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Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Centro de Educação e Humanidades
Faculdade de Educação
Programa de Pós-graduação em Educação
Dissertação de Mestrado
Vc qr tc cmigo?”
Relatos cotidianos sobre valores e outras linguagens da
ciberjuventude eternamente “plugada” e conectada ao
universo virtual.
Autora: Maria Helena Oliveira Lemos (Helena Lemos)
Orientadora: Profª Drª Mirian Paura Sabrosa Zippin Grinspun
Rio de Janeiro
Agosto 2008
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Vc qr tc cmigo?”
Relatos cotidianos sobre valores e outras linguagens da
ciberjuventude eternamente “plugada” e conectada ao
universo virtual.
Por
Maria Helena Oliveira Lemos
(Helena Lemos)
Dissertação apresentada à Faculdade de
Educação da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro como requisito parcial à obtenção do
título de Mestre em Educação.
Linha de Pesquisa: Infância, Juventude e
Educação.
Orientadora: Profª Drª Mirian Paura Sabrosa
Zippin Grinspun
Rio de Janeiro
Agosto 2008
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Dedicatória
À minha mãe pelo carinho e dedicação que favoreceu sempre minha busca na aquisição
de conhecimentos.
Aos meus filhos Claudio e Ricardo que são a grande razão da minha existência.
Ao amigo e cúmplice bonifaciano que eu amo muito, Dirceu C. Pacheco, por acreditar e
favorecer o meu desenvolvimento profissional e acadêmico.
A meu Mestre espiritual Tridand Goswami Param Gati Swami por estimular em seus
discípulos o cultivo ao conhecimento e nos aproximar de Radha e Krishna.
Agradecimentos
Ao casal divino Radha e Krishna por sua misericórdia sem causa pelas almas
condicionadas;
À Profª Drª Mirian Paura, pelo seu exemplo como orientadora, professora, pessoa e
amiga; pelo privilégio da parceria e acima de tudo por confiar na minha capacidade;
À Prof. Drª Nilda Alves por me acolher no seu grupo de pesquisa, favorecendo o meu
contato com a academia;
Aos professores Paulo Sgarbi e Valter Filé, que gentilmente aceitaram o convite desta
banca e que muito contribuíram para o resultado deste trabalho;
Aos professores deste programa por socializarem seus conhecimentos com todos nós;
À Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro por permitir que pudesse
desenvolver minha pesquisa numa escola municipal;
À direção, professores e alunos da E. M. Profª Felicidade de Moura Castro por
favorecerem o desenvolvimento dessa pesquisa e pelo incentivo ao meu trabalho;
Às amigas: Adriana, Catharina Harriet, Claudia Moema, Glória Cecília, Kátia Regina,
Maria Aparecida e Solange por me ouvirem e/ou disponibilizar material para o
desenvolvimento dessa pesquisa
;
À amiga Maria Betânia pela revisão ortográfica e sugestões para o aprimoramento do
texto.
Ao transcendental amigo Govinda Madhava d. por estar presente mesmo à distância e
pelas traduções para todos os eventos científicos
Aos colegas do PROPED e do grupo de pesquisa NUPEJOVEM;
Aos funcionários do PROPED pela disponibilidade no atendimento às nossas
solicitações;
Enfim, a todos que de alguma forma contribuíram na minha trajetória.
Feliz aquele que transfere o que sabe
e aprende o que ensina
Cora Coralina
Resumo
A presente pesquisa tem por objetivo principal mostrar qual é a relação do/dos
jovem/jovens com as comunidades virtuais, valores e linguagens no espaço virtual e
apresentar características que se possam utilizar para repensar no enfoque da formação
de uma educação mais plena e contextualizada, pois, num ambiente de inclusão, onde os
jovens vão sendo inseridos e/ou buscam essa inclusão, se apropriam de uma linguagem
específica para esse ambiente, a escrita teclada (FREITAS, 2000) e buscam a interação
com outros indivíduos, na troca de experiências, valores, afetividade, enfim, a
comunicação com os outros.
O referencial teórico foi construído através da incorporação de possibilidades
nos estudos de juventude, estabelecidos por Groppo e Grinspun, e na incorporação das
novas tecnologias a partir dos estudos de Lévy, Freitas e Ramal
Desenvolvida a partir de um projeto intitulado: Os jovens e as comunidades
virtuais, em uma escola da rede municipal/RJ, produzi, com os alunos/as, um
“Glossário das linguagens usadas na internet” e pude registrar como esses jovens lidam
com a nova forma de comunicação, cada vez mais utilizada por todos, em especial pela
juventude, utilizando a perspectiva de uma pesquisa participante, uma vez que ocorre a
interação entre o pesquisador e membros das situações investigadas(GIL,1991).
Para a investigação sobre as relações estabelecidas na rede, utilizei uma técnica
padronizada de coleta de dados, que são os questionários, no intuito de capturar
narrativas de jovens acerca das questões relativas à escola, às novas linguagens e aos
valores. A partir dessa coleta de dados, busquei descrever o
encantamento/desencantamento de como essas questões se apresentam para essa
juventude.
Palavras-chave: juventude, tecnologia, informática educativa e valores
Abstract
The current research aims to be evidence for the relation between the youngsters
the virtual communities, values and languages in the virtual context and to present
characteristics that could be used to revisit the formation of an education more
contextualized and wide, where the youngsters will be included or will look for this
inclusion, they make use of an specific language for this ambient, the typed writing
(FREITAS,2000) and, look for interaction with other individuals, for exchanging
experiences, affection and ultimately the communication with others.
The theoretical reference was assembled through the incorporation of
possibilities on the study of the youngsters, established by Groppo and Grinspun,
incorporation of the new technologies from the studies of Lévy, Freitas and Ramal.
Developed from a project entitled The youngsters and the virtual communities, it
took place in a local governmental school in Rio de Janeiro. I produced with the pupils
an index of the language used on the internet and was able to register how the
youngsters liaise with this new method of communication, gradually more utilized by
all, specially amongst the young people, making use of the perspective from an
interactive research as there was an interaction between the researcher and the members
of the investigated situation (GIL,1991)
Regarding the investigation on the established relations of the web, I used a
standard technique to collect the data which are the questionnaires that aims to capture
the narrations of the youngsters on the topics: school, new languages and values. From
this data collection I endeavored to describe the enchantment / disenchantment in how
theses topics are presented in the formative years.
Key-words : youngsters, technology, Education IT and Values.
9
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................13
CAPÍTULO 1 – UM NOVO PARADIGMA DA COMUNICAÇÃO EM
REDE. QUESTIONAMENTOS ACERCA DA ESTRUTURA DO
CONHECIMENTO E O MODO PELO QUAL A ESCOLA
TRABALHA
1.1- Justificativa .................................................................................................24
1.2- Referencial teórico......................................................................................27
1.3- Questões de Estudo.....................................................................................28
1.4- Problematização .........................................................................................28
1.5- Objetivos ..................................................................................................29
1.6- Metodologia ...............................................................................................31
1.7- Organização do trabalho ............................................................................33
CAPÍTULO 2 – A POSSIBILIDADE DA CONSTRUÇÃO DO
TEXTO FORJADA NO DIÁLOGO COM TEÓRICOS QUE
DISCUTEM AS QUESTÕES DO COTIDIANO, DA JUVENTUDE
E/OU TECNOLOGIA
2.1- A tessitura com a Juventude .......................................................................35
2.2- A tessitura com o Cotidiano .......................................................................37
2.3- A tessitura com a Tecnologia .....................................................................38
CAPÍTULO 3 – A GERAÇÃO ANALÓGICA E A DIGITAL:
ENCONTRO/DESENCONTRO DO MODERNO COM O PÓS-
MODERNO
3.1- O encontro com a Felicidade.......................................................................51
3.1.1- A descoberta da virtualidade.............................................................52
3.1.2- A interseção com outras linguagens .................................................58
3.1.3- A questão dos valores e das tecnologias ...........................................63
3.1.3.1- O encantamento....................................................................64
3.1.3.2- O desencantamento...............................................................71
10
CAPÍTULO. 4 – NA BUSCA DE QUESTÕES, TENSÕES,
REFLEXOS. OS POSSÍVEIS PORQUÊS.............................................76
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................91
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................96
ANEXOS
Anexo 01 .........................................................................................................103
Anexo 02 .........................................................................................................134
Anexo 03 .........................................................................................................139
ENCARTE
cd-rom: material multimídia (imagens, vídeo)
11
LISTA DE TABELAS
Classificação em ordem decrescente de importância das pessoas que mais respeita na
escola ............................................................................................................................. 67
Classificação dos valores em ordem decrescente de importância...................................68
Quantas horas fica conectado? .......................................................................................70
Classificação dos valores em ordem decrescente de importância ..................................72
12
LISTA DE IMAGENS
NOVAS TECNOLOGIAS NA EDUCAÇÃO comunidade do Orkut ............................47
Foto 01 – Alunos do 5º ano do ciclo/2005 .....................................................................53
Foto 02 – Alunos do 5º ano do ciclo/2005 .....................................................................53
Foto 03 – Alunos do 5º ano do ciclo/2005 .....................................................................54
Foto 04 – Alunos do 5º ano do ciclo/2005 .....................................................................54
Foto 05 – Alunas do 5º ano do ciclo/2005 .....................................................................56
Foto 06 – Aluna do 5º ano do ciclo/2005 .......................................................................56
Foto 07 – Alunos do 5º ano do ciclo/2005 .....................................................................57
Foto 08 – Alunas do 5º ano do ciclo/2005 .....................................................................57
Foto 09 – Alunos/as do 9º ano do ciclo/2006 .................................................................62
Foto 10 – Cartaz sobre Blog – culminância do Projeto (2006) ......................................62
Foto 11 – Cartaz sobre MSN Messenger – culminância do Projeto (2006)
........................................................................................................................................62
Foto 12 – Cartaz sobre Orkut – culminância do Projeto (2006) ....................................63
Foto 13 – Cartaz sobre Fotolog – culminância do Projeto (2006) .................................63
FELICIDADE DE MOURA CASTRO – comunidade criada no Orkut ........................65
Enquete no fórum da comunidade FELICIDADE DE MOURA CASTRO no Orkut ..83
13
INTRODUÇÃO
14
Banda Larga Cordel
Gilberto Gil (2007)
Pôs na boca, provou, cuspiu
É amargo, não sabe o que perdeu
Tem um gosto de fel, raiz amarga
Quem não vem no cordel da banda larga
Vai viver sem saber que mundo e o seu
Mundo todo na ampla discussão
O neuro-cientista, o economista
Opinião de alguém que está na pista
Opinião de alguém fora da lista
Opinião de alguém que diz que não
Uma banda da banda é umbanda
Outra banda da banda é cristã
Outra banda da banda é kabala
Outra banda da banda é alcorão
E então, e então, são quantas bandas?
Tantas quantas pedir meu coração
E o meu coração pediu assim, só
Bim-bom, bim-bom, bim-bom, bim-
bom
Ou se alarga essa banda e a banda anda
Mais ligeiro pras bandas do sertão
Ou então não, não adianta nada
Banda vai, banda fica abandonada
Deixada para outra encarnação
Rio grande do sul, germania
Africano -ameríndio maranhão
Banda larga mais demografizada
Ou então não, não adianta nada
Os problemas não terão solução
Pirai, pirai, pirai
Pirai bandalargou-se um pouquinho
Pirai infoviabilizou
Os ares do município inteirinho
Com certeza a medida provocou
Um certo vento de redemoinho
Diabo de menino agora quer
Um i pod e um computador novinho
Certo é que o sertão quer virar mar
Certo é que o sertão quer navegar
No micro do menino internetinho
O netinho, baiano e bom cantor
Já faz tempo tornou-se um provedor -
provedor de acesso
A grande rede www
Esse menino ainda vira um sábio
Contratado do google, sim sinhô
Diabo de menino internetinho
Sozinho vai descobrindo o caminho
O rádio fez assim com seu avô
Rodovia, hidrovia, ferrovia
E agora chegando a infovia
Pra alegria de todo o interior
Meu Brasil, meu Brasil bem brasileiro
O youtube chegando aos seus grotões
Veredas do sertão, Guimarães Rosa,
Ilíadas, Lusíadas, Camões,
Rei Salomão no alto Solimões,
O pé da planta, a baba da babosa.
Pôs na boca, provou, cuspiu
É amargo, não sabe o que perdeu
É amarga a missão, raiz amarga
Quem vai soltar balão na banda larga
É alguém que ainda não nasceu
É amarga a missão, raiz amarga
Quem vai soltar balão na banda larga
É alguém que ainda não nasceu.
15
INTRODUÇÃO:
... é por isso que o quotidiano deixa de ser uma fase menor ou um hábito
descartável para passar a ser o campo privilegiado de luta por um mundo e
uma vida melhores. Perante a transformação do quotidiano numa rede de
sínteses momentâneas e localizadas de determinações globais e
maximalistas, o senso comum e o dia-a-dia vulgar, tanto público como
privado, tanto produtivo como reprodutivo, desvulgarizam-se e passam a
ser oportunidades únicas de investimento e protagonismo pessoal e grupal.
(SANTOS,2001,p.315)
Atuo na área de Educação há 25 anos, como professora regente de Geografia, no
Ensino Fundamental, e de Informática Educativa, em cursos de formação em serviço
para professores da Rede Municipal de Educação, e de Informática Aplicada à
Educação no Curso de Pedagogia.
Neste processo, venho tecendo alguns fios no universo da informática com os
quais tenho pretendido contribuir para ressignificar e construir novos saberes,
orientando e estimulando as pessoas a se apropriarem desse instrumental no sentido de
somarem às suas práticas outros modos de fazer que possam alterar o que se encontra
instituído.
Como praticante na/da área de Educação, aqui no sentido certeauniano(1996) da
expressão, tenho buscado desenvolver meu trabalho de forma instituinte e em rede
(ALVES,2002), tecendo fios/caminhos que possam ser facilitadores do processo de
construção cada vez mais amplo, tanto da minha autonomia pessoal e profissional,
quanto dos alunos com quem tenho tido a oportunidade de trabalhar nos diferentes
níveis de ensino.
Tenho encontrado grande dificuldade em atuar num mundo competitivo, onde a
exclusão está presente nos diversos contextos, especialmente na escola pública, onde as
políticas e os cursos de formação de professores não contribuem para melhorar a
atuação dos docentes no sentido de reduzir/eliminarem a exclusão digital.
Os produtos tecnológicos, na forma de pedaços de plástico, de música gravada,
assim como o lento manuseio humano da maior parte da informação sob a forma de
livros, revistas e jornais, vêm-se transformando, em alguns espaços, na transferência
instantânea e barata de dados eletrônicos movendo-se à velocidade da luz.
16
A mudança/inovação nas tecnologias digitais tem-se mostrado irrevogável e
parece que não há como detê-la. Considero extremamente importante podermos
interferir, buscando um contexto que não produza / reduza / reproduza exclusão e que
nos permita continuar a construir redes enquanto praticantes, vivendo o processo sem se
sujeitar ao mesmo, vivenciando/experimentando.
O gigantesco computador central foi substituído por microcomputadores em
diversas partes do mundo. Presenciamos os computadores mudarem das enormes salas
com ar-condicionado para os gabinetes, depois para as mesas e, também agora, para as
salas de aulas, para nossos bolsos e lapelas.
A Informática não tem mais só a ver com computadores, ela interfere na vida das
pessoas. Em qualquer situação do cotidiano, podemos perceber a presença da
informática, mesmo quando não nos damos conta disso, ela está ao nosso redor, quando
utilizamos os caixas eletrônicos, telefones celulares, a votação em urnas eletrônicas,
algumas universidades já começaram a informatizar as inscrições para o vestibular, a
Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro faz inscrições on-line para o ingresso
nas escolas de Ensino Médio, universidades virtuais e cursos on-line proliferam a uma
velocidade impressionante.
Vivemos, hoje, um momento ímpar de desenvolvimento técnico-científico, pois,
a cada dia, aumenta a interdependência no uso do computador e da Internet, fazendo
com que essa nova tecnologia da informação e da comunicação assuma cada vez mais
importância em nossas vidas.
Gostaria de ressaltar que sempre que me referir às expressões jovem/juventude e seus
plurais estou me remetendo aos alunos do 2º e 3º ciclos de uma escola pública
municipal, situada na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro – RJ, residentes em bairros
no entorno dessa Unidade Escolar, onde atuo e desenvolvo a pesquisa.
Tenho, entre minhas preocupações não incorrer numa postura estereotipada ou
tecnicista, mas buscar, através de possíveis narrativas, (re)construir como tem sido no
cotidiano desses jovens, a apropriação de uma linguagem voltada para as comunicações
virtuais, como blog
1
, MSN Messenger
2
, salas de bate-papo
3
e as comunidades virtuais
4
.
1
Diário on-line em que você publica histórias, idéias e imagens.
2
Programa de bate-papo on-line instantâneo - em tempo real - com amigos, familiares e colegas.
3
Canal de comunicação através do qual pessoas de todas as partes do mundo se informam a
respeito de assuntos variados, conversam, namoram e até casam via Internet.
4
É uma comunidade que estabelece relações num espaço virtual através dos meios de
comunicação à distância.
17
A nomenclatura utilizada na Internet para representar esse tipo de comunicação
virtual denominada comunidade e, um dos principais fatores que potencializa a criação
de comunidades virtuais é a dispersão geográfica dos membros que minimiza as
dificuldades relacionadas no tempo e espaço.
O uso das tecnologias da informação e da comunicação (TICs) promove o
compartilhamento de informações e a criação de conhecimento coletivo, entre esses
jovens com os quais pretendo desenvolver a minha pesquisa e o mundo virtual, ou seja,
as outras várias pessoas que se colocam nessas comunidades.
A comunidade virtual aglutina um grupo de indivíduos com interesses comuns
que trocam experiências e informações no ambiente virtual, como o Orkut
5
, entre
outros.
Os jovens estão cada vez mais conectados à rede mundial de computadores,
vivendo o mundo virtual e, através dessa experiência, estão criando uma linguagem
própria para sua comunicação, que, a princípio, foi criada para agilizar a digitação e que
vem deixando os computadores e tomando o cotidiano dos adolescentes. É o
“internetês”
6
, que saiu da tela do computador para lugares como o encarte do novo CD
do Kid Abelha, que usa palavras abreviadas como “vc” (você) e “q” (que) nas letras das
músicas.
Esta linguagem corrente na comunicação virtual já chegou também à TV. Além
de aparecer em bate-papo virtual entre personagens da novela “América”, a linguagem é
usada também nas legendas dos filmes do “cybermovie”, uma das sessões do canal a
cabo Telecine. Os diálogos são recheados de abreviaturas e variantes em relação à
norma culta da língua.
Na mídia impressa, essa linguagem também se faz presente, como por exemplo:
“o prsdnte do mdc quer tc c vc.” (JB,08/05/07.A7), propaganda veiculada por uma
multinacional do ramo de fast food, convidando para uma conversa num chat
7
de um
determinado provedor da Internet.
“Hoje, conhecemos um novo espaço de leitura e escrita. As letras
concretas e palpáveis se transformam em bits digitais; a página em branco
5
Comunidade virtual, criada com o objetivo de ajudar seus membros a criar novas amizades e
manter relacionamentos.
6
Utilizo esta expressão para me referir a abreviações utilizadas nas comunicações em ambiente
virtual.
7
Canais de comunicação através dos quais pessoas de todas as partes do mundo se informam a
respeito de assuntos variados, conversam, namoram e até casam via Internet. Também são conhecidos
como bate-papos.
18
é o campo do monitor; a pena é o teclado e há uma estranha separação
entre nosso corpo real, e o texto virtual. Até não ser impresso, o texto
pode ficar indefinidamente nessa outra materialidade. É um novo modelo
para lidar com a escrita, característico de um momento que alguns autores
denominam “pós-moderno”, outros, cibercultura – neste caso, como
explica Lévy (1999): “o conjunto de técnicas (materiais e intelectuais), de
práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se
desenvolvem juntamente com o crescimento
do ciberespaço.
8
”·
(RAMAL,2002,p.65).
Não é apenas em “Matrix”
9
que o mundo virtual se mistura com o real. Quando
estamos navegando à procura de algum site
10
, ou simplesmente em sua página principal
ou janela, também denominada home page
11
, muitas vezes, percebemos que a nossa
meta traçada já foi desviada há muito tempo e fomos parar em uma página diferente de
nosso destino planejado, se não tivermos como preocupação manter uma leitura
orientada para um determinado objetivo.
Assim acontece quando nos pegamos pensando em alguma coisa e nem nos
damos conta de como fomos parar naquele pensamento. Bastam poucos minutos de
divagação ou algum tempo de caminhada para percebemos que a vida cotidiana é um
grande hipertexto
12
que nos leva a lugares diversos do imaginário, onde surgem
imagens, lembranças, fantasias, diálogos que se mesclam com o que estamos fazendo
naquele momento e lugar. Na verdade os nossos pensamentos, assim como o hipertexto
favorecem uma leitura não-linear.
O hipertexto permite – ou, de certo modo, em alguns casos até mesmo exige – a
participação de diversos autores na sua construção, a redefinição dos papéis de autor e
leitor e a revisão dos modelos tradicionais de leitura e de escrita. Por seu enorme
potencial para se estabelecerem conexões, ele facilita o desenvolvimento de trabalhos
coletivamente, o estabelecimento da comunicação e a aquisição de informação de
maneira cooperativa.
No cotidiano, uma das provocações que o hipertexto, como nova tecnologia
intelectual de leitura, de escrita, de produção e de comunicação de conhecimento - pode
8
Canais de comunicação para bate-papo, onde os participantes elegem um assunto/tema.
9
Filme que tem como tema a luta do ser humano para se livrar do domínio das máquinas que
evoluíram após o advento da inteligência artificial. A questão filosófica principal que o filme traz é
justamente essa: O que é o real?
10
É um conjunto de páginas, isto é, hipertextos acessíveis geralmente pelo protocolo
HTTP(protocolo de transferência de hipertexto) na Internet.
11
É a página inicial de um site.
12
Texto onde algumas palavras funcionam como chaves de acesso para outros textos ou arquivos,
a um simples clique do mouse.
19
ser uma possibilidade de a escola abolir as tradicionais grades curriculares estanques e
lineares, dando lugar a um currículo em rede, substituindo nossos modelos conceituais
escolares fundados numa psicologia cognitiva que supõe a linearidade e as hierarquias
de saberes por outros que contemplem os novos estilos cognitivos: a multilinearidade,
os nós
13
, a interconexão e os links
14
fazendo com que pontos flexíveis e mutáveis se
interconectam sem regras fixas numa contínua negociação de sentidos e informações,
construindo sempre novos discursos, possibilitando novas concepções de conhecimento.
O crescimento das comunidades virtuais, que estabelecem relações num espaço
virtual através de meios de comunicação à distância e que aglutinam grupos de
indivíduos com interesses comuns que trocam experiências e informações no ambiente
virtual, vem também contribuindo para disseminar e fomentar cada vez mais esta nova
linguagem – o internetês.
Nos fóruns criados nessas comunidades, estão inseridos diversos temas que estão
associados direta ou indiretamente à questão dos valores, cidadania, entre outros.
É nesse ciberespaço que os jovens de hoje estão construindo sua leitura e escrita,
utilizando a tela do computador como caderno, onde inexiste o rabisco, uso de borracha
ou corretivo. Essa construção é bem diferente da que a minha geração experimentou na
juventude.
Novas palavras do internetês estão sendo incorporadas ao vocabulário usual dos
jovens, mais do que simplesmente um conjunto de expressões, significa novas práticas e
hábitos. Consultas diárias ao e-mail
15
, participação em comunidades virtuais e chats,
criação de blogs, envio de mensagens SMS de celulares e até construção de sites são
fatos comuns para as novas gerações, onde o aspecto de maior relevância é o
estabelecimento de comunicação. Aqui, mais uma vez se coloca a importância da
comunicação para os jovens, que utilizam as novas tecnologias e suas apropriações não-
escolares.
A infra-estrutura técnica do ciberespaço também é criada, em sua maior parte,
por jovens, como Bill Gates, Michael Dell, Steve Jobs, Steve Wozniak, Linus Torvalds,
Orkut Buyukkokten, entre outros, que desenvolveram projetos e se projetaram
13
Todo e qualquer computador atrelado a uma rede, independentemente da sua função. Um
computador comum é um “nó” na Internet.
14
É um vínculo que leva de um programa para outro ou de uma página pra outra na Internet.
15
Correio eletrônico
20
mundialmente, mostrando ser possível construir novas perspectivas de mundo,
canalizando as energias de nossos jovens.
Quando se trata de abordar a cibercultura, três pontos são significativos, entre
outros, a produção e aquisição das novas tecnologias; as mudanças que ocorrem na
sociedade em razão dos avanços tecnológicos e as questões técnicas/teóricas relativas a
esta tecnologia; como, por exemplo: tecnologia de ponta, transferências de tecnologias,
as responsabilidades frente às novas tecnologias, etc.
Por outro lado observo cada vez mais que os jovens mantêm estreita relação com
as novas tecnologias, em especial a informática, lidando com todo material disponível
com maior e melhor facilidade que a geração que os antecedeu, que poderíamos
denominar geração analógica.
O pressuposto instituído de que o processo de incorporação da cibercultura, em
particular as comunidades virtuais, pode representar um acirramento do problema da
distância entre as classes sociais, podendo ser mantidas ou mesmo intensificadas a
situação de exclusão e de dominação em que vivemos hoje, me levou a apresentar
propostas emancipatórias no ambiente virtual, nas Escolas do Município de Rio de
Janeiro, com alunos do ensino fundamental, onde, utilizando o laboratório de
informática, estamos tecendo alguns fios que nos têm permitido desenvolver o Projeto
Político Pedagógico da Unidade Escolar. Neste processo, tenho desenvolvido atividades
escolares, subvertendo e recriando o que está posto, visando contribuir para que os
alunos se tornem cidadãos mais conscientes e participativos, seja através da votação
para a escolha do nome da rádio escolar, nas eleições para o CEC (Conselho Escola
Comunidade), entre outros.
Através da informática, busco contribuir trazendo as novidades que surgem na
Internet: as novas comunidades, canais democráticos de participação que se constituem
e incentivando as trocas entre eles, com isso é possível ressignificar e construir novos
saberes, para os jovens lidarem com as novas questões que estão postas no cotidiano.
