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NALÍGIA GOMES DE MIRANDA E SILVA
AVALIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E COMPARAÇÃO
DE MÉTODOS DE ESTIMATIVAS DE ÍNDICE DE ÁREA DE CLADÓDIO NA
PALMA FORRAGEIRA
RECIFE-PE
FEVEREIRO – 2009
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NALÍGIA GOMES DE MIRANDA E SILVA
AVALIAÇÃO DE CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E COMPARAÇÃO
DE MÉTODOS DE ESTIMATIVAS DE ÍNDICE DE ÁREA DE CLADÓDIO NA
PALMA FORRAGEIRA
RECIFE-PE
FEVEREIRO – 2009
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia, da Universidade Federal Rural de Pernambuco,
como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre
em Zootecnia (Área de concentração: Forragicultura).
Orientador: Dr. Mário de Andrade Lira
Co-orientadores: Prof
a
Mércia Virginia Ferreira dos Santos
Prof
o
José Carlos Batista Dubeux Júnior
FICHA CATALOGRÁFICA
CDD 633. 39
1. Palma forrageira
2. Análise de trilha
2. Produtividade
3. Artículos
4. Características morfológicas
5. Equação de regressão
6. Avaliação
I. Lira, Mário de Andrade
II. Título
S586a Silva, Nalígia Gomes de Miranda e
Avaliação de características morfológicas e comparação de
métodos de estimativas de índice de área de cladódio na palma
forrageira / Nalígia Gomes de Miranda e Silva. -- 2009.
67 f. : il.
Orientador : Mário de Andrade Lira
Dissertação (Mestrado em Zootecnia – área de Forragicul –
tura) - Universidade Federal Rural de Pernambuco. Depar --
tamento de Zootecnia.
Inclui bibliografia.
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Avaliação de Características Morfológicas e Comparação de Métodos de
Estimativas de Índice de Área de Cladódio na Palma Forrageira
NALÍGIA GOMES DE MIRANDA E SILVA
Dissertação definida e aprovada em 09/02/2009 pela Banca Examinadora:
Orientador:
__________________________________________________
Mário de Andrade Lira, Ph. D.
Pesquisador do IPA
Examinadores:
__________________________________________________
Alexandre Carneiro Leão de Mello, D. Sc.
Prof
o
Adjunto da UFRPE
__________________________________________________
José Carlos Batista Dubeux Júnior, Ph. D.
Prof
o
Adjunto da UFRPE
__________________________________________________
James P. Muir, Ph. D.
Prof
o
do Texas A & M University e Texas Agrilife Research
UFRPE – Recife
iii
A Deus.
A minha Mãe Cecília pelo carinho e amor incondicional que me impulsiona a lutar por
meus objetivos.
OFEREÇO
À minha irmã Nerielle pelo apoio e incentivo, obrigada por tudo que tens feito por mim.
A meu pai Bonifácio, a quem tudo devo, pelo sacrifício e estímulo na minha formação
escolar.
À Minha tia Nerine, pela atenção e por estar sempre ao meu lado em todos os momentos
difíceis da minha vida.
DEDICO
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que contribuíram de maneira direta ou indireta para a
execução deste trabalho, bem como, de maneira especial as seguintes pessoas e
instituições.
A Universidade Federal Rural de Pernambuco UFRPE, por meio do Programa
de Pós-Graduação em Zootecnia, pelo curso recebido.
Ao Instituto Agronômico de Pernambuco IPA, pela disponibilização dos
recursos para a concretização deste trabalho.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES pela
concessão da bolsa de estudo.
A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, Professores
Marcílio e Marcelo e aos funcionários do programa, em especial Nicácio e Cristina, pela
atenção recebida durante essa jornada.
Aos funcionários da Pós-Graduação, na pessoa de Nicácio e Cristina, obrigada
pela atenção dada durante a minha jornada.
Aos funcionários do Laboratório de Nutrição Animal, Sr. Antônio, Dona Helena
e Raquel, pelos ensinamentos nos momentos de realização das análises.
Ao professor Mário de Andrade Lira, pela orientação e apoio durante a
realização deste trabalho.
Aos professores Mércia Santos e José Carlos Dubeux, pelo acompanhamento e
orientação deste trabalho.
Aos professores Levy Paes Barreto e Egidio Bezerra Neto pelos ensinamentos
recebidos.
Ao professor Alexandre Mello pelos ensinamentos e sugestões que colaboraram
para o enriquecimento do trabalho.
v
A Zootecnista Maria da Conceição Silva do Instituto Agronômico de
Pernambuco, pela valorosa colaboração na execução da parte de campo.
A todos da estação experimental de Caruaru, em especial a Ivan Ferraz pela
atenção.
A Djalma Santos por ter permitindo a utilização do seu banco de Germoplasma
para a realização deste trabalho.
Aos colegas de curso Tatiana, Iran, Andrezza, Keila, Renaldo, Clenilson (Sairé),
Bruno, Rerisson, Adeneide, Felipe, Amanda, Laura, Fabiana, Eulália, Florisval, Aline,
Júnior, Marcos,
Márcio, Marcelo, Francisco, Jânio, Vicente, Wellington, Waleska, pelo
apoio e pelos momentos que dividimos juntos que deixaram grandes lembranças.
Aos amigos da graduação em especial Marcílio, Eric, Renata, Janete, Váldson e
Priscila por acreditar em mim, além do apoio concedido.
A todos os professores do Departamento de Zootecnia e do Programa de Pós-
graduação, pelos ensinamentos e atenção.
SUMÁRIO
Pág.
LISTA DE TABELAS
........................................................................................
8
LISTA DE FIGURAS
........................................................................................
11
......................................................................................................
13
2.0 ABSTRACT
..................................................................................................
15
2.1 INTRODUÇÃO
............................................................................................
17
BIBLIOGRAFIA
................................................................................................
22
CAPÍTULO 1 – Avaliação de características morfológicas de clones de palma
forrageira.............................................................................................................. 26
Resumo.................................................................................................................. 27
Abstract................................................................................................................. 28
1.0 Introdução........................................................................................................ 29
2.0 Material e Métodos.......................................................................................... 30
3.0 Resultados e Discussão................................................................................... 37
4.0 Conclusões.......................................................................................................
50
Referências Bibliográficas.................................................................................... 51
CAPÍTULO 2 Comparação de dois métodos indiretos para a estimativa do índice
de área de cladódio da palma forrageira....................................................... 53
Resumo............................................................................................................... 54
Abstract.............................................................................................................. 55
1.0 Introdução.................................................................................................... 56
2.0 Material e Métodos....................................................................................... 57
3.0 Resultados e Discussão................................................................................ 60
4.0 Conclusões....................................................................................................
65
Referências Bibliográficas................................................................................. 66
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 1
Tabelas Página
1 Resultados da análise de amostras de solo provenientes da área
experimental antes do plantio.............................................................
32
2 Resultados da análise de amostras do solo proveniente da área
experimental após a coleta de dados...................................................
32
3 Clones avaliados no experimento no período de julho de 2007 a
julho de 2008.......................................................................................
33
4 Notas atribuídas a clones de palma forrageira para hábito de
crescimento da planta, presença de pêlos no cladódio e presença de
espinhos na planta...............................................................................
34
5 Estatística descritiva para produtividade e características
morfológicas de clones de palma forrageira, médias de três
avaliações............................................................................................
40
6 Coeficiente de correlação fenotípica de Pearson entre as
características morfológicas de clones de palma forrageira, médias
de três avaliações................................................................................
44
7 Desdobramento das correlações fenotípicas de características da
palma forrageira em efeitos diretos e indiretos sobre a produção de
matéria seca (t/ha/2anos) pela análise de trilha, médias de três
avaliações............................................................................................
47
8 Desdobramento das correlações fenotípicas de características
associados da palma forrageira em efeitos diretos e indiretos sobre a
produção de matéria seca (t/ha/2anos) pela análise de trilha, médias
de três avaliações................................................................................
49
CAPÍTULO 2
Tabela Página
1 Clones de palma forrageira avaliados por duas metodologias
indiretas de índice de área de cladódio...............................................
58
2 Teste t e equação de regressão com as metodologias indiretas de
IAC correlacionadas e os seus respectivos coeficientes de
determinação para as diferentes idades
64
LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO 1
Figura Página
1 Precipitação mensal durante o período experimental, Caruaru-PE.....
31
CAPÍTULO 2
Figuras Página
1 Índice de área de cladódio obtido aos 7 meses de idade pelas
diferentes metodologias......................................................................
61
2 Índice de área de cladódio obtido aos 12 meses de idade pelas
diferentes metodologias......................................................................
62
13
RESUMO
O experimento foi realizado na Estação Experimental de Caruaru, pertencente ao
Instituto Agronômico de Pernambuco, objetivando avaliar a relação entre as
características morfológicas e produtivas de clones de palma forrageira, para
identificação de características que contribuam diretamente com a produção, bem como
verificar o método indireto mais indicado para estimativa do índice de área de cladódio
(IAC). O experimento foi realizado utilizando clones provenientes do banco de
Germoplasma constituído por 441 clones, dos quais, por meio de sorteio, avaliaram-se
características morfológicas de 50 clones de palma forrageira. Foram avaliadas as
seguintes variáveis relativas à planta: largura, altura, IAC (equação de regressão e
contornos realizados em papéis), hábito de crescimento, presença de pêlos e de
espinhos. Nos cladódios observaram-se as medidas de comprimento, largura, perímetro,
espessura, ângulo, número e tamanho de espinhos. Utilizou-se a estatística descritiva
dos dados obtidos, bem como a análise de trilha, sendo considerada variável dependente
principal a produção de matéria seca (t/ha/2anos). Como variáveis independentes
explicativas, utilizaram-se as seguintes variáveis: altura média da planta (AP), largura
da planta (LP), largura do artículo primário (LA1), largura do artículo secundário
(LA2), comprimento do artículo primário (CA1), comprimento do artículo secundário
(CA2) e espessura do artículo terciário (EA3). As variáveis apresentaram correlações
14
positivas e de baixa a alta magnitude, entre si, entretanto, significativa apenas para
altura da planta, largura da planta, largura do artículo primário e comprimento do
artículo primário. A altura da planta apresentou maior correlação com a produção de
matéria seca r = 0,61. No entanto, sua contribuição para a produção de matéria seca via
efeito direto demonstrou ser de baixa magnitude, indicando existir outras características
influenciando a correlação, sendo necessário à associação da altura da planta com outras
características, visando explicar a produção de matéria seca. A associação das
características altura com largura da planta promoveu alta correlação fenotípica (0,71) e
maior efeito direto (0,69) na produção de matéria seca, exibindo forte influência na
expressão desta característica. A metodologia mais eficiente para a obtenção do IAC foi
pelo contorno dos cladódios em folhas de papel, porém, requer tempo para execução do
trabalho. Pesquisadores que desejam agilizar o trabalho podem utilizar a metodologia de
equação de regressão por mensurar o IAC de forma satisfatória.
