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FLORISVAL PROTÁSIO DA SILVA FILHO
ASPECTOS DA ADAPTABILIDADE AO CALOR DE OVINOS DA RAÇA
SANTA INÊS NO AGRESTE DE PERNAMBUCO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia da Universidade
Federal Rural de Pernambuco, como parte dos
requisitos para obtenção do grau de Mestre em
Zootecnia.
Orientador: Prof. Dr. Marcílio de Azevedo
Co-orientadores: Profª Drª Ângela Mª V. Batista
Prof. Dr. Marcelo de Andrade
Ferreira
RECIFE
2009
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FICHA CATALOGRÁFICA
CDD 574. 52
1. Bioclimatologia
2. Parâmetros fisiológicos
3. Estresse térmico
4. Consumo a pasto
5. Ovinos
6. Pernambuco (BR)
I. Azevedo, Marcílio de
II. Titulo
S586a Silva Filho, Florisval Protásio da
Aspectos da adaptalidade ao calor de ovinos da raça Santa
Inês no Agreste de Pernambuco / Florisval Protásio da Silva
Filho. -- 2009.
64 f. : il.
Orientador : Marcílio de Azevedo
Dissertação (Mestrado em Zootecnia – Produção Animal)
Universidade Federal Rural de Pernambuco. Departamento
de Zootecnia.
Inclui bibliografia.
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Aspectos da Adaptabilidade ao Calor de Ovinos da Raça Santa Inês NO
Agreste de Pernambuco
FLORISVAL PROTÁSIO DA SILVA FILHO
Dissertação defendida e aprovada pela banca examinadora em 26/02/2009
Banca Examinadora:
Orientador: ______________________________________________________
Prof. Marcílio de Azevedo, D. Sc. (UFRPE)
Examinadores: ___________________________________________________
Profª Ângela Maria Quintão Lana, D. Sc. (UFMG)
___________________________________________________
Profª Ângela Maria Vieira Batista, D. Sc. (UFRPE)
___________________________________________________
Prof. Dermeval Araújo Furtado, D. Sc. (UFCG)
RECIFE
2009
BIOGRAFIA DO AUTOR
Florisval Protásio da Silva Filho, filho de Florisval Protásio da Silva e
Mauricéia Bezerra da Silva Protásio, nasceu em 03 de setembro de 1983, em
Estreito, MA. Em fevereiro de 2006 graduou-se em Zootecnia pela Faculdade
de Imperatriz, Imperatriz/MA. Em março de 2007 iniciou o curso de Mestrado
em Zootecnia, na Universidade Federal Rural de Pernambuco, sob a
orientação do Prof. Marcílio de Azevedo, realizando estudos na área de
Produção Animal voltados para a Bioclimatologia. Em fevereiro de 2009,
submeteu-se à defesa de Dissertação para a obtenção do título de “Magister
Scientiae”.
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Florisval Protásio da Silva e Mauricéia Bezerra da Silva
Protásio, que sempre participaram de todos os momentos da minha vida.
As minhas irmãs Hemannally e Elisa pela grande amizade.
Aos meus irmãos Florismário e Missias pelo companheirismo.
As minhas avós, Eunice e Elisa pela atenção e amor.
As minhas tias Dora e Socorro pela atenção e respeito.
AGRADECIMENTOS
A DEUS, acima de tudo, por tudo de bom que ele me proporcionou,
principalmente pela minha vida, família, amigos e pelos anjos que ele enviou no
decorrer desse trabalho. OBRIGADO SENHOR!
Ao meu professor e orientador Marcílio de Azevedo, que não foi um
orientador, mas um amigo, um companheiro em todos os momentos, que Deus
o ilumine em todos os dias de sua vida.
Aos meus professores Ângela Maria Vieira Batista e Marcelo de Andrade
Ferreira pela co-orientação, atenção e ensinamento.
A querida amiga Lígia Alexandrina Barros da Costa pelo
companheirismo, amizade, lealdade e conselhos em todos os momentos da
realização desse estudo.
Ao Sr. José Leandro da Costa e Dulcinéia Barros da Costa (in
memorian) por terem cedido à propriedade e animais para que o estudo fosse
realizado e pela atenção que tiveram para comigo.
A amiga Eulália Barros pelo companheirismo, atenção e confiança.
Aos colegas e amigos Juana Chagas, Rosália Barros, Rodrigo Andrade,
Merilene e Núbia que participaram ativamente desse trabalho.
As amigas Maria Josilaine, Ana Maria Cabral, Fabiana Lopes, pela força
e carinho.
Aos colegas da pós-graduação Keila, Fabiana Maria, Andrezza Miguel,
Jânio, Antonio Francisco, Marcos, Hiran e Nalígia pela amizade para comigo.
Aos funcionários da fazenda Riachão José Lenildo, José Carlos,
Marcelo, Nildo e Lúcia pela colaboração.
Aos funcionários do Departamento de Zoootecnia Cristina, Nicácio,
Roberto e Homer pela colaboração.
Aos amigos da cidade de Jupi, que tantas vezes me descontraíram com
sua lealdade e confiança.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS............................................................................... 7
LISTA DE TABELAS............................................................................... 8
RESUMO.................................................................................................
10
ABSTRACT............................................................................................. 11
1. INTRODUÇÃO.................................................................. 12
2. REVISÃO DA LITERATURA.............................................
13
2.1. Temperatura Retal e Freqüência Respiratória..................
13
2.2. Temperatura da superfície do pelame.............................. 15
2.3. Taxa de Sudação.............................................................. 15
2.4. Avaliação da adaptabilidade ao calor............................... 16
2.5. Estimativa de consumo alimentar..................................... 17
2.6. Índices de conforto térmico...............................................
18
3. MATERIAL E MÉTODOS................................................. 20
3.1. Local, animais, dieta e delineamento experimental.......... 20
3.2. Parâmetros climáticos da área experimental.................... 22
3.3. Parâmetros avaliados....................................................... 22
3.4. Análise estatística............................................................. 25
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................ 27
4.1. Parâmetros Climáticos da Área Experimental.................. 27
4.2. Temperatura Retal............................................................ 29
4.3. Freqüência Respiratória....................................................
32
4.4. Temperatura da Pele........................................................ 34
4.5. Temperatura da Superfície do Pelame............................. 36
4.6. Taxa de Sudação.............................................................. 37
4.7. Índice de Tolerância ao Calor........................................... 39
4.8. Estimativa de Consumo Alimentar.................................... 40
5. CONCLUSÃO................................................................... 43
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................. 44
ANEXO.................................................................................................... 52
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
7
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Variações nos índices de conforto térmico, ITU, ITGU, ICT
durante o período experimental............................................
29
Figura 2 Anemômetro Digital...............................................................
53
Figura 3 Estação Meteorológica instalada ao lado do piquete............
53
Figura 4 Termômetro de globo negro marcando 54°C às 13 h no dia
24/01/2008......................................................................
54
Figura 5 Piquete experimental para avaliação do índice de
tolerância ao calor dos animais.............................................
54
Figura 6 Discos de CoCl
2
6H
2
O fixados na pele do animal durante
medida da taxa de sudação..................................................
55
Figura 7 Medição da temperatura retal............................................... 55
Figura 8 Animais sendo suplementados com concentrado.................
56
Figura 9 Animais à sombra..................................................................
56
Figura 10 Animais pastejando ao sol.................................................... 57
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Composição do concentrado oferecido aos animais em
porcentagem dos ingredientes................................................
21
Tabela 2 Composição bromatológica do concentrado oferecido aos
animais durante o período experimental.................................
21
Tabela 3 Composição químico-bromatológica das amostras do pasto
colhidas durante o período experimental em % da matéria
seca........................................................................................
24
Tabela 4 Valores dos elementos meteorológicos e índices de conforto
térmico pela manhã (08 h) e tarde (15 h) durante o período
experimental...........................................................................
28
Tabela 5 Valores médios de temperatura retal C) de ovinos da raça
Santa Inês nos diferentes períodos, independente do turno e
da cor dos ovinos.................................................................
30
Tabela 6
Valores médios de temperatura retal (TR °C) de ovinos da
raça Santa Inês nos turnos da manhã e tarde, independente
do período...............................................................................
30
Tabela 7 Valores médios de freqüência respiratória (FR, mov/min) de
ovinos da raça Santa Inês nos turnos da manhã e da
tarde.........................................................................................
32
Tabela 8 Valores médios de freqüência respiratória (FR, mov/min) de
ovinos da raça Santa Inês nos 4 períodos avaliados,
independente do turno............................................................
33
Tabela 9 Valores médios para temperatura de pele (TPL, °C) de
ovinos da raça Santa Inês nos turnos da manhã e tarde,
independente do período........................................................
34
Tabela 10 Valores médios de temperatura de pelame (TPL, °C) de
ovinos da raça Santa Inês nos diferentes períodos,
independente do turno e da cor dos ovinos............................
35
Tabela 11 Valores médios de temperatura de superfície de pelame
(TSP, °C) em ovinos da raça Santa Inês em 4
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
9
períodos.................................................................................. 36
Tabela 12 Valores médios de temperatura da superfície do pelame
(TSP, °C) de ovinos da raça Santa Inês nos turnos da
manhã e tarde, independente do período...............................
37
Tabela 13 Valores médios dos elementos meteorológicos e índices de
conforto térmico observados durante as avaliações de taxa
de sudação nos três períodos................................................
38
Tabela 14 Valores médios de taxa de sudação (g/m
2
/h) de ovinos da
raça Santa Inês brancos, castanhos e pretos de acordo com
o período.................................................................................
38
Tabela 15 Valores médios do índice de tolerância ao calor para ovinos
da raça Santa Inês de diferentes cores de pelame.................
