Download PDF
ads:
INPE-13269-MAN/45 - vers˜ao 1
ANOMALIAS NA DISTRIBUI ¸C
˜
AO ANGULAR DA
RADIA¸C
˜
AO C
´
OSMICA DE FUNDO EM MICROONDAS
Larissa Carlos de Oliveira Santos
Disserta¸ao de Mestrado em Astrof´ısica orientada pelo Dr. Thyrso Villela Neto e pelo
Dr. Armando B. Bernui Leo
INPE
ao Jos´e dos Campos
2009
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
PUBLICADO POR:
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE
Gabinete do Diretor (GB)
Servi¸co de Informa¸ao e Documenta¸ao (SID)
Caixa Postal 515 - CEP 12.245-970
ao Jos´e dos Campos - SP - Brasil
Tel.:(012) 3945-6911/6923
Fax: (012) 3945-6919
CONSELHO DE EDITORA ¸C
˜
AO:
Presidente:
Dr. Gerald Jean Francis Banon - Coordena¸ao Observao da Terra (OBT)
Membros:
Dr. Dem´etrio Bastos Netto - Conselho de os-Gradua¸ao
Dr. Haroldo Fraga de Campos Velho - Centro de Tecnologias Especiais (CTE)
Dra. Inez Staciarini Batista - Coordena¸ao Ciˆencias Espaciais e Atmosf´ericas (CEA)
Marciana Leite Ribeiro - Servi¸co de Informa¸ao e Documenta¸ao (SID)
Dr. Ralf Gielow - Centro de Previs˜ao de Tempo e Estudos Clim´aticos (CPT)
Dr. Wilson Yamaguti - Coordena¸ao Engenharia e Tecnologia Espacial (ETE)
BIBLIOTECA DIGITAL:
Dr. Gerald Jean Francis Banon - Coordena¸ao de Observao da Terra (OBT)
Marciana Leite Ribeiro - Servi¸co de Informa¸ao e Documenta¸ao (SID)
Jefferson Andrade Anselmo - Servi¸co de Informa¸ao e Documenta¸ao (SID)
Simone A. Del-Ducca Barbedo - Servi¸co de Informa¸ao e Documenta¸ao (SID)
Vinicius da Silva Vitor - Servi¸co de Informa¸ao e Documenta¸ao (SID) - bolsista
REVIS
˜
AO E NORMALIZA ¸C
˜
AO DOCUMENT
´
ARIA:
Marciana Leite Ribeiro - Servi¸co de Informa¸ao e Documenta¸ao (SID)
Maril´ucia Santos Melo Cid - Servi¸co de Informa¸ao e Documenta¸ao (SID)
Yolanda Ribeiro da Silva e Souza - Servi¸co de Informa¸ao e Documenta¸ao (SID)
EDITORA¸C
˜
AO ELETR
ˆ
ONICA:
Viveca Sant´Ana Lemos - Servi¸co de Informa¸ao e Documenta¸ao (SID)
ads:
INPE-13269-MAN/45 - vers˜ao 1
ANOMALIAS NA DISTRIBUI ¸C
˜
AO ANGULAR DA
RADIA¸C
˜
AO C
´
OSMICA DE FUNDO EM MICROONDAS
Larissa Carlos de Oliveira Santos
Disserta¸ao de Mestrado em Astrof´ısica orientada pelo Dr. Thyrso Villela Neto e pelo
Dr. Armando B. Bernui Leo
INPE
ao Jos´e dos Campos
2009
00.000.00(000.0)
Santos. L.
Anomalias na distribui¸ao angular da Radia¸ao osmica
de Fundo/ Santos. L. ao Jos´e dos Campos: INPE, 2009.
85p.; (INPE-13269-MAN/45 - vers˜ao 1)
1. Cosmologia. 2. Radia¸ao osmica de fundo. 3. Dis-
tribui¸ao angular. 4. Anomalias. 5. Cosmology. 6. Cosmic Mi-
crowave Background. 7. Angular distribution. 8. Anomalies.
.
Armando B. Bernui Leo
Jos´e Carlos Neves de Ara´ujo
Thyrso Villela Neto
A meus pais.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, pelo apoio, incentivo e, principalmente, pela torcida fervorosa.
`
A minha
irm˜a, pelas conversas noturnas intermin´aveis nas minhas idas `a Bras´ılia e `a Meg, pelo
carinho incondicional todos esses anos.
Aos meus grandes amigos, Beatriz, Sabrina, Sarah, Celso e Paulo pelos momentos in-
esquec´ıveis que passamos juntos.
Aos meus orientadores, Thyrso Villela, pela amizade, apoio e dedica¸ao, e Armando
Bernui, pelo interesse e dedica¸ao.
`
As minhas novas amigas, Carla,
´
Erica e Karleyne, pelos almo¸cos de abado, viagens e
conversas que fizeram de ao Jos´e dos Campos um lar.
Aos colegas da divis˜ao de Astrof´ısica, Dennis Bessada e Ivan Soares, pelas discuss˜oes e
sugest˜oes.
Aos integrantes do corpo docente da divis˜ao de Astrof´ısica do INPE, em especial ao Carlos
Alexandre, Jos´e Carlos Neves de Ara´ujo e Oswaldo Duarte Miranda, pelas conversas, ajuda
e interesse.
`
A CAPES, pelo apoio financeiro.
RESUMO
Uma caracter´ıstica intrigante da distribui¸ao angular da Radia¸ao osmica de Fundo em
Microondas (RCFM) foi identificada por meio da an´alise dos dados obtidos pelo Sat´elite
COsmic Background Explorer (COBE). Foi constatado que o valor do quadrupolo medido
´e mais baixo que o esperado pelo modelo ΛCDM. An´alises posteriores mostraram que
a probabilidade de ocorrˆencia do valor do quadrupolo observado ´e surpreendentemente
baixa nesse modelo. Outras caracter´ısticas ao previstas pelo modelo ΛCDM foram de-
tectadas na distribui¸ao angular da RCFM por meio do estudo das medidas do primeiro e
dos trˆes anos de observoes do sat´elite Wilkinson Microwave Anisotropy Probe (WMAP),
tais como o alinhamente entre o quadrupolo e o octopolo, a planaridade do quadrupolo e
do octopolo, o Cold Spot e a assimetria Norte-Sul. A probabilidade de que a distribui¸ao
angular das flutua¸oes de temperatura da RCFM apresente essas caracter´ısticas ´e muito
baixa (menor que 5%), sendo consideradas anˆomalas e, portanto, merecem uma maior
investiga¸ao. Nesse trabalho, para investigar as anomalias na RCFM usamos a fun¸ao
de correla¸ao de dois pontos e os dados de 3 e 5 anos do sat´elite WMAP. As an´alises
foram feitas por hemisf´erios e por quadrantes nos mapas de multifreq
¨
uˆencias utilizando
a ascara KQ85 e um corte gal´actico de |b| 10
. A an´alise por hemisf´erios mostrou
uma diferen¸ca significativa de potˆencia entre os hemisf´erios do eu opostos nos dados do
WMAP5, concordando com os resultados obtidos para o WMAP3. A probabilidade dessa
assimetria entre os hemisf´erios ocorrer, considerando que o modelo ΛCDM esteja correto,
foi calculada, para os 5 mapas analisados, entre 4% e 7,7%. Esse resultado, que na edia
´e de 6,6%, n˜ao indica que a diferen¸ca de potˆencia entre os hemisf´erios sul e norte seja anˆo-
mala. An´alises posteriores, feitas por quadrantes, mostraram assimetrias entre o quadrante
inferior direito e os demais quadrantes. A probabilidade das trˆes assimetrias acontecerem
simultaneamente, para o ΛCDM, foi calculada em 0,3%, considerando o mapa ILC de 5
anos produzido pelos pesquisadores do WMAP (ILC5). Essas assimetrias ao, portanto,
consideradas anˆomalas. Para uma an´alise mais detalhada, foram feitas duas mudan¸cas
nos valores do quadrupolo e do octopolo no espectro de potˆencia do modelo ΛCDM. Na
primeira altera¸ao, o quadrupolo e o octopolo assumiram o mesmo valor do hexadecupolo
do modelo. Na segunda mudan¸ca, o quadrupolo e o octopolo assumiram seus respectivos
valores observacionais do WMAP5. Novas probabilidades foram, ent˜ao, calculadas para
esses espectros ligeiramente modificados e elas ao apresentaram mudan¸cas muito signi-
ficativas tanto por hemisf´erios quanto por quadrantes, o que nos leva a concluir que as
assimetrias n˜ao est˜ao relacionadas aos valores do quadrupolo e octopolo. Por fim, algumas
hip´oteses foram testadas para tentar explicar a anomalia dos quadrantes: uma poss´ıvel
influˆencia do Cold Spot, do alinhamento entre o quadrupolo e o octopolo, ou da assimetria
da ascara utilizada na an´alise. Todavia, nenhuma das hip´oteses acima explica a anomalia
por quadrantes. Al´em disso, ao contr´ario do que se esperava, quando a m´ascara KQ85 n˜ao
´e utilizada na an´alise, a probabilidade das trˆes assimetrias acontecerem simultaneamente
no mapa ILC5 cai para menos de 0,1%.
ANOMALIES IN THE ANGULAR DISTRIBUTION OF THE COSMIC
MICROWAVE BACKGROUND
ABSTRACT
A very intriguing feature in the angular distribution of the Cosmic Microwave Background
(CMB) was found in the Cosmic Background Explorer (COBE) satellite data. The re-
ported quadrupole amplitude was smaller than expected in the cosmological concordance
model. Later analyses showed that the chance of having this measured quadrupole value
in the model is quite low. Some other unexpected features were reported in the one- and
three-year Wilkinson Microwave Anisotropy Probe (WMAP) data, such as the alignment
between the quadrupole and octopole, the Cold Spot and the North-South asymmetry.
The chance of having these peculiar features in the angular distribution of CMB is less
than 5%. Therefore they are considered anomalous, and should be studied in detail. In
this work, we investigate the anomalies in the CMB angular distribution using the two
point angular correlation function and the 3- and 5-year WMAP data. The analysis was
done for hemispheres and quadrants in the Internal Linear Combination (ILC) maps using
the KQ85 mask and a Galactic cut |b| 10
. This analysis showed a significant differ-
ence in power between the two opposite hemispheres in the WMAP5 data and it agrees
with the analysis done for WMAP3. The chance of having an hemisphere asymmetry,
assuming that the ΛCDM model is correct, lies between 4% and 7.7%, considering 5 ILC
maps from WMAP3 and WMAP5. Calculating the average, we get 6.6%, which mean that
this result can not be considered anomalous. Later analysis, done for quadrants, showed
asymmetries between the southeastern quadrant and the other quadrants. The chance of
having these 3 asymmetries simultaneously is 0.3% for the ILC 5-year map of the WMAP
team (ILC5), considering the ΛCDM model. These asymmetries are therefore considered
anomalous. To study the hemisphere and quadrant asymmetries in detail, we changed the
quadrupole and octopole amplitudes from the ΛCDM model spectra twice. First of all, we
changed the value of the quadrupole and octopole to fit the value of the hexadecupole in
the cosmological concordance model. The second change was done to fit the quadrupole
and octopole amplitudes to their observable values from WMAP 5-year data. New proba-
bilities were calculated for these new spectra and no significant differences were found in
the results, neither for hemispheres nor for quadrants. We conclude that the quadrupole
and octopole amplitudes are not related to the reported asymmetries. Finally, we tested
three hypotheses that could explain the quadrant anomaly: a possible influence of the Cold
Spot, the alignment between the quadrupole and octopole, or the asymmetric mask used
in the analysis. Nevertheless, none of these hypotheses explained the quadrant anomaly.
Moreover, when we did not use the KQ85 mask in the analysis we found that the chance
of having the 3 asymmetries at the same time for the ILC5 map was less than 0.1%. This
probability is, against our expectations, smaller than the previous one.
SUM
´
ARIO
ag.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
1 INTRODU ¸C
˜
AO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.1 Modelo Cosmol´ogico Padr˜ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
1.2 Descoberta da RCFM e principais experimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . 20
1.2.1 Experimentos no solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.2.2 Experimentos a bordo de bal˜oes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.3 Anisotropias na distribui¸ao angular da RCFM . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.3.1 Anisotropias prim´arias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
1.3.2 Anisotropias secund´arias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.4 Espectro de potˆencia angular da RCFM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
1.5 Detec¸ao de anomalias na RCFM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
2 O SAT
´
ELITE WMAP E OS DADOS UTILIZADOS . . . . . . . . . . 31
2.1 Mapa de multifreq
¨
uˆencias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
2.2 ascaras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3 ANOMALIAS NA DISTRIBUI ¸C
˜
AO ANGULAR DA RCFM . . . . . 37
3.1 Amplitude do quadrupolo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.2 Planaridade e alinhamento do quadrupolo e ocotopolo . . . . . . . . . . . . . . 39
3.3 Mancha Fria (Cold Spot) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.4 Assimetria Norte-Sul . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
4 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.1 Fun¸ao de correla¸ao de dois pontos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
4.2 Simula¸oes Monte Carlo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
5 RESULTADOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5.1 An´alise por hemisf´erios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
5.2 An´alise por quadrantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
5.2.1 Influˆencia do ’Cold Spot’ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
5.2.2 Influˆencia do alinhamento entre o quadrupolo e o octopolo . . . . . . . . . . 57
5.2.3 Influˆencia da ascara . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
6 CONCLUS
˜
AO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
A AP
ˆ
ENDICE A - Efeito Sachs-Wolfe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 79
B AP
ˆ
ENDICE B - Harmˆonicos esf´ericos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
LISTA DE FIGURAS
ag.
1.1 Espectro de corpo negro da RCFM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.2 Espectro de potˆencia angular da RCFM com dados obtidos por arios experi-
mentos. A curva cont´ınua ´e prevista pelo modelo ΛCDM. . . . . . . . . . . . . 26
1.3 Curvas do espectro de potˆencia angular previstas pelo modelo ΛCDM para
diferentes valores dos parˆametros cosmol´ogicos, (a) varia¸ao nos valores de
densidade do universo, (b) varia¸ao nos valores de densidade da constante
cosmol´ogica, (c) varia¸ao nos valores de densidade de mat´eria bariˆonica e (d)
varia¸ao nos valores de densidade de mat´eria total. . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.1 O sat´elte WMAP. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.2 Mapas do WMAP5 para cada banda de freq
¨
uˆencias e o mapa de eu inteiro.
Coluna da esquerda, de cima para baixo: bandas K, Ka e Q. Coluna da es-
querda, de cima para baixo: bandas V e W e o mapa ILC . . . . . . . . . . . . 32
2.3 Espectro de potˆencia da RCFM obtido com os dados do WMAP5, ACBAR,
Boomerang e CBI. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
3.1 Espectro de potˆencia, C
l
, para o modelo ΛCDM (linha cont´ınua). Os quadrados
mostram os primeiros multipolos encontrados por Bennett et al. (2003a) . . . 37
3.2 Mapas da RCFM para o quadrupolo, octopolo e multipolos mais altos obtidos
sem nenhum corte gal´actico, ou seja, para c´eu inteiro. A escala de temperatura
dos mapas est´a em mK. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.3 Regi˜ao do mapa combinado das bandas Q, V e W centrada no Cold Spot
para o WMAP1 (figura da esquerda) e WMAP3 (figura da direita). A escala
de temperatura das figuras, representada pelos retˆangulos, est´a em µK. A
resolu¸ao das imagens, que est´a definida nos eixos das ordenadas e abscissas,
´e 1024 pixels × 1024 pixels . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41
3.4 A curva olida (histograma) se refere ao espectro de potˆencia do modelo
ΛCDM. A curva tracejada mostra o espectro de potˆencia obtido quando a
ascara kp2 ´e utilizada. As curvas ligadas pelos ’x’ cinzas e pretos ao os es-
pectros estimados para os mapas combinados das bandas V e W do WMAP do
hemisf´erio sul e norte respectivamente. As ´areas sombreadas indicam os erros
de 1σ e 2σ, levando em considera¸ao o modelo ΛCDM. . . . . . . . . . . . . . 42
4.1 Hemisf´erios norte e sul do mapa ILC5, a com os cortes KQ85 + |b| < 10
. . . 44
4.2 Os quadrantes que foram utilizados na an´alise, j´a com os cortes KQ85 + |b| < 10
45
4.3 Nos espectros de potˆencia acima, a curva continua ´e a m´edia e a ´area sombreada
est´a relacionada ao desvio padr˜ao das 1000 simula¸oes para cada grupo. De
cima para baixo: espectro de potˆencia do grupo 1 (ΛCDM), grupo 2 (C
2
=
C
3
= C
4
= 323, 9751µK
2
) e grupo 3 (C
2
= C
2
W MAP e C
3
= C
3
W MAP ). . . 48
5.1 As figuras da esquerda e da direita mostram as curvas obtidas com a fun¸ao
de correla¸ao de dois pontos do mapa ILC5 para o hemisf´erio norte e sul
respectivamente. A parte sombreada ´e o desvio padr˜ao dos hemisf´erios para as
1000 simula¸oes do grupo 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
5.2 As figuras da esquerda, de cima para baixo, mostram as curvas obtidas com
a fun¸ao de correla¸ao de dois pontos do mapa ILC5 para o QSE e QSD,
respectivamente. Da mesma forma, para as figuras da direita, de cima para
baixo, as curvas foram obtidas para o QIE e QID, respectivamente. A parte
sombreada ´e o desvio padr˜ao dos quadrantes para as 1000 simula¸oes do grupo
1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
5.3 Histograma de varia¸oes de temperatura do mapa ILC5 na regi˜ao do Cold Spot. 55
5.4 Histogramas dos trˆes mapas anˆomalos simulados do grupo 1. . . . . . . . . . . 55
5.5 Histogramas dos seis mapas anˆomalos simulados do grupo 2. . . . . . . . . . . 57
5.6 Histogramas dos 16 mapas anˆomalos simulados do grupo 3. . . . . . . . . . . . 58
5.7 Mapas do quadrupolo (primeira coluna), octopolo (segunda coluna) e
quadrupolo + octopolo (terceira coluna) para as 3 simula¸oes anˆomalas do
grupo 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 60
5.8 Mapas do quadrupolo (primeira coluna), octopolo (segunda coluna) e
quadrupolo + octopolo (terceira coluna) para as 6 simula¸oes anˆomalas do
grupo 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
5.9 Mapas do quadrupolo (primeira coluna), octopolo (segunda coluna) e
quadrupolo + octopolo (terceira coluna) do MC 1052 at´e o MC 1595 do grupo 3. 62
5.10 Mapas do quadrupolo (primeira coluna), octopolo (segunda coluna) e
quadrupolo + octopolo (terceira coluna) do MC 1625 at´e o MC 1949 do grupo 3. 63
5.11 Mapas do quadrupolo (primeira coluna), octopolo (segunda coluna) e
quadrupolo + octopolo (terceira coluna) do MC 1950 at´e o MC 1969 do grupo 3. 64
5.12 As figuras da esquerda, de cima para baixo, mostram as curvas obtidas com
a fun¸ao de correla¸ao de dois pontos do mapa ILC5 para o QSE e QSD,
respectivamente. Da mesma forma, para as figuras da direita, de cima para
baixo, as curvas foram obtidas para o QIE e QID, respectivamente. A parte
sombreada ´e o desvio padr˜ao dos quadrantes para as 1000 simula¸oes do grupo
1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
LISTA DE TABELAS
ag.