15
ABSTRACT
The experiment was accomplished at the Experimental station of Caruaru
belonging at Instituto Agronômico de Pernambuco, aiming to evaluate the relationship
among the morphologic and productive characteristics of cactus forage clones, for
identification of characteristics related directly to production, as well as to verify the
best indirect method for estimating the cladode area index (IAC). The experiment was
accomplished using clones from a germplasm bank with a total of 441 cactus clones. A
random selection of 50 clones was performed for evaluation in this study. The following
plant characteristics were evaluated: plant width, plant height, cladode area index (IAC)
by two methods (regression equation and contours accomplished in papers), growth
habit, presence of hair and thorns. The following measures were performed on the
cladodes: cladode length, cladode width, cladode perimeter, cladode thickness, angle,
number and size of thorns. It was performed a descriptive statistics analysis of the data
as well as path analysis, being considered main dependent variable the dry matter
production (t/ha/2years). As explanatory independent variables, the following variables
were used: average plants height (AP), plant width (LP), width of the primary article
(LA1), width of the secondary article (LA2), length of the primary article (CA1), length
of the secondary article (CA2) and thickness of the tertiary article (EA3). The variables
presented positive correlations, ranging from low to high magnitude; however,
significant results were obtained just for plant height, plant width, width of the primary
16
article and length of the primary article. The plant height presented larger correlation
with the dry matter production (r = 0,61), however, its contribution for the dry matter
production through direct effect showed low magnitude. This fact indicates that other
characteristics are influencing the correlation, being necessary to the association of plant
height with other characteristics seeking to the production of dry matter. The association
of the characteristic plant height with plant width promoted high correlation phenotypic
(0,71) and larger direct effect (0,69) in the production of dry matter exhibiting strong
influence in the expression of this characteristic. The most efficient methodology for the
obtaining the IAC was for the contour of the cladodes in paper leaves, even so, it
requests time for execution of the work. Researchers that want to activate the work can
use the methodology of regression equation to measure IAC in a satisfactory way.
17
INTRODUÇÃO
A palma forrageira (Opuntia fícus-indica Mill e Nopalea cochenillifera Salm-
Dyck) é uma cultura originária do México, sendo hoje encontrada em todo o mundo
(Silva et al., 2008). Segundo Simões et al. (2005), existem muitas controvérsias sobre a
chegada da palma no Brasil. relatos que a mesma foi cultivada primeiramente na
cidade do Rio de Janeiro, pelo frei José Mariano da Conceição Veloso, que reunia
informações sobre técnicas de cultivo e manejo sobre a planta para a produção do
carmim, pelo inseto Dactylopius coccus.
Posteriormente, a palma foi introduzida no Nordeste brasileiro, no início do
século XX, sendo disseminada por ordem do governo, após a seca de 1932 (Lima et al.,
2001). No entanto, percebeu-se que as pequenas plantações estabelecidas eram
insistentemente procuradas por bovinos, caprinos e ovinos que as comiam. Assim, a
planta passou a ser utilizada por criadores de animais (SEBRAE-PE, 2003).
Atualmente, acredita-se que existam 500.000 hectares cultivados de palma forrageira no
Nordeste, dos quais, encontram-se 100.000 em Pernambuco (Santos et al., 2001).
Em se tratando de criação animal, em Pernambuco a pecuária concentra-se nas
Zonas do Agreste e Sertão, onde, o fenômeno natural da seca, é caracterizado pela
ausência, pouca freqüência, limitada quantidade e distribuição irregular da precipitação
pluviométrica durante o período chuvoso (Ramos et al., 2008).
Nessa região os animais estão sujeitos a déficit alimentar, pois a pastagem nativa
apresenta baixa produtividade, reduzida capacidade de suporte e baixo valor nutritivo
em virtude da lignificação da parede celular e do decréscimo de proteína bruta das
plantas, restringindo a produção de carne e leite (Bispo et al., 2007; Madruga et al.,
2005).
O uso da palma forrageira na alimentação dos ruminantes é uma importante
alternativa não somente pelo fornecimento de nutrientes, mas também por aliviar o
problema do suprimento de água aos mesmos. Conforme Santos et al. (2005), a palma
contém, em média, 90% de água, exibindo variação no teor de umidade, conforme a
época do ano, entre 76%, em plena estiagem, e 95%, no período de chuva.
Esta planta possui uma eficiência de uso de água de aproximadamente 50:1, ou
seja, consome 50 kg de água para cada quilograma de matéria seca formada, enquanto
18
que as plantas C
3
e C
4
apresentam eficiência por volta de 1000:1 e 500:1,
respectivamente (Alves et al., 2007). Sua fisiologia é caracterizada pelo processo
fotossintético MAC (Metabolismo Ácido da Crassulácea), que assimila CO
2
durante a
noite, devido às restrições na disponibilidade de água e pressão ambiental, que resulta
em baixa transpiração, fechando os estômatos durante o dia, a fim de manter a
hidratação dos tecidos (Chiacchio et al., 2006).
Além disso, outras vantagens no cultivo da palma forrageira, podendo-se
destacar o período de armazenamento após colheita de até 16 dias sem perdas
significativas de matéria seca e carboidratos solúveis. Outra característica que chama
atenção é que esta pode ser armazenada no próprio campo, sendo colhida apenas no
momento necessário sem perdas significativas da qualidade da forragem (Santos et al.,
1998).
Entretanto, a palma apresenta limitações em relação ao teor de proteína e fibra,
porém, elevado teor de minerais. Sua composição química varia conforme a espécie,
cultivar, idade da planta e do cladódio, adubação, espaçamento e época do ano (Teles et
al., 2004). Bispo et al. (2008) relatam que a palma forrageira, apresenta alta taxa de
digestão ruminal, sendo a matéria seca degradada de forma extensa e rápida,
favorecendo maior taxa de passagem no rúmen.
Segundo Santos et al. (2005), esta forrageira apresenta também baixo nível de
matéria seca e quantidade reduzida de fibra, com aproximadamente 26% de FDN e 20%
de FDA. Essas características implicam em baixa ingestão de matéria seca, queda no
teor de gordura do leite, diarréia e perdas de peso dos animais, quando a planta é
oferecida como alimento exclusivo.
Outra característica que pode variar conforme o cultivo e o ambiente é a
produtividade, que está associada à captação atmosférica diária do CO
2
e é resultante
dos efeitos integrados do ambiente sobre o crescimento (temperatura, luminosidade,
umidade do solo, etc.). Com o aumento da área de superfície dos cladódios por unidade
de solo, conhecido como índice de área de cladódios (IAC), aumenta a produção de
matéria seca (Nobel, 2001). Santos et al. (2008) ressaltam que o aperfeiçoamento do
manejo e o melhoramento genético, são os principais fatores responsáveis pelos ganhos
produtivos obtido ao longo dos anos no Nordeste do Brasil.
No entanto, a produtividade pode ser influenciada pela densidade de plantio, ou
seja, à medida que se aumenta a quantidade de plantas por área, aumenta a
produtividade. A densidade comumente sugerida é de 40.000 plantas/ha, que pode
19
aumentar a produtividade para cerca de 20 t MS/ha/ano, quando manejada e adubada
adequadamente. Porém, o espaçamento vai depender das necessidades e preferências
específicas de cada agricultor (Menezes et al., 2005), pois o mesmo está diretamente
associado a interceptação da luz e, conseqüentemente, a eficiência fotossintética (Farias
et al., 2000).
Quanto ao aspecto sanitário, existe registro de ocorrência de praga da cochonilha
de escama e de carmim. A cochonilha trata-se de um inseto pertencente à ordem
hemíptera, subordem Homóptera, que forma a grande superfamília Coccoidea, que
infesta a palma causando danos diretos e indiretos (Vasconcelos et al., 2007). Tanto as
formas jovens como a adulta, sugam a seiva para se alimentar, causando inicialmente
um dano direto pela ação espoliadora, quando as raquetes começam a mostrar clorose.
Logo após vem o dano indireto, que por se tratar de um inseto picador-sugador, abre
orifícios por onde penetram os microorganismos que causam o apodrecimento e queda
dos cladódios (Waeumby et al., 2005).
Para o combate da praga utilizam-se inimigos naturais conhecidos vulgarmente
por joaninhas (Calloenseis), pois as mesmas combatem a cochonilha em todas as suas
fases evolutivas. Outra medida preventiva é não cultivar artículos infestados de
cochonilha e evitar aqueles que estão em fase de apodrecimento (Andrade, 1990). Além
da joaninha, pode-se utilizar outro inimigo natural que são as vespinhas (Plagiomerus
cyaneus) (Santos et al., 2006).
O controle químico se torna inviável, devido às condições socioeconômicas dos
pequenos produtores rurais, que utilizam a palma como reserva estratégica alimentar
para períodos de seca do ano. Além disso, a utilização de inseticidas torna-se um
problema por afetar o equilíbrio natural das populações de insetos (Brito et al., 2008).
Embora a palma forrageira seja muito avaliada em termos de características
morfológicas, raros são os estudos que as correlacionam com a produção. Vencovsky
(1977) relata que algumas características fenotípicas, de uma dada espécie ou cultivar,
pode estar intimamente relacionada com a produtividade agrícola. A identificação de
tais características é importante para o melhoramento genético, por constituírem
critérios para a seleção de plantas mais produtivas.
