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UNIVERSIDADEFEDERALDEGOIÁS
INSTITUTODECIÊNCIASBIOLÓGICAS
PROGRAMADEPÓSGRADUAÇÃOEMBIOLOGIA
AVALIAÇÃODASATIVIDADESGENOTÓXICAE
ANTIGENOTÓXICADEDUGUETIAFURFURACEAEM
BACTÉRIASECAMUNDONGOS
CAROLINARIBEIROESILVA
GOIÂNIA
GoiásBrasil
Fevereirode2008
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Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
ii
UNIVERSIDADEFEDERALDEGOIÁS
INSTITUTODECIÊNCIASBIOLÓGICAS
PROGRAMADEPÓSGRADUAÇÃOEMBIOLOGIA
AVALIAÇÃODASATIVIDADESGENOTÓXICAE
ANTIGENOTÓXICADEDUGUETIAFURFURACEAEM
BACTÉRIASECAMUNDONGOS
CAROLINARIBEIROESILVA
Orientadora:Profa.Dra.LEECHENCHEN
Dissertação apresentada ao Instituto de
CiênciasBiológicasdaUniversidadeFederal
de Goiás, como requisito parcial para
obtençãodotítulodeMestreemBiologia.
GOIÂNIA
GoiásBrasil
Fevereirode2008
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iii
“Em algum lugar, alguma coisa incrível está esperando para ser conhecida.”
Carl Sagan
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente à Deus, por ter me abençoado, “tirando as pedras do
caminho”,tornandopossívelaconquistadestetítulo!
Em seguida, agradeço à minha “Grande Família”: ao papai por sempre estar me
apoiando,tantofinanceiramentequantopsicologicamente,nosmomentosquepreciseiser
amparada; à mamãe pelo amor e carinho incondicional; com a distância pude percerber
quanto “o colinho da mamãe” é precioso! Às minhas irmãs, Graciély e Andressa, pelos
momentos agradáveis juntas, pelo apoio e amizade. Ao meu amor, Bruno, “agora meu
noivo”,obrigadoporestarsempreaomeulado,peloamorecompanheirismo,sendomeu
aconchegoemtodososmomentos.
AgradeçoatiaValdapelocarinho,compreensãoeamizade,pormeacolheremsua
casaenquantomeadaptavananovacidade.
Agradeço à prof. Dra. Lee Chen Chen, orientadora e amiga, que além de tornar
possível a conclusão do meu mestrado, me recebeu e acreditou que a realização desse
sonho fosse possível, com valiosas orientações tanto nos projetos de pesquisa quanto na
vidapessoal!
 Agradeço aos coordenadores e professores do Programa de PósGraduação em
Biologiada UniversidadeFederal de Goiás, quemuito contribuírampara meucrescimento
profissional,pelosseusvaliososensinamentoseamizade.
Agradeçoaoprof.HelenoDiasFerreira,pelaboavontadeedisposiçãonarealização
dacoletadaplanta,queéoobjetodeestudodestetrabalho.Etambémàprof.Dra.Suzana
da Costa Santos, do Laboratório de Produtos Naturais/IQ/UFG, por disponibilizar o
laboratórioparasecagem,trituraçãoepelaliofilizaçãodasfolhasdaplanta.
AgradeçoaosmeusnovosamigosJuliana,KaioeLaryssapelaamizade,confiança
e pelas dicas e ajuda indispensáveis para um maior conhecimento dos experimentos, do
laboratórioedaUFG.
AgradeçotambémàminhanovaamigaPablinepelocompanheirismo:companheira
como aluna especial, companheira nos estudos para a prova de seleção do mestrado,
companheiradedisciplinasecompanheiradelaboratório.Passamospormuitasdificuldades,
mastambémnosdivertimosmuito!
v
AgradeçoàsestagiáriaseamigasDaniela,LarissaeTatianapelocompanheirismo
eajudanosexperimentos.
Agradeço à Vera e à Dona Marinalva, por deixar o laboratório mais aconchegante,
tornandoosdiasmenosexaustivos.Sentireifaltadasnossasconversas...
Agradeço às amigas do Laboratório de Botânica Lília e Maria Teresa pelo
companheirismo e pela boa vontade nos momentos que precisei solicitar confecção de
exsicata, empréstimos de livros, informações sobre anatomia vegetal e conversas
agradáveis.
Agradeço à Gleice pela torcida no processo de seleção do mestrado e pela grande
disposiçãoemnos ajudarsempre, facilitandoeorganizando adocumentaçãoque precisei.
Ah,senãofosseaGleicenapósgraduação!
Agradeço às minhas sempre amigas Karla, Paula e Val a nossa amizade se
consolidou, porque nem mesmo a distância impediu de nos ajudarmos, consolarmos e
dividirmostristezasealegrias.Então...vamoscomemoraraconclusãodomeumestrado!
vi
ÍNDICE
LISTADEILUSTRAÇÕES.................................................................................................... ix
LISTADETABELAS............................................................................................................. xiii
LISTADEABREVIATURAS.................................................................................................. xiv
RESUMO............................................................................................................................ xvi
ABSTRACT.......................................................................................................................... xviii
1.INTRODUÇÃOGERAL..................................................................................................... 1
1.1.CâncereFitoterapia.............................................................................................. 1
1.2.PlantasMedicinais................................. ............................................................... 7
1.3.Cerrado................................................................................................................. 10
1.4.Duguetiafurfuracea(St.Hil.)BentheHook.f.(1862)(Sofredorimquemquer) 13
1.5.Mutação,GenotoxicidadeeCarcinógenos............................ ............................... 18
1.6.ProcessosdeReparo............................................................................................. 23
1.6.1.FunçõesSOS................................................................................................. 26
1.7.Antimutagenicidade/Antigenotoxicidade........................................................... 29
1.8.TestedeInduçãodoprofagoλInduteste.......................................................... 30
1.9.TestedoMicronúcleoemmedulaósseaderoedoresinvivo............................... 32
2.OBJETIVOS.................................................................................................................... 37
3.REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS..................................................................................... 38
vii
CapítuloI
AVALIAÇÃODASATIVIDADESGENÓTOXICAEANTIGENOTÓXICADEDUGUETIA
FURFURACEAPELOTESTEDEINDUÇÃODOPROFAGOλ(INDUTESTESOS).
Resumo.......................................................................................................................... 59
Abstract......................................................................................................................... 61
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 62
2. MATERIALEMÉTODOS..................................................................................... 63
A) Planta,Duguetiafurfuracea(St.Hil.)BentheHook.f.(1862)………………… 63
B) CepasBacterianas........................................................................................ 64
C) MeiosdeCultura,ReagentesQuímicoseSoluções.................................... 64
2.1. ProcedimentoExperimental.................................................................. 65
2.1.1.Induteste............................................................. ............................... 65
3. RESULTADOS..................................................................................................... 66
4. DISCUSSÃO........................................................................................................ 72
5. CONCLUSÃO...................................................................................................... 73
6. AGRADECIMENTOS........................................................................................... 73
7. REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 73
viii
CapítuloII
AVALIAÇÃODASATIVIDADESMUTAGÊNICAEANTIMUTAGÊNICADEDUGUETIA
FURFURACEAPELOTESTEDOMICRONÚCLEOEMMEDULAÓSSEADE
CAMUNDONGOS
Resumo..................................................................................................................... 79
Abstract.................................................................................................................... 81
1. INTRODUÇÃO.............................................................................................. 83
2. MATERIALEMÉTODOS............................................................................... 84
A) Planta,Duguetiafurfuracea(St.Hil.)BentheHook.f.(1862)…………… 84
B) Camundongos......................................................................................... 84
C) ReagentesQuímicoseSoluções............................................................. 85
2.1. ProcedimentoExperimental............................................................. 85
2.1.1. TestedoMicronúcleo................................................................ 85
2.1.2. AnáliseCitogenética.................................................................. 86
2.1.3. AnáliseEstatística...................................................................... 86
3. RESULTADOS............................................................................................... 87
4. DISCUSSÃO.................................................................................................. 94
5. CONCLUSÃO................................................................................................ 96
6. AGRADECIMENTOS..................................................................................... 96
7. REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS.................................................................. 96
ix
LISTADEILUSTRAÇÕES
INTRODUÇÃOGERAL
Figura1.Tiposdecâncermaisincidentes,estimadosparaoanode2008,napopulação
brasileira(INCA,2007)........................................................................................................ 2
Figura 2. Estruturasdevimblastina,vincristina,etoposida,teniposidaeTaxol(Almeida
etal.,2005).......................................................................................................................... 5
Figura 3. Distribuição geográfica dos principais biomas do Brasil, destacando a área
ocupadapeloCerrado(Ribeiro&Walter,1998)................................................................ 10
Figura4.FlorefolhasdeDuguetiafurfuracea.................................................................. 14
Figura5.FrutodeDuguetiafurfuracea(Proençaetal.,2000).......................................... 14
Figura6.Aplanta,Duguetiafurfuracea............................................................................. 15
Figura7.ViasBEReNER,dereparodeDNA(Nolletal.,2006)........................................ 25
Figura 8. Circuito regulatório dos genes lexA e recA, envolvidos nas Funções SOS. O
repressor CI de bacteriófagos também é clivado por RecA ativada, permitindo que os
genesdociclolíticodofagosejamexpressos.AdaptadodeLewin,2001.......................... 28
Figura9.Ciclolíticoeciclolisogênico(Lewin,2001).......................................................... 32
Figura 10. Resumo do processo de maturação das células da linhagem eritrocitária
(Ribeiro,2003)...................................................................................................................... 35
Figura11.ConcentraçãodeRNAduranteamaturaçãodoeritrócito(Ribeiro,2003)....... 36
x
Figura12.Formaçãodemicronúcleosemeritrócitosdemedulaóssea(Ribeiro,2003). 36
xi
CapítuloI
AVALIAÇÃODASATIVIDADESGENÓTOXICAEANTIGENOTÓXICADEDUGUETIA
FURFURACEAPELOTESTEDEINDUÇÃODOPROFAGOλ(INDUTESTESOS).
Figura 1. Fração de Sobrevivência da cepa E. coli (WP2s (λ)) em função da dose do
extratodeDuguetiafurfuracea................................................................ ........................... 68
Figura2.FatordeInduçãodacepaE.coli(WP2s(λ))emfunçãodadosedoextratode
Duguetiafurfuracea............................................................................................................. 69
Figura 3. Curva de Sobrevivência da cepa E. coli (WP2s (λ)) em função da dose do
extratodeDuguetiafurfuraceacotratadocom0,5µgdeMMC/placa............................. 71
Figura4.FatordeInduçãodacepaE.coli(WP2s(λ))emfunçãodadosedoextratode
Duguetiafurfuraceacotratadocom0,5µgdeMMC/placa.............................................. 71
xii
CapítuloII
AVALIAÇÃODASATIVIDADESMUTAGÊNICAEANTIMUTAGÊNICADEDUGUETIA
FURFURACEAPELOTESTEDOMICRONÚCLEOEMMEDULAÓSSEADE
CAMUNDONGOS
Figura 1. Frequência de EPCMN após 24 horas de tratamento com o extrato de
Duguetiafurfuraceaecontroles......................................................................................... 89
Figura 2. Frequência de EPCMN após 48 horas de tratamento com o extrato de
Duguetiafurfuraceaecontroles......................................................................................... 89
Figura3.RazãoEPC/ENCapós24horasdetratamentoecontroles................................. 90
Figura4.RazãoEPC/ENCapós48horasdetratamentoecontroles................................. 90
Figura 5. Frequência de EPCMN após 24 horas de tratamento com o extrato de
Duguetiafurfuracea+MMCecontroles.............................. .............................................. 93
Figura 6. Frequência de EPCMN após 48 horas de tratamento com o extrato de
Duguetiafurfuracea+MMCecontroles.............................. .............................................. 93
Figura 7. Razão EPC/ENC após 24 horas de tratamento com o extrato de Duguetia
furfuraceacotratadocomMMCecontroles..................................................................... 94
Figura 8. Razão EPC/ENC após 48 horas de tratamento com o extrato de Duguetia
furfuraceacotratadocomMMCecontroles..................................................................... 94
xiii
LISTADETABELAS
CapítuloI
AVALIAÇÃODASATIVIDADESGENÓTOXICAEANTIGENOTÓXICADEDUGUETIA
FURFURACEAPELOTESTEDEINDUÇÃODOPROFAGOλ(INDUTESTESOS).