39
Tabela 16 Coeficientes de correlação de Pearson entre o índice de
tolerância ao calor com o ganho de peso total (GPT) e
ganho de peso médio diário (GPMD) de acordo com a cor
do pelame................................................................................
40
Tabela 17 Estimativa de consumo diário de matéria seca, de
concentrado, de volumoso e ganho médio de peso diário em
ovinos da raça Santa Inês de diferentes pelames...................
41
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
10
RESUMO
Os objetivos deste trabalho foram verificar a influência da cor do pelame
na tolerância ao calor, consumo a pasto e ganho de peso de ovinos da raça
Santa Inês de três diferentes cores de pelame (branca, castanha e preta). O
experimento foi conduzido de janeiro a março de 2008 na Fazenda Riachão,
localizada no município de Sairé, região agreste de Pernambuco. Os
parâmetros fisiológicos temperatura retal (TR), frequência respiratória (FR),
temperatura de pele (TPL) e temperatura da superfície do pelame (TSP), foram
avaliados duas vezes por semana nos períodos da manhã e tarde durante oito
semanas em esquema de parcela sub-subdividida. A taxa de sudação foi
mensurada à tarde, uma vez a cada semana em esquema de parcela
subdividida. O índice de tolerância ao calor dos animais foi avaliado uma vez
por semana durante oito semanas com três tratamentos e sete repetições.
Estimou-se o consumo a pasto e o ganho de peso foi avaliado por intermédio
de pesagens semanais durante todo o período experimental. O ambiente foi
monitorado diariamente por intermédio de uma estação meteorológica instalada
ao lado do piquete experimental e índices de conforto foram calculados. O
delineamento experimental nos três estudos foi inteiramente casualizado.
Ovinos brancos apresentaram pequena superioridade na tolerância ao calor
que os castanhos e pretos, mas isso não se refletiu no desempenho produtivo
dos animais.
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
11
ABSTRACT
This research aimed to investigate the influence of sheep’s coat color on
heat toleranceftorage, intake during the and performance of Santa Inês breed.
The experiment was conducted in summer season at the Agreste region of
Pernambuco State, Brazil.It was used a split-plot amangement in a complete
randomized experimental design for the following response variables: retal
temperature, respiration rate, body surface and skyn temperature. These
measurements were performed both during the morning and afternoon.
Sweating rate was measured in the afternoon. Heat tolerance index of the
animals was avaliated weekely in a completel randomized design. Forage
intake was estimated. The environment was monitorated daily by a
meteorological station installed close to the experimental paddock and the
thermal confort index was calculated. White sheeps showed a small superiority
their heat tolerance than the others but his performance did not differ from
sheep with chestnut and black hair coat colors.
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
12
1. INTRODUÇÂO
O Brasil possui um grande potencial para a exploração de pequenos
ruminantes domésticos, pois apresenta características ambientais das mais
variadas, nas quais se encaixam perfeitamente sistemas de produção de
ovinos, seja para lã, para carne, para pele e leite (Siqueira, 2000). Para o
estabelecimento de um sistema de criação economicamente viável em uma
determinada região, a observância da interação animal x ambiente e a escolha
de raças ou linhagens que sejam perfeitamente adequadas às condições
ambientais locais, são primordiais para o sucesso da atividade (Barbosa et al.
2001).
No estado de Pernambuco a ovinocultura vem apresentando um
acentuado crescimento nos últimos anos, observando-se aumento no efetivo
dos rebanhos e no número de propriedades envolvidas nessa atividade.
O rebanho ovino do Nordeste é representado por um efetivo de
aproximadamente 7,7 milhões de cabeças, correspondendo a 55,94% do
rebanho nacional e o estado de Pernambuco com 943.016, corresponde a
12,16% do rebanho nordestino (IBGE, 2007), composto em sua vasta maioria
por animais deslanados e semilanados, entre os quais se destacam os da raça
Santa Inês. Os animais desta raça são provenientes do cruzamento de
carneiros da raça Bergamácia com ovelhas crioulas e Morada Nova (Figueiredo
e Arruda,1980).
Os animais homeotérmicos mantêm sua temperatura estável dentro de
certos limites de temperatura efetiva do ar e fatores do meio ambiente como o
clima pode interferir no desempenho animal. As variáveis climáticas do
ambiente podem provocar alterações nas respostas fisiológicas dos animais,
portanto há necessidade de se estudar seus efeitos sobre o desempenho
animal e suas interações com várias práticas de manejo.
Por outro lado, a tolerância ao calor e a adaptabilidade a ambientes
tropicais e subtropicais são fatores muito importantes na produção animal. As
temperaturas elevadas e radiação solar intensa, condições prevalecentes no
agreste e semi-árido nordestino durante quase todo o ano, podem levar os
animais ao estresse calórico ocasionando declínio na produção em virtude,
entre outros fatores, da redução no consumo de alimentos. Apesar de ser uma
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
13
raça nativa do nordeste brasileiro e, portanto, com boa adaptabilidade ao calor,
ovinos Santa Inês podem apresentar sintomatologia típica de animais sob
estresse calórico como demonstram alguns estudos.
O animal nas condições tropicais adversas deve possuir características
anátomo-fisiológicas compatíveis com as condições ambientais a fim de
expressar todo o seu potencial genético. Neste sentido, a cor do pelame é uma
importante característica envolvida na termorregulação dos animais.
Em face do anteriormente exposto, este estudo teve como objetivos
verificar a influência da cor do pelame na tolerância ao calor, consumo a pasto
e ganho de peso de ovinos da raça Santa Inês.
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Temperatura Retal e Frequência Respiratória
Para manter a saúde, produtividade e longevidade, os animais devem
manter a temperatura corporal nos limites das variações fisiológicas.
De acordo com Kolb (1987), os animais homeotermos dispõem de uma
regulação térmica que se adapta à temperatura ambiente mediante a formação
e liberação de calor, condicionando, assim, a manutenção de uma determinada
temperatura corpórea. Segundo Robertshaw (1986), a temperatura retal dos
ovinos pode variar de 38,3 a 39,9°C. Quando o ganho de calor é mais elevado
do que a perda, ocorre um aumento na temperatura corporal, podendo ocorrer
a hipertermia. Esta se deve, principalmente, à elevada temperatura ambiente e
a intensa radiação solar direta (Baccari Jr., 2001). Bianca e Kunz (1978),
citados por Freitas et al. (2006), relataram que a temperatura retal e a
frequência respiratória são consideradas as melhores variáveis fisiológicas
para estimar a tolerância de animais ao calor. Kabuga & Agyemang (1992)
preconizaram que a capacidade do animal em resistir a rigores do estresse
calórico tem sido avaliada fisiologicamente por alterações na temperatura retal
e frequência respiratória, uma vez que, são considerados os melhores
indicadores de tolerância ao calor. A evaporação respiratória constitui o
principal mecanismo para a eliminação do excesso de calor interno nos ovinos
(Pádua, 1997). A taxa de respiração basal de ovinos é cerca de 25 a 30
mov/min (Hales & Brown, 1974). Contudo, ovinos submetidos à alta carga de
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
14
radiação solar, chegam a atingir uma frequência respiratória de até 300
mov/min em condições extremas de estresse (Terrill & Slee, 1991). Quando a
frequência respiratória ultrapassa 200 mov/min o estresse pelo calor é
considerado severo (Silanikove, 2000).
Santos et al. (2004) trabalhando com ovinos Santa Inês, Morada Nova e
seus mestiços com a raça Dorper no semi-árido paraibano, obtiveram uma
média para frequência respiratória de 59,13 mov/min pela manhã e 87,43
mov/min à tarde, demonstrando que os animais sofreram estresse mais
elevado durante o turno da tarde. Esse parâmetro fisiológico é, em geral, maior
à tarde que pela manhã, conforme demonstrado em ovinos Santa Inês nos
trabalhos realizados por Souza et al. (1990), Oliveira et al. (2005), Santos et al.
(2006) e Neves (2008). A cor do pelame parece exercer influência na
frequência respiratória e temperatura retal dos animais em virtude da maior ou
menor absorção de calor.
Arruda & Pant (1985) observaram que caprinos de cor preta
apresentaram maior taquipnéia do que os caprinos de cor branca, no Sertão do
Ceará.
Pant et al. (1985) concluíram que caprinos brancos são mais bem
adaptados às condições do semi-árido do Brasil que os pretos e nos ovinos
Santa Inês, a cor do pelame não influenciou a temperatura retal nem a
frequência respiratória. Por outro lado, Dias et al. (2007), constataram
diferenças na frequência respiratória de ovinos brancos em relação aos
castanhos e pretos, mas a temperatura retal não foi influenciada pela cor do
pelame. Starling et al. (2005) concluíram que as variáveis temperatura retal e
frequência respiratória, como únicos parâmetros para identificar os animais
mais adaptados ao clima tropical, não expressam suficientemente as condições
de adaptabilidade, devendo ser considerado o conjunto das respostas
fisiológicas e comportamentais dos ovinos as condições ambientais para
avaliar o grau de aclimatação, como também citado por Youlsef (1985).
Neves (2008) em pesquisa com ovinos da raça Santa Inês brancos,
castanhos e pretos, concluiu que os pretos, na tentativa de manter a
homeotermia, utilizaram com mais intensidade as vias respiratórias que os
brancos e castanhos, quando a temperatura retal atingiu valores próximos a
39,5°C.
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
15
2.2. Temperatura da superfície do pelame
O pelame, ou conjunto de pêlos, é o tipo mais generalizado de proteção
térmica entre os mamíferos, constituindo uma barreira ao fluxo de calor
sensível por meio do isolamento proporcionado pela estrutura física e pelo tipo
de fibra e principalmente pelas camadas de ar aprisionadas entre os pêlos
(Silva, 2008).
