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garota. Ela começou a fazer tudo. Está fazendo tudo na minha aula, entendeu?! É a questão do limite.” (fala
da professora Carmem)
“Eu tinha que segurar mesmo, porque se eu não fizesse dessa forma, eu perderia o controle da sala”. (fala da
professora Carmem sobre como se relacionava e colocava limites em uma sala que lecionava n ano de 2007)
“No começo, sabe, umas orientações, umas determinações que não tinham nada a ver. Mas, aí, eles se
entenderam melhor acho, sei lá. A gente está numa relação bacana agora, sabe. Ele [vice-diretor] está
conversando mais com a gente, sempre que ele vem conversar, é de uma maneira mais tranqüila, sem
agressão, né.” (fala da professora Carmem)
“Ai... trabalhar na rede pública é assim: a gente trabalha de acordo com o... o... a administração, né. Cada
vez que muda o prefeito, vem aí, mudança, sabe, e, às vezes, é alguma coisa que estava dando certo, né,
que a gente se empolgou, achou que esse é o caminho, daí desmorona tudo, começa tudo de novo. Isso é
terrível, entendeu? [...]. E a gente percebe que o fracasso, às vezes, da educação pública, está muito ligado a
essa questão”. (fala da professora Carmem sobre as mudanças que acontecem na rede quando ocorre troca
de governo).
“Eu me incluo porque eles me pedem tanta coisa, que eu não tive formação. Então, à medida do possível,
você vai tentando suprir, da forma que você acha que vai conseguir um resultado positivo, entendeu? Então,
é muito, muito, muito complicado isso daí. Eu acho que a gente está à beira do caos” (fala da professora
Carmem sobre o Sistema de Ensino)
“Eu acho que a escola espera que o professor atenda aquilo... É aquela coisa, todo mundo aqui é submisso a
alguém. A escola é submissa à Secretaria da Educação... Não é? Então, no fim a gente acaba pegando,
cumprindo aquelas ordens que vem de cima, como que tem até hoje acontecido [...]. Não tem. Não, porque
eles já são todos autoritário, é aquilo e se você não está contente, você então que vá e procura outra coisa”.
(fala do professor Luiz a respeito de quando não há concordância com o que foi determinado pelas instâncias
superiores).
“Autonomia, ao meu ver, é você ser responsável. Eu tenho que assumir o que acontecer, qualquer coisa, e os
outros têm que respeitar, porque eu fui incumbido daquela missão, então, se foi certa ou errada, eu não me
omiti na hora, da atitude a ser tomada”. (fala do professor Luiz)
“A política, na escola pública, ela é tudo, né? Se você observar, infelizmente, nós não temos uma educação
direcionada, porque a nossa educação é política. Chega um, passa a régua no que o outro fez. Pode ser
bom, pode ser... Ele tira: “vou fazer o meu”. Então, o ato político dele, para ser mostrado, ele não pensa na
escola, na comunidade que ele vai trabalhar, no professor, não existe isso. Ele é, extremamente, visão para a
política. E o professor embarca nessa. Às vezes por pressão da própria instituição, ele tem que embarcar. [...]
Porque, na realidade, você vê, aqui é o final da política educacional, concorda? Como se fosse na base, né.
E que isso, por exemplo, um dia meu diretor me disse exatamente isso: “eles me apertam lá e eu aperto
vocês.” [...] Existe uma pressão política de cima para baixo. Ninguém quer levar a pior, concorda? E de
repente vai para a gente essa pressão política: ”olha eu não quero isso, isso, isso, quero isso, isso, isso”.
Interessante, né? Então, a política ela vem. E, de repente, daqui 4 anos...” (fala da professora Maria)
“Agora mudou, a política é outra, o prefeito mudou, o plano de cargo. Essas três horas saíram da minha
carga horária, precisei diminuir, essas três horas foram para o quê? Foram para fazer reforço de aluno na
escola. Então, quem que fazer curso, faz por conta própria, a rede fornece, mas não é mais remunerado para
fazer esse curso” (fala da professora Sandra sobre a mudança na formação continuada)
“Então as regras vêm lá de cima: é assim que vai ser feito, é assim... Não questionam se é certo, se é errado,
não pedem opinião. Decidem nossa vida. [...] Então, aquele professor que, às vezes, está acostumado a
trabalhar de um jeito, ele não vai saber, vai se atrapalhar e não vai fazer nem uma coisa nem outra. Então, é
cumpra-se, faça-se, e não se preocupa em ouvir quem está envolvido para saber se está certo. Então, têm
vários casos aí, vários ângulos”. (fala da professora Lúcia)
“E o ciclo, também por ser uma organização nova, tem uma fase de adaptação, de adequação entre elas
[professoras] mesmo, das idéias e daquilo que vem imposto. [...] E, ao mesmo tempo que você tenta ser
democrático, muitas vezes você tem que impor algumas coisas, né. Porque não é sempre que o grupo tem
bom senso, não é sempre que o grupo consegue ver a totalidade da escola. Porque, quando você conversa
com o professor, ele tem o domínio da sala dele. O mais pouquinho que ele tenha, às vezes, é do período
que ele trabalha. Agora, o todo escola, ele não tem! E nem tem condição de ter! Ele não está aqui como a
gente fica: ver as diferenças, ver os movimentos, as intenções, que, às vezes, ficam explícitas ou não. Então,
fica, assim, uma coisa complicada!” (fala da vice-diretora Denise)
“Então, tem essas ramificações que a gente precisa, às vezes, consultar sim. Tem coisas que, assim, nem
seriam tão difíceis de tratar na escola. Tudo, mas a gente não tem essa autonomia, não! E o professor passa