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Aspectos da biologia populacional de
Pimelodus maculatus
, (Teleostei: Siluriformes)
sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede.
I
GOR
P
AIVA
R
AMOS
Botucatu – SP
2009
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS
CAMPUS DE BOTUCATU
Aspectos da biologia populacional de
Pimelodus maculatus
(Teleostei: Siluriformes),
sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede.
IGOR PAIVA RAMOS
Orientador: Prof. Dr. Edmir Daniel Carvalho
Dissertação apresentada ao
Instituto de Biociências –
UNESP – Campus de
Botucatu, como parte dos
requisitos exigidos para a
obtenção do título de Mestre
em Ciências Biológicas –
Área de concentração:
Zoologia.
Botucatu – SP
2009
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e
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO DE AQUIS. E TRAT. DA INFORMAÇÃO
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: ROSEMEIRE APARECIDA VICENTE
Ramos, Igor Paiva.
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei:
Siluriformes) sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede
/ Igor Paiva Ramos. – Botucatu : [s.n.], 2009.
Dissertação (mestrado) – Instituto de Biociências de Botucatu,
Universidade Estadual Paulista, 2009.
Orientador: Prof. Dr. Edmir Daniel Carvalho
Assunto CAPES: 20400002
1. Pimelodus maculatus. 2. Teleosteos. 3. Bagre – Peixe.
CDD 597
Palavras-chave: Biologia populacional; Dieta; Impactos ambientais;
Pimelodus maculatus; Pisciculturas em tanque-rede.
Dedicatótria
“Dedico este trabalho aos meus pais por ter adiado seus sonhos
para realização do meu e ao meu amigo Edmir, pela confiança
durante todos estes anos”.
i
“Vencedor é aquele que nunca desiste de seus objetivos.”
Jair Munhoz Ramos (Pai)
ii
Agradecimentos
Primeiramente a Deus e a todas as pessoas que conviveram comigo
durante estes anos de graduação e pós-graduação que de forma direta ou
indireta colaboraram com a realização deste trabalho.
A minha mãe, Leonir de Paiva Ramos pelo carinho, compreensão e
principalmente pela cumplicidade, amizade e pela força nos momentos
difíceis. Ao meu pai, Jair Munhoz Ramos pelo apoio em todos os
momentos e principalmente pela confiança em mim depositada durante
todo este tempo. A minha irmã Marcela Paiva Ramos pelo apoio e
incentivo em todas minhas atividades.
A Juliana, pela cumplicidade, pelo carinho, apoio e dedicação em
todos os momentos.
Ao amigo Edmir pelo apoio em todos os momentos do
desenvolvimento deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Edmir Daniel de Carvalho, pela orientação em todos
estes anos, confiança e apoio desde o início.
Ao Prof. Dr. Reinaldo José da Silva e Gianmarco Silva David pela
amizade e parcerias em trabalhos realizados durante este período.
A amiga Ana Paula pela ajuda irrestrita desde o início de minha vida
acadêmica e parceria em trabalhos.
Aos meus amigos Heleno, Zeca, Ricardo, Padiola, Toiça, Treko, Zé
Luís, Jaciara, Rosângela, Carol, André, Garçom, Paiva e Leandro por todos
os momentos compartilhados durante a graduação e idéias para este
trabalho.
A todos do laboratório de Biologia e Ecologia de Peixes pelo apoio
nos trabalhos de campo e pela paciência durante estes anos.
A Ana da graduação pela amizade e ajuda desde o início.
A todos os funcionários do Departamento de Morfologia e do Setor
de Referências pela ajuda direta ou indireta na realização deste trabalho.
iii
Sumário
Resumo pág. 01
Abstract pág. 02
Introdução geral pág. 03
Pisciculturas em tanques-rede e seus impactos ambientais pág. 03
Referências pág. 09
Biologia populacional de
Pimelodus maculatus
pág. 15
Referências pág. 24
Objetivos gerais pág. 30
1º Capítulo – Dieta de
Pimelodus maculatus
sob influência de
pisciculturas em tanques-rede
pág. 31
Resumo pág. 32
Abstract pág. 33
Introdução pág. 34
Área de estudo pág. 37
Objetivo pág. 39
Material e métodos pág. 40
Análise dos dados pág. 43
Resultados pág. 47
Discussão pág. 58
Conclusões pág. 65
Referências pág. 66
2º Capítulo – Dinâmica populacional de
Pimelodus maculatus
sob
influência de pisciculturas em tanques-rede.
pág.74
Resumo pág.75
Abstract pág.76
Introdução pág.77
Área de estudo pág.80
Objetivo pág.82
Material e métodos pág.83
Análise dos dados pág.87
Resultados pág.95
Discussão pág.107
Conclusões pág.114
Referências pág.115
Considerações finais pág.121
Anexos pág.122
iv
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
Resumo
Atualmente a implantação de sistemas de pisciculturas em tanques-rede, pode ser mais uma
forma de impacto sobre a biota e a qualidade da água, das represas brasileiras. Esta atividade
disponibiliza recursos como sobra de rações, efluentes e abrigo à ictiofauna residente. Assim,
o presente trabalho tem como objetivo caracterizar a influência de sistemas de pisciculturas
em tanques-rede sobre a dieta e dinâmica populacional de uma espécie de peixe nativo,
Pimelodus maculatus (Pimelodidae, Siluriformes) a mais abundante nas adjacências desses
empreendimentos na represa de Chavantes – SP/PR. Dos exemplares capturados na área de
influência dos tanques-rede (Tanque) e na área referencial (Controle) foram obtidos os
seguintes dados biológicos: comprimento padrão, peso total, sexo, grau de repleção
estomacal. Ainda, os estômagos com itens alimentares foram retirados e fixados. Em termos
de dieta, os itens foram pesados e identificados até o nível taxonômico mais inferior possível.
A partir destes dados foram calculados o grau de repleção médio (GRM), atividade alimentar
(Aa) e índice de importância alimentar (IAi), relação peso/comprimento, fator de condição,
taxa de crescimento entre outros. Os resultados mostram que há diferenças quanto ao GRM,
Aa e IAi entre os exemplares do trecho Tanque e Controle. Assim, para os exemplares do
trecho Tanque a principal categoria alimentar é Ração (97,08), enquanto que para os
exemplares do trecho Controle é Detrito (27,30), Insetos aquáticos (22,35), Vegetais (21,48) e
Moluscos (21,46). Referente à dinâmica populacional com enfoque no crescimento estimou-
se o fator de condição, relação peso/comprimento e taxas/curvas de crescimento em
comprimento e peso. Os resultados demonstraram que no entorno dos tanques-redes, os
valores de comprimento padrão e peso total são maiores em relação ao trecho Controle
(p<0,0001). Quanto à relação peso/comprimento verifica-se diferenças significativas entre os
exemplares do trecho Tanque e Controle para machos (t=2,3301), fêmeas (t=2,5853) e
machos+fêmeas+indefinidos (t=3,5636), reforçados pela maior taxa de crescimento observada
no trecho Tanque. Ainda, em relação ao fator de condição há diferenças significativas
(p<0,0001) para machos, fêmeas e machos+fêmeas+indefinidos entre o trechos Tanque e
Controle. Com base nesses resultados, constata-se que esses peixes atraídos para as
adjacências desse sistema, estão aproveitando os restos de ração disponibilizados pelo manejo
zootécnico, que possibilita maior crescimento somático. Pode-se concluir que as pisciculturas
em tanques-rede induzem a significativas alterações na dieta e na estrutura populacional dessa
espécie de peixe nativo. Ainda, considera-se que esta nova tática alimentar de Pimelodus
maculatus, certamente está contribuindo para mitigar os impactos ambientais relativos à
eutrofização.
Palavras-chaves: dieta, biologia populacional, impactos ambientais, pisciculturas em
tanques-rede, Pimelodus maculatus, rio Paranapanema.
1
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
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Abstract
The development of cage fish farming may be considered a new form of impact in the aquatic
biota and water quality in Brazilian reservoirs. This activity provides resources to the resident
fishes, as ration, effluent, and refuge. Thus, this work aims to characterize the influence of
systems in cage fish farms in the diet and population dynamics of a native fish species,
Pimelodus maculatus the most abundant in the vicinity of these enterprises in the Chavantes
Reservoir - SP / PR. The standard length, weight, sex, degree of stomach fullness were
obtained of specimens captured in the influence area of the cage farms (Cage farm) and the
reference area (Control), and the stomachs with contents were removed and fixed. The food
items were weighed and identified to the lowest possible taxonomic level. From these data
were calculated the degree of fullness average (GRM), feeding activity (Aa) and Alimentary
Index (AI), the weight/length, condition factor and growth rate. The results show that there
are differences in the GRM, Aa and IAi between fishes from the Cage farm and Control
stretches. Thus, Cage farm stretch presented Ration as its main food category (97.08), while
in the diet of Control stretch fishes the main food resources were Detritus (27.30), Aquatic
insects (22.35), Vegetal matter (21.48) and Molluscs (21.46). The population dynamics,
focusing on growth were estimated the condition factor, weight/length relationship and
rates/curves of growth in length and weight. The results demonstrated that for the Cage farm
stretch, the values of standard length and total weight are larger in relation to Control stretch
(p <0.0001). For the weight/length relationship there are significant differences between the
stretches for males (t = 2.3301), females (t = 2.5853) and male + female + undefined (t =
3.5636), reinforced by the highest growth rate observed in the Cage farm stretch. In addition,
for the condition factor, there are significant differences (p <0.0001) for males, females and
males + females + undefined between stretches. Based on these results, it appears that the fish
attracted to the vicinity of the cages are taking the remains ration provided by the
management, which allows for higher somatic growth. It can be concluded that the cage fish
farming lead to significant changes in diet and population structure of this native fish species.
Still, it is considered that this new feeding modality of Pimelodus maculatus is certainly
helping to mitigate the environmental impacts related to eutrophication.
Key words: diet, population biology, environmental impacts, cage farms, Pimelodus
maculatus, Paranapanema River.
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
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Introdução geral
Pisciculturas em tanques-rede e seus impactos ambientais
Atualmente existem no Brasil 619 empreendimentos hidroelétricos em operação,
que representam 70,22% (73.278.710 kW), de toda a energia elétrica produzida em nosso
país. Somente o Estado de São Paulo é responsável por 22,22% da eletricidade gerada por esta
matriz, o que o torna o maior gerador deste tipo de energia do território brasileiro. Ressalta-se
que a maioria dessas usinas está concentrada nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, justamente
as mais desenvolvidas em termos sócio-econômicos (ANEEL, 2006).
Tais empreendimentos vêm transformando grandes rios da região Sudeste como
Tietê, Paranapanema e Grande, em uma sucessão de lagos artificiais em cascata, alterando as
características ecológicas dos ambientes aquáticos, terrestres e adjacentes (TUNDISI, 1999;
AGOSTINHO et al., 2007). Desta forma, os peixes estão entre os elementos da biota mais
afetados pelas mudanças geradas após o represamento, principalmente nos primeiros anos,
pois são submetidos rapidamente aos novos processos limnológicos dos ambientes semi-
lênticos (AGOSTINHO et al., 1999; AGOSTINHO et al., 2007).
Historicamente, tais situações decorrentes da construção das grandes barragens
reduzem os estoques dos grandes migradores como o dourado e pintado, enquanto propicia o
aumento dos estoques de algumas espécies não migradoras como os lambaris e sagüirus
(CARVALHO & SILVA, 1999; ZOCCHI, 2002). Assim, espécies que naturalmente ocorriam
em baixas densidades populacionais podem se beneficiar das novas condições ambientais e
proliferarem, enquanto outras, que não se ajustam ao novo ambiente, podem ter sua
abundância reduzida, ou até mesmo serem extintas localmente, tais como os peixes reofílicos
e grandes migradores (AGOSTINHO et al., 1994; CARVALHO & SILVA, 1999; ZOCCHI,
2002).
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
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Além disto, esses ecossistemas estão sendo submetidos a outras interferências
antrópicas que diminuem a diversidade lato sensu dos peixes. Entre elas pode-se citar a
introdução de espécies não nativas (ORSI & AGOSTINHO, 1999; SANTOS & FORMAGIO,
2000; LATINI & PETRERE, 2004), contaminação ambiental devido a efluentes
agroindustriais/domésticos, perda de vegetação ripária, desmatamento, assoreamento das
margens/lagoas marginais e erosão devido à exploração agrícola/mineral em seu entorno
(PAIVA, 1983; TORLONI et al., 1986).
Nos últimos anos um crescimento considerável na implantação de novos sistemas
de pisciculturas em tanques-rede em grandes represas pode ser uma nova forma de impacto
ambiental. Entretanto, seus impactos sobre o ecossistema aquático ainda não foram bem
elucidados, requerendo assim estudos para uma melhor compreensão dos seus efeitos sobre a
biota e qualidade de água (AGOSTINHO et al., 2007; RAMOS et al., 2008). Sob esta óptica,
MARGALEF (1968) argumenta que quase todas as atividades humanas resultam em
interferências nos ecossistemas naturais, que normalmente refletem na diminuição da
biodiversidade.
A utilização de sistemas de criação de organismos aquáticos em gaiolas ou
tanques-rede iniciou-se há mais de 50 anos, no Delta do rio Mekong, na Ásia (BEVERIDGE,
1984; MEDEIROS, 2002; CASTAGNOLLI, 2000). Em nosso país, este sistema ganhou
impulso em meados da década de 1990, principalmente na região Sudeste (ONO, 1998;
MEDEIROS, 2002; BRANDÃO et al., 2004), tendo como modelo zootécnico, as tilápias
(Oreochromis niloticus e suas linhagens). Atualmente, essa atividade encontra-se em
expansão nas grandes represas brasileiras, sendo este fato relacionado com incentivos
governamentais, na forma de linhas de financiamentos e marketing, patrocinados por
programas como PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar) e
FEAP (Fundo de Expansão do Agronegócio Paulista) (SEAP, 2008). Assim, segundo autores
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
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como ALVES et al. (2004), HERMES-SILVA et al. (2004), REIS et al. (2004) e
SANTAMARIA et al. (2004) essa atividade tem sido vista como uma nova forma de
aproveitamento dos recursos hídricos interiores em águas sob o domínio da União.
Especificamente, a estrutura física dos tanques-rede deve permitir um fluxo
contínuo de água, aumentando assim a oxigenação e remoção das excretas e outros resíduos
metabólicos dos peixes, além de propiciar a retirada das sobras de alimento (BEVERIDGE,
1996). Contudo, de modo similar ao que ocorre na criação de peixes em tanques escavados,
no sistema de tanques-rede há entrada contínua de matéria orgânica decorrente do
arraçoamento e saída de matéria representada pela conversão em biomassa (SIPAÚBA-
TAVARES, 1995). Entretanto, porcentagem considerável de matéria orgânica é
disponibilizada no ecossistema aquático na forma da ração não aproveitada pelos animais em
cultivo e efluentes (excretas e metabólitos) (MUNDAY et al., 1992; PERSSON, 1988;
PILLAY, 2004).
BEVERIDGE (2004) e PILLAY (2004) relatam que até 30% da matéria orgânica
(ração) destinada à produção do pescado em sistemas de cultivo, não são aproveitados. No
caso de rações comerciais brasileiras onde o percentual de fósforo orgânico varia entre 0,50 a
3% (CARVALHO et al., 2008a), quantidades relativamente altas deste nutriente são
disponibilizadas no meio aquático. Desta maneira, um aspecto relevante é o processo de
eutrofização (BEVERIDGE, 2004; PILLAY, 2004), uma vez que o fósforo é o elemento
chave para indução deste processo (ESTEVES, 1998; PILLAY, 2004). Ressalta-se que os
impactos ambientais das pisciculturas em tanques-rede estão diretamente relacionados com a
espécie cultivada, técnicas de manejo, densidade de produção, tipo de ração e hidrodinâmica
local (BEVERIDGE, 2004; WU, 1995; PAWAR et al., 2002).
Alguns autores discutem as interferências geradas por este tipo de atividade
zootécnica em diferentes ambientes dulcícolas mundiais. Por exemplo, ALVES et al. (2004),
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
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observaram no Córrego do Arribada (baixo rio Tietê, SP) aumento no processo de
sedimentação e na concentração de nutrientes no sedimento próximo aos tanques de cultivo,
após um curto período de tempo da implantação da piscicultura, como também observado por
KELLY (1993) em lagos da Escócia. HERMES-SILVA et al. (2004) constataram na represa
de Machadinho (Rio Uruguai) uma maior abundância zooplanctônica e de
macroinvertebrados bentônicos na área mais próxima aos tanques-rede, como também
observado para comunidade bentônica por MENEZES & BEIRUTH (2003) na represa de
Guarapiranga (São Paulo) e por DIAS (2008), para comunidade zooplanctônica na represa de
Rosana (São Paulo). DIAZ et al. (2001) observou na represa de Alicura (Argentina),
incremento na biomassa de algas e mudanças na abundância da comunidade fitoplanctônica
local. COSTA-PIERCE & SOEMARWOTO (1990) relatam que para as represas Sauling e
Cirata na Indonésia, a falta de fiscalização levou a instalação descontrolada de tanques,
acarretando um rápido processo de eutrofização artificial.
Estudos recentes realizados na represa de Nova Avanhandava (baixo rio Tietê)
(PAES, 2006) e Jurumirim (alto rio Paranapanema) (ZANATTA, 2007) e Chavantes (médio
rio Paranapanema) (CARVALHO et al., 2008b) evidenciam que ainda não há diferenças na
qualidade da água entre trechos utilizados para pisciculturas em tanques-rede e trechos sem a
interferência desta atividade. Porém, RAMOS et al. (2008) encontraram diferenças
significativas na dieta de espécies de peixes residentes nessa represa, como Plagioscion
squamosissimus, Astyanax altiparanae e Metynnis maculatus, agregadas aos tanques-rede em
relação à exemplares capturados em trechos sem interferência do cultivo. Neste sentido,
BEVERIDGE (2004) e ECHE (2008), evidenciaram que as pisciculturas em tanques-rede nas
represas podem causar alterações das cadeias tróficas. Ainda, PAES (2006) relata que há
diferenças quanto à diversidade e abundância da ictiofauna, uma vez que foi constatada uma
maior diversidade e abundância de peixes junto aos tanques em relação a um trecho sem a
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
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influência dos mesmos, como também observado por TROELL & BERG (1997) para o lago
Kariba no Zimbabwe. Desta maneira, HÅKANSON (2005), CARVALHO et al. (2008b) e
RAMOS et al. (2008) discutem que estas alterações estão possivelmente relacionada com a
disponibilização de nutrientes, (metabólitos e restos de ração) oriundo do manejo zootécnico
da atividade. Além disto, há registro na literatura que outros grupos animais como aves,
répteis, anfíbios e mamíferos são atraídos (BEVERIDGE, 1984) em busca de alimento e
refúgio neste habitat artificial (CARVALHO, 2006; LANDELL, 2007).
