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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARING
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A
CENTRO DE CI
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ENCIAS EXATAS
DEPARTAMENTO DE MATEM
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ATICA
PROGRAMA DE P
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OS-GRADUAC¸
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AO EM MATEM
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ATICA
NAYENE MICHELE PITTA PAI
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AO
Conjuntos de Controle e Controlabilidade de Sistemas Bilineares
Maring´a
2009
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“Que for¸ca ´e esta, eu ao sei; tudo o que sei ´e
que existe, e est´a dispon´ıvel apenas quando algu´em
est´a num estado em que sabe exatamente o que
quer, e est´a totalmente determinado a ao desistir
at´e conseguir.”
[ Alexander Graham Bell ]
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Aos que amo.
Agradecimentos
Gostaria de agradecer primeiramente `a Deus pela Sua presen¸ca em minha vida, pela
sa´ude e for¸ca para chegar at´e aqui.
Agrade¸co tamb´em `a minha ae Ozires pela e, amizade e companhia nas madrugadas
de estudo. Ao meu pai Jos´e Carlos, o “Pai˜ao”, que sempre foi meu maior exemplo de
honestidade e perseveran¸ca. Aos meus irm˜aos Juliano, Eudes e Luiza pelo carinho, apoio
e incentivo. Ao Juliano Mendes que acompanhou todo o esfor¸co dispensado desde a
gradua¸ao, perdoando a ausˆencia, sempre incentivando e oferecendo seu amor.
Aos anjos que chamo amigos. Aqueles que mesmo distantes se fazem presentes...
Pessoas com quem dividi as alegrias e tristezas da caminhada. Em especial aos amigos
ˆ
Anderson, Wilian e Rodolfo que me ajudaram a enfrentar as dificuldades e me fizeram
acreditar que sempre vale a pena viver.
`
A todas as pessoas que fizeram e fazem parte
da minha vida, todos os amigos cujos nomes ao foram citados mas que ao igualmente
importantes.
Aos professores do DMA que contribu´ıram para minha forma¸ao acadˆemica e pes-
soal. Em especial aos professores Valdeni e Carla que se fizeram presentes, oferecendo
alegria, preocupa¸ao e principalmente a ao preciosa amizade. Tamem `a Professora e
grande amiga Val´eria Cavalcanti, pessoa maravilhosa que sempre esteve ao nosso lado se
mostrando sens´ıvel `as nossas fraquezas e ajudando de todas as formas poss´ıveis, ofere-
cendo seus conhecimentos, experiˆencia de vida, abra¸co amigo e seu sorriso contagiante.
Tamem aos professores Marcos e Josiney pela paciˆencia e valiosas sugest˜oes, e aos pro-
fessores Paolo Piccione e Jos´e Braga Barros pela aten¸ao e corre¸oes neste trabalho..
Ao Programa de Mestrado, em especial a amiga Lucia, pela aten¸ao e amizade, e
tamem a amiga Silvana pela alegria, bate papos e cafezinhos.
Ao meu grande amigo e orientador Osvaldo, pela excelente orienta¸ao, paciˆencia, por
acreditar que seria poss´ıvel a realiza¸ao deste estudo, al´em de tornar este trabalho uma
agrad´avel experiˆencia sobre a matem´atica e a vida.
`
A CAPES pelo ao importante apoio financeiro.
Resumo
Nesse trabalho estudamos o problema da controlabilidade de um sistema bilinear da
forma ˙x = Ax + uBx, onde A e B ao matrizes em sl(n, R) satisfazendo as condi¸oes
de Jurdjevic e Kupka, sendo u um controle real irrestrito. A abordagem do problema
ser´a feita via teoria de conjunto de controle para oes de semigrupos em variedades
homogˆeneas compactas e, mais particularmente, em variedades Grassmannianas.
Palavras Chaves: Sistemas de Controle; Grupos de Lie; Controlabilidade; Grass-
mannianas; Semigrupos.
Abstract
In this work we studied the problem of the controllability bilinear system of the form
˙x = Ax + uBx, where the A and B are matrices in sl(n, R) satisfying conditions of
Jurdjevic and Kupka, and u is the control, real unrestricted. The approach of the problem
will be made by theory of control set for action of semigroups in compact homogeneous
manifolds and, more particularly, in Grassmannianas manifolds.
Key Words: Control Systems; Lie Groups; Controllability; Grassmannians; Semi-
groups.
Sum´ario
Introdu¸ao 1
1 Conceitos preliminares 4
1.1 Grupos de Lie e
´
Algebras de Lie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Resultados asicos sobre ´algebras de Lie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.3 Aplica¸ao exponencial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.4 Variedades homogˆeneas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2 Variedades Grassmannianas 15
2.1 Descri¸ao Alg´ebrica da Grassmanniana Gr
k
(d) . . . . . . . . . . . . . . . . 15
2.2 A Grassmanniana como Variedade Homogˆenea e compacta . . . . . . . . . 17
2.3 A decomposi¸ao de Bruhat das Grassmannianas em N
β
orbitas . . . . . . . 19
2.4 A Grassmanniana orientada Gr
+
k
(d) e o mergulho no Produto Exterior . . 23
3 Semigrupos e Cones 30
3.1 Semigrupos de grupos de Lie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.2 Subsemigrupos de grupos compactos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.3 Cones associados a semigrupos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
4 Conjunto de Controle 37
4.1 Conceitos asicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
4.2 Conjuntos de controle invariantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
vii
SUM
´
ARIO viii
5 Conjuntos de Controle na variedade de Grassmann 49
5.1 Conjuntos de controle na variedade Grassmanniana . . . . . . . . . . . . . 49
5.2 Tipo parab´olico de um semigrupo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
5.3 Conjuntos de controle e o Produto exterior . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
6 Aplica¸ao de Conjuntos de Controle 56
6.1 Sistemas de controle invariantes `a direita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
6.2 Sistemas induzidos em espa¸cos homogˆeneos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
6.3 A controlabilidade do sistema bilinear sob as condi¸oes de Jurdjevic e Kupka 62
7 Conclus˜ao 69
´
Indice Remissivo 70
Bibliografia 72
Introdu¸ao
O objetivo deste trabalho ´e estudar a controlabilidade de sistemas de controle bilineares
da forma
˙x = (A + uB)x (1)
onde A e B ao matrizes de tra¸co zero e u ´e um controle real irrestrito.
Este problema est´a “longe”de ser resolvido e somente solu¸oes parciais vem sendo
apresentadas. Por exemplo, em [17] ´e mostrado que, no caso de matrizes A e B de ordem
2 × 2, o sistema (1) ´e control´avel se, e somente se, o determinante do colchete [A, B] ´e
negativo.
Uma das situa¸oes mais gerais onde o problema foi resolvido ´e quando:
i) A e B ao matrizes n × n de tra¸co zero;
ii) A ´algebra de Lie gerada por A e B coincide com sl(n, R);
iii) B ´e diagonal com autovalores distintos e ao nulos;
iv) Se A = (a
ij
)
n×n
, enao a
1n
a
n1
< 0.
Estas condi¸oes ao conhecidas como condi¸oes de Jurdjevic e Kupka. Na verdade Jurd-
jevic e Kupka estabeleceram condi¸oes de controlabilidade de (1) na situa¸ao mais geral
de grupos de Lie semisimples que, no caso particular do grupo Sl(n, R) assume a forma
acima descrita.
A referˆencia principal deste trabalho ´e [11], onde San Martin apresenta uma demon-
stra¸ao alternativa dos resultados de Jurdjevic e Kupka, no caso particular Sl(n, R) a
partir da teoria dos conjuntos de controle.
1
SUM
´
ARIO 2
A no¸ao de conjuntos de controle para sistemas de controle surge naturalmente quando
se deseja determinar certos subconjuntos de uma variedade M, onde um ponto qualquer
pode ser atingido a partir de outro por meio de concatena¸oes de trajet´orias de um con-
junto de campos de vetores sobre a variedade M. Este conceito surgiu na d´ecada de 80
nos trabalhos de L. Arnold e W. Kliemann. Nos ´ultimos anos o estudo dos conjuntos de
controle em espa¸cos homogˆeneos vem desempenhando um papel decisivo para o entendi-
mento dos semigrupos de grupos de Lie e este ramo da teoria de Lie teve in´ıcio com os
trabalhos de San Martin em [10].
Este trabalho est´a organizado como segue:
Os conceitos fundamentais da teoria de Lie ao apresentados no primeiro cap´ıtulo.
Introduzimos o conceito de variedade homogˆenea, que em nosso caso, o exemplo de maior
interesse ´e um tipo particular de variedade Flag, a variedade Grassmaniana. Devido a
importˆancia que o conceito de Grassmanniana possui no trabalho, o Cap´ıtulo 2 ´e dedicado
`a apresenta¸ao das propriedades deste objeto que ao essenciais para os nossos objetivos.
A quest˜ao central deste trabalho, que ´e a controlabilidade do sistema bilinear (1)
nas condi¸oes de Jurdjevik e Kupka aparece no cap´ıtulo ??. Descrevemos o etodo de
abordagem do problema, que consiste em considerar o sistema de controle semelhante a
(1) em um grupo de Lie G, que em nosso caso G = Sl(n, R). As trajet´orias do sistema
em R
d
e do sistema no grupo G se relacionam por meio da ao do grupo G em R
d
. O
fato crucial ´e que a controlabilidade do sistema no grupo, implica na controlabilidade do
sistema em R
d
. E para garantir a controlabilidade no grupo, ao fundamentais algumas
propriedades dos conjuntos de controle na Grassmanniana.
No Cap´ıtulo 5 apresentamos as ferramentas que constituem a essˆencia do etodo de
abordagem do problema da controlabilidade do sistema bilinear (1). Estas ferramentas
ao os resultados que garantem a controlabilidade do sistema (1) a partir de propriedades
dos conjuntos de controle invariantes na Grassmaniana.
O conceito de conjunto de controle surge no estudo da ao de semigrupos de Lie
em variedades diferenci´aveis.
´
E portanto, parte da teoria de semigrupos, cujos conceitos
necess´arios para o desenvolvimento do trabalho est˜ao no Cap´ıtulo 3. ao apresentadas
SUM
´
ARIO 3
propriedades de semigrupos e cones asso ciados a semigrupos que ser˜ao necess´arias ao
longo do trabalho. Em seguida, no Cap´ıtulo 4 temos o conceito de conjunto de controle
e algumas propriedades asicas.
Cap´ıtulo 1
Conceitos preliminares
Neste cap´ıtulo ao apresentados conceitos asicos para o desenvolvimento deste trabalho,
como os conceitos de grupos e ´algebras de Lie, aplica¸ao exponencial e variedades ho-
mogˆeneas. Os demais conceitos abordados podem ser consultados em [6] e [9].
1.1 Grupos de Lie e
´
Algebras de Lie
Nesta se¸ao apresentaremos o conceito de grupos e ´algebras de Lie b em como algumas
propriedades asicas destes objetos. Come¸camos definindo grupo e subgrupo de Lie.
Defini¸ao 1.1. Um grupo de Lie ´e uma variedade diferenci´avel de classe C
munida de
uma estrutura de grupo abstrato, na qual a aplicao G × G G dada por (σ, τ) −
στ
1
´e de classe c
.
Defini¸ao 1.2. Dizemos que (H, ϕ) ´e um subgrupo de Lie do grupo de Lie G se:
1. H ´e um subgrupo abstrato de G;
2. ϕ : H G ´e um homomorfismo de grupos abstratos; e
3. (H, ϕ) ´e uma subvariedade de G.
O principal exemplo de grupo de Lie ´e o conjunto Gl(n, R) de todas as matrizes n × n
ao singulares.
4
CAP
´
ITULO 1. CONCEITOS PRELIMINARES 5
A estrutura diferenci´avel de Gl(n, R) ´e herdada de gl(n, R), o conjunto de todas as
matrizes n × n. Como gl(n, R) se identifica naturalmente com R
n
2
, enao gl(n, R) possui
uma estrutura de variedade C
. Sendo o determinante uma fun¸ao cont´ınua tomando
valores em gl(n, R) e assumindo valores reais ent˜ao Gl(n, R) ´e um subconjunto aberto de
R
n
2
e portanto possui uma estrutura de variedade C
. Como as aplica¸oes:
Gl(n, R) × Gl(n, R) Gl (n, R)
(A, B) − AB
e
Gl(n, R) Gl(n, R)
A − A
1
ao diferenci´aveis de classe C
, enao Gl(n, R) ´e um grupo de Lie.
O pr´oximo resultado, cuja demonstra¸ao pode ser encontrada p or exemplo, em [6],
estabelece uma condi¸ao bastante ´util para que um subconjunto de um grupo de Lie seja
um subgrupo de Lie.
Proposi¸ao 1.3. Todo o subgrupo fechado de um grupo de Lie G ´e um subgrupo de Lie
de G.
Vejamos um exemplo de um subgrupo de Lie.
Exemplo 1.4. O grupo linear especial Sl(n, R), que ´e o conjunto de todas as matrizes
n × n de determinante 1, ´e um subgrupo de Lie de Gl(n, R). O grupo ortogonal especial
SO(n, R) = {A Sl(n, R); AA
t
= 1}, onde 1 ´e a matriz identidade n × n, tamb´em ´e um
subgrupo de Lie de Gl(n, R).
Defini¸ao 1.5. Seja G um grupo de Lie e H G um subgrupo de G. Definimos o
centralizador e o normalizador de H em G, respectivamente por:
Z
G
(H) = {x G : xh = hx h H};
N
G
(H) = {x G : xHx
1
= H}.
O centro de G ´e definido por:
Z(G) = {x G : xy = yx y G}.
CAP
´
ITULO 1. CONCEITOS PRELIMINARES 6
A todo grupo de Lie se associa naturalmente um objeto alg´ebrico denominado de
´algebra de Lie. A defini¸ao formal de ´algebra de Lie ´e a seguinte:
Defini¸ao 1.6. Uma ´algebra de Lie g ´e um espco vetorial munido de uma operao
[. , .], denominada colchete, satisfazendo:
1. [. , .] ´e bilinear;
2. [X, X] = 0 para todo X g;
3. [[X, Y ], Z] + [[Y, Z], X] + [[Z, X], Y ] = 0 para todo X, Y, Z g.
A segunda condi¸ao ´e equivalente a [X, Y ] = [Y, X], X, Y g e a terceira condi¸ao
´e conhecida como identidade de Jacobi.
Um dos exemplos mais importantes de ´algebra de Lie ´e o conjunto gl(n, R) munido
do colchete definido por [X, Y ] = XY Y X. Com este mesmo colchete temos outros
exemplos de ´algebras de Lie, como por exemplo, o conjunto das matrizes
n
×
n
de tra¸co
zero, denotado por sl(n, R). Para mais exemplos ver [9].
Defini¸ao 1.7. Uma sub´algebra de Lie h de uma ´algebra de Lie g ´e um subespco ve-
torial de g tal que [X, Y ] h para todo X, Y h. Com a estrutura herdada de g, h ´e
naturalmente uma ´algebra de Lie.
Por exemplo, a ´algebra de Lie sl(d, R) = {X gl(d, R) : trX = 0} ´e uma sub´algebra
de Lie de gl(d, R).
Defini¸ao 1.8. Sejam g uma ´algebra de Lie e h uma sub´algebra de g. O centralizador e
o normalizador de h em g , ao definidos respectivamente como:
Z(h) = {X g : [X, Y ] = 0, para todo Y h}
N(h) = {X g : [X, Y ] h para todo Y h}.
Defini¸ao 1.9. Sejam G e H grupos de Lie. Uma aplicao Ψ : G H ´e um homomor-
fismo de grupos de Lie se Ψ ´e C
e ´e um homomorfismo de grupos abstratos. Se al´em
disso Ψ for um difeomorfismo, ent˜ao dizemos que Ψ ´e um isomorfismo de grupos de Lie
. Neste caso, se tivermos ainda G = H dizemos que Ψ ´e um automorfismo .
CAP
´
ITULO 1. CONCEITOS PRELIMINARES 7
Defini¸ao 1.10. Sejam g e h ´algebras de Lie. Uma transforma¸ao linear Ψ : g h ´e dita
um homomorfismo de ´algebras de Lie se Ψ([X, Y ]) = [Ψ( X), Ψ(Y )] para todo X, Y g.
Se al´em disso Ψ for invert´ıvel, ent˜ao dizemos que Ψ ´e um isomorfismo de ´algebras de Lie.
Neste caso, se tivermos ainda g = h ent˜ao dizemos que Ψ ´e um automorfismo .
Antes de definir ´algebra de Lie, foi dito que, a todo grupo de Lie est´a associada uma
´algebra de Lie. Agora, veremos como ela ´e obtida.
Seja G um grupo de Lie. Dado g G, definimos a transla¸ao a esquerda por g,
l
g
: G G dada por l
g
(h) = gh. Na realidade esta aplica¸ao ´e um difeomorfismo de
G. Um campo vetorial X sobre G ´e dito invariante `a esquerda se dl
g
X = X l
g
para
todo g G. O conjunto de todos os campos invariantes `a esquerda ser´a denotado por g.
Munindo este conjunto com o colchete dado por [X, Y ]
m
(f) = X
m
(Y f) Y
m
(Xf), temos
que g se torna uma ´algebra de Lie (ver [6]) e esta ´e a ´algebra de Lie associada ao grupo
de Lie. Podemos ainda identificar a ´algebra g pelo isomorfismo X X(e) com valores
no espa¸co tangente a G na identidade, obtendo assim uma nova caracteriza¸ao da ´algebra
de Lie de G. A ´algebra de Lie de um grupo de Lie G ´e isomorfa ao espa¸co tangente a G
na identidade. Para maiores detalhes ver [6].
Considere V um espa¸co vetorial. Denotaremos por Gl(V ) o conjunto de todas as
transforma¸oes lineares invert´ıveis de V. Tamem usaremos gl(V ) para indicar o conjunto
das transforma¸oes lineares de V . Assim, definimos:
Defini¸ao 1.11. Se H = Gl(V ), Gl(d, R) ou Gl(d, C) ent˜ao um homomorfismo Ψ : G
H ´e chamado uma representa¸ao do grupo de Lie G .
A seguir ser´a definido o conceito de ao de um grupo de Lie G em uma variedade M.
Este ´e fundamental no estudo dos semigrupos, visto que a maneira natural de definir a
ao do semigrupo ´e como a restri¸ao da ao do grupo de Lie. Esta ao ser´a ´util para
definirmos o conceito de conjunto control´avel e conjunto control´avel invariante.
Defini¸ao 1.12. Sejam G um grupo de Lie e M uma variedade diferenci´avel. Uma ao
de G sobre M ´e uma aplicao ϕ : G × M M satisfazendo:
i) ϕ ´e C
;
CAP
´
ITULO 1. CONCEITOS PRELIMINARES 8
ii) ϕ(e, x) = x para todo x M;
iii) (gh, x) = ϕ(g, ϕ(h, x)), para quaisquer g, h G e x M.
