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Marlúcia Maria Alves
AS VOGAIS MÉDIAS EM POSIÇÃO PRETÔNICA
NOS NOMES NO DIALETO DE BELO
HORIZONTE: ESTUDO DA VARIAÇÃO À LUZ
DA TEORIA DA OTIMALIDADE
Belo Horizonte
Faculdade de Letras da UFMG
2008
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Marlúcia Maria Alves
AS VOGAIS MÉDIAS EM POSIÇÃO PRETÔNICA NOS
NOMES NO DIALETO DE BELO HORIZONTE:
ESTUDO DA VARIAÇÃO À LUZ DA TEORIA DA
OTIMALIDADE
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Estudos Lingüísticos da Faculdade de Letras
da Universidade Federal de Minas Gerais, como
requisito parcial para obtenção do título de
Doutor em Lingüística.
Área de concentração: Lingüística Teórica e
Descritiva
Linha de Pesquisa: Organização Sonora da
Comunicação Humana
Orientador: Prof. Dr. Seung Hwa Lee
Belo Horizonte
Faculdade de Letras da UFMG
2008
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Universidade Federal de Minas Gerais
Faculdade de Letras
Programa de Pós-Graduação em Estudos Lingüísticos
Tese intitulada “As vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo
Horizonte: estudo da variação à luz da teoria da otimalidade”, de autoria da doutoranda
Marlúcia Maria Alves, aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes
professores:
______________________________________________________________
Prof. Dr. Seung Hwa Lee - FALE/UFMG - Orientador
______________________________________________________________
Profa. Dra. Leda Bisol – PUCRS
______________________________________________________________
Prof. Dr. Marco Antônio de Oliveira – PUC-MG
______________________________________________________________
Prof. Dr. José Olímpio de Magalhães - FALE/UFMG
______________________________________________________________
Profa. Dra. Maria do Carmo Viegas - FALE/UFMG
______________________________________________________________
Prof. Dr. LUIZ FRANCISCO DIAS
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Estudos Lingüísticos
FALE/UFMG
Belo Horizonte, 5 de setembro de 2008
Av. Antônio Carlos, 6627 - Belo Horizonte, MG - 31270-901 - Brasil - tel.: (31)3409-5492 - fax (31)3409-5113
A meus pais,
Antonio e Daisy
Exemplos de amor, união, dedicação à
família e generosidade ao próximo.
AGRADECIMENTOS
A Deus, que me guia em todos os passos e que me dá força para sempre persistir em
meus objetivos.
Ao Prof. Dr. Seung Hwa Lee, pelos ensinamentos, discussões, esclarecimentos e
sugestões valiosas e pertinentes a respeito da Teoria da Otimalidade e sobre o comportamento
vocálico do português brasileiro.
Aos professores do Curso de Pós-Graduação Estudos Lingüísticos, em especial à
Profa. Dra. Thaïs Cristófaro Silva, ao Prof. Dr. José Olímpio de Magalhães e ao Prof. Dr.
César Reis, pela presença e ensinamentos constantes ao longo da trajetória acadêmica.
Agradeço, ainda, ao Prof. Dr. José Olímpio de Magalhães, pelo acesso ao corpus
POBH, essencial na condução desta pesquisa.
À Profa. Dra. Leda Bisol e ao Prof. Dr. Marco Antônio de Oliveira, pelas sugestões e
comentários valiosos para o trabalho desenvolvido.
Aos colegas e amigos do curso de Pós-Graduação, especialmente ao Rubens, pelo
incentivo, companhia e discussões sobre os mais diversos assuntos lingüísticos.
Aos informantes, fundamentais para o entendimento da variação das vogais médias em
posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte.
A meus pais, Antonio e Daisy, pela compreensão e companhia nos momentos difíceis
desta caminhada.
Aos meus irmãos, Michelle, Milene, Toninho e Ana Christina, aos meus cunhados,
Luiz Fábio e Marley, e a mais nova integrante da família, Maria Vitória, minha sobrinha, pela
amizade, companheirismo e incentivo ao estudo.
A todos familiares e amigos que direta e indiretamente estiveram presentes nesta
caminhada.
Ao CNPq, pelos apoio financeiro.
“Em referência às vogais, a realidade da língua
oral é muito mais complexa do que dá a entender
o uso aparentemente simples e regular das cinco
letras latinas vogais na escrita”.
Mattoso Câmara
RESUMO
O objetivo desta pesquisa é analisar a variação das vogais médias em posição
pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte considerando os fatores lingüísticos e os
processos fonológicos, como harmonia vocálica e redução vocálica, que interferem nesta
produção. A variação também é estudada conforme a Teoria da Otimalidade (PRINCE;
SMOLENSKY, 1993; MCCARTHY; PRINCE, 1993), modelo de análise gramatical cujos
principais objetivos são estabelecer as propriedades universais da linguagem e caracterizar os
limites possíveis da variação lingüística. Em posição pretônica, é possível a ocorrência da
vogal média fechada para a maioria dos casos, da vogal média aberta e da vogal alta para os
casos mais específicos. A vogal média aberta ou a vogal baixa em posição tônica ou na sílaba
imediatamente seguinte favorece o abaixamento. A posição inicial de palavra associada ao
travamento silábico por /S/ ou à formação de sílaba nasalizada favorece a elevação, de modo
categórico. A vogal alta em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte favorece a
elevação de modo variável. Favorecem também a elevação a consoante nasal labial
precedente, para as vogais anteriores, e a consoante labial precedente e a consoante velar
precedente, para as vogais posteriores. Foram considerados três corpora distintos (POBH;
ALVES, 1999; fala espontânea). Os resultados obtidos revelam que a formalidade no ato da
gravação dos dados é fundamental para que ocorra a variação intraindividual. Conforme os
dados extraídos da situação de fala espontânea, a variação se mostra interindividual, já que
cada falante opta pela realização da vogal média de modo diferenciado. A variação neste
dialeto ocorre sob dois formatos: a) a variação entre a vogal média fechada e a vogal média
aberta e b) a variação entre a vogal média fechada e a vogal alta. Para o estudo da variação,
conforme a Teoria da Otimalidade, dois aspectos fundamentais são considerados: a noção da
dominação estrita e a especificação do inventário vocálico no input. Duas alternativas de
análise da variação são investigadas: a) o ranqueamento ordenado por EVAL, que apresenta
em uma única hierarquia os candidatos em variação e as formas não variáveis e b) o
ranqueamento parcial de restrições, que estabelece várias hierarquias, cada uma selecionando
o melhor candidato em termos de variação. Além disso, a caracterização por meio de traços
fonológicos para as vogais médias é considerada. Os traços [alto] e [ATR] atuam em conjunto
para a distinção dos segmentos vocálicos médios e altos no português brasileiro. Apenas o
traço [aberto] se mostra suficiente para esta distinção. A análise dos resultados mostra que a
abordagem pela classificação dos segmentos vocálicos através do traço [aberto] associada ao
ranqueamento parcial de restrições é a melhor forma para explicar a variação no dialeto
estudado porque os falantes empregam os ranqueamentos parciais de forma particular para
cada caso de realização da vogal média. A gramática é a mesma, mas há competição quanto
ao ranqueamento parcial selecionado para a produção, principalmente, da vogal média aberta
e da vogal alta, que são os casos mais específicos observados neste dialeto. O traço [aberto]
contribui para a simplicidade de informações e a economia de restrições.
Palavras-chave: Teoria da Otimalidade, fonologia, variação lingüística, vogais médias
ABSTRACT
The objective of this research is to analyze the variation of mid-height vowels in pre-
stressed-syllable position in nouns spoken in the dialect of Belo Horizonte, taking into
consideration linguistic factors and phonological processes, such as vowel harmony and
vowel reduction, which interfere with this production. Variation is also studied using
Optimality Theory (PRINCE; SMOLENSKY, 1993; MCCARTHY; PRINCE, 1993), a model
of analysis whose main objectives are to establish the universal properties of language and to
characterize the possible constraints on linguistic variation. In pre-stressed position, the mid-
high vowel occurs closed in most cases, with the open mid-high and high vowel occurring in
more specific cases. Lowering is more likely with an open mid-high vowel or low vowel in
the stressed syllable or the immediately following syllable. Raising is most likely in word-
initial position with a syllabic-coda of /S/ or when forming nasalized syllables without being
subject to variation. The high vowel in the stressed syllable or in the immediately following
syllable also favors raising. Raising is also favored by a preceding nasal labial consonant, for
front vowels, and by preceding labial and velar consonants for back vowels. Three distinct
corpora were considered (POBH; ALVES, 1999; spontaneous speech). The results obtained
reveal that formality at the moment of recording the data is fundamental for the occurrence of
intraindividual variation. As shown in the data extracted from spontaneous speech, variation
is interindividual, since each speaker opts for a manifestation of the mid-high vowel in a
distinct way from others. Variation in this dialect occurs in two ways: a) variation between the
mid-high closed vowel and the mid-high open vowel and b) variation between the mid-high
closed vowel and the high vowel. For this variation study, using Optimality Theory, two
fundamental aspects are considered: the notion of strict domination and the specification of
the vowel inventory in the input. Two alternatives of variation analysis are investigated: a)
rank-ordering model of EVAL, which ranks the candidates for variation and non-variable
forms in a single hierarchy; and b) partial constraint ranking, establishing several hierarchies,
each one selecting the best candidate in terms of variation. Moreover, characterization by
means of phonological features of mid-high vowels is also considered. The features [high]
and [ATR] act in concert to distinguish the mid-high and high vocalic segments in Brazilian
Portuguese. Only the feature [open] is capable of determining the distinction. The analyzed
results show that an approach combining classification of vocalic segments via the [open]
feature with partial constraint ranking is the best method of explaining the variation in the
dialect studied because speakers employ partial rankings in idiosyncratic ways particular to
each case in which the mid-high vowel appears. The grammar remains, but there is a
competition as to the partial ranking selected for production, mainly between the mid-high
vowel and the high vowel, which were the most specific cases observed in this dialect. The
feature [open] contributes to the information simplification and constraint economy.
Keywords: Optimality Theory, phonology, linguistic variation, mid-high vowels
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Redução das dez vogais do latim clássico para sete no latim
vulgar ................................................................................................... 25
Figura 2 - Sistemas vocálicos tônico e pretônico no galego-português, período
compreendido entre 1200 e aproximadamente 1350 ........................... 26
Figura 3 - Sistema vocálico em posição pretônica, no português europeu, do
século XIV aos dias atuais ................................................................... 27
Figura 4 - Sistema vocálico do português brasileiro ............................................ 28
Figura 5 - Triângulo vocálico do português ......................................................... 51
Figura 6 - Fonemas vocálicos do sistema do português, partindo-se da posição
pretônica ............................................................................................... 52
Figura 7 - Sistema vocálico do português em posição postônica não-final .......... 52
Figura 8 - Sistema vocálico do português em posição postônica átona
final ...................................................................................................... 53
Figura 9 - Estrutura hierárquica dos traços ........................................................... 61
Figura 10 - Representação básica da estrutura de traços da FCT ........................... 64
Figura 11 - Inventário vocálico do português brasileiro ......................................... 81
Figura 12 - Inventário vocálico do francês ............................................................. 81
Figura 13 - Inventário vocálico do português brasileiro em posição
pretônica ............................................................................................... 83
Figura 14 - Função diferenciada do mecanismo de avaliação EVAL quanto à
abordagem clássica e à alternativa proposta por Coetzee .................... 93
Figura 15 - Escala de sonoridade ............................................................................ 218
Figura 16 - Graus de abertura do português brasileiro ........................................... 219
Figura 17 - Graus de abertura e especificação por redundância de traços .............. 219
Gráfico 1 - Ocorrências das vogais médias em posição tônica por cidade ............ 29
Gráfico 2 - Ocorrência das vogais médias anteriores no dialeto de Belo
Horizonte, conforme corpus POBH ..................................................... 110
Gráfico 3 - Ocorrência das vogais médias posteriores no dialeto de Belo
Horizonte, conforme corpus POBH ..................................................... 129
Gráfico 4 - Produção das vogais médias em posição pretônica: Informante
EQR ...................................................................................................... 143
Gráfico 5 - Produção das vogais médias em posição pretônica: Informante
LMA ..................................................................................................... 144
Gráfico 6 - Produção das vogais médias em posição pretônica: Informante
PVMC .................................................................................................. 146
Gráfico 7 - Produção das vogais médias em posição pretônica: Informante
RPAR ................................................................................................... 148
Gráfico 8 - Produção das vogais médias em posição pretônica: Informante
MAGL .................................................................................................. 150
Gráfico 9 - Produção das vogais médias em posição pretônica: Informante
HRP ...................................................................................................... 152
Gráfico 10 - Produção das vogais médias em posição pretônica: Informante
RSC ...................................................................................................... 153
Gráfico 11 - Produção das vogais médias em posição pretônica: Informante
HSQ ..................................................................................................... 155
Gráfico 12 - Produção das vogais médias pretônicas anteriores e posteriores,
conforme corpus POBH ....................................................................... 158
Gráfico 13 - Produção das vogais médias pretônicas anteriores e posteriores,
conforme corpus fala espontânea ......................................................... 173
Quadro 1 - Contraste fonêmico das vogais médias no português brasileiro,
segundo Alves (1999) .......................................................................... 30
Quadro 2 - Matriz fonológica do português, segundo o modelo de traços
articulatórios de Chomsky e Halle (1968) ........................................... 55
Quadro 3 - Matriz fonológica do português, segundo Leite (1974) ....................... 56
Quadro 4 - Matriz fonológica do português, conforme Lopez (1979, p. 50) ......... 57
Quadro 5 - Matriz fonológica do português, segundo Redenbarger (1977) ........... 58
Quadro 6 - Graus de abertura do português brasileiro, conforme Wetzels (1992,
p. 22) .................................................................................................... 62
Quadro 7 - Presença da vogal alta anterior em posição tônica ou na sílaba
imediatamente seguinte ........................................................................ 114
Quadro 8 - Posição inicial de palavra associada ao travamento silábico por
/S/ ......................................................................................................... 115
Quadro 9 - Posição inicial de palavra associada à formação de sílaba
nasalizada ............................................................................................. 118
Quadro 10 - Prefixo ‘des-’ ....................................................................................... 119
Quadro 11 - Elevação da vogal média anterior sem contexto lingüístico
favorecedor determinante ..................................................................... 121
Quadro 12 - Presença da vogal média aberta em posição tônica ou na sílaba
imediatamente seguinte ........................................................................ 124
Quadro 13 - Presença da vogal baixa em posição tônica ou na sílaba
imediatamente seguinte ........................................................................ 125
Quadro 14 - Travamento silábico por /R/ ................................................................. 127
Quadro 15 - Vogal alta em posição tônica ou na sílaba imediatamente
seguinte ................................................................................................ 131
Quadro 16 - Presença de consoante labial precedente ............................................. 132
Quadro 17 - Consoante velar precedente ................................................................. 133
Quadro 18 - Presença da vogal média aberta em posição tônica ............................. 134
Quadro 19 - Presença da vogal baixa em posição tônica ou na sílaba
imediatamente seguinte ........................................................................ 135
Quadro 20 - Variação das vogais médias anteriores e posteriores: Informante
EQR ...................................................................................................... 144
Quadro 21 - Variação das vogais médias anteriores e posteriores: Informante
LMA ..................................................................................................... 145
Quadro 22 - Variação das vogais médias anteriores e posteriores: Informante
PVMC .................................................................................................. 147
Quadro 23 - Variação das vogais médias anteriores e posteriores: Informante
RPAR ................................................................................................... 149
Quadro 24 - Variação das vogais médias anteriores e posteriores: Informante
MAGL .................................................................................................. 151
Quadro 25 - Variação das vogais médias anteriores e posteriores: Informante
HRP ...................................................................................................... 152
Quadro 26 - Variação das vogais médias anteriores e posteriores: Informante
RSC ...................................................................................................... 154
Quadro 27 - Variação das vogais médias anteriores e posteriores: Informante
HSQ ..................................................................................................... 156
Quadro 28 - Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta anteriores,
conforme corpus POBH ....................................................................... 159
Quadro 29 - Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta posteriores,
conforme corpus POBH ....................................................................... 160
Quadro 30 - Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta
anteriores, conforme corpus POBH ..................................................... 161
Quadro 31 - Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta
posteriores, conforme corpus POBH ................................................... 162
Quadro 32 - Ocorrência da vogal média fechada anterior, conforme corpus Alves
(1999) ................................................................................................... 164
Quadro 33 - Ocorrência da vogal média fechada posterior, conforme corpus
Alves (1999) ......................................................................................... 165
Quadro 34 - Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta
anteriores, conforme corpus Alves (1999) ........................................... 166
Quadro 35 - Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta
posteriores, conforme corpus Alves (1999) ......................................... 167
Quadro 36 - Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta anteriores,
conforme corpus Alves (1999) ............................................................. 169
Quadro 37 - Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta posteriores,
conforme corpus Alves (1999) ............................................................. 171
Quadro 38 - Fatores favorecedores da vogal alta anterior em posição pretônica,
conforme corpus fala espontânea ......................................................... 175
Quadro 39 - Fatores lingüísticos favorecedores da elevação da vogal média
posterior, conforme corpus fala espontânea ......................................... 177
Quadro 40 - Fatores favorecedores do abaixamento da vogal média anterior em
posição pretônica, conforme corpus fala espontânea ........................... 178
Quadro 41 - Fatores favorecedores do abaixamento da vogal média posterior em
posição pretônica, conforme corpus fala espontânea ........................... 178
Quadro 42 - Variação apresentada pelos falantes – Corpus POBH ......................... 180
Quadro 43 - Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta,
segundo corpus fala espontânea ........................................................... 181
Quadro 44 - Ocorrências da vogal média aberta posterior em posição pretônica,
conforme corpus fala espontânea ......................................................... 181
Quadro 45 - Quadro comparativo dos corpora investigados .................................... 183
Quadro 46 - Traços vocálicos [alto] e [ATR] .......................................................... 192
Quadro 47 - Tipologia de Contraste de Altura, segundo McCarthy (1999, 24)
............................................................................................................... 192
Quadro 48 - Ordenamentos parciais estipulados a partir das restrições
IDENT[alto, ATR], AGREE[ATR], AGREE[alto] e *MID ............... 207
Tableaux 1 e 2 - Ordenamento parcial, conforme Anttila (1995, p. 11) ......................... 86
Tableau 3 - Variação entre dois candidatos, segundo McCarthy (2002) ................ 91
Tableau 4 - Ranqueamento ordenado por EVAL .................................................... 94
Tableau 5 - Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta,
segundo ranqueamento ordenado por EVAL: ‘mercado’ .................... 198
Tableau 6 - Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta,
segundo ranqueamento ordenado por EVAL: ‘mercado’ .................... 200
Tableau 7 - Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta,
segundo ranqueamento ordenado por EVAL: ‘colégio’ ...................... 201
Tableau 8 - Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta, segundo
ranqueamento ordenado por EVAL: ‘perdida’ .................................... 201
Tableau 9 - Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta, segundo
ranqueamento ordenado por EVAL: ‘começo’ .................................... 203
Tableau 10 - Processo categórico de redução vocálica, segundo ranqueamento
ordenado por EVAL ............................................................................. 204
Tableau 11 - Mapeamento fiel: vogal média fechada, ‘projeto’ ............................... 209
Tableau 12 - Mapeamento infiel: harmonia vocálica – vogal média aberta,
‘pr[ç]jeto’ .............................................................................................
210
Tableau 13 - Mapeamento fiel: vogal média fechada, ‘p[e]squisa’ .......................... 211
Tableau 14 - Mapeamento infiel: harmonia vocálica – vogal alta,
‘p[i]squisa’ ........................................................................................... 211
Tableau 15 - Mapeamento fiel: vogal média fechada, ‘c[o]meço’ ........................... 212
Tableau 16 - Mapeamento infiel: redução vocálica, ‘c[u]meço’ .............................. 213
Tableau 17 - Mapeamento fiel: redução vocálica categórica, ‘[i]scolha’ ................. 214
Tableau 18 - Mapeamento fiel: redução vocálica categórica, ‘[i]ngano’ .................. 214
Tableau 19 - Mapeamento fiel: vogal média fechada, ‘pr[o]cesso’ .......................... 223
Tableau 20 - Mapeamento infiel: harmonia vocálica – vogal média aberta,
pr[
ç]cesso’ ............................................................................................
223
Tableau 21 - Mapeamento fiel: vogal média fechada, ‘[o]rário’ .............................. 224
Tableau 22 - Mapeamento infiel: harmonia vocálica – vogal média aberta,
‘[
ç]rário’ ...............................................................................................
224
Tableau 23 -
Mapeamento infiel: vogal média aberta, ‘[ç]rário’ ..............................
225
Tableau 24 - Mapeamento fiel: vogal média fechada, ‘m[o]tivo’ ............................ 226
Tableau 25 - Mapeamento infiel: harmonia vocálica – vogal alta, ‘m[u]tivo’ ......... 226
Tableau 26 - Mapeamento fiel: vogal média fechada, ‘c[o]meço’ ........................... 226
Tableau 27 - Mapeamento infiel: redução vocálica – vogal alta, ‘c[u]meço’ ........... 227
Tableau 28 - Mapeamento fiel: processo categórico de redução vocálica,
‘[i]scola’ ............................................................................................... 227
Tableau 29 - Mapeamento fiel: processo categórico de redução vocálica,
‘[i]ngano’ ............................................................................................. 227
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ............................................................................................... 18
2 EVOLUÇÃO LINGÜÍSTICA DAS VOGAIS MÉDIAS DO LATIM AO
PORTUGUÊS BRASILEIRO ....................................................................... 24
2.1 Introdução ......................................................................................................... 24
2.2 História das vogais médias em posição pretônica ............................................. 24
3 AS VOGAIS MÉDIAS EM POSIÇÃO PRETÔNICA NO PORTUGUÊS
BRASILEIRO ................................................................................................. 35
3.1 Introdução ......................................................................................................... 35
3.2 Falares das regiões sul, sudeste e centro-oeste ................................................. 37
3.2.1 Bisol (1981) ...................................................................................................... 37
3.2.2 Callou e Leite (1986) ........................................................................................ 38
3.2.3 Yacovenco (1993) ............................................................................................. 39
3.2.4 Viegas (1987) .................................................................................................... 40
3.2.5 Castro (1990) .................................................................................................... 42
3.2.6 Bortoni; Gomes e Malvar (1992) ...................................................................... 43
3.3 Falares das regiões norte e nordeste .................................................................. 46
3.3.1 Silva (1989) ....................................................................................................... 46
3.3.2 Carvalho Nina (1991) ....................................................................................... 47
3.4 Conclusão .......................................................................................................... 48
4
CLASSIFICAÇÃO FONOLÓGICA DAS VOGAIS MÉDIAS .................. 49
4.1 Introdução ......................................................................................................... 49
4.2 Mattoso Câmara (1970) .................................................................................... 50
4.3 Traços distintivos articulatórios com base em Chomsky e Halle (1968) .......... 54
4.3.1 Leite (1974) ....................................................................................................... 56
4.3.2 Lopez (1979) ..................................................................................................... 57
4.3.3 Redenbarger (1977) .......................................................................................... 57
4.4 Traço gradual [aberto] ....................................................................................... 60
4.4.1 Wetzels (1992) ..................................................................................................
62
4.5 Traços vocálicos segundo a Teoria de Classes dos Traços e a Teoria de
Traços de Altura ................................................................................................ 63
4.5.1 Padgett (1995) ................................................................................................... 63
4.5.2 Casali (1996) ..................................................................................................... 64
4.6 Conclusão .......................................................................................................... 65
5
TEORIA DA OTIMALIDADE E VARIAÇÃO LINGÜÍSTICA ............... 67
5.1 Introdução ......................................................................................................... 67
5.2 Variação lingüística .......................................................................................... 68
5.3 Teoria da Otimalidade ...................................................................................... 72
5.3.1 Input .................................................................................................................. 76
5.4 Variação lingüística e Teoria da Otimalidade ................................................... 84
5.4.1 Zubritskaya (1995) ............................................................................................ 85
5.4.2 Anttila (1995) .................................................................................................... 86
5.4.3 Anttila e Cho (1998) ......................................................................................... 87
5.4.4 Boersma (1997) ................................................................................................. 88
5.4.5 Holt (1997) ........................................................................................................ 89
5.4.6 McCarthy (2002) ............................................................................................... 91
5.4.7 Coetzee (2005) .................................................................................................. 92
5.5 Conclusão .......................................................................................................... 95
6
METODOLOGIA ........................................................................................... 97
6.1 Introdução ......................................................................................................... 97
6.2 Do dialeto selecionado ...................................................................................... 98
6.3 Dos corpora investigados .................................................................................. 100
6.3.1 Corpus POBH ................................................................................................... 100
6.3.2 Corpus Alves (1999) ......................................................................................... 104
6.3.3 Corpus da fala espontânea ................................................................................ 106
7
DIALETO DE BELO HORIZONTE: RESULTADOS .............................. 108
7.1 Introdução ......................................................................................................... 108
7.2 Corpus POBH ................................................................................................... 109
7.2.1 Vogais médias anteriores .................................................................................. 110
7.2.1.1 Fatores favorecedores da elevação da vogal média anterior ............................. 112
7.2.1.2 Fatores favorecedores do abaixamento da vogal média anterior ...................... 123
7.2.2 Vogais médias posteriores ................................................................................ 128
7.2.2.1 Fatores favorecedores da elevação da vogal média posterior ........................... 131
7.2.2.2 Fatores favorecedores do abaixamento da vogal média posterior .................... 134
7.2.3 Corpus POBH: considerações finais ................................................................. 136
7.2.4 Processos fonológicos ....................................................................................... 137
7.2.4.1 Harmonia vocálica ............................................................................................ 137
7.2.4.2 Redução vocálica .............................................................................................. 140
7.2.5 Variação das vogais médias em posição pretônica ........................................... 141
7.2.5.1 Variação intraindividual ................................................................................... 142
7.2.5.2 Variação interindividual ................................................................................... 157
7.2.5.2.1 Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta anteriores ....................... 158
7.2.5.2.2 Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta posteriores ..................... 159
7.2.5.2.3 Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta anteriores ........ 160
7.2.5.2.4 Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta posteriores ....... 162
7.3 Corpus Alves (1999) ......................................................................................... 163
7.3.1 Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta anteriores ........ 166
7.3.2 Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta posteriores ...... 167
7.3.3 Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta anteriores ....................... 168
7.3.4 Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta posteriores ..................... 170
7.4 Corpus fala espontânea ..................................................................................... 173
7.4.1 Elevação da vogal média em posição pretônica ............................................... 174
7.4.2 Abaixamento da vogal média em posição pretônica ......................................... 177
7.4.3 Variação intraindividual e interindividual ........................................................ 179
7.5 Corpora investigados: resumo .......................................................................... 182
7.6 Conclusão .......................................................................................................... 187
8
ANÁLISE DOS RESULTADOS ................................................................... 189
8.1 Introdução ......................................................................................................... 189
8.2 Das restrições .................................................................................................... 190
8.2.1 Traços [alto] e [ATR] ....................................................................................... 191
8.3 Das alternativas de análise ................................................................................ 195
8.3.1 Ranqueamento ordenado por EVAL ................................................................. 196
8.3.2 Ranqueamento parcial de restrições .................................................................. 205
8.4 Traço [aberto] ................................................................................................... 217
8.4.1 Ranqueamento parcial de restrições - Traço [aberto] ....................................... 221
8.5 Traços [alto] e [ATR] x traço [aberto] .............................................................. 229
8.6 Conclusão .......................................................................................................... 230
9
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 232
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 240
APÊNDICES ................................................................................................... 247
CAPÍTULO UM
INTRODUÇÃO
As vogais médias, de modo geral, sempre mereceram atenção especial dos lingüistas
não somente pela variedade de tipos encontrados nas línguas do mundo, mas também por seu
comportamento diferenciado com relação à posição tônica e à posição pretônica. Crosswhite
(1999) afirma que, em muitas línguas, o grupo das vogais que ocorrem em sílabas acentuadas
não é o mesmo com referência às vogais não acentuadas. Este fato acontece devido à
ocorrência de reduções vocálicas na posição não acentuada. Por exemplo, as vogais /e, o/, que
em muitas línguas ocorrem em sílabas acentuadas, podem não ocorrer em sílabas não
acentuadas, sendo substituídas pela vogal alta correspondente.
A dificuldade quanto à classificação das vogais médias também é devido à sua
realização situada no espaço mediano da boca. Articulatoriamente, as vogais são produzidas
conforme o gesto vocal
1
. Quanto às vogais altas como /i/ e /u/ e a vogal baixa /a/, são vogais
que ocorrem em pontos extremos da boca, facilitando a sua nítida realização e caracterização.
Entretanto, as vogais médias ocorrem entre estas extremidades, formando inúmeros
movimentos articulatórios e, desse modo, originando vários tipos de vogais médias.
Além disso, a caracterização fonológica destas vogais pelos traços articulatórios
suscita diversas abordagens de classificação e distinção, como os traços [alto] e [ATR], e o
traço [aberto]. Cada classificação busca por meio de traços específicos diferenciar
principalmente as vogais médias fechadas das vogais médias abertas.
Com relação ao comportamento das vogais médias, conforme a sua posição na
palavra, observa-se que, em posição pretônica, há a possibilidade maior de variação destas
vogais do que em posição tônica, uma vez que estão relacionados vários processos
fonológicos. Entretanto, Alves (1999) afirma que as vogais médias em posição tônica podem
também apresentar variação. Isto quer dizer que estes segmentos são complexos e que
precisam ser mais bem investigados para que se possa compreender melhor a variação
lingüística relacionada a estas posições.
1
Gesto vocal é entendido como um conjunto de articuladores que tomam formatos variados conforme a
produção do som. Há articuladores ativos, aqueles que se movem no aparelho fonador, como a língua e os lábios,
e os articuladores passivos, que não se movem, como o céu da boca e os dentes superiores.
19
No português brasileiro, há vários estudos sobre as vogais médias, principalmente
aqueles relacionados aos processos de harmonia vocálica e de redução vocálica.
Normalmente, as pesquisas feitas procuram analisar o comportamento das vogais médias em
posição pretônica, uma vez que, nesta posição, há uma maior possibilidade de observação dos
fenômenos fonológicos, como os já citados acima, caracterizando os dialetos próprios do
português brasileiro. Bisol (1981), Callou e Leite (1986), Castro (1990), Yacovenco (1993), e
Bortoni; Gomes e Malvar (1992) estudaram amplamente as vogais médias nesta posição.
Sobre o dialeto de Belo Horizonte, destaca-se o estudo feito por Viegas (1987) sobre o
alçamento
2
de vogais médias em posição pretônica sob a abordagem sociolingüística. A
autora observa que este fenômeno é bastante comum no português e caracteriza, em
determinados casos, diferenças dialetais.
Viegas observa, ainda, que este fenômeno pode ser visto sob duas abordagens
diferentes. Pode estar associado a um processo de harmonização vocálica, ou seja, de
assimilação do traço de altura, como nos exemplos ‘m[i]nino’, ‘b[u]nito’. No entanto, há
várias palavras, como ‘c[u]meço’ e ‘s[i]nhora’, que apresentam o alçamento nesta posição
condicionado por outros fatores. O alçamento estudado também pode estar associado ao
enfraquecimento da vogal por assimilação dos traços consonantais.
Observa-se, então, que o estudo feito por Viegas trata apenas de um processo
fonológico, o alçamento. Para um estudo mais detalhado do comportamento das vogais
médias em posição pretônica é fundamental que se considere outros processos fonológicos e,
mais diretamente, os fatores lingüísticos que motivam não apenas o alçamento, mas também o
abaixamento das vogais médias nesta posição.
Sobre a produção de vogais médias abertas em posição pretônica, Cristófaro Silva
(2001) lista, de forma geral, as especificidades dialetais, ou mesmo de idioleto, relacionadas à
ocorrência destas vogais no português brasileiro. A autora afirma que o surgimento de vogais
médias abertas, [E] e [ç], em posição pretônica somente será em formas derivadas com os
sufixos “-mente, -inh, -zinh, -íssim” cujos radicais apresentam as vogais tônicas [E] e [ç].
Palavras como ‘séria’, ‘mole’, ‘seriamente’ e ‘molinho’, serão pronunciadas por todos os
falantes do português com a vogal média aberta: ‘s[
E]ria’, ‘m[ç]le’, ‘s[E]riamente’ e
‘m[
ç]linho’. Os demais casos de ocorrência destas vogais, que não apresentam estes sufixos,
2
Alguns autores, como Lee e Oliveira (2003), consideram como harmonia vocálica a assimilação do traço [alto]
da vogal tônica como em ‘b[u]n[i]to’. Outros autores, como Viegas (1987), nomeiam este fenômeno como
alçamento. Outro processo destacado por Lee e Oliveira é a redução vocálica em que a vogal média pretônica
torna-se alta por diversos fatores.
20
serão específicos de cada dialeto, ou mesmo idioleto. A autora descreve os demais ambientes
para que ocorra uma vogal média aberta em posição pretônica. São eles: a) quando a vogal
tônica da palavra é uma vogal média aberta, como nas palavras ‘perereca’ e ‘pororoca’, que
poderão ser pronunciadas ‘p[E]r[E]r[E]ca’ e ‘p[ç]r[ç]r[ç]ca’; b) sem que qualquer outra vogal
média aberta ocorra na palavra como, por exemplo, beleza e gostoso, ‘b[
E]leza’ e ‘g[ç]stoso’;
c) quando em posição tônica ocorre uma vogal nasal que na ortografia é marcada por “em/en”
ou “om/on”, como nas palavras ‘noventa’ e ‘setembro’, que podem ser pronunciadas
‘n[
ç]venta’ e ‘s[E]tembro’; d) quando seguida por consoante s, r ou l, que ocorre na mesma
sílaba, como nas palavras ‘d[
E]stino’, ‘v[E]rtical’ e ‘s[E]lvagem’. Cristófaro Silva afirma
também que o estudo dialetal das vogais pretônicas no português brasileiro merece ainda uma
investigação detalhada.
Além dos contextos apresentados por Cristófaro Silva, observa-se que a vogal média
aberta ocorre em posição pretônica também devido à ocorrência da vogal baixa em posição
tônica ou na sílaba imediatamente seguinte, como por exemplo, ‘[
ç]rário’ e ‘r[E]lação’. Desta
forma, averiguar os contextos lingüísticos da produção da vogal média aberta e da vogal alta é
importante para entender os fatores que influenciam estas realizações mais particulares nesta
posição.
Especificamente sobre as vogais médias no português brasileiro, a descrição que é
tomada como referência é a de Mattoso Câmara (1970) que afirma que, em posição tônica, há
quatro vogais médias, /e,
E, o, ç/, que se reduzem a duas em posição pretônica, /e, o/, devido
ao processo de neutralização. Esta redução de fonemas é, segundo o autor, a característica
essencial da posição átona. Conforme o processo de neutralização, mais de uma oposição
desaparece e, ao invés de dois fonemas, fica um para cada oposição. No caso específico das
vogais médias em posição pretônica, há o favorecimento das vogais médias de 2º grau, /e/ e
/o/.
Quanto à produção das vogais médias no dialeto de Belo Horizonte, observa-se que
estas vogais podem ser realizadas por três formas fonéticas distintas: a) com a vogal média
fechada, como em ‘c[e]nário’, b) com a vogal média aberta, como em ‘[
E]xcesso’, e c) como
vogal alta, ‘m[i]dida’. O mesmo ocorre com relação às vogais posteriores, ‘c[o]brança’,
‘pr[ç]posta’ e ‘m[u]tivo’.
É importante realçar que a vogal média fechada é o segmento mais realizado nesta
posição. Já a vogal média aberta e a vogal alta são produzidas em casos mais específicos.
21
Além disso, constata-se que alguns itens lexicais apresentam mais de uma pronúncia
da vogal média em posição pretônica, caracterizando, assim, o fenômeno da variação, que se
mostra sob dois formatos: a) variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta,
como em ‘c[o]légio’ e ‘c[ç]légio’; e b) variação entre a vogal média fechada e a vogal alta,
como em ‘p[e]squisa’ e ‘p[i]squisa’.
Além disso, a variação pode ser interindividual, ou seja, as realizações fonéticas
distintas para um mesmo item lexical se mostram diferentes de falante para falante, ou pode
ser intraindividual, o mesmo falante varia a pronúncia da palavra.
Diante destas constatações, a presente pesquisa pretende analisar a produção das
vogais médias pretônicas nos nomes no dialeto de Belo Horizonte. Além disso, visa o estudo
dos fatores lingüísticos motivadores da elevação e do abaixamento da vogal média pretônica,
a influência dos processos fonológicos como a harmonia vocálica e a redução vocálica, e a
análise da variação, observando-se quais fatores lingüísticos interferem neste fenômeno. Isto
porque se acredita que a gramática da língua fornece indícios para que a variação ocorra.
A variabilidade dos sons pode ser motivada por inúmeros fatores extralingüísticos,
como sexo, faixa etária, classe social, escolaridade e outros. Entretanto, o único aspecto
extralingüístico a ser considerado nesta pesquisa é a formalidade no ato da gravação dos
dados porque é observado que há diferenças quanto à produção dos sons segundo maneiras
distintas de se gravar os dados. O foco central deste estudo, prioritariamente, são os fatores
lingüísticos, como, por exemplo, o segmento precedente, o segmento seguinte, a influência da
vogal em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte e outros.
Para analisar adequadamente a produção das vogais médias em posição pretônica nos
nomes do dialeto de Belo Horizonte, conforme uma teoria lingüística formal da linguagem,
será tomada como referência a Teoria da Otimalidade (Prince; Smolensky, 1993; McCarthy;
Prince, 1993). Esta teoria demonstra meios de elucidar os fenômenos relacionados à variação
lingüística, já que postula que a análise dos dados e propriamente do fenômeno lingüístico
deve partir do output, da forma de superfície. Desta forma, é possível prever e explicar uma
variação provável na língua.
Entretanto, explicar a variação é um dos pontos bastante discutidos na Teoria da
Otimalidade porque é necessário ir contra alguns preceitos básicos como a noção da
dominação estrita. Esta noção prevê que apenas um candidato seja considerado o candidato
ótimo de acordo com a hierarquia de restrições apresentada. Porém, quando se trata de
variação, mais de um candidato é selecionado como ótimo. Assim, vários lingüistas, como
Holt (1997), Boersma (1997), Anttila e Cho (1998) e Coetzee (2005), sugerem algumas
22
alternativas de análise da variação lingüística. Uma possibilidade de explicação, apontada por
Anttila e Cho, é afirmar que a língua possui vários ranqueamentos parciais e não um
ranqueamento total como prevê a Teoria da Otimalidade clássica.
Diante destas considerações a respeito do comportamento das vogais médias, são
hipóteses desta pesquisa:
a) Ocorre variação das vogais médias em posição pretônica em um número
considerável de casos no dialeto de Belo Horizonte, motivada, sobretudo, por
fatores lingüísticos favorecedores da realização da vogal média aberta e da vogal
alta, que são os casos mais específicos de realização nesta posição.
b) A variação encontrada no dialeto de Belo Horizonte é a variação intraindividual,
ou seja, o mesmo falante varia a pronúncia de um mesmo item lexical.
c) A variação também pode ser analisada considerando os processos fonológicos,
como harmonia vocálica e redução vocálica.
d) A variação lingüística pode ser explicada conforme a Teoria da Otimalidade,
principalmente pelo ranqueamento parcial de restrições.
Assim, os objetivos deste estudo são discutir os casos de variação das vogais médias
em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte, analisar os fatores lingüísticos
favorecedores e os processos fonológicos envolvidos quanto à elevação e ao abaixamento da
vogal média pretônica, e explicar a variação encontrada conforme a Teoria da Otimalidade.
Para que este estudo ocorra satisfatoriamente, é necessário cumprir os seguintes
passos:
Apresentar a evolução lingüística das vogais médias do latim ao português
brasileiro, para um melhor entendimento do comportamento destas vogais no
dialeto estudado.
Caracterizar fonologicamente as vogais médias do português brasileiro,
descrevendo principalmente os traços articulatórios distintivos específicos da vogal
média fechada e da vogal média aberta.
Analisar a realização das vogais médias pretônicas e identificar a variação
encontrada no dialeto de Belo Horizonte, ou seja, se esta variação pode ser
intraindividual ou se ela se mostra como uma variação interindividual.
23
Explicar os casos de variação encontrados conforme a Teoria da Otimalidade,
apresentando a hierarquia de restrições referente à variação das vogais médias
pretônicas presente neste dialeto.
A presente tese obedecerá à seguinte organização:
No segundo capítulo, será apresentado um percurso histórico sobre o comportamento
das vogais médias do latim ao português brasileiro.
No capítulo três, serão apresentados alguns estudos relativos ao comportamento destas
vogais em posição pretônica no português brasileiro. A maioria destes estudos trata da
descrição destas vogais em uma comunidade de fala específica e aborda os processos
fonológicos de modo particular, como, por exemplo, o processo de harmonia vocálica.
No quarto capítulo, será abordada a descrição fonológica das vogais médias. Serão
considerados os traços vocálicos que podem servir como distinção e caracterização destes
segmentos. Os traços [alto] e [ATR], por um lado, e o traço [aberto], por outro, são os traços
que melhor distinguem estas vogais.
O quinto capítulo apresentará a Teoria da Otimalidade, realçando os princípios básicos
da teoria e mostrando as alternativas de análise da variação lingüística.
O sexto capítulo mostrará a metodologia empregada para discutir a variação das
vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte. Serão
considerados três corpora distintos para uma investigação mais ampla da produção da vogal
média nesta posição.
No capítulo sete, será apresentada a descrição do português brasileiro falado no dialeto
de Belo Horizonte, a partir dos dados obtidos sobre este dialeto. Além de mostrar os contextos
lingüísticos favorecedores, principalmente da realização da vogal média aberta e da vogal
alta, apresentará também a relação através dos processos fonológicos presentes em posição
pretônica, como harmonia vocálica e redução vocálica.
No capítulo oito, a análise dos resultados conforme a Teoria da Otimalidade será
discutida, seguindo-se algumas conclusões e perspectivas futuras.
CAPÍTULO DOIS
EVOLUÇÃO LINGÜÍSTICA DAS VOGAIS MÉDIAS DO LATIM AO PORTUGUÊS
BRASILEIRO
2.1 Introdução
As vogais médias no português brasileiro são alvo de inúmeros estudos referentes,
principalmente, aos fenômenos fonológicos relacionados à posição pretônica. Normalmente,
as pesquisas feitas buscam entender o comportamento das vogais médias nesta posição com
relação às alternâncias vocálicas condicionadas pela harmonia vocálica ou pela redução
vocálica. Os estudos apontam duas direções: analisar as alternâncias das vogais médias no
paradigma verbal ou em sintagmas nominais. Além disso, a maioria das pesquisas admite um
estudo descritivo das vogais médias conforme uma comunidade específica de fala.
O presente capítulo apresentará os aspectos fonológicos relacionados às vogais médias
no português brasileiro, destacando a evolução lingüística destas vogais para que se possa
entender o seu desenvolvimento do latim aos dias atuais.
2.2 História das vogais médias em posição pretônica
As vogais médias sempre mereceram atenção dos estudiosos da língua portuguesa,
devido à gama de fenômenos fonológicos relacionados a estas vogais em posição pretônica e,
também, devido a formas variáveis realizadas nesta posição. Por que ocorre a variação? Em
que período a variação se torna mais presente e regular? Há indícios históricos que motivaram
a variação? O português brasileiro e o português europeu possuem um comportamento
semelhante com relação ao desenvolvimento das vogais médias em posição pretônica? Estes
são alguns questionamentos presentes na literatura lingüística e que neste capítulo serão
abordados.
Iniciando o percurso histórico sobre as vogais médias, verifica-se que o sistema
vocálico do latim clássico possuía dez vogais, que se distinguiam umas das outras pela
25
quantidade. Havia cinco vogais longas, ā, ē, ī, ō, ū, e cinco vogais breves, ă, ĕ, ĭ, ŏ, ŭ. No
período imperial, como destaca Nunes (1970), a distinção de quantidade desapareceu para dar
lugar ao timbre, isto é, as vogais diferenciavam-se umas das outras pelo grau de abertura,
algumas eram classificadas como vogais abertas e outras como vogais fechadas. Desse modo,
as dez vogais do latim clássico ficaram reduzidas a sete no latim vulgar, como mostra a FIG.
1.
ā e ă reduziram-se a /a/
ĕ reduziu-se a /E/
ē e ĭ reduziram-se a /e/
ī reduziu-se a /i/
ŏ reduziu-se a /ç/
ō e ŭ reduziram-se a /o/
ū reduziu-se a /u/
FIGURA 1 - Redução das dez vogais do latim clássico para sete no latim vulgar
Fonte: NUNES, 1970.
Observa-se, então, que havia quatro vogais médias no latim clássico, duas longas, ē e
ō, e duas breves, ĕ e ŏ. No latim vulgar, as quatro vogais médias continuaram, mas
classificadas como fechadas, /e/ e /o/, e abertas, /
E/ e /ç/. É interessante observar que houve
uma fusão de dois segmentos distintos para a formação das vogais médias fechadas. Houve
uma fusão da vogal longa ē e da vogal breve ĭ para a formação da vogal fechada /e/, e o
mesmo ocorre com a série de vogais posteriores. Este fato nos interessa porque, como será
visto mais adiante, no português brasileiro atual, um dos formatos da variação das vogais
médias pretônicas envolve as vogais médias fechadas e as vogais altas.
Com relação à formação das vogais médias abertas, não há fusão de segmentos, apenas
a vogal média breve passa a ser classificada como uma vogal média aberta.
No período posterior ao latim vulgar foram constatadas poucas modificações. No
galego-português, período compreendido entre 1200 e aproximadamente 1350, os fonemas
vocálicos eram mais numerosos em posição tônica. Era um sistema vocálico composto por
sete vogais. Em posição átona não final, especialmente em posição pretônica, as oposições
entre as vogais médias fechadas e as médias abertas desapareciam. Assim, segundo Teyssier
26
(1994), os sistemas vocálicos tônico e pretônico eram apresentados da seguinte forma: (FIG.
2).
em posição tônica em posição pretônica
/i/ /u/ /i/ /u/
/e/ /o/ /e/ /o/
/E/ /ç/ /a/
/a/
FIGURA 2 - Sistemas vocálicos tônico e pretônico no galego-português, período
compreendido entre 1200 e aproximadamente 1350
Fonte: TEYSSIER, 1994, p. 24-5.
Vê-se, então, que começa a existir uma diferenciação entre os sistemas vocálicos em
posição tônica e em posição pretônica. Observa-se que, em posição pretônica, não há a
presença das vogais médias abertas. Por que ocorre essa diferenciação dos sistemas vocálicos?
Por que as vogais médias abertas não estão presentes em posição pretônica?
Segundo Teyssier, as oposições entre /e/ e /E/ e entre /o/ e /ç/ desapareciam em posição
pretônica porque havia uma redução de vogais devido ao processo de neutralização.
Conforme Crosswhite (1999), em muitas línguas, as vogais que ocorrem em sílabas
acentuadas não são as mesmas com relação às vogais não acentuadas. Este fato acontece
devido à ocorrência de neutralizações vocálicas na posição não acentuada. Por exemplo, as
vogais /E, ç/, que ocorrem em sílabas acentuadas, podem não ocorrer em sílabas não
acentuadas em função do processo de neutralização. Segundo a autora, esta neutralização
vocálica dependente do acento é referida como redução vocálica.
A autora considera a redução vocálica como um tipo de neutralização, ou seja,
processos vocálicos que são categóricos em natureza e obrigatórios em tempo de fala.
Também afirma que os processos de redução vocálica lutam para simplificar a articulação em
posições não acentuadas. Neste caso, a simplificação significa a minimização de gestos
articulatórios, evitando movimentos amplos de esforços, e aproximando-se da posição neutra
da língua.
Segundo a autora, os fenômenos de redução vocálica não operam do mesmo modo
nem produzem os mesmo resultados entre as línguas. Algumas línguas reduzem as vogais não
27
acentuadas /e, o/ pela elevação, enquanto outras utilizam o abaixamento, ou ainda uma
combinação da elevação de algumas vogais e centralização ou abaixamento de outras vogais.
Já outros padrões de redução vocálica não têm como alvo as vogais médias, mas sim as vogais
baixas ou altas, ambas não acentuadas. Isto corrobora o fato de a redução vocálica não ser um
processo unitário, mas um processo que apresenta dois tipos diferentes de neutralização
vocálica dependente do acento.
Crosswhite postula dois tipos de redução vocálica: um sobre o realce no contraste
baseado na proibição de categorias vocálicas que menos contrastam em posição não
acentuada, e o outro se refere à redução da proeminência com base na proibição das
qualidades vocálicas que favorecem o tempo de articulação maior em posições que
preferencialmente têm duração curta. Segundo a autora, as vantagens em se considerar dois
tipos de redução vocálica são a identificação de certos padrões entre as línguas e as tendências
que ocorrem na associação de um e outro tipo, e a previsão da direção das neutralizações
vocálicas e contextos onde a redução é bloqueada amplamente ou parcialmente.
Assim, observa-se que a diferenciação entre as vogais em posição tônica e em posição
pretônica ocorre devido ao processo de neutralização, mais especificamente pela redução do
número de fonemas em posição pretônica.
A questão que surge é: esta distribuição diferenciada do sistema vocálico em posição
tônica e em posição pretônica permaneceu nos períodos seguintes ou sofreu modificações
com a evolução da língua?
No português europeu, do século XIV aos dias atuais, e no que se refere às vogais
médias, tem-se um fato novo e diferente do galego-português. Por volta de 1500, o sistema
vocálico em posição pretônica se torna exatamente o mesmo que em posição tônica. (FIG. 3).
/i/ /u/
/e/ /o/
/ä/
/E/ /ç/
/a/
FIGURA 3 - Sistema vocálico em posição pretônica, no português europeu, do século XIV
aos dias atuais
Fonte: TEYSSIER, 1994, p. 42-3.
28
O sistema vocálico em posição pretônica assumia fonemas longos e abertos, /E/, /ä/
3
e
/ç/, como nas palavras ‘pr[E]gar’ (fixar com pregos), ‘c[ä]veira’ e ‘c[ç]rar’, em oposição aos
fonemas simples como /e/, /a/ e /o/, como em ‘pr[e]gar’ (proferir sermão), ‘c[a]deira’ e
‘m[o]rar’. Assim, havia oposição distintiva das vogais médias e da vogal baixa nesta posição.
Com o passar dos anos, outras evoluções ocorreram. A principal delas foi a redução
das vogais átonas por volta de 1800. Conforme Teyssier, a vogal média fechada [e] dá lugar a
uma vogal central fechada [ë], como em ‘m[ë]ter’, e a vogal média fechada [o] passa a [u],
como em ‘m[u]rar’.
Diferentemente do português europeu, o português brasileiro manteve o mesmo
sistema vocálico apresentado para o galego-português. Em posição tônica, há sete vogais que
se reduzem a cinco em posição pretônica. A redução ocorre com relação à oposição distintiva
inexistente para as vogais médias abertas e fechadas. (FIG. 4).
em posição tônica
/i/ /u/
/e/ /o/
/E/ /ç/
/a/
em posição pretônica
/i/ /u/
/e/ /o/
/a/
FIGURA 4 - Sistema vocálico do português brasileiro
Através dos sistemas vocálicos do português europeu e do português brasileiro,
verifica-se que, enquanto o sistema vocálico pretônico do português europeu evoluiu,
apresentando oposição distintiva para as vogais médias e a vogal baixa, o mesmo não ocorre
no português brasileiro, que apresenta uma redução do número de fonemas em posição
pretônica. E esta redução está ligada diretamente ao comportamento das vogais médias nesta
posição.
3
/ä/ é uma vogal baixa central não arredondada e /ë/ é uma vogal média fechada central não arredondada.
29
Também, é importante observar que os inventários vocálicos do português brasileiro e
do português europeu mostram diferenças quanto ao número de fonemas em posição
pretônica devido à especificidade e complexidade própria de cada sistema lingüístico. Causley
(1999) afirma que as representações segmentais do input, da estrutura subjacente, para o
mesmo segmento diferem de língua para língua, e, portanto, não há um grupo universal de
formas do input
4
.
No português brasileiro, é bastante complexo o comportamento das vogais médias.
Um dos motivos é a caracterização acústico-articulatória destas vogais, que são realizadas no
espaço mediano da boca, dificultando a sua nítida realização, como pode ser visto no GRAF.
1.
GRÁFICO 1 - Ocorrências das vogais médias em posição tônica por cidade
Fonte: CALLOU; MORAES; LEITE, 1996, p. 36.
Neste gráfico, observa-se a realização das vogais médias tônicas em cinco cidades:
Recife, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. Esta realização se situa no espaço
intermediário, ou seja, entre as realizações das vogais altas e da vogal baixa. O espaço
destinado à produção das vogais médias é de certa forma estreito. Os valores de F
1
e F
2
mostram que a disposição das vogais médias posteriores e das vogais médias anteriores é mais
próxima, isto é, estas vogais se realizam em um espaço acústico menor. Este fato requer que
vários estudos possam ser feitos no sentido de se entender melhor o comportamento das
vogais médias no português brasileiro.
4
No capítulo 5 será apresentada, de modo detalhado, a posição de Causley a respeito das diferenças entre as
línguas na representação do input.
30
Especificamente sobre a posição tônica, é motivo de discussão a quantidade de
fonemas relacionados às vogais médias. Mattoso Câmara (1970) afirma que existem quatro
fonemas representando estas vogais. Magalhães (1990) afirma que “o sistema vocálico do
português tem, na estrutura subjacente, sete vogais: /i/, /e/, /E/, /a/, /ç/, /o/, /u/, mas que, no
interior do paradigma verbal, este sistema se reduz a cinco vogais: /i/, /
E/, /a/, /ç/, /u/.”
(MAGALHÃES, 1990, p. 234). Já Cagliari (1997), em seu estudo, sugere a possibilidade de
“[E,ç] não existirem em Português como fonemas, mas aparecerem foneticamente em sílabas
tônicas.” (CAGLIARI, 1997, p. 96).
Outros estudos sobre as vogais médias em posição tônica buscam mostrar que há
variação destas vogais nesta posição. Alves (1999) observa que há um número maior de
palavras que apresenta variação das vogais médias fechadas e abertas em posição tônica,
diferentemente do que se assumia na literatura lingüística. Das 63 palavras analisadas, em seu
estudo, 40 apresentaram a variação das vogais médias tônicas nos nomes.
Um dos motivos para que haja esta variação em posição tônica, segundo Alves, é o
fato de haver um pequeno número de palavras que mostram o contraste fonêmico entre estas
vogais. O QUADRO 1 abaixo apresenta alguns pares mínimos encontrados com relação às
vogais médias, considerando apenas os nomes.
QUADRO 1
Contraste fonêmico das vogais médias no português brasileiro, segundo Alves (1999)
Contraste: vogais orais
/e/
/E/
/o/
/ç/
Sede Sede Avô Avó
Ele L Forma Forma
Travessa Travessa Corte Corte
Cesta Sesta Molho Molho (de chaves)
Em posição pretônica, os estudos feitos são, principalmente, sobre a variação existente
entre as vogais médias. Autores como Bisol (1981) e Viegas (1987) discutem a variação
existente entre a vogal média fechada e a vogal alta, como, por exemplo, ‘m[i]nino’ e
‘c[u]stume’. Embora sejam poucos os estudos já realizados, autores, como Carvalho Nina
(1991), analisam o comportamento destas vogais quanto ao seu abaixamento, como em
‘r[E]lógio’ e ‘c[ç]légio’.
Observa-se, então, que nos dias atuais a variação é um fenômeno presente no
português tanto em posição tônica como em posição pretônica. Porém, este fenômeno não é
31
recente. Estudiosos, como Nunes (1970), Naro (1971), Teyssier (1994), Mattos e Silva
(1995), Maia (1997), apresentam indícios sobre a variação das vogais médias pretônicas, que
remonta, pelo menos, desde o século XIV de maneira regular.
Este é um fenômeno antigo em língua portuguesa relatado por Fernão de Oliveira
(1975). Segundo o autor,
das vogais, entre u e o pequeno há tanta vizinhança, que quase nos confundimos,
dizendo uns sorrir e outros surrir e dormir ou durmir e bolir ou bulir e outras partes
semelhantes. E outro tanto entre i
e e pequeno, como memória ou memórea, glória
ou glórea. (FERNÃO DE OLIVEIRA, 1975, p.64).
Segundo Nunes (1970, p. XXIX), “É e Ê átonos tomam em português um som em
geral tênue, como o que se ouve na primeira sílaba do verbo ‘pedir’, excepto quando seguidos
de consoante nasal, pois então pronunciam-se quase sempre fechados”. Outra observação feita
pelo autor é que, na língua atual, o e inicial tem geralmente o valor de i quando não seguido
de s.
Sobre a vogal posterior, o autor afirma que “Ó e Ô átonos tomam em português um
som fraco, muito aproximado ao do u, excepto quando seguidos de consoante nasal, caso em
que soam om, isto é, fechados”. (NUNES, 1970, p. XXXI). Afirma, também, que a pronúncia
das vogais médias posteriores átonas é na língua literária u, quando estão em posição inicial.
Nos outros dialetos é possível ocorrer ainda a realização de ou ou o.
Naro (1971) afirma que [e, o] não acentuados eram freqüentemente realizados como
[i, u] no português europeu padrão, geralmente no norte e nas regiões centrais. Contudo, no
sul, as realizações mais freqüentes eram [e, o]. Com relação ao português padrão falado no
Rio de Janeiro, [o] era realizado como [o] entre todas as classes sociais, mas a realização de
[e] varia. O falante em um ambiente que exigia a fala mais cuidada pronunciava [e] enquanto
que em um ambiente mais informal pronunciava [i].
É interessante observar que Naro deixa claro que, mesmo o falante com um grau de
escolaridade maior, alternava a pronúncia de [e] conforme o ambiente. Isto quer dizer que o
grau de formalidade exigido no ato da produção dos sons pode influenciar a maneira como o
falante realiza as vogais médias em posição pretônica.
O autor também discute as razões para a presença de [i] no lugar de [e]. A análise de
documentos que datam da metade do século XVII revela que a mudança de [e] para [i] em
posição inicial de sílaba ocorre em quatro casos: a) em um grupo específico de palavras que
continham [i] ortográfico, como em idade < aetatem; b) se na sílaba seguinte ocorrer uma
32
vogal alta; c) se a silaba for nasalizada; e d) quando o [e] ortográfico associa-se ao S como
uma vogal epentética.
Será visto mais adiante que os dados atuais do português falado no dialeto de Belo
Horizonte também mostram estes contextos para que o falante produza a vogal alta no lugar
da vogal média fechada anterior em posição pretônica.
Autores, como Edwin Williams, destacam a dificuldade com relação à grafia da vogal
média, talvez influenciada pela variação já existente na pronúncia destas vogais.
Williams (1975) afirma que a modificação freqüente do e em i nos documentos do
latim medieval é ortográfica e que possivelmente decorre da confusão entre as duas letras, por
causa da impressão de que ambas as vogais representavam um único som. A modificação de o
em u decorre do mesmo motivo.
Segundo Teyssier (1994), em 1767, Frei Luís do Monte Carmelo assinala pela
primeira vez um traço fonético dos brasileiros, que é o de não fazerem distinção entre as
pretônicas abertas e as fechadas. Por exemplo, palavras como ‘corar’ e ‘morar’, apesar de as
vogais médias no português europeu terem pronúncias distintas, ‘c[ç]rar’ e ‘m[o]rar’, no
português brasileiro, estas vogais apresentam uma única pronúncia, possivelmente, ‘c[o]rar’ e
‘m[o]rar’.
O autor afirma também que é na pronúncia das vogais que o português brasileiro se
distancia do português europeu, tanto pelo seu conservadorismo como pelas suas inovações.
Para Maia (1997), a instabilidade gráfica das vogais médias é o reflexo das profundas
flutuações fonéticas que podiam sofrer as vogais átonas no antigo galego-português.
Com relação à posição inicial, a autora afirma que o grafema e
alterna, em algumas
formas, com i ou com o ditongo ei. A autora afirma também que desde o século XIII que a
grafia das palavras com i aparece, mas é principalmente a partir do século XIV que acontecem
com maior freqüência e regularidade. Em posição pretônica não inicial, o grafema e
apresenta
uma grande instabilidade gráfica, podendo este grafema alternar com outros, em virtude de
fenômenos de tipo assimilatório ou dissimilatório.
Com relação à harmonização vocálica de e pretônico ao timbre da vogal tônica, Maia
afirma que esse fato existiu no português antigo, aparecendo com maior freqüência nos textos
dos séculos XV e XVI e se observa ainda hoje na linguagem popular de algumas regiões de
Portugal. No português brasileiro, o mesmo fato ocorre, mas como um fenômeno essencial do
seu sistema fonológico.
33
Assim como ocorre com o grafema e, o grafema o em posição pretônica também
apresenta uma oscilação gráfica considerável, podendo haver alternância com outros
grafemas, principalmente com u e, algumas vezes, com o ditongo ou.
Mattos e Silva (1995) também apresenta pistas para a variação das vogais médias
pretônicas. Segundo a autora,
na sincronia atual da língua portuguesa, há realizações variáveis para as vogais não
acentuadas que distinguem áreas dialetais. Está neste ponto do sistema uma das
características que mais opõem os dialetos brasileiros aos portugueses, e dialetos
brasileiros entre si. Em nenhum deles os sete ou oito fonemas vocálicos do sistema
quando distribuídos em posição acentuada se mantêm. (MATTOS E SILVA, 1995,
p. 53-4).
A autora também afirma que, em posição inicial absoluta, documenta-se no português
arcaico a variação gráfica entre e
e i, também o ditongo ei, como, por exemplo, ‘edade’,
‘idade’ e ‘eidade’. Há variação também entre e e i em sílabas iniciais em que a vogal é travada
por nasal ou sibilante, como nas palavras ‘escritura’ e ‘iscritura’.
Em posição pretônica interna, a variação gráfica de maior destaque é entre e e i,
quando na sílaba acentuada estão as vogais altas /i/ ou /u/.
Essa variação deve indicar um alteamento da pretônica, fenômeno fonético
assimilatório conhecido como harmonização vocálica e que já aparece fixado no
século XVI, já que Fernão de Oliveira dele se utiliza para exemplificar a
‘comunicação entre as letras’. (MATTOS E SILVA, 1995, p. 59).
A autora afirma ainda que a elevação do timbre da vogal pretônica por harmonização
vocálica remonta ao século XIII, pelo menos, e já está, certamente, no dialeto padrão no
século XVI.
Com relação às vogais posteriores, em posição inicial absoluta, a grafia variável entre
o
, u e o ditongo ou é esporádica, contudo é possível encontrar exemplos em documentos de
língua portuguesa. A maioria dos casos envolve a harmonização vocálica, já que se encontra
em posição tônica uma vogal alta, como, por exemplo, em ‘homilde’ e ‘humilde’. Em posição
pretônica interna, a variação gráfica de maior destaque é quando ocorre /i/ e /u/ na sílaba
acentuada. Esse fenômeno já está indicado na grafia de documentos desde o século XIII.
Sobre a oposição entre as vogais médias abertas e as médias fechadas em posição
pretônica, Mattos e Silva argumenta que estas vogais do português resultam de um complexo
fenômeno de fusão de fonemas vocálicos latinos. Para esta variação, a grafia da
documentação medieval não fornece pistas.
34
Afirma, também, que, nos dialetos brasileiros, há neutralização em que as realizações
apresentam variação entre a vogal média fechada e a aberta, por vezes a depender do
contexto, também a alta, como em ‘m[e]nino’, m[E]nino’ e m[i]nino’. Nos dialetos
portugueses há as médias abertas no subgrupo do léxico em que a pretônica é proveniente da
crase histórica, que não variam com a média fechada, como no Brasil, mas se opõem às altas,
como em ‘c[ç]rar’ e ‘c[u]rar’.
Portanto, vê-se que a variação das vogais médias pretônicas no português é um
fenômeno antigo que envolve, pelo menos, seis séculos de instabilidade. Esta variação
permanece nos dias atuais, mostrando-se em maior grau ou em menor grau conforme cada
dialeto.
Verifica-se também que é mais freqüente e regular a variação entre a vogal média
fechada e a vogal alta do que a variação entre as vogais médias fechadas e abertas. Este fato
decorre, sobretudo, da semelhança fonética entre as vogais, e também da fusão ocorrida na
passagem do latim clássico ao latim vulgar, em que a vogal média longa se une à vogal alta
breve para formar a vogal média fechada.
Além disso, é possível identificar alguns contextos lingüísticos favorecedores da
elevação das vogais médias pretônicas, como a posição inicial de palavra e o tipo de vogal
presente em posição tônica.
No próximo capítulo, serão apresentados alguns estudos que destacam a produção das
vogais médias em posição pretônica no português brasileiro.
CAPÍTULO TRÊS
AS VOGAIS MÉDIAS EM POSIÇÃO PRETÔNICA NO PORTUGUÊS BRASILEIRO
3.1 Introdução
O sistema vocálico pretônico no português brasileiro é bastante complexo. Conforme o
dialeto, há a preferência pela realização das vogais médias fechadas ou das vogais médias
abertas. Nascentes (1953), na tentativa de demarcar a variação existente em posição pretônica,
organiza um mapa dialetológico, em que são considerados dois grandes grupos dialetais: O
grupo Norte e o grupo Sul. Em cada um destes grupos, há conjuntos menores que
representam aspectos lingüísticos mais semelhantes conforme a pronúncia dos falantes.
O grupo Norte subdivide-se no subfalar amazônico, que engloba os falantes do Pará,
Acre, Amazonas e parte de Goiás e no subfalar nordestino, que compreende os falares do
Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e parte de Goiás.
O grupo Sul contém quatro subfalares. O baiano, que engloba os falares de Sergipe,
Bahia, parte de Minas Gerais (regiões norte, nordeste e noroeste) e parte de Goiás. O subfalar
baiano é considerado pelo autor um grupo intermediário entre o grupo Norte e o grupo Sul. O
fluminense, que abrange os falares do Rio de Janeiro, Espírito Santo e parte de Minas Gerais
(zona da mata e região leste). O mineiro, que é constituído pelas regiões leste e centro-oeste
de Minas Gerais. E, por último, o sulista, englobando os falares de São Paulo, Paraná, Santa
Catarina, Rio Grande do Sul, sul de Goiás, parte de Minas Gerais (região sul e Triângulo
Mineiro) e Mato Grosso.
Dois pontos merecem destaque com relação a este mapa dialetológico. Em primeiro
lugar, é a divisão encontrada no estado de Minas Gerais. Nesta região, é possível encontrar
quatro subfalres. Este fato demonstra claramente o quão difícil é tentar estabelecer um único
padrão para o sistema vocálico pretônico referente à região de Minas Gerais. Em segundo
lugar, basicamente, a grande diferença entre os falares do grupo Norte e do grupo Sul está na
realização das vogais médias pretônicas. No grupo Norte, prevalece a realização das vogais
médias abertas, [E] e [ç], e, no grupo Sul, prevalece a realização fechada, [e] e [o].
Contudo, esta realização fechada ou aberta das vogais médias pretônicas não é
categórica. Lee e Oliveira (2003) afirmam que, nestes dois grandes grupos dialetais, é
36
possível a realização de [ç, o, u] e [E, e, i] em posição pretônica, como, por exemplo, nas
palavras ‘s[i]mestre’, ‘c[u]mida’, ‘p[E]reba’, ‘p[ç]toca’, ‘c[o]ragem’ e ‘r[e]polho’.
Então, como determinar fonologicamente a realização da vogal média pretônica no
português brasileiro? Por que os dialetos do Norte e do Sul possuem preferências diferentes
quanto à realização da vogal média nesta posição?
O trabalho mais importante e tomado como referência sobre o sistema vocálico do
português brasileiro é o de Mattoso Câmara (1970). O autor afirma que, nesta língua, há cinco
fonemas em posição pretônica, /i, e, a, o, u/. Nesta posição, há um processo de neutralização
envolvendo as vogais médias abertas e fechadas e apenas as fechadas são realizadas
fonemicamente. Contudo, é possível ocorrer outras realizações nesta posição. No dialeto de
Belo Horizonte, palavras como ‘p[E]teca’, ‘c[u]ruja’ e ‘pr[ç]gresso’ apresentam a vogal média
aberta e a vogal alta também nesta posição. Este fato não ocorre apenas no dialeto de Belo
Horizonte; em outros dialetos de língua portuguesa esta variação está presente em maior ou
em menor grau.
Além disso, a variação das vogais médias pretônicas está relacionada a outros
processos fonológicos como harmonia vocálica e redução vocálica.
A harmonia vocálica acontece quando há assimilação dos traços de altura da vogal
tônica pela vogal pretônica, como, por exemplo, em ‘pr[ç]c[E]sso’. E a redução vocálica
ocorre quando há a mudança dos traços de determinada vogal em direção a uma vogal menos
marcada.
Hora (2004) relaciona diversos trabalhos que descrevem a variação das vogais médias
pretônicas. O autor destaca uma semelhança entre os falares do Norte e do Sul, que é a
tendência à elevação das médias. Sobre a variação entre as vogais médias fechadas e abertas
não houve menção.
A seguir, serão apresentados alguns estudos que discutem o comportamento das vogais
médias pretônicas e sua realização em alguns dialetos do português brasileiro. Primeiramente,
serão apresentados alguns estudos sobre os falares do Sul, depois serão relatados alguns
estudos referentes aos falares do Norte.
37
3.2 Falares das regiões sul, sudeste e centro-oeste
As pesquisas feitas sobre os falares das regiões sul e sudeste caracterizam-se por
descrever os fenômenos de redução vocálica e de harmonia vocálica relacionados às vogais
médias em posição pretônica. São poucos os autores que destacam a variação entre as vogais
médias fechadas e as médias abertas.
O trabalho feito por Leda Bisol foi o primeiro trabalho de cunho variacionista a tratar
da alternância das vogais pretônicas na região sul. Outros trabalhos sobre os dialetos carioca,
mineiro e de Brasília também serão apresentados.
3.2.1 Bisol (1981)
Bisol (1981) estuda a variação entre as vogais médias fechadas e as vogais altas no
dialeto gaúcho. O objetivo principal, em seu estudo, é averiguar os contextos favoráveis e
desfavoráveis para a aplicação da regra que eleva a vogal pretônica e verificar, através de
operações matemáticas, a probabilidade de seu uso no dialeto estudado.
Segundo a autora,
a instabilidade da vogal pretônica que caracterizou o velho português deixou
vestígios no português brasileiro, cujos falantes substituem variavelmente /e, o/
pelas respectivas vogais /i, u/, sob o efeito de certos condicionadores. Ex. coruja ~
curuja, menino ~ minino. (BISOL, 1981, p. 29).
Bisol estuda as variantes e ~ i e o ~ u em posição pretônica interna em quatro
comunidades sociolingüísticas diferenciadas no extremo sul do país (os metropolitanos, os
italianos, os alemães e os fronteiriços) e em dois níveis culturais, a fala popular e a fala culta.
Nesse estudo, foram considerados fatores lingüísticos, como nasalidade, tonicidade,
sufixação, contexto fonológico precedente, contexto fonológico seguinte, dentre outros, e
fatores extralingüísticos, como etnia, sexo, situação e idade.
Segundo a autora, a mudança de o > u e de e > i é uma regra variável, condicionada
por múltiplos fatores, dentre os quais se destaca como o mais evidente a presença da vogal
38
alta na sílaba imediatamente seguinte. Esta mudança nomeada por Bisol como harmonização
vocálica é um processo de assimilação regressiva.
Os fatores que são importantes nesta regra são a vogal alta da sílaba seguinte, o caráter
da vogal átona candidata à regra e a consoante vizinha.
É interessante também observar que a autora chama a atenção sobre a variação da
pretônica que está sujeita à própria natureza de um fenômeno probabilístico em que a maior
probabilidade de aplicação da regra e seu maior uso estão diretamente relacionados com a
multiplicidade de fatores concorrentes.
Sobre a vogal média anterior, a autora afirma que a vogal [u] tem menor probabilidade
do que a vogal [i] de causar a elevação de [e]. A nasalidade funciona como um fator que
favorece a elevação de [e], assim como as consoantes velar precedente e seguinte e a palatal
seguinte. Além disso, há algumas consoantes que tendem a preservar a vogal pretônica [e],
como a alveolar precedente e seguinte e a labial precedente e seguinte.
Com relação às vogais médias posteriores, são fatores favorecedores as vogais altas
[i, u], a consoante labial precedente e seguinte e a consoante velar precedente. As consoantes
que favorecem o processo de harmonização vocálica são as seguintes: a labial precedente e
seguinte por razões fonéticas de ordem acústica e articulatória, a velar precedente por razão
fonética de ordem articulatória e a palatal seguinte por razões sincrônicas e diacrônicas.
Outras consoantes tendem a preservar a vogal pretônica, como a alveolar precedente e
seguinte e a palatal precedente.
3.2.2 Callou e Leite (1986)
Callou e Leite (1986) estudam as vogais médias em posição pretônica na fala culta do
Rio de Janeiro. Parte do corpus do Projeto NURC/RJ
5
é utilizado e os informantes possuem
formação universitária. O interesse das autoras é medir a extensão da regra de harmonização
vocálica e melhorar o conhecimento do sistema das vogais pretônicas falado por cariocas.
Segundo as autoras, a harmonização vocálica é entendida como a elevação das vogais médias
em posição pretônica por assimilação à altura das vogais tônicas [i] ou [u].
5
“Projeto de Estudo da Norma Urbana Lingüística Culta” que analisou a estrutura sonora das cidades: Recife,
Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, entre 1970 a 1978.
39
Foram analisadas cerca de três mil ocorrências e verificou-se, quanto à possibilidade
de pronúncia dessas vogais em posição pretônica, o seguinte: a) vogais médias [e] e [o]; b)
vogais altas [i] e [u]; c) vogais com timbre intermediário entre [e] e [i], [o] e [u]; d) vogais
com timbre intermediário entre [e] e [E], [o] e [ç], mais baixas que [e] e [o]; e) vogais com
timbre aberto [
E] e [ç].
As autoras observam que o abaixamento das vogais no contexto de posição pretônica
não é muito significativo.
A variedade de pronúncia encontrada nesta posição pode estar relacionada ao
condicionamento que se dá no nível segmental e na constituição da sílaba, assim como pode
estar relacionado a fatores suprasegmentais, tais como ritmo e velocidade de fala.
As autoras afirmam, também, que os fatores lingüísticos que se mostram mais
relevantes ao favorecimento da elevação das vogais médias em posição pretônica são: a) o
contexto inicial da palavra, seguido de palatal; b) a posição em hiato e c) a vogal alta
contígua.
3.2.3 Yacovenco (1993)
Yacovenco (1993) também estuda as vogais médias pretônicas no falar culto do
dialeto carioca e observa que a realização das vogais médias abertas estudadas não se
restringe a casos de derivação, como no diminutivo ‘caf[
E]zinho’, ou advérbios em ‘-mente’,
como em ‘pr[
ç]priamente’, ou ainda em composições, como em ‘n[ç]vecentos’. Palavras
como ‘gerações’, ‘melhor’, ‘relógios’ e ‘negócio’ apresentam vogal média aberta em sílaba
pretônica. A autora estuda também as regras de alteamento, de abaixamento e de manutenção.
