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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CALICA DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA
NÍVEL DE MESTRADO
ESTUDO MULTIDIMENSIONAL DOS IDOSOS DE PORTO ALEGRE:
Avaliação das Pressões Inspiratória e Expiratória Máximas.
GABRIELA DENES LUCHO
Porto Alegre, Janeiro de 2008.
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CALICA DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA
NÍVEL DE MESTRADO
GABRIELA DENES LUCHO
ESTUDO MULTIDIMENSIONAL DOS IDOSOS DE PORTO ALEGRE:
Avaliação das Pressões Inspiratória e Expiratória Máximas.
Dissertação apresentada para o Instituto de Geriatria e
Gerontologia do Programa de Pós-Graduação em
Gerontologia Biomédica, como requisito para obtenção
do título de Mestre.
ORIENTADORES: DENISE CANTARELI MACHADO
CO-ORIENTADOR: DENIZAR ALBERTO DA SILVA MELO
Porto Alegre, Janeiro de 2008.
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CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO
Bibliotecária Responsável:
Sabrina Caimi Silva da Costa
CRB10/1606
L936e Lucho, Gabriela Denes.
Estudo multidimensional dos idosos de Porto Alegre: avaliação
das pressões inspiratória e expiratória máximas / Gabriela Denes
Lucho; orient. Denise Cantareli Machado, Antônio Carlos Araújo e
Souza, co-orient. Denizar Alberto da Silva Melo. Porto Alegre:
PUCRS, 2008.
47 f.: gráf. tab.
Dissertação(Mestrado)Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul. Instituto de Geriatria e Gerontologia. Programa de Pós-Graduação
em Gerontologia Biomédica.
1. Geriatria. 2. Gerontologia. 3. Envelhecimento. 4. Idoso. 5. Músculos
Respiratórios. 6. Pressões Respiratórias Máximas. 7. Estudos Transversais.
I. Machado, Denise Cantareli. II. Souza, Antônio Carlos Araújo de. III.
Melo, Denizar Alberto da Silva. IV. Título.
CDD 618.97
NLM WT 100
10
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer ao Profº. Dr. Denizar Alberto da Silva Melo por toda dedicação,
auxílio, esforço, paciência e atenção despendidas neste trabalho. Também por oportunizar os
momentos de maior desenvolvimento intelectual e pessoal, vivenciados por mim, e por todos
os momentos de incentivo e superações.
À Profª. Drª. Denise Cantarelli Machado por ter assumido o trabalho em andamento,
como orientadora, de forma muito receptiva, pela disposição e por, inúmeras vezes, agir de forma
pronta e pragmática, agilizando os processos que permeiam a finalização do curso de Mestrado.
Obrigada pela dedicação e atenção.
À Profª. Drª. Adriana Kessler, professora do curso de Fisioterapia da PUCRS, serei
eternamente grata pela apresentação ao meio científico, sempre me incentivando e fazendo
despertar: olhar crítico, praticidade, responsabilidade e iniciação à pesquisa. Agradeço também
pela amizade, confiança e respeito, conquistados ao longo destes anos.
Ao Profº. Dr. Antônio Carlos Araújo de Souza (in memoriam), pela oportunidade e aceite
inicial de orientação, e por ser o idealizador da pesquisa dos Idosos de Porto Alegre fase II,
pesquisa esta que fez surgir este trabalho.
À Profª. Drª. Valdemarina Bidone de Azevedo e Souza (in memoriam), pela guerreira que
era, possibilitando que o curso de Pós Graduação do Instituto de Geriatria e Gerontologia se
tornasse um ambiente adequado para pesquisa e crescimento intelectual.
Aos meus familiares, em especial aos meus pais, Marco Aurélio Goulart Lucho e Eloisa
Denes Lucho, pela educação e valores que me ensinaram, por acreditarem no meu potencial e não
medirem esforços para que a conclusão deste curso viesse a acontecer.
Aos meus amigos e todos aqueles que conviveram comigo neste período, pela amizade
verdadeira e pelos momentos de descontração.
E agradeço a Deus, por me oportunizar a vida e a convivência com todas essas pessoas
que cruzaram o meu caminho.
11
RESUMO
Introdução: O envelhecimento está associado com a perda progressiva do desempenho do
sistema ventilatório. A avaliação da força da musculatura ventilatória é importante para
monitoramento das alterações nas pressões ventilatórias. No entanto, os valores de normalidade
da pressão inspiratória máxima (PIM) e da pressão expiratória máxima (PEM) ainda são
controversos na literatura.
Objetivo: Verificar os valores da PIM e PEM em indivíduos idosos.
Métodos: A amostra foi definida através de um mapeamento distrital da cidade de Porto alegre,
onde foram selecionados indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos, de forma
randomizada, respeitando a proporcionalidade de cada região. Foram incluídos neste estudo 509
indivíduos, com idade igual ou superior a 60 anos, divididos em três faixas etárias, nos quais
foram avaliados medidas de PIM e PEM através de manovacuometria.
Resultados e conclusões: os resultados indicam que as pressões ventilatórias geradas pelos
homens são maiores do que as mulheres nas três faixas etárias estudadas, que as pressões
ventilatórias apresentam correlação negativa com a idade e que o efeito do aprendizado parece
afetar mais mulheres do que os homens e apenas da primeira medida em relação às outras.
Palavras-chave: Pressão Inspiratória Máxima (PIM); Pressão Expiratória Máxima (PEM);
Envelhecimento; Força Muscular Ventilatória, Idosos.
12
ABSTRACT
Introduction: Aging is associated with progressive loss of ventilatory performance of the
system. The assessment of muscle strength ventilation is important for tracking the changes in
pressure ventilation. However, the values of normality of the maximum inspiratory pressure
(MIP) and the maximum expiratory pressure (MEP) are still controversial in the literature.
Objective: To verify the values of MIP and MEP in elderly people.
Methods: 509 individuals, older than 60 years, were included and divided into three age groups,
in which measures were evaluated for MIP and MEP through manovacuometry.
Results and conclusions: the results indicate that the ventilatory pressures generated by men are
higher than women in the three age groups studied, the ventilatory pressure shows negative
correlation with age and that made the learning seems affect more women than men and only at
the first step for the other.
Keywords: Maximum Inspiratory Pressure (MIP); Expiratory Maximum Pressure (MEP);
Aging; Ventilatory Muscle Strenght, Elderly.