Desse modo, faz-se necessário a quantificação e o conhecimento da natureza
das correlações entre a produtividade e características morfológicas que podem ser úteis
no processo de seleção (Dhaliwal, 1968). A correlação mede a associação de duas
20
variáveis (Li, 1975), mas não determina a relação causa-efeito entre elas, a qual pode
ser medida pela análise de trilha (Caierão et al., 2001).
A seleção objetivando maior disponibilidade de forragem assegura possibilidade
real para o melhoramento de forrageiras tropicais. A importância da correlação entre
características no melhoramento genético consiste em se poder avaliar o quanto da
alteração de uma característica pode afetar os demais no decorrer da seleção (Silva et
al., 2008).
A interpretação direta de suas magnitudes através da correlação isoladamente,
sem os desdobramentos dos efeitos, pode resultar em equívocos na estratégia de seleção,
pois correlação alta entre dois características podem ser resultados do efeito, sobre este,
de um terceiro caráter ou de um grupo de caracteres. Assim, faz-se necessário o
emprego de metodologias específicas como a análise de trilha (Daher et al., 2006).
A análise de trilha consiste no estudo dos efeitos diretos e indiretos de
características sobre uma variável principal ou básica, cujas estimativas são obtidas por
meio de equações de regressão, em que as variáveis são previamente padronizadas
(Cruz e Regazzi, 1997).
Para fins de melhoramento, é importante identificar, dentre as características de
alta correlação com a variável principal, aquelas de maior efeito direto, de tal forma que
a resposta correlacionada por meio da seleção indireta seja eficiente. Assim, a análise de
trilha ou “Path analysis” é um artifício que o melhorista dispõe para entender as causas
envolvidas nas associações entre caracteres e decompor a correlação existente em
efeitos diretos e indiretos (Kurek et al., 2001).
Considerando-se a importância do estudo das correlações entre as características
da planta, o presente trabalho objetivou determinar as características morfológicas que
influenciam direta e indiretamente a produtividade da palma forrageira, bem como
identificar método indireto mais indicado para a estimativa do índice de área de
cladódio.
21
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25
CAPÍTULO 1
Avaliação de características morfológicas de clones de palma forrageira
1
Capítulo elaborado baseado nas normas da Revista Brasileira de Zootecnia
26
Avaliação de características morfológicas de clones de palma forrageira
Resumo Objetivou-se avaliar a relação entre as características morfológicas e
produtivas de clones de palma forrageira, para identificação daquela que contribuem
diretamente com a produção. Foram avaliados cinqüenta clones de palma forrageira,
pertencentes ao banco de Germoplasma do Instituto Agronômico de Pernambuco – IPA,
na Estação Experimental de Caruaru. No palmal, com cinco anos de implantado,
colhido dois anos antes. Foram realizadas avaliações das características da planta e do
cladódio. Realizou-se a estatística descritiva, correlação de Pearson, bem como a análise
de trilha das variáveis independentes explicativas, sobre a produção de matéria seca em
t/ha/2anos (variável dependente principal). Observou-se através da estatística descritiva
que a produção variou entre clones; sendo os clones mais produtivos: 8, 782 e 418 com
produções de matéria seca de 40,8; 18,1 e 12,1 t MS/ha/2anos, respectivamente. Houve
baixa correlação entre quase todas as variáveis explicativas com a produção,
considerada como variável principal, sendo necessária a associação de características. A
característica altura da planta associada à largura da planta explicou melhor o potencial
de produção de matéria seca em t/ha/2anos por apresentar uma alta correlação com a
mesma (r = 0,71) e maior efeito direto (0,69). A seleção indireta e não destrutiva para a
produção deve ser baseada em plantas com maior altura e largura.
Palavras-chave: análise de trilha, características morfológicas, palma, produtividade
27
Evaluation of morphologic characteristics of cactus forage clones
Abstract This research evaluated the relationship among the morphologic and
productive characteristics of clones of cactus forage, for identification of characteristics
that contribute directly with the production. It was evaluated fifty clones of cactus
forage from the Germoplasma bank of the Instituto Agronômico de Pernambuco –
(IPA) located in Caruaru. The cacti were planted five years and harvested two years
before. It was evaluated characteristics of the plant and of the cladode. It was performed
a descriptive statistics analysis, Pearson correlation, as well as a path analysis of the
explanatory independent variables, with the dry matter production in t/ha/2years (main
dependent variable). It was observed that the production varied among clones. The
clones more productive were 8, 782 e 418 with dry matter production of 40.8; 18.1 e
12.1 tDM/ha/ 2years, respectively. There was low correlation between almost all the
explanatory variables and the main variable. However, the characteristic plant height
associated with plant width was capable explain better the potential of dry matter
production because it presented a high correlation with dry matter production (r = 0.71)
and the highest direct effect (0.69). Indirect and non destructive selection for yield can
be achieved by the selection of plants higher and larger width.
Keys-words: Path analyses, morphologic characteristics, cactus, productivity
28
Introdução
A palma forrageira (Opuntia cus indica Mill e Nopalea cochenillifera Salm-
Dyck) tem sido largamente utilizada no Nordeste e vem sendo cultivada, várias
décadas, por possibilitar a alimentação animal em períodos críticos e ter características
morfofisiológicas (metabolismo fotossintético MAC, estômatos distribuídos
uniformemente, entre outros), que a torna tolerante a longas estiagens (Bispo et al.,
2007).
Apesar da palma forrageira ser muito estudada, poucos relatos dos efeitos
diretos e indiretos das características morfológicas sobre a produção. Assim, faz-se
necessário o conhecimento dos efeitos diretos, indiretos e das correlações entre a
produtividade e características morfológicas, para identificação de características que
influenciam de forma positiva e negativa sobre a produção.
A correlação entre características tem basicamente duas origens: genética e de
ambiente. Segundo Falconer (1987), a correlação genética é ocasionada principalmente
pelo pleiotropismo (propriedade pela qual um gene condiciona mais de uma
característica simultaneamente) e pela ligação gênica (associação não aleatória entre
alelos de diferentes locos). Conforme este mesmo autor, a correlação fenotípica é
definida como a associação entre duas variáveis que podem ser observadas diretamente.
Os valores de coeficiente de correlação permitem ao pesquisador prever, de
modo seguro, as alterações em uma determinada característica provocada pela pressão
de seleção exercida sobre outra característica (Coimbra, 1999).
Apesar da correlação ser um parâmetro intrínseco a dois caracteres, sua
decomposição é dependente do conjunto de caracteres estudados, que são avaliados
através do conhecimento de sua importância e de possíveis inter-relações expressas em
diagrama de trilha (Cruz et al, 2004).
29
A análise de trilha, que envolve princípios de regressão onde as variáveis são
padronizadas é, em essência, um estudo da decomposição do coeficiente de correlação,
permitindo avaliar se a relação entre duas variáveis é de causa e efeito ou determinada
pela influência de outras variáveis (Cruz & Carneiro, 2003).
Considerando-se a importância do estudo das correlações entre as características
da planta, o presente trabalho objetivou determinar as características morfológicas que
influenciam direta e indiretamente na produtividade da palma forrageira.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido na Estação Experimental de Caruaru, pertencente
ao Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), localizada na cidade de Caruaru,
microrregião fisiográfica do Agreste do Estado de Pernambuco (08º14’18’’ de latitude
Sul e 35º55’20’’ de longitude Oeste e 537 m de altitude). No período de julho de 2007 a
julho de 2008. A precipitação pluvial no período experimental (Figura 1) foi em torno
de 724 mm, com 70% deste total ocorrendo nos meses de março a julho. O clima é
classificado como tropical do tipo semi-árido, com temperatura média anual de 22,5
o
C,
podendo oscilar entre 25
o
C a 31
o
C, na estação seca e entre 16
o
C a 20
o
C na chuvosa
(Anuário Estatístico de Pernambuco, 1991).
30
Figura 1 – Precipitação mensal durante o período experimental, Caruaru-PE
Foram avaliados clones de palma forrageira em um banco de germoplasma
formado por 441 clones, sendo os materiais oriundos do IPA. O estabelecimento dos
clones ocorreu no mês de maio de 2002 em área de 1200 m
2
, utilizando-se artículos
maduros, na posição inclinada, com espaçamento de 1,0 m x 0,50 m, sendo cada clone
distribuído em linhas, com quatro plantas por entrada. Realizou-se a adubação orgânica
com esterco bovino equivalente a 30.000 kg/ha, no momento do plantio e após cada
corte. O primeiro corte do palmal se deve no ano de 2005 para a alimentação dos
animais, o segundo corte foi realizado no mês de julho de 2007 após a coleta de dados
da primeira avaliação.
Coletaram-se amostras de solo na profundidade de 0 a 20 cm antes do plantio,
bem como ao término da coleta de dados, na profundidade de 0 a 20 cm e 20 a 40 cm
para determinação da análise química, no Laboratório de Fertilidade do solo do IPA
(Tabela 2). Na Tabela 1 observa-se o resultado da análise do solo coletado antes do
plantio.
31
Tabela 1 Resultados da análise de amostras de solo proveniente da área experimental
antes do plantio, maio de 2002
Resultados de Análise
Identificação
P pH K
+
Al
+3
Ca
+2
Mg
+2
mg/dm
3
H
2
0 ..........................cmol/dm
3
.........................
0 - 20 cm >36 6,18 0,38 0,05
4,20 0,55
Tabela 2 Resultados da análise de amostras do solo proveniente da área experimental
após a coleta de dados, outubro de 2008
Resultados de Análise
Identificação
P pH K
+
Al
+3
Ca
+2
Mg
+2
mg/dm
3
H
2
O .............................cmol/dm
3
................................