Se ϕ : G × M M ´e uma ao, denotaremos ϕ(g, x) simplesmente por gx, g
G, x M.
Defini¸ao 1.13. Sejam G um grupo de Lie e ϕ : G × M M uma ao. Dizemos que
a ao ´e transitiva se para quaisquer x, y M , existe g G tal que gx = y. Nesse caso
dizemos que G age transitivamente sobre M. Tamb´em dizemos que a ao ´e efetiva se
gx = x para todo x M implicar que g = e.
Consideremos G um grupo de Lie e ϕ : G × M M uma ao. Fixando g G a ao
induz um difeomorfismo ϕ
g
: M M definida por ϕ
g
(x) = ϕ(g, x). Dado um grupo de
Lie G, para qualquer g G est´a definido o automorfismo:
I
g
: G G,
I
g
(x) = gxg
1
chamado conjuga¸ao por g.
Cada aplica¸ao I
g
induz um isomorfismo da ´algebra de Lie de G. Desta forma obte-
mos uma representa¸ao de G em Gl(d, R) pela aplica¸ao que a cada g G associa a
transforma¸ao linear dI
g
. Esta representa¸ao ´e chamada representa¸ao adjunta de G e
denotada por
Ad : G Gl(g)
g → dI
g
(1).
De maneira similar aos grupos de Lie, a cada x g est´a associada uma transforma¸ao
linear
ad(x) : g g
definida por ad(X)Y = [X, Y ]. A representa¸ao adjunta da ´algebra de Lie g ´e a aplica¸ao
ad : g gl(g)
X → ad(X).
CAP
´
ITULO 1. CONCEITOS PRELIMINARES 9
1.2 Resultados asicos sobre ´algebras de Lie
Nosso interesse nesta se¸ao ´e introduzir os conceitos de ´algebras sol´uveis, nilpotentes,
simples e semi-simples, sem fazer um estudo minucioso. Para detalhes e exemplos nos
referimos a [9]. Iniciamos definindo ideais.
Defini¸ao 1.14. Um subespco h de uma ´algebra de Lie g ´e um ideal de g se [X, Y ] h
para todo X g e Y h.
Definimos indutivamente os seguintes subespa¸cos de g:
g
(0)
= g
g
= [g, g]
.
.
.
g
(k)
= [g
(k1)
, g
(k1)
].
Temos que g
(k)
´e um ideal para todo k 0. Assim g
(k+1)
g
(k)
para todo k.
A sequˆencia de ideais definida acima recebe o nome de s´erie derivada de g e cada ideal
´e chamado uma ´algebra derivada de g.
Defini¸ao 1.15. Dizemos que uma ´algebra de Lie g ´e sol´uvel se a sua s´erie derivada se
anula para algum k 0.
Um t´ıpico exemplo de ´algebra sol´uvel ´e o conjunto das matrizes triangulares superiores
n × n.
Defini¸ao 1.16. Uma ´algebra de Lie g ´e dita ab eliana se [X, Y ] = 0 para todo X, Y g.
O conjunto das matrizes diagonais n × n ´e uma ´algebra abeliana, a que o produto de
duas matrizes diagonais sempre comuta. Observemos tamb´em que, as ´algebras abelianas
ao sol´uveis a que, g ´e abeliana se, e somente se, g
= 0.
Afim de introduzir o conceito de ´algebra nilpotente, definimos a seguinte sequˆencia de
ideais de uma ´algebra de Lie g:
g
1
= g
CAP
´
ITULO 1. CONCEITOS PRELIMINARES 10
g
2
= [g, g] = g
.
.
.
g
k
= [g, g
k1
].
A sequˆencia de ideiais definida acima, ´e chamada de eria central descendente . Uma
´algebra de Lie g ´e dita nilpotente se a sua s´erie central descendente se anula para algum
k > 0.
O conjunto das matrizes triangulares superiores com diagonal nula ´e um exemplo de
uma ´algebra nilpotente.
Observao 1.17. Toda ´algebra de Lie nilpotente ´e sol´uvel. No entanto, nem toda
´algebra de Lie sol´uvel ´e nilpotente. Um conhecido contra exemplo ´e o conjunto das
matrizes triangulares superiores, que ´e sol´uvel mas ao ´e nilpotente.
Dada uma ´algebra de Lie g de dimens˜ao finita, existe um ´unico ideal sol´uvel que
conem todos os ideais sol´uveis de g ([1], proposi¸ao 1.28). Definimos este ideal como
sendo o radical sol´uvel de g e o denotamos por r(g), ou simplesmente por r.
Defini¸ao 1.18. Uma ´algebra de Lie g ´e dita simples se:
i) dim( g) > 1;
ii) g ao possui ideais ao triviais.
Uma ´algebra de Lie g ´e dita semi-simples se seu radical sol´uvel ´e nulo, ou seja, se g
ao cont´em ideais sol´uveis al´em de 0.
O item (i) da defini¸ao acima garante a compatibilidade dos conceitos de ´algebras sim-
ples e semi-simples (pois se ao houvesse essa exigˆencia, ´algebras de Lie unidimensionais
seriam simples mas ao ao semi-simples.). Desta forma, com as defini¸oes acima toda
´algebra simples ´e tamem semi-simples.
A ´algebra de Lie sl(n, R) ´e simples e portanto semi-simples.
CAP
´
ITULO 1. CONCEITOS PRELIMINARES 11
1.3 Aplica¸ao exponencial
Mencionamos anteriormente que o primeiro passo para se estudar os grupos de Lie era
construir sua ´algebra de Lie associada. Nesta se¸ao definiremos a aplica¸ao exponencial,
o ente matem´atico respons´avel pelo processo de transferˆencia das propriedades da ´algebra
de Lie para o grupo de Lie. Antes por´em, ´e necess´ario definirmos o conceito de subgrupo
a um parˆametro que ´e dado a seguir.
Defini¸ao 1.19. Dado um grupo de Lie G chamaremos qualquer homomorfismo ϕ :
(R, +) G de subgrupo a um parˆametro de G .
Foi provado no teorema 3.27 de [6] que dados dois grupos de Lie G e H, com G sim-
plesmente conexo, se ψ : g h ´e um homomorfismo enao existe um ´unico homomorfismo
ϕ : G H tal que (1) = ψ.
Como a ´algebra de Lie de um grupo de Lie ´e o espa¸co tangente na identidade ent˜ao a
´algebra de Lie de R ´e dada pelos campos de vetores constantes {λ
d
dr
: λ R}. Para cada
X g definimos o homomorfismo entre a ´algebra de Lie de R e g por
λ
d
dr
− X
Sendo a reta real simplesmente conexa, temos que existe um ´unico subgrupo a um
parˆametro exp
X
: R − G tal que
d(exp
X
(λ
d
dr
)) = λX.
Dito em outras palavras, a aplica¸ao definida por t − exp
X
(t) ´e o ´unico subgrupo
a um parˆametro de G cujo vetor tangente em 0 ´e X(e). Enao definimos a aplicao
exponencial por
exp : g G
considerando exp(X) = exp
X
(1).
Desta forma, temos aqui o respons´avel por transportar algumas propriedades da
´algebra de Lie para o grupo de Lie. O pr´oximo exemplo justifica a terminologia de
exponencial.
CAP
´
ITULO 1. CONCEITOS PRELIMINARES 12
Exemplo 1.20. Seja G = Gl(n, R). Enao g = gl(n, R) e a aplica¸ao exponencial ´e dada
pela exponencial de matrizes, isto ´e, se X gl(n, R) enao
exp(X) = 1 + X +
X
2
2!
+ . . .
X
n
n!
+ . . .
A rela¸ao existente entre a exponencial e as representa¸oes adjuntas de um grupo e
sua ´algebra de Lie ´e dada por
exp(ad(X)) = Ad(exp(X)).
Assim temos que o seguinte diagrama comuta
G
Ad
//
Aut(g)
g
exp
OO
ad
//
End(g)
exp
OO
e,
exp(Ad
g
X) = I
g
(exp X).
1.4 Variedades homogˆeneas
Nesta se¸ao apresentamos o conceito de variedade homogˆenea, que constituem uma im-
portante classe de variedades. Assim como antes, G denotar´a um grupo de Lie e H um
subgrupo fechado de G. Ao conjunto quociente G/H pode ser dada uma ´unica estrutura
de variedade, exigindo que a proje¸ao canˆonica π : G G/H, definida por π(g) = gH seja
uma aplica¸ao C
. Nesta estrutura, um subconjunto U de G/H ´e aberto se, e somente
se, π
1
(U) ´e um aberto em G.
Defini¸ao 1.21. As variedades da forma G/H, com estrutura diferenci´avel conforme
acima, ao ditas variedades homogˆeneas .
Dada uma ao ϕ : G × M M do grupo de Lie G sobre uma variedade M, fixemos
m
0
M e definimos H = {g G : gm
0
= m
0
}. Sendo H um subgrupo fechado de G,
H ´e chamado subgrupo de isotropia em m
0
. No caso da ao ser transitiva, a aplica¸ao
τ : G/H M definida por τ(gH) = gm
0
´e um difeomorfismo. Um importante fato
CAP
´
ITULO 1. CONCEITOS PRELIMINARES 13
obtido deste resultado ´e que toda variedade M, que possui um grupo de difeomorfismos
que age transitivamente na mesma, ´e difeomorfa a uma variedade homogˆenea.
Exemplo 1.22. (Variedades “Flags”) Dada uma sequˆencia de inteiros s = (k
1
, k
2
, . . . , k
r
),
com 1 k
1
< k
2
< . . . < k
r
n, a variedade “flag” real F
n
(s) ´e o conjunto de todos os
“flags” V
1
V
2
. . . V
r
de subespa¸cos de R
n
, com dim V
j
= k
j
, j = 1, 2, . . . , r. Temos
uma ao natural
ϕ : Sl(n, R) × F
n
(s) F
n
(s)
do grupo Sl(n, R) na variedade “flag” F
n
(s) definida como segue: Se g Sl(n, R) e
(V
1
V
2
. . . V
r
) F
n
(s) , enao
ϕ(g, (V
1
V
2
. . . V
r
)) = (gV
1
gV
2
. . . gV
r
).
Note que a aplica¸ao V
i
→ gV
i
leva cada subespa¸co de dimens˜ao k
i
de R
n
em um sube-
spa¸co de mesma dimens˜ao. Al´em disso, se V
i
V
j
enao gV
i
gV
j
e esta ao ´e tran-
sitiva. Para ver isto consideremos a base canˆonica do R
n
e associamos o “flag” canˆonico
f
β
0
= (< e
1
, . . . , e
k
1
>= V
1
, . . . < e
1
, . . . , e
k
r
>= V
r
). Consideremos tamb´em um
flag” arbitr´ario f
β
= (W
1
. . . W
r
). Escolhemos uma base {u
1
, . . . , u
n
} com
a mesma orienta¸ao da base canˆonica, adaptada a f
β
,no sentido que {u
1
, . . . , u
k
1
}
W
1
, . . . , {u
k
r1
+1
, . . . , u
k
r1
+p
= kr} W
r
. Definimos a aplica¸ao linear g
: R
n
R
n
dada por, g
(e
i
) = f
i
. Claramente g
(f
β
0
) = f
β
. Como g
´e injetora enao tamb´em ´e so-
brejetora, e portanto ´e um isomorfismo. Assim det g
= 0. Se det g
= 1, ent˜ao det g
> 0
logo tomando g =
1
(det g
)
1
/n
g
temos que det g = 1 e gf
β
0
= f
β
. Agora, vamos calcular o
subgrupo de isotropia no elemento f
β
0
. Seja g Sl(n, R) e consideremos o produto de g
pelos elementos e
1
, . . . , e
k
1
V
1
. Temos que
a
11
a
12
. . . a
1k
1
. . . a
1n
a
21
a
22
. . . a
1k
1
. . . a
2n
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
a
k
1
1
a
k
1
2
. . . a
k
1
k
1
. . . a
k
1
n
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
a
n1
a
n2
. . . a
nk
1
. . . a
nn
1
0
.
.
.
0
.
.
.
0
=
a
11
a
21
.
.
.
a
k
1
1
.
.
.
a
n1
= a
11
e
1
+ . . . + a
k
1
1
e
k
+ . . . + a
nn
e
n
V
1
CAP
´
ITULO 1. CONCEITOS PRELIMINARES 14
.
.
.
a
11
a
12
. . . a
1k
1
. . . a
1n
a
21
a
22
. . . a
1k
1
. . . a
2n
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
a
k
1
1
a
k
1
2
. . . a
k
1
k
1
. . . a
k
1
n
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
a
n1
a
n2
. . . a
nk
1
. . . a
nn
0
0
.
.
.
1
.
.
.
0
=
a
1k
1
a
2k
1
.
.
.
a
k
1
k1
.
.
.
a
nk
1
= a
1k
1
e
1
+ . . . + a
k
1
k
1
e
k
+ . . . + a
nk
1
e
n
V
1
Aplicando o mesmo racioc´ınio para V
2
, . . . , V
r
conclu´ımos que, para fixar todos os espa¸cos
V
1
, V
2
, . . . , V
r
a matriz g tem que ter a forma
A
1
A
2
.
.
.
0 A
k
onde A
i
´e uma matriz quadrada (k
i
k
i1
) × (k
i
k
i1
). Denotando por P
s
o subgrupo
fechado de Sl(n, R) das matrizes desta forma temos uma aplica¸ao, injetora e sobrejetora
σ da variedade homogˆenea Sl(n, R)/P
s
no conjunto F
n
(s) definida por σ(gP
s
) = ϕ(g, f
β
).
Finalmente, dotamos F
n
(s) de uma estrutura de variedade diferenci´avel exigindo que esta
aplica¸ao seja localmente um difeomorfismo.
Quando a sequˆencia s ´e dada por (1, 2, ..., n) dizemos que F
n
(s) ´e uma “Flag” maximal
. Casos particulares de variedades Flags” ao as Grassmannianas Gr
k
(n) = F
n
(k) que
ao constitu´ıdas por subespa¸cos k-dimensionais de R
n
e o espa¸co projetivo real RP
n1
=
Gr
1
(n), que ´e o espa¸co das dire¸oes em R
n
.
Cap´ıtulo 2
Variedades Grassmannianas
Neste cap´ıtulo nossa aten¸ao est´a voltada para o estudo das variedades Grassmannianas,
um dos elementos que possibilitar´a a obten¸ao dos resultados principais do nosso tra-
balho. Iniciamos o cap´ıtulo com uma breve apresenta¸ao da Variedade de Grassmann
dos subespa¸cos de dimens˜ao k, al´em de apresentar uma descri¸ao alg´ebrica para esta var-
iedade. Na se¸ao 2 veremos que a Grassmanniana ´e uma variedade homogˆenea compacta,
o que ´e essencial para existˆencia de conjunto de controle a ser introduzido no cap´ıtulo
4. A decomposi¸ao de Bruhat ´e fundamental para a an´alise da ao de matrizes diago-
nais na Grassmanniana, assim a se¸ao 3 ser´a dedicada a este estudo. Na quarta se¸ao
estudaremos a ao de um elemento “split regular”nesta variedade e por esta raz˜ao nosso
interesse est´a voltado para a Grassmanniana orientada Gr
+
k
(d), que pode ser mergulhada
no produto exterior Λ
k
R
d
. Tamem, por este motivo, ao apresentados alguns resultados
asicos sobre o produto exterior.
2.1 Descri¸ao Alg´ebrica da Grassmanniana Gr
k
(d)
Apresentamos nesta se¸ao uma representa¸ao alg´ebrica das Grassmannianas. Esta rep-
resenta¸ao ´e obtida pela correspondˆencia que existe entre as classes de equivalˆencia em
B
k
(d), o conjuntos das matrizes d × k de posto k, e Gr
k
(d), a Grassmanniana de sube-
spa¸cos de dimens˜ao k em R
d
.
Iniciamos com a defini¸ao da Variedade de Grassmann de subespa¸cos de dimens˜ao k em
R
d
.
Defini¸ao 2.1. Para (1 k < d), definimos “variedade de Grassmann dos subespcos
15
CAP
´
ITULO 2. VARIEDADES GRASSMANNIANAS 16
de dimens˜ao k por:
Gr
k
(d) = {S : S ´e subespco de dimens˜ao k em R
d
}.
´
E claro que podemos considerar um espa¸co vetorial arbitr´ario ao inv´es de R
d
. No
entanto, para os prop´ositos deste trabalho, ser´a suficiente considerar o espa¸co euclidiano
R
d
. Com o intuito de obter uma descri¸ao alg´ebrica para a Grassmannianas fixemos uma
base β = {u
1
, . . . , u
d
} de R
d
. Sejam v
1
= α
11
u
1
+ . . . + α
d1
u
d
, . . ., v
k
= α
1k
u
1
+ . . . + α
dk
u
d
k vetores L.I.. Assim, ao conjunto desses k vetores fica associada uma matriz d × k da
forma
α
11
. . . α
1k
.
.
.
.
.
.
.
.
.
α
d1
. . . α
dk
cujo posto ´e igual a k. Reciprocamente, a toda matriz d × k de posto k fica associado
um conjunto de k-vetores LI de R
d
.
´
E claro que esta associa¸ao ao ´e biun´ıvoca. Para
resolver este problema denotamos por B
k
(d) o conjunto de todas as natrizes d × k de
posto igual a k.
No conjunto B
k
(d) definimos a seguinte rela¸ao:
η ξ a Gl(k, R) tal que η = ξa. (2.1)
Isto define uma rela¸ao de equivalˆencia em B
k
(d).
Notemos ainda que, duas matrizes ξ, η B
k
(d) definem o mesmo subespa¸co k-dimensional
se, e somente se, as colunas de ξ ao combina¸oes lineares das colunas de η. Assim,
matrizes ξ e η que est˜ao na mesma classe de equivalˆencia em B
k
(d), definem o mesmo
subespa¸co k-dimensional. Enao existe uma correspondˆencia um-a-um entre o conjunto
das classes de equivalˆencia em B
k
(d) e a Grassmanniana Gr
k
(d), que a cada classe ξ em
B
k
(d), associa o subespa¸co k-dimensional gerado pelos vetores coluna de ξ.
Desta forma Gr
k
(d) se identifica naturalmente com o conjunto quociente B
k
(d)/ , e
desta correspondˆencia temos uma descri¸ao alg´ebrica das Grassmannianas.
CAP
´
ITULO 2. VARIEDADES GRASSMANNIANAS 17
2.2 A Grassmanniana como Variedade Homogˆenea e
compacta
Na se¸ao anterior identificamos a Grassmanniana Gr
k
(d) como classes de equivalˆencia de
matrizes d × k de posto k. Nesta se¸ao abordaremos a estrutura diferenci´avel. Para isto
consideremos a ao natural de Sl(d, R) em Gr
k
(d) definida por
ϕ : Sl(d, R) × Gr
k
(d) Gr
k
(d)
(g, ξ) − gξ = gξ.
