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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA
ANALY MARQUARDT DE MATOS
FATORES ASSOCIADOS AO CONSUMO
FREQUENTE/PESADO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS POR
ADOLESCENTES, FEIRA DE SANTANA, BA.
FEIRA DE SANTANA
2008
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ANALY MARQUARDT DE MATOS
FATORES ASSOCIADOS AO CONSUMO
FREQUENTE/PESADO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS POR
ADOLESCENTES, FEIRA DE SANTANA, BA.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Saúde Coletiva do Departamento
de Saúde da Universidade Estadual de Feira de
Santana, como parte dos requisitos para a
aquisição do título de Mestre em Saúde Coletiva.
Orientadora: Profª Drª Rosely Cabral de Carvalho
Co-Orientadora: Profª Drª Maria Conceição
Oliveira Costa
FEIRA DE SANTANA
2008
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Ficha catalográfica: Biblioteca Central Julieta Carteado
Matos, Analy Marquardt de
M381f Fatores associados ao consumo freqüente/pesado de
bebidas alcoólicas por adolescentes, feira de Santana,BA / Analy
Marquardt de Matos. – Feira de Santana, 2008.
000 f. : il.
Orientadora: Rosely Cabral Carvalho
Co-Orientadora: Maria Conceição Oliveira Costa
Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva)–
Departamento de
Saúde, Universidade Estadual de Feira de Santana, 2008.
1. Bebidas alcoólicas – Adolescentes – Feira de Santana
(Ba). 2. Bebidas alcoólicas – Consumo. 3. Fatores associados –
Bebidas alcoólicas. I. Carvalho, Rosely Cabral. II. Costa, Maria
Conceição Oliveira. III. Universidade Estadual de Feira de
Santana. IV. Departamento de Saúde. V. Título.
CDU: 615.9-053.6(814.22)
Analy Marquardt de Matos
Fatores associados ao consumo freqüente/pesado de
bebidas alcoólicas por adolescentes, Feira de Santana, BA.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do
Departamento de Saúde da Universidade Estadual de Feira de Santana, como parte
dos requisitos para a aquisição do título de Mestre em Saúde Coletiva.
Feira de Santana, 28 de Dezembro de 2007.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________
Drª. Rosely Cabral de Carvalho
Universidade Estadual de Feira de Santana
________________________________________________________
Dr. Tarcísio Matos de Andrade
Universidade Federal da Bahia
________________________________________________________
Dr. Carlito Lopes Nascimento Sobrinho
Universidade Estadual de Feira de Santana
Aos “verdadeiros” trabalhadores do Sistema Único de
Saúde, tal como, o meu amigo Chaulim;
À minha mãe, por ter me educado através do
exemplo do trabalho.
AGRADECIMENTOS
Essa certamente não é uma tarefa fácil. Nesses últimos dois anos, muitos foram os
colegas, os amigos e os mestres que contribuíram para que este processo fosse
levado adiante;
Realmente eu não seria capaz de imaginar o significado que este Programa de Pós-
Graduação faria para a minha vida. Sem dúvidas, uma grande, coletiva e também
solitária transformação pessoal;
Agradeço à minha orientadora, Profª. Drª. Rosely Cabral de Carvalho pelos muitos
ensinamentos, por facilitar a estrada e, principalmente, pela sensibilidade em
perceber que a minha história de vida possuía alguns percalços;
Agradeço à minha co-orientadora, Profª. Drª. Maria Conceição Oliveira Costa por
seu exemplo de pessoa, pela contribuição na minha formação profissional e pessoal
e por ter me possibilitado vivenciar o aprendizado na “escola” do Núcleo de Estudos
e Pesquisas na Infância e Adolescência (NNEPA);
Agradeço aos professores e funcionários do Mestrado em Saúde Coletiva, pelas
contribuições diárias;
O meu agradecimento à Karina Emanuella Peixoto de Souza Gomes, Luciana Maia
Santos e Adrielly Costa Freire de Carvalho por terem sido fundamentais neste
trabalho, e aos demais colegas do NNEPA;
Agradeço ao Prof. Dr. Carlos Tadeu da Silva Lima pelos ensinamentos sobre a
epidemiologia do uso/abuso de bebidas alcoólicas e ao professor Carlos Teles
Santos pelo suporte na validação do banco de dados;
Agradeço imensamente aos amigos que estiveram perto em todos os momentos:
Gilmar Mercês, alto nível; Deisy Vital por ter dividido comigo o seu abrigo e o seu
alimento durante muitas vezes e Max, pelo suporte diário quando tudo parecia dar
errado.
Agradeço à minha pequena família: Bezinha, por estar sempre perto, confiante e
orgulhosa; Marcelo, pelo amor, sorrisos, pensamentos positivos e por ter sido meu
fisioterapeuta particular e à minha mãe Dela, pessoa que me fez crescer na
adversidade e que mais sentiu minha ausência durante os últimos dois anos;
Agradeço a todos que contribuíram para que esta experiência fosse vivenciada,
compreendendo os momentos de cansaço, ausência e de angústia;
O meu agradecimento ao Dr. Pedro Augusto Nonato Costa por ter confiado em mim
e incentivado a trajetória do mestrado. Obrigada aos trabalhadores das Secretarias
Municipais de Saúde de Serrinha e Araci, BA, pelo incentivo e compreensão;
Que este seja um pequeno passo para que nossas ações se voltem para a
problemática do abuso de álcool em nosso entorno. É hora de expandirmos nosso
olhar, refletirmos e agirmos coletivamente.
De tudo ficam três coisas:
A certeza que estamos começando,
A certeza de que é preciso continuar,
E a certeza de que poderemos ser interrompidos antes
de terminar.
Fazer da interrupção um novo caminho,
Da queda um passo de dança,
Do medo uma escada, do sonho uma ponte,
Da procura um encontro,
E assim terá valido a pena.
Fernando Sabino
RESUMO
Introdução: Estudos realizados têm apontado uma relação entre o aumento da
produção e da comercialização das bebidas alcoólicas e o incremento da freqüência
do seu uso/abuso em fases precoces da adolescência, contribuindo para a
morbimortalidade associada às causas externas, podendo interferir nas relações
familiares e sociais, a depender do padrão de uso ou abuso adotado. Objetivos:
Analisar fatores associados ao consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas por
adolescentes de Feira de Santana, Ba, 2004. Método: Estudo de corte transversal,
com dados secundários, coletados em 2004 através de questionários anônimos,
auto-aplicados em sala de aula e pertencentes ao Núcleo de Estudos e Pesquisa na
Infância e Adolescência (NNEPA). A população desse estudo foi de 776
adolescentes (14 a 19 anos), provenientes de 10 escolas estaduais urbanas de porte
diferenciado, selecionados através amostragem aleatória por conglomerado e
estágios múltiplos, os quais referiram algum padrão de consumo de bebidas
alcoólicas no período da coleta dos dados. Foram considerados como expostos os
adolescentes que referiram consumo freqüente/pesado (em pelo menos todo final de
semana) de bebidas alcoólicas. Resultados e Discussão: O consumo
freqüente/pesado de bebidas alcoólicas mostrou-se associado à Co-variáveis
Pessoais: faixa etária de 17 a 19 anos (RP 1,20; IC 1,08-1,34), sexo masculino (RP
1,30; IC 1,08-1,57), iniciação precoce do consumo (RP 1,32; IC 1,06-1,66),
interferência na relação sexual (RP 2,12; IC 1,44 -3,13), ter se relacionado
sexualmente com alguém pouco conhecido (RP 1,61; IC 1,03-2,51), trabalhar para
obter renda (RP 1,26; IC 1,04-1,53); Co-variáveis Familiares: familiar com problemas
com bebidas alcoólicas (RP 1,70; IC 1,33-2,17), problemas com outras SPAs na
família (RP 2,51; IC 1,47-4,30), renda familiar obtida pela ajuda de outras pessoas
(RP 2,76; IC 1,11-6,87), baixa escolaridade da mãe (RP 1,50; IC 1,09-2,05),
coabitação com companheiro (RP 4,73; IC 1,69-13,27) e Sócio-Ambientais:
presença de tráfico de drogas no bairro (RP= 1,36; IC= 1,11- 1,66); consumo de
bebidas alcoólicas na casa de amigos (RP= 1,72; IC= 1,29-2,28) e nas proximidades
da escola (RP= 4,17; IC= 2,14-8,11) e com o relato de nenhuma contribuição da
atividade educativa realizada na escola ao conhecimento do adolescente (RP= 3,63;
IC= 1,64-8,01). Conclusões: Fatores pessoais, interpessoais, familiares e
ambientais possibilitam uma compreensão integral da temática e devem ser
considerados na implementação de programas escolares e políticas públicas
voltadas à prevenção do abuso de bebidas alcoólicas entre adolescentes, visando
comportamentos que minimizem a exposição ao risco associado.
PALAVRAS CHAVE: consumo de bebidas alcoólicas, fatores associados,
adolescentes.
ABSTRACT
Background: Studies have pointed an association between the increase of
production and commercialization of alcoholic beverages and the increase of the
frequency of their use / abuse in the early stages of adolescence, being part of the
current lifestyle of those contributing to the morbimortality associated to external
causes. Objectives: To analyze factors associated with the frequent / large
consumption of alcohol by adolescents in Feira de Santana, Ba, 2004. Method: It
was made a transversal cut study with secondary data collected in 2004 through
anonymous questionnaires, self-applied in the classroom and they belonged to the
Nucleus of Studies and Research of Infancy and Adolescence (NNEPA). The
population of this study was 776 adolescents (from 14 to 19 years old) in 10 urban
state schools with different sizes, selected through random sampling by
conglomerate and multiple stages, which indicated some pattern of consumption of
alcoholic beverages during the collection of the data. They were taken into
consideration as exposed adolescents those who reported frequent / large
consumption (in at least every weekend) of alcoholic beverages. Results and
Discussion: The frequent / large consumption of alcoholic beverages has showed to
be associated with the Co-Personal variables: age group from 17 to 19 years old (RP
1.20, IC 1.08-1.34), male (RP 1 , 30, IC 1.08-1.57), early initiation of consumption
(RP 1.32; IC 1.06-1.66), interference with sex relationship (RP 2.12, IC 1.44 -3, 13),
having sexual intercourse with someone almost unknown (RP 1.61; IC 1.03-2.51),
the work (RP 1.26, IC 1.04-1.53), to work (RP 1,26; IC 1,04-1,53); Co-Family
variables: familiar com problemas com bebidas alcoólicas (RP 1,70; IC 1,33-2,17),
familiar with problems with other PASs in the family (RP 2.51, IC 1.47-4.30), renda
familiar obtida pela ajuda de outras pessoas (RP 2,76; IC 1,11-6,87), baixa
escolaridade da mãe (RP 1,50; IC 1,09-2,05), cohabitation with a partner (RP 4.73,
IC 1.69-13.27) and Socio-Environmental variables: the presence of drug trafficking in
the neighborhood (RP = 1.36, IC = 1 , 11 to 1.66), consumption of alcoholic
beverages in friends’ house (RP = 1.72, IC = 1.29-2.28) and near the school (RP =
4.17; IC = 2.14 -8.11) and also the fact that activities done at the school do not
contribute to the adolescents’ knowledge (RP = 3.63, IC = 1.64-8.01).Conclusions:
The personal, interpersonal, family and environmental factors are useful for a full
understanding of the theme and they should be considered in the implementation of
programs in schools and in the public policies aimed at preventing the abuse of
alcoholic drinks among adolescents, seeking behaviors that reduce the exposure to
associated risks
KEY WORDS: consumption of alcohol, associated factors, adolescents.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Características sócio-demográficas e ambientais dos
adolescentes, Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira de
Santana, Bahia, 2004 56
Tabela 2 Características familiares e interpessoais de adolescentes,
Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira de Santana, Bahia,
2004 57
Tabela 3 Prevalência das modalidades de experimentação/consumo
regular de bebidas alcoólicas, segundo co-variáveis pessoais e
características de iniciação. Escolas Públicas Estaduais e
urbanas, Feira de Santana, Bahia, 2004 65
Tabela 4 Prevalência das modalidades de experimentação/consumo
regular de bebidas alcoólicas, segundo co-variáveis familiares e
características interpessoais, Escolas Públicas Estaduais e
urbanas, Feira de Santana, Bahia, 2004 67
Tabela 5 Prevalência das modalidades de experimentação/consumo
regular de bebidas alcoólicas, segundo co-variáveis sócio-
ambientais, Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira de
Santana, Bahia, 2004 68
Tabela 6 Análise bruta e razão de prevalência do consumo de bebidas
alcoólicas, segundo co-variáveis pessoais e características de
iniciação, Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira de
Santana, Bahia, 2004 70
Tabela 7 Análise bruta e razão de prevalência do consumo de bebidas
alcoólicas, segundo co-variáveis familiares e características
interpessoais, Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira de
Santana, Bahia, 2004 72
Tabela 8 Análise bruta e razão de prevalência do consumo de bebidas
alcoólicas, segundo co-variáveis sócio-ambientais, Escolas
Públicas Estaduais e urbanas, Feira de Santana, Bahia, 2004
73
Tabela 9 Análise estratificada da associação entre consumo de bebidas
alcoólicas e faixa etária de adolescentes, segundo co-variáveis
pessoais, familiares e ambientais, Escolas Públicas Estaduais,
Feira de Santana, Bahia, 2004 76
Tabela 10 Análise estratificada da associação entre consumo de bebidas
alcoólicas e sexo dos adolescentes, segundo co-variáveis
pessoais, familiares e ambientais, Escolas Públicas Estaduais,
Feira de Santana, Bahia, 2004 77
Tabela 11 Análise estratificada da associação entre consumo de bebidas
alcoólicas e idade de iniciação de consumo de adolescentes,
segundo co-variáveis pessoais, familiares e ambientais, Escolas
Públicas Estaduais, Feira de Santana, Bahia, 2004 78
Tabela 12 Análise estratificada da associação entre consumo de bebidas
alcoólicas e trabalho dos adolescentes, segundo co-variáveis
pessoais, familiares e ambientais, Escolas Públicas Estaduais,
Feira de Santana, Bahia, 2004 79
Tabela 13 Análise estratificada da associação entre consumo de bebidas
alcoólicas e presença de familiar com problemas com bebidas
alcoólicas, segundo co-variáveis pessoais, familiares e
ambientais, Escolas Públicas Estaduais, Feira de Santana, Bahia,
2004 80
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Origem das informações sobre SPAs de adolescentes com
experimentação/consumo de bebidas alcoólicas menor ou igual
a 3 vezes no s, Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira
de Santana, Bahia, 2004 58
Gráfico 2 Origem das informações sobre SPAs de adolescentes com
experimentação/consumo de bebidas alcoólicas
freqüente/pesado, Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira
de Santana, Bahia, 2004 59
Gráfico 3 Tipos de bebidas alcoólicas mais utilizadas de acordo com o
padrão de experimentação e consumo regular dos adolescentes,
Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira de Santana, Bahia,
2004 60
Gráfico 4 Motivações para o uso de bebidas alcoólicas entre adolescentes
com experimentação/consumo menor ou igual a 3 vezes no mês,
Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira de Santana, Bahia,
2004 61
Gráfico 5 Motivações para o uso de bebidas alcoólicas entre adolescentes
com consumo freqüente/pesado, Escolas Públicas Estaduais e
urbanas, Feira de Santana, Bahia, 2004 61
Gráfico 6 Comportamento assumido pelos adolescentes após a
experimentação/consumo de bebidas alcoólicas menor ou igual
a 3 vezes no s, Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira
de Santana, Bahia, 2004 63
Gráfico 7 Comportamento assumido pelos adolescentes após o consumo
freqüente/pesado de bebidas alcoólicas, Escolas blicas
Estaduais e urbanas, Feira de Santana, Bahia, 2004 63
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Local do estudo 45
Figura 2 Cálculo da amostra 48
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................
17
2 PROBLEMA E OBJETIVOS..................................................................... 21
2.1 Problema...................................................................................................
21
2.2 Objetivo Geral.......................................................................................... 21
2.3 Objetivos Específicos..............................................................................
21
3 REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................ 22
3.1 Adolescência: Conceitos, Desenvolvimento e Principais
Características......................................................................................... 22
3.2 Histórico, Caracterização e Efeitos do Consumo de Bebidas
Alcoólicas................................................................................................. 26
3.3 Substâncias Psicoativas (SPAS): O Consumo de Bebidas
Alcoólicas na Adolescência....................................................................
29
3.4 Fatores Associados ao Consumo de Bebidas Alcoólicas pelos
Adolescentes............................................................................................
35
3.5 Estratégias Públicas Voltadas para a Abordagem do Consumo de
SPAS: O Consumo de Bebidas Alcoólicas na Adolescência.............. 40
4 MATERIAIS E MÈTODOS ........................................................................
44
4.1 Caracterização do Estudo.......................................................................
44
4.2 Desenho do Estudo................................................................................. 44
4.3 Local do Estudo....................................................................................... 45
4.4 População do Estudo e Período de Referência.................................... 46
4.4.1
Critérios de elegibilidade............................................................................
47
4.4.2
Critérios de exclusão................................................................................. 47
4.5 Amostragem e Cálculo da Amostra do Estudo Original...................... 47
4.6 Fonte de Dados e Instrumento de Coleta ............................................. 49
4.6.1
Instrumento Original...................................................................................
49
4.6.2
Instrumento Atual.......................................................................................
50
4.7 Variáveis do Estudo Atual.......................................................................
50
4.7.1
Variável principal: consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas
pelos adolescentes.................................................................................... 50
4.7.2
Co-variáveis............................................................................................... 51
4.7.3
Outras variáveis......................................................................................... 52
4.8 Processamento e Validação do Banco de Dados sobre o Uso de
Bebidas Alcoólicas.................................................................................. 53
4.9 Análise dos Dados...................................................................................
53
4.10 Aspectos Éticos....................................................................................... 54
5 RESULTADOS.......................................................................................... 55
5.1 Caracterização Sócio-demográfica e Ambiental dos Adolescentes.. 57
5.2 Caracterização Familiar e Interpessoal dos Adolescentes..................
57
5.3 O Adolescente e as Informações sobre SPAS segundo Padrão de
Experimentação e Consumo de Bebidas Alcoólicas...........................
58
5.4 Caracterização da Experimentação e Consumo Regular de Bebidas
Alcoólicas pelos Adolescentes.............................................................. 59
5.4.1
Tipo de bebida experimentada e consumida regularmente pelos
adolescentes..............................................................................................
59
5.4.2
Caracterização motivacional da experimentação e do consumo regular
de bebidas alcoólicas pelos adolescentes.................................................
60
5.4.3
Caracterização do comportamento assumido após a experimentação e
o consumo regular de bebidas alcoólicas pelos adolescentes.................. 62
5.5 Prevalências da Experimentação e do Consumo Regular de
Bebidas Alcoólicas entre os Adolescentes...........................................
64
5.5.1
Co-variáveis pessoais e características de iniciação do consumo de
bebidas alcoólicas......................................................................................
64
5.5.2
Co-variáveis familiares e características interpessoais dos adolescentes
66
5.5.3
Co-variáveis sócio-ambientais dos adolescentes......................................
67
5.6 Fatores Associados ao Consumo Freqüente/Pesado de Bebidas
Alcoólicas pelos Adolescentes............................................................. 69
5.6.1
O consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas segundo co-
variáveis pessoais e de iniciação do consumo.......................................... 69
5.6.2
O consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas segundo co-
variáveis familiares e interpessoais........................................................... 71
5.6.3
O consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas segundo co-
variáveis sócio-ambientais.........................................................................
72
5.6.4
Estratificação do consumo de bebidas alcoólicas, segundo co-variáveis
pessoais, familiares e ambientais..............................................................
74
6 DISCUSSÃO..............................................................................................
81
6.1 Limites do Estudo....................................................................................
81
6.2 Caracterização Sócio-demográfica, Ambiental, Familiar e
Interpessoal dos Adolescentes.............................................................. 82
6.3 Os Adolescentes e As Informações sobre SPAS................................. 83
6.4 Características Relacionadas à Experimentação e Consumo
Regular de Bebidas Alcoólicas pelos Adolescentes............................
87
6.5 Fatores Associados ao Consumo Freqüente/Pesado de Bebidas
Alcoólicas pelos Adolescentes.............................................................. 91
7 CONCLUSÕES..........................................................................................
98
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 100
REFERÊNCIAS......................................................................................... 101
APÊNDICES 111
ANEXOS 122
I
I
N
N
T
T
R
R
O
O
D
D
U
U
Ç
Ç
Ã
Ã
O
O
17
1 INTRODUÇÃO
A produção e o consumo de substâncias psicoativas (SPAs), incluindo as
bebidas alcoólicas, sempre estiveram presentes na sociedade, em diversos períodos
históricos. No entanto, com o advento da revolução industrial e com o aumento de
sua produção e comercialização, observou-se um incremento generalizado da
freqüência do seu uso na sociedade (MELONI; LARANJEIRA, 2004).
Nesse contexto, co-existe a problemática do uso freqüente e pesado de álcool
para o grupo populacional dos adolescentes, por repercutir em sua saúde física
através da morbi-mortalidade associada às causas externas, podendo interferir nas
relações familiares e sociais, a depender do padrão de uso ou abuso adotado
(GIGLIOTTI; BESSA, 2004; SCIVOLETO, 1999).
Atualmente as bebidas alcoólicas encontram-se inseridas nas mais variadas
ocasiões sociais. Apresentam-se nos cotidianos, através de uma ampla aceitação
social e legal, sendo inclusive valorizadas culturalmente, quando atreladas a
símbolos nacionalmente conhecidos, a exemplo do futebol e do carnaval.
Sabe-se que a adolescência é uma fase da vida marcada por transformações
físicas, psicológicas e por uma série de descobertas em busca de maior autonomia
social. Tais fatores contribuem para uma maior vulnerabilidade nessa fase da vida,
inclusive para o uso abusivo de álcool (VIEIRA et al., 2007).
Considerando que a epidemiologia tem sido importante na caracterização do
consumo de bebidas alcoólicas, diversos são os estudos científicos com variadas
metodologias, com destaque para aqueles realizados com adolescentes, uma das
populações mais estudadas no Brasil. Tais pesquisas têm contribuído para uma
maior aproximação de realidades distintas, por via de informações mais ampliadas,
com menor interferência de vieses emotivos, o que aumenta a chance de que sejam
adotadas estratégias de promoção da saúde mais adequadas.
Estudos da Organização Mundial de Saúde admitem que aproximadamente 2
bilhões de pessoas consomem bebidas alcoólicas, sendo que, cerca de 76,3
milhões, possuem problemas relacionados a este consumo (WORLD HEALTH
ORGANIZATION, 2004). Além disso, 5% do total de óbitos ocorridos em indivíduos
com idade compreendida entre 5 e 29 anos, no ano de 1990, estavam associados
ao uso do álcool (MURRAY; LOPEZ, 1997).
18
Com relação ao Brasil, existem dificuldades para a generalização dos estudos
epidemiológicos e das estratégias de intervenção realizadas, visto que o país
apresenta grandes dimensões territoriais, com marcantes diferenças sociais,
econômicas e culturais.
Dentre os estudos epidemiológicos realizados com escolares no Brasil,
merece destaque a série efetivada pelo Centro Brasileiro de Informação sobre
Drogas Psicotrópicas (CEBRID). Tais levantamentos multicêntricos foram
conduzidos de forma abrangente em diversas capitais brasileiras nos anos de 1997
e 2004, e indicaram o álcool como a SPA mais consumidas pelos adolescentes
(GALDURÓZ et al, 1997; GALDURÓZ et al, 2004).
Vale ressaltar que 75% dos estudantes de 10 capitais brasileiras, no ano de
1997, relataram o uso do álcool em pelo menos uma vez na vida; 15% deles o uso
freqüente (pelo menos seis vezes no mês que antecedeu a pesquisa) e 7,4%
referiram consumo pesado (pelo menos 20 vezes no mês que antecedeu a
pesquisa). No mesmo estudo, 28,9% dos estudantes mencionaram ter iniciado a
experimentação do álcool em ambiente residencial, com intermédio dos pais
(GALDURÓZ et al, 1997).
Um inquérito mais recente, realizado com escolares dos ensinos fundamental
e médio, provenientes de 27 capitais brasileiras, divulgou uma prevalência de
65,2%, para uso na vida do álcool. Concluiu ainda que o álcool foi a substância com
menor taxa de iniciação (aproximadamente 12 anos). O seu uso freqüente foi
relatado por 11,7% dos estudantes e o uso pesado por 6,7%. Salvador foi a capital
com maior prevalência de uso pesado, 8,8% (GALDURÓZ et al, 2004).
