A
CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA
: os
espaços livres públicos de recreação e conservação em Campo Grande, MS
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4.4.4.2 Carta de Geotécnica de Campo Grande, MS
A Carta Geotécnica
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foi criada como um instrumento de planejamento
urbano aplicado à organização do uso e da ocupação do solo, promovendo o
aproveitamento dos recursos naturais e construídos, a redução dos custos relativos
à expansão urbana. A Carta Geotécnica apresenta as características geológicas,
pedológicas e geotécnicas da sede do município subdividindo-a em
unidades
homogêneas
, considerando as características da paisagem e estabelecendo
critérios e recomendações para as intervenções no solo urbano (Tabela 4.3).
A Carta Geotécnica delimita as zonas com maior potencial de
adensamento, áreas de proteção ambiental, áreas de preservação da
permeabilidade do solo e as faixas de terra consideradas mais apropriadas
para parque e espaços livres de recreação. Segundo a Carta Geotécnica,
uma das funções estabelecidas para os espaços livres públicos de recreação
e de conservação era a de proteção ambiental das áreas frágeis e de
minimização dos conflitos urbanos quanto às variações da saturação do solo
nas áreas de embaciamento, nos fundos de vale e nas cabeceiras dos
córregos (Figura 4.50).
Nesse sentido, avaliando-se a distribuição espacial dos espaços livres
públicos de recreação dos loteamentos constatou-se que ela foi ineficaz na
proteção das áreas consideradas frágeis, pois é muito fragmentada. A
extensão abrangida pelos espaços livres públicos de recreação é muito inferior
àquela recomendada pela Carta Geotécnica. Entretanto nos Córregos Buriti,
Lagoa, e Imbirussu essa distribuição é um pouco mais contínua.
Apenas em algumas áreas de embaciamento e cabeceiras dos córregos
foram implantados parques para a proteção dos mananciais. Essa implantação
iniciou ainda na década de 1960 com a proteção da cabeceira do Córrego
Prosa. Depois sendo estendida para as cabeceiras dos Córregos Segredo e
Sóter na década de 1990 e nos anos 2000. Contudo essa ação foi realizada
como efeito da criação e da aplicação da Carta Geotécnica e do Plano Diretor
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A data de publicação da primeira edição é de 1991. A versão apresentada contém
os dados dessa primeira edição, mas transpostos para a malha viária de 1999. Foram
incorporados ao mapa a divisão do zoneamento urbano estabelecido pelo Plano
Diretor de Campo Grande (1995), no sentido de obter uma uniformidade de
tratamento das informações gráficas ora apresentadas e de facilitar a comparação de
seus conteúdos. Confira CAMPO GRANDE (MATO GROSSO DO SUL). Secretaria
Municipal
de Planejamento. Unidade de Planejamento Urbano de Campo Grande –
PLANURB. C
Carta Geotécnica de Campo Grande
. Campo Grande, MS: PLANURB,
1991.
de Campo Grande (Figura 4.51). Mesmo com o aprimoramento dos
instrumentos de planejamento, nascentes degradas como as do Córrego
Serradinho (Jardim Imá) e do Córrego Portinho (bairro Portinho Pache) não
foram recuperadas, sendo ocupadas por moradias e áreas de lazer particulares.
TABELA 4.3 - CARTA GEOTÉCNICA: recomendações para projetos de parcelamento do solo
CARACTERÍSTICAS GERAIS DAS UNIDADES
Unidades
Homogêneas
LITOLOGIA RELEVO
E
SPECÍFICAS GERAIS
I
Basalto e Arenito
Intertrapeanos da Formação
Serra Geral
x Colinas: áreas
praticamente planas: suave
onduladas e onduladas:
declividades variando de 0%
a 15%
x Áreas passíveis de maior concentração urbana;
II
Arenitos da Formação Caiuá
x Colinas: áreas
praticamente planas: e suave
onduladas declividades
variando de 0% a 8%
x Implantar conjuntamente com o sistema viário, sistema adequado de drenagem das
águas superficiais e tratamento do leito viário, de modo que, não se desenvolvam fenômenos
de erosão ao longo das vias nem os locais de lançamento;
x Conduzir e dispor convenientemente os escoamentos concentrados através de estruturas
(tubos, galerias, valas revestidas) dotados de elementos filtrantes/drenantes em seus contatos
com o terreno, de modo a impedir freqüentes fenômenos de “piping” e descalçamento;
x Direcionar o lançamento final do escoamento em drenagens naturais do leito estável
(rochoso preferencialmente) através de estrutura de dissipação de energia, adotando-se as
mesmas precauções propostas no item acima;
x Áreas aptas a urbanização.