Em relação aos ambientes marinhos, estudos sobre impactos dessas atividades
estão mais aprofundados. Neste sentido, autores como CARSS (1990), DEMPSTER et al.
(2002), BEVERIDGE (2004), BOYRA (2004), FELSING et al. (2005), GIANNOULAKI et
al. (2005), MACHIAS et al. (2004, 2005 e 2006), constataram que as piscicultura atraem a
ictiofauna residente, uma vez que nas mediações deste tipo de sistema, encontra-se uma maior
abundância de organismos, em relação ao ambiente natural. HONKANEN & HELMINEN
(2000), KARAKASSIS et al. (2000), DEMIR et al. (2001), NICKELL et al. (2003),
FELSING et al. (2005), HUBERT et al. (2006), SARA et al. (2007), YUCEL-GIER et al.
(2007), evidenciaram que há uma maior abundância de organismos bentônicos no sedimento
sob influência dos tanques. HONKANEN & HELMINEN (2000), KARAKASSIS et al.
(2002), PAWAR et al. (2002), CARROL et al. (2003), NICKELL et al. (2003), HUBERT et
al. (2006), YUCEL-GIER et al. (2007), observaram enriquecimento orgânico no sedimento
nas proximidades do cultivo, sendo que em alguns casos ocorreu anoxia do sedimento.
Também, HONKANEN & HELMINEN (2000), DEMIR et al. (2001), SOTO &
NORAMBUENA (2004); PITTA et al. (2005), YUCEL-GIER et al. (2007), encontraram
pequenas diferenças na qualidade da água em áreas próximas as pisciculturas e aumento da
produção primária devido a disponibilização de nutrientes. HONKANEN & HELMINEN
(2000), KARAKASSIS et al. (2005), DALGAARD & KRAUSE-JENSEN (2006),
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
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TSAPAKIS et al. (2006), evidenciaram aumento na biomassa de perifíton e algas em áreas
utilizadas para pisciculturas em tanques-rede. Além destes, BEVERIDGE (2004) E PILLAY
(2004) elencam outros impactos sobre o ecossistema aquático, como a perda de habitat,
redução da biodiversidade, escapes de espécies não nativas oriundas dos cultivos, introdução
de patógenos e uso de produtos químicos para controle de doenças.
Assim, considerando a crescente expansão dessa atividade no Brasil, detentor de
cinco milhões de hectares de água doce e da maior fauna de peixes do mundo, estudos
enfocando as interferências nos ecossistemas aquáticos são de fundamental importância para o
ordenamento dessa atividade. Desta maneira, estudos comparativos sobre a biologia
populacional (alimentação, crescimento e reprodução) de espécies de peixes associadas a
sistemas de tanques-rede em águas continentais podem ser importantes ferramentas para o
entendimento dos processos ecológicos relacionados a esta atividade.
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
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Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
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Biologia populacional de Pimelodus maculatus
Os peixes ósseos formam a maior classe de vertebrados, com cerca de 24.610
espécies conhecidas, distribuídas em 57 ordens, 482 famílias e aproximadamente 4.258
gêneros, (NELSON, 1994). Segundo REIS et al. (2003), existem aproximadamente 13.000
espécies de água doce, sendo que cerca de 6.000 são encontradas na região Neotropical.
O grupo dos Siluriformes com mais de 2.400 espécies, distribuídas em 34 famílias
e 412 gêneros, ocorre em todos os continentes, exceto Antártica (NELSON, 1994;
HELFMAN et al., 1997). Destas, mais de 40% das espécies estão na região Neotropical, com
grande número na Amazônia (PY-DANIEL & COX-FERNANDES, 2005). Especificamente,
a família Pimelodidae é constituída por aproximadamente 300 espécies e 50-60 gêneros
(MEES, 1974), havendo ainda dúvidas taxonômicas. Ainda, Pimelodidae é o grupo mais
diversificado de bagres da região Neotropical, com 29 gêneros e 94 espécies endêmicas
(LUNDBERG & LITTMANN, 2003; FERRARIS, 2007; ESCHMEYER, 2008), sendo o
gênero Pimelodus o mais especioso com 29 espécies (RIBEIRO et al., 2008).
Neste sentido, a espécie Pimelodus maculatus (Figura 01) foi descrita em 1803
por Lacépède, sendo sua localidade tipo o rio da Prata na Argentina (FOWLER, 1951). A
espécie possui como características morfológicas, perfil dorsal anterior elevado, superfície
dorsal da cabeça rugosa coberta por uma pele muito fina. Barbilhão maxilar estendendo-se
além da base da nadadeira caudal nos jovens, não alcançando a base da nadadeira caudal em
exemplares acima de 15 cm de comprimento. Nadadeira adiposa de base curta, sendo seu
comprimento menor do que a distância que separa a ponta do focinho da parte posterior da
órbita. Três a cinco séries de grandes máculas ao longo do corpo, sendo que as nadadeiras
dorsal, adiposa e caudal frequentemente apresentam máculas escuras, ocorrendo
esporadicamente sobre as nadadeiras peitoral, ventral e anal. Ainda, pode alcançar 50 cm de
comprimento total (BRITSKI et al., 1999).
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
16
Em relação à ocorrência, é uma espécie de ampla distribuição geográfica, sendo
encontrada na Amazônia, Guianas, Venezuela, Peru, Bolívia, Argentina, Bacia do Paraná,
Bacia do Prata, rio Uruguai e rio Iguaçu (FOWLER, 1951; RINGUELET et al., 1967;
GODOY, 1987; BRITSKI et al., 1988; REIS et al., 2003). Ainda, é uma das espécies mais
abundantes da bacia do Paraná, sendo assim, um importante constituinte da ictiofauna de rios
e riachos (LOLIS & ANDRIAN, 1996; LOBÓN-CERVIÁ & BENNEMANN, 2000; LIMA-
JUNIOR & GOITEIN, 2006) e de águas lênticas (CARVALHO, 1991; AGOSTINHO et al.,
1997a; AGOSTINHO et al., 1997b; BRAGA & GOMIERO, 1997; ALVES et al. 1998;
BRAGA, 2001; SUZUKI et al., 2005). Ressalta-se que no Nordeste brasileiro, esta espécie foi
introduzida em açudes a partir de 1934, quando se iniciou os povoamentos experimentais
executados pela Comissão Técnica de Piscicultura da antiga Inspetoria Federal de Obras
Contra a Seca, aumentando sua área de distribuição (I.F.O.C.S., 1940 in BARBOSA et al.,
1988).
Quanto à pesca artesanal, é um dos quatro principais pescados capturados
comercialmente na bacia do alto rio Paraná (CESP, 1994; AGOSTINHO, 1995; VERMULM
Jr. et al., 2001; NOVAES, 2008). Neste sentido, BRAGA (2000), relata que Pimelodus
maculatus foi uma das espécies mais representativas na pesca artesanal/profissional em quatro
represas do rio Tietê, em uma no rio Paraná e em uma no rio Grande. Desta maneira, observa-
se a importância da espécie para as populações ribeirinhas e indiretamente sua abundância nos
corpos d’água brasileiros.
A respeito das táticas alimentares, Pimelodus maculatus é caracterizada como
uma espécie onívora generalista, com ampla plasticidade alimentar, incluindo em sua dieta
desde material vegetal (sementes, frutos, partes de vegetais superiores e algas), invertebrados
(minhocas, moluscos e artrópodes) até peixes (BONETTO, 1963; BAIZ & CABRERA, 1968;
NOMURA et al., 1972; OLIVA et al., 1981; BASILE-MARTINS et al., 1986; LOLIS &
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
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ANDRIAN, 1996; LOBÓN-CERVIÁ & BENNEMANN, 2000; RESENDE, 2000; HAHN &
FUGI, 2007; SILVA et al., 2007). Neste sentido, autores como LOLIS & ANDRIAN (1996),
LOBÓN-CERVIÁ & BENNEMANN (2000), CALLISTO et al. (2002), SILVA et al., (2007)
discutem que Pimelodus maculatus é capaz de explorar praticamente todos os níveis tróficos
do ecossistema aquático.
Segundo SANTOS et al. (2007), em relação as características do sistema
digestório, esta espécie apresenta a cavidade bucofaríngea com mucosa pregueada
longitudinalmente e epitélio estratificado pavimentoso. O esôfago apresenta o mesmo tipo de
epitélio com predominância de células mucosas. Também, o estômago é diferenciado em
região cárdica, fúndica e pilórica. A mucosa é continuamente revestida por um epitélio
simples cilíndrico, a lâmina própria possui glândulas tubulares que se ramificam
gradativamente e consistem de um tipo celular denominado oxinticopépticas, relacionadas
com a síntese de ácido clorídrico e pepsinogênio. Ainda, o intestino apresenta vilosidades
revestidas por um epitélio simples cilíndrico com planura estriada e células caliciformes. Na
camada submucosa do duodeno é observada a abertura do colédoco, sendo o epitélio do tipo
simples cilíndrico sem células caliciformes.
Autores como GODINHO (1967), MENIN & MIMURA (1992) e LOLIS &
ANDRIAN (1996) inferem que características morfológicas associadas as suas táticas
alimentares possibilitam a plasticidade alimentar e onivoria observada em Pimelodus
maculatus. Ainda, segundo (LUZ-AGOSTINHO et al., 2006), a espécie não apresenta
restrições morfológicas para captura de presas, uma vez que ingere organismos de tamanhos,
formas e habitats variados.
Outro aspecto importante dessa espécie é a mudança da dieta em função da
ontogenia, onde, indivíduos de menor porte consomem principalmente Chironomidae (pupa e
larva) e organismos bentônicos muito pequenos, enquanto que indivíduos de maior porte
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
18
consomem além dos itens anteriores, presas maiores como peixes e crustáceos (BASILE-
MATINS et al., 1986; LIMA-JUNIOR & GOITEIN, 2003; SILVA et al., 2007). Segundo
LIMA-JUNIOR & GOITEIN (2003), este fato está relacionado com a utilização dos
barbilhões por indivíduos de menor porte na orientação química, enquanto que os indivíduos
de maior porte utilizam além da orientação química, a orientação visual desenvolvida. Ainda,
estes mesmo autores discutem que a mudança ontogenética da dieta esta relacionada com o
tamanho da boca.
Quanto à atividade alimentar, Pimelodus maculatus faz a tomada de alimento
principalmente nos períodos noturno e matutino, com decréscimo no período vespertino. Isso
permite explorar organismos ativos durante o dia e a noite, sendo o pico da tomada de
alimento entre as oito e 12 horas (LOLIS & ANDRIAN, 1996). Entretanto, DE CROUX,
(1996) discute que o período de baixa luminosidade é o de maior atividade da espécie
(movimentação e alimentação). Ainda, Pimelodus maculatus apresenta maior tomada de
alimento nos períodos que antecedem a início da maturação das gônadas, como observado por
BASILE-MARTINS et al. (1986), LOLIS & ANDRIAN (1996), BENNEMANN (1996),
BENNEMANN et al. (2000), LIMA-JUNIOR & GOITEIN (2004) e ANDRADE & BRAGA
(2005) que registraram uma maior atividade alimentar nos períodos de outono e inverno.
Enfatiza-se, que para Pimelodus maculatus o fator determinante de sua dieta é a
disponibilidade de recursos, uma vez que a espécie é reconhecidamente oportunista (LOLIS &
ANDRIAN, 1996; MONTALTO et al. 1999; CALLISTO et al., 2002; ANDRADE &
BRAGA, 2005; GARCÍA & PROTOGINO, 2005; SILVA et al., 2007). Assim, devido a
todos os seus atributos ecológicos relacionados à alimentação, pode apresentar uma rápida
resposta a um recurso alimentar abundante temporariamente. Neste sentido, LOBÓN-
CERVIÁ & BENNEMANN (2000) colocam que Pimelodus maculatus possui táticas
alimentares específicas, em termos sazonais e ambientais, dependendo da disponibilidade de
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
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recursos alimentares. Alguns trabalhos como de MONTALTO et al. (1999) e GARCÍA &
PROTOGINO (2005) evidenciaram altas incidências de moluscos invasores (Limnoperna
fortunei e Corbicula flumínea respectivamente) na dieta de exemplares provenientes do médio
rio Paraná e do rio da Prata, demonstrando o caráter oportunista da espécie.
Em relação aos aspectos reprodutivos, Pimelodus maculatus apresenta fêmeas
maiores que machos (FENERICH et al., 1975; BASILE-MARTINS et al., 1986; BARBOSA
et al., 1988; BRAGA, 2000) sendo 44 cm, o maior comprimento registrado para fêmeas e de
38 cm para machos (BARBOSA et al., 1988). Também, a espécie apresenta variações no
comprimento de primeira maturação das gônadas dependendo do ecossistema aquático.
Assim, FENERICH et al., (1975) constataram para o rio Jaguari (SP) que a primeira
maturação das gônadas ocorre em comprimentos de 18 e de 19 cm, para machos e fêmeas
respectivamente. BARBOSA et al., (1988), na represa de Bariri – SP, observaram a primeira
maturação das gônadas para fêmeas aos 12 cm e aos 12,5 para machos. BRAGA (2000), para
a represa de Volta Grande – SP/MG, verificou o comprimento de primeira maturação das
gônadas em fêmeas de 27,8 cm e machos de 25,5 cm. DEITOS et al., (2002), apresenta para a
represa de Corumbá, tamanhos de primeira maturação das gônadas de 15,6 cm para machos e
de 17,8 cm para fêmeas. Desta maneira, infere-se que Pimelodus maculatus se ajusta às
variações ambientais, apresentando comprimentos de primeira maturação das gônadas
inconstantes.
Especificamente quanto à anatomia das gônadas, a espécie é dióica, apresentando
testículos e ovários pares, localizadas na porção dorsal da cavidade abdominal, ligeiramente
abaixo dos rins e bexiga natatória (GODINHO et al., 1974; CRUZ & SANTOS, 2004). Ainda,
seus testículos são franjados, possuindo de 73 a 132 franjas, sendo que as mesmas
apresentam-se maiores em testículos maduros em relação aos outros estágios de maturação.
Também, os machos apresentam atividade espermatogênica na região cranial dos testículos
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
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enquanto a região caudal possui função secretora (CRUZ & SANTOS, 2004). Para as fêmeas,
GODINHO et al. (1974) relatam que a espécie apresenta aumento do tamanho e peso das
gônadas durante o processo de maturação dos oócitos, sendo que a cor dos ovários varia de
ligeiramente rosados (em repouso e/ou imaturo), passando por tons de amarelo (maturação
e/ou maduros), a ligeiramente marrom (desovado). Apresenta oócitos maduros com diâmetro
médio de 290,99 μ sendo que a amplitude varia de 109,41 a 984,69 μ. Ainda, sua fecundidade
relativa (números de oócitos em relação ao comprimento total) aumenta gradativamente com
o comprimento do indivíduo, sendo de aproximadamente 200 x 10
-3
oócitos para fêmeas com
cerca de 36 cm.
Pimelodus maculatus é considerada uma espécie migradora (DEITOS et al.,
2002), que pode realizar deslocamentos de até 1.000 km (BONETTO, 1963; GODOY, 1967).
Entretanto, segundo DORIA & ANDRIAN (1997) e AGOSTINHO et al. (2003) as exigências
fisiológicas relacionadas ao sucesso reprodutivo são bem menores. Quanto ao período de
reprodução, este varia de acordo com o ambiente, mas sempre estando compreendido entre
outubro a março, período correspondente aos maiores índices pluviométricos na região da
bacia do Alto Paraná. Neste sentido, BASILE-MARTINS et al., (1975), observaram para
exemplares do rio Jaguari - SP, o início do período reprodutivo em outubro com a desova
ocorrendo em dezembro. GODINHO et al., (1977), também para o rio Jaguari - SP,
registraram o período de postura entre dezembro e fevereiro. VAZZOLER et al., (1997), para
bacia do rio Paraná, observou o início do período reprodutivo em outubro e seu fim em
março. BRAGA (2000) no reservatório de Volta Grande – MG/SP observou o período
reprodutivo entre outubro e fevereiro. DEITOS et al., (2002), na represa de Corumbá – GO,
observaram o período reprodutivo entre novembro e janeiro. LIMA-JUNIOR & GOITEIN
(2006), para o rio Piracicaba – SP registraram atividade reprodutiva entre a primavera e verão.
Um fato interessante, é que para a represa de Marimbondo – MG/SP, a espécie em questão
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
21
apresentou fêmeas em atividade reprodutiva durante todo ano (BAZZOLI et al., 1997).
Entretanto, BRAGA (2001), DEITOS (2002) e MAIA et al. (2007) relatam que Pimelodus
maculatus não se reproduz em zonas lênticas das represas, procurando trechos lóticos durante
o período de reprodução. Assim, constata-se que a espécie provavelmente utilize as áreas
lênticas das represas para alimentação e crescimento enquanto que áreas ainda lóticas são
utilizadas para reprodução.
Ainda, quanto ao tipo de desova, as fêmeas de Pimelodus maculatus apresentam
desova parcelada, com maturação de lotes de oócitos em diferentes momentos do período
reprodutivo (GODINHO et al., 1974 e 1977; BASILE-MARTINS et al., 1975; BAZZOLI et
al., 1997). Alguns autores discutem a influência de fatores ambientais sobre a maturação dos
ovários de Pimelodus maculatus. Segundo BASILE-MARTINS et al., (1975) a espécie inicia
a maturação dos oócitos com temperaturas em torno de 22º C, sendo que a desova ocorre em
temperaturas próximas a 25º C e quando o nível do rio esta um metro acima do normal.