Tabela1.Principaiscaracterísticasdascepasbacterianasutilizadas................................. 64
Tabela 2. Valores de média e desvio padrão do número de sobreviventes e plaques
formados,FraçãodeSobrevivência(S)eFatordeIndução(FI)emfunçãodasdosesdo
extratodeDuguetiafurfuracea................................................................ ........................... 67
Tabela 3. Valores da média e desvio padrão do número de sobreviventes e plaques
formados,FraçãodeSobrevivência(S)eFatordeIndução(FI)emfunçãodasdosesdo
extratodeDuguetiafurfuraceacotratadocomMitomicinaC.......................................... 70
CapítuloII
AVALIAÇÃODASATIVIDADESMUTAGÊNICAEANTIMUTAGÊNICADEDUGUETIA
FURFURACEAPELOTESTEDOMICRONÚCLEOEMMEDULAÓSSEADE
CAMUNDONGOS
Tabela1.Efeitodaadministraçãodoextratoliofilizado defolhasdeDuguetiafurfuracea
(ED)porgavageemcamundongosecontroles...................................................................88
Tabela2.Efeitodaadministraçãodoextratoliofilizado defolhasdeDuguetiafurfuracea
(ED)porgavage+MMCi.p.emcamundongosecontroles................................................ 91
xiv
LISTADEABREVIATURAS
µg Micrograma
ACG Acetogenina
AT Adenina/Timina
ATP Adenosinatrifosfato
BER Reparoporexcisãodebase
CEME CentraldeMedicamentosdoMinistériodaSaúde
CNPq ConselhoNacionaldeDesenvolivmentoCientíficoeTecnológico
DL50 DoseLetal50%
DNA Ácidodesoxirribonucléico
ED ExtratodeDuguetiafurfuracea
ENC EritrócitosNormocromáticos
EPC EritrócitosPolicromáticos
EPCMNEritrócitosPolicromáticosMicronucleados
FADH2 Flavinaadeninadinucleotídeo
FI FatordeIndução
FUNAPE FundaçãodeApoioàPesquisa
GC Guanina/Citosina
HTP Hematoporfirínicos
INCA InstituoNac ionaldoCâncer
i.p. Intraperitonial
Kg Quilogramas
LB LuriaBoth
mg Miligramas
min Minutos
mL Mililitros
MMC MitomicinaC
MN Micronúcleos
NADH Nicotinamidaadeninadinucleotídeo
NER Reparoporexcisãodenucleotídeos
xv
OMS OrganizaçãoMundialdeSaúde
p.c. Pesocorpóreo
PMA Acetatodeforbolmiristato
RNA Ácidoribonucléico
S FraçãodeSobrevivência
THF Tetrahidrofurânicos
TPA 12Otetradecanoilforbol13acetato
UFG UniversidadeFederaldeGoiás
UV Ultravioleta

xvi
RESUMO
A planta Duguetia furfuracea (St. Hil.) Benth e Hook. f. (1862), pertence à família
Annonaceae, é conhecida popularmente como sofredorimquemquer, araticumdo
cerrado e atadomato. Esta planta ocorre em vários estados brasileiros, como Amazonas,
Bahia,DistritoFederal,Goiás,MinasGerais,MatoGrosso,MatoGrossodoSuleoPaulo.É
comumente utilizada pela população como antireumática e para combater cólicas renais.
Estudosanteriorestêmdescritoaatividadeterapêuticadaplantacomaçãotripanomicida,
antiprotozoárica eantiplasmódica. Devido àgrande utilização daplantaD. furfuracea pela
população, o presente trabalho teve como objetivo avaliar as atividades
genotóxica/mutagênica,antigenotóxica/antimutagênicaecitotóxicadoextratoliofilizadode
folhasdeD.furfuraceapelotestedeinduçãodoprofagoλ(Induteste)emcepasdeE.coli e
pelo teste do micronúcleo em medula óssea de camundongos (Teste do Micronúcleo). O
testedeinduçãodoprofagoλfoirealizadodeacordocomMoreauetal. (1976),utilizando
as cepas de E. coli WP2s(λ) e RJF013. Para a avaliação das atividades genotóxica e tóxica
foramempregadas asdoses de 1mg, 2mg, 5mg e 10mg,enquanto quenaavaliação da
ação antigenotóxica foram testadas as doses de 0,5 mg, 1 mg, 2 mg, 5 mg e 10 mg co
tratadas com 0,5 µg de mitomicina C. O teste do micronúcleo em medula óssea de
camundongosfoirealizadodeacordocomametodologiadeSchmid(1975).Paraaavaliação
daatividademutagênica,osanimaisforamtratadoscomtrêsdiferentesdosesdoextratoda
planta (100, 200 e 300 mg/Kg p.c.), enquanto que para a avaliação da atividade
antimutagênica foram administradas as mesmas doses (100, 200 e 300 mg/Kg p.c.)
concomitantementedeumadosede4mg/KgdemitomicinaC.Agenotoxicidadefoiavaliada
pelafreqüênciadeeritrócitospolicromáticosmicronucleados(EPCMN)eacitotoxicidadefoi
analisadapelarazãoeritrócitospolicromáticosenormocromáticos(EPC/ENC).Osresultados
obtidos na avaliação da mutagenicidade mostraram que todas as doses do extrato de D.
furfuracea não aumentaram significativamente o número de EPCMN (p>0,05), quando
comparadoscomogrupocontrolenegativo.A citotoxicidadefoievidenteemtodasasdoses
testadas (p<0,05). Em relação à antimutagenicidade, todas as doses administradas
reduziramsignificativamenteafreqüênciadeEPCMN,emrelaçãoaogrupocontrolepositivo
(p<0,05).Emambosostestes,osresultadosobtidosmostraramseconcordantes,nosquais
o extrato de D. furfuracea apresentou atividade citotóxica; porém, não demonstrou
xvii
atividadegenotóxicaembactériaseaçãomutagênicaemcamundongos.Poroutrolado,foi
observadaaçãoantigenotóxicaeantimutagênica.
xviii
ABSTRACT
The plant Duguetia furfuracea (St. Hil.) Benth and Hook. f. (1862), belongs to the
family Annonaceae, is popularly known as sofredorimquemquer, araticumdocerrado
andatadomato.ThisplantoccurresinseveralBrazilianstates,asAmazonas,Bahia,Distrito
Federal, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul and São Paulo. It is
commonlyusedbypeopleas antirheumaticandto curerenalcolic. Previousstudies have
described therapeutic activity of this plant with trypanocidal, antiplasmodial and
antiprotozoal effects. Due to the large utilization of this plant by the local people, the
presentworkaimedtoevaluatethegenotoxic/mutagenic,antigenotoxic/antimutagenicand
cytotoxicactivitiesoflyophilizedleafextractofD.furfuraceabythelisogenicinductiontest
(Inductest)andthemicebonemarrowmicronucleusassay(MicronucleusTest).Thelisogenic
induction test was performed according Moreau et al., (1976) using E. coli WP2s(λ) and
RJF013 strains. To evaluate the genotoxic and toxic activities, the doses employed were 1
mg,2mg,5mge10mg,whiletoevaluatetheantigenotoxicactionthedoseswereof0,5
mg,1mg,2mg,5mge 10mgcotreatedwith0,5µgdemitomycinC.Micronucleustestin
thebonemarrowofmicewasperformedaccordingtoSchmid(1975).Toevaluatemutagenic
activity, mice were treated with three different doses of plant extract (100, 200 and 300
mg/Kgbody weight),to evaluate antimutagenicactivity,mice were treated with thesame
dosescoadministeredwith4mg/kgofmitomycinC.Thegenotoxicactionwasevaluatedby
thefrequencyofmicronucleatedpolychromaticerythrocytes(MNPCE)andcytotoxicitywas
evaluated by the polychromatic and normochromatic erythrocytes ratio (PCE/NCE). The
resultsobtainedfromtheevaluationofmutagenicity ofthisplantshowedthattheextractof
D. Furfuracea didn’t increase significantly (p>0.05) the frequency of MNPCE compared to
negative control. Cytotoxicity was evident in all applied doses (p<0.05). Concerning
antimutagenicity, all doses of extract reduced significantly the frequency of MNPCE
compared to the positive control group (p<0.05).In both tests, the results obtained
demonstrated that the extract of D. furfuracea presented cytotoxicity; however, it didn’t
showgenotoxicormutageniceffectsinbacteriaandmicebonemarrowrespectively.Inthe
otherhand,itwasobservedaantigenotoxicandantimutagenicaction.
1
1. INTRODUÇÃOGERAL
1.1.CâncereFitoterapia
O câncer é uma das doenças que mais causam temor na sociedade, por ter se
tornadoum estigmade mortalidadee dor.Naverdade, apalavracâncer,deorigem latina
(cancer) significando “caranguejo”, deve ter sido empregada em analogia ao modo de
crescimentoinfiltrante,quepodesercomparadoàspernasdocrustáceo,queasintroduzna
areiaoulamaparasefixaredificultarsuaremoção(Almeidaetal.,2005).
Atualmente, a definição científica de câncer referese ao termo neoplasia,
especificamente aos tumores malignos, pelo crescimento descontrolado de células
transformadas.Existemquase200tiposquecorrespondemaosváriossistemasdecélulasdo
corpo, os quais se diferenciam pela capacidade de invadir tecidos e órgãos, vizinhos ou
distantes(Almeidaetal.,2005).
Em 2005, de um total de 58 milhões de mortes ocorridas no mundo, o câncer foi
responsávelpor7,6milhões,oquerepresentou13%detodasasmortes.Dototaldeóbitos
porcâncerocorridosem2005,maisde70%ocorreramempaísesdemédiaoubaixarenda
(OrganizaçãoMundialdaSaúde(OMS),2006).NoBrasil,as estimativasparaoanode2008,
válidastambémparaoanode2009,apontamqueocorrerão466.730casosnovosdecâncer.
Os tipos mais incidentes, à exceção do câncer de pele do tipo não melanoma, serão os
cânceresdepróstataedepulmão,nosexomasculino,eoscânceresdemamaedecolodo
útero,nosexofeminino,acompanhandoomesmoperfildamagnitudeobservadanomundo
(Figura1)(INCA,2007).
Os fatores de risco de câncer podem ser externos (ambientais) ou endógenos
(hereditários) (INCA, 2007). A maioria dos casos (cerca de 80%) está relacionada ao meio
ambiente, onde encontrase um grande número de fatores de risco. Entendese por
ambiente,omeioemgeral(água,terraear),oambienteocupacional(quandoinsa lubre),o
ambiente social e cultural(estilo e hábitos de vida) e o ambiente de consumo (alimentos,
medicamentos). As mudanças provocadas no meio ambiente pelo próprio homem, os
hábitose estilos devida adotados pelaspessoas podemdeterminar os diferentestipos de
câncer(Almeidaetal.,2005).
2
Figura 1. Tipos de câncer mais incidentes, estimados para o ano de 2008, na população
brasileira(INCA,2007).
Em 2005,pesquisadores da HarvardSchool of Public Health,liderados por Goodarz
Danaei, estimaram que 35% das mortes por câncer no mundo poderiam ser atribuídas ao
efeitocombinadodenovefatoresderisco,separadosemcincogrupos:dietaeinatividade
física, substâncias aditivas (uso de tabaco e álcool), saúde sexual e reprodutiva (infecções
sexualmente transmissíveis), riscos ambientais (poluição do ar, combustíveis sólidos,
tabagismopassivo)econtaminaçãovenosapelovírusdahepatiteBeC(INCA,2007).