III – A
Arenitos da Formação Serra
Geral
x Platôs e Colinas: áreas
praticamente planas: e suave
onduladas com
embaciamentos localizados,
declividades variando de 0%
a 15%
III – B
Arenitos da Formação Serra
Geral
x Platôs e Colinas: áreas
praticamente planas: e suave
onduladas com
embaciamentos localizados,
declividades variando de 0%
a 15%;
x Embaciamentos mais
extensos
x Investigar geotecnicamente o subsolo para implantação de edificações de qualquer porte;
x Prover de drenagem conveniente a base e sub-base dos pavimentos viários;
x Minimizar os efeitos de recalque diferencial, expansão e contração do solo, implantando
redes subterrâneas com materiais adequados;
x Maior acuidade nos projetos de implantação das redes de condução de águas pluviais e
servidas;
x Prover obrigatoriamente com rede de coleta de esgoto, excluindo qualquer alternativa
baseada na infiltração local dos resíduos e/ou efluentes;
x Prover de escoramento provenientes as paredes de escavação em profundidades maiores que
1,5m;
x Conduzir e dispor conveniente os escoamentos concentrados através de estruturas (tubos,
galerias, valas revestidas) dotadas de elementos filtrantes/drenantes em seus contatos com o
terreno, de modo a impedir freqüentes fenômenos de “piping” e descalçamento;
x Direcionar o lançamento final do escoamento em drenagens naturais do leito estável
(rochoso preferencialmente) através de estrutura de dissipação de energia, adotando-se as
mesmas precauções propostas no item acima;
x Todas as recomendações acima se asseveram para as áreas deprimidas (embaciamentos);
x Nas áreas de unidade III B, recomenda-se a destinação para atividades de parque e lazer.
IV
Aluviões recentes (areia,
argila e silte com ou se,
matéria orgânica)
x Várzeas e fundos de
vales: áreas praticamente
planas, a suave onduladas:
declividades variando de 0%
a 5%
x Ocupar convenientemente a área de modo a evitar inundações, através de recursos
usuais da engenharia como: retificação, desobstrução, canalização e desassoreamento dos
cursos da água e edificações sobre aterro e pilotis;
x Adotar medidas visando a impermeabilização da superestrutura das edificações, devido a
proximidade do nível da água;
x Implantar sistemas de drenagem superficial e subterrânea eficientes, afim de garantir a
não saturação do subleito viário;
x Implantar rede subterrânea com material adequado de modo a minimizar os efeitos de recalque
diferencial;
x Garantir a estabilidade e proteção contra a erosão das margens dos cursos de água;
x Manter a vegetação natural ou reflorestar com espécies adequadas tanto às margens
quanto às cabeceiras dos cursos de água;
x Usos recomendáveis, atividade de lazer e parques.
V
Basalto e Arenito da
Formação Serra Geral e
Arenitos da Formação Caiuá
x Cabeceiras de
Drenagem: áreas
praticamente planas, suave
onduladas e onduladas,
declividades variando de 0%
a 12%
x Direcionar o lançamento final do escoamento em drenagens naturais do leito estável
(rochoso preferencialmente) através de estrutura de dissipação de energia, adotando as
mesmas precauções propostas para a unidade II;
x Preservar e proteger estas cabeceiras de drenagem com vegetação natural ou espécies adequadas;
x Por ocasião da ocupação total ou parcial de terrenos desta Unidade e em seu entorno,
deverão ser elaborados estudos específicos visando definir o seu limite para efeito, de projeto
x Realizar estudos geológicos-geotécnicos para
cada projeto de parcelamento, caracterizando os
locais onde ocorre solos de baixa capacidade de
suporte de carga, profundidade do nível da água;
x Implantar o loteamento setorizadamente, de
modo que as obras de terraplanagem, proteção
superficial e drenagem estejam concluídas com o
menor tempo de exposição às chuvas, iniciando
preferencialmente pelas áreas mais baixas;
x Adequar o traçado e o greide das vias à
topografia do terreno;
x Evitar a execução de terraplanagem ou
implantação de vias e lotes em áreas de
concentração de drenagem, preservando-as
como áreas verdes;
x Evitar a execução de terraplanagem extensiva;
Drenagem / Proteção de Taludes e Leito Viário
x Implantar obras e/ou medidas para
dissipação de energia das águas pluviais nos
pontos de lançamentos;
x Dimensionar adequadamente as calhas de
travessias do sistema de drenagem
compatibilizando o volume de águas às
dificuldades do terreno;
x Implantar sistema adequado para
captação e drenagem de águas superficiais nos
taludes de cortes de aterro;
x Garantir o escoamento das águas pluviais
quando da execução de obras de terraplanagem;
x Adequar a solução de coleta e dissipação
das águas servidas às dificuldades de
escoamento e infiltração dos efluentes do solo;
x Implantar proteção superficial dos taludes
de corte e aterro;
x Prever cuidados específicos nos trechos de
declividade acentuada onde há concentração de
águas pluviais;
x Implantar canaletas ou interceptar o fluxo
de água nos locais problemáticos quanto ao
desenvolvimento de erosão no leito viário;
x Evitar o escoamento de grandes volumes
de águas pluviais no leito das vias, privilegiando
o seu lançamento na drenagem natural;
Edificações
x Nas edificações fundadas sobre seção
mista de coute/aterro, tomar providências para
minimizar a ocorrência de recalques diferenciais.
E naquelas implantadas sobre aterro, atentar par
ocorrência de recalques excessivos.
FONTE: CAMPO GRANDE (MATO GROSSO DO SUL). Secretaria Municipal de Planejamento. Unidade de
Planejamento Urbano de Campo Grande – PLANURB. C
Carta de Geotécnica de Campo Grande
. Campo
Grande, MS: PLANURB, 1991.