13
Lista de Figuras
Figura 1: Pressões Ventilatórias por Faixa Etária..........................................................................40
Figura 2: PIM masculina e feminina..............................................................................................41
Figura 3: PEM masculina e feminina.............................................................................................41
Figura 4: Correlações entre idade e PIM e PEM no sexo masculino e feminino...........................42
Lista de Tabelas
Tabela 1: Distribuição da Idade dos indivíduos da amostra ..........................................................36
Tabela 2: Comparação da PIM e PEM masc. e fem. por faixa etária ............................................37
Tabela 3: Valores da PIM e PEM em ambos os sexos nas quatro repetições ...............................38
Tabela 4: Correlações entre as mensurações de PIM e PEM masculino .....................................39
Tabela 5: Correlações entre as mensurações de PIM e PEM feminino .......................................39
SUMÁRIO
I. INTRODUÇÃO ................................................................................................................9
I.1. Envelhecimento ................................................................................................. .....9
I.2. Definição .............................................................................................................. 10
I.3. Epidemiologia ....................................................................................................... 11
I.4. Fisiologia do Envelhecimento .............................................................................. 13
I.4.1. Sistema ósseo ....................................................................................................15
I.4.2. Degeneração do sistema nervoso ......................................................................16
I.4.3. Sistema cardiovascular .....................................................................................16
I.4.4. Sistema muscular ..............................................................................................17
II. OBJETIVO GERAL .......................................................................................................22
II.1. Objetivos específicos ............................................................................................ 22
III. MÉTODOS, RESULTADOS E DISCUSSÃO ...........................................................23
IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................43
V. PERSPECTIVAS............................................................................................................44
VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................45
9
I. INTRODUÇÃO
I.1. Envelhecimento
O aumento da expectativa de vida globalizado pode ser considerado uma das maiores
conquistas da humanidade. Em certo sentido, todo o desenvolvimento cultural ao longo da
história teve em perspectiva o prolongamento da vida; conferir-lhe sentido e dignidade se
constitui em um dos maiores desafios de nossos dias
1
.
Ainda nas primeiras décadas deste século, tal fenômeno imporá exigências
econômicas e sociais em escala mundial. Reconhecendo a pouca efetividade das políticas
relativas ao envelhecimento populacional, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou,
em 2002, através do documento intitulado “Envelhecimento Ativo: um Marco Político”, as
bases de um novo paradigma para o enfrentamento das exigências atuais e futuras
apresentadas pelo processo de envelhecimento em todo o mundo
2, 3
.
À medida que a pessoa envelhece, sua qualidade de vida se vê determinada, em
grande parte, por sua capacidade para manter a autonomia e a independência. Tal
constatação fez surgir o conceito de esperança de vida saudável, que significa por quanto
tempo podem as pessoas esperar viver sem incapacidades. Esse conceito reveste-se de maior
importância em um país como o nosso, onde o aumento da longevidade está alterando a
sociedade de uma forma muito mais profunda do que o simples crescimento do segmento
idoso da população. População essa que envelhece aceleradamente sem desfrutar, na sua
maioria, das condições que poderiam proporcionar um envelhecimento bem sucedido
4
.
10
I.2. Definição
O envelhecimento o é somente uma passagem pelo tempo, mais do que isto é o
acúmulo de eventos biológicos que ocorrem ao longo do tempo. Se nós definirmos
envelhecimento como a perda das habilidades de adaptação ao meio, então a idade biológica
e funcional torna-se a forma mais adequada de se medir o envelhecimento e suas
adaptaçõesc
5
.
Na concepção de Vieira (1996) e Lopes (2000), os processos de envelhecimento se
iniciam desde a concepção. Neste sentido, a velhice pode ser definida como um processo
dinâmico e progressivo, no qual ocorrem modificações, tanto morfológicas, funcionais e
bioquímicas, como psicológicas, que determinam a progressiva perda das capacidades de
adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e aumento da
incidência de processos patológicos
6, 7
.
De acordo com Okuma (1998), a velhice o é definível por simples cronologia,
mas pelas condições físicas, funcionais, mentais e de saúde do indivíduo, sugerindo que o
processo de envelhecimento é pessoal e diferenciado. Nessa perspectiva, a autora considera
que o envelhecimento humano constitui um padrão de modificações e não um processo
unilateral, ou seja, a soma de vários processos entre si nos quais estão inseridos os aspectos
biopsicossociais
8
.
Entretanto, o marcador cronológico ainda é adotado para identificar o início da
velhice que, segundo a Organização Mundial da Saúde, começa a partir dos 60 anos para
países em desenvolvimento e 65 nos desenvolvidos. Para essa demarcação, os indivíduos
com idade igual ou superior a 60 ou 65 são chamados de idosos e, por via de regra, estão
sujeitos a políticas de seguridade social
9
.
11
I.3. Epidemiologia
A partir da década de 70, uma série de conceitos relativos à saúde das populações
passou a ser reavaliado diante de um novo fenômeno: o envelhecimento populacional. Nesse
contexto, iniciou-se nos países europeus desenvolvidos e posteriormente atingindo
praticamente todos os países do mundo, uma gradativa reavaliação das ações sobre as
doenças e as necessidades a elas relacionadas pelas autoridades responsáveis
2
.
Em 2002, quase 400 milhões de pessoas com 60 anos ou mais, viviam nos países em
desenvolvimento. Até 2025, esse número terá aumentado para aproximadamente 840
milhões, o que representa 70% das pessoas na terceira idade em todo o mundo. Em termos
de regiões, mais da metade da população de pessoas mais velhas vive na Ásia. Nas próximas
duas décadas, este percentual da Ásia aumentará ainda mais, enquanto que a participação da
Europa na população mundial mais velha diminuirá. Estima-se que a proporção de idosos i
duplicar até 2025, alcançando em torno de 29% do total da população mundial
3
. É
indubitável que um dos fatos demográficos mais importantes atualmente é o aumento da
população de idosos, tanto sob a forma de percentual da população quanto em termos
absolutos
10
.
O envelhecimento populacional é um processo mundial vivido por toda sociedade
que se industrializa e se urbaniza, com suas próprias características e com diferentes
velocidades. Esse fenômeno tem sido atribuído a dois fatores sicos, sendo o primeiro a
diminuição da mortalidade e o segundo o declínio da taxa de fecundidade. Além desses, a
migração pode ser um terceiro fator capaz de interferir no processo, acelerando ou
retardando o envelhecimento populacional
3
.
12
Porém, ao contrário dos países desenvolvidos, nos quais a queda nas taxas de
mortalidade e fecundidade, que iniciou no século passado, foi acompanhada pela melhoria
das condições sócio-econômicas e educacionais da população, no Brasil, não vivemos a
mesma realidade. Aqui, os declínios da mortalidade e da fecundidade, que deram início à
redução do crescimento demográfico na cada de 50 foram calcados, principalmente, na
ação médico-sanitária em detrimento das transformações nas estruturas sociais que
pudessem garantir uma melhoria da qualidade de vida da população
11
. A velocidade com
que esta população está crescendo é bastante preocupante, que, de certa forma, o país não
está adequadamente preparado para enfrentar o aumento da mesma. Esta realidade se faz
presente em todos os países do Terceiro Mundo, os quais são os responsáveis por abrigar
mais de 50% dos idosos do planeta
12
.
Segundo projeções estatísticas da Organização Mundial da Saúde, o número de
idosos no Brasil crescerá 15 vezes contra 5 vezes o da população total, entre 1950 e 2025.
No final deste período, as projeções colocarão o país da 16
a
para a 6
a
posição mundial de
idosos no mundo, com aproximadamente 32 milhões de pessoas com 60 anos ou mais
13
. O
processo acelerado de modificação no quadro etário do brasileiro fará com que ocorra uma
redução na porcentagem de jovens de 42,6% para 20,6% e um aumento de 2,7% para 14,7%
na de idosos
11
.
