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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
COMPARAÇÃO ENTRE ELETROACUPUNTURA, CIRURGIA E
CIRURGIA ASSOCIADA À ELETROACUPUNTURA NO TRATAMENTO
DA DOENÇA DO DISCO INTERVERTEBRAL EM CÃES
JEAN GUILHERME FERNANDES JOAQUIM
Tese apresentada junto ao Programa de Pós-
Graduação em Medicina Veterinária para
obtenção do título de Doutor.
BOTUCATU – SP
Novembro 2008
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
COMPARAÇÃO ENTRE ELETROACUPUNTURA, CIRURGIA E
CIRURGIA ASSOCIADA À ELETROACUPUNTURA NO TRATAMENTO
DA DOENÇA DO DISCO INTERVERTEBRAL EM CÃES
JEAN GUILHERME FERNANDES JOAQUIM
Tese apresentada junto ao Programa de Pós-
Graduação em Medicina Veterinária para
obtenção do título de Doutor.
Orientador: Prof. Dr. Stelio Pacca Loureiro Luna
BOTUCATU – SP
Novembro 2008
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FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: Selma Maria de Jesus
Joaquim, Jean Guilherme Fernandes.
Comparação entre eletroacupuntura, cirurgia e cirurgia associada a
eletroacupuntura no tratamento da doença do disco intervertebral em cães /
Jean Guilherme Fernandes Joaquim. – Botucatu [s.n.], 2009.
Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia, Botucatu, 2009.
Orientador: Stelio Pacca Loureiro Luna
Assunto CAPES: 50501070
1. Cão - Doenças 2. Eletroacupuntura
CDD 636.70896
Palavras-chave: Acupuntura; Cão; Discopatia; Eletroacupuntura; Hemilami-
nectomia
Dedicatória
i
i
Dedicatória
ii
i
Dedico este trabalho aos colegas e profissionais que um dia
tiveram que decidir entre omitir, se corromper ou ir para guerra e
optaram por este último.
Aos meus pais, por me ensinarem que nem sempre as decisões
acima são as únicas, embora eu ainda não tenha compreendido isso
totalmente.
Dedico ainda ao meu filho Ian e esposa Caroline, como forma
de amenizar as horas subtraídas de nosso convívio, bem como em
agradecimento pela motivação e sustentação diária.
Aos meus Avôs, origem de tudo e por crerem que eu sempre fiz
as escolhas certas, mesmo quando elas foram erradas...
Aos meus irmãos Celso, Andrei e Carol, por ajudarem a
formar os trilhos por onde eu caminho e por ajudarem a me manter
neles em muitas ocasiões...
Às minhas cunhadas, sobrinhas, por cuidarem dos meus irmãos,
tarefa não muito fácil... mas que vocês sempre deram conta...
Ao amigo e orientador, Prof. Stelio, cuja função de me educar
ainda continua, não somente na arte da medicina veterinária, mas
também na arte da vida...
Agradecimentos
i
v
Agradecimentos
v
Ao Prof. Dr. Stelio P. L. Luna, pela oportunidade de
orientação, graça do convívio e pela prontidão.
Ao meu irmão Andrei Joaquim, pela ajuda na formatação nos
dados e exposição dos resultados.
À colega Juliana Brondani, pela inestimável ajuda na
elaboração da tese, formatação e análise estatística.
Ao Prof. Carlos Roberto Padovani pela colaboração
inestimável nas análises estatísticas.
Ao acadêmico de medicina veterinária, Fernando Freitas (Boto)
pela ajuda no levantamento de dados dos animais submetidos ao
tratamento cirúrgico junto aos arquivos da Faculdade de
Medicina Veterinária - FMVZ – Unesp – Campus de
Botucatu.
Aos colegas e monitores do Ambulatório do Serviço de
Acupuntura da FMVZ – Unesp – Botucatu, pela
inestimável ajuda na manutenção dos casos clínicos, pelas idéias,
discussões e estímulo.
Aos Servidores e amigos do Departamento de Pós-graduação
pela disposição e sorriso com que sempre nos receberam e
auxiliaram.
À FMVZ – Unesp, pela oportunidade de cursar a Pós-
graduação, por ceder suas instalações e serviços para que esse
trabalho pudesse ser realizado.
Agradecimentos
v
i
Aos colegas e professores do Departamento de Reprodução e
Radiologia Veterinária, pelo apoio nos diagnósticos por imagem
e por serem sempre prestativos.
Epígrafe
vi
Epígrafe
vii
i
“Nunca ande pelo caminho traçado, pois ele
conduz somente até onde os outros já foram”
Alexander Graham Bell
“As duas ferramentas do acupunturista: a
agulha e o coração.”
Jean Joaquim
Lista de Tabelas
i
x
Lista de Tabelas
x
TABELA 1-
Sistema de graduação para auxiliar na determinação
de tratamento adequado para pacientes com doença
do disco intervertebral na coluna toracolombar
segundo os autores Takahashi et al. (1997), Schulz et
al. (1998) e Chierichetti e Alvarenga (1999)...................
39
TABELA 2 -
Sistema de graduação para pacientes com doença o
do disco intervertebral na coluna toracolombar,
segundo os autores Janssens (1983) e Still (1988;
1989; 1990; 1998)..........................................................
39
TABELA 3 -
Graduação das lesões medulares toracolombares
utilizadas para auxiliar na determinação de tratamento
adequado para pacientes com doença do disco
intervertebral..................................................................
61
TABELA 4 -
Técnica cirúrgica descompressiva utilizada nos
animais do G1 (n=10).....................................................
61
TABELA 5 -
Tempo médio decorrido entre a primeira consulta no
HV da Unesp e a realização do procedimento cirúrgico
descompressivo nos animais dos G1 e G3....................
62
TABELA 6 -
Localização das lesões de discopatia intervertebral
observadas por exame radiográfico associado à
avaliação neuroclínica no G1 (n = 10)...........................
63
TABELA 7 -
Localização das lesões de discopatia intervertebral
observadas por exame radiográfico associado à
avaliação neuroclínica no G2 (n = 19). .........................
63
TABELA 8 -
Localização das lesões de discopatia intervertebral
observadas por exame radiográfico associado à
avaliação neuroclínica no G3 (n = 11)...........................
63
TABELA 9-
Comparação da graduação das lesões medulares
toracolombares de acordo com os sinais clínicos
neurológicos dos animais submetidos à cirurgia
descompressiva (G1: n=10)...........................................
69
Lista de Tabelas
xi
TABELA 10 -
Comparação da graduação das lesões medulares
toracolombares de acordo com os sinais clínicos
neurológicos dos animais submetidos à acupuntura
(G2: n=19)......................................................................
70
TABELA 11 -
Comparação da graduação das lesões medulares
toracolombares de acordo com os sinais clínicos
neurológicos dos animais submetidos à cirurgia e
acupuntura (G3: n=11)...................................................
71
TABELA 12 -
Evolução neurológica dos animais submetidos à
cirurgia descompressiva (G1: n=10) ou acupuntura
(G2: n=19) ou cirurgia descompressiva e acupuntura
(G3: n=11) após alta clínica, avaliados por um período
de pelo menos seis meses.............................................
72
TABELA 13 -
Distribuição dos sinais clínicos dos animais
submetidos à cirurgia descompressiva (G1: n=10) ou
acupuntura (G2: n=19) ou cirurgia descompressiva e
acupuntura (G3: n=11)...................................................
72
TABELA 14 -
Ausência e presença de dor profunda, antes e depois
do tratamento, de animais submetidos à cirurgia
descompressiva (G1: n=10) ou acupuntura (G2: n=19)
ou cirurgia descompressiva e acupuntura (G3:
n=11)..............................................................................
73
Lista de Figuras
x
i
i
Lista de Figuras
x
ii
i
FIGURA 01 -
Relação entre as vértebras e os segmentos nervosos
medulares. Vista lateral. Fonte: Wheeler e Sharp
(2005)................................................................................
26
FIGURA 02 -
Inter-relação entre os NMS e os NMI com relação à
topografia da lesão medular..............................................
28
FIGURA 03 -
Esquema do disco intervertebral e estruturas adjacentes.
29
FIGURA 04 -
Herniação tipo I de Hansen – extrusão discal...................
31
FIGURA 05 -
Herniação tipo II de Hansen – protrusão discal.................
32
FIGURA 06 -
Pontos de Acupuntura utilizados para o tratamento de
discopatia toracolombar....................................................
65
FIGURA 07 -
Técnica de Eletroacupuntura utilizada para discopatia
toracolombar......................................................................
66
Lista de Abreviaturas
x
i
v
Lista de Abreviaturas
xv
AP
Acupuntura
DDIV
Doença do Disco Intervertebral
EA
Eletroacupuntura
Hz
Hertz
NMS
Neurônio Motor Superior
NMI
Neurônio Motor Inferior
TC
Tomografia Computadorizada
RNM
Ressonância Nuclear Magnética
Sumário
Sumário
SUMÁRIO
Página
RESUMO ..................................................................................................... 19
ABSTRACT ................................................................................................ 21
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 23
2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................... 26
2.1. Anatomia da coluna vertebral e sistema nervoso central e periférico26
2.2. Etiologia da doença do disco intervertebral...................................... 31
2.3. Fisiopatologia da doença do disco intervertebral ............................. 33
2.3.1. Relação entre a fisiopatologia da dor e formas
de Tratamento......................................................................35
2.4. Sinais Clínicos.................................................................................. 37
2.5. Diagnóstico e Métodos de Avaliação ............................................... 38
2.6. Tratamentos convencionais ............................................................. 39
2.6.1. Tratamento clínico ............................................................. 41
2.6.2. Tratamento cirúrgico........................................................... 44
2.6.3. Fisioterapia......................................................................... 48
2.7. Acupuntura e alterações de coluna.................................................. 49
2.7.1. Sinais clínicos pela medicina tradicional chinesa............... 50
2.7.2. Principais pontos de acupuntura ........................................ 51
2.7.3. Eletroestimulação............................................................... 52
2.7.4. Associação com tratamentos convencionais...................... 54
2.7.5. Freqüência de tratamento .................................................. 55
2.7.6. Tratamento complementar e de suporte ............................ 55
3. OBJETIVOS............................................................................................. 57
4. MATERIAL E MÉTODO ........................................................................... 60
4.1. Grupos experimentais...................................................................... 60
4.2. A escolha dos pontos de acupuntura............................................... 64
4.3. Técnica de eletroestimulação .......................................................... 67
4.4. Análise estatística............................................................................ 68
Sumário
5. RESULTADOS..................................................................................... ....69
6. DISCUSSÃO............................................................................................ 75
6.1. Relação entre sinais clínicos e prognóstico.......................................81
6.2. Disfunção geniturinária......................................................................83
6.3. Técnica Empregada...........................................................................84
7. CONCLUSÕES ........................................................................................ 87
8. REFERÊNCIAS........................................................................................ 89
Resumo
Resumo
JOAQUIM, J.G.F. Comparação entre Eletroacupuntura, Cirurgia e Cirurgia
Associada à Eletroacupuntura no Tratamento da Doença do Disco
Intervertebral em Cães. Botucatu. 2008. 98f. Tese (Doutorado) - Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus Botucatu, Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.
RESUMO
As enfermidades do disco intervertebral são doenças neurológicas
freqüentemente encontradas na prática clínica. A compreensão das alterações
patológicas associadas à discopatias, ainda não é completa. A opção pelo
tratamento clínico ou cirúrgico varia com os achados clínicos e a experiência do
médico veterinário. O objetivo deste estudo foi comparar a resposta a
diferentes formas de tratamento da discopatia toracolombar e lombar, com
base na avaliação do quadro clínico de animais antes e após tratamentos
específicos: cirurgia descompressiva, tratamento clínico com eletroacupuntura
ou associação de cirurgia e eletroacupuntura. Os 40 pacientes selecionados
foram atendidos no período de janeiro de 2003 a julho de 2007, com quadro
clínico de discopatia toracolombar. Estes foram então classificados conforme o
grau de envolvimento medular (de I a V, com severidade clínica crescente)
segundo a classificação de adaptada de Takahashi et al. (1997), Schulz et al.
(1998) e Chierichetti e Alvarenga (1999) e divididos em três grupos: G1
(Cirurgia), G2 (Acupuntura) e G3 (Acupuntura e Cirurgia), de acordo com o tipo
de tratamento a qual foram submetidos. Para análise estatística utilizou-se o
Teste de Goodman para contrastes entre e dentro de populações multinomiais
com o nível de significância de 5% (p<0,05). Todos pacientes dos três grupos
tinham quadro clínico medular grave (IV ou V), a exceção de um animal grau II
do G2. No G1, houve melhora de 40% dos animais tratados, no G2 de 79% e
no G3 de 72,7%. Em nenhum animal houve piora clínica. Concluiu-se que o
grupo do tratamento com eletroacupuntura foi mais eficiente que o grupo da
cirurgia descompressiva tardia para recuperação do quadro neurológico em
cães portadores de discopatia.
Palavras-chave: hemilaminectomia, acupuntura, eletroacupuntura, discopatia,
cão.
Introdução
21
Introdução
22
JOAQUIM, J.G.F. Comparison between Electroacupuncture, Surgery and
Surgery associated to Electroacupuncture in Treatment of intervertebral
disc disease in Dogs. Botucatu. 2008. 98f. Tese (Doutorado) - Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus Botucatu, Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho”.
ABSTRACT
Intervertebral disc disease is the most commom cause of neurologic disease in
small animals. Spinal cord alterations in disc herniation are not completly
understood. Treatment options are depending on neurological examination. The
aim of this study was to compare the effectiveness of surgery, acupuncture or
surgery followed by eletroacupuncture in dogs with disc disease. Dogs with
thoracolumbar and lumbar intervertebral disc disease were selected from
january 2003 to july 2007. Patients were classified according to a score adapted
from Takahashi et al. (1997), Schulz et al. (1998) and Chierichetti and
Alvarenga (1999) scale of myelopathy, ranging from I to V with a crescent
severerity. Forty animals were treated with surgery (G1), acupuncture (G2) and
surgery followed by acupuncture (G3). All of them had a high degree of
myelopathy (grade IV-V) except one dog (grade II) in G2 group. Statistical
analysis was performed using the Goodman test for comparison of differences
between the polinomial populations (p<0,05). We obtained that 40% of the
animals improved in G1, 79% in G2 and 72,7% in G3. Electroacupuncture was
more effective than late surgery for neurological improvement in dogs with disc
disease.
Key-words: hemilaminectomy, acupuncture, eletroacupuncture, disc disease,
dog
Introdução
23
Introdução
24
1. INTRODUÇÃO
A coluna vertebral é composta por várias estruturas, dentre as quais se
destacam os ligamentos, cápsulas articulares sinoviais e discos intervertebrais.
