Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
ESTUDO DA INTERAÇÃO “IN VITRO” ENTRE Tritrichomonas
foetus E ESPERMATOZOIDES BOVINOS
CLÁUDIA DE MELLO RIBEIRO
Botucatu – SP
Novembro – 2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
ESTUDO DA INTERAÇÃO “IN VITRO” ENTRE Tritrichomonas
foetus E ESPERMATOZOIDES BOVINOS
CLÁUDIA DE MELLO RIBEIRO
Tese apresentada junto ao Programa
de Pós-Graduação em Medicina
Veterinária para obtenção do título de
Doutor.
Orientador: Prof. Dr. José Rafael Modolo
Coorientador: Prof. Dr. Sony Dimas Bicudo
Coorientador: Prof. Dr. Fernando Costa e
Silva Filho
ads:
ii
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE
AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE
BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: Selma Maria de Jesus
Ribeiro, Cláudia de Mello.
Estudo da interação “in vitro” entre Tritrichomonas foetus e
espermatozoides bovinos / M C Ribeiro. – Botucatu [s.n.], 2008.
Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Botucatu, 2008.
Orientador: José Rafael Modolo
Assunto CAPES: 50502042
1. Bovino - Doenças 2. Doenças transmissíveis em animais
3. Infertili-dade
CDD 636.20896
Palavras-chave: Apoptose; Motilidade espermática;
Tritrichomonas foetus
iii
Nome do Autor: Cláudia de Mello Ribeiro
Título: ESTUDO DA INTERAÇÃO “IN VITRO” ENTRE Tritrichomonas foetus E
ESPERMATOZOIDES BOVINOS
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. José Rafael Modolo
Presidente e Orientador
Departamento de Higiene Veterinária e Saúde Pública
FMVZ – UNESP – Botucatu
Profª. Drª Eunice Oba
Membro
Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária
FMVZ – UNESP – Botucatu
Prof. Dr. Alessandro Francisco Talamini do Amarante
Membro
Departamento de Parasitologia
IB – UNESP – Botucatu
Prof
a
. Dr
a
. Semíramis Guimarães Ferraz Viana
Membro
Departamento de Parasitologia
IB– UNESP – Botucatu
Prof
a
. Dr
a
Fabiana Ferreira de Souza
Membro
Departamento de Cirurgia e Anestesiologia
Universidade de Franca
Data da Defesa:19 de novembro de 2008.
iv
Agradeço
Ao orientador Prof. Dr. José Rafael Modolo – Departamento de Higiene
Veterinária e Saúde Pública – FMVZ - UNESP – Botucatu
Ao co-orientador Prof. Dr. Sony Dimas Bicudo – Departamento de
Reprodução Animal e Radiologia Veterinária – FMVZ - UNESP – Botucatu
Ao co-orientador Prof. Dr. Fernando Costa e Silva Filho – Instituto de
Biofísica Carlos Chagas Filho — Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Ao Prof. Dr. João Pessoa Araújo Júnior – Departamento de Microbiologia
e Imunologia – Instituto de Biociências - UNESP – Botucatu.
Aos alunos de pós-graduação Marcell Barbosa Falleiros e Leandro
Rodello – Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária –
FMVZ - UNESP – Botucatu.
Aos alunos do Laboratório de Diagnóstico Molecular – Departamento de
Microbiologia e Imunologia – Instituto de Biociências - UNESP – Botucatu.
À técnica de laboratório Tânia Maria Martins – Departamento de Higiene
Veterinária e Saúde Pública – FMVZ - UNESP – Botucatu
À auxiliar de laboratório Adriana Cristina Pavan Vieira – Departamento
de Higiene Veterinária e Saúde Pública – FMVZ - UNESP – Botucatu
Ao Conselho de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)
pelo financiamento deste projeto (Processo 06/60514-5)
v
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Percentagem de espermatozoides móveis, analisada pelo
sistema CASA, durante manutenção no meio SOF (controle)
ou no extrato de incubação de T. foetus nos momentos 0,1,
2 e 3 horas..............................................................................
18
Tabela 2 -
Percentagem de espermatozoides viáveis (AN-/PI-),
espermatozoides em apoptose (AN+/PI-), espermatozoides
em início de necrose (AN+/PI+) e espermatozoides em
necrose (AN-/PI+), mantidos em SOF (controle) ou em
extrato de incubação de T.foetus nos momentos 0, 1, 2 e 3
horas.......................................................................................
20
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Análise da expressão gênica de CP8 de T. foetus,
correspondendo a uma banda de 456pb (a) e da
expressão gênica de CP8 durante a interação T.foetus-
espermatozoide (b), nos momentos 0 (h0), 1 (h1), 2 (h2) e
3 (h3) horas..........................................................................
17
Figura 2 - Histogramas obtidos pela análise da citometria de fluxo
dos espermatozoides mantidos em SOF (controle), nos
momentos 0 (I) e 3 horas (II) ou no extrato de incubação
de T. foetus nos momentos 0 (III) e 3 horas (IV). (a)
Espermatozoides viáveis (AN-/PI-). (b) Espermatozoides
em apoptose (AN+/PI). (c) Espermatozoides em início de
necrose (AN+/PI+). (d) Espermatozoide em necrose (AN-
/PI+). Observe que há uma maior população de
espermatozoides em apoptose após três horas de
manutenção, no extrato de incubação de T. foetus (IV).....
21
vii
LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS
°C - Graus Centígrado
CO
2
- Dióxido de carbono
DNA - Ácido desoxirribonucleico
cDNA - DNA complementar
g - Gravidade
HeLa - Células do carcinoma cervical humano
kDa - Kilo Dalton
MDCK - Células do rim de cão
mL - Milílitro
µL - Microlitro
pb - Pares de Base
% - Percentual
pmol - Picomolar
RNA - Ácido ribonucleico
RT-PCR - Reação em cadeia da polimerase via transcriptase reversa
SOF - Meio sintético de fluido de oviduto
SYBR - Corante fluorescente
TYM - Trypticase Yest Medium
UV - Ultravioleta
viii
SUMÁRIO
Página
RESUMO...............................................................................................
x
ABSTRACT.............................................................................................
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................
2 REVISÃO DA LITERATURA...............................................................
2.1 Tricomoníase bovina....................................................................
2.2 Tritrichomonas foetus...................................................................
2.3 Interação de T. foetus com as células do hospedeiro..................
2.3.1 Fatores de virulência.............................................................
2.3.1.1 Cisteínas peptidases de T. foetus......................................
2.4 Espermatozoides..........................................................................
3 OBJETIVOS.........................................................................................
4 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................
4.1 Tritrichomonas foetus...................................................................
4.2 Extrato da incubação de T. foetus................................................
4.3 Espermatozoides..........................................................................
4.4.Desenho experimental.................................................................
4.5 Análise da expressão de CP8 de T. foetus durante a interação
com espermatozoides bovinos.......................................................
4.5.1 Extração do RNA...................................................................
4.5.2. RT-PCR................................................................................
4.6 Avaliação da motilidade espermática ..........................................
4.7 Avaliação da viabilidade espermática pela técnica de citometria
de fluxo.........................................................................................
4.8 Análise estatística........................................................................
5 RESULTADOS...................................................................................
5.1 Espermatozoides bovinos aderem a T. foetus............................
5.2 T. foetus expressa o gene para CP8 durante interação com
espermatozoides..........................................................................
5.3 A motilidade progressiva espermática foi alterada por produtos
extracelulares secretados por T. foetus.....................................
xi
1
3
3
4
5
7
8
9
11
12
12
12
12
13
13
13
13
14
14
15
15
16
16
16
16
ix
5.4 Viabilidade espermática após manutenção em extrato da
incubação de T. foetus...............................................................
6 DISCUSSÂO........................................................................................
7 CONCLUSÕES....................................................................................
8 BIBLIOGRAFIA....................................................................................
9 TRABALHO CIENTÍFICO....................................................................
19
22
27
28
38
RIBEIRO, C.M. Estudo da interação “in vitro” entre Tritrichomonas foetus
e espermatozoides bovinos. Botucatu, 2008. 85p. Tese (Doutorado) –
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu,
Universidade Estadual Paulista.
x
RESUMO
Tritrichomonas foetus é o agente etiológico da tricomoníase bovina,
enfermidade infecto-contagiosa de transmissão venérea que causa
abortamento e infertilidade nestes animais. No touro, a infecção se estabelece
na superfície epitelial do pênis e do prepúcio. Entretanto, são escassas as
informações da susceptibilidade dos espermatozoides bovinos a este parasita.
A proposta deste trabalho foi estudar, in vitro, a interação entre T. foetus e
espermatozoides bovinos, bem como avaliar o efeito dos produtos
extracelulares secretados pelo parasita sobre espermatozoides bovinos. Com
esse objetivo, foi utilizado sêmen comercial criopreservado de cinco touros
férteis (Bos taurus taurus, raça holandesa). Os espermatozoides foram
selecionados pela técnica do gradiente de percoll. Posteriormente, foram
mantidos por três horas com T. foetus ou com o extrato da cultura de T. foetus,
contendo produtos extracelulares secretados pelo parasita. Nos momentos 0,
1, 2 e 3 horas de manutenção, foram analisadas a motilidade espermática
progressiva e a viabilidade espermática. Os resultados foram avaliados pela
técnica da análise de variância não-paramétrica complementada com o teste
de comparações múltiplas de Dunn. Observou-se que T. foetus adere a
espermatozoides bovinos e expressa o seu gene para cisteína peptidase. Os
produtos extracelulares secretados pelo T. foetus foram citotóxicos para os
espermatozoides, causando a diminuição da motilidade espermática
progressiva, embora não tenham ocasionado significante diminuição da
viabilidade espermática.
Palavras-chave: Apoptose; Motilidade espermática; Tritrichomonas foetus.
xi
RIBEIRO, C.M. Study of “in vitro” interaction between Tritrichomonas
foetus and bovine spermatozoa. Botucatu, 2008. 85p. Tese (Doutorado) –
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Campus de Botucatu,
Universidade Estadual Paulista.
ABSTRACTS
Tritrichomonas foetus is the etiologic agent of bovine trichomoniasis, a
contagious infectious disease of venereal transmission, which causes abortion
and infertility in cattle. In bulls, the infection starts in the epithelial surface of the
penis and prepuce. However, there is scarce information on bovine sperm
susceptibility to such parasite. Thus, the aim of this work was to study, in vitro,
the interaction between T. foetus and bovine sperm cells, as well as to evaluate
the effect of extracellular products secreted by the parasite on these cells.
Cryopreserved commercial semen was obtained from five fertile bulls (Bos
taurus taurus, Holstein). Spermatozoa were selected through the Percoll
gradient technique and kept for three hours with T. foetus or T. foetus culture
extract containing extracellular products secreted by the parasite. At 0, 1, 2 and
3 h, the progressive motility and the viability of spermatozoa were assessed.
Results were evaluated through non-parametric analysis of variance
complemented with Dunn’s test for multiple comparison. T. foetus adhered to
the bovine spermatozoa, expressing its gene for cysteine peptidase. The
extracellular products secreted by T. foetus were cytotoxic to the spermatozoa,
decreasing their progressive motility although viability was not significantly
decreased.
Keywords: Apoptosis; Sperm motility; Tritrichomonas foetus.
1
1 INTRODUÇÃO
Tritrichomonas foetus, protozoário parasita, é encontrado na superfície
da mucosa urogenital dos bovinos, causando a tricomoníase bovina. Esta
enfermidade causa prejuízos econômicos pelos efeitos diretos sobre a
performance reprodutiva e, consequentemente, sobre a produtividade dos
rebanhos infectados (ANDERSON et al., 1996; BONDURANT, 1997). Os
sintomas clínicos da tricomoníase nas fêmeas incluem infertilidade, vaginite,
piometra, morte embrionária, abortamento e infertilidade (PARSONSON et al.,
1976; RHYAN, 1988).
No touro, T foetus aloja-se preferencialmente na mucosa do pênis e do
prepúcio, onde estabelece uma infecção crônica e assintomática
(PARSONSON et al., 1974; RHYAN et al., 1999). A transmissão ocorre
principalmente durante o coito de um touro infectado assintomático com uma
fêmea susceptível (BONDURANT, 1997; MARDONES et al., 2008), porém, a
transmissão mecânica iatrogênica do parasita pode ocorrer mediante
instrumentos ginecológicos (YULE et al., 1989; RAE et al., 2004). Além disso,
tem-se sugerido que T. foetus pode sobreviver em sêmen fresco e
criopreservado e ser transmitido pela inseminação artificial (BARTLETT et al.,
1947). Este evento pode ser considerado uma via em potencial para a
introdução do parasita no processo da fertilização in vitro. Em um estudo
preliminar, relatou-se que T. foetus não impediu o processo de fertilização in
vitro e o desenvolvimento de embriões bovinos (BIELANSKI et al., 2004).
Entretanto, foi exposto que T. foetus pode aderir e provocar danos a
células reprodutivas bovinas in vitro. O parasita foi capaz de aderir aos
espermatozoides bovinos e, após duas horas de interação, foram observadas
diminuição da motilidade e aglutinação espermática (BENCHIMOL et al., 2008).
A exposição de oócitos ao T. foetus causou uma rápida adesão dos parasitas à
zona pelúcida. Após seis horas de interação, os oócitos exibiram
características morfológicas compatíveis com apoptose (BENCHIMOL et al.,
2007). Porém, T. foetus pode também exercer seus efeitos citopáticos por meio
de fatores de virulência secretados no meio de interação. Foi demonstrado que
as cisteínas peptidases (CPs), que são secretadas pelo parasita, têm um efeito
citopático sobre as células do trato reprodutivo bovino. CP8 obtido do
2
sobrenadante da cultura de T. foetus induz células epiteliais vaginais e uterinas
bovinas à apoptose (SINGH et al., 2004; SINGH et al., 2005).
A infecção pelo T. foetus pode resultar na infertilidade transitória ou
permanente da fêmea bovina. Tem sido sugerido que esta aparente
infertilidade é em razão da morte embrionária, resultante da infecção pelo
parasita (RHYAN et al., 1988). Entretanto, é possível que T. foetus tenha
efeitos citopáticos sobre os espermatozoides, impedindo, desta maneira, o
processo de fertilização. Por isso, são necessários mais estudos do mecanismo
patogênico deste parasita para melhor compreensão da interação parasita-
hospedeiro.
Este estudo foi proposto no sentido de contribuir para a compreensão da
ação de T. foetus na patogenia da tricomoníase, face à escassez de
informações específicas que tratem deste tema.
3
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Tricomoníase bovina
A tricomoníase bovina é uma doença parasitária, infecto-contagiosa, de
transmissão venérea que acomete os bovinos. É causada pelo protozoário
parasita T. foetus que habita a superfície do epitélio do trato urogenital dos
bovinos (HONIGBERG, 1978).
A tricomoníase bovina apresenta ampla distribuição mundial, ocorrendo
de forma endêmica, principalmente em regiões em que o controle sanitário é
deficiente ou o sistema de produção é extensivo, com utilização de monta
natural (BONDURANT, 1997).