Estas mudanças significativas da pirâmide populacional acarretarão uma série de
previsíveis conseqüências sócio-econômico-culturais e epidemiológicas, que não estão
sendo profilaticamente preparadas
9
, como por exemplo: a modificação da incidência e
prevalência de doenças na população que deverá determinar grandes dificuldades ao Estado
para lidar com o novo perfil epidemiológico que aos poucos se sobrepõe, sem substituir,
completamente, o perfil anteriormente predominante
13
.
13
No Rio Grande do Sul a população idosa tem aumentado de modo significativo. Nos
anos 70 a expectativa de vida dos homens era de 63,6 anos e das mulheres era de 70 anos,
subindo na década de 90 para 66,8 anos e 74,5 anos, respectivamente
14
. É o estado
brasileiro que apresenta perfil epidemiológico, demográfico e sanitário similar aos países
industrializados
13, 14
. Possui o Índice de Desenvolvimento Humano mais elevado do país,
além da melhor dia nacional no que se refere a longevidade, padrões de vida e educação,
bem como, a melhor qualidade dos postos e da força de trabalho. Estes dois últimos fatores
explicam porque a renda per capita é elevada e porque, conseqüentemente, o estado tem o
melhor desenvolvimento humano e qualidade de vida do Brasil
11
.
A proporção de pessoas idosas nesse estado (60 anos ou mais) passou de 4,2% em
1950 para 7,6% em 1991, resultado da queda da taxa de fecundidade e de mortalidade que,
associados a uma melhoria das condições de saneamento básico, de saúde, econômicas e
culturais, fizeram com que a esperança de vida dessa população também aumentasse
14
.
I.4. Fisiologia do Envelhecimento
Para explicar como o organismo envelhece foram propostas teorias sobre o
envelhecimento. Estas se dividem em dois grandes grupos: a teoria estocástica, baseada na
perda de funcionalidade que acompanha o fenômeno de envelhecimento sendo causada pela
acumulação aleatória de lesões associadas à ação ambiental, em moléculas vitais, que
provocam um declínio fisiológico progressivo; e a teoria sistêmica que não nega a
importância das influências ambientais na longevidade, mas salienta a determinante
participação dos genes neste fenômeno
15.
Estas teorias tentam explicar, quais os mecanismos responsáveis pelo
envelhecimento tanto fisiológico quanto patológico. No entanto, todas convergem para a
14
diferença entre a definição do envelhecimento fisiológico, no qual ocorrem mudanças
sincronizadas de todos os órgãos e tecidos, e do patológico, onde uma disposição para a
insuficiência de um órgão ou sistema.
Mota e cols. (2004) citaram que o processo de envelhecimento é diferente tanto inter
como intra-espécies, porém todos os mecanismos levam à perda de: funcionalidade
progressiva, aumento da suscetibilidade e incidência de doenças, e conseqüente aumento de
probabilidade de morte
16
.
Os mecanismos que levam ao envelhecimento incluem interações do genoma com os
fatores externos. Se a capacidade do organismo em adaptar-se a estímulos externos for
reduzida, e se estes estímulos forem exagerados, o resultado podeser uma desordem, que
aumentará as chances de ocorrer lesões e déficits celulares, levando ao envelhecimento
celular, tecidual e orgânico
16, 17
.
O organismo tem aptidão para se adaptar rapidamente aos estímulos externos, de
maneira que os componentes fundamentais das células (DNA, proteínas, lipídios) sejam
protegidos e as funções garantidas. Alguns danos pequenos são tolerados, e quando um
dano maior, o organismo excreta esse componente que foi danificado a fim de evitar alguma
disfunção celular ou patologia. Com o envelhecimento observa-se a parcial e progressiva
perda da capacidade seletiva celular e a assimilação de novas estruturas estranhas à lula
17
.
Neste processo, as alterações anatômicas são principalmente as mais visíveis e
manifestam-se em primeiro lugar. A pele resseca, tornando-se mais quebradiça e pálida,
perdendo o brilho natural da jovialidade. Os cabelos que embranquecem e caem com maior
freqüência e facilidade não são mais naturalmente substituídos, principalmente nos homens.
O enfraquecimento muscular e a redução da massa óssea levam a mudanças na postura do
tronco e dos membros inferiores, acentuando ainda mais as curvaturas da coluna torácica e
15
lombar. A mobilidade articular diminui, reduzindo a amplitude dos movimentos e
produzindo alterações no equilíbrio e na marcha. Nas vísceras, produz-se uma alteração
causada pelos elementos glandulares do tecido conjuntivo e certa atrofia secundária, como a
perda de peso. Na parte fisiológica, surgem diversas adaptações e reações nos sistemas do
organismo, trazendo alguns declínios no funcionamento dos mesmos
17, 18
.
I.4.1. Sistema ósseo
Os ossos, como todas as outras estruturas celulares, passam por constantes
alterações, não apenas quando somos jovens e estamos na fase de crescimento, mas também
quando envelhecemos. Eles sofrem deposição de cálcio, outros minerais e proteínas ósseas
e ao mesmo tempo passam por fases de reabsorção, mais ou menos na mesma proporção,
processo esse chamado de remodelagem óssea
19
.
Enquanto os osteoclastos, células ósseas derivadas de macrófagos, secretam
enzimas responsáveis pela dissolução óssea degradando e removendo a matéria antiga, os
osteoblastos, células ósseas derivadas de células precursoras ou estromais, produzem osso
novo
19, 20
.
Durante a infância e adolescência, a formação óssea se processa em uma
velocidade maior que a reabsorção, resultando em aumento da densidade até que os jovens
adultos alcancem, por volta dos 18 anos, o pico da massa óssea. A densidade permanece
estável até por volta dos 40 anos, e nesta fase da vida, a formação óssea e a reabsorção se
processam na mesma velocidade. A partir dessa idade, todos nós começamos a sofrer uma
redução óssea, quando a reabsorção começa a ultrapassar a formação óssea, ou seja, há uma
aceleração na atividade osteoclástica podendo levar a osteopenia e osteoporose
21
.
16
I.4.2. Degeneração do sistema nervoso
O envelhecimento promove uma série de alterações anatômicas e químicas no
encéfalo e na medula. Algumas alterações anatômicas têm sido observadas macroscópica e
microscopicamente. Estas modificações ainda que aceitas, não permitem precisar se são
decorrentes exclusivamente do processo de involução senil. Estudos demonstraram que
uma grande variação de peso no cérebro de pessoas com idade entre 70 e 89 anos,
considerados normais do ponto de vista comportamental e psicológico. Assim, observa-se
uma diminuição no volume do cérebro de cerca de 2% a cada dez anos, depois dos
cinqüenta anos. Da mesma forma o peso do encéfalo decai cerca de 15% do volume
máximo alcançado por volta dos oitenta anos. E, nos primeiros 50 anos perdemos mais
substância cinzenta que branca e na segunda metade da vida esta relação se inverte
22, 23
.