0 - 20 cm >40 5,20 0,19 0,10 3,10 0,65
20 - 40 cm 24 5,20 0,19 0,10 2,30 0,70
Avaliaram-se, ao acaso, cinqüenta clones de palma, onde 49 plantas são da
espécie Opuntia e uma planta da espécie Nopalea, oriunda do Programa de
Melhoramento Genético do IPA (Tabela 3), sendo realizadas três avaliações (julho de
2007, fevereiro de 2008 e julho de 2008). Na primeira avaliação, mensuraram-se as
características morfológicas das plantas e dos cladódios. Nas plantas avaliou-se altura,
largura, número de artículos, hábito de crescimento e presença de espinhos. As
características analisadas nos cladódios, conforme a ordem e posição foram: largura,
comprimento, perímetro, espessura, ângulo e presença de pêlos. Para a segunda e
terceira avaliações estudaram-se todas as características descritas anteriormente, bem
como o número e tamanho de espinhos. Após a avaliação das características citadas
acima, foi realizada a colheita das plantas e, em seguida, coletou-se amostras de
cladódios de diferentes ordens por clone, para a determinação da matéria seca.
32
Tabela 3 - Clones avaliados no experimento no período de julho de 2007 a julho de
2008
Clones avaliados
Clone 2 Clone 285 Clone 495 Clone 773 Clone 1042
Clone 8 Clone 313 Clone 499 Clone 782 Clone 1043
Clone 32 Clone 315 Clone 501 Clone 796 Clone 1080
Clone 63 Clone 334 Clone 519 Clone 801 Clone 1098
Clone 205 Clone 394 Clone 520 Clone 823 Clone 1107
Clone 220 Clone 397 Clone 651 Clone 841 Clone 1153
Clone 224 Clone 404 Clone 652 Clone 852 Clone 1234
Clone 256 Clone 406 Clone 666 Clone 916 Clone 1235
Clone 264 Clone 418 Clone 686 Clone 993 IPA-20
Clone 274 Clone 485 Clone 725 Clone 1031 Miúda
Para medição de altura da planta, considerou-se o comprimento desde a
extremidade do artículo mais alto até o solo. A largura da planta foi medida
considerando a região de maior largura da mesma, ambos com auxílio de uma fita
métrica. Foi realizada a contagem de número de artículos por ordem e atribuídas notas,
por três avaliadores, para as características hábito de crescimento e presença de
espinhos conforme a Tabela 4.
Após o término das avaliações realizadas na planta, realizaram-se as medições
dos artículos, independentes da ordem. Para as medições de largura e comprimento dos
artículos foi utilizada a fita métrica, considerando-se a região de maior largura e
comprimento do artículo. Posteriormente, foram observadas as medidas de perímetro,
obtidas pelo contorno do artículo com fita métrica, bem como a espessura dos artículos,
utilizando-se paquímetro medindo, a região mais espessa do mesmo.
As medidas de ângulo de inserção, formado entre o artículo emergente e seu
artículo base, foram obtidas com o uso de um transferidor. Em seguida atribuíram-se
33
notas para a característica presença de pêlos em cladódios, por três avaliadores (Tabela
4).
Tabela 4 Notas atribuídas a clones de palma forrageira para hábito de crescimento da
planta, presença de pêlos no cladódio e presença de espinhos na planta.
Hábito de crescimento da planta Notas
Ereto 1
Semi-aberto 2
Aberto 3
Presença de pêlos em cladódios
Ausência de pêlo 1
Pouco pêlo 2
Quantidade intermediária de pêlo 3
Muito pêlo 4
Presença de espinhos na planta
Ausência de espinhos 1
Poucos espinhos 2
Quantidade intermediária de espinho 3
Muito espinho 4
Para a característica número de espinhos, utilizou-se um quadrado de papelão,
com área total de 49 cm
2
(7,0 x 7,0 cm
2
), que possui na sua região interna um corte na
forma de um quadrado, com dimensão de 5,0 x 5,0 cm
2
. Posteriormente, aproximou-se
o quadrado de papelão na porção central de um artículo adulto (completamente
desenvolvido) e em um artículo jovem (artículo em desenvolvimento), realizando desta
forma a contagem dos espinhos presentes na área do quadrado de 5,0 x 5,0 cm
2
. Após
esta avaliação, cinco espinhos foram coletados da planta e, com o auxílio de uma gua,
obtiveram-se as medidas de comprimento em milímetros.
34
Após a coleta de dados da primeira avaliação, os clones foram colhidos aos dois
anos de idade deixando apenas os artículos primários na planta. Após o corte,
determinaram-se os pesos das plantas e coletaram-se artículos de diferentes ordens e
clones para amostragem com o objetivo de determinar o teor de matéria seca. As
amostras foram encaminhadas para o laboratório do Instituto Agronômico de
Pernambuco, onde os artículos foram pesados em balança de precisão, em seguida
cortados em fatias finas e pré-secos em estufa de ventilação forçada de ar, a 65º C. A
determinação de matéria seca foi realizada de acordo com a metodologia proposta por
Silva & Queiroz (2002).
Foram realizadas estimativas de produção de matéria seca para segunda e
terceira avaliações, visto que, houve apenas um corte durante o período experimental,
conforme indicado abaixo. Com base na produção de matéria seca (t/ha/2anos) e nas
médias de todas as características morfológicas obtidas na primeira avaliação, utilizou-
se o programa computacional GENES (o aplicativo de regressão múltipla), que forneceu
constante, R = 0,99 e coeficientes de regressão, permitindo utilização da equação de
regressão múltipla no Excel, descrita abaixo:
Y = A + B1*PMS + B2*AP + B3*LP + B4*NA1 + B5*NA2 + B6*NA3 + B7*NA4 +
B8*LA1 + B9*LA2 +B10*LA3 +B11*LA4 + B12*PA1 + B13*PA2 + B14*PA3 +
B15*PA4 + B16*CA1 + B17*CA2 + B18*CA3 + B19*CA4 + B20* HC + B21*PPE +
B22*PE + B23*NEAJ + B24*NEAA + B25*CE
As seguintes características morfológicas utilizadas na fórmula para estimação da
produção de matéria seca da segunda avaliação: produção de matéria seca da primeira
avaliação (PMS t/ha/2anos); altura da planta (AP); largura da planta (LP); número de
35
artículos de primeira, segunda, terceira e quarta ordem (NA1, NA2, NA3 e NA4);
largura de artículos primeira, segunda, terceira e quarta ordem (LA1, LA2, LA3 e LA4);
perímetro de artículos de primeira, segunda, terceira e quarta ordem (PA1, PA2, PA3 e
PA4), comprimento de artículos primeira, segunda, terceira e quarta ordem (CA1, CA2,
CA3 e CA4); hábito de crescimento (HC); presença de pêlos (PPE); presença de
espinhos (PE); número de espinhos em artículos jovens e adultos (NEAJ e NEAA) e
comprimento de espinhos (CE).
Em seguida, os dados experimentais foram analisados por meio de estatística
descritiva, obtendo-se média, valor mínimo, máximo e coeficiente de variação (C.V.)
por meio do programa GENES, conforme a metodologia de Cruz et al. (2004). Todas as
características citadas e descritas anteriormente passaram por um teste de
multicolinearidade, com auxílio do programa GENES, aquelas características que
apresentaram magnitude fraca foram utilizadas para a realização da correlação
fenotípica de Pearson e análise de trilha.
Obtiveram-se correlações entre as variáveis fenotípicas estudadas, considerando
50 parcelas isoladamente, por meio do coeficiente de correlação de Pearson, utilizando-
se o programa GENES, pela metodologia de Cruz et al (2004).
Para o estudo do efeito das variáveis na análise de trilha, foram consideradas
como variável dependente principal a produção de matéria seca em (t/ha/2 anos). Como
variáveis independentes explicativas, foram utilizadas as seguintes variáveis: altura
média das plantas (AP), largura média da planta (LP), largura do artículo primário
(LA1), largura do artículo secundário (LA2), comprimento do artículo primário (CA1),
comprimento do artículo secundário (CA2) e espessura do artículo terciário (EA3).
Utilizou-se a metodologia descrita por Cruz e Regazzi (1997), em que os coeficientes de
trilha foram obtidos pela equação: Y=P
01
X
1
+ P
02
X
2
+ ...+ P
0n
X
n
+ Pεµ, onde, Y é o
36
coeficiente da variável dependente; P
0
é o coeficiente de efeito direto; X é a variável
dependente explicativa; Pε é o efeito residual e µ a variável de padronização.
Resultados e Discussão
A produção média de matéria seca foi de 7,1 t/ha/2anos, considerando-se a
produção acima dos cladódios primários (Tabela 5), valor superior ao obtido por
Menezes et al. (2005), que analisaram 50 propriedades rurais nos estados de
Pernambuco e Paraíba, observando a produtividade média da palma forrageira de 5,7
t/ha/2anos, com os cladódios primários preservados no primeiro corte e 7,2 t/ha/2anos,
com toda a biomassa produzida pela palma, incluindo os cladódios primários.
Os clones mais produtivos foram 8, 782 e 418; e o menos produtivos 841, 1107 e
501 com produção de matéria seca de 40,8; 18,1; 12,1; 2,2; 1,4 e 1,3 t/ha/2 anos,
respectivamente.
A produtividade média obtida neste trabalho (7,1 t/ha/2anos) é compatível com o
crescimento da planta sob condições de pouca disponibilidade de água. Sampaio (2005)
comenta que o processo fotossintético MAC, caracterizado pela fixação de CO
2
durante
a noite, é um mecanismo eficiente de adaptação ao crescimento em condições de baixa
disponibilidade de água.
Apesar do palmal ter sido adubado com esterco bovino a produtividade média
foi baixa. Todavia, Dubeux Jr. & Santos (2005), afirmam que a utilização de esterco
bovino eleva a produtividade do palmal, principalmente quando aplicado juntamente
com fertilizantes químicos.
O coeficiente de variação observado para a produção de matéria seca foi alto
(82,7%), indicando que houve grande variação na produção entre os diferentes clones.
37
Araújo Filho et al. (2007), trabalhando com palma forrageira, também observaram que
diferença em termos de produção entre os clones estudados, permitindo a seleção de
clones mais produtivos.