4.1 Mapas de multifreq
¨
uˆencias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
4.2 Potˆencias do quadrupolo, do octopolo e do hexadecupolo . . . . . . . . . . . . 47
5.1 Probabilidades calculadas para o grupo 1 de simula¸oes Monte Carlo. . . . . . 50
5.2 Probabilidades calculadas para o grupo 2 de simula¸oes Monte Carlo. . . . . . 51
5.3 Probabilidades calculadas para o grupo 3 de simula¸oes Monte Carlo. . . . . . 51
5.4 Probabilidades calculadas para o grupo 1 de simula¸oes Monte Carlo. . . . . . 53
5.5 Probabilidades calculadas para o grupo 2 de simula¸oes Monte Carlo. . . . . . 53
5.6 Probabilidades calculadas para o grupo 3 de simula¸oes Monte Carlo. . . . . . 54
5.7 Assimetrias nos trˆes grupos de simula¸oes Monte Carlo . . . . . . . . . . . . . 54
5.8 Caracter´ısticas dos histogramas das simula¸oes anˆomalas do grupo 1 . . . . . . 56
5.9 Caracter´ısticas dos histogramas das simula¸oes anˆomalas do grupo 2 . . . . . . 56
5.10 Caracter´ısticas dos histogramas das simula¸oes anˆomalas do grupo 3 . . . . . . 59
5.11 Probabilidades calculadas para o grupo 1 de simula¸oes Monte Carlo. . . . . . 60
5.12 Assimetrias para o grupo 1 de simula¸oes Monte Carlo sem utiliza¸ao da as-
cara KQ85 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
1 INTRODU ¸C
˜
AO
O estudo da cosmologia ´e realizado utilizando modelos na tentativa de descrever a
dinˆamica do Universo. Dentre esses modelos, o Modelo Cosmol´ogico Padr˜ao (MCP), at-
ualmente, ´e bastante aceito devido ao seu sucesso perante os confrontos com dados ob-
servacionais. O desenvolvimento do MCP iniciou-se em 1922 quando o matem´atico russo
Alexander Alexandrovich Friedman encontrou uma solu¸ao para as equa¸oes de campo
da Relatividade Geral (RG), supondo o universo como sendo homogˆeno e isotr´opico para
grandes escalas, na qual o raio do universo era vari´avel (FRIEDMAN, 1922). Ao contr´ario
do que se acreditava na ´epoca, esse resultado sugeria que o universo teve um in´ıcio. Anos
mais tarde, em 1929, Edwin Hubble mostrou, por meio da rela¸ao entre as velocidades
medidas das gal´axias e suas respectivas distˆancias, que o universo est´a em expans˜ao (HUB-
BLE, 1929). Levando em considera¸ao esses resultados, o padre belga Georges Lemaˆıtre
foi o primeiro a propor que o universo teve um in´ıcio com um est´agio primordial de alta
densidade, o qual ele chamou ´atomo primordial (LEMAˆıTRE, 1931).
Baseado no modelo de universo de Lemaˆıtre, Alpher, Bethe e Gamow publicaram o famoso
artigo αβγ em 1948, no qual eles concluiram, atrav´es do estudo da abundˆancia dos ele-
mentos qu´ımicos, que o universo deveria ter sido formado por um as de eutrons em um
estado de alta temperatura e densidade, o qual, como resultado da expans˜ao, come¸cou a
decair em pr´otons e el´etrons (ALPHER et al., 1948). Nesse mesmo ano, Gamow concluiu
que o universo primordial, devido `a sua alta temperatura, deveria ser constitu´ıdo prin-
cipalmente por radia¸ao com a caracter´ıstica de corpo negro (GAMOW, 1948a; GAMOW,
1948b). A previs˜ao da existˆencia dessa radia¸ao, que mais tarde seria conhecida como
Radia¸ao C´osmica de Fundo em Microondas (RCFM), tamb´em foi feita por Alpher e Her-
man (1948) naquele mesmo ano e eles calcularam que a temperatura da RCFM deveria
ser hoje de aproximadamente 5K.
Nesse cap´ıtulo farei uma breve introdu¸ao sobre o MCP, bem como SOBRE A descoberta
da RCFM e suas principais caracter´ısticas. Os principais experimentos que possibilitaram
as medidas das caracter´ısticas da RCFM tamb´em ser˜ao apresentados.
1.1 Modelo Cosmol´ogico Padr˜ao
De acordo com o MCP, o universo est´a em expans˜ao e ´e constitu´ıdo dominantemente por
radia¸ao, adrons e l´eptons nos instantes iniciais. Part´ıculas e radia¸ao estariam acopladas
devido `a alta temperatura e densidade do meio, o qual chamamos de plasma primordial.
Nesse cen´ario, a probabilidade de ´atomos neutros ou n´ucleos ligados serem formados
´e m´ınima, pois qualquer n´ucleo ou ´atomo neutro formado seria rapidamente destru´ıdo
19
devido aos otons altamente energ´eticos presentes no meio.
`
A medida que o universo se expande, sua temperatura diminui, permitindo a forma¸ao
de n´ucleos de elementos leves (D,
3
He,
4
He), processo conhecido como nucleoss´ıntese
primordial. Quando essa energia, de aproximadamente 1 MeV, que caracteriza a intera¸ao
nuclear, ´e atingida, o plasma primordial ´e constitu´ıdo por arions, el´etrons, ositrons,
otons e neutrinos.
A temperatura do universo continua a decair com o passar do tempo t e quando t ´e aproxi-
madamente 300.000 anos a energia dos otons se torna menor que a energia de ioniza¸ao do
´atomo de Hidrogˆenio, que ´e de 13,6 eV. Os el´etrons livres presentes no meio foram ent˜ao
capturados para um dos estados de energia quantizada do ´atomo neutro, formando ´atomos
de Hidrogˆenio neutro, processo chamado de recombina¸ao. Com a diminui¸ao do n´umero
de el´etrons livres, houve uma diminui¸ao do espalhamento Thompson aumentando, assim,
o livre caminho m´edio dos otons, iniciando o processo de desacoplamento. Ao fim desse
processo, o universo se tornou transparente `a radia¸ao e os f´otons que constituem a RCFM
puderam se propagar livremente. Alguns efeitos provocados pelos processos f´ısicos que
ocorreram antes do desacoplamento podem ser estudados atrav´es da an´alise da RCFM.
A superf´ıcie onde aconteceu o desacoplamento ´e conhecida como Superf´ıcie de
´
Ultimo
Espalhamento (SUE).
Apesar do MCP estar bem sustendado por dados observacionais, outras observoes pre-
cisam ser melhor estudadas. Dentre elas, a evidˆencia de que deve existir mat´eria n˜ao bari-
ˆonica no universo, conhecida como mat´eria escura
1
, cuja existˆencia foi sugerida primeira-
mente por Zwicky (1933). Acredita-se que dentre as classifica¸oes de mat´eria escura, o
universo seja predominantemente composto por mat´eria escura fria (em inglˆes, Cold Dark
Matter). Outra observao importante foi a de supernovas tipo Ia em 1998, que sugeriu
a expans˜ao acelerada do universo (RIESS et al., 1998; PERLMUTTER et al., ). Atualmente,
tenta-se explicar a expans˜ao acelerada postulando a existˆencia do que chamamos de ener-
gia escura. Dentre os candidatos a energia escura, est´a a constante cosmol´ogica Λ, adi-
cionada ao MCP juntamente com a mat´eria escura com a finalidade de ajustar o modelo
aos dados. Devido `a esses fatos, o MCP foi modificado, e ´e conhecido atualmente como
modelo ΛCDM.
1.2 Descoberta da RCFM e principais experimentos
A descoberta da RCFM foi feita por Penzias e Wilson (1965) quando eles calibravam
uma antena dos Bell Telephone Laboratories, nos EUA. Esse excesso de ru´ıdo, que ao
1
Uma pequena parte da mat´eria escura ´e constitu´ıda tamb´em por mat´erica bariˆonica, como por ex-
emplo os MACHOS (Massive Astrophysical Compact Halo Objects).
20
era proveniente do instrumento nem da emiss˜ao da atmosfera, foi medido em diferentes
dire¸oes do c´eu. A medida da RCFM foi feita em um ´unico comprimento de onda (7,35
cm) e sua temperatura foi estimada em 3,5K. Por´em, a interpreta¸ao de que essa radia¸ao
era a mesma prevista por Gamow na ecada de 40, proveniente do universo primordial
e com um espectro de corpo negro, foi feita por Dicke et al. (1965). Desde ent˜ao, arios
experimentos come¸caram a ser desenvolvidos com o intuito de estudar essa radia¸ao.
A busca por anisotropias na RCFM se iniciou com Conklin em 1969 (CONKLIN, 1969).
Nesse estudo, ele concluiu que, como a Terra tem uma velocidade em rela¸ao ao referencial
da RCFM, deveria existir um aumento da intensidade da radia¸ao na dire¸ao do movi-
mento (efeito Doppler). Uma outra evidˆencia da existˆencia dessa anisotropia, conhecida
tamb´em como efeito de dipolo, veio em 1971 atrav´es de um experimento realizado por
Henry (HENRY, 1971). Mais tarde, em 1976, Corey e Wilkinson fizeram um experimento
a bordo de bal˜ao medindo uma anisotropia em grande escala da RCFM na freq
¨
uˆencia
de 19 GHz (COREY; WILKINSON, 1976). Em 1977, a anisotropia de dipolo da RCFM foi
finalmente confirmada, sendo da ordem de 10
3
K, com um receptor de 33 GHz em um
experimento a bordo de um avi˜ao U-2 por Smoot et al. (1977). Medidas mais precisas
para o efeito de dipolo, (T
x
, T
y
, T
z
) = (3, 07±0, 17, 0, 67±0, 09, 0, 45±0.09)mK, foram
realizadas por Fixsen et al. (1983). Em 1985, a amplitude da anisotropia de dipolo foi
novamente medida em 3, 44 ± 0, 17mK. Al´em disso, foi encontrado um limite superior
para a amplitude do quadrupolo de 7 × 10
5
(LUBIN et al., 1985).
Em 1989, foi lan¸cado o sat´elite COBE que confirmou a medida da dire¸ao da anisotropia
de dipolo (l, b) = (264, 4
± 0, 3, 48, 4
± 0, 5), sendo que 0
l 360
e 90
b 90
, e
uma medida mais precisa de sua amplitude, 3, 365 ± 0, 027mK atrav´es da an´alise dos da-
dos coletados pelo instrumento DMR (Differential Microwave Radiometer) (KOGUT et al.,
1993). A an´alise dos dados coletados pelo FIRAS (Far Infrared Absolute Spectrophotome-
ter), outro instrumento a bordo do sat´elite COBE, possibilitou a constata¸ao do espectro
de corpo negro da RCFM com temperatura de T = 2, 735 ± 0, 06 (MATHER et al., 1990)
(ver Figura 1.1). A precis˜ao na medida da temperatura da RCFM foi melhorada, tamb´em
utilizando o FIRAS, por Fixsen e Mather (2002), sendo T = 2, 725 ± 0, 001.
A an´alise dos dados do DMR possibilitou a descoberta de anisotropias de car´ater cos-
mol´ogico em grandes escalas angulares da RCFM. Essa varia¸ao de temperatura com
rela¸ao `a temperatura edia da RCFM ´e da ordem de 10
5
(SMOOT et al., 1992). Inspi-
rados pelo resultado obtido pelo COBE, arios experimentos no solo e a bordo de bal˜oes
foram realizados com a finalidade de se obter novas medidas e caracterizar a RCFM mais
detalhadamente. Entre esses experimentos, alguns se destacaram e ser˜ao citados a seguir.
21
Figura 1.1 - Espectro de corpo negro da RCFM
Fonte: adaptado de Mather et al. (1990)
1.2.1 Experimentos no solo
ACBAR (Arcminute Cosmology Bolometer Array Receiver): Experimento que est´a sendo
realizado no olo Sul desde o ano de 2001 e cuja finalidade ´e obter medidas de varia¸oes
na temperatura e polariza¸ao da RCFM. O ACBAR opera nas freq
¨
uˆencias de 150, 220,
280 e 350 GHz e em escalas angulares que variam de 4
at´e 3
(RUNYAN et al., 2003).
CBI (Cosmic Background Imager): Radiotelesc´opio localizado nos Andes Chilenos desde
1999 que obt´em imagens da RCFM em escalas angulares que variam de 5
at´e 1
. O CBI
opera em 10 freq
¨
uˆencias entre 26 e 36 GHz (PADIN et al., 2002).
DASI (Degree Angular Scale Interferometer): Interferˆometro localizado no olo Sul que
obt´em medidas de anisotropias, de polariza¸ao e temperatura da RCFM em escalas an-
gulares que variam de 12
at´e 1, 8
. O DASI opera em 10 freq
¨
uˆencias entre 26 e 36 GHz
(LEITCH et al., 2000).
VSA (Very Small Array): Radiotelesc´opio constru´ıdo em Tenerife para fazer observoes
de alta resolu¸ao da RCFM em escalas angulares que variam de 12
at´e 3
e opera em
freq
¨
uˆencias entre 26 e 36 GHz (WATSON et al., 2003).
22
1.2.2 Experimentos a bordo de bal˜oes
ARCHEOPS: O experimento realizou 5 oos entre 1999 e 2002. A finalidade do
ARCHEOPS era fazer observoes das anisotropias de temperatura da RCFM, operando
nas freq
¨
uˆencias de 143, 217, 353 e 545 GHz em escalas angulares que variam de 15
at´e
18
(BENOIT et al., 2002).
BOOMERanG (Balloon Observations Of Millimetric Extragalactic Radiation and Geo-
physics): O experimento realizou 2 oos, em 1998 e 2002 no olo Sul. O experimento
operou entre 90 e 420 GHz em escalas angulares que variam de 10
at´e 7
(BERNARDIS et
al., 2001).
MAXIMA (Millimeter Anisotropy eXperiment Imaging Array): O experimento foi pro-
jetado para medir o espectro de potˆencia angular das flutua¸oes da RCFM. O experimento
realizou 2 oos bem sucedidos um em 1998 e outro em 1999. O MAXIMA operou em fre-
q
¨
uˆencias entre 150 e 420 GHz em escalas angulares que variavam de 12
at´e 4
(HANANY
et al., 2000).
Em 2001, foi lan¸cado o sat´elite WMAP, que ser´a melhor descrito no Cap´ıtulo 2, com a
finalidade de proporcionar um estudo mais detalhado das anisotropias de temperatura da
RCFM, que ser˜ao classificadas abaixo.
1.3 Anisotropias na distribui¸ao angular da RCFM
As anisotropias na distribui¸ao angular da RCFM ao classificadas de acordo com sua
origem. Anisotropias prim´arias foram geradas na RCFM at´e a ´epoca do desacoplamento
enquanto anisotropias secund´arias ocorreram durante a trajet´oria dos otons da SUE at´e
os (BERSANELLI et al., 2002). A seguir, descreveremos as principais fontes que podem
produzir tanto anisotropias prim´arias quanto secund´arias.
1.3.1 Anisotropias prim´arias
Flutua¸oes adiab´aticas: anisotropias em escalas angulares de at´e 2
que est˜ao rela-
cionadas `as perturba¸oes de densidade no fluido primordial at´e a ´epoca da recombina¸ao.
Acredita-se que o universo passou por uma apida expans˜ao nos primeiros instantes ap´os
o Big Bang. Essa expans˜ao amplificou as flutua¸oes quˆanticas presentes no meio, pro-
porcionando o surgimento de ondas ac´usticas que, modificadas pelo campo gravitacional,
causaram as oscila¸oes de densidade no plasma primordial. A contribui¸ao das flutua¸oes
adiab´aticas na varia¸ao de temperatura da RCFM ´e dada por (para maiores detalhes ver
Kolb e Turner (1994), Cap´ıtulo 9):
23
T
T
δρ
ρ
, (1.1)
ssendo que ρ representa a densidade de mat´eria.
Efeito Sachs-Wolfe: esse efeito ´e causado por perturba¸oes escalares na m´etrica de
Friedmann-Robertson-Walker (FRW), que no contexto Newtoniano se relaciona `as pertur-
ba¸oes no potencial gravitacional Ψ. Essas flutua¸oes no potencial na SUE foram causadas
por irregularidades na distribui¸ao de mat´eria (bariˆonica e escura). Como arions e radi-
ao estavam acoplados, os otons tamb´em estavam imersos nesse potencial gravitacional,
de onde sa´ıram ap´os o desacoplamento. Os otons, portanto, perderam energia, gerando
flutua¸oes de temperatura. As varia¸oes de temperatura com rela¸ao `a temperatura m´edia
causadas pelo chamado efeito Sachs-Wolfe ao dadas pela equa¸ao:
T
T
=
1
3
Ψ, (1.2)
sendo que o potencial gravitacinal Ψ ´e dado em unidades naturais. Esse efeito foi original-
mente descrito por Sachs e Wolfe (1967) e domina em escalas angulares maiores que 2
,
sendo o tipo de flutua¸ao de temperatura detectada pelo COBE. As an´alises de flutua¸oes
de temperatura realizadas nesse trabalho est˜ao centradas em escalas angulares dominadas
pelo efeito Sachs-Wolfe e por essa raz˜ao um desenvolvimento mais detalhado da obten¸ao
da Equa¸ao 1.2 pode ser vista no Apˆendice A.
Efeito Doppler: efeito causado devido `as velocidades peculiares do fluido primordial.
Para otons com velocidade peculiar v com rela¸ao ao plasma, a perturba¸ao na dis-
tribui¸ao angular das flutua¸oes de temperatura ´e dada por:
T
T
v
c
. (1.3)
Esse efeito ´e observado em escalas angulares de 10
at´e 2
.
1.3.2 Anisotropias secund´arias
Efeito Sachs-Wolfe integrado (SWI): esse efeito ocorre devido `as varia¸oes no tempo
dos po¸cos de potencial durante a trajet´oria do oton da SUE at´e os. Se um oton entrar
e sair de um po¸co de potencial constante no tempo ao haver´a varia¸ao total de energia.
Por´em, se a profundidade do po¸co variar durante a passagem do f´oton, o ganho de energia
24
causado pela entrada do f´oton o po¸co n˜ao cancelar´a a perda de energia causada pela sa´ıda
desse po¸co, variando, portanto, a energia do oton.
Efeito de lente gravitacional: ao contr´ario do efeito SWI, o efeito de lente gravitacional
ao modifica a energia do f´oton, mas sim sua trajet´oria. Esse efeito ´e bastante fraco sendo
,portanto, dif´ıcil de ser detectado.
Efeito Sunyaev-Zel’dovich (SZ): ocorre devido ao espalhamento Compton inverso
dos otons da RCFM por el´etrons relativ´ısticos presentes no interior de aglomerados de
gal´axias. Esse espalhamento causa uma distor¸ao no espectro de corpo negro da RCFM,
e ´e conhecido como efeito SZ t´ermico. Velocidades peculiares nos aglomerados tamb´em
produzem anisotropias secund´arias na RCFM via efeito Doppler. Esse efeito ´e conhecido
como efeito SZ cin´etico.
