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2.7- Outras micotoxinas de importância para os eqüinos
2.7.1 Ocratoxina A
As ocratoxinas são produzidas por fungos dos gêneros Penicillium e Aspergillus,
principalmente por P. verrucosum e A. ochraceus. O P. verrucosum é muito encontrado como
contaminante de cereais em regiões de clima temperado, mas também está significativamente
presente em carnes refrigeradas nas regiões subtropicais. Existem sete tipos de ocratoxinas,
sendo as mais importantes as do tipo “A”, tipo “B” e tipo “C”.
A ocratoxina A (OTA) é a mais
abundante e mais tóxica deste grupo, podendo desencadear inúmeros efeitos tóxicos em aves
e mamíferos, como teratogênese, carcinogênese, imunossupressão e principalmente
nefrotoxidade. A nefropatia micotóxica é uma doença fatal, que clinicamente se apresenta
com falhas renais progressivas, acompanhada por anemia (supressão da hematopoiese), sem
hipertensão e depressão. Morfologicamente causa atrofia dos túbulos proximais renais, fibrose
cortical, assim sendo, pelo impedimento da função tubular, ocasiona-se oligúria. Com a
ingestão continuada, podem surgir neoplasias no trato urinário, como tumores bilaterais,
pélvicos ou uretrais, de progressão lenta, e microcistos renais; além dos efeitos
imunossupressor sobre o timo, baço e linfonodos, embriotoxidade e teratogenia.
2.7.2 Citrinina
É uma importante micotoxina nefrotóxica para o homem, bovinos, eqüinos, cães, e
principalmente para suínos e aves. É produzida por espécies dos gêneros Aspergillus e
Penicillium, destacando-se entre estes, o A. niveus, A. terreus, P. citrinum, P.verrucossum e P.
viridicatum. Fungos citrinogênicos têm sido isolados de amendoim, arroz, aveia, centeio,
cevada, milho, trigo e ração. A citrinina, assim como a OTA, está relacionada com a
ocorrência da nefropatia micotóxica na ingestão de cereais mofados, a qual foi também
diagnosticada no Brasil, em animais que se alimentavam com cevada fermentada de
cervejaria. Esta micotoxicose caracteriza-se por ser de caráter crônico com baixa mortalidade,
causando lesões de caráter hemorrágico, alterações séricas, necrose hepática e renal, com
fibrose intersticial, e cardiotoxidade. Tanto nos casos de intoxicação por ocratoxinas quanto
por citrinina, o uso de carvão ativado reduz a absorção destas em nível gastrointestinal, mas
usualmente não é prático para os casos de exposição crônica. Devido ao fato dos animais
sobreviventes ou convalescentes sofrerem de insuficiência renal crônica, a ingestão de
proteínas deve ser limitada, além de ser necessário um tratamento de apoio adequado, o que
implica em gastos e queda de performance.
2.7.3 Eslaframina
É um alcalóide indolizidínico, produzida pelo fungo Rhizoctonia leguminicola que
infesta o trevo vermelho e, ocasionalmente, outras leguminosas. Tem sua produção favorecida
no frio e com tempo úmido, especialmente durante o período de recrescimento das
forrageiras. Apresenta propriedades parassimpatomiméticas e imita a ação da acetilcolina,
ligando-se aos seus receptores. Os eqüinos são altamente susceptíveis e os sinais clínicos
desenvolvem-se rapidamente, muitas vezes dentro de 1-3 horas após o consumo de forrageiras
contaminadas. Salivação profusa é uma resposta clínica característica, sendo também
observados lacrimejamento moderado, micção freqüente, diarréia, timpanismo, rigidez e
interrupção da produção de leite. A atropina pode ser usada no tratamento sintomático da
salivação e diarréia, e são necessários observação e cuidados de apoio geral para a
desidratação e a dificuldade respiratória.
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