As alterações nessas estruturas podem levar a um comprometimento direto da
medula espinhal, sendo que em razão disto, as afecções medulares são as
causas mais freqüentes de enfermidades neurológicas na clínica de pequenos
animais (LECOUTEUR e CHILD, 1992; WOLF, 1993; CHIERICHETTI e
ALVARENGA, 1999; SEIM III, 2002).
A doença do disco intervertebral acomete especialmente cães de raças
condrodistróficas, com pico de incidência entre três a seis anos de idade (DE
LAHUNTA, 1983; KIBERGER et al., 1992). Quanto à prevalência, mais de 85%
das lesões ocorrem na região situada entre T11-T12 e L2-L3 e cerca de 50%
das lesões ocorrem em T12-T13 e T13-L1. Em animais de grande porte, as
lesões são mais comumente observadas em L1-L2 (WHEELER e SHARP,
2005).
Os sinais clínicos mais comuns nas lesões medulares toracolombares
são dor à palpação da coluna, déficits sensoriais e motores nos membros
pélvicos, disfunções urinárias, entre outros menos freqüentes. Desta forma,
graus diferentes de lesões podem estar presentes, resultando em diversos
métodos de tratamento, baseados principalmente no conhecimento clínico do
médico veterinário e não em dados de literatura (SEIM III, 2002).
Dentre as técnicas médicas, a Acupuntura, que consiste na inserção de
agulhas em pontos cutâneos específicos, tem se destacado por apresentar
eficiência no tratamento de doenças do disco intervertebral tanto em cães
como no homem. É utilizada para aliviar a dor, normalizar a função motora e
sensorial e os distúrbios da micção (LONGWORTH e MCCARTHY, 1997;
STILL, 1998; CHIERICHETTI e ALVARENGA, 1999; MOK e WON, 2004;
HAYASHI et al, 2007).
A hipótese é de que baseado nos efeitos antiinflamatórios da Acupuntura
bem como nas indicações da literatura para seu uso nos problemas
osteomusculares, a mesma venha a apresentar resultados terapêuticos
benéficos quando do seu emprego no tratamento das discopatias.
Revisão da Literatura
25
Revisão da Literatura
26
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Anatomia da coluna vertebral
A medula espinhal está localizada dentro do canal vertebral e contém
raízes dorsais (sensitivas) e ventrais (motoras) que irão unir-se à saída de cada
forame intervertebral para formar os nervos espinhais do Sistema Nervoso
Periférico (LECOUTEUR e CHILD, 1992). Essas raízes são parcialmente
recobertas pelas meninges, as quais são contínuas com o epineuro.
Em comparação com as outras regiões da coluna vertebral, a região
cervical apresenta um espaço maior dado ao maior diâmetro do canal medular,
sendo que esse espaço residual se encontra preenchido pela gordura epidural
(WHEELER e SHARP, 2005). A medula espinhal afunila-se formando o cone
medular e termina próximo ao segmento vertebral L6 na maioria dos cães e L7
em gatos formando, a partir desse ponto, a cauda eqüina. A medula espinhal
pode ser dividida de acordo com os segmentos medulares da seguinte forma:
- Cervical (C1-C8); Torácica (T1-T13); Lombar (L1-L7); Sacral (S1-S3) e
caudal ou coccígea, em número variável (LECOUTEUR e CHILD, 1992;
WHEELER e SHARP, 2005).
Nos segmentos correspondentes ao plexo braquial (C6-T2) e
lombossacral (L4–S2) encontram-se as intumescências cervical e lombar, que
apresentam o diâmetro aumentado pelo fato de se localizarem nessas regiões
os corpos dos neurônios motores inferiores para os membros pélvicos e
torácicos (GHOSHAL, 1986; PRATA, 1993; WHEELER e SHARP, 2005).
Na fase embrionária, os nervos espinhais emergem da medula pelos seus
respectivos forames intervertebrais, porém com as diferenças de crescimento
entre o esqueleto e as estruturas neurais, a medula espinhal fica menor que a
coluna vertebral, de modos que no animal adulto é observada uma disparidade
entre a localização do segmento medular e o vertebral (WHEELER, 1992;
PRATA, 1993), conforme se observa na Figura 1. Dessa forma, é importante
compreender a relação entre medula espinhal e coluna vertebral para localizar
Revisão da Literatura
2
7
as lesões neurológicas, já que existem oito segmentos e apenas sete vértebras
cervicais (WHEELER, 1992).
O conhecimento do trajeto dos tratos e sua localização, na periferia ou
interior da medula espinhal, refletem-se diretamente nos sinais clínicos e na
gravidade das lesões medulares, contribuindo ainda para o prognóstico dos
animais principalmente no que concerne à via da dor (PELLEGRINO, 2003)
FIGURA 1 - Relação entre as vértebras e os segmentos nervosos medulares.
Vista lateral. Fonte: Wheeler e Sharp (2005).
Tratos medulares
A substância branca ocupa a área periférica da medula espinhal e é a
primeira afetada em casos de lesão medular. Nessa região encontra-se o trato
ascendente ou sensorial, que carreia as informações sensitivas do Sistema
Nervoso Periférico (SNP) e conduz ao Sistema Nervoso Central (SNC) (WOLF,
1993).
Trato sensorial ascendente: é a região cuja função compreende a
transmissão da sensibilidade exteroceptiva da superfície corporal e a
propriocepção desde a parte mais profunda do aparato locomotor, ou seja,
tendões, articulações e músculos. Esta última é transmitida pelos tratos do
funículo dorsal e lateral. A partir daí os axônios são projetados tanto para a
área somestésica do córtex quanto para o cerebelo. A temperatura e a dor
superficial são transmitidas pelas fibras mielínicas de vários tratos, incluindo o
espinotalâmico lateral, no funículo lateral.
Revisão da Literatura
28
Já a dor nociceptiva é carreada por fibras não mielinizadas,
particularmente do trato espinoreticular e proprioespinhal. As informações
sobre a repleção da bexiga também são conduzidas via trato espinotalâmico
até o cérebro (PELLEGRINO, 2003).
Tratos motores descendentes: dois sistemas são responsáveis pela
transmissão da função motora, o sistema de Neurônio Motor Superior (NMS) e
o Inferior (NMI).
O NMS compreende a idéia de projeção dos neurônios de comando
situados no córtex motor primário e núcleos do tronco encefálico, que ativam
ou inibem os motoneurônios do corno ventral da substância cinzenta medular.
Os NMS exercem normalmente uma ação inibitória sobre a atividade motora
intrínseca de cada segmento medular. Quando ocorre uma lesão em NMS
ocorre uma liberação dessa atividade, desencadeando-se um conjunto de
sinais e sinais clínicos conhecidos como “Síndrome do NMS”, caracterizada
entre outros por hiperreflexia (PELLEGRINO, 2003b).
O NMI compõe o neurônio efetor do arco reflexo. Seus corpos celulares
se encontram na região ventral da substância cinzenta. Os axônios emergem
da medula espinhal nas raízes ventrais e passam através dos plexos
lombossacrais e braquiais para formarem os troncos nervosos periféricos para
os membros. O outro componente do arco reflexo, o neurônio sensitivo,
encontra-se na periferia e penetra na medula espinhal via raiz dorsal. A partir
daí, projeta as informações ao NMI via interneurônio, sendo que um ramo
sempre ascende aos centros medulares rostrais. No cão ainda se identifica um
trato motor ascendente, originário das células marginais da substância cinzenta
do segmento medular lombar L1-L7 (WHEELER e SHARP, 2005). Seus
axônios inibem os neurônios motores extensores dos membros torácicos e
lesões que interfiram nesse trato manifestam-se com o sinal de Schiff-
Scherrington, isto é, hiperextensão de membros torácicos e flacidez de
membros pélvicos (DE LAHUNTA, 1983; KORNEGAY, 1998; WHEELER e
SHARP, 2005). A inter-relação entre os NMS e os NMI com relação à
topografia da lesão medular, pode ser melhor compreendida na da Figura 2.
Revisão da Literatura
29
FIGURA 2 - Inter-relação entre os NMS e os NMI com relação à topografia da
lesão medular.
Discos intervertebrais: Com exceção de C1-C2 e das vértebras sacrais,
que são fusionadas, todos os corpos vertebrais articulam-se por meio de discos
intervertebrais, que são responsáveis pela flexibilidade da coluna e atuam
como absorventes de impacto (SIMPSON, 1992; TOOMBS e BAUER, 1998;
CHIERICHETTI e ALVARENGA, 1999; WHEELER e SHARP, 2005).
Os discos são ricos em água e são compostos pelo anel fibroso,
constituído de material fibrocartilaginoso e pelo núcleo pulposo, constituído de
material gelatinoso (SIMPSON, 1992; CHIERICHETTI e ALVARENGA, 1999;
WHEELER e SHARP, 2005). A capacidade de absorver impacto diminui com a
idade e os processos degenerativos (WHEELER e SHARP, 2005). O disco é
aparentemente nutrido por difusão das placas terminais das vértebras ou
tecidos adjacentes, uma vez que é controversa a existência de um sistema
Déficit
Revisão da Literatura
30
vascular para sua manutenção (SIMPSON, 1992). O ligamento longitudinal
dorsal e o anel fibroso, especialmente na sua lâmina mais externa, são
estruturas inervadas e capazes de causarem a percepção da dor (SIMPSON,
1992).
Os ligamentos do canal vertebral têm um significado importante na
estabilidade e mobilidade da coluna. A sustentação que proporcionam varia
nas diferentes regiões da coluna vertebral (TOOMBS e BAUER, 1998;
WHEELER e SHARP, 2005). O ligamento longitudinal dorsal, junto com o anel
fibroso, é um dos fatores responsáveis pela manutenção da estabilidade do
disco (Figura 3) (SIMPSON, 1992). Possui uma estrutura larga e espessa na
região cervical, oferecendo maior resistência a herniação dorsal do disco;
entretanto, torna-se mais delgado nas regiões torácica caudal e lombar, o que
permite a herniação e conseqüente compressão da medula (TOOMBS e
BAUER, 1998). Na coluna torácica, isto é, entre T1 e T11, a protrusão ou
extrusão é menos comum, devido aos ligamentos intercapitais (conjugal) que
unem as cabeças das costelas opostas, cruzando o assoalho do canal
espinhal, por sobre o anel fibroso dorsal (LECOUTEUR e CHILD, 1992).
FIGURA 3 - Esquema do disco intervertebral e estruturas adjacentes.
Revisão da Literatura
31
2.2. Etiologia da Doença do disco intervertebral
A doença do disco intervertebral (DDIV) é um enrijecimento prematuro do
centro do disco associado a uma debilidade da parte externa ou ânulo. Alguns
pesquisadores entendem que devido ao fato dos discos serem nutridos por
difusão, a movimentação das vértebras e conseqüentemente dos animais,
contribuem para a nutrição dos discos. Desta forma as calcificações estão
relacionadas à fisiopatologia da DDIV, já que esta é caracterizada por perda de
água, de glicosaminoglicano, de hexosaminas, ácido siálico, proteína não
colágena e galactosamina (GARIBALDI, 2003; SHEALY et al., 2004). À medida
que há uma ruptura da parte externa, o núcleo pulposo é deslocado para cima
contra a medula espinhal.
Conforme se pode constatar, o mecanismo de compressão discal é um
inicializador e não uma causa per se de reações dolorosas, sendo plausível a
justificativa da utilização de técnicas de tratamentos do tipo clínicos, onde não
se vise diretamente a “descompressão” discal sobre as raízes nervosas e sim a
modulação do processo inflamatório e vascular desencadeado.
A degeneração do disco intervertebral ocorre com a idade e pode
preceder a herniação discal Hansen (1952) apud Wheeler e Sharp (2005).
As lesões discais podem ser definidas classicamente como degeneração
condróide e fibróide:
a) Metaplasia Condróide: ocorre geralmente em raças condrodistróficas
(como Shih Tzu, Beagle, Basset Hound, Teckel, entre outras), nos
primeiros dois anos de vida. Normalmente ocorre desidratação discal
e invasão do núcleo pulposo por cartilagem hialina, por meio de um
movimento centrípeto. Isto leva a redução da capacidade hidrostática
do núcleo, diminuição da capacidade de absorção de choque e
fragilidade das fibras do ânulo fibroso. Apesar de este mecanismo
degenerativo iniciar-se em torno dos dois anos de idade, a
apresentação clínica tem seu pico entre três e seis anos. Como
conseqüência da fragilidade do ânulo fibroso, associada à
mineralização de seu núcleo, ocorre a extrusão do material discal para
o canal medular e a herniação do tipo Hansen I ou extrusão discal
(Figura 4) (GARIBALDI, 2003).
Revisão da Literatura
32
FIGURA 4 - Herniação tipo I de Hansen – Extrusão discal. Fonte: WHEELER e
SHARP (2005).
b) Metaplasia Fibróide: ocorre normalmente em raças não
condrodistróficas após a meia idade. O núcleo pulposo do disco
intervertebral destes animais também sofre um processo de
desidratação, porém este é invadido por tecido fibrocartilaginoso e não
cartilagem hialina. Este processo geralmente é tardio, insidioso, e o
disco dificilmente se mineraliza (calcifica). Normalmente os sinais
clínicos são melhor observados em animais idosos e este tipo de
Herniação é comumente denominado Hansen tipo II ou protrusão
discal (Figura 5) (GARIBALDI, 2003).
Revisão da Literatura
33
FIGURA 5 - Herniação tipo II de Hansen – Protrusão discal. Fonte: WHEELER
e SHARP (2005).
2.3 Fisiopatologia da Doença do Disco Intervertebral
O anel fibroso do disco intervertebral é provido de fibras sensitivas, que
podem mediar, em parte, a dor associada ao estiramento ou ruptura do anel
fibroso (GARIBALDI, 2003). Nos cães, as fibras sensitivas são mais númerosas
no ligamento longitudinal dorsal que no anel fibroso. Nesta espécie, devido ao
desconhecimento da origem da inervação, não se pode utilizar a nomenclatura
de ramos meníngeos. No homem, e possivelmente nos cães, o anel fibroso
esta inervado pelo nervo sinovertebral. Aparentemente, a degeneração e
deformação interna do disco também podem resultar em sinais de dor
(GARIBALDI, 2003).