No Brasil, a tricomoníase foi diagnosticada pela primeira vez por Roehe
(1948), que identificou o agente no sêmen de touros doadores de sêmen em
central de inseminação artificial, no município de Montenegro, Rio Grande do
Sul. Estudos posteriores registraram a incidência da tricomoníase bovina nos
estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Bahia (MELLO, 1954), São Paulo
(RABELLO, 1955), Minas Gerais (MEGALE, 1963; PELLEGRIN e LEITE,
2003), Rio Grande do Sul (GOMES et al., 1991) e Rio de Janeiro (JESUS et al.,
2004).
A transmissão de T. foetus acontece principalmente durante a cópula ou
ainda pela inseminação artificial, já que T. foetus pode sobreviver em sêmen
criopreservado (BIELANSKI et al., 2004)..
Nas fêmeas, o aparelho genital é totalmente colonizado, via vaginal, em
duas semanas após a infecção, sendo o útero inicialmente o principal sítio de
infecção (PELLEGRIN e LEITE, 2003). Os sintomas clínicos da tricomoníase
nas fêmeas incluem infertilidade, vaginite, cervicite, endometrite, piometra,
morte embrionária, repetição de cios a intervalos irregulares, abortamento e
maceração fetal (BONDURANT, 1997).
No touro, os locais preferenciais da infecção são o pênis, o prepúcio e o
orifício da uretra. Logo após a infecção, pode desenvolver-se um corrimento
prepucial associado a pequenos nódulos na membrana prepucial. Depois disto,
não existe qualquer sintomatologia clínica e a libido não é afetada. Desta
maneira, o touro torna-se portador assintomático, podendo disseminar a
doença (PARSONSON et al., 1974; BONDURANT, 1997). Touros com idade
superior a cinco anos são duas vezes mais susceptíveis a T. foetus, uma vez
4
que com a idade aumenta-se a profundidade das criptas prepuciais, local na
mucosa onde o parasita tem o seu nicho ecológico (RAE et al., 2004).
Alguns autores afirmam que certas raças são mais susceptíveis a T.
foetus. Estudos revelaram que touros Bos taurus taurus têm risco
aproximadamente seis vezes maior de infecção pelo parasita do que Bos
taurus indicus. A maior suscetibilidade do grupo genético Bos taurus taurus
está relacionada, possivelmente, à conformação anatômica do prepúcio dos
touros (RAE et al., 2004; JESUS et al., 2004).
Uma vez que os sinais clínicos não são patognomônicos, é importante
realizar o diagnóstico laboratorial. Este pode ser feito pela pesquisa direta em
microscopia óptica de T. foetus em material fetal (fluidos do feto abortado e
suas membranas fetais), em smegma de prepúcio e pênis de touros e em muco
cervico-vaginal das fêmeas. Para a coleta do material pode ser realizado um
lavado prepucial ou vaginal (BONDURANT, 1997; COBO et al., 2007). Outras
técnicas têm sido empregadas no diagnóstico da tricomoníase bovina, tais
como amplificação por reação em cadeia pela polimerase (PCR) e
imunofluorescência indireta (CORBEIL et al., 2008).
Vários métodos podem ser utilizados para o controle da tricomoníase em
rebanhos, como descarte periódico de touros acima de 5-6 anos; pesquisa do
protozoário nos touros duas semanas antes da estação de monta e após o seu
término; repouso sexual das fêmeas por, no mínimo, três ciclos consecutivos;
descarte de todos os touros positivos e das fêmeas que falharem na
concepção, abortarem ou apresentarem piometra, assim como as que forem
comprovadamente positivas; e o não-aproveitamento de touros utilizados em
parcerias (PELLEGRIN e LEITE, 2003).
2. 2 Tritrichomonas foetus
Segundo a classificação feita por Honigberg (1963), T. foetus pertence à
família Trichomonadidae, ordem Trichomonadida, classe Zoomastigophora, filo
Sarcomastigophora e reino Protista. Entretanto, uma classificação filogenética
mais recente dos protozoários baseada na organização microtubular do
citoesqueleto classifica T. foetus como pertencente à classe Parabasalia, filo
Metamonada e reino Protista (DACKS et al., 2008).
T. foetus, Tritrichomonas suis (parasita do tubo digestivo e cavidade
nasal de suínos) e Tritrichomonas mobilensis (parasita do tubo digestivo de
macacos, principalmente ceco e cólon) foram considerados, após análise das
sequências gênicas, como prováveis cepas ou variantes de uma mesma
espécie (TACHEZY et al., 2002; KLEINA et al., 2004).
5
O hospedeiro da espécie T. foetus é o bovino. O parasita localiza-se na
vagina e no útero da fêmea e na cavidade prepucial do macho. No local da
infecção, os parasitas aderem à superfície apical das células epiteliais do
hospedeiro (PARSONSON et al., 1976).
O organismo é piriforme, com aproximadamente 20 x 10µm, possuindo
um único núcleo e quatro flagelos, cada um deles se originando num corpo
basal localizado na extremidade anterior arredondada. Três dos flagelos são
livres anteriormente, enquanto o quarto estende-se para trás, formando uma
membrana ondulante ao longo do comprimento do organismo, continuando,
posteriormente, como flagelo livre. Um dos principais mecanismos de nutrição
de T. foetus é pela endocitose. A reprodução de T.foetus é assexuada por
divisão binária. Em preparações frescas, o organismo é móvel, avançando por
meio de movimentos espasmódicos giratórios; os flagelos vibráteis e os
movimentos da membrana ondulante são facilmente observados. Às vezes
observam-se formas imóveis, arredondadas, provavelmente degenerativas
(URQUHART et al., 1998).
T. foetus apresenta geralmente forma de trofozoita, embora possa
apresentar também forma de pseudocisto, que não tem motilidade em virtude
da internalização dos flagelos. A transformação do parasita na forma trofozoíta
para pseudocisto pode ocorrer quando o parasita encontra-se em situações de
estresse ou em decorrência da oscilação da temperatura (MARIANTE et al.,
2004).
2. 3 Interação de T. foetus com as células do hospedeiro
Para entender melhor a patogenia da tricomoníase bovina, é importante
conhecer o processo de interação de T. foetus com as células do hospedeiro.
Sabe-se que os tricomonadídeos aderem às superfícies inertes
(CAPPUCCINELLI e VARESIO, 1975), bem como a células mamíferas
(ROCHA-AZEVEDO et al., 2005). A adesão de T. foetus a matriz extracelular e
6
a células epiteliais é um processo essencial para a manutenção do parasita no
hospedeiro (PETRÓPOLIS et al., 2008). Silva Filho e De Souza (1988)
observaram que T. foetus adere às células do rim de cão (MDCK). Rocha-
Azevedo et al. (2005) observaram que o parasita adere às células do
carcinoma cervical humano (HeLa). Além disso, T. foetus adere fortemente a
eritrócitos (DA SILVA et al., 1996). Estes protozoários interagem com as
células do sistema imunológico como macrófagos e eosinófilos; porém, T.
foetus é fagocitado por estas células (DE AZEVEDO et al., 1991; DE
AZEVEDO e DE SOUZA, 1996).
Receptores para a laminina estão localizados em toda a superfície do
parasita, inclusive em seu flagelo recorrente e têm papel fundamental no
processo de adesão (SILVA FILHO et al., 1988). Petrópolis et al. (2008)
demonstraram que T. foetus adere fortemente às células HeLa, quando o meio
de interação foi suplementado com laminina.
T. foetus exerce seus efeitos citotóxicos pelo contato físico estabelecido
entre as duas superfícies celulares, durante o processo de adesão, pela
liberação de fatores de virulência lançados no meio de interação ou em ambos
os processos (SILVA FILHO e DE SOUZA, 1988; KENNETT e HOOK, 2002).
Segundo Rocha-Azevedo et al. (2005), quanto maior o contato entre o parasita
e a célula do hospedeiro, maior a indução da secreção de fatores de virulência
pelo parasita.
Singh et al. (1999) observaram que, in vitro, T. foetus adere a células
epiteliais vaginais bovinas e causa ruptura severa desta monocamada celular
após 48 horas de interação. Quando retirados os parasitas, a monocamada
celular restabeleceu-se. Este resultado sugere que o efeito citotóxico de T.
foetus é dependente de contato.
O mecanismo pelo qual o protozoário exerce sua citotoxicidade, isto é,
se é dependente ou independente de contato, pode variar entre os subtipos do
parasita. Rocha-Azevedo et al. (2005) analisaram a interação de células HeLa
e parasitas da cepa K, subtipos K1, K2, K3, K4 e K5. Os autores observaram
que diferentes subtipos de T. foetus apresentaram diferentes graus de
citotoxicidade, sendo os subtipos K1 e K5 os mais citotóxicos, pois destruíram
a monocamada celular. Entretanto, o sobrenadante da cultura de T. foetus
7
subtipo K2 continha uma peptidase, secretada pelo parasita, com alta atividade
proteolítica capaz de destruir a monocamada de células HeLa.
Estudos foram relatados sobre a interação de T. foetus e as células do
hospedeiro bovino, facilitando a compreensão da patogenia da tricomoníase.
Em um deles, Benchimol et al. (2006) isolaram ovidutos de fêmeas bovinas e
inocularam T. foetus na porção do istmo. Após o período de interação, os
ovidutos foram abertos e fixados para análise em microscopia eletrônica. Como
resultado, constatou-se que T. foetus adere a células epiteliais não-ciliadas do
oviduto. Evidências morfológicas de apoptose celular foram observadas nessas
células, como condensação da cromatina e vacuolização do citoplasma.
Em outro relato, oócitos de fêmeas bovinas foram colhidos e, em alguns
deles, as células do complexo cumulus-oócito foram removidas; em outros,
estas células foram mantidas. Os oócitos foram incubados com diferentes
concentrações de T. foetus. Os parasitas aderiram aos oócitos após uma hora
de interação e foram capazes de atravessar a zona pelúcida e deslocá-la,
formando um grande espaço entre as células do cumulus e a zona pelúcida.
Mudanças morfológicas das células do cumulus foram visualizadas pela
microscopia eletrônica de transmissão, como condensação da cromatina e
intensa vacuolização do citoplasma, alterações estas compatíveis com
apoptose (BENCHIMOL et al., 2007).
Exposição de embriões bovinos ao protozoário T. foetus resultou na
aderência de muitos parasitas à zona pelúcida destes embriões. Alguns
parasitas causaram fenestras na zona pelúcida pela ação de seus flagelos;
porém, o parasita não conseguiu interferir no desenvolvimento embrionário. Os
autores concluíram que T. foetus pode não afetar o processo de fertilização e o
desenvolvimento embrionário (BIELANSKI et al., 2004).
2. 3.1 Fatores de virulência
A citotoxicidade de T. foetus está diretamente relacionada aos seus
fatores de virulência. Este protozoário produz uma variedade de fatores de
virulência que incluem proteases intracelulares e extracelulares importantes na
invasão e na degradação dos tecidos do hospedeiro (KENNET e HOOK, 2002).
T. foetus sintetiza adesinas que são fatores de virulência. Alguns autores
sugerem que os lipofosfoglicanos presentes na superfície da membrana de T.
8
foetus são adesinas de superfície (SHAIA et al., 1998) e permitem ao parasita
aderir às células (DA SILVA et al., 1999). Entretanto, a expressão das adesinas
pode variar entre as diferentes linhagens do protozoário (SHAIA et al., 1998).
Fatores de virulência, como as neuraminidases, estão presentes na
membrana plasmática do protozoário (DIAS FILHO et al., 1999) e podem ser
secretadas no meio de interação, sendo capazes de degradar o ácido siálico da
superfície de eritrócitos (SILVA FILHO et al., 1989).
T. foetus também libera, no meio de interação, hemolisinas capazes de
causar a lise de eritrócitos bovinos (BURGESS et al., 1990) e hemaglutininas
aptas a aglutinar estes eritrócitos (KENNET e HOOK, 2002).
Além destes fatores de virulência, o parasita também secreta cisteínas
peptidases (CPs) que estão associadas à citotoxicidade exercida sobre as
células do hospedeiro (SINGH et al., 2005).
2. 3. 1.1 Cisteínas peptidases de T. foetus
T. foetus possui, pelo menos, 10 cisteínas peptidases com massa
molecular entre 18 e 120 kDa (LOCKWOOD et al., 1987), as quais podem ser
secretadas pelo parasita no meio de interação (THOMFORD et al., 1996;
KENNETT e HOOK, 2002). Elas são semelhantes à catepsina L e à catepsina
B, apresentam, respectivamente, atividade endopeptidase e carboxipeptidase e
são ativas sob o pH ácido dos lisossomos (MALLINSON et al., 1995).
Estas peptidases são codificadas por, no mínimo, sete genes. O gene
correspondente a CP8 é o mais transcrito em T. foetus e codifica uma proteína
de 30 kDa (MALLINSON et al., 1995; Singh et al., 2004). Pela análise da
sequência de aminoácidos, constatou-se que CP8 é um membro da família da
catepsina L (LUCAS et al., 2008).
Várias funções biológicas são propostas para as cisteínas peptidases de
tricomonandídeos, incluindo evasão da resposta imunológica e aquisição de
nutrientes (KUMMER et al., 2008). Além disso, são capazes de degradar
fibronectina, fibrinogênio, lactoferrina, albumina, imunoglobulinas do tipo G
,
A e
M (TALBOT et al., 1991) e o componente C3 do sistema complemento (KANIA
et al., 2001).
Descrições de citotoxicidade relacionada à atividade de CP8 de T. foetus
foram relatadas. Singh et al. (2004) demonstraram que T. foetus ou CP8,
9
secretada por esse parasita e presente no sobrenadante da cultura, induz
células epiteliais vaginais bovinas à apoptose. A citotoxicidade dependeu da
concentração de parasitas ou de CP8. Em outro relato, Singh et al. (2005)
observaram que CP8, presente no sobrenadante da cultura de T. foetus, induz
células epiteliais uterinas bovinas à apoptose. A citotoxicidade também
dependeu do tempo de incubação e da concentração de CP8.
2.4 Espermatozoides
Os espermatozoides originam-se nos testículos a partir de células
primordiais da linhagem espermatogênica localizadas nos túbulos seminíferos,
num processo denominado espermatogênese. Do ponto de vista biológico, os
espermatozoides cumprem suas funções por meio da cauda (motilidade),
acrossoma (atividade enzimática preparatória da fecundação) e núcleo
(transmissão do patrimônio genético) (MIES FILHO, 1987). Para serem férteis,
os espermatozoides devem apresentar pelo menos quatro atributos básicos,
tais como: metabolismo para a produção de energia, motilidade progressiva,
enzimas acrossomais intactas e membrana plasmática intacta (AMANN e
PICKET, 1987).
A motilidade espermática representa a percentagem de
espermatozoides com movimentos progressivos. A motilidade é essencial para
o transporte dos espermatozoides pelo trato reprodutivo da fêmea e para a
penetração do espermatozoide no oócito, durante a fertilização, sendo ela uma
das características mais importantes do espermatozoide associada à
habilidade de fertilizar, e uma expressão da viabilidade e da integridade
estrutural do espermatozoide (DONNELLY et al., 1998).