1.4 Espectro de potˆencia angular da RCFM
Supondo que o universo seja homogˆeneo e isotr´opico, o procedimento padr˜ao para se
obter o espectro de potˆencia angular da RCFM ´e expandir a distribui¸ao das flutua¸oes
temperatura na esfera celeste com rela¸ao `a temperatura edia (∆T/T ) da RCFM em
harmˆonicos esf´ericos, que ao solu¸oes da equa¸ao de Laplace na esfera (para maiores
detalhes sobre os harmˆonicos esf´ericos ver Apˆendice B):
T
T
(θ, φ) =
l=2
l
m=l
a
lm
Y
lm
(θ, φ). (1.4)
Essa equa¸ao ´e alida para c´eu inteiro, sendo que θ e φ ao os ˆangulos polar e azimutal
respectivamente. Os a
lm
’s representam a amplitude de cada multipolo, l e m ao n´umeros
inteiros de forma que l 0 e l m l.
A potˆencia das flutua¸oes de temperatura, C
l
, ´e definida para um universo isotr´opico como
sendo
C
l
1
2l + 1
l
m=l
|a
lm
|
2
. (1.5)
Ponderando C
l
por l(l + 1) e fazendo o gr´afico em fun¸ao dos multipolos, l, obtemos,
portanto, o espectro de potˆencia da RCFM
2
que representa a amplitude das flutua¸oes
2
Essa pondera¸ao dos C
l
’s por l(l + 1), al´em de tornar os picos dos espectro mais vis´ıveis, ´e feita
principalmente para que possamos visualizar um plateau no espectro para baixos multipolos.
25
em fun¸ao da escala angular.
Figura 1.2 - Espectro de potˆencia angular da RCFM com dados obtidos por arios experimentos. A curva
cont´ınua ´e prevista pelo modelo ΛCDM.
Fonte: Benoit et al. (2003)
De acordo com o modelo ΛCDM, os picos vis´ıveis no espectro est˜ao relacionados `as flu-
tua¸oes adiab´aticas. As ondas ac´usticas, o modo fundamental e seus harmˆonicos oscilam
no tempo, tendo in´ıcio quando a dinˆamica do universo passa a ser dominada por mat´eria
e terminando na ´epoca da recombina¸ao. O primeiro pico ac´ustico ´e uma evidˆencia do
harmˆonico fundamental, que possui o maior comprimento de onda que poderia aparecer
no meio. Os harmˆonicos subseq
¨
uentes, nos quais os comprimentos de onda ao m´ultiplos
inteiros do comprimento de onda fundamental, oscilam mais apido que o modo funda-
mental causando varia¸oes de temperatura em menores regi˜oes do espa¸co na ´epoca da
recombina¸ao. Os outros picos ac´usticos do espectro de potˆencia angular da RCFM ao
referentes a esses harmˆonicos.
Todavia, outros fatores tamb´em contribuem para a forma do espectro. O campo gravi-
tacional comprime o plasma em regi˜oes mais densas e, dependendo da fase das ondas
ac´usticas, essa compress˜ao gravitacional se soma `a compress˜ao ou `a rarefa¸ao causada
pelas ondas. Na recombina¸ao, o modo fundamental de vibra¸ao das ondas ac´usticas
26
aparece em fase com a compress˜ao gravitacional promovendo uma grande varia¸ao de
temperatura. No entanto, o segundo harmˆonico estaria defasado de 180
com rela¸ao `a
compress˜ao gravitacional, diminuindo assim a amplitude da varia¸ao de temperatura do
plasma. Esse fato explica a diferen¸ca entre as alturas do primeiro e do segundo pico no
espectro de potˆencia angular da RCFM.
A Figura 1.2 mostra os dados de diversos experimentos e a curva prevista pelo modelo
ΛCDM para o espectro, sendo poss´ıvel notar que ambos apresentam uma certa concordˆan-
cia, principalmente levando-se em considera¸ao as barras de erros dos dados. Para uma
melhor compreens˜ao do gr´afico, ´e importante saber a rela¸ao existente entre os multipolos
e as separa¸oes angulares no eu, que ´e l 180
.
O conhecimento da forma do espectro de potˆencia angular da RCFM, como por exem-
plo a localiza¸ao dos picos e suas respectivas alturas, permite a estimativa de diversos
parˆametros cosmol´ogicos. A Figura 1.3 mostra como a varia¸ao de alguns parˆametros
modifica a forma da curva prevista pelo modelo. Ap´os a localiza¸ao precisa do primeiro
pico ac´ustico pelo BOOMERanG e MAXIMA, concluiu-se que a densidade do universo ´e
muito pr´oxima da densidade cr´ıtica (ρ
c
= 1, 88h
2
× 10
29
g/cm
3
), em que h ´e incerteza na
medida da constante de Hubble, H
0
, e vale hoje 0, 719
+0,026
0,027
. Esse resultado mostra que
o universo ´e plano. Outros parˆametros comol´ogicos foram definidos a partir dos dados
do WMAP, como, por exemplo, a densidade atual de mat´eria escura, mat´eria bariˆonica e
energia escura no universo
3
.
Analisando o espectro para baixos multipolos (2 l 10), regi˜ao dominada pelo efeito
Sachs-Wolfe, observamos caracter´ısticas ao previstas pelo Modelo Cosmol´ogico Padr˜ao na
distribui¸ao angular da RCFM. Algumas dessas caracter´ısticas ao considera-das anoma-
lias na distribui¸ao das flutua¸oes de temperatura da RCFM, pois, estatisticamente, a
chance delas ocorrerem ´e muito pequena.
1.5 Detec¸ao de anomalias na RCFM
O modelo inflacion´ario foi tamb´em adicionado ao MCP com a finalidade de explicar, dentre
outros fenˆomenos, como otons que ao estavam aparentemente conectados causalmente
na SUE constituem os otons da RCFM `a mesma temperatura. De acordo com esse
modelo, espera-se que o universo seja estatisticamente isotr´opico. Portanto, arios testes
come¸caram a ser feitos com o intuito de confirmar essa caracter´ıstica, que ´e fundamental
no modelo. Analisando os dados produzidos pelo instrumento DMR, a bordo do sat´elite
COBE, foi constatado que o valor do sinal do quadrupolo (l = 2) estava abaixo do espe-
3
Normalmente as densidades ao escritas em fun¸ao da densidade cr´ıtica, de forma que
i
= ρ
i
c
.
27
Figura 1.3 - Curvas do espectro de potˆencia angular previstas pelo modelo ΛCDM para diferentes valores dos
paametros cosmol´ogicos, (a) varia¸ao nos valores de densidade do universo, (b) varia¸ao nos
valores de densidade da constante cosmol´ogica, (c) varia¸ao nos valores de densidade de mat´eria
bariˆonica e (d) varia¸ao nos valores de densidade de mat´eria total.
Fonte: adaptado de Hu e Dodelson (2002)
rado pelo MCP (SMOOT et al., 1992). Todavia, achava-se que esse baixo sinal poderia ser
devido `a emiss˜ao da Gal´axia.
Ap´os a libera¸ao dos dados provenientes do WMAP, foi poss´ıvel constatar que a contami-
na¸ao Gal´actica ao contribui de forma significativa para o baixo valor do quadrupolo
(TEGMARK et al., 2003). Al´em disso, na medida da amplitude do quadrupolo, deve-se
considerar a barra de erro da medida e a variˆancia osmica. A variˆancia osmica ´e uma
limita¸ao intr´ınseca na medida do espectro devido ao n´umero de amostras poss´ıveis para
cada multipolo, sendo portanto maior para baixos multipolos, e ´e dada por:
C
l
=
2
2l + 1
C
l
. (1.6)
28
A busca por desvios de isotropia no universo continuou e duas anomalias foram descobertas
nos dados do WMAP por Tegmark et al. (2003): o alinhamento entre o quadrupolo e
octopolo (l = 3) e a planaridade do octopolo. Um ano mais tarde, essas anomalias foram
quantificadas por Oliveira-Costa et al. (2004). Eles calcularam que 94% da potˆencia do
octopolo est˜ao associados a dire¸ao |m| = 3 e que a chance de ocorrer essa planaridade
em l = 3 ´e de 1 em 20. O alinhamento entre o octopolo e o quadrupolo ocorre com uma
diferen¸ca angular entre eles de apenas 10
, sendo que a chance de que esse alinhamento
aconte¸ca ´e de 1 em 66.
Outra anomalia foi descoberta por Eriksen et al. (2004) estudando os mapas de RCFM
para l < 40. Foi mostrado que existe uma grande diferen¸ca de potˆencia entre dois he-
misf´erios opostos nos dados do COBE e do primeiro ano do WMAP. O eixo no qual
essa assimetria ´e maximizada foi tamb´em encontrado assim como sua probabilidade de
ocorrˆencia (HANSEN et al., 2004).
Analisando tamb´em os dados do primeiro ano do WMAP, Vielva et al. (2004) encon-
traram uma mancha fria nos mapas no hemisf´erio sul. Apenas 40 de 10000 simula¸oes
apresentaram essa caracter´ıstica sendo, portanto, a probablidade de sua ocorrencia de
0,4%.
Neste trabalho, as anomalias ser˜ao investigadas por meio da an´alise dos dados de cinco
anos do WMAP utilizando uma metodologia que ser´a detalhada posteriormente.
Essa disserta¸ao est´a organizada da seguinte forma: faremos uma descri¸ao do sat´elite
WMAP bem como das ferramentas de an´alise que ser˜ao utilizados nesse trabalho no
Cap´ıtulo 2; no Cap´ıtulo 3, detalharemos as anomalias presentes nos mapas da RCFM
encontradas na literatura para o primeiro e para os trˆes anos de dados do WMAP; a
metodologia utilizada na an´alise dos mapas e o procedimento para a obten¸ao dos resul-
tados ser˜ao descritos no Cap´ıtulo 4; finalmente, a apresenta¸ao e discuss˜ao dos resultados
ser˜ao realizadas no Cap´ıtulo 5, seguidos do cap´ıtulo de conclus˜ao.
29
2 O SAT
´
ELITE WMAP E OS DADOS UTILIZADOS
O projeto de constru¸ao do WMAP foi proposto em 1995, por´em o sat´elite foi lan¸cado
somente em 30 de junho de 2001 da base da For¸ca A´erea dos EUA no Cabo Canaveral,
Fl´orida. O WMAP, que pode ser visto na Figura 2.1, tem uma altura de 3,8 m e pesa
836 kg. O disco inferior mede 5,0 m de diˆametro e possui 6 placas solares que fornecem
energia para o sat´elite. Al´em disso, os intrumentos ao blindados de forma a protegˆe-los
da radia¸ao solar (BENNETT et al., 2003b).
Figura 2.1 - O sat´elte WMAP.
Fonte: http://wmap.gsfc.nasa.gov
O WMAP foi colocado em ´orbita no segundo ponto de Lagrange Terra-Sol, L2, localizado a
1, 5×10
6
km de n´os para minimizar turbulˆencias causadas pela Terra, como, por exemplo,
sua emiss˜ao em microondas e seus campos magn´eticos.
O instrumento a bordo do WMAP consiste em 2 telesc´opios Gregorianos, sendo que o es-
pelho prim´ario possui 1,4 m × 1,6 m e o espelho secund´ario age basicamente como prote¸ao
com rela¸ao ao sinal da Gal´axia (para detalhes, ver Page et al. (2003)). Fazem parte do
instrumento, tamb´em, 20 radiˆometros diferenciais. Eles utilizam amplificadores baseados
em diodos HEMT (High Electron Mobility Transistors) e est˜ao resfriados a aproximada-
mente 90K para diminuir erros sistem´aticos (JAROSIK et al., 2003). Os radiˆometros medem
varia¸oes de temperatura entre dois pontos no eu e produzem mapas de intensidade em
31
cinco diferentes bandas de freq
¨
uˆencia. O sat´elite possui 2 radiˆometros tanto na banda K
quanto na banda Ka, 4 nas bandas Q e V e 8 na banda W, sendo que as bandas possuem
freq
¨
uˆencias centradas respectivamente em 22, 33, 41, 61 e 94 GHz.
A resolu¸ao angular do WMAP varia de acordo com a banda de freq
¨
uˆencia, sendo de
0, 88
, 0, 66
, 0, 51
, 0, 35
e 0, 22
para as bandas K, Ka, Q, V e W, respectivamente. A
Figura 2.2 mostra os mapas obtidos para o WMAP5 nas 5 bandas de freq
¨
uˆencia e o mapa
de c´eu inteiro, que ser´a descrito na Se¸ao 2.1.
Figura 2.2 - Mapas do WMAP5 para cada banda de freq
¨
uˆencias e o mapa de eu inteiro. Coluna da esquerda,
de cima para baixo: bandas K, Ka e Q. Coluna da esquerda, de cima para baixo: bandas V e W
e o mapa ILC
32
O WMAP foi desenvolvido pela NASA com a principal finalidade de obter novas medidas
da RCFM para que fosse poss´ıvel realizar um estudo mais detalhado de sua distribui¸ao
angular. Para isso, o espectro de potˆencia angular da RCFM foi reconstruido com maior
precis˜ao na medida e com maior sensibilidade, ou seja, o espectro foi obtido tamb´em para
altos valores de multipolos. A sensibilidade do WMAP ´e na m´edia 45 vezes melhor que a
do COBE, medindo um varia¸ao de temperatura menor que 20µK por pixel quadrado de
0, 3
× 0, 3
(BENNETT et al., 2003b). Diferentemente do espectro obtido com os dados do
COBE somente para baixos multipolos (plateau), o espectro obtido pelo WMAP mostrou
tamb´em os primeiros picos ac´usticos e pode ser visto na Figura 2.3. Com esses novos dados,
´e poss´ıvel responder quest˜oes fundamentais de cosmologia como, por exemplo, quais os
constituintes do universo e quais ao os valores dos parˆametros cosmol´ogicos.
Figura 2.3 - Espectro de potˆencia da RCFM obtido com os dados do WMAP5, ACBAR, Boomerang e CBI.
Fonte: Nolta et al. (2008)
2.1 Mapa de multifreq
¨
uˆencias
Al´em do sinal da RCFM, contamina¸oes provenientes principalmente da Gal´axia ao en-
contradas nos dados. Existem trˆes principais componentes de emiss˜ao Gal´actica e suas
contribui¸oes dependem da freq
¨
uˆencia na qual a medida ´e feita. A emiss˜ao sincroton,
33
que est´a relacionada com a energia perdida por el´etrons relativ´ısticos devido aos campos
magn´eticos presentes na Gal´axia, domina para baixas freq
¨
uˆencias (no caso dos mapas
do WMAP, bandas K e Ka). A emiss˜ao bremsstrahlung est´a relacionada com a perda de
energia de el´etrons relativ´ısticos na intera¸ao com campos el´etricos de ´ıons presentes na
Gal´axia e tamb´em domina para baixas freq
¨
uˆencias. A emiss˜ao t´ermica de poeira domina
para altas freq
¨
uˆencias (banda W) e ´e causada pelo aquecimento de gr˜aos de poeira no
meio interestelar.
O etodo ILC (Internal Linear Combination) consiste em minimizar a contribui¸ao da
Gal´axia preservando o sinal da RCFM em um mapa de c´eu inteiro (BENNETT et al., 2003c;
HINSHAW et al., 2007; GOLD et al., 2008). Para isso, o comportamento das componentes de
emiss˜ao Gal´actica precisa ser conhecido. O mapa produzido ´e uma combina¸ao linear dos
mapas nas cinco freq
¨
uˆencias do WMAP cujos coeficientes ao ajustados para cancelar a
emiss˜ao da Gal´axia suavizado para a maior resolu¸ao angular (0, 88
na banda K).
´
E im-
portante salientar que apesar do m´etodo ILC minimizar a contribui¸ao Gal´actica, ele ao
produz mapas completamente livres de contamina¸ao. Permanece, portanto, uma contam-
ina¸ao residual que deve ser levada em considera¸ao tornando necess´aria a utiliza¸ao de
ascaras, que ser˜ao explicadas na pr´oxima se¸ao, na an´alise desses mapas. Al´em do mapa
obtido pelos pesquisadores repons´aveis pelo WMAP, que chamarei de mapa ILC, out-
ros mapas de eu inteiro foram produzidos utilizando diferentes m´etodos. Para a an´alise
dos dados, utilizei diferentes mapas presentes na literatura dos trˆes e dos cinco anos do
WMAP.
2.2 ascaras
Uma outra forma de minimizar a contribui¸ao de foregrounds (contamina¸oes, ao nec-
essariamente da Gal´axia) nos dados ´e aplicar ascaras nos mapas. As ascaras excluem
´areas do mapa dominadas pela emiss˜ao Gal´actica e preservam as ´areas dominadas pela
RCFM. As ascaras produzidas para o primeiro ano de dados do WMAP (ano de 2003)
ao baseadas no mapa da banda K, pois a contamina¸ao Gal´actica ´e mais severa nessa
faixa de freq
¨
uˆencias. As ascaras foram caracterizadas de acordo com a severidade do
corte feito no c´eu, sendo a ascara Km2 a mais severa, seguida da Km1, Kp0, Kp1, e
assim por diante at´e a Kp12 (BENNETT et al., 2003c). Por fim, essas m´ascaras foram ent˜ao
somadas com as ascaras de fontes pontuais emissoras de adio. Para os trˆes anos de da-
dos (2006), as ascaras de fontes pontuais foram atualizadas, pois novas fontes pontuais
foram detectadas e adicionadas.
As ascaras para a an´alise dos dados de temperatura foram modificadas para os dados
de cinco anos do WMAP (2008) com o intuito de cortar a emiss˜ao de ´areas que contˆem as
34
Nebulosas de Gum e de ρ Oph. Essas novas ascaras foram feitas a partir dos mapas das
bandas K e Q. Desses mapas ´e subtra´ıdo o mapa ILC, permanecendo, em ambos, somente
o sinal da emiss˜ao Gal´actica. Esses dois mapas ao finalmente combinados. A m´ascara Kp2
foi substitu´ıda pelas ascaras combinadas de K e Q 85% (preserva nominalmente 85% do
c´eu), chamada KQ85, e a ascara Kp0 foi substitu´ıda pelas ascaras combinadas de K e
Q 75%, chamada KQ75. Essas ascaras ao tamb´em somadas com as ascaras de fontes
pontuais incluindo mais 32 novas fontes de uma vers˜ao preliminar do cat´alogo de fontes
pontuais para os 5 anos do WMAP (GOLD et al., 2008). O corte realizado busca eliminar
os foregrounds, por´em preserva o aximo poss´ıvel de ´area ´util do c´eu para estudos da
RCFM.
35
3 ANOMALIAS NA DISTRIBUI ¸C
˜
AO ANGULAR DA RCFM
Apesar do modelo ΛCDM ajustar-se bem aos dados da RCFM, algumas caracter´ısticas
encontradas nos dados possuem uma probabilidade muito baixa de ocorrerem nesse modelo
e vˆem sendo estudadas desde que foram descobertas. Nesse trabalho, essas caracter´ısticas
ser˜ao consideradas anˆomalas quando a probabilidade de ocorrerem for menor que 5%.
´
E
importante salientar que as probabilidades s˜ao calculadas usando estat´ısticas diferentes, o
que tamb´em produz varia¸oes nos resultados que em sendo obtidos na literatura. Nesse
cap´ıtulo, as anomalias descritas na literatura ser˜ao detalhadas e algumas solu¸oes que
est˜ao sendo propostas com a finalidade de explic´a-las ser˜ao mencionadas. Entretanto,
uma explica¸ao conclusiva ainda ao foi encontrada.