Revisão da Literatura
34
Em um estudo sobre os mecanismos fisiopatológicos das radiculopatias
dolorosas, secundárias a herniação discal, Obata et al. (2002) avaliaram o
comportamento relativo à dor e as expressões do NGF (Fator de Crescimento
Nervoso) e BDNF (Fator Neurotrópico Derivado do Cérebro) nas raízes e
gânglios dorsais da coluna lombar de ratos, através de um modelo de
herniação discal. Em um grupo denominado por eles como núcleo pulposo
(NP), as raízes esquerdas de L4 e L5 foram expostas após hemilaminectomia e
os discos intervertebrais autólogos, obtidos dos discos intervertebrais
coccígeos, foram implantados em cada uma das raízes nervosas expostas,
sem compressão mecânica. Nesse grupo, os ratos desenvolveram alodinia
mecânica no membro pélvico ipsilateral à lesão, por um dia após o
procedimento e mostraram um aumento significante no número de células com
NGF imunorreativo nas raízes e gânglios dorsais. As células NGF
imunorreativas incluíam macrófagos e células de Schwann, devido ao fato
destas células serem marcadas pelo NGF, ED-1, proteína ácida fibrilar glial e
imunoestatina dual. Observou-se um aumento significante na porcentagem de
neurônios BDNF imunorreativos nos gânglios dorsais no grupo NP três dias
após a cirurgia. O aumento na expressão do RNAm para BDNF foi confirmado
com uso de hibridização in situ e reação de PCR reversa. Os pesquisadores
também injetaram o NGF no espaço endoneural das raízes nervosas de ratos
normais e observaram que o mesmo produzia uma alodinia mecânica dose-
dependente no membro pélvico ipsilateral um dia após a cirurgia e um aumento
da substância BDNF imunorreativos nos gânglios dorsais, nos três dias após a
cirurgia em comparação com grupo que recebeu injeção salina. Esses achados
sugerem que o modelo de herniação lombar discal, isto é, a neurite da raiz
nervosa, aumenta o NGF produzido pela resposta inflamatória na raiz e
gânglios dorsais bem como afeta a produção de BDNF e pode desempenhar
um papel na modulação dos neurônios do corno dorsal. Por conseguinte, estas
mudanças nos fatores neutróficos nos neurônios aferentes primários podem
estar envolvidas nos mecanismos fisiopatológicos da dor neuropática produzida
pela herniação discal lombar (OBATA et al., 2002).
Revisão da Literatura
35
2.3.1 Relação entre a Fisiopatologia da dor e formas de Tratamento
A. Dor nociceptiva
Observou-se em seres humanos com dor crônica que a dor nociceptiva
apresenta uma melhora por um período superior a seis meses frente ao
tratamento com acupuntura. Por outro lado, a resposta ao tratamento nos
casos de dor psicogênica e neuropática não apresentou efeito prolongado
(CARLSSON E SJOLUND, 1994)
Em uma revisão baseada em evidência sobre manejo para as dores
crônicas lombares com o uso de AP, observou-se que há algumas evidências
positivas sobre a indicação da AP nessas lesões, quanto à efetividade no alívio
da dor e na melhora funcional imediata após uma série de tratamentos, quando
avaliado por curto período (AMMENDOLIA et al., 2008).
Diferentes mecanismos fisiopatológicos têm sido elaborados como forma
de se explicar a dor crônica devido às lombalgias discais ou ciáticas, tanto no
homem como em animais. Os componentes nociceptivos e neuropáticos
podem ser diferenciados da seguinte forma:
- Dor neuropática: pode ser causada por lesões nas germinações
nociceptivas com a degeneração de disco (neuropatia local),
compressão da raiz nervosa (dor radicular mecânica neuropática) ou
pela ação dos mediadores inflamatórios (dor radicular neuropática
inflamatória) originária da degeneração discal mesmo sem compressão
mecânica (BRIDGES et al. 2001; HELLYER et al. 2007). A dor
discogênica provocada pela desidratação do núcleo pulposo e
degeneração do anel fibroso nas discopatias Hansen tipo II são
decorrentes de processo inflamatório do ligamento longitudinal dorsal e
camadas do anel fibroso inervadas pelo nervo sinuvertebral (SUKHIANI
et al, 1996)
Revisão da Literatura
36
Haja vista que vários mecanismos diferentes de geração de dor podem
produzir lombalgia e/ ou ciatalgia, existem várias formas de se abordar a dor de
coluna. Algumas das abordagens primárias incluem o uso de antiinflamatórios
não esteroidais (AINES), os quais atuam apenas na dor nociceptiva. Nas dores
neuropáticas, uma abordagem terapêutica diferente pode ser utilizada, tais
como o uso de antidepressivos como amitriptilina, anticonvulsivantes como a
gabapentina, carbamazepina e pregabalina e opióides. Dessa forma, a
combinação desses componentes analgésicos com AINES pode ser útil no
caso de dor crônica não responsiva aos tratamentos apenas com fármacos de
ação antinociceptiva (BRIDGES et al. 2001; HELLYER et al. 2007).
Kobayashi et al. (2004) fizeram um estudo para investigar as mudanças
na raiz do gânglio dorsal da medula espinhal em L7 induzida mecanicamente,
em cães, através de uso de um clip por uma ou três semanas. Foram
analisadas as alterações do fluxo e reação axonal resultante da compressão
mecânica da raiz dorsal. O objetivo do estudo foi compreender as mudanças
morfológicas e funcionais observadas nos neurônios sensoriais aferentes
primários após uma compressão radicular, a fim de se estudar os mecanismos
da dor lombar e ciática. Os autores observaram por imunohistoquímica uma
diminuição da concentração de substância P (SP), do gene relacionado ao
peptídeo calcitonina e de somatostatina (SOM), em comparação com o grupo
controle. Dessa forma, os autores concluíram que os distúrbios compressivos
radiculares, não são apenas na região de compressão axonal, e sim se
estendem via disfunção axonal para a raiz dorsal, a qual contém os neurônios
sensoriais primários. Os autores recomendaram que os pacientes com
distúrbios sensoriais fossem informados de que os sinais clínicos nessa esfera
não serão resolvidos imediatamente após a cirurgia. Tal situação pode ser
extrapolada aos cães, haja vista o fato do estudo ter sido elaborado com uso
dessa espécie animal.
Os estudos das concentrações de SOM e SP revestem-se de
importância, quando se atenta para o fato das mesmas estarem envolvidas na
modulação da dor e temperatura nos eventos medulares que persistem ao
longo do tempo (KOBAYASHI et al., 2005).
Revisão da Literatura
3
7
Acupuntura é um método rápido e eficiente para aliviar a dor
toracolombar neuropática, decorrente de discopatia (JANSSENS, 1983). A
manutenção do alívio da dor por períodos prolongados é mais eficiente em
cães com graus I e II e obtém-se analgesia satisfatória na maioria dos animais
24 horas após o primeiro tratamento (STILL, 1989). Vas et al. (2006),
comparam o uso da AP no tratamento de cervicalgia crônica no homem e
observaram um efeito superior ao tratamento placebo num total de 123
pacientes. Sugeriram o uso da AP na rotina de tratamento de pacientes com
dor cervical crônica devido a sua eficácia e segurança terapêutica.
2.4 Sinais clínicos
Em casos de discopatia, o material herniário do disco dirige-se a medula
e acarreta edema, compressão e eventualmente trauma. Conseqüentemente,
ocorre prejuízo da função dos nervos da medula espinhal, que inervam os
membros e a bexiga urinaria. Desta forma ocorre perda da função do membro
pélvico, que pode variar de uma fraqueza a paralisia, além de perda do controle
da micção (WHEELER e SHARP, 2005).
De forma pormenorizada, a seqüência de eventos e sinais neurológicos
dependem dos tipos de protrusões discais, classificadas em Hansen Tipo I ou
II.
Na protrusão discal Hansen Tipo I: pode ocorrer compressão medular e
reação inflamatória, o que gera aderências entre a dura-máter e a massa
prolapsada. A substância herniada, mais precisamente o núcleo pulposo irrita a
medula espinhal. O material extruído pode migrar para a região caudal ou
cranial, abranger de um a três segmentos medulares ou ainda permanecer no
local na extrusão. Normalmente ocorre uma reabsorção da massa extrusa
quase completa ao longo do tempo. A extrusão aguda do núcleo pulposo pode
ainda ser acompanhada de hemorragia epidural e provocar uma lesão medular
aguda por compressão ou concussão. Alguns autores ainda consideram um
tipo III, onde há uma extrusão explosiva, com mínima compressão extradural,
Revisão da Literatura
38
porém com grande deformação medular em geral com necrose e hemorragia
locais seguidos de mielomalacia (GARIBALDI, 2003; WHEELER e SHARP,
2005).
Na protrusão discal Hansen Tipo II ocorre uma deformação arredondada
na parte dorsal do anel fibroso discal, fazendo-o se projetar ao interior do canal
vertebral e comprimir a medula espinhal (GARIBALDI, 2003; WHEELER e
SHARP, 2005).
De modo geral, os sinais clínicos vão depender do segmento medular
afetado e da magnitude da protrusão, compressão e reação inflamatória local.
Os sinais variam desde dor local na coluna, com sifose, resistência do animal
em se movimentar, até sinais clínicos do sistema digestório como inapetência e
retenção fecal. Do ponto de vista de locomoção, pode haver marcha rígida,
incoordenada e ainda paresias e paralisias, podendo também manifestar sinais
de NMI na dependência da região medular ofendida, sendo que nesse caso,
em lesões medulares moderadas a graves, existem ainda sinais de
incontinência urinaria e fecal. Normalmente as lesões toracolombares, do tipo
NMS, são simétricas e bilaterais, mais freqüentes e com sinais clínicos inversos
aos de NMI, isto é, tônus dos esfíncteres aumentados e distonia do músculo
detrusor da bexiga, havendo na maioria das vezes retenção urinária
(GARIBALDI, 2003; WHEELER e SHARP, 2005).
2.5. Diagnóstico e métodos de avaliação
O diagnóstico etiológico do problema é baseado principalmente no
histórico do animal, na anamnese e no quadro clínico. A localização da lesão é
dada por meio de acurado exame neurológico e confirmada por exames
radiográficos simples, radiografia contrastada (mielografia), tomografia
computadorizada ou ainda por ressonância nuclear magnética (GRAHAM,
2002; GARIBALDI, 2003; WHEELER e SHARP, 2005).
Com relação aos achados radiográficos, na DDIV do tipo Hansen I, se
observa de forma freqüente discos calcificados, diminuição de espaço
Revisão da Literatura
39
intervertebral e calcificação de material discal no canal vertebral. Já nas DDIV
do tipo Hansen II, as alterações radiográficas são menos visíveis (CHRISMAN
et al., 2005).
2.6. Tratamentos convencionais
Diversos tratamentos têm sido descritos, desde acupuntura, repouso, uso
de antiinflamatórios e procedimentos cirúrgicos (CHIERICHETTI e
ALVARENGA, 1999). O tratamento mais adequado depende do estado
neurológico do animal, do histórico médico e da evolução dos sinais clínicos,
por isso cada caso deve ser avaliado individualmente (DE LAHUNTA, 1983;
LECOUTEUR e CHILD, 1992; SIMPSON, 1992). Um sistema de graduação
pode auxiliar na escolha da terapia mais adequada (SEIM III, 2002). Há
diferentes classificações entre os diversos autores, as Tabelas 1 e 2
demonstram dois exemplos distintos de classificação.
Revisão da Literatura
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TABELA 1 - Sistema de Graduação para auxiliar na determinação de tratamento
adequado para pacientes com doença do disco intervertebral na coluna
toracolombar segundo os autores Takahashi et al. (1997), Schulz et al.
(1998) e Chierichetti e Alvarenga (1999)
Graduação Sinais Clínicos Tratamento
I Dor nas costas leve, moderada ou
severa, sem déficits neurológicos.
Conservativo
Cirúrgico – fenestração de
DIV
II Discreta incoordenação,
capacidade de sustentar o próprio
peso mantida, episódios
recorrentes de dor, déficit de
propriocepção, reflexos espinhais
normais ou aumentados.
Conservativo
Cirúrgico:
-fenestração de DIV
-hemilaminectomia
-laminectomia
III Severa incoordenação, perda da
capacidade de sustentar o próprio
peso, déficit de propriocepção,
reflexos espinhais normais ou
aumentados.
Cirúrgico:
-fenestração de DIV
-hemilaminectomia
-laminectomia
IV Perda da função motora, ausência
de propriocepção, reflexos
espinhais normais ou
aumentados, resposta a dor
profunda mantida.
Cirúrgico:
-hemilaminectomia
-laminectomia
V Perda do controle da micção
Perda da dor profunda
<48h – Cirúrgico
>48h – Conservativo
Cirúrgico
TABELA 2 - Sistema de Graduação para pacientes com doença do disco
intervertebral na coluna toracolombar, segundo os autores
Janssens (1983) e Still (1988; 1989; 1990; 1998)
Graduação Sinais Clínicos
I Dor nas costas sem déficits neurológicos
II Paresia de membros posteriores, ataxia, episódios recorrentes
de dor nas costas.
III Paraplegia, com percepção da dor profunda intacta, podendo
ou não apresentar dor nas costas.
IV Paraplegia, com ausência de dor profunda (paralisia), podendo
ou não apresentar dor nas costas.
Revisão da Literatura
41
2.6.1. Tratamento clínico
Dentre as diversas formas de tratamento para as discopatias, o mais
comumente empregado é o tratamento conservativo, recomendado para os
animais apenas com dores ou que apresentam sinais leves e estáveis de
alteração neurológica e que estejam manifestando sinais clínicos pela primeira
vez (LECOUTEUR e CHILD, 1992; SIMPSON, 1992; OLIVER et al., 1997). O
tratamento clínico visa controlar a seqüência de eventos moleculares
patofisiológicos como o edema medular, fluxo exagerado de cálcio (Ca++),
acúmulo tóxico de aminas biogênicas, metabólicos de acido aracdônico e
neuropeptídeos além de ocorrência de peroxidação lipídica com liberação de
radicais livres. Este tratamento é indicado em todos os animais com surgimento
agudo de alterações neurológicas (HALL e BRAUGHLER, 1987; LECOUTEUR
e CHILD, 1992).
O uso de antiinflamatórios esteróides (AIES) e não esteróides (AINES) é
recomendado, mas tem sido associado a uma série de efeitos colaterais como
pancreatite, gastrenterite hemorrágica, úlcera e perfuração de cólon, efeitos
que podem ser minimizados ao utilizar doses baixas e pelo menor tempo
possível (LECOUTEUR e CHILD, 1992; SIMPSON, 1992).
Em alguns casos, o dano à medula espinhal é pequeno, os sinais clínicos
são moderados e fármacos antiinflamatórios como a metilpredinisona podem
ser prescritos para diminuir o edema na medula e normalizar os sinais clínicos.
Se a metilpredinisona for prescrita, o animal pode sentir-se melhor e ficar mais
ativo. Entretanto, é relevante que o animal seja estritamente confinado de
forma a prevenir futura herniação do material discal. Entre quatro e seis
semanas, entende-se que o ligamento longitudinal dorsal possa estar
cicatrizado e dessa forma o animal poderia retornar as atividades normais
(CHRISMAN, et al., 2005; WHEELER e SHARP, 2005). Dessa forma, um
período de repouso de pelo menos 30 dias deve ser sempre recomendado para
os animais portadores de discopatia.