Veja que esta ao est´a bem definida pois, em B
k
(d) temos ξ η ξ = ηa para
algum a Gl(k, R) e se ξ η enao ξ = η. Desta maneira
gξ = gξ = gηa = gη = gη.
Em termos da descri¸ao dos subespa¸cos k-dimensionais como classes de equivalˆencia
em B
k
(d), a ao ϕ ´e a multiplica¸ao de uma matriz g (d × d) por uma matriz ξ de ordem
(d × k).
Como vimos no exemplo 1.22, o grupo de isotropia, que denotaremos por H
k
, ´e o grupo
das matrizes d × d, que em alguma base ao escritas como blocos diagonais de ordem k e
(d k), ou seja, Gr
k
(d) pode ser identificada com a variedade homogˆenea Sl(d, R)/H
k
, o
que denotaremos por
Gr
k
(d) =
Sl(d, R)
H
k
. (2.2)
Consideremos agora a ao do grupo ortogonal O(d, R) na grassmanniana Gr
k
(d)
definida por
φ : O(d, R) × Gr
k
(d) Gr
k
(d)
(g, ξ) − gξ = gξ.
Esta ao ´e transitiva. De fato, tomando ξ, η Gr
k
(d), queremos mostrar que existe
g O(d, R) tal que ξ = gη. O subespa¸co ξ pode ser representado por uma matriz d×k, de
posto k, cujas colunas formam uma base para este subespa¸co. Completando essa matriz
CAP
´
ITULO 2. VARIEDADES GRASSMANNIANAS 18
at´e uma matriz d × d e ortonormalizando-a pelo processo de Gram-Schmidt, temos que
a matriz obtida ξ pertence ao grupo ortogonal O(d, R). Realizando este mesmo processo
com a matriz d × k que representa η, a matriz obtida η tamb´em pertence a O(d, R).
Como O(d, R) ´e um grupo, existe uma matriz γ O(d, R) (a saber, γ = ξη
1
) tal que
ξ = γη. Um fato importante, que garante que as matrizes ξ, η O(d, R) representam
os subespa¸cos ξ, η Gr
k
(d), respectivamente, ´e que pelo processo de ortonormaliza¸ao
de Gram-Schmidt, a partir da base {u
1
, . . . , u
k
, . . . , u
d
} obtemos uma base ortonormal
{v
1
, . . . , v
k
, . . . , v
d
}, e as bases {u
1
, . . . , u
k
} e {v
1
, . . . , v
k
} geram o mesmo subespa¸co.
Sendo ξ
0
Gr
k
(d) o subespa¸co gerado pelos k primeiros vetores da base canˆonica de
R
d
, vamos calcular o subgrupo de isotropia de ξ
0
, para esta ao, o qual denotaremos por
H
0
.
Para isto, procuramos as matrizes ortogonais d × d
h
0
=
A
k×k
B
k×(dk)
C
(dk)×k
D
(dk)×(dk)
tais que se
X
k×1
0
(dk)×1
ξ
0
enao
A
k×k
B
k×(dk)
C
(dk)×k
D
(dk)×(dk)
X
k×1
0
(dk)×1
=
Y
0
ou seja,
AX
CX
=
Y
0
para todo X
k×1
, donde a podemos concluir que C = 0. Al´em disso, como h
0
´e ortogonal
vale que
A
k×k
B
k×(dk)
0
(dk)×k
D
(dk)×(dk)
A
T
k×k
0
k×(dk)
B
T
(dk)×k
D
T
(dk)×(dk)
= Id
d×d
Disso temos que, B = 0, A O(k, R) e D O(d k, R). Portanto o subgrupo de
isotropia de ξ
0
´e
CAP
´
ITULO 2. VARIEDADES GRASSMANNIANAS 19
H
0
=
A
k×k
0
k×(dk)
0
(dk)×k
D
(dk)×(dk)
A O(d, R) e D O(d k, R)
.
Logo, Gr
k
(d) ´e difeormorfa a O(d, R)/H
0
. Ainda, como a dimens˜ao de H
0
´e (1/2)(n
2
2nk n 2k
2
), enao dim Gr
k
(d) = k(d k).
A pr´oxima observao ser´a relevante quando formos fazer a an´alise da dinˆamica da
ao de Sl(d, R) em Gr
k
(d), no sentido que gb = gmb, g Sl(d, R), onde m H
k
.
Observao 2.2. Sejam a, b Sl(d, R). Se aH
k
= bH
k
enao a = b = mb.
De fato, temos que
aH
k
= bH
k
ab
1
H
k
a = mb (2.3)
Assim, pela hip´otese e por (2.2) temos que b = a = mb
Vejamos agora a decomposi¸ao de Bruhat das Grassmannianas, que ser´a relevante
para a an´alise da ao de matrizes diagonaliz´aveis nas Grassmannianas.
2.3 A decomposi¸ao de Bruhat das Grassmannianas
em N
β
orbitas
Tomando uma base β = {e
1
, . . . , e
d
} de R
d
, denotamos por N
β
o grupo nilp otente das
aplica¸oes lineares cujas matrizes, com respeito a base β, ao triangulares inferiores com
1
s na diagonal principal. A decomposi¸ao de Bruhat ´e a decomposi¸ao de Gr
k
(d) em
N
β
orbitas, onde o n´umero de ´orbitas ´e finito. As ´orbitas ao dadas por N
β
ξ, sendo ξ o
subespa¸co k-dimensional gerado por um conjunto de k elementos da base β. Dentre estas
N
β
orbitas existe exatamente uma que ´e aberta e densa, e que denotamos por N
β
ξ
0
, onde
ξ
0
´e o subespa¸co gerado pelos primeiros k elementos da base β.
Em termos da representa¸ao de subespa¸cos como matrizes d × k, a ´orbita aberta
corresponde a uma matriz da forma
1
x
, onde 1 indica a matriz identidade k × k e x
uma matriz arbitr´aria (d k) × k.
ao faremos as demonstra¸oes dos fatos acima citados. Para detalhes consultar [11]
e [14]. No entanto faremos, como ilustra¸ao, um estudo detalhado da decomposi¸ao de
Bruhat da Grassmanniana Gr
2
(3).
CAP
´
ITULO 2. VARIEDADES GRASSMANNIANAS 20
Exemplo 2.3. Consideremos a ao de Sl(3, R) sobre Gr
2
(3) dada por
ϕ : Sl(3, R) × Gr
2
(3) Gr
2
(3)
(g, ξ) − gξ = gξ.
Seja β = {e
1
, e
2
, e
3
} a base canˆonica de R
3
e tomemos o elemento ξ
0
Gr
2
(3) repre-
sentado por
ξ
0
=
1 0
0 1
0 0
,
subespa¸co gerado por {e
1
, e
2
}. O subgrupo de isotropia H
2
neste elemento ´e o subconjunto
das matrizes de Sl(3, R) da forma
x
11
0 x
13
0 x
22
x
23
0 0 x
33
.
Desta forma Gr
2
(3) ´e difeomorfa a Sl(3, R)/H
2
, sendo o difeomorfismo dado por
γ : Sl(3, R)/H
2
Gr
2
(3)
gH
2
− gξ
0
Via este difeomorfismo o elemento H
2
Sl(3, R)/H
2
´e identificado com o plano
ξ
0
=
1 0
0 1
0 0
.
Temos que N
β
=
1 0 0
a 1 0
b c 1
; a, b, c R
e as c´elulas N
β
ξ
i
ao:
N
β
ξ
0
=
1 0 0
a 1 0
b c 1
1 0
0 1
0 0
; a, b, c R
=
1 0
a 1
b c
; a, b, c R
N
β
ξ
1
=
1 0 0
a 1 0
b c 1
1 0
0 0
0 1
; a, b, c R
=
1 0
a 0
b 1
; a, b, c R
N
β
ξ
2
=
1 0 0
a 1 0
b c 1
0 0
1 0
0 1
; a, b, c R
=
0 0
1 0
b 1
; a, b, c R
CAP
´
ITULO 2. VARIEDADES GRASSMANNIANAS 21
As outras elulas coincidem com uma destas trˆes como subconjuntos de Gr
2
(3). Note
ainda que N
β
ξ
0
=
1
x
, onde 1 ´e a matriz identidade 2 × 2 e x ´e uma matriz arbitr´aria
1 × 2, logo esta ´e a c´elula aberta e densa de Gr
2
(3).
Para termos uma vis˜ao geom´etrica das c´elulas da decomposi¸ao de Bruhat de Gr
2
(3),
vamos identific´a-las na esfera unit´aria contida no semiespa¸co y 0, identificando cada
plano com seu vetor normal.
N
β
ξ
0
´e identificada com a calota menos o seu bordo;
N
β
ξ
1
´e identificada com o bordo menos os pontos (1, 0, 0) e (1, 0, 0);
N
β
ξ
2
´e identificada com os pontos (1, 0, 0) e (1, 0, 0).
Deste modo temos que Gr
2
(3) = N
β
ξ
0
N
β
ξ
1
N
β
ξ
2
. A figura abaixo destaca cada
uma das trˆes elulas da decomposi¸ao de Bruhat de Gr
2
(3).
Figura 2.1: C´elulas da decomposi¸ao de Bruhat de Gr
2
(3)
Agora vamos definir o conceito de elemento “split regular”, assim poderemos definir
o conceito de um atrator em uma N
β
orbita e variedades est´aveis.
Defini¸ao 2.4. Um elemento h Sl(d, R) ´e chamado “split regular” se seus auto-
valores ao positivos e distintos, ou seja, em alguma base β, h ´e escrito como h =
diag{λ
1
, . . . , λ
d
}, onde λ
1
> . . . > λ
d
> 0.
Seja h um elemento “split regular”. Se h
m
(
0
) = h
m
nh
m
ξ
0
ξ
0
quando m
para todo n N
β
, diremos que ξ
0
´e um atrator de N
β
ξ
0
para h, ou ainda que, N
β
ξ
0
´e a
variedade est´avel de ξ
0
.
CAP
´
ITULO 2. VARIEDADES GRASSMANNIANAS 22
Vejamos agora que as variedades est´aveis ao justamente as N
β
orbitas. Para isso
tome n N
β
da forma n =
1
1
.
.
.
.
.
.
.
.
.
. . . 1
e h = diag{λ
1
, λ
2
, . . . , λ
d
}. Temos que
λ
m
1
λ
m
2
.
.
.
λ
m
d
1
1
.
.
.
.
.
.
.
.
.
. . . 1
λ
m
1
λ
m
2
.
.
.
λ
m
d
=
λ
m
1
λ
m
2
λ
m
2
.
.
.
.
.
.
.
.
.
λ
m
d
λ
m
d
λ
m
d
λ
m
1
λ
m
2
.
.
.
λ
m
d
=
λ
m
1
(λ
m
2
1
)
m
1
.
.
.
.
.
.
.
.
.
(λ
d
1
)
m
(λ
d
2
)
m
λ
m
d
Como λ
1
> . . . > λ
d
> 0, ent˜ao λ
i
j
< 1 para i > j, e assim (λ
i
j
)
m
0 quando
m . Logo temos que h
m
nh
m
1 quando m .
Sendo assim, para um subespa¸co ξ gerado por k vetores da base de R
d
, temos que
h
m
= h
m
n(h
m
ξ) = (h
m
nh
m
)ξ ξ quando m
ou seja, h
m
deixa ξ fixo.
No caso do subespa¸co gerado pelos primeiros k vetores da base,
ξ
0
=
1 0 . . . 0
0 1 . . . 0
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
0 0 . . . 1
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
0 0 . . . 0
,
temos que, se η N
β
ξ
0
a c´elula aberta e densa, ent˜ao η =
0
com n N
β
. Assim,
h
m
η = h
m
0
= h
m
nh
m
ξ
0
ξ
0
,
para qualquer η na elula aberta e densa.
CAP
´
ITULO 2. VARIEDADES GRASSMANNIANAS 23
Vejamos no caso particular de Gr
2
(3), qual ´e a variedade est´avel para
ξ
0
=
1 0
0 1
0 0
.
Exemplo 2.5. Sendo G = Gr
2
(3) e h = diag{λ
1
, λ
2
, λ
3
} com λ
1
> λ
2
> λ
3
> 0, tomemos
V N
β
ξ
0
dada no exemplo 2.3 por
1 0
a 1
b c
.
Enao V = (1, a, b), (0, 1, c) para a, b, c R. Se m Z
+
, temos que
h
m
=
λ
m
1
λ
m
2
λ
m
3
e
V =
1/(λ
m
1
).1 1/(λ
m
2
).0
1/(λ
m
1
).a 1/(λ
m
2
).1
1/(λ
m
1
).b 1/(λ
m
2
).c
=
1/(λ
m
1
) 0
a/(λ
m
1
) 1/(λ
m
2
)
b/(λ
m
1
) c/(λ
m
2
)
.
Assim,
h
m
V =
λ
m
1
λ
m
2
λ
m
3
1/(λ
m
1
) 0
a/(λ
m
1
) 1/(λ
m
2
)
b/(λ
m
1
) c/(λ
m
2
)
=
(λ
1
1
)
m
0
a(λ
2
1
)
m
(λ
2
2
)
m
b(λ
3
1
)
m
c(λ
3
2
)
m
.
Deste modo, fazendo m , temos que
h
m
V
1 0
0 1
0 0
= ξ
0
.
Logo ξ
0
´e o atrator de N
β
ξ
0
para h. Portanto N
β
ξ
0
´e a variedade est´avel para ξ
0
.
2.4 A Grassmanniana orientada Gr
+
k
(d) e o mergulho
no Produto Exterior
Nesta se¸ao estamos interessados em analisar o mergulho da Grassmanniana orientada
Gr
+
k
(d) no produto exterior Λ
k
R
d
. Entre outras vantagens, isto nos permite uma vis˜ao
CAP
´
ITULO 2. VARIEDADES GRASSMANNIANAS 24
geom´etrica da variedade Grassmanniana. Isto ´e feito identificando os elementos da Grass-
manniana orientada Gr
+
k
(d) com os elementos da esfera unit´aria no produto exterior Λ
k
R
d
.
Para isto primeiramente introduzimos o conceito do produto exterior. Em toda esta se¸ao
E e F denotam espa¸cos vetoriais de dimens˜ao finita.
Defini¸ao 2.6. Dado um espco vetorial E, uma aplicao ϕ : E × . . . × E F ,
definida no produto cartesiano de k fatores iguais a E, diz-se k-linear quando ´e linear em
cada uma de suas entradas. Quando F = R, ϕ recebe o nome de forma k-linear.
Defini¸ao 2.7. Uma aplicao k-linear ϕ : E × . . . × E F ´e alternada quando se
tem ϕ(v
1
, . . . , v
k
) = 0 sempre que existirem i = j tais que v
i
= v
j
, ou equivalentemente,
ϕ(v
1
, . . . , v
i
, . . . , v
j
, . . . , v
k
) = ϕ(v
1
, . . . , v
j
, . . . , v
i
, . . . , v
k
) para quaisquer v
1
, . . . , v
k
E.
Usaremos a nota¸ao Λ
k
E para indicar o conjunto das formas k-lineares alternadas
em E. Este conjunto munido da adi¸ao e produto por escalar usuais ´e um espa¸co ve-
torial. Seus elementos ao denominados formas k-lineares alternadas, ou simplesmente,
k-formas. Nossa inten¸ao nesta se¸ao ´e determinar uma base para este espa¸co. Apresen-
tamos tamem alguns resultados que nos permitir˜ao ter maior familiaridade para lidar
com esses objetos.
Proposi¸ao 2.8. Sejam ϕ, ψ : E × . . . × E F aplicoes k-lineares e G um conjunto
de geradores do espco vetorial E. Se ϕ(v
1
, . . . , v
k
) = ψ(v
1
, . . . , v
k
) qualquer que seja a
k-lista (v
1
, . . . , v
k
) de elementos de G, ent˜ao ϕ = ψ.
Demonstra¸ao: Faremos a indu¸ao sobre k. Se k = 1 ent˜ao ϕ, ψ : E F ao
aplica¸oes lineares. Para todo x E, tem-se que x = Σα
i
v
i
, v
i
G. Portanto ϕ(x) =
ϕα
i
v
i
) = Σα
i
ϕ(v
i
) = Σα
i
ψ(v
i
) = ψα
i
v
i
) = ψ(x). Supondo que o teorema seja
alido para k 1, introduzimos, para cada v G, as aplica¸oes (k 1)-lineares ϕ
v
, ψ
v
,
definidos por ϕ
v
(x
1
, . . . , x
k1
) = ϕ(x
1
, . . . , x
k1
, v) e ψ
v
(x
1
, . . . , x
k1
) = ψ(x
1
, . . . , x
k1
, v).
Pela hip´otese do teorema, ϕ
v
e ψ
v
assumem o mesmo valor em todas as listas de k 1
elementos de G. Por indu¸ao, concluimos que ϕ
v
= ψ
v
, isto ´e, que ϕ(x
1
, . . . , x
k1
, v) =
ψ(x
1
, . . . , x
k1
, v), quaisquer que sejam os elementos x
1
, . . . , x
k1
E e v G. Como todo
elemento x
r
E ´e combina¸ao linear de elementos de G, vemos que para x
1
, . . . , x
k1
E
quaisquer vale
CAP
´
ITULO 2. VARIEDADES GRASSMANNIANAS 25
ϕ(x
1
, . . . , x
k
) = ϕ(x
1
, . . . , x
k1
, Σα
i
v
i
) = Σα
i
· ϕ(x
1
, . . . , x
k1
, v
i
) =
Σα
i
· ψ(x
1
, . . . , x
k1
, v
i
) = ψ(x
1
, . . . , x
k
)
isto ´e, ϕ = ψ.
No pr´oximo exemplo vemos que o determinante de uma matriz de ordem n pode ser
considerado como uma forma n-linear alternada.
Exemplo 2.9. O determinante de uma matriz n×n pode ser considerado como uma forma
n-linear alternada. Isto pode ser feito definindo para a n-upla de vetores v
1
, . . . , v
n
R
n
o det(v
1
, . . . , v
n
) = determinante da matriz n × n cujas colunas ao os vetores v
i
. Sendo
o determinante de uma matriz igual ao de sua transposta, obteremos o mesmo resultado
se tomarmos v
1
. . . v
n
como linhas de uma matriz n × n.
Defini¸ao 2.10. A partir de k funcionais lineares f
1
, . . . , f
k
E
, obtemos a forma k-
linear alternada f
1
. . . f
k
: E × . . . × E R, chamada o produto exterior desses
funcionais, definida por
(f
1
. . . f
k
)(v
1
, . . . , v
k
) = det(f
i
(v
j
)),
onde `a direita temos o determinante da matriz k×k cuja i-´esima linha ´e (f
i
(v
1
), . . . , f
i
(v
k
))
e cuja j-´esima coluna ´e (f
1
(v
j
), . . . , f
k
(v
j
)). O fato de que f
1
. . . f
k
Λ
k
E segue da
linearidade de cada f
i
e do exemplo anterior.