Assim,tantofatoresderiscodecâncerambientaisquantohereditários,estãointer
relacionadoseinteragemdeváriasformasparadarinícioàsalteraçõescelularespresentes
na etiologia do câncer (INCA, 2007). Tais alterações celulares que geram as neoplasias
podem ocorrer em genes especiais denominados protooncogenes, que a princípio, são
inativos em células normais. Quando ativados, os protooncogenes transformamse em
oncogenes, responsáveis pela malignização (transformação) das células normais. Estas
células diferentessão, então, denominadas cancerosas,ou melhor, tumorais. Essas células
alteradas passam então a se comportar de forma anormal, multiplicandose de maneira
descontrolada.Comaconstantemultiplicaçãocelular,anecessidadedequenovosvasos
sangüíneos sejam formados para que haja a nutrição destas células, em um processo
denominadoangiogênese.Amanutenção eoacúmulode massadessascélulasformamos
3
tumores malignos e elas também podem adquirir a capacidade de se desprenderem do
tumor e de migrarem, invadindo inicialmente os tecidos vizinhos, podendo chegar ao
interiordeumvaso sangüíneooulinfáticoe,através destes,disseminaremse,chegandoa
órgãosdistantesdolocalondeotumorseiniciou,formandoasmetástases(Almeidaetal.,
2005).
Ascélulascancerosassão,geralmente,menosespecializadasnassuasfunçõesqueas
suascorrespondentesnormais.Conformeascélulascancerosasvãosubstituindoasnormais,
ostecidosinvadidos vãoperdendosuasfunções;assim,porexemplo,ainvasãoneoplásica
dospulmõesgeraalteraçõesrespiratórias;comistoadisfunçãoorgânicaquepodelevarà
falênciadoórgãoou,emcasosmaisgraves,levaàmortedopaciente.Caberessaltarque,na
verdade,oncologiamédicaéaespecialidadenamedicinaquefocaotratamentosistemático
do paciente com câncer com quimioterapia e outros tipos de tratamento (Almeida et al.,
2005).
Existem três tipos principais de tratamento para o câncer: cirurgia, radioterapia e
quimioterapia(Murad, 1996).Mais recentementetemseusado aterapiadefotorradiação
com derivados hematoporfirínicos (HTP) (Machado, 2000) e a imunoterapia (Salmonm,
1998), sendo que o objetivo de cada um destes tratamentos é erradicar o câncer,
normalmente por meio da terapia combinada, onde é associado mais de um tipo de
tratamento(Almeidaetal.,2005).
A técnica cirúrgica pode levar à remoção de tumores com eficácia, se não houver
metástase;nocasodaleucemia,porexemplo,costumasernecessárioousodeoutrostipos
conjuntos de terapia, incluindo o transplante de medula. A radioterapia (geralmente raios
gama,radioisótoposcomocobalto60,raiosXeatéprótonsemésonspinegativos)éusada
comumente em conjunto com a cirurgia, como incremento da eficiência do tratamento.
Mesmoisoladamente,aradioterapiapodediminuirtumoresgrandes,diminuirarecorrência
eachancedemetástase,sendoumametodologiaantineoplásicamuitousada;entretanto,
mesmo que sejam usados os sensitizadores (que diminuem os efeitos colaterais) o
tratamentoporradiaçãoésujeitoaseveraslimitações(Murad,1996).
Com esses métodos de tratamento citados, um terço dos pacientes consegue ser
curado através de medidas locais (cirurgia ou radioterapia), que são eficazes quando o
tumoraindanãosofreumetástaseporocasiãodotratamento.Todavia,nosdemaiscasos,a
neoplasia caracterizase pelo desenvolvimento precoce de micrometástases, indicando a
4
necessidadedeumaabordagemsistêmica,quepodeserefetuada,emcercade6070%dos
casoscomaquimioterapia(Almeidaetal.,2005).
Oobjetivo primáriodaquimioterapiaé destruirascélulasneoplásicas, preservando
asnormais.Entretanto,amaioriadosagentesquimioterápicosatuadeformanãoespecífica,
lesando tanto células malignas quanto normais (Murad, 1996; Salmonm, 1998),
particularmenteas célulasderápido crescimento,comoas gastrointestinais,capilarese as
dosistemaimunológico.Istoexplicaamaior partedosefeitoscolateraisdaquimioterapia:
náuseas, perda de cabelo e susceptibilidade maior às infecções (Machado, 2000; Oliveira,
2002).
Porém,ocorporecuperasedestesinconvenientesapósotratamento,eousoclínico
dessesfármacos exigequeos benefíciossejam confrontadoscom atoxicidade, naprocura
de um índice terapêutico favorável (Murad, 1996; Salmonm, 1998). Muitos estudos estão
sendofeitos para amaioreficiência daquimioterapia e acombinaçãodediversos agentes
antineoplásicos,tendoseconseguidoresultadossurpreendentescomíndicesdecurade75
a90%emdiversostiposdecâncer(Almeidaetal.,2005).
Existe uma grande variedade de tipos de compostos utilizados em quimioterapia
oncológica(Almeidaetal.,2005),dentreelesencontramsecompostossintéticoseprodutos
naturais extraídos de plantas. Dentre alguns produtos naturais citotóxicos, usados
clinicamentenotratamentodeneoplasias,têmseosalcalóidesvegetais(produtosnaturais
nitrogenados derivados biossinteticamente de aminoácidos) como: i) alcalóides da vinca
(vimblastina e vincristina) (Oliveira,2002) (Figura 2) ação pela inibição do fuso mitótico,
ligandose às proteínas microtubulares e, conseqüentemente, interrompendo a divisão
celular na metáfase (Oliveira, 2002); ii) taxol (Figura 2), éster alcalóide derivado do teixo
ocidental(Taxusbrevifolia)edoteixoeuropeu(Taxusbaccata),(conhecidocomercialmente
comoPaclitaxel®)(Oliveira,2002)açãotambémpelainibiçãodofusomitótico,dimerização
da tubulina e estabilização dos túbulos, protegendoos da despolimerização, o que
estabiliza,provocaobloqueiodamultiplicaçãocelular,oque resultanaperdadaviabilidade
celular(Oliveira,2002);iii)podofilotoxinas(ouepipodofilotoxinas)(Salmonm,1998;Chabner
& Calabresi, 1995), tendose como exemplos principais a etoposida (VP16) e teniposida
(VM26),(Figura2),derivadossemisintéticosdapodofilotoxina,extraídadaraizdopodofilo
(Podophyllumpeltatum)(Salmonm,1998;Chabner&Calabresi,1995)açãopelobloqueio
dascélulasnasfasesSeG2einibiçãodaenzimatopoisomeraseII,oquepromovelesãono
5
DNA. Podese citar também o uso da enzima asparaginase (Lasparagina amino hidrolase,
Elspar), particularmente em tratamento de leucemia aguda infantil (Machado, 2000;
Chabner&Calabresi,1995),isoladade váriasbactérias, queatuapeladiminuiçãocatabólica
de asparagina sérica, assim como dos níveis sangüíneos de glutamina. Nas células
neoplásicas, isto provoca a inibição da síntese de proteínas, resultando no bloqueio da
proliferação celular. Por último, é digno de nota ressaltar o uso recente de vacinas
antitumorais, ainda em fase de teste, através da interação antígenoanticorpo visando a
imunizaçãodoorganismo(Jageretal.,2002).
Figura2.Estruturasdevimblastina,vincristina,etoposida,teniposidaeTaxol(Almeidaetal.,
2005).
Nestecontextoéimportantemencionarqueasplantas,alémdeseuusonamedicina
popularcomfinalidadesterapêuticas,têmcontribuído,aolongodosanosparaaobtenção
de vários fármacos, até hoje amplamente utilizados na clínica (Farnsworth, 1980; Teske e
Trentini,1995).
6
Nos últimos anos temse verificado um grande avanço científico envolvendo os
estudosquímicosefarmacológicosdeplantasmedicinaisquevisamobternovoscompostos
com propriedades terapêuticas. Isto pode ser claramente observado pelo aumento de
trabalhos publicados nesta área, tanto em congressos como em periódicos nacionais e
internacionais,alémdosurgimentodenovosperiódicosespecíficossobreprodutosnaturais
ativos, como Phytomedicine, Phytochemical Analysis, Natural Product Letter, etc. (Filho &
Yunes,1998).
Quando se procura obter substâncias ativasde plantas, um dos principais aspectos
quedeveserobservadoconsistenasinformaçõesdamedicinapopular.Dadosdaliteratura
revelamqueémuitomaisprovávelencontraratividadebiológicaemplantasorientadaspelo
seu uso na medicina popular do que em plantas escolhidas ao acaso (Montellano, 1975;
Farnsworth, 1981). Cerca de 75% dos compostos puros naturais empregados na indústria
farmacêutica foram isolados seguindo recomendaçõesda medicina popular (Silva Júnior &
Vizzoto,1996).Outrosaspectosimportantesquedevemserlevadosemconsideraçãosãoas
informaçõesbotânicotaxonômicasequímicotaxonômicas(Cordell,1995;Júnior&Scheffer,
1994).
A fitoterapia constitui uma forma de medicina que vem crescendo visivelmente ao
longodos anosonde atualmente omercadomundial de fitofármacosgira emtorno de15
bilhões de dólares. Talvez o principal fator a contribuir consideravelmente para o
crescimento em questão consista na evolução dos estudos científicos, particularmente os
estudos químicos e farmacológicos, que comprovam,cada vez mais, a eficácia dasplantas
medicinais, principalmente aquelas empregadas na medicina popular com finalidades
terapêuticas(Filho&Yunes,1998).
Entretanto, a necessidade de se chegar aos compostos puros responsáveis pelos
efeitos biológicos apresentados pelos extratos, leva a uma obrigatória integração entre a
químicaeafarmacologiamolecular,cujoelopodelevaràobtençãode substânciasnaturais
ousintéticasdegrandeinteressequímicomedicinal(Filho&Yunes,1998).
Em nosso país, os estudos científicos envolvendo produtos naturais ativos, suas
indicações e contraindicações, podem proporcionar aos fitofármacos um maior nível de
aceitação médica, respaldados pela comprovação de sua eficácia terapêutica em
experimentosfarmacológicospréclínicoseclínicos(Filho&Yunes,1998).
7
Este fato é de extrema importância, considerandose que o Brasil se encontra
atualmente nas primeiras posições no mercado mundial de fármacos, necessitando
urgentemente que as indústrias de fitofármacos existentes se desenvolvam para competir
inclusiveanívelinternacional.Ainstalaçãodeindústriasenvolvendoa síntese defármacosa
partirdeprodutosnaturaispoderia,assim,serumconsiderávelpólodecrescimentoparaa
químicaeafarmacologia(Filho&Yunes,1998).
1.2.PlantasMedicinais
Éprovávelqueautilizaçãodasplantascomomedicamentosejatãoantigaquantoo
própriohomem.Numerosasetapasmarcaramaevoluçãodaartedecurar,porém,tornase
difícil delimitálas com exatidão, que a medicina esteve por muito tempo associada a
práticas mágicas,místicas e ritualísticas. Consideradas ou não seresespirituais, as plantas,
por suas propriedades terapêuticas ou tóxicas, adquiriram fundamental importância na
medicinapopular(Martinsetal.,2000).
Contudo, as civilizações antigas muito contribuíram com o conhecimento das
propriedades terapêuticas dos vegetais. Fragmentos de papiros médicos contendo
instruçõesereceitasdecomoprepararváriosmedicamentosapartirdeplantasmedicinais
datamdecercade2400 a.C.(AlmassyJúnioret al.,2005).Ascivilizações daChina,Índia e
norte da Áfricadeixaram evidências escritasdo uso deplantaspara o tratamentode uma
grandevariedadedeenfermidades(Phillipson,2001).NoBrasil,oconhecimentodousodas
plantas medicinais é o resultado de uma miscigenação cultural envolvendo africanos,
europeuseindígenas,comintroduçãodeespéciesexóticaspeloscolonizadoreseescravos,
(Engelke,2003)desdeseudescobrimentoem1500(Petrovick,1999).