Revisão da Literatura
42
Alguns autores como SIMPSON (1992), indicam o uso de altas doses de
esteróides visando tratar a contusão e compressão medular devido ao edema
resultante do processo inflamatório, mas não a dor; além disto, segundo
revisões destes autores, o uso dos AIES poderia evitar a ruptura da membrana
celular e com isso a morte da célula. A idéia do efeito anti-edematoso/
antiinflamatório benéfico na medula espinhal teve sua origem baseada na ação
dos esteróides nos edemas peritumorais cerebrais (HALL e BRAUGHLER,
1987).
Ainda segundo alguns autores como Hall e Braughler (1987) a dose de
30mg/kg de Succinato sódico de Metilprednisolona (MP) em gatos administrada
previamente a injuria medular pode atenuar as lesões no sistema nervoso pela
inibição da peroxidação lipídica.
Para outros autores (OLIVER et al., 1997; JANSSENS, 2001), os
esteróides não devem ser administrados após 24 horas, pois seus efeitos serão
benéficos apenas se a terapia for iniciada poucas horas após o início dos sinais
clínicos e, além disso, pode agravar a infecção urinária nos cães com retenção
de urina. Em estudo com porcos, Olmarker et al. (1994) fizeram a aplicação
epidural de núcleo pulposo autólogo e constataram que a administração de
altas doses de metilprednisolona, no período de 24 a 48 horas após a
infiltração, reduziu drasticamente os efeitos deletérios sobre a função do nervo.
Em coelhos, a injeção intradiscal de acetato de metilprednisolona e seu
veículo, polietileno glicol, causaram degeneração e calcificação primária no
disco intervertebral (AOKI et al., 1997). Segundo Hall e Braughler (1987) deve-
se levar em conta o tempo entre o insulto neurológico e o inicio do tratamento,
já que a maioria das lesões patofisiológicas pós-traumáticas evoluem
rapidamente e são normalmente irreversíveis. Adicionalmente a absorção
tecidual de MP diminui com o tempo após a injúria, devendo-se atuar de forma
rápida e precisa.
O uso de analgésicos, miorrelaxantes e medicamentos antiinflamatórios
como corticosteróides não é recomendado na maioria dos casos por eliminar a
dor e favorecer o exercício, o que pode levar a uma complicação do quadro
inicial (LECOUTEUR e CHILD, 1992; JANSSENS, 2001). O seu uso deve
obrigatoriamente ser acompanhado de repouso absoluto ou confinamento
Revisão da Literatura
43
(LECOUTEUR e CHILD, 1992; CHIERICHETTI e ALVARENGA, 1999;
JANSSENS, 2001; SEIM III, 2002) e o proprietário deve ser sempre avisado
dos riscos inerentes a esta opção de tratamento (LECOUTEUR e CHILD,
1992).
De acordo com o exposto acima, o ponto de maior importância no
tratamento clínico é o confinamento por três a quatro semanas. Os animais
devem ser mantidos em pequenas áreas ou caixas de transporte e retirados
apenas para urinar e defecar. Em seguida recomenda-se o mesmo período
para retorno gradativo às atividades (SIMPSON, 1992; OLIVER et al., 1997;
CHIERICHETTI e ALVARENGA, 1999; SEIM III, 2002; WHEELER e SHARP,
2005). O repouso auxilia na recuperação da medula, na resolução do processo
inflamatório causado por pequenas quantidades de material de disco e na
redução da inflamação intradiscal, facilitando a estabilização do disco rompido
por meio de fibrose (LECOUTEUR e CHILD, 1992; SEIM III, 2002).
É importante que os animais em tratamento conservativo sejam avaliados
regularmente para qualquer sinal de piora do quadro, o que indica que o
tratamento falhou (WHEELER e SHARP, 2005).
Em cães com protrusão de disco tipo II, o tratamento com corticosteróides
pode resultar em melhora por períodos variáveis, contudo, não é curativo
(LECOUTEUR e CHILD, 1992). O tempo de recuperação com o tratamento
clínico pode variar de três a doze semanas e pode deixar seqüelas
(CHIERICHETTI e ALVARENGA, 1999).
A despeito de algumas pesquisas com viés positivo ao uso dos AIES para
as lesões medulares agudas, HURLBERT (2000) relata que o SSMP produz
apenas uma pequena melhora em pacientes humanos com lesões medulares.
Apesar de ser uma boa opção, o uso de AIES raramente é o tratamento
de escolha para animais paraparéticos ou paraplégicos em países como
Estados Unidos (WHEELER e SHARP, 2005). Entretanto, devido ao baixo
custo e a falta de mão de obra especializada no Brasil para realização os
procedimento cirúrgicos, os AIES ainda respondem por grande parte dos
tratamentos realizados em pequenos animais (CHIERICHETTI e ALVARENGA,
1999).
Revisão da Literatura
44
2.6.2. Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico é indicado para animais com lesões recorrentes,
tratamento clínico sem sucesso, lesões gradualmente progressivas, agudas e
severas (HARARI e MARKS, 1992; CHIERICHETTI e ALVARENGA, 1999).
Deve ser determinado pelo estado neurológico do paciente, pelos resultados de
exames neurológicos seriados e pela resposta à terapia médica (SEIM III,
2002).
Em outros casos, a quantidade de material discal comprimindo a medula
é tão grande que a terapia conservativa falha em seu propósito. Esses animais
requerem cirurgia para remover uma porção do osso acima da medula espinhal
(hemilaminectomia) e também para remoção do material do disco herniado, de
forma a aliviar a pressão na medula. Antes que o procedimento cirúrgico possa
ser feito, radiografias e mielografias devem ser realizadas de forma a se
identificar a área na medula espinhal envolvida. A menos que tenha havido um
grande dano a medula, a maioria dos animais irá apresentar uma determinada
melhora dos sinais clínicos neurológicos e eventualmente a deambulação
(WHEELER e SHARP, 2005). Outros animais, com danos graves medulares,
podem apresentar perda de sensibilidade dolorosa profunda. Nesse grupo, o
prognóstico para o retorno da função locomotora é pobre, mas apesar disso,
esses animais podem ser submetidos a uma cirurgia de descompressão e se a
medula se apresentar intacta, pode ser possível que haja retorno parcial das
funções motoras. Após seis meses, se o animal não retornar a função motora,
apresenta pouca possibilidade de retomar a capacidade deambulatória
(SHEALY et al., 2004).
Tal fato corrobora com a indicação para que pacientes com sinais clínicos
de hérnias discais e deterioração grave e progressiva dos sinais neurológicos
sejam submetidos a procedimento cirúrgico descompressivo em menos de 48
horas (LECOUTEUR e CHILD, 1992; OLIVER et al., 1997; SEIM III, 2002).
Desta forma, cães com paralisia aguda, isto é, sem dor profunda, devem ser
levados à cirurgia em até 2 horas para possível recuperação funcional
completa. Apesar de também poder ser recomendada para cães sem dor
Revisão da Literatura
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profunda há mais de 48 horas, a chance e qualidade da recuperação são muito
menores nestes casos (OLIVER et al., 1997), sendo que a maioria dos estudos
reforça a importância da cirurgia descompressiva quando do inicio de sinais
clínicos agudos de paraplegia (FERREIRA et al., 2002; OLBY et al., 2003)
A. Fenestração
Este procedimento é indicado para animais que apresentaram um ou
mais episódios de dor aparente associada ou não a discreta ataxia e que
apresentam sinais de doença do disco não compressiva, ao exame radiográfico
(HARARI e MARKS, 1992; LECOUTEUR e CHILD, 1992). Entretanto, sucessos
semelhantes aos obtidos pela hemilaminectomia em pacientes classificados
como grau III e IV, isto é, cães que ainda preservam a percepção de dor
profunda, já foram mencionados na literatura (CHIERICHETTI e ALVARENGA,
1999). A fenestração não é uma técnica descompressiva e não remove o
material do disco presente dentro do canal, não sendo indicado como
procedimento único em cães paraplégicos ou em casos que apresentam
evidências de material de disco no interior do canal (LECOUTEUR e CHILD,
1992; CHIERICHETTI e ALVARENGA, 1999). A fenestração pode produzir
processo inflamatório agudo, estimular a fagocitose, a reabsorção de material
de disco necrótico e a formação de fibrose que ajuda a estabilizar o disco
(OLIVER et al., 1997; CHIERICHETTI e ALVARENGA, 1999).
A dor geralmente se deve a uma associação da pressão direta sobre as
raízes nervosas e da isquemia decorrente da compressão por materiais do
disco; portanto, a fenestração não constitui o procedimento de escolha (SEIM
III, 2002). Entretanto, em pacientes que apresentam dor discogênica, a
fenestração é indicada podendo oferecer alívio da dor (HARARI e MARKS,
1992; SEIM III, 2002).
A fenestração cirúrgica de disco como medica profilática é recomendada
para prevenir posterior extrusão de material do disco (LECOUTEUR e CHILD,
1992). Contudo, alguns autores acreditam que este procedimento não se
Revisão da Literatura
46
justifica pela baixa taxa de recidiva, já que esta é maior em cães tratados
clinicamente (LECOUTEUR e CHILD, 1992) e devido a pouca probabilidade de
discos múltiplos causarem episódios recorrentes de dor (HARARI e MARKS,
1992; SEIM III, 2002).
A fenestração profilática associada à descompressão no ponto de
extrusão também é controversa, devido à rara extrusão discal em espaço
adjacente após descompressão, que é de menos que 4,5% (HARARI e
MARKS, 1992; SEIM III, 2002).
B. Descompressão
No tratamento cirúrgico de discopatias, deve-se considerar a cirurgia
descompressiva seguida de remoção do conteúdo presente no canal medular.
Tal procedimento é indicado em animais com paraparesia, com perda da
nocicepção profunda, com quadros recidivantes de dor e ainda em animais que
não respondem ao repouso. Em pacientes com deterioração lenta e
progressiva do quadro neurológico ou ainda em pacientes com quadros de
paralisia de instalação súbita e severa a cirurgia descompressiva deve ser
realizada no menor prazo possível (HARARI e MARKS, 1992; LECOUTEUR e
CHILD, 1992; OLIVER et al., 1997). Ainda segundo alguns autores, animais
que apresentem paraparesia leve também podem ser submetidos
precocemente à cirurgia (SEIM III, 2002). Alguns pacientes respondem bem ao
tratamento com corticosteróides e repouso, principalmente nos casos mais
leves, contudo, a melhora é mais rápida e completa em cães submetidos à
cirurgia descompressiva (LECOUTEUR e CHILD, 1992).
A descompressão deve ser realizada o mais rápido possível para prevenir
danos maiores e irreversíveis à medula, ou ainda a extrusão de material
adicional para dentro do canal. Quanto mais precoce a intervenção, melhores
são as chances de recuperação (LECOUTEUR e CHILD, 1992; OLIVER et al.,
1997; SEIM III, 2002). A revisão de literatura e alguns experimentos com
indução de compressão medular recomendam que os pacientes sejam
Revisão da Literatura
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operados dentro de 24 a 48 horas após a extrusão discal e início dos sinais
clínicos (SEIM III, 2002). A opção cirúrgica ainda deve ser considerada em
pacientes com déficits graves sob tratamento clínico por 72 a 96 horas;
entretanto, a recuperação pode não ser tão boa (SEIM III, 2002). Após
semanas ou meses, a cirurgia pode trazer benefícios se houver evidências
radiográficas de massa compressiva que possa ser removida; contudo, após
longos períodos dentro do canal, pode haver endurecimento do material que se
adere à dura-máter o que torna mais difícil a remoção (LECOUTEUR e CHILD,
1992; SEIM III, 2002), sendo que nos casos descritos acima o prognóstico é
desfavorável quanto à completa recuperação, mas o animal pode manter ou
recuperar o controle voluntário fecal e urinário (SEIM III, 2002).
As técnicas de cirurgia descompressiva, laminectomia dorsal,
hemilaminectomia dorsal ou pediculectomia são consideradas procedimentos
terapêuticos que também fornecem informações diagnósticas e prognósticas
(HARARI e MARKS, 1992; CHIERICHETTI e ALVARENGA, 1999).
A escolha do tratamento adequado influencia sobremaneira o prognóstico
(CHIERICHETTI e ALVARENGA, 1999). Os principais fatores que se
correlacionam com o grau de melhora neurológica observado no pós-operatório
são o quadro neurológico antes da cirurgia, já que animais com sensibilidade
preservada apresentam melhor prognóstico (DE LAHUNTA, 1983), rapidez do
surgimento dos sinais clínicos e o intervalo de tempo entre o surgimento dos
sinais clínicos e a descompressão cirúrgica (LECOUTEUR e CHILD, 1992).
Quanto menor o tempo entre o início dos sinais clínicos e a cirurgia, melhor o
prognóstico (DE LAHUNTA, 1983).
Animais com ausência da percepção da dor profunda, sinal de mielopatia
transversal completa, por um período maior que 24 horas apresentam um
prognóstico ruim, a despeito do tratamento escolhido (LECOUTEUR e CHILD,
1992). Em casos com ausência de dor profunda há menos de 24 horas, o
prognóstico é reservado, contudo a cirurgia pode aumentar as chances de
recuperação (LECOUTEUR e CHILD, 1992).
Revisão da Literatura
48
2.6.3. Fisioterapia
Em um estudo da Universidade de Konkuk, Korea, os autores relataram
15 casos de cães com discopatia toracolombar tratados de maneira
conservativa. Os animais foram tratados com prednisolona, carprofeno e
antibióticos, acupuntura (Ji Zhong, Bai Hui, Zhong Shu, Be28, E36 e VB30) e
fisioterapia (hidroterapia, termoterapia, massagem, manipulação e natação).
Dos 15 animais, 12 recuperaram os déficits neurológicos em 21 dias após o
inicio dos tratamentos. Os outros três animais que não melhoraram
apresentavam outras enfermidades medulares concomitantes. Todos os
animais apresentaram controle urinário normal, após o tratamento e após 21
meses, nenhum dos 12 animais apresentou recorrência. Dessa maneira os
autores concluíram que a terapia conservativa pode ser efetiva no manejo de
animais com paraparesia, paraplegia e disfunções urinárias causadas por
doença do disco intervertebral (HYUNJUNG et al., 2003).
Revisão da Literatura
49
2.7. Acupuntura e alterações de coluna
Em uma revisão sistemática associada à estrutura Cochrane bem como
em uma meta-análise, a acupuntura apresentou evidência s significativas no
controle da dorsalgia crônica (FURLAN et al., 2005; MANHEIMER et al., 2005).