Exemplo 2.11. Dado o espa¸co vetorial E, seja Λ : E
× . . . × E
Λ
k
E a aplica¸ao
definida por Λ(f
1
, . . . , f
k
) = f
1
. . .f
k
. Como o determinante de uma matriz k×k ´e uma
forma k-linear alternada nos seus vetores-linhas, vemos que Λ ´e uma aplica¸ao k-linear
alternada de E
em Λ
k
E. As formas k-lineares alternadas que pertencem `a imagem de
Λ, ou seja, as do tipo f
1
. . . f
k
onde f
1
, . . . , f
k
E
, chamam-se decompon´ıveis.
Proposi¸ao 2.12. Sejam φ, ψ : E × . . . × E F aplicoes k-lineares alternadas e
{e
1
, . . . , e
n
} uma base de E. Se, para toda sequˆencia crescente i
1
< . . . < i
k
de k inteiros
compreendidos entre 1 e n, tivermos ϕ(e
i
1
, . . . , e
i
k
) = ψ(e
i
1
, . . . , e
i
k
), ent˜ao ϕ = ψ.
Demonstra¸ao: Seja (j
1
, . . . , j
k
) uma k-lista qualquer de inteiros entre 1 e n. Se houver
elementos repetidos nessa lista, ent˜ao
CAP
´
ITULO 2. VARIEDADES GRASSMANNIANAS 26
ϕ(e
j
1
, . . . , e
j
k
) = ψ(e
j
1
, . . . , e
j
k
) = 0
pois ϕ e ψ ao alternadas. Se, por´em, os termos da lista ao todos distintos, ent˜ao, por meio
de sucessivas transposi¸oes, (trocas de posi¸oes entre 2 elementos apenas) podemos or os
n´umeros j
1
, . . . , j
k
na ordem crescente i
1
< . . . , < i
k
. Se ao necess´arias r transposi¸oes,
a antisimetria deϕ e ψ, juntamente com a hip´otese do teorema, nos ao:
ϕ(e
j
1
, . . . , e
j
k
) = (1)
r
ϕ(e
i
1
, . . . , e
i
k
) = (1)
k
ψ(e
i
1
, . . . , e
i
k
) = ψ(e
j
1
, . . . , e
j
k
).
Assim, as aplica¸oes k-lineares ϕ e ψ cumprem a hip´otese da Proposi¸ao 2.8, logo ao
iguais.
Teorema 2.13. Seja {e
1
, . . . , e
n
} uma base de E
. As k-formas e
I
= e
i
1
. . . e
i
k
, onde
I = {i
1
< . . . < i
k
} percorre os subconjuntos de {1, . . . , n} com k elementos, constituem
uma base de Λ
k
E. Em particular, dim Λ
k
E =
n
k
Demonstra¸ao: Dada ω Λ
k
E qualquer definimos, para cada I = {i
1
< . . . < i
k
},
α
I
= ω(e
i
1
, . . . , e
i
k
), onde {e
1
, . . . , e
n
} E ´e a base dual de {e
1
, . . . , e
n
}. A k-forma ϕ =
I
α
I
e
I
´e tal que, para toda sequˆencia crescente j
1
< . . . < j
k
de inteiros compreendidos
entre 1 e n, tem-se ϕ(e
j
1
, . . . , e
j
k
) =
I
α
I
e
I
(e
j
1
, . . . , e
j
k
) = α
J
= ω(e
i
1
, . . . , e
i
k
). Segue-se
do Teorema 2.12 que ϕ = ψ, ou seja, ω =
α
I
e
I
. Isto prova que as k-formas e
I
geram
Λ
k
E. Al´em disso, estas formas ao linearmente independentes pois de uma combina¸ao
linear ϕ =
α
I
e
I
= 0 tiramos, para todo J = {j
1
< . . . < j
k
}, 0 = ϕ(e
j
1
, . . . , e
j
k
) = α
J
.
Exemplo 2.14. Sendo {e
1
, e
2
, e
3
} uma base de R
3
, consideremos as 2-formas
e
1
e
2
, e
1
e
3
e e
2
e
3
. Vamos mostrar que β
= {e
1
e
2
, e
1
e
3
, e
2
e
3
} ´e uma base de
Λ
2
R
3
.
De fato, tome ω Λ
2
R
3
e ponha α
12
= ω(e
1
, e
2
), α
13
= ω(e
1
, e
3
) e α
23
= ω(e
2
, e
3
), onde
{e
1
, e
2
, e
3
} R
3
´e a base dual de {e
1
, e
2
, e
3
}. Assim temos que a 2-forma ϕ =
α
ij
e
ij
´e
tal que
ϕ(e
1
, e
2
) = α
12
(e
1
e
2
)(e
1
, e
2
) = det
e
1
(e
1
) e
1
(e
2
)
e
2
(e
1
) e
2
(e
2
)
= α
12
CAP
´
ITULO 2. VARIEDADES GRASSMANNIANAS 27
ϕ(e
1
, e
3
) = α
13
(e
1
e
3
)(e
1
, e
3
) = det
e
1
(e
1
) e
1
(e
3
)
e
3
(e
1
) e
3
(e
3
)
= α
13
ϕ(e
2
, e
3
) = α
23
(e
2
e
3
)(e
2
, e
3
) = det
e
2
(e
2
) e
2
(e
3
)
e
3
(e
2
) e
3
(e
3
)
= α
23
Como ϕ(e
i
, e
j
) = ω(e
i
, e
j
) i, j = 1, 2, 3 com i < j, temos pelo Teorema 2.12 que ϕ = ω,
o que prova que β
gera Λ
2
R
3
.
Lembremos agora que, escolhendo uma base ortonormal para o espa¸co vetorial E e
chamando-a de positiva, declaramos que tamem ao positivas todas as bases ortonormais
de E que se obt´em a partir desta por meio de matrizes de passagem ortogonais, cujo
determinante ´e igual a 1.
Assim, consideremos a Grassmanniana orientada Gr
+
k
(d) como sendo o conjunto dos
subespa¸cos orientados de dimens˜ao k em R
d
. Os subespa¸cos em Gr
+
k
(d) tamb´em ao
representados por matrizes d × k de posto k. A diferen¸ca da Se¸ao 2.1 ´e que aqui, duas
matrizes p, q B
k
(d) definem o mesmo subespa¸co orientado se, e somente se, p = qa, para
alguma matriz a de ordem k e com det a > 0. Isto define a seguinte rela¸ao em B
k
(d):
η
+
ξ a Gl(k, R) com det a > 0, tal que η = ξa.
Como vimos na Se¸ao 2.1, Gr
k
(d) se identifica com o conjunto quociente B
k
(d)/
e, no caso da grassmanniana orientada, Gr
+
k
(d) se identifica com o conjunto quociente
B
k
(d)/
+
.
A rela¸ao entre a grassmanniana Gr
k
(d) e a grassmanniana orientada Gr
+
k
(d) ´e esta-
belecida pela aplica¸ao
π : Gr
+
k
(d) Gr
k
(d)
ξ
+
− ξ.
Esta aplica¸ao retira a orienta¸ao dos subespa¸cos e ´e equivariante com respeito a ao
de Sl(d, R), ou seja, π g = g π, para todo g Sl(d, R). Al´em disso,
π
1
(ξ) = {ξ
+
, ξb
+
} onde b Gl(k, R) e det b < 0.
CAP
´
ITULO 2. VARIEDADES GRASSMANNIANAS 28
Assim temos que a aplica¸ao π restrita ao conjunto dos subespa¸coes positivamente
orientados ´e sobrejetiva. O mesmo vale para a restri¸ao da aplica¸ao π ao conjunto dos
subespa¸cos negativamente orientados. Logo Gr
+
k
(d) com a aplica¸ao π ´e um recobrimento
duplo da grassmanniana Gr
k
(d).
O mergulho de Gr
+
k
(d) na esfera unit´aria do produto exterior Λ
k
R
d
com produto
interno induzido por algum produto interno de R
d
´e dado atrav´es da bije¸ao que associa
a cada base ortonormal positivamente orientada {e
1
, . . . , e
k
} o elemento decompon´ıvel
correspondente e
1
. . . e
k
.
A ao de Sl(d, R) na grassmanniana orientada Gr
+
k
(d) ´e dada pela representa¸ao
canˆonica de Sl(d, R) em Λ
k
R
d
. Esta representa¸ao ´e denotada por ρ
k
e definida como
ρ
k
(g)(u
1
. . . u
k
) = gu
1
. . . gu
k
(2.4)
Desta forma, esta ao induzida coincide com a ao de Sl(d, R) em Gr
+
k
(d). O
pr´oximo resultado nos permite localizar as componentes da decomposi¸ao de Bruhat.
Proposi¸ao 2.15. Seja β uma base de R
d
e N
β
o grupo nilpotente. Ent˜ao existe η
Gr
+
k
(d) tal que a N
β
orbita sobre Gr
+
k
(d) ´e o conjuntos dos raios em Λ
k
R
d
gerado por
elementos decompon´ıveis que estejam em
{ξ Λ
k
R
d
: η, ξ = 0}
Em Gr
+
k
(d) existem duas N
β
orbitas e elas ao dadas por η, ξ > 0 e η, ξ < 0.
Demonstra¸ao: Suponhamos primeiramente que β seja uma base ortonormal. Como
vimos na se¸ao 2.3, um elemento da ´orbita aberta ´e representado por uma matriz d × k
como
1
x
. Tomando o produto externo das colunas, temos um vetor decompon´ıvel
cujo produto interno com ξ
0
= e
1
. . . e
k
´e
det
1 0
1
x
= 1.
Reciprocamente, dado um elemento decompon´ıvel ξ = u
1
. . . u
k
, a matriz p cujas
colunas ao as coordenadas dos u
i
s pode ser escrita como
CAP
´
ITULO 2. VARIEDADES GRASSMANNIANAS 29
p =
a
b
onde a ´e uma matriz k×k que satisfaz det a = ξ, ξ
0
, ou seja, ξ est´a na N
β
orbita e η = ξ
0
´e como desejado. Se a base β ao ´e ortonormal, existe uma aplica¸ao linear invert´ıvel g
tal que gβ ´e ortonormal. Desde que, N
β
= g
1
N
gβ
g temos que a N
β
orbita aberta ´e a
imagem sob g
1
da N
gβ
orbita aberta e, desta forma, o resultado segue para a base gβ.
Para vermos que existem duas N
β
orbitas em Gr
+
k
(d), basta ver que a N
β
orbita aberta
em Gr
k
(d) ´e dividida em duas ´orbitas em Gr
+
k
(d) pois a aplica¸ao Gr
+
k
(d) Gr
k
(d) ´e
dada identificando as ant´ıpodas.
Cap´ıtulo 3
Semigrupos e Cones
Neste cap´ıtulo iremos introduzir os conceitos de semigrupos e cones associados a semi-
grupos. Os semigrupos desempenham um papel fundamental neste trabalho e estaremos
particularmente interessados num semigrupo S com interior ao vazio em Sl(d, R), do
qual analisaremos a ao na variedade de Grassmann. O cone associado ao semigrupo ´e
tamem um importante conceito deste estudo, a que ´e fundamental na demonstra¸ao do
teorema sobre a controlabilidade do sistema bilinear no ´ultimo cap´ıtulo. Por este motivo,
ser˜ao apresentadas as defini¸oes e algumas propriedades asicas que ser˜ao utilizadas no
transcorrer deste trabalho.
3.1 Semigrupos de grupos de Lie
Um semigrupo ´e simplesmente um conjunto S ao vazio munido de uma opera¸ao bin´aria
associativa. Quando (S, .) ´e um semigrupo que possui um elemento e S tal que ex =
xe = x, x S, dizemos que S ´e um mon´oide. Dado um grupo de Lie G, ou mais
geralmente um grupo G, um subconjunto ao vazio S G ´e um subsemigrup o de G
se SS S, ou seja, se o produto de dois elementos de S ainda estiver em S. Diremos
tamem que S ´e um semigrupo de G.
Considere Sl(d, R) o grupo das matrizes de determinante 1. O subconjunto das ma-
trizes com entradas ao negativas, que denotamos por Sl
+
(d, R), ´e um semigrup o em
Sl(d, R). Com efeito, o produto de duas matrizes com entradas ao negativas ´e ainda
uma matriz com entradas ao negativas. Al´em disso, como a matriz identidade pertence
a Sl
+
(d, R) temos que este ´e um mon´oide.
30
CAP
´
ITULO 3. SEMIGRUPOS E CONES 31
Outro exemplo bem conhecido de semigrupo ´e o seguinte:
Seja G o grupo de Heisenberg, definido pelo conjuntos das matrizes reais de ordem
3 × 3 da forma
1 a c
0 1 b
0 0 1
, onde a, b, c R. Este grupo pode ser identificado com R
3
munido do produto
(a, b, c).(a
, b
, c
) = (a + a
, b + b
, c + c
+ ab)
Considere S = {(a, b, c) : a, b 0 e 0 c ab}. Enao S ´e um semigrupo em G. De fato,
se (a
1
, b
1
, c
1
), (a
2
, b
2
, c
2
) S, ent˜ao (a
1
, b
1
, c
1
)(a
2
, b
2
, c
2
) = (a
1
+a
2
, b
1
+b
2
, c
1
+c
2
+a
1
b
2
) S
a que a
1
, a
2
0 a
1
+ a
2
0, b
1
, b
2
0 b
1
+ b
2
0 e 0 a
1
b
2
+ c
1
+ c
2
(a
1
+ a
2
)(b
1
+ b
2
). Este semigrupo pode ser identificado com a regi˜ao do primeiro octante
de R
3
delimitada pela superf´ıcie z = xy.
Defini¸ao 3.1. Dizemos que um subconjunto ao vazio I de um semigrupo S ´e um ideal
`a esquerda de S se SI I, ´e um ideal `a direita se IS I e, ´e um ideal se for tanto ideal
`a esquerda quanto `a direita.
A seguir apresentamos algumas propriedades de semigrupos.
Proposi¸ao 3.2. Seja S um subsemigrupo de um grupo topol´ogico G tal que int(S) = .
Ent˜ao:
i) (int (S))S S(int(S)) int(S), ou seja, int(S) ´e um ideal de S;
ii) se e fe(int(S)) int(S) = int(fe(S)).
Demonstra¸ao: (i) Vamos mostrar que gs int(S) para g int(S) e s S. Tome
g int(S) e U uma vizinhan¸ca de g tal que U S. Como g int(S) S e S ´e
subsemigrupo gs S, logo gs Us, s S. Como a transla¸ao ´e uma aplica¸ao
aberta, Us ´e uma vizinhan¸ca aberta de gs contida em S. Desta forma, gs int(S).
Enao int(S) ´e um ideal `a direita de S. Analogamente se mostra que sg int(S) para
g int(S) e s S, o que implica que int(S) ´e um ideal `a esquerda, e portanto, ´e um
ideal.
CAP
´
ITULO 3. SEMIGRUPOS E CONES 32
(ii) Como S fe(S) temos que int(S) int(fe(S)). Agora, denote por U =
int(fe(S)) e tome s U. Considere T uma vizinhan¸ca da e tal que sT U e tome
V = T
1
. Ent˜ao V ´e aberta, a que ´e a imagem de um aberto por uma aplica¸ao
aberta, a invers˜ao, e e V , pois e = e
1
T
1
= V , al´em disso, sV
1
U a que,
sV
1
= sT U. Considere W = V int(S). Como e fe(int(S)) e V ´e um aberto
contendo e, segue que V int(S) = W = . Sendo assim, sW
1
= s(V int(S))
1
=
sV
1
s(int(S))
1
sV
1
U = int(fe(S)) fe(S), isto ´e, sW
1
fe(S). Como a
transla¸ao ´e aberta temos que sW
1
´e um aberto, ao vazio, existem t S, w W tais
que sw
1
= t o que implica que s = tw tW int(S) a que W = V int(S) int(S)
que ´e ideal pelo item (i).
3.2 Subsemigrupos de grupos compactos
Vamos provar que todo semigrupo de interior ao vazio de um grupo de Lie compacto, ´e
na verdade um subgrupo.
Proposi¸ao 3.3. Seja S G um semigrupo compacto. Ent˜ao a identidade de G pertence
a S, ou seja, S ´e um subgrupo.
Demonstra¸ao: Mostraremos que para g S temos que g
1
S e assim gg
1
= e S.
Para isto, tome g S qualquer e defina X = {g
n
: n N
S}. Como S ´e compacto, a
sequˆencia (g
n
) admite uma subsequˆencia que converge para um elemento h S. Temos
que n
2k
n
k
> 1 e g
n
2k
n
k
1
hh
1
g
1
= g
1
S = S. Logo g
1
S e portanto,
e = gg
1
S.
Em outras palavras, o resultado anterior diz que se S ´e um subsemigrupo compacto
ao vazio de um grupo topol´ogico G, ent˜ao S ´e um grupo compacto.
Proposi¸ao 3.4. Seja G um grupo topol´ogico e H G um subgrupo de interior ao
vazio em G. Ent˜ao H ´e aberto.
Demonstra¸ao: Como int(H) = podemos considerar g int(H) e U uma vizinhan¸ca
de g tal que U H. Para qualquer h H temos que h = h(g
1
g) = (hg
1
)g hg
1
U
CAP
´
ITULO 3. SEMIGRUPOS E CONES 33
H. Assim, hg
1
U ´e um aberto contendo h, o que significa que h int(H). Logo H ´e
aberto.
Proposi¸ao 3.5. Seja S um subsemigrupo de interior ao vazio de um grupo compacto
G. Ent˜ao S ´e um subgrupo aberto e compacto de G. Consequentemente, S = G se G ´e
conexo. Caso contr´ario, S cont´em a componente conexa da identidade de G.
Demonstra¸ao: Como fe(S) ´e compacto, temos pela Proposi¸ao 3.3 que fe(S) ´e um
grupo. Seja U S fe(S) um aberto ao vazio. Assim, U
1
S = (pois U
1
S e
todo elemento de S ´e limite de uma sequˆencia de elementos de S), ou seja, existe s tal que
s S U
1
s S e s
1
U S e = ss
1
int(S), pois s S e s
1
U int(S)
e int(S) ´e um ideal de S. Pela Proposi¸ao 3.4, temos que f e(S) ´e tamem aberto. Desta
forma, fe(S) = int(fe(S)) = int(S) S (onde a primeira igualdade ´e justificada pelo
fato de fe(S) ser aberto, e a segunda pelo item (ii) da Proposi¸ao 3.2). Portanto S ´e
fechado, e consequentemente, compacto.
3.3 Cones associados a semigrupos
O etodo utilizado para a demonstra¸ao do principal resultado deste trabalho utiliza
o cone L(S
Γ
) associado ao semigrupo S
Γ
de um sistema de controle, que ser´a definido
no ´ultimo cap´ıtulo. Por esta raz˜ao esta se¸ao ser´a dedicada a introduzir o conceito de
cones e algumas propriedades ´uteis para o desenvolvimento deste estudo. Iniciamos com
a defini¸ao de cone.
Defini¸ao 3.6. Um subconjunto W de um espco vetorial topol´ogico L ´e chamado um
cone se ao satisfeitas as seguintes condi¸oes:
i) W + W W ;
ii) R
+
W W ; e
iii) f e(W ) = W , ou seja, W ´e topologicamente fechado.
Defini¸ao 3.7. Dizemos que um cone W R
n
´e invariante sob o fluxo de uma matriz
A gl(n, R), ou apenas, A-invariante, se exp(tA)W W, t R
+
.
CAP
´
ITULO 3. SEMIGRUPOS E CONES 34
Seja S um semigrupo de um grupo de Lie G tal que e fe(S). O cone associado ao
semigrupo S ´e definido por:
L(S) = {X g : exp(tX) fe(S), t 0}.
Vamos mostrar que L(S) ´e realmente um cone.
Vamos mostrar que L(S) ´e topologicamente fechado.
Tome X fe(L(S)). Enao existe uma sequˆencia (X
n
) L(S) tal que X
n
X.
Como para cada n temos que X
n
L(S) ent˜ao exp(tX
n
) S. Sendo a exponencial
uma aplica¸ao cont´ınua, temos que exp(tX
n
) exp(tX). Logo exp(tX) S o
que implica que X L(S). Portanto L(S) ´e fechado.
Vamos mostrar que L(S) + L(S) L(S).
Tome X, Y L(S). Pelo corol´ario 2.15.5 de [8] temos que:
exp(t(X + Y )) = lim
n→∞
(exp(
t
n
X) exp(
t
n
Y ))
n
. (3.1)
o que implica que exp(t(X + Y )) fe(S), pois exp(
t
n
X), exp(
t
n
Y ) fe(S). Por-
tanto X + Y L(S).
Vamos mostrar que R
+
L(S) L(S).
Para isto, seja X L(S) e s > 0. Queremos mostrar que sX L(S). Dado t 0,
temos que ts > 0 donde exp(tsX) fe(S) por hip´otese. Portanto sX L(S).
O pr´oximo resultado ´e uma propriedade asica do cone L(S).
Proposi¸ao 3.8. Consideremos L(S) o cone associado ao semigrupo S. Se ±A L(S),
ent˜ao para todo t 0 temos:
exp(tad(A))L(S) L(S).
Demonstra¸ao: Tomemos B L(S) e t 0. Queremos mostrar que exp(tad(A))B
L(S). O fato de que ±A L(S) implica que exp(tA), exp(tA) fe(S), t 0. Como
B L(S) temos tamb´em que exp(tB) fe(S), t 0. Pela comutatividade dos diagra-
mas abaixo,
CAP
´
ITULO 3. SEMIGRUPOS E CONES 35
G
Ad
//
Aut(g)
g
exp
OO
ad
//
End(g)
exp
OO
e
G
I
g
//
G
g
exp
OO
Ad
g
//
g
exp
OO
onde I
g
(x) = gxg
1
, x G, temos:
exp(s exp(tad(A))B) = exp(sAd
exp(tA)
B) = exp(tA) exp(sB) exp(tA) fe(S),
para todo s, t 0, a que exp(tA) fe(S), exp(sB) fe(S) e exp(tA) fe(S).
Portanto exp(tad(A))B L(S), t 0, e assim temos exp(tad(A))L(S) L(S).
Assim como definimos o cone L(S) associado ao semigrupo S Gl(n, R), definimos
agora, para W R
n
o semigrupo de compress˜ao por:
S
W
= {g GL(n, R) | gW W }
Proposi¸ao 3.9. Seja W R
n
um cone e A gl(n, R). Ent˜ao W ´e A-invariante se, e
somente se, A L(S
W
).
Demonstra¸ao: Suponha que W ´e A-invariante. Assim temos por defini¸ao que
exp(tA)W W, t 0, ou seja, exp(tA) S
W
, o que implica que A L(S
W
).
Reciprocamente, suponha agora que A L(S
W
). Assim, exp(tA) S
W
, t 0, o
que implica que, exp(tA)W W, t 0, e portanto temos que W ´e A-invariante.
Proposi¸ao 3.10. Seja W um cone e A gl(n, R). Se para todo x W tivermos que
Ax W , ent˜ao exp(tA)x W, t 0.
Demonstra¸ao: Seja x W . Como Ax W ent˜ao, por indu¸ao conclu´ımos que
A
n
x W, n N, e como W ´e um cone temos enao que
t
n
n!
A
n
x =
(tA)
n
n!
x W, n N, e da´ı S
n
=
n
i=0
(tA)
i
i!
x W, n N.
CAP
´
ITULO 3. SEMIGRUPOS E CONES 36
Agora, do fato que W ´e um cone, conclu´ımos que
exp(tA)x = lim
n→∞
S
n
W, t 0.
Cap´ıtulo 4
Conjunto de Controle
Neste cap´ıtulo nossa aten¸ao est´a voltada para as oes de um grupo de Lie G sobre
uma variedade diferenci´avel M. Dado um grupo de Lie G e S G um semigrupo com
interior ao vazio, estamos interessados nos conjuntos de controle e conjuntos de controle
invariantes para a ao de S em M. Apresentamos alguns conceitos asicos e algumas
propriedades de conjuntos de controle invariantes, cuja existˆencia ´e garantida pelo teorema
que diz que se a variedade M ´e compacta, sempre existem conjuntos de controle invariantes
para a ao de S em M.
4.1 Conceitos asicos
Nesta se¸ao ao apresentadas as defini¸oes asicas dos conceitos ligados a oes de semi-
grupos sobre variedades diferenci´aveis. Aqui G denotar´a um grupo de Lie agindo transi-
tivamente sobre uma variedade diferenci´avel M.
Defini¸ao 4.1. Dizemos que um semigrupo S ´e acess´ıvel a partir de um ponto x M se
int(Sx) = e ´e acess´ıvel se for acess´ıvel a partir de todo x M.
Defini¸ao 4.2. O semigrupo S ´e dito control´avel a partir de um ponto x M se Sx = M
e, ´e control´avel sobre M se for control´avel a partir de todo ponto x M.
Quando S ´e control´avel sobre M dizemos tamem que S age transitivamente sobre
M.
Nesta se¸ao S denota um semigrupo de um grupo de Lie G, agindo sobre uma variedade
M. Tamem assumiremos como hip´otese adicional que o interior do semigrupo S ´e ao
37
CAP
´
ITULO 4. CONJUNTO DE CONTROLE 38
vazio, isto ´e, int(S) = . Adotada essa hip´otese verificamos que os semigrupos S e
S
1
:= {s
1
: s S} ao acess´ıveis pois (intS)x (respec. (intS
1
)x) ´e um subconjunto
aberto contido em int(Sx) (respec. em int(S
1
x)).
Defini¸ao 4.3. Um conjunto de controle para o semigrupo S ´e um subconjunto D M
que satisfaz as seguintes condi¸oes:
i) int (D) = ;
ii) D fe(Sx) x D; e
iii) D ´e maximal com rela¸ao as propriedades (i) e (ii), ou seja, se D
M satisfaz (i)
e (ii) e D D
, ent˜ao D
= D.
A condi¸ao (ii) diz que dados dois pontos quaisquer x, y D enao y fe(Sx).
Vejamos agora algumas propriedades de conjuntos de controle. A primeira delas diz que
os conjuntos de controle coincidem ou ao disjuntos, e para demonstr´a-la, precisamos do
seguinte lema.
Lema 4.4. Sejam a, b, c M tais que a f e(Sb) e b fe(Sc). Ent˜ao a fe (Sc).
Demonstra¸ao: Como a fe(Sb) e b fe(Sc), consideremos as sequˆencias (x
n
) e
(y
n
) de pontos de S tais que x
n
c b e y
n
b a. Enao, para toda vizinhan¸ca V de a,
existe n
0
N tal que y
n
0
b V , ie, a partir de n
0
os termos da sequencia (x
n
) est˜ao na
vizinhan¸ca V de a. Como a ao ´e cont´ınua e x
n
c b temos que y
n
0
x
n
c y
n
0
b. Desta
forma, n
1
N tal que y
n
0
x
1
c V . Portanto, a fe(Sc).
Proposi¸ao 4.5. Sejam D e D
dois conjuntos de controle. Ent˜ao D = D
ou DD
= .
Demonstra¸ao: Suponhamos que D D
= e tomemos x D D
.
´
E claro que
int(D D
) = a que intD = . Sejam a, b D D
elementos quaisquer. Pela
condi¸ao (ii) da defini¸ao 4.3, a fe(Sx) e x fe(Sb). Pelo lema anterior conclu´ımos
que a fe(Sb). Pelo que acabamos de mostrar, D D
fe(Sb) b D D
.
Pela maximalidade de D temos que D D
= D. Logo D D
e novamente usando a
maximalidade dos conjuntos de controle, conclu´ımos que D = D
.
CAP
´
ITULO 4. CONJUNTO DE CONTROLE 39
Proposi¸ao 4.6. Todo subconjunto D M que satisfaz as condi¸oes (i) e (ii) da
defini¸ao 4.3 est´a contido em um conjunto de controle.
Demonstra¸ao: Seja A = {C M : D C e C satisfaz (i) e (ii) da Def. 3.1.3}
ordenado pela inclus˜ao. Como D A temos que A = . Consideremos em A uma cadeia
arbitr´aria {C
α
}
αI
e coloquemos
U =
αI
C
α
.
Tomando x, y U, ent˜ao existem α
1
, α
2
I tais que x C
α
1
e y C
α
2
. Mas segundo
a ordem em A temos que C
α
1
C
α
2
ou C
α
2
C
α
1
, ent˜ao y fe(Sx). Isto mostra que
U A e portanto, toda cadeia em A ´e limitada superiormente. Pelo lema de Zorn, A
possui elementos maximais. Seja C
M
um destes elementos maximais. Pela defini¸ao de
A temos que D C
M
e C
M
´e o conjunto de controle desejado.
Um fato que ser´a utilizado com muita frequˆencia ´e que o fecho e o interior da ´orbita
pelo semigrupo S de um ponto qualquer da variedade M ao invariantes pela ao de S.
Proposi¸ao 4.7. Para todo x M temos que, S(int(Sx)) int(Sx) e S(fe(Sx))
fe(Sx).
Demonstra¸ao: Dados g S e z int(Sx), existe U M aberto tal que z U Sx.
Como a ao ´e aberta (homeomorfismos), temos que gU ´e um aberto e gz gU gSx
Sx. Logo gz int(Sx). Agora, se g S e y fe(Sx) ent˜ao existe (g
n
x) sequˆencia em
Sx que converge para y. Pelo fato da ao ser cont´ınua segue que gg
n
x gy, e portanto,
gy fe(Sx).
Como foi visto na defini¸ao 4.3 a ao de um semigrupo em um conjunto de controle
pode ao ser transitiva, o que se tem ´e uma transitividade aproximada. Sendo assim,
podemos destacar o seguinte subconjunto de um conjunto de controle:
Defini¸ao 4.8. Seja D um conjunto de controle para o semigrupo S. Definimos o con-
junto de transitividade para D como sendo:
D
0
= {x D : x (int(S))x}.
CAP
´
ITULO 4. CONJUNTO DE CONTROLE 40
A seguir listaremos algumas propriedades do conjunto de transitividade D
0
, que deixar˜ao
mais claro a quest˜ao da transitividade da ao no conjunto de controle.
Proposi¸ao 4.9. Seja D um conjunto de controle para o semigrupo S e seja D
0
o seu
conjunto de transitividade. Se D
0
= , ent˜ao:
i) D
0
= (intS)D D;
ii) D (intS)
1
x, x D
0
;
iii) D
0
= (intS)x (intS)
1
x, x D
0
;
iv) Para todo x, y D
0
, existe g intS com gx = y;
v) D
0
´e denso em D;
vi) D
0
´e S-invariante em D no sentido que:
se h S, x D
0
e hx D, ent˜ao hx D
0
Demonstra¸ao: (i)Vamos mostrar que D
0
(int(S))D D. Para isto tome x D
0
.
Enao x D e x (intS)x, isto ´e, x D (int(S))x D (int(S))D. Logo D
0
D (int(S))D. Agora vamos mostrar que [(int(S))D D] D
0
. Para isto, tome x
(int(S))DD. Ent˜ao existem h int(S) e y D tais que x = hy. Da´ı, h
1
x = y, ou seja,
(int(S))
1
x D = . Como D fe(Sx ) e D possui pontos interiores, tamb´em temos que
Sx D = . Seja enao z Sx D. Como D fe(Sz) e Sz (int(S))
1
x = existem
g S e h int(S) tal que gz = h
1
x. Logo hgz = x, ou seja, x (int(S))Sz, mas z Sx
e, como int(S) ´e um ideal, temos que (int(S))Sz (int(S))x, (j´a que z = s
1
x). Logo
x (int(S))x (pois x (int(S))Sz (int(S))x). Como por hip´otese x D x D
0
.
(ii) Seja x D
0
. Queremos mostrar que D (int(S))
1
x. Para isto, seja y D.
Pelo item anterior temos que (int(S))
1
x D = . Mas como D fe(Sy) temos que
Sy (int(S))
1
x = . Assim existem g S e h int(S) tais que gy = h
1
x, logo
y = g
1
h
1
x. Como g
1
h
1
= (hg)
1
(int(S))
1
(j´a que h int(S) que ´e ideal, ent˜ao
hg int(S)) y = g
1
h
1
x (int(S))
1
x.
CAP
´
ITULO 4. CONJUNTO DE CONTROLE 41
(iii) Seja x D
0
e y (int(S))
1
x (int(S))x. Assim existem g, h int(S) tais
que y = h
1
x = gx. Logo y fe(Sx). Para mostrar que y D, mostraremos que
D
:= D y satisfaz as condi¸oes (i) e (ii) da defini¸ao 4.3, e como D ´e um conjunto de
controle concluiremos, pela maximalidade, que D
= D. Em primeiro lugar, int(D
) = ,
pois int(D) = . Para provarmos que D
satisfaz a condi¸ao (ii) da defini¸ao 4.3 devemos
mostrar as seguintes afirma¸oes:
a) D fe(Sz), z D. O que ´e claro, a que D ´e um conjunto de controle.
b) z f e(Sy), z D. De fato, temos por defini¸ao que z fe (Sx). Agora sabemos
que existe h int(S) com y = h
1
x, assim x = hy Sy fe(Sy). Segue do Lema
4.4 que z fe(Sy).
c) y fe(Sz), z D. De fato, temos que y = gx para algum g intS. Desta
forma, y Sx fe(Sx). Temos ainda que x fe(Sx) para qualquer z D, logo
fe(Sx) fe(Sz), z D. Portanto y fe(Sz), z D.
d) y fe(Sy). Da igualdade y = gx = h
1
x temos que x = hy e, consequentemente,
y = ghy. Portanto, y Sy fe(Sy). Conclu´ımos enao que D
fe(Sx) x D
.
Portanto D
satisfaz as duas primeiras condi¸oes de conjuntos de controle. Pela
maximalidade de D como conjunto de controle temos que D
= D, ou seja, y D.
a que y = ghy, com g, h int(S), temos que y (int(S))y, ie, y D
0
. Para
a inclus˜ao oposta, dados x, y D
0
temos, pelo item (ii), que y (int(S))
1
x e
x (int(S))
1
y. Portanto y (int(S))x (int(S))
1
x.
(iv) Pelo item anterior temos que D
0
= (int(S))y (int(S))
1
y, y D
0
. Assim, se
x, y D
0
temos que x = hy, para algum h int(S).
(v) Tomemos x D
0
. Pelo item (iii) temos que D
0
= (int(S))x (int(S))
1
x. a
que (int(S))x e (int(S))
1
x ao abertos, temos fe(D
0
) (fe((int(S))x)) (int(S))
1
x.
Pelo item (ii), D (int(S))
1
x. Al´em disso, D fe(Sx) fe(int(S(x))), pois Sx
S(int(S))x (int(S))x. Logo, D fe((int(S))x). Portanto, D fe(D
0
) e D
0
´e denso
em D.
CAP
´
ITULO 4. CONJUNTO DE CONTROLE 42
(vi) Tomemos h S e x D
0
. Ent˜ao existe g int(S) com gx = x. Logo, hx = hgx
e, consequentemente, hx (int(S))x. Temos por hip´otese que hx D. Pelo item (ii)
D (int(S))
1
x, assim hx (int(S))
1
x. Portanto, hx (int(S))
1
x (int(S))x, o que
pelo item (iii) implica que hx D
0
.
Proposi¸ao 4.10. Sendo D um conjunto de controle para ao do semigrupo S e D
0
seu
conjunto de transitividade temos que, se SD D ou se S
1
D D, ent˜ao D
0
= . No
segundo caso, D
0
= D.
Demonstra¸ao: Suponha SD D. Enao (intS)D D e consequentemente (intS)D
D = . Pelo item (i) da proposi¸ao anterior, D
0
= . Suponha agora que S
1
D D
e tomemos x D. Temos enao que (intS)
1
x ´e aberto e est´a contido em D, assim
Sx (intS)
1
x = . Logo, existem g S, h intS com gx = h
1
, ou seja, hgx = x.
Portanto, x (intS)x. Como x D temos, por defini¸ao, que x D
0
.
Nem sempre o conjunto de transitividade D
0
de um conjunto de controle D ´e ao
vazio, mas quando isso ocorre D recebe a denomina¸ao especial de conjunto de controle
efetivo.
4.2 Conjuntos de controle invariantes
Pelo que vimos at´e agora, os conjuntos de controle introduzidos na Defini¸ao 4.3 ao ao
invariantes sob a ao de um semigrupo S. Nesta se¸ao vamos introduzir o conceito de
conjuntos de controle invariantes, que na verdade, ao conjuntos de controle maximais
para uma certa ordem parcial na fam´ılia dos conjuntos de controle, a qual definiremos
a seguir. Assim como antes, G ser´a um grupo de Lie agindo transitivamente sobre uma
variedade M e S G um semigrupo contendo pontos interiores, ou seja, S ´e acess´ıvel.
Tamem denotaremos por ξ a fam´ılia dos conjuntos de controle de M para a ao de S.
Sendo D
1
, D
2
ξ, dizemos que D
1
D
2
se existir x D
1
tal que fe(Sx) D
2
= .
Note que fe(Sx) D
2
= D
2
fe(Sx).
Proposi¸ao 4.11. Se D
1
, D
2
ξ e D
1
D
2
ent˜ao D
2
fe(Sx) = para todo x D
1
,
ou seja, D
2
fe(Sx), para todo x D
1
.