I.4.3. Sistema cardiovascular
Com o envelhecimento, verifica-se um alongamento e tortuosidade das artérias,
graças à perda de fibras elásticas. Além disso, as artérias ficam mais espessas e mais
rígidas. O espessamento é particularmente notável nas túnicas íntima e média. Na túnica
íntima, esse espessamento se deve ao acúmulo gradual do tecido conjuntivo; há também um
aumento no conteúdo de lipídeos, particularmente o colesterol. Na túnica média ocorre
aumento de células do músculo liso e do colágeno e interrupção nas texturas elásticas. Em
relação à perda de elasticidade, um aumento no calibre das artérias a fim de tentar
compensar a rigidez
5, 24
.
Em relação às veias, nota-se dilatação das mesmas; além disso, suas válvulas,
principalmente nos membros inferiores, podem perder a funcionalidade total ou
parcialmente. Nos capilares observa-se redução em quantidade e alterações na parede. Além
17
disso, a freqüência cardíaca em repouso começa a diminuir após os 60 anos. Várias razões
são apontadas: declínio das necessidades metabólicas, modificações intrínsecas da função
cardíaca, diminuição da atividade simpática
24
.
I.4.4. Sistema muscular
Uma das conseqüências do processo normal de envelhecimento é a perda de massa
muscular ou sarcopenia. Sarcopenia é uma palavra de origem grega que literalmente
significa “perda de carne” (sarco = carne e penia = perda). Inúmeras pesquisas concordam
que sarcopenia não pode ser exemplificada por um simples fator, mas sim, um complexo
relacionamento entre o músculo (miopatia) e o nervo (neuropatia) e suas alterações e
declínios
25
.
Conforme envelhecemos, observa-se uma tendência para a redução na massa
muscular causado pela diminuição no tamanho ou número das fibras musculares ou ambos.
A arquitetura dos músculos também é um fator que vem sendo considerado importante,
levando em conta o ângulo de penação das fibras musculares. É interessante notar que esta
perda é tanto quantitativa como qualitativa. Quando se fala em perda na qualidade muscular,
se referem à composição da fibra muscular, inervação, contratibilidade, características de um
conjunto de fatores que inclui fadiga, densidade capilar e metabolismo da glicose
25, 26, 27
.
Também ocorrem mudanças na performance da musculatura ventilatória que
estão associadas principalmente ao aumento da Capacidade Residual Funcional (CRF)
relacionado com a idade, decréscimo da complacência da caixa torácica e mudanças
geométricas da gaiola costal. Existem evidências que apontam para uma redução da força do
diafragma de pessoas idosas em relação a pessoas mais jovens. As variações oscilam entre
13 e 25% de redução da pressão transdiafragmática (PTD). No entanto, parece ser consenso
18
que a redução é pequena e pode ser compensada com alteração na relação entre força
inspiratória e freqüência ventilatória
28, 29
.
I.4.4.1. Declínio da função pulmonar ao longo da vida
A aproximadamente, os 25 anos de idade é possível atingir a performance
funcional pulmonar máxima. Após esta idade, surge um lento e progressivo declínio,
entretanto, há uma tentativa do organismo, de gerar um adequado transporte de gases
mesmo em idades extremas em indivíduos saudáveis
30
.
As principais alterações da mecânica toracopulmonar, associadas com o
envelhecimento, são
26, 31
:
- a redução na retração elástica do pulmão
- diminuição da insuflação máxima, devido à perda de elasticidade do tecido pulmonar e a
redução na complacência da parede torácica devido às redução da mobilidade das
articulações costais e uma diminuição na flexibilidade das cartilagens costais. Essa redução
da elasticidade restringe a ventilação pulmonar;
- redução das trocas gasosas, devido a uma diminuição na superfície respiratória. Além
disso, alterações na barreira alvéolo-capilar ocasionadas por edema pulmonar, congestão e
inflamação alveolar também prejudicam as trocas gasosas; no entanto, estas alterações
verificam-se principalmente em casos de senilidade:
- diminuição dos mecanismos de defesa dos pulmões, que as atividades dos cílios da
mucosa declinam e as células de defesa dos pulmões tornam-se menos eficazes. Como
resultado, os idosos estão mais suscetíveis às infecções respiratórias, principalmente à
pneumonia;
19
- enfraquecimento dos músculos ventilatórios, como o diafragma. Em pessoas idosas
saudáveis, esse enfraquecimento é pouco importante. Em idosos que tiveram doenças como
pneumonia, no entanto, esse enfraquecimento é relevante porque a pneumonia pode
favorecer a redução da força dos músculos ventilatórios
26, 31
.
I.4.4.2. Avaliação da Força Musculatura Ventilatória
A força da musculatura ventilatória, é avaliada através da mensuração das pressões
ventilatórias: Pressão Inspiratória Máxima (PIM) e a Pressão Expiratória Máxima (PEM)
através de um exame simples, não invasivo, de baixo custo, de fácil compreensão e
aplicação, denominado Manovacuometria. A literatura possui poucos estudos que
demonstram a curva de normalidade dos valores de PIM e PEM ao longo da vida; no
entanto, pode-se observar que existe uma perda progressiva de força muscular ventilatória
com o envelhecimento.
A mensuração das pressões ventilatórias é um procedimento clínico simples,
normatizado, rápido e não invasivo para determinar o índice de força muscular em pacientes
saudáveis ou com doença pulmonar ou neuromuscular. Estas medidas são indicativas da
capacidade ventilatória, podendo alertar para o desenvolvimento de insuficiência
ventilatória, sendo útil para avaliar o grau de anormalidade e monitorar a fraqueza dos
músculos da ventilação ao longo do tempo
32
.
Segundo Harik-Khan e cols. (1998), os protocolos de pesquisa que envolvem pessoas
saudáveis não têm sido bem delineados (como tamanho da amostra, amplitude da idade)
produzindo resultados inconsistentes. Com exceção do efeito do gênero, existe pouca
evidência no que diz respeito à idade, ao peso, à altura e a história de tabagismo com relação
à força da musculatura ventilatória. No intuito de clarificar estas questões os autores
20
realizaram um estudo, avaliando apenas a pressão inspiratória que apontou para uma forte
correlação desta com gênero, conforme previamente estabelecido. A idade apresentou-se
como um preditor negativo tanto para homens como para mulheres, embora outros autores
não tenham encontrado esta correlação
33, 34
, ou encontrado somente em adultos e idosos do
sexo masculino
35, 36
. Outro achado importante deste estudo é o peso como preditor positivo
para pressão inspiratória em homens e mulheres saudáveis. Neste estudo também foi
encontrada alta correlação entre peso e circunferência do antebraço, sendo que o peso
mostrou-se melhor preditor para PIM. O hábito de fumar não mostrou correlação
significativa. Outros estudos mostram correlação positiva entre Pressão inspiratória e força
de preensão palmar em idosos
8
. Como limitação da pesquisa observa-se uma tentativa de
categorização por faixa etária onde o tamanho amostral foi reduzido devido ao grande
número de categorias (10 grupos)
32
.
Diversos autores mediram as pressões ventilatórias máximas em pessoas saudáveis
pertencentes a diferentes faixas etárias, na tentativa de estabelecer os valores de referência.
No entanto, os diversos procedimentos utilizados para seleção das amostras, o pequeno
tamanho de algumas amostras e a diferença de equipamentos e técnica, justificam a
variabilidade dos resultados publicados
34, 35, 36
. Outro fator limitante é a manovacuometria
medida através de um manômetro analógico, utilizada na maioria dos estudos, que diminui a
precisão das mensurações
33, 37
.
Desta forma, os valores de normalidade são controversos; contudo, utiliza-se para
indivíduos saudáveis entre 65 e 75 anos de idade, os valores de 57/116 cm H
2
O (PIM/PEM)
para mulheres e 83/174 para homens
38
.
21
A disfunção da musculatura ventilatória pode levar à hipoventilação por redução do
volume de ar corrente (VAC), da tolerância ao exercício e, em casos extremos, à falência
ventilatória. Neste sentido, torna-se imprescindível a avaliação da força da musculatura
ventilatória. As pressões expiratórias são normalmente mensuradas a partir da capacidade
pulmonar total (CPT). Valores maiores do que >80 cmH
2
O (em homens) ou 70 cmH
2
O (em
mulheres) para PIM ou >70 cmH
2
O homens e > 60 cmH
2
O em mulheres para PEM excluem
fraqueza relevante da musculatura ventilatória
31
.
O decréscimo da força da musculatura ventilatória também está relacionado a várias
situações clínicas quando uma carga de trabalho adicional é imposta aos músculos da
ventilação, como pneumonia, falência ventricular esquerda, má nutrição.
As alterações fisiológicas do sistema ventilatório decorrentes do envelhecimento
estão associadas com mudanças na complacência da parede torácica, no parênquima
pulmonar, aumento na CRF por alçaponamento do ar e aumento do trabalho ventilatório.
Estes fatores, associados a um aumento gradual da obstrução das vias aéreas, mudanças
geométricas da caixa torácica, estado nutricional, força e massa da musculatura periférica e
índice cardíaco afetam diretamente a força da musculatura ventilatória. Portanto, avaliar a
força da musculatura ventilatória em idosos é um procedimento imprescindível para
monitorar a performance do sistema ventilatório destas pessoas. Neste sentido, torna-se
pertinente, a proposição desta pesquisa para avaliar os valores da PIM e PEM em idosos de
Porto Alegre, verificando o efeito da aprendizagem relacionado a repetição das manobras de
manovacuometria.
22
II. OBJETIVO GERAL
Verificar os valores da Pressão Inspiratória Máxima (PIM) e Pressão Expiratória
Máxima (PEM) em indivíduos idosos da cidade de Porto Alegre.
II.1. Objetivos específicos
Avaliar os efeitos do aprendizado pela repetição das manobras durante a execução
dos testes de PIM e PEM;
Observar os valores da força da musculatura ventilatória em idosos em diferentes
faixas etárias;
Verificar a relação entre a força da musculatura ventilatória e o envelhecimento.
23
III. MÉTODOS, RESULTADOS E DISCUSSÃO
“Estudo Multidimensional dos Idosos de Porto Alegre: Avaliação
das Pressões Inspiratória e Expiratória Máximas”.
Autores: Gabriela Denes Lucho
1
, Denizar Alberto da Silva Melo
2
,
Denise Cantarelli Machado
3
.
Instituto de Geriatria e Gerontologia- HSL- PUCRS
1)
Aluna de Mestrado do Instituto de Geriatria e Gerontologia do HSL-PUCRS.
2)
Doutor em Clínica Médica, Coordenador do Curso de Fisioterapia da PUCRS Coorientador.
3)
Pós- Doutora em Imunologia Molecular, Coordenadora do Laboratório de Biologia Celular e Doenças Respiratórias,
Professora do Curso de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica do Instituto de Geriatria e Gerontologia PUCRS
Orientadora.
INTRODUÇÃO
O fenômeno do envelhecimento da população mundial não é assunto novo: China,
Japão e países da Europa e da América do Norte convivem muito tempo com um
grande contingente de idosos e com todos os problemas associados ao envelhecimento,
tais como aposentadorias e doenças próprias da terceira idade
1
.
24
Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a porcentagem de
pessoas com 60 anos ou mais na população alcançou 9,1% em 1999. De 1995 a 1999, o
número de idosos aumentou em 1,8 milhão. A região sudeste foi a que apresentou o
maior índice de envelhecimento, tendo pessoas nesta faixa etária representando, em 1999,
10% de sua população total
1
.
O envelhecimento pode ser considerado um desafio, pois na medida em que a
idade avança, ocorre perda de independência, deterioração da saúde e maior carga de
morbidade. A qualidade de vida dos idosos se determinada, em grande parte, por sua
capacidade funcional, ou seja, a possibilidade de realizar suas atividades de vida diária
sem auxilio. Alterações no sistema ventilatório influenciam diretamente na independência
funcional, pois em condições hipóxicas, observa-se queda na produção de energia, perda
de massa muscular e alterações cardiovasculares
2
.
Os principais efeitos do envelhecimento no sistema ventilatório envolvem a redução
da capacidade ventilatória, retroelasticidade pulmonar, complacência da parede torácica e
força dos músculos ventilatórios. Em conseqüência, observa-se a redução do pico de fluxo
expiratório máximo e o aumento da capacidade residual funcional em repouso
3, 4
.
As alterações da musculatura ventilatória no idoso estão associadas principalmente à
sarcopenia, alteração do ângulo de penação das fibras musculares, redução do tamanho e do
volume das mitocôndrias, aumento da Capacidade Residual Funcional (CRF) e rigidez do
sistema ventilatório
5
. Evidências apontam para uma redução da força do diafragma de
pessoas idosas em relação a pessoas mais jovens. As variações oscilam entre 13 e 25% de
redução da pressão transdiafragmática. No entanto, parece ser consenso que esta redução é
25
pequena e pode ser compensada com alteração na relação entre força inspiratória e
freqüência ventilatória
6, 7
.
A disfunção da musculatura ventilatória pode levar a hipoventilação por redução do
volume de ar corrente (VAC), da tolerância ao exercício e, em casos extremos, à falência
ventilatória. Após recente revisão da literatura, observou-se que, embora com poucas
evidências, os valores de referência da Pressão Inspiratória Máxima (PIM) e da Pressão
Expiratória Máxima (PEM) em idosos foram descritos através de tabelas e equações de
regressão para cálculo dos valores de referência
8, 9
.
A mensuração das pressões ventilatórias é um procedimento clínico normatizado
(Diretrizes para Testes de Função Pulmonar de 2002), simples, rápido, de baixo custo e não
invasivo, que permite quantificar a força dos músculos da ventilação em pessoas saudáveis,
com doença pulmonar ou neuromuscular. Estas medidas indicam a capacidade do sistema
ventilatório em gerar fluxos e, quando reduzidas, podem sinalizar possibilidade de
insuficiência ventilatória, pois denotam a performance dos músculos da ventilação ao longo
do tempo
10
.