A acupuntura manual tem sido utilizada no tratamento de várias doenças
neuromusculares (JOAQUIM et al., 2003). Contudo é um dos procedimentos
conservativos menos usados no tratamento de doença do disco intervertebral
toracolombar (JANSSENS, 1983).
Segundo Janssens (2001), os mecanismos pelos quais a acupuntura trata
as doenças de disco não são totalmente compreendidos; no entanto, alguns
dos mecanismos a seguir podem estar envolvidos no aumento da formação de
tecidos de reparação, na compressão medular e dor. O mesmo autor afirma
ainda que a Acupuntura poderia desfazer os pontos gatilhos e abolir a dor
muscular, facilitar o alongamento do músculo pelo miorrelaxamento e reduzir a
dor referida; estimular o crescimento de axônios destruídos na medula espinhal
e diminuir a inflamação local, edema, vasodilatação ou constrição e a liberação
de histamina na medula. Nesse mesmo estudo depreende-se que a doença de
disco intervertebral toracolombar é tratada por diferentes terapeutas com uma
grande variedade de pontos, métodos de estimulação, duração e freqüência
dos tratamentos, bem como em associação com outros métodos terapêuticos,
sendo que apesar disso os resultados são positivos e semelhantes entre si.
Ao comparar a técnica de AP com outros tratamentos conservativos, Still
(1988) observou que o tempo médio de recuperação dos graus I e II com AP foi
significativamente menor que com o uso de corticosteróides. Também relatou
que os quadros agudos classificados em graus I e II respondem melhor do que
os crônicos, e a remissão dos sinais é mais rápida quando o intervalo entre os
tratamentos é menor, isto é, a cada 1 a 2 dias (STILL, 1988).
A AP, como descrito para outros métodos de tratamento conservativo,
não previne recidivas para qualquer grau da doença (STILL, 1988; STILL,
1989; STILL, 1998). Enquanto alguns estudos revelaram apenas 4% de
Revisão da Literatura
50
recidiva (JANSSENS, 1983), outros autores referem mais de 50% de
reincidência do quadro, podendo muitas vezes apresentar um estado clínico
mais grave que o inicial (STILL, 1988; STILL, 1998). O tempo descrito para as
recidivas variou de três a nove meses (STILL, 1988) ou de cinco a vinte meses
(STILL, 1989).
2.7.1. Sinais clínicos pela medicina tradicional chinesa
Os sinais mais freqüentemente descritos em quadros de doença do disco
intervertebral toracolombar incluem dor aparente na região dorsal (panículo
aumentado), relutância ao andar, perda de propriocepção, paresia de membros
posteriores, retenção de fezes e urina e perda da dor profunda (JANSSENS,
1983; JANSSENS, 2001).
Na medicina tradicional chinesa, os principais padrões associados a estes
sinais clínicos são deficiência de Yang, esvaziamento de Qi e Xue (sangue) do
Vaso Governador (Du Mai) e síndrome Wei (atrófica), geralmente associada
com sinais clínicos como atrofia muscular, paralisia e paresia, fraqueza,
letargia, diarréia, incontinência fecal e urinária, entre outros (JOAQUIM et al.,
2003). Ainda segundo uma revisão de Sherman et al. (2001) 85% dos autores
diagnosticavam nas dores lombares um padrão de estagnação de Qi e Xue.
A paresia, um dos sinais clínicos mais comuns, é vista pela medicina
tradicional chinesa com um padrão de deficiência de Xue, relacionada com
deficiência de Jing (energia ancestral), idade avançada, má nutrição, acúmulo
de umidade, trauma local obstruindo o Qi e Xue entre outros (YAMAMURA,
1993; MACIOCIA, 1996).
Animais com deficiência sistêmica de Yang podem apresentar dor por
excesso local do padrão de Yang, como por exemplo, na doença do disco que
leva a espondilose (BENSKY, 2002).
Segundo Yamamura (1993), pode-se caracterizar a dor como distúrbio de
Yin e Yang, dependendo dos sinais clínicos. A dor devido a distúrbios de Yang
é aguda e superficial, com sensação de pontada que melhora com frio e
Revisão da Literatura
51
imobilização, e piora com movimento e pressão. A dor devido a distúrbios de
Yin é profunda, crônica, melhora com calor, movimento, exercício, pressão e
massagem e piora com frio, umidade e imobilização. O tipo misto Yin/Yang é
caracterizado por uma dor originada de falso calor com sinais de Yin e Yang se
alternando, melhorando com repouso (tipo Yang), calor (tipo Yin) e massagem.
Este foi o tipo mais observado por Joaquim et al. (2003).
2.7.2. Principais pontos de acupuntura
Pontos locais, especialmente no meridiano da Bexiga (Be), são indicados
por praticamente todos os autores, tomando vários segmentos vertebrais. As
agulhas são colocadas, sempre que possível, bilateralmente e mantidas por
cerca de 20 minutos (JANSSENS, 1983; STILL, 1988; STILL, 1989;
JANSSENS, 2001).
Janssens (2001) referiu que os pontos mais freqüentemente utilizados
estão nos meridianos da Bexiga (Be), Vesícula Biliar (VB), e Estômago (E). Os
pontos mais citados são Be40, Be60, VB30, VB34 e E36. Outros pontos
usados incluem pontos no meridiano do Fígado (F), F1, F3, F4, F11, Rim (R),
R3 e R6, Baço-pâncreas (BP), BP4, BP6, Be11, Be13 e Be67.
Janssens (1983) usou agulhas colocadas no local da lesão, tratando o
meridiano da Bexiga, em um a três segmentos vertebrais, de acordo com a dor
à palpação. Pontos distantes também foram tratados como o B60, VB30 e 34.
Todos os pontos foram bilaterais e as agulhas mantidas por 20 minutos.
No tratamento de cães classificados como grau I e II Still (1988) utilizou
pontos locais, no meridiano da Bexiga, associados com pontos distantes nos
meridianos da Vesícula Biliar, VB30 e VB34, Fígado, F2 e F3, e Vaso
Governador, VG3a, além do Be60. Seis a doze agulhas foram colocadas em
cada animal e a combinação de pontos foi alterada entre os tratamentos.
Os pontos selecionados por Still (1989) variaram com a sintomatologia e
história clínica. O tratamento consistiu de pontos locais e distantes, para todos
os graus de doença do disco. Foram utilizadas seis a 12 agulhas. Os seguintes
Revisão da Literatura
52
pontos foram utilizados: Grau I e II – Be18 a 27, VG3a, VB30, VB34, Be60, F2
e G3 e Grau III e IV – Be18-31, Be47-47b, VG3a –6, VG2a, Pontos Huatuojiaji
do segmento espinhal T10-L7, Be54, Be58, Be60, Be63-65, VB30, VB34, E36,
F2 e F3.
Cães com grau III ou IV foram tratados por Still (1998) nos seguintes
pontos: pontos locais – Be18 a Be23, VG6 a VG4; pontos distantes na coluna –
Be25 a Be35, VG2 e VG11; pontos distantes nos membros posteriores – VB30,
VB34, Be40, Be60, Be67, F3 e E36; pontos no abdome e área perineal – Vaso
concepção, VC6 a VC3, VC1 e VG1; pontos em meridianos extras – Weijian
(na ponta da cauda)
Nos meridianos da Be, VC e VG as agulhas foram inseridas obliquamente
tomando dois a quatro pontos simultaneamente. Cerca de 10 a 16 agulhas
foram colocadas em cada animal.
A lógica, descrita por Janssens (2001) para a utilização de pontos locais é
que eles podem ter um efeito segmentar no sítio de lesão, tratando também os
pontos gatilhos. Os pontos locais tratados foram Be14 a Be28, cobrindo os
segmentos vertebrais T10 a L7 e pontos no meridiano do VG. Alguns autores
recomendam os pontos do ramo lateral do meridiano da Bexiga, no mesmo
segmento – Be47 a Be53. No mesmo estudo, a justificativa para a utilização de
pontos distantes foi de que eles não estimulariam apenas o segmento medular
lesado, mas também fibras nervosas com entradas aferentes em centros
maiores. Esses impulsos podem combater a inflamação, a dor e ativar a
regeneração. Dentre os pontos distais utilizados pelo autor, podem ser
destacados os pontos Be40, Be60, VB30, VB34 e E36.
2.7.3. Eletroestimulação
Brunner (1976) refere-se à eletroestimulação como método necessário
para tratar doenças neuromusculares. Em humanos, quando associada à
eletroestimulação, a acupuntura acelera o processo de recuperação (STILL,
1988). A estimulação elétrica foi utilizada como tratamento auxiliar na
Revisão da Literatura
53
recuperação dos movimentos em pacientes humanos com lesão completa de
medula, em quadros agudos e estágios precoces (WONG et al., 2003). A
indicação de acupuntura manual ou associada à eletroestimulação pode ser
baseada na atrofia muscular, gravidade dos sinais neurológicos e tempo de
paresia ou ataxia (JOAQUIM et al., 2003).
A estimulação elétrica, segundo Janssens (2001), é aplicada utilizando–
se vários formatos e padrões de onda, com intervalos, freqüência e amplitude
variáveis. No tratamento de cães com doença do disco intervertebral graus I, II,
III e IV, com várias freqüências diferentes (1, 5, 10, 20, 40, 75, 100 Hz), em
modo denso disperso e alternando freqüências (1Hz/50Hz), com duração de
estímulos de 20 a 180 segundos, a eletroestimulação parece não ter diminuído
o tempo de recuperação dos pacientes, mesmo quando comparada ao
agulhamento simples, como citado por Still (1988a) e Still (1998b).
Durante qualquer método de estimulação, Janssens (2001) referiu que as
agulhas podem ser deixadas nos pontos por 10 a 20 minutos, sem
estimulações, quando são então estimuladas por intervalos que podem variar
de 10 a 20 minutos a alguns segundos apenas.
A eletroestimulação com alta freqüência, acima de 100Hz, oferece os
melhores resultados no tratamento contra a dor (JOAQUIM et al., 2003).
Estímulo em alta freqüência leva a sensação de parestesia e analgesia devido
à ação junto a fibras aferentes tipo II e mecanismos medulares segmentares,
além de não haver contração muscular (THOMAS e LUNDEBERG, 2001;
WALSH, 2001). Por sua vez, estímulos em baixa freqüência estimulam fibras
nociceptivas tipo III e IV e pequenas fibras motoras levando a parestesia e
contração muscular (WALSH, 2001).
Segundo citado por Ghoname et al. (1999), padrões mistos de
estimulação elétrica, isto é, baixas e altas freqüências alternadas, promovem
os melhores resultados na diminuição da dor e melhora na atividade física.
Especula-se que a combinação de freqüências intermediárias, alternando 15 e
30 Hz, por exemplo, podem estimular mais de um tipo de receptor de opióides
(GHONAME et al., 1999). Joaquim et al. (2003) utilizou baixas freqüências para
tratar paresia, ataxia, fraqueza e diminuição de sensibilidade, enquanto
Revisão da Literatura
54
quadros de dor foram tratados com alta freqüência, obtendo como resultado
uma melhora dos quadros de paresia induzidos por discopatia toracolombar e
das dores cervicais induzidas por discopatias cervicais. O uso de baixas
freqüências no tratamento de doenças neuromusculares é relatado também por
Thomas e Lundeberg (2001).
Thomas e Lundeberg (1994) em outro estudo menos recente observaram
que pacientes humanos com lombalgia, tratados com EA de alta freqüência
(80Hz), acupuntura manual e EA de baixa freqüência (2Hz) apresentaram após
6 meses do tratamento menos dor durantes as atividades diárias, menor
reclamação do quadro álgico e melhora relatada de forma geral, porém
subjetiva, estatisticamente significativa para o grupo submetido à EA de baixa
freqüência.
2.7.4 Associação com tratamentos convencionais
A interação entre um pré-tratamento com antiinflamatórios não
esteróides, vitaminas seguido de acupuntura foi significantemente melhor do
que a acupuntura de forma isolada (STILL, 1988a; STILL, 1988b; STILL, 1989).
Janssens e De Prins (1991) apud Still (1998) sugeriram um efeito
negativo do corticosteróide no pré-tratamento de doenças do disco, graus I a
III. Yang et al. (2003), por sua vez, concluiu ser mais eficiente no tratamento de
lesões experimentais de medula, a combinação da eletroacupuntura e
corticosteróides.
Injeções locais nos pontos de acupuntura também podem ser utilizadas.
Nestes casos pode-se injetar lidocaína 0,25%, procaína, cafeína, vitaminas B1,
B2, B6, B12 e dimetil sulfóxido (DMSO), cloreto de sódio (NaCl), água,
hidróxido de sódio (NaOH), antiinflamatórios não esteróides e esteróides, e
soluções homeopáticas (JANSSENS, 2001).
Revisão da Literatura
55
2.7.5 Freqüência de tratamento
O intervalo entre os tratamentos mais comumente citado para cães com
lombalgia é de um a dois dias (STILL, 1988a; STILL, 1998b; JANSSENS,
2001). Em animais cuja dor esteja controlada, este período pode ser estendido
para três a catorze dias (STILL, 1998) e casos que já apresentam déficit motor
ou sensitivo nos membros pélvicos podem ser tratados em intervalos de dois a
seis dias (STILL, 1988b). Em quadros crônicos, o tratamento a cada duas
semanas pode ser suficiente (JANSSENS, 2001).
Janssens (1983) tratou cães com doença do disco intervertebral
toracolombar uma vez por semana. Aumentou para duas vezes por semana em
casos de dor intensa e diminuiu para uma vez a cada duas semanas, quando
houve melhora acentuada. Uma freqüência semelhante de tratamento é
mencionada por Chierichetti e Alvarenga (1999).
Da mesma forma que em tratamentos farmacológicos para a dor, sessões
repetidas de acupuntura podem ser necessárias para uma melhora
permanente, mas em 68% dos casos, apenas uma sessão de agulhamento
simples é necessária nos casos mais leves e classificados como grau I (STILL,
1988).
2.7.6. Tratamento complementar e de suporte
O repouso é fundamental, por isso os proprietários devem ser instruídos a
manterem os animais sob restrição de movimento ou em gaiolas, sendo
retirados apenas para defecar e urinar, para evitar a agravação do quadro
(STILL, 1998; JANSSENS, 2001). O período de repouso deve ser de no
mínimo 30 dias (JANSSENS, 1983). O uso de tranqüilizantes para animais que
se apresentam muito nervosos em confinamento é citado por Janssens (2001).
Revisão da Literatura
56
Trabalhos na área de AP também enfatizam que a AP isolada não leva a
melhora do paciente se outras complicações não forem evitadas, como por
exemplo, alterações urinárias, digestivas entre outras (JANSSENS, 1983) e
recomendam que a antibioticoterapia de suporte deve ser realizada, quando
necessária, para prevenir complicações secundárias como cistites (STILL,
1988a; STILL, 1998b; STILL, 1989). A paralisia de bexiga deve ser tratada com
compressão manual ou cateterização para a eliminação da urina, duas a três
vezes ao dia (JANSSENS, 1983; JANSSENS, 2001). Manejos adequados para
diarréia e ou constipação também devem ser observados (JANSSENS, 1983;
JANSSENS, 2001).