A camada de pêlos tem grande efeito isolante na prevenção da perda de
calor do corpo do animal (Cattell, 2000). Em regiões caracterizadas por
elevadas temperaturas, pode ocorrer problemas na produtividade animal, pois
dificultam a dissipação de calor devido ao baixo gradiente térmico entre as
temperaturas superficiais (pele) e a ambiental (Leva, 1998). A temperatura da
superfície do pelame varia de acordo com a cor e período do dia. Andrade et
al. (2007) verificaram temperatura de pelame de 39,16°C em condições de
temperatura ambiental igual a 40,0°C. Em geral, no período da tarde são
observadas maiores temperaturas de superfície de pelame que pela manhã,
conforme foi constatado por Couto (2005) com caprinos e ovinos e Silva (2005)
com caprinos. Dias et al. (2007) compararam ovinos da raça Santa Inês de
pelame branco, castanho e preto e não verificaram diferença significativa na
temperatura da superfície do pelame, entretanto, Neves (2008) em pesquisa
realizada com os mesmos tipos de animais verificou que os brancos
apresentaram temperatura (33,0°C) significativamente menor que os pretos
(33,9°C) mas não diferiram dos castanhos (33,7°C). Esse mesmo autor
observou temperatura de superfície do pelame significativamente maior à tarde
que pela manhã.
2.3. Taxa de Sudação
Segundo Silva (2000) para os ruminantes criados em regiões tropicais, o
mecanismo de termólise considerado mais eficaz é o evaporativo, uma vez que
nesses ambientes a temperatura do ar tende a ser próxima à da superfície
cutânea, neutralizando as trocas térmicas por condução e convecção.
A evaporação cutânea via sudação é um importante processo para
perda de calor de ovinos em condições de temperatura elevada além de
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
16
apresentar boa eficiência, uma vez que ocorre a liberação de 0,56 kcal para
cada grama de água evaporada (McDowell, 1974).
Sudação é a secreção de um líquido, o suor, por glândulas
especializadas localizadas nas camadas dérmicas de muitas espécies de
mamíferos (Silva, 2008). Para este mesmo autor, a capacidade de um animal
em suar depende do número de glândulas por unidade de área de superfície,
do volume das glândulas e do seu estado funcional e, segundo McDowell
(1974), essa capacidade varia entre as raças de ovinos, ocorrendo também
grande variação entre animais da mesma raça.
A sudação e o ofego são complementares no sentido que animais com
baixa taxa de sudação possuem maior capacidade de perda de calor via
respiração (Hafez, 1973). Trabalhos de pesquisa visando avaliar a eficiência na
perda de calor por via cutânea em ovinos da raça Santa Inês são raros. Dias et
al. (2007) avaliando ovinos da raça Santa Inês de pelame branco, castanho e
preto, sob condições de temperatura ambiente variando de 17,2 a 27,3°C e
umidade relativa do ar de 70,3%, não observaram diferença significativa na
taxa de sudação entre os animais das diferentes pelames. McManus & Miranda
(1997) comparando a taxa de sudação entre ovinos das raças Bergamácia e
Santa Inês encontraram valores de 152,0 e 290,0 g/m
2
/h, respectivamente,
observando diferença significativa entre as mesmas.
2.4. Avaliação da adaptabilidade ao calor
Segundo Baccari Júnior (1990), as avaliações de adaptabilidade dos
animais aos ambientes quentes podem ser realizadas por meio de testes de
adaptabilidade fisiológica e de adaptabilidade de rendimento ou produção.
Segundo Monty (1991), necessidade de se conhecer a tolerância e a
capacidade de adaptação das diversas raças e linhagens como forma de
embasamento técnico à exploração ovina, bem como das propostas de
introdução de raças em uma nova região ou mesmo o norteamento de
programa de cruzamento, visando à obtenção de tipos ou raças mais
adequadas a uma condição específica de ambiente. Analisando a influência de
raças ovinas melhoradas, indianas e seus mestiços na Índia, Mittal & Ghosh
(1979), Singh et al. (1980) e Gupta & Acharya (1987) concluíram que as raças
melhoradas eram menos adaptadas ao clima quente, e que os animais
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
17
mestiços apresentavam comportamento intermediário quando comparados com
as raças que deram origem aos cruzamentos. McManus & Miranda (1997)
concluíram pela melhor adaptabilidade dos ovinos da raça Santa Inês que os
Bergamácia em termos de características fisiológicas. Bezerra et al. (2007) não
encontraram diferenças na adaptabilidade ao calor no semi-árido paraibano de
ovinos Santa Inês, mestiços Dorper x Damara, Cariri e SRD. Por outro lado
Santos et al. (2006) concluíram que os ovinos da raça Dorper possuem menor
grau de adaptabilidade ao calor que os ovinos Santa Inês e os caprinos Boer e
Anglo Nubiano.
Neves et al. (2008) em trabalho realizado no agreste de Pernambuco,
concluíram pela pequena superioridade dos ovinos Santa Inês de pelame
branco em relação aos demais quanto à tolerância ao calor. Dias et al. (2007)
concluíram que, ovinos da raça Santa Inês de pelame branco mostraram-se
mais resistentes aos efeitos do clima da região Centro-Oeste enquanto os da
raça Bergamácia foram menos tolerantes ao calor.
2.5. Estimativa de consumo alimentar
O consumo voluntário varia de acordo com a qualidade do alimento
disponível para o animal, sendo a ingestão da matéria seca apontada como
ponto determinante da ingestão de nutrientes e fator decisivo para que os
animais alcancem os níveis máximos de produção.
A avaliação do valor nutritivo dos alimentos consumidos, em condições
de pastejo ou confinamento, tem sido um constante desafio para os
nutricionistas. O consumo de matéria seca das pastagens está diretamente
ligado ao desempenho dos animais, pois determina a quantidade de nutrientes
ingeridos, os quais são necessários para atender as exigências de manutenção
e produção animal (Gomide, 1993).
Como alternativa, tem sido proposto os métodos indiretos de
digestibilidade, por meio de indicadores externos, os quais permitem que sejam
determinadas as suas concentrações nas fezes, podendo-se a partir destas
estimar a produção diária de fezes e consequentemente a digestibilidade das
dietas dos animais (Aroeira, 1997). O óxido crômico tem sido utilizado como o
indicador mais tradicional. os indicadores internos são componentes
químicos indigestíveis presentes no alimento dos animais e totalmente
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
18
recuperáveis nas fezes (Saliba, 2005). Estes indicadores, em conjunto podem
ser utilizados para estimar a ingestão e a digestibilidade da matéria seca da
dieta de animais em pastejo, conhecendo-se a taxa do marcador na dieta e nas
fezes.
Segundo Itavo et al. (2002), a porção fibrosa indigestível vem sendo
utilizada como indicador interno. Os métodos de incubação utilizados são in
situ e in vitro e as frações que têm demonstrado potencialidade como indicador
são fibras em detergente neutro (FDNi) e ácido (FDAi) indigestíveis.
Arruda et al. (1998) avaliando o efeito do sol, da sombra e do plano
nutricional sobre o desempenho de ovinos Santa Inês em pastejo, obtiveram
ganhos de 130 e 145 g/dia para animais mantidos ao sol e a sombra
respectivamente, recebendo alto nível de concentrado. Barbosa et al. (2003)
verificando o consumo voluntário e o ganho de peso de borregas das raças
Santa Inês e Ile de France, mantidos em pastejo e recebendo suplementação
concentrada 400 g/dia observaram que a raça Santa Inês foi a que apresentou
maior consumo médio de matéria seca, 1440 g/dia.
2.6. Índices de conforto térmico
O estresse calórico é causado pela combinação de condições
ambientais que atuam na elevação da temperatura ambiente acima da zona de
termoneutralidade dos animais.
Os quatro principais elementos climáticos que atuam sobre a sensação
térmica são: temperatura do ar, radiação térmica, umidade relativa do ar e
velocidade do ar. O índice de conforto térmico é constituído pela combinação
de dois ou mais destes elementos em um único valor. Vários são os índices
que têm sido desenvolvidos para avaliar o impacto ambiental sobre os animais,
pois podem descrever precisamente os efeitos do ambiente sobre a habilidade
do animal em dissipar calor (West, 1999).
O índice de temperatura e umidade (ITU) leva em consideração a
temperatura e umidade do ar. Este índice foi desenvolvido para humanos por
(Thom, 1958), e é dado pela seguinte equação:
ITU = Tbs + 0,36Tpo + 41,5
onde:
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
19
Tbs é a temperatura do bulbo seco e Tpo a temperatura do ponto de
orvalho, ambas em °C.
O índice de conforto ITU (índice de temperatura e umidade) também pode
ser calculado utilizando-se a equação citada por Armstrong (1994):
ITU = Ta – 0,55 (1 – UR) (Ta – 58)
onde:
Ta é a temperatura do ar em graus Fahrenheit e UR a umidade relativa do
ar expressa em decimais.
Neves (2008) estimou os valores críticos de ITU para ovinos da raça
Santa Inês de pelame branco, castanho e preto. Baseando-se na temperatura
retal, encontrou valores de 80,0; 79,5 e 78,9 para animais de pelame branco,
castanho e preto,
respectivamente. Quando baseou-se na frequência
respiratória os valores críticos estimados foram, respectivamente de 76,3; 75,2
e 75,3 para os brancos, castanhos e pretos.
Vários pesquisadores têm utilizado estes índices em diversas espécies
animais.