Adicionalmente, a espécie em questão tende a se reproduzir em locais levemente ácidos com
altas concentrações de oxigênio dissolvido, sendo estas condições encontradas normalmente,
apenas a jusante ou em trechos ainda lóticos do corpo principal das represas (DEITOS et al.,
2002).
Desta maneira, podemos relacionar o fato da espécie não se reproduzir no corpo
principal das represas a ausências das condições ambientais adequadas. Sendo assim, o
sucesso reprodutivo de Pimelodus maculatus deve estar relacionado com essas flutuações das
condições ambientais vigentes nos diferentes ecossistemas aquáticos.
Em relação à estrutura populacional, Pimelodus maculatus apresenta proporções
entre sexos que varia desde uma fêmea para um macho nos rios Jaguari – SP, Tietê – SP, São
Francisco - MG (BASILE-MARTINS et al., 1986; BARBOSA et al., 1988; SATO &
PAVANELLI, 2004 respectivamente) a 1,5 fêmeas e 2,23 fêmeas para um macho no rio
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
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Paraná - PR e Piracicaba - SP respectivamente (SATO & PAVANELLI, 2004; LIMA-
JUNIOR & GOITEIN, 2006). Assim, a espécie também apresenta variações espaciais na
proporção entre sexos, em resposta as condições ambientais locais, como observado
anteriormente para a questão do comprimento de primeira maturação das gônadas.
Ainda, segundo BASILE-MARTINS et al. (1986) e DEITOS et al. (2002)
Pimelodus maculatus apresenta estruturação espacial da população em relação a idade e
comprimento, sendo que em áreas com águas mais calmas (lênticas, e planícies de
inundação), ocorre uma maior freqüência de indivíduos jovens, consequentemente de classes
de tamanhos inferiores, ao passo que em trechos lóticos, ocorre uma predominância de
indivíduos adultos e de indivíduos de maior porte. Quanto ao crescimento, ressalta-se que
dados sobre taxa de crescimento de Pimelodus maculatus são escassos na literatura, havendo
apenas dois relatos. Assim, FENERICH et al. (1975) apresenta taxas de crescimento maiores
para machos (0,21) em comparação com as fêmeas (0,19) do rio Jaguari e Piracicaba – SP, ao
contrário do encontrado por BRAGA (2000), onde as fêmeas possuem uma maior taxa de
crescimento (0,43) em relação aos machos (0,35). Entretanto, tais valores não são passíveis de
comparação, uma vez que BRAGA (2000) não apresenta a metodologia utilizada para
obtenção da taxa de crescimento. Ainda, estes mesmos autores apresentam dados sobre a
idade de Pimelodus maculatus. Assim, FENERICH et al., (1975) observou machos com idade
máxima de quatro anos, enquanto as fêmeas atingiram até seis anos enquanto que BRAGA
(2000) observou machos com idade máxima de três anos e meio e fêmeas com idade máxima
de cinco anos. Estes fatos demonstram que os machos possuem uma menor longevidade em
relação às fêmeas.
Assim, com base em todos os atributos ecológicos mencionados, Pimelodus
maculatus apresenta características que lhe permitem ajustar-se de formas diferentes em
locais e condições ambientais distintas. Desta maneira, a espécie é capaz de conseguir um
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
23
bom ajuste em ambientes que sofram distúrbios antrópicos, aumentando sua abundância e até
mesmo distribuição, como observado por AGOSTINHO et al. (1999), após o fechamento dos
reservatórios de Rosana, Três Irmãos e Corumbá.
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
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Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei: Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
30
Objetivos gerais
O presente trabalho tem por objetivo avaliar a influência de sistemas de criação de
peixes em tanques-rede sobre a dieta e estrutura populacional de Pimelodus maculatus
Lacépède, 1803, a espécie mais abundante junto aos sistemas de pisciculturas em tanques-
rede no reservatório de Chavantes (médio rio Paranapanema).
Desta maneira o presente trabalho visa fornecer informações sobre os possíveis
impactos deste tipo de atividade sobre a biologia populacional de Pimelodus maculatus, uma
importante espécie da ictiofauna brasileira, em termos ecológicos e sócio-econômicos. Assim,
espera-se fornecer informações para melhor compreensão das interações ecológicas entre a
ictiofauna agregada a esses sistemas, colaborando para o ordenamento dessa controvertida
atividade econômica. Adicionalmente, fornecer informações básicas sobre alguns aspectos da
biologia populacional da referida espécie de peixe.
Sendo assim, para alcançar os objetivos propostos, estão apresentados na forma de
dois capítulos, os resultados sobre esta temática.
1º Capítulo
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em
tanque-rede.
31
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Resumo
Historicamente, a ictiofauna de grandes rios brasileiros vem sendo submetida a impactos, tais
como represamentos, introdução de espécies não nativas, contaminação ambiental, perda de
vegetação ripária, assoreamento e erosão. Atualmente a implantação intensiva de sistemas de
pisciculturas em tanques-rede, pode ser mais uma forma de impacto sobre a biota e a
qualidade da água. Tendo em vista, que esta atividade disponibiliza recursos como sobra de
rações, efluentes e abrigo à ictiofauna residente. Assim, o presente trabalho tem como
objetivo caracterizar a influência de sistemas de pisciculturas em tanques-rede na dieta de
uma espécie de peixe nativo, Pimelodus maculatus a mais abundante nas adjacências desses
empreendimentos na represa de Chavantes – SP/PR. Dos exemplares capturados na área de
influência dos tanques-rede (Tanque) e na área referencial (Controle) foram obtidos os
seguintes dados biológicos: comprimento padrão, peso total, sexo, grau de repleção
estomacal. Ainda, os estômagos com itens alimentares foram retirados e fixados. Os itens
foram pesados e identificados até o nível taxonômico mais inferior possível, com base na
literatura pertinente. A partir destes dados foram calculados o grau de repleção médio (GRM),
atividade alimentar (Aa) e índice de importância alimentar (IAi). Os resultados mostram que
há diferenças quanto ao GRM e Aa entre os exemplares do trecho Tanque e Controle. Ainda,
em relação ao IAi também há diferenças significativas, sendo que para os exemplares do
trecho Tanque a principal categoria alimentar é Ração (97,08), enquanto que para os
exemplares do trecho Controle é Detrito (27,30), Insetos aquáticos (22,35), Vegetais (21,48) e
Moluscos (21,46). Com base nesses resultados pode-se concluir que, há uma grande
influência destes sistemas de piscicultura em tanques-rede em represas sobre a dieta dessa
espécie com hábito onívoro. Desta forma, os exemplares que são atraídos para as adjacências
desse sistema estão aproveitando de forma direta os recursos alimentares (restos de ração)
disponibilizados pelo manejo zootécnico, enquanto que os exemplares que ocupam outras
áreas desse ecossistema aquático apresentam uma dieta onívora que é compatível com a
disponibilidade dos recursos alimentares autóctones. Ainda, considera-se que esta nova tática
alimentar de Pimelodus maculatus, certamente está contribuindo para mitigar os impactos
ambientais relativos à eutrofização.
Palavras-chaves: dieta, ictiofauna agregada, tanques-rede, impacto, Pimelodus maculatus
32
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Abstract
Historically, the Brazilian ichthyofauna of large rivers have been subjected to impacts, such as
impoundments, introduction of non-native species, environmental contamination, loss of
riparian vegetation, erosion and siltation. Currently, the implantation of intensive systems in
cage fish farms, may be considered a new impact on water quality and biota. This activity
provides resources to the resident fishes, as ration, effluent, and refuge. Thus the present work
aims to characterize the influence of systems in cage fish farms in the diet of a native fish
species, Pimelodus maculatus the most abundant in the vicinity of these enterprises in the
Chavantes Reservoir - SP/PR. The standard length, weight, sex, degree of stomach fullness
were obtained of specimens captured in the influence area of the cage farms (Cage farm) and
the reference area (Control), and the stomachs with contents were removed and fixed. The
items were weighed and identified to the lowest taxonomic level, based in the relevant
literature. From these data were calculated the degree of fullness average (GRM), feeding
activity (Aa) and Alimentary Index (AI). The results presents that there are differences in the
GRM and Aa between the Cage farm and Control stretches. In addition, significant
differences for the IAi were observed, where specimens of Cage stretch farm presented
Ration as its main food category (97.08), while for the specimens of Control stretch the main
food resourses were Detritus (27.30), Aquatic insects ( 22.35), Vegetables (21.48) and
Molluscs (21.46). It can be conclude that these systems play a great influence in the diet of
this omnivorous species. The fishes that are attracted to the vicinity of the system use directly
the food resources (ration remains) provided by the livestock management, whereas the
specimens that occupy other areas, present the omnivorous diet, compatible with the
availability of local food resources. It is noteworthy that Pimelodus maculatus reduce
negative impacts on the eutrophication, by using the effluent from fish farms as a food
resource.
Key words: diet, aggregate ichthyofauna, cage farms, impact, Pimelodus maculatus
33
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Introdução
Historicamente, a ictiofauna de grandes rios brasileiros vem sendo submetida a
impactos, tais como represamentos (AGOSTINHO et al., 2007), introdução de espécies não
nativas (ORSI & AGOSTINHO, 1999; SANTOS & FORMAGIO, 2000; LATINI &
PETRERE, 2004), contaminação ambiental, perda de vegetação ripária, assoreamento e
erosão (PAIVA, 1983; TORLONI et al., 1986). Neste contexto, como uma nova forma de
impacto temos a crescente implantação de sistemas de pisciculturas em tanques-rede,
fortemente incentivada por órgãos governamentais (SEAP, 2008). Entretanto, a real amplitude
de seus impactos ainda não se encontra bem elucidada (AGOSTINHO et al., 2007).
Assim, de modo similar ao que ocorre em pisciculturas de tanques escavados, há
entrada de matéria orgânica (arraçoamento) e saída pela conversão em biomassa pelo pescado
(SIPAÚBA-TAVARES, 1995). Contudo, parte considerável da matéria orgânica é
disponibilizada no ecossistema aquático, pela ração não consumida e efluentes (MUNDAY et
al. 1992; PERSSON, 1988). Assim, surge uma nova fonte de nutrientes que pode causar
problemas relacionados à eutrofização (BEVERIDGE, 1984) e/ou ser utilizada como recurso
alimentar pela biota (BEVERIDGE, 2004; RAMOS et al., 2008). Ressalta-se que este fato,
pode alterar as interações ecológicas entre os organismos que utilizam áreas próximas a esses
sistemas (BEVERIDGE, 2004; HÅKANSON, 2005; ECHE, 2008; RAMOS et al., 2008).
Neste sentido, os impactos da atividade de pisciculturas em tanques-rede ainda
necessitam de muito trabalho para seu real entendimento. Enfatiza-se que os impactos dessa
atividade em águas costeiras, encontram-se melhor documentados em relação aos de águas
continentais. Assim, diversos autores como BEVERIDGE (1984, 1996 e 2004),
KARAKASSIS et al. (2000, 2002 e 2005), DEMPSTER et al. (2002), MACHIAS et al.
(2004, 2005 e 2006), HÅKANSON (2005), PITTA et al. (2005), CARVALHO (2006),
AGOSTINHO et al. (2007), YUCEL-GIER et al. (2007), ECHE (2008), RAMOS et al. (2008)
entre outros, discutem a problemática desta atividade em águas costeiras e continentais. Tais
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Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
autores citam impactos desde a qualidade da água e do sedimento até implicações sobre a
estrutura das taxocenoses bentônica, planctônica e de peixes, além, dos inerentes escapes de
peixes do cultivo.
Com base nestes argumentos, o estudo da biologia populacional de organismos
abundantes nas adjacências de pisciculturas em tanques-rede, pode fornecer importantes
informações sobre o efeito desta atividade sobre a biota e ecossistema. Desta maneira, os
peixes podem ser uma boa ferramenta para avaliação desses efeitos, uma vez que possui
representantes em quase todos os níveis tróficos. Neste sentido, GERKING (1994) ressalta
que os peixes generalistas tróficos em relação aos especialistas, conseguem se ajustar mais
rapidamente a mudanças na disponibilidade dos itens alimentares, pois possuem grande
plasticidade trófica.
Estudos básicos sobre alimentação de peixes possibilitam estudar a partilha de
recursos entre espécies coexistentes e complementar estudos da biologia populacional
(dinâmica do crescimento e reprodutiva) (SANTOS, 1978; MOTA et al., 1982; BARBIERI et
al., 1982; BARBIERI & BARBIERI, 1984, BENNEMANN et al., 1996). Especificamente,
WOOTTON (1992) e GALINA & HAHN (2004), consideram que o estudo da dieta de uma
espécie pode ainda fornecer indícios sobre a disponibilidade e abundância de um dado recurso
no ambiente.
Assim, estudos aplicados que visem à dieta de peixes onívoros residentes nas
adjacências dos tanques-rede podem fornecer importantes informações sobre os efeitos dessa
atividade sobre a biota. Desta maneira, a espécie Pimelodus maculatus, foi selecionada por
apresentar ampla distribuição geográfica, estar presente em quase todos os ecossistemas
aquáticos neotropicais (FOWLER, 1951; BRITSKI et al., 1988), hábito alimentar onívoro
(BONETTO, 1963; LOLIS & ANDRIAN, 1996; SILVA et al., 2007). Além dessas
35
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
características, é abundante em áreas sob influência de pisciculturas em tanques-rede em
represas do Alto Paranapanema (ZANATTA, 2007; ZANATTA & CARVALHO, 2008).
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Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Área de estudo
O rio Paranapanema nasce na Serra da Paranapiacaba, no município de Capão
Bonito - SP, pertencendo à bacia do Alto Paraná (SAMPAIO, 1944). Inserida neste rio,
encontra-se a represa de Chavantes (Figura 01), localizada a 480 m de altitude, sobre o
Planalto Ocidental nas coordenadas geográficas 23º43’36.32” S 049º43’52.94” W, entre as
cidades de Chavantes - SP e Ribeirão Claro - PR, sendo os principais tributários da represa os
Figura 01. Mapa da rede hidrográfi
rios Verde, Itararé e Paranapanema.
ca do Estado de São Paulo, em destaque a represa de
Chavantes e seus principais tributários, com os respectivos locais de amostragem Î
A ocupação do seu entorno, varia desde áreas ocupadas por pastagens,
monocultur
piscicultura 1 (Timburi/Chavantes – PR/SP) e piscicultura 2 (Fartura – SP).
as e empreendimentos imobiliários até áreas com trechos de mata bem preservada.
Quanto ao clima, a área de influência da UHE de Chavantes está situada em um setor de
extrema variabilidade climática, pelo fato de pertencer a uma zona de transição entre o clima
37
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
tropical e temperado, sendo estabelecida à estação chuvosa no período de outubro a março e
estação seca de abril a setembro (DUKE ENERGY, 2002).
Essa represa oligotrófica é do tipo bacia de acumulação, possui área de espelho
d’água no nível máximo 400 km
2
, aproximadamente 89 m de profundidade máxima, volume
total 9.410x10
6
m
3
e descarga total de 3.252 m
3
/s, sendo utilizado para geração de energia
hidroelétrica, lazer (DUKE ENERGY, 2002), e mais recentemente para atividades de criação
de tilápias em tanque-rede, principalmente nas margens do Estado de São Paulo
(CARVALHO et al., 2008).
38
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Objetivo
O presente trabalho tem por objetivo caracterizar a dieta da espécie Pimelodus
maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanques-rede na represa de
Chavantes.
39
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Material e métodos
Procedimentos no campo
Este estudo foi conduzido em dois diferentes empreendimentos de piscicultura em
tanques-rede (trecho Tanque) e em dois locais similares em termos fisiográficos, mas sem
influências desta atividade (trecho Controle). Especificamente, um sistema localiza-se nos
municípios Timburi/Chavantes (23°07’48,6” S 49°42’0,4” W) contendo aproximadamente
200 tanques-rede e o outro no município de Fartura (23°22’40,49” S 49°35’04,49” W)
contendo aproximadamente 500 tanques-rede, ambos pertencentes ao Estado de São Paulo
(Figura 2 A e B).
As amostragens de Pimelodus maculatus foram realizadas mensalmente de
novembro de 2006 a outubro de 2007, como parte do projeto FINEP (nº. 3626/05)
(CARVALHO et al. 2008). Os peixes foram capturados com redes de espera, com malhagens
de 3 a 18 cm entre nós adjacentes, expostas por aproximadamente 14 horas, realizando-se
uma única despesca ao amanhecer.
A captura dos exemplares nos trechos Tanque foi realizada junto às bóias de
delimitação dos empreendimentos, instaladas à aproximadamente 2 m de distância dos
primeiros grupos de tanques-rede. Os trechos referenciais (Controle) estão localizados a
aproximadamente 2.700 m e 1.400 m (Timburi/Chavantes e Fartura, respectivamente) desses
empreendimentos. É importante ressaltar que a seleção das áreas referenciais foram feitas com
base em estudos limnológicos pilotos realizados previamente (REZENDE-AYROZA et al.
2008).
Exemplares testemunhos (tombo nº 7461) de Pimelodus maculatus encontram-se
depositados na coleção do Laboratório de Biologia e Genética de Peixes, Departamento de
Morfologia, Instituto de Biociências da UNESP de Botucatu.
40
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
B
Figura 02. Imagem de satélite dos trechos de coleta na represa de Chavantes – SP. A)
Piscicultura Timburi/Chavantes; B) Piscicultura Fartura. (Fonte: Google Earth).
41
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Foram determinados, utilizando-se de ictiômetro e balança analítica com precisão
em centigramas, os seguintes dados biométricos: 1) comprimento padrão em centímetros (Ls):
medida obtida da ponta do focinho até a extremidade da última vértebra; 2) Peso total em
gramas (Wt). Após estes procedimentos, os peixes foram dissecados por incisão abdominal
mediana, da abertura anal até a região opercular e o sexo dos indivíduos determinado por
análise macroscópica das gônadas (visualização a olho nu), avaliando-se características como
cor, transparência e vascularização (VAZZOLER, 1996).