Objetivos
5
7
Objetivos
58
3. OBJETIVOS
Conforme exposto previamente, o mecanismo de compressão discal é um
inicializador e não uma causa de reações dolorosas, sendo plausível a
justificativa da utilização de técnicas de tratamentos clínicos que modulem o
processo inflamatório e vascular desencadeados.
Dessa forma o presente trabalho teve como objetivo comparar os
resultados da avaliação prospectiva do tratamento clínico de discopatia
toracolombar com eletroacupuntura isoladamente, da eletroacupuntura
associada à cirurgia com os resultados retrospectivos de tratamentos cirúrgicos
descompressivos em cães com perda de dor profunda submetidos à cirurgia
após mais de 48 horas do início dos sinais clínicos de doença do disco
intervertebral.
Material e Método
59
Material e Método
60
4. MATERIAL E MÉTODO
4.1. Grupos experimentais
Após aprovação pela Comissão de Ética de acordo com o protocolo
09/2008-CEEA da FMVZ - Unesp, realizou-se um estudo retrospectivo no
Hospital Veterinário da FMVZ – Unesp – Botucatu, no período de 2003 a 2007,
de 40 cães machos e fêmeas de diversas raças, com diagnostico de discopatia
toracolombar, oriundos do Serviço de Cirurgia de Pequenos Animais e de
Acupuntura Veterinária da instituição. As fichas dos animais foram agrupadas
de acordo com a disponibilidade de dados, tipo de tratamento (cirúrgico) e
localização da lesão que necessariamente deveria ser discopatia toracolombar
ou lombar. As fichas foram avaliadas do ponto de vista de sinais clínicos
neurológico antes e após a intervenção cirúrgica de forma retrospectiva e
comparadas com os tratamentos realizados no Serviço de Acupuntura da
FMVZ – Unesp, em um estudo prospectivo, no período de janeiro de 2005 a
julho de 2007. Todos os animais foram classificados de acordo com o grau de
lesão medular adaptado de Takahashi et al. (1997), Schulz et al. (1998) e
Chierichetti e Alvarenga (1999).
Três formas de tratamentos descritas a seguir foram realizadas: 1)
cirúrgico; 2) eletroacupuntura e 3) eletroacupuntura associada à cirurgia. Os
tratamentos variaram ao longo do tempo: inicialmente, a maioria dos cães
referidos para tratamento de discopatia era submetida à cirurgia ou a
tratamento medicamento com corticosteróides (prednisolona). Com a
implantação do Serviço de Acupuntura, houve um aumento dos cães referidos
para tratamento com esta modalidade terapêutica, conferindo aos grupos uma
homogeneidade com relação ao quadro clínico dos animais encaminhados
para os diversos tratamentos.
- Grupo 1 – Cirurgia (n=10): os animais com quadro clínico neurológico
sugestivo de lesão discal toracolombar ou lombar confirmada por exame
Material e Método
61
radiográfico associado à mielografia foram submetidos a cirurgias
descompressivas;
- Grupo 2 – Eletroacupuntura (n=19): animais com quadros de
paraparesia por discopatias situadas na região toracolombar ou lombar eram
encaminhados pelo Serviço de Cirurgia para o tratamento clínico junto ao
Serviço de Acupuntura Veterinária;
- Grupo 3 – Eletroacupuntura associada à Cirurgia (n=11): animais
provenientes do Serviço da Cirurgia, cuja deambulação não ocorresse nas
primeiras duas semanas de pós-operatório eram encaminhados para
complementação de tratamento junto ao Serviço de Acupuntura.
As informações coletadas para fins de análise estatística e avaliação
incluíram:
a) Identificação do animal: RG, Nome, idade, sexo, raça;
b) Tratamentos específicos divididos em grupos: G1 (Cirurgia), G2
(Acupuntura) e G3 (Acupuntura e Cirurgia);
c) Localização da lesão que deveria necessariamente ser toracolombar
ou lombar (de NMS);
d) Sintomas pré-tratamento (paresia, paralisia associados ao exame
neurológico;
e) Sintomas pós-tratamento (deambulação, coordenação motora, e
presença de dor profunda).
Material e Método
62
TABELA 3 - Graduação das lesões medulares toracolombares utilizadas para
auxiliar na determinação de tratamento adequado para pacientes
com doença do disco intervertebral
Graduação Sinais Clínicos
I Lombalgia leve, moderada ou severa, sem déficits
neurológicos.
II Discreta incoordenação, capacidade de sustentar o
próprio peso mantida, episódios recorrentes de dor,
déficit de propriocepção, reflexos espinhais normais
ou aumentados.
III Severa incoordenação, perda da capacidade de
sustentar o próprio peso, déficit de propriocepção,
reflexos espinhais normais ou aumentados.
IV Perda da função motora, ausência de propriocepção,
reflexos espinhais normais ou aumentados, resposta
a dor profunda mantida.
V Todos os anteriores mais perda do controle da
micção e da dor profunda.
Adaptado de: Takahashi et al. (1997), Schulz et al. (1998) e Chierichetti e Alvarenga (1999).
Considerou-se que os animais em que apresentaram redução da
classificação de Grau IV ou V para grau I ou II foram os animais que
apresentaram resposta positiva ao tratamento, de acordo com os parâmetros
da Tabela 3.
A tabela a seguir (Tabela 4) descreve o tipo de cirurgia realizado nos
animais do G1.
TABELA 4 – Técnica cirúrgica descompressiva em discopatias utilizada nos
animais do G1 (n=10)
Técnica cirúrgica Número de animais Porcentagem (%)
Fenestração, Hemilaminectomia e
pediculectomia
1 10
Hemilaminectomia
7 70
Fenestração associada à
Hemilaminectomia
2 20
Material e Método
63
Já a Tabela 5 demonstra o tempo decorrido entre a primeira consulta
realizada no Hospital Veterinário da FMVZ – Unesp – Botucatu e a realização
do procedimento cirúrgico. Não foi possível estabelecer o tempo decorrido
entre o início exato dos sintomas e o procedimento cirúrgico, haja vista que
muitos animais antes de chegarem ao HV passaram por clinicas privadas e
eram submetidos a tratamentos antálgicos e clínicos sem sucesso até serem
referenciados.
TABELA 5 - Tempo médio decorrido entre a primeira consulta no HV da Unesp
e a realização do procedimento cirúrgico descompressivo nos
animais dos G1 e G3
Intervalo entre a primeira consulta e a
descompressão cirúrgica (em dias)
Animais
G1 G3
1 10 7
2 7 7
3 8 4
4 7 10
5 7 5
6 9 6
7 3 29
8 8 22
9 5 61
10 15 8
11 10
Média 7,9 dias 15,4 dias
Observa-se pela Tabela 5 que nenhum animal dos grupos submetidos ao
procedimento cirúrgico obedeceu ao tempo máximo para indicação cirúrgica de
até 48 horas do início dos sinais clínicos de acordo com a recomendação da
literatura.
Com relação a localização das lesões encontradas na coluna dos animais
dos diversos grupos, observa-se a distribuição conforme as tabelas 6, 7 e 8.
Material e Método
64
TABELA 6 – Localização das lesões de discopatia intervertebral observadas
por exame radiográfico associado à avaliação neuroclínica no G1
(n = 10).
Localização da lesão de acordo com os segmentos vertebrais afetados
Torácica Toracolombar Lombar
Número de animais
80% (8) 10% (1) 10% (1)
TABELA 7 – Localização das lesões de discopatia intervertebral observadas
por exame radiográfico associado à avaliação neuroclínica no G2
(n = 19).
Localização da lesão de acordo com os segmentos vertebrais afetados
Torácica Toracolombar Lombar
Número de animais
83% (15) 17%(3) 0
TABELA 8 – Localização das lesões de discopatia intervertebral observadas
por exame radiográfico associado à avaliação neuroclínica no G3
(n = 11).
Localização da lesão de acordo com os segmentos vertebrais afetados
Torácica Toracolombar Lombar
Número de animais
82% (9) 9%(1) 9%(1)
4.2. A escolha dos Pontos de Acupuntura
Foram selecionados os pontos Bexiga 23 e 40, entre outros, de acordo
com uma revisão de Sherman et al. (2001), com a utilização em média de 12 a
13 agulhas.
Selecionou-se também pontos de acordo com o local da lesão e seus
efeitos no sistema nervoso e locomotor, de acordo com a literatura,
padronizando-se os mesmos pontos para os animais do Grupo 2 e 3, conforme
Figura 6.
Material e Método
65
Os pontos utilizados foram:
Be18 – Gan Shu
Localização: 1,5 tsun (medida chinesa correspondente a largura de uma
costela do próprio animal, lateral à linha média dorsal no 10° espaço
intervertebral
Função: Doenças do fígado e vesícula biliar, conjuntivite, glaucoma,
icterícia, mioclonias, doenças da visão em geral. Ponto local para alterações
medulares.
Be23 - Shen Shu
Localização: 1,5 tsun lateral à linha média dorsal entre a 2° e 3° vértebra
lombar;
Função: Todas as afecções renais, lombalgia, cio irregular, impotência
sexual e seqüelas de cinomose. Ponto local para alterações medulares.
Be40 - Weizhong
Localização: Centro do cavo poplíteo.
Função: Ponto mestre da coluna lombar. Problemas toracolombares,
paresia do membro pélvico, patologias dos rins e da bexiga.
R 3 – Tai Xi
Localização: Na depressão entre o maléolo medial e o tendão de Aquiles.
Função: desordens neurológicas, dor articular, tonifica os rins (na MTC os
rins controlam as ações do Sistema Nervoso).
VB 34- Yanglingquan
Localização: Numa reentrância entre as epífises da tíbia e fíbula.
Função: Mestre dos músculos e tendões. Todas as afecções relacionadas
a músculo e tendões, acompanhadas por depressão e problemas locais.
Material e Método
66
VB 30- Huan Tiao
Localização: a meia distância entre o trocânter maior do Fêmur e a
tuberosidade isquiática;
Função: Tonifica os membros posteriores, fortalece o quadril, analgesia
do membro pélvico.
E36 – Tzu San Li
Localização: 3 tsun distal à extremidade distal da patela, um tsun lateral a
crista anterior da Tíbia, no músculo tibial cranial.
Função: Fortalece o membro pélvico; tonifica os músculos.
(MACIOCIA, 1996; YANG et al., 2003).
FIGURA 6 - Pontos de Acupuntura utilizados para o tratamento de discopatia
toracolombar.
Material e Método
6
7
4.3. Técnica de Eletroestimulação
Conforme citações da literatura, nos tratamentos das afecções
medulares, diversas formas de estímulo dos pontos de acupuntura podem ser
utilizadas de maneira eficaz, sendo a eletroacupuntura aparentemente a mais
eficaz (JOAQUIM et al., 2003).
Com o animal apoiado em um suporte (Figura 7), desenvolvido no próprio
Serviço de Acupuntura do Hospital Veterinário, os animais são posicionados
em estação, através de sustentação mecânica por meio de correntes e
braçadeiras, de modo a expor toda a superfície corpórea necessária para a
localização dos pontos de AP e inserção das agulhas.
Os corpos das agulhas foram conectados aos eletrodos do
eletroestimulador e submetidas à estimulação por corrente elétrica por 20
minutos, utilizando-se onda intermitente quadrada, bifásica e freqüências
alternadas de 2Hz e 15Hz, no modo denso-disperso (BASBAUM & FIELDS,
1978; WALSH, 2001), sendo a voltagem incrementada até a obtenção de
contrações musculares involuntárias localizadas nos grupos musculares
correspondentes. Todos os animais toleraram bem a eletroestimulação.
FIGURA 7 - Técnica de Eletroacupuntura utilizada para discopatia
toracolombar.
Material e Método
68
4.4. Análise Estatística
A evolução neurológica e os sinais clínicos (ausência de dor profunda)
foram analisados pelo Teste de Goodman para contrastes entre e dentro de
populações multinomiais (Goodman 1964; Goodman 1965). Os valores foram
apresentados por meio de números absolutos e porcentagens. O nível de
significância considerado foi de 5% (p<0,05). Para indicar as diferenças
estatísticas entre os grupos foram utilizadas letras minúsculas e entre as
categorias dentro de cada grupo, letras maiúsculas.
Resultados
69
Resultados
70
5. RESULTADOS
Todos os pacientes (n=40) referidos para o tratamento apresentavam
inicialmente quadro clínico grave, classificados segundo a Tabela 3 como Grau
IV e V. Desta forma garantiu-se a homogeneidade dos quadros clínicos entre
os grupos avaliados, o que permitiu o isolamento da variável efeito do
tratamento (Tabelas 9, 10 e 11).
TABELA 9 - Comparação da graduação das lesões medulares toracolombares
de acordo com os sinais clínicos neurológicos dos animais
submetidos à cirurgia descompressiva (G1: n=10)
Classificação dos sinais clínicos neurológicos
do G1 – Cirurgia Descompressiva
Animal Local da lesão
Pré-tratamento Pós-tratamento
1 Torácica IV I
2 Torácica V V
3 Torácica V V
4 Torácica V V
5 Torácica V V
6 Torácica IV I
7 Toracolombar IV I
8 Torácica IV IV
9 Toracolombar V V
10 Torácica V I
Resultados
71
TABELA 10 - Comparação da graduação das lesões medulares toracolombares
de acordo com os sinais clínicos neurológicos dos animais
submetidos à acupuntura (G2: n=19)
Classificação dos sinais clínicos
neurológicos do G2 – Acupuntura
Animal Local da lesão
Pré-tratamento Pós-Tratamento
1 Torácica V I
2 Torácica IV I
3 Torácica V II
4 Torácica V V
5 Torácica IV I
6 Toracolombar V I
7 Torácica V V
8 Toracolombar V I
9 Torácica V I
10 Torácica IV I
11 Toracolombar V I
12 Torácica IV I
13 Toracolombar IV IV
14 Torácica IV I
15 Toracolombar V II
16 Torácica IV IV
17 Torácica V II
18 Torácica IV I
19 Toracolombar IV I
Resultados
72
TABELA 11 - Comparação da graduação das lesões medulares toracolombares
de acordo com os sinais clínicos neurológicos dos animais
submetidos à cirurgia e acupuntura (G3: n=11)
Classificação dos sinais clínicos neurológicos do
G3 – Cirurgia + Acupuntura
Animal Local da lesão
Pré-tratamento Pós-Tratamento
1 Torácica V II
2 Torácica V I
3 Torácica V II
4 Torácica V V
5 Torácica IV I
6 Toracolombar V I
7 Toracolombar V I
8 Torácica IV V
9 Toracolombar IV I
10 Toracolombar V II
11 Toracolombar V V
Dos 10 pacientes iniciais do G1 (Cirurgia), todos com quadro clínico
grave, quatro (40%) apresentaram melhora clínica para grau I e seis (60%)
mantiveram o mesmo quadro clínico. Nenhum paciente apresentou piora clínica
(Tabela 09)
No G2 (Acupuntura), dos 19 pacientes iniciais, com quadro clínico grave,
15 (83%) apresentaram melhora clínica com redução do grau de lesão medular
de acordo com os parâmetros da Tabela 3, onde 13 reduziram para o grau I
(72%) e 3 para grau II (16%). Quatro animais (17%) mantiveram-se com o
quadro clínico grave. Nenhum animal apresentou piora clínica (Tabela 10).