Foi desenvolvido o índice de temperatura do globo e umidade (ITGU)
proposto por Buffington et al. (1981), o qual leva em consideração a radiação
térmica. A equação que expressa o ITGU é:
ITGU = Tgn + 0,36Tpo + 41,5
onde:
Tgn é a temperatura do globo negro e Tpo a temperatura do ponto de
orvalho, ambos em °C.
Os valores de ITGU considerados críticos por Neves (2008) para ovinos
da raça santa Inês de pelame branco, castanho e preto, baseados na
temperatura retal, foram respectivamente, 92,8; 91,4 e 90,5. Quando a
frequência respiratória foi considerada como critério os valores críticos
estimados para os ovinos de pelame branco, castanho e preto foram,
respectivamente de 86,0; 84,0; e 84,2 para o ITGU nos animais das três cores.
Barbosa et al. (2001) desenvolveram um índice de conforto térmico
específico para ovinos, o ICT, o qual foi estimado de acordo com a equação:
ICT = 0, 6678Ta + 0,49869e+ 0,5444Tgn + 0,1038 vv
onde:
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
20
Ta é temperatura do ar em graus centígrados, e é a pressão parcial de
vapor (Kpa), Tgn é a temperatura do globo negro em graus centígrados e VV a
velocidade dos ventos em metros/segundo.
Este índice leva em consideração a temperatura do globo negro e a
velocidade dos ventos. Estes mesmos pesquisadores afirmam a superioridade
do ICT em relação ao ITU e ITGU.
Valores críticos de 46,3; 45,5 e 44,5 para ovinos de pelagem branca,
castanha e preta foram estimados por Neves (2008), tomando como base a
temperatura corporal enquanto que o valor de 38 foi obtido quando a
frequência respiratória foi o parâmetro fisiológico adotado como critério.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Local, animais, dieta e delineamento experimental
A pesquisa foi conduzida no período de janeiro a março de 2008, na
Fazenda Riachão, localizada no município de Sairé, região Agreste de
Pernambuco, com altitude de 663 m, latitude sul de 08° 19’ 39” e longitude
oeste de 35° 42’ 20”, (CPRM, 2005). A pluviosidade na região varia de 600 a
900 mm/ano, concentrando-se nos meses de março a julho, sendo o clima do
tipo seco subúmido (Condepe, 1980). Foram utilizadas 21 borregas da raça
Santa Inês, sendo 7 de cada uma das pelagens preta, castanha e branca, com
peso médio inicial de 25,71 Kg, 24,85 Kg e 25,00 Kg, respectivamente, para os
animais brancos, castanhos e pretos. Os animais passaram por um período de
adaptação de 14 dias, ao manejo e à dieta e foram mantidos em um piquete de
3 hectares com pastagens de capim pangola (Digitaria decumbens, Stent). A
taxa de lotação foi de 7 cabeças por hectare. O piquete era provido de açude
com disponibilidade de sombra natural. O delineamento experimental utilizado
no experimento foi inteiramente casualizado, com três tratamentos e sete
repetições. Na medida das variáveis fisiológicas temperatura retal, frequência
respiratória, temperatura de pele e temperatura de pelame adotou-se o
esquema de parcela sub-subdividida com cor na parcela, período na sub-
parcela e turno do dia na sub-subparcela, e na taxa de sudação, o esquema de
parcela subdividida com cor na parcela e período na sub-parcela. Durante todo
o período experimental, foi feita avaliação da composição química do pasto e
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
21
do concentrado fornecido aos animais. Para avaliação da composição química,
a cada duas semanas foram colhidas manualmente amostras da pastagem em
cinco locais escolhidos aleatoriamente no piquete. Amostras do concentrado
foram coletadas a cada mistura do mesmo. Foi realizada análise bromatológica
do concentrado e do pasto para avaliar a matéria seca, matéria orgânica,
cinzas, proteína bruta, extrato etéreo, fibra em detergente neutro, fibra em
detergente ácido, lignina, carboidratos totais e carboidratos não estruturais
(Silva & Queiroz, 2002).
Todos os animais receberam, ao final da tarde, no aprisco, em
comedouros individuais, concentrado a base de farelo de soja, milho triturado e
sal mineral, formulado de acordo com o Nutrients Requirements of Small
Ruminants (2007). Os animais foram pesados semanalmente e o concentrado
foi fornecido na base de 1% do peso vivo (PV) com pesagens diárias das
sobras. Na Tabela 1 é apresentada a relação dos ingredientes utilizados no
preparo do concentrado e na Tabela 2 a sua composição bromatológica.
Tabela 1. Composição do concentrado oferecido aos animais em porcentagem
de ingredientes
Ingredientes (%)
Milho 60,6
Farelo de Soja 36,36
Sal Mineral 3,04
Tabela 2. Composição bromatológica do concentrado fornecido aos animais
durante o período experimental
Composição (%)
MS 80,51
MO 92,86
CINZAS 7,14
PB 25,12
EE 2,67
FDN 14,88
FDA 9,97
LIGNINA 4,77
CT 65,07
CNE 50,19
MS = Matéria Seca, MO = Matéria Orgânica; CINZAS = Matéria Mineral, PB = Proteína Bruta,
EE = Extrato etéreo, FDN =Fibra em Detergente Neutro, FDA = Fibra em Detergente Ácido,
LIGNINA = Lignina, CT = Carboidratos Totais, CNE =Carboidratos não Estruturais.
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
22
3.2. Parâmetros climáticos da área experimental
O ambiente foi monitorado a cada 2 horas, das 6 h às 18 h, através de
uma estação meteorológica localizada ao lado do piquete experimental. A
estação continha um abrigo termométrico, onde foram instalados um
psicrômetro e um termômetro de extrema. Ao lado do abrigo foram instalados
um pluviômetro, a 1,5 metros do piso e um globotermômetro a 0,65 metros do
piso. A velocidade dos ventos foi medida com um anemômetro digital portátil.
Para caracterização do ambiente foi calculada a carga térmica de
radiação, utilizando-se a fórmula citada por Esmay (1969):
CTR = σ . (TRM)
4
onde:
σ = constante de Stefan-Boltzman (5,67 x 10
-8
W.m
-2
K
-4
)
TRM = temperatura radiante média, calculada de acordo com a fórmula:
TRM= -100 x {2,51 x v v
0,5
x ((Tgn + 273) – (Tbs + 273)) + (Tgn + 273/100)
4
}
0,25
onde:
vv = velocidade dos ventos (m/s)
Tgn = temperatura do globo negro (°C)
Tbs = temperatura do bulbo seco (°C)
O ITU (índice de temperatura e umidade) foi calculado utilizando-se a
equação citada por Armstrong (1994). Para o cálculo do ITGU (índice de
temperatura do globo e umidade) e ICT (índice de conforto térmico) foram
utilizadas as equações desenvolvidas por Buffigton et al. (1981) e Barbosa et
al. (2001), respectivamente. Para o cálculo da umidade relativa, da temperatura
do ponto de orvalho e da pressão parcial de vapor foi utilizado o Programa
Computacional para o Cálculo das Propriedades Psicométricas do ar GRAPSI,
6.0 da Universidade Federal de Viçosa.
3.3. Parâmetros avaliados
Durante 8 semanas, correspondendo a 4 períodos de 2 semanas cada,
em 2 turnos do dia, foram avaliados duas vezes por semana, ao sol, os
parâmetros fisiológicos, temperatura retal (TR, °C), frequência respiratória (FR,
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
23
mov/min.), temperatura da superfície do pelame (TSP, °C) e temperatura da
pele (TPL, °C). Pela manhã, às 6 h, os animais eram soltos no piquete e
recolhidos às 7 h30 para avaliação dos parâmetros fisiológicos, às 8 h, sendo,
logo após, soltos novamente no piquete e recolhidos às 14 h30 para avaliação
dos referidos parâmetros às 15 h. A temperatura retal foi obtida com um
termômetro clínico digital introduzido diretamente no reto do animal. Obteve-se
a frequência respiratória contando-se o número de movimentos respiratórios no
flanco dos animais por um período de 30 segundos e multiplicando-se os
valores encontrados por dois, para se obter o número de movimentos
respiratórios por minuto. As temperaturas da pele e da superfície do pelame
foram obtidas em cada flanco dos animais, por meio de um termômetro
infravermelho digital, portátil, com mira laser circular, precisão de 1% e
resolução ótica de 30/1. Para obtenção da temperatura da pele foram depiladas
áreas de 9cm² no flanco dos animais.
A taxa de sudação foi avaliada uma vez por semana à tarde (15 h) durante
6 semanas, correspondendo a três peodos de duas semanas cada,
empregando-se o método colorimétrico descrito por Schleger & Turner (1965).
O índice de tolerância ao calor foi realizado 1 vez por semana durante 8
semanas. Às 6 h, os animais foram soltos em um piquete sem sombreamento
com volumoso e água à vontade. Temperatura retal (TR, °C) foi obtida às 9 h, e
às 14 h, pelos métodos descritos anteriormente. Após as medidas de dados da
tarde os animais foram soltos no pasto e às 17 h, recolhidos para o aprisco.
Para o cálculo do índice de tolerância ao calor, utilizou-se a fórmula específica
para ovinos citada por Baccari Jr. (1983):
ITC = 2(0,5 t
2
– 10 dT + 30)
onde :
ITC = índice de Tolerância ao calor (admensional);
t
2
= temperatura do ar à tarde;
dT = diferença entre a temperatura corporal à tarde e pela manhã.
