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O processo obsessivo traz algumas semelhanças com as etapas citadas por Rasia.
Como o processo inicia-se por um sugestionamento, seguido de um constrangimento que
pode ser moral ou físico, o qual pode gerar uma incapacidade de organizar a narrativa,
tornando-a distante da realidade. Ao buscar em Kadec (1861) as características da obsessão
pode-se ter uma idéia de tal constrangimento, o codificador da Doutrina Espírita fez uma
classificação de acordo com o grau de constrangimento em: obsessão simples, fascinação e
subjugação.
“Na obsessão simples, o médium sabe muito bem que se acha presa de um Espírito
mentiroso e este não se disfarça; de nenhuma forma dissimula suas más intenções e o seu
propósito de contrariar. O médium reconhece sem dificuldade a felonia e, como se mantém
em guarda, raramente é enganado. Este gênero de obsessão é, portanto, apenas
desagradável e não tem outro inconveniente, além do de opor obstáculo às comunicações
que se desejara receber de Espíritos sérios, ou dos afeiçoados”
“A fascinação tem conseqüências muito mais graves. E uma ilusão produzida pela
ação direta do Espírito sobre o pensamento do médium e que, de certa maneira, lhe
paralisa o raciocínio, relativamente às comunicações. O médium fascinado não acredita
que o estejam enganando: o Espírito tem a arte de lhe inspirar confiança cega, que o
impede de ver o embuste e de compreender o absurdo do que escreve, ainda quando esse
absurdo salte aos olhos de toda gente. A ilusão pode mesmo ir até ao ponto de o fazer
achar sublime a linguagem mais ridícula. Fora erro acreditar que a este gênero de
obsessão só estão sujeitas as pessoas simples, ignorantes e baldas de senso. Dela não se
acham isentos nem os homens de mais espírito, os mais instruídos e os mais inteligentes sob
outros aspectos, o que prova que tal aberração é efeito de uma causa estranha, cuja
influência eles sofrem”
“A subjugação pode ser moral ou corporal. No primeiro caso, o subjugado é
constrangido a tomar resoluções muitas vezes absurdas e comprometedoras que, por uma
espécie de ilusão, ele julga sensatas: é uma como fascinação. No segundo caso, o Espírito
atua sobre os órgãos materiais e provoca movimentos involuntários. Traduz-se, no médium
escrevente, por uma necessidade incessante de escrever, ainda nos momentos menos
oportunos. Vimos alguns que, à falta de pena ou lápis, simulavam escrever com o dedo,
onde quer que se encontrassem, mesmo nas ruas, nas portas, nas paredes. Vai, às vezes,
mais longe a subjugação corporal; pode levar aos mais ridículos atos.
A subjugação corporal tira muitas vezes ao obsidiado a energia necessária para
dominar o mau Espírito. Daí o tornar-se precisa a intervenção de um terceiro, que atue, ou
pelo magnetismo, ou pelo império da sua vontade. Em falta do concurso do obsidiado, essa
terceira pessoa deve tomar ascendente sobre o Espírito; porém, como este ascendente só
pode ser moral, só a um ser moralmente superior ao Espírito é dado assumi-lo e seu poder
será tanto maior, quanto maior for a sua superioridade moral, porque, então, se impõe
àquele, que se vê forçado a inclinar-se diante dele. Por isso é que Jesus tinha tão grande
poder para expulsar o a que naquela época se chamava demônio, isto é, os maus Espíritos
obsessores.”( http://www.feparana.com.br/livro_mediuns/indice.htm)
Kardec (1861)questiona se a obsessão pode provocar loucura.
- A subjugação corporal, levada a certo grau, poderá ter como conseqüência a
loucura?