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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
AVALIAÇÃO DE LARANJEIRAS DOCES QUANTO À
QUALIDADE DE FRUTOS, PERÍODOS DE MATURAÇÃO E
RESISTÊNCIA A
Guignardia citricarpa
Patrícia Ferreira Cunha Sousa
Engenheira Agrônoma
JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL
Fevereiro de 2009
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
AVALIAÇÃO DE LARANJEIRAS DOCES QUANTO À
QUALIDADE DE FRUTOS, PERÍODOS DE MATURAÇÃO E
RESISTÊNCIA A
Guignardia citricarpa
Patrícia Ferreira Cunha Sousa
Orientador: Prof. Dr. Antonio de Goes
Tese apresentada à Faculdade de Ciências
Agrárias e Veterinárias/UNESP - Campus de
Jaboticabal, para a obtenção do título de
Doutor em Agronomia - Área de Concentração
em Genética e Melhoramento de Plantas.
JABOTICABAL – SÃO PAULO – BRASIL
Fevereiro de 2009
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Sousa, Patrícia Ferreira Cunha
S725a Avaliação de laranjeiras doces quanto à qualidade de frutos,
períodos de maturação e resistência a
Guignardia citricarpa/ Patrícia
Ferreira Cunha Sousa. – – Jaboticabal, 2009
xii, 89 f.; 28 cm
Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias, 2009
Orientador: Antonio de Goes
Banca examinadora: Eduardo Sanches Stuchi, Kátia Cristina
Kupper, Gener Tadeu Pereira, Marcel Bellato Spósito
Bibliografia
1. Citrus sinensis. 2. Guignardia citricarpa. 3. Resistência. 4.
Maturação. I. Título. II. Jaboticabal - Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias.
CDU 634.31:632.938
Ficha catalográfica elaborada pela Seção Técnica de Aquisição e Tratamento da Informação –
Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação - UNESP, Câmpus de Jaboticabal.
iv
DADOS CURRICULARES DA AUTORA
PATRÍCIA FERREIRA CUNHA SOUSA-
nascida em 29 de Dezembro de
1980, em Imperatriz - MA, é Engenheira Agrônoma formada pela Universidade
Federal de Lavras, Lavras - MG, em 24 de Janeiro de 2003. Foi bolsista de
Iniciação Científica pelo Programa PIBIC/CNPq (Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico) por três anos. Em 2003, ingressou no
curso de Pós-Graduação em Agronomia, Área de Concentração em Fitopatologia,
na UFLA, Lavras - MG, como bolsista CNPq. Em 2005 concluiu mestrado
honrosamente na UFLA, no curso de Agronomia (Fitopatologia) com a dissertação
intitulada
Identificação Molecular e Indução de lia no Patossistema
Phakopsora pachyrhizi x Soja”. No mesmo ano, 2005, ingressou no curso de
Pós-Graduação em Agronomia, Área de Concentração em Genética e
Melhoramento de Plantas, no Departamento de Fitossanidade da UNESP
(Universidade Estadual Paulista), Campus de Jaboticabal.
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“Se você sonha com alguma coisa, pode realizá-la”
Walt Disney
“O segredo de andar sobre a água é saber onde estão as pedras”
H. L. Mencken
“Aquele que não consegue mudar a estrutura de seus próprios pensamentos
jamais conseguirá mudar a realidade
Anwar El Sadat
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Dedico essa tese a...
Meus amados pais, Lúcia e Raimundo, minha querida e única irmã Letícia
Meus avós maternos, Filomena e Adão (in memoriam)
e
avós paternos, Angelina e José (in memoriam)
E a toda minha família com muito amor e carinho...
iii
AGRADECIMENTOS
À Universidade Estadual Paulista (UNESP/FCAV), pela oportunidade de
realização do doutorado.
Ao Prof. Dr. Antonio de Goes
, pela amizade e orientação.
À Deus, por me abençoar, iluminar meus caminhos e me proteger em todos os
momentos da minha vida.
Aos meus pais, Lúcia de Fátima e Raimundo, pelos ensinamentos de vida que me
deram, por todo sacrifício e renúncia, pois saí de casa muito jovem e tiveram que
conviver com minha ausência e por acreditarem em mim e me apoiarem acima de
tudo.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela
concessão da bolsa de estudo.
Ao Grupo JF Citrus com seus técnicos responsáveis, pelo auxílio na condução dos
experimentos e pela concessão das instalações e materiais para realização do
experimento.
Ao proprietário da Fazenda Santa Helena, em Rincão, SP, na pessoa do Sr.
Laurindo, e o técnico agrícola responsável, Alécio, pelo apoio na condução dos
ensaios, pela concessão das instalações e materiais para realização desse
trabalho.
Aos amigos do Laboratório de Fitopatologia, Andressa, Fernanda, Gabriella,
Marcelo, Rachel, Taís e Vanessa, pela amizade e bons momentos compartilhados.
Em especial a Ronilda, Eliana e Luiz, pelo auxílio na implantação e avaliação dos
experimentos.
iv
Aos professores do Departamento de Fitossanidade, pelos valiosos
conhecimentos transmitidos, em especial às Professoras Dra. Rita de Cássia
Panizzi e Margarete Camargo pelo apoio e amizade sempre presentes.
Ao Professor Dr. Antônio Sérgio Ferraudo do Departamento de Ciências Exatas da
FCAV/UNESP, pelas sugestões e auxílio nas análises estatísticas.
Aos funcionários do Departamento de Fitossanidade, Ângela, Dionísio, Isabel
(Bel), Gilson, Natalina (Naná), Rosângela (Rô), Reinaldo e Vanderlei, pelo carinho,
auxílio, atenção e disposição.
À Ester Wickert pela elaboração do ABSTRACT, amizade e dicas úteis que me
ajudaram muito na confecção dessa tese.
Aos amigos de Mossoró, RN, Jean e Lonjoré, pela força, companheirismo e
amizade em todos os momentos. E os demais amigos nordestinos que aqui vêm
para realizar seu curso de pós-graduação, com toda a garra e força natas da
nossa amada região.
À minha amiga Dirce Renata, técnica do laboratório de tecnologia de alimentos da
UNESP-FCAV, pelo apoio incondicional nas horas mais difíceis da minha vida e
seus conselhos valiosos, e também a todas as pessoas que direta ou
indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho.
OBRIGADA!
v
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS
.......................................................................................
Viii
LISTA DE FIGURAS........................................................................................
Ix
CAPÍTULO 1
..................................................
1. INTRODUÇÃO GERAL................................................................................
2. REVISÃO DE LITERATURA........................................................................
2.1 A mancha preta dos citros..........................................................................
2.2 O agente causal Guignardia citricarpa.......................................................
2.3 Banco de germoplasma de citros...............................................................
2.4 Características físicas e químicas dos frutos cítricos.................................
2.4.1 Acidez total..............................................................................................
2.4.2 Sólidos solúveis (Brix).............................................................................
2.4.3 Relação entre sólidos solúveis e acidez – “ratio”....................................
2.4.4 Ácido ascórbico.......................................................................................
2.4.5 Crescimento dos frutos............................................................................
2.5 Maturação dos frutos cítricos.....................................................................
2.5.1 Clima x maturação dos frutos cítricos.....................................................
2.6 Resistência a Guignardia. citricarpa...........................................................
2.7 Análise de agrupamento.............................................................................
2.8 Análise de componentes principais (ACP).................................................
3. REFERÊNCIAS ...........................................................................................
CAPÍTULO 2 – AVALIAÇÃO DE LARANJEIRAS DOCES QUANTO À
QUALIDADE DE FRUTOS
RESUMO..........................................................................................................
ABSTRACT......................................................................................................
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................
1
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10
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2. MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................
2.1 Montagem e locais dos ensaios.................................................................
2.2 Genótipos avaliados...................................................................................
37
37
37
vi
2.3 Características físicas................................................................................
2.3.1 Peso do fruto (PF)...................................................................................
2.3.2 Peso do suco (PS)...................................................................................
2.3.3 Rendimento de suco (RS).......................................................................
2.3.4 Morfologia externa e interna dos frutos...................................................
2.4 Qualidade de frutos para indústria.............................................................
2.4.1 Extração do suco.....................................................................................
2.4.2 Sólidos solúveis (°Brix)............................................................................
2.4.3 Acidez titulável.........................................................................................
2.4.4 Relação sólida solúveis/acidez (“ratio”)...................................................
2.4.5 Ácido ascórbico.......................................................................................
2.5 Análises multivariadas................................................................................
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................
3.1. Características físicas...............................................................................
3.2. Qualidade de frutos para indústria............................................................
4. CONCLUSÕES............................................................................................
5. REFERÊNCIAS ...........................................................................................
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59
CAPÍTULO 3 PERIODOS DE MATURAÇÃO E RESISTÊNCIA A
Guignardia citricarpa
RESUMO..........................................................................................................
ABSTRACT......................................................................................................
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................
2. MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................
2.1 Períodos de maturação de laranjeiras doces.............................................
2.1.1 Genótipos avaliados................................................................................
2.1.2 Características químicas.........................................................................
2.2 Resistência a Guignardia citricarpa............................................................
2.2.1 Genótipos avaliados................................................................................
2.2.2 Avaliação da severidade dos sintomas causados por
Guignardia
citricarpa...........................................................................................................
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67
67
67
68
68
68
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vii
2.3 Análises multivariadas................................................................................
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................
3.1. Períodos de maturação de laranjas doces................................................
3.2. Resistência a Guignardia citricarpa...........................................................
3.2.1 Avaliação safra 2007...............................................................................
3.2.2 Avaliação safra 2008...............................................................................
3.2.3 Maturação x índice de doença (ID).........................................................
4. CONCLUSÕES............................................................................................
5. REFERÊNCIAS............................................................................................
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72
72
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78
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84
84
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.
Estimativa dos autovalores associados aos componentes
principa
is, juntamente com sua importância relativa e
acumulada, referentes às nove variáveis físicas avaliadas em 58
genótipos de laranjeiras doces.
43
Tabela 2. Correlação entre cada componente principal e as características
físicas dos frutos dos genótipos de laranjeiras doces avaliados.
44
Tabela 3. Escores relativos às variáveis do primeiro componente principal
(MI-CP1), mercado
in natura,
resultante das avaliações
realizadas nos genótipos de laranjeiras doces, safra 2008
46
Tabela 4. Estimativa dos autov
alores associados aos componentes
principais, juntamente com sua importância relativa (raiz %) e
acumulada, referentes às sete variáveis industriais avaliadas em
58 genótipos de laranjeiras doces.
Tabela 5. Correlação entre cada componente principal e as características
industriais dos frutos de 58 genótipos de laranjeiras doces
Tabela 6. Escores relativos às variáveis do primeiro componente principal
(INDUST-CP1), resultante das avaliações realizadas em
genótipos de laranjeiras doces, safra 2008.
Tabela 7. Características médias obtidas para o processamento industrial de
laranja doce. Segundo Nonino (1995) e Donadio et al., 1999.
Tabela 8.. Escores relativos às variáveis do segundo componente principal
(N-CP2), resultante das avaliações realizadas em genótipos de
laranjeiras doces, safra 2008
Tabela 9. Análise de variância para as variáveis, acidez, Brix e “ratio”, de
frutos pertencentes aos grupos de maturação (I, II e III) definidos
pela análise não-hierárquica de agrupamento
k-means
Tabela 10. Índice de severidade (ID) da mancha preta dos citros em
genótipos de laranjeiras doces, em Rincão (SP) e Tambaú (SP),
nas safras 2007 e 2008
Tabela 11. Relação entre grupos e os genótipos que se mostraram
altamente suscetíveis (ID
1,35 para Hamlin, em Rinc
ão) e
(ID
0,84 para Hamlin, em Tambaú) em função dos períodos de
maturação
50
50
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Página
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.
Dispersão (gráfico biplot
) das características físicas dos frutos
cítricos e genótipos de Laranjas doces. CASCA
: espessura da
casca, DIAM: diâmetro do fruto, PERIM: perímetro do fruto, ALB
:
espessura do albedo, ALT: altura do fruto, P.T.F
: peso total do
fruto, POLPA: espessura do endocarpo(polpa), R.S
: Rendimento
de suco. N. SEM: número de sementes.
45
Figura 2.
Dispersão (gráfico biplot) das características tecnológicas dos
frutos cítricos e genótipos de laranjeiras doces. SST/ATT-
“ratio”.
SST- °Brix. ATT- acidez titulável. VIT. C- ácido ascórbico. R.S-
rendimento de suco. IT- índice tecnológico.
52
Figura 3.
Escala diagramáti
ca para avaliação de severidade (%) de mancha
preta dos citros (G. citricarpa). A parte superior corresponde ao
sintoma tipo mancha preta (Notas 1, 2, 3, 4, 5 e 6) e a parte inferior
aos sintomas do tipo falsa melanose (Notas 1, 2, 3, 4, 5 e 6).
70
Figur
a 4.
Dendrograma do agrupamento hierárquico para laranjas doces,
obtido por meio de análise das variáveis ºBrix, acidez e “ratio”,
aos 15, 30 e 45 dias após o início da colheita dos frutos.
73
Figura 5.
Médias padronizadas das variáveis que caracterizam a
maturação das laranjas doces para cada grupo, segundo
análise de agrupamento não-hierárquica
k-means. Acidez,
ºBrix e “RATIO” = ºBrix/acidez.
76
Página
1
1. INTRODUÇÃO GERAL
A laranja constitui-se na fruta mais produzida no mundo, com uma produção
estimada de 80 milhões de toneladas. Embora produzida em cerca de 100 países,
a produção concentra-se principalmente no Brasil e Estados Unidos, os quais
ocupam o primeiro e segundo lugares, respectivamente. A área citrícola brasileira
em 2008 foi de aproximadamente 850 mil ha, com a produção de 18 milhões de
toneladas, correspondendo a 25% da produção mundial. Cerca de 70% da
produção brasileira e 77% da produção americana são destinadas à
industrialização (FAO, 2008).
No Estado de São Paulo, a citricultura ocupa uma área aproximada de 800
mil hectares (AGRIANUAL, 2008). Cerca de 80% dessa produção é destinada à
industrialização, cujo suco produzido é exportado para vários países,
especialmente os pertencentes à União Européia e Ásia (ABECITRUS, 2009).
Além de ser responsável por cerca de 400 mil empregos diretos e indiretos,
apenas no Estado de São Paulo esse setor gera divisas superiores a 2 bilhões de
dólares por ano (AGRIANUAL, 2008). em relação às exportações de frutas
frescas a participação do Brasil ainda é incipiente. Na última safra, 2007/08, o
volume exportado foi de 50 mil toneladas (ABECITRUS, 2009).
Não obstante a importância econômica e social que representa a citricultura
para o País, este setor ressente-se de vários problemas de natureza fitossanitária,
onde se insere especialmente a mancha preta dos frutos cítricos (MPC).
A MPC é uma doença quarentenária A1 para os países da Comunidade
Européia e Estados Unidos da América, constituindo, assim, em fator limitante às
exportações brasileiras.
A MPC é causada pelo fungo
Guignardia citricarpa Kiely, cuja fase
anamórfica corresponde a
Phyllosticta citricarpa McAlpine. O teleomorfo
desenvolve-se em folhas de citros caídas, onde são produzidos os ascósporos,
2
principal agente de disseminação da doença (KIELY, 1948a; 1948b; 1949;
McONIE 1964a; 1964b; 1965; 1967; KOTZÉ, 1981; 1988; 1996; SCHUTTE et al.,
1997).
A MPC pode ser originada por duas vias de infecção: os conídios e os
ascósporos. Os primeiros são produzidos principalmente em frutos sintomáticos,
em folhas ainda aderidas às plantas ou nas caídas sobre o solo, e em ramos
mortos. Os ascósporos são produzidos apenas nas folhas caídas e em início de
decomposição (KOTZÉ, 1981).
Normalmente os sintomas da doença caracterizam-se pela presença de
lesões necróticas pequenas, com centro acinzentado e bordas bem definidas, de
coloração marrom-escuras. É uma doença quase que exclusiva de frutos (KOTZÉ,
1981).
Praticamente todas as espécies cítricas de importância econômica são
suscetíveis ao patógeno. Apenas a laranja azeda (
Citrus aurantium L.) e seus
híbridos (KOTZÉ, 1981) mostram-se resistentes ao fungo, enquanto na limeira
ácida ‘Tahiti’ (
C. latifolia Tan.), embora não apresente sintomas em folhas e em
frutos, o fungo é encontrado nesses tecidos, sendo, pois, considerada uma
espécie insensível ao fungo (BALDASSARI et al., 2008).
Esse trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade de frutos de laranjeiras
doces, em termos de características físicas e químicas, além da determinação dos
períodos de maturação e resistência a
Guignardia citricarpa.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2. 1. A mancha preta dos citros
A mancha preta dos citros (MPC) é causada pelo fungo Guignardia
citricarpa
Kiely e se constitui em doença quarentenária A1 para os países da
Comunidade Européia e Estados Unidos da América. Tal doença foi verificada
pela primeira vez em 1895, na Austrália, causando perdas consideráveis em frutos
de laranjeira ‘Valência’, tanto em fase de pré como em pós-colheita. Atualmente,
essa doença encontra-se assinalada em vários países da África (Moçambique,
Zimbábue, África do Sul), Ásia (China, Coréia, Hong-Kong, Filipinas, Taiwan,
Japão), Oceania (Austrália) (SUTTON & WATERSTON, 1966) e América do Sul
(Argentina, Peru, Uruguai e Brasil). Dentre estes países, as maiores perdas têm
sido registradas na África do Sul, Argentina e principalmente no Brasil
(FEICHTENBERGER, 1996; KOTZÉ, 1996).