Após estes procedimentos, ainda em campo, o estômago dos exemplares foi
separado do intestino por uma secção imediatamente anterior aos cecos pilóricos e
acondicionados em frascos etiquetados contendo formol 10%. O grau de repleção dos
estômagos foi classificado visualmente numa escala de 0 a 4, de acordo com WALSH &
RANKINE (1979 in MARÇAL-SHIMABUKU & PERET, 2002), onde: 0 = estômago vazio;
1 = menos de 25%; 2 = entre 25 e 50%; 3 = entre 50 e 75%; 4 = mais de 75%.
Posteriormente, em laboratório, os conteúdos estomacais foram transferidos para
placas de Petri e examinados sob estéreomicroscópio. Os itens foram identificados até o nível
taxonômico mais inferior possível, com auxílio de chaves de identificação e/ou livros: insetos
aquáticos (LEHMKUHL, 1979; MERRITT & CUMMINS, 1996; STRIXINO & STRIXINO,
1982; COSTA et al., 2006), insetos terrestres (GULLAN & CASTRON, 1995), fitoplâncton
(JOLY, 1963) e microcrustáceos (RUPPERT & BARNES, 1996; RUPPERT et al., 2005).
Após estes os itens foram pesados em balança analítica (0.0001g). Quando este procedimento
não foi possível (no caso de pequenos itens) atribuiu-se uma porcentagem em relação ao peso
do conteúdo total do estômago.
42
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Análise dos dados
Atividade alimentar: verifica a porcentagem de indivíduos da amostra que continham algum
alimento no estômago no momento da captura, ou seja, qual a parcela da amostra que havia
realizado forrageamento recente. Assim, esta análise foi aplicada enfocando a amostra total
(machos+fêmeas+indefinidos = M+F+I), por sexo, por trimestre e períodos seco/chuvoso.
Grau de Repleção Médio (GRm): verifica a atividade alimentar e suas possíveis variações
relacionadas a aspectos temporais (ciclo hidrológico e estações do ano) e espaciais (trechos de
coleta), segundo SANTOS (1978). Assim, esta análise foi aplicada enfocando a amostra total,
por sexo, por trimestre e períodos seco/chuvoso.
GRm = (0n
0
+ 1n
1
+ 2n
2
+ 3n
3
+ 4n
4
)
(n
0
+ n
1
+ n
2
+ n
3
+ n
4
)
onde:
n 0...4 = número de indivíduos com grau de repleção 0, 1, 2, 3 e 4, respectivamente.
Frequência de ocorrência (FO): expressa o número (porcentagem) de estômagos que contém
um determinado item alimentar. Ressalta-se que por ser um método qualitativo, não é
considerado o tamanho dos itens ou o número em que ocorrem. Este método fornece
informações sobre a seletividade ou preferência do alimento, o espectro alimentar e amplitude
de nicho trófico, podendo também descrever a uniformidade com que grupos de peixes
selecionam seu alimento (HAHN & DELARIVA, 2003).
Método Gravimétrico: expressam o percentual de abundância de um dado item alimentar, ou
seja, a contribuição do peso (gramas) ou volume (mL) de cada categoria (HYSLOP, 1980).
43
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Índice Alimentar (IAi): utiliza simultaneamente os métodos de ocorrência e gravimétrico,
gerando um índice que mostra os principais itens alimentares da dieta de uma determinada
população (KAWAKAMI & VAZZOLER, 1980), adaptado por HAHN et al. (1998). Assim,
esta análise foi aplicada enfocando a amostra total, por sexo, classes de tamanho, por trimestre
e períodos seco/chuvoso.
IAi = Fi x Wi x 100
Fi x Wi
onde:
IAi = Índice Alimentar
i = 1,2...n, itens alimentares
Fi = frequência de ocorrência do item i (%)
Wi = peso úmido do item i (%).
Distribuição em classes de tamanho (W): fornece o número de classes e a amplitude de cada
classe de tamanho. Calculada a partir da fórmula de Sturges (STURGES, 1926) para amostra
total.
W=R/K
onde:
W = amplitude de cada classe (cm);
R = amplitude total dos dados (maior comprimento padrão – menor comprimento
padrão);
K = número de classes (1 + 3,222.log N).
Abundância Presa-Específica (P
i
): este é um método gráfico que determina e avalia a
importância da presa na dieta, estratégia de alimentação e os componentes inter e intra-
44
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
individuais da exploração dos nichos (AMUNDSEN et al., 1996), sendo aplicada apenas para
amostra total.
P
i
= (S
i
/S
t
) x 100
onde:
P
i
= abundância presa-específica da presa i
;
S
i
= conteúdo estomacal (peso) compreendido pela presa i;
S
t
= conteúdo estomacal total daqueles predadores que consumiram a presa i
.
Amplitude de nicho padronizada (B
i
): avalia o nível relativo de especialização (índice de
Levin’s), utilizando-se da mensuração da uniformidade da distribuição entre os vários itens
alimentares utilizados pela espécie (HURLBERT, 1978 in KREBS, 1989). Esta análise foi
aplicada apenas para amostra total.
B
i
= [(Σ
j
P
ij
2)-1 -1] (n - 1)-1
onde:
B
i
= amplitude de nicho padronizada
;
P
ij
= proporção da categoria alimentar
j
na dieta da espécie
i
;
n = número de itens alimentares.
Índice de Morisita-Horn (C
H
): consiste em uma simplificação do índice de similaridade de
Morisita, variando de 0 a 1, onde zero indica nenhuma similaridade e um alta similaridade
(MORISITA, 1959 in KREBS, 1989). Este índice de similaridade também pode ser utilizado
para medida de sobreposição de nicho e ainda permite a utilização de valores proporcionais e
biomassa (HORN, 1966 in KREBS, 1989). Esse índice fundamenta-se no percentual dos itens
alimentares do conteúdo estomacal dos exemplares dos dois trechos estudados, sendo
relativamente independente do tamanho da amostra. Assim, os resultados podem representar o
45
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
grau de similaridade entre a dieta da espécie em função da variação espacial (Tanque e
Controle). Assim, esta análise foi aplicada enfocando a amostra total, por sexo, por trimestre e
período seco/chuvoso.
C
H
= 2ΣP
ij
P
ik
ΣP
2
ij
+P
2
ik
onde:
C
H
= índice simplificado de Morisita-Horn entre as espécies
j
e
k
;
P
ij
e P
ik
= proporção do recurso
i
utilizado pelas duas espécies;
Agrupamento amostral: Considerando que o principal objetivo do trabalho é caracterizar a
dieta de Pimelodus maculatus em função da atratividade da piscicultura, aplicaram-se duas
abordagens metodológicas comparativas, a fim de agrupar as amostras provenientes de
trechos distintos, mas sob as mesmas condições ambientais. Assim, aplicou-se o teste
estatístico t de Student para comparar as curvas da relação peso/comprimento para as
amostras dos empreendimentos de Timburi/Chavantes e Fartura, e seus respectivos, controles.
A segunda, foi a determinação do índice de importância alimentar (IAi) para os mesmos
trechos citados anteriormente e comparação pelo índice de Morisita-Horn. O teste estatístico
T mostrou igualdade entre a inclinação da curva da relação peso/comprimento para os trechos
Tanque Fartura x Tanque Timburi/Chavantes Î t
calculado
= 1,9365 e Controle Fartura x
Controle Timburi/Chavantes Controle Î t
calculado
= 1,3508. Também, a análise do índice de
importância alimentar mostrou similaridade entre os sistemas (Timburi/Chavantes Tanque x
Fartura Tanque = 0,83 e Timburi/Chavantes Controle x Fartura Controle = 0,88). Portanto, os
lotes amostrais foram agrupados em dois. São eles: lote Tanque que inclui as amostragens
realizadas nas pisciculturas de Timburi/Chavantes e Fartura e lote Controle (amostragens
realizadas nas áreas referenciais desses empreendimentos).
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Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Resultados
No trecho Tanque foram amostrados 1.142 indivíduos sendo que 397 indivíduos
tiveram seu conteúdo estomacal analisado, enquanto que para o trecho Controle dos 270
indivíduos coletados, 130 tiveram seu conteúdo estomacal analisado. Ressalta-se que o
aparato de captura utilizado (redes de espera) foi eficaz para amostrar diferentes classes de
tamanho de P. maculatus.
Quanto à atividade alimentar, os exemplares do trecho Tanque apresentam valores
superiores aos do trecho Controle (Figura 03 – A), enquanto, em termos de variação sazonal
(período seco e chuvoso), se observa maior diferença no período chuvoso (Figura 03 – B).
Essa informação é reforçada quando a análise é feita por trimestre, na qual no trimestre
dezembro-fevereiro e março-maio são observadas a maiores diferenças entre os trechos
Tanque e Controle (Figura 03 – C).
Em relação ao grau médio de repleção (GRm), pode-se observar que os
exemplares coletados no trecho Tanque possuem um valor superior aos exemplares coletados
no trecho Controle (Figura 04 – A), sendo este mesmo fato observado nas análises de
sazonalidade, isto é, por período seco e chuvoso (Figura 04 – B) e por trimestre (Figura 04 –
C). Ressalta-se que para essas análises (atividade alimentar e grau de repleção médio), em
todos os casos, o trecho Tanque obteve valores graficamente superiores.
Ainda, na Tabela I observam-se comparativamente a composição das diferentes
categorias alimentares entre os trechos Tanque e Controle. Os resultados mostram que os
peixes do trecho Tanque utilizam 20 itens alimentares, enquanto que os peixes do trecho
Controle utilizam 31 itens, sendo 11 exclusivos deste trecho. Também o teste de Morisita-
Horn mostra que não há similaridade entre as dietas de Pimelodus maculatus oriundos do
trecho Tanque em relação aos do trecho Controle e entre machos e fêmeas do trecho Controle,
no entanto há similaridade entre machos e fêmeas do trecho Tanque (Tabela II).
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Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
0
20
40
60
80
100
M+F+I Machos Fêmeas
Atividadealiment ar(%)
Tanque Controle
A
0
20
40
60
80
100
Seco Chuvoso
Atividadealiment ar(%)
Tanque Controle
B
0
20
40
60
80
100
DezFev MarMai JunAgo SetOut
Atividadealiment ar(%)
Tanque Controle
C
Figura 03. Atividade alimentar de Pimelodus maculatus. A) M+F+I, Machos, Fêmeas; B)
Período Seco x Chuvoso e; C) Trimestral para os trechos Tanque e Controle.
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Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
M+F+I Machos Fêmeas
Graudepeplãomédio
Tanque Controle
A
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
Seco Chuvoso
Grauderepleçãomédio
Tanque Controle
B
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
DezFev MarMai JunAgo SetNov
Grauderepleçãomédio
Tanque Controle
C
Figura 04. Grau de repleção médio de Pimelodus maculatus. A) M+F+I, Machos, Fêmeas; B)
Período Seco x Chuvoso e; C) Trimestral para os trechos Tanque e Controle.
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Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Tabela I. Composição geral da dieta de Pimelodus maculatus, para os trechos Tanque e
Controle.
RAÇÃO Restos de ração 97,0841348 0,3173088
PEIXES Fragmentos de músculo e ossos 0,2761670 2,7114028
Escama 1,9093433 2,1782011
DETRITO Detrito 0,5505427 27,3043687
VEGETAIS Fragmento vegetal (raiz, folha, semente e caule) 0,0815215 21,4456830
Alga filamentosa (preodimante - Spirogyra sp.) 0,0003364 0,0406655
MOLUSCOS Bivalve 0,0143365 5,4688145
Gastropode 0,0657710 15,9939396
Não identificados 0,0012342
INSETOS AQUÁTICOS Fragmentos de exoesqueleto 0,0031540 7,4767747
Odonata
Fragmentos de exoesqueleto 0,0034945
Libelulidae (ninfa) 0,1471571
Gomphidae (ninfa) 0,0012796 2,5011953
Trichoptera
Leptoceridae (larva) 0,0047262 2,2878155
Díptera
Chironomidae (pupa e larva) 0,0048885 9,5155761
Chaoboridae (larva) 0,0000347
Ceratopogonidae (larva) 0,0000007 0,0028353
Ephemeroptera
Polymitarcyidae (ninfa) 0,0672934
Baetidae (ninfa) 0,0000048 0,3078165
Hemiptera
Corixidae 0,0000004 0,0447102
INSETOS TERRESTRES
Díptera
Não identificados 0,0006444
Coleoptera
Não identificados 0,0005721 0,1713066
Hymenoptera
Não identificados 0,0001214 0,0141268
Fragmentos de exoesqueleto 0,0015513 0,0242090
OUTROS ARTRÓPODES
Crustáceos
Decapoda
Camarão (Macrobrachium sp.) 0,0015477 0,5956176
Aracnídeos
Acarina 0,0000050
Arachinida (aranha) 0,0000099
OUTROS
Aves
Fragmento 0,0030683
Microcrustáceos
Ostracoda 0,0000003 1,2405453
Protozoários
Tecameba 0,0000149
Invertebrados
Ovo de invertebrado 0,1341307
TOTAL DE ÍTENS ( 31) 20 31
ÍtensCATEGORIAS
Tanque
(n=397)
Controle
(n=130)
50
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Tabela II. Similaridade de Morisita-Horn da composição da dieta de Pimelodus maculatus
entre os trechos Tanque e Controle.
F+M+I
Controle
Fêmeas
Tanque
Machos
Controle
Seco
Tanque
Chuvoso
Tanque
F+M+I‐Tanque
0,0096837
Machos‐Tanque
0,9996324 0,0044537
Fêmeas‐Controle
0,0106108 0,2943854
Seco‐Controle
0,0045477
Chuvoso‐Controle
0,0134787
Quanto ao índice de importância alimentar (IAi), no trecho Tanque o item mais
consumido é Restos de ração (IAi = 97,08), enquanto que no trecho Controle são os itens
Detrito (IAi = 27,30), Fragmento vegetal (IAi = 21, 44), Gastropode (IAi = 15,99) e
Chironomidae (IAi = 9,51) (Tabela I). Também, observa-se que no trecho Tanque o item
Restos de ração é o mais predominante da dieta durante todo o ano, não apresentando grandes
variações (Figura 05 – B), enquanto que para o trecho Controle, verificam-se variações
sazonais nos principais itens da dieta (Figura 05 – B). Em relação aos períodos seco e
chuvoso, observa-se que para o trecho Tanque a categoria mais consumida em ambos os
períodos é Ração. Ao passo que no trecho Controle há mudança nas categorias, com os
Insetos aquáticos, Moluscos, Vegetais e Detrito predominando no período seco e Detrito,
Vegetais, Insetos aquáticos, Moluscos e Peixes no período chuvoso (Figura 06 – A e B,
respectivamente). Ainda, na Figura 07 – A e B, verifica-se que não há diferenças entre os
sexos para a principal categoria da dieta no trecho Tanque (Ração), enquanto que para o
trecho Controle verifica-se que a categoria mais representativa é Vegetais para machos e
Detrito, Insetos aquáticos e Moluscos para fêmeas.
Quanto à variação ontogenética da dieta, os exemplares de todas as classes de
tamanho do trecho Tanque utilizam quase exclusivamente o item Restos de ração. Ainda, o
segundo item mais consumido foi Detrito para indivíduos de até 17,8 cm de comprimento e
Peixe para os maiores de 19,8 cm (Figura 08 – A). Para o trecho Controle, observa-se que há
51
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
o predomínio de diferentes itens em função do comprimento do animal. Sendo assim, as
categorias Insetos aquáticos e Moluscos apresentam tendências de aumento no consumo em
função das classes de tamanho, enquanto que as categorias Insetos terrestres, Vegetais, Peixes
e Detrito apresentam tendência inversa (Figura 08 – B).
0
20
40
60
80
100
DezFev
MarMai
Jun‐ Ago
Set‐ Nov
IAi
Ração Pe ixe Detrito
Vegetais Moluscos Insetosaquáticos
Insetosterrestres OutrosArtrópodes Outras
A
0
20
40
60
80
100
DezFev
MarMai
Jun‐ Ago
Set‐ Nov
IAi
Ração Pe ixe Detrito
Vegetais Moluscos Insetosaquáticos
Insetosterrestres OutrosArtrópodes Outras
B
Figura 05. Índice de importância alimentar (IAi) de Pimelodus maculatus por trimestre. A)
Tanque; e B) Controle.
52
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
0
20
40
60
80
100
IAi
T anque Controle
A
0
20
40
60
80
100
IAi
T anque Controle
B
Figura 06. Índice de importância alimentar (IAi) de Pimelodus maculatus por período: A)
Seco; e B) Chuvoso.
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Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
0
20
40
60
80
100
IAi
T anque Controle
A
0
20
40
60
80
100
IAi
T anque Controle
B
Figura 07. Índice de importância alimentar (IAi) de Pimelodus maculatus por sexo: A)
Machos; e B) Fêmeas.
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Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
0
20
40
60
80
100
<11,8 13,8 15,8 17,8 19,8 21,8 23,8 >25,8
IAi
Classesdetamanho(cm)
Ração Peixe Detrito
Vegetais Moluscos Insetosaquáticos
Insetosterrestres Artrópode s Outras
A
0
20
40
60
80
100
<11,8 13,8 15,8 17,8 19,8 21,8 23,8 >25,8
IAi
Classesdetamnho(c m)
Ração Peixe Detrito
Vegetais Moluscos Insetosaquáticos
Insetosterrestres Artrópod es Outr as
B
Figura 08. Índice de importância alimentar (IAi) de Pimelodus maculatus por classe de
tamanho. A) Tanque; e B) Controle.
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Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Em relação à amplitude de nicho, verifica-se na Figura 09 que os exemplares do
trecho Tanque apresentam uma amplitude de nicho extremamente menor em relação aos do
trecho Controle. Considerando a abundância presa-específica, o trecho Tanque apresenta o
item Ração como dominante e todos os outros itens são enquadrados como raros ou com
abundância reduzida (Figura 10 – A). Para o trecho Controle, observa-se que a grande maioria
dos itens são classificados como raros ou com abundância reduzida, sendo que Fragmento de
aves, Fragmento de peixe e Ração, foram utilizados por um número pequeno de indivíduo,
não havendo dominância de nenhum item alimentar (Figura 10 – B). Ainda, quanto à
frequência de ocorrência dos itens alimentares, para os exemplares do trecho Tanque, o item
Ração é o mais freqüente (87,66%), seguido por Escamas (45,59%) e Detrito (19,90%).