Foi realizada avaliação do consumo e a digestibilidade da matéria seca
(MS) e dos nutrientes do concentrado e do pasto, utilizando-se os indicadores
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
24
óxido crômico e fibra em detergente ácido indigestível (FDAi) para estimar o
consumo de matéria seca do volumoso e a digestibilidade aparente da matéria
seca e dos nutrientes determinada nas amostras através do procedimento da
degradabilidade in situ por 144 horas (Valadares Filho et al. 2005). O óxido
crômico foi fornecido misturado ao concentrado, na proporção de 2,88 % da
MS, o qual era fornecido duas vezes ao dia, em cochos individuais. A partir da
concentração do óxido crômico nas fezes e da quantidade ingerida pelo animal,
estimou-se a excreção fecal. Em seguida, baseando-se na concentração de
FDAi das fezes e dos alimentos, foi estimado o consumo de MS do volumoso.
As amostras de fezes foram coletadas diretamente da ampola retal dos
animais às 6 h e às 17 h nos últimos quatro dias de fornecimento do
concentrado.
Foi realizada análise bromatológica do pasto para avaliar a matéria seca,
matéria orgânica, cinzas, proteína bruta, extrato etéreo, fibra em detergente
neutro, fibra em detergente ácido, lignina, carboidratos totais e carboidratos
não estruturais (Silva & Queiroz, 2002), que está apresentada na Tabela 3.
Tabela 3. Composição químico-bromatológica das amostras do pasto colhidas
durante o período experimental em % da matéria seca
NUTRIENTE 15/jan 27/jan 12/fev 26/fev 10/mar
MS 59,0 17,7 15,6 48,6 66,3
MO 93,0 89,5 85,7 88,1 91,1
MM 6,2 9,2 12,2 10,3 7,8
PB 8,5 15,2 20,4 6,6 7,3
EE 1,4 1,8 2,8 2,5 1,9
FDN 75,0 69,3 50,8 73,2 71,8
FDA 40,2 37,6 29,8 40,9 43,0
LIGNINA 2,3 4,0 2,9 3,9 5,7
CT 83,9 73,8 64,6 80,6 83,0
CNE 8,9 4,4 13,8 7,5 11,2
MS = Matéria Seca, MO = Matéria Orgânica; MM = Matéria Mineral, PB = Proteína Bruta, EE =
Extrato etéreo, FDN =Fibra em Detergente Neutro, FDA = Fibra em Detergente Ácido, LIGNINA
= Lignina, CT = Carboidratos Totais, CNE =Carboidratos não Estruturais.
3.4. Análise estatística
As médias das temperaturas da pele e da superfície do pelame dos dois
flancos foram utilizadas nas análises estatísticas. Para as variáveis
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
25
temperatura retal, frequência respiratória, temperatura de pele, temperatura de
superfície do pelame, taxa de sudação e índice de tolerância ao calor, foi
utilizado o Sistema de Análise Estatística SAEG versão 8.1 (2003) da
Universidade Federal de Viçosa.
Os resultados de consumo alimentar foram analisados pelo programa
computacional SAS (1999).
Para as variáveis temperatura retal, frequência respiratória, temperatura
de pele e temperatura de superfície do pelame o arranjo dos tratamentos foi em
parcelas sub-subdivididas seguindo o modelo estatístico:
Y
ijkl
= µ + C
i
+ e
ie
+ P
j
+ (CP)
ij
+ α
ijl
+ T
k
+ (CT)
ik
+ (PT)
jk
+ (CPT)
ijk
+ δ
ijkl
onde:
Y
ijkl
– Observação da cor i, do período j, no turno k da repetição l
µ - efeito média geral
C
i
– efeito da cor i
e
ie
– erro aleatório da parcela i na repetição e
P
j
– efeito do período j
(CP)
ij
– efeito da interação cor e período
α
ijl
erro aleatório atribuído à sub-parcela na cor i do período j na
repetição l
T
k
– efeito do turno k
(CT)
ik
– efeito da interação cor e turno
(PT)
jk
– efeito da interação período e turno
(CPT)
ijk
– efeito da interação período, cor e turno
δ
ijkl
erro aleatório atribuído à sub-subparcela da cor i, no período j, no
turno k na repetição l
Para a taxa de sudação foi adotado o arranjo em parcelas subdivididas no
seguinte modelo estatístico:
Y
ijkl
= µ + C
i
+ e
ik
+ P
j
+ (CP)
ij
+ α
ijl
onde:
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
26
Y
ijk
– Observação da cor i, no período j da repetição k
µ - efeito média geral
C
i
– efeito da cor i
e
ik
– erro aleatório da parcela i na repetição k
P
j
– efeito do período j
(CP)
ij
– interação da cor e período
α
ijk
– erro aleatório atribuído à sub-parcela na cor i, no período j da
repetição k
Para as variáveis consumo alimentar e índice de tolerância ao calor, o
modelo estatístico foi:
Y
ij
= µ + C
i
+ e
ij
onde:
Y
ij
– Observação da cor i e na repetição j
µ - efeito média geral
C
i
– efeito da cor i, sendo i = branco, castanho e preto
e
ij
– erro aleatório da observação da cor i na repetição j
Para a comparação de médias de grupos realizou-se o teste de Tukey e
para estudar associação entre resposta avaliada a correlação de Pearson.
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
27
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Parâmetros Climáticos da Área Experimental
Os valores médios dos elementos meteorológicos e dos índices de
conforto térmico durante todo o período experimental, observados nos dias e
horários do registro dos parâmetros fisiológicos pela manhã (8 h) e à tarde (15
h), encontram-se na Tabela 4.
Durante o período experimental foi observada a precipitação pluvial em
milímetros de 71,0 (janeiro), 35,0 (fevereiro) e 0,0 (março) e as temperaturas
mínima e máxima foram de 18°C e 35°C, respectivamente. A temperatura
máxima foi maior que a temperatura crítica superior da zona de conforto
térmico para ovinos tosquiados (30°C), citada por Hahn (1985). Os valores
médios da Tbs, VV, Tgn e dos índices de conforto ITU, ITGU e ICT
aumentaram do período 1 para o período 4. Observa-se na Tabela 4, que os
valores médios dos parâmetros analisados no turno da tarde foram superiores
aqueles observados pela manhã, exceto para a umidade relativa do ar que
variou de 68,4 a 81,3% no turno da tarde e de 48,9 a 62,8 % no turno da tarde.
Neves (2008) estimou índices críticos ambientais para ovinos Santa Inês das
três cores de pelame, baseando-se na temperatura retal. Os valores obtidos
por esse autor foram de 38,0 a 46,3 para o ICT; de 78,9 a 80,0 para o ITU e de
90,5 a 92,8 para o ITGU. Na Tabela 4 observa-se pelas médias dos períodos
no turno da tarde que o período 4 foi aquele no qual os valores atingiram o
nível crítico, sendo, portanto o mais estressante. Quando se analisa o valor
crítico do ICT estimado por esse autor, baseando-se na frequência respiratória
(ICT = 38), conclui-se também que no período experimental os ovinos das três
cores estiveram sob estresse pelo calor no turno da tarde nos quatro períodos
e também pela manhã no período 4.
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
28
Tabela 4. Valores dos elementos meteorológicos e índices de conforto térmico pela manhã (8 h) e tarde (15 h) durante o período
experimental
Períodos
1
2 3 4
Variável
Média Amplitude Média Amplitude Média Amplitude Média Amplitude
Média
Manhã
24,3 23,0-27,0 24,3 23,0-26,0 24,8 24,0-26,0 26,3 26,0-27,0
24,9
Tarde
28,5 25,0-33,0 29,0 27,0-30,0 29,5 28,0-32,0 31,8 30,0-32,0
29,7
Tbs
Média
26,4 - 26,6 - 27,1 - 29,0 -
-
Manhã
79,9 65,6-91,9 81,3 71,4-91,9 74,4 65,0-84,5 68,4 65,0-71,4
76,0
Tarde
56,8 48,5-60,3 62,8 55,4-72,0 57,6 47,6-66,3 48,9 38,1-57,0
63,3
UR
Média
68,3 - 72,0 - 66,0 - 58,6 -
-
Manhã
1,9 0,7-3,0 2,4 0,1-5,3 1,4 1,3-1,5 1,1 0,5-1,7
1,7
Tarde
3,4 0,8-5,0 2,7 2,2-3,6 4,2 3,1-6,1 3,4 2,0-4,4
3,4
V V
Média
2,6 - 2,5 - 2,8 - 2,3 -
-
Manhã
73,5 72,1-76,3 73,5 72,1-75,5 73,9 72,4-74,9 75,5 74,8-76,3
74,1
Tarde
77,2 72,6-81,9 78,8 77,1-80,1 78,8 77,0-80,5 79,5 78,8-81,3
78,5
ITU
Média
75,4 - 76,2 - 76,3 - 78,0 -
-
Manhã
84,4 80,0-92,7 84,4 80,7-93,8
85,4 83,0-88,0 91,4 86,8-93,3
86,4
Tarde
88,6 81,3-99,5 91,4 84,2-94,4 93,0 86,6-100,5 92,1 89,5-101,0
91,3
ITGU
Média
86,5 - 87,9 - 89,1 - 91,7 -
-
Manhã
35,5 31,0-44,0 35,5 30,0-45,0 36,8 34,0-39,0 42,8 38,0-45,0
37,6
Tarde
40,3 34,0-51,0 42,3 35,0-45,0 44,3 38,0-52,0 44,0 40,0-52,0
42,7
TGN
Média
37,9 - 39,9 - 40,5 - 43,9 -
-
Manhã
36,9 34,0-43,3 36,9 33,1-43,6 37,8 35,9-39,8 42,1 39,3-43,3
38,4
Tarde
42,4 36,5-51,1 43,9 38,6-46,2 45,4 40,8-51,3 46,4 42,9-51,3
44,5
ICT
Média
39,6 - 40,4 - 41,6 - 44,2 -
-
Manhã
717,3 598,7-815,5 717,2 532,1-1203,4 727,1 678,9-782,3 819,9 652,2-926,7
745,4
Tarde
818,8 747,7-888,4 869,8 691,3-985,9 1007,6 782,0-1203,0 868,7 707,5-1158,5
891,2
CTR
Média
768,0 - 793,5 - 867,3 - 844,3 -
-
Tbs = Temperatura do Bulbo Seco (°C), UR = Umidade Relativa do Ar, V V = velocidade do vento (metro/segundo), ITU = Índice de Temperatura e Umidade,
ITGU = índice de Temperatura do Globo e Umidade, TGN = Temperatura do Globo Negro (°C),ICT = Índice de Conforto Térmico para Ovinos e CTR = Carga
Térmica Radiante (W/m
2
).