De acordo com Pechansky, Szobot e Scivoletto (2004), entre os fatores
associados ao consumo de álcool pelos escolares, destacam-se os inerentes às
estruturas familiares: separação dos pais, conflitos com a mãe, presença de pai
permissivo, ter sofrido maus tratos, não possuir prática religiosa e ter no domicílio
familiar usuário de drogas.
Conforme Galduróz e outros (2004), o bom relacionamento com os pais e
entre os próprios escolares foi considerado fator de proteção para o uso pesado de
álcool entre os adolescentes nordestinos pesquisados no V Levantamento Nacional
realizado no Brasil, sendo que, trabalhar associou-se a este padrão de consumo.
Igualmente importantes são os estudos relativos às conseqüências do
uso/abuso de álcool, o qual afeta a percepção de riscos associados, a exemplo do
19
que se observa nas situações de violência, acidentes de trânsito, sexo desprotegido,
faltas e baixo desempenho escolar, dentre outros.
Tomando por base, indicadores epidemiológicos, a Política do Ministério da
Saúde para a Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras Drogas, ao comentar o
custo social decorrente do seu abuso, destacou, nos diversos levantamentos
realizados pelo Governo Federal, alto percentual de gastos na rede pública de saúde
no período entre 1998 e 2001,
estimando um custo anual de aproximadamente 60
milhões de reais (BRASIL, 2003).
Sendo assim, o consumo de álcool pode ser inicialmente compreendido como
um fenômeno complexo, influenciado por diversos elementos biopsicossociais, por
transformações decorrentes do processo de civilização e modernização das
sociedades, com destaque para as transformações ocorridas nas relações
familiares. Neste sentido, acredita-se que as experiências vividas nos ambientes
familiar e de convívio social podem estar associados a determinados padrões de
uso/abuso de SPAs por adolescentes.
Considerando a precocidade do uso de álcool; a vulnerabilidade característica
dos adolescentes; as motivações e as elevadas prevalências de seu uso/abuso; as
possíveis conseqüências decorrentes deste fato e a interferência dos ambientes de
convivência no que diz respeito às primeiras experiências de uso, admite-se a
relevância de buscar compreender como se a associação entre elementos
pessoais, familiares e ambientas e o consumo freqüente/pesado de álcool pelos
adolescentes.
Inicialmente, a escolha do tema decorre da experiência acadêmica da autora
na realização de um inquérito epidemiológico de abuso de álcool voltado para uma
população de estudantes universitários na região sudoeste da Bahia. Posteriormente
se configura mediante atuação profissional voltada para a vigilância da saúde em
dois municípios baianos, sendo um deles de médio porte. Esta prática possibilitou
uma inferência empírica entre a associação do consumo de álcool e os agravos de
notificação compulsória. Dessa forma, foi possível constatar a falta de visibilidade na
agenda de saúde local para ações de monitoramento epidemiológico, planejamento,
prevenção e serviços voltados para a temática do uso/abuso de bebidas alcoólicas.
Finalmente, o objeto de pesquisa se consolida em uma oportunidade de
estudar a temática através de um banco de dados coletados. Uma possibilidade
concreta de ajuste do tema de interesse voltada para contribuições na esfera do
20
planejamento municipal em saúde destinado para os adolescentes escolares de
Feira de Santana, Bahia.
A Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) possui um Núcleo de
Estudos e Pesquisa em Infância e Adolescência (2007), o qual objetiva, dentre
outras abordagens, investigar riscos relacionados à adolescência no município em
questão. Nesse estudo os resultados publicados por Alves (2004), servirão de base
para as análises epidemiológicas complementares, aqui propostas.
Este estudo visa agregar informações relacionadas aos fatores associados ao
uso freqüente e pesado de bebidas alcoólicas pelos adolescentes escolares; sua
relação com os elementos de motivação, conseqüências do consumo e fatores
pessoais, familiares, interpessoais e sócio-ambientais; de modo a colaborar para a
busca da integralidade da atenção à saúde desta população específica.
Sabe-se que o presente estudo de prevalência permite estabelecer relações
de associação, a serem consideradas como objeto de estudos mais aprofundados
que permitam análises de relações causais da temática abordada.
Esta pesquisa, por conseqüência do poder descritivo, pode ser utilizada como
instrumento de conhecimento, planejamento e gestão, uma vez que, se apresenta
importante na elaboração de estratégias necessárias à programação e avaliação de
agravos à saúde (BRASIL, 1975). Neste caso em específico, voltadas para os
adolescentes escolares de Feira de Santana, segunda maior cidade do Estado da
Bahia.
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2 PROBLEMA E OBJETIVOS
2.1 Phroblema
Quais são os fatores associados ao consumo freqüente/pesado de bebidas
alcoólicas pelos adolescentes de Feira de Santana, BA?
2.2 Objetivo Geral
Analisar fatores pessoais, familiares, interpessoais e sócio-ambientais
associados ao consumo freqüente/pesado (em pelo menos todo fim de
semana) de bebidas alcoólicas por adolescentes, Feira de Santana, Ba, 2004.
2.3 Objetivos Específicos
Estimar a prevalência da experimentação e do consumo (menos de 01 vez ao
mês, 1 a 3 vezes no mês, em todo fim de semana e em mais do que em todo
fim de semana) de bebidas alcoólicas entre os adolescentes, segundo
variáveis relacionadas às informações sobre SPAs, tipo de bebida consumida,
motivações e comportamentos após o uso/abuso;
Estimar a prevalência da experimentação e do consumo de bebidas alcoólicas
(menos de 01 vez ao mês, 1 a 3 vezes no mês, em todo fim de semana e em
mais do que em todo fim de semana) entre os adolescentes, segundo
variáveis pessoais, familiares, interpessoais e sócio–ambientais.
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3 REFERENCIAL TEÓRICO
3.1 Adolescência: Conceitos, Desenvolvimento e Principais Características
O conceito de adolescência é variado, uma vez que pode ser influenciado por
elementos sociais e culturais diversos. Esta etapa da vida pode ser antecipada ou
retardada, a depender de atitudes sociais reproduzidas pelos jovens, a exemplo da
maturidade social, do trabalho e do casamento (PATEL et al, 2007; MIRANDA;
GADELHA; SZWARCWALD, 2005).
O termo adolescente significa crescer, desenvolver-se, tornar-se jovem. Do
ponto de vista comportamental, pode ser compreendida como a idade emocional da
vida, na qual as atitudes podem frequentemente associar-se a frustrações, conflitos,
problemas e desajustamentos (PFROMM NETTO, 1976).
Habitualmente, a adolescência é compreendida como uma fase de passagem
gradual entre a infância e a vida adulta, caracterizada por transformações físicas,
psicológicas e sociais (MUUSS, 1976; ASSUMPÇÃO JÚNIOR; KUCZYNSKI, 1999),
sendo um período de transição de um espaço na família para um espaço no mundo,
no qual os limites estão sendo experimentados e os princípios questionados
(TOMMASI, 1999).
Com relação à caracterização cronológica, de acordo com o Estatuto da
Criança e do Adolescente, o adolescente é todo indivíduo que possui entre 12 e 18
anos (BRASIL, 1990). Para a Organização Mundial da Saúde, tal período
compreende-se entre os 10 e os 19 anos (WORLD HEALTH ORGANIZATION,
2000).
A adolescência pode ser subdividida em fases: precoce (10-14 anos), cujas
características principais o as modificações corporais, puberdade, separação
aparente dos pais e relação com grupo de iguais; fase intermediária (14-16 anos),
caracterizada pela conduta exploratória da sexualidade, separação dos pais, da
família e seleção de amigos e a fase tardia (17-19 anos), com destaque para os
relacionamentos estáveis, formação da identidade, capacidade de planejar e juízo
crítico da família (LEWIS; WOLKMAR, 1993; COSTA; GOMES, 2005).
23
Do ponto de vista biológico, a puberdade pode ser considerada um marcador
inicial da adolescência em muitas culturas, principalmente no ocidente. Entende-se
por puberdade, o processo de maturação biológica inserido na adolescência que
engloba intensas modificações físicas decorrentes de ação hormonal. É um
fenômeno universal que normalmente tem início entre 10 e 13 anos, finalizando
entre 16 e 19 anos. Varia em função de fatores genéticos, neuroendócrinos e
ambientais, podendo ter repercussão no seu desenvolvimento psicológico (TIBA,
1986; LEWIS; WOLKMAR, 1993; KUCZYNSKI; ASSUNÇÃO JÚNIOR 1998; COSTA;
GOMES, 2005).
Os processos de crescimento e desenvolvimento físico e psicossocial têm
determinantes influenciados por fatores intrínsecos, ligados às causas genéticas,
orgânicas e individuais; e extrínsecos, ligados às questões ambientais,
psicossociais, nutricionais, atividades físicas, acesso a saúde, condições de vida,
moradia, educação, habitação, lazer, dentre outros (COSTA; GOMES, 2005;
MARCONDES; NUVARTE; CARRAZZA, 2002).
Rebolledo, Medina e Pillon (2004), ao considerarem a adolescência um
período crucial da vida, marcado pelo início da consolidação dos hábitos de conduta
e da própria socialização, sinalizam para a importância assumida pelas influências
externas neste grupo. Trata-se de uma população exposta a riscos múltiplos
(ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE, 2007), fato que pode comprometer
habilidades essenciais à inserção social dos jovens.
Para Assis e outros (2003), a adolescência pode ser compreendida por duas
correntes de identificação. A primeira a considera uma fase de “tempestade e
estresse” e a segunda, considera os adolescentes como “conflituosos e
conturbados”. Percebe-se assim que essas dimensões foram exageradamente
defendidas e ainda perduram na sociedade.
Por ser uma fase de novas vivências em busca da consolidação de uma
identidade própria, uma das primeiras manifestações do adolescimento, de acordo
com Wagner e outros (2002), seria o freqüente afastamento da família de origem,
concomitante a um maior envolvimento com o grupo de iguais.
No tocante ao processo de adaptação psicológica dos adolescentes, de
acordo com Lewis e Wolkmar (1993), na medida em que as sociedades se tornaram
mais complexas, a duração desta fase parece ter sido prolongada. Fato este que
pode ser influenciado ainda pela condição econômica familiar. Ao contrário, em
24
famílias com maiores limitações econômicas, os jovens ao trabalharem
precocemente, vivenciariam uma adolescência menos alongada.
Sabe-se que as inquietações relacionados à adolescência fazem parte do
âmbito de interesses de variadas sociedades, em diferentes períodos históricos.
Teóricos como Platão, Aristóteles, Sócrates e Shakespeare dedicaram-se aos
questionamentos acerca de elementos, tais como: a inconstância, a natureza
instável, imprevisível e impulsiva dos jovens (WEINER, 1995).
Existem diversas teorias que contribuem para uma aproximação com a
temática do desenvolvimento psicossocial dos adolescentes. No que se refere à
discussão acerca das suas características, destacam-se as contribuições de
Aberastury (1983) e Knobel (1981). Os mesmos descreveram a adolescência como
um momento crucial da vida do homem, constituído por um processo de autonomia,
inter-relacionado com os meios sociais e familiares.
A teoria de Aberastury é fundamentada na realização evolutiva do
adolescente que necessita desprender-se do mundo infantil para enfrentar o mundo
adulto. Baseia-se na existência dos três lutos fundamentais, entendidos como
perdas da personalidade que acompanham o complexo psicodinâmico da
adolescência e podem assumir características de normalidade ou de anormalidade.
Os lutos são: pela perda do corpo infantil frente às mudanças corporais
admitidas como algo externo ao adolescente; pelo papel e a identidade infantis,
conseqüentes à renúncia da dependência; pelos pais da infância, situação
dimensionada pelas atitudes dos pais frente ao seu processo de envelhecimento. De
acordo com Knobel, acrescenta-se ainda o luto pela perda da bissexualidade infantil
(ABERASTURY, 1983; KNOBEL, 1981).
Para Knobel (1981), a adolescência é compreendida face aos seus
desequilíbrios e instabilidades, podendo ser discutida a partir dos conceitos da
síndrome da adolescência normal, caracterizada por: busca de si mesmo e da
própria identidade, tendência grupal, necessidade de intelectualizar e fantasiar,
crises religiosas que variam do ateísmo ao fervor, deslocalização temporal, evolução
sexual variando do auto-erotismo à heterossexualidade adulta, atitude social
reivindicatória com tendência anti-social, contradições sucessivas em todas as
manifestações de conduta, separação progressiva dos pais e constantes flutuações
de humor.
25
De forma processual, a busca pela independência avança pela insegurança.
Com esta perspectiva, os jovens buscam o suporte emocional grupal,
comportamento que, segundo Knobel (1994), é fundamental na reestruturação da
personalidade e na busca pela identidade adulta. Sendo assim, estes indivíduos
experimentariam variados papéis externos ao ambiente familiar, o que colabora para
o entendimento da sua intimidade, evoluindo a partir de uma síntese de
identificações iniciadas na infância, passando por perdas/lutos e assumindo
comportamentos turbulentos com características próprias do meio cio-cutural que
aparentam ser desvios de conduta patológicos.
Para o autor, a anormalidade patológica apresenta-se como uma expressão
do conflito do indivíduo com a realidade, situação que pode ser potencializada pela
maior aptidão desta fase em sofrer impactos com frustrações ou projeções de
familiares e da sociedade como um todo. Este fato é exemplificado pelo autor
através das projeções que a sociedade realiza nos excessos da juventude,
responsabilizando-os por comportamentos como a drogadição, prostituição e
delinqüência (KNOBEL, 1981).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, aproximadamente 1,7
bilhões de pessoas encontram-se na faixa etária de 10 a 24 anos, sendo que 86,0%
dos indivíduos deste grupo etário estão habitando países em desenvolvimento
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000).
Apresentando-se como uma temática de interesse, a adolescência e seus
problemas associados, tem sido objeto de pesquisas, projetos diversos e de
destaque no espaço midiático (ASSIS et al. 2003).
Nesse sentido, torna-se importante o esforço coletivo em construir projetos
voltados para melhoria das condições de vida e saúde nesta população, tomando
por base as suas referências disponíveis, seja no âmbito familiar, escolar ou na
comunidade à qual eles pertencem (MATHEUS, 2003).
Assim, problemas relacionados ao consumo freqüente/pesado de bebidas
alcoólicas entre adolescentes, ao estarem relacionados com anos potenciais de vida
perdidos por morbi-mortalidade associada, vêm sendo reconhecidos como
relevantes agravos à saúde pública no Brasil, suscitando pesquisas relacionadas ao
tema (MELONI; LARANJEIRA, 2004).
26
3. 2 Histórico, Caracterização e Efeitos do Consumo de Bebidas Alcoólicas
Compreende-se que a relação entre as bebidas alcoólicas e o homem é
bastante antiga. Trata-se de um costume atrelado a valores alimentícios e sociais,
historicamente associado a festejos e cerimônias religiosas, o qual tem persistido ao
longo de diferentes culturas, conforme divulgam Gigliotti e Bessa (2004). No
entanto, nas últimas décadas experimenta-se uma expansão do abuso de tais
substâncias voltado para indivíduos com as mais variadas características sócio-
culturais (MUZA et al., 1997).
Nesse contexto, é percebida uma crescente preocupação com os bitos de
consumo de álcool, seus impactos sociais, econômicos e, sobretudo, suas
implicações na saúde da população, de modo que as medidas de prevenção
possam estar baseadas em realidades do consumo, o que justifica a realização de
pesquisas epidemiológicas nos diversos segmentos populacionais da sociedade
(LUCAS et al, 2006; CARLINI et al, 2002).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, o abuso do álcool é
conceituado no caso em que um indivíduo, para qual nenhum diagnóstico é possível,
recebe assistência médica em virtude dos efeitos adversos do álcool, do qual ele
não é dependente, e que tenha feito uso por iniciativa própria em detrimento de sua
saúde ou atuação social (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1981).
Ainda sobre a conceituação do abuso, o mesmo pode ser caracterizado por
um padrão mal-adaptativo do uso do álcool que pode manifestar-se por
conseqüências adversas, recorrentes e significativas. Diferentemente da
dependência alcoólica, o abuso não considera a tolerância e a abstinência,
valorizando essencialmente as conseqüências prejudiciais do uso repetido
(DIAGNOSTIC AND STATISTICAL MANUAL OF MENTAL DISORDERS, 1994
1
).
A mesma organização anteriormente citada define a Síndrome da
Dependência do Álcool como um estado psíquico e também físico, resultante da sua
ingestão, caracterizado por reações de comportamento que sempre incluem uma
1
DSM-IV: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Fourth Edition, produzido e
publicado pela Associação Psiquiátrica Americana, Washington, 1994.
27
compulsão para ingerir álcool de modo contínuo ou periódico, a fim de experimentar
seus efeitos psíquicos, e por vezes evitar o desconforto de sua falta.
Tal designação foi idealizada por Edwards e Gross (1976) como elemento
básico para o diagnóstico de alcoolismo. Nesse sentido, passaria a existir um padrão
de auto-administração repetida que geralmente resultariam em tolerância,
abstinência e comportamento compulsivo de consumo do álcool.
Outros conceitos importantes são os de intoxicação e uso nocivo de álcool.
Os sinais e sintomas da intoxicação alcoólica aguda ou patológica, de acordo com o
CID-10
2
, caracterizam-se por níveis crescentes de depressão do sistema nervoso
central, os quais compreendem perturbações da consciência, das faculdades
cognitivas, da percepção, do afeto ou do comportamento, ou de outras funções e
respostas psico-fisiológicas. Como uso nocivo de substância psicoativa para a
saúde, pode-se considerar o modo de consumo prejudicial, com complicações
físicas e/ou psíquicas (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 1993).
Ainda sobre a intoxicação alcoólica, destaca-se como característica principal,
o desenvolvimento de uma alteração comportamental reversível e específica, de
natureza mal-adaptativa ao uso do álcool, a qual depende do contexto social e
ambiental. Tais comportamentos podem expor os indivíduos a efeitos adversos, a
exemplo dos acidentes, complicações médicas, problemas de relacionamentos
sociais e familiares, dentre outros (DIAGNOSTIC AND STATISTICAL MANUAL OF
MENTAL DISORDERS, 1994).
Com o consumo inicial do álcool podem ocorrer sintomas de euforia leve,
evoluindo para tonturas, ataxia e incoordenação motora, confusão e desorientação e
atingindo graus variáveis de anestesia, entre eles o estupor e o coma. A intensidade
da sintomatologia da intoxicação tem relação direta com a alcoolemia, sendo
possíveis complicações como: traumatismo, aspiração de vômito, delirium, coma,
convulsões e outras complicações médicas. O desenvolvimento de tolerância, a
velocidade da ingestão, o consumo de alimentos e alguns fatores ambientais
também são capazes de interferir nessa relação (CARLINI-MARLATT et al, 2000;
LEMOS; ZALESKI, 2004).
2
Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde. Trata-se da
décima revisão da classificação internacional que se iniciou em 1893 com a Classificação de Bertillon
ou Lista Internacional de Causas de Morte.
28
Entre os efeitos físicos agudos, observa-se o aumento da diurese, a redução
dos reflexos motores, a marcha cambaleante, além de náuseas, vômitos, aumento
da freqüência, bem como da pressão sanguínea. No que se refere aos efeitos
crônicos, destaca-se: síndrome de abstinência e complicações clínicas decorrentes
da sua ação tóxica direta sobre diversos órgãos (CARLINI-MARLATT et al, 2000).
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, existem diversas categorias
para caracterizar o uso de álcool e de outras SPAs, tais como: uso na vida, com uso
em pelo menos uma vez na vida; no ano, com uso pelo menos uma vez nos 12
meses anteriores à pesquisa; no mês, com uso pelo menos uma vez nos 30 dias
anteriores à pesquisa; na semana, com uso pelo menos uma vez nos 7 dias
anteriores à pesquisa; freqüente, entre 6 e 19 vezes nos 30 dias anteriores à
pesquisa e uso pesado, maior ou igual a 20 vezes nos 30 dias anteriores à pesquisa
(WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1981).
Admite-se uma prevalência de dependência alcoólica de aproximadamente 10-
12% da população mundial (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1999). No Brasil, o
alcoolismo apresenta prevalências variadas na população geral. O mesmo é
considerado o terceiro motivo para o absenteísmo no trabalho, com elevadas taxas
de aposentadorias precoces, acidentes de trabalho e de trânsito, responsável por
proporção consideráveis de ocupação leitos hospitalares
(
ALMEIDA; COUTINHO,
2004; BAUS, KUPEK; PIRES, 2002; CARLINI et al, 2002; SOUZA; ARECO;
SILVEIRA-FILHO, 2005).
Um estudo de base populacional realizado com 2177 adultos (20 a 69 anos) da
zona urbana de Pelotas encontrou uma prevalência de consumo abusivo de álcool
de 29,2% entre homens e de 3,7% entre as mulheres. Este mesmo estudo
apresentou em seus resultados, após ajuste por regressão logística, uma
associação positiva entre consumo abusivo de álcool e o sexo masculino, idosos,
cor negra ou parda, nível social mais baixo, fumantes pesados e a presença de
alguma doença crônica (COSTA et al, 2004).
Entre os impactos associados tem-se que o custo social decorrente do uso
indevido do álcool vem sendo verificado por diversos levantamentos realizados pelo
Governo Federal, dentre eles destacam-se os dados apresentados pelo DATASUS
3
entre os anos de 1998 e 2001 (BRASIL, 2003).
3
Departamento de Informática do SUS - DATASUS, órgão da Secretaria Executiva do Ministério da
Saúde com responsabilidade de coletar, processar e disseminar informações sobre saúde no Brasil.
29
Segundo tais informações, um dos maiores percentuais de gastos, na rede
pública de saúde, seria decorrente do uso indevido de álcool. Registra-se que houve
no Brasil um incremento no número de internações diretamente correlacionadas ao
abuso do álcool, com um custo anual para o Sistema Único de Saúde de mais de 60
milhões de reais. Ressalta-se ainda que em tais cálculos o foram incluídos
investimentos destinados aos tratamentos ambulatoriais, internações e outras
formas de tratamento de doenças indiretamente provocadas pelo consumo do
álcool, a exemplo dos agravos decorrentes de acidentes de trânsito ou violência
(BRASIL, 2003).
Estudos divulgados apontam que na última década, o álcool custou aos
Estados Unidos cerca de U$ 148 bilhões ao ano; 20 bilhões de dólares gastos com a
saúde, 32 bilhões gastos com mortes prematuras, 20 bilhões gastos com a
criminalidade e 70 bilhões gastos com a perda de produtividade das empresas
(REHM; GMEL, 2000).
Baseado em evidências epidemiológicas, as pesquisas mais recentes têm
verificado que o abuso do álcool já pode ser considerado um dos maiores problemas
de saúde pública, acometendo indivíduos em todos os domínios de sua vida, como
mencionado pela Política do Ministério da Saúde para a Atenção Integral a Usuários
de Álcool e outras Drogas (BRASIL, 2003) e pela Declaração de Brasília de Políticas
Públicas sobre o álcool (BRASIL, 2005).
Finalmente, os problemas decorrentes do consumo do álcool ajustam-se aos
modelos de saúde coletiva. Trata-se de um fenômeno conhecido desde épocas
remotas, apresenta-se presente em diversas culturas, não obedece a um “modelo
único”, associa-se com uma série de fatores determinantes e com prejuízos
coletivos.
3.3 Substâncias Psicoativas (SPAs): O Consumo de Bebidas Alcoólicas na
Adolescência
As SPAs podem ser compreendidas como substâncias que agem sobre o
sistema nervoso central (SNC). As mesmas podem ainda ser consideradas como
lícitas (a exemplo do álcool e do tabaco) e ilícitas (maconha e cocaína, por
30
exemplo). Do ponto de vista médico, são classificadas como depressoras ou
estimulantes do SNC, ou ainda como alucinógenas, as quais provocam alterações
nas percepções sensoriais, sentimentais e dos pensamentos (LEMOS; ZALESKI,
2004).
Considerando que as SPAs permearam os mais diferenciados momentos
históricos e civilizações, pode-se afirmar que seu consumo é influenciado por
valores, regras de conduta e padrões de comportamento estabelecidos socialmente,
o que para Estefenon e Moura (2002), constitui-se no controle social informal das
SPAs, a exemplo das definições sociais: drogas legalizadas e não legalizadas.