Contudo, para o trecho Controle observa-se que o item Chironomidae foi o mais freqüente
(71,54%), seguido por Detrito (58,46%) e Gastropode (50,77%).
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
T anque Controle
Amplitudedenicho
Figura 09. Amplitude de nicho de Pimelodus maculatus para os trechos Tanque e Controle.
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Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Ração
Escamas
Detrito
Chironomidae
Fragmentovegetal
Gastropode
Fragmentodepeixe
Tricoptera
Fragmentodeinsetoaquático
Bivalve
Fragmentodeinsetoterrestre
Coleoptera
Hymnoptera
Gomphidae
Camarão
Outros
Algafilamentosa
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 1020304050607080901
Abundânciapresaespecífica
Frequênciadeocorrênciadapresa
00
A
Chironomidae
Detrito
Gastropode
Fragmentovegetal
Fragmentodeinsetoaquático
Tricoptera
Ostr acoda
Bivalve
Escamas
Baetidae
Gomphidae
Camarão
Ceratopogonidae
Libelulidae
Fragmentodeinseto terrestr e
Corixidae/Hymnoptera
Coleoptera
Polymitarcidae
Ração
Algafilamentosa
Fragmentodepeixe
Ovosdeinvertebrados
Diptera
Odonata
Fragmentodeave
Molusco
Outros
Tecameba
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 102030405060708
Importânciapresaespecífica
Frequênciadeocorrênciadapresa
0
B
Figura 10. Abundância presa-específica de Pimelodus maculatus por trecho: A) Tanque; e B)
Controle.
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Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Discussão
Diversos autores discutem que as pisciculturas em tanques-rede aportam recursos
alimentares na forma de matéria orgânica à teia trófica do meio aquático, servindo de atrativo
para vários grupos de organismos (HONKANEN & HELMINEN, 2000; BEVERIDGE, 1996;
BEVERIDGE, 2004; BOYRA et al., 2004; HÅKANSON, 2005; DIAS, 2008; ECHE, 2008;
RAMOS, et al., 2008; SIQUEIRA, 2008). Desta maneira, há uma maior disponibilidade de
recursos alimentares direto (restos de ração e fezes) e indireto (algas, zoobentos, escamas de
peixes e peixes planctófagos e detritívoros) nas adjacências dessa atividade.
Esse aporte direto de recursos alimentares de origem alóctone é constituído
basicamente por restos de ração. Este é disponibilizado ao ecossistema aquático em
decorrência das deficiências de manejo associado à qualidade da ração extrusada (flutuante)
(BEVERIDGE, 2004). Também, parte do alimento ingerido pelos peixes em cultivo, é
eliminada na forma de excretas (fezes e metabólitos) (BEVERIDGE et al., 1991; BOSCOLO
et al., 2004). Assim, há uma nova fonte de recurso alimentar no ecossistema, que pode ser
localmente aproveitada pela biota residente (BEVERIDGE, 2004; HÅKANSON, 2005;
RAMOS et al., 2008) ou induzir à processos de eutrofização (COSTA-PIERCE &
SOEMARWOTO, 1990; AGOSTINHO et al., 2007).
Em relação ao aporte indireto, estudos relacionados à aqüicultura, mostram uma
reestruturação da comunidade, apresentando uma maior abundância de organismos
fitoplanctônicos, zooplanctônicos, bentônicos e peixes nesses locais, devido ao aporte de
recurso alimentar (BEVERIDGE, 1996; HONKANEN & HELMINEM, 2000; DEMPSTER
et al., 2002; MENEZES & BEYRUTH, 2003; NICKELL et al., 2003; BOYRA et al., 2004;
MACHIAS et al., 2004; GIANNOULAKI et al.,, 2005; HÅKANSON, 2005; DIAS, 2008;
ECHE, 2008, KUTTI, 2008; RAMOS et al., 2008 entre outros). Enfatiza-se que com base
58
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
nestas informações, pode-se concluir que todos esses organismos estabelecem relações
tróficas oportunísticas em diferentes graus e escalas, neste novo habitat.
O hábito alimentar onívoro e a grande plasticidade alimentar de Pimelodus
maculatus encontra-se bem documentado na literatura, onde diversos autores relatam este fato
(BONETTO, 1963; BAIZ et al., 1968; NOMURA et al., 1972; OLIVA et al., 1981; BASILE-
MARTINS et al., 1986; LOLIS & ANDRIAN, 1996; LOBÓN-CERVIÁ & BENNEMANN,
2000; RESENDE, 2000; HAHN & FUGI, 2007; SILVA et al., 2007). Neste estudo aplicado
aos impactos dos sistemas de piscicultura em tanques-rede, os resultados permitem confirmar
que Pimelodus maculatus é espécie onívora, generalista e com grande plasticidade alimentar,
o que permite seu ajuste às novas condições ambientais vigentes nas áreas sob influência das
pisciculturas. Esta hipótese é plausível, uma vez que no trecho Tanque, a espécie utiliza
largamente restos de ração, um novo recurso alimentar altamente disponível e abundante.
Especificamente, para ambos os trechos, a sua dieta inclui desde material vegetal (sementes,
partes de vegetais superiores e algas), invertebrados (moluscos e artrópodes), peixes e restos
de ração, o que demonstra mais uma vez seu hábito alimentar onívoro. No entanto, deve-se
ressaltar que Restos de ração foram utilizados apenas por alguns exemplares do trecho
Controle em dezembro de 2006 na piscicultura de Fartura. Este fato, provavelmente esta
relacionado à deriva de ração durante uma tempestade no dia anterior à realização da
amostragem.
Autores como LOLIS & ANDRIAN (1996), LOBÓN-CERVIÁ &
BENNEMANN (2000), CALLISTO et al. (2002), SILVA et al. (2007) discutem que
Pimelodus maculatus é capaz de explorar praticamente todos os níveis tróficos do ecossistema
aquático, pois exibe ampla flexibilidade para ingerir a maioria das classes de organismos
disponíveis. Além disto, LUZ-AGOSTINHO et al. (2006) discutem que Pimelodus maculatus
não possui restrições morfológicas para captura de presas de diferentes grupos de organismos.
59
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Assim, essa flexibilidade pode estar associada, dentre outras, às características do sistema
digestório da espécie, como comprimento do intestino (GODINHO, 1967). Ainda, GERKING
(1994) ressalta que peixes generalistas tróficos em relação aos especialistas, ajustam-se mais
rapidamente a mudanças na disponibilidade dos itens alimentares, devido a sua grande
plasticidade trófica. Assim, pode-se inferir que esses fatos são táticas alimentares importantes
para o ajuste desta espécie às novas condições ambientais propiciadas pelas pisciculturas em
tanques-rede.
Ainda, os resultados do presente trabalho, demonstram que as pisciculturas
disponibilizam uma quantidade suficiente de alimento (restos de ração) para sustentar os
exemplares residentes em suas adjacências, uma vez que no trecho Tanque, o item ração
apresenta frequência de ocorrência, índice de importância alimentar e dominância altíssimos.
Desta maneira, os exemplares de Pimelodus maculatus oriundos do trecho Tanque, com
pouco gasto energético obtém seu principal alimento, sendo a presença de outros itens
alimentares complemento de sua dieta. Assim, justifica-se a grande diferença quali-
quantitativa na composição da dieta entre os trechos Tanque e Controle, como pode ser
evidenciado pelo número de itens alimentares (espectro alimentar), índice de importância
alimentar, índice de Morisita-Horn e amplitude de nicho.
Desta forma, assume-se que os exemplares do trecho Controle, necessitam buscar
fontes de alimento diversas, na dependência de flutuações ambientais sazonais, ao passo que
os exemplares do trecho Tanque conseguem suprir suas necessidades energéticas usando
basicamente um único item alimentar. Adicionalmente, a facilidade na captura e a qualidade
nutricional do alimento ingerido no trecho Tanque favorece o balanço energético, traduzido
pelo maior crescimento somático como pode ser observado no capítulo II.
Especificamente, quando se compara a dieta de machos e fêmeas, o trecho Tanque
é similar, enquanto que no trecho Controle há diferenças. Esse dado mostra mais uma vez o
60
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
caráter oportunista da espécie, pois, em condições naturais a partilha de recurso é mais
evidente em decorrência da escassez de recursos alimentares e competição intra-específica.
Quanto à variação ontogenética da dieta, observa-se que o item Restos de ração é
o mais importante em todas as classes de tamanho no trecho Tanque, mas registra-se também
a importância de algumas categorias secundárias, como Peixes para indivíduos de maior porte
e Detrito para os menores que 19,8 cm. Para o trecho Controle pode-se observar mudanças
preponderantes na dieta, em termos ontogenéticos, conforme já observadas por LIMA-
JUNIOR & GOITEIN (2003), no rio Piracicaba. Assim, a categoria Insetos aquáticos,
apresenta uma relação direta com o crescimento dos indivíduos, ao passo que Vegetais
apresentam relação inversa. Ainda, nesse trecho a categoria Peixes apresenta maior
importância nas menores classes de tamanho, de forma inversa ao trecho Tanque, onde o item
preponderante nesta categoria foi escamas. Independente das classes de tamanhos constatou-
se que as escamas estavam associadas aos restos de ração nos estômagos dos exemplares do
trecho Tanque, indicando sua possível ingestão na coluna d’água, enquanto que no trecho
Controle, estavam associadas ao sedimento ou a restos de peixes. Esta situação leva a inferir
que os exemplares do trecho Tanque alimentam-se das escamas das tilápias em cultivo,
disponibilizadas ao meio aquático pela alta densidade de estocagem, intenso stress e contado
decorrente do manejo zootécnico.
LIMA-JUNIOR & GOITEIN (2003) relatam que a variação ontogenética na dieta
de Pimelodus maculatus está relacionada com o tamanho da boca, sendo este caráter, o
responsável pela ingestão de diferentes presas. Diferentemente do relatado por LIMA-
JUNIOR & GOITEIN (2003) para condições naturais, os menores indivíduos do trecho
Controle, não apresentam insetos aquáticos como a principal categoria alimentar, mas sim
Vegetais. Já para os exemplares de maior comprimento, as categorias Moluscos e Insetos
aquáticos são as predominantes, enquanto que LIMA-JUNIOR & GOITEIN (2003)
61
Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
observaram o item Peixe como o mais importante para esta classe de tamanho. Este fato pode
estar relacionado às inerentes diferenças entre os ambientes e disponibilidade alimentar, uma
vez que pertencem a bacias hidrográficas distintas. Para o trecho Tanque, a relação tamanho
da boca/alimento também é válida, pois, as rações são compostas por diversos elementos
triturados, compactados e extrusados para formação dos “pelets” flutuantes. Porém, no seu
manuseio pode já estar quebrada, em menores tamanhos e até em pó. Ainda, é usual nessa
atividade zootécnica a variação do tamanho e tipo de ração em função do crescimento dos
peixes em cultivo. Assim, essas duas situações possibilitam a ingestão deste recurso alimentar
por indivíduos de diferentes classes de tamanho.
Outro aspecto importante é o possível consumo das fezes oriundas dos peixes em
cultivo por Pimelodus maculatus e outros peixes residentes. Este fato já foi observado por
alguns autores como FELSING et al. (2005) e HÅKANSON (2005) em outras espécies. De
forma análoga, como Pimelodus maculatus apresenta grande oportunismo trófico, é possível
que também esteja utilizando esse recurso. Contudo, nas análises de conteúdo estomacal não
foi possível a detecção, provavelmente em decorrência da rápida passagem das fezes por seu
sistema digestório e dificuldade de sua identificação por não possuir forma definida.
Ainda, observa-se que os peixes oriundos do trecho Tanque apresentam uma
maior atividade alimentar, em todas as abordagens realizadas. Especificamente, no período
chuvoso (primavera/verão), ocorre naturalmente à maior atividade alimentar independente do
trecho. Isso pode ser devido ao aumento da temperatura, conforme MARQUES et al., (1992),
WOOTTON (1992) e JOBLING (1994) discutem que para peixes a ingestão de alimento é
diretamente proporcional a temperatura do ambiente. Somando-se a isso, neste período
concentram-se as maiores produções aquícolas (safra) alavancando o aporte direto de matéria
orgânica ao meio aquático.
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Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Também se observa no verão/outono (entre dezembro e maio) os maiores valores
para atividade alimentar em ambos os trechos. LIMA-JUNIOR & GOITEIN (2004) e
BENNEMANN (1996) em exemplares de Pimelodus maculatus oriundos do rio Piracicaba e
Tibagi respectivamente, também observaram esta situação. Segundo LIMA-JUNIOR &
GOITEIN (2004) esta maior atividade alimentar nesse período, influencia de forma direta nas
estratégias reprodutivas, uma vez que nessa espécie, a maturação gonadal inicia-se na
primavera. Neste sentido são bastante importantes as características quali-quantitativas dos
alimentos ingeridos em períodos pré-estação reprodutiva (NIKOLSKY, 1963; TYLER &
DUNN, 1976; ALLEN & WOOTTON, 1982).
De forma similar a situação descrita para a atividade alimentar, o grau de repleção
médio apresenta em todas as abordagens valores superiores no trecho Tanque. Entretanto, no
período seco os valores são superiores aos do período chuvoso. MARQUES et al. (1992),
estudando outro pimelodideo (Pseudoplatystoma corruscans) encontrou resultados similares.
Este autor infere que isso esteja relacionado ao maior tempo de permanência do alimento no
estômago em meses mais frio, devido à menor atividade metabólica.
Estudos relacionados à dieta de peixes residentes nas adjacências de piscicultura
em tanques-rede em represas da região neotropical são inexistentes, exceto, ao de RAMOS et
al. (2008) que determinou as dietas das espécies mais abundantes (Astyanax altiparanae,
Metynnis maculatus e Plagioscion squamosissimus) nas adjacências de sistema de piscicultura
na represa de Nova Avanhandava (Alto Paraná). Este autor, conclui que essas espécies
apresentaram mudanças em suas táticas alimentares sob influência da piscicultura, com
destaque para Metynnis maculatus, naturalmente herbívora (VIDOTTO, 2005), que também
consumiu quase que exclusivamente restos de ração como Pimelodus maculatus no presente
trabalho.
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Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Também, PAES (2006) e ZANATTA (2007) estudando pisciculturas na represa
de Nova Avanhandava (baixo rio Tietê) e Jurumirim (alto rio Paranapanema)
respectivamente, discutem que a biota local ainda, está sendo capaz de utilizar de maneira
eficiente os efluentes, não o disponibilizando para o ecossistema aquático. Ainda,
BEVERIDGE (2004) relata que os peixes residentes são bons consumidores dos efluentes
gerados pelas pisciculturas em tanques-rede. Neste sentido, FELSING et al. (2005) discutem
que os peixes residentes atraídos por esses sistema de aqüicultura podem aproveitar até 60%
de todos os efluentes aportados ao ecossistema aquático, diminuindo assim, a eutrofização.
Em suma, os resultados vêm demonstrar que Pimelodus maculatus está contribuindo para a
mitigação de alguns dos impactos ambiental nas áreas estudadas, relacionados à eutrofização.
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Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
Conclusões
Com base nos resultados pode-se concluir que a espécie Pimelodus maculatus
executa um importante serviço ambiental a esse ecossistema aquático, uma vez que utiliza de
forma direta grande parte dos efluentes derivados desse tipo de aqüicultura, reciclando parte
da matéria orgânica aportada. Ainda, essa nova fonte de recurso alimentar pode estar re-
estruturando a teia trófica, uma vez que a dieta de Pimelodus maculatus é constituída quase
que exclusivamente de restos de ração. Com isso, conclui-se que Pimelodus maculatus ajusta
a sua dieta as novas condições ambientais vigentes, com reflexos em seus caracteres
populacionais, conforme descrição no próximo capítulo.
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Dieta de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas de piscicultura em tanque-rede.
Autor: Igor Paiva Ramos
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Autor: Igor Paiva Ramos
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Autor: Igor Paiva Ramos
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2º Capítulo
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus sob influência de sistemas
de piscicultura em tanques-rede.
74
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Resumo
A utilização de sistemas de criação de organismos aquáticos em gaiolas ou tanques-rede
iniciou-se há mais de 50 anos, no Delta do rio Mekong, na Ásia. Em nosso país, esse sistema
ganhou o primeiro impulso na década de 1990, em especial na região Sudeste e Nordeste.
Atualmente, encontra-se em expansão em águas públicas abertas, decorrente da
disponibilização de várias linhas incentivos governamentais e estatais, na qual a preocupação
com os possíveis impactos que essa nova atividade pode acarretar nesses grandes
ecossistemas aquáticos, ainda é secundária. Assim, este trabalho tem como objetivo avaliar a
influência de sistemas de pisciculturas em tanques-rede sobre a dinâmica populacional da
espécie de peixe nativa Pimelodus maculatus, a mais abundante nas adjacências desses
empreendimentos, na represa de Chavantes – SP/PR. Para tanto, foram coletados exemplares
ao redor do sistema de piscicultura em tanques-rede (Tanque) e em um trecho sem a
influência dessa atividade (Controle). Foi determinado o comprimento padrão (cm), peso total
(g) e sexo (análise macroscópica das gônadas) de todos os indivíduos coletados. A partir
destes dados foi calculado o fator de condição, relação peso/comprimento e taxas/curvas de
crescimento. Ainda análises comparativas entre os exemplares do trecho Tanque e Controle
para comprimento padrão, peso total foram realizadas usando o teste não paramétrico de
Mann-Whitney. Os resultados demonstram que no entorno dos tanques-rede, os valores de
comprimento padrão e peso total são maiores em relação ao trecho Controle (p<0,0001).
Quanto à relação peso/comprimento verifica-se diferenças significativas entre os exemplares
do trecho Tanque e Controle para machos (t=2,3301), fêmeas (t=2,5853) e
machos+fêmeas+indefinidos (t=3,5636), reforçados pela maior taxa de crescimento observada
no trecho Tanque. Ainda, em relação ao fator de condição há diferenças significativas
(p<0,0001) para machos, fêmeas e machos+fêmeas+indefinidos entre o trechos Tanque e
Controle. Com base nesses resultados, constata-se que esses peixes atraídos para as
adjacências desse sistema, estão aproveitando os restos de ração disponibilizados pelo manejo
zootécnico, que possibilita maior crescimento somático (comprimento padrão e peso total
assintótico, fator de condição e taxa de crescimento). Pode-se concluir que as pisciculturas em
tanques-rede induzem a significativas alterações na estrutura populacional dessa espécie de
peixe nativo.
Palavras-chaves: estrutura populacional, ictiofauna agregada, tanques-rede, impacto,
Pimelodus maculatus
75
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Abstract
The use of cages to cultivate aquatic organisms has started up to 50 years in the delta of
Mekong River, Asia. In our country, these systems started in the 1990s, particularly in the
Southeast and Northeast regions. Currently, the activity is expanding in public open waters,
due to the incentives of the government, where the concerning about the potential impact that
this new activity may result in aquatic ecosystems is still secondary. This study aimed to
evaluate the influence of systems in cage fish farms on the population dynamics of native fish
species Pimelodus maculatus, the most abundant in the vicinity of these enterprises in
Chavantes Reservoir, SP / PR. Specimens were collected around the system cage farm (Cage
farm) and a stretch without the influence of this activity (Control). The standard length (cm),
weight (g) sex (macroscopic analysis of gonads), degree of stomach fullness were obtained of
specimens captured in the influence area of the cage farms (Cage farm) and the reference area
(Control). The condition factor, weight/length relationship and rates/curves of growth were
calculated. Comparative analysis between the Cage farm and Control stretches for standard
length and total weight were performed using the nonparametric test Mann-Whitney. The
results show of the Cage farm stretch, the values of standard length and total weight are larger
in relation to Control stretch (p < 0.0001). Significant differences were observed for the
weight/length relation between the stretches for males (t = 2.3301), female (t = 2.5853) and
male + female + undefined (t = 3.5636), reinforced by the high growth rate observed in the
Cage farm stretch. In addition, significant differences (p <0.0001) were observed for the
condition factor for males, females and males + females + undefined between stretches. Based
on these results, apparently the fish attracted to the vicinity of that system are taking the
remains of ration provided by the management, allowing high somatic growth (asymptotic
standard length and total weight, condition factor and growth rate). It can be concluded that
cage fish farming lead to significant changes in population structure of this native fish species.
Key words: population biology, environmental impacts, cage farms, Pimelodus maculatus,
Paranapanema river.
76
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Introdução
Atualmente existem no Brasil aproximadamente 619 empreendimentos
hidroelétricos em operação, sendo que a maioria concentra-se nas regiões Sul e Sudeste do
Brasil (ANEEL, 2008). Tais empreendimentos transformaram grandes rios da região Sudeste
como Tietê, Paranapanema e Grande, em uma sucessão de lagos artificiais em cascata,
alterando características ecológicas dos ambientes aquáticos, terrestres e adjacentes
(TUNDISI, 1999). Historicamente, estas situações decorrentes da construção das grandes
barragens têm levado a expansão ou redução das diferentes populações de peixes, devido à
capacidade de ajustes de cada população ao novo ecossistema (AGOSTINHO et al., 1994 e
2007; CARVALHO & SILVA, 1999).
As represas formadas para geração de energia hidroelétrica, também tem sido
aproveitadas para outros fins. Dentre estes fins, podemos citar: abastecimento urbano,
turismo, lazer, irrigação e mais recentemente a utilização para piscicultura em tanques-rede
(CASTAGNOLLI, 2000). No Brasil, este sistema ganhou impulso em meados da década de
1990, principalmente na região Sudeste (ONO, 1998; MEDEIROS, 2002; BRANDÃO et al.,
2004). Atualmente, essa atividade encontra-se em expansão nas represas brasileiras, cuja área
alagada total é superior a cinco milhões de hectares, possibilitando que a atividade continue a
crescer (CASTAGNOLLI, 2000).
Similarmente ao que ocorre na criação de peixes em tanques escavados, no
sistema de tanques-rede há a entrada contínua de matéria orgânica decorrente do
arraçoamento e a saída de matéria representada pela conversão em biomassa (SIPAÚBA-
TAVARES, 1995) e efluentes (MUNDAY et al. 1992; PERSSON, 1988). Entretanto, estudos
que visem o entendimento dos impactos que essa atividade pode acarretar ao ecossistema
aquático ainda são escassos. Assim, a crescente implantação de pisciculturas em tanques-rede,
77
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
pode acarretar sérios problemas ambientais como a eutrofização artificial (COSTA-PIERCE
& SOEMARWOTO, 1990; AGOSTINHO et al., 2007).
Em relação ao impacto de pisciculturas em tanques-rede, autores como
BEVERIDGE (1984 e 1996), KARAKASSIS et al. (2000, 2002 e 2005), DEMPSTER et al.
(2002), MACHIAS et al. (2004, 2005 e 2006), HÅKANSON (2005), PITTA et al. (2005),
CARVALHO (2006), YUCEL-GIER et al. (2007), ECHE (2008), RAMOS et al. (2008) entre
outros, discutem a problemática desta atividade em águas costeiras e continentais. Tais
autores citam impactos desde a qualidade da água e do sedimento até implicações sobre a
estrutura da comunidade bentônica, planctônica e de peixes. Autores como ANGEL &
SPANIER (2002), DEMPSTER et al. (2002), HÅKANSON (2005), ECHE (2008) e RAMOS
et al. (2008), relatam o consumo de restos de ração por algumas espécies da ictiofauna
associada a esse tipo de atividade. Ainda, FELSING et al. (2005) relatam que os peixes
residentes atraídos por esses sistema de aqüicultura podem aproveitar até 60% de todos os
efluentes aportados ao ecossistema aquático, diminuindo assim, a eutrofização, estando este
aproveitamento relacionado as características das espécies de peixes residentes nas
adjacências das pisciculturas em tanques-rede.
Neste sentido, NIKOLSKY (1969), TYLER & DUNN (1976), ALLEN &
WOOTTON (1982) relatam que para os peixes a quantidade e qualidade do alimento ingerido
determinam a fecundidade, taxa de crescimento, o tempo de maturação dos sexos e a
longevidade. Desta maneira, uma vez que a ictiofauna residente nas proximidades de
pisciculturas em tanques-rede consomem restos de ração, esta pode sofrer mudanças em sua
estrutura populacional. Assim, o estudo da dinâmica populacional de espécies de peixes
residentes, que vivem associadas a esses sistemas, pode ser uma útil ferramenta no
monitoramento da influência dessa atividade no ecossistema aquático. Ainda, pode fornecer
78
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
subsídios para um melhor manejo e ordenamento da atividade de piscicultura em tanques-rede
em represas neotropicais.
Em virtude, dos possíveis impactos que essa atividade pode acarretar sobre a
ictiofauna residente em represas brasileiras, estudos com espécies de peixes de ampla
distribuição geográfica e grande plasticidade trófica, podem fornecer subsídios importantes
sobre o real impacto dessa atividade sobre a ictiofauna. Desta maneira, a espécie Pimelodus
maculatus, encontrada em quase todos as represas brasileiras e de ampla distribuição
geográfica (Amazônia, Guianas, Venezuela, Peru, Bolívia, Paraguai, Argentina, Bacia do
Paraná, Bacia do Prata, Rio Uruguai até o Rio Iguaçu) (GODOY, 1987; REIS et al., 2003), e
de hábito alimentar onívoro (LOLIS & ANDRIAN, 1996; BASILE-MARTINS et al., 1986)
pode servir como modelo para mensurar a influência dos empreendimentos de pisciculturas
em tanques-rede em represas, sobre a dinâmica populacional de peixes residentes.
79
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Área de estudo
O rio Paranapanema nasce na Serra da Paranapiacaba, no município de Capão
Bonito - SP, pertencendo à bacia do Alto Paraná (SAMPAIO, 1944). Inserida neste rio,
encontra-se a represa de Chavantes (Figura 01), localizada a 480 m de altitude, sobre o
Planalto Ocidental nas coordenadas geográficas 23º43’36.32” S 049º43’52.94” W, entre as
cidades de Chavantes - SP e Ribeirão Claro - PR, sendo os principais tributários da represa os
Figura 01. Mapa da rede hidrográfi
rios Verde, Itararé e Paranapanema.
ca do Estado de São Paulo, em destaque a represa de
Chavantes e seus principais tributários, com os respectivos locais de amostragem Î
A ocupação do seu entorno, varia desde áreas ocupadas por pastagens,
monocultur
piscicultura 1 (Timburi/Chavantes – PR/SP) e piscicultura 2 (Fartura – SP).
as e empreendimentos imobiliários até áreas com trechos de mata bem preservada.
Quanto ao clima, a área de influência da UHE de Chavantes está situada em um setor de
extrema variabilidade climática, pelo fato de pertencer a uma zona de transição entre o clima
80
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
tropical e temperado, sendo estabelecida a estação chuvosa no período de outubro a março e
estação seca de abril a setembro (DUKE ENERGY, 2002).
Essa represa oligotrófica é do tipo bacia de acumulação, possui área de espelho
d’água no nível máximo 400 km
2
, aproximadamente 89 m de profundidade máxima, volume
total 9.410x10
6
m
3
e descarga total de 3.252 m
3
/s, sendo utilizado para geração de energia
hidroelétrica, lazer (DUKE ENERGY, 2002), e mais recentemente para atividades de criação
de tilápias em tanque-rede, principalmente nas margens do Estado de São Paulo
(CARVALHO et al., 2008).
81
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Objetivo
O presente trabalho tem por objetivo caracterizar aspectos da dinâmica
populacional com ênfase em táticas do crescimento de Pimelodus maculatus sob influência de
sistemas de piscicultura em tanques-rede na represa de Chavantes.
82
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Material e métodos
Procedimentos no campo
Este estudo foi conduzido em dois diferentes empreendimentos de piscicultura em
tanques-rede (trecho Tanque) e em dois locais similares em termos fisiográficos, mas sem
influências desta atividade (trecho Controle). Especificamente, um sistema localiza-se nos
municípios Timburi/Chavantes (23°07’48,6” S 49°42’0,4” W) contendo aproximadamente
200 tanques-rede e o outro no município de Fartura (23°22’40,49” S 49°35’04,49” W)
contendo aproximadamente 500 tanques-rede, ambos pertencentes ao Estado de São Paulo
(Figura 2 A e B).
As amostragens de Pimelodus maculatus foram realizadas mensalmente de
novembro de 2006 a outubro de 2007, como parte do projeto FINEP (nº. 3626/05)
(CARVALHO et al. 2008). Os peixes foram capturados com redes de espera, com malhagens
de 3 a 18 cm entre nós adjacentes, expostas por aproximadamente 14 horas, realizando-se
uma única despesca ao amanhecer.
A captura dos exemplares nos trechos Tanque foi realizada junto às bóias de
delimitação dos empreendimentos, instaladas à aproximadamente 2 m de distância dos
primeiros grupos de tanques-rede. Os trechos referenciais (Controle) estão localizados a
aproximadamente 2.700 m e 1.400 m (Timburi/Chavantes e Fartura, respectivamente) desses
empreendimentos. É importante ressaltar que a seleção das áreas referenciais foram feitas com
base em estudos limnológicos pilotos realizados previamente (REZENDE-AYROZA et al.
2008).
Exemplares testemunhos (tombo nº 7461) de Pimelodus maculatus encontram-se
depositados na coleção do Laboratório de Biologia e Genética de Peixes, Departamento de
Morfologia, Instituto de Biociências da UNESP de Botucatu.
83
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
B
Figura 02. Imagem de satélite dos trechos de coleta na represa de Chavantes – SP. A)
Piscicultura Timburi/Chavantes; B) Piscicultura Fartura. (Fonte: Google Earth).
84
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Foram determinados, utilizando-se de ictiômetro e balança analítica com precisão
em centigramas, os seguintes dados biométricos: 1) comprimento padrão em centímetros (Ls):
medida obtida da ponta do focinho até a extremidade da última vértebra; 2) Peso total em
gramas (Wt). Após estes procedimentos, os peixes foram dissecados por incisão abdominal
mediana, da abertura anal até a região opercular e o sexo dos indivíduos e estágio de
maturação gonadal determinado por análise macroscópica das gônadas (visualização a olho
nu), avaliando-se características como cor, transparência e vascularização (VAZZOLER,
1996).
Ainda, empregou-se o Teste t Student para comparação dos dados linearizados
(ln) das curvas da relação peso/comprimento (SANTOS, 1978) entre as amostragens para
ambos os trechos (Tanque – Timburi/Chavantes x Tanque - Fartura e seus respectivos
controle). Para ambos os trechos obteve-se valores de t < 1,96 (Figura 3 A e B). Sendo assim,
temos um trecho denominado Tanque que compreende os exemplares amostrados nos
sistemas de piscicultura Timburi/Chavantes e Fartura e outro denominado Controle
compreendendo os exemplares amostrados nos respectivos controles.
85
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
y=0,02x
3,0344
=0,9409
y=0,0161x
3,1084
=0,9617
0
200
400
600
800
1000
1200
0 5 10 15 20 25 30 35
Pesototal (g)
Comprimento padrão(cm)
Timburi/Chavantes‐ M+F+I(Tan q ue) Fartura‐ M+F+I(Tan q ue)
A
y=0,03x
2,8644
=0,9402
y=0,022x
2,9743
=0,9608
0
200
400
600
800
1000
1200
0 5 10 15 20 25 30 35
Pesototal (g)
Comprimentopadrão(cm)
Timburi/Chavantes‐ M+F+I (Controle) Fartur a‐ M+F+I(Con trole)
B
Figura 03. Comparação dos valores dos coeficientes angulares (b) da relação
peso/comprimento. A) Fartura x Timburi/Chavantes (Tanque Î t
calculado
= 1,9365) e B)
Fartura x Timburi/Chavantes (Controle Î t
calculado
= 1,3508).
86
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Análise dos dados
Proporção entre os sexos: a proporção entre fêmeas e machos é uma informação importante
para a caracterização da estrutura populacional de uma espécie ou população. Sendo assim,
esta foi calculada segundo VAZZOLER, (1996).
onde:
1º - obter a somatória de fêmeas e de machos e calcular sua frequência porcentual;
2º - calcular o valor de X
2
(Qui-quadrado), admitindo-se que a proporção
esperada, em todos os casos seja de 1:1 (50% : 50%).
X
2
= 2
*
(O-E)
2
/E
onde:
X
2
= valor do qui-quadrado;
O = frequência porcentual de fêmeas ou machos;
E = proporção entre sexos esperada.
Sendo que, para g.l=1, valores de X
2
>3,84 indicam diferenças significativas.
Análise de comprimento padrão e peso: os valores de comprimento padrão e peso dos
exemplares foram submetidos à análise de normalidade de Lilliefors, e posteriormente foi
utilizado o teste de Mann-Whitney para comparar os exemplares pertencentes ao trecho
Tanque e Controle.
Relação peso/comprimento: considerado um importante modelo matemático na dinâmica de
populações de peixes conforme LE CREN, (1951). Essa foi ajustada em um gráfico de
dispersão sendo a variável X o comprimento padrão (cm) e Y peso total (g), obtendo-se uma
equação matemática tipo potência, onde a constante a (coeficiente linear) indica o bem estar
87
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
do peixe, e a constante
Ф
(coeficiente angular), que é particular para cada espécie, tende a
assumir valores entre 2,0 e 4,0, expressando o tipo de crescimento da espécie (SANTOS,
1978; BENEDITO-CECÍLIO & AGOSTINHO, 1997; ORSI, et al., 2002). Assumi-se que
valores iguais a 3,0, indicam crescimento do tipo isométrico, valores menores que 3,0,
crescimento do tipo alométrico negativo e maiores que 3,0 crescimento do tipo alométrico
positivo.
Wt = a
*
Ls
Ф
onde:
Wt = peso total do individuo (g);
a = coeficiente linear;
Ls = comprimento padrão (cm);
Ф
= coeficiente angular.
Comparação do coeficiente angular: indica se o coeficiente angular
Ф
da relação
peso/comprimento entre duas amostras são iguais ou diferentes utilizando-se do teste
estatístico “t” de Student (VIEIRA, 2003).
onde:
t = valor do teste estatístico “t”;
b = coeficiente angular
Ф
da relação peso/comprimento da amostra 1;
b’ = coeficiente angular
Ф
da relação peso/comprimento da amostra 2;
88
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
onde:
SQX = Somatória dos quadrados dos comprimentos;
X
2
= Somatória dos comprimentos ao quadrado;
(X)
2
= Somatória dos comprimentos elevado ao quadrado;
SQY = Somatória dos quadrados dos pesos;
y
2
= Somatória dos pesos ao quadrado;
(y)
2
= Somatória dos pesos elevado ao quadrado;
onde:
n = número de indivíduos da amostra 1;
n’ = número de indivíduos da amostra 2;
onde:
SPX*Y = Somatória do produto de X vezes Y;
X*Y = Somatória dos comprimentos vezes os pesos;
X = Somatória dos comprimentos;
Y = Somatória dos pesos;
n = número de indivíduos da amostra.
Inferência sobre a inclinação da reta: indica se o coeficiente angular
Ф
da relação
peso/comprimento é significantemente diferente de três através do teste “t” de Student
(VIEIRA, 2003).
89
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
onde:
s(b) = desvio padrão do coeficiente angular
Ф
da relação peso/comprimento;
S
2
= quadrado médio dos resíduos;
x
2
= somatória dos comprimentos, elevada ao quadrado;
n = número de indivíduos da amostra;
(x)
2
= somatória dos comprimentos ao quadrado.
onde:
t = valor do t calculado;
b = coeficiente angular
Ф
da relação peso/comprimento;
s(b)’ = desvio padrão do coeficiente angular
Ф
da relação peso/comprimento.