A avaliação da PIM e PEM de indivíduos idosos possibilita a prevenção de
morbidades e avaliação permanente da bomba ventilatória, evitando perda acentuada da
força da musculatura ventilatória e contribuindo efetivamente como parâmetro para
descontinuidade da ventilação mecânica. Portanto, o objetivo desta pesquisa é verificar os
valores da PIM e PEM e avaliar os efeitos do aprendizado pela repetição das manobras
durante a execução dos testes em indivíduos idosos.
MATERIAL E MÉTODOS
26
Esta pesquisa foi realizada junto ao Instituto de Geriatria e Gerontologia da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), previamente aprovado
pelo Comitê de Ètica em Pesquisa da PUCRS sob protocolo nº: 031/06. O delineamento
deste estudo é transversal, exploratório e observacional.
A seleção dos indivíduos foi realizada através de um mapeamento distrital da cidade
de Porto Alegre, onde foram incluídos, por sorteio da localização das residências, indivíduos
idosos, com idade acima de 60 anos, de forma randomizada, respeitando a proporcionalidade
de cada região.
Participaram desta pesquisa, 509 indivíduos, de ambos os sexos, que aceitaram
participar do estudo e que assinaram o termo de consentimento livre esclarecido. Foram
excluídos todos os indivíduos que não apresentaram condições de realizar o teste, não
compreenderam os procedimentos, possuíam alterações da cavidade oral que impedisse de
realizar os testes.
Os procedimentos realizados para mensuração da PIM e PEM seguiram as
orientações das Diretrizes para Testes de Função Pulmonar de 2002
10
.
Mensuração PIM:
A PIM foi medida a partir do volume pulmonar próximo ao residual. Foram
realizadas quatro manobras inspiratórias, com um minuto de intervalo entre cada manobra,
excluindo-se valores maiores que 10% entre cada medida, através de um bucal conectado a
um manovacuômetro digital (Globalmed®). As curvas de pressão foram armazenadas em
27
um PC através do software MVD300® para posterior análise. O platô das curvas com a
pressão máxima foi mantido por pelo menos um segundo.
Os indivíduos foram avaliados na posição sentada, com o quadril fletido a 90° e os
braços apoiados nas coxas. O nariz foi ocluído por um clipe nasal. Antes de executar as
manobras, os indivíduos receberam informações sobre como executá-las e, durante o teste,
receberam estímulo verbal.
Mensuração PEM:
A PEM foi medida a partir do volume pulmonar próximo da capacidade pulmonar
total. Foram realizadas quatro manobras expiratórias, excluindo-se valores maiores que 10%
entre cada medida, através de um bucal conectado a um manovacuômetro digital
(Globalmed®). As curvas de pressão foram armazenadas em um PC através do software
MVD300® para posterior análise, respeitando o intervalo de 1 minuto entre cada medida. O
platô das curvas com a pressão máxima foi mantido por pelo menos um segundo.
Antes de executar as manobras, os indivíduos receberam informações sobre como
executá-las e, durante o teste, receberam estímulo verbal.
DESENHO DO ESTUDO
A amostra foi dividida em faixas etárias: 60-69, 70-79 e 80-90 anos para avaliar os
valores da PIM e PEM em ambos os sexos. O efeito do envelhecimento sobre as pressões
ventilatórias e a reprodutibilidade das medidas de PIM e PEM foram avaliadas na amostra
total dividida apenas em relação ao sexo.
28
ANÁLISE ESTATÍSTICA
A análise dos dados foi realizada utilizando-se o software SPSS 11.5 (Statistical
Package for the Social Sciences). Os resultados estão apresentados através de estatística
descritiva sob forma de média e erro padrão da média. As diferenças entre as mensurações
foram avaliadas através da análise de variância de medidas repetidas e o post hoc test de
Duncan e a variação das medidas de PIM e PEM entre os sexos foi avaliada através do teste
T de student não pareado. As correlações entre as repetições das manobras foram testadas
utilizando-se a correlação linear de Pearson. O nível de significância foi de P <0,05.
RESULTADOS
A amostra final contou com 509 pessoas, sendo 363 (71,3%) do sexo feminino. A
proporção de homens e mulheres foi semelhante nas três faixas etárias. Em relação à média
de idade dos indivíduos, não se observou diferença entre o sexo feminino e masculino nas
três faixas etárias estudadas (Tab. 1).
Variação da PIM e PEM pelas faixas etárias:
É possível observar que, nas três faixas etárias, tanto a PIM quanto a PEM foram
sempre maiores nos indivíduos do sexo masculino (P<0,001). A diferença dos valores da
PIM intergênero nas três faixas etárias foi semelhante, ou seja, a diferença oscilou em torno
de 20 cmH
2
O. No entanto, a PEM sofreu uma redução da primeira para a segunda faixa
etária na ordem de aproximadamente 7 cmH
2
O, e da segunda para a terceira, em aumento da
diferença de 16 cmH
2
O (Tab.2).
29
A PIM masculina não apresentou diferença entre as três faixas etárias estudadas. No
sexo feminino observou-se que entre os 60-69 anos a PIM foi maior do que nas outras faixas
etárias (61,7±2,1; 50,6±2,1; 49,3±2,8; P<0,001), e na faixa dos 70-79 anos foi maior do que
os encontrados na faixa etária dos 80-90 anos (50,6±2,1; 49,3±2,8; P<0,002). Em relação à
PEM masculina verificou-se que entre os 60-69 anos foi maior do que entre 70-79 anos
(117±5,2; 96,8±4,9; P<0,003). No sexo feminino, a PEM encontrada entre os 60-69 foi
maior que nas outras faixas etárias (80,8±2,2; 67,5±2,8; 58,7±3,7; P<0,001), e a segunda
faixa etária apresentou valores maiores que a terceira (67,5±2,8; 58,7±3,7; P<0,001 Fig.
1).
Efeito do aprendizado sobre a repetição das manobras de PIM e PEM
A tabela 3 apresenta os valores das 4 repetições da PIM e PEM em ambos os sexos.
Quando analisadas as quatro medidas de PIM no sexo masculino e no feminino (Fig. 2),
observou-se que tanto nos homens quanto nas mulheres, a primeira medida foi menor que as
subseqüentes (P<0, 001). E, no sexo feminino, a segunda medida foi menor do que na quarta
(49,34±1,24; 53,56±1,38 - P<0,02). Em relação à PEM (Fig. 3) no sexo masculino
observou-se que a primeira repetição foi menor que a quarta (93,08±3,15; 102,21±3,37 -
P<0,05). No sexo feminino, a primeira repetição foi menor que a terceira e quarta
(61,22±1,48; 66,45±1,57; 70,07±1,65 - P<0,01) e a segunda repetição foi menor que a
quarta (64,67±1,58; 70,07±1,65 - P<0,01).
As correlações entre as quatro medidas de PIM e PEM, em ambos os sexos (Tab. 4 e
5), demonstraram que as mensurações intra-indivíduos possuem alta confiabilidade e
reprodutibilidade, pois se observou forte correlação dos valores de PIM e PEM, ratificando a
qualidade do protocolo experimental e do equipamento utilizado.