Assim, os africanos utilizavam muito comumente o guiné (Petiveria alliacea L.) e o
melãodesãocaetano (Momordica charantia L.), pois, entre os negros, quando alguém
adoeciaeraporqueestavapossuídoporespíritomau,eocurandeiroseencarregava,então,
deexpulsálopormeiodeexorcismoepelousodestasplantas(AlmassyJúnioretal.,2005).
a influência européia no Brasil teve início com a chegada dos jesuítas, que
trouxeram várias plantas medicinais, como camomila (Chamomilla recutita (L.) Rauschert),
8
melissa(MelissaofficinalisL.),malva(MalvasylvestrisL.),funcho(FoeniculumvulgareMill.),
alecrim(RosmarinusoffcinalisL.),abardana(Arctiumminus(Hill)Bernh.)eodentedeleão
(TaraxacumofficinaleWeber).Porisso,amaioriadasplantasmedicinaisdeorigemeuropéia
foiadaptadaetemsereproduzidoespontaneamentenoBrasil(AlmassyJúnioretal.,2005).
Os índios utilizavam ipecacuanha (Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes), jaborandi
(Pilocarpusjaborandi),guaraná(PaulliniacupanaKunth),taiuiá(Cayaponiaspp.)eaervade
bugre(CaseariasylvestrisSw.)nacuradosenfermos(AlmassyJúnioretal.,2005).
Dessa forma, por meio da tentativa e do erro, pouco a pouco, os povos mais
primitivos da história humana passaram a conhecer as plantas de seu ecossistema e a
reconhecer suas propriedades, inclusive as medicinais. Tal conhecimento era repassado
sucessivamenteentreasgerações,principalmentepelatradiçãooral,fatoestequecontinua
ocorrendo até hoje em comunidades mais isoladas, ou que não desenvolveram a escrita
(AlmassyJúnioretal.,2005).
Esta relação entre povos e plantas é denominada de etnobotânica, que pode ser
definidacomooestudodassociedadeshumanas,passadasepresentes,etodosostiposde
interrelações:ecológicas,evolucionáriasesimbólicas;reconhecendoadinâmicanaturaldas
relaçõesentreoserhumanoeasplantas(Azevedo&Kruel,2007).
Comumente, as pesquisas etnobotânicas além de abordarem populações
tradicionais,comoindígenasecaiçaras,tambémseconcentramempopulaçõesdecidadese
depequenosnúcleos urbanoscom origemrural.Nestaspopulações,tem sidoobservadaa
utilizaçãodasplantascomoumdospoucosrecursosterapêuticosparatratarsuasdoenças
maisfreqüentes(Pillaetal.,2006).
Atualmente,otratamentodasenfermidadeshumanasa partirdeplantasmedicinais,
ou seus derivados, encontrase em expansão por todo o mundo (Farnsworth, 1997).
Entretanto,durantemuitosanosapesquisacomplantasmedicinaisfoisubestimada nomeio
científico,tomandoimpulsorecenteegradualmente,àmedidaquealgunsestudosforam
semostrandopromissores.MasonúmerodeespéciesestudadasnoBrasil,aolongodemais
de40 anos depesquisas com plantasmedicinais aindaé reduzido(PavanFruehauf, 2000).
Apesardo aumentodeestudosnessaárea, osdadosdisponíveis revelamque apenas15a
17%dasplantasforamestudadasquantoaoseupotencialmedicinal(Soejarto,1996).
A Organização Mundial da Saúde estima que 80% das pessoas dependam da
medicinatradicional,emespecialnasnaçõesemdesenvolvimento(Farnsworth,1997).Ouso
9
de plantas medicinais, conhecido hoje como fitoterapia (Almassy Júnior et al., 2005) tem
ressurgidocomoumaopçãomedicamentosabemaceitaeacessívelaospovos,enocasodo
Brasil é adequada para as necessidades locais de centenas de municípios brasileiros no
atendimento primário à saúde. A expansão da fitoterapia pode ser atribuída a diversos
fatores tais como: aos efeitos adversos de fármacos sintéticos, a preferência dos
consumidores por tratamentos “naturais”, a validação científica das propriedades
farmacológicas de espécies vegetais, o desenvolvimento de novos métodos analíticos
colocados à disposição do controle de qualidade, o desenvolvimento de novas formas de
preparaçõeseadministraçõesdeprodutosfitoterápicos,ummelhorconhecimentoquímico,
farmacológicoeclínicodasdrogasvegetaiseseusderivados,além,também,domenorcusto
secomparadocomosfármacossintéticos(Meloetal.,2007).
Além disso, o Brasil possui uma farmacopéia popular muito diversa baseada em
plantas medicinais, visto que, o país é possuidor da maior diversidade vegetal do planeta,
aproximadamente55milespéciesdeplantassuperiores(Engelke,2003).Dentreasinúmeras
plantasutilizadasnamedicinapopularaCEME(CentraldeMedicamentosdoMinistérioda
Saúde) realizou a inclusão de dezenas de plantas brasileiras mais usadas popularmente.
Entre elas estão a espinheirasanta (Maytenus ilicifolia) do sul do Brasil, o capimsanto
(Cymbopogon citratus), o quebrapedra (Phyllanthus niruri e outras espécies do mesmo
gênero), o mastruço (Chenopodium ambrosioides), o mentrasto (Ageratum conyzoides), a
embaúva (Cecropia glaziovi), a colônia (Alpinia zerumbet) e várias outras muito usadas no
país(Lorenzi&Matos,2002).
Asplantas sintetizam compostos químicos apartir dos nutrientes, daágua e da luz
que recebem. Muitos desses compostos ou grupos deles, denominados princípios ativos,
podemprovocardiversasreaçõesnoorganismo.Algumasdessassubstânciaspodem ounão
ser tóxicas, dependendo da dosagem em que venham a ser utilizadas. Assim, “planta
medicinaléaquelaquecontémumoumaisdeumprincípioativo,conferindolheatividade
terapêutica”(Martinsetal.,2000).
Dessa forma, o reino vegetal, além de ser o maior reservatório de moléculas
orgânicas conhecido, é um poderosolaboratório de síntese.A partir de plantas achadas e
usadas pelo conhecimento popular, foram descobertos diversos medicamentos (Alves &
Silva, 2002), como os analgésicos, tranqüilizantes, diuréticos, laxativos e antibióticos entre
outros (Meyers, 1983; Principe, 1985), que são usados até os nossos dias pela medicina.
10
Aindahojediversasmoléculascomestruturacomplexadependemdesíntesebiológica, pois
asínteseemlaboratórionãopodeserfeitaouéeconomicamenteinviável;porissoplantas
medicinais são usadas como matériaprima para a fabricação de medicamentos (Alves &
Silva,2002).
1.3.Cerrado
O Brasil, reconhecidamente, é o país detentor de uma das mais altas taxas em
biodiversidade. Contendo em seu território extensas áreas de florestas tropicais, abriga a
maior diversidadebiológicae genética terrestre.Estimativas citam aexistência de 40 a55
milespéciesvegetaisfanerogâmicasnosbiomasbrasileiros(PavanFruehauf,2000).
NoBrasil,consideraseaocorrênciadeseisgrandesbiomasbrasileiros:oCerrado,os
Campose FlorestasMeridionais, aFloresta Atlântica,aCaatinga, aFloresta Amazônicaeo
Pantanal(Figura3)(Ribeiro&Walter,1998).
Figura3.DistribuiçãogeográficadosprincipaisbiomasdoBrasil,destacandoaáreaocupada
peloCerrado(Ribeiro&Walter,1998).
11
O Cerradoestá localizadobasicamente no Planalto Central do Brasileé o segundo
maiorbiomadopaísemárea,apenassuperadopelaFlorestaAmazônica(Ribeiro&Walter,
1998;GuarimNeto&Morais,2003;Klink &Machado,2005).OCerradoéconsideradoum
complexovegetacionaldegrandeheterogeneidadefitofisionômica(Ribeiro&Walter,1998),
ocupando mais de dois milhões de km
2
, o que representa cerca de 23% do território
brasileiro(Ribeiro&Walter,1998;GuarimNeto&Morais,2003).
O Cerradoabrangecomo área contínua os estados de Goiás, Tocantins e oDistrito
Federal, partedos estados da Bahia,Ceará, Maranhão, Mato Grosso, MatoGrosso do Sul,
MinasGerais,Piauí,RondôniaeSãoPauloetambémocorreemáreasdisjuntasaonortenos
estados do Amapá, Amazonas, Pará e Roraima, e ao sul, em pequenas “ilhas” no Paraná.
Fora do Brasil ocupa áreas na Bolívia e Paraguai, enquanto paisagens semelhantes são
encontradasnaColômbia,Guiana,SurinameeVenezuela,recebendooutrasdenominações
como Llanos, por exemplo (Ribeiro & Walter, 1998). Deste modo, Proença et al. (2000),
considera o Cerrado o mais brasileiro dos biomas sulamericanos, pois, excetuandose
algumas pequenas áreas encontradas em outros países, ele está totalmente inserido no
territórionacional.
ObiomaCerradoéapontadocomograndedetentordediversidadebiológica,sendo
a formação savânica com maior diversidade vegetal do mundo, especialmente quando se
consideramasespécieslenhosas(GuarimNeto&Morais,2003).Estebiomapossuimaisde
7.000 espécies de plantas (Klink & Machado, 2005), muitas delas com valor alimentício e
medicinal(Almeidaetal.,1998).
Asdiferençasclimáticasassociadasafatoresedáficoseàintensidadeefreqüênciado
fogo são refletidas nas diversas fisionomias do cerrado sensu lato, variando desde
campestres (cerrado ralo) a florestais (cerradão) (Ribeiro & Walter 1998). A maioria das
árvoresdocerradotêmraízesextensasquebuscamaáguanasprofundezasdosolo,esuas
folhas são sempre verdes, mesmo no auge da seca; suas cascas grossas e corticentas
protegem os troncos da ação do fogo. A vegetação rasteira apresenta xilopódios, bulbos,
rizomasegemassubterrâneasqueresistemdormentesmesmoquandotodaaparteaérea
da planta desaparece, rebrotando com as primeiras chuvas de primavera, geralmente em
setembro(Proençaetal.,2000).
OssolosdoCerradosãogeralmentepobreseácidose,durantemuitotempo,foram
considerados impróprios para a agricultura. As grandes fazendas de cerrado eram
12
tradicionalmente utilizadas para criação extensiva de gado, o que causava relativamente
poucodanoàfloraeàfauna(Proençaetal.,2000).
Entretanto, ao longo dos últimos 50 anos (Anacleto, 2005), a progressiva
mecanizaçãodalavouraeafacilidadedelimpareadubaraterramcontribuídoparauma
devastação acelerada da vegetação nativa (Ratter et al., 1997), transformando áreas
naturaiscontínuasemmanchasisoladas(Anacleto,2005).Somenteaspastagensplantadas
com gramíneas africanas ocupam uma área equivalente à área da Espanha,
aproximadamente500milkm
2
,enquantoaáreatotaldestinadaàconservaçãoédeapenas
33milkm
2
,claramenteinsuficienteparaa preservaçãodessebioma.Alémdisso,estimase
que20%dasespéciesendêmicasestãoameaçadas,pois,nãosesituamnasáreaslegalmente
protegidas(Klink&Machado,2005).
Aflora doCerrado,porém, aindaé poucoconhecida.Ainda carênciade estudos
voltados para a identificação de plantas úteis do Cerrado, principalmente quando
comparada à diversidade e à área ocupada. O desconhecimento de sua riqueza e
possibilidadesseagravaquandoRatteretal.(1997)estimamquecercade40%do bioma
tenhasidodevastadoequandoKaplanetal.(1994)afirmamque oCerradopossuisomente
1,5% desua extensãoprotegida por lei, sendoatualmente a vegetaçãoem maior riscono
país. É preciso considerar que os recursos naturais oferecidos por ele, uma vez extintos,
estarão indisponíveis às futuras gerações. Entre estes, podese considerar o recurso
terapêuticooferecidopelasplantasmedicinais.