A integridade da membrana plasmática espermática parece exercer
papel crítico na sobrevivência do espermatozoide no trato genital da fêmea e é
pré-requisito importante para o sucesso da fertilização (CROSS e HANKS,
1991). Entretanto, é uma das principais estruturas afetadas pela
criopreservação (ANZAR et al., 2002). No início da fase de distúrbio da
membrana, ocorre inicialmente uma assimetria dos fosfolipídios da membrana,
ou seja, a translocação da fostatidilserina da parte interna para a externa da
membrana, sem que ocorra a ruptura desta, e nesta fase o espermatozoide
sofre a apoptose (VERMES et al., 1995; MARTIN et al., 1995). Em um estágio
10
posterior, os espermatozóides, já em necrose, perdem a integridade da
membrana plasmática. Espermatozoides em necrose não apresentam
motilidade, já que são células mortas. È importante citar que a percentagem de
espermatozoides vivos e viáveis no sêmen está relacionada à fertilidade
(JANUSKAUSKAS et al., 2003).
Está documentado que microrganismos patogênicos presentes no trato
urogenital de homens e animais machos são uma importante causa de
infertilidade. Muitos desses microrganismos influenciam a motilidade e a
viabilidade espermática. A diminuição da motilidade espermática pode estar
associada a metabólitos citotóxicos e/ou fatores de virulência, liberados pelos
microrganismos presentes no trato urogenital (SYLLA et al., 2005). Em um
estudo, Liu et al. (2002) observaram que Staphylococcus aureus não adere a
espermatozoides de homens, nem induz mudanças morfológicas ou
aglutinação espermática; entretanto, este microrganismo diminui
significantemente a motilidade espermática após quatro horas de incubação
com os espermatozoides. Em bovinos, Mycoplasma mycoides ssp. mycoides
diminuiu a motilidade espermática, porque esse microrganismo desestabiliza a
organização dos microtúbulos do axonema desses espermatozoides (SYLLA et
al., 2005).
Tuttle et al. (1977) incubaram Trichomonas vaginalis, oriundo de
mulheres com tricomoníase, em diferentes concentrações com
espermatozoides de homens não-infectados. A análise dos espermatozoides
foi feita por microscopia óptica, e os autores observaram a diminuição da
motilidade espermática, que foi dependente da concentração de parasitas e do
tempo de incubação. Não houve aglutinação destes espermatozoides após a
interação com o parasita.
Em um único estudo com T. foetus e espermatozoides bovinos
criopreservados, foi observado que os parasitas aderiram aos espermatozoides
e, após duas horas de incubação, houve intensa aglutinação espermática e
morte de espermatozoides (BENCHIMOL et al., 2008).
11
3 OBJETIVOS
A proposta deste trabalho é estudar os efeitos de interação entre T.
foetus e espermatozoides bovinos sobre a expressão gênica da cisteína
peptidase (CP8) de T. foetus e análise do efeito direto do extrato da incubação
do parasita sobre a motilidade e a viabilidade espermáticas de sêmen bovino
criopresevado.
12
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Tritrichomonas foetus
T. foetus cepa K (SILVA FILHO et al., 1986) foi mantido em meio TYM
Diamond’s (DIAMOND, 1957), suplementado com 10% de soro fetal bovino
(Nutricell – Nutrientes celulares, Campinas, SP - Brasil), a 37°C com 5% CO
2
, e
cultivado a cada 24 horas no Laboratório de Diagnóstico Molecular,
Departamento de Microbiologia e Imunologia - Instituto de Biociências (UNESP,
Botucatu, Brasil). Para o experimento, T. foetus foi colhido na fase log de
crescimento, centrifugado a 900 X g por 15 minutos em meio TYM Diamond’s
sem soro e depois suspendido em meio sintético de fluido de oviduto (SOF)
(Nutricell – Nutrientes celulares, Campinas, SP - Brasil) (HOLM et al., 1999). O
número de T. foetus foi padronizado a 1x10
6
parasitas/mL.
4.2 Extrato da incubação de T. foetus
Após a incubação de 1x10
6
T. foetus/mL em meio SOF por três horas a
37°C, obteve o sobrenadante por centrifugação a 400 X g por 10 minutos, o
qual foi filtrado em membrana com poro de 0,22 µm estéril.
4.3 Espermatozoides
Para o experimento, foram utilizados semens criopreservados de cinco
touros (Bos taurus taurus, raça holandesa) com fertilidade comprovada em
programas comerciais de inseminação artificial. Todas as amostras (20
palhetas de 250 µL) eram da mesma partida comercial. O descongelamento
dos semens foi feito em banho-maria a 40°C por 20 segundos. Em seguida, os
espermatozoides foram selecionados pela técnica de centrifugação em
gradiente de percoll como descrito por Gorus e Pipeleers (1981), a qual
consistiu em adicionar as amostras de sêmen sobre a preparação do gradiente
contendo 1 mL de percoll a 90% (Nutricell – Nutrientes celulares, Campinas,
SP – Brasil) e 1 mL de percoll a 45% (Nutricell – Nutrientes celulares,
Campinas, SP – Brasil). Após a centrifugação a 900 X g por 30 minutos, o
pellet contendo os espermatozoides foi ressuspendido em 3 mL de meio X-
Cell
®
(IMV Technologies, USA) e centrifugado a 400 X g por cinco minutos. Em
seguida, após a remoção do sobrenadante, aos espermatozoides do pellet
foram adicionados 200 µL de meio SOF. Para a constatação das interações
dos espermatozoides ou do extrato de cultura de protozoário, o número de
espermatozoides foi padronizado a 1x10
6
espermatozoides/mL. Os
procedimentos experimentais foram realizados separadamente para cada
touro.
13
4.4 Desenho experimental
Para a análise da interação de T. foetus com os espermatozoides, por
meio da expressão de CP8 de T. foetus, os parasitas a uma concentração de
1x10
6
/mL foram adicionados em 1 mL de meio SOF, contendo 1x10
6
espermatozoides/mL, e incubados por até três horas a 37°C com 5% de CO
2
.
Para a análise do efeito direto do extrato da cultura do parasita sobre a
motilidade e viabilidade espermática, 1x10
6
espermatozoides/mL foram
suspendidos em 1 mL do extrato da cultura de T. foetus ou 1 mL do meio SOF
(controle) por até três horas a 37°C.
4.5 Análise da expressão de CP8 de T. foetus durante a interação com
espermatozoides bovinos
A análise da expressão gênica da cisteína peptidase de T. foetus
(número de acesso X87781) foi realizada pela PCR, após transcrição reversa
(RT-PCR) das amostras nos momentos 0, 1, 2 e 3 horas de incubação. Esses
procedimentos foram realizados no Laboratório de Diagnóstico Molecular,
Departamento de Microbiologia e Imunologia - Instituto de Biociências (UNESP,
Botucatu, Brasil).
4.5.1 Extração do RNA
Para a extração do RNA de T. foetus foi utilizado o Total RNA
Purification Kit (Norgen Biotek Corparation, USA) conforme protocolo
recomendado pelo fabricante. Ambas, concentração e pureza do RNA, foram
monitoradas por um espectrofotômetro (Thermo Scientific NanoDrop
TM
1000
Spectrophotometer; NanoDrop, USA). Em seguida, as amostras de RNA foram
tratadas com RQ1 RNase-Free DNase Kit (Promega, USA).
14
4.5.2 RT-PCR
A síntese do cDNA foi realizada com a enzima ImProm-II™Reverse
Transcriptase (Promega, USA) conforme protocolo recomendado pelo
fabricante. Para a amplificação do cDNA pela PCR foram empregados o
forward primer (5'– TCT CAG CTA TCC AAG CTG CCG AAT) e o reverse
primer (5'– TGG TTG AAC CTT CAG CAC CGA AAC) que amplificam um
produto de 456 pb da região de CP8 de T. foetus. Os primers foram
desenhados pelo programa PrimerQuest (www.idtdna.com.). A reação foi
desenvolvida para um volume final de 25 µL, utilizando o kit Go Taq Green
Master Mix (Promega, USA) com a adição de 4 µL de cDNA por reação e
10pmol de cada primer. A amplificação foi feita pelo termociclador Eppendorf
Mastercycler Gradient (Eppendorf Scientific, Inc., Westbury, NY, USA) e as
condições da reação foram: 94 °C / 5 minutos, 40 ciclos de 94 °C / 1 minuto, 60
°C / 1 minuto e 72 °C /1 minuto seguidos 72 °C / 5 minutos. Após visualização
em gel de agarose corado com SYBR Safe dye (Invitrogen, USA) sob
transiluminador UV, foram consideradas positivas as amostras com banda de
456 pb. Como controle positivo, foi utilizada uma amostra de DNA extraída de
T. foetus e, como controle negativo, foi utilizada água ultrapura estéril.
4.6 Avaliação da motilidade espermática
Para a análise da motilidade progressiva (%) durante a incubação com o
extrato da cultura do parasita ou em meio SOF foi usado Computer-Assisted
Sêmen Analysis – CASA modelo IVOS-12 – Hamilton Thorne Biosciences (IMV
Technologies, USA), adequadamente padronizado com o set-up para sêmen
bovino, no Departamento de Reprodução Animal e Radiologia Veterinária –
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (UNESP, Botucatu, Brasil). As
análises foram realizadas a partir de alíquotas de 5 µL de sêmen incubado nos
diferentes tempos, transferidas a Makler counting Chamber (Sefi-medical
Instruments, Haifa, Israel). Objetos incorretamente identificados como
espermatozoides eram desconsiderados na análise. Nos momentos 0, 1, 2, e 3
horas de incubação dos espermatozoides no sobrenadante ou no meio SOF
(controle) foi avaliada a motilidade espermática progressiva dos
espermatozoides. O resultado foi expresso em percentagem.
4.7 Avaliação da viabilidade espermática pela técnica de citometria de
fluxo
15
Com 0, 1, 2 e 3 horas de incubação dos espermatozoides no extrato da
cultura do parasita ou em meio SOF (controle), a viabilidade espermática foi
analisada pela técnica da citometria de fluxo com Annexin V-FITC Apoptosis
Detection Kit I (BD Pharmingen, USA) no Laboratório de Citometria de Fluxo,
Hemocentro – Faculdade de Medicina (UNESP, Botucatu, Brasil). Para isso,
espermatozoides (1x10
5
espermatozoides/mL) foram adicionados em tubos
para citometria de fluxo contendo 200 µL do tampão de ligação fornecido pelo
kit. Em seguida, os espermatozoides foram centrifugados a 900 X g por 15
minutos. Posteriormente, em cada tubo foram adicionados 5 µL de anexina V-
FITC (AN) e 5 µL de iodeto de propídio (IP). Os tubos contendo os
espermatozoides foram agitados e incubados por 15 minutos no escuro. Em
seguida, 400 µL do tampão de ligação foram adicionados em cada tubo e as
amostras analisadas pelo aparelho FACSCalibur (BD Biosciences, San Jose,
CA, USA). A população de espermatozoides foi delimitada mediante
histograma bidimensional dos parâmetros FSC (forward light scatter), o qual
confere informações sobre o tamanho celular, versus SSC (side light scatter)
que emite informações sobre a granulosidade celular interna. Desta maneira,
restringiu-se somente à análise dos espermatozoides. Foi padronizada a
aquisição de dez mil eventos dentro da população de espermatozoides. Para
os espermatozoides selecionados dentro da população de interesse, a
percentagem foi definida nos quadrantes: espermatozoides viáveis (AN-/PI-),
espermatozoides em apoptose (AN+/PI-), espermatozoides em início de
necrose (AN+/PI+), espermatozoides em necrose (AN-/PI+) (ANZAR et al.,
2002).
4.8 Análise estatística
Foi utilizada a técnica da análise de variância não-paramétrica para o
modelo com dois fatores, complementada com o teste de comparações
múltiplas de Dunn (ZAR, 1999). Todas as comparações foram realizadas no
nível de 5% de significância.
16
5 RESULTADOS
5.1 Espermatozoides bovinos aderem a T. foetus
Aos 30 minutos de manutenção da mistura de 1x10
6
espermatozoides/mL selecionados por centrifugação em gradiente de percoll
com 1x10
6
/mL de T. foetus em meio SOF a 37°C com 5% de CO
2,
observou-se
que os espermatozoides bovinos aderiram, pela cabeça e cauda, ao corpo
celular do T. foetus, demonstrando haver uma interação entre ambos.
5.2 T. foetus expressa o gene para CP8 durante interação com
espermatozoides
A expressão do gene para CP8 de T. foetus foi avaliada nos momentos
0, 1, 2, e 3 horas de incubação do parasita em meio SOF (controle) ou em meio
SOF, contendo espermatozoides bovinos. Como resultado, demonstrou-se que
o gene para CP8 é continuamente expresso por T. foetus incubado em meio
SOF, independente da presença dos espermatozoides (Figura 1).
5.3 A motilidade progressiva espermática foi alterada por produtos
extracelulares secretados por T. foetus
O resultado da análise da motilidade espermática progressiva pelo
sistema CASA é visualizado na tabela 1. Observou-se não haver diminuição da
motilidade progressiva dos espermatozoides mantidos no meio SOF (controle)
durante as três horas de experimento. Entretanto, os espermatozoides
mantidos no extrato da incubação de T. foetus apresentaram diminuição da
motilidade progressiva após uma hora. A percentagem de espermatozoides
com motilidade progressiva após três horas foi menor no grupo do extrato da
incubação que a do grupo controle.
17
a
h0 h1 h2 h3
456 bp Æ
b
h0 h1 h2 h3
456 bp Æ
FIGURA 1: Análise da expressão gênica de CP8 de T. foetus, correspondendo
a uma banda de 456pb (a) e da expressão gênica de CP8 durante a interação
T.foetus-espermatozoide (b), nos momentos 0 (h0), 1 (h1), 2 (h2) e 3 (h3)
horas.
18
TABELA 1: Percentagem de espermatozoides móveis, analisada pelo sistema CASA,
durante manutenção no meio SOF (controle) ou no extrato de incubação de T. foetus
nos momentos 0,1, 2 e 3 horas.
Tempo de manutenção (horas)
Grupo
0
1
2
3
SOF(controle)
(n=5)
65,0
(50,0-86,0)*
63,0
(58,0-67,0)
60,0
a
(42,0-64,0)
50,0
a
(38,0-57,0)
Extrato
(n=5)
67,0
A
(50,0-80,0)
42,0
AB
(20,0-54,0)
38,0
bAB
(23,0-42,0)
20,0
bB
(17,0-33,0)
Valores com diferentes letras minúsculas na mesma coluna ou com diferentes letras
maiúsculas na mesma linha diferem significativamente (P> 0.05).
SOF: meio sintético de fluido de oviduto
( )* limite (mín–máx)
19
5.4 Viabilidade espermática após manutenção em extrato da incubação de
T. foetus
Os resultados da análise da viabilidade espermática obtidos em
citometria de fluxo com annexin V-FITC (AN) e iodeto de propídio (PI) durante a
manutenção em extrato da incubação do parasita ou em meio SOF estão
sumarizados na tabela 2. Após três horas de manutenção, a percentagem de
espermatozoides viáveis (AN
_
/PI
_
) diminuiu em ambos os grupos avaliados. A
partir das duas horas, a percentagem de espermatozoides viáveis no extrato da
incubação de T. foetus foi maior do que no grupo controle.