30
A figura 4 apresenta a relação entre idade, sexo, PIM e PEM. Observou-se correlação
negativa significativa entre a idade e os valores das pressões ventilatórias em ambos os
sexos.
DISCUSSÃO
Este estudo analisou as variações da PIM e PEM em indivíduos idosos, em três
faixas etárias: 60-69, 70-79 e 80-89, sendo que 87% da amostra possuía até 79 anos. O alto
percentual feminino (71,3%) ocorreu aleatoriamente, uma vez que os indivíduos foram
alocados por sorteio e representatividade distrital do município de Porto Alegre. Segundo
Garridoa e cols. (2002), no Brasil, as mulheres idosas representam aproximadamente 55%
da população.
As pressões ventilatórias apresentaram valores mais elevados no sexo masculino em
todas as faixas etárias. É interessante observar que a diferença entre as magnitudes de PIM
de homens e mulheres foi constante ao longo das faixas etárias estudadas. No entanto essa
diferença foi variável nos valores de PEM. Enright e cols (1994), observaram o mesmo
efeito da linearidade das variações na PIM e a oscilação das diferenças entre as PEM
16
.
Os valores encontrados na PIM em ambos os sexos nas três faixas etárias estão em
consonância com os resultados publicados por Enright e cols. (1994). No entanto, em
relação à PEM observou-se um aumento de aproximadamente 65% nos valores em todas as
faixas etárias. Todavia, o tamanho amostral do estudo citado no grupo em que foi mensurado
a PEM é menor que no grupo da PIM, em algumas faixas etárias esta diferença é de quase 3
vezes. Também é importante ressaltar que a mensuração das pressões ventilatórias foi
realizada por manovacuometria analógica que reduz a acurácia das mensurações
16
.
31
Diversos autores mediram as pressões ventilatórias máximas em pessoas saudáveis
pertencentes a diferentes faixas etárias, na tentativa de estabelecer os valores de referência.
No entanto, os diversos procedimentos utilizados para seleção das amostras, o pequeno
tamanho de algumas amostras e a diferença de equipamentos e técnica, justificam a
variabilidade dos resultados publicados
11, 12,13
.
Vários estudos que previamente apresentam os valores de PIM e PEM utilizaram
manovacuômetro analógico, o que limita a aferição dos resultados
10,14
. Segundo Hautmann
e cols. (2000), o coeficiente de variação intra-sujeitos, mesmo não sendo testado por muitos
autores, é descrito como sendo alto, em torno de 7±10%
12
. Na presente pesquisa, foi
utilizado um manovacuômetro digital, possibilitando a captação do resultado em tempo real
e registro em meio magnético. As fortes correlações observadas (Tab. 4 e 5) apresentaram
baixo coeficiente de variação intra-indivíduo e demonstraram que a reprodutibilidade, a
fidedignidade do protocolo experimental e o equipamento utilizado foram adequados.
A repetição das manobras parece afetar menos o sexo masculino do que o sexo
feminino, tendo em vista que, nos homens, apenas a primeira medida foi menor do que as
demais. Nas mulheres observou-se aumento da PEM a cada repetição e, na PIM apenas na
primeira e na segunda tentativa. Kim e cols. (2005) afirmaram que os resultados de um
treinamento de força da musculatura ventilatória são uma combinação de adaptações
centrais (neurais) e periféricas (musculares). As adaptações mais rápidas estão relacionadas
com os neurônios motores e recrutamento de fibras musculares. A explicação para as
adaptações neurais são complexas e permanecem parcialmente entendidas. No entanto,
estudos de registro de eletromiografia de superfície têm provido evidências indiretas de
adaptações da ativação neural voluntária máxima
17
.
32
O efeito do aprendizado da primeira para a quarta manobra de PIM no sexo
masculino foi aproximadamente 17% maior. Este resultado é semelhante aos achados de
Larson e cols. (1993) que, em um estudo com homens e mulheres com Doença Pulmonar
Obstrutiva crônica, encontraram o mesmo coeficiente de variação em relação a primeira e a
quarta medida e diferença significativa apenas entre a primeira e a segunda medidas
13
.
As correlações entre idade, PIM e PEM foram significativas tanto no sexo masculino
(r = -0,3; P<0,01; r = -0,3; P<0,03;) quanto no feminino (r = -0,3; P<0,001 para ambos).
Nedder e cols. (1999) também encontraram correlação negativa entre idade e valores de PIM
e PEM no sexo masculino (r=-0,8 e -0,81) e no feminino (r=-0,5 e -0,6). Entretanto, a
amplitude de idade utilizada no estudo foi de 60 anos para ambos os sexos, enquanto que
90% da amostra do presente estudo apresentou amplitude de 20 anos. A diferença das
pressões ventilatórias negativas e positivas relacionando-se indivíduos jovens e idosos é
maior do que entre indivíduos da mesma faixa etária, uma vez que a perda de massa
muscular é mais acentuada em indivíduos idosos
8, 9, 15
.
A redução do trofismo dos músculos ventilatórios, bem como o declínio da
capacidade de gerar trabalho com o mesmo vel de estimulação neural, está associada com
o processo de envelhecimento. O aumento da complacência do compartimento abdominal
em idosos pode dissipar a pressão gerada, principalmente na força expiratória, reduzindo a
pressão estática máxima
16, 17
.
CONCLUSÃO
33
As pressões ventilatórias são maiores no sexo masculino. A PIM masculina não
sofreu decréscimo ao longo das três décadas estudadas, enquanto que, a PEM masculina e as
pressões ventilatórias femininas apresentaram redução entre as faixas etárias.
A primeira medida das pressões ventilatórias é menor que as subseqüentes e no sexo
masculino parece ocorrer um platô após essa medida. As mensurações realizadas
apresentaram alta confiabilidade e reprodutibilidade, e de forma geral as pressões
ventilatórias apresentam uma correlação negativa com o envelhecimento.
Este estudo apresenta algumas limitações, tais como: tamanho amostral masculino
reduzido e menor número de pessoas na faixa etária dos 80 90 anos.
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34
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35
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rehabilitation of the elderly: Tutorial. Journal of rehabilitation Research &
Development. 2005, March/April; 42(02), 211-224.
36
Tabela 1. Distribuição da Idade dos indivíduos da amostra.
N
Sexo
N/sexo
%
Idade
EP
P
60-70
256
masculino
67
26,2
63,7
0,3
0,3
feminino
189
73,8
64,2
0,2
70-79
187
masculino
61
32,6
73,9
0,4
0,7
feminino
126
67,4
74,1
0,3
80-90
66
masculino
18
27,2
84,3
1
0,7
feminino
48
72,7
83,9
0,5
Total
509
masculino
146
28,7
70,5
0,6
0,7
feminino
363
71,3
70,2
0,4
37
Tabela 2. Comparação da PIM e PEM masculina e feminina por faixa etária.
Sexo
N
Média
1
Erro
padrão
Intervalo de Confiança
(95%)
P
Inferior
Superior
Faixa Etária
60-69
PIM
Masc.
58
82,02
4,29
73,43
90,59
0,001
Fem.
145
61,85
2,07
57,75
65,94
PEM
Masc.
58
117,45
5,15
107,13
127,75
0,001
Fem.