Fator de Condição (K): indica o grau de higidez do indivíduo refletindo sua condição
nutricional recente (VAZZOLER, 1996).
K = Wt/Ls
b
onde:
K = fator de condição;
Wt = peso total do individuo (g);
Ls = comprimento padrão do individuo (cm);
b = coeficiente angular
Ф
obtido da relação peso/comprimento.
90
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Fator de condição relativo (Kn): representa o quociente entre o peso observado e o peso
estimado para um dado comprimento conforme ANDRADE-TALMELLI et al. (1999).
Kn=Wt/a*Ls
b
onde:
Kn = fator de condição relativo;
Wt = peso total do individuo (g);
a = coeficiente linear da relação peso/comprimento;
Ls = comprimento padrão do individuo (cm);
b = coeficiente angular
Ф
da relação peso/comprimento.
Teste t para o fator de condição relativo: indica se o valor do fator de condição relativo (Kn)
difere estatisticamente do valor centralizador 1. Ou seja, validando ou não se o peixe está com
seu peso acima (>1) ou abaixo (<1) do esperado.
onde:
t = valor do teste estatístico t;
X = média dos valores do fator de condição relativo;
S = desvio padrão dos valores do fator de condição relativo;
n = raiz quadrada dos números de indivíduos.
Distribuição em classes de tamanho (W): fornece o número de classes e a amplitude de cada
classe de tamanho. Calculada a partir da fórmula de Sturges (STURGES, 1926) para amostra
total.
W=R/K
91
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
onde:
W = amplitude de cada classe (cm);
R = amplitude total dos dados (maior comprimento padrão – menor comprimento
padrão);
K = número de classes (1 + 3,222.log N).
Estrutura populacional: obtida utilizando-se o histograma de dispersão do número de
indivíduos por classe de tamanho. Calculados para todo o universo amostral e por sexo, isto é,
machos, fêmeas e machos, fêmeas e indefinidos agrupados (M+F+I).
Taxa de crescimento (k): obtida utilizando-se o programa FISAT II (GAYANILO & PAULY,
1998). Em especial, para a obtenção da curva de crescimento em comprimento padrão do
trecho Controle pelo programa FISAT II, houve necessidade da utilização de amostras
complementares obtidas em projeto executado no ano de 2006, nas mesmas áreas de estudo.
Tal fato foi necessário, pois, o número amostral era insuficiente.
Comprimento assintótico (Ls
): obtido utilizando-se do programa FISAT II, (GAYANILO &
PAULY, 1998).
Peso assintótico (Wt
): obtido utilizando-se o método dedutivo de SANTOS (1978), no qual
se substitui o valor de Ls (comprimento padrão) por L na equação matemática obtida na
relação peso/comprimento. Sendo assim:
Wt = a * Ls
b
onde:
Wt
= peso total do individuo (g);
92
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
a = coeficiente linear da relação peso/comprimento;
Ls
= comprimento padrão (cm);
b = coeficiente angular
Ф
da relação peso/comprimento.
Curva de crescimento em comprimento: determinada utilizando-se a equação de Von
Bertalanffly combinada com o método Ford Walford (WALFORD, 1946) conforme
BEVERTON & HOLT, (1957). Ressalta-se que os parâmetros dessa expressão foram
determinados pelo programa FISAT II, (GAYANILO & PAULY, 1998), conforme descrição
acima, exceto para t0, que foi considerado como igual a zero. Desta forma, a curva de
crescimento em comprimento é dada pela expressão matemática:
Ls=L[1-e
-k(t-t0)
]
onde:
Ls = comprimento padrão estimado (cm);
L
= comprimento teórico assintótico (comprimento máximo que um peixe
atingiria em condições ideais);
k = taxa de crescimento;
t = idade;
t0 = idade inicial estimada (utilizou-se t0 = 0).
Curva de crescimento em peso: determinada pelo método indutivo no qual a expressão
matemática da curva de crescimento em comprimento é combinada com a expressão
matemática da relação peso/comprimento. Desta forma, a curva de crescimento em peso é
dada pela expressão matemática (SANTOS, 1978):
Wt=W[1-e
-k(t-t0)
]
b
onde:
93
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Wt = peso total estimado (g);
W
= peso teórico assintótico (peso máximo que um peixe atingiria em condições
ideais);
k = taxa de crescimento;
t = idade;
t0 = idade inicial estimada (utilizou-se t0 = 0).
b = coeficiente angular
Ф
da relação peso/comprimento.
As análises estatísticas e corretadas foram realizadas utilizando-se os programas
específicos como Biostat 5.0, SigmaStat 3.1 e Excel (versão 2007).
94
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Resultados
Quanto à abundância dos exemplares capturados, esta foi maior em número de
indivíduos e biomassa total para o trecho Tanque (Tabela I). Em relação à estatística
descritiva dos valores de comprimento padrão e peso, se evidencia na Tabela II e Figura 04,
que o comprimento padrão e peso total de Pimelodus maculatus são significativamente
maiores (Teste de Mann-Whitney) no trecho Tanque em relação ao trecho Controle para
amostra total (M+F+I) e para machos e fêmeas separadamente. Ainda, as fêmeas do trecho
Tanque e Controle apresentam comprimento padrão e peso total significantemente maiores
em relação aos machos de seus respectivos trechos Controles.
Tabela I. Número total de exemplares amostrados e biomassa total de Pimelodus maculatus
dos trechos Tanque e Controle.
Fêmeas+Machos+Indefinidos
Tanque Controle
Número amostral (N) 1142 270
Biomassa total (kg) 215,43 34,16
Machos
Número amostral (N) 409 80
Biomassa total (kg) 41,66 6,52
Fêmeas
Número amostral (N) 716 180
Biomassa total (kg) 172,86 27,32
95
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Tabela II. Estatística descritiva dos valores de comprimento padrão e peso de Pimelodus
maculatus para os trechos Tanque e Controle.
Fêmeas+Machos+Indefinidos
Tanque (N = 1.142) Controle (N = 270)
Comprimento
padrão (cm)
Peso
total (g)
Comprimento
padrão (cm)
Peso
total (g)
Mínimo 9,4 19,8 8,8 15,1
Máximo 34,4 1060 29 603,9
Amplitude Total 25 1040,2 20,2 588,8
Mediana 18,6 143,7 17 94,5
Primeiro quartil 16 88,8 14,6 65,9
Terceiro quartil 22,1 235,9 20 163,5
Média Aritmética 19,3 188,6 17,4 126,5
Variância 17,12 20673,12 15,09 8866,34
Desvio Padrão 4,1 143,8 3,9 94,2
Erro Padrão 0,1224 42,547 0,2364 57,305
Machos
Tanque (N = 409) Controle (N = 80)
Comprimento
padrão (cm)
Peso
total (g)
Comprimento
padrão (cm)
Peso
total (g)
Mínimo 11,2 37,1 11,3 31,7
Máximo 28,6 718,2 23,7 283,5
Amplitude Total 17,4 681,1 12,4 251,8
Mediana 15,8 85,4 15,1 68,9
Primeiro quartil 14,8 70,7 14,3 58,2
Terceiro quartil 16,8 109,7 16,5 86,3
Média Aritmética 16,2 101,9 15,5 81,5
Variância 4,59 3679,26 4,98 1785,8
Desvio Padrão 2,1 60,7 2,2 42,3
Erro Padrão 0,1059 29,993 0,2496 47,247
Fêmeas
Tanque (N = 716) Controle (N = 180)
Comprimento
padrão (cm)
Peso
total (g)
Comprimento
padrão (cm)
Peso
total (g)
Mínimo 10,1 30 8,8 15,1
Máximo 34,4 1060 29 603,9
Amplitude Total 24,3 1030 20,2 588,8
Mediana 20,8 198,1 18,4 120,4
Primeiro quartil 18,5 137,3 15,6 80
Terceiro quartil 23,4 289,7 20,8 199
Média Aritmética 21,2 241,4 18,6 151,8
Variância 14,43 23337,17 15,22 10483,26
Desvio Padrão 3,8 152,8 3,9 102,4
Erro Padrão 0,142 57,091 0,2906 76,315
96
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Figura 04. “Box-Plot” – A) comprimento padrão e; B) peso de Pimelodus maculatus. (* =
valores estatisticamente diferentes entre machos e fêmeas do mesmo trecho Î p<0,0001).
97
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Em relação à proporção entre sexos, obteve-se uma relação de 1,75:1,0 para o
trecho Tanque, enquanto que para o trecho Controle esta proporção é de 2,25:1,0. Ainda
na Figura 05, encontram-se dados referentes à proporção relativa entre machos e fêmeas, onde
se observa diferença significativa entre o número fêmeas e machos para o trecho Tanque e
para o trecho Controle.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Tanque Contr ole
ProporçãoMacho/Fêmea (%)
Machos meas
*
*
Figura 05. Proporção relativa (%) entre machos e fêmeas de Pimelodus maculatus. (* =
valores estatisticamente diferentes Î χ
2
>3,84).
Ainda, observam-se diferenças significativas quanto ao tipo de crescimento
b
( = tipo de crescimento) entre os exemplares dos trechos Tanque e Controle (Figura 6 – A
Î t
calculado
= 3,5636). Para machos (Figura 06 – B) e fêmeas (Figura 06 – C). Em relação ao
tipo de crescimento, os exemplares do trecho Tanque e Controle também apresentam
diferenças (t
calculado
= 2,3301 e 2,5853 respectivamente), sendo que em todos os três casos, os
exemplares do trecho Tanque apresentam crescimento alométrico positivo, enquanto que os
do trecho Controle apresentam crescimento isométrico (Tabela III). Ainda observa-se
igualdade entre machos e fêmeas do trecho Tanque (t
calculado
= 1,1734) e machos e fêmeas do
trecho Controle (t
calculado
= 0,4124).
98
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
y=0,0179x
3,0772
=0 ,9558
y=0,0237x
2,949
=0,9579
0
200
400
600
800
1000
1200
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Peso total(g)
Comprimentopadrão(cm)
M+F+I(Tanque) M+F+I(Controle)
*
A
y=0,0138x
3,1724
=0,9006
y=0,0272x
2,8969
=0 ,9164
0
200
400
600
800
1,000
1,200
0,0 5,0 10,015,020,025,030,035,0
Peso total(g)
Comprimentopadrão(cm)
Machos(Tanque) Machos(Controle)
B
*
y=0,0167x
3,0991
=0,9382
y=0,0238x
2,948
=0,9496
0
200
400
600
800
1000
1200
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Peso total(g)
Comprimentopadrão(cm)
Fêmeas(Tanque) Fêmeas(Controle)
*
C
y=0,0138x
3,1713
=0,9006
y=0,0167x
3,0991
=0,9382
0
200
400
600
800
1000
1200
0 5 10 15 20 25 30 35 40
Peso total(g)
Comprimentopadrão(cm)
Machos(Tanque) Fêmeas(Tanque)
D
ns
y=0,0272x
2,8969
=0,9164
y=0,0238x
2,948
=0,9496
0
200
400
600
800
1,000
1,200
0,0 5,0 10,015,020,025,030,035,0
Peso total(g)
Comprimentopadrão(cm)
Machos(Controle) Fêmeas(Controle)
ns
E
Figura 06. Relação peso/comprimento de Pimelodus maculatus. A) M+F+I = Tanque x
Controle; B) Machos = Tanque x Controle; C) Fêmeas = Tanque x Controle; D) Machos x
Fêmeas = Tanque; e E) Machos x Fêmeas = Controle (ns = valores estatisticamente iguais) (*
= valores estatisticamente diferentes).
Tabela III. Tipo de crescimento de Pimelodus maculatus para os trechos Tanque e Controle (
b
= valor obtido na relação peso/comprimento).
Tanque Controle
Sexo Crescimento
b
Teste t Sexo Crescimento
b
Teste
t
M+F+I Alométrico + 3,077 3,942 M+F+I Isométrico 2,949 1,351
Machos Alométrico + 3,171 3,283 Machos Isométrico 2,897 1,040
Fêmeas Alométrico + 3,099 3,327 Fêmeas Isométrico 2,948 1,022
99
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Em relação ao fator de condição individual, observa-se que os exemplares do
trecho Tanque, possuem maior grau engorda (higidez) quando comparados com os do trecho
Controle. Realizando comparação entre machos de trechos distintos, a situação se mantém,
sendo o mesmo observado para fêmeas. Ressalta-se que não há diferenças significativas entre
o fator de condição entre machos e fêmeas do mesmo trecho (Figura 7 – A). Quanto ao
período do ano (seco x chuvoso), pode-se verificar que há diferenças significativas tanto entre
os trechos Tanque e Controle como entre os períodos (seco e chuvoso) para o mesmo trecho
em estudo (figura 07 – B), sendo que o trecho Tanque apresenta valores superiores em relação
ao trecho Controle. Ainda, na análise do fator de condição individual por trimestre, observam-
se diferenças estatisticamente significativas para o 1º, 2º e 3º trimestres entre os trechos
Tanque e Controle. Ainda, pode-se verificar uma variação temporal, com uma diminuição
significativa do 2º para o 3º trimestre (p < 0,0015) e seguido de um aumento significativo no
4º trimestre (p < 0,0001) no trecho Controle. Entretanto para o trecho Tanque, não se constata
diferenças temporais como observado para o trecho Controle. (Figura 07 - C).
100
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
14,00
16,00
18,00
20,00
Dez‐ Fev Mar‐ Mai Jun‐ Ago Set‐ Nov
Fatordecondição (trime stral)
M+F+I(Tanque) M+F+I(Controle )
C
p<0,0001
p=0,0007
p<0,0001 ns
Figura 07. “Box-Plot” - Fator de condição individual de Pimelodus maculatus. A) Machos,
Fêmeas e M+F+I; B) Estação Seca x Chuvosa e; C) Trimestral para os trechos Tanque e
Controle (ns = valores estatisticamente iguais) (* = valores estatisticamente diferentes).
101
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Em relação ao fator de condição relativo, este apresenta diferença significativa
entre as amostras dos trechos Tanque e Controle (Figura 08 - A). Na Figura 8 – B, pode-se
verificar que para os Machos, também há diferenças significativas entre os trechos estudados,
sendo este mesmo fato observado para as Fêmeas (Figura 08 – C). Contudo, a comparação
entre machos e fêmeas do mesmo trecho não há diferenças significativas (Figura 8 – D e E).
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
Fatordecondiçãorelativo
Machos(Tanque) Machos(Controle)
p<0,0001
B
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
Fatordecondiçãorelativo
M+F+I(Tanque) M+F+I(Controle)
A
p<0,0001
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
Fatordecondiçãorelativo
Fêmeas(Tanque) Fêmeas(Controle)
C
p<0,0001
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
Fatordecondiçãorelativo
Machos(Tanque) Fêmeas(Tanque)
ns
D
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
Fatordecondiçãorelativo
Machos(Controle) Fêmeas(Controle)
E
ns
Figura 08. Fator de condição relativo de Pimelodus maculatus. A) Machos (Tanque x
Controle); B) Fêmeas (Tanque x Controle); C) M+F+I (Tanque x Controle); D) Machos x
Fêmeas (Tanque) e; E) Machos x Fêmeas (Controle) (ns = valores estatisticamente iguais).
102
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Ainda, na Tabela IV e Figura 09 observam-se os valores dos parâmetros das
curvas de comprimento máximo assintótico, peso máximo assintótico e taxa de crescimento
para os trechos Tanque e Controle, onde o trecho Tanque apresenta valores superiores em
relação ao trecho Controle.
Tabela IV. Valores de comprimento padrão infinito (Ls
)
, peso infinito (Wt
) e taxa de
crescimento (k) para Pimelodus maculatus nos trechos Tanque e Controle.
Variáveis Tanque Controle
Ls
(cm) 36,21 30,52
Wt
(g) 1064,06 572,24
k 0,81 0,68
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Comprimentopadrão(cm)
Idaderelativ a
Tanque Controle
Ls=30.52x[1e
0.68(t)
]
30,52cm=Ls
36,21cm=Ls
A
Ls=36.21x[1e
0.81(t)
]
t1t2t3t4t5t6t7
0
200
400
600
800
1000
1200
Pesototal(g)
Idaderelativ a
Tanque Controle
Wt= 1064.06 x[1e
0.81(t)
]
3.077
Wt=572.24 x[1e
0.68(t)
]
2.974
1064,06 g=Peso
572,24g=Peso
t1t2t3t4t5t6t7
B
Figura 09. Curva crescimento para Pimelodus maculatus. A) Comprimento padrão* (Tanque
x Controle) e; B) Peso total** (Tanque x Controle). * = ajuste pelo modelo de Von
Bertalanffly; ** = método dedutivo (SANTOS, 1978).
103
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Complementarmente, na Figura 10 – A e B observa-se os histogramas de
distribuição de freqüência do comprimento padrão por mês e ano e as curvas ajustadas com o
auxílio do programa computacional Fisat II para os trechos em estudo. Na Figura 11
encontram-se essas curvas de crescimento sem os histogramas na qual mais uma vez se
verifica o crescimento superior dos exemplares do trecho Tanque em relação ao Controle.
Figura 10. Curvas de crescimento em comprimento padrão para Pimelodus maculatus dos
trechos Tanque e Controle, geradas pelo programa Fisat II (GAYANILO & PAULY, 1998).
104
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Figura 11. Curvas de crescimento em comprimento padrão para Pimelodus maculatus dos
trechos Tanque e Controle.
Quanto à estrutura populacional, com base na freqüência de indivíduos por classe
de tamanho, o trecho Tanque apresenta distribuição ligeiramente diferente em relação ao
trecho Controle. Ainda, constata-se que ambos os trechos apresentam o maior número de
indivíduos capturados na classe de 15,8 cm (Figura 12 – A). Em relação aos machos, o maior
número de exemplares está na classe de 17,2 cm e 14,7 cm para o trecho Tanque e Controle
respectivamente (Figura 12 – B). Para as fêmeas, observa-se maior número de indivíduos na
classe de 20,1 cm para trecho Tanque, e na classe de 17,6 cm para o trecho Controle (Figura
12 – C). Em relação às diferenças entre machos e fêmeas oriundas do mesmo trecho observa-
se que as fêmeas possuem distribuição mais uniforme que os machos. Ainda, os machos
apresentam o maior número de indivíduos capturados na classe de 15,1 cm para ambos os
trechos, enquanto que as fêmeas do trecho Tanque apresentam o maior número de indivíduos
na classe de 23,1 cm, e as do trecho Controle, na classe de 17,6 cm (Figura 12 - D e E).