Em todos os tempos de manutenção e para ambos os grupos, foi
observada percentagem reduzida de células anexina-V FITC positivas
(AN+/PI
_
), indicando haver poucos espermatozoides em apoptose. O sêmen de
um touro em particular apresentou um aumento da percentagem de células em
apoptose (10,6%) após três horas de manutenção no extrato da incubação de
T. foetus; entretanto, isso não foi suficiente para causar diferença significativa
entre os grupos estudados que apresentaram diferença apenas no momento
inicial (Figura 2). Os espermatozoides mantidos no extrato da incubação de T.
foetus apresentaram maior percentagem de espermatozoides em apoptose no
final do experimento em relação ao momento inicial.
A maioria das células anexina-V FITC positivas foi também iodeto de
propídio positivas (AN+/PI+). Estas células eram espermatozoides em início de
necrose com membranas plasmáticas comprometidas. A percentagem de
espermatozoides em início de necrose não foi significantemente diferente entre
os grupos, em nenhum dos momentos do experimento, e ambos os grupos
tiveram elevação de espermatozoides desta classe no momento final em
relação ao inicial.
Foi observado um aumento do número de espermatozoides em necrose
(AN
_
/PI+) durante o período experimental em ambos os grupos, o que
corresponde a um decréscimo na viabilidade espermática ao longo do período
de manutenção.
TABELA 2: Percentagem de espermatozoides viáveis (AN-/PI-), espermatozoides em
apoptose (AN+/PI-), espermatozoides em início de necrose (AN+/PI+) e
espermatozoides em necrose (AN-/PI+), mantidos em SOF (controle) ou em extrato de
incubação de T.foetus nos momentos 0, 1, 2 e 3 horas.
20
Tempo de manutenção (horas)
Espermatozoides Grupo
0 1 2 3
SOF(controle)
(n=5)
64,8
A
(47,1-73,5)*
52,6
A
(41,1-54,8)
38,1
bAB
(34,5-49,5)
28,1
bB
(21,0-34,8)
AN-/PI-
Extrato
(n=5)
69,4
A
(60,4-74,2)
66,0
A
(52,6-64,3)
51,4
aAB
(49,7-52,6)
33,2
aB
(32,8-46,9)
SOF(controle)
(n=5)
0,69
a
(0,47-1,68)
1,01
(0,44-1,08)
0,49
(0,19-0,93)
0,67
(0,60-1,26)
AN+/PI-
Extrato
(n=5)
0,38
bB
(0,15-0,76)
0,57
AB
(0,51-1,43)
0,75
AB
(0,48-1,88)
0,99
A
(0,53-10,60)
SOF(controle)
(n=5)
28,7
B
(20,5-44,8)
36,0
AB
(34,7-47,7)
45,1
AB
(38,9-50,5)
55,5
A
(39,3-62,1)
AN+/PI+
Extrato
(n=5)
24,6
B
(20,1-33,4)
34,4
AB
(25,9-36,0)
36,2
AB
(32,4-52,6)
45,2
A
(39,2-51,3)
SOF(controle)
(n=5)
6,1
B
(5,0-6,5)
10,1
AB
(9,2-12,6)
14,1
A
(11,4-16,6)
16,2
A
(15,7-25,0)
AN-/PI+
Extrato
(n=5)
5,6
B
(4,9-6,1)
9,0
AB
(8,7-12,1)
11,0
AB
(8,6-14,6)
12,7
A
(6,8-21,1)
Valores com diferentes letras minúsculas na mesma coluna ou com diferentes letras maiúsculas na
mesma linha diferem significativamente (P> 0.05).
SOF: meio sintético de fluido de oviduto
( )* limite (mín–máx)
21
(I) (II)
b
d c
a
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
d
c
b a
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
Fluorescência PI
Fluorescência PI
Fluorescência anexina-V FITC Fluorescência anexina-V FITC
(III) (IV)
d
c
b
d
c
a
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
Fluorescência PI
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
a
b
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
Fluorescência PI
Fluorescência anexina-V FITC Fluorescência anexina-V FITC
FIGURA 2: Histogramas obtidos pela análise da citometria de fluxo dos
espermatozoides mantidos em SOF (controle), nos momentos 0 (I) e 3 horas
(II) ou no extrato de incubação de T. foetus nos momentos 0 (III) e 3 horas
(IV). (a) Espermatozoides viáveis (AN-/PI-). (b) Espermatozoides em apoptose
(AN+/PI). (c) Espermatozoides em início de necrose (AN+/PI+). (d)
Espermatozoide em necrose (AN-/PI+). Observe que há uma maior população
de espermatozoides em apoptose após três horas de manutenção, no extrato
de incubação de T. foetus (IV).
22
6 DISCUSSÃO
Embora seja bem conhecido e documentado que T. foetus cause
infertilidade em bovinos, são escassos os estudos sobre os mecanismos pelos
quais T. foetus pode provocar infertilidade nesses animais (CLARK et al., 1986;
RHYAN et al., 1988). É provável que a infecção por T. foetus impeça o
processo de fertilização ou interrompa a gestação antes do reconhecimento
materno; porém, muitos destes casos não são notificados.
Os resultados do presente estudo revelados na tabela 1 indicam que,
após duas horas de manutenção dos espermatozoides no extrato da incubação
de T. foetus, os produtos extracelulares secretados por T. foetus causaram
diminuição significativa da motilidade progressiva dos espermatozoides in vitro
em relação ao controle. Esses resultados estão de acordo com os obtidos por
Benchimol et al. (2007), que observaram uma diminuição da motilidade de
espermatozoides bovinos após duas horas de interação com T. foetus, bem
como com os resultados encontrados por Han et al. (2004), que investigaram in
vitro os efeitos dos metabólitos produzidos pelo T. vaginalis em
espermatozoides humanos, constatando uma diminuição da motilidade
espermática proporcional ao tempo de incubação dos espermatozoides no
sobrenadante da cultura do parasita.
A motilidade é essencial para o transporte dos espermatozoides pelo
trato reprodutivo da fêmea e para a penetração destes no oócito durante a
fertilização (DONNELLY et al., 1998). Kathiravan et al. (2008) encontraram uma
correlação positiva entre a motilidade espermática progressiva e a
percentagem de fertilização. Entretanto, microrganismos patogênicos presentes
no trato urogenital dos bovinos podem causar a diminuição da motilidade
espermática. Sylla et al. (2005) observaram que Mycoplasma mycoides ssp.
mycoides desestabilizou a organização dos microtúbulos do axonema de
espermatozoides bovinos e alterou o mecanismo de transporte destas células,
o que resultou na diminuição da habilidade de fertilização dos espermatozoides
in vitro.
Baseado nos relatos anteriores de que a motilidade espermática é
importante para o processo de fertilização, sugere-se, neste estudo, a hipótese
de que T. foetus possa reduzir a taxa de concepção por interferir na motilidade
espermática. Constatou-se que os produtos extracelulares de T. foetus
causaram diminuição da motilidade espermática e o contato direto dos
espermatozoides com o parasita causou intensa aglutinação, podendo ter
fortes implicações sobre o mecanismo de transporte deste espermático. A
confirmação desta hipótese requer investigações futuras.
23
Os tricomonandídeos produzem uma variedade de fatores de virulência
que podem ser importantes para a invasão e a destruição do tecido do
hospedeiro, incluindo adesinas (SHAIA et al., 1998), proteases (THOMFORD et
al., 1996), hemaglutininas (NAGAO et al., 2000), hemolisinas (BURGESS et al.,
1990) e cisteína peptidase (MALLINSON et al., 1995). As CPs de T foetus têm
sido observadas na mucosa cervical de novilhas experimentalmente infectadas
com o parasita (BASTIDA-CORCUERA et al., 2000).
Kania et al. (2001) demonstraram que a transcrição do gene para CP8
pode ser detectada por RT-PCR. Os autores observaram que esse gene foi
expresso dentro do útero de fêmeas experimentalmente infectadas por T.
foetus. No presente estudo, após análise da transcrição do gene para CP8 pela
RT-PCR, visualizada na figura 1, sugere-se a hipótese de que os produtos
extracelulares secretados por T. foetus presentes no sobrenadante constituem
fatores de virulência do parasita no meio de interação. Um desses fatores de
virulência pode ser CP8 de T. foetus, já que o parasita expressou
continuamente o gene para essa peptidase, na presença ou na ausência de
espermatozoides bovinos. Entretanto, os efeitos do extrato da incubação de T.
foetus podem não ter sido exclusivamente mediados pelo CP8, podendo estar
presentes diversos outros produtos extracelulares secretados por T. foetus.
Singh et al. (2004) e Singh et al. (2005) demonstraram que CP8 pode
induzir apoptose em culturas de células epiteliais vaginais e uterinas bovinas.
Os autores sugerem que a indução de apoptose, em vez de necrose, pode ser
benéfica para o parasita por limitar a resposta inflamatória, que poderia ser
prejudicial para este
Baseado nestes relatos, este estudo analisou se os produtos
extracelulares secretados pelo T. foetus causariam a perda da viabilidade
espermática e induziriam espermatozóides bovinos a apoptose ou necrose por
meio da técnica da citometria de fluxo com o uso das sondas fluorescentes
anexina-V FITC e iodeto de propídio, que detectam simultaneamente
espermatozoides em apoptose ou necrose.
A anexina-V é uma proteína que tem afinidade para fosfolipídios e,
quando conjugada com o fluorocromo fluorescente isotiocianato (FITC),
apresenta maior afinidade para a fosfatidilserina localizada na parte externa da
membrana do espermatozoide em apoptose, enquanto o iodeto de propídio é
capaz de penetrar no espermatozoide que perdeu a integridade da membrana
(VERMES et al., 1995). A associação destas sondas fluorescentes para a
análise da viabilidade espermática foi descrita por Januskauskas et al. (2003).
Estes autores utilizaram a técnica da citometria de fluxo associada à anexina-V
FITC e ao iodeto de propídio para demonstrarem que sêmen criopreservado de
touros apresenta, após o descongelamento, um aumento do número de
espermatozoides em início de necrose, isto é, células anexina-V FITC e iodeto
de propídio positivas (AN+/IP+).
24
No presente estudo, considerando-se os resultados da tabela 2, observa-
se que não houve perda significativa da viabilidade espermática após três
horas de manutenção dos espermatozoides com o extrato da incubação de T.
foetus de forma distinta daquela observada no grupo-controle. Esses
resultados diferem dos encontrados por Benchimol et al. (2007), que
demonstraram que, após duas horas de interação de T. foetus com
espermatozoides bovinos, os parasitas causaram perda significativa da
viabilidade dos espermatozoides bovinos (>90%). Entretanto, estes autores
demonstraram os efeitos diretos da interação espermatozoides/parasita, e não
do extrato contendo produtos extracelulares secretados pelo T. foetus como no
presente trabalho.
Essa divergência de resultados pode ser ainda em decorrência dos
diferentes procedimentos utilizados para a preparação dos espermatozoides.
No presente estudo, foi aplicada a técnica do gradiente de percoll para
obtenção de espermatozoides livres do meio diluidor de preservação, para
aqueles com cinética adequada e para aqueles com maior percentual de
membrana plasmática íntegra. Entretanto, Benchimol et al. (2007) estudaram
os efeitos de T. foetus sobre sêmen criopreservado descongelado, sem
utilização de uma técnica de separação espermática e empregaram a técnica
de coloração com eosina/negrosina.
No sêmen criopreservado descongelado, o número de espermatozoides
em apoptose com membrana plasmática íntegra pode aumentar até 30-40%
(ANZAR et al., 2002). Esses espermatozoides podem não ser corados com
eosina; desta maneira, pode-se superestimar a percentagem de
espermatozoides viáveis imediatamente após a descongelação do sêmen.
25
Os espermatozoides em apoptose representam uma fase transitória
entre os viáveis e os necrosados. Durante a fase inicial de distúrbios da função
da membrana, ocorre uma assimetria dos fosfolipídios, antes da integridade da
membrana a ser perdida (JANUSKAUSKAS et al., 2003). Portanto, os
espermatozoides em apoptose tornam-se necrosados rapidamente após a
incubação a 37°C (ANZAR et al., 2002).
No presente experimento, foi usado o meio SOF para manter os
espermatozoides durante os testes de interação com o extrato da incubação de
T. foetus. No estudo de Benchimol et al. (2007), foi usado o meio de cultura
TCM 199. Martins et al. (2007) observaram que o meio de TCM 199 confere
pouca proteção ao espermatozoide, causando uma alta taxa de danos ao DNA,
com consequente diminuição da viabilidade espermática. Este efeito pode estar
implicado na baixa percentagem de viabilidade espermática após duas horas
de interação com T. foetus, observada por Benchimol et al. (2007).
Pode-se observar, na tabela 2, que não houve diferença significante na
percentagem de espermatozoides em apoptose ou em necrose entre o grupo
de espermatozoides incubados com o extrato da incubação de T. foetus ou em
meio SOF. Entretanto, como visualizado na figura 2, o sêmen de um touro em
particular apresentou um aumento na percentagem de espermatozoides em
apoptose após o período de três horas de incubação com o extrato. É possível
que os espermatozoides deste touro fossem mais susceptíveis aos efeitos dos
produtos extracelulares de T. foetus. Resultados como estes ainda não foram
relatados na literatura consultada e requerem investigações futuras para
elucidar suas implicações.
Neste estudo, constatou-se que T. foetus sobrevive e expressa seu gene
para CP8 na presença ou não de espermatozoides bovinos em meio SOF e,
embora os produtos extracelulares secretados pelo parasita não causem
diminuição da viabilidade espermática, levaram à diminuição da motilidade
espermática progressiva que, aliada à aglutinação espermatozoide/parasita,
pode prejudicar a habilidade de fertilização in vitro dos espermatozoides. Por
26
hipótese, é possível que este processo ocorra também in vivo, podendo estar
implicado no processo de infertilidade dos bovinos infectados pelo T. foetus.
27
7 CONCLUSÕES
Nas condições de realização deste estudo, chega-se às seguintes
conclusões:
- T. foetus expressa o gene para cisteína peptidase independentemente
da interação com espermatozoides bovinos.
- Os produtos extracelulares de T. foetus têm efeito citotóxico sobre os
espermatozoides, refletindo em diminuição da motilidade.
- Os produtos extracelulares de T. foetus não têm efeitos citotóxicos
sobre a viabilidade espermática in vitro, após três horas de manutenção.
28
8 BIBLIOGRAFIA
AMANN, R.P.; PICKETT, B.W. Principles of cryopreservation and review of
cryopreservation of stallion spermatozoa. Equine Vet. Sci., v.7, p.145-173,
1987.
ANDERSON, M.L.; BONDURANT, R.H.; CORBEIL, R.R.; CORBEIL, L.B.
Immune and inflammatory responses to reproductive tract infection with
Tritrichomonas foetus in immunized and control heifers. J. Parasitol., v.82,
p.594-600, 1996.