No Brasil, a mancha preta foi descrita inicialmente no Estado de São Paulo,
em frutos cítricos coletados no mercado municipal de Piracicaba, entre 1938 e
1940 (AVERNA-SACCÁ, 1940). No início da década de 80, sua ocorrência foi
verificada no Estado do Rio de Janeiro, atingindo pomares cítricos de vários
municípios produtores da Baixada Fluminense (ROBBS et al., 1980). Segundo
esses autores, nesse período os prejuízos eram notáveis, especialmente em
mexerica ‘do Rio’ (
Citrus deliciosa Tenore K.). Em 1992, sintomas da doença
foram verificados em pomares cítricos do Estado de São Paulo, na região
compreendida pelos municípios de Conchal e Mogi-Guaçu (GOES &
FEICHTENBERGER, 1993). Atualmente, além desses Estados, a MPC encontra-
se presente no Espírito Santo (COSTA et al., 2003), Minas Gerais (BALDASSARI
et al., 2004), Santa Catarina (ANDRADE et al., 2004), Amazonas (GASPAROTTO
et al., 2004) e Paraná (CAIXETA et al., 2005).
4
O fungo infecta principalmente os frutos, os quais, quando severamente
afetados, ficam impróprios ou totalmente depreciados para o mercado de fruta
fresca. As perdas provocadas podem ser enormes, principalmente em limões e
laranjas doces de maturação tardia. Em ataques severos, os frutos podem cair
prematuramente. A suscetibilidade dos frutos corresponde ao período da queda
das pétalas a até, no mínimo, 20-24 semanas (KLOTZ, 1978; GOES, 1998;
BALDASSARI et al., 2006). Posteriormente, os frutos tornam-se resistentes
(KELLERMAN & KOTZÉ, 1977).
São relatados seis tipos de sintomas de MPC, tais como: mancha preta ou
mancha dura, falsa melanose, mancha sardenta, mancha virulenta (HERBERT,
1989), mancha trincada (GOES et al., 2000) e mancha rendilhada (AGUILAR-
VILDOSO et al., 2002). Os sintomas do tipo mancha preta ou mancha dura são os
sintomas mais freqüentes e, normalmente são os primeiros a serem observados
quando do início da doença em uma nova área de ocorrência. Os mecanismos
envolvidos na manifestação dos sintomas ainda não são compreendidos.
Entretanto, a expressão e magnitude dos sintomas podem ser favorecidos por
vários fatores, dos quais os mais importantes são a luz solar intensa e as altas
temperaturas (KOTZÉ, 1981), fonte de inóculo, suscetibilidade do tecido no
momento da infecção e condições climáticas prevalecentes durante e após o início
da infecção.
Nos frutos, as lesões restringem-se à casca, prejudicando, dessa forma,
sua aparência, inviabilizando a sua comercialização para o mercado de frutas
frescas (MAUCH-MANI & METRAUX, 1998). No entanto, não altera qualidade
cão negativa na qualidade interna dos frutos (FAGAN & GOES, 2000).
A doença apresenta um longo período de incubação, desde frutos muito
jovens a até no mínimo 24 semanas após a queda de pétalas (BALDASSSARI et
al., 2006). Os primeiros sintomas normalmente aparecem no início da maturação
dos frutos, o que pode ser muito tarde para o controle do patógeno (GOES et al.,
1990).
5
2. 2. O agente causal Guignardia citricarpa
O fungo Guignardia citricarpa é específico de citros (BAAYEN et al., 2002) e
apresenta os ciclos primário e secundário bem distintos. O ciclo primário
representa a fase sexual de
G. citricarpa, sendo suas estruturas infectivas, os
ascósporos, responsáveis pela introdução do patógeno na área e pelo início da
epidemia. A fase assexual do fungo, que corresponde a
Phyllosticta citricarpa,
caracteriza o ciclo secundário, cujos conídios são as estruturas representativas e
são os responsáveis pelo incremento da doença (KIELY, 1948a,b; AGUILAR-
VILDOSO et al., 2002).
A disseminação dos ascósporos se dá por correntes de ar que levam esses
esporos a curtas e longas distâncias (TIMMER, 1999), enquanto os conídios são
dispersos pela água, e por isso, somente conseguem atingir tecidos dos
hospedeiros que estão a curta distância da fonte de inóculo (KOTZÉ, 1981, 1988).
Alguns autores atribuem aos ascósporos à participação exclusiva pelas epidemias
(KIELY, 1948b; McONIE, 1964 a,b; KOTZÉ, 1996; SCHUTTE et al., 1997).
A infecção pode ser causada por conídios, que são produzidos nos frutos
ou nas folhas sintomáticas, ou em decomposição, e também por ascósporos
produzidos apenas nas folhas em decomposição (
KIELY, 1948). Ambas as formas
mostram-se efetivas, tanto para o estabelecimento da doença em áreas
anteriormente isentas, como para contribuir no incremento da doença nas áreas
afetadas. Na presença de umidade, o fungo emite um “peg” de infecção, o qual
penetra na cutícula e se expande para dentro do tecido, onde forma uma massa
de micélio, permanecendo entre a cutícula e a epiderme. Essa se constitui na
chamada infecção quiescente que, posteriormente, origem às lesões típicas da
doença. Os mecanismos envolvidos no processo de formação destas infecções
não são completamente conhecidos. Porém, sabe-se que a presença de sintomas
em níveis mais severos, normalmente está associada à elevação de temperatura
6
por ocasião da maturação dos frutos, maior incidência de raios solares nos frutos
mais expostos, estresse hídrico e debilidade das plantas (KOTZÉ, 1981).
Não existe um consenso sobre quais das formas de inóculo, entre conídios
e ascósporos, mostram-se de maior importância, uma vez a doença tenha sido
estabelecida. Para as condições da África do Sul, os ascósporos constituem a
principal fonte de inóculo (McONIE, 1964a; KOTZÉ, 1981). No Brasil, em particular
no Estado de São Paulo, dada a ocorrência de vários fluxos de floradas e
coexistência simultânea de frutos de diferentes tamanhos e idade, associadas a
chuvas freqüentes nos períodos de suscetibilidade dos frutos, aparentemente
ambas as fontes de inóculo contribuem para o incremento da doença
(FEICHTENBERGER, 1996).
O controle da doença é alicerçado principalmente no controle químico,
cujos resultados, de modo geral, têm contribuído apenas para minimizar as perdas
potenciais. Em muitas situações, os resultados do controle têm sido aquém dos
níveis desejáveis, tornando premente a busca de novas alternativas,
preferencialmente mais econômicas e plenamente aplicáveis.
2. 3. Bancos de germoplasma de citros
Os Citrus e gêneros correlacionados, Poncirus e Fortunella, pertencem à
família Rutaceae, subfamília Aurantioideae, tendo seu centro de origem na Ásia.
Compreendem espécies alógamas e autogámas, sexualmente compatíveis,
altamente heterozigotas e diplóides, com número de cromossomos nas células
somáticas 2n = 18 (CAMERON & FROST, 1968).
Define-se como germoplasma um conjunto de genótipos de uma espécie,
considerada como um todo. De uma forma mais simples, germoplasma é o
conjunto de genótipos que podem doar genes para determinada espécie. Portanto,
germoplasma é a fonte de variabilidade genética disponível para o melhoramento
7
de plantas. O germoplasma conservado serve como um reservatório de genes,
aos quais os melhoristas podem acessar quando se faz imprescindível a solução
de problemas específicos, tal como a resistência a um determinado patógeno. O
local onde o germoplasma é conservado é chamado de Banco de Germoplasma
(RONZELLI JÚNIOR, 1996).
A existência de um banco de germoplasma, ou seja, de uma coleção de
genótipos de diferentes procedências, é fundamental para o estabelecimento de
um programa de melhoramento. O Brasil possui três dos principais bancos ativos
de germoplasma (BAG) de citros existentes no mundo: O BAG do Centro APTA
Citros “Sylvio Moreira”, localizado em Cordeirópolis (SP), o qual conta com 1.709
introduções (MACHADO et al., 2005); e os BAG’s da Embrapa Mandioca e
Fruticultura Tropical, localizado em Cruz das Almas (BA) e o da Estação
Experimental de Citricultura de Bebedouro (EECB), localizado em Bebedouro
(SP).
A caracterização de um germoplasma de citros é primeiramente efetuada
mediante o emprego de descritores mínimos, definidos pelo
International Plant
Genetic Resources Institute
IPGRI, e posteriormente podem-se utilizar técnicas
citogenéticas, estas baseadas em bandeamento cromossômico (CUNHA
SOBRINHO et al., 1999).
2.4 Características físicas e químicas dos frutos cítricos
O grande número de variedades cítricas existente em coleções resulta da
introdução de materiais de outros países e da coleta e fixação por enxertia de
variedades locais, surgidas por meio de produção de novos clones, hibridação
natural ou mutação (DONADIO et al., 1995). O estudo de caracterização de
variedades de citros permite que novos materiais sejam avaliados, e,
posteriormente, utilizados como copas, porta-enxertos e para a realização de
8
hibridação, conforme sugestões e estudos desenvolvidos por diversos autores
(AGUSTÍ et al., 1996; ARAÚJO et al., 1998; FIGUEIREDO et al., 1999; GRASSI-
FILHO et al., 1999).
A produção de suco de laranja de alta qualidade necessita de frutos
também com alta qualidade, a qual é avaliada através das suas características
físicas e químicas. As características físicas e químicas dos frutos variam durante
o período de maturação, e essa variação depende, entre outros fatores, das
condições meteorológicas durante a formação e maturação dos frutos.
O rendimento industrial é dado pelo índice tecnológico, representado pelas
características físicas e químicas do fruto, enquanto o método utilizado para
determinar a maturidade e a época da colheita dos frutos de laranja é a razão
entre as porcentagens de sólidos solúveis totais e de acidez titulável, conhecida
como índice de maturidade ou, simplesmente, “ratio”. O índice tecnológico, além
de indicador da maturidade, pode ser utilizado como indicador da qualidade do
fruto (SINCLAIR, 1984; SOULE & GRIERSON, 1986).
No Brasil, apesar do consumo de suco ser pequeno (5% do total
produzido), verifica-se a preferência por sucos com “ratio” acima de 14. Todavia, o
processamento pode começar quando o “ratio” alcança 12 a 13, embora o
preferido pelas indústrias esteja entre 15 e 18 (MARCHI, 1993). na Califórnia,
utiliza-se “ratio” de, no mínimo, 8 para o consumo do fruto “in natura” e igual a 10
para frutos destinados à fabricação de suco concentrado congelado (SLCC). Na
Flórida, por outro lado, geralmente os consumidores preferem o suco de laranja
com “ratio” entre 15 e 18, enquanto a indústria inicia o processamento dos frutos
quando estes atingem “ratio” superior a 13 (KIMBALL, 1991).
Os citros são frutos não climatérios e não apresentam um ponto claro onde
indica que eles estão maduros, pois o amadurecimento é caracterizado pelo
aumento gradual do suco, decréscimo do teor de acidez e aumento da quantidade
de sólidos solúveis e do “ratio” (MONTENEGRO, 1958; AGUSTÍ et al, 1994).
9
A composição química dos frutos varia durante o seu desenvolvimento. No
final do processo, o peso aumenta e a concentração de ácido cítrico diminui, como
conseqüência da diluição de água acumulada. A concentração de açúcares no
suco aumenta até próximo da maturação, sendo que a partir daí contribui pouco
para o aumento da relação entre Brix e acidez. Assim, quando chega à maturação,
onde já se percebeu um aumento do peso do fruto, não haverá grandes alterações
em suas características (AGUSTÍ & ALMELA, 1991).
As composições físicas e químicas dos frutos cítricos dependem do seu
tamanho. Dessa forma, quanto maior o volume, maior concentração de açúcares,
mais baixa a acidez, relação sólidas solúveis mais elevadas e um maior conteúdo
de suco (AGUSTÍ & ALMELA, 1991).
2.4.1 Acidez total
A acidez total dos frutos cítricos é um importante fator de qualidade e
também na determinação do ponto de colheita. Os ácidos aumentam no início de
desenvolvimento dos frutos, permanecem constantes nas fases iniciais e
decrescem na maturação, devido à diluição pelo aumento do tamanho do fruto. O
método básico de se calcular a acidez baseia-se na titulação de uma dada
quantidade de suco conhecida, empregando-se hidróxido de sódio (NaOH), e
como indicador a fenolftaleína. O resultado é expresso em % de ácido cítrico.
Quanto à maturação, a acidez se diferencia dos sólidos solúveis, pois uma
grande variação na acidez total e uma variação menor no total de sólidos solúveis
(SINCLAIR, 1960; MAcLLISTER, 1980; TING, 1983; KIMBALL, 1991; DAVIES &
ALBRIGO, 1994; AGUSTÍ et al, 1994).
10
2.4.2 Sólidos solúveis (Brix)
Os sólidos solúveis são compostos de todos os constituintes da fruta que
estão dissolvidos na porção de água do suco (TING, 1983), tendo como destaque
em citros os açúcares solúveis e ácidos orgânicos (SINCLAIR, 1960; ERICKSON,
1968). Nos estudos de qualidade de frutos utiliza-se a determinação do °Brix dos
sucos, ao invés das concentrações de açúcar (TING & ROUSEFF, 1986). São
medidos em refratômetros manuais, requerem de 2 a 3 mL de suco para se
efetuar as leituras, que variam numa escala de 0 a 70 °Brix.
2.4.3 Relação entre sólidos solúveis e acidez – “Ratio”
Existe uma empírica relação Brix / acidez, que é encontrada pela divisão do
°Brix pela percentagem de acidez titulável. Esta relação é mais conhecida entre os
técnicos como “ratio”. A relação 13, por exemplo, significa 13 partes de sólidos
solúveis para cada parte de ácido. Quanto mais baixa a relação, mais ácido é o
suco, e vice-versa (McALLISTER, 1980; MORETTI, 1984; KIMBALL, 1991).
O “ratio” pode ser utilizado como um teste de maturação, porque os sólidos
solúveis aumentam e os ácidos diminuem, durante o crescimento e maturação dos
frutos (BARTHOLOMEW & SINCLAIR, 1943). Apesar da relação sólidos solúveis/
acidez somente descrever o sabor da fruta, é o melhor índice de maturação
disponível, pois é de fácil determinação e se aproxima do grau de maturação real
(TING, 1983).
11
2.4.4 Ácido ascórbico
As frutas cítricas são uma das principais fontes de ácido ascórbico ou
vitamina C. A maior quantidade de ácido ascórbico nos frutos encontra-se na
casca dos mesmos, enquanto que no suco esse índice é de 25% do total de ácido
presente. São expressos em mg/ 100 mL de suco e variam de 18 a 20 mg/ 100 mL
em tangelos e de 35 a 70 mg/ 100 mL em laranjas. O teor de ácido ascórbico
diminui com o amadurecimento dos frutos, de tal forma que quando a colheita da
fruta passa do momento correto, uma perda de 60% do teor do mesmo. A
determinação é feita mais comumente por titulação do suco com Indolfenol
(VASSEL, 1980).
Na maturação, o teor de vitamina C decresce à medida que se processa a
maturação, tendo as frutas imaturas, o maior teor de vitamina C. As variedades
cítricas têm variação de 35 a 70 mg/100 mL de vitamina C, tendo as precoces e de
meia estação os maiores teores (NAGY, 1980).
Segundo DONADIO et al., (1999), o teor de vitamina C varia de 50,55
mg/100 mL de suco em variedades precoces, 47,26 mg/ 100 mL nas variedades
de meia estação e 37,26 mg/ 100 mL nas variedades tardias.
2.4.5 Crescimento dos frutos
O crescimento dos frutos é dividido em três fases: período de crescimento
exponencial, ou
Fase I, a qual dura desde a antese até o final da queda fisiológica
dos frutos, e caracteriza-se por um rápido crescimento do fruto, dada à divisão
celular. A
Fase II, ou período linear, prolonga-se desde o final da queda fisiológica
dos frutos até pouco antes de sua mudança de cor, e é caracterizada por uma
expansão dos tecidos, aumento celular e a formação de um mesocarpo
12
esponjoso, com a ausência de divisão celular em quase todos os tecidos, exceto
do exocarpo; em variedades precoces essa fase dura até dois meses, enquanto
nas tardias, dura de cinco a seis meses. Na
Fase III ou amadurecimento, ocorre
uma reduzida taxa de crescimento e compreende todas as mudanças associadas
ao amadurecimento (AGUSTÍ et al., 1996).
Os fatores genéticos determinam o tamanho do fruto de cada espécie:
muito grandes (110 a 170 mm de diâmetro)- toranjas; grandes (50 a 130 mm)-
pomelos e cidras; médios (50 a 90 mm)- laranjas doces, azedas, limões,
tangerinas e satsumas; pequenos (40 a 60 mm)- tangerinas ‘Cleopatra’ e
Poncirus
trifoliata
; e muito pequenos (menos de 40 mm), calamondin e kumquat (AGUSTÍ et
al., 1996).
O tamanho dos frutos cítricos apresenta margem bastante ampla para a
mesma variedade. Assim, árvores jovens produzem frutos de maior tamanho, com
casca mais grossa e rugosa. Em geral, quando o tamanho do fruto é grande
demais, esse se afasta muito do tipo característico, podendo apresentar
caracteres indesejáveis (casca grossa e rugosa, pouco rendimento de suco)
(AGUSTÍ et al., 1996).
GONZÁLES-SÍCILIA (1963) e HODGSON (1967) comentam que a
manipulação do caractere tamanho do fruto é difícil. Porém, quando modificado
por mutação espontânea, lugar a características diferenciais que, persistindo
no tempo e se apresentando estáveis, definem uma nova variedade.