No G3 (Cirurgia associada à Acupuntura), dos 11 pacientes iniciais, com
quadro clínico grave, oito apresentaram melhora clínica com redução do grau
de lesão medular (73%), onde cinco reduziram para grau I (45%) e três para
grau II (27%). Três (27%) mantiveram-se com o quadro clínico grave e
inalterado. Não se observou piora clínica em nenhum animal (Tabela 11).
Resultados
73
TABELA 12 - Evolução neurológica dos animais submetidos à cirurgia
descompressiva (G1: n=10) ou acupuntura (G2: n=19) ou cirurgia
descompressiva e acupuntura (G3: n=11) após alta clínica,
avaliados por um período de pelo menos 6 meses
Grupos (número de animais e %)
Situação clínica
G1 G2 G3
Inalterada 6 (60%) aA 4 (21%) bB 3 (27,3%) abA
Melhora 4 (40%) bA 15 (79%) aA 8 (72,7%) abA
Letras minúsculas em vermelho expressam diferenças entre os grupos, com a>b. Letras
maiúsculas em azul expressam diferenças entre as categorias dentro de cada grupo, com A>B.
No que se refere aos casos inalterados: houve diferença
estatística entre o G1 e G2, já que um maior número de animais
submetidos à cirurgia permaneceu inalterado em relação ao G2. Já o G3 não
diferiu entre G1 e G2.
Com relação à melhora clínica, o G2 apresentou significativamente maior
melhora que o G1. O G3 não apresentou diferença significativa entre o G1 e
G2.
Tanto no G1, como no G3, não houve diferença estatística entre o
número de animais que permaneceram inalterados o número de animais que
melhoraram. Já no G2 a melhora em relação aos animais com quadro clínico
inalterado foi significativo.
TABELA 13 - Distribuição dos sinais clínicos dos animais submetidos à cirurgia
descompressiva (G1: n=10) ou acupuntura (G2: n=19) ou cirurgia
descompressiva e acupuntura (G3: n=11)
Grupos (número de animais e %)
Sintomas
clínicos
G1 G2 G3
Ausência de dor
profunda
6 (60%) a 10 (52,6%) a 8 (72,7%) a
Letras minúsculas expressam diferenças entre os grupos, com a>b.
Não houve diferença significativa entre os grupos nos animais pré-
tratamento com relação à ausência de dor profunda.
Resultados
74
TABELA 14 - Ausência e presença de dor profunda, antes e depois do
tratamento, de animais submetidos à cirurgia descompressiva
(G1: n=10) ou acupuntura (G2: n=19) ou cirurgia
descompressiva e acupuntura (G3: n=11)
Dor profunda
Grupo Tempo
Ausente Presente
Total de
animais
G1
Antes 6 (60,0%) aAα 4 (40,0%) aAα 10
Depois 6 (60,0%) aAα 4 (40,0%) aAα 10
G2
Antes 10 (52,6%) aAα 9 (47,3%) aAα 19
Depois 4 (21,0%) aAβ 15 (79,0%) aAα 19
G3
Antes 8 (72,7%) aAα 3 (27,3%) aBα 11
Depois 3 (27,3%) aBα 8 (72,3%) aAα 11
Letras minúsculas expressam comparação de grupos, fixados o momento e a resposta. Letras
maiúsculas expressam comparação de tempos, fixados o grupo e a resposta, com A>B. Letras
gregas expressam comparação de respostas, fixados o grupo e o tempo, com α>β.
A presença ou a ausência de dor profunda, antes e depois do
tratamento, não apresentou diferença significativa entre os grupos.
No G1 e G2 a ausência ou a presença de dor profunda depois do
tratamento não diferiu significativamente de antes do tratamento.
No G3 a presença de dor profunda depois do tratamento foi
significativamente maior que antes do tratamento.
No G2, depois do tratamento, a presença de dor profunda foi
significativamente maior que a ausência.
Discussão
75
Discussão
76
6. DISCUSSÃO
Conforme se depreende da avaliação dos resultados, mais
especificamente com relação aos observados na Tabela 10, constata-se que a
Acupuntura isoladamente (G2), apresentou resultados clínicos superiores ao
tratamento apenas com Cirurgia ou da Cirurgia Associada à Acupuntura.
Estes resultados contrariam as observações de Still (1989), para o qual
os resultados clínicos da acupuntura e o prognóstico para completa
recuperação diminuem proporcionalmente a gravidade das lesões à medula.
Ainda que alguns autores afirmem que o prognóstico para tratamento
com acupuntura seja melhor para cães com doença do disco intervertebral nos
graus I e II (STILL, 1988; STILL, 1998), nesse estudo observou-se uma
melhora de 79% no Grupo 2 e de 72,7% para o G3, demonstrando claramente
que a AP apresenta boa eficácia nos casos de discopatia com lesões
medulares graduadas em V e IV. Segundo Janssens (1983), 97% dos casos
classificados como grau I respondem de forma muito rápida à AP; o mesmo
autor descreve ainda uma recuperação de 90% para os casos de discopatias
graduados em grau I e II (JANSSENS, 2001), sendo que o número médio de
sessões para aliviar a dor no grau II foi de três a quatro, enquanto a retenção
de urina e fezes se resolveu em até 3 dias (JANSSENS, 1983). De forma
semelhante à técnica empregada neste estudo, Still (1988) relatou que quando
da associação da eletroestimulação à acupuntura, consegue-se resultados
positivos para o manejo conservativo de discopatias graduadas em III.
Hayashi et al. (2007) em uma avaliação de 50 animais com discopatia
toracolombar também constataram que a eletroestimulação associada ao
tratamento convencional com corticosteróides resulta em recuperação mais
rápida e efetiva da capacidade de deambulação e da sensibilidade dolorosa
profunda que o tratamento convencional utilizado isoladamente. Os autores, de
forma semelhante ao presente estudo, também utilizaram pontos como o Be23,
60, R3, VB30, E36 e eletroestimulação no modo denso-disperso, porém com
alta e baixa freqüência alternadas, diferente do presente estudo onde se
Discussão
7
7
utilizou apenas baixas freqüências alternadas por se tratarem de casos
crônicos.
Janssens (1983), confirmando os dados de Still (1988), também observou
uma alta taxa de recuperação após o tratamento de animais classificados como
grau III, sendo que 85% deles recuperaram a capacidade de usar os membros
pélvicos e a habilidade de caminhar em 17,5 dias após o início da acupuntura.
Em outro estudo do mesmo autor (JANSSENS, 2001) houve 80% de
recuperação nos pacientes grau III, num período de 6 semanas, sendo que o
sucesso terapêutico obtido no tratamento de pacientes graus I, II e III pode ser
comparado aos descritos para quaisquer procedimentos cirúrgicos ou
conservativos.
Janssens (1983), corroborando nossos resultados, relatou a recuperação
de 58% dos cães classificados como grau IV e tratados com acupuntura
durante cerca de 10 semanas. Ainda descreve menos de 25 % de recuperação
após 10 semanas ou mais de tratamento (JANSSENS, 2001). O autor cita
como provável causa da ausência de melhora dos casos classificados em
graus IV o fato dos mesmos poderem ser portadores de mielomalacia
ascendente, cujo prognóstico é pobre, independente do tratamento instituído.
Embora não tenha sido o objetivo do presente trabalho a classificação e
incidência do tipo de lesão discal, isto é, se Hansen Tipo I, extrusão, ou II
protrusão, podem influenciar na resposta terapêutica. Macias et al. (2002), em
um estudo retrospectivo de animais com discopatia, relataram que animais com
protrusão anular apresentam uma evolução clinica e resposta cirúrgica pior que
animais com extrusão nuclear. Tal fato se deve em parte pelo fato de que
durante os processos de extrusão discal, na dependência da quantidade de
material extruso, este último pode ser reabsorvido, se localizar de forma a não
comprimir a medula espinhal (COLTER, 1978; TOOMBS, 1992) ou ocorrer uma
adaptação medular ao fenômeno compressivo (DIGÓN, 2003). Com relação
aos efeitos da acupuntura na medula, Chen et al. (2007), ao avaliar a ação de
pontos de acupuntura distantes da espinha cervical no homem, a partir de
estudo de ressonância magnética, observaram que os pontos IG4 e IG11,
localizados respectivamente entre o primeiro e segundo osso metacarpiano e
Discussão
78
na dobra da articulação úmero-radio-ulnar, aumentaram a ativação segmentar
na altura de C2 e C6.
Yamamura et al. (1996) ao usar tomografia computadorizada no homem
ressaltaram a probabilidade de acelerar, inibir ou diminuir os processos
imunológicos que ocorrem por ocasião da expulsão do conteúdo do núcleo
pulposo, devido a um possível efeito imunomodulador da acupuntura. Isto pode
explicar a melhora dos animais do Grupo I observadas neste estudo, mesmo
quando em presença de sinais radiográficos e em alguns casos de RNM de
lesões medulares compressivas.
Segundo Martin et al. (2002), em uma revisão de literatura sobre a
patofisiologia da degeneração discal lombar, os autores descrevem que a lesão
discal induz a uma resposta inflamatória. Nesta mesma revisão os autores
descrevem o modelo canino de implantação autóloga de núcleo e anel fibroso
realizado por Hasegawa et al. (2000) apud Martin et al. (2002), no qual se
observou que fragmentos do núcleo induzem uma reação inflamatória, na qual
se observou linfócitos, macrófagos e fibroblastos. Woertgen et al. (2000) apud
Martin et al. (2002), descreveu que pacientes com processos discais
inflamatórios mais acentuados respondem melhor ao tratamento cirúrgico que
pacientes com herniação discal com ausência de sinais de inflamatórios. Martin
et al. (2002) descreveram no mesmo estudo que os processos discais estão
relacionados a uma maior liberação e produção de interleucina 1 (IL-1), fator de
necrose tumoral (FNT), matrix de metaloproteinase e ainda a prostaglandina E
2 (PGE-2) relacionada à dor e anticorpos anti componentes do disco os quais
são responsáveis pelo componente imunológico que completa o processo
inflamatório decorrente da herniação discal.
Além dos efeitos relacionados ao mecanismo inflamatório, outros estudos
como o de Inoue et al. (2005), realizado em ratos, objetivaram mensurar os
efeitos da AP no fluxo sanguíneo do nervo ciático através do estímulo de
acupontos na musculatura próxima a L6 medida através do uso de fluxometria
por Doppler a laser. Constatou-se a participação do mecanismo vascular nos
efeitos da Acupuntura na medula e estruturas anexas. Os autores observaram
que mesmo sem eletroestimulação a AP altera o fluxo sanguíneo do nervo
Discussão
79
ciático, o que pode justificar os efeitos antálgicos postulados para essa
modalidade terapêutica nas ciatalgias e síndromes de Cauda Eqüina.
Contrariando os resultados de Janssens e De Prins (1991) apud Still
(1998), os quais citam que a taxa de sucesso para cães classificados como
grau IV é maior quando se opta pelo tratamento cirúrgico do que quando se
opta pela acupuntura, sendo que os mesmos sugerem ainda o
encaminhamento dos casos à cirurgia o mais breve possível, os resultados
aqui observados demonstram ser viável o tratamento com Acupuntura nas
lesões de discopatias mais graduadas. Os mesmos autores relatam que a AP
em pacientes grau IV deve ser considerada apenas se a cirurgia não puder ser
realizada nos estágios precoces, isto é, até 48 horas do início dos sinais
clínicos, ou quando a cirurgia não obteve a melhora esperada (STILL, 1998).
Com relação à técnica cirúrgica empregada no pressente estudo,
observa-se que a maioria dos animais foram submetidos à Hemilaminectomia,
a qual é de acordo com a literatura a técnica mais indicada nos casos de
descompressão por discopatia (DHUPA et al., 1999).
Na análise dos dados em relação ao tempo decorrido entre a primeira
consulta, com inícios dos sinais clínicos e o procedimento cirúrgico
descompressivo, observa-se que em nenhum dos animais dos Grupos 1 ou 3
foi possível a realização do procedimento antes de 48 horas. Dessa forma, a
taxa de melhora de apenas 40% para o G1, pode-se justificar pela não
observância estrita nos procedimentos cirúrgicos da necessidade de intervir-se
dentro das primeiras 48 horas do inicio dos sinais clínicos, o que segundo a
literatura repercute em não recuperação da capacidade de deambulação
(DUVAL et al., 1996; JERRAM e DEWEY, 1999), embora hajam algumas
controvérsias (KAZAKOS et al., 2005).
Com relação ao intervalo entre o inicio dos sinais clínicos de paresia/
paralisia e a realização do procedimento cirúrgico descompressivo, alguns
autores observaram que de 25 a 38% dos animais voltavam a ter deambulação
se a cirurgia ocorresse entre 12 e 24 horas, 43% se a cirurgia ocorresse entre
24 e 48 horas e finalmente entre 24 a 5% dos animais voltavam a ter
capacidade de deambular se o procedimento cirúrgico fosse realizado após 48
Discussão
80
horas (GAMBARDELLA, 1980; DUVAL et al., 1996). No presente estudo
observou-se uma melhora de 40% nos animais do G1, mesmo com uma média
de intervalo entre inicio dos sinais clínicos e cirurgia de 7,9 dias.
Em um levantamento realizado por Dhupa et al. (1999) para avaliação de
causas de nova cirurgia após descompressão discal toracolombar com 467
animais, os autores constataram que 30 destes tiveram que ser submetidos à
nova cirurgia descompressiva toracolombar. Nos animais imediatamente re-
operados, a maior causa foi uma compressão medular decorrente do material
discal residual no mesmo sitio da primeira cirurgia. Dos 30 animais que foram
submetidos à nova cirurgia, vinte e dois tiveram como fator causal uma
segunda hérnia discal em um sitio distinto daquele da lesão inicial.
A fenestração foi realizada em 30% dos animais operados. Tuduri et al.