ANZAR, M.; HE, L.; BUHR, M.M.; KROETSCH, T.G.; PAULS, K.P. Sperm
apoptosis in fresh and cryopreserved bull semen detected by flow cytometry
and Its relationship with fertility. Biol. Reprod., v.66, p.354-360, 2002.
BARTLETT, D.W.; TEETER, K.G.; UNDERWOOD, P.C. Artificial insemination
as a means of transmission of bovine venereal trichomoniasis. J. Am. Vet. Med.
Assoc., v.11, p.114-115, 1947.
BASTIDA-CORCUERA, F.; BUTLER, J.E.; HEYERMANN, H.; THOMFORD,
J.W.; CORBEIL, L.B. Tritrichomonas foetus extracellular cysteine proteinase
cleavage of bovine IgG2 allotypes. J. Parasitol., v.86, p.328-332, 2000.
BENCHIMOL, M.; DIAS, A.J.B.; DA SILVA FONTES, R. Interaction of
Tritrichomonas foetus and the bovine oviduct in an organ culture model. Vet.
Parasitol., v.140, p.244–250, 2006.
BENCHIMOL, M.; DA SILVA FONTES, R.; DIAS, A.J.B. Tritrichomonas foetus
damages bovine oocytes in vitro. Vet. Res., v.38, n.3, p.399-408, 2007.
BENCHIMOL, M.; DE ANDRADE ROSA, I.; DA SILVA FONTES, R.; DIAS, A.
J.B. Trichomonas adhere and phagocytose sperm cells: adhesion seems to be
a prominent stage during interaction. Parasitol. Res., v.102, n.4, p.597-604,
2008.
BIELANSKI, A.; GHAZI, D.F; PHIPPS-TOODD, B. Observations on the
fertilization and development of preimplantation bovine embryos in vitro in the
presence of Tritrichomonas foetus. Theriogenology, v.61, p.821-829, 2004.
29
BONDURANT, R.H. Pathogenesis, diagnosis, and management of
trichomoniasis in cattle. Vet. Clin. North Am. Food Anim. Pract., v.13, n.2,
p.345-361, 1997.
BURGESS, D.E.; KNOBLOCK, K.F.; DAUGHERTY, T.; ROBERTSON, N.P.
Cytotoxic and hemolytic effects of Tritrichomonas foetus on mammalian cell.
Infect. Immun., v.58, n.11, p.3627-3632, 1990.
CAPPUCCINELLI, P.; VARESIO, L. The effect of cytochalasin B, colchicine and
vinblastine on the adhesion of Trichomonas vaginalis to glass surfaces. Int. J.
Parasitol., v.5, n.1, p.57-61, 1975.
CLARK, E.H.; DUFTY, J.H.; PARSONSON, I.M. The frequency of infertility and
abortion in cows infected with Tritrichomonas foetus var. brisbane. Aust. Vet. J.,
v. 63, n.1, p.31-32, 1986.
COBO, E.R.; FAVETTO, P.H.; LANE, V.M.; FRIEND, A.; VANHOOSER, K.;
MITCHELL, J.; BONDURANT, R.H. Sensitivity and specificity of culture and
PCR of smegma samples of bulls experimentally infected with Tritrichomonas
foetus. Theriogenology, v.68, p.853-860, 2007.
CORBEIL, L.B.; CAMPERO, C.M.; VAN HOOSEAR, K.; BONDURANT, R.H.
Detection of trichomonad species in the reproductive tracts of breeding and
virgin bulls. Vet. Parasitol., v.154, p.226-232, 2008.
CROSS, N.L.; HANKS, S.E. Effects of cryopreservation on human sperm
acrosomes. Hum. Reprod., v.6, p.1279-1283, 1991.
DACKS, J.B.; WALKER, G.; FIELD, M.C. Implications of the new eukaryotic
systematics for parasitologists. Parasitol. Int., v.57, n.2, p.97-104, 2008.
30
DA SILVA, N.S.; DIAS FILHO, B.P.; DE SOUZA, W. Structural changes at the
site of Tritrichomonas foetus-erythrocyte interaction. Cell Struct. Funct., v.21,
n.4, p.245-250, 1996.
DA SILVA, N.S.; DIAS FILHO, B.P.; DE SOUZA, W. Identification and
localization of an adhesin on the surface of Tritrichomonas foetus. Parasitol.
Res., n.85, p.984-992, 1999.
DE AZEVEDO, N.L.; SILVA FILHO, F.C., DE SOUZA, W. The interaction of
Tritrichomonas foetus and Trichomonas vaginalis with macrophages. J.
Submicrosc. Cytol. Pathol., v.23, n.2, p.319-326, 1991.
DE AZEVEDO, N.L.; DE SOUZA, W. An ultrastructural and cytochemical study
of Tritrichomonas foetus-eosinophil interaction. J. Submicrosc. Cytol. Pathol.,
v.28, n.2, p.243-249, 1996.
DIAMOND, L.S. The establishment of various trichomonads of animals and man
in axenic cultures. J. Parasitol., v.43, p.488-490, 1957.
DIAS FILHO, B.P.; BENCHIMOL, M.; ANDRADE, A.F.; ANGLUSTER, J.; DE
SOUZA. W. Purification and immunocytochemical localization of neuraminidase
from Tritrichomonas foetus. Parasitology, v.118, p.17-25, 1999.
DONNELLY, E.T.; LEWIS, S.E.; MCNALLY, J.A.; THOMPSON, W. In vitro
fertilization and pregnancy rates: the influence of sperm motility and morphology
in IVF outcome. Fertil. Steril., v.70, p. 305–314, 1998.
GOMES, M.J.P.; FERNANDES, J.C.T.; SILVA, C.E.; SOUSA, S.T.B.
Identificação do Tritrichomonas foetus em bovinos do Estado do Rio Grande do
Sul, Brasil. Arq. Fac. Vet. UFRGS., v.19, p.103-111, 1991.
GORUS, F.K.; PIPELEERS, D.G. A rapid method for the fractionation of human
spermatozoa according to their progressive motility. Fertil Steril., v.35, n.6,
p.662-665, 1981.
HAN, Q.; LIU, J.; WANG, T.; XIAO, H.; FANG, Z. Influence of the metabolite
produced by Trichomonas vaginalis on human sperm motility in vitro. Zhonghua
Nan Ke Xue., v.10, n.4, p.272-275, 2004.
31
HOLM, P.; BOOTH, P.J.; SCHMIDT, M.H.; GREVE, T.; CALLESEN, H. High
bovine blastocyst development in a static in vitro production system using SOF
medium supplemented with sodium citrate and myo-inositol with or without
serum-proteins. Theriogenology, v. 52, p.683-700, 1999.
HONIGBERG, B.M. Evolutionary and systematic relationships in the flagellate
order Trichomonadida Kirby. J. Protozool., v.10, p.10-63, 1963.
HONIGBERG, B.M. Trichomonads of veterinary importance. In: KRIER, J. P.
Parasitic Protozoa. New York :Academic Press, 1978. v.2, chap.3, p.153-273.
JANUSKAUSKAS, A.; JOHANNISSON, A.; RODRIGUEZ-MARTINEZ, H.
Subtle membrane changes in cryopreserved bull semen in relation with sperm
viability, chromatin structure, and field fertility. Theriogenology, v.60, p.743-758,
2003.
JESUS, V.L.T.; PEREIRA, M.J.S.; ALVES, P.A.M.; DA FONSECA, A.H. Fatores
intrínsecos do hospedeiro associados à prevalência de tricomonose genital
bovina. Braz. J. Vet. Parasitol., v.13, n.4, p.159-163, 2004.
KANIA, S.A.; REED, S.L.; THOMFORD, J.W.; BONDURANT, R.H.; HIRATA,
K.; CORBEIL, R.R.; NORTHE, M.J.; CORBEIL, L.B. Degradation of bovine
complement C3 by trichomonad extracellular proteinase. Vet. Immunol.
Immunopathol., n.78, p.83-96, 2001.
KATHIRAVAN, P.; KALATHARAN, J.; JOHN EDWIN, M.; VEERAPANDIAN, C.
Computer automated motion analysis of crossbred bull spermatozoa and its
relationship with in vitro fertility in zona-free hamster oocytes. Anim. Reprod.
Sci., v.104, p.9-17, 2008.
KENNETT, M.J.; HOOK, R.R. Tritrichomonas foetus: characterization of
isolates and partial purification of a secreted cytotoxin. Exp. Parasitol., n.102,
p.1-8, 2002.
32
KLEINA, P.; BETTIM-BANDINELLI, J.; BONATTO, S.L.; BENCHIMOL, M.;
BOGO, M. Molecular phylogeny of Trichomonadidae family inferred from ITS-1,
5.8S rRNA and ITS-2 sequences. Int. J. Parasitol., v.34, n.8, p.963-970, 2004.
KUMMER, S.; HAYES, G.R.; GILBERT, R.O.; BEACH, D.H.; LUCAS, J.J.;
SINGH, B.N. Induction of human host cell apoptosis by Trichomonas vaginalis
cysteine proteases is modulated by parasite exposure to iron. Microb. Pathog.,
v.44, n.3, p.197-203, 2008.
LIU, J.H.; LI, H.Y.; CAO, Z.G.; DUAN, Y.F.; LI, Y.; YE, Z.Q. Influence of several
uropathogenic microorganisms on human sperm motility parameters in vitro.
Asian J. Androl., v.4, n.3, p.179-182, 2002.
LOCKWOOD, B.C.; NORTH, M.J.; SCOTT, K.I.; BREMNER, A.F.; COOMBS,
G.H. The use of a highly sensitive electrophoretic method to compare the
proteinases of trichomonads. Mol. Biochem. Parasitol., v.24, n.1, p.89-95, 1987.
LUCAS, J.J.; HAYES, G.R.; KALSI, H.K.; GILBERT, R.O.; CHOE, Y.; CRAIK,
C.S.; SINGH, B.N. Characterization of a cysteine protease from Tritrichomonas
foetus that induces host-cell apoptosis. Arch. Biochem. Biophys., v.477, n.2,
p.239-243, 2008.
MALLINSON, D.J.; LIVINGSTONE, J.; APPLETON, K.M.; LEES, S.J.;
COOMBS, H.G.; NORTH, M.J. Multiple cysteine proteases of the pathogenic
protozoon Tritrichomonas foetus: identification of seven diverse and
differentially expressed genes. Microbiology, v.141, p.3077-3085, 1995.
MARDONES, F.O.; PEREZ, A.M.; MARTINEZ, A.; CARPENTER, T.E. Risk
factors associated with Tritrichomonas foetus infection in beef herds in the
Province of Buenos Aires, Argentina. Vet. Parasitol., v.153, p.231-237, 2008.
MARIANTE, R.M.; LOPES, L.C.; BENCHIMOL, M. Tritrichomonas foetus
pseudocysts adhere to vaginal epithelial cells in a contact-dependent manner.
Parasitol. Res., v.92, p.303–312, 2004.
33
MARTIN, S.J.; REUTELINGSPERGER, C.P.M.; MCGAHON, A.J.; RADER,
J.A.; VAN SCHIE, R.C.A.A.; LAFACE, D.M.; GREEN, D.R. Earlier distribution of
plasma membrane phosphatidylserine is a general feature of apoptosis
regardless of the initiating stimulus: inhibition by overexpression of Bcl-2 and
Abl. J. Exp. Med., v.182, p.1545-1556, 1995.
MARTINS, C.F.; DODE, M.N.; BÁO, S.N.; RUMPF, R. The use of the acridine
orange test and the TUNEL assay to assess the integrity of freeze-dried bovine
spermatozoa DNA. Genet. Mol. Res., v.6, n.1, p.94-104, 2007.
MEGALE, F. Identificação do Trichomonas foetus em Minas Gerais. Arq. Esc.
Vet. UFMG, n.15, p.405, 1963.
MELO, M.R. Dados sobre a incidência da tricomonose bovina em alguns
estados do Brasil. Bol. Insemin. Artif., n.6, p.16-23, 1954.
MIES FILHO, A. Reprodução dos Animais. 6. ed. Porto Alegre: Sulina, 1987.
p.314.
NAGAO, E.; YAMAMOTO, A.; IGARASHI, T.; GOTO, N.; SASA, R. Two distinct
hemolysins in Tritrichomonas tenax ATCC 30207. Oral Microbiol. Immunol.,
v.15, n.6, p.355-359, 2000.
PARSONSON, I.M.; CLARK, B.L.; DUFTY, J. The pathogenesis of
Tritrichomonas foetus infection in the bull. Aust. Vet. J., v.50, n.10, p.421-423,
1974.
PARSONSON, I.M.; CLARK, B.L.; DUFTY, J.H. Early pathogenesis and
pathology of Tritrichomonas foetus infection in virgin heifers. J. Comp. Pathol.,
v.86, p.59-66, 1976.
PELLEGRIN, O.A.; LEITE, C.R. Atualização sobre tricomonose genital bovina.
2003. Disponível em: <http://www.cpap.embrapa.br/publicações/online/DOC54.
Acesso em: 18 abr. 2008.
34
PETRÓPOLIS, D.B.; FERNANDES RODRIGUES, J.C.; DA ROCHA-
AZEVEDO, B.; SILVA FILHO, F.C. The binding of Tritrichomonas foetus to
immobilized laminin-1 and its role in the cytotoxicity exerted by the parasite.
Microbiology, v.154, p.2283-2290, 2008.
RABELLO, E.X. Incidência de Tritrichomonas foetus (Riedmuller, 1928) em
touros usados para inseminação artificial no Estado de São Paulo. Rev. Fac.
Med. Vet. São Paulo., v.5, n.3, p.539-548, 1955.
RAE, D.O.; CREWS, J.E.; GREINER, E.C.; DONOVANA, G.A. Epidemiology of
Tritrichomonas foetus in beef bull populations in Florida. Theriogenology, v.61,
p.605-618, 2004.
RHYAN, J.C.; STACKHOUSE, L.L.; QUINN, W.J. Fetal and placental lesions in
bovine abortion due to Tritrichomonas foetus. Vet. Pathol., v.25, p.350-355,
1988.
RHYAN, J.C.; WILSON, K.L.; WAGNER, B.; ANDERSON, M.L.; BONDURANT,
R.H.; BURGESS, D.E.; MUTWIRI, G.K.; CORBEIL, L.B. Demonstration of
Tritrichomonas foetus in the external genitalia and of specific antibodies in
preputial secretions of naturally infected bulls. Vet. Pathol., v.36, p.406-411,
1999.
ROCHA-AZEVEDO, R.; DE MELO-BRAGA, M.B.; SILVA-FILHO, F.C. Intra-
strain clonal phenotypic variation of Tritrichomonas foetus is related to the
cytotoxicity exerted by the parasite to cultured cells. Parasitol. Res., v.95,
p.106-112, 2005.
ROEHE, R. Tricomoníase bovina. Bol. Dir. Prod. Anim., v.4, n.6, p.21-26, 1948.
35
SHAIA, C.I.; VOYICH, J.; GILLIS, S.J.; SINGH, B.N.; BURGESS, D.E.
Purification and expression of the Tf190 adhesin in Tritrichomonas foetus.