Aprendendo a usar o computador como um instrumento de aprendizagem,
orientando e estimulando-os a se apropriarem desse instrumental e através de possíveis
narrativas, (re)construir como tem sido no cotidiano desses jovens, a apropriação de
uma linguagem voltada para as comunicações virtuais como: blog, MSN Messenger,
salas de bate-papo e as comunidades virtuais.
Por outro lado, acreditando que a rede Internet contribui para reduzir as
distâncias, tenho, junto com os demais colegas professores, estimulado os alunos a
21
conversarem com outros colegas “virtualmente”, criar jornais, publicar trabalhos na
rede, desta forma, acredito estar contribuindo para introduzir os alunos das classes
populares no mundo da informática e, ao mesmo tempo, ressignificando os valores com
os quais os jovens se (inter)relacionam no campo da tecnologia.
“A informática é uma nova tecnologia intelectual e, analogamente ao que
ocorreu com o advento da escrita ou da palavra impressa, ela traz consigo
um novo modo de pensar o mundo, de conceber as relações com o
conhecimento, de aprender coisas. Trata-se de uma nova ecologia
cognitiva que se instaura e que pode, inicialmente, assustar alguns. Isso é
algo compreensível: afinal, qualquer mudança técnica desestabiliza o
antigo equilíbrio de forças e representações que, até então, estava
assentado no mesmo e não gerava mudança. Toda a antiga organização
das representações e dos saberes sociais é colocada em xeque, para que
venham à tona novos imaginários, novas formas de relacionamento com o
conhecimento e novos estilos de regulação social e, nesse contexto
percebemos os jovens buscando conhecer essa nova linguagem e se
apropriando dela, mesmo sem muitas vezes ter acesso à rede mundial
(LÉVY,1998,p.12).
As possibilidades de interação com o computador e as multimídias têm
conduzido a novos estágios de aprendizagem, onde novas formas de aprender estão se
efetuando; têm ativado outros processos cognitivos; têm feito percorrer mais
intensamente os diferentes caminhos mentais que levam a elaborar pensamentos; têm
estimulado e exercitado intensamente a nossa imaginação de uma forma que esta
dificilmente seria atingida se estivéssemos ante outros meios convencionais de interação
com o ambiente, todos, alunos e professores envolvidos nesse processo.
Esta compreensão é hoje fundamental, considerada a urgência de estabelecermos
uma nova proposta de ensino correspondente às atuais necessidades e possibilidades; de
criarmos uma nova visão pedagógica em que à aprendizagem ora deverá encontrar-se
subsidiada pela mediação do professor através dos recursos da oralidade, da fala, ora o
suporte do livro didático é que deverão auxiliá-la, ora o computador com seus textos
fugidios, seus ícones, sons e imagens é que estarão contribuindo com a didática, que
ainda não é uma prática nas escolas da rede pública municipal, mesmo as que já
possuem laboratórios de informática.
Entre alguns dos motivos para essa realidade está o fato de os profissionais não
se sentirem a vontade para utilizar essa ferramenta e/ou o espaço do laboratório,
segundo a narrativa da maioria desses educadores, explicitadas por eles mesmos, nos
cursos de capacitação em informática educativa da Rede Municipal de Educação do Rio
de Janeiro, onde atuei no período de 2001-2005.
22
Além disso, esse discurso permanece também nas reuniões da Equipe de
capacitadores, nas trocas de e-mails do grupo de discussão dessa equipe, criado pela
Secretaria Municipal de Educação – Divisão de Mídia e Educação para que pudéssemos
trocar experiências.
Evidentemente, cada um destes recursos oferece um potencial diferente e pode
atuar de forma singular no nosso sistema cognitivo de forma a desencadear o tipo de
aprendizagem almejada, seja em nível conceitual ou de procedimentos, ou até mesmo
de atitudes a serem desenvolvidas pelos alunos.
Conhecer as possibilidades de cada um destes recursos e dos demais que
porventura possam surgir é um dos primeiros passos a serem dados rumo à
informatização do ensino.
Podemos ver ampliadas estas possibilidades através da conjugação destes
recursos com os diversos conteúdos do ensino, do estabelecimento de conexões de uns
com os outros, de modo a exercitar infinitas possibilidades de transformação, de
composição, de invenção, de criação, originadas no dinamismo do processo de
construção de conhecimentos.
As possibilidades de se assegurar um ensino mais democrático têm no
computador e, mais precisamente em computadores ligados em rede, via Internet, um
terreno fértil e propício. As antigas mídias podem hoje ser comparadas e substituídas
pelo ciberespaço, no qual cada um tem assegurado a sua vez de participar, não mais e
apenas como ouvinte ou espectador, como o fôramos durante as últimas décadas,
durante o império do rádio, do cinema ou da televisão. Neste sentido, o computador
reconquista o espaço do público à medida que possibilita a volta, o retorno da
informação, agora modificada pela dimensão individual, recriada, reconstituída a cada
nódulo desta imensa rede.
Justifica-se, então, esta pesquisa, para identificar, primeiro, os valores desses jovens,
frente aos avanços da cibercultura, com o significado devido, desdobrando-se no que
eles pensam, fazem e agem a partir desta tecnologia disponível. Eles apenas a utilizam?
Eles criam novas tecnologias? Qual a autonomia/dependência que eles assumem? Do
ponto de vista da escola podemos verificar como ela está desenvolvendo sua proposta
pedagógica frente a essas mudanças. Priorizando a informática, quais as estratégias que
a escola lança mão para formar mais e melhor os seus alunos?
23
CAPÍTULO 1
Um novo paradigma da comunicação em rede.
Questionamentos acerca da estrutura do conhecimento
e o modo pelo qual a escola trabalha.
24
Cap. 1 – Um novo paradigma da comunicação em rede.
Questionamentos acerca da estrutura do conhecimento e o modo pelo
qual a escola trabalha.
“A nova realidade tecnológica e cultural cria, constantemente, novos
desafios e, com eles, a exigência de uma visão mais crítica e ampliada dos
recursos que estão à volta de todos nós, adultos e crianças, dando nova
ordem ao tempo e espaço em que vivemos. Outras relações se estabelecem
entre o sujeito e a constituição de sua identidade, sendo significativo o
papel das linguagens na formação destas relações e na vida que se
transforma, permanentemente.” (MULTIEDUCAÇÃO, 1996,p.132)
1.1 – Justificativa:
Como um aluno/a que caminha tão lentamente na construção dos conhecimentos
referentes à produção da leitura e escrita convencional se apropria das mídias e outras
linguagens com tanta facilidade?
Será um novo letramento? Por que ler e escrever dessa forma desperta tanto
prazer e interesse? Como transformar o turbilhão de informações em conhecimento?
Acostumados a zapear
16
, os jovens muitas vezes, se mostram mais experientes
que os adultos, desenvolvendo, desde muito cedo, modos próprios de se relacionar e
interagir com os meios.
Para que essas múltiplas informações “acessadas” pelos alunos/as se
transformem em conhecimento necessitam ser avaliadas, processadas e entrarem em
conflito.
Nós, professores/as quando assumimos nosso papel como mediadores e
facilitadores, podemos auxiliá-los nesta tarefa de transformação desses saberes, em
nossas salas de aula, enriquecendo dessa forma a interação com os educandos e suas
práticas cotidianas no universo virtual.
Os modos de ler imagens e textos digitais são conforme nos diz Magda
Soares(2002), decorrentes de um outro letramento, que pode ser também identificado no
16
Um modo de ver TV, usando o controle remoto para mudar de canal em canal, criando, assim
uma nova edição do material televisivo. Ao “zapear” colamos imagens de vários programas e diferentes
canais. Para Certeau (2002), o zapping seria uma tática de praticante, isto é, uma maneira pela qual o
telespectador, aparentemente frágil, tentaria transgredir o poder da televisão – uma nova forma de andar
pela floresta audiovisual à caça de novos sentidos.
25
clicar das teclas de um computador ou no ritmo acelerado de alguns games/jogos
eletrônicos.
A Escola necessita lidar com novos conceitos pós-modernos de tempo e espaço,
pois vivemos hoje num espaço-tempo em que a fragmentação, a multiplicidade das
informações e a grande velocidade em que circulam constituem-se como características
marcantes.
Impulsionadas pelos avanços tecnológicos, tais características contribuem
decisivamente para novas configurações políticas, éticas e estéticas das relações sociais,
dos modos de produção e da constituição de conhecimentos dentro e fora da escola.
Vivemos uma nova dimensão da vida humana, dos modos de ser e de conviver,
que altera inclusive as concepções sobre as dimensões de tempo e de espaço e
transformam os conceitos de realidade e virtualidade. Além de integrar as diferentes
tecnologias ao trabalho pedagógico, afinal, nos dias de hoje, é inegável a importância da
utilização e da discussão sobre as tecnologias da informação e comunicação e seus
impactos sobre os processos de constituição de conhecimentos, valores e atitudes.
Nesse contexto a escola necessita (re)pensar o seu papel na sociedade, buscando
ressignificar as práticas pedagógicas cotidianas, à luz de novos paradigmas porque as
respectivas linguagens, seus usos e funções e suas implicações, bem como o contexto
social do qual emergem e em que se desenvolvem, estão dentro da escola, porque, entre
outras razões, também estão fora dela, nas ruas e salas de estar, nas lan houses e cyber,
no imaginário das pessoas, dos nossos alunos/as e professores/as.
Ao construir diferentes percursos para ler os diferentes textos, o leitor se torna
também autor. Roger Chartier(1994), importante historiador do livro, ressalta que, se há
mudanças nos processos de leitura, a concepção e o lugar do leitor, igualmente, passam
por uma revolução. Assim, ao interferir no texto eletrônico, cortando-o ou ampliando-o,
o leitor também se faz autor.
Trata-se, portanto, de novos modos de compreender, perceber, sentir, representar
e se relacionar com a vida e com o mundo, marcando a trajetória de cada sujeito e
somando-se a ela.
“Tanto pela presença quanto pela ausência, a tecnologia entra na teia do
cotidiano escolar e permeia as relações estabelecidas ali, gerando
perguntas em torno de si. Como acontece o espaço-tempo no cotidiano
escolar? [...] Qual a importância da tecnologia na vida e nos sonhos de
ascensão pessoal e profissional de alunos e professores? Como a
26
experimentam? Como a reinventam? Que relações estabelecem entre o
que aprendem “fora e dentro” da escola?”(PRETTO,2002,p.43)
Mais uma vez, verifica-se que o estabelecimento desse diálogo, não encontra
consenso. E gira em torno do velho paradoxo elucidado por Umberto Eco: “os
apocalípticos e os integrados”.
Busco superar a dicotomia entre a apologia das tecnologias na escola e sua total
rejeição. Um caminho possível seria concentrar o foco de análise, não nos meios ou na
recepção, mas nas relações que se estabelecem entre eles. MARTÍN-BARBERO (1992)
ressalta a mediação como categoria de análise da relação receptor-meio, propondo a
leitura crítica dos meios a partir da problematização de seu conteúdo e forma e suas
interfaces com os valores hegemônicos.
Penso ser importante refletir sobre os caminhos a percorrer na direção de um
projeto educativo que não se restrinja a formar consumidores capazes de apertar botões
e teclas, mas que favoreça a constituição de cidadãos cada vez mais capazes de fazer sua
própria crítica e de realizar escolhas conscientes.
Como fazer da escola, enquanto instituição social e histórica, um espaço de
constituição de alunos/as e professores/as, que possibilite não só o acesso às diferentes
mídias, mas à apropriação crítica de suas linguagens e conteúdos, ampliando as
possibilidades de ser, estar e interagir com/no mundo, a partir de práticas pedagógicas
que se coloquem a favor de uma educação plural e cidadã.
A apropriação crítica da Informática e seus impactos nos processos constitutivos
de outras expressividades na escola, que é um espaço social de acesso a múltiplas
linguagens e de ampliação das possibilidades de representação do mundo, se encontram
diante de mais um importante desafio, que envolve, necessariamente, exercício
cotidiano das trocas efetivas entre professores/as e alunos/as, buscando constituir
coletivamente conhecimentos, a partir dos diversos contextos de uso, produção e
articulação das diferentes linguagens. Forjando nesse contexto de parceria e co-autoria,
e a partir dele, estabelecer as mediações necessárias ao processo de negociação de
sentidos.
O que pretendo mais do que encaminhar o esgotamento de possíveis respostas
ou a busca de fórmulas prontas, é que estas e outras questões sejam norteadas pela
reflexão de cada grupo, nos momentos em que os mesmos planejam/replanejam sua
ação.
27
Ao aluno/a cabe assumir, cada vez mais, nesse processo, seu espaço de
protagonismo, saindo do lugar de mero espectador para o de autor de suas próprias
histórias assim como de co-autor e os/as professores/as, mediadores preferenciais têm
como eixos fundamentais de sua ação o trabalho coletivo e cooperativo, a atitude crítica
e investigativa.
Nesse sentido, um aspecto essencial deve ser considerado em destaque: a
atitude permanente de abertura ao novo, o que envolve coragem e ousadia para
criar/recriar a cada dia o significado de seu trabalho.
1.2 – Referencial teórico:
Pretendo desenvolver a pesquisa com base nos estudos de autores tanto do
campo da juventude, linha de pesquisa à qual estou vinculada, em especial, nos estudos
sobre juventude desenvolvidos por Groppo e apresentados em seus ensaios de
sociologia e história sobre a juventude como objeto de estudo nas sociedades modernas,
onde a proposta do autor é estudar esta etapa juvenil de ruptura e crise, como um
período que antecede a vida social plena.
Através da incorporação de possibilidades nos estudos de juventude,
estabelecidos por Grinspun, que pesquisa a formação dos valores do jovem em ambiente
influenciado pela tecnologia da informação e pela internet em particular, trabalhando
com o conceito de juventude ao invés de adolescência. Segundo a professora, a
adolescência tem caráter psicológico, de transição entre a infância e a idade adulta e está
muito ligada à puberdade. Por isso optou em trabalhar com juventude, em um caráter
aleatório, na faixa etária que vai de 13 a 21 anos, para facilitar o ter acesso a
escolaridades diferentes.
O referencial é construído na interface da juventude com a incorporação das
novas tecnologias a partir dos estudos de Lévy, Freitas e Ramal, que acreditam num
outro paradigma educacional, quando se utiliza a tecnologia como ferramenta de
construção do conhecimento.
Lévy conduz suas pesquisas com enfoque na virtualidade, cibercultura; enquanto
Ramal pensa a questão dos hipertextos na formação de outras possibilidades de leitura e
reconstrução do modelo de autoria e Freitas que observa e analisa a escrita no ambiente
virtual, recheada de abreviaturas e símbolos que por vezes se torna inelegível.
28
1.3 – Questões de Estudo:
A escola como espaço de cruzamento de saberes e culturas precisa considerar a
necessidade de consolidar suas propostas, a partir da elaboração coletiva e do
fortalecimento de seu Projeto Político Pedagógico. Refletindo sobre seu papel, limites e
possibilidades, se colocando a serviço do desenvolvimento de ações que promovam a
aproximação entre mídia e educação.
A Escola, que possui como finalidade sistematizar e operacionalizar a educação
tem realizado propostas que viabilizem a utilização dos recursos tecnológicos; há que
se pensar em como a escola trabalha com as novas tecnologias e, por outro lado, como
ela facilita o conhecimento do jovem para obtenção de saberes tecnológicos, que podem
ser (re)contextualizados com os demais saberes, numa interação prazerosa e que
agregue ainda mais saberes a esse jovem, sempre em busca de preparação para
enfrentar a competitividade cada vez maior que existe em nossa sociedade.
Cabe a escola trabalhar na cibercultura não apenas considerando as questões
técnicas referentes à utilização, mas considerando o desenvolvimento do processo de
educação do sujeito; a escola tem que compreender o momento histórico em que vive
para criar formas (re)significativas nas relações a partir do ambiente que se cria entre as
novas tecnologias e esses jovens, oportunizando um novo olhar sobre o futuro.
Apresento um estudo delineado em dois pressupostos básicos: o primeiro diz
respeito à questão da cibercultura, em destaque para o campo das comunidades virtuais,
onde os jovens transitam e onde todo um processo de desenvolvimento parece estar
acoplado/dependente a essas novas produções tecnológicas; o segundo diz respeito à
Escola quanto à assimilação do ambiente virtual propiciado pela Internet, direcionando-
as para duas abordagens: como os alunos apreendem essas tecnologias e, por outro lado,
quais as possibilidades/dificuldades que a Escola encontra/enfrenta para formar o aluno
para ser capaz de produzir, criar, experenciar as novas tecnologias, em outras palavras:
qual o espaço que a escola oferece para formar o indivíduo/jovem para os novos tempos
onde a cibercultura se faz mais presente.
1.4 – Problematização:
Ao mergulhar no universo virtual e, ao mesmo tempo, estar engajada no
cotidiano, como profissional na/da área de Educação, e comprometida com as questões
29
contemporâneas que envolvem valores e novas linguagens, utilizar o espaço do
laboratório de informática e estar conectada a esses jovens, via chats, e-mail, MSN
Messenger e Orkut permitem, pelo menos, o levantamento de três questões de estudo:
1ª - que valores possuem esse jovem, hoje, considerando este momento
caracterizado pela cibercultura e como ele age/reage frente a essas mudanças?
- como essa escola convive com a cibercultura e a explicita na sua prática
cotidiana?
3ª - quais os marcos significativos na formação das novas linguagens desse
jovem frente às mudanças que ocorrem na sociedade?
O objeto de estudo de minha dissertação é como, nesse processo, em que se
inserem as novas tecnologias da informação e comunicação – TICs, - estão se
desenvolvendo os valores e de que forma os jovens estão se apropriando das novas
tecnologias, analisando esses jovens, a partir de minha prática cotidiana como
professora nesta área.
1.5 Objetivos:
“Vivemos, no início do século XXI – paralelamente à fantástica revolução
tecnológica da informação e da comunicação, a barbárie da “faxina
étnica”, a irracionalidade do fundamentalismo religioso e dos vários
terrorismos (de Estados e de grupos), além da crueldade criminosa do
capitalismo cada vez mais “selvagem” nesses tempos de
globalização.”(BENEVIDES, 2004.p.35)
É importante se estabelecer links entre as questões que permeiam as relações
complexas entre valores, cidadania e emancipação no paradigma social
contemporâneo
18
, com os jovens no universo virtual, onde estão inseridos, e as
contribuições que essas práticas podem trazer para o cotidiano das escolas, assim como
a atuação que este tempo exerce sobre as juventudes (GROPPO,2000) que participam
da transitoriedade entre o final do século XX e o início do século XXI, embora esse não
seja o foco dessa pesquisa.
Considero importante lutar pelos direitos dos cidadãos do “povão” à elite, das
ONG’s aos poderes constituídos, incorporando-os a vida política, mesmo quando não
são integralmente cumpridas, precisamos desenvolver valores na sociedade para assim
construir cidadania para todos.
18
Emprego aqui o termo para me referir ao tempo presente.
30
Acredito que a educação possa ajudar a promover essa transformação de que a
nossa sociedade necessita afinal, ela também ocorre na instância moral. Consiste na
busca, na apreensão e na hierarquização dos valores de modo próprio e adequado ao
aprimoramento da humanidade do homem; é apreendida e incorporada não
propriamente pelo aprendizado intelectual, mas, pelas vivências éticas, inclusive no
campo virtual, onde transitam nossa juventude.
A escola, enquanto espaço educativo, muitas vezes, propõe a reflexão sobre
questões relativas aos valores e ainda propicia a experiência de situações éticas.
Constitui-se num local próprio para o exercício da moralidade, da cidadania
fundamentada nos valores do respeito pela pessoa do outro e da justiça como o que leva
cada um a dar ao outro o que lhe é devido.
Penso que, ao se adotar os computadores em sala de aula ampliam-se as
possibilidades de não mais realizarmos trabalhos apenas sob a ótica de vencer
conteúdos, pois a própria dinâmica de interação com a máquina e com os outros
estudantes alarga os horizontes e, conseqüentemente, à idéia de conteúdos poderá ser
superposta a idéia de temas. Além disso, aos textos, poderíamos, após prévia elaboração
e tomada de decisão acerca dos objetivos a serem atingidos, acrescentar trabalhos
utilizando hipertextos, assegurando, assim, uma nova possibilidade de reescrita,
reelaboração e reinterpretação em nível pessoal.
A utilização dos microcomputadores no processo de ensino – concebida sob o
prisma de se privilegiar a aprendizagem – tendo em vista o desafio de se abordarem
temas interessantes para serem trabalhados interdisciplinarmente, considerando mais as
possibilidades destes serem recriados pelos alunos dentro dos moldes das infinitas
possibilidades de construção de um hipertexto, pode ampliar os benefícios da
aprendizagem almejada e talvez até nos fornecer a chave para inovações na escola.
O contexto atual exige de nós, educadores, uma das práticas mais importantes
que é a do conhecimento construído, buscado pelo grupo, partilhado. A criatividade
passa a ser o ponto alto, num momento em que novos caminhos de aprendizagem
podem ser valorizados. Isso legitima o conhecimento, pois o expõe a crítica, a
divergências e, é claro, enriquece a pesquisa de todos.
É importante que o profissional de educação esteja bem preparado, sim, pois ele
será sempre o referencial para o aluno. Mas não é mais necessário saber tudo, ter as
respostas na ponta da língua – até porque, na Era da informação, isso é praticamente
impossível.
31
Bom mesmo é que o professor também se fascine, junto com o aluno, pela
pesquisa e pelo novo. Uma postura nesse estilo, desarmada e aberta, nos aproxima
muito mais daqueles que orientamos e possibilita que sejam construídas relações
afetivas mais verdadeiras.
1.6 Metodologia:
Através do projeto intitulado: Os jovens e as comunidades virtuais (Anexo 01),
que venho desenvolvendo em uma Escola da rede municipal/RJ, busco registrar como
esses jovens lidam com a nova forma de comunicação, cada vez mais utilizada por
todos, em especial pela juventude.
Estamos fazendo a pesquisa de palavras e expressões utilizadas por eles no
ambiente virtual, visando à produção de um glossário com os usos mais comuns,
utilizando a perspectiva de uma pesquisa participante, uma vez que ocorre a interação
entre o pesquisador e membros das situações investigadas (GIL,1991).
Escolhi me inserir no espaço das comunidades virtuais, exatamente por esta
apresentar a possibilidade de visualizar a participação e a inserção entre seus agentes,
num ambiente de inclusão, aonde os jovens vão sendo inseridos e/ou buscam essa
inclusão, se apropriam de uma linguagem específica para esse ambiente, à escrita
teclada (FREITAS,2000) e, buscam a interação com outros indivíduos, na troca de
experiências, valores, afetividade, enfim a comunicação com os outros.
Trabalho na perspectiva descritiva, pois para a investigação sobre as novas
relações estabelecidas na rede, pretendo utilizar uma técnica padronizada de coleta de
dados que são os questionários. Uma vez respondidos, eles são salvos em uma pasta da
turma, que se encontra no servidor da Unidade Escolar.
Pretendo produzir com os alunos um glossário com os usos mais comuns que
será utilizado como suporte para a discussão desse objeto de pesquisa e, ao mesmo
tempo, que possa servir de contribuição para os pais e professores, que buscam
entender essa nova linguagem a fim de que possam se apropriar dela, ampliando assim
a sua relação com essa juventude on-line.
Nas comunidades existentes dentro do Orkut e no MSN Messenger, pretendo
entrevistar, virtualmente, os jovens da Unidade Escolar onde estou desenvolvendo o
levantamento das palavras e expressões utilizadas na rede e, delimitei a idade de 13 a
32
21 anos porque esta é a faixa etária utilizada nas pesquisas existentes, no Grupo de
Pesquisa de Juventudes do Programa de Pós-graduação da UERJ, sob a coordenação da
minha orientadora e do qual também participo.
Na elaboração do instrumento de coleta de dados, a técnica da interrogação será
empregada em tópicos nos fóruns, inclusive das comunidades das Escolas e outras
comunidades que aglutinem esses jovens no ORKUT e/ou pesquisa roteirizada no MSN
Messenger e, a elaboração de um levantamento de informações/dados a partir dessas
comunidades e mensagens instantâneas, onde se possam capturar narrativas desses
jovens a cerca das questões: escola, novas linguagens e valores. A partir dessa coleta de
dados buscarei descrever o encantamento/desencantamento de como essas questões se
apresentam para essa juventude.
O estudo pretende mostrar qual é a relação do/dos jovem/jovens com as
comunidades virtuais, valores e linguagens no espaço virtual e apresentar características
que se possam utilizar para repensar no enfoque da formação de uma educação mais
plena e contextualizada. Chamo atenção que o objetivo – em termos do ciberespaço -
tanto se encontra nos produtos/recursos advindo dessa tecnologia, como no processo de
criar e saber/fazer as técnicas que irão compor o processo das novas linguagens.
Pretendo também, tecer fios com a questão da educação tecnológica no seu
sentido mais amplo de abrangências de múltiplos e diversificados recursos para a
formação do jovem, para a formação do cidadão:
Identificar os valores que os jovens possuem frente à produção e utilização das
novas tecnologias da comunicação e da informação, enfatizando-os a partir da
cibercultura;
Identificar na proposta pedagógica da escola a utilização e a disponibilidade de
recursos como computadores conectados à Internet, em termos da formação do
jovem;
Analisar questões referentes à interatividade de jovens que, utilizando de
recursos/meios tecnológicos, constituem-se em grupos específicos de encontro pela
Internet;
Levantar questões à cerca dessa juventude on-line que, possa nos ajudar, enquanto
professores, a encontrar novos caminhos a serem mediados pela Escola no
cotidiano, onde o universo da virtualidade é um fato concreto.
33
Sintetizando, poderia dizer que se trata de uma pesquisa qualitativa, empírica
que buscou aprofundar-se num determinado espaço/escola a partir das relações já
apontadas anteriormente, na medida em que sou professora, também da escola, onde foi
feito esse estudo, uma escola pública do Município do Rio de janeiro, e desenvolvida de
três formas: entrevistas com os alunos; participando das comunidades virtuais que eles
integram e realizando oficinas, posteriormente, para analisar - com eles e/ou a partir
deles os dados principais coletados, como os valores, a linguagem, a participação, o
interesse, etc.
Preocupada com a possibilidade cada vez maior da exclusão digital, apesar dos
discursos das políticas educacionais e por me considerar uma praticante frente ao
instituído, tenho preocupações com o desenvolvimento da Educação especialmente das
camadas populares, e na Rede Pública de Ensino, onde me formei e para a qual gostaria
de contribuir com minhas reflexões e produção.