O número total de frutos por árvore e o peso individual desses são
elementos básicos para a determinação da colheita. Entretanto, sua quantidade e
o tamanho do fruto estão relacionados de forma distinta com o número de frutos
por árvores (GOLDSCHIDT & MONSELISE, 1977; GUARDIOLA et al., 1982).
De acordo com GUARDIOLA et al. (1982), ALMELA et al. (1983) e
GUARDIOLA (1987, 1988) o peso total de frutos por árvore é positiva e
linearmente relacionado com o número de frutos por árvore, porém, o tamanho
individual dos mesmos é inversamente relacionado com o seu número por árvore.
13
O tamanho dos frutos depende da sua carga genética, não sendo, portanto, uma
competição entre frutos em desenvolvimento (AGUSTÍ & ALMELA, 1991).
2.5. Maturação dos frutos cítricos
A determinação do período de maturação dos frutos representa o primeiro
passo para a caracterização de um banco de germoplasma, que, a princípio, se
conhece pouco, uma vez que os materiais são introduzidos de outros Estados ou
países. Este caractere pode ser o primeiro critério de separação dos genótipos no
campo, desde que possuam características desejáveis (MATTOS JUNIOR et al.,
1999).
As características usadas para determinação da maturação são o teor de
sólidos solúveis (°Brix), acidez e o “ratio” (CHITARRA & CAMPOS, 1981;
NOGUEIRA, 1987; RUSSO, 1987). Quando se comparam frutos de diferentes
materiais genéticos colhidos na mesma época, os considerados mais precoces
devem apresentar suco com maior teor de sólidos solúveis, menor acidez e/ou
maior “ratio”.
2.5.1 Clima x maturação dos frutos cítricos
Os frutos cítricos estão sujeitos a determinadas mudanças na sua
composição físico-química durante o crescimento e maturação. De acordo com
BARTHOLOMEW & SINCLAIR (1943), os fatores climáticos são os que mais
influenciam no desenvolvimento dos frutos cítricos.
O gênero
Citrus é de origem tropical e sob condições de alta umidade e
calor os frutos apresentam alta produção de suco e alto conteúdo de açúcares
14
(BUSLIG, 1991). As chuvas e a irrigação podem influenciar diretamente alguns
componentes do suco. O teor de sólidos solúveis pode decrescer com o aumento
da disponibilidade de água, fato este também observado no caso da acidez
(CRUSE et al., 1982).
Os citros são cultivados em uma ampla faixa de latitude, entre 40 °N e 40
°S (GAT et al., 1997). A duração do ciclo das plantas cítricas depende
principalmente de condições de temperatura do ar e chuva. As plantas cítricas
apresentam ciclo de desenvolvimento que varia de seis a 16 meses, dependendo
da espécie, da variedade e da variação sazonal das condições térmicas e hídricas
do local (REUTHER, 1977).
As plantas cítricas apresentam uma ampla adaptação a diferentes regimes
térmicos, desde temperaturas elevadas e constantes, até condições de grande
variação sazonal de temperatura (ORTOLANI et al., 1991). A temperatura do ar
exerce influência sobre todas as fases de desenvolvimento das plantas cítricas,
até a maturação dos frutos (REUTHER, 1973).
ALBRIGO (1990) demonstrou que 60% a 70% da variabilidade entre anos
agrícolas para o índice tecnológico (kg de sólidos solúveis por caixa) e o total de
sólidos solúveis no suco podem ser devido às variações nas temperaturas do ar e
às chuvas, durante a indução floral e o período de diferenciação, antes da florada.
CHEN (1990), na Califórnia e Flórida, mostrou que o acúmulo de graus-dia
pode representar o acúmulo de sólidos solúveis e o aumento no índice de
maturidade do suco a partir do mês de julho. Na região de Bebedouro-SP, em 5
anos de estudo, VOLPE (1992) verificou para a laranja-‘Pêra’, com idade superior
a 10 anos, altos coeficientes de correlação entre o “ratio” e o acúmulo de graus-
dia. Entretanto, com a temperatura base de 13ºC, observou-se uma grande
variabilidade da correlação “ratio” / graus-dia, de ano para ano.
A ausência de chuvas (< 50 mm/mês) nas regiões tropicais, e deficiências
hídricas por dois a quatro meses são essenciais para que as plantas reduzam seu
metabolismo. Essa redução leva a planta a um repouso vegetativo, que é
15
fundamental para que a florada seja concentrada, normalmente entre o final do
inverno e início da primavera, nas principais regiões. Entretanto, deficiências
hídricas maiores o extremamente prejudiciais às plantas, provocando queda de
flores e, conseqüentemente, redução de produção (DOORENBOS & KASSAM,
1979).
Vários autores, entre eles BLONDEL & CASSIN (1972) e SÁNCHEZ et al.
(1978), assim como SÁNCHEZ & FERNÁNDEZ (1981), constataram que a
temperatura e a chuva nos meses anteriores à colheita influenciam decisivamente
na concentração de sólidos solúveis e acidez do suco dos frutos de laranjas.
Pomares que sofreram deficiência hídrica apresenta retardamento do
crescimento, seguido do enrolamento das folhas e subseqüente queda dessas e
dos frutos jovens, ou redução do crescimento dos frutos desenvolvidos, com
alteração de sua qualidade (diminuição do teor de suco e da acidez). Esse efeito é
mais significativo entre o florescimento e a “queda fisiológica,” enquanto que, na
fase de maturação, os citros são menos sensíveis ao déficit hídrico
(DOORENBOS & KASSAM, 1994).
Trabalhos realizados por DI GIORGI et al. (1991), TUBELIS & SALIBE
(1998) e CAMARGO et al. (1999) indicaram que a chuva, para as condições
climáticas do Estado de São Paulo, é uma das principais variáveis meteorológicas
que influenciam no rendimento dos citros, especialmente aquela que ocorre
durante o florescimento e crescimento inicial dos frutos. CUNHA SOBRINHO et al.
(1992) consideram a temperatura como outro fator ambiental importante, dentre
outros fatores também influenciados, por exemplo, tamanho e formato de frutos,
coloração da casca e estágio de maturação.
16
2. 6. Resistência a Guignardia citricarpa
A diversidade genética dos citros é grande devido às mutações e alterações
cromossômicas estruturais ancestrais, preservadas através da embrionia nucelar
(IWAMASA & NITO, 1988). Entretanto, a base genética das espécies
economicamente importantes é estreita, especialmente na citricultura brasileira,
onde se utiliza um pequeno número de variedades de copas, predominando as
laranjeiras Pêra, Natal, Valência e Hamlin, a ‘Ponkan’ entre as tangerineiras, o
‘Murcott’ entre os tangoreiros, e a limeira ácida, a ‘Tahiti’ (MOREIRA & PIO, 1991).
Como porta-enxerto ainda predomina o limoeiro ‘Cravo’, embora com o advento da
Morte Súbita dos Citros tenha havido diversificação, com incremento no uso do
citrumelo ‘Swingle’.
De acordo com KELLERMAN & KOTZÉ (1977), todas as variedades de
citros produzidas comercialmente são suscetíveis a
G. citricarpa. Esses autores,
no entanto, não fizeram menção quanto a possível distinção dos graus de
severidade entre as mesmas. Da mesma maneira, HERBERT (1989) relata a
suscetibilidade de todas as variedades cítricas, mas aponta que os sintomas são
menos severos nos frutos de laranjeiras de maturação precoce.
Em termos gerais, apenas a laranjeira azeda (
Citrus aurantium) e seus
híbridos mostram-se resistentes a
G. citricarpa (KOTZÉ, 1981). A limeira ácida
‘Tahiti’, por outro lado, mostra-se insensível ao fungo (BALDASSARI et al., 2008).
As demais espécies e variedades de citros de importância econômica são
suscetíveis a
G. citricarpa, especialmente limões e laranjas de maturação tardia.
Na citricultura paulista,
G. citricarpa afeta todas as variedades comerciais
como as laranjeiras doces (
Citrus sinensis L. Osbeck), principalmente as de
maturação média e tardia, como é o caso da Pêra-Rio, Valência e Natal, bem
como as tangerineiras e limoeiros. Às vezes são verificados diferenças nos níveis
de incidência e severidade da doença. Essas diferenças, no entanto, são
decorrentes de particularidades climáticas pontuais, condições de manejo dos
17
pomares e estádios fenológicos dos frutos, interferindo positiva ou negativamente
no incremento da quantidade de doença.
AGUILAR-VILDOSO (C. I. Aguilar-Vildoso, dados não publicados, junho de
2001), mediante avaliação da resistência a
G. citricarpa em 923 acessos do Banco
Ativo de Germoplasma (BAG) do Centro APTA Citros “Sylvio Moreira” IAC
Cordeirópolis/SP, constatou-se como resistentes apenas os seguintes:
tangerineira ‘Chinotto’ (
Citrus myrtifolia), limeira ácida ‘Tahiti’ (C. latifolia),
trifoliateiro (
C. trifoliata), kumquateiro (Fortunella crasifolia e Fortunela margarita) e
severineira (
Severinia buxifolia). De forma complementar, esse pesquisador
também constatou que a incidência da mancha preta dos citros em 162
variedades de laranjeiras doces foi de 0 a 82,5%, enquanto que a severidade,
medida pelo índice de doença variou de 0 a 1,84. Tal índice foi considerado bem
abaixo da média observada em frutos de laranjeiras doces produzidas na região,
cuja incidência da doença foi da ordem de 100%, e severidade média acima de
2,5. Houve um comportamento diferenciado em termos de suscetibilidade,
independente das variedades, nos grupos da Baia, Hamlim, Pêra, Natal e
Valência. Em tal coleção foram encontradas 10 variedades de laranjeira doce as
quais não foram encontrados sintomas da doença e são elas: Caipira B, Fontes,
Agrodoce, Baininha Ivers, Golden Nugget Navel, Thompson Navel, Washington da
Florida, Lanceta Amarga e Monte Parnazo.
SCHINOR (2001) avaliou dez clones de laranja ‘Pêra’ (
C. sinensis) e outros
cinco acessos afins quanto à incidência e severidade da doença e detectou, sob
condições de campo, que não houve diferença estatisticamente significativa entre
tais genótipos. Também, em estudo adicional quanto à densidade de colonização
das folhas, sob condições de laboratório, foi verificado que não houve diferença
significativa em tais genótipos (SCHINOR et al., 2002).
Existe um grande número de novas variedades de laranjas doces com
elevado potencial agronômico para o Brasil, cuja variabilidade genética entre elas
não pode ser subestimada (LI, 1997; DONADIO et al., 1999). Assim sendo, e
baseando-se nos resultados obtidos por AGUILAR-VILDOSO (dados não
18
publicados, junho de 2001), admite-se a possibilidade da existência de materiais
genéticos com resistência a
G. citricarpa, agente causal da MPC.
O emprego de variedades resistentes no controle de doenças de plantas
representa um dos marcos mais significativo em termos de avanços tecnológicos
na agricultura. O uso de variedades resistentes é o método de controle preferido
por ser o mais barato e de mais fácil utilização (CAMARGO & BERGAMIN FILHO,
1996).
2.7 Análise de agrupamento
A análise de agrupamento (cluster analysis) é realizada em duas etapas: a
primeira é gerar uma matriz de distância (de similaridade ou dissimilaridade) entre
os indivíduos e a segunda, aplicar um algoritmo de agrupamento na matriz que
identifica e reúne grupos homogêneos, os quais podem ser visualizados em forma
de dendrograma (CRUZ, 1990).
A distância euclidiana é a medida de dissimilaridade mais utilizada para
calcular distância genética, pois responde aos princípios geométricos pré-
estabelecidos (DIAS, 1998). Como foi desenvolvida para a análise de variáveis
quantitativas, ela é sensível às correlações e então restrita a variáveis
independentes. Toda variável, além de independente, deve apresentar variância
unitária, uma vez que os dados podem ser obtidos em diferentes escalas.
Por outro lado, os coeficientes de similaridade visam representar a relação
linear entre dois genótipos avaliados com base em uma matriz binária de presença
ou ausência, gerada a partir de análises moleculares. Entre os diversos métodos
encontrados na literatura, o coeficiente de Jaccard (SNEATH & SOKAL, 1973) é
indicado por DIAS (1998) como o mais adequado para comparar populações
dentro de uma mesma espécie.
19
O agrupamento dos indivíduos pode ser realizado por diferentes métodos, e
tem o princípio de maximizar a similaridade dentro de grupos e a dissimilaridade
entre grupos. Os métodos hierárquicos aglomerativos são os mais recomendados
para estudos biológicos (DIAS, 1998). Entre eles, o método do vizinho mais
próximo (SAITOU & NEI, 1987) promove a ligação pelo critério da menor distância
utilizando o coeficiente gerado pela matriz de dissimilaridade, e destaca-se por ser
bastante estável. O método das Médias das Distâncias (SNEATH & SOKAL,
1973), ou UPGMA (
Unweighted Pair-Grouping Method Using an Arithmatic
Average
), é o mais utilizado no melhoramento, e calcula a distância intergrupo
pela média das distâncias pareadas dos membros dos dois grupos.
DOMINGUES et al. (1999), dentre outros investigadores que fizeram o uso
de técnicas de análise de agrupamento, descreveram por meio de 38 caracteres
morfológicos, frutos de tangerineiras do Banco Ativo de Germoplasma de Citros do
Centro de Citricultura Sylvio Moreira/IAC. Por meio da análise de agrupamento em
caracteres quantitativos determinaram as distâncias filogenéticas entre os
diferentes genótipos, formando grupos com características semelhantes.
Dessa forma, o agrupamento sumariza a informação contida na matriz de
distância para itens similares. Por esse motivo, o estudo da divergência é
geralmente realizado juntamente com a análise de componentes principais, a qual
retoma as informações que foram reduzidas, através da representação gráfica
dos dados.
2.8 Análise de componentes principais (ACP)
A técnica de componentes principais foi primeiramente descrita por
PEARSON (1901), e sua consolidação como método no melhoramento e
aplicação em outras áreas da ciência foi ampliada posteriormente, como por
exemplo HOTELLING (1933; 1936).
20
A ACP é uma forma gráfica de analisar os dados de uma matriz,
preferencialmente quantitativos, para visualizar a proximidade entre os indivíduos
e estabelecer as relações presentes entre as variáveis. Cada observação pode ser
plotada como um vetor de pontos após a multiplicação por uma matriz de
transformação ortogonal. As variáveis são combinadas em eixos principais, mas
se não apresentarem combinação linear matricial entre si, será gerada uma matriz
de covariância de posto completo, na qual o número de variáveis é igual ao
número de componentes principais (DIAS, 1998).
O uso da análise de componentes principais na pesquisa agrícola foi
sumarizado por JEFFERS (1967), que enumera o uso para os seguintes
propósitos: a) examinar as correlações entre os caracteres estudados; b) resumir
um grande conjunto de caracteres em outro menor, e de sentido biológico; c)
avaliar a importância de cada caractere e promover a eliminação daqueles que
contribuem pouco, em termos de variação, no grupo de indivíduos avaliados; d)
construir índices que possibilitem o agrupamento de indivíduos; e) permitir o
agrupamento de indivíduos com o mais alto grau de similaridade, mediante
exames visuais em dispersões gráficas no espaço bi ou tridimensional.
Os componentes que apresentam as maiores variâncias apresentam
também os maiores autovalores na matriz e são, portanto, os mais importantes.
MORRISON (1976) sugere que é melhor obter o complexo multivariado logo nos
primeiros componentes, desde que seja absorvido 75% ou mais da variância total.
CRUZ (1990) relata a importância da utilização da técnica de componentes
principais para estudos no melhoramento de plantas, como a diversidade genética,
manipulação de acessos de bancos de germoplasma e avaliação da variabilidade
total disponível em grupos geneticamente relacionados, etc.
21
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34
CAPÍTULO 2- AVALIAÇÃO DE LARANJEIRAS DOCES QUANTO À
QUALIDADE DE FRUTOS
RESUMO
Apesar de sua importância comercial, o número de variedades de laranjas é muito
restrito no Brasil. Os Bancos de Germoplasmas de citros possuem grande número
de genótipos de laranjas doces para serem explorados e avaliados quanto aos
aspectos botânicos, genéticos e agronômicos, visando elevar a variabilidade
genética e as qualidades agronômicas das cultivares. Como parte desse trabalho,
avaliou-se 58 genótipos de laranjeiras doces em relação aos caracteres físicos,
visando mercado
in natura por meio de 9 caracteres físicos (diâmetro, perímetro,
altura e peso dos frutos, espessuras da casca, albedo e polpa e número de
sementes) e 7 caracteres visando qualidade industrial (acidez total titulável,
sólidos solúveis totais, “ratio”, peso dos frutos, rendimento de suco, ácido
ascórbico e índice tecnológico= kg sólidos solúveis/40,8kg). A análise multivariada
indicou a existência de variabilidade entre os genótipos em relação aos caracteres
físicos visando mercado
in natura e qualidade industrial. Dois componentes
principais, com autovalores > 1, representaram 66,03% da variância total para os
caracteres físicos. As variáveis com maior poder discriminatório na primeira
componente principal foram: diâmetro, perímetro, peso e altura dos frutos. Os
escores desse componente foram designados MI-CP1 (mercado
in natura), e os
genótipos com os maiores valores foram os mais indicados para o mercado de
fruta fresca. Na segunda componente principal, as variáveis mais discriminantes
foram espessura do endocarpo e rendimento de suco, cujos escores foram
nomeados (S-CP2), caracteres físicos esses ideais para a qualidade industrial.