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
29
As variações nos índices de conforto térmico durante o período
experimental estão representadas na Figura 1.
Figura 1. Valores médios de ITU, ITGU e ICT das 6 às 18 horas.
Observa-se que os valores de ITU e ITGU foram bem próximos às 6 h
(68,5 e 72,9) e 18 h (73,1 e 74,6). Os horários de maior estresse pelo calor
foram verificados das 10 h às 15 h. O ITU variou de 68,5 a 78,8; ITGU de 72,9
a 93,8 e o ICT de 28,1 a 46,8.
4.2. Temperatura Retal
A temperatura retal foi influenciada pela cor, período, turno do dia e
interação turno x cor (P<0,01), mas as interações período x cor e período x
turno x cor não foram significativas (P>0,05).
A Tabela 5 apresenta os valores médios de temperatura retal C) de
ovinos da raça Santa Inês nos diferentes períodos, independente do turno e da
cor dos ovinos.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
6
8
10 12 14
15 16
18
Hora
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
ICT
ITU
ITGU
ICT
ITU e
ITGU
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
30
Tabela 5. Valores médios de temperatura retal C) de ovinos da raça Santa
Inês nos diferentes períodos, independente do turno e da cor dos
ovinos
Período Temperatura Retal
1 39,48 b
2 39,52 b
3 39,50 b
4 39,69 a
CV (%) 0,43
Médias seguidas de letras distintass na coluna indicam diferença (P<0,05) pelo teste de Tukey.
A temperatura retal dos ovinos no período 4 foi maior (P<0,05) que nos
demais períodos. Isto certamente foi em virtude das piores condições
ambientais desse período em relação aos demais (Tabela 4), com valores mais
elevados de todos os índices de conforto térmico. É importante lembrar que no
período 4 os índices de conforto atingiram os valores críticos estimados para
essa raça de animais em pesquisa conduzida por Neves (2008). Dessa
maneira, esses resultados, de certa forma validam os referidos índices críticos.
Não houve diferença estatística (P>0,05) na temperatura retal dos animais
entre os períodos 1, 2 e 3, muito embora tenha ocorrido aumento nos valores
dos índices de conforto entre esses períodos. Isto significa que essas
diferenças não foram suficientes para provocar grandes variações na
temperatura retal dos animais, provavelmente pelo fato que as médias dos
índices de conforto não atingiram os valores críticos.
A Tabela 6 apresenta os valores médios de temperatura retal (TR °C) de
ovinos da raça Santa Inês nos turnos da manhã e tarde, independente do
período.
Tabela 6. Valores médios de temperatura retal (TR °C) de ovinos da raça Santa
Inês nos turnos da manhã e tarde, independente do período
Cor do Pelame
Turno
Branco Castanho Preto
Manhã 39,19 bB 39,39 aB 39,14 bB
Tarde 39,76 bA 39,94 aA 39,88 aA
CV (%) 0,43
Letras distintas, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, indicam diferença (P< 0,05)
pelo teste de Tukey (P<0,05).
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
31
Foram observados efeitos significativos (P<0,05) da interação turno x cor
na temperatura retal dos animais. Esses resultados contrastam com aqueles
obtidos por Dias et al. (2007) e Neves (2008). Esses resultados demonstram
que a temperatura retal dos animais foi influenciada pela cor nos diferentes
turnos independente do período. Os ovinos castanhos apresentaram
temperatura retal, pela manhã, maior (P<0,05) que os brancos e pretos, não
tendo ocorrido diferença (P>0,05) entre esses últimos. No turno da manhã a
temperatura retal dos ovinos castanhos foi maior (P<0,05) que a dos brancos e
pretos, denotando uma maior dificuldade na manutenção do equilíbrio térmico
desses animais nesse turno do dia. No turno da tarde a temperatura retal dos
ovinos brancos foi menor que a dos castanhos e pretos, mas não houve
diferença significativa (P>0,05) entre esses dois últimos. Analisando o
comportamento dos animais de diferentes cores entre os turnos do dia,
constata-se que os ovinos das três cores de pelame apresentaram aumentos
(P<0,05) do turno da manhã para a tarde, sendo que os animais pretos
apresentaram maior aumento (0,74°C) que os brancos (0,5C) e os castanhos
(0,55°C). Pant et al. (1985), Cezar et al. (2004), Dias et al. (2007) e Neves
(2008) também observaram aumentos significativos na temperatura corporal de
ovinos de diversas cores de pelame do turno da manhã para o da tarde,
certamente em virtude do maior desconforto térmico nesse turno do dia, como
pode ser observado na Tabela 4. A hipertermia, segundo Silva (2000),
acontece quando o animal apresenta uma temperatura corporal maior que a
temperatura média do lote mais um desvio padrão. Assim sendo, os ovinos
brancos, castanhos e pretos se tornariam hipertérmicos quando sua
temperatura ultrapassasse os valores de 39,8°C; 40,04°C e 39,93°C,
respectivamente. Observando-se a Tabela 6, nota-se que, apesar dos
aumentos significativos (P<0,05) na temperatura corporal entre turnos do dia,
não ocorreu hipertemia em nenhuma das cores de pelame estudadas. Isto
mostra o alto grau de adaptabilidade de ovinos Santa Inês às condições de
calor no Nordeste.
As diferenças de temperatura retal dos ovinos encontrados nesse
trabalho podem estar relacionadas com as diferenças na absorção de radiação
térmica de acordo com a cor da superfície do pelame. Cores brancas absorvem
menos radiação térmica que as outras cores, principalmente a cor preta
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
32
(Robertshaw, 1986). Em função disso poderia se esperar que os ovinos pretos
absorvessem mais calor pelo pelame que os castanhos, mas como não houve
diferença (P>0,05) entre ovinos castanhos e pretos na temperatura retal à
tarde, quando a carga térmica de radiação foi maior (Tabela 4), esses
resultados também sugerem que os ovinos pretos podem ter um mecanismo
mais eficiente de eliminação de calor corporal que os castanhos. Esse
mecanismo poderia ser a sudação, mas tal não aconteceu como será discutido
posteriormente. Pant et al. (1985) compararam ovinos da raça Santa Inês
brancos e pretos no sertão do Ceará e concluíram que a cor do pelame não
influenciou na temperatura retal dos animais. Também Arruda & Pant (1985)
obtiveram resultados semelhantes com caprinos. Por outro lado, Acharya et al.
(1995), baseando-se na temperatura retal, concluiu que os animais pretos são
menos tolerantes ao calor que os brancos.
4.3. Frequência Respiratória
Foram observados efeitos significativos (P<0,01) da cor do pelame, do
período, interação período x cor do pelame e do turno do dia na frequência
respiratória. As interações, turno x cor, período x turno e período x turno x cor
do pelame não foram significativas (P>0,05), demonstrando que as variações
na frequência respiratória dos ovinos, entre os turnos do dia ocorreram
independentemente da cor do pelame e períodos.
A Tabela 7 apresenta os valores médios de frequência respiratória de
ovinos da raça Santa Inês nos turnos da manhã e da tarde.
Tabela 7. Valores médios de frequência respiratória (FR, mov/min) de ovinos
da raça Santa Inês nos turnos da manhã e da tarde
Turno do dia Frequência Respiratória
Manhã 69,04 b
Tarde 83,69 a
CV (%) 0,43
Letras distintas, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, indicam diferença (P< 0,05)
pelo teste de Tukey (P<0,05)
Foi observado efeito significativo (P<0,05) do turno do dia na frequência
respiratória dos animais. No turno da tarde a frequência respiratória dos
animais foi maior (P<0,05) que no turno da manhã, isto se deve ao fato que no
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
33
turno da tarde os índices de conforto térmicos foram maiores, demonstrando
que neste turno as animais utilizaram com maior intensidade as vias
respiratórias para dissipação do calor corporal excedente. Esses resultados
são semelhantes aos obtidos por Neves (2008). Santos et al. (2004)
trabalhando com ovinos Santa Inês, Morada Nova e seus mestiços com a raça
Dorper no semi-árido paraibano, obtiveram uma média para frequência
respiratória de 59,13 mov/min pela manhã e 87,43 mov/min à tarde,
demonstrando que os animais sofreram estresse mais elevado durante o turno
da tarde.
A Tabela 8 apresenta os valores médios de frequência respiratória de
ovinos da raça Santa Inês nos 4 períodos avaliados, independente do turno.
Tabela 8. Valores médios de frequência respiratória (FR, mov/min) de ovinos da
raça Santa Inês nos 4 períodos avaliados, independente do turno
Cor do Pelame
Período
Branco Castanho Preto
1 41,8 aC 54,4 aC 46,6 aD
2 59,6 bB 79,8 aB 66,1 bC
3 60,9 bB 87,6 aB 81,3 aB
4 89,1 bA 124,4 aA 124,9 aA
CV (%) 16,3
Letras distintas, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, indicam diferença (P< 0,05)
pelo teste de Tukey (P<0,05)
Observa-se na Tabela 8, que ao analisar o comportamento dos ovinos
de cada cor entre os períodos, os brancos e castanhos aumentaram
significativamente (P<0,05) a frequência respiratória do período 1 para o 2 e 3,
e destes para o 4, enquanto que nos pretos ocorreram aumentos significativos
(P<0,05) do período 1 até o período 4. Estes aumentos na frequência
respiratória entre períodos se justificam pelo maior desconforto térmico que
gradativamente ocorreu do período 1 até o 4 (Tabela 4), ocasionando elevação
na temperatura corporal dos animais (Tabela 5) e exigindo maior esforço do
aparelho respiratório para dissipação do calor corporal excedente por esta via,
uma vez que não foram observadas diferenças significativas (P>0,05) na taxa
de sudação dos animais, como será discutido posteriormente. A intensidade de
aumento nesse parâmetro fisiológico do período menos estressante (1) para o
mais estressante (4) ocorreram nos animais pretos, castanhos e brancos,
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
34
nessa ordem, corroborando os resultados obtidos por Neves (2008) e
demonstrando uma melhor adaptabilidade dos ovinos brancos em relação aos
demais. Dias et al. (2007), também não encontraram interação entre turno x cor
em ovinos da mesma raça e variedades de cor de pelame, porém quanto à
frequência respiratória, observaram menores valores nos brancos que a dos
castanhos e pretos. Quesada et al. (2001), constataram aumentos significativos
da frequência respiratória de ovinos da raça Santa Inês com aumentos nos
índices de conforto térmico. O melhor comportamento dos animais brancos fica
evidente quando se analisa a variação da frequência respiratória dos animais
das três cores de pelame dentro de cada período. Dessa maneira, no período 1
com melhores condições climáticas, não houve diferença (P>0,05) na
frequência respiratória dos animais das três cores, mas nos períodos 3 e 4
esse parâmetro fisiológico foi menor nos ovinos brancos (P<0,05) que aquele
dos animais das outras duas cores.
4.4. Temperatura da Pele
A temperatura da pele foi influenciada pela cor, período e turno do dia e
interação turno x cor (P<0,01), mas as interações período x cor e período x
turno x cor não foram significativas (P>0,05). Dias et al. (2007), também
encontraram interação significativa turno x cor para a temperatura da pele de
ovinos Santa Inês pretos, brancos e castanhos.
A Tabela 9 apresenta os valores médios de temperatura de pele de
ovinos da raça Santa Inês nos turnos da manhã e tarde, independente do
período.
Tabela 9. Valores médios para temperatura de pele (TPL, °C) de ovinos da
raça Santa Inês nos turnos da manhã e tarde, independente do
período
Cor do Pelame
Turno
Branco Castanho Preto
Manhã 37,49 bA 38,61 aA 38,61 aA
Tarde 37,25 bA 37,79 aB 37,87 aB
CV (%) 1,37
Letras distintas, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, indicam diferença (P< 0,05)
pelo teste de Tukey (P<0,05).
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
35
Em geral a temperatura da pele de ovinos difere de acordo com a
estação do ano e o turno do dia (Marai et al. 2007), aumentando com a
elevação da temperatura ambiente (Curtis, 1981). A temperatura da pele de
ovinos castanhos e pretos reduziu (P<0,05) do turno da manhã para a tarde,
contrariando as observações realizadas por El-Sheikh et al. (1981), citado por
Marai et al. (2007). A explicação para o fato se deve provavelmente, ao
aumento na velocidade dos ventos de manhã para a tarde que apresentou uma
elevação de 1,7 para 3,4 m/s (Tabela 4). De acordo com Curtis (1981) e Silva
(2008), o isolamento térmico do velo de ovinos reduz à medida que aumenta a
velocidade do ar. Itner & Kelly (1951) conseguiram reduzir a temperatura da
pele de bovinos com o aumento na velocidade do ar. Não houve redução
significativa (P>0,05) na temperatura da pele dos ovinos brancos entre turnos
do dia, entretanto, comparando-se a temperatura da pele dos animais das três
pelagens em cada turno do dia, constata-se que esse parâmetro fisiológico foi
menor (P<0,05) nos animais brancos que nos demais, não tendo ocorrido
diferenças entre os castanhos e pretos. Isso evidencia a melhor habilidade de
dissipação de calor corporal dos animais brancos em relação aos das outras
duas cores de pelame. Essas diferenças possivelmente refletem variações
existentes no suprimento sanguíneo periférico como conseqüência da
exposição ao calor (Rübsamen & Hales, 1985) e mostra a maior capacidade de
resfriamento superficial dos animais brancos em relação aos demais.
A Tabela 10 apresenta os valores médios de temperatura de pele (TPL,
°C) de ovinos da raça Santa Inês nos diferentes períodos, independente do
turno e da cor dos ovinos.
Tabela 10. Valores médios de temperatura de pele (TPL, °C) de ovinos da raça
Santa Inês nos diferentes períodos, independente do turno e da cor
dos ovinos.
Período Temperatura de pele
1 38,18 a
2 37,69 b
3 37,56 b
4 38,30 a
CV (%) 1,37
Médias seguidas de letras distintas na coluna indicam diferença (P<0,05) pelo teste de Tukey.
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
36
A temperatura de pele dos ovinos nos períodos 1 e 4 foi maior (P<0,05)
que nos períodos 2 e 3. A maior temperatura de pele obtida no período 4 pode
ser justificada pelos valores mais elevados nos índices de conforto térmico
(Tabela 4), entretanto esses mesmos índices não justificam a maior(P<0,05)
temperatura de pele do período 1 em relação aos períodos 2 e 3, uma vez que
no período 1 as condições ambientais foram melhores que nos outros.
4.5. Temperatura da Superfície do Pelame
A temperatura da superfície de pelame foi influenciada pela cor, período
e turno do dia e interação turno x cor (P<0,01), mas as interações período x cor
e período x turno x cor não foram significativas (P>0,05).
A Tabela 11 apresenta os valores médios de temperatura de superfície
de pelame (TSP, °C) em ovinos da raça Santa Inês nos 4 períodos,
independente da cor e turno.
Tabela 11. Valores médios de temperatura de superfície de pelame (TSP, °C)
em ovinos da raça Santa Inês em 4 períodos
Período Temperatura da Superfície do Pelame
1 36,03 B
2 35,28 C
3 36,05 B
4 37,29 A
CV (%)
2,01
Médias seguidas de letras distintass na coluna indicam diferença pelo teste de Tukey(P<0,05)
O aumento na temperatura da superfície do pelame de acordo com os
períodos refletiu as variações ocorridas nos índices de conforto entre esses
períodos, observando-se que no período 4, mais estressante, os animais
apresentaram maior (P<0,05) temperatura de superfície de pelame. Andrade et
al. (2007) obtiveram a temperatura ambiental de 40,0°C, temperatura de
pelame de 39,16°C, sendo maior que os encontrados neste estudo.
A Tabela 12 apresenta os valores médios de temperatura de superfície
de pelame (TSP, °C) de ovinos da raça Santa Inês nos turnos da manhã e
tarde, independente do período.
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
37
Tabela 12. Valores médios de temperatura da superfície do pelame (TSP, °C)
de ovinos da raça Santa Inês nos turnos da manhã e tarde,
independente do período
Cor do Pelame
Turno Branco Castanho Preto
Manhã 35,11 bA 37,08 a A 37,52 a A
Tarde 34,90 c A 35,76 bB 36,76 aB
CV (%) 2,01
Letras distintas, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, indicam diferença pelo teste
de Tukey (P< 0,05)
Entre turnos do dia, observa-se que, à semelhança do que foi
constatado com a temperatura da pele, acorreu redução significativa
(P<0,05) na temperatura de superfície de pelame dos animais castanhos e
pretos. A redução da temperatura da superfície de pelame do turno da manhã
para o da tarde, também pode ser explicado pelo aumento na velocidade do ar
(Tabela 4) de um turno para o outro, provocando dissipação, via convecção, do
calor absorvido como conseqüência do aumento na carga térmica radiante
entre os dois turnos. Esse fenômeno foi também demonstrado por Walsberg
(1983). Os ovinos brancos apresentaram menor temperatura da superfície do
pelame (P<0,05) que os castanhos e pretos nos dois turnos do dia, refletindo
as diferenças entre cores negras na absorção de calor proveniente das
radiações solares, conforme ficou demonstrado por Finch et al. (1984). Neves
(2008) e Pant et al. (1985) constataram maior temperatura de superfície do
pelame em ovinos da raça Santa Inês pretos em relação aos brancos.
4.6. Taxa de Sudação
A Tabela 13 apresenta os valores médios dos elementos
meteorológicos, índices de conforto térmico e carga térmica radiante
encontrados durante as avaliações de taxa de sudação nos três períodos.
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
38
Tabela 13. Valores médios dos elementos meteorológicos e índices de conforto
térmico observados durante as avaliações de taxa de sudação nos
três períodos
Período
Variável
1 2 3
Média Média Média
Tbs 32,5 26,0 27,5
UR 48.5 68,2 63,0
V V 0,5 3,5 3,9
ITU 81,7 75,2 76,7
ITGU 94,0 87,1 86,6
CTR 712,5 866,8 829,7
ICT 47,5 39,8 40,6
Tbs = Temperatura o Bulbo Seco C), TGN = Temperatura do Globo Negro (°C), ITU = Índice
de Temperatura e Umidade, ITGU = índice de Temperatura do Globo e Umidade, ICT = Índice
de Conforto Térmico para Ovinos e CTR = Carga Térmica Radiante (W/m
2
).
Os valores médios de taxa de sudação dos ovinos de cada cor de
pelame de acordo com o período são encontrados na Tabela 14.