CAP
´
ITULO 4. CONJUNTO DE CONTROLE 43
Demonstra¸ao: Temos que D
1
D
2
, ent˜ao existe x
0
D
1
tal que fe(Sx
0
) D
2
= .
Seja y fe(Sx
0
) D
2
e tomemos x D
1
qualquer. Assim, pelo item ( ii) da defini¸ao
4.3, segue que x
0
fe(Sx) e pelo lema 4.4 conclu´ımos que y fe(Sx) e portanto
fe(Sx) D
2
= .
A rela¸ao ”´e uma rela¸ao de ordem parcial, ou seja, satisfaz as propriedades: reflex-
iva, transitiva e antisim´etrica. A demonstra¸ao disto pode ser encontrada, por exemplo,
em [18].
Dizemos que um conjunto de controle D ´e maximal se satisfaz a propriedade que: se
C ξ e D C ent˜ao C = D.
Proposi¸ao 4.12. Suponhamos que a variedade M seja compacta e que C ξ seja um
conjunto de controle maximal com rela¸ao a ordem ”introduzida anteriormente. Ent˜ao
C satisfaz as seguintes propriedades:
i) para todo x C, tem-se que fe(Sx) = fe(C);
ii) C ´e maximal com a propriedade (i).
Ver Proposi¸ao 3.2.15 de [18].
Temos grande interesse nos conjuntos que satisfazem as propriedades acima, por isso
destacamos definindo:
Defini¸ao 4.13. Dizemos que C M ´e um conjunto de controle invariante para S se
satisfaz:
i) fe(Sx) = fe(C), x C;
ii) C ´e maximal com a propriedade (i).
Notemos que em nenhum momento foi exigido que C tenha interior ao vazio, mas
como estamos supondo S acess´ıvel, isso ´e uma conseq¨encia da seguinte proposi¸ao.
Proposi¸ao 4.14. Todo conjunto de controle invariante para S ´e fechado. Al´em disso se
C ´e um desses conjuntos ent˜ao int(C) = .
Demonstra¸ao: Consideremos C um c.c.i e x fe(C). Tomando y C temos que
fe(Sy) = fe(C), ou seja, x fe(Sy). Como a foi visto que o fecho da ´orbita ´e invariante
CAP
´
ITULO 4. CONJUNTO DE CONTROLE 44
pela ao de S, segue que Sx f e(Sy) = fe(C). Ainda, como int(Sx) = temos que Sx
ao pode estar contida na fronteira de C, o que significa que Sx C = . Sendo assim,
seja w Sx C. Temos que
fe(C) = fe(Sw) fe(Sx) fe(C)
donde segue que f e(Sx) = fe(C) = fe(feC), x fe(C). Logo, f e(C) ´e um c.c.i que
conem C, e pela maximalidade dos conjuntos de controle, temos que C = fe(C), ou seja,
C ´e fechado. Note ainda que
Sx fe(Sx) fe(C) = C, i.´e, Sx C
e como int(Sx) = temos que int(C) = .
O pr´oximo resultado garante que sendo o semigrupo S acess´ıvel, enao todo conjunto
de controle invariante ´e um conjunto de controle.
Proposi¸ao 4.15. Todo conjunto de controle invariante para a ao de S ´e um conjunto
de controle para S.
Demonstra¸ao: Considere C um conjunto de controle invariante para a ao de S.
Sabendo pela proposi¸ao anterior que int(C) = e tamb´em que C ´e fechado segue que
C fe(Sx), para todo x C. Agora vamos mostrar a maximalidade de C como conjunto
de controle. Suponhamos que exista D contendo C tal que D fe(Sx), para todo x D.
Deste modo, fe(Sz) = fe(C) fe(D) para todo z C, e portanto, fe(D) = fe(Sz),
para todo z C ( a que fe(D) fe(Sz) fe(D)). Resta mostrar que fe(Sz) fe(D),
para todo x D. Para isto, tomemos y fe(Sx), e z C. Como x D fe(Sz), para
todo x D temos que fe(D) = fe(Sx). Segue da maximalidade de C como conjunto de
controle invariante que C ´e um conjunto de controle.
O pr´oximo resultado utiliza a acessibilidade do semigrupo S para mostrar que vale a
rec´ıproca da Proposi¸ao 4.12.
Proposi¸ao 4.16. Se D ´e um conjunto de controle invariante, ent˜ao D ´e maximal com
rela¸ao a ordem ”.
CAP
´
ITULO 4. CONJUNTO DE CONTROLE 45
Demonstra¸ao: Com efeito, consideremos D
um conjunto de controle tal que D D
.
Assim existe x D tal que fe(Sx) D
= . Como D ´e um conjunto de controle
invariante, temos que D = fe(Sx) o que implica que D D
= . Mas como dois
conjuntos de controle ou ao disjuntos ou coincidem, segue que D = D
.
A seguir temos um resultado que ´e um refinamento de Proposi¸ao 4.9 para conjuntos
de controle invariante.
Proposi¸ao 4.17. Suponha que M = G/L seja um espco homogˆeneo compacto e seja S
um semigrupo de G com interior ao vazio. Sejam C um c.c.i. para a ao de S sobre M
e C
0
= (intS)C. Ent˜ao ao alidas as afirma¸oes:
(i) C
0
= int(Sx), x C
0
;
(ii) SC
0
C
0
= Sy = (intS)y, y C
0
;
(iii) f e(C
0
) = C;
(iv) C
0
= {x C : g S com gx = x};
(v) C
0
= {x C : g intS com g
1
x C}.
Ver Proposi¸ao 3.2.9 de [18].
Para conjuntos fechados satisfazendo a condi¸ao (i) da Defini¸ao 4.13, a propriedade
(ii) da mesma ´e automaticamente satisfeita.
Proposi¸ao 4.18. Se C M ´e ao vazio, satisfaz a condi¸ao (i) da Defini¸ao 4.13 e ´e
fechado ent˜ao C ´e um conjunto de controle invariante para S.
Demonstra¸ao:
´
E necess´ario apenas mostrar a maximalidade de C. Para isto, supon-
hamos que C C
, onde C
´e um certo conjunto que satisfaz a condi¸ao (i) da defini¸ao
4.13. Tomando x C temos que x C
, e assim
C C
fe(Sx) = fe(C) = C
Portanto temos C = C
.
CAP
´
ITULO 4. CONJUNTO DE CONTROLE 46
Neste contexto vale que C ´e um conjunto de controle invariante se, e somente se,
satisfaz a condi¸ao (i) da Defini¸ao 4.13 e ´e fechado.
Tamem, visto que um conjunto de controle invariante ´e fechado temos que fe(Sx) =
C para todo x C, e em particular, C =
xC
fe(Sx). Assim tempos uma pista para a
obten¸ao de conjuntos de controle invariantes, como mostra o pr´oximo resultado.
Proposi¸ao 4.19. Se C =
bM
fe(Sb) = , ent˜ao C ´e um conjunto de controle invariante
para a ao de S e ´e ´unico.
Demonstra¸ao: Primeiramente mostraremos que C ´e um conjunto de controle in-
variante. Para isto, notemos inicialmente que como C ´e a intersec¸ao de fechados, C ´e
fechado. Assim, pela Proposi¸ao 4.18, para mostrarmos que C ´e um conjunto de controle
invariante precisamos mostrar apenas que fe(Sy) = C para todo y C. Sendo assim,
seja y C =
xM
fe(Sx).
´
E claro que, em particular vale que y fe(Sx) para todo
x C. Para a inclus˜ao oposta, seja y fe(Sw) para algum w C. Como w Sx para
todo x M segue que fe(Sw) fe(Sx) para todo x M o que implica que y fe(Sx)
para todo x M. Portanto y C =
xM
fe(Sx). Para mostramos a unicidade consid-
eremos C
1
e C
2
conjuntos de controle invariante para a ao de S. Neste caso, x C
1
temos que fe(Sx) = fe(C
1
) e y C
2
temos que fe(Sy) = fe(C
2
). Pela hip´otese temos que
fe(S) fe(Sy) = e dai fe( C
1
) fe(C
2
) = . Como int(S) = enao C
1
e C
2
ao fechados
e dai, pela Proposi¸ao 4.5 C
1
= C
2
.
A seguinte proposi¸ao estabelece uma condi¸ao para a controlabilidade da ao de S
em M em termos de conjuntos de controle.
Proposi¸ao 4.20. Suponha que C =
xM
fe(Sx) = seja o ´unico conjunto de controle
invariante para a ao de S e que exista um ´unico conjunto de controle invariante para
S
1
, digamos, C
, tal que int(C) int(C
) = . Ent˜ao S age transitivamente em M.
Demonstra¸ao: Pela Proposi¸ao 4.14 C ´e fechado. Assim SC C, o que implica que
C
0
= p elo item (vii) da Proposi¸ao 4.9. Pelo item (iii) da mesma proposi¸ao, temos que
se x C
0
enao x (int(S))
1
x e como x C temos que x fe(Sy) para todo y M
(pela defini¸ao de C). Desta maneira, x (int(S))
1
fe(Sy). Logo existe uma sequˆencia
CAP
´
ITULO 4. CONJUNTO DE CONTROLE 47
(a
n
y) em Sy que converge para x e est´a em (int(S))
1
x. Portanto existe n
0
N tal que
se n > n
0
enao a
n
y (int(S))
1
x. Deste modo, a
n
y = g
1
x para algum g (int(S))
1
,
ou seja, ga
n
y = x. Isto significa que se x C
0
e y M enao x Sy. Consequentemente,
para todo y M existe s S tal que sy = x. Assim, s
1
x = y para todo y M o que
mostra que S
1
x = M. Pela Proposi¸ao 4.9 C
0
´e denso em C. Logo (int(C
)) C
0
= .
Seja x (int(C
)) C
0
, ent˜ao como x C
0
temos que S
1
x = M e, do fato que
S
1
x C
, pois C
´e S
1
-invariante, temos que M S
1
x C, logo C
= M. Como
SC
M = C
temos, pelo item (vii) da Proposi¸ao 4.5 que C
0
= C
. Logo C
0
= M.
Assim, S
1
x = M para todo x M, ou seja, dados x, y M quaisquer existe g S tal
que g
1
x = y ou, equivalentemente, gy = x. Portanto, S age transitivamente em M.
O pr´oximo resultado garante que, no caso da variedade M ser compacta, ent˜ao est´a
garantida a existˆencia de pelo menos um conjunto de controle invariante.
Proposi¸ao 4.21. Se M for compacta ent˜ao existe pelo menos um conjunto de controle
invariante C.
Demonstra¸ao: Para provarmos a existˆencia do conjunto de controle invariante usare-
mos o Lema de Zorn. Para isto tome x M fixo e considere a fam´ılia de conjuntos:
O
x
= {fe(Sy) : fe(Sy) fe(Sx), y M}.
Esta fam´ılia ´e claramente ao vazia a quem cont´em fe(Sx). Consideremos em O
x
e
rela¸ao de ordem dada pela inclus˜ao de conjuntos e tomemos uma cadeia totalmente
ordenada {fe(Sy)}
yI
com ´ındices I. Temos que a cadeia tomada forma uma sequˆencia
de subconjuntos compactos encaixados, logo
yI
fe(Sy) = .
Sendo assim, tomando z
yI
fe(Sy), temos que fe(Sz) O
x
e fe (Sz) fe(Sy)
para todo y I. Logo fe(Sz) ´e um limitante inferior da cadeia e, pelo lema de Zorn
temos que O
x
possui um elemento minimal C = fe(Sw), para algum w M. Tomando
z f e(Sw) = C e b fe(Sz) temos que b fe(Sw) = C, ou seja, fe(Sz) C. Como
CAP
´
ITULO 4. CONJUNTO DE CONTROLE 48
fe(Sz) O
x
e C ´e minimal em O
x
devemos ter fe(Sz C = fe(C). Portanto C ´e um
conjunto de controle invariante.
Cap´ıtulo 5
Conjuntos de Controle na variedade
de Grassmann
Neste cap´ıtulo apresentamos os teoremas que ser˜ao fundamentais na demonstra¸ao da con-
trolabilidade do sistema bilinear nas condi¸oes de Jurjdevik e Kupka. Na primeira se¸ao
apresentamos propriedades dos conjuntos de controle para a ao de um semigrupo na
Grassmanianna, como a unicidade do conjunto de controle invariante. Na se¸ao seguinte
aparece o que conceito de tipo parab´olico de um semigrupo S, al´em de resultados que
nos permitem obter informa¸oes `a respeito da ao de S na Grassmanniana. Na se¸ao
seguinte mergulhamos a Grassmaniana no produto exterior e apresentamos o Teorema
5.4 e a Proposi¸ao 5.8 que exercem papel fundamental na demonstra¸ao do teorema de
Jurjdevik e Kupka que apresentaremos no pr´oximo cap´ıtulo.
5.1 Conjuntos de controle na variedade Grassmanni-
ana
Nesta se¸ao restringiremos nossa aten¸ao ao estudo dos conjuntos de controle nas var-
iedades Grassmannianas. Os resultados gerais da teoria de controle ao ser˜ao aqui demon-
strados e sim utilizados na obten¸ao de resultados na situa¸ao paticular considerada. Para
isto, em toda esta se¸ao S ser´a um semigrupo de interior ao vazio de Sl(d, R) e k um
inteiro entre 1 e d. Nossa primeira observao ´e que, como Gr
k
(d) ´e compacta existem
conjuntos de controle invariante para a ao de S em Gr
k
(d). Veremos agora a unicidade.
Sendo S um subsemigrupo de Sl(d, R) e, assumindo que int(S) = temos que S age
49
CAP
´
ITULO 5. CONJUNTOS DE CONTROLE NA VARIEDADE DE GRASSMANN50
nas Grassmannianas da seguinte forma:
S × Gr
k
(d) Gr
k
(d) (5.1)
(g, ξ) → gξ
Proposi¸ao 5.1. O conjunto de controle invariante para a ao de S em Gr
k
(d) ´e ´unico
e dado por
ξGr
k
(d)
fe(Sξ). (5.2)
Demonstra¸ao: Segundo a Proposi¸ao 4.19 basta mostrar que
ξGr
k
(d)
fe(Sξ) = .
Na Se¸ao 2.3 se, em rela¸ao a alguma base β = {e
1
, . . . , e
d
} de R
d
, N
β
denota o grupo
nilpotente das matrizes triangulares inferiores em rela¸ao a base β, ent˜ao existe ξ
o
Gr
k
(d) tal que a ´orbita N
β
ξ
0
´e aberta e densa em Gr
k
(d). Al´em disso, como S ´e um
semigrupo de interior ao vazio, existem elementos “split regulares”no interior de S.
Assim podemos supor, sem perda de generalidade que existe h = diag{λ
1
, . . . , λ
d
}
int(S) e da´ı, h
m
ξ
0
= ξ
0
, quando m . Mais ainda, se ξ N
β
ξ
0
enao h
m
ξ ξ
0
quando m , mostrando que ξ
0
´e um atrator. Por esta raz˜ao ξ
0
fe(Sξ), para todo
ξ Gr
k
(d) e portanto
ξGr
k
(d)
fe(Sξ) = .
No que segue denotaremos o ´unico conjunto de controle invariante para ao do semi-
grupo S na grassmianna Gr
k
(d) por C
k
=
ξGr
k
(d)
fe(Sξ).
Vimos no Cap´ıtulo 4 num contexto mais geral sobre conjuntos de controle, que existe
um subconjunto C
0
C que ´e denso em C e S-invariante, ou seja, gξ C
0
se ξ C
0
e
g S. Al´em disso, como vimos na Defini¸ao 4.8, C
0
´e o conjunto dos pontos fixos para
os elementos no int(S), ou seja,
C
0
= {ξ C : ξ (intS)ξ}
e para qualquer par ξ, η C
0
, existe g int(S) tal que gξ = η.
´
E por esta ´ultima
propriedade que este subconjunto recebe o nome de conjunto de transitividade para C.
No caso particular do conjunto de controle nas Grassmannianas, o conjunto de tran-
sitividade , denotado por C
k
0
, ´e o conjunto dos pontos fixos que ao atratores para os
CAP
´
ITULO 5. CONJUNTOS DE CONTROLE NA VARIEDADE DE GRASSMANN51
elementos “split regular” no int(S). Este fato est´a enunciado no pr´oximo resultado, que
´e uma particulariza¸ao do Teorema 3.4 de [13], para Sl(d, R) e sua ao em Gr
k
(d).
Teorema 5.2. Seja C
k
0
o conjunto de transitividade do conjunto de controle invari-
ante em Gr
k
(d) e tome ξ C
k
0
. Ent˜ao existe uma base β = {e
1
, · · · , e
d
} de R
d
e
h = diag{λ
1
, · · · , λ
d
}, nesta base, com λ
1
> · · · > λ
d
> 0 e tal que h int (S) e ξ ´e
gerado por {e
1
, · · · , e
d
}, isto ´e, ξ ´e o atrator de h.
Notemos que se ξ ´e o atrator de um elemento“split regular” h S, ent˜ao ξ C
k
.
Com efeito, seja η Gr
k
(d) qualquer. Sabemos que existe g S tal que gη pertence a
variedade est´avel de ξ, a que esta variedade ´e densa e int(S) = . Como h
m
gη ξ
quando m , segue que ξ fe(Sη) para todo η Gr
k
(d) e, portanto, pela defini¸ao
de C
k
, temos que ξ C
k
.
5.2 Tipo parab´olico de um semigrupo
O objetivo desta se¸ao ´e abordar a quest˜ao do tipo parab´olico de um semigrupo de interior
ao vazio de Sl(n, R). Este conceito foi introduzido por San Martin em [13] no contexto
mais geral de semigrupos de interior ao vazio de grupos de Lie semisimples. Entretanto,
para os prop´ositos deste trabalho, consideremos apenas Sl(n, R).
Nossa primeira observao ´e a de que, como todo semigrupo de interior ao vazio est´a
contido em um semigrupo maximal de interior ao vazio, ao a perda de generalidade
em supor que S ´e maximal.
Consideremos a variedade “flag”maximal F
n
(R) e a Grasmanniana Gr
k
(n). Para cada
k existe uma fibra¸ao natural
π
k
: F
n
(R) Gr
k
(n)
que associa a cada “flag”
V
1
V
2
· · · V
k
· · · V
n1
R
n
o subespa¸co k-dimensional V
k
.
CAP
´
ITULO 5. CONJUNTOS DE CONTROLE NA VARIEDADE DE GRASSMANN52
Alternativamente a fibra¸ao π
k
pode ser vista da seguinte maneira: Se P ´e o subgrupo
parab´olico minimal e H
k
´e o subgrupo de isotropia definido na Se¸ao 2.2, ent˜ao P H
k
e a fibra¸ao π
k
´e a fibra¸ao definida por
π
k
:
Sl(n)
P
Sl(n)
H
k
π
k
(gP ) = gH
k
A ao de G tanto em F
n
(R) como em Gr
k
(n) ´e equivariante no sentido que, se
g Sl(n) ent˜ao
π
k
(gξ) = gπ
k
(ξ), ξ F
n
(R).