Gottlieb & Borin (1994) relataram que possivelmente mais espécies vegetais
(diversidadeespecífica) em áreasamostrais de Floresta Amazônicaquenas de Cerrado de
mesmo tamanho, salientando, porém, que a diversidade taxonômica é certamente muito
maior no último. Esta diversidade é relativa aos táxons mais elevados (gênero, família e
ordem), mostrando a importância do Cerrado para pesquisas com plantas medicinais. Isto
porque, quanto maior for a diversidade taxonômica em níveis superiores, maior é o
distanciamento filogenéticoentre as espécies e maior é adiferença e diversidade química
entreelas.Porisso,agamaeopotencialdecompostosbioativos produzidospelasespécies
doCerradoseriammaioresqueasdaFlorestaAmazônica.IstoseevidenciaquandoKaplan
et al. (1994) afirmam que, utilizando se o mesmo método de extração fitoquímica,
diferenças muito contrastantes, visto que as espécies de Mata Atlântica apresentam
pequenonúmero decompostos emgrandesquantidades e asdeCerrado,grandenúmero
13
de compostos estreitamente relacionado, mas em quantidades tão pequenas que
poderiamseridentificadosporanáliseespectral.Poressas característicasobiomaCerrado
deveriaserconsideradoáreaprioritáriadepesquisascomplantasmedicinaiseconservação
derecursosnaturais(GuarimNeto&Morais,2003).
1.4.Duguetiafurfuracea(St.Hil.)BentheHook.f.(1862)(Sofredorimquemquer)
AplantaDuguetia furfuracea(St.Hil.)BentheHook.f.(1862)(Figura6),pertenceà
família Annonaceae, e é conhecida popularmente como “sofredorimquemquer”,
araticumseco(Rodrigues&Carvalho,2001),“atadomato”(GuarimNeto&Morais,2003),
marolinho,araticumdocampo,araticum docerrado,atabravaeatadelobo(Toledoetal.,
2006). Esta planta ocorre em vários estados brasileiros, como Amazonas, Bahia, Distrito
Federal,Goiás,MinasGerais,MatoGrosso,MatoGrossodoSul eSãoPaulo(Proençaetal.,
2000).Ochádesuasfolhas(Figura4)éindicadoparacombaterdismenorréia,metrorragiae
diarréia(Sangali,2000).Rodrigues& Carvalho(2001)eCarolloet al.,(2006a),relatam que
suasfolhassãoantireumáticasepodemserusadaseminfuso.SegundoPott&Pott(1994),
cascaseraízescombatemreumatismo;o frutoéusadoparaamolecerferidas.Silva(1998)
citaqueseufruto(Figura5)éconsumido“innatura”.Ochádaraizéusadocomocalmante,
antireumático,paracólicasrenaisedoresdecoluna.Gottsberge(1987)comentaquearaiz
é usada contra dores de estômago. Gavilanes & Brandão (1998) e Carollo et al., (2006a)
referemseaofatodeassementesseremutilizadascontrapediculose.
Duguetiafurfuraceaéumarbustodecampocerradoebeiradecórrego,sendotodaa
plantadeumtombegedouradopoucocomum,tantofolhasquantofloresefrutos(Proença
etal.,2000).Apresentaarbustocomtroncoslenhososmúltiplos,combasesubterrâneaque
o torna resistente ao fogo, formando aglomerados (forma moitas) de 1 a 3 m de altura.
Possui ramos finos, folhas simples inteiras, geralmente com galhas (caroços), lanceoladas,
pecioladas,alternas,ápiceagudo,baseatenuada,margensinteiras,coriáceas,decoloração
mais pálida na face inferior. As flores (Figura 4) são solitárias e axilares, com três sépalas
imbricadas e seis pétalas róseas; (Corrêa, 1984; Bontempo, 1994; Barroso et al.,1999) os
frutos são carnosos, de abril a julho, outubro e novembro e em fevereiro (Proença et al.,
2000).
14
Figura4.FlorefolhasdeDuguetiafurfuracea.
Figura5.FrutodeDuguetiafurfuracea(Proençaetal.,2000).
15
Figura6.Aplanta,Duguetiafurfuracea.
AfamíliaAnnonaceaeA.L.deJussieurepresentaumagrandefamíliapantropical,que
compreendeaproximadamente130gênerose2200espécies.NoBrasilocorrem33gêneros
ecercade250espécies,distribuídasempraticamentetodasasformaçõesnaturaisdonosso
país (Souza & Lorenzi, 2005).Existe um consenso quanto à posição filogenética desta
família, encontrandose na base das dicotiledôneas. Pertence à subclasse Magnoliidae,
ordem Magnoliales, que, no Brasil, é representada pelas famílias Magnoliaceae D.C.,
Winteraceae Lindl., Annonaceae Juss., Canelaceae Endl., Myristicaceae Horan.,
MonnimiaceaeLindl.,HernandiaceaeDumort.eLauraceaeLindl.,emboraospontosqueas
interligamaindanãoestejamclaros(Almeida,1998;Chaseetal.,1993;Doyle&LeThomas,
1999).
Atriagem de espéciesvegetais dessafamília éde grande importânciauma vezque
têmsidoidentificadassubstânciascomdiferentesatividadesbiológicas,comoporexemplo,
citotóxica, antiplasmódica, antiprotozoárica, antiparasitária, pesticida, antimicrobiana,
antifúngica,antimalárica,imunossupressora,antioxidanteeantitumoral(Sousaetal.,2000;
Franaetal.,2000;Garciaetal.,2000).
16
Acetogeninas(ACGs)sãosubstânciasque têmsidoisoladasdediferentesespéciese
gênerosdafamíliaAnnonaceaeetêmdespertadograndeinteressenosestudosfitoquímicos
dessafamília(Almeidaetal.,1998).Essassubstânciasforamprimeiramenteidentificadaspor
Jolad et al., (1982), a partir do extrato etanólico das raízes de Uvaria accuminata, onde
apresentaramatividadecitotóxica,antiparasitáriaeantitumoral.
Atualmente,éconhecidoquediferentesespéciesegênerosdeanonáceasproduzem
tiposparticularesdeACGs(Tormoetal.,1999);assim,maisde400moléculascomdiversas
estruturasquímicasforamidentificadas(Quinnetal.,2007).AsACGssãoclassificadasde
acordo com as características estruturais que apresentam e, em geral, tem um esqueleto
constituídode35a37átomosdecarbono,comumanelγ‐lactônico,α,β‐insaturadoeumou
doisanéistetrahidrofurânicos(THF)quepodemounãoseradjacentes;edoisasetegrupos
hidroxilas,sendoquedoisdestesflanqueiamoTHF(ZafraPoloetal.,1998).
Existem muitos trabalhos que procuram elucidar as possíveis atividades biológicas
das ACGs: ZafraPolo et al., (1998) atribuemlhes atividade citotóxica, antimitótica,
antimicrobiana e antimalárica; Morre et al., (1995) e Oberlies et al., (1997) relataram a
atividade antitumoral em testes in vitro e in vivo em diferentes linhagens de células
neoplásicas,sendoquealgumas ACGsforamefetivasnainativaçãodelinhagens decélulas
multirresistentesaalgumasdrogassemcausartoxicidadeemoutrascélulashumanas.Shiet
al.,(1995)avaliaramosefeitosbiológicos damucocina,umaacetogeninaisoladadeRollinia
mucosa (jacq.) Baill. (Annonaceae). Esta acetogenina mostrouse um potente agente
antitumoral, inibindo células tumorais sólidas A549 (câncer de pulmão) e PACA2 (câncer
pancreático) com potencial 10.000 vezes maior que adriamicina (doxorrubicina). Mais
recentemente, Yuan et al., (2003) pesquisaram os efeitos biológicos da annonacin, uma
acetogeninaisoladaa partirdesementes daespécieAnnona reticulata.Nesteestudo,eles
verificaramqueestaACGfoicapazdeinduziratranscriçãodep21ebloquearociclocelular
de células neoplásicas na fase G1. Além disso, a annonacin foi significativamente mais
citotóxicaàscélulasneoplásicasqueseencontravamnafaseS.
OprincipalmeiodeaçãodasACGsé pelainibiçãodocomplexo MitocondrialI(oxi
redutase ubiquinonaNADH) da cadeia transportadora de elétrons (mais importante modo
deobtençãodeenergiadascélulas).OcomplexoMitocondrialItemcomofunçãotransferir
elétrons do NADH para a ubiquinona, fechando esse processo com uma translocação de
prótonsatravésdamembranaparaformarumgradienteeletroquímicoquelevaàsíntesede
17
ATP (González et al., 1998; Hollingworth et al., 1994). Assim, apesar da inibição do
crescimento de culturas de células tumorais necessitar de outros fatores para ser efetiva,
como disponibilidade intracelular da substância e facilidade de difusão pela membrana,
sabesequeascélulastumoraissãoasque maisconsomemATP,oquepoderiaexplicar,pelo
menosemparte,a maiortoxicidadedasACGsa essestiposcelulares(Tormoet al.,1999).
Ainda,supunhasequeofatorque maisinfluenciavaapotência damoléculade ACGeraa
polaridade.Contudo,pormeiodeestudosdecinéticaficoudemonstradoqueossubtiposde
ACGsinteragemdemaneirasdiferentescomaenzima,provavelmentedevidoaosdiferentes
arranjostantodosgrupamentoslateraisdacadeiaalquil,quantodosistemaTHF,quepode
serclassificadoem:monoTHFebisTHFadjacenteounãoadjacente(Gonzálezetal.,1998;
Tormoetal.,1999;ZafraPoloetal.,1998).
NafamíliaAnnonaceae,ogêneroDuguetia,compreendecercade80espéciesnativas
compredominâncianaAméricatropicalecentral,distribuídosnabaciaAmazônicaeGuiana,
emboraalgunsrepresentantessejamencontradosna regiãosuldaAméricadoSul(Pereira
et al., 2003; Carollo et al., 2005; Muhammad et al., 2001). Este gênero não está entre os
mais estudados fitoquimicamente, tais estudos têm se concentrado nos gêneros Annona
(120espéciescatalogadas),Goniothalamus(115),Monodora(20),Rollinia(65),Uvaria(150)
eXylopia(100150).DiversosalcalóidesforamisoladosdeváriasespéciesdeDuguetiae,
peloestudofitoquímicobiomonitoradodeD.panamensis,utilizandooensaiodetoxicidade
frente a Artemia salina, foi obtida uma substância ativa o 2,4,5trimetoxilestireno, porém
apresentando baixa toxicidade frente a esse microcrustáceo e também fraca atividade
antitumoral(Siqueiraetal.,2001).
Da espécie Duguetia glabriuscula, Siqueira et al., 1997, isolou do extrato hexânico
dasfolhase dascascasdocaule, osesquiterpeno,(+)10β,14alloaromadendranodiol,que
possuiatividadeantimicrobianaconsiderável.
Demodogeral,dasespéciesdogêneroDuguetiaforamisoladosváriosalcalóidese
váriostiposdeestruturasdesesquiterpenos(Pereiraetal.,2003;Fechine etal.,2002;Maia
et al., 2006; Leboeuf et al., 1980). Desses constituintes, os alcalóides têm sido mais
amplamente testados, exibindo atividades antimalárica, antimicrobiana e citotóxica
(Muhammadetal.,2001;Temponeetal.,2005).
A análisefitoquímica das partes aéreas(folhas e ramos) deD. furfuracea reveloua
presençadesesquiterpenos(Carollo etal.,2005),flavonóideseváriosalcalóides(Carolloet
18
al., 2006a; Carollo et al., 2006b). Dados da literatura descrevem que, de modo geral,
sesquiterpenos apresentam potencial como agentes anticancerígenos (Fraga, 2006). A
presença de alcalóides foi mencionada em ampla gama de atividades biológicas, entre as
quais, podese citar principalmente atividades: antihipertensivas, antimaláricas,
antitumorais, diuréticos, antivirais, entre muitos outras (Henriques et al., 2004). Os
flavonóides são comumente indicados como antiinflamatórios, anticarcinogênicos,
diuréticos, antimicrobianos, antiviróticos e antioxidantes (Almassy Júnior et al., 2005;
Zuanazzi&Montanha,2004).
EstudosrealizadosporCarolloetal.,(2006a),descrevemasatividadestripanomicida,
antiplasmódicaeantiprotozoárica,daspartesaéreas(follhaseramos)deD.furfuracea.
Toledoetal.,(2006),avaliaramaaçãofitotóxicadoextratoaquosoaquenteeafrio
daspartesaéreasdeD.furfuracea,emratasprenhesemostraramatoxicidadedosextratos
testados,emembriõesderatos.