As principais conclusões feitas pela autora são as seguintes: a) a vogal anterior oral
tem sua realização estreitamente ligada ao tipo de vogal tônica que a sucede ou, ainda, a
vogais tônicas subjacentes; b) a realização das vogais médias posteriores orais, anteriores e
posteriores nasais, não se prendem tanto às vogais que atuam sobre esses segmentos, mas ao
contexto fonético em que se encontram as vogais pretônicas. Assim, são importantes os
segmentos antecedentes ou seguintes às vogais analisadas.
40
3.2.4 Viegas (1987)
Viegas (1987) estuda o alçamento das vogais médias em posição pretônica sob uma
abordagem sociolingüística. O dialeto focalizado nesse estudo foi o da região metropolitana
de Belo Horizonte.
A autora afirma que o alçamento de vogais médias pretônicas, ou seja, a elevação de
seu traço de altura, [e] ~ [i] e [o] ~ [u], é um fenômeno bastante comum no português e
caracteriza, em alguns casos, diferenças dialetais.
É importante acrescentar, ainda, que este fenômeno caracteriza diferenças de idioleto,
já que o próprio falante pode alternar a pronúncia de determinadas palavras. Por exemplo, a
palavra ‘moderno’ pode ser pronunciada pelo mesmo falante ora como ‘m[o]derno’, ora como
‘m[ç]derno’, e em casos mais específicos como ‘m[u]derno’.
Viegas observa, ainda, que o alçamento é um fenômeno variável, pois não pode ser
expresso por regras categóricas. Há uma variação que é influenciada por vários aspectos
estruturais e não-estruturais.
A autora considera que, inicialmente, parece ser um processo de harmonização
vocálica, ou seja, há uma assimilação do traço de altura como, por exemplo, em ‘m[i]nino’ e
‘b[u]nito’. No entanto, há casos que não se enquadram nesta afirmação. Palavras como
‘m[u]leque’, s[i]mestre’, ‘c[u]stela’, ‘c[u]meço’ e várias outras apresentam o alçamento de
vogais médias em posição pretônica influenciado por outros fatores.
Destaca, também, que, nesta posição, [e] e [i] muitas vezes sofrem o processo de
neutralização, como em ‘s[e]ria’ e ‘s[i]ria’. Também, nesta posição, há pares mínimos, que
demonstram um valor distintivo, como em ‘P[e]ru’ (país) e ‘p[i]ru’ (animal).
A autora ressalta que a regra de alçamento da vogal média anterior atua em ambientes
diferentes da regra de alçamento da vogal média posterior. Assim, a análise feita por Viegas
observa fatores estruturais e não estruturais que favorecem ou não o alçamento destas vogais
de modo separado.
Os resultados obtidos, em seu estudo, apontam que a variação de vogais médias em
posição pretônica ocorre em ambientes que depreendem certa sistematicidade do fenômeno e,
desse modo, é possível descrevê-lo por meio de uma regra fonológica variável.
A autora destaca que os ambientes que influenciam a variação de [o] ~ [u] são
diferentes dos que influenciam a variação de [e] ~ [i]. Favorecem o alçamento de [o] as
obstruintes precedentes e seguintes. Desfavorecem o alçamento de [o] as vogais médias
41
posteriores em início de palavra, as nasais precedentes, a vogal média tônica e a vogal baixa
tônica imediatamente seguinte.
Com relação à variação da vogal média [e], os fatores que favorecem o alçamento são
as vogais médias anteriores, em início de palavra, quando em sílabas travadas; as nasais
precedentes e a vogal alta imediatamente seguinte. Desfavorecem o alçamento de [e] as
obstruintes seguintes, a vogal média seguinte e a vogal baixa tônica.
Alguns fatores favorecem o alçamento tanto do [e] como do [o]: o modo da consoante
precedente e seguinte, notadamente para [o], e a vogal imediatamente seguinte, notadamente
para [e].
Outros fatores que desfavorecem o alçamento são o tipo de vogal associado à
contigüidade ou à tonicidade, notadamente para [e] e o modo da consoante precedente e
seguinte, notadamente para [o].
Viegas conclui seu estudo afirmando que a regra de harmonização vocálica parece se
aplicar mais aos casos de alçamento de [e]. A autora afirma, também, que a regra de
assimilação para [o] parece estar relacionada às consoantes adjacentes do que à vogal
seguinte.
A autora afirma, ainda, que o alçamento de [e] estaria associado a um ritmo
predominantemente silábico e o de [o] a um ritmo predominantemente acentual.
Outro aspecto importante, abordado pela autora, é o fato de a análise de itens em
termos do ambiente precedente ou seguinte mostrar que não há ambientes que explicam todos
os casos de alçamento, ou de não alçamento.
Com relação aos fatores não estruturais, a autora conclui que os falantes não têm total
consciência do processo de alçamento e que este fenômeno é ligeiramente estigmatizado. A
autora realça, também, que o alçamento de [o] está estratificado por grupo social e o do [e]
por faixa etária. O alçamento de [o] tem indícios de variável estável e o de [e] tem indícios de
mudança em progresso. Também, os itens lexicais podem influenciar na análise do alçamento
estudado.
Sobre a variável não estrutural de estilo, a autora afirma que a elevação do traço de
altura é comum no estilo informal. O alçamento não é próprio do estilo formal.
Posteriormente, será visto que a formalidade no ato da gravação dos dados é um fator
determinante para que a variação entre as vogais médias em posição pretônica nos nomes
ocorra.
Outro aspecto abordado por Viegas é a freqüência dos itens lexicais. A autora afirma
que os itens mais freqüentes na amostragem com ambientes favorecedores alçaram
42
proporcionalmente mais do que aqueles menos freqüentes, também com ambientes
favorecedores em qualquer estilo.
Palavras que têm um sentido não tão prestigiado socialmente tendem ao alçamento
com freqüência. Outras palavras com um sentido mais prestigiado não alçam com freqüência.
A autora ressalta, ainda, que há palavras que alçam independentemente da questão
semântica ou de outros fatores estudados que poderiam estar atuando. Reforça, também, a
necessidade de se mostrar que cada palavra tem sua própria história.
Por último, a autora destaca que a regra variável lexicalmente abrupta, relacionada aos
neogramáticos, não dá conta de explicar a complexidade do processo de alçamento das vogais
médias em posição pretônica. Por outro lado, os estudos referentes à difusão lexical mostram
que este fenômeno se processa gradualmente através do léxico. A regra de alçamento atua
sobre os itens lexicais mais freqüentes em primeiro lugar. Definir essa freqüência é um
trabalho bastante difícil, pois se deve considerar a influência dos fatores não estruturais em
relação ao léxico e a seu uso. Também, alguns itens escapam a qualquer sistematização.
Assim deve-se observar a importância de cada item ter sua própria história.
3.2.5 Castro (1990)
Castro (1990) analisa as realizações variantes ou invariantes das vogais médias em
posição pretônica do dialeto de Juiz de Fora/MG. A variedade estudada é a culta e são
discutidos os processos de elevação e abaixamento documentados em sílaba inicial aberta e
fechada, em juntura vocabular ou não, em sílabas internas abertas ou fechadas.
Segundo a autora, a tendência geral do dialeto juizdeforano é a da preservação das
vogais pretônicas fechadas, o que é característico dos falares do sul. Outro ponto importante
destacado por Castro é que, em um mesmo item lexical, a alternância entre vogais médias
fechadas e médias abertas é tão freqüente quanto à alternância entre as médias fechadas e as
altas.
Especificamente sobre as vogais abertas, a autora destaca que as vogais pretônicas têm
maior possibilidade de se tornarem médias abertas no contexto de vogal média aberta
contígua, como em ‘m[E]tr[ç]pole’, do que no contexto de vogal baixa contígua, como em
‘pr[ç]paganda’.
43
Outro aspecto relevante, em seu estudo, é sobre a variação ternária, que apenas ocorre
com a pretônica posterior permanente em três itens lexicais, como em ‘colega’, ‘colégio’ e
‘moderno’, com a predominância da variante [u] em ‘c[u]légio’ e ‘m[u]derno’.
3.2.6 Bortoni; Gomes e Malvar (1992)
Bortoni; Gomes e Malvar (1992) analisam a variação das vogais médias em posição
pretônica no dialeto de Brasília. O foco principal do estudo feito é a discussão sobre se esta
variação é um fenômeno neogramático ou se está relacionado à difusão lexical.
Segundo a proposta suscitada pelos neogramáticos, a unidade básica de mudança
sonora é o fonema. Essas mudanças são condicionadas de forma mecânica por fatores que são
fonéticos e que não aceitam irregularidades em sua formação. As possíveis exceções à regra
geral são atribuídas ao aspecto da analogia e aos empréstimos lingüísticos. Essas mudanças
são foneticamente graduais ou imperceptíveis e lexicalmente abruptas, e esta condição faz
com que todas as palavras que contenham o ambiente fonético envolvido nesta mudança
sejam atingidas ao mesmo tempo.
Com relação à difusão lexical, o ponto principal de análise da mudança sonora é a
palavra. Assim, as mudanças são foneticamente abruptas e lexicalmente graduais. Neste
modelo, assume-se uma posição contrária a dos neogramáticos que consideram o fonema
como unidade básica da mudança sonora.
As autoras seguem, também, como ponto de referência a proposta elaborada por
Oliveira (1991) que afirma que qualquer mudança sonora é lexicalmente implementada.
Tendo em vista as posições dos neogramáticos e da difusão lexical, o objetivo de
Bortoni; Gomes e Malvar é analisar a variação das vogais médias /e, o/ em posição pretônica,
considerando o abaixamento e a elevação destas vogais, já que esta regra fonológica é
produtiva no português brasileiro e apresenta controvérsia quanto à natureza de sua
implementação.
As autoras afirmam que para a vogal média [e]: a) a elevação mostra-se favorecida
pela presença de vogais altas orais e nasais na sílaba seguinte; b) a posição inicial da palavra e
a presença de palatal favorecem a elevação de [e] e favorecem o abaixamento as consoantes
alveolares, velares e labiais; c) a elevação é favorecida pela presença de consoante velar, por
/S/ e também por hiato e o abaixamento é favorecido pela presença de consoante alveolar e
44
travamento silábico por /R/; d) o contexto da sílaba átona permanente favorece a elevação e
desfavorece o abaixamento.
Com relação aos resultados relativos à variação da vogal média [o], as autoras
destacam o seguinte: a) todas as vogais, excetuando-se [o, õ, a, ã, e] favorecem a elevação de
[o] e as vogais [i, e] e as vogais baixas favorecem o abaixamento; b) as consoantes palatais,
velares e labiais favorecem a elevação e a consoante alveolar favorece o abaixamento; c) há o
favorecimento da elevação pela consoante labial, palatal e pelo hiato e as consoantes
alveolares e velares favorecem o abaixamento; d) a elevação é favorecida em sílabas átonas
permanentes e o abaixamento em sílaba átona eventual.
Quanto aos fatores não estruturais, as autoras realçam que os resultados obtidos foram
modestos. O interesse maior é o de observar os resultados da regra de abaixamento. Segundo
as autoras, a regra de elevação é considerada uma regra supra-regional. Com relação ao fator
de sexo dos falantes, observou-se que no abaixamento de [e] e de [o], as mulheres apresentam
probabilidade ligeiramente superior à dos homens. Quanto ao fator de origem dos pais, este
não foi significante. Apenas o fator de classe social apresentou indicativos de um processo em
andamento: os falantes de classe média baixa estariam incorporando a variante abaixada,
enquanto que na fala dos informantes de classe média alta, a variante abaixada restringe-se
praticamente aos casos de acento subtônico. Este resultado, com relação ao fator classe,
mostra-se relacionado ao fato de que, em Brasília, o grande contingente de nordestinos no
Distrito Federal reside nas cidades satélites e compõe segmentos de baixa renda. Segundo as
autoras, “se a hipótese se confirmar em trabalhos futuros, com amostra ampliada, estaremos
verificando a transformação de uma variável de natureza regional em variável de natureza
social”. (BORTONI; GOMES; MALVAR, 1992, p. 23).
As autoras concluem que há evidências que argumentam a favor da interpretação
apresentada pelos neogramáticos sobre a variação de vogais médias em posição pretônica, ou
seja, que as mudanças são foneticamente graduais ou imperceptíveis e lexicalmente abruptas.
As autoras citam como exemplo a regra de harmonização vocálica na elevação de /e/ e a
influência analógica da morfologia derivacional na variação de ambas. As autoras realçam,
ainda, que alguns dados não são explicados por esse modelo. Então, elas admitem a
possibilidade de aplicar os dados obtidos sob uma perspectiva difusionista.
Além disso, as autoras observam que a polêmica sobre o modelo neogramático e o da
difusão lexical ainda persiste, já que os dados de Brasília foram insuficientes para apontar
qual dos dois modelos explicaria melhor a variação das vogais médias em posição pretônica.
45
Em suma, diante dos estudos apresentados acima, destacam-se alguns pontos
importantes. Os trabalhos partem de uma abordagem sociolingüística da variação, ou seja,
estudam uma comunidade de fala específica, considerando fatores lingüísticos, como os
segmentos precedentes e seguintes, e fatores extralingüísticos, como sexo, idade, escolaridade
e outros. Assim, as pesquisas buscam descrever a variação das vogais médias pretônicas
conforme uma determinada região, apontando os fatores lingüísticos e extralingüísticos
favorecedores e desfavorecedores, principalmente relacionados à elevação da vogal média
pretônica. Com relação ao abaixamento, não há uma discussão maior sobre o assunto, já que
são poucos os dados relativos à presença da vogal média aberta pretônica nas regiões sul e
sudeste.
A maioria destes trabalhos destaca uma diferença com relação ao comportamento das
vogais médias anteriores e das médias posteriores, por isso são estudadas de modo separado.
De modo geral, os falares das regiões sul e sudeste seguem o mesmo padrão quanto ao
sistema vocálico, isto é, em posição pretônica há cinco fonemas, /i, e, a, o, u/. A presença das
vogais médias abertas e das vogais altas, nesta posição, ocorre devido a processos fonológicos
específicos, como harmonia vocálica e redução vocálica.
O que caracteriza os falares das regiões sul e sudeste em posição pretônica é a
presença da vogal média fechada. Isto ocorre devido ao processo de neutralização existente no
português brasileiro nesta posição. Não há oposição distintiva entre as vogais médias fechadas
e abertas e, dessa forma, apenas as vogais médias fechadas ocorrem. Contudo, nesta posição,
é possível ocorrer a elevação ou o abaixamento destas vogais. A elevação das vogais médias
está relacionada ao processo de harmonia vocálica, como destaca Bisol (1981). As vogais
médias fechadas se tornam altas devido à vogal alta imediatamente seguinte, evidenciando o
processo de harmonia vocálica. Contudo, há outros contextos lingüísticos que também
favorecem a realização da vogal alta, como a posição inicial de palavra, a nasalidade e outros.
Assim, é possível relacionar a elevação das vogais médias fechadas também ao processo de
redução vocálica, pois a vogal alta ocorre em posição pretônica devido a vários fatores.
Com relação ao abaixamento das vogais médias, observa-se que este assunto não é
muito discutido, pois não ocorre com freqüência nas regiões sul e sudeste. Apenas Castro
(1991) mostra evidências de que a variação entre as vogais médias fechadas e abertas ocorre
na mesma proporção da variação entre a vogal média fechada e a vogal alta no dialeto de Juiz
de Fora, em determinados contextos. Os demais trabalhos preocupam-se mais com o
fenômeno da elevação das vogais médias fechadas. Este fato pode ser explicado pela própria
evolução histórica das vogais médias no português brasileiro. Foi visto, no capítulo 2, que a
46
variação entre a vogal média fechada e a vogal alta mostrava-se muito maior do que a
variação entre as vogais médias fechadas e abertas.
Outro ponto a ser considerado é que, além de acontecer a variação entre a vogal média
fechada, média aberta e vogal alta, verifica-se também a ocorrência de um timbre
intermediário entre [e] e [i], [o] e [u], e entre [e] e [E], [o] e [ç]. Este fato foi comprovado por
Callou e Leite (1986) para os dados analisados do dialeto do Rio de Janeiro. Esta afirmação
poderia sugerir que, para os outros dialetos das regiões sul e sudeste, haveria a possibilidade
de também ocorrer o timbre intermediário.
Por último, é importante destacar a questão da formalidade quanto à pronúncia das
palavras. Viegas (1987) afirma que a elevação do traço de altura é comum no estilo informal.
O alçamento não é próprio do estilo formal. Além disso, há a questão da freqüência do item
lexical. Segundo a autora, os itens mais freqüentes alçam mais. Esta característica também
precisa ser verificada em outros dialetos.
3.3 Falares das regiões norte e nordeste
Os trabalhos relativos aos falares das regiões norte e nordeste discutem, em sua
maioria, a característica essencial desses falares que é a maior realização de vogais médias
abertas em posição pretônica. Serão apresentados, a seguir, dois trabalhos, um sobre o dialeto
baiano e o outro sobre o paraense.
3.3.1 Silva (1989)
Silva (1989) estuda as vogais em posição pretônica no falar baiano. A autora estuda a
variação entre vogais altas, as vogais médias fechadas e as vogais médias abertas da série
anterior, /i, e, E/, e da série posterior, / u, o, ç/, na variedade culta.
Segundo a autora, neste dialeto, predominam as vogais médias baixas, como em
‘n[ç]vela’, exceto em dois contextos: antes de vogal média não nasal, como em ‘c[e]rveja’, e
antes de vogal alta, em que, na maioria dos casos, ocorrem vogais da mesma altura, como em
47
‘p[u]lícia’. No dialeto de Salvador é significativa a ocorrência de vogais altas, médias
fechadas e médias abertas em um mesmo contexto, ou seja, antes de vogal alta da sílaba
subseqüente, como em ‘n[i]c[i]ssita’, ‘n[e]c[e]ssita’, ‘n[E]c[E]ssita’.
Além disso, em todos os outros contextos, as vogais médias fechadas e as médias
abertas estão em distribuição complementar, exceto por alguns poucos casos, qualquer que
seja a amostra examinada.
3.3.2 Carvalho Nina (1991)
Carvalho Nina (1991) discute os aspectos fonético-fonológicos da variação na fala de
Belém/PA. A autora estuda a variação das vogais médias pretônicas sob o enfoque
sociolingüístico, para contribuir para um melhor conhecimento dos aspectos da realidade
lingüística brasileira.
Segundo a autora, o alçamento e o abaixamento das vogais médias pretônicas são
regras variáveis condicionadas por certos contextos estruturais, sendo a vogal da sílaba
seguinte o fator mais forte dessas regras, quando alta, no primeiro caso, e baixa no segundo.
Além disso, estas regras não constituem estigma social, já que estão presentes na fala de
informantes tanto de formação universitária como de informantes de formação de primeiro
grau.
Em seu estudo, Carvalho Nina afirma que os falantes alçam mais o /o/ do que o /e/,
enquanto não apresentem diferenças significativas de aplicação da regra de abaixamento entre
as respectivas vogais médias pretônicas.
Assim, tendo em vista os trabalhos apresentados sobre os falares das regiões norte e
nordeste, pode-se destacar que, no dialeto de Salvador, é freqüente a ocorrência da vogal
média fechada, da média aberta e da vogal alta antes de vogal alta em sílaba subseqüente.
Assim, observa-se que, neste dialeto, é possível encontrar a variação entre a vogal média
fechada e a vogal alta e entre a vogal média fechada e a média aberta, que também ocorre nos
dialetos das regiões sul e sudeste, porém em menor grau.
48
3.4 Conclusão
Os estudos acima sobre os dialetos do norte e do sul do português brasileiro mostram
que as vogais médias são segmentos bastante complexos e que devem ser analisados
observando os processos fonológicos e os fatores lingüísticos que influenciam a sua
realização.
Especificamente sobre o dialeto de Belo Horizonte, as pesquisas feitas apresentam
uma abordagem sociolingüística, considerando apenas a elevação da vogal média em posição
pretônica. Entretanto, verifica-se que o abaixamento também é recorrente neste dialeto e deve
ser estudado.
No próximo capítulo, com o objetivo de se compreender adequadamente as vogais
médias, será abordado o comportamento fonológico destas vogais em termos de traços
vocálicos para diferenciar, primeiramente, as vogais médias abertas das médias fechadas e,
depois, para mostrar as diferenças existentes entre as vogais médias fechadas e as vogais altas.
Será visto, posteriormente, que a classificação das vogais médias através dos traços
articulatórios distintivos é importante para estabelecer as restrições que constituirão a
hierarquia utilizada, em nossa análise, segundo a Teoria da Otimalidade, e para uma melhor
explicação da variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo
Horizonte.
CAPÍTULO QUATRO
CLASSIFICAÇÃO FONOLÓGICA DAS VOGAIS MÉDIAS
4.1 Introdução
A análise fonológica das vogais médias no português brasileiro pode ser feita
observando-se os traços distintivos que caracterizam estas vogais.
A identificação dos segmentos vocálicos das línguas constitui alvo de vários estudos,
que destacam aspectos gerais sob o sistema vocálico, como, por exemplo, estabelecer quantos
fonemas constituem um sistema lingüístico, e também se preocupam em propor uma
classificação para os segmentos vocálicos, numa proposta fonológica, estabelecendo os traços
que caracterizam estes sons.
Na literatura lingüística, é possível observar que os estudos feitos para classificar as
vogais conforme os traços distintivos ora partem de uma abordagem acústica, tomando como
referência o trabalho desenvolvido por Jakobson; Fant e Halle (1952), ora partem de uma
abordagem articulatória, seguindo mais diretamente a proposta apresentada por Chomsky e
Halle (1968).
Outro aspecto a ser considerado com relação às classificações apresentadas para as
vogais é que algumas discutem o sistema vocálico próprio do português de Portugal e outras
que descrevem o sistema vocálico do português brasileiro. A diferença principal entre estes
dois sistemas vocálicos é a presença do fonema /å/, característico do português de Portugal.
Para Morais-Barbosa (1965), /å/ é visto como fonema porque apresenta uma oposição
distintiva com /a/. Contudo, a análise feita por Head (1964) sobre a presença de vogais nasais
na forma subjacente descarta a necessidade de se considerar o contraste fonêmico entre /å/ e
/a/.
Especificamente sobre a classificação das vogais no português brasileiro, é possível
destacar os estudos feitos por Mattoso Câmara (1970), Leite (1974), Redenbarger (1977),
Lopez (1979) e Wetzels (1992).
A seguir, serão apresentadas as classificações referentes às vogais do português
brasileiro, separadas em quatro seções: a) a análise apresentada por Mattoso Câmara,
50
considerada como padrão para os estudos da fonêmica brasileira; b) as análises que tomam
por base os traços distintivos articulatórios; c) a análise segundo a teoria da Geometria de
Traços, que utiliza o traço gradual [aberto]; e, por último, d) a análise de traços com base na
Teoria da Otimalidade.
A preocupação principal ao estudar os traços distintivos vocálicos é descrever e
caracterizar as vogais médias no português brasileiro. Assim, será possível usar os traços
distintivos junto à análise da variação lingüística com base na Teoria da Otimalidade.
4.2 Mattoso Câmara (1970)
Mattoso Câmara foi o primeiro lingüista a desenvolver de uma maneira mais completa
a análise fonológica do português brasileiro. A análise apresentada pelo autor a partir de 1953
é considerada como referência para os trabalhos que tratam da classificação das vogais.
A análise vocálica feita por Mattoso Câmara toma por referência o comportamento das
vogais com relação ao acento. Segundo o autor, “a presença do que se chama ‘acento’, ou
particular força expiatória (intensidade), associada secundariamente a uma ligeira elevação da
voz (tom), é que constitui a posição ótima para caracterizar as vogais do português”.
(MATTOSO CÂMARA, 1970, p. 40).
O sistema vocálico proposto pelo autor é o sistema vocálico triangular de Troubetzkoy
(1970), isto é, a vogal /a/ constitui o vértice mais baixo de um triângulo de baixo para cima;
de um lado, estão as vogais anteriores e de outro as vogais posteriores. A disposição dos
fonemas no triângulo vocálico, tanto de vogais anteriores quanto de vogais posteriores segue
uma elevação gradual. Há, ainda, o acompanhamento de um arredondamento gradual dos
lábios nas vogais posteriores.
O autor também segue três parâmetros articulatórios importantes para a classificação
dos fonemas vocálicos: a) o grau de anteriorização/posteriorização, isto é, se o som é
realizado na parte anterior, central ou posterior da boca; b) o grau de altura em que é possível
classificar as vogais como altas, médias ou baixas; c) o grau de arredondamento dos lábios.
Estes três parâmetros definem e classificam as vogais.
Com relação às vogais médias, Mattoso Câmara as subdivide em dois grupos,
conforme o grau de altura necessário para a produção destes sons. O primeiro grupo é o das
vogais médias de 1º grau, ou seja, vogais realizadas com uma abertura maior da boca, /E/ e /ç/.
51
Estas vogais também recebem outras denominações como, por exemplo, meio-abertas, médias
abertas. O segundo grupo é o das vogais médias de 2º grau, isto é, vogais que são realizadas
com um fechamento maior da boca, /e/ e /o/. Também, podem ser nomeadas meio-fechadas
ou médias fechadas.
A partir destes parâmetros, o autor estabelece que para o português “há 7 vogais
(partindo-se da posição tônica), que se reduzem a 5 diante de consoante nasal na sílaba
seguinte.” (MATTOSO CÂMARA, 1970, p. 43). Abaixo, na FIG. 5, é apresentado o triângulo
vocálico do português.
Partindo-se da posição tônica:
Altas /u/ /i/
Médias /o/ /e/ (2º grau)
Médias /ç/ /E/ (1º grau)
Baixa /a/
/posteriores/ /central/ /anteriores/
Diante de consoante nasal na sílaba seguinte:
Altas /u/ /i/
Médias /o/ /e/
Baixa /a/
[â]
/posteriores/ /central/ /anteriores/
FIGURA 5 - Triângulo vocálico do português
Fonte: MATTOSO CÂMARA, 1970, p. 43.
Diante de uma consoante nasal na sílaba seguinte, são eliminadas as vogais médias de
1º grau no português brasileiro. Quanto à variante posicional [â], o autor faz referência a este
segmento porque faz parte do inventário fonético do português europeu, representando um
som levemente posterior e abafado diante de consoante nasal da sílaba seguinte.
No que diz respeito à classificação das vogais em posição átona, o autor afirma que a
característica essencial desta posição é a redução do número de fonemas, isto é, mais de uma
oposição desaparece e, ao invés de dois fonemas, fica um para cada oposição.
52
Deste modo, Mattoso Câmara considera três sistemas triangulares de classificação do
sistema vocálico do português em posição átona: um para a posição pretônica, outro para a
posição postônica não final, e um terceiro para a posição postônica final ou átona final.
Os fonemas vocálicos que constituem o sistema do português, partindo-se da posição
pretônica, são os seguintes.
Posição pretônica
altas /u/ /i/
médias /o/ /e/
baixa /a/
/posteriores/ /central/ /anteriores/
FIGURA 6 - Fonemas vocálicos do sistema do português, partindo-se da posição pretônica
Fonte: MATTOSO CÂMARA, 1970, p. 44.
Na FIG. 6, observa-se que as vogais médias de 1º grau são suprimidas, isto é, há uma
neutralização das vogais médias em posição pretônica, com favorecimento das vogais médias
de 2º grau, /e/ e /o/. Como a abordagem proposta por Mattoso Câmara é fonêmica, não são
apresentados os casos de variação das vogais médias nesta posição. Atualmente, no português
brasileiro, há vários casos relacionados a esta variação que não podem ser descartados em um
estudo que toma como referência a produção das vogais médias em posição pretônica.
Com relação às demais classificações para a posição átona, também ocorre uma
redução do número de fonemas.
Postônica não-final
altas /u/ /i/
média /.../ /e/
baixa /a/
/posterior/ /central/ /anteriores/
FIGURA 7 – Sistema vocálico do português em posição postônica não-final
Fonte: MATTOSO CÂMARA, 1970, p. 44.
53
Na FIG. 7, há a neutralização de vogais médias, com benefício para aquelas de 2º grau,
/e/ e /o/. Além desta neutralização, também, ocorre a neutralização entre /o/ e /u/, como por
exemplo, na palavra ‘fósforo’, em que o fonema postônico é /u/ e não /o/. Também, conforme
o dialeto, esta palavra pode ser realizada como ‘fósf[o]ro’.
Quanto à posição átona final, diante ou não de /s/ no mesmo vocábulo, a neutralização
de fonemas vocálicos é maior; há a neutralização entre /o/ e /u/ e entre /e/ e /i/. A FIG. 8
abaixo mostra que apenas três fonemas vocálicos são necessários.
Posição átona final
altas /u/ /i/
baixa /a/
/posterior/ /central/ /anterior/
FIGURA 8 - Sistema vocálico do português em posição postônica átona final
Fonte: MATTOSO CÂMARA, 1970, p. 44.
Então, a análise feita por Mattoso Câmara sobre as vogais do português brasileiro
revela a relação existente das vogais com referência à posição acentuada ou não na palavra.
Mostra também que em função desta relação pode haver uma redução do número de fonemas,
isto é, de 7 fonemas em posição tônica para 5 diante de consoante nasal na sílaba seguinte e
em posição pretônica, para 4 em posição átona não final e para 3 em posição átona final.
Outro ponto a ser destacado é que o autor faz uma análise fonêmica das vogais do
português brasileiro. Com relação às vogais médias, é possível constatar dois tipos: as vogais
médias de 1º grau, /E, ç/ e as vogais médias de 2º grau, /e, o/. Assim, o que diferencia estes
dois grupos de vogais médias é o grau de altura.
Observa-se também que Mattoso Câmara não considera de modo mais detalhado os
casos de variação relacionados às vogais médias em posição pretônica, como, por exemplo,
‘p[e]teca’ ~ ‘p[E]teca’. Atualmente, é possível identificar grupos de palavras, que possuem a
vogal média nesta posição, pronunciadas com o timbre fechado, com o timbre aberto ou como
vogal alta. Isto quer dizer que a variação é inerente à língua e que precisa ser estudada
conforme uma teoria lingüística.
54
4.3 Traços distintivos articulatórios com base em Chomsky e Halle (1968)
Alguns trabalhos sobre a classificação das vogais por meio de traços distintivos
articulatórios tomam por referência o estudo feito por Chomsky e Halle (1968), no livro “The
Sound Pattern of English”, mais conhecido como SPE. Estes autores propuseram um conjunto
de traços universais que representam, em geral, as capacidades humanas e que podem
descrever todas as línguas, organizando e selecionando os traços que compõem cada sistema
lingüístico. Estes traços são considerados binários porque admitem apenas duas
especificações: positiva, “+”, e negativa, “-”.
No modelo SPE, a classificação por traços distintivos é de base articulatória,
contrariamente ao sistema proposto por Jakobson; Fant e Halle (1952), que usam a análise
acústica com base em espectrogramas.
Os traços apresentados por Chomsky e Halle essenciais para a classificação dos
segmentos vocálicos são cinco:
a) [alto] – som produzido com elevação do corpo da língua acima da posição neutra;
b) [recuado] – som produzido com um recuo do corpo da língua;
c) [baixo] – som produzido com um abaixamento do corpo da língua em relação à
posição neutra;
d) [arredondado] – som produzido com um estreitamento labial;
e) [tenso] – som produzido por movimentos articulatórios distintos e bem definidos,
que envolvem um maior esforço muscular.
Na classificação acima, observa-se que alguns traços são definidos conforme a posição
neutra. Esta posição reflete a configuração que a língua recebe estando em posição de
repouso, isto é, quando não há articulação de sons. Sobre a especificação positiva ou negativa
dos traços, alguns como os traços [alto] e [baixo] não podem ambos receber a especificação
positiva ao mesmo tempo. Com relação ao traço [tenso], será visto mais adiante que este traço
é motivo de discussão quanto à classificação de segmentos vocálicos do português,
principalmente quanto à classificação das vogais médias.
Segundo Delgado Martins (1988), “a matriz fonológica do português é construída
pela seleção e sistematização dos segmentos necessários e suficientes para representar o nível
fonológico dessa língua” (DELGADO MARTINS, 1988, p. 114). Assim, os segmentos são
55
estabelecidos por subconjuntos de traços distintivos, que são selecionados dentre um conjunto
maior de traços fonéticos, os traços universais.
Para uma classificação dos segmentos vocálicos do português, considerando que esta
língua possui sete fonemas vocálicos, /i, e, E, a, ç, o, u/, pode-se estabelecer a seguinte matriz
fonológica, segundo o modelo de traços distintivos articulatórios. (QUADRO 2)
QUADRO 2
Matriz fonológica do português, segundo o modelo de traços articulatórios de Chomsky e
Halle (1968)
Alto Recuado Baixo Arredondado Tenso
i + - - - +
e - - - - +
E
- - - - -
a - - + - -
ç
- + - + -
o - + - + +
u + + - + +
Observando os traços que caracterizam as vogais médias anteriores, /e/ e /E/, verifica-
se que apenas o traço [tenso] diferencia estes dois sons; as demais especificações são
idênticas. O segmento /e/ é classificado como [+tenso] e o segmento /E/ como [-tenso]. As
vogais médias posteriores, /o/ e /
ç/, também se diferenciam uma da outra através do traço
[tenso]: /o/ é [+tenso] e /ç/ é [-tenso]. Assim, observa-se que, com a caracterização das vogais
médias, é possível diferenciar as vogais médias abertas das médias fechadas pelo traço
[tenso].
A partir desta teoria, apresentada por Chomsky e Halle, vários autores tentaram dar às
classificações tradicionais dos sistemas vocálicos uma forma mais simples e econômica de
classificação. Sobre o sistema vocálico do português brasileiro, alguns estudos surgiram com
base nesta teoria, como os de Leite (1974), Redenbarger (1977) e Lopez (1979).
56
4.3.1 Leite (1974)
Leite (1974) apresenta uma matriz com três graus de altura. Há dois grupos maiores
subdivididos pelo traço [posterior]: /i, e, E/ são vogais que possuem o traço [-posterior], as
demais vogais /u, o, ç, a/ são vogais especificadas pelo traço [+posterior]. Com relação ao
grupo de vogais caracterizadas com o traço [+posterior], é necessário que se faça ainda uma
outra subdivisão para separar a vogal /a/ das demais vogais. A vogal /a/ é especificada com o
traço [-arredondado].
A matriz fonológica que representa o sistema vocálico do português brasileiro,
segundo a autora, é apresentada no QUADRO 3.
QUADRO 3
Matriz fonológica do português, segundo Leite (1974)
-posterior +posterior
-arredondado -arredondado +arredondado
+alto, -baixo i u
-alto, -baixo e o
-alto, +baixo
E
a
ç
A diferença desta matriz com relação aos traços que especificam as vogais, destacados
por Chomsky e Halle, é que o traço [tenso] foi suprimido. Também, nesta matriz, o traço
[posterior] corresponde ao traço [recuado].
Com relação às vogais médias, observa-se que estes sons diferenciam-se pelos traços
[alto] e [baixo]. As vogais médias /e/ e /o/ são [-alto, -baixo], enquanto que as vogais médias
/E/ e /ç/ são [-alto, +baixo]. Outro aspecto que se destaca nesta matriz é que a vogal /a/
também é especificada como [-alto, +baixo], ficando, pois, nestes termos, igual a /E/. A
diferença entre os sons /E, a, ç/ é estabelecida por traços específicos de cada vogal: /E/ é
[-posterior], /a/ é [+posterior] e /ç/ é [+arredondado].
57
4.3.2 Lopez (1979)
Lopez (1979) também utiliza o sistema de traços distintivos articulatórios para
classificar as vogais do português. Para a autora, é necessária a inclusão do traço [elevado]
para se fazer a distinção de dois graus de vogais médias. Esta matriz apresenta uma
classificação com quatro graus de altura, incorporando os parâmetros alto-baixo e anterior-
posterior, usados pelos sistemas tradicionais de classificação de segmentos vocálicos.
Também, nesta matriz, há o traço [arredondado], no qual a autora reconhece um terceiro
parâmetro de análise de vogais. No QUADRO 4 abaixo está a matriz fonológica apresentada
por Lopez (1979).
QUADRO 4
Matriz fonológica do português, conforme Lopez (1979, p. 50)
-posterior +posterior
-arredondado -arredondado +arredondado
+alto, -baixo, +elevado i u
-alto, -baixo, +elevado e o
-alto, -baixo, -elevado
E
ç
-alto, +baixo, -elevado a
Com a inclusão do traço [elevado], a vogal baixa /a/ é classificada um grau abaixo que
as vogais médias abertas, /
E/ e /ç/, contrariamente à matriz apresentada por Leite (1974).
4.3.3 Redenbarger (1977)
Redenbarger
6
(1977, citado por MAGALHÃES, 1990) apresenta uma matriz com três
graus de altura. Algumas alterações são apresentadas contrariamente ao modelo de Chomsky
e Halle (1968). Redenbarger substitui o traço [baixo] pelo traço [constrição faringal]
(doravante CF). Este traço representa um estreitamento da parte mais baixa da faringe, quando
esta passa à posição neutra na região da raiz da língua. Esta substituição se faz necessária,
6
REDENBARGER, Wayne. Lusitanian Portuguese [å] as an advanced tongue root and constricted pharynx
vowel. Studies in Romance Linguistics, ed. by HAGIWARA, Peter, Rowley, Massachusetts: Newbury House,
1977. p. 26-36
58
segundo o autor, para estabelecer uma distinção de altura entre as vogais /a/ e /å/, por um
lado, e as vogais médias por outro. Outro traço incluído nesta matriz é o traço [ATR], do
inglês “advanced tongue root” (raiz avançada da língua), cuja função principal é diferenciar as
vogais médias. O traço [ATR] marca o avanço da raiz da língua na produção das vogais altas
como /i/ e /u/, e das vogais médias fechadas, como /e/ e /o/, principalmente. A vogal /
å/,
também, é um segmento considerado [+ATR]. Este traço equivale ao traço [tenso] da matriz
de Chomsky e Halle. Abaixo, no QUADRO 5, a matriz proposta por Redenbarger é
apresentada.
QUADRO 5
Matriz fonológica do português, segundo Redenbarger (1977)
-arredondado +arredondado
+alto, -CF, +ATR i u
+alto, -CF, -ATR
´
-alto, -CF, +ATR e o
-alto, -CF, -ATR
E
ç
-alto, +CF, +ATR
å
-alto, +CF, -ATR a
Esta matriz substitui os traços tradicionais na classificação de segmentos vocálicos
como os traços [baixo] e [recuado], o que torna esta matriz com traços específicos e, por isto,
com vários graus de distinção das vogais.
Observa-se, também, nesta matriz, que o traço [ATR] é fundamental para a diferença
que se estabelece tanto para as vogais médias anteriores quanto para as vogais médias
posteriores. As vogais médias /e/ e /o/ são [+ATR] e as vogais /E/ e /ç/ são [-ATR].
Especificamente sobre o português brasileiro, o traço [ATR] se mostra importante na
análise feita por Magalhães (1990) e Petrucci (1992) sobre as alternâncias vocálicas desta
língua.
Magalhães (1990) analisa dois fenômenos do sistema vocálico do português brasileiro:
a nasalização e a harmonia vocálica presentes nas conjugações verbais e em nomes
(substantivos e adjetivos). Para isto, recorre à Teoria do Charme e do Governo, nos termos
propostos por Kaye; Lowenstamm e Vergnaud (1985), em que a unidade primária da
constituição de um segmento é o elemento.
Segundo o autor, “a interpretação dos fenômenos de harmonia vocálica em português é
completamente dependente da classificação das vogais médias”. (MAGALHÃES, 1990, p.
59
230). É necessária uma reflexão mais profunda sobre a natureza de cada segmento. O autor
observa que as vogais médias, no português, podem ser analisadas sob diversos aspectos: a)
oposição em sílaba tônica, como, por exemplo, em ‘c[o]rte’ e ‘c[ç]rte’; b) realização antes de
consoante nasal, como em ‘bomba’ e ‘pente’; c) alternância na conjugação verbal, como, por
exemplo, em ‘m[o]vo’ e ‘m[
ç]ve’; d) alternância, em alguns contextos, nos substantivos e nos
adjetivos, como em ‘n[o]vo’ e ‘n[
ç]va’.
Tendo em vista os dados analisados, Magalhães conclui que “o sistema vocálico do
português tem, na estrutura subjacente, sete vogais: /i/, /e/, /E/, /a/, /ç/, /o/, /u/, mas que, no
interior do paradigma verbal, este sistema se reduz a cinco vogais: /i/, /E/, /a/, /ç/, /u/”.
(MAGALHÃES, 1990, p. 234).
Na tentativa de propor que nos nomes haveria cinco vogais em estrutura subjacente,
Magalhães faz diversas análises, dentre elas: a) a última vogal do radical nos nomes é [-ATR],
/E/ e /ç/, na estrutura subjacente; b) a vogal da flexão de gênero propaga seus elementos sobre
a vogal do radical nas formas de masculino singular, mas nas formas de feminino singular não
há propagação porque a vogal final já é [-ATR], /a/, e, no plural, a sílaba se torna pesada,
impedindo a propagação, como, por exemplo, em ‘n[o]v[u]’, ‘n[ç]v[a]’, ‘n[ç]v[u]s’ e
‘n[ç]v[a]s’.
Especificamente sobre a harmonia vocálica, Magalhães afirma que este processo não é
regular nos nomes porque: a) somente o [u] masculino provoca harmonia; b) alguns radicais
[-ATR] não permitem a harmonia porque têm um /ç/ “estável” (como ‘morfe’ e seus
derivados); c) somente as vogais arredondadas estão sujeitas à harmonia; d) alguns radicais
[+ATR], como ‘esp[o]so’, que possui /o/ “estável” na estrutura subjacente, não aceitam
qualquer processo de harmonia.
Assim, em sua análise, Magalhães trabalha com casos de alternância de vogais médias
em posição tônica: a vogal tônica do radical é aberta e vai ter sua qualidade alterada ou não,
dependendo da vogal final (flexão de gênero ou vogal terminal), que pode ser especificada
como [-ATR] ou [+ATR], ou do peso silábico. Há casos em que o timbre permanece fechado
no plural, assim como no feminino singular por informação lexical. Para explicar esta
alternância, o autor busca explicações de base morfofonológica, mas não consegue uma
explicação satisfatória, uma vez que muitas exceções são apresentadas.
Outro autor que faz referência ao traço [ATR] na análise de alternâncias vocálicas no
português brasileiro é Petrucci (1992). O autor faz, também, a distinção entre as vogais
médias através do traço [ATR], seguindo um modelo auto-segmental. O autor propõe que os
60
casos de alternâncias que afetam as vogais médias /E/ e /ç/ no paradigma de presente do
indicativo dos verbos regulares no português brasileiro são mais bem tratados como uma
estabilidade de [ATR] e de [alto].
Petrucci segue o modelo teórico da Geometria de Traços para analisar as formas
verbais do presente do indicativo no português brasileiro. O autor observa a alternância de
vogais médias neste contexto. Segundo o autor, o traço [ATR] é responsável pela estabilidade
das formas verbais do português que contêm vogal média, como nas formas ‘movo’ e ‘firo’. O
traço [ATR] manifesta-se devido à estrutura subjacente destas formas verbais. Por isto, a
presença de [o] e [i] que são vogais [+ATR], ‘m[o]vo’ e ‘f[i]ro’.
Assim, observa-se que o traço [ATR] é importante para a distinção das vogais médias
no português brasileiro. É necessário, pois, analisar os dados correspondentes ao dialeto de
Belo Horizonte para verificar a relação existente entre as vogais médias e o traço [ATR] de
modo mais aprofundado.
4.4 Traço gradual [aberto]
Outra forma de especificar por traços as vogais médias é a abordagem apresentada
pelo modelo teórico da Geometria de Traços (doravante GT). Este modelo propõe uma nova
abordagem para a organização dos traços que compõem o som. A organização é hierárquica,
atendendo a um modelo auto-segmental
7
. É um modelo fonológico que toma por base
critérios fonéticos (acústicos e articulatórios) para compor uma estrutura de traços que
compõem um som. Os traços são agrupados em classes e funcionam regularmente como uma
unidade nas regras fonológicas. A organização hierárquica dos traços se faz através de nós. O
nó raiz é a base da estrutura dos traços. Os nós intermediários são chamados nós de classe,
como abertura, vocálico, ponto-V. E os nós terminais são os valores dos traços. Na FIG. 9 é
apresentada a estrutura hierárquica de traços, conforme Clements e Hume (1995).
7
Na fonologia auto-segmental, os traços formam camadas independentes. Assim, um segmento é constituído por
várias camadas que funcionam de modo independente e como uma unidade nas regras fonológicas. Também, não
há uma relação bijectiva, de um-para-um, entre o segmento e o conjunto de traços que o caracteriza. Assim, em
conseqüência, os traços podem propagar-se além ou aquém de um segmento e o apagamento de um segmento
não implica, necessariamente, no desaparecimento de todos os traços que o compõem. Outro aspecto importante
no modelo auto-segmental é que o segmento apresenta uma estrutura interna, há uma hierarquia entre os traços
que constituem determinado segmento da língua.
61
FIGURA 9 - Estrutura hierárquica dos traços
Fonte: CLEMENTS; HUME, 1995, p. 292.
Nesta estrutura, há três tipos de traços: a) traços binários com especificação positiva
ou negativa, como, por exemplo, os traços de sonoridade que caracterizam o nó de raiz:
[+soante], [+aproximante] e [+vocóide]; b) traços monovalentes, isto é, apenas permitem uma
única especificação, a representação em termos de presença, como o traço [nasal], por
exemplo; c) traços graduais, isto é, permitem várias especificações conforme a língua, como,
por exemplo, o traço [aberto].
Na FIG. 9, observa-se que os segmentos vocálicos podem ser classificados pelo Ponto-
V, que especifica os sons vocálicos a partir dos traços [labial], [coronal] e [dorsal], suficientes
para fazer a distinção da articulação das vogais, substituindo os tradicionais traços [recuado] e
[posterior]. Com relação ao traço [aberto], este é dominado pelo nó de abertura e é capaz de
subdividir-se em graus diferenciados para representar as alturas vocálicas de uma língua
específica.
Para que os traços funcionem como uma unidade nas regras fonológicas, é importante
realçar que há representações multiniveladas em que os traços individuais e os grupos de
62
traços são assinalados em camadas separadas. Assim, as regras devem afetar os traços de uma
camada sem afetar os de outra. Por exemplo, no português brasileiro, a harmonia vocálica é
uma regra de assimilação que envolve apenas o traço [aberto] do nó de abertura, característico
de sons vocálicos.
Especificamente sobre a análise de fenômenos fonológicos por meio de traços no
português brasileiro, Wetzels usa o traço [aberto] para distinguir as vogais médias fechadas
das médias abertas.
4.4.1 Wetzels (1992)
Segundo Wetzels (1992), as vogais médias, no português brasileiro, contrastam entre
si, em termos de abertura, somente em posição tônica. Conforme a língua haverá um sistema
de três, quatro, cinco ou mais alturas vocálicas.
Segundo Wetzels, as vogais médias fechadas do português brasileiro são especificadas
pelo traço [aberto2] enquanto que as vogais médias abertas pelo traço [aberto3], como mostra
o QUADRO 6 abaixo.
QUADRO 6
Graus de abertura do português brasileiro, conforme Wetzels (1992, p. 22)
Abertura i/u e/o
E/ç
a
aberto1 - - - +
aberto2 - + + +
aberto3 - - + +
É importante observar ainda que, como o traço [aberto] é um traço gradual, não é
necessária uma especificação de vários traços para distinguir os sons do português como foi
visto com relação às análises que tomam por referência os traços articulatórios distintivos.
Neste caso, um único traço é capaz de fazer a distinção das vogais no português brasileiro.
63
4.5 Traços vocálicos segundo a Teoria de Classes dos Traços e a Teoria de Traços de Altura
Os traços vocálicos discutidos pela Teoria de Classes de Traços e pela Teoria de
Traços de Altura tomam por referência o modelo teórico da Teoria da Otimalidade. De modo
geral, estes modelos buscam identificar os traços característicos das vogais. Especificamente,
sobre as vogais médias, o traço [ATR] diferencia as vogais médias fechadas das vogais
médias abertas.
4.5.1 Padgett (1995)
Padgett (1995) apresenta um modelo teórico que toma por base a Teoria da Geometria
de Traços e alguns aspectos da Teoria da Otimalidade para buscar uma explicação mais
plausível sobre os traços vocálicos responsáveis pela harmonia vocálica.
O modelo da Teoria de Classes de Traços (doravante FCT) apresenta uma versão
reformulada da Geometria de Traços. A principal modificação é a supressão dos nós de
classe, como os nós labial, coronal, dorsal e faringal. Sob esta perspectiva é possível
estabelecer um grupo de traços sem um nó de classe que os ordene.
Com relação à Teoria da Otimalidade, algumas noções como o ranqueamento de
restrições e a violabilidade são aproveitadas. Desta forma, as restrições podem estabelecer
quais traços seriam afetados conforme o fenômeno lingüístico. No caso de harmonia vocálica,
pode-se postular que há espraiamento de traços parciais. Com esta perspectiva, pode-se
estabelecer a violabilidade gradiente, ou seja, haverá graus diferenciados com relação à
difusão de traços.
Padgett critica o modelo da Geometria de Traços, afirmando que este modelo teórico
permanece indeterminado em vários aspectos, tais como não indicar a posição dos traços de
[ATR], outros traços incluídos pelo nó Faríngeo, e vários traços de modo. A Geometria de
Traços também assume os tradicionais traços vocálicos de lugar: [alto], [baixo], etc.
O modelo da FCT apresenta o traço [ATR] que, como foi visto, é importante para
identificar uma caracterização mais satisfatória das vogais médias.
Além disso, a FCT permite a noção de violabilidade gradiente. Assim, pode-se afirmar
que os casos de alternância de vogais médias poderiam ser mais bem explicados de modo
64
parcial, mostrando que, para cada caso, há um comportamento das vogais médias nesta
posição.
A estrutura de traços da FCT é representada na FIG. 10 abaixo.
FIGURA 10 - Representação básica da estrutura de traços da FCT
Fonte: PADGETT, 1995, p. 400.
A hierarquia apresentada acima está relacionada às verdadeiras dependências de
traços, isto é, as dependências entre os traços que carregam o real conteúdo fonético, e mostra
a configuração geral da hierarquia. O traço [ATR] é mostrado na representação específica dos
fenômenos relacionados às vogais médias.
Na FCT, as restrições podem mencionar as classes de traços, mas elas tomam como
alvo os traços individuais relevantes.
4.5.2 Casali (1996)
Casali (1996) propõe uma teoria de traços de altura que difere das abordagens
tradicionais baseadas nos traços [alto], [baixo] e [ATR]. A teoria proposta pelo autor tem dois
aspectos fundamentais: a) os traços de altura vocálica são definidos exclusivamente em
termos de suas propriedades auditivas e acústicas e b) a composição do traço de altura,
determinada via princípios explícitos em que ela ocorre.
65
Segundo o autor, a abordagem mais comum para caracterizar as alturas vocálicas é
aquela que faz uso de três traços [alto], [baixo] e [ATR]. O traço [alto] é quase sempre
tomado como binário, enquanto que os traços [baixo] e [ATR] são algumas vezes assumidos
como monovalentes. Como [ATR] é tomado como um traço monovalente, outro traço,
[RTR],
8
é geralmente assumido, para explicar as línguas que contêm as vogais [-ATR]
fonologicamente ativas.
A classificação em termos auditivos e acústicos mostra que, para algumas restrições
posicionadas mais abaixo na hierarquia, pode ser dada uma função mais apropriada se elas se
referem a propriedades auditivas do que a propriedades articulatórias de alturas vocálicas. O
autor também afirma que a conexão estreita entre a preservação de [-alto] e a preservação de
[-ATR] sob a coalescência de altura parece ser mais bem compreendida se os traços são vistos
como uma preferência para níveis de altura mais baixos.
4.6 Conclusão
Portanto, o estudo das vogais médias a partir dos traços articulatórios distintivos é
importante e se faz necessário para compreender as diferenças existentes entre estas vogais.
Dentre os traços que poderiam ser mais bem empregados para a classificação e distinção das
vogais médias estão os traços [alto] e [ATR], e o traço [aberto].
Especificamente no português brasileiro, estudos como os de Magalhães (1990) e de
Petrucci (1992) abordam o traço [ATR] quanto à classificação das vogais médias. Este traço
associado ao traço [alto] distingue satisfatoriamente as vogais médias fechadas como [-alto,
+ATR], das vogais médias abertas, classificadas como [-alto, -ATR]. Alem de diferenciar
também as vogais médias das vogais altas, [+alto, +ATR]. Esta classificação por meio dos
traços [alto] e [ATR] será importante quanto à análise da variação das vogais médias em
posição pretônica nos nomes conforme a Teoria da Otimalidade.
Além dos traços [alto] e [ATR], o traço [aberto] também parece ser uma boa
alternativa de análise das vogais médias no português porque apenas este traço é necessário
para uma distinção entre as vogais médias e a vogal alta.
8
O traço [RTR], do inglês ‘retracted tongue root’ (raiz retraída da língua), marca o recuo da raiz da língua na
produção de segmentos vocálicos.
66
Assim, a análise das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de
Belo Horizonte tomará como referência os traços [alto] e [ATR], por um lado, e o traço
[aberto], por outro lado, para a classificação e distinção fonológica destas vogais. Este
procedimento é necessário na medida em que as restrições para a explicação da variação entre
estas vogais com base na Teoria da Otimalidade envolvem a especificação de traços.
Será visto posteriormente, no capítulo 8, que as restrições de identidade precisam
apontar os traços vocálicos que mostram a fidelidade das formas do output com relação às
formas do input. As restrições de marcação AGREE apresentam a concordância entre as
posições tônica e pretônica estabelecida através dos traços.
A seguir, serão apresentados os preceitos teóricos da Teoria da Otimalidade e como a
variação lingüística é tratada neste modelo.
CAPÍTULO CINCO
TEORIA DA OTIMALIDADE E VARIAÇÃO LINGÜÍSTICA
5.1 Introdução
A Teoria da Otimalidade (doravante OT) é o modelo teórico que pode apresentar uma
explicação mais adequada sobre a variação das vogais médias em posição pretônica, já que é
uma teoria que analisa as formas de superfície e permite a presença de restrições que podem
ser violadas.
Outros modelos teóricos como o Estruturalismo, por exemplo, não consideravam a
variação como um aspecto essencial do objeto de estudo da lingüística. Já o Gerativismo
tratava a variação como algo à parte da competência do falante e a considerava como um
“erro” quanto ao desempenho do mesmo.
Atualmente, há várias pesquisas sendo feitas, conforme a OT, na tentativa de explicar
melhor os casos relacionados à variação. As alternativas de análise propostas partem de uma
abordagem não clássica da teoria porque vão de encontro a um de seus pilares que é a
dominação estrita, ou seja, deve haver apenas uma única hierarquia de restrições
estabelecendo somente um único candidato ótimo. Ora, quando ocorre a variação, há mais de
um candidato escolhido como ótimo. Desta forma, para explicar a variação lingüística em
uma determinada língua específica é necessário rever ou reformular esta noção de dominação
estrita apresentada pela OT padrão.
Para que seja discutido o tratamento dado à variação lingüística dentro do modelo
teórico OT, faz-se necessário apresentar neste capítulo os preceitos básicos da teoria e as
alternativas de análise da variação. Além disso, serão discutidos alguns aspectos relevantes
para o estudo da variação lingüística, como a noção de input e a otimização lexical.
Antes, porém, será apresentado o tratamento dado à variação em outros modelos
teóricos a fim de se explicitar a importância do estudo dos fatores internos da variação.
68
5.2 Variação lingüística
O termo variação é bastante discutido na literatura lingüística. Algumas definições
sobre este termo pretendem enfatizar a questão social, outras focalizam a possibilidade de a
mesma palavra ser pronunciada por vários falantes de modo diferenciado. Inclusive, o mesmo
falante, dependendo do uso que o mesmo faz da palavra ou do estilo empregado, varia a
pronúncia da palavra.
Segundo Trask (1996), a variação consiste em qualquer dos vários fenômenos que
envolvem a pronúncia de uma forma lingüística. Os indivíduos podem exibir variação livre
em formas específicas e podem também mostrar pronúncias variáveis relacionadas à
velocidade ou ao estilo. As comunidades de fala podem exibir variação relacionada a fatores
como sexo, idade ou classe social. Em 2004, o mesmo autor define variação como a
existência de diferenças perceptíveis no modo como uma língua é usada em uma comunidade
de fala. Segundo o autor, uma mesma língua não é usada de modo sempre homogêneo dentro
de uma mesma comunidade. Além disso, o fenômeno da variação é parte importante do
comportamento lingüístico de todos os dias.
Para Crystal (1997), a variação é um termo alternativo para variante lingüística. É um
termo usado em lingüística com relação a uma forma da língua que pertence a um conjunto de
alternativas de um dado contexto. A escolha das variantes pode estar sujeita a restrições de
contexto quando se trata de variantes condicionadas ou não depender de quaisquer condições
quando se refere a variantes livres.
Dubois et al. (1998) afirmam que a variação é o fenômeno em que, na prática corrente,
uma determinada língua nunca é idêntica, em época, lugar e grupo social definidos, ao que ela
se apresenta em outra época, lugar e grupo social.
Conforme Mattoso Câmara (2002), a variação pode ser vista como uma conseqüência
da propriedade da linguagem de não ser semelhante em suas formas por meio da
multiplicidade do discurso. Segundo o autor, a variação pode ser livre ou estilística. A
variação é considerada livre devido à própria impossibilidade de se repetir uma forma sempre
exatamente do mesmo modo e de se não conseguir uma identificação absoluta da realização
entre todos os falantes de uma mesma língua. A variação estilística acontece quando há uma
intenção de apelo e de manifestação psíquica.
Anttila (2002) define a variação como uma relação especial entre forma e significado.
O autor afirma que a relação ideal entre forma e significado nas línguas naturais é de um para
69
um e que este é um princípio o qual as línguas esforçam-se para satisfazer. Entretanto, quando
a variação ocorre, tem-se a relação de um significado que corresponde a várias formas.
Segundo o autor, para o estudo da variação, é necessário estar atento a alguns pontos
importantes: a) o lugar da variação, b) os graus da variação, c) a marcação, d) as formas de
superfície, e) os fatores externos e f) a mudança lingüística.
Vê-se, então, que os autores acima citados se preocupam em definir variação
estabelecendo possíveis fatores que podem motivá-la, como velocidade de fala, estilo, sexo,
idade, classe social, época, lugar e outros. Além disso, identificam tipos de variação, como a
variação livre e a estilística.
Entretanto, apesar de existir a preocupação em definir adequadamente o termo
variação, este fenômeno nem sempre foi considerado objeto essencial de estudo da lingüística,
principalmente pelas duas principais correntes lingüísticas, o Estruturalismo e o Gerativismo.
Saussure (2002) afirma que o fenômeno da alternância tem um caráter universal e que
é possível discernir em que condições, principalmente fonéticas, se produzem os termos
relacionados à alternância. Contudo, se os termos alternantes referem-se a um mesmo
significado, não há como se fazer uma distinção importante e, assim, estaria se afastando
totalmente do objeto essencial da lingüística. Além disso, afirma também que é absolutamente
impossível estabelecer os aspectos motivadores desta alternância.
Sobre o gerativismo, especificamente sobre a variação, Reynolds (1994) afirma que
esta corrente lingüística aponta que toda variação que não pode ser explicada pelas diferenças
dialetais, isto é, a variação entre os falantes e entre as comunidades de fala, é relegada ao
estatuto de erros de desempenho. Assim, a variação apresentada nas formas de superfície deve
ser vista, na melhor das hipóteses, como irrelevante e superficial, e na pior das hipóteses
como um incômodo que deve ser ignorado, um obstáculo para o estudo da competência do
falante-ouvinte ideal.
Ora, a variação é um aspecto inerente à língua. Não há meios de se estudar
detalhadamente uma dada língua se não forem consideradas as formas em variação. Se a
língua apresenta formas variantes, mesmo que foneticamente, é necessário averiguar o porquê
desta variação e medir o grau de sua ocorrência, levantando, inclusive, os aspectos
motivadores desta variação para que seja observada uma eventual mudança lingüística.
Contrário ao posicionamento seguido pelo estruturalismo e pelo gerativismo sobre a
variação lingüística, a sociolingüística assume como objeto essencial de estudo a variação.
Segundo Trask (2004), a sociolingüística pode ser definida como o estudo da variação
no interior de comunidades de fala. O autor observa ainda que
70
os primeiros lingüistas perceberam variação, mas eles se inclinaram a desqualificá-
la, por entender que se tratava de um fato marginal e sem conseqüências, ou mesmo
como um estorvo atravessado no caminho das boas descrições. Hoje, ao contrário,
reconhecemos que a variação é uma parte integrante e essencial da língua, e que a
ausência de variação é quase patológica. (TRASK, 2004, p. 277)
William Labov é tomado como referência nos estudos da sociolingüística. Um de seus
trabalhos, sobre a comunidade de Martha´s Vineyard, no litoral de Massachusetts, aponta os
fatores sociais na explicação da variação lingüística. Além disso, o autor, em 1966, sobre a
estratificação social do inglês de New York, fixa um modelo de descrição e interpretação do
fenômeno lingüístico no contexto social de comunidades urbanas. Também demonstrou que o
estudo empírico da variação não precisa estar limitado às diferenças regionais. Ao contrário,
através do uso de métodos estatísticos de amostra aleatória de uma seção representativa da
população, a variação social dentro de uma única comunidade de fala, assim como a variação
estilística intraindividual, pode ser estudada de modo satisfatório.
Segundo Reynolds (1994), Labov mostrou, ainda, que uma amostra relativamente
pequena de um número de traços pode ser efetiva; que as técnicas chamadas naturais para a
coleta de dados da fala espontânea podem ser muito mais efetivas do que as técnicas
incômodas e não naturais de questionário; e que a variação livre, através de uma análise
atenta, pode ser apresentada como sendo uma variabilidade estruturada em que os correlatos
estatísticos, com diferenças identificáveis e quantificáveis, mostram-se em duas dimensões de
estrutura social e função estilística.
Além disso, Labov descreveu três tipos de regras que afetam as formas de superfície:
a) as regras invariantes, nos termos de Chomsky e Halle, b) as regras que algumas vezes são
violadas, tais como as violações que são raras, mas interpretáveis, e c) as regras variáveis, que
são um prolongamento da noção gerativa da regra da gramática, que servem para explicar um
grande número de dados.
A noção de regra variável, conforme Labov, representa a tentativa de se incorporar
diretamente na representação tradicional da regra fonológica, não apenas o contexto
fonológico que determina sua ocorrência, mas todos os fatores, lingüísticos e
extralingüísticos, que influenciam a probabilidade de sua ocorrência.
Em nosso estudo, a variação é definida como a existência de formas fonéticas
diferentes para o mesmo item lexical. A variação das vogais médias em posição pretônica nos
nomes no dialeto de Belo Horizonte será analisada conforme um modelo de análise formal da
linguagem, a Teoria da Otimalidade. O principal motivo para esta escolha se deve ao fato de
esta teoria discutir as alternativas de análise da variação em termos da especificação da
71
hierarquia de restrições que definem o candidato ótimo. Esta especificação tem a ver com a
gramática particular de uma dada língua específica.
No português brasileiro, a variação das vogais médias em posição pretônica pode ser
condicionada por fatores lingüísticos como a estrutura da sílaba, o segmento precedente, o
segmento seguinte, o tipo de vogal tônica, dentre outros.
A variação também é motivada por processos fonológicos como harmonia vocálica,
em que a vogal da sílaba pretônica assimila os traços característicos da vogal tônica, e como
redução vocálica, mostrando que a vogal média em posição pretônica torna-se alta por
diversos fatores.
Outro fato que merece destaque a respeito da variação é que é necessário considerar se
este fenômeno está relacionado à produção ou à percepção do falante, ou seja, é o modo de
articulação da palavra que está em jogo ou o entendimento que se faz da mesma. Este fato é
particularmente interessante, pois é possível identificar que falantes de dialetos diferentes,
pertencentes à mesma língua, como, por exemplo, falantes pertencentes ao dialeto nordestino
e ao dialeto sulista, conseguem estabelecer comunicação mesmo utilizando pronúncias
diferentes para a vogal média em posição pretônica. Assim, o que é de fato percebido pelo
falante? São pronúncias diferentes para a mesma palavra ou há uma adequação da informação
sonora proferida?
Além disso, sabe-se que o falante pode variar a sua pronúncia conforme os graus de
formalidade exigidos. Por exemplo, em uma reunião de negócios ou em uma entrevista para
conseguir um emprego, o falante tende a controlar a sua fala para poder mostrar um domínio
maior da língua portuguesa. Em situações informais, esta preocupação desaparece. Então, a
formalidade é um fator motivador para o falante produzir pronúncias diferenciadas para a
vogal média pretônica?
Pode-se afirmar, a princípio, que tanto os fatores extralingüísticos como os fatores
lingüísticos favorecem a variação das vogais médias pretônicas. Contudo, ainda não se fez
presente uma preocupação maior em explicar a variação destas vogais conforme uma teoria
formal da linguagem, como a Teoria da Otimalidade. A maioria dos estudos, como os de
Bisol (1981), Callou e Leite (1986), Viegas (1987), Castro (1990), Bortoni; Gomes e Malvar
(1992), Yacovenco (1993), preocupa-se em descrever o comportamento destas vogais em uma
comunidade lingüística específica e discutir os motivos da variação preferencialmente
segundo uma abordagem sociolingüística.
Portanto, tendo em vista a reflexão acima apresentada sobre o estudo da variação, o
presente trabalho parte da investigação dos fatores lingüísticos relacionados à variação das
72
vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte. Esta
investigação toma como referência os preceitos teóricos da Teoria da Otimalidade e analisa os
fatores relacionados principalmente à fonologia desta língua específica. O estudo dos fatores
internos da variação contribui para o entendimento da gramática específica do dialeto
estudado e para uma maior abrangência do que, de fato, pode ser estudado em termos de
formas variantes.
A Teoria da Otimalidade é a teoria lingüística que dará suporte a este estudo da
variação por já apresentar várias alternativas de análise deste fenômeno e, sobretudo, por
estudar as formas de superfície. Assim, a seguir, serão apresentados os conceitos básicos da
teoria, para depois serem mostradas as alternativas de análise da variação.
5.3 Teoria da Otimalidade
A Teoria da Otimalidade é um modelo de análise gramatical cujos principais objetivos
são estabelecer as propriedades universais da linguagem e caracterizar os limites possíveis da
variação entre as línguas naturais.
Sua origem é recente, os primeiros estudos nesta área datam de 1993, com os trabalhos
publicados por Prince e Smolensky e por McCarthy e Prince.
De acordo com Archangeli (1997), a OT oferece uma visão específica da natureza da
relação entre as formas de input e de output, pois lida com tendências gerais, não com leis
absolutas. Além disso, os padrões específicos lingüísticos e a variação que ocorre entre as
línguas são admitidos dentro do modelo teórico através das violações. E a marcação é
admitida no modelo porque cada violação de restrição indica uma marcação.
A OT busca discutir os seguintes pontos: a) a variação lingüística é caracterizada como
ranqueamentos diferentes no mesmo grupo de restrições; b) os padrões específicos são
derivados de ranqueamentos da língua específica destas restrições; c) os universais estão
presentes nas restrições, que também são universais, mas violáveis; e d) a marcação é inerente
ao modelo, já que cada restrição é uma afirmação de marcação e os aspectos restritos da
marcação resultam em um ranqueamento específico.
Além disso, segundo Archangeli (1997), a OT define um papel claro e limitado para as
restrições, já que cada restrição é universal e ranqueada em EVAL; elimina inteiramente o
componente de regra, os ranqueamentos de restrições diferentes em EVAL expressam a
73
variabilidade da língua; focaliza a pesquisa diretamente nos universais lingüísticos porque
cada restrição é universal; e resolve o problema da não-universalidade dos universais, já que
os mesmos não têm o mesmo papel em toda língua.
Especificamente sobre as formas de superfície, Kager (1999) afirma que é nas formas
de superfície de uma dada língua que é possível encontrar soluções para os conflitos entre as
restrições que competem entre si. Uma forma de superfície é considerada ótima se ela
apresenta menos violações graves, considerando-se um conjunto de restrições ordenadas
conforme a hierarquia de uma língua específica. As restrições são universais e diretamente
codificadas por critérios de marcação e princípios que reforçam a preservação de contrastes.
A OT apresenta várias noções bem definidas que contribuem para eleger o candidato
ótimo da forma de superfície. As noções apresentadas são: marcação, fidelidade,
violabilidade, dominação estrita, hierarquia de restrições e outras. Dentre essas noções,
destaca-se a dominação estrita, que indica que a violação da hierarquia de restrições mais
altas não pode ser compensada pela satisfação da hierarquia de restrições mais baixas. De
acordo com esta definição há uma única hierarquia de restrições que deve ser observada e não
há compensações a serem feitas. Será visto mais adiante que para tratar dos casos de variação
lingüística intradialetal, ou seja, a variação que ocorre em um mesmo dialeto, é necessário
recorrer a uma abordagem não clássica da teoria, que não considera integralmente a noção de
dominação estrita.
Os componentes da Gramática OT são o léxico, o gerador e o avaliador. Segundo
Archangelli (1997), a relação entre o input e o output é mediada por dois mecanismos
formais, o gerador (generator – GEN) e o avaliador (evaluator – EVAL). O primeiro cria
estruturas lingüísticas e verifica suas relações de fidelidade com a estrutura subjacente. O
segundo usa a hierarquia de restrições da língua para selecionar o melhor candidato entre
todos criados. Além destes dois mecanismos, é necessário considerar também o conjunto
universal de restrições (CON) no qual o avaliador usa o ranqueamento específico de restrições
deste conjunto.
Especificamente sobre os componentes da gramática OT, GEN tem a função de
relacionar o input a um grupo de representações do candidato, sendo que qualquer um dos
candidatos pode ser selecionado como output ótimo para um input específico. GEN é restrito,
pois somente gera objetos lingüísticos, compostos do léxico universal.
Segundo Archangeli (1997), GEN é bastante criativo, sendo capaz de adicionar,
apagar e reorganizar os segmentos sem restrição. Assim, o grupo de candidatos criado pelo
GEN para qualquer determinado input é infinito. Esta propriedade específica de ser um grupo
74
infinito causa problemas para uma análise mais estatística do fato estudado por meio de um
modelo de produção e processamento ou um modelo computacional.
GEN também tem o trabalho de indicar as correspondências entre as representações de
input e output. Estas correspondências são importantes na avaliação das restrições de
fidelidade.
Já o componente EVAL é o mecanismo que seleciona o candidato ótimo do grupo de
candidatos criados por GEN. Este mecanismo faz uso de um ranqueamento das restrições
violáveis. O output ótimo, aquele selecionado por EVAL, é o que melhor satisfaz estas
restrições.
Em EVAL, as restrições em CON, que é o conjunto universal de restrições, podem ser
violadas e são ordenadas. EVAL encontra o candidato que melhor satisfaz o ranqueamento de
restrições. A violação de uma restrição ranqueada mais baixo pode ser tolerada para satisfazer
uma restrição ranqueada mais alto. Os empates, pela violação ou pela satisfação, de uma
restrição ranqueada mais alto são resolvidos por uma restrição ranqueada mais baixo na
hierarquia de restrições.
Associado ao mecanismo EVAL está a noção da dominância estrita, que se constitui
como a principal propriedade do processo de avaliação das restrições.
Sobre o conjunto universal de restrições, CON, este engloba as restrições a serem
utilizadas na hierarquia de uma determinada língua específica.
Segundo Archangeli (1997), as restrições caracterizam os universais. As violações das
restrições caracterizam a marcação, os padrões específicos, que são o resultado da relação
entre uma hierarquia de restrições e os inputs fornecidos pela língua específica, e a variação,
que resulta das diferenças nos ranqueamentos de restrições selecionadas pelas línguas
específicas.
De acordo com a autora, a OT contempla a gramática universal como um grupo de
restrições que podem ser violadas e as gramáticas das línguas específicas como um
ranqueamento particular destas restrições.
Conforme a OT, a gramática universal inclui o alfabeto lingüístico, o conjunto de
restrições (CON) e duas funções, GEN e EVAL. Já a gramática de uma língua específica
inclui as formas básicas para os morfemas, dos quais os inputs são construídos, e um
ranqueamento para as restrições em CON.
As restrições incluem duas grandes famílias: as restrições de marcação e as restrições
de fidelidade. A família de restrições de marcação é importante para estabelecer em uma dada
hierarquia de uma língua específica as diferenças na forma de output com relação à forma do
75
input. Já a família de restrições de fidelidade aponta a semelhança entre o input e o output. As
violações de fidelidade levam a diferenças entre estas formas.
As restrições também fornecem uma medida para a marcação: as restrições ranqueadas
mais altas (e muito raramente violadas) indicam os meios em que a língua não é marcada,
enquanto o ranqueamento de restrições mais baixo (e muito freqüentemente violado) indica os
meios em que a língua é marcada. A marcação é codificada diretamente no modelo.
Especificamente sobre a violação de restrições, permitida no modelo teórico OT,
observa-se que esta violação é tolerada em um contexto muito limitado. Uma restrição pode
ser violada com sucesso somente para satisfazer uma restrição ranqueada mais alto na
hierarquia.
Conforme Archangeli (1997), CON, como um conjunto universal de restrições, está
posicionado para ser parte do nosso conhecimento inato da língua. Isto significa que toda
língua faz uso do mesmo grupo de restrições. Este fato leva à caracterização dos aspectos
universais da linguagem humana, ou seja, todas as línguas têm acesso a exatamente o mesmo
grupo de restrições. Este é o significado formal pelo qual os universais são codificados.
Segundo McCarthy e Prince (1993, p. 1-2), os princípios básicos da OT são:
a) Violabilidade: as restrições são violáveis, mas a violação é mínima;
b) Ranqueamento: as restrições de CON são ranqueadas com base na língua
específica e a noção da violação mínima é definida em termos do ranqueamento;
c) Inclusão: a hierarquia de restrições avalia um grupo de candidatos que são
admitidos pelas considerações gerais da boa-formação estrutural. Não há regras
específicas ou estratégias de reparo.
d) Paralelismo: a satisfação ótima da hierarquia de restrições é computada sobre a
hierarquia e o grupo total de candidatos e não há derivação serial.
Um dos problemas não resolvidos inteiramente pela OT clássica é a variação
lingüística. Kager (1999) afirma que a OT consegue explicar vários fenômenos fonológicos,
mas alguns deles ainda merecem um tratamento mais adequado, como a variação livre, isto é,
os casos em que um único input é mapeado em duas formas de output, ambas gramaticais. O
autor sugere a possibilidade de existir um ranqueamento livre, ou seja, a avaliação do grupo
de candidatos é dividida em duas sub-hierarquias, cada qual selecionando um output.