Dentre os clones avaliados no palmal, o clone 8 oriundo do programa de
melhoramento genético do IPA, se destacou por apresentar produção de 40,8 t/ha/2anos,
127,3 cm de altura; 113,6 cm largura, 11 artículos secundários, 13 artículos terciários,
perímetro de artículos primários, secundários e terciários de 82, 50 e 41 cm, largura de
artículos primários, secundários e terciários equivalentes a 24; 10,5 e 10 cm, espessura
de artículos primários, secundários e terciários de 6,75; 2,03 e 1,63 cm, com poucos
pêlos e espinhos presentes, sendo este último com tamanho médio de 0,75 mm. Estas
características encorajam o cultivo do clone 8 visando à alimentação animal em
períodos críticos.
Os clones avaliados apresentaram altura e largura média de planta de,
aproximadamente, 90,1 e 71,5 cm, respectivamente, sendo o C.V. para altura de 17,8%
e para altura de 30,6%. Assim, embora estas características possivelmente seja
influenciadas pela genética dos clones estudados, pelo hábito de crescimento da planta,
pelo ângulo de inserção formado entre os eixos longitudinais do artículo emergente e
seu artículo base, ambas características foram de menor variação entre os clones do que
a produção.
Ferreira et al. (2003), trabalhando com características morfológicas de palma
forrageira, observaram altura máxima e mínima da planta de 122,9 e 70,2 cm, em clones
colhidos com dois anos de idade. Martins et al. (1999), em trabalho sobre densidade de
plantio, concluíram que, quanto maior a densidade de plantas, maior a altura final da
mesma, por haver redução do alongamento lateral do caule devido à competição entre
plantas. Conforme Knebel et al (2006), o arranjo das plantas pode ser modificado pela
38
variação na população de plantas e pelo espaçamento entre linhas, alterando a área e a
forma da área disponível para cada planta.
39
Tabela 5 - Estatística descritiva para produtividade e características morfológicas de
clones de palma forrageira, médias de três avaliações
VARIÁVEIS MÉDIA MÍNIMO MÁXIMO CV(%)
Produção de matéria seca (t MS/ha/2anos) 7,1 1,3 40,8 82,7
Altura da planta (cm) 90,1 45,2 127,3 17,8
Largura da planta (cm) 71,5 19,0 116,0 30,6
Número de artículos primários 2,8 1,0 7,0 47,7
Número de artículos secundários 6,8 1,3 11,3 37,6
Número de artículos terciários 2,9 1,0 12,7 76,5
Ângulo de artículos primários 44,0 7,5 90,0 48,5
Ângulo de artículos secundários 26,2 10,8 94,3 48,2
Ângulo de artículos terciários 12,2 5,0 40,9 83,7
Perímetro de artículos primários (cm) 68,3 31,7 95,0 20,60
Perímetro de artículos secundários (cm) 50,5 23,5 68,0 13,3
Perímetro de artículos terciários (cm) 37,7 20,5 70,3 39,9
Largura dos artículos primários (cm) 16,5 8,8 24,0 23,6
Largura dos artículos secundários (cm) 11,0 7,6 21,7 16,9
Largura dos artículos terciários (cm) 9,6 4,8 21,0 42,2
Comprimento dos artículos primário (cm) 28,1 10,3 40,0 21,8
Comprimento dos artículos secundários (cm) 22,0 10,3 30,0 13,7
Comprimento dos artículos terciário (cm) 15,8 4,8 29,6 40,9
Espessura dos artículos primários (cm) 3,9 2,3 6,7 21,7
Espessura dos artículos secundários (cm) 1,8 1,3 2,5 12,0
Espessura dos artículos terciários (cm) 1,2 0,6 2,2 35,0
Hábito de crescimento da planta* 1,7 1,2 1,9 6,1
Presença de pêlos* 1,8 1,2 2,1 6,2
Presença de espinhos* 2,0 1,2 2,1 7,3
Número de espinhos em artículos jovens 4,2 1,0 9,0 49,1
Número de espinhos em artículos adultos 3,5 1,0 9,0 53,0
Comprimento de espinhos (mm) 8,5 3,9 13,8 31,3
*Nota variando de 1 a 3 para hábito de crescimento e de 1 a 4 para presença de pêlos e
de espinhos.
O número de artículos variou conforme a ordem e clone, apresentando
coeficientes de variação (CV) altos para as três ordens. Verificou-se maior número para
40
os artículos secundários, isto se deve pela planta apresentar rios artículos primários
que são responsáveis pela emissão de novos artículos (artículo secundário), enquanto
que os artículos primários são originados apenas de uma única raquete, denominada de
raquete mãe. Os artículos terciários apresentaram-se em menor quantidade
possivelmente por haver maior sombreamento dos artículos secundários.
De maneira geral, Flores-Flores & Tekelenburg (2001), ressaltam que as
temperaturas altas atrasam o surgimento de brotações dos artículos e que, o tempo de
duração das chuvas pode induzir os ciclos de surgimento de novos artículos.
Finalmente, os coeficientes de variação altos são resultantes dos diferentes clones
estudados, que apresentam genética distinta e variação na fertilidade do solo,
influenciando, desse modo, os diferentes números de artículos por ordem.
Os cladódios primários apresentaram maior ângulo de inserção com o artículo
base, sendo essa característica determinada pela genética da planta. Observou-se
também, altos coeficientes de variação para as variáveis ângulos de artículos, que pode
ter sido promovido pelos diferentes avaliadores no momento da coleta dos dados no
campo, visto que, na primeira avaliação, o palmal apresentava-se com difícil acesso,
sendo necessário o revezamento entre avaliadores.
Observou-se que as maiores medidas de perímetro, largura, comprimento e
espessura ocorreram para os cladódios primários, reduzindo-se com a emissão de novas
ordens de artículos. Estas maiores medidas obtidas nos artículos primários são
resultantes da idade dos mesmos, já que os artículos primários são mais velhos e
apresentam a função de sustentação dos demais artículos, flores e frutos, bem como o
transporte de nutrientes e substâncias orgânicas necessárias para a subsistência da
planta.
41
Verificou-se para as características número, ângulo, perímetro, largura,
comprimento e espessura de artículos terciários coeficientes de variação muito altos se
comparado aos demais coeficientes de variação das ordens. Isso provavelmente ocorreu
devido a alguns artículos terciários se apresentarem expandidos e outros em expansão,
resultando em diferenças nos resultados.
O hábito de crescimento dos clones estudados apresentou variação de ereto a
semi-aberto, predominando na maioria das plantas estudadas o hábito semi-aberto. O
estudo desta característica morfológica é de grande importância, porque exerce efeitos
indiretos na interceptação da radiação pelas plantas, determinada através da arquitetura
da mesma. Santos et al. (2007), estudando características morfológicas de palma
forrageira, observaram que a atribuição de notas foi eficiente para a caracterização do
hábito de crescimento dos clones.
Foi observada a presença de poucos pêlos nos cladódios das plantas avaliadas
(Tabela 5). Hills (2001) relata que os pêlos espinhosos são originados de uma túnica e
corpus como o primórdio foliar e que a quantidade e duração dos mesmos dependem do
tipo de Opuntia fícus-indica.
Verificaram-se poucos espinhos presentes nas plantas, contendo em média nos
seus artículos jovens e adultos aproximadamente 4,2 e 3,5 espinhos a cada 5 cm
2
respectivamente, sendo esta característica determinada pela genética da planta. No
entanto, neste trabalho não houve a preocupação de retirar os acúleos que estavam
presentes dentro do corte realizado no quadrado de papelão no momento da contagem,
sendo contados juntamente com os espinhos. Assim, os artículos adultos apresentaram
menor número, porque as condições ambientais e o pleno desenvolvimento dos artículos
promoveram a queda dos acúleos, ficando apenas os espinhos. Outro fator que pode ter
contribuído para o menor número de espinhos nos clones estudados foi que, os
42
cinqüenta clones plantados em Caruaru foram resultantes de seleção prévia onde
aqueles mais agressivos foram eliminados.
Conforme Robinson (1974), a maioria dos acúleos está presente no primeiro
estágio de crescimento dos artículos, vindo a cair com o aumento da temperatura,
permanecendo apenas espinhos nos cladódios. A média do tamanho de espinhos foi de
8,5 mm, valor inferior ao obtido por Hills (2001), que estudando palma forrageira,
observou tamanho de espinhos variando de 10 a 15 mm de comprimento,
provavelmente por essa característica ser determinada pela genética da planta.
Foram observadas correlações positivas para todas as variáveis com a produção
de matéria seca, e significativas apenas para a altura da planta (AP), largura da planta
(LP), largura do artículo primário (LA1) e comprimento do artículo primário (CA1);
indicando que os clones mais produtivos apresentam maior altura e largura, além de
artículos primários mais largos e compridos (Tabela 6). Conforme Cruz & Regazzi
(1997), a existência de correlações significativas indica a viabilidade da seleção indireta
para a obtenção de ganhos na característica de maior importância econômica.
Para as variáveis largura do artículo secundário (LA2), comprimento do artículo
secundário (CA2) e espessura do artículo terciário (EA3) verificam-se coeficientes de
correlação de Pearson positivos, porém baixos e não significativos, com a produção de
matéria seca. O fato dessas variáveis apresentarem baixa correlação o implica em
dizer que as características não estejam associadas entre si. Vencovsky & Barriga
(1992), relatam que há associação entre características, mesmo com baixas magnitudes.
Verificou-se pela correlação de Pearson, que a altura da planta (AP) apresentou
maior magnitude de associação com a produção de matéria seca. Todavia, os
coeficientes de correlação, para a variável altura de planta (AP), demonstram que as
43
plantas mais altas possuem maior largura de planta (LP), artículos primários largos e
compridos, artículos secundários compridos e artículos terciários espessos.
