23
Ensinem às suas crianças o que ensinamos às nossas, que a Terra é
nossa mãe. Tudo o que acontecer à Terra acontecerá aos filhos da
Terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.
Isto sabemos: a Terra não pertence ao homem, o homem pertence à
Terra. Isso sabemos: todas as coisas estão ligadas como o sangue que
une uma família. [...] O homem não teceu o tecido da vida: ele é
simplesmente um de seus fios. Tudo o que fizer ao tecido, fará a si
mesmo. [...] Os brancos também passarão, talvez mais cedo que todas
as outras tribos. Contaminem suas camas, e uma noite serão sufocados
pelos próprios dejetos. Mas quando de sua desaparição, vocês
brilharão intensamente, iluminados pela força do Deus que os trouxe a
esta terra e por alguma razão especial lhes deu o domínio sobre a terra
e sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois
não compreendemos que todos os búfalos sejam exterminados, os
cavalos bravios sejam todos domados, os recursos secretos da floresta
densa, impregnados do cheiro de muitos homens, e a visão dos morros
obstruída por fios que falam. Onde está o arvoredo? Desapareceu.
Onde está a água? Desapareceu. É o final da vida e o início da
sobrevivência. [...] Se não possuímos o frescor do ar e o brilho da
água, como é possível comprá-los? [...] Eu não sei, nossos costumes
são diferentes dos seus. A visão de suas cidades fere os olhos do
homem vermelho. [...] Não há lugar quieto nas cidades do homem
branco. Nenhum lugar onde se possa ouvir o desabrochar de folhas na
primavera, ou o bater de asas de um inseto. (SEATTLE, 1854 apud
DIAS, 1992, p. 375 - 376)
Esta relação do Homem com a natureza, nestes períodos, mostra uma preocupação com
a escassez dos recursos naturais, o respeito que desde cedo as crianças aprendiam no seu
dia-a-dia e que o seu sustento, dos seus filhos e netos dependiam da forma de como se
relacionariam com a terra, com a natureza. A Educação Ambiental já era transmitida
com o objetivo de cuidar da terra, o que perpassa estes dois regimes: o primitivo e o
escravagista.
Nos modo de produção primitiva e escravagista o Homem necessitava conhecer a
natureza para saber como se defender dos ataques dos animais de grande porte, o que
poderia comer para garantir a sua vida, onde poderia encontrar água para matar a sua
sede ou ainda quais plantas poderiam servir para preparar um remédio e então Brasil
(1999b, p. 8) diz “... o conhecimento ambiental era também necessário para proteção
contra ataques da natureza e para o aproveitamento de suas riquezas”.
Após estes períodos, primitivo e escravagista, inicia-se o segundo momento e chega-se
ao período em que o homem era voltado para agricultura ou o regime feudal que vem da