Considerar estas subdivisões causa um problema para a OT clássica, já que esta teoria advoga
que apenas um candidato ótimo seja escolhido e a hierarquia de restrições deve submeter-se à
76
dominação estrita, que não permite várias hierarquias para o mesmo fenômeno de uma dada
língua.
A teoria postula, então, que, para cada input, há um candidato ótimo. No entanto,
como é possível representar na OT a variação das vogais médias em posição pretônica
encontrada no dialeto de Belo Horizonte? Dois outputs podem ser considerados, neste dialeto,
para um único input? Ou a relação estabelecida entre os segmentos é de um output para cada
input?
Para responder adequadamente a estas perguntas, é necessário que se entenda de modo
detalhado a noção de input no modelo OT. A seguir, esta noção será apresentada tomando
como referência dois pontos contrastivos: a riqueza de base e a presença de restrições nas
formas do input.
5.3.1 Input
Sobre o input, Archangeli (1997) afirma que a gramática universal fornece um léxico
para a representação da língua. Todos os inputs são compostos deste léxico. Como resultado,
os inputs são objetos lingüisticamente bem-formados, já que não contêm objetos não
lingüísticos. Esta é a única restrição imposta sobre o input, uma vez que todas as outras
restrições são encontradas em EVAL.
Segundo a autora, a OT redefine o papel das restrições e o foco das pesquisas, já que
todas as restrições são violáveis. As gramáticas definem a significância relativa das restrições
específicas violadas. As restrições estão presentes somente na hierarquia, pois não há
restrições separadas nos inputs nem nos outputs. Há duas implicações poderosas para a
análise lingüística: a) Não há nenhuma regra ou componente de regra; b) a hierarquia de
restrições deve ser construída para apontar o resultado independentemente do input.
O input representa a estrutura subjacente da língua e constitui um grupo universal de
formas a serem encontradas em todas as línguas do mundo. Segundo Kager (1999, p. 19), a
gramática contém um léxico que guarda todas as formas que estão no input para serem
geradas. O léxico contém as representações (ou formas subjacentes) dos morfemas, que
formam o input. Também, o léxico contém todas as propriedades contrastivas dos morfemas
(raízes, radicais e afixos) de uma língua, incluindo as propriedades fonológicas, morfológicas,
sintáticas e semânticas. O léxico fornece as especificações do input que podem ser submetidas
77
pelo GEN. Segundo o autor, a propriedade mais notável do léxico, como concebido na OT, é
que nenhuma propriedade específica pode ser estabelecida no nível das representações
subjacentes. Isto é, não há restrições a serem encontradas no input. Todas as restrições estão
submetidas ao conjunto de restrições que será avaliado pelo mecanismo EVAL.
Associado, então, à noção de input está o termo Riqueza de Base que é definido por
Kager (1999) da seguinte forma: nenhuma restrição se sustenta no nível das formas
subjacentes.
O autor acrescenta também que as generalizações gramaticais na OT são expressas
como interações de restrições no nível do output, nunca no nível do input. As restrições de
marcação sempre estabelecem as exigências nas formas de output. As restrições de fidelidade
também avaliam as formas de output, embora elas se refiram ao nível do input na formulação
de suas necessidades. A noção de contrastes é atribuída a interações que ocorrem apenas no
nível do output.
Também McCarthy (1999, p. 70), referindo-se à Riqueza de Base, afirma que, não há
restrições de língua específica no input, não há generalizações lingüisticamente significativas
sobre o léxico, não há lacunas lexicais, não há regras de redundância lexical, restrições na
estrutura de morfema ou expedientes similares. Toda generalização sobre o inventário de
elementos permitidos na estrutura de superfície deve ser derivada da interação entre as
restrições de marcação e de fidelidade, que controlam os mapeamentos que preservam ou
fundem os contrastes potenciais presentes na base.
Assim, as línguas diferem-se somente no ranqueamento de restrições. O input (ou base
ou léxico) combina livremente os elementos primitivos da representação lingüística e a
gramática reduz estas combinações ao inventário observado de uma língua específica.
Relacionado também à noção de input está o princípio da Otimização Lexical, ou seja,
dos vários inputs potenciais cujos outputs convergem sobre a mesma forma fonética, torna-se
necessário escolher como input real aquele cujo output é mais harmônico. Prince e Smolensky
(1993, p. 209) afirmam que há uma relação correspondente entre os vários inputs diferentes
que são analisados por uma gramática e os outputs que são todos realizados pela mesma
forma fonética. Estes inputs são foneticamente equivalentes com relação à gramática e um
destes outputs deve ser mais harmônico, em função da realização de menos marcas de
violação.
Ainda sobre a otimização lexical, Kager (1999) afirma que, para construir um léxico, o
falante deve de alguma forma ser capaz de determinar as formas subjacentes. Na ausência da
evidência empírica para uma forma de input sobre a outra, o input a ser selecionado é aquele
78
que está mais relacionado à forma de output. Isto é, quando o falante não tem evidência sobre
as formas de superfície para postular uma forma lexical específica que diverge, ele assumirá
que o input é idêntico à forma de superfície. Em termos de violações de restrições, esta
estratégia tem a vantagem de minimizar a violação de fidelidade.
Assim, observa-se que as noções de riqueza de base e de otimização lexical têm a
função de garantir que haja uma relação de identidade entre as formas de input e output.
Observando os aspectos relacionados ao português brasileiro, pode-se afirmar, a princípio,
que a vogal média fechada é a vogal mais harmônica em posição pretônica porque é a vogal
que ocorre na maioria dos casos observados sobre a produção da vogal média nesta posição,
principalmente considerando-se o dialeto de Belo Horizonte. A realização da vogal média
aberta e da alta são casos específicos, que devem ser explicados mediante o ranqueamento
específico de restrições relacionado ao dialeto estudado. Entretanto, constata-se também que
as noções de input, da riqueza de base e da otimização lexical são questionadas na literatura
OT.
A noção de input é uma noção que provoca discussões entre os lingüistas. Segundo
Archangeli (1997, p. 27-28), são quatro as questões não inteiramente solucionadas pela OT. A
primeira reside na falta de restrições no input, um aspecto da teoria conhecido como riqueza
de base. Na fonologia gerativa padrão, numerosas restrições eram impostas no input. Uma
análise poderia freqüentemente ser definida pelos inventários de consoantes e vogais de uma
língua em termos das combinações de traços permitidas. Sob a OT, estas restrições sobre os
sons que formam o input são impossíveis. Os inputs são potencialmente infinitos como o
grupo de candidatos; as restrições no EVAL devem ser ranqueadas para que os sons ou
seqüência de sons não atestados nunca façam parte das formas de superfície. Assim, o par
input-output que incorre em poucas violações é considerado o par ótimo.
A segunda questão não respondida diz respeito ao que está, de fato, no input. A
maioria dos lingüistas assume que, no input, há algum tipo de representação fonológica para
cada morfema. O desafio é saber como as propriedades fonológicas excepcionais podem ser
expressas a partir de EVAL, que selecionará a forma que menos viola as restrições,
normalizando, ao menos, alguns tipos de padrões não atestados. Segundo a autora, uma
abordagem possível para representar as irregularidades é incluir as violações de restrições
como parte da representação do input, para indicar quais restrições o mesmo falha em
satisfazer.
79
A terceira questão refere-se ao resultado obtido pela fidelidade entre o input e o
output. A autora mostra que as restrições de fidelidade FaithV e FaithC
9
evitam a adição e a
remoção de elementos. Entretanto, em algumas línguas, estes dois aspectos relacionados à
fidelidade podem ser ranqueados independentemente um do outro para algumas classes de
elementos. Além disso, a fidelidade é uma relação encontrada não apenas entre o input e o
output, mas também entre outros pares, como a base e o reduplicante, por exemplo. O
reduplicante mantém a mesma seqüência fonológica encontrada na base. McCarthy e Prince
(1995) afirmam que esta dependência da base somente é violada nos sistemas em termos de
segmentos fixos encontrados no reduplicante.
E a quarta questão não resolvida relaciona-se ao fato de não haver realmente um input.
Archangeli afirma que alguns trabalhos têm argumentado que no lugar das representações do
input, os morfemas são mais bem expressos como restrições. Eles podem ser ranqueados com
respeito a outras restrições não morfêmicas.
Ora, a discussão em torno do que é realmente composto o input é muita, o que torna
difícil estabelecer um padrão de análise dos fenômenos encontrados nas línguas do mundo
dentro do modelo teórico da OT, principalmente quando se trata da variação.
Quando ocorre variação há mais de um candidato selecionado como ótimo. Assim, a
pergunta que surge é se para cada output há um input correspondente ou se há uma única
forma de input para duas ou mais formas de output.
Para o estudo da variação, com base na OT, então, é possível estabelecer dois
caminhos de análise: a) a riqueza de base, que não permite restrições no input e b) a presença
de restrições nas formas do input.
Sobre este segundo caminho, Causley (1999) apresenta uma análise bastante
interessante a respeito das formas que podem ser consideradas no input.
Causley trata dos aspectos relacionados às representações segmentais na Teoria da
Otimalidade e o papel que elas possuem na fonologia.
A autora questiona se os inventários vocálicos das línguas são uma propriedade do
input, do output, ou de ambos. Segundo Causley (1999), desde que os contrastes tenham um
papel importante na construção das representações do input, deve haver alguma noção de
contraste fonêmico no mesmo.
Há duas afirmações básicas no trabalho proposto pela autora. A primeira refere-se às
representações segmentais do input para o mesmo segmento que diferem de língua para
9
FaithV e FaithC são restrições de fidelidade relacionadas aos segmentos vocálicos e consonantais observados
nas formas de output e de input.
80
língua, e, portanto, não há um grupo universal de formas do input. Desde que as
representações segmentais são influenciadas pelo contraste, a variação nos inventários
estabelece a variação nas representações segmentais entre as línguas.
A variação na representação de um segmento particular resulta em que o padrão do
segmento seja diferente em línguas distintas. Então, as representações do input são um
determinador importante para o conhecimento do segmento. Se os inputs podem ser
mostrados para ter um papel na fonologia, segue-se que o lugar da explicação fonológica não
é encontrado na hierarquia de restrições apenas, mas deve também residir nas representações
do input.
A segunda afirmação envolve o aspecto da marcação segmental, que é avaliada em
termos da complexidade representacional, ou seja, quanto mais complexa é a representação,
mais marcada ela é. Sob esta visão de marcação, as representações dos elementos mais
marcados possuem mais estrutura do que aqueles de elementos não marcados. Os elementos
marcados se comportarão, então, de modo diferenciado na fonologia porque possuem mais
estrutura.
Causley afirma que é freqüentemente dito na literatura OT que a fonte de toda
variação sistemática entre as línguas é o ranqueamento de restrições. Em particular, o grupo
de inputs das gramáticas de todas as línguas é o mesmo. Os inventários gramaticais de uma
língua são os outputs que emergem da gramática quando é fornecido do grupo universal de
todos os inputs possíveis.
A autora afirma que a maioria dos trabalhos correntes na OT focaliza o ranqueamento
de restrição do output como o lugar da explicação, enquanto que ao mesmo tempo não
enfatizam o papel das representações do input na gramática.
Assim, Causley é contra o princípio da Riqueza de Base. Ela argumenta que a noção
do inventário de língua específica deve existir no input, e este fato influencia as
representações segmentais da língua específica.
A autora argumenta, ainda, que é necessário haver a noção dos inventários segmentais
no input, uma vez que os contrastes têm um papel importante na construção das
representações do input. Este posicionamento frente à noção do input está em oposição à
visão padrão assumida pela OT, em que o inventário é explicitamente apontado para ser uma
propriedade do output, derivado de suas restrições. A autora também sugere que, se o
inventário é um efeito das restrições do output apenas, então as generalizações relacionadas
ao inventário devem estar no mesmo grupo das restrições que determinam o inventário do
output.
81
Portanto, tendo em vista, as abordagens relativas ao input, ou seja, a riqueza de base,
que não apresenta a especificação das restrições no input, e a proposta apresentada por
Causley, que prevê a não existência de um grupo universal e a possibilidade da presença de
restrições no input, a melhor análise para os dados relativos à variação lingüística,
especificamente sobre a variação vocálica, será mais bem atribuída à segunda abordagem.
Esta decisão em considerar as especificidades do inventário vocálico como propriedade do
input garante que os contrastes e as especificações dos traços referentes aos fonemas
vocálicos sejam já determinados na estrutura subjacente da língua. Desta forma, os
ranqueamentos de restrições terão a função de mapear as formas infiéis observadas na língua.
Além disso, as línguas já apresentam uma diferença essencial entre elas quanto ao
inventário de fonemas. Os processos vocálicos, como harmonia e redução vocálica, que se
apresentam diferentemente entre as línguas, é que devem ser determinados pelo ranqueamento
de restrições de uma dada língua específica.
Ao comparar os inventários vocálicos de duas línguas originárias do latim, como o
português brasileiro e o francês, vê-se a diferença dos inventários pela presença de
determinados fonemas que ocorrem no francês e que no português brasileiro não ocorrem,
como mostra a FIG. 11 e 12 abaixo.
altas /u/ /i/
médias /o/ /e/ (2º grau)
médias /ç/ /E/ (1º grau)
baixa /a/
/posteriores/ /central/ /anteriores/
FIGURA 11 - Inventário vocálico do português brasileiro
Fonte: MATTOSO CÂMARA, 1970, p. 43.
fechadas /u/ /y/ /i/
semi-fechadas /o/ /O/ /e/
semi-abertas /
ç/ /ø/ /E/
aberta /a/
anteriores labiais
FIGURA 12 - Inventário vocálico do francês
Fonte: CARTON, 1974, p. 62.
82
Nas FIG. 11 e 12, os inventários vocálicos do português brasileiro e do francês
apresentam uma diferença fundamental quanto ao número de fonemas correspondentes às
vogais anteriores. O português brasileiro mostra três fonemas anteriores, /i, e, E/, enquanto
que, no francês, é apresentado o dobro de fonemas vocálicos anteriores, /i, e, E, y, O,ø/; os três
últimos são labiais, específicos da língua francesa. Se se considera o input como universal e
que este não apresenta restrições, é possível entender que qualquer um destes fonemas
anteriores poderia ocorrer em qualquer língua originária do latim. Por que isto não acontece?
Por que o português brasileiro e o francês apresentam sistemas vocálicos tão distintos? A
resposta a estas perguntas pode ser obtida afirmando-se que os inventários vocálicos são
específicos de cada língua e especificados no input.
Sobre a especificação dos inventários vocálicos, Fikkert (2005) afirma que a visão
tradicional de que todas as vogais no léxico têm a especificação de vogais acentuadas apenas
e as vogais não acentuadas sendo derivadas das acentuadas não é a posição com a qual as
crianças começam a construir um sistema de contrastes vocálicos. Para adquirir este sistema é
necessário considerar ambas as vogais acentuadas e não acentuadas. Portanto, uma noção
inerente ao input. A autora afirma ainda que, quando as crianças comparam as vogais
acentuadas e não acentuadas, elas podem detectar em qual base as vogais podem ser
agrupadas.
Já sobre a especificação dos segmentos vocálicos por meio de traços distintivos,
Fikkert observa que os traços do lugar de articulação, como dorsal, labial e coronal, são
estabelecidos antes dos traços de altura da língua. A especificação dos traços é baseada no
contraste e somente os traços contrastivos podem estar ativos. Não há necessariamente uma
hierarquia de traços universal, mas se a atividade fonológica tem um papel importante, espera-
se que as crianças adquiram a mesma língua seguindo o mesmo caminho de aprendizagem.
Assim, para a análise de processos fonológicos e mesmo da variação vocálica existente
em uma determinada língua específica, como o que acontece com relação às vogais médias
em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte, é necessário estabelecer que no
input já esteja especificado o inventário vocálico. Desta forma, a abordagem que apresenta a
não ocorrência de um grupo universal de inputs, sugerida por Causley, é o melhor meio para a
análise da variação das vogais médias aqui estudada.
Esta abordagem, apesar de ir contra a um dos princípios básicos da OT, já que não
considera a universalidade do input, pode ser mais eficaz na explicação da variação existente
em uma mesma língua específica. A especificação do inventário vocálico no input auxiliará
83
na compreensão das formas vocálicas subjacentes e favorecerá a explicação de um output
diferente com relação à forma do input, por sua marcação segmental.
Além disso, favorece o princípio da economia, uma vez que não seria necessário
explicar a diferença dos inventários vocálicos das línguas em termos de hierarquia de
restrições, de acordo com a OT. A explicação e a análise reforçariam apenas as diferenças
existentes quanto aos processos fonológicos vocálicos, que são muitos, e que merecem um
estudo mais aprofundado.
A OT é um modelo teórico que ressalta o estudo da variação entre as línguas.
Entretanto, este estudo não pode se concentrar apenas nas diferenças relacionadas ao
inventário fonêmico das línguas. As diferenças entre as línguas quanto aos processos
fonológicos e mesmo a diferença entre a produção dos sons em um contexto específico de
uma língua particular devem ser levados em consideração na pesquisa lingüística.
Especificamente sobre o dialeto de Belo Horizonte, o que se observa é que há uma
forma de input com dois ou mais outputs diferentes. Por exemplo, a palavra ‘p/e/teca’ possui
dois candidatos ótimos no dialeto estudado, ‘p[e]teca’ e ‘p[E]teca’. Além disso, a relação dos
outputs para cada input dependerá da variação encontrada, entre a vogal média fechada e a
vogal média aberta, como apresentado acima, ou entre a vogal média fechada e a vogal alta,
como em ‘m[o]tivo’ e ‘m[u]tivo’.
A opção em determinar a vogal média fechada como a forma subjacente do inventário
vocálico do português brasileiro é também devido ao fato de, nesta língua, haver a redução
das vogais médias em posição pretônica, como é mostrado na FIG. 13.
Altas /u/ /i/
Médias /o/ /e/
Baixa /a/
/posteriores/ /central/ /anteriores/
FIGURA 13 - Inventário vocálico do português brasileiro em posição pretônica
Fonte: MATTOSO CÂMARA, 1970, p. 44.
Na FIG. 13, observa-se que o inventário dos fonemas vocálicos do português brasileiro
em posição pretônica é reduzido. Esta redução ocorre devido à neutralização existente entre as
vogais médias de 1º grau e as vogais médias de 2º grau, com benefício para as últimas, /e/ e
/o/.
84
As produções da vogal média aberta e da vogal alta nesta posição deverão ser
explicadas conforme o ranqueamento específico de restrições para cada caso relacionado a um
processo fonológico particular, como harmonia vocálica e redução vocálica.
A opção pela vogal média fechada como forma subjacente é contrária aos estudos
relacionados à alternância vocálica no paradigma verbal. Neste paradigma, autores como
Magalhães (1990) afirmam que na estrutura subjacente, o paradigma verbal do português
brasileiro é composto por cinco fonemas vocálicos, /i, E, a, ç, u/.
Como nossa análise baseia-se no paradigma nominal, a discussão sobre as diferenças
entre os processos fonológicos estabelecidos entre os paradigmas nominais e verbais poderá
ser feita em trabalhos futuros.
Portanto, o presente estudo considera que o input possui uma função importante dentro
do modelo teórico OT, que é a de especificar os inventários fonêmicos relativos às línguas.
Além disso, este estudo considera que o português brasileiro possui em sua estrutura
subjacente a vogal média fechada, principalmente para os casos relacionados à análise da
variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte.
A seguir, serão apresentadas algumas abordagens na literatura OT sobre a variação
lingüística.
5.4 Variação lingüística e Teoria da Otimalidade
A Teoria da Otimalidade é uma teoria adequada para estudar os fenômenos
relacionados à variação lingüística, uma vez que considera a forma de superfície, o output.
Entretanto, o principal desafio ao estudar a variação nesta teoria é que é necessário interferir
em um de seus pilares: a dominação estrita. Quando se trata de variação, há mais de um
candidato escolhido como ótimo.
Anttila (2002) afirma que, nos últimos anos, têm surgido várias tentativas para
entender a variação lingüística conforme a perspectiva da OT.
Para explicar as formas que estão em variação e como elas ocorrem em uma dada
língua, o autor sugere que se compreenda a fonologia de uma língua específica, pois a
variação surge em ambientes onde as regularidades da língua estão em conflito. É necessário
também investigar as alternâncias fonológicas e verificar se se comportam como obrigatórias
ou opcionais.
85
Anttila apresenta dois modos de análise da variação que não fogem aos padrões
estabelecidos pela OT: a) violações empatadas e b) pseudo-opcionalidade.
Quando ocorrem violações empatadas, dois ou mais candidatos ficam sujeitos a
exatamente as mesmas violações com respeito a todas as restrições da gramática. Com relação
à pseudo-opcionalidade, a variação é atribuída à livre escolha entre os inputs alternativos.
Apesar de dar autonomia ao falante para que este escolha a forma ótima entre inputs
diferentes, a pseudo-opcionalidade falha em propor uma redução de toda variação aparente.
Embora as duas alternativas de análise da variação apresentadas acima pareçam ser
interessantes por não modificarem os pressupostos básicos da OT, mostram-se fracas com
relação à base empírica e conceitual.
Autores como Zubritskaya (1995), Anttila (1995), Anttila e Cho (1998), Holt (1997),
Boersma (1997), McCarthy (2002), Coetzee (2005) e outros estudam a variação com base na
Teoria da Otimalidade, buscando alternativas de explicação deste fenômeno lingüístico, e
partem de uma abordagem não-clássica da teoria. Algumas propostas discutem a natureza do
input, outras se a variação está relacionada à competência ou desempenho do falante. Outras
ainda abordam a variação com relação a pistas fonéticas.
5.4.1 Zubritskaya (1995)
Zubritskaya (1995) trata da perda da assimilação da palatalização em grupos
consonantais no russo moderno. Sua concepção de mudança sonora é reestruturada na
hierarquia de restrições. A autora sugere que a única direção possível é somente a
direcionalidade da mudança natural do mais marcado ao menos marcado. O falante não tem
que aprender a direcionalidade de uma mudança sonora em ambientes semelhantes desde que
a direcionalidade seja determinada pelo ranqueamento universal de marcação. As hierarquias
de marcação, então, permitem ao falante fazer predições explícitas sobre a possível
direcionalidade da mudança sonora.
A autora também sugere que a opcionalidade na escolha do output deve ser modelada
através da competição entre uma restrição isolada e uma família inteira de restrições.
86
5.4.2 Anttila (1995)
Anttila (1995) discute a variação dos genitivos no Finlandês. Sua proposta é que
ambas as saídas, categórica e variável, assim como as preferências estatísticas para uma dada
forma sobre outra, seguem a proeminência da forma da sílaba, que é definida pelo autor como
uma combinação de acento, peso e sonoridade. Sob esta análise, a variação depende de como
estas propriedades podem harmonizar-se com sucesso. Isto é, se um output produz uma forma
muito harmônica não haverá variação, mas se houver várias formas igualmente ótimas e
harmônicas, a variação ocorrerá.
Dadas três restrições para uma língua, A, B, C, e os ranqueamentos A » B
10
; A » C,
haverá uma única gramática com dois ranqueamentos parciais. Em outras palavras, haverá
duas co-fonologias, isto é, cada tableau representa uma co-fonologia possível, conforme a
gramática da língua. Esta relação é apresentada nos TABLEAUX 1 e 2 abaixo:
TABLEAUX 1 e 2
Ordenamento parcial, conforme Anttila (1995, p. 11)
Tableau 1
A B C
a. candidato 1 * *!
b. candidato 2
* *
Tableau 2
A C B
a. candidato 1
* *
b. candidato 2 * *!
Segundo o autor, um ordenamento parcial oferece uma nova perspectiva sobre a
hipótese de que a variação ocorre graças a gramáticas que competem na comunidade ou no
indivíduo. Uma única gramática pode apresentar diversos ordenamentos parciais,
selecionados para atender à boa formação de cada candidato ótimo em termos de variação.
O modelo de ordenamentos parciais propõe que a variação surge da competição de
sistemas gramaticais distintos dentro de um indivíduo. Em termos da OT, este modelo implica
que um simples indivíduo comande um grupo de ranqueamentos totais que apresentam
10
O símbolo » representa uma relação de dominância entre as restrições.
87
restrições dispostas de maneira diferenciada. Assim, qualquer grupo de restrições ou tableaux
corresponde a uma possível gramática.
Segundo Anttila (2002), há duas objeções comuns ao modelo de ordenamentos
parciais: a) o número de gramáticas por indivíduo torna-se bastante amplo e algumas vezes
mostra gramáticas improváveis e b) o modelo parece irrestrito, ou seja, se toda combinação de
tableaux é uma gramática possível, poderá haver o risco de qualquer tipo de variação ser
modelada.
Segundo o autor, este modelo produz predições falseáveis e na maioria das vezes
razoáveis nos domínios categóricos e quantitativos. Certos tipos de dialetos são preditos
serem possíveis, outros impossíveis; certos tipos de distribuições estatísticas das variantes são
possíveis, outros impossíveis.
5.4.3 Anttila e Cho (1998)
Anttila e Cho (1998) investigam o papel da gramática na variação e mudança
lingüística. Segundo os autores, a variação reflete as interações entre competência e outros
sistemas cognitivos, incluindo os sistemas sociais. E a mudança está relacionada a fatores
externos como, por exemplo, o contato lingüístico. É possível também atribuir a variação ao
desempenho.
Partee et al.
11
(1993, citado por ANTTILA; CHO, 1998), definem a gramática OT
como um grupo de pares ordenados R no grupo de restrição C, isto é, como uma relação
binária em C. Na teoria padrão, esta relação tem as seguintes propriedades:
a) Não reflexividade, ou seja, nenhuma restrição pode ser ranqueada acima ou abaixo
dela mesma;
b) Assimetria, isto é, se X está ranqueado acima de Y, ele não pode estar ranqueado
abaixo de Y;
c) Transitividade, se X está ranqueado acima de Y e Y está ranqueado acima de Z,
então X está ranqueado acima de Z;
d) Conexão, toda restrição está ranqueada com relação a toda outra restrição.
11
PARTEE, B. H. et al. Mathematical methods in linguistics. Dordrecht: Kluwer Academic, 1993.
88
As propriedades a-d definem um ordenamento total. Pela OT, todas as gramáticas têm
estas propriedades. Os autores propõem que as gramáticas das línguas naturais não possuem a
propriedade de conexão. As propriedades a-c definem uma relação mais geral que inclui os
ordenamentos totais como um caso especial: o ordenamento parcial.
O ordenamento parcial pode ser visto sob dois ângulos diferentes: a) de modo abstrato,
como um grupo de restrições ordenadas (ranqueamentos); b) de modo concreto, como um
grupo de ordenamentos totais (tableaux).
Segundo os autores, a OT, combinada com o ranqueamento parcial de restrições,
permite exibir os fenômenos de invariância e variáveis na mesma estrutura e derivar as
predições estatísticas. Combinando o ordenamento parcial com as restrições universais e as
hierarquias de restrições, é possível derivar as tipologias dos dialetos com variação dentro da
abordagem OT.
5.4.4 Boersma (1997)
Outra proposta de análise da variação dentro da Teoria da Otimalidade é a de Boersma
(1997). Segundo o autor, a variação é controlada pela gramática indiretamente, isto é, ela está
relacionada à robustez da aprendizagem do falante. É uma proposta que se preocupa
principalmente com a percepção do falante, isto é, como este compreende as porcentagens
relativas a cada forma variante. A gramática de produção contém as restrições que se referem
a este conhecimento.
Para estudar os casos de variação, o autor utiliza o Algoritmo de Aprendizagem
Gradual Mínima, que permitirá uma gramática OT com ranqueamento contínuo. Assim, esta
gramática mantém um grau de opcionalidade, que será reproduzido pelos falantes de acordo
com cada ambiente lingüístico.
Boesrma também lida com a questão da gradiência da variação, ou seja, é uma
proposta que mostra graus diferenciados quanto à forma variante, tendo como referência a
freqüência absoluta dos itens na língua. Para estudar a variação lingüística, o autor usa o
esquema de aprendizagem por demoção e promoção de restrições, que estabelecerão a ordem
das restrições de fidelidade e de marcação na hierarquia.
89
Neste modelo, cada restrição tem um valor de ranqueamento fixo ao longo de uma
escala numérica onde os valores mais altos correspondem às restrições ranqueadas na posição
superior da hierarquia.
O autor também afirma que a opcionalidade é gradiente, ou seja, uma forma pode
ocorrer em 80% dos casos, enquanto outra em 20%, e estes números se tornam diferentes
entre os dialetos vizinhos. Esta proposta é contrária a de Anttila e Cho (1998), que estabelece
uma variação equivalente para as formas encontradas, ou seja, se há duas formas variantes
para um mesmo item lexical, então a porcentagem relativa da variação será de 50% para cada
forma variante.
Uma noção importante apresentada por Boersma é a opcionalidade. Sobre esta noção,
Bakovic e Keer (2001) afirmam que o lugar da opcionalidade está na forma subjacente ou
input, que determina se há um único input para dois ou mais outputs ou se há inputs diferentes
para cada output. Além disso, os autores propõem que, dependendo do ranqueamento relativo
das restrições de fidelidade e das restrições de marcação, as especificações contrastivas do
input podem ou não estar presentes nas formas de superfície.
5.4.5 Holt (1997)
Outra proposta sobre o estudo da variação na OT é a de Holt (1997), que estuda a
aplicação da mudança histórica sobre uma abordagem baseada em restrições na fonologia. O
autor emprega a Teoria da Otimalidade na análise das principais mudanças na estrutura
silábica que se desenvolveu do Latim ao Espanhol e ao Português. Ele argumenta que a
mudança sonora histórica é conduzida pela incorporação dos fatores fonéticos dentro da
fonologia por razões da otimização do léxico e da gramática, e mostra que o papel da
percepção e reinterpretação pelo ouvinte é crucial na realização desta otimização. Além disso,
a reanálise de formas subjacentes deve ter efeitos profundos na hierarquia de restrições da
gramática, conduzindo ao aumento das restrições de marcação versus as restrições de
fidelidade.
Sobre a otimização lexical na OT, as formas subjacentes devem ser completamente
especificadas; somente a estrutura que alterna não é especificada. Holt (1997) afirma que o
falante armazena mentalmente aquilo que ele escuta produzir; postulando uma forma
subjacente mais abstrata que somente ocorrerá quando há grupos de palavras relacionados
90
fonologicamente ou morfologicamente cujos segmentos compartilhados variam somente em
certos traços.
Outro fato interessante é que, quando o ouvinte escuta uma forma de output que difere
da sua representação subjacente, será considerada armazenada a saída fonética na
representação mental. Isto ocorrerá se a saída em questão sempre acontece com a mesma
forma fonética.
O autor observa, ainda, a importância do traço fonético para a compreensão das
restrições estabelecidas na língua. Ele postula que os falantes mais novos não estão atentos à
mudança no ranqueamento de restrições; ao invés disso, eles aprendem que o ranqueamento
final de restrições poderia ser baseado na evidência fonética.
De acordo com Holt, se o falante escuta uma forma de input que é diferente da sua
representação subjacente, este armazena a forma fonética. Se cada falante tem a sua própria
gramática com inputs diferentes, como a comunicação entre os falantes é estabelecida? A
freqüência com que utilizam os itens lexicais pode determinar o input selecionado pelo
falante? A gramática de uma língua deve considerar a produção ou a percepção dos itens
lexicais?
Respondendo as questões apresentadas acima, é possível depreender que a
comunicação entre os falantes da mesma comunidade de fala somente é estabelecida porque
possuem o mesmo grupo de inputs em sua representação subjacente. Por exemplo, a produção
diferente da vogal média pretônica que ocorre no dialeto de Belo Horizonte não é um
empecilho para a compreensão da palavra porque os falantes já têm uma noção clara sobre a
representação subjacente da vogal média fechada nesta posição. Isto quer dizer que os falantes
deste dialeto compartilham o mesmo inventário vocálico, que deve estar especificado na
forma de input. Desta forma, mesmo que a produção da vogal média em posição pretônica
seja diferente, não haverá dificuldade no entendimento da informação apresentada, pois a
gramática da língua é a mesma subjacentemente.
Sobre a freqüência dos itens lexicais usados pelos falantes, é possível atribuir a esta
freqüência uma grande interferência na produção da vogal média pretônica. Como há, em
alguns casos, a opção pela pronúncia da vogal média fechada ou da vogal média aberta ou da
vogal alta, pode-se afirmar que, conforme o uso que o falante faz da produção dos itens
lexicais, o mesmo selecionará o timbre vocálico apropriado, também relacionado ao contexto
lingüístico presente.
Finalmente, sobre a consideração da produção ou da percepção dos itens lexicais, é um
tema bastante complexo que poderá ser discutido em estudos futuros. Por enquanto, o foco
91
desta pesquisa é a produção das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de
Belo Horizonte. E o objetivo principal é detectar os indícios lingüísticos que apontam a
variação em uma gramática específica. Portanto, a análise em termos da percepção do falante
sobre esta variação não será considerada de forma detalhada.
Holt afirma também que as mudanças devem ser vistas como um caso do léxico e da
otimização da gramática, em que as formas fonéticas do output estão mais relacionadas com
as formas fonológicas do input, e que quando as modificações são feitas, estas são
reanalisadas pelo ouvinte como sendo inputs novos.
Dentro da OT, então, a mudança lingüística e a variação dialetal devem ser
caracterizadas como o ranqueamento de uma ou mais restrições sobre a fidelidade, a
marcação ou a estrutura, tão bem como pela reestruturação de formas subjacentes pelo
ouvinte por razões de marcação, por semelhança perceptiva ou pela otimização do léxico.
5.4.6 McCarthy (2002)
Para McCarthy (2002), a variação sincrônica ou diacrônica em uma língua deve
refletir as diferenças no ranqueamento de restrições. A gramática de uma língua apresenta um
ordenamento total das restrições ocorridas. Isto significa que toda restrição domina ou é
dominada por outra restrição e que há um direcionamento a seguir de alto a baixo. Quando
ocorre a variação, há um tipo de ordenamento parcial do conjunto de restrições. Estas entram
em conflito e devem tomar uma nova hierarquia conforme as demais restrições, fazendo com
que haja a variação apenas no output.
McCarthy também mostra que é necessário apenas um único tableau para descrever a
mesma variação em casos como aqueles apresentados nos TABLEAUX 1 e 2 acima,
conforme proposto por Anttila (1995).
TABLEAU 3
Variação entre dois candidatos, segundo McCarthy (2002)
A B C
a. candidato 1
* *
b. candidato 2
* *
92
No TABLEAU 3 acima, observa-se que há uma única hierarquia de restrições,
aparentemente fixa. Contudo, a linha pontilhada entre as restrições B e C mostra que não há
uma relação de dominância entre estas restrições. É possível estabelecer, então, duas sub-
hierarquias, isto é, B » C e C » B, mostrando um ranqueamento livre entre estas restrições.
Assim, o candidato 1 e o candidato 2 são selecionados como ótimos porque empatam em
termos de violabilidade e, desta forma, cada candidato satisfaz uma sub-hierarquia.
Esta proposta que trata do ranqueamento livre e de sub-hierarquias é diferente daquela
proposta por Anttila e Cho (1998) sobre o ordenamento parcial de restrições. Anttila e Cho
mostram ordenamentos fixos e as restrições ranqueadas de modo diferenciado para cada co-
fonologia. Entretanto, Kager (1999, p. 406-7) afirma que a noção de sub-hierarquia pode ser
considerada de certo modo semelhante à de co-fonologia desde que o ranqueamento livre
vincule a avaliação das formas dos candidatos por competições paralelas. O autor também
destaca que ambas as propostas falham quanto ao estudo da variação. A abordagem por co-
fonologias não estabelece uma correlação maior entre os ranqueamentos estabelecidos, assim,
uma gramática com duas co-fonologias pode selecionar apenas dois outputs variáveis sob
formatos completamente diferentes. Sobre o ranqueamento livre, ainda não está claro como a
gramática OT é aprendida com este ranqueamento.
5.4.7 Coetzee (2005)
Coetzee (2005) apresenta uma proposta diferenciada a respeito da variação lingüística.
Segundo o autor, uma gramática OT não gera somente um único output gramatical, mas um
grupo considerável de candidatos para cada input. Neste caso, não é necessário interferir nos
princípios básicos da Teoria da Otimalidade padrão. Assim, uma única hierarquia de
restrições é necessária e o mecanismo de avaliação EVAL terá uma função maior neste
modelo.
Na OT padrão, EVAL é responsável por fazer a distinção entre o candidato vencedor
dos perdedores. Nesta proposta, EVAL tem a função de comparar um grupo de candidatos em
termos de sua boa formação e pode comparar qualquer candidato, mesmo se os candidatos são
originados de um mesmo input ou de inputs diferentes. Além disso, EVAL possui duas
características essenciais: a) impõe um ordenamento harmônico do grupo inteiro de
candidatos e, desta forma, é possível determinar o melhor candidato que corresponde à forma
93
mais freqüente, o segundo melhor candidato que corresponde à segunda forma mais
freqüente, etc.; e b) compara os candidatos não relacionados diretamente através de um input
compartilhado e, assim, é possível comparar a não aplicação de candidatos dos inputs
diferentes e explicar a freqüência relativa com a qual um processo variável aplica-se em
contextos diferentes.
Na FIG. 14 abaixo, observa-se a função diferenciada que EVAL possui quanto à
abordagem clássica e à alternativa proposta por Coetzee.
Visão clássica: 2 níveis Alternativa proposta por Coetzee:
Ordenamento de candidatos, segundo EVAL
{Can
x
} {Can
x
}
{Can
y
, Can
z
, Can
w
, ...} {Can
y
}
{Can
z
}
{Can
w
}
FIGURA 14 - Função diferenciada do mecanismo de avaliação EVAL quanto à abordagem
clássica e à alternativa proposta por Coetzee
Fonte: COETZEE, 2005, p. 4.
O autor afirma também que esta proposta capta duas intuições necessárias sobre a
variação. A primeira delas está relacionada à variação intra-contextual, isto é, quando
acontecem duas formas variantes para um único input, a variante mais freqüente é também a
que possui a melhor formação. A segunda está relacionada à variação inter-contextual, ou
seja, dados dois contextos diferentes em que um processo variável pode ser aplicado, contexto
1 e contexto 2, se a não aplicação no contexto 1 resulta em uma estrutura menos bem formada
do que a não aplicação no contexto 2, então o processo de variação ocorrerá mais
freqüentemente no contexto 1 do que no contexto 2.
Para explicar a variação em uma dada língua, é utilizado o seguinte esquema de
ranqueamento de restrições, como apresentado no TABLEAU 4 abaixo.
94
TABLEAU 4
Ranqueamento ordenado por EVAL
A B C
1 candidato X *
2 candidato Y *
3 candidato Z * *
Entre as restrições A e B há duas linhas paralelas que indicam a divisão da hierarquia
de restrições pelo ponto de corte, nomeado pelo autor como “cut-off point”. Os candidatos
desfavorecidos somente pelas restrições abaixo deste ponto são todos aceitos como outputs
gramaticais em um processo de variação. Porém, a boa formação dos candidatos
desfavorecidos pelas restrições acima deste ponto falha com relação ao nível de tolerância da
boa formação na língua, e, assim, não são aceitos como outputs gramaticais possíveis. No
tableau acima, o candidato 1 é selecionado como o primeiro melhor candidato, pois viola
apenas a restrição B abaixo do ponto de corte. O segundo melhor candidato é o candidato 2,
uma vez que viola a restrição C, abaixo do ponto de corte e abaixo da restrição B.
Além disso, para justificar o ordenamento dos candidatos, como o melhor, o segundo
melhor candidato, o autor utiliza as noções sobre a variação interdialetal, em que as
freqüências das formas variantes são diferentes dependendo do contexto, e a variação
intradialetal, em que são observadas as possíveis formas variantes e a sua freqüência relativa.
Especificamente sobre a noção de freqüência relativa, adotada nesta proposta, é
necessário entender que os indivíduos de uma dada comunidade de fala compartilham o
mesmo padrão de variação de forma relativa, ou seja, o output que é o mais bem formado é o
mais freqüente. Assim, a comunidade lingüística compartilha a mesma informação, isto é, a
preferência relativa por uma forma variante do que as demais formas.
Esta abordagem é interessante por separar as formas que podem exibir variação das
que não exibem variação em uma única hierarquia. Entretanto, há problemas com relação à
freqüência relativa que é adotada nesta abordagem, pois, conforme a relação de freqüência e a
boa formação, alguma forma não gramatical poderia ser selecionada como forma variante.
Portanto, das alternativas de análise apresentadas acima, verifica-se que duas parecem
abordar de modo mais apropriado o fenômeno da variação, principalmente quando este
apresenta formas que variam em uma mesma língua, como é o caso da variação das vogais
médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte, que são o
ranqueamento parcial de restrições, proposto por Anttila e Cho (1998) e o ranqueamento
ordenado por EVAL, apresentado por Coetzee (2005).
95
O ranqueamento parcial de restrições se mostra interessante por apresentar uma
hierarquia de restrições para cada caso de variação mostrado em uma língua específica. Se a
língua, como, por exemplo, o dialeto de Belo Horizonte, apresenta um caso de variação entre
a vogal média fechada e a média aberta e outro caso relacionado à variação da vogal média
fechada e a vogal alta, é necessário que existam duas ou mais hierarquias distintas para
explicar cada caso de variação.
Já o ranqueamento ordenado por EVAL tem como principal vantagem a de tentar
estabelecer em uma única hierarquia os casos relacionados à variação, assemelhando-se mais
à proposta padrão OT.
As demais alternativas de análise mostram aspectos diversos relacionados à variação,
que nos impedem de estudá-los de forma apropriada em uma única pesquisa. Assim, para
efeito de análise e comparação entre as alternativas apresentadas, são estudadas as alternativas
que discutem a produção dos segmentos, como o ranqueamento parcial de restrições e o
ranqueamento ordenado por EVAL.
5.5 Conclusão
A variação lingüística deve ser estudada para a melhor compreensão dos fatos
relativos à produção dos falantes de uma determinada língua específica. E o estudo da
variação através dos fatores internos da língua conforme uma teoria formal da linguagem se
faz necessário para uma maior abrangência deste fenômeno lingüístico.
A Teoria da Otimalidade oferece um caminho adequado para a explicação da variação
conforme a teoria fonológica. Inclusive, é necessário estar atento à especificação do que é o
input para tratar destes casos de uma forma mais apropriada. Como foi visto, no input devem
ser considerados os inventários fonêmicos das línguas porque estes se mostram distintos de
língua para língua. Além disso, as diferenças quanto aos processos fonológicos, por exemplo,
podem ser especificadas na hierarquia de restrições própria para cada língua particular.
Especificamente sobre a variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes
no dialeto de Belo Horizonte, observa-se que a vogal média fechada é a vogal a ser
especificada no input devido, sobretudo, à caracterização própria do dialeto estudado, que
mostra a redução do número de fonemas em posição pretônica. Apenas as vogais médias
fechadas, /e/ e /o/, ocorrem fonemicamente nesta posição.
96
Foram vistas, neste capítulo, algumas alternativas de análise que procuram explicar a
ocorrência da variação em uma determinada língua específica. Cada alternativa de análise
enfatiza um ponto necessário para a compreensão deste fenômeno. Holt (1997) lida com a
questão da otimização do léxico, Boersma (1997) aponta a demoção e promoção de restrições,
Anttila e Cho (1998) sugerem o ordenamento parcial de restrições em uma única gramática,
McCarthy (2002) e Kager (1999) chamam a atenção para a não dominância entre as
restrições, e Coetzee (2005) propõe o ordenamento dos candidatos através do mecanismo de
avaliação de restrições EVAL
Dentre as alternativas de análise apresentadas, observam-se duas que merecem ser
discutidas de forma mais detalhada: o ranqueamento parcial de restrições e o ranqueamento
proposto por EVAL. A opção em discutir estas duas alternativas de análise é para verificar a
melhor forma de explicar a variação, isto é, por meio de várias hierarquias de restrições ou de
uma única hierarquia, como prevê o modelo padrão OT.
O próximo capítulo apresenta a metodologia empregada para estudar os casos
relacionados à variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo
Horizonte. A partir da obtenção dos dados referentes a esta língua específica, é possível
averiguar a melhor alternativa de análise da variação sob o enfoque teórico OT.
CAPÍTULO SEIS
METODOLOGIA
6.1 Introdução
O estudo da variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de
Belo Horizonte precisa considerar os fatores lingüísticos que favorecem a realização da vogal
média aberta e da vogal alta por se tratarem de pronúncias mais específicas nesta posição.
Além disso, é necessário averiguar se a variação encontrada neste dialeto e intraindividual, ou
seja, o mesmo falante varia a vogal média em determinadas palavras, ou se a variação é
interindividual, a produção das vogais médias se mostra diferente de falante para falante.
Assim, serão analisados três corpora diferentes sobre o dialeto de Belo Horizonte para,
primeiramente, observar um grande número de palavras que contêm a vogal média em
posição pretônica. Segundo, é necessário verificar se o modo de gravação e a formalidade
encontrada no momento da gravação dos dados interferem na variação apresentada. Por
último, é importante selecionar vários informantes para se ter uma amostra abrangente da
mesma comunidade de fala.
Os corpora a serem analisados são: a) corpus POBH, que apresenta dados sobre o falar
culto da região de Belo Horizonte, b) corpus Alves (1999), que estuda o comportamento das
vogais médias em posição tônica nos nomes também relacionado ao dialeto de Belo
Horizonte, e que mostra muitos dados em que é possível verificar o comportamento da vogal
média em posição pretônica e a sua relação com a posição tônica; e c) corpus fala espontânea,
que apresenta uma situação opositiva em relação aos corpora anteriores, já que não mostra
uma formalidade excessiva no ato de gravação dos dados, uma vez que os informantes não
sabiam que estavam sendo gravados.
Os três corpora observados em conjunto darão uma dimensão maior sobre o
comportamento das vogais médias em posição pretônica, a presença da variação, e os fatores
lingüísticos referentes à realização da vogal média aberta e da vogal alta, que são os casos
mais específicos em posição pretônica.
98
A seguir, serão apresentados os corpora utilizados a fim de se comparar as
informações por eles mostradas sobre o dialeto estudado. Antes, porém, se faz necessário
justificar a opção pelo estudo da variação no dialeto de Belo Horizonte.
6.2 Do dialeto selecionado
O dialeto de Belo Horizonte foi selecionado devido à sua complexidade quanto à
realização da vogal média em posição pretônica. Nesta posição, é possível a realização da
vogal média fechada, na grande maioria dos casos, da vogal média aberta e da vogal alta, em
casos mais específicos. A seleção deste dialeto também se deve ao fato de não haver um
estudo mais detalhado sobre os fatores lingüísticos da variação destas vogais conforme uma
teoria formal da linguagem, como a Teoria da Otimalidade.
Um estudo que pode ser tomado como referência sobre o dialeto de Belo Horizonte é o
estudo feito por Viegas (1987, 2001), que trata do alçamento da vogal média em posição
pretônica sob uma abordagem sociolingüística. Como o presente estudo tem como objetivo
analisar a variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes conforme a OT é
necessário considerar de modo detalhado os fatores lingüísticos, como o segmento precedente,
o segmento seguinte, a estrutura silábica, a influência da vogal tônica, dentre outros. Isto
porque se acredita que a gramática da língua fornece instrumentos para que a variação ocorra.
Assim, embora houvesse uma preocupação em selecionar informantes com o perfil
semelhante, ou seja, da mesma classe social, com a mesma escolaridade, com faixa etária
semelhante, este não foi o principal alvo da coleta de dados. O alvo principal era abordar
diferentes formas de obtenção da produção da vogal média em posição pretônica, para
abranger um grande número de realizações desta vogal nesta posição e para também verificar
se a variação tem a ver com o grau de formalidade encontrado no ato da gravação dos dados.
Alves (1999) observa que a formalidade da gravação em cabine acústica interfere na
realização das vogais médias em posição tônica nos nomes. Isto se deve ao fato de o
informante preocupar-se com a pronúncia “correta” das frases lidas, já que o mesmo sabia que
estava sendo gravado.
Além disso, como são os fatores lingüísticos que serão analisados, quanto mais
informações sobre o dialeto de Belo Horizonte existir será mais satisfatória a compreensão da
variação estudada.
99
Sobre os corpora estudados, estes refletem diversas situações de fala. O corpus POBH
mostra a produção da fala culta em forma de entrevista e o corpus Alves (1999) apresenta
uma leitura de frases. Já o corpus relacionado à situação da fala espontânea mostra a não
preocupação dos informantes sobre o que estava sendo proferido.
Esta opção em analisar três corpora distintos se deve também ao fato de se buscar uma
melhor maneira de verificar a variação estudada, pois é sabido que quanto maior o grau de
formalidade exigido, mais o falante tende a realizar as palavras de modo artificial porque este
sabe que está sendo observado e não quer cometer “erros” em sua pronúncia.
Sobre a metodologia referente aos projetos de pesquisa de campo, Labov (1972)
afirma que existe o paradoxo do observador/pesquisador, ou seja, o objetivo da pesquisa
lingüística na comunidade deve ser encontrado no momento em que as pessoas falam quando
elas não estão sendo sistematicamente observadas. No entanto, somente é possível obter estes
dados pela observação sistemática. Para solucionar este problema, o autor aponta que se
devem encontrar meios de complementar as entrevistas formais com outros dados, ou
modificar a estrutura da situação da entrevista.
Shockey
12
(1983, citado por REYNOLDS, 1994) fez gravações em fita de
conversações casuais com os técnicos que foram muito familiares com a autora e com o
ambiente de laboratório para adotar um estilo de fala não monitorado. A autora, então, fez um
texto ortográfico do que cada sujeito disse em conversação e pediu a cada um para retornar ao
laboratório e ler o texto. As transcrições fonéticas das duas versões foram comparadas. A
freqüência da aplicação das regras de redução vocálica como o apagamento do schwa,
simplificação do cluster (agrupamento de sons), apagamento do flap, e assimilação do lugar e
vozeamento na amostra de conversação foi muito mais alta do que na fala lida. Assim, há
diferenças na pronúncia quanto ao formato da gravação dos dados e este fato deve ser
considerado quanto ao estudo da variação.
Então, a opção em investigar a variação a partir de corpora diferentes é para conseguir
um conjunto de informações que sejam complementares umas das outras e não que sejam
apenas descritivas conforme uma situação específica de fala. Além disso, estudar a produção
das vogais médias em posição pretônica prevê uma grande variabilidade com relação a vários
fatores lingüísticos e extralingüísticos. E a formalidade no momento da gravação dos dados é
um fator que deve ser considerado em uma análise sobre a possibilidade da variação das
vogais médias nesta posição.
12
SHOCKEY, Linda. Phonetic and phonological properties of connected speech. Columbus: Ohio State Working
Ppers in Linguistics, 1983.
100
É importante observar que a variação das vogais médias em posição pretônica será
observada com relação aos nomes no dialeto de Belo Horizonte. A opção pelo estudo dos
nomes se deve ao fato de o corpus Alves (1999) também analisar os nomes. Além disso, o
comportamento dos nomes é diferente do comportamento dos verbos. Assim, apenas os
nomes e os adjetivos foram selecionados, em nossa análise, por se tratar de classes de palavras
com comportamento semelhante.
A seguir, serão apresentados os corpora que serão analisados para a investigação
detalhada da variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo
Horizonte.
6.3 Dos corpora investigados
Os três corpora utilizados em nossa análise tomam como referência o dialeto de Belo
Horizonte, sendo que os dois primeiros focalizam a norma culta e, o terceiro, a fala
espontânea.
O primeiro grupo de dados é extraído do corpus do POBH (Projeto Português de Belo
Horizonte / norma culta), coordenado pelo pesquisador Prof. Dr. José Olímpio de Magalhães
(UFMG, 2000). Este corpus contém a maior parcela de dados consultados sobre este dialeto.
O segundo é extraído da pesquisa feita por Alves (1999). Embora a pesquisa feita por Alves
tenha sido sobre a variação das vogais médias em posição tônica, é possível encontrar
informações relevantes sobre a influência da vogal tônica sobre a pretônica. E o terceiro grupo
reúne os dados provenientes da observação da fala espontânea.
6.3.1 Corpus POBH
Os dados do POBH são provenientes de fala culta, ou seja, aquela falada por pessoas
de nível universitário. Isto não quer dizer que se trata de uma fala “correta” ou “incorreta”,
apenas está sendo delimitada a área a ser analisada.
Segundo Magalhães (2000), os objetivos do projeto são a construção de um banco de
dados para a pesquisa sobre a modalidade culta do português de Belo Horizonte,
101
estabelecendo uma história do padrão sonoro do português falado neste dialeto, em diferentes
gerações, e a promoção de investigações científicas sobre a modalidade falada deste dialeto.
Este corpus conta com três grupos de informantes separados por faixa etária: a) 25-35
anos, b) 36-56 anos e c) 56 anos em diante. Todos os informantes possuem formação
universitária, são nascidos e criados em Belo Horizonte, sem nunca terem se afastado da
cidade por mais de ano. Para cada faixa etária, foram selecionados 10 informantes, divididos
em cinco do sexo feminino e cinco do sexo masculino.
Foram gravadas três modalidades de inquérito: a) diálogo entre dois informantes, b)
diálogo entre documentador e informante e c) elocução formal. Foram feitas, no total, três
horas de gravação com cada informante, perfazendo um total de 90 horas de gravação. Os
dados foram gravados na cabine acústica do Laboratório de Fonética da Faculdade de Letras
da Universidade Federal de Minas Gerais, utilizando-se um gravador digital (DAT) normal e
portátil.
Para a obtenção dos dados relativos à fala culta dos falantes de Belo Horizonte, foi
organizado um questionário contendo várias perguntas separadas por temas. Assim, o falante
pôde se mostrar mais à vontade para falar sobre um tema ou sobre outro. Abaixo, em (1), o
questionário utilizado para a obtenção dos dados relativos ao dialeto de Belo Horizonte é
apresentado.
(1) Questões para o direcionamento dos inquéritos (Magalhães, 2000)
Tema: Escola
1. Em que escolas você estudou?
2. Quais são as principais diferenças entre as escolas de sua época e as atuais em sua
opinião?
3. Como se deu sua entrada para a Faculdade? Se através do exame Vestibular, como
se deu o período de preparação para o mesmo?
4. Como você enxerga as formas de avaliação do aluno nas escolas brasileiras? Qual
é sua experiência em relação a isso?
5. Como você vê o ensino público hoje?
Tema: Profissão
6. O que o levou a escolher o curso X na Faculdade?
102
7. O trabalho que você exerce hoje está relacionado com a profissão para a qual você
se habilitou na Faculdade? Se não, o que o leva a estar nele? Se sim, está conforme
o que você idealizou no passado?
8. Quais são as perspectivas financeiras para um profissional de X hoje?
9. Que tipos de trabalho podem ser desempenhados por um profissional da área X?
10. Qual é a sua opinião a respeito das reciclagens, cursos de aperfeiçoamento, outros
cursos, pós-graduações?
Tema: Religião
11. Qual é sua religião?
12. O que representa Deus em seu mundo?
13. Qual é a sua visão a respeito do surgimento de tantas opções institucionais de culto
religioso nos dias de hoje?
14. Qual é, basicamente a proposta de sua religião?
15. A religião pode ser negativa na vida do indivíduo? De que maneira?
16. Qual é sua opinião sobre a relação religião/política?
Tema: Família/Amor
17. Fale um pouco sobre a importância da família na formação do indivíduo.
18. De que forma você enxerga a influência da sua família na constituição do que você
é hoje?
19. Qual é o modelo de relação amorosa para você? (Que padrão de relação se espera)
20. Como você encara a fidelidade numa relação amorosa? Você a identifica com a
exclusividade?
21. Qual o grau de importância das relações sexuais num relacionamento? Em que
medida o medo de ser traído diz respeito ao sexo e em que medida diz respeito ao
aspecto emocional?
Tema: Lazer
22. Quais são suas as formas de entretenimento prediletas?
23. Como você, normalmente, aproveita seus períodos de férias?
24. O que você gosta de comer? O que você não gosta de comer?
25. Você foi marcado por algum filme ou livro a que tenha assistido ou tenha lido?
Qual? Por quê? Faça uma síntese da história.
103
26. Como você enxerga a redução da jornada de trabalho?
Tema: Belo Horizonte
27. Quais os principais tipos de transporte você utiliza para deslocamento diário dentro
da cidade? O que você acha das opções e condições oferecidas pelo transporte de
BH?
28. Em termos de cultura, o que BH pode oferecer?
29. A segurança em Belo Horizonte é satisfatória?
30. Como você caracteriza o mineiro?
31. Fale sobre algum local da cidade?
Para a delimitação de nosso estudo, foram analisadas as realizações das vogais médias
pretônicas de oito informantes, quatro homens e quatro mulheres, com formação universitária,
na faixa etária de 25 a 35 anos. Esta faixa etária foi selecionada porque está em conformidade
com a faixa etária relacionada aos demais corpora analisados e serviu para controlar melhor as
informações geradas a partir de um grupo de falantes pertencentes à mesma comunidade de
fala.
Com relação ao formato de entrevista, foi preferido o diálogo entre documentador e
informante. Nesta modalidade espera-se um grau de formalidade maior, devido ao ambiente
em que são gravadas as informações, ou seja, em cabine acústica e com a presença de
microfone, do gravador e do próprio entrevistador. Entretanto, é possível, conforme o
decorrer da entrevista, encontrar um grau de formalidade menor, pois o falante pode
descontrair-se e pronunciar as palavras de modo mais “espontâneo”.
Foram ouvidas, no total, oito horas de gravação, sendo uma hora de gravação para
cada informante. Foram selecionadas 4951 ocorrências de vogais médias em posição
pretônica. (Ver APÊNDICE A). Os dados foram separados em dois grupos maiores, o grupo
das vogais médias anteriores e o das vogais médias posteriores. Este procedimento é
necessário porque o comportamento das vogais médias anteriores é diferente do das vogais
médias posteriores, principalmente no que se refere à elevação da vogal média.
Em cada um destes grupos maiores, as vogais médias foram divididas em três
subgrupos, conforme a sua realização: a) com o timbre fechado, como em ‘[e]ducação’, b)
com o timbre aberto, ‘[E]xcesso’, c) como vogal alta, ‘[i]scola’. A tendência no português
brasileiro é pela realização de um grupo maior de palavras contendo a vogal média fechada.
104
Além disso, foram anotados os casos em que ocorreu variação em uma mesma palavra.
A princípio, seria possível supor que o mesmo falante demonstraria a variação para um
mesmo item lexical.
A descrição detalhada dos dados extraídos do corpus POBH será feita no próximo
capítulo.
Além deste corpus, foram considerados outros dois corpora, Alves (1999) e dados
relacionados à fala espontânea, para que esta análise pudesse ser mais abrangente e que
permitisse observar um número maior de palavras contendo a vogal média em posição
pretônica.
6.3.2 Corpus Alves (1999)
Alves (1999) estudou o comportamento das vogais médias em posição tônica nos
nomes do português brasileiro. Este corpus se torna apropriado para esta pesquisa porque se
podem observar os casos em que ocorrem as vogais médias tanto em posição pretônica como
em posição tônica. Assim, é possível verificar qual a influência da vogal tônica sobre a
pretônica e analisar melhor os casos relacionados ao processo fonológico da harmonia
vocálica, existente no português brasileiro.
A pesquisa feita por Alves contou com 21 informantes, 15 mulheres e 6 homens, com
idade entre 20 e 38 anos. Todos possuem formação universitária, constituindo, assim, uma
mesma comunidade de fala. Nota-se que o grupo selecionado para este corpus é semelhante
ao corpus do POBH. As diferenças ficam por conta do número de informantes selecionados,
21 contra 8 do corpus POBH, e a ampliação da faixa etária, de 25-35 anos para 20-38 anos.
Os dados foram obtidos através de uma leitura de frases em cabine acústica do
Laboratório de Fonética da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais.
Também foi utilizado um gravador digital (DAT) normal e portátil. Observa-se, então, que os
dados foram gravados no mesmo ambiente e com o auxílio do mesmo equipamento. Constata-
se, ainda, o grau de formalidade muito elevado, principalmente porque em Alves (1999) a
gravação foi feita mediante uma leitura de frases, que provoca uma maior atenção do
informante com relação à leitura feita.
A lista de frases utilizada para a gravação dos dados relativos às vogais médias é
apresentada em (2) abaixo.
105
(2) Corpus, extraído de Alves (1999)
1. Os rostos tristes dos pais demonstraram que seus esforços foram em vão.
2. Os políticos preguiçosos prometeram uma queima de fogos de artifício e dois
almoços maravilhosos comemorativos em razão de sua eleição.
3. Aqueles cachorros não gostaram dos ossos que ganharam dos sogros da Maria.
4. Policiais prestaram muitos socorros às pessoas que se acidentaram. Além de
feridos, havia dois corpos estendidos no chão.
5. Os fornos novos estão prontos para serem usados.
6. Aqueles coros da Alemanha chegam, ao Brasil, em setembro.
7. Muitos ovos que são vendidos para exportação estão chocos. Há quem garanta que
os impostos são menores.
8. Alguns corvos comeram restos de miolos de pão que estavam espalhados
pelo chão.
9. Os poços de petróleo
fornecem combustível suficiente para dezenas de postos de
gasolina.
10. Pratos, copos, talheres e caroços de frutas ainda estavam sobre o carpete no dia
seguinte.
11. Todos se surpreenderam com o estado daquelas escovas. Estavam sujas e as cerdas
tortas.
12. No encontro de casais, promovido pela associação esportiva do bairro, as esposas
preferiram natação e os esposos preferiram ioga.
13. Os requebros pomposos das mulatas agradavam os turistas.
14. Os rebocos daquela casa ficaram completamente tortos.
15. Todos os forros de mesa estavam com acabamento em crochê.
16. Os legumes estavam frescos e gostosos.
17. Os porcos da fazenda vizinha são dorminhocos.
18. Os olhos dos índios Tamoios permaneciam tristes.
19. O trompete e o clarinete foram encontrados jogados pelo chão.
20. Todos os esposos foram convidados para o encontro de casais.
21. Foram construídos dois portos extras na baixada santista.
22. No festival
de doces, os pastosos foram saboreados em primeiro lugar.
23. O suor dos empregados
não era reconhecido pelo patrão.
24. Os cornos dos animais encontrados foram entregues na manhã seguinte.
25. Antigamente as alcovas recém construídas eram destinadas a hóspedes ilustres.
106
26. O avesso daquele colchão está em melhor condição que os demais.
27. O cerebelo é uma parte do encéfalo, situada na fossa cerebral posterior.
28. O dorso daquela moça ficou ileso.
29. A crosta formada naquele ferimento não prejudicará a saúde do rapaz.
30. A borda do mar estava resplandecente naquele domingo.
31. A produção têxtil arrecadou bons lucros neste ano.
32. A posta do peixe está estragada.
33. Havia um troço jogado no chão e não pertencia a ninguém.
34. Os rogos aumentam a cada dia por uma vida melhor.
35. Não foi encontrado o dono daquele objeto amorfo.
36. Os bancos fofos são levados para o quarto imediatamente.
37. Este corpete foi lançado em uma poça de lama por engano.
38. A rês está pronta para ser abatida.
As palavras que estão sublinhadas na lista acima indicam as palavras selecionadas para
análise das vogais médias. Nas frases utilizadas, há 67 ocorrências das vogais médias em
posição pretônica. (Ver APÊNDICE C). Multiplicando-se este número por 21 informantes, há,
no total, 1407 ocorrências a serem analisadas. Infelizmente, nem todas as palavras possuem
também a vogal média em posição tônica. Contudo, as poucas palavras (destacadas em
pequenos quadros) que contêm esta característica nos dão pistas sobre a interferência da vogal
tônica sobre a pretônica.
É importante reforçar que o corpus POBH e a corpus Alves (1999) apresentam
informações sobre o falar culto do dialeto de Belo Horizonte, além de apresentar uma situação
muito formal na gravação dos dados. Desta forma, o corpus relacionado à situação da fala
espontânea será também analisado para averiguar se a formalidade no ato da gravação dos
dados também interfere na produção da variação das vogais médias em posição pretônica.
6.3.3 Corpus da fala espontânea
Os dados extraídos da observação de fala espontânea se mostraram necessários para
observar se a variação da vogal média em posição pretônica também ocorre em gravação de
107
dados produzidos de forma espontânea. Além disso, constitui-se em outro conjunto de dados
importantes para a verificação da produção da vogal média nesta posição no dialeto de Belo
Horizonte.
Desta forma, foram selecionados dois informantes, um homem e uma mulher, com
formação universitária, nascidos e criados em Belo Horizonte, na faixa etária de 33 a 36 anos,
sem nunca terem se afastado da cidade por mais de ano. É importante destacar que estes
informantes possuem o perfil semelhante ao dos dois primeiros corpora.
O número baixo de informantes selecionados para este corpus, apenas dois, é devido
ao fato de estes dados servirem como contraponto aos resultados obtidos pelos corpora POBH
e Alves (1999).
A gravação foi feita utilizando-se gravador portátil e tendo o cuidado para evitar que
os informantes percebessem que estavam sendo gravados. Foi feita cerca de uma hora de
gravação. Na ocasião, os informantes estavam em uma sala dialogando sobre os temas
relacionados a estudo, religião e política. Foram selecionadas as palavras que continham
vogal média em posição pretônica nos nomes e nos adjetivos, assim como apresentado nos
corpora anteriores. Foram selecionadas 514 ocorrências de vogais médias em posição
pretônica, separadas em dois grandes grupos, o das vogais médias anteriores e o das vogais
médias posteriores. (Ver APÊNDICE D).
Os resultados referentes aos dados obtidos por meio dos corpora POBH, Alves (1999)
e fala espontânea serão apresentados no próximo capítulo, juntamente com a descrição das
vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte, os fatores
lingüísticos favorecedores à realização destas vogais e a presença da variação intraindividual
e da variação interindividual.
CAPÍTULO SETE
DIALETO DE BELO HORIZONTE: RESULTADOS
7.1 Introdução
A partir das informações obtidas pelos corpora estudados, é possível fazer uma
descrição mais detalhada sobre a realização da vogal média em posição pretônica nos nomes
no dialeto de Belo Horizonte. Além desta descrição, pode-se também observar a variação
encontrada neste dialeto e se este fenomeno pode ser considerado interindividual, ou seja, a
variação entre os itens lexicais se mostra diferente de falante para falante, ou se a variação
pode ser afirmada como sendo intraindividual, já que o mesmo falante pode apresentar
pronúncias diferentes para o mesmo item lexical.
É necessário ainda observar os fatores favorecedores da realização da vogal média
aberta e da vogal alta para verificar se os contextos lingüísticos podem interferir na realização
destes sons de forma mais decisiva. Os dados obtidos revelam de forma mais ampla que a
vogal média fechada é a vogal preferida pelos informantes para a sua realização em posição
pretônica. Em alguns casos específicos, os informantes optam pela realização da vogal alta ou
da vogal média aberta.
Segundo Mattoso Câmara (1970), em seu estudo sobre o sistema vocálico do
português brasileiro, os falantes realizam fonemicamente a vogal média fechada em posição
pretônica. O estudo feito por Mattoso Câmara é uma importante referência para os estudos
que tratam da análise do sistema vocálico do português brasileiro. Entretanto, esta análise
pode ser mais completa se também for considerada a produção dos fonemas vocálicos de
acordo com sua posição nos nomes.
Alves (1999), em seu estudo sobre a realização das vogais médias nos nomes em
posição tônica, mostra que os falantes do dialeto de Belo Horizonte podem variar a pronúncia
da vogal média também nesta posição.
Em posição pretônica, a possibilidade de variação torna-se ainda maior. Viegas
(1987), também sobre o dialeto de Belo Horizonte, mostra que a produção da vogal alta no
lugar da vogal média fechada é possível influenciada por alguns contextos lingüísticos, como,
109
por exemplo, a presença de vogal alta em posição tônica, o segmento precedente, o segmento
seguinte, e outros.
De forma mais específica, as vogais médias no dialeto de Belo Horizonte apresentam
um comportamento bastante complexo em posição pretônica, uma vez que há três formas
fonéticas distintas para a sua realização: a) com o timbre fechado, ‘c[o]brança’; b) com o
timbre aberto, ‘pr[ç]jeto; e c) como vogal alta, ‘m[u]tivo’. Além disso, os falantes deste
dialeto apresentam variação da vogal média em casos específicos. Esta variação ocorre sob
dois formatos: a) variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta, como em
‘c[o]légio’ ~ ‘c[ç]légio e b) variação entre a vogal média fechada e a vogal alta, como em
‘p[e]squisa’ ~ ‘p[i]squisa’.
Constata-se, ainda, que os aspectos lingüísticos que interferem na realização da vogal
média anterior mostram-se diferenciados daqueles que motivam a realização da vogal média
posterior.
Para a descrição de modo detalhado do comportamento das vogais médias em posição
pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte, três corpora distintos foram analisados: a)
corpus POBH, b) corpus retirado de Alves (1999) e c) corpus com dados extraídos da situação
de fala espontânea.
A seguir, serão apresentados os resultados relativos a cada corpus separadamente. O
primeiro a ser descrito é o POBH, que contém a maioria dos dados extraídos para a análise
das vogais médias pretônicas neste dialeto.
7.2 Corpus POBH
Os dados referentes ao corpus POBH (Magalhães, 2000) constituem a base principal
de informações analisadas nesta pesquisa. Foram analisadas 4951 ocorrências de vogais
médias em posição pretônica. Deste total, 3342 ocorrências são das vogais médias anteriores e
1609 são das vogais médias posteriores. (Ver APÊNDICE A).
Em função de o número das ocorrências ser diferenciado para as vogais médias
anteriores e posteriores e, também, porque os aspectos lingüísticos que motivam a realização
de cada grupo de vogais são distintos, serão apresentados na próxima seção apenas os dados
110
relativos à ocorrência da vogal média anterior. Os dados referentes às vogais médias
posteriores serão apresentados de modo separado.
7.2.1 Vogais médias anteriores
Com relação ao grupo das vogais médias anteriores, foram verificadas três
possibilidades de realização para a vogal média em posição pretônica no dialeto de Belo
Horizonte: a) com o timbre fechado [e], como em ‘v[e]g[e]tal’, b) com o timbre aberto [E],
como em ‘[E]xcesso’, e c) como vogal alta [i], como em ‘[i]scola’.
As vogais médias fechadas anteriores constituem o maior grupo dos dados analisados:
2601 ocorrências. O segundo grupo de dados é constituído pela presença da vogal alta no
lugar da vogal média em posição pretônica: 636 ocorrências. O terceiro grupo é formado pelas
palavras que apresentam a vogal média aberta nesta posição. Constituem o menor grupo com
apenas 105 ocorrências. O GRAF. 2 abaixo mostra a ocorrência das vogais médias anteriores.
Corpus POBH: Ocorrência das vo
g
ais
médias anteriores
105
636
2601
0
1000
2000
3000
[e] [E] [i]
Ocorrências
GRÁFICO 2 - Ocorrência das vogais médias anteriores no dialeto de Belo Horizonte,
conforme corpus POBH
A maioria das palavras, isto é 77,8% do total, foi realizada com o timbre fechado da
vogal média. Isto ocorre devido à tendência dos falantes do dialeto de Belo Horizonte optar
pela vogal média fechada em posição pretônica. Contudo, uma parcela significativa, 19,0%
das palavras, foi realizada com a presença da vogal alta no lugar da vogal média nesta
posição. Outro grupo menor ainda apresentou a vogal média aberta em posição pretônica,
111
3,2% dos casos. Isto quer dizer que os casos em que a vogal alta e a vogal média aberta
ocorrem são mais específicos e marcados no dialeto de Belo Horizonte.
Desta forma, é necessário analisar os fatores lingüísticos, como o segmento precedente
e o segmento seguinte, a interferência da vogal tônica sobre a vogal pretônica, que levam à
realização dos casos marcados neste dialeto.
É importante realçar que alguns dados foram descartados de nossa análise por
apresentarem uma especificidade maior com relação aos outros itens lexicais. É o caso das
palavras derivadas ou compostas e casos em que uma nova informação é acrescentada à
formação da palavra. As palavras que apresentam o sufixo ‘-ado’, como ‘bas[i]ado’, mostram
em sua formação que a palavra ‘base’ possui a realização da vogal [i] em posição postônica e
esta informação é adicionada quando do acréscimo do sufixo. Desta forma, a análise da
produção da vogal média em ‘baseado’ estaria comprometida à própria formação da palavra.
Outro grupo de palavras apresenta os sufixos ‘-inho’ e ‘-zinho’. Palavras como
‘m[i]nininho’, ‘[i]scolinha’, ‘p[i]qu[i]nininhas’, ‘toss[i]zinha’ sofrem alguma alteração em sua
pronúncia antes do acréscimo destes sufixos. Por exemplo, a palavra ‘t[ç]sse’ possui em sua
formação a realização da vogal média aberta posterior em posição tônica. Esta produção
continua a mesma quando do acréscimo do sufixo. Já as demais palavras são freqüentemente
realizadas com a vogal alta anterior em posição pretônica, como em ‘m[i]nino’, ‘[i]scola’ e
‘p[i]quenas’. Assim, apenas continuam apresentando a vogal alta com a formação das
palavras no diminutivo.
Outro grupo de palavras descartado é o grupo de palavras compostas, como em
‘mont[i]negro’, ‘sobr[i]mesa’ e ‘auto-[i]scola’. Tomando como exemplo a palavra
‘sobremesa’, vê-se que a junção das palavras ‘sobr[i]’ e ‘m[e]sa’ já apresenta a alteração do
timbre da vogal realizada em posição postônica para a palavra ‘sobre’.
Assim, estas palavras formam um grupo específico de análise em que há a
correspondência em termos de sua produção nas formas de output, que não constitui objeto de
análise desta pesquisa
13
.
Outras palavras que não foram consideradas são aquelas que podem apresentar a
formação de ditongo, como em ‘t[i]atro’, ‘chat[i]ado’, ‘t[i]atrais’, ‘chat[i]ação’ e ‘t[i]atros’.
Estas palavras apresentam a formação de ditongo, principalmente quando pronunciadas de
forma mais rápida. Neste caso específico, observa-se que a velocidade de fala empregada faz
com que a vogal média fechada se torne alta para uma melhor composição de um ditongo. Por
13
Sobre correspondência output-output, consulte McCarthy e Prince (1995).
112
exemplo, a palavra ‘teatro’ foi pronunciada ‘t[i]atro’ devido à nova formação de uma sílaba
contendo o ditongo crescente ‘ia’. Quando ocorre este ditongo, a vogal média que estava na
posição pretônica passa a assumir a posição tônica da palavra.
Sobre a ocorrência da vogal média aberta, algumas palavras compostas também foram
descartadas desta análise por se tratar de uma junção de duas palavras já existentes no
português brasileiro e que já possuem uma pronúncia própria em sua forma primitiva.
Palavras como ‘t[E]l[e]sena’ e ‘m[E]gasena’ mostram esta formação.
É bom ressaltar ainda que estas palavras constituem um dado importante para a
compreensão da formação lexical do português brasileiro. Entretanto, não é alvo de nossa
pesquisa porque demonstram uma especificidade com relação à formação de palavras. O
objetivo principal de nossa análise é a produção e a variação das vogais médias em posição
pretônica nos nomes conforme a Teoria da Otimalidade.