Contudo, chás e extratos vegetais, além de apresentar ação benéfica, podem
produzir efeitos colaterais como qualquer droga.Muitas dessas plantas podem inclusive
apresentaratividadetóxicaegenotóxica.Entretanto,namaioriadosexperimentosquetêm
sidorealizados,osextratosvegetaispodemtambémreduzirataxademutações(Erdtmann,
2003).
Muitos testes de detecção de atividades genotóxicas têm sido propostos para
identificação de possíveis carcinógenos (Zeiger, 1998). Uma vez que, testes de
mutagenicidade sãoreferenciais paracarcinogenicidade. Pois, o cânceré tipicamenteuma
doençade organismos multicelularese osfatores que determinammutagenicidade nestes
organismosquasesempretambémproduzemneoplasias(Erdtmann,2003).
1.5.Mutação,GenotoxicidadeeCarcinógenos
Osorganismosvivosestãofreqüentementeexpostosasubstânciasmutagênicasque
podemcausardanoscelulares.Osdanospodemserinduzidosporagentesquímicos,físicos
oubiológicosequeafetamprocessosvitaiscomoaduplicaçãoeatranscriçãogênica,bem
comoalteraçõescromossômicas,levandoaprocessoscancerososemortecelular.Pelofato
19
de causarem lesões no material genético, essas substâncias são conhecidas como
genotóxicas(Costa&Menk,2000).
A ingestão de alimentos é uma das principais vias de exposição do homem a
diferentescompostos, visto queuma misturacomplexa de agentesquímicos éencontrada
nadieta.Algumasdassubstânciaspresentesnosalimentospodemterefeitosmutagênicos
e/ou carcinogênicos; isto é, podem induzir mutações no DNA e/ou podem favorecer o
desenvolvimento de tumores enquanto outras podem atenuar ou anular estes efeitos.
(Antunes&Araújo,2000).
Acreditase que cerca de um terço de todos os cânceres humanos possam estar
relacionadoscomohábitoalimentar(Ames,1983;Renner,1990).Poroutrolado,temsido
observadoqueadietaricaemfrutaselegumesestáassociadaàreduçãodoriscodecâncer
(Block, 1992). Alguns antioxidantes provenientes da dieta também assumem papel de
relevância nessa prevenção, como ácido ascórbico,αtocoferol,βcaroteno, glutationa e
ubiquinol (Halliwell & Aruoma, 1993). De acordo com Aruoma (2002), extratos de plantas
também podem ter atividade antioxidante, especialmente pela presença de compostos
fenólicos,comoflavones,isoflavones,flavonols,catequinaseácidosfenólicos.
Alémdisso,aexposiçãodossereshumanosadeterminadassubstânciaspresentesno
meioambienteounoseulocaldetrabalhopodelevaraodesenvolvimentodecâncer.no
final doséculo XVIII foirelatado que a ocorrênciade câncer deescroto emlimpadores de
chaminés poderia estar relacionada com a deposição de fuligem e alcatrão nas pregas
escrotais. Posteriormente foi mostrado que a aplicação repetida de alcatrão de hulha na
pele de animais levava ao eventual desenvolvimento de tumores malignos no sítio da
aplicação. Hoje sabemos que o alcatrão de hulha contém hidrocarbonetos aromáticos
carcinogênicos,comoobenzo[α]pireno.NoséculoXIXfoiobservadaumaassociaçãoentrea
exposição de pintores a aminas aromáticas, tal como benzidina, e o desenvolvimento de
câncer na bexiga. Somente após 1930 foi demonstrada a associação entre a exposição de
animaisadiversasaminasaromáticaseodesenvolvimentodessetipodecâncer.Atualmente
sãoconhecidasváriassubstânciasquímicascarcinogênicas(Otteneder&Lutz,1999).
AGenéticaToxicológica,éosetordagenéticaqueestudaosprocessosquealterama
base genética da vida, quer seja na estrutura físicoquímica do DNA (ácido
desoxirribonucléico), processo este classificado de mutagênese; quer seja na alteração do
20
determinismo genético ao nível celular ou orgânico, identificados respectivamente como
carcinogêneseeteratogênese(Erdtmann,2003).
Um composto é dito como genotóxico quando, sob o aspecto genético, perturba a
vidaouinduzàmortetantoaníveldecélulacomodeorganismo(Erdtmann,2003).Podeser
definido funcionalmente como tendo a habilidade de alterar a replicação do DNA e a
transmissão genética. Assim, as alterações que perturbam o genoma, sejam elas
mutagênicasounão,sãoconsideradasgenotóxicas(Fairbairnetal.,1995).
Poroutrola doumcompostoéditomutagênicoquandoécapazdeaumentarataxa
demutaçãoemumorganismoalémdaespontânea.Umamutaçãopodeserdefinidacomo
umamudançaestáveleherdávelnumaseqüêncianucleotídicadoDNA,demodoqueessas
modificaçõespodemsercromossômicasougênicas(Gatehouseet al.,1990).Asalterações
cromossômicas podem estar relacionadas à estrutura cromossômica, em conseqüência de
deleções,duplicações,inversõese translocaçõesmaiores, ouaonúmero decromossomos,
emdecorrênciadefalhasnacitocinese,pornãodisjunçãomitótica,etc.Asmutaçõesgênicas
são devidas à substituição de bases (transições e transversões); frameshifts; ou inserções,
deleçõesetranslocações(Gatehouseetal.,1990;Suzukietal.,1992).Destaforma,agentes
que causam mutações são considerados genotóxicos, apesar de nem todos os agentes
genotóxicosseremmutagênicos(Vogel,1989).
Aocorrência demutações, emsuamaioria, édeletériaàcélula. Entretanto,podem
também ocorrer mutações favoráveis, conferindo alguma vantagem à célula, embora a
freqüênciasejasuficienteparaforneceravariaçãonecessáriaparaaseleçãonaturaleentão
aevolução(Lehningeretal.,1995).
Chamase carcinogênese o processo de conversão de uma célula normal em uma
célula maligna, sendo que os agentes indutores desse processo são denominados
carcinógenos.Usualmenteénecessáriaaexposiçãorepetidaaoscarcinógenosparaquehaja
o desenvolvimento de tumores malignos. Esse desenvolvimento ocorre muito lentamente
devidoànaturezacomplexadacarcinogênese,aqualpodeserdivididaemtrêsestágios:a
iniciação,apromoçãoeaprogressão,seqüênciadeeventosquefoiesclarecidanodecorrer
dos últimos 20 anos (Balmain, 2000). Freqüentemente, após a alteração inicial, aparecem
novaspopulaçõescelularesquerepresentamaevoluçãodecélulasnormaisparacélulaspré
neoplásicas,prémalignasemalignas(Sun,1990;DiGiovani,1992).
21
A iniciação é causada por uma alteração irreversível do DNA, como a reação dessa
molécula com substâncias carcinogênicas. Assim, mecanismos de detoxificação de
carcinógenos, reparo do DNA e eliminação das células que tenham DNA modificado (por
apoptose,porexemplo)sãoimportantesparaaproteçãocontraainiciaçãodocâncer.Para
queainiciaçãoocorra,énecessárioquehajanãoamodificaçãodoDNA,mastambéma
sua replicação e a proliferação celular, de modo que a mutação inicial possa se fixar. A
maioria dos cânceres humanos são originários de células epiteliais (carcinoma), pois as
mesmasestãoexpostasaoscarcinógenos(presentesnoarounosalimentos)eseproliferam
rapidamente(Brownetal.,1994).
Emgeral,oscarcinógenossãosubstânciaseletrofílicasousãometabolizadosparaas
mesmas durante o seu processo de detoxificação. Tais substâncias são atraídas por
moléculascomaltadensidadeeletrônica,comoéocasodasbasesdoDNA,asquaisacabam
seligandoelevandoàformaçãodeadutos(Bartsch,1996).AbasedoDNAmaissuscetívela
esse tipo de ataque é a guanina, mas foram relatados adutos formados com todas as
bases(Dipple,1995).SendoformadosnoDNAatravésdemecanismosquímicosespecíficos,
tais adutos podem levar a mutações em protooncogenes ou em genes supressores de
tumoreiniciaroprocessodecarcinogênese(Lehman& Harris,1994;Kinzler&Vogelstein,
1996).
 Ainiciaçãoéseguidapelapromoção,aqual envolve aseleçãoeexpansãodascélulas
iniciadas,podendolevaraodesenvolvimentodeumtumorbenigno.Duranteapromoçãodo
tumor, o material genético alterado da célula iniciada altera a expressão dos genes que
regulam a diferenciação e o crescimento celular. Quando administrados em altas doses,
muitos carcinógenos são tanto iniciadores como promotores. Entretanto, uma dose baixa
nãoindutoradetumorsetornaefetivaseadministradajuntamentecomcertassubstâncias
não carcinogênicas conhecidas como promotoras de tumor. Exemplos de promotores de
tumor são o acetato de forbol miristato (PMA), um composto normalmente usado para
induzir a explosão respiratória em células fagocíticas, e o 12Otetradecanoilforbol13
acetato(TPA).Muitospromotoresdetumorsãopotentesindutoresdeinflamação,masnão
umprincípioqueexpliqueaaçãodetodos.Elespodemlevaraalteraçõesreversíveisda
proliferação celular e expressão fenotípica. A remoção do promotor pode resultar em
retorno do tecido para um estado quase normal, embora ainda esteja iniciado (Kensler &
Taffe,1986;Nairetal.,2000).
22
O estágio final da carcinogênese consiste na progressão de uma lesão benigna ou
prémalignapara umamaligna, oque envolve alteraçõesadicionaisno DNA (porexemplo,
nos genes supressores de tumor). A conversão de tumores benignos para malignos é
acompanhada por perda no controle do crescimento, invasão de tecidos, metástase e
instabilidadegenéticaaumentada.Algunsexemplossãoaprogressãodepóliposbenignosdo
cólonparaadenocarcinomaedenóduloshepáticosbenignosparahepatoma(Sun,1990).
Oscarcinógenosquímicospodemserconsideradoscarcinógenosdiretoseindiretos.
Os primeiros, um grupo relativamente pequeno, independem de metabolização pelo
organismoelesam diretamenteomaterialgenético; incluemosagentesalquilantes,como
os quimioterápicos tipo ciclofosfamida, clorambucil e busulfan, entre outros. Os
carcinógenos indiretos dependem de metabolização prévia para se combinar com sítios
nucleofílicos das célulasalvo, incluindo o DNA, o RNA e proteína (Miller & Miller, 1981;
Williams e Weisburger, 1986). É evidente que, para os carcinógenos serem metabolizados
eficientemente,ossistemasenzimáticosdevemestaríntegros;daíaimportânciadoestado
nutritivodoorganismoedacomposiçãodadietaosquais,entreoutrosfatores,influenciam
aqueles sistemas. Um terceiro grupo de carcinógenos não são genotóxicos, isto é,
apresentamresultados negativosemtestesdemutagenicidade;noentanto,induzemcâncer
emroedores,particularmentenofígado.Épossível que,porseremtóxicos,levemàmorte
celularrepetida,comregeneraçãopersistenteeperdadocontroledaproliferaçãocelular.A
ocorrência concomitante de hiperoxidação celular, alteração dos sistemas enzimáticos de
detoxificação ou ainda metilação aberrante das bases dos ácidos nucléicos, em conjunto,
podemcontribuirparaodesenvolvimentoda neoplasia(Newberneetal.,1987).Esteúltimo
grupo de carcinógenos, por estar principalmente relacionado a distúrbios da proliferação
celular,aproximamsemaisdogrupodecarcinógenospromotores(epigenéticos)doquedos
iniciadores(genotóxicos)(Camargo,1991).
Alémdisso,danosemDNAemutaçõesocorremmesmonaausênciadeexposiçãoa
carcinógenosgenotóxicosatravésdeumtratamentoespecíficoouumhábitoparticular.Os
agentesquelevamaessesdanosincluemprodutosnormaisdometabolismocelular,como
espécies reativas de oxigênio, produtos da peroxidação lipídica, agentes alquilantes,
estrógenos,espéciesreativasdenitrogênio,agentesclorinantesecertosintermediáriosde
algumasviasmetabólicas(Burcham,1999),efontesexógenasinevitáveis,taiscomoradiação
UV, radiação ionizante, radioisótopos de ocorrência natural e numerosas substâncias
23
químicas genotóxicas presentes naturalmente ou como contaminantes na dieta e no ar
(Ames,1989;Guptaetal.,1999;Otteneder&Lutz,1999).
