111
kaiì kataplh/ttomai dokw½n toiÍsi lo/goisi xai¿rein.
eiåt' e)piì deiÍpnon e)rxo/mes
q' aÃlludij aÃlloj h(mw½n
ma=zan e)p' a)llo/fulon, ou deiÍ xari¿enta polla\
to\n ko/lak' eu)qe/wj le/gein, hÄ 'kfe/retai qu/raze.
oiåda d' ¹Ake/stor' au)to\ to\n stigmati¿an paqo/nta:
skw½mma ga\r eiåp' a)selge/j, eiåt' au)to\n o( paiÍj qu/raze
e)cagagwÜn eÃxonta kloio\n pare/dwken Oi¹neiÍ.
Mas vamos descrever o regime que os aduladores têm junto a vós;
Mas ouçai como somos homens elegantes em relação a tudo,
os quais primeiramente têm um escravo a meu pé,
Ele é dos outros em muitas coisas, mas uma coisa pequena e minha dele.
Possuo estes dois mantos graciosos,
Os quais trocando, sempre conduzo o outro
em direção à ágora. Lá, quando vejo algum homem
Estúpido, rico, logo estou junto dele
E se acontece de o rico falar alguma coisa, isto eu elogio totalmente
E fico estupidificado, parecendo alegrar-me com o discurso.
Em seguida vamos, um de nós pra um lugar, outro pra outro, para um jantar,
Para um pão de cevada estrangeiro, do qual o adulador deve logo dizer muitas coisas
Agradáveis, senão é levado para fora.
Eu sei o que Acestor, o marcado por tatuagem (ie. Antigo escravo), sofreu:
Ele disse uma piada licenciosa e o escravo, expulsando-o com uma coleira de
madeira
Para fora das portas.
Que os parasitas dessa comédia não são figuras anônimas, mas provavelmente
compostos de pessoas famosas, fica claro – conforme vimos no capítulo anterior – pela
presença de Protágoras e Sócrates, assim como pela referência a esse Acestor, que teria sido
um poeta trágico
187
.
Podemos ver aqui alguns paralelos entre os parasitas (cujo líder, nesta comédia, é
sem dúvida Protágoras) e os personagens socráticos das Nuvens. Entre os paralelos, ambos
parecem pobres; este parasita, por exemplo, possui apenas dois mantos, os quais ele troca dia
sim dia não para ir à ágora, o que nos remete imediatamente a uma passagem que já citamos
das Nuvens, onde Sócrates rouba na mesma ágora um manto. A referência a Sócrates e a sua
forma de vestir também é reproduzida em outro fragmento
188
de Amípsias, que pergunta a
Sócrates onde ele conseguiu o seu manto. Não apenas Sócrates e Parmênides estão presentes
nesses paralelos, mas também Pródico, cujas referências na comédia são extremamente
reduzidas. Também possuímos um verso que se refere ao uso ou não de um manto na comédia
de Aristófanes Ταγηνίσται, que significa “os fritadores” (τάγηενον é o nome da frigideira em
grego) e provavelmente trata de aduladores e parasitas.
Parece-nos uma questão demasiado obscura para ser repetida tantas vezes, mas há
algo de comum em toda a mentalidade grega quanto ao fato de os mendigos e aduladores
187
Cf. Σ av, 31 OuÂtoj e)stin ¹Ake/stwr, trag%di¿aj poihth/j. Este é Acestor, poeta de tragédia.
188
Fr. 9 Kock