3.1 Amplitude do quadrupolo
O baixo valor do quadrupolo (l = 2) vem sendo estudado desde sua confirma¸ao nos dados
do WMAP (ver, por exemplo, Efstathiou (2003b)). A Figura 3.1 mostra a potˆencia do
quadrupolo observada e a curva para modelo ΛCDM. Para quantificar essa discrepˆancia,
os valores dos C
l
s encontrados para alguns multipolos ao comparados com os valores
desses mesmos C
l
s para o modelo.
Figura 3.1 - Espectro de potˆencia, C
l
, para o modelo ΛCDM (linha cont´ınua). Os quadrados mostram os
primeiros multipolos encontrados por Bennett et al. (2003a)
Fonte: adaptado de Gazta˜naga et al. (2003).
Para o modelo ΛCDM, as potˆencias relacionadas aos primeiros multipolos ao nulos ao
37
(em µK
2
) (GAZTA˜nAGA et al., 2003):
C
2
= 1130, C
3
= 537, C
4
= 304,
que podem ser comparados com os valores encontrados por Bennett et al. (2003a) uti-
lizando os dados do WMAP1:
C
2
= 129
+799
129
, C
3
= 320 ± 320, C
4
= 316 ± 104.
A probabilidade do quadrupolo no modelo ΛCDM ter o valor igual ou mais baixo que o
valor do quadrupolo encontrado nos dados foi originalmente calculada em 0,7% (SPERGEL
et al., 2003). Todavia, nesse trabalho, o valor do quadrupolo foi medido somente fora do
Plano da Gal´axia para evitar incertezas causadas pelos foregrounds Gal´acticos residuais.
Foi mostrado por Tegmark et al. (2003) que a contribui¸ao dessas contamina¸oes residuais
interferem de forma desprez´ıvel no valor dos multipolos mais baixos, mas que uma mod-
elagem mais detalhada de foregrounds ´e necess´aria para quantificar mais rigorosamente
essa contribui¸ao. Nesse artigo, o valor do quadrupolo calculado sem o corte Gal´actico
para o mapa de c´eu inteiro ´e, apesar de baixo, maior que o encontrado anteriormente,
sendo C
2
= 195, 1µK
2
. Com isso, a probabilidade de ocorrˆencia no modelo ΛCDM desse
baixo quadrupolo cresce para 4,8%.
arias propostas est˜ao sendo feitas para explicar o baixo valor do quadrupolo. Umas
das dificuldades de explicar essa anomalia deve-se ao fato de que o modelo ΛCDM se
ajusta bem aos dados para pequenas escalas angulares. Se novos mecanismos f´ısicos forem
necess´arios, eles devem manter a concordˆancia para grandes multipolos, se ajustando
somente para baixos multipolos. Dentre as propostas, sugere-se que o universo tenha
uma topologia compacta. Foi mostrado por Phillips e Kogut (2004) que o baixo valor do
quadrupolo ´e uma condi¸ao necess´aria mas ao suficiente para uma topologia compacta.
Outras topologias tamb´em ao sugeridas na literatura (ver, por exemplo, Luminet et al.
(2003)). Algumas propostas sugerem tamb´em que o espectro de potˆencia seja modificado
introduzindo uma escala a partir da qual a potˆencia se anule. Essa escala ´e escolhida de
forma a ajustar o corte aos dados. Uma outra forma de introduzir um corte no espectro ´e
associar uma curvatura positiva ao modelo (ver Bridle et al. (2003), Efstathiou (2003a)).
No modelo ΛCDM, a energia escura ´e representada pela constante cosmol´ogica, e algumas
propostas sugerem a utiliza¸ao de um outro candidato `a energia escura no modelo: um
campo escalar conhecido como quintessˆencia que tamb´em modificaria o espectro para
grandes escalas angulares (MOROI; TAKAHASHI, 2004).
38
3.2 Planaridade e alinhamento do quadrupolo e ocotopolo
Com a finalidade de se entender o motivo pelo qual o valor do quadrupolo aumentava
quando calculado sem o corte Gal´actico, mapas relacionados aos primeiros multipolos do
mapa da RCFM foram obtidos por Tegmark et al. (2003), Oliveira-Costa et al. (2004).
Os mapas mostram que a maior parte da potˆencia do quadrupolo e, principalmente, do
octopolo est´a localizada em um eixo preferencial.
Al´em disso, os eixos preferenciais do quadrupolo e do octopolo est˜ao alinhados em (l, b) =
(110
, 60
) na dire¸ao do aglomerado de Virgem. A diferen¸ca angular entre os dois eixos
preferenciais ´e de apenas 10
. O alinhamento entre o quadrupolo e o octopolo pode ser
visualizado na Figura 3.2, que mostra os mapas para os primeiros multipolos ao nulos
obtidos do mapa ILC 5 anos.
Figura 3.2 - Mapas da RCFM para o quadrupolo, octopolo e multipolos mais altos obtidos sem nenhum corte
gal´actico, ou seja, para eu inteiro. A escala de temperatura dos mapas est´a em mK.
A pr´ıncipo, a probababilidade de ocorrˆencia das trˆes anomalias (baixo valor do
39
quadrupolo, planaridade do octopolo e alinhamento entre quadrupolo e octopolo) simul-
taneamente foi calculada como sendo 1 em 24000, caso o modelo ΛCDM esteja correto
(OLIVEIRA-COSTA et al., 2004). Ap´os a descoberta do alinhamento entre o quadrupolo e o
octopolo, outro alinhamento significante foi encontrado entre o octopolo e o hexadecupolo
(l = 4) nos dados do WMAP3 (ABRAMO et al., 2006).
Alguns trabalhos publicados defendem a id´eia de que as anomalias em baixos multipolos
possam ser devidas as contamina¸oes residuais nos mapas. Eriksen et al. (2004) con-
cluiram que o mapa ILC ao est´a suficientemente livre de foregrounds, portanto nenhuma
conclus˜ao definitiva de sua an´alise deve ser feita. A influˆencia do efeito SZ causado pelo
Superaglomerado Local nas anisotropias prim´arias tamb´em poderia introduzir um eixo
preferencial em grandes escalas angulares (ABRAMO; SODR
´
E, 2003; ABRAMO et al., 2006).
Trabalhos mais recentes sugerem a utiliza¸ao de um modelo cosmol´ogico com topologia
ao trivial para explicar os alinhamentos (ver, por exemplo, Gurzadyan et al. (2007)).
3.3 Mancha Fria (Cold Spot)
Uma outra anomalia foi encontrada nos dados do WMAP1 por Vielva et al. (2004). Uma
mancha fria, conhecida como Cold Spot, surpreendentemente extensa (diˆametro de aproxi-
madamente 10
no c´eu) foi detectada nos dados da RCFM ao se analisar o mapa do WMAP
combinado das bandas Q-V-W (ver Figura 3.3). O Cold Spot est´a centrado nas coorde-
nadas (b, l) = (57
, 209
) e possui uma varia¸ao axima de temperatura de 78µK
(CRUZ et al., 2005).
Ap´os a descoberta do Cold Spot, testes foram realizados por Vielva et al. (2004) e arios
outros autores com a finalidade de detectar a origem dessa anomalia. Um dos primeiros
testes realizados foi analisar os mapas de temperatura obtidos por cada radiˆometro em
cada banda de freq
¨
uˆencia (2 mapas para as bandas Q e V e 4 mapas na banda W). Os
mesmos resultados foram obtidos para todos os mapas. Esse teste possibilitou concluir
que o Cold Spot ao foi causado por nenhum radiˆometro em particular e que, portanto,
os erros sistem´aticos causados pelo instrumento ao contribuem de forma significativa
para existˆencia desta mancha fria. Os foregrounds tamb´em foram descartados como causa
do Cold Spot. A detec¸ao da anomalia ao tem dependˆencia com a freq
¨
uˆencia quando
analisadas as bandas menos contaminadas (Q, V e W).
A combina¸ao do sinal da RCFM com o efeito SZ poderia explicar a anomalia, por´em ´e
improavel que essa seja a causa, pois a quantidade de as necess´aria para gerar o Cold
Spot ´e incompat´ıvel com a quantidade de gal´axias nessa regi˜ao do c´eu (CRUZ et al., 2006). A
an´alise dos dados feita por Rudnick et al. (2007) tamb´em sugere que a origem do Cold Spot
40
Figura 3.3 - Regi˜ao do mapa combinado das bandas Q, V e W centrada no Cold Spot para o WMAP1 (figura
da esquerda) e WMAP3 (figura da direita). A escala de temperatura das figuras, representada
pelos retˆangulos, est´a em µK. A resolu¸ao das imagens, que est´a definida nos eixos das ordenadas
e abscissas, ´e 1024 pixels × 1024 pixels
Fonte: adaptado de Cruz et al. (2007).
esteja relacionada com uma manisfesta¸ao local do efeito SWI causado por um supervazio
na dire¸ao do Spot. arios autores sugerem ainda mudan¸ca no modelo cosmol´ogico. Por
exemplo, defeitos topol´ogicos produzidos no universo primordial poderiam gerar a mancha
fria observada nos dados do WMAP (ver Cruz et al. (2008)).
3.4 Assimetria Norte-Sul
A assimetria Norte-Sul foi descoberta quando os estudos estavam focados no baixo valor
das potˆencias em grandes escalas angulares encontrado nos dados do WMAP. Eriksen et al.
(2004) analisaram os dados do WMAP em escalas angulares maiores que 3
e encontraram
uma clara assimetria entre os hemisf´erios norte e sul gal´acticos. A Figura 3.4 mostra o
espectro de potˆencia para baixos multipolos e evidencia a diferen¸ca de potˆencia entre os
hemisf´erios sul e norte.
Eriksen et al. (2004), tamb´em, encontraram a assimetria em coordenadas ecl´ıpticas. O
hemisf´erio norte gal´actico (e ecl´ıptico) possui baixa potˆencia em grandes escalas angu-
lares enquanto o hemisf´erio sul possui maior concordˆancia com o MCP. Nesse estudo,
a probabilidade de ocorrˆencia da falta de potˆencia do hemisf´erio norte, supondo que o
modelo ΛCDM esteja correto, foi calculada como sendo menor que 0,02%. Para fins de
compara¸ao, os dados do COBE foram analisados e as assimetrias tamb´em estavam pre-
sentes nesses dados. Assimetrias semelhantes foram encontradas entre os hemisf´erios oeste
e leste gal´acticos. Estudos posteriores mostraram que a axima assimetria ´e encontrada
41
Figura 3.4 - A curva s´olida (histograma) se refere ao espectro de potˆencia do modelo ΛCDM. A curva tracejada
mostra o espectro de potˆencia obtido quando a ascara kp2 ´e utilizada. As curvas ligadas pelos
’x’ cinzas e pretos ao os espectros estimados para os mapas combinados das bandas V e W do
WMAP do hemisf´erio sul e norte respectivamente. As ´areas sombreadas indicam os erros de 1σ e
2σ, levando em considera¸ao o modelo ΛCDM.
Fonte: Eriksen et al. (2004)
para hemisf´erios centrados perto dos olos ecl´ıpticos (HANSEN et al., 2004).
Assim como para as outras anomalias citadas nesse cap´ıtulo, uma explica¸ao para a as-
simetra norte-sul nos dados do WMAP ainda ao foi encontrada. Algumas solu¸oes consid-
eradas a foram, contudo, descartadas. A influˆencia de erros sistem´aticos e de foregrounds
ao ´e mais considerada significante, pois a assimetria independe da freq
¨
uˆencia analisada
e do corte gal´actico utilizado (ERIKSEN et al., 2005). Bernui et al. (2006) mostraram tam-
b´em que a assimetria norte-sul ao est´a relacionada com o baixo valor do quadrupolo.
Algumas outras hip´oteses foram testadas, como, por exemplo, a influˆencia de campos mag-
n´eticos primordiais na existˆencia da assimetria. Os estudos mostraram que quanto maior
esse campo magn´etico maior ´e a probabilidade da assimetria norte-sul ocorrer (BERNUI;
HIP
´
OLITO-RICALDI, 2008).
Nesse trabalho, a assimetria Norte-Sul ser´a investigada com os dados do WMAP5 e
WMAP3. Outras assimetrias tamb´em ser˜ao procuradas nos dados e, para isso, ser˜ao
feitas an´alises por quadrantes. Por fim, veremos, se as assimetrias ao anˆomalas atrav´es
da metodologia detalhada no pr´oximo cap´ıtulo.
´
E importante salientar que assimetrias
est˜ao presentes nos dados ou em mapas simulados, todavia queremos saber se a probabil-
idade dessas assimetrias encontradas nos dados ocorrerem no modelo est´a abaixo de 5%
e, portanto, se devem ser consideradas anˆomalas.
42
4 METODOLOGIA
Nesse trabalho, ser˜ao utilizados 5 mapas de multifreq
¨
uˆencias encontrados na literatura e
que est˜ao listados na Tabela 4.1.
Tabela 4.1 - Mapas de multifreq
¨
uˆencias
Mapa Referˆencia
ILC5 Gold et al. (2008)
HILC5 Kim et al. (2008)
ILC3 Bennett et al. (2003c)
SILC3 Park et al. (2007)
Oliveira-Costa3 Oliveira-Costa e Tegmark (2006)
Os mapas de multifreq
¨
uˆencias possuem contamina¸ao residual, portanto foi necess´aria a
utiliza¸ao de cortes na an´alise. Nesse trabalho foi utilizado um corte Gal´actico de |b| < 10
mais a ascara KQ85, produzindo um corte total de aproximadamente 22% do c´eu.
O objetivo desse trabalho ´e analisar esses mapas primeiramente por hemisf´erios. Os hemis-
f´erios foram escolhidos de acordo com os hemisf´erios previamente utilizados na literatura.
A Figura 4.1 ilustra os hemisf´erios norte e sul utilizados, j´a com o corte Gal´actico descrito
anteriormente. A finalidade desse estudo ´e investigar a assimetria Norte-Sul nos dados do
WMAP5 e compar´a-la `a assimetria a encontrada no WMAP3 utilizando o mesmo m´etodo
de an´alise.
Para verificar a existˆencia da assimetria Norte-Sul, comparamos o hemisf´erio sul com o
hemisf´ero norte tanto nos mapas de RCFM quanto nos mapas previstos pelo modelo cos-
mol´ogico utilizado. Em seguida, comparamos a assimetria encontrada entre os hemisf´erios,
nos dados e no modelo, com o intuito de calcular a probabilidade de ocorrˆencia da assime-
tria Norte-Sul na RCFM considerando um modelo cosmol´ogico. A partir do alculo dessa
probabilidade, ´e poss´ıvel saber se a assimetria Norte-Sul no mapa da RCFM ´e considerada
anˆomala.
A pr´oxima an´alise, por quandrantes, tem a finalidade de buscar por novas assimetrias
anˆomalas nos dados da RCFM. Os quadrantes estudados nos mapas foram escolhidos
baseando-se nos hemisf´erios utilizados para investigar a assimetria Norte-Sul e podem
ser vistos na Figura 4.2. Mais uma vez, as assimetrias foram investigadas para os dados
do WMAP5 e WMAP3, para fins de compara¸ao. Os quadrantes dos mapas da RCFM
foram, ent˜ao, comparados entre si na busca por assimetrias. Encontradas as assimetrias
mais significativas, elas foram, tamb´em, procuradas nos mapas do modelo. Em seguida, o
43
Figura 4.1 - Hemisf´erios norte e sul do mapa ILC5, a com os cortes KQ85 + |b| < 10
alculo da probabilidade dessas assimetrias significativas encontradas nos dados ocorrerem
no modelo proporciona saber se elas ao anˆomalas.
Na tentativa de explicar as assimetrias que foram encontradas por quadrantes, 3 hip´oteses
que poderiam estar causando as assimterias foram verificadas: a influˆencia do Cold Spot, do
alinhamento entre o quadrupolo e do octopolo e da ascara assim´etrica KQ85 utilizada.
Para testar a primeira hip´otese, o Cold Spot, que aparece nos mapas da RCFM assim
como as assimetrias por quadrantes, tamb´em foi procurado nos mapas do modelo nos
quais as assimetrias por quandrantes est˜ao presentes, por meio da constru¸ao de histogra-
mas de varia¸oes de temperatura centrados nas coordenadas do Cold Spot. O histograma
da regi˜ao selecionada para o mapa da RCFM tem propriedades estat´ıticas bem definidas
que caracterizam a Mancha Fria. Essas caracter´ısticas ser˜ao comparadas com as carac-
ter´ısticas estat´ısticas dos histogramas dos mapas considerados do modelo. A id´eia desse
procedimento ´e relacionar a assimetria por quadrantes ao Cold Spot, caso essas duas car-
acter´ısticas sejam encontradas simultaneamente em mapas do modelo.
Da mesma forma, a segunda hip´otese foi testada. Os mapas relacionados ao quadrupolo,
octopolo e quadrupolo + ocotopolo foram obtidos dos mapas do modelo que possuem a
assimetria por quadrantes. Por fim, procuramos, de forma qualitativa, por alinhamento
entre o quadrupolo e o octopolo nesses mapas, como ocorre nos mapas da RCFM.
Para testar a terceira hip´otese, o procedimento realizado para encontrar as assimetrias
por quadrantes nos dados e suas respectivas probabilidades de ocorrˆencia no modelo,
utilizando a ascara KQ85 e o corte Gal´actico |b| < 10
, foi refeito somente com o corte
Gal´actico |b| < 10
. Por fim, as probabilidades foram comparadas para os dois casos, com
a ascara e sem a ascara.
O m´etodo escolhido para estudar as assimetrias na distribui¸ao angular da RCFM foi a
fun¸ao de correla¸ao de dois pontos. Para o estudo das poss´ıveis anomalias existentes nos
44
Figura 4.2 - Os quadrantes que foram utilizados na an´alise, a com os cortes KQ85 + |b| < 10
mapas da RCFM foi preciso comparar os resultados obtidos com os resultados previstos
por um modelo cosmol´ogico. Com esse prop´osito, foram feitas simula¸oes Monte Carlo.
Nas pr´oximas se¸oes, detalharemos como a fun¸ao de correla¸ao de dois pontos ´e definida
e como as simula¸oes Monte Carlo foram geradas.
4.1 Fun¸ao de correla¸ao de dois pontos
A fun¸ao de correla¸ao de dois pontos mede a correla¸ao angular das flutua¸oes de tem-
peratura distribu´ıdas na esfera celeste e ´e definida como sendo:
c(γ) T (n
p
) · T (n
q
), (4.1)
sendo que T (n
p
) e T (n
q
) ao as flutua¸oes de temperatura nos pixels p e q respectivamente
e γ ´e o ˆangulo entre os dois pixels.
De acordo com a defini¸ao de produto interno teremos n
p
· n
q
= |n
p
||n
q
| cos γ, sendo n
p
e n
q
versores que definem a dire¸ao de cada pixel. Dessa forma cos γ = n
p
· n
q
.