1.7 Organização do trabalho:
A pesquisa será apresentada e desenvolvida em capítulos, ordenados na seguinte
seqüência:
Introdução e capítulo 1 - onde será feita uma abordagem geral sobre as reflexões e os
motivos que originaram o presente trabalho.
Capítulo 2 - aborda a tessitura teórica, um estudo com a apresentação do referencial
teórico utilizado para fundamentar a dissertação.
Capítulo 3 - Estudos e análise dos dados, onde serão mostrados os jovens e a escola
onde foi desenvolvida a pesquisa, bem como os questionários investigativos, páginas da
internet, enfim o ambiente virtual por onde transitam e que foram considerados
relevantes para o desenvolvimento do estudo.
Considerações finais, onde serão abordadas as conclusões e/ou considerações possíveis
a partir dos dados coletados e investigados em campo.
Referências bibliográficas
Anexos
34
CAPÍTULO 2
A possibilidade da construção do texto forjada no
diálogo com teóricos que discutem as questões do
cotidiano, da juventude e/ou tecnologia
35
Cap. 2 - A possibilidade da construção do texto forjada no diálogo com
teóricos que discutem as questões do cotidiano, da juventude e/ou
tecnologia
Inserida em um grupo de pesquisa que se dedica aos estudos no campo da
infância, juventude e educação, pretendo conduzir a minha pesquisa amparada, em
primeiro lugar, nos teóricos que respaldam os estudos sobre juventude e também em
pesquisas ou pressupostos que embasam estudos e construção de conhecimentos que
envolvem o cotidiano e as tecnologias da informação e da comunicação, relacionando-
as ao ambiente escolar, lugar onde me situo e onde pretendo contribuir com meus
estudos, uma vez que pretendo trabalhar tecendo a interseção dos campos da juventude
e da tecnologia.
2.1 – A tessitura com a Juventude:
A construção de um patamar teórico através da incorporação de possibilidades
nos estudos de juventude, estabelecidos por Groppo(2000), importante pesquisador da
juventude na atualidade, apresenta as categorias de juventude, segundo a qual não
haveria uma única juventude e sim juventudes, já que os sujeitos se definem de acordo
com diferentes aspectos, ou seja, reconhece a pluralidade que a juventude encerra, pois,
podemos subdividi-la em vários grupos por afinidades, valores, características
psicológicas e sociais das mais diversas, analisando-os ou agrupando-os segundo
realidades distintas e por vezes diversas e contraditórias.
Pretendo realizar um estudo sobre os jovens, mais especificamente a juventude,
que se encontra numa escola municipal na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, que
será apresentada mais detalhadamente no terceiro capítulo onde exponho a pesquisa de
campo, que é onde estou desenvolvendo a pesquisa.
Essa pluralidade atribuída à juventude por Groppo(2000), favorece a percepção
da diversidade em que se encontra inserida em qualquer tempo e lugar e, serve de
embasamento inclusive para a inserção no universo virtual, onde cada vez mais uma
infinidade de sujeitos se encontram, se cruzam, num verdadeiro turbilhão de
informações e possibilidades.
Já Grinspun (2006) afirma que a juventude é resultante de uma vivência em
determinado período histórico e social, que traz os dados da cultura onde ela é
estabelecida e o tempo pelo qual ela é conhecida.
36
O período histórico e social da contemporaneidade é rico e desafiador, pois traz
a tona, a pluralidade cultural onde ela está imersa e, o tempo presente se mostra como
sendo um tempo assíncrone com tudo que se experimentou até aqui, onde as pessoas de
modo geral e, mais especificamente a juventude com a qual pretendo tecer as minhas
redes de estudo está se formando e se relacionando.
Grispun(2006) estabelece ainda que, do ponto de vista da conceituação teórica
existem três termos que se apresentam, mas possuem dimensões diferenciadas:
adolescência, uma das etapas do desenvolvimento humano caracterizada por alterações
físicas, psíquicas e sociais, possui uma conotação mais psicológica, definida como um
período de formação de um conjunto de posturas e atitudes; puberdade, conjunto de
transformações ligadas ao componente biológico característicos da adolescência e que
se caracteriza como a fase que se pode identificar o indivíduo sexualmente maduro,
relacionando ainda com a dimensão do desenvolvimento físico, hormonal e juventude,
entendida como sendo forma imatura de um ser vivo, sendo o período antes da
maturidade sexual. Para o ser humano esta designação refere ao período entre a infância
e a maturidade, podendo ser aplicada a ambos os sexos e podendo haver variações no
período de idade que ocorre de acordo com a cultura.
É da juventude que pretendo falar, mas não de uma juventude qualquer, e sim da
nossa juventude (brasileira) e, mas especificamente da ciberjuventude
18
, que apresenta
uma enorme predisposição ao que gosta de fazer, tende a ser solidária, demonstra uma
alegria contagiante, sempre de bem com a vida, eufórica, com afirmações e posturas
radicais, contrastando com instantes de depressão, insegurança e fragilidade, com
dificuldade em fazer escolhas, em se organizar, em programar o seu dia-a-dia.
Essa juventude, instigante, possui uma alegria contagiante, uma enorme euforia
que a faz vibrar com o sucesso e/ou chorar copiosamente com as incertezas, os fracassos
e, caminha corajosamente na busca de alternativas /saídas para a sua vida, sem medo de
experimentar, de se apaixonar, de errar, de acertar, de tentar, de ousar.
No espaço virtual vive “plugada”, seja em casa, no cyber ou na lan house, ao
sabor do clique do “mouse”, navegando a busca de amigos, novidades, diversão e
entretenimento. Busca nesse universo, outros fios que, a juventude de outros tempos e
culturas não vivenciou. Conectada por horas a fio, preferencialmente nas madrugadas,
tecendo suas redes nas longas conversas no MSN Messenger, salas de bate-papo, blogs,
18
Juventude on-line.
37
(re)criando, transitando pelas páginas do Orkut dos amigos, namorados/as e
comunidades que tenham interesses, seja para conhecer,inferir seus comentários ou
depoimentos. Enfim, “antenados” com tudo que vem acontecendo.
2.2 – A tessitura com o Cotidiano:
Nessa preocupação de pensar o cotidiano, enquanto um lugar privilegiado de
estudos busquei me apropriar de conceitos e referenciais de autores que pudessem me
auxiliar a observar e descrever essa realidade.
Dialogando com Certeau (1994), pretendo pensar como, no cotidiano, vêm
ocorrendo algumas formas de apropriação desse processo que constitui o uso das
novas linguagens nos ambientes virtuais e, buscar entender alguns hiperlinks
19
nessa
nova forma de construção do conhecimento que escapolem ao que se encontra
instituído.
Essa juventude da era digital utiliza abreviaturas e siglas, tais como: “tdb” (tudo
de bom), “add” (adicionar), “kra” (cara), “hj”( hoje), que para a maioria de nós,
adultos da geração analógica, são incompreensíveis, e que, no entanto são expressões
que permeiam o seu cotidiano e fazem parte de sua rotina no ambiente virtual, que
não existia no meu cotidiano juvenil, por exemplo.
Interessante observar que, hoje, o conhecimento e a própria subjetividade, de
acordo com autores, como Boaventura de Sousa Santos(2001) são apresentados por
redes e alguns pontos mereceriam uma análise, posterior com o jovem e para o jovem,
para que se reflita sobre a teia onde as redes são formadas: as redes valorizam os
aspectos qualitativos, mais do que os quantitativos; as redes estão associadas às
questões dos espaçostempos (ALVES, 2000) onde se formam e se constituem; as redes
não têm uma determinação rígida de tamanho, espessura ou estrutura; as redes crescem
por integração, sendo a interatividade um ponto básico e essencial; nas redes o
individual e o coletivo se articulam e se fundem; as redes ampliam as possibilidades de
busca do próprio indivíduo.
19
Nome dado á porção do texto que executa a ligação entre uma página à outra, a outro site e a
enviar um e-mail.
38
As redes no universo virtual, apresem possibilidades infinitas já que os caminhos
são múltiplos e abertos, permitindo tessituras inegavelmente múltiplas e ricas, do ponto
de vista das interações e fios que se podem encontrar e se perder, no turbilhão de bits
20
.
2.3 – A tessitura com a Tecnologia:
No que diz respeito às tecnologias, procurei respaldo em alguns autores
renomados internacionalmente, como Lévy, que está à frente de diversas pesquisas
no campo tecnológico, atualmente numa Universidade canadense e com
pesquisadoras brasileiras, que desenvolvem seu trabalho em cidades situadas nos
estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
A Prof.ª Maria Teresa Freitas trabalha em uma universidade pública (UFJP –
Universidade Federal de Juiz de Fora) e a Prof.ª Andréa Cecília Ramal buscou
contribuir com as pesquisas num espaço privado (PUC/RJ – Pontifícia da
Universidade Católica do Rio de Janeiro) e atualmente tem uma empresa de
consultoria nesse campo.
Todos os teóricos citados estão contribuindo ativamente para o desenvolvimento
de pesquisas nesse campo, o que vem ajudando a todos nós, entendermos o momento
presente, um tempo tão rico e plural.
A incorporação das novas tecnologias a partir dos estudos de Lévy(1993), que
vem buscando pesquisar e descrever um conjunto de conceitos que integram a filosofia
e tecnologia, ressaltando a vocação de expressão e conexão dos povos, tendo na
informática os instrumentos para a construção de uma sociedade mais participativa,
criativa, planetária e aposta nos jovens das atuais gerações como atores dessas
mudanças, acreditando e comprovando através de seus estudos que está ocorrendo uma
incorporação desses saberes e uma mudança nos meios onde elas acontecem,
modificando esse meio.
“O meio ecológico no qual as representações se propagam é composto por
dois grandes conjuntos: as mentes humanas e as redes técnicas de
armazenamento, transformação e transmissão das representações. A
aparição de tecnologias intelectuais como a escrita ou a informática
transforma o meio no qual se propagam as representações.”
(LÉVY,1993,p.138)
20
Bit (simplificação para dígito binário, “BInary digiT” em inglês) é a menor unidade de medida de
transmissão de dados.
39
Lévy(1998) afirma que a Internet não deve ser vista como repositório do saber
total, mas sim um lugar de compartilhar informações, onde através da comunicação de
muitos-a-muitos
21
se torna possível desenvolver competências, conhecimentos e
sinergias. Considera que a evolução tecnológica atual deslocou o centro de interesse da
Inteligência Artificial para a Inteligência Coletiva.
Esta constatação do deslocamento do centro de interesse nos leva a uma
preocupação maior no campo da educação, pois as formas como se processam o
desenvolvimento das inteligências e onde estão centradas suas possibilidades e
iniciativas são de enorme interesse para os profissionais ligados à educação, precisamos
estar atentos ao que vem acontecendo nesse contexto para que possamos ter uma
atuação mais efetiva na construção desses saberes e na transferência dos mesmos.
A busca pela integração entre filosofia e tecnologia, é bastante importante uma
vez que buscamos na escola desenvolver multidisciplinaridade/trasnversalidade e esses
dois campos são fundamentais para a juventude, que será no futuro responsável pela
construção de uma sociedade mais participativa, criativa, planetária e a utilização dos
instrumentais tecnológicos podem ser de grande valia nessa construção.
Quando ressalta a vocação de expressão e conexão dos povos e vislumbram os
jovens das atuais gerações como atores dessas mudanças, aposta que um investimento
no campo da educação tecnológica associados a outros campos importantes podem nos
ajudar a construir efetivamente um mundo melhor, pelo menos no que diz respeito à
criação de uma abertura ao novo e ao direcionamento de uma boa utilização dos
aparatos técnicos disponíveis e no desenvolvimento do espírito crítico dessa juventude,
visando a transformá-la numa juventude aberta, crítica e que se preocupa com as
questões planetárias e locais.
Freitas(2000) apresenta relatos de uma pesquisa realizada no campo da
leitura/escrita onde busca compreender como se constituem, na contemporaneidade, a
leitura e a escrita de crianças e adolescentes, numa continuidade a pesquisa realizada
anteriormente e onde percebe que “novos instrumentos culturais da contemporaneidade
têm se tornado mediadores de outras formas de leitura e escrita, destacando-se aí os
computadores e o uso da Internet”.
21
Na Internet a comunicação é exercida por diversos usuários conectados que conversam
simultaneamente, independe do local onde se encontram fisicamente, não havendo limite para o número
de pessoas inseridas numa mesma comunicação.
40
Destaca a necessidade de estarmos atentos a essas outras formas de letramento,
em especial, do letramento digital, que está se tornando cada vez mais imprescindível
em nossa sociedade.
Busca compreender como o uso da Internet está interferindo na constituição da
linguagem escrita e como a escola trabalha a construção da escrita.
Destaca ainda a importância que a Internet ocupa nos diversos espaços e culturas
das novas gerações, penso que não podemos ficar a margem desse processo, sob o risco
de nos distanciarmos de uma possibilidade de construção de saberes que estão se
constituindo e que estão alterando o modo pelo qual, a maioria das escolas trabalha no
campo da construção da escrita.
Tenho entre minhas preocupações buscar observar essa outra construção das
linguagens que a juventude vem tecendo nas suas intermediações com os meios
tecnológicos e vislumbrei nos artigos e trabalhos da pesquisadora uma grande fonte de
consulta para levantamento de possibilidades e caminhos já percorridos nesse caminho e
ainda a percorrer.
Estive em contato presencial com a Prof.ª Maria Teresa Freitas, pela primeira
vez, em setembro de 2006, quando a convite da Secretaria Municipal de Educação do
Rio de Janeiro, aconteceu um encontro de capacitação para professores de sala de leitura
e a professora foi uma das palestrantes e nessa oportunidade apresentou os dados da
pesquisa desenvolvida com jovens de uma escola pública em Juiz de Fora e sua ligação
com o universo virtual e em especial com a escrita teclada, como ela mesma nomeou,
essa linguagem, apresentando algumas descobertas e levantando algumas possibilidades
a serem investigadas.
Em maio de 2008 nos reencontramos, desta vez em Goiânia, no III Seminário
Internacional de Juventude Brasileira, quando em uma das sessões de comunicação
pude, ouvir atentamente seus relatos e de alguns de seus orientando e bolsistas de
iniciação científica sobre a continuidade da pesquisa, agora com foco no professor e
como se dá esse encontro entre o “estrangeiro digital” e o “nativo digital", expressões
utilizadas para se referir aquele que nasceu e cresceu num ambiente onde inexistia essa
tecnologia e aqueles que cresceram e vivem imersos na virtualidade transitando com a
maior desenvoltura e/ou buscando os diversos usos e possibilidades.
As contribuições trazidas a partir dessas pesquisas e oportunidade de ouvir os
seus relatos em muito contribuíram para o desenvolvimento e aprimoramento dos
caminhos seguidos na minha pesquisa e para que pudesse tecer outras possibilidades de
41
observação, registro e apreensão dessa linguagem – a “escrita teclada”. Permitiram
ainda conhecer outros estudiosos e interessados em pesquisas nesse campo.
Perceber a “escrita teclada” utilizada na Internet é de uma importância vital. Os
jovens de hoje, mesmo os que não tem facilidade de acesso, por não possuírem seu
próprio computador, buscam e se integram a essa outra linguagem, em espaços diversos,
seja em lan houses, cyber, casa de amigos e parentes, enfim onde quer que possam estar
ligados virtualmente a outros indivíduos.
RAMAL(2002) apresenta o resultado do estudo que vem desenvolvendo sobre
as mudanças nos modos de pensar, de aprender e de nos relacionarmos com o
conhecimento hoje, onde a Internet e seus usos na educação (laboratórios de
informática, Educação à Distância, softwares educacionais, etc.) levam a escola
tradicional a questionar as suas grades curriculares rígidas e seu ensino ultrapassado, já
que alunos conectados à rede não pertencem mais ao mundo da didática transmissora de
conteúdos estanques e não-interativos.
Mostra a partir dessa constatação que é muito importante que tenhamos um olhar
aberto para que não seja perdida a conexão entre professores/as e alunos/as, apontando a
necessidade de questionamento constante das metodologias adotadas na maioria das
escolas.
Apresenta subsídios para os educadores utilizarem com facilidade e proveito
essa nova via na sala de aula, incitando-os a assumir um novo perfil e transformar os
conceitos e as práticas pedagógicas até hoje em voga em educação.
Aponta possibilidades que o hipertexto traz para a construção de novos saberes e
maneiras de lidar com a textualidade. Nesse ambiente, criam-se outras possibilidades de
leitura, que escapolem a linearidade estabelecida pela modernidade e levam a
construção permanente de outras leituras onde os leitores se fazem co-autores da
produção.
Caminha em busca de uma perspectiva de ação pedagógica que possa vislumbrar
a integração das novas tecnologias aplicadas ao ensino na educação formal, que
remetem ao papel que as tecnologias intelectuais podem exercer no contexto das
instituições humanas.
O questionamento apresentado por Andréa C. Ramal no que se refere às grades
curriculares rígidas e a metodologia de ensino nas escolas que, estão em descompasso
com novas possibilidades trazidas pelo uso da Internet, tornando a didática transmissora
de conteúdos estanques e não-interativos inapropriada ao tempo presente, levando-nos a
42
pensar em outros caminhos possíveis e mais adequados, pensando a escola como um
espaço de constante transformação, na perspectiva de adequação às novas necessidades
e para que possa contribuir efetivamente para esse processo de transformação.
Em um texto intitulado: “Um novo paradigma em educação”, apresenta
contribuições para os educadores se apropriarem, construírem e transformarem
conceitos utilizados nas suas práticas pedagógicas.
Com relação ao uso do hipertexto, fica claro que essa outra maneira de ler um
texto que foi construído por outro/a e de reescrevê-lo favorece a aquisição de novos
conhecimentos e habilidades, permitindo dessa maneira uma prática diversa da existente
até então, que é a construção coletiva, o trabalho conjunto, em equipe, mesmo que se
trate de interlocutores que se encontrem fisicamente distantes e estejam inseridos em
culturas diferentes, o que torna esse modo de ler ainda mais desafiador.
A preocupação apresentada sobre as tecnologias e sua integração ao ensino na
educação formal, aliadas ao papel que as tecnologias podem ter nos leva a uma reflexão
acerca desse contexto rico e instigante.
Enquanto educadora, gostaria de trabalhar com a interatividade, não como
produto final estável, mas como um meio necessário para o estabelecimento de um
processo de melhores comunicações humanas em toda a sua plenitude. As novas
tecnologias interativas permitem maior participação, intervenção, multiplicidade de
conexões. Ao mesmo tempo o jovem pode ser ator/autor de sua criatividade, discurso,
ação, enfim de sua própria representação.
Segundo Castro(2005), em palestra no 10º Congresso Internacional de
Educação, Lévy definiu um playground como metáfora para o papel principal dos
professores na coordenação de ação dos jovens, livres para canalizar seus interesses e
energias, mas respeitando regras de comportamento e solidariedade. Um espaço aberto,
de muitos brinquedos, onde aprender e viver forma um binômio indissociável,
viabilizado pela orientação atenta e responsável daqueles mais crescidos que
reconhecem obstáculos a superar e valores a cultivar.
A figura do playground remete a um espaço de diversão, prazer e ludicidade
indispensáveis ao espaço escolar, se pretendermos trabalhar com os jovens na
construção de saberes, torna-se fundamental despertar o interesse e desta forma tornar o
ensino mais interessante e atraente.
Portanto torna-se imprescindível trazer o aparato técnico para um nível de
relacionamento com o aprendiz cujo envolvimento não se dê pela dominação de um
43
pelo outro, mas sim pela comunhão de interesses, descobertas e projetos, conduzindo a
vivências de aprendizado mais plenas.
44
CAPÍTULO 3
A geração analógica e a digital:
encontro/desencontro do moderno com o
pós - moderno
45
Cap. 3 – A geração analógica e a digital: encontro/desencontro do
moderno com o pós - moderno
“Aquilo que as coisas com sua linguagem me ensinaram é
absolutamente diferente daquilo que as coisas com sua linguagem
ensinaram a você. Não mudou, porém, a linguagem das coisas, caro
Gennariello: são as próprias coisas que mudaram. E mudaram de
maneira radical. [...] E é um fim de mundo, o que aconteceu entre mim
que tenho cinqüenta anos, e você, que tem quinze. Minha figura de
pedagogo é então irremediavelmente colocada em crise. Não se pode
ensinar se ao mesmo tempo não se aprende”. (PASOLINI,1990,p.131-
132)
Você consegue imaginar como seria a nossa vida sem eletricidade? Seu
uso está tão incorporado em nosso dia-a-dia que temos a impressão de que não é
possível viver sem ela, embora sua utilização seja relativamente recente: data do início
do século XX. O que dizer então do uso dos celulares, computadores e da Internet? No
entanto, as novas gerações já não conseguem conceber a vida sem essas tecnologias.
Bastante comum entre os adolescentes, à utilização de códigos de
linguagem, gírias, expressões, etc., como nas décadas de 1960 e 1970, a “geração
analógica”
22
conversava utilizando a “língua do p”, onde através da inserção das sílabas
com “p”, esta juventude se comunicava. Hoje, vemos os adolescentes utilizando a
linguagem do “internetês”, nas longas horas de conversa nos sites de bate-papo e
comunidades virtuais. Essa linguagem inclusive, começa a extrapolar o ambiente virtual
e vem aterrisando em outros espaços, como por exemplo, a programação interativa do
canal MTV. São marcas do século XXI. Mas, como lidar com essa nova linguagem?
Como incorporá-la ao nosso cotidiano, sem abandonarmos o uso da norma culta da
língua? É possível estabelecer uma fronteira entre o real e o virtual? Como os
adolescentes lidam com esta questão?
Penso ser necessário se quisermos conhecer e lidar com as marcas desse
novo século, que está imerso em tecnologia das mais simples às mais complexas,
aprendermos essa linguagem do mundo virtual, do espaço da não-linearidade, dos
hiperlinks, para podermos perpassar por espaços, onde vivem e transitam uma enorme
quantidade de jovens. Nas escolas e outros espaços continuamos a utilizar à norma culta
da língua, e isso a juventude já sabe fazer, apesar de muitos de nós defendermos, em
22
Emprego esse termo para me referir a juventude que viveu o período anterior ao advento e
proliferação do uso do computador e Internet.
46
minha opinião equivocadamente, que essa linguagem do “internetês” emburrece ou que
o espaço da Internet afasta o jovem da leitura, pois afinal, estar no computador hoje é
estar lendo, escrevendo e utilizando outros recursos de linguagem o tempo inteiro
porque não é possível ainda outra interface que não seja da leitura e interpretação.
Já se disse ao longo da História que a escrita ia acabar com a transmissão
oral e apagar a memória, que a fotografia substituiria a pintura, que o cinema acabaria
com o teatro, que a televisão poria fim aos jornais e às revistas e que, com a internet,
arquivos e bibliotecas iriam tornar-se dispensáveis, no entanto, como diz FREITAS
(2003,p.5):
“A internet está possibilitando que os adolescentes
escrevam/leiam mais. Passam horas diante da tela e manuseando o
teclado e entregam-se a uma escrita teclada: criativa (criando códigos
apropriados ao novo suporte), espontânea, prazerosa, lúdica, livre, em
tempo real e interativa.”
Desde que foi criado nos Estados Unidos em janeiro de 2004, o ORKUT - uma
rede de relacionamentos virtual, na qual cada usuário tem uma página onde pode exibir
seu perfil com fotos, disponibilizar seus álbuns de fotos e vídeos, trocar informações,
criar e participar de grupos de discussão - virou mania no Brasil. O país ocupa a
liderança mundial em número de usuários e a participação é tamanha que uma versão do
site em português, foi criada, sendo o único idioma estrangeiro disponível.
No topo da lista dos que mais acessam o site, estão os jovens. Já no primeiro ano
de funcionamento da rede, eles representavam 47% dos usuários. Hoje, a faixa etária
entre 18 e 25 anos é bem maior. Seja em casa, na escola ou em qualquer outro espaço
que permita o acesso, lá estão os adolescentes trocando informações e bisbilhotando,
fato que levou a professora Regina Viegas
23
propor aos seus alunos um novo uso do
ORKUT. Criou com os estudantes uma página na rede voltada para as discussões que
aconteciam na sala de aula. Nela, a professora anexou conteúdos, textos e informações
adicionais sobre os assuntos trabalhados.
A receptividade dos alunos foi grande e, de certa forma, inesperada. Aos poucos,
o debate iniciado na sala de aula ganhava repercussão na web
24
e, de volta à escola, era
novamente enriquecido e socializado com todos os estudantes. Em pouco tempo, a
23
Professora de geografia do Centro Estadual de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca
do Rio de Janeiro (CEFET-RJ)
24
Nome como é conhecida a WWW (World Wide Web que significa "rede de alcance mundial",
em inglês).
47
dinâmica foi incorporada ao dia-a-dia das aulas e outras propostas de interação virtual
foram surgindo, como o blog e o fotoblog
25
.
A ponte entre as aulas e as páginas na internet proporcionou uma maior
integração e participação dos estudantes na escola.
Comunidade da prof.ª Regina Viegas – Novas tecnologias na Educação – acesso em 28
de maio de 2008
“As aulas não foram substituídas pelas discussões estabelecidas
na internet. Pelo contrário, o trabalho desenvolvido virtualmente acabou
despertando ainda mais a atenção da turma para os temas que eram
abordados na sala de aula. Depois que eles acessavam os conteúdos,
eles vinham para a sala com mais interesse”. (TAVARES,M. 2007)
A fronteira entre o real e o virtual é cada vez mais tênue e vem se
tornando invisível e essa invisibilidade é dada pela popularização cada vez maior de seu
uso.
25
É um diário fotográfico na Web. Assim como um blog, é um espaço para você contar histórias e
exprimir idéias e pensamentos.
48
O sentimento de ausência de um lugar fixo, pré-definido, estável, vem se
acentuando na sociedade pós-moderna. O advento da revolução técnico-científica que
teve início após a segunda metade do século passado e que vem crescendo de forma
assustadoramente alarmante não nos permite negar que: “não há mais fronteiras
naturais nem lugares óbvios a ocupar. Onde quer que estejamos em determinado
momento, não podemos ignorar que poderíamos estar em outra parte, de modo que há
cada vez menos razão para ficar em algum lugar específico.”( ALMEIDA, Maria Isabel
Mendes de e TRACY, Kátia Maria de Almeida.2003.p.17)
Afinal, o que é o jovem deste início de milênio? Qualquer resposta que
apresente uma “imagem” monolítica dessa juventude incorre no erro de padronizar o
que é múltiplo. Não existe “uma” juventude, mas várias (GROPPO,2000). Há
diferenciações no que se refere à classe social, às referências culturais ou ao tipo de
relação estabelecida no ambiente familiar – inúmeras realidades que têm interferência
direta no processo de formação da/s identidade/s. No entanto certos elementos se
repetem simultaneamente em várias partes do planeta e possuem importante peso na
discussão sobre a juventude.
