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emergência, rapidão e aí a gente tenta vagas nas unidades hospitalares
pra consultar com um clínico e de lá ele encaminha para um especialista
tipo otorrino, um obstetra, um neuro. Aí a gente vai e vê a questão da
vaga na central de vagas e vê se consegue regular este paciente para um
especialista, só que é um pouco mais demorado. Agora se o clínico
avaliando lá ele vê que a questão é mais séria, é grave, ele já encaminha
de imediato de lá já vai logo, não aguarda não. [...] Então é assim eles
saem da aldeia tem a folha de encaminhamento né, que são estas aqui.
Aqui tem a data, a aldeia de origem, por exemplo Tadarimana, o destino,
vamos supor pra CASAI, a pessoa ou paciente põe o nome dele aqui, o
sexo, a idade, a ação demandada, o procedimento, se é emergência ou
urgência põe um xizinho aqui. Aqui neste espaço conta a história do
paciente, o que ele referiu lá na aldeia, por exemplo cefaléia, dor
torácica, o auxiliar coloca isto lá na aldeia e o auxiliar assina aqui,
manda pra mim. Chegando aqui a gente ouve a história dele na pré-
consulta, manda para as unidades pra ser atendido, atendeu lá, o médico
fez prescrição, chegando aqui eu sei que eles estão tomando medicação
de 6 em 6 horas, de 8 em 8 horas, de 12 em 12, na hora certinha, lá na
aldeia eu não tenho esta certeza se ele vai tomar. Lá é o seguinte a
medicação chega com o paciente, aqui os meninos preparam a
medicação e dizem: Esta aqui você vai tomar as 14 horas lá na sua casa.
Aí eu me pergunto será que ele tomou esta medicação? Por isto se for um
caso mais grave eu deixo ele comigo aqui e quando eu vejo que ele
apresentou melhora ele vai pra aldeia, aí eu coloco falta tomar mais
tantos dias a medicação, aí quando ele volta pra aldeia é a contra-
referência e aqui neste espaço de contra-referência eu relato tudo o que
ele fez, foi consultado com tal doutor, em tal unidade, foi avaliado isto,
isto, fez tal exame, foi diagnosticado tal situação e foi prescrito tal
medicamento, aí coloca os cuidados tudo certinho que tem que ser feito
lá na aldeia, se tiver retorno anoto: Aguardar agendamento de retorno
que será dia tal. [...] Aí se for, por exemplo no dia 15, ele tem que estar
aqui no dia 14, ele vem um dia antes (Entrevistado 28, maio, 2007).
7.2 O FLUXO POR CONTA DO USUÁRIO NAS TERRAS INDÍGENAS
SOB A ABRANGÊNCIA DO PÓLO-BASE RONDONÓPOLIS
O fluxo por conta do usuário é aquele realizado sem o auxílio dos
profissionais de saúde sejam da FUNASA, sejam do município. Este fluxo mostra os
próprios caminhos que o usuário utiliza para garantir o seu acesso à determinada rede
de serviços.
Não foi encontrado nenhum relato que indicasse a existência deste fluxo no
Pólo-Base Rondonópolis. Ao contrário os índios demonstram intensa dependência
dos profissionais de saúde da CASAI Rondonópolis para ter acesso aos serviços de
saúde municipais. Esta dependência é em parte explicada pela história de dominação
sofrida pelas comunidades indígenas Bororo, Bakairi e Xavante.