1.6.ProcessosdeReparo
Ésabido que oDNA celularé suscetívela modificaçõesquímicas quandoexposto a
vários agentes ambientais, quimioterapêuticos, ou endógenos produzidos por processos
celulares. As lesões produzidas por estas reações químicas podem levar a mutações e/ou
mortecelular(Nolletal.,2006).
Ogenomadeumacélulademamíferotípicaacumulamuitosmilharesdelesõesnum
período de 24 horas. Entretanto, graças ao reparo do DNA, menos do que uma lesão em
1.000 tornase uma mutação. O DNA é uma molécula relativamente estável, mas sem os
sistemas de reparo, o efeito acumulativo de muitas reações de ocorrência rara, porém
lesivas,poderiamtornaravidaimpossível(Lehningeretal.,1995).
Onúmeroeadiversidadedossistemasdereparorefletemaimportânciadoreparo
do DNA para a sobrevivência da célula e a diversidade das fontes de lesão do DNA.
(Lehningeretal.,1995).OsprincipaissistemasdereparonaE.colisão:
Reparo de despareamento os despareamentos nem sempre são corrigidos para
corresponder à informação da fita molde, desta forma o sistema deve de alguma
forma discriminar entre o molde e a fita recémsintetizada. A célula realiza esta
discriminaçãocarimbandooDNAvelho(molde)comgruposmetilaparadistinguilo
das fitas recémsintetizadas. O sistema de reparo dos despareamentos da E. coli
inclui pelo menos nove componentes protéicos que funcionam tanto na
discriminaçãodafitacomonopróprioprocessodereparo(Lehningeretal.,1995).
Reparo de excisão de bases (BER) toda célula possui uma classe de enzimas
chamadas de DNA glicosilases que reconhecem lesões particularmente comuns do
DNA(comoosprodutosdasdesaminaçõesdacitosinaeadenina)eremovemabase
afetadaclivandoaligaçãoNglicosídica.Istocriaumsítioapurínicoouapirimidínico
no DNA, ambos comumente referidos como sítios AP ou abásicos. Cada DNA
glicosilase é geralmente específica para um tipo de lesão. Desde que um sítio AP
tenhasidoformado,umoutrogrupodeenzimasdevereparálo.Oreparonãoéfeito
24
simplesmentepelainserçãode umanovabaseereformaçãodaligaçãoNglicosídica.
Aocontrário,adesoxirribosefosfatodeixadaatráséremovidae substituídacom
um novo nucleotídeo. Este processo começa com enzimas chamadas de AP
endonucleases,quecortamafitadoDNAcontendoosítioAP.Aposiçãodaincisão
relativaaosítioAP(5´ou3´)variacomdiferentesAPendonucleases.Umsegmento
doDNAincluindoosítioAPé entãoremovido,oDNAésubstituídopelaaçãoda DNA
polimeraseIeocorteremanescenteéseladopelaDNAligase(Figura7)(Lehningeret
al.,1995).
Reparo de excisão de nucleotídeos (NER) lesões do DNA que causam grandes
distorçõesnaestruturahelicoidaldoDNAgeralmentesãoreparadaspelosistemade
excisão de nucleotídeos (Lehninger et al., 1995). Este sistema envolve a quebra de
uma ligação fosfodiéster em ambos os lados da lesão, no mesmo filamento,
resultando na excisão de um oligonucleotídeo. Isto deixa um espaço que é
preenchidopelasíntesedereparo,eumaligasefechaasquebras(Griffiths,1998).Na
E.coliaenzimachaveéconstituídadetrêssubunidades,produtosdosgenesuvrA,
uvrBeuvrC,eéchamadadeexcinucleaseABC.Estaenzimareconhecemuitostipos
delesões,incluindodímerosdeciclobutanosdapirimidina,fotoprodutos64evários
outrostiposdeadutosdebases.Aatividade nucleotídicadaexcinucleaseABCénova
nosentidodequedoiscortessãofeitosnoDNA(Figura7).Otermo“excinuclease”é
destinado para distinguir esta atividade daquela das endonucleases padrão
(Lehningeretal.,1995).
ReparoDiretováriostiposdelesõessãoreparadassemaremoçãodabaseoudo
nucleotídeo. O exemplo melhor caracterizado é a fotorreativação do dímero
ciclobutanodapirimidina,umareaçãopromovidapelaDNAfotoliase.Osdímerosde
pirimidina resultam de uma reação induzida pela luz e a fotoliase usa a energia
derivadadaluzabsorvidaparareverterestalesão.Asfotoliasesgeralmentecontêm
dois cofatores que servem como agentes absorvedores da luz, ou cromóforos. Um
doscromóforosésempreoFADH
2
.OoutroéumfolatonaE.colienalevedura.Um
outroexemploéoreparodaO
6
metilguanina,queseformanapresençadeagentes
alquilanteseéumalesãoaltamentemutagênicaecomum.Elatendeaparearcoma
timinaaoinvésdacitosinaduranteareplicaçãoe,portanto,causamutaçõesGCem
AT. O reparo direto da O
6
metilguanina é realizado pela O
6
metilguanina DNA
25
metiltransferase,quecatalisa atransferênciado grupometila daO
6
metilguaninaa
um resíduo específico de Cys na mesma proteína. Esta metiltransferase não é
estritamente uma enzima, porque um único evento de transferência de metila
inativa a proteína. O consumo de uma molécula protéica inteira para corrigir uma
únicabaselesadaéumaoutrailustraçãovivadaimportânciacentraldamanutenção
daintegridadecelulardoDNA(Lehningeretal.,1995).
Todas as espécies controlam geneticamente a taxa de suas mutações pelos vários
processosdereparodoDNA(Erdtmann,2003)queestápresenteemtodasascélulas,visto
que a manutenção da integridade da informação contida no DNA tem importância vital
(Lehninger,1998;Eyfjord&Bodvarsdottir,2005).Assim,tornaseclaroqueadeficiênciade
reparo leva a uma variedade de doenças e suscetibilidade ao câncer (Griffiths, 1998). São
conhecidasousetêmsuspeitasdeváriasdoençasgenéticashumanasqueenvolvemdefeitos
de reparo, como câncer, ataxia telangiectasia, xeroderma pigmentoso, aterosclerose,
doenças neurodegenerativas, entre outros (Breivik & Gaudernack, 2004; Li et al., 2001,
Griffiths,1998).
Figura7.ViasBEReNER,dereparodeDNA(Nolletal.,2006).
26
1.6.1.FunçõesSOS
AslesõesproduzidasnoDNA bacterianoporagentesquímicosoufísicossãocapazes
de desencadear diversas respostas celulares, englobadas genericamente sob a designação
de funções SOS. Assim, a avaliação da amplitude de expressão destas respostas permite,
com adequados níveis de precisão e de sensibilidade, a determinação da atividade
genotóxicadoagente(AlcântaraGomes,1991).
Atualmente são conhecidas, em bactérias,especialmente em E. coli, cerca de 20
diferentesmanifestações,entreasquaisdevemsercitadas(AlcântaraGomes,1991):
a mutagênese resultante da atuação de mecanismos infiéis de reparo do DNA,
responsável pela maior parte dos eventos que conduzem a modificações do
conteúdoinformacionaldocromossomo;
afilamentaçãobacteriana;
ainduçãodoprofagoembactériaslisogênicas(AlcântaraGomes,1991).
Todosestes processostêmemcomumofatodeseremcausadospeladesrepressão
de certos genes bacterianos devido à clivagem dos respectivos repressores por uma
protease,queéativadaporsinaisintracelularesdesencadeados,entreoutrosfatores,pela
produçãodelesõesnoDNA(AlcântaraGomes,1991).
A maior parte das respostas para danos no DNA em E. coli são controlados pelo
sistemaregulatórioSOS.Quandoocromossomobacterianoforextensamentelesadoocorre
aindução da expressãode maisde 40genes destesistema (Friedberget al., 2005),sendo
que os elementos reguladoreschave, são um repressor, chamado de repressor LexA, e a
proteínaRecA(Lehningeretal.,1995).OaumentodaexpressãodestesgenesSOSresultana
elaboraçãodeumconjuntoderespostasfisiológicasquetemsidodenominadoderespostas
SOS(Friedbergetal.,2005).
OrepressorLexAregulaatranscriçãodetodososgenesSOS.Ainduçãodaresposta
SOS envolve a remoção do repressor LexA e a inativação por autoclivagem em dois
fragmentos protéicos. A clivagem ocorre numa ligação peptídica AlaGly que divide a
proteína em dois fragmentos aproximadamente iguais. Por si só, o repressor LexA sofre
autoclivagem apenas em pH elevado. Em pH neutro, a reação de autodigestão requer a
proteína RecA e esta atividade RecA é algumas vezes chamada de atividade coprotease
(Lehningeretal.,1995).
27
 É a proteína RecA que fornece a ligação entre o sinal biológico (lesão do DNA) e a
indução das funções SOS. A proteína RecA facilita a clivagem do repressor LexA apenas
quandoaRecAestiverligadaaumafitasimplesdeDNA(RecAssDNA).Lesõesextensasdo
DNA levam a numerosas lacunas da fita simples no DNA e estas lacunas fornecem o sinal
molecular que ativa a proteína RecA, levando à clivagem da proteína repressora LexA e à
induçãodasfunçõesSOS(Lehningeretal.,1995;Friedbergetal.,2005).
O mecanismomolecular que regula o sistema SOS está esquematizadona figura 8.
EmcélulasdeE.colinormais(estadonãoinduzido),oprodutodogenelexA
+
agecomoum
repressordemaisde40genespelaligaçãocomumhomodimériconasequênciaoperacional
similar para cada gene ou operon (Figura 8). A sequência do operador ligada na proteína
LexAsãocomumentereferidoscomoSOSboxes(Friedbergetal.,2005).
QuandoogenomadecélulasdeE.coliédanificadoouareplicaçãonormaldoDNAé
interrompida,umsinalintracelularparainduçãodasfunçõesSOSéativado(Friedbergetal.,
2005). Este sinal intracelular ativa a proteína RecA que se transforma em RecA ativada
promovendoaautoclivagemdoprodutodogenelexA(etambémaclivagemdorepressorCI
de bacteriófagos), permitindo a desrepressão dos genes que estavam sob o seu controle.
Quando o sinal indutor cessa, a proteína LexA não é mais clivada, voltando a reprimir
novamenteaexpressãodaquelesgenes(Aksenov,1999;Lewin,2001).
Durante a indução da resposta SOS, a prote ína RecA também cliva e, portanto,
inativaosrepressoresquepermitemqueobacteriófagoλevírusbacterianosrelacionados
sejam propagados num estado dormente (lisogênico) dentro de uma bactéria hospedeira.
EstesrepressoresaparentementedesenvolveramseparamimetizarorepressorLexAe eles
também são clivados em ligações peptídicas específicas AlaGly. Isto leva à replicação do
víruseàlisedacélulaparaliberarasnovaspartículasvirais,permitindoqueobacteriófago
façaumasaídaapressadadeumacélulabacterianaqueestejaemperigo(Lehningeretal.,
1995).
Assimcomoacélulacomeçaaserecuperarapartirdosinaldeinduçãodasfunções
SOS,aregiãossDNAdesapareceemconseqüênciadeváriosreparosdeDNAeaquantidade
de proteína RecA presente nos filamentos RecAssDNA diminui. A síntese contínua da
proteínaLexAexistentelevaaumaumentodopooldeLexA,noqual,nofinaldoprocesso,
leva a desrepressão dos genes SOS e o retorno para o estado não induzido (Figura 8)
(Friedbergetal.,2005).