A seguir, serão apresentadas as palavras que mostram a vogal alta anterior em posição
pretônica, destacando-se os contextos lingüísticos favorecedores e categóricos.
Conforme a literatura lingüística é possível relacionar alguns contextos lingüísticos
que favorecem a realização da vogal média com o timbre fechado, com o timbre aberto ou
como vogal alta em posição pretônica. Como um dos objetivos desta pesquisa é analisar os
fatores lingüísticos favorecedores da elevação e do abaixamento desta vogal em posição
pretônica, as seções seguintes mostrarão os contextos referentes à produção da vogal alta e da
vogal média aberta.
Para a melhor compreensão do corpus POBH, três aspectos serão abordados: a) os
fatores lingüísticos favorecedores à realização da elevação e do abaixamento da vogal média
anterior e posterior; b) os processos fonológicos envolvidos na produção das vogais médias
em posição pretônica e c) a variação dos itens lexicais.
A seguir, serão apresentados os fatores lingüísticos que favorecem a elevação da vogal
média fechada anterior em posição pretônica.
7.2.1.1 Fatores favorecedores da elevação da vogal média anterior
A elevação da vogal média em posição pretônica pode ocorrer devido a alguns fatores
lingüísticos favorecedores. Bisol (1981), Callou e Leite (1986), Viegas (1987), Castro (1990),
Yacovenco (1993) estudaram amplamente a ocorrência das vogais médias em posição
113
pretônica, apontando os fatores favorecedores a esta elevação. Especificamente sobre o
dialeto de Belo Horizonte, observam-se os seguintes fatores favorecedores: a) presença da
vogal alta em posição tônica, ‘p[i]dido’; b) presença da vogal alta na sílaba imediatamente
seguinte, ‘s[i]gurança’; c) presença de consoante nasal labial precedente, ‘m[i]dida’; d)
posição inicial de palavra, quando em sílaba travada por /S/, ‘[i]scola’; e e) posição inicial de
palavra, constituindo uma sílaba nasalizada, ‘[i]nganos’.
Sobre os fatores que favorecem a elevação da vogal média, Naro (1973) afirma que o
exame dos documentos mais antigos até meados do século XVII mostra o i para o e- inicial
em somente quatro casos: a) Em um grupo específico de palavras, como idade < aetatem e
irmão < germanum, que constantemente mostram o i ortográfico mesmo nos documentos
mais antigos; b) Se a sílaba seguinte, tônica ou contígua, contém uma vogal alta. Segundo o
autor, este fenômeno é também encontrado nas sílabas internas das palavras, e
conseqüentemente não tem relação direta com a posição inicial apenas; c) Se nasalizada, ou
originada de uma forma desse tipo, como, por exemplo, entrar ~ intrar < intrare; e d) O e-
ortográfico colocado diante de grupos começando com s ‘impuro’ como uma vogal protética.
Associando a afirmação de Naro com os dados obtidos sobre o dialeto de Belo
Horizonte por meio do corpus do POBH, nota-se que os contextos que apresentam a vogal
alta na sílaba seguinte, a sílaba nasalizada e o travamento silábico por /S/ são fatores
favorecedores da realização da vogal alta nesta posição. A única diferença estabelecida é que
a presença da vogal alta em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte favorece a
elevação da vogal alta, mas não quer dizer que este contexto seja categórico para sua
realização. Já a posição inicial de palavra associada ao travamento silábico por /S/ ou à
formação de sílaba nasalizada determina a realização categórica da vogal alta em posição
pretônica.
Especificamente sobre os fatores favorecedores da elevação da vogal média anterior, o
fator da presença da vogal alta em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte foi
observado nas seguintes palavras, como mostrado no QUADRO 7 abaixo.
114
QUADRO 7
Presença da vogal alta anterior em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte
Presença da vogal alta na sílaba tônica
Palavras Ocorrências
ap[i]tite 1
d[i]safios 2
d[i]sculpa 1
m[i]dida 6
m[i]didas 1
m[i]nina 11
m[i]ninas 5
m[i]nino 12
m[i]ninos 3
p[i]dido 1
p[i]rdida 1
p[i]rigo 1
p[i]rua 11
p[i]ruas 5
p[i]squisa 2
pr[i]guiça 2
s[i]gura 1
s[i]guro 4
s[i]rviço 7
s[i]rviços 2
v[i]sícula 1
Presença da vogal alta na sílaba imediatamente seguinte
Palavras Ocorrências
s[i]gurança 8
Observa-se no quadro acima que o número de ocorrências, mostrado especificamente
na segunda coluna, é diferenciado para cada item lexical. Alguns palavras como ‘s[i]rviço’
obtiveram sete ocorrências e outras, como ‘v[i]sícula’, uma apenas. Este fato ocorre devido à
freqüência da palavra proferida pelo informante. Quanto mais freqüente é esta palavra em seu
léxico, maior é a sua possibilidade de ocorrência.
Outro aspecto que nos chama a atenção é que este contexto não é categórico para a
realização da vogal alta, ou seja, não são todas as palavras que apresentam este contexto
lingüístico que serão realizadas sempre com a vogal alta anterior em posição pretônica. Várias
outras palavras foram produzidas pelos falantes com a vogal média fechada anterior em
posição pretônica, como, por exemplo, ‘aborr[e]c[i]da’, ‘acad[e]m[i]a’, ap[e]l[i]do’,
‘caract[e]r[i]stica’, ‘div[e]rt[i]do’, ‘mat[e]r[i]al’, ‘f[e]l[i]cidade’, ‘n[e]c[e]ss[i]dade’.
O mesmo ocorre para as palavras que apresentam o contexto lingüístico da presença de
consoante nasal labial precedente, como as palavras ‘gam[i]leira’, ‘m[i]lhor’. Nestes casos,
115
observou-se a tendência pela elevação da vogal média anterior pretônica. Este número de
dados observado é muito pequeno para estabelecer uma generalização maior com relação ao
favorecimento deste fator à realização da vogal alta anterior pretônica. Além disso, várias
outras palavras foram pronunciadas pelos falantes com a vogal média fechada com relação a
este contexto, como em ‘m[e]dicina’, ‘m[e]ditação’, ‘m[e]mória’, ‘m[e]nor’, ‘m[e]tade’,
‘m[e]todologia’.
Com relação aos contextos categóricos, pode-se observar no QUADRO 8 abaixo que a
presença da vogal média em posição inicial de palavra travada por /S/ é um fator decisivo
para a realização da vogal alta em posição pretônica.
QUADRO 8
Posição inicial de palavra associada ao travamento silábico por /S/
Posição inicial de palavra travada por /S/
Palavras Ocorrências
[i]scada 2
[i]scadas 1
[i]scala 1
[i]scalada 1
[i]scoamento 1
[i]scócia 1
[i]scola 72
[i]scolar 4
[i]scolas 23
[i]scolha 9
[i]scolhas 2
[i]scrita 10
[i]scritas 2
[i]scritor 1
[i]scritora 1
[i]scritores 1
[i]scritório 2
[i]scura 1
[i]scuras 1
[i]scuro 1
[i]scuros 1
[i]sforçado 1
[i]sforço 4
[i]sp[e]ciais 1
[i]sp[e]cial 2
[i]sp[e]cialista 2
[i]sp[e]cialização 12
[i]sp[e]cífica 3
[i]sp[e]cificidades 1
[i]sp[e]cífico 6
116
[i]sp[e]táculo 4
[i]sp[e]táculos 1
[i]spaço 6
[i]spaços 2
[i]spada 1
[i]spécie 2
[i]spera 2
[i]spinafre 1
[i]spírita 9
[i]spíritas 3
[i]spírito santo 2
[i]spiritualidade 1
[i]spiritualização 1
[i]spirro 2
[i]spontânea 3
[i]spontâneo 1
[i]sporte 3
[i]sportes 2
[i]sposa 1
[i]sposas 1
[i]sposo 1
[i]spreita 1
[i]squema 1
[i]squina 1
[i]st[e]reótipo 2
[i]stabilidade 2
[i]stacionamento 2
[i]stações 4
[i]stada 1
[i]stado 5
[i]stados 5
[i]stados Unidos 11
[i]stadual 10
[i]stagiária 3
[i]stagiário 2
[i]stagiários 2
[i]stágio 9
[i]stágios 1
[i]stáveis 1
[i]stética 1
[i]stilo 1
[i]stilos 3
[i]stimulados 1
[i]stômago 1
[i]str[e]ssado 1
[i]str[e]ssante 2
[i]strada 4
[i]strangeira 1
[i]strangeiro 2
[i]strangeiros 2
117
[i]stranho 2
[i]stratégico 1
[i]strelas 1
[i]strito 1
[i]strutura 13
[i]struturação 1
[i]struturais 1
[i]strutural 1
[i]studante 1
[i]studiosa 1
[i]studo 8
[i]studos 10
[i]xclusão 1
[i]xclusiva 1
[i]xclusividade 5
[i]xclusivista 4
[i]xcursão 1
[i]xp[e]ctativa 5
[i]xp[e]ctativas 2
[i]xp[e]riência 11
[i]xp[e]riências 2
[i]xp[e]rimental 1
[i]xpansão 1
[i]xplicação 1
[i]xplícita 1
[i]xploração 1
[i]xplorado 1
[i]xposição 4
[i]xpositores 1
[i]xpressa 2
[i]xt[e]rior 3
[i]xt[e]rmínio 1
[i]xtensão 3
[i]xtraordinárias 1
[i]xtremo 1
[i]xtrov[e]rtido 1
No quadro acima, os dados obtidos mostram que as palavras que apresentam a vogal
média em posição inicial de palavra associada ao travamento silábico por /S/ apresentam a
vogal alta anterior em posição pretônica. Apenas as palavras ‘[e]struturais’ e
‘[e]xperimentais’ também foram realizadas com a vogal média fechada. Neste caso
específico, é possível afirmar que se trata de uma pronúncia específica de um único falante, e,
também, é necessário considerar o grau de formalidade exigido no ato da gravação dos dados,
uma vez que foram gravados em cabine acústica e com a presença do entrevistador e de toda a
aparelhagem necessária à gravação.
118
Especificamente sobre o contexto lingüístico do travamento silábico por /S/, foi
observado que algumas palavras, mesmo tendo apresentado este contexto, foram
pronunciadas pelos falantes com a vogal média fechada, como em ‘fr[e]scura’,
‘inv[e]stimento’, ‘manif[e]stação’, ‘r[e]speito’, ‘r[e]spiração’, ‘v[e]stibular’. Nestes casos, é
possível depreender que o fator lingüístico do travamento silábico por /S/ não é suficiente
apenas para favorecer a elevação da vogal média anterior. É necessário que este contexto
esteja associado à vogal média em posição inicial da palavra para que a elevação ocorra.
Outro contexto que se configura como categórico para a realização da vogal alta em
posição pretônica é a posição inicial de palavra associada à formação de sílaba nasalizada,
como mostra o QUADRO 9 abaixo.
QUADRO 9
Posição inicial de palavra associada à formação de sílaba nasalizada
Posição inicial de palavra formando sílaba nasalizada
Palavras Ocorrências
[i]mbarque 1
[i]mbate 1
[i]mbates 2
[i]mpatia 1
[i]mpolgadas 1
[i]mpregado 1
[i]mprego 24
[i]mpresa 14
[i]mpresarial 3
[i]mpresas 4
[i]mpurrão 1
[i]ncaixe 1
[i]ncontros 3
[i]ncosto 1
[i]nfermeira 2
[i]nfoque 2
[i]ng[e]nharias 1
[i]ng[e]nheiro 2
[i]nganos 2
[i]ngarrafamento 2
[i]ngraçada 1
[i]ngraçado 3
[i]nsino 32
[i]ntr[e]t[e]nimento 1
[i]ntr[e]vista 1
[i]ntrada 1
[i]ntusiasmo 1
[i]nvergonhado 1
119
No quadro acima, o contexto lingüístico da posição inicial de palavra constituindo
uma sílaba nasalizada mostrou-se decisivo para a realização da vogal alta nesta posição. Isto
quer dizer que quando este contexto ocorre, a possibilidade de variação entre a vogal média
fechada e a vogal alta não existe. Em nossos dados, apenas a palavra ‘entretenimento’ foi
pronunciada por um único falante como ‘[e]ntr[e]t[e]nimento’, contendo a vogal média
fechada em posição inicial de palavra. O que se observa, então, é que a opção pela pronúncia
da vogal média fechada neste contexto deve-se mais à situação formal de gravação dos dados
do que propriamente pelo contexto lingüístico apresentado.
Outro contexto que aponta um favorecimento da realização da vogal alta em posição
pretônica é a presença do prefixo ‘des-’, principalmente associado ao fator da posição inicial
de palavra formando sílaba travada por /S/ ou formando sílaba nasalizada, como apresentado
no QUADRO 10 abaixo.
QUADRO 10
Prefixo ‘des-’
Prefixo des-
Palavras Ocorrências
d[i]s[i]mbarque 1
d[i]s[i]mpenho 7
d[i]s[i]mpr[e]gada 4
d[i]s[i]mpr[e]gado 7
d[i]s[i]mpr[e]go 1
d[i]s[i]nvolvido 1
d[i]s[i]nvolvimento 1
d[i]s[i]sp[E]rado
1
d[i]s[i]sp[e]radores 1
d[i]s[i]spero 7
d[i]scaso 1
d[i]scoberta 2
d[i]sconfiado 4
d[i]sconfiança 1
d[i]scontente 1
d[i]scrente 1
d[i]sculpa 1
d[i]sgastante 1
d[i]sint[e]resse 1
d[i]sorganizado 1
d[i]sp[i]dido 1
d[i]spr[e]parada 1
d[i]svantagem 2
120
No quadro acima, a maioria das palavras mostra uma combinação de fatores
lingüísticos que levam à realização da vogal alta anterior em posição pretônica: o prefixo
‘des-’ unido a uma palavra que contém a posição inicial formando sílaba travada por /S/ ou
constituindo uma sílaba nasalizada. Por exemplo, a palavra ‘desempenho’ é uma palavra
formada pelo prefixo ‘des-’ e o radical ‘empenho’. A palavra ‘empenho’ mostra um contexto
lingüístico ideal para a realização da vogal alta, ou seja, a presença da posição inicial de
palavra associada à formação de sílaba nasalizada. Os falantes do dialeto de Belo Horizonte
realizariam naturalmente esta palavra com a vogal alta, como em ‘[i]mpenho’. Outro aspecto
relevante a ser considerado é que o prefixo ‘des-’ é um prefixo átono, e, assim, é pronunciado
com a vogal alta, ‘d[i]s-’. Unindo estas duas informações tem-se, então, a realização da
palavra ‘d[i]s[i]mpenho’ contendo duas vogais altas anteriores em posição pretônica.
Palavras como ‘d[i]scaso’ e ‘d[i]sculpa’ não apresentam esta associação de fatores,
mas a presença do prefixo ‘des-’ já se mostra suficiente para a produção da vogal alta em
posição pretônica.
Apenas a palavra ‘d[e]s[i]nvolvimento’ foi realizada por um único informante com a
vogal média fechada em posição pretônica, caracterizando, assim, uma pronúncia particular.
Desta forma, pode-se afirmar que a junção do fator da posição inicial de palavra
formando sílaba nasalizada ou travada por /S/ e da condição átona do prefixo ‘des-’
favorecem também a realização da vogal alta em posição pretônica.
Ainda com relação à presença da vogal alta anterior em posição pretônica, foi
constatado que algumas palavras possuem a vogal alta nesta posição, mas não apresentam
contextos lingüísticos que possam favorecer esta realização, como mostra o QUADRO 11
abaixo.
121
QUADRO 11
Elevação da vogal média anterior sem contexto lingüístico favorecedor determinante
Elevação da vogal média anterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
[i]norme 7
[i]normes 2
[i]xame 12
[i]xames 1
fut[i]bol 1
p[i]quena 7
p[i]quenas 3
p[i]queno 3
p[i]quenos 1
s[i]m[E]stre
5
Para estes casos específicos, é possível afirmar que a realização particular de cada
palavra exige a elevação. Todas as palavras do QUADRO 11 foram realizadas sempre com a
vogal alta em posição pretônica. Aa únicas palavras que também foram realizadas com a
vogal média fechada nesta posição foram ‘p[e]quenas’ e ‘p[e]queno’, com apenas uma
ocorrência cada. Assim, pode-se constatar que se trata de uma pronúncia particular de um
único informante, que pode ter optado pela vogal média fechada devido à situação formal que
a gravação da entrevista exigia.
Conforme a literatura lingüística, alguns fatores podem não favorecer a realização da
vogal alta anterior. Segundo Bisol (1981), há algumas consoantes que tendem a preservar a
vogal [e] em posição pretônica, como a alveolar precedente e seguinte e a labial precedente e
seguinte. Palavras como ‘dif[e]rença’, ‘prof[e]ssor’, ‘r[e]speito’, ‘p[e]ssoa’, ‘mat[e]mática’,
‘s[e]mana’, ‘l[e]gal’, ‘n[e]gócio’ e ‘m[e]tade’ se enquadram neste contexto e são realizadas
com a vogal média fechada. Contrária a este fator, a palavra ‘s[i]mestre’ foi realizada por
todos os informantes com a vogal alta anterior. Assim, é possível afirmar que algumas
palavras possuem o alçamento da vogal média não por fatores lingüísticos favorecedores, mas
porque a sua própria evolução histórica determina a pronúncia da vogal alta. Outra palavra
que, a princípio, poderia ser realizada com a vogal média fechada é a palavra ‘pequeno’, já
que esta palavra possui o contexto apropriado, que é a presença da consoante labial
precedente. No entanto, foi produzida pela maioria dos informantes com a vogal alta.
Além disso, a palavra ‘pequeno’ se enquadra em outro contexto favorecedor da
realização da vogal média fechada anterior que é a presença da vogal média fechada em
122
posição tônica. No entanto, a preferência pela realização da vogal alta anterior é a opção da
maioria dos informantes selecionados em nossa análise.
Segundo Viegas (1987), também desfavorecem o alçamento de [e] a vogal média
seguinte e a vogal baixa tônica. Palavras como ‘r[e]p[e]tência’, ‘d[e]t[e]rminados’ e
‘prof[e]ssora’ possuem a vogal média fechada na sílaba imediatamente seguinte, e nos dados
observados foram realizadas com a vogal média fechada anterior.
Além destes fatores, pode-se destacar ainda que a vogal média anterior quando em
início de palavra e formando sílaba como único segmento não favorece o processo de
elevação, como em ‘[e]voluída’, ‘[e]ducadora’, ‘[e]c[o]n[o]mia’, ‘[e]ducação’ e ‘[e]xemplo’.
Mesmo ocorrendo algum fator favorecedor, como a vogal alta em posição tônica,
como em ‘[e]voluída’, ou ainda a vogal alta imediatamente seguinte, como na palavra
‘[e]ficiente’, a vogal média anterior em início de palavra formando sílaba como um único
segmento é um fator decisivo para a não elevação da vogal média.
Assim, observa-se que há contextos lingüísticos que favorecem a elevação da vogal
média anterior em posição pretônica, como a presença da vogal alta em posição tônica ou na
sílaba imediatamente seguinte, e há outros contextos que desfavorecem a elevação, como a
presença da vogal média fechada em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte.
Neste caso, o que se observa é que o falante opta pela realização diferenciada da vogal média
pretônica segundo os contextos favorecedores.
Em suma, os fatores lingüísticos que favorecem a elevação da vogal média anterior em
posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte podem ser separados em dois
grupos. O primeiro grupo é constituído pelo fator da presença da vogal alta em posição tônica
ou na sílaba imediatamente seguinte, que apenas favorece a presença da vogal alta em posição
pretônica. Neste contexto, a vogal média fechada também ocorre.
Além deste fator, outro relacionado à presença da consoante nasal labial precedente
também pode favorecer a realização da vogal alta anterior em posição pretônica. Entretanto,
como foram constatados apenas dois exemplos, ‘gam[i]leira’ e ‘m[i]lhor’, não é possível
afirmar que este seja um fator determinante para a realização da vogal alta.
O segundo grupo envolve os fatores que são categóricos para a realização da elevação
da vogal média anterior. São os fatores relacionados à posição inicial de palavra associada ao
travamento silábico por /S/ e à posição inicial de palavra formando sílaba nasalizada. Estes
fatores se mostraram categóricos para a realização da vogal alta anterior em posição
pretônica. Isto quer dizer que a variação não ocorrerá, pois não há um contexto lingüístico que
favoreça este fenômeno.
123
Também, é necessário considerar as palavras que possuem o prefixo ‘des-’. Este
prefixo associado ao fator da posição inicial de palavra formando sílaba travada por /S/ ou à
formação de sílaba nasalizada foi, em sua maioria, realizado com a vogal alta anterior.
Outro fato que se destaca é a presença de algumas palavras que foram pronunciadas
com a vogal alta anterior em posição pretônica, mas que não apresentaram um contexto
lingüístico que favorecesse esta realização.
Na próxima seção serão apresentados os resultados obtidos com relação ao
abaixamento da vogal média anterior em posição pretônica.
7.2.1.2 Fatores favorecedores do abaixamento da vogal média anterior
Os falantes do dialeto de Belo Horizonte podem realizar a vogal média aberta em um
grupo pequeno de palavras. Os fatores lingüísticos favorecedores são os seguintes: a) vogal
média aberta em posição tônica, ‘[E]xc[E]sso’; b) vogal média aberta na sílaba imediatamente
seguinte, ‘d[E]c[ç]r[E]ba’; c) vogal baixa em posição tônica, ‘r[E]nato’; d) vogal baixa na
sílaba imediatamente seguinte, ‘lit[E]ratura’; e e) travamento silábico por /R/, ‘m[E]rcado’.
A seguir serão apresentados os contextos favorecedores à realização da vogal média
aberta em posição pretônica. Além das palavras realizadas com a vogal média aberta anterior
também são mostradas as ocorrências para cada palavra. O QUADRO 12 apresenta o
abaixamento da vogal média condicionado pela vogal média aberta presente em posição
tônica ou na sílaba imediatamente seguinte.
124
QUADRO 12
Presença da vogal média aberta em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte
Vogal média aberta em posição tônica
Palavras Ocorrências
[E]xc[E]sso
1
m[E]lh[ç]r
6
n[E]rv[ç]sa
3
r[E]sp[ç]sta
2
s[E]v[E]ra
2
s[E]v[E]ro
1
Vogal média aberta na sílaba imediatamente seguinte
Palavras Ocorrências
d[E]c[ç]r[E]ba
2
No quadro acima, observa-se que apenas sete palavras apresentam a vogal média
aberta em posição pretônica favorecida pela presença da vogal média aberta em posição
tônica ou na sílaba imediatamente seguinte. Neste caso específico, nota-se que a vogal média
em posição pretônica assimila o traço [-ATR] característico da vogal média aberta presente
em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte.
Especificamente sobre o traço [ATR], é necessário considerar que este traço é
responsável pela distinção das vogais médias abertas e das vogais medias fechadas. Com
relação à distinção dos sons vocálicos por meio de traços fonológicos, há várias propostas que
exibem não apenas o traço [ATR], mas outros traços, como o traço [aberto], que servem como
traços que explicitam a diferença entre as vogais médias. Será visto no capítulo seguinte sobre
a análise dos dados com base na Teoria da Otimalidade que a escolha dos traços para
diferenciar as vogais médias fechadas das abertas terá uma importante função na análise
apresentada sobre a variação.
Apesar de o traço [-ATR] da vogal média aberta em posição tônica ser favorecedor
para a presença da vogal média aberta em posição pretônica, este fator não é decisivo para a
ocorrência da vogal média aberta sempre nesta posição. Outras palavras que também possuem
esta vogal em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte não apresentaram a
realização da vogal média aberta em posição pretônica, mas sim a vogal média fechada,
como, por exemplo, ‘[e]t[E]rna’, ‘n[e]g[ç]cio’, ‘alt[e]r[ç]sa’, ‘d[e]b[ç]che’, ‘d[e]p[ç]sitos’ e
‘d[e]m[ç]ra’. Assim, a questão que surge é: por que os falantes optam em realizar a vogal
média aberta em posição pretônica influenciada pela presença da vogal média aberta em
posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte em algumas palavras e em outras não?
125
Para responder a esta questão é necessário observar que o falante opta pela realização
da vogal média aberta porque este encontra um contexto lingüístico favorável a esta escolha.
Além disso, é importante observar que a variação pode se apresentar como interindividual, ou
seja, a opção em pronunciar a vogal média fechada ou aberta pode ser diferente de falante
para falante.
Outro contexto favorecedor da realização da vogal média aberta em posição pretônica
é a presença da vogal baixa em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte, como é
mostrado no QUADRO 13 abaixo.
QUADRO 13
Presença da vogal baixa em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte
Vogal baixa em posição tônica
Palavras Ocorrências
d[i]s[i]sp[E]rado
1
div[E]rsidade
2
l[E]al
1
lib[E]rdade
1
m[E]rcado
4
r[E]al
3
r[E]nato
1
r[e]mun[E]rado
1
univ[E]rsidade
2
v[
E]rdade
6
Vogal baixa na sílaba imediatamente seguinte
Palavras Ocorrências
ab[E]rração
1
congr[E]gação
1
cons[
E]rvadora
2
coop[E]ração
2
diss[E]rtação
1
diss[E]rtações
3
hi[E]rarquia
1
hot[E]laria
3
l[E]aldade
6
lit[E]ratura
8
lit[E]raturas
2
m[E]rcad[o]lógico
2
m[E]rcad[o]lógicos
2
n[E]gativa
2
r[E]alidade
3
126
r[E]alista
1
r[E]alização
1
r[E]lação
19
r[E]lacionamento
2
r[E]lacionamentos
2
No quadro acima, observa-se que o número de palavras relacionadas neste contexto é
bem maior que o conjunto das palavras realizadas com a vogal média aberta influenciada pela
presença da vogal média aberta em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte.
Além disso, nota-se também que a vogal baixa possui o traço [-ATR] característico
das vogais médias abertas. Desta forma, constata-se que é o traço [-ATR], que caracteriza a
vogal média aberta e a vogal baixa, que motiva a realização da vogal média aberta em posição
pretônica.
Entretanto, os dados obtidos apresentam vários exemplos em que, mesmo com a
presença da vogal baixa em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte, não há a
realização da vogal média aberta em posição pretônica, mas sim da vogal média fechada,
como, por exemplo, ‘m[e]str[a]do’, ‘alt[e]r[a]ções’, ‘mat[e]m[a]tica’, ‘n[e]g[a]tivo’,
‘s[e]p[a]ração’ e ‘g[e]r[a]l’.
Novamente, observa-se que o fator da presença da vogal baixa em posição tônica ou
na sílaba imediatamente seguinte não é categórico para a realização da vogal média aberta
anterior em posição pretônica. Este contexto apenas favorece a realização da vogal média
aberta nesta posição e o falante tem a opção em realizar o timbre aberto ou o timbre fechado
da vogal média pretônica.
Mais outro contexto favorecedor da realização da vogal média aberta anterior em
posição pretônica é o travamento silábico por /R/. Neste caso específico, quando ocorre este
contexto, a probabilidade de o falante pronunciar a vogal pretônica como vogal média aberta é
maior, como mostram as palavras no QUADRO 14 abaixo.
127
QUADRO 14
Travamento silábico por /R/
Travamento silábico por /R/
Palavras Ocorrências
cons[E]rvadora
2
diss[E]rtação
1
diss[E]rtações
3
div[E]rsidade
2
lib[E]rdade
1
m[E]rcado
4
m[E]rcad[o]lógico
2
m[E]rcad[o]lógicos
2
n[E]rv[ç]as
3
univ[E]rsidade
2
v[E]rdade
6
São observadas, no quadro acima, algumas palavras que apresentam a vogal média
aberta anterior em posição pretônica condicionada pelo travamento silábico por /R/. Pode-se
notar ainda que estas palavras são influenciadas por outros contextos favorecedores como a
presença da vogal média aberta em posição tônica, como em ‘n[E]rv[ç]sa’, ou a vogal baixa
em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte, como em ‘m[E]rcado’ e
‘diss[E]rtação’. Assim, há mais de um contexto lingüístico favorecendo a ocorrência da vogal
média aberta anterior em posição pretônica.
Também, é verificado que o travamento silábico por /R/ não é um contexto categórico
para a realização da vogal média aberta. Outras palavras que também apresentam este
contexto foram pronunciadas pelos falantes com a vogal média fechada anterior, como, por
exemplo, ‘v[e]rgonha’, ‘alt[e]rnativa’, ‘c[e]rteza’, ‘aniv[e]rsário’, ‘en[e]rgia’, ‘div[e]rsão’.
Em suma, sobre o abaixamento da vogal média em posição pretônica, observa-se que
há três contextos lingüísticos que favorecem a realização da vogal média aberta nesta posição:
a) a vogal média aberta em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte; b) a vogal
baixa em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte; e c) o travamento silábico por
/R/. Além disso, verifica-se que as palavras que apresentaram a vogal média aberta pretônica
influenciada pelo travamento silábico por /R/ também mostraram outros contextos
favorecedores, como a presença da vogal média aberta em posição tônica, em alguns casos, e
a presença da vogal baixa em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte, em outros
casos.
128
Assim, é possível generalizar o fator motivador da ocorrência da vogal média aberta
em posição pretônica por meio do traço [-ATR], característico da vogal média aberta e da
vogal baixa no português brasileiro.
Também foi constatado que estes contextos não são categóricos para a realização da
vogal média aberta anterior em posição pretônica. Estes contextos apenas levam o falante a ter
a opção pela realização da vogal média aberta. Será visto mais adiante que o mesmo falante
alterna a pronúncia da vogal média em posição pretônica, principalmente devido à
formalidade no ato da gravação dos dados.
Também, observa-se que a possibilidade de ocorrer a variação entre a vogal média
aberta e a vogal média fechada será maior nestes contextos.
Na próxima seção, serão discutidos os casos relativos à ocorrência da vogal média
posterior em posição pretônica.
7.2.2 Vogais médias posteriores
As vogais médias posteriores, assim como as vogais médias anteriores, apresentam
três realizações fonéticas diferentes em posição pretônica: a) com o timbre fechado,
‘c[o]brança’; b) com o timbre aberto, ‘pr[ç]cesso’ e c) como vogal alta, ‘p[u]lítica’.
Os falantes do dialeto de Belo Horizonte realizaram a vogal média fechada posterior
em posição pretônica para a maioria dos dados analisados. Foram observadas 1316
ocorrências da vogal média fechada posterior, nesta posição, em um total de 1609 ocorrências
das vogais médias posteriores analisadas. Além do timbre fechado, os falantes também
realizaram a vogal média aberta e a vogal alta nesta posição. Porém, os dados obtidos
mostram uma quantidade pequena de palavras realizadas com o timbre aberto da vogal média,
126 ocorrências, e com a vogal alta, foram constatadas 167 ocorrências. O GRAF. 3 abaixo
mostra o total de ocorrências das vogais médias posteriores, destacando o total de ocorrências
para cada grupo de vogal média posterior.
129
Corpus POBH: Ocorrências das
vogais médias posteriores
1316
126
167
0
500
1000
1500
[o] [O] [u]
Ocorrências
GRÁFICO 3 - Ocorrência das vogais médias posteriores no dialeto de Belo Horizonte,
conforme corpus POBH
Observa-se no gráfico acima que a ocorrência da vogal média fechada posterior em
posição pretônica constitui um grupo bem maior de palavras, 81,8%, do que o grupo da vogal
média aberta, 7,8%, e o grupo da vogal alta posterior, 10,4%. Comparando-se este gráfico ao
da ocorrência das vogais anteriores, verifica-se que a vogal alta posterior não ocorre em
muitos casos como a vogal alta anterior. A princípio, é possível afirmar que esta diferença
deve-se ao fato de haver contextos lingüísticos categóricos para a ocorrência da vogal alta
anterior que são inexistentes para a vogal alta posterior.
A realização da vogal média aberta e da vogal alta constitui os casos específicos em
posição pretônica. Desta forma, os fatores lingüísticos que levam a estas realizações serão
discutidos nas próximas seções a fim de encontrar meios para determinar lingüisticamente a
ocorrência destas vogais no dialeto de Belo Horizonte.
Para uma análise adequada dos dados, é necessário informar que, assim como foi feito
com relação às vogais anteriores, algumas palavras foram descartadas de nossa análise por
tratar de casos específicos da realização da vogal alta posterior nesta posição.
Foram descartadas as palavras que são compostas, como as palavras ‘aut[u]-[i]scola’,
‘aut[u]-bi[o]grafia’ e ‘angl[u]-americano’. Em sua formação, estas palavras contêm os
elementos ‘aut[u]’ e angl[u]’ que possuem a vogal alta postônica. Desta forma, quando ocorre
a composição da palavra, a vogal alta já está presente, não caracterizando uma mudança de
timbre em função de estar em posição pretônica.
Outro grupo descartado é constituído pela formação de ditongo crescente ‘io’, como
em ‘educaci[o]nal’, profissi[o]nais’ e ‘raci[o]cínio’. Estas palavras apresentam o ditongo
crescente sempre da mesma forma, ou seja, com a presença da vogal média fechada [o], não
apresentando casos relacionados à variação.
130
Outro grupo de palavras também apresenta uma possível formação de ditongo em
decorrência da velocidade de fala, como as palavras ‘d[u]ença’, ‘d[u]ente’, ‘d[u]entes’,
‘pess[u]ais’, ‘pess[u]al’, ‘c[u]elho’, ‘m[u]eda’. Nestas palavras, a vogal média fechada torna-
se alta devido à formação de um ditongo crescente. Desta forma, também foram descartadas
da análise.
As palavras que apresentam a formação de diminutivo também foram desconsideradas,
como a palavra ‘b[u]nitinho’. Neste caso, a palavra ‘b[u]nito’ já contém a vogal alta em
posição pretônica, não havendo, pois, mudança da vogal pretônica com relação ao acréscimo
do sufixo ‘-inho’ à palavra. A palavra ‘m[u]edinha’ também foi descartada devido à formação
do ditongo crescente ‘ue’ presente na palavra.
As palavras que apresentaram o sufixo de aumentativo ‘-ão’ também foram
desconsideradas desta análise, como a palavra ‘bolão’.
Sobre o abaixamento da vogal média posterior, conforme os dados analisados do
corpus POBH, é importante ressaltar que algumas palavras foram descartadas por
apresentarem sufixo que indica o diminutivo, como os sufixos ‘-inho(a)’ e ‘-zinho(a)´, como
nas palavras ‘pr[ç]vinha’, ‘esc[ç]linha’, ‘j[ç]guinhos’, ‘m[ç]derninha’, ‘[ç]telzinho’. Nestes
casos, há a interferência da palavra primitiva na realização da vogal média pretônica. Outras
palavras, como as palavras ‘c[ç]sm[o]gênica’ e s[ç]ci[o]lingüística’, também não foram
consideradas devido à formação de palavras compostas.
É importante ressaltar que os casos descartados referem-se à produção particular da
vogal média influenciada pela formação de palavras. Os sufixos acrescidos à formação de
palavras no português brasileiro seguem uma especificidade própria, não caracterizando o
alvo principal de nossa análise. Além disso, estes casos mostram uma relação de identidade
entre as formas de superfície, ou seja, a relação output-output. E esta relação não é o objetivo
central desta pesquisa, que procura pela relação estabelecida entre a forma subjacente e as
formas de superfície
14
.
Na próxima seção, serão apresentados os fatores lingüísticos que favorecem a
realização da vogal alta posterior em posição pretônica.
14
Para maiores detalhes sobre a relação output-output, consulte McCarthy e Prince (1995). Sobre o léxico do
português brasileiro, confira Lee (1995).
131
7.2.2.1 Fatores favorecedores da elevação da vogal média posterior
A partir dos dados observados sobre o dialeto de Belo Horizonte, os contextos
lingüísticos que favorecem a presença da vogal alta posterior em posição pretônica são os
seguintes: a) vogal alta em posição tônica, ‘c[u]mida’; b) vogal alta na sílaba imediatamente
seguinte, ‘p[u]licial’; c) consoante labial precedente, ‘m[u]starda’; e d) consoante velar
precedente, ‘c[u]stume’.
O fator lingüístico da presença da vogal alta em posição tônica ou na sílaba
imediatamente seguinte ocorreu em um número considerável de casos, como pode ser visto no
QUADRO 15.
QUADRO 15
Vogal alta em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte
Vogal alta tônica
Palavras Ocorrências
b[u]nita 1
b[u]nito 5
b[u]nitos 2
b[u]tique 1
c[u]mida 18
c[u]rrupto 3
c[u]stume 1
c[u]stumes 2
c[u]zinha 1
d[u]mingo 8
gas[u]lina 1
m[u]tivo 7
m[u]tivos 3
n[u]tícia 1
p[u]lícia 10
p[u]lícias 1
p[u]lítica 9
p[u]líticas 1
p[u]lítico 10
p[u]líticos 1
s[u]brinhas 2
s[u]brinho 3
s[u]brinhos 1
s[u]frida 1
Vogal alta na sílaba imediatamente seguinte
Palavras Ocorrências
m[u]tivações 1
132
p[u]licial 1
p[u]liciamento 4
É possível observar no quadro acima que a maioria das palavras apresentadas possui
uma vogal alta em posição tônica. Este fator favorece a realização da vogal alta também em
posição pretônica. Contudo, não é um fator categórico para a elevação da vogal média
posterior. Algumas palavras que possuem o mesmo contexto lingüístico foram realizadas com
a vogal média fechada, como as palavras ‘n[o]turna’ e ‘m[o]tricidade’. O falante, ao perceber
este contexto lingüístico, pode optar em realizar a vogal alta nesta posição ou a vogal média
fechada. Este contexto, então, permite que a variação ocorra.
Outro fator favorecedor da vogal alta em posição pretônica é a presença da consoante
labial precedente, como mostra o QUADRO 16 abaixo.
QUADRO 16
Presença de consoante labial precedente
Consoante labial precedente
Palavras Ocorrências
b[u]neco 1
b[u]nita 1
b[u]nito 5
b[u]nitos 2
b[u]tique 1
m[u]starda 1
m[u]tivações 1
m[u]tivo 7
m[u]tivos 3
p[u]lícia 10
p[u]licial 1
p[u]liciamento 4
p[u]lícias 1
p[u]lítica 9
p[u]líticas 1
p[u]lítico 10
p[u]líticos 1
Como o fator da presença da vogal alta em posição tônica ou na sílaba imediatamente
seguinte, não é um fator categórico para a realização da vogal alta nesta posição. Palavras
como ‘m[o]delo’, ‘m[o]mento’ e ‘comp[o]rtado’ foram realizadas com a vogal média fechada.
133
O contexto lingüístico da presença da consoante velar precedente também favorece a
elevação da vogal média posterior em posição pretônica. No QUADRO 17 são apresentadas
as palavras que mostram este contexto.
QUADRO 17
Consoante velar precedente
Consoante velar precedente
Palavras Ocorrências
c[u]meço 4
c[u]mida 18
c[u]rrupto 3
c[u]stume 1
c[u]stumes 2
c[u]zinha 1
desc[u]berta 1
g[u]verno 13
Neste mesmo contexto, é possível realizar a vogal média fechada, como, por exemplo,
‘c[o]meço’.
De todas as palavras analisadas no corpus POBH, com relação à elevação da vogal
média fechada posterior em posição pretônica, apenas as palavras ‘s[u]taque’ e ‘t[u]mate’
apresentaram a vogal alta nesta posição sem estarem relacionadas aos contextos lingüísticos
favorecedores da elevação no dialeto de Belo Horizonte. Pode-se afirmar que nestes dois
casos a elevação ocorre de forma específica pela própria evolução lingüística das palavras,
levando ao alçamento.
Sobre os fatores que não favorecem a elevação da vogal média, Bisol (1981) observa
que a presença da consoante alveolar precedente e seguinte tende a preservar a vogal média
pretônica. No dialeto de Belo Horizonte, este mesmo fator ocorre, como, por exemplo, em
‘s[o]lução’ e ‘ n[o]turna’.
Viegas (1987) afirma que o alçamento de [o] é desfavorecido pelas vogais médias
posteriores em início de palavra, as nasais precedentes, a vogal média tônica e a vogal baixa
tônica imediatamente seguinte. Os dados sobre o dialeto de Belo Horizonte confirmam este
desfavorecimento da realização da vogal alta posterior em posição pretônica. As palavras
‘[o]p[o]sições’, ‘m[o]delo’, ‘pr[o]blemas’ e ‘pr[o]grama’ exemplificam estes contextos
apresentados.
Sobre os fatores que não favorecem a elevação da vogal média posterior, o que se
observa é que estes contextos são muito amplos, e que alguns deles também levam à
134
realização da vogal média aberta, como a presença da vogal média baixa na sílaba
imediatamente seguinte, como por exemplo, ‘f[ç]rmação’.
Na próxima seção, serão apresentados os casos relacionados ao abaixamento da vogal
média posterior.
7.2.2.2 Fatores favorecedores do abaixamento da vogal média posterior
Conforme a literatura lingüística é possível relacionar alguns contextos favorecedores
da realização da vogal média aberta posterior em posição pretônica. Especificamente sobre o
dialeto de Belo Horizonte, observa-se que a presença da vogal média aberta em posição tônica
e a presença da vogal baixa em posição tônica e na sílaba imediatamente seguinte são os
fatores mais determinantes para que o abaixamento ocorra.
Com relação ao fator lingüístico da presença da vogal média aberta em posição tônica,
foram encontradas as palavras apresentadas no QUADRO 18 abaixo.
QUADRO 18
Presença da vogal média aberta em posição tônica
Vogal média aberta em posição tônica
Palavras Ocorrências
bi[ç]lógicos
1
bibli[ç]t[E]ca
3
c[ç]l[E]ga
3
c[
ç]l[E]gio
26
c[ç]legas
2
c[ç]l[E]gios
2
c[ç]m[E]dia
1
c[ç]rreto
1
d[e]c[ç]r[E]ba
4
disc[ç]teca
2
g[ç]stosa
2
n[ç]rdeste
6
[
ç]téis
3
[
ç]tel
12
[o]rr[ç]rosa
2
pr[ç]c[E]sso
11
pr[ç]c[E]ssos
2
135
pr[ç]j[E]to
10
pr[ç]j[E]tos
3
pr[ç]p[ç]sta
2
pr[ç]s[ç]dia
4
pr[ç]sp[E]cto
1
O quadro acima mostra que a presença da vogal média aberta em posição tônica
favorece a realização da vogal média aberta posterior em posição pretônica. Contudo,
algumas palavras observadas com o mesmo contexto lingüístico apresentam a vogal média
fechada nesta posição, como, por exemplo, ‘pr[o]gr[E]sso’, ‘[o]bj[E]to’, ‘m[o]d[E]rno’. Isto
quer dizer que este contexto não se mostra categórico para a realização da vogal média aberta
posterior pretônica, e possibilita que a variação aconteça.
Outro contexto favorecedor da realização da vogal média posterior pretônica é a
presença da vogal baixa em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte, como mostra
o QUADRO 19 abaixo.
QUADRO 19
Presença da vogal baixa em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte
Vogal baixa em posição tônica
Palavras Ocorrências
bur[ç]cráticos
1
f[ç]rmada
3
inf[ç]rmado
1
is[ç]lada
1
is[
ç]ladas
1
j[ç]rnal
1
[
ç]ral
2
[
ç]rário
2
[
ç]spital
1
[ç]t[E]laria
3
Vogal baixa na sílaba imediatamente seguinte
Palavras Ocorrências
aprim[ç]ramento
1
f[ç]rmação
2
inf[
ç]rmação
1
inf[
ç]rmações
1
is[ç]lamento
1
[ç]ralidade
1
136
Apesar de este fator ser favorecedor, algumas palavras foram realizadas com a vogal
média fechada, como ‘[o]brigação’, ‘adv[o]gado’, ‘ch[o]c[o]late’, ‘f[o]rtaleza’.
Desta forma, é possível afirmar que tanto o contexto lingüístico da presença da vogal
média aberta em posição tônica como a presença da vogal baixa em posição tônica ou na
sílaba imediatamente seguinte são contextos favorecedores do abaixamento da vogal média
posterior. O falante, ao constatar estes contextos lingüísticos, tem a opção em realizar a vogal
média fechada ou a vogal média aberta em posição pretônica.
Assim como foi visto com relação ao abaixamento da vogal média anterior, observa-se
que é necessário que o traço [-ATR], característico das vogais médias abertas e da vogal
baixa, aconteça em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte para que a realização
da vogal média aberta ocorra em posição pretônica.
7.2.3 Corpus POBH: considerações finais
Sobre os fatores favorecedores da elevação e do abaixamento da vogal média anterior
e posterior, confirma-se que o dialeto de Belo Horizonte demonstra alguns fatores lingüísticos
favorecedores da realização da vogal média aberta e da vogal alta em posição pretônica nos
nomes.
Sobre a elevação da vogal média, apenas o fator da presença da vogal alta em posição
tônica ou na sílaba imediatamente seguinte é semelhante para a realização da vogal alta
anterior e posterior.
Especificamente sobre a realização da vogal alta anterior, outro fator que pode ser
considerado favorecedor á a consoante nasal labial precedente. Outro grupo, que contém a
posição inicial de palavra associada ao travamento silábico por /S/ ou à formação de sílaba
nasalizada, é considerado categórico para a realização da elevação da vogal média.
Com relação à vogal posterior, observa-se que a elevação também é favorecida pela
presença da consoante labial precedente e da consoante velar precedente.
Sobre os fatores desfavorecedores do alçamento da vogal média anterior foram
observados os fatores relacionados à presença da consoante alveolar precedente e seguinte e
da consoante labial precedente e seguinte e a presença da vogal média seguinte e da vogal
baixa tônica. A vogal média anterior quando em início de palavra e formando sílaba como
único segmento também desfavorece o processo de elevação.
137
Com relação à vogal posterior, os fatores que não favorecem a elevação da vogal
média são a presença da consoante alveolar precedente e seguinte, a presença das vogais
médias posteriores em início de palavra, as nasais precedentes, a vogal média tônica e a vogal
baixa tônica ou na sílaba imediatamente seguinte.
No diz respeito ao abaixamento da vogal média, constata-se que os fatores que
favorecem a realização da vogal média aberta anterior são semelhantes aos fatores que
motivam a produção da vogal média aberta posterior. Neste caso, a vogal média aberta e a
vogal baixa em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte favorecem a realização do
timbre aberto da vogal média em posição pretônica. Observa-se também que este mesmo
contexto permite que a vogal média fechada ocorra em posição pretônica.
Especificamente sobre a realização da vogal média aberta anterior, outro fator
lingüístico favorece a produção do timbre aberto: o travamento silábico por /R/. Neste caso,
constata-se que este fator está associado a outros contextos, como a presença da vogal baixa
em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte.
A seguir, serão mostrados os processos fonológicos relacionados à produção da vogal
média em posição pretônica e à relação estabelecida com os fatores lingüísticos apresentados.
7.2.4 Processos fonológicos
No português brasileiro, especificamente sobre o dialeto de Belo Horizonte, é possível
relacionar dois processos fonológicos mais atuantes com relação à produção das vogais
médias em posição pretônica: a) harmonia vocálica e b) redução vocálica. Estes processos
estão diretamente relacionados à variação existente neste dialeto em posição pretônica.
A seguir, será apresentado cada processo separadamente e o seu comportamento com
relação às vogais médias anteriores e posteriores.
7.2.4.1 Harmonia vocálica
O processo de harmonia vocálica ocorre quando há a assimilação de um ou mais traços
vocálicos.
138
Para Trask (1996, p. 383), a harmonia vocálica ocorre devido a um acordo em relação
a um ou mais traços fonéticos. Afirma, também, que a harmonia se estabelece quando a
qualidade de uma vogal é alterada para se tornar similar a outra vogal na mesma palavra
fonológica.
Especificamente no dialeto de Belo Horizonte, a vogal em sílaba pretônica assimila os
traços da vogal em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte. Neste caso, é possível
relacionar dois contextos em que a harmonia vocálica acontece: a) por condicionamento da
vogal média aberta ou da vogal baixa em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte,
como em [E]xc[E]sso’ e ‘[ç]rário’, e b) pela presença da vogal alta em sílaba tônica ou na
sílaba imediatamente seguinte, ‘m[i]d[i]da’. A seguir, será apresentado cada caso
separadamente.
Os fatores lingüísticos favorecedores da elevação da vogal média anterior mostram
que a presença da vogal alta em posição tônica é um fator que favorece a ocorrência da vogal
alta em posição pretônica. Por exemplo, na palavra ‘menino’, a vogal alta [i] em posição
tônica influencia a realização da vogal alta em posição pretônica. Desta forma, os falantes do
dialeto de Belo Horizonte podem realizar a palavra ‘m[i]nino’.
Quando ocorre uma vogal alta na sílaba imediatamente seguinte, a presença da vogal
alta também em posição pretônica é favorecida, como, por exemplo, na palavra
‘s[i]g[u]rança’.
Observa-se, então, que o traço [+alto] presente na vogal alta em posição tônica ou na
sílaba imediatamente seguinte é assimilado pela vogal média pretônica, caracterizando, assim,
o processo de harmonia vocálica pelo traço [alto].
Com relação aos casos relativos à elevação da vogal média posterior, observa-se
também o processo de harmonia vocálica pelo traço [alto] presente em posição tônica. As
palavras ‘b[u]n[i]to’, ‘c[u]m[i]da’, ‘gas[u]l[i]na’ possuem a vogal alta em posição tônica, que
é assimilada pela vogal média presente em posição pretônica. Assim, devido à harmonia
vocálica pelo traço [alto], a vogal média pretônica torna-se uma vogal alta.
Também, com relação à presença da vogal alta na sílaba imediatamente seguinte, é
possível afirmar que ocorre a harmonia vocálica pelo traço [alto]. Por exemplo, a palavra
‘m[u]t[i]vações’ apresenta a vogal alta em posição pretônica influenciada pela vogal alta
presente na sílaba imediatamente seguinte.
Assim, observa-se que o processo de harmonia vocálica pelo traço [alto] ocorre tanto
relacionado à vogal média anterior quanto à vogal média posterior em posição pretônica. Este
139
processo é um fator favorecedor para a realização da vogal alta em posição pretônica no lugar
da vogal média fechada.
Outro caso relacionado ao processo de harmonia vocálica tem por gatilho a vogal
média aberta. Esta vogal, quando ocorre em posição tônica, motiva a ocorrência da vogal
média aberta também em posição pretônica. Por exemplo, a tendência é que os falantes do
dialeto de Belo Horizonte pronunciem a palavra ‘excesso’ com a vogal média aberta também
em posição pretônica, como em ‘[E]xc[E]sso’.
A vogal média anterior em posição pretônica também é realizada com o timbre aberto
se ocorrer uma vogal média aberta em uma sílaba imediatamente seguinte, como na palavra
‘d[E]c[ç]r[E]ba’.
Outro fato importante no que se refere à realização da vogal média aberta em posição
pretônica é a sua produção devido à influência da vogal baixa presente em posição tônica ou
na sílaba imediatamente seguinte, como em ‘m[E]rcado’ e ‘lit[E]r[a]tura’. A vogal média em
posição pretônica tende a se tornar aberta devido ao processo de harmonia vocálica. Tanto a
vogal média aberta quanto a vogal baixa possuem em comum o traço [-ATR]. É este traço que
é assimilado pela vogal pretônica.
Sobre a realização da vogal média aberta posterior em posição pretônica, pode-se
também afirmar que ocorre o processo de harmonia vocálica por meio do traço [-ATR].
Quando ocorre a vogal média aberta em posição tônica, a probabilidade de acontecer a vogal
média aberta em posição pretônica é muito grande. As palavras ‘pr[ç]j[E]to’, ‘pr[ç]p[ç]sta’ e
‘pr[
ç]c[E]sso’ contêm a vogal média aberta em posição tônica, que serve como gatilho para a
ocorrência da vogal média aberta também em posição pretônica.
Conforme os dados obtidos através do corpus POBH, não houve nenhum caso em que
a vogal média aberta na sílaba imediatamente seguinte pudesse favorecer a ocorrência da
vogal média aberta posterior em posição pretônica.
Já a presença da vogal baixa em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte
motiva a realização da vogal média aberta em posição pretônica, como nas palavras
‘is[
ç]l[a]da’, [ç]r[a]rio’, ‘f[ç]rm[a]ção’ e ‘aprim[ç]r[a]mento’.
Portanto, sobre o processo de harmonia vocálica, verifica-se que no dialeto de Belo
Horizonte há duas formas de ocorrência: a) pelo traço [alto], e b) pelo traço [-ATR]. Estes
traços que acontecem em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte são assimilados
pela vogal média em posição pretônica, resultando na realização da vogal alta e da vogal
média aberta, respectivamente.
140
A seguir, serão apresentados os casos relacionados ao processo de redução vocálica.
7.2.4.2 Redução vocálica
O processo de redução vocálica refere-se ao fato de um som tornar-se reduzido por
diversos fatores.
Para Trask (1996, p. 384), redução vocálica refere-se a qualquer processo fonológico
da fala que torna uma vogal mais curta, menos sonora, mais baixa em termos de sua
entonação ou mais central em qualidade, ou que neutraliza alguns contrastes vocálicos em
sílabas não acentuadas.
Segundo Crosswhite (1999), o termo redução vocálica é freqüentemente aplicado a
vários fenômenos lingüísticos diferentes. Pode ser referido ao apagamento indiscriminado de
vogais não acentuadas ou pode relacionar-se às mudanças não neutralizadas na pronúncia de
vogais acentuadas e não acentuadas.
Mattoso Câmara (1970) afirma que o que caracteriza as posições átonas, como a
posição pretônica, é a redução do número de fonemas. Assim, ocorre a neutralização quando
“mais de uma oposição desaparece ou se suprime, ficando para cada uma um fonema em vez
de dois” (MATTOSO CÂMARA, 1970, p. 43). Com relação às vogais médias em posição
pretônica, o que ocorre é o desaparecimento da oposição entre as vogais médias fechadas e as
vogais médias abertas. Segundo o autor, nesta posição, apenas as vogais médias fechadas
ocorrem.
É bom ressaltar que Mattoso Câmara afirma que sua análise sobre os segmentos
vocálicos no português brasileiro é fonêmica. Assim, não reforça as possíveis variações
existentes no português brasileiro entre as vogais médias pretônicas. De fato, o autor apenas
menciona que “todos os fonemas vocálicos, em termos fonéticos, apresentam variação
articulatória e auditiva”. (MATTOSO CÂMARA, 1970, p. 43).
Especificamente sobre o português falado no dialeto de Belo Horizonte, observa-se
que a redução ocorre devido à mudança da qualidade vocálica em posição pretônica, já que
esta posição permite que os sons sejam pronunciados mais curtos e menos sonoros.
Sobre a realização da vogal alta anterior, foi constatado que os contextos lingüísticos
da posição inicial de palavra associada ao travamento silábico por /S/, como em ‘[i]scola’, e
141
da posição inicial de palavra formando sílaba nasalizada, como em ‘[i]nsino’, são contextos
categóricos para a realização da vogal alta em posição pretônica.
Observa-se, também, que algumas palavras analisadas contêm a redução vocálica, mas
não estão condicionadas por nenhum fator lingüístico. É o caso das palavras ‘[i]norme’,
‘[i]normes’, ‘[i]xame’, ‘[i]xames’, ‘fut[i]bol’, ‘p[i]quena’, ‘p[i]quenas’ ‘p[i]queno’ e
s[i]mestre’. Pode-se, a princípio, afirmar que se trata de casos relacionados à evolução
lingüística de cada palavra em particular, ou ainda relacionar a preferência pela pronúncia da
vogal alta pela própria posição pretônica que favorece a mudança da qualidade vocálica,
tendendo a vogal ser mais curta e menos sonora.
Com relação à ocorrência da vogal alta posterior em posição pretônica, observa-se que
alguns contextos são favorecedores à redução vocálica. Quando ocorre uma consoante labial
precedente, como em ‘b[u]neco’, ou uma consoante velar precedente, como em ‘g[u]verno’, a
probabilidade de acontecer a vogal alta em posição pretônica é maior.
Também, há um grupo de palavras que são realizadas com a vogal alta posterior em
posição pretônica, mas que não são influenciados por um fator lingüístico específico, como as
palavras ‘s[u]taque’ e ‘t[u]mate’.
Desta forma, o processo de redução vocálica no dialeto de Belo Horizonte se apresenta
sob dois formatos: condicionados por fatores lingüísticos ou sem condicionamento algum.
Além disso, alguns contextos sempre levam à redução da vogal anterior, como os casos
relacionados à posição inicial de palavra associado ao travamento silábico por /S/ ou
formando sílaba nasalizada.
Na próxima seção, serão tratados os casos específicos sobre a variação das vogais
médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte.
7.2.5 Variação das vogais médias em posição pretônica
A variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo
Horizonte ocorre sob dois formatos: a) variação entre a vogal média fechada e a vogal alta e
b) variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta. Além disso, os fatores
lingüísticos que motivam esta variação são diferenciados entre as vogais anteriores e
posteriores, sobretudo no diz respeito à variação entre a vogal média fechada e a vogal alta.
142
Outro aspecto importante a se considerar é que houve variação no corpus POBH por
todos os informantes selecionados. Isto quer dizer que a variação é um fenômeno complexo e
que o falante, dependendo da situação apresentada e do contexto lingüístico inserido, varia a
pronúncia do item lexical. Esta variação pode ser observada conforme a influência de fatores
lingüísticos específicos e mesmo com relação à formalidade exigida no ato da gravação dos
dados.
Além disso, é importante que se verifique a variação sob dois aspectos: a variação
interindividual e a variação intraindividual para se determinar se a variação é produzida por
indivíduos diferentes ou se o mesmo indivíduo mostra variação em sua fala.
Assim, é necessário apresentar os casos de variação individualmente, para depois
verificar se a variação ocorre devido à pronúncia diferenciada do item lexical de falante para
falante.
7.2.5.1 Variação intraindividual
O corpus POBH apresentou variação feita pelos oito informantes selecionados. E esta
variação mostrou algumas diferenças com relação à escolha de seu formato, ou seja, a
variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta e a variação entre a vogal média
fechada e a vogal alta. Também é possível associar a variação à própria estrutura da palavra
variada.
Assim, alguns informantes apresentaram os dois formatos de variação enquanto que
outros apresentaram um único formato. Sobre a palavra em variação, observa-se que alguns
informantes optaram em variar um grupo de palavras mostrando o mesmo contexto
lingüístico, já outros apresentaram variação em uma palavra específica.
A seguir, serão apresentados os gráficos que mostram o comportamento lingüístico em
termos de ocorrências das vogais médias em posição pretônica para cada informante
selecionado nesta análise. Além disso, serão apresentadas as palavras em variação.
O primeiro informante, EQR, apresentou 545 ocorrências de vogais médias em
posição pretônica, como pode ser visto no GRAF. 4 abaixo.
143
Produção de vogais médias
pretônicas: Informante EQR
280
8
59
177
13
8
0
50
100
150
200
250
300
[e] [E] [i] [o] [O] [u]
Ocorrências
GRÁFICO 4 - Produção das vogais médias em posição pretônica: Informante EQR
15
O gráfico acima mostra que a maioria das palavras analisadas se refere à realização
das vogais médias anteriores. A maior ocorrência é da vogal média fechada, com 280
ocorrências, em segundo lugar aparece a realização da vogal alta, com 59 ocorrências, e, por
último, um pequeno grupo representando a realização da vogal média aberta, com 8
ocorrências.
Sobre a produção das vogais médias posteriores, a maioria das palavras foi realizada
com a vogal média fechada, com 177 ocorrências. Entretanto, um fato novo se observa: o
segundo maior grupo de palavras é representado pela realização da vogal média aberta, com
13 ocorrências, e o terceiro grupo, o da realização da vogal alta, com 8 ocorrências. Este fato
mostra que o comportamento das vogais médias anteriores é diferente do das vogais médias
posteriores.
Observa-se também que há mais palavras que contêm a vogal média anterior do que a
posterior.
Com relação ao grupo das vogais altas, nota-se que a elevação da vogal média anterior
é muito maior do que a elevação da vogal média posterior. Este fato ocorre em função de
haver mais fatores favorecedores da realização da vogal alta anterior do que da vogal alta
posterior. Inclusive, alguns contextos se mostram categóricos para a realização da vogal alta
anterior, o que não ocorre com a vogal posterior.
Especificamente sobre o fenômeno da variação, o informante EQR apresentou apenas
a variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta. Foram apenas duas palavras
relacionadas à variação das vogais médias anteriores, e uma palavra relacionada à variação
das vogais médias posteriores, como pode ser visto no QUADRO 20.
15
Em todos os gráficos apresentados os símbolos [E] e [O] correspondem às vogais médias abertas [E] e [ç],
respectivamente.
144
QUADRO 20
Variação das vogais médias anteriores e posteriores: Informante EQR
Variação das vogais médias anteriores
[e] Ocorrências
[E]
Ocorrências [i] Ocorrências
m[e]rcado 3
m[E]rcado
1
r[e]lação 4
r[
E]lação
2
Variação das vogais médias posteriores
[o] Ocorrências
[ç]
Ocorrências [u] Ocorrências
[o]rário 1
[ç]rário
1
Observa-se que o fator lingüístico favorecedor da ocorrência da vogal média aberta em
posição pretônica é o mesmo nos três casos apresentados: a presença da vogal baixa em
posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte. Isto quer dizer que este informante ao
detectar este contexto lingüístico pode realizar a vogal média pretônica com o timbre fechado
ou pode realizar o timbre aberto, favorecendo o processo de harmonia vocálica pelo traço
[-ATR].
Em contrapartida, pode-se afirmar que o informante EQR possui bem estabelecido o
contexto para realizar a elevação da vogal média, uma vez que não ocorreu a variação entre a
vogal média fechada e a vogal alta.
O segundo informante, LMA, apresentou mais ocorrências de vogais médias em
posição pretônica: 779 ocorrências. O GRAF. 5 mostra a distribuição das ocorrências
conforme a produção da vogal média pelo falante.
Produção de vogais médias
pretônicas: Informante LMA
377
28
92
214
15
53
0
50
100
150
200
250
300
350
400
[e] [E] [i] [o] [O] [u]
Ocorrências
GRÁFICO 5 - Produção das vogais médias em posição pretônica: Informante LMA
145
No gráfico acima, acerca das vogais anteriores, observa-se que a maioria das palavras
foi realizada com a vogal média fechada, com 377 ocorrências. Em segundo lugar, aparece o
grupo da vogal alta anterior, com 92 ocorrências, e, por último, a realização da vogal média
aberta, com 28 ocorrências. Esta distribuição é semelhante à do informante EQR.
Sobre a produção das vogais médias posteriores, um fato diferente se observa. O grupo
maior de ocorrência das vogais posteriores é o da vogal média fechada, com 214 ocorrências;
o segundo é representado pela vogal alta, com 53 ocorrências e o terceiro formado pela
realização da vogal média aberta, com 15 ocorrências. Assim, observa-se que o grupo da
vogal alta posterior é bem maior do que o grupo da vogal média aberta posterior. Isto quer
dizer que, comparando-se a realização das vogais médias dos dois informantes descritos até
agora, estes demonstram possuir a produção das vogais médias seguindo os contextos
lingüísticos de forma diferenciada.
Especificamente sobre a variação encontrada, verifica-se que há mais palavras em
variação em função do número maior de ocorrências da vogal média aberta anterior e
posterior. No QUADRO 21, é possível observar as palavras em variação.
QUADRO 21
Variação das vogais médias anteriores e posteriores: Informante LMA
Variação das vogais médias anteriores
[e] Ocorrências
[E]
Ocorrências [i] Ocorrências
m[e]lhor 1
m[E]lhor
6
lib[e]rdade 3
lib[E]rdade
1
r[e]lação 7
r[E]lação
6
r[e]lacionamento 6
r[E]lacionamento
2
Variação das vogais médias posteriores
[o] Ocorrências
[ç]
Ocorrências [u] Ocorrências
f[o]rmação 1
f[
ç]rmação
1
O informante LMA mostrou cinco palavras contendo a variação entre a vogal média
fechada e a vogal média aberta. Sobre a variação das vogais anteriores, o que se observa é que
este informante ao perceber o contexto lingüístico da presença da vogal baixa em posição
tônica, como em ‘lib[E]rdade’, ou na sílaba imediatamente seguinte, como em ‘r[E]lação’,
‘r[E]lacionamento’, pode realizar a vogal média aberta em posição pretônica, tendendo, assim,
ao processo de harmonia vocálica pelo traço [-ATR]. A presença da vogal média aberta em
146
posição tônica também favorece a realização da vogal média aberta em posição pretônica,
como em ‘m[E]lhor’.
Com relação às vogais posteriores, a única palavra que apresenta variação entre a
vogal média fechada e a vogal média aberta mostra o fator lingüístico da presença da vogal
baixa na sílaba imediatamente seguinte, favorecendo a ocorrência da vogal média aberta em
posição pretônica.
Estes contextos lingüísticos relacionados à produção das vogais médias abertas são os
mesmos descritos anteriormente para o favorecimento do abaixamento da vogal média
fechada anterior e posterior.
O informante três, PVMC, apresentou uma distribuição das vogais médias pretônicas
semelhante ao informante um, como mostra o GRAF. 6 abaixo.
Produção de vogais médias
pretônicas: Informante PVMC
221
7
70
120
25
22
0
50
100
150
200
250
[e] [E] [i] [o] [O] [u]
Ocorrências
GRÁFICO 6 - Produção das vogais médias em posição pretônica: Informante PVMC
No gráfico acima, observa-se a maior ocorrência das vogais médias anteriores. A
maior realização é das vogais médias fechadas, com 221 ocorrências. Depois, aparece o grupo
da vogal alta, com 70 ocorrências, e, por último, um grupo menor formado pela realização da
vogal média aberta, com 7 ocorrências.
Sobre a realização das vogais posteriores, constata-se o maior grupo para a vogal
média fechada, com 120 ocorrências. O segundo grupo é formado pela vogal média aberta,
com 25 ocorrências, e o terceiro grupo contém a vogal alta posterior, com 22 ocorrências.
Entretanto, sobre a variação dos itens lexicais, verifica-se que o informante PVMC,
além da variação entre a vogal média fechada e a média aberta, também realiza a variação
entre a vogal média fechada e a vogal alta, diferentemente dos informantes EQR e LMA. O
QUADRO 22, abaixo, mostra a variação apresentada pelo informante PVMC.
147
QUADRO 22
Variação das vogais médias anteriores e posteriores: Informante PVMC
Variação das vogais médias anteriores
[e] Ocorrências
[E]
Ocorrências [i] Ocorrências
d[e]c[ç]reba
2
d[E]c[ç]reba
2
m[e]lhor 3 m[i]lhor 4
p[e]rdida 1 p[i]rdida 1
p[e]rigoso 1 p[i]rigoso 1
p[e]rueiros 1 p[i]rueiros 1
s[e]rviço 1 s[i]rviço 1
Variação das vogais médias posteriores
[o] Ocorrências
[ç]
Ocorrências [u] Ocorrências
c[o]légio 1
c[ç]légio
1
inf[o]rmação 1
inf[ç]rmação
1
j[o]rnal 1
j[ç]rnal
1
[o]ral 1
[ç]ral
1
[o]spital 7
[ç]spital
1
c[o]meço 1 c[u]meço 1
O quadro acima mostra que o informante PVMC apresentou mais palavras contendo
variação do que os demais informantes. Além disso, ocorrem os dois formatos de variação: a
variação entre a vogal média aberta e a vogal média fechada, e a variação entre a vogal média
fechada e a vogal alta. Por que o informante três apresenta mais palavras em variação do que
os demais informantes?
A resposta a esta pergunta pode residir no fato de os falantes apresentarem um sistema
específico de produção da vogal média em posição pretônica nos nomes. Isto é, cada falante
opta pela realização da vogal média conforme o contexto lingüístico favorecedor. Alguns
falantes tendem a realizar as vogais mais marcadas nesta posição, que são a vogal média
aberta e a vogal alta, enquanto outros falantes tendem a produzir mais a vogal média fechada
nesta posição, seguindo a tendência geral da pronúncia da vogal média no dialeto de Belo
Horizonte.
Sobre a variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta, verifica-se que a
vogal média pretônica da palavra ‘d[E]c[ç]reba’ é motivada pela ocorrência da vogal média
aberta na sílaba imediatamente seguinte, estabelecendo a harmonia vocálica. Sobre a
ocorrência da vogal média aberta posterior, mais fatores lingüísticos estão envolvidos, como a
presença da vogal média aberta em posição tônica, ‘c[ç]légio’; a presença da vogal baixa em
posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte, como em ‘inf[ç]rmação’, ‘j[ç]rnal’,
148
‘[ç]ral’ e ‘[ç]spital’. Em todos os casos ocorre o processo da harmonia vocálica pelo traço
[-ATR].
No que diz respeito à variação entre a vogal média fechada e a vogal alta, observa-se
que há mais palavras mostrando esta variação no grupo das vogais anteriores. O curioso é que
todas as palavras realizadas com a vogal alta anterior possuem o mesmo fator favorecedor: a
presença da vogal alta em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte. Desta forma,
ocorre o processo de harmonia vocálica pelo traço [alto]. A única exceção é a palavra
‘m[i]lhor’, que constitui um caso específico, uma vez que esta foi a única palavra a ser
realizada pelos informantes de três formas distintas, ‘m[e]lhor’, ‘m[i]lhor’ e ‘m[E]lhor’.
Sobre o grupo das vogais posteriores, apenas uma palavra contém a variação entre a
vogal média fechada e a vogal alta, ‘c[o]meço’ ~ ‘c[u]meço’. A realização da vogal alta é
devido ao fator lingüístico da presença da consoante velar precedente.
Mais uma vez, é possível observar que alguns contextos favorecem a realização da
vogal média aberta e da vogal alta. Nestes casos, o falante pode optar em realizar estes
timbres conforme o fator favorecedor ou produzir a vogal média fechada, que é a tendência
para a realização da vogal média em posição pretônica nos nomes do dialeto de Belo
Horizonte.
O quarto informante, RPAR, mostrou uma distribuição das vogais médias semelhante
ao informante LMA. A única diferença é o número muito reduzido de ocorrências para a
vogal média aberta anterior, apenas duas ocorrências, como pode ser visto no GRAF. 7.
Produção de vogais médias
pretônicas: Informante RPAR
252
2
93
133
16
18
0
50
100
150
200
250
300
[e] [E] [i] [o] [O] [u]
Ocorrências
GRÁFICO 7 - Produção das vogais médias em posição pretônica: Informante RPAR
149
O gráfico acima mostra que a maioria das palavras realizadas pelo informante RPAR é
realizada com as vogais médias anteriores. Dentre estas vogais, o maior grupo é o da vogal
média fechada, com 252 ocorrências. O segundo grupo é constituído pela vogal alta, com 93
ocorrências, e, o terceiro, o da vogal média aberta com apenas 2 ocorrências.
O baixo número de ocorrências relacionado à produção da vogal média aberta mostra
que este informante tende a produzir a vogal média anterior com o timbre fechado, mesmo
que este encontre um ambiente lingüístico favorecedor. Por exemplo, palavras, como
‘aniv[e]rsário’, ‘div[e]rsidade’, ‘v[e]rdade’, foram produzidas pelo informante com a vogal
média fechada em posição pretônica, mesmo apresentando o contexto lingüístico favorecedor
da realização da vogal média aberta.
Sobre as vogais posteriores, a maior ocorrência é da vogal média fechada com 133
ocorrências. Em segundo lugar, ocorre a realização da vogal alta com 18 ocorrências e, por
último, a vogal média aberta com 16 ocorrências.
Especificamente sobre a variação dos itens lexicais, observa-se que apenas três
palavras mostraram variação, como apresentado no QUADRO 23.
QUADRO 23
Variação das vogais médias anteriores e posteriores: Informante RPAR
Variação das vogais médias anteriores
[e] Ocorrências
[E]
Ocorrências [i] Ocorrências
r[e]lação 3
r[E]lação
2
s[e]gura 1 s[i]gura 1
Variação das vogais médias posteriores
[o] Ocorrências
[ç]
Ocorrências [u] Ocorrências
c[o]légio 1
c[ç]légio
7
A variação entre a vogal média aberta e a média fechada ocorreu em apenas duas
palavras, ‘relação’ e ‘colégio’. O timbre aberto da palavra ‘r[E]lação’ é em função da vogal
baixa em posição tônica. Já a palavra ‘c[ç]légio’ apresenta o timbre aberto devido à
ocorrência da vogal média aberta em posição tônica. Em ambos os casos ocorre a harmonia
vocálica pelo traço [-ATR], característico da vogal média aberta e da vogal baixa.
Com relação à variação entre a vogal média fechada e a vogal alta, apenas a palavra
‘segura’ apresentou variação. A realização da vogal alta em posição pretônica também está
associada ao processo de harmonia vocálica, mas, neste caso, pelo traço [alto].
150
Assim, constata-se que o informante pode variar a pronúncia de determinadas
palavras, se este contexto permitir a ocorrência do processo de harmonia vocálica.
O informante MAGL apresentou 843 ocorrências de vogais médias em posição
pretônica. Destas ocorrências, a maioria é de vogais médias anteriores, como mostra o GRAF.
8 abaixo.
Produção de vogais médias
pretônicas: Informante MAGL
508
15
78
205
8
29
0
100
200
300
400
500
600
[e] [E] [i] [o] [O] [u]
Ocorrências
GRÁFICO 8 - Produção das vogais médias em posição pretônica: Informante MAGL
A distribuição das vogais médias do informante MAGL é semelhante à dos
informantes LMA e RPAR. Sobre a realização das vogais médias anteriores, o grupo maior é
o das vogais médias fechadas, com 508 ocorrências. Em segundo lugar, aparece o grupo da
vogal alta com 78 ocorrências, e, em terceiro lugar, a realização da vogal média aberta, com
15 ocorrências.
Com relação às vogais médias posteriores, a distribuição é semelhante. O grupo maior
é o da vogal média fechada com 205 ocorrências, o segundo grupo é constituído pela vogal
alta com 29 ocorrências e o último grupo é composto pela vogal média aberta com 8
ocorrências.
Especificamente sobre os itens lexicais em variação, observa-se que, com relação às
vogais anteriores, ocorre apenas a variação entre a vogal média aberta e a vogal média
fechada, como é apresentado no QUADRO 24.
151
QUADRO 24
Variação das vogais médias anteriores e posteriores: Informante MAGL
Variação das vogais médias anteriores
[e] Ocorrências
[E]
Ocorrências [i] Ocorrências
diss[e]rtações 2
diss[E]rtações
3
m[e]rcado 12
m[
E]rcado
2
r[e]lação 22
r[
E]lação
2
univ[e]rsidade 2
univ[E]rsidade
2
Variação das vogais médias posteriores
[o] Ocorrências
[ç]
Ocorrências [u] Ocorrências
c[o]légio 1
c[ç]légio
1
pr[o]posta 1
pr[ç]posta
1
c[o]rrupto 2 c[u]rrupto 3
Em todos os casos, observa-se que o timbre aberto é realizado devido à presença da
vogal baixa em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte. Neste caso, há o processo
de harmonia vocálica pelo traço [-ATR].