Infect. Immun., v.66, n.3, p. 1100-1105, 1998.
SILVA FILHO, F.C.; ELIAS, C.A.; SOUZA, W. Effect of far-ultraviolet radiation
and near-ultraviolet radiation on the surface of the protozoan Tritrichomonas
foetus. Photoch. Photobiol., v.43, p.505-507, 1986.
SILVA FILHO, F.C.; DE SOUZA, W. The interaction of Trichomonas vaginalis
and Tritrichomonas foetus with epithelial cells in vitro. Cell Struct. Funct., v.13,
n.4, p.301-10, 1988.
SILVA-FILHO, F.C.; DE SOUZA, W.; LOPES, J.D. Presence of laminin-binding
proteins in trichomonads and their role in adhesion. Proc. Natl. Acad. Sci., n.85,
p.8042-8046, 1988.
SILVA FILHO, F.C.; TOSTA, M.X.; SARAIVA, E.B.; DE SOUZA, W.
Trichomonas vaginalis and Tritrichomonas foetus secrete neuraminidase into
culture medium. Mol. Biochem. Parasitol., n.35, p.73-78, 1989.
SINGH, B.N.; LUCAS, J.J.; BEACH, D.H.; SHIN, S.T.; GILBERT, R.O.
Adhesion of Tritrichomonas foetus to bovine vaginal epithelial cells. Infect.
Immun., v.67, n.8, p.3847-3854, 1999.
SINGH, B.N.; LUCAS, J.J.; HAYES, G.R.; KUMAR, I.; BEACH, D.H.;
FRAJBLAT, M.; GILBERT, O.; SOMMER, U.; COSTELLO, C.E. Tritrichomonas
foetus induces apoptotic cell death in bovine vaginal epithelial cells. Infect.
Immun., v.72, n.7, p.4151-4158, 2004.
SINGH, B.N; HAYES, G.R.; LUCAS, J.J.; BEACH, D.H.; GILBERT, R.O. In vitro
cytopathic effects of a cysteine protease of Tritrichomonas foetus on cultured
bovine uterine epithelial cells. Am. J. Vet. Res., v.66, n.7, p.1181-1186, 2005.
SYLLA, L.; STRADAIOLI, G.; MANUALI, E.; ROTA, A.; ZELLI, R.; VINCENTI,
L.; MONACI, M. The effect Mycoplasma mycoides ssp. mycoides LC of bovine
origin on in vitro fertilizing ability of spermatozoa and embryo development.
Anim. Reprod. Sci., v.85, p.81-93, 2005.
36
TACHEZY, J.; TACHEZY, R.; HAMPL, V.; SEDINOVA, M.; VANACOVA, S.;
VRLIK, M.; VAN RANST, M.; FLEGR, J.; KULDA, A.J. Cattle pathogen
Tritrichomonas foetus (Riedmuller, 1928) and pig commensal Tritrichomonas
suis (Gruby & Delafond, 1843) belong to the same species. J. Eukaryot.
Microbiol., v.49, n.2, p.154-163, 2002.
TALBOT, J.A.; NIELSEN, K.; CORBEIL, L.B. Cleavage of proteins of
reproductive secretions by extracellular proteinases of Tritrichomonas foetus.
Can. J. Microbiol., v.37,n.5, p.384-90, 1991.
THOMFORD, J.W.; TALBOT, J.A.; IKEDA, J.S.; CORBEIL, L.B.
Characterization of extracellular proteinases of Tritrichomonas foetus. J
Parasitol., v.82, n.1, p.112-117, 1996.
TUTTLE, J.P.; HOLBROOK, T.W.; DERRICK, F.C. Interference of human
spermatozoal motility by Trichomonas vaginalis. J. Urol., v.118, n.6, p.1024-
1025, 1977.
URQUHART, G.M.; ARMOUR, J.; DUNCAN, J.L.; DUNN, A.M.; JENNINGS,
F.W. Parasitologia Veterinária. 2.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
p.304.
VERMES, I.; HAANEN, C.; REUTELINGSPERGER, C.P.M. A novel assay for
apoptosis: flow cytometric detection of phosphatidylserine expression on early
apoptotic cells using fluorescence labelled annexin V. J. Immunol. Methods,
v.180, p.39-52, 1995.
37
VEZNIK, Z.; SVECOVA, D.; ZAJICOVA, A.; RECKOVA, Z.; RUBES, J. The
interrelationship between quality parameters of sperm before and after
separation by gradient centrifugation. Vet. Med., v.52, n.10, p.423-429, 2007.
YULE, A.; SKIRROW, S.Z.; BONDURANT, R.H. Bovine trichomoniasis.
Parasitol. Today, v.5, p.373-377,1989.
ZAR, J. H. Biostatistical analysis. 4. ed. New Jersey: Prentice Hall, 1999. p.663.
38
Trabalho Científico
39
Trabalho a ser enviado para a revista Theriogenology (ISSN: 0093-691X)
Preparation of manuscripts:
1) Manuscripts should be written in clear, concise and grammatically correct
English and formatted according to the instructions listed below (also consult
additional notes regarding style at the end of this document).
2) Pages must be numbered at the bottom right corner and each line must be
numbered on the left side. Every page of the manuscript (including abstracts,
footnotes and references) must be doubled-spaced, all margins <2.5 cm, and
text left justified.
3) Starting with the Introduction, sections are to be numbered (1. Introduction);
subordinate numbering is allowed (e.g. 1.1.), to a maximum of about four levels
(1.1.1.1.).Titles and subtitles should be typed on a separate line, without
indentation. Capitalize only the first letter of the first word of the title and all
subtitles. Leave one blank line before the first paragraph and after the last
paragraph of a section, and indent each paragraph.
4) Title, which should be clear, descriptive, not too long, with minimal
abbreviations (capitalize only the first letter of the first word)
5) Initials, surnames and professional affiliations of all author(s). Current and
complete postal addresses of all authors and affiliate institutions
Corresponding Author with complete contact information including mailing
address, complete telephone and fax numbers, and e-mail address
6) Abstract: on a separate page, not to exceed 250 words. The abstract should
include the objective, main findings and primary conclusion(s) of the paper.
7) Five keywords (indexing terms): capitalize the first letter of each word or term
and separate successive items with a semicolon.
8) Introduction: should provide a brief context for the research. There should be
three parts: a clear, brief description of the nature and extent of the problem; a
brief review of the essential literature; and a statement of how the present study
challenges, expands or improves existing knowledge. The final paragraph
should include the hypothesis or objective(s), but should not include a summary
of the findings of the current study.
40
9) Materials and Methods: must contain enough information to allow a
competent worker to duplicate the study. Materials and equipment should be
named specifically, including the manufacturer/supplier, city, state/province (if
applicable) and country. Descriptions of animals should include species, breed,
sex, and age as well as (if appropriate) husbandry methods, climate,
photoperiod, and geographic location. Experimental methods (including the
experimental design) should be comprehensive and logical. The method of
statistical evaluation must be clearly described (cite the software used). Indicate
treatment and response variables, main effects and interactions, define
experimental units and how they were allocated into groups.
10) Results: should fully describe the outcome, including all information
described as collected in Materials and Methods. The use of tables and figures
is encouraged, especially for data that cannot be easily described in the text.
Emphasize important points in the text, but do not excessively repeat data in
tables and figures. Avoid discussion and interpretation of the data in the Results
section.
11) Discussion: includes principles, relationships, and general truths. First refer
to the outcome of the present study, indicate how it is similar or different to that
previously reported, and discuss your interpretation of the state of knowledge in
the area. Theoretical or practical implications of the work should be discussed,
and suggestions made regarding future studies. Major conclusions and
implications should be stated in a brief, final paragraph.
12) Acknowledgements: cite sources of funds, materials and assistance
.
13) Figure Legends: should not be excessively long and detailed but should
provide sufficient context that the figure can be interpreted in the absence of the
rest of the paper.
41
14) All tables should be referred to by consecutive Arabic numerals (e.g., Table
1) in the order in which they are first cited. Avoid excessively large tables and
those without no or few significant differences. Each table should be on a
separate page (at the end of the manuscript). Each table should have a brief,
self-explanatory title. Column headings should be brief, self-explanatory and
have minimal repetition. Standard abbreviations of units of measurement should
be enclosed within parentheses. For column and row headings, capitalize only
the first letter of the first word. Vertical lines should not be used to separate
columns (leave extra space between columns). Information essential to
interpreting the table should appear as a footnote below the table. .
15) All illustrations should be referred to by consecutive Arabic numerals (e.g.,
Fig. 1). Units should be indicated in the figures. Each illustration should be
identified by its number. An indication of the top of the illustrations is required in
all cases where it is not immediately apparent. Illustrations should be consistent
with the layout and size of the journal page (illustrations can be placed in a
single column or across the entire page). Illustrations should be large enough to
allow a reduction of 50%. Ensure that the lettering is big enough to allow a
reduction of 50% without becoming illegible. The lettering should be in English.
Use the same kind of lettering throughout and follow the style of the journal.
Capitalize only the first letter of the first word of all axis labels. Each illustration
should have a caption (typed on a separate sheet). Explanations should be
given in the legend. Text in the illustrations should be kept to a minimum.
16) All references cited in the text should be listed in a References section (after
Acknowledgements). Ensure there is complete agreement between references
cited in the text and those listed in the References section and that all
information in the References section is accurate and complete. References in
the text should be indicated by Arabic numerals in brackets (with multiple
citations separated by a comma and no space between the comma and the
next citation); three or more consecutive citations should be separated by a
hyphen, i.e. [1,2] [1-3] [1-3,5]. In the Reference section, references must be
listed in numerical (NOT alphabetical) order, with reference number enclosed in
brackets. References should use the following style:
42
a. For periodicals
Connor EE, Ashwell MS, Dahl GE. Characterization and expression of the
bovine growth hormone-releasing hormone (GHRH) receptor. Domest Anim
Endocrinol 2002;22:189-200.
b. For books
Betteridge KJ. Embryo Transfer. In: Reproduction in Domesticated Animals,
King GJ (Ed.), World Animal Science B9, Elsevier B.V., 1993, pp. 413-418.
c. For multi-author books
Van Zutphen LFM, Baumans V, Beynen AC. Principles of Laboratory Animal
Science, Revised Edition. Elsevier B.V., 2001.
Work accepted for publication but not yet published should be referred to as "in
press". References concerning unpublished data and "personal
communications" should not be cited in the reference list but may be mentioned
in the text.
Tritrichomonas foetus extracellular products decrease bull sperm
progressive motility
C.M. Ribeiro
1
, M.B. Falleiros
2
, S.D. Bicudo
3
, J.P. Araujo Júnior
4
, M.A. Golim
5
,
F.C. Silva Filho
6
, C.R. Padovani
7
, J.R. Modolo
8
8
Corresponding author: José Rafael Modolo
Department of Veterinary Hygiene and Public Health, Faculty of Veterinary
Medicine and Animal Science, São Paulo State University, Botucatu, São
Paulo, Brazil.
Mail box: 524, Botucatu, Zip code: 18.618-000, São Paulo, Brazil
Tel.: +55 14 3811 6270 Fax: +55 14 3811 6075
E-mail address:
1
Claudia de Mello Ribeiro
Department of Veterinary Hygiene and Public Health, Faculty of Veterinary
Medicine and Animal Science, São Paulo State University, Botucatu, São
Paulo, Brazil.
E-mail address:
2
Marcel Barbosa Falleiros
Department of Animal Reproduction and Veterinary Radiology, Faculty of
Veterinary Medicine and Animal Science, São Paulo State University, Botucatu,
São Paulo, Brazil.
E-mail address:
1
3
Sony Dimas Bicudo
Department of Animal Reproduction and Veterinary Radiology, Faculty of
Veterinary Medicine and Animal Science, São Paulo State University, Botucatu,
São Paulo, Brazil.
E-mail address:
4
João Pessoa Araújo Júnior
Department of Microbiology and Immunology, Institute of Biosciences, São
Paulo State University, Botucatu, São Paulo, Brazil.
E-mail address:
5
Marjorie Assis Golim
Botucatu Blood Center, School of Medicine, São Paulo State University,
Botucatu, São Paulo, Brazil.
E-mail address:
6
Fernando Costa e Silva Filho
Institute of Biophysics Carlos Chagas Filho, Federal University of Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil.
E-mail address:
7
Carlos Roberto Padovani
Department of Biostatistics, Bioscience Institute, São Paulo State University,
Botucatu, São Paulo, Brazil.
E-mail address:
2
Abstract
Tritrichomonas foetus is the etiologic agent of bovine trichomoniasis, a
contagious infectious disease of venereal transmission, which causes abortion
and infertility in cattle. In bulls, the infection starts in the epithelial surface of the
penis and prepuce. However, there is scarce information on bovine sperm
susceptibility to such parasite. Thus, the aim of this work was to study, in vitro,
the interaction between T. foetus and bovine sperm cells, as well as to evaluate
the effect of extracellular products secreted by the parasite on these cells.
Cryopreserved commercial semen was obtained from five fertile bulls (Bos
taurus taurus, Holstein). Spermatozoa were selected through the Percoll
gradient technique and kept for three hours with T. foetus or T. foetus culture
extract containing extracellular products secreted by the parasite. At 0, 1, 2 and
3 h, the progressive motility and the viability of spermatozoa were assessed.
Results were evaluated through non-parametric analysis of variance
complemented with Dunn’s test for multiple comparison. T. foetus adhered to
the bovine spermatozoa, expressing its gene for cysteine peptidase. The
extracellular products secreted by T. foetus were cytotoxic to the spermatozoa,
decreasing their progressive motility although viability was not significantly
decreased.
Keywords: Tritrichomonas foetus; Sperm motility; Sperm viability; Apoptosis;
Necrosis.
3
1. Introduction
Tritrichomonas foetus is a protozoan parasite found in the surface of the
urogenital mucosa of cattle, causing bovine trichomoniasis. This disease leads
to economic damages due to its direct effects on the reproductive performance
of infected herds, consequently affecting their productivity [1,2]. The clinical
symptoms of trichomoniasis in females include infertility, vaginitis, pyometra,
embryonic death, and abortion [3,4].
In bulls, T. foetus resides preferentially on the mucosa of the penis and
prepuce, where it triggers a chronic and asymptomatic infection [5,6].
Transmission mainly occurs during the coitus between an asymptomatic
infected bull and a susceptible female [2,7]; however, iatrogenic transmission
may occur through gynecological instruments [8,9]. Besides, T. foetus has been
suggested to survive in fresh and cryopreserved semen, as well as to be
transmitted through artificial insemination [10], which can be considered a
potential route for its introduction during in vitro fertilization. In a preliminary
study, T. foetus did not prevent the in vitro fertilization and the development of
bovine embryos [11].
However, T. foetus was already reported to adhere to and damage
bovine reproductive cells in vitro. The parasite was capable of adhering to the
bovine spermatozoa, leading to a decrease in their motility and agglutination
after 2 h interaction [12]. Exposure of oocytes to T. foetus caused a rapid
adhesion of parasites to the pellucid zone. After 6 h interaction, oocytes had
morphological characteristics compatible with apoptosis [13]. However, T.
foetus can also exert its cytopathic effects by secreting virulence factors into the
4
interaction medium. Cysteine peptidases (CPs), which are secreted by the
parasite, have a cytopathic effect on the cells of the bovine reproductive tract.