Contudo, o pixel p ´e dado pelas coordenadas θ
p
e φ
p
e o pixel q ´e dado pelas coordenadas
θ
q
e φ
q
, sendo que 0
φ 360
e 90
θ 90
. Teremos, portanto, a rela¸ao:
45
cos γ = cos θ
p
cos θ
q
+ sin θ
p
sin θ
q
cos(φ
p
φ
q
). (4.2)
No desenvolvimento dos programas computacionais para realiza¸ao desse trabalho foi
utilizada a Equa¸ao 4.1, pois ´e uma equa¸ao geral e alida tamb´em na an´alise de mapas
nos quais cortes foram feitos. Alguns testes foram feitos para mapas de eu inteiro e,
nesse caso, para um universo isotr´opico, existe uma equa¸ao equivalente para a fun¸ao de
correla¸ao de dois pontos que foi utilizada no trabalho. Para a obten¸ao dessa equa¸ao
fazemos, com i = p, q,
T (n
i
) =
l=2
l
m=l
a
lm
Y
lm
(θ
i
, φ
i
), (4.3)
e pela defini¸ao de um universo isotr´opico, o espectro C
l
´e dado por
C
l
1
2l + 1
l
m=l
|a
lm
|
2
. (4.4)
O polinˆomio de Legendre de ordem l para o ˆangulo γ pode ser escrito em termos dos
produtos dos harmˆonicos esf´ericos dos ˆangulos θ
p
, φ
p
e θ
q
, φ
q
:
P
l
(cos γ) =
4π
2l + 1
l
m=l
Y
lm
(θ
p
, φ
p
)Y
lm
(θ
q
, φ
q
), (4.5)
sendo Y
lm
(θ
q
, φ
q
) o conjugado complexo de Y
lm
(θ
p
, φ
p
). Assim, utilizando as Equa¸oes 4.3,
4.4 e 4.5, calculamos a fun¸ao de correla¸ao de dois pontos para mapas do c´eu inteiro em
um universo isotr´opico:
T (n
p
) · T (n
q
) =
1
4π
l=2
(2l + 1)C
l
P
l
(cos γ). (4.6)
4.2 Simula¸oes Monte Carlo
Com a finalidade de analisar os resultados obtidos para os mapas da RCFM, deve-se
compar´a-los com os resultados esperados por um modelo cosmol´ogico. Como o MCP
est´a atualmente bem sustentado pelas observoes, ele ser´a o modelo base utilizado nesse
46
trabalho. O primeiro passo, enao, ´e gerar mapas simulados das flutua¸oes de temperatura
da RCFM assumindo que o modelo ΛCDM esteja correto.
Para gerar as simula¸oes Monte Carlo foram utilizadas rotinas do HEALPix (Hierarchical
Equal Area and isoLatitude Pixelization). O HEALPix ´e um sistema que divide a esfera
celeste em quadril´ateros de mesma ´area. O menor n´umero poss´ıvel de pixels ´e 12 e cor-
responde a menor resolu¸ao angular da esfera. Os pixels dessa resolu¸ao base podem ser
subdivididos de acordo com o parˆametro de resolu¸ao N
side
, sendo que o n´umero de pixels
N ´e dado por N = 12 × N
2
side
. Quanto maior o N
side
, que varia de 1 at´e 1024, melhor a
resolu¸ao da esfera (oRSKI et al., 1999; oRSKI et al., 2005). O HEALpix ´e usado tanto
para gerar mapas simulados como para visualizar e manipular os dados da RCFM.
Foram geradas 3000 simuloes com N
side
= 256, que possui uma resolu¸ao angular de
pixel de 14
. O multipolo l aximo utilizado nos mapas simulados foi 767. A obten¸ao
da correla¸ao de dois pontos por hemisf´erios, que ser´a descrita no pr´oximo cap´ıtulo, foi
realizada para mapas degradados com N
side
= 32 e com l
max
= 180. Na an´alise por
quadrantes, os mapas foram degradados para N
side
= 64 e l
max
= 180.
Os espectros, C
l
s, utilizados foram obtidos do melhor ajuste dos dados do WMAP5 ao
modelo ΛCDM e est˜ao dispon´ıveis no site LAMBDA
1
. Com a finalidade de testar algumas
hip´oteses e para obter uma an´alise mais detalhada, os valores do quadrupolo e do octopolo
foram modificados em 2000 simula¸oes, como mostrado na Tabela 4.2. Dessa forma, os
mapas simulados foram divididos em 3 grupos cada um contendo 1000 realiza¸oes.
Tabela 4.2 - Potˆencias do quadrupolo, do octopolo e do hexadecupolo
Grupos C
2
(µK
2
) C
3
(µK
2
) C
4
(µK
2
)
1 1263,5590 583,2365 323,9751
2 323,9751 323,9751 323,9751
3 223,0531 544,0191 323,9751
O grupo 1 refere-se ao modelo ΛCDM sem altera¸oes. No grupo 2, alteramos o modelo
ΛCDM de forma que C
2
= C
3
= C
4
= 323, 9751µK
2
e no grupo 3 os valores de C
2
e C
3
ao os mesmos que os observados nos dados do WMAP5. A Figura 4.3 mostra o espectro
de potˆencia angular para l 30 para cada um dos 3 grupos de simula¸oes. A constru¸ao
de mapas com diferentes valores do quadrupolo e do octopolo visa saber qual a influˆencia
desses valores na presen¸ca das assimetrias Norte-Sul e por quadrantes da RCFM que ser˜ao
estudadas no pr´oximo cap´ıtulo.
1
http://lambda.gsfc.nasa.gov
47
Figura 4.3 - Nos espectros de potˆencia acima, a curva continua ´e a edia e a ´area sombreada est´a relacionada
ao desvio padr˜ao das 1000 simula¸oes para cada grupo. De cima para baixo: espectro de potˆencia
do grupo 1 (ΛCDM), grupo 2 (C
2
= C
3
= C
4
= 323, 9751µK
2
) e grupo 3 (C
2
= C
2
W MAP e
C
3
= C
3
W MAP ).
48
5 RESULTADOS
Os programas que calculam a fun¸ao de correla¸ao de dois pontos foram desenvolvidos e
testados utilizando o software Interactive Data Language (IDL). Foram realizados testes
em mapas de c´eu inteiro com a Equa¸ao 4.1 e 4.7 com a finalidade de ajustar os programas.
A an´alise qualitativa de como o n´umero de bins interfere no alculo da fun¸ao de correla¸ao
tamb´em foi feita. Os n´umeros de bins utilizados foram 60, 90, 150, 180, 270 e 360. O
n´umero de bins escolhido para a confec¸ao dos gr´aficos foi N
bins
= 90, pois propiciou a
obten¸ao de resultados mais satisfat´orios. Apesar de sempre haver ru´ıdo estat´ıstico, ele
foi minimizado para N
bins
= 90.
Como detalhado no Cap´ıtulo 4, as fun¸oes foram obtidas para os mapas de multifreq
¨
uˆen-
cias ILC 5 anos, ILC 3 anos e outros mapas de RCFM, nos quais os foregrounds foram
removidos por diferentes m´etodos: o HILC 5 anos, o Oliveira-Costa 3 anos e o SILC 3 anos.
Como mencionado anteriormente, al´em da ascara KQ85 que elimina as partes do eu
dominadas por contamina¸ao da Gal´axia e por fontes pontuais, foi feito o corte Gal´actico
de |b| < 10
. O segundo corte serve para que o alculo da fun¸ao de correla¸ao de dois
pontos possa convergir de forma mais suave para zero, o que ao acontece somente com
a utiliza¸ao da ascara devido a sua assimetria.
5.1 An´alise por hemisf´erios
Na an´alise por hemisf´erios, a fun¸ao de correla¸ao de dois pontos foi calculada para os
mapas com N
side
= 32, que corresponde a 12288 pixels. Devido ao corte, 9649 pixels
ficaram dispon´ıveis para an´alise, sendo cada pixel um quadril´atero de 2
de lado. As
curvas foram obtidas para o hemisf´erio sul e para o hemisf´erio norte como mostrado na
Figura 5.1. Devido a grande quantidade de ru´ıdo, as curvas foram suavizadas, utilizando a
fun¸ao smooth do IDL, para facilitar a visualiza¸ao dos gr´aficos. Essa suaviza¸ao foi feita
somente de forma ilustrativa, ao sendo utilizada, portanto, na obten¸ao dos resultados.
Para estudar as curvas obtidas, utilizamos uma quantidade na qual pud´essemos
caracteriz´a-las, definida em Bernui et al. (2006),
σ =
1
N
bins
N
bins
i=1
f
2
i
, (5.1)
sendo que f
i
corresponde `a fun¸ao de correla¸ao de dois pontos para cada bin i. Durante
os testes realizados, as curvas tamb´em foram quantificadas utilizando σ
2
, ao havendo
mudan¸cas significativas nos resultados que ser˜ao mostrados. ao era esperado, de fato,
49
Figura 5.1 - As figuras da esquerda e da direita mostram as curvas obtidas com a fun¸ao de correla¸ao de
dois pontos do mapa ILC5 para o hemisf´erio norte e sul respectivamente. A parte sombreada ´e o
desvio padr˜ao dos hemisf´erios para as 1000 simula¸oes do grupo 1.
que a maneira como as curvas ao quantificadas alterasse os resultados obtidos.
A diferen¸ca entre as potˆencias do hemisf´erio norte e hemisf´erio sul foram calculadas
fazendo σ
HS
HN
para os mapas da RCFM. Finalmente, esses valores foram compara-
dos com os valores obtidos para cada um dos grupos de simula¸oes Monte Carlo. Para
as 1000 simula¸oes do modelo ΛCDM sem altera¸oes (grupo 1) σ
HS
HN
= 1, 0
+0,65
0,4
. Os
erros foram calculados a partir do desvio padr˜ao levando em considera¸ao as 1000 simu-
la¸oes, sendo usada a regra de propaga¸ao de erros para a divis˜ao. Os valores de σ
HS
HN
foram tamb´em calculados para cada mapa da RCFM e suas respectivas probabilidades de
ocorrˆencia nas simula¸oes do grupo 1 que podem ser vistos na Tabela 5.1.
Tabela 5.1 - Probabilidades calculadas para o grupo 1 de simula¸oes Monte Carlo.
Mapa σ
HS
HN
Probabilidade
ILC5 1,7 7,7%
HILC5 1,8 5,6%
ILC3 1,7 7,7%
SILC3 1,9 4,0%
Oliveira-Costa3 1,7 7,7%
Os resultados obtidos para o WMAP5 concordam com os resultados do WMAP3 para to-
dos os mapas. As probabilidades de ocorrˆencia da assimetria norte-sul no modelo ΛCDM
variam de 4,0% a 7,7%. Levando-se em conta a edia simples dessas probabilidades en-
contramos 6,6%, o que nos permite concluir que a assimetria norte-sul ao ´e anˆomala
de acordo com a defini¸ao do Cap´ıtulo 3, apesar de sua probabilidade de ocorrˆencia ser
bastante baixa.
50
A mesma an´alise foi feita para as simula¸oes do grupo 2 e 3, como pode ser visto nas
Tabelas 5.2 e 5.3 respectivamente. Nesses casos σ
HS
HN
= 1, 0
+0,4
0,3
para o grupo 2 e
σ
HS
HN
= 1, 0
+0,5
0,3
para o grupo 3. Como esperado, na m´edia, para qualquer grupo
de simula¸oes, σ
HS
HN
se aproxima de 1 , ou seja, a diferen¸ca de potˆencia entre os
hemisf´erios norte e sul tende a ser m´ınima. Para todos os mapas analisados a quantidade
σ
HS
HN
est´a fora do desvio padr˜ao, considerando cada 1000 simula¸oes.
Tabela 5.2 - Probabilidades calculadas para o grupo 2 de simula¸oes Monte Carlo.
Mapa σ
HS
HN
Probabilidade
ILC5 1,7 4,2%
HILC5 1,8 3,2%
ILC3 1,7 4,2%
SILC3 1,9 2,4%
Oliveira-Costa3 1,7 4,2%
Para as modifica¸oes nos valores do quadrupolo e do octopolo realizadas, as mudan¸cas nas
probabilidades de ocorrˆencia da assimetria para cada mapa em cada grupo de simula¸oes
(Tabelas 5.1, 5.2 e 5.3) ao ao muito significativas: 2% na m´edia. Al´em disso, considerando
valores menores do quadrupolo e do octopolo que no modelo ΛCDM (grupos 2 e 3), a
probabilidade da assimetria ocorrer diminui ainda mais para todos os mapas (em ambos
os casos a m´edia fica em 3,6%). Esse resultado mostra que um baixo valor do quadrupolo
e do octopolo no modelo ao explica a baixa probabilidade da assimetria ser encontrada.
Tabela 5.3 - Probabilidades calculadas para o grupo 3 de simula¸oes Monte Carlo.
Mapas σ
HS
HN
Probabilidades
ILC5 1,7 4,3%
HILC5 1,8 2,7%
ILC3 1,7 4,3%
SILC3 1,9 2,6%
Oliveira-Costa3 1,7 4,3%
A an´alise feita por hemisf´erios confirma os resultados a existentes na literatura, os quais
levam em considera¸ao apenas o grupo 1 de simula¸oes Monte Carlo, para o WMAP1
e WMAP3. Uma an´alise mais aprofundada ser´a feita na pr´oxima se¸ao no estudo de
assimetrias por quadrantes.
51
5.2 An´alise por quadrantes
Na an´alise por quadrantes, a fun¸ao de correla¸ao de dois pontos foi calculada para os
mapas com N
side
= 64, que corresponde a 49152 pixels, sendo o pixel um quadril´atero
de 1
de lado. Devido ao corte, 38027 pixels ficaram dispon´ıveis para an´alise. As curvas
foram obtidas para o Quadrante Inferior Direito (QID), Quadrante Inferior Esquerdo
(QIE), Quadrante Superior Direito (QSD) e Quadrante Superior Esquerdo (QSE) como
mostrado na Figura 5.2. Essas curvas tamb´em foram suavizadas de forma puramente
ilustrativa.
Figura 5.2 - As figuras da esquerda, de cima para baixo, mostram as curvas obtidas com a fun¸ao de correla¸ao
de dois pontos do mapa ILC5 para o QSE e QSD, respectivamente. Da mesma forma, para as
figuras da direita, de cima para baixo, as curvas foram obtidas para o QIE e QID, respectivamente.
A parte sombreada ´e o desvio padr˜ao dos quadrantes para as 1000 simula¸oes do grupo 1.
Da mesma forma que foi feito para os hemisf´erios, as curvas obtidas para os quadrantes
foram quantificadas utilizando a Equa¸ao 5.1. Foi encontrada uma assimetria do QID
com rela¸ao aos outros quadrantes. A probabilidade dessa assimetria acontecer foi calcu-
lada para cada um dos trˆes grupos de simula¸oes. As Tabelas 5.4, 5.5 e 5.6 resumem os
resultados obtidos.
52
Tabela 5.4 - Probabilidades calculadas para o grupo 1 de simula¸oes Monte Carlo.
Mapa σ
QID
QSE
Prob. σ
QID
QIE
Prob. σ
QID
QSD
Prob.
ILC5 2,4 7,2% 2,3 6,5% 3,3 2,4%
HILC5 1,9 14,1% 2,1 9,1% 1,8 15,5%
ILC3 2,5 6,6% 2,5 4,9% 3,2 2,7%
SILC3 2,9 3,5% 2,5 4,9% 4,0 1,1%
Oliveira-Costa3 2,6 5,0% 2,6 3,8% 2,1 9,5%
A assimetria QID-QSD ´e a mais pronunciada no mapa ILC5 para as simula¸oes do grupo
1. Por´em, a probabilidade de ocorrˆencia das trˆes assimetrias em qualquer um dos mapas
´e bastante baixa. Na an´alise por quadrantes, a mudan¸ca no valor do quadrupolo e do
octopolo (simula¸oes do grupo 2 e 3) ao produz varia¸oes significativas nas probabilidades
das assimetrias ocorrerem.
Tabela 5.5 - Probabilidades calculadas para o grupo 2 de simula¸oes Monte Carlo.
Mapa σ
QID
QSE
Prob. σ
QID
QIE
Prob. σ
QID
QSD
Prob.
ILC5 2,4 6,7% 2,3 6,0% 3,3 2,5%
HILC5 1,9 13,7% 2,1 8,2% 1,8 13,0%
ILC3 2,5 5,9% 2,5 4,1% 3,2 3,0%
SILC3 2,9 3,3% 2,5 4,1% 4,0 1,0%
Oliveira-Costa3 2,6 5,3% 2,6 3,5% 2,1 9,6%
Algumas caracter´ısticas interessantes podem ser vistas analisando as probabilidades en-
contradas para cada um dos grupos de simula¸oes. Os resultados obtidos para os mapas
ILC5, ILC3 e SILC3 concordam bem entre si, por´em os resultados para os mapas HILC5
e Oliveira-Costa3 apresentam uma pequena divergˆencia com rela¸ao aos outros. Os quad-
rantes de todos mapas foram comparados com os respectivos quadrantes do mapa ILC5
na procura por quadrantes pouco correlacionados, o que poderia explicar a divergˆencia
em alguns resultados. Todavia, a menor correla¸ao encontrada foi de 94% entre os QIE,
QSD e QSE do mapa Oliveira-Costa3 e os respectivos quadrantes do mapa ILC5. A maior
correla¸ao, como esperado, acontece entre os quadrantes do mapa ILC3 e ILC5 que ´e de
aproximadamente 99%. Sabe-se, contudo, que os mapas HILC5 e Oliveira-Costa3 n˜ao ao
constru´ıdos da mesma forma que os outros mapas o que poderia ocasionar essa diferen¸ca
nos resultados.
A Tabela 5.7 mostra os valores de σ
QID
QSE
, σ
QID
QIE
e σ
QID
QSD
para cada um
dos trˆes grupos de simula¸oes. Mais uma vez, a maioria dos valores encontrados para as
assimetrias nos dados est´a fora do desvio padr˜ao para cada 1000 simula¸oes.
53
Tabela 5.6 - Probabilidades calculadas para o grupo 3 de simula¸oes Monte Carlo.
Mapa σ
QID
QSE
Prob. σ
QID
QIE
Prob. σ
QID
QSD
Prob.
ILC5 2,4 8,2% 2,3 6,8% 3,3 3,2%
HILC5 1,9 13,8% 2,1 9,1% 1,8 16,0%
ILC3 2,5 7,5% 2,5 5,6% 3,2 3,6%
SILC3 2,9 4,6% 2,5 5,6% 4,0 1,7%
Oliveira-Costa3 2,6 6,7% 2,6 4,9% 2,1 11,2%
Tabela 5.7 - Assimetrias nos trˆes grupos de simula¸oes Monte Carlo
Grupos σ
QID
QSE
σ
QID
QIE
σ
QID
QSD
1
1, 0
+1,0
0,5
1, 0
+1,0
0,5
1, 0
+1,0
0,5
2
1, 0
+1,0
0,5
1, 1
+1,0
0,5
0, 9
+1,0
0,5
3
1, 0
+1,0
0,5
1, 1
+1,1
0,5
0, 9
+1,0
0,5
O pr´oximo passo ap´os ter encontrado assimetrias ao analisar os quadrantes dos mapas da
RCFM ´e investigar o que poderia ter causado essa assimetria. Nesse trabalho, investigamos
trˆes possibilidades: a presen¸ca do Cold Spot no QID, o alinhamento entre o quadrupolo e
octopolo e a assimetria da ascara KQ85 utilizada na an´alise.
5.2.1 Influˆencia do ’Cold Spot’
Para testar a hip´otese de que o Cold Spot causa as assimetrias QID-QSE, QID-QIE e QID-
QSD iremos construir histogramas de varia¸oes de temperatura centrados nas coordenadas
do Cold Spot (b, l) = (57
, 209
). Esses histogramas foram constru´ıdos para o mapa ILC5
e para as realiza¸oes Monte Carlo que possuem as mesmas caracter´ısticas do mapa ILC5.