Para além das diferenças socioeconômicas e culturais entre os países, o
álcool é apontado como a substância mais consumida no mundo, além de
apresentar-se como a droga de escolha entre crianças e adolescentes (NOTO,
2004; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2004). Para Estefenon e Moura (2002),
os jovens, por serem mais vulneráveis aos agravos sociais, apresentam-se mais
propensos à problemática do abuso de SPAs.
Sobre a população de jovens, de acordo com Pechansky, Szobot e Scivoletto
(2004), o álcool é uma das substâncias psicoativas mais precocemente consumidas.
Tal fato é influenciado pela facilidade da sua obtenção, bem como pelas
propagandas licitamente veiculadas. No Brasil, apesar da existência da Lei 9294
de 15 de julho de 1996, a qual proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores
de 18 anos, o seu consumo mostra-se comumente presente, seja no ambiente
domiciliar, em festividades, ou mesmo em ambientes públicos (DE MICHELI;
FISBERG; FORMIGONI, 2004).
Com um mecanismo complexo de ação, o etanol interfere em diferentes
neurotransmissores
4
: sistema adrenérgico, ácido gama-aminobutírico (GABA),
sistema opióide, serotonina, dopamina, acetilcolina, glutamato e cálcio. Sabe-se
inclusive que as bebidas alcoólicas são frequentemente consumidas por conta da
sua ação enquanto agente socializador dos adolescentes. Quando consumida em
doses baixas, a sua aparente ação de estimulação é conferida pela depressão dos
mecanismos inibitórios de controle do SNC. Entretanto, nos episódios de toxidade
aguda, as bebidas alcoólicas agem como outras drogas anestésicas, deprimindo o
4
Substâncias químicas liberadas por células pré-sináptica, envolvidas na transmissão de impulsos
nervosos (sinapses) cerebrais.
31
SNC, podendo causar sedação, prejuízo da capacidade de julgamento, dentre
outros comportamentos (OGA, 2003).
Uma série de acontecimentos podem estar associados ao consumo das
bebidas alcoólicas pela população de adolescentes. São eles: maior aceitação pelos
pares, estímulo ao uso esporádico de quantidades maiores, adoção de atitudes de
riscos, baixa percepção de riscos associados, maior exposição aos acidentes,
violência, agravos sexualmente transmissíveis, dentre outros (LEMOS; ZALESKY,
2004).
De acordo com a Organização Panamericana de Saúde (OPAS), o número
de adolescentes e jovens tende a aumentar mundialmente, tratando-se de um grupo
que se apresenta exposto a riscos múltiplos. Ao se discutir repercussões de âmbito
mais ampliado, dados revelam que cerca de 70% da mortalidade prematura dos
adultos tem suas origens na adolescência, sendo que, a cada ano, perdem a vida
cerca de 1,4 milhões de adolescentes, principalmente por causa das lesões
intencionais, suicídio e atos de violência (ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE
SAÚDE, 1993).
Observa-se na adolescência que registros de complicações associadas à
gravidez atingem 70.000 vidas por ano, além disso, têm destaque as doenças
sexualmente transmissíveis. Tais agravos apresentam as mais elevadas taxas de
infecções por transmissão sexual entre os jovens de 15 a 24 anos de idade
(ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE SAÚDE, 1993).
De acordo com Sudbrack e Cestari (2005), as questões mais preocupantes
relacionadas à morbi-mortalidade em adolescentes, relacionam-se com aspectos
comportamentais, os quais se sobrepõem aos aspectos fisiológicos propriamente
ditos.
Segundo Pechansky, Szobot e Scivoletto (2004), a experimentação inicial das
bebidas alcoólicas se daria pelo fato do adolescente possuir amigos que fazem tal
uso, o que caracterizaria um ato social, também reconhecido como “pressão de
grupo”. Outras influências dizem respeito à estrutura de vida do próprio adolescente,
com destaque para as classes sociais baixas, defasagem escolar, presença apenas
da figura materna no domicílio, existência de brigas e separações no domicílio,
atitudes permissivas dos pais e uso de drogas por parte dos pais.
32
Por ouro lado, Edwards e outros (1998) afirmam que os problemas
relacionados ao abuso de bebidas alcoólicas, quando combatidos precocemente,
podem contribuir para que sejam evitadas conseqüências indesejadas.
Considerando que a caracterização do consumo de SPAs entre escolares é
uma ferramenta para a construção de políticas públicas de saúde e educação, uma
série de estudos vêm sendo divulgados, apontando para elevadas prevalências de
uso/abuso de SPAs no Brasil, com iniciação mais freqüente durante as
adolescências precoce e intermediária (CARLINI et al, 1989; CARLINI-COTRIN;
BARBOSA, 1993; GALDURÓZ et al, 1997; GALDURÓZ et al, 2004).
Estudos internacionais realizados na década de 80 demonstravam uma
tendência de aumento do consumo de álcool entre adolescentes norte-americanos.
De acordo com o The Status of Children Youth and Families apud Lewis e Wolkmar
(1993), realizado em Washington e datado de 1977, 63% dos meninos e 53% das
meninas entre 12 e 13 anos revelaram ter consumido bebidas alcoólicas. Ainda
neste ano, 1 em cada 7 adolescentes revelou embriagar-se uma vez por semana e
cerca de 93% dos estudantes no último ano do ensino médio mencionaram ter
consumido bebidas alcoólicas, sendo que 6% afirmaram o seu uso diário.
Os principais motivos associados ao início do consumo de álcool entre
adolescentes norte-americanos foram: a comemoração de um feriado ou ocasião
especial, o fato de ter sido oferecida a bebida pela família e a curiosidade para
beber. Além disso, a pressão dos pares também pareceu ser um determinante
importante para o consumo de bebidas alcoólicas entre os mesmos adolescentes
(BROOK; BROOK apud LEWIS; WOLKMAR, 1993).
No Brasil, as prevalências de experimentação e consumo de bebidas alcoólicas
entre adolescentes são variadas, a depender do contexto estudado (MUZA et al,
1997; GIUSTY; SANUDO; SCIVOLETO; 2002; PERES, PAIVA; SILVEIRA, 2002;
FIGLIE et al. 2004; MIRANDA; GADELHA; SZWARCWALD, 2005; MORIHISA;
BARROSO; SCIVOLETO, 2007; VIEIRA et al. 2007).
Em 1987 foi realizado o primeiro estudo nacional sobre esta questão
específica, quando foram pesquisados 16.300 estudantes dispostos em 10 capitais
brasileiras. Em 1989 foi realizado o segundo levantamento, com amostra ampliada
para 30.758 estudantes, utilizando a mesma metodologia de modo a proporcionar
comparação entre os estudos
.
(CARLINI et al, 1989).
33
O IV Levantamento Nacional realizado pelo CEBRID, ao pesquisar 15.503
estudantes de escolas de e 2º graus em dez capitais brasileiras, constatou que o
álcool foi a SPA mais consumida, a qual se associou com 20% das faltas escolares
(GALDURÓZ et al, 1997).
O mais recente estudo realizado com 48.155 escolares, com faixa etária
predominante de 13 a 15 anos, pôde observar uma defasagem escolar entre
aqueles que referiram ter feito uso de SPAs na vida (GALDURÓZ et al, 2004).
Ainda neste estudo, o álcool apresentou percentual de 65,2% para uso na vida,
com média de idade de iniciação de 12,5 anos. O uso freqüente foi de 11,7% e o uso
pesado de 6,7%. Na cidade de Salvador, BA, as prevalências de consumo
mostraram-se acima da dia nacional divulgada; sendo o uso na vida de 63,1%; o
uso freqüente de 13,8% e o uso pesado, de 8,8%(GALDURÓZ et al, 2004).
A comparação entre os levantamentos realizados pelo CEBRID nos anos de
1997 e 2004 com escolares brasileiros demonstrou uma diminuição do uso na vida
de álcool para as faixas etárias de 10 a 12 anos e de 13 a 15 anos e para o sexo
masculino. Foi divulgada tendência de diminuição do uso freqüente de álcool, a qual
também foi observada para os escolares de Salvador, BA, tanto para uso na vida,
quanto para uso freqüente de álcool, em ambos os sexos e todas as faixas etárias
(GALDURÓZ, 2005 b).
Ainda sobre a série de estudos realizados pelo CEBRID, o I Levantamento
Domiciliar sobre Uso de Drogas Psicotrópicas revelou uma prevalência de uso na
vida de bebidas alcoólicas, na faixa de 12-17 anos, de 48,3%. Sendo a dependência
de álcool para a mesma faixa etária, de 5,2%. Entre aqueles com idade entre 18-24
anos, o uso na vida ocorreu para 73,2%, sendo a dependência divulgada para
15,5% deles. Destacou-se a região Nordeste, liderando a prevalência com um total
de 9,3% de dependência para a faixa de 12-17 anos e de 20,5% para a faixa de 18-
24 anos (CARLINI et al, 2002).
Neste mesmo estudo, a média de idade de iniciação do consumo de bebidas
alcoólicas foi de 12,5 anos. A prevalência do consumo freqüente de bebidas foi de
11,7%, com destaque para Porto Alegre (14,8%). O consumo pesado divulgado para
as 107 cidades pesquisadas foi de 6,7%, com destaque para Salvador (8,8%). Foi
divulgado ainda uma prevalência de dependência alcoólica de 11,2% para a
população brasileira em geral, sendo que a prevalência da dependência situou-se na
faixa etária de 18 a 24 anos (CARLINI et al, 2002).
34
O II Levantamento Domiciliar sobre Uso de Drogas Psicotrópicas no Brasil
indicou uma prevalência de dependência de bebidas alcoólicas de 12,3% entre
indivíduos com idade entre 12 e 65 anos, sendo de 19,5% entre homens e de 6,9%
entre mulheres. Para a população geral brasileira, observou-se que tais prevalências
foram mais elevadas do que as verificadas no I Levantamento Domiciliar em 2002.
Também pôde ser observado um aumento do consumo de álcool em faixas etárias
mais precoces. Em 2001, o número de dependentes na faixa de 12 a 17 anos foi de
5,2%, sendo de 7% em 2005 (GALDURÓZ, 2005 b).
O último levantamento também divulgou que o maior número de dependentes
de bebidas alcoólicas continua sendo do sexo masculino, na faixa etária entre 18 e
24 anos. O número de pessoas que procuraram tratamento reduziu de 4% em 2001
para 2,9% em 2005. O uso na vida de álcool, nas 108 maiores cidades do País, foi
de 74,6%, porcentagem superior àquela encontrada no I Levantamento (68,7%). O
maior uso na vida de bebidas alcoólicas foi verificado na região Sudeste (80,4%)
(GALDURÓZ, 2005 b).
Ainda sobre estudos de corte transversal, outra pesquisa que objetivou avaliar
o consumo de SPAs entre 1.041 escolares de um município do Estado de São
Paulo, encontrou prevalência de 77% para o consumo na vida de álcool. Tal
prevalência também foi maior entre escolares do sexo masculino (SILVA et al,
2006). Trois (1997), ao estudar o alto risco para o desenvolvimento de alcoolismo
entre estudantes de segundo grau da cidade de Porto Alegre, através da aplicação
do instrumento de coleta CAGE, encontrou uma positividade de 8,3%.
Um elemento de destaque diz respeito à complexidade associada ao
diagnóstico do abuso de álcool. Para Rosa e outros (1998), apesar do abuso de
bebidas alcoólicas (13%) e da presença de doenças associadas ao mesmo (27%),
serem condições prevalentes nos pacientes admitidos em um determinado hospital,
mais da metade dos casos não foram detectados pela equipe de saúde.
Sendo assim, pode-se afirmar que existem falhas na percepção do abuso de
álcool pelos profissionais de saúde, os quais deixam de reconhecer a associação
entre problemas clínicos comuns e o uso excessivo de bebidas alcoólicas, inclusive
entre os adolescentes.
Ainda sobre o consumo de bebidas alcoólicas, um estudo realizado com 521
estudantes da Universidade Federal do Amazonas, concluiu que 47,8% deles
relataram haver tomado bebidas alcoólicas até a embriaguez em algum momento da
35
vida; sendo o “uso na vida” relatado por 87,7% deles. O principal motivo mencionado
para o uso das substancias foi a curiosidade. Entre os eventos ocorridos após a
ingestão de bebidas alcoólicas, os autores destacaram o envolvimento em brigas
(4,7%), acidentes (2,4%), faltam à escola (33,7%), falta ao trabalho (11,8%) e
condução de veículos (47,3%) segundo (LUCAS et al, 2006).
No que se refere especificamente às conseqüências do uso e abuso de SPAs,
um estudo realizado por Barros, Ximenes e Lima (2001) em Recife, no período
compreendido entre 1979 a 1995, investigou-se os coeficientes de mortalidade por
causas externas, os quais mostraram crescimento, sobretudo por homicídios nos
adolescentes.
Tais informações revelam a magnitude do problema do abuso de bebidas
alcoólicas e demais SPAs, a necessidade do seu enfrentamento, considerando
inclusive sua interferência nas situações de violência.
Nesse sentido, as altas prevalências de consumo de álcool e alcoolismo que
vêm sendo divulgadas, juntamente com os fatores sócio-demográficos e familiares
epidemiologicamente associados (SOUZA; ARECO; SILVEIRA-FILHO, 2005),
sinalizam para a relevância da temática e para a necessidade de maior aproximação
com realidades específicas.
3.4 Fatores associados ao consumo de
bebidas alcoólicas pelos
a
dolescentes
De acordo com Tavares, Béria e Lima (2004), os fatores associados ao
consumo SPAs no Brasil ainda são pouco estudados. Além disso, estudos
realizados por Muza e outros (1997) e Tavares, Béria e Lima (2001) têm destacado
a importância de se considerar os fatores sócio-demográficos associados.
Sabe-se que o conhecimento dos fatores associados ao consumo de álcool
pelos adolescentes, tais como, a influência do contexto social nos níveis de
prevalência, podem fornecer informações úteis para uma compreensão integral dos
comportamentos adotados por esta população (MUZA et al, 1997).
Souza, Areco e Silveira Fillho (2005), afirmam que o consumo de álcool pode
apresentar-se associado com o estilo de vida adotado pelo indivíduo. Pode ainda
36
associar-se com elevados níveis de estresse, ansiedade, baixa auto-estima,
sentimentos depressivos, susceptibilidade à pressão dos pares e problemas
relacionados à escola (MASUR; MONTEIRO, 1983; CARDENAL; NEBOT, 2000).
De acordo com Souza, Areco e Silveira Filho (2005), ao pesquisarem 2718
adolescentes escolares trabalhadores e não-trabalhadores de Cuiabá, MT, a
prevalência encontrada para o consumo de álcool foi de 71,3%; sendo de 13,4%
para o alcoolismo. Com relação à média de idade de iniciação do uso, divulgou-se
13,09 anos (DP=2,66) entre os adolescentes trabalhadores e 12,43 anos (DP=2,62)
entre os não-trabalhadores. Para os mesmos autores, o alcoolismo esteve ao sexo
masculino (OR 1,61) e história de álcool na família, tanto entre os o-trabalhadores
(OR 2,19) quanto entre trabalhadores (OR 2,10).
Outro estudo realizado por Soldera e outros (2004 b), com escolares de
ensino fundamental e médio, público e privado de Campinas, encontrou uma
prevalência de uso pesado de álcool de 11,9%. Como fatores associados a este uso
foram divulgados: trabalhar (OR 2,53), estudar em período noturno (OR 2,2), possuir
educação pouco religiosa na infância (OR 1,67), sentir-se pouco apoiado pela família
(OR 2,66), dentre outros.
Um estudo com as mesmas características epidemiológicas foi executado por
Cardenal e Nebot (2000) com 2140 escolares espanhóis. Para os referidos autores,
os principais fatores associados ao consumo de álcool pelos adolescentes foram:
possuir amigos bebedores (OR 3.1), ser fumante regular (OR 2.5), ser maior de 15
anos (OR 1.6) e do sexo masculino (OR 1.6).
De maneira geral, existem associações entre características familiares e o uso
de SPAs. Para Tavares, Béria e Lima (2004), a família desempenha um papel
importante enquanto agente socializador da vida do indivíduo. De acordo com
Camargo e outros (2002), a família apresenta-se como o núcleo de base para a
formação da criança, na qual a mesma deveria servir-se da proteção e do
acolhimento necessário para seu desenvolvimento físico, mental e espiritual.
Conforme afirmam Soldera e outros (2004 a), o ambiente e a estrutura familiar
atuariam como fatores de proteção para o uso de SPAs. De outra forma, o consumo
de tais substâncias pelos pais, é visto como um incentivador ou despertador de
curiosidade por parte dos filhos (SANCHEZ; OLIVEIRA; NAPPO, 2005).
Em um estudo realizado por Fonseca (1997), o qual buscou investigar a
representação da família pelo usuário de drogas, constatou que as mesmas
37
apareceram tanto como causa, quanto como efeito de cisão da unidade familiar.
Para a mesma autora, quando ocorre perda da segurança familiar e do
reconhecimento social, os jovens poderiam se mostrar fragilizados, passando a
serem influenciados por outros grupos.
Kessler e outros (2003) ao revisarem as pesquisas epidemiológicas
relacionadas aos fatores de proteção e de risco para o uso de drogas entre os
jovens, concluíram que fracassos pessoais e familiares, além de eventos estressores
durante a vida, mostraram-se associados ao uso de drogas.
Outros estudos têm demonstrado resultados ambíguos em relação à auto-
estima e referências positivas dos adolescentes no seu próprio grupo social. Se por
um lado, adolescentes com elevada auto-estima tendem a acreditar na própria
competência, lidar com desafios, conseguindo maior adaptação às situações
negativas; por outro lado, os que apresentam baixa auto-estima são mais sensíveis
às críticas dirigidas, manifestando sentimentos de inferioridade, isolamento e
insegurança. Estes últimos possuem a vulnerabilidade como característica marcante
(ASSIS et al, 2003).
O V Levantamento Nacional sobre o consumo de SPAs entre estudantes das
27 capitais brasileiras divulgou maior prevalência de consumo pesado de bebidas
alcoólicas entre os adolescentes nordestinos trabalhadores com carteira assinada,
sem prática religiosa, que afirmaram relacionamento ruim com os pais, com as mães
ou relacionamento ruim entre os pais, (GALDURÓZ et al, 2004).
Entre os adolescentes de Feira de Santana, Ba, alguns resultados produzidos
pela dissertação intitulada “Consumo de álcool, tabaco e outras substâncias
psicoativas entre adolescentes de Feira de Santana, Bahia, 2004”, de Alves (2004),
corroboram para a reflexão acerca das possíveis conseqüências decorrentes do
consumo de bebidas alcoólicas.
Sabe-se que o conhecimento sobre o uso na vida de bebidas alcoólicas é
importante para demonstrar o quanto o álcool permeia a vida dos adolescentes,
sendo que as informações sobre uso pesado e freqüente, podem subsidiar
programas de prevenção secundária ao uso de drogas, fato que somado ao
conhecimento da realidade do uso em regiões específicas, conforme objetiva este
estudo em particular, possibilita saber para quais drogas a prevenção deve ser
enfatizada (GALDURÓZ et al, 2004).
38
No que se refere ao uso de álcool em específico, os dados coletados em
Feira de Santana, demonstraram que 57% dos estudantes relataram terem feito
seu uso; 53,2% referiram uso no ano; 29,3%, uso no mês; 13%, uso freqüente e
4,5%, uso pesado. A faixa etária de experimentação se deu em 47% dos casos,
entre os 10 e 14 anos, tendo como companheiros de experimentação, em sua
maioria, amigos (54,3%) e a figura paterna (6,5%) (ALVES, 2004; ALVES et al.
2005; COSTA et al, 2007).
Do total daqueles que afirmaram consumir bebias alcoólicas em Feira de
Santana, 27,7% relataram episódios de embriaguez; 2,9%, o consumo de outra SPA
e 2.9% faltaram a escola ou o trabalho. No que diz respeito à interferência do uso de
bebidas alcoólicas durante a relação sexual, 34,5% referiram ter transado com
alguém que pouco conhecia; 17,7% relataram ter esquecido de usar preservativo
durante a relação sexual e 6,2% afirmaram ter transado por dinheiro ou droga
(ALVES, 2004; ALVES et al. 2005; COSTA et al, 2007).
Este mesmo estudo apontou que 24% dos estudantes pesquisados relataram
possuir familiar com problemas de uso/abuso de álcool, sendo que em 50,7% dos
casos, o familiar identificado foi o pai. Além disso, 34,3% dos adolescentes
afirmaram possui familiar fumante, sendo o pai, em 34,3% e a mãe, em 38,3% dos
casos (ALVES, 2004; ALVES et al. 2005; COSTA et al, 2007).
Em outro estudo realizado pelo Núcleo de Pesquisas em Atenção ao Uso de
Drogas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (NEPAD/UERJ), foi constatado
que 77% dos estudantes, com idade entre 10 e 20 anos, referiram ter experimentado
bebida alcoólica, percentual maior do que todas as outras drogas somadas
(CALDEIRA, 1999), elemento que chama a atenção para o destaque que o álcool
possui no padrão de consumo de drogas entre os jovens.
Outra pesquisa sobre os fatores do risco para o consumo de tabaco e bebidas
alcoólicas em crianças e adolescentes, utilizando uma amostra de 100 famílias,
constatou que 51% dos pais possuíam nível educacional baixo, 54% possuíam
salário inferior ao básico e 61% faziam uso de bebidas alcoólicas (RUIZ; ANDRADE,
2005).
De acordo com Tavares, ria e Lima (2004), após estudarem 2.410
estudantes gaúchos, divulgaram prevalência do uso de SPAs (exceto álcool e
tabaco) no último ano de 17,1%. Após o controle para fatores de confusão,
permaneceu a associação entre uso de drogas e separação dos pais (RP=1,46; IC
39
95%: 1,18-1,80), relacionamento ruim ou péssimo com o pai (RP=1,67; IC 95%:
1,17-2,38), relacionamento ruim ou péssimo com a mãe (RP=2,71; IC 95%: 1,64-
4,48), ter pai liberal (RP=1,36; IC 95%: 1,08-1,72), presença em casa de familiar
usuário de drogas (RP=1,61; IC 95%: 1,17-2,18), ter sofrido maus tratos (RP=1,62;
IC 95%: 1,27-2,07), ter sido assaltado ou roubado no ano anterior (RP=1,38; IC 95%:
1,09-1,76) e ausência de prática religiosa (RP=1,31; IC 95%: 1,07-1,59).
Como fatores de proteção para o consumo de SPAs, Caldeira (1999)
destacou a auto-estima, as relações interpessoais efetivas, a harmonização da vida
e as perspectivas de futuro, o papel desempenhado pela família, escola, local de
habitação, redes sociais e leis.
Schenker e Minayo (2003), ao discutirem os programas de prevenção de uso
de drogas, inferem sobre a relevância da orientação destinada aos familiares. Uma
vez demonstrada a associação entre diversas características familiares e o abuso de
drogas, pode-se considerar que a família desempenha importante papel na vida dos
adolescentes. Outros autores sinalizam para a importância do direcionamento de
ações preventivas voltadas para as famílias, em especial para as que apresentem
situações de risco para a problemática das drogas (TAVARES; BÉRIA; LIMA, 2004).
Por apresentarem-se cada vez mais prevalentes, o uso e abuso de SPAs,
incluindo as bebidas alcoólicas, despertam o interesse de pesquisadores para os
diversos desdobramentos relacionados a esta problemática, incluído a relação
existente entre o padrão individual de uso da substância e sua relação com o
ambiente familiar (KESSLER et al, 2003). Nesse mesmo sentido, Vargas e Nunes
(1993), mais de uma cada passada, chamavam a atenção para as
potencialidades inerentes à família enquanto um instrumento de controle social
informal na prevenção do abuso de SPAs por adolescentes.
Para tais autores, os membros da família, ao serem considerados
representantes culturais dos adolescentes, fornecem os reforços necessários para a
sua aprendizagem social. Nesse contexto, influenciam valores morais e padrões de
diversão, prazer, medo, dentre outros; os quais serão mesclados aos padrões
encontrados nas interações sociais (VARGAS; NUNES 1993).
Percebe-se então que os aspectos epidemiológicos referentes ao abuso de
bebidas alcoólicas podem aproximar-se da compreensão desta problemática.
Entretanto, a não consideração de determinantes sociais, tais como condições de
vida podem comprometer o seu real entendimento, bem como, inviabilizar possíveis
40
alternativas de sua prevenção na sociedade. Nesse sentido, espera-se que o
conhecimento dos fatores associados ao consumo de álcool pelos adolescentes
possam contribuir para a implementação de ações educativas voltadas para os
próprios adolescentes, as famílias e as instituições de ensino.