Also, CP8, obtained from T. foetus culture supernatant, induces apoptosis in
vaginal epithelial and uterine cells of cows [14,15].
T. foetus infection may result in transitory or permanent infertility in cows.
Such apparent infertility is probably due to embryonic death resultant of the
infection by the parasite [4]. However, T. foetus may have cytopathic effects on
spermatozoa, preventing the fertilization process. Therefore, further studies on
the pathogenic mechanism of this parasite are needed to better understand the
parasite-host interaction.
Thus, the present study aimed to improve the understanding of T. foetus
action on the pathogeny of trichomoniasis, as there is scarce specific
information on this subject.
5
2. Materials and methods
2.1. Tritrichomonas foetus
Tritrichomonas foetus K strain [16] was grown in Diamond TYM medium
[17] supplemented with 10% fetal calf serum (Nutricell – Nutrientes celulares,
Campinas, São Paulo State, Brazil) for 24 h, at 37°C, in a humidified
atmosphere containing 5% CO
2
. Then, the cells were collected by
centrifugation, rinsed in serum-depleted Diamond TYM medium, counted in a
hematimetric chamber, and suspended in modified synthetic oviductal fluid
(SOF) [18] at 1x10
6
parasites/mL.
2.2. T. foetus culture extract
After incubation of T. foetus (1x10
6
parasites/mL) in SOF medium for 3 h
at 37°C, the supernatant was obtained by centrifugation at 400 X g for 10 min
and filtered through a sterile 0.2 µm membrane filter. The remnant was
denominated T. foetus culture extract.
2.3. Spermatozoa
Cryopreserved semen was obtained from five fertile bulls (Bos taurus
taurus, Holstein-Friesian) with fertility proven in commercial programs of
artificial insemination. All semen samples (20 plastic straws of 250 µL) were of
the same commercial batch. Thawing was performed by immersing straws for
6
20 s in a 40°C water bath. Then, the spermatozoa were selected through
Percoll gradient, as previously described by Gorus and Pipeleers [19]. In brief,
thawed semen was added to a gradient obtained with 1mL of 90% Percoll
solution (Nutricell – Nutrientes celulares, Brazil) and 1mL of 45% Percoll
solution (Nutricell – Nutrientes celulares, Brazil). After centrifugation at 900 X g
for 30 min, the pellet containing the spermatozoa was resuspended in 3 mL X-
Cell® medium (IMV Technologies, USA) and centrifuged at 400 X g for 5 min.
The spermatozoa were then added to 200 µL SOF medium. To analyze the
interaction sperm cell-T. foetus or sperm cell-T. foetus culture extract, the
number of spermatozoa was standardized at 1x10
6
spermatozoa/mL. All studies
were carried out separately for each bull.
2.4. Experimental design
For the analysis of sperm cell-T. foetus interaction, considering the
expression of T. foetus CP8, the parasite at 1x10
6
/mL concentration was added
to 1 mL SOF medium containing 1x10
6
spermatozoa/mL and incubated for until
3 h at 37°C in a humidified atmosphere containing 5% CO
2
.
To analyze the effect of T. foetus extracellular products on sperm cell
motility and viability, 1x10
6
spermatozoa/mL were suspended in 1 mL T. foetus
culture extract or 1mL SOF medium (control) for until 3 h at 37°C.
7
2.5. Expression analysis of the gene for CP8 during parasite-sperm cell
interaction
2.5.1. Total RNA extraction
RNA expression concerning T. foetus CP8 (access number X87781) was
followed at 0, 1, 2 and 3 h of parasite-sperm cell interaction carried out in 1mL
SOF medium. Controls consisted of parasites before their interaction with
spermatozoa. Total RNA from the parasites was obtained by using the Total
RNA Purification Kit (Norgen Biotek Corporation, USA) following the
manufacturer’s instructions. Both concentration and purity of the RNA samples
were spectrophotometrically monitored by Thermo Scientific NanoDrop
TM
1000
Spectrophotometer (NanoDrop, USA). Then, RNA samples were treated with
RQ1 RNase-Free DNase Kit (Promega, USA).
2.5.2. Reverse Transcriptase – PCR
The respective cDNA was generated by using the ImProm-II™Reverse
Trasncriptase Kit (Promega, USA) following the manufacturer’s instructions.
Polymerase chain reaction (PCR) amplification of T. foetus cDNA was designed
and performed as follows: forward primer (5’– TCT CAG CTA TCC AAG CTG
CCG AAT) and reverse ones (5’– TGG TTG AAC CTT CAG CAC CGA AAC)
were designed to amplify a 456bp band from a CP8 fragment using
PrimerQuest (www.idtdna.com.). The reaction was developed for a final volume
of 25 µL using the kit Go Taq Green Master Mix (Promega, USA) with the
8
addition of 4 µL cDNA for the reaction and 10 pmol of each primer. The
amplification was performed in Eppendorf Mastercycler Gradient Thermocycler
(Eppendorf Scientific, Inc., Westbury, NY, USA) and the adopted cycle
conditions were: one cycle at 94°C for 5 min, forty cycles at 94°C for 1 min, one
cycle at 60°C for 1 min, another cycle at 72°C for 1 min, and an additional cycle
at 72°C for 5 min. Total DNA from T. foetus was used as positive control and
water as negative control. The amplification efficiency was determined on 1.5%
agarose gels in 1 x TBE buffer stained with SYBR Safe dye (Invitrogen, USA).
The size of the amplified products was compared with 100kb standards (Norgen
Biotek Corporation, USA) and the gels were photographed under UV
transilluminator.
2.6. Analysis of sperm cell motility
To analyze sperm cell progressive motility (%) during incubation of
spermatozoa in T. foetus culture extract or SOF medium (control), the
Computer-Assisted Semen Analysis – CASA, version IVOS-12, Hamilton
Thorne Biosciences (IMV Technologies, USA), was appropriately standardized
with set-up for bovine semen. The analysis was carried out with 5 µL semen
aliquots incubated for different times and placed in a Makler Counting Chamber
(Sefi-medical Instruments, Haifa, Israel). Objects incorrectly identified as
spermatozoa were disregarded in the analysis. At 0, 1, 2, and 3 h incubation,
the spermatozoa in supernatants or SOF medium were evaluated for
progressive motility, and the result was expressed as percentage.
9
2.7. Flow cytometric analysis
At 0, 1, 2 and 3 h incubation, the spermatozoa in T. foetus culture extract
or SOF medium (control) were analyzed for viability using flow cytometry with
Annexin-V-FITC Apoptosis Detection Kit I (BD Pharmingen™, USA). Staining
was conducted according to the protocol recommended by the manufacturer,
with slight modifications. In brief, spermatozoa (1x10
5
/mL) were collected and
suspended in 200µL annexin-V binding buffer for 10 min. Then, the remaining
product was centrifuged at 900 X g for 15 min, and aliquots of 100 µL were
transferred to 5mL culture tubes supplemented with 5µL annexin-V-FITC and 5
µL propidium iodide. The tubes were gently mixed and further incubated for 15
min in the dark. Additional 400 mL binding buffer was added to each tube prior
to analysis. The samples were analyzed in a FACSCalibur flow cytometer (BD
Biosciences, San Jose, CA, USA) equipped with an argon-ion LASER 488 nm
and CellQuest™ software. Acquisition gate was applied to the FSC/SSC two-
dimensional histogram to restrict the analysis to spermatozoa and to eliminate
small debris and other particles from other analyses. This method allows the
identification of four distinct types
of spermatozoa: viable spermatozoa
(annexin-V-negative/PI-negative, AN
_
/PI
_
), apoptotic spermatozoa (annexin-V-
positive/PI-negative, AN+/PI
_
), early necrotic spermatozoa (annexin-V-
positive/PI-positive, AN+/PI+), and necrotic spermatozoa (annexin-V-
negative/PI-positive, AN-/PI+) [20].
10
2.8. Statistical analysis
Nonparametric analysis and Dunn’s nonparametric test for multiple
comparisons were used [21]. Significance levels were set at 5%.
11
3. RESULTS
3.1. Bovine spermatozoa adhere to T. foetus
After 30 min incubation of the mixture containing 1x10
6
spermatozoa/mL,
which were selected through centrifugation in Percoll gradient, with 1x10
6
/mL T.
foetus in SOF medium at 37°C and 5% CO
2
, bovine spermatozoa adhered by
the head and tail to the cellular body of T. foetus, indicating interaction.
3.2. T. foetus expresses the gene for CP8 during the interaction with
spermatozoa
Gene expression for T. foetus CP8 was evaluated at 0, 1, 2 and 3 h
incubation of the parasite in SOF medium (control) or in SOF medium
containing bovine spermatozoa. The gene for CP8 was continuously expressed
by T. foetus incubated in SOF medium, independently of the presence of
spermatozoa (Fig. 1).
3.3. Sperm cell progressive motility was changed by T. foetus extracellular
products
The results of sperm cell progressive motility analysis using CASA are
shown in Table 1. The progressive motility of spermatozoa kept in SOF medium
(control) did not decrease over the three hours of the experiment. However,
spermatozoa kept in T. foetus culture extract had reduced progressive motility
12
after 1 h. The percentage of spermatozoa with progressive motility after 3 h was
lower in the culture extract than in the control group.
3.4. Sperm cell viability after interaction with T. foetus culture extract
The results of sperm viability assessed through flow cytometry using
annexin-V-FITC (AN) and propidium iodide (PI) during incubation in T. foetus
culture extract or SOF medium are summarized in Table 2. After 3 h, the
percentage of viable spermatozoa (AN
_
/PI
_
) decreased in both evaluated
groups. From 2 h, the percentage of viable spermatozoa in T. foetus culture
extract was higher than in the control group.
At all evaluation times and in both groups, the percentage of positive
annexin-V-FITC cells (AN+/PI
_
) decreased, indicating there were few
spermatozoa in apoptosis. The semen of one bull had higher percentage of
cells in apoptosis (10.6%) after 3 h interaction with T. foetus culture extract;
however, this was not enough to cause a significant difference between the
studied groups, which were different only at the initial period (Fig. 2). The
spermatozoa kept in T. foetus culture extract presented higher percentage of
apoptosis at the end of the experiment than at the initial period.
Most positive annexin-V-FITC cells were also positive for propidium
iodide (AN+/PI+); these cells were spermatozoa in initial necrosis with
compromised plasmatic membrane. The percentage of spermatozoa in initial
necrosis was not significantly different between groups at any of the
experimental periods and both groups had elevated spermatozoa of this class
at the final period, relative to the initial one.
13
There was an increase in the number of spermatozoa in necrosis
(AN
_
/PI+) during the experiment in both groups, which corresponded to a
decrease in sperm cell viability throughout the incubation period.
14
4. Discussion
Although T. foetus is known to induce infertility in cattle, there are scarce
studies on the mechanisms through which this process occur [22,4]. T. foetus
infection probably prevents fertilization or interrupts gestation before maternal
recognition and many of these cases are not notified.
The results of the present study presented in Table 1 indicate that after 2
h incubation of spermatozoa in T. foetus culture extract, the extracellular
products secreted by the parasite significantly decreased the sperm cell
progressive motility in vitro, relative to control. Such results agree with those
obtained by Benchimol et al. [13], who detected a decrease in bovine sperm cell
motility after 2 h interaction with T. foetus. The present data also corroborate
the results reported by Han et al. [23], who investigated the in vitro effects of T.
vaginalis metabolites on human spermatozoa and found that the decrease in
the motility of sperm cells was proportional to their incubation time in the
parasite culture supernatant.
Motility is essential for the transport of spermatozoa along the female
reproductive tract, as well as for their penetration into the oocyte during
fertilization [24]. Kathiravan et al. [25] found a positive correlation between
sperm cell progressive motility and fertilization percentage. However,
pathogenic microorganisms present in the bovine urogenital tract may decrease
the motility of spermatozoa. Sylla et al. [26] reported that Mycoplasma mycoides
ssp. mycoides destabilized the organization of axoneme microtubules of bovine
spermatozoa and altered the transport mechanism of these cells, decreasing
their fertilization capability in vitro.
15
Based on previous reports about the importance of sperm cell motility in
the fertilization process, T. foetus is here suggested to reduce the conception
rate by interfering with the motility of spermatozoa. The extracellular products
secreted by the parasite decreased sperm cell motility and the direct contact of
spermatozoa with the parasite caused intense agglutination, probably affecting
their transport mechanism. To confirm such hypothesis, future investigations
are needed.
Trichomonads produce a variety of virulence factors which can be
important to invade and destroy the host tissue; these include adhesins [27],
proteases [28], hemagglutinins [29], hemolysins [30] and cysteine peptidase
(CP) [31]. T. foetus CPs have been observed in the cervical mucosa of heifers
experimentally infected with this parasite [32].
Kania et al. [33] demonstrated that the transcription of the gene for CP8
can be detected through RT-PCR. Those authors noted that this gene was
expressed inside the uterus of females experimentally infected with T. foetus. In
the present study, after RT-PCR analysis of the transcription of the gene for
CP8 shown in Fig. 1, T. foetus extracellular products present in the supernatant
were suggested to constitute virulence factors of the parasite in the interaction
medium. One of these virulence factors can be CP8 since the parasite
continuously expressed the gene for this peptidase either in the presence or in
the absence of bovine spermatozoa. However, the effects of T. foetus culture
extract might have not been exclusively mediated by CP8; several other
extracellular products secreted by T. foetus were probably present.
Singh et al. [14] and Singh et al. [15] demonstrated that CP8 may induce
apoptosis in bovine uterine and vaginal epithelial cell cultures. Those authors
16
suggested that induction of apoptosis instead of necrosis may be beneficial to
the parasite as the former limits the inflammatory response which could be
harmful to the parasite.
Based on such reports, the present study analyzed whether the
extracellular products secreted by T. foetus decrease sperm cell viability and
induce apoptosis or necrosis in bovine spermatozoa. For this analysis, we
employed flow cytometry using the fluorescent waves annexin-V-FITC and
propidium iodide, which simultaneously detect spermatozoa in apoptosis and
necrosis.
The protein annexin-V has affinity for phospholipids and when
conjugated with fluorescein isothiocyanate (FITC) presents higher affinity for
phosphatidylserine, which is located in the outer part of the membrane of
spermatozoa in apoptosis. Propidium iodide is capable of penetrating the sperm
cell that had lost its membrane integrity [34]. The association of these
fluorescent waves to analyze sperm cell viability was described by
Januskauskas et al. [35]. These authors employed the flow cytometry technique
associated with annexin-V-FITC and propidium iodide to demonstrate that, after
thawing, cryopreserved semen of bulls has increased number of spermatozoa
in necrosis, i.e. positive annexin-V-FITC and propidium iodide cells (AN+/IP+).