146
80,75
2,16
76,48
85
Faixa Etária
70-79
PIM
Masc.
54
71,76
3,89
63,96
79,55
0,001
Fem.
100
50,62
2,14
46,37
54,87
PEM
Masc.
54
96,80
4,86
87,04
106,54
0,001
Fem.
102
67,49
2,82
61,88
73,09
Faixa Etária
80-90
PIM
Masc.
17
70,12
6,21
56,95
83,28
0,001
Fem.
40
49,25
2,81
43,56
54,93
PEM
Masc.
17
104,12
6,32
90,71
117,51
0,001
Fem.
40
58,70
3,73
51,16
66,23
1
Os valores representam as médias máximas de PI e PE
38
Tabela 3. Valores da PIM e PEM em ambos os sexos nas quatro repetições.
Sexo Masculino
Sexo Feminino
Média± EP
IC (95%)
Média± EP
IC (95%)
Inf
Sup
Inf
Sup
1ªPIM
60,45± 2,38
55,73
65,17
48,60±2,15
44,33
52,87
2ªPIM
67,90±2,68
62,61
73,2
42,08±1,97
38,15
46
3ªPIM
69,57±2,53
64,57
74,58
48,10±2,06
44,02
52,18
4ªPIM
70,64±2,61
65,47
75,8
51,57±2,06
44,02
52,18
1ªPEM
93,08±3,15
86,85
99,31
68,11±2,35
63,44
72,77
2ªPEM
97,31±3,34
90,7
103,92
58,50±2,32
53,9
63,11
3ªPEM
98,29±3,27
91,81
104,77
62,70±2,44
57,87
67,54
4ªPEM
102,21±3,37
95,53
108,89
69,51±2,34
64,87
74,16
39
Tabela 4. Correlações entre as mensurações de PIM e PEM masculinas.
*P<0,001
Tabela 5. Correlações entre as mensurações de PIM e PEM femininas.
*P<0,001
Pressão Inspiratória
Pressão Expiratória
1ªPIM
1*
0,87*
0,84*
0,79*
1ªPEM
1*
0,93*
0,9*
0,89*
2ªPIM
0,87*
1*
0,9*
0,89*
2ªPEM
0,93*
1*
0,96*
0,95*
3ªPIM
0,84*
0,9*
1*
0,91*
3ªPEM
0,9*
0,96*
1*
0,96*
4ªPIM
0,79*
0,89*
0,91*
1*
4ªPEM
0,89*
0,95*
0,96*
1*
1ªPI M
2ªPIM
3ºPIM
4ªPIM
1ªPEM
2ªPEM
3ªPEM
4ªPEM
Pressão Inspiratória
Pressão Expiratória
1ªPIM
1*
0,87*
0,84*
0,79*
1ªPEM
1*
0,93*
0,9*
0,89*
2ªPIM
0,87*
1*
0,9*
0,89*
2ªPEM
0,93*
1*
0,96*
0,95*
3ªPIM
0,84*
0,9*
1*
0,91*
3ªPEM
0,9*
0,96*
1*
0,96*
4ªPIM
0,79*
0,89*
0,91*
1*
4ªPEM
0,89*
0,95*
0,96*
1*
1ªPI M
2ªPIM
3ºPIM
4ªPIM
1ªPEM
2ªPEM
3ªPEM
4ªPEM
40
Figura 1. Comparação entre as pressões ventilatórias máximas, entre o sexo masculino e feminino, por faixa
etária (1:PIM fem 60-69>70-79 e 80-90 anos; 2:PIM fem 70-79>80-90 P<0,002; 3:PEM masc 60-69>70-79
P<0,003; 4:PEM masc 60-69>70-79 e 80-90 P<0,001; 5:PEM fem 70-79>80-90 P<0,001).
3
Pressões Ventilatórias por Faixa Etária
0
20
40
60
80
100
120
140
PIM masc PIM fem PEM masc PEM fem
Cm H2O
60-69
70-79
80-90
1
2
4
5
41
Figura 2. Comparação entre as quatro medidas de pressão inspiratória
máxima (PIM) no sexo masculino e feminino (1: PIM masc < 2ª, e 4ª;
2: 1ª PIM fem < 2ª, 3ª e 4ª P<0,001; 3: 2ª PIM fem < P<0,02)
Figura 3. Comparação entre as quatro medidas de pressão expiratória
máxima (PEM) no sexo masculino e feminino (1: 1ª PEM masc < 4ª
P<0,05; 2: 1ª PEM fem < 3ª e 4ª P<0,01; 3: 2ª
PEM fem < 4ª P<0,01).
1
2
3
PIM Masculina e Feminina
0
20
40
60
80
1 2 3 4
Repetições
cmH2O
PIM Masc
PIM Fem
1
2
3
PEM Masculina e Feminina
0
30
60
90
120
1 2 3 4
Repetições
cmH2O
PEM Masc
PEM Fem
42
Correlações entre Idade e PIM e PEM no sexo masculino e feminino
Figura 4. Correlação entre idade e a PIM e PEM no sexo masculino e feminino (PIM masc x idade: r= -0,3 e P
< 0,01; PEM masc x idade: r= -0,3 e P < 0,03; PIM fem x idade: r= -0,3 e P < 0,001; PEM fem x idade: r= -
0,3 e P <0,001).
43
IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O envelhecimento é um processo complexo e dinâmico, desencadeado por um
conjunto de fatores, tanto biológicos quanto ambientais, que têm início em determinada fase
da vida. Neste sentido, estudar as alterações que ocorrem nesse processo é fundamental para
que cada vez mais se conheçam as causas que levam a determinadas deteriorações, na
tentativa de aumentar a longevidade e melhorar a qualidade de vida dos indivíduos idosos.
No sistema ventilatório, essas alterações também acontecem, e são responsáveis pela
redução na força muscular ventilatória. Essas alterações acarretam em redução das pressões
ventilatórias nos idosos.
No presente estudo, foi possível observar que os valores das pressões ventilatórias
masculinas são maiores do que os femininos. Entretanto, o efeito de aprendizado é maior nas
mulheres. A PIM masculina o sofreu decréscimo ao longo das três décadas estudadas,
enquanto que a PEM masculina e as pressões ventilatórias femininas apresentaram redução
entre as faixas etárias. Houve correlação entre o envelhecimento e a redução das pressões
ventilatórias.
44
V. PERSPECTIVAS
Os resultados do presente estudo apontam para as alterações das pressões ventilatórias
em relação à idade e ao efeito do aprendizado pelas quatro repetições da manobra de
manovacuometria. No entanto, algumas questões surgiram que nortearam as perspectivas
deste estudo:
Estudar as variáveis intervenientes que possam estar envolvidas com a PIM e PEM
através da medidas:
o Força de preensão palmar;
o Estratificar por fatores de risco pulmonar (fumo, exposição ambiental);
o Subgrupos de indivíduos portadores de alterações pulmonares (DPOC, asma,
fibrose, etc.);
Pesquisar os mecanismos envolvidos na perda da força muscular, tais como:
o Níveis séricos de vitamina D;
45
VI. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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