Tabela 14. Valores médios de taxa de sudação (g/m
2
/h) de ovinos da raça
Santa Inês brancos, castanhos e pretos de acordo com o período
Cor do Pelame
Período
Branco Castanho Preto
1 43,0 48,7 56,1
2 64,6 41,5 41,7
3 36,1 47,9 44,6
CV (%) 42,6
Letras distintas, minúsculas nas linhas e maiúsculas nas colunas, indicam diferença pelo teste
de Fisher (P> 0,05)
Não houve diferença significativa (P>0,05) na taxa de sudação entre os
animais de diferentes cores de pelame no mesmo período como também entre
animais de mesma cor de pelame entre os períodos. Estes resultados
permitem afirmar que o aumento da frequência respiratória entre períodos
(Tabela 6) foi suficiente para manter a temperatura corporal dentro dos níveis
fisiológicos normais, apesar da elevação nesse parâmetro fisiológico, não
sendo necessário recorrer ao aumento na taxa de sudação. Esses resultados
concordam com aqueles obtidos por Dias et al. (2007), os quais não
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
39
observaram diferenças significativas na sudação de ovinos da raça Santa Inês
das três diferentes cores de pelame, no Distrito Federal.
4.7. Índice de Tolerância ao Calor
A Tabela 15 mostra os valores médios desses índices para ovinos Santa
Inês de diferentes cores de pelame.
Tabela 15. Valores médios do índice de tolerância ao calor para ovinos da raça
Santa Inês de diferentes cores de pelame
Cor do Pelame
Variável
Branco Castanho Preto
ITC* 88,3 85,5 86,8
CV (%) 3,5
*ITC = índice de Tolerância ao Calor – teste de Fisher (P>0,05)
O ITC, considerando o conjunto de animais das três cores de pelame,
variou de 58 a 116. Ocorreu, portanto, uma grande variabilidade na tolerância
ao calor dentro da raça, fenômeno esse também observado por Quesada et al.
(2001), em estudo conduzido com 25 animais no Distrito Federal sob condições
de temperatura do ar e umidade relativa variando de 12,0°C a 32,2°C e 22% e
99%, respectivamente. A grande variabilidade na tolerância ao calor
encontrada no presente estudo ocorreu nos animais das três cores de pelame
e permite inferir que pode ser feita seleção dentro da raça para essa
característica.
Não houve diferença (P>0,05) no índice de tolerância ao calor entre os
animais de diferentes cores de pelame. Resultados estes que confirmam
aqueles obtidos por Neves (2008).
A Tabela 16 apresenta os coeficientes de correlação de Pearson entre o
índice de tolerância ao calor com o ganho de peso total e ganho de peso médio
diário de acordo com a cor do pelame.
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
40
Tabela 16. Coeficientes de correlação de Pearson entre o índice de tolerância
ao calor com o ganho de peso total (GPT) e ganho de peso médio
diário (GPMD) de acordo com a cor do pelame
Cor do Pelame
Variável
Branco Castanho Preto
GPT GPMD GPT GPMD GPT GPMD
ITC* -
0,1256ns
-
0,2994ns
0,0557ns -
0,2015ns
-
0,2402ns
-
0,2962ns
ns = não significativo (P>0,05)
Não foram observadas correlações significativas (P>0,05) entre o índice
de tolerância ao calor e o ganho de peso total e diário. Segundo McDowell
(1974), a adaptabilidade de um animal a um determinado ambiente deveria
guardar uma correlação elevada com o rendimento ou desempenho produtivo.
Baccari Jr et al. (1983) submeteram bezerros das raças Nelore, Gir e Guzerá
ao teste proposto por Rauschembach & Yerokhin (1975) e obtiveram ITC igual
a 77,2; 74,6 e 69,7, respectivamente. Para as três raças agrupadas, o
coeficiente de correlação entre tolerância ao calor e ganho de peso a desmama
foi r = 0,56, significativo, demonstrando que 31% da variação no ganho de peso
puderam ser explicados pela tolerância ao calor. Finch et al. (1984) verificaram
que garrotes da raça Shorthorn com pelame branco ganharam 0,13 kg a mais
por dia que os negro-avermelhados. A falta de correlação significativa entre
índice de tolerância ao calor e ganho de peso dos ovinos no presente estudo,
provavelmente se deve, entre outras razões, à pequena diferença entre os
animais das diferentes cores de pelame com relação à adaptabilidade ao calor
e como também ao fato de que os ovinos pertencem a uma mesma raça,
originada nas condições em que foi realizado o estudo e, portanto, com alta
adaptabilidade a essas condições estressantes. Dessa forma, uma única
característica como a cor seria insuficiente, por si só, para provocar grandes
diferenças entre os animais.
4.8. Estimativa de Consumo Alimentar
Os valores médios de consumo de matéria seca, de volumoso, de
concentrado e total encontram-se na Tabela 17.
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
41
Tabela 17. Estimativa de consumo diário de matéria seca, de concentrado, de
volumoso e ganho médio de peso diário em ovinos da raça Santa
Inês de diferentes pelagens *
Pelame
Consumo Branca Castanha Preta CV (%) P>F
Matéria seca
g/dia 749,6 710,3 703,5 12,10 ns
%PV 2,3 2,3 2,1 10,20 ns
g/PV
0,75
54,5 55,2 50,5 10,10 ns
Concentrado
g/dia 314,54 285,10 320,41 8,83 0,0553
%PV 0,95 0,94 0,95 1,28 ns
g/PV
0,75
22,83 22,19 22,95 2,52 0,0508
Volumoso
g/dia 435,10 425,22 383,07 18,24 ns
%PV 1,32 1,41 1,15 17,73 ns
g/PV
0,75
31,64 33,01 27,60 17,51 Ns
Total
g/dia 749,64 715,32 703,48
%PV 2,27 2,35 2,10
g/PV
0,75
54,47 55,20 50,55
Ganho médio
de peso
diário
170,10
193,69
199,50
15,91 ns
CV (%) – coeficiente de variação, % PV = percentagem de peso vivo, * - peso como co-variável
nesta análise, P>F = nível de significância pelo teste de Fisher.
Santos (2006), trabalhando com cordeiros da raça Santa Inês em
pastejo no semi-árido paraibano, com suplementação de 1% de peso vivo de
concentrado, encontraram consumo de matéria seca de 3,14 %, diferindo dos
valores encontrados neste estudo, que foram de 2,3; 2,3 e 2,1 % de peso vivo
para ovinos brancos, castanhos e pretos, respectivamente. Este mesmo autor
encontrou valores de 66,40 g/PV
0,75
, diferindo do encontrado neste estudo, que
foram de 54,5; 55,2 e 50,5 para ovinos brancos, castanhos e pretos,
respectivamente. Andrade et al. (2007) trabalhando no estado da Paraíba com
ovinos Santa Inês a pasto, suplementado com concentrado na proporção de 1
% do peso vivo, encontrou valores de ingestão de matéria seca de 655 g/dia
em sombra natural, valores estes inferiores aos encontrados neste estudo.
Ramos et al. (2008) trabalhando com consumo de ovinos em pastejo no estado
do Ceará, encontraram valores de consumo de matéria seca que variaram de
2,55 a 2,94 (% PV) e 0,601 a 0,775 g/dia, sendo estes, maiores que os obtidos
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
42
neste experimento. Arruda et al. (1998) obtiveram para ovinos Santa Inês
alimentados com dieta abaixo da mantença consumo de matéria seca de 326
g/dia. Esses resultados são menores que os encontrados neste estudo que
foram de 721,1 g/dia.
Minson (1990) revisou valores de consumo voluntário por ovinos
alimentados com gramíneas tropicais e encontrou média de 46 g/PV
0,75
, valor
esse inferior aos encontrados no presente estudo.
Estes resultados são superiores ao encontrado por Barros et al. (1994)
que alcançaram ganhos de peso diário de 119 g/dia para cordeiros Santa Inês
recebendo capim-elefante à vontade mais suplementação concentrada na
razão de 2,5 %PV. Também superam os obtidos por Arruda et al. (1998) que
encontraram ganhos de 130 e 145 g/dia para animais mantidos ao sol e a
sombra respectivamente, e recebendo alto nível de concentrado. Furusho et al
(1995) verificaram ganho médio de peso diário para ovinos Santa Inês de 150g
no município de Lavras-MG. McManus (1995) encontrou ganhos diários de
0,048 e 0,038 Kg respectivamente, para animais entre três e seis meses de
idade, criados em regime de pasto, em Brasília. Segundo Neiva et al. (2004)
ovinos Santa Inês mantidos à sombra apresentaram ganho de peso
aproximadamente 30% maior (174 g/dia) que aqueles mantidos sobre radiação
solar direta (122 g/dia).
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
43
5. CONCLUSÃO
Ovinos brancos apresentaram pequena superioridade na tolerância ao
calor que os castanhos e pretos, mas isso não se refletiu no desempenho
produtivo dos animais.
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
44
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
52
ANEXO
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
53
Figura 2 – Anemômetro Digital
Figura 3 – Estação Meteorológica instalada
ao lado do piquete.
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
54
Figura 4 - Termômetro de globo negro marcando 54°C às 13 h no dia
24/01/2008.
Figura 5 - Piquete experimental para avaliação do índice de
tolerância ao calor dos animais.
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
55
Figura 6 – Discos de CoCl
2
6H
2
O fixados na pele do animal durante medida da
taxa de sudação.
Figura 7 – Medição da temperatura retal.
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
56
Figura 8 – Animais sendo suplementados com concentrado.
Figura 9 – Animais à sombra.
SILVA FILHO, F.P. Aspectos da adaptabilidade ao calor de ovinos da raça Santa Inês no agreste de Pernambuco
57
Figura 10 – Animais pastejando ao sol.
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