A rela¸ao entre os conjuntos de controle invariantes e a fibra¸ao π
k
´e estabelecida na
pr´oxima proposi¸ao.
Proposi¸ao 5.3. Considere a fribrao natural
π
k
: F
n
(R) Gr
k
(n)
Se C
k
´e o conjunto de controle invariante para S em Gr
k
(n), ent˜ao π
k
(C) = C
k
, onde C
´e o conjunto de controle invariante para S em F
n
(R).
Demonstra¸ao: Temos que π
1
k
(C
k
) ´e S-invariante e compacto, assim ele cont´em um
conjunto de controle invariante C. Tome x C.
fe(Sπ
k
(x)) = fe(π
k
(Sx)) = π
k
(fe(Sx)) = π
k
(C),
ou seja,
π
k
(C) fe(Sy) y π
k
(C).
Logo, pela Proposi¸ao 4.17 temos que π
k
(C) ´e um conjunto de controle invariante em
Gr
k
(d). Como existe somente um conjunto de controle invariante em Gr
k
(d), segue que
π
k
(C) = C
k
.
Observemos na proposi¸ao acima que C π
1
k
(C
k
), para todo k. Pelos resultados de
San Martin ´e poss´ıvel concluir (Teorema 4.3 de [13]) que existem k
s tais que C = π
1
k
(C
k
).
CAP
´
ITULO 5. CONJUNTOS DE CONTROLE NA VARIEDADE DE GRASSMANN53
O k maximal satisfazendo a igualdade C = π
1
k
(C
k
) ´e denominado de tipo parab´olico do
semigrupo S.
Existem outras defini¸oes para o tipo parab´olico de um semigrupo S Sl(n, R). Uma
delas pode ser obtida a partir do seguinte teorema de [11].
Teorema 5.4. Suponha que S Sl(n, R) ´e um semigrupo maximal de interior ao vazio.
Seja k o tipo parab´olico de S. Ent˜ao C
k
est´a contido na componente aberta de Bruhat
com respeito a qualquer base β para a qual existe g int(S) tal que, em rela¸ao a β
g = diag{λ
1
, . . . , λ
d
}
com λ
1
> . . . > λ
d
> 0.
Para outras caracteriza¸oes de semigrupos do tipo k, nos referimos a [13].
5.3 Conjuntos de controle e o Produto exterior
Nesta se¸ao apresentamos alguns resultados sobre os conjuntos de controle na grassman-
niana Gr
k
(d) e na grassmanniana orientada Gr
+
k
(d). Al´em disso tamb´em apresentamos
as representa¸oes da ´algebra e do grupo, dentro do contexto do produto exterior.
O pr´oximo resultado ´e sobre o conjunto de controle invariante em Gr
k
(d) e a transi-
tividade do semigrupo S de Sl(d, R). Sua demonstra¸ao pode ser encontrada no Teorema
6.2 de [13].
Teorema 5.5. Suponhamos que S = Sl(d, R). Ent˜ao C
k
= Gr
k
(d) para qualquer k =
1, . . . , d 1, e S ao ´e transitivo em Gr
k
(d).
Ainda sobre os conjuntos de controle em Gr
k
(d) e em Gr
+
k
(d) temos o seguinte resul-
tado, cuja demonstra¸ao pode ser consultada na Proposi¸ao 3.3 de [11].
Proposi¸ao 5.6. Seja S Sl(d, R) um semigrupo com interior ao vazio, gerado por
um subconjunto conexo Γ Sl(d, R). Suponha exista um elemento “split regular” h Γ.
Ent˜ao os conjuntos de controle em Gr
k
(d) e em Gr
+
k
(d) ao conexos.
No que segue veremos a conex˜ao entre as representa¸oes da ´algebra e do grupo.
CAP
´
ITULO 5. CONJUNTOS DE CONTROLE NA VARIEDADE DE GRASSMANN54
Observao 5.7. A representa¸ao da ´algebra, que ´e
k
(X) (onde ρ
k
´e a representa¸ao
do grupo), tamb´em ser´a denotada por ρ
k
. As duas representa¸oes est˜ao conectadas pela
ormula
ρ
k
(exp X) = exp(ρ
k
(X)). (5.3)
Note que, como X sl(d, R) temos que exp X Sl(d, R), enao a primeira exponencial
em (5.3) significa a exponencial em Sl(d, R) e como
ρ
k
: sl(d, R) End
k
R
d
)
X − ρ
k
(X).
temos que a segunda exponencial em (5.3) significa a exponencial de aplica¸oes lineares
em Λ
k
R
d
.
Assim como foi definido anteriormente em (2.4) temos que
ρ
k
(exp(tX))(u
1
. . . u
k
) = exp(tX)u
1
. . . exp(tX)u
k
(5.4)
Desta forma, a representa¸ao da ´algebra de Lie ´e dada por
ρ
k
(X)(u
1
. . . u
k
) =
k
(X)(u
1
. . . u
k
) =
d
dt
|
t=0
ρ
k
(exp tX)(u
1
. . . u
k
) =
d
dt
|
t=0
(exp(tX)u
1
. . . exp(tX)u
k
) = Xu
1
. . . Xu
k
=
(Xu
1
. . . u
k
) + (u
1
Xu
2
. . . u
k
) + . . . + (u
1
u
2
. . . Xu
k
)
ou seja,
ρ
k
(X)(u
1
. . . u
k
) = (Xu
1
. . . u
k
) + . . . + (u
1
. . . Xu
k
).
Voltamos ao semigrupo S com interior ao vazio e olhamos seus conjuntos de controle
invariante em Gr
+
k
(d). Como vimos na Se¸ao 2.4, a existˆencia de tal conjunto ´e garatida
pela compacidade de Gr
+
k
(d). Tamem, do fato que C
k
´e o ´unico conjunto de controle
invariante em Gr
k
(d) e a equivariˆancia de π : Gr
+
k
(d) Gr
k
(d) sob a ao de Sl(d, R),
segue que eles est˜ao contidos em π
1
(C
k
) e projetados sobre C
k
(ver Proposi¸ao 2.2 de
[10]). Deste modo, como π ´e uma aplica¸ao de recobrimento duplo temos que exitem um
dos dois ou dois conjuntos de controle invariante em Gr
+
k
(d).
CAP
´
ITULO 5. CONJUNTOS DE CONTROLE NA VARIEDADE DE GRASSMANN55
Agora, escolha k tal que S ´e do tipo k. Pelo Teorema 5.4, C
k
est´a contido em alguma
componente aberta de Bruhat de Gr
k
(d). Como pela Proposi¸ao 5.6 C
k
´e conexo e
tomando C = π
1
(C
k
), temos pela Proposi¸ao 2.15 que existe η Λ
k
R
d
tal que η, ξ = 0
para qualquer ξ C. Como C ´e compacto, divide-se em duas componentes conexas,
digamos C
+
e C
, dadas por
C
+
= {ξ C : η, ξ > 0};
C
= {ξ C : η, ξ < 0}.
Assim existem duas possibilidades, ou C
+
´e um conjunto de controle invariante e o mesmo
acontece com C
, ou C = C
+
C
´e o ´unico conjunto de controle invariante em Gr
+
k
(d).
Pela Proposi¸ao 5.6 temos que a segunda possibilidade ao pode acontecer, e portanto,
C
+
e C
ao dois conjuntos de controle invariantes na grassmanniana orientada Gr
+
k
(d)
e ao os ´unicos.
A pr´oxima proposi¸ao ser´a extremamente ´util para a demonstra¸ao do Teorema 6.12
no ´ultimo cap´ıtulo.
Proposi¸ao 5.8. Suponhamos que S seja do tipo k e que existem dois S c.c.i. conexos
em Gr
+
k
(d). Seja C
+
um deles. Ent˜ao ξ / C
+
se ξ C
+
.
Cap´ıtulo 6
Aplica¸c˜ao de Conjuntos de Controle
Mostrar a controlabilidade de um sistema bilinear do tipo
˙x = (A + uB)x, (6.1)
onde A e B ao matrizes d × d, x R
d
\{0} e u pode assumir qualquer valor real, ´e um
problema que vem sendo muito estudado e ainda hoje permanece longe de ser comple-
tamente resolvido. At´e o presente momento, as condi¸oes estabelecidas por Jurdjevic e
Kupka em [1] ao uma das mais significantes e conhecidas. Neste trabalho eles utilizam
um pro cedimento de indu¸ao para mostrar que o cone L(S
Γ
) g associado ao semi-
grupo S
Γ
´e na verdade igual a g (onde S
Γ
´e o semigrupo associado ao sistema de controle
Γ dado por Γ = {A + uB, u R}), o que implica que S
Γ
= Sl(d, R) e, portanto o sis-
tema (6.1) ´e control´avel. Nosso objetivo ´e mostrar a controlabilidade de (6.1) fazendo uso
dos resultados sobre conjuntos de controle na variedade Grassmaniana, visto no cap´ıtulo
anterior.
O procedimento baseia-se na seguinte id´eia: Seja Lie{A, B} a ´algebra de Lie gerada
pelas matrizes A e B, seja G o grupo de Lie cuja ´algebra de Lie ´e Lie{A, B}. Suponha
que o grupo G age transitivamente em R
d
\{0}. Considere o sistema de controle similar
ao sistema (6.1) no grupo de Lie G
˙
X = (A + uB)X, (6.2)
onde A e B ao matrizes d × d, X G e u R.
Em nosso caso as matrizes A e B ao matrizes em sl(d, R) e G = Sl(d, R). A con-
trolabilidade do sistema (6.2) em Sl(d, R) implica na controlabilidade do sistema (6.1)
56
CAP
´
ITULO 6. APLICAC¸
˜
AO DE CONJUNTOS DE CONTROLE 57
em R
d
\{0} conforme veremos adiante. Portanto mostraremos que o sistema ´e control´avel
no grupo, e para este fim, faremos uso dos resultados sobre conjuntos de controle na
Grassmanniana apresentados no cap´ıtulo anterior.
6.1 Sistemas de controle invariantes `a direita
Iniciaremos com uma breve descri¸ao dos sistemas de controle invariantes `a direita em
grupos de Lie, pois o sistema de controle bilinear (6.2) que ´e objeto do nosso estudo ´e
deste tipo.
Defini¸ao 6.1. Seja G um grupo de Lie e g sua ´algebra de Lie. Um sistema de controle
invariante a direita Γ no grupo de Lie G ´e um conjunto de campos vetoriais invariantes
`a direita em G, ou seja, qualquer subconjunto Γ g.
Na verdade a equa¸ao (6.2) e o subconjunto
Γ = {A + uB, u R} (6.3)
da ´algebra de Lie Lie{A, B} ao duas formas de denotar um sistema de controle bilinear
em um grupo de Lie G.
Defini¸ao 6.2. Dizemos que um sistema Γ g ´e control´avel a partir de X
0
G se,
todo elemento X G pode ser atingido a partir de X
0
ao longo de uma concatena¸ao de
trajet´orias de Γ, ou seja, o conjunto
S
Γ
(X
0
) = {exp(t
N
A
N
) · · · exp(t
1
A
1
)X
0
| A
i
Γ, t
i
0, N 0}
´e igual ao grupo G. Se o sistema Γ ´e control´avel a partir de todo X G dizemos que Γ
´e control´avel no grupo G.
O conjunto
S
Γ
(X
0
) = {exp(t
N
A
N
) · · · exp(t
1
A
1
)X
0
| A
i
Γ, t
i
0, N 0}
´e denominado conjunto dos pontos ating´ıveis a partir de X
0
. O conjunto dos pontos
ating´ıveis a partir da identidade S
Γ
(Id) ´e de extrema relevˆancia neste contexto, pois
CAP
´
ITULO 6. APLICAC¸
˜
AO DE CONJUNTOS DE CONTROLE 58
tal conjunto constitui um semigrupo de G, o que nos permite fazer uso da teoria de
semigrupos para os nossos prop´ositos. Denotaremos o semigrupo S
Γ
(Id) simplesmente
por S
Γ
e o denominaremos semigrupo associado ao sistema de controle Γ.
Dentre os resultados sobre sistemas de controle invariantes `a direita que mais nos
interessam est˜ao os seguintes:
Proposi¸ao 6.3. Um sistema de controle invariante `a direita Γ em um grupo de Lie G
´e control´avel em G se, e somente se, ´e control´avel `a partir da identidade, ou seja, se o
semigrupo S
Γ
´e igual ao grupo G.
A seguinte condi¸ao ´e conhecida como a Condi¸ao do Posto, sua importˆancia ´e evi-
denciada no resultado que segue sua defini¸ao.
Defini¸ao 6.4. Um sistema Γ g ´e dito satisfazer a Condi¸ao do Posto se
Lie(Γ) = g.
Teorema 6.5. (Condi¸ao do Posto) Seja Γ g.
1. Se Γ ´e control´avel, ent˜ao Lie(Γ) = g;
2. int (S
Γ
) = se, e somente se, Lie(Γ) = g.
A demonstra¸ao deste resultado pode ser encontrada, por exemplo, em [15].
6.2 Sistemas induzidos em espa¸cos homogˆeneos
Nesta se¸ao vamos mostrar como a controlabilidade do sistema invariante a direita Γ no
grupo G implica na controlabilidade do sistema de controle
˙x = Ax, (6.4)
onde A ´e uma matriz d × d, x R
d
\{0} e u R.
Vamos iniciar a se¸ao com um exemplo que a de tornar clara a exposi¸ao mais geral.
CAP
´
ITULO 6. APLICAC¸
˜
AO DE CONJUNTOS DE CONTROLE 59
Exemplo 6.6. Consideremos o seguinte sistema invariante `a direita em Gl
+
(d, R):
Γ = A + RB gl(d, R).
Na nota¸ao cl´assica, escrevemos este sistema na forma
˙
X = AX + uBX, X Gl
+
(d, R), u R. (6.5)
Introduzimos tamb´em o seguinte sistema bilinear:
˙x = Ax + uBx, x R
d
\{0}, u R. (6.6)
Note que, se X(t) ´e uma trajet´oria do sistema invariante a direita (6.5) com X(0) = Id,
enao a curva x(t) = X(t)x
0
´e uma trajet´oria do sistema bilinear (6.6), com x(0) = x
0
.
Assumindo a controlabilidade do sistema invariante `a direita em Gl
+
(d, R), teremos
que o sistema bilinear ´e control´avel em R
d
\{0}. Na verdade, tomando dois pontos quais-
quer x
0
, x
1
R
d
\{0}, existe uma matriz X
1
Gl
+
(d, R) tal que X
1
x
0
= x
1
. Em virtude
da controlabilidade de Γ, existe uma trajet´oria X(t) do sistema invariante a direita tal
que X(0) = Id, X(T ) = X
1
para algum T 0. Ent˜ao a trajet´oria x(t) = X(t)x
0
do
sistema bilinear, liga x
0
a x
1
:
x(0) = X(0)x
0
= Idx
0
= x
0
, x(T ) = X(T )x
0
= X
1
x
0
= x
1
.
Logo, mostrando que o sistema invariante a direita (6.5) ´e control´avel em Gl
+
(d, R),
teremos que o sistema bilinear (6.6) ´e control´avel em R
d
\{0}.
Neste argumento, os trˆes seguintes pontos ao verificados:
1. O grupo de Lie G = Gl
+
(d, R) age na variedade M = R
d
\{0}, isto ´e, para qualquer
X G se define uma aplica¸ao
X : M M, X : x → Xx.
2. G age transitivamente em M:
x
o
, x
1
M X G tal que Xx
0
= x
1
.
CAP
´
ITULO 6. APLICAC¸
˜
AO DE CONJUNTOS DE CONTROLE 60
3. O sistema bilinear (6.6) ´e induzido pelo sistema invariante a direita (6.5): se X(t)
´e uma trajet´oria de (6.5), enao X(t)x ´e uma trajet´oria de (6.6).
Esta constru¸ao ´e generalizada como segue.
Assim como foi definido na Se¸ao 1.1 dizemos que um grupo de Lie G age na variedade
diferenci´avel M se existe uma aplica¸ao diferenci´avel
θ : G × M M
que satisfaz as seguintes condi¸oes:
i) θ(Y X , x) = θ(Y, θ(X, x)) para quaisquer X, Y G e x M;
ii) θ(Id, x) = x para qualquer x M.
Defini¸ao 6.7. Um grupo de Lie G age transitivamente em M se, para quaisquer x
0
, x
1
M existe X G tal que θ(X, x
0
) = x
1
. A variedade que admite uma ao transitiva de
um grupo de Lie, damos o nome de espa¸co homogˆeneo deste grupo de Lie.
Denotaremos por T
M
o conjunto dos espa¸cos tangentes aos pontos de M, ou seja,
T
M
=
XM
M
X
onde M
X
denota o espa¸co tangente no ponto X.
Defini¸ao 6.8. Seja A g. O campo vetorial θ
A T
M
induzido pela ao θ ´e definido
como segue:
(θ
A)(x) =
d
dt
|
t=0
θ(exp(tA), x), x M.
Note que se M = R
d
e A sl(d, R), ent˜ao o campo vetorial θ
A induzido pela ao θ
´e
(θ
A)(x) = θ(A, x) = Ax, x R
d
.
Defini¸ao 6.9. Seja Γ g um sistema invariante a direita. O sistema
θ
Γ T
M
,
(θ
Γ)(x) = {(θ
A)(x)| A Γ}, x M,
CAP
´
ITULO 6. APLICAC¸
˜
AO DE CONJUNTOS DE CONTROLE 61
´e chamado sistema induzido em M.
No caso espec´ıfico em que M = R
d
e Γ sl(d, R) temos que o sistema induzido por Γ
em R
d
´e (θ
Γ)(x) = {Ax| A Γ}, x R
d
.
O pr´oximo resultado associa a uma trajet´oria em Γ, uma trajet´oria no sistema in-
duzido.
Lema 6.10. Se X(t) ´e uma trajet´oria de Γ, ent˜ao x(t) = θ(X(t), x
0
) ´e uma trajet´oria
de θ
Γ, para qualquer x
0
M.
Ver [16].
O pr´oximo resultado relaciona a controlabilidade do sistema no grupo com a contro-
labilidade do sistema induzido na variedade e a transitividade da ao do semigrupo S
Γ
na variedade com a controlabilidade do sistema induzido. Para consultar demonstra¸oes
nos referimos a [16].
Teorema 6.11. Seja θ uma ao transitiva de um grupo de Lie conexo G na variedade
M. Sejam tamb´em Γ g um sistema invariante `a direita em G e, θ
Γ VecM o sistema
induzido em M.
1. Se Γ ´e control´avel em G, ent˜ao θ
Γ ´e control´avel em M.
2. Al´em disso, se o semigrupo S
Γ
age transitivamente em M, ent˜ao θ
Γ ´e control´avel
em M.