Nos escores dos dois componentes principais (MI-CP1 e S-CP2), o genótipo 22-
‘Lanelate’ foi destaque, seguido por 43-Telde, 39-Rotuna, 44-Torregrossa, 46-Tua
Mamede e 17-Grada. Quanto às avaliações visando qualidade industrial (INDUST-
CP1), destacaram-se: 3-Berry Valência, 36-Pêra, 23-Lue Gin Gong, 50-Valencia
74, 14-Folha Murcha, 27-Natal e 1-Bedewells Bar. Os genótipos que se
destacaram pelo seu conteúdo em vitamina C (N-CP2) foram: 46-Tua Mamede,
17-Grada, 22-Lanelate, 44-Torregrossa e 13-Finike.
Palavras-chave: Citrus sinensis, análise de componentes principais, genótipos,
características físicas e industriais.
35
CHAPTER 2 EVALUATION OF SWEET ORANGE TREES WITH
RELATIONSHIP TO QUALITY OF FRUITS
ABSTRACT
Although its commercial importance, the number of you cultivate of oranges it is
very restricted in Brazil. The Banks of Germoplasmas of citros possess
innumerable accesses of oranges candies to be explored and evaluated how much
to the botanical, genetic and agronomics aspects, aiming at to raise the genetic
variability and the agronomics qualities cultivating of them. As part of that work,
was sought to evaluate 58 genotypes of sweet orange trees in relation to the
physical characters, seeking market in nature and industry quality, through 9
physical characters (diameter, perimeter, height and weight of the fruits, thickness
of the peel, albedo and pulp and number of seeds) and 7 characters seeking
industrial quality (acidity total titillate, total soluble solids, ratio ", weight of the fruits,
juice revenue, ascorbic acid and technological index = kg solid solutes/40,8kg).
The analysis multivariate indicated the variability existence among the genotypes
in relation to the physical characters and industrial quality. Two main components,
with autovalues> 1, they represented 66,03% of the total variance for the physical
characters. The variables with larger power discriminate in the first main
component were: diameter, perimeter, weight and height of the fruits; we named
the scores of that component of MI-CP1 (market in nature), genotypes with the
largest values were the most suitable to the market of fresh fruit; in the second
main component the variables more discriminate were thickness of the endocarp
and juice revenue, it was named (S-CP2), characters physical ideas for the
industrial quality. In the scores of the two main components (MI-CP1 and S-CP2),
the genotype 22-Lanelate was prominence, followed for 43-Telde, 39-Rotuna, 44-
Torregrossa, 46-Tua Mamede and it 17-Grada. How much to the evaluations
aiming at industrial quality (INDUST-CP1), had been distinguished: 3-Berry
Valência, 36-Pêra, 23-Lue Gin Gong, 50-Valência 74, 14-Folha Murcha, 27-Natal
and 1-Bedewells Bar. The genotypes that if had detached for its nutritional value
content in C vitamin (N-CP2) had been: 46-Tua Mamede, 17-Grada, 22-Lanelate,
44-Torregrossa and 13-Finike.
Key words: Citrus sinensis, principal components analysis, genotypes,
characteristics physical and industry
36
1. INTRODUÇÃO
A qualidade dos frutos cítricos é ponto primordial para uma adequada
comercialização. De acordo com PIO (1992), os frutos das diferentes variedades
de citros para consumo
in natura precisam preencher certos requisitos de
qualidade, tais como: bom aspecto externo e coloração da casca, tamanho
apropriado, casca fina, gomos de paredes delicadas e suco com adequado
equilíbrio de acidez total titulável e de sólidos solúveis totais, aroma característico,
pequeno número de sementes, resistência ao transporte e boa conservação. Para
o processamento, embora a boa aparência dos frutos seja desejável, a qualidade
organoléptica (sabor, aroma, textura, cor e valor nutritivo) é mais importante
(CARVALHO & NOGUEIRA, 1979).
O sabor dos frutos cítricos (doce ou azedo) é dependente de quantidades
relativas de açúcares (sólidos solúveis totais) e acidez total titulável no suco,
sendo que, a relação sólidos solúveis totais/ acidez total titulável é considerada
como um importante índice de maturidade dos frutos. Por outro lado, uma simples
e desejável relação entre tais variáveis não é garantia de qualidade, a menos que
associada a uma desejável concentração de sólidos solúveis totais (JACKSON,
1991; BALDWIN, 1993; COSTA, 1994).
Os frutos cítricos são não climatérios, são pobres em reservas de amido,
sofrendo poucas mudanças na qualidade interna durante o armazenamento. No
armazenamento, normalmente, há redução dos teores de ácidos acumulados,
convertendo-os a açúcares e CO
2
, usados na respiração (DAVIES & ALBRIGO,
1994).
O atributo de qualidade menos considerado na cadeia de comercialização é
o valor nutritivo dos frutos. No entanto, esse conceito deve ser revisto, pois, 90%
das necessidades de vitamina C requeridas pelo homem advêm dos frutos e
hortaliças (CHITARRA & CHITARRA, 1990). Eles constituem a fonte natural mais
importante de vitamina C para o ser humano, e os que se destacam pelo conteúdo
37
desse ácido são: acerola, caju, mamão, goiaba, frutas cítricas, morango, manga,
caqui, kiwi, maracujá e tomate (AWAD, 1993). Os níveis de vitamina C são
totalmente variáveis entre citros e tendem a reduzir sazonalmente e com o
armazenamento (CHITARRA, 1994; DAVIES & ALBRIGO, 1994).
O objetivo deste trabalho foi estudar as características físicas e químicas de
genótipos cítricos para o mercado
in natura e indústria.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Montagem e local do ensaio
No presente estudo foram avaliados 58 genótipos de laranjeiras doces
mantidas em propriedade particular localizada no município de Tambaú, cujo
plantio foi realizado em março de 2005. As coordenadas geográficas do local são
21º42’ latitude Sul e 47º16’ longitude Oeste, altitude de 698m, temperatura média
anual 23,8 ºC, regime pluviométrico de 1.184,6 mm anuais. Todas as mudas foram
plantadas em um único bloco, sequencialmente. Tal fato se deveu à necessidade
de facilitar a realização das práticas culturais, considerando a possibilidade da sua
diferenciação, por tratar-se de grande número de genótipos, com características
fenológicas distintas.
2.2 Genótipos avaliados
Todos os genótipos avaliados foram enxertados em limoeiro ‘Cravo’, cujas
as mudas foram provenientes do Banco Ativo de Germoplasma de Citros, da
Estação Experimental de Citricultura de Bebedouro (EECB), SP.
38
Os genótipos de laranjeiras doces avaliados foram: 1-Bedewells Bar, 2-
Belladonna, 3-Berry Valencia, 4-Biondo Corigliano, 5-Boukhobza, 6-Casa Grande,
7-Castellana, 8-China, 9-China SRA-547, 10-Comuna, 11-Dom João, 12-
Doblefina, 13-Finike, 14-Folha Murcha, 15-Fukuraha, 16-Fullameuda, 17-Grada,
18-Hall, 19-Hamlin, 20-João Nunes, 21-Kawatta, 22-Lanelate, 23-Lue Gin Gong,
24-Maçã, 25-Mayorca, 26-Murtera, 27-Natal, 28-Natal Murcha, 29-Natal PI-587,
30-Newhall Navel, 31-Oliverlands, 32-Orange Clanor, 33-Ovale, 34-Ovale Mut, 35-
Page, 36-Pêra, 37-Prata, 38-Premier, 39-Rotuna, 40-Sanford, 41-Sokotoro, 42-
Sweet, 43-Telde, 44-Torregrossa, 45-Torregrosso, 46-Tua Mamede, 47-Tua, 48-
Vacaro Blood, 49-Vainiglia, 50-Valencia 74, 51-Valência 457, 52-Valencia 77, 53-
Valência Campbell, 54-Valência Temprana, 55-Valência Rohde Red 99, 56-Vera
97, 57-Werly Valencia e 58-Westin. Os frutos foram colhidos e analisados em
agosto de 2008. Cada amostra foi composta de 10 frutos/planta para cada
genótipo.
2.3 Características físicas
As características físicas avaliadas foram: peso dos frutos (PF), peso do
suco (PS), rendimento de suco (RS) e a morfologia interna e externa: perímetro,
altura e diâmetro dos frutos, espessuras do albedo, polpa e casca.
2.3.1. Peso do fruto (PF)
A pesagem dos frutos deu-se em balança Filizola
®
, com capacidade de até
15 kg, devidamente tarada e calibrada. Posteriormente à pesagem dos frutos, foi
tomada os dados das medidas externas e internas dos frutos, seguido da extração
do suco.
39
2.3.2 Peso do suco (PS)
O suco extraído foi acumulado em recipiente adequado para a pesagem e
homogeneização. A pesagem foi feita em balança Filizola
®
, devidamente tarada e
calibrada.
2.3.3 Rendimento de suco (RS)
Foi determinado após a medição do peso do suco (PS) na extratora da
marca Monarcha
®
industrial modelo “Prince”, e calculado através da relação peso
do suco / peso do fruto (expresso em percentagem).
2.3.4 Morfologia externa e interna dos frutos
A caracterização foi feita de acordo com aspectos quantitativos externos e
internos. A terminologia para os dados morfológicos seguiu as propostas dos
descritores do IBPGR (1988). No que se refere ao comprimento do fruto utilizou-se
alternativamente o termo "altura", que este é amplamente utilizado na literatura
em citros, e refere-se à medida que vai do pedúnculo ao ápice do fruto.
Com auxilio de um paquímetro foram tomadas as medidas externas dos
frutos, altura e diâmetro, e com uma fita métrica graduada foi tomada a medida do
perímetro dos frutos, em centímetros. As medidas internas (espessuras do albedo,
polpa endocarpo e casca) foram tomadas mediante o uso de régua métrica.
40
2.4. Qualidade de frutos para indústria
A avaliação da qualidade industrial dos genótipos foi feita através das
variáveis tecnológicas: sólidos solúveis totais, acidez, “ratio”, rendimento de suco,
peso do fruto e índice tecnológico (kg sólidos solúveis/caixa de 40,8 kg).
2.4.1 Extração do suco
A extração do suco deu-se mediante o uso de extratora Monarcha
®
industrial modelo “Prince”, de acionamento mecânico. A regulagem utilizou-se
turbo coador 0,025 mm e tubo restitor 3/8 longo.
2.4.2 Sólidos solúveis (°Brix)
Uma alíquota de 2-3 mL foi retirada para a determinação do teor de sólidos
solúveis, baseada na leitura do °Brix em refratômetro manual, ajustada à
temperatura de 25 ºC, conforme método descrito por HENDRIX et. al. (1977).
2.4.3 Acidez titulável
A determinação da acidez foi realizada empregando-se o método da
titulação de 25 mL de suco com uma solução de NaOH 0,1N (hidróxido de sódio),
com indicador fenolftaleína 1%, expressando-se em valor percentual para massa
de ácido cítrico por volume de suco, segundo REED et al. (1986).
41
2.4.4 Relação sólidos solúveis/ acidez (“ratio”)
A relação solúveis/acidez é o principal fator de maturação e pode ser
calculado pela divisão da quantidade de sólidos solúveis, expressa em ° Brix, pela
acidez total, expressa em %, o que resultará numa relação adimensional. O teor
de °Brix deve ser corrigido para a temperatura de 25 ºC e acidez, conforme
descrição de KIMBALL (1991).
2.4.5 Ácido ascórbico
A concentração de ácido ascórbico foi determinada pelo método
titulométrico do 2,6-diclorofenolindofenol (JACOBS, 1958), realizada em triplicata,
a partir de 10 mL de suco, onde foram adicionados 50 mL de ácido oxálico 0,5g/
100 mL, usando-se como padrão uma solução de ácido ascórbico a 1%.
2.5 Análises multivariadas
Nos caracteres físicos e qualidade industrial adotou-se a análise de
componentes principais como meio de quantificar a importância específica dos
mesmos e explicar a variância constatada. Tal procedimento permite transformar
um conjunto de variáveis iniciais, correlacionadas entre si (físicas=9 e qualidade
industrial=7), num outro conjunto de variáveis não correlacionadas, que resultam
em combinações lineares ortogonais do conjunto inicial. Os componentes
principais são apresentados de forma decrescente de importância, isto é, o
primeiro explica o máximo possível da variabilidade dos dados originais, enquanto
o segundo, o máximo possível da variabilidade ainda não explicada após o efeito
42
do primeiro componente, e assim por diante (HAIR, 2005). Dessa forma, o
conjunto inicial das nove características físicas e sete da qualidade dos frutos de
laranjeiras doces para indústria passaram a ser caracterizadas por duas novas
variáveis latentes, o que possibilitou sua localização em figuras bidimensionais
(ordenação dos genótipos por componentes principais). A adequação desta
analise é verificada pela quantidade de informação total das variáveis originais
retida dos componentes principais que mostram autovalores superiores a 1
(KAISER, 1958), que autovalores menores que 1 não contém informação
relevante.
As análises multivariadas obedeceram às regras descritas por CRUZ (1990)
e HAIR (2005), realizadas pelo programa “Statistica”, versão 7.0 (STATSOFT,
1994).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Características físicas
Na análise de componentes principais, a distribuição dos genótipos e das
variáveis é apresentada no gráfico
biplot que consta na Figura 1. A qualidade
dessa distribuição foi de 66,03% da variabilidade total contida nas variáveis
originais (49,63% no primeiro componente e 16,40% no segundo componente
principal), encontra-se apresentado na Tabela 1.
43
Tabela 1. Estimativa dos autovalores associados aos componentes principais,
juntamente com sua importância relativa e acumulada, referentes às
nove variáveis físicas avaliadas em 58 genótipos de laranjeiras doces.
Jaboticabal/ SP, 2009.
Na Tabela 2 encontram-se apresentados os valores das correlações entre
variável e componente principal, o que possibilita avaliar o poder discriminatório
das variáveis num componente. As variáveis diâmetro, perímetro, peso e altura
dos frutos foram, nessa ordem, as responsáveis pela discriminação dos genótipos
localizados à esquerda no primeiro componente principal (valores das correlações
negativos). Tal resultado indica portanto, que esses genótipos possuem frutos
maiores que aqueles localizados à direita, no primeiro componente principal.
Quanto ao segundo componente principal, as variáveis rendimento de suco
e espessura do endocarpo (polpa) explicam a discriminação dos genótipos
localizados acima do segundo componente principal (correlações positivas -
quadrante I). Trata-se, assim, dos seguintes genótipos que possuem maior
rendimento de suco: 3-Berry Valencia, 4-Biondo Corigliano, 5-Boukhobza, 8-
China, 11-Dom João, 14-Folha Murcha, 23-Lue Gin Gong, 27-Natal, 28-Natal
Murcha, 29-Natal PI-587, 33-Ovale, 36-Pêra, 50-Valencia 74, 57-Werly Valencia e
58-Westin. Por outro lado, os genótipos que tiveram maior espessura do
endocarpo (polpa) localizam-se no quadrante II, e são: 37-Prata, 47-Tua, 22-
Lanelate, 39-Rotuna e 43-Telde. Os frutos desses genótipos também possuem
Componentes Autovalores
% Total da
variância
Autovalores
acumulados
Acumulado (%)
1 4,467061 49,63401 4,467061 49,6340
2 1,476659 16,40733 5,943720 66,0413
3 0,938833 10,43148 6,882553 76,4728
4 0,801310 8,90345 7,683864 85,3763
5 0,459386 5,10429 8,143250 90,4806
6 0,417793 4,64215 8,561043 95,1227
7 0,288468 3,20520 8,849511 98,3279
8 0,086323 0,95914 8,935833 99,2870
9 0,064167 0,71296 9,000000 100,0000
44
menor espessura da casca, pois a correlação para esta variável, embora fraca,
existe e é positiva, indicando que os genótipos localizados abaixo, no segundo
componente principal, tendem a ter frutos com maior espessura de casca
(quadrante III) (Figura 1).
Tabela 2. Correlação entre cada componente principal e as características físicas
dos frutos dos genótipos laranjeiras doces avaliados. Jaboticabal/ SP,
2009.
Variáveis
MI
-
CP1
S
-
CP2
Peso do fruto (P.T.F) -0,870841 0,349413
Rendimento de suco (R.S) 0,526604 0,649426
Altura do fruto (ALT) -0,780753 0,275225
Diâmetro do fruto (DIAM) -0,923231 -0,011008
Perímetro do fruto (PERI) -0,897608 -0,109692
Espessura do albedo (ALB) -0,684409 -0,136759
Espessura do endocarpo (POLPA)
-0,510620 0,702867
Espessura da casca (CASCA) -0,531665 -0,571126
Número de sementes (N.SEM) -0,389792 -0,077487
MI: Mercado in natura; CP1: componente principal 1; S: Suco; CP2: componente principal 2.
Uma vez determinados os componentes principais, os seus valores
numéricos denominados de escores, foram calculados para cada unidade
amostral, sendo no presente caso, as nove variáveis físicas (Tabela 3). Deste
modo, em função de cada variável, os componentes principais foram nomeados,
sendo o componente principal 1 (CP1) denominado de MI (mercado
in natura),
pois as variáveis que tiveram maior grandeza nesse componente foram diâmetro,
perímetro, peso e altura dos frutos. Tais variáveis justamente estão entre as mais
usadas para a classificação dos frutos nos mercado varejista e atacadista
(CEAGESP, 2009). O componente principal 2 (CP2) foi denominado de S (Suco),
numa indicação que os genótipos localizados em tal quadrante possuem os
caracteres físicos mais desejáveis a uma variedade de laranja doce no processo
industrial, que é o rendimento de suco e espessura do endocarpo (Tabela 2).
45
Figura 1. Dispersão (gráfico biplot) das características físicas dos frutos cítricos de
genótipos de laranjeiras doces.