3.5 Estratégias Públicas Voltadas para a Abordagem do Consumo de SPAs : O
Consumo de Bebidas Alcoólicas na Adolescência
Para Tancredi (1982), os países subdesenvolvidos, além de conviverem com a
elevada freqüência das doenças infecto-contagiosas, mortes prematuras e
desnutrição, que contribuem para a limitação da expectativa de vida, ainda precisam
defrontar-se com as “doenças decorrentes da civilização”, as quais incluem o
universo do consumo de SPAs. Torna-se tarefa complexa, portanto, o
estabelecimento das prioridades de planejamento, gestão, bem como, execução das
ações em saúde.
Um outro agravante, de acordo com Noto e Galduróz (1999), diz respeito à
falta de tradição das intervenções preventivas voltadas para as SPAs no Brasil. Para
os autores merece destaque o enfoque repressivo da temática, o qual necessita ser
substituído por medidas preventivas complementares e mais efetivas.
Associa-se ainda o intenso conteúdo emocional relacionado à temática das
SPAs e ao forte apelo da mídia, os quais atuam como dificultadores da efetivação de
uma “política unificada de drogas”, uma vez que não existindo a ausência de SPAs
na história das sociedades, os esforços devem ser somados no sentido de minimizar
os danos decorrentes do seu abuso (NOTO; GALDURÓZ, 1999).
Para tanto, o diagnóstico e tratamento precoces do uso abusivo de SPAs têm
papel fundamental no prognóstico destes transtornos, o que se amplia em uma
perspectiva global de prevenção e promoção da saúde, e se agrava ao se constatar
que, de uma forma geral, um despreparo significativo das pessoas que lidam
diretamente com o problema, sejam elas, usuários, familiares, professores ou
profissionais de saúde.
De maneira geral, as bebidas alcoólicas são permitidas pela legislação
brasileira apenas para maiores de 18 anos, desde que não estejam na condução de
41
veículos automotores, conforme regulamentações do Estatuto da Criança e do
Adolescente e do Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1990; BRASIL 1997).
No entanto, apesar do apelo legislativo, a sociedade brasileira é permissiva
ao consumo de álcool por jovens, nos diversos ambientes, sejam eles públicos ou
particulares. O que se percebe, entretanto, é um movimento das instituições
publicitárias em defesa do consumo responsável do álcool, apesar das dificuldades
relacionadas à diferenciação entre consumo normal e consumo abusivo
(PECHANSKY; SZOBOT; SCIVOLETTO, 2004).
A Política do Ministério da Saúde para atenção integral a usuários de álcool e
outras drogas, propõe uma ação conjunta com o Ministério de Educação, sugerindo
modificação no currículo dos cursos de graduação na área de saúde, exigindo a
abordagem dos problemas relacionados à esta temática. No que se refere ao plano
da assistência, pode-se defender seu oferecimento em todos os níveis de atenção,
privilegiando os cuidados em dispositivos extra-hospitalares (BRASIL, 2003).
No âmbito da prevenção, é defendido que existam estratégias permanentes,
ao invés de iniciativas pontuais e esporádicas como campanhas, por exemplo.
Nesse sentido, a educação apresenta-se como uma estratégia valiosa no combate
ao fenômeno da dependência química. Segundo o Ministério da Saúde, “(...) educar
a população é fundamental, pois promove a redução dos obstáculos relativos ao
tratamento e à atenção integral voltada para os consumidores de álcool (...)”
(BRASIL, 2003, p.20).
Considerando que a adolescência é um período da vida que merece atenção
e cuidado, principalmente dos pais, educadores e profissionais de saúde, Assis e
outros (2003) afirmam a necessidade de estratégias de promoção da saúde,
prevenção e atenção dos agravos à saúde desta população em específico. Esta
visão defende que programas de prevenção de comportamentos de risco derivem de
trabalhos sobre auto-estima e construção da identidade do adolescente, de modo a
priorizar atributos individuais, dentre outros (ASSIS et al. 2003).
Para Estefenon e Moura (2002), antes que seja estabelecido o tratamento
como forma de intervenção do abuso de álcool e outras SPAs, é recomendado que
se determine o nível do conhecimento e o grau de interesse do indivíduo sobre o
tema, de modo que as reais necessidades sejam alcançadas.
Para os autores, os objetivos gerais da prevenção do abuso de álcool devem
estar dirigidos para a redução dos fatores de risco associados com a vulnerabilidade
42
do adolescente. Como objetivos específicos são destacados o estímulo à auto-
compreensão, auto-estima, auto-confiança e auto-determinação. Além destes,
considera-se também a busca pelo desenvolvimento de multiplicadores de modo a
instituir e aperfeiçoar métodos de prevenção integrados com as comunidades e a
cultura popular (ESTEFENON; MOURA, 2002).
Entre os dispositivos públicos existentes, menciona-se: a Política ou
Estratégia de Redução de Danos, os Centros de Atenção Psicossocial a usuários de
álcool e outras drogas (CAPSad), o Programa de Agentes Comunitários de Saúde e
o Programa Saúde da Família (PACS/PSF), a Rede Básica de Saúde existente,
além dos Conselhos Tutelares.
No que se refere às estratégias de Redução de Danos, reconhece-se o
consumo de álcool como uma realidade social. Sendo assim, as ações recomendam
o respeito às singularidades de cada usuário, objetivando a redução dos efeitos
negativos dos padrões de consumo (NOTO; GALDURÓZ, 1999; ANDRADE, 2007).
Sobre a influência da estratégia de redução de danos, Andrade (2007),
defende uma visão social realista das SPAs, na qual sejam divulgadas e fortalecidas
para os jovens, informações concretas e científicas sobre o tema. Dessa forma, de
maneira autônoma, os adolescentes poderiam assumir comportamentos de
prevenção mais efetivos.
Ainda sobre tal temática, vem sendo discutida a alteração na legislação que
trata de SPAs. A atual lei nº 11.343 de 2006, aprovada recentemente e substitutiva
da lei 6368 de 1976, destaca como grande objetivo, em debate ainda, a
descriminalização do consumidor de drogas (BRASIL, 2006).
Em seu Art. 28 a disposição de que cabe ao juiz, determinar ao poder
público, que disponha ao infrator, estabelecimentos de saúde, preferencialmente
ambulatoriais (BRASIL, 2006). Tal fato provoca uma reflexão a respeito da
capacidade atual do Sistema Único de Saúde em disponibilizar serviços
especializados à demanda de usuários que o necessitem.
No que diz respeito às iniciativas relacionadas à produção científica acerca
desta temática pode-se elencar alguns destaques, tais como:
A implementação do Conselho Nacional Antidrogas e consequentemente da
Secretaria Nacional Antidrogas (1988), a regulamentação do Sistema Nacional
Antidrogas (2000), a aprovação da Política Nacional Antidrogas (2001), a
inauguração do Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (2002) e a
43
realização do I Levantamento Domiciliar sobre Drogas Psicotrópicas no Brasil
(CARLINI et al, 2002), marco na iniciativa de disponibilização de recursos financeiros
para a realização de estudos epidemiológicos sobre SPAs pelo Ministério da Saúde.
Finalmente, é importante retomar a concepção de adolescência e juventude
enquanto ponto forte da sociedade, seja pelos comportamentos desafiadores, pelo
potencial em fazer críticas diante da ordem vigente ou pelas manifestações culturais
as quais propiciam, em uma instância maior, a transformação social.
M
M
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44
4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Caracterização do Estudo
Este estudo utilizou informações coletadas na pesquisa “Consumo de álcool,
tabaco e outras substâncias psicoativas entre adolescentes de Feira de Santana,
Bahia” (ALVES, 2004), realizada pelo Núcleo de Estudos e Pesquisa da
Adolescência (NNEPA) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) em
2004, sob coordenação da Professora Dra. Maria Conceição Oliveira Costa.
4.2 Desenho do Estudo
Trata-se de um estudo de corte transversal sobre fatores associados ao
consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas pelos adolescentes do município
de Feira de Santana, Bahia.
Este desenho de estudo é de baixo custo e adequado aos objetivos propostos
por descrever eventos e detectar grupos vulneráveis para agravos freqüentes, de
longa duração e de início mal definido, tal como se apresenta a problemática do
abuso de SPAs. Entretanto, apresenta limites quanto à questão da causalidade
reversa, uma vez que o fornece informações sobre a relação cronológica entre os
eventos (PEREIRA,1995; KELSEY; THOMPSON; EVANS, 1986) embora permita
calcular a associação entre exposição e efeito na população, em um particular
momento (prevalência).
No caso deste tema específico, os dados a serem analisados, já se revelaram
adequados quanto à descrição de aspectos relacionados ao uso de bebidas
alcoólicas pelos adolescentes (ALVES, 2004; ALVES et al, 2005; COSTA et al,
2007).
No entanto, ainda não haviam sido investigados os fatores pessoais,
familiares, interpessoais e sócio-ambientais associados ao consumo
freqüente/pesado de bebidas alcoólicas, nem estimadas as prevalências da
45
experimentação e do consumo regular de bebidas alcoólicas entre os adolescentes,
segundo variáveis sócio-demográficas, familiares e interpessoais e sócio-ambientais.
4.3 Local do Estudo
Este estudo foi realizado com dados coletados no município de Feira de
Santana, Bahia, considerada a segunda maior cidade do Estado e o maior
entroncamento rodoviário das regiões Norte e Nordeste (FIGURA 1).
Fonte:
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA, 2007.
Figura 1 Local do estudo
Feira de Santana é situada a 110 km da capital do Estado da Bahia, Salvador.
Possui uma área territorial de 1.363 km²,
população estimada em 571.997
habitantes
para o ano de 2007, sendo que os adolescentes totalizam 66.085 habitantes
(INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2007).
Apresenta-se como um importante pólo econômico da indústria, pecuária e do
comércio. Localiza-se na planície do recôncavo com clima semi-árido e apresenta
46
um grande fluxo migratório de regiões mais próximas para o município, situação
facilitada pela sua localização geográfica enquanto eixo rodoviário (INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2007).
Na Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) encontra-se o Núcleo
de Estudos e Pesquisa em Infância e Adolescência (NNEPA) que, dentre outras
abordagens, desenvolve o projeto intitulado: Saúde integral e prevenção de riscos
na adolescência e juventude. O projeto mencionado é composto por 03 outros
subprojetos, dentre eles o que se propõe a investigar o Uso/Abuso de álcool, fumo e
substâncias psicoativas entre adolescentes de Feira de Santana – Ba.
O NNEPA tem como principais objetivos fortalecer a graduação e a pós-
graduação na UEFS, orientar alunos de iniciação científica e de mestrado, bem
como, contribuir com a melhoria da atenção dispensada à saúde de crianças,
adolescentes e jovens; pesquisando as situações de risco a que estes grupos
etários encontram-se expostos, visando assim a implantação e implementação de
ações voltadas para esta população, nas áreas de educação, saúde e ação social
em Feira de Santana e Municípios do Semi-Árido Baiano (NÚCLEO DE ESTUDOS E
PESQUISA EM INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA, 2007).
4.4 População do Estudo e Período de Referência
Os sujeitos da pesquisa foram adolescentes com faixa etária entre 14 e 19
anos, matriculados em 98 escolas públicas estaduais e urbanas do município, no
ano de 2004, perfazendo um total de 94.572 alunos matriculados no ensino
fundamental e médio segundo banco de dados (ALVES, 2004).
Foram selecionadas 10 escolas do universo de 35 delas (30% do total), a
partir da classificação adotada pela Secretaria de Educação do Estado da Bahia,
resultando em 01 escola de pequeno porte, 03 de médio porte, 04 de grande porte e
02 de porte especial.
A faixa etária escolhida, de maioria situada nas fases de adolescência
intermediária e tardia, justificou-se por uma maior compreensão e participação
efetiva na pesquisa.
47
4.4.1 Critérios de elegibilidade
Foram considerados como expostos, os questionários respondidos pelos
adolescentes que referiram consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas
(consumo em pelo menos todo final de semana) e como não expostos foram
considerados os questionários que faziam referência à experimentação ou padrão
de consumo regular menor do que em todo final de semana.
4.4.2 Critérios de exclusão
Foram desconsiderados da coleta de dados os questionários de alunos que
afirmaram nenhum padrão de consumo de bebidas alcoólicas em 2004.
4.5 Amostragem e Cálculo da Amostra do Estudo Original
O lculo amostral que gerou o banco de dados foi do tipo probabilístico
aleatório estratificado (escolas agrupadas pelo porte), por conglomerado (visando a
racionalidade prática e financeira do trabalho de campo).
O mesmo foi realizado por estágios múltiplos (construção da amostra em
etapas sucessivas, visando obter as escolas e, em seguida, as classes que
compuseram o estudo), de modo a buscar a homogeneização da probabilidade de
participação no estudo (FONSECA; MARTINS, 1987), considerando as variações
individuais (PEREIRA, 1995).
Para tanto, foi selecionada uma amostra representativa da população de
adolescentes de escolas públicas estaduais de Feira de Santana-BA. Para o cálculo
foi assumida uma proporção de 10%, como referência para a prevalência estimada
de consumo de SPAs na população em estudo, erro amostral de 3%, com 95% de
confiança (ALVES, 2004)
A partir desses parâmetros chegou-se a uma amostra de 900 adolescentes.
Admitindo-se recusas e perdas em torno de 20%, chegou-se a um valor inicial de
1.100. Para correção do cálculo estatístico de ponderação da amostra, definiu-se um
n amostral de 1409 adolescentes (FIGURA 2).
48
Figura 2 Cálculo da amostra
POPULAÇÃO
CÁLCULO DA
AMOSTRA
Prevalência 10%
Erro Amostral 2%
Intervalo de Confiança 95%
900
1100
1409
+ perda de 20%
Correção do cálculo estatístico
para ponderação da amostra
49
4.6 Fonte de Dados e Instrumento de Coleta
4.6.1 Instrumento Original
A pesquisa original foi composta por dados coletados através da aplicação de
um instrumento de coleta (ANEXO A), do tipo questionário específico, auto-aplicável
e não-identificado, estruturado em partes, de modo a abordar informações
individuais e relacionadas às famílias dos adolescentes.
O referido instrumento foi construído com base na experiência do Centro de
Estudos e Terapia ao abuso de drogas - CETAD/UFBA a partir de recomendações
da OMS e de instrumentos utilizados em estudos nacionais (COSTA et al, 2007). Foi
testado previamente e adaptado utilizando linguagem adequada.
Contém 44 questões objetivas e 1 descritiva e apresenta-se dividido em 5
partes, as quais compreendem questões sócio-demográficas, relacionadas às
informações dos adolescentes sobre as SPAs, relacionadas ao uso e abuso de
álcool, tabaco, anabolizantes e outras SPAs.
Para a aplicação do instrumento de coleta dos dados algumas as seguintes
etapas se sucederam: discussão dos aspectos metodológicos e operacionais da
coleta dos dados com profissionais do Centro de Estudos e Terapia ao Abuso de
Drogas (CETAD-UFBA), elaboração de um manual do pesquisador, treinamento das
equipes, preparo das escolas e elaboração de um plano de trabalho para a coleta e
explicação da importância da pesquisa para os adolescentes (ALVES, 2004).
Além disso, foi garantido o respeito ao livre arbítrio para a participação no
estudo, garantia do anonimato dos sujeitos da pesquisa, ausência do professor no
momento da coleta; arrumação das carteiras de maneira eqüidistante, manutenção
de certa distância física entre o pesquisador e o aluno com objetivo de não
influenciar nas respostas concedidas e deposição dos questionários pelos próprios
sujeitos da pesquisa em uma caixa-urna laçada e codificada (ALVES, 2004). Os
elementos destacados corroboram para a garantia do anonimato e busca de
padronização na coleta, o que confere maior confiabilidade dos resultados.
50
4.6.2 Instrumento Atual
Para o banco de dados desta pesquisa foram utilizadas as seguintes
questões do instrumento de coleta adaptado (APÊNDICE A):
1 Parte I (informações sócio-demográficas, familiares e interpessoais, e
sócio-ambientais do adolescente): questões de 01 a 11;
2 Parte II (informações sobre SPAs): questões de 12 a 15;
3 Parte III (coabitação com pessoa com problemas com bebidas alcoólicas,
padrão de experimentação e consumo regular, situações de iniciação,
motivação, tipo de bebida, conseqüências do consumo): questões de 16 a
24;
4 Parte V (coabitação com pessoa com problemas com outras SPAs):
questão 32
4.7 Variáveis do Estudo Atual
4.7.1 Variável principal: consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas pelos
adolescentes.
De acordo com o instrumento de coleta dos dados (ANEXO A) o uso de
bebidas alcoólicas foi considerado como: em menos de 01 vez no mês; de 01 a 03
vezes por mês; em todo fim de semana; mais do que em todo fim de semana.
Para a OMS, as categorias que caracterizam o consumo freqüente e pesado
de bebidas alcoólicas são: uso maior ou igual a seis vezes nos 30 dias anteriores à
pesquisa e uso maior ou igual a 20 vezes nos trinta dias anteriores à pesquisa,
respectivamente (OMS, 1981).
Com finalidade de aproximação entre as categorias da OMS e do instrumento
de coleta em anexo (ANEXO A), foram considerados como consumidores
freqüente/pesados neste estudo, aqueles que referiram o consumo em pelo menos
todo final de semana.
51
4.7.2 Co-Variáveis
Co-variáveis Pessoais e Características de Experimentação/Consumo
Regular de Bebidas Alcoólicas:
Faixa Etária: 14-16; 17-19.
Série escolar: 1º ano, 2º ano, 3º ano e/ou aceleração.
Sexo: masculino; feminino.
Idade de iniciação do consumo: menor de 13; 14-15; 16-17; 18 anos.
Iniciação do consumo: pai e mãe, pai, mãe, irmãos, outros familiares,
outros.
O uso de bebida alcoólica interfere na relação sexual: sim, não.
Caracterização da interferência na relação sexual: transa com alguém
que pouco conhece, transa por dinheiro ou droga, esquece de usar a
camisinha, em dificuldade para colocar a camisinha.
Considera-se bem informado sobre drogas: sim, não.
Renda própria: trabalha; recebe dos pais ou de parentes; recebe de
outras pessoas; recebe de outras maneiras.
Co-variáveis Familiares e Características Interpessoais:
Problemas com consumo de bebidas alcoólicas na família: sim, não.
Problemas com outras SPAs na família: sim, não.
Ocupação dos pais e/ou outros responsáveis: trabalha,
aposentado/pensionista, desempregado, recebe ajuda de outras
pessoas
Escolaridade do pai: estudou; não estudou; não sabe informar.
Escolaridade da mãe: estudou; não estudou; não sabe informar.
Coabitação atual: pai, mãe e irmãos; pai e mãe; mãe e irmãos; pai e
irmãos; mãe; pai; avós, tios ou outros parentes; com companheiro,
sozinho, com outras pessoas.
Co-variáveis Sócio-Ambientais:
Presença de pessoas alcoolizadas ou sob efeito de outras SPAs no
bairro: sim ou não.
52
Exposição à situação de violência no bairro: assaltos, roubos,
assassinatos, estupros, tráfico de drogas.
Local de consumo de bebidas alcoólicas: em casa; na casa de amigos;
nas proximidades da escola; em bares, danceterias e boates; em
festas, outros.
Realização de atividades educativas sobre SPAs na escola: sim ou
não.
Impacto das atividades realizadas: acrescenta muito; acrescenta
pouco; não acrescenta nada aos conhecimentos.
4.7.3 Outras variáveis
Fonte de informações sobre SPAs: meios de comunicação (televisão, rádio,
revistas/jornais), amigos, família, igreja; escola, cursos e palestras; outros
meios.
Tipo de bebida alcoólica mais utilizada pelos adolescentes: cerveja, vinho,
destilados, outros.
Motivações para a experimentação/consumo regular de bebidas alcoólicas:
curiosidade; prazer; diminuir a timidez; ficar animado; diminuir a angústia ou
ansiedade; para ser aceito; outros motivos.
Comportamento assumido após a experimentação/consumo regular de
bebidas alcoólicas: ficou bêbado; brigou ou discutiu com alguém; sofreu ou
provocou acidentes; faltou a escola ou o trabalho; usou outro tipo de SPA,
outras situações, nenhuma situação.
Coabitação na maior parte da vida: pai e mãe, mãe, pai, outros parentes,
outras pessoas.
Infra-estrutura do bairro: existência de áreas de lazer (quadra/campo de
futebol, praça), escolas, igrejas, posto policial e posto de saúde.
53
4.8 Processamento e Validação do Banco de Dados sobre Uso de Bebidas
Alcoólicas
Os dados foram processados e classificados utilizando o software SPSS 9.0
for Windows - Statitical Package for Social Science (STATISTICAL PACKAGE FOR
SOCIAL SCIENCE, 1996). Adicionalmente foi realizada a limpeza dos dados, com o
objetivo de assegurar a confiabilidade no processamento das informações contidas
nos questionários.
Esta etapa envolveu uma série de procedimentos, tais como:
1 Revisão dos instrumentos de coleta dos dados com o objetivo de incluir
apenas os questionários que continham registro de experimentação ou
consumo regular de bebidas alcoólicas no período avaliado;
2 Elaboração de um manual de digitação com o objetivo de padronizar as
entradas no banco de dados pelos digitadores (APÊNDICE B);
3 Comparação entre o banco de dados atual e o banco de dados
originalmente digitado no ano de 2004, através do procedimento de
validação com a utilização do Epi Info versão 6.0 (CENTER OF DISEASE,
CONTROL AND PREVENTION, 1996);
4 Comparação entre as entradas de variáveis nos dois bancos com as
informações contidas nos respectivos questionários;
5 Correção de erros de digitação nos bancos de dados.
4.9 Análise dos Dados
O banco de dados foi construído utilizando-se o software SPSS 9.0 for Windows
e os dados encontram-se processados e apresentados na forma de tabelas e
gráficos.
A análise foi realizada em três etapas:
1 Análise descritiva: Descrição das variáveis e cálculo das freqüências
relativas com o objetivo de caracterizar a população em estudo;
54
2 Análise bivariada: Avaliação de possíveis medidas de associação (Razão
de Prevalência) entre variáveis de interesse (sócio-demográficas,
familiares, interpessoais e sócio-ambientais e o consumo
freqüente/pesado de bebidas alcoólicas pelos adolescentes) através do
teste qui-quadrado, assumindo um erro de 0,05 (5%), intervalo de
confiança de 95% e p-valor < 0,05, para associação estatisticamente
significante;
3 Análise estratificada: As RPs brutas foram submetidas à análise
estratificada por faixa etária, sexo, idade de iniciação da
experimentação/consumo, trabalho para geração de renda própria e
presença de familiar com problemas com bebidas alcoólicas.
4.10 Aspectos Éticos
A presente pesquisa utiliza-se de dados coletados e armazenados em um
banco do NNEPA/UEFS. Nesse sentido, apresenta-se como um subprojeto de um
Projeto Integrado de Extensão e Pesquisa: Saúde Integral e Prevenção de Riscos na
Adolescência e Juventude.
O referido projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa
da UEFS com registro conforme Protocolo n
o
006/2002 (ANEXO B) de acordo com
os trâmites previstos pelo Conselho Superior de Ensino, Pesquisas e Extensão
(CONSEPE) e com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL,
1996). Para que fosse realizado este estudo, foi solicitada à coordenação do
NNEPA, autorização para a utilização do banco de dados (APÊNDICE C).
Com o objetivo de socializar os achados desta pesquisa, serão encaminhados
relatórios contendo os resultados e conclusões deste estudo para a Secretaria
Municipal de Educação de Feira de Santana, Diretoria Regional de Educação – Feira
de Santana e Área Técnica de Saúde do Adolescente e do Jovem da Secretaria de
Saúde do Estado da Bahia, além do encaminhamento de artigos para revistas
científicas desta respectiva área de interesse.
R
R
E
E
S
S
U
U
L
L
T
T
A
A
D
D
O
O
S
S
55
5 RESULTADOS
5.1 Caracterização Sóciodemográfica e Ambiental dos Adolescentes
Verificou-se que entre os adolescentes estudados, a maior proporção foi da
faixa etária entre 17 a 19 anos (66,2%), do sexo feminino, (58,0%) e que estavam
cursando a série do ensino médio (43,6%). Mais da metade (65,5%) afirmou
receber dinheiro dos pais, sendo que 41,5% declararam trabalhar. Observou-se que
85,2% dos adolescentes referiram a presença de pessoas alcoolizadas ou sob
efeito de outras SPAs no bairro de moradia, 75,8% dos adolescentes afirmaram
situações de violência no bairro (assaltos e/ou roubos); 42,5%, assassinatos;
38,7% afirmaram a existência de tráfico de drogas e 29,9%, de estupros (TABELA
1).
Sobre a infra-estrutura do bairro, observou-se que as escolas encontram-se
presentes em 90,6% dos bairros de moradia dos adolescentes, seguidos pela
presença das igrejas (89,3%); áreas de lazer (75,2%), tais como praças, quadras e
campos de futebol. Os postos de saúde foram presentes para 65,4%. Vale salientar
a existência de postos policiais em apenas 46,3% dos bairros.
As informações sobre SPAs foram consideradas satisfatórias para 90,2%
dos adolescentes. Destacam-se os meios de comunicação como fontes de tais
informações para 88,2% dos adolescentes. 75,4% deles confirmou a realização de
atividades educativas sobre SPAs na escola, entretanto, a escola foi considerada
uma fonte de informação para apenas 62,4% dos jovens (TABELA 1).
56
Tabela 1 Características sócio-demográficas e ambientais dos adolescentes
usuários de álcool, Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira de
Santana, Bahia, 2004.
* Foram perdidas informações em: 16 casos para idade, 10 casos para série, 9 casos para sexo, 7 casos para
renda, 11 casos para
presença de pessoas sob efeito de SPAs
, 11 casos para
situações de violência no
bairro,
7 casos para infra-estrutura do bairro,2 casos para informações sobre drogas, 2 casos para meio de
obtenção, 19 casos para atividades educativas na escola.
1
Respostas múltiplas
a,
Não tem nada disso ou outros ( brigas, espancamentos, rachas de carros e motos, prostituição infantil,
seqüestro)
b
Não tem nada disso ou outros (bares e outros estabelecimentos comerciais)
c
Não tem nada disso ou outros (ex-usuários, usuários, internet, livros)
Características sócio
-
demográficas
N
%
Faixa etária
*
(N=760)
14 – 16 anos 257 33,8
17 – 19 anos 503 66,2
Sexo *
(N = 767)
Feminino 445 58,0
Masculino 322 42,0
Série e
scolar *
( N =766)
1º ano 334 43,6
2º ano 239 31,2
3º ano 190 24,8
Aceleração 3 0,4
Renda própria *
1
(N =769)
Recebe dos pais 504 65,5
Trabalho 319 41,5
Recebe de parentes 53 6,9
Outros 30 3,9
Recebe de outras pessoas 19 2,5
Presença de pessoas sob efeito de
bebidas alcoólicas ou
outras SPAs no bairro * (N=769)
Sim 652 85,2
Situações de violência no bairro *
1
(N=769)
Assaltos/Roubos 580 75,8
Assassinatos 325 42,5
Tráfico de drogas 296 38,7
Estupros 229 29,9
Outros
a
35 4,6
Infra
-
Estrutura que o bairro possui
*
1
(N=769)
Escolas 697 90,6
Igreja 687 89,3
Área de lazer 578 75,2
Posto de Saúde 503 65,4
Posto Policial 356 46,3
Outros
b
22 2,9
Considera
-
se bem informado sobre drogas*
(N=747)
Sim 674 90,2
Meio de
obtenção de informações sobre SPAs*
l
(N=774)
Meios de Comunicação 683 88,2
Escola/Cursos/Palestras 483 62,4
Família 397 51,3
Amigos 381 49,2
Igreja 188 24,3
Outros
c
36 4,7
Realização de atividades educativas na escola*
(N=757)
Sim 571 75,4
57
5.2 Caracterização Familiar e Interpessoal dos Adolescentes
A respeito da coabitação na maior parte da vida e atual, destacou-se a
formação familiar tradicional, com proporções de 65,7% e 56,1% dos adolescentes,
respectivamente. Ainda em relação à coabitação atual, as proporções apresentadas
foram: com a mãe (25,7%); outros parentes (12,5%); outras pessoas (4,6%) e com o
pai (4,2%). Sobre escolaridade dos pais, 67,6% dos adolescentes afirmaram que
seus pais estudaram e 73,1% afirmaram deles, que suas mães estudaram. A co-
variável ocupação dos pais demonstrou que 82,3% dos pais ou responsáveis
trabalhavam; 20,7% estavam aposentados e 16% desempregados (TABELA 2).
Tabela 2 Características familiares e interpessoais dos adolescentes usuários de
álcool, Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira de Santana, Bahia,
2004.
Características familiares
e interpessoais
N
%
Experimentação/consumo de bebidas
alcoólicas (N=776)
<1x/mês 415 53,5
1 a 3 x/mês 225 29,0
Consumo freqüente (todo final de semana) 102 13,1
Mais que todo fim de semana 34 4,4
Coabitação na maior parte da vida
(N=759)
Pai e mãe 499 65,7
Mãe 188 24,8
Outros parentes 119 15,7
Pai 15 2,0
Outras pessoas 3 0,4
Coabitação Atual *
(N=768)
Pai e mãe
431 56,1
Mãe 197 25,7
Outros Parentes 96 12,5
Outros 35 4,6
Pai 32 4,2
Companheiro 14 1,8
Sozinho 2 0,3
Escolaridade do Pai*
(N=736)
Estudou 498 67,6
Não estudou 189 25,7
Não sabe 49 6,7
Escolaridade da Mãe*
(N=599)
Estudou 438 73,1
Não estudou 149 24,9
Não sabe 12 2,0
Ocupação dos Pais e/ou Responsável*
1
(N=749)
Trabalha 624 82,3
Aposentado 155 20,7
Desempregado 120 16,0
Recebe ajuda de outras pessoas 19 2,5
* Foram perdidas informações em: 8 casos para convívio familiar atual, 40 casos para escolaridade do pai, 177
casos para escolaridade da mãe, 26 casos para a ocupação dos pais e/ou responsável.
58
5.3 O Adolescente e as Fontes de Informações sobre SPAs, segundo Padrão
de Experimentação e Consumo de Bebidas Alcoólicas
Os Gráficos 1 e 2 , evidenciam que os meios de comunicação (televisão,
rádio, revisas e jornais) destacaram-se como fontes de informação sobre SPAs
para os adolescentes, seguidos por escolas, cursos e palestras, independente dos
padrões de experimentação/ consumo de bebidas alcoólicas. Vale salientar, que a
igreja foi considerada fonte de informação para 25% dos adolescentes com consumo
menor ou igual a 1 vez o mês e para 22,7% dos que referiram consumo de 1 a 3
vezes no mês (GRÁFICO 1).
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
< 1x/mês 1 a 3x/mês
Gráfico 1 Origem das informações sobre SPAs de adolescentes com
experimentação/consumo de bebidas alcoólicas menor ou igual a 3
vezes no mês, Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira de
Santana, Bahia, 2004
Sequencialmente foram consideradas fontes de informação para os
adolescentes: família, amigos, igreja e outros, exceto para os adolescentes com
consumo maior do que em todo final de semana. Entre os últimos, os amigos foram
referidos por 52,9% deles, seguidos pela família (41,2%), igreja (26,0%) e outros
(2,9%) (GRÁFICO 2).
59
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
86,1
52,5
53,5
23,8
67,3
7,9
88,2
52,9
41,2
26,5
73,5
2,9
Usa em todo final de semana Usa mais que todo final de semana
Gráfico 2 Origem das informações sobre SPAs de adolescentes com
experimentação/consumo de bebidas alcoólicas freqüente/pesado,
Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira de Santana, Bahia, 2004.
5.4 Caracterização da Experimentação e do Consumo Regular de Bebidas
Alcoólicas dos Adolescentes
5.4.1 Tipo de bebida experimentada e consumida regularmente pelos adolescentes
Sobre o tipo de bebida alcoólica consumida, verificou-se conforme Gráfico
3, que a maior parte dos adolescentes afirmou a preferência por bebidas
fermentadas, tais como cerveja e vinho, respectivamente, independente do padrão
de experimentação/ consumo adotado.
Entre aqueles com consumo menor de 1 vez ao mês, a preferência do
consumo foi seguida por outras bebidas, tais como, coquetéis, batidas, e bebidas do
tipo “ice”. Para os adolescentes com padrões de consumo maiores, a preferência foi
seguida por destilados tradicionais (GRÁFICO 3).
60
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
Cerveja
Vinho
Destiladas
Outras
39,2
27,2
5,3
6,8
25,8
16,3
6,5
2,4
12,2
7,7
3,7
1,2
3,1
2,5
1,8
0,6
< 1x/mês
1 a 3x/mês
Usa em todo final de semana
Usa mais que todo final de semana
Gráfico 3 Tipos de bebidas alcoólicas mais utilizadas de acordo com o padrão de
experimentação e consumo regular dos adolescentes, Escolas Públicas
Estaduais e urbanas, Feira de Santana, Bahia, 2004.
5.4.2 Caracterização motivacional da experimentação e do consumo regular de
bebidas alcoólicas pelos adolescentes
De acordo com o gráfico 4, entre o adolescentes com consumo menor ou
igual a 1 vezes por mês, a curiosidade foi referida como principal motivo para o
consumo de bebidas alcoólicas (48,7%), seguidos pela vontade de ficar animado
(19,6%), diminuir a timidez (15,6%), outros motivos (13%), ter prazer (10,5%),
diminuir a angústia e a ansiedade (4,3%) e por último, ser aceito pelo grupo de
amigos 3,3%).
Para os que afirmaram consumo em todo final de semana, a categoria ficar
animado (33,3%) se sobrepôs à curiosidade (32,2%%), seguidos por desejo de ter
prazer (20%), diminuir a timidez (14,4%), outros motivos (12,2%), diminuir a angústia
e a ansiedade (11,1%) e ser aceito pelo grupo de amigos (2,2%) (GRÁFICO 5).
Entre os que relataram consumo maior do que em todo final de semana, as
motivações foram apresentadas da seguinte forma: curiosidade (43,3%), ficar
animado (40%), desejo de ter prazer (20%), diminuir a timidez (16,7%), diminuir a
angústia e a ansiedade (10%), finalizando com: outros motivos (6,7%) e ser aceito
pelo grupo de amigos (6,7%) (GRÁFICO 5).
61
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
< 1x/mês 1 a 3x/mês
Gráfico 4 Motivações para o uso de bebidas alcoólicas entre adolescentes com
experimentação/consumo menor ou igual a 3 vezes no mês, Escolas
Públicas Estaduais e urbanas, Feira de Santana, Bahia, 2004.
0,0
10,0
20,0
30,0
40,0
50,0
Usa em todo final de semana Usa mais que todo final de semana
Gráfico 5 Motivações para o uso de bebidas alcoólicas entre adolescentes com
consumo freqüente/pesado, Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira
de Santana, Bahia, 2004.
62
5.4.3 Caracterização do comportamento assumido após o uso de bebidas alcoólicas
pelos adolescentes
Conforme Gráficos 6 e 7, sobre a conseqüência do uso de bebidas
alcoólicas pelos adolescentes avaliados, destacam-se: ficar bêbado, para aqueles
com consumo freqüente/pesado e a afirmação de que nenhuma situação ocorreu,
para aqueles com consumo menor ou igual a 3 vezes no mês.
Tratando-se especificamente da variável “ficar bado”, a prevalência desta
condição, conforme esperado, foi maior para o grupo que referiu consumo
freqüente/pesado. O episódio de embriaguez foi afirmado por 60% dos adolescentes
com consumo maior do que em todo final de semana; decrescendo para 50,5%
daqueles com consumo em todo final de semana; 39,9% entre os que afirmaram
consumo de 1 a 3 vezes no mês e 18,3% entre os que experimentaram/consumiram
em menos de 1 vez no mês.
A respeito da auto-avaliação de que nenhuma situação aconteceu após o
consumo de bebidas alcoólicas, a prevalência foi maior para o grupo com
experimentação/consumo em menos de 1 vez no mês (78,1%); seguidos pelo
consumo de 1 a 3 vezes no mês (56,7%); mais do que em todo final de semana
(36,7%) e em todo final de semana (42,9%) (GRÁFICOS 6 e 7).
No Gráfico 7, verificou-se a ocorrência de brigas ou discussões e faltas à
escola ou ao trabalho decorrentes do consumo de bebidas alcoólicas, destacam-se
os adolescentes com padrão de consumo em todo final de semana para brigas
(19,8%) e maior ou igual a todo final de semana para faltas (10%) .
63
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
78,1
18,3
2,8
0
0,8
1,4
4,2
56,7
39,9
7,2
1,4 1,4
3,8
2,9
< 1x/mês 1 a 3x/mês
Gráfico 6 Comportamento assumido pelos adolescentes após a experimentação/
consumo de bebidas alcoólicas menor ou igual a 3 vezes no mês,
Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira de Santana, Bahia, 2004.
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
Usa em todo final de semana Usa mais que todo final de semana
Gráfico 7 Comportamento assumido pelos adolescentes após o consumo freqüente/
pesado de bebidas alcoólicas, Escolas Públicas Estaduais e urbanas,
Feira de Santana, Bahia, 2004.
64
5.5 Prevalências da Experimentação e do Consumo Regular de Bebidas
Alcoólicas entre os Adolescentes
5.5.1 Co-variáveis pessoais e características de iniciação do consumo de bebidas
alcoólicas
Segundo Tabela 3, as prevalências da experimentação e do consumo
regular de bebidas alcoólicas entre os adolescentes foram de 53,5% para o
consumo menor ou igual a 1 vez ao mês; 29% para o consumo de 1 a 3 vezes no
mês; 13,1% para o consumo freqüente e 4,4% para o consumo maior do que em
todo fim de semana.
Considerando as co-variáveis pessoais, percebeu-se que as prevalências do
consumo de bebidas alcoólicas foram maiores entre os adolescentes com idade
entre 17 e 19 anos e que cursavam o ano do ensino médio, independente do
padrão de experimentação/consumo adotado.
Para os padrões de experimentação/consumo de bebidas alcoólicas menor de
1 vez ao mês e de 1 a 3 vezes no mês, observou-se maior prevalência entre as
adolescentes do sexo feminino (61,7% e 57,2%) e de iniciação entre 14 e 15 anos
(44,6% e 43,5%). Para o padrão de consumo em mais do que em todo fim de
semana, observou-se uma maior prevalência de iniciação antes dos 13 anos
(51,9%). Esta iniciação se deu na companhia dos amigos para a maioria dos
adolescentes independente do consumo adotado.
Sobre a interferência das bebidas na relação sexual dos adolescentes,
foram observadas maiores prevalências entre os adolescentes com consumo
freqüente (30,6%) e em mais do que em todo fim de semana (31,8%). A interferência
mais freqüentemente verificada para todos os padrões de consumo, foi relacionar-se
sexualmente com alguém pouco conhecido em decorrência do consumo de bebidas
alcoólicas (TABELA 3).
65
Tabela 3 - Prevalência das modalidades de experimentação/consumo regular de
bebidas alcoólicas, segundo co-variáveis pessoais e características de
iniciação. Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira de Santana,
Bahia, 2004
Co-variáveis pessoais e características
de iniciação da experimentação/consumo
Consumo de bebidas alcoólicas
<1x/mês 1 a 3x/mês
Consumo
freqüente
(todo final de
semana)
Mais que
todo fim de
semana
n % n % N % n
%
Experimentação/consumo de bebidas
alcoólicas
415 53,5 225 29,0 102 13,1 34 4,4
14 -16 anos 157 38,5 69 31,7 25 25,0 6 17,6
17 – 19 anos 251 61,5 149 68,3 75 75,0 28 82,4
Total
408
100,0
218
100,0
100
100,0
34
10
0
,0
Série
1º ano 180 43,9 89 39,7 49 49,5 16 48,5
2º ano 129 31,5 71 31,7 29 29,3 10 30,3
3º ano 101 24,6 61 27,2 21 21,2 7 21,2
Aceleração - - 3 1,3 - - - -
Total
410
100,0
224
100,0
99
100,0
33
100,0
Sexo
Masculino 157 38,3 95 42,8 53 52,5 17 50,0
Feminino 253 61,7 127 57,2 48 47,5 17 50,0
Total
410
100,0
222
100,0
101
100,0
34
100,0
Considera
-
se bem informado sobre SPAs
Sim 374 92,6 192 88,9 80 81,6 28 96,6
Não 30 7,4 24 11,1 18 18,4 1 3,4
Total
404
100,0
216
100,0
98
100,0
29
100,0
Interferência do uso de
bebidas na relação
sexual
Sim 35 17,6 33 27,0 22 30,6 7 31,8
Não 164 82,4 89 73,0 50 69,4 15 68,2
Total
199
100,0
122
100,0
72
100,0
22
100,0
Caracterização da interferência na relação
sexual
Relação sexual com alguém que pouco
conhece 12 57,1 13 40,6 13 61,9 2 33,3
Esquece de usar a camisinha 4 19,0 8 25,0 4 19,0 3 50,0
Tem dificuldade para colocar a camisinha 4 19,0 7 21,9 3 14,3 1 16,7
Transa por dinheiro ou droga 1 4,8 4 12,5 1 4,8 - -
Total
21 100,0 32 100,0 21
100,
0 6 100,0
Idade de iniciação do consumo
≤ 13 anos 117 32,6 80 41,5 37 45,1 14 51,9
14-15 anos 160 44,6 84 43,5 37 45,1 8 29,6
16-17 anos 73 20,3 27 14,0 6 7,3 2 7,4
18 anos 9 2,5 2 1,0 2 2,4 3 11,1
Total
359
100,0
193
1
00,0
82
100,0
27
100,0
Iniciação do consumo
Amigos 209 55,7 126 61,8 52 57,8 20 64,5
Outros familiares 74 19,7 27 13,2 9 10,0 8 25,8
Pai e Mãe 25 6,7 13 6,4 7 7,8 1 3,2
Pai 25 6,7 14 6,9 7 7,8 - -
Irmãos 25 6,7 9 4,4 10 11,1 - -
Outros 15 4,0 8 3,9 2 2,2 - -
Mãe 2 0,5 7 3,4 3 3,3 2 6,5
Total
375
100,0
204
100,0
90
100,0
31
100,0
66
5.5.2 Co-variáveis familiares e características interpessoais dos adolescentes
Conforme Tabela 4, foi verificado que 65,6% dos adolescentes com consumo
maior do que em todo fim de semana, afirmaram possuir familiares com problemas
com bebidas alcoólicas. Essas prevalências foram diretamente proporcionais ao
padrão de consumo.
Sobre a variável problemas com outras SPAs na família, foram verificadas
maiores prevalências entre aqueles com padrão de consumo freqüente (13,4%) e
em mais do que em todo final de semana (15,6%).
Sobre a escolaridade dos pais foi observada maior escolaridade das mães
em relação aos pais, com exceção para o padrão de consumo maior do que em todo
fim de semana, no qual a escolaridade dos pais (66,7%) foi superior à escolaridade
das mães (54,5%) dos adolescentes. A composição familiar formada por pai e mãe
foi a mais prevalente, independente do padrão de consumo adotado (TABELA 4).
67
Tabela 4 - Prevalência das modalidades de experimentação/consumo regular de
bebidas alcoólicas, segundo co-variáveis familiares e características
interpessoais, Escolas Públicas Estaduais e urbanas, Feira de Santana,
Bahia, 2004.
Co-variáveis familiares e características
interpessoais
Consumo de bebidas alcoólicas
<1x/mês 1 a 3x/mês
Consumo
freqüente
Mais que
todo fim de
semana
n
%
n
%
n
%
n
%
Familiar com problemas
com
bebidas
alcoólicas
Sim 97 24,1 57 26,3 34 34,7 21 65,6
Não 305 75,9 160 73,7 64 65,3 11 34,4
Total
402
100,0
217
100,0
98
100,0
32
100,0
Problemas com outras SPAs na família
Sim 21 5,3 13 6,0 13 13,4 5 15,6
Não 375 94,7 203 94,0 84 86,6 27 84,4
Total
396
100,0
216
100,0
97
100,0
32
100,0
Ocupação dos pais e/ou responsável
Trabalha 332 67,2 189 71,3 79 64,8 24 63,2
Aposentado/Pensionista 93 18,8 37 14,0 18 14,8 7 18,4
Desempregado 61 12,3 35 13,2 20 16,4 5 13,2
Recebe ajuda de outras pessoas 8 1,6 4 1,5 5 4,1 2 5,3
Total
494
100,0
265
100,0
122
100,0
38
100,0
Escolaridade do pa
i
Estudou 278 69,8 136 65,1 64 64,6 20 66,7
Não estudou 97 24,4 54 25,8 31 31,3 7 23,3
Não sei 23 5,8 19 9,1 4 4,0 3 10,0
Total
398
100,0
209
100,0
99
100,0
30
100,0
Escolaridade da mãe
Estudou 256 77,3 116 69,9 54 67,5 12 54,5
Não estudou 69 20,8 45 27,1 26 32,5 9 40,9
Não sei 6 1,8 5 3,0 - - 1 4,5
Total
3
31
100,0
166
100,0
80,0
100,0
22
100,0
Composição familiar
Pai e Mãe 235 54,3 118 50,2 59 57,8 19 51,4
Mãe 97 22,4 67 28,5 20 19,6 13 35,1
Pai 20 4,6 9 3,8 3 2,9 - -
Outros parentes 52 12,0 31 13,2 9 8,8 4 10,8
Outras pessoas 25 5,8 6 2,6 4 3,9 - -
Companheiro 3 0,7 4 1,7 6 5,9 1 2,7
Sozinho 1 0,2 0 0,0 1 1,0 - -
Total
433
100,0
235
100,0
102
100,0
37
100,0
5.5.3 Co-variáveis sócio-ambientais dos adolescentes
Conforme Tabela 5, independente do padrão de consumo, a maior parte dos
adolescentes afirmou a presença de pessoas sob efeito de bebidas alcoólicas ou
outras SPAs no bairro de moradia. Assaltos e roubos foram as situações de
68
violência no bairro foram mais freqüentemente mencionadas pelos adolescentes
pesquisados.
O consumo de bebidas em festas foi mais prevalente entre todos os
adolescentes. Sobre o consumo de bebidas nas proximidades das escolas, a maior
prevalência esteve entre aqueles que o fizeram em mais do que todo fim de semana
(8,3%) (TABELA 5).
Tabela 5 - Prevalência das modalidades de experimentação/consumo regular de
bebidas alcoólicas, segundo co-variáveis sócio-ambientais, Escolas
Públicas Estaduais e urbanas, Feira de Santana, Bahia, 2004.
Fatores sócio-ambientais
Consumo de bebidas alcoólicas
<1x/mês 1 a 3x/mês
Consumo
freqüente
todo final
de semana
Mais que
todo fim de
semana
n
%
n
%
N
%
n
%
Presença de pessoas sob efeito de bebidas
alcoólicas ou outras SPAs no bairro
Sim 348 84,9 191 85,3 87 89,7 26 76,5
Não 62 15,1 33 14,7 10 10,3 8 23,5
Total
410
100,0
224
100,0
97
100,0
34
100,0
Situações de violência no bairro
Assaltos/ Roubos 302 39,3 172 41,3 76 38,2 30 37,0
Assassinatos 174 22,6 91 21,9 41 20,6 19 23,5
Estupros 128 16,6 57 13,7 30 15,1 14 17,3
Tráfico de drogas 146 19,0 85 20,4 48 24,1 17 21,0
Outros 19 2,5 11 2,6 4 2,0 1 1,2
Total
769
100,0
416
100,0
199
100,0
81
100,0
Local de consumo de bebidas alcoólicas
Em casa 99 19,5 64 17,8 36 18,8 8 13,3
Em casa de amigos 56 11,0 65 18,1 31 16,2 13 21,7
Nas proximidades da escola 10 2,0 7 1,9 10 5,2 5 8,3
Em bares, danceterias e boates 74 14,6 66 18,3 47 24,6 14 23,3
Em festas 255 50,2 154 42,8 63 33,0 20 33,3
Outros 14 2,8 4 1,1 4 2,1 - -
Total
508
100,0
360
100,0
191
100,0
60
100,0
Realização de ati
vidades educativas na escola
Sim 296 73,3 170 76,2 77 77,8 28 90,3
Não 108 26,7 53 23,8 22 22,2 3 9,7
Total
404
100,0
223
100,0
99
100,0
31
100,0
Atividades educativas na escola
Acrescenta muito ao seu conhecimento
179 66,5 81 55,5 41 63,1 13 56,5
Acrescenta pouco ao seu conhecimento
84 31,2 58 39,7 19 29,2 5 21,7
Não acrescenta nada ao seu conhecimento
6 2,2 7 4,8 5 7,7 5 21,7
Total
269 100,0 146 100,0 65 100,0 23 100,0
69
5.6 Fatores associados ao consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas
pelos adolescentes
5.6.1 O consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas, segundo co-variáveis
pessoais e características da iniciação do consumo
Conforme verificado na Tabela 6, associaram-se ao consumo
freqüente/pesado de bebidas alcoólicas: faixa etária compreendida entre 17 e 19
anos (RP 1,20; IC 1,08-1,34), sexo masculino (RP 1,30; IC 1,08-1,57) e o fato do
adolescente trabalhar para obter renda própria (RP 1,26; IC 1,04-1,53).
Considerando a variável receber dinheiro dos pais (RP 0,79; IC 0,67-0,93),
pode-se inferir que tais resultados demonstram uma possibilidade de fator de
proteção associado ao uso freqüente/pesado de bebidas alcoólicas.
Entre os adolescentes que afirmaram iniciação com idade menor ou igual a
13 anos, foi constatada uma maior prevalência (47,3%) para aqueles com padrão de
consumo freqüente/pesado (RP 1,32; RP 1,06-1,66). Entre aqueles com iniciação
entre 14-15 e entre 16-17 anos, maiores prevalências foram verificadas entre os
adolescentes padrão menor ou igual a 3 vezes no mês. Pode-se considerar que uma
iniciação com menor idade associa-se com um padrão de consumo maior.
Verificou-se também uma associação entre o consumo freqüente / pesado de
bebidas alcoólicas e a interferência do uso de bebidas na relação sexual
(RP
2,12; IC 1,44-3,13) e o ato de ter relação sexual com alguém pouco conhecido (RP
1,61; IC 1,03-2,51).
Embora sem significância estatística, foi verificado que os alunos que
cursavam o ano do ensino médio, apresentavam uma prevalência de consumo
freqüente/pesado (49,2%) superior ao padrão menor ou igual a 3 vezes no mês
(42,4%). O mesmo não pôde ser verificado entre os alunos que cursavam o 2º e o
ano, os quais apresentavam o padrão de consumo menor ou igual a 3 vezes no mês
como o mais prevalente.
70
Tabela 6 - Análise bruta e razão de prevalência do consumo de bebidas alcoólicas,
segundo co-variáveis pessoais e características de iniciação, Escolas
Públicas Estaduais e urbanas, Feira de Santana, Bahia, 2004.
Co-variáveis pessoais
Consum
o de bebidas alcoólicas
Consumo
freqüente/
pesado
≤ 3x/mês
RP IC (95%)
N % N %
Faixa etária
14 -16 anos 31 23,1 226 36,1 0,64 0,46-0,89*
17 – 19 anos 103 76,9 400 63,9 1,20 1,08-1,34*
Série
1º ano 65 49,2 269 42,4 1,16 0,95-1,41
2º ano 39 29,5 200 31,5 0,94 0,70-1,25
3º ano 28 21,2 162 25,6 0,83 0,58-1,18
Aceleração - - 3 0,5 - -
Sexo
Masculino 70 51,9 252 39,9 1,30 1,08-1,57*
Feminino 65 48,1 380 60,1 0,93 0,77-1,12
Idade de iniciação do consumo
≤ 13 anos 52 47,3 197 35,7 1,32 1,06-1,66*
14-15 anos 45 40,9 244 44,2 0,93 0,73-1,18
16-17 anos 8 7,3 100 18,1 0,40 0,20-0,80*
18 anos 5 4,5 11 2,0 2,28 0,81-6,44
Iniciação do consumo
Amigos 72 59,5 335 55,0 1,08 0,92-1,27
Outros familiares 17 14,0 101 16,6 0,85 0,53-1,36
Não lembra 11 9,1 79 13,0 0,70 0,38-1,28
Irmãos 10 8,3 34 5,6 1,48 0,75-2,91
Pai e Mãe 8 6,6 38 6,2 1,06 0,51-2,21
Pai 7 5,8 39 6,4 0,90 0,41-1,97
Mãe 5 4,1 9 1,5 2,80 0,95-8,20
Outros 2 1,7 23 3,8 0,44 0,10-1,83
Interferência do uso de bebidas na
relação sexual
Sim 29 24,4 68 11,5 2,12 1,44-3,13*
Caracterização da interferência na
relação sexual
Relação sexual com alguém que pouco
conhece
15 60,0 25 37,3 1,61 1,03-2,51*
Esquece de usar a camisinha 7 28,0 12 17,9 1,56 0,69-3,52
Tem dificuldade para colocar a camisinha 4 16,0 11 16,4 0,97 0,34-2,78
Transa por dinheiro ou droga 1 4,0 5 7,5 0,54 0,07-4,37
Nível de informação sobre drogas
Sim 108 85,0 566 91,3 0,93 0,86-1,01
Renda própria
Recebe dinheiro dos pais 72 53,7 432 68,0 0,79 0,67-0,93*
Trabalha 67 50,0 252 39,7 1,26 1,04-1,53*
Recebe dinheiro de outros parentes 10 7,5 43 6,8 1,10 0,57-2,14
Recebe dinheiro de outras pessoas 6 4,5 13 2,0 2,19 0,85-5,65
Outra maneira 6 4,5 24 3,8 1,18 0,49-2,84
71
5.6.2 O consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas, segundo co-variáveis
familiares e interpessoais.
Em relação às co-variáveis familiares e interpessoais, observou-se na Tabela
7, associação positiva entre o consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas
pelos adolescentes; presença de problemas com outras SPAs na família (RP
2,51; IC 1,47-4,3) e coabitação com companheiro (RP 4,71; IC 1,68-13,20).
Embora o p-valor não tenha sido estatisticamente significante, foi observada
uma maior prevalência de consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas entre os
adolescentes com presença de familiares com problemas de uso ou abuso de
bebidas alcoólicas (RP 1,70; IC 1,33-2,17); com famílias sustentadas através da
ajuda de outras pessoas (RP 2,76; IC 1,11-6,97) e com baixa escolaridade das
mães (RP 1,50; IC 1,09-2,05).
Entre os adolescentes filhos de mães que não estudaram, a prevalência do
consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas foi de 34,3%. Para o consumo
menor ou igual a 3 vezes no mês, esta prevalência foi de 22,9%. Entre os filhos de
mães que estudaram, a maior prevalência de consumo foi para o padrão menor ou
igual a 3 vezes por mês (74,8%). Da mesma forma, entre adolescentes filhos de pais
que não estudaram (n=189), o padrão de consumo mais prevalente foi o
freqüente/pesado (29,5%), entretanto, esses resultados não apresentaram
significância estatística (TABELA 7).
72
Tabela 7 - Análise bruta e razão de prevalência do consumo de bebidas alcoólicas,
segundo co-variáveis familiares e características interpessoais, Escolas
Públicas Estaduais e urbanas, Feira de Santana, Bahia, 2004.
Co-variáveis familiares e características
interpessoais
Consumo de bebidas alcoólicas
Consumo
freqüente/
pesado
≤ 3x/mês
RP IC (95%)
n % n %
Familiar com problemas com bebidas
alcoólicas
Sim 55 42,3 154 24,9 1,70 1,33-2,17*
Problemas com outras SPAs na família
Sim 18 14,0 34 5,6 2,51 1,47-4,30*
Ocupação dos pais e/ou responsável
Trabalha 103 78,6 521 84,2 0,93 0,85-1,03
Aposentado/Pensionista 25 19,2 130 21,0 0,91 0,62-1,33
Desempregado 24 18,5 96 15,5 1,18 0,79-1,77
Recebe ajuda de outras pessoas 7 5,4 12 1,9 2,76 1,11-6,87*
Escolaridade do pai
Estudou 84 65,1 414 68,2 0,95 0,83-1,10
Não estudou 38 29,5 151 24,9 1,18 0,88-1,60
Não sei 7 5,4 42 6,9 0,78 0,36-1,71
Escolaridade da mãe
Estudou 66 64,7 372 74,8 0,86 0,74-1,01
Não estudou 35 34,3 114 22,9 1,50 1,09-2,05*
Não sei 1 1,0 11 2,0 0,44 0,06-3,39
Coabitação atual
Pai e Mãe 78 58,2 353 55,7 1,05 0,89-1,23
Mãe 33 24,6 164 25,9 0,95 0,69-1,32
Outros parentes 13 9,7 83 13,1 0,74 0,43-1,29
Companheiro 7 5,2 7 1,1 4,73 1,69-13,27*
Outras pessoas 4 3,0 31 4,9 0,61 0,22-1,70
Pai 3 2,2 29 4,6 0,49 0,15-1,58
Sozinho 1 0,7 1 0,2 4,73 0,30-75,17
5.6.3 O consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas, segundo co-variáveis
sócio-ambientais
A respeito dos fatores sócio-ambientais, constatou-se na Tabela 8 que a
presença de tráfico de drogas no bairro de moradia do adolescente associou-se (RP
1,36; IC 1,11-1,66) com o padrão de consumo freqüente/pesado de bebidas
alcoólicas.
O local de consumo das bebidas também se associou com o padrão de
consumo freqüente/pesado, assim como, a casa de amigos (RP 1,72; IC 1,29-2,28),
bares (RP 2,06; IC 1,64-2,58) ou proximidades da escola (RP 4,17; IC 2,14-8,11).
73
Verificou-se a baixa contribuição das atividades educativas sobre SPAs
realizadas nas escolas como um fator associado ao consumo freqüente/pesado de
bebidas alcoólicas (RP 3,63; IC 1,64-8,01) entre os adolescentes pesquisados
(TABELA 8).
Tabela 8 - Análise bruta e razão de prevalência do consumo de bebidas alcoólicas,
segundo co-variáveis sócio-ambientais, Escolas Públicas Estaduais e
urbanas, Feira de Santana, Bahia, 2004.
Fatores sócio-ambientais
Consumo de bebidas alcoólicas
Consumo
freqüente/
pesado
≤ 3x/mês
RP IC (95%)
n % n %
Presença de pessoas sob efeito de
bebidas alcoólicas ou outras SPAs no
bairro
Sim 113 86,3 539 85,0 1,01 0,94-1,09
Situações de violência no bairro
Assaltos/ Roubos 106 80,9 474 74,8 1,08 0,98-1,19
Assassinatos 60 45,8 265 41,8 1,10 0,89-1,35
Estupros 44 33,6 185 29,2 1,15 0,88-1,51
Tráfico de drogas 65 49,6 231 36,4 1,36 1,11-1,66*
Outros 2 3,8 15 4,7 0,65 0,15-2,79
Local de consumo de bebidas
alcoólicas
Em casa 44 36,7 163 28,7 1,28 0,98-1,67
Em casa de amigos 44 36,7 121 21,3 1,72 1,29-2,28*
Nas proximidades da escola 15 12,5 17 3,0 4,17 2,14-8,11*
Em bares, danceterias e boates 61 50,8 140 24,7 2,06 1,64-2,58*
Em festas 83 69,2 409 72,1 0,96 0,84-1,09
Outros 4 3,3 18 3,2 1,05 0,36-3,05
Realização de atividades educativas
na escola
Sim 105 80,8 466 74,3 1,09 0,99-1,20
Atividades educativas na escola
Acrescenta muito ao seu
conhecimento
54 61,4 260 62,7 0,98 0,82-1,17
Acrescenta pouco ao seu
conhecimento
24 27,3 142 34,2 0,80 0,55-1,15
Não acrescenta nada ao seu
conhecimento
10 11,4 13 3,1 3,63 1,64-8,01*
74
5.6.4 Estratificação do consumo de bebidas alcoólicas, segundo co-variáveis
pessoais, familiares e ambientais
A análise estratificada por faixa etária demonstrou que, entre os adolescentes
com mais idade (17 a 19 anos), parece ser fator de proteção para o consumo
freqüente/pesado de bebidas alcoólicas, o fato de a renda própria ser proveniente
dos pais (RP 0,70; IC 0,52-0,94). Esta associação também foi verificada para os
adolescentes com consumo menor de bebidas alcoólicas (RP 0,70; IC 0,64-0,78)
(TABELA 9).
Outras associações foram verificadas para adolescentes com consumo menor
de bebidas alcoólicas (menor ou igual a 3 vezes no s) com idade entre 17 e 19
anos e co-variáveis como: trabalhar (RP 1,56; IC 1,24-1,96), possuir pais
aposentados ou pensionistas (RP 1,96; IC 1,34-2,87) e consumir bebidas na casa de
amigos (RP 1,47; IC 1,03-2,11).
Conforme Tabela 10, a estratificação por consumo e sexo demonstrou uma
associação entre consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas por adolescentes
do sexo masculino que afirmaram trabalhar (RP 2,07; IC 1,39-3,09) e consumir as
bebidas em bares, danceterias e boates (RP 1,69; IC 1,15-2,49).
Entre os adolescentes com um padrão de consumo menor (menor ou igual a
3 vezes no mês) foi observada associação entre sexo masculino e trabalhar (RP
2,14; IC 1,76-2,60) e entre sexo masculino e consumir bebidas alcoólicas próximo às
escolas (RP 4,82; IC 1,59-14,59). Receber dinheiro dos pais (RP 0,73; IC 0,65-0,83)
e consumir bebidas em casa (RP 0,73; IC 0,55-0,97) apareceram como fatores de
proteção para o consumo de bebidas neste grupo de adolescentes (TABELA 10).
A estratificação do consumo de bebidas pela idade de iniciação menor ou
igual a 15 anos demonstrou que o sexo feminino (RP 0,58; IC 0,36-0,91) e ter renda
própria através do recebimento de dinheiro de outras pessoas (RP 0,16; IC 0,04-
0,77) pareceu ser fator de proteção para o hábito do consumo freqüente/pesado de
bebidas. Para os adolescentes com padrão de consumo menor, verificou-se
associação entre iniciação menor ou igual a 15 anos e sexo masculino (RP 1,52; IC
1,07-2,15), problemas com outras SPAs na família (RP 1,87; IC 0,58-0,67) e pais ou
responsáveis desempregados (RP 2,31; IC 1,10-4,88) (TABELA 11).
De acordo com a Tabela 12, a análise estratificada entre adolescentes
trabalhadores, consumo freqüente/pesado e co-variáveis pessoais, familiares e
75
sócio-ambientais demonstrou associação entre este padrão de consumo e sexo
masculino (RP 1,95; IC 1,36-2,78), problemas com outras SPAs na família (RP 3,15;
IC 1,09-9,04) e pais ou responsáveis desempregados (RP 2,62; IC 1,17-5,90). Um
maior nível de informação sobre SPAs apareceu como fator de proteção para este
padrão de consumo entre adolescentes trabalhadores (RP 0,81; IC 0,70-0,95).
A estratificação entre consumo de bebidas alcoólicas e presença de familiar
com problemas com bebidas alcoólicas na família apenas mostrou associação
significativa com padrão de consumo menor ou igual a 3 vezes no s e presença
de familiar com problemas com outras SPAs na família (TABELA 13).
76
Tabela 9 - Análise estratificada da associação entre consumo de bebidas alcoólicas e faixa etária de adolescentes segundo co-
variáveis pessoais, familiares e ambientais, Escolas Públicas Estaduais, Feira de Santana, Bahia, 2004
Co-variáveis pessoais, familiares e
ambientais
Consumo de bebidas alcoólicas
Consumo freqüente/pesado
≤ 3x/m
ês
17
-
19 anos
14
-
16 anos
RP IC (95%)
17
-
19 anos
14
-
16 anos
RP IC(95%)
n % n % n % n %
Sexo
Masculino 54 52,4 16 51,6 1,02 0,69-1,50 170 42,6 79 35,0 1,22 0,99-1,51
Feminino 49 47,6 15 48,4 0,98 0,65-1,49 229 57,4 147 65,0 0,88 0,78-1,00
Nível de informação s
obre drogas
Sim 80 83,3 26 89,7 0,93 0,80-1,08 351 90,7 204 93,2 0,97 0,93-1,02
Renda própria
Trabalha 54 53,5 11 35,5 1,51 0,91-2,51 181 45,7 66 29,3 1,56 1,24-1,96*
Recebe dinheiro dos pais 50 49,5 22 71,0 0,70 0,52-0,94* 234 59,1 189 84,0 0,70 0,64-0,78*
Recebe dinheiro de outros parentes 8 7,9 2 6,5 1,23 0,27-5,48 30 7,6 12 5,3 1,42 0,74-2,72
Recebe dinheiro de outras pessoas 6 5,9 - - - - 4 1,0 8 3,6 0,28 0,09-0,93*
Outra maneira 4 4,0 2 6,5 0,61 0,12-3,19 15 3,8 9 4,0 0,95 0,42-2,13
Familiar com problemas
com
bebidas
alcoólicas
Sim 40 40,8 14 46,7 0,87 0,56-1,37 99 25,4 51 23,4 1,09 0,81-1,46
Problemas com outras SPAs na família
Sim 13 13,4 4 13,3 1,01 0,35-2,85 21 5,5 12 5,5 0,99 0,50-1,98
O
cupação dos pais e/ou responsável
Trabalha 75 76,5 26 83,9 0,91 0,76-1,10 317 82,6 190 86,0 0,96 0,89-1,03
Aposentado/Pensionista 19 19,6 6 19,4 1,01 0,44-2,31 99 25,8 29 13,1 1,96 1,34-2,87*
Desempregado 18 18,6 6 19,4 0,96 0,42-2,20 50 13,0 46 20,8 0,63 0,43-0,90*
Recebe ajuda de outras pessoas 7 7,2 - - - - 8 2,1 4 1,8 1,15 0,35-3,78
Local de consumo de bebidas alcoólicas
Em casa 32 35,2 11 40,7 0,86 0,51-1,47 96 27,0 64 32,2 0,84 0,64-1,09
Em casa de amigos 33 36,3 11 40,7 0,89 0,52-1,51 87 24,4 33 16,6 1,47 1,03-2,11*
Nas proximidades da escola 9 9,9 5 18,5 0,53 0,20-1,46 12 3,4 4 2,0 1,68 0,55-5,13
Em bares, danceterias e boates 46 50,5 15 55,6 0,91 0,61-1,35 99 27,8 41 20,6 1,35 0,98-1,86
Em festas 61 37,0 21 77,8 0,86 0,67-1,10 261 73,3 139 69,8 1,05 0,94-1,17
Outros 4 4,4 - - - - 12 3,4 6 3,0 1,12 0,43-2,93
77
Tabela 10 - Análise estratificada da associação entre consumo de bebidas alcoólicas e sexo de adolescentes segundo co-variáveis
pessoais, familiares e ambientais, Escolas Públicas Estaduais, Feira de Santana, Bahia, 2004
Co-variáveis pessoais, familiares e
ambientais
Consumo de bebidas alcoólicas
Consumo freqüente/pesado
≤ 3x/m
ês
Masculino
Feminino
RP IC (95%)
Masculino
Feminino
RP IC(95%)
n % n % n % n %
Faixa Etária
14-16 anos 16 22,9 15 23,4 0,98 0,53-1,81 79 31,7 147 39,1 0,81 0,65-1,01
17-19 anos 54 77,1 49 76,6 1,01 0,84-1,21 170 68,3 229 60,9 1,12 1,00-1,26
Nível de informação sobre drogas
Sim 52 80,0 55 90,2 0,89 0,77-1,03 211 88,3 348 93,3 0,95 0,90-1,00
Renda própria
Trabalha 46 65,7 20 31,7 2,07 1,39-3,09* 148 58,7 103 27,5 2,14 1,76-2,60*
Recebe dinheiro dos pais 33 47,1 39 61,9 0,76 0,56-1,04 140 55,6 284 75,7 0,73 0,65-0,83*
Recebe dinheiro de outros parentes 2 2,9 8 12,7 0,22 0,05-1,02 14 5,6 28 7,5 0,74 0,40-1,39
Recebe dinheiro de outras pessoas 3 4,3 3 4,8 0,90 0,19-4,30 12 0,8 11 2,9 0,27 0,06-1,21
Outra maneira 4 4,0 2 6,5 0,61 0,12-3,19 15 3,8 9 4,0 0,95 0,42-2,13
Familiar com problem
as
com
bebidas
alcoólicas
Sim 25 37,3 29 46,8 0,80 0,53-1,20 55 23,2 97 25,9 0,89 0,67-1,19
Problemas
com outras SPAs na família
Sim 7 10,4 11 18,0 0,58 0,24-1,40 15 6,3 19 5,2 1,22 0,63-2,35
Ocupação
dos pais e/ou responsável
Trabalha 58 86,6 44 69,8 1,24 1,03-1,50* 208 86,3 306 82,7 1,04 0,97-1,12
Aposentado/Pensionista 9 13,4 16 25,8 0,52 0,25-1,09 44 18,3 85 23,0 0,79 0,57-1,10
Desempregado 12 17,9 12 19,4 0,93 0,45-1,90 25 10,4 71 19,2 0,54 0,35-0,83*
Recebe ajuda de outras pessoas 3 4,5 4 6,5 0,69 0,16-2,98 5 2,1 7 1,9 1,10 0,35-3,42
Local de consumo de bebidas alcoólicas
Em casa 45 71,4 30 53,6 1,33 1,00-1,78 53 23,5 107 31,9 0,73 0,55-0,97*
Em casa de amigos 27 42,9 17 30,4 1,41 0,87-2,30 47 20,8 73 21,8 0,95 0,69-1,32
Nas proximidades da escola 10 15,9 4 7,1 2,22 0,74-6,69 13 5,8 4 1,2 4,82 1,59-14,59*
Em bares, danceterias e boates 40 63,5 21 37,5 1,69 1,15-2,49* 70 31,0 70 20,9 1,48 1,11-1,97
Em festas 49 77,8 34 60,7 1,28 1,00-1,64 168 74,3 238 71,0 1,05 0,97-1,16
Outros 3 4,8 1 1,8 2,67 0,29-24,91 7 3,1 11 3,3 0,94 0,37-2,40
78
Tabela 11 - Análise estratificada da associação entre consumo de bebidas alcoólicas e idade de iniciação de consumo de
adolescentes segundo co-variáveis pessoais, familiares e ambientais, Escolas Públicas Estaduais, Feira de Santana,
Bahia, 2004
Co-variáveis pessoais, familiares e
ambientais
Consumo de bebidas alcoólicas
Consumo freqüente/pesado
≤ 3x/m
ês
≤15 anos
16
-
17 anos
RP IC (95%)
≤15 anos
16
-
17 anos
RP IC(95%)
n % n % N % n %
Sexo
Masculino 55 56,7 2 25,0 2,27 0,67-7,63 176 40,3 26 26,5 1,52 1,07-2,15*
Feminino 42 43,3 6 75,0 0,58 0,36-0,91* 261 59,7 72 73,5 0,81 0,71-0,94*
Nível de informação sobre drogas
Sim 80 87,0 7 87,5 0,99 0,76-1,31 393 91,2 86 89,6 1,02 0,95-1,10
Renda própria
Trabalha 47 48,5 2 25,0 1,94 0,57-6,55 162 36,9 42 42,4 0,87 0,67-1,13
Recebe dinheiro dos pais 55 56,7 5 62,5 0,91 0,52-1,59 309 70,4 61 61,6 1,14 0,97-1,35
Recebe dinheiro de outros parentes 10 10,3 - - - - 36 8,2 4 4,0 2,03 0,74-5,57
Recebe dinheiro de outras pessoas 4 4,1 2 25,0 0,16 0,04-0,77* 9 2,1 2 2,0 1,01 0,22-4,62
Outra maneira - - 5 5,2 - - 18 4,1 4 4,0 1,01 0,35-2,93
Familiar com problemas
com
bebidas
alcoólicas
Sim 36 39,1 2 25,0 1,57 0,46-5,34 97 22,7 28 28,6 0,80 0,56-1,14
Problemas com outras SPAs na família
Sim 12 13,0 1 12,5 1,04 0,15-7,03 25 5,9 3 3,2 1,87 0,58-0,67*
Ocupação dos pais e/ou responsável
Trabalha 74 78,7 7 87,5 0,90 0,68-1,19 361 84,3 80 80,8 1,04 0,94-1,16
Aposentado/Pensionista 18 19,1 1 12,5 1,53 0,23-10,04 89 20,8 27 27,3 0,76 0,53-1,10
Desempregado 19 20,2 1 12,5 1,62 0,25-10,56 70 16,4 7 7,1 2,31 1,10-4,88*
Recebe ajuda de outras pessoas 5 5,3 1 12,5 0,43 0,06-3,21 10 2,3 2 2,0 1,13 0,25-5,08
Local de consumo de bebidas alcoólicas
Em casa 37 38,5 2 25,0 1,54 0,45-2,06 119 29,2 23 24,7 1,18 0,80-1,74
Em casa de amigos 38 39,6 2 25,0 1,58 0,48-5,39 91 22,4 15 16,1 1,39 0,84-2,28
Nas proximidades da escola 12 12,5 2 25,0 0,50 0,13-1,86 12 2,9 3 3,2 0,91 0,26-3,17
Em bares, danceterias e boates 53 55,2 5 62,5 0,88 0,50-1,56 106 26,0 17 18,3 1,42 0,90-2,29
Em festas 71 74,0 4 50,0 1,48 0,73-2,99 302 74,2 65 69,9 1,06 0,92-1,23
Outros 7 4,2 - - - - 9 2,2 4 4,3 0,51 0,16-1,63
79
Tabela 12 - Análise estratificada da associação entre consumo de bebidas alcoólicas e trabalho dos adolescentes segundo co-
variáveis pessoais, familiares e ambientais, Escolas Públicas Estaduais, Feira de Santana, Bahia, 2004
Co-variáveis pessoais, familiares e sócio-
ambientais
Consumo de bebidas alcoólicas
Consumo freqüente/pesado
≤ 3x/m
ês
Sim
Não
RP IC (95%)
Sim
Não
RP IC(95%)
n % n % n % n %
Faixa etária
14-16 anos 11 16,9 20 29,9 0,57 0,30-1,09 66 26,7 159 42,5 0,63 0,50-0,80*
17-19 anos 54 83,1 47 70,1 1,18 0,98-1,43 181 73,2 215 57,5 1,27 1,14-1,43*
Sexo
Masculino 46 69,7 24 35,8 1,95 1,36-2,78* 148 59,0 104 27,7 2,13 1,76-2,59*
Feminino 20 30,3 43 64,2 0,47 0,31-0,71* 103 41,0 272 72,3 0,57 0,48-0,67*
Nível de informação sobre drogas
Sim 48 76,2 59 93,7 0,81 0,70-0,95* 216 89,6 347 92,5 0,97 0,92-1,02
Familiar com probl
emas
com
bebidas
alcoólicas
Sim 26 40,0 28 43,9 0,91 0,61-1,37 66 27,0 87 23,5 1,15 0,87-1,52
Problemas
com outras SPAs na família
Sim 13 20,0 4 6,3 3,15 1,09-9,04* 9 3,7 25 6,9 0,54 0,25-1,13
Ocupação
dos pais e/ou responsável
Trabalha 51 82,3 51 76,2 1,08 0,91-1,29 205 83,7 313 84,4 0,99 0,92-1,06
Aposentado/Pensionista 7 11,3 17 25,4 0,44 0,20-1,00 51 20,8 79 21,3 0,98 0,71-1,34
Desempregado 17 27,4 7 1,4 2,62 1,17-5,90* 36 14,7 60 16,2 0,91 0,62-1,33
Recebe ajuda de outras pessoas 6 9,7 1 1,5 6,48 0,80-52,35 8 3,3 4 1,1 3,03 0,92-9,95
Local de consumo de bebidas alcoólicas
Em casa 42 70,0 33 55,9 1,25 0,95-1,66 57 25,4 105 31,0 0,82 0,62-1,08
Em casa de amigos 22 36,7 22 37,3 0,98 0,62-1,57 51 22,8 69 20,4 1,12 0,81-1,54
Nas proximidades da escola 11 18,3 4 6,8 2,70 0,91-8,01 12 5,4 5 1,5 3,63 1,30-10,17
Em bares, danceterias e boates 30 50,0 31 52,5 0,98 0,67-1,35 61 27,2 78 23,0 1,18 0,89-1,58
Em festas 41 68,3 41 69,5 0,98 0,77-1,25 166 74,1 240 70,8 1,05 0,94-1,16
Outros 4 6,7 - - - - 6 2,7 12 3,5 0,76 0,29-1,99
Local
de consumo de bebidas alcoólicas
Em casa 42 70,0 33 55,9 1,25 0,95-1,66 57 25,4 105 31,0 0,82 0,62-1,08
Em casa de amigos 22 36,7 22 37,3 0,98 0,62-1,57 51 22,8 69 20,4 1,12 0,81-1,54
Nas proximidades da escola 11 18,3 4 6,8 2,70 0,91-8,01 12 5,4 5 1,5 3,63 1,30-10,17
Em bares, danceterias e boates 30 50,0 31 52,5 0,98 0,67-1,35 61 27,2 78 23,0 1,18 0,89-1,58
Em festas 41 68,3 41 69,5 0,98 0,77-1,25 166 74,1 240 70,8 1,05 0,94-1,16
Outros 4 6,7 - - - - 6 2,7 12 3,5 0,76 0,29-1,99
80
Tabela 13 - Análise estratificada da associação entre consumo de bebidas alcoólicas e presença de familiar com problemas com
bebidas alcoólicas, segundo co-variáveis pessoais, familiares e ambientais, Escolas Públicas Estaduais, Feira de
Santana, Bahia, 2004
Co-variáveis pessoais
Consumo de bebidas alcoólicas
Consumo freqüente/pesado
≤ 3x/m
ês
Sim
Não
RP IC (95%)
Sim
Não
RP IC(95%)
n % n % n % n %
Faixa etária
14-16 anos 14 25,9 16 21,6 1,20 0,64-2,24 51 34,0 167 36,5 0,93 0,72-1,20
17-19 anos 40 74,1 58 78,4 0,95 0,78-1,15 99 66,0 290 35,9 1,04 0,91-1,19
Sexo
Masculino 25 46,3 42 56,0 0,83 0,58-1,17 55 36,2 182 39,7 0,91 0,72-1,16
Feminino 29 53,7 33 44,0 1,22 0,86-1,74 97 63,8 277 60,3 1,06 0,92-1,22
Nível de informação sobre drogas
Sim 43 81,1 62 88,6 0,92 0,78-1,07 141 95,3 409 90,7 1,05 1,00-1,10
Renda própria
Trabalha 26 48,1 39 52,0 0,93 0,65-1,32 66 43,1 178 38,6 1,12 0,90-1,39
Recebe dinheiro dos pais 32 59,3 37 49,3 1,20 0,87-1,65 100 65,4 318 69,0 0,95 0,83-1,08
Recebe dinheiro de outros parentes 2 3,7 7 9,3 0,40 0,09-1,84 13 8,5 28 6,1 1,40 0,74-2,63
Recebe dinheiro de outras pessoas 2 3,7 4 5,3 0,69 0,13-3,66 4 2,6 9 2,0 1,34 0,42-4,29
Outra maneira 1 1,9 4 5,3 0,35 0,04-3,02 9 5,9 14 3,0 1,94 0,86-4,39
Problemas com outras SPAs na família
Sim 10 19,6 8 10,8 1,81 0,77-4,28 20 13,5 11 2,5 5,47 2,68-11,14*
Ocupação dos pais e/ou responsável
Trabalha 41 75,9 57 80,3 0,95 0,78-1,14 122 81,3 382 85,1 0,96 0,88-1,04
Aposentado/Pensionista 8 15,1 15 21,1 0,71 0,33-1,56 28 18,7 101 22,5 0,83 0,57-1,21
Desempregado 12 22,6 12 16,9 1,34 0,65-2,74 29 19,3 64 14,3 1,36 0,91-2,02
Recebe ajuda de outras pessoas 3 5,7 4 5,6 1,00 0,23-4,30 5 3,3 7 1,6 2,14 0,69-6,64
Local de consumo de bebidas alcoólicas
Em casa 17 37,8 25 35,7 1,06 0,65-1,73 33 24,4 127 30,8 0,79 0,57-1,11
Em casa de amigos 19 42,2 24 34,3 1,23 0,77-1,97 35 25,9 82 19,9 1,31 0,93-1,84
Nas proximidades da escola 7 15,6 8 11,4 1,36 0,53-3,49 4 3,0 11 2,7 1,11 0,36-3,44
Em bares, danceterias e boates 20 44,4 38 54,3 0,82 0,55-1,21 35 25,9 98 23,7 1,09 0,78-1,53
Em festas 29 64,4 51 72,9 0,88 0,68-1,15 94 69,6 300 72,6 0,96 0,84-1,09
Outros 1 2,2 2 2,9 0,78 0,07-8,33 6 4,4 12 2,9 1,53 0,59-4,00
80
D
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I
I
S
S
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S
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81
6 DISCUSSÃO
6.1 Limites do Estudo
O principal limite a ser discutido refere-se ao desenho do estudo. Do ponto de
vista metodológico, os estudos de corte transversal apresentam duas limitações
relevantes: o viés de prevalência e a dificuldade em esclarecer uma seqüência
causal (PEREIRA, 1995).
O primeiro ocorre pelo fato de que estudos transversais informam casos
existentes na população, podendo apresentar dados distorcidos, visto que, os
acontecimentos de curta duração têm menos chances de aparecerem nos
resultados, a exemplo das conseqüências dos episódios agudos de intoxicação por
álcool, decorrentes da experimentação pelos adolescentes.
Outra limitação de destaque é percebida por sua incapacidade em
estabelecer relação causal entre os acontecimentos. Tais estudos indicam a
existência de associação entre exposição e efeito na população investigada, em
determinado momento. Assim, não se pode afirmar que elementos familiares tais
como a presença de familiar com problemas com abuso de SPAs levam ao consumo
freqüente/pesado de bebidas alcoólicas pelos adolescentes ou se o contrário é
verdadeiro. Desta forma, tais resultados devem ser analisados com cautela.
Outro tipo de viés possivelmente encontrado é o de aferição da exposição.
Limitações importantes referem-se ao constrangimento do tema, confiabilidade dos
dados auto-relatados, falta de atenção ou seriedade ao responder o instrumento e
pressa em terminar o procedimento. Diversos autores têm apontado dificuldades
metodológicas relacionadas à execução de estudos com tais características
(TAVARES; BÉRIA; LIMA, 2001; BAUS; KUPEC; PIRES, 2002; COSTA et al, 2004;
VIEIRA et al, 2007).
No caso do presente estudo, as modalidades de consumo de bebidas
alcoólicas foram avaliadas através de um questionário sistematizado com
orientações do Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas CETAD/UBA,
segundo Alves (2004). O referido instrumento foi testado e adaptado para a
população em estudo. Entretanto, não se pode afastar a possibilidade de terem
82
ocorridos erros de classificação secundários a uma auto-interpretação equivocada
das questões.
Um outro aspecto ressaltado diz respeito à dificuldade de equivalência entre a
categorização utilizada pelo instrumento de coleta de dados (Anexo A) e as
categorias divulgadas pela Organização Mundial de Saúde (1981) e utilizadas na
maioria dos estudos com esses objetivos. De modo a permitir a comparação de
resultados foram considerados como consumidores freqüente/pesados neste estudo,
aqueles que referiram o consumo em pelo menos todo final de semana.
Ainda sobre a aferição das modalidades de consumo, é fundamental ressaltar
que este tipo de instrumento leva em consideração o relato do adolescente. Tendo
em vista que o hábito de beber entre adolescente pode ser um comportamento
sujeito às repreensões sociais, não se pode deixar de considerar que as respostas
podem ser representativas do real consumo ou não, admitindo-se, portanto, a
possibilidade de um viés conservador para o padrão de consumo referido.
Quanto à avaliação da presença de familiar com problemas com bebidas
alcoólicas ou outras SPAs, um ponto merece destaque: a questionável identificação
dos pais como usuários problemáticos ou dependentes por parte dos próprios
adolescentes.
Outro aspecto diz respeito às limitações para generalização das conclusões
deste estudo para a população de adolescentes escolares de Feira de Santana,
visto que os estudantes de escolas particulares e municipais, e os que não estavam
na sala de aula no momento da coleta, não foram incluídos no estudo, mesmo tendo
sido calculada uma amostra representativa da população estudada.
6.2 Caracterização Sócio-demográfica, Ambiental, Familiar e Interpessoal dos
Adolescentes
Os dados de Feira de Santana revelaram uma prevalência duas vezes maior
de adolescentes com mais de 17 anos, quando comparados com aqueles com
menor idade. A maioria de adolescentes do sexo masculino, com obtenção de renda
própria por intermédio dos pais, seqüenciado pelo próprio trabalho também foi
registrada. Sobre a formação familiar na vida e a coabitação atual, destacaram-se as
famílias formadas por pais e mães seguidas por aquelas formadas por mães
83
apenas, com sustento financeiro familiar, principalmente obtido através do trabalho
dos pais ou responsáveis.
A análise das informações sobre o ambiente de moradia e de convívio dos
adolescentes permitiu registrar uma presença importante das escolas e das igrejas
nos bairros, ao contrário dos postos policiais, cuja presença foi afirmada em menos
da metade das localidades pesquisadas. Esses elementos demonstram um potencial
social de destaque das instituições de ensino e religião para a população estudada.
Vale salientar que a maioria dos adolescentes confirmou a presença de
pessoas sob efeitos de álcool ou outras SPAs e cerca de 38% a presença de tráfico
de SPAs no bairro de moradia. Essas prevalêcias foram superiores às verificadas
por Galduróz e outros (1999) nas 24 maiores cidades de o Paulo, onde
percepções em relação ao tráfico e de pessoas embriagados ou sob efeito de SPAs
foram em torno de 20% e 50%, respectivamente.
6.3 Os Adolescentes e as Informações sobre SPAs
As informações sobre SPAs foram avaliadas como satisfatórias para a quase
totalidade dos adolescentes desta pesquisa, sendo os meios de comunicação
(televisão, rádio, revisas e jornais) destacados como fontes de informação para a
grande maioria deles, seguidos por escolas, família e amigos.
Ao considerarmos que as bebidas alcoólicas o aceitas, valorizadas pelo
mercado e alvo de propagandas em diferenciados veículos de comunicação,
permite-se uma breve discussão acerca da relação entre mídia e consumo bebidas
alcoólicas, visto que os meios de comunicação são destacados como fontes de
informação para os adolescentes, conforme verificado em Feira de Santana.
No intermédio da publicidade, a juventude tem sido freqüentemente focalizada
no Brasil, inclusive por via da indústria das bebidas alcoólicas. Sabe-se que a mídia
pode influenciar o público adolescente na delimitação de comportamentos e modos
de ser, a partir da veiculação de normas, referenciais de identidade e padrões
culturais (GUARESCHI, 2006). Esses elementos podem ser potencializados pela
diminuição ou ausência de acompanhamento pelos pais em casa, quando crianças e
84
adolescentes podem identificar-se por modelos negativos veiculados pela televisão
(GOMIDE; PINSKY, 2004).
Sobre este tema, percebe-se que a publicidade das bebidas alcoólicas
frequentemente explora temáticas relacionadas com expectativas comuns aos
jovens, tais como socialização, festa, alegria, sexualidade, beleza e bom humor
(PECHANSKY; SZOBOT; SCIVOLETTO, 2004; SCHENKER; MINAYO, 2005) com
argumentos de que os altos investimentos objetivam a fidelidade do consumidor ou a
troca da marca, e não o aumento do consumo, o que acaba sendo fortemente
influenciado, conforme divulgado por estudos internacionais (GOMIDE; PINSKY,
2004).
Considerando a alta disponibilidade e acessibilidade do álcool no Brasil e a
grande influencia dos veículos de comunicação nos padrões de comportamento dos
jovens, é fundamental que exista uma preocupação local com determinadas
medidas de controle, tais como o uso racional e educacional da mídia e o maior
controle propagandístico das bebidas alcoólicas.
Para Gomide e Pinsky (2004), no Brasil, em conseqüência de uma omissão
social e da falta de controle institucional, vem sendo conferida pouca importância
para iniciativas da mídia em veicular programas com conteúdo educativo. Apesar da
limitação existente nas intervenções preventivas sobre o uso de drogas puramente
informativas, é inquestionável a importância dos recursos da mídia como
instrumentos de prevenção (NOTO et al,2003).
Diversos autores defendem que o consumo do álcool no Brasil é pouco
regulado e que existe uma série de fatores facilitadores do seu acesso,
principalmente para o grupo dos adolescentes, o que é determinante para o alto
volume médio de bebidas alcoólicas consumido nos países de economia
intermediária (MELONI; LARANJEIRA, 2004; ROMANO et al, 2007).
Conforme disposto no conjunto de medidas da Política Nacional sobre o
álcool que visam prevenir danos à vida das pessoas, a necessidade de
regulamentação, monitoramento e fiscalização da propaganda e publicidade das
bebidas alcoólicas, principalmente para a proteção de segmentos vulneráveis, como
os adolescentes (BRASIL, 2005; BRASIL, 2007).
Ainda sobre as fontes de informação mencionadas pelos sujeitos deste
estudo destaca-se o seguinte: Considerando que as escolas estão presentes em
90,6% dos bairros de moradia dos sujeitos do estudo e que 75,4% deles
85
confirmaram a realização de atividades educativas voltadas para a temática das
SPAs nas escolas, chamou a atenção o fato de as escolas terem sido consideradas
fontes de informação para apenas 62,4% dos adolescentes do estudo.
Tornam-se oportunas algumas considerações acerca do impacto das práticas
de prevenção executadas no âmbito escolar. Sendo assim, uma das diretrizes da
Política Nacional sobre o Álcool aponta para a importância da inserção de atividades
alternativas de culturas e de lazer, além de ações preventivas orientadas pela
prática de redução de danos associados ao abuso de bebidas alcoólicas nas
instituições de ensino, especificamente nos níveis fundamental e dio (BRASIL,
1990; BRASIL, 2007).
Percebe-se que o aumento do consumo de SPAs entre adolescentes provoca
uma necessidade de integrar cada vez mais a escola no contexto da prevenção do
abuso de tais substâncias (ABRAMOVAY; CASTRO, 2005). Nesse sentido, para
Vieira e outros (2007), as abordagens educativas tendem a ser mais eficazes se
utilizadas em conjunto e articuladas as políticas setoriais sobre o álcool.
Ainda sobre a prevenção das SPAs nas escolas, um estudo realizado com
cerca de 4 milhões de adolescentes em 14 capitais brasileiras objetivando analisar a
percepção da presença das drogas no ambiente escolar, destacou recomendações
de políticas públicas e defendeu que a escola precisa ser privilegiada como um local
estratégico para a construção de medidas de prevenção (ABRAMOVAY; CASTRO,
2005).
As mesmas autoras defenderam ainda um envolvimento integral dos
adolescentes nas escolas em detrimento de atividades pontuais de caráter
repreensivo (ABRAMOVAY; CASTRO, 2005). Tais medidas poderiam ser dadas
através da organização de atividades atrativas e continuadas com a participação da
família, a exemplo das atividades esportivas, culturais e de cunho profissionalizante,
direcionadas à promoção de reflexões com favorecimento à adoção de estilos de
vida mais saudáveis.
Neste estudo não foram estudadas com maior profundidade as práticas de
educação voltada para a prevenção do abuso de SPAS. Entretanto, tendo em vista
algumas impressões que apontam para uma limitação das práticas preventivas,
enfatiza-se uma proposta de educação construída em conjunto com os adolescentes
que invista na capacidade dos mesmos em optarem por socializações mais seguras.
86
Para isso é fundamental que as escolas atuem como espaços de proteção social,
reconhecendo os fatores de risco associados ao consumo de SPAs (MEYER, 2003).
Para tanto, torna-se fundamental a operacionalização de políticas blicas
específicas que priorizem investimentos voltados para a qualidade do ensino,
material didático, capacitação de professores e funcionários, integração social e que
sejam amparadas por sistemas de avaliação contínuos (ABRAMOVAY; CASTRO,
2005; BRASIL, 2005; BRASIL, 2007).
Ainda sobre a origem das informações sobre SPAs, chama a atenção nesse
estudo um dado que revela que, entre os adolescentes com padrão de consumo
maior do que em todo final de semana, os amigos foram mencionados como fontes
de informação mais freqüentes do que as famílias.
Para Schenker e Minayo (2003), os amigos assumem importância na busca
pela independência dos adolescentes e possibilitam a formação de grupos de
intimidade, os quais influenciam o modo de ser e os padrões de comportamento,
corroborando com os resultados apresentados nesse estudo.
Outro elemento interessante revela a religião como uma fonte de informação
mais prevalente entre os adolescentes com menores padrões de consumo de
bebidas alcoólicas. Sobre este tema, estudos revelam a religiosidade como um
elemento de modulação para o consumo de álcool entre estudantes adolescentes,
sendo, tanto a religião quanto o uso de SPAs, consideradas dimensões significativas
da experiência pessoal e social dos adolescentes.
Um estudo realizado com 2.287 estudantes de ensino fundamental e médio
de Campinas, SP, revelou uma associação significativa entre a educação pouco
religiosa na infância e o uso pesado de pelo menos uma SPA elos adolescentes
(DALGALARRONDO et al, 2004).
Trata-se de um comportamento também verificado para outras faixas etárias.
Outro estudo do tipo inquérito domiciliar realizado com 515 sujeitos maiores de 14
anos residentes na área urbana de Campinas, SP verificou uma associação entre
não ter religião (OR=9,16, IC= 2,43 34,65) ou ser de religião que não fosse a
evangélica (OR=4,47, IC= 1,82- 10,95) e ter usado SPAs na vida (BARROS et al.
2007).
87
6.4 Características Relacionadas à Experimentação e ao Consumo Regular de
Bebidas Alcoólicas pelos Adolescentes
O álcool é apontado por vários pesquisadores como a substância psicoativa
mais frequentemente consumida (MELONI; LARANJEIRA, 2004; PECHANSKY;
SZOBOT; SCIVOLETTO, 2004; ALVES, 2005; VIEIRA et al, 2007;). Considerando
os adolescentes escolares, uma série de estudos realizados no Brasil (GALDURÓZ
et al, 1997; MUZA et al, 1997; BAUS; KUPEC; PIRES, 2002; HORTA; HORTA;
PINHEIRO, 2006) concluíram que as bebidas alcoólicas são amplamente utilizadas
por esta população.
Entre os sujeitos de Feira de Santana, a maior parte deles afirmou a
preferência pelo consumo da cerveja, tal como encontrado nos estudos
desenvolvidos por Souza, Areco e Silveira Filho (2005) e Vieira e outros (2007).
Sequencialmente observou-se a preferência por vinhos e destilados. Para aqueles
com menores padrões de consumo, o terceiro tipo de bebida na preferência dos
adolescentes foram outras bebidas do tipo coquetéis e bebidas do tipo “ice”,
seguidos por outros destilados.
Entre aqueles com experimentação ou consumo em menos de 1 vez no mês,
a preferência do consumo foi seguida por outras bebidas, tais como, coquetéis,
batidas, e bebidas do tipo “ice”, seguidos por destilados. Para os adolescentes com
padrões de consumo maiores, a preferência foi seguida por destilados e outras
bebidas.
Levando em consideração as prevalências segundo co-variáveis pessoais,
foram registradas maiores freqüências de consumo de bebidas na faixa etária entre
17 e 19 anos. Os achados de 14,8% para uso de bebidas alcoólicas no mês; 11,7%
para uso freqüente e 6,7 para uso pesado, divulgados por Galduróz e outros (2004)
e realizado com estudantes da rede pública de ensino de 27 capitais brasileiras,
foram maiores do que os encontrados em Feira de Santana, independente dos
padrões de consumo. Entretanto, a prevalência do consumo freqüente/pesado entre
adolescentes mais velhos foi inferior ao encontrado por Soldera e outros (2004
b
), ao
pesquisar adolescentes de Campinas, SP.
Acredita-se na importância da caracterização de todos os padrões de
consumo de bebidas alcoólicas, mesmo os irregulares e com menor volume
88
ingerido. O uso na vida, com equivalência neste estudo ao consumo em menos de 1
vez ao mês, foi de 38,5% para aqueles com menor idade (14 a 16 anos) e de 61,5%
para os de maior idade (17-19 anos).
Essas prevalências também foram menores do que as divulgados por outros
estudos com escolares realizados nas últimas décadas em cidades de médio e
grande porte no Brasil (MUZA et al, 1997; SCIVOLETTO et al, 1999; TAVARES;
BÉRIA; LIMA, 2001; BAUS; KUPEC; PIRES, 2002; GUIMARÃES et al., 2004;
GALDURÓZ et al, 2004; SOUZA; SILVEIRA FILHO, 2007; VIEIRA; RIBEIRO;
LARANJEIRA, 2007).
Para Galduróz e outros (2004), conhecer este perfil de usuário é importante
por informar sobre o acesso e a presença das bebidas na vida dos adolescentes.