Sejam M = R
d
\{0}, A e B matrizes em sl(d, R) e Γ = {A + uB, u R}. Considere
a seguinte ao de Sl(d, R) em R
d
\{0}
θ(A, X) = AX, A Sl(d, R), X R
d
\{0}.
Temos que esta ao ´e transitiva, e que o sistema induzido por Γ em R
d
\{0} ´e θ
Γ =
{(A+uB)X, u R}. Assim, pelo teorema acima, temos que se o sistema Γ for control´avel,
enao o sistema induzido em R
d
ser´a control´avel.
CAP
´
ITULO 6. APLICAC¸
˜
AO DE CONJUNTOS DE CONTROLE 62
6.3 A controlabilidade do sistema bilinear sob as condi¸oes
de Jurdjevic e Kupka
Em [1] Jurdjevic e Kupka estabeleceram condi¸oes sobre as matrizes A e B para que o
sistema (6.1) fosse control´avel. Essas condi¸oes representam o maior avan¸co neste sentido,
sendo que o problema geral permanece em aberto.
No que segue faremos a demonstra¸ao deste resultado, admitindo alidas as trˆes
condi¸oes, conhecidas como condi¸oes de Jurjevic e Kupka, entretanto, seguindo o etodo
utilizado por San Martin em [11]. As condi¸oes sobre as matrizes A e B ao as seguintes:
1. B = diag{ λ
1
, . . . , λ
d
} com λ
1
> . . . > λ
d
, ie, B ´e um “split regular” e seus autoval-
ores ao bem ordenados;
2. Sendo A escrita como A = (a
ij
), enao a
1d
a
d1
< 0;
3. A ´algebra de Lie gerada por A e B ´e sl(d, R).
Na demonstra¸ao feita em [1], ´e considerado o cone convexo L(S
Γ
) g associado ao
semigrupo S
Γ
, e mostrado, por um processo de indu¸ao, que L(S
Γ
) = g e portanto, o
semigrupo S
Γ
´e igual ao grupo Sl(d, R), donde segue o resultado.
Aqui, mostraremos a controlabilidade utilizando os resultados envolvendo conjuntos de
controle invariantes do cap´ıtulo anterior. A id´eia consiste em mostrar que o cone L(S
Γ
)
associado ao semigrupo S
Γ
´e convexo e conem elementos apropriados. A partir disto,
utilizando os resultados do cap´ıtulo anterior para obter o desejado.
Teorema 6.12. Considere o sistema de controle bilinear Γ = {A + uB : u R}, com
A, B sl(d, R). Suponha que as matrizes A e B satisfa¸cam condi¸oes de Jurdjevic e
Kupka, ou seja,
1. B = diag{λ
1
, . . . , λ
d
} com λ
1
> . . . > λ
d
, isto ´e, B ´e um split regular e seus
autovalores ao bem ordenados;
2. Se A ´e escrita como A = (a
ij
), ent˜ao a
1d
a
d1
< 0;
3. A ´algebra de Lie gerada por A e B ´e sl(d, R).
CAP
´
ITULO 6. APLICAC¸
˜
AO DE CONJUNTOS DE CONTROLE 63
Ent˜ao S
Γ
= Sl(d, R).
Demonstra¸ao: Consideremos o semigrupo associado ao sistema
S
Γ
= {exp(t
1
(A + u
1
B)) . . . exp(t
m
(A + u
m
B)) : t
i
0, u
i
R, m 1}.
Pela terceira condi¸ao temos que int(S
Γ
) = . Suponha por absurdo que S
Γ
´e um
subsemigrupo pr´oprio de G. Neste caso consideremos
L(S
Γ
) = {X sl(d, R) : exp tX fe(S
Γ
) t 0}
o cone associado a S
Γ
. Mostraremos que L(S
Γ
) ´e um cone convexo que cont´em A, ±B e
as matrizes
M =
0 . . . 1
.
.
. . . .
.
.
.
0 . . . 0
e N =
0 . . . 0
.
.
. . . .
.
.
.
1 . . . 0
.
Vimos na Se¸ao 3.3 que L(S
Γ
) ´e um cone. Vamos mostrar que ´e convexo.
Para isto, sejam X, Y L(S
Γ
) e α [0, 1]. Como X, Y L(S
Γ
) temos que
exp(tX) fe(S
Γ
) e exp(tY ) fe(S
Γ
) t 0.
Usando (3.1) temos
exp t(αX + (1 α)Y ) = lim
n→∞
(exp(
t
n
αX) exp(
t
n
(1 α)Y ))
n
mas
exp(
t
n
αX), exp(
t
n
(1 α)Y ) f e(S
Γ
)
e como fe(S
Γ
) ´e um semigrupo fechado
exp t(αX + (1 α)Y ) fe(S
Γ
)
o que implica que
αX + (1 α)Y L(S
Γ
), X, Y L(S
Γ
) e α [0, 1].
CAP
´
ITULO 6. APLICAC¸
˜
AO DE CONJUNTOS DE CONTROLE 64
Portanto L(S
Γ
) ´e um cone convexo.
Mostraremos agora que as matrizes A, ±B e
M =
0 . . . 1
.
.
.
.
.
.
.
.
.
0 . . . 0
e N =
0 . . . 0
.
.
.
.
.
.
.
.
.
1 . . . 0
pertencem a L(S
Γ
).
Note que, A, ±B sl(d, R). Enao temos que mostrar que exp(tA), exp(±tB)
fe(S
Γ
). Considerando m = 1, e u
1
= 0, temos que
exp(tA) S
Γ
exp(tA) fe(S
Γ
),
ou seja, A L(S
Γ
). Tamb´em,
exp(±B) = exp( lim
u→∞
(
1
u
A ± B)) = exp( lim
u→∞
1
u
(A ± uB)) fe(S
Γ
)
e como esse ´e um semigrupo fechado, temos que ±B L(S
Γ
).
Como A, ±B L(S
Γ
) enao, pela Proposi¸ao 3.8, temos que
exp(tadB)A L(S
Γ
), t R.
Desta forma,
A
t
= exp(tadB)A = Ad(exp(tB))(A) = exp(tB)A exp(tB) L(S
Γ
) t R. (6.7)
Consideremos E
ij
a matriz d × d que possui entrada igual a 1 na posi¸ao ij e zero nas
demais entradas. Assumindo que a
1d
< 0, escrevemos a matriz A da forma
A =
d
i,j=1
a
ij
E
ij
.
Assim,
A
t
= e
tB
Ae
tB
= e
tB
(
d
i,j=1
a
ij
E
ij
)e
tB
= (
d
k=1
e
λ
r
tE
kk
)(
d
i,j=1
a
ij
E
ij
)(
d
r=1
e
λ
r
tE
rr
)
= (
d
i,j=1
a
ij
e
λ
i
t
E
ij
)(
d
r=1
e
λ
r
tE
rr
) = (
d
i,j=1
a
ij
e
(λ
i
λ
j
)t
E
ij
=
d
i,j=1
a
ij
e
−
ij
t
E
ij
isto ´e,
CAP
´
ITULO 6. APLICAC¸
˜
AO DE CONJUNTOS DE CONTROLE 65
A
t
=
d
i,j=1
a
ij
e
−
ij
t
E
ij
.
Como
A
t
L(S
Γ
), e
−
d1
t
> 0 t 0
e L(S
Γ
) ´e um cone convexo fechado, temos que
lim
t→∞
e
−
d1
t
A
t
L(S
Γ
).
Computando este limite vemos que
lim
t→∞
e
−
d1
t
A
t
= lim
t→∞
e
−
d1
t
(
d
i,j=1
a
ij
e
−
ij
t
E
ij
)
= lim
t→∞
d
i,j=1
e
−
d1
t
e
−
ij
t
a
ij
E
ij
= lim
t→∞
d
i,j=1
e
(
ij
−
d1
)t
a
ij
E
ij
= lim
t→∞
(e
(λ
1
λ
1
λ
d
+λ
1
)t
a
11
E
11
+ e
(λ
1
λ
2
λ
d
+λ
1
)t
a
12
E
12
+ . . . + e
(λ
1
λ
d
λ
d
+λ
1
)t
a
1d
E
1d
+
e
(λ
2
λ
1
λ
d
+λ
1
)t
a
21
E
21
+ e
(λ
2
λ
2
λ
d
+λ
1
)t
a
22
E
22
+ . . . + e
(λ
2
λ
d
λ
d
+λ
1
)t
a
2d
E
2d
+ . . . +
e
(λ
d
λ
1
λ
d
+λ
1
)t
a
d1
E
d1
+ e
(λ
d
λ
2
λ
d
+λ
1
)t
a
d2
E
d2
+ . . . + e
(λ
d
λ
d
λ
d
+λ
1
)t
a
dd
E
dd
)
= a
d1
E
d1
pois como λ
1
> . . . > λ
d
, temos que
λ
1
> λ
j
j = 1,
λ
i
> λ
d
i = d
(λ
1
λ
j
) + (λ
i
λ
d
) > 0
ij
d1
> 0 para todo ( i, j) = (d, 1).
Al´em disso,
d1
d1
= 0. Portanto, o ´unico somat´orio no qual o expoente ao ´e negativo
´e o termo em d, 1.
Enao conclu´ımos que a
d1
E
d1
L(S
Γ
) e se considerarmos a
d1
= 1 temos que a matriz
N L(S
Γ
).
Para mostrar que M L(S
Γ
) calculamos
lim
t→−∞
e
−
d1
t
A
t
= a
1d
E
1d
L(S
Γ
),
e como a
1d
< 0 basta consider´a-lo igual a 1 e temos o desejado.
Mostramos que N, M L(S
Γ
) que ´e um cone convexo, ent˜ao
R = N + M L(S
Γ
).
Deste modo temos que,
CAP
´
ITULO 6. APLICAC¸
˜
AO DE CONJUNTOS DE CONTROLE 66
R =
0 . . . 1
.
.
. . . .
.
.
.
1 . . . 0
L(S
Γ
)
logo
exp(tR) fe(S
Γ
).
Sendo assim,
exp(πR) =
cosπ 0 . . . 0 senπ
0 1 . . . 0 0
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
0 0 . . . 1 0
senπ 0 . . . 0 cosπ
=
1
1
.
.
.
1
1
fe(S
Γ
)
ou seja,
exp(πR) = diag{−1, 1, . . . , 1, 1} fe(S
Γ
).
Como B = diag{λ
1
, . . . , λ
d
} ´e “split regular” temos que
exp B = diag{e
λ
1
, . . . , e
λ
d
},
´e um “split regular” com e
λ
1
> . . . > e
λ
d
> 0, e como vimos na Se¸ao 2.3 temos que
(exp B)
m
ξ ξ
0
= e
1
. . . e
k
com ξ C
k
0
. Os ´ıtens (ii) e (iii) Prop osi¸ao 4.17 justificam que ξ
0
pertence a um conjunto
de controle invariante em Gr
+
k
(d), a que
ξ
0
S
Γ
C
k
0
C
k
0
= C
k
.
Entretanto, como em (5.4) temos que
ρ
k
(exp πR)(e
1
. . . e
k
) = exp(πR)e
1
. . . exp(πR)e
k
= e
1
. . . e
k
mostrando que ξ
0
= e
1
. . . e
k
pertence ao mesmo conjunto de controle invariante.
Enao pela contrapositiva da Proposi¸ao 5.8 temos que S
Γ
ao ´e do tipo k, para nenhum
k. Por outro lado pelo Teorema 5.4 temos que S
Γ
´e do tipo k. Portanto S
Γ
= Sl(d, R),
ou seja, o sistema Γ ´e control´avel.
CAP
´
ITULO 6. APLICAC¸
˜
AO DE CONJUNTOS DE CONTROLE 67
Nas hip´oteses do teorema acima, conclu´ımos que o sistema bilinear Γ = {A + uB : u
R} ´e control´avel. Pelas considera¸oes feitas na Se¸ao 6.2 temos que o sistema de controle
em R
d
\{0}
˙x = (A + uB)x,
com u R ´e control´avel.
Vejamos um exemplo sobre a controlabilidade.
Exemplo 6.13. Consideremos o sistema Γ = {A, B, B}, onde A e B ao dadas por
A =
0 1
1 0
e B =
1 0
0 1
.
Vamos mostrar que o sistema Γ ´e control´avel em R
2
\{0}.
Notemos inicialmente que B pode ser escrita na forma B = diag{1, 1} e seus auto
valores est˜ao bem ordenados 1 > 1.
Sobre a matriz A temos que a
12
a
21
= (1)(1) < 0. Al´em disso, a ´algebra de Lie gerada
pelas matrizes A e B ´e sl(2, R).
Com efeito, lembrando que a dimens˜ao de sl(2, R) ´e 3 temos que,
[A, B] = AB BA =
0 1
1 0
0 1
1 0
=
0 2
2 0
e [A, B] ao ´e combina¸ao linear de A e B, pois αA + βB = [A, B], α, β R.
Logo, {A, B, [A, B]} ´e uma base para sl(2, R).
Portanto, como o sistema satisfaz as trˆes condi¸oes de Jurdjevic e Kupka, ´e control´avel.
Em [17], Braga, Ribeiro, Rocio e San Martin mostraram que a controlabilidade do
sistema
˙x = (A + uB)x
onde A e B matrizes 2 × 2, ´e garantida se a condi¸ao det[A, B] < 0. O que podemos
observar ´e que, no caso 2 × 2, se as matrizes A e B satisfazem as condi¸oes de Jurdjevic
e Kupka, ent˜ao det[A, B] < 0. De fato, sejam
A =
a c
d a
tal que cd < 0 e B =
b 0
0 b
com b > 0.
CAP
´
ITULO 6. APLICAC¸
˜
AO DE CONJUNTOS DE CONTROLE 68
Temos que a matriz B pode ser escrita na forma B = diag{b, b} e seus autovalores
est˜ao bem ordenados b > b. A matriz A satisfaz que a
12
a
21
= cd < 0 e ainda, [A, B] =
αA + βB para todo α, β R. Logo {A, B, [A, B]} ´e uma base para sl(2, R) e portanto as
condi¸oes de Jurdjevic est˜ao satisfeitas.
Al´em disso,
[A, B] =
0 2bc
2bd 0
e det[A, B] = 4b
2
cd < 0.
O pr´oximo exemplo mostra que as condi¸oes de Jurdjevic e Kupka ao suficientes para
a controlabilidade do sistema ˙x = (A + uB)x, mas ao necess´arias.
Exemplo 6.14. Seja G = Sl(2, R) e Γ = A + RB sl (2, R), onde A e B ao matrizes
da forma
A =
a 1
0 a
e B =
b 0
a b
com a, b > 0.
Temos que [A, B] =
a 2b
0 a
, det[A, B] = a
2
< 0 e por [17] temos que o sistema
´e control´avel. No entanto as condi¸oes de Jurdjevic e Kupka ao ao satisfeitas, a que
a
12
a
21
= (1)(0) = 0 e mais ainda, B ao pode ser escrita na forma diagonal.
Cap´ıtulo 7
Conclus˜ao
O problema sobre a controlabilidade de um sistema bilinear da forma
˙x = (A + uB)x
onde A e B ao matrizes d× d, x R
d
e u R, ainda permanece em aberto. As condi¸oes
estabelecidas por Jurdjevic e Kupka sobre as matrizes A e B, abordadas neste trabalho,
ao as mais significativas at´e o momento.
Jurdjevic e Kupka tamem estabeleceram em [2], condi¸oes suficientes para a contro-
labilidade do sistema, num caso mais geral, onde o sistema Γ est´a contido na ´algebra de
Lie de um grupo de Lie semisimples.
Para o caso do sistema bilinear
˙x = (A + uB)x
com A e B matrizes 2 × 2, o problema est´a totalmente resolvido. Em [17] Braga, Ribeiro,
Rocio e San Martin estabeleceram que o sistema ´e control´avel se, e somente se, det[A, B] <
0.
As perspectivas ao de que sejam estabelecidas condi¸oes suficientes para a controla-
bilidade do sistema bilinear
˙x = (a + uB)x,
com A e B matrizes na ´algebra de Lie de outros grupos de Lie, como por exemplo, do grupo
simpl´etico Sp(n), al´em ´e claro, da expectativa de que o problema seja completamente
resolvido.
69
´
Indice Remissivo
Λ
k
E, 24
´algebra de Lie, 6
´algebra de Lie abeliana, 9
´algebra de Lie nilpotente, 10
´algebra de Lie semi-simples, 10
´algebra de Lie simples, 10
´algebra de Lie sol´uvel, 9
´algebra derivada, 9
ao, 7
ao do semigrupo nas Grassmannianas, 50
ao efetiva, 8
ao transitiva, 8, 37
aplica¸ao exponencial, 11
automorfismo de ´algebras de Lie, 7
automorfismos de grupos de Lie, 6
campo vetorial invariante a esquerda, 7
centralizador da ´algebra, 6
centralizador do grupo, 5
centro, 5
condi¸ao do posto, 58
cone, 33
cone associado ao semigrupo, 34
cone invariante, 33
conjunto de controle, 38
conjunto de controle efetivo, 42
conjunto de controle invariante, 43
conjunto de controle maximal, 43
conjunto de transitividade, 39
conjunto de transitividade na Grassmanni-
ana, 50
conjuntos de pontos ating´ıveis, 57
decomposi¸ao de Bruhat das Grassmanni-
anas, 19
espa¸co homogˆeneo, 60
fibra¸ao natural, 51, 52
Flag maximal, 14
forma k-linear, 24
forma k-linear alternada, 24
forma k-linear decompon´ıvel, 25
Grassmanniana orientada, 27
grupo de Heisenberg, 31
grupo de Lie, 4
homomorfismo de ´algebras de Lie, 7
homomorfismos de grupos de Lie, 6
ideal, 31
ideal `a direita, 31
ideal `a esquerda, 31
ideal da ´algebra de Lie, 9
70
´
INDICE REMISSIVO 71
identidade de Jacobi, 6
isomorfismo de ´algebras de Lie, 7
isomorfismos de grupos de Lie, 6
mon´oide, 30
normalizador da ´algebra, 6
normalizador do grupo, 5
radical sol´uvel, 10
representa¸ao adjunta, 8
representa¸ao do grupo de Lie, 7
s´erie central descendente, 10
s´erie derivada, 9
semigrupo, 30
semigrupo acess´ıvel, 37
semigrupo associado ao sistema de controle,
58
semigrupo control´avel, 37
semigrupo de compress˜ao, 35
sistema control´avel, 57
sistema de controle invariante `a direita, 57
sistema induzido, 61
split regular, 21
sub´algebra de Lie, 6
subgrupo a um parˆametro, 11
subgrupo de isotropia, 12
subgrupo de Lie, 4
subsemigrupo, 30
tipo parab´olico do semigrupo, 53
transla¸ao a esquerda, 7
Variedade de Grassmann, 16
Variedades Flags, 13
variedades homogˆeneas, 12
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