CASCA: espessura da casca, DIAM:
diâmetro do fruto,
PERIM: perímetro do fruto, ALB: espessura do albedo,
ALT: altura do fruto, P.T.F: peso total do fruto, POLPA: espessura do
endocarpo (polpa),
R.S: Rendimento de suco. N. SEM: número de
sementes.
Na Tabela 3 encontram-se apresentados os valores numéricos (escores)
dos genótipos na primeira e segunda componente principal. A primeira
componente principal é o índice de caracteres desejáveis em função do mercado
de fruta fresca, baseado no cálculo dos escores, que é a fórmula matemática que
multiplica os dados originais amostrais pelo valor correspondente no componente
principal. Quanto maior esse valor, pior é o genótipo, em função do somatório da
fórmula do escore, cujos maiores pesos discriminantes foram das variáveis
diâmetro, perímetro, peso e altura dos frutos.
Pelos valores calculados, pode-se perceber que o melhor genótipo, tanto
para o mercado de fruta fresca, quanto para a produção de suco foi o ‘Lanelate’,
enquanto que o último ranqueado foi o genótipo ‘Page’. A segunda componente
principal é o índice de caracteres físicos desejáveis para o processo de suco
congelado e concentrado (SCC), que, neste trabalho e baseado em resultados da
Tabela 2, são espessura do endocarpo (POLPA) e rendimento de suco (R.S).
(49,63%)
(16,40%)
III
II I
IV
46
Quanto maior o valor do escore, melhor o genótipo nesse quesito, conforme
cálculo feito na primeira componente principal, que é o somatório de cada valor
real obtido por cada variável e o valor da segunda componente principal.
Tabela 3. Escores relativos às variáveis do primeiro componente principal (MI-
CP1), mercado
in natura, resultante das avaliações realizadas em
laranjeiras doces, safra 2008. Jaboticabal/ SP, 2009.
Genótipo Escore MI-CP1
1
Escore
S-CP2
2
Posição MI-CP1/S-CP2
22-Lanelate -2563,88
1044,00
1
a
43-Telde -2447,60
1000,61
2
a
39-Rotuna -2425,12
991,17
3
a
44-Torregrossa -2415,52
977,72
4
a
46-Tua Mamede -2350,38
954,16
5
a
17-Grada -2336,33
948,56
6
a
37-Prata -2224,40
910,24
7
a
47-Tua -2223,70
904,74
8
a
2-Belladonna -2138,33
864,92
9
a
41-Sokotoro -2110,22
855,92
10
a
34-Ovale Mut -2089,74
853,76
11
a
53-Valência Campbell -2056,54
851,33
12
a
49-Vainiglia -2052,30
838,56
13
a
54-Valência Rohde Red 99 -2026,42
836,57
14
a
9-China SRA 547 -1998,71
829,49
15
a
10-Comuna -1983,65
823,29
16
a
57-Werly Valência -1976,64
806,77
17
a
13-Finike -1927,95
788,50
18
a
50-Valência 457 -1914,39
788,16
19ª
24-Maçã -1890,01
774,04
20ª
6-Casa Grande -1885,61
772,56
21ª
40-Sanford -1878,00
768,35
22ª
30-Newhall Navel -1869,19
768,03
23ª
14-Folha Murcha -1851,54
763,18
24ª
32-Orange Clanor -1847,15
751,11
25ª
28-Natal Murcha -1803,26
750,78
26ª
56-Vera 97 -1788,16
736,63
31ª
52-Valência 77 -1783,03
731,55
32ª
20-João Nunes -1782,27
727,00
33ª
55-Valência Temprana -1748,62
724,50
34ª
7-Castellana -1719,91
714,15
35ª
47
Continuação
T
abela 3...
Genótipo Escore MI-CP1
1
Escore
S-CP2
2
Posição MI-CP1/S-CP2
11-Dom João -1711,89
707,74
36ª
48-Vacaro Blood -1709,12
703,44
37ª
36-Pêra -1681,51
695,15
38ª
19-Hamlin -1674,31
685,09
39ª
45-Torregrosso -1672,17
681,99
40ª
18-Hall -1628,16
678,58
41ª
51-Valência 74 -1621,80
676,39
42ª
33-Ovale -1604,25
670,05
43ª
12-Doblefina -1603,58
669,62
44ª
4-Biondo Corigliano -1597,69
650,01
45ª
21-Kawatta -1562,14
647,82
46ª
58-Westin -1551,42
638,46
47ª
25-Mayorca -1551,10
624,03
48ª
8-China -1495,00
618,07
49ª
31-Oliverlands -1480,60
613,55
50ª
23-Lue Gin Gong -1458,78
600,13
51ª
26-Murtera -1411,64
591,35
52ª
3-Berry Valência -1383,78
586,77
53ª
27-Natal -1381,38
584,29
54ª
16-Fullameuda -1375,87
573,82
55ª
1-Bedewells Bar -1321,75
554,95
56ª
42-Sweet -1297,12
543,17
57ª
35-Page -1248,30
523,36
58ª
1
Escore MI-CP1: Escore da primeira componente principal (CP1) mercado in natura (MI).
2
Escore
S-CP2: Escore da segunda componente principal (CP2) produção de suco (S).
DOMINGUES et al. (1996) estudaram a qualidade de frutos das laranjeiras
doces ‘Ovale’, ‘Ovale de Siricusa’ e ‘Ovale San Lio’, enxertadas sobre limoeiro
‘Cravo’. Tais investigadores consideraram de padrão satisfatório quanto a
tamanho de frutos para o mercado
in natura aqueles com largura e altura
superiores a 6,0cm, medida essa alcançada por todos os genótipos descritos na
Tabela 3.
DOMINGUES et al. (2003) descreveram os padrões de qualidade de
mercado de laranjas
in natura, sendo altura média de 7 cm e peso médio de 152,5
g. Diante de tais dados, denota-se que apenas os genótipos 16-Fullameuda, 1-
Bedewells Bar, 42-Sweet e 35-Page não se inserem em tais padrões, enquanto
48
todos os demais genótipos apresentados na Tabela 3 reúnem tais características,
além de apresentarem bom rendimento de suco e espessura do albedo adequada.
Nas condições do Estado de São Paulo, o peso do fruto está diretamente
relacionado à disponibilidade hídrica do solo a partir do mês de maio. Assim, os
frutos normalmente perdem peso nos meses de inverno, ocorrendo em diversos
casos um murchamento acentuado, e, com o retorno da disponibilidade de água, a
partir das chuvas da primavera, há um rápido e contínuo ganho de peso ou
tamanho até a colheita, principalmente em cultivares tardias (POZZAN &
TRIBONI, 2005).
As laranjeiras doces 22-Lanelate, 43-Telde e 39-Rotuna apresentaram os
maiores escores, mostrando-se satisfatórias para a sua inserção no mercado de
fruta fresca. O genótipo 22-Lanelate foi o que mais se destacou por apresentar
todos os caracteres ideais para o mercado de fruta fresca. Além disso, também
por tratar-se de uma variedade de citros apirênica, ou seja, frutos sem a presença
de sementes, apresenta um atrativo adicional, tornando uma boa alternativa para
a diversificação do mercado de fruta fresca.
O Brasil é o maior exportador de suco concentrado do mundo
(ABECITRUS, 2009). Por outro lado, paradoxalmente não possui tradição na
produção de fruta para consumo
in natura, não obstante a existência de um vasto
mercado a ser explorado. A disponibilidade restrita de material genético
selecionado é uma das principais limitações ao desenvolvimento da cultura de
citros de mesa. Recentemente, borbulhas das cultivares apirênicas como a
laranjeira doce ‘Lanelate’, dentre outras, foram introduzidas no país. Esses
materiais produzem frutos sem sementes, apresentam grande aceitação no
mercado internacional, e são cultivados comercialmente em vários países
(RADMANN & OLIVEIRA, 2003).
GAYET (1993) ressaltou a necessidade de diversificação de variedades
com vistas à obtenção de frutos de tamanhos diferentes aos atualmente
produzidos no Brasil, com vistas a se atender a demanda do mercado importador,
49
mercado esse, até então importante, mas de inexpressiva participação do Brasil.
Além disso, dada à existência de normas de Certificação de Classificação de
tamanho, aspecto, forma, cor e tipo de embalagens para laranjas e limões, nos
mercados da Europa e América do Norte, o produto brasileiro deveria se
enquadrar nos padrões exigidos. No Brasil adota-se o padrão de mercado descrito
pelo CEAGESP (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo),
cuja classificação das laranjeiras doces baseia-se na cor, tamanho e qualidade
(defeitos e manchas).
Dessa forma, os resultados ora obtidos mostram-se de grande interesse
prático, dado o potencial de inserção da variedade Lanelate no cenário citrícola
nacional, haja visto sua superioridade em relação a diferentes e importantes
variedades comerciais plantadas no Brasil como Natal, Pêra e Valência,
igualmente avaliadas no presente trabalho.
3.2 Qualidade de frutos para indústria
Para distinção dos melhores genótipos com fins de processamento
industrial foi empregada a técnica de componentes principais, tomando-se como
referência as variáveis tecnológicas (sólidos solúveis totais, acidez, “ratio”,
rendimento de suco, vitamina C, peso do fruto e índice tecnológico). Foi gerado
um gráfico bidimensional, que relacionou os novos escores para os genótipos, em
função dos dois primeiros eixos definidos na análise (Figura 3). Por meio das
análises constatou-se que a porcentagem da variabilidade acumulada nos
primeiros eixos (autovalores) gerados foi de 63,19% (45,21% + 17,98%) Tabela 4.
50
Tabela 4. Estimativa dos autovalores associados aos componentes principais,
juntamente com sua importância relativa (raiz %) e acumulada,
referentes às sete variáveis industriais avaliadas em 58 genótipos de
laranjeiras doces. Jaboticabal/ SP, 2009.
Os autovetores e as porcentagens da variância acumulada para o primeiro
e segundo componentes principais encontram-se apresentados na Tabela 4.
Observa-se que, para a primeira componente principal, os descritores de maior
contribuição na discriminação dos genótipos foram IT (índice tecnológico), de -
0,90 e ATT (acidez total titulável), cujo valor foi -0,89. No segundo componente
houve destaque para as variáveis vitamina C (0,61) e SST/ATT (“ratio”) de -0,59
(Tabela 5).
Tabela 5. Correlação entre cada componente principal e as características
industriais dos frutos de 58 genótipos de laranjeiras doces.
Jaboticabal/ SP, 2009.
CP1: componente principal 1; CP2- componente principal 2. SST - Sólidos solúveis totais. ATT-
acidez total titulável. SST/ATT- “ratio”. Índice tecnológico- SST x 40,8/100.
Componentes Autovalores
% Total da
variância
Autovalores
acumulados
Acumulado (%)
1 3,164705
45,21007
3,164705
45,2101
2 1,258779
17,98256
4,423484
63,192
6
3 1,043425 14,90607 5,466909 78,0987
4 0,851512 12,16446 6,318420 90,2631
5 0,634865 9,06951 6,953286 99,3327
6 0,041668 0,59525 6,994954 99,9279
7 0,005046 0,07209 7,000000 100,0000
Variáveis
CP1
CP2
Peso médio do fruto 0,114835 0,353573
Rendimento de suco -0,824744 -0,115874
SST -0,619028 -0,470151
ATT -0,891580 0,246438
SST/ATT “ratio” 0,655290 -0,592455
Vitamina C -0,199391 0,613294
Índice tecnológico -0,907768 -0,333816
51
A representação gráfica do comportamento dos genótipos no sistema de
eixos, representando o primeiro e o segundo componentes principais encontra-se
na Figura 2. Tal apresentação baseia-se na dispersão espacial dos genótipos no
plano bidimensional e nas suas características tecnológicas. Os genótipos
localizados à esquerda de CP1 (correlações negativas), quadrante III, apresentam
os maiores valores de índice tecnológico, rendimento de suco e sólidos solúveis
totais (Brix). Nesse quadrante, portanto, englobam-se os genótipos com as
melhores características desejáveis para o processamento industrial, cujo
posicionamento encontra-se apresentado na Tabela 6.
Os valores das correlações são importantes pelo fato de que os caracteres
quantitativos estão na maioria das vezes sob controle de poligenes que se
distribuem em todo o genoma da espécie, e têm ações e interações relativamente
complexas (CRUZ, 1990). De acordo com os dados contidos na Figura 3,
observam-se as correlações que contêm mais informações relevantes,
destacando-se o índice tecnológico (negativo) e a acidez (negativo) na primeira
componente principal, e a vitamina C (positivo) na segunda componente principal.
Portanto, tais variáveis foram as que mais retiveram tais informações.
A acidez total titulável dos frutos foi maior nos genótipos localizados à
esquerda de CP1 (correlações positivas), quadrante II, mais nos extremos do
gráfico. Os genótipos com altos valores de acidez (>1,0) foram: 3-Berry Valencia,
28-Natal Murcha, 53- Valência Campbell. Normalmente, o teor de ácidos
orgânicos diminui com o amadurecimento dos frutos cítricos em função da sua
utilização no ciclo de Krebs, durante o processo respiratório. Segundo DI GIORGI
et al. (1994), valores de acidez inferiores a 0,5% podem indicar a perda do valor
comercial dos frutos dessas variedades, tanto para mesa, quanto para o
processamento industrial.
52
Figura 2. Dispersão (gráfico biplot) das características tecnológicas dos frutos
cítricos e genótipos de laranjeiras doces. SST/ATT- “ratio”. SST- °Brix.
ATT- acidez titulável. VIT. C- ácido ascórbico. R.S - rendimento de
suco. IT- índice tecnológico. Jaboticabal/ SP, 2009.
Os teores médios de rendimento de suco obtidos por OLIVEIRA JÚNIOR
(1999) variaram de 36,2 a 41,7%, os quais se mostram semelhantes aos menores
valores detectados no presente estudo. Tal variável foi considerada no presente
estudo e encontra-se contemplada na fórmula para o cálculo do escore (Tabela 6).
Considerando que essa variável é dependente de fatores como o estádio de
maturação dos frutos, clima, material genético, tratos culturais e adubação
(DOMINGUES et al., 1999), é possível que novos resultados sejam obtidos nos
anos subsequentes de estudos, o que certamente, poderá dificultar a realização
de comparações e interpretações.
Tabela 6. Escores relativos às variáveis do primeiro componente principal
(INDUST-CP1), resultante das avaliações realizadas em laranjeiras
doces, safra 2008. Jaboticabal/ SP, 2009.
Genótipo
Escore INDUST
-
CP1
1
Posição
3-Berry Valência -42,87
36-Pêra -35,77
23-Lue Gin Gong -35,43
50-Valencia 74 -34,72
14-Folha Murcha -34,71
III
III IV
(
45
,
21
%)
(
17
,
98
%)
53
Continuação Tabela 6...
Genótipo
Escore INDUST
-
CP1
1
Posição
27-Natal -34,37
1-Bedewells Bar -34,15
53-Valência Campbell -33,88
28-Natal Murcha -32,83
57-Werly Valencia -32,66 10ª
5-Boukhobza -32,44 11ª
11-Dom João -31,94 12ª
29-Natal PI-587 -30,98 13ª
33-Ovale -30,81 14ª
18-Hall -30,76 15ª
21-Kawatta -30,73 16ª
16-Fullameuda -30,42 17ª
52-Valencia 77 -29,68 18ª
58-Westin -29,39 19ª
54-Valência Temprana -29,17 20ª
9-China SRA-547 -28,50 21ª
4-Biondo Corigliano -28,48 22ª
13-Finike -27,63 23ª
8-China -27,42 24ª
42-Sweet -27,30 25ª
55-Valência Rohde Red 99 -25,22 26ª
35-Page -25,19 27ª
56-Vera 97 -24,57 28ª
15-Fukuraha -24,41 29ª
26-Murtera -22,31 30ª
48-Vacaro Blood -21,05 31ª
40-Sanford -18,84 32ª
30-Newhall Navel -18,63 33ª
45-Torregrosso -18,20 34ª
17-Grada -16,02 35ª
46-Tua Mamede -15,99 36ª
51-Valência 457 -15,43 37ª
38-Premier -15,27 38ª
10-Comuna -14,67 39ª
43-Telde -14,25 40ª
37-Prata -11,35 41ª
6-Casa Grande -9,80 42ª
47-Tua -9,35 43ª
31-Oliverlands -8,44 44ª
22-Lanelate -7,53 45ª
34-Ovale Mut -6,65 46ª
54
Continuação Tabela 6...
Genótipo
Escore INDUST
-
CP1
1
Posição
39-Rotuna -5,93 47ª
19-Hamlin -5,88 48ª
2-Belladonna -5,80 49ª
7-Castellana -5,05 50ª
49-Vainiglia -4,83 51ª
32-Orange Clanor -3,04 52ª
20-João Nunes -2,71 53ª
24-Maçã -1,80 54ª
41-Sokotoro -1,65 55ª
44-Torregrossa -0,70 56ª
12-Doblefina 3,95 57ª
25-Mayorca 11,44 58ª
1
Escore INDUST-CP1: Escore da primeira componente principal (CP1) variáveis industriais (acidez
total titulável, sólidos solúveis totais, “ratio”, ácido ascórbico, peso médio dos frutos, rendimento de
suco e índice tecnológico= kg SST/caixa de 40,8 kg).
O teor de sólidos solúveis (Brix), sob o ponto de vista econômico industrial é
o principal fator que deverá conduzir a uma decisão sobre onde e qual variedade
deve-se plantar (NONINO, 1995). A indústria mede a qualidade dos sucos através
da variável índice tecnológico, que é a quantidade em kg de sólidos solúveis por
caixa padrão de laranja 40,8 kg. No Estado de São Paulo, esse fator é mais
influenciado pelos períodos secos, quando as frutas perdem por evaporação, parte
de sua umidade, do que propriamente por sua maturação.