Os grupos se forjam nos interesses, localização espacial e busca de
objetivos comuns. “Zoar” e mostrar-se “inserido” é o que podemos observar com maior
freqüência.
O jovem do século XXI apresenta particularidades jamais imaginadas
pelas gerações anteriores. A Internet possibilita ao adolescente de hoje a chance de se
articular em grupos cada vez mais específicos e numerosos. Os grupos de discussão da
web são um exemplo. Os fãs de uma banda underground
26
alemã podem trocar
opiniões, independente de onde vivem. O jovem brasileiro conversa com o alemão, com
o estadunidense e com o japonês, apenas enviando mensagens instantâneas. Muito cedo
ele descobre que a Internet oferece um amplo potencial de comunicação – sem
fronteiras ou limitações de ordem tempo/espaço.
Referências globais e locais se misturam em um grande caldo de cultura. Arte e
esporte, por exemplo, reafirmam identidades de um determinado país e revelam seu
alcance mundial.
26
É uma expressão usada para designar um ambiente cultural que foge dos padrões comerciais,
dos modismos e que está fora da mídia.
49
A juventude vive inserida nesse processo de mutabilidade constante e de busca
incessante de liberdade de expressão e comunicação.
O espaço virtual permite ao jovem estar ao mesmo tempo fazendo as mais
variadas atividades de forma simultânea e inclusive trocar de gênero, em salas de bate-
papo, por exemplo, e assim experimentar outras possibilidades ou simplesmente “zoar”.
Tudo isso é prática comum entre os jovens. (ALMEIDA,M.I.M;TRACY, K., 2003).
Tal mobilidade está diretamente vinculada às novas possibilidades
comunicacionais inseridas pela utilização da Internet e do celular, por causa da natureza
da nova sociedade, organizada em torno de redes e parcialmente formada de fluxos,
num processo caracterizado pelo predomínio estrutural do espaço de fluxos.
O uso do SMS e do MSN Messenger para a troca de mensagens instantâneas é
uma quase unanimidade entre a juventude e estes recursos possibilitam uma
comunicação rápida e ágil entre eles.
A diversão buscada pelo jovem é “estar com a galera”, ou seja, a mobilidade e os
fluxos fluidos e nômades vivenciados nas longas horas no computador plugado à
Internet, vem sendo trazido para o mundo real e faz com que essa juventude digital
tenha características bem diversas da juventude analógica, da qual fiz parte lá pelos idos
dos anos de 1970.
“Na prática, ainda não tenho idéia de que forma podemos, nós
professores utilizar estes sites. Mas não devemos ignorar estas novas
tecnologias que são utilizadas por jovens e adolescentes. Quero
aproveitar este encantamento que eles têm e desenvolver outras
atividades. Quero mostrar para eles que o Orkut, por exemplo, não serve
apenas para bisbilhotar a vida dos outros. Ele também pode ser um bom
instrumento de troca de conhecimentos e informações, auxiliando o dia-
a-dia da escola.” (TAVARES, M., 2007)
Acredito que a escola deva buscar interagir mais nesse universo virtual, para que
possa efetivamente contribuir na luta por essas transformações na busca de oportunizar
a juventude uma cidadania plena, onde ela saiba lutar para conquistar e garantir os seus
direitos civis e seja consciente dos seus deveres para com a sociedade.
Segundo SANTOS (2005), o processo histórico da cidadania e o processo
histórico da subjectividade são autônomos ainda que, intimamente relacionados,
mesmo nas redes virtuais, existe um controle sobre os indivíduos e um cuidado por
vezes exagerado, com mecanismos de controle e segurança que interferem nos direitos
civis do cidadão e na construção de sua subjetividade.
50
Precisamos ainda, enquanto educadores, ter muito cuidado, pois o excesso de
regulação reside em que subjetividade sem cidadania conduz ao narcisismo e ao
autismo e nós temos visto muitos de nossos jovens envolvidos em crimes na internet,
praticando cyberbulliying
27
, exatamente por falta de valores e de perspectivas.
...mesmo que as novas opressões não devam fazer perder de
vista às velhas opressões, a luta contra elas não pode ser feita em
nome de um futuro melhor numa sociedade a construir. Pelo
contrário, a emancipação por que se luta visa transformar o
quotidiano das vítimas da opressão aqui e agora e não num futuro
longínquo.(SANTOS,1991,p32)
As redes se constroem no campo virtual, através dos vários sites, comunidades e
oferecem uma comunicação do tipo “muitos-a-muitos” (KENWAY, 2001), onde o
público e o privado se inserem, sem que haja uma fronteira nítida entre ambos, o que
torna cada vez mais importante a nossa interferência nesse cotidiano a fim de contribuir
para que essas novas relações entre subjetividade e cidadania possam se construir de
maneira plena e positiva, levando os jovens a se tornarem pessoas críticas e que saibam
definir seus espaços.
SANTOS (2001) diz: “Temos direitos a ser iguais sempre que as diferenças nos
inferiorizam, temos direitos a ser diferentes sempre que a igualdade nos
descaracteriza.”. E nós, professores precisamos ser sensíveis para percebemos esta
tênue fronteira que separam essas duas situações.
Muito mais importante do que favorecer uma avalanche de conhecimentos e
informações aos jovens é o fato de nós os formarmos enquanto pessoas humanas,
incentivando-os a darem o melhor de si.
Devemos juntos, educadores, pais e responsáveis, tomar essa atitude diante da
juventude colaborando para a sua formação humana integral.
Os valores humanos são fundamentos morais e espirituais da consciência
humana. Todos os seres humanos podem e devem tomar conhecimento dos valores a
eles inerentes. Muito das causas que afligem a humanidade está na negação destes
valores como suporte e inspiração para o desenvolvimento integral do potencial
individual e consequentemente do social.
27
Quando uma pessoa tem a intenção de ferir os sentimentos e/ou humilhar o outro, através da
criação de blogs, fotoblogs, comunidades ou vídeos e imagens publicados no ambiente virtual.
51
A vivência dos valores alicerça o caráter, e reflete-se na conduta como uma
conquista espiritual da personalidade.
Por isso nessa pesquisa busco vislumbrar também quais são os valores dos
jovens nessa era imersa em tecnologia.
Por isso é importante discutir também quais são os valores dos jovens nessa era
imersa em tecnologia.
3.1 – O encontro com a Felicidade
Pretendo mostrar como tecnologia e valores permeiam o universo da juventude,
mais especificamente de um grupo de jovens, da Escola Municipal Professora
Felicidade de Moura Castro, localizada no bairro da Taquara (Jacarepaguá), no
município do Rio de Janeiro, que atende alunos do 5° ao 9° ano do ciclo do Ensino
Fundamental e onde atuo como professora regente de geografia.
A Escola possui um PPP (Projeto Político-Pedagógico) intitulado: “O melhor
lugar do mundo é aqui”, voltado para a valorização da própria escola e da comunidade
escolar permitindo à Equipe o desenvolvimento de projetos que levem a reflexão a
respeito desse universo e ao mesmo tempo a construção de vínculos com a Escola.
A equipe de professores que atua nessa escola tem em comum a disponibilidade
para um fazer pedagógico inclusivo e, um grupo que atua efetivamente no laboratório
de informática construindo com os alunos seus saberes a partir dessa ferramenta,
buscando atividades que integrem o cotidiano da sala de aula numa perspectiva
interdisciplinar, a partir de projetos de trabalho Dessa forma ocorre a efetiva troca de
saberes entre professores e alunos nos diversos contextos de uso e produção das
linguagens possibilitadas a partir da informática, propiciando ao alunado assumir cada
vez mais seu lugar de protagonista na construção dos conhecimentos e a organização do
trabalho coletivo na escola, articulando as diferentes áreas do conhecimento,
desenvolvidas na sala de aula.
O laboratório da escola serve também para a realização de pesquisas e outras
atividades que desdobram o trabalho proposto em aula.
A Escola possui ainda outros espaços além das salas de aula e do laboratório de
informática, um espaço que foi adaptado para essa função, já que a escola foi
inaugurada há mais de 30 anos, quando ainda não existia essa tecnologia. São eles: o
laboratório de ciências, auditório/sala de vídeo, sala de leitura, sala de artes, banheiros,
52
refeitório, secretaria, sala de professores e quadra de esportes/pátio, que se encontra em
obras, para a colocação de uma cobertura.
O público-alvo é composto por alunos/as oriundos das camadas populares e
classe média que moram no entorno da escola e em sub-bairros de Jacarepaguá, como
será explicitado na apresentação do questionário investigativo feito com eles/elas.
A Escola se localiza num ponto privilegiado do bairro da Taquara – chamado
pelos moradores da redondeza de “Portugal Pequeno”, por ser um condomínio de casas
onde a maioria dos moradores era de origem portuguesa e encontra-se margeada por
rios, que inclusive já foi alvo de um projeto: “Foi um rio que passou na minha vida”,
por ocasião das enchentes dos anos 90 que assolaram o bairro, contextualizando mais
uma vez, as questões colocadas no cotidiano dessa comunidade.
3.1.1 – A descoberta da virtualidade
Em 2005 o tema central foi: “Aprender fazendo, de olho no coração do
estudante”, onde cada área do conhecimento buscou desenvolver suas atividades
voltadas para este tema central, tendo em vista as especificidades de cada turma.
Minha opção foi desdobrar o projeto, utilizando as turmas do 5° ano, recém
chegadas à nossa U.E., buscando inseri-los no mundo virtual, já que na época a maioria
não possuía acesso a computadores conectados à internet.
Desenvolvi o trabalho em conjunto com Aline Lessa
28
que se disponibilizou a
estar na escola comigo desenvolvendo o referido projeto e que continuou com as
turmas, como “amiga da escola”, após o término do projeto, desenvolvendo atividades
que buscavam integrar os saberes acerca da informática na construção de
conhecimentos relevantes para eles/elas.
As imagens que se seguem foram feitas por mim, no laboratório de informática
da Escola Municipal Professora Felicidade de Moura Castro, onde aparecem os
alunos/as do 5º ano do ciclo (antiga 4ª série) do Ensino Fundamental/2005,
desenvolvendo atividades de inclusão digital (pesquisa sobre municípios do Rio de
Janeiro, utilização da Internet, construção de referência bibliográfica e aprendendo a
pesquisar na rede).
28
Minha aluna na graduação, onde leciono a disciplina Informática Aplicada à Educação.
53
Foto 01– Alunos/as do 5º ano do ciclo/2005 no laboratório de informática
Foto 02– Alunos/as do 5º ano do ciclo/2005 no laboratório de informática
54
Foto 03 – Alunos/as do 5º ano do ciclo/2005 no laboratório de informática
Foto 04 – Alunos/as do 5º ano do ciclo/2005 no laboratório de informática
55
Como o laboratório é composto por dez máquinas interligadas em rede e
conectadas à internet e a proposta é que se trabalhe em dupla, procedimento comum na
maioria dos laboratórios de informática em escolas públicas e privadas, utiliza-se no
centro da sala, mesas e cadeiras que denominamos “ilha” e onde ficam os demais
alunos/as, já que as turmas têm um grande contingente, chegando a mais de cinqüenta
integrantes por turma.
Por se tratar de alunos/as muito novos, com idades entre doze - quatorze anos,
optamos em dividir a turma em dois grupos. Enquanto um ficava no laboratório, o
outro grupo ia para a sala de leitura e na semana seguinte invertíamos os grupos.
O projeto foi desenvolvido durante o segundo bimestre (meses de maio e
junho), onde a turma foi dividida em dois grupos com aproximadamente vinte alunos
e, a cada semana um grupo ia ao laboratório durante um período de uma hora e
quarenta minutos.
Num primeiro momento, os alunos criaram seus e-mails que posteriormente
seriam trocados com alunos da 4ª série de uma escola particular em Cabo Frio, para que
pudessem buscar informações sobre a realidade local de cada município. A escolha
desta escola se deve a facilidade de intercâmbio, pelo fato da professora responsável
pelo trabalho no laboratório de informática ser minha aluna no curso de graduação em
pedagogia, nesta cidade.
O passo seguinte foi observar informações gerais, mapas, dados estatísticos,
etc. sobre os municípios do estado do Rio de Janeiro em sites especializados, como:
http://www.cenapad.unicamp.br/CENAPAD/parceria/agencia/Rio/mapaerj.htm
www.aondefica.com/centerleft_rj.asp
http://www.aondefica.com/centerleft_rj.asp
www.ibge.com.br/cidadesat/default.php
http://www.ibge.com.br/cidadesat/default.php
Depois, cada dupla escolheu um município e foi buscar mais informações em
sites de busca.
Selecionamos os conteúdos pesquisados para montar a pesquisa sobre o
município escolhido.
A turma aprendeu a copiar e colar em editor de texto, as informações extraídas
da internet e posteriormente fizemos à seleção dentro do que foi compilado para
estarmos definitivamente pesquisando o tema, levando os alunos a observarem a
56
diferença entre copiar e colar (CtrlC / CtrlV) e selecionar e organizar o assunto.
Outrossim, trabalhamos ainda de forma bem simples a referência bibliográfica.
Os alunos organizaram e imprimiram uma pequena pesquisa sobre o município
escolhido e em sala de aula confeccionaram uma capa. Este trabalho foi apresentado na
nossa culminância do 1º semestre.
Seguem imagens de alguns desses trabalhos registradas por mim, no espaço do
Laboratório de Informática da Unidade Escolar, com os/as alunos/as em seus grupos
de trabalho, após finalizarem suas pesquisas, digitação, formatação, impressão e
criação das capas (feitas em sala de aula/sala de leitura) com a professora regente das
turmas envolvidas nessa atividade.
A escolha das imagens foi feita com o objetivo de ilustrar a descrição da
atividade desenvolvida e para que possamos observar que alguns grupos optaram por
trabalhar os mesmos municípios, o que me permitiu desenvolver com eles/as
concretamente a noção de que podemos fazer trabalhos diferentes, mesmo que
estejamos falamos de um mesmo lugar.
Foto 05 - Alunas no
Laboratório de Informática
com o trabalho sobre Angra
dos Reis.
Foto 06 - Aluna no
Laboratório de
Informática com o
trabalho sobre
Teresópolis.
57
Foto 07 - Alunos no
Laboratório de
Informática com o
trabalho sobre
Teresópolis.
Foto 08 - Alunas no
Laboratório de
Informática com o
trabalho sobre Angra dos
Reis.
Esta atividade foi muito prazerosa para mim, pois nunca tinha tido a
oportunidade de trabalhar com as séries iniciais do ensino fundamental desenvolvendo
um projeto de inclusão digital, mesmo sabendo que a cada trabalho desenvolvido no
laboratório, ou mesmo na capacitação de professores, trabalhamos com a inclusão
digital.
Acredito que este trabalho contribuiu para que os alunos pudessem mais
facilmente fazer pesquisas utilizando a internet, através de uma orientação prévia, pois
como sabemos , há uma imensa quantidade de informações e isso leva a dispersão do
educando.
58
Com relação à utilização do correio eletrônico, a importância está em
desenvolver um hábito, de forma a mostrar como pode ser usado de forma construtiva,
na troca de informações relevantes, no contato com pessoas de outras localidades - que
de outra maneira talvez pudéssemos não ter oportunidade - , na inserção do grupo no
mundo virtual - já que esta é uma forma de comunicação que estamos a cada dia vendo
ser ampliada na nossa sociedade.
O interesse e prazer desses jovens foram instantâneos e, todas as vezes que me
encontravam na escola perguntavam se haveria aula de informática naquele dia.
O desenvolvimento desse projeto me aproximou muito desses pequenos “nativos
digitais”, designação criada por FREITAS (1999) para designar “aquele que nasce em
uma geração que surgiu em meio à velocidade das transformações tecnológicas,
convivendo com elas de forma natural”.
No ano de 2006, novamente tive contato com esse grupo de alunos, nesta
ocasião como professora de geografia. Toda aula eles/as me perguntavam: “-
Professora, hoje vamos ter aula no laboratório?” , “- leva a gente pra lá professora?”
e eu explicava pacientemente, que o projeto que havia desenvolvido no ano anterior era
uma outra proposta, que nesse ano, estava como professora de geografia e que nem
sempre, ir ao laboratório tinha a ver com a minha proposta de trabalho, meu
planejamento para com essas turmas.
Mas, ao mesmo tempo acompanhava o progresso que faziam dentro do universo
virtual, trocávamos e-mails, conversávamos pelo MSN Messenger, que eu havia criado
com muitos deles e os estimulava a usar, teclávamos também no ORKUT, para os já
então inseridos nessa linguagem e estimulando a inserção dos que ainda não se
encontravam nessa etapa da comunicação virtual.
3.1.2 – A interseção com outras linguagens
Desenvolvi, entre junho e agosto de 2006, com duas turmas de 8ª série, formada
por alunos de 14 a 17 anos, num universo de 72 alunos, sendo 31 meninos e 41
meninas, um projeto intitulado: Os jovens e as comunidades virtuais. O que pretendi foi
fazer um registro de como este grupo de jovens lida com a nova forma de comunicação,
cada vez mais utilizada por todos, em especial pela juventude.
A metodologia utilizada consistiu em dois momentos distintos: o da pesquisa de
palavras e expressões utilizadas e o da investigação sobre as novas relações
estabelecidas na rede.
59
1º) Pesquisa de palavras e expressões utilizadas.
As turmas dividiram-se em grupos; cada um deles ficou responsável por um
conjunto de letras do alfabeto e, a partir dessas, procurou palavras utilizadas na escrita
teclada, em especial nas salas de bate-papo, orkut e MSN Messenger. Para cada letra foi
solicitado que se fizesse uma lista com pelo menos cinco palavras, do que designamos
chamar “português e/ou inglês – internetês” e “internetês - português e/ou inglês”, pelo
fato de um grande número de expressões utilizadas serem apropriadas a partir de
palavras em inglês. Também foi elaborada uma pesquisa sobre os usos comuns na
internet com esses jovens que constou na pergunta: O que é...? (sala de bate-papo,
ORKUT, MSN Messenger, jogos virtuais, fotolog, blog e lan house
29
).
A coordenação desse trabalho foi feita por um aluno da própria turma, escolhido
por mim, entre os que demonstraram dominar melhor essa linguagem.
Usamos o laboratório de informática da Unidade Escolar para que cada grupo
digitasse a sua produção
O resultado está expresso num “Dicionário de linguagens usadas na Internet”
(anexo 01), nome dado pela aluna Shirley de Souza, também responsável pela produção
da capa da sua turma; o aluno Rodrigo Marques Silva confeccionou a capa da outra
turma.
Dentro desse glossário foi inserida uma apresentação feita por alunos/as de cada
uma das turmas, onde relatam como foi o trabalho para cada turma.
2º) Investigação sobre as novas relações estabelecidas na rede.
Optei pela elaboração de um questionário aberto.
A sua aplicação e a minha observação durante a realização do presente trabalho,
permitiram uma primeira conclusão geral: a heterogeneidade dos alunos frente à nova
linguagem. Uns demonstraram maior “intimidade” com a linguagem, outros que estão
apenas começando a usá-la e ainda aqueles que desconhecem integral ou parcialmente
esse uso.
Pude constatar pelas respostas dadas que a maioria acessa comunidades virtuais,
usa o MSN Messenger e salas de bate-papo por causados amigos, para fazer novas
amizades, por diversão, por considerar interessante, por causa dos temas abordados,
para reencontrar pessoas ou porque “como todo mundo tá fazendo, resolvi fazer”.
29
É um estabelecimento comercial onde, à semelhança de um cyber café, as pessoas podem pagar
para utilizar um computador com acesso à internet e a uma rede local, com o principal fim de jogar em
rede.
60
Metade dos entrevistados considera os amigos virtuais confiáveis, 25%
consideram alguns confiáveis e os outros 25% não consideram esses amigos confiáveis.
Não supunha que essa necessidade de estabelecer um relacionamento fosse tão
importante para esses jovens que vivem na frente da tela entre o real e o virtual,
levando-os a confiar tanto em pessoas que não conhecem e que podem não estar sendo
sinceras quanto a seu gênero, idade, identidade. Esta constatação fez-me voltar às
turmas e discutir sobre os riscos dos “golpes” que acontecem na rede.
Quando os alunos foram questionados sobre: Qual a importância do computador
na sua vida? A maioria disse que ele é tudo, que não sabe viver sem ele ou que o PC é
sua vida, reforçando a idéia de que estamos frente à geração digital que já nasceu
plugada e que faz tudo no computador que ainda serve para a realização de pesquisas e a
busca de informações, para a agilização de trabalhos, para a melhoria do aprendizado,
para ficar mais por dentro do mundo porque “faz parte de mim” ou como disse um
outro: “não sei explicar, mas é como uma televisão, se eu não assistir sempre, falta
alguma coisa no dia”. Esta pergunta tornou possível constatar que os jovens
entrevistados usam preferencialmente o computador para fins de
entretenimento/educativo (60%), seguido do uso para entretenimento (30%) e apenas
para fins educativos (10%); aproximadamente 75% têm hábito de fazer suas pesquisas
na rede mundial de computadores.
“Conectados permanentemente à Internet, através de computadores que muitas
vezes não são desligados por dias a fio, estes jovens transitam para “dentro da tela”
como quem se move por um cômodo da casa” (ALMEIDA e EUGÊNIO, 2006).
O acesso é variável oscilando entre 30% (todo dia, semanalmente ou
ocasionalmente). A maior incidência dos acessos acontece à tarde, após as aulas da
Escola, e eles ficam conectados à Internet o tempo que podem.
Em relação ao orkut é muito comum a comunicação via scraps (recados
colocados na sua página), tanto para envio, quanto para responder as mensagens
recebidas.
No MSN Messenger, o envio de emoticons sempre ou ocasionalmente, está na
faixa de 30% dos entrevistados, enquanto a maioria absoluta, ou seja, 70% usam
habitualmente abreviações (escrita teclada); somente cerca de 25% as utiliza
eventualmente.
O bate-papo on-line ocorre por diversos motivos, entre os quais destaco algumas
das respostas dadas à pergunta: Como é para você manter contato com amigos na
61
internet? Porque é bom, é uma forma de matar as saudades dos meus amigos, é
divertido, é ótimo porque “você encontra amigas das antigas”, “na internet converso
mais do que pessoalmente com as pessoas do colégio, do curso que não tenho contato,
porque não estou pessoalmente, porque no computador, nem sinto tanto vergonha como
pessoalmente”.
Quando perguntados sobre: O que leva você a participar de bate-papo no MSN
Messenger? Responderam: para conhecer pessoas, por passatempo, porque tudo é muito
bom, porque falo de tudo o que quero, porque converso com pessoas interessantes
foram algumas das respostas mais freqüentes.
Apenas 25% não freqüentam Lan House (casa de jogos), contra a esmagadora
maioria que a utiliza para jogos on-line e, também para acessar o orkut e o MSN
Messenger.
A pesquisa revela ainda que, diferente da imagem que se faz dos alunos da
Escola Pública, temos nesse grupo 75% de alunos que possuem celulares e enviam
torpedos.
Vivemos um processo de imposição de uma homogeneização cultural em que
práticas, atitudes, modos de pensamento, valores, etc. circulam mundialmente pela
cibercultura” (LÉVY, 1999).
Os alunos hoje estão muito bem informados, às vezes até mais que os próprios
educadores. O paradigma do professor “dono do saber” vem dando lugar ao professor
“mediador” das novas práticas educativas, em que se precisam buscar formas de
apropriação das novas tecnologias para que se possam atender às demandas dos jovens,
pois, a sala de aula da atualidade constitui-se em um espaço de conflito. Faz-se,
portanto, necessário rever a prática docente, frente às novas exigências da pós-
modernidade.
A escolha do título: “Vc qr tc cmigo?” reflete o uso cada vez maior dessa nova
linguagem que, vem sendo paulatinamente incorporada ao cotidiano, no qual, cada vez
mais, estamos conectados, teclando com as mais variadas pessoas, trocando e-mails e
buscando nos comunicar com outras pessoas.
Espero que este pequeno glossário das palavras usadas na Internet, apresentado
neste livro, e as respostas dadas pelos jovens entrevistados sirvam de contribuição para
os pais e professores, que buscam entender essa nova linguagem a fim de que possam se
apropriar dela, ampliando assim a sua relação com essa juventude on-line.
62
Esse trabalho foi apresentado na culminância do projeto, resultando em grande
interesse não só por parte dos alunos, como também dos pais e professores, que se
interessou em saber mais sobre essa linguagem que não faz parte de seu cotidiano, mas,
que se torna uma realidade cada vez mais freqüente especialmente para seus filhos/as e
alunos/as. A seguir algumas imagens desse evento:
Foto 09 - alunos/as
turmas do 9° ano na
culminância do projeto
em 2006.
Foto 10 - trabalho da
turma do 9° ano na
culminância do projeto
em 2006.
Foto 11 - trabalho da
turma do 9° ano na
culminância do projeto
em 2006.
63
Foto 12 - trabalho da turma
do 9° ano na culminância do
projeto em 2006.
Foto 13 - trabalho da turma
do 9° ano na culminância do
projeto em 2006.
Apresentamos também essa produção na Mostra de trabalhos desenvolvidos nas
Unidades Escolares da 7ª CRE (Coordenadoria Regional de Educação), ao qual a escola
está vinculada.
3.1.3 – As questões dos valores e das tecnologias
Apresento a seguir sob a forma de relato, as respostas dadas por
professores/as e alunos/as a questionamentos a respeito de valores e outras linguagens.
64
3.1.3.1 – O encantamento
Em 2007 retornei as turmas, com as quais havia trabalhado em 2005/2006 e,
agora já no 7° ano do ciclo, e as perguntas a respeito das tecnologias e do uso do
laboratório de informática novamente permearam nosso convívio e relacionamento.
Como já tínhamos um grande envolvimento sócio-afetivo e pedagógico, escolhi
esse grupo para realizar o questionário investigativo que me possibilitou organizar
algumas das questões postas no presente trabalho.
Na elaboração do instrumento de coleta de dados, a técnica da interrogação foi
empregada em tópicos nos fóruns das comunidades da Escola que aglutinam esses
jovens no ORKUT e/ou pesquisa roteirizada, a elaboração de um levantamento de
informações/dados a partir dessas comunidades e mensagens instantâneas e um
questionário presencial, onde se possam capturar narrativas desses jovens a cerca das
questões: escola, novas linguagens e valores.