Tabela 6 - Coeficiente de correlação fenotípica de Pearson entre os caracteres
morfológicos de clones de palma forrageira baseada na média de três avaliações
realizadas em Caruaru
PMS AP LP LA1 LA2 CA1
CA2
VARIÁVEIS (t/ha/2anos) (cm) (cm) (cm) (cm) (cm)
(cm)
AP (cm) 0,61** -
LP (cm) 0,56** 0,58** -
LA1 (cm) 0,44** 0,37** 0,33* -
LA2 (cm) 0,02 0,22 0,23 0,03 -
CA1 (cm) 0,39** 0,37** 0,34* 0,74**
-0,06 -
CA2 (cm) 0,21 0,43** 0,26 0,31* -0,13 0,14 -
EA3 (cm) 0,22 0,33* 0,19 0,06 0,02 0,11 0,15
PMS produção de matéria seca (t de MS/ha/2ano); AP altura da planta (cm); LP
largura da planta (cm); LA1 largura do artículo primário (cm); LA2 largura do
artículo secundário (cm); CA1 - comprimento do artículo primário (cm); CA2
comprimento do artículo secundário (cm); EA3 espessura do artículo terciário
**,*Significativo a 1 e 5% de probabilidade, pelo teste t.
Observou-se também pela correlação fenotípica de Pearson que as plantas mais
largas tendiam a possuir artículos primários largos e compridos. A característica largura
do artículo primário demonstrou alta correlação positiva e significativa com o
comprimento do artículo primário (r = 0,74), desse modo pode-se concluir que ocorre
um sistema de inter-relações entre as características associadas.
Coimbra et al. (2005), trabalhando com análise de trilha, verificaram que, quanto
maior for o grau de multicolinearidade, maiores serão os valores das estimativas dos
coeficientes de correlações e, por conseqüência, menor será a precisão em sua
estimativa, sendo necessário a realização antecipada da análise de multicolinearidade.
44
Entretanto, tendo como critério básico a análise prévia de multicolinearidade dos
dados e observada a ocorrência de colinearidade fraca, fez-se o desdobramento das
correlações fenotípicas em efeito direto e indireto dos caracteres dos clones de palma
forrageira (Tabela 7).
O coeficiente de determinação encontrado (0,51) indica que 51% da produção de
matéria seca obtida é devido aos efeitos das variáveis analisadas. De maneira geral, os
resultados mostram que as sete características estudadas diferiram no seu grau de
influência direta sobre a produção de matéria seca.
Todas as variáveis estudadas apresentaram efeito direto sobre a produção de
matéria seca com magnitude inferior a de correlação de Pearson, para cada variável
analisada, o que demonstrou existirem outras características influenciando tanto em
magnitude, como no sentido da correlação (Tabela 7).
Dessa forma, torna-se difícil a seleção isolada de uma variável visando à
produção de matéria seca. Assim, a utilização da característica altura da planta (AP -
maior correlação linear com a produção) deve ser auxiliada por outras variáveis.
Entretanto, seus efeitos indiretos poderão ser utilizados como auxiliares para a elevação
da correlação por outra característica. Caierão et al. (2001) relatam que, na análise de
trilha, pode haver variáveis em que o efeito direto das característica estudadas são
menores do que a correlação de Pearson, dificultando a seleção de apenas uma variável
visando ganhos na característica desejada.
As características largura da planta (LP) e largura do artículo primário (LA1)
apresentaram correlação moderada com a produção de matéria seca, porém, essa
correlação se deve muito pouco ao seu efeito direto, sendo influenciada pelos efeitos
indiretos, principalmente pela altura da planta. O baixo efeito da largura da planta (LP)
pode ser explicado por esta característica ser resultante de uma seqüência de artículos
45
em diferentes estágios de crescimento, justificando assim a influência indireta da altura
da planta.
Apesar da variável comprimento do artículo primário (CA1) apresentar
correlação significativa com a produção de matéria seca, o seu efeito direto foi de
magnitude baixa, sendo determinada pelo efeito indireto via altura da planta (AP). Neste
contexto, os artículos primários são responsáveis por sustentar os demais artículos,
sendo assim influenciada indiretamente pela altura da planta.
Sales et al. (2003) comentam que, além da genética da planta, as oscilações
climáticas exercem influência na largura e comprimento dos artículos, afetando desse
modo, a produção.
As variáveis largura do artículo secundário (LA2) e comprimento do artículo
secundário (CA2) e espessura do artículo terciário (EA3) também apresentaram baixo
coeficiente de correlação fenotípica de Pearson com a produção de matéria seca. Neste
caso, a correlação será promovida pelos efeitos indiretos, em que os fatores casuais
indiretos devem ser considerados simultaneamente no processo de seleção. Para
Montardo et al. (2003), um dos motivos da baixa correlação entre variáveis seria a
ocorrência de pouca variabilidade em uma das mesmas, já que a análise de trilha
procura identificar uma eventual associação na variação das características em estudo.
46
Tabela 7 - Desdobramento das correlações fenotípicas de características da palma
forrageira em efeitos diretos e indiretos sobre a produção de matéria seca (t/ha/2anos)
pela análise de trilha, médias de três avaliações
VARIÁVEIS TOTAL
AP Efeito direto sobre PMS 0,4626
Efeito indireto via LP 0,1802
Efeito indireto via LA1 0,1101
Efeito indireto via LA2 -0,0417
Efeito indireto via CA1 -0,0359
Efeito indireto via CA2 -0,0744
Efeito indireto via EA3 0,0106
LP Efeito direto sobre PMS 0,3077
Efeito indireto via AP 0,2708
Efeito indireto via LA1 0,0982
Efeito indireto via LA2 -0,0422
Efeito indireto via CA1 -0,0329
Efeito indireto via CA2 -0,0453
Efeito indireto via EA3 0,0061
LA1 Efeito direto sobre PMS 0,2962
Efeito indireto via AP 0,1720
Efeito indireto via LP 0,1021
Efeito indireto via LA2 -0,0054
Efeito indireto via CA1 -0.0707
Efeito indireto via CA2 -0,0534
Efeito indireto via EA3 0,0020
LA2 Efeito direto sobre PMS -0,1847
Efeito indireto via AP 0,1046
Efeito indireto via LP 0,0704
Efeito indireto via LA1 0,0088
Efeito indireto via CA1 0,0058
Efeito indireto via CA2 0,0234
Efeito indireto via EA3 0,0006
CA1 Efeito direto sobre PMS -0,0949
Efeito indireto via AP 0,1750
Efeito indireto via LP 0,1067
Efeito indireto via LA1 0,2207
Efeito indireto via LA2 0,0113
Efeito indireto via CA2 -0,0254
Efeito indireto via EA3 0,0034
CA2 Efeito direto sobre PMS -0,1743
Efeito indireto via AP 0,1974
Efeito indireto via LP 0,0800
Efeito indireto via LA1 0,0907
Efeito indireto via LA2 0,0248
Efeito indireto via CA1 -0,0138
Efeito indireto via EA3 0,0048
EA3 Efeito direto sobre PMS 0,0318
Efeito indireto via AP 0,1540
Efeito indireto via LP 0,0597
Efeito indireto via LA1 0,0190
Efeito indireto via LA2 -0,0040
Efeito indireto via CA1 -0,0102
Efeito indireto via CA2 -0,0264
Coeficiente de determinação (r
2
) 0,51
Efeito da variável residual 0,69
47
A decomposição dos efeitos das variáveis analisadas sobre a produção de
matéria seca apontou a altura da planta como a característica morfológica mais indicada
para a seleção indireta, principalmente por apresentar maior correlação fenotípica de
Pearson e efeito direto (Tabela 7), porém, apesar de ter apresentado maior efeito direto,
sua magnitude é baixa, recomendando desta forma a associação de características. Na
Tabela 8, estão apresentadas as estimativas dos efeitos diretos e indiretos das variáveis
com a altura da planta (AP), associada à largura da planta (LP).
O coeficiente de determinação geral (r
2
) tendeu a aumentar com a associação das
variáveis, fato esse explicado pela maior correlação com a produção de matéria seca
(0,71). Os efeitos diretos das características associadas (AP x LP) podem ser
considerados no processo de seleção indireta por apresentar magnitude alta. Observou-
se para as características largura do artículo primário (LA1) e espessura do artículo
terciário (EA3) que os efeitos indiretos das características associadas superou os efeitos
diretos, tal fato evidencia que a variável auxiliar AP x LP é a principal determinante das
variações na produção, reforçando que a seleção baseada na altura da planta associada a
largura da planta é eficiente para aumentar a produção.
A largura do artículo secundário (LA2) e o comprimento do artículo secundário
(CA2) apresentaram baixos coeficientes de correlação fenotípica com a produção de
matéria seca, porém, o efeito indireto das características associadas (AP x LP) deve ser
considerado no processo de seleção de clones de palma forrageira por apresentar maior
efeito indireto.
48
Tabela 8 - Desdobramento das correlações fenotípicas de características associadas da
palma forrageira em efeitos diretos e indiretos sobre a produção de matéria seca
(t/ha/2anos) pela análise de trilha, médias de três avaliações
VARIÁVEIS TOTAL
AP x LP Efeito direto sobre PMS 0,695
Efeito indireto via LA1 0,108
Efeito indireto via LA2 -0,035
Efeito indireto via CA1 -0,039
Efeito indireto via CA2 0,041
Efeito indireto via EA3 0,017
Correlação fenotípica 0,71
LA1 Efeito direto sobre PMS 0,267
Efeito indireto via AP x LP 0,283
Efeito indireto via LA2 -0,004
Efeito indireto via CA1 -0,069
Efeito indireto via CA2 -0,037
Efeito indireto via EA3 0,004
Correlação fenotípica 0,44
LA2 Efeito direto sobre PMS -0,158
Efeito indireto via AP x LP 0,155
Efeito indireto via LA1 0,007
Efeito indireto via CA1 0,005
Efeito indireto via CA2 0,016
Efeito indireto via EA3 0,001
Correlação fenotípica 0,03
CA1 Efeito direto sobre PMS -0,093
Efeito indireto via AP x LP 0,291
Efeito indireto via LA1 0,199
Efeito indireto via LA2 0,009
Efeito indireto via CA2 -0,018
Efeito indireto via EA3 0,007
Correlação fenotípica 0,40
CA2 Efeito direto sobre PMS -0,123
Efeito indireto via AP x LP 0,232
Efeito indireto via LA1 0,081
Efeito indireto via LA2 0,021
Efeito indireto via CA1 -0,013
Efeito indireto via EA3 0,011
Correlação fenotípica 0,21
EA3 Efeito direto sobre PMS 0,073
Efeito indireto via AP x LP 0,165
Efeito indireto via LP 0,017
Efeito indireto via LA1 -0,003
Efeito indireto via LA2 -0,010
Efeito indireto via CA1 -0,016
Correlação fenotípica
0,22
Coeficiente de determinação (r
2
) 0,56
Efeito da variável residual 0,66
PMS produção de matéria seca (t de MS/ha/2ano); AP altura da planta (cm); LP
largura da planta (cm); LA1 – largura do artículo primário (cm); LA2 – comprimento do
artículo secundário (cm); CA1 - comprimento do artículo primário (cm); CA2
comprimento do artículo secundário (cm); EA3 – espessura do artículo terciário (cm).