Em relação à concentração de açúcares (Brix), não foram observados
diferenças significativas entre os genótipos, de tal forma que esta variável pouco
contribuiu para a diferenciação dos genótipos. A média da concentração de
açúcares foi de 10,38%, a qual se encontra dentro dos níveis normais de 4,0 a
11,1% para frutos de laranjas (TING & ATTAWAY, 1971). Conforme mencionado
por CHITARRA & CHITARRA (1990), os frutos cítricos apresentam pequenas
modificações no conteúdo de açúcares, o que lhes confere um longo período de
armazenamento, sem perda de qualidade, desde que a colheita seja realizada
durante a fase de maturação.
Os genótipos ‘Pêra’, ‘Valencia 74’, e ‘Natal’ situaram-se nas primeiras
posições pelos escores aplicados (Tabela 6), convergindo com os resultados
55
obtidos por NONINO (1995) e DONADIO et al., (1999), conforme demonstrados na
Tabela 7.
Tabela 7. Características médias obtidas para processamento de laranja doce.
Segundo Nonino (1995) e Donadio et al., 1999.
Variedade SST
1
“Ratio” Acidez
%
Suco
Vitamina. C
(mg/ 100mL)
Índice
tecnológico
(IT)
2
Natal 10,85-
11,14
10,81-
20,75
0,58-
0,86
52,8-
58,3
23,9 2,42-2,73
Pêra 10,85-
11,14
10,81-
20,75
0,58-
0,86
52,8-
58,3
25,6 2,68-2,85
Valência 10,56-
11,83
9,90-
19,20
0,76-
1,20
52,6-
56,8
23,9 2,42-2,73
1
SST - Sólidos solúveis totais;
2
Índice tecnológico= kg SST/40,8 kg
Para atender as exigências de mercado, a cada ano tem-se demandado por
sucos com valores mais elevados de “ratio”. Para o início da colheita nas regiões
citrícolas do Estado de São Paulo uma determinada faixa de “ratio” a ser
observada, sendo na região Sul entre 12 e 16; no Centro, entre 13 e 17 e, na
região Norte, entre 13 e 18 (NONINO (1995). a relação Brix/ acidez está em
torno de 15 para frutos visando mercado externo.
O atributo qualidade, em termos de valor nutritivo dos frutos, embora seja o
menos considerado na cadeia de comercialização (CHITARRA & CHITARRA,
1990), constitui a fonte natural mais importante de vitamina C para o ser humano
(AWAD, 1993).
O grau Brix e teor de ácido ascórbico são critérios que devem corresponder
aos parâmetros usuais de cada variedade, de tal foram que eventuais
discrepâncias significam erros no ponto de colheita ou em frutas muito maduras
(GAYET, 1993). A determinação direta da qualidade sensorial ou do sabor do suco
durante a maturação não é uma alternativa prática e segura. Para tal, adota-se
mais comumente o “ratio”, onde os frutos cujo índice apresente entre 14 e 16 são
os mais apreciados pelos consumidores no mundo inteiro, devido ao equilíbrio
açúcares e ácidos (FELLERS, 1980).
56
Os níveis de vitamina C são totalmente variáveis entre os citros e tendem a
reduzir sazonalmente, no armazenamento e no processo de maturação
(CHITARRA, 1994; DAVIES & ALBRIGO, 1994). De acordo com CHITARRA
(1994), o teor de vitamina C apresenta variação na composição do fruto, cujo valor
médio encontrado nos frutos cítricos é de 59mg/ 100 mL de suco. No presente
estudo, esta variável teve pequeno efeito como discriminante entre os genótipos,
no primeiro componente principal. Entretanto, no segundo componente principal,
esta variável demonstrou um peso discriminante de 0,61, onde os genótipos
localizados nas extremidades do quadrante II (valores positivos à direita do
primeiro componente principal) apresentaram valores em destaque, pelo alto teor
de ácido ascórbico. Nesse critério destacaram-se: 46-Tua Mamede, 17-Grada, 22-
Lanelate, 44-Torregrossa e 13-Finike (Tabela 8).
Tabela 8. Escores relativos às variáveis do segundo componente principal (N-
CP2), resultante das avaliações realizadas em laranjeiras doces, safra
2008. Jaboticabal/ SP, 2009. *
Genótipo Escore N-CP2
1
Posição
46-Tua Mamede
157,84
1
a
17-Grada
151,88
2
a
22-Lanelate
140,10
3
a
44-Torregrossa
136,32
4
a
13-Finike
136,08
5
a
41-Sokotoro
129,76
6
a
2-Belladonna
128,62
7
a
51-Valência 457
127,99
8
a
43-Telde
127,75
9
a
47-Tua
125,91
10
a
53-Valência Campbell
125,73
11
a
40-Sanford
125,35
12
a
10-Comuna
123,55
13
a
39-Rotuna
122,98
14
a
49-Vainiglia
122,76
15
a
37-Prata
121,16
16
a
57
Continuação Tabela 8...
Genótipo
Escore N
-
CP2
1
Posição
9-China SRA-547
120,00
17
a
6-Casa Grande
117,99
18
a
57-Werly Valencia
117,78
19ª
20-João Nunes
116,64
20ª
55-Valência Rohde Red 99
116,46
21ª
34-Ovale Mut
115,39
22ª
15-Fukuraha
114,82
23ª
38-Premier
114,50
24ª
28-Natal Murcha
114,17
25ª
58-Westin
112,59
26ª
54-Valência Temprana
112,24
27ª
14-Folha Murcha
111,51
28ª
24-Maçã
111,00
29ª
30-Newhall Navel
110,84
30ª
21-Kawatta
109,66
31ª
29-Natal PI-587
107,83
32ª
32-Orange Clanor
107,06
33ª
19-Hamlin
106,78
34ª
36-Pêra
106,64
35ª
11-Dom João
106,62
36ª
52-Valencia 77
106,43
37ª
12-Doblefina
105,44
38ª
48-Vacaro Blood
105,09
39ª
7-Castellana
105,05
40ª
18-Hall
103,94
41ª
42-Sweet
103,79
42ª
45-Torregrosso
103,70
43ª
56-Vera 97
103,11
44ª
25-Mayorca
102,74
45ª
5-Boukhobza
101,18
46ª
33-Ovale
100,56
47ª
16-Fullameuda
98,24
48ª
4-Biondo Corigliano
98,13
49ª
8-China
96,90
50ª
31-Oliverlands
95,59
51ª
3-Berry Valência
94,44
52ª
1-Bedewells Bar
93,37
53ª
23-Lue Gin Gong
92,75
54ª
27-Natal
90,37
55ª
50-Valencia 74
88,24
56ª
26-Murtera
86,77
57ª
58
Continuação Tabela 8...
Genótipo
Escore N
-
CP2
1
Posição
35-Page
74,74
58ª
1
Escore N-CP2: Escore da segunda componente principal (CP2) variáveis industriais (acidez total
titulável, sólidos solúveis totais, “ratio”,ácido ascórbico, peso médio dos frutos, rendimento de suco
e índice tecnológico= kg SST/caixa de 40,8 kg), *porém nesse caso as que tiveram maior peso
discriminatório foram SST e ácido ascórbico conforme análise de componentes principais.
Em termos gerais, o “ratio” evolui até o momento da colheita. O acúmulo de
açúcares apresenta uma evolução quadrática, com um pico de acúmulo nos
meses da primavera, enquanto o teor de vitamina C do suco diminui à medida que
avança a maturação (POZZAN & TRIBONI, 2005).
Segundo VIÉGAS (1991), para as variedades comuns que são
processadas, os valores de “ratio” normalmente variam de 6 a 20 durante o
processo de maturação, sendo o ideal quando na faixa compreendida entre 11 e
14. Nesses níveis, a acidez ainda é adequada para manter a qualidade e a
conservação do suco após todo o processo industrial.
4. CONCLUSÕES
1-Tomando-se como referência os critérios adotados no presente estudo, os
genótipos que se destacaram para o mercado
in natura foram: 22-Lanelate, 43-
Telde, 39-Rotuna, 44-Torregrossa, 46-Tua Mamede, 17-Grada, 37-Prata, 47-Tua e
2-Belladonna. Por outro lado, quanto ao processamento industrial, destacaram-se:
3-Berry Valência, 36-Pêra, 23-Lue Gin Gong, 50-Valencia 74, 14-Folha Murcha,
27-Natal e 1-Bedewells Bar.
2- Os genótipos que se destacaram pelo conteúdo em vitamina C foram: 46-
Tua Mamede, 17-Grada, 22-Lanelate, 44-Torregrossa e 13-Finike.
59
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63
CAPÍTULO 3 - PERÍODOS DE MATURAÇÃO E RESISTÊNCIA A Guignardia
citricarpa
RESUMO
Os objetivos desse trabalho foram a determinação dos períodos de maturação e o
comportamento de genótipos de laranjas doce quanto à resistência a
G. citricarpa.
Os ensaios foram conduzidos em dois campos, nos municípios de Rincão e
Tambaú, SP. Foram avaliados 52 genótipos de laranjeiras doces para a
determinação do período de maturação no município de Tambaú, SP e 65
genótipos de laranjeiras doces para avaliação da resistência a
G. citricarpa, nos
municípios de Rincão e Tambaú. Avaliou-se o período de maturação através dos
caracteres: Brix, acidez e “ratio”, em 4 avaliações entre os meses de abril e agosto
de 2008; a severidade da doença foi avaliada por meio de escala de notas, que
variou de zero (ausência de sintomas) a seis (sintomas mais severos).
Posteriormente foi calculado o índice de doença (ID). Em relação ao período de
maturação os genótipos foram divididos em três grupos, sendo:
Grupo I (tardia) -
Berry Valência, Castellana, Dom João, Finike, Folha Murcha, Natal, Natal Murcha,
Natal PI-587, Vacaro Blood, Valência 74, Valência 77, Valência Campbell,
Valência Temprana, Vera 97, Werly Valência;
Grupo II (precoce) - Casa Grande,
Hamlin, João Nunes, Oliverlands, Sweet, Valência 457, Verde de Espanha,
Westin;
Grupo III (meia-estação) - Bedewells Bar, Biondo Corigliano, Boukhobza,
Cara Cara, China SRA 547, China, Comuna, Doblefina, Fukuraha, Fullameuda,
Grada, Kawatta, Lue Gin Gong, Maçã, Mayorca, Murtera, Newhall Navel, Orange
Clanor, Ovale Mut, Ovale, Pêra, Prata, Premier, São Miguel, Telde, Torregrossa,
Torregrosso, Tua Mamede, Tua. Para o comportamento a
G. citricarpa, para a
safra 2007, no ensaio de Rincão, dentre os 65 genótipos avaliados apenas 59
produziram frutos, e verificou-se a ausência de sintomas da doença em
Castellana, Maçã e Oliverlands. Nos demais genótipos os níveis de severidade
verificados variaram de 0,35 para Grada, e 3,0 para China SRA-547. Para
Tambaú, os valores de severidade variaram de 0,40 para Cadenera e 2,46 para
‘Pêra’. No ano de 2008, em Rincão, todos os genótipos exibiram sintomas da
doença. Os níveis de severidade verificados variaram de 0,18 para Belladona e
3,92 para Vera 97. Em Tambaú, apenas a variedade Navelina não apresentou
sintomas da mancha preta dos citros. Foi observado que dentre as plantas que
frutificaram, e com exceção daquela cujos frutos não exibiram sintomas, os
valores de severidade variaram de 0,11 para Tua Mamede e 3,57 para Amares.
Todos os genótipos avaliados nos campos experimentais mostraram-se
suscetíveis, em níveis variados de severidade de sintomas nos frutos. Entretanto,
o genótipo Maçã apresentou baixos níveis de severidade da MPC na safra 2007,
em ambos os campos experimentais e na safra 2008 em Tambaú, demonstrando
potencial em relação à resistência a
G. citricarpa.
Palavras-chave: Citrus sinensis, genótipos, fruto.
64
CHAPTER 3 - MATURATION PERIOD AND RESISTANCE IN RELATION TO
Guignardia citricarpa
ABSTRACT
The objectives of this work were determined the maturation period and the
behavior of Orange genotypes in relation to
Guignardia citricarpa. Assays were
conducted in two experimental fields in Rincão and Tambaú districts, São Paulo
State. The nursery trees were provided by the Banco Ativo de Germoplasma de
Citros, from Estação Experimental de Citricultura of Bebedouro (EECB), São Paulo
State. The maturation period was evaluated through the characters: Brix, acidity
and " ratio ", in 4 evaluations between the months of April and August of 2008 and
Disease severity was evaluated by a value scale ranging from 0 (absence/lack of
symptoms) to 6 (severe symptoms). Disease index (DI) was also calculated,
corresponding to the sum of each fruit multiplied to the correspondent disease
severity value and divided by the total evaluated fruits. In relation to the maturation
period they were divided in three groups, they are them: Group I (late) - Berry
Valência, Castellana, Dom João, Finike, Folha Murcha, Natal, Natal Murcha, Natal
PI-587, Vacaro Blood, Valência 74, Valência 77, Valência Campbell, Valência
Temprana, Vera 97, Werly Valência; Group II (precocious) - Casa Grande, Hamlin,
João Nunes, Oliverlands, Sweet, Valência 457, Verde de Espanha, Westin; Group
III (stocking-station) - Bedewells Bar, Biondo Corigliano, Boukhobza, Cara Cara,
China SRA 547, China, Commune, Doblefina, Fukuraha, Fullameuda, Levels,
Kawatta, Lue Gin Gong, Maçã, Mayorca, Murtera, Newhall Navel, Orange Clanor,
Ovale Mut, Ovale, Pera, Prata, Premier, São Miguel, Telde, Torregrossa,
Torregrosso, Tua Mamede, Tua. For the behavior to G. citricarpa, for the crop
2007, in the rehearsal of Rincão among the 65 acess/variety evaluated 59 they
only produced fruits, and the absence of symptoms of the disease was verified in
the Genótipos Castellana, Maçã and Oliverlands. Us other genotypes the severity
levels verified they varied of 0,35 for Grada and 3,0 for China SRA-547. For
Tambaú, the severity values varied from 0,40 to Cadenera and 2,46 for ' Pêra'. the
year of 2008, in Rincão, all the genotypes exhibited symptoms of the disease. The
severity levels verified they varied from 0,18 to Belladona and 3,92 for Vera 97. In
Tambaú, just the variety Navelina didn't present symptoms of the black stain of the
citros. It was observed that among the plants that fructified, and except for that
whose fruits didn't exhibit symptoms, the severity values varied from 0,11 to Tua
Mamede and 3,57 for Amares. All the appraised genotypes in the experimental
fields were shown susceptible, in varied levels of severity of symptoms in the fruits.
However, the genotype Maçã presented low levels of severity of MPC in the crop
2007 in both experimental fields and in the crop 2008 in Tambaú, demonstrating
potential in relation to the resistance to
G. citricarpa, needing future studies.
Key words: Citrus sinensis, genotypes, fruit.
65
1. INTRODUÇÃO
A citricultura brasileira, a qual detém a liderança mundial na produção de
frutas cítricas e exportação de suco concentrado congelado, também é destaque
pela promoção do crescimento sócio-econômico, contribuindo com a balança
comercial nacional, e principalmente como geradora direta e indireta de empregos,
especialmente na área rural.
A maturação dos frutos cítricos é caracterizada por uma fase de reduzida
taxa de crescimento. Neste estádio, ocorre a mudança de cor da casca, em
conseqüência da degradação enzimática da clorofila e da síntese de carotenóides
no flavedo. Este estádio caracteriza-se também pelo aumento dos teores de
sólidos solúveis totais, sobretudo açúcares, e de compostos nitrogenados,
aminoácidos principalmente, e uma concomitante redução de ácidos orgânicos
(AGUSTÍ et al., 1996).
A mancha preta dos citros (MPC) é causada pelo fungo
Guignardia
citricarpa
Kiely, cuja fase anamórfica corresponde a Phyllosticta citricarpa Van der
Aa. Trata-se de patógeno específico das plantas cítricas (BAAYEN et al., 2002), o
qual causa danos e sintomas visíveis em todas as espécies de citros de valor
comercial (KOTZÉ, 1981). Os sintomas são observados em ramos, folhas e frutos,
mas em laranjeiras doces são mais facilmente vistos e problemáticos nos frutos. O
teleomorfo desenvolve-se em folhas de citros caídas no chão, onde são
produzidos os ascósporos, principal órgão de disseminação do patógeno (KIELY,
1948a; 1948b; 1949; McONIE 1964a; 1964b; 1965; 1967; KOTZÉ, 1981; 1988;
1996; SCHUTTE et al., 1997).
No Brasil, todas as variedades atualmente empregadas, como as laranjas
Pêra, Valência, Natal, Folha Murcha e Seleta, entre outras, limões (
C. limon
Burm), pomelos (C. paradisi Macf.), algumas variedades de tangerineiras, como a
Ponkan, Cravo e ‘do Rio’, a limeira da Pérsia (
C. limettioides Tanaka) e
tangoreiros (
C. reticulata Blanco x C. sinensis L. Osbeck), especialmente o
‘Murcott’, são suscetíveis ao fungo. Dentre as variedades de laranjeiras doces,
66
normalmente os maiores níveis de severidade são observados nas variedades
tardias, como exemplo Natal e Valência (FEICHTENBERGER, 1996).
Com exceção da laranja azeda e seus híbridos, os quais são resistentes ao
patógeno (KOTZÉ, 1981), e a lima ácida ‘Tahiti’, insensível ao fungo
(BALDASSARI et al., 2008), todas as espécies de importância econômica são
suscetíveis ao patógeno (AGUILAR-VILDOSO, 1997; ALCOBA et al., 2000).
