que eu botei é que tem algumas coisas mais imediatas que a gente tem que decidir, aí eu botei:
o conceito criativo da agência. Agente sabe, a gente já discutiu, mas não foi de imediato para
esse ano ou para os próximos anos. Aí eu disse assim: “É urgente, por mais incrível que
pareça”, mas normalmente você pensa assim: “urgente é o evento que tem...”, é o jornalzinho,
a newsletter interna... Não, o mais urgente é o conceito criativo. E coloquei: isso vem antes e
atravessa tudo. Se não tiver o conceito criativo de marca, então, ela vem antes. Não pode mais
fazer um plano, o produto é esse, minha estratégia será de capilarização, e eu não vou
trabalhar promocionalmente... Tu tem que começar perguntando quem a gente é, não adianta.
Não é filosófico mais isso, não é só mais uma filosofia, a gente tem um slogan. A marca é
uma coisa que tem que estar impregnada.
Luciana: Ainda sobre a idéia de marca e sua tangibilização... De que forma tu
trabalhas na estratégia essa questão da transformação do abstrato para o concreto?
Entrevistado: Estabelecer o intangível já é um grande desafio, desenhar o
intangível, por que a gente já não trabalha mais o planejamento, a gente não trabalha mais
assim a frase que traduz a marca “é essa”. Às vezes a gente faz um vídeo, não temos uma
palavra, pessoal, que é o conceito de “one word position”. Não. Tu conseguir traduzir o
produto em “one word”. Eu não acredito, mas eu acho bárbaro esse exercício. A gente faz
esse exercício, mas a gente corre o risco de cair em qualidade, então, às vezes, a gente faz um
vídeo de imagens e passa para a criação, e passa para todas as nossas criações, e todas as
ferramentas, pegamos uma música que já existe e diz: “olha, a cara desse produto é isso aqui”.
A gente cada vez mais trata o posicionamento da marca de forma intangível, e para criação
isso é ótimo. Não tem nada mais vivo que botar um vídeo clipe mostrando o boteco onde
vende o Conhaque Presidente, que é nosso cliente, que não se chama nem ponto de venda, se
chama ponto de dose, por que é um lugar onde realmente tem ovo colorido, salsicha, enfim,
para onde a gente vai, o planejamento vai para lá, viver, respirar. E às vezes levamos a criação
para lá para comer um ovo colorido, tomar um conhaque, é mais forte do que... Daí tu
pergunta sobre a tangibilização. Primeira coisa é que o posicionamento é cada vez mais
intangível. Tem uma frase, que não lembro de quem é, a metáfora é boa, mas é mais ou menos
assim: “escrever sobre marcas é mais ou menos como dançar sobre arquitetura”. A arquitetura
está ali, tu olha e tu enxerga, mas como a marca é invisível na sua alma, então, tu tem que
tangibilizar. A gente tangibiliza para nossas áreas internas cada vez menos com palavras, mas
cada vez mais com imagens, com sons, com outras coisas. Quando eles vão tangibilizar, aí
sim, temos que buscar palavras. Hoje a criação veio conversar, querendo saber o que a gente
queria testar, como a gente tinha dois ou três conceitos que a gente resolveu trocar idéia com
o cliente, “o que tu acha desses conceitos, como te sente mais confortável?”. “Eu gosto de
todos”, eu disse não, não tem como, então, vamos testar. Aí a criação perguntou, “o que vocês
querem testar?”. “Tu quer um anúncio... ?” Eu quero aquilo que você acha que deve ser
testado. Eu disse para eles “Tu tem uma imagem, me dê uma imagem. Tem uma frase, me dá
uma frase. Tem uma música, me dá uma música. Diz tu como criação o que tu está sentindo
que tu está afim de testar com teu trabalho, que não é testar competência, é exercitar a
competência, então, tangibiliza todas as frases, imagens”... às vezes, a gente discute não vai
ter mais uma frase, o espírito dessa campanha está nas cores, o espírito dessa campanha está
no tipo de movimento, o espírito dessa campanha é promocional. A primeira tangibilização
difícil é a do posicionamento. Adoro um case inglês, de há alguns anos, que o planejamento
tinha que passar um posicionamento de uma tele-entrega de flores. Daí, tu vai cair no comum,
tu imagina que a tele-entrega de flores é uma demonstração de carinho. No dia que tinha
reunião, a reunião era de manhã, todas as pessoas que iam na reunião, às 9 da manhã,
receberam um buquê de flores. Aquilo foi a forma de passar o conceito. Do tipo o que tu
sentiu quando recebeu? É uma tangibilização que depois a criação transformou em campanha,