Procuraremos por ’semelhan¸cas’ estat´ısticas entre o histograma constru´ıdo a partir dos
dados e os histogramas constru´ıdos a partir das simula¸oes. Nas figuras e tabelas que
ser˜ao mostradas a seguir, as simula¸oes ser˜ao chamadas de MC (que nesse caso significam
simula¸oes Monte Carlo), que variam de 1000 a 2000 para cada grupo.
Os histogramas foram contru´ıdos com mapas de N
side
= 64, N
bins
= 90 e um raio de busca
de 11
, o que totaliza 452 pixels. Como esperado, o histograma do mapa ILC5 (Figura 5.3)
possui um desvio para varia¸oes de temperatura negativas, sendo que a varia¸ao m´edia
de temperatura na regi˜ao encontrada foi de aproximadamente 39µK, o que caracteriza
54
a Mancha Fria. Em todos os histogramas mostrados nessa se¸ao o eixo das abscissas
corresponde as varia¸oes de temperatura da regi˜ao selecionada e ´e dado em µK. O eixo
das ordenadas est´a relacionado ao n´umero de pixels da regi˜ao selecionada que possui a
varia¸ao de temperatura correspondente do eixo das absissas.
Figura 5.3 - Histograma de varia¸oes de temperatura do mapa ILC5 na regi˜ao do Cold Spot.
Analisando o grupo 1 de simula¸oes (modelo ΛCDM sem altera¸oes), encontramos apenas
3 simula¸oes em 1000 que possuem as trˆes assimetrias por quadrantes simultaneamente
como acontece no mapa ILC5. Esses trˆes mapas podem ser considerados anˆomalos, devido
`a baixa probabilidade de ocorrerem (0,3%), e seus histogramas ao mostrados na Figura
5.4.
Figura 5.4 - Histogramas dos trˆes mapas anˆomalos simulados do grupo 1.
O pr´oximo passo ´e obter as caracter´ısticas estat´ısticas dos trˆes histogramas da Figura 5.4
e do histograma do mapa ILC5 para que possamos compar´a-las. As caracter´ısticas obtidas
foram: a edia, variˆancia, skewness e kurtosis. Procuraremos por semelhan¸cas entre essas
55
caracter´ısticas no mapa ILC5 e nas simula¸oes analisadas, MC 1062, MC1770 e MC 1827
do grupo 1. A Tabela 5.8 permite que as compara¸oes possam ser feitas.
Tabela 5.8 - Caracter´ısticas dos histogramas das simula¸oes anˆomalas do grupo 1
Mapa M´edia (µK) Variˆancia Skewness Kurtosis
ILC5 -39,7636 4381,49 -0,302921 -0,283483
MC 1062 -17,4570 4641,19 -0,075748 -0,126208
MC 1770 -7,54838 5313,97 0,239183 -0,015189
MC 1827 -29,5830 3976,50 0,157679 -0,002849
Apesar de todos os mapas simulados possuirem histogramas com edias de varia¸oes de
temperaturas negativas na regi˜ao selecionada, as outras caracter´ısticas levadas em conside-
ra¸ao ao seguem o padr˜ao das do mapa ILC5. ao ´e poss´ıvel concluir com seguran¸ca se os
mapas simulados possuem uma mancha fria na regi˜ao estudada ou n˜ao. Uma an´alise mais
detalhada desses 3 mapas seria necess´aria. Para os outros grupos, 2 e 3, de simula¸oes, as
an´alises levam a uma conclus˜ao diferente.
Para o grupo 2 e 3, o n´umero de simula¸oes que possuem todas as trˆes assimetrias aumenta
para 6 em 1000 e 16 em 1000, respectivamente. Apesar desse leve aumento, a probabilidade
das assimetrias ocorrerem ainda ´e muito baixa para todos os grupos, variando de 0,3%
at´e 1,6%. Da mesma forma que foi feito anteriormente, os histogramas foram constru´ıdos,
primeiramente, para os 6 mapas do grupo 2 (Figura 5.5). Em seguida suas caracter´ısticas
estat´ısticas foram obtidas e comparadas com as do mapa ILC5, como pode ser visto na
Tabela 5.9. O mesmo procedimento foi repetido para os 16 mapas anˆomalos do grupo 3,
Figura 5.6 e Tabela 5.10.
Tabela 5.9 - Caracter´ısticas dos histogramas das simula¸oes anˆomalas do grupo 2
Mapa M´edia (µK) Variˆancia Skewness Kurtosis
ILC5 -39,7636 4381,49 -0,302921 -0,283483
MC 1182 -16,7115 4654,63 0,009004 -0,577881
MC 1395 61,4199 4448,19 0,088471 -0,200927
MC 1505 30,9030 6431,86 0,118846 -0,256280
MC 1626 -56,2935 6860,09 0,051669 -0,325015
MC 1653 38,1368 4785,07 -0,140208 -0,398489
MC 1709 -20,5624 5193,30 0,004029 -0,307382
De acordo com os resultados obtidos para os grupos 2 e 3, concluimos que a presen¸ca do
56
Figura 5.5 - Histogramas dos seis mapas anˆomalos simulados do grupo 2.
Cold Spot no mapa ILC5 ao est´a relacionada com as assimetrias dos quadrantes. Anal-
isando as Tabelas 5.9 e 5.10, vemos que alguns mapas simulados anˆomalos nos quadrantes
ao possuem as caracter´ısticas da mancha fria na regi˜ao de busca. A maioria dos mapas
analisados do grupo 3 apresenta m´edias de varia¸oes de temperatura positiva na regi˜ao.
Mesmo que alguns mapas apresentem a mancha fria na regi˜ao estudada, essa ao ´e uma
condi¸ao para que as assimetrias dos quadrantes aconte¸cam. Em resumo, o Cold Spot ao
causa as assimetrias nos quadrantes.
Como conclu´ımos que o Cold Spot ao ´e respons´avel pelas assimetrias encontradas nos
quadrantes, testaremos outras hip´oteses que a princ´ıpio poderiam causar ou contribuir
para essas assimetrias. A pr´oxima hip´otese vincula o alinhamento entre o quadrupolo e
o octopolo `as assimetrias QID-QSE, QID-QIE e QID-QSD e ser´a detalhada na pr´oxima
subse¸ao.
5.2.2 Influˆencia do alinhamento entre o quadrupolo e o octopolo
A hip´otese investigada nessa subse¸ao procura relacionar de forma qualitativa duas anoma-
lias encontradas nos dados: o alinhamento entre o quadrupolo e o octopolo e as assimetrias
nos quadrantes. Para isso, foram analisados os mesmos 3 mapas simulados do grupo 1 e,
como feito anteriormente, os 6 do grupo 2 e os 16 do grupo 3.
Para procurar pelo alinhamento entre o quadrupolo e o octopolo nos mapas analisados,
separamos os mapas em multipolos: quadrupolo, octopolo e a soma desses dois multipolos.
57
Figura 5.6 - Histogramas dos 16 mapas anˆomalos simulados do grupo 3.
58
Tabela 5.10 - Caracter´ısticas dos histogramas das simula¸oes anˆomalas do grupo 3
Mapa M´edia (µK) Variˆancia Skewness Kurtosis
ILC5 -39,7636 4381,49 -0,302921 -0,283483
MC 1052 4,64898 5128,78 -0,020871 -0,056819
MC 1139 9,79106 4888,29 -0,107667 -0,235109
MC 1204 25,0089 5622,12 -0,064020 -0,382630
MC 1288 19,4824 413255 -0,158584 -0,278235
MC 1393 65.1010 6093.39 0,176677 -0,212561
MC 1435 22.5537 3964.69 0,231348 -0,399550
MC 1595 48.1031 4767.62 0,188175 0,211170
MC 1625 1.84881 4663.40 -0,316954 0,286767
MC 1643 8.85643 5046.26 0,017910 -0,215194
MC 1810 12.0152 4754.34 0,251179 0,197507
MC 1854 8.56450 5111.82 0,096991 -0,391468
MC 1918 -33.7468 5012.98 0,272590 -0,118215
MC 1926 -34.0167 4563.61 0,022986 -0,287991
MC 1949 -26.6564 4672.65 0,056120 -0,630550
MC 1950 21.5412 4723.93 0,153674 -0,341865
MC 1969 22.1655 3490.88 0,062585 0,146620
Foram utilizados os pacotes do HEALPix Anafast e Synfast. Os mapas foram obtidos para
c´eu inteiro e podem ser vizualisados nas Figuras 5.7, 5.8, 5.9, 5.10, 5.11.
Observando os mapas obtidos ao encontramos nenhuma rela¸ao entre o alinhamento do
quadrupolo e do octopolo e as assimetrias encontradas nos quadrantes para nenhum grupo
de simula¸oes.
5.2.3 Influˆencia da ascara
Com a finalidade de testar se a ascara assim´etrica estaria influenciando no resultado
obtido, a fun¸ao de correla¸ao de dois pontos foi recalculada para os cinco mapas da
RCFM utilizados anteriormente sem a utiliza¸ao da ascara KQ85. Somente o corte
|b| < 10
foi utilizado para evitar que contamina¸oes residuais da gal´axia afetassem os
resultados, o que significa um corte de aproximadamente 17% do eu (40704 pixels ficaram
dispon´ıveis para an´alise).
´
E importante salientar que os foregrounds causados por fontes
pontuais, nesse caso, ao foram exclu´ıdos. As curvas obtidas (suavizadas) somente como
corte Gal´actico |b| < 10
para o QID, QIE, QSD e QSE est˜ao mostradas na Figura 5.12
e, podem ser comparadas com a Figura 5.2.
Da mesma forma, a fun¸ao de correla¸ao foi recalculada para as simula¸oes Monte Carlo
utilizando somente o corte |b| < 10
. Por´em, essa an´alise foi feita somente para simula¸oes
59
do grupo 1, modelo ΛCDM sem altera¸oes, devido ao grande trabalho computacional
requerido. As Tabelas 5.11 e 5.12 resumem os resultados encontrados.
Tabela 5.11 - Probabilidades calculadas para o grupo 1 de simula¸oes Monte Carlo.
Mapa σ
QID
QSE
Prob. σ
QID
QIE
Prob. σ
QID
QSD
Prob.
ILC5 4,0 1,4% 4,0 0,6% 3,6 1,8%
HILC5 2,7 5,3% 3,3 1,3% 1,5 25,1%
ILC3 3,9 1,4% 4,0 0,6% 3,4 2,5%
SILC3 4,3 0,9% 3,9 0,6% 3,4 2,5%
Oliveira-Costa3 3,4 2,0% 3,8 0,6% 2,8 4,8%
´
E poss´ıvel notar que mesmo sem a utiliza¸ao da ascara as assimetrias encontradas an-
teriormente permanecem. Ao contr´ario do que se esperava, algumas assimetrias ao o
permanecem como ao maximizadas, ou seja, a probabilidade das assimetrias ocorrerem
diminuem nas simula¸oes sem a utiliza¸ao da m´ascara (comparar Tabelas 5.4 e 5.11). Para
esse grupo de simula¸oes (modelo ΛCDM sem altera¸oes), n˜ao encontramos nenhuma sim-
ula¸ao que possui as trˆes assimetrias por quadrantes simultaneamente como acontece no
mapa ILC5 e, portanto, a probabilidade das 3 assimetrias ocorrerem simultaneamente ´e
Figura 5.7 - Mapas do quadrupolo (primeira coluna), octopolo (segunda coluna) e quadrupolo + octopolo
(terceira coluna) para as 3 simula¸oes anˆomalas do grupo 1.
60
Figura 5.8 - Mapas do quadrupolo (primeira coluna), octopolo (segunda coluna) e quadrupolo + octopolo
(terceira coluna) para as 6 simula¸oes anˆomalas do grupo 2.
61
Figura 5.9 - Mapas do quadrupolo (primeira coluna), octopolo (segunda coluna) e quadrupolo + octopolo
(terceira coluna) do MC 1052 at´e o MC 1595 do grupo 3.
62
Figura 5.10 - Mapas do quadrupolo (primeira coluna), octopolo (segunda coluna) e quadrupolo + octopolo
(terceira coluna) do MC 1625 at´e o MC 1949 do grupo 3.
63
Figura 5.11 - Mapas do quadrupolo (primeira coluna), octopolo (segunda coluna) e quadrupolo + octopolo
(terceira coluna) do MC 1950 at´e o MC 1969 do grupo 3.
menor que 0,1% quando a ascara ao ´e utilizada.
Tabela 5.12 - Assimetrias para o grupo 1 de simula¸oes Monte Carlo sem utiliza¸ao da ascara KQ85
σ
QID
QSE
σ
QID
QIE
σ
QID
QSD
1, 0
+1,0
0,5
1, 0
+1,1
0,5
1, 0
+1,0
0,5
64
Figura 5.12 - As figuras da esquerda, de cima para baixo, mostram as curvas obtidas com a fun¸ao de correla¸ao
de dois pontos do mapa ILC5 para o QSE e QSD, respectivamente. Da mesma forma, para as
figuras da direita, de cima para baixo, as curvas foram obtidas para o QIE e QID, respectivamente.
A parte sombreada ´e o desvio padr˜ao dos quadrantes para as 1000 simula¸oes do grupo 1.
65
6 CONCLUS
˜
AO
Nesse trabalho, analisamos mapas de multifreq
¨
uˆencias do WMAP3 e WMAP5 utilizando
principalmente um corte Gal´actico de |b| < 10
mais a ascara KQ85. O objetivo prin-
cipal da an´alise era investigar a presen¸ca de assimetrias anˆomalas por hemisf´erios e por
quadrantes nos dados.
Foi confirmada a presen¸ca de uma assimetria, ou seja, uma diferen¸ca significativa de
potˆencia, entre os hemisf´erios norte e sul nos mapas de multifreq
¨
uˆencias analisados. Para
calcular a probabilidade de ocorrˆencia dessa assimetria no MCP, construimos 1000 simu-
la¸oes Monte Carlo. Mostramos que a probabilidade da assimetria Norte-Sul ocorrer varia
entre 4% e 7%. A edia simples calculada entre as probabilidades encontradas nos 5
mapas analisados foi computada em 6,6% que, de acordo com a defini¸ao do Cap´ıtulo 3,
ao ´e considerada anˆomala. Para um estudo mais detalhado, testamos como os valores do
quadrupolo e do octopolo poderiam estar influenciando o resultado. Mais 2000 simula¸oes
Monte Carlo foram feitas, divididas em 2 grupos de 1000, cada um com diferentes valores
de quadrupolo e octopolo. Em um dos grupos (grupo 2) alteramos o modelo ΛCDM de
forma que C
2
= C
3
= C
4
= 323, 9751µK
2
. No outro grupo (grupo 3), os valores de C
2
e C
3
ao os mesmos que os observados nos dados do WMAP5. Em ambos os casos, a
m´edia das probabilidades de ocorrˆencia da assimetria norte-sul para os 5 mapas ´e 3,6%,
o que torna a assimetria norte-sul uma anomalia nos dados. Esse resultado mostra que
alterando o modelo ΛCDM de forma a diminuir o valor do quadrupolo e do octopolo, tor-
namos a assimetria norte-sul anˆomala ao contr´ario de justificar sua baixa probabilidade
de ocorrˆencia.
A an´alise por quadrantes revelou assimetrias entre o QID e os demais quadrantes. A maior
assimetria foi encontrada entre o QID e o QSD. Levando-se em considera¸ao as 1000 simu-
la¸oes do MCP, a probabilidade dessa assimetria ser encontrada varia entre 1,1% e 15,5%,
que na edia, 6,6%, ao caracteriza uma anomalia. Por´em, 3 dos 5 mapas apresentam
baixa probabilidade de ocorrˆencia da assimetria QID-QSD entre 1,1% e 2,4%, sendo a
assimetria considerada para esses 3 mapas anˆomala. Uma an´alise mais detalhada precisa
ser feita para entender a discrepˆancia entre os resultados para 2 dos mapas analisados,
pois eles est˜ao bem correlacionados com todos os outros em todos os quadrantes. A mesma
an´alise foi feita para as assimetrias entre o QID-QIE e entre o QID-QSE, e elas ao foram
consideradas anˆomalas, a que apresentam probabilidade m´edia de ocorrˆencia de 5,8%
e 7,2%, respectivamente. Considerando o espectro das outras 2000 simula¸oes com val-
ores do quadrupolo e octopolo modificados no calculo das probabilidades ao obtivemos
mudan¸cas significativas nos resultados.
67
Para o mapa ILC5 as 3 assimetrias ocorrem simultaneamente. A probabilidade de ocor-
rˆencia das 3 assimetrias simultaneamente nas simula¸oes do modelo ΛCDM ´e de 0,3%.
Para as 2000 realiza¸oes do grupo 2 e 3 essa probabilidade foi calculada em 0,6% e 1,6%
respectivamente.
Por fim, algumas hip´oteses foram testadas para tentar explicar as 3 assimetrias simul-
taneamente que, para os 3 grupos de simula¸oes, ao consideradas anˆomalas. A influˆencia
do Cold Spot presente no QID e do alinhamento entre o quadrupolo e octopolo nos re-
sultado para quadrantes foram testadas para todos os grupos de simula¸oes. Nenhuma
rela¸ao entre as anomalias testadas e a anomalia por quadrantes foi encontrada. A ´ultima
hip´otese testada somente para o espectro do MCP sem altera¸oes foi a rela¸ao entre a uti-
liza¸ao da ascara assim´etrica na an´alise e a anomalia encontrada nos quadrantes. Nesse
caso, ao contr´ario do que se esperava, a utiliza¸ao da ascara suavizou as assimetrias.
Quando a ascara KQ85 ao ´e utilizada a probabilidade das 3 assimetrias ocorrerem
simultaneamente ´e menor que 0,1%.
Nesse trabalho, a assimetria-norte sul encontrada nos dados do WMAP5 concorda com
o WMAP3. As assimetrias encontradas por quadrantes para o WMAP5 tamb´em concor-
dam com o WMAP3. Nenhuma das hip´oteses testadas aqui conseguiu explicar a anomalia
dos quadrantes e, portanto, precisam ser melhor estudadas. Umas das perspectivas desse
trabalho ´e investigar as anomalias a distribui¸ao angular da RCFM por outros etodos,
como por exemplo, a fun¸ao de correla¸ao de trˆes pontos e o PASH (Pair Angular Sepa-
ration Histogram) (BERNUI; VILLELA, 2006) e testar novas hip´oteses para tentar explicar
as anomalias, como por exemplo, a utiliza¸ao de outros cortes gal´acticos com a finalidade
de tentar descartar a influˆencia de foregrounds.
68
REFER
ˆ
ENCIAS BIBLIOGR
´
AFICAS
ABRAMO, L. R.; BERNUI, A.; FERREIRA, I. S.; VILLELA, T.; WUENSCHE, C. A.
Alignment tests for low CMB multipoles. Physical Review D, v. 74, Sep. 2006. 40
ABRAMO, L. R.; SODR
´
E, L. Can the Local Supercluster explain the low CMB
multipoles? Dec. 2003. Dispon´ıvel em: <arXiv:astro-ph/0312124>. Acesso em: 01
Dec. 2008. 40
ABRAMO, L. R.; SODR
´
E, L.; WUENSCHE, C. A. Anomalies in the low cmb
multipoles and extended foregrounds. Physical Review D, v. 74, Oct 2006. 40
ALPHER, R. A.; BETHE, H.; GAMOW, G. The Origin of Chemical Elements.