As medidas de controle atualmente adotadas estão alicerçadas
principalmente no controle químico. Tais medidas apresentam, muitas vezes,
resultados aquém dos níveis desejáveis, além de, dada às condições favoráveis
ao patógeno, ser muito difícil a produção de frutos destinados à exportação. Outro
aspecto que se deve considerar é o fato de ser uma doença, quarentenária para
os países da Comunidade Européia e Estados Unidos da América, o que passa a
ser um fator limitante para a exportação de frutos cítricos.
Devido às mutações e alterações cromossômicas estruturais ancestrais,
preservadas através da embrionia nucelar e propagação vegetativa, a diversidade
genética dos citros é ampla (IWAMASA & NITO, 1988). Contudo, a base genética
das espécies economicamente importantes é estreita, especialmente na
citricultura brasileira, onde se utiliza um número limitado de variedades de copas
(MATTOS JUNIOR et al., 1999).
Em termos gerais, existe um grande número de novas variedades de
laranjas doces, com elevado potencial agronômico para o Brasil, cujo valor
tecnicamente não pode ser desprezado (LI, 1997; DONADIO et al., 1999). Além
disso, a possibilidade da existência de materiais genéticos com resistência a
G.
citricarpa
não pode ser subestimada. Dessa forma, dada à escassez de
informações quanto ao comportamento de genótipos de laranjeiras doces, não
usualmente empregados na citricultura brasileira torna-se imperativo e
imprescindível a realização de estudos relacionados ao patossistema citrus-
G.
citricarpa
, razão pela qual se julgou oportuna a realização do presente trabalho.
Outros atributos agronômicos, como por exemplo o período de maturação,
67
também não deve ser menosprezado, razão pela qual se julgou procedente a
realização de avaliações complementares simultâneas.
2. MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Períodos de maturação de laranjeiras doces
2.1.1 Genótipos avaliados
No presente estudo foram avaliados frutos de laranjeiras doces
correspondentes a 52 genótipos de laranjeiras doces, de diferentes países,
introduzidos no Banco Ativo de Germoplasma (BAG) - Citros, na Estação
Experimental de Citricultura de Bebedouro, SP, em 1997. A partir de então, as
mudas foram plantadas em propriedade particular localizada no município de
Tambaú, SP, em março de 2005. Todos os genótipos foram enxertados em
limoeiro ‘Cravo’, e no plantio foi empregado espaçamento de 7,0 x 2,8 m. As
coordenadas geográficas do local são 21°42’’ de latitude Sul e 47°16’ longitude
Oeste.
Os genótipos avaliados foram: Bedewells Bar, Berry Valência, Biondo
Corigliano, Boukhobza, Cara Cara, Casa Grande, Castellana, China SRA-547,
China, Comuna, Dom João, Doblefina, Finike, Folha Murcha, Fukuraha,
Fullameuda, Grada, Hamlin, João Nunes, Kawatta, Lue Gin Gong, Maçã, Mayorca,
Murtera, Natal, Natal Murcha, Natal PI-587, Newhall Navel, Orange Clanor,
Oliverlands, Ovale Mut, Ovale, Pêra, Prata, Premier, São Miguel, Sweet, Telde,
Torregrossa, Torregrosso, Tua Mamede, Tua, Vacaro Blood, Valência
457,Valência 74, Valência 77, Valência Campbell, Valência Temprana, Vera 97,
Verde de Espanha, Werly Valência e Westin. Cada genótipo foi representado por
68
três a seis plantas, plantadas de forma contínua, nas linhas de plantio. Foram
avaliadas todas as plantas de cada genótipo.
Para avaliação, cada genótipo foi representado por uma amostra de 20
frutos. Para tal, foram coletados, de cada planta, cinco frutos da porção mais
externa da copa e em posições eqüidistantes, e uma internamente, numa altura
média de 1,5 m do solo aproximadamente. Tais coletas foram realizadas em
intervalos quinzenais, entre 28 de abril e 9 de junho de 2008, num total de quatro
avaliações.
2.1.2 Características químicas
Os caracteres químicos analisados foram: acidez total titulável (% de ácido
cítrico/ 100 mL de suco), determinada por titulometria com solução de hidróxido de
sódio 0,1N (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985); sólidos solúveis totais (°Brix),
determinados no suco por leitura direta, utilizando-se um refratômetro de campo,
com correção da temperatura ambiente para 25 ºC conforme INSTITUTO
ADOLFO LUTZ (1985) e AOAC (1992). Também se procedeu ao cálculo do “ratio”,
determinado pela relação ° Brix/acidez.
2.2. Resistência a Guignardia citricarpa
2.2.1 Genótipos avaliados
Sob condições de campo foram avaliados 65 genótipos de laranjeiras doces
(
Citrus sinensis (L.) Osbeck) quanto ao seu comportamento em termos de
resistência a
G. citricarpa, nos municípios de Rincão e Tambaú, SP. No
transcorrer do período de desenvolvimento das plantas foram adotadas todas as
medidas preconizadas para o cultivo regular das plantas, incluindo-se capinas,
69
aplicação de herbicidas, uso de inseticidas e acaricidas, uso de fertilizantes, e
outros (PEDRO JR. et al., 1987), com exceção apenas quanto ao uso de
fungicidas.
Os genótipos avaliados foram: Amares, Barlerin, Bedewells Bar, Belladona,
Berry Valência, Biondo Corigliano, Boukhobza, Cadenera, Casa Grande,
Castellana, China, China SRA 547, Comuna, Dom João, Doblefina, Evora, Finike,
Folha Murcha, Fukuraha, Fullameuda, Grada, Hall, Hamlin, João Nunes, Kawatta,
Lue Gin Gong, Maçã, Mayorca, Murtera, Natal, Natal Murcha, Natal PI-587,
Navelina, Newhall Navel, Oliverlands, Orange Clanor, Ovale Mut, Pêra, Pêra
Vidigueira (Sr. Antunes), Prata Lima, Rotuna, Sanford, São Miguel, Setubalense,
Skaggs Bonanza Navel, Sokotoro, Sweet, Telde, Torregrossa, Torregrosso, Tua
Mamede, Tua, Vacaro Blood, Vainiglia, Valência 74, Valência 77. Valência 457,
Valência Campbell, Valência Rohde Red 99, Valência Temprana, Vera 97, Verde
de Espanha, Werly Valência, Westin e Yoshida Navel.
Visando uniformizar e incrementar a expressão dos sintomas, em agosto de
2006, e no mesmo período de 2007, foram distribuídas sob a copa de cada uma
das plantas cerca de 4 litros de folhas secas, coletadas sob a copa de plantas
adultas de pomares de cada uma das respectivas propriedades, Rincão e
Tambaú. Tal propósito foi o de prover e possibilitar uma dispersão mais uniforme
dos ascósporos de
G. citricarpa, quando da sua maturação e ejeção.
2.2.2 Avaliação da severidade dos sintomas causados por Guignardia
citricarpa
Para cada um dos ensaios foram realizadas avaliações em 12 de maio de
2007, no caso das plantas que apresentaram produção e maturação precoce dos
frutos, e em 2008. Para os demais genótipos as avaliações foram realizadas em 5
de agosto de 2007 e 2008.
70
Na avaliação foi empregado o critério de notas que variaram de zero
(ausência de sintomas) a seis (sintomas severos), conforme escala preconizada
por SPÓSITO et al., (2004a), ilustrada conforme Figura 3. Nas avaliações foram
coletados ao acaso 100 frutos de cada um dos genótipos. No caso de genótipos
cuja produção não atingiu tal número de frutos, as análises foram realizadas de
acordo com o número máximo de frutos disponíveis. Em nenhuma situação foi
avaliado um numero mínimo inferior a 30 frutos.
Figura 3. Escala diagramática para avaliação de severidade (%) de mancha
preta dos citros (
G. citricarpa). A parte superior corresponde ao
sintoma tipo mancha preta (Notas 1, 2, 3, 4, 5 e 6) e a parte inferior
aos sintomas do tipo falsa melanose (Notas 1, 2, 3, 4, 5 e 6),
conforme SPÓSITO et al. (2004a).
A partir das notas de severidade obtidas foi estimado o Índice de Doença
(ID) conforme fórmula de WHEELER (1969), sendo:
0
1
.
m
i
i
I D i n
N
onde,
ID = índice de doença; N = número total de frutos avaliados;
i= nota da doença, ni
= número de frutos com nota i; m= nota máxima.
71
Posteriormente, a partir dos dados obtidos em cada uma das safras e em
respectivas áreas de experimentação, e, considerando os antecedentes em
termos de suscetibilidade das variedades Hamlin, Pêra e Valência (SPÓSITO et
al., 2004b), a menor média observada para as mesmas foi considerada como valor
de referência. Dessa forma, todos os genótipos cujos índices de doença foram
iguais ou superiores àqueles das variedade suscetíveis, foram considerados muito
suscetíveis, enquanto que, quando com valores menores, as mesmas foram
consideradas como medianamente suscetíveis. Tal classificação foi adotada para
todos os genótipos avaliados, segundo os locais e safra, e, ao final, tomou-se
como referência a média entre locais e safras. Também, considerando a
possibilidade de que os níveis de doença poderiam ser diferentes entre os campos
experimentais, foi calculado o intervalo entre os valores de ID para cada campo,
com vistas à classificação dos genótipos em níveis baixo (+), médio (++) e alto
(+++).
2.3 Análises multivariadas
Foram usados dois métodos estatísticos multivariados (análise de
agrupamento hierárquica e análise de agrupamento não-hierárquica
k-means).
Para todas as análises foram realizadas padronização das variáveis em que cada
uma ficou com média zero e variância igual a um.
Para a separação de grupos de genótipos quanto ao período de maturação
adotou-se primeiramente a técnica de agrupamento hierárquico para exploração
dos dados (SNEATH & SOKAL, 1973). Tal procedimento foi realizado calculando-
se a distância Euclidiana entre os genótipos, para o conjunto das três variáveis
(acidez total titulável, sólidos solúveis totais e “ratio”), utilizando-se o algoritmo de
Ward para agrupamento de genótipos similares. A definição dos grupos de
maturação pela análise de agrupamentos foi realizada pela adoção de uma
separatriz correspondente a um valor de distância Euclidiana que permitisse
72
separar adequadamente os grupos formados. O resultado da análise foi
apresentado em forma gráfica (dendrograma), que auxiliou na identificação dos
agrupamentos dos genótipos. Para confirmação e separação dos grupos de
maturação, também foi utilizado o método de agrupamento não-hierárquico
k-
means
(HAIR, 2005), cujo método minimiza a variância dos genótipos dentro de
cada grupo. A partir, obteve-se um quadro de análise de variância e gráfico para
as variáveis analisadas, acidez total titulável (ATT), sólidos solúveis totais (SST) e
“ratio” para cada grupo formado.
As análises multivariadas obedeceram às regras descritas por CRUZ (1990)
e HAIR (2005), realizadas pelo programa “Statistica”, versão 7.0 (STATSOFT,
1994).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Períodos de maturação de laranjeiras doces
O dendrograma obtido pela análise de agrupamento pelo método
hierárquico encontra-se apresentado na Figura 4. Observa-se que a variação
menor obtida foi 0,97 entre os grupos II e III, enquanto a maior (1,64), foi verificada
entre os grupos I e III, permitindo assim a formação de três grupos (dados não
apresentados). Dessa forma, em termos de período de maturação, no grupo I
ficaram ordenados os genótipos cujos frutos são de maturação tardios; no grupo II,
os precoces, e os de meia estação no grupo III.
Conforme ilustrado na Figura 4, a classificação dos genótipos nos três
grupos de maturação é a seguinte:
Grupo I (tardia) - Berry Valência, Castellana,
Dom João, Finike, Folha Murcha, Natal, Natal Murcha, Natal PI-587, Vacaro Blood,
Valência 74, Valência 77, Valência Campbell, Valência Temprana, Vera 97, Werly
Valência;
Grupo II (precoce) - Casa Grande, Hamlin, João Nunes, Oliverlands,
Sweet, Valência 457, Verde de Espanha, Westin;
Grupo III (meia-estação) -
73
Bedewells Bar, Biondo Corigliano, Boukhobza, Cara Cara, China SRA 547, China,
Comuna, Doblefina, Fukuraha, Fullameuda, Grada, Kawatta, Lue Gin Gong, Maçã,
Mayorca, Murtera, Newhall Navel, Orange Clanor, Ovale Mut, Ovale, Pêra, Prata,
Premier, São Miguel, Telde, Torregrossa, Torregrosso, Tua Mamede, Tua.
Figura 4. Dendrograma resultante do agrupamento hierárquico para laranjas
doces, obtido por meio de análise das variáveis ºBrix, acidez e “ratio”,
aos 15, 30 e 45 dias após o início da colheita dos frutos. Jaboticabal/
SP, 2009.
A distinção entre os grupos de maturação mostra-se confirmada pela
análise de agrupamento por meio do método não hierárquico k-médias (
k-means).
Conforme análise de variância (Tabela 9), as variáveis acidez e “ratio” foram as
mais importantes na ordenação dos grupos (p<0,05), que a variável °Brix foi
significativa a 5% de probabilidade (Fc>F) apenas até a terceira colheita (30 dias
após o início das avaliações).
Na Figura 5 são encontrados os dados correspondentes ao perfil das
médias (centróides) para cada grupo. O grupo I apresentou os menores valores
médios de “ratio” ao longo do período analisado, com valor médio do agrupamento
de 8,7 aos 45 dias após o inicio das coletas, enquanto o grupo II apresentou o
valor médio de “ratio” mais elevado, de 20,3. Em ambas as situações houve
74
também a indicação de que os frutos desses correspondiam aos grupos de
maturação tardios e precoces, respectivamente. O grupo III, com 29 genótipos é o
maior em número, com “ratio” médio de 13,8, correspondendo aos genótipos
intermediários em relação aos valores das variáveis analisadas (ºBrix, acidez e
“ratio”). De acordo com esses valores de “ratio”, que é indicado como índice de
maturidade dos frutos cítricos, o mínimo para o início da colheita dos frutos seria
12, pois nesse nível manteria o sabor ideal pelo equilíbrio de ácidos e açúcares,
considerado fator primordial para frutos com qualidade de processamento
industrial e mercado
in natura (DI GIORGI et al., 1993). Tais resultados são
indicações de que apenas os frutos correspondentes aos genótipos dos grupos II
e III poderiam ser colhidos na época em que foi realizada a avaliação.
Tabela
9
.
Análise de variância para as variáveis, acidez, Brix e “ratio”, de
frutos
pertencentes aos grupos de maturação (I, II e III) definidos pela análise
não-hierárquica de agrupamento k-means. Jaboticabal/ SP, 2009.
Variável
(1)
Soma de
quadrados
entre grupos
Graus de
liberdade
Soma de
quadrados
dentro dos grupos
Graus de
liberdade
Fc Prob.
AC_1
34,06559
2
16,93441
49
49,28469
0,000000
AC_2 35,38731 2 15,61269 49 55,53107 0,000000
AC_3 35,46070 2 15,53930 49 55,90903 0,000000
AC_4 37,83047 2 13,16953 49 70,37814 0,000000
BRIX_1 14,14869 2 36,85131 49 9,40653 0,000349
BRIX_2 11,85011 2 39,14989 49 7,41580 0,001536
BRIX_3 15,22596 2 35,77404 49 10,42756 0,000169
BRIX_4 5,00165 2 45,99836 49 2,66402 0,079747
“RATIO”_1 28,77490 2 22,22510 49 31,72023 0,000000
“RATIO”_2 30,11950 2 20,88050 49 35,34053 0,000000
“RATIO”_3 29,62497 2 21,37503 49 33,95605 0,000000
“RATIO”_4 29,24080 2 21,75920 49 32,92399 0,000000
(1
) AC_1- acidez titulável (1
a
colheita); AC_2: (aos 15 dias após 1
a
colheita); AC_3: (aos 30 dias após 1
a
colheita); AC_4 (aos
45 dias após 1
a
colheita). BRIX_1- (1
a
colheita); BRIX_2- (15 dias após a 1
a
colheita); BRIX_3- (30 dias após 1
a
colheita);
BRIX_4-(45 dias após 1
a
colheita). “RATIO”_1-(1
a
colheita); “RATIO”_2- (15 dias após 1
a
colheita) ; “RATIO”_3- (30 dias
após 1
a
colheita); “RATIO”_4- (45 dias após 1
a
colheita). Fc valor da F calculado. Prob.- probabilidade de se obter um valor
de F
≥ Fc. <0,01 significativa a 1%, p<0,05 significativa a 5% e p> 0,05 não significativo a 5%.
A média dos valores de sólidos solúveis apresentou variação significativa
entre grupos até a terceira avaliação (30 dias após o início da colheita). Os dados
75
de ºBrix aos 45 dias após o início das avaliações não foi significativo a 5 % de
probabilidade, independente do grupo avaliado. Aparentemente, a partir dessa
fase, notadamente aqueles dos grupos I e II não variação, que os níveis
mantiveram-se relativamente estáveis a partir da avaliação realizada após 30 dias
do início da colheita. Tal resultado mostra-se convergente àquele citado por
SINCLAIR (1960), segundo o qual no processo de maturação dos frutos um
decréscimo de ácido cítrico e estabilização dos teores de sólidos solúveis. No
caso dos genótipos do grupo III, a possibilidade de acréscimo no teor de ºBrix,
que, na quarta avaliação (45 após o início da colheita), havia ainda um indício
de incremento nos valores dessa variável.
Com relação à acidez, verificou-se que o grupo I apresentou valores médios
mais elevados desde o inicio das avaliações, em comparação com os grupos II e
III. O grupo I, como mencionado, compreende genótipos de frutos de maturação
tardias, cujo valor médio de acidez é de 1,20%. No grupo II, correspondente aos
genótipos de maturação precoce, possuem valores médios de acidez de 0,52%,
considerado baixo. O grupo III possui valores médios de acidez, de 0,78%,
indicando que esse grupo é formado por genótipos de meia-estação, quando
comparado aos demais grupos definidos e discutidos anteriormente.
76
Figura 5. Médias padronizadas das variáveis que caracterizam a maturação das
laranjas doces para cada grupo, segundo análise de agrupamento não-
hierárquica
k-means. “RATIO”, ºBrix e Acidez. Jaboticabal/ SP, 2009.
77
3.2. Resistência a Guignardia citricarpa
Os níveis de severidade da doença, expressos em termos de índices de
doença (ID) da mancha preta dos citros, foram diferentes entre as áreas
experimentais, representadas pelos plantios realizados em Rincão e Tambaú. Os
dados e comportamento dos genótipos quanto à resistência a
G. citricarpa
encontram-se apresentados na Tabela 10.
3.2.1 Avaliação safra 2007
Para o ano de 2007, no caso de Rincão, dentre os 65 genótipos avaliados,
apenas 59 deles produziram frutos, a partir dos quais se procederam as
avaliações quanto ao comportamento a
G. citricarpa. Verificou-se que nesses, os
genótipos Castellana, Maçã e Oliverlands encontravam-se assintomáticos. Nos
demais genótipos, os níveis de severidade variaram de 0,35 para Grada, a 3,0
para China SRA-547. Tomando-se como referência os dados verificados para as
variedades consideradas suscetíveis, conforme classificação estabelecida por
SPÓSITO et al. (2004b), observa-se que 26 genótipos foram considerados
altamente suscetíveis, que apresentaram valores de índice de severidade (ID)
iguais ou superiores a 1,06.(ID para a Folha Murcha). Por outro lado, as
sintomáticas que apresentaram valores inferiores ao apontado foram consideradas
medianamente suscetíveis, sendo em número de 16.
Quanto aos dados obtidos em Tambaú, foi observado que dentre as plantas
que frutificaram, e com exceção daquelas cujos frutos não exibiram sintomas
(Belladona, Maçã e Skaggs Bonanza Navel), os valores de severidade variaram
de 0,40 para Cadenera a 2,46 para Pêra. Também, de forma semelhante ao
critério adotado para as avaliações realizadas em Rincão, e tomando o menor
valor para as variedades suscetíveis, de 1,35 para a Hamlin, verificou-se que
dentre os 52 genótipos avaliados, 29 deles enquadraram-se dentre os altamente
suscetíveis, enquanto que 20 situaram-se dentre os medianamente suscetíveis.
78
3.2.2 Avaliação safra 2008
Para a safra de 2008, no campo de Rincão foram avaliados 65 genótipos os
quais produziram frutos. Todos os genótipos exibiram sintomas da doença. Os
níveis de severidade verificados variaram de 0,18 para Belladona, a 3,92 para
Vera 97. Tendo como referência os dados verificados para as variedades
consideradas suscetíveis (SPÓSITO et al., 2004b), verifica-se que todos os
genótipos que apresentaram valores iguais ou superiores à média observada para
a Hamlin (menor valor entre as suscetíveis), de 1,33, um total de 40 genótipos foi
considerado altamente suscetível. Por outro lado, os que apresentaram valores
inferiores ao apontado foram considerados medianamente suscetíveis, sendo
esses formados por 25 genótipos.
Quanto aos dados obtidos no ensaio de Tambaú, apenas a variedade
Navelina não apresentou sintomas da MPC. Foi observado que dentre as plantas
que frutificaram, e com exceção apenas da Navelina, os valores de severidade
variaram de 0,11 para Tua Mamede, a 3,57 para Amares. Também, de forma
semelhante ao critério adotado para as avaliações realizadas em Rincão, e
tomando o menor valor para as variedades suscetíveis, de 0,84 para a Hamlin,
verificou-se que dentre os 65 genótipos avaliados, 50 deles enquadraram-se
dentre os altamente suscetíveis, enquanto que 14 situaram-se dentre os
medianamente suscetíveis.
79
Genótipo
Rincão
Tambaú
2007
2008
2007
2008
Amares 0,54 + 2,79 +++
ND
- 3,57 +++
Barlerin
0,50
+
2,10
+++
ND
-
1,71
+++
Bedewells Bar
2,08
+++
1,54
+++
1,52
+++
1,59
+++
Belladona
ND
-
0,18
+
0,00
-
1,06
+++
Berry Valência
1,67
++
1,43
+++ 1,55 +++ 2,09
+++
Biondo Corigliano
ND
-
0,79
++
0,87
++
1,12
+++
Boukhobza
1,57
+++
1,93
+++
1,23
++
0,18
+
Cadenera
ND
++
1,04
++
0,40
+
1,87
+++
Casa Grande
1,88
+++
2,06
+++
1,58
+++
0,32
+
Castellana
0,00
-
1,25
++
1,47
+++
1,22
+++
China
ND
-
1,23
++
1,50
+++
1,76
+++
China SRA-547
3,00
+++
1,84
+++
1,44
+++
0,24
+
Comuna
ND
-
1,56
+++
1,30
++
2,40
+++
Dom João
1,21
+++
1,50
+++
1,60
+++
0,91
+++
Doblefina
ND
-
0,78
++
ND
-
0,95
+++
Evora
ND
-
2,36
+++
ND
-
1,30
+++
Finike
1,00
++
1,40
+++
1,70
+++
2,12
+++
Folha Murcha
1,06
+++
2,25
+++
1,86
+++
1,72
+++
Fukuraha
1,60
+++
1,4
+++
1,25
++
0,35
+
Fullameuda
1,75
+++
1,31
++
1,51
+++
1,14
+++
Grada
0,35
+
2,14
+++
0,65
++
1,65
+++
Hall
1,70
+++
0,97
++
1,12
++
1,64
+++
Hamlin
1,69
+++
1,33
+++
1,35
+++
0,84
+++
João Nunes
0,39
+
1,20
++
1,55
+++
1,04
+++
Kawatta
0,90
++
2,13
+++
1,85
+++
2,66
+++
Lue Gin Gong
2,11
+++
1,92
+++
1,86
+++
0,33
+
Maçã
0,00
-
1,94
+++
0,00
-
0,37
+
Mayorca
1,90
+++
1,72
+++
1,29
++
1,12
+++
Murtera
ND
-
1,58
+++
0,85
++
0,48
++
Natal
1,99
+++
2,09
+++
2,41
+++
1,45
+++
Natal Murcha
0,98
++
0,70
++
1,20
++
1,40
+++
Natal PI-587
0,67
++
1,02
++
0,93
++
1,53
+++
Navelina
0,80
++
1,15
++ 0,95 ++ 0,00
-
Newhall Navel
2,05
+++
1,64
+++
1,41
+++
0,93
+++
Oliverlands
0,00
-
2,22
+++
2,23
+++
1,03
+++
Orange Clanor
0,88
++
1,43
+++
1,45
+++
2,86
+++
Ovale Mut.
1,20
+++
2,62
+++ 1,90 +++ 1,73 +++
Pêra 2,18 +++ 1,14
++ 2,46 +++ 1,41 +++
Prata Lima
ND
-
1,68
+++
ND
- 1,86 +++
Rotuna
1,38
+++
2,29
+++
ND
-
1,94
+++
Tabela 10
. Índice de severidade, expresso em índice de doença (ID), da mancha preta
dos citros em genótipos de laranjeiras doces, em Rincão (SP) e Tambaú
(SP), nas safras 2007 e 2008. Jaboticabal, SP, 2009.
80
ND (Não determinado); (-) sem sintomas; (+) suscetível; (++) medianamente suscetível; (+++) altamente suscetível
Todas as variedades de laranjeiras doces atualmente empregadas no
Brasil, como as laranjas Pêra, Valência, Natal, Folha Murcha e Hamlin foram
incluídas na presente experimentação. De acordo com os dados de incidência e
severidade observados, ainda que os níveis tenham sido variados, possivelmente
em função de idade, constata-se que todas as variedades testada mostraram-se
suscetíveis, convergindo com os dados de literatura quanto à inexistência, até o
momento, de variedades resistentes a
G. citricarpa (KOTZE, 1981;
FEICHTENBERGER, 1996; AGUILAR-VILDOSO, 1997; ALCOBA et al., 2000;
GOES & KUPPER, 2000). Com exceção da laranja azeda e seus híbridos, os
Continuação
T
abela
10
...
Genótipo
Rincão
Tamba
ú
2007
2008
2007
2008
São Miguel
0,96
++
0,82
++ 1,26 ++ 0,5 ++
Setubalense
ND
-
2,77
+++
ND
-
1,61
+++
Skaggs B. Navel
ND
-
0,64
++
0,00
-
1,71
+++
Sokotoro
2,00
+++
2,30
+++
ND
-
1,18
+++
Sr. Antunes
ND
-
2,50
+++
ND
-
1,92
+++
Sweet
0,56
+
2,50
+++
1,26
++
0,88
+++
Telde
1,43
+++
1,67
+++
1,09
++
0,64
++
Torregrossa
1,70
+++
0,80
++
1,20
++
1,57
+++
Torregrosso
1,51
+++
0,37
+
1,18
++
1,59
+++
Tua
1,20
+++
0,98
++
ND
-
1,62
+++
Tua Mamede
ND
-
2,2
+++
ND
-
0,11
+
Vacaro Blood
ND
-
0,96
++
1,26
++
1,51
+++
Vainiglia
0,85
++
1,00
++
0,75
++
1,96
+++
Valência 457
1,40
+++
0,75
++
1.50
+++
0,27
+
Valência 74
0,85
++
1,56
+++
1,86
+++
1,25
+++
Valência 77
ND
-
0,50
+
1,38
+++
1,13
+++
Valência Campbell
1,30
+++
2,98
+++
1,40
+++
0,89
+++
Valência Temprana
1,98
+++
0,92
++
1,92
+++
0,55
++
Valência Rohde Red 99
1,50
+++
0,95
++
1,34
+++
1,39
+++
Vera 97
2,95
+++
3,92
+++
ND
-
1,08
+++
Verde de Espanha
0,85
++
2,35
+++
1,22
++
0,50
++
Werly Valência
0,72
++
1,71
+++
1,97
+++
0,62
++
Westin
0,98
++
1,93
+++
0,84
++
0,92
++
Yoshida Navel
1,09
+++
1,00
++
1,38
+++
2,56
+++
81
quais são resistentes ao patógeno (KOTZÉ, 1981), e a lima ácida ‘Tahiti’,
insensível ao fungo (BALDASSARI et al., 2008), todas as espécies de importância
econômica são suscetíveis ao patógeno (AGUILAR-VILDOSO, 1997; ALCOBA et
al., 2000).
No caso da variedade Navelina, o fato dos frutos da mesma mostrarem-se
assintomáticos no campo experimental de Tambaú, porém sintomático no campo
experimental de Rincão, deve-se possivelmente a escapes, mesmo considerando
a alta disponibilidade de inóculo na área, e a representatividade quanto ao número
de frutos avaliados. Estudos posteriores poderão dirimir as dúvidas quanto à sua
viabilidade, assim como quanto ao comportamento do genótipo Maçã, já que esse,
no ano de 2007, em Rincão e em Tambaú, assim como nesse último, em 2008,
comportou-se como de baixa suscetibilidade.
Em que pese a ampla diversidade genética dos citros (IWAMASA & NITO,
1988), porém considerando o fato de ser uma planta predominantemente
autógama (DOMINGUES & TULMANN NETO, 1999), perene, multiplicada
vegetativamente, e com base genética muito estreita (MATTOS JUNIOR et al.,
1999), admite grande dificuldade na geração natural de material genético
resistente a
G. citricarpa. Assim, torna-se fundamental, pois, o emprego de
alternativas não convencionais com vistas ao desenvolvimento de materiais
genéticos resistentes ao patógeno, sem, contudo, minimizar a importância das
novas variedades de laranjas doces citadas na literatura (LI, 1997; DONADIO et
al., 1999). Também, o critério de avaliação adotado, tomando como referência
respostas qualitativas, embora seja o procedimento mais prático, talvez minimize a
possibilidade da seleção de genótipos de comportamento diferenciados, quando
se avalia frutos e folhas. No tocante às folhas, uma menor ocorrência do patógeno
nas mesmas poderá ter uma implicação altamente significativa nos ciclos de vida
do patógeno.
82
3.2.3 Maturação x Índice de doença (ID)
Em termos gerais, a expressão e intensidade dos sintomas de MPC estão
ligadas ao nível de maturidade dos frutos de algumas variedades cítricas
(FEICHTENBERGER, 1996), tendo em muitos casos uma relação positiva direta.
Embora tal comportamento seja verificado para muitas variedades, não se pode
estabelecer generalizações, que, como no presente caso, essa relação não foi
observada (Tabela 11). Assim, especula-se que o nível de expressão de sintomas
é uma função de um conjunto de variáveis e parâmetros climáticos, donde deve se
sobressair os fatores ambientais. Não obstante as variedades tardias tenham
expressado os maiores valores de severidade, convergindo com dados de
literatura (SCHINOR, 2001; SPÓSITO, 2004a), altos índices de doença foram
também observados em genótipos classificados de maturação precoces e de
meia-estação.
Tabela 11. Relação entre grupos e os genótipos que se mostraram altamente
suscetíveis (ID
1,35 para Hamlin, em Rincão) e (ID≥0,84 para
Hamlin, em Tambaú) em função dos períodos de maturação.
Jaboticabal/ SP, 2009.
Período de
Maturação
Genótipos
Rincão
Tambaú
Precoce
Casa Grande, Hamlin, João Nunes,
Oliverlands, Sweet, Verde De Espanha,
Westin
Hamlin, João Nunes, Oliverlands
*
1
Sweet,Westin
Meia Estação
Bedewells Bar, China Sra- 547
China, Comuna, Fukuraha, Fullameuda,
Grada, Kawatta
Lue Gin Gong, Maçã, Mayorca
Murtera, Newhall Navel, Orange Clanor,
Ovale Mut, Pêra, Tua Mamede
Bedewells Bar, Biondo Corigliano
Boukhobza, China, Comuna,
Doblefina, Fullameuda, Grada
Kawatta, Mayorca, Newhall Navel,
Orange Clanor, Ovale Mut,Pêra,
Torregrossa, Torregrosso, Tua
Tardia
Berry Valência, Castellana, Dom João,
Finike, Folha Murcha,Valência 74, Valência
Campbell,Vera 97, Werly Valência
Berry Valência, Castellana
Dom João, Finike, Folha Murcha
Natal, Natal Murcha, Natal Pi-587,
Vacaro Blood, Valência 74
Valência 77, Valência Campbell
Vera 97
*
1
Genótipos ausentes nessa coluna não obtiveram valores de ID igual ou acima das variedades padrões de suscetibilidade (Folha Murcha,
Hamlin, Pêra e Natal) para o respectivo campo.
83
Dentre os seis tipos de sintomas descritos na literatura (HERBERT, 1989;
GOES et al. 2000, AGUILAR-VILDOSO et al., 2002), os que ocorreram em maior
freqüência foram os dos tipos falsa melanose, e principalmente o do tipo mancha
preta ou mancha dura.
Os níveis de inóculo, indiretamente expressos em termos de níveis de
severidade, e a relação aos diferentes tipos de sintomas apresentaram-se de
forma distinta nos campos avaliados, sendo mais elevado em Rincão. A incidência
e severidade da doença, em geral estão associadas à suscetibilidade das
cultivares, quantidade de inóculo disponível e ambiente favorável. No caso da
MPC, além da configuração espaço-temporal dos fatores apontados, a severidade
da doença mostra-se também relacionada à elevação de temperatura por ocasião
da maturação dos frutos, maior incidência de raios solares nos frutos mais
expostos, estresse hídrico e debilidade das plantas (KOTZÉ, 1981). Além disso,
nas áreas experimentais, além da ocorrência simultânea de vários componentes
favoráveis, acredita-se, também, que o processo de adição de folhas coletadas
nos pomares e espalhadas sob as plantas também contribuiu para a ocorrência e
incremento da expressão de sintomas, constituindo, assim, em medida que
permite a aceleração da expressão dos mesmos, em plantas jovens.
Para alguns genótipos, e em casos particulares em termos de locais e anos,
não houve uma expressão regular dos níveis de incidência e severidade da
doença. Em algumas situações o nível de doença observado no segundo ano,
para um determinado genótipo e local foi inferior ao observado no ano anterior.
Isso deveu-se, possivelmente, ao fato de que, para alguns casos, no ano anterior
possa ter acumulado inóculo nos tecidos da planta, com reflexos na forma de
auto-infecção e aloinfecção, enquanto em outros casos, em reflexos exclusivos da
aloinfecção.
84
4. CONCLUSÕES
1- Dentre os 52 genótipos avaliados no campo experimental de Tambaú,
SP, foram caracterizadas três grupos em função do período de maturação: grupo I
(tardias), grupo II (precoces) e grupo III (meia-estação);
2- Nas condições em que foram desenvolvidos os trabalhos, não foi
constatada uma relação direta entre períodos de maturação dos frutos (genótipos
precoces, meia estação e tardios) e níveis de severidade de sintomas de MPC;
3- Plantas cítricas a partir dos dois anos de idade podem expressar
elevados níveis de severidade de sintomas da MPC nos frutos, de tal forma que
podem ser desenvolvidos estudos com vistas ao prognóstico do seu
comportamento em relação a
G. citricarpa.
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