105
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Figura 12. Distribuição de freqüência por classes de tamanho (comprimento padrão) de
Pimelodus maculatus. A) Machos (Tanque x Controle); B) Fêmeas (Tanque x Controle); C)
M+F+I (Tanque x Controle); D) Machos x Fêmeas (Tanque) e; E) Machos x Fêmeas
(Controle) (ns = valores estatisticamente iguais).
0
20
40
60
Númerodeindivíduos(%)
Machos(Tanque) meas(Tanque)
D
0
20
40
60
Númerodeindivíduos(%)
Machos(Controle) Fêmeas(Controle)
E
0
20
40
60
Númerodeindivíduos(%)
M+F+I(Tanque) M+F+I(Controle)
A
0
20
40
60
Númerodeindivíduos(%)
Machos(Tanque) Machos(Controle)
B
0
20
40
60
Númerodeindivíduos(%)
Fêmeas(Tanque) meas(Controle)
C
106
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Discussão
As pisciculturas em tanques-rede aportam recursos na forma de matéria orgânica e
energia à teia trófica do meio aquático, servindo de atrativo para vários organismos
(BEVERIDGE, 2004). Pode-se especificar, como sendo alimento de forma direta os restos de
ração e fezes, e indireta, algas, zoobentos e peixes forrageiros atraídos pela atividade. Ainda,
a estrutura física desse sistema de piscicultura pode servir como abrigo e refúgio a diferentes
componentes da biota (BEVERIDGE, 1984 e 1996).
Elucidando a questão do aporte direto de alimento têm-se primeiramente o recurso
de origem alóctone, como restos de ração. Esse é disponibilizado diretamente durante o
arraçoamento dos peixes em cultivo, que na maioria dos casos é realizado de forma manual
com rações extrusadas (flutuantes), o que possibilita perdas devido a falhas inerentes do tipo
de manejo. Ainda, ressalta-se que parte do alimento ingerido pelos peixes em cultivo, é
eliminado na forma de excretas (fezes e metabólitos), que também são aproveitados pela
ictiofauna residente que ocupa áreas próximas aos tanques (HÅKANSON, 2005). Desta
maneira, uma vez que parte da ração não é totalmente aproveitada pelos animais em cultivo,
estima-se que até 30% pode ser perdida para o meio aquático, podendo ser aproveitada pelo
biota local (BEVERIDGE, 2004).
Quanto ao aporte indireto, estudos relacionados à aqüicultura marinha e
continental, relatam que há um maior número de organismos fitoplanctônicos, organismos
bentônicos e peixes nas áreas próximas aos empreendimentos de pisciculturas em tanques-
rede, devido à disponibilidade de alimento (MENEZES & BEYRUTH, 2003; NICKELL et
al., 2003; HONKANEN & HELMINEM, 2000; BEVERIDGE, 1996; BOYRA et al., 2004;
DEMPSTER et al., 2002; HÅKANSON, 2005; GIANNOULAKI, 2005; MACHIAS et al.,
2004; KUTTI, 2008). Ainda, esses mesmos autores, relatam que para tanques-rede marinhos e
de água doce, ocorre um aumento seletivo dos organismos, ou seja, há um aumento na
107
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
abundância de algumas espécies, não ocorrendo aumento na diversidade da comunidade
(riqueza de espécies).
Com base nos resultados do presente trabalho, observa-se uma abundância
significativamente superior em número de exemplares e biomassa da espécie Pimelodus
maculatus no trecho Tanque em relação ao trecho Controle. Este fato explica-se com a
literatura citada anteriormente, ou seja, a maior abundância de Pimelodus maculatus nas áreas
próximas aos sistemas de piscicultura, esta diretamente relacionada com a maior
disponibilidade de recursos alimentares. Sendo assim, os animais buscam áreas próximas aos
tanques, devido a continua e maior disponibilidade de alimento de origem alóctone (ração e
fezes) ou autóctone (algas, zoobentos e peixes forrageiros atraídos). Para reforçar essa
hipótese, avaliação do conteúdo estomacal de Pimleodus maculatus capturados junto aos
tanques-rede, detectou quantidades significantes de restos de ração (capítulo I).
Ainda, NIKOLSKY (1969) e CUSHING (1981), relatam que para os peixes a
quantidade e a qualidade do alimento ingerido determinam suas características de
fecundidade, taxa de crescimento, tempo de maturidade de suas gônadas e a longevidade.
Sendo assim, pode-se inferir que a presença de indivíduos com maior peso e comprimento em
relação aos capturados no trecho Controle, esta relacionada tanto à maior disponibilidade
quanto à qualidade do alimento ingerido nas proximidades do sistema de cultivo em tanques-
rede, uma vez que a ração fornecida aos peixes em cultivo possui ingredientes (proteínas,
lipídeos, sais minerais e vitaminas) necessários ao bom crescimento e engorda dos animais.
Quanto à análise por sexo, observa-se que as fêmeas apresentam maior
comprimento padrão e peso total em relação aos machos tanto no trecho Tanque como no
trecho Controle. Este fato já era esperado, uma vez que as fêmeas da espécie Pimelodus
maculatus apresentam maiores comprimentos e pesos em relação aos machos (BRAGA,
2000; GODINHO et al., (1977); FENERICH et al., 1975). Quanto à proporção entre os sexos,
108
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
constatou-se uma maior proporção de fêmeas em relação aos machos, nos dois trechos
estudados. VAZZOLER (1996) discute que a proporção entre os sexos em peixes varia ao
longo do ciclo de vida em função de eventos sucessivos, que atuam de modo distinto sobre os
indivíduos de cada sexo. Em muitos casos observa-se, para a população uma proporção de
1:1, mas, quando a análise é aprofundada, pode ocorrer predomínio das fêmeas (VAZZOLER,
1996). Ainda, NIKOLSKY (1969), coloca que o número de fêmeas de uma população, é um
dos principais fatores que governam as dimensões de uma classe anual de peixes ovulíparos e
ovíparos. Sendo assim, um maior número de fêmeas, viabiliza um maior número de oócitos,
podendo assim, haver um maior sucesso no recrutamento.
Neste contexto, outro fato observado é que durante o período de estudo foram
capturadas poucas fêmeas maduras (10 indivíduos) em ambos os trechos (Tanque e Controle)
reforçando as informações que a espécie faz migrações reprodutivas, buscando tributários e
trechos lóticos (VAZZOLER, 1996; DEITOS, 2002; AGOSTINHO et al., 2007). Sendo
assim, infere-se que certamente essa população de Pimelodus maculatus estaria utilizando as
áreas próximas aos tanques e/ou o corpo principal da represa, somente como habitats de
alimentação. Reforçando esta hipótese, BRAGA (2001), relata que na represa de Volta
Grande – MG, a análise conjunta da intensidade reprodutiva, proporção entre jovens e adultos
e valores médios dos graus de repleção e de gordura acumulada para Pimelodus maculatus,
indicou ausência de atividade reprodutiva no corpo principal desta represa, estando ela
relacionada apenas com a alimentação e crescimento. Ainda, SUZUKI & AGOSTINHO
(1997) destacam que a antiga condição do rio, antes de seu barramento, condicionava as
características adaptativas das espécies com relação à reprodução.
Em relação à dinâmica do crescimento, várias evidências mostram claramente o
efeito indutivo da atividade de piscicultura sobre os parâmetros de crescimento dessa espécie.
Primeiramente, pode-se citar o tipo de crescimento, onde os exemplares do trecho Tanque
109
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
apresentam crescimento alométrico positivo, atingindo maiores comprimentos em relação ao
trecho Controle onde o crescimento é isométrico. Ainda, os exemplares de Pimelodus
maculatus oriundos do trecho Tanque possuem maior taxa de crescimento (k) em relação aos
do Controle, conforme pode ser evidenciado nas expressões matemáticas das curvas de
crescimento em comprimento e em peso. Neste sentido, pode-se inferir que os animais
agregados ao trecho Tanque, apresentam valores superiores nos parâmetros do crescimento
(maiores tamanhos, taxa de crescimento e alometria positiva), em decorrência do fluxo
contínuo de matéria e energia (alimento) e o seu aproveitamento no trecho sob influência de
sistemas de piscicultura em tanques-rede.
Adicionalmente, reforçando essa hipótese NIKOLSKY (1969) e CUSHING
(1981), argumentam que o início de primeira maturação gonadal em peixes, esta relacionado,
geralmente, com um determinado tamanho do animal. Desta maneira, analogamente pode-se
supor que as populações de Pimelodus maculatus agregados às áreas próximas aos tanques,
devem alcançar o tamanho de primeira maturação das gônadas precocemente, isto é, antes das
populações sem influência dessa atividade zootécnica. Sendo assim, pode-se supor que
exemplares de mesmo tamanho e sexo, mas de trechos distintos (Tanque e Controle), devem
ter idades diferentes, sendo os do Tanque, mais jovens. Neste sentido, uma vez que os
indivíduos oriundos do trecho Tanque crescem mais, atingem o tamanho de primeira
maturação gonadal e reproduzem mais precocemente, coloca-se outra hipótese, onde a parcela
da população que ocupa as adjacências dos tanques-rede pode possuir uma maior taxa de
recrutamento (mais descendentes) em relação à parcela do trecho Controle.
Para o fator de condição tamm se constata que os exemplares do trecho
Tanque, apresentam melhores condições somáticas em relação aos do trecho Controle. Mais
uma vez, isso deve estar correlacionado com a maior e contínua disponibilidade de recursos
alimentares de alta qualidade (rações balanceadas) decorrente da atividade de piscicultura em
110
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
tanques-rede, ao longo do tempo. Reforçando essa hipótese, pode-se observar que mesmo
durante o período mais frio (inverno) o fator de condição dos exemplares agregados aos
tanques-rede não sofrem queda acentuada, ao contrário do que é observado no trecho
Controle. Ainda, pode-se inferir que estas melhores condições somáticas, podem ter reflexos
no recrutamento de novos indivíduos nessa parcela da população, uma vez que NIKOLSKY
(1969) discute que o forrageamento realizado nos meses que precedem o início do período
reprodutivo interfere diretamente sobre o sucesso da estação reprodutiva. Por outra óptica,
constatou-se que não há diferenças significativas entre machos e fêmeas oriundos do mesmo
trecho para essa variável. Isto demonstra que em ambos os sexos, as interferências ambientais
específicas de cada trecho, atuam de forma similar, definindo suas táticas do ciclo de vida.
Quando se observa os resultados por período seco e chuvoso, se verifica que há
diferenças significativas entre estes. Estudo complementar (capitulo I) sobre a dieta de
Pimelodus maculatus agregados aos tanques-redes demonstra que, apesar da maior
disponibilidade do recurso alóctone (ração) a espécie não deixa de aproveitar os recursos
naturais (autóctones). Por exemplo, pode-se constatar que durante o período de chuvas, a
espécie consome maior quantidade de peixes em relação ao período de seca, independente do
trecho, o que pode ser um dos motivos da diferença entre estes períodos. Outro fato, é que o
período reprodutivo de Pimelodus maculatus coincide com o chuvoso (de outubro a março)
(GODINHO et al., 1977; VAZZOLER, 1996), no qual as fêmeas apresentam maiores valores
de índice gonadossomático com reflexos no fator de condição, como também discutido por
LIMA-JUNIOR & GOITEIN (2006). Ainda, pode-se elencar que as atividades de
piscicultura são mais intensas nesse período (outubro a março), no qual os peixes em cultivo
estão mais ativos e, portanto alimentam-se mais. Conseqüentemente, há um maior aporte de
ração e efluentes ao ecossistema aquático, aumentando assim a disponibilidade de matéria e
111
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
energia para todo o biota adjacente, onde Pimelodus maculatus, aproveita diretamente este
recurso alóctone (capítulo I).
Conforme discutido anteriormente, a análise do fator de condição relativo
agrupado (machos, fêmeas e indefinidos) também demonstra que os exemplares de cada
trecho estão com seus pesos dentro do esperado para as condições ambientais específicas de
cada trecho, ou seja, o fator de condição relativo é igual a 1 tanto no trecho Tanque como no
Controle. Entretanto, observam-se diferenças significativas quando se compara ambientes
diferentes (Tanque e Controle), sendo que no trecho Tanque os exemplares apresentam maior
fator de condição relativo, sendo que tal situação mais uma vez relaciona-se diretamente com
a disponibilidade de alimento de forma contínua durante todo o ano.
Outro enfoque analisado foi à estrutura populacional com base no comprimento
padrão. Neste sentido, BRAGA, (2000); GODINHO et al., (1977); e FENERICH et al.,
(1975), demonstram que as fêmeas dessa espécie possuem maiores comprimentos, como
também observado no presente trabalho. Ainda, os dados do presente trabalho demonstram
que as fêmeas possuem uma distribuição mais uniforme por classes de tamanho que os
machos. Também, os machos apresentam uma maior freqüência relativa de indivíduos (n) nas
classes de 14,7 cm (Controle) e 17,2 cm (trecho Tanque), sendo que nas classes subseqüentes
há uma drástica diminuição amostral. Isso indica que há algum fator ambiental ou genético
atuando seletivamente sobre os machos, fazendo com que ocorra esta diminuição. Entretanto,
esta questão fica em aberto, necessitando de estudos mais detalhados. Ainda, ressalta-se que o
maior número de exemplares foram capturados na classe de 15,8 cm, tanto para o trecho
Tanque como para o Controle. Com base neste resultado, verifica-se que a classe de tamanho
mais representativa da população de Pimelodus maculatus da represa de Chavantes possui
menor comprimento, quando comparada com populações de outras represas brasileiras. Neste
sentido podem-se citar os trabalhos de BRAGA (2000), na represa de Volta Grande – MG
112
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
onde o maior número de indivíduos capturados pertencem as classes de tamanho de 26,6 e
31,6 cm. BRAGA (1995) na represa de Barra Bonita – SP verificou o maior número de
capturas nas classes de tamanho de 21 e 24 cm e BARBOSA et al., (1988) observaram o
maior número de exemplares coletados nas classes de 15 e 19 cm na represa de Bariri – SP.
Assim, como as amostragens foram realizadas com artes de pesca semelhantes, as diferenças
encontradas devem estar relacionadas à plasticidade de crescimento da espécie em diferentes
ambientes (BRAGA, 2000). Ainda, o fato da represa de Chavantes – SP apresentar o maior
número de indivíduos de Pimelodus maculatus em uma classe de tamanho menor que das
outras represas citadas, pode estar relacionado ao fato desta represa ser oligotrófica (NEVES,
2008), apresentado baixos teores de nutrientes e conseqüentemente baixa produção primária,
o que impede que níveis superiores da cadeia trófica obtenham melhor desenvolvimento.
113
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Conclusões
Com base nesses resultados, constata-se que os exemplares de Pimelodus
maculatus atraídos para as adjacências dos sistemas de pisciculturas em tanques-rede, estão
aproveitando os restos de ração disponibilizados pelo manejo zootécnico, que possibilita
maior crescimento somático. Pode-se concluir que as pisciculturas em tanques-rede induzem a
significativas alterações na estrutura populacional dessa espécie de peixe nativo.
114
Dinâmica populacional de Pimelodus maculatus, sob influência de sistemas de piscicultura em
tanques-rede. - Autor: Igor Paiva Ramos
Referências
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120
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei, Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
Considerações finais
Diversos autores relatam os impactos da atividade de pisciculturas em tanques-
rede sobre o ecossistema aquático. Estes impactos causam interferências na qualidade da
água, nas comunidades bentônicas, planctônicas e peixes. Entretanto, há poucas evidências da
perda da qualidade da água em decorrência da implantação de sistemas de pisciculturas em
tanques-rede. Neste sentido, conforme apresentado nesta dissertação, os efluentes emitidos
por essa atividade, certamente estão sendo ciclados pela biota residente. Portanto, um
importante serviço ambiental ao ecossistema esta sendo realizado no que se refere à
eutrofização.
Entretanto, sob a óptica do trinômio (responsabilidade social, econômica e
ambiental) é necessário efetivo ordenamento dessa atividade por órgãos gestores e
fiscalizadores. Isso se faz necessário, porque, apesar de ainda poucos, há casos de perda de
qualidade ambiental em decorrência das deficiências técnicas e correlatas no gerenciamento
desses empreendimentos. Por exemplo, estudo limnológico paralelo na represa de Chavantes,
enfocando variáveis físico-químicas e nutrientes, demonstrou que já existem diferenças
preocupantes entre o trecho tanque e área referencial. Também, a questão do uso de espécies
não-nativas (tilápias e outras) com seus inerentes escapes e estabelecimentos, induzem graves
danos à biodiversidade local.
Com base nessa situação pode-se concordar que a complexa atividade exige de
seus executores e gestores, dentre outros, aprendizados constantes, assistência técnica
especializada e contínua e principalmente suporte científico, conforme defende AGOSTINHO
et al. (2007).
121
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus (Teleostei, Siluriformes), sob influência
de sistemas de piscicultura em tanques-rede. – Autor: Igor Paiva Ramos
Anexos
Figura 01: Conteúdo estomacal de Pimelodus maculatus do trecho Tanque.
Figura 02: Perifíton em tanque-rede da piscicultura de Chavantes/Timburi.
122
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus, da fauna agregada a sistemas de
piscicultura em tanques-rede. – Aluno: Igor Paiva Ramos
Figura 03: Aves atraídas pelo sistema de piscicultura em tanques-rede de Chavantes/Timburi.
Figura 04: Pescador artesanal atraído pela abundância de peixes ao redor da piscicultura de
Fartura.
123
Aspectos da biologia populacional de Pimelodus maculatus, da fauna agregada a sistemas de
piscicultura em tanques-rede. – Aluno: Igor Paiva Ramos
Figura 05: Sistema de piscicultura em tanques-rede de Chavantes/Timburi.
Figura 06: Sistema de piscicultura em tanques-rede de Fartura.
124
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