Physical Review, v. 73, Apr. 1948. 19
ALPHER, R. A.; HERMAN, R. C. Evolution of the universe. Nature, v. 162, Nov.
1948. 19
BENNETT; HALPERN, M.; HINSHAW, G.; JAROSIK, N.; KOGUT, A.; LIMON, M.;
MEYER, S. S.; PAGE, L.; SPERGEL, D. N.; TUCKER, G. S.; WOLLACK, E.;
WRIGHT, E. L.; BARNES, C.; GREASON, M. R.; HILL, R. S.; KOMATSU, E.;
NOLTA, M. R.; ODEGARD, N.; PEIRS, H. V.; VERDE, L.; WEILAND, J. L. First
year Wilkinson Microwave Anisotropy Probe (WMAP) observations: Preliminary maps
and basic results. The Astrophysical Journal Supplement Series, v. 148, Sep.
2003. 15, 37, 38
BENNETT, C. L.; BAY, M.; HALPERN, M.; HINSHAW, G.; JACKSON, C.;
JAROSIK, N.; KOGUT, A.; LIMON, M.; MEYER, S. S.; PAGE, L.; SPERGEL, D. N.;
TUCKER, G. S.; WILKINSON, D. T.; WOLLACK, E.; WRIGHT, E. L. The
Microwave Anisotropy Probe (MAP) Mission. The Astrophysical Journal, v. 583,
Jan. 2003. 31, 33
BENNETT, C. L.; HILL, R. S.; HINSHAW, G.; NOLTA, M. R.; ODEGARD, N.; PAGE,
L.; SPERGEL, D. N.; WEILAND, J. L.; WRIGHT, E. L.; HALPERN, M.; JAROSIK,
N.; KOGUT, A.; LIMON, M.; MEYER, S. S.; TUCKER, G. S.; WOLLACK, E. First
year Wilkinson Microwave Anisotropy Probe (WMAP) observations: Foreground
emission. The Astrophysical Journal Supplement Series, v. 148, Sep. 2003. 34, 43
BENOIT, A.; ADE, P.; AMBLARD, A.; ANSARI, R.; AUBOURG, E.; BARTLETT, J.;
BERNARD, J. P.; BHATIA, R. S.; BLANCHARD, A.; BOCK, J. J.; BOSCALERI, A.;
BOUCHET, F. R.; BOURRACHOT, A.; CAMUS, P.; COUCHOT, F.; BERNARDIS, P.
69
de; DELABROUILLE, J.; D
´
ESERT, F. X.; DOR
´
E, O.; DOUSPIS, M.; DUMOULIN, L.;
DUPAC, X.; FILLIATRE, P.; GANGA, K.; GANNAWAY, F.; GAUTIER, B.; GIARD,
M.; GIRAUD-H
´
ERAUD, Y.; GISPERT, R.; GUGLIELM, L.; HAMILTON, J. C.;
HANANY, S.; HENROT-VERSILL
´
E, S.; HRISTOV, V. V.; KAPLAN, J.; LAGACHE,
G.; LAMARRE, J. M.; LANGE, A. E.; MADET, K.; MAFFEI, B.; MARRONE, D.;
MASI, S.; MURPHY, J. A.; NARAGHI, F.; NATI, F.; PERRIN, G.; PIAT, M.;
PUGET, J. L.; SANTOS, D.; SUDIWALA, R. V.; VANEL, J. C.; VIBERT, D.;
WAKUI, E.; YVON, D. Archeops: a high resolution, large sky coverage balloon
experiment for mapping cosmic microwave background anisotropies. Astroparticle
Physics, v. 17, May 2002. 23
BENOIT, A.; ADE, P.; AMBLARD, A.; ANSARI, R.; AUBOURG, E.; BARGOT, S.;
BARTLETT, J. G.; BERNARD, J.-P.; BATHIA, R. S.; BLANCHARDB, A.; BOCK,
J. J.; BOSCALERI, A.; BOUCHET, F. R.; BOURRACHOT, A.; CAMUS, P.;
COUCHOT, F.; BERNARDIS, P. D.; DELABROUILLE, J.; DESERT, F.-X.; DOR
´
E,
O.; DOUSPIS, M.; DUMOULIN, L.; DUPAC, X.; FILLIATRE, P.; FOSALBA, P.;
GANGA, K.; GANNAWAY, F.; GAUTIER, B.; GIARD, M.; GIRAUD-HERAUD, Y.;
GISPERT, R.; GUGLIELMI, L.; HAMILTON, J.-C.; HANANY, S.;
HENROT-VERSILLE, S.; KAPLAN, J.; LAGACHE, G.; LAMARRE, J.-M.; LANGE,
A. E.; MACIAS-PEREZ, J. F.; MADET, K.; MAFFEI, B.; MAGNEVILLE, C.;
MARRONE, D.; MASI, S.; MAYET, F.; MURPHY, A.; NARAGHI, F.; NATI, F.;
PATANCHON, G.; PERRIN, G.; PIAT, M.; PONTHIEU, N.; PRUNET, S.; PUGET,
J.-L.; RENAULT, C.; ROSSET, C.; SANTOS, D.; STAROBINSKY, A.; STRUKOV, I.;
SUDIWALA, R. V.; TEYSSIER, R.; TRISTRAM, M.; TUCKER, C.; VANEL, J.-C.;
VIBERT, D.; WAKUI, E.; YVON, D. Cosmological constraints from Archeops.
Astronomy and Astrophysics, v. 399, Mar 2003. 26
BERNARDIS, P. de; ADE, P.; BOCK, J.; BOND, J.; BORRILL, J.; BOSCALERI, A.;
COBLE, K.; CRILL, B.; GASPERIS, G. D.; TROIA, G. D.; FARESE, P.; FERREIRA,
P.; GANGA, K.; GIACOMETTI, M.; HIVON, E.; HRISTOV, V.; IACOANGELI, A.;
JAFFE, A.; LANGE, A.; MARTINIS, L.; MASI, S.; MASON, P.; MAUSKOPF, P.;
MELCHIORRI, A.; MIGLIO, L.; MONTROY, T.; NETTERFIELD, C.; PASCALE, E.;
PIACENTINI, F.; POGOSYAN, D.; PONGETTI, F.; PRUNET, S.; RAO, S.; ROMEO,
G.; RUHL, J.; SCARAMUZZI, F.; SFORNA, D.; VITTORIO, N. First results from the
BOOMERanG experiment. In: DURRER, R.; GARCIA-BELLIDO, J.;
SHAPOSHNIKOV, M. (Ed.). Cosmology and Particle Physics. [S.l.: s.n.], 2001.
(American Institute of Physics Conference Series, v. 555), p. 85–+. 23
BERNUI, A.; HIP
´
OLITO-RICALDI, W. S. Can a primordial magnetic field originate
70
large-scale anomalies in WMAP data? July. 2008. Dispon´ıvel em:
<arXiv:astro-ph/08071076>. Acesso em: 20 Jan. 2009. 42
BERNUI, A.; VILLELA, T. A method to search for topological signatures in the angular
distribution of cosmic objects. Astronomy and Astropysics, v. 445, Jan. 2006. 68
BERNUI, A.; VILLELA, T.; WUENSCHE, C. A.; LEONARDI, R.; FERREIRA, I. On
the CMB large-scale angular correlation. Astronomy and Astrophysics, v. 454, Jan.
2006. 42, 49
BERSANELLI, M.; MAINO, D.; MENNELLA, A. Anisotropies of the Cosmic
Microwave Background. Nuovo Cimento Rivista Serie, v. 25, Sep. 2002. 23
BRIDLE, S. L.; LEWIS, A. M.; WELLER, J.; EFSTATHIOU, G. Reconstructing the
primordial power spectrum. New Astronomy Review, v. 47, Nov. 2003. 38
CONKLIN, E. K. Velocity of the Earth with Respect to the Cosmic Background
Radiation. Nature, v. 222, June 1969. 21
COREY, B. E.; WILKINSON, D. T. A Measurement of the Cosmic Microwave
Background Anisotropy at 19 GHz. Bulletin of the American Astronomical
Society, v. 8, Mar. 1976. 21
CRUZ, M.; CAY
´
ON, L.; MART
´
INEZ-GONZ
´
ALEZ, E.; VIELVA, P.; JIN, J. The
non-gaussian cold spot in the 3-year Wilkinson Microwave Anisotropy Probe data. The
Astrophysical Journal, v. 655, Jan. 2007. 41
CRUZ, M.; MART
´
INEZ-GONZ
´
ALEZ, E.; VIELVA, P.; CAY
´
ON, L. Detection of a
non-gaussian spot in WMAP. Monthly Notices of the Royal Astronomical
Society, v. 356, Jan. 2005. 40
CRUZ, M.; MART
´
INEZ-GONZ
´
ALEZ, E.; VIELVA, P.; DIEGO, J. M.; HOBSON, M.;
TUROK, N. The CMB cold spot: texture, cluster or void? Monthly Notices of the
Royal Astronomical Society, v. 390, Nov. 2008. 41
CRUZ, M.; TUCCI, M.; MART
´
INEZ-GONZ
´
ALEZ, E.; VIELVA, P. The non-gaussian
cold spot in Wilkinson Microwave Anisotropy Probe: significance, morphology and
foreground contribution. Monthly Notices of the Royal Astronomical Society,
v. 369, Mar. 2006. 40
DICKE, R. H.; PEEBLES, P. J. E.; ROLL, P. G.; WILKINSON, D. T. Cosmic
Black-Body Radiation. The Astronomical Journal, v. 142, Jul. 1965. 21
71
EFSTATHIOU, G. Is the low CMB quadrupole a signature of spatial curvature?
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, v. 343, Aug. 2003. 38
. The statistical significance of the low Cosmic Microwave Background multipoles.
Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, v. 346, Dec. 2003. 37
ERIKSEN, H. K.; BANDAY, A. J.; oRSKI, K. M.; LILJE, P. B. On foreground
removal from the Wilkinson Microwave Anisotropy Probe data by an internal linear
combination method: limitations and implications. The Astrophysical Journal,
v. 612, Sep. 2004. 40
. The N-point correlation function of the first year Wilkinson Microwave
Anisotropy Probe sky maps. The Astrophysical Journal, v. 622, Mar. 2005. 42
ERIKSEN, H. K.; HANSEN, F. K.; BANDAY, A. J.; oRSKY, K. M.; LILJE, P. B.
Asymmetries in the Cosmic Microwave Background anisotropy field. The
Astrophysical Journal, v. 605, April 2004. 29, 41, 42
FIXSEN, D. J.; CHENG, E. S.; WILKINSON, D. T. Large-scale anisotropy in the 2.7-k
radiation with a balloon-born maser radiometer at 24.5 ghz. Physical Review
Letters, v. 50, Feb 1983. 21
FIXSEN, D. J.; MATHER, J. C. The spectral results of the Far-Infrared Absolute
Spectrophotometer instrument on COBE. The Astrophysical Journal, v. 581, Dec.
2002. 21
FRIEDMAN, A.
¨
Uber die Kr
¨
ummung des Raumes. Zeitschrift f
¨
ur Physik A
Hadrons and Nuclei, v. 10, Dec. 1922. 19
GAMOW, G. The evolution of the universe. Nature, v. 162, Apr. 1948. 19
. The Origin of Elements and the Separation of Galaxies. Physical Review,
v. 74, Aug. 1948. 19
GAZTA˜nAGA, E.; WAGG, J.; MULTAM
¨
AKI, T.; MONTANA, A.; HUGHES, D. H.
Two point anisotropies in WMAP and the cosmic quadrupole. Monthly Notices of
the Royal Astronomical Society, v. 346, Apr. 2003. 37, 38
GOLD, B.; BENNETT, C. L.; HILL, R. S.; HINSHAW, G.; ODEGARD, N.; PAGE, L.;
SPERGEL, D. N.; WEILAND, J. L.; DUNKLEY, J.; HALPERN, M.; JAROSIK, N.;
KOGUT, A.; KOMATSU, E.; LARSON, D.; MEYER, S. S.; NOLTA, M. R.;
WOLLACK, E.; WRIGHT, E. L. Five year Wilkinson Microwave Anisotropy Probe
(WMAP) observations: Galactic foreground emission. Mar. 2008. Dispon´ıvel em:
<arXiv:astro-ph/08030715>. Acesso em: 22 Apr. 2008. 34, 35, 43
72
oRSKI, K. M.; HIVON, E.; BANDAY, A. J.; WANDELT, B. D.; HANSEN, F. K.;
REINECKE, M.; BARTELMANN, M. HEALPix: A framework for high-resolution
discretization and fast analysis of data distributed on the sphere. The Astrophysical
Journal, v. 622, Apr. 2005. 47
oRSKI, K. M.; WANDELT, B. D.; HANSEN, F. K.; HIVON, E.; BANDAY, A. J. The
HEALPix Primer. May 1999. Dispon´ıvel em: <arXiv:astro-ph/9905275>. Acesso em:
05 May 2008. 47
GURZADYAN, V. G.; STAROBINSKY, A. A.; KASHIN, A. L.; KHACHATRYAN, H.;
YEGORIAN, G. On axial and plane-mirror inhomogeneities in the WMAP3 Cosmic
Microwave Background maps. Nov. 2007. Dispon´ıvel em:
<arXiv:astro-ph/07090886>. Acesso em: 01 Dec. 2008. 40
HANANY, S.; ADE, P.; BALBI, A.; BOCK, J.; BORRILL, J.; BOSCALERI, A.;
BERNARDIS, P. de; FERREIRA, P. G.; HRISTOV, V. V.; JAFFE, A. H.; LANGE,
A. E.; LEE, A. T.; MAUSKOPF, P. D.; NETTERFIELD, C. B.; OH, S.; PASCALE, E.;
RABII, B.; RICHARDS, P. L.; SMOOT, G. F.; STOMPOR, R.; WINANT, C. D.; WU,
J. H. P. MAXIMA-1: A measurement of the Cosmic Microwave Background anisotropy
on angular scales of 10’-5
. The Astrophysical Journal Letters, v. 545, Nov. 2000. 23
HANSEN, F. K.; CABELLA, P.; MARINUCCI, D.; VITTORIO, N. Asymmetries in the
local curvature of the Wilkinson Microwave Anisotropy Probe. The Astrophysical
Journal, v. 607, June 2004. 29, 42
HENRY, P. S. Isotropy of the 3 k Background. Nature, v. 231, June 1971. 21
HINSHAW, G.; NOLTA, M. R.; BENNETT, C. L.; BEAN, R.; DOR
´
E, O.; GREASON,
M. R.; HALPERN, M.; HILL, R. S.; JAROSIK, N.; KOGUT, A.; KOMATSU, E.;
LIMON, M.; ODEGARD, N.; MEYER, S. S.; PAGE, L.; PEIRIS, H.; SPERGEL, D. N.;
TUCKE, G. S.; VERDE, L.; WEILAND, J. L.; WOLLACK, E.; WRIGHT, E. L.
Three-year Wilkinson microwave anisotropy probe (WMAP) observations: temperature
analysis. The Astrophysical Journal, v. 170, June 2007. 34
HU, W.; DODELSON, S. Cosmic Microwave Background anisotropies. Annual Review
of Astronomy and Astrophysics, v. 40, Sep. 2002. 28
HUBBLE, E. A relation between distance and radial velocity among extra-galactic
nebulae. Proceedings of the National Academy of Science, v. 15, March 1929. 19
JAROSIK, N.; BENNETT, C. L.; HALPERN, M.; HINSHAW, G.; KOGUT, A.;
LIMON, M.; MEYER, S. S.; PAGE, L.; POSPIESZALSKI, M.; SPERGEL, D. N.;
73
TUCKER, G. S.; WILKINSON, D. T.; WOLLACK, E.; WRIGHT, E. L.; ZHANG, Z.
Design, implementation, and testing of the Microwave Anisotropy Probe radiometers.
The Astrophysical Journal Supplement Series, v. 145, Apr. 2003. 31
KIM, J. K.; NASELSKY, P.; CHRISTENSEN, P. R. CMB map derived from the
WMAP data through Harmonic Internal Linear Combination. Physical Review D,
v. 77, May 2008. 43
KOGUT, A.; LINEWEAVER, C.; SMOOT, G. F.; BENNETT, C. L.; BANDAY, A.;
BOGGESS, N. W.; CHENG, E. S.; AMICI, G. de; FIXSEN, D. J.; HINSHAW, G.;
JACKSON, P. D.; JANSSEN, M.; KEEGSTRA, P.; LOEWENSTEIN, K.; LUBIN, P.;
MATHER, J. C.; TENORIO, L.; WEISS, R.; WILKINSON, D. T.; WRIGHT, E. Dipole
anisotropy in the COBE differential microwave radiometers first-year sky maps. The
Astrophysical Journal, v. 419, Dec. 1993. 21
KOLB, E. W.; TURNER, M. S. The early universe. [S.l.]: Westview Press, 1994. 23
LEITCH, E. M.; PRYKE, C.; HALVERSON, N. W.; KOVAC, J.; DAVISON, G.;
LAROQUE, S.; SCHARTMAN, E.; YAMASAKI, J.; CARLSTROM, J. E.;
HOLZAPFEL, W. L.; DRAGOVAN, M.; CARTWRIGHT, J. K.; MASON, B. S.;
PADIN, S.; PEARSON, T. J.; READHEAD, A. C. S.; SHEPHERD, M. C. Experiment
design and first season observations with the Degree Angular Scale Interferometer. The
Astrophysical Jornal, v. 568, Mar. 2000. 22
LEMAˆıTRE, G. The beginning of the world from the point of view od quantum theory.
Nature, v. 127, May 1931. 19
LUBIN, P.; VILLELA, T.; EPSTEIN, G.; SMOOT, G. A map of the Cosmic Background
Radiation at 3 millimeters. The Astrophysical Jornal, v. 298, Nov. 1985. 21
LUMINET, J. P.; WEEKS, J.; RIAZUELO, A.; LEHOUCQ, R.; UZAN, J. P.
Dodecahedral space topology as an explanation for weak wide-angle temperature
correlations in the Cosmic Microwave Background. Nature, v. 425, Oct. 2003. 38
MATHER, J. C.; CHENG, E. S.; JR, R. E. E.; ISAACMAN, R. B.; MEYER, S.;
SHAFER, R. A.; WEISS, R.; WRIGHT, E. L.; BENNETT, C.; BOGGESS, N. W.;
DWEK, E.; GULKIS, S.; HAUSER, M. G.; JANSSEN, M.; KELSALL, T.; LUBIN,
P. M.; JR, S. H. M.; MURDOCK, T. L.; SILVERBERG, R. F.; SMOOT, G. F.;
WILKINSON, D. T. A preliminary measurement of the cosmic microwave background
spectrum by the COsmic Background Explorer (COBE) satellite. The Astrophysical
Journal, v. 354, May 1990. 21, 22
74
MOROI, T.; TAKAHASHI, T. Correlated isocurvature fluctuation in quintessence and
suppressed CMB anisotropies at low multipoles. Physical Review Letters, v. 92, Mar.