In the present study, considering the results in Table 2, there was no
significant loss of viability after three hours incubation of spermatozoa with T.
foetus culture extract, differently from the control group. These results differ
from those obtained by Benchimol et al. [13], who showed that after 2 h
interaction of T. foetus with bovine spermatozoa, the parasites caused a
significant viability loss in sperm cells (>90%). However, those authors
17
demonstrated the direct effects of the sperm cell/parasite interaction, not
involving the extracellular products secreted by T. foetus.
Such divergence of results may be due to the different procedures
adopted for sperm cell preparation. In the present study, Percoll gradient
technique was used to obtain free spermatozoa from the dilutive preservation
medium and those with appropriate kinetics and higher percentage of intact
plasma membrane [36]. However, Benchimol et al. [13] studied the effects of T.
foetus on thawed cryopreserved semen, without sperm separation but using
color techniques including eosin/nigrosine
In thawed cryopreserved semen, the number of spermatozoa in
apoptosis with intact plasma membrane can reach up to 30-40% [20]. These
spermatozoa may be not stained with eosin; thus, the percentage of viable
sperm cells can be overestimated immediately after the semen thawing.
Spermatozoa in apoptosis represent a transitory phase between viable
and necrosed cells. During the initial phase of membrane function disturbances,
there is an asymmetry of phospholipids before the membrane integrity is lost
[35]. Therefore, spermatozoa in apoptosis become rapidly necrosed after
incubation at 37°C [20].
In the present experiment, spermatozoa was kept in SOF medium during
interaction tests with T. foetus culture extract. Benchimol et al. [13] used TCM
199 as culture medium in its study. According to Martins et al. [37], TCM199
medium provides little protection to spermatozoa, causing great damages to the
DNA, consequently decreasing spermatic viability. This effect may have led to
the low viability percentage of sperm cells after 2 h interaction with T. foetus
observed by Benchimol et al. [13].
18
As shown in Table 2, there was no significant difference in the
percentage of apoptosis or necrosis between spermatozoa incubated with T.
foetus culture extract and those incubated in SOF medium. However, as
indicated in Fig. 2, the semen of one bull presented higher percentage of
spermatozoa in apoptosis after 3 h incubation with the extract. The sperm cells
of this bull were probably more susceptible to the effects of T. foetus
extracellular products. Similar results have not been reported in literature and
require further investigation to elucidate their implications.
In conclusion, Tritrichomonas foetus survives and expresses its gene for
CP8 either in the presence or in the absence of bovine spermatozoa in SOF
medium. Although the extracellular products secreted by this parasite do not
reduce the viability, they lead to a decrease in the progressive motility of
spermatozoa which, associated with sperm cell/parasite agglutination, may
affect the in vitro fertilization capability of these cells. As hypothesis, such
process may also occur in vivo and can be implicated in the infertility of T.
foetus-infected cattle.
19
5. Acknowledgements
This study has been supported by the Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (FAPESP, process 06/60514-5).
20
6. Rerefences
[1] Anderson ML, Bondurand RH, Corbeil RR, Corbeil LB. Immune and
inflammatory responses to reproductive tract infection with Tritrichomonas
foetus in immunized and control heifers. J Parasitol 1996;82:594-600.
[2] Bondurant RH. Pathogenesis, diagnosis, and management of trichomoniasis
in cattle. Vet Clin North Am Food Anim Pract 1997;13:345-361.
[3] Parsonson IM, Clark BL, Dufty JH. Early pathogenesis and pathology of
Tritrichomonas foetus infection in virgin heifers. J Comp Pathol 1976;86:59-
66.
[4] Rhyan JC, Stackhouse LL, Quinn WJ. Fetal and placental lesions in bovine
abortion due to Tritrichomonas foetus. Vet Pathol 1988;25:350-355.
[5] Parsonson IM, Clark BL, Dufty J. The pathogenesis of Tritrichomonas foetus
infection in the bull. Aust Vet J 1974;50:421-423.
[6] Rhyan JC, Wilson KL, Wagner B, Anderson ML, Bondurant RH, Burgess DE,
Mutwiri GK, Corbeil LB. Demonstration of Tritrichomonas foetus in the
external genitalia and of specific antibodies in preputial secretions of
naturally infected bulls. Vet Pathol 1999;36:406-411.
21
[7] Mardones FO, Perez AM, Martinez A, Carpenter TE. Risk factors associated
with Tritrichomonas foetus infection in beef herds in the Province of Buenos
Aires, Argentina. Vet Parasitol 2008;153:231-237.
[8] Yule A, Skirrow SZ, BonDurant RH. Bovine trichomoniasis. Parasitol Today
1989;5:373-377.
[9] Rae DO, Crews JE. Tritrichomonas foetus. Vet Clin North Am Food Anim
Pract 2006;22:595-611.
[10] Bartlett DW, Teeter KG, Underwood PC. Artificial insemination as a means
of transmission of bovine venereal trichomoniasis. J Am Vet Med Assoc
1974;11:114-115.
[11] Bielanski A, Ghazi DF, Phipps-Toodd B. Observations on the fertilization
and development of preimplantation bovine embryos in vitro in the
presence of Tritrichomonas foetus. Theriogenology 2004;61:821-829.
[12] Benchimol M, De Andrade Rosa I, Da Silva Fontes R, Dias AJB.
Trichomonas adhere and phagocytose sperm cells: adhesion seems to be
a prominent stage during interaction. Parasitol Res 2008;102:597-604.
[13] Benchimol M, Da Silva Fontes R, Dias AJB. Tritrichomonas foetus
damages bovine oocytes in vitro. Vet Res 2007;38:399-408.
22
[14] Singh BN, Lucas JJ, Hayes GR, Kumar I, Beach DH, Frajblat M, Gilbert O,
Sommer U, Costello E. Tritrichomonas foetus induces apoptotic cell death
in bovine vaginal epithelial cells. Infect Immun 2004;72:4151-4158.
[15] Singh BN, Hayes GR, Lucas JJ, Beach DH, Gilbert RO. In vitro cytopathic
effects of a cysteine protease of Tritrichomonas foetus on cultured bovine
uterine epithelial cells. Am J Vet Res 2005;66:1181-1186.
[16] Silva Filho FC, Elias CA, Souza W. Effect of far-ultraviolet radiation and
near-ultraviolet radiation on the surface of the protozoan Tritrichomonas
foetus. Photoch Photobiol 1986;43:505-507.
[17] Diamond LS. The establishment of various trichomonads of animals and
man in axenic cultures. J Parasitol 1957;43:488-490.
[18] Holm P, Booth PJ, Schmidt MH, Greve T, Callesen H. High bovine
blastocyst development in a static in vitro production system using SOF
medium supplemented with sodium citrate and myo-inositol with or without
serum-proteins. Theriogenology 1999;52:683-700.
[19] Gorus FK, Pipeleers DG. A rapid method for the fractionation of human
spermatozoa according to their progressive motility. Fertil Steril
1981;35:662-665.
23
[20] Anzar M, He L, Buhr MM, Kroetsch TG, Pauls KP. Sperm apoptosis in fresh
and cryopreserved bull semen detected by flow cytometry and its
relationship with fertility. Biol Reprod 2002;66:354-360.
[21] Zar JH. Biostatistical analysis, 4
th
edition. Prentice Hall,1999.
[22] Clark EH, Dufty JH, Parsonson IM. The frequency of infertility and abortion
in cows infected with Tritrichomonas foetus var. brisbane. Aust Vet J
1986;63:31-32.
[23] Han Q, Liu J, Wang T, Xiao H, Fang Z. Influence of the metabolite
produced by Trichomonas vaginalis on human sperm motility in vitro.
Zhonghua Nan Ke Xue 2004;10:272-275.
[24] Donnelly ET, Lewis SE, Mcnally JA, Thompson W. In vitro fertilization and
pregnancy rates: the influence of sperm motility and morphology in IVF
outcome. Fertil Steril 1988;70:305-314.
[25] Kathiravan P, Kalatharan J, Edwin JM, Veerapandian C. Computer
automated motion analysis of crossbred bull spermatozoa and its
relationship with in vitro fertility in zona-free hamster oocytes. Anim Reprod
Sci 2008;104:9-17.
24
[26] Sylla L, Stradaioli G, Manuali E, Rota A, Zelli R, Vincenti L, Monaci M. The
effect Mycoplasma mycoides ssp. mycoides LC of bovine origin on in vitro
fertilizing ability of spermatozoa and embryo development. Anim Reprod
Sci 2005;85:81-93.
[27] Shaia CI, Voyich J, Gillis SJ, Singh BN, Burgess DE. Purification and
expression of the Tf190 adhesin in Tritrichomonas foetus. Infect Immun
1998;66:1100-1105.
[28] Thomford JW, Talbot JA, Ikeda JS, Corberil LB. Characterization of
extracellular proteinases of Tritrichomonas foetus. J Parasitol
1996;82:112-117.
[29] Nagao E, Yamamoto A, Igarashi T, Goto N, Sasa R. Two distinct
hemolysins in Tritrichomonas tenax ATCC 30207. Oral Microbiol Immunol
200;15:355-359.
[30] Burgess DE, Knoblock KF, Daugherty T, Robertson NP. Cytotoxic and
hemolytic effects of Tritrichomonas foetus on mammalian cell. Infect
Immun 1990;58:3627-3632.
[31] Mallinson DJ, Livingstone J, Appleton KM, Lees SJ, Coombs HG, North
MJ. Multiple cysteine proteases of the pathogenic protozoon
Tritrichomonas foetus: identification of seven diverse and differentially
expressed genes. Microbiology 1995;141:3077-3085.
25
[32] Bastida-Corcuera F, Butler JE, Heyermann H, Thomford JW, Corbeil LB.
Tritrichomonas foetus extracellular cysteine proteinase cleavage of bovine
IgG2 allotypes. J Parasitol 2000;86:328-332.
[33] Kania SA, Reed SL, Thomford JW, Bondurant RH, Hirata K, Corbeil RR,
Northe MJ, Corbeil LB. Degradation of bovine complement C3 by
trichomonad extracellular proteinase. Vet Immunol Immunopathol
2001;78:83-96.
[34] Vermes I, Haanen C, Reutelingsperger CPM. A novel assay for apoptosis:
flow cytometric detection of phosphatidylserine expression on early
apoptotic cells using fluorescence labelled annexin V. J Immunol Methods
1995;180:9-52.
[35] Januskauskas A, Johannisson A, Rodriguez-Martinez H. Subtle membrane
changes in cryopreserved bull semen in relation with sperm viability,
chromatin structure, and field fertility. Theriogenology 2003;60:743-758.
[36] Veznik Z, Svecova D, Zajicova A, Reckova Z, Rubes J. The
interrelationship between quality parameters of sperm before and after
separation by gradient centrifugation. Vet Med 2007;52:423-429.
[37] Martins CF, Dode MN, Báo SN, Rumpf R. The use of the acridine orange
test and the TUNEL assay to assess the integrity of freeze-dried bovine
spermatozoa DNA. Genet Mol Res 2007;6:94-104.
26
Table 1
Percentage of motile spermatozoa, assessed by CASA, during maintenance in
SOF (control) or T. foetus incubation extract at 0, 1, 2 and 3 hours.
27
Table 2
Percentage of double negative (AN
_
/PI
_
), annexin-V positive (AN+/PI
_
), double
positive (AN+/PI+) and propidium iodide positive (AN
_
/PI+) sperm cells
maintained in SOF (control) or T. foetus incubation extract at 0, 1, 2 and 3
hours.
28
Table 1
Time of maintenance (hours)
Group
0
1
2
3
SOF (control)
(n=5)
65.0
(50.0-86.0)*
63.0
(58.0-67.0)
60.0
a
(42.0-64.0)
50.0
a
(38.0-57.0)
Extract
(n=5)
67.0
A
(50.0-80.0)
42.0
AB
(20.0-54.0)
38.0
bAB
(23.0-42.0)
20.0
bB
(17.0-33.0)
Values with different small letter in a given column or with different capital letter within of row differ
significantly (P> 0.05).
SOF: modified synthetic oviductal fluid
( )* range (min–max)
29
Table 2
Time of maintenance (hours)
Spermatozoa Group
0 1 2 3
SOF (control)
(n=5)
64.8
A
(47.1-73.5)*
52.6
A
(41.1-54.8)
38.1
bAB
(34.5-49.5)
28.1
bB
(21.0-34.8)
AN-/PI-
Extract
(n=5)
69.4
A
(60.4-74.2)
66.0
A
(52.6-64.3)
51.4
aAB
(49.7-52.6)
33.2
aB
(32.8-46.9)
SOF (control)
(n=5)
0.69
a
(0.47-1.68)
1.01
(0.44-1.08)
0.49
(0.19-0.93)
0.67
(0.60-1.26)
AN+/PI-
Extract
(n=5)
0.38
bB
(0.15-0.76)
0.57
AB
(0.51-1.43)
0.75
AB
(0.48-1.88)
0.99
A
(0.53-10.60)
SOF (control)
(n=5)
28.7
B
(20.5-44.8)
36.0
AB
(34.7-47.7)
45.1
AB
(38.9-50.5)
55.5
A
(39.3-62.1)
AN+/PI+
Extract
(n=5)
24.6
B
(20.1-33.4)
34.4
AB
(25.9-36.0)
36.2
AB
(32.4-52.6)
45.2
A
(39.2-51.3)
SOF (control)
(n=5)
6.1
B
(5.0-6.5)
10.1
AB
(9.2-12.6)
14.1
A
(11.4-16.6)
16.2
A
(15.7-25.0)
AN-/PI+
Extract
(n=5)
5.6
B
(4.9-6.1)
9.0
AB
(8.7-12.1)
11.0
AB
(8.6-14.6)
12.7
A
(6.8-21.1)
Values with different small letter in a given column or with different capital letter within of row differ
significantly (P> 0.05).
SOF: modified synthetic oviductal fluid
( )* range (min–max)
30
Figure Legends:
Fig.1
RT-PCR analysis the CP8 gene expression of T. foetus corresponding to a 456
bp band (a) and the CP8 gene expression during T. foetus- sperm cell
interaction (b) at 0 (h0), 1 (h1), 2 (h2) and 3 (h3) hours.
31
Fig. 2.
Flow cytometry contour plots of spermatozoa during maintenance in SOF
(control) at 0 (I) and 3 hour (II) or T. foetus incubation extract at 0 (III) and 3
hour (IV). (a) Viable sperm cells (AN-/PI-). (b) Apoptotic sperm cells (AN+/PI-).
(c) Early necrotic sperm cells (AN+/PI+). (d) Necrotic sperm cells (AN-/PI+).
Note that there are more apoptotic sperm cells after 3 hours of maintenance in
T. foetus incubation extract (IV).
32
Fig.1
a
h0 h1 h2 h3
456 bp Æ
b
h0 h1 h2 h3
456 bp Æ
33
Fig.2
(I) (II)
b
d c
a
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
d
c
b a
PI Fluorescence
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
PI Fluorescence
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
Annexin-V FITC Fluorescence Annexin-V FITC Fluorescence
(III) (IV)
d
c
b
d
c
a
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
PI Fluorescence
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
a
b
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
10
0
10
1
10
2
10
3
10
4
PI Fluorescence
Annexin-V FITC Fluorescence Annexin-V FITC Fluorescence
34
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo