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Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Física
Programa de Pós-Graduação em Física
Sínteses, Caracterizações e Estudo de Pontos
Quânticos de Calcogenetos de Cádmio
Ernesto Soares de Freitas Neto
Uberlândia, 18 de fevereiro de 2009
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Ernesto Soares de Freitas Neto
Sínteses, Caracterizações e Estudo de Pontos
Quânticos de Calcogenetos de Cádmio
Uberlândia
18 de fevereiro de 2009
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Ernesto Soares de Freitas Neto
Sínteses, Caracterizações e Estudo de Pontos Quânticos de
Calcogenetos de Cádmio
Dissertação submetida ao
Programa de Pós-Graduação em
Física da Universidade Federal de
Uberlândia, como requisito para a
obtenção do Título de Mestre em
Física, sob orientação do Prof. Dr.
Noelio Oliveira Dantas.
Uberlândia
18 de fevereiro de 2009
A mente que se abre a uma nova idéia jamais
voltará ao seu tamanho original”
Albert Einstein
Agradecimentos
Primeiramente, agradeço a Deus pelas oportunidades que me foram dadas,
tornando possível a conclusão de mais uma etapa em minha vida.
À minha família pelo carinho, compreensão, apoio e companheirismo.
Ao Prof. Dr. Noelio Oliveira Dantas pela excelente orientação, dedicação,
competência, ensinamentos e amizade durante a realização deste trabalho.
Ao Prof. Dr. Shigueo Watanabe e ao Dr. Walter Elias F. Ayta do Instituto de Física da
USP em São Paulo, pela disponibilidade do equipamento para as medidas de
Absorção Óptica.
Ao Prof. Dr. Sebastião William da Silva e ao Prof. Dr. Paulo César de Morais do
Instituto de Física da UnB em Brasília, pela disponibilidade do equipamento para as
medidas de Espalhamento Raman.
Ao Prof. Dr. Fernando Pelegrini do Instituto de Física da UFG em Goiânia, pela
disponibilidade do equipamento para as medidas de Ressonância Paramagnética
Eletrônica.
À Prof(a). Dr. Maria José Santos Pompeu Brasil do Instituto de Física Gleb Wataghin
em Campinas, pela disponibilidade do equipamento para as medidas de
Fotoluminescência.
Ao Dr. Márcio Nascimento do Departamento de Física da UFSCar em São Carlos,
pelas medidas de DSC.
Aos Professores que tive no Instituto de Física da UFU, pela oportunidade de
aprender e conviver.
Aos Professores que tive na Escola Estadual Izoldino Soares de Freitas em Limeira
do Oeste – MG, que sempre me incentivaram aos estudos. Igualmente, aos grandes
amigos conquistados desde esta época: Dower, Elissandro, Odeir e tantos outros.
Aos queridos amigos conquistados no Instituto de Física da UFU: Deives, Édson
(Balboa), Guilherme (Guima), Hélio, Marcelino, Vanderley (Mentor), Victor,
Alessandra, Álefe, Anielle, Damaso, Elias, Ricardo, Valdeir, Gisele, Letícia, Márcia,
Sandra, Ronaldo, Vanessa, Elessandro, Wesley, Charley, Flávio, Igor, Wagner,
Bruno e tantos outros.
Aos funcionários do Instituto de Física da UFU: Lúcia, Jussara, Rui, Edimar, André e
Agrenor.
Ao CNPq e a FAPEMIG quanto à aprovação projetos de pesquisa para o LNMIS.
À FAPEMIG pela concessão da minha bolsa de mestrado destinada ao
desenvolvimento desta dissertação.
SUMÁRIO
Lista de Figuras I
Lista de Tabelas IX
Resumo XI
Abstract XII
CAPÍTULO I
I. Introdução 01
I.1. Pontos Quânticos (PQs) 02
I.2. Aplicações de Pontos Quânticos de Calcogenetos de Cádmio 03
I.3. Objetivos desta Pesquisa 04
CAPÍTULO II
II. Modelos Teóricos 06
II.1. Definição de Vidro 06
II.2. Aspectos Fenomenológicos 07
II.2.1. Definição de Temperatura de Transição Vítrea ( )
g
T
07
II.2.2. O Intervalo de Transição Vítrea ( )
g
T
09
II.2.3. Cristalização 10
II.3. Teoria da Nucleação Clássica 10
II.4. Crescimento de Cristais 15
II.5. Crescimento Normal 15
II.5.1. Coalescência ou Crescimento Competitivo 16
II.6. Estrutura de Bandas 17
II.7. Confinamento Quântico 20
II.7.1. Éxcitons 21
II.7.2. Raio de Bohr 22
II.7.3. Massa Efetiva 25
II.8. Regimes de Confinamento Quântico em Nanocristais 28
II.8.1. Confinamento Forte 29
II.8.2. Confinamento Intermediário 33
II.8.3. Confinamento Fraco 33
II.9. Dispersão de Tamanhos dos Pontos Quânticos 35
II.10. Deslocamento Stokes 37
II.11. Vibrações da Rede Cristalina: Fônons
38
II.11.1 Aproximação Harmônica 39
II.11.2 Cadeia Monoatômica Linear 41
II.11.3. Cadeia Diatômica Linear 46
II.11.4. Fônons 56
II.12. Teoria do Espalhamento Raman 57
II.12.1. Polarizabilidade de Átomos e Moléculas 60
II.12.1.1. Um Átomo Isolado 60
II.12.1.2. Moléculas 61
II.12.2. Teoria Clássica do Espalhamento Raman 65
II.12.3. Teoria Quântica do Espalhamento Raman 68
II.12.4. Espalhamento Raman de Primeira Ordem em Nanocristais
Semicondutores
74
II.12.5. Efeito da Contração da Rede Sobre o Espalhamento Raman em
Nanocristais
75
II.12.6. Espalhamento Raman em Nanocristais Ternários 77
CAPÍTULO III
III. Procedimentos Experimentais 81
III.1. Materiais e Métodos 81
III.1.1. Composição Química da Matriz Vítrea 81
III.1.2. Método de Fusão 82
III.2. Preparo das Amostras 83
III.2.1. Primeira Etapa: Pesagem e Sintetização da Matriz Vítrea 83
III.2.2. Segunda Etapa: Trituração da Matriz Vítrea 84
III.2.3. Terceira Etapa: Pesagem e Dopagem 84
III.2.4. Quarta Etapa: Fusão da Matriz Vítrea Dopada 84
III.2.5. Quinta Etapa: Polimento Óptico 84
III.2.6. Sexta Etapa: Tratamentos Térmicos 84
III.3. Caracterização Térmica
86
III.3.1. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) 86
III.4. Caracterizações Ópticas 87
III.4.1. Absorção Óptica (AO) 87
III.4.2. Fotoluminescência (PL) 91
III.5. Caracterização Morfológica 94
III.5.1. Microscopia de Força Atômica (AFM) 94
III.6. Caracterização Magnética 96
III.6.1. Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE) 96
CAPÍTULO IV
IV. Resultados e Discussões 103
IV.1. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) 103
IV.2. Tratamentos Térmicos 104
IV.3. Espectros de Absorção Óptica (AO) 105
IV.4. Dispersão de Tamanhos dos Pontos Quânticos 115
IV.5. Espectros de Fotoluminescência (PL) 118
IV.6. Espectros Raman 124
IV.7. Estimativa do Raio Médio 130
IV.8. Espalhamento Raman em Função do Raio Médio do Nanocristal:
Efeito da Contração da Rede
134
IV.9. Deslocamento Stokes em Nanocristais 138
IV.10. Microscopia de Força Atômica (AFM) 144
V.11. Espectros de Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE) 152
CAPÍTULO V
V. Conclusões 156
V.1. Futuros Trabalhos 159
Referências Bibliográficas 160
Apêndice
Artigo originado desta pesquisa que foi publicado na revista Applied Physics
Letters
168
Lista de Figuras
Figura I.1. Região de controle do gap de energia de vários semicondutores
em função do tamanho do ponto quântico. Em o gap do bulk, em o
gap de pontos quânticos com raio de 10 nm e em gap de pontos
quânticos com raio de 3 nm. As retas tracejadas horizontais compreendem
a região de comunicação óptica [HARRISON et al.:, 2000].
03
Figura II.1. Definição de temperatura de transição vítrea
Tg
. (a) Variação
do volume específico
V
com a temperatura (
l
: líquido;
ls
: líquido
superesfriado; : cristal; : vidro). (b) Variação do calor especifico
[ZARZYCKI, 1991].
c v
p
CΔ
08
Figura II.2. Influência da taxa de resfriamento U sobre a posição do ponto
de transição , considerando U
g
T
1
< U
2
< U
3
[ZARZYCKI, 1991].
09
Figura II.3. Estrutura cristalina do tipo wurtzita [NEVES, 2002]. 18
Figura II.4. Rede recíproca para uma estrutura do tipo wurtzita [NEVES,
2002].
18
Figura II.5. Estrutura de Bandas para a fase hexagonal do CdSe [NEVES,
2002].
19
Figura II.6. Estrutura de Bandas para a fase hexagonal do CdS
[BERGSTRESSER,1967].
20
Figura II.7. Representação dos tipos de confinamento quântico e
respectivas densidades de estados que portadores podem apresentar
para: (a)0D, (b)1D, (c)2D e (d)3D [GAPONENKO, 1998].
21
Figura II.8. Representação da formação de um éxciton, banda de valência,
banda de condução e gap de energia.
22
Figura II.9. Ilustração do modelo de Bohr para o átomo de hidrogênio. 23
Figura II.10. Potencial periódico em 1D. Ao se deslocar da posição x para
x + a, um elétron perceberá exatamente a mesma vizinhança, e
conseqüentemente o mesmo potencial [OLIVEIRA, 2000].
26
Figura II.11. Esquema do espectro de energia de um semicondutor bulk
(esquerda). As energias de elétrons e buracos em um ponto quântico
(quantum dot) estão representadas no lado direito da figura [TSUDA,
1994].
32
Figura II.12. Representação esquemática do espectro contínuo, para o
semicondutor “bulk”, comparado com o espectro discreto, para o QD
[KLIMOV, 2003].
33
I
34
Figura II.13. Representação do diagrama de energia para os diferentes
regimes de confinamento devido ao efeito de tamanho (NETO, 1992).
Figura II.14. Representação do aumento do deslocamento Stokes
devido ao aparecimento de níveis de defeitos dentro do gap de
pontos quânticos [Priscila, 2006].
)( StokesΔ
38
Figura II.15. Energia potencial resultante entre dois átomos em função da
distância entre eles.
39
Figura II.16. Cadeia monoatômica linear com espaçamento a entre os
átomos. 0Acima: Estado de Equilíbrio. Abaixo: Estado em “Strain” devido
ao deslocamento dos átomos.
41
Figura II.17. Relação de dispersão de uma cadeia monoatômica linear.
Neste caso aparece apenas o modo acústico de vibração. [ASHCROFT,
1976].
45
Figura II.18. Cadeia diatômica linear com átomos de massas m
1
e m
2
formando uma base, e espaçamento entre as bases igual a a.
46
Figura II.19. Modos de Vibração de uma cadeia diatômica linear. Em
vermelho: Modo Acústico de Vibração. Em azul: Modo Óptico de Vibração
[ASHCROFT, 1976].
54
Figura II.20. Esquema do movimento vibracional dos átomos em uma
cadeia diatômica linear. (a) representa o modo óptico transversal (TO),
qual possui a freqüência
ω
+
. (b) representa o modo acústico transversal
(TA), o qual possui a freqüência
ω
[KITTEL, 1976].
55
Figura II.21. Relações de dispersão em uma direção genérica no espaço
de fase para uma rede cristalina contendo dois íons por célula primitiva. As
três curvas mais abaixo são os modos acústicos, os quais apresentam
uma dependência linear com k, para valores pequenos de k. As três
curvas mais acima são os modos ópticos, os quais geralmente podem ser
excitados com o campo elétrico de uma onda luminosa [ASHCROFT,
1976].
56
Figura II.22. Relações de dispersão do semicondutor CdSe, fase cúbica
(Zinc Blend) calculadas pela Teoria da Perturbação do Funcional da
Densidade [DAL CORSO, 1993].
56
Figura II.23. Esquema do Espalhamento Raman.
i
representa uma
freqüência vibracional do sistema (amostra).
58
Figura II.24. Mecanismos do Espalhamento Raman. Onde
i
representa
uma freqüência vibracional do sistema (amostra).
59
II
Figura II.25. Espectro Raman de CCl4 (λ
exc
=488nm) [NAKAMOTO, 1997]
[K. Nakamoto, “Infrared and Raman Spectra of Inorganic and Coordination
Compounds”, John Wiley & Sons, New York (1997)].
59
Figura II.26. Esquema clássico da formação de um momento de dipolo
induzido em um átomo isolado com a aplicação de um campo elétrico
uniforme. (a) átomo isolado sem nenhuma perturbação, onde o momento
de dipolo é nulo. No centro está o núcleo com carga elétrica positiva e em
volta deste núcleo encontra-se a nuvem eletrônica. (b) átomo isolado sob a
ação de um campo elétrico uniforme
E
r
, no qual forma-se um momento de
dipolo induzido no mesmo sentido do campo elétrico.
ind
P
r
61
Figura II.27. Representação de um momento de dipolo induzido por um
campo elétrico em um sistema anisotrópico.
62
Figura II.28. Comparação entre representações geométricas. (a) um vetor
representado por um segmento orientado com intensidade, direção e
sentido. (b) um tensor de 2ª ordem representado por um elipsóide, cujos
semi-eixos principais valem a, b e c.
64
Figura II.29. Variação do elipsóide do tensor polarizabilidade durante as
vibrações normais da água (H
2
O).
67
Figura II.30. Diagrama esquemático do Espalhamento Raman Stokes de
primeira ordem.
69
Figura II.31. Mecanismos do Espalhamento Raman Ressonante. Em (a) e
(b) observa-se a ressonância com o fóton incidente e espalhado,
respectivamente, para o processo Stokes. Em (c) e (d) observa-se a
ressonância com o fóton incidente e espalhado, respectivamente, para o
processo Anti-Stokes.
72
Figura II.32. Espectro Raman de nanocristais de CdS
x
Se
1-x
[Retirado desta
dissertação de mestrado, LNMIS - UFU].
79
Figura II.33. Espectro Raman de nanocristais de CdTe: a 300K (linha
sólida), e a 10K (linha pontilhada). O detalhe em vermelho mostra o
surgimento do primeiro modo de fônon óptico de superfície SO
1
. [de Paula,
Barbora, e colaboradores, 1998].
80
Figura III.1. Termograma de DSC, (a) esquemática e (b) para um vidro
[MENDES, 2004].
87
Figura III.2. Representação dos aspectos fundamentais de
Fotoluminescência (PL) [FILHO, 1993].
92
Figura III.3. (a-d) Possíveis maneiras para a recombinação radiativa de
portadores. a) Recombinação banda a banda; b) Recombinação através
93
III
de um nível doador c) Recombinação através de um nível receptor;
d) Recombinação não-radiativa através de um nível intermediário [FILHO,
1993].
Figura III.4. Diagrama esquemático da montagem da Técnica
Experimental de Fotoluminescência [SILVA, 2004].
93
Figura III.5. Curva esquemática mostrando a dependência da força de
interação sonda-amostra em função da separação entre elas [CHINAGLIA,
2002].
95
Figura III.6. Representação esquemática de um Microscópio de Força
Atômica.
96
Figura III.7. Movimento de precessão de um dipolo magnético em um
campo magnético oscilando no plano xy com uma freqüência angular
,
onde
10
H
H<<
rr
.
97
Figura III.8. Níveis de energia de um spin eletrônico S = ½ submetido a um
campo magnético
H
r
, para
.0
e
g
99
Figura III.9. Desdobramentos fino e hiperfino das linhas de absorção
ressonante do íon Mn
2+
, que possui S = 5/2 e I = 5/2 [IKEYA, 1993].
101
Figura III.10 – Diagrama de blocos do espectrômetro de ressonância
paramagnética eletrônica. Eletroimã (1), fonte (2), Klystron (3), guia de
onda (4), cavidade ressonante (5), frequencímetro (6), amplificador Lock-in
(7) e computador PC (8).
102
Figura IV.1. Termograma DSC da matriz vítrea SNAB, aquecida a taxa de
20ºC/min.
103
Figura IV.2. Fotografias das amostras vítreas: (a) SNAB , (b) SNAB +
2[CdS] (%wt) sem tratamento térmico e (c) SNAB + 2[CdS] (%wt) tratada a
560ºC por 20h.
104
Figura IV.3. Fotografias das amostras vítreas: (a) SNAB , (b) SNAB +
3[CdSe] (%wt) sem tratamento térmico e (c) SNAB + 3[CdSe] (%wt)
tratada a 560ºC por 20h.
104
Figura IV.4. Fotografias das amostras vítreas: (a) SNAB , (b) SNAB +
2[CdO+S+Se] (%wt) sem tratamento térmico e (c) SNAB + 2[CdO+S+Se]
(%wt) tratadas a 560ºC por 20h.
105
Figura IV.5. Fotografias das amostras vítreas: (a) SNAB , (b) SNAB
(mol%) + 2[CdO + S] (%wt de SNAB) + x[Mn] (%wt de Cd) sem tratamento
térmico e (c) SNAB (mol%) + 2[CdO + S] (%wt de SNAB) + x[Mn] (%wt de
Cd) tratadas a 560ºC por 20h.
105
IV
Figura IV.6. Espectros de Absorção Óptica referentes à matriz vítrea
SNAB.
106
Figura IV.7. Espectros de Absorção Óptica referentes às amostras SNAB
(mol%) + x[CdO + S] (%wt), com x = 0 e 2,0, adotando a metodologia A.
107
Figura IV.8. Espectros de Absorção Óptica referentes às amostras SNAB
(mol%) + x[CdS] (%wt), com x = 0 e 2,0, adotando a metodologia B.
108
Figura IV.9. Espectros de Absorção Óptica referentes às amostras SNAB
(mol%) + x[2CdO + 10Se] (%wt), com x = 0 e 1,0, adotando a metodologia
A.
109
Figura IV.10. Espectros de Absorção Óptica referentes às amostras SNAB
(mol%) + x[CdSe] (%wt), com x = 0 e 3,0, adotando a metodologia B.
110
Figura IV.11. Espectros de Absorção Óptica referentes às amostras SNAB
(mol%) + x[CdO + S + Se] (%wt), com x = 0 e 2,0, adotando a metodologia
A.
111
Figura IV.12. Espectros de Absorção Óptica referentes às amostras SNAB
(mol%) + x[CdS + CdSe] (%wt), com x = 0 e 8,0, adotando a metodologia
B.
112
Figura IV.13. Espectros de Absorção Óptica referentes às amostras SNAB
+ y[CdS] (%wt SNAB) + x[Mn] (%wt de Cd), com y = 0 e 2,0 e x = 0; 0,005;
0,01; 0,05 e 0,10, adotando a metodologia C, tratadas a 560ºC por 10h.
113
Figura IV.14. Representação do ajuste gaussiano (linha tracejada)
referente ao espectro de Absorção Óptica, a temperatura ambiente (300
K), da amostra SNAB (mol%) + 3[CdSe] (%wt), tratada a 560ºC por 24h.
115
Figura IV.15. Espectros de Fotoluminescência (PL) referentes às
amostras: (a) SNAB (mol%) + 2,0[CdO + S] (%wt) e (b) SNAB (mol%) +
2,0[CdS](%wt).
119
Figura IV.16. Espectros de Fotoluminescência (PL) referentes ao NCs de
CdSe sintetizados pela metodologia B.
121
Figura IV.17. Espectros de Fotoluminescência (PL) referentes ao NCs de
CdS
x
Se
1-x
sintetizados pela metodologia A.
122
Figura IV.18. Espectros Raman de NCs de CdS crescidos na matriz vítrea
SNAB pela metodologia A e de CdS-Bulk.
124
Figura IV.19. Espectros Raman de NCs de CdS crescidos na matriz vítrea
SNAB pela metodologia B e de CdS-Bulk.
124
Figura IV.20. Espectros Raman de NCs de CdSe crescidos na matriz
vítrea SNAB pela metodologia A.
125
V
Figura IV.21. Espectros Raman de NCs de CdSe crescidos na matriz
vítrea SNAB pela metodologia B.
126
Figura IV.22. Espectros Raman de NCs de CdS
x
Se
1-x
crescidos na matriz
vítrea SNAB pela metodologia A.
127
Figura IV.23. Espectros Raman de NCs de CdS
x
Se
1-x
crescidos na matriz
vítrea SNAB pela metodologia B.
127
Figura IV.24. a) Espectros Raman, a temperatura ambiente (300K), de
nanocristais de CdS sintetizados pela metodologia B e tratados a 560ºC
por intervalos de tempos de 06h, 14h, 22h e 26h. b) Comportamento do
Espalhamento Raman em função do raio médio estimado.
134
Figura IV.25. a) Espectros Raman, a temperatura ambiente (300K), de
nanocristais de CdSe sintetizados pela metodologia B e tratados a 560ºC
por intervalos de tempos de 14h, 18h e 22h. b) Comportamento do
Espalhamento Raman em função do raio médio estimado.
135
Figura IV.26. Deslocamento do pico Raman do modo LO do nanocristais
de CdS em função do raio médio. Em detalhe, com a ampliação da região
próxima dos pontos experimentais, fez-se um ajuste linear.
136
Figura IV.27. Deslocamento do pico Raman do modo LO do nanocristais
de CdSe em função do raio médio. Em detalhe, com a ampliação da região
próxima dos pontos experimentais, fez-se um ajuste linear.
137
Figura IV.28. Ajustes dos espectros de PL dos nanocristais de CdS
sintetizados pela metodologia B e tratados a 560ºC por: a) 16h e b) 41h.
139
Figura IV.29. Representação do
STOKES
Δ
para os nanocristais de CdS
crescidos na matriz vítrea SNAB. As setas, nos espectros de PL, indicam a
emissão excitônica.
140
Figura IV.30. Comportamento do
STOKES
Δ
para os nanocristais de CdS
crescidos na matriz vítrea SNAB e tratados a 560ºC por (a) 02h, (b) 08h,
(c) 16h, (d) 24h e (e) 41h.
140
Figura IV.31. Ajustes dos espectros de PL dos nanocristais de CdSe
sintetizados pela metodologia B e tratados a 560ºC por: a) 18h e b) 30h.
141
Figura IV.32. Representação do
STOKES
Δ
para os nanocristais de CdSe
crescidos na matriz vítrea SNAB. As setas, nos espectros de PL, indicam a
emissão excitônica.
141
Figura IV.33. Comportamento do
STOKES
Δ
para os nanocristais de CdSe
crescidos na matriz vítrea SNAB e tratados a 560ºC por (a) 08h, (b) 18h,
(c) 22h e (d) 30h.
142
Figura IV.34. Ajustes dos espectros de PL dos nanocristais de CdS
x
Se
1-x
142
VI
sintetizados pela metodologia A e tratados a 560ºC por: a) 16h e b) 28h.
Figura IV.35. Representação do
STOKES
Δ
para os nanocristais de
CdS
x
Se
1-x
crescidos na matriz vítrea SNAB. As setas, nos espectros de PL,
indicam a emissão excitônica.
143
Figura IV.36. Comportamento do
STOKES
Δ
para os nanocristais de
CdS
0,68
Se
0,32
crescidos na matriz vítrea SNAB e tratados a 560ºC por (a)
02h, (b) 06h, (c) 16h e (d) 28h.
144
Figura IV.37. Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) + 2[CdS]
(%wt) tratadas a 560ºC por 04h com raio médio de
1, 81
R
nm
. (a) Imagem
2D com a distribuição de tamanho. (b) Imagem 3D.
145
Figura IV.38. Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) + 2[CdS]
(%wt) tratadas a 560ºC por 14h com raio médio de
1, 92
R
nm
. (a) Imagem
2D com a distribuição de tamanho. (b) Imagem 3D.
145
Figura IV.39. Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) + 2[CdS]
(%wt) tratadas a 560ºC por 22h com raio médio de
2,07
R
nm
. (a)
Imagem 2D com a distribuição de tamanho. (b) Imagem 3D.
146
Figura IV.40. Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) + 2[CdSe]
(%wt) tratadas a 560ºC por 12h com raio médio de
2, 24
R
nm
. (a)
Imagem 2D com a distribuição de tamanho. (b) Imagem 3D.
147
Figura IV.41. Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) + 2[CdSe]
(%wt) tratadas a 560ºC por 16h com raio médio de
2, 25
R
nm
. (a)
Imagem 2D com a distribuição de tamanho. (b) Imagem 3D.
147
Figura IV.42. Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) + 2[CdSe]
(%wt) tratadas a 560ºC por 30h com raio médio de
2,37
R
nm
. (a)
Imagem 2D com a distribuição de tamanho. (b) Imagem 3D.
148
Figura IV.43. Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) +
2[CdO+S+Se] (%wt) tratadas a 560ºC por 04h com raio médio de
1, 60
R
nm
. (a) Imagem 2D com a distribuição de tamanho. (b) Imagem
3D.
149
Figura IV.44. Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) +
2[CdO+S+Se] (%wt) tratadas a 560ºC por 12h com raio médio de
1, 62
R
nm
. (a) Imagem 2D com a distribuição de tamanho. (b) Imagem
3D.
149
Figura IV.45. Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) +
2[CdO+S+Se] (%wt) tratadas a 560ºC por 41h com raio médio de
1, 80
R
nm
. (a) Imagem 2D com a distribuição de tamanho. (b) Imagem
3D.
150
VII
Figura IV.46. Imagens de AFM mostrando distribuição de tamanho
próxima de 5% e tamanho médio do nanocristal
2,3
R
nm
. As imagens 2D
e 3D ilustram a morfologia de (a) NCs de CdS e (b) NCs de Cd
0,95
Mn
0,05
S.
151
Figura IV.47. (a) Espectros de RPE de NCs de Cd
1-x
Mn
x
S para amostras
com concentração x = 0; 0,005; 0,01; 0,05 e 0,10. (b) e (c) Espectros de
RPE da matriz vítrea SNAB dopada com xMn e NCs de Cd
1-x
Mn
x
S para
x = 0,05 e 0,10, respectivamente.
152
Figura IV.48. Espectros de RPE, experimental e simulado, de NCs de
Cd
0,95
Mn
0,05
S. A simulação usa a superposição de dois espectros com
e
8.2
mT, correspondendo a íons de Mn
7.6A =
2+
localizados dentro
(denominado como
I
S
) e sobre a superfície (denominado como
I
I
S
) dos
NCs para um sistema com parâmetros:
5/2S
=
,
5/2I
=
, mT,
mT e .
40D =
5E =
2.005
e
g
155
=
Lista de Tabelas
VIII
Tabela II.1. Distribuição eletrônica do Cd (Cádmio) e Se (Selênio). 19
Tabela II.2. Distribuição eletrônica do Cd (Cádmio) e S (Enxofre). 20
Tabela II.3. Raízes das funções de Bessel χ
nl
(GAPONENKO, 1998).
32
Tabela II.4. Alguns parâmetros para os semicondutores II – VI, massa
efetiva dos elétrons (m
e
*
),
massa efetiva dos buracos pesados (m
hh
*)
ambas em unidades da massa do elétron livre m
o,
constante dielétrica (ε),
energia de ligação do éxciton (E
ex
) e raio de Bohr efetivo (a*) [GRAHN,
1999].
35
Tabela III.1. Cálculo da massa resultante referente à composição química
da matriz vítrea SNAB e ponto de fusão de cada composto químico.
82
Tabela III.2. Composições das amostras vítreas sintetizadas pela
metodologia A para formar os correspondentes pontos quânticos.
85
Tabela III.3. Composições das amostras vítreas sintetizadas pela
metodologia B para formar os correspondentes pontos quânticos.
85
Tabela III.4. Composições das amostras vítreas sintetizadas pela
metodologia C para formar pontos quânticos Cd
1-x
Mn
x
S e o material
SNAB: xMn.
85
Tabela III.5. Parâmetros característicos para elétrons livres. 100
Tabela IV.1. Parâmetros característicos de pontos quânticos de CdS
crescidos nas amostras com a composição SNAB (mol%) + 2[CdS] (%wt).
116
Tabela IV.2. Parâmetros característicos de pontos quânticos de CdSe
crescidos nas amostras com a composição SNAB (mol%) + 3[CdSe]
(%wt).
117
Tabela IV.3. Parâmetros característicos de pontos quânticos de CdS
x
Se
1-x
crescidos nas amostras com a composição SNAB (mol%) + 2[CdO + S +
Se] (%wt).
118
Tabela IV.4. Valores da concentração x e do gap de energia do
correspondente semicondutor “bulk” para cada amostra que contém
nanocristais de CdS
x
Se
1-x
sintetizados pela metodologia A.
128
IX
Tabela IV.5. Valores da concentração x e do gap de energia do
correspondente semicondutor “bulk” para cada amostra que contém
nanocristais de CdS
x
Se
1-x
sintetizados pela metodologia B.
129
Tabela IV.6. Valores das smassas efetivas reduzidas e constantes
dielétricas dos semicondutores: CdS e CdSe. Onde m
0
é a massa de
repouso do elétron.
131
Tabela IV.7. Valor do gap de energia de cada semicondutor bulk. 132
Tabela IV.8. Energias de confinamento dos nanocristais de CdS e CdSe,
sintetizados pela metodologia B, e dos nanocristais de CdS
0,68
Se
0,32
,
sintetizados pela metodologia A. Essas energias foram obtidas a partir dos
picos dos espectros de AO medidos a temperatura ambiente (300K).
132
Tabela IV.9. Estimativa dos raios médios dos nanocristais de CdS e CdSe,
sintetizados pela metodologia B, e dos nanocristais de CdS
x
Se
1-x
,
sintetizados pela metodologia A.
133
Resumo
X
Pontos quânticos de CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
e Cd
1-x
Mn
x
S foram crescidos,
com sucesso, na matriz vítrea SNAB [40SiO
2
.30Na
2
CO
3
. 1Al
2
O
3
.29BB
2
O
3
(mol%)]
sintetizada pelo Método de Fusão, quando submetida a determinados tratamentos
térmicos. Determinou-se a temperatura de transição vítrea (T
g
) da matriz vítrea
SNAB, por Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC), para definir a temperatura de
560ºC utilizada nos tratamentos térmicos, em que favoreceu a formação de pontos
quânticos de CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
e Cd
1-x
Mn
x
S. Foram investigadas as
propriedades ópticas, por Absorção Óptica (AO), Fotoluminescência (PL) e
Espalhamento Raman (ER), morfológicas, por Microscopia de Força Atômica (AFM)
e magnéticas, por Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE) dos pontos
quânticos sintetizados. A partir dos espectros de AO determinou-se a dispersão de
tamanho dos nanocristais e, com a utilização de um modelo teórico baseado na
aproximação da massa efetiva, foi possível estimar o raio médio dos pontos
quânticos em torno de 2,0 nm. Os espectros Raman comprovaram, definitivamente,
a formação dos pontos quânticos de CdS, CdSe e CdS
x
Se
1-x
, bem como o efeito da
contração da rede cristalina dos nanocristais gerado pelas interações com a matriz
vítrea hospedeira. Os espectros de RPE confirmaram a incorporação de íons de
Mn em nanocristais de CdS, formando Cd
2+
1-x
Mn
x
S, em dois diferentes sítios: um
incorporado no núcleo e outro próximo da superfície dos nanocristais. Diante dos
resultados obtidos, concluiu-se que pontos quânticos de CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
e
Cd
1-x
Mn
x
S crescidos em um sistema vítreo possuem uma grande possibilidade de
aplicação em dispositivos tecnológicos, como, por exemplo, elementos ativos para
lasers, amplificadores ópticos, LEDs (Light-Emitting Diodes) dentre outros.
Palavras-chave
Pontos Quânticos, CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
, Cd
1-x
Mn
x
S, Absorção Óptica,
Fotoluminescência, Espalhamento Raman, Microscopia de Força Atômica,
Ressonância Paramagnética Eletrônica.
Abstract
XI
CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
and Cd
1-x
Mn
x
S quantum dots were successfully
grown in the glass matrix SNAB [40SiO
2
.30Na
2
CO
3
.1Al
2
O
3
.29BB
2
O
3
(mol%)]
synthesized by the Fusion Method, when subjected to certain thermal treatment. The
glass transition temperature (T
g
) of the glass matrix SNAB was found by Differential
Scanning Calorimetry (DSC) in order to set the temperature of 560°C to be used in
thermal treatment, which favored the formation of CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
and Cd
1-
x
Mn
x
S quantum dots. We investigated the optical properties, by Optical Absorption
(OA), Photoluminescence (PL) and Raman Scattering, the morphological, by Atomic
Force Microscopy (AFM) and the magnetic, by Electron Paramagnetic Resonance
(EPR) of the synthesized quantum dots. From the spectra of OA we have determined
the dispersion of the size of nanocrystals and, using a theoretical model based on the
effective mass approximation, it was possible to estimate the average radius of
quantum dots around 2.0 nm. The Raman spectra demonstrated, finally, the
formation of CdS, CdSe and CdS
x
Se
1-x
quantum dots, and the effect of the lattice
contraction of nanocrystals caused by interactions with the host glass matrix. The
EPR spectra confirmed the incorporation of Mn ions in CdS nanocrystals, forming
Cd
2+
1-x
Mn
x
S in two different sites: one of them embedded in the core and the other
near the surface of nanocrystals. We have concluded from the obtained results, that
CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
and Cd
1-x
Mn
x
S quantum dots grown in a glass system have a
possibility of application in technological devices, such as active elements for
lasers, optical amplifiers, LEDs (Light-Emitting Diodes), among others.
great
Keywords
Quantum Dots, CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
, Cd
1-x
Mn
x
S, Optical Absorption,
Photoluminescence, Raman Scattering, Atomic Force Microscopy, Electronic
Paramagnetic Resonance.
XII
Capítulo I
I. Introdução
Houve uma época, não muito distante, em que se ouvia muito a palavra
micro referindo-se a uma escala de tamanho muito pequena (10
-6
m). No entanto,
nos últimos anos tornou-se muito comum ouvir as palavras nanociência e
nanotecnologia associadas à escala de tamanho nanométrica (10
-9
m).
A principal motivação para o estudo de nanoestruturas está no fato de
que, nesta escala de tamanho, os materiais apresentam propriedades únicas e
muitas vezes surpreendentes, causadas por efeitos previstos pela mecânica
quântica. As possíveis aplicações de materiais com estas propriedades incluem:
aumentar espetacularmente a capacidade de armazenamento e processamento de
dados dos computadores; criar novos mecanismos para entrega de medicamentos,
mais seguros e menos prejudiciais ao paciente do que os disponíveis hoje; criar
materiais mais leves e mais resistentes do que metais e plásticos, para prédios,
automóveis, aviões; e muito mais inovações em desenvolvimento ou que ainda não
foram sequer imaginadas. Economia de energia, proteção ao meio ambiente, menor
uso de matérias primas escassas, são possibilidades muito concretas dos
desenvolvimentos em nanotecnologia que estão ocorrendo hoje e podem ser
antevistos. Desta maneira, a nanociência e a nanotecnologia possuem um caráter
fortemente interdisciplinar, envolvendo várias áreas do conhecimento como a física,
a química, a medicina, a biologia, ciência dos materiais, dentre outras.
A viabilidade da nanociência e nanotecnologia foi possível devido à
invenção de instrumentos que permitem manipular e obter imagens de materiais na
escala nanométrica: os chamados microscópios de varredura por sonda (SPM na
sigla em inglês). Uma variação do SPM é o microscópio de força atômica (AFM na
sigla em inglês), no qual é possível obter imagens topográficas de uma superfície
que contém nanoestruturas como, por exemplo, nanocristais semicondutores. Outra
maneira de se visualizar nanoestruturas é através da utilização de um microscópio
de transmissão eletrônica (TEM na sigla em inglês), no qual a imagem é formada por
elétrons que atravessam uma superfície muito fina. Existe, também, o microscópio
de transmissão eletrônica de alta resolução (HRTEM na sigla em inglês) com o qual
1
é possível distinguir átomos individualmente em uma nanoestrutura. Outro fator de
fundamental importância, que tornou a nanociência e a nanotecnologia possíveis,
foram os recentes avanços das técnicas de síntese de novos materiais, as quais
permitem a fabricação de nanomateriais com grande potencial para aplicações
tecnológicas. Entretanto, existe ainda um grande desafio na obtenção de
nanoestruturas com tamanhos e formas padronizados que possam ser reproduzidas
de forma confiável.
De uma forma geral, a nanociência e a nanotecnologia são caracterizadas
pela utilização de técnicas que permitem tanto visualizar como manipular a matéria
na escala nanométrica, incluindo a manipulação direta de átomos [VALADARES,
2005].
I.1. Pontos Quânticos
Um dos mais promissores materiais da era da nanociência e
nanotecnologia são os pontos quânticos semicondutores. Um ponto quântico é
composto por apenas algumas centenas a algumas centenas de milhares de átomos
[KLIMOV, 2003], sendo que muita vezes ele é chamado de “Átomo Artificial”. Os
pontos quânticos, por apresentarem dimensões tão reduzidas (escala nanométrica),
estabelecem aos seus portadores (elétrons, buracos ou éxcitons) confinamento
quântico em todas as direções. Como já foi mencionado anteriormente, este
confinamento altera fortemente as propriedades dos materiais. Neste contexto,
encontram-se os pontos quânticos de calcogenetos de Cádmio, os quais possuem
propriedades ópticas muito interessantes. A depender do tamanho e da forma, estes
pontos quânticos podem absorver e emitir luz em toda a região do espectro
eletromagnético visível [MENDES, 2004], conforme ilustra a Figura I.1.
Nos últimos anos, a fabricação de pontos quânticos de calcogenetos de
Cádmio tem despertado grande interesse na comunidade científica, principalmente
devido a suas propriedades ópticas na região do visível, em que podem resultar em
inúmeras aplicações tecnológicas. Na tentativa de produzir pontos quânticos de
Calcogenetos de Cádmio que apresentem as propriedades físicas desejadas, muitos
métodos de síntese vêm sendo utilizados, tais como: soluções coloidais [NORRIS,
2
2008]; filmes finos [PACIFICI, 2007]; implantação iônica em uma matriz transparente
seguida por um tratamento térmico [ISHIZUMI, 2005], dentre outros.
Figura I.1. Região de controle do gap de energia de vários semicondutores em
função do tamanho do ponto quântico. Em o gap do bulk, em o gap de pontos
quânticos com raio de 10 nm e em gap de pontos quânticos com raio de 3 nm. As
retas tracejadas horizontais compreendem a região de comunicação óptica
[HARRISON et al.:, 2000].
Outra maneira de produzir pontos quânticos com um custo relativamente
baixo, comparado com outras técnicas, é crescê-los em um sistema vítreo
hospedeiro utilizando o Método de Fusão seguido por um tratamento térmico. Neste
método, o controle do tamanho dos pontos quânticos é feito ajustando a temperatura
e o tempo de tratamento térmico das amostras sintetizadas.
Neste trabalho, os pontos quânticos de calcogenetos de Cádmio foram
crescidos em um sistema vítreo dopado sintetizado pelo Método de Fusão, quando
submetido a tratamentos térmicos apropriados. Este processo de síntese será
descrito mais detalhadamente no capítulo III.
I.2. Aplicações de Pontos Quânticos de Calcogenetos de Cádmio
No universo de possíveis aplicações tecnológicas dos pontos quânticos
de calcogenetos de Cádmio, muita delas talvez ainda inimagináveis, começam a
3
surgir no horizonte algumas aplicações muito interessantes, as quais são resultados
de intensas pesquisas científicas no decorrer dos últimos anos.
Em 2007, pesquisadores do Laboratório Nacional Los Alamos, nos
Estados Unidos, produziram pontos quânticos em que o núcleo é formado por CdS
revestido por uma camada externa de ZnSe [KLIMOV, 2007]. Eles mostraram que
estes pontos quânticos podem ser usados como elementos ativos para a construção
de novos lasers mais eficientes.
Existem também, na literatura, trabalhos em que nanocristais de
calcogenetos de Cádmio são usados como marcadores biológicos fluorescentes
[BRUCHEZ, 1998], ou até mesmo para o diagnóstico, por imagem, de células
cancerígenas [YONG, 2007].
Em outro trabalho, pesquisadores do Instituto Indiano de Ciência
conseguiram produzir pontos quânticos de CdS dopados com Mn
2+
com os quais foi
possível obter luz branca [NAG, 2007]. Os resultados desta pesquisa abrem as
portas para a fabricação de LEDs (Light-Emitting Diodes) de luz branca, os quais
são muito mais eficientes do que as lâmpadas fluorescentes e incandescentes e
poderão representar um corte substancial no consumo de eletricidade para
iluminação.
Diante de tantas possibilidades de aplicações em dispositivos diretamente
relacionados à nanociência e a nanotecnologia, fica evidenciada a importância dos
pontos quânticos de calcogenetos de Cádmio, motivando o desenvolvimento desta
pesquisa.
I.3. Objetivos desta pesquisa
Os objetivos gerais desta pesquisa são: formar e crescer pontos
quânticos de calcogenetos de Cádmio (CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
e Cd
1-x
Mn
x
S) de alta
qualidade em um sistema vítreo óxido pelo Método de Fusão seguido por
tratamentos térmicos; estudar as propriedades básicas destes nanocristais visando
aperfeiçoar os procedimentos de síntese por diferentes metodologias.
Apresentam-se a seguir os objetivos específicos para que se cumpram os
objetivos gerais:
4
Sintetizar pontos quânticos de CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
e, pela primeira vez, de
Cd
1-x
Mn
x
S em um sistema vítreo pelo Método de Fusão, quando submetido a
determinados tratamentos térmicos, por diferentes metodologias.
Realizar caracterizações térmicas do sistema vítreo por Calorimetria
Exploratória Diferencial (DSC) para determinar a temperatura de transição
vítrea (T
g
), a qual é de fundamental importância para a escolha de uma
temperatura adequada no tratamento térmico.
Realizar caracterizações ópticas dos pontos quânticos de CdS, CdSe e
CdS
x
Se
1-x
por: Absorção Óptica (AO), Fotoluminescência (PL) e
Espalhamento Raman.
Através dos espectros Raman: comprovar a formação dos pontos quânticos
de CdS, CdSe e CdS
x
Se
1-x
; estudar os efeitos da contração da rede cristalina
causada pelas interações dos nanocristais com o sistema vítreo hospedeiro e
determinar a concentração x dos nanocristais ternários de CdS
x
Se
1-x
.
Obter espectros de Absorção Óptica (AO) e de Ressonância Paramagnética
Eletrônica (RPE) para os nanocristais de Cd
1-x
Mn
x
S.
Através dos espectros de AO: estimar o tamanho médio dos pontos quânticos
usando um modelo teórico baseado na aproximação da massa efetiva;
determinar a dispersão de tamanho dos pontos quânticos.
Realizar caracterizações morfológicas desses pontos quânticos por
Microscopia de Força Atômica (AFM).
Conferir o tamanho médio e distribuição de tamanho destes nanocristais, por
meio das imagens de AFM.
Estudar o comportamento do Deslocamento Stokes em função do raio médio
para os pontos quânticos de CdS, CdSe e CdS
x
Se
1-x
.
5
Capítulo II
II. Modelos Teóricos
Neste capítulo são apresentados os modelos teóricos que servirão de
base para o entendimento dos processos físicos presentes na formação e
crescimento de pontos quânticos de CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
e Cd
1-x
Mn
x
S em vidros.
A seguir, tem-se uma revisão dos principais tópicos tratados neste trabalho, de
forma resumida são apresentados aspectos da teoria de vidros, tais como: definição,
aspectos fenomenológicos; discussões sobre a transição vítrea; fenômenos de
nucleação, crescimento de cristais e teoria de formação vítrea. São apresentados
também fundamentos teóricos a respeito de confinamento quântico, dispersão de
tamanhos dos pontos quânticos, deslocamento Stokes, vibrações da rede cristalina
e espalhamento Raman.
II.1. Definição de Vidro
O vidro, do latim vitrum, constitui-se em um material dos mais antigos
conhecidos pela humanidade [NASCIMENTO, 2000].
É muito difícil cientificamente definir com precisão a natureza do estado
vítreo. Segundo Zarzycki [ZARZYCKI, 1991] pode-se defini-lo de maneira
operacional dizendo-se que “um vidro é um sólido obtido congelando um líquido sem
cristalização”, ou de maneira estrutural, dizendo-se que “um vidro é um sólido não-
cristalino”. No entanto, nenhuma das definições acima é completamente satisfatória.
A estrutural, aparentemente simples, é geral demais. Embora o vidro seja, de fato,
um sólido não-cristalino, nem todos os sólidos não-cristalinos são vítreos, a exemplo
do gel, que às vezes pode ser transformado em vidro por tratamento térmico
adequado.
A definição operacional não ajuda muito quando a origem e o modo de
preparação de um espécime forem desconhecidos. Além disso, certos materiais
não-cristalinos não podem ser produzidos por têmpera a partir do estado líquido,
necessitando de métodos especiais de preparação.
6
Os vidros tradicionais (à base de óxidos, como a sílica) são
caracterizados não só pela ausência de cristalinidade, mas, sobretudo por passarem
progressiva e reversivelmente para um estado cada vez mais fluido à medida que a
temperatura aumenta. No decorrer desta mudança ocorre uma modificação em suas
propriedades físicas (como calor específico, índice de refração, volume específico,
etc.), numa temperatura denominada transição vítrea.
A partir destas condições pode-se adotar a seguinte definição: “Um vidro
é um sólido não-cristalino que apresenta o fenômeno de transição vítrea”. O estado
físico correspondente é o estado vítreo [ZARZYCKI, 1991].
Tal definição não impõe nenhuma restrição à maneira como o vidro é
obtido e enfatiza a transição vítrea, que é ausência de estabilidade interna do
material não-cristalino. Assim, por exemplo, certos filmes finos (à base de Si ou Ge)
que sempre se cristalizam a temperaturas altas e se precipitam num material não-
cristalino instável, não são considerados vidros, sendo chamados simplesmente de
materiais amorfos, pois não apresenta , que é de extrema importância na
caracterização de um material vítreo [ZARZYCKI, 1991].
g
T
II.2. Aspectos Fenomenológicos
A maneira tradicional de produzir um vidro consiste em esfriar um líquido
superaquecido, suficientemente rápido, de modo que não haja tempo de ocorrer a
cristalização. À medida que a temperatura diminui, o aumento contínuo da
viscosidade η resulta num congelamento progressivo do líquido até à sua
solidificação final. A compreensão do estado vítreo baseia-se então na definição de
e nas condições de vitrificação, em que para se obter um vidro, busca-se evitar a
cristalização. Portanto, a compreensão dos processos de nucleação e crescimento
de cristais a partir de vidros é de fundamental importância.
g
T
II.2.1. Definição de Temperatura de Transição Vítrea ( )
g
T
Para melhor compreender esse processo é conveniente conhecer a
evolução de uma variável termodinâmica, como o volume específico
V
em função
da temperatura
T
. Através da Figura II.1, acompanha-se como o volume específico
7
V
, de uma substância vitrificável e o calor específico desta, variam com a
temperatura
P
C
T
.
Figura II.1. Definição de temperatura de transição vítrea . (a) Variação do volume
específico com a temperatura ( : líquido; : líquido superesfriado;
c
: cristal;
v
:
vidro). (b) Variação do calor especifico
Tg
V l ls
p
C
Δ
[ZARZYCKI, 1991].
Começando com um líquido a uma temperatura elevada, a diminuição da
temperatura provoca primeiro uma contração. Quando o ponto de fusão (melt
temperature ( )) é atingido, dois fenômenos podem ocorrer:
m
T
a) o líquido cristaliza-se e a descontinuidade
V
Δ
surge;
b) o líquido passa para um estado superesfriado não ocorrendo a
cristalização.
No primeiro caso, ao se completar a cristalização, à medida que o calor é
retirado do material, o sólido resultante contrai-se novamente, tornando a inclinação
da curva menor do que no estado líquido – cerca de .
3/1
No segundo caso, o material ignora a existência do ponto de solidificação
e segue a extensão da curva do líquido, além do ponto , sem descontinuidade.
A diminuição da temperatura continua provocando a contração do líquido
superesfriado, com uma certa temperatura , o qual solidifica-se rapidamente e o
coeficiente angular da curva decresce para se aproximar ou se igualar ao do sólido
cristalizado. Essa mudança na curva de esfriamento marca a passagem de um
líquido superesfriado ao vidro, sendo caracterizada por uma temperatura de
transição vítrea ou temperatura de transformação vítrea, .
l
m
T
g
T
g
T
8
A temperatura de transição vítrea pode ser entendida como a menor
temperatura onde ainda se observa movimento molecular estrutural. A viscosidade η
do líquido aumenta continuamente, à medida que a temperatura diminui, e a
passagem por corresponde a uma viscosidade de aproximadamente .
Em contraste com
V
, o coeficiente de expansão
g
T
sPa10
12
e
α
mostra uma rápida mudança na
passagem por .
g
T
II.2.2. O Intervalo de Transição Vítrea
A uma pressão constante, a posição do ponto de transição não é fixa
como é , mas varia com a taxa com que o líquido é esfriado. O resfriamento
rápido tem o efeito de deslocar para temperaturas altas, como pode se observar
pela Figura II.2 . O contrário acontece quando se esfria lentamente. Por esta razão é
preferível substituir a temperatura por um intervalo de transição vítrea ou de
transformação vítrea
g
T
m
T
g
T
g
T
[
]
g
T
, onde o limite inferior e o superior são definidos
respectivamente pelas taxas mais baixa e mais alta de resfriamento usado.
Figura II.2. Influência da taxa de resfriamento U sobre a posição do ponto de
transição , considerando U
g
T
1
< U
2
< U
3
[ZARZYCKI, 1991].
Os valores de obtidos dependem dos tipos de experimentos dos quais
são extraídos, podendo haver pequenas variações [NASCIMENTO, 2000]. Portanto,
quando se fala no valor de , para ser rigoroso, é necessário indicar o método
usado e as condições em que foi obtido.
g
T
g
T
9
II.2.3. Cristalização
A formação de um vidro tradicionalmente se dá através de um rápido
resfriamento de um líquido abaixo da temperatura de fusão ; porém, se a taxa de
resfriamento for suficientemente pequena ocorrerá cristalização do material. A
seguir, será tratado de forma resumida, o mecanismo de cristalização.
m
T
Supondo que a cristalização seja iniciada por flutuações térmicas
localizadas com energia livre suficiente para o líquido vencer estas barreiras,
observa-se a formação de uma fase mais ordenada, a qual é denominada de
embrião. Aqueles que têm um tamanho crítico são capazes de se desenvolver
espontaneamente em uma partícula maior, estável, e são chamados de núcleos.
Este processo de flutuações é denominado nucleação e a velocidade com que ela
ocorre de taxa de nucleação.
Dependendo da origem dos primeiros núcleos formados a nucleação
pode ser classificada como volumétrica (ou interna), ou superficial. Na primeira, os
embriões se formam no volume; enquanto na segunda eles ocorrem a partir da
superfície e crescem em direção ao volume do vidro [NASCIMENTO, 2004].
O número de núcleos produzidos em uma unidade de volume por unidade
de tempo recebe o nome de taxa de nucleação,
I
, e a velocidade,
u
, com a que
essas partículas crescem é chamada de taxa de crescimento. Serão tratadas a
seguir, as teorias da nucleação clássica e dos mecanismos clássicos de
crescimento.
II.3. Teoria da Nucleação Clássica
A nucleação homogênea em geral ocorre quando o sítio inicial para a
formação de núcleos é de mesma constituição dos cristais que sobre ele crescem;
ou seja, ela ocorre aleatoriamente no volume dos vidros e, não há sítios
preferenciais para a cristalização. Portanto, uma condição necessária para que este
tipo de nucleação ocorra é que a matriz seja química, estrutural e energeticamente
homogênea.
A nucleação também pode ocorrer no volume considerando elementos de
composição diferente da matriz. A cinética de nucleação é similar, caso desta
10
dissertação. A força motriz para a formação de um líquido super-resfriado (
'
) no
interior de um cristal (
c
), de composição idêntica e em condições de pressão e
temperatura constantes, é a diferença de energia livre entre as duas fases. Essa
diferença é dada por:
l
cl
GGG
=Δ
.
Além da variação da energia livre por unidade de volume, durante a
nucleação há a formação de uma interface entre as duas fases. Segundo GUTZOW
e SCHMELZER [GUTZOW and SCHMELZER, 1994], a variação de energia livre
total envolvida na formação de um embrião esférico e isotrópico de raio
r
é dada
por:
svr
GrGrG Δ+Δ=Δ
23
4
3
4
ππ
,
(2.1)
onde é a variação de energia livre por unidade de volume resultante da
transformação de uma fase em outra, e
v
GΔ
s
G
Δ
corresponde a energia por unidade de
área da superfície entre duas fases.
s
G
Δ
pode ser igualada a , a tensão
interfacial; pode ser dado por
σ
v
GΔ
mv
VGG /
Δ
=
Δ
, onde é o volume molar.
m
V
Observa-se, ao examinar a Equação 2.1, que quando
r
é pequeno, o
termo da energia interfacial predomina e
r
G
Δ
será positivo, o que determina uma
condição de instabilidade. Contudo, quando
r
aumenta, o termo prevalece e
é negativo, determinando uma condição de estabilidade. Pode-se vislumbrar a
variação da energia livre versus o raio do embrião, bem como as componentes da
energia superficial e volumétrica. A partir desta pode-se associar a existência de um
raio crítico
v
GΔ
r
GΔ
*
r
, vinculado a um máximo em
r
G
Δ
, indicado por
*
G
Δ
. As coordenadas
deste ponto podem ser obtidas derivando-se a Equação 2.1 em relação à
r
e
igualando-se a zero, e em seguida, substituindo este resultado na expressão da
variação da energia livre total. Assim, obtém-se:
v
G
r
Δ
=
σ
2
*
e
Δ
=Δ
2
3
*
3
16
v
G
G
πσ
(2.2)
11
Portanto, embriões de raio menor que
*
r
são instáveis e se re-dissolvem,
enquanto aqueles de raio maior que
*
r
são estáveis (denominados núcleos) e
tendem a crescer.
A partir da definição, a variação de energia livre de Gibbs é dada por
S
T
H
G
ΔΔ=Δ
onde
H
Δ
e
S
Δ
são as diferenças de entalpia e entropia molares
entre as fases sólido e líquido superesfriado. Supondo estas duas grandezas serem
independentes da temperatura na vizinhança de obtém-se:
m
T
(
)
(
)
Δ
Δ
=
Δ
mlmcm
TGTGG
(2.3)
Pode-se expressar a entalpia de fusão
m
S
Δ
fazendo
0
=
Δ
Δ
mmm
STH
,
por:
Δ
=Δ
m
m
m
T
H
S
(2.4)
A energia interfacial é representada pela expressão de Turnbull-Skapski
[TURNBULL, 1950], dada por:
,
3
2
mA
m
VN
H
Δ
=
α
σ
(2.5)
onde representa a entalpia de fusão, é o número de Avogadro e
m
HΔ
A
N
α
um
parâmetro empírico adimensional, com valores entre e para vidros silicatos.
Fisicamente,
4,0 6,0
α
corresponde ao número de camadas monomoleculares por unidade
de superfície do cristal que seriam fundidas em com uma energia livre superficial
igual a
m
T
σ
.
A taxa de formação de núcleos é estimada pelo produto do número de
núcleos críticos presentes por unidade de volume pela velocidade com que os
átomos são ligados ao núcleo. Portanto, para sistemas condensados, a taxa de
nucleação, segundo ZANOTTO e JAMES [ZANOTTO and JAMES, 1985] é dada por:
12
(
)
,exp
*
0
=
RT
vNI
v
(2.6)
onde
*
Δ+Δ GG
D
G
Δ
é a energia livre de Gibbs para formar um núcleo de taman ticoho crí , ou
seja, ); e a barreira termodinâmica (
J/mo
D
l
G
Δ
é a barreira cinética para a
energia l de ativação para nucleação (difusão) (em
J/mol
).
nucleação, ou a ivre
O fator pré-exponencial
0
vNA
vn
geralmente encontra-se entre
, sendo o número de unidades estruturais da fase cristalizada
por unidade de volume do líquido (
onsiderando o intervalo de temperaturas onde as taxas de nucleação
foram medidas pode ser expresso por:
134241
sm 10
v
N
32928
m 10
) e
0
a freqüência de vibração
fundamental (
1
s 10
).
v
13
C
n
A
,
h
TkN
A
Bv
n
=
(2.7)
onde é
co.
n transporte de matéria via interface núcleo-matriz seja
controlado por difusão, pode ser expresso em termos do coeficiente de
difusão efetivo
h
a Constante de Planck. Esta equação é utilizada para a determinação do
fator pré-exponencial teóri
Supo do que o
D
GΔ
. Então:
,exp
2
0
Δ
=
Tk
G
vD
B
D
λ
(2.8)
onde
λ
é o salto atômico, ou d
istância de salto, da ordem do parâmetro de rede do
rista coeficiente de difusão está relacionado com a viscosidade, , através das
equações de Eyring, dada por:
l. O
η
c
=
λη
Tk
D
B
(2.9)
13
A relação
idade de elementos estruturais em um líquido.
regime estacionário, combinam-
se as Equações 2.6-8, obtendo-se:
anterior provém da proposta de EYRING [EYRING, 1936], que resulta
numa relação entre difusão e viscos
Para a taxa de nucleação homogênea no
,exp
*
3
Tk
B
ηλ
(2.10)
Δ
=
G
TkN
I
Bv
onde é a barreira de nucleação. Para núcleos esféricos,
TkG
B
/
*
Δ
*
G
Δ
é dada
por:
Δ
=Δ
2
*
3
23
16
G
V
πσ
Pois foram considerados neste caso núcleos esféricos, e os termos da
barreira termodinâmica
G
m
(2.11)
*
G
Δ
são dados por
σ
, que é a energia livre interfacial por
s cristal e líquido, em (
fase crista
unidade de área entre as fase
2
J/m
); é volume molar da
m
V
lina (
/molm
3
); e
G
Δ
é a diferença de energia livre entre as fases cristal e
líquido (
J/mol
).
Já a nucleação heterogênea ocorre em sítios preferenciais, tais como:
contornos de fases, interfaces cristal-líquido, inclusões, discordâncias ou partículas
de impurezas existentes no vidro. A taxa de nucleação heterogênea sobre um
substrato sólido em um líquido super-resfriado, segundo JAMES [JAMES, 1985] é
dada por:
(
)
,exp
=
Tkh
NI
B
sh
(2.12)
*
Δ+Δ GG
Tk
vh
B
onde é o número de unidades estruturais do líquido em contato com o substrato
por unidade de área. A energia livre de ativaç o para tal nucleação é definida p
s
N
ã or:
(
)
,
**
θ
fGG
h
Δ=Δ
(2.13)
onde é denominado função ângulo de molhamento, dada por :
)(
θ
f
()
+
=
4
3
2
θ
3
θθ
coscos
f
(2.14)
14
Já o raio crítico é dado por:
v
mlc
G
V
r
Δ
σ
=
2
*
*
r
.
(2.15)
Portanto, o raio crítico
*
r
para uma calota semi-esférica é
aproximadamente igual ao de uma esfera formada na nucleação homogênea.
a ene
*
h
GΔ
envolvida na formação de tal calota é menor, pois Todavia, rgia livre
(
)
1θf
para
πθ
0
. Pode-se então concluir que a presença de uma superfície
stranha causa a redução da barreira termodinâmica para a nucleação.
II.4. Crescimento de Cristais
e o último mecanismos. Maiores
detalhes em [GUTZOW and SCHMELZER, 1994].
.5. Crescimento Normal
e
As considerações teóricas sobre a descrição do crescimento de cristais
baseiam-se em três modelos gerais, fundamentados no tipo de interface líquido-
cristal e na natureza dos sítios ativos para cristalização [NASCIMENTO, 2004]:
normal (ou contínuo); crescimento determinado por processos de formação de
núcleos bidimensionais e subseqüente aumento; crescimento competitivo. Por
brevidade serão considerados apenas o primeiro
II
Este modelo supõe a interface como rugosa em escala atômica, onde a
probabilidade de um átomo (ou molécula) ser adicionado ou removido de um
determinado sítio é a mesma para todos os outros na interface, e a fração
f
desses
sítios disponíveis por unidade de área não varia apreciavelmente com a
temperatu
estes
ra.
Considere uma interface, líquido superesfriado/cristal, para que
átomos atravessem
λ
, eles precisam vencer uma barreira de energia cinética
D
G
Δ
o da fase, também a barreira de energia termodinâmica (e dependend
15
cl
GGG =Δ
lc
v
, e vice-versa,
). As freqüências de saltos do líquido superesfriado para o cristal,
, são dadas pelas expressões:
cl
v
=
RT
G
v
D
lc
Δ
0
exp
ν
e
,
Δ
0
+Δ
=
RT
GG
v
D
cl
exp
ν
(2.16)
é a freqüência de salto fundamental. Tem-se que
()
cllc
vvu
=
λ
onde
0
ν
é a taxa de
crescimento de cristais, e substituindo e , obtém-se:
lc
v
cl
v
=
G
G
u
D
Δ
1
Δ
0
expexp
λν
RTRT
(2.17)
A Equação 2.17 pode ser expressa da seguinte forma:
,exp1
Δ
=
G
D
u
u
(2.18)
onde
u
D
é expresso como um coeficiente de difusão efetivo da unidades estruturais.
Desta fo
RT
λ
rma o mecanismo de crescimento normal é tratado como um modelo onde
da interface líquido-cristal considerando
ssos de ativação por
Lifshitz-Slyozov, e leva a uma distribuição de tamanhos de mesmo nome
átomos podem ser adicionados ou retirados
os processos moleculares individuais como simples proce
saltos.
II.5.1. Coalescência ou Crescimento Competitivo
Quando o grau de supersaturação da matriz diminuiu bastante, ou seja,
quase todo o material semicondutor já está incorporado em um núcleo, se inicia a
etapa denominada Coalescência ou Crescimento Competitivo. Ocorre uma
competição em que os nanocristais de tamanhos maiores crescem a partir dos
menores. O estudo deste processo é conhecido como Teoria de Coarsening de
16
[ZARZYCKY, 1991]. Esta tem a peculiaridade de ser assimétrica em torno dos seus
valores médios, com um corte abrupto para o tamanho maior e uma dispersão muito
grande para os menores. Na prática, no processo de crescimento real estes
iferentes estágios ocorrem simultaneamente, no entanto, para fins teóricos pode-se
ente.
II.6. Estr
plo, para o estudo de transições
ópticas. O
do o cátion e a outra o ânion. Como os
tomos na wurtzita são coordenados tetraedricamente, essa estrutura é referida
omo similar à blenda de zinco (zinc-blend).
Estrutura cristalina do tipo wurtzita [NEVES, 2002].
d
analisar cada estágio separadam
utura de Bandas
A estrutura de bandas eletrônica de um semicondutor contém
informações importantes sobre uma série de parâmetros essenciais para a
caracterização do material e para a fabricação e aplicação de dispositivos feitos a
partir deste. O conhecimento dos extremos de energia da banda de condução e da
banda de valência, assim como os valores das massas efetivas de elétrons e dos
buracos, são grandezas fundamentais, por exem
conhecimento da estrutura de bandas e, principalmente, da banda
proibida, gap, de cada material, é indispensável.
Os semicondutores do grupo II-VI CdS e o CdSe podem se apresentar de
duas formas, Cúbica e Hexagonal. Utilizar-se-ão informações da forma Hexagonal,
por ser a mais comum em nanocristais de CdS, CdSe e CdS
x
Se
1-x
[CHANG, 1983],
assim como Cd
1-x
Mn
x
S, em que os compostos exibem uma estrutura que se
denomina wurtzita [NEVES, 2002; WOGGON, 1997], Figura II.3, a qual consiste em
duas redes hcp interpenetrantes, uma conten
á
c
Figura II.3.
17
A rede recíproca referente à wurtzita também é um hexágono conforme a
Figura II.4.
Figura
hexagonal. Verifica-se que o gap de energia ocorre no centro da zona de Brillouin,
ou seja, no ponto e o seu valor, a temperatura ambiente, é
g CdSe
II.4. Rede recíproca para uma estrutura do tipo wurtzita [NEVES, 2002].
Na Figura II.5 está representado a estrutura de bandas do CdSe em fase
Γ
()
1,
E
75 eV=
[GRAHN, 1999].
Figura II.5. Estrutura de Bandas para a fase hexagonal do CdSe [NEVES, 2002].
18
Considerando o composto CdSe, em que os dois elétrons do orbital 5s
do
Cádmio preencheram o orbital 4p do Selênio, a última banda completa, banda de
valência, advém dos orbitais p e a primeira banda vazia, de condução, advém dos
orbitais s ndução
apresenta sim ue é verificado abela II.1.
Tabela II.1. Distribuição eletrônic
Camadas Cd
. Assim, a banda de valência apresenta simetria p e a banda de co
etria s, o q na T
a do Cd (Cádmio) e Se (Selênio).
Se
1 1s
2
1s
2
2 2
6
2s
2
p
6
s
2
2p 2
3 3s
2
3p
6
3d
10
3s
2
3p
6
3d
10
4 4s
2
4p
6
4d
10
4s
2
4p
4
5 5s
2
Na Figura II.6 visualiza-se a estrutura de bandas, para a fase hexagonal
do CdS. Verifica-se que o CdS tem a mesma simetria de banda observada para o
CdSe. Portanto, o CdS também possui gap de energia direto no ponto e o seu
valor a temperatura ambiente é
Γ
()
2,58
gCdS
E
eV
=
[BRUS, 1984].
de Bandas para a fase hexagonal do CdS
[BERGSTRESSER,1967].
Figura II.6. Estrutura
19
A distribuição eletrônica do Cd (Cádmio) e do S (Enxofre), estão
ostradas na .
Tabela II.2. Distribuição eletrônica do Cd (Cádmio) e S (Enxofre).
energia so
99]. Estes confinamentos resultam na
quantizaçã
s de maior interesse para a tecnologia de
semicondu ionalidade.
A Figura II.7 apresenta os tipos de confinamento quântico com as
respectivas densidades de estados.
Camadas Cd
m Tabela II.2
S
1 1s
2 2
1s
2 2 2s
2
p
6
s 2p
2 6
2
3 3s
2
3p 3d
10
3s
2
3p
46
4 4s
2
4p
6
4d
10
5 5s
2
II.7. Confinamento Quântico
O Confinamento Quântico altera de forma significativa as propriedades
ópticas dos materiais, pois os leva a ter uma estrutura eletrônica que consiste em
estados discretos, assemelhando-se aos estados eletrônicos de átomos e
moléculas, diferente dos “quase-contínuos” de energia presentes em
semicondutores tipo bulk [EFROS and EFROS, 1982]. Os portadores confinados por
terem seu movimento limitado ao interior de uma região reduzida geram um
aumento da própria energia cinética. Isso faz com que os estados permitidos de
fram deslocamentos entre si, o que determina o deslocamento do gap de
absorção para o azul (energias maiores) [PRIERO, 1998]. Quanto menor o tamanho
do material, maior é o afastamento entre os níveis de energia, tornando-os discretos.
Quando o tamanho da estrutura cristalina é reduzido para a escala
nanométrica em uma das direções e esta é envolvida por um segundo material que
atua como barreira de potencial, então a liberdade de movimento dos portadores
naquela direção torna-se restrita [SILVA, 19
o da energia e em vários tipos de densidade de estados para elétrons e
buracos que são as característica
tores de baixa dimens
20
(d)
(b) (a)
(c)
Figura II.7. Representação dos tipos de confinamento quântico e respectivas
densidades de estados que portadores podem apresentar para: (a)0D, (b)1D, (c)2D
e (d)3D [GAPONENKO, 1998].
Antes de analisar o confinamento quântico em um nanocristal é preciso
ter conhecimento de alguns conceitos como: Éxcitons, Raio de Bohr e Massa
Efetiva.
II.7.1. Éxcitons
Quando o material é excitado, por exemplo, absorvendo luz, um elétron é
promovido da banda de valência para a banda de condução, deixando um buraco na
banda de valência. Este elétron pode permanecer ligado ao buraco através de uma
atração eletrostática existente entre eles, do mesmo modo que um elétron
permanece ligado a um próton. O sistema ligado elétron-buraco denomina-se
éxciton, o qual modifica os espectros de absorção óptica, a baixas temperaturas,
criando uma estrutura para energias abaixo do gap do material, onde se esperaria
não haver absorção. Os níveis de éxciton em relação à banda de condução podem
ser visualizados na Figura II.8 [KITTEL, 1978].
21
a)
b)
Figura II.8. Representação da formação de um éxciton, banda de valência, banda
de condução e gap de energia: a) estado fundamental e b) estado excitado.
Os éxcitons são eletricamente neutros, mas podem se mover através de
um cristal transportando energia de excitação. Eles também podem ser tratados em
dois casos diferentes, dependendo das propriedades do material em que ele é
formado. Quando a constante dielétrica de um material é bastante pequena, a
interação Coulombiana do par elétron-buraco é bastante forte de maneira que o
éxciton formado possui um raio com a mesma ordem de grandeza de um parâmetro
da rede cristalina. Estes tipos de éxcitons são chamados de éxcitons Frenkel e
podem se propagar em um cristal como uma onda, porém o elétron fica sempre
próximo do buraco [KITELL, 1978]. Por outro lado, em semicondutores a constante
dielétrica é geralmente grande e, portanto a interação Coulombiana do par elétron-
buraco tende a ser bastante fraca resultando na formação de um éxciton com um
raio bastante grande, comparado com um parâmetro da rede cristalina. Este tipo de
éxciton é chamado de éxciton Mott-Wannier, em que na sua descrição o potencial
cristalino do semicondutor pode ser incorporado nas massas efetivas do elétron e do
buraco [AGUIAR, 1999]. Dessa forma, conclui-se que o éxciton Mott-Wannier e o
éxciton Frenkel são extremos opostos de um mesmo fenômeno [ASHCROFT, 1976].
II.7.2. Raio de Bohr
No modelo de Bohr do átomo de hidrogênio, o elétron se move no espaço
livre a uma distância do núcleo:
0
a
22
0,052918 nm
Figura II.9. Ilustração do modelo de Bohr para o átomo de hidrogênio.
2
0
2
0
0
4
em
aa
B
h
πε
==
.
(2.19)
A Equação (2.19) pode ser escrita em termos de ,
h
π
2
h
=h
como:
2
0
2
0
em
h
a
B
π
ε
=
.
(2.20)
Considere um átomo ou íon contendo somente um elétron. O núcleo de
carga Ze é suficientemente pesado para se manter imóvel, de modo que a energia
do elétron será dada por:
r
Ze
vmE
2
0
2
0
4
1
2
1
πε
=
.
(2.21)
Como o elétron descreve uma órbita circular de raio r, tem-se:
2
2
0
2
0
4
1
r
Ze
r
v
m
πε
=
.
(2.22)
No modelo de Bohr só são permitidas órbitas, nas quais o momento
angular é quantizado, dada por:
23
π
2
0
nh
vrmL ==
,
(2.23)
onde h = 6,6256·10
-34
J.s. e n = 1,2...
Das equações 2.22 e 2.23, obtêm-se os raios das órbitas permitidas, dado
por:
2
0
0
22
Zem
hn
r
π
ε
=
e
=
2
0
0
22
4
Zem
n
r
επ
h
(2.24)
Adotando-se o modelo de Bohr para o éxciton, enquanto o elétron se
desloca de maneira orbital em torno do buraco, os dois transladam na estrutura
cristalina da rede semicondutora, formando assim um átomo hidrogenóide. O éxciton
é análogo a um átomo de hidrogênio e pode ser comparado ao estado eletrônico
menos excitado de um sólido [WISE, 2000]. A distância média entre os dois
portadores, durante o movimento dos mesmos na rede cristalina, é denominada raio
de Bohr do éxciton ( ) [PRIERO, 1998].
Bexc
a
=
+
=
*2
0
2
0
**2
0
2
0
1
4
11
4
μ
επεεπε
emmmem
a
be
exc
B
hh
(2.25)
Onde ε
é a constante dielétrica relativa do meio onde se encontra o
elétron e o buraco, m
e
* e m
b
* as massas efetivas do elétron e do buraco, relativas a
m
o;
m
o
é a massa do elétron em repouso, e é a massa reduzida [REDÍGOLO,
2002]. Tem-se que o raio de Bohr resultante para os éxcitons em semicondutores é
muito maior do que o de um átomo de Hidrogênio, uma vez que, as massas efetivas
dos portadores são menores que a de um elétron em repouso e
*
μ
ε
é
consideravelmente maior que 1 para um semicondutor [MENDES, 2004]. Por
24
exemplo, os Raios de Bohr do éxciton para os semicondutores CdS e CdSe são 3,1
nm e 6,1 nm, respectivamente [GRAHN, 1999].
O Raio de Bohr do éxciton pode ser dividido em Raio de Bohr do elétron
e Raio de Bohr do buraco
(
Be
a
)
(
)
Bb
a
, podendo estes, serem simplificados nas
formas das equações:
**2
0
2
0
4
e
BBe
e
Be
m
aa
mem
a
==
ε
επε
h
e
**2
0
2
0
4
b
BBb
b
Bb
m
aa
mem
a
==
ε
επε
h
.
(2.26)
(2.27)
Como será apresentada mais adiante, a classificação de um nanocristal
semicondutor como ponto quântico depende diretamente da relação entre o seu
tamanho e o seu raio de Bohr do éxciton, o qual é dado pela Equação (2.25).
II.7.3. Massa Efetiva
Um elétron deslocando-se entre os íons positivos que formam a rede
cristalina, sentirá a presença dos íons através da interação coulombiana por possuir
carga negativa, chama-se a esta interação dos íons e elétrons de potencial
cristalino. Se só houvesse 1 único íon, a interação seria dada pela lei de Coulomb,
proporcional ao produto das cargas e inversamente à distância. Mas o que se tem é
um arranjo periódico de íons, cuja periodicidade se reflete no potencial cristalino,
tornando-o uma função periódica da posição dos íons [OLIVEIRA, 2000].
Imagine uma rede cristalina unidimensional ao longo do eixo x, com os
íons separados por uma distância
a
. A posição de qualquer íon nesta rede será
dada por com n inteiro. Considere então um elétron que se encontra em
uma posição
inaR
v
r
=
x
, medida a partir da origem, por exemplo, 3ax
=
. Nesta posição o
elétron “sente” um certo valor do potencial cristalino, devido a todos os íons da rede.
Admita então que o elétron se desloque da posição
x
para a posição . O
potencial cristalino que o elétron sente em
3/4aax =+
x
será idêntico ao que ele sentirá em
25
a
x
+
, devido à sua periodicidade que é exatamente o espaçamento entre os íons, a
qual pode ser dada por:
)()( axVxV
+
=
.
(2.28)
Para um cristal real em três dimensões, substituí-se
x
pelo vetor posição
do elétron no espaço
r
r
e pelo vetor posição de um íon qualquer na rede
a
R
r
,
obtendo-se:
)()( RrVxV
r
r
+=
.
(2.29)
Figura II.10. Potencial periódico em 1D. Ao se deslocar da posição x para x + a, um
elétron perceberá exatamente a mesma vizinhança, e conseqüentemente o mesmo
potencial [OLIVEIRA, 2000].
A propriedade de periodicidade do potencial é de suma importância ao se
estudar os sólidos cristalinos. Ressalta-se que não há necessidade de se conhecer a
dependência de V com r, mas apenas que a função
)(rV
r
seja periódica. Se o elétron
fosse livre, seu espectro de energia seria contínuo e ele poderia ter qualquer valor
de energia ou equivalentemente estar em qualquer estado k. Ao considerar-se o
potencial cristalino, como efeito geral da sua periodicidade, o espectro das energias
permitidas para o elétron é desdobrado em regiões permitidas e proibidas
energeticamente.
Na descrição de um elétron, em uma banda, usa-se a descrição de um
elétron livre, substituindo-se a sua massa real m por uma quantidade chamada de
massa efetiva m*, obtendo-se:
26
=
*
22
2 m
k
E
h
(2.30)
O significado de massa efetiva poderá ser exemplificado através de um
sistema massa-mola (oscilador harmônico) de constante elástica K, em que a
freqüência de oscilação ω é dada por:
=
T
π
ω
2
(2.31)
Sabe-se que a freqüência angular é também dada por:
=
m
K
2
ω
(2.32)
Através das Equações (2.31) e (2.32), obtém-se:
=
2
2
π
T
Km
(2.33)
O que aconteceria se a experiência fosse repetida dentro de um líquido,
como por exemplo, um tanque com água? Obviamente o período de oscilação
mudaria e conseqüentemente o valor medido da massa. Qual o significado desse
novo valor de massa? De certa forma esse novo valor refletirá as propriedades do
líquido, ou seja, o valor da massa medido embute as interações do objeto que se
move com o meio no qual ele está inserido. Diz-se então que se mediu uma massa
efetiva. A massa efetiva é a massa real do objeto, revestida das interações entre ele
e o meio. O mesmo ocorre com o elétron no metal, como não se conhecem os
detalhes das interações entre o elétron e os íons da rede, inclui-se tudo isso dentro
da massa do elétron, que passa então a ser chamada de massa efetiva.
A massa efetiva é uma característica intrínseca de cada banda de
energia, ou seja, cada uma possui o seu próprio valor de massa efetiva. Ela está
associada à curvatura da banda e pode ser definida por:
27
0
)/(
22
2
*
kk
kE
m
=
=
h
,
(2.34)
onde corresponde a um máximo ou a um mínimo de uma banda. As curvaturas
de cada banda variam com a direção de k
0
k
r
, obtendo-se, desta forma, vários valores
de massas efetivas para elétrons e buracos
oc
aRl
<
<
.
(
rurr
II.8. Regimes de Confinamento Quântico em Nanocristais
Um nanocristal semicondutor esférico de raio R é considerado um ponto
quântico se
,
(2.35)
onde l
c
é o parâmetro de rede do semicondutor e a
0
é o raio de Bohr dos portadores
fotoexcitados, ou seja, em comparação com uma célula unitária, um ponto quântico
tem um tamanho macroscópico de raio R, mas em qualquer outra escala
macroscópica ele é considerado pequeno [REDIGOLO, 2002]. A principal
conseqüência da condição dada pela desigualdade é que os estados deste sistema
podem ser descritos como estados de Bloch, onde as funções de onda de uma
partícula são dadas por
(2.36)
,
))()
=Ψ
ϕ
(
onde é a função envelope e
u
é a função de Bloch que descreve a
periodicidade da rede, isto é,
u
( é um vetor da rede de Bravais).
)(
r
ϕ
)(
r
)()(
=+ runr
n
De outra forma, essa aproximação significa que a dimensão de alguns
parâmetros de rede é suficiente para que sua estrutura seja suposta como cristalina
e semelhante àquela de um semicondutor bulk, ou seja, mesmo que os estados
eletrônicos acabem sendo perturbados pelo confinamento, a extensão do nanocristal
é suficiente para que os núcleos atômicos se mantenham essencialmente nas
mesmas posições da rede cristalina de um semicondutor bulk [EFROS and EFROS,
28
1982]. Dessa maneira, a aproximação da massa efetiva se torna válida e o problema
é simplificado.
Assim para encontrar as autofunções e os respectivos autovalores, deve-
se resolver o Hamiltoniano que governa a função envelope dos mesmos, isto é
++=
e
VH
22
)()
hh
,
be
beb
b
e
e
rr
rVr
mm
ε
222
22
(
**
(2.37)
onde:
2
2
2
i
i
m
*
h
representa a energia cinética do elétron e do buraco respectivamente;
representa o potencial experimentado pelo elétron e buraco respectivamente;
)(
i
rV
be
rr
e
ε
2
representa a interação coulombiana entre o elétron e o buraco;
ε
representa a constante Dielétrica do Semicondutor.
Dependendo da relação entre o raio R do nanocristal e o raio de Bohr dos
éxcitons (a
exc
) três regimes de confinamento são definidos.
a) Se R << a
exc,
tem-se um
regime de forte confinamento e ocorre a
quantização de elétrons e buracos;
b) Se R a
exc
, tem-se um regime de confinamento intermediário e somente
os elétrons têm o seu movimento quantizado;
c) Se R >> a
exc,
obtém-se
o regime de confinamento fraco e somente os
éxcitons tem o seu movimento confinado.
II.8.1. Confinamento Forte
Com a condição R << a
exc
, tem-se o confinamento dos elétrons e buracos.
Nesse caso, considera-se que as respectivas energias de confinamento dos buracos
29
e dos elétrons (
2
2
*Rm
i
h
) sejam dominantes em relação à energia de interação
Coulombiana (
R
e
ε
2
).
Observa-se que a energia devida à quantização depende de 1/R
2
e a
energia devida à interação elétron-buraco depende de 1/R. Com isso para
nanocristais muito pequenos, a energia devida à quantização é muito maior do que à
de interação elétron-buraco,.assim pode-se desprezar o termo que carrega 1/R
[EFROS and EFROS, 1982] e o Hamiltoniano do sistema fica
.
Observa-se que o movimento dos dois portadores fica desacoplado e o problema se
resume no tratamento dos movimentos isolados de cada portador em um poço de
potencial esférico infinito, satisfazendo às seguintes condições de contorno (TSUDA,
1994).
.
Assim, as autofunções e os autovalores do elétron são determinados pela
seguinte equação.
,
onde E
g
é a energia do gap do material semicondutor bulk.
De mesma maneira, obtém-se a equação de autovalores para um buraco,
dada por:
.
O problema fica satisfatoriamente definido quando consideradas as condições de
contorno para e :
)(
r
e
ϕ
()
b
r
φ
(2.38)
)()(
**
++=H
22
beb
b
e
e
rVrV
mm
2
2
2
2
hh
)()(
*
= E
bb
ϕϕ
2
rr
m
b
e
2
2
h
(2.41)
)()()(
*
= rEEr
m
egee
e
ϕϕ
2
2
2
h
(2.40)
(2.39)
RrV
rV
ebr
ebr
>=
<
,
,0
=
R
30
),(
)(
)
+l
Y
rJ
2
21
(
)(
,
/
/
ΦΘ
=
+
ml
nll
nl
nlm
RkJ
k
rR
r
23
1
2
1
ϕ
(r
e
ϕ
0==
)() r
b
ϕ
Æ para Rr
.
(2.42)
Resultando em uma autofunção dada por
,
(2.43)
onde são os harmônicos esféricos, l é numero quântico associado ao
momento angular orbital do estado, m é a projeção de l em uma determinada
direção e é a função de Bessel esférica de ordem
l
.
),(
,
ΦΘ
ml
Y
)( rkJ
nll
A condição de contorno 2.42 é satisfeita quando
(2.44)
.
0
=
)( RkJ
nll
Se
nl
χ
é a enésima raiz de então se tem:
l
J
Com a energia de confinamento para os portadores sendo dada por:
ou seja;
onde
be
mm
111
+=
μ
.
Algumas raízes das funções de Bessel são mostradas na Tabela II.3.
(2.49)
2
22
2 R
EE
nl
gconf
μ
χ
+=
(2.46)
h
e
nl
g
e
nl
m
k
EE
2
22
h
+=
(2.47)
b
b
nl
m
k
E
2
22
h
=
(2.48)
nl
b
nl
e
nl
gconf
m
k
m
k
EE
22
2222
hh
++=
(2.45)
R
kRk
nl
nlnlnl
χ
χ
==
31
Tabela II.3. Raízes das funções de Bessel χ
nl
[GAPONENKO, 1998].
l n=1 n=2 n=3
0
3,142 (π) 6,283 (2π) 9,425 (3π)
1 4,493 7,725 10,904
2 5,764 9,095 12,323
3 6,988 10,417
4 8,183 11,705
5 9,356
6 10,513
7 11,657
Os autoestados nl são normalmente identificados com a seguinte
notação: 1S
i
, 1P
i
, 1D
i,
1F
i
, etc. onde n é o número principal de quantização orbital, l
dá a simetria angular da função envelope e i identifica se o estado é de condução ou
de valência. Na Figura II.11 dois níveis de menor energia obtidos através das
Equações 2.46 e 2.47 são mostrados esquematicamente.
Figura II.11. Esquema do espectro de energia de um semicondutor bulk (esquerda).
As energias de elétrons e buracos em um ponto quântico (
quantum dot) estão
representadas no lado direito da figura [TSUDA, 1994].
Observa-se, na Figura II.11, que o efeito do confinamento quântico de
elétrons e buracos faz com que a energia da transição entre os seus primeiros
estados confinados (h - 1s, e - 1s na notação da figura) seja maior do que a energia
do “gap” do semicondutor “
bulk” (transição em k = 0). Isto significa que o espectro de
absorção de um QD, apresenta um limiar em um valor de energia que é maior do
que aquele apresentado pelo semicondutor “
bulk”, sofrendo um “blueshift” que pode
ser visualizado na Figura II.12.
32
Figura II.12. Representação esquemática do espectro contínuo, para o
semicondutor “bulk”, comparado com o espectro discreto, para o QD [KLIMOV,
2003].
II.8.2. Confinamento Intermediário
Este caso é mais complexo que o anterior, pois o potencial de interação
Coulombiana [REYNOSO, 1996] já não pode ser desprezado em comparação com a
energia de confinamento.
O confinamento do movimento eletrônico é descrito do mesmo modo que
no caso anterior, porém, para os buracos a situação se altera. Efros e Efros [EFROS
and EFROS, 1982] e Brus [BRUS, 1984] estudaram este caso considerando que o
elétron é mais leve que o buraco, tendo assim uma energia cinética maior, cujo
potencial agindo sobre o buraco pode ser visto como uma média sobre o movimento
do elétron. Brus avaliou a energia de interação Coulombiana utilizando as funções
de onda para o caso de confinamento forte como uma primeira aproximação e
obteve para a energia da primeira transição o valor:
.
II.8.3. Confinamento Fraco
Neste caso os estados dos portadores são os mesmos do semicondutor
“bulk”, não ocorrendo o confinamento dos portadores individualmente, no entanto, o
movimento global pode ser afetado pela superfície e isso resulta, para o estado de
menor energia, na formação de um éxciton confinado. A função de onda do éxciton é
representada por
(2.50)
R
e
E
π
+=
h
R
E
gconf
2
2
22
81.
εμ
2
33
(2.51)
,
()(
=Ψ
nlm
ψφ
),( Rrrr
be
)
onde ;
=
be
rrr
)**(
)**(
be
bbee
mm
rmrm
R
+
+
=
, é a função de onda do movimento
relativo correspondente ao estado fundamental ou excitado do éxciton.
)(
r
φ
As energias das transições são governadas pela massa total do éxciton e
a função envelope descreve o movimento do centro de massa dentro das condições
de contorno impostas pela superfície do nanocristal.
Assim a energia da transição será dada por
,
(2.52)
2
EEE
π
h
+=
2
2MR
exgconf
onde e é a energia de ligação do éxciton no material “
bulk”.
be
mmM ** +=
ex
E
Esse tipo de confinamento é observado em materiais como CuCl e o
CuBr, onde o éxciton possui uma energia de ligação razoável. Já no caso de
semicondutores tais como o CdS e o CdSe, onde o éxciton é fracamente ligado (28
meV para o CdS e 15 meV para o CdSe), é mais provável que a superfície provoque
a dissociação do que a ocorrência de um confinamento notável do seu movimento
de translação.
Na Figura II.13 tem-se uma representação simplificada das modificações
introduzidas nos diagramas de níveis de energia devido ao efeito do tamanho.
Figura II.13. Representação do diagrama de energia para os diferentes regimes de
confinamento devido ao efeito de tamanho [NETO, 1992].
34
Verifica-se que a redução de tamanho do material semicondutor provoca
uma progressiva passagem de estados contínuos a discretos nos níveis de energia,
com um aumento da energia do “gap” para as transições óticas permitidas [NETO
1992]. Outra característica, a ser ressaltada, é a presença dos níveis de éxciton logo
abaixo da banda de condução para o regime de confinamento fraco. Estes níveis
não ocorrem para os regimes de confinamento forte e intermediário, devido à alta
energia cinética dos portadores, que impede que os mesmos fiquem em um estado
ligado.
Na Tabela II.4 são listadas mais algumas propriedades para os
semicondutores II-VI, conforme os parâmetros: massa efetiva para buracos e
elétrons, constante dielétrica, entre outros.
Tabela II.4. Alguns parâmetros para os semicondutores II – VI, massa efetiva dos
elétrons (m
e
*
),
massa efetiva dos buracos pesados (m
hh
*) ambas em unidades da
massa do elétron livre m
o,
constante dielétrica (ε), energia de ligação do éxciton (E
ex
)
e raio de Bohr efetivo (a*) [GRAHN, 1999].
a* (nm)
m
e
* m
hh
* E
ex
(meV)
Material
ε
0,34 1,76 8,9 49 1,7 ZnS
0,28 0,59 7,8 42,5 2,2 ZnO
0,16 0,78 7,1 35,9 2,8 ZnSe(cúbica)
0,21 0,68 9,4 24,7 3,1 CdS
0,12 0,6 8,7 18,0 4,6 ZnTe
0,11 0,45 10,2 11,6 6,1 CdSe
0,096 0,63 10,2 10,9 6,5 CdTe
0,031 0,32 21,0 0,87 39,3 HgTe
II.9. Dispersão de Tamanhos dos Pontos Quânticos
A dispersão de tamanhos de nanocristais pode ser determinada a partir
dos espectros de absorção óptica. É sabido que a banda de absorção óptica, a
depender da largura à meia altura, pode ser resultante da superposição das
contribuições individuais de vários grupos com tamanhos diferentes. Um método
35
para a determinação da dispersão de tamanhos de nanocristais em materiais foi
proposto por Wu et al. [Wu et al., 1987], levando em consideração um conjunto de
nanopartículas com distribuição de tamanhos do tipo gaussiana, dada pela equação:
(
)
,
2
exp
2
11
)(
2
2
=
D
aa
D
aP
o
π
(2.53)
onde
D é o desvio padrão, dado por:
2
)(
o
aaD =
.
(2.54)
A dispersão de tamanhos é definida como:
(2.55)
o
a
D
=
ξ
,
onde
a
o
representa o tamanho médio dos raios dos pontos quânticos.
A dispersão de tamanhos está relacionada com a largura à meia altura
W do ajuste gaussiano da banda de absorção óptica, dada pela equação a seguir:
ξ
(2.56)
()
g
E
W
ω
ξ
h4
.
Sendo
ω
h
a energia referente à posição do máximo da banda AO,
determinada unicamente pelo tamanho do ponto quântico, .
E
0
a
g
é o valor da
energia do
gap do semicondutor bulk.
2
0
222
2 a
n
E
g
μ
π
ω
h
h
+=
.
(2.57)
36
II.10. Deslocamento Stokes
Antes de entendermos a definição do deslocamento Stokes, é importante
falar da dinâmica dos portadores dentro do vidro. As propriedades ópticas no
espectro de absorção estão determinadas pela transição que um elétron faz desde
um estado discreto da banda de valência para outro da banda de condução do ponto
quântico. As propriedades de emissão da transição são influenciadas pelas
interações as quais os portadores estão submetidos no processo de excitação óptica
e na evolução posterior que os portadores tenham. Provavelmente eles seguirão um
caminho ou farão transições entre diferentes estados até retornar à configuração
inicial.
O elétron ao voltar para seu estado inicial emite seu excesso de energia
através de fóton. A energia
em
h
ν
deste fóton não é necessariamente a mesma que a
do fóton absorvido. É usual que o pico da luminescência tenha certo deslocamento,
chamado de deslocamento Stokes, com respeito ao pico menos energético da
absorção. Em geral, pontos quânticos semicondutores possuem níveis de defeitos
dentro do
gap, então o elétron ao se deslocar do fundo da banda de condução para
o topo da banda de valência, durante o processo de emissão, sofre interferência de
fônons da rede, emitindo energia de forma não-radiativa, o que torna a
luminescência menor do que a absorção recebida. Portanto, O deslocamento Stokes
diminui à medida que aumenta o Raio do ponto quântico [ESPINOZZA, 1996]. O
estado fundamental de que se parte o elétron é de repouso, diferente do estado
eletrônico excitado, pois antes de partir, o elétron relaxa indo para um novo estado
estável de vibração fundamental. Comparando a diferença de energia entre o fóton
incidente e o emitido, teríamos basicamente o deslocamento Stokes:
(2.58)
.. emabsStokes
hh
ν
ν
=
Δ
A Figura II.14. ilustra o comportamento do deslocamento Stokes em
função da diminuição do raio do ponto quântico.
37
Figura II.14. Representação do aumento do deslocamento Stokes devido
ao aparecimento de níveis de defeitos dentro do
gap de pontos quânticos [NAVES,
2006].
)( StokesΔ
Os níveis doadores representados dentro do
gap dos pontos quânticos
tornam-se visíveis à medida que estes diminuem de tamanho, sendo responsáveis
pela diminuição da luminescência e conseqüente aumento do deslocamento Stokes
. Os níveis aceitadores não foram representados, mas aparecem também
dentro da região do
gap dos nanocristais. A eficiência de dispositivos baseados em
pontos quânticos depende, em grande parte, da relaxação eficiente do portador ao
estado fundamental. Voltando aos processos dinâmicos que acontecem após a
excitação do par elétron-buraco, tem-se uma justificativa para o deslocamento
Stokes.
)( StokesΔ
II.11. Vibrações da Rede Cristalina: Fônons
Nesta seção são apresentados alguns aspectos fundamentais sobre as
vibrações da rede cristalina relacionadas à propagação de ondas elásticas. Desta
forma, são discutidos os modos normais de vibração nas cadeias lineares,
monoatômica e diatômica, estendendo a um caso mais geral. Em seguida mostra-se
que estas vibrações da rede são quantizadas através de uma quase-partícula
denominada fônon.
38
II.11.1. Aproximação harmônica
Nos sólidos, como é sabido, os átomos interagem entre si através das
ligações químicas existentes entre eles. Sobre cada átomo atuam forças
eletrostáticas atrativas e repulsivas, as quais se balanceiam, fazendo com que este
átomo oscile em torno de uma posição de equilíbrio r
0
.
Ao considerar dois átomos vizinhos, o primeiro localizado na origem
, e o segundo localizado a uma distância
r
, que oscila em torno de sua
posição de equilíbrio , pode-se representar a curva de energia potencial
resultante em função da distância entre eles, conforme a Figura II.15.
(
0r =
)
0
rr=
()
Ur
r
Figura II.15. Energia potencial resultante entre dois átomos em função da distância
entre eles.
Como a amplitude de oscilação do segundo átomo em relação a sua
posição de equilíbrio é pequena, pode-se expandir sua energia potencial
(
)
Ur
em
série de Taylor em torno de , como segue:
0
rr=
(2.59)
() ( ) () () ()
0
00
23
23
00 0 0
23
11
.
26
rr
rr rr
dU d U d U
Ur Ur r r r r r r
dr dr dr
=
==
⎛⎞
⎛⎞
=+ + + +
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎝⎠
39
O termo
(
corresponde ao deslocamento do segundo átomo em
relação a sua posição de equilíbrio. A primeira derivada deve ser nula, uma vez que
na posição de equilíbrio, assume um valor mínimo, ou seja:
)
0
rr
()
Ur
0
0
rr
dU
dr
=
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
.
(2.60)
Dessa forma, apenas os termos , com , representam
deslocamentos, em que
(
0
n
rr
)
2n
(
)
Ur
pode ser reescrita da seguinte forma:
(2.61)
() ( ) () ()
00
23
23
00
23
11
26
rr rr
dU dU
Ur Ur r r r r
dr dr
==
⎛⎞
0
=
+−+
⎜⎟
⎝⎠
+
.
Diante do fato que
(
)
0
rr r
0
<<
, pode-se expandir apenas até o termo de
terceira ordem, em que a Equação (3) poderá ser rescrita da seguinte forma:
(2.62)
() ( ) () ()
00
23
23
00
23
11
26
rr rr
dU dU
Ur Ur r r r r
dr dr
==
⎛⎞
0
= + + +⋅⋅⋅
⎜⎟
⎝⎠
.
Na Equação (2.62), fazendo
(
)
00
UU
e
r=−
(
)
0
x
rr
=
, obtém-se:
()
23
012
1
2
Ux U Cx Cx
+
=++
,
(2.63)
onde as constantes
C
e são dadas por:
1 2
C
0
2
1
2
rr
dU
C
dr
=
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
e
0
3
2
3
1
6
rr
dU
C
(2.64)
dr
=
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
.
40
O termo
2
1
1
2
Cx
, na Equação (2.63), representa a energia potencial
harmônica que está associada a uma força elástica
harm
FU=−
r
r
, em que na direção
x é dada por
2
1
ˆ
2
harm
ˆ
x
x
dU
Cd
Fe
dx dx
⎛⎞
=− =−
⎜⎟
⎝⎠
r
x
xe
, obtendo-se:
(2.65)
1
ˆ
x
x
F
Cxe=−
r
.
Observa-se que esta força elástica é do tipo Lei de Hooke. Esta
aproximação de primeira ordem desenvolvida anteriormente é conhecida como
aproximação harmônica. Em muitos casos, mantendo-se a temperatura constante,
pode-se usar apenas a energia potencial harmônica, pois os outros termos de ordem
superior, com
,
responsáveis por efeitos anarmônicos, são desprezíveis.
Entretanto, efeitos anarmônicos são responsáveis pela dilatação térmica de
materiais como, por exemplo, os semicondutores III-V e II-VI, mesmo para baixas
temperaturas.
2n >
II.11.2. Cadeia monoatômica linear
A Figura II.16 representa uma cadeia monoatômica linear onde cada
átomo possui massa
M
, na qual o espaçamento entre dois átomos consecutivos é
igual a
a
.
41
Figura II.16. Cadeia monoatômica linear com espaçamento a entre os átomos.
Acima: Estado de Equilíbrio. Abaixo: Estado em “Strain” devido ao deslocamento
dos átomos.
Para a aproximação harmônica, a equação de movimento para o n-ésimo
átomo será dada por:
(
)
nmnm
m
n
M
uCuu
+
=−
&&
,
(2.66)
onde
M
é a massa do átomo,
2, 1, 0,1, 2m
=
⋅⋅⋅ ⋅⋅⋅
é o índice que computa a
contribuição de cada átomo da cadeia linear para esta força resultante,
nm
u
+
é o
deslocamento do átomo que se encontra na posição
nm
+
em relação a posição de
equilíbrio e
C
é a constante de força entre os átomos separados por uma
distância . Pode-se assumir que a solução temporal da Equação (2.66) tem a
seguinte forma:
m
m
(
)
it
n
ut e
ω
=
,
(2.67)
em que pode-se escrever:
2
nn
uu
ω
=−
&&
.
(2.68)
(2.69)
Ao substituir as Equações (2.67) e (2.68) na (2.66), obtém-se:
(
)
2
nmnm
m
n
M
uCuu
ω
+
−=
.
As soluções da Equação (2.69) têm a forma de ondas progressivas, em
que se pode escrevê-las como:
(
)
in mKa
nm
uBe
+
+
=
,
(2.70)
onde
a
é o espaçamento entre os átomos e é o vetor de onda.
K
Com a substituição da Equação (2.70) na (2.69), encontra-se:
42
()
(
)
2
in mKa
inKa inKa
m
m
MBe CBe Be
ω
+
−=
.
(2.72)
(2.73)
(2.74)
(2.75)
(2.71)
Cancela-se
inKa
B
e
em ambos os membros da Equação (2.71), obtendo-se:
(
)
2
1
imKa
m
m
MCe
ω
=
−−
.
Ao considerar a simetria de translação
m
CC
m
=
, pode-se reescrever a
Equação (2.72) na forma
(
)
2
0
2
imKa imKa
m
m
MCee
ω
>
=
−+
.
Ao substituir a identidade
(
)
2cos
imka imka
mka e e
=+
na Equação (2.73),
obtém-se:
(
)
2
0
2cos 2
m
m
MCmka
ω
>
=
−−
,
()
2
0
2
cos 1
m
m
Cmka
M
ω
>
=
−−
,
()
2
0
2
1cos
m
m
Cm
M
ω
>
=−ka
.
A Equação (2.74) é chamada de Relação de Dispersão, em que os pontos
de máximo dessa relação de dispersão ocorrem quando
()
2
0
2
1cos 0
m
m
dd
Cmka
dk dk M
ω
>
⎧⎫
=−
⎡⎤
⎨⎬
⎣⎦
⎩⎭
=
, ou seja:
()
0
2
0
m
m
ma C sen mka
M
>
=
⎡⎤
⎣⎦
.
Para que a igualdade da Equação (2.75) seja satisfeita, é necessário que
o vetor de onda assuma os seguintes valores:
k
43
k
a
π
=
±
,
(2.76)
(2.77)
(2.78)
(2.79)
que são os limites da Primeira Zona de Brillouin.
Ao voltar na relação de dispersão, dada pela Equação (2.74), e
considerando que as interações ocorram apenas entre os primeiros átomos vizinhos,
ou seja , pode-se escrever:
1m =
()
2
1
2
1cos1
Cka
M
ω
=−
.
Com a utilização da relação trigonométrica
cos( ) cos cos
22 2 2 2 2
ka ka ka ka ka ka
sen sen
⎛⎞ ⎛⎞ ⎛⎞
+=
⎜⎟ ⎜⎟ ⎜⎟
⎝⎠ ⎝⎠ ⎝⎠ ⎝⎠
, pode-se escrever que
()
22
cos cos
22
ka ka
ka sen
⎛⎞
=−
⎜⎟
⎝⎠ ⎝⎠
, ou ainda na forma,
()
2 2
cos
2
1
2
k ka
ka s nse e
a
n
⎛⎞
⎛⎞
=−
⎜⎟
,
obtendo-se finalmente:
()
2
21co
2
ka
s
s
en ka
⎛⎞
⎜⎟
⎝⎠
=−
.
Ao substituir a relação trigonométrica da Equação (2.78) na (2.77)
encontra-se:
22
1
2
2
2
ka
Csen
M
ω
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
;
1
2
2
1
4
2
ka
Csen
M
ω
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
;
1
2
1
4
2
ka
Csen
M
ω
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
.
44
Esta relação de dispersão da Equação (2.79) corresponde ao chamado
Modo Acústico de vibração, em que será explicado logo adiante. A Figura II.17
representa este Modo Acústico de vibração dentro da primeira zona de Brillouin.
Figura II.17. Relação de dispersão de uma cadeia monoatômica linear. Neste caso
aparece apenas o modo acústico de vibração [ASHCROFT, 1976].
No limite para grandes comprimentos de onda, ou seja, para
a
λ
>>
ou
1
k
a
<<
, tem-se que e conseqüentemente
1ka <<
22
ka ka
sen
⎛⎞
⎜⎟
⎝⎠
. Assim a relação de
dispersão da Equação (21) pode ser escrita como:
1
2
1
4
2
ka
C
M
ω
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
;
1
2
1
C
ka
M
ω
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
.
(2.80)
Ao analisar a velocidade de grupo da onda (definida como
g
d
v
dk
ω
=
)
que se propaga na cadeia monoatômica linear tem-se:
1
2
1
g
C
dd
vka
dk dk M
ω
⎛⎞
==
⎜⎟
⎝⎠
;
45
1
2
1
g
C
va
M
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
.
(2.81)
Ao substituir a Equação (2.81) na (2.80), obtém-se:
g
vk
ω
=
.
(2.82)
Este é o mesmo resultado encontrado pela teoria de propagação de
ondas acústicas em meios contínuos, em que a velocidade de grupo
g
v
é
equivalente a velocidade de propagação do som
s
v
na cadeia linear, ou seja,
g
s
vv
.
Por este motivo a relação de dispersão da Equação (2.79) é chamada de
Modo
Acústico de Vibração
.
II.11.3. Cadeia diatômica linear
A Figura II.18 representa uma cadeia diatômica linear com átomos de
massas e , formando uma base, em que o espaçamento vale .
1
m
2
m
a
Figura II.18. Cadeia diatômica linear com átomos de massas m
1
e m
2
formando uma
base, e espaçamento entre as bases igual a
a.
Os deslocamentos em relação às posições de equilíbrio são e
v
para
os átomos com massas e , respectivamente, que estão na posição
n.
Analogamente ao caso da cadeia monoatômica linear, podem-se desenvolver as
equações de movimento para cada um dos átomos, como segue:
n
u
n
1
m
2
m
Para o átomo de massa , tem-se:
1
m
46
(
)
1 nmnm
m
mu C v u
+
=−
n
&&
;
(
)
1 nmnn
m
mu C u v
+
=−
m
&&
.
(2.83)
Ao considerar apenas interações com os primeiros vizinhos, ou seja,
m
, tem-
se que:
1;0=−
(
)
(
)
1110nnnn
mu C u v C u v
−−
=−
&&
n
. Já ao considerar a simetria de translação
, obtém-se:
mm
CC C
=≡
(
)
11
2
nnn
mu C u v v
=−
&&
n
.
(2.84)
(2.87)
(2.88)
Para o átomo de massa , tem-se:
2
m
(
)
2 nmnm
m
mv C u v
+
=−
n
&&
;
(2.86)
(2.85)
(
)
2 nmnn
m
mv C v u
+
=−
m
&&
.
Ao considerar apenas as interações com os primeiros vizinhos, , e usando a
simetria de translação, , obtém-se:
0;1m =
01
CCC=≡
(
)
21
2
n nnn
mv C v u u
+
=−
&&
.
Ao assumir que as soluções temporais das Equações (2.84) e (2.86)
sejam da forma:
()
it
n
ut e
ω
=
e
(
)
it
n
vt e
ω
=
,
têm-se que:
22
;
nnn
uuv
ωω
=− =−
&& &&
n
v
.
47
Ao substituir as Equações (2.88) nas (2.84) e (2.86), desenvolve-se as
equações de movimento para cada átomo. Na Equação (2.84), para o átomo de
massa : ;
1
m
()
11
2
nnn n
mCuvu v
=−
&&
(
)
2
11
2
nnn n
mCuvvu
ω
−=
, obtém-se:
(
)
2
11
2
nnn
mu Cuvv
ω
=−
(2.89)
(2.90)
(2.91)
(2.93)
(2.92)
n
()
21
2
nnn n
mCvuv u
+
=−
&&
.
Na Equação (2.86), para o átomo de massa
m
: ;
2
(
)
2
21
2
nnn n
mCvuuv
ω
+
−=
, obtém-se:
(
)
2
21
2
nnn
mvCvuu
ω
+
=−
n
.
As soluções das Equações (2.89) e (2.90) têm a forma de ondas
progressivas:
(
)
in mKa
nm
uue
+
+
=
e
(
)
in mKa
nm
vv
.
e
+
+
=
Ao substituir as Equações (2.91) na (2.89), obtém-se para o átomo de
massa :
1
m
(
)
()
()
()
1
1
2
1
2
1
2
1
2;
2;
2;
nnnn
in ka
in ka inka i
in ka i ka i k
a
na
nk
uuvv
ue ue ve v
mC
mC
mue Cuvve e
e
ω
ω
ω
=−
=−
=−
ao cancelar o termo da Equação (2.92), tem-se :
mu
, de
onde finalmente pode-se escrever:
in ka
e
()
2
1
2
ika
Cuvve
ω
=−
(
)
(
)
2
1
21
ika
mCuCev
ω
0
++ =
.
Ao substituir as Equações (2.91) na (2.90), obtém-se para o átomo de
massa :
2
m
48
(2.96)
(2.97)
(2.98)
(2.95)
(2.94)
(
)
()
()
()
1
1
2
2
2
2
2
2
2;
2;
2,
nnnn
in ka
inka inka i
inka ika i k
a
na
nk
vvuu
ve ve ue u
mC
mC
mve Cvuuee
e
ω
ω
ω
+
+
=−
=−
=−
ao cancelar o termo
e
em ambos os membros da Equação (2.94), tem-se:
, de onde finalmente pode-se escrever:
ao cancelar o termo
e
em ambos os membros da Equação (2.94), tem-se:
, de onde finalmente pode-se escrever:
in ka
(
2
2
2
ika
mvCvuue
ω
=−
)
in ka
()
2
2
2
ika
mvCvuue
ω
=−
()
()
(
)
2
2
120
ika
Ceum Cv
ω
+
+−=
.
As Equações (2.93) e (2.95) formam um sistema de equações lineares,
como segue:
(
)
(
)
()( )
2
1
2
2
21
12
ika
ika
mCuCev
Ceum Cv
ω
ω
−++ =
++ =
0;
0,
o qual pode ser escrito na forma matricial:
(
)
()
2
1
2
2
21
0
0
12
ika
ika
mCCe
u
v
Ce m C
ω
ω
⎛⎞
−+
⎛⎞
⎜⎟
=
⎜⎟
⎜⎟
+−
⎝⎠
⎝⎠
.
A solução não trivial é obtida da condição:
(
)
()
2
1
2
2
21
0
12
ika
ika
mCCe
Ce m C
ω
ω
−+
=
+−
.
Resolve-se agora este determinante:
(
)
(
)()( )
222
12
2211
ika ika
mCmCCee
ωω
⎡⎤
0
−− + + =
⎣⎦
;
, colocando em evidência
os termos iguais, tem-se:
42 222
12 1 2
2241 1
ika ika
mm Cm Cm C C e e
ωωω
−−++++
0
=
(
)
4222
12 1 2
242
ika ika
mm emm C C eC
ωω
⎡⎤
−++
++=
0
. Ao
substituir a identidade
(
)
2cos
ika ika
ka e e
=+
, pode-se escrever:
49
()
(
)
4222
12 1 2
2c242osmm C m m C kaC
ωω
−+++⎡⎤
⎣⎦
0=
. Ao rearranjar os termos, tem-
se:
(
)
(
)
422
12 1 2
2221cosmm C m m C ka
ωω
−++
0=
, de onde finalmente obtém-se a
equação quadrática:
(
)
(
)
422
12 1 2
221cosmm C m m C ka
ωω
−++
⎡⎤
⎣⎦
(2.99)
(2.100)
0=
,
a qual é resolvida detalhadamente, a seguir, obtendo-se como resultado a Equação
(2.100):
() () ()
{
}
()() ()
{}
() ()
{}
() ()
{}
1
2
2
2
12 12 12
2
12
1
2
2
22
12 12 12
2
12
1
22
2
1 2 1 2 12 12 12
2
12
1
22
2
12 1 2 12
2
12
22421cos
,
2
24 421cos
,
2
22222cos
,
2
2cos
,
Cm m Cm m mm C ka
mm
Cm m C m m Cmm ka
mm
C m m C m m mm mm mm ka
mm
Cm m Cm m mm ka
mm
ω
ω
ω
ω
−− + ± + ⎡⎤⎡⎤
⎣⎦⎣⎦
=
+
⎡⎤
⎣⎦
=
++ +
=
++
=
() ()
{
}
1
222
2
12 1 2 12
12
2cos
C
mm m m mm ka
mm
ω
=+±++
.
A Equação (2.100) corresponde à relação de dispersão para a cadeia
diatômica linear. Analisam-se agora alguns casos limites para esta relação de
dispersão.
Primeiro caso limite:
Ao considerar
1ka
<
<
, pode-se escrever a expansão em Taylor:
()
22
1
cos 1
2
ka k a≈− +
L
. Ao substituir esta expansão na relação de dispersão dada
pela Equação (2.100) e desenvolver detalhadamente como segue, obtém-se:
50
() ()
{
}
()
()
{}
1
222
2
12 1 2 12
12
1
2
222
12 1 2 12
12
1
222
2
12 1 2
2
12
1
2
12
2
cos
1
,
2,
,
2
2
2
ka
ka
C
mm m m mm
mm
C
mm m m mm
mm
C
m m m m mm mmk a
mm
ω
ω
ω
⎡⎤
=+±++
⎣⎦
⎧⎫
⎡⎤
⎛⎞
⎪⎪
=+±++
⎨⎬
⎢⎥
⎜⎟
⎝⎠
⎣⎦
⎪⎪
⎩⎭
⎡⎤
=+±++
⎣⎦
22
()()
()()
()
1
2
2
22
12 12 12
12
1
2
22
2
2
12
12 12
2
12
12
,
1,
C
mm mm mmka
mm
mmk a
C
mm mm
mm
mm
ω
ω
⎧⎫
⎡⎤
=+±+
⎨⎬
⎣⎦
⎩⎭
⎧⎫
⎡⎤
⎡⎤
⎪⎪
⎢⎥
=+±+
⎢⎥
⎨⎬
+
⎢⎥
⎢⎥
⎪⎪
⎣⎦
⎣⎦
⎩⎭
2
(2.101)
(2.102)
(2.103)
()()
()
1
2
22
2
12
12 12
2
12
12
1
mmk a
C
mm mm
mm
mm
ω
⎧⎫
⎪⎪
=+±+
⎨⎬
+
⎪⎪
⎩⎭
.
Como o termo
()
22
12
2
12
mmk a
mm+
, da Equação (2.101), é bastante pequeno,
pode-se usar a expansão em série de Taylor na forma:
()
11
n
xnx
≈− +L
, com
, para escrever que:
1x <<
()()
()
22
2
12
12 12
2
12
12
1
1
2
mmk a
C
mm mm
mm
mm
ω
⎡⎤
⎛⎞
⎢⎥
=+±+
⎜⎟
⎜⎟
+
⎢⎥
⎝⎠
⎣⎦
.
A existência do sinal
(
)
±
na Equação (2.100), e conseqüentemente na
Equação (2.102), permite escrever duas relações de dispersão, uma para o sinal
negativo e outra para o sinal positivo. Desenvolve-se a seguir a relação de dispersão
com o sinal negativo, obtendo-se:
()()
()
22
2
12
12 12
2
12
12
1
1
2
mmk aC
mm mm
mm
mm
ω
⎡⎤
⎛⎞
⎢⎥
=++
⎜⎟
⎜⎟
+
⎢⎥
⎝⎠
⎣⎦
,
()
22
2
12
2
Cka
mm
ω
=
+
.
51
Esta relação de dispersão é chamada de
Modo Acústico de Vibração, pois
também é possível verificar a seguinte relação com a velocidade de grupo:
g
vk
ω
=
,
que é o mesmo resultado obtido pela teoria de propagação de ondas acústicas em
meios contínuos.
Ao analisar a relação de dispersão com o sinal positivo, desenvolve-se
como segue até a Equação (2.104):
(2.104)
()()
()
()
()
()
()
22
2
12
12 12
2
12
12
22
2
12
12
12 1 2
22
12
2
12
2
12
12
1
1,
2
1
2,
2
2
1
1,
4
mmk a
C
mm mm
mm
mm
mmk aC
mm
mm m m
Cm m
mmk a
mm
mm
ω
ω
ω
+
+
+
⎡⎤
⎛⎞
⎢⎥
=+++
⎜⎟
⎜⎟
+
⎢⎥
⎝⎠
⎣⎦
⎡⎤
=+
⎢⎥
+
⎣⎦
⎡⎤
+
=−
⎢⎥
+
⎢⎥
⎣⎦
onde o termo
()
22
12
2
12
1
4
mm k a
mm+
da Equação (2.104) pode ser desprezado, pois
1ka
<
<
,
obtendo-se:
(
)
12
2
12
2,
mm
C
mm
ω
+
+
=
2
12
11
2C
mm
ω
+
=+
.
(2.105)
Esta relação de dispersão é chamada de
Modo Óptico de Vibração, pois
como nesta freqüência os átomos com massas diferentes vibram uns contra os
outros, caso eles tenham cargas elétricas opostas, é possível excitar este
movimento através do campo elétrico de uma onda luminosa.
Segundo caso limite:
Dentro da primeira Zona de Brillouin o vetor de onda pode variar dentro
do intervalo:
k
k
aa
π
π
−≤
. Analisa-se a seguir o comportamento da relação de
52
dispersão dada pela Equação (2.100) no limite da primeira Zona de Brillouin, ou
seja:
máx
kk
a
π
==
. Ao substituir este valor na Equação (2.101) e desenvolvendo
detalhadamente como segue, obtém-se:
() ()
{
}
()
()
{}
1
222
2
12 1 2 12
12
1
2
222
12 1 2 12
12
1
222
2
12 1 2 12
12
2cos ,
2cos
2,
C
mm m m mm a
mm
C
mm m m mm a
mm
k
a
C
mm m m mm
mm
π
ω
ω
ω
⎡⎤
=+±++
⎣⎦
⎧⎫
⎡⎤
⎪⎪
⎛⎞
=+±++
⎨⎬
⎜⎟
⎢⎥
⎝⎠
⎣⎦
⎪⎪
⎩⎭
⎡⎤
=+±+
⎣⎦
,
()()
1
2
2
2
12 12
12
,
C
mm mm
mm
ω
⎡⎤
=+±
⎣⎦
⎩⎭
()(
2
12 12
12
C
mm mm
mm
ω
=+±
)
.
(2.106)
(2.107)
(2.108)
Da mesma forma que no primeiro caso limite, pode-se encontrar uma
relação de dispersão com sinal negativo e outra com sinal positivo. A relação de
dispersão com o sinal negativo é desenvolvida a seguir, obtendo-se:
()(
2
12 12
12
C
mm mm
mm
ω
=+
)
,
2
1
2C
m
ω
=
.
A relação de dispersão com o sinal positivo é desenvolvida a seguir,
obtendo-se:
()(
2
12 12
12
C
mm mm
mm
ω
+
=++
)
,
2
2
2C
m
ω
+
= .
53
Através das análises feitas até aqui, para a relação de dispersão de uma
cadeia diatômica linear, verificou-se que a freqüência
ω
corresponde ao Modo
Acústico de Vibração
, e que a freqüência
ω
+
corresponde ao Modo Óptico de
Vibração
. Através dos resultados das Equações (2.103), (2.105), (2.107) e (2.108),
obtidos nos dois casos limites, pode-se construir o gráfico da relação das relações
de dispersão da Equação (2.100), o qual é mostrado na Figura II.19.
Modo Óptico
Modo Acústico
Figura II.19.
Modos de Vibração de uma cadeia diatômica linear. Abaixo: Modo
Acústico de Vibração
. Acima: Modo Óptico de Vibração [ASHCROFT, 1976].
A Figura II.20 ilustra os modos vibracionais transversais de movimento
dos átomos na cadeia diatômica linear.
Observa-se na Figura II.20 que o movimento de vibração dos átomos
acontece numa direção perpendicular ao vetor de onda
K
r
da onda progressiva de
fônons. Por este motivo, os dois modos normais de vibração são chamados de
transversais: Modo Óptico Transversal (TO) e Modo Acústico Transversal (TA). Além
destes modos transversais de vibração (TO e TA), existem também os modos
longitudinais de vibração, conhecidos como: Modo Acústico Longitudinal (LA) e
Modo Óptico Longitudinal (LO). Estes modos vibracionais são chamados de
54
longitudinais, pois neste caso o movimento de vibração dos átomos acontece na
mesma direção do vetor de onda
K
r
da onda progressiva de fônons.
Figura II.20.
Esquema do movimento vibracional dos átomos em uma cadeia
diatômica linear. (a) representa o modo óptico transversal (TO), o qual possui a
freqüência
ω
+
. (b) representa o modo acústico transversal (TA), o qual possui a
freqüência
ω
[KITTEL, 1978].
Para cada valor de
K
r
existem modos normais de vibração, onde
3p
p
é
o número de íons que estão na base ou célula primitiva do cristal. Sendo que, deste
total de modos normais
(
3
)
p
, 3 são modos acústicos e
(
)
33p
são modos ópticos
[ASHCROFT, 1976]. Tipicamente, para um cristal contendo dois átomos por célula
primitiva ( ), têm-se seis relações de dispersão para fônons: uma acústica
longitudinal (LA), uma óptica longitudinal (LO), duas acústicas transversais (TA) e
duas ópticas transversais (TO). Apresenta-se, na Figura II.21, um exemplo típico
onde aparecem essas seis curvas de dispersão para os fônons em uma direção
geral do espaço .
2p =
K
Dal Corso, Baroni, Resta, e Gironcoli [DAL CORSO, 1993], utilizando a
Teoria da Perturbação do Funcional da Densidade (DFPT na sigla em inglês),
determinaram as relações de dispersão de fônons para alguns semicondutores do
55
grupo II-VI. Apresenta-se na Figura II.22 o resultado obtido por eles para o
semicondutor CdSe, na fase cúbica (Zinc-blend), em direções de alta simetria.
K
(
)
K
ω
Figura II.21. Relações de dispersão em uma direção genérica no espaço de fase
para uma rede cristalina contendo dois íons por célula primitiva. As três curvas mais
abaixo são os modos acústicos, os quais apresentam uma dependência linear com
k, para valores pequenos de k. As três curvas mais acima são os modos ópticos, os
quais geralmente podem ser excitados com o campo elétrico de uma onda luminosa
[ASHCROFT, 1976].
Figura II.22. Relações de dispersão do semicondutor CdSe, fase cúbica (Zinc-
Blend) calculadas pela Teoria da Perturbação do Funcional da Densidade [DAL
CORSO, 1993].
56
Observam-se, na Figura II.22, as seis relações de dispersão calculadas:
três acústicas (uma LA, e duas TA), e três ópticas (uma LO, e duas TO).
II.11.4. Fônons
Como é conhecido, uma onda eletromagnética é quantizada através dos
fótons. De forma análoga pode-se quantizar as vibrações da rede cristalina através
de quase-partículas denominadas fônons. Um fônon é um
quantum de um modo
normal de vibração. A energia de um fônon é dada por
(
)
ph
q
ω
r
h
, onde
(
)
ph
q
ω
r
é a
sua freqüência de vibração. Estas freqüências dos fônons obedecem alguma das
relações de dispersão vistas anteriormente. Dessa forma, os fônons cujas
freqüências satisfazem uma relação de dispersão
acústica (óptica) são chamados de
fônons acústicos (fônons ópticos).
Pode-se considerar que existem muitos osciladores harmônicos em uma
rede cristalina, utilizando a aproximação harmônica. Cada modo normal de vibração
da rede representa um oscilador harmônico. Sabe-se da mecânica quântica que com
a resolução da Equação de Schrödinger para um oscilador harmônico obtêm-se os
seus autovalores de energia, as quais são dadas por:
1
2
n
En
ω
⎛⎞
=+
⎜⎟
⎝⎠
h .
(2.109)
(2.110)
Como um fônon é um
quantum de energia desses modos normais de
vibração, pode-se escrever que a energia total dos fônons será dada por:
()
1
2
qph
q
En
ω
⎛⎞
=+
⎜⎟
⎝⎠
r
r
q
r
h
,
onde
n
é o número de fônons com energia
q
r
(
)
qph
nq
ω
r
r
h
.
II.12. Teoria do Espalhamento Raman
57
Considere uma radiação monocromática (laser), com freqüência ω
0
,
incidindo sobre um material (sólido, líquido ou gasoso). Caso a freqüência do laser
não coincida com nenhuma das freqüências naturais do sistema (material), não
ocorrerá absorção de radiação e conseqüentemente não poderá haver emissão
estimulada. Mesmo assim, através de uma análise espectroscópica, verifica-se que
a luz espalhada contém, além de uma componente mais intensa de freqüência igual
à do laser,
ω
0
, outras componentes menos intensas de freqüências ω
0
±
i
[TEIXEIRA DIAS, 1986]. A componente da luz que tem a mesma freqüência do laser
(
ω
0
) trata-se de um espalhamento elástico e é chamado de Espalhamento Rayleigh,
enquanto que a componente com freqüência deslocada em relação ao laser (
ω
0
±
i
)
trata-se de um espalhamento inelástico e é chamado de Espalhamento Raman ou
Efeito Raman. Este efeito primeiramente foi postulado por Smekal em 1923, mas
somente em 1928 foi observado pelo físico indiano C. V. Raman [RAMAN, 1928].
Devido à descoberta do efeito que leva o seu nome, C. V. Raman ganhou o prêmio
Nobel de física em 1930.
O Espalhamento Raman (ER) consiste de um espalhamento inelástico da
luz que ocorre quando a radiação eletromagnética interage com os modos normais
de vibração de um material [LEITE, 2005]. A Figura II.23 representa
esquematicamente o mecanismo do ER.
Figura II.23. Esquema do Espalhamento Raman.
i
representa uma freqüência
vibracional do sistema (amostra).
O ER possui duas componentes opostas, sendo elas: Stokes e Anti-
Stokes. A primeira ocorre quando o fóton espalhado possui freqüência menor que a
freqüência do fóton incidente. A segunda componente ocorre quando a freqüência
do fóton espalhado é maior que a freqüência do fóton incidente. O ER é o resultado
58
da interação fóton-fônon, na qual pode ocorrer a criação de fônons ópticos no
sistema (componente Stokes) ou a aniquilação de fônons no sistema (componente
Anti-Stokes). Quando no ER ocorre criação ou aniquilação de apenas um fônon
óptico tem-se o Espalhamento Raman de primeira ordem. No entanto, é possível
ocorrer um ER onde dois fônons participam, sendo este chamado de Espalhamento
Raman de segunda ordem. A Figura II.24 representa o mecanismo das
componentes Stokes e Anti-Stokes para o ER de primeira ordem.
Figura II.24. Mecanismos do Espalhamento Raman. Onde
i
representa uma
freqüência vibracional do sistema (amostra).
No ER Stokes a interação do fóton incidente, o qual tem energia ћω
0
, com
o sistema resulta na criação de um fônon óptico com energia ћΩ, dessa forma o
fóton espalhado tem energia dada por ћ(ω
0
- ). Enquanto que no ER Anti-Stokes
ocorre aniquilação de um fônon óptico do sistema, onde a sua energia ћΩ é somada
com a energia do fóton incidente, resultando em um fóton espalhado com energia
ћ(ω
0
+ ). Podem-se observar claramente as componentes Stokes e Anti-Stokes no
exemplo de um espectro Raman mostrado na Figura II.25.
59
Figura II.25. Espectro Raman de CCl
4
(λ
exc
=488nm) [NAKAMOTO, 1997].
A banda de espalhamento Rayleigh se encontra no centro (posição 0) e é
bem mais intensa que as componentes do Espalhamento Raman. Observa-se
claramente a distribuição simétrica das freqüências das componentes Raman Stokes
(com menores freqüências) e Anti-Stokes (com maiores freqüências) em volta da
banda de Rayleigh (no centro e mais intensa). A intensidade das bandas de Raman
não depende do comprimento de onda de excitação do laser. No entanto as bandas
Stokes são mais intensas, devido a sua maior probabilidade de ocorrência. Tal fato
acontece, pois a razão entre as intensidades das componentes Raman Stokes e
Anti-Stokes varia com a temperatura de acordo com a expressão [KONDRATYEV,
1967]:
B
K
T
AS
S
I
e
I
ω
=
h
.
(2.111)
Ao aumentar-se a temperatura do sistema, aumenta-se também a
probabilidade de ocorrer um ER Anti-Stokes, o que resulta em um aumento da
intensidade desta componente.
Apresenta-se a seguir os aspectos básicos da polarizabilidade de átomos
e moléculas para que posteriormente seja possível apresentar as teorias clássica e
quântica do Espalhamento Raman.
II.12.1. Polarizabilidade de átomos e moléculas
II.12.1.1. Um átomo isolado
Considere um átomo isolado neutro no qual não existe nenhuma
perturbação. Nessa configuração a distribuição de carga eletrônica é simetricamente
esférica (ou seja, isotrópica) de tal modo que o centro de carga elétrica negativa dos
elétrons coincide com o centro de carga elétrica positiva dos prótons no núcleo
atômico, o que resulta em um momento de dipolo nulo (
0P
=
r
r
).
60
É possível produzir um deslocamento da carga eletrônica no sentido
oposto de um campo elétrico uniforme (
E
r
) aplicado sobre o átomo, formando-se
assim um momento de dipolo induzido
ind
P
r
(não nulo), conforme representado na
Figura II.26.
Figura II.26. Esquema clássico da formação de um momento de dipolo induzido em
um átomo isolado com a aplicação de um campo elétrico uniforme. (a) átomo isolado
sem nenhuma perturbação, onde o momento de dipolo é nulo. No centro está o
núcleo com carga elétrica positiva e em volta deste núcleo encontra-se a nuvem
eletrônica. (b) átomo isolado sob a ação de um campo elétrico uniforme
E
r
, no qual
forma-se um momento de dipolo induzido
ind
P
r
no mesmo sentido do campo elétrico.
O momento de dipolo induzido terá sempre a mesma direção do campo
elétrico aplicado, independente da direção de aplicação deste campo, devido à
distribuição isotrópica de carga eletrônica do átomo isolado. Dessa forma, é possível
escrever a seguinte relação entre o momento de dipolo induzido e o campo elétrico
uniforme
ind
P
E
α
=
r
r
.
(2.112)
A constante
α
é chamada de polarizabilidade (um valor escalar neste
caso), a qual mede a facilidade com que a nuvem eletrônica de um átomo pode ser
distorcida durante o processo de formação de um momento de dipolo induzido.
II.12.1.2. Moléculas
61
O estudo da polarizabilidade em moléculas é um pouco mais complexo
que em átomos isolados, pois nas moléculas a distribuição de carga é anisotrópica.
Quando o centro de carga eletrônica não coincide com o centro de cargas positivas
(os núcleos), a molécula tem um momento de dipolo permanente e é classificada
como molécula polar. Uma molécula também poder ser classificada como molécula
apolar, quando existir coincidência entre os seus centros de cargas positivas e
negativas (eletrônicas), de forma que ela não possua momento de dipolo
permanente.
Tanto em moléculas polares como em moléculas apolares, a aplicação de
um campo elétrico externo faz com que apareça na molécula a formação de um
momento de dipolo induzido, cuja direção pode não coincidir com a direção deste
campo elétrico. A Figura II.27 representa esquematicamente o momento de dipolo
induzido formado em sistemas anisotrópicos como em moléculas.
Figura II.27. Representação de um momento de dipolo induzido por um campo
elétrico em um sistema anisotrópico.
Neste caso, como o vetor momento de dipolo induzido (
ind
P
r
) e o vetor
campo elétrico (
E
r
) não são colineares, a polarizabilidade (que é a relação entre
estes dois vetores) deve ser um tensor de 2ª ordem, expresso por uma matriz em
uma dada base vetorial. Podemos então escrever a relação
ind
P
E
α
=
r
r
t
.
(2.113)
Ao passar para a notação matricial, obtêm-se:
62
ˆ
ˆˆ
x
ind x y z y
z
P
PPiPjPkP
P
⎛⎞
⎜⎟
=++=
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
r
(2.114)
;
ˆ
ˆˆ
x
x
yz
z
y
E
E
Ei E j Ek E
E
⎛⎞
⎜⎟
=++ =
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
r
(2.115)
;
x
xxyxz
yx yy yz
zx zy zz
ααα
αααα
α
αα
⎛⎞
⎜⎟
=
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
t
(2.116)
.
Com a substituição das Equações (2.114), (2.115) e (2.116) na (2.113),
obtém-se:
x
xx xy xz x
yyxyyyz
zzxzyzz
PE
PE
PE
ααα
ααα
ααα
⎛⎞
⎛⎞
⎜⎟
⎜⎟
=
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎝⎠
(2.117)
y
z
.
Nota-se facilmente que as componentes do tensor polarizabilidade da
Equação
(2.116) dependem do sistema de eixos adotados de forma arbitrária.
Sendo assim, é interessante determinar observáveis (grandezas físicas que podem
ser medidas) invariantes por rotação de eixos. Uma importante quantidade invariante
do tensor polarizabilidade é o seu traço
[]tr
α
t
, ou seja, para qualquer rotação do
sistema de eixos a soma dos element da diagonal principal deste tensor
permanece inalterada. Pode-se relacionar o traço deste tensor com a
polarizabilidade média de acordo com a expressão
os
(
)
[]
33
x
xyyzz
tr
α
αα
α
α
++
==
t
(2.118)
.
Quando o tensor polarizabilidade é simétrico, ou seja:
xy yx
α
α
=
,
x
zzx
α
α
=
e
yz zy
α
α
=
; tem-se outra observável invariante por rotação, a anisotropia, que é
definida pela expressão [TEIXEIRA DIAS, 1986]
63
64
(2.119)
()()
()
()
1
2
22
2
222
1
6
2
αα αα αα ααα
⎧⎫
+++++
xx yy yy zz zz xx xy yz zx
γ
=
(2.120)
O sistema de eixos adotado no qual o tensor polarizabilidade pode ser
representado por uma matriz diagonal é chamado de sistema de eixos principais do
tensor. Neste sistema tem-se
.
.
00
00;
00
x
xx x x xx x
y
PEPE
PEPE
P
αα
αα
=
⎛⎞
yyyy
zzzzz
yyy
zzz
EPE
αα
(2.121)
=
A polarizabilidade, sendo um tensor de 2ª ordem, pode ser representada
geometricamente através de um elipsóide, tal como um vetor pode ser representado
por um segmento orientado com intensidade, direção e sentido. A Figura II.28 faz
uma comparação entre estas duas
Figura II.28. Comparação entre representações geométricas. (a) um vetor
representado por um segmento orientado com intensidade, direção e sentido. (b) um
nsor de 2ª ordem representado por um elipsóide, cujos semi-eixos principais valem
,
b e c.
⎜⎟
==
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
representações geométricas.
te
a
Determinam-se agora os semi-eixos principais de um elipsóide que
representa o tensor polarizabilidade. A equação de um elipsóide é dada por:
222
222
1
xyz
abc
+
+=
.
Em notação matricial a equação de um elipsóide fica na forma
()
2
2
(2.122)
(2.123)
(2.124)
2
1
00
c
1
00
1
001
a
x
xyz y
b
z
⎛⎞
⎜⎟
⎛⎞
⎜⎟
⎜⎟
=
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
.
Ao comparar-se com o tensor polarizabilidade, pode-se escrever a
seguinte igualdade
⎜⎟
⎝⎠
2
2
000 0
00
yy
b
αα
α
2
1
00
00
1
1
00
xx
zz
a
c
α
⎛⎞
⎜⎟
⎛⎞
⎜⎟
⎜⎟
==
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎜⎟
⎝⎠
t
Ao igualar os termos equivalentes nas duas matrizes acima, encontram-
se os semi-eixos principais do tensor polarizabilidade
.
()
1
2
2
1
xx xx
a
a
αα
=⇒=
;
()
1
2
2
1
yy yy
b
b
αα
=⇒=
;
()
1
1
2
2
zz zz
c
c
αα
=⇒=
.
II.12.2. Teoria Clássica do Espalhamento Raman
Classicamente, o Espalhamento Raman está ligado à variação do
momento de dipolo induzido no material pelo campo elétrico oscilante da radiação
letromagnética. De fato, esta variação do momento de dipolo induzido está
nforme a expressão que já foi
vista
e
relacionada à variação do tensor polarizabilidade co
65
(2.125)
ind
PE
α
=
r
r
t
.
Em geral, o tensor polarizabilidade depende de uma coordenada
generalizada
Q
de um determinado modo normal de vibração do material. Dessa
forma pode-se expandir o tensor polariz
abilidade em série de Taylor da coordenada
em torno da posição de equilíbrio, como segue
Q
(2.126)
(2.127)
(2.128)
0
0
Q
Q
αα
α
⎛⎞
=
+ +⋅⋅⋅
⎜⎟
⎝⎠
t
tt
te esprezados. O campo elétrico
.
Nesta expansão consideraremos pequenas oscilações, de modo que os
rmos de segunda ordem ou maior possam ser d
E
r
da radiação eletromagnética e a coordenada podem ser escritos na forma
Q
(
)
00
cos
E
Et
ω
=
rr
e
(
)
0
cosQQ t
=
Ω
,
onde
0
ω
é a freqüência da radiação eletromagnética,
Ω
é a freqüência do modo
o substituir as Equações (2.126) e (2.127) na (2.125) tem-se
normal de vibração e
0
Q
é a amplitude desta vibração.
A
()
s
( )
00 00
co cos
ind
PQtEt
Q
α
0
α
ω
⎡⎤
⎛⎞
= + Ω +⋅⋅⋅
⎢⎥
⎜⎟
⎝⎠
⎣⎦
t
rr
t
,
() (
00 0 00
cos cos
ind
PE t QE
Q
α
αω ω
⎛⎞
+
⎜⎟
⎝⎠
)()
0
0
cost t= Ω
t
rr r
.
Ao usar a relação trigonométrica
t
(
)
(
)()
(
)
2cos cos cos cosab ab ab
=
++
,
pode-se escrever que:
()() () ()
{}
00
1
cos cos cos cos
2
tt
0
t
ωωω
Ω= +Ω + Ωt
⎤⎡
⎦⎣
.
Substituindo este resultado na Equação (2.128), finalmente, obtém-se:
66
(2.129)
(2.130)
() (
{
1
cos cos
Eω tQE
α
αω
⎛⎞
=+
) ()
}
00 0 00 0 0
0
cos
2
ind
P t t
Q
ω
+Ω+Ω
⎤⎡
⎜⎟
⎦⎣
⎝⎠
t
r
.
á origem ao
Espalhamento Rayleigh, pois este possui apenas a freqüência (
r r
t
Observa-se, na Equação (2.129), que o primeiro termo d
0
ω
) da radiação
eletromagnética incidente. Fica evidente que o Espalhamento Raman é gerado pelos
termos com freqüências , para a componente Anti-Stokes, e , para a
componente Stokes. Verificamos também que para que ocorra o Espalhamento
Raman é n
()
0
ω
()
0
ω
−Ω
ecessário que
0
0
Q
α
⎛⎞
⎜⎟
⎝⎠
t
,
ou seja, mesmo com o pequeno deslocamento da coordenada
Q
em relação à
posição de equilíbrio,
é necessário que exista uma variação do tensor
polarizabilidade. Lembrando da forma geométrica
um elipsóide, conclui-se que um modo normal de vibração do material será ativo
para o Espalhamento Raman somente se o elipsóide variar em tamanho, forma ou
deste tensor de 2ª ordem, a qual é
orientação durante a vibração. Como já foi visto anteriormente a coordenada
generalizada
Q
é dada pela expressão:
(
)
0
cosQQ t
=
Ω
. Apresenta-se, como
exemplo na Figura II.29, a variação do elipsóide de polarizabilidade dos três modos
normais de vibração da água em função desta coordenada generalizada, para os
valores:
0Q =
(no equilíbrio) e
0
QQ
=
±
(nos dois extremos da vibração).
67
Figura II.29. Variação do elipsóide do tensor polarizabilidade durante as vibrações
normais da água (H
2
O).
Observa-se que as freqüências normais de vibração
1
ν
e
2
ν
são ativas
em Raman, pois durante as vibrações ocorrem mudanças na forma e no tamanho do
elipsóide, ou seja, nos elementos
x
x
α
e
zz
α
,
yy
α
do tensor polarizabilidade. Já a
freqüência normal de vibração
3
ν
é ativa em Raman, pois ocorrem mudanças na
orientação do elipsóide (
yz
α
) durante a vibração.
A teoria clássica descreve muito bem as freqüências do Espalhamento
Raman, no entanto, esta teoria não é capaz de estabelecer uma relação entre as
o (2.111). Apresenta-se a seguir a teoria quântica do
Espalham
Na teoria quântica do espalhamento da luz em sólidos, o Hamiltoniano
intensidades das componentes Stokes e Anti-Stokes assim como a relação que foi
apresentada na Equaçã
ento Raman de primeira ordem.
II.12.3. Teoria quântica do Espalhamento Raman
é formado por duas partes [LOUDON, 2001] e é escrito na forma:
H
01
H
HH
=
+
.
Onde
0
H
é formado pela soma do Hamiltoniano do material (
(2.131)
m
H
) com o
Hamiltoniado do mpo da radiação eletromagnética ( ca
r
H
), ou seja,
0 mr
H
HH=+
. A
parte
1
H
é dada por:
1 mr ep
H
HH=+
, onde
mr
H
é o Hamiltoniano que descreve a
tera material-rad
in ção iação e
ep
H
é o Hamiltoniano que descreve a interação
elétron-fôn
on. Em geral
1
H
é bastante pequeno, quando comparado com
0
H
, de
forma que possa ser tratado como uma perturbação do sistema.
Analisa-se agora o Espalhamento Raman de primeira ordem, no qual
envolve a participação de apenas um fônon óptico. A Figura II.30 apresenta um
diagrama esquemático do ER Stokes de primeira ordem.
68
No diagrama da Figura II.30, o sistema inicialmente enco
estado
ntra-se no
i
, no qual existe um fóton incidente com energia
i
ω
h
e o material se
encontra no estado fundamental. Em seguida o sistema passa para o autoestado
a
, onde o material absorve o fóton incidente criando assim um par elétron-buraco.
Depois o sistema passa para o autoestado
b
, no qual ocorre a criação de um fônon
óptico com energia
p
h
ω
h
(se fosse um processo Anti-Stokes ocorreria a aniquilação
de um fôn
on óptico). Por fim, no autoestado
f
, acontece a recombinação do par
elétron-buraco criando assim o fóton espalhado com energ
S
ω
h
ia
.
an tokes de primeira
ordem.
Os autoestados
Figura II.30. Diagrama esquemático do Espalhamento Ram S
x
(onde
,,,
x
iab f
=
) do Hamiltoniano do sistema não-
erturbado
(
0
H
p
) neste processo de ER com um fônon óptico descrito acima são
efinidos como:
d
(2.132)
0
(2.133)
(2.134)
0
1,1, 1, .
i
fn n
φ
=− ±
(2.135)
,0, ,
1, 0, ,
1, 0, 1,
i
ie
ie
inn
an n
bn n
φ
φ
φ
=
=−
=− ±
Os termos dentro de cada Ket representam, respectivamente, o número
de fótons incidentes, o número de fótons espalhados, o número de fônons e o
69
70
(2.136)
(2.137)
(2.138)
(2.139)
(2.140)
(2.141
estado ele
)
trônico. Para o terceiro termo dentro dos kets
b
e
f
, o sinal positivo
()
+
representa a componente Stokes e o sinal negativo
(
)
a componente Anti-
Stokes. Os autov
alores de energia para estes autoestados são dados por:
(
)
(
)
()
()
()
() ()
()
()
() ()
()
()
0
0
0
0
1
11
11
v
iii ph
c
ai i ph
c
bi i ph
v
fi i S ph
En n k
En n k
En n k
En n k
ωωε
ωωε
ωωε
ωω ωε
=+ +
=− + +
=− +± +
=− + +± +
hh
hh
hh
hh h
,
onde
i
ω
h
é a energia do fóton incidente,
p
h
ω
h
é a energia do fônon,
(
)
(
)
0
v
k
ε
e
()
()
0
c
k
ε
são as energias dos elétrons na banda de valê ia e condução,
ectivamente, e
S
nc
ω
h
é a energia do fóton espalhado.
No ER Stokes, parte da energia do fóton incidente é usada na c
resp
riação de
um fônon óptico, conseqüentemente o fóton espalhado possui energia menor que o
fóton incidente. No ER Anti-Stokes, como ocorre a aniquilação de um fônon óptico
no sistema, a sua energia é acrescentada à energia do fóton incidente, de modo que
o fóton espalhado tem energia maior que o fóton incidente. Podemos esc
equações que descrevem estas conservações, como segue:
rever as
,
.
iSph
=
ω
ωω
isph
kkq
±hh h
nservação da energia e do
momento linear, respectivamente. O sinal
rr
r
As Equações (2.140) e (2.141) exprimem a co
positivo é usado para o processo Stokes,
e o sinal negativo é usado para o processo Anti-Stokes. O fônon óptico (criado ou
aniquilado) possui freqüência e vetor de onda
p
h
ω
e
p
h
q
r
, respectivamente. O vetor
de onda do fóton incidente vale
i
k
r
e o vetor de onda do fóton espalhado vale
s
k
r
.
Através da teoria da perturbação dependente do tempo de terceira ordem
é possível estabelecer uma relação entre a intensidade da lu
z espalhada em função
(2.142)
(2.143)
(2.145)
(2.144)
da energia da luz incidente (energia de um laser, por exemplo). Tal relação pode
ser escrita na forma [MARTIN, 1983; LOUDON, 1986]:
i
E
()
()()
2
,
abs ems
mr ep mr
i
ab
ia rib r
f
HbbHaaHi
IE
EEi EEi
−−Γ −−Γ
,
onde
abs
mr
H
e
ems
mr
H
são os Hamiltonianos de absorção e emissão, respectivamente,
durante a interação material-radiação. A interação elétron-fônon é des rit
c a pelo
Hamiltonia
no
ep
H
, como já mostrado anteriormente.
r
Γ
é o termo de amortecimento
que está relacionado ao tempo de vida do estado intermediário.
Analisaremos agora os dois termos do denominador da Equação (2.142),
()
ia r
EEi−−Γ
e
(
)
ib r
EEi−−Γ
. Substituindo, no primeiro termo, os valores das
das Equações (2.136) e (2.137), respectivamente, obtém-se:
()
() ()
00
1
vc
iaii ph i i ph
vc
i
energias
i
E
e
a
E
()
() ( )
()
()
()
() ()
() ()
00
00
.
i a ii ph ii i ph
cv
ia i
a i
E
En n k n n k
ωωε ωωε
ωε
EE n n k n n k
EE k k
EE
ωωε ωωωε
ωε ε
=++ ++
−=
⎡⎤
−= Δ
hh hh
Equações (2.136) e (2.138), respectivamente, obtém-se:
()
()
()
()
()
()
()
()
()
00
00
00
,
b i i ph i i ph
vc
i b ii ph ii i ph ph
cv
ib i ph
+ + +
−=
⎣⎦
hh hhh
h
h
Da mesma forma, substituindo os valores das energias
i
e
b
das
()
() ( ) ( )
()
()
11
vc
E E
i
E
En n k n n k
E
En n k n n k
EE k k
ωωε ωωωωε
ωω ε ε
ωωε ω ωε
−= + + +± +
−= + + +
⎡⎤
−=
⎣⎦
hh h h
hh hhhmh
hmh
mas da Equação (2.140), temos:
phSi
ω
ωω
=
hhmh
, que é a energia do fóton
espalhado, em que, desta forma, encontra-se:
i
S
b
EE
ω
ε
=−Δh
.
71
72
(d)
STOKES ANTI-STOKES
(a) (b) (c)
ph
ω
h
i
ω
h
s
ω
h
i
ω
h
s
ω
h
ph
ω
h
ph
ω
h
s
ω
h
i
ω
h
s
ω
h
i
ω
h
ph
ω
h
essonância na intensidade
da luz es alhada, entre o fóton incidente e a energia de transição eletrônica,
A Equação (2.143) estabelece a condição de r
p
(
)
()
(
)
(
)
00
cv
kk
εε ε
Δ=
do fóton incidente (
, assim como a Equação (2.145) também descreve uma
ressonância entre o fóton espalhado e esta transição eletrônica. Quando a energia
i
ω
h
ε
Δ
) se aproxima da energia de transição eletrônica ( ) o sinal
Raman é amplificado. Da mesma forma quando a energia do fóton espalhado (
S
ω
h
)
letrônica
(
ε
Δ
)
se aproxima da energia de transição e
o para o
pode acontecer ressonância com o fóton incidente ou com o
fóton espalhado. Sempre que ocorrem estas ressonâncias com uma energia de
transição eletrônica o Espalhamento Raman é chamado de Ressonante, caso não
ocorra o Espalhamento Raman é chamado de Normal. A Figura II.31 apresenta os
mecanism
Figura II.31. Mecanismos do Espalhamento Raman Ressonante. Em (a) e (b)
observa-se a ressonância com o fóton incidente e espalhado, respectivamente, para
o processo Stokes. Em (c) e (d) observa-se a ressonância com o fóton incidente e
espalhado, respectivamente, para o processo Anti-Stokes.
também ocorre amplificação do
sinal Raman. Observamos assim que tanto para o processo Stokes quant
processo Anti-Stokes
os do Espalhamento Raman Ressonante para os processos Stokes e Anti-
Stokes.
73
(2.146)
(2.147)
(2.148)
(2.149)
É importante deixar claro que a Figura II.31 é um esquema do processo
total, envolvendo fótons, elétrons e fônons, e que as linhas horizontais não
representam os níveis de energia do elétron, uma vez que nos estados
a
e
b
o
mo estado
e
Φ
elétron está no mes
, como pode ser visto nas Equações (2.133) e
(2.134) [LEITE, 2005].
Ao analisar a Equação (2.144) verifica-se que a diferença de energia
()
ib
E
E
pode assumir dois valores devido ao sinal ( ). O sinal negativo (m
) e
positiv ( ) referem-se às componentes Stokes [S] e Anti-Stokes [AS] do
Espalhamento Raman, respectivamente. Dessa forma, substituindo os resultados
as Equações (2.144) e (2.143) na (2.142) podem-se escrever as intensidades das
es Stokes (
o
+
d
[]
S
I
) e Anti-Stokes (
[]
AS
I
)
component
como segue:
[]
()
()
()
2
,
,
abs ems
mr ep mr
i
S
ab
iriphr
fH b bH a aH i
IE
ii
ωε ωω ε
−Δ Γ −Δ Γ
hhh
[]
()
()
()
2
abs ems
fH b bH a aH i
Observa-se que o denominador da Equação (2.147) é maior que o da
tá de acordo com resultados experimentais.
que a ra
,
.
mr ep mr
i
AS
ab
iriphr
IE
ii
ωε ωω ε
−Δ Γ + −Δ Γ
hhh
(2.146), de forma que a componente Stokes possui uma intensidade maior que a
Anti-Stokes, em que es
Através da teoria quântica do Espalhamento Raman é possível mostrar
zão entre as componentes Stokes e Anti-Stokes varia com a temperatura de
acordo com a relação [LEITE, 2005]:
[]
[]
(
)
)
(
1
ph
AS
S
I
fE
I
fE
=
ph
+
,
onde
()
()
1
1
ph B
ph
EKT
fE
e
=
(2.150)
é a função de distribuição de Bose-Einstein.
Conclui-se então, que a teoria quântica descreve o Espalhamento Raman
de uma maneira mais satisfatória que a teoria clássica, pois explica inclusive o
comportamento da razão entre as intensidades
[]
S
I
e
[]
AS
I
observado
experimentalmente.
II.12.4.
m cristais muito pequenos, considerando que sejam esféricos, podemos
analisar uma quantidade interessante que é a razão superfície-volume (
Espalhamento Raman de Primeira Ordem em Nanocristais
Semicondutores
E
Z
), definida
como:
área da superfície volumeZ =
. Substituindo a área da superfície e o volume de
ma esfera:
3
2
4
4
3
R
ZR
π
π
=
u , obtém-se:
3
Z
R
=
.
a, ou seja em nanocristais, como essa
quantidade
Na escala de tamanho nanométric
Z
é muito grande, surge efeitos de confinamento quântico que afetam
fortemente as propriedades ópticas dos materiais, principalmente devido ao
aparecimento de polarização na superfície do nanocristal e formação de estados de
superfície [BANYAI, 1
993]. São as interações do nanocristal com o material que o
nvolve que causam estes efeitos de superfície mencionados.
stais de CdSe crescidos em uma matriz
ítrea germanata (GeO
2
) [TANAKA, 1992]. Eles observaram um “redshift” na
freqüência
e
Tanaka, Onari e Arai fizeram medidas de Espalhamento Raman para
estudar os estados vibracionais de nanocri
v
de fônon e um aumento na largura do pico Raman, em relação ao
material bulk, com o aumento da razão superfície-volume (
Z
), ou s
decrésc tal. Neste trabalho eles mostraram que uma
eja, com o
imo do raio do nanocris
relaxação da regra de seleção
=
q0
baseada no confinamento de fônon com
fônon negativa deste “redshif” dependente do tamanho
observado
dispersão de é a causa
.
74
Chamberlain, Trallero-Giner, e
desenvolvimento da teoria do Espalhamento Raman envolvendo um fônon (primeira
ordem) para microcristais semicondutores, obtiveram uma completa descrição dos
modos no
Cardona [CHAMBERLAIN, 1995], no
rmais de vibração de estruturas esféricas crescidas em um material
hospedeiro. Considerando a relaxação da regra de seleção
=
q0
, ou interação polar
Frölich entre o campo induzido pelo movimento vibracional e a distribuição de carga,
eles obtiveram para os fônons com dispersão negativa uma freqüência dependente
do tamanho dada por:
(2.151)
()
1
2
2
22
p
n
LL
R
R
μ
ωωβ
⎛⎞
=−
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
,
onde
L
ω
é a freqüência de fônon óptico longitudinal (LO) do material bulk,
L
β
é o
parâmetro que descreve a dispersão do fônon (assumida como sendo parabólica),
p
n
μ
é a n -ésima raiz da equação
p
tan
μ
μ
=
, e
R
é o raio do microcristal ou de um
ponto quântico. A Equação (2.151) mostra
claramente que a freqüência de vibração
do fônon diminui com
or sobre os seus modos normais de vibração dos
fônons que podem ser observados por Espalhamento Raman.
Scarmarcio, Lugara, e Manno [SCARMARCIO, 1992] observaram nos
espectros Raman de nanocristais de CdS
1-x
Se
x
crescidos em uma matriz vítrea
borosilacata (B
2
O
3
-SiO
2
) um “blueshift” na freqüência de vibração do fônon em
relação ao material
bulk, diferentemente do “redshift” citado na seção II.12.4. Eles
tamanho do nanocristal.
o decréscimo do raio do ponto quântico, explicando assim o
redshift” em relação ao material bulk.
II.12.5. Efeito da contração da rede sobre o Espalhamento Raman em
nanocristais
Analisa-se agora a influência dos efeitos da contração da rede cristalina
de um nanocristal semicondut
mostraram que este “blueshift” está relacionado a um “strain” compressivo sobre o
nanocristal, causado pela matriz hospedeira, e que este efeito é dependente do
75
Em outro trabalho, Hwa abor dores [HWANG, 1996] utilizaram a
espectroscopia Raman para estudar o comportamento dos modos normais de
fônons em pontos quânticos de CdSe crescidos em diferentes matrizes vítreas:
borosilacata (B
ng e col a
O
2
). Considerando os fônons com dispersão
egativa, bem como o efeito de contração da rede cristalina dos nanocristais
p
ionais dos fônons dependem do raio do
são:
2
O
3
-SiO
2
) e silicata (Si
n
causada elas interações termodinâmicas com o material hospedeiro (matriz vítrea),
eles mostraram que as freqüências vibrac
ponto quântico segundo a expres
(2.152)
() ( )
()
{}
2
2
11
13 '
2
p
Ln
LgL
L
RTT kb
R
βμ
ωωγαα ω γ
ω
⎧⎫
⎛⎞
⎪⎪
≅−
⎜⎟
⎨⎬
⎜⎟
⎪⎪
⎝⎠
⎩⎭
,
onde
L
ω
é a freqüência de fônon óptico longitudinal (LO) do material bulk,
γ
é o
parâmetro de Grüneisen,
'
α
e
α
são os coeficientes lineares de expansão térmica
do vidro hospedeiro e do ponto quântico, respectivamente,
T
e
g
T
são a temperatura
em que foi feita a medida e a temperatura de tratamento térmico, respectivamente,
L
β
é o parâmetro que descreve a dispersão do fônon (assumida como sendo
parab aólic ),
p
n
μ
é a n
p
-ésima raiz da equação
tan
μ
μ
=
,
k
é a compressibilidade do
material, e
b
é o parâmetro que descreve a dependência com o tamanho da tensão
superficial do nanocristal.
A Equação (2.152) explica o comportamento do “
blueshift” na freqüência
de vibração dos fônons, em relação ao material bulk, em função do tamanho raio do
ponto quântico, quando este está sob a ação de um “strain” compressivo. É
interessante verificar o comportamento desta equação quando os pontos quânticos
estão em condição de superfície livr
e. Neste caso temos
'
α
α
=
e , sendo
possível reescrever na forma:
0b =
76
() ( )
()
{}
() { }
()
(2.153)
(2.154)
2
0
2
p
p
Ln
L
RTT kb
2
2
2
2
11
13 '
2
11
10
2
1
p
Ln
LgL
L
LL
L
Ln
LL
R
R
R
βμ
ω
βμ
ωω ω
ω
βμ
ωω
⎧⎫
⎛⎞
⎪⎪
⎜⎟
⎨⎬
R
R
ωωγαα ω γ
ω
ω
≅−
⎜⎟
⎪⎪
⎝⎠
⎩⎭
⎧⎫
⎛⎞
⎪⎪
≅−
⎨⎬
⎪⎪
⎩⎭
⎧⎫
⎛⎞
⎪⎪
≅−
⎜⎟
⎨⎬
⎜⎟
⎪⎪
⎝⎠
⎩⎭
()
2
1
1
2
p
Ln
L
L
R
R
βμ
ωω
ω
⎛⎞
≅−
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎩⎭
.
Como o termo dentro dos parênteses na Equação (2.153) é pequeno,
verifica-se que o termo dentro
das chaves pode ser escrito, aproximadamente, como
a seguinte expansão em série de Taylor:
()
1
2
1
11
2
x
x
⎛⎞
−≅
⎜⎟
⎝⎠
, onde
2
p
Ln
L
x
R
βμ
ω
⎛⎞
=
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
.
Assim a Equação (2.153) pode ser escrita na forma:
()
1
2
2
1
p
Ln
L
L
R
R
βμ
ωω
ω
⎧⎫
⎛⎞
⎪⎪
≅−
⎜⎟
⎨⎬
⎜⎟
⎪⎪
⎝⎠
⎩⎭
. De
onde finalmente, obtém-se a expressão:
()
1
2
2
22
p
n
LL
R
R
μ
ωωβ
⎛⎞
≅−
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎩⎭
.
O resultado obtido na Equação (2.154) é exatamente o mesmo resultado
obtido po
II.12.6. Espalhamento Raman em Nanocristais ternários
1-x
, sabe-se que o “Gap
energia depende da concentração
x presente no nanocristal. Através da variação
o Gap de energia do nanocristal de um
extremo, quando
x = 0, ao outro, quando x = 1. Ou seja, quando um nanocristal
r Chamberlain, Trallero-Giner, e Cardona conforme foi mostrado na
Equação (2.151).
Em um nanocristal ternário, tal como CdS
x
Se ” de
dessa concentração
x, pode-se variar a
77
78
(2.155)
1, 29
ternário de CdS
x
Se
1-x
tiver uma concentração x = 0, o seu Gap de energia será igual
ao Gap de energia de um nanocristal de CdSe. E quando tiver uma conc
x = 1, o seu Gap de energia será igual ao Gap de energia de um nanocristal de CdS.
Diante desse fato, surge um problema no estudo da evolução das bandas
de absorç
nfinamento quântico que ocorrem durante o crescimento do
nanocristal.
nários permite
eterminar essa concentração
x, e caso esta permaneça constante, pode-se
assegurar
fônons pr
analisar a diferença entre os dois modos vibracionais (CdSe-like e
CdS-like).
centração
x, dada por:
x
entração
ão óptica (AO) e fotoluminescência (PL), pois a evolução dessas bandas
pode ocorrer simplesmente devido a variação da concentração
x e não pelas
mudanças no co
O estudo do Espalhamento Raman nesses nanocristais ter
d
que a evolução das bandas de AO e PL está relacionada ao processo de
crescimento do nanocristal durante o tratamento térmico.
Em particular, observa-se no espectro Raman de nanocristais de
CdS
x
Se
1-x
, dois picos: o primeiro próximo de 200 cm
-1
, originado a partir de um fônon
óptico longitudinal (LO), é atribuído ao modo CdSe-like; o segundo próximo de
300cm
-1
, também originado a partir de um fônon óptico longitudinal (LO), é a
atribuído ao modo CdS-like. O efeito de “strain” compressivo e confinamento de
oduzem deslocamentos nos modos CdSe-like e CdS-like para maiores
números de onda, ou seja, na mesma direção, enquanto que a variação da
concentração
x produz deslocamentos em direções opostas. Assim no espectro
Raman, para evitar grandes erros sistemáticos na determinação da concentração
x,
é necessário
Miyoshi, Nakatsuka, e Matsuo [MIYOSHI, 1995] determinaram, a partir da
diferença entre os modos CdSe-like e CdS-like do espectro Raman de microcristais
de CdS
x
Se
1-x
, uma equação que determina a con
0,020
ω
, onde
ω
Δ
representa a diferença entre os dois modos
vibracionais longitudinais ópticos.
Em um estudo mais detalhado Alcalde e colaboradores [ALCALDE, 2006],
considerando modos de fônons de superfície, deduziram uma equação para
determinar a concentração
x em nanocristais de CdS
x
Se
1-x
, como segue:
2
57,64 98,60 40,31
x
x
ω
Δ= +
,
79
onde
ω
Δ
corresponde à diferença entre os modos CdSe-like e CdS-like. Pela
Equação (2
ω
Δ
.155) pode-se concluir que quanto menor for o valor de
, menor será
a concentr
nanocristais de Cd
no espectro Raman da Figura II.32 os modos
CdSe-like
ação
x no nanocristal, ou seja, menor será a concentração de S (enxofre)
no nanocristal de CdS
x
Se
1-x
.
Apresenta-se na Figura II.32, como exemplo, um espectro Raman de
S
x
Se
1-x
que foram sintetizados em uma matriz vítrea no LNMIS.
Observa-se claramente
e CdS-like, assim como a diferença entre eles
(
)
ω
Δ
. Outra característica
que também podemos observar é a assimetria do pico do fônon óptico longitudinal
(LO) para menores freqüências.
A origem dessa assimetria, em geral, pode ser atribuída a fônons ópticos
de superfície (SO), os quais podem ser gerados por mis ra de bandas de ,
u impurezas na interface do nanocristal
Figura II.32. Espectro Raman de nanocristais de CdS
x
Se
1-x
[Retirado desta
dissertação de mestrado, LNMIS – Instituto de Física – UFU].
Em um estudo sobre o confinamento de fônons ópticos em nanocristais
de CdTe, de Paula, Barbosa e colaboradores [de PAULA, 1998] mediram os
200 300
tu valência
odesvio da forma esférica e imperfeições
[COMAS, 2002].
0
8
16
Intensidade Ram )
Número de Onda (cm
-1
)
LO
an (u.a.
LO
CdSe-like
CdS-like
Δω
80
SO
1
espectros
ptico longitudinal (LO) característico do CdTe. Entretanto, para a
mperatura mais baixa (10K) o espectro Raman apresentou-se mais bem resolvido,
correndo um estreitamento do pic ) e surgimento do primeiro modo de fônon
ptico de superfície (SO
1
).
Este resultado fornece uma forte evidência de que a assimetria do pico do
non óptico longitudinal (LO) para menores freqüências pode ser causada por
nons ópticos de superfície (SO).
Figura II.3
10K (linha
ão do “
gap” de energia do seu correspondente “bulk” em
função da
. Em particular para o semicondutor ternário
dS
x
Se
1-x
bulk”, sabe-se que o “gap” de energia varia linearmente com
concentração
x segundo a equação [YÜKSELICI, 2001].
Raman, a temperatura ambiente (300K) e a temperatura de 10K, os quais
são mostrados na Figura II.33.
Nos dois espectros Raman (300K e 10K) da Figura II.32 eles observaram
o pico de fônon ó
te
o o (LO
ó
3. Espectro Raman de nanocristais de CdTe: a 300K (linha sólida), e a
pontilhada). O detalhe, indicado pela seta, mostra o surgimento do
primeiro modo de fônon óptico de superfície SO
1
[de PAULA, 1998].
Outro ponto que deve ser analisado em um nanocristal ternário é a
maneira que ocorre a variaç
concentração
x presente no material. Isto é importante pois, como já foi
visto na seção II.8, a partir do “
gap” de energia do material é possível determinar o
gap” de energia do nanocristal
C
(2.156)
1, 8 0, 41
g
E
x
=
+
.
Através do resultado da Equação (2.156) é possível determinar o “gap” de
nergia do nanocristal de CdS
x
Se
1-x
utilizando as equações do confinamento
uântico vistas na seção II.8.
I. Procedimentos Experimentais
Neste capítulo, são descritos os detalhes experimentais quanto à
e
q
Capítulo III
II
fabricação e caracterização do sistema vítreo SNAB:
40
SiO
2
.30Na
2
CO
3
.1Al
2
O
3
.29BB
recursores para a formação de nanocristais (NCs).
unções de cada composto.
Selecionados os compostos de interesse e suas respectivas quantidades, as
matrizes vítreas foram então sintetizadas. Em seguida, observou-se a qualidade das
mesmas, em que apresentaram livres de groscopicidade, totalmente transparentes
e sem a
mente altas, 99,9%; e precisão na pesagem desses
elementos foram fatores determinantes quanto às características das matrizes
vítreas. Para isto foi utilizada uma balança de cinco casas decimais, de forma a
garantir a estequiometria.
2
O
3
(mol%) dopado com os correspondentes
p
III.1. Materiais e Métodos
III.1.1. Composição Química da Matriz Vítrea
Para escolha da composição química da matriz vítrea SNAB, foi
necessário um estudo a respeito das características e f
hi
presença de bolhas. Estas propriedades das matrizes vítreas são
indispensáveis para o crescimento de pontos quânticos. A utilização de reagentes
químicos de purezas relativa
81
A seguir são apresentados na Tabela III.1, os cálculos efetuados para se
obter as quantidades desejadas de cada composto químico presente na matriz vítrea
composição química da matriz
ítrea SNAB e ponto de fusão de cada composto químico.
seção III.1.1, misturados e homogeneizados. Em seguida,
são fundid
ricas apropriadas aos objetivos da pesquisa. Pode-se, por exemplo, fundir a
omposição química sem dopantes intencionais (matriz vítrea), utilizando fornos de
lta temperatura que têm como elementos de aquecimento, resistências elétricas ou
arras de carbeto de silício e sem vácuo. Logo após a fusão da composição
uímica, o
melt resultante é entornado sobre uma chapa metálica à temperatura
mbiente ou previamente aquecida ou resfriada a temperaturas pré-determinadas,
para atingir taxas de resfriamentos apropriados. O esfriamento rápido,
quenching, é
SNAB: 40SiO .30Na
2
CO
3
.1Al
2
O
3
.29B
2
O
3
(mol%)
SNAB.
Tabela III.1. Cálculo da massa resultante referente à
v
2
Fórmula Peso Ponto
Química Molecular Fusão (
(mol%) (g/mol)
de Massa Parcial (g) Fator x Massa Parcial =
Massa Resultante (g)
o
C)
40SiO
2
60,08 1710
0320,2408,6040,0
=
×
1280,960320,244 =
×
30Na
2
CO
3
105,99 270
7970,3199,10530,0
=
×
1880,1277970,314 =
×
1Al
2
O
3
101,96 2072
0196,196,10101,0
=
×
0784,40196,14 =
×
29B
2
III.1.2. Método de Fusão
Os compostos na forma de pó são adequadamente pesados, seguindo a
estequiometria descrita na
B O
3
69,62 450
1898,2062,6929,0
=
×
7592,801898,204 =
×
Massa Total Parcial (g) 77,0384g
Fator = 4
Massa Total Resultante (g) 308,1536g
os em fornos de alta temperatura, utilizando cadinhos de platina, de
alumina ou de porcelana. Essa fusão pode ser efetuada em diferentes condições
atmosfé
c
a
b
q
a
82
feito para se evitar a precipitação dos íons Cd
2+
, S
2-
, Se
2-
e Mn
2+
e também o
crescimento descontrolado das nanoestruturas. O esfria
mento lento favorece a
rápida nucleação crescimento dos
nanocristais.
Esse li tornando um vidro (sólid ue
apresenta a propriedade de transição vítrea). A dopagem da matriz vítrea
sintetizada, pel do d o, é efetuada refundindo-a, já triturada, com a
a pa tand o de resfriamento, o
mel da
matriz vítrea dopada é ent o sobre uma chapa m lica a uma temperatura
apropriada aos objetivos da pesquisa. Obtendo-se, desta forma, um vidro dopado
c pré-determinados
Pode-se, , sintetizar a matriz vítrea dopada partindo da
omposição química da matriz sem refundi-la, apenas acrescentado o dopante na
outro procedimento adotado para sintetizar vidros
opados. A metodologia adotada na síntese de materiais vítreos depende,
etapas das metodologias estão descritas nas seções II.2.1 a II.2.8. Na
dos cristais e torna impossível o controle do
melt so difica-se, o não cristalino q
o méto e fusã
dição do do nte. Ado o-se o mesmo procediment
t
ornad e
om compostos químicos .
também
c
composição básica. Este é
d
basicamente, dos objetivos da pesquisa. A seguir será explicado de forma detalhada
o método de fusão aplicado e a preparação das amostras estudadas neste trabalho.
III.2. Preparo das Amostras
Adotaram-se duas metodologias A e B, quanto a dopagem, para sintetizar
pontos quânticos de CdS, CdSe e CdS
x
Se
1-x
em matrizes vítreas. Os dopantes
foram acrescentados com percentual em peso relativo à matriz SNAB, de forma que
na metodologia A utilizou-se os dopantes CdO, S e Se, enquanto que na B usou-se
CdS e CdSe. Adotou-se também uma metodologia C, na qual se utilizou os
dopantes CdO e S, assim como o Mn com percentual em peso relativo a matriz
SNAB e ao Cd presente em CdO, respectivamente. Esta última metodologia tem o
objetivo de formar pontos quânticos de Cd
1-x
Mn
x
S e estudar a influência do
manganês (Mn) na matriz SNAB.
As
seção II.2.6 são apresentados os tipos de dopantes utilizados, a concentração dos
mesmos em cada amostra vítrea e o respectivo tratamento térmico ao qual cada
amostra foi submetida.
83
III.2.1. Primeira Etapa: Pesagem e Sintetização da Matriz Vítrea
Pesou-se a composição da matriz vítrea. Misturou-se bem todos os
I.2.2. Segunda Etapa: Trituração da Matriz Vítrea
Triturou-se a matriz vítrea sintetizada, utilizando um almofariz e um pistilo
da Matriz Vítrea Dopada
e à mesma temperatura.
compostos desta matriz em um recipiente limpo e seco. Fundiu-se o material
previamente homogeneizado a 1200ºC por 30 min em um forno de carbeto de silício,
utilizando um cadinho de platina. Entornou-se o
melt sobre uma placa latão à
temperatura ambiente, obtendo desta forma, placas de vidro com espessura em
torno de 2 mm.
II
de porcelana;
III.2.3. Terceira Etapa: Pesagem e Dopagem
Pesaram-se diferentes concentrações de dopantes e os colocaram
separadamente em cadinhos de porcelana. Adicionou-se 30g de matriz vítrea a cada
concentração de dopante.
III.2.4. Quarta Etapa: Fusão
Fundiu-se o vidro triturado e dopado a 1200ºC por 30 min, entornou-se o
melt da matriz vítrea em uma chapa de latão a 15ºC e o prensou com outra placa
semelhant
III.2.5. Quinta Etapa: Polimento Óptico
Para diminuir a rugosidade das superfícies de todas as amostras vítreas
foram utilizadas lixas d’água com as seguintes especificações do fabricante: 320,
600, 1200 e 1500. Em seguida, estas amostras foram polidas utilizando um feltro
com Alumina (9μm) e em seguida com pasta de diamante (3μm).
84
III.2.6. Sexta Etapa: Tratamentos Térmicos
térmicos apropriados
ara o crescimento de pontos quânticos provenientes das diferentes dopagens.
ra dentro da faixa de temperatura de transição vítrea (T
g
) e de fusão
f
). Nas metodologias A e B realizou-se o tratamento térmico por intervalos de
C o tempo de foi 10h. A
mperatura e o tempo de tratamento térmico influenciam o tamanho e a dispersão
3 apresentam as composições químicas das amostras
intetizadas pelas Metodologia A e B, respectivamente, com o objetivo de formar
uímica Material
Submeteram-se os vidros dopados a tratamentos
p
Esses tratamentos térmicos ocorreram a uma temperatura constante de 560ºC, a
qual se encont
(T
tempos crescentes, enquanto que na metodologia
te
dos pontos quânticos na matriz vítrea. Procurou-se produzir estruturas
nanocristalinas com menores tamanhos e dispersão possíveis.
As Tabelas III.2 e
s
pontos quânticos de CdS, CdSe e CdS
x
Se
1-x
.
Tabela III.2. Composições das amostras vítreas sintetizadas pela metodologia A
para formar os correspondentes pontos quânticos.
Composição q
SNAB (mol%) + 2[CdO + S] (%wt) CdS (NCs)
SNAB (mol%) + [2CdO + 10Se] (%wt) CdSe (NCs
SNAB (mol%) + 2[CdO + S + Se] (%wt) CdS
x
Se
1-x
(NCs)
Tabela III.3. Composições das amostras vítreas sintetizadas pela metodologia B
para formar os correspondentes pontos quânticos.
Composição química Material
SNAB (mol%) + 2[CdS] (%wt) CdS (NCs)
SNAB (mol%) + 3[CdSe] (%wt) CdSe (NCs)
SNAB (mol%) + 8[CdS + CdSe] (%wt) CdS
x
Se
1-x
(NCs)
A Tabela III.4 apresenta as composições químicas das amostras
sintetizadas pela Metodologia C, com o objetivo de formar pontos quânticos de
Cd
1-x
Mn
x
S, ou estudar a influência do dopante Mn na matriz SNAB
85
Tabela III.4. Composições das amostras vítreas sintetizadas pela metodologia C
para formar pontos quânticos Cd
1-x
Mn
x
S e o material SNAB: xMn.
Composição química Concentrações ( x) Material
SNAB (mol%) + 2[CdO + S] (%wt de
0; 0,005; 0,01; 0,05
C
SNAB) + x
d
1-x
Mn
x
S (NCs)
[Mn] (%wt de Cd) e 0,10
SNAB (mol%) + x[Mn] (%wt de Cd) 0,05 e 0,10 SNAB: xMn
A seguir são descritas as técnicas de caracterização térmica, ópticas,
orfológica e magnética aplicadas nas amostras vítreas sintetizadas. São elas:
Atômica (AFM) e Ressonância
Paramagnética Eletrô
III.3. Cara
III.3.1. Cal l
eratura. De maneira geral, um
experimento de análise térmica consiste
propriedade a que se v ratura [SAMPAIO,
1997]. A DSC é uma das técnicas mais populares de analise térmica. Existem
basicamente e c ensação de
otência [VAN DER PLAATS, 1990]. Um material quando passa de um estado físico
ial libere energia,
endo este processo exotérmico. Nas medidas de
m
Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC), Absorção óptica (AO) e
otoluminescência (PL), Microscopia de Força
F
nica (RPE).
cterização Térmica
orimetria Exploratória Diferencia (DSC)
A análise térmica é uma área que integra o estudo de diversas
propriedades dos materiais em função da temp
em observar algum efeito sobre as
s do material estudado, à medid aria a tempe
dois modos de análises: por fluxo d alor ou por comp
p
para outro, por exemplo, de sólido para líquido, necessita absorver energia, este
processo é chamado de endotérmico [DUARTE, 2000]. Ao contrário, para a
cristalização de um líquido superesfriado é necessário que o mater
D
S
C
s
(differential scanning
material durante a transição de fase.
Tal equipamento utiliza um pequeno forno
para o aquecimento da
a fer hos
situados sobre termopares. É desta forma que as mudanças de entalpia são
registradas. Basicamente, a variação da temp ta po istências
calorimetry
) por fluxo de calor, obtém-se a energia absorvida ou liberada por um
mostra a ser investigada, e uma re ência. Ambas são colocadas em cadin
eratura é fei r meio de res
86
87
que controlam a taxa de aquecimento. As temperaturas da amostra (
A
T
) e da
referência (
R
T
) são detectadas (a partir do potencial termoelétrico) e quando uma
amostra sofre uma transição de fase, a temperatura desta varia enquanto que a
temperatura da referência permanece seguindo a taxa de aquecimento programada.
RA
TTT
=
Δ
(a)
(b)
Como resultado, ocorre uma variação
registrada pelo calorímetro,
se.
ase ocorre um fluxo de calor entre a base
ido e
como um pico sobre uma linha de ba
Ao se completar a transição de f
T
Δ
metálica e a amostra tal que o estado de equilíbrio é reassum
volta a um
tante. Este valor de
T
Δ
é proporcional à diferença de capacidade
valor cons
calorífica entre amostra e referência, dependente da taxa de aquecimento utilizada e
associada à emissão de fluxo de calor quando uma reação ou transição ocorre [VAN
DER PLAATS, 1990].
A Figura III.1 apresenta uma curva de DSC de forma esquemática a
representação das transições endotérmicas e exotérmicas.
g
T
é uma transição
endotérmica, e é representada no gráfico de DSC com um pico para cima.
Figura III.1. Termograma de DSC, (a) esquemática e (b) para um vidro [MENDES,
2004].
III.4. Caracterizações Ópticas
III.4.1. Absorção Óptica (AO)
A análise da uniformidade de tamanhos dos nanocristais pode ser
encontrada por análise do espectro de absorção. Por exemplo, o deslocamento para
o vermelho dos espectros de absorção são evidências experimentais claras do efeito
do confinamento nos pontos quânticos. O espectro de absorção óptica de um
determinado material, nas regiões dos espectros infravermelho, visível e ultravioleta,
também pode identific
ar os agentes modificadores. Através de Espectros de
s (VDS),
tamanho dos nanocristais não é único. Os níveis eletrônicos em um ponto quântico
ão dependentes do seu tamanho e por isso é de se esperar que a distribuição de
manhos também exerça uma forte influência na determinação das propriedades
pticas dos VDS. Devido a essa não uniformidade, o espectro de absorção dessas
mostras não apresenta aquela estrutura constituída por uma série de picos de
bsorção isolados associada a um sistema ideal de ponto quântico. O espectro de
bsorção de um ponto quântico é formado por diversas linhas de transições e o
onto de interesse em diversas aplicações não está exatamente na largura das
nhas e sim na superposição entre elas, ou seja, na resolução espectral entre linhas
izinhas. Para entender melhor essa questão é necessário examinar os efeitos da
istribuição de tamanhos sobre o espectro total de um sistema de pontos quânticos.
e
ição de tamanhos é apontada em algumas referências onde se mostra que
tervalo de tempo curto e a temperaturas
a distribuição Gaussiana. No caso de
mais prolongado (mais de 12 horas) e/ou
mperaturas elevadas, a distribuição resultante é aquela conhecida como de
orgânicas,
Absorção Óptica, é possível acompanhar a cinética de crescimento de nanocristais
em matrizes vítreas, observando a evolução da(s) banda(s) de absorção.
É preciso considerar que nos vidros dopados com semicondutore
o
s
ta
ó
a
a
a
p
li
v
d
A relevância do tempo de tratamento térmico na determinação do perfil d
istribu
d
tratamentos realizados em um in
relativamente baixas, resultam em um
tratamentos térmicos com tempo
te
Lifshitz-Slyezov, que se diferencia da Gaussiana por envolver uma etapa de
crescimento competitivo, quando os cristais maiores crescem em detrimento dos
menores, ou seja, ocorre uma transferência de massa dos cristalitos menores para
os maiores [REDÍGOLO, 1998].
As propriedades ópticas da matéria podem ser modificadas através de
inclusões ou exclusões de agentes modificadores, como: dopantes e/ou íons
modificadores e, também no caso de cristais, imperfeições na rede cristalina. Esse
fenômeno pode ser observado em materiais e substâncias orgânicas e in
88
como também em sólidos cristalinos e amorfos. O deslocamento para comprimentos
de ondas menores, dos espectros de absorção são evidências experimentais claras
do efeito do confinamento nos nanocristalitos, os pontos quânticos [MEDEIROS et
al, 1991]. O deslocamento dos espectros está relacionado ao tamanho dos
nanocristalitos nas amostras, de modo que o deslocamento se dá para energias
maiores nos nanocristalitos menores e para energias menores nos nanocristalitos
maiores.
Sólidos cristalinos e amorfos têm sido estudados particularmente no que
se refere à absorção da luz por dopantes ou impurezas de íons modificadores e
defeitos que existam naturalmente na matéria ou que, em laboratórios, podem ser
introduzidos nos sólidos. A absorção da radiação no ultravioleta (UV), visível (V) ou
infravermelho (IV) pode ser observada com a irradiação da amostra por raios-X,
orção óptica, de uma determinada amostra, são
partículas nucleares e às vezes com luz UV.
O espectro de absorção óptica na região da luz infravermelha é capaz de
identificar grupos moleculares constituintes da matéria ou a presença de elementos
estranhos, via modos vibracionais. Esse é um dos métodos de identificar a presença
da molécula H-O-H (água) e sua quantidade. Já na região do visível e ultravioleta, os
fótons incidentes são capazes de provocar excitações eletrônicas dos constituintes
intrínsecos e extrínsecos da matéria. Essas excitações eletrônicas, como também,
as vibrações e torções nas ligações interatômicas dos constituintes intrínsecos e
extrínsecos da matéria, são detectados através do espectro de absorção óptica.
Os espectros de abs
obtidos através de espectrofotômetros apropriados para cada região espectral de
interesse. A maioria dos espectrofotômetros registra diretamente a grandeza
absorbância ou densidade óptica em função do número de onda dos fótons
incidentes na amostra. A absorbância ou densidade óptica representa o decréscimo
de intensidade de fótons ao atravessar a matéria. Segundo a Lei de Beer, o
decréscimo da intensidade dos fótons ao atravessar uma amostra de espessura x é
diretamente proporcional à intensidade dos fótons incidentes, dada por:
,I
dx
dI
α
=
(3.1)
onde I é a intensidade da luz incidente. Então,
89
,
0
x
eII
α
=
(3.2)
onde
α
é definido como sendo o coeficiente de absorção óptica que tem a dimensão
[distância]
-1
.
A absorbância
A
(ou densidade óptica) tem como definição:
0
I
I
logA
⎛⎞
=
⎜⎟
⎝⎠
, conseqüentemente sua relação com o coeficiente de absorção óptica
α
é dada por:
=== A
x
x
x
303,2
I
Io
log
303,2
I
Io
ln
1
α
(3.3)
Na absorção óptica, pode-se ter a absorbância ou densidade óptica A em
função do comprimento de onda ou em função da energia dos fótons incidente
s. A
energia está relacionada com o comprimento de onda pela seguinte fórmula:
=
)(
8,1239
)(
nm
eVE
λ
(3.4)
Através de Espectros de Absorção Óptica (EAO), é possível acompanhar
a cinética de crescimento de nanocristais em matrizes vítreas, observando a
evolução da(s) bandas de absorção, quanto à posição, forma e largura de banda,
ios os quais as amostras dopadas e co-
dopadas foram submetidas. Portanto, podem-se tirar as seguintes conclusões
básicas, a respeito da cinética de crescimento de nanocristais em vidros, utilizando
spectros de Absorção Óptica:
BAO) desloca-se para comprimentos de
ondas crescentes, mantendo constantes a intensidade e a largura de banda, p
se concluir que houve um crescimento do tamanho médio dos raios dos nanocristais
ca-se para comprimentos de ondas crescentes, aumentando
a intensidade e mantendo a largura de banda constante, pode-se concluir que houve
em função de tratamentos térmicos prév
E
a) Quando a Banda de Absorção Óptica (
ode-
inicias na matriz vítrea em função dos tratamentos térmicos sucessivos;
b) Quando a BAO deslo
90
um crescimento do tamanho médio dos raios dos nanocristais inicias como também
ensidade deles na matriz vítrea em função dos tratamentos térmicos
aumento da d
sucessivos;
c) Quando a BAO desloca-se para comprimentos de ondas crescentes ou
mantendo a mesma intensidade ou não e a largura de banda aumenta, pode-se
oncluir que houve a formação de diferentes tamanhos de nanocristais em torno de
III.4.2. Fotoluminescência (PL)
não,
c
um raio médio, que absorvem energia bem próxima, formando uma banda de
absorção, relativamente, mais larga. Isto, também, em função de tratamentos
térmicos;
A técnica de fotoluminescência consiste essencialmente na criação do par
elétron-buraco através da absorção da luz incidente em um cristal. O feixe incidente
deve possuir fótons com energia,
0
ω
h
, maior que o gap (E
g
) do cristal, suficiente
para excitar os elétrons da banda de valência para a banda de condução. Ao ocorrer
esse processo, o cristal se torna excitado, uma vez que o elétron, na banda de
condução, e o buraco, na ban
da de valência, possuem excesso de energia em
lação ao estado fundamental do sistema. O comportamento inicial dos portadores
buracos se
ecombinam por emissão espontânea de luz, emitindo fótons, característicos do
re
recém criados envolve um processo denominado de termalização.
Neste processo, ocorre a relaxação do elétron, para o fundo da banda de
condução, e do buraco, para o topo da banda de valência, através da emissão de
fônons (recombinação não-radiativa). Posteriormente, esses elétrons e
r
material, com energia correspondente ou não ao valor do
gap [GFROERER, 2000].
Essa luz emitida é coletada e analisada espectralmente.
A Figura III.2 ilustra o processo de absorção de fótons, com energia
0
ν
h
,
para a criação do par elétron-buraco, seguido da termalização, que posiciona os
portadores n
as extremidades das bandas e a recombinação radiativa, onde ocorre a
ados e analisados espectralmente.
emissão de fótons a serem detect
91
92
Através de Espectros de Fotoluminescência, também, é possível
acompanhar a cinética de crescimento de nanocristais em matrizes vítreas, através
da evolução da(s) bandas de emissão, quanto à posição, forma e largura de banda,
em função de tratamentos térmicos prévios aos quais as amostras dopadas foram
ubmetidas.
as e/ou defeitos, no
gap do material. Os níveis D (doador) e A
(aceitador), presentes no
gap, ilustram a possibilidade de existência de defeitos ou
as desses níveis criam novas vias de recombinação
s
Figura III.2. Representação dos processos de excitação e relaxação dos portadores
na Fotoluminescência (PL) de semicondutores [FILHO, 1993 ].
Os processos de recombinação na PL podem ocorrer diretamente entre
portadores ocupando o mínimo de energia das respectivas bandas ou precedida da
captura do portador por estados que, eventualmente, estejam presentes, por
influência de impurez
impurezas no cristal. As presenç
radiativa: transição da banda de condução para o nível aceitador, transição do nível
oador para a banda de valência e transição do nível doador para o nível aceitador
ILHO, 1993]. Na Figura III.3, são ilustrados alguns tipos de transições radiativas
ue podem ser estudadas pela técnica de fotoluminescência.
igura III.3. (a-d) Possíveis maneiras para a recombinação radiativa de portadores.
) Recombinação banda a banda; b) Recombinação através de um nível doador c)
ecombinação através de um nível aceitador; d) Recombinação não-radiativa
través de um nível intermediário [FILHO, 1993].
r de argônio. A linha
e um laser de He-Cd, por exemplo, é focalizada na amostra por um conjunto de
lentes bic
d
[F
q
F
a
R
a
Durante a aquisição de espectros de PL a amostra é colocada em um
criostato óptico formando um ângulo de 45
o
com o feixe do lase
d
onvexas. A luminescência proveniente da amostra é modulada por um
chopper, sendo utilizados filtros de cor para eliminar o sinal do laser espalhado. O
sinal luminescente da amostra é capturado por um detector de Ge resfriado a
nitrogênio liquido, acoplado na saída do espectrômetro e por um amplificador
lock-in,
onde é realizada a leitura dos dados em um microcomputador.
93
. Na Microscopia de
orça Atômica, uma sonda extremamente fina (~ 100 Å de diâmetro na extremidade
a sonda) varre a superfície da amostra em inspeção. A sonda (agulha) é montada
obre a extremidade livre de uma alavanca (cantilever) que mede entre 100 e 200
m de comprimento. Quando a sonda se aproxima da superfície da amostra, forças
e interação sonda-amostra surgem e fazem a alavanca defletir. Essa deflexão é
onitorada por um detector à medida que a sonda varre a superfície. O sinal de
eflexão da alavanca pode ser utilizado pelo computador para gerar um mapa da
pografia da superfície da amostra, bastando fazer uma conversão da variação do
amostra. Entretanto, esse processo de
onversão é complicado e o método mais utilizado na geração de imagens
pográficas é o seguinte: determina-se uma força que se quer aplicar
tra, ou seja, determina-se um valor do sinal que deve
er permanentemente observado pelo detector.
Figura III.4. Diagrama esquemático da montagem da Técnica Experimental de
Fotoluminescência [SILVA, 2004]
.
III.5. Caracterização Morfológica
III.5.1. Microscopia de Força Atômica (AFM)
Essa técnica permite determinar o tamanho do raio médio dos nanocristais
em uma determinada área nanométrica do material em estudo
F
d
s
μ
d
m
d
to
sinal no detector em variação de altura na
c
to
constantemente sobre a amos
s
94
95
O computador, então, durante a varredura ajusta a posição vertical da
a manter a força, ou o sinal,
o valor previamente determinado. A variação de altura no “scanner” corresponde
amostra, através do “scanner” piezoelétrico, de maneira
n
exatamente à variação topográfica na amostra, e assim a morfologia da amostra é
revelada diretamente, sem a necessidade de conversão do sinal do detector. As
forças de interação sonda-amostra podem ser atrativas ou repulsivas, dependendo
da distância sonda-amostra, conforme mostra a Figura III.5. A longas distâncias
(
1dm
μ
>
), praticamente não há qualquer interação. À medida que a sonda se
aproxima da amostra (
50dnm
), forças atrativas passam a atuar entre a sonda e
amostra – tipicamente, forças de Van der Waals. A força atrativa aumenta com a
aproximação da sonda, conforme mostra a Figura III.5, até que a separação seja da
ordem da separação inter-atômica (
0,5dnm
). A partir deste ponto, fortes forças
eletrostáticas repulsivas entre as nuvens eletrônicas das camadas de valência da
sonda e da amostra passam a atuar, e a força resultante total passa e ser repulsiva.
Nesta região, diz-se que a sonda está em contato físico com a superfície da
amostra.
Conforme o caráter da interação, atrativo ou repulsivo, pode-se definir
alguns modos de operação na técnica de AFM
. São eles:
Contato (C), onde a
interação sonda-amostra é repulsiva;
Não-Contato (NC), com interação atrativa; e
Contato Intermitente (CI), onde o regime ora é atrativo, ora é repulsivo. As regiões
de interação destes modos podem ser identificadas na Figura III.5. A escolha da
utilização de cada modo depende das características da superfície da amostra e das
propriedades que se está interessado em analisar.
Figura III.5. Curva esquemática mostrando a dependência da força de interação
sonda-am
ostra em função da separação entre elas [CHINAGLIA, 2002].
ristais crescidos em matrizes
ítreas, quanto à homogeneidade de tamanhos e de distribuição espacial já foram
bservadas através de imagens de AFM [DANTAS, 2002]. Essa técnica permite,
mbém, determinar o tamanho médio dos nanocristais em uma determinada área
anométrica do material em estudo.
III.6.1. Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE)
A Figura III.6 mostra o esquema especifico do AFM, o qual possui os
seguintes componentes básicos:
scanner piezoelétrico (um dispositivo que sofre
deslocamentos micrométricos quando uma tensão é aplicada entre seus elétrodos),
laser, agulha (
probe tip), cantilever ( braço com uma extremidade livre na qual é
colocada a agulha), fotodetector de posição, circuito de realimentação e parte
computacional.
As propriedades estruturais dos nanoc
v
o
ta
n
Figura III.6.
Representação esquemática de um Microscópio de Força Atômica.
III.6. Caracterização Magnética
96
A Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE) foi descoberta por
avoisky em 1945 e consiste na absorção ressonante da energia de microondas por
pins de elétrons não pareado em um campo magnético [IKEYA, 1993].
Usualmente, o experimento de RPE é realizado em sistemas
paramagnéticos que se encontram no estado fundamental, no qual existe
degenerescência dos níveis de energia eletrônicos, quando não há nenhum campo
magnético externo.
Quando existem elétrons não pareados em um material, seus spins estão
alinhados aleatoriamente na ausência de um campo magnético. Entretanto quando
se aplica um campo magnético estático sobre este material cada spin orienta-se em
uma direção preferencial e, como o número quântico de spin de um elétron é 1/2,
pode-se considerar que cada um descreve um movimento de precessão, “girando”
no sentido horário ou anti-horário em A
espectroscopia de RPE mede, cessária para reverter o
O termo ressonância está ligado ao fato de que o fenômeno ocorre
uando há sintonia entre a freqüência natural de precessão dos momentos
Z
s
tomo da direção do campo aplicado.
essencialmente, a energia ne
spin de um elétron não pareado.
q
o
H
magnéticos (
μ
r
), na presença de um campo magnético estático , e a freqüência
e excitação gerada pela aplicação de um campo magnético oscilante
H
s faixas de
rádio freqü
d
1
perpendicular a
o
H
, conforme ilustrado na Figura III.7. As freqüências de
ressonância associadas a spins nucleares e eletrônicos encontram-se na
ências (MHz) e microondas (GHz), respectivamente.
97
Figura III.7. Movimento de precessão de um dipolo magnético em um campo
magnético oscilando no plano xy com uma freqüência angular
, onde
10
H
H<<
.
A Ressonância Magnética tem contribuído de forma significativa como um
método de investigação científica em diversas áreas da Física. Isto se deve a sua
capacidade em separar as diversas componentes da suscetibi
rr
lidade magnética do
sistema em estudo, mesmo aquelas mais fracas. Um exemplo típico é a observação
do fraco paramagnetismo nuclear do ferro em contraste com o forte ferromagnetismo
letrônico. Através da Ressonância Magnética obtêm-se informações estruturais tais
como estruturas cristalinas, estrutura eletrônica, estado de oxidação e transição de
fase.
s princípios fundamentais da RPE podem ser descritos classicamente
da seguinte forma: qualquer carga girando comporta-se como um imã, com seus
pólos na direção do eixo de rotação. Um elétron possui um momento magnético
angular intrínseco rotacional
e
O
S
r
, chamado spin e conseqüentemente um momento
agnético
que é proporcional e colinear com
S
r
e
μ
r
m . A relação entre estas
randezas é chamada razão giromagnética (
S
e
μ
γ
=
g
). Quanto à quantização, o
etor spin (1/2) pode assumir os valores
S
r
2
1
±
v
em unidades múltiplas de . Se
m um campo magnético externo
h
um sistema que contém elétrons desemparelhados, ou seja, com spin0, é colocado
H
r
, a energia do sistema será dada por:
e
11
,. . ,
22
ee e
SE HgSH gH
μ
ββ
=== =±
r
r
r
r
(3.5)
onde
e
g
é a constante chamada fator-g e β é o magnéton de Bohr para o elétron.
Todo spin eletrônico (S = ½) é então orientado na mesma direção
H
r
. Na ausência de um
(paralela) ou direção oposta (antiparalela) em relação à
98
campo magnético, os elétrons ficam orientados aleatoriamente. Sob a ação um
campo
magnético aplicado,
H
r
existem duas populações de spins e uma diferença
de energia
,
EΔ
igual a:
.
e
E
gH
β
Δ
=
(3.6)
io a
Maxwell-Boltzmann:
No equilíbr razão entre as populações de dois estados é dada pela lei de
exp .
nEE
+
⎛⎞
1
BB
nKTKT
ΔΔ
=−
⎝⎠
(
ns com
⎜⎟
3.7)
Onde
B
K é constante de Boltzmann e
+
n
e
n
são populações de elétro
2
1
e
2
1
, respectivamente.
Ao se submeter um sistema de spins eletrônicos a um campo magnético
+
H
r
e a uma luz incidente de freqüência
ν
, perpendicular ao campo magnético, o
spin do elétron pode mudar da direção antiparalela para a direção paralela. Isso
ocorre quando o fator de energia
h
ν
é t que a condição al
ν
β
hHgE
e
==Δ
é atingida. Essa é a condição de ressonância que
implica em absorção de energia, conforme está ilustrado na Figura III.8.
99
HgE
β
1
+=
e
α
2
E
ΔE
=
h
υ
HgE
e
β
β
1
=
2
Figura III.8. Níveis de energia de um spin eletrônico S = ½ submetido a um campo
magnético
0
0
H
r
0
0
=H
r
01oscilante
HH
r
r
H
r
, para
O retorno do elétron ao estado de spin inicial está associado ao equilíbrio
de Boltzmann. Esse libera sua energia
.0
e
g
h
ν
que é dissipada através da estrutura.
Isso é denominado relaxação spin-rede e caracterizada pelo tempo
T
1
. O retorno ao
estado inicial também ocorre por troca de energia entre os spins, sem perda de
energia para a rede e, é chamado de relaxação spin-spin, caracterizada pela
constante de tempo
T
2
[ALTSHULER and KOZIREV, 1964]. A Tabela III.5 mostra os
parâmetros que caracterizam os elétrons livres desemparelhados.
A auto-rotação de um núcleo carregado positivamente é denominada spin
uclear, o qual produz uma corrente elétrica circular e, portanto, um campo
gn duzido pelo spin nuclear também pode contribuir para as
ansições Zeeman entre os níveis de energia do spin eletrônico. Este fenômeno é
chamado d
n
magnético na vizinhança, como para o caso de um spin eletrônico [IKEYA, 1993]. O
campo ma ético in
tr
e interação hiperfina e pode ser observada nos espectros de RPE.
100
Tabela III.5. Parâmetros característicos para elétrons livres.
Momento
Angular de
Spin
Número
Quântico de
Spin
Magnéton
de Bohr
Momento
Magnético
Fator-g
T
Existe uma grande variedade de elementos com spin nuclear, como, por
exemplo, o íon Mn
2+
pertencente ao grupo 3d, que possui spin nuclear I = 5/2 e spin
eletrônico S = 5/2. Os íons livres desse grupo apresentam em sua configuração
fundamental a camada 3d incompleta, sendo essa responsável pelo
paramagnetismo. Na presença d um rede cristalina os íons Mn
+
passam a ter os
níveis eletrônicos desdobrados pelo campo cristalino. Este desdobramento faz
diminuir a contribuição do movimento orbital do momento magnético, sendo o
magnetism
e a
2
o destes íons atribuído fundamentalmente ao spin do elétron.
As interações decorrentes do spin do elétron (S = 5/2) com o spin nuclear
(I = 5/2), para íons Mn
2+
, geram os desdobramentos hiperfinos, onde cada subnível
eletrônico M
S
é desdobrado em (2I + 1) subníveis nucleares M
I
. A Figura III.9
representa os desdobramentos fino e hiperfino das linhas de absorção ressonante
do íon Mn
2+
.
S
r
2
1
±=
s
m
J
x
24
1027,9
=
β
β
μ
gS
=
e
00232,2
e
g
101
Figura III.9. Desdobramentos fino e hiperfino das linhas de absorção ressonante do
íon Mn
2+
, que possui S = 5/2 e I = 5/2 [IKEYA, 1993].
A Figura III.9 representa o desdobramento das linhas no espectro RPE do
Mn
2+
, onde cada uma das linhas da estrutura fina desdobra-se em 6 linhas
adicionais hiperfinas. O número total de níveis de energia será (2S + 1)(2I + 1),
resultando em 36 níveis com 30 transições permitidas, sendo
1±=
Δ
S
M
e 0
=
Δ
I
M .
A Figura III.10 mostra um diagrama que representa a montagem
experimental de um espectrômetro RPE. Este sistema é constituído de um eletroímã
(1) alimentado por uma fonte (2) que pode produzir campos magnéticos de no
máximo 20 KGauss. Tem-se uma ponte de microondas baseada em uma Klystron
(3) que gera a radiação eletromagnética responsável pelas transições Zeeman dos
níveis de energia da amostra. A radiação de microondas emitida pela Klystron é
dividida em duas partes, ficando uma como referência e a outra é conduzida por um
102
guia de ondas (4) até a cavidade ressonante retangular (5), onde está centralizada a
amostra. A freqüência de microonda é analisada por um frequencímetro digital (6).
Durante uma varredura do campo magnético estático, os dados são
analisados por um amplificador Lock-in (7), o qual através de um sinal de referência,
com freqüência de 100 kHz, alimenta um par de bobinas acoplado às paredes da
cavidade ressonante, de tal forma que este campo magnético seja paralelo ao
campo magnético gerado pelo eletroímã. Finalmente, estes dados são coletados por
um computador PC (8) e analisados.
Figura III.10
– Diagrama de blocos do espectrômetro de ressonância paramagnética
eletrônica. Eletroimã (1), fonte (2), Klystron (3), guia de onda (4), cavidade
ressonante (5), frequencímetro (6), amplificador Lock-in (7) e computador PC (8).
103
Capítulo IV
IV. Resultados e discussões
Neste capítulo serão apresentados e discutidos os resultados obtidos a
partir das técnicas de caracterizações ópticas (AO, PL e Espalhamento Raman) e
morfológica (AFM) de nanocristais (NCs) de CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
e CdMn
1-x
S
x
,
crescidos no sistema vítreo SNAB, adotando as metodologias A, B e C já descritas
na seção III.2.
IV.1. Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
As medidas de DSC para a determinação da temperatura de transição
vítrea, foram realizadas no Departamento de Física da UFSCar. A temperatura de
transição vítrea (
Tg ) da matriz SNAB está apresentada na Figura IV.1, com
incerteza de ± 5ºC, como mostra a curva de DSC.
Figura IV.1. Termograma DSC da matriz vítrea SNAB, aquecida a taxa de 20ºC/min.
É necessário se determinar o valor do
Tg
da matriz vítrea, pois em torno
desta temperatura serão efetuados os tratamentos térmicos nas amostras dopadas,
104
os quais permitirão o crescimento dos nanocristais de CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
e
Cd
1-x
Mn
x
S. Obteve-se a temperatura de transição vítrea em torno de CTg º482
=
para a matriz SNAB, este valor pode ser considerado, também, para a referida
matriz quando dopada. Isto devido às concentrações destes dopantes serem,
relativamente pequenas para que ocorram mudanças significativas nos valor de
Tg
.
IV.2. Tratamentos Térmicos
A obtenção de um sistema com características típicas de confinamento
quântico é possível através do controle das dimensões das nanoestruturas através
dos tratamentos térmicos. Estes permitem a difusão controlada dos íons de Cd
2+
,
Mn
2+
, S
2-
e Se
2-
na matriz vítrea. Adotou-se a temperatura 560ºC para a matriz
SNAB, como sendo a temperatura de tratamento térmico, baseando-se no valore de
encontrado no termograma DSC da Figura IV.1.
Tg
Todas as amostras vítreas foram submetidas a tratamentos térmicos por
intervalos de tempos crescentes. Os tratamentos térmicos tiveram como objetivo
favorecer o crescimento de pontos quânticos de CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
e Cd
1-x
Mn
x
S.
As Figuras IV.2, IV.3, IV.4 e IV.5 mostram as fotografias de algumas amostras
vítreas não dopadas, dopadas submetidas ou não a tratamentos térmicos.
(a)
(b)
(c)
Figura IV.2. Fotografias das amostras vítreas: (a) SNAB , (b) SNAB + 2[CdS] (%wt)
sem tratamento térmico e (c) SNAB + 2[CdS] (%wt) tratada a 560ºC por 20h.
(a)
(b)
(c)
Figura IV.3. Fotografias das amostras vítreas: (a) SNAB , (b) SNAB + 3[CdSe] (%wt)
sem tratamento térmico e (c) SNAB + 3[CdSe] (%wt) tratada a 560ºC por 20h.
105
(a)
(b)
(c)
Figura IV.4. Fotografias das amostras vítreas: (a) SNAB , (b) SNAB + 2[CdO+S+Se]
(%wt) sem tratamento térmico e (c) SNAB + 2[CdO+S+Se] (%wt) tratadas a 560ºC
por 20h.
Figura IV.5. Fotografias das amostras vítreas: (a) SNAB , (b) SNAB (mol%) + 2[CdO
+ S] (%wt de SNAB) + x[Mn] (%wt de Cd) sem tratamento térmico e (c) SNAB
(mol%) + 2[CdO + S] (%wt de SNAB) + x[Mn] (%wt de Cd) tratadas a 560ºC por 10h.
Observa-se nas Figuras IV.2, IV.3, IV.4 e IV.5, que a matriz vítrea SNAB
mostrou-se totalmente transparente. A amostra SNAB dopada com CdS, sem
tratamento térmico, Figura IV.2(b), apresentou coloração amarelada. As amostras,
não tratadas termicamente, SNAB dopada com CdSe, Figura IV.3(b) e SNAB
dopada com [CdO+S+Se], Figura IV.4(b), apresentaram uma coloração levemente
alaranjada e alaranjada, respectivamente. A amostra SNAB (mol%) + 2[CdO + S]
(%wt de SNAB) + x[Mn] (%wt de Cd), sem tratamento térmico , Figura IV.5,
apresentou um coloração alaranjada. O escurecimento de todas as amostras com
dopantes, quando submetidas ao tratamento térmico de 560ºC por tempos
prolongados, dá indícios da formação de pontos quânticos de CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
e Cd
1-x
Mn
x
S. Esses nanocristais, a depender do tamanho, podem absorver em toda
a região visível do espectro eletromagnético.
IV.3. Espectros de Absorção Óptica (AO)
A caracterização por absorção óptica (AO) é uma ferramenta muito
importante no estudo de nanocristais (NCs), pois através dela é possível
acompanhar a cinética de crescimento dos NCs, observando a evolução de uma
banda do espectro de AO. A formação e crescimento de NCs são fortemente
evidenciados, quando uma banda do espectro de AO desloca-se para regiões de
106
maiores comprimentos de ondas com o aumento do tempo de tratamento térmico.
Isto porque o crescimento de um NC faz com que a sua energia do confinamento
quântico diminua, passando a absorver em regiões de menores energias, ou seja,
maiores comprimentos de ondas.
Todas as amostras, inclusive a matriz vítrea SNAB não dopada, foram
submetidas a um tratamento térmico de 560ºC por intervalos de tempos crescentes.
A partir da aquisição de espectros de AO, a temperatura ambiente (300 K), foi
possível verificar se houve ou não a formação e crescimento de NCs nas referidas
amostras. Os espectros de AO foram obtidos no Instituto de Física da USP de São
Paulo, utilizando um Espectrofotômetro Cary 500 UV – Vis NIR (Varian).
Apresentam-se na Figura IV.6 os espectros de Absorção Óptica da matriz
vítrea SNAB em função do tempo de tratamento térmico.
200 300 400 500 600 700 800
0
1
2
3
4
Energia (eV)
Absorbância (u.a.)
Comprimento de onda (nm)
00h
02h
04h
06h
08h
10h
12h
14h
16h
18h
20h
60h
1,55
1,772,073,10
6,20
4,13
2,48
Matriz SNAB:
40SiO
2
. 30Na
2
CO
3
. 1Al
2
O
3
. 29B
2
O
3
(mol%)
300 K
Tratamento térmico
a 560ºC por:
Figura IV.6. Espectros de Absorção Óptica referentes à matriz vítrea SNAB.
Observa-se que a matriz vítrea SNAB não apresenta nenhuma banda de
AO na região do visível, nem mesmo, com o tratamento térmico a 560ºC por
intervalos de tempos crescentes. Dessa forma, pode-se garantir que qualquer banda
de AO que surgir nesta região, quando a matriz SNAB estiver dopada, será devida a
formação de NCs provenientes dos dopantes. A absorção observada na região de
comprimentos de onda menores que 300 nm é característica da matriz vítrea.
Na Figura IV.7 são apresentados os espectros de AO referentes às
amostras SNAB (mol%) + x[CdO + S] (%wt), com x = 0 (espectro mais abaixo) e 2,0
(demais espectros), adotando a metodologia A.
107
Figura IV.7. Espectros de Absorção Óptica referentes às amostras SNAB (mol%) +
x[CdO + S] (%wt), com x = 0 e 2,0, adotando a metodologia A.
Observa-se na Figura IV.7 que já para o primeiro espectro de AO, antes
de iniciar o tratamento térmico, aparece uma banda bastante larga indicando a
formação de CdS, em forma de NCs e também
bulk, já que o CdS bulk absorve em
torno de 480 nm (2,58 eV). Isto mostra que durante a síntese, a taxa de resfriamento
do
melt não foi suficientemente alta, permitindo uma grande mobilidade dos íons
provenientes dos dopantes, resultando em um rápido crescimento dos NCs, sendo
que parte deles chegou ao tamanho bulk. Verifica-se ainda que a banda de AO, na
região em torno de 480 nm (2,58 eV), praticamente não se desloca com o aumento
do tempo de tratamento térmico, comprovando realmente que parte do CdS
presente na amostra está na forma bulk. No entanto, observa-se que já nas
primeiras duas horas de tratamento térmico houve a formação de uma banda mais
bem definida na região em torno de 400 nm, bem antes da região do
bulk, indicando
a formação de NCs de CdS. A evolução desta banda, para regiões de maiores
comprimentos de ondas, indica o enfraquecimento do confinamento quântico e o
aumento do tamanho médio do grupo de NCs de CdS formado.
250 300 350 400 450 500 550 600 650
Energia (eV)
Absorbância (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
4,96
4,13
3,54
3,10
2,76
2,48
2,25
2,07 1,91
Tratamento Térmico
a 560ºC por:
SNAB + 2[CdO+S] (%wt)
00h
02h
04h
06h
08h
10h
12h
14h
16h
18h
20h
22h
24h
26h
SNAB
CdS (NCs):
metodologia A
300 K
108
São apresentados na Figura IV.8 os espectros de AO referentes às
amostras SNAB (mol%) + x[CdS] (%wt), com x = 0 (espectro mais abaixo) e 2,0
(demais espectros), adotando a metodologia B.
250 300 350 400 450 500 550
Comprimento de Onda (nm)
SNAB + 2[CdS] (%wt)
Energia (eV)
Absorbância (u.a.)
SNAB
00h
10h
02h
04h
06h
08h
12h
14h
16h
18h
20h
22h
24h
28h
41h
4,96 4,13
3,10
2,48 2,253,54
2,76
Tratamento Térmico
a 560ºC por:
CdS(NCs):
metodologia B
300 K
Figura IV.8. Espectros de Absorção Óptica referentes às amostras SNAB (mol%) +
x[CdS] (%wt), com x = 0 e 2,0, adotando a metodologia B.
O espectro de AO da matriz SNAB dopada com 2[CdS] (%wt), mas ainda
não submetida ao tratamento térmico, apresenta uma banda de AO bastante larga e
de pouca intensidade, indicando que durante o resfriamento do
melt formou-se NCs
de CdS com uma dispersão de tamanho relativamente grande. Verifica-se que com
o tratamento térmico, já nas primeiras duas horas, aparece uma banda de AO bem
resolvida em torno de 375 nm, indicando a formação de um grupo de NCs. À medida
que o tempo de tratamento térmico aumenta, observa-se que esta banda formada
desloca-se para regiões de maiores comprimentos de ondas, dando indícios do
crescimento dos NCs de CdS.
Pode-se concluir, com base nos espectros das Figuras IV.7 e IV.8, que o
crescimento de nanocristais de CdS foi mais eficiente por meio da metodologia B,
partindo do CdS
bulk como precursores destes NCs. Pode-se, também, concluir que
109
adotando a metodologia B teve-se maior controle da cinética de crescimento de NCs
de CdS na matriz vítrea SNAB.
A Figura IV.9 apresenta os espectros de AO referentes às amostras
SNAB (mol%) + x[2CdO + 10Se] (%wt), com x = 0 (espectro mais abaixo) e 1,0
(demais espectros), adotando a metodologia A.
250 300 350 400 450 500 550 600 650 700 750
Energia (eV)
Absorbância (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
Tratamento Térmico
a 560ºC por:
4,96 4,13
00h
02h
04h
06h
08h
10h
12h
14h
16h
18h
20h
SNAB
3,54 3,10 2,76 2,48
2,25 2,07
1,91
1,77
1,65
SNAB + [2CdO+10Se] (%wt)
CdSe(NCs):
metodologia A
300 K
Figura IV.9. Espectros de Absorção Óptica referentes às amostras SNAB (mol%) +
x[2CdO + 10Se] (%wt), com x = 0 e 1,0, adotando a metodologia A.
Observa-se nos espectros de AO da Figura IV.9 que não houve a
formação de nenhum grupo de NCs bem definido durante o resfriamento do “
melt”,
assim como nas primeiras horas de tratamento térmico (02h e 04h). No entanto,
para o tempo de 06h começa a aparecer uma banda de AO mais bem definida em
torno de 580 nm, indicando a formação de um grupo de NCs de CdSe. Para os
tempos de tratamento subseqüentes, a partir de 08h, observa-se também a
formação de uma segunda banda de AO um pouco menos definida. A origem desta
segunda banda pode estar relacionada à formação de um novo grupo de NCs de
CdSe com tamanho médio menor que o primeiro grupo, ou talvez esteja relacionada
a uma segunda transição eletrônica no primeiro grupo de NCs de CdSe já formado.
Verifica-se que estas duas bandas de AO se deslocam para regiões de maiores
comprimentos de ondas, indicando o crescimento dos NCs de CdSe.
110
A Figura IV.10 apresenta os espectros de AO referentes às amostras
SNAB (mol%) + x[CdSe] (%wt), com x = 0 (espectro mais abaixo) e 3,0 (demais
espectros), adotando a metodologia B.
250 300 350 400 450 500 550 600 650
SNAB + 3[CdSe] (%wt)
Energia (eV)
Absorbância (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
Tratamento Térmico
a 560ºC por:
4,96 4,13
3,54
3,10
2,76
2,48
2,25
2,07
1,91
SNAB
00h
02h
04h
06h
08h
12h
14h
16h
18h
20h
22h
24h
26h
28h
30h
44h
CdSe(NCs):
metodologia B
300 K
Figura IV.10. Espectros de Absorção Óptica referentes às amostras SNAB (mol%) +
x[CdSe] (%wt), com x = 0 e 3,0, adotando a metodologia B.
Verifica-se na Figura IV.10 que no espectro com tempo de tratamento
térmico de 08h aparece uma banda de AO bem resolvida centrada na região em
torno de 469 nm (2,64 eV). Observa-se a evolução desta banda, com o aumento do
tempo de tratamento térmico, em que ocorre um deslocamento para regiões de
maiores comprimentos de ondas, evidenciando o crescimento dos NCs de CdSe
formados.
Pode-se concluir, com base nos espectros de AO das Figuras IV.9 e
IV.10, que o crescimento de NCs de CdSe teve sucesso, tanto adotando a
metodologia A como a B. Pode-se, também, concluir que além do controle da
cinética de crescimento, obteve-se amostras de excelente qualidade óptica, em que,
provavelmente, observa-se duas transições eletrônicas de absorção dentro do
mesmo grupo de nanocristais de CdSe ou , talvez, a formação de um novo grupo de
NCs com tamanho menor.
111
São mostrados na Figura IV.11 os espectros de AO referentes às
amostras SNAB (mol%) + x[CdO + S + Se] (%wt), com x = 0 e 2,0, adotando a
metodologia A.
250 300 350 400 450 500 550
SNAB+2[CdO+S+Se](%wt)
Energia (eV)
Absorbância (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
4,96
4,13
3,54
3,10 2,76
2,48 2,25
Tratamento Térmico
a 560ºC por:
SNAB
00h
02h
04h
06h
08h
10h
12h
14h
16h
18h
20h
24h
28h
41h
CdS
x
Se
1-x
(NCs)
metodologia A
300 K
Figura IV.11. Espectros de Absorção Óptica referentes às amostras SNAB (mol%) +
x[CdO + S + Se] (%wt), com x = 0 e 2,0, adotando a metodologia A.
Verifica-se no espectro de tempo 00h, da Figura IV.11, que durante o
resfriamento do “melt” não houve a formação de nenhum grupo de NCs de CdS
x
Se
1-
x
bem definido. No entanto, é observado que o tratamento térmico originou, já para o
espectro com o tempo de 02h, uma banda de AO bem definida centrada em torno de
384 nm (3,23 eV), dando indícios da formação de um correspondente grupo de NCs
de CdS
x
Se
1-x
. A partir de então, nos tempos de tratamento maiores, observa-se que
a banda de AO formada desloca-se para regiões de menores energias ou maiores
comprimentos de ondas, constatando o crescimento de NCs de CdS
x
Se
1-x
.
A Figura IV.12 apresenta os espectros de AO referentes às amostras
SNAB (mol%) + x[CdS + CdSe] (%wt), com x = 0 (espectro mais abaixo) e 8,0
(demais espectros), adotando a metodologia B.
Os espectros de AO da Figura IV.12 mostram que houve a formação de
um grupo de NCs de CdS
x
Se
1-x
para 04h de tratamento térmico, caracterizado pelo
aparecimento de uma banda de AO centrada em torno de 450 nm (2,76 eV). A partir
112
das 12h de tratamento térmico torna-se evidente a formação de uma segunda banda
de AO mais alargada e não muito bem definida na região em torno de 398 nm (3,12
eV). Este comportamento já foi discutido nos espectros de AO de NCs de CdSe da
Figura IV.9, em que a origem desta segunda banda de AO pode estar relacionada a
uma segunda transição eletrônica no primeiro grupo de NCs já formado, ou talvez
seja devido a formação de um novo grupo de NCs com tamanho médio menor que o
primeiro. Verifica-se que estas duas bandas de AO deslocam-se para regiões de
maiores comprimentos de ondas, indicando o enfraquecimento do confinamento
quântico com o crescimento de NCs de CdS
x
Se
1-x
.
250 300 350 400 450 500 550 600 650
Energia (eV)
a (u.a.)
Tratamento Térmico
a 560ºC por:
SNAB + 8 [CdS + CdSe](%wt)
22h
26h
28h
4,96 4,13
3,54 3,10 2,76
2,48
2,25 2,07
1,91
CdS
x
Se
1-x
(NCs)
metodologia B
300 K
Absorbânci
Comprimento de Onda (nm)
SNAB
00h
02h
04h
06h
08h
10h
12h
14h
16h
20h
Figura IV.12. Espectros de Absorção Óptica referentes às amostras SNAB (mol%) +
x[CdS + CdSe] (%wt), com x = 0 e 8,0, adotando a metodologia B.
Em ambas as metodologias obtiveram-se controle da cinética de
crescimento, com maior dispersão de tamanho na metodologia A. Observa-se,
também, que adotando a metodologia B obtiveram-se amostras de alta qualidade
óptica, em que, provavelmente, observa-se duas transições eletrônicas de absorção
dentro do mesmo grupo de nanocristais de CdS
x
Se
1-x
.
Em resumo, para todos os espectros de AO apresentados nas Figuras
IV.7 a IV.12, observa-se que houve a formação de NCs (CdS, ou CdSe, ou
CdS
x
Se
1-x
) através do aparecimento de pelo menos uma banda de AO bem definida.
Em alguns casos (Figuras IV.9 e IV.12) verifica-se que também ocorreu a formação
113
de uma segunda banda de AO, a qual pode estar relacionada à formação de um
segundo grupo de NCs com tamanho médio menor ou, talvez, a uma segunda
transição eletrônica dentro de um mesmo grupo de NCs que já havia sido formado.
Através de cálculos teóricos, como, por exemplo, através do Método
K
p
r
r
é possível
determinar a diferença de energia entre a primeira e a segunda transição eletrônica
para um grupo de NCs com um mesmo tamanho médio. Caso esta diferença de
energia coincida com a diferença de energia entre os máximos das duas bandas de
AO observadas nos espectros, têm-se fortes evidências de que está ocorrendo uma
segunda transição eletrônica num mesmo grupo de NCs. No entanto, para uma
comprovação mais efetiva é necessário utilizar alguma técnica de caracterização
morfológica, como por exemplo, Microscopia de Força Atômica, para constatar se
realmente existe apenas um grupo de NCs com um tamanho médio bem definido.
Observa-se, também, que todas as bandas de AO formadas deslocam-se para
maiores comprimentos de ondas (menores energias) à medida que o tempo de
tratamento térmico aumenta, dando indícios do crescimento dos NCs e
enfraquecimento do confinamento quântico.
A Figura IV.13 apresenta os espectros de AO referentes às amostras
SNAB + y[CdO + S] (%wt da SNAB) + x[Mn] (%wt de Cd), com y = 0; 2,0 e x = 0;
0,005; 0,01; 0,05 e 0,10, adotando a metodologia C, tratadas a 560ºC por 10 horas.
250 300 350 400 450 500 550 600
4,96
x = 0,10
x = 0,01
x = 0
2,06
2,252,48
2,75
3,103,54
x = 0,05
x = 0,005
3,22eV
3,20eV
3,07eV
3,21eV
3,19eV
Absorbância (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
CdS (Bulk)
2,58 eV
Cd
1-x
Mn
x
S (NCs)
560
o
C/10h
4,13
Energia (eV)
SNAB
Figura IV.13. Espectros de Absorção Óptica referentes às amostras SNAB + y[CdS]
(%wt SNAB) + x[Mn] (%wt de Cd), com y = 0 e 2,0 e x = 0; 0,005; 0,01; 0,05 e 0,10,
adotando a metodologia C, tratadas a 560ºC por 10h.
114
Observa-se na Figura IV.13 que o espectro de AO da matriz SNAB sem
dopante não apresenta nenhuma banda de absorção. Assim, pode-se garantir que
qualquer banda de AO que surgir nesta região quando a matriz SNAB estiver
dopada será devida a formação de NCs de CdS provenientes dos dopantes. Para a
amostra com a composição SNAB + 2[CdO + S] (%wt da SNAB), tratada a 560ºC
por 10h, verifica-se que houve a formação de duas bandas de AO, cujas posições
estão indicadas pelas duas retas verticais pontilhadas na Figura IV.13. A primeira
banda está centrada em torno de 403 nm (3,07 eV) e é atribuída a formação de NCs
de CdS. Já a segunda está relacionada à formação de CdS na forma
bulk e está
centrada em torno de 480 nm (2,58 eV). Para as amostras com a composição SNAB
+ 2[CdO + S] (%wt da SNAB) + x[Mn] (%wt de Cd), com x variando de 0,005 a 0,10,
também aparece duas bandas de AO atribuídas a formação de NCs de Cd
1-x
Mn
x
S e
de CdS na forma
bulk. Para a banda de AO correspondente aos NCs de Cd
1-x
Mn
x
S
observa-se um “
blueshift” em relação aos NCs de CdS não dopados, no entanto, a
banda correspondente ao CdS
bulk permanece praticamente na mesma posição.
Através de um simples modelo de confinamento baseado da aproximação
de massa efetiva [BRUS, 1984], a energia do mais baixo estado do éxciton em
microcristalitos de raio
R
menores que raio de Bohr do éxciton pode ser
estimada por:
B
a
(
)
(
)
22 2 2
/2 1,8 /
conf g
EE R eR
π
με
=+ h
, onde
g
E
é o gap de energia do
material (bulk),
μ
é a massa efetiva reduzida,
e
é a carga elementar,
ε
é a
constante dielétrica, e o raio médio estimado para os NCs de CdS é
2, 2
R
nm
.
Para confirmar a distribuição de tamanho pelos dados de AO e a
formação de NC, adquiriu-se imagens de Microscopia de Força Atômica (AFM) para
as amostras vítreas com NCs de CdS e Cd
0,95
Mn
0,05
S, cujos resultados serão
apresentados na seção IV.10. As imagens de AFM mostram que os NCs de CdS e
Cd
0,95
Mn
0,05
S têm praticamente o mesmo tamanho médio, de forma que pode-se
garantir que o “
blueshift” observado nos espectros de AO não é causado por
diferentes confinamentos quânticos. A introdução de impurezas magnéticas em
semicondutores modifica as propriedades ópticas dos NCs como resultado das
interações de troca
sp-d entre os elétrons confinados em estados do ponto quântico
(
sp) e os localizados em estados de Mn
2+
(d) parcialmente cheios, causando um
blueshift”, com o aumento da concentração x, no gap de energia das amostras com
NCs de Cd
1-x
Mn
x
S comparado com os de CdS não dopados [ARCHER, 2007]. A
115
Figura IV.13 mostra este efeito nas amostras que contém NCs de Cd
1-x
Mn
x
S, para
x = 0 ; 0,005 ; 0,01 ; 0,05 e 0,10, em que o “
blueshift” do gap de energia varia de
3,07 eV (403 nm) a 3,22 eV (385 nm).
Estes resultados fornecem fortes evidências da verdadeira incorporação
de íons de Mn
2+
em NCs de CdS, que são reforçadas pelos espectros de
Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE) que serão apresentados na seção
IV.11.
IV.4. Dispersão de Tamanhos dos Pontos Quânticos
A dispersão de tamanhos de nanocristais pode ser determinada a partir
dos espectros de absorção óptica, conforme apresentado na seção II.10. A largura à
meia altura,
W, da banda de AO é estimada através de ajuste gaussiano e
ω
h
é o
valor de energia correspondente à posição da referida banda no eixo da abscissa.
A seguir, na Figura IV.14, é apresentado, com efeito de ilustração, um dos
ajustes gaussianos feitos para estimar
W.
250 300 350 400 450 500 550 600 650
CdSe (NCs)
Energia (eV)
Absorbância (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
Experimental
Ajuste Gaussiano
4,96 4,13
3,54
3,10
2,76
2,48
2,25
2,07
1,91
2,55 eV
W=0,40 eV
SNAB (mol%) + 3[CdSe] (%wt)
Tratamento térmico
a 560º por 24h
300 K
Figura IV.14. Representação do ajuste gaussiano (linha tracejada) referente ao
espectro de Absorção Óptica, a temperatura ambiente (300 K), da amostra SNAB
(mol%) + 3[CdSe] (%wt), tratada a 560ºC por 24h.
Na Fig. IV.14 a banda de AO está centrada em 2,55 eV e a largura à meia
altura desta, estimada pelo ajuste gaussiano, é de
W = 0,40 eV. Com base nestes
parâmetros, aplicando a Equação 2.56 e sendo
E
g(CdSe)
= 1,75 eV a 300 K, obtém-se
116
uma dispersão de tamanho de
13 %
CdSe
ξ
=
. Portanto, seguindo a metodologia de Wu
e colaboradores, [WU et al, 1987], determinou-se as dispersões de tamanhos dos
pontos quânticos de CdS e CdSe, assim como para os de CdS
x
Se
1-x
sintetizados
pela metodologia B e A, respectivamente.
A Tabela IV.1 apresenta os parâmetros relacionados aos pontos quânticos
de CdS, crescidos na matriz vítrea SNAB pela metodologia B, tais como: tempo de
tratamento térmico a 560ºC, posição do pico de AO, largura à meia altura da banda
de Absorção Óptica e dispersão de tamanhos
.
Tabela IV.1. Parâmetros característicos de pontos quânticos de CdS crescidos nas
amostras com a composição SNAB (mol%) + 2[CdS]
(%wt).
SNAB: 40SiO
2
.30Na
2
CO
3
.1Al
2
O
3
.29BB
2
O
3
(mol%)
+ 2[CdS] (%wt)
Tempo de
tratamento
Térmico a 560ºC
Posição Pico AO
(eV)
W (eV)
ξ
(%)
02h
3,33 0,60 18
04h 3,28 0,53 17
06h
3,25 0,57 19
08h
3,25 0,56 19
10h
3,22 0,53 19
12h
3,20 0,51 18
14h
3,20 0,53 19
16h
3,19
0,51 19
18h 3,18 0,50 19
20h 3,18 0,50 19
22h
3,17 0,50 19
24h
3,16 0,48 18
28h
3,16 0,50 19
41h
3,12 0,48 20
Observa-se, na Tabela IV.1, que a dispersão de tamanho dos NCs de CdS
se mantém praticamente constante em torno de um valor médio de
19 %
CdS
ξ
=
.
A Tabela IV.2 apresenta os parâmetros relacionados aos pontos quânticos
de CdSe, crescidos na matriz vítrea SNAB pela metodologia B, tais como: tempo de
117
tratamento térmico a 560ºC, posição do pico de AO, largura à meia altura da banda
de Absorção Óptica e dispersão de tamanhos.
Tabela IV.2. Parâmetros característicos de pontos quânticos de CdSe crescidos nas
amostras com a composição SNAB (mol%) + 3[CdSe]
(%wt).
SNAB: 40SiO
2
.30Na
2
CO
3
.1Al
2
O
3
.29BB
2
O
3
(mol%)
+ 3[CdSe] (%wt)
Tempo de
tratamento
Térmico a 560ºC
Posição Pico AO
(eV)
W (eV)
ξ
(%)
08h
2,64 0,48 13
12h
2,62 0,44 13
14h
2,61 0,42 12
16h
2,59 0,44 13
18h
2,59 0,41 12
20h
2,57 0,42 13
22h 2,56 0,40 12
24h
2,55 0,40 13
26h
2,54 0,41 13
28h
2,52 0,38 12
30h
2,52 0,37 12
44h
2,49 0,37 13
Observa-se, na Tabela IV.2, que a dispersão de tamanho dos NCs de
CdSe se mantém praticamente constante em torno de um valor médio de
13 %
CdSe
ξ
=
.
A Tabela IV.3 apresenta os parâmetros relacionados aos pontos quânticos
de CdS
x
Se
1-x
, crescidos na matriz vítrea SNAB pela metodologia B, tais como: tempo
de tratamento térmico a 560ºC, posição do pico de AO, largura à meia altura da
banda de Absorção Óptica e dispersão de tamanhos.
118
Tabela IV.3. Parâmetros característicos de pontos quânticos de CdS
x
Se
1-x
crescidos
nas amostras com a composição SNAB (mol%) + 2[CdO + S + Se]
(%wt).
SNAB: 40SiO
2
.30Na
2
CO
3
.1Al
2
O
3
.29BB
2
O
3
(mol%)
+ 3[CdSe] (%wt)
Tempo de
tratamento
Térmico a 560ºC
Posição Pico AO
(eV)
W (eV)
ξ
(%)
02h
3,23 0,78 17
04h
3,21 0,83 18
06h
3,16 0,73 17
08h
3,13 0,70 17
10h
3,12 0,67 16
12h
3,12 0,70 17
14h
3,08 0,71 18
16h 3,06 0,70 18
18h
3,04 0,69 18
20h
3,04 0,71 18
24h
3,00 0,71 19
28h
3,00 0,70 19
41h
2,97 0,63 18
Observa-se, na Tabela IV.3, que a dispersão de tamanho dos NCs de
CdS
x
Se
1-x
se mantém praticamente constante em torno de um valor médio de
1
18 %
xx
CdS Se
ξ
=
.
Ao realizar o crescimento dos pontos quânticos utilizando tratamento
térmico simples a 560ºC por intervalos de tempos crescentes, verifica-se que
ocorreram de forma simultânea tanto a nucleação quanto o crescimento desses
pontos. Isto resultou em uma grande dispersão de tamanhos (ξ) desses pontos
formados. Esta dispersão pode ser atribuída a uma taxa de resfriamento do
melt não
suficiente para evitar a formação de pontos quânticos durante a síntese.
IV.5. Espectros de Fotoluminescência (PL)
Espectros de Fotoluminescência (PL) foram obtidos para NCs de CdS
sintetizados pelas metodologias A e B, assim como para NCs de CdSe e CdS
x
Se
1-x
sintetizados pela metodologia B.
119
As aquisições dos espectros de PL a temperatura ambiente (300K) foram
realizadas no Instituto de Física Gleb Wataghin em Campinas, em que se utilizou
como fonte de excitação a linha 325 nm de um laser de He-Cd. Como não é possível
medir toda a luminescência proveniente dos NCs, as intensidades destes espectros
de PL foram normalizadas para uma mesma altura.
As Figuras IV.15(a) e (b) apresentam os espectros de PL referentes às
amostras SNAB (mol%) + 2[CdO + S] (%wt) e SNAB (mol%) + 2[CdS] (%wt),
respectivamente, sintetizadas pelas metodologias A e B, correspondentes aos
espectros de AO apresentados na Figuras IV.7 e IV.8, para determinados tempos de
tratamento térmico.
(a)
(b)
450 500 550 600 650 700 750 800 850
λ
exc
=325 nm
CdS (NCs):
SNAB + 2[CdO+S] (%wt)
Energia (eV)
Intensidade PL (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
Tratamento Térmico
a 560ºC por:
2,76
2,48
2,25
2,07 1,91
1,77
1,65 1,55
1,46
02h
06h
12h
16h
Figura IV.15. Espectros de Fotoluminescência (PL) referentes às amostras: (a)
SNAB (mol%) + 2,0[CdO + S] (%wt) e (b) SNAB (mol%) + 2,0[CdS](%wt).
Observa-se, na Figura IV.15(a), que ocorreu a formação de duas bandas
de PL para o tempo de duas horas de tratamento térmico centradas, uma em torno
de 650 nm (1,91 eV) e outra em 685 nm (1,81 eV).
metodologia A
300 K
450 500 550 600 650 700 750 800 850
λ
exc
=325 nm
Energia (eV)
Intensidade PL (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
2,76 2,48
2,25 2,07 1,91
1,77
1,65
1,55
1,46
SNAB + 2[CdS](%wt)
CdS (NCs):
metodologia B
Tratamento Térmico
a 560ºC por:
02h
04h
08h
14h
16h
18h
22h
24h
28h
41h
300 K
120
Smyntyna e colaboradores [SMYNTYNA, 2007] fizeram um estudo sobre
os espectros de fotoluminescência (PL) de NCs de CdS, em que observaram uma
banda centrada em 520 nm (2,38 eV), na região do verde, e outra centrada em 690
nm (1,80 eV), na região do vermelho. A origem destas duas bandas de PL foi
atribuída a defeitos intrínsecos do material, sendo que a banda na região do verde
está relacionada a átomos de Cádmio que se encontram dentro do nanocristal de
forma intersticial ( ) e a banda na região do vermelho está relacionada à
divacâncias de .
i
Cd
Cd S
VV
Com base nestes resultados, pode-se afirmar que a banda de PL
centrada em torno de 685 nm (1,81 eV) para o tempo de duas horas de tratamento
térmico, apresentado na Figura IV.15(a), corresponde a uma emissão atribuída a
divacâncias de .
Cd S
VV
Na Figura IV.15(b), apresentam-se os espectros dos NCs de CdS
sintetizados pela metodologia B, entre os quais para o tempo de duas horas de
tratamento térmico é, também, observado a formação da banda causada por
divacâncias (
Cd S
VV
) na região do vermelho, além da banda de emissão excitônica
( ) centrada em torno de 645 nm (1,92 eV). Não foram observadas transições
relacionadas a defeitos do tipo , pois não houve a formação de nenhuma banda
de PL bem definida na região do verde.
exc
E
i
Cd
Nas Figuras IV.15(a) e (b), observa-se que a evolução dos espectros de
PL é praticamente a mesma. À medida que o tempo de tratamento térmico vai
aumentando, a banda de emissão excitônica ( ) vai se deslocando para regiões
de maiores comprimentos de ondas, de maneira que ocorre uma superposição das
duas bandas iniciais, evidenciando assim o crescimento dos NCs de CdS.
exc
E
A Figura IV.16 apresenta os espectros de PL referentes às amostras
SNAB (mol%) + 3[CdSe] (%wt), sintetizadas pela metodologia B, correspondentes
aos espectros de AO apresentados na Figura IV.10, para determinados tempos de
tratamento térmico.
121
450 500 550 600 650 700 750 800 850
λ
exc
=325 nm
Energia (eV)
Intensidade PL (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
00h
02h
04h
06h
08h
12h
14h
16h
18h
20h
22h
24h
26h
28h
30h
44h
Tratamento Térmico
a 560ºC por:
2,76
2,48
2,25
2,07
1,91 1,77 1,65 1,55
1,46
SNAB + 3[CdSe] (%wt)
CdSe (NCs):
metodologia B
300 K
Figura IV.16. Espectros de Fotoluminescência (PL) referentes ao NCs de CdSe
sintetizados pela metodologia B.
Verifica-se na Figura IV.16 que antes do início do tratamento térmico
(tempo de 00h) os NCs de CdSe apresentam duas bandas de PL centradas em
torno 590 nm (2,10 eV) e 728 nm (1,70 eV).
Em um estudo sobre NCs de CdSe com estrutura Wurtzita, Babentsov e
colaboradores [BABENTSOV, 2005] observaram três bandas nos espectros de
fotoluminescência (PL). Uma destas bandas corresponde à emissão excitônica ( )
e as outras duas ( e ) são atribuídas a transições de elétrons a partir dos níveis
de confinamento quântico para níveis aceitadores profundos gerados por defeitos
intrínsecos do material atribuídos à divacâncias de
exc
E
1
E
2
E
Cd Se
VV
. Eles verificaram que as
posições das bandas de PL dos defeitos ( e ) são afetadas pelo efeito do
confinamento quântico, em que variam de forma praticamente linear em função do
raio do nanocristal. Com o aumento do raio dos NCS de 1,7 a 3,2 nm, foi observado
que: variou de 1,66 a 1,28 eV e variou de 1,44 a 1,05 eV.
1
E
2
E
1
E
2
E
122
Nos espectros de PL da Figura IV.16 não foi possível observar a banda
devido a limitações do detector. No entanto, observa-se claramente no primeiro
espectro (tempo de 00h) que a segunda banda corresponde à emissão e,
portanto, a primeira banda é atribuída à emissão excitônica . Sob a ação do
tratamento térmico a 560ºC por tempos crescentes, verifica-se que ocorre uma
superposição destas duas bandas de PL, em que formam uma única banda que se
desloca para regiões de maiores comprimentos de ondas (menores energias), dando
fortes indícios do crescimento dos NCs de CdSe.
2
E
1
E
exc
E
A Figura IV.17 apresenta os espectros de PL referentes às amostras
SNAB (mol%) + 2[CdO+S+Se] (%wt), sintetizadas pela metodologia A,
correspondentes aos espectros de AO apresentados na Figura IV.11, para
determinados tempos de tratamento térmico.
450 500 550 600 650 700 750 800 850
λ
exc
=325 nm
CdS
x
Se
1-x
(NCs):
SNAB + 2[CdO+S+Se](%wt)
Energia (eV)
Intensidade PL (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
Tratamento Térmico
a 560ºC por:
02h
06h
08h
10h
14h
16h
18h
20h
24h
28h
2,76 2,48 2,25
2,07
1,91
1,77
1,65 1,55 1,46
metodologia A
300 K
Figura IV.17. Espectros de Fotoluminescência (PL) referentes ao NCs de CdS
x
Se
1-x
sintetizados pela metodologia A.
Pode-se observar na Figura IV.17 que nas primeiras horas do tratamento
térmico (tempo de 02h) o espectro de PL dos NCs de CdS
x
Se
1-x
possui duas bandas
123
de PL, em superposição, centradas em torno de 650 nm (1,91 eV) e 695 nm (1,78
eV).
Encontra-se na literatura que NCs de CdS
x
Se
1-x
, na forma hexagonal,
apresentam três bandas no espectro de PL geradas por defeitos intrínsecos do
material. Kunets e colaboradores [KUNETS, 2004] fizeram um estudo sobre o
espectro de PL de NCs de CdS
x
Se
1-x
, no qual para NCs com raio médio de 2,9 nm,
eles observaram uma primeira banda em torno de 623 nm (1,99 eV) correspondente
a transições de elétrons a partir dos níveis de confinamento quântico para níveis
aceitadores rasos gerados por complexos do tipo
Cd i
VCd
, onde são as
vacâncias catiônicas de Cádmio e são átomos de Cádmio que se encontram
dentro do nanocristal de forma intersticial. Uma segunda banda observada,
encontra-se centrada em torno de 789 nm (1,57 eV) em que sua origem ainda não é
muito bem estabelecida, mas pode ser atribuída a níveis de defeitos profundos. E
por fim, observaram uma terceira na posição em torno de 925 nm (1,34 eV), a qual é
atribuída a transições de elétrons a partir dos níveis de confinamento quântico para
níveis aceitadores mais profundos gerados por vacâncias de Cádmio ( )
[VALAKH, 1993].
Cd
V
i
Cd
Cd
V
Deste modo, no espectro da Figura IV.17 com tempo de tratamento
térmico de 02h, pode-se afirmar que a primeira banda de PL, centrada em torno de
650 nm (1,91 eV), tem contribuição da emissão relacionada a níveis de defeitos
rasos gerados por complexos do tipo
Cd i
VCd
. Pode-se, também, afirmar que a
segunda banda de PL, centrada em torno de 695 nm (1,78 eV), tem contribuição da
emissão relacionada a níveis de defeitos mais profundos. Além destas duas
emissões mencionadas, existe também a emissão exitônica, a qual evidentemente
está próxima da emissão relacionada a níveis de defeitos rasos e, portanto, contribui
para a formação da primeira banda. Observa-se, também, nos espectros de PL que,
com o aumento do tempo de tratamento térmico, ocorre uma superposição das duas
bandas formadas inicialmente, em que formam uma única banda que vai se
deslocando para regiões de maiores comprimentos de ondas, dando fortes indícios
do crescimento dos NCs de CdS
x
Se
1-x
.
124
IV.6. Espectros Raman
Os espectros Raman foram obtidos a temperatura ambiente (300K) no
Instituto de Física da Unb em Brasília, utilizando a linha 488 nm de um laser de
Argônio como fonte de excitação. As intensidades dos picos Raman foram
normalizadas.
As Figuras IV.18 e IV.19 mostram os espectros Raman de NCs de CdS
crescidos pelas metodologias A e B, respectivamente.
240 260 280 300 320 340 360 380
Intensidade Raman (u.a.)
N úm ero de O nda (cm
-1
)
bulk
00h
02h
04h
06h
08h
10h
14h
18h
20h
22h
26h
SNAB + 2[CdO+S](%wt)
CdS (NCs):
metodologia A
λ
exc
= 488 nm
300 K
T ra tam e ntorm ico
560ºC por:
240 260 280 300 320 340 360 380
41h
28h
22h
16h
06h
08h
14h
Intensidade Raman (u.a.)
Núm ero de Onda (cm
-1
)
SNAB + 2[CdS](%wt)
Figura IV.18. Espectros Raman de NCs de CdS crescidos na matriz vítrea SNAB
pela metodologia A e de CdS-Bulk.
CdS (NCs):
bulk
λ
exc
= 488 nm
300 K
Tratamento térmico
560ºC por:
metodologia B
Figura IV.19. Espectros Raman de NCs de CdS crescidos na matriz vítrea SNAB
pela metodologia B e de CdS-Bulk.
125
Observa-se na Figuras IV.18 e IV.19 que os espectros Raman
apresentam um pico em torno de 300 cm
-1
característico do modo de fônon óptico
longitudinal (LO) do CdS-like. Dessa forma, comprova-se o crescimento de NCs de
CdS ao adotar-se tanto a metodologia A como a B. Observa-se também, nestes
espectros Raman, que o modo vibracional de fônon LO apresenta um “
blueshift” em
relação ao CdS
bulk. A origem deste “blueshift” é atribuída ao efeito da contração da
rede, o qual é causado pela interação termodinâmica entre o nanocristal e a matriz
vítrea, gerando um “
strain” compressivo sobre o nanocristal de CdS. Como já foi
visto no Capítulo II, a Equação (2.152) desenvolvida por Hwang e colaboradores
[HWANG, 1996] explica, de forma satisfatória, o comportamento desse “
blueshif” em
função do raio do nanocristal.
A assimetria do pico Raman (LO) observada para valores de menores
freqüências é causada pela contribuição dos fônons ópticos de superfície (SO),
conforme já foi discutido na seção II.12.6 [de PAULA, 1998].
Apresentam-se a seguir, nas Figuras IV.20 e IV.21, os espectros Raman
de nanocristais de CdSe sintetizados pelas metodologias A e B, já descritas na
seção III.2.
Figura IV.20. Espectros Raman de NCs de CdSe crescidos na matriz vítrea SNAB
pela metodologia A.
150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250
CdSe (NCs):
Intensidade Raman (u.a.)
Número de Onda (cm
-1
)
SNAB + [2CdO+10Se](%wt)
metodologia A
λ
exc
= 488 nm
300 K
Tratamento térmico
560ºC por:
00h
02h
04h
06h
08h
10h
12h
14h
16h
18h
20h
126
Figura IV.21. Espectros Raman de NCs de CdSe crescidos na matriz vítrea SNAB
pela metodologia B.
Observa-se nas Figuras IV.20 e IV.21 que durante as primeiras horas de
tratamento térmico não ocorre a formação de nenhum pico Raman perceptível,
indicando que neste período a densidade de nanocristais é muito pequena. No
entanto, para tempos de tratamento térmico maiores, aparece um pico Raman
correspondente ao modo de fônon óptico (LO) CdSe-like em torno de 200 cm
-1
. Para
os nanocristais de CdSe sintetizados pela Metodologia A, esse modo (LO) aparece a
partir do tempo de tratamento térmico de 06h, enquanto que na Metodologia B, o
surgimento acontece a partir do tempo de 08h. Conclui-se então, que a cinética de
crescimento dos nanocristais nas metodologias A e B são diferentes. Isto devido,
sob a ação do mesmo tratamento térmico, os nanocristais sintetizados Metodologia
A cresceram mais rapidamente do que pela metodologia B.
Verifica-se, também, que os modos vibracionais (LO) CdSe-like desses
nanocristais apresentam um deslocamento para valores um pouco maiores que 200
cm
-1
em relação ao CdSe bulk. Esteblueshift” no modo (LO) é análogo ao que
aconteceu para os nanocristais de CdS em relação ao CdS
bulk, em que pode ser
explicado pelo efeito da contração da rede causado pelo “
strain” compressivo sobre
o nanocristal, como descrito pela Equação (2.152) [HWANG, 1996].
Observa-se, ainda, nos picos Raman (LO) uma assimetria para a região
de menores freqüências que está relacionada ao aparecimento dos modos de
fônons ópticos de superfície (SO), tal como ocorreu para os nanocristais de CdS.
150 160 170 180 190 200 210 220 230 240 250
300 K
λ
exc
= 488 nm
Tratamento térmico
560ºC por:
CdSe (NCs):
SNAB + 3[CdSe](%wt)
Intensidade Raman (u.a.)
Número de Onda (cm
-1
)
metodologia B
00h
02h
04h
06h
08h
14h
18h
20h
22h
44h
127
As Figuras IV.22 e IV.23 mostram os espectros Raman dos nanocristais
de CdS
x
Se
1-x
sintetizados pelas metodologias A e B, respectivamente. Através
destes espectros foi possível determinar a concentração
x e, dessa forma, estimar o
gap de energia do semicondutor CdS
x
Se
1-x
bulk.
160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360
Tratamento térmico
560ºC por:
300 K
λ
exc
= 488 nm
Intensidade Raman (u.a.)
mero de Onda (cm
-1
)
SNAB + 2[CdO+S+Se](%wt)
CdS
x
Se
1-x
(NCs):
metodologia A
Figura IV.22. Espectros Raman de NCs de CdS
x
Se
1-x
crescidos na matriz vítrea
SNAB pela metodologia A.
Figura IV.23. Espectros Raman de NCs de CdS
x
Se
1-x
crescidos na matriz vítrea
SNAB pela metodologia B.
02h
04h
06h
08h
10h
14h
20h
LO
LO
C d S e-lik e
C d S -like
Δω
160 180 200 220 240 260 280 300 320 340 360
300 K
λ
exc
= 488 nm
metodologia B
CdS
x
Se
1-x
(NCs):
SNAB + 8[CdS+CdSe](%wt)
Tratamento térmico
560ºC por:
Intensidade Raman (u.a.)
Número de Onda (cm
-1
)
00h
02h
04h
06h
08h
10h
14h
16h
18h
20h
22h
24h
26h
28h
30h
44h
LO
C d S e -like
LO
C d S -lik e
Δω
128
Observa-se que nesses espectros Raman os picos correspondentes aos
modos de fônons ópticos longitudinais (LO) CdSe-like e CdS-like, em torno de 200
cm
-1
e 300 cm
-1
, respectivamente, comprovando a formação do nanocristal ternário
de CdS
x
Se
1-x
.
A partir da diferença entre os modos (LO) CdSe-like e CdS-like, obteve-
se a concentração
x presente nos nanocristais de CdS
x
Se
1-x
, utilizando a Equação
(2.155) [ALCALDE, 2006]. Para cada concentração
x encontrada, também, foi
possível obter o correspondente “gap” de energia do semicondutor bulk, através da
seguinte equação [YÜKSELICI, 2001]:
.
1, 8 0, 41
g
E
x
=
+
(4.1)
As tabelas IV.4 e IV.5 apresentam os valores das concentrações
x e dos
gaps de energia
g
E
do “bulk” das amostras contendo NCs de CdS
x
Se
1-x
sintetizados
pelas metodologias A e B, respectivamente.
Tabela IV.4. Valores da concentração x e do gap de energia do correspondente
semicondutor “bulk” para cada amostra que contém nanocristais de CdS
x
Se
1-x
sintetizados pela metodologia A.
Tempo de tratamento Concentração
x
Eg (e V) "bulk"
02h 0,67
± 0,03
2,07
04h 0,68 ± 0,03 2,08
06h 0,73 ± 0,03 2,10
08h 0,63 ± 0,03 2,06
10h 0,71 ± 0,03 2,09
14h 0,67 ± 0,03 2,08
20h 0,67 ± 0,03 2,08
Valor mé dio:
0,68 ± 0,03 2,08
Matriz SNAB + 2[CdO+S+Se] (%wt)
Temperatura de tratamento térmico: 560ºC
129
Tabela IV.5. Valores da concentração x e do gap de energia do correspondente
semicondutor “
bulk” para cada amostra que contém nanocristais de CdS
x
Se
1-x
sintetizados pela metodologia B.
Tempo de tratamento Concentração
x
Eg (eV) "bulk"
02h 0,24
±
0,03 1,90
04h 0,29 ± 0,03 1,92
06h 0,27 ± 0,03 1,91
08h 0,28 ± 0,03 1,92
10h 0,29 ± 0,03 1,92
14h 0,28 ± 0,03 1,92
16h 0,29 ± 0,03 1,92
18h 0,28 ± 0,03 1,92
20h 0,29 ± 0,03 1,92
22h 0,27 ± 0,03 1,91
24h 0,29 ± 0,03 1,92
26h 0,28 ± 0,03 1,91
28h 0,29 ± 0,03 1,92
30h 0,30 ± 0,03 1,92
44h 0,28 ± 0,03 1,91
Valor médio:
0,28 ± 0,03 1,92
Matriz SNAB + 8[CdS+CdSe] (%wt)
Temperatura de tratamento térmico: 560ºC
Nota-se nas Tabelas IV.4 e IV.5 que, em cada metodologia, os valores
variam muito pouco. Pode-se então considerar que para uma mesma metodologia,
tanto a concentração
x quanto o gap de energia (
g
E
) permanecem
aproximadamente constante em função do tempo de tratamento térmico. Dessa
forma, usando o valor médio, obtêm-se os valores: e
0,68 (68%)x =
(
2,08eV 596
g
)
E
nm=
()
1, 92 eV 646
g
E
nm=
, para a metodologia A e; e
0,28 (28%)x
=
,
para a metodologia B.
Caso uma destas amostras que contém nanocristais de CdS
x
Se
1-x
seja
tratada a 560ºC por um tempo muito grande, espera-se que o seu “gap” de energia
aproxime-se do semicondutor
bulk, ou seja,
2,0
e para os nanocristais
sintetizados pela metodologias A e B, respectivamente.
8eV 1, 92 eV
Em um nanocristal de CdS
x
Se
1-x
quanto maior concentração de enxofre
(ou selênio), maior será a intensidade do pico Raman do modo LO CdS-like (ou LO
CdSe-like). Outra característica que pode ser observada nos espectros Raman é a
assimetria dos picos Raman de fônons LO causada pelo modo de fônon óptico de
130
superfície (SO). Quanto maior for a quantidade de enxofre presente no nanocristal,
ou seja, quanto maior for a concentração
x, mais assimétrico será o pico Raman de
fônon LO CdS-like [ALCALDE, 2000]. De forma análoga acontece o mesmo com o
pico Raman do modo de fônon LO CdSe-like, ou seja, ele será mais assimétrico
quanto maior for a quantidade de selênio no nanocristal (menor valor da
concentração
x).
Verifica-se na Figura IV.22, para os nanocristais de CdS
x
Se
1-x
sintetizados
pela metodologia A, que o pico Raman correspondente ao modo LO CdS-like é mais
intenso e mais assimétrico que o modo LO CdSe-like. Isto porque existe mais
enxofre do que selênio no nanocristal. Já para os nanocristais sintetizados pela
medotologia B, como se pode observar na Figura IV.23, ocorre exatamente o
contrário, onde a concentração de selênio é maior que a concentração de enxofre e,
portanto, o pico Raman do modo LO CdSe-like é mais intenso e mais assimétrico
que o pico do modo LO CdS-like.
IV.7. Estimativa do Raio Médio
Realizou-se uma estimativa dos raios médios dos nanocristais de CdS e
CdSe, assim como para os de CdS
x
Se
1-x
(com
0,68x
=
), sintetizados pelas
metodologias B e A, respectivamente. Para os nanocristais de CdS e CdSe,
assumiu-se um regime de confinamento intermediário, no qual a equação que
governa a energia de confinamento para a primeira transição é dada por [BRUS,
1984]:
22 2
2
1.8
2
Conf g
e
EE
R
R
π
μ
ε
=+
h
.
(4.2)
Através dos parâmetros encontrados na Tabela II.4 foi possível encontrar as massas
efetivas reduzidas do CdS e CdSe, além das suas constantes dielétricas que estão
na Tabela IV.6.
131
Tabela IV.6. Valores das massas efetivas reduzidas e constantes dielétricas dos
semicondutores: CdS e CdSe. Onde m
0
é a massa de repouso do elétron.
CdS 0,1604m
0
9,4
CdSe 0,0884m
0
10,2
Massa efetiva
reduzida (μ)
Se micondutor
Constante
dielétrica (ε)
Para os nanocristais de CdS
x
Se
1-x
, com
0,68x
=
, assumiu-se um regime
do confinamento forte, diante do problema de determinar-se a constante dielétrica de
um semicondutor ternário. A equação que governa a energia da primeira transição
no confinamento forte é dada por [BRUS, 1986; BORELLI, 1987]:
22
2
2
Conf g
EE
R
π
μ
=+
h
(4.3)
.
A massa efetiva reduzida do semicondutor ternário é encontrada,
admitindo-se uma dependência linear com
x, como segue na equação [KULISH,
1997]:
(
)
1
1
xx
CdS Se CdS CdSe
xx
μ
μμ
=+
.
(4.4)
, obtém-se:
Neste caso como o valor da concentração é
0,68x
=
(4.5)
.
0,68 0,32
0
0,1374
CdS Se
m
μ
=
O gap de energia
g
E
de cada semicondutor “bulk” utilizado na estimativa
do raio médio encontra-se na Tabela IV.7. Para os semicondutores CdS e CdSe
estes valores foram obtidos das referências [BRUS, 1984] e [GRAHN, 1999],
respectivamente, já para o CdS
0,68
Se
0,32
o valor foi calculado na seção IV.6.
132
Tabela IV.7. Valor do gap de energia de cada semicondutor bulk.
Semicondutor E
g
(eV)
CdS 2,58
CdSe 1,75
CdS
0,68
Se
0,32
2,08
As energias de confinamento quântico
conf
E
, também, necessárias para
estimar os raios médios dos nanocristais foram obtidas a partir das posições de
máximo dos picos dos espectros de absorção óptica (AO). Estas energias estão
apresentadas na Tabela IV.8.
Tabela IV.8. Energias de confinamento dos nanocristais de CdS e CdSe,
sintetizados pela metodologia B, e dos nanocristais de CdS
0,68
Se
0,32
, sintetizados
pela metodologia A. Essas energias foram obtidas a partir dos picos dos espectros
de AO medidos a temperatura ambiente (300K).
02h 372 ##### 384 3,33 ##### 3,23
04h 378 ##### 386 3,28 ##### 3,21
06h 381 ##### 392 3,25 ##### 3,16
08h 381 470 396 3,25 2,64 3,13
10h 385 ##### 397 3,22 ##### 3,12
12h 387 473 397 3,20 2,62 3,12
14h 387 475 403 3,20 2,61 3,08
16h 389 479 405 3,19 2,59 3,06
18h 390 479 408 3,18 2,59 3,04
20h 390 482 408 3,18 2,57 3,04
22h 391 484 ##### 3,17 2,56 #####
24h 392 486 413 3,16 2,55 3,00
26h ##### 488 ##### ##### 2,54 #####
28h 392 492 413 3,16 2,52 3,00
30h ##### 492 ##### ##### 2,52 #####
41h 397 ##### 417 3,12 ##### 2,97
44h ##### 498 ##### ##### 2,49 #####
Tempo de
tratamento térmico
Posição do Pico AO (nm)
E
conf
(eV)
Temperatura de tratamento térmico: 560ºC
0,68 0,32
CdS Se
CdS
CdSe
CdSeCdS
0,68 0,32
CdS Se
Pode-se estimar os raios médios dos nanocristais de CdS e CdSe
substituindo os dados das Tabelas IV.6, IV.7 e IV.8 na Equação 4.2, assim como os
raios médios dos nanocristais de CdS
0,68
Se
0,32
substituindo os valores da Equação
133
(4.5) e das Tabelas IV.7 e IV.8 na Equação (4.3). Os resultados obtidos estão
apresentados na Tabela IV.9.
Tabela IV.9. Estimativa dos raios médios dos nanocristais de CdS e CdSe,
sintetizados pela metodologia B, e dos nanocristais de CdS
x
Se
1-x
, sintetizados pela
metodologia A.
02h 1,77 ##### 1,54
04h 1,83 ##### 1,56
06h 1,87 ##### 1,59
08h 1,87 2,19 1,61
10h 1,91 ##### 1,62
12h 1,94 2,21 1,62
14h 1,94 2,22 1,65
16h 1,96 2,25 1,67
18h 1,98 2,25 1,69
20h 1,98 2,28 1,69
22h 1,99 2,29 #####
24h 2,01 2,30 1,72
26h ##### 2,32 #####
28h 2,01 2,35 1,72
30h ##### 2,35 #####
41h 2,08 ##### 1,75
44h ##### 2,40 #####
Tempo de
tratamento térmico
Raio Médio (nm)
Temperatura de tratamento térmico: 560ºC
0,68 0,32
CdS Se
CdS
CdSe
Observa-se, nestas estimativas, que o raio médio de cada nanocristal
cresce à medida que o tempo de tratamento térmico aumenta, indicando um
enfraquecimento do confinamento quântico. No entanto, é necessário usar alguma
técnica de caracterização estrutural, como, por exemplo, Microscopia de Força
Atômica (AFM) ou Microscopia de Transmissão Eletrônica (TEM), para determinar os
raios médios, possibilitando uma comparação com estas estimativas.
134
IV.8. Espalhamento Raman em função do raio médio do nanocristal:
Efeito da contração da rede
1, 85 1, 90 1, 95 2, 00 2, 05
303
304
305
306
307
308
Número de Onda (cm
-1
)
Rai o Médio (nm)
(1, 87nm)
(1, 94nm)
(1,99nm)
(2, 01nm)
(a)
(b)
(c)
(d)
240 250 260 270 280 290 300 310 320 330 340 350 360
0
40
80
120
(d)
(c)
(b)
(a)
CdS (NCs):
Intensidade Raman (u.a.)
Número de Onda (cm
-1
)
(a) 06h (303,52cm
-1
)
(b)
14h (304,53cm
-1
)
(c)
22h (306,86cm
-1
)
(d)
28h (307,65cm
-1
)
Tratamento térmico a 560ºC por:
SNAB + 2[CdS](%wt) metodologia B
λ
exc
= 488 nm
300 K
b)
Verificou-se na seção IV.5 que o raio médio do nanocristal cresce com o
aumento do tempo de tratamento térmico. Nesta seção é feita uma análise do
comportamento do pico Raman correspondente ao modo de fônon LO em função do
raio médio estimado pelas Equações (4.2) e (4.3), para os nanocristais de CdS e
CdSe sintetizados pela metodologia B.
A Figura IV.24 mostra o comportamento do espectro Raman dos
nanocristais de CdS sintetizados pela metodologia B.
a
)
Figura IV.24.
a) Espectros Raman, a temperatura ambiente (300K), de nanocristais
de CdS sintetizados pela metodologia B e tratados a 560ºC por intervalos de tempos
de 06h, 14h, 22h e 28h. b) Comportamento do Espalhamento Raman em função do
raio médio estimado.
Observa-se nas Figuras IV.24(a) e (b) que a posição do pico Raman dos
NCs de CdS desloca-se para valores maiores com o aumento do tempo de
tratamento térmico, ou seja, com o aumento do raio médio do nanocristal. Este
blueshift” no modo de fônon LO pode ser observado na Figura IV.24(b).
A Figura IV.25 apresenta o comportamento do espectro Raman dos
nanocristais de CdSe sintetizados pela metodologia B.
135
(4.6)
(4.7)
160 170 180 190 200 210 220 230 240 250 260
0
40
80
120
SNAB + 3[CdSe](%wt)
Intensidade Raman (u.a.)
Número de Onda (cm
-1
)
(a)
metodologia B
14h (211,57cm
-1
)
(b)
18h (212,04cm
-1
)
(c)
22h (212,78cm
-1
)
CdSe (NCs):
Tratamento térmico a 560ºC por:
λ
exc
= 488 nm
300 K
(a)
(b)
(c)
2, 21 2, 22 2, 23 2, 24 2, 25 2, 26 2, 27 2, 28 2, 29 2, 30 2, 31
211
212
213
Número de Onda (cm
-1
)
Rai o Médio (nm)
(a)
(b)
(c)
(2,22nm)
(2,25nm)
(2, 29nm)
a
b)
)
Figura IV.25. a) Espectros Raman, a temperatura ambiente (300K), de nanocristais
de CdSe sintetizados pela metodologia B e tratados a 560ºC por intervalos de
tempos de 14h, 18h e 22h. b) Comportamento do Espalhamento Raman em função
do raio médio estimado.
Análogo ao comportamento dos nanocristais de CdS, observa-se que a
posição de máximo dos picos Raman desloca-se para valores maiores com o
aumento do raio médio do nanocristal. Este “
blueshift” pode ser observado na Figura
IV.25(b).
Observa-se, para os dois grupos de nanocristais (CdS e CdSe), que
ocorre um “
blueshift” na posição do pico Raman correspondente ao modo de fônon
LO com o aumento do raio. Como já foi discutido na seção II.12.5, este “
blueshift” é
atribuído ao efeito de contração da rede cristalina dos nanocristais causada pelas
interações termodinâmicas com a matriz vítrea, onde a dependência com o raio do
nanocristal é descrita pela equação [HWUANG, 1996]
() ( )
()
{}
2
2
11
13 '
2
p
Ln
LgL
L
RTT kb
R
βμ
ωωγαα ω γ
ω
⎧⎫
⎛⎞
⎪⎪
≅−
⎜⎟
⎨⎬
⎜⎟
⎪⎪
⎝⎠
⎩⎭
,
em que pode ser escrita como
()
2
B
RA
R
ω
≅−
,
136
sendo
()
(
)
{
}
13 '
Lg
A
TT
ωγαα
=−
(4.8)
e
2
1
2
p
Ln
L
L
B
kb
βμ
ωγ
ω
⎛⎞
=−
⎜⎟
⎜⎟
⎝⎠
⎩⎭
(4.9)
.
A partir dos dados experimentais mostrados nas Figuras IV.24 e IV.25 e
usando a Equação (4.7) pode-se fazer um ajuste e encontrar os parâmetros
A e B,
dados pelas Equações (4.8) e (4.9), respectivamente, para os nanocristais de CdS e
CdSe. A Figura IV.26 mostra este ajuste para os nanocristais de CdS sintetizados
pela metodologia B.
(4.10)
Figura IV.26. Deslocamento do pico Raman do modo LO do nanocristais de CdS em
função do raio médio. Em detalhe, com a ampliação da região próxima dos pontos
experimentais, fez-se um ajuste linear.
Os valores dos parâmetros obtidos no ajuste da Figura IV.26 foram:
A=334,06 cm
-1
e B=108,10 cm
-1
nm
2
. Desta forma, considerando o raio do nanocristal
medido em
nm, a equação que descreve o ajuste é dada por
()
()
(
)
12
1
2
108,10
334,06
CdS
cm nm
Rcm
R
ω
=−
.
137
012345678
290
295
300
305
310
315
320
325
330
335
1,86 1,88 1,90 1,92 1,94 1,96 1,98 2,00 2,02 2,04
303
304
305
306
307
308
()
1
26,91 /
dR
cm nm
dR
ω
(2,01n m )
(1,99 nm )
(1,94nm )
(1,87nm )
Número de Onda (cm
-1
)
Raio Médio (nm )
Ajuste Linear
Número de Onda (cm
-1
)
Raio Médio (nm)
06h (303,52cm
-1
)
14h (304,53cm
-1
)
22h (306,86cm
-1
)
28h (307,65cm
-1
)
Ajuste
CdS (NCs)
Tratamento térmico a 560ºC por:
A partir de um ajuste linear feito numa pequena região que contém os
quatro pontos experimentais, mostrado em detalhe na Figura IV.26, obteve-se uma
taxa de variação média do pico Raman do modo de fônon LO de 26
,91 cm
-1
/nm.
A Figura IV.27 mostra o ajuste feito para os nanocristais de CdSe
sintetizados pela metodologia B.
(4.12)
(4.11)
Figura IV.27. Deslocamento do pico Raman do modo LO do nanocristais de CdSe
em função do raio médio. Em detalhe, com a ampliação da região próxima dos
pontos experimentais, fez-se um ajuste linear.
A equação que descreve a curva do ajuste mostrado na Figura IV.27,
considerando o raio do nanocristal medido em
nm, é dada por
()
()
(
)
12
1
2
99,46
231,73
CdSe
cm nm
Rcm
R
ω
=−
.
O valor encontrado da taxa de variação média da posição do pico Raman
LO dos nanocristais de CdSe, na pequena região próxima dos três pontos
experimentais mostrados em detalhe na Figura IV.10, foi de 1
7,36 cm
-1
/nm.
Pode-se analisar a taxa da variação da posição do pico Raman do modo
LO, derivando a Equação (4.7) em relação a
R, ou seja,
()
2
dR
dB
A
dR dR R
ω
⎛⎞
≅−
⎜⎟
⎝⎠
,
obtendo-se:
(
)
3
2
dR
B
dR R
ω
.
138
012345678
200
205
210
215
220
225
230
2,21 2,22 2,23 2,24 2,25 2,26 2,27 2,28 2,29 2,30 2,31
211
212
213
()
1
17,36 /
dR
cm nm
dR
ω
(2,29nm)
(2,25nm)
(2,22nm )
Número de Onda (cm
-1
)
Raio Médio (nm)
Ajuste Linear
Tratamento térmico a 560ºC por:
CdSe (NCs)
Número de Onda (nm)
Raio Médio (nm)
14h (211,57cm
-1
)
18h (212,04cm
-1
)
22h (212,78cm
-1
)
Ajuste
Verifica-se na Equação (4.12) que quanto menor for o raio do nanocristal
maior será a taxa de variação da posição do pico Raman do modo LO. Pode-se
assim analisar os valores das taxas de variação média do pico Raman LO obtidas
pelo ajuste linear para os nanocristais de CdS e CdSe.
Os valores dos parâmetros
B dos nanocristais de CdS e CdSe valem
108
,10 cm
-1
nm
2
e 99,46 cm
-1
nm
2
, respectivamente. Então, a partir da Equação
(4.12), podem-se escrever as equações que descrevem a taxa de variação do pico
Raman para cada nanocristal, como seguem:
(
)
3
216,20
CdS
dR
dR R
ω
(4.13)
e
(
)
3
198,92
CdSe
dR
dR R
ω
(4.14)
.
As taxas de variação média, obtidas pelo ajuste linear na pequena região
próxima dos pontos experimentais, foram e para os
nanocristais de CdS e CdSe, respectivamente. Ao igualarem-se estes valores com
as Equações (4.13) e (4.14), obtêm-se os raios médios dos nanocristais:
e . Estes raios médios encontram-se exatamente na
pequena região que contém os dados experimentais, comprovando que o ajuste
linear foi uma boa aproximação.
1
26,91 /cm nm
1
17,36 /cm nm
2,00
CdS
Rnm= 2,25
CdSe
Rnm=
IV.9. Deslocamento Stokes em Nanocristais
O Deslocamento Stokes (
STOKES
Δ
), que corresponde ao “redshift” dos
espectros de fotoluminescência (PL) em relação aos de absorção óptica (AO), é um
fenômeno bastante comum em nanocristais semicondutores. Como já foi discutido
na seção II.10, a origem do Deslocamento Stokes em nanocristais está relacionada
a dois principais fatores: a formação de níveis aceitadores e/ou doadores, gerados
por defeitos na interface nanocristal-vidro [WOGGON, 1997]; o desdobramento dos
estados excitônicos gerados pelas interações de troca elétron-buraco [BAGGA,
2006].
139
O Deslocamento Stokes em um nanocristal pode ser observado
experimentalmente através da análise dos seus respectivos espectros de absorção
óptica (AO) e fotoluminescência (PL). Nesta seção foi feita uma análise do
para os nanocristais de CdS e CdSe sintetizados pela metodologia B,
assim como para os de CdS
STOKESΔ
x
Se
1-x
sintetizados pela metodologia A. Como já foi
discutido na seção IV.5, em todos os espectros de PL destes nanocristais existem
emissões atribuídas a defeitos intrínsecos dos materiais além das emissões
excitônicas ( ). Por este motivo ajustou-se cada espectro de PL por duas
gaussianas a fim de identificar a posição de máximo da emissão excitônica,
necessária para determinar o Deslocamento Stokes (
exc
E
STOKES
Δ
).
As Figuras IV.28 (a) e (b) mostram, como exemplo, dois espectros de PL
dos nanocristais de CdS sintetizados pela metodologia B. Estes espectros de PL
foram ajustados por duas gaussianas: a primeira e a segunda localizadas nas
regiões de menores e maiores comprimentos de onda, respectivamente.
300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850
300 K
metodologia B
CdS (NCs):
SNAB + 2[CdS](%wt)
Intensidade PL (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
Experimental
Ajuste Gaussiano: E
exc
Ajuste Gaussiano: Defeito profundo
Soma dos Ajustes Gaussianos
4,13
3,54
Energia (eV)
3,10 2,76 2,48 2,25 2,07 1,91 1,77 1,65 1,55 1,46
560ºC/41h
λ
exc
= 325 nm
300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850
Intensidade PL (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
Experimental
Ajuste Gaussiano: E
exc
Ajuste Gaussiano: Defeito profundo
Soma dos Ajustes Gaussianos
4,13
3,54
Energia (eV)
3,10 2,76 2,48 2,25 2,07 1,91 1,77 1,65 1,55 1,46
300 K
SNAB + 2[CdS](%wt)
560ºC/16h
λ
exc
= 325 nm
CdS (NCs):
metodologia B
a)
b)
Figura IV.28. Ajustes dos espectros de PL dos nanocristais de CdS sintetizados pela
metodologia B e tratados a 560ºC por: a) 16h e b) 41h.
A primeira gaussiana representa a emissão excitônica ( ) e a segunda
representa a emissão atribuída a defeitos profundos, conforme já foi discutido na
seção IV.5. A partir destes ajustes determinou-se o
exc
E
STOKES
Δ
para os nanocristais
de CdS crescidos na matriz vítrea SNAB pela metodologia B, conforme mostra a
Figura IV.29.
140
Figura IV.29. Representação do
STOKES
Δ
para os nanocristais de CdS crescidos
na matriz vítrea SNAB. As setas, nos espectros de PL, indicam a emissão excitônica.
A partir espectros de AO e de PL da Figura IV.29 e dos respectivos
valores dos raios médios estimados na Tabela IV.9, analisou-se o comportamento
do em função do raio médio do nanocristal, o qual é mostrado na Figura
IV.30.
STOKESΔ
Figura IV.30. Comportamento do
STOKES
Δ
para os nanocristais de CdS crescidos
na matriz vítrea SNAB e tratados a 560ºC por (a) 02h, (b) 08h, (c) 16h, (d) 24h e (e)
41h.
As Figuras IV.31 (a) e (b) mostram, como exemplo, dois espectros de PL
dos nanocristais de CdSe sintetizados pela metodologia B com seus respectivos
ajustes gaussianos.
300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850
Absorbância (u.a.)
300 K
4,13
3,54
(e)
(d)
(c)
(b)
(e)
(d)
(c)
(b)
(a)
(a) 02h
(b) 08h
(c) 16h
(d) 24h
(e) 41h
Tratamento térmico
a 560ºC por:
SNAB + 2[CdS](%wt)
Δ Stokes
Intensidade PL (u.a.)
Energia (eV)
Comprimento de Onda (nm)
AO
PL: λ
exc
=325 nm
CdS (NCs):
(a)
3,10 2,76
2,48 2,25 2,07
1,91 1,77
1,65 1,55
1,46
metodologia B
1,33
1,34
1,35
1,36
1,37
1,38
1,39
1,40
1,65 1,70 1,75 1,80 1,85 1,90 1,95 2,00
(d)
(c)
(b)
Deslocamento Stokes (eV)
Raio Médio (nm)
AO (eV) PL (eV) Δ Stokes (eV)
(a) 3,33 1,95 1,38
(b) 3,25 1,88 1,37
(c) 3,19 1,83 1,36
(d) 3,16 1,80 1,36
(e) 3,12 1,78 1,34
(a)
(e)
SNAB + 2[CdS](%wt)
CdS (NCs):
metodologia B
141
Figura IV.31. Ajustes dos espectros de PL dos nanocristais de CdSe sintetizados
pela metodologia B e tratados a 560ºC por: a) 18h e b) 30h.
A Figura IV.32 apresenta o
STOKES
Δ
para os nanocristais de CdSe
crescidos na matriz vítrea SNAB pela metodologia B, obtidos com o auxílio dos
ajustes gaussianos.
Figura IV.32. Representação do
STOKES
Δ
para os nanocristais de CdSe crescidos
na matriz vítrea SNAB. As setas, nos espectros de PL, indicam a emissão excitônica.
400 450 500 550 600 650 700 750 800 850
560ºC/30h
λ
exc
= 325 nm
300 K
CdSe (NCs):
metodologia B
SNAB + 3[CdSe](%wt)
Intensidade PL
Comprimento de Onda (nm)
Experimental
Ajuste Gaussiano: E
exc
Ajuste Gaussiano: Defeito profundo
Soma dos Ajustes Gaussianos
Energia (eV)
3,10 2,76
2,48 2,25 2,07
1,91 1,77
1,65 1,55
1,46
300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850
Intensidade PL (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
Experimental
Ajuste Gaussiano: E
exc
Ajsute Gaussiano: Defeito profundo
Soma dos Ajustes Gaussianos
Energia (eV)
3,10 2,76
2,48 2,25 2,07
1,91 1,77
1,65 1,55
1,46
560ºC/18h
λ
exc
= 325 nm
300 K
CdSe (NCs):
metodologia B
SNAB + 3[CdSe](%wt)
a)
b)
400 450 500 550 600 650 700 750 800 850
Absorbância (u.a.)
(d)
(c)
Intensidade PL (u.a.)
Energia (eV)
Comprimento de Onda (nm)
AO
PL: λ
exc
=325 nm
(a)
(a)
(b)
(c)
(d)
(b)
Δ Stokes
SNAB + 3[CdSe](%wt)
CdSe (NCs):
Tratamento térmico
a 560ºC por:
3,10 2,76
2,48 2,25 2,07
1,91 1,77
1,65 1,55
1,46
(a) 08h
(b) 18h
(c) 22h
(d) 30h
300 K
metodologia B
142
A partir espectros de AO e de PL da Figura IV.32 e dos respectivos
valores dos raios médios estimados na Tabela IV.9, analisou-se o comportamento
do em função do raio médio do nanocristal, o qual é mostrado na Figura
IV.33.
STOKESΔ
Figura IV.33. Comportamento do
STOKES
Δ
para os nanocristais de CdSe crescidos
na matriz vítrea SNAB e tratados a 560ºC por (a) 08h, (b) 18h, (c) 22h e (d) 30h.
As Figuras IV.34 (a) e (b) mostram, como exemplo, dois espectros de PL
dos nanocristais de CdSe sintetizados pela metodologia B com seus respectivos
ajustes gaussianos.
Figura IV.34.
Ajustes dos espectros de PL dos nanocristais de CdS
x
Se
1-x
sintetizados pela metodologia A e tratados a 560ºC por: a) 16h e b) 28h.
2,18 2,20 2,22 2,24 2,26 2,28 2,30 2,32 2,34 2,36
(d)
(c)(b)
AO (eV) PL (eV) Δ Stokes (eV)
(a) 2,64 1,74 0,90
(b) 2,59 1,71 0,88
(c) 2,56 1,68 0,88
(d) 2,52 1,68 0,84
CdSe (NCs):
metodologia B
0,82
0,84
0,86
0,88
0,90
0,92
0,94
SNAB + 3[CdSe](%wt)
Deslocamento Stokes (eV)
Raio Médio (nm)
(a)
300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850
560ºC/28h
λ
exc
= 325 nm
300 K
CdS
0,68
Se
0,32
(NCs):
metodologia A
SNAB + 2[CdO+S+Se](%wt)
Intensidade PL (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
Experimental
Ajuste Gaussiano: E
exc
e Defeito raso
Ajuste Gaussiano: Defeito profundo
Soma dos Ajustes Gaussianos
Energia (eV)
4,13
3,54
3,10 2,76
2,48 2,25 2,07
1,91 1,77
1,65 1,55
1,46
300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850
Intensidade PL (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
Experimental
Ajuste Gaussiano: E
exc
Ajuste Gaussiano: Defeito profundo
Soma dos Ajustes Gaussianos
Energia (eV)
4,13
3,54
3,10 2,76
2,48 2,25 2,07
1,91 1,77
1,65 1,55
1,46
560ºC/16h
λ
exc
= 325 nm
300 K
CdS
0,68
Se
0,32
(NCs):
SNAB + 2[CdO+S+Se](%wt)
a
metodologia A
b)
)
143
A Figura IV.35 apresenta o
STOKES
Δ
para os nanocristais de CdS
x
Se
1-x
,
com
x = 0,68, crescidos na matriz vítrea SNAB pela metodologia A, obtidos com o
auxílio dos ajustes gaussianos.
(4.15)
Figura IV.35. Representação do
STOKES
Δ
para os nanocristais de CdS
x
Se
1-x
crescidos na matriz vítrea SNAB. As setas, nos espectros de PL, indicam a emissão
excitônica.
A partir espectros de AO e de PL da Figura IV.35 e dos respectivos
valores dos raios médios estimados na Tabela IV.9, analisou-se o comportamento
do em função do raio médio do nanocristal de CdS
STOKESΔ
x
Se
1-x
, com x = 0,68, o
qual é mostrado na Figura IV.36.
Observou-se que para os NCs de CdS, CdSe e CdS
x
Se
1-x
o
diminui à medida que o raio médio do nanocristal aumenta. Este comportamento
pode ser entendido analisando-se o
STOKESΔ
STOKES
Δ
em função do fator de Huang-Rhys,
de acordo com a relação [GAPONENKO, 1998].
2
STOKES LO
S
ω
Δ
= h
,
onde
S é o fator de Huang-Rhys, o qual mede a intensidade do acoplamento elétron-
fônon, e
LO
ω
h
é a energia do fônon LO acoplado ao elétron.
300 350 400 450 500 550 600 650 700 750 800 850
300 K
(a)
(b)
(c)
(d)
(d)
(c)
(b)
(a)
CdS
0,68
Se
0,32
(NCs):
metodologia A
SNAB + 2[CdO+S+Se](%wt)
(a) 02h
(b) 06h
(c) 16h
(d) 28h
Tratamento térmico
a 560ºC por:
Δ Stokes
Intensidade PL (u.a.)
Energia (eV)
Absorbância (u.a.)
Comprimento de Onda (nm)
AO
PL: λ
exc
=325 nm
4,13
3,54
3,10 2,76
2,48 2,25 2,07
1,91 1,77
1,65 1,55
1,46
144
1,20
1,22
1,24
1,26
1,28
1,30
1,32
1,34
1,36
1,38
1,40
Figura IV.36. Comportamento do
STOKES
Δ
para os nanocristais de CdS
0,68
Se
0,32
crescidos na matriz vítrea SNAB e tratados a 560ºC por (a) 02h, (b) 06h, (c) 16h e
(d) 28h.
Em nanocristais esféricos verifica-se que fator de Huang-Rhys é
inversamente proporcional ao raio do nanocristal, ou seja,
1/SR
[BÁNYAI, 1993].
Esta relação é bastante razoável, pois à medida que o raio de um nanocristal vai
aumentando, o efeito do confinamento quântico vai diminuindo, ou seja, o
acoplamento elétron-fônon vai se enfraquecendo, resultando em valores para o fator
de Huang-Rhys (
S) cada vez menores. Dessa forma, verifica-se claramente pela
Equação (4.15) que o diminui com o aumento do raio do nanocristal,
explicando os resultados obtidos para os nanocristais de CdS, CdSe e CdS
STOKESΔ
x
Se
1-x
.
IV.10. Microscopia de Força Atômica (AFM)
A técnica experimental de AFM possibilita averiguar a formação e o
crescimento de nanocristais em matrizes vítreas. As medidas de AFM foram
realizadas no Instituto de Física da USP em São Carlos, utilizando um microscópio
de força atômica no modo contato.
A Figura IV.37 apresenta as imagens de AFM dos pontos quânticos de
CdS crescidos na matriz vítrea SNAB pela Metodologia B, submetidos a um
tratamento térmico de 560ºC por 04h.
1,52 1,54 1,56 1,58 1,60 1,62 1,64 1,66 1,68 1,70 1,72 1,74
(d)
(c)
(b)
(a)
CdS
0,68
Se
0,32
(NCs):
metodologia A
SNAB + 2[CdO+S+Se](%wt)
AO (eV) PL (eV) Δ Stokes (eV)
(a) 3,23 1,90 1,33
(b) 3,16 1,88 1,28
(c) 3,06 1,83 1,23
(d) 3,00 1,77 1,23
Deslocamente Stokes (eV)
Raio Médio (nm)
145
(
a
)
(
b
)
(b)
(a)
Figura IV.37. Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) + 2[CdS] (%wt) tratadas
a 560ºC por 04h com raio médio de
1, 81
R
nm
. (a) Imagem 2D com a distribuição
de tamanho. (b) Imagem 3D.
A Figura IV.38 apresenta as imagens de AFM dos pontos quânticos de
CdS crescidos na matriz vítrea SNAB pela Metodologia B, submetidos a um
tratamento térmico de 560ºC por 14h.
Figura IV.38.
Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) + 2[CdS] (%wt) tratadas
a 560ºC por 14h com raio médio de
1, 92
R
nm
. (a) Imagem 2D com a distribuição
de tamanho. (b) Imagem 3D.
146
A Figura IV.39 apresenta as imagens de AFM dos pontos quânticos de
CdS crescidos na matriz vítrea SNAB pela Metodologia B, submetidos a um
tratamento térmico de 560ºC por 22h.
(a)
(b)
Figura IV.39. Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) + 2[CdS] (%wt) tratadas
a 560ºC por 22h com raio médio de
2,07
R
nm
. (a) Imagem 2D com a distribuição
de tamanho. (b) Imagem 3D.
Observa-se nas imagens de AFM das Figuras IV.37 a IV.39 o crescimento
dos pontos quânticos de CdS formados na matriz vítrea SNAB com o aumento do
tempo de tratamento térmico, conforme era esperado. Os raios médios estimados
teoricamente, na Tabela IV.9, estão em acordo com os valores obtidos por estas
imagens de AFM, em que observa-se, também, uma dispersão de tamanho
relativamente grande, a qual já foi calculada na seção IV.4 em torno de
.
19 %
CdS
ξ
=
A Figura IV.40 apresenta as imagens de AFM dos pontos quânticos de
CdSe crescidos na matriz vítrea SNAB pela Metodologia B, submetidos a um
tratamento térmico de 560ºC por 12h.
147
148
(
a
)
(
b
)
Figura IV.40. Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) + 2[CdSe] (%wt)
tratadas a 560ºC por 12h com raio médio de
2,24
R
nm
. (a) Imagem 2D com a
distribuição de tamanho. (b) Imagem 3D.
A Figura IV.41 apresenta as imagens de AFM dos pontos quânticos de
CdSe crescidos na matriz vítrea SNAB pela Metodologia B, submetidos a um
tratamento térmico de 560ºC por 16h.
(
a
)
(
b
)
Figura IV.41.
Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) + 2[CdSe] (%wt)
tratadas a 560ºC por 16h com raio médio de
2,25
R
nm
. (a) Imagem 2D com a
distribuição de tamanho. (b) Imagem 3D.
A Figura IV.42 apresenta as imagens de AFM dos pontos quânticos de
CdSe crescidos na matriz vítrea SNAB pela Metodologia B, submetidos a um
tratamento térmico de 560ºC por 30h.
(a)
(b)
Figura IV.42. Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) + 2[CdSe] (%wt)
tratadas a 560ºC por 30h com raio médio de
2,37
R
nm
. (a) Imagem 2D com a
distribuição de tamanho. (b) Imagem 3D.
Conforme era esperado, as imagens de AFM das Figuras IV.40 a IV.42
mostram que os pontos quânticos de CdSe formados na matriz vítrea SNAB
crescem a medida que o tempo de tratamento térmico aumenta. Observa-se,
também, nestas imagens de AFM, que pontos quânticos de CdSe apresentam raios
médios em acordo com valores estimados teoricamente na Tabela IV.9, com uma
dispersão de tamanho relativamente grande, a qual foi calculada, em torno de
, na seção IV.4.
13 %
CdSe
ξ
=
A Figura IV.43 apresenta as imagens de AFM dos pontos quânticos de
CdS
x
Se
1-x
(com x = 0,68) crescidos na matriz vítrea SNAB pela Metodologia A,
submetidos a um tratamento térmico de 560ºC por 04h.
149
150
(
b
)
(
a
)
Figura IV.43. Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) + 2[CdO+S+Se] (%wt)
tratadas a 560ºC por 04h com raio médio de
1, 60
R
nm
. (a) Imagem 2D com a
distribuição de tamanho. (b) Imagem 3D.
A Figura IV.44 apresenta as imagens de AFM dos pontos quânticos de
CdS
x
Se
1-x
(com x = 0,68) crescidos na matriz vítrea SNAB pela Metodologia A,
submetidos a um tratamento térmico de 560ºC por 12h.
(
a
)
(
b
)
Figura IV.44. Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) + 2[CdO+S+Se] (%wt)
tratadas a 560ºC por 12h com raio médio de
1, 62
R
nm
. (a) Imagem 2D com a
distribuição de tamanho. (b) Imagem 3D.
A Figura IV.45 apresenta as imagens de AFM dos pontos quânticos de
CdS
x
Se
1-x
(com x = 0,68) crescidos na matriz vítrea SNAB pela Metodologia A,
submetidos a um tratamento térmico de 560ºC por 41h.
(a)
(b)
Figura IV.45. Imagens de AFM das amostras SNAB (mol%) + 2[CdO+S+Se] (%wt)
tratadas a 560ºC por 41h com raio médio de
1, 80
R
nm
. (a) Imagem 2D com a
distribuição de tamanho. (b) Imagem 3D.
Observa-se nas imagens de AFM das Figuras IV.43 a IV.45 o crescimento
dos pontos quânticos de CdS
x
Se
1-x
(com x = 0,68) formados na matriz vítrea SNAB
com o aumento do tempo de tratamento térmico, conforme era esperado. Os raios
médios estimados teoricamente, na Tabela IV.9, estão em acordo com os valores
obtidos por estas imagens de AFM, em que observa-se, também, uma dispersão de
tamanho relativamente grande, a qual já foi calculada na seção IV.4 em torno de
.
1
18 %
xx
CdS Se
ξ
=
As Figuras IV.46(a) e (b) apresentam as imagens de AFM de NCs de CdS
e Cd
0.95
Mn
x0.05
S, respectivamente, crescidos na matriz vítrea SNAB, submetidos a
um tratamento térmico de 560ºC por 10h.
151
Figura IV.46.
Imagens de AFM dos nanocristais, mostrando distribuição de tamanho
próxima de 5% e raio médio
2,3
R
nm
. As imagens 2D e 3D ilustram a morfologia
de (a) NCs de CdS e (b) NCs de Cd
0,95
Mn
0,05
S.
As imagens de AFM mostradas na Figura IV.37 são correspondentes as
amostras cujos espectros de AO foram mostrados na Figura IV.13. O tamanho
médio estimado dos NCs de CdS e Cd
0.95
Mn
x0.05
S, a partir destas imagens de AFM,
é
2,3
R
nm
com uma correspondente distribuição de tamanho de 5% e 9%,
respectivamente. Este valor de tamanho médio determinado,
2,3
R
nm
, para os
NCs de CdS e Cd
0.95
Mn
x0.05
S está em acordo com o valor estimado teoricamente,
2, 2
R
nm
, na seção IV.3. A morfologia de NCs isolados é mostrada em imagens de
duas dimensões (2D) e três dimensões (3D), em que observa-se em detalhe as
faces dos NCs.
152
IV.11. Espectros de Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE)
As modificações a temperatura ambiente nos estados eletrônicos induzido
pelo íon Mn
2+
incorporado no nanocristal de CdS foram examinadas por RPE, no
Instituto de Física da UFG, usando um espectrômetro Bruker ESP-300 de alta
sensibilidade operando na banda-X da freqüência de microondas aproximadamente
igual a 9,5 GHz.
A Figura IV.47(a) apresenta os espectros de RPE referentes aos NCs de
Cd
1-x
Mn
x
S, com x = 0; 0,005; 0,01; 0,05 e 0,10, correspondentes aos espectros de
AO da Figura IV.13. As Figuras IV.47(b) e (c) apresentam, também, os espectros de
RPE da matriz vítrea SNAB dopada com xMn e NCs de Cd
1-x
Mn
x
S para x = 0,05 e
0,10, respectivamente.
Figura IV.47. (a) Espectros de RPE de NCs de Cd
1-x
Mn
x
S para amostras com
concentração x = 0; 0,005; 0,01; 0,05 e 0,10. (b) e (c) Espectros de RPE da matriz
vítrea SNAB dopada com xMn e NCs de Cd
1-x
Mn
x
S para x = 0,05 e 0,10,
respectivamente.
Observa-se na Figura IV.47, no espectro de RPE obtidos das amostras
vítreas com NCs de Cd
1-x
Mn
x
S, que a estrutura cristalina de um CdS hospedeiro
teve uma forte influência sobre os íons Mn
2+
incorporados, indicando uma forte
153
interação entre os spins dos elétrons e do núcleo. O espectro de RPE das amostras
com NCs dopados com Mn pode ser modelado pelo Hamiltoniano
0
ˆˆ ˆ
z
H
HH=+
[SILVA, 2007], onde
B
r
ˆ
ˆ
zBe
H
Sg B
μ
=⋅
r
e
g
B
μ
, e é a interação Zeeman, e onde são o
magnéton de Bohr, o fator
g de Landè, e o campo magnético aplicado,
respectivamente. Tem-se, também, que o Hamiltoniano
0
ˆ
H
é dado por
(
)
(
)
22
0
ˆ
ˆ
1/3
zx
HDSSS ESS ASI
⎡⎤
=−+++
⎣⎦
2
ˆ
y
)
, onde os primeiros dois termos
descrevem a estrutura fina com campo magnético nulo devido à interação entre os
spins dos elétrons. Este termo não nulo permite o desdobramento somente em
ambientes com simetrias menores que a cúbica.
(
ˆ
ˆ
A
SI
O terceiro termo
representa a interação hiperfina entre o spin
eletrônico ( ) e o spin nuclear (
ˆ
S
ˆ
I
). Em um campo magnético, a degenerescência de
spin dos íons de Mn
2+
pode ser “levantada” pelo desdobramento Zeeman, resultando
em seis níveis de energia classificados pelo número quântico de spin eletrônico
magnético
531
,,
222
S
M ± ±
. Devido ao desdobramento hiperfino, cada uma destas
seis transições poderá ser desdobrada em outros seis níveis hiperfinos
caracterizados por um número quântico de spin nuclear magnético
531
,,
222
I
M ± ±
. As principais linhas hiperfinas nos espectros são devido às
transições permitidas, com
1
S
MΔ=± 0
I
M
Δ
=
. Se a regra de seleção é quebrada as
outras linhas (transições proibidas) com
0
I
M
Δ
podem também ser observadas.
Por isso, os típicos espectros de RPE de “dots” com íons de Mn
2+
tendo
5/2S
=
e
para spins eletrônicos e nuclear produzirão 30 linhas; as cinco transições de
estrutura fina desdobram em seis linhas hiperfinas. Desde que a incorporação de
íons com transição metálica em NCs causa mudanças nos números de
coordenação, este efeito modifica o campo cristalino e, portanto, os espectros de
RPE. Para NCs de CdS dopados com Mn, as linhas hiperfinas foram observadas
somente para as transições centrais associadas com níveis . A
localização de Mn
5/2I =
1/2 1/2
S
M =↔
2+
ocorrendo em dois diferentes sítios do NC, superfície e núcleo,
pode ser determinada por medidas de RPE. Em adição, as constantes fina ( ,
D
E
) e
hiperfina (
A
) dependem fortemente das características do campo cristalino. Por
154
exemplo, quando um íon Mn
2+
está localizado próximo ou sobre a superfície do NC,
uma grande diferença estrutural ocorre entre os NCs e resulta em grandes valores
para a constante
A
.
A Figura IV.47(a) mostra os espectros de RPE para um conjunto de
amostras sintetizadas. O mais amplo sinal de fundo observado nos espectros de
RPE é devido a interações spin-spin entre elétrons do íon Mn
2+
quando eles estão
incorporados dentro dos NCs de Cd
1-x
Mn
x
S. A estrutura com seis linhas confirma
uma incorporação uniforme de íons de Mn
2+
dentro da estrutura do NC de CdS
hospedeiro, considerando que a mais ampla linha de RPE indica a presença da
interação de troca magnética quando dois íons de Mn
2+
estão perto o suficiente e
são encontrados em pequenas ilhas aglomeradas. A diferença entre as amostras
vítreas (SNAB: xMn e SNAB: Cd
1-x
Mn
x
S) é observada nos espectros de RPE
[Figuras IV.47(b) e (c)]. Nota-se que a interação hiperfina devido aos íons Mn
2+
resulta a partir da presença de um campo cristalino nos NCs de CdS. A interação
hiperfina observada no espectro das amostras vítreas dopadas com Mn
2+
não é tão
evidente como aquela observada para NCs de Cd
1-x
Mn
x
S. Esta diferença poderia
possivelmente ser atribuída a formação de pequenas ilhas de MnO em fase
cristalina [MUKHERJEE, 2006].
Já foi relatado que íons de Mn
2+
estão incorporados em dois sítios
distintos dos NCs; quando se encontra no núcleo do nanocristal, ele produz o sinal
de RPE
I
S
, quando está localizado sobre ou próximo da superfície dos NCs ele
produz o sinal de RPE
I
I
S
[SILVA, 2007; ZHOU, 2006]. Esta análise é fortemente
suportada por um bom acordo entre o espectro de RPE experimental e um simulado.
A Figura IV.48 apresenta o espectro de RPE dos NCs de Cd
1-x
Mn
x
S,
medido na banda X e a temperatura ambiente, mostrado como uma sólida linha
verde (espectro mais acima) e um calculado (ou simulado) como uma solida linha
vermelha (espectro mais abaixo).
7.6A
=
A simulação de RPE foi obtida pela soma de dois espectros com
e
mT, correspondendo aos íons de Mn
2+
localizados dentro (denominado como
I
S8.2
)
e sobre a superfície do NC (denominado como
I
I
S
) para um sistema pontual com
parâmetros: , ,
5/2S = 5/2I = 40D
=
5E
=
2.005
e
g
=
mT, mT, e .
155
Figura IV.48. Espectros de RPE, experimental e simulado, de NCs de Cd
0,95
Mn
0,05
S.
A simulação usa a superposição de dois espectros com e
8.2
mT,
correspondendo a íons de Mn
7.6A =
2+
localizados dentro (denominado como
I
S
) e sobre a
superfície (denominado como
I
I
S
) dos NCs para um sistema com parâmetros:
, , mT,
5/2S = 5/2I = 40D = 5E
=
2.005
e
g
=
mT e .
Por outro lado, com o aumento do tempo de tratamento térmico, a
probabilidade de se encontrar íons magnéticos dentro dos NCs ocupando sítios
vizinhos da rede, assim como o número de spin antiferromagnético relacionado aos
clusters aumenta. Esta combinação de efeitos reforça a interação dipolar e aumenta
as distorções da rede nos sítios ocupados pelos íons de Mn
2+
. Além disso, o
aumento da quantidade de íons de Mn
2+
sobre as superfícies dos NCs também
reforça as interações Mn-Mn [SILVA, 2007; ZHOU, 2006; JIAN, 2003]. Isto resulta
em um aumento da intensidade do mais amplo pico de fundo.
Diante dos resultados obtidos nos espectros de AO (Figura IV.13),
imagens de AFM (Figura IV.46) e espectros de RPE (Figuras IV.47 e IV.48),
comprova-se, portanto, que pela primeira vez pontos quânticos de Cd
1-x
Mn
x
S foram
crescidos, com sucesso, em um sistema vítreo pelo Método de Fusão, quando
submetido a determinados tratamentos térmicos.
156
Capítulo V
V. Conclusões Finais
Pontos quânticos de CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
e Cd
1-x
Mn
x
S foram crescidos,
com sucesso, na matriz vítrea SNAB sintetizada pelo Método de Fusão quando
submetida a determinados tratamentos térmicos. Adotaram-se duas metodologias A
e B, quanto à dopagem com precursores, que favoreceram o crescimento de pontos
quânticos de CdS, CdSe e CdS
x
Se
1-x
na matriz vítrea SNAB. Já para o crescimento
pontos quânticos semimagnéticos de Cd
1-x
Mn
x
S utilizou-se uma Metodologia C,
também já descrita, que obteve sucesso. Umas das propriedades térmicas, talvez, a
mais importante, que é a temperatura de transição vítrea (T
g
) foi analisada por
Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC). A determinação da temperatura de
transição vítrea (T
g
) da matriz vítrea SNAB foi de fundamental relevância, para
definir a temperatura que as amostras dopadas com precursores foram submetidas,
em que favoreceu a difusão desses dopantes e a conseqüente formação de pontos
quânticos de CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
e Cd
1-x
Mn
x
S. Foram, também, investigadas as
propriedades ópticas, por Absorção Óptica (AO), Fotoluminescência (PL) e
Espalhamento Raman (ER), morfológicas, por Microscopia de Força Atômica (AFM)
e magnéticas, por Ressonância Paramagnética Eletrônica (RPE) dos pontos
quânticos sintetizados.
O crescimento de pontos quânticos de CdS foi mais eficiente por meio da
Metodologia B, partindo do CdS
bulk como precursores destes nanocristais, em que
conseguiu-se um maior controle da cinética de crescimento no sistema vítreo SNAB.
Obteve-se com sucesso pontos quânticos de CdSe nas duas metodologias, A e B,
conseguindo-se amostras com excelente qualidade óptica, em que, provavelmente,
observam-se duas transições eletrônicas de absorção dentro do mesmo grupo de
nanocristais. Em ambas as metodologias, A e B, obtiveram-se controle da cinética
de crescimento dos pontos quânticos de CdS
x
Se
1-x
, com maior dispersão de
tamanho na metodologia A. Observou-se, também, que adotando a metodologia B
obtiveram-se amostras de alta qualidade óptica, em que, provavelmente, observam-
se duas transições eletrônicas de absorção dentro do mesmo grupo de nanocristais
de CdS
x
Se
1-x
.
157
Os espectros de PL obtidos, a temperatura ambiente (300K), para os
pontos quânticos de CdS, CdSe e CdS
x
Se
1-x
apresentaram duas bandas em
superposição no início da tratamento térmico: a primeira e a segunda localizadas
nas regiões de maiores e menores comprimentos de onda, respectivamente . Para
os pontos quânticos de CdS e CdSe a primeira banda foi atribuída à emissão
excitônica ( ), enquanto que a segunda banda foi atribuída a emissões
relacionadas à níveis de defeitos intrínsecos gerados por divacâncias do tipo
exc
E
Cd S
VV
e , respectivamente. Para os pontos quânticos de CdS
Cd Se
VV
x
Se
1-x
, concluiu-se
que a primeira banda possui contribuições de emissões relacionadas a defeitos
rasos gerados por complexos do tipo
Cd i
VCd
e, também, da emissão excitônica
( ). Já a segunda banda foi atribuída a emissões relacionadas a defeitos
profundos intrínsecos do nanocristal de CdS
exc
E
x
Se
1-x
, cuja origem ainda não é muito
bem estabelecida. Em todos os espectros de PL dos pontos quânticos foi observado
um aumento da superposição das duas bandas formadas inicialmente com o
aumento do tempo de tratamento térmico, resultando em uma única banda que se
deslocou para regiões de maiores comprimentos de ondas, dando fortes indícios do
crescimento dos nanocristais.
Ao comparar os correspondentes espectros de AO e PL dos pontos
quânticos de CdS e CdSe, assim como para os de CdS
x
Se
1-x
sintetizados pelas
metodologia B e A, respectivamente, verificou-se que o Deslocamento Stokes
diminuiu com o aumento do tempo de tratamento térmico, ou seja, com o aumento
do tamanho dos nanocristais. Concluiu-se que este resultado é causado pelo
enfraquecimento do acoplamento elétron-fônon, o qual é medido pelo fator de
Huang-Rhys, com o aumento do tamanho dos pontos quânticos.
Os espectros Raman referentes às amostras com pontos quânticos de
CdS, CdSe e CdS
x
Se
1-x
comprovaram, definitivamente, a formação destes
nanocristais com o aparecimento do modo de fônon óptico longitudinal (LO) CdS-like
ou CdSe-like ou ambos, respectivamente. Concluiu-se através do “
blueshift
observado no modo de fônon LO dos espectros Raman dos pontos quânticos de
CdS e CdSe, que o sistema vítreo SNAB exerce um “
strain” compressivo sobre os
NCs, causando a contração da rede cristalina. Para os pontos quânticos de
CdS
x
Se
1-x
, foi possível determinar a concentração x, comprovando que a
Metodologia A (Metodologia B) favoreceu uma maior concentração de enxofre S
158
(selênio Se) no nanocristal ternário. Nos espectros Raman dos pontos quânticos de
CdS, CdSe e CdS
x
Se
1-x
, também, foi observada uma assimetria do pico do modo de
fônon LO, na região de menores números de onda, em que a causa foi atribuída ao
modo de fônon óptico de superfície (SO).
Através de um modelo teórico, baseado na aproximação da massa
efetiva, estimou-se o raio médio dos pontos quânticos de CdS e CdSe, assim como
para os de CdS
x
Se
1-x
(com
0,68x
=
), sintetizados pelas metodologias B e A,
respectivamente. Concluiu-se, com base nesta estimativa, que os pontos quânticos
possuem um raio médio em torno de 2,0 nm. A partir dos Espectros de AO, também,
calculou-se a dispersão de tamanho destes nanocristais de CdS, CdSe e CdS
x
Se
1-x,
encontrando-se as dispersões médias de 19%, 13% e 18%, respectivamente. Estas
dispersões de tamanhos foram atribuídas principalmente ao fato de que, durante o
resfriamento do
melt, já houve a formação de nanocristais.
A incorporação de íons Mn
2+
em NCs de CdS, formando os pontos
quânticos de Cd
1-x
Mn
x
S, foi confirmada por um “blueshift” na banda de absorção
óptica, que foi aumentando com o aumento da concentração do íon Mn
2+
. O
tamanho médio do ponto quântico de Cd
1-x
Mn
x
S que foi estimado teoricamente
(R~2,2 nm) está em acordo com os valores determinados (R~2,3 nm) por AFM.
Espectros de RPE forneceram evidências de que íons de Mn
2+
estão incorporados
em dois sítios distintos: no núcleo e/ou na superfície dos NCs de CdS. Influências do
campo cristalino de NCs de CdS e a presença de clusters de MnO pôde ser
confirmadas pela presença de seis linhas hiperfinas atribuídas aos íons de Mn
2+
nas
amostras vítreas contendo Cd
1-x
Mn
x
S . Comprovou-se, portanto, que pela primeira
vez pontos quânticos de Cd
1-x
Mn
x
S foram crescidos, com sucesso, em um sistema
vítreo dopado sintetizado pelo Método de Fusão, quando submetido a tratamentos
térmicos apropriados.
Diante dos resultados obtidos, concluiu-se que pontos quânticos de CdS,
CdSe, CdS
x
Se
1-x
e Cd
1-x
Mn
x
S crescidos em um sistema vítreo possuem uma grande
possibilidade de aplicação em dispositivos tecnológicos, como, por exemplo,
elementos ativos para lasers, amplificadores ópticos, LEDs (Light-Emitting Diodes),
dentre outros.
159
V.1. Futuros Trabalhos
Dopar pontos quânticos de CdSe com o íon Mn
2+
formando nanocristais de
Cd
1-x
Mn
x
Se na matriz vítrea SNAB, assim como formou-se Cd
1-x
Mn
x
S,
adotando a metodologia C.
Fazer aquisições de imagens por Microscopia de Transmissão Eletrônica
(TEM) dos pontos quânticos, para complementar o estudo estrutural desses
nanocristais, quanto à forma e tamanho.
kp
r
r
Realizar cálculos teóricos, como, por exemplo, através do Método ,
visando obter uma melhor estimativa dos tamanhos médios dos pontos
quânticos, permitindo a comparação com os resultados experimentais de AFM
e TEM.
Sintetizar os pontos quânticos de CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
, Cd
1-x
Mn
x
S e
Cd
1-x
Mn
x
Se em soluções coloidais e pelo método de precipitação, com o
objetivo de estudar as propriedades ópticas, morfológicas, estruturais e
magnéticas e, assim, comparar a influência do meio hospedeiro.
Fazer aquisições de espectros de magnetização, visando determinar a
concentração x de íons Mn
2+
presentes nos nanocristais de Cd
1-x
Mn
x
S e
Cd
1-x
Mn
x
Se sintetizados em determinados meios, adotando as referidas
metodologias e métodos.
Fazer aquisições de espectros de Absorção Óptica (AO) e Fotoluminescência
(PL) em função da temperatura, para determinar energias de ativação,
potência e em presença de campo magnético externo, visando estudar as
alterações das propriedades ópticas e magnéticas de pontos quânticos de
CdS, CdSe, CdS
x
Se
1-x
, Cd
1-x
Mn
x
S e Cd
1-x
Mn
x
Se.
160
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167
Apêndice
Artigo originado desta pesquisa que foi publicado na revista Applied
Physics Letters
“Evidence of Cd
1-x
Mn
x
S nanocrystal growth in a glass matrix by the
fusion method”
168
Evidence of Cd
1−x
Mn
x
S nanocrystal growth in a glass matrix by the fusion
method
N. O. Dantas,
1,a͒
E. S. F. Neto,
1
R. S. Silva,
1
D. R. Jesus,
2
and F. Pelegrini
2
1
Laboratório de Novos Materiais Isolantes e Semicondutores (LNMIS), Instituto de Física, Universidade
Federal de Uberlândia, 38400-902 Uberlândia, Minas Gerais, Brazil
2
Instituto de Física, Universidade Federal de Goiás, 74001-970 Goiânia, Goias, Brazil
͑Received 18 September 2008; accepted 25 October 2008; published online 13 November 2008͒
In this work, CdS nanocrystals ͑NCs͒ doped with Mn were synthesized in a glass matrix by fusion.
The as-grown Cd
1−x
Mn
x
S NCs were investigated by optical absorption, atomic force microscopy,
and electron paramagnetic resonance ͑EPR͒. The incorporation of Mn
2+
ions in CdS NCs was
confirmed by an absorption transition blueshift with increasing Mn concentration x. EPR spectra
demonstrated the existence of two distinct Mn
2+
ion locations: one incorporated in the core and the
other near the surface of the Cd
1−x
Mn
x
S NCs. The hyperfine interaction constants used to simulate
the EPR spectra were A=7.6 and 8.2 mT, respectively. The synthesis of high quality Cd
1−x
Mn
x
S
NCs may allow the control of optical and magnetic properties. © 2008 American Institute of
Physics. ͓DOI: 10.1063/1.3027471͔
Diluted magnetic semiconductor ͑DMS͒ nanocrystals
͑NCs͒ have attracted much attention due to their interesting
optical and magnetic behavior, as well as the possibility of
growing nanocrystalline materials with potential technologi-
cal applications in quantum computing, spintronics, medi-
cine, and magneto-optics.
14
In this context, Mn-doped CdS
NCs have been synthesized by various methods, such as col-
loidal solution,
5
reverse micelle,
6
precipitation,
7
and
Langmuir–Blodget films
8
among others. This work, in par-
ticular, gives evidence of Cd
1−x
Mn
x
S NC growth. These NCs
were synthesized by the fusion method, which allowed some
control of optical and magnetic properties as a function of
the Mn
2+
ion concentration x . The d-electrons of the transi-
tion metallic ion ͑Mn
2+
͒, usually located in the band gap
region of the host semiconductor, are important for promot-
ing exchange interactions with the sp-band electrons of the
host semiconductor.
9
Once Mn is incorporated in this mate-
rial, the exchange interaction enables the control of both
magnetic and optical properties using external fields at levels
rarely achieved with other classes of materials. In general,
the sp-d exchange interaction taking place in II–VI DMS
͑e.g., with Cd
1−x
Mn
x
S͒ is strongly dependent on the doping
mole fraction ͑x͒.
1012
By varying the doping level ͑x͒, fine
tuning of the semiconductor band gap energy can be
achieved. In this study we report on AFM images, optical
absorption ͑OA͒, and electron paramagnetic resonance
͑EPR͒ measurements of Cd
1−x
Mn
x
S NCs synthesized by the
fusion method in a glass matrix.
Cd
1−x
Mn
x
S NCs were synthesized in a glass matrix
SNAB with a nominal composition of 40SiO
2
·30Na
2
CO
3
·1Al
2
O
3
·29B
2
O
3
͑mol %͒ adding 2͓CdO+S͔͑wt %͒, and
Mn-doping concentration ͑x͒ varying with respect to Cd-
content from 0% to 10%. The first step of sample preparation
consisted of melting powder mixtures in an alumina crucible
at 1200 °C for 30 min. Then, the crucible containing the
melted mixture underwent quick cooling to room tempera-
ture. In the second step, thermal annealing of the previously
melted glass matrix was carried out at 560 °C for 10 h in
order to enhance the diffusion of Cd
2+
,Mn
2+
, and S
2−
species
into the host matrix. As a result of the thermal annealing,
Cd
1−x
Mn
x
S NCs were formed in the glass template. There
were two classes of samples for different Mn concentrations:
͑i͒ doped with Mn and denominated SNAB: xMn and ͑ii͒ NC
samples Cd
1−x
Mn
x
S NCs were denominated SNAB:
Cd
1−x
Mn
x
S.
The room-temperature modifications in the electronic
states induced by Mn
2+
ion incorporation were examined by
EPR using a high sensitivity Bruker ESP-300 spectrometer
operating in the X-band microwave frequency ͑9.5 GHz͒.
The OA spectra were obtained using a spectrophotometer
Varian-500 operating between 175–330 nm. Atomic force
microscopy ͑AFM͒ images were recorded for the SNAB:
Cd
0.95
Mn
0.05
S dot sample.
OA spectra provided other evidence of Mn
2+
ion
incorporation in the SNAB: Cd
1−x
Mn
x
S and SNAB: xMn
samples.
13,14
The introduction of magnetic impurities in
semiconductors modified NCs’ optical properties as a result
of sp-d exchange interactions between electrons confined
in dot states and located in the partially filled Mn
2+
states,
causing a blueshift with increasing x in the band gap
of Cd
1−x
Mn
x
S samples compared to undoped CdS NCs.
Figure 1 shows this effect in embedded Cd
1−x
Mn
x
S NCs
samples, for x =0, 0.005, 0.01, 0.05, and 0.10. Note the blue-
shift of band gap varying from 3.07 eV ͑403 nm͒ to 3.22 eV
͑385 nm͒. The band gap of Cd
1−x
Mn
x
S semiconductor varies
between 2.58 eV ͑CdS bulk͒ and 3.5 eV ͑MnS bulk͒. The
appearance of well defined subband peaks in the absorption
spectrum demonstrates the high quality of the synthesized
samples and the relatively small distribution of the NCs. Us-
ing a simple confinement model based on effective-mass
approximation,
15
the energy of the lowest exciton state in the
microcrystallites of radius R smaller than the exciton Bohr
radius a
B
can be estimated by E
conf
=E
g
+͑
2
2
/ 2
R
2
͒
1.8͑e
2
/ R͒, where E
g
is the energy gap of material ͑bulk͒,
is the reduced effective mass, e is the elementary charge,
is the dielectric constant, and the estimated average size for
CdS NCs is Rϳ2.2 nm. In order to confirm both the OA
data for size distribution and NC formation, we took AFM
a͒
Electronic mail: [email protected].
APPLIED PHYSICS LETTERS 93, 193115 ͑2008͒
0003-6951/2008/93͑19͒/193115/3/$23.00 © 2008 American Institute of Physics93, 193115-1
Downloaded 26 Nov 2008 to 200.19.146.200. Redistribution subject to AIP license or copyright; see http://apl.aip.org/apl/copyright.jsp
images for glass samples embedded with CdS ͓Fig. 2͑a͔͒ and
Cd
0.95
Mn
0.05
S ͓Fig. 2͑b͔͒. The average size estimated from
the images is R ϳ 2.3 nm with corresponding size distribu-
tions of 5% and 9%, respectively. The AFM morphology of
isolated NCs is shown in two-dimensions ͑2D͒ and three-
dimensions ͑3D͒ images.
The crystalline structure of a host CdS had a strong in-
fluence over the incorporated Mn
2+
ions, which can be ob-
served in the EPR spectra recorded from glass samples em-
bedded with Cd
1−x
Mn
x
S NCs, and which indicates a strong
interaction between the electron and nuclear spins. The EPR
spectra of Mn-doped NC samples can be modeled by the
Hamiltonian H = H
ˆ
z
+H
ˆ
0
,
16
where H
z
=
e
S
ˆ
·g
e
·B
is the Zee-
man interaction, and where
e
, g
e
, and B
are the Bohr mag-
neton, the Landè g-factor, and the applied magnetic field,
respectively. Also, H
ˆ
0
=D͓S
z
2
S͑S+1͒/ 3͔ +E͑S
x
2
S
y
2
͒+AS
ˆ
·I
ˆ
,
where the first two terms describe the zero-magnetic field
fine-structure due to the interaction between electron spins.
These nonzero terms permit splitting only in environments
with lower than cubic symmetries. The third term ͑AS
ˆ
·I
ˆ
͒
represents the hyperfine interaction between electron-spin
͑S
ˆ
͒ and nuclear-spin ͑I
ˆ
͒. In a magnetic field, the spin degen-
eracy of Mn
2+
ions will be lifted by Zeeman splitting, result-
ing in six energy levels classified by the magnetic electron-
spin quantum number M
s
= Ϯ
5
2
, Ϯ
3
2
, Ϯ
1
2
. Due to hyperfine
splitting, each of these transitions will be split into six other
hyperfine levels characterized by the magnetic nuclear-spin
quantum number M
I
= Ϯ
5
2
, Ϯ
3
2
, Ϯ
1
2
. The main hyperfine
lines in the spectra are due to allowed M
s
= Ϯ 1 transitions
with M
I
=0. If the selection rule is broken the other lines
͑forbidden transitions͒ with M
I
0 may also be observed.
Hence, the typical EPR spectra of dots with Mn
2+
ions hav-
ing S =5/ 2 and I =5/ 2 for electron and nuclear spins will
produce 30 lines; the five fine-structure transitions split into
six hyperfine lines. Since the incorporation of metal transi-
tion ions in the NC sites causes changes in coordination
numbers, this effect modifies the crystal field and therefore,
the EPR spectra. For the Mn-doped in CdS NCs, the hyper-
fine lines were only observed for the central transitions as-
sociated with M
S
=1/ 2 −1/ 2 levels. The location of Mn
2+
occurring in two different NC sites, surface and core, can be
determined by EPR measurements. In addition, the fine
͑D , E͒ and hyperfine ͑A͒ constants depend strongly on the
characteristics of the crystal field. For instance, when a Mn
2+
ion is located close to or on the NC surface, a large structural
difference between the NC occurs and results in larger values
for the constant A.
Figure 3͑a͒ shows EPR spectra for the synthesized
sample set. The broader background signal observed in the
EPR spectra is due to the spin-spin interaction between Mn
2+
electrons when they are incorporated into the Cd
1−x
Mn
x
S
NCs. The six line structure confirms the uniform incorpora-
tion of Mn
2+
ions into the host CdS NC structure, whereas
the broader EPR line indicates the presence of magnetic ex-
change interaction when two Mn
2+
ions get close enough and
are found in small agglomerate islands. The difference be-
FIG. 1. ͑Color online͒ OA spectra of Cd
1−x
Mn
x
S NCs embedded in a glass
matrix for samples with concentrations: x =0, 0.005, 0.01, 0.05, and 0.10.
The blueshift is marked by lines and arrows.
FIG. 2. ͑Color online͒ AFM images showing nearly 5% size distribution and
dot size R ϳ2.3 nm. The 2D and 3D images illustrate the morphology of ͑a͒
CdS NCs and ͑b͒ Cd
0.95
Mn
0.05
S NCs.
193115-2 Dantas et al. Appl. Phys. Lett. 93, 193115 ͑2008͒
Downloaded 26 Nov 2008 to 200.19.146.200. Redistribution subject to AIP license or copyright; see http://apl.aip.org/apl/copyright.jsp
tween the glass samples ͑SNAB: xMn and SNAB:
Cd
1−x
Mn
x
S NCs͒ is observed in the EPR spectra ͓Figs. 3͑b͒
and 3͑c͔͒. Note that the hyperfine interaction due to Mn
2+
ions results from the presence of a crystalline field in CdS
NCs. The hyperfine interaction observed in the spectrum of
glass samples doped with Mn
2+
is not as evident as those
observed for Cd
1−x
Mn
x
S NCs. This difference could possibly
be attributed to the formation of small islands of crystalline
phase MnO.
17
It has already been reported that Mn
2+
ions are incorpo-
rated into two distinct sites of NCs; when found at the dot
core, it produces the EPR signal S
I
, when located on or near
the NCs surface it produces the EPR signal S
II
.
16,18
This
analysis is strongly supported by good agreement between
the experimental EPR spectrum and the simulated one. In
Fig. 4, the EPR spectrum of Cd
0.95
Mn
0.05
S NCs, measured
in the X-band and at room temperature, is shown as a solid
blue line and the calculated one as a solid green line. The
EPR simulation was obtained by a sum of two spectra with
A=7.6 and 8.2 mT, corresponding to Mn
2+
ions located in-
side the NC ͑labeled as S
I
͒ and near the NC surface ͑labeled
as S
II
͒ for a dot system with parameters: S=5/ 2, I =5/ 2,
D=40 mT, E = 5 mT, and g
e
=2.005. On the other hand, as
the annealing time increases, the probability of finding mag-
netic ions inside NCs occupying neighboring lattice sites as
well as the number of antiferromagnetic spin correlated clus-
ters increases. This combination of effects enhances the di-
polar interaction and increases the lattice distortions on the
Mn
2+
sites. Furthermore, the accumulation of Mn
2+
ions on
the NCs surfaces also strengthens Mn–Mn interactions.
16,18,19
As a consequence, the intensity of the broader background
peak is increased.
In conclusion, Cd
1−x
Mn
x
S NCs were synthesized in a
glass matrix by the fusion method and investigated by OA,
AFM, and EPR measurements. Due to the incorporation
of Mn
2+
ions into CdS NCs, we observed an OA resonance
blueshift, which increases with increasing Mn
2+
ion con-
centration. The theoretical estimated average NC size
͑R ϳ2.2 nm͒ was in agreement with the values determined
by AFM ͑R ϳ2.3 nm͒. EPR spectra provided evidence that
Mn
2+
ions are incorporated at two distinct sites: at the core
and/or at the surface of CdS NCs. Influences of CdS NCs
crystalline field and the presence of MnO cluster phases
could be confirmed by the presence of six hyperfine lines
assigned to the Mn
2+
ions in the samples. We believe that
these results may inspire further investigation of this system
for possible device applications.
The authors acknowledge the financial support from the
Brazilian agencies MCT/CNPq and FAPEMIG.
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D. Sarma, Chem. Mater. 19, 3252 ͑2007͒.
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K. S. Kim, and D. Kim, J. Phys. Chem. B 110, 6699 ͑2006͒.
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Q. S. Wang, Z. D. Xu, L. H. Yue, and W. X. Chen, Opt. Mater. 27,453
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FIG. 3. ͑Color online͒ Panel ͑a͒ EPR spectra of Cd
1−x
Mn
x
S NCs for samples
with concentration: x =0, 0.005, 0.01, 0.05, and 0.10. Panels ͑b͒ and ͑c͒ EPR
spectra of glass matrix doped with xMn and Cd
1−x
Mn
x
S NCs for x = 0.05 and
0.10, respectively.
310 320 330 340 350 360 370 38
0
S
I
SNAB: Cd
0.95
Mn
0.05
SNCs
EPR Intensity
(
a. u.
)
Ma
g
netic Field
(
mT
)
Exp
Sim
S
II
FIG. 4. ͑Color online͒ Experimental and simulated EPR spectra of
Cd
0.95
Mn
0.05
S NCs. The simulation uses superposition of two spectra with
A= 7.6 mT and 8.2 mT, corresponding to Mn
2+
ions located inside ͑labeled
as S
I
͒ and on the surfaces ͑labeled as S
II
͒ of NCs for a system with param-
eters: S=5/ 2, I =5/ 2, D =40 mT, E = 5 mT, and g
e
=2.005.
193115-3 Dantas et al. Appl. Phys. Lett. 93, 193115 ͑2008͒
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