Com relação à variação das vogais médias posteriores, ocorrem os dois formatos de
variação. Sobre a variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta, o que motiva a
realização do timbre aberto é a presença da vogal média aberta em posição tônica, como em
‘c[ç]légio’ e ‘pr[ç]posta’. Novamente, ocorre a harmonia vocálica motivada pelo traço
[-ATR]. No que diz respeito à variação entre a vogal média fechada e a vogal alta, a única
palavra a apresentar este formato é a palavra ‘corrupto’. A realização da vogal alta posterior
ocorre também devido ao processo de harmonia vocálica, mas, neste caso, motivada pelo
traço [alto].
O sexto informante, HRP, também produz mais palavras contendo vogais médias
anteriores do que posteriores, como é mostrado no GRAF. 9 abaixo.
152
Produção de vogais médias
pretônicas: Informante HRP
340
12
94
200
24
6
0
50
100
150
200
250
300
350
400
[e] [E] [i] [o] [O] [u]
Ocorrências
GRÁFICO 9 - Produção das vogais médias em posição pretônica: Informante HRP
Sobre a ocorrência das vogais anteriores, a maioria foi realizada com a vogal média
fechada, 340 ocorrências. Em segundo lugar, ocorre o grupo da vogal alta, com 94
ocorrências e há um grupo menor representando a vogal média aberta, com apenas 12
ocorrências. Com relação à realização das vogais posteriores, a maior parte é composta pela
vogal média fechada, com 200 ocorrências. Neste caso específico, o grupo da vogal média
aberta é bem maior do que o grupo da vogal alta posterior: 24 contra 6 ocorrências.
Particularmente sobre o fenômeno da variação lingüística, o informante HRP
apresentou um número considerável de palavras em variação, e todos os casos mostraram a
variação entre a vogal média fechada e a média aberta, como pode ser visto no QUADRO 25.
QUADRO 25
Variação das vogais médias anteriores e posteriores: Informante HRP
Variação das vogais médias anteriores
[e] Ocorrências
[E]
Ocorrências [i] Ocorrências
div[e]rsidade 2
div[
E]rsidade
1
hi[e]rarquia 1
hi[E]rarquia
1
lit[e]ratura 2
lit[E]ratura
1
r[e]lação 6
r[E]lação
2
Variação das vogais médias posteriores
[o] Ocorrências
[ç]
Ocorrências [u] Ocorrências
bi[o]lógicos 1 bi[o]lógicos 1
c[o]légio 4
c[ç]légio
5
pr[o]cesso 2
pr[ç]cesso
8
pr[o]jeto 1
pr[
ç]jeto
1
pr[o]posta 2
pr[
ç]posta
1
153
Este formato de variação está relacionado ao pouco número de palavras realizadas
com a vogal alta, principalmente da vogal alta posterior. Sobre a vogal alta anterior, pode-se
afirmar que a maioria das palavras produzidas encaixa-se no contexto lingüístico categórico à
elevação da vogal média, que é a posição inicial de palavra associada ao travamento silábico
por /S/ ou constituindo sílaba nasalizada.
No grupo das vogais anteriores, o fator favorecedor da ocorrência da vogal média
aberta pretônica é a presença da vogal baixa na sílaba imediatamente seguinte. Sobre o grupo
das vogais posteriores, o fator motivador do timbre aberto é a presença da vogal média aberta
em posição tônica. Em ambos os casos o processo de harmonia vocálica ocorre pelo traço
[-ATR].
Novamente, o que se observa é que o falante tem a opção em produzir a vogal média
aberta devido aos fatores lingüísticos favorecedores, como a presença da vogal baixa na sílaba
imediatamente seguinte e a presença da vogal média aberta em posição tônica.
O sétimo informante, RSC, apresentou a seguinte distribuição das vogais médias
anteriores e posteriores. (GRAF. 10).
Produção de vogais médias
pretônicas: Informante RSC
308
20
61
126
14
18
0
50
100
150
200
250
300
350
[e] [E] [i] [o] [O] [u]
Ocorrências
GRÁFICO 10 - Produção das vogais médias em posição pretônica: Informante RSC
Sobre as vogais médias anteriores, pode-se observar, no gráfico acima, que a maioria
das ocorrências refere-se à realização da vogal média fechada com 308 ocorrências.
Posteriormente, ocorre a vogal alta com 61 ocorrências e, por último, um grupo menor
composto pela realização da vogal média aberta com 20 ocorrências. No grupo das vogais
posteriores, o grupo maior também é o da vogal média fechada com 126 ocorrências. Os
falantes do dialeto de Belo Horizonte tendem a realizar a vogal média fechada em posição
pretônica.
154
O informante RSC apresenta os dois formatos de variação, como pode ser visto no
QUADRO 26.
QUADRO 26
Variação das vogais médias anteriores e posteriores: Informante RSC
Variação das vogais médias anteriores
[e] Ocorrências
[E]
Ocorrências [i] Ocorrências
lit[e]ratura 2
lit[E]ratura
2
r[e]lação 1
r[E]lação
1
s[e]vera 1
s[
E]vera
2
v[e]rdade 4
v[
E]rdade
4
Variação das vogais médias posteriores
[o] Ocorrências
[
ç]
Ocorrências [u] Ocorrências
[o]rário 1
[ç]rário
1
m[o]tivo 1 m[u]tivo 3
m[o]tivos 1 m[u]tivos 1
É possível observar, quanto à realização das vogais anteriores, que ocorre apenas a
variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta. Para a realização da vogal média
aberta em posição pretônica é necessária a presença da vogal baixa em posição tônica, como
em ‘v[E]rdade’; a presença da vogal baixa na sílaba imediatamente seguinte, como em
‘lit[
E]ratura’ e ‘r[E]lação’; e a presença da vogal média aberta em posição tônica, como em
‘s[
E]vera’. Em todos os casos ocorre o processo de harmonia vocálica pelo traço [-ATR].
No que concerne à realização das vogais posteriores, observa-se a variação entre a
vogal média fechada e a média aberta. A palavra ‘horário’ pode ser realizada com a vogal
média fechada, como em ‘[o]rário’ ou com a vogal média aberta, como ‘[ç]rário’. A
realização aberta se deve à presença da vogal baixa em posição tônica. Além deste tipo de
variação, é possível encontrar a variação entre a vogal média fechada e a vogal alta. A
realização da vogal alta nas palavras ‘m[u]tivo’ e ‘m[u]tivos’ ocorre em função da presença
da vogal alta em posição tônica. Nestes casos, também acontece o processo de harmonia
vocálica, motivado pelo traço [alto], característico da vogal alta no português brasileiro.
Por último, o informante HSQ também realizou a maioria das palavras com as vogais
médias anteriores, como mostra o GRAF. 11 abaixo.
155
Produção de vogais médias
pretônicas: Informante HSQ
315
13
89
141
11
13
0
50
100
150
200
250
300
350
[e] [E] [i] [o] [O] [u]
Ocorrências
GRÁFICO 11 - Produção das vogais médias em posição pretônica: Informante HSQ
Sobre a realização das vogais anteriores, a distribuição de ocorrências apresentada
pelo informante HSQ é a mesma mostrada por todos os outros sete informantes, ou seja, a
maioria das palavras observadas apresentou a vogal média fechada, em segundo lugar ocorre
a vogal alta e, por último, um grupo menor contendo a vogal média aberta.
Com relação ao grupo das vogais médias posteriores, o informante HSQ realizou mais
palavras com a vogal média fechada, assim como os outros informantes. Sobre o grupo da
vogal média aberta, este informante realizou 11 ocorrências, um pouco menos que o grupo da
vogal alta, com 13 ocorrências.
Especificamente sobre a variação encontrada, verifica-se que um número considerável
de palavras apresentou variação. Com relação ao grupo das vogais médias anteriores, observa-
se que ocorre a variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta. Este timbre
aberto deve-se ao fato de ocorrer a vogal baixa em posição tônica ou na sílaba imediatamente
seguinte, caracterizando a harmonia vocálica pelo traço [-ATR].
Além deste formato de variação, ocorre também a variação entre a vogal média
fechada e a vogal alta. A vogal alta ocorre também devido ao processo de harmonia vocálica
pelo traço [alto], como pode ser visto no QUADRO 27 abaixo.
156
QUADRO 27
Variação das vogais médias anteriores e posteriores: Informante HSQ
Variação das vogais médias anteriores
[e] Ocorrências
[E]
Ocorrências [i] Ocorrências
lit[e]raturas 1
lit[E]raturas
1
r[e]alidade 1
r[
E]alidade
1
r[e]lação 9
r[
E]lação
4
v[e]rdade 2
v[E]rdade
2
p[e]squisa 7 p[i]squisa 2
p[e]rueiros 1 p[i]rueiros 4
s[e]gurança 1 s[i]gurança 7
Variação das vogais médias posteriores
[o] Ocorrências
[ç]
Ocorrências [u] Ocorrências
f[o]rmação 3
f[ç]rmação
1
pr[o]jeto 1
pr[ç]jeto
3
pr[o]jetos 2
pr[ç]jetos
1
Com relação ao grupo das vogais médias posteriores, verifica-se que apenas ocorre a
variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta. O informante HSQ realizou as
palavras ‘formação’, ‘projeto’ e ‘projetos’ com a vogal média fechada, tendência do falante
do dialeto de Belo Horizonte, e com a vogal média aberta, motivado pela presença da vogal
baixa na sílaba imediatamente seguinte, ‘f[ç]rmação’, e pela presença da vogal média aberta
em posição tônica, ‘pr[ç]jeto’ e ‘pr[ç]jetos’. Nestes casos, a harmonia vocálica ocorre pelo
traço [-ATR].
Em suma, é possível concluir que a variação apresentada pelos informantes
selecionados nesta análise se mostra diferenciada. Todos os informantes mostraram a variação
entre a vogal média fechada e a média aberta. Isto quer dizer que os falantes quando
encontram o contexto lingüístico favorável à realização da vogal média aberta, o traço
[-ATR], optam por esta realização. Entretanto, também realizam a vogal média fechada neste
contexto.
Este fato se mostra distinto com relação à ocorrência da vogal alta, pois apenas cinco
informantes mostraram a variação entre a vogal média fechada e a vogal alta. O que mostra
que o falante deste dialeto parece já ter encontrado o ambiente lingüístico adequado à
realização desta vogal. Além disso, há a presença de contextos lingüísticos categóricos para a
realização da vogal alta, que não permitem que a variação ocorra.
Sobre o número de palavras que apresentaram variação, pode-se considerá-lo pequeno
se comparado ao número total de ocorrências das vogais médias em posição pretônica.
157
Entretanto, a variação apenas ocorre se a vogal média aberta e a vogal alta encontrarem
ambiente lingüístico para serem realizadas.
Isto quer dizer que a tendência do falante do dialeto de Belo Horizonte é pela vogal
média fechada. Caso ocorra contexto lingüístico que leve ao processo de harmonia vocálica
pelo traço [-ATR] e pelo traço [alto], então, outra pronúncia da vogal em posição pretônica
poderá ser feita.
Este fato mostra que o falante opta pela realização da vogal média conforme os
contextos lingüísticos favorecedores. Foi constatado que a presença da vogal média aberta ou
da vogal baixa em posição tônica ou na silaba imediatamente seguinte favorece a realização
da vogal média aberta em posição pretônica. Com relação à realização da vogal alta, foi
verificado que esta vogal em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte favorece a
ocorrência da vogal alta em posição pretônica. Apenas, uma única palavra, ‘c[u]meço’,
mostrou outro contexto favorecedor da vogal alta em posição pretônica, a presença de
consoante velar precedente. E a palavra ‘m[i]lhor’ foi realizada, de modo particular, por um
único informante. Assim, pode-se afirmar que o processo de harmonia vocálica é mais
decisivo para que a variação ocorra em posição pretônica.
Na próxima seção, será apresentada a variação interindividual, que mostrará as
informações relativas à variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no
dialeto de Belo Horizonte como um todo.
7.2.5.2 Variação interindividual
Foi visto que a variação se mostrou diferenciada quanto ao formato da variação e ao
número de palavras que apresentaram este fenômeno. Individualmente, os falantes possuem
um comportamento lingüístico distinto em função da opção em realizar um timbre ou outro da
vogal média em posição pretônica, conforme os contextos lingüísticos favorecedores.
Como o objetivo principal desta pesquisa é analisar a variação das vogais médias em
posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte, é necessário que se verifique as
informações sobre estas vogais como um todo, para identificar se o comportamento
lingüístico geral assemelha-se ao comportamento de cada falante de modo separado.
O GRAF. 12 abaixo mostra a distribuição de todas as ocorrências das vogais médias
em posição pretônica, selecionando-se todos os oito informantes pesquisados.
158
Corpus POBH: Produção das vogais
médias pretônicas anteriores e
posteriores
2602
105
636
1316
126
167
0
1000
2000
3000
[e] [E] [i] [o] [O] [u]
Ocorrências
GRÁFICO 12 - Produção das vogais médias pretônicas anteriores e posteriores, conforme
corpus POBH
No gráfico acima, observa-se que o grupo das vogais anteriores é bem maior que o
grupo das vogais posteriores. Especificamente sobre a realização das vogais anteriores,
verifica-se um grande número de ocorrências com a vogal média fechada, 2602 ocorrências.
Este fato mostra a tendência dos falantes deste dialeto pela realização do timbre fechado da
vogal média. Em segundo lugar, ocorre a vogal alta com 636 ocorrências e, por último, se
observa o grupo da vogal média aberta com apenas 105 ocorrências, constituindo-se o menor
grupo de ocorrências entre todos os grupos.
Sobre o grupo das vogais médias posteriores, observa-se também que o grupo da vogal
média fechada é o maior, com 1316 ocorrências. O segundo grupo é composto pela vogal alta
com 167 ocorrências e o terceiro grupo é constituído pela vogal média aberta, com 126
ocorrências.
Especificamente sobre a variação das vogais médias pretônicas, nota-se que a variação
apresenta-se sob dois formatos: a) a variação entre a vogal média fechada e a vogal média
aberta e b) a variação entre a vogal média fechada e a vogal alta. Como há diferenças com
relação a cada formato de variação, cada grupo de informações será apresentado
separadamente.
7.2.5.2.1 Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta anteriores
Poucas palavras apresentaram a variação entre a vogal média fechada e a vogal alta
anteriores. Foram apenas 10 palavras, como mostra o QUADRO 28 abaixo.
159
QUADRO 28
Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta anteriores, conforme corpus POBH
Vogal alta Ocorrências Vogal média fechada Ocorrências
m[i]dida 6 m[e]dida 1
m[i]lhor 4 m[e]lhor 19
p[i]rdida 1 p[e]rdida 2
p[i]rigoso 1 p[e]rigoso 2
p[i]rueiros 8 p[e]rueiros 6
p[i]squisa 2 p[e]squisa 14
s[i]gura 1 s[e]gura 1
s[i]gurança 8 s[e]gurança 15
s[i]guro 4 s[e]guro 1
s[i]rviço 7 s[e]rviço 6
Pode-se observar no quadro acima que o contexto lingüístico que favorece a
possibilidade de variação entre a vogal média fechada e a vogal alta é a presença da vogal alta
em posição tônica, como em ‘medida’ e ‘perdida’, ou na sílaba imediatamente seguinte, como
em ‘segurança’. A única palavra que não apresentou este contexto lingüístico favorecedor é a
palavra ‘melhor’. Contudo, esta palavra mostra-se como um caso específico, pois é a única
que apresentou a variação entre a vogal média fechada, ‘m[e]lhor’, com 19 ocorrências, a
vogal média aberta, ‘m[E]lhor’, com 6 ocorrências, e a vogal alta, ‘m[i]lhor’, com 4
ocorrências. É importante também afirmar que a pronúncia específica com a vogal média
aberta foi realizada por um único informante, LMA. O mesmo ocorreu com relação à vogal
alta. Foi o informante PVMC que produziu as 4 ocorrências atestadas.
Especificamente sobre este formato de variação, verifica-se a opcionalidade por parte
do falante ao realizar a vogal média em posição pretônica. O falante tende a realizar a vogal
média fechada, mas se houver um contexto lingüístico como a presença da vogal alta em
posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte, o falante poderá optar também pela
realização da vogal alta nesta posição.
7.2.5.2.2 Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta posteriores
A variação entre a vogal média fechada e a vogal alta posteriores ocorreu em um
número pequeno de casos. Abaixo, no QUADRO 29, são apresentadas as palavras que
mostraram esta variação.
160
QUADRO 29
Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta posteriores, conforme corpus POBH
Vogal alta Ocorrências Vogal média fechada Ocorrências
c[u]meço 4 c[o]meço 2
c[u]rrupto 3 c[o]rrupto 2
desc[u]berta 1 desc[o]berta 1
m[u]tivo 7 m[o]tivo 1
m[u]tivos 3 m[o]tivos 1
n[u]tícia 1 n[o]tícia 1
s[u]brinhas 2 s[o]brinhas 1
s[u]brinhos 1 s[o]brinhos 1
No quadro acima, observa-se que apenas oito palavras apresentaram este formato de
variação. O que se verifica é que seis destas palavras apresentaram o contexto lingüístico da
presença da vogal alta em sílaba tônica, como as palavras ‘c[u]rrupto’, ‘m[u]tivo’,
‘m[u]tivos’, ‘n[u]tícia’, ‘s[u]brinhas’ e ‘s[u]brinhos’. As outras duas palavras ‘c[u]meço’ e
‘desc[u]berta’ apresentaram como contexto favorecedor, a presença de consoante velar
precedente. Desta forma, pode-se afirmar que o contexto da presença da vogal alta em posição
tônica ou na sílaba imediatamente seguinte é o mesmo contexto que motiva a realização da
vogal alta anterior e posterior em posição pretônica. Este contexto pode provocar a
possibilidade de variação nesta posição.
7.2.5.2.3 Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta anteriores
A variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta anteriores também
ocorre no dialeto de Belo Horizonte. O QUADRO 30, a seguir, mostra as palavras que foram
pronunciadas pelos falantes ora com o timbre aberto ora com o timbre fechado da vogal média
anterior.
161
QUADRO 30
Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta anteriores, conforme corpus
POBH
Vogal média aberta Ocorrências Vogal média fechada Ocorrências
d[E]c[ç]r[E]ba
2
d[e]c[ç]r[E]ba
2
diss[E]rtações
3 diss[e]rtações 2
div[E]rsidade
2 div[e]rsidade 3
hi[E]rarquia
1 hi[e]rarquia 1
lib[E]rdade
1 lib[e]rdade 8
lit[
E]ratura
8 lit[e]ratura 5
lit[
E]raturas
2 lit[e]raturas 1
m[E]lhor
6 m[e]lhor 19
m[E]rcado
4 m[e]rcado 21
n[E]gativa
2 n[e]gativa 6
r[E]al
3 r[e]al 1
r[E]alidade
3 r[e]alidade 1
r[E]lação
19 r[e]lação 57
r[E]lacionamento
2 r[e]lacionamento 26
r[E]lacionamentos
2 r[e]lacionamentos 4
R[E]nato
1 R[e]nato 1
r[E]sposta
1 r[e]sposta 1
s[E]vera
2 s[e]vera 1
univ[E]rsidade
2 univ[e]rsidade 7
v[E]rdade
6 v[e]rdade 22
Observa-se, então, que alguns itens lexicais apresentaram mais ocorrências com a
vogal média fechada, como em ‘r[e]lação’ e ‘v[e]rdade’. Já outros itens lexicais mostraram
mais ocorrências com a vogal média aberta, como ‘lit[E]ratura’ e ‘r[E]alidade’.
De modo geral, nota-se que, quando ocorre a presença do traço [-ATR] em posição
tônica ou na sílaba imediatamente seguinte, o falante tem a opção em realizar a vogal média
aberta pretônica. Neste caso, a possibilidade de ocorrência da variação existe e ocorre em
número maior que a variação entre a vogal média fechada e a vogal alta porque não há um
contexto categórico que exija a ocorrência apenas da vogal média aberta.
162
7.2.5.2.4 Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta posteriores
Este formato de variação ocorreu em 15 palavras, como é mostrado no QUADRO 31
abaixo.
QUADRO 31
Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta posteriores, conforme corpus
POBH
Vogal média aberta Ocorrências Vogal média fechada Ocorrências
bi[ç]lógicos
1 bi[o]lógicos 1
c[ç]l[E]gas
2
c[o]l[E]gas
1
c[ç]l[E]gio
26
c[o]l[E]gio
7
f[ç]rmação
2 f[o]rmação 23
f[ç]rmada
3 f[o]rmada 4
inf[ç]rmação
1 inf[o]rmação 2
inf[ç]rmações
1 inf[o]rmações 2
j[ç]rnal
1 j[o]rnal 5
[ç]ral
2 [o]ral 7
[ç]rário
2 [o]rário 14
[ç]spital
1 [o]spital 8
pr[ç]c[E]sso
11
pr[o]c[E]sso
2
pr[
ç]j[E]to
10
pr[o]j[E]to
2
pr[
ç]j[E]tos
3
pr[o]j[E]tos
2
pr[
ç]p[ç]sta
2
pr[o]p[ç]sta
6
O que se verifica, no quadro acima, é que as palavras que apresentaram a variação
entre a vogal média fechada e a vogal média aberta posteriores contêm os mesmos contextos
favorecedores do abaixamento da vogal média anterior. Este fato confirma, então, que o
falante do dialeto de Belo Horizonte, ao perceber um contexto favorecedor ao abaixamento,
como a presença da vogal média aberta em posição tônica e a presença da vogal baixa em
posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte, tem a opção em realizar a vogal média
aberta em posição pretônica. Este fato reforça a possibilidade da variação ocorrer relacionada
aos contextos lingüísticos apresentados.
Portanto, de acordo com os dados obtidos por meio do corpus POBH, é possível
afirmar que a tendência dos falantes é pela vogal média fechada, já que a maioria dos dados
observados possui este segmento. Entretanto, em posição pretônica, também ocorre a vogal
163
média aberta e a vogal alta. Para estes casos, o que se observa é que, conforme o contexto
lingüístico apresentado, o falante tem a possibilidade de mudar o timbre da vogal média
fechada para o timbre aberto ou para a vogal alta. Os traços [alto] e [-ATR] são os gatilhos
para a ocorrência da vogal alta e da vogal média aberta, respectivamente, nos casos
relacionados ao processo fonológico de harmonia vocálica.
A questão que surge diante da variação apresentada é se esta variação pode ser
configurada como uma variação interindividual, ou seja, a pronúncia das palavras se mostra
diferente de falante para falante ou se ela se mostra como uma variação intraindividual, o
mesmo falante varia a pronúncia de determinadas palavras.
Pode-se afirmar, a princípio, que esta variação ocorre interindividualmente, pois os
dados apresentados mostram alguns itens lexicais que foram produzidos diferentemente de
falante para falante, como, por exemplo, ‘seguro’, descoberta’, ‘notícia’, ‘sobrinhos’, para a
variação entre a vogal média fechada e a vogal alta, e ‘negativa’, ‘real’, ‘Renato’, ‘resposta’,
‘informações’, para a variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta.
No caso específico da variação intraindividual, outra questão levantada é a respeito de
a variação ocorrer relacionada apenas aos fatores lingüísticos ou se ela pode ser motivada pela
forma como os dados foram obtidos. A variação também pode acontecer conforme a
formalidade exigida no ato da gravação?
Para responder a esta questão é necessário que outros corpora sejam observados.
Assim, na próxima seção, serão apresentadas as informações sobre o corpus extraído de Alves
(1999), que também mostra a produção das vogais médias em posição pretônica nos nomes no
dialeto de Belo Horizonte.
7.3 Corpus Alves (1999)
Alves (1999) estudou o comportamento das vogais médias em posição tônica nos
nomes no dialeto de Belo Horizonte e constatou que há variação destas vogais nesta posição.
A princípio, a posição tônica não deveria gerar itens lexicais em variação, mas devido ao uso
das palavras e do contexto lingüístico apresentar mais palavras no plural e com a presença da
vogal média posterior, os falantes produziram variação em determinadas palavras. Além
disso, observou-se que a formalidade apresentada no ato da gravação dos dados contribui para
164
a hesitação de alguns informantes em pronunciar algumas palavras, já que tinham a
preocupação em pronunciar de forma “correta” as frases apresentadas.
É bom ressaltar que a forma de gravação dos dados foi uma leitura de frases realizada
em cabine acústica do Laboratório de Fonética da Faculdade de Letras da Universidade
Federal de Minas Gerais. A formalidade da gravação dos dados era muito grande e poderia
gerar este tipo de situação em que o informante se mostrasse indeciso quanto à pronúncia de
determinadas palavras, já que algumas não pertenciam ao seu léxico freqüente.
Algumas das palavras contidas nestas frases também mostram a vogal média em
posição pretônica, assim, tornando-se um excelente grupo de palavras para verificar a
produção dos falantes do dialeto de Belo Horizonte com relação à posição pretônica. (Ver
APÊNDICE B). E, em alguns casos, é possível observar a influência da vogal tônica com
relação à posição pretônica.
Os dados extraídos de Alves (1999) mostram um grupo de palavras que foram
realizadas apenas com a vogal média fechada. Estas palavras não apresentaram variação. As
palavras que possuem a vogal média fechada anterior são mostradas abaixo no QUADRO 32.
QUADRO 32
Ocorrência da vogal média fechada anterior, conforme corpus Alves (1999)
Vogal média fechada anterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
pr[e]guiç[ç]sos
21
com[e]morativos 21
[e]leição 21
f[e]ridos 21
al[e]manha 21
p[e]tr[
ç]leo
21
l[e]gumes 21
empr[e]gados 21
reconh[e]cido 21
c[e]reb[e]lo
c[e]reb[
E]lo
18
3
c[e]rebral 21
cer[e]bral 21
post[e]ri[o]r 21
f[e]rimento 21
respland[e]cente 21
p[e]ssoas 21
m[e]lh[ç]r
21
165
A realização da vogal média fechada anterior mostra a tendência dos falantes do
dialeto de Belo Horizonte em realizar a vogal média fechada em posição pretônica. É bom
ressaltar também que os dados referentes ao corpus extraído de Alves (1999) foram obtidos
por meio de leitura de frases. Assim, já se esperaria pela pronúncia fechada da vogal média,
pois a formalidade exigida no ato da gravação foi bastante grande.
Outro aspecto a ser considerado é que o falante mostrava hesitação ao ler determinadas
palavras. É possível observar que também ocorreu a variação da vogal média em posição
tônica, sobre a pronúncia da palavra ‘cerebelo’, produzida com a vogal média fechada,
‘c[e]reb[e]lo’, ou com a vogal média aberta, ‘c[e]reb[E]lo’.
Com relação ao grupo das vogais médias posteriores, observa-se que 8 palavras foram
pronunciadas com a vogal média fechada, como é mostrado no QUADRO 33 abaixo.
QUADRO 33
Ocorrência da vogal média fechada posterior, conforme corpus Alves (1999)
Vogal média fechada posterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
c[o]memorativos 21
p[o]liciais 21
pr[o]movido 21
prom[o]vido 21
esp[o]rtiva 21
cr[o]ch[e] 21
p[o]steri[o]r 21
[o]bj[E]to
21
O quadro acima mostra que a tendência dos falantes do dialeto de Belo Horizonte é
pela realização da vogal média fechada em posição pretônica. Entretanto, várias outras
palavras mostraram a possibilidade de variação entre a vogal média fechada e a vogal alta e a
variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta, como será apresentado nas
seções seguintes.
166
7.3.1 Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta anteriores
Sobre a variação das vogais médias anteriores, foram oito palavras que apresentaram
este formato de variação, como pode ser visto no QUADRO 34.
QUADRO 34
Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta anteriores, conforme corpus
Alves (1999)
Variação da vogal média anterior em posição pretônica
[e] Ocorrências
[E]
Ocorrências [i] Ocorrências
r[e]qu[E]bros
18
r[E]qu[E]bros
3
r[e]b[o]cos
r[e]b[ç]cos
19
1
r[E]b[ç]cos
1
f[e]stival 20
f[E]stival
1
r[e]conhecido 20
r[E]conhecido
1
cer[e]b[e]lo
cer[e]b[E]lo
18
2
cer[E]b[E]lo
3
r[e]splandecente 20
r[E]splandecente
1
l[e]vados 20
l[E]vados
1
[e]sp[o]sos
[e]sp[ç]sos
3
2
[E]sp[ç]sos
1 [i]sp[o]sos
[i]sp[ç]sos
13
2
No quadro acima, nota-se que a realização da vogal média aberta em posição pretônica
ocorre devido à presença da vogal média aberta em posição tônica, como pode ser visto com
relação à palavra ‘requebros’. A presença da vogal baixa em posição tônica também motiva a
realização da vogal média aberta, como em ‘festival’ e ‘levados’.
A realização da vogal média aberta pretônica nas palavras ‘rebocos’ e ‘cerebelo’ é
devido ao fato de o informante também produzir a vogal média aberta em posição tônica,
desta forma, estabelecendo harmonia vocálica. Sobre a realização da vogal média aberta
pretônica nas palavras ‘reconhecido’ e ‘resplandecente’, é necessário informar que foi o
mesmo informante a realizar o timbre aberto da vogal média, mostrando, então, uma
pronúncia particular.
De modo específico, a palavra ‘esposos’ foi a única a ser realizada com a vogal média
fechada, com a vogal média aberta e com a vogal alta em posição pretônica. Neste caso, o que
se observa é que apenas um único informante realizou a palavra com a vogal média aberta
167
nesta posição. Além disso, também realizou a vogal média aberta em posição tônica, ou seja,
apresentando harmonia vocálica pelo traço [-ATR].
Desta forma, constata-se que a produção da vogal média aberta em posição pretônica
ocorre se o falante encontrar um contexto lingüístico que favoreça a sua realização.
7.3.2 Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta posteriores
Sobre a variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta posteriores,
observa-se que nove palavras apresentaram esta variação. (QUADRO 35).
QUADRO 35
Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta posteriores, conforme corpus
Alves (1999)
Variação da vogal média posterior em posição pretônica
[o] Ocorrências
[ç]
Ocorrên
cias
[u] Ocorrên
cias
comem[o]rativos 12
comem[ç]rativos
9
s[o]c[ç]rros
s[o]c[o]rros
13
2
s[ç]c[ç]rros
6
c[o]rp[
E]te
c[o]rp[e]te
6
7
c[ç]rp[E]te
8
exp[o]rtação 17
exp[
ç]rtação
4
ass[o]ciação 20
ass[ç]ciação
1
g[o]st[ç]sos
g[o]st[o]sos
17
1
g[ç]st[ç]sos
3
f[o]rmada 16
f[ç]rmada
5
pr[o]dução 20
pr[ç]dução
1
j[o]gados 16
j[ç]gados
4 j[u]gados 1
No quadro acima, nota-se que, para a realização da vogal média aberta em posição
pretônica, é necessária a ocorrência da vogal baixa em posição tônica ou na sílaba
imediatamente seguinte, como em ‘formada’, ‘comemorativos’, ‘exportação’ e ‘associação’.
A presença da vogal média aberta em posição tônica favoreceu a pronúncia da vogal média
aberta posterior pretônica, como pode ser visto em ‘s[
ç]c[ç]rros’, ‘c[ç]rp[E]te’ e ‘g[ç]st[ç]sos’.
168
Estes fatores são favorecedores da ocorrência da vogal média aberta nesta posição. Nestes
casos, ocorre o processo de harmonia vocálica pelo traço [-ATR].
É interessante observar que a palavra ‘corpete’ apresentou três pronúncias diferentes:
a) com a vogal média fechada em posição pretônica e a vogal média aberta em posição tônica,
‘c[o]rp[E]te’, b) com a vogal média fechada nas posições tônica e pretônica, ‘c[o]rp[e]te’, e c)
com a vogal média aberta nas posições tônica e pretônica,‘c[ç]rp[E]te’. Isto demonstra a
complexidade de produção da vogal média no português brasileiro. O falante não somente
varia a pronúncia da vogal média em posição pretônica, mas também varia a pronúncia da
vogal média em posição tônica. O curioso é que alguns informantes mantêm o acordo
estabelecido pela harmonia vocálica, ou seja, se em posição tônica o falante produz a vogal
média aberta é mais provável que ocorra a vogal média aberta em posição pretônica também.
O mesmo vale para a produção da vogal média fechada.
Com relação à palavra ‘socorros’ aconteceu o mesmo fato de a palavra ser realizada
com três pronúncias distintas, ‘s[o]c[ç]rros’, ‘s[o]c[o]rros’ e ‘s[ç]c[ç]rros’. Já a palavra
‘produção’ foi realizada por um único informante com a vogal média aberta, caracterizando,
assim, uma pronúncia particular. E a palavra ‘jogados’ foi a única a apresentar a produção da
vogal média fechada, da vogal média aberta e da alta em posição pretônica. A realização da
vogal média aberta pode ser explicada pela presença da vogal baixa em posição tônica,
enquanto que a realização da vogal alta mostra uma pronúncia específica de um único
informante que também realizou a mesma pronúncia para a palavra ‘jogado’.
7.3.3 Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta anteriores
Com relação à variação entre a vogal média fechada e a vogal alta anteriores, observa-
se que um número maior de palavras apresenta esta variação, como pode ser visto no
QUADRO 36.
169
QUADRO 36
Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta anteriores, conforme corpus Alves (1999)
Variação da vogal média anterior em posição pretônica
[e] Ocorrências
[E]
Ocorrências [i] Ocorrências
[e]sp[o]sos
[e]sp[ç]sos
3
2
[E]sp[ç]sos
1 [i]sp[o]sos
[i]sp[ç]sos
13
2
[e]nc[E]falo
18
[i]nc[E]falo
3
[e]sf[ç]rços
9
[i]sf[ç]rços
12
[e]stendidos 15 [i]stendidos 6
[e]xportação 4 [i]xportação 17
[e]spalhados 11 [i]spalhados 10
[e]stado 5 [i]stado 16
[e]sc[o]vas
[e]sc[ç]vas
8
1
[i]sc[o]vas 12
[e]ncontro 5 [i]ncontro 16
[e]sportiva 7 [i]sportiva 14
[e]sp[o]sas 6 [i]sp[o]sas 15
[e]sp[o]sos
[e]sp[ç]sos
3
3
[i]sp[o]sos
[i]sp[ç]sos
14
1
[e]ncontro 1 [i]ncontro 20
[e]mpregados 7 [i]mpregados 14
[e]ncontrados 4 [i]ncontrados 17
d[e]stinadas 20 d[i]stinadas 1
[e]stragada 8 [i]stragada 13
[e]ncontrado 4 [i]ncontrado 17
[e]ngano 6 [i]ngano 15
[e]ncontrados 9 [i]ncontrados 12
Observa-se, no quadro acima, que em todos os itens houve a ocorrência da vogal
média fechada, caracterizando, assim, o caráter geral do dialeto de Belo Horizonte, que é a
tendência pela realização do timbre fechado da vogal média. É importante destacar que a
realização desta vogal é devido também à forma de gravação dos dados, pois os informantes
leram uma lista de frases, que reforça um grau de formalidade maior da língua e o falante
tende a controlar mais o que lê.
É importante ressaltar que, à exceção da palavra ‘destinadas’, todas as demais palavras
apresentam o contexto lingüístico da posição inicial de palavra associada ao travamento
silábico por /S/ ou formando sílaba nasalizada. Assim, conforme visto com os dados obtidos
através do corpus POBH, o esperado seria que os falantes realizassem neste contexto apenas a
vogal alta, uma vez que este contexto é categórico para esta realização. No entanto, foram
vários os casos em que a vogal média fechada ocorreu, mostrando, assim, que em uma
170
situação de gravação monitorada da fala o informante estará atento à maneira como este
pronuncia as palavras.
É bom notar ainda que, em alguns casos, foi pedido aos informantes que repetissem
algumas frases lidas. Esta repetição foi necessária para ter certeza da pronúncia feita pelo
falante ou para que o mesmo lesse a frase completa sem interrupção.
Assim, observa-se que alguns informantes variaram a pronúncia da vogal média em
posição pretônica. Por exemplo, a palavra ‘esposas’ foi realizada pelo falante 7 primeiramente
com a vogal média fechada, ‘[e]sposas’, e depois com a vogal alta, ‘[i]sposas’. Isto mostra
que o mesmo informante realizou pronúncias distintas para ao mesmo item lexical. Várias
outras palavras também apresentaram esta mesma situação. O quadro completo pode ser visto
no APÊNDICE B.
Este fato é particularmente interessante, pois a variação é estabelecida não somente
pela posição da vogal média em sílaba pretônica, mas também pelo contexto formal da
gravação dos dados. Por exemplo, o informante 14 pronunciou a palavra ‘esposos’ de três
formas distintas: a) com a vogal média fechada nas posições tônica e pretônica, ‘[e]sp[o]sos’,
b) com a vogal alta em posição pretônica e a vogal média fechada em posição tônica
‘[i]sp[o]sos’, e c) com a vogal alta em posição pretônica e a vogal média aberta em posição
tônica, ‘[i]sp[ç]sos’.
7.3.4 Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta posteriores
Com relação à variação entre a vogal média fechada e a vogal alta posteriores,
observa-se que seis palavras apresentaram esta variação, como mostra o QUADRO 37.
171
QUADRO 37
Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta posteriores, conforme corpus Alves
(1999)
Variação da vogal média posterior em posição pretônica
[o] Ocorrências
[ç]
Ocorrên
cias
[u] Ocorrên
cias
j[o]gados 16
j[ç]gados
4 j[u]gados 1
d[o]rminh[ç]cos
20
d[u]rminh[ç]cos
1
p[o]líticos 14 p[u]líticos 7
gas[o]lina 4 gas[u]lina 17
d[o]mingo 17 d[u]mingo 4
j[o]gado 20 j[u]gado 1
As palavras ‘políticos’, ‘gasolina’ e ‘domingo’ apresentam o contexto lingüístico da
presença da vogal alta em posição tônica. Entretanto, observa-se também que este contexto
não é categórico, pois vários falantes realizaram a vogal média fechada também nesta posição.
Assim, pode-se afirmar que o falante pode optar pela realização da vogal alta em posição
pretônica se este encontrar um contexto lingüístico que favoreça a sua produção.
A palavra ‘dorminhocos’ foi realizada por um único informante com a vogal alta em
posição pretônica. Neste caso, pode-se dizer que esta produção é devido à presença da vogal
alta na sílaba imediatamente seguinte. Sobre as palavras ‘jogado’ e ‘jogados’, o que se
observa é que foi o mesmo informante a pronunciar a vogal alta em posição pretônica,
caracterizando, assim, uma pronúncia particular.
Em suma, os dados de Alves (1999) confirmaram que os falantes do dialeto de Belo
Horizonte realizam, em sua maioria, a vogal média fechada em posição pretônica. Entretanto,
esta realização foi comprometida pela própria situação de formalidade conforme a gravação
feita. Isto é, como a gravação ocorreu em cabine acústica apropriada, com a presença do
pesquisador e com toda a aparelhagem necessária, como gravador e microfone, os
informantes não apenas prestaram mais atenção em sua pronúncia, como hesitaram em
realizar as vogais médias em posição pretônica e em posição tônica também.
Sobre o abaixamento da vogal média anterior e posterior, observou-se que os fatores
lingüísticos da presença da vogal média aberta em posição tônica e a presença de vogal baixa
na sílaba imediatamente seguinte foram os fatores motivadores para a realização da vogal
média aberta. Neste caso, ocorre o processo de harmonia vocálica pelo traço [-ATR], assim
como foi visto sobre os dados relativos ao corpus POBH. Além disso, é necessário destacar
que a pronúncia da vogal média fechada ocorreu neste mesmo contexto lingüístico, o que
172
mostra que o falante tem a opção em realizar a vogal média fechada ou a vogal média aberta
conforme o contexto lingüístico favorecedor.
É importante lembrar que houve a ocorrência de pronúncias específicas conforme
determinadas palavras, e também segundo a realização particular do falante para casos
específicos, como, por exemplo, para as palavras ‘r[E]splandecente’ e ‘r[E]conhecido’, que
foram produzidas com a vogal média aberta em posição pretônica pelo mesmo informante.
Com relação à elevação da vogal média, nota-se que o comportamento da vogal
anterior é diferente da vogal posterior. Sobre a realização da vogal posterior, a produção da
vogal alta em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte favorece a pronúncia da
vogal alta em posição pretônica. Nesse caso também ocorre o processo de harmonia vocálica
pelo traço [alto], da mesma forma como foi visto sobre os dados do corpus POBH.
Sobre a realização da vogal alta anterior, verifica-se que muitas palavras apresentaram
variação. A maioria delas apresentou como contexto favorecedor a realização da vogal alta
em posição inicial de palavra associada ao travamento silábico por /S/ ou formando sílaba
nasalizada. Os dados obtidos por meio do corpus POBH mostraram que estes mesmos
contextos levariam a uma realização categórica da vogal alta em posição pretônica. No caso
específico dos dados apresentados por meio do corpus de Alves (1999), o que se observa é
que a variação também é motivada pela situação de formalidade exigida no ato de gravação.
Como os informantes estavam preocupados em pronunciar as palavras de modo “correto”,
estes prestaram mais atenção em sua pronúncia e hesitaram mais neste contexto.
Portanto, como há divergências no diz respeito às palavras que mostraram variação
entre a vogal média fechada e a vogal alta anteriores, além dos contextos lingüísticos
comportarem-se de modo distinto com relação aos dados do corpus POBH e do corpus Alves
(1999), é necessário que outro grupo de dados seja observado para elucidar o que motiva a
variação, ou seja, se a variação ocorre mediante os contextos lingüísticos favorecedores ou se
está mais relacionada à formalidade da gravação dos dados.
Assim, a próxima seção mostrará os dados relacionados à situação de fala espontânea,
que não apresenta uma situação formal encontrada no ato da gravação dos dados, uma vez que
o informante não sabia que estava sendo gravado.
173
7.4 Corpus fala espontânea
O corpus sobre as vogais médias em posição pretônica extraído da situação de fala
espontânea mostrou os dados relativos a dois informantes. Os objetivos são averiguar a
produção destas vogais, a variação motivada pelos contextos lingüísticos já mencionados com
relação aos corpora POBH e Alves (1999), e verificar se este fenômeno também é
condicionado pela formalidade empregada no ato da gravação dos dados. A hipótese é que,
como não existe um ambiente muito formal de gravação, se a variação ocorrer esta será em
função do contexto lingüístico propício à realização da vogal média aberta e da vogal alta,
pronúncias motivadas por contextos específicos.
O corpus relativo à observação da fala espontânea é constituído por 514 ocorrências de
vogais médias pretônicas nos nomes no dialeto de Belo Horizonte. Deste total, a maior parte
das ocorrências é de vogais médias fechadas anteriores e posteriores. O GRAF. 13 abaixo
mostra as ocorrências obtidas para as vogais pretônicas.
V
ogais médias pretônicas: Corpus
fala espontânea
237
2
44
209
5
17
0
50
100
150
200
250
[e] [E] [i] [o] [O] [u]
Ocorrências
GRÁFICO 13 - Produção das vogais médias pretônicas anteriores e posteriores, conforme
corpus fala espontânea
No gráfico acima, observa-se que a realização das vogais médias anteriores e
posteriores nesta posição é bastante grande. Foram 237 ocorrências da vogal média fechada
anterior e 209 ocorrências da vogal média fechada posterior. De modo geral, esta distribuição
é a mesma apresentada para os dados obtidos com relação ao corpus POBH. Isto significa que
os falantes do dialeto de Belo Horizonte tendem pela realização do timbre fechado da vogal
média nesta posição.
174
Sobre a realização da vogal alta em posição pretônica, foram 44 ocorrências com a
vogal anterior e 17 com a vogal posterior. Quanto ao grupo das vogais médias abertas,
observa-se que este grupo é bastante pequeno com apenas 2 ocorrências da vogal média
aberta anterior e 5 da vogal média aberta posterior.
Os casos em que houve a elevação e o abaixamento da vogal média em posição
pretônica serão considerados a seguir, de forma separada, para observar os fatores lingüísticos
que motivam esta pronúncia específica.
7.4.1 Elevação da vogal média em posição pretônica
Sobre a elevação da vogal média anterior, foram observados os seguintes fatores
favorecedores: a) posição inicial de palavra associada ao travamento silábico por /S/; b)
posição inicial de palavra formando sílaba nasalizada; c) vogal alta em posição tônica e d)
presença do prefixo des-.
A relação completa das palavras realizadas com a vogal alta em posição pretônica
pode ser conferida no QUADRO 38 abaixo.
175
QUADRO 38
Fatores favorecedores da vogal alta anterior em posição pretônica, conforme corpus fala
espontânea
Fatores favorecedores da vogal alta anterior em posição pretônica
Posição inicial de palavra associada ao travamento silábico por /S/
[i]spaço 03
[i]specialização 01
[i]specializado 01
[i]squema 03
[i]stado 02
[i]stágio 01
[i]stranho 01
[i]xcluídos 02
[i]xperiência 01
[i]xtensão 01
[i]xterna 01
Posição inicial de palavra formando sílaba nasalizada
[i]mpr[e]gado 02
[i]mpregatício 03
[i]mpresa 01
[i]ncheção 01
[i]nsino 03
[i]ntrevista 02
Vogal alta em posição tônica
d[i]cidido 01
m[i]ninas 01
pr[i]guiça 01
s[i]gundo 02
Presença do prefixo des-
d[i]slocamento 02
Os dois primeiros contextos apresentados no quadro acima são contextos categóricos
para a realização da vogal alta anterior em posição pretônica. A posição inicial de palavra
associada ao travamento silábico por /S/ ou formando sílaba nasalizada indica que o falante
tende a produzir a vogal alta nesta posição. Em todos os itens lexicais obtidos e que possuem
este contexto lingüístico apresentou-se a vogal alta em posição pretônica. Não houve a
realização da vogal média fechada nesta posição.
Com relação ao fator da presença da vogal alta em posição tônica, observa-se que este
fator favorece a realização da vogal alta pretônica. Neste caso, há o processo de harmonia
vocálica pelo traço [alto]. Entretanto, não foram todas as palavras que possuíam este contexto
que foram realizadas com a vogal alta nesta posição. Em alguns casos, os informantes
176
optaram pela realização da vogal média fechada, como, por exemplo, em ‘ac[e]ssoria’,
‘entr[e]vista’, ‘obj[e]tivo’ e ‘s[e]rviço’.
Quanto ao prefixo ‘des-’, apenas uma única palavra foi produzida com a vogal alta em
posição pretônica. Apesar de ser um contexto favorecedor da realização da vogal alta, houve,
nos dados obtidos, outra palavra que apresentasse o mesmo prefixo e foi realizada com a
vogal média fechada, ‘des[e]nvolvimento’.
Também, ocorreram palavras que mostraram a elevação da vogal média anterior, mas
que não possuem um contexto lingüístico que favorece esta realização. As palavras
‘p[i]quena’, ‘p[i]queno’ e ‘s[i]mestre’ apresentaram a vogal alta em posição pretônica sem, a
princípio, mostrar um contexto lingüístico que motive esta pronúncia. Assim, pode-se afirmar
que nestes casos específicos a presença da vogal alta tem a ver com a evolução lingüística de
cada palavra, já que, em sua maioria, são realizadas com a vogal alta nesta posição.
Assim, constata-se que, com relação à elevação da vogal anterior em posição
pretônica, há três grupos de palavras realizadas com a vogal alta nesta posição motivadas por
situações distintas: a) contextos categóricos, como a posição inicial de palavra associada ao
travamento silábico por /S/ ou formando sílaba nasalizada; b) contextos favorecedores, como
a vogal alta em posição tônica e o prefixo ‘des-’ e c) sem um contexto lingüístico
condicionador, como ocorre nas palavras ‘p[i]queno’ e ‘s[i]mestre’.
Este fato também foi verificado com os dados obtidos através do corpus POBH.
Quanto à realização da elevação da vogal média posterior, observa-se que não há
contextos categóricos que motivam a vogal alta em posição pretônica. O QUADRO 39 mostra
todas as palavras realizadas com este segmento e os contextos lingüísticos favorecedores.
177
QUADRO 39
Fatores lingüísticos favorecedores da elevação da vogal média posterior, conforme corpus fala
espontânea
Fatores lingüísticos favorecedores da elevação da vogal média posterior
Vogal alta em posição tônica
b[u]nitas 01
c[u]mida 04
d[u]micílio 01
d[u]mingo 04
m[u]nitoria 02
p[u]lítica 02
p[u]líticos 01
Vogal alta na sílaba imediatamente seguinte
m[u]nitora 02
Sobre os contextos que favorecem a vogal alta em posição pretônica, verifica-se que
são apenas dois contextos relacionados à presença da vogal alta em posição tônica ou na
sílaba imediatamente seguinte. Estes contextos mostram que o falante pode optar em realizar
o processo fonológico de harmonia vocálica pelo traço [alto]. Entretanto, observa-se também
que a vogal média fechada pode ser realizada, como, por exemplo, em ‘n[o]tícia’, ‘pr[o]duto’,
‘consult[o]ria’ e ‘c[o]missão’.
Os contextos lingüísticos favorecedores da elevação da vogal média posterior em
posição pretônica foram os mesmos observados no corpus POBH.
A seguir, serão apresentados os fatores que favorecem a ocorrência da vogal média
aberta em posição pretônica.
7.4.2 Abaixamento da vogal média em posição pretônica
Segundo os dados extraídos da observação da fala espontânea, o abaixamento da vogal
média anterior em posição pretônica ocorre devido à presença da vogal baixa em posição
tônica ou na sílaba imediatamente seguinte, como pode ser visto no QUADRO 40 abaixo.
178
QUADRO 40
Fatores favorecedores do abaixamento da vogal média anterior em posição pretônica,
conforme corpus fala espontânea
Fatores favorecedores do abaixamento da vogal média anterior em posição pretônica
Vogal baixa em posição tônica
univ[E]rsidade
01
Vogal baixa na sílaba imediatamente seguinte
diss[E]rtação
01
É importante ressaltar que apenas duas palavras foram realizadas com a vogal média
aberta em posição pretônica, mostrando que esta realização é bastante específica e ocorre em
poucos casos. O mesmo fato também foi observado nos corpora POBH e Alves (1999).
Também é possível afirmar que a sílaba travada por /R/ contribui para a realização da
vogal média aberta em posição pretônica, uma vez que as duas palavras observadas possuem
este contexto.
Sobre o abaixamento da vogal média posterior em posição pretônica, observam-se
também poucos dados encontrados e apenas dois contextos lingüísticos que motivam a sua
realização, como pode ser visto abaixo no quadro abaixo.
QUADRO 41
Fatores favorecedores do abaixamento da vogal média posterior em posição pretônica,
conforme corpus fala espontânea
Fatores favorecedores do abaixamento da vogal média posterior em posição pretônica
Vogal média aberta em posição tônica
pr[ç]c[E]sso
02
pr[ç]p[ç]stas
01
Vogal baixa em posição tônica
[ç]rário
01
n[ç]rmal
01
No QUADRO 41, foram observadas quatro palavras produzidas com a vogal média
aberta posterior. As palavras ‘pr[ç]c[E]sso’ e ‘pr[ç]p[ç]stas’ possuem a vogal média aberta em
posição pretônica devido à presença da vogal média aberta em posição tônica, enquanto que
as palavras ‘[ç]rário’ e ‘n[ç]rmal’ devido à presença da vogal baixa tônica.
Assim, pode-se afirmar que ocorre o processo de harmonia vocálica pelo traço
[-ATR], que é um traço fonológico compartilhado pelas vogais médias abertas e pela vogal
179
baixa. Este mesmo contexto foi observado quanto aos dados dos corpora POBH e Alves
(1999).
Na próxima seção, serão apresentados os casos relativos à variação intraindividual e à
variação interindividual.
7.4.3 Variação intraindividual e interindividual
Especificamente sobre os casos relacionados à variação das vogais médias em posição
pretônica nos nomes um fato interessante se observa. Não ocorreu variação intraindividual, ou
seja, o mesmo informante não apresentou variação com relação aos itens lexicais obtidos por
meio do corpus da fala espontânea. O APÊNDICE E mostra a relação completa dos itens
lexicais analisados.
Assim, o mesmo falante, em situação de fala espontânea, não varia a pronúncia das
palavras. Pode-se afirmar, então, que o falante opta em realizar a vogal média aberta e a vogal
alta de maneira diferenciada em posição pretônica. Os contextos favorecedores, na verdade,
apenas mostram em que ambiente lingüístico o falante pode realizar a vogal alta ou a vogal
média aberta nesta posição. Isto quer dizer que os falantes não seguem exatamente a mesma
forma de pronunciar as palavras que contêm a vogal média em posição pretônica, mesmo
pertencendo à mesma comunidade de fala.
Relacionando este fato aos dados obtidos através do corpus POBH, apresentados na
seção 7.2, observa-se que os oito informantes selecionados naquele corpus também mostraram
um sistema próprio para pronunciar as vogais em posição pretônica. Alguns informantes
apresentaram apenas a variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta, enquanto
outros mostraram, além desta variação, a variação entre a vogal média fechada e a vogal alta,
como pode ser visto no QUADRO 42 abaixo de forma sucinta.
180
QUADRO 42
Variação apresentada pelos falantes – Corpus POBH
Variação entre
a vogal média
fechada e a
média aberta
anteriores
Variação entre a
vogal média
fechada e a
média aberta
posteriores
Variação entre
a vogal média
fechada e a
vogal alta
anteriores
Variação entre
a vogal média
fechada e a
vogal alta
posteriores
Informante 1
sim sim não não
Informante 2
sim sim não não
Informante 3
sim sim sim sim
Informante 4
sim sim sim não
Informante 5
sim sim não sim
Informante 6
sim sim não não
Informante 7
sim sim não sim
Informante 8
sim sim sim não
O fato interessante apresentado neste quadro é que a variação entre a vogal média
fechada e a vogal média aberta foi realizada por todos os informantes. Entretanto, o mesmo
fato não ocorreu com a variação entre a vogal média fechada e a vogal alta. Por que esta
diferença com relação ao tipo de variação apresentado? O que se pode, a princípio, afirmar é
que no dialeto de Belo Horizonte há uma tendência pela elevação da vogal média em posição
pretônica de modo regular. O que não acontece com a realização da vogal média aberta em
posição pretônica, já que a sua produção é condicionada por fatores lingüísticos bem
específicos, como a presença da vogal média aberta ou da vogal baixa em posição tônica ou
na sílaba imediatamente seguinte.
Outro aspecto importante a se considerar é que cada falante possui uma forma de
variar as vogais em posição pretônica. Este fato mostra a especificidade própria da produção
de cada falante.
Além disso, a variação intraindividual apresentada se deve à formalidade encontrada
no momento da gravação dos dados. Palavras como ‘pequeno’ e ‘pequenas’, por exemplo, que
são sempre realizadas com a vogal alta, também foram produzidas com a vogal média
fechada, reforçando que o falante estava atento à sua pronúncia.
Reynolds (1994) faz referência à variação intraindividual como uma série de estilos ou
registros no repertório lingüístico do falante. Esta forma de variação tem sido caracterizada
em diferentes modos. Segundo o autor, a variação estilística pode ser explicada pela mudança
de um registro ou estilo para outro. E que mesmo uma amostra de fala casual revela
geralmente muita variabilidade. Então, não é o caso de todas as instâncias de variação
intraindividual poder ser classificada simplesmente como estilística em natureza; certamente
181
outros fatores, lingüísticos e extralingüísticos, têm o seu papel. Além disso, as regras que
governam a fala rápida são amplamente consideradas pelos fonólogos como estritamente
fonéticas em natureza. Em OT também a relação é a mesma.
Especificamente sobre o corpus relacionado à fala espontânea e sobre a variação
interindividual, o que se observa é que apenas duas palavras apresentaram variação entre a
vogal média fechada e a vogal média aberta. Não houve a ocorrência da variação entre a vogal
média fechada e a vogal alta. As palavras em variação são apresentadas no QUADRO 43
abaixo.
QUADRO 43
Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta, segundo corpus fala espontânea
Variação das vogais médias posteriores
[o] Ocorrências
[ç]
Ocorrências
[o]rário 1
[ç]rário
1
n[o]rmal 1
n[ç]rmal
1
No quadro acima, a variação apresentada é entre os falantes, uma vez que o informante
AAAJ realizou as palavras ‘horário’ e ‘normal’ com a vogal média fechada, enquanto que o
informante MMA as produziu com a vogal média aberta. O QUADRO 44 abaixo mostra, de
modo separado, as palavras que foram realizadas com a vogal média aberta posterior pelos
informantes observados.
QUADRO 44
Ocorrências da vogal média aberta posterior em posição pretônica, conforme corpus fala
espontânea
Informante AAAJ
pr[ç]c[E]sso
01
Informante MMA
[ç]rário
01
n[ç]rmal
01
pr[ç]c[E]sso
01
pr[
ç]postas
01
O quadro acima mostra que as palavras ‘horário’ e ‘normal’ foram produzidas com a
vogal média aberta posterior apenas pelo informante MMA.
182
Além disso, diferentemente dos corpora POBH e Alves (1999), a variação encontrada
no corpus relacionado à fala espontânea é mínima, reforçando que a formalidade no ato da
gravação é também um fator importante para que a variação ocorra. No caso da fala
espontânea, como os informantes não sabiam que estavam sendo gravados, apenas duas
palavras apresentaram variação.
Além disso, o contexto que motivou a presença da vogal média aberta em posição
pretônica é o mesmo, ou seja, a presença da vogal baixa em posição tônica. Outro fato
interessante é que apenas a vogal média aberta posterior apresentou variação.
Portanto, verifica-se que, conforme os dados obtidos através da observação da fala
espontânea, os falantes optam diferentemente pela pronúncia da vogal média aberta posterior
em posição pretônica. Isto quer dizer que cada falante seleciona uma pronúncia particular da
vogal média pretônica conforme os fatores favorecedores, principalmente da realização da
vogal média aberta e da vogal alta. Também, pode-se relacionar a variação mais ao processo
de harmonia vocálica do que ao processo de redução vocálica. No corpus referente à fala
espontânea, os casos em variação estão relacionados à harmonia estabelecida pelo traço
[-ATR].
Sobre os fatores favorecedores, a realização da vogal alta é motivada pela presença,
sobretudo, da vogal alta em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte. Quanto à
realização da vogal média aberta, esta é influenciada pela realização da vogal baixa em
posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte e pela vogal média aberta em posição
tônica. Estes contextos, de modo geral, reforçam a presença do processo de harmonia vocálica
em posição pretônica.
Foi observado ainda que a variação apresentada é a variação interindividual e que esta
variação acontece em um número pequeno de casos.
A seguir, será apresentado um quadro comparativo das principais informações obtidas
por meio dos corpora analisados.
7.5 Corpora investigados: resumo
A análise das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo
Horizonte revela que os informantes produzem variação em um número pequeno de casos. A
princípio, a hipótese inicial desta pesquisa previa que a variação ocorreria em número maior
183
de palavras. Contudo, o que se observou através dos corpora POBH, Alves (1999) e do corpus
relacionado aos dados da fala espontânea é que o fenômeno da variação atinge um grupo
muito pequeno de casos e que se mostra interindividual se são considerados os fatores
lingüísticos favorecedores e os processos fonológicos envolvidos em posição pretônica.
Além disso, a variação apresentada se mostra diferenciada em cada corpus
investigado. O QUADRO 45 abaixo mostra um resumo comparativo das principais
informações obtidas através dos corpora estudados.
QUADRO 45
Quadro comparativo dos corpora investigados
Corpus
POBH
Corpus
Alves (1999)
Corpus
fala espontânea
a) Informantes 8
4 homens
4 mulheres
21
6 homens
15 mulheres
2
1 homem
1 mulher
b) Faixa etária 25-35 20-38 33-36
c) Escolaridade Superior Superior Superior
d) Natural de Belo Horizonte Belo Horizonte Belo Horizonte
e) Formato de gravação Entrevista
(gravação feita
no Laboratório
de Fonética da
FALE / UFMG)
Leitura de
frases
(gravação feita
no Laboratório
de Fonética da
FALE / UFMG)
Diálogo
(os informantes
não sabiam que
estavam sendo
gravados)
f) Ocorrências analisadas 4.951
ocorrências
1.407
ocorrências
514 ocorrências
g) Variação intraindividual Sim Sim Não
h) Variação interindividual Sim Sim Sim
i) Variação entre a vogal média
fechada e a vogal média
aberta
Sim Sim Sim
j) Variação entre a vogal média
fechada e a vogal alta
Sim
(5 informantes)
Sim Não
184
As quatro primeiras informações contidas no quadro acima mostram os fatores
extralingüísticos considerados apenas para efeito de seleção da amostra a ser investigada no
dialeto de Belo Horizonte. O perfil semelhante dos informantes selecionados, em nossa
análise, deve-se ao fato de se buscar um padrão com relação aos dados analisados. Isto quer
dizer que a variabilidade das vogais médias em posição pretônica precisa ser controlada em
termos dos fatores extralingüísticos para que estes fatores não sejam os principais a
motivarem a variação estudada.
Entretanto, um fator extralingüístico foi tomado como referência devido às diferenças
com relação ao formato de gravação apresentado. No corpus POBH, o formato de gravação
foi uma entrevista entre o documentador e o entrevistado. No corpus Alves (1999), o formato
apresentado é uma leitura de frases, e no corpus dos dados relativos à fala espontânea foi
gravado um diálogo entre os informantes. A principal diferença verificada é que nos dois
primeiros corpora o informante sabia que estava sendo gravado, já que estava em um
laboratório próprio para a gravação com todos os equipamentos necessários e também com a
presença do pesquisador. No corpus de fala espontânea, o informante não sabia que estava
sendo gravado.
Este fato é bastante interessante porque o que se verifica é que quanto mais
formalidade no ambiente de gravação maior é a preocupação do informante em produzir as
palavras. O informante em uma situação formal de fala está atento à sua pronúncia e, por
algumas vezes, hesita em pronunciar as palavras, com receio de produzir uma pronúncia
considerada “incorreta”.
Especificamente no corpus Alves (1999), observou-se que o mesmo informante,
quando lhe era pedido para repetir algumas frases, este por vezes pronunciou a vogal média
pretônica de duas formas diferentes. Por exemplo, o informante 15 produziu a palavra
‘requebros’ ora com a vogal média fechada, ‘r[e]quebros’, ora com a vogal média aberta,
‘r[E]quebros’. Este fato mostra a preocupação do falante em realizar a pronúncia da vogal
média em posição pretônica porque sabia que estava sendo gravado, e a variação ocorre
também devido ao contexto lingüístico que provoca a possibilidade de realização também da
vogal média aberta nesta posição. Neste caso específico, a vogal média ocorre devido ao
processo de harmonia vocálica pelo traço [-ATR].
Com relação à variação apresentada, observou-se que o formato de gravação está
relacionado diretamente à variação encontrada em nossos dados. A variação intraindividual
somente foi comprovada nos corpora POBH e Alves (1999), que apresentam uma formalidade
maior no ato de gravação da fala. Assim, algumas questões surgem com relação ao formato de
185
gravação apresentado: a) Apenas o fator da formalidade no ato da gravação dos dados é o
único responsável pela variação investigada? b) É possível relacionar também a variação aos
contextos lingüísticos favorecedores de uma pronúncia mais específica da vogal média, como
a vogal média aberta e a vogal alta? c) Até que ponto os processos fonológicos atuam de
maneira decisiva para a realização da vogal média em posição pretônica? d) Todos os falantes
variam a pronúncia da vogal média pretônica da mesma forma?
Os resultados obtidos mostram que a variação investigada se mostra diferente
conforme os corpora estudados. Nos corpora POBH e Alves (1999) ocorreram a variação
intraindividual e a variação interindividual. Já o corpus referente à fala espontânea apenas
acontece a variação interindividual. Assim, por que ocorre a variação intraindividual nos
corpora POBH e Alves (1999)? A resposta a esta pergunta está relacionada diretamente à
formalidade apresentada no ato da gravação dos dados.
Nos corpora POBH e Alves (1999), o ambiente proposto para a gravação dos dados,
apresenta uma situação muito formal para a obtenção dos dados. Já o corpus relativo à fala
espontânea mostra que o falante não se preocupa com a pronúncia das palavras,
caracterizando, assim, um ambiente propício para a obtenção dos dados de modo mais fiel à
realidade de uma comunidade lingüística.
Sobre os formatos de variação presentes no dialeto de Belo Horizonte, observou-se
que alguns falantes mostraram os dois formatos de variação, outros apresentaram apenas um
único formato.
No corpus POBH, todos os informantes variaram a pronúncia da vogal média em
posição pretônica. O curioso é que apenas um formato de variação foi utilizado por todos os
informantes: a variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta. A variação entre
a vogal média fechada e a vogal alta foi feita por cinco informantes. Por que a variação entre
as vogais médias fechadas e abertas é mais produtiva?
A resposta a esta pergunta está relacionada à própria especificação das vogais médias
no português brasileiro. Estes segmentos vocálicos são motivos de inúmeras classificações em
termos de traços fonológicos distintivos, como os traços [ATR] e [alto] e o traço [aberto]. São
segmentos que também apresentam variação em posição tônica, como observado por Alves
(1999). Além de o próprio inventário vocálico do português brasileiro ser diferenciado nas
posições tônica e pretônica.
Outro aspecto importante a ser considerado está relacionado ao processo de harmonia
vocálica pelo traço [ATR] ser mais determinante no dialeto de Belo Horizonte do que os
processos de harmonia vocálica pelo traço [alto] e redução vocálica. O traço [-ATR] engloba
186
tanto as vogais médias abertas quanto a vogal baixa, responsáveis pelo favorecimento da
realização da vogal média aberta em posição pretônica.
Outro fato que se destaca é que a realização da vogal alta, em determinados contextos
lingüísticos, é categórica, como a posição inicial de palavra associada ao travamento silábico
por /S/ ou formando sílaba nasalizada. Os falantes intuitivamente podem considerar que a
vogal alta já possui contextos mais decisivos que reforçam a produção da vogal alta e não
promovem a variação.
Outro aspecto apontado está relacionado ao inventário vocálico. Se este é o mesmo
para todos os falantes por que há diferenças quanto à variação das vogais médias em posição
pretônica?
A variabilidade dos sons em uma língua específica é muito grande e vários aspectos
precisam ser considerados. No caso específico da variação das vogais médias, verifica-se que
este fenômeno ocorre motivado pelos fatores lingüísticos favorecedores e pela influência dos
processos fonológicos, como harmonia vocálica e redução vocálica, que atuam decisivamente
para a realização das vogais mais específicas nesta posição, que são a vogal média aberta e a
vogal alta.
Assim, pode-se afirmar que, de acordo com o inventário vocálico do português
brasileiro e suas especificidades, o falante possui a vogal média fechada como input.
Entretanto, quando produz a vogal média em posição pretônica, o falante também está atento
aos contextos lingüísticos que são favoráveis a uma produção particular da vogal média aberta
e da vogal alta. A realização da vogal média aberta está relacionada ao processo de harmonia
vocálica, em que a vogal na posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte exerce um
papel maior para a realização da vogal pretônica.
Sobre a formalidade no ato da gravação dos dados, verifica-se que este fato apenas
reforça os ambientes lingüísticos que são mais propícios à variação. Assim, ocorre mais
variação em uma situação formal de fala porque os contextos lingüísticos da realização da
vogal média aberta e da vogal alta estão em maior evidência para o falante.
A análise da variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no português
brasileiro através de três corpora diferentes, POBH, Alves (1999) e fala espontânea, mostra
que a maneira pela qual são obtidos os dados interfere diretamente na análise a ser feita.
Quanto maior a formalidade para a obtenção dos dados, maior a presença da variação a ser
observada.
187
7.6 Conclusão
As vogais médias em posição pretônica no dialeto de Belo Horizonte apresentam uma
complexidade muito grande com relação à sua realização. Alguns pontos relevantes foram
observados através dos três corpora pesquisados e serão descritos de forma sucinta a seguir.
1. A tendência dos falantes do dialeto de Belo Horizonte é pela realização fechada da
vogal média pretônica tanto na série anterior como na série posterior.
2. O contexto lingüístico influencia a realização da vogal média aberta e da vogal alta
em posição pretônica.
3. Os fatores lingüísticos que favorecem a elevação da vogal média anterior são
diferentes da vogal posterior. A vogal alta anterior ocorre motivada por dois
grupos distintos de fatores lingüísticos. O primeiro grupo revela que os fatores da
posição inicial de palavra associada ao travamento silábico por /S/ e a posição
inicial de palavra formando uma sílaba nasalizada se mostram categóricos para a
realização da vogal alta em posição pretônica. O corpus Alves (1999) mostra itens
lexicais contendo estes fatores e podendo ser realizados ora com a vogal alta ora
com a vogal média fechada. Entretanto, verificou-se que a realização da vogal
média fechada se deve mais à preocupação pela pronúncia “correta” das palavras
no momento da leitura feita em cabine acústica. O segundo grupo de fatores
mostra que a presença da vogal alta em posição tônica ou na sílaba imediatamente
seguinte e da consoante nasal labial precedente favorece a realização da vogal alta
em posição pretônica. Estes dois últimos contextos não são categóricos porque
permitem a realização da vogal média fechada também. Com relação às vogais
posteriores, observou-se que a presença da vogal alta em posição tônica ou na
sílaba imediatamente seguinte, a consoante labial precedente e a consoante velar
precedente favorecem a realização da vogal alta em posição pretônica. Entretanto,
o falante pode optar pela realização da vogal média fechada nestes mesmos
contextos. Além disso, algumas poucas palavras foram realizadas com a vogal alta
pretônica sem um contexto lingüístico condicionador.
4. Os fatores lingüísticos que favorecem o abaixamento da vogal média anterior e da
vogal média posterior são os mesmos, ou seja, a presença da vogal média aberta
em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte e a presença da vogal baixa
em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte. O travamento silábico por
188
/R/ também é um fator favorecedor da realização da vogal média aberta anterior
em posição pretônica. Estes contextos são considerados apenas favorecedores
porque a vogal média fechada também pode ser produzida.
5. Sobre os processos fonológicos envolvidos, observou-se que o processo de
harmonia vocálica motivado pelo traço [-ATR] ocorre nos casos relacionados à
produção da vogal média aberta pretônica e a harmonia vocálica pelo traço [alto]
para a realização da vogal alta pretônica. É possível também relacionar um
contexto categórico para a redução vocálica em posição pretônica: a posição inicial
de palavra associada ao travamento silábico por /S/ ou formando sílaba nasalizada.
6. Especificamente sobre o fenômeno da variação lingüística, observaram-se dois
formatos de variação: a) a variação entre a vogal média fechada e a vogal média
aberta e b) a variação entre a vogal média fechada e a vogal alta. Verificou-se que
a variação é influenciada pelos fatores lingüísticos favorecedores, principalmente
para a realização da vogal média aberta e da vogal alta. Entretanto, a variação
também ocorre motivada pela formalidade no ato da gravação, ou seja, quanto
mais formal é o ambiente escolhido para a gravação dos dados, maior será a
possibilidade de variação. Os corpora POBH e Alves (1999) mostraram mais
palavras em variação do que o corpus de fala espontânea devido à formalidade no
ato da gravação dos dados. Além disso, são poucas as palavras que apresentaram
variação.
7. A variação também se mostra interindividual. Isto quer dizer que os falantes fazem
escolhas diferentes para a produção da vogal média aberta e da vogal alta, que são
os casos específicos em posição pretônica. Este fato pôde ser comprovado,
principalmente, através dos dados obtidos por meio do corpus da fala espontânea,
que mostra que os falantes não apresentaram variação individualmente.
No próximo capítulo, serão abordados estes resultados conforme a Teoria da
Otimalidade, que consegue tratar dos casos de variação lingüística de uma forma mais
adequada porque lida com as formas de superfície e permite que as restrições possam ser
violadas.
CAPÍTULO OITO
ANÁLISE DOS RESULTADOS
8.1 Introdução
A análise dos resultados relativos ao dialeto de Belo Horizonte será feita conforme a
Teoria da Otimalidade (doravante OT), modelo teórico que prevê o estudo da variação
interdialetal. Entretanto, como os resultados obtidos mostram a variação das vogais médias
em posição pretônica em um mesmo dialeto, é necessário averiguar se esta teoria também
permite a explicação da variação intradialetal.
Duas alternativas de análise da variação serão estudadas. O ranqueamento ordenado
por EVAL, proposta apresentada por Coetzee (2005), que mostra em uma única hierarquia os
casos relacionados à variação. Esta alternativa demonstra que o mecanismo de avaliação
EVAL é responsável por identificar todos os candidatos ótimos em termos de variação,
mostrando o primeiro melhor candidato, o segundo melhor, e assim por diante, conforme a
sua boa formação e a sua freqüência relativa. Outra alternativa de análise é o ranqueamento
parcial de restrições, estudado por Anttila e Cho (1998), que apresenta a possibilidade de se
estabelecer várias hierarquias de restrições mostrando um ordenamento específico para cada
candidato em variação.
O presente capítulo também abordará a melhor especificação dos traços para as vogais
médias conforme a apresentação da hierarquia de restrições no modelo teórico OT. Isto se
deve ao fato de as vogais médias poderem ser classificadas conforme vários traços
fonológicos. Dentre estes traços estão a classificação tradicional em termos dos traços [alto] e
[ATR]. Outra possibilidade de classificação das vogais médias é feita pelo traço [aberto].
Antes de apresentar as alternativas de análise, serão mostradas as restrições ativas para
a explicação da variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes.
190
8.2 Das restrições
As restrições estabelecidas são motivadas pela caracterização das vogais por meio dos
traços fonológicos específicos para cada segmento. Como visto no capítulo 4, há duas
abordagens que caracterizam e diferenciam as vogais médias de modo satisfatório na
literatura lingüística: a) a especificação através dos traços [alto] e [ATR] e b) a especificação
por meio do traço [aberto]. Para a análise da variação das vogais médias em posição
pretônica, estas duas abordagens serão consideradas separadamente.
Além disso, deve-se levar em consideração o fato de, em nossa análise, ter como
referência a especificação dos inventários fonêmicos no input, proposta apresentada por
Causley (1999). A princípio, de acordo com a OT padrão, no input não há presença de
restrições. Entretanto, como os sistemas vocálicos das línguas são diferenciados e apresentam
uma especificidade de acordo com a sua própria caracterização de fonemas, é necessário que
esta particularidade seja atribuída ao input. Assim, informações relativas à redução de
fonemas em posição pretônica, como ocorre no português brasileiro, devem ser observadas, e,
deste modo, a especificação da forma subjacente com relação a uma língua específica fica
mais bem esclarecida. No português brasileiro, por exemplo, a vogal média fechada será
considerada a forma do input por ser a vogal representada fonemicamente em posição
pretônica.
A especificação do inventário vocálico no input também permite que as diferenças
lingüísticas, como, por exemplo, a harmonia vocálica e a redução vocálica sejam observadas
por meio da hierarquia de restrições. Estes processos são verificados mais diretamente com
relação à variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo
Horizonte.
Então, a análise em termos de quais traços vocálicos são adequados para a melhor
caracterização dos fonemas no português brasileiro se faz necessária. A seguir, será
apresentada, inicialmente, a abordagem de classificação através dos traços [alto] e [ATR].
191
8.2.1 Traços [alto] e [ATR]
Os resultados referentes à produção das vogais médias no dialeto de Belo Horizonte
revelam que a maioria das ocorrências apresenta a vogal média fechada nesta posição,
mostrando que há uma relação de fidelidade entre as formas de input e de output. As demais
realizações com a vogal média aberta e a vogal alta mostram pronúncias específicas por parte
do falante que opta por estas realizações devido a um contexto lingüístico favorecedor para a
maioria dos casos. Assim, são necessárias restrições de marcação que possam apresentar estas
particularidades de pronúncia das vogais médias pretônicas neste dialeto.
As restrições ativas para esta análise partem da especificação dos traços vocálicos
característicos para cada fonema presente no inventário do português brasileiro.
Desta forma, é necessário observar o quadro de especificação dos traços vocálicos
desta língua para identificar as semelhanças e diferenças entre os segmentos vocálicos que
constituem o seu inventário.
A classificação dos traços vocálicos referentes ao português brasileiro suscita diversas
abordagens que podem partir da classificação dos segmentos vocálicos por meio dos traços
articulatórios distintivos, como os traços [alto] e [ATR] ou partir da classificação através do
traço gradual [aberto].
A abordagem que parte de uma visão mais tradicional de classificação utiliza os traços
distintivos articulatórios apresentados por Chomsky e Halle (1968), que são os traços [alto],
[baixo], [recuado], [tenso] e [arredondado]. Autores como Redenbarger (1977), Magalhães
(1990) e Petrucci (1992), sobre o comportamento dos segmentos vocálicos no português
europeu e brasileiro, incluem o traço [ATR]. Apenas este traço associado ao traço [alto] é
capaz de mostrar as diferenças existentes entre as vogais médias fechadas, as vogais médias
abertas e as vogais altas. E este é o ponto principal da análise sobre a variação das vogais
médias pretônicas em nossa pesquisa.
A especificação dos traços [ATR] e [alto] no português brasileiro é apresentada da
seguinte forma no QUADRO 46.
192
QUADRO 46
Traços vocálicos [alto] e [ATR]
/i, u/ /e, o/
/E, ç/
/a/
[alto] + - - -
[ATR] + + - -
Neste quadro, observa-se que os traços [alto] e [ATR] são suficientes para distinguir as
vogais médias fechadas, [-alto, +ATR], das médias abertas, [-alto, -ATR]. Além disso,
também distinguem as vogais altas como [+alto, +ATR]. Porém, não são suficientes para
diferenciar as vogais médias abertas da vogal baixa. Este não será um problema, em nossa
análise, porque as vogais médias abertas e a vogal baixa atuam de maneira semelhante para
condicionar a realização da vogal média aberta em posição pretônica, ou seja, são segmentos
especificados com o traço [-ATR], que é assimilado pela vogal pretônica.
Além da especificação dos traços articulatórios distintivos [ATR] e [alto], outro
aspecto deve ser considerado, a tipologia de contrastes de altura em relação ao acento,
apresentada por McCarthy (1999). (QUADRO 47).
QUADRO 47
Tipologia de Contraste de Altura, segundo McCarthy (1999, 24)
Ranqueamento Interpretação Exemplo
*MID » IDENT
str
(HEIGHT),
IDENT(HEIGHT)
Nenhuma vogal média em qualquer
posição.
Árabe
IDENT
str
(HEIGHT) » *MID »
IDENT(HEIGHT)
Vogais médias somente em sílabas
acentuadas.
Russo, Nancowry
IDENT
str
(HEIGHT),
IDENT(HEIGHT) » *MID
Vogais médias em sílabas
acentuadas e não acentuadas.
Espanhol
Lee e Oliveira (2003) utilizam esta tipologia para tratar dos casos de variação,
especificamente de redução vocálica do português brasileiro, sobretudo para diferenciar a
produção da vogal média fechada ou aberta entre os dialetos do português. A tipologia acima
apresenta três situações distintas, conforme a posição da restrição de marcação *MID na
hierarquia de restrições. Esta restrição posicionada acima das demais restrições na hierarquia
indica a não ocorrência das vogais médias de modo algum. A restrição *MID situada abaixo
da restrição IDENT
str
(HEIGHT) indica a ocorrência das vogais médias apenas em sílabas
193
acentuadas. Por último, a restrição *MID posicionada abaixo das demais restrições da
hierarquia revela que as vogais médias podem ocorrer em sílabas acentuadas e não
acentuadas.
Assim, conforme os argumentos apresentados acima, três restrições estão ativas na
análise da variação das vogais médias em posição pretônica, como pode ser visto em (3)
abaixo.
(3) Restrições
a) IDENT[alto, ATR]: Os traços [alto] e [ATR] do output devem ser idênticos aos do
input.
b) *MID: As vogais médias devem ser evitadas.
c) *MID]
S, N
: As vogais médias devem ser evitadas em posição pretônica, se
ocorrerem em posição inicial de palavra, associada ao travamento silábico por /S/
ou formando sílaba nasalizada.
A primeira restrição em (3) é uma restrição de fidelidade. É necessário estabelecer esta
restrição para manter a forma do output fiel à forma do input. A restrição IDENT[alto, ATR]
busca a semelhança em termos dos traços [alto] e [ATR] entre a forma de input e a de output.
Também, distingue as vogais médias fechadas das vogais médias abertas, além de diferenciar
as vogais médias das vogais altas.
A restrição de fidelidade garante que apenas as vogais médias fechadas ocorram em
posição pretônica e preservem sua fidelidade ao input.
As outras duas restrições apresentadas em (3) são restrições de marcação, para garantir
que a vogal média não ocorra em posição pretônica e, assim, favorecer o processo de redução
vocálica. De modo particular, os resultados obtidos mostram que dois contextos lingüísticos
são categóricos para a ocorrência da vogal alta anterior: a) posição inicial de palavra
associada ao travamento silábico por /S/ e b) posição inicial de palavra formando sílaba
nasalizada.
Estes contextos determinam a ocorrência da vogal alta em posição pretônica. Neste
caso, a restrição *MID]
S, N
é necessária para tratar dos casos categóricos de redução vocálica.
Outro grupo de palavras também apresenta redução vocálica, mas influenciado por
outros fatores, como a presença de consoante nasal labial precedente para a realização das
vogais anteriores e a presença da consoante labial ou da consoante velar precedente para as
vogais posteriores. Estes fatores não se configuram como categóricos para a realização da
194
vogal alta pretônica. Além disso, um grupo de palavras sempre apresenta a redução vocálica
em posição pretônica sem aparentemente qualquer fator lingüístico que a favoreça, como, por
exemplo, a palavra ‘p[i]queno’.
Para estes casos a restrição *MID estará ativa, pois evitará que as vogais médias
ocorram em posição pretônica, uma vez que a ocorrência da vogal alta no lugar da vogal
média nesta posição no dialeto de Belo Horizonte ocorre em casos bem determinados
lingüisticamente.
A restrição *MID deve ser ranqueada em uma posição superior na hierarquia para
evitar a ocorrência das vogais médias em posição pretônica, com relação aos casos de redução
vocálica. Já a restrição *MID]
S, N
deve ser ranqueada acima da restrição *MID, pois apresenta
uma condição específica da realização da vogal alta em posição pretônica em início de
palavra.
Sobre a produção da vogal média aberta, observa-se que este fato está relacionado
mais diretamente ao processo de harmonia vocálica, ou seja, a vogal média aberta em posição
pretônica assimila o traço característico da vogal em posição tônica ou na sílaba
imediatamente seguinte. No caso da ocorrência da vogal média aberta, a harmonia é feita pelo
traço [-ATR]. Este traço também engloba outro segmento vocálico, a vogal baixa. Neste caso,
há uma concordância entre os segmentos que possuem o traço [-ATR]. Os resultados obtidos
mostram que tanto a vogal média aberta como a vogal baixa em posição tônica ou na sílaba
imediatamente seguinte são importantes para a propagação do traço [-ATR] em posição
pretônica.
Além do processo de harmonia vocálica pelo traço [-ATR] mostrado acima, outro caso
de harmonia vocálica é apresentado no dialeto de Belo Horizonte, a harmonia pelo traço
[alto].
Com relação à produção da vogal alta em posição pretônica, observa-se que se ocorrer
a vogal alta em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte, como, por exemplo, na
palavra ‘medida’, a probabilidade de ocorrer a vogal alta pretônica é muito grande. A vogal
em posição pretônica assimila o traço [alto] característico da vogal alta.
Assim, há duas restrições de marcação AGREE a serem consideradas na hierarquia de
restrições referente ao português falado no dialeto de Belo Horizonte, como pode ser visto em
(4).
195
(4) Restrições de marcação AGREE
a) AGREE[ATR]: O traço [ATR] da vogal pretônica é idêntico ao da vogal em
posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte.
b) AGREE[alto]: O traço [alto] da vogal pretônica é idêntico ao da vogal em posição
tônica ou na sílaba imediatamente seguinte.
Em suma, sob a abordagem por meio dos traços [alto] e [ATR], tem-se a possibilidade
de estabelecer a hierarquia de restrições relativa à variação das vogais médias no dialeto de
Belo Horizonte com quatro restrições: uma de fidelidade, IDENT[alto, ATR], e três de
marcação, *MID, AGREE[ATR] e AGREE[alto]. A restrição de marcação *MID]
S, N
apenas
estará ativa nos casos relacionados ao processo categórico de redução vocálica.
A seguir, serão apresentados os tableaux com a análise feita a partir destas restrições
conforme a Teoria da Otimalidade, levando-se em consideração principalmente duas
alternativas de análise: a) o ranqueamento ordenado por EVAL e b) o ranqueamento parcial
de restrições.
8.3 Das alternativas de análise
A Teoria da Otimalidade apresenta várias alternativas de análise sobre a variação
lingüística, pois é um assunto que precisa ser mais bem investigado e ainda não foi
encontrado um modelo adequado conforme os princípios básicos da teoria para tratar dos
casos de variação. A grande maioria dos estudos feitos sugere algumas alternativas em que
alguns princípios básicos da teoria não são considerados, como, por exemplo, a dominação
estrita
16
. Além disso, algumas propostas realçam mais o papel da percepção do falante do que
da sua produção. Outras propostas concentram-se em pistas fonéticas que podem estar
relacionadas mais diretamente à fonologia da língua específica.
Como o objetivo desta pesquisa é a análise da produção das vogais médias em posição
pretônica nos nomes do dialeto de Belo Horizonte, opta-se por discutir mais detalhadamente
duas alternativas que apresentam seus resultados com base na produção dos sons: o
16
A noção da dominação estrita indica que a violação da hierarquia de restrições mais altas não pode ser
compensada pela satisfação de hierarquia de restrições mais baixas. De acordo com esta definição, há uma
hierarquia de restrições que deve ser observada e não há compensações a serem feitas.
196
ranqueamento parcial de restrições e o ranqueamento ordenado por EVAL. Ambas as
alternativas lidam com o ranqueamento de restrições necessário para mostrar a gramática de
uma língua específica. A diferença entre estas alternativas está no fato de uma assumir o
ranqueamento parcial de restrições, mostrando várias hierarquias relacionadas a uma língua
específica (Anttila e Cho, 1998), e a outra em apresentar o ranqueamento ordenado pelo
mecanismo de avaliação EVAL que, além de mostrar o candidato ótimo, apresenta o segundo
melhor candidato, o terceiro melhor candidato, e assim por diante (Coetzee, 2005).
A seguir, será abordado o ranqueamento ordenado pelo mecanismo de avaliação
EVAL. Esta alternativa busca mostrar os candidatos em variação em uma única hierarquia de
restrições, assemelhando-se mais aos preceitos básicos da Teoria da Otimalidade.
8.3.1 Ranqueamento ordenado por EVAL
O ranqueamento ordenado por EVAL é uma alternativa de análise da variação
lingüística proposta por Coetzee (2005). Nesta proposta, a freqüência relativa é considerada,
ou seja, a variante mais freqüente é a mais bem formada e esta característica é compartilhada
pelos falantes de uma mesma comunidade lingüística.
Outro aspecto que se destaca nesta proposta é a possibilidade de contar com uma única
hierarquia para mostrar as formas que não variam e as formas que são variáveis. Quando não
ocorre a variação, as restrições selecionadas são colocadas acima do ponto de corte (“cut-off
point”). Abaixo deste ponto, aparecem as restrições envolvidas na variação.
Além disso, este modelo segue mais diretamente o que propõe a OT clássica, pois
estabelece uma única hierarquia para os casos de variação. Neste caso, a noção de dominação
estrita é mantida, o que não ocorre com a proposta do ranqueamento parcial de restrições, que
apresenta várias hierarquias e conseqüentemente várias formas de dominância entre as
restrições estabelecidas.
A diferença apresentada quanto à OT padrão é a ordenação dos candidatos que estão
em variação por meio do mecanismo de avaliação EVAL. Neste caso, há a possibilidade de se
mostrar em uma mesma hierarquia vários candidatos selecionados como ótimos. A diferença
entre os candidatos será apresentada na hierarquia conforme a freqüência relativa e a boa
formação na língua. Assim, há um primeiro candidato ótimo, um segundo candidato ótimo, e
assim por diante. Já a OT padrão estipula que a hierarquia de restrições estabelecida para a
197
gramática de uma língua específica deve apresentar um único candidato ótimo, não
permitindo que dois ou mais candidatos, que estejam em variação, sejam considerados
igualmente ótimos.
Além disso, Coetzee trata da variação intra-contextual e da variação inter-contextual.
No primeiro caso de variação, o autor afirma que para cada input, é possível relacionar dois
ou mais outputs. Sobre a variação inter-contextual, as freqüências das formas variantes
diferem com base no contexto em que a variação ocorre. Isto quer dizer que o candidato mais
freqüente deve corresponder ao primeiro candidato ótimo e assim por diante.
Então, de acordo com esta alternativa de análise, é possível organizar uma hierarquia
de restrições que demonstra o que ocorre no dialeto de Belo Horizonte, ou seja, um único
input, /e/, mapeado por dois outputs diferentes, para os casos de variação.
Para a análise dos dados referentes ao dialeto estudado, serão seguidas as restrições
apresentadas na seção anterior, reapresentadas em (5) abaixo.
(5) Restrições:
a) *MID]
S, N
: As vogais médias devem ser evitadas em posição pretônica, se
ocorrerem em posição inicial de palavra, associada ao travamento silábico por /S/
ou formando sílaba nasalizada.
b) IDENT[alto, ATR]: Os traços [alto] e [ATR] do output devem ser idênticos aos do
input.
c) AGREE [ATR]: O traço [ATR] da vogal pretônica é idêntico ao da vogal em
posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte.
d) AGREE[alto]: O traço [alto] da vogal pretônica é idêntico ao da vogal em posição
tônica ou na sílaba imediatamente seguinte.
e) *MID: As vogais médias devem ser evitadas.
A restrição IDENT[alto, ATR] é necessária para garantir a preservação dos traços de
[alto] e de [ATR] no output, correspondendo ao mapeamento fiel. As restrições de marcação
AGREE[ATR] e AGREE[alto] favorecem o processo de harmonia vocálica. Para favorecer o
processo de redução vocálica, a restrição *MID é estabelecida. Já a restrição *MID]
S, N
é
necessária para os casos categóricos de redução vocálica. Neste caso específico, evitará a
presença das vogais médias em posição inicial de palavra, associada ao travamento silábico
por /S/ ou formando sílaba nasalizada.
198
Além disso, outra restrição deve ser acrescentada na hierarquia para mostrar os casos
de não variação, e assim mostrar uma restrição ranqueada acima do ponto de corte. A
restrição a ser incluída está relacionada à posição tônica da palavra, como é mostrado em (6)
abaixo.
(6) IDENT
STR
(HEIGHT)
Os traços de [altura] e de [ATR] são preservados na posição tônica da palavra.
Esta restrição ranqueada acima do ponto de corte mostra o contraste fonêmico das
vogais médias em posição tônica no português brasileiro e garante que a variação não
ocorra
17
.
No português falado em Belo Horizonte ocorrem dois tipos de variação: a) a variação
entre a vogal média fechada e a vogal média aberta e b) a variação entre a vogal média
fechada e a vogal alta. No TABLEAU 5, o ranqueamento estabelecido para o primeiro tipo de
variação é apresentado.
TABLEAUX 5
Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta, segundo ranqueamento
ordenado por EVAL: ‘mercado’
IDENT
STR
(HEIGHT) » cut-off » IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto] » *MID
m/e/rcado IDENT
STR
(HEIGHT)
IDENT
[alto, ATR]
AGREE
[ATR]
AGREE
[alto]
*MID
1. m[e]rcado * *
2. m[E]rcado
* *
03. m[i]rcado * *! *
O tableau acima mostra a hierarquia apresentada para os casos relacionados à variação
entre a vogal média fechada e a vogal média aberta. Na primeira linha horizontal encontra-se
o input. Neste caso específico, apenas a vogal pretônica analisada está transcrita
fonemicamente. Em seqüência estão as restrições ativas nesta análise. A restrição
IDENT
STR
(HEIGHT) está acima do ponto de corte, cut-off, representado pelas barras
paralelas verticalmente. Nesta posição, esta restrição indica que a variação em posição tônica
não é permitida.
17
As vogais médias são segmentos tão complexos no português brasileiro que mesmo em posição tônica é
possível encontrar a variação destas vogais em um número maior dos casos, como mostra Alves (1999).
199
A restrição *MID]
S, N
não está ativa nesta hierarquia porque não encontra ambiente
lingüístico para mostrar a sua função, que é a proibição da ocorrência de vogal média em
posição pretônica caso ocorra em posição inicial da palavra, associada ao travamento silábico
por /S/ ou formando sílaba nasalizada.
As demais restrições abaixo do ponto de corte mostram as restrições necessárias para
explicar os candidatos em variação.
Verticalmente, encontram-se na primeira coluna os candidatos constituídos por GEN.
Estes candidatos mostram as três realizações possíveis para a vogal média em posição
pretônica, ou seja, a vogal média fechada, a vogal média aberta e a vogal alta. Os números
apresentados à frente de cada candidato indicam qual é o primeiro candidato ótimo, o segundo
e o terceiro candidatos ótimos conforme sua freqüência relativa e a sua produção no dialeto
estudado.
Sobre as marcas de violação apresentadas para cada restrição, o símbolo * indica que
houve uma violação com relação à restrição apresentada e a marca *! indica uma violação
fatal, mostrando que o candidato não é atestado na gramática da língua específica investigada.
A linha pontilhada indica a não relação de dominância entre as restrições AGREE.
De acordo com a disposição das restrições abaixo do ponto de corte há a informação
sobre o melhor candidato na língua específica. No caso particular apresentado no TABLEAU
5, observa-se que a restrição IDENT[alto, ATR] está posicionada acima das demais restrições
para garantir que a forma da vogal média fechada no output seja idêntica à forma do input.
Assim, o melhor candidato é o candidato 1, ‘m[e]rcado’. As restrições AGREE acima da
restrição *MID favorecem o candidato 2, ‘m[
E]rcado’, como o segundo melhor candidato.
Ao observar os resultados obtidos por meio do corpus POBH, constata-se que, de fato,
o item lexical ‘mercado’ realizado com a vogal média fechada foi a forma mais produzida de
acordo com o corpus POBH, com 21 ocorrências, enquanto que o candidato ‘m[
E]rcado’
obteve 4 ocorrências. Assim, esta distribuição mostra que o candidato que contém a vogal
média fechada é o candidato mais freqüente, enquanto o candidato ‘m[E]rcado’ é o segundo
melhor candidato.
O que não está de acordo com esta hierarquia apresentada é que o candidato
‘m[i]rcado’ aparece como terceiro melhor candidato, mas esta forma não é atestada no dialeto
estudado, por isso a indicação do símbolo 0, que mostra um problema quanto à hierarquia de
restrições apresentada. Uma possível solução seria acrescentar uma restrição específica para
proibir a ocorrência da vogal alta em posição pretônica. Mas, neste caso, além de aumentar o
200
número de restrições, pode mostrar uma dificuldade maior em termos de entendimento da
variação apresentada.
A restrição a ser adicionada na hierarquia tem a ver com a especificação de traços
vocálicos próprios da vogal alta.
(7) *[+alto]
A vogal alta deve ser evitada em posição pretônica.
O tableau com esta nova restrição é representado da seguinte forma.
TABLEAU 6
Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta, segundo ranqueamento
ordenado por EVAL: ‘mercado’
IDENT
STR
(HEIGHT) » *[+alto] » cut-off » IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto] » *MID
m/e/rcado
IDENT
STR
(HEIGHT)
*[+alto] IDENT
[alto, ATR]
AGREE
[ATR]
AGREE
[alto]
*MID
1. m[e]rcado * *
2. m[E]rcado
* *
m[i]rcado *! * * *
O TABLEAU 6 mostra a exclusão do candidato ‘m[i]rcado’ pela restrição *[+alto],
ranqueada acima do ponto de corte e mostrando que esse candidato não está em variação com
as demais formas encontradas nesta posição.
Contudo, o principal problema quanto a hierarquia de restrições, apresentada no
tableau acima, é que mostra um caso bastante específico de variação entre a vogal média
fechada e a vogal média aberta que não serve de modelo para todos os casos de variação. Por
exemplo, os informantes investigados também mostram a variação para a palavra ‘colégio’.
Segundo o corpus POBH, houve 7 ocorrências produzidas com a vogal média fechada e 26
ocorrências realizadas com a vogal média aberta. De acordo com a hierarquia
IDENT
STR
(HEIGHT) » *[+alto] » cut-off » IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR],
AGREE[alto] » *MID, o candidato ‘c[o]légio’ deve ser o primeiro candidato ótimo, mas não
é isto que se verifica com a sua freqüência relativa, pois o candidato ‘c[ç]légio’ é mais
freqüente. (TABLEAU 7).
201
TABLEAU 7
Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta, segundo ranqueamento
ordenado por EVAL: ‘colégio’
IDENT
STR
(HEIGHT) » *[+alto] » cut-off » IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto] » *MID
c/o/légio
IDENT
STR
(HEIGHT)
*[+alto] IDENT
[alto, ATR]
AGREE
[ATR]
AGREE
[alto]
*MID
1. c[o]légio * *
0 2. c[ç]légio
* *
c[u]légio *! * * *
Além disso, é necessário observar que a variação encontrada relacionada às vogais
médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte é mínima e se configura
como uma variação interindividual, ou seja, cada falante ativa um sistema de produção da
vogal média conforme os fatores favorecedores, principalmente no que diz respeito à
produção da vogal média aberta e da vogal alta. Assim, foi verificado, sobretudo quanto aos
resultados obtidos por meio do corpus da situação de fala espontânea que os falantes optam
por sistemas diferenciados da produção da vogal média. O corpus POBH também mostra que
os falantes optam por sistemas distintos, apesar de a formalidade também interferir na
realização da variação das vogais médias em posição pretônica.
Desta forma, verifica-se que uma única hierarquia de restrições como esta apresentada
nos TABLEAUX 6 e 7 não é a melhor forma de explicar a variação das vogais médias
pretônicas no dialeto de Belo Horizonte, uma vez que não consegue mostrar a especificidade
pela opção em realizar a vogal média pretônica de forma diferenciada para cada falante.
Este mesmo fato é verificado com relação à variação entre a vogal média fechada e a
vogal alta. (TABLEAU 8).
TABLEAU 8
Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta, segundo ranqueamento ordenado por
EVAL: ‘perdida’
IDENT
STR
(HEIGHT) » *[-ATR] » cut-off » IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto] » *MID
p/e/rdida
IDENT
STR
(HEIGHT)
*[-ATR] IDENT
[alto, ATR]
AGREE
[ATR]
AGREE
[alto]
*MID
1. p[e]rdida * *
p[E]rdida
*! * * * *
2. p[i]rdida *
202
Neste tableau, observa-se que há uma mudança com relação às restrições acima do
ponto de corte. No lugar da restrição *[+alto] está a restrição *[-ATR], que proíbe a
ocorrência da vogal média aberta em posição pretônica, uma vez que a variação apresentada
ocorre entre a vogal média fechada e a vogal alta.
Assim, observa-se que o primeiro melhor candidato é ‘p[e]rdida’, já que violou as
restrições AGRRE[alto] e *MID ranqueadas em uma posição inferior na hierarquia. O
segundo melhor candidato é ‘p[i]rdida’, já que viola a restrição IDENT[alto, ATR],
posicionada acima das restrições AGREE e *MID. Neste caso específico, o candidato
‘p[i]rdida’ mostra um caso relacionado à harmonia vocálica pelo traço [alto].
O problema quanto a esta hierarquia é a presença do candidato ‘p[E]rdida’ que não é
atestado no dialeto de Belo Horizonte e para esta explicação foi necessária a inclusão de mais
uma restrição à hierarquia apresentada no TABLEAU 8. Além disso, constata-se que outros
itens lexicais obtidos através do corpus POBH mostram a disposição das ocorrências
relacionadas à variação entre a vogal média fechada e a vogal alta de modo diferenciado. Isto
é, as palavras ‘seguro’, ‘medida’ e ‘serviço’ mostram que o item lexical mais freqüente é
aquele que contém a vogal alta. Assim, a hierarquia IDENT
STR
(HEIGHT) » *[-ATR] » cut-
off » IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto] » *MID não é capaz de mostrar
esta especificidade encontrada no dialeto de Belo Horizonte, em que ora a vogal média
fechada é mais freqüente, ora é a vogal alta.
Isto nos leva a afirmar que o ranqueamento ordenado por EVAL falha em não
apresentar a freqüência dos itens lexicais como eles são produzidos na língua estudada.
Sobre os casos relacionados à redução vocálica, é necessário observar que no dialeto
de Belo Horizonte há dois casos de redução, um caso variável e outro categórico.
Quanto ao processo variável de redução vocálica, observa-se que o falante pode optar
pela realização da vogal média fechada ou da vogal alta. No dialeto de Belo Horizonte, a
palavra ‘começo’ apresenta esta variação, como é mostrado no TABLEAU 9 abaixo.
203
TABLEAU 9
Variação entre a vogal média fechada e a vogal alta, segundo ranqueamento ordenado por
EVAL: ‘começo’
IDENT
STR
(HEIGHT) » cut-off » IDENT[alto, ATR] » *MID » AGREE[ATR], AGREE[alto]
c/o/meço IDENT
STR
(HEIGHT)
IDENT
[alto, ATR]
*MID AGREE
[ATR]
AGREE
[alto]
1.c[o]meço *
03.c[ç]meço
* *! *
2.c[u]meço * *
Para os casos relacionados à redução vocálica variável, nota-se que as restrições
AGREE[ATR] e AGREE[alto] precisam ser demovidas e estarem posicionadas abaixo da
restrição de marcação *MID. Assim, o primeiro candidato selecionado como ótimo é o
candidato ‘c[o]meço’ porque não viola a restrição de fidelidade posicionada acima das
restrições de marcação na hierarquia apresentada. O segundo melhor candidato é o candidato
que contém a vogal alta, ‘c[u]meço’, uma vez que não viola a restrição de marcação *MID.
Novamente, tem-se uma forma não atestada no dialeto estudado, ‘c[ç]meço’, por isso a
indicação do símbolo 0 à frente.
O problema verificado quanto à hierarquia apresentada no TABLEAU 9 é que há uma
mudança quanto à ordem das restrições de marcação *MID, AGREE[ATR] e AGREE[alto].
A princípio, esta mudança não deveria acontecer, pois o ranqueamento ordenado por EVAL
pretende apresentar uma única hierarquia de restrições relacionada à variação encontrada.
Entretanto, como o dialeto de Belo Horizonte apresenta dois formatos de variação, ou seja, a
variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta e a variação entre a vogal média
fechada e a vogal alta, não é possível estabelecer em uma única hierarquia todas as formas em
variação. Assim, a alternativa de análise pelo ranqueamento ordenado por EVAL falha mais
uma vez.
Com relação ao processo categórico de redução vocálica, observa-se que a restrição
*MID]
S, N
está ativa e é posicionada acima do ponto de corte, como pode ser visto no
TABLEAU 10 abaixo.
204
TABLEAU 10
Processo categórico de redução vocálica, segundo ranqueamento ordenado por EVAL
IDENT
STR
(HEIGHT) » *MID]
S, N
» cut-off » IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto] » *MID
/e/scola IDENT
STR
(HEIGHT)
*MID]
S, N
IDENT
[alto, ATR]
AGREE
[ATR]
AGREE
[alto]
*MID
[e]scola *! * *
[E]scola
*! * *
1. [i]scola * * *
Neste caso específico, apenas a restrição *MID]
S, N
, posicionada acima do ponto de
corte, já mostra o candidato ótimo presente no dialeto estudado, que é o candidato ‘[i]scola’.
As demais restrições abaixo deste ponto de corte não estão ativas neste tableau, uma vez que
são específicas para os candidatos em variação.
Portanto, a alternativa de análise da variação lingüística através do ranqueamento
ordenado por EVAL possui como principal desvantagem a necessidade de inclusão de
restrições específicas para evitar a possibilidade de formas não atestadas na língua serem
consideradas como ótimas. Outra desvantagem é a de não poder representar todos os casos de
variação, em uma única hierarquia, já que esta alternativa de análise tem como parâmetro a
possibilidade de se utilizar da noção da dominação estrita, além de se estabelecer em uma
mesma hierarquia as formas variáveis e as não variáveis.
Outro ponto negativo é a não concordância em apresentar na hierarquia o que de fato
ocorre com a freqüência dos itens lexicais. Na variação entre a vogal média fechada e a vogal
média aberta, a hierarquia IDENT
STR
(HEIGHT) » *[+alto] » cut-off »
IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto] » *MID apresenta o candidato que
contém a vogal média fechada como o primeiro melhor candidato. Entretanto, palavras como
‘colégio’ apresentaram mais ocorrências contendo a vogal média aberta. O mesmo fato ocorre
com relação à variação entre a vogal média fechada e a vogal alta.
Assim, constata-se que a variação entre as vogais médias em posição pretônica nos
nomes no dialeto de Belo Horizonte não pode ser explicada adequadamente pelo
ranqueamento ordenado por EVAL.
Na próxima seção, será apresentada outra alternativa de análise da variação lingüística,
o ranqueamento parcial de restrições, para averiguar se esta alternativa pode explicar os casos
de variação, de forma mais apropriada.
205
8.3.2 Ranqueamento parcial de restrições
A alternativa de análise da variação lingüística apresentada por Anttila e Cho (1998)
trata dos casos relacionados à co-fonologia, isto é, cada co-fonologia corresponde a uma
hierarquia de restrições que seleciona seu próprio candidato ótimo pelo seu próprio
ranqueamento estipulado. É possível também afirmar que há variação porque há várias
gramáticas que competem na comunidade ou no indivíduo.
Os autores também afirmam que esta alternativa de análise combina as regularidades
invariantes, as regularidades variáveis e as preferências estatísticas por meio de grupos de
restrições ordenados parcialmente.
No caso específico do dialeto de Belo Horizonte, este será considerado como uma
única gramática com vários ordenamentos parciais. Estes ordenamentos correspondem a cada
processo fonológico envolvido na realização da vogal média em posição pretônica.
A possibilidade de representar a gramática da língua com vários ranqueamentos
parciais distancia-se um pouco do que é postulado pela OT padrão quanto à noção de
dominação estrita. No caso específico do dialeto estudado, cada ranqueamento apresenta uma
dominância conforme cada candidato ótimo. Este fato é considerado um problema para esta
alternativa de análise porque enfraquece a noção de gramática da língua. Entretanto, como a
variação neste dialeto se configura como interindividual, é possível afirmar que cada falante
ativa um ordenamento para cada caso específico de realização da vogal média em posição
pretônica, relacionado não somente aos processos fonológicos, mas também aos fatores
favorecedores da elevação e do abaixamento da vogal média. Além disso, pode-se afirmar que
a variação ocorre porque há várias gramáticas que competem no indivíduo, ou seja, a
representação subjacente é a mesma para todos os indivíduos, mas a escolha em realizar a
vogal alta e a vogal média aberta é específica para cada falante.
O ranqueamento proposto para o mapeamento fiel da vogal média em posição
pretônica toma o formato F » M, ou seja, as restrições de fidelidade dominam as restrições de
marcação, para estabelecer a relação de identidade entre as formas de output e de input.
Como há uma especificidade bem marcada com relação à redução vocálica categórica
que ocorre devido à posição inicial de palavra associada ao travamento silábico por /S/ ou
formando sílaba nasalizada, é necessário estabelecer um formato particular da hierarquia para
estes casos: M » F » M.
206
Os ranqueamentos correspondentes aos mapeamentos infiéis assumem o formato
M » F, ou seja, a restrição específica de marcação para a realização da vogal em posição
pretônica está ranqueada acima da restrição de fidelidade, para estabelecer que uma forma
marcada prevaleça sobre a forma fiel. Tomando como referência os processos fonológicos
envolvidos com relação às ocorrências das vogais médias em posição pretônica nos nomes no
dialeto de Belo Horizonte, pode-se, então, estabelecer um ranqueamento específico para cada
processo fonológico, como harmonia vocálica e redução vocálica.
Para a análise do ranqueamento parcial, as mesmas restrições especificadas em (5)
acima serão consideradas, ou seja, uma restrição de fidelidade, IDENT[alto, ATR], e quatro
restrições de marcação, *MID]
S, N
, AGREE[ATR], AGREE[alto] e *MID.
Sobre os ranqueamentos parciais a serem formados conforme a gramática específica
do dialeto de Belo Horizonte, é necessário observar que, conforme a disposição das restrições
estabelecidas para a análise da variação das vogais médias em posição pretônica, há quatro
restrições ativas para a construção destes ranqueamentos parciais: IDENT[alto, ATR],
AGREE[alto] e AGREE[ATR], *MID. A primeira restrição está ativa para os casos
relacionados ao mapeamento fiel, em que a vogal média fechada é a vogal escolhida como
ótima para a produção da vogal média em posição pretônica. As restrições de marcação
AGREE agem em favor do processo de harmonia vocálica, que mostra um contexto bem
específico da realização da vogal média pretônica, uma vez que esta vogal pode ser
condicionada pela realização da vogal em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte.
Já a restrição *MID favorece os casos relacionados ao processo variável de redução vocálica.
Esta restrição proíbe a ocorrência da vogal média em posição pretônica.
A restrição *MID]
S, N
é específica para os casos relacionados ao processo categórico
de redução vocálica e somente estará presente na hierarquia de restrições para contemplar
estes casos.
Desta forma, como há quatro restrições que estão ativas para a composição dos
ranqueamentos parciais no dialeto estudado, é necessário que se verifique quais
ranqueamentos a partir destas restrições são atestados na língua e quais não são possíveis.
Segundo Anttila e Cho (1998), quanto menos ranqueamentos, ou seja, menos relações
de dominância entre as restrições, mais tableaux são necessários. Cada tableau corresponde a
um ordenamento parcial assumido conforme a variação estudada. Assim, se é possível
estipular que, a princípio, não haveria um ranqueamento específico para a formação destes
ordenamentos parciais, seria possível supor que haveria, pelo menos, seis ordenamentos
parciais, como apresentado no QUADRO 48 abaixo.
207
QUADRO 48
Ordenamentos parciais estipulados a partir das restrições IDENT[alto, ATR], AGREE[ATR],
AGREE[alto] e *MID
1) IDENT[alto, ATR]
»
AGREE[alto],
AGREE[ATR]
»
*MID
2) IDENT[alto, ATR]
»
*MID
»
AGREE[alto],
AGREE[ATR]
3) AGREE[alto],
AGREE[ATR]
»
IDENT[alto, ATR]
»
*MID
4) *MID
»
IDENT[alto, ATR]
»
AGREE[alto],
AGREE[ATR]
5) *MID
»
AGREE[alto],
AGREE[ATR]
»
IDENT[alto, ATR]
6) AGREE[alto],
AGREE[ATR]
»
*MID
»
IDENT[alto, ATR]
No quadro acima, observam-se os seis ordenamentos a partir das restrições de
fidelidade e de marcação necessárias para a explicação da variação das vogais médias em
posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte. Destes ordenamentos estipulados,
verifica-se que os quatro primeiros são possíveis e atestados na língua. Já os dois últimos não
correspondem a uma forma atestada no dialeto estudado.
Os ranqueamentos que mostram a restrição de fidelidade IDENT[alto, ATR] acima das
demais restrições de marcação correspondem ao mapeamento fiel assumido no dialeto
estudado, já que a vogal média fechada é a vogal subjacente da forma do input. Já o terceiro e
quarto ranqueamentos apresentam a hierarquia a ser assumida com relação aos mapeamentos
infiéis. O terceiro ranqueamento, que mostra as restrições de marcação AGREE acima da
restrição de fidelidade, favorece a realização da vogal média aberta e da vogal alta, em termos
do processo fonológico da harmonia vocálica pelo traço [ATR] e pelo traço [alto],
respectivamente. O quarto ranqueamento, que contém a restrição *MID acima da restrição de
fidelidade, apresenta o ranqueamento necessário para os casos relacionados ao processo de
redução vocálica variável.
Com relação ao processo de redução vocálica categórico, condicionado pelo contexto
lingüístico da posição inicial de palavra associada ao travamento silábico por /S/ ou formando
208
sílaba nasalizada, possui um ordenamento específico em que a restrição *MID]
S, N
está ativa e
assume a posição superior na hierarquia de restrições, acima da restrição de fidelidade.
No QUADRO 48, apenas os dois últimos ordenamentos apresentados não
correspondem a uma forma atestada na língua. Isto porque as restrições de marcação AGREE
e a restrição de marcação *MID não estabelecem uma relação de dominância entre elas, uma
vez que cada restrição está ativa para um processo fonológico específico. A restrição *MID se
faz necessária para os casos referentes à redução vocálica e as restrições de marcação AGREE
para os casos relacionados à harmonia vocálica. Assim, ambas as restrições não podem estar
posicionadas acima da restrição de fidelidade.
Sobre os ranqueamentos parciais possíveis a serem constituídos a partir das restrições
ativas para a análise da variação entre as vogais médias pretônicas, observa-se que também
poderia ser possível a explicação a partir da não dominância entre algumas restrições ou a
partir da não dominância entre todas as restrições. Com relação ao dialeto de Belo Horizonte,
existe a não relação de dominância entre as restrições de marcação AGREE[ATR] e
AGREE[alto], pois são restrições que atuam em conjunto quanto ao processo de harmonia
vocálica. Além disso, observa-se que as restrições de marcação AGREE e *MID também não
possuem relação de dominância. Ambas as restrições são dominadas pela restrição de
fidelidade IDENT[alto, ATR], e posicionadas abaixo desta restrição, não mantêm elo de
dominância entre si. Isto porque cada uma atua em favor de uma realização específica da
vogal média em posição pretônica, ou seja, pela vogal média aberta ou pela vogal alta. E
apenas terão uma função maior na hierarquia de restrições se posicionadas cada uma
separadamente acima da restrição de fidelidade.
Sobre a variação encontrada no dialeto de Belo Horizonte, observam-se dois formatos:
a) a variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta e b) a variação entre a vogal
média fechada e a vogal alta. A seguir, serão apresentados os ranqueamentos parciais
envolvidos para cada formato de variação.
Com relação à variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta, esta pode
ser explicada mediante as restrições IDENT[alto, ATR], AGREE[ATR] e AGREE[alto]. A
troca entre o posicionamento da restrição de fidelidade e das restrições de marcação é que vai
mostrar a variação apresentada. Neste caso, tem-se um mapeamento fiel e um mapeamento
infiel motivado pelo processo de harmonia vocálica pelo traço [ATR].
Com relação à variação entre a vogal média fechada e a vogal alta, observa-se que dois
processos fonológicos estão envolvidos. No caso da harmonia vocálica pelo traço [alto],
também são necessárias as restrições IDENT[alto, ATR], AGREE[ATR] e AGREE[alto].
209
Para os casos relacionados à redução vocálica variável, as restrições IDENT[alto, ATR] e
*MID é que são mais determinantes. Sobre a variação existente, há uma mudança com relação
ao posicionamento da restrição *MID na hierarquia. Em (8), é possível observar os
ranqueamentos parciais atestados e específicos relacionados à variação das vogais médias em
posição pretônica nos nomes do dialeto de Belo Horizonte.
(8) Ranqueamentos atestados no dialeto de Belo Horizonte
a) IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto], *MID
b) AGREE[ATR], AGREE[alto] » IDENT[alto, ATR] » *MID
c) *MID » IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto]
Os três ranqueamentos parciais estabelecidos em (8) mostram a especificidade própria
do dialeto de Belo Horizonte que contém duas formas de variação entre as vogais médias de
forma bem particular. Apesar de haver quatro restrições ativas para a explicação da variação
entre as vogais médias em posição pretônica, é importante observar que apenas há a relação
de dominância entre dois grupos de restrições, ou seja, entre a restrição de fidelidade e as de
marcação, que se mostram diferentes devido ao processo fonológico envolvido para a
realização da vogal média aberta e da vogal alta, que são os casos infiéis apresentados no
dialeto estudado.
Assim, com relação à variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta
apenas as restrições IDENT[alto, ATR] e AGRRE[ATR] já são suficientes para explicar esta
variação. Abaixo, os TABLEAUX 11 e 12 apresentam este formato de variação.
TABLEAU 11
Mapeamento fiel: vogal média fechada, ‘pr[o]jeto’
IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto], *MID
pr/o/jeto IDENT[alto, ATR] AGREE[ATR] AGREE[alto] *MID
a.pr[o]jeto
* *
b.pr[ç]jeto
*! *
c.pr[u]jeto *! * *
210
TABLEAU 12
Mapeamento infiel: harmonia vocálica – vogal média aberta, ‘pr[ç]jeto’
AGREE[ATR], AGREE[alto] » IDENT[alto, ATR] » *MID
pr/o/jeto AGREE[ATR] AGREE[alto] IDENT[alto, ATR] *MID
a.pr[o]jeto *! *
b.pr[ç]jeto
* *
c.pr[u]jeto *! * *
O TABLEAU 11 mostra que o candidato selecionado como ótimo é o candidato a,
‘pr[o]jeto’. O símbolo indica, no tableau, o candidato ótimo de acordo com a hierarquia de
restrições apresentada. Este candidato é o único a não violar a restrição de fidelidade
IDENT[alto, ATR]. Já no TABLEAU 12, o candidato selecionado como ótimo é o candidato
b, ‘pr[ç]jeto’, que não viola a restrição de marcação AGREE[ATR], posicionada acima da
restrição de fidelidade.
Neste formato específico de variação, observa-se que apenas o posicionamento das
restrições de marcação AGREE acima da restrição de fidelidade IDENT[alto, ATR] é que vai
estabelecer o ranqueamento parcial próprio para a produção da vogal média aberta. Para obter
o candidato ótimo com a vogal média fechada é necessário o ranqueamento que corresponde
ao mapeamento fiel, ou seja, IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto], *MID.
O processo de harmonia vocálica pelo traço [-ATR] é considerado um caso de
processo variável no dialeto de Belo Horizonte porque o falante pode optar pela realização da
vogal média aberta ou da vogal média fechada em posição pretônica. Considerando
especificamente a palavra ‘projeto’, o corpus POBH apresenta 2 ocorrências realizadas com a
vogal média fechada e 10 ocorrências produzidas com a vogal média aberta.
É importante ressaltar que entre as restrições de marcação AGREE não há relação de
dominância, o que pode ser observado mediante a linha pontilhada que as separam. Outro
aspecto a ser relatado é que cada restrição de marcação AGREE atua de modo específico para
a realização da vogal média aberta e da vogal alta nos casos relacionados ao processo de
harmonia vocálica. Neste caso específico, é a restrição AGREE[ATR] posicionada em uma
posição superior na hierarquia que vai determinar a ocorrência da vogal média aberta. Com
relação à produção da vogal alta, é a restrição AGREE[alto] que terá uma função maior.
Então, a principal vantagem em considerar o ranqueamento parcial de restrições é a
possibilidade de se estabelecer uma co-fonologia para cada caso variável encontrado na língua
específica, podendo, assim, mostrar a opção do falante pela vogal média fechada ou pela
vogal média aberta.
211
Mesmo que seja o mesmo falante a apresentar a variação entre a vogal média fechada
e a vogal média aberta, como foi verificado nos dados relativos aos corpora POBH e Alves
(1999), o que se observa é que o ranqueamento parcial de restrições também pode ser
utilizado para explicar estas realizações distintas da vogal média. Também é necessário
considerar que, neste caso, o mesmo falante varia a pronúncia da vogal média em posição
pretônica por causa, principalmente, do fator externo da formalidade no ato da gravação dos
dados, que se mostra decisivo para que a variação aconteça.
Sobre a variação entre a vogal média fechada e a vogal alta é necessário levar em
consideração dois processos fonológicos envolvidos, a harmonia vocálica e a redução
vocálica. Para cada caso, há um ranqueamento parcial a ser seguido.
Os casos relacionados à variação entre a vogal média fechada e a vogal alta por meio
do processo de harmonia vocálica mostram que os mesmos ranqueamentos parciais
apresentados acima são necessários.
TABLEAU 13
Mapeamento fiel: vogal média fechada, ‘p[e]squisa’
IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto], *MID
p/e/squisa IDENT[alto, ATR] AGREE[ATR] AGREE[alto] *MID
a.p[e]squisa
* *
b.p[E]squisa
*! * * *
c.p[i]squisa *!
TABLEAU 14
Mapeamento infiel: harmonia vocálica – vogal alta, ‘p[i]squisa’
AGREE[ATR], AGREE[alto] » IDENT[alto, ATR] » *MID
p/e/squisa AGREE[ATR] AGREE[alto] IDENT[alto, ATR] *MID
a.p[e]squisa *! *
b.p[E]squisa
*! * * *
c.p[i]squisa
*
Neste caso, há dois ranqueamentos parciais necessários para eleger os candidatos
selecionados como ótimos que são os candidatos ‘p[e]squisa’, no TABLEAU 13, e o
candidato ‘p[i]squisa’, no TABLEAU 14.
A diferença entre os tableaux apresentados está na disposição entre a restrição de
fidelidade IDENT[alto, ATR] e as restrições de marcação AGREE, assim como foi visto para
os casos de variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta.
212
No caso específico do ranqueamento parcial para a escolha do candidato ‘p[i]squisa’, é
importante observar que a restrição de marcação AGREE[ATR] é suficiente apenas para
proibir que a vogal média aberta ocorra. No caso da proibição da vogal média fechada, é a
restrição AGREE[alto] que está ativa. Assim, comprova-se que as restrições de marcação
AGREE[ATR] e AGREE[alto] atuam em conjunto, ou seja, não há uma relação de
dominância entre elas, mas cada uma tem uma função específica dentro da hierarquia de
restrições com relação ao processo de harmonia vocálica pelo traço [ATR] ou pelo traço
[alto].
Além disso, é importante observar que o ranqueamento parcial apresentado no
TABLEAU 13 apresenta o candidato a, ‘p[e]squisa’, como candidato ótimo, uma vez que é o
único candidato a não violar a restrição de fidelidade. Observando-se os resultados obtidos
por meio do corpus POBH, verifica-se que esta palavra apresentou 14 ocorrências realizadas
com a vogal média fechada e 2 ocorrências produzidas com a vogal alta. Este fato mostra que
o falante opta pela vogal média fechada, na maioria dos casos, ou pela vogal alta para
produzir a vogal em posição pretônica. O curioso quanto à realização desta palavra é que
apenas o informante HSQ proferiu 9 das 16 ocorrências do item lexical ‘pesquisa’. Foram 7
ocorrências com a vogal média fechada e 2 com a vogal alta. Novamente, observa-se que a
formalidade no ato da gravação dos dados influenciou o falante a produzir pronúncias
diferentes para a mesma palavra. Com relação aos dados relativos à fala espontânea, este fato
não ocorreu. A variação apresentada é interindividual.
Com relação à variação entre a vogal média fechada e a vogal alta condicionada pelo
processo de redução vocálica variável, verifica-se que outro ranqueamento parcial é atestado
no dialeto de Belo Horizonte, como pode ser visto nos TABLEAUX 15 e 16 abaixo.
TABLEAU 15
Mapeamento fiel: vogal média fechada, ‘c[o]meço’
IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto], *MID
c/o/meço IDENT[alto, ATR] AGREE[ATR] AGREE[alto] *MID
a.c[o]meço
*
b.c[ç]meço
*! * *
c.c[u]meço *! *
213
TABLEAU 16
Mapeamento infiel: redução vocálica, ‘c[u]meço’
*MID » IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto]
c/o/meço *MID IDENT[alto, ATR] AGREE[ATR] AGREE[alto]
a.c[o]meço *!
b.c[ç]meço
*! * *
c.c[u]meço
* *
O TABLEAU 15 mostra que o candidato escolhido como ótimo é o candidato a,
‘c[o]meço’, já que não viola a restrição de fidelidade IDENT[alto, ATR]. Já o TABLEAU 16
apresenta o candidato c, ‘c[u]meço’, como o candidato ótimo porque é o único candidato do
tableau a não violar a restrição de marcação *MID. Esta restrição ranqueada acima da
restrição de fidelidade IDENT[alto, ATR] permite que apenas o candidato que possui a vogal
alta seja escolhido como ótimo.
As restrições de marcação AGREE aparecem ranqueadas abaixo da restrição de
fidelidade porque, neste caso específico, não atuam de maneira decisiva quanto aos casos
relacionados ao processo de redução vocálica.
Sobre a utilização da restrição *MID, esta apenas proibirá a ocorrência da vogal média
em posição pretônica se estiver ranqueada acima da restrição de fidelidade IDENT[alto,
ATR].
Outro aspecto importante é observado com relação à freqüência do item lexical em
variação. Ao se assumir a alternativa de análise por meio do ranqueamento parcial de
restrições, verifica-se que duas co-fonologias diferentes podem ser representadas por
ranqueamentos diferentes, mesmo sendo partes integrantes da mesma gramática específica. É
o que foi mostrado para a palavra ‘começo’, que pode ser produzida com a vogal média
fechada ou com a vogal alta. Contudo, o que se observa é que não são todos os falantes do
dialeto de Belo Horizonte que optam igualmente pela realização de uma vogal ou de outra. No
caso específico da palavra ‘começo’, e considerando o corpus POBH, houve apenas duas
ocorrências realizadas com a vogal média fechada, ‘c[o]meço’, e quatro ocorrências
produzidas com a vogal alta ‘c[u]meço’. Além disso, não foi o mesmo informante a realizar
estas seis ocorrências. Desta forma, a apresentação de co-fonologias pelo ranqueamento
parcial de restrições apresenta de modo adequado que cada falante ativa um ordenamento
parcial de restrições para a produção específica de um item lexical. A escolha do ordenamento
parcial se mostra diferenciado de falante para falante.
214
Sobre os casos relacionados ao processo categórico de redução vocálica, observa-se
que há um ranqueamento específico para estes casos, uma vez que não há probabilidade de
variação. Abaixo, é apresentado o ordenamento parcial necessário para explicar estes casos.
(TABLEAUX 17 e 18).
TABLEAU 17
Mapeamento fiel: redução vocálica categórica, ‘[i]scolha’
*MID]
S, N
» IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto], *MID
/e/scolha *MID]
S, N
IDENT[alto, ATR] AGREE[ATR] AGREE[alto] *MID
a.[e]scolha *! *
b.[E]scolha
*! * * *
c.[i]scolha
* *
TABLEAU 18
Mapeamento fiel: redução vocálica categórica, ‘[i]ngano’
*MID]
S, N
» IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto], *MID
/e/ngano *MID]
S, N
IDENT[alto, ATR] AGREE[ATR] AGREE[alto] *MID
a.[e]ngano *! * *
b.[E]ngano
*! * *
c.[i]ngano
* * *
Especificamente sobre o processo de redução vocálica, é possível notar que no dialeto
de Belo Horizonte, a redução da vogal anterior, que ocorre devido aos fatores lingüísticos
favorecedores da posição inicial de palavra associada ao travamento silábico por /S/ ou à
formação de sílaba nasalizada, mostra-se categórico neste dialeto. Assim, à hierarquia que
apresenta o mapeamento fiel, ou seja, IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto],
*MID, deve ser acrescentada a restrição *MID]
S, N
. Esta restrição acima da restrição de
fidelidade mostra que os casos de redução vocálica categórica são específicos e condicionados
por um contexto lingüístico particular.
Assim, os TABLEAUX 17 e 18 acima mostram que os candidatos escolhidos como
ótimos serão sempre aqueles que apresentarem a vogal alta em posição pretônica, como
acontece com os candidatos ‘[i]scolha’ e ‘[i]ngano’, uma vez que não violam a restrição
*MID]
S, N
. Esta restrição proíbe o candidato que contém uma vogal média de ocorrer em
posição inicial de palavra.
Em suma, observa-se que a análise da variação por meio do ranqueamento parcial de
restrições permite que a variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no
215
dialeto de Belo Horizonte possa ser explicada através de três ordenamentos parciais: a)
IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR], AGREE[alto], *MID; b) AGREE[ATR], AGREE[alto]
» IDENT[alto, ATR] » *MID e c) *MID » IDENT[alto, ATR] » AGREE[ATR],
AGREE[alto]. O primeiro ranqueamento corresponde ao mapeamento fiel, em que a vogal
média fechada é a vogal selecionada como ótima. Os ranqueamentos seguintes mostram os
casos relacionados aos mapeamentos infiéis em que ora a vogal média aberta é selecionada
como ótima, ora é a vogal alta.
O ranqueamento b está relacionado aos dois formatos de variação encontrados no
dialeto estudado, ou seja, a variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta e a
variação entre a vogal média fechada e a vogal alta. Isto se deve ao fato de estes
ranqueamentos estarem relacionados ao processo de harmonia vocálica pelo traço [ATR] e
pelo traço [alto]. Já o ranqueamento parcial em c é específico para os casos referentes ao
processo de redução vocálica, em que é possível a variação entre a vogal média fechada e a
vogal alta.
Assim, a especificidade própria do dialeto de Belo Horizonte mostra que a variação
das vogais médias em posição pretônica não é possível ser explicada através de um único
ranqueamento, uma única hierarquia de restrições. Mais ranqueamentos são necessários para
que se apresentem todos os candidatos ótimos em termos de variação.
Além disso, observou-se com relação aos resultados obtidos por meio dos corpora
POBH, Alves (1999) e fala espontânea que não são todos os falantes que ativam todos os
ranqueamentos parciais estabelecidos quanto à variação das vogais médias pretônicas. De
fato, há falantes que variam apenas a vogal média fechada e a vogal média aberta, enquanto
outros falantes adotam os dois formatos de variação. Isto quer dizer que os falantes ativam
ranqueamentos parciais distintos para a produção da vogal média em posição pretônica.
Portanto, a principal vantagem do ranqueamento parcial de restrições consiste no fato
de a gramática da língua ser representada por meio de ordenamentos parciais distintos
conforme cada mapeamento identificado.
Entretanto, esta alternativa também apresenta pontos negativos. A principal
desvantagem com relação ao ranqueamento parcial de restrições é o enfraquecimento da
gramática da língua, isto é, a noção de dominação estrita, preceito importante da OT clássica,
não é considerada nesta alternativa de análise. Isto quer dizer que não há um único
ranqueamento de restrições para explicar os casos de variação em posição pretônica.
Entretanto, os resultados relacionados ao dialeto de Belo Horizonte apontam que os falantes
acionam ordenamentos diferentes de restrições para a realização da vogal média pretônica.
216
Desta forma, a explicação da variação pelo ordenamento parcial de restrições é a mais
adequada.
Outra desvantagem é com relação à representação apropriada da freqüência dos itens
lexicais. Isto é, se há dois ranqueamentos parciais distintos para os casos de variação da vogal
média fechada e da vogal média aberta, então, pode-se supor que haverá uma ocorrência de
cada vogal em 50% dos casos. E não é isto o que ocorre no dialeto estudado, pois há também
uma variabilidade com relação à produção de cada item lexical.
Em suma, comparando-se, então, as duas alternativas de análise da variação lingüística
sob a abordagem OT e investigadas mais detalhadamente nesta pesquisa, que são o
ranqueamento ordenado por EVAL e o ranqueamento parcial de restrições, verifica-se que a
segunda alternativa é a mais apropriada para tratar dos casos de variação presentes no dialeto
de Belo Horizonte.
O ranqueamento parcial de restrições apresenta como principal vantagem a
possibilidade de apontar ranqueamentos distintos para cada mapeamento encontrado em uma
língua específica, e por desconsiderar a noção de dominação estrita. Os resultados obtidos
sobre o dialeto estudado apontam também que cada falante opta por utilizar mapeamentos
distintos para cada realização da vogal média em posição pretônica. Isto quer dizer que os
falantes optam pelo mapeamento fiel para a maioria dos casos relacionados à vogal média
pretônica nos nomes. Entretanto, os mapeamentos infiéis, que reforçam os casos específicos,
como a produção da vogal média aberta e da vogal alta, são acionados pelos falantes
conforme o contexto lingüístico favorecedor e a própria opção do falante em realizar estes
casos particulares.
Assim, a alternativa de Anttila e Cho é a mais apropriada por mostrar ranqueamentos
parciais diferenciados conforme cada caso de produção da vogal média em posição pretônica.
E a variação é explicada por meio de ranqueamentos parciais distintos necessários para cada
candidato considerado como ótimo em termos de variação. A alternativa apresentada por
Coetzee não consegue mostrar em uma única hierarquia a variação entre a vogal média
fechada e a vogal média aberta e a variação entre a vogal média fechada e a vogal alta. E este
fato vai contra ao que esta alternativa propõe, uma vez que sugere que apenas uma única
hierarquia seria necessária para os casos em variação e os casos que não apresentam variação.
Na próxima seção, será apresentada a abordagem pelo traço [aberto], que tem como
principal vantagem a possibilidade de caracterizar e diferenciar as vogais em termos do seu
grau de abertura e a de contar com um único traço vocálico para esta especificação.
217
8.4 Traço [aberto]
A variação das vogais médias em posição pretônica pode ser investigada sob duas
abordagens de traços. A primeira delas refere-se à classificação clássica dos segmentos
vocálicos no português brasileiro a partir dos graus de altura. Isto quer dizer que o traço [alto]
associado ao traço [ATR] é capaz de diferenciar as vogais médias abertas das vogais médias
fechadas e das vogais altas nesta língua, como visto na seção 8.3. Entretanto, outra abordagem
também por meio dos graus de altura caracteriza e distingue as vogais do português. Esta
abordagem apresenta o traço gradual [aberto], proposto por Clements pela primeira vez em
1989.
Este traço é apresentado na Teoria de Geometria de Traços, devido à dificuldade em
encontrar um grupo de traços binários adequados para explicar a altura vocálica. Clements
considera que os traços [alto] e [baixo] têm um estatuto anômalo no sistema de traços do
SPE
18
. Primeiro, porque estes traços requerem uma restrição universal que exclui a
combinação logicamente possível, mas não interpretada fisiologicamente que é
*[+alto, +baixo]. Segundo, enquanto outros traços de sonoridade são definidos em termos de
correlatos acústicos e articulatórios distintos, os traços [alto] e [baixo] são definidos em
termos de ambos possuírem o mesmo parâmetro articulatório e acústico. Por último, os traços
[alto] e [baixo] são eles próprios insuficientes para definir os sistemas vocálicos que
apresentam quatro ou mais alturas vocálicas. Para explicar, então, estes sistemas vocálicos
complexos, o traço [ATR] é assumido. Contudo, o autor observa que em algumas línguas este
traço poderia ter as mesmas propriedades fonéticas do traço [alto].
É interessante observar que, na seção anterior, vê-se que os traços [alto] e [ATR]
funcionam em conjunto para a restrição de fidelidade IDENT[alto, ATR], mostrando que
estes traços possuem características semelhantes.
A abordagem de classificação dos segmentos vocálicos em função da altura vocálica
pelos traços [alto], [baixo] e [ATR] fica, então, descartada por Clements e o traço [aberto]
ganha um estatuto importante na caracterização de sistemas vocálicos simples ou complexos
em termos de sua altura vocálica.
Assim, o traço [aberto] pode ser incluído junto à escala de sonoridade, que fornece
uma caracterização formal dos tipos de sílabas preferidas ou não marcadas entre as línguas,
18
CHOMSKY, Noam, & HALLE, Morris. The sound pattern of english. New York: Harper & Row
Publishers, 1968.
218
além de diferenciar todas as consoantes e vogais em função de sua sonoridade. Na FIG. 15, é
apresentada a escala de sonoridade que toma como referência uma língua com um sistema de
quatro alturas vocálicas.
O N L I E
E
A
- - - + Aberto1
- - + + Aberto2
- + + + Aberto3
- - - + + + + Vocóide
- - + + + + + Aproximante
- + + + + + + Soante
7 6 5 4 3 2 1 Escala de Sonoridade
FIGURA 15 - Escala de sonoridade
Fonte: CLEMENTS, 1989, p. 24.
Os símbolos colocados na primeira linha horizontal correspondem aos segmentos
consonantais e vocálicos da língua: O = Obstruinte, N = nasal, L = líquida, I = vocóide
19
alto,
E = vocóide médio superior, E = vocóide médio inferior, A = vocóide baixo. Os valores
correspondentes ao traço [aberto] são normalmente assinalados somente para os vocóides.
O traço [aberto] é hierarquizado e capaz de subdividir-se potencialmente em um
número ilimitado, sendo restringido apenas pelas limitações da habilidade humana para
discriminar as alturas vocálicas. Conforme a língua haverá um sistema de três, quatro, cinco
ou mais alturas vocálicas. Somente os sons vocálicos apresentam o traço [aberto]
contrastivamente. A distinção básica de graus de altura obtém-se quando se especifica as
vogais altas /i/ e /u/ como [-aberto] e a vogal baixa /a/ como [+aberto]. A partir deste ponto,
haverá outras especificações do traço [aberto], conforme os sons vocálicos de cada língua.
Na FIG. 15, observa-se que apenas este traço é capaz de distinguir os segmentos
vocálicos da língua. Em termos do grau de abertura vocálica, pode-se afirmar que a vogal /a/ é
mais sonora que a vogal /i/, por exemplo.
No português brasileiro, Wetzels (1992) propõe um sistema vocálico em posição
tônica com quatro graus de abertura, conforme a FIG. 16 abaixo:
19
Vocóide é um termo usado em lingüística para definir os sons caracterizados pela definição fonética, ficando o
termo vogal reservado para o sentido fonológico.
219
Abertura i/u e/o
E/ç
a
Aberto1 - - - +
Aberto2 - + + +
Aberto3 - - + +
FIGURA 16 - Graus de abertura do português brasileiro
Fonte: WETZELS, 1992, p. 22.
De acordo com a FIG. 16, é possível perceber que as vogais médias são diferenciadas
pelo traço [aberto3], ou seja, as vogais médias fechadas são consideradas [-aberto3] e as
vogais médias abertas [+aberto3]. Sobre a diferença existente entre as vogais médias fechadas
e as vogais altas, observa-se que apenas as vogais altas podem ser classificadas apenas pelo
traço [-aberto2].
Assim, é possível estabelecer por critérios de redundância a classificação adequada
para cada grupo de segmentos do inventário vocálico do português brasileiro e
conseqüentemente do dialeto de Belo Horizonte. (FIG. 17).
Combinação de aberturas Por redundância
/i, u/ [-aberto1, -aberto2] [-aberto2]
/e, o/ [-aberto1, +aberto2] [+aberto2]
/E, ç/ [-aberto1, +aberto3] [+aberto3]
/a/ [+aberto1] [+aberto1]
FIGURA 17 - Graus de abertura e especificação por redundância de traços
A redundância na especificação de traços em termos de seu grau de abertura é
importante para caracterizar cada segmento em uma dada língua particular. O português
brasileiro é uma língua que possui quatro alturas vocálicas e cada segmento é representado
por uma altura por meio do traço [aberto], como pode ser visto na FIG. 17 acima.
Também é possível afirmar que a vogal baixa, [a], é a vogal mais sonora e que as
vogais altas, /i, u/, são os segmentos menos sonoros no português, mostrando um grau de
abertura intermediário estão as vogais médias. Relacionando-se esta especificação por meios
dos graus de abertura à realização das vogais médias em posição pretônica, observa-se que,
nesta posição, as vogais médias e a vogal alta, que são os segmentos menos sonoros no
português brasileiro, estão sujeitas à variação.
220
É bom ressaltar que a principal vantagem em assumir a abordagem pelo traço [aberto]
é a economia de informações com relação ao traço a ser utilizado na caracterização dos
segmentos vocálicos, já que apenas este traço é capaz de diferenciá-los e de classificá-los.
Com relação às restrições utilizadas na hierarquia, pode-se assumir apenas uma
restrição de fidelidade e três de marcação.
A restrição de fidelidade busca manter a semelhança entre as formas de input e de
output, definida em (9) abaixo.
(9) IDENT[+aberto2]
O traço [+aberto2] do output deve ser idêntico ao do input.
Sobre as restrições de marcação, estas estão relacionadas mais diretamente aos
processos variáveis de harmonia vocálica e de redução vocálica. Sobre a restrição referente ao
processo de harmonia vocálica, a restrição AGREE[aberto] está ativa. Como este é um traço
gradual, não é necessário estabelecer o grau de abertura a estar em concordância entre a vogal
tônica e a vogal pretônica. Desta forma, observa-se a principal vantagem em assumir o traço
[aberto] na especificação das vogais médias no português brasileiro: um único traço
fonológico é capaz de mostrar as diferenças entre as vogais em variação no dialeto de Belo
Horizonte. Apenas, estabelece-se o acordo de abertura entre as vogais envolvidas nestas
posições. Já sobre a restrição relacionada ao processo de redução vocálica é a restrição *MID
que está ativa. Esta restrição proíbe a ocorrência de vogais médias em posição pretônica,
independentemente de um contexto lingüístico favorecedor. Estas restrições de marcação são
apresentadas em (10) abaixo.
(10) Restrições de marcação
a) AGREE[aberto]: O grau de abertura da vogal pretônica é idêntico ao da vogal em
posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte.
b) *MID: As vogais médias devem ser evitadas em posição pretônica.
Outra restrição de marcação a ser estabelecida não está relacionada à variação
apontada entre as vogais médias em posição pretônica, mas sim ao processo categórico de
redução vocálica, como o que ocorre nas palavras ‘escola’ e ‘engano’. A vogal alta ocorre em
posição pretônica motivada pela posição inicial de palavra associada ao travamento silábico
por /S/ ou formando sílaba nasalizada. Desta forma, é necessária uma restrição de marcação
221
que proíba a ocorrência de vogais médias neste contexto. Esta restrição pode ser definida do
seguinte modo.
(11) *MID]
S, N
As vogais médias devem ser evitadas em posição pretônica, se ocorrerem em posição
inicial de palavra, associada ao travamento silábico por /S/ ou formando sílaba nasalizada.
Assim como a restrição *MID, a restrição *MID]
S, N
também proíbe a ocorrência de
vogais médias em posição pretônica, mas neste caso específico, há uma condição a ser
observada que é o contexto lingüístico que indica sempre a ocorrência da vogal alta em
posição pretônica.
Sobre a utilização do traço [aberto] na hierarquia de restrições, conforme a Teoria da
Otimalidade, verifica-se que a principal vantagem em assumir esta abordagem é a
possibilidade de tratar da classificação dos segmentos vocálicos por um único traço, deixando
a hierarquia de restrições mais uniforme e coesa com os resultados apresentados conforme a
língua específica estudada.
A seguir, será abordada a alternativa de análise da variação lingüística segundo a
Teoria da Otimalidade que apresenta o ranqueamento parcial de restrições. Como foi visto
anteriormente, esta alternativa é a mais satisfatória com relação aos resultados obtidos sobre a
variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte. A
partir das restrições ativas e dos ranqueamentos parciais propostos, é possível explicar esta
variação através da classificação vocálica pelo traço gradual [aberto].
8.4.1 Ranqueamento parcial de restrições - Traço [aberto]
A variação das vogais médias em posição pretônica analisada a partir da classificação
dos traços vocálicos por meio do traço gradual [aberto] pode ser explicada através do
ranqueamento parcial de restrições conforme a OT. Segundo esta alternativa de análise há
uma única gramática que pode ser representada por vários ranqueamentos parciais de acordo
com cada candidato em variação selecionado como ótimo.
Um aspecto importante a ser observado é que, em nossa análise, o inventário vocálico
e seus contrastes e especificações está na forma de input. Esta representação é necessária para
222
considerar a especificidade de uma dada língua, como o seu inventário vocálico, em sua
representação subjacente tanto em posição tônica como em posição pretônica. Desta forma,
tem-se a representação do mapeamento fiel, que indica que a forma de output deve ser
idêntica à forma do input. Os mapeamentos infiéis que surgem devido às formas variáveis
presentes na língua e relacionados aos processos fonológicos particulares devem ser
especificados na hierarquia de restrições por apresentar algo distinto da representação
subjacente.
A especificação dos ranqueamentos parciais atestados no dialeto de Belo Horizonte
possui a mesma disposição apresentada quanto à abordagem por meio dos traços [alto] e
[ATR]. Entretanto, há uma diminuição em termos das restrições de marcação AGREE, como
pode ser observado em (12) abaixo.
(12) Ranqueamentos atestados no dialeto de Belo Horizonte – traço [aberto]
a) IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto], *MID
b) AGREE[aberto] » IDENT[+aberto2] » *MID
c) *MID » IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto]
Em (12), há três ordenamentos parciais possíveis para explicar a variação existente
entre as vogais médias em posição pretônica. O ranqueamento (12a) está relacionado ao
mapeamento fiel, em que a vogal média fechada é selecionada como o candidato ótimo. O
ranqueamento parcial em (12b) age em favor dos candidatos que possuem a vogal média
aberta ou a vogal alta, devido à interferência do traço [aberto] correspondente à vogal da
posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte. Já o ranqueamento (12c) atua nos casos
relacionados ao processo variável de redução vocálica, em que é possível estabelecer a
variação entre a vogal média fechada e a vogal alta.
Especificamente sobre a variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta,
dois ranqueamentos parciais são necessários, como é mostrado nos TABLEAUX 19 e 20
abaixo.
223
TABLEAU 19
Mapeamento fiel: vogal média fechada, ‘pr[o]cesso’
IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto], *MID
pr/o/cesso IDENT[+aberto2] AGREE[aberto] *MID
a.pr[o]cesso
* *
b.pr[ç]cesso
*! *
c.pr[u]cesso *! *
TABLEAU 20
Mapeamento infiel: harmonia vocálica – vogal média aberta, pr[ç]cesso’
AGREE[aberto] » IDENT[+aberto2] » *MID
pr/o/cesso AGREE[aberto] IDENT[+aberto2] *MID
a.pr[o]cesso *! *
b.pr[ç]cesso
* *
c.pr[u]cesso *! *
Sobre os casos relacionados ao processo de harmonia vocálica, ocorrem os seguintes
ranqueamentos parciais: a) IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto], *MID e b) AGREE[aberto]
» IDENT[+aberto2] » *MID. No primeiro ranqueamento, observa-se a hierarquia
necessária para assegurar o mapeamento fiel com relação à vogal média em posição pretônica.
A restrição de fidelidade dominando as restrições de marcação garante que o candidato a,
pr[o]cesso’, que contém a vogal média fechada, seja escolhido como candidato ótimo. É bom
ressaltar que as restrições de marcação não possuem relação de dominância entre si.
No caso específico da realização da vogal média aberta, observa-se que esta realização
está relacionada ao processo de harmonia vocálica. Por isso, a restrição de marcação
AGREE[aberto] está posicionada acima da restrição de fidelidade. Desta forma, o candidato
b, ‘pr[
ç]cesso’, é selecionado como ótimo. O que é interessante observar com relação à
restrição AGREE[aberto] é que, de acordo com a classificação dos segmentos vocálicos pelo
traço gradual [aberto], é necessária apenas uma única restrição para distinguir as vogais
médias no português brasileiro, diferentemente da classificação dos traços [alto] e [ATR], que
exigem duas restrições, AGREE[ATR] e AGREE[alto].
Como se trata de um processo variável, o falante pode optar em realizar a vogal média
aberta ou a vogal média fechada. Isto ocorre devido ao contexto lingüístico favorecedor,
preferencialmente, contendo a vogal média aberta em posição tônica ou na sílaba
imediatamente seguinte.
224
No dialeto estudado, e conforme o corpus POBH, foram 13 ocorrências da palavra
‘processo’: 2 produzidas com a vogal média fechada e 11 realizadas com a vogal média
aberta. Assim, o principal problema quanto ao ranqueamento parcial de restrições reside no
fato de os ranqueamentos apresentados sugerirem que a produção da vogal média fechada ou
da média aberta da palavra ‘processo’ seria 50 % para cada caso. O que não é confirmado nos
resultados obtidos, uma vez que a produção da vogal média é selecionada pelo falante
conforme os fatores favorecedores envolvidos e com a opção diferenciada interindividual em
realizar a vogal média em posição pretônica.
Outro problema identificado está relacionado ao uso da restrição AGREE[aberto] para
explicar os casos em que a vogal média aberta ocorre devido à presença da vogal baixa em
posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte. A palavra ‘horário’ apresenta este
contexto lingüístico, e de acordo com o corpus referente à fala espontânea, foi realizada pelo
informante AAAJ com a vogal média fechada, ‘[o]rário’, e pelo informante MMA com a
vogal média aberta ‘[ç]rário’. A seguir, os TABLEAUX 21 e 22 apresentam os
ranqueamentos parciais necessários para explicar este formato de variação.
TABLEAU 21
Mapeamento fiel: vogal média fechada, ‘[o]rário’
IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto], *MID
/o/rário IDENT[+aberto2] AGREE[aberto] *MID
a.[o]rário
* *
b.[ç]rário
*! * *
c.[u]rário *! *
TABLEAU 22
Mapeamento infiel: harmonia vocálica – vogal média aberta, ‘[
ç]rário’
AGREE[aberto] » IDENT[+aberto2] » *MID
/o/rário AGREE[aberto] IDENT[+aberto2] *MID
a.[o]rário *! *
0 b.[ç]rário
* * *
c.[u]rário *! *
O TABLEAU 22 acima mostra um problema quanto ao uso da restrição
AGREE[aberto]. Foi visto, anteriormente, na FIG. 17, os graus de abertura e a especificação
por redundância de traços. De acordo com a especificação apresentada, as vogais médias
225
abertas são classificadas como [+aberto3] e a vogal baixa como [+aberto1]. Assim, a restrição
AGREE[aberto] não consegue mostrar que há uma concordância em termos do grau de
abertura relacionado às vogais médias abertas e à vogal baixa. Desta forma, é necessário
explicar a ocorrência da vogal média aberta a partir de uma restrição de marcação específica
para este caso. A restrição *[-aberto3], posicionada acima da restrição de fidelidade
IDENT[+aberto2], indica que as vogais médias fechadas e as vogais altas, especificadas pelo
traço [-aberto3], estão proibidas em posição pretônica. Assim, o TABLEAU 23 abaixo
apresenta este ranqueamento parcial específico.
TABLEAU 23
Mapeamento infiel: vogal média aberta, ‘[ç]rário’
*[-aberto3] » IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto], *MID
/o/rário *[-aberto3] IDENT[+aberto2] AGREE[aberto] *MID
a.[o]rário *! * *
b.[ç]rário
* * *
c.[u]rário *! * *
No tableau acima, verifica-se que o candidato b, ‘[ç]rário’, é o candidato ótimo porque
é o único a não violar a restrição de marcação *[-aberto3].
Referindo-se à especificação dos segmentos vocálicos a partir dos traços [alto] e
[ATR], observa-se que os casos em que ocorrência da vogal média aberta em posição
pretônica é motivada pela presença da vogal baixa em posição tônica são resolvidos porque as
vogais médias abertas e a vogal baixa são classificadas como [-ATR], assim, permitindo que
haja uma harmonia vocálica a partir de um mesmo traço.
Entretanto, a abordagem pelo traço [aberto] prima pelo princípio da economia, já que
um único traço, [aberto], distingue as vogais. Além disso, mostra que o acréscimo de uma
nova restrição à hierarquia é necessário para tratar de casos mais específicos, não
apresentando uma complexidade maior, como, por exemplo, a associação de traços para a
classificação dos segmentos vocálicos, como é estabelecido conforme os traços [alto] e
[ATR].
Outro caso de processo variável de harmonia vocálica é apresentado nos TABLEAUX
24 e 25 abaixo, e, neste caso, é motivado pela presença da vogal alta em posição tônica ou na
sílaba imediatamente seguinte.
226
TABLEAU 24
Mapeamento fiel: vogal média fechada, ‘m[o]tivo’
IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto], *MID
m/o/tivo IDENT[+aberto2] AGREE[aberto] *MID
a.m[o]tivo
* *
b.m[ç]tivo
*! * *
c.m[u]tivo *!
TABLEAU 25
Mapeamento infiel: harmonia vocálica – vogal alta, ‘m[u]tivo’
AGREE[aberto] » IDENT[+aberto2] » *MID
m/o/tivo AGREE[aberto] IDENT[+aberto2] *MID
a.m[o]tivo *! *
b.m[ç]tivo
*! * *
c.m[u]tivo
*
O TABLEAU 24 corresponde ao mapeamento fiel, em que o candidato ‘m[o]tivo’ é
selecionado como ótimo, e o TABLEAU 25 mostra o mapeamento infiel, em que o candidato
‘m[u]tivo’ é apontado como ótimo.
Segundo os resultados obtidos através do corpus POBH, foram realizadas 8
ocorrências da palavra ‘motivo’: 1 produzida com a vogal média fechada e 7 realizadas com a
vogal alta.
Para apontar o candidato ‘m[u]tivo’ como o candidato ótimo, a restrição de marcação
AGREE[aberto] está posicionada acima da restrição de fidelidade. Assim, os demais
candidatos violam a restrição AGREE, favorecendo a produção da vogal alta como ótima.
Com relação aos casos variáveis de redução vocálica, são estabelecidos os seguintes
ranqueamentos parciais propostos nos TABLEAUX 26 e 27.
TABLEAU 26
Mapeamento fiel: vogal média fechada, ‘c[o]meço’
IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto], *MID
c/o/meço IDENT[+aberto2] AGREE[aberto] *MID
a.c[o]meço
*
b.c[ç]meço
*! * *
c.c[u]meço *! *
227
TABLEAU 27
Mapeamento infiel: redução vocálica – vogal alta, ‘c[u]meço’
*MID » IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto]
c/o/meço *MID IDENT[+aberto2] AGREE[aberto]
a.c[o]meço *!
b.c[ç]meço
*! * *
c.c[u]meço
* *
O ranqueamento parcial estabelecido no TABLEAU 26 mostra que o candidato que
contém a vogal média fechada é o candidato ótimo, uma vez que não viola a restrição de
fidelidade e a forma de output é considerada idêntica à forma de input.
O TABLEAU 27 mostra o candidato c, ‘c[u]meço’, como o candidato ótimo, pois não
viola a restrição *MID posicionada acima da restrição de fidelidade.
Sobre o processo categórico de redução vocálica, o mesmo ranqueamento proposto
para o mapeamento fiel é estabelecido. Apenas há a inclusão da restrição de marcação
*MID]
S, N
acima da restrição de fidelidade IDENT[+aberto2], como mostra os TABLEAUX
28 e 29 abaixo.
TABLEAU 28
Mapeamento fiel: processo categórico de redução vocálica, ‘[i]scola’
*MID]
S, N
» IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto], *MID
/e/scola *MID]
S, N
IDENT[+aberto2] AGREE[aberto] *MID
a.[e]scola *! * *
b.[E]scola
*! * *
c.[i]scola
* *
TABLEAU 29
Mapeamento fiel: processo categórico de redução vocálica, ‘[i]ngano’
*MID]
S, N
» IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto], *MID
/e/ngano *MID]
S, N
IDENT[+aberto2] AGREE[aberto] *MID
a.[e]ngano *! * *
b.[E]ngano
*! * * *
c.[i]ngano
* *
Os tableaux acima mostram que o candidato selecionado como ótimo é aquele que
contém a vogal alta em posição pretônica, já que a restrição *MID]
S, N
proíbe a ocorrência das
228
vogais médias neste contexto específico, que é a posição inicial de palavra associada ao
travamento silábico por /s/ ou formando sílaba nasalizada.
Portanto, segundo a alternativa de análise apresentada por Anttila e Cho (1998) sobre
o ranqueamento parcial de restrições e utilizando a classificação dos segmentos vocálicos por
meio do traço [aberto], pode-se afirmar que o dialeto de Belo Horizonte pode ser considerado
como uma língua específica contendo uma única gramática representada por três
ranqueamentos parciais ativos para explicar os casos relacionados à variação das vogais
médias em posição pretônica: a) mapeamento fiel, IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto],
*MID; b) mapeamento infiel referente ao processo variável de harmonia vocálica,
AGREE[aberto] » IDENT[+aberto2] » *MID; e c) mapeamento infiel relacionado ao
processo variável de redução vocálica, *MID » IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto].
Outros dois ranqueamentos parciais são necessários para explicar casos mais
específicos relacionados à produção da vogal em posição pretônica: a) *MID]
S, N
»
IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto], *MID, referente ao processo categórico de redução
vocálica e b) *[-aberto3] » IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto], *MID, para os casos
relacionados à ocorrência da vogal média aberta condicionada pela presença da vogal baixa
em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte.
Assim, pode-se afirmar que, para cada caso de realização da vogal média em posição
pretônica, há um ordenamento parcial selecionado pelo falante. O que não está de acordo com
esta alternativa é a produção efetiva por parte dos falantes. Não há como determinar uma
porcentagem de produção de cada vogal pretônica, pois cada falante tem um uso determinado
para a produção vocálica, principalmente no que se refere aos processos variáveis.
A alternativa de análise da variação pelo ranqueamento parcial, adotando as restrições
que partem da classificação dos segmentos vocálicos pelo traço gradual [aberto] mostra a
possibilidade de poder contar com menos restrições. Além disso, apresenta a explicação da
variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte de
modo mais sucinto, o que é preferível em termos de análise lingüística.
229
8.5 Traços [alto] e [ATR] x traço [aberto]
As vogais médias no português brasileiro são segmentos complexos que devem ser
investigados levando-se em consideração os traços fonológicos que caracterizam e distinguem
principalmente as vogais médias fechadas das vogais médias abertas.
A opção em investigar a classificação dos segmentos vocálicos em termos dos traços
mais tradicionais como os traços [alto] e [ATR], por um lado, e o traço gradual [aberto], por
outro, evidencia que há várias possibilidades de classificação dos segmentos vocálicos médios
do português brasileiro.
A classificação dos segmentos vocálicos por meio dos traços [alto] e [ATR] tem a
vantagem de mostrar que apenas a associação destes traços é capaz de diferenciar os
segmentos médios e altos do português brasileiro. Isto quer dizer que as vogais médias
fechadas são classificadas como [-alto, +ATR], as vogais médias abertas como [-alto, -ATR] e
as vogais altas como [+alto, +ATR]. A vogal baixa, também classificada como [-ATR], não
causa um problema, em nossa análise, porque a especificação do traço [-ATR] para as vogais
médias abertas e a vogal baixa é o principal gatilho para a produção da vogal média aberta em
posição pretônica.
A desvantagem com relação a esta abordagem é o fato de a explicação da variação das
vogais médias em posição pretônica, motivada a partir do processo vocálico da harmonia
vocálica, contar com duas restrições de marcação AGREE[ATR] e AGREE[alto]. Cada
restrição tem uma função diferenciada com relação ao processo de harmonia vocálica. A
restrição AGREE[ATR] garante que o candidato que contém a vogal média aberta seja
escolhido como o candidato ótimo e a restrição AGREE[alto] atua em favor da realização da
vogal alta em posição pretônica.
Também a restrição de fidelidade precisa ser especificada a partir de dois traços, [alto]
e [ATR], responsáveis pela distinção entre os segmentos vocálicos médios e altos no
português brasileiro. Sobre o traço gradual [aberto], este já se mostra suficiente na distinção
dos segmentos vocálicos.
A classificação das vogais a partir do traço [aberto] traz a principal vantagem de
contar com apenas um único traço para classificar e distinguir os segmentos de uma língua
específica. O traço [aberto] pode subdividir-se em quantos graus de abertura sejam
necessários para a classificação completa das vogais pertencentes ao inventário vocálico de
uma dada língua.
230
Especificamente com relação ao português brasileiro, são necessários quatro graus de
altura para a classificação das vogais. De acordo com critérios de redundância da
especificação do traço [aberto], as vogais do português são classificadas da seguinte maneira:
a) vogal baixa com o traço [+aberto1], b) vogais médias fechadas com o traço [+aberto2], c)
vogais médias abertas com o traço [+aberto3] e d) vogais altas com o traço [-aberto2].
Conforme a alternativa de análise da variação lingüística apresentada por Anttila e
Cho (1998), observa-se que, ao invés de duas restrições de marcação AGREE, apenas uma
restrição já é suficiente para tratar dos casos relacionados ao processo de harmonia vocálica.
A restrição AGREE[aberto] permite que a vogal pretônica assuma a especificação do traço
[aberto] presente em posição tônica.
A única desvantagem com relação à abordagem por meio do traço [aberto] é que, para
explicar a ocorrência da vogal média aberta pretônica devido à influência da vogal baixa em
posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte, é necessária a inclusão de mais uma
restrição de marcação na hierarquia, *[-aberto3], acima da restrição de fidelidade. Neste caso
específico, haverá a proibição da ocorrência das vogais médias fechadas e da vogal alta em
posição pretônica. Mesmo assim, este procedimento é mais satisfatório do que assumir a
complexidade de classificação dos segmentos vocálicos a partir da associação de dois traços,
[alto] e [ATR].
Portanto, comparando-se o ranqueamento parcial de restrições através da abordagem
por meio dos traços [ATR] e [alto] e pela abordagem através do traço [aberto], é possível
afirmar que este último traço contribui para a simplicidade de informações e a economia de
restrições a serem utilizadas na análise da variação das vogais médias em posição pretônica
nos nomes no dialeto de Belo Horizonte. Em termos de análise lingüística com base na Teoria
da Otimalidade, quanto menos restrições utilizadas, mais simples e efetiva é a explicação de
um fenômeno lingüístico.
8.6 Conclusão
A variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes do dialeto de Belo
Horizonte é bastante complexa por envolver um processo fonológico categórico de redução
vocálica e dois processos variáveis relacionados à harmonia vocálica e à redução vocálica.
231
Para explicar a variação apresentada foram investigadas mais detalhadamente duas
alternativas de análise da variação lingüística segundo a Teoria da Otimalidade: o
ranqueamento parcial de restrições e o ranqueamento ordenado por EVAL. Ambas as
alternativas apresentam vantagens e desvantagens. Além disso, foram consideradas duas
formas de abordagem para a disposição das restrições ativas na hierarquia proposta: a
classificação padrão dos segmentos vocálicos por meio dos traços [alto] e [ATR] e a
classificação através do traço gradual [aberto].
O ranqueamento parcial de restrições permite que a gramática de uma língua
específica possa apresentar ranqueamentos parciais para cada caso de variação. No dialeto
estudado, observam-se três ranqueamentos parciais: a) mapeamento fiel, b) mapeamento infiel
referente à harmonia vocálica e c) mapeamento infiel relacionado à redução vocálica. É uma
alternativa que consegue explicar a variação em termos dos processos fonológicos presentes
na língua, mas não consegue deixar claro pelo tableau estipulado a relação da freqüência das
ocorrências observadas na língua.
O ranqueamento ordenado por EVAL não consegue estipular em uma única hierarquia
a variação das vogais médias em posição pretônica no dialeto de Belo Horizonte, se são
considerados a noção de dominação estrita e os dois formatos de variação presentes neste
dialeto.
Outro problema quanto ao ranqueamento ordenado por EVAL é sobre a disposição da
freqüência dos dados observados no dialeto estudado. Nem sempre a vogal média fechada é a
forma preferida pelos falantes nos casos que podem apresentar variação. O falante opta mais
pelo mapeamento infiel em alguns casos particulares.
Assim, a abordagem pela classificação dos segmentos vocálicos através do traço
gradual [aberto] associada ao ranqueamento parcial de restrições é a melhor forma para
explicar a variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo
Horizonte porque os falantes deste dialeto ativam os ranqueamentos parciais de forma
particular para cada caso de realização da vogal média nesta posição. Além disso, mostra que
cada falante pode ativar um ranqueamento parcial diferentemente de outro falante, mesmo
ambos pertencendo a mesma comunidade de fala. Isto quer dizer que a gramática é a mesma,
mas há competição quanto ao ranqueamento parcial selecionado para a produção,
principalmente, da vogal média aberta e da vogal alta, que são os casos mais específicos
observados neste dialeto.
A seguir, seguem-se as considerações finais e perspectivas para futuras pesquisas.
CAPÍTULO NOVE
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo
Horizonte foi estudada levando-se em consideração os fatores lingüísticos que favorecem esta
variação e de acordo com um modelo teórico formal da linguagem, a Teoria da Otimalidade.
Esta busca em se compreender a variação pelos fatores lingüísticos se deve ao fato de se
considerar o fenômeno da variação inerente à língua e, por isso, devendo ser investigado
como fenômeno produtivo entre as línguas do mundo.
As vogais médias são segmentos bastante complexos no português brasileiro, não
somente pela sua própria evolução lingüística, mas também pela especificação e classificação
por meio dos traços articulatórios distintivos.
No português brasileiro, as vogais médias comportam-se de modo diferenciado quanto
à posição que assumem nas palavras. Em posição tônica são sete fonemas vocálicos, dentre os
quais há quatro fonemas relacionados às vogais médias, /e, E, o, ç/. Em posição pretônica, há
uma redução quanto ao número de fonemas, e apenas as vogais médias fechadas, /e, o/, são
realizadas fonemicamente.
Observando-se a produção destas vogais em posição pretônica no dialeto de Belo
Horizonte, verificou-se, através de três corpora distintos (POBH, Alves (1999) e fala
espontânea), que a produção das vogais médias admite três realizações fonéticas diferentes
nesta posição. Na série de vogais anteriores é possível encontrar a vogal média fechada,
‘r[e]speito’, a vogal média aberta, ‘[
E]xcesso’, e a vogal alta, como em ‘[i]scola’ e
‘p[i]squisa’. Na série de vogais posteriores, o mesmo ocorre quanto à produção das vogais
médias: a) com o timbre fechado, ‘c[o]brança’, b) com o timbre aberto, ‘pr[
ç]cesso’ e c) como
vogal alta, ‘m[u]tivo’ e ‘c[u]meço’.
Além disso, a variação encontrada no dialeto estudado é pequena e apresenta-se sob
dois formatos: a) variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta, como em
‘c[o]légio’ ~ ‘c[ç]légio’ e b) a variação entre a vogal média fechada e a vogal alta,
‘s[e]rviço’ ~ ‘s[i]rviço’ e ‘c[o]meço’ ~ ‘c[u]meço’. Observou-se também que esta variação é
motivada por fatores lingüísticos específicos conforme a elevação e o abaixamento da vogal
média pretônica.
233
Sobre os fatores lingüísticos favorecedores da elevação da vogal média anterior são
necessários considerar dois grupos distintos de fatores. O primeiro grupo mostra os fatores
lingüísticos categóricos à realização da vogal alta em posição pretônica, que são a posição
inicial de palavra associada ao travamento silábico por /S/ e a posição inicial de palavra
formando sílaba nasalizada. O segundo grupo mostra os fatores lingüísticos favoráveis à
realização da vogal alta em posição pretônica, que são a presença da vogal alta em posição
tônica ou na sílaba imediatamente seguinte e da consoante nasal labial precedente. Estes dois
últimos contextos não são categóricos porque permitem a realização da vogal média fechada
também.
Com relação à elevação da vogal média posterior, constatou-se que não há fator
lingüístico categórico que exija sempre a presença da vogal alta pretônica. Observou-se que a
presença da vogal alta em posição tônica ou na sílaba imediatamente seguinte, a consoante
labial precedente e a consoante velar precedente favorecem a realização da vogal alta em
posição pretônica. Entretanto, o falante pode optar pela realização da vogal média fechada
nestes mesmos contextos. Além disso, algumas poucas palavras foram realizadas com a vogal
alta pretônica sem um contexto lingüístico favorecedor.
Os fatores lingüísticos que favorecem o abaixamento da vogal média anterior e da
vogal média posterior são os mesmos, ou seja, a presença da vogal média aberta em posição
tônica ou na sílaba imediatamente seguinte e a presença da vogal baixa em posição tônica ou
na sílaba imediatamente seguinte. O travamento silábico por /R/ também é um fator
favorecedor da realização da vogal média aberta anterior em posição pretônica, mas este
contexto deve estar associado a outro fator mais determinante para a ocorrência da vogal
média aberta em posição pretônica, como os apresentados acima. Além disso, estes fatores
são considerados apenas favorecedores porque a vogal média fechada também pode ser
realizada nestes contextos.
Sobre os processos fonológicos envolvidos, observou-se que há dois processos mais
atuantes. O processo de harmonia vocálica pode ser motivado pelo traço [-ATR], como em
‘prop[ç]sta’, e pelo traço [alto], como em ‘m[u]tivo’. Quanto ao processo de redução vocálica,
há dois contextos distintos. O primeiro refere-se ao contexto lingüístico categórico da posição
inicial de palavra associada ao travamento silábico por /S/ ou formando sílaba nasalizada. O
segundo relaciona-se ao contexto lingüístico variável, como a presença da consoante nasal
labial precedente para as vogais anteriores e a presença da consoante labial precedente e da
consoante velar precedente para as vogais posteriores. Além destes fatores, há ainda que se
considerar os casos em que ocorre a redução vocálica sem estar associada a um contexto
234
lingüístico favorecedor. Particularmente sobre a variação, observa-se que o processo de
harmonia vocálica é mais decisisvo para que haja alternância das vogais médias em posição
pretônica.
Especificamente sobre a variação lingüística, verificou-se que este fenômeno, além de
ser motivado pelos fatores lingüísticos e pelos processos fonológicos, como harmonia
vocálica e redução vocálica, é também condicionado pela formalidade no ato da gravação dos
dados, ou seja, quanto mais formal é o ambiente escolhido para a gravação dos dados, maior
será a probabilidade de variação. Os corpora POBH e Alves (1999) mostraram mais palavras
em variação do que o corpus de fala espontânea devido à formalidade no ato da gravação. O
mesmo falante varia a pronúncia da palavra por estar preocupado em realizar a pronúncia
“correta” da mesma e por prestar mais atenção ao que é produzido. Os resultados relativos ao
corpus da fala espontânea não mostraram o mesmo falante produzindo realizações distintas da
vogal média pretônica para o mesmo item lexical. A variação que ocorreu foi em um número
pequeno de casos, apenas duas palavras, ‘horário’ e ‘normal’, e a variação se mostrou
interindividual, isto é, entre os falantes.
Desta forma, pode-se afirmar que a variação entre as vogais médias em posição
pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte é interindividual. A variação
intraindividual, ou seja, o mesmo falante varia a vogal pretônica do mesmo item lexical,
ocorre motivada mais pelo fator extralingüístico da formalidade no ato da gravação dos dados
do que propriamente pelos contextos lingüísticos favorecedores. Além disso, com relação aos
resultados obtidos por meio do corpus POBH, os falantes optaram pela pronúncia da vogal
média aberta e da vogal alta de modo bastante particular. Isto quer dizer que não foram todos
os falantes que apresentaram a variação entre a vogal média fechada e a vogal alta da mesma
maneira. O mesmo ocorre com relação à variação entre as vogais médias fechadas e abertas.
Assim, pode-se afirmar que os falantes fazem escolhas diferentes para a produção da
vogal média aberta e da vogal alta, que são os casos específicos em posição pretônica. Este
fato pôde ser comprovado, principalmente, através dos dados obtidos por meio do corpus da
fala espontânea que mostra que o mesmo falante não apresentou variação das vogais médias
pretônicas.
Sobre a variação intraindividual, a hipótese adotada no início desta pesquisa não se
comprovou, pois, pela observação assistemática dos dados, a impressão era de que a variação
encontrada se mostrava mais para um mesmo falante do que entre os falantes.
Sobre a hipótese de explicar a variação conforme uma teoria lingüística, este fato foi
confirmado. A variação entre as vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de
235
Belo Horizonte foi explicada conforme a Teoria da Otimalidade, modelo teórico que prevê o
estudo da variação lingüística. A princípio, esta teoria postula a análise da variação entre
línguas diferentes. Entretanto, foi possível constatar que a variação intradialetal também pode
ser explicada conforme a OT.
As alternativas de análise apresentadas na teoria para explicar a variação lingüística
buscam apresentar os candidatos ótimos em variação seguindo uma abordagem alternativa à
proposta clássica da teoria. De fato, para explicar a variação lingüística é necessário ir contra
um dos princípios básicos da OT, principalmente relacionado à noção de dominação estrita.
Esta noção sugere que apenas há uma única hierarquia de restrições que seleciona o candidato
ótimo conforme o input. Assim, estudar a variação conforme esta teoria admite que a noção
de dominação estrita seja desconsiderada em parte ou totalmente, já que mais de um candidato
é selecionado como ótimo em termos de variação.
Especificamente sobre a produção e a variação das vogais médias em posição
pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte, duas alternativas de análise foram
consideradas: a) o ranqueamento ordenado por EVAL (Coetzee, 2005) e b) o ranqueamento
parcial de restrições (Anttila e Cho, 1998).
O ranqueamento ordenado por EVAL é uma alternativa de análise interessante por
tentar explicar a variação conforme uma única hierarquia de restrições, desta forma, seguindo
mais diretamente os preceitos básicos da OT. Assim, em uma hierarquia são apresentados os
candidatos em variação e as formas que não permitem variação. Sobre as formas variáveis, é o
mecanismo de avaliação EVAL que tem a função de mostrar o primeiro melhor candidato, o
segundo melhor candidato, e assim por diante.
Especificamente sobre o dialeto estudado, foram observados dois formatos de
variação: a) a variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta e b) a variação
entre a vogal média fechada e a vogal alta. Isto inviabiliza a alternativa de se colocar em uma
única hierarquia os tipos de variação encontrados. Foi visto que, no mínimo, são necessárias
duas hierarquias de restrições, uma para cada formato de variação. Além disso, o primeiro
melhor candidato deve ser aquele mais freqüente. Com relação aos resultados obtidos,
principalmente quanto ao corpus POBH, foi observado que nem sempre o candidato ótimo é o
mais freqüente. As hierarquias propostas mostram sempre o candidato que contém a vogal
média fechada como sendo o melhor candidato, mas, em alguns casos, os candidatos que
contêm a vogal média aberta ou a vogal alta se mostraram como os mais freqüentes.
236
Também, é importante afirmar que a análise da variação pelo ranqueamento ordenado
por EVAL exige que muitas restrições estejam ativas, dificultando o melhor entendimento da
variação estudada.
Assim, o ranqueamento ordenado por EVAL não é a melhor alternativa de análise para
a variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte.
Já o ranqueamento parcial de restrições apresenta uma explicação da variação estudada
de forma mais adequada. Esta alternativa de análise mostra que a gramática de uma língua
específica, como a do dialeto de Belo Horizonte, pode apresentar vários ranqueamentos
parciais para explicar todos os candidatos em variação escolhidos como ótimos. Desta forma,
há um ranqueamento parcial específico para cada candidato em variação.
Este é o principal problema apresentado sobre o ranqueamento parcial de restrições, já
que a noção de dominação estrita não existe. Em seu lugar, há várias hierarquias, mostrando
várias relações de dominância entre as restrições. Este fato sugere que a noção de unidade da
gramática da língua esteja enfraquecida.
Apesar de ser um ponto negativo, esta alternativa é a mais apropriada para explicar os
casos de variação entre as vogais médias pretônicas, pois admite que os ranqueamentos sejam
diferentes para cada caso relacionado à variação.
Assim, foi observado que três ranqueamentos parciais são necessários para descrever e
explicar a variação encontrada no dialeto estudado: a) mapeamento fiel, para os casos em que
há fidelidade entre a forma de output e input, b) mapeamento infiel, para os casos referentes à
harmonia vocálica, em que a restrição de marcação AGREE está posicionada acima da
restrição de fidelidade, e c) mapeamento infiel, para os casos relativos à redução vocálica
variável, em que, neste caso, é a restrição de marcação *MID que está posicionada acima da
restrição de fidelidade.
O ranqueamento parcial de restrições é a melhor alternativa de análise da variação das
vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte porque também
foi verificado que, através dos corpora investigados, os falantes deste dialeto produzem as
vogais médias nesta posição de forma diferenciada. Isto quer dizer que, em termos gerais, a
vogal média fechada é a vogal que é produzida com mais freqüência em posição pretônica
pela maioria dos falantes. Contudo, sobre os casos de produção mais específicos, que são a
realização da vogal média aberta e da vogal alta, os falantes optam em produzir estes sons de
forma particular. Cada falante emprega um ranqueamento parcial conforme os fatores
lingüísticos favorecedores e os processos fonológicos envolvidos, principalmente a harmonia
vocálica e a redução vocálica.
237
Sobre as restrições ativas para a análise da variação das vogais médias em posição
pretônica observaram-se duas formas de classificar e distinguir as vogais médias em termos
de traços vocálicos: a) a abordagem pelos traços articulatórios distintivos [alto] e [ATR] e b) a
abordagem de classificação por meio do traço gradual [aberto].
Ambas as abordagens são adequadas para descrever e diferenciar, de um lado, as
vogais médias fechadas das vogais médias abertas e, de outro, as vogais médias das vogais
altas. Entretanto, a abordagem pelo traço [aberto] mostrou-se mais eficiente por apresentar
menos restrições ativas para a explicação da variação no dialeto estudado.
Ainda, conforme as restrições utilizadas, é importante destacar que a análise da
variação pelo ranqueamento parcial de restrições associado ao traço [aberto] permite que
apenas três ranqueamentos parciais sejam necessários para a explicação da variação das
vogais médias pretônicas nos nomes no dialeto estudado: a) mapeamento fiel,
IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto], *MID; b) mapeamento infiel referente ao processo
variável de harmonia vocálica, AGREE[aberto] » IDENT[+aberto2] » *MID; e c)
mapeamento infiel relacionado ao processo variável de redução vocálica, *MID »
IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto]. Assim, pode-se afirmar que para cada caso de
realização da vogal média em posição pretônica há um ordenamento parcial selecionado pelo
falante. Além destes mapeamentos, há outros dois mais específicos: um sobre o processo
categórico de redução vocálica, *MID]
S, N
» IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto], *MID, e
outro sobre a ocorrência particular da vogal média aberta em posição pretônica, em que é
necessária a inclusão de uma restrição de marcação para evitar a produção da vogal média
fechada e da vogal alta nesta posição, *[-aberto3] » IDENT[+aberto2] » AGREE[aberto],
*MID.
O estudo da variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de
Belo Horizonte possibilitou uma melhor compreensão da produção destes segmentos, assim
como observar os fatores lingüísticos que influenciam a realização, especificamente, da vogal
alta e da vogal média aberta, que são os casos mais particulares de produção vocálica em
posição pretônica nos nomes. Além disso, reforçou a importância em se considerar os fatores
lingüísticos junto ao estudo da variação, pois este fenômeno é inerente à língua e deve ser
investigado para o melhor entendimento dos fatos relevantes da gramática de uma língua
específica.
238
O presente estudo também contribui para que outros dialetos do português brasileiro
possam ser investigados no intuito de descrever a variação vocálica existente em posição
pretônica, que se mostra diferente entre os dialetos do sul e do norte.
Outra contribuição deste estudo refere-se à observação dos dados por meio de corpora
diferentes, já que posibilitou um estudo detalhado da variação entre as vogais médias. A
maneira pela qual são gravados os dados constitui uma informação extremamente importante
para a obtenção adequada dos dados relativos a uma língua específica. Assim, é necessário
estar atento à situação em que os dados são gravados para evitar que outros fatores como a
formalidade interfiram mais diretamente na análise do que propriamente os dados lingüísticos
a serem observados.
Outro aspecto a ser considerado é que a análise da variação em termos de uma teoria
formal da linguagem, como a Teoria da Otimalidade, é possível, mas há inúmeros problemas
apresentados. Estes problemas estão relacionados principalmente à não possibilidade de
explicar a variação conforme uma alternativa de análise que está de acordo com os princípios
básicos da teoria. Para explicar a variação é necessário que procedimentos paralelos possam
ser explicitados, como o ranqueamento parcial de restrições, que permite a presença de vários
ranqueamentos conforme cada candidato ótimo em uma língua específica, e o ranqueamento
proposto por EVAL, que propõe uma única hierarquia de restrições para explicar as formas
variáveis e aquelas que não estão em variação. De acordo com a variação das vogais médias
pretônicas no dialeto de Belo Horizonte, as duas alternativas investigadas falham em graus
diferenciados para a explicação da variação de uma forma mais abrangente conforme a OT.
Além disso, a noção do que constitui o input deve ser levada em consideração, pois
verificou-se que a especificidade do inventário vocálico do português brasileiro, contendo sete
vogais em posição tônica que se reduzem a cinco em posição pretônica, é bastante importante
para apenas ser tratada na hierarquia de restrições, em que a estrutura de superfície é
projetada.
Outro fato problemático é com relação às restrições utilizadas para a análise da
variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no dialeto de Belo Horizonte,
uma vez que estas restrições partem da especificação dos traços articulatórios que classificam
as vogais no português brasileiro e é sabido que várias abordagens de classificação são
admitidas, principalmente para buscar uma melhor especificação das vogais médias.
Portanto, a análise da variação das vogais médias em posição pretônica nos nomes no
dialeto de Belo Horizonte através dos fatores lingüísticos, observando também os processos
fonológicos envolvidos, como harmonia vocálica e redução vocálica, é viável tomando-se por
239
referência as alternativas de análise da variação na Teoria da Otimalidade. Este estudo é
importante na medida em que suscita diversas questões que discutem a importância do estudo
da variação de acordo com uma teoria formal da linguagem. Assim, outros estudos podem ser
feitos para investigar a variação mediante os fatores lingüísticos presentes em outros dialetos
do português brasileiro.
Outros estudos também poderão ser feitos no sentido de averiguar a especificação de
traços segundo a Teoria de Classes dos Traços e a Teoria de Traços de Altura, que não foi
diretamente investigada em nossa análise. Além disso, o estudo da variação observando não
apenas a produção dos sons, mas também a percepção do falante sobre as vogais médias em
posição pretônica poderá contribuir de forma mais abrangente sobre o comportamento destas
vogais médias nesta posição.
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APÊNDICES
248
APÊNDICE A - Corpus POBH
Informante 1: EQR
Vogal média fechada anterior
Palavras Ocorrências Observação
01 acolh[e]dores 1
02 adol[e]scente 1
03 adol[e]scentes 1
04 agro-p[e]cuária 1
05 alt[e]rnativa 1
06 am[e]ricano 1
07 ant[e]rior 1
08 ap[e]gada 1
09 bat[e]rias 1
10 c[e]bola 3
11 c[e]nário 1
12 c[e]rteza 5
13 c[e]rveja 2
14 caract[e]rística 1
15 cong[e]lada 3
16 coord[e]nador 1
17 coord[e]nadores 1
18 corr[e]ria 1
19 d[e]magógicos 1
20 d[e]pendente 1
21 d[e]zembro 3
22 dif[e]rença 1
23 dif[e]rente 3
24 dif[e]rentes 2
25 [e]ducação 5
26 [e]ducacional 1
27 [e]ducada 2
28 [e]ficiente 1
29 [e]mocional 1
30 [e]rança 1
31 [e]ssencial 2
32 [e]xceções 1
33 exc[e]ções 1
34 [e]xemplo 2
35 f[e]deral 1
36 fed[e]ral 1
37 f[e]liz 1
38 f[e]steiros 1
39 f[e]vereiro 1
40 fev[e]reiro 1
41 g[e]ografia 2
42 g[e]ral 3
43 gov[e]rnantes 2
249
44 [i]pr[e]gado 1
45 [i]pr[e]sarial 3
46 [i]xp[e]ctativas 1
47 [i]xp[e]riência 2
48 ins[e]gurança 1
49 int[e]ressadas 1
50 inter[e]ssadas 1
51 int[e]ressante 3
52 inter[e]ssante 3
53 l[e]gais 2
54 l[e]gal 29
55 lib[e]ral 1
56 m[e]lhor 5
57 m[e]lhores 1
58 m[e]nor 1
59 m[e]rcado 3
60 m[e]trô 2
61 manif[e]stação 1
62 mat[e]mática 12
63 n[e]gativo 2
64 n[e]gócio 2
65 n[e]rvoso 1
66 obj[e]tividade 1
67 obj[e]tivo 3
68 obj[e]tivos 1
69 p[e]dagogo 1
70 p[e]rguntas 1
71 p[e]ríodo 1
72 p[e]rueiros 1
73 p[e]ssoa 8
74 p[e]ssoal 3
75 p[e]ssoas 17
76 pr[e]parada 1
77 prof[e]ssor 6
78 prof[e]ssores 1
79 qu[e]stão 10
80 qu[e]stões 2
81 r[e]abilitação 1
82 r[e]ceio 1
83 r[e]crutamento 2
84 r[e]cursos 1
85 r[e]frigerante 1
86 refrig[e]rante 1
87 r[e]gião 4
88 r[e]lação 4
89 r[e]ligião 9
90 r[e]ligiões 2
91 r[e]ligiosos 1
250
92
r[e]mun[E]rado
1
93 r[e]speito 8
94 s[e]cretária 1
95 secr[e]tária 1
96 s[e]gurança 7
97 s[e]leção 2
98 sel[e]ção 2
99 s[e]mana 3
100 s[e]parado 1
101 s[e]tor 1
102 s[e]xual 2
103 subj[e]tivo 1
104 sup[e]rior 1
105 sup[e]rvisão 1
106 t[e]levisão 1
107 tel[e]visão 1
108 t[e]oria 1
109 t[e]órico 1
110 t[e]rapia 5
111 v[e]rdade 1
112 v[e]rgonha 1
113 v[e]rtente 1
114 v[e]rtentes 1
115 v[e]stibular 5
TOTAL 280
Vogal média aberta anterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01
m[E]rcado
1 Vogal baixa tônica
02
n[E]gativa
2 Vogal baixa imediatamente seguinte
03
n[E]rvosa
2 Vogal média aberta tônica
04
r[E]lação
2 Vogal baixa imediatamente seguinte
05
remun[E]rado
1 Vogal baixa tônica
TOTAL 8
Vogal alta anterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01 d[i]sculpa 1 Prefixo des-
02 d[i]sempenho 1 Prefixo des-
03 des[i]mpenho 1 Formação de vogal nasal
04 d[i]sespero 1 Prefixo des-
05 des[i]spero 1 Travamento silábico por /S/
06 d[i]sgastante 1 Prefixo des-
07 d[i]sorganizado 1 Prefixo des-
251
08 gam[i]leira 1 Consoante nasal precedente
09 [i]scócia 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
10 [i]scola 10 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
11 [i]scolar 4 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
12 [i]scolas 3 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
13 [i]sforçado 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
14 [i]stabilidade 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
15 [i]stacionamento 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
16 [i]stados 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
17 [i]stados Unidos 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
18 [i]stágios 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
19 [i]stáveis 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
20 [i]stilos 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
21 [i]strutura 9 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
22 [i]studos 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
23 [i]xp[e]ctativas 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
24 [i]xp[e]riência 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
25 m[i]nina 1 Vogal alta tônica
26 m[i]ninas 2 Vogal alta tônica
27 p[i]quena 1
28 p[i]ruas 1 Vogal alta tônica
29 pr[i]guiça 1 Vogal alta tônica
30 s[i]guro 1 Vogal alta tônica
31 t[i]atro 3 Formação de ditongo
TOTAL 59
252
Vogal média fechada posterior
Palavras Ocorrências Observação
01 ac[o]lhedores 1
02 ad[o]lescente 1
03 ad[o]lescentes 1
04 am[o]rosa 2
05 anal[o]gia 1
06 apav[o]rada 1
07 apr[o]vação 1
08 b[o]tânica 1
09 bab[o]seira 1
10 c[o]modismo 1
11 com[o]dismo 1
12 c[o]rdenador 1
13 c[o]rdenadores 1
14 c[o]rreria 1
15 cat[o]licismo 1
16 conc[o]rrência 1
17 d[i]s[o]rganizado 1
18 d[o]ente 1
19 eld[o]rado 1
20 em[o]cional 1
21 f[o]rmação 1
22 f[o]rmada 1
23 g[o]vernantes 2
24 ge[o]grafia 2
25 [i]sc[o]lar 4
26 [i]sf[o]rçado 1
27 [i]xpl[o]rado 1
28 im[o]rtais 1
29 im[o]rtal 8
30 imp[o]rtante 2
31 jap[o]nês 1
32 l[o]cal 1
33 l[o]tada 1
34 l[o]tados 1
35 m[o]delo 4
36 m[o]mentos 1
37 m[o]ral 1
38 m[o]rtal 3
39 m[o]tivação 2
40 m[o]vimentado 1
41 mai[o]ria 3
42 n[o]turna 1
43 n[o]vembro 1
44 nam[o]rado 3
45 [o]bjetividade 1
46 [o]bjetivo 4
253
47 [o]bjetivos 1
48 [o]pções 5
49 [o]ponentes 1
50 op[o]nentes 1
51 [o]rações 1
52 [o]rário 1
53 [o]rgulho 1
54 [o]rientador 1
55 [o]rizonte 9
56 [o]rrível 1
57 [o]svaldo 2
58 p[o]luída 1
59 p[o]rcaria 1
60 p[o]rtuguês 2
61 p[o]ssibilidade 2
62 p[o]ssibilidades 1
63 pr[o]blema 13
64 pr[o]blemas 3
65 pr[o]fessor 6
66 pr[o]fessores 1
67 pr[o]fissão 5
68 pr[o]fissionais 1
69 pr[o]pício 1
70 pri[o]ridade 1
71 psic[o]logia 15
72 psicol[o]gia 15
73 rig[o]roso 2
74 s[o]lução 3
75 s[o]lucionado 1
76 s[o]nora 2
77 t[o]tal 1
78 te[o]ria 1
79 v[o]luntário 1
80 vi[o]lência 1
TOTAL 177
Vogal média aberta posterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01
c[ç]legas
2 Vogal média aberta tônica
02
c[ç]légio
5 Vogal média aberta tônica
03
c[ç]légios
1 Vogal média aberta tônica
04
c[ç]rreto
1 Vogal média aberta tônica
05
disc[ç]teca
2 Vogal média aberta tônica
06
g[ç]stosa
1 Vogal média aberta tônica
07
[ç]rário
1 Vogal baixa tônica
TOTAL 13
254
Vogal alta posterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01 c[u]mida 3 Vogal alta tônica
02 d[u]entes 1 Formação de ditongo
03 m[u]tivo 1 Vogal alta tônica
04 pess[u]al 3 Formação de ditongo
TOTAL 8
Produção de vogais anteriores em posição pretônica
Informante 1: EQR ocorrências %
[e] 280 80,7
[E]
8 2,3
[i] 59 17,0
TOTAL 347
100%
Produção de vogais posteriores em posição pretônica
Informante 1: EQR ocorrências %
[o] 177 89,4
[ç]
13 6,6
[u] 8 4,0
TOTAL 198
100%
255
Informante 2: LMA
Vogal média fechada anterior
Palavras Ocorrências Observação
01 a[e]ronáutica 1
02 adol[e]scente 1
03 agr[e]didos 1
04 agr[e]ssividade 1
05 ant[e]rior 1
06 art[e]sanato 1
07 carr[e]gado 1
08 c[e]bola 1
09 c[e]rteza 4
10 caract[e]rísticas 2
11 com[e]rcial 1
12 comp[e]tência 1
13 conh[e]cimento 1
14 d[e]boche 1
15 d[e]cadência 2
16 d[e]cisão 1
17 d[e]ficiência 1
18 d[e]fumado 1
19 d[e]lícia 2
20 d[e]martologista 1
21 d[e]partamento 1
22 d[e]terminado 1
23 det[e]rminado 1
24 d[e]terminados 1
25 det[e]rminados 1
26 d[i]s[i]sp[e]radores 1
27 d[i]spr[e]parada 1
28 dif[e]rença 4
29 dif[e]rente 2
30 dif[e]rentes 2
31 [e]conômico 1
32 [e]ducação 8
33 [e]ficiência 1
34 [e]goísmo 1
35 [e]nergia 1
36 en[e]rgia 1
37 [e]rrado 2
38 [e]vangelho 1
39 [e]voluído 1
40 [e]xcelente 4
41 exc[e]lente 4
42 [e]xemplo 7
43 f[e]deral 2
44 fed[e]ral 2
45 f[e]minista 2
256
46 fr[e]qüência 1
47 g[e]rais 1
48 g[e]ral 7
49 [i]f[e]rmeira 2
50 [i]sp[e]cialização 4
51 [i]sp[e]cífico 1
52 [i]sp[e]táculo 1
53 [i]str[e]ssante 1
54 [i]xp[e]ctativa 1
55 [i]xtrov[e]rtido 1
56 impr[e]ssão 1
57 incompr[e]ensão 1
58 inconc[e]bível 1
59 ind[e]pendente 1
60 int[e]ressante 2
61 inter[e]ssante 2
62 int[e]resse 9
63 int[e]rior 1
64 int[e]rpretação 1
65 interpr[e]tação 1
66 int[e]rvalo 1
67 inv[e]rsão 1
68 inv[e]stimento 1
69 J[e]sus 1
70 l[e]gal 12
71 lib[e]rdade 3
72 m[e]lhor 1
73 m[e]lhores 1
74 m[e]nor 2
75 m[e]rcado 2
76 m[e]strado 1
77 m[e]tade 2
78 mat[e]rial 2
79 mod[e]rnização 1
80 n[e]gativa 1
81 n[e]rvoso 1
82 p[e]daços 1
83 p[e]rdido 1
84 p[e]rgunta 2
85 p[e]rigoso 1
86 p[e]ríodo 4
87 p[e]rsonalidade 1
88 p[e]squisa 2
89 p[e]squisas 1
90 p[e]ssoa 36
91 p[e]ssoal 9
92 p[e]ssoas 45
93 pr[e]ciosas 1
257
94 pr[e]cipitadas 1
95 pr[e]conceito 4
96 pr[e]feitura 1
97 pr[e]juízo 1
98 pr[e]ocupados 1
99 pr[e]parado 1
100 pr[e]paro 1
101 pr[e]ssão 1
102 pr[e]ssionadas 1
103 pr[e]venção 1
104 probl[e]mática 1
105 probl[e]mático 1
106 prof[e]ssor 5
107 prof[e]ssores 4
108 prom[e]tido 1
109 prot[e]stante 1
110 prot[e]stantes 1
111 qu[e]stão 17
112 r[e]cebido 1
113 rec[e]bido 1
114 r[e]duzido 1
115 r[e]gião 1
116 r[e]lação 7
117 r[e]lacionamento 6
118 r[e]ligião 26
119 r[e]ligiões 2
120 r[e]ligiosas 1
121 r[e]ligioso 1
122 r[e]munerados 1
123 remun[e]rados 1
124 r[e]speito 3
125 r[e]staurante 2
126 r[e]sultado 1
127 r[e]sultados 1
128 r[e]vista 2
129 s[e]paração 1
130 s[e]parados 1
131 s[e]rvidor 1
132 s[e]tores 1
133 sup[e]rior 1
134 t[e]lefone 1
135 tel[e]fone 1
136 t[e]oria 1
137 univ[e]rsidade 1
138 v[e]rdade 1
139 v[e]rídica 1
140 v[e]stibular 8
TOTAL 377
258
Vogal média aberta anterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01
[E]xcesso
1 Vogal média aberta tônica
02
d[i]s[i]sp[E]rado
1 Vogal baixa tônica
03
div[E]rsidade
1 Vogal baixa tônica
Travamento silábico por /R/
04
l[E]al
1 Vogal baixa tônica
05
l[E]aldade
6 Vogal baixa imediatamente seguinte
06
lib[E]rdade
1 Vogal baixa tônica
Travamento silábico por /R/
07
m[E]lhor
6 Vogal média aberta tônica
08
n[E]rvosa
1 Vogal média aberta tônica
09
r[E]alização
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
10
r[E]lação
6 Vogal baixa imediatamente seguinte
11
r[E]lacionamento
2 Vogal baixa imediatamente seguinte
12
R[E]nato
1 Vogal baixa tônica
TOTAL 28
Vogal alta anterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01 d[i]scaso 1 Prefixo des-
02 d[i]scoberta 1 Prefixo des-
03 d[i]sconfiado 1 Prefixo des-
04 d[i]sconfiança 1 Prefixo des-
05 d[i]sempenho 2 Prefixo des-
06 des[i]mpenho 2 Formação de vogal nasal
07 d[i]senvolvimento 1 Prefixo des-
08 des[i]nvolvimento 1 Formação de vogal nasal
09
d[i]sesp[E]rado
1 Prefixo des-
10
des[i]sp[E]rado
1 Travamento silábico por /S/
11 d[i]sesp[e]radores 1 Prefixo des-
12 des[i]sp[e]radores 1 Travamento silábico por /S/
13 d[i]sespero 3 Prefixo des-
14 des[i]spero 3 Travamento silábico por /S/
15 d[i]slizes 1 Vogal alta tônica
Prefixo des-
16 d[i]spedido 1 Prefixo des-
17 desp[i]dido 1 Vogal alta tônica
18 d[i]spr[e]parada 1 Prefixo des-
19 d[i]svantagem 1 Prefixo des-
20 [i]scola 12 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
21 [i]scolas 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
22 [i]scolha 3 Início de palavra
259
Travamento silábico por /S/
23 [i]scrita 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
24 [i]scritório 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
25 [i]scuras 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
26 [i]scuro 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
27 [i]sp[e]cialização 4 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
28 [i]sp[e]cífico 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
29 [i]sp[e]táculo 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
30 [i]spaço 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
31 [i]spírita 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
32 [i]spontânea 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
33 [i]squema 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
34 [i]stado 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
35 [i]stadual 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
36 [i]stética 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
37 [i]str[e]ssante 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
38 [i]stranho 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
39 [i]strutura 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
40 [i]studiosa 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
41 [i]studo 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
42 [i]studos 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
43 [i]xames 1 Início de palavra
44 [i]xclusividade 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
45 [i]xp[e]ctativa 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
46 [i]xposição 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
47 [i]xtrov[e]rtido 1 Início de palavra
260
Travamento silábico por /S/
48 m[i]dida 1 Vogal alta tônica
49 m[i]nina 2 Vogal alta tônica
50 p[i]rua 4 Vogal alta tônica
51 p[i]ruas 1 Vogal alta tônica
52 p[i]rueiros 1 Vogal alta imediatamente seguinte
53 s[i]gurança 1 Vogal alta imediatamente seguinte
54 s[i]mestre 1
55 s[i]rviço 2 Vogal alta tônica
56 s[i]rviços 1 Vogal alta tônica
57 t[i]atro 3 Formação de ditongo
TOTAL 92
Vogal média fechada posterior
Palavras Ocorrências Observação
01 ad[o]lescente 1
02 aer[o]náutica 1
03 al[o]jamento 1
04 am[o]roso 1
05 apaix[o]nada 1
06 apaix[o]nadas 1
07 audiol[o]gia 1
08 bur[o]crática 1
09 c[o]mercial 1
10 c[o]municativas 1
11 cat[o]licismo 1
12 ch[o]colate 2
13 choc[o]late 2
14 d[i]sc[o]berta 1
15 d[o]cumento 1
16 demart[o]logista 1
17 demartol[o]gista 1
18 disf[o]nias 1
19 dout[o]rado 1
20 ec[o]nômico 1
21 eg[o]ísmo 1
22 f[o]noaudiologia 10
23 fon[o]audiologia 10
24 fonoaudiol[o]gia 10
25 f[o]rmação 1
26 [i]xp[o]sição 2
27 [i]xtr[o]vertido 1
28 imp[o]rtante 1
29 j[o]rnada 1
30 jap[o]nesa 2
31 jap[o]neses 1
32 l[o]tação 1
261
33 l[o]tado 1
34 m[o]delo 1
35 m[o]dernização 1
36 m[o]mento 3
37 m[o]mentos 1
38 m[o]ral 1
39 m[o]torista 3
40 mot[o]rista 3
41 m[o]tricidade 1
42 mai[o]ria 4
43 nam[o]rado 3
44 [o]cioso 1
45 [o]cupado 1
46 [o]dontologia 5
47 odont[o]logia 5
48 odontol[o]gia 5
49 [o]pção 6
50 [o]pções 1
51 [o]portunidade 1
52 op[o]rtunidade 1
53 [o]ral 2
54 [o]rizonte 10
55 [o]rrível 3
56 [o]rtodontista 1
57 ort[o]dontista 1
58 [o]spital 1
59 [o]spitaleiro 2
60 [o]torrino 1
61 ot[o]rrino 1
62 p[o]ssibilidades 1
63 p[o]stura 2
64 pat[o]logias 2
65 patol[o]gias 2
66 pers[o]nalidade 1
67 pr[o]blema 16
68 pr[o]blemas 4
69 pr[o]blemática 1
70 pr[o]blemático 1
71 pr[o]dução 1
72 pr[o]fessor 5
73 pr[o]fessores 4
74 pr[o]fissão 7
75 pr[o]fissional 7
76 pr[o]grama 1
77 pr[o]metido 1
78 pr[o]posta 1
79 pr[o]testante 1
80 pr[o]testantes 1
262
81 pre[o]cupados 1
82 pri[o]ridade 1
83 r[o]doviária 1
84 rod[o]viária 1
85 r[o]mance 1
86 r[o]tatividade 1
87 r[o]tulado 1
88 s[o]cial 1
89 s[o]corro 2
90 s[o]lução 1
91 s[o]rvete 4
92 t[o]tal 2
93 te[o]ria 1
94 v[o]cação 1
95 v[o]cal 1
96 v[o]luntário 1
97 vi[o]lenta 1
TOTAL 214
Vogal média aberta posterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01
aprim[ç]ramento
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
02
c[ç]lega
1 Vogal média aberta tônica
03
c[ç]légio
3 Vogal média aberta tônica
04
f[ç]rmação
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
05
f[ç]rmada
1 Vogal baixa tônica
06
g[ç]stosa
1 Vogal média aberta tônica
07
[ç]tel
3 Vogal média aberta tônica
08
pr[
ç]cesso
3 Vogal média aberta tônica
09
pr[
ç]jeto
1 Vogal média aberta tônica
TOTAL 15
Vogal alta posterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01 b[u]neco 1 Consoante labial precedente
02 b[u]nita 1 Vogal alta tônica
03 b[u]nito 2 Vogal alta tônica
04 b[u]tique 1 Vogal alta tônica
05 c[u]meço 2 Consoante velar precedente
06 c[u]mida 3 Vogal alta tônica
07 c[u]stumes 2 Vogal alta tônica
08 c[u]zinha 1 Vogal alta tônica
09 d[u]ente 1 Formação de ditongo
263
10 g[u]verno 7 Consoante velar precedente
11 gas[u]lina 1 Vogal alta tônica
12 m[u]tivos 1 Vogal alta tônica
13 n[u]tícia 1 Vogal alta tônica
14 p[u]lícia 4 Vogal alta tônica
15 p[u]liciamento 1 Vogal alta imediatamente seguinte
16 p[u]lítica 6 Vogal alta tônica
17 p[u]lítico 4 Vogal alta tônica
18 p[u]líticos 1 Vogal alta tônica
19 pess[u]al 9 Formação de ditongo
20 s[u]frida 1 Vogal alta tônica
21 s[u]taque 3
TOTAL 53
Produção de vogais anteriores em posição pretônica
Informante 2: LMA ocorrências %
[e] 377 75,9
[E]
28 5,6
[i] 92 18,5
TOTAL 497
100%
Produção de vogais posteriores em posição pretônica
Informante 2: LMA ocorrências %
[o] 214 75,9
[ç]
15 5,3
[u] 53 18,8
TOTAL 282
100%
264
Informante 3: PVMC
Vogal média fechada anterior
Palavras Ocorrências Observação
01 ad[e]quada 1
02 adol[e]scente 1
03 alt[e]ração 2
04 alt[e]rações 3
05 alt[e]rnativos 1
06 alt[e]rosa 1
07 aniv[e]rsário 1
08 ap[e]lido 1
09 ap[e]rfeiçoamento 2
10 ap[e]rtado 1
11 audiom[e]tria 2
12 c[e]bola 1
13 compr[e]ensão 1
14 conh[e]cido 1
15 conh[e]cimento 1
16 cr[e]scimento 2
17
d[e]cor[E]ba
2
18 d[e]ficiência 1
19 d[e]rrame 1
20 d[e]terminado 2
21 det[e]rminado 2
22 dif[e]rença 1
23 dif[e]rente 4
24 div[e]rsão 2
25 [e]ditora 1
26 [e]ducação 2
27 [e]ducado 1
28 [e]liminado 1
29 [e]miliane 4
30 entr[e]vista 1
31 [i]tr[e]vista 1
32 [e]quipe 3
33 [e]rrada 1
34 [e]rrado 3
35 [e]xemplo 2
36 f[e]chada 1
37 f[e]chado 2
38 f[e]riado 2
39 fid[e]lidade 2
40 fr[e]scura 1
41 g[e]ral 3
42 [i]sp[e]cialista 1
43 [i]sp[e]cialização 7
44 [i]sp[e]cífica 1
265
45 [i]xp[e]riência 1
46 incons[e]qüentes 1
47 int[e]ligentes 1
48 int[e]ressante 5
49 inter[e]ssante 5
50 J[e]sus 1
51 l[e]gal 3
52 lib[e]ral 2
53 m[e]dicina 4
54 m[e]lhor 3
55 m[e]lhores 1
56 m[e]mória 1
57 m[e]nores 1
58 m[e]strado 1
59 n[e]cessidade 2
60 nec[e]ssidade 2
61 n[e]gativa 1
62 n[e]gativo 1
63 n[e]gócio 1
64 obj[e]tivo 1
65 p[e]daço 1
66 p[e]diatras 1
67 p[e]rdida 1
68 p[e]rgunta 1
69 p[e]rigoso 1
70 p[e]riódicos 1
71 p[e]rueiros 1
72 p[e]squisa 1
73 p[e]ssoa 16
74 p[e]ssoal 5
75 p[e]ssoas 4
76 pr[e]ocupação 1
77 pr[e]ocupada 1
78 pr[e]ocupado 1
79 pr[e]ocupados 1
80 pr[e]paração 1
81 pr[e]parado 2
82 pr[e]servativo 1
83 pres[e]rvativo 1
84 pr[e]ssão 1
85 prof[e]ssora 1
86 prof[e]ssores 2
87 prot[e]gido 1
88 qu[e]stão 3
89 r[e]dor 1
90 r[e]ferência 3
91 ref[e]rência 3
92 r[e]flexo 1
266
93 r[e]frigerante 1
94 refrig[e]rante 1
95 r[e]jeitado 1
96 r[e]lação 5
97 r[e]lacionamento 4
98 r[e]ligião 5
99 r[e]speito 3
100 r[e]sultado 1
101 r[e]união 1
102 r[e]unido 2
103 s[e]gurança 1
104 s[e]mana 6
105 s[e]minário 4
106 s[e]minários 2
107 s[e]parado 1
108 s[e]rviço 1
109 s[e]tembro 1
110 sup[e]rvisão 1
111 t[e]levisão 2
112 tel[e]visão 2
113 t[e]rapia 1
114 v[e]rdade 1
115 v[e]stibular 1
TOTAL 221
Vogal média aberta anterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01
cons[
E]rvadora
2 Vogal baixa imediatamente seguinte
Travamento silábico por /R/
02
coop[E]ração
2 Vogal baixa imediatamente seguinte
03
d[E]coreba
2 Vogal média aberta tônica
04
r[
E]sposta
1 Vogal média aberta tônica
TOTAL 7
Vogal alta anterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01 d[i]scontente 1 Prefixo des-
02 d[i]svantagem 1 Prefixo des-
03 [i]scola 4 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
04 [i]scolas 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
05 [i]sp[e]cialista 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
267
06 [i]sp[e]cialização 7 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
07 [i]sp[e]cífica 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
08 [i]spera 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
09 [i]spontânea 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
10 [i]sposa 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
11 [i]stadual 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
12 [i]stagiária 3 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
13 [i]stagiário 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
14 [i]stagiários 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
15 [i]stilos 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
16 [i]strelas 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
17 [i]xame 12 Início de palavra
18 [i]xcursão 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
19 [i]xp[e]riência 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
20 m[i]lhor 4 Consoante nasal precedente
21 m[i]nina 3 Vogal alta tônica
22 m[i]nino 3 Vogal alta tônica
23 p[i]quena 2
24 p[i]quenas 1
25 p[i]queno 2
26 p[i]rdida 1 Vogal alta tônica
27 p[i]rigoso 1 Vogal alta imediatamente seguinte
28 p[i]rua 2 Vogal alta tônica
29 p[i]ruas 1 Vogal alta tônica
30 p[i]rueiros 1 Vogal alta imediatamente seguinte
31 s[i]rviço 1 Vogal alta tônica
32 t[i]atro 4 Formação de ditongo
33 v[i]sícula 1 Vogal alta tônica
TOTAL 70
268
Vogal média fechada posterior
Palavras Ocorrências Observação
01 abarr[o]tado 1
02 ad[o]lescente 1
03 c[o]brança 2
04 c[o]branças 1
05 c[o]légio 1
06 c[o]meço 1
07 c[o]peração 2
08 div[o]rciado 1
09 f[o]noaudiólogo 2
10 fon[o]audiólogo 2
11 f[o]rmada 1
12 g[o]stoso 1
13 imp[o]rtante 6
14 inf[o]rmação 1
15 insup[o]rtável 1
16 j[o]rnal 1
17 l[o]tação 2
18 l[o]tado 2
19 m[o]bilidade 1
20 m[o]delo 1
21 m[o]mento 2
22 m[o]mentos 1
23 m[o]rdomia 1
24 mord[o]mia 1
25 m[o]steiro 1
26 m[o]torista 2
27 mot[o]rista 2
28 m[o]tricidade 1
29 mai[o]ria 2
30 n[o]rmal 1
31 nam[o]rada 1
32 nam[o]rado 3
33 neur[o]logista 1
34 neurol[o]gista 1
35 [o]bjetivo 1
36 [o]brigação 1
37 [o]pção 4
38 [o]pções 1
39 [o]pinião 1
40 [o]portunidade 3
41 op[o]rtunidade 3
42 [o]ral 1
43 [o]rário 1
44 [o]rientação 2
45 [o]riginal 1
46 [o]rizonte 3
269
47 [o]rrível 2
48 [o]rtodontia 1
49 ort[o]dontia 1
50 [o]spitais 1
51 [o]spital 7
52 [o]torrino 3
53 ot[o]rrino 3
54 p[o]pulação 2
55 p[o]pular 1
56 pr[o]blema 4
57 pr[o]fessora 1
58 pr[o]fessores 2
59 pr[o]fissão 3
60 pr[o]fissionais 2
61 pr[o]fissional 3
62 pr[o]grama 1
63 pr[o]posta 1
64 pr[o]tegido 1
65 pre[o]cupação 1
66 pre[o]cupada 1
67 pre[o]cupado 1
68 pre[o]cupados 1
69 r[o]teiro 1
70 tr[o]cador 1
71 vi[o]lento 2
TOTAL 120
Vogal média aberta posterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01
c[ç]légio
1 Vogal média aberta tônica
02
c[ç]média
1 Vogal média aberta tônica
03
dec[ç]reba
4 Vogal média aberta tônica
04
inf[ç]rmação
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
05
is[ç]lada
1 Vogal baixa tônica
06
is[ç]ladas
1 Vogal baixa tônica
07
j[ç]rnal
1 Vogal baixa tônica
08
[ç]ral
1 Vogal baixa tônica
09
[ç]spital
1 Vogal baixa tônica
10
[ç]tel
6 Vogal média aberta tônica
11
pr[ç]jeto
3 Vogal média aberta tônica
12
pr[
ç]sódia
4 Vogal média aberta tônica
TOTAL 25
270
Vogal alta posterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01 b[u]nito 1 Vogal alta tônica
02 c[u]meço 1 Consoante velar precedente
03 c[u]mida 3 Vogal alta tônica
04 d[u]mingo 7 Vogal alta tônica
05 m[u]eda 2 Formação de ditongo
06 m[u]tivo 1 Vogal alta tônica
07 p[u]lícia 1 Vogal alta tônica
08 p[u]licial 1 Vogal alta imediatamente seguinte
09 pess[u]al 5 Formação de ditongo
TOTAL 22
Produção de vogais anteriores em posição pretônica
Informante 3: PVMC ocorrências %
[e] 221 74,2
[E]
7 2,3
[i] 70 23,5
TOTAL 298
100%
Produção de vogais posteriores em posição pretônica
Informante 3: PVMC ocorrências %
[o] 120 71,9
[ç]
25 15,0
[u] 22 13,1
TOTAL 167
100%
271
Informante 4: RPAR
Vogal média fechada anterior
Palavras Ocorrências Observação
01 a[e]roporto 1
02 ab[e]rtura 1
03 am[e]drontada 1
04 aniv[e]rsário 1
05 apr[e]sentação 1
06 apr[e]sentações 2
07 ch[e]gada 1
08 co[e]lho 1
09 col[e]sterol 1
10 colest[e]rol 1
11 conh[e]cimento 3
12 conh[e]cimentos 1
13 corr[e]spondência 3
14 d[e]cepcionada 1
15 dec[e]pcionada 1
16 d[e]lícia 2
17 d[e]missão 3
18 d[e]mitida 1
19 d[e]mitidas 1
20 d[e]mora 1
21 d[i]s[i]pr[e]gada 2
22 d[i]s[i]pr[e]gada 4
23 d[i]s[i]pr[e]gado 3
24 dif[e]rença 5
25 dif[e]renciada 1
26 dif[e]rente 7
27 dif[e]rentes 2
28 div[e]rsidade 1
29 [e]ducação 5
30 [e]ducativo 1
31 [e]létrica 2
32 [e]rrada 1
33 [e]rrado 1
34 [e]ventos 3
35 [e]voluída 2
36 [e]xcelente 1
37 exc[e]lente 1
38 [e]xecutivo 1
39 ex[e]cutivo 1
40 [e]xemplo 1
41 [i]str[e]ssante 1
42 [i]xp[e]ctativa 1
43 [i]xp[e]riência 3
44 [i]xp[e]riências 1
45 f[e]chada 1
272
46 f[e]deral 5
47 fed[e]ral 5
48 f[e]liz 1
49 fid[e]lidade 3
50 fr[e]qüência 1
51 g[e]ografia 2
52 g[e]ral 1
53 im[e]diato 1
54 ind[e]pendente 1
55 int[e]ressante 9
56 inter[e]ssante 9
57 int[e]rior 11
58 J[e]sus 3
59 l[e]gal 2
60 lib[e]rdade 1
61 m[e]díocre 1
62 m[e]lhor 3
63 m[e]lhoria 1
64 m[e]mória 1
65 m[e]rcantil 1
66 m[e]tade 1
67 mat[e]mática 4
68 n[e]cessidade 1
69 nec[e]ssidade 1
70 n[e]gativo 1
71 n[e]gócio 2
72 obj[e]tivo 5
73 p[e]daços 1
74 p[e]rcentual 1
75 p[e]rdão 1
76 p[e]rdoado 2
77 p[e]rgunta 5
78 p[e]ssoa 2
79 p[e]ssoal 2
80 p[e]ssoas 7
81 pal[e]strante 1
82 pr[e]dileta 1
83 pr[e]feito 1
84 pr[e]ocupação 1
85 pr[e]ocupada 3
86 pr[e]ocupado 1
87 pr[e]paração 1
88 pr[e]sente 1
89 pr[e]tensão 1
90 prof[e]ssora 3
91 prof[e]ssores 2
92 prot[e]stante 1
93 qu[e]stão 2
273
94 r[e]centes 1
95 R[e]jane 1
96 r[e]lação 3
97 r[e]lacionamento 1
98 r[e]ligião 6
99 r[e]ligiões 1
100 r[e]speito 1
101 r[e]torno 1
102 r[e]volução 1
103 s[e]ção 2
104 s[e]gura 1
105 s[e]gurança 1
106 s[e]manas 1
107 s[e]paração 2
108 s[e]parados 1
109 s[e]ringa 1
110 s[e]tor 4
111 s[e]xual 1
112 sinc[e]ridade 2
113 soci[e]dade 1
114 suc[e]ssão 1
115 sup[e]rior 5
116 t[e]lefone 2
117 tel[e]fone 2
118 t[e]rríveis 1
119 transf[e]rência 2
120 v[e]rdade 3
121 v[e]rdadeiro 3
122 v[e]rmelho 1
123 v[e]stibular 2
TOTAL 252
Vogal média aberta anterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01
r[E]lação
2 Vogal baixa imediatamente seguinte
TOTAL 2
274
Vogal alta anterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01 d[i]sempr[e]gada 4 Prefixo des-
02 des[i]mpr[e]gada 4 Formação de vogal nasal
03 d[i]sempr[e]gado 3 Prefixo des-
04 des[i]mpr[e]gado 3 Formação de vogal nasal
05 d[i]sempr[e]go 1 Prefixo des-
06 des[i]mpr[e]go 1 Formação de vogal nasal
07 [i]norme 1 Início de palavra
08 [i]scola 4 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
09 [i]scolha 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
10 [i]scrita 3 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
11 [i]scritora 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
12 [i]spera 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
13 [i]spirro 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
14 [i]spontâneo 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
15 [i]squina 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
16 [i]stadual 4 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
17 [i]stágio 6 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
18 [i]strada 4 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
19 [i]str[e]ssante 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
20 [i]studo 5 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
21 [i]studos 5 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
22 [i]xclusiva 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
23 [i]xclusividade 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
24 [i]xp[e]ctativa 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
25 [i]xp[e]riência 3 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
26 [i]xp[e]riências 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
27 [i]xploração 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
275
28 [i]xtensão 3 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
29 m[i]dida 1 Vogal alta tônica
30 m[i]nina 5 Vogal alta tônica
31 m[i]ninas 2 Vogal alta tônica
32 m[i]nino 9 Vogal alta tônica
33 m[i]ninos 1 Vogal alta tônica
34 p[i]rua 2 Vogal alta tônica
35 p[i]ruas 1 Vogal alta tônica
36 pr[i]guiça 1 Vogal alta tônica
37 s[i]gura 1 Vogal alta tônica
38 s[i]guro 1 Vogal alta tônica
39 s[i]rviço 2 Vogal alta tônica
TOTAL 93
Vogal média fechada posterior
Palavras Ocorrências Observação
01 aer[o]porto 1
02 apav[o]rada 1
03 c[o]brança 1
04 c[o]branças 1
05 c[o]légio 1
06 c[o]lesterol 1
07 c[o]rrespondência 3
08 ch[o]colate 1
09 choc[o]late 1
10 ev[o]luída 2
11 f[o]rmação 1
12 fil[o]sofia 1
13 filos[o]fia 1
14 ge[o]grafia 2
15 [i]xpl[o]ração 1
16 imp[o]rtância 1
17 imp[o]rtante 5
18 lit[o]ral 3
19 m[o]mento 1
20 m[o]nografia 1
21 mon[o]grafia 1
22 m[o]radia 1
23 m[o]vimentado 1
24 min[o]ria 1
25 nam[o]rada 1
26 [o]bjetivo 5
27 [o]pção 1
28 [o]portunidade 2
29 op[o]rtunidade 2
30 [o]posto 1
276
31 [o]ração 3
32 [o]ral 4
33 [o]rário 2
34 [o]rgulho 1
35 [o]rizonte 16
36 [o]rlando 4
37
[o]rr[ç]rosa
3
38 [o]rrível 5
39 p[o]lêmica 1
40 p[o]lêmico 1
41 p[o]lêmicos 1
42 p[o]rtão 1
43 p[o]rtuguês 3
44 p[o]sitivo 1
45 perd[o]ado 2
46 pr[o]blema 2
47 pr[o]fessora 3
48 pr[o]fessores 2
49 pr[o]grama 1
50 pr[o]ibido 1
51 pr[o]porção 2
52 prop[o]rção 2
53 pr[o]posta 1
54 pr[o]testante 1
55 pre[o]cupação 1
56 pre[o]cupada 3
57 pre[o]cupado 1
58 pró-reit[o]ria 1
59 psic[o]logia 3
60 psicol[o]gia 3
61 reit[o]ria 1
62 rev[o]lução 1
63 s[o]ciedade 1
64 s[o]nolenta 1
65 son[o]lenta 1
66 v[o]lumes 1
67 vi[o]lência 6
TOTAL 133
277
Vogal média aberta posterior
Palavras Ocorrências Fatores favoreceores
01
bibli[ç]teca
2 Vogal média aberta tônica
02
c[ç]lega
2 Vogal média aberta tônica
03
c[ç]légio
7 Vogal média aberta tônica
04
n[ç]rdeste
3 Vogal média aberta tônica
05
orr[ç]rosa
2 Vogal média aberta tônica
TOTAL 16
Vogal alta posterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01 b[u]nito 1 Vogal alta tônica
02 c[u]elho 1 Formação de ditongo
03 c[u]mida 2 Vogal alta tônica
04 g[u]verno 1 Consoante velar precedente
05 p[u]lítica 2 Vogal alta tônica
06 p[u]ssível 2 Vogal alta tônica
07 pess[u]al 2 Formação de ditongo
08 s[u]brinhas 2 Vogal alta tônica
09 s[u]brinho 3 Vogal alta tônica
10 s[u]brinhos 1 Vogal alta tônica
11 s[u]taque 1
TOTAL 18
Produção de vogais anteriores em posição pretônica
Informante 4: RPAR ocorrências %
[e] 252 72,6
[E]
2 0,6
[i] 93 26,8
TOTAL 347
100%
Produção de vogais posteriores em posição pretônica
Informante 4: RPAR ocorrências %
[o] 133 79,6
[ç]
16 9,6
[u] 18 10,8
TOTAL 167
100%
278
Informante 5: MAGL
Vogal média fechada anterior
Palavras Ocorrências Observação
01 aborr[e]cida 1
02 ac[e]ssíveis 1
03 adol[e]scente 1
04 Af[e]ganistão 1
05 agr[e]gação 1
06 al[e]atória 1
07 am[e]ricano 2
08 apr[e]sentadora 1
09 B[e]rnardo 1
10 client[e]lismo 1
11 com[e]tidos 1
12 comp[e]tente 1
13 compr[e]ensão 1
14 conh[e]cido 1
15 conh[e]cimento 1
16 cons[e]qüências 1
17 corr[e]ção 1
18 corr[e]ções 1
19 corr[e]tor 1
20 corr[e]tores 1
21 d[e]cisivos 1
22 d[e]ficiências 1
23 d[e]ficientes 1
24 d[e]manda 1
25 d[e]terminado 2
26 det[e]rminado 2
27 d[e]voção 3
28 d[i]s[i]mpr[e]gado 2
29 dif[e]rença 4
30 dif[e]renças 1
31 dif[e]rente 6
32 dif[e]rentes 5
33 dir[e]ção 2
34 diss[e]rtações 2
35 div[e]rgências 2
36 [e]ducação 3
37 [e]leições 1
38 [e]mocionais 1
39 [e]rrada 1
40 [e]rrado 1
41 [e]ssenciais 1
42 [e]terna 5
43 [e]vangelho 1
44 [e]xcelente 4
45 exc[e]lente 4
279
46 [e]xemplo 34
47 [i]sp[e]cial 2
48 [i]sp[e]táculo 1
49 [i]sp[e]táculos 1
50 [i]xp[e]ctativas 1
51 [i]xp[e]riência 2
52 entr[e]tenimento 2
53 entret[e]nimento 2
54 fal[e]cidas 1
55 f[e]chada 1
56 f[e]chado 1
57 f[e]chados 1
58 f[e]riado 1
59 fid[e]lidade 10
60 g[e]ográficas 1
61 g[e]ográfico 1
62 g[e]ral 1
63 id[e]al 1
64 impr[e]vistos 1
65 inco[e]rente 1
66 int[e]ressante 9
67 inter[e]ssante 9
68 int[e]resse 1
69 inv[e]stimento 1
70 J[e]sus 19
71 lib[e]rdade 2
72 lit[e]ratura 1
73 m[e]lhor 1
74 m[e]rcado 12
75 m[e]strado 17
76 m[e]todologia 1
77 m[e]trô 10
78 m[e]trópoles 1
79 mal-[e]ducados 1
80 n[e]cessidades 1
81 nec[e]ssidades 1
82 n[e]gativa 2
83 obj[e]tivo 4
84 obj[e]tivos 3
85 p[e]rcepção 1
86 perc[e]pção 1
87 p[e]rcurso 1
88 p[e]rdida 1
89 p[e]rdidas 1
90 p[e]rfeccionismo 1
91 perf[e]ccionismo 1
92 p[e]rfeita 1
93 p[e]rfeitas 1
280
94 p[e]rfeito 1
95 p[e]rfeitos 1
96 p[e]rigosos 1
97 p[e]ríodo 2
98 p[e]ríodos 1
99 p[e]rmanência 1
100 p[e]rseverança 4
101 pers[e]verança 4
102 persev[e]rança 4
103 p[e]rsonagem 1
104 p[e]rspectiva 3
105 persp[e]ctiva 3
106 p[e]rspectivas 2
107 persp[e]ctivas 2
108 p[e]squisa 3
109 p[e]squisas 1
110 p[e]ssoa 27
111 p[e]ssoal 2
112 p[e]ssoas 14
113 poss[e]ssão 2
114 pr[e]diletos 2
115 pr[e]judicial 1
116 pr[e]ocupado 1
117 pr[e]servação 2
118 pres[e]rvação 2
119 pr[e]ssão 1
120 prof[e]ssor 5
121 prof[e]ssores 1
122 prom[e]tido 1
123 prot[e]stante 5
124 prot[e]stantes 2
125 qu[e]stão 39
126 qu[e]stões 2
127 r[e]dação 1
128 r[e]dações 1
129 r[e]flexões 1
130 refl[e]xões 1
131 r[e]giões 1
132 r[e]gistrado 1
133 r[e]lação 22
134 r[e]lacionamento 12
135 r[e]lacionamentos 3
136 r[e]lações 4
137 r[e]lato 2
138 r[e]ligião 2
139 r[e]ligiãos 1
140 r[e]ligiosa 9
141 r[e]ligiosas 2
281
142 r[e]ligioso 1
143 R[e]nato 1
144 r[e]portagem 1
145 r[e]presentação 1
146 repr[e]sentação 1
147 r[e]presentante 1
148 repr[e]sentante 1
149 r[e]speito 3
150 r[e]ssurreição 2
151 r[e]strito 1
152 r[e]sultado 1
153 r[e]sumo 1
154 r[e]velação 1
155 rev[e]lação 1
156 s[e]gmentos 1
157 s[e]gurança 1
158 s[e]mana 1
159 s[e]paração 2
160 s[e]paradas 1
161 s[e]rvido 1
162 s[e]tores 1
163 soci[e]dade 8
164 t[e]óricas 1
165 univ[e]rsidade 2
166 univ[e]rsidades 2
167 univ[e]rsitário 2
168 v[e]racidade 1
169 v[e]rdade 4
170 v[e]rmelha 1
171 v[e]stibular 3
172 v[e]stibulares 2
173 v[e]terinário 1
174 vet[e]rinário 1
TOTAL 508
282
Vogal média aberta anterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01
ab[E]rração
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
02
diss[E]rtação
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
Travamento silábico por /R/
03
diss[E]rtações
3 Vogal baixa imediatamente seguinte
Travamento silábico por /R/
04
m[E]rcado
2 Vogal baixa tônica
Travamento silábico por /R/
05
m[E]rcadológico
2 Vogal baixa imediatamente seguinte
Travamento silábico por /R/
06
m[E]rcadológicos
2 Vogal baixa imediatamente seguinte
Travamento silábico por /R/
07
r[E]lação
2 Vogal baixa imediatamente seguinte
08
univ[
E]rsidade
2 Vogal baixa tônica
Travamento silábico por /R/
TOTAL 15
Vogal alta anterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01 d[i]scoberta 1 Prefixo des-
02 d[i]sempr[e]gado 2 Prefixo des-
03 des[i]mpr[e]gado 2 Formação de vogal nasal
04 [i]norme 5 Início de palavra
05 [i]scada 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
06 [i]scadas 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
07 [i]scola 7 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
08 [i]scolas 4 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
09 [i]scrita 4 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
10 [i]scritas 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
11 [i]sp[e]cial 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
12 [i]sp[e]táculo 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
13 [i]sp[e]táculos 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
14 [i]sposas 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
15 [i]stações 4 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
16 [i]stados 4 Início de palavra
283
Travamento silábico por /S/
17 [i]stados Unidos 4 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
18 [i]stadual 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
19 [i]stilo 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
20 [i]stômago 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
21 [i]stratégico 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
22 [i]strutural 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
23 [i]studo 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
24 [i]xclusividade 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
25 [i]xclusivista 4 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
26 [i]xp[e]ctativas 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
27 [i]xp[e]riência 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
28 [i]xpansão 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
29 [i]xplícita 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
30 [i]xposição 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
31 [i]xpressa 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
32 [i]xtremo 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
33 m[i]dida 2 Vogal alta tônica
34 m[i]ninos 1 Vogal alta tônica
35 p[i]quenas 2
36 p[i]quenos 1
37
s[i]m[E]stre
1
38 t[i]atrais 2 Formação de ditongo
39 t[i]atro 1 Formação de ditongo
TOTAL 78
284
Vogal média fechada posterior
Palavras Ocorrências Observação
01 ab[o]rdagem 1
02 ab[o]rrecida 1
03 ad[o]lescente 1
04 adv[o]gado 2
05 am[o]rosa 1
06 am[o]roso 3
07 antr[o]pologia 1
08 antrop[o]logia 1
09 antropol[o]gia 1
10 apaix[o]nado 1
11 aut[o]ridade 2
12 c[o]légio 1
13 c[o]metidos 1
14 c[o]ral 5
15 c[o]rporação 1
16 corp[o]ração 1
17 c[o]rreção 1
18 c[o]rreções 1
19 c[o]rretor 1
20 c[o]rretores 1
21 c[o]rrupto 2
22 dist[o]rcida 2
23 d[o]cumentação 1
24 d[o]mínio 1
25 dev[o]ção 3
26 eld[o]rado 1
27 em[o]cionais 1
28 f[o]nético 1
29 f[o]rense 1
30 f[o]rmação 4
31 f[o]rmada 1
32 f[o]rmado 2
33 f[o]rmandos 1
34 ge[o]gráficas 1
35 ge[o]gráfico 1
36 harm[o]nização 1
37 [i]nt[o]nação 2
38 [i]xp[o]sição 1
39 inc[o]erente 1
40 j[o]rnal 3
41 j[o]rnalistas 1
42 l[o]cal 1
43 m[o]mento 1
44 m[o]nopólio 1
45 mon[o]pólio 1
46 mercad[o]lógico 2
285
47 mercad[o]lógicos 2
48 met[o]dologia 1
49 metod[o]logia 1
50 metodol[o]gia 1
51 n[o]tícia 1
52 n[o]vela 1
53 [o]bjetivo 4
54 [o]bjetivos 3
55 [o]bjeto 3
56 [o]brigatória 1
57 [o]cidental 2
58 [o]pinião 5
59 [o]portunidade 1
60 op[o]rtunidade 1
61 [o]portunidades 2
62 op[o]rtunidades 2
63 [o]ptativas 1
64 [o]rário 1
65 [o]rganização 2
66 [o]rganizado 2
67 [o]riente 3
68 [o]rizonte 12
69 [o]rizontes 3
70 p[o]laridade 1
71 p[o]ligamia 1
72 p[o]pular 2
73 p[o]rtuguês 1
74 p[o]sicionamento 1
75 p[o]sitivos 1
76 p[o]ssessão 2
77 p[o]ssibilidade 2
78 p[o]ssibilidades 1
79 p[o]stura 1
80 pr[o]fessor 5
81 pr[o]fessores 1
82 pr[o]fissão 3
83 pr[o]fissionais 2
84 pr[o]fissional 3
85 pr[o]fissões 3
86 pr[o]metido 1
87 pr[o]moção 1
88 prom[o]ção 1
89 pr[o]posta 1
90 pr[o]testante 5
91 pr[o]testantes 2
92 pre[o]cupado 1
93 R[o]berto 3
94 r[o]lante 2
286
95 r[o]lantes 1
96 r[o]mance 1
97 rep[o]rtagem 1
98 s[o]ciais 1
99 s[o]cial 7
100 s[o]ciedade 8
101 s[o]ciologia 1
102 sociol[o]gia 1
103 s[o]ciólogos 1
104 s[o]frimento 1
105 s[o]lução 3
106 senh[o]rio 1
107 transf[o]rmação 1
108 vi[o]lência 9
TOTAL 205
Vogal média aberta posterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01
c[ç]légio
1 Vogal média aberta tônica
02
c[ç]légios
1 Vogal média aberta tônica
03
n[ç]rdeste
3 Vogal média aberta tônica
04
pr[ç]jeto
2 Vogal média aberta tônica
05
pr[ç]posta
1 Vogal média aberta tônica
TOTAL 8
Vogal alta posterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01 c[u]meço 1 Consoante velar precedente
02 c[u]mida 4 Vogal alta tônica
03 c[u]rrupto 3 Vogal alta tônica
04 desc[u]berta 1 Consoante velar precedente
05 g[u]verno 5 Consoante velar precedente
06 m[u]tivo 1 Vogal alta tônica
07 p[u]lícia 3 Vogal alta tônica
08 p[u]lícias 1 Vogal alta tônica
09 p[u]lítica 1 Vogal alta tônica
10 p[u]lítico 6 Vogal alta tônica
11 pess[u]al 2 Formação de ditongo
12 raz[u]ável 1 Formação de ditongo
TOTAL 29
287
Produção de vogais anteriores em posição pretônica
Informante 5: MAGL ocorrências %
[e] 508 84,5
[E]
15 2,5
[i] 78 13,0
TOTAL 601
100%
Produção de vogais posteriores em posição pretônica
Informante 5: MAGL ocorrências %
[o] 205 84,7
[ç]
8 3,3
[u] 29 12,0
TOTAL 242
100%
288
Informante 6: HRP
Vogal média fechada anterior
Palavras Ocorrências Observação
01 adol[e]scência 1
02 adol[e]scente 1
03 adol[e]scentes 1
04 af[e]tiva 4
05 af[e]tivo 2
06 af[e]tuoso 2
07 alt[e]rnativa 1
08 ant[e]rior 1
09 atr[e]vido 2
10 auto-conh[e]cimento 1
11 b[e]rinjela 3
12 c[e]nário 1
13 c[e]rteza 2
14 c[e]rtificado 1
15 caract[e]rística 1
16 caract[e]rísticas 1
17 cat[e]goria 1
18 comp[e]titivo 1
19 conc[e]pção 1
20 conc[e]pções 1
21 conh[e]cimento 2
22 cons[e]qüências 3
23 consid[e]rável 1
24 cont[e]údos 2
25 corr[e]dores 1
26 d[e]cisão 1
27 d[e]manda 1
28 d[e]pósitos 1
29 d[e]s[i]nvolvimento 1
30 d[e]sejo 2
31 d[e]senho 1
32 d[e]strutivo 1
33 d[e]talhe 1
34 d[e]terminada 1
35 det[e]rminada 1
36 d[e]terminadas 3
37 det[e]rminadas 3
38 d[e]terminado 2
39 det[e]rminado 2
40 d[e]terminados 6
41 det[e]rminados 6
42 d[e]trimento 1
43 d[i]s[i]mpr[e]gado 1
44 dif[e]rença 2
45 dif[e]renças 3
289
46 dif[e]rente 6
47 dif[e]rentes 2
48 dir[e]ção 1
49 div[e]rsidade 2
50 [e]ducação 10
51 [e]ducacional 1
52 [e]ducadora 1
53 [e]ducativo 1
54 [e]feito 1
55 [e]feitos 1
56 [e]lemento 1
57 el[e]mento 1
58 [e]lementos 1
59 el[e]mentos 1
60 [e]moções 1
61 [e]quilíbrio 1
62 [e]vangélica 2
63 [e]volutivos 1
64 [e]xemplo 5
65 [e]xercícios 1
66 ex[e]rcícios 1
67 [e]xigente 2
68 [e]xistência 1
69 fid[e]lidade 2
70 g[e]ral 4
71 g[e]renciamento 2
72 hi[e]rarquia 1
73 [i]sp[e]ciais 1
74 [i]sp[e]cífico 1
75 [i]st[e]r[i]ótipo 1
76 [i]str[e]ssado 1
77 [i]xt[e]rmínio 1
78 im[e]rsão 2
79 int[e]lecto 1
80 int[e]ligente 1
81 int[e]ressado 1
82 inter[e]ssado 1
83 int[e]ressados 1
84 inter[e]ssados 1
85 int[e]ressante 7
86 inter[e]ssante 7
87 int[e]ressantes 1
88 inter[e]ssantes 1
89 int[e]resse 3
90 introsp[e]cção 1
91 irr[e]gularidades 1
92 l[e]vado 1
93 lib[e]rdade 2
290
94 lit[e]ratura 2
95 m[e]dida 1
96 m[e]lhor 2
97 m[e]lhores 1
98 m[e]lodia 1
99 m[e]lodias 1
100 m[e]lódica 1
101 m[e]mória 1
102 m[e]nosprezo 1
103 m[e]rcado 2
104 m[e]strado 9
105 mal-[e]ducados 1
106 n[e]cessitados 1
107 nec[e]ssitados 1
108 n[e]gação 1
109 n[e]gativa 2
110 obs[e]rvação 1
111 obs[e]rvador 1
112 opr[e]ssão 1
113 opr[e]ssora 1
114 p[e]quenas 1
115 p[e]queno 1
116 p[e]rcepções 1
117 perc[e]pções 1
118 p[e]rcurso 1
119 p[e]rgunta 2
120 p[e]ríodo 1
121 p[e]rmanente 1
122 p[e]rsonalidade 2
123 p[e]rspectiva 1
124 persp[e]ctiva 1
125 p[e]rspectivas 3
126 persp[e]ctivas 3
127 p[e]rueiros 3
128 p[e]squisa 1
129 p[e]ssoa 5
130 p[e]ssoal 2
131 p[e]ssoas 10
132 pr[e]feitura 2
133 pr[e]ocupação 1
134 pr[e]ocupações 1
135 pr[e]ocupado 1
136 pr[e]sença 3
137 praz[e]roso 1
138 pr[e]feridos 1
139 pref[e]ridos 1
140 privil[e]giados 1
141 pro[e]ficiência 1
291
142 prof[e]ssor 3
143 prof[e]ssora 1
144 prof[e]ssores 5
145 prot[e]gida 1
146 qu[e]stão 3
147 qu[e]stões 5
148 r[e]al 1
149 r[e]ceptor 1
150 rec[e]ptor 1
151 r[e]cuperação 1
152 recup[e]ração 1
153 r[e]flexão 1
154 refl[e]xão 1
155 r[e]flexões 1
156 refl[e]xões 1
157 r[e]gional 1
158 r[e]gistro 2
159 r[e]lação 6
160 r[e]lacionamento 1
161 r[e]lações 2
162 r[e]ligião 5
163 r[e]ligioso 1
164 r[e]nome 1
165 r[e]sistência 1
166 r[e]solvido 1
167 r[e]speito 4
168 r[e]sponsáveis 1
169 r[e]sponsável 1
170 r[e]sposta 1
171 r[e]staurante 1
172 r[e]strito 1
173 r[e]sultados 1
174 s[e]cretaria 1
175 secr[e]taria 1
176 s[e]gurança 1
177 s[e]mana 1
178 s[e]melhante 1
179 sem[e]lhante 1
180 s[e]melhantes 1
181 sem[e]lhantes 1
182 s[e]rviço 1
183 sug[e]stão 1
184 supl[e]mento 2
185 t[e]legrama 2
186 tel[e]grama 2
187 t[e]levisão 1
188 tel[e]visão 1
189 univ[e]rsidade 1
292
190 univ[e]rsitária 1
191 v[e]ículo 1
192 v[e]rdade 6
193 v[e]stibular 1
TOTAL 340
Vogal média aberta anterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01
div[E]rsidade
1 Vogal baixa tônica
Travamento silábico por /R/
02
hi[E]rarquia
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
03
inter-r[
E]lacional
1 Travamento silábico por /R/
Vogal baixa imediatamente seguinte
04
interr[E]lação
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
05
lit[E]ratura
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
06
lit[E]raturas
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
07
r[E]alidade
2 Vogal baixa imediatamente seguinte
08
r[E]lação
2 Vogal baixa imediatamente seguinte
09
r[E]lacionamentos
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
10
t[E]cnologias
1
TOTAL 12
Vogal alta anterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01 d[i]safios 2 Vogal alta tônica
02 d[i]sconfiado 1 Prefixo des-
03 d[i]sembarque 1 Prefixo des-
04 des[i]mbarque 1 Formação de vogal nasal
05 d[i]sempr[e]gado 1 Prefixo des-
06 des[i]mpr[e]gado 1 Formação de vogal nasal
07 [i]scalada 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
08 [i]scoamento 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
09 [i]scola 18 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
10 [i]scolas 5 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
11 [i]scolha 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
12 [i]scolhas 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
13 [i]scrita 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
293
14 [i]scritor 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
15 [i]scritores 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
16 [i]sforço 4 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
17 [i]sp[e]ciais 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
18 [i]spaço 4 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
19 [i]spaços 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
20 [i]spécie 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
21 [i]sp[e]cífico 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
22 [i]spírita 8 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
23 [i]spíritas 3 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
24 [i]spiritualização 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
25 [i]spreita 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
26 [i]st[e]r[i]ótipo 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
27 [i]stada 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
28 [i]stado 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
29 [i]stadual 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
30 [i]stágio 3 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
31 [i]stimulados 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
32 [i]str[e]ssado 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
33 [i]strangeira 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
34 [i]strito 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
35 [i]struturais 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
36 [i]studo 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
37 [i]studos 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
38 [i]xclusão 1 Início de palavra
294
Travamento silábico por /S/
39 [i]xplicação 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
40 [i]xposição 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
41 [i]xpositores 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
42 [i]xt[e]rmínio 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
43 [i]xterior 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
44 [i]xtraordinárias 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
45 m[i]ninos 1 Vogal alta tônica
46 p[i]dido 1 Vogal alta tônica
47 p[i]rueiros 2 Vogal alta imediatamente seguinte
48 s[i]mestre 2
49 t[i]atro 3 Formação de ditongo
TOTAL 94
Vogal média fechada posterior
Palavras Ocorrências Observação
01 ab[o]rdagem 3
02 ad[o]lescência 1
03 ad[o]lescente 1
04 ad[o]lescentes 1
05 am[o]rosos 1
06 ap[o]stilas 2
07 apr[o]ximação 1
08 arb[o]rização 1
09 aut[u]-bi[o]grafia 1
10 bi[o]lógica 2
11 bi[o]lógicos 1
12 c[o]brança 1
13 c[o]gnição 3
14 c[o]gnitivos 1
15 c[o]lapso 1
16 c[o]legas 1
17 c[o]légio 4
18 c[o]mandante 1
19 c[o]mércio 1
20 c[o]municação 4
21 c[o]municativa 1
22 c[o]rdial 2
23 c[o]roamento 1
24 cor[o]amento 1
25 c[o]rredores 1
295
26 categ[o]ria 1
27 comp[o]rtamento 1
28 comp[o]rtamentos 1
29 disp[o]nível 1
30 disp[o]sição 2
31 em[o]ções 1
32 entr[o]samento 1
33 ev[o]lutivos 1
34 f[o]rmação 12
35 f[o]rmadas 1
36 gal[o]pante 1
37 gl[o]balização 1
38 harm[o]nização 1
39 [i]sc[o]amento 1
40 [i]xp[o]sição 1
41 [i]xp[o]sitores 1
42 [i]xtra[o]rdinárias 1
43 imp[o]rtância 1
44 imp[o]rtante 3
45 imp[o]rtantes 2
46 inf[o]rmal 3
47 intr[o]specção 1
48 l[o]cal 5
49 m[o]dalidades 1
50 m[o]delo 1
51 m[o]delos 2
52 m[o]dernista 2
53 m[o]derno 1
54 m[o]mento 6
55 mel[o]dia 1
56 mel[o]dias 1
57 men[o]sprezo 1
58 [o]bservação 1
59 [o]bservador 1
60 [o]ficial 1
61 [o]pção 1
62 [o]portunidade 1
63 op[o]rtunidade 1
64 [o]posta 1
65 [o]pressão 1
66 [o]pressora 1
67 [o]rário 7
68 [o]rganização 1
69 [o]rientações 1
70 [o]riental 2
71 [o]rizonte 4
72 [o]spitaleiro 1
73 p[o]breza 1
296
74 p[o]pulação 2
75 p[o]puloso 1
76 p[o]rtuguês 4
77 p[o]rtuguesa 2
78 p[o]sição 1
79 p[o]sitiva 1
80 p[o]ssibilidade 2
81 p[o]ssibilidades 3
82 p[o]tencial 1
83 p[o]tencialidades 2
84 pers[o]nalidade 2
85 pr[o]blema 3
86 pr[o]blemas 5
87 pr[o]cesso 2
88 pr[o]eficiência 1
89 pr[o]fessor 3
90 pr[o]fessora 1
91 pr[o]fessores 5
92 pr[o]fissional 3
93 pr[o]funda 3
94 pr[o]fundos 1
95 pr[o]grama 1
96 pr[o]jeto 1
97 pr[o]moção 1
98 prom[o]ção 1
99 pr[o]posta 2
100 pr[o]tegida 1
101 pre[o]cupação 1
102 pre[o]cupações 1
103 pre[o]cupado 1
104 r[o]tatividade 1
105 r[o]tineiro 1
106 s[o]lução 1
107 sint[o]nia 2
108 super-l[o]tado 1
109 super-l[o]tados 2
110 tecn[o]logias 1
111 tecnol[o]gias 1
112 v[o]calista 1
113 vi[o]lão 5
114 vi[o]lência 2
TOTAL 200
297
Vogal média aberta posterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01
bi[ç]lógicos
1 Vogal média aberta tônica
02
bibli[ç]teca
1 Vogal média aberta tônica
03
bur[ç]cráticos
1 Vogal baixa tônica
04
c[ç]légio
5 Vogal média aberta tônica
05
[ç]ral
1 Vogal baixa tônica
06
[ç]ralidade
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
07
pr[ç]cesso
8 Vogal média aberta tônica
08
pr[ç]cessos
2 Vogal média aberta tônica
09
pr[ç]jeto
1 Vogal média aberta tônica
10
pr[
ç]jetos
2 Vogal média aberta tônica
11
pr[ç]posta
1 Vogal média aberta tônica
TOTAL 24
Vogal alta posterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01 p[u]liciamento 3 Vogal alta imediatamente seguinte
02 p[u]líticas 1 Vogal alta tônica
03 pess[u]al 2 Formação de ditongo
TOTAL 6
Produção de vogais anteriores em posição pretônica
Informante 6: HRP ocorrências %
[e] 340 76,2
[E]
12 2,7
[i] 94 21,1
TOTAL 446
100%
Produção de vogais posteriores em posição pretônica
Informante 6: HRP ocorrências %
[o] 200 87,0
[ç]
24 10,4
[u] 6 2,6
TOTAL 230
100%
298
Informante 7: RSC
Vogal média fechada anterior
Palavras Ocorrências Observação
01 acad[e]mia 1
02 ad[e]quados 1
03 adol[e]scência 1
04 adol[e]scente 1
05 agr[e]ssividade 2
06 agr[e]ssor 1
07 alt[e]rnativa 1
08 am[e]ricano 1
09 am[e]ricanos 2
10 anglo-am[e]ricano 1
11 apr[e]sentações 1
12 b[e]rinjela 1
13 c[e]noura 1
14 c[e]rteza 4
15 caract[e]rística 1
16 conh[e]cimento 2
17 d[e]cepcionado 1
18 dec[e]pcionado 1
19 d[e]feito 1
20 d[e]mitido 1
21 d[e]sejos 1
22 d[e]tetive 1
23 det[e]tive 1
24 dif[e]rença 1
25 dif[e]rente 5
26 dif[e]rentes 1
27 div[e]rtido 1
28 [e]conômica 1
29 [e]ducação 1
30 [e]letrizantes 1
31 el[e]trizantes 1
32 [e]moção 1
33 [e]nergia 1
34 en[e]rgia 1
35 entr[e]tenimento 1
36 entret[e]nimento 1
37 [e]struturais 1
38 [e]tária 1
39 [e]xcelente 1
40 exc[e]lente 1
41 [e]xemplo 24
42 [e]xigente 2
43 [e]xótica 1
44 [e]xperimental 2
45 exp[e]rimental 2
299
46 f[e]licidade 3
47 f[e]liz 2
48 g[e]ral 3
49 [i]nv[e]rgonhado 1
50 [i]sp[e]cífica 1
51 [i]sp[e]cífico 2
52 [i]sp[e]táculo 2
53 [i]st[e]r[i]ótipo 1
54 [i]xp[e]ctativa 3
55 [i]xp[e]riência 1
56 [i]xt[e]rior 2
57 id[e]alismo 1
58 int[e]lectual 2
59 intel[e]ctual 2
60 int[e]ligente 1
61 int[e]ligentes 1
62 int[e]ração 1
63 int[e]ressante 12
64 inter[e]ssante 12
65 int[e]ressantes 2
66 inter[e]ssantes 2
67 int[e]resse 1
68 int[e]rior 1
69 int[e]rvalo 1
70 int[e]rvalos 1
71 l[e]galizado 2
72 lit[e]rário 2
73 lit[e]ratura 2
74 m[e]diocrização 1
75 m[e]ditação 1
76 m[e]lhor 1
77 m[e]strado 2
78 m[e]trô 2
79 mist[e]rioso 1
80 n[e]gativo 1
81 n[e]gativos 1
82 ob[e]diência 1
83 p[e]cado 4
84 p[e]rgunta 3
85 p[e]riferia 1
86 perif[e]ria 1
87 p[e]rigosa 1
88 p[e]ríodo 1
89 p[e]sado 1
90 p[e]ssoa 26
91 p[e]ssoal 8
92 p[e]ssoas 9
93 pr[e]ferência 3
300
94 pref[e]rência 3
95 pr[e]ferências 1
96 pref[e]rências 1
97 pr[e]judicial 1
98 pr[e]ocupação 1
99 pr[e]ocupado 1
100 privil[e]giada 1
101 prof[e]ssor 4
102 prof[e]ssora 3
103 prof[e]ssores 2
104 prot[e]stantes 2
105 qu[e]stão 1
106 r[e]cepção 1
107 rec[e]pção 1
108 r[e]gião 2
109 r[e]lação 1
110 r[e]lacionamento 1
111 r[e]ligião 12
112 r[e]ligiões 6
113 r[e]speito 1
114 r[e]strição 1
115 s[e]gredo 1
116 s[e]gurança 3
117 s[e]guro 1
118 s[e]mana 1
119 s[e]rviço 3
120
s[e]v[E]ra
1
121 s[e]veridade 1
122 sev[e]ridade 1
123 soci[e]dade 2
124 sup[e]rior 3
125 superm[e]rcado 3
126 t[e]levisão 3
127 tel[e]visão 3
128 t[e]oria 1
129 t[e]rrível 1
130 temp[e]ramento 3
131 ub[e]raba 1
132 v[e]getal 1
133 veg[e]tal 1
134 v[e]locidade 2
135 v[e]rdade 4
136 v[e]rdura 1
137 v[e]stibular 3
TOTAL 308
301
Vogal média aberta anterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01
congr[E]gação
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
02
hot[E]laria
3 Vogal baixa imediatamente seguinte
03
lit[E]ratura
2 Vogal baixa imediatamente seguinte
04
m[E]rcado
1 Vogal baixa tônica
Travamento silábico por /R/
05
r[E]al
3 Vogal baixa tônica
06
r[E]alista
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
07
r[
E]lação
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
08
r[
E]lacionamentos
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
09
s[E]vera
2 Vogal média aberta tônica
10
s[E]vero
1 Vogal média aberta tônica
11
v[E]rdade
4 Vogal baixa tônica
Travamento silábico por /R/
TOTAL 20
Vogal alta anterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01 fut[i]bol 1
02 [i]scala 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
03 [i]scola 11 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
04 [i]scolas 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
05 [i]scolha 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
06 [i]scrita 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
07
[i]scuros
1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
08 [i]sp[e]cífica 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
09 [i]sp[e]cífico 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
10 [i]sp[e]táculo 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
11 [i]spírito Santo 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
12 [i]sporte 3 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
13 [i]sportes 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
14 [i]sposo 1 Início de palavra
302
Travamento silábico por /S/
15 [i]st[e]r[i]ótipo 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
16 [i]stado 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
17 [i]stados Unidos 5 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
18 [i]stadual 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
19 [i]strangeiro 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
20 [i]strangeiros 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
21 [i]stranho 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
22 [i]xp[e]ctativa 3 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
23 [i]xp[e]riência 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
24 [i]xp[e]rimental 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
25 [i]xt[e]rior 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
26 m[i]ninas 1 Vogal alta tônica
27 p[i]quena 3
28 p[i]rigo 1 Vogal alta tônica
29 p[i]rua 3 Vogal alta tônica
30 s[i]mestre 1
31 t[i]atro 2 Formação de ditongo
32 t[i]atros 1 Formação de ditongo
TOTAL 61
Vogal média fechada posterior
Palavras Ocorrências Observação
01 ad[o]lescência 1
02 ad[o]lescente 1
03 am[o]ral 1
04 am[o]rosa 1
05 an[o]malia 1
06 ass[o]ciação 1
07 c[o]loquial 1
08 col[o]quial 1
09 c[o]meço 1
10 c[o]mércio 1
11 c[o]missão 1
12 c[o]municação 2
13 cat[o]licismo 2
303
14 ch[o]cante 1
15 comp[o]rtado 1
16 compr[o]misso 1
17 d[o]minante 1
18 ec[o]nômica 1
19 f[o]rmação 1
20 f[o]rmada 1
21 f[o]rtaleza 1
22 g[o]rdura 1
23 g[o]rjeta 2
24 g[o]verno 1
25 imp[o]rtância 4
26 imp[o]rtante 3
27 in[o]cente 1
28 inc[o]modado 1
29 incom[o]dado 1
30 inf[o]rmativa 1
31 j[o]rnais 1
32 l[o]tação 1
33 m[o]mento 2
34 m[o]ral 1
35 m[o]ralismo 1
36 m[o]tivação 1
37 m[o]tivo 1
38 m[o]tivos 1
39 m[o]vimentado 1
40 m[o]vimento 1
41 mai[o]ria 1
42 min[o]ria 1
43 nam[o]rada 1
44 nam[o]rado 1
45 [o]bediência 1
46 [o]brigatória 1
47 [o]pção 1
48 [o]pções 1
49 [o]portunidade 1
50 op[o]rtunidade 1
51 [o]rário 1
52 [o]riente 1
53 [o]rizonte 3
54 p[o]éticas 1
55 p[o]rtugal 5
56 p[o]rtuguês 10
57 p[o]rtuguesa 1
58 p[o]sitiva 1
59 pr[o]blema 4
60 pr[o]blemas 5
61 pr[o]curado 1
304
62 pr[o]fessor 4
63 pr[o]fessora 3
64 pr[o]fessores 2
65 pr[o]funda 1
66 pr[o]grama 1
67 pr[o]gresso 1
68 pr[o]teção 1
69 pr[o]testantes 2
70 pr[o]veitoso 1
71 pr[o]ximidade 1
72 pre[o]cupação 1
73 pre[o]cupado 1
74 psic[o]lógico 1
75 psic[o]pata 2
76 s[o]brinhas 1
77 s[o]brinhos 1
78 s[o]brinhos-netos 1
79 s[o]cial 3
80 s[o]ciedade 2
81 vel[o]cidade 2
82 vi[o]lento 2
TOTAL 126
Vogal média aberta posterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01
c[ç]légio
1 Vogal média aberta tônica
02
inf[
ç]rmações
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
03
inf[ç]rmado
1 Vogal baixa tônica
04
is[ç]lamento
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
05
[ç]rário
1 Vogal baixa tônica
06
[
ç]téis
3 Vogal média aberta tônica
07
[ç]tel
3 Vogal média aberta tônica
08
[
ç]telaria
3 Vogal baixa imediatamente seguinte
TOTAL 14
Vogal alta posterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01 b[u]nitos 2 Vogal alta tônica
02 c[u]stume 1 Vogal alta tônica
03 d[u]ença 1 Formação de ditongo
04 m[u]tivações 1 Vogal alta imediatemente seguinte
05 m[u]tivo 3 Vogal alta tônica
06 m[u]tivos 1 Vogal alta tônica
305
07 p[u]lícia 1 Vogal alta tônica
08 pess[u]al 8 Formação de ditongo
TOTAL 18
Produção de vogais anteriores em posição pretônica
Informante 7: RSC ocorrências %
[e] 308 79,2
[E]
20 5,2
[i] 61 15,6
TOTAL 389
100%
Produção de vogais posteriores em posição pretônica
Informante 7: RSC ocorrências %
[o] 126 79,7
[ç]
14 8,9
[u] 18 11,4
TOTAL 158
100%
306
Informante 8: HSQ
Vogal média fechada anterior
Palavras Ocorrências Observação
01 a[e]róbico 1
02 a[e]roporto 1
03 adv[e]rsidade 1
04 adv[e]rsidades 1
05 alt[e]rnativo 2
06 ap[e]rfeiçoamento 1
07 apr[e]sentações 1
08 arr[e]cadação 1
09 c[e]noura 1
10 conh[e]cimento 6
11 cons[e]qüência 1
12 d[e]bates 1
13 d[e]fasado 1
14 d[e]licada 1
15 d[e]nominador 1
16 d[e]pressão 1
17 depr[e]ssão 1
18 d[e]terminadas 1
19 det[e]rminadas 1
20 d[e]terminado 1
21 det[e]rminado 1
22 d[e]terminados 2
23 det[e]rminados 2
24 d[e]trimento 1
25 dif[e]rença 4
26 dif[e]rente 2
27 dif[e]rentes 2
28 d[i]sint[e]resse 1
29 dial[e]tais 1
30 dir[e]cionado 1
31 [e]conomia 1
32 [e]conômica 1
33 [e]cumênico 2
34 [e]ducação 2
35 [e]mocional 1
36 [e]ventos 1
37 [e]xcelência 2
38 exc[e]lência 2
39 [e]xcelente 2
40 exc[e]lente 2
41 [e]xcelentes 1
42 exc[e]lentes 1
43 [e]xemplo 6
44 [e]xistência 1
45 [e]xorbitante 1
307
46 f[e]deral 1
47 fed[e]ral 1
48 f[e]liz 2
49 fid[e]lidade 3
50 g[e]nial 1
51 g[e]nocídios 1
52 [i]sp[e]cialista 1
53 [i]sp[e]cialização 1
54 [i]sp[e]cífica 1
55 [i]sp[e]cificidades 1
56 [i]sp[e]cífico 2
57 [i]xp[e]riência 2
58 [i]xp[e]riências 1
59 id[e]al 1
60 impr[e]ssionado 1
61 impr[e]ssionantes 1
62 ins[e]gurança 2
63 int[e]gral 1
64 int[e]ração 1
65 int[e]ressada 1
66 inter[e]ssada 1
67 int[e]ressado 1
68 inter[e]ssado 1
69 int[e]ressante 7
70 inter[e]ssante 7
71 int[e]resse 1
72 int[e]resses 2
73 inv[e]stimento 1
74 inv[e]stimentos 1
75 l[e]gal 2
76 l[e]gumes 2
77 lit[e]raturas 1
78 m[e]lhor 3
79 m[e]lhores 1
80 m[e]nor 2
81 m[e]rcado 2
82 m[e]strado 3
83 n[e]cessidade 6
84 nec[e]ssidade 6
85 n[e]gativos 1
86 n[e]gócio 1
87 op[e]rador 1
88 p[e]dagógico 1
89 p[e]riféricas 1
90 p[e]ríodo 3
91 p[e]rsonagem 3
92 p[e]rsonagens 1
93 p[e]rueiro 1
308
94 p[e]rueiros 1
95 p[e]squisa 7
96 p[e]squisas 1
97 p[e]ssoa 6
98 p[e]ssoais 1
99 p[e]ssoas 20
100 parc[e]rias 1
101 pod[e]rosas 1
102 pr[e]feitura 1
103 pr[e]judicial 1
104 pr[e]parados 1
105 pr[e]ssão 1
106 probl[e]mático 1
107 prof[e]ssor 1
108 qu[e]stão 18
109 qu[e]stões 14
110 r[e]alidade 1
111 r[e]conhecimento 1
112 reconh[e]cimento 1
113 r[e]ferencial 1
114 ref[e]rencial 1
115 r[e]flexo 2
116 r[e]gião 6
117 r[e]giões 2
118 r[e]lação 9
119 r[e]lacionamento 1
120 r[e]lacionamentos 1
121 r[e]lações 2
122 r[e]ligião 9
123 r[e]ligiões 4
124 r[e]ligiosas 1
125 r[e]petência 1
126 rep[e]tência 1
127 r[e]solvidos 1
128 r[e]speito 4
129 r[e]spiração 1
130 r[e]staurantes 1
131 s[e]gurança 1
132 s[e]lecionado 1
133 sel[e]cionado 1
134 s[e]mana 1
135 s[e]qüência 1
136 s[e]tor 1
137 s[e]xuais 1
138 s[e]xual 1
139 soci[e]dade 4
140 soci[e]dades 1
141 sup[e]rior 1
309
142 t[e]levisões 1
143 tel[e]visões 1
144 tol[e]rância 1
145 univ[e]rsidade 3
146 v[e]locidade 1
147 v[e]locidades 1
148 v[e]rdade 2
149 v[e]rduras 1
150 v[e]rgonha 3
151 v[e]stibular 2
TOTAL 315
Vogal média aberta anterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01
lit[E]ratura
5 Vogal baixa imediatamente seguinte
02
lit[E]raturas
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
03
r[E]alidade
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
04
r[E]lação
4 Vogal baixa imediatamente seguinte
05
v[E]rdade
2 Vogal baixa tônica
Travamento silábico por /R/
TOTAL 13
Vogal alta anterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01 ap[i]tite 1 Vogal alta tônica
02 d[i]sconfiado 2 Prefixo des-
03 d[i]scrente 1 Prefixo des-
04 d[i]sempenho 1 Prefixo des-
05 des[i]mpenho 1 Formação de vogal nasal
06 d[i]sempregado 1 Prefixo des-
07 des[i]mpregado 1 Formação de vogal nasal
08 d[i]sespero 2 Prefixo des-
09 des[i]spero 2 Formação de vogal nasal
10 d[i]sint[e]resse 1 Prefixo des-
11 [i]norme 1 Início de palavra
12 [i]normes 2 Início de palavra
13 [i]scola 6 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
14 [i]scolas 7 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
15 [i]scolha 3 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
16 [i]scolhas 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
310
17 [i]scura 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
18 [i]sp[e]cialista 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
19 [i]sp[e]cialização 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
20 [i]sp[e]cífica 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
21 [i]sp[e]cificidades 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
22 [i]sp[e]cífico 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
23 [i]spaço 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
24 [i]spada 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
25 [i]spinafre 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
26 [i]spírito santo 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
27 [i]spiritualidade 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
28 [i]stados unidos 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
29 [i]stagiário 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
30 [i]stilos 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
31 [i]strangeiro 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
32 [i]strangeiros 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
33 [i]strutura 3 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
34 [i]struturação 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
35 [i]studante 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
36 [i]studos 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
37 [i]xp[e]riência 2 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
38 [i]xp[e]riências 1 Início de palavra
Travamento silábico por /S/
39 m[i]dida 2 Vogal alta tônica
40 m[i]didas 1 Vogal alta tônica
41 p[i]quena 1
42 p[i]queno 1
43 p[i]ruas 1 Vogal alta tônica
311
44 p[i]rueiros 4 Vogal alta imediatamente seguinte
45 p[i]squisa 2 Vogal alta tônica
Travamento silábico por /S/
46 s[i]gurança 7 Vogal alta imediatamente seguinte
47 s[i]guro 2 Vogal alta tônica
48 s[i]rviço 2 Vogal alta tônica
49 s[i]rviços 1 Vogal alta tônica
50 t[i]atro 6 Formação de ditongo
TOTAL 89
Vogal média fechada posterior
Palavras Ocorrências Observação
01 aer[o]porto 1
02 am[o]rosa 1
03 c[o]mando 1
04 den[o]minador 1
05 dout[o]rado 3
06 ec[o]nomia 1
07 econ[o]mia 1
08 ec[o]nômica 1
09 ex[o]rbitante 1
10 f[o]nética 4
11 f[o]rmação 3
12 fil[o]sofia 2
13 filos[o]fia 2
14 fil[o]sófico 1
15 g[o]rdura 2
16 g[o]verno 1
17 gen[o]cídios 1
18 imp[o]rtância 6
19 imp[o]rtante 3
20 imp[o]rtantes 1
21 inf[o]rmação 1
22 inf[o]rmações 2
23 j[o]guetes 2
24 j[o]rnada 1
25 j[o]rnal 1
26 lab[o]ratório 4
27 l[o]tadas 1
28 m[o]ral 1
29 mai[o]ria 1
30 n[o]ção 1
31 [o]perador 1
32 [o]pinião 4
33 [o]posições 1
34 op[o]sições 1
35 [o]rário 1
312
36 [o]rganismo 1
37 [o]riginal 1
38 [o]rizonte 6
39 [o]rrível 1
40 p[o]derosas 1
41 p[o]pulação 4
42 p[o]rtuguesa 2
43 p[o]sitivos 1
44 p[o]ssibilidades 1
45 p[o]stura 1
46 pers[o]nagem 3
47 pers[o]nagens 1
48 pr[o]blema 7
49 pr[o]blemas 12
50 pr[o]blemático 1
51 pr[o]fessor 1
52 pr[o]fissionais 3
53 pr[o]fissional 2
54 pr[o]funda 1
55 pr[o]fundo 1
56 pr[o]grama 1
57 pr[o]jeto 1
58 pr[o]jetos 2
59 pr[o]veitos 1
60 psic[o]lógico 3
61 r[o]dízio 1
62 s[o]ciais 1
63 s[o]cial 2
64 s[o]ciedade 4
65 s[o]ciedades 1
66 s[o]frimento 2
67 s[o]frimentos 2
68 s[o]lidário 2
69 s[o]nora 2
70 t[o]lerância 1
71 vel[o]cidade 1
72 vel[o]cidades 1
73 vi[o]lência 2
TOTAL 141
313
Vogal média aberta posterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01
c[ç]légio
3 Vogal média aberta tônica
02
f[ç]rmação
1 Vogal baixa imediatamente seguinte
03
f[ç]rmada
2 Vogal baixa tônica
04
pr[ç]jeto
3 Vogal média aberta tônica
05
pr[ç]jetos
1 Vogal média aberta tônica
06
pr[ç]specto
1 Vogal média aberta tônica
TOTAL 11
Vogal alta posterior
Palavras Ocorrências Fatores favorecedores
01 b[u]nito 1 Vogal alta tônica
02 c[u]mida 3 Vogal alta tônica
03 d[u]mingo 1 Vogal alta tônica
04 m[u]starda 1 Consoante labial precedente
05 m[u]tivo 1 Vogal alta tônica
06 m[u]tivos 1 Vogal alta tônica
07 p[u]lícia 1 Vogal alta tônica
08 pess[u]ais 1 Formação de ditongo
09 p[u]ssível 1 Vogal alta tônica
10 t[u]mate 2
TOTAL 13
Produção de vogais anteriores em posição pretônica
Informante 8: HSQ ocorrências %
[e] 315 75,5
[E]
13 3,1
[i] 89 21,4
TOTAL 417
100%
Produção de vogais posteriores em posição pretônica
Informante 8: HSQ ocorrências %
[o] 141 85,5
[ç]
11 6,6
[u] 13 7,9
TOTAL 165
100%
314
Produção total de vogais anteriores em posição pretônica
Vogais Ocorrências %
[e] 2601 77,8
[E]
105 3,2
[i] 636 19,0
TOTAL 3342
100%
Produção total de vogais posteriores em posição pretônica
Vogais Ocorrências %
[o] 1316 81,8
[ç]
126 7,8
[u] 167 10,4
TOTAL 1609
100%
315
APÊNDICE B - Corpus Alves (1999): Distribuição das vogais médias em posição
pretônica
Informantes
Palavras 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10
01 ESFORÇOS e i e i i e e i e i
02 Políticos o o o u u o o
o
u u o
o
03 PREGUIÇOSOS
e ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç
e ç
e ç e ç e ç
e ç
04 Comemorativos o o o o o o o
o
o o o
o
05 Comemorativos e e e e e e e
e
e e e
e
06 Comemorativos o o o
ç
o o o
ç
o o
ç
ç
07 Eleição e e e e e e e
e
e e e
08 Policiais o o o o o o o
o
o o o
09 SOCORROS
o ç o ç o ç o ç o ç
o o
o ç
o o
o ç
ç ç
o ç
10 PESSOAS e o e o e o e o e o e o e o
e o
e o e o e o
11 Feridos e e e e e e e
e
e e e
12 Estendidos e e i e e e e
e
i i e
13 Alemanha e e e e e e e e e e
14 Exportação e i i e i i i i i i
15 Exportação o o o o o o o o o o
16 Espalhados e e i e e e i i i e
17 PETRÓLEO
e
ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç
e ç
e ç e ç e ç
18 Gasolina u u u o u u u
u
u u u
19 Estado i i i i i i i i i i
20 ESCOVAS i o i o
e ç
i o i o e o i o i o i o e o
21 Encontro e i i i i i i
i
i i i
22 Promovido o o o o o o o
o
o o o
23 Promovido o o o o o o o
o
o o o
24 Associação o o o o o o o
o
o o o
25 Esportiva i i i e i e e
e
i i i
316
26 Esportiva o o o o o o o
o
o o o
27 ESPOSAS i o i o e o i o i o i o e o
i o
i o i o e o
28 ESPOSOS i o i o e o i o i o i o
e ç
i o
i o i o i o
29 REQUEBROS
e E e E e E
e E
e E e E e E
E E
e E e E e E
30 REBOCOS e o e o e o e o e o e o e o e o e o e o
31 CROCHÊ o e o e o e o e o e o e o e o e o e o e
32 Legumes e e e e e e e e e e
33 GOSTOSOS
o ç o ç o ç o ç o ç o ç o ç o ç
ç ç
o ç
34 DORMINHOCOS
o ç o ç
o ç
o ç o ç o ç o ç o ç
ç
ç
o ç o ç o ç
35 Encontrados e e i e i i
i
i i i i
36 Jogados o o o o o o
o
u o
ç
o
37 ESPOSOS i o i o i o i o i o i o
e ç
i o
i ç
e o
38 Encontro i i i i i i i i i i
39 Festival e e e e e e
e
e e e e
40 Empregados e e i i i i e i i e
41 Empregados e e e e e e e e e e
42 Reconhecido e e e e e e e e e e
43 Reconhecido e e e e e e e e e e
44 Encontrados e e i
i
i e i e i i e
45 Destinadas e e
e
e e
e
e e e i e e
46 MELHOR
e
ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç
47 CEREBELO e e e e e e e e e e e e
e E
e e
e E
e e
48 CEREBELO e e e e e e e e e e e e
E E
e e
e
E
e e
49 Encéfalo e e i e e e e e e e
50 Cerebral e e e e e e e e e e
51 Cerebral e e e e e e e e e e
52 POSTERIOR o o o o o o o o o o o o o o o o o o o o
53 POSTERIOR e o e o e o e o e o e o e o e o e o e o
54 Formada
ç
o o o
ç
o o o o o
55 Ferimento e e e e e e e e e e
56 Resplandecente e e e e e e e e e e
57 Resplandecente e e e e e e e e e e
58 Domingo u o u o o o o o u o
59 Produção o o o o o o o o o o
60 Estragada i i i e e i e
i
i i i
61 Jogado o o o o o o u o o o
317
62 MELHOR
e ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç
63 Encontrado i e i i i
i
i i i i i
64 OBJETO
o E o E o E o E o E
o E
o E o E o E o E o E
65 Levados e e e e e e e e e e
66 CORPETE
o E
ç E
o e
ç E
o E
o e
o E
o e
ç E
o E
o E
o e
o e
o e
67 Engano i e i i i i
i
i
i
i i
i
i
Observações:
1. As palavras destacadas em caixa alta são as palavras que também possuem a vogal
média em posição tônica.
2. As duas vogais colocadas lado a lado indicam que a primeira corresponde à vogal
pretônica e a segunda corresponde à vogal tônica.
3. As representações fonéticas para as vogais médias na segunda e terceira linhas de cada
palavra indicam que o informante leu a mesma palavra mais de uma vez.
Informantes
Palavras 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
01 ESFORÇOS i i i e i i e e e i i
02 Políticos o o o
o
o
o
u u o o u o o
03 PREGUIÇOSOS
e
ç e ç e ç
e ç
e
ç
e ç
e
ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç
04 Comemorativos o o o
o
o
o
o o o o o o o
05 Comemorativos e e e
e
e
e
e e e e e e e
06 Comemorativos
ç
o o
o
ç
ç
ç ç ç
o o
ç ç
07 Eleição e e e
e
e
e
e e e e e e e
08 Policiais o o o o
o
o o o o o o o
09 SOCORROS
o ç o ç
ç ç
o ç
o o
o o
o ç
ç ç ç ç ç ç ç ç
o ç
o o
10 PESSOAS e o e o e o e o
e o
e o e o e o e o e o e o e o
318
11 Feridos e e e e
e
e e e e e e e
12 Estendidos i i e e
e
e e e e i e e
13 Alemanha e e e e e e e e e e e
14 Exportação i i
i
i i i i e e i i i
15 Exportação o o
ç
o
ç ç
o
ç
o o
ç
o
16 Espalhados i i
i
i e i i
e
e e e i e
17 PETRÓLEO
e ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç
18 Gasolina u u u u o u o u u o u
19 Estado i i e i e i e e i e i
20 ESCOVAS i o i o i o i o e o e o e o e o e o e o i o
21 Encontro i i i i e e e e i i
i
i
22 Promovido o o o o o o o o o o
o
o
23 Promovido o o o o o o o o o o
o
o
24 Associação o o o o o o
ç
o o o
o
o
25 Esportiva i i i i i e e e i e
e
i
26 Esportiva o o o o o o o o o o
o
o
27 ESPOSAS i o i o i o i o i o e o e o e o i o i o i o
28 ESPOSOS i o
i ç
i o i o i o e o
e ç
e o i o
e ç
e o
i o
29 REQUEBROS
e
E e E e E
E E
e E
E
E
e E
e
E e E e E e E e E
E E
30 REBOCOS e o e o e o
E ç
e o e o
e
ç
e o
e o e o e o e o
31 CROCHÊ o e
o e
o e o e o e o e o e o e o e o e o e o e
32 Legumes e e e e e e e e e e e
33 GOSTOSOS
o ç o ç o ç o ç o ç
ç ç
o ç
ç ç
o ç o ç
o o
34 DORMINHOCOS
o ç o ç
u o
o ç
o o
o ç o ç o ç o ç o ç o ç o ç
35 Encontrados i i
i
i i i i
e
i e
e
i i i
36 Jogados o o
o
o o
ç
o
o
ç ç
ç
o o o
37 ESPOSOS i o
i ç
i o e o
i o
i ç
i o e o
E ç
i o i o
e ç
i o
319
38 Encontro i i i i i i i e i i i
39 Festival e
e
e e
E
e e e e e e e
40 Empregados i i i i i e e e i
i
i i
41 Empregados e e e e e e e e e
e
e e
42 Reconhecido e e e e e e
E
e e
e
e e
43 Reconhecido e e e e e e e e e
e
e e
44 Encontrados i
e
i i i
e
i e e e i e i
45 Destinadas e e
e
e e e e e e e e e
46 MELHOR
e ç e ç e ç e ç e ç e ç
e ç
e ç e ç e ç e ç e ç
47 CEREBELO e e e e e e
e E
e e e e e e e e e e e e e e
e e
e e
48 CEREBELO e e e e e e
e E
e e e e e e e e e e e e e e
e e
e e
49 Encéfalo e i e e e e e e
e
e e i
i
i
50 Cerebral e e e e e e e e
e
e e e
e
51 Cerebral e e e e e e e e
e
e e e
e
52 POSTERIOR o o o o o o o o o o o o o o o o
o o
o o o o o o
o o
o o
53 POSTERIOR e o e o e o e o e o e o e o e o
e o
e o e o e o
e o
e o
54 Formada o
ç
o o o
ç
o
ç
o o o
ç
55 Ferimento e e e e e
e
e e e e e e
56 Resplandecente e e e e
e
e e
e
E
e e
e
e e
57 Resplandecente e e e e
e
e e
e
e e e
e
e e
58 Domingo o o u o
u
o o
o
o o o
o
o o
59 Produção o o o
ç
ç
o o o o o o o
60 Estragada i i i i e i e e i e e
320
61 Jogado o o o o o o o o o o o
62 MELHOR
e ç e ç e ç e ç
e ç
e ç e ç e ç e ç e ç e ç e ç
63 Encontrado i i
i
i
i
i i i e e i e i
64 OBJETO
o E o E
o E
o E
o E
o E o E o E o E o E o E o E o E
65 Levados
E
e
e
e e e e e e e e e
66 CORPETE o e o e o e
ç E ç E
ç
E
o E
ç E ç E
o E
o E
o E
ç E
67 Engano i i e i i
i
e
e
e e i
i
e i
Observações:
1. As palavras destacadas em caixa alta são as palavras que também possuem a vogal
média em posição tônica.
2. As duas vogais colocadas lado a lado indicam que a primeira corresponde à vogal
pretônica e a segunda corresponde à vogal tônica.
3. As representações fonéticas para as vogais médias na segunda e terceira linhas de cada
palavra indicam que o informante leu a mesma palavra mais de uma vez.
321
APÊNDICE C - Corpus Alves (1999): Distribuição das vogais médias em posição
pretônica
Vogal média fechada anterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01
pr[e]guiç[ç]sos
21
02 com[e]morativos 21
03 [e]leição 21
04 f[e]ridos 21
05 al[e]manha 21
06
p[e]tr[ç]leo
21
07 l[e]gumes 21
08 empr[e]gados 21
09 reconh[e]cido 21
10 c[e]reb[e]lo
c[e]reb[E]lo
18
3
11 c[e]rebral 21
12 cer[e]bral 21
13 post[e]ri[o]r 21
14 f[e]rimento 21
15 respland[e]cente 21
16 p[e]ssoas 21
17
m[e]lh[ç]r
21
322
Variação da vogal média anterior em posição pretônica
[e] Ocorrências
[E]
Ocorrências [i] Ocorrências
01
r[e]qu[E]bros
18
r[E]qu[E]bros
3
02 r[e]b[o]cos
r[e]b[ç]cos
19
1
r[E]b[ç]cos
1
03 f[e]stival 20
f[E]stival
1
04 r[e]conhecido 20
r[
E]conhecido
1
05 cer[e]b[e]lo
cer[e]b[E]lo
18
2
cer[
E]b[E]lo
3
06 r[e]splandecente 20
r[E]splandecente
1
07 l[e]vados 20
l[E]vados
1
08 [e]sp[o]sos
[e]sp[
ç]sos
3
2
[
E]sp[ç]sos
1 [i]sp[o]sos
[i]sp[
ç]sos
13
2
09
[e]nc[E]falo
18
[i]nc[E]falo
3
10
[e]sf[
ç]rços
9
[i]sf[
ç]rços
12
11 [e]stendidos 15 [i]stendidos 6
12 [e]xportação 4 [i]xportação 17
13 [e]spalhados 11 [i]spalhados 10
14 [e]stado 5 [i]stado 16
15 [e]sc[o]vas
[e]sc[ç]vas
8
1
[i]sc[o]vas 12
16 [e]ncontro 5 [i]ncontro 16
17 [e]sportiva 7 [i]sportiva 14
18 [e]sp[o]sas 6 [i]sp[o]sas 15
19 [e]sp[o]sos
[e]sp[ç]sos
3
3
[i]sp[o]sos
[i]sp[ç]sos
14
1
20 [e]ncontro 1 [i]ncontro 20
21 [e]mpregados 7 [i]mpregados 14
22 [e]ncontrados 4 [i]ncontrados 17
23 d[e]stinadas 20 d[i]stinadas 1
24 [e]stragada 8 [i]stragada 13
25 [e]ncontrado 4 [i]ncontrado 17
26 [e]ngano 6 [i]ngano 15
27 [e]ncontrados 9 [i]ncontrados 12
323
Vogal média fechada posterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01 c[o]memorativos 21
02 p[o]liciais 21
03 pr[o]movido 21
04 prom[o]vido 21
05 esp[o]rtiva 21
06 cr[o]ch[e] 21
07 p[o]steri[o]r 21
08
[o]bj[E]to
21
Variação da vogal média posterior em posição pretônica
[o] Ocorrências
[ç]
Ocorrên
cias
[u] Ocorrên
cias
01 comem[o]rativos 12
comem[ç]rativos
9
02
s[o]c[ç]rros
s[o]c[o]rros
13
2
s[ç]c[ç]rros
6
03
c[o]rp[E]te
c[o]rp[e]te
6
7
c[ç]rp[E]te
8
04 exp[o]rtação 17
exp[ç]rtação
4
05 ass[o]ciação 20
ass[ç]ciação
1
06
g[o]st[ç]sos
g[o]st[o]sos
17
1
g[ç]st[ç]sos
3
07 f[o]rmada 16
f[ç]rmada
5
08 pr[o]dução 20
pr[
ç]dução
1
09 j[o]gados 16
j[
ç]gados
4 j[u]gados 1
10
d[o]rminh[ç]cos
20
d[u]rminh[ç]cos
1
11 p[o]líticos 14 p[u]líticos 7
12 gas[o]lina 4 gas[u]lina 17
13 d[o]mingo 17 d[u]mingo 4
14 j[o]gado 20 j[u]gado 1
324
APÊNDICE D - Corpus fala espontânea
Informante 1: AAAJ
Vogal média fechada anterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01 [e]dição 04
02 [e]ditoração 01
03 [e]ditorial 02
04 [e]laboração 01
05 [e]vangelho 02
06 [e]ventos 01
07 [e]vidência 01
08 [e]xemplo 02
09 ac[e]ssoria 01
10 ap[e]rfeiçoamento 01
11 apr[e]sentação 02
12 b[e]leza 03
13 c[e]rteza 01
14 compl[e]mentar 01
15 compl[e]mentares 01
16 cons[e]lheiro 01
17 cord[e]nador 01
18 d[e]putado 01
19 d[e]senvolvimento 01
20 d[e]talhes 01
21 des[e]nvolvimento 01
22 dig[e]rível 01
23 empr[e]gado 02
24 empr[e]gatício 02
25 ench[e]ção 01
26 entr[e]vista 02
27 esp[e]cialização 01
28 esp[e]cializado 01
29 exp[e]riência 01
30 f[e]deral 01
31 fed[e]ral 01
32 g[e]rada 01
33 g[e]rente 01
34 impr[e]ssora 01
35 int[e]ligente 01
36 int[e]ressante 01
37 int[e]rnet 03
38 inter[e]ssante 01
39 l[e]gal 01
40
m[e]lh[ç]r
02
41 m[e]retriz 01
42 mat[e]rial 01
325
43 mer[e]triz 01
44 n[e]gócio 02
45 obj[e]tivo 01
46 p[e]rguntas 01
47 p[e]riódico 01
48 p[e]squisa 01
49 p[e]ssoa 02
50 p[e]ssoas 01
51 pr[e]parado 01
52 proc[e]dimento 01
53 qu[e]stão 01
54 r[e]donda 01
55 r[e]ferência 01
56 r[e]ferências 01
57 r[e]gistrado 01
58 r[e]latório 03
59 r[e]publicano 01
60 r[e]spostas 01
61 r[e]sumo 02
62 r[e]visão 01
63 r[e]visor 01
64 r[e]vista 01
65 ref[e]rência 01
66 ref[e]rências 01
67 s[e]nadora 01
68 s[e]rviço 01
69 s[e]tor 01
70 soci[e]dade 01
71 t[e]cnológico 02
72 t[e]lefone 02
73 t[e]stemunha 01
74 t[e]stemunho 05
75 tel[e]fone 02
76 test[e]munha 01
77 test[e]munho 05
78 univ[e]rsal 01
79 univ[e]rsitária 01
80 v[e]rsão 02
TOTAL 112
326
Vogal média aberta anterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01
diss[E]rtação
01
TOTAL 01
Vogal alta anterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01 [i]mpr[e]gado 02
02 [i]mpregatício 02
03 [i]mpresa 01
04 [i]ncheção 01
05 [i]nsino 03
06 [i]ntrevista 02
07 [i]specialização 01
08 [i]specializado 01
09 [i]squema 02
10 [i]stágio 01
11 [i]stranho 01
12 [i]xperiência 01
13 [i]xtensão 01
14 [i]xterna 01
15 d[i]slocamento 01
16 p[i]quena 01
17 s[i]gundo 02
TOTAL 24
Vogal média fechada posterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01 [o]bj[e]tivo 01
02 [o]brigado 01
03 [o]corrência 01
04 [o]cupado 01
05 [o]milia 03
06 [o]ração 01
07 [o]rário 01
08 acess[o]ria 01
09 ap[o]stila 01
10 aperfeiç[o]amento 01
11 aut[o]mático 02
12 bibli[o]gráfica 07
13 bibli[o]gráficas 01
14 c[o]missão 03
15 c[o]missões 01
16 c[o]munista 02
327
17 c[o]nexão 01
18 c[o]ração 01
19 c[o]rdenador 01
20 cl[o]dovil 02
21 clod[o]vil 02
22 compr[o]vação 01
23 consult[o]ria 03
24 d[o]cumentação 01
25 desl[o]camento 01
26 dout[o]rado 03
27 edit[o]ração 01
28 edit[o]rial 02
29 elab[o]ração 01
30 f[o]lheto 01
31 f[o]rmação 01
32 f[o]rmações 01
33 h[o]spital 01
34 h[o]spitalar 01
35 inf[o]rmação 01
36 inf[o]rmações 01
37 inf[o]rmática 01
38 j[o]rnal 03
39 m[o]mento 01
40 m[o]nografia 04
41 mon[o]grafia 04
42 monit[o]ria 01
43 n[o]rmal 01
44 n[o]vela 01
45 oc[o]rrência 01
46 p[o]rtátil 02
47 p[o]rtuguês 02
48 past[o]ral 04
49 pr[o]blema 01
50 pr[o]cedimento 01
51 pr[o]dução 13
52 pr[o]duções 01
53 pr[o]duto 02
54 pr[o]fissionais 01
55 pr[o]fissional 04
56 pr[o]jeto 04
57 pr[o]rrogação 01
58 prorr[o]gação 01
59 r[o]teiro 01
60 s[o]ciedade 01
61 tecn[o]lógico 02
TOTAL 113
328
Vogal média aberta posterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01
pr[ç]c[E]sso
01
TOTAL 01
Vogal alta posterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01 d[u]micílio 01
02 d[u]mingo 01
03 m[u]nitora 01
04 m[u]nitoria 01
05 p[u]líticos 01
TOTAL 05
Observação: Não houve ocorrência de variação.
Produção de vogais anteriores em posição pretônica
Informante 1: AAAJ ocorrências %
[e] 112 81,8
[E]
1 0,7
[i] 24 17,5
TOTAL 137
100%
Produção de vogais posteriores em posição pretônica
Informante 1: AAAJ ocorrências %
[o] 113 95,0
[ç]
1 0,8
[u] 5 4,2
TOTAL 119
100%
329
Informante 2: MMA
Vogal média fechada anterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01 [e]leitor 01
02 [e]xemplo 07
03 alt[e]rnativa 01
04 apar[e]lhada 01
05 apr[e]sentação 02
06 b[e]leza 02
07 bat[e]ria 02
08 carr[e]gador 02
09 con[e]ctado 01
10 coop[e]rativa 02
11 d[e]pilação 02
12 dif[e]rença 01
13 dif[e]rente 02
14 dif[e]rentes 02
15 empr[e]gatício 01
16 f[e]deral 03
17 f[e]rreira 01
18 fed[e]ral 03
19 id[e]al 01
20 im[e]diata 01
21 impr[e]ssora 02
22 int[e]ressante 02
23 inter[e]ssante 02
24 m[e]cânico 01
25
m[e]lh[ç]r
02
26 m[e]mória 01
27 m[e]tade 02
28 mat[e]rial 02
29 n[e]cessário 01
30 n[e]gócio 04
31 nec[e]ssário 01
32 obs[e]rvação 01
33 obs[e]rvações 01
34 p[e]daço 01
35 p[e]rgunta 02
36 p[e]rguntas 01
37 p[e]ríodo 01
38 p[e]rsonalizado 01
39 p[e]squisa 03
40 p[e]ssoa 04
41 p[e]ssoal 05
42 p[e]ssoas 02
43 pol[e]gadas 02
44 prof[e]ssor 02
330
45 prof[e]ssora 01
46 prof[e]ssores 04
47 r[e]donda 01
48 r[e]duzido 01
49 r[e]ferência 01
50 r[e]gião 01
51 r[e]stante 01
52 r[e]sultado 01
53 r[e]sultados 01
54 r[e]sumo 02
55 r[e]visão 02
56 ref[e]rência 01
57 s[e]mana 05
58 s[e]manas 03
59 soci[e]dade 01
60 t[e]lefone 01
61 t[e]levisão 01
62 t[e]oria 04
63 tel[e]fone 01
64 tel[e]visão 01
65 ub[e]rlândia 01
66 v[e]rdade 03
67 v[e]rsão 03
TOTAL 125
Vogal média aberta anterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01
univ[
E]rsidade
01
TOTAL 01
Vogal alta anterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01 [i]mpregatício 01
02 [i]spaço 03
03 [i]squema 01
04 [i]stado 02
05 [i]xcluídos 02
06 d[i]cidido 01
07 d[i]slocamento 01
08 m[i]ninas 01
09 p[i]quena 01
10 p[i]queno 01
11 pr[i]guiça 01
12 s[i]mestre 05
TOTAL 20
331
Vogal média fechada posterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01 [o]brigação 01
02 [o]brigada 01
03 [o]bservação 01
04 [o]bservações 01
05 [o]rientador 01
06 ap[o]stila 03
07 ap[o]stilas 01
08 ass[o]ciação 03
09 aut[o]mático 01
10 b[o]lota 02
11 bibli[o]grafia 02
12 bibli[o]gráfica 05
13 c[o]nectado 01
14 c[o]nexão 02
15 c[o]perativa 02
16 c[o]rreio 01
17 desl[o]camento 01
18 dout[o]rado 03
19 f[o]lheto 03
20 h[o]rror 01
21 imp[o]rtância 01
22 inf[o]rmação 04
23 inf[o]rmações 02
24 j[o]rnal 02
25 m[o]mento 02
26 m[o]nografia 03
27 m[o]vimento 01
28 mon[o]grafia 03
29 monit[o]ria 01
30 n[o]ção 01
31 n[o]tícia 04
32 n[o]tícias 01
33 p[o]legadas 02
34 p[o]rão 01
35 p[o]rtuguês 01
36 pers[o]nalizado 01
37 pr[o]blema 08
38 pr[o]fessor 02
39 pr[o]fessora 01
40 pr[o]fessores 04
41 pr[o]fissional 01
42 pr[o]grama 01
43
pr[o]j[
E]to
02
44 pr[o]rrogação 02
45 prorr[o]gação 02
46 s[o]ciedade 01
332
47 t[o]mada 02
48 te[o]ria 04
TOTAL 96
Vogal média aberta posterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01
[ç]rário
01
02
n[ç]rmal
01
03
pr[ç]c[E]sso
01
04
pr[ç]postas
01
TOTAL 04
Vogal alta posterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01 b[u]nitas 01
02 c[u]mida 04
03 d[u]mingo 03
04 m[u]nitora 01
05 m[u]nitoria 01
06 p[u]lítica 02
TOTAL 12
Observação: Não houve ocorrência de variação.
Produção de vogais anteriores em posição pretônica
Informante 1: MMA ocorrências %
[e] 125 85,6
[E]
1 0,7
[i] 20 13,7
TOTAL 146
100%
Produção de vogais posteriores em posição pretônica
Informante 1: MMA ocorrências %
[o] 96 85,7
[ç]
4 3,6
[u] 12 10,7
TOTAL 112
100%
333
Produção total de vogais anteriores em posição pretônica
Vogais Ocorrências %
[e] 237 83,7
[E]
2 0,7
[i] 44 15,6
TOTAL 283
100%
Produção total de vogais posteriores em posição pretônica
Vogais Ocorrências %
[o] 209 90,5
[ç]
5 2,2
[u] 17 7,3
TOTAL 231
100%
334
APÊNDICE E - Corpus fala espontânea: Variação interindividual
Vogal média fechada anterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01 [e]dição 04
02 [e]ditoração 01
03 [e]ditorial 02
04 [e]laboração 01
05 [e]leitor 01
06 [e]vangelho 02
07 [e]ventos 01
08 [e]vidência 01
09 [e]xemplo 09
10 ac[e]ssoria 01
11 alt[e]rnativa 01
12 ap[e]rfeiçoamento 01
13 apar[e]lhada 01
14 apr[e]sentação 04
15 b[e]leza 05
16 bat[e]ria 02
17 c[e]rteza 01
18 carr[e]gador 02
19 compl[e]mentar 01
20 compl[e]mentares 01
21 con[e]ctado 01
22 cons[e]lheiro 01
23 coop[e]rativa 02
24 cord[e]nador 01
25 d[e]pilação 02
26 d[e]putado 01
27 d[e]senvolvimento 01
28 d[e]talhes 01
29 des[e]nvolvimento 01
30 dif[e]rença 01
31 dif[e]rente 02
32 dif[e]rentes 02
33 dig[e]rível 01
34 empr[e]gado 02
35 empr[e]gatício 03
36 ench[e]ção 01
37 entr[e]vista 02
38 esp[e]cialização 01
39 esp[e]cializado 01
40 exp[e]riência 01
41 f[e]deral 04
42 f[e]rreira 01
43 fed[e]ral 04
44 g[e]rada 01
45 g[e]rente 01
335
46 id[e]al 01
47 im[e]diata 01
48 impr[e]ssora 03
49 int[e]ligente 01
50 int[e]ressante 03
51 int[e]rnet 03
52 inter[e]ssante 03
53 l[e]gal 01
54 m[e]cânico 01
55
m[e]lh[ç]r
04
56 m[e]mória 01
57 m[e]retriz 01
58 m[e]tade 02
59 mat[e]rial 03
60 mer[e]triz 01
61 n[e]cessário 01
62 n[e]gócio 06
63 nec[e]ssário 01
64 obj[e]tivo 01
65 obs[e]rvação 01
66 obs[e]rvações 01
67 p[e]daço 01
68 p[e]rgunta 02
69 p[e]rguntas 02
70 p[e]riódico 01
71 p[e]ríodo 01
72 p[e]rsonalizado 01
73 p[e]squisa 04
74 p[e]ssoa 06
75 p[e]ssoal 05
76 p[e]ssoas 03
77 pol[e]gadas 02
78 pr[e]parado 01
79 proc[e]dimento 01
80 prof[e]ssor 02
81 prof[e]ssora 01
82 prof[e]ssores 04
83 qu[e]stão 01
84 r[e]donda 02
85 r[e]duzido 01
86 r[e]ferência 02
87 r[e]ferências 01
88 r[e]gião 01
89 r[e]gistrado 01
90 r[e]latório 03
91 r[e]publicano 01
92 r[e]spostas 01
93 r[e]stante 01
336
94 r[e]sultado 01
95 r[e]sultados 01
96 r[e]sumo 04
97 r[e]visão 03
98 r[e]visor 01
99 r[e]vista 01
100 ref[e]rência 02
101 ref[e]rências 01
102 s[e]mana 05
103 s[e]manas 03
104 s[e]nadora 01
105 s[e]rviço 01
106 s[e]tor 01
107 soci[e]dade 02
108 t[e]cnológico 02
108 t[e]lefone 03
110 t[e]levisão 01
111 t[e]oria 04
112 t[e]stemunha 01
113 t[e]stemunho 05
114 tel[e]fone 03
115 tel[e]visão 01
116 test[e]munha 01
117 test[e]munho 05
118 ub[e]rlândia 01
119 univ[e]rsal 01
120 univ[e]rsitária 01
121 v[e]rdade 03
122 v[e]rsão 05
TOTAL 237
Vogal média aberta anterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01
diss[E]rtação
01
02
univ[E]rsidade
01
TOTAL 02
337
Vogal alta anterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01 [i]mpr[e]gado 02
02 [i]mpregatício 03
03 [i]mpresa 01
04 [i]ncheção 01
05 [i]nsino 03
06 [i]ntrevista 02
07 [i]spaço 03
08 [i]specialização 01
09 [i]specializado 01
10 [i]squema 03
11 [i]stado 02
12 [i]stágio 01
13 [i]stranho 01
14 [i]xcluídos 02
15 [i]xperiência 01
16 [i]xtensão 01
17 [i]xterna 01
18 d[i]cidido 01
19 d[i]slocamento 02
20 m[i]ninas 01
21 p[i]quena 02
22 p[i]queno 01
23 pr[i]guiça 01
24 s[i]gundo 02
25 s[i]mestre 05
TOTAL 44
Vogal média fechada posterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01 [o]bj[e]tivo 01
02 [o]brigação 01
03 [o]brigada 01
04 [o]brigado 01
05 [o]bservação 01
06 [o]bservações 01
07 [o]corrência 01
08 [o]cupado 01
09 [o]milia 03
10 [o]ração 01
11 [o]rário 01
12 [o]rientador 01
13 acess[o]ria 01
14 ap[o]stila 04
15 ap[o]stilas 01
16 aperfeiç[o]amento 01
338
17 ass[o]ciação 03
18 aut[o]mático 03
19 b[o]lota 02
20 bibli[o]grafia 02
21 bibli[o]gráfica 12
22 bibli[o]gráficas 01
23 c[o]missão 03
24 c[o]missões 01
25 c[o]munista 02
26 c[o]nectado 01
27 c[o]nexão 03
28 c[o]perativa 02
29 c[o]ração 01
30 c[o]rdenador 01
31 c[o]rreio 01
32 cl[o]dovil 02
33 clod[o]vil 02
34 compr[o]vação 01
35 consult[o]ria 03
36 d[o]cumentação 01
37 desl[o]camento 02
38 dout[o]rado 06
39 edit[o]ração 01
40 edit[o]rial 02
41 elab[o]ração 01
42 f[o]lheto 04
43 f[o]rmação 01
44 f[o]rmações 01
45 h[o]rror 01
46 h[o]spital 01
47 h[o]spitalar 01
48 imp[o]rtância 01
49 inf[o]rmação 05
50 inf[o]rmações 03
51 inf[o]rmática 01
52 j[o]rnal 05
53 m[o]mento 03
54 m[o]nografia 07
55 m[o]vimento 01
56 mon[o]grafia 07
57 monit[o]ria 02
58 n[o]ção 01
59 n[o]rmal 01
60 n[o]tícia 04
61 n[o]tícias 01
62 n[o]vela 01
63 oc[o]rrência 01
64 p[o]legadas 02
339
65 p[o]rão 01
66 p[o]rtátil 02
67 p[o]rtuguês 03
68 past[o]ral 04
69 pers[o]nalizado 01
70 pr[o]blema 09
71 pr[o]cedimento 01
72 pr[o]dução 13
73 pr[o]duções 01
74 pr[o]duto 02
75 pr[o]fessor 02
76 pr[o]fessora 01
77 pr[o]fessores 04
78 pr[o]fissionais 01
79 pr[o]fissional 05
80 pr[o]grama 01
81
pr[o]j[E]to
06
82 pr[o]rrogação 03
83 prorr[o]gação 03
84 r[o]teiro 01
85 s[o]ciedade 02
86 t[o]mada 02
87 te[o]ria 04
88 tecn[o]lógico 02
TOTAL 209
Vogal média aberta posterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01
[ç]rário
01
02
n[ç]rmal
01
03
pr[ç]c[E]sso
02
04
pr[ç]postas
01
TOTAL 05
340
Vogal alta posterior em posição pretônica
Palavras Ocorrências
01 b[u]nitas 01
02 c[u]mida 04
03 d[u]micílio 01
04 d[u]mingo 04
05 m[u]nitora 02
06 m[u]nitoria 02
07 p[u]lítica 02
08 p[u]líticos 01
TOTAL 17
Variação apresentada:
Variação entre a vogal média fechada e a vogal média aberta posterior
Informante AAAJ Informante MMA
[o] Ocorrências
[ç]
Ocorrências
01 [o]rário 1
[ç]rário
1
02 n[o]rmal 1
n[ç]rmal
1
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