Algumas informações importantes acerca da comunidade da escola, sua página
principal, fórum e enquete, são a seguir apresentadas.
O número de membros é bem significativo - 1568 pessoas, em maio de 2008.
Apresenta diversos tópicos com uma grande variedade de questões.
No fórum há aspectos que marcaram suas vidas naquele espaço como:
“quem já participou da banda?”;
“quem teve seu primeiro amor na felicidade??????”;
“já pulou o muro?”;
“em que ano e qual turma vc estudou ???”;
“eu agora sou formado em ...E vc?”; etc.
Outros tópicos referem-se aos professores:
“quem se lembra da Dona Rosa?”;
“quem foi aluno da “Tia” Maria Lúcia?”;
“quem de vocês foi aluna da Dona Aurora?”;
“Profª. Maria Alice e Olga, por onde vc andam?”;
“Professor(a) inesquecível???”;
“quem foi aluno do professor Paulo larosa”;
e uma infinidade de outros tópicos postados e respondidos.
Com relação às enquetes, elas também refletem a diversidade que compõem esse
mosaico:
Quem foi o (a) melhor professor (a)? ”;
65
Quem foi aluno da Tia Frida? ”;
o q v6s axam de radio no recreio? “;
a prefeitura tem que mudar a escola com”;
vc participaria de uma pesquisa para um trabalho sobre juventude on-line? ”
Imagem capturada em 25 de maio de 2008.
Foi elaborado também um questionário investigativo com os professores, tanto
os que lidam diretamente com essa turma, como os demais que compõem a Equipe
docente e os alunos/as da turma escolhida para a amostragem, no intuito de verificar o
compasso/descompasso entre esses dois grupos que integram a comunidade escolar,
professores/as e alunos/as, no tocante a essa linguagem e valores agregados e
apreendidos a partir da informática e os computadores conectados à internet.
Algumas dessas perguntas foram comuns aos dois grupos: nome; sexo; idade;
nível de escolaridade; qual a sua religião?; Classifique em ordem de importância, os
valores a seguir...; você utiliza o computador...; se você é um usuário do ORKUT: A)
participa da comunidade virtual da sua escola. B) participa de comunidades que
possuem tema/s ligado/s a..., C) participa dos fóruns criados nas comunidades virtuais?,
66
D) você envia scraps
30
?, E) você responde seus scraps?; Se você é um usuário do MSN
Messenger: A) qual é seu e-mail?, B) conversa com amigos que..., C) usa palavras e/ou
expressões abreviadas no seu bate-papo com seus amigos?, D) você usa emoticons
31
?;
Você acredita que escrever dessa forma (usando “internetês”) prejudica o aprendizado?;
Acredita que a internet contribui para a ampliação da sua cidadania?; Caso você acesse
comunidades virtuais, informe o que o levou/motivou a participar de uma comunidade;
que utilização você faz dos recursos da internet; quantas vezes você acessa os recursos
da internet; você faz pesquisa na internet; quantas horas fica conectado; em que horário
você costuma acessar a internet; o que utiliza na lan house e/ou cyber; você envia
mensagem de texto de seu celular; você se solidariza e divulga os pedidos de ajuda que
recebe para pessoas com problemas de saúde; você usa a internet para divulgar
campanhas; como vê a atuação dos hackers
32
na internet; você conhece alguém que já
teve seu ORKUT “hackeado”?; Na sua opinião o que deveria acontecer com o hacker
que invade o ORKUT alheio; você acredita que as aulas no laboratório facilitam o
aprendizado?
Apresento a seguir a tabulação das respostas do questionário aplicado aos
alunos/as (anexo 02):
A turma completa possui trinta e seis alunos, sendo catorze meninos e vinte e
duas meninas, no entanto, no dia 24 de setembro de 2007, estavam presentes vinte e oito
alunos, sendo dez meninos e dezoito meninas, nascidos entre 1992/1994, ou seja, com
idades entre 14 (vinte e sete alunos/as) e 16 anos (um aluno/a), todos cursando o 7° ano
do ciclo do Ensino Fundamental.
A maioria – onze alunos/as moram no mesmo bairro onde se localiza a
instituição de ensino – Taquara, seguidos de nove que residem no Pechincha, cinco na
Praça Seca e três no Tanque.
A religiosidade é bem diversificada com dez alunos/as que não possuem
religião, dez alunos/as protestantes, seis alunos/as católicos e dois alunos/as espíritas.
Quando solicitados/as a classificar em ordem decrescente de importância as
pessoas que mais respeitam, em 1° lugar apareceu com treze votos à direção; em 2°
30
O termo refere-se a recado e tornou-se tão popular que é comum ouvir um ou outro dizer, por
exemplo: "você recebeu o scrap que mandei ontem?" ou "ainda não respondi ao seu scrap".
31
É uma palavra derivada de emotion (emoção) + icon (ícone, em alguns casos chamado smiley) é
uma seqüência de caracteres tipográficos ou, também, uma imagem (usualmente, pequena), que traduzem
ou querem transmitir o estado psicológico, emotivo, de quem os emprega.
32
Nome dado a quem invade o computador de outro usuário.
67
lugar também com treze votos estão os professores; em 3° lugar com doze votos está o
coordenador pedagógico; em 4° lugar vêm os funcionários da secretaria, com treze
votos; com oito votos, o inspetor se apresenta como o 5° mais respeitado.
A tabela a seguir mostra como ficou a classificação completa:
A classificação em ordem decrescente de importância com relação aos valores
aparece representada no quadro a seguir.
Valores / classificação 1° 2° 3° 4° 5°
Respeito 15 01 - 02 09
Solidariedade 01 07 07 10 02
Espiritualidade 05 02 07 04 08
Cidadania 02 09 11 05 -
Ética 04 08 02 05 08
Outros - - - - -
Em branco 01 01 01 01 01
Em casa, vinte e três alunos/as utilizam o computador, enquanto cinco fazem
esse uso no cyber, quatro na casa de amigos, três na escola e dois utilizaram a opção
outros (familiares).
Com relação ao ORKUT, quatorze se posicionaram enquanto usuários, doze
como não usuários, enquanto outros dois deixaram à opção em branco.
Pessoa/classificação 1° 2° 3° 4° 5° 6° 7°
Direção 13 01 - 02 01 01 08
Professor 01 13 04 - 02 07 01
Cozinheira 05 04 01 04 06 04 04
Funcionário de limpeza 05 06 01 02 03 08 03
Inspetor - 01 07 03 08 03 05
Funcionário da secretaria 01 02 03 13 03 05 01
Coordenador pedagógico 01 01 12 04 05 - 04
Em branco - - - - - - 02
68
Dos que participam de comunidades que possuem tema/s ligado/s a ética,
cidadania, solidariedade, religiosidade, ecologia, outros temas afins e não participo de
comunidade, o resultado apresenta-se assim: oito não participam desse tipo de
comunidade e oito deixaram em branco; seis assinalaram solidariedade, sendo três na
comunidade: O que está acontecendo no mundo; quatro escolheram religiosidade e
apresentaram comunidades relativas a Alan Kardec, Bíblia: o melhor livro do mundo,
Sou batizado em nome de Jesus e Eu acredito em Deus; três optaram por cidadania; dois
marcaram outros temas afins e finalmente um voto foi para cidadania, cabe ressaltar que
nesta pergunta era possível registrar mais de uma alternativa.
Participa de fóruns criados nas comunidades virtuais? A resposta mostra que
doze alunos/as marcaram a opção às vezes; onze assinalaram não; três escolheram o sim
e dois deixaram em branco.
Com relação ao envio de scraps, dezoito responderam afirmativamente, nove
dizem utilizar apenas às vezes; dois não utilizam, enquanto três não assinalaram
nenhuma opção.
Temos na turma vinte e três alunos/as que possuem e-mail, cinco ainda não tem
um endereço eletrônico para correspondência virtual.
A maioria, vinte e três alunos/as, conversa com amigos que conhecem
presencialmente, contra cinco que conversam com quem conhecem virtualmente.
São quatorze os que usam palavras e/ou expressões abreviadas no seu bate-papo
com seus amigos, enquanto cinco só o fazem às vezes, três não utilizam abreviações e
um deixou a opção em branco.
A pergunta: você usa emoticons? Obteve onze respostas afirmativas, oito
negativas, três responderam às vezes e um deixou a opção em branco.
Entretenimento com os amigos/pura diversão levou doze alunos/as assinalarem o
uso que o/a leva a participar de bate-papo, enquanto dois disseram que não conversam
em salas de bate-papo, e dois na opção outros – indicaram que o motivo que os leva a
este ambiente é relacionamento.
As abreviações de palavras e/ou expressões mais utilizadas com o seu
significado são:
VC – você; TB – também; SMP – sempre; TB – tudo bom/ tudo bem/ ta bom;
TD – tudo; PQ – por que; BJ – beijo / beijos; XAU – tchau; Ñ – não; SDS – saudades;
OKAY – ok; TBM – tudo bom; PC – computador; TC – tecla; BLZ – beleza; ADD –
adiciona; BJKS – beijocas; QM – quem; VZS – vezes; KSA – casa; NAUM – não; FLA
69
– fala; VLW – valeu; 9DADES – novidades; KD VC – cadê você; NIN/A – menino/a;
Q\ - que; RS – risos; HJ – hoje; MSN-mesmo; ^-^ - feliz; TDB – tudo de bom; ROLE –
sair de casa para algum lugar; O../ - oi; COL – risada sem graça.
O uso de abreviações utilizadas na internet não é reproduzido na sala de aula por
dezoito alunos/as, enquanto cinco utilizam e outros cinco só o fazem às vezes.
Para a maioria – dezesseis alunos, escrever utilizando as abreviações da internet
prejudica o seu aprendizado por que: “os professores não aceitam” (dois); “escrevemos
errado” (sete); “prejudica o seu futuro na faculdade e no trabalho” (um); “porque pode
se acostumar com as palavras” (cinco); “prejudica o meu português” (um); “porque esse
é só um abreviamento” (um); “tenho que escrever o certo” (um); “estaremos mais
influenciados na internet (um)”; “porque não vou poder usar na faculdade” (um).
Para os onze alunos/as que afirmaram que escrever dessa forma não prejudica o
aprendizado, a justificativa da escolha apresentou as seguintes afirmações: “eu uso só na
internet”; “porque é um jeito de se comunicar empregado”; “por tanto que saiba o
significado”; “eu sei separar as duas coisas”; “não tenho”; “não vou fazer isso, escrever
errado”; “eu consigo separar a internet da escola”; “você escrevendo então não uso”;
“na hora de escrever você não lembra as palavras da internet”;” porque não influencia
nada”.
Um quantitativo de quatorze alunos/as respondeu que acredita que a utilização
da internet contribui para a ampliação da sua cidadania apresentando as seguintes
justificativas: “posso precisar no futuro” (um); “porque tem muitas utilidades” (dois);
“aprendemos” (dois); “é um jeito de se comunicar” (dois); “a internet explica todas as
dúvidas” (três); “porque temos mais conhecimento do mundo” (quatro); “porque nos
ajuda a entender a internet” (um); “nos coloca perto das pessoas e nos faz mais
cidadãos” (um); “você entra em várias comunidades que tem de preconceitos, etc.”
(um); “você conhece mais pessoas” (dois); “existem muitos sites educativos” (um);
“existem muitos sites interessantes que nos ensinam muitas coisas” (um); “nós somos
um cidadão, nós colocamos o CPF” (um); “porque aprendo coisas e conheço pessoas”
(um); “pela internet nós descobrimos mais coisas” (um). Houve ainda dois alunos/as
que marcaram que não acreditam que a utilização da internet contribui para a ampliação
da sua cidadania, mas, não justificam o porquê e outros dois que deixaram à questão em
branco.
Desse grupo apenas um, não acessa comunidades virtuais; dois não
responderam, enquanto onze acessam para fazer amigos, oito para entretenimento e seis
70
assinalaram a opção outros, justificando que “as comunidades falam como somos”;
“diversão”; “por ser ou gostar daquilo”; “não participo”; “porque pediram para eu entrar
e/ou porque quis”.
Com relação à utilização que fazem dos recursos da internet, dezoito assinalaram
entretenimento como resposta e oito ficaram com a opção outros, explicitada com os
complementos: “diversão”; “procuro trabalhar e usa o ORKUT”; “música e imagem”;
“publicar minhas fotos e conversar”; com a opção entretenimento e educativo, tivemos
respectivamente três votos em cada dessas opções.
Os recursos da internet são acessados todo dia por dezoito alunos/as;
semanalmente por oito; ocasionalmente por três e quinzenalmente apenas um.
Todos fazem pesquisa na internet, embora nove só utilizem esse recurso às
vezes, contra dezenove que assinalaram sim.
Para dezesseis alunos/as manter contato com amigos pela internet é ótimo,
enquanto para onze é bom e ainda existe um aluno/a que não mantêm contato com
amigos pela internet.
Quantas horas você fica conectado. Veja a resposta na tabela abaixo:
TEMPO Até 1 hora 2-3 horas 4-5 horas 6-10 horas Em branco
ALUNOS/AS 06 12 09 01 01
O horário de maior incidência para estar conectado é na parte da tarde,
assinalado por quinze dos entrevistados, enquanto seis preferem estar conectados a
noite, seguindo por dois que escolheram tarde/noite. Com uma marcação aparecem as
opções: o dia inteiro; em branco; tarde, noite e madrugada; tarde e madrugada; noite e
madrugada.
Sete alunos/as deste grupo assinalaram que não utilizam com freqüência lan
house e/ou cyber; dezoito acessam desse espaço o ORKUT; dezesseis vão conversar no
MSN Mesenger; nove pessoas utilizam para jogos (CS, MU, GTA, Adventure, Dota),
três pessoas freqüentam para fazer pesquisa).
Quanto ao uso do celular temos dois alunos que não possuem aparelho celular;
nove que não enviam mensagem de texto; nove que enviam a somente às vezes, sete
assinalaram que enviam mensagens de texto.
71
Quando questionados sobre divulgar pedidos de ajuda que recebem,
responderam assim: três divulgam, doze não divulgam, quatro divulgam eventualmente,
um deixou em branco e oito disseram que se solidarizam, mas não divulgam.
A maioria esmagadora, vinte e três alunos/as não usa a Internet para divulgar
campanhas, quatro o fazem às vezes e um aluno/a divulga.
Com relação à atuação dos hackers na Internet, vinte e dois vêem como uma
invasão a privacidade alheia, três vêem como uma brincadeira e um acha legal poder
“invadir” o computador alheio.
Dezesseis alunos/as conhecem pessoas que já tiveram seu ORKUThackeado” e
doze não conhecem ninguém que tenha passado por essa situação.
Na opinião desse grupo quem invade o ORKUT alheio deve ser expulso do
ORKUT, segundo dezessete pessoas, oito optaram por prisão e três por suspensão por
um período.
As aulas no laboratório de informática para vinte e dois alunos/as facilitam o seu
aprendizado, contra seis que julgam não facilitar o aprendizado.
Na última pergunta, sobre considerarem seus professores preparados para lidar
com os computadores do laboratório da escola, vinte e um disseram que somente alguns
estão preparados e sete disseram que sim, seus professores estão preparados.
3.1.3.2- O desencantamento
Apresento a seguir a tabulação das respostas do questionário aplicado a treze
professores/as (anexo 03). Deste grupo seis são professoras da turma escolhida para esta
pesquisa. Embora sendo professora da escola e da turma, optei por não responder ao
questionário por estar envolvida com a presente pesquisa.
Tivemos a resposta de um professor e de doze professoras. Suas idades variam,
sendo um (20 – 30 anos); um (31 – 40 anos); três (41- 50 anos); três (51 e mais) e cinco
não informaram a idade.
Quanto ao nível de escolaridade; oito possuem curso superior; três possuem pós-
graduação; um tem mestrado e um doutorado.
Com relação à religiosidade: quatro são católicos, um é protestante, oito são
espíritas.
Os valores escolhidos em ordem decrescente de importância, estão na tabela a
seguir:
72
Valores/ordem 1° 2° 3° 4° 5°
Respeito 2 2 1 2 3
Solidariedade 2 1 4 3 -
Espiritualidade 5 - 1 1 3
Cidadania 3 3 - 2 1
Ética 3 2 3 1 1
Outros Justiça e diálogo / caridade
Quanto à utilização do computador: onze utilizam em casa, cinco na escola, dois
assinalaram a opção outros, sendo uma das respostas – computador do filho e um dos
entrevistados não utiliza.
Com relação ao ORKUT, doze professores responderam que não participam da
comunidade virtual da escola e um não respondeu a pergunta. No entanto com relação a
outras comunidades no ORKUT, obteve-se o seguinte resultado, em relação aos temas a
seguir:
Ética, religiosidade, solidariedade e ecologia foram assinaladas apenas por um
professor/a em cada item; enquanto outros temas (educação) foram marcados por dois
professores/as e seis professores/as disseram que não participam de comunidades.
Sete professores participam de fóruns nas comunidades virtuais do
ORKUT, enquanto quatro só participam às vezes e dois não participam. Três enviam e
scraps, seis não enviam e dois só o fazem às vezes. Três respondem aos scraps
recebidos, seis não respondem e dois só respondem às vezes.
No MSN Messenger, oito conversam com amigos que conhecem
presencialmente e quatro com amigos que conhecem virtualmente e um não é usuário
dessa ferramenta.
O uso de palavras e/ou expressões abreviadas no bate-papo com os amigos: três
utilizam, três não utilizam e três só utilizam às vezes.
Os emoticons fazem parte do bate-papo no MSN Messenger de apenas um/a
professor/a, três fazem uso às vezes e sete não utilizam esse recurso.
Onze professores/as acreditam que escrever com abreviações no ambiente virtual
prejudica o aprendizado na escola por que:
“O aluno não conhece mais a língua (pátria)”; “Continuam escrevendo com
abreviações em outras situações e não se preocupam com a ortografia.”; “O aluno cria
73
este hábito.”; “Se a pessoa não estiver bem alfabetizada ela poderá não perceber a
mudança de cenário.”; “A prática dessa escrita faz que a pessoa se esqueça como
escrever corretamente.”; “Você perde o contato com a linguagem correta.”; “Vicia a
linguagem escrita, já repleta de outros vícios.”; “Eles já escrevem errado normalmente,
logo piora.”; “Forma “vícios” na escrita, prejudicando a ortografia.”.
Dois professores/as acreditam que escrever com abreviações no ambiente virtual
não prejudica o aprendizado, justificando que “é um registro específico naquele
ambiente.”.
A utilização da Internet para dez professores/as contribui para a ampliação da
sua cidadania e justificam dizendo que: “Passa positiva (situação), apesar de muita
porcaria.”; “Amplia conhecimentos e relacionamentos.”, “Socializa informação.”; “É
muito abrangente em todos os aspectos.”; “Se não for usada apenas para disseminação
de vírus e jogos pode congregar pessoas e pensamentos.”; “Tomo ciência de fatos que
ocorrem na sociedade.”; “Aumenta o conhecimento incluindo direitos e deveres.”;
“Pode propiciar discussões valiosas em qualquer contexto.”.
Para três professores/as a Internet não contribui para a ampliação de sua
cidadania por que: “Depende de como é utilizada.”; “Cidadania é algo que resulta de
uma educação jamais recebida pelo uso da Internet.”.
O que levou/motivou a participar de uma comunidade foi para os profissionais
de educação dessa Escola: fazer amigos, entretenimento e informação; sendo que cada
uma dessas opções obteve três votos.
A utilização dos recursos da Internet foi prioritariamente educativo, com onze
marcações, seguida de oito para entretenimento e cinco assinalaram – outros (assistir
filmes, informação, “tudo que preciso procuro na Internet”).
Quanto ao acesso a Internet, seis o fazem todo dia; três utilizam semanalmente e
quatro só fazem uso ocasionalmente.
No que se refere ao uso para pesquisa, temos oito profissionais que sempre
fazem uso e quatro que o fazem apenas às vezes.
O tempo que ficam conectados também varia, sendo que quatro ficam até uma
hora; dois ficam entre duas a três horas; três ficam conectados entre quatro e cinco
horas; dois ficam entre seis e dez horas e um/a fica mais de 10 horas “plugado/a.”.
O acesso ocorre preferencialmente à noite (seis), seguido de cinco que ficam o
dia inteiro e um que se conecta no horário da manhã.
74
No item que se refere ao que você utiliza na lan house e/ou cyber, a maioria diz
que não utiliza (oito), enquanto dois vêem o ORKUT e um assinalou MSN MESSEGER
e outro diz que utiliza para jogos.
Todos são possuidores de aparelhos celulares, contudo quatro não enviam
mensagens de texto, enquanto cinco o fazem às vezes e outros quatro assinalaram que
enviam mensagens de texto do seu celular.
Oito professores/as se solidarizam e divulgam pedidos de ajuda que recebem
para pessoas com problemas de saúde, enquanto um/a se solidariza, mas não divulga,
um/a só divulga às vezes e dois não divulgam.
O uso da Internet para divulgar campanhas é praticado por dois professores/as,
enquanto cinco não fazem esse uso e outros cinco o fazem às vezes.
A atuação dos hackers na Internet é vista como uma invasão por oito
professores/as, enquanto outros cinco declaram que consideram essa invasão um crime/
falta de respeito, de caráter, etc./ bandidos digitais/ falta de respeito, inveja e
subdesenvolvimento ou ainda “como algo corporativo para testar a qualidade dos
serviços de segurança e falta de solidariedade com uma imensa carga de egoísmo no
nível individual (falta de ética e caráter).”.
Seis responderam que sim e outros seis responderam que não, quando foram
consultados sobre conhecerem alguém que já teve o ORKUThackeado”.
Ser preso ou ser expulso foi a escolhida feita por cinco em cada uma das opções
quando o assunto era a sua opinião sobre o que deveria acontecer com o hacker que
invade o ORKUT alheio, outros foi a opção de dois professores/as que, no entanto não
registraram a sua sugestão.
Quando questionados sobre se acreditavam que as aulas no laboratório de
informática facilitam o aprendizado de seus alunos, as respostas foram: Sim, desde que
usado com moderação e se houvesse um número racional de computadores e sala
espaçosa foi a resposta dada por dez profissionais. Nessa questão apenas três
assinalaram que não acreditam no uso do laboratório de informática como um
facilitador do processo de aprendizagem.
Por fim, quando questionados sobre se considerarem professores/as
preparados/as para atuar no laboratório de informática de sua escola, a resposta foi sim
apenas para dois, que ainda assim registraram que “com computadores eficientes e
poucos alunos”, enquanto a maioria esmagadora – onze – diz que não, por que: “Os
cursos oferecidos não são suficientes para a prática de ensino dos alunos.”; “pois não
75
possuo curso de informática.”; “pois como usuária ocasional, não domino totalmente,
precisando muitas vezes de ajuda dos outros.”; “porque a SME (Secretaria Municipal de
Educação) não deveria criar capacitações tão mínimas, porém cursos reais (e não
“virtuais” que não resultam em aprendizado).”; “uso algumas coisas.”; “porque não
tenho tanto conhecimento e, ocorre a presença de muito aluno numa sala apertada e
poucos computadores.”.
Busquei apresentar o que foi respondido no questionário investigativo, porém,
pelo fato de desenvolver minhas atividades pedagógicas nessa unidade escolar, pude
conversar mais longamente e informalmente com os profissionais da equipe o que me
permitiu uma visão mais ampla da realidade da escola a cerca das questões referentes
ao/s uso/s do laboratório de informática e as atividades com os/alunos/as e sua inserção
no universo virtual.
76
CAPÍTULO 4
Na busca de questões, tensões, reflexos. Os possíveis
porquês.
77
Cap. 4 - Na busca de questões, tensões, reflexos. Os possíveis porquês.
“O problema está em saber se a escola vai ser capaz de ensinar a ler livros
não só como ponto de chegada, mas também de partida para outra
alfabetização, a da informática e das multimídias. Isso implica pensar se a
escola está formando o cidadão que não sabe ler só livros, mas também
noticiários de televisão e hipertextos informáticos.” (MARTÍN-
BARBERO,2000, p.58)
A capacidade de fazer uso das diversas tecnologias disponíveis, para acessar
informações e/ou produzir novos conhecimentos, é condição essencial a
leitores/escritores críticos, prontos a interagir com os diferentes tipos de texto e suportes
textuais, bem como com os diversos modos de lê-los e produzi-los, sem se desviarem de
seu roteiro de viagem ou se perderem nos atalhos dos múltiplos sentidos e formas.
Construímos novos conceitos, reformulamos idéias, fazemos associações,
tecemos conexões e interligações por meio das várias leituras, dos vários conceitos e
informações que digerimos.
Ampliamos, assim, as possibilidades de uso da palavra, instrumento privilegiado
da comunicação e da constituição de conhecimentos e valores na vida cotidiana, seja
por intermédio de uma folha de papel, da lente de uma câmera ou da tela de um
computador, palavra escrita e/ou escrita teclada.. Enfim, produzimos linguagem, que,
na perspectiva baktiniana, não pode ser concebida apenas como um sistema abstrato,
mas também como uma criação coletiva, que integra um diálogo cumulativo entre o eu
e o outro, entre muitos eus e muitos outros. As palavras são, assim, tecidas a partir de
uma multidão de fios ideológicos, servindo de trama de todas as relações sociais em
todos os domínios e a Internet é por natureza um espaço de experimentação,
desenvolvimento de novas linguagens e de revoluções diárias.
TURKLE (1997,p.60-61) diz que: “Construímos nossas tecnologias e nossas
tecnologias nos constroem a nós mesmos em nossos tempos. Nossos tempos nos fazem,
nós mesmos fazemos nossas máquinas, nossas máquinas fazem nossos tempos.”
A reflexão que busco a partir das observações que fiz/faço nas escolas onde
atuei/atuo, em especial, diz respeito as práticas desenvolvidas a partir da utilização dos
laboratórios de informática e a construção e/ou saberes que os alunos/as
trazem/constroem nesses espaços.
78
Percebo um infeliz descompasso entre nós, professores, acostumados a lidar com
o suporte do livro de papel, o quadro de giz/quadro branco e algumas outras tecnologias
(som, TV, DVD, entre outros) onde o produto final já é conhecido e precisamos lidar
com um espaço onde o caminho se faz ao “navegar”, pois os nós, os links e hiperlinks
permitem construções/reconstruções/desconstruções diferenciadas e, isso vem causando
um pouco de insegurança e os/as alunos/as que se inserem nesse universo sem medo de
errar, buscar, enfim de experimentar os diferentes usos dessa ferramenta.