Vale ressaltar que adolescentes com irregularidade do consumo podem estar
expostos a riscos associados a episódios agudos de embriaguez, tais como
acidentes, brigas e faltas escolares.
As prevalências do uso freqüente/pesado de bebidas alcoólicas entre os
adolescentes de 14 a 16 anos e para os maiores de 16 anos, ao relevarmos
possíveis diferenças de categorização dos padrões de consumo, também foram
inferiores às divulgadas por Tavares, ria e Lima (2001), Dalgalarrondo e outros
(2004) e Galduróz e outros (2004), também realizados com estudantes.
Sobre a idade do consumo, Tavares, Béria e Lima (2001) divulgaram que
50% dos adolescentes pesquisados pelos autores em Pelotas, RS, com idade entre
10 e 12 anos, haviam feito uso experimental de bebidas alcoólicas. Da mesma
forma, outro estudo realizado por Vieira e outros (2007), que avaliou 1990
adolescentes escolares, encontrou uma média de idade para iniciação do consumo
aos 12,35 anos (DP 2,72), ligeiramente inferior ao encontrado por Galduróz e outros
(2004). Ainda sobre a precocidade do consumo, Romano e outros (2007)
acrescentam que se trata de preditor para problemas associados.
Os dados de Feira de Santana demonstraram um número menor de
adolescentes com experimentação antes dos 13 anos, por volta de 37%. Sobre a
relação entre experimentação e volume do consumo, percebeu-se que, com
exceção do padrão de consumo “em mais do que em todo final de semana”, os
demais padrões tiveram iniciação mais prevalente na faixa etária de 14 aos 15 anos.
Vieira e outros (2007) defendem que uma maior taxação dos preços de
bebidas alcoólicas, a fiscalização efetiva para a idade mínima do consumo e a
89
restrição para a disponibilidade física do álcool são fundamentais para evitar a
exposição maciça e precoce às bebidas alcoólicas.
Sobre os elementos motivacionais, embora o desejo de ser aceito pelo grupo,
também reconhecido como pressão de amigos, tenha sido destacado pela literatura
como um elemento de determinação de padrões de comportamento entre
adolescentes (PECHANSKY, SZOBOT; SCIVOLETTO, 2004; SCIVOLETTO, 2004),
o presente estudo demonstrou que a distribuição dos elementos motivacionais,
segundo a caracterização da experimentação e do consumo regular de bebidas
alcoólicas, apontou para duas variáveis de destaque: a curiosidade e a intenção de
ficar animado.
A respeito das razões para a iniciação do consumo de álcool e outras SPAs,
um estudo realizado com análise de 105 prontuários de adolescentes (10-17 anos)
de um serviço de atenção psiquiátrica especializado em o Paulo, embora com
limitações para generalização dos resultados, também destacou a curiosidade como
principal motivo para iniciação por 78,8% dos adolescentes em tratamento(GIUSTI;
SANUDO; SCIVOLETTO, 2002).
Observou-se neste estudo que a intenção de ficar animado foi sobreposta às
motivações de diminuir a ansiedade e a timidez. Sabe-se que as bebidas alcoólicas
podem associar-se com prazer e socialização dos indivíduos, entretanto, o lado
negativo do desejo adolescente de ficar animado e obter prazer é justamente a
possibilidade de descumprimento de papéis sociais e, principalmente, a exposição
ao risco associado. Sabe-se do crescimento da mortalidade por causas externas
entre os jovens, fato que gera anos potenciais de vida perdidos e tem como causa
uma multiplicidade de fatores (BARROS; XIMENES; LIMA, 2001).
Ainda a respeito da iniciação, os resultados deste estudo apontaram para a
experimentação inicial com amigos em mais da metade dos casos, independente do
padrão de consumo. Em segundo lugar foram afirmadas as companhias de outros
familiares.
Sobre o papel do grupo de amigos no processo de desenvolvimento dos
adolescentes, Knobel (1994) afirmou que a busca pela independência avançaria
pelo suporte emocional grupal, o que seria um elemento fundamental na
reestruturação da personalidade e na busca pela identidade adulta. Ainda sobre a
iniciação do consumo, Vieira, Ribeiro e Laranjeira (2007), afirmaram uma associação
90
entre menor idade de iniciação do consumo de bebidas alcoólicas e o consumo com
familiares.
Sobre conseqüências do consumo, os episódios de intoxicação e o próprio
consumo regular de bebidas alcoólicas podem repercutir de forma negativa para a
saúde e a qualidade e vida dos adolescentes. Pode ser verificada uma maior
freqüência de acidentes de trânsito, violências, transtornos mentais, exposição a
doenças sexualmente transmissíveis e gravidez o planejada decorrentes de
alterações na capacidade de juízo crítico; prejuízos acadêmicos decorrentes de
déficit de memória e absenteísmo, dentre outros (PECHANSKY; SZOBOT;
SCIVOLETTO, 2004; COSTA et al, 2004; WORLD HEALTH ORGANIZATION, 1999;
MELONI; LARANJEIRA, 2004).
A respeito dos comportamentos conseqüentes ao uso de bebidas, verificou-se
neste estudo que eles variaram de acordo com o padrão de consumo afirmado pelos
adolescentes. Entre aqueles com menor consumo observou-se uma maior
freqüência do relato de que nenhuma situação ocorreu na seqüência.
Sobre a afirmação de que nada aconteceu aos adolescentes após o cosnumo
de bebidas alcoólicas, é apropriado destacar algumas observações divulgadas por
Pechansky, Szobot e Scivoletto (2004). Segundo os autores, os problemas
decorrentes do consumo de álcool destacados pelos adolescentes não são
necessariamente os mais graves do ponto de vista da morbi-mortalidade associada.
Sendo assim, comportamentos impróprios decorrente de episódios de
intoxicação alcoólica (vômitos e vexames) poderiam gerar mais impacto e incômodo
aos adolescentes do que o ato de dirigir ou se deslocar em um veículo guiado por
um colega alcoolizado, por exemplo.
Entre os adolescentes que afirmaram consumo freqüente/pesado, a
conseqüência mais relatada foi a embriaguez, afirmada por mais da metade desses
adolescentes. Brigas e discussões ocorreram para mais de 20% desses
adolescentes, resultado superior aos 5% de freqüência de brigas, encontrados por
Vieira e outros (2007) ao pesquisarem adolescentes escolares de Paulínia, SP.
Faltas à escola, ao trabalho e acidentes, embora tenham apresentado
prevalências pequenas neste estudo, foram mais freqüentes entre os adolescentes
com maiores padrões de consumo. A literatura tem destacado a relação entre
consumo de SPAs e problemas no rendimento escolar (HORTA et al, 2007).
91
De acordo com as considerações de Guimarães e outros (2004), estudantes
adolescentes de Assis, SP, com relato de consumo de SPAs, possuíam maior
número de faltas escolares quando comparados com não consumidores, o que foi
confirmado também por Souza e Silveira-Filho (2007). Entre adolescentes
institucionalizados, o número de faltas escolares em decorrência do consumo foi por
volta de 19% e no trabalho, 8,5% (FERIGOLO et al., 2004).
Sobre a importância da relação entre bebidas alcoólicas, acidentes e brigas,
um estudo realizado com pacientes vítimas de trauma encontrou uma positividade
de 28,9% de alcoolemia entre os pacientes, de maioria masculina, jovem e solteiros
(GAZAL-CARVALHO et al., 2002). Este elemento demonstra a importância da
reflexão deste tema, apesar das prevalências pouco significantes encontradas no
estudo.
6.5 Fatores Associados ao Consumo Freqüente/Pesado de Bebidas Alcoólicas
pelos Adolescentes
Para Pechansky, Szobot e Scivoletto (2004), dentre os fatores associados ao
consumo de álcool entre escolares, destacam-se aqueles inerentes às estruturas
familiares; separação dos pais, conflitos com a mãe, presença de pai permissivo,
sofrimento com maus tratos, não possuir prática religiosa e ter no domicílio familiar
usuário de drogas.
Considerando que os padrões de consumo de bebidas alcoólicas variam
conforme o gênero e a faixa etária (MELONI; LARANJEIRA, 2004), verificou-se
neste estudo, uma associação positiva entre a adolescência tardia (17-19) e o
consumo freqüente / pesado de bebidas alcoólicas, sendo que as taxas de consumo
foram proporcionais às idades dos adolescentes. Resultados que corroboram aos
estudos de Tavares, Béria e Lima (2001) e Souza e Silveira Filho (2007), ambos
realizados com escolares adolescentes.
O consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas foi significantemente mais
prevalente entre os adolescentes do sexo masculino. Outro estudo igualmente
realizado com população de escolares na zona urbana de Pelotas, também
encontrou associação positiva entre o sexo masculino e o uso freqüente (RP 1,64;
92
IC 1,35-2,00) e pesado de bebidas alcoólicas (RP 1,80; IC 1,23 2,64) e com os
episódios de intoxicação por álcool (RP 3,10; IC 2,08-4,62) (TAVARES; BÉRIA;
LIMA, 2001). Resultados semelhantes foram divulgados por Horta, Horta e Pinheiro
(2007) ao realizarem inquérito domiciliar com população de adolescentes.
Neste estudo, esteve associado aos adolescentes do sexo masculino, o
consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas, trabalhar para obter renda própria
e consumir bebidas em bares, danceterias e boates.
Sobre as questões de gênero, os achados parecem refletir um padrão de uso
da vida adulta. Um estudo de base populacional realizado por Costa e outros (2004)
com adultos da zona urbana de Pelotas, divulgou uma prevalência geral de consumo
abusivo de álcool de 14,3%, sendo de 29,2% entre os homens e 3,7% entre as
mulheres (OR 9,53; IC 6,76-13,43). Almeida-Filho e outros (2004) em pesquisa
realizada para avaliar consumo de alto risco entre adultos de Salvador, Ba, também
divulgaram associação entre consumo e sexo masculino (OR 5,77; IC 3,88-8,99), o
que também pôde ser comprovado por Barros e outros (2007), em Campinas, SP.
Os resultados encontrados em Feira de Santana também apontam para uma
associação entre o padrão de consumo freqüente/pesado e a experimentação com
idade menor ou igual a 13 anos. Da mesma forma, um estudo realizado com
escolares da rede pública e privada de Paulínia, SP encontrou significância para a
associação entre iniciação precoce e maior consumo de doses por ocasião (p =
0,013), maior número de episódios de embriaguez nos 30 dias anteriores à pesquisa
(p = 0,05) e uso de tabaco (p = 0,017) e outras drogas (p = 0,047) (VIEIRA;
RIBEIRO; LARANJEIRA, 2007).
Percebe-se que, apesar da proibição da venda de bebidas alcoólicas para
adolescentes, conforme disposto no Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL,
2006), os jovens experimentam álcool em idades precoces com repercussão no
padrão de consumo e possível exposição aos riscos associados, o que sinaliza para
medidas de prevenção, como por exemplo, o adiamento do início do consumo.
Ainda sobre a iniciação, a estratificação do consumo pela idade de iniciação
menor ou igual a 15 anos, demonstrou que sexo feminino e ter renda própria através
do recebimento de dinheiro de outras pessoas foram fatores de proteção para o
hábito do consumo freqüente/pesado de bebidas.
Ao considerarmos a renda própria dos adolescentes de Feira de Santana,
constatou-se uma associação positiva entre trabalhar para obter renda própria e
93
consumir bebidas alcoólicas de forma freqüente/pesada. Este resultado está de
acordo com as publicações de Galduróz e outros (2004); Souza, Areco e Silveira
Filho (2005) e Souza e Silveira Filho (2007).
Este último, realizado com 798 adolescentes escolares trabalhadores e 1.493
não trabalhadores do Mato Grosso encontrou prevalência maior do uso recente de
bebidas alcoólicas entre os adolescentes trabalhadores (SOUZA; SILVEIRA FILHO,
2007). Outra pesquisa realizada em Campinas, SP, por Soldera e outros (2004
b
)
encontrou um risco de uso pesado de álcool 2.2 vezes maior entre os adolescentes
que trabalhavam.
Foi verificado também associação entre adolescentes trabalhadores com
padrão de consumo freqüente/pesado e sexo masculino, problemas com outras
SPAs na família e presença de pais ou responsáveis desempregados.
Além disso, parece haver um fator de proteção para o consumo
freqüente/pesado de bebidas associado ao fato dos adolescentes obterem renda
própria proveniente da doação dos pais, resultado também encontrado na
estratificação o consumo por faixa etária de 17 a 19 anos. Outro fator de proteção
encontrado para o consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas por
adolescentes de 17 a 19 anos foi um maior nível de informações sobre SPAs.
Uma alternativa de explicação poderia suscitar a existência de um maior
controle das ações dos filhos por parte dos pais que os sustentam, complementada
pela possibilidade de maior limitação do recurso financeiro, o que poderia dificultar o
acesso às bebidas e aos locais de sua comercialização, tais como, bares, festas e
boates.
Para Soldera e outros (2004 b), outras hipóteses para a associação entre
trabalho e consumo de bebidas alcoólicas poderiam ser atribuídas ao estresse
conseqüente a ter que assumir precocemente uma função laboral ou por
conseqüência aos padrões de socialização vinculados ao mundo do trabalho. Esses
argumentos se contrapõem a uma aceitação social que considera o tempo livre
como um fator de risco para consumo de SPAs.
Outro resultado encontrado nesta pesquisa sinaliza para associação entre
consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas e afirmação da interferência da
bebida na relação sexual, além de ter mantido relação sexual com alguém pouco
conhecido. Outros estudos epidemiológicos com enfoque na adolescência também
chegaram a resultados semelhantes.
94
A literatura aponta para uma relação entre comportamento sexual de risco e
consumo de SPAs. Scivoletto e outros (1999) ao pesquisarem aproximadamente
700 estudantes adolescentes de São Paulo, verificaram associação entre uso menos
freqüente de álcool e atraso do início da atividade sexual em 01 ano, além de
associações entre uso de SPAs, não uso de preservativo e pagamento para manter
relações sexuais.
Estudos realizados por Taquette, Vilhena e Paula (2004) e Taquette e outros
(2005), com adolescentes oriundos do Núcleo de Estudos da Saúde do Adolescente
no Rio de Janeiro, destacaram associação entre uso de álcool seis vezes ou mais no
último mês e presença de DST em adolescentes de ambos os sexos, também
verificado para adolescentes do sexo feminino.
Sabe-se da precocidade das primeiras relações sexuais, também verificada
para o consumo de SPAs. Nesse sentido, diante dos elementos anteriormente
expostos, existe uma boa oportunidade de direcionamento de práticas preventivas
conjuntas para prevenção de DSTs e consumo de SPAs.
Considerando que a saúde dos adolescentes deve ser abordada a partir da
sua dinâmica interação com o contexto no qual ele influencia e é influenciado
(SUDBRACK; CESTARI, 2005), assumem importância o universo familiar e o
ambiente de convívio e moradia.
Os resultados deste estudo demonstraram uma maior prevalência de
consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas pelos adolescentes entre
adolescentes com presença de familiares com problemas de uso ou abuso de
bebidas alcoólicas e presença de problemas com outras SPAs na família.
Sobre os fatores familiares, pode-se considerar que a família possui um papel
fundamental no comportamento dos adolescentes. Pode assumir-se como fator de
risco ou de proteção para a temática do abuso de álcool, a depender de como são
estabelecidos os vínculos de confiança e os canais de comunicação entre seus
membros. Torna-se importante para isso o modelo comportamental adotado pelos
pais (SCHENKER; MINAYO, 2003).
Conforme Horta, Horta e Pinheiro (2006), hábitos familiares parecem
reproduzir certos comportamentos aos adolescentes. Um estudo realizado por Silva
e outros (2003) em um serviço de referência para adolescentes dependentes de
SPAs no Rio de Janeiro, divulgou que os familiares dos adolescentes atendidos
95
apresentavam prevalências de dependência de SPAs quatro vezes mais altas do
que verificadas em outros resultados de amostra populacional realizados no Brasil.
Outro estudo realizado em uma instituição de recuperação para menores no
Rio Grande do Sul destacou que mais de 23% dos adolescentes pesquisados
afirmaram que seus pais faziam uso de bebidas alcoólicas de forma excessiva
(FERIGOLO et al, 2004).
De acordo com Pechansky, Szobot e Scivoletto (2004), o uso de SPAs pelos
pais e irmãos é relatado pela literatura como fator predisponente à iniciação ou
continuação de SPAs pelos adolescentes. De acordo com Figlie e outros (2004),
após realização de estudo em um serviço para filhos de dependentes químicos
provenientes de um bairro com características de vulnerabilidade em São Paulo, foi
constatado que esta população apresenta risco para o desenvolvimento de
problemas bio-psicossociais, necessitando de ações que promovam fatores de
proteção.
Neste estudo foi verificado que a baixa escolaridade da mãe apresentou-se
associada ao consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas, o que não pôde ser
verificado no referente à baixa escolaridade dos pais. Sobre esse tema, Souza e
Silveira Filho (2005), verificaram associação entre uso recente de álcool e baixa
escolaridade do chefe de família em estudo conduzido com adolescentes da rede
estadual de ensino de Cuiabá, MT.
Alternativas de explicação para os resultados encontrados podem ser
aventadas. A primeira sinaliza para maior possibilidade de influência educacional
sobre os filhos por parte das mães; outra alternativa reside no fato de que mais de
25% dos adolescentes afirmaram coabitação com a mãe apenas, o que poderia
favorecer menor interferência educacional por parte dos pais.
O consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas também esteve
associado com a coabitação com companheiro entre os estudantes de Feira de
Santana. Em princípio, parece que a presença dos pais no domicílio representa um
efeito protetor para o consumo de bebidas. Um estudo realizado por Silva e outros
(2003) com adolescentes de um serviço de saúde ligado ao departamento de
Psiquiatria de uma universidade do Rio de Janeiro, verificou que a coabitação com
ambos os pais foi fator protetor para o uso de SPAs, atrasando a iniciação do
consumo em um ano.
96
Resultados diferentes foram encontrados por Horta, Horta e Pinheiro (2006),
os quais após realização de um estudo com adolescentes da área urbana de
Pelotas, não encontraram associação entre uso de bebidas alcoólicas e coabitação
sem a presença dos pais. Entretanto, para utilização de outras SPAs, verificou-se
um aumento da prevalência do consumo quando os pais estavam ausentes do
domicílio.
Neste estudo, foi verificada uma prevalência maior do consumo
freqüente/pesado de bebidas alcoólicas
entre adolescentes com famílias
sustentadas pela ajuda de outras pessoas.
Sobre os eventos estressantes da vida, a
exemplo dos problemas financeiros da família, Schenker e Minayo (2003) afirmaram
que os mesmos podem influenciar no uso abusivo de SPAs quando associados com
outros fatores predisponentes. Entretanto, conforme circunstâncias individuais e
ambientais podem constituir-se em elemento de fortalecimento e amadurecimento.
Sobre a situação sócio-econômica familiar, Baús, Kupec e Pires (2002) ao
pesquisarem sua associação com o consumo de bebidas alcoólicas entre escolares
de Florianópolis, SC, verificaram correlação positiva entre este consumo de álcool e
classes sócio-econômicas mais altas. Os resultados encontrados em Feira de
Santana não permitem um maior aprofundamento das análises acerca de níveis
sócio-econômicos, embora tenha sido verificada uma associação entre o consumo
freqüente/pesado de bebidas alcoólicas e a afirmação de que a família era ajudada
financeiramente por outras pessoas.
De acordo com o estudo desenvolvido por Muza e outros (1997) com
escolares de Ribeirão Preto, as maiores taxas de consumo de bebidas alcoólicas
tendem a se alternar entre os dois extremos da escala social, com destaque para a
burguesia empresarial e o subproletariado.
De acordo com Schenker e Minayo (2003), a família apresenta-se como um
local privilegiado para a socialização primária e embora seja esperado que a
atenção dos adolescentes esteja voltada para os grupos de iguais, externos ao
ambiente domiciliar; para compreendê-los, torna-se importante considerar a sua
inserção no ambiente familiar.
Sobre os fatores ambientais pesquisados, mostraram-se relevantes as
informações relacionadas ao bairro de moradia, tal como a presença de tráfico de
drogas associando-se com o padrão de consumo freqüente/pesado de bebidas
alcoólicas. Além disso, o local de consumo das bebidas também se associou com o
97
padrão de consumo estudado. Chama atenção, o consumo na casa de amigos, em
bares e nas proximidades da escola.
Conforme esperado, considerar-se bem informado sobre SPAs pareceu ser
fator protetor para o consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas. Entretanto,
sobre as atividades de caráter preventivo sobre o uso de SPAs realizadas nas
escolas, observou-se que uma baixa contribuição das atividades no conhecimento
dos alunos associou-se com o consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas.
Este fato, conforme discutido no subitem denominado “o adolescente e as
informações sobre SPAs”, demonstra uma necessidade de avaliação das práticas e
planejamento integrado com as expectativas dos adolescentes.
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7 CONCLUSÕES
Caracterização sócio-demográfica, familiar e ambiental dos adolescentes:
1. 85,2% dos adolescentes pesquisados afirmaram a presença de pessoas
alcoolizadas ou sob efeito de outras SPAs no bairro de moradia;
2. A ocorrência de assaltos/roubos e tráfico de drogas no bairro de moradia foi
registrada por 75,8% e 38,7% dos adolescentes, respectivamente;
3. Opções de lazer como quadras, praças e campos de futebol estavam
presentes nos bairros para 75,2% dos adolescentes;
4. A presença das escolas nos bairros foi afirmada por 90,6% dos adolescentes,
sendo que as mesmas foram consideradas fontes de informação sobre SPAs
para apenas 62,4% deles;
5. 65,7% dos adolescentes afirmaram coabitar com pai e mãe, sendo que 65,5%
afirmaram receber dinheiro desses pais;
Prevalências da experimentação/consumo de bebidas alcoólicas, segundo
faixa etária:
1. As modalidades de consumo de bebidas alcoólicas foram mais
prevalentes na adolescência tardia (17-19 anos) e apresentaram-se da
seguinte forma: 33% para a experimentação/consumo em menos de 1 vez
no mês; 19,6% para o consumo de 1 a 3 vezes no mês e 13,6% para o
consumo freqüente/pesado;
2. Entre os adolescentes de 14-16 anos, as prevalências do consumo de
bebidas alcoólicas foram as seguintes: 20,7% para a
experimentação/consumo em menos de 01 vez no mês; 9,1% para o
consumo de 01 a 03 vezes no mês e 4,1% para o consumo
freqüente/pesado.
99
Fatores Associados ao consumo freqüente/pesado de bebidas alcoólicas
entre os adolescentes:
1 Fatores pessoais e características de iniciação do consumo:
adolescência tardia (17-19 anos), sexo masculino, iniciação com idade
igual ou menor de 13 anos, interferência do uso de bebidas na relação
sexual a exemplo de ter se relacionado sexualmente com alguém
pouco conhecido, além de trabalhar para obter renda própria;
2 Fatores familiares e interpessoais: baixa escolaridade materna,
coabitação com companheiro e presença de familiar com problemas
com álcool ou outras drogas;
3 Fatores cio-ambientais: presença de tráfico de drogas no bairro de
moradia, consumo de bebidas alcoólicas na casa de amigos e nas
proximidades da escola e com fato de a atividade realizada na escola
não contribuir para o conhecimento do adolescente.
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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudos como este, embora apresentem limitações analíticas, podem
contribuir para uma maior aproximação da temática do consumo de bebidas
alcoólicas pelos adolescentes, auxiliando nas estratégias de planejamento,
prevenção e redução de dados.
Os mesmos devem ser realizados periodicamente, de modo que sejam
monitoradas as tendências do consumo abusivo de bebidas alcoólicas entre a
população adolescente. Entretanto, para que se busque uma aproximação mais
efetiva com o objeto de estudo, são importantes as análises de confundimento e
interação, as quais serão sequencialmente realizadas na linha de pesquisa em que
se insere este estudo.
De maneira geral, percebe-se uma necessidade de enfrentamento dos
problemas associados ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas em níveis
locais, de modo a promover a sensibilização para o controle social da oferta e do
acesso ao álcool, além do incentivo à existência de espaços propícios para que os
adolescentes exerçam sua cidadania, a exemplo das escolas.
Ações de educação preventiva, transversais, interdisciplinares e
contextualizadas com o ambiente e a família dos adolescentes precisam ser
oferecidas de forma continuada nas instituições de ensino, visando a diminuição do
consumo e dos riscos associados.
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