49
O baixo efeito direto da largura do artículo secundário (LA2) e comprimento do
artículo secundário (CA2) na produção de matéria seca (PMS) podem ser explicados
por essas características fazerem parte da arquitetura da planta, justificando a influência
indireta da altura da planta associada à largura da planta (AP x LP).
Pessoa (1967) comenta que as raquetes secundárias são importantes na formação
da futura planta, pois as mesmas irão constituir o futuro esqueleto do vegetal, o seu
“tronco”, seu arcabouço, a parte que será preservada nos futuros cortes, refletindo
diretamente a precocidade e a produção da planta a se formar.
Para variável comprimento do artículo primário (CA1), verificou-se correlação
fenotípica moderada e positiva, porém, a mesma apresenta efeito direto negativo,
quando isto ocorre é dito que a correlação será causada pelos efeitos indiretos.
Vencovsky e Barriga (1992) reforçam que em tais casos os fatores casuais indiretos
devem ser considerados simultaneamente no processo de seleção, porque o efeito direto
negativo indica ausência de causa e efeito, ou seja, que tal característica não é a
principal determinante das alterações na variável básica, existindo outras que podem
proporcionar maior impacto em termos de ganho de seleção.
Conclusões
Programas de melhoramento da palma forrageira que objetivem acréscimo na
produção de matéria seca em toneladas por hectare a cada dois anos, devem priorizar a
seleção de clones que apresentem maior altura e largura da planta.
50
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52
CAPÍTULO 2
Comparação de dois métodos indiretos para a estimativa do índice de área de
cladódio da palma forrageira
1
Capítulo elaborado baseado nas normas da Revista Brasileira de Zootecnia
53
Comparação de dois métodos indiretos para a estimativa do índice de área de
cladódio da palma forrageira
Resumo – O objetivo deste trabalho foi observar o método indireto mais indicado
para a determinação do índice de área de cladódio. Avaliaram-se cinqüenta clones de
palma forrageira do Instituto Agronômico de Pernambuco IPA de Caruaru, utilizando
duas metodologias indiretas distintas de índice de área de cladódio (IAC). A primeira
metodologia utilizada consistiu na determinação do IAC através de equação de
regressão; na segunda metodologia, o IAC foi determinado pelos contornos dos
artículos em papel. Os dados obtidos foram analisados pelo teste t e pelo teste de
normalidade através do programa computacional Genes. Observou-se pelo teste t que
não houve diferença significativa em termos de determinação de índice de área de
cladódio, bem como os coeficientes de determinação apresentaram-se altos para ambas
equações de regressão, em que os IAC das diferentes metodologias e idades foram
correlacionadas, indicando que ambas metodologias indiretas são eficientes para a
obtenção do IAC. Pesquisadores que almejam agilidade na execução do trabalho e
redução de custo, para obtenção do IAC de forma eficiente, devem dar prioridade a
metodologia indireta pelo qual utiliza a equação de regressão.
Palavras-chave: artículos, equação de regressão, metodologias de avaliação
54
Comparison of two indirect methods for the estimating the cladode area index of
cactus forage
Abstract - The objective of this work was to identify the most efficient indirect
method for the determination of the cladode area index of cactus forage. It was evaluate
Fifty clones of cactus forage from the Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA)
located in Caruaru, using two indirect methodologies for determination of the cladode
area index (IAC). The first used methodology consisted of the determination of IAC
through regression equation; the second methodology determined the IAC by the
contours of the cladodes in paper. The obtained data were analyzed by the normality test
through the Genes computational program. It was observed by the test t that there was
not significant difference in terms of determination of index of cladode area, as well as
the determination coefficients came high for both regression equations, in that IAC of
the different methodologies and ages were correlated, indicating that both
methodologies insinuations are efficient for the obtaining of IAC. Researchers that long
for agility in the execution of the work and cost reduction, for obtaining of IAC in an
efficient way, he/she should give priority the indirect methodology for which uses the
regression equation.
Word-key: articles, regression equation, evaluation methodologies
55
Introdução
A produção de biomassa das plantas é influenciada por fatores extrínsecos, por
exemplo, a radiação solar, temperatura, umidade do solo e outros, bem como a fatores
intrínsecos, destacando-se a eficiência de captação e utilização dos recursos disponíveis
(Alexandrino et al., 2005).
Um dos fatores determinantes na produção de forrageiras é o índice de área
foliar (IAF), que é definido pela relação entre a área foliar de uma das faces das folhas e
a área do solo ocupada pelas folhas, no caso de culturas agronômicas, a área de solo
disponível é definida pelo espaçamento estabelecido (Sbrissia & Silva, 2008). O índice
de área foliar é de grande importância para o acompanhamento do crescimento das
forrageiras, é essencial para aperfeiçoar o uso da planta quando se objetiva maximizar a
produção de forragem para o consumo animal.
O índice de área foliar pode ser avaliado por métodos diretos e indiretos.
Conforme Chales et al. (2007), o método direto é o mais preciso para obtenção de área
foliar, no entanto, é mais trabalhoso e consome maior tempo para sua execução. Este
método caracteriza-se por ser destrutivo e pela necessidade de grande número de
amostragem de plantas em diferentes idades.
Para obtenção indireta do índice de área foliar, novos instrumentos e técnicas
têm sido desenvolvidos, exibindo rapidez e facilidades para a coleta de dados. Os
analisadores de dossel obtêm o IAF por comparação diferencial entre a radiação abaixo
e acima do dossel (Jonckheere, 2004). Fotografias hemisféricas também têm sido usadas
em estudos de abertura do dossel (clareiras), arquitetura de copa e determinação do IAF
(Hale, 2003).
56
Calbo et al. (1989), relatam que o uso de modelos matemáticos para expressar o
crescimento e seus parâmetros derivados (AF, IAF, etc.) é muito popular e pode,
eventualmente, fornecer subsídios para melhor compreensão dos diferentes processos
fisiológicos envolvidos na morfogênese da planta.
Embora a palma forrageira apresente folhas, estas são muito pequenas e caem
com o pleno desenvolvimento dos artículos, sendo os cladódios responsáveis pelas
funções fotossintéticas. Porém, para analisar a quantidade de radiação
fotossinteticamente absorvida pela palma forrageira utiliza-se o índice de área de
cladódio, que é obtido pela relação entre a área dos cladódios e a área que a planta
ocupa no solo.
O objetivo deste trabalho foi comparar diferentes metodologias indiretas de
índice de área de cladódio, visando identificar aquela mais confiável.
Material e Métodos
O estudo foi realizado na Estação Experimental de Caruaru, pertencente ao
Instituto Agronômico de Pernambuco – IPA, onde se avaliou o índice de área de
cladódio (IAC) de clones de palma forrageira, por meio de duas metodologias indiretas.
A primeira metodologia consistiu em avaliar o índice de área de cladódio através de
uma equação de regressão, enquanto que na segunda metodologia foi utilizado papel
para o contorno dos artículos.
Para o presente estudo, utilizaram-se cinqüenta clones de palma forrageira
selecionados aleatoriamente através de sorteio (Tabela 1), para a realização de duas
avaliações, em fevereiro de 2008 e julho de 2008. Nestas épocas as plantas tinham 7 e
12 meses de idade, respectivamente.
57
Tabela 1 Clones de palma forrageira avaliados por duas metodologias indiretas de
índice de área de cladódio
Clones avaliados
Clone 2 Clone 285 Clone 495 Clone 773 Clone 1042
Clone 8 Clone 313 Clone 499 Clone 782 Clone 1043
Clone 32 Clone 315 Clone 501 Clone 796 Clone 1080
Clone 63 Clone 334 Clone 519 Clone 801 Clone 1098
Clone 205 Clone 394 Clone 520 Clone 823 Clone 1107
Clone 220 Clone 397 Clone 651 Clone 841 Clone 1153
Clone 224 Clone 404 Clone 652 Clone 852 Clone 1234
Clone 256 Clone 406 Clone 666 Clone 916 Clone 1235
Clone 264 Clone 418 Clone 686 Clone 993 IPA-20
Clone 274 Clone 485 Clone 725 Clone 1031 Miúda
Para a realização da primeira metodologia citada, utilizou-se a fita métrica para
contornar todos os cladódios de todas as ordens, objetivando a obtenção das medidas de
perímetro. Em seguida, com os dados obtidos, fez-se o cálculo da média de perímetro
por ordem de cladódio, que permitiu a utilização da equação de regressão determinada
por Santos et al. (1994), onde:
ÁREA DOS CLADÓDIOS = -211, 5104 + 8, 8649 * PERÍMETRO, com R
2
= 0,98
Com a utilização da equação de regressão para cada ordem, obtiveram-se áreas
dos cladódios por ordem, que foram mensurados na fórmula abaixo:
IAC = ACO * NCO (somando-se todas as ordens) / AOPS
Onde:
IAC = Índice de área de cladódio;
ACO = Área do cladódio por ordem;
58
NCO = Número de cladódio por ordem;
AOPS = Área ocupada pela planta no solo (espaçamento).
A segunda metodologia consistiu em utilizar papel ofício A2 e A4, cuja área e
peso foram determinados antes da realização dos contornos. Para a realização dos
contornos, utilizou-se uma caneta esferográfica contornando todo o cladódio, de modo a
representar a forma real dos mesmos no papel. Em seguida, o papel contornado foi
identificado, cortado e pesado em balança de precisão.