Acredito que um dos motivos seja porque a nossa figura de detentores do saber
fica ameaçada e precisamos assumir o nosso lugar de mediadores dessas outras
construções
“[...] a principal função do professor não pode mais ser uma difusão dos
conhecimentos, que agora é feita de forma mais eficaz por outros meios.
Sua competência deve deslocar-se no sentido de incentivar a
aprendizagem e o pensamento. O professor torna-se um animador da
inteligência coletiva dos grupos que estão a seu encargo. Sua atividade
está centrada no acompanhamento e na gestão das aprendizagens: o
incitamento à troca dos saberes, a mediação relacional simbólica, a
pilotagem personalizada dos percursos de aprendizagem, etc.”
(LÈVY,1996,p.171)
O que se pode observar a partir da fala dos próprios professores,
apresentada no capítulo três dessa dissertação, reflete o que tenho ouvido nos lugares
onde atuo inclusive como capacitadora de informática educativa da rede municipal de
educação do Rio de Janeiro, que é de estranhamento ao universo virtual, pouca
familiaridade ao seu uso e principalmente a crítica ao uso de outras linguagens,
especialmente o “internetês”, imputando a esse uso a causa dos problemas que
envolvem o letramento de crianças e jovens hoje no nosso país.
A professora Maria Teresa Freitas(2008) utiliza a expressão
estrangeiros digitais”, definindo como: “aquele que nasceu em outra cultura, na qual
as tecnologias digitais ainda não estavam presentes”, ao se referir aos professores. Eu
prefiro utilizar a expressão “geração analógica”, como sinônimo da minha geração que
nasceu e cresceu num tempo anterior ao desenvolvimento das tecnologias digitais.
O que importa, no entanto é refletir sobre por que temos dificuldade em
lidar com essa tecnologia e pensar em uma forma de superarmos essa questão.
“Os professores mostram-se receosos e inseguros diante das práticas
internéticas de seus alunos, pois tem medo da novidade e sempre se viu
79
como detentor do saber; numa posição hierárquica superior em relação
ao aluno e o centro de seu trabalho é ensinar e não o aprender.
O professor estrangeiro digital agora se vê diante de um aluno que,
no que se refere ao uso do computador e internet, detém um conhecimento
que ele não tem”
.(FREITAS,2008)
A apropriação crítica das diferentes tecnologias na escola envolve,
necessariamente, o exercício cotidiano das trocas efetivas entre professores e alunos,
buscando construir coletivamente novos conhecimentos, a partir dos diversos contextos
de uso e produção dessas linguagens (programas e softwares, sites, fóruns, chats, etc).
A educação que cultiva a idéia do saber consolidado deve ser substituída
pela que ensina e prepara a pessoa para o aprendizado permanente. Agora a escola é
também um pólo de orientação diante do dilúvio de informações gerado e
constantemente alimentado pela rede mundial de computadores.
A política educacional deve ser reformulada para absorver e utilizar as
tecnologias intelectuais que amplificaram a inteligência humana e suas funções
cognitivas. A memória foi ampliada pelos bancos de dados, pelos documentos em
hipermídia e pelos arquivos digitais. A imaginação teve nas tecnologias de simulação
um enorme avanço. O raciocínio pode atingir complexidade inimaginável nos modelos
matemáticos escolásticos e nos mecanismos de inteligência artificial. A pesquisa dá
saltos com o saber compartilhado entre cientistas espalhados pelo planeta, e a dedução
lógica e a indução vão sendo secundarizadas pelas simulações de hipóteses com a
realidade virtual.
O que está em jogo é o potencial de inteligência coletiva da sociedade.
Não podemos aceitar um ensino que desconsidere esta conjuntura e leve para as
comunidades socialmente carentes a noção de um saber falsamente imóvel ou de pouca
mobilidade, uma formação tecnicista e mecanicista, típica da fase taylorista-fordista,
centrada na linearidade e na escola piramidal, enquanto as elites são formadas para
navegar no espaço dos fluxos, onde encontram informações que produzem
conhecimentos e aprendem continuamente a aprender e a pesquisar.
Acredito que o professor será cada vez mais um orientador indispensável,
um coordenador de expedições em busca dos saberes coletivos. Os grandes navegadores
de outrora seriam hoje os exploradores do ciberespaço à procura de saberes e inovações.
As linhas gerais de uma política de inclusão digital-alfabetização tecnológica
devem superar o mero ensino da informática, insuficiente para as necessidades de
ampliação e consolidação da cidadania nas comunidades na era da informação.
80
O manuseio, a elaboração e a compreensão dos softwares são instrumentos
primários de uma política de inclusão e alfabetização digital que deve incentivar o
processo permanente de auto-aprendizagem.
“Peço apenas que permaneçamos abertos, benevolentes, receptivos em
relação à novidade. Que tentemos compreendê-la, pois a verdadeira
questão não é ser contra ou a favor, mas sim reconhecer as mudanças
qualitativas na ecologia dos signos, o ambiente inédito que resulta da
extensão das novas redes de comunicação para a vida social e cultural.
Apenas dessa forma seremos capazes de desenvolver estas novas
tecnologias dentro de uma perspectiva humanista.” (LÈVY,1999,p.12)
A tecnologia cria outra possibilidade de leitura e escrita, mas essa não
substituirá o prazer de dobrar o jornal em quatro, de folhear as páginas de um livro, o
gosto de sentir aquele cheirinho inconfundível de papel novo, a mania de dobrar a quina
de cima e de sublinhar com a caneta o trecho que a gente gostaria de ter escrito.
MANGUEL (1977,P.159) diz que: “é interessante observar a freqüência com
que um avanço tecnológico como o de Gutemberg – antes promove do que elimina
aquilo que supostamente deve substituir”.
Assim, se o livro não está com os seus dias contados e se a própria internet tem
contribuído para divulgá-lo, que novas formas de leitura e escrita estão surgindo na
atualidade? “Com a tela, substituta do códex, a transformação é mais radical, pois são
os modos de organização, de estruturação, de consulta ao suporte do escrito que se
modificaram” (CHARTIER,1994,p.101)
A nova produção das coisas, isto é, a mudança das coisas dá ao/a aluno/a uma
lição originária e profunda que não posso compreender e isso implica um
distanciamento entre nós dois que não é somente aquele que durante séculos separou
pais dos filhos. Por isso digo que somos geração analógica e eles/elas são a geração
digital.
Busquei identificar os valores desses jovens
, frente aos avanços da cibercultura,
desdobrando-se no que eles pensam, fazem e agem a partir desta tecnologia disponível.
O que pude perceber na minha investigação de campo é que eles/elas não apenas a
utilizam, mas criam novas tecnologias e também assumem uma autonomia/dependência,
pois são capazes de lidar com o desconhecido, navegando e acessando informações,
apertando os botões e fazendo/refazendo caminhos ao encontro de respostas e nas idas e
vindas, lidando com os erros/acertos vão construindo seus saberes.
81
Sobre os valores que possuem esse jovem, hoje, considerando este momento
caracterizado pela cibercultura e como ele age/reage frente a essas mudanças, pude
perceber que a maioria está “antenada” com o que vem ocorrendo e procura valores
éticos, constatada nas respostas sobre o problema dos hackers, a solidariedade na busca
de soluções e auxílio ao próximo, sobre receber e se solidarizar com a divulgação de
ajuda a doentes via e-mail, por exemplo.
Acreditam ainda, em sua maioria que a utilização da Internet contribui para a
ampliação da sua cidadania, o que é bastante positivo por ser um indicativo de que estão
à procura de valores e buscando utilizações que possam auxiliá-los no futuro,
aprendendo e agregando saberes a partir dos sites, pesquisa na Internet, entre outras
possibilidades.
Ao mergulhar no universo virtual e, ao mesmo tempo, estar engajada no
cotidiano, como profissional na/da área de Educação, e comprometida com as questões
contemporâneas que envolvem valores e outras linguagens, utilizar o espaço do
laboratório de informática e estar conectada a esses jovens, via chats, e-mail, MSN
Messenger e ORKUT me permitiram a observação de algumas questões.
Tenho tido a oportunidade de observar em cada geração de jovens que passa pela
Escola, mudanças em seus hábitos e comportamentos. As roupas, as gírias, os “points”,
os “hits” vão se modificando e as formas de relacionamento também. Algumas “coisas”,
no entanto, permanecem, como, por exemplo, a busca por amigos, por ser aceito no
grupo, por, enfim, encontrar a própria tribo.
Essa maneira informal de se expressar, atualmente bem representada pelo
‘Internetês’, se deve também à preocupação dos sujeitos em permanecer
nos grupos de amigos, comunidades sociais em que, muitas vezes, estão
inclusos. Em certas situações, as pessoas começam a utilizar gírias e
expressões próprias de sua tribo com a finalidade de serem aceitos neste
grupo.(VANETTI, L, 2008)
Eles buscam, segundo a pesquisa apresentada no capítulo anterior,
entretenimento com os amigos e/ou pura diversão quando participam das salas de bate-
papo, outro motivo que os leva a este ambiente é relacionamento, ou seja, a busca para
estarem inseridos no grupo, considerando em sua maioria, ótimo manter contato com os
amigos pela Internet. A maioria esmagadora utiliza a “escrita teclada”, enquanto apenas
três alunos/as não utilizam essas abreviações.
82
Quando desenvolvi o projeto do “Dicionário de linguagens usadas na Internet”,
também pude observar que a maioria fazia uso das abreviações e que cada tribo tinha os
seus próprios códigos e eles/as contavam que ficavam horas a fio teclando com os
amigos.
Acredito que a produção desse glossário com os usos mais comuns da Internet
(do ponto de vista deles/as), possa servir de contribuição para os pais e professores, que
buscam entender essa outra linguagem a fim de que possam se apropriar dela,
ampliando assim a sua relação com essa juventude on-line, mostrou/demonstrou o
enorme interesse que eles/elas apresentam quando o assunto é tecnologia. O resultado
final, por questão de tempo para sua finalização, ficou aquém do esforço e empenho de
ambas as turmas.
A pesquisa mostrou ainda que, a maioria não reproduz em sala de aula as
abreviações utilizadas no universo virtual, e isso também fica evidenciado quando
aplico atividades, onde a maioria realmente não utilizada essa linguagem. Acredito que
os motivos para isso seja o medo do professor/a não aceitar a tarefa e por saberem
diferenciar os espaços (real e virtual).
Esses jovens estão buscando se apropriar dessas linguagens que consideram
importante para a sua vida, inclusive do ponto de vista profissional. Esta afirmação fica
evidenciada nas justificadas apresentadas no questionário investigativo e na sua fala
cotidiana, quando conversamos com eles/as a cerca do seu futuro.
A maioria possui e utiliza e-mail, envia scrap, ou seja, está ou busca estar
inserido nesse novo universo, “surfando” na rede, utilizando a “escrita teclada” e
aprendendo autonomamente essa linguagem.
Na elaboração do instrumento de coleta de dados utilizei a técnica da
interrogação em um tópico criado no fórum da comunidade da escola no ORKUT, onde
inferi na enquete a pergunta: ”Vc participaria de uma pesquisa para um trabalho sobre
juventude on-line?”, apresentando as seguintes opções para resposta: sim; não; sim e
enviaria a vc um scrap com meu e-mail; sim, mas não enviaria meus dados por scrap.
83
Acesso à página da comunidade da escola em 19 de julho de 2008.
Até o dia 19 de julho de 2008 haviam respondido a enquete sessenta e seis
pessoas, no entanto só uma registrou seu comentário, ficando por isso impossibilitada
de capturar narrativas desses jovens a cerca das questões: escola, novas linguagens e
valores.
Do ponto de vista da escola pude verificar que ela está desenvolvendo sua
proposta pedagógica sem considerar muitas vezes essas mudanças. A informática não é
prioridade e em muitas escolas municipais, onde os laboratórios ficam fechados e/ou
quase sem uso, diretores não permitem o acesso, com medo de que se danifique o
material ali contido e boa parte do corpo docente se sente incapaz de utilizar essa
ferramenta, apesar da existência de capacitações para os que se dispuserem a participar
e possuírem disponibilidade de horário para se inserirem nos horários e locais propostos
pela Secretaria Municipal de Educação/RJ.
Nas escolas que fazem efetivamente uso dos laboratórios, ocorre que a
manutenção feita pelos funcionários lotados na CRE (Coordenadoria Regional de
Educação) deixa a desejar, pois os mesmos não podem estar em todos os lugares ao
mesmo tempo e não é dada autonomia a cada escola, para inserir programas, passar
anti-vírus e/ou providenciar o reparo dos equipamentos, o que torna a utilização ainda
mais precária. Inexiste uma estratégia que a Unidade Escolar possa lançar mão para
formar mais e melhor os seus alunos, considerando-se o uso da informática como
84
componente importante nesse processo e não meramente uma ferramenta de
entretenimento.
Pude observar ainda que a maioria dos professores/as da escola desconsidera
e/ou não conhecem a cibercultura e, por isso não a explicitam na sua prática cotidiana e
uma minoria nesse grupo tenta se inserir nesse novo universo virtual e integrá-lo as
suas práticas. E estou desenvolvendo esta pesquisa num espaço considerado
privilegiado, pois, nesta equipe de professores/as existem seis capacitadores em
informática educativa, que participam das atividades desenvolvidas pela Divisão de
Mídia e Educação/SME para a qualificação profissional continuada e em exercícios dos
profissionais da Rede Municipal que se encontram lotados/as em escolas que possuem
laboratórios de informática.
Os professores não acreditam que a Internet possa contribuir para o aprendizado
dos seus alunos, a exemplo do que aconteceu no século passado, quando as escolas
foram dotadas de TV e aparelhos de videocassete, que num primeiro momento
assustaram e amedrontaram vários profissionais que julgavam que seriam substituídos
pelos novos equipamentos eletrônicos e, que mais tarde pode-se constatar o
enriquecimento trazido por essas ferramentas para o trabalho pedagógico e não como
substitutos do professor/a.
Muitos dos profissionais ainda não se deram conta que muitas e profundas
mudanças aconteceram e estão acontecendo no mundo, a revolução técnico-científica
das últimas décadas provocam uma infinidade de mudanças, como diz
SANTOS(1987,p.5):
(...)"Quando, ao procurarmos analisar a situação presente das ciências no
seu conjunto, olhamos para o passado, a primeira imagem é talvez a de
que os progressos científicos dos últimos trinta anos são de tal ordem
dramáticos que os séculos que nos precederam – desde o século XVI,
onde todos nós, cientistas modernos, nascemos, até ao próprio século XXI
– não são mais que uma pré-história longínqua” (...)
Acredito que fazendo uso das novas tecnologias, com um elemento enriquecedor
e eficaz podemos facilitar a construção da aprendizagem, onde as reflexões sobre
concepções de conhecimento e inteligência como fatores que interferem nas
considerações sobre aprendizagem levam-nos a percepção de que aprender não é um
processo individual, nem mesmo limitado às relações professor/aluno. Ao contrário, é
85
um processo que se dá inserido em um grupo social com vida própria, com interesses e
necessidades dentro de uma cultura peculiar.
É pensar sobre o processo que promove a aprendizagem. (PAPERT, 1994,p.100).
Produzindo, pensando sobre o próprio processo de produção e nas relações
estabelecidas, que passam também pelo afetivo é que se estimula a aprendizagem.
As relações do entorno dentro de uma perspectiva de aprendizagem investigativa
não se reduz a métodos de ensino ou processos de aprendizagem. Na sala de aula, o
saber não é somente transmitido por um e aprendido pelos outros. Ensinar e aprender
com significado sugere interação, disputa, concordância, rejeição, caminhos diversos,
percepção das diferenças, busca constante de todos os que estão inseridos na ação da
aprendizagem.
Quando ocorre a procura pela coerência entre o discurso e a prática docente é
necessário adotar ações educativas que, podem facilitá-la junto aos educandos e, mais
do que reproduzir procedimentos é preciso que nós, educadores, possamos refletir sobre
todas as mudanças que são indispensáveis para que passemos da intenção à ação de
transformar a escola num lugar mais humano, mais justo e mais acolhedor para quem
nela busca uma formação cidadã.
Segundo Alves (2001,p.2), Para se tornar um bom usuário das novas
tecnologias, o professor, assim como o aluno, deve ser também produtor.
Para isso as aulas devem se transformar em espaço de debate e negociação de
concepções e representações da realidade, um lugar onde o conhecimento é
compartilhado e no qual os/as alunos/as sejam vistos como pessoas capazes de
construir, reformular e integrar idéias, tendo a oportunidade de interagir com outras
pessoas, com objetos e situações que exijam envolvimento, disponibilidade de tempo
para refletir acerca de seus procedimentos, de suas aprendizagens, dos problemas que
têm a suplantar.
Os/as alunos/as devem trazer para a aula, tanto seus conhecimentos e
concepções quanto seus interesses, preocupações, inquietações e desejos para que
estejam envolvidos num processo vivo, no qual o jogo de interações, conquistas e
concessões provoquem o enriquecimento de todos.
Para que se consiga atingir o objetivo, é necessário experimentar, ir,
voltar, acertar, errar, tentar, pesquisar, fugir, voltar, refletir, tentar novamente. Nessas
idas e vindas é possível ter mais clara a visão do todo e do que realmente é mais
importante no trabalho que se está desenvolvendo, sem se esquecer que o/a professor/a
86
é um/a facilitador/a /problematizador/a para que ocorra aprendizado. O/a professor/a
deve antes de tudo apaixonar-se pelo seu trabalho, de tal forma que contagie a todos a
sua volta com as suas idéias e propostas.
Uma idéia muito defendida, em relação ao papel do computador na educação, é
que o computador facilita o processo ensino/aprendizagem. Essa idéia está ligada à
generalização do fato de que o computador entrou na vida do homem para facilitar.
O uso do computador na educação tem como objetivo promover a aprendizagem
dos/as alunos/as e ajudar na construção do processo de conceituação e no
desenvolvimento de habilidades importantes para que ele/a participe da sociedade do
conhecimento e não somente facilitar o seu processo de aprendizagem.
O principal objetivo da escola compatível com a sociedade do conhecimento é
criar ambientes de aprendizagens que propiciem a experiência do "empowerment"
33
(VALENTE 1999,p.43), pois as experiências comprovam que em um ambiente rico,
desafiador e estimulador, qualquer indivíduo será capaz de aprender algo sobre alguma
coisa.
A inserção de novas tecnologias educacionais torna-se plenamente justificável à
medida que as possamos utilizar dentro de uma proposta de trabalho que tenha por
objetivo incentivar o ensino e promover a aprendizagem.
Os computadores e demais tecnologias introduzem mudanças significativas no
ambiente escolar: interferem nas formas de aprendermos, nos nossos processos
cognitivos, nas nossas apreensões, percepção e compreensão do mundo e do universo.
A grande tônica que tem impulsionado ações empreendedoras do homem, hoje,
é a consideração de mudança como fator-chave para o desenvolvimento, como porta
aberta às oportunidades que apontam para o novo e o diferente. Porém, mudanças
substanciais, muitas vezes, não ocorrem simplesmente ao acaso. Grande parte das
conquistas científico-tecnológicas que transformaram significativamente setores da vida
e das atividades humanas surgiu através da pesquisa, o que significa dizer que foram
altamente planejadas e organizadas para atingir resultados previstos.
O notável impulso científico-tecnológico ocorrido durante as duas últimas
décadas vem gerando um ritmo de crescimento sem precedentes na história humana e
33
Oportunidade dada às pessoas para compreenderem o que fazem e o que são capazes de
produzir.
87
têm produzido grandes impactos na sociedade, de forma a alterar as principais forças
que a governam, inclusive.
Isso tem causado forte repercussão nas organizações, nos governos, nas
instituições sociais e nas relações entre as pessoas, as quais necessitam alterar as suas
formas de agir para se adequar à nova realidade. Nota-se, porém, que as rotinas físicas
ou intelectuais realizadas pelas pessoas dentro de uma empresa são mais rapidamente
alteradas ou modificadas, se comparadas à velocidade com que alterações semelhantes
possam ocorrer, por exemplo, dentro de uma escola. Segundo Papert (1994 p. 18):
“O problema na educação apresenta um elemento adicional. A
maioria dos Conservadores honestos está trancada na suposição de
que o estilo da Escola é o único estilo, pois jamais viram ou
imaginaram alternativas convincentes para a capacidade de
comunicar determinados tipos de conhecimento”.
O que acontece quando o aprender para depois fazer precisa ser pronta e
imediatamente substituído pela ação concreta do aprender fazendo ou, melhor dizendo,
do fazer aprendendo ou do executar durante o aprendizado? Se acreditarmos que o
verdadeiro sentido do ensinar está intimamente ligado às reais necessidades do aprendiz
em utilizar o produto de sua aprendizagem direta e imediatamente quando, diante de
situações-problema, precisa experimentar e ter a oportunidade de encontrar as suas
próprias respostas então podemos pensar numa melhor forma de aproveitamento para a
utilização dos microcomputadores no processo de ensino-aprendizagem, coerente com
esta convicção.
Segundo Maturana (1995,p.68): “Todo fazer é conhecer e todo conhecer é
fazer”.
Como preparar nossas crianças para a convivência diante de uma multiplicidade
de fatores, coisas, fatos, homens, acontecimentos, se muitos de nós ainda pensam que
família é um grupo de pessoas, vivendo sob o mesmo teto, constituído de pai, mãe e
filhos? – ainda que algumas delas possam ser diferentes. Como conceber que tal fala
possa encerrar a discussão em sala de aula?
As dinâmicas de trabalho adotadas pelos professores ainda em larga escala
restritas aos conteúdos dos livros didáticos, não raro, seguem a lógica contida na própria
acepção da palavra conteúdo, em que está implícita a idéia daquilo que se contém
nalguma coisa, que se encerra em si.
88
“As relações de contigüidade estabelecidas no objeto impresso se
opõe a livre composição de fragmentos indefinidamente manipuláveis; a
captura imediata da totalidade da obra, tornada visível pelo objeto que a
contém, ela faz suceder a navegação de longo curso entre arquipélagos
textuais sem margens nem limites. Essas mutações comandam
inevitavelmente, imperativamente novas maneiras de ler, novas relações
com a escrita, novas técnicas intelectuais. Se as revoluções da leitura
precedentes fizeram-se sem mudar as estruturas fundamentais do livro,
não é isso que irá acontecer em nosso mundo contemporâneo. A revolução
iniciada é antes de tudo, uma revolução dos suportes e formas que
transformaram o escrito.” (CHARTIER,1994,p.101)
No entanto, segundo o resultado do instrumento de coleta de dados aplicado,
apenas dois professores/as acreditam que escrever com abreviações no ambiente virtual
não prejudica o aprendizado, justificando que “é um registro específico naquele
ambiente”, enquanto a maioria vê a utilização da “escrita teclada” como
desconhecimento da norma culta da língua, com perda de contato com a linguagem
considerada correta, responsabilizando o suporte tecnológico pelos erros de ortografia e
a criação de vícios da linguagem escrita por parte de seus/suas alunos/as, sem se dar
conta de que a língua é viva e que ao longo da história sofre interferências e
modificações.
Através da construção de um patamar teórico, caminhamos em busca de uma
perspectiva de ação pedagógica que possa vislumbrar a integração das novas
tecnologias aplicadas ao ensino na educação formal, fundamentada no conhecimento de
como ocorrem alguns dos processos mentais que levam o cérebro do homem a agir
desta ou daquela maneira na resolução de problemas, nos conhecimentos da Psicologia
Cognitiva que apontam em que medida as interações com o objeto (Piaget) e a
intervenção do “outro” podem contribuir para desencadear a ação cognitiva no
aprendente (Vygotsky,1984) e também através de reflexões sobre a Psicologia Social e
a Ecologia Cognitiva que remetem ao papel que as tecnologias intelectuais podem
exercer no contexto das instituições humanas (Lévy,1993).
As possibilidades de interação com o computador e as multimídias têm-nos
conduzido a novos estágios de aprendizagem; têm ativado em nós outros processos
cognitivos; têm-nos feito percorrer mais intensamente os diferentes caminhos mentais
que nos levam a elaborar pensamentos; têm estimulado e exercitado intensamente a
nossa imaginação de uma forma que esta dificilmente seria atingida se estivéssemos
ante outros meios convencionais de interação com o ambiente.
Esta compreensão é hoje fundamental, considerada a urgência de estabelecermos
uma nova proposta de ensino correspondente às atuais necessidades e possibilidades; de
89
criarmos uma nova visão pedagógica em que a aprendizagem ora deverá encontrar-se
subsidiada pela mediação do professor através dos recursos da oralidade, da fala; ora o
suporte do livro didático é quem deverá auxiliá-la; ora o computador com seus textos
fugidios, seus ícones, sons e imagens é quem estará contribuindo com a didática.
Evidentemente, cada um destes recursos oferece um potencial diferente e pode atuar de
forma singular no nosso sistema cognitivo de forma a desencadear o tipo de
aprendizagem almejada, seja em nível conceitual ou de procedimentos, ou até mesmo
de atitudes a serem desenvolvidas pelos alunos.
Conhecer as possibilidades de cada um destes recursos e dos demais que
porventura possam surgir é um dos primeiros passos a serem dados rumo à
informatização do ensino e ampliar posteriormente, estas possibilidades através da
conjugação destes recursos com os diversos conteúdos do ensino, do estabelecimento de
conexões de uns com os outros, de modo a exercitar uma infinita multiplicidade de
transformações, de composição, de invenção, de criação, originadas no dinamismo do
processo da construção de conhecimentos.
A possibilidade de assegurar um ensino mais democrático tem no computador e,
mais precisamente em computadores ligados em rede, via Internet, terreno fértil e
propício. No ciberespaço cada um tem assegurado a sua vez de participar, não mais e
apenas como ouvinte ou espectador, como o fôramos durante as últimas décadas,
durante o império do rádio, do cinema ou da televisão. Neste sentido, o computador
reconquista o espaço do público à medida que possibilita a volta, o retorno da
informação, agora modificada pelo individual, recriada, reconstituída a cada nódulo
desta imensa rede. Existe aí o restabelecimento do diálogo múltiplo e plural que assume
novas configurações e reinventa o espaço social.