(2004), investigaram a freqüência de extrusões de núcleos pulposos na região
toracolombar de cadáveres caninos observaram que a técnica de fenestração,
pode deslocar núcleo pulposo para o interior do canal vertebral, com ou sem a
criação de uma janela no ânulo fibroso, o que pode justificar a baixa resposta
ao tratamento cirúrgico no G1.
É imperativo ressaltar a importância da precisão do diagnostico por
imagem quando da discussão dos procedimentos cirúrgicos no manejo das
discopatias. Gibbons et al. (2006), ao determinarem o valor do uso de
mielografia obliqua em relação a mielografia ventrodorsal para visualizar
lateralização de discopatia toracolombar em cães, observaram que a mesma
aumenta a acurácia e conseqüentemente a resposta ao tratamento cirúrgico.
Os autores observaram que com a mielografia ventrodorsal, apenas 59 a 70%
dos casos de lateralização foram detectados. Já com o uso de mielografias na
posição obliqua, houve uma detecção entre 93-95% para dois observadores
independentes. Por fim os autores observaram que com o uso de ambas as
imagens, a acurácia subiu para 99 a 99,5% de detecção de lateralização tanto
das extrusões quanto das protrusões. Nancy et al. (1977) em uma analise
retrospectiva de 187 casos de discopatia toracolombar em cães observaram
uma correlação entre a localização cirúrgica da discopatia de 75,4%
demonstrando haver uma margem de 25% de erro de localização quando do
diagnostico por imagem. Dessa forma, fica claro que a falta de detecção da
Discussão
81
lateralização da discopatia pode comprometer o resultado cirúrgico. Isto pode
justificar a baixa resposta ao tratamento cirúrgico, haja vista que todos os
animais do G1 foram submetidos a procedimento cirúrgico com avaliação
radiográfica e mielográfica apenas nas posições latero-lateral e dorso-ventral.
Ao analisar individualmente a evolução clínica dos animais em cada
grupo, observa-se que alguns animais evoluíram de Grau V ou IV para II. Isto
se deve ao fato de que dentre os sinais de disfunção que podem persistir após
a recuperação parcial de cães com grau IV estão incoordenação na marcha e
arqueamento da coluna (JANSSENS, 1983), o que se observou no G3 e G2
neste estudo.
6.1. Relação entre sinais clínicos e prognostico
De acordo com Kazakos et al. (2005), não houve relação entre o tempo
decorrido desde a perda da função motora e a severidade dos sinais
neurológicos nos resultados finais dos cães tratados com hemilaminectomia.
Os autores afirmaram não estar clara a relação entre os sinais clínicos motores
e a perda temporária de dor profunda, além da gravidade do caso com relação
à indicação cirúrgica ou não. Esse estudo contraria a reposta observada no
presente estudo, onde os animais foram submetidos a cirurgia (G1) de forma
tardia, isto é, superior a 48 horas após o inicio dos sinais clínicos,
apresentaram uma resposta de apenas 40% de melhora.
Ruddle et al. (2006) em um estudo com 308 cães portadores de
discopatia relataram que de 69% dos pacientes que não possuíam
sensibilidade dolorosa profunda recuperaram a capacidade de deambulação
após tratamento cirúrgico.
Tal resultado é superior ao resultado observado no presente estudo no
G1. Porém em um estudo retrospectivo realizado por Gambardella (1980) com
98 animais submetidos à laminectomia descompressiva dorsal, esse autor
encontrou uma taxa de recuperação 80,6% dos animais após a realização de
cirurgia dentro das primeiras 36 horas do inicio dos sinais clínicos de paralisia.
Discussão
82
O mesmo autor observou que a taxa de recuperação para animais que
apresentavam dor profunda era de 89,5% de melhora versus 50% quando da
ausência de dor profunda, ressaltando a importância da preservação da dor
profunda como melhora de prognostico pós operatório e demonstrando
resultados compatíveis com os observados no presente estudo. Quando se
comparam tais informações com os achados do G1, Cirurgia, observa-se que a
taxa de 40% de melhora pode ser considerada boa haja vistas, de acordo com
os estudos citados, as condições adversas de tempo entre sinais clínicos e
cirurgia (média de 7,9 dias) e ausência de dor profunda em 60% dos animais.
Em nosso estudo a maioria dos animais apresentava ausência de dor
profunda e mesmo assim a taxa de recuperação do Grupo 2 foi boa. Tais
achados são relevantes para a análise dos dados, haja vista a citação de Still
(1998) de que os tratamentos de discopatia com acupuntura em cães com
perda de dor profunda respondem de forma mais lenta do que em cães com
dor profunda presente. Entretanto, além dos resultados obtidos no presente
trabalho, com recuperação dos animais com ausência de dor profunda
submetidos à AP e AP associada à cirurgia, Joaquim et al. (2003) descreveram
a recuperação da habilidade para caminhar em um animal após 48 semanas de
tratamento e relacionaram esta possibilidade de reabilitação a presença do
“gerador de padrão central”. A existência do gerador de padrão central para
locomoção em pequenos mamíferos já foi descrita e acredita-se que o ritmo
deste movimento deve-se provavelmente a uma atividade espinhal intrínseca
(BUSSEL et al., 1996). Há indícios que a presença de atividade espinhal
rítmica deve-se à ativação do gerador de andadura espinhal; primeiro por que a
atividade rítmica pode ser induzida, interrompida ou modulada pela estimulação
do reflexo flexor aferente, segundo por que em certas circunstâncias, foi
observada atividade com alternância de flexão e extensão e por último por que
experimentos em animais têm mostrado que o gerador de andadura espinhal
pode induzir manifestações rítmicas de motoneurônios extensores (BUSSEL et
al., 1996). As descrições acima ilustram a capacidade da acupuntura, quando
de lesões medulares muito graves, induzir a um “andar medular”, não sendo,
porém esse o resultado obtido no presente estudo, onde os animais retornaram
a sua capacidade normal de deambulação, bem como apresentaram retorno da
Discussão
83
dor profunda, o que é incompatível com a descrição de andar medular. Ainda
segundo Olby et al. (2003), em um estudo de avaliação neurológica de animais
paraplégicos, foi observado que 42% dos animais que possuíam capacidade de
deambulação, não apresentavam sensibilidade dolorosa profunda, sendo ainda
que estes animais possam permanecer com incontinência além da ausência de
nocicepção, o que leva a um número grande de infecções do trato urinário
inferior.
6.2. Disfunção geniturinária
Com relação aos sinais clínicos geniturinários, Still (1998) relatou que na
maioria dos casos de graus III e IV, foi necessário um a três tratamentos com
acupuntura para haver pelo menos um controle voluntário parcial da mobilidade
dos membros posteriores, bem como o controle da micção. O mesmo autor
relatou que animais classificados como grau IV tiveram tratamentos mais
prolongados em geral.
Honjo et al. (2000), investigaram o uso da AP no tratamento da
incontinência urinária causada por hiperreflexia do detrusor da bexiga em
pacientes humanos, ocasionada por lesões crônicas de medula espinhal. Os
pacientes com incontinência foram estimulados no ponto Be33, na altura do
terceiro forame sacral, sendo que após a avaliação urodinâmica do grupo
controle em relação ao grupo tratado, este último foi superior de forma que os
autores concluem ser a AP uma terapia eficiente no tratamento da
incontinência por hiperreflexia do detrusor.
Em um estudo recente, Scaglia et al. (2008), observaram que pacientes
com incontinência fecal, perda de fezes ou movimento intestinal irregular
apresentaram uma melhora importante com o uso da AP, ressaltando que
apesar dos mecanismos da ação da AP nesse tipo de enfermidade ainda
permanecerem obscuros, possivelmente ocorra uma neuromodulação induzida
pela AP da função do reto e do anus.
Discussão
84
6.3. Técnica Empregada
Com relação às técnicas empregadas, sabe-se que a eletroestimulação
transcutânea (TENS) é útil na reabilitação de animais com alterações
medulares (DIGÓN, 2003; OLBY et al., 2008).
Lai et al. (2008), induziram uma degeneração discal em ratos, utilizando
uma compressão estática de 11N (Newton) em T8-T9, por duas semanas e
trataram o processo degenerativo com eletroacupuntura (EA) utilizando-se
freqüências de dois e 100Hz, três vezes por semana, durante três semanas. A
altura do disco intervertebral foi mensurada antes e após a compressão, bem
como após a EA. A compressão estática resultou em uma diminuição da altura
do disco em 22%. A EA a 100Hz diminuiu ainda mais o disco, aumentando o
efeito degenerativo, o que não foi observado com repouso e EA com 2Hz,
demonstrando que os efeitos da EA na degeneração discal são freqüência
dependentes. Tal estudo corrobora com a escolha do uso de freqüências
baixas utilizadas neste estudo para o estímulo dos acupontos para evitar as
conseqüências da degeneração discal.
Melzack et al. (1977) relatou uma correlação de 71% entre os pontos de
Acupuntura e os pontos gatilhos, em discopatias na região paravertebral, sobre
as raízes nervosas mistas (sensitiva mais motora) comprimidas. Dessa forma o
emprego da EA nos pontos locais paravertebrais, próximos ao local da
discopatia, atua como TENS e como tratamento dos pontos gatilhos.
Com relação aos tratamentos clínicos, Maigne et al. (1991), observou em
estudo prospectivo a recuperação sem intervenção cirúrgica de 34 pacientes
diagnosticados por tomografia computadorizada (TC) como portadores de
extrusão discal. Os autores observaram que nos primeiros 18 meses da
primeira TC, 18 hérniações diminuíram em 50% seu tamanho e após 18
meses, 75% das herniações diminuíram, concluindo que há uma diminuição da
lesão discal ao longo do tempo e recuperação dos pacientes. Borota et al.
(2008) relataram de forma inédita um caso de fragmentos de disco
intervertebral intradural, cujo acompanhamento por RNM ao longo do tempo
demonstrou uma reabsorção completa desse material. Os autores propuseram
como explicação uma reação local das meninges culminando em reabsorção
Discussão
85
do material intradural. Outros autores como Birbilis et al. (2007) também
descreveram casos de desaparecimento espontâneos de extrusões discais,
acompanhados ao longo do tempo por TC, e propuseram três hipóteses: a
desidratação, reabsorção devido a uma reação inflamatória local ou ainda
retração para dentro do espaço intervertebral. Tais estudos podem justificar os
efeitos da AP no tratamento dos animais do G2 e G3.
Ainda na linha de estudos de avaliações dos tratamentos para discopatia
não cirúrgicos ou conservativos, Nakagawa et al. (2007), em uma análise de
dados de amplo espectro com 606 pacientes procuraram determinar o período
de tratamento conservativo ideal em relação as lesões discais extrusas ou
protrusas. Os autores verificaram que o prolongamento do período de
tratamento conservativo resultou em um decréscimo no número de cirurgias
para as discopatias extrusas. O número de cirurgias para as discopatias
protrusas não diminuiu. Dessa forma os autores concluem que, para o homem,
a duração ótima de um tratamento conservativo intensivo deve ser de menos
de 1 mês, o que justifica o uso de técnicas conservativas por um tempo maior
antes de se indicar um procedimento cirúrgico e corrobora com a indicação da
acupuntura, sugerindo-se como prazo para observação de melhora clinica,
quando do uso de técnicas conservativas, pelo menos 30 dias.
Segundo Ferris et al. (2005), a reabilitação após uma injuria neural
repousa em três princípios de aprendizado motor que é uma estimulação
freqüente, especifica e repetitiva das atividades motoras que se deseja
recuperar.
Esses princípios podem ser diretamente aplicados aos animais, mais
especificamente ao tratamento com a AP e são críticos quando se pensa em
promover a atividade motora que é dependente da excitação de vias neurais
responsáveis pela função motora o que ocorre com o uso de agulhas e
eletroestimulação em pontos próximos a medula (pontos do meridiano da
Bexiga) e pontos motores (como o E36).
Thomas e Gorassini (2005) em revisão sobre recuperação do SNC após
traumas com comprometimento das atividades motoras no homem e animais,
relataram que após uma lesão no córtex cerebral, a recuperação motora pode
ser induzida por treino intensivos, sendo a recuperação associada a mudanças
Discussão
86
estruturais nos circuitos intrínsecos não lesados do córtex. Esta reorganização
cortical produz hipoteticamente uma expansão e ou incremento nas redes
excitáveis corticais de forma a suprir os músculos conforme já observado por
imagens de estimulação magnética transcranial. Dessa forma, visando avaliar
os efeitos do treinamento em esteiras de corrida no aumento da função do trato
de corticoespinhal de pacientes com lesão incompleta da medula espinhal, os
autores analisaram oito pacientes com lesão medular parcial, avaliando-os
antes e após o treinamento. Os autores concluíram que a melhora das funções
motoras relacionadas ao trato corticoespinhal podem ocorrer com treino diário
e sobreviverem mesmo após anos da lesão medular e que estes efeitos se
mantém ao longo do tempo em pacientes que continuam a se exercitar e
utilizar as novas capacidades motoras.
Desta forma, os estudos acima corroboram as técnicas de AP associadas
a eletroestimulação, por induzirem uma atividade cinética dos membros
pélvicos dos pacientes com parestesia/ paralisia, tal como foi realizada no
presente estudo. Ainda com relação à reabilitação neural, é importante
enfatizar que a plasticidade ocorre em vias neurais ativas. Assim, maximizar o
recrutamento neuromuscular durante as atividades específicas, como no caso
deste trabalho, com a eletroestimulação de pontos motores aumenta o
potencial para a plasticidade.
Wong et al. (2003) avaliaram um total de 100 pacientes humanos com
trauma medular agudo, classificados de acordo com a Associação Americana
de Lesões Espinhais (ASIA). Os grupos de pacientes foram aleatorizados e
divididos em Acupuntura e Controle. Observaram-se melhoras no quadro
neurológico sensorial e motor ao longo do tempo. Além disso, uma grande
percentagem de pacientes do grupo Acupuntura recuperou-se alcançando uma
melhor graduação na classificação final de sua lesão medular. Os autores
também enfatizaram o uso da eletroestimulação dos pontos de Acupuntura
como fator relevante para o tratamento, da mesma forma que neste estudo.
Segundo Digón (2003) apud Muir e Steves (1997), a medula é capaz de
adaptar-se ao fenômeno compressivo e a recuperação funcional após uma
lesão depende da reorganização das vias neurais não danificadas. Com esse
principio, a acupuntura poderia colabora na resolução dos processos locais e
distantes gerados após uma compressão discal.
Conclusões
8
7
Conclusões
88
7. CONCLUSÕES
Conclui-se que o grupo no qual foi realizado o tratamento clínico com o
uso de eletroacupuntura apresentou maior recuperação do quadro clínico
neurológico de discopatia toracolombar e lombar, nas condições do presente
trabalho, que o grupo cujos animais foram submetidos a tratamento com
cirurgia descompressiva tardia.
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