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de partidos como canais de expressão e representação de interesses, como um vínculo, ainda
que frágil, entre a sociedade e o Estado. Na arena eleitoral, seu papel específico é o de
competir pelo apoio dos eleitores a fim de conquistar posições de poder. É por meio desse
mecanismo que a cadeia de representação política se forma nas democracias representativas,
uma cadeia que vincula os cidadãos às arenas públicas de tomada de decisões.
Assim, se, de um lado, a obtenção do poder político legítimo, no contexto de um
eleitorado de massas, tornou-se factível por meio da organização de partidos políticos, de
outro, a representação política democrática tornou-se viável à medida que os partidos
políticos modernos, ao se constituírem como tais, assumiram as tarefas de: estruturar a disputa
eleitoral, ou seja, definir e diferenciar as opções a serem oferecidas ao eleitor, facilitando o
ato de votar e possibilitando a construção de identidades políticas, e mobilizar o eleitorado,
isto é, incentivar o eleitor a ir às urnas e a votar em uma das opções oferecidas, opções que se
constituem como agregações de preferências, ou seja, representações de interesses. Se, no que
refere à questão da democracia, os partidos políticos são um aspecto fundamental, é sua
atividade eleitoral a que tem caráter primordial.
Historicamente, os partidos surgiram como conseqüência da luta contra a formação
política monocromática, não apenas em razão do surgimento dos parlamentos, mas com a
valorização da vontade da sociedade. Os partidos políticos só fizeram parte, como elemento
estrutural, do sistema político ou foram concebidos nitidamente como tal depois da Revolução
francesa, da qual se originaram os fundamentos do Estado Moderno e com o seu advento
adquiriram uma definição legal, positiva e aceitável, contudo, consoante Cerroni (1982), é o
partido socialista o protótipo histórico-teórico capaz de explicar o nascimento do partido
político moderno e do sistema partidário moderno, tendo sido o partido operário socialista o
primeiro a obter uma organização difusa e um programa nacionalmente abrangente.
Os partidos como organizações representantes de interesses de distintos grupos
políticos surgiram com a necessidade da formação sociopolítica, isto é, o partido político não
deveria ser visto isoladamente dos seus vínculos e deveres sociais. O que pode ainda hoje ser
confirmado, pois, consoante Cerroni (1982) e Gramsci (1984), o partido político encarna em
si mesmo a necessidade de uma mediação orgânica entre o político e o social. Cerroni
considera o partido político como a primeira célula na qual se resumem os germes da vontade
coletiva que tendem a ser universais e totais. Cerroni apud Gramsci enfatiza que um partido
atinge seu ápice quando age como uma parte que percebe todos os problemas de coordenação
e gestão do universo social em que opera.