Pensamos que ao se adotar o computador em sala de aula, amplia-se às
possibilidades de não mais realizarmos trabalhos apenas sob a ótica de vencer
conteúdos, pois a própria dinâmica de interação com a máquina e com os outros
estudantes alarga os horizontes. Quanto aos textos, poderíamos, após prévia elaboração
e tomada de decisão acerca dos objetivos a serem atingidos, acrescentar trabalhos
utilizando hipertextos, assegurando assim a reescrita, a reelaboração e a reinterpretação
em nível pessoal.
“Nessa visão, o hipertexto pode ser visto como um evento textual-
dialógico. Cada ponto é um nó de onde se pode partir para cumprir uma
90
navegação da rede textual onde o texto é evento – ato dialógico por
excelência.” (MACHADO,1996,p.262)
A utilização dos microcomputadores no processo de ensino – concebida sob o
prisma de se privilegiar a aprendizagem – sob o desafio de se abordarem temas
interessantes, trabalhados interdisciplinarmente, considerando mais as possibilidades
destes serem recriados pelos alunos dentro dos moldes das infinitas possibilidades de
construção de um hipertexto, pode ampliar os benefícios da aprendizagem almejada e
talvez até nos fornecer a chave para inovações na escola.
O contexto atual exige de nós, uma das práticas mais importantes que é a do
conhecimento construído, buscado pelo grupo, partilhado. A criatividade passa a ser o
ponto alto, num momento em que novos caminhos de aprendizagem podem ser
valorizados. Isso legitima o conhecimento, pois o expõe a criticas, a divergências e, é
claro, enriquece a pesquisa de todos.
Nesta troca de experiências entre alunos e professor, duas posturas são
impensáveis: Aquele velho medo de errar e o medo de dizer “não sei”. Uma postura
nesse estilo, desarmada e aberta, nos aproxima muito mais daqueles que orientamos e
possibilita que sejam construídas relações afetivas mais verdadeiras.
Espero sinceramente que essa pesquisa possa contribuir, ainda que singelamente,
para a construção de propostas e práticas educacionais que, nos levem a ampliação do
espaço escolar como um lugar onde se vive o aprender a aprender e, as ferramentas
tecnológicas possam dar o suporte que professores/as e alunos/as necessitam para essa
construção, forjando a nossa cidadania e criticidade, tão necessárias nesse mundo
assolado por guerras, violência, intolerância e individualismo.
91
CONSIDERAÇÕES FINAIS
92
Considerações Finais
A presente pesquisa é o resultado de minha experiência profissional e
inquietações no que se refere à utilização das tecnologias no ambiente escolar e mais
especificamente os computadores conectados à Internet.
Busquei através de narrativas, descrever o encantamento e o
desencantamento acerca dos usos dessa ferramenta pela juventude e os professores/as da
Escola Municipal Profª. Felicidade de Moura Castro, localizada na Taquara, um bairro
localizado na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro, onde atuo como professora de
geografia.
A escola desenvolve seu fazer pedagógico a partir de um Projeto Político
Pedagógico, que busca valorizar o espaço escolar e onde elaborei projetos relacionados
ao uso do laboratório de informática, os conteúdos a serem desenvolvidos e as
competências que acredito serem importantes no tempo presente, onde cada vez mais
necessitamos conhecer os recursos do computador e da Internet.
Houve de imediato um grande interesse desses jovens nos usos do laboratório e
mesmo os que não possuem essa ferramenta a conhecem ou buscam conhecê-la nos
espaços onde transitam.
Em 2005 meu projeto foi levar duas turmas recém-chegadas à escola ao
laboratório onde buscou-se uma alfabetização digital, com a criação de e-mails e
pesquisas na Internet que culminou com a produção de um trabalho sobre um município
do Estado do Rio de Janeiro.
Em 2006, o projeto consistiu em lidar com páginas da web, salas de bate-papo,
Orkut, MSN Messenger, blog, fotoblog, lan house e cyber, buscando ainda, a utilização
das expressões/palavras utilizadas nesses espaços, denominada escrita teclada
(FREITAS,2002) e elaborando um “Dicionário de linguagens usadas na Internet”, nome
criado pela aluna de uma das turmas envolvidas.
Eles/as criaram ainda as capas, escreveram a apresentação e na mostra feita pela
escola o trabalho despertou grande interesse, não somente dos alunos/as das outras
turmas, como dos responsáveis e professores, que se interessaram em adquirir uma
cópia do material e assim conhecerem melhor aqueles termos usados pelos seus
filhos/alunos, que não estavam ainda incorporados aos seus usos cotidianos.
93
Na hora do recreio, os estudantes o seu recado pelas rádios escolares.
Recados, pesquisas e projetos que também podem ser conferidos na rede
mundial de computadores. Hoje a internet hospeda várias páginas das
escolas da Rede Municipal de Ensino. Além da linguagem web, os jovens
também já dominam técnicas de vídeo, produzem animações e ensaios
fotográficos. Isso sem contar a elaboração de informativos, jornais e livros
eletrônicos [...] (NÓS DA ESCOLA, 2002,p.22)
Em 2007, para favorecer o desenvolvimento dessa pesquisa, elaborei uma
pesquisa roteirizada para os alunos/as das turmas que estiveram envolvidas no projeto
de 2005 e os professores/as daquelas turmas e alguns outros professores/as que se
dispuseram a responder. O resultado encontra-se descrito no capítulo três dessa
dissertação e considero que apenas do pequeno universo envolvido, permite pensar
sobre as tecnologias, seus usos e apropriações que vem sendo feitas pela escola.
Cabe ressaltar que foi possível perceber o grande interesse que a utilização e o
conhecimento das ferramentas, novidades e tudo que cerca o computador para esses
jovens e ao mesmo tempo, para a maioria dos professores/as a dificuldade de se inserir
nesse contexto, considerando o desconhecimento, a falta de tempo para investimento e
aperfeiçoamento, enfim a nossa desqualificação nesse campo.
Cumpre informar que nessa escola temos um grupo de professoras que fazem
parte da equipe que promove as capacitações da formação continuada para os
profissionais da rede municipal interessados em se inserirem no mundo virtual e fazer as
apropriações necessárias para poder usar a ferramenta na construção de conhecimentos
e desenvolvimento de projetos no ambiente escolar.
Não foi minha intenção entrar no embate entre a norma culta da língua e
internetês”. O que, na verdade investiguei foi a possibilidade de experimentar uma
busca pelas interpenetrações de outras linguagens.
Não procurei a dicotomia, não me interessa o antagonismo, mas questionar a
hierarquização que naturaliza e restringe as condições de possibilidades de usos
complementares de outros recursos.
O professor mediador não será substituído por uma máquina. Mas poderá contar
com o apoio da tecnologia de informação e comunicação para repensar e atualizar os
paradigmas da educação que vem desenvolvendo com seus alunos, ampliando o
resultado de seu trabalho. Ao contrário do que pensa um grupo de profissionais da
educação, onde essa ferramenta tem mais dificuldade e lentidão na utilização e talvez
por isso, não vislumbram possibilidades de utilização com a finalidade de alcançar
94
resultados positivos e ao mesmo tempo se inserir nesse outro paradigma educacional.
O modelo adotado no século passado é incompatível com os avanços
tecnológicos disponíveis. A aula baseada na combinação exclusiva quadro negro/giz,
que já era considerada ultrapassada, agora se tornou inviável. Como se dará tal
transformação de forma e conteúdo? Não existem respostas prontas, mas alguns
aspectos devem ser considerados na busca do caminho a tomar.
Mas não basta apenas instalar computadores nas salas de aula. É preciso criar
uma cultura de uso das tecnologias de informação e comunicação para a escola - uma
cultura que facilite a alunos/as e professores/as se colocarem como protagonistas, e não
como "consumidores".
Outro ponto importante é que a cultura do uso da tecnologia, além de preparar o
jovem para as demandas do mercado de trabalho, contribua de maneira inovadora para o
exercício pleno da cidadania. Tal preocupação tem papel relevante, já que o
analfabetismo digital surge no século 21 como um dos fatores agravantes da exclusão
social.
“Na mídia como na educação, é necessário tomar consciência do
fato de que uma verdade é provisória, sempre transitória. Por outro lado,
‘a verdade não é eu objeto, nem meu sujeito, mas meu projeto”, como
explica Bachelard. O projeto subentende uma construção em direção à
qual vamos, que implica nossa responsabilidade, nosso modo de
apropriação do saber.” (PORCHER, apud FREIRE e
GUIMARÃES,2003,p.35)
Nesse cenário marcado pela instantaneidade e provisoriedade, ontem e hoje,
agora e depois se misturam e se confundem, por isso penso que uma escola sintonizada
com as demandas de seu tempo, pressupõe a busca e o desenvolvimento de ações que
favoreçam a reflexão e a busca sobre a sociedade que temos/queremos.
Este repensar favorece o cultivo de práticas em que lógica do ter ceda lugar à
lógica do ser, pautada por valores humanos, de modo que todos nós, que educamos e
somos cotidianamente educados, possamos atribuir a cada dia, novos sentidos para o
exercício da cidadania e construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
Aos educadores, mais do que nunca, cabe, entre outros fazeres, o de (re)pensar
sua ação, percebendo-se também como protagonistas nesse processo. Dessa forma, em
vez de se ficar entre rejeitar ou negar a presença da tecnologia na escola, é preciso
buscar conhecê-la e aprender a lidar com ela no contexto do projeto político pedagógico
95
presente nas unidades escolares, onde a atuação de cada um irá contribuir para
enriquecer e aprimorar a educação.
Paulo Freire (2003,P.30) nos aponta que, para construir o amanhã, é necessário,
a partir da compreensão do ontem, entender e refletir sobre o hoje, o que implica ”a
responsabilidade ética do ser humano como ser da decisão, da ruptura e da opção.”
O dicionário produzido pelas turmas, bem com os questionários investigativos
aplicados àquele grupo foram inseridos nos anexos, assim como um cd-rom com a
produção de um vídeo mostrando a escola (seu entorno, os espaços pedagógicos e
alguns dos alunos/as, professores/as e direção), as imagens capturadas durante a
realização e a culminância dos projetos desenvolvidos por mim nesse espaço, tudo isso
foi fundamental para o desenvolvimento dessa dissertação.
A edição do vídeo foi realizada pelo meu filho Claudio Lemos, grande
incentivador/motivador da minha busca e inserção no campo da tecnologia.
A capa do cd-rom foi feita pelo amigo e cartunista Zope, artista que retratou
talentosamente as minhas idéias numa outra linguagem.
A pesquisa focalizou o relato acerca do cotidiano de jovens e professores/as de
uma escola pública, no que diz respeito ao conhecimento e utilização de outras
tecnologias e outros debates poderão ser feitos em outra oportunidade.
96
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
97
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.
102
ANEXOS
103
ANEXO 1
“Dicionário de linguagens usadas na Internet”
104
ÍNDICE:
APRESENTAÇÃO : “VC QR TC CMIGO”? .............................................................02
APRESENTAÇÃO DA TURMA 802 ...........................................................................08
APRESENTAÇÃO DA TURMA 804 ...........................................................................09
GRUPOS – DIVISÃO DAS TAREFAS ........................................................................10
USOS COMUNS DA GERAÇÃO DIGITAL
BLOG .................................................................................................................12
FOTOBLOG .......................................................................................................13
JOGOS VIRTUAIS ............................................................................................13
LAN HOUSE ......................................................................................................14
MSN MESSENGER ...........................................................................................15
ORKUT ..............................................................................................................16
SALA DE BATE-PAPO ....................................................................................16
SÍMBOLOS ......................................................................................................17
GLOSSÁRIO
“INTERNETÊS” – PORTUGUÊS/INGLÊS ......................................................19
PORTUGUÊS/INGLÊS - “INTERNETÊS” ......................................................23
ANEXOS:
A- QUESTIONÁRIO INVESTIGATIVO SOBRE AS NOVAS RELAÇÕES
ESTABELECIDAS NA REDE .....................................................................................28
B- CAPA CRIADA PELA TURMA 802 ...................................................................30
C- CAPA CRIADA PELA TURMA 804 ...................................................................31
105
ESCOLA MUNICIPAL 07.16.046 PROFª FELICIDADE DE MOURA CASTRO
PROJETO 2006: OS JOVENS E AS COMUNIDADES VIRTUAIS
Este trabalho foi desenvolvido com a turma 802/804, visando trabalhar as novas
linguagens utilizadas pelos jovens a partir das suas relações com as novas tecnologias e
suas incursões em ambientes virtuais.
O que se pretendeu foi fazer um registro de como esse grupo de jovens, de uma
escola pública localizada no Pechincha (Rio de Janeiro – RJ) lida com essa nova fora de
comunicação, cada vez mais utilizada por todos, em especial a juventude.
Podemos também observar durante a realização do presente trabalho, os alunos
que têm uma maior “intimidade” com essa linguagem, os que estão apenas começando a
usa-las e os que desconhecem integral ou parcialmente esses usos.
O resultado está expresso num “DICIONÁRIO DE LINGUAGENS USADAS
NA INTERNET”, nome dado pela aluna Shirley Barbosa de Souza (804) que também é
responsável pela produção da capa do mesmo e o aluno Rodrigo Marques Silva (802)
produziu a capa da sua turma.
A metodologia utilizada consistiu em dividir a turma em grupos, onde cada um
ficou responsável por um conjunto de letras do alfabeto e a partir dessas, procurar
palavras utilizadas na comunicação virtual, em especial nas salas de bate-papo, Orkut,
MSN Messenger. Para cada letra foi solicitado que se fizesse uma lista de pelo menos
cinco palavras, do que designamos chamar “português e/ou inglês-internetês” e
“internetês-português e/ou inglês”, pelo fato de um grande número de expressões
utilizadas serem apropriadas a partir de palavras em inglês. Também foi feita uma
pesquisa sobre os usos mais comuns na internet feito pelos jovens que constou na
pergunta:
O que é?
- sala de bate-papo
- Orkut
- MSN Messenger
- jogos virtuais
- fotolog
- blog
- lan house
Espero que este trabalho seja uma contribuição dos novos usos feitos pelos
jovens e que a Escola precisa estar olhando e observando e pensando em novas
possibilidades de apropriação e reapropriação a partir do uso desta nova ferramenta
pedagógica, que são os laboratórios de informática, instalados em um grande número de
escolas da rede municipal.
106
Prof. Maria Helena Oliveira Lemos
1
APRESENTAÇÃO
Manuela de Abreu Nascimento
Aluna da turma 802
A Internet, hoje em dia é um meio de comunicação muito utilizado pelas
pessoas, mas principalmente pelos jovens, mas porque estes jovens optam pela Internet
em vez de outro meios de comunicação como o telefone, as cartas, as telemensagens,
etc.Isso será explicado no decorrer do texto.
Internet: a preferida pelos jovens
A tecnologia evoluiu muito de uns tempos para cá, e com essa evolução acabou
surgindo a Internet.
Muitas pessoas preferem a Internet como meio de comunicação porque ela
permite que sejam feitas várias coisas ao mesmo tempo, fazendo com que não seja
desperdiçado muito tempo.
Hoje a Internet virou alvo de todos, mas principalmente dos jovens, que não a
dispensam por nada. Passam horas na frente do computador se divertindo com o meio
de comunicação mais desejado.
Isso porque tudo o que o jovem gosta de fazer, a Internet pode oferecer, como
por exemplo:
Manter contato on-line com outras pessoas sejam elas conhecidas ou não;
Fazer novos amigos;
Fazer pesquisas;
É possível também ouvir músicas e achar as letras das próprias em sites
especiais para isso;
Existem sites de diversão em que pode se jogar on-line;
Sites em que podem ser expostas fotos, como os fotologs, os blogs, etc...
A mais nova mania: o Orkut, que é uma rede de amigos confiáveis, que permite
o contato, paquera, novas amizades, exposição de fotos, etc...
Isso é só uma introdução de tudo o que a Internet pode oferecer.
Hoje grande parte das pessoas tem acesso a este meio, mas ainda existem
aquelas que não tem acesso, e às vezes até nunca ouviram falar. Ainda vai chegar o
dia em que todos vão poder utilizá-la, e enquanto isso a tecnologia virtual vai
crescendo cada vez mias.
1
Prof. I – Geografia, Especialista em Educação com aplicação da Informática e Mestranda em Educação
na UERJ
107
APRESENTAÇÃO
Maitê Oliveira de Marco Figueiredo
Aluna da turma 804
A Internet hoje em dia é o meio de comunicação mais usado entre os jovens.
Podemos nos comunicar com alguém através de blogs, fotoblogs, msn, orkut,
sala de bate-papo, etc...
Quando estamos on-line e conversamos com nossos amigos, a forma de
linguagem que mais usamos é abreviação das palavras; é mais fácil, mais prático e todos
entendem.
A maioria dos adolescentes, passa de duas a pelo menos seis horas no MSN,
usam o orkut, para estar sempre em contato com os amigos, e os blogs e fotoblogs para
postar fotos de “baladas” ou encontros, também contém textos falando na maioria das
vezes sobre o cotidiano, mudanças ou letras de música.
A grande maioria dos jovens lida com esses ambientes virtuais e o mundo da
tecnologia com a maior facilidade. Alguns estão apenas começando e pouquíssimos
desconhecem as conversas abreviadas e as comunidades do orkut.
108
109
110
111
112
GRUPOS- DIVISÃO DAS TAREFAS
LETRAS: A, H, P, X, W
TEXTO: BLOG
LETRAS: B,I,Q,Z,W
TEXTO: ORKUT
LETRAS: C,J,R,G,W
TEXTO: FOTOLOG
LETRAS: D, L, S, O, Y
TEXTO: SALA DE BATE-PAPO
LETRAS; E, M, T, V, Y
TEXTO: JOGOS VIRTUAIS
LETRAS: F, N, U, K, Y
TEXTO: LAN HOUSE
113
SÍMBOLOS, EMOTICONS E PALAVRAS MAIS USADAS
TEXTO: MSN MESSENGER
COORDENAÇÃO DO TRABALHO:
Caroline Salles de Castro (802)
Lucas Nascimento Coelho (804)
USOS COMUNS DA GERAÇÃO DIGITAL
114
BLOG
O blog é uma página web atualizada freqüentemente, composta por pequenos
parágrafos apresentados de forma cronológica. É como uma página de notícias ou um
jornal que segue uma linha de tempo com um fato após o outro. O conteúdo e tema dos
blogs abrange uma infinidade de assuntos que vão desde diários, piadas, links, notícias,
poesia, idéias, fotografias, enfim, tudo que a imaginação do autor permitir.
Usar um blog é como mandar uma mensagem instantânea para toda a web: você
escreve sempre que tiver vontade e todos que visitam seu blog tem acesso ao que você
escreveu.
Vários blogs pessoais, exprimem idéias ou sentimentos do autor. Outros são
resultado da colaboração de um grupo de pessoas que se reúnem para atualizar um
mesmo blog. Alguns blogs são voltados para diversão, outros para trabalho e há até
mesmo os que misturam tudo.
Os blogs também são uma excelente forma de comunicação entre uma família,
amigos, grupo de trabalho, ou até mesmo empresas. Ele permite que grupos se
comuniquem de forma mais simples e organizada do que através do e-mail ou grupos de
discussão, por exemplo. Crie um blog familiar para que seus parentes troquem notícias e
fotos a todos os membros.
Um weblog ou blog é uma página da Web cujas atualizações (chamadas posts)
são organizadas cronologicamente (como um histórico ou diário). Estes posts podem ou
não pertencer ao mesmo gênero de escrita, se referir ao mesmo assunto ou à mesma
pessoa. A maioria dos blogs são miscelâneas onde os blogueiros escrevem com total
liberdade.
O weblog conta com algumas ferramentas para classificar informações técnicas
a seu respeito, todas elas são disponibilizadas na internet por servidores e/ou usuários
comuns. As ferramentas abrangem: registro de informações relativas a um site ou
domínio da Internet quanto ao número de acessos, páginas visitadas, tempo gasto, de
115
qual site ou página o visitante veio, para onde vai do site ou página atual e uma série de
outras informações.
Possíveis traduções de weblog:
Blog (linguagem mundial)
Blogue (português)
Diário (virtual)
Journal (diário em inglês)
Placard
Quadro
Bitácora (de cuaderno de bitárcora, diário de bordo, em castelhano)
Os sistemas de criação e edição de blogs são muito atrativos pelas facilidades que
oferecem, pois dispensam o conhecimento de HTML, o que atrai pessoas a criá-los,
ao invés de sites pessoais mais elaborados.
Os blogs educativos são um grande atrativo na educação como ferramenta
educacional utilizada para o registro de idéias de professores e alunos.
Alguns sites tem inovado e usado o blog como um tipo de mídia, no qual
jornalistas colocam notícias e comentários da sua área (política, esportes, televisão,
etc.).
A maioria das pessoas tem utilizado os blogs como diários pessoais, porém um
blog pode ter qualquer tipo de conteúdo e ser utilizado para diversos fins. Uma das
vantagens das ferramentas do blog é permitir que os usuários publiquem seu
conteúdo sem a necessidade de saber como são construídas páginas na internet, ou
seja, sem conhecimento técnico especializado.
Quem já possui um site pode aproveitar uma ferramenta de blog para atualizar
seu conteúdo de maneira rápida e descomplicada, em qualquer lugar da internet
basta digitar seu login e senha, escrever o que quer publicar e clicar num botão.
Conhecendo HTML e outras ferramentas de web permitirá que você incremente seu
blog, conferindo a ele um aspecto extremamente profissional, ou então você pode
também encaixar seu blog dentro do site, transformando algumas seções em blogs.
De uma certa forma os blogs são CMS’s (Conent Management System) mais
simples.
FOTOLOG
Fotolog é um diário de fotos da web. Nele, ao invés de contar o seu dia só com
palavras, você usa as suas fotos também. Para completar, seus amigos podem colocar
comentários sobre as suas fotos. As fotos aparecem em ordem cronológica, ou seja,
da mais nova para a mais antiga. É uma forma legal de compartilhar seus momentos
com os amigos, a família e toada a web.
Fotógrafos amadores andam pela cidade com suas câmeras, fotografando o mar,
o pôr-do-sol, placas engraçadas, as pernas das mulheres. Mães tiram fotos de seus
filhos, donas-de-casa de seus bolos, artistas plásticos de suas obras, adolescentes de
seus amigos e noitadas. E postam na Internet.
Tipos de Fotolog:
A maioria dos flogs é individual, seja de fotógrafos que tiram fotos de seu
trabalho ou de pessoas que gostam de mostras fotos de si mesmas.
116
Já os fotologs coletivos, por definição, estão abertos a todos.
JOGOS VIRTUAIS
São chamados jogos on-line os jogos eletrônicos jogados via Internet. Neles, um
jogador com um computador ou vídeo game conectado à rede pode jogar com outros
sem que ambos precisem estar no mesmo ambiente, sem sair de casa, o jogador pode
desafiar adversários que estejam em outros lugares do país, ou até do mundo. Tudo
em tempo real, como se o outro estivesse lado a lado, de forma que esta categoria de
jogo abre novas perspectivas de diversão. No entanto, atualmente alguns fatores
dificultam sua disseminação: o alto preço da conexão de banda larga e das
mensalidades que muitos jogos exigem. Também há de considerar que muitos deles
exigem atualização constante do equipamento, elevando o custo da diversão.
Antigamente os jogos que mais faziam sucesso neste estilo era Doom (o
primeiro FPS on-line), Heretic, Duke Nukem 3D, além de jogos de puzzle e outros
diversos.
Atualmente ainda existem milhares de jogos on-line disputadas por pessoas de
todo o mundo. O gênero de “Tiro em Primeira Pessoa” atualmente não é tão
aclamada como na época de Doom e anda abrindo espaço para os famosos e belos
MMORPGs, porém ainda existem alguns jogos bastante famosos para segurá-los
como Counter Strike, Battlefield e Quake 3.
Counter-Stike
Esse é um jogo de FPS, um mod de Half-life, tipo guerrilha onde militares e
terroristas batalham no meio virtual. Se tornou um grande sucesso por propiciar
muita estratégia aos seus jogadores, uma variedade imensa de opções, fazendo de
cada jogada diferente e marcante. É possível mudar armas, jogar em novos mapas e
combater em equipe que aliás é o espírito de Counter-Strike. Hoje existem
campeonatos mundiais desse jogo onde equipes de jogadores de vários países
jogam entre si.
Batttlefield
Seguindo a mesma linha militar de Counter-Strike, mas de maneira que recria os
campos de batalha, Battlefield dá ao jogador a oportunidade de jogar contra grandes
equipes de até 64 jogadores simultâneos com a opção de controlar veículos aéreos e
terrestres.
Franquia Id Software
A Id Software atualmente é uma das poucas empresas de jogos que seguram
fortemente o famoso gênero do Tiro em primeira pessoa no mundo on-line. Seus jogos
atuais são extremamente populares, principalmente Quake3 Arena, Quake 4 e Doom 3.
Gunbound
Gunbound está virando moda no Brasil e no mundo. É um jogo baseado no
clássico worms, que contém traços de matemática (geometria e física). Ele consiste na
formação de times de bonequinhos e guerras estratégicas entre eles que podem
aumentar de níveis ficando mais fortes. Cresce a cada dia num ritmo surpreendente em
número de usuários.
117
Ragnarok
MMORPG, com elementos de comércio, exploração e sociabilização,
atualmente muito jogado no Brasil. Distribuído pela Level Up Games, traz traços de
gráficos em animê, o que agrada o jogo e a performance do mesmo. É muito jogado
pois tem várias classes, atualizações recentes todas as semanas e várias quests.
LAN HOUSE
LAN HOUSE são casas de jogos mais “modernas” que ao invés dos flippers com
fichas e cartões com créditos, usam computadores ligados em rede interna com jogos
como: Cs, Gta., the sims, umreal tousnament, e outros jogos, todos são cobrados por
horas, minutos. A LAN HOUSE serve para fazer várias pesquisas na Internet, entre em
bate-papo, MSN, orkut, flogão e outras coisas muito divertidas.
Fisicamente, LAN HOUSE é caracterizada por diversos computadores de última
geração conectados em rede em um ambiente hi-tech, com ar-condicionado e poltronas
confortáveis, onde mais de 30 jogadores se divertem com as últimas novidades do ramo
de jogos, todos conectados em um único ambiente virtual.
A Internet é utilizada na maioria das vezes para diversão, porém, também acaba
sendo perigosa. Às vezes o adolescente cai no papo de pessoas desconhecidas e marca
encontro sem saber se o outro é um estrupador ou pedófilo.
O conceito de LAN HOUSE foi inicialmente introduzido e difundido na Coréia
em 1996, chegando ao Brasil em 1998. Utilizando a moderna tecnologia como meio, a
LAN HOUSE está iniciando uma revolução nas opções de entretenimento, permitindo a
interação entre dezenas de jogadores através de uma rede local de computadores. O
termo LAN foi extraído das letras iniciais de “Local Área Network”, que quer dizer
“rede local”, traduzindo assim uma loja ou local de entretenimento caracterizado por ter
diversos computadores de última geração conectados em rede de moda a permitir a
interação de dezenas de jogdores. A tradução para o português poderia ser “casa de
jogos para computador”. O plural é LAN Houses.
MSN MESSENGER
O MSN Messenger é um dos principais aplicativos usados no dia-a-dia dos
usuários de Internet no Brasil. Além de ser um aplicativo de mensagens instantâneas,
ele também é um e-mail com os outros.
O MSN Messenger é muito útil, fácil de instalar e configurar. Ele mostra seus
amigos que estão on-line e também avisa quando chega um e-mail novo na caixa de
mensagens ou uma mensagem instantânea de seu amigo on-line.
É também um meio preservado em que você escolhe quem quer adicionar a sua
lista de contatos sem interferências de outras pessoas, como acontece no bate-papo
comum.
Por meio dele é possível que você envie fotos, músicas e outros tipos de
arquivos com muita facilidade. Também é possível que você veja ao vivo o que seu
amigo está fazendo (caso este possua uma webcam), e a conversa com áudio (caso este/s
possua/m microfone).
Para deixar a sua conversa mais animada e legal, ele também possui o s winks
que são animações enfáticas, e os emoticons, que são desenhos representativos, que
118
contribuem para a melhor maneira de expressão. Os jogos também contribuem para essa
animação on-line.
O MSN Messenger é a reunião de tudo o que o jovem mais gosta de fazer na Internet. Se
você não possui o contato e não conhece muito sobre ele, procure conhecer um pouco
mais, garanto que não vai perder seu tempo.
Pelo menos 60% dos jovens usam ou já utilizaram o MSN Messenger.
Para usar o MSN Messenger você precisa ter um e-mail do hotmail-plus, através
do e-mail você pode acessar o Messenger e adicionar os outros usuários.
O MSN Messenger pode ser usado para trabalho, pesquisas e bate-papo.
No MSN Messenger você pode utilizar os itens dele como notícias hoje, você
pode utilizar conversa com áudio e vídeo ou apenas vídeo ou áudio. Na categoria de
entretenimento você pode convidar o seu amigo/a que esteja on-line para jogar dama,
xadrez e outros inúmeros e variados jogos.
O MSN Messenger oferece serviço on-line 24 horas, onde você pode acessar a
qualquer hora e de qualquer lugar, basta ter um computador com Internet e ser
cadastrado no MSN Messenger, com ele você tem a vantagem de enviar e receber
músicas, vídeos, fotos, textos, entre outros arquivos.
Podemos utilizar também os serviços do site (www.msn.com.br),
(www.hotmail.com), lá você pode fazer download do programa, com versões mais
atualizadas.
ORKUT
Orkut são redes de relacionamento entre pessoas que são mapeadas e
organizadas por aplicativos chamados de softwares sociais. Estas redes são a grande
onda da Internet hoje. Criado por Orkut Buyukkokten – um cidadão turco de 29 anos,
analista de sistemas do Google, o conhecido site de buscas – tinha como idéia
fundamental criar um espaço de convivência de amigos, que fossem convidados por
serem pessoas de nossas relações mais próximas e de confiança. Uma comunidade que
pudesse crescer de forma orgânica a partir destas relações. Depois de um certo tempo, a
febre pelo acesso ao Orkut gerou até um comércio de convites pela Internet, numa
reação completamente desproporcional que remeete a questões como os apelos da
moda, do consumo e a estetização de certas posições nas redes. Um movimento que
contrasta justamente com a idéia de rede como estrutura rizomática e não-hierárquica.
Hoje, muitos consideram o Orkut como uma espécie de clube privado, mas não
inacessível, onde os usuários compõem um imenso banco de dados, e constroem
comunidades de interesse com temas que vão desde alternativas para um mundo melhor
até grupos de malucos por batatinhas com mostarda. As comunidades são agrupadas por
áreas de interesse e podem ser pesquisadas usando um mecanismo de busca. Quando
visualizamos uma comunidade, o Orkut nos mostra outras comunidades
correlacionadas.
SALAS DE BATE-PAPO
Sala de bate-papo é um site onde várias pessoas se juntam para encontrar gente
de todas as idades e do mundo inteiro.
Para os solitários e solteiros é uma ótima diversão, pois lá se encontram muitas
pessoas interessantes e legais.
119
A sala de bate-papo é dividida por idade, estado, temas e até mesmo religião,
desde crianças até idosos se divertem nestas salas.
Encontramos muitas coisas boas nas salas de bate-papo, porém também tem o
lado ruim, pessoas maldosas se aproveitam da carência de pessoas que acessam salas à
procura de companhia e até mesmo um novo relacionamento, de crianças inocentes para
praticar pedofilia. É preciso tomar cuidado com as salas de bate-papo.
SÍMBOLOS
:-} sorriso irônico
:* beijo
8-0 assustado
%-\ confuso
:-)x(-: aperto de mão
:-/ de cara amarrada
x-( chateado
:-<> espantado
@)--´-- uma rosa para você
:x calado
:-& zangado
:-@ gritando
:i-ll tédio
:O surpreso
120
GLOSSÁRIO
121
PORTUGUÊS/INGLÊS – “INTERNETÊS”
A
ANIVERSÁRIO – niver
ADICIONAR – add
A GAROTA – hrota
A GATINHA – htinha
ACHO – axu
A GATA – hta
B
BELEZA – blz
BONITO – bonitu
BABACA – babak
BEIJO NA BUNDA – bjunda
BOCA – bok
BEIJO – bjo
BEIJOS – bjin – bju – bjão – bjos
BEIJOCAS – bjks
BEBER – bber
BICHO – bixo
BACK UP – arquivo de segurança
C
CHATO – xato
CHURRASCO – xurras
CADÊ – kd
COMO – cm
CABELO – kblo
CABELÃO – belão
COMIGO – cmg
COISA – cs
CADÊ VOCÊ – kd vc
CONVERSAR – cvs
CHEIRO – xeiro
CINEMA – cine
CARA – kra
D
DEPOIMENTO – depo
DEDO – ddo
DE – d
DEIXOU – dxo
DORMIR – durmi
DEMAIS – d+
DE NOVO – dinovu
DEPOIS – dps
DELETAR – del
DIAL-UP – discagem
DOWNLOAD – receber, baixar
E
E AÍ – e aê
122
ESCADA – eskda
EXEMPLO – ex
ESCOLA – exkola
ENTÃO – entaum
E AÍ – iai
ESPERA – pêra
EMOTICONS – desenhos
representativos
ESPETÁCULO – espt
ESTUDO – estd
ENQUANTO – enqt
E – eh
E-MAIL – correio eletrônico
F
FOTOLOG – página de fotos
FILE – arquivo
FIM DE SEMANA – fds
FALA – fl
FALOU – flw
FALEI – flr
FRAME – moldura
G
GIFFS – textos em movimento
GATO – gto
GAROTO – gr
GROSSO – gs
GRANDE – gd
GRAÇA – grç
GOSTOSA – gsts
GAROTA – grt
GATINHA – gtn
GARGALHADAS – rá, rá, rá...
H
HOJE – oje
HOJE – hj
HORRÍVEL – orriveu
HORA – ora
HOTMAIL – correio eletrônico
HOME – página inicial
HISTÓRIA – hist
I
ISSO – ixu
IDIOTA – idiot
IMBECIL – imbcil
IRRITANTE – irritant
INTERNET – web
J
JACAREPAGUÁ – jpa
JAPONÊS – jps
JÁ É – jah eh
JÁ É – je
JACARÉ – jakreh
JÁ VOU – jv
JOGO – jg
JEITO – gto
L
LINDA – ldª
LINDO – ldº
LAZER – lzr
LEGAL – lgl
LIXO – lx
LEGALZINHO – legalzin
LUGAR – lgr
LIGADO – lgdo
LOUCA – louk
M
MESMO – msm
MUITO – mtu
MUITO – mto
MUITÃO – mtao
MSN – bate-papo
MESSENGER – msn
MUITO BOM – mb
MAIS - +
MUITO – mt
MARKETING - Mkt
N
123
NADA – nd
NÃO – naum
NÂO – ñ
NINGUÉM – ngm
NOITE – noit
NOVIDADES – news
NOVIDADE – 9dade
NÃO ENTENDER – wai
NÓS – we
NÉ – neah
NICK – nome
NUCA – nunk
NÓS – nox
NICKNAME – apelido
O
OI – oie
OTÁRIO – otariu
O QUE – what
ONDE – where
ONDE - ond
OLHO – zoio
ON-LINE – conectado
ORKUT – rede de amigos
OK – tudo certo
OFF-LINE – desconectado
OLÁ – hola
P
POXA- putz
POXA - pow
POR QUE – pq
POR QUÊ? – pq?
PORQUE – pke
PARA – p/
P: - puxa
PÔ – pô
PARA – pa
Q
QUAL É – koeh
QUE – q
R
RISOS – rs
RIO DE JANEIRO – RJ
RECADO – rd
RIDÍCULO – rdc
REBELDE – rdb
RECANTO – rct
RECADO – scrap
RISOS – rs
RISONHA – rsn
ROUPA – ropa
REVÊ – rv
S
SHOW – xou
SACANAGEM – scngm
SEMPRE – smp
SCRAPBOOK – página de recado
SITE – link
SITE – página da Internet
SAUDADE – saudad
SIMPÁTICA – simpatik
SIM – s
T
TCHAU – xau
TRANQÜILO – tranks
TAMBÉM – tbm
TUDO BEM – tb
TUDO – td
TELEFONE – tel
TUDO DE BOM – tdb
TUDO BOM – tb
U
URUBU – urubu
Uruguai – Urugai
ÚNICA – unik
USUÁRIO – user
UNIDADE – unid
124
USER – usuário
V
VOCÊ – vc
VALEU – vlw
VAI TOMAR BANHO – v.t.b
VENENO – vnno
VENENO – venow
VAZAR – vzr
VAGABUNDO – vagabo
VIDA – vd
VEJO – vj
VAMOS – vms
W
WHAT – como
WHAT – que?
WWW – web word wide
WEB CAM – camêra
WINK – animações
WORD – escrita
WORK – trabalho
WEB NOVELA – novela na Internet
WANDEY – máquina
WORD WIDE WEB – www
X
XONGAS – xg
Y
YES – s (sim)
YOU – vc
YELOW- amarelo
YEAH – oba
YEAR – idad
YOURS – o teu
YOUR – seu, sua
Z
ZEBRA – zbr
ZELADOR – zlador
ZORRO – zorru
125
“INTERNETÊS” - PORTUGUÊS/INGLÊS
A
AFF - falta de paciência
AEW – onomatopéia (vibração)
AH! – onomatopéia (surpresa)
AE! – onomatopéia (vibração)
AXO – acho
ADD – adicionar
B
BLZ – beleza
BOK – boca
BOKA – boca
BJO – beijo
BJS – beijos
BJKS – beijocas
BBER – beber
BIXO – bicho
BLOG – diário eletrônico
BYE – tchau
BUSKR – buscar
C
CH – cachorro
CRN – corno
CZA – casa
COLA – drogas
CR – carro
COMMUNITY – comunidade virtual
C VC – cadê você
CMG – comigo
CS – coisa
CVS – conversar
CINE – cinema
D
D+ - demais
D – de
DDO – dedo
DAKY – daqui
DPS – depois
DINOVO – de novo
DÂ – mongol
E
ENTAUM – então
EH – é
EXE – esse
EXKOLA – escola
126
EX – exemplo
ENQT – enquanto
ESTD – estudo
ESPT – espetáculo
F
FALW – falou
FLW – falou
FLA – fala
FL – fala
FOFUXA – fofa
FEIAAA – feia
FOFOQRA – fofoqueira
FDS – fim-de-semana
FLR – falar
FLEI – falei
G
GTO – gato
GT – gato
GR – garoto
GS – grosso
GD – grande
GRÇ – graça
GSTS – gostosa
GRT – garota
GTH – gatinha
GRIT – grito
H
HJ – hoje
HAHA – risada
HEUHEU – risada
HEHR – risada
HUM – onomatopéia ( paladar)
I
IXU – isso
IAI – e aí
IDIOT – idiota
INBCIL – imbecil
IRRITANT – irritante
IRMAUM – irmão
INKRIVEL – incrível
IRÔNIKO – irônico
INTOKAVEL – intocável
J
JPA – Jacarepaguá
JAH EH – já é
JAPA – japonês
JAKREH – jacaré
JV – já vou
JC – já é
JG – jogo
JTO – jeito
K
KSA – casa
KOE – qual é
KBÇ – cabeça
KBEÇA – cabeça
KD – cadê
KARAK – caraça
KBELO – cabelo
KK – ok
L
LSR – lazer
LKE – moleque
LGL – legal
LGCO – lógico
LAH – lá
LEGALZIN – legalzinho
LGR – ligar
LGDO – ligado
LOUK – louca
LINK – site ( formulário )
M
MTO – muito
MLK – moleque
MLUKO – maluco
MULHÉ – mulher
127
MIGO – amigo
MSN – messenger
MSM – mesmo
MB – muito bom
MT – muito
MKT - marketing
N
NAUM – não
Ñ – não
ND –nada
NUNK – nunca
NIVER – aniversário
NU – no
N – niver
ND – nada
NOAC – nós
O
OIE – oi
OJE – hoje
ORRIVEU – horrível
OTARIU – otário
ORA – hora
OK – afirmação
OLAH – oi
ORROROZO – feio
ONTY – ontem
OND – onde
OK – tudo certo
ON – on line
OFF – off line
P
PUTZ – poxa
PQ – por que
POW – poxa
P/ - para
PERA – espera
Q
Q – que
QBRADO – quebrado
QNTO – quanto
QXO – queixo
QJO – queijo
QND – quando
QL? – qual
QTS – quantos
R
RS – risos
RJ – Rio de Janeiro
RBD – rebelde
RD – recados
RCT – recantos
RSN – risonha
ROPA – roupa
RIXA – richa
RV – revê
S
SOH – só
SHW – show
SFD – safada(o)
SERIN – sério
SORRY – desculpe
STATUS – estado
SAUDAD – saudade
SCRAP – recado
STOP – pára
SIMPATIK – simpática
S – sim
T
TRAB – trabalho
T AMU – te amo
TD – tudo
TB – também
TAH – ta
TB – tudo bom
TDB – tudo de bom
TEL – telefone
U
128
UAW – uau
US – os
V
VC – você
VLW – valeu
VTB – vai tomar banho
VAK – vaca
VNENO – veneno
VMS – vamos
VJ – vejo
VD – vida
W
WAU – uau
WAH – onomatopéia (espanto)
WAIT? – what (o que?)
WIII – onomatopéia (vaia)
WOU – onomatopéia (irritação)
WAU – uau
WLV – valeu
WAY – como
WAI – vai
WAU, WAU,WAU... – engraçado
X
XATO – chato
XOU – show
XIII – onomatopéia (desespero)
XAU – tchau
XURRAS – churrasco
XNGAS – xongas
Y
YES – sim
YDIOTHA – idiota
YOU – você
YEH – é
YAÊ – e aí
YEAH – oba
YEAH – vibração / alegria
YRMAUN – irmão
YUPII – felicidade
YTEN – item
YOUR – seu, sua
YOURS – o teu
Z
ZBRA – zebra
ZLADOR – zelador
ZOIO – olho
ZORRU – zorro
ZOREIA – orelha
129
ANEXOS
130
A- QUESTIONÁRIO INVESTIGATIVO SOBRE AS NOVAS RELAÇÕES
ESTABELECIDAS NA REDE
1- Caso você acesse comunidades virtuais, informe o que o levou/motivou a
participar de uma comunidade virtual?
2- Qual a utilização que você faz dos recursos da internet?
( ) entretenimento
( ) educativo
( ) ambas
3- Quantas vezes você acesa esses recursos?
( ) todo dia
( ) semanalmente
( ) quinzenalmente
( ) ocasionalmente
4- Você tem hábito de fazer pesquisa na internet?
( ) sim
( ) não
5- Qual a importância do computador na sua vida?
6- Como é para você manter contato com amigos via internet?
7- Seus amigos virtuais são confiáveis?
8- Você envia scrap pelo orkut?
( ) sempre
( ) nunca
( ) as vezes
9- Você responde aos scraps que recebe no orkut?
131
( ) sempre
( ) nunca
( ) as vezes
10- Você usa emoticons no MSN Messenger?
( ) sempre
( ) nunca
( ) as vezes
11- Você usa abreviações quando está num bate-papo virtual?
( ) sempre
( ) nunca
( ) as vezes
12- Quantas horas você fica conectado?
13- Em que horário você acessa a internet?
14- Você freqüenta Lan House? Em caso afirmativo: o que você utiliza com maior
freqüência?
15- Você possui celular? Em caso afirmativo: você envia mensagem de texto?
16- O que leva você a participar de bate-papo no MSN Messenger?
132
B- CAPA DA TURMA 802
133
C- CAPA DA TURMA 804
134
ANEXO 2
QUESTIONÁRIO SOBRE VALORES E INTERNET –
para alunos/as
135
QUESTIONÁRIO SOBRE VALORES E INTERNET – para alunos/as
Nome:___________________________________________________________
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
Idade:
( ) 12 a 14 anos ( ) 15 a 17 anos ( ) 18 e mais
Que série você está cursando este ano?
( ) 5ª série ( ) 6ª série ( ) 7ª série ( ) 8ª série
Qual o bairro onde você mora?
( ) Pechincha ( ) Taquara ( ) Freguesia ( ) Tanque ( ) Cidade de deus ( )
Rio das pedras ( ) outros: _______________
Qual a sua religião?
( ) católica ( ) protestante ( ) espírita ( ) outro: ____________________
( ) não possuo religião
Na escola, numere em ordem decrescente, as pessoas que você mais respeita:
( ) direção ( ) professor ( ) cozinheira ( ) funcionário da limpeza ( ) inspetor
( ) funcionários da secretaria ( ) coordenador pedagógico
Classifique, em ordem decrescente de importância, os valores a seguir:
( ) respeito ( ) solidariedade ( ) espiritualidade ( ) cidadania ( ) ética
( ) outros _____________________________________________________
Onde você utiliza o computador:
( ) em casa ( ) na escola ( ) no cyber ( ) na casa de amigos
( ) outros: _____________ ( ) não utilizo
Se você é um usuário do Orkut, responda:
Participa da comunidade virtual de sua escola
( ) sim ( ) não
Participa de comunidades que possuem temas ligados a: (em caso
afirmativo, complete com o nome da comunidade):
( ) ética ____________________________
( ) cidadania _________________________
( ) solidariedade _______________________
( ) religiosidade ______________________
( ) ecologia __________________________
( ) outros temas afins: __________________________________
( ) não participo desse tipo de comunidade
Participa dos fóruns criados nas comunidades virtuais?
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
136
Você envia scraps:
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
Você responde aos seus scraps:
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
Se você é um usuário do MSN Messenger, responda:
Seu e-mail: _____________________________________
Conversa com amigos que:
( ) conhece presencialmente ( ) conhece virtualmente
Usa palavras e/ou expressões abreviadas no bate-papo com seus amigos?
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
Você usa emoticons?
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
O que leva você a participar de salas de bate-papo:
( ) entretenimento com os amigos
( ) pura diversão
( ) para troca de arquivos
( ) outros ___________________________________________________
Caso você utilize abreviações na internet, complete o quadro abaixo com
as palavras e/ou expressões que mais utiliza e ao lado coloque seu
significado.
palavras e/ou expressões significado
Você usa as abreviações da internet em sala de aula?
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
Você acredita que escrever dessa forma prejudica o seu aprendizado?
( ) sim, porque _______________________________________________
( ) não, porque ______________________________________________
Você acredita que a utilização da internet contribui para a ampliação da sua
cidadania?
( ) sim, porque ________________________________________________
( ) não, porque _______________________________________________
137
Caso você acesse comunidades virtuais, informe o que o levou/motivou a
participar de uma comunidade:
( ) fazer amigos ( ) entretenimento ( ) outros ________________________
Que utilização você faz dos recursos da internet?
( ) entretenimento ( ) educativo ( ) outros ___________________________
Quantas vezes você acessa os recursos da internet?
( ) todo dia ( ) semanalmente ( ) quinzenalmente ( ) ocasionalmente
Você faz pesquisa na internet?
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
Como é para você manter contato com amigos pela internet?
( ) ótimo ( ) bom ( ) regular ( ) não mantenho contato com amigos
Quantas horas fica conectado?
( ) até 1 hora ( ) 2 – 3 horas ( ) 4 - 5 horas ( ) 6 – 10 horas ( ) acima de 10
horas
Em que horário você costuma acessar a internet?
( ) manhã ( ) tarde ( ) noite ( ) madrugada ( ) o dia inteiro
O que você utiliza na lan house e/ou cyber:
( ) jogos ______________________________________________________
( ) MSN Messenger
( ) ORKUT
( ) outros ____________________________________________________
( ) não utilizo
Você envia mensagem de texto de seu celular?
( ) sim ( ) as vezes ( ) não ( ) não possuo celular
Você se solidariza e divulga os pedidos de ajuda que recebe para pessoas com
problemas de saúde:
( ) sim, e divulgo para outras pessoas ( ) sim, mas não divulgo ( ) não ( ) as
vezes
Você usa a internet para divulgar campanhas?
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
Como vê a atuação dos hackers na internet?
( ) como uma invasão a privacidade alheia
( ) como uma brincadeira
( )acho muito legal poder “invadir” o computador alheio
( ) outros ______________________________________________________
Você conhece alguém que já teve seu ORKUT hackeado”?
( ) sim ( ) não
138
Na sua opinião, o que deveria acontecer com o hacker que invade ORKUT
alheio:
( )ser preso ( )expulso do ORKUT ( ) suspenso por um período
( ) outros __________________________________________________________
Você acredita que as aulas no laboratório de informática facilitam seu
aprendizado?
( ) sim ( ) não
Considera seus professores preparados para lidar com os computadores do
laboratório de sua escola?
( ) sim ( ) não ( ) somente alguns estão preparados
139
ANEXO 3
QUESTIONÁRIO SOBRE VALORES E INTERNET –
para professores
140
QUESTIONÁRIO SOBRE VALORES E INTERNET – para professores
Nome:___________________________________________________________
Sexo: ( ) masculino ( ) feminino
Idade:
( ) 20 – 30 ( )31 - 40 anos ( ) 41 – 50 ( ) 51 e mais
Seu nível de escolaridade:
( ) superior ( ) pós graduação latu senso ( ) mestrado ( )doutorado
Qual a sua religião?
( ) católica ( ) protestante ( ) espírita ( ) outro: ____________________
( ) não possuo religião
Classifique, em ordem decrescente de importância, os valores a seguir:
( ) respeito ( ) solidariedade ( ) espiritualidade ( ) cidadania ( ) ética
( ) outros _____________________________________________________
Onde você utiliza o computador?
( ) em casa ( ) na escola ( ) no cyber ( ) na casa de amigos
( ) outros: _____________ ( ) não utilizo
Se você é um usuário do ORKUT, responda:
Participa da comunidade virtual de sua escola
( ) sim ( ) não
Participa de comunidades que possui tema/s ligado/s a: (em caso
afirmativo, complete com o nome da comunidade):
( ) ética ____________________________
( ) cidadania _________________________
( ) solidariedade _______________________
( ) religiosidade ______________________
( ) ecologia __________________________
( ) outros temas afins: __________________________________
( ) não participo desse tipo de comunidade
Participa dos fóruns criados nas comunidades virtuais?
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
Você envia scraps:
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
Você responde seus scraps:
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
Se você é um usuário do MSN Messenger:
141
Seu e-mail: _____________________________________
Conversa com amigos que:
( ) conhece presencialmente ( ) conhece virtualmente
Usa palavras e/ou expressões abreviadas no seu bate-papo com seus
amigos?
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
Você usa emoticons:
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
Você acredita que escrever com abreviações no ambiente virtual prejudica o
aprendizado na escola?
( ) sim, porque _______________________________________________
( ) não, porque ______________________________________________
Você acredita que a utilização da internet contribui para a ampliação da
cidadania?
( ) sim, porque ________________________________________________
( ) não, porque _______________________________________________
Caso você acesse comunidades virtuais, informe o que o levou/motivou a
participar de uma comunidade:
( ) fazer amigos ( ) entretenimento ( ) outros ________________________
Que utilização você faz dos recursos da internet?
( ) entretenimento ( ) educativo ( ) outros ___________________________
Quantas vezes você acessa os recursos da internet?
( ) todo dia ( ) semanalmente ( ) quinzenalmente ( ) ocasionalmente
Você faz pesquisa na internet?
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
Quantas horas fica conectado?
( ) até 1 hora ( ) 2 – 3 horas ( ) 4 - 5 horas ( ) 6 – 10 horas ( ) acima de 10
horas
Em que horário você costuma acessar a internet?
( ) manhã ( ) tarde ( ) noite ( ) madrugada ( ) o dia inteiro
O que você utiliza na lan house e/ou cyber?
( ) jogos ______________________________________________________
( ) MSN Messenger
( ) ORKUT
( ) outros ____________________________________________________
( ) não utilizo
142
Você envia mensagem de texto de seu celular?
( ) sim ( ) as vezes ( ) não ( ) não possuo celular
Você se solidariza e divulga os pedidos de ajuda que recebe para pessoas com
problemas de saúde:
( ) sim, e divulgo para outras pessoas ( ) sim, mas não divulgo ( ) não ( ) as
vezes
Você usa a internet para divulgar campanhas?
( ) sim ( ) não ( ) as vezes
Como vê a atuação dos hackers na internet?
( ) como uma invasão a privacidade alheia
( ) como uma brincadeira
( )acho muito legal poder “invadir” o computador alheio
( ) outros ______________________________________________________
Você conhece alguém que já teve seu ORKUThackeado”:
( ) sim ( ) não
Na sua opinião, o que deveria acontecer com o hacker que invade o ORKUT
alheio:
( )ser preso ( )expulso do ORKUT ( ) suspenso por um período
( ) outros __________________________________________________________
Você acredita que as aulas no laboratório de informática facilitam o aprendizado
de seus alunos:
( ) sim ( ) não
Considera-se um professor/a preparado/a para atuar no laboratório de
informática de sua escola:
( ) sim, ________________________
( ) não, ________________________
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