2004. 38
NOLTA, M. R.; DUNKLEY, J.; HILL, R. S.; HINSHAW, G.; KOMATSU, E.; LARSON,
D.; PAGE, L.; SPERGEL, D. N.; BENNETT, C. L.; GOLD, B.; JAROSIK, N.;
ODEGARD, N.; WEILAND, J. L.; WOLLACK, E.; HALPERN, M.; KOGUT, A.;
LIMON, M.; MEYER, S. S.; TUCKER, G. S.; WRIGHT, E. L. Five-Year Wilkinson
Microwave Anisotropy Probe (WMAP) Observations: Angular Power Spectra. Mar.
2008. Dispon´ıvel em: <arXiv:astro-ph/08030593>. Acesso em: 27 Nov. 2008. 33
OLIVEIRA-COSTA, A. D.; TEGMARK, M. CMB multipole measurements in the
presence of foregrounds. Physical Review D, v. 74, July 2006. 43
OLIVEIRA-COSTA, A. D.; TEGMARK, M.; ZALDARRIAGA, M.; HAMILTON, A.
Significance of the largest scale CMB fluctuation in WMAP. Physical Review D,
v. 69, Mar. 2004. 29, 39, 40
PADIN, S.; SHEPHERD, M. C.; CARTWRIGHT, J. K.; KEENEY, R. G.; MASON,
B. S.; PEARSON, T. J.; READHEAD, A. C. S.; SCHAAL, W. A.; SIEVERS, J.;
UDOMPRASERT, P. S.; YAMASAKI, J. K.; HOLZAPFEL, W. L.; CARLSTROM,
J. E.; JOY, M.; MYERS, S. T.; OTAROLA, A. Cosmic Background Imager.
Publications of the Astronomical Society of the Pacific, v. 114, Jan. 2002. 22
PAGE, L.; JACKSON, C.; BARNES c.; BENNETT, C. L.; HALPERN, M.; HINSHAW,
G.; JAROSKI, N.; KOGUT, A.; LIMON, M.; MEYER, S. S.; SPERGEL, D. N.;
TUCKER, G. S.; WILKINSON, D. T.; WOLLACK, E.; WRIGHT, E. L. The optical
design and characterization of the Microwave Anisotropy Probe. The Astrophysical
Journal, v. 585, Mar. 2003. 31
PARK, C.-G.; PARK, C.; GOTT, J. R. Cleaned three-year Wilkinson Microwave
Anisotropy Probe Cosmic Microwave Background map: Magnitude of the quadrupole
and alignment of large scale modes. The Astrophysical Journal, v. 660, May. 2007. 43
PENZIAS, A.; WILSON, R. A measurement of excess antenna temperature at 408
MC/s. The Astrophysical Journal, v. 142, May 1965. 20
PERLMUTTER, S.; ALDERING, G.; GOLDHABER, G.; KNOP, R. A.; NUGENT, P.;
CASTRO, P. G.; DEUSTUA, S.; FABBRO, S.; GOOBAR, A.; GROOM, D. E.; HOOK,
I. M.; KIM, A. G.; KIM, M. Y.; LEE, J. C.; NUNES, N. J.; PAIN, R.;
PENNYPACKER, C. R.; QUIMBY, R.; LIDMAN, C.; ELLIS, R. S.; IRWIN, M.;
MCMAHO, R. G.; RUIZ-LAPUENTE, P.; WALTON, N.; SCHAEFER, B.; BOYLE,
75
B. J.; FILIPPENKO, A. V.; MATHESON, T.; FRUCHTER, A.; PANAGIA, N.;
NEWBERG, H. J. M.; COUCH, W. J.; PROJECT, T. S. C. Measurements of Omega
and Lambda from 42 High-Redshift Supernovae. The Astrophysical Journal. 20
PHILLIPS, N. G.; KOGUT, A. Constraints on the topology of the universe from the
WMAP first year sky maps. Apr. 2004. Dispon´ıvel em: <arXiv:astro-ph/0404400>.
Acesso em: 27 Nov. 2008. 38
RIESS, A. G.; FILIPPENKO, A. V.; CHALLIS, P.; CLOCCHIATTI, A.; DIERCKS, A.;
GARNAVICH, P. M.; GILLILAND, R. L.; HOGAN, C. J.; JHA, S.; KIRSHNER, R. P.;
LEIBUNDGUT, B.; PHILLIPS, M. M.; REISS, D.; SCHMIDT, B. P.; SCHOMMER,
R. A.; SMITH, R. G.; SPYROMILIO, J.; STUBBS, C.; SUNTZEFF, N. B.; TONRY, J.
Observational Evidence from Supernovae for an Accelerating Universe and a
Cosmological Constant. The Astronomical Jornal, v. 116, Sep. 1998. 20
RUDNICK, L.; BROWN, S.; WILLIAMS, L. R. Extragalactic radio sources and the
WMAP Cold Spot. The Astrophysical Journal, v. 671, Dec. 2007. 40
RUNYAN, M.; ADE, P. A. R.; BHATIA, R. S.; BOCK, J. J.; DAUB, M. D.;
GOLDSTEIN, J. H.; HAYNES, C. V.; HOLZAPFEL, W. L.; KUO, C. L.; LANGE,
A. E.; LEONG, J.; LUEKER, M.; NEWCOMB, M.; PETERSON, J. B.; REICHARDT,
C.; RUHL, J.; SIRBI, G.; TORBET, E.; TUCKER, C.; TURNER, A. D.; WOOLSEY,
D. ACBAR: The Arcminute Cosmology Bolometer Array Receiver. The Astrophysical
Journal Supplement Series, v. 149, Dec. 2003. 22
SACHS, R. K.; WOLFE, A. M. Perturbations of a Cosmological Model and Angular
Variations of the Microwave Background. The Astrophysical Journal, v. 147, Jan.
1967. 24
SMOOT, G. F.; BENNETT, C. L.; KOGUT, A.; WRIGHT, E. L.; AYMON, J.;
BOGGESS, N. W.; CHENG, E. S.; AMICI, G. D.; GULKIS, S.; HAUSER, M. G.;
HINSHAW, G.; JACKSON, P. D.; JANSEN, M.; KAITA, E.; KELSALL, T.;
KEEGSTRA, P.; LINEWEAVER, C.; LOEWENSTEIN, K.; LUBIN, P. M.; MATHER,
J. C.; MEYER, S. S.; JR, S. H. M.; MURDOCK, T. L.; ROKKE, L.; SILVERBERG,
R. F.; TENORIO, L.; WEISS, R.; WILKINSON, D. T. Structure in the COBE
differential microwave radiometer first-year maps. The Astrophysical Journal, v. 396,
Sept. 1992. 21, 28
SMOOT, G. F.; GORENSTEIN, M. V.; MULLER, R. A. Detection of Anisotropy in the
Cosmic Microwave Radiation. Physical Review Letters, v. 39, Oct. 1977. 21
76
SPERGEL, D. N.; VERDE, L.; PEIRIS, E. K. H. V.; NOLTA, M.; BENNETT, C. L.;
HALPERN, M.; HINSHAW, G.; JAROSIK, N.; KOGUT, A.; LIMON, M.; MEYER,
S. S.; PAGE, L.; TUCKER, G. S.; WEILAND, J. L.; WOLLACK, E.; WRIGHT, E. L.
First year Wilkinson Microwave Anisotropy Probe (WMAP) observations: determination
of cosmological parameters. The Astrophysical Journal Supplement Series, v. 148,
Sep. 2003. 38
TEGMARK, M.; OLIVEIRA-COSTA, A. D.; HAMILTON, A. A high resolution
foreground cleaned CMB map from WMAP. Physical Review D, v. 68, Dec. 2003. 28,
29, 38, 39
VIELVA, P.; MART
´
INEZ-GONZ
´
ALEZ, E.; BARREIRO, R. B.; SANZ, J. L.; CAY
´
ON,
L. Detection of noun-gaussianity in the Wilkinson Microwave Anisotropy Probe first-year
data using spherical wavelets. The Astrophysical Journal, v. 609, July 2004. 29, 40
WATSON, R. A.; CARREIRA, P.; CLEARY, K.; DAVIES, R. D.; DAVIS, R. J.;
DICKINSON, C.; GRAINGE, K.; GUTI
´
ERREZ, C. M.; HOBSON, M. P.; JONES,
M. E.; KNEISSL, R.; LASENBY, A.; MAISINGER, K.; POOLEY, G. G.; REBOLO,
R.; RUBI
˜
NO-MARTIN, J. A.; RUSHOLME, B.; SAUNDERS, R. D. E.; SAVAGE, R.;
SCOTT, P. F.; SLOSAR, A.; MOLINA, P. J. S.; TAYLOR, A. C.; TITTERINGTON,
D.; WALDRAM, E.; WILKINSON, A. First results from the Very Small Array - I.
Observational methods. Monthly Notices of the Royal Astronomical Society,
v. 341, Jun. 2003. 22
ZWICKY, F. Die Rotverschiebung von extragalaktischen Nebeln. Helvetica Physica
Acta, v. 6, 1933. 20
77
A AP
ˆ
ENDICE A - Efeito Sachs-Wolfe
Nesse apˆendice usaremos unidades naturais, c = k
b
= h/2π = 1, sendo c a velocidade da
luz, k
b
a constante de Boltzmann e h a constante de Planck.
Para grandes escalas angulares, as anisotropias da RCFM est˜ao relacionadas com irregu-
laridades na distribui¸ao de mat´eria na SUE. Como mencionado anteriormente, os otons
da RCFM devem sair do potencial gravitacional, causado por essas irregularidades, no
qual est˜ao imersos. Come¸caremos esse apˆendice definindo a m´etrica de FRW para um
universo plano, dada por
g
00
= 1
g
0i
= 0
g
ii
= a
2
δ
ij
, (A.1)
sendo δ
ij
o delta de Kronecker. Definimos de forma gen´erica o intervalo que corresponde
`a medida de distˆancia no espa¸co quadridimensional, como sendo
ds
2
=
3
µ,ν=0
g
µν
dx
µ
dx
ν
. (A.2)
Para o caso FRW, teremos:
ds
2
= dt
2
+ a
2
dx
2
+ a
2
dy
2
+ a
2
dz
2
. (A.3)
Para calcular a contribui¸ao do efeito Sachs-Wolfe para as anisotropias da distribui¸ao
angular da RCFM, devemos levar em considera¸ao perturba¸oes escalares na m´etrica, que
podem ser escritas da forma:
g
00
= 1 ,
g
0i
= 0,
g
ii
= a
2
δ
ij
(1 + 2Φ). (A.4)
79
Para a m´etrica perturbada o intervalo pode ser escrito como sendo
ds
2
= (1 + 2Ψ)dt
2
+ a
2
(1 + 2Φ)dx
2
+ a
2
(1 + 2Φ)dy
2
+ (1 + 2Φ)a
2
dz
2
. (A.5)
As perturba¸oes na m´etrica s˜ao descritas por Ψ, que corresponde ao potencial newtoniano
e Φ corresponde a perturba¸oes na curvatura espacial. Na ausˆencia das perturba¸oes Ψ e
Φ a m´etrica se reduz `a etrica de FRW.
As perturba¸oes escalares na etrica geram uma perturba¸ao na cooredenada temporal
da forma,
t
= t + δt. (A.6)
Como o intervalo ´e um invariante, ds
2
= ds
2
, comparamos as Equa¸oes A.3 e A.5:
dt
2
= (1 + 2Ψ)dt
2
,
t
= (1 + 2Ψ)
1/2
t,
t
(1 + Ψ)t,
t
t + Ψt. (A.7)
Comparando, agora, as Equa¸oes A.6 e A.7, concluimos que
δt
t
= Ψ. (A.8)
O parˆametro de Hubble ´e definido como sendo,
H(t) =
da/dt
a
, (A.9)
e temos
t =
da
aH(t)
. (A.10)
A equa¸ao de Friedman ´e dada por
80
H
2
(t) =
8πG
3
ρ(t) +
ρ
crit
ρ
0
a
2
(t)
, (A.11)
em que ρ(t) ´e a densidade de energia do universo em fun¸ao do tempo, ρ
crit
´e a densidade
cr´ıtica do universo e ρ
0
sua densidade atual. G ´e a constante gravitacioanl universal.
Sabemos, no entanto, que ρ
0
= ρ
crit
. Nesse caso,
H
2
(t) =
8πG
3
ρ(t). (A.12)
Substituindo esse valor na Equa¸ao A.4, teremos
t =
da
a
8πG
3
ρ(t)
1/2
da
1/2
. (A.13)
No caso que est´a sendo estudado, o universo est´a na era dominada por mat´eria, enao
ρ a
3
. Substituindo esse valor na Equa¸ao A.7:
t a
3/2
. (A.14)
Portanto,
δt
3
2
a
1/2
δa,
δt
t
=
3
2
a
1/2
δa
a
3/2
,
δt
t
=
3
2
δa
a
. (A.15)
Das Equa¸oes A.8 e A.15,
2
3
Ψ =
δa
a
. (A.16)
Lembramos, agora, que a temperatura dos otons varia no tempo proporcionalmente ao
fator de escala a
81
T (t)
T
0
=
1
a(t)
δT
T
0
= a
2
δa
T
0
= T (t)a(t)
δT
T
=
δa
a
, (A.17)
sendo que T
0
´e a temperatura da RCFM hoje.
Substituindo A.16 em A.17, encontramos a temperatura dos otons antes deles sairem do
po¸co de potencial no qual est˜ao imersos:
δT
T
(inicial)
=
2
3
Ψ. (A.18)
Para computar a temperatura dos otons ap´os a sa´ıda deles desse po¸co de potencial Ψ,
fazemos
δT
T
(final)
=
2
3
Ψ + Ψ
δT
T
(final)
=
1
3
Ψ. (A.19)
Essa equa¸ao mostra a varia¸ao de temperatura com rela¸ao `a temperatura m´edia causada
pelo efeito Sachs-Wolfe, como quer´ıamos demonstrar.
82
B AP
ˆ
ENDICE B - Harmˆonicos esf´ericos
Esse apˆendice tem a finalidade de proporcionar uma breve explica¸ao sobre os harmˆonicos
esf´ericos e os parˆametros l e m que ao obtidos calculando as solu¸oes para a equa¸ao de
Laplace escrita em coordenadas esf´ericas, que ´e dada por:
1
r
2
r
2
(rΦ) +
1
r
2
sin θ
θ
(sin θ
Φ
θ
) +
1
r
2
sin
2
θ
2
Φ
φ
2
= 0, (B.1)
sendo θ e φ os ˆangulos polar e azimutal, respectivamente. Supondo que esse potencial Φ
gen´erico seja dado por um produto de fun¸oes, ele pode ser reescrito da forma:
Φ =
U(r)
r
P (θ)Q(φ). (B.2)
Substituindo a Equa¸ao B.2 em B.1, teremos:
r
2
sin
2
θ
1
U(r)
d
2
U(r)
dr
2
+
1
r
2
sin P (θ)
d
(sin θ
dP (θ)
)
=
1
Q
d
2
Q(φ)
2
. (B.3)
O lado esquerdo da equa¸ao tem dependˆencia em r e θ, enquanto o lado direito tem
dependˆencia somente em φ. Nesse caso, devemos igualar a Equa¸ao B.3 a uma constante,
que chamamos de m
2
. Para o lado direito da igualdade teremos:
1
Q
d
2
Q(φ)
2
= m
2
. (B.4)
Assim, encontramos a solu¸ao da equa¸ao de Laplace para a vari´avel φ:
Q(φ) = e
imφ
, (B.5)
para m inteiro.
Igualamos, agora, o lado esquerdo da Equa¸ao B.3 a m
2
e ap´os algumas manipula¸oes
alg´ebricas encontramos:
r
2
1
U(r)
d
2
U(r)
dr
2
=
m
2
sin
2
θ
1
sin θP (θ)
d
sin θ
dP (θ)
. (B.6)
83
Da mesma forma que foi feito anteriormente, igualamos essa equa¸ao a uma constante
que chamamos l(l + 1). Resolvemos o lado esquerdo da igualdade B.6 para a vari´avel r,
de forma que:
d
2
U(r)
dr
2
l(l + 1)
r
2
U(r) = 0, (B.7)
sendo, portanto, a solu¸ao da equa¸ao de Laplace para a vari´avel r:
U(r) = Ar
l+1
+ Br
l
. (B.8)
Para encontrar a solu¸ao para θ deve-se resolver a equa¸ao de Legendre generalizada,
sendo x = cos(θ):
d
dx
[(1 x
2
)
d
dx
P (θ)] +
l(l + 1)
m
2
1 x
2
P (θ) = 0. (B.9)
Para m = 0 obtemos os polinˆomios de Legendre, que ao generalizados pela ormula de
Rodrigues como sendo:
P
l
(x) =
1
2
l
l!
d
l
dx
l
(x
2
1)
l
. (B.10)
Para m = 0 teremos:
P
m
l
(x) = (1)
m
(1 x
2
)
m/2
d
m
dx
m
P
l
(x). (B.11)
´
E conveniente combinar as solu¸oes angulares da equa¸ao de Laplace e construir fun¸oes
ortonormais na esfera unit´aria, as quais foram chamadas de harmˆonicos esf´ericos:
Y
lm
=
2l + 1
4π
(l m)!
(l + m)!
1/2
P
m
l
(cos θ)e
imφ
. (B.12)
A equa¸ao de Laplace, tamb´em conhecida como equa¸ao do potencial, est´a associada a
processos f´ısicos independentes do tempo ou estacion´arios.
84
PUBLICA¸C
˜
OES T
´
ECNICO-CIENT
´
IFICAS EDITADAS PELO INPE
Teses e Disserta¸oes (TDI) Manuais ecnicos (MAN)
Teses e Disserta¸oes apresentadas nos Cur-
sos de os-Gradua¸ao do INPE.
ao publica¸oes de car´ater t´ecnico que in-
cluem normas, procedimentos, instru¸oes e
orienta¸oes.
Notas T´ecnico-Cient´ıficas (NTC) Relat´orios de Pesquisa (RPQ)
Incluem resultados preliminares de
pesquisa, descri¸ao de equipamentos, de-
scri¸ao e ou documenta¸ao de programas
de computador, descri¸ao de sistemas
e experimentos, apresenta¸ao de testes,
dados, atlas, e documenta¸ao de projetos
de engenharia.
Reportam resultados ou progressos de
pesquisas tanto de natureza t´ecnica quanto
cient´ıfica, cujo n´ıvel seja compat´ıvel com o
de uma publica¸ao em peri´odico nacional
ou internacional.
Propostas e Relat´orios de Projetos
(PRP)
Publica¸oes Did´aticas (PUD)
ao propostas de projetos ecnico-
cient´ıficos e relat´orios de acompanhamento
de projetos, atividades e convˆenios.
Incluem apostilas, notas de aula e manuais
did´aticos.
Publica¸oes Seriadas Programas de Computador (PDC)
ao os seriados t´ecnico-cient´ıficos: bo-
letins, peri´odicos, anu´arios e anais de
eventos (simp´osios e congressos). Constam
destas publica¸oes o Internacional Stan-
dard Serial Number (ISSN), que ´e um
odigo ´unico e definitivo para identifica¸ao
de t´ıtulos de seriados.
ao a seq
¨
uˆencia de instru¸oes ou odigos,
expressos em uma linguagem de progra-
ma¸ao compilada ou interpretada, a ser
executada por um computador para al-
can¸car um determinado objetivo. Aceitam-
se tanto programas fonte quanto os exe-
cut´aveis.
Pr´e-publica¸oes (PRE)
Todos os artigos publicados em peri´odicos,
anais e como cap´ıtulos de livros.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo