realização
foram: faixas etárias 30 a 39 anos (OR = 3,3; p = 0,005) e 40 a 49 anos (OR = 3,7; p = 0,016))
e à o realizão foram: o ter plano de saúde (OR = 0,4; p = 0,020), não ter parceiro atual
(OR = 0,5; p = 0,018), não ter tempo disponível para realizá-lo (OR = 0,1; p = 0,000) e não ter
tido gestação (OR = 0,4; p = 0,009). Os principais motivos para a não adesão ao exame foram:
vergonha/medo. A principal dificuldade de acesso ao exame foi a demora no agendamento.
Concluo: Observou-se uma elevada cobertura do Papanicolaou e as dificuldades para a sua
realização relacionaram-se a questões pessoais, sociais e aos serviços de saúde.
Palavras-chave: Exame Papanicolaou, câncer do colo do útero, acesso, cobertura, Equipe de
Saúde da Família.
92
ABSTRACT
Objectives: To evaluate the factors related to the submission to the Papanicolaou test, in 20-
year-old or over women, in the districts of Delfino Magalhães and Monte Carmelo II.
Methods: A cross sectional study, with 1,240 women in Delfino Magalhães Pole and Monte
Carmelo II, in the city of Montes Claros, Minas Gerais.. It was verified the coverage of the
test and its realization or not. It was investigated the association with the test realization
related with socialdemographic and gynecological factors, referred to the access to the test
and to the Family Health Unit (FHU). The data analysis was held through the comparison of
the proportions using the “Chi-square test”. The variables that showed to be associated in the
univariate analysis with the significance level of 0.25 (p < 0.25) were selected for a
multivariate analysis, granting in this second stage the significance level of 0.05 and an
interval of assurance of 95%. Results: The overall coverage of the test was 94.4%. The factors
that were statistically associated with the coverage were: age from 30 to 39 years old (OR =
3.3; p = 0.005) and from 40 a 49 years old (OR = 3.7; p = 0.016), the ones that were not
coverage were: not having a health insurance (OR = 0.4; p = 0.020), not having a current
partner (OR = 0.5; p = 0.018), not having available time to have the test done (OR = 0.1; p =
0.000), not having any pregnancy before (OR = 0.4; p = 0.009). The main reason for not
joining was: shame/fear. The main difficult to have access to the test was the schedule delay.
Conclusion: The results showed a high coverage of the Papanicolaou test. It was observed that
the difficulties found were related with social, personal subjects and others, to the health
services.
Keywords: Papanicolaou test, cervical cancer, coverage, access; Family Health Group
93
INTRODUÇÃO
Dentre as estratégias para o controle do câncer do colo do útero e detecção precoce
de suas lesões precursoras, tem-se o exame Papanicolaou
1
.
O câncer do colo do útero se destaca dentre as doenças não infecciosas na
população feminina, em virtude da gravidade e freqüência com que ocorre, tendo assim
grande importância em saúde pública,
atingindo as mulheres mais pobres e vulneráveis
2,3
.
Representa o segundo tipo de câncer mais freqüente no mundo onde são estimados em torno
de 500.000 casos novos a cada ano
1,4
.
No Brasil, o câncer do colo do útero continua sendo um problema de saúde pública
5
.
Para o ano de 2008, o Instituto Nacional do Câncer estima 18.680 casos novos de câncer do
colo do útero, o que corresponde a 19 casos a cada 100.000 mulheres
1
.
É uma doença para qual existe prevenção eficiente e quando detectada em seu
estágio inicial, apresenta um elevado índice de cura
2,6
. Contudo no Brasil, no período
compreendido entre 1995 a 2002, 45,5% dos casos de câncer do colo do útero, foram
diagnosticados em estádios avançados
7
.
Pesquisas sobre cobertura, periodicidade de realização do Papanicolaou e para
identificar fatores associados à sua não realização são importantes, pois através delas é
possível avaliar o impacto das ações e planejar estratégias de intervenção
8
.
O município de Montes Claros localiza-se na região Norte de Minas Gerais, Brasil e
possui uma cobertura aproximada de 48,7% pela estratégia Saúde da Família
9
. O objetivo
deste estudo foi verificar os fatores relacionados à realização ou o do exame Papanicolaou
em mulheres com idade de 20 anos ou mais, residentes no Pólo Delfino Magalhães e Monte
Carmelo II, Montes Claros.
94
MÉTODOS
Estudo descritivo, transversal, conduzido no Pólo Delfino Magalhães e Monte
Carmelo II, na zona urbana da cidade de Montes Claros, Minas Gerais, no período de Março a
Junho de 2008. Foram selecionadas aleatoriamente mulheres com idade de 20 anos ou mais,
residentes nas 62 micro-áreas de 10 Equipes de Saúde da Família (ESF), identificadas através
de consulta à ficha A - Cadastro das Famílias.
O tamanho da amostra foi calculado considerando-se uma proporção estimada de
50% de mulheres que realizaram o Papanicolaou, com precisão de 0,03 e nível de confiança
de 0,95, obtendo-se um tamanho amostral de 1560 mulheres. Excluiu-se deste estudo 320
mulheres, ficando a amostra final em 1240: 301 mulheres de 20 a 29 anos, 381 de 30 a 39
anos, 248 de 40 a 49 anos, 185 de 50 a 59 anos e 125 de 60 anos ou mais.
Os critérios de inclusão foram: mulheres com 20 anos de idade ou mais que
tinham iniciado a atividade sexual e que aceitaram participar voluntariamente da pesquisa,
após leitura e assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Os
critérios de exclusão foram: mulheres com idade inferior a 20 anos, as que não tinham
iniciado a atividade sexual, as que tinham se submetido à histerectomia, as portadoras de
distúrbios mentais e as que se recusaram a assinar o TCLE.
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comi de Ética em Pesquisa da
Universidade Estadual de Montes Claros processo nº 869/07.
Para a coleta dos dados, foi confeccionado um questionário padronizado contendo
questões fechadas com as seguintes varveis: idade, situação conjugal, cor da pele,
escolaridade, profissão, trabalha fora de casa, renda familiar, tabagismo, plano de saúde, idade
de início da atividade sexual, número de parceiros na vida, parceiro atual, uso de
anticoncepcional, número de gestações, realizou o exame preventivo, tempo gasto para
chegar à Unidade de Saúde da Família (USF), dificuldade para ir à USF, meio de locomoção
95
utilizado para ir à USF, ouviu falar sobre o câncer do colo do útero, ouviu falar sobre o exame
preventivo (Papanicolaou) e tem tempo disponível para fazer o exame. O questionário
também contemplou questões abertas: por que nunca realizou o exame preventivo. Além
dessas, havia também as seguintes perguntas direcionadas para as mulheres que realizaram o
exame Papanicolaou: onde realizou o último exame de prevenção do câncer do colo do útero
e, teve ou tem alguma dificuldade para agendar o exame de prevenção do câncer do colo do
útero no Programa Saúde da Família Os resultados das demais questões (você tem alguma
dificuldade para ir à USF e qual transporte você utiliza para ir à USF) apresentadas nesse
trabalho.
A realização do exame Papanicolaou foi considerada como variável dependente,
dicotomizado em: realizado e o realizado. As variáveis independentes foram classificadas
em subgrupos: sociodemográficas, ginecológicas e referentes ao acesso e conhecimento das
mulheres sobre o câncer do colo do útero e sobre o exame preventivo (Papanicolaou). Os
dados coletados foram armazenados e analisados através do software estatístico SPSS for
Windows, versão 15.0.
A cobertura do exame Papanicolaou, foi estimada através da freqüência relativa e
seu intervalo de 95% de confiança. Foram estimadas as médias e desvios-padrão para
descrever as mulheres da amostra quanto às variáveis: idade e idade de início da atividade
sexual. Na análise univariada, a relação entre os fatores pesquisados e a realização do exame
Papanicolaou foi inicialmente avaliada pela Odds Ratio (OR).
Posteriormente, foram selecionadas para a análise multivariada aquelas variáveis que
mostraram nível descritivo até 0,25 (p < 0,25) na etapa univariada. A intensidade dessa
associação foi estimada a partir da regressão logística multivariada considerando o Odds
Ratio (OR) como estimativa da razão de prevalência, admitindo-se um nível de signifincia
de 0,05, e assumindo-se um intervalo de confiança de 95%.
96
RESULTADOS
A cobertura geral, ou seja, a realização do exame Papanicolaou pelo menos uma vez
na vida entre as participantes do estudo foi de 94,9% (n = 1177). Constatou-se que 5,1% das
mulheres referiram nunca terem se submetido ao teste. Os maiores percentuais de não
realização do exame foram observados na faixa etária de 20 a 29 anos (44,4%) e na faixa
etária de 60 anos ou mais (23,8%). A média de idade entre as mulheres que realizaram o
exame Papanicolaou foi de 40,6 (DP = 13,2) e entre as que não o realizaram foi de 41,5 (DP =
20,6).
Quanto ao local de realização do último exame, 70,8% das mulheres informaram
que realizaram o seu exame na Unidade de Saúde da Família, 15,6% realizaram o exame nos
serviço de saúde particular, 7,6% realizaram em outras unidades do Sistema Único de Saúde,
4,1% realizaram no Centro de Saúde local, 1,6% relataram ter feito o exame em outra cidade e
0,3% não se lembraram onde realizou o seu exame. Quando questionadas se tiveram
dificuldade para agendar o exame Papanicolaou nas USF, 78,3% das mulheres responderam
queo e 21,7% relataram que sim.
Na tabela 1, estão listados os aspectos sociodemográficos das mulheres em relação à
realização do exame Papanicolaou. Entre as mulheres pertencentes às seguintes categorias:
vivem sem o parceiro, não brancas, com 0 a 4 anos de estudos e 9 anos ou mais, as donas de
casa, as que não trabalham fora de casa, com renda familiar igual ou menor a 1 salário, as não
tabagistas e as que não possuem plano de saúde, foram observados os maiores percentuais de
não realização do exame Papanicolaou quando comparadas intra categorias.
A análise univariada cujos resultados são demonstrados nas Tabelas 1, evidenciou
associação (nível de significância estatística p < 0,05) da realização ou não do exame
Papanicolaou com: faixas etárias 30 a 39 anos (p = 0,000), 40 a 49 anos (p = 0,001) e 50 a 59
97
anos (p = 0,015) em relação à faixa etária de 20 a 29 anos, viver sem o parceiro (p = 0,000) e
não ter plano de saúde (p = 0,018).
Tabela 1 Associação entre variáveis sociodemográficas e a realização do Papanicolaou no Pólo Delfino Magalhães e
Monte Carmelo II, Montes Claros, MG, 2008.
Realizado Não realizado Total
Variável n % n % n % OR (IC 95%) p
Faixa etária
20 a 29 273 23,2 28 44,4 301 24,3 1 0,000
30 a 39 372 31,6 9 14,3 381 30,7 4,2 (1,97 9,13) 0,000
40 a 49 243 20,6 5 7,9 248 20,0 5,0 (1,89 – 13,1) 0,001
50 a 59 179 15,2 6 9,5 185 14,9 3,1 (1,24 – 7,54) 0,015
60 anos ou mais 110 9,3 15 23,8 125 10,1 0,8 (0,39 – 1,46) 0,401
Situação conjugal
Vive com o parceiro 850 72,2 31 49,2 881 71,0 1
Vive sem o parceiro 327 27,8 32 50,8 359 29,0 0,4 (0,22 – 0,62) 0,000
Cor da pele
Branca 74 6,3 3 4,8 77 6,2 1
Não branca 1103 93,7 60 95,2 1163 93,8 0,7 (0,23 – 2,43) 0,626
Escolaridade (anos)
9 anos ou mais 476 40,4 27 42,9 503 40,6 1 0,212
5 a 8 anos 320 27,2 11 17,5 331 26,7 1,7 (0,81 – 3,37) 0,170
0 a 4 anos 381 32,4 25 39,7 406 32,7 0,9 (0,49 – 1,51) 0,610
Profissão
Dona de casa 726 61,7 45 71,4 771 62,2 1
Outros 451 38,3 18 28,6 469 37,8 1,6 (0,89 – 2,72) 0,123
Trabalha fora de casa
Sim 366 31,1 15 23,8 381 30,7 1
Não 811 68,9 48 76,2 859 69,3 0,7 (0,39 1,25) 0,224
Renda familiar
2 ou mais salários 447 38,0 20 31,7 467 37,7 1 0,610
1 salário 546 46,4 32 50,8 578 46,6 0,8 (0,43 – 1,35) 0,355
< 1 salário 184 15,6 11 17,5 195 15,7 0,7 (0,35 1,59) 0,452
Tabagismo
Não 1059 90,0 59 93,7 118 90,2 1
Sim 118 10,0 4 6,3 122 9,8 1,6 (0,59 – 4,61) 0,345
Plano de saúde
Sim 290 24,6 7 11,1 297 24,0 1
Não 887 75,4 56 88,9 943 76,0 0,4 (0,17 0,85) 0,018
Total 1177 92,4 63 5,1 1240 100,0
Análise univariada
98
Entre as mulheres que responderam sobre a idade de início da atividade sexual (n =
1217), 62,7% informaram tê-la iniciado antes dos 20 anos de idade e 37,3% iniciaram com 20
anos ou mais. A média de idade em relação ao início da atividade sexual entre as que
realizaram o exame foi de 19,2 (DP = 3,8), e entre as que não o realizaram foi de 19,5 (DP =
3,6). Verificou-se que entre as mulheres que relataram sobre o número de parceiros que
tiveram na vida (n = 1160), 71,1% das entrevistadas responderam ter tido parceiro único e
83,4% informaram que possuem parceiro atual (Tabela 2).
Quando questionadas sobre o uso de anticoncepcional na atualidade, 35,3%
responderam que sim, e 64,7% informaram que não. Entre as que responderam que não
utilizam métodos anticoncepcionais, estão incluídas as que estavam na menopausa
(18,7%), as grávidas (1,0%) e as que tinham sido submetidas à ligadura de trompas
(26,5%) ou cujos parceiros tinham sido submetidos à vasectomia (8,4%). Verificou-se que
8,2% das mulheres não tiveram gestação, 14,4% tiveram 1 gestação, e 77,4% tiveram
mais que 1 gestação (Tabela2).
Entre as mulheres pertencentes às seguintes categorias: as que iniciaram a
atividade sexual com 20 anos de idade ou mais, que usam anticoncepcional, as que
tiveram parceiro único, que não tiveram gestação e as que tiveram 1 gestação, foram
observados os maiores percentuais de não realização do exame Papanicolaou quando
comparadas intra categorias (Tabela 2).
A análise univariada cujos resultados são demonstrados nas Tabelas 2,
evidenciou associação (nível de significância estatística p < 0,05) da realização ou o do
exame Papanicolaou com as variáveis: não ter parceiro atual (p = 0,000) e nenhuma
gestação (p = 0,000).
99
Tabela 2 – Associação entre variáveis ginecológicas e a realização do exame Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte
Carmelo II, Montes Claros, MG, 2008.
Realizado Não realizado Total
Variável n % n % n % OR (IC 95%) p
Início da atividade sexual*
20 anos ou mais 429 37,1 25 41,0 454 37,3 1
< 20 anos 727 62,9 36 59,0 763 62,7 1,2 (0,69 1,99) 0,543
Parceiros na vida **
Único 834 71,8 48 76,2 882 71,1 1
Múltiplos 326 28,2 15 23,8 341 27,5 1,3 (0,69 2,27) 0,460
Parceiro atual
Sim 992 84,3 42 66,7 1034 83,4 1
Não 185 15,7 21 33,3 206 16,6 0,4 (0,22 0,64) 0,000
Anticoncepcional
Sim 415 35,3 23 36,5 438 35,3 1
Não 762 64,7 40 63,5 802 64,7 1,1 (0,63 1,81) 0,807
Número de Gestações
> 1 gestação 922 78,3 38 60,3 960 77,4 1
1 gestação 167 14,2 11 17,5 178 14,4 0,6 (0,31 – 1,24) 0,177
Nenhuma 88 7,5 14 22,2 102 8,2 0,3 (0,13 – 0,48) 0,000
Total 1177 100,0 63 100,0 1240 100,0
Análise Univariada
* n = 1217 (foram excluídas 23 mulheres que não responderam)
** n =1160 (foram excluídas 17 mulheres que não responderam)
Em relação ao acesso geográfico, 97,3% declararam que vão a pé à USF e apenas
2,7% informaram que utilizam outros meios de locomoção.
Ao serem interrogadas se ouviram falar sobre o câncer do colo do útero, 99,0%
responderam que sim. Quando perguntadas se ouviram falar sobre o exame preventivo, 99,4%
informaram que sim e quando questionadas se têm tempo disponível para realizar o exame,
apenas 3,5% relataram queo.
Entre as mulheres pertencentes às seguintes categorias: as que informaram gastar
mais que 20 minutos para chegar à USF, as que declararam possuir dificuldade para ir à USF,
a que utilizam outros meios de transporte, as que não ouviram falar do câncer do colo do útero
e as que não ouviram falar sobre o exame preventivo, foram observados os maiores
100
percentuais de não realização do exame Papanicolaou quando comparadas intra categorias
(Tabela 3).
A análise univariada cujos resultados são demonstrados nas tabelas 3, evidenciou
associação (nível de significância estatística p < 0,05) da realização ou não do exame
Papanicolaou com as variáveis: não ter ouvido falar sobre o exame preventivo (p = 0,026) e
não ter tempo disponível para fazer o exame (p = 0,000).
Tabela 3 Associação entre os aspectos referentes ao acesso e ao conhecimento, segundo a realização do exame
Papanicolaou, Pólo Delfino Magalhães e Monte Carmelo II, Montes Claros, MG, 2008.
Realizado Não realizado Total
Variável n % n % n % OR (IC 95%) p
Tempo gasto para chegar à
USF
< ou igual a 20 min 1124 95,5 59 93,7 1183 95,4 1
> 20 min 53 4,5 4 6,3 57 4,6 0,7 (0,25 – 2,02) 0,516
Dificuldade para ir à USF
Não 1144 97,2 59 93,7 1203 97,0 1
Sim 33 2,8 4 6,3 37 3,0 0,4 (0,15 1,26) 0,124
Meio de locomoção
utilizado para ir à USF
A pé 1148 97,5 59 63,7 1207 97,3 1
Outros 29 2,5 4 6,3 33 2,7 0,4 (0,13 1,11) 0,077
Ouviu falar sobre câncer do
colo do útero
Sim 1167 99,2 62 96,8 1228 99,0 1
Não 10 0,8 2 3,2 12 1,0 0,3 (0,06 1,24) 0,091
Ouviu falar sobre o exame
preventivo
Sim 1171 99,5 61 96,8 1232 99,4 1
Não 6 0,5 2 3,2 8 0,6 0,2 (0,03 – 0,80) 0,026
Tem tempo disponível para
fazer o exame
Sim 1147 97,5 50 79,4 1197 96,5 1
Não 30 2,5 13 20,6 43 3,5 0,1 (0,05 – 0,20) 0,000
Total 1177 100,0 63 100,0 1240 100,0
Análise Univariada
101
Os principais motivos para a não adesão ao exame foram: vergonha/medo (50,8%),
não teve interesse (15,9%), não precisou (7,9%), não conseguiu agendar (9,5%), horário não
coincide com folgas (3,2%) e outros motivos (12,7). Dentre os outros motivos, citaram: não
está preparada, decidiu não fazer, não aceita fazer.
50,8%
15,9%
7,9%
9,5%
3,2%
12,7%
Vergonha/medo
o teve interesse
o precisou
o conseguiu agendar
o coincide com folgas
Outros motivos
Gráfico 1 - Principais motivos referidos pelas mulheres para a não submissão ao exame Papanicolaou, Pólo Delfino
Magalhães e Monte Carmelo II, Montes Claros, MG, 2008.
A análise univariada, descrita nas tabelas 1, 2 e 3, evidenciou associação da
realização ou não do exame Papanicolaou com: faixas etárias 30 a 39 anos, 40 a 49 anos e 50
a 59 anos em relação à faixa etária de 20 a 29 anos, viver sem o parceiro, o ter plano de
saúde, não ter parceiro atual, nenhuma gestação, não ter ouvido falar sobre o exame
preventivo e não ter tempo disponível para fazer o exame, todas elas com nível de
signifincia estatística p < 0,05.
Para a análise multivariada, foram selecionadas aquelas variáveis que mostraram
nível descritivo até 0,25 (p < 0,25) na etapa univariada (Tabelas 1, 2 e 3): ter 9 anos ou mais
de estudos (p = 0,212), ter 5 a 8 anos de estudos (p = 0,170), outras profissões (p = 0,123),
não trabalhar fora de casa (p = 0,224), ter tido uma gestação (p = 0,177), ter dificuldade para
102
ir à USF (p = 0,124), outros meios de locomoção (p = 0,077) e não ter ouvido falar sobre o
câncer do colo do útero (p = 0,091).
Após a análise multivariada mantiveram-se associadas com a realização do exame
Papanicolaou, as variáveis: 30 a 39 anos OR = 3,3 (IC95% 1,44 7,57), p = 0,005 e faixa
etária 40 a 49 anos OR = 3,7 (IC95% 1,27 10,6) p = 0,016; e os fatores associados à não
realização foram: não ter plano de saúde OR = 0,4 (IC95% 0,16 – 0,86), não ter parceiro atual
OR = 0,5 (IC95% 0,25 0,88), o ter tempo disponível para fazer o exame OR = 0,1
(IC95% 0,57 – 0,26) e não ter tido gestação OR = 0,4 (IC 95% 0,16 – 0,77) (Tabela 4).
A prevalência de realização do exame Papanicolaou foi maior para as mulheres da
faixa etária de 30 a 39 anos e 40 a 49 anos, que possuem plano de saúde, parceiro atual, que
tiveram mais que uma gestação e tempo disponível para fazer o exame, e menor para as
mulheres da faixa etária de 20 a 29 anos, as que não possuem plano de saúde, não têm
parceiro atual, não possuem tempo disponível para fazer o exame e que não tiveram gestação.
103
Tabela 4 – Análise multivariada dos fatores associados à realização ou não do exame Papanicolaou no Pólo Delfino
Magalhães e Monte Carmelo II, Montes Claros, MG, 2008.
Variável OR IC 95% p
Faixa etária
20 a 29 1,0
30 a 39 3,3 (1,44 – 7,57) 0,005
40 a 49 3,7 (1,27 – 10,6) 0,016
Plano de saúde
Sim 1,0
Não 0,4 (0,16 – 0,86) 0,020
Parceiro atual
Sim 1,0
Não 0,5 (0,25 – 0,88) 0,018
Tempo disponível para fazer o exame
Sim 1,0
Não 0,1 (0,57 – 0,26) 0,000
Gestações
> 1 gestação 1,0
Nenhuma 0,4 (0,16 – 0,77) 0,009
DISCUSSÃO
Os resultados mostram uma expressiva cobertura do exame Papanicolaou na região
estudada, atingindo níveis superiores ao preconizado pela Organização Pan-Americana da
Saúde e pela Organização Mundial da Saúde, que estabelecem níveis superiores a 80% para
que haja um impacto na redução da mortalidade pelo câncer do colo do útero
10,11
.
Todavia, apesar das diferenças metodológicas entre os estudos que avaliam
cobertura do exame Papanicolaou
12
, várias pesquisas demonstram coberturas inferiores ao
encontrado no presente estudo. Constatou-se que 94,9% das mulheres realizaram o exame
Papanicolaou pelo menos uma vez na vida e já o estudo realizado em Londrina, município do
Sul do Brasil, em 2004, identificou uma cobertura geral (exame realizado pelo menos uma
vez na vida) de 80,7% variando de 71% a 88,4% entre mulheres de 20 a 59 anos
13
.
104
As diferenças de cobertura do Papanicolaou também divergem entre grupos étnicos
como evidenciado na pesquisa realizada entre 2001 a 2002 para verificar a vivência de
mulheres japonesas das cidades de Kobe e Kawasaki e mulheres brasileiras descendentes de
japoneses residentes no Brasil, quanto a exame precoce do câncer cérvico-uterino. O estudo
concluiu que a grande maioria das mulheres (82,6%) realizou o exame Papanicolaou, e as
brasileiras submeteram-se mais a esse tipo de exame que as japonesas
14
. Entre as mulheres
cambojano-americanas com idade igual ou maior a 18 anos, foi demonstrado uma cobertura
de 76% do exame Papanicolaou pelo menos uma vez na vida
15
.
Possivelmente, a elevada cobertura do exame Papanicolaou encontrada neste estudo
pode estar relacionada ao fato de que a área estudada possui uma cobertura de 100% por
Equipes de Saúde da Família, o que sugere que as usuárias podem ter um maior vínculo com
os serviços de saúde, e conseqüentemente apresentaram uma maior adesão ao exame. O
estabelecimento de vínculos entre as mulheres e os serviços de saúde favorece a adeo ao
Papanicolaou
16
.
Considerando as mulheres que não foram submetidas ao exame, a proporção
encontrada no presente foi 5,1%, um percentual inferior ao encontrado em outras pesquisas,
como por exemplo, no Município de Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil, onde foi
constatado um percentual de não realização do exame de 57% entre mulheres de 15 a 49
anos
17
. Em Pelotas, o percentual de o adesão foi de 11,2%
18
.
Quando consideramos as faixas etárias, observou-se que a proporção de o
realização do exame foi maior entre as mais jovens (20 a 29 anos) e entre as mulheres de 60
anos ou mais. Coberturas mais baixas também foram identificadas nessas faixas etárias em
pesquisas semelhantes
18,19
.
relatos na literatura de que mulheres em fase reprodutiva realizam mais o exame
Papanicolaou em relão às mulheres que o pertencem a essa categoria, em decorrência
105
da demanda por procedimentos de rotina durante o pré-natal ou como parte do planejamento
familiar ou tratamento de leucorréias. Portanto, mulheres com 60 anos ou mais de idade, pelo
fato de não estarem mais em idade fértil, possuem a tendência em não realizar consultas
ginecológicas ou procurar menos os serviços de saúde
20,21
, ou ainda quando procuram,
demandam atenção para outras morbidades e estas oportunidades podem não estar sendo
aproveitadas para a realização do exame Papanicolaou
22
.
Chama a atenção, o fato de que mais da metade das mulheres iniciaram a atividade
sexual antes dos 20 anos de idade e nesse grupo foi maior o percentual de mulheres que
realizaram o exame quando comparadas às que não se submeteram ao mesmo, quando se
considera a mesma categoria. Ressalta-se aqui, portanto que a realizão do exame foi
oportuna uma vez que o início precoce da atividade sexual é co-fator que promove o aumento
do câncer do colo do útero
23
.
Outro ponto a ser destacado, é que mais da metade das mulheres relatou que tiveram
parceiro único na vida, mas os maiores percentuais de realização do exame Papanicolaou
foram observados entre a categoria das que informaram ter tido múltiplos parceiros,
presumindo também que esse grupo foi em sua maior parte, oportunamente coberto, que
multiplicidade de parceiros sexuais é um co-fator de risco para o câncer invasor
10
.
Constatou-se que quase a totalidade das mulheres entrevistadas relatou um tempo
gasto para se locomoverem de suas residências à USF de 20 minutos ou menos e que se
deslocam a pé, o que pode ser justificado pela proximidade das casas em relação à unidade de
saúde. Segundo Adami apud Ramos & Lima, o fato de existir uma proximidade entre a
moradia do usuário e o serviço de saúde não significa garantia de atendimento
24
. Todavia
observou-se no presente estudo que mais da metade das usuárias relataram não possuir
dificuldades para agendar o exame Papanicolaou nas USF.
106
De acordo com Ramos & Lima, caso o usuário tenha experiências prévias negativas
junto ao serviço de saúde mais próximo de sua residência, o mesmo pode optar por outras
unidades mesmo que demandem um maior deslocamento, em busca de um acesso fácil e um
bom acolhimento
24
. Os presentes resultados mostram que um elevado percentual de mulheres
realizou o exame Papanicolaou nas Unidades de Saúde da Família do seu bairro.
Observou-se que uma grande proporção das mulheres ouviu falar do câncer do colo
do útero, entretanto o se investigou a origem e a qualidade deste conhecimento, e da mesma
forma, a maioria informou ter ouvido falar do exame Papanicolaou ou preventivo, o que não
significa que possuem um conhecimento adequado sobre o assunto, o que também não foi
investigado no presente estudo. Gamarra et al, observaram que apesar de 92,5% das
entrevistadas terem informado que já tinham ouvido falar sobre o exame, cerca da metade
delas o possuíam conhecimento adequado
20
. Segundo outros autores, o conhecimento da
finalidade do exame favorece e influencia a realização do mesmo, e a desinformação sobre a
doea e o exame, pode prejudicar a procura da prevenção pela mulher
14
.
Quando questionadas se têm tempo disponível para realizar o exame, uma pequena
parcela de mulheres respondeu que não tinha, ao contrário dos resultados encontrados na
literatura
14
.
Os principais motivos referidos pelas mulheres que nunca realizaram o
Papanicolaou, foram: vergonha, o teve interesse, medo, não precisa, não consegue agendar,
o horio não coincide com as folgas, relatos todos encontrados também na literatura
20,25
. Os
outros motivos citados foram bastante específicos à decisão da própria mulher em não realizar
o exame. Verificou-se que a vergonha e o medo foram os motivos mais citados para a não
realização do Papanicolaou. Estes motivos foram também relatados como dificuldades para
adesão ao exame entre mulheres entrevistadas em São Paulo e entre japonesas das cidades de
Kobe e Kawasaki
14,25
.
107
É interessante notar, que a falta de interesse tenha sido o segundo motivo mais
comum para a não submissão ao exame, diferentemente do constatado em São Paulo, uma vez
que esse motivo foi referido com uma freência bastante inferior
25
. Todavia, nos estudos de
Brenna et al, a desmotivação e a vergonha foram os motivos mais referidos entre as mulheres
com Neoplasia Intra-epitelial Cervical e com câncer invasivo do colo do útero para a não
realização do exame
21
.
Destaca-se aqui, que na perspectiva do profissional de saúde, o exame Papanicolaou
pode parecer simples e rotineiro, mas na verdade, para diversas mulheres trata-se de uma
experiência constrangedora
5
.
Observou-se neste estudo que as faixas etárias 30 a 39 anos, 40 a 49 anos e 50 a 59
anos foram associadas à realização do Papanicolaou em relação à faixa etária de 20 a 29 anos.
A literatura destaca a associação da faixa etária de 20 a 29 anos e a não realização do exame
Papanicolaou
12,19
. Quanto à associação das faixas etárias de 30 a 39 anos, 40 a 49 anos e 50 a
59 anos com a realização do exame, controvérsias em pesquisas semelhantes
19,22
.
Constatou-se menor percentual de realização na faixa etária de 60 anos ou mais, porém sem
signifincia estatística nos resultados encontrados. Essa associação foi encontrada em estudo
realizado em Pelotas
18
.
A associão entre a variável viver sem o parceiro e a não realização do exame
Papanicolaou, também foi verificada entre mulheres em São Luiz e Rio Grande
8,17
.
Proporções maiores de realização do exame foram observadas entre as que vivem com o
companheiro em outros estudos
26
.
A variável não ter parceiro atual foi evidenciada neste estudo como associada à não
realização do exame Papanicolaou tanto na análise univariada, quanto na multivariada. Em
pesquisa semelhante, ter tido parceiros sexuais nos três últimos meses foi associado a menor
risco de não realização do preventivo e obtiveram maiores percentuais de realização deste
108
exame
8
. Quanto a variável não ter plano de saúde, a mesma foi associada à não realização do
exame Papanicolaou, o que está em acordo com resultados a nível nacional onde
evidenciaram que ter plano de saúde está associado à realização do exame
27.
Os resultados da análise univariada evidenciaram também que não ter ouvido falar
sobre o exame preventivo e não ter tempo disponível para realizá-lo foram fatores associados
à não realização do exame Papanicolaou. O conhecimento do exame contribui para a
realização do mesmo
14
e ter tempo disponível é uma condição necessária uma vez que o
período em que as unidades estão abertas e em funcionamento, nem sempre coincide com o
tempo em que a usuária pode comparecer à sua consulta.
Entre as mulheres tabagistas, as que tiveram ltiplos parceiros, foram observados
os maiores percentuais de realização do Papanicolaou. Diante destes resultados pode-se
afirmar que essa população está sendo submetida ao exame de maneira oportuna uma vez que
possuem co-fatores de risco para o câncer do colo do útero
10
. Entre as usuárias de
anticoncepcional foram identificados os maiores percentuais de não realização do exame,
dessa forma ressalta-se a necessidade de que essas mulheres sejam abordadas para que tenham
uma melhor adesão ao exame, principalmente as que fazem uso prolongado de
anticoncepcionais orais, pelo risco aumentado em relação ao câncer invasor
28
.
Este estudo também constatou que entre as mulheres que gastam mais que 20
minutos para chegar à USF e que informaram possuir dificuldades para ir à USF foram
observados maiores percentuais de não realização do exame.
A associação entre não ter tido gestação e a não realização do exame foi evidenciada
neste estudo e menores propoões de não realização também foram identificadas entre
mulheres em Maharashtra, Índia
26
.
Após a análise multivariada, os fatores que se mantiveram associados à realização do
exame Papanicolaou foram: pertencer às faixas etárias de 40 a 49 anos e 30 a 39 anos, e os
109
fatores que foram associados à não realização do exame foram: não ter plano de saúde, não ter
parceiro atual, não ter tempo disponível para realizar o exame e nenhuma gestação.
A cobertura encontrada superou os níveis demonstrados em outras localidades
nacionais e de outros grupos étnicos. Grupos de risco importantes foram oportunamente
cobertos pelo exame. Algumas condições pessoais e sociais determinaram uma maior ou
menor adesão ao Papanicolaou.
Os resultados deste estudo mostram que a estratégia Saúde da Família contribuiu
para os elevados níveis de acesso ao exame Papanicolaou encontrados, além disso, a maioria
das usuárias realizou o exame nas Unidades de Saúde da Família do seu bairro.
Estudos que avaliem o processo e a estrutura dos serviços serão necessários e
poderão avaliar melhor a dimensão de outros fatores que podem estar associados à realização
ou não do exame Papanicolaou.
110
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