Com os pesos obtidos, fez-se a substituição em regra de três simples para
determinar a área dos cladódios por ordem, conforme o modelo abaixo:
Área do papel ----------------------------------------- Peso do papel
X ----------------------------------------- Peso do contorno feito no papel
Com a área dos cladódios determinada pela regra de três simples, tornou-se
possível obter o índice de área de cladódio, através da mesma fórmula descrita
anteriormente. Vale salientar que, para ambas as metodologias utilizadas neste trabalho,
avaliou-se apenas um lado do cladódio, diferentemente de Nobel et al. (2001) que
avaliou ambos os lados, devido a espessura dos cladódios. Os dados do estudo foram
analisados pelo teste t e pelo teste de normalidade para obtenção de coeficiente de
variação e médias, com auxílio do programa computacional GENES, conforme a
metodologia de Cruz et al (2004). Em seguida, fez-se a análise gráfica dos resultados.
59
Resultados e Discussão
O índice de área de cladódio em plantas de palma com 7 meses de idade
utilizando-se diferentes metodologias é apresentado na Figura 1. As médias
apresentam-se distribuídas de forma heterogênea, promovendo coeficiente de variação
alto de 43,6% para a metodologia de equação de regressão e de 39,3% para a
metodologia em que se utilizam os contornos realizados em papéis. O fator que pode ter
contribuído para o aumento do coeficiente de variação, foi a variabilidade genética dos
clones, visto que algumas plantas apresentavam maior número de artículos por ordem,
se comparada às demais presentes na área experimental. Santos et al (2005), trabalhando
com variedades de palma forrageira, observaram que o índice de cladódio é resultante
do número de cladódio por planta e a área de cada um deles.
Por outro lado, o índice de área foliar é definido como ótimo, quando o dossel
forrageiro atinge a máxima taxa de crescimento (balanço entre fotossíntese e
respiração), porém a produção de forragem é maximizada quando o dossel intercepta
95% da radiação fotossinteticamente ativa (Carvalho et al., 2007).
Entretanto, o IAF ótimo para gramíneas situa-se entre três e cinco (Rêgo et al.,
2002). Estes valores são muito elevados se comparado com o IAC da palma forrageira,
que apresentou um índice em torno de 0,52 aos 12 meses de idade com a metodologia
de equação de regressão (Figura 2). Resultados semelhantes foram encontrados por
Flores - Hernandes et al (2004) que verificaram um IAC de 0,67 para o clone 60 com
apenas 1 ano de idade. Assim, Farias et al. (2000) concluíram que a palma apresenta
uma superfície fotossintetizante baixa quando comparada com outras forrageiras.
Fagundes et al. (2006) determinaram um IAF de 4,0 para Brachiaria decumbens cv.
Basilisk (Stapf.).
60
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
3
30
62
80
96
125
138
195
239
267
317
346
369
Clones
IAC
7Equação
7Papel
Figura 1 - Índice de área de cladódio obtido aos 7 meses de idade pelas diferentes
metodologias.
O menor coeficiente de variação obtido pela metodologia utilizando a
metodologia dos contornos em papéis (Figura 1) foi provavelmente promovido pelos
artículos que apresentaram tamanho pequeno tornando fácil a coleta dos contornos e
permitindo melhor representação das dimensões dos cladódios, visto que a caneta
esferográfica contornava totalmente as extremidades dos artículos. Entretanto, a
realização desta metodologia requer custo com balança de precisão, organização em
termos de identificação do material contornado e tempo disponível para a realização do
trabalho.
Conforme Araújo (2006), as estimativas de área foliar utilizando a relação entre
as dimensões das folhas de papel e o peso da área contornada, destacam-se como uma
alternativa simples e acessível, necessitando apenas de alguns cálculos associados.
Metodologia de contorno em papel (CV = 39,3% e Média = 0,35)
Metodologia de Equação de regressão (CV = 43,6% e Média = 0,43)
61
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
3
30
62
80
96
1
25
13
8
195
23
9
267
31
7
34
6
36
9
Clones
IAC
12Equação
12Papel
Figura 2 - Índice de área de cladódio obtido aos 12 meses de idade pelas diferentes
metodologias.
Na Figura 2 apresenta-se o IAC de clones de palma forrageira com 12 meses de
idade, conforme as metodologias. Novamente foi observado coeficientes de variação
altos para ambas as metodologias, provavelmente por algumas plantas apresentarem
nesta idade, artículos de segunda e terceira ordem completamente desenvolvidos, com
surgimento de artículos de 4ª ordem para algumas raquetes terciárias.
Para a metodologia do IAC de equação de regressão, o que pode ter contribuído
para o aumento do coeficiente de variação foi a dificuldade encontrada em contornar os
artículos com fita métrica, pela presença de espinhos na borda dos cladódios, visto que
aos 12 meses os artículos e espinhos apresentavam-se desenvolvidos.
Os espinhos presentes nas extremidades dos artículos dificultavam a mensuração
das medidas de perímetro, por não permitir o total contato da fita métrica em alguns
pontos com as extremidades dos cladódios, que para o total contato da fita métrica
com os artículos seria necessária a perfuração da fita métrica pelo espinho.
Metodologia de contorno em papel (CV = 45,0% e Média = 0,40)
Metodologia de Equação de regressão (CV = 44,2% e Média = 0,52)
62
Segundo Carneiro et al. (1989), a palma forrageira contém espinhos que são
folhas transformadas, além disso, apresenta folhas muito reduzidas em forma de
pequenos apêndices e muito caducas. Por esse motivo, seus cladódios cumprem as
funções fotossintéticas. Por esta razão, pode-se utilizar o índice de área de cladódio
como um parâmetro de avaliação para esta forrageira.
Beerling & Fry (1989) estudando cinco metodologias diferentes para a
estimativa do IAF, observaram que a equação de regressão apresenta algumas vantagens
em relação a outras metodologias. Segundo os mesmos, a equação de regressão é um
método barato por não precisar de aparelhos sofisticados, podendo ainda aumentar o
tempo de mensuração em até oito vezes, onde os resultados são satisfatórios.
Para a metodologia do IAC que utiliza contornos em papéis, o alto coeficiente de
variação pode ser justificado pela eficiência que esta metodologia apresenta, em fazer as
mensurações dos cladódios, permitindo a identificação das pequenas variações entre os
índices de área de cladódio das diferentes plantas. Segundo Silva et al (2002), o índice
de área foliar varia conforme a espécie, podendo ser influenciado por fatores externos
de produção, tornando-se necessário o estudo e a seleção de cultivares mais produtivos.
Observa-se na Tabela 2, que o teste t não apresentou diferença significativa
(P<0,05) de probabilidade para o índice de área de cladódio nas diferentes idades, por
outro lado os coeficientes de determinação foram altos para as equações de regressão
entre as duas formas de avaliação. Desse modo, pode-se concluir que ambas as
metodologias são eficientes para a determinação do índice de área de cladódio, ficando
a critério do pesquisador a escolha da metodologia a ser utilizada.
Segundo Kappel & Flore (1983), a mensuração da área foliar e da superfície de
outros órgãos assimilatórios da planta é uma parte essencial da análise do crescimento
vegetal, e é necessária em muitos outros estudos fisiológicos. Neste contexto, a escolha
63
da metodologia a ser utilizada é de grande importância, pois pode possibilitar a
estimativa rápida e eficiente.
Tabela 2 – Teste t e equação de regressão com as metodologias indiretas de IAC
correlacionadas e os seus respectivos coeficientes de determinação para as diferentes
idades
Variáveis Teste t Equação de regressão das metodologias
correlacionadas
R
2
IAC aos 7 meses 6,9
ns
Y=1, 1409x + 0, 0356 0,93
IAC aos 12 meses 9,2
ns
Y=0, 828x + 0, 1895 0,94
ns
não significativo a 5% de probabilidade, pelo teste t.
De maneira geral, o índice de área de cladódio variou conforme a idade da planta
e metodologias. Com relação à idade, Rosa et al (2004) ressaltam que o aumento do
índice de área foliar se deve ao aumento da idade da planta, na medida em que esta
apresenta maior capacidade de interceptar a luz incidente.
Para metodologia de equação de regressão foram obtidas médias de 0,43 e 0,52
para plantas com 7 e 12 meses de idade (Figuras 1 e 2), valor próximo ao obtido por
Dubeux et al (2006) que observaram IAC de 0,51 para plantas cultivadas em Sertânia,
com idade de 24 meses sem uso de fertilizante.
Esta pequena diferença pode ter sido resultante da variabilidade genética entre os
clones estudados, bem como das condições ambientais da cidade área experimental,
agreste de Pernambuco.
Conforme Sales et al (2008), o crescimento vegetativo de uma cultura é em
função de causas genéticas (potencial genético de produção próprio da espécie ou
genótipo), de condições ambientais, durante o ciclo cultural e do manejo.
64
Entretanto, o crescimento lento da palma forrageira, explica resultados descritos
por Santos et al. (2002), que estudando a palma consorciada com sorgo observaram que
a produção de grãos e de restolhos do sorgo não foi prejudicada nos anos de plantio da
palma forrageira.
Para metodologia do contorno do cladódio em folhas de papel foi observado
médias de IAC de 0,35 e 0,40 (Figuras 1 e 2) para plantas com idade de 7 e 12 meses de
idade. Este valor é superior ao obtido por Santos (1992) que, utilizando a mesma
metodologia, obteve IAC de 0, 046 e 0, 282, para plantas com idade de 6 e 12 meses,
respectivamente. Esta grande diferença do IAC da metodologia dos contornos em papéis
observado neste trabalho, em relação ao obtido por Santos et al. (1992), pode ter sido
promovido pelo menor espaçamento utilizado (1 m entre fileiras e 0,5 m entre plantas),
sendo que este autor utilizou o espaçamento de 2 m entre fileiras e 1 m entre plantas.
Silva et al (2008), estudando o efeito do espaçamento da palma forrageira
observaram que, em espaçamentos de 1,0 x 0,25 m, proporcionou maior número de
cladódios emitidos.
Conclusões
Não houve diferença significativa em termos de determinação de índice de área
de cladódio entre as duas metodologias indiretas estudadas. Recomenda-se a
metodologia indireta de índice de área de cladódio em que se utiliza a equação de
regressão por requerer menor custo e tempo de execução do trabalho.
65
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