28
Dessaforma,emboratodasasfunçõesSOSsejam,provavelmente,induzidasporum
mecanismocomum,elasnãosedesreprimemsimultaneamente.Essasdiferençasnacinética
dedesrepressãotalvezpossamserexplicadaspordiferentesgrausdeafinidadedorepressor
aooperadoraoqualelesefixa(Leitão&AlcântaraGomes,1994).AsrespostasSOSincluem
arecombinaçãogenética(recAouruvAB),reparoporexcisão(uvrA,uvrB),inibiçãodadivisão
celular (sulA(sfiA)) e a reparação mutagênica (umuDC) (Leitão & Alcântara Gomes, 1994;
Lewin,2001).
Logo,aavaliaçãodaamplitudedeexpressãodasfunçõesSOSconstituiumexcelente
indicador da ocorrência de danos no DNA, isto é, permite caracterizar a atividade
mutagênica ou potencialmente oncogênica de um determinado agente físico ou químico
(AlcântaraGomes,1991).
Figura8.CircuitoregulatóriodosgeneslexAerecA,envolvidosnasFunçõesSOS.Orepressor
CIdebacteriófagos também é clivadoporRecA ativada, permitindo queosgenes do ciclo
líticodofagosejamexpressos.AdaptadodeLewin,2001.
29
1.7.Antimutagenicidade/Antigenotoxicidade
A antimutagênese trata de um processo genético normal, cuja função é manter a
estabilidade da estrutura hereditária. Este fenômeno, considerado uma variedade do
processo mutagênico, se manifesta na redução da freqüência de injúrias genéticas
implementado por um sistema multicompetente de antimutágenos endógenos que são
ativados a níveis moleculares, celulares ou do organismo (Goncharova, 1993). Portanto,
assimcomoadetecçãoeidentificaçãodemutágenoséumatarefaessencial,éigualmente
importante a detecção e identificação de antimutágenos, uma vez que podem oferecer
grandesvantagens paraa medicinae saúde pública,na prevençãodemutações somáticas
ougerminativasedasdoençasaelasrelacionadas(Barraietal.,1992;Karekaretal.,2000).
O termo agente “antimutagênico” foi usado originalmente por Novick e Szilard em
1952 para descrever os agentes que reduzem a freqüência de mutação espontânea ou
induzida,independentedomecanismoenvolvido(VonBorsteletal.,1996).Osestudoscom
osagentesantimutagênicosforaminiciadosnosanoscinqüenta,porémrecentementeéque
o interesse de diversos grupos de pesquisa, distribuídos por todo o mundo, têm se
concentrado na identificação de agentes antimutagênicos, principalmente os de origem
natural (Wargovich, 1997). Pois, as plantas contêm uma grande variedade de metabólitos
secundários, os quais desempenham funções importantes, tanto para a própria planta
quantoparaoorganismoqueaingere.Umadasfunçõesdestesmetabólitoséacapturade
radicais livres e a proteção contra o excesso de oxidação causado por irradiação UV,
oxidantes químicos ou o ataque de patógenos ou outros tipos de stress. Muitos destas
substânciastêmsidoisoladasapartirdeplantasqueestãosendointensivamenteestudadas
por suas propriedades medicinais (Matkowski & Wolniak, 2005). Uma vez que muitos
compostosantimutagênicosencontradosnasplantasetambémnosalimentossãoagentes
antioxidanteseatuamseqüestrandoosradicaislivresdeoxigênio(Antunes&Araújo,2000).
Os mecanismos de ação dos agentes antimutagênicos foram classificados em dois
processosmaiores,denominadosdesmutagêneseebioantimutagênese.Nadesmutagênese,
os agentes protetores, ou antimutagênicos, atuam diretamente sobre os compostos que
induzemmutaçõesnoDNA,inativandoosquímicaouenzimaticamente,inibindoaativação
metabólica de prómutagênicos ou seqüestrando moléculas reativas. Na bio
antimutagênese, os antimutagênicos atuam sobre o processo que leva a indução de
30
mutações, ou no reparo das lesões causadas no DNA (Kada et al., 1978). Posteriormente,
uma outra classificação mais detalhada foi sugerida, considerando o modo de ação dos
antimutagênicos e/ou anticarcinogênicos, bem como o ambiente de ação, extra ou
intracelular(DeFlora&Ramel,1988).
O potencial antimutagênico de uma substância pode ser avaliado em sistemas
biológicos diversos, os mesmos empregados para o estudo e identificação dos agentes
mutagênicos. Os sistemas celulares de mamíferos, utilizados para a avaliação da
mutagenicidadee/ouantimutagenicidade,abrangemtantoostestesinvitro quantotestesin
vivo(Antunes&Araújo,2000).
Emqualquer umdesses sistemasteste,otratamentocom osagentes mutagênicos,
queinduzemasmutações,ecomoantimutagênico,poderáinibiroaparecimentodelesões
noDNA(Antunes&Araújo,2000).Assimédegrande importânciaoestudodeplantasque
apresentam propriedades medicinais, com o objetivo de avaliar as suas possíveis
propriedadesantigenotóxicas e/ou antimutagênicas,visto que atualmente,um dosfatores
maisimportantesnalongevidadehumanaéaprevençãoe/oucontroledetumores(Rhee&
Park,2001).
1.8.TestedeInduçãodoprofagoλInduteste
Patrice Moreau et al., (1976) desenvolveram o Teste de Indução do profagoλ
(lambda) Induteste, baseandose no princípio da indução lisogênica que pode ser
consideradocomoumindicadorda produçãodelesõesnoDNAedainibiçãodareplicação
semiconservativa.Estetestefundamentasenaavaliaçãoquantitativadeumadasfunções
SOSqueéaautoclivagemdaproteínaCI,repressoradoprofagoλ,mediadapelacoprotease
RecA(Little,1991).
Obacteriófagoλéumfagotemperado,significandoqueainfecçãocomofagonem
sempreresultanadestruiçãodacélulahospedeira.ODNAdofagoinvasortemdoisdestinos
possíveis: a reprodução que leva à geração de novas partículas virais e à lise da célula,
denominadadeciclolítico(Lehninger,1995);oupormeiodeumciclolisogênico,noqualo
genomaviralestápresente emumabactériaemformalatente,conhecidacomoprofago.O
31
profagoestáintegradoaogenomabacterianoeéherdadodeformasemelhanteaosgenes
dacélulahospedeira(Figura9)(Lewin,2001).
Neste estado, o profago não se expressa por estar reprimido por um repressor CI,
também chamado de repressor doλ. Este repressor impede a transcrição de genes
essenciais ao ciclo lítico do bacteriófago, ou seja, a duplicação viral independente do
cromossomo bacteriano. A indução lisogênica implica na desestabilização desse sistema,
quando orepressor CIé clivado e osgenes que coordenam aentrada do profagono ciclo
lítico passam a ser expressos (Bakk & Metzler, 2004; Roberts & Devoret, 1983; Lehninger,
1995).
OrepressorCIpossuicertahomologiacomorepressorLexA(quereprimeosgenes
envolvidos narepostaSOS), na regiãopróximaao resíduos quecorrespondem aosítio de
clivagem;destaforma,aproteínaRecAativadaécapazdepromovertantoaautoclivagem
deLexAquantodorepressorCI(Little,1991;Myles&Sancar,1989;Walker,1985).Quando
CI é clivado, oprofago passa a sintetizar as proteínas relacionadas ao ciclo lítico, que irão
culminar com a lise bacteriana e a liberação de partículas virais (Figura 9) (Roberts &
Devoret,1983).
OIndutesteutilizabasicamenteduascepasbacterianasdeE. coli:acepaindicadora
RJF013eacepalisogênica,WP2s(λ).Comestetesteépossívelavaliaraaçãogenotóxicade
umasubstânciaisoladaoumisturacomplexa,umavezqueainduçãolisogênicadoprofagoλ
e a formação de plaques refletem o nível de transformação da proteína RecA em RecA
ativada,queéinduzidapelapresençadelesõesnoDNA.
32
Figura9.Ciclolíticoeciclolisogênico(Lewin,2001).
1.9.TestedoMicronúcleoemmedulaósseaderoedoresinvivo
O Teste do Micronúcleo em medula óssea de roedores in vivo é um teste
amplamenteutilizadoparadetecçãode agentesclastogênicos(quequebramcromossomos),
edeagentesaneugênicos(queinduzemaneuploidiaousegregaçãocromossômicaanormal)
(MacGregoretal.,1987;Hayashietal.,1994),sendointernacionalmenteaceitocomoparte
da bateria de testes recomendada para a avaliação do potencial mutagênico e para o
registrodenovosprodutosquímicosqueentramnomercadomundial (Ribeiro,2003).Este
33
teste foi inicialmente desenvolvido em eritrócitos de medula óssea de camundongos
(Schmid,1976),maspodesertambémrealizadoemratos(Georgeetal.,1990).
OprocedimentooriginalparaoTestedoMicronúcleofoidesenvolvidoporSchmide
colaboradores (Matter & Schmid, 1971; Schmid et al.,1971; Nichols et al., 1972; Schmid,
1973) e, subsequentemente, modificado por Heddle e colaboradores (Heddle, 1973;
Salamoneetal.,1980;Heddle&Salamone,1981),quetambémestabeleceramaorigemdo
micronúcleo(Carrano&Heddle,1973;Heddle&Carrano,1977).
Estetestepodeserexecutadopraticamenteem qualquerpopulaçãodecélulasque
estejamconstantementeemdivisão,sendoamedulaósseademamíferosumadasregiões
maisadequadas,vistoquesuascélulaslevamde22a24horasparacompletarumciclode
divisão (Heddle, 1973). Os eritroblastos, na medula óssea, sofrem duplicação e se
diferenciamemeritrócitospolicromáticos(Figura10e11)(Ribeiro,2003).
Os micronúcleos (MN) aparecem nas células filhas, em decorrência de danos
induzidosnas célulasparentais(Ribeiro,2003).Os doisfenômenos básicosqueacarretam
naformaçãodoMNemcélulasmitóticassãoaquebracromossômicaeanãodisjunçãono
aparato mitótico. MN são formados de fragmentos cromossômicos acêntricos ou
cromatídicos e cromossomos inteiros ou cromátides que se atrasaram na anáfase e não
foramincluídosnonúcleodacélulafilhanatelófase(Figura12)(Fordetal.,1988;Lindholm
etal.,1991;FordeCorell,1992;Catalánetal.,2000;Falcketal.,2002).AformaçãodeMN
emcélulasemdivisãoresultadequebrascromossômicasdevidoaonãoreparoouperdade
reparo de lesões no DNA, ou a segregação devido a uma nãodisjunção no aparato
mitótico. Esses eventos podem ser induzidos por estresse oxidativo, exposição a agentes
clastogênicosouaneugênicos,defeitosgenéticosnosgenesdereparoe/oudecontroledo
ciclo celular, bem como a uma deficiência nos nutrientes requeridos como cofatores no
metabolismo do DNA e na maquinaria de segregação cromossômica (Kimura et al., 2004,
Umegaki&Fenech,2000;Rajagopalanetal.,2004;MacGregor,2005;Fenechetal.,2005).
Todos esses eventos que causam a formação do MN como rearranjos cromossômicos,
expressão gênica alterada, ou aneuploidia são efeitos associados com a instabilidade
cromossômica geralmente observada no câncer (Rajagopalan et al., 2004; Fenech, 2002;
Ames&Wakimoto,2002).
34
Quandooseritroblastosexpelemseunúcleo,aosetransformarememeritrócitos,os
micronúcleos permanecem no citoplasma onde são facilmente reconhecíveis (Figura 12)
(RabeloGay,1991).
Os MN são analisados em eritrócitos policromáticos (EPC, eritrócitos jovens) de
medula óssea de camundongos ou ratos (Ribeiro, 2003). Durante um período de 10 a 24
horas, os eritrócitos jovens são policromáticos (RNApositivos), isto é coramse em azul e
não em vermelho, para coloração Giemsa convencional. Se contarmos os micronúcleos
apenas nesse tipo de célula, saberemos que eles se formaram na mitose anterior, na
presença do agente mutagênico. Como o período entre a última divisão e a formação do
eritrócito policromático (EPC) é de 8 a 12 horas, é óbvio que se vai encontrar
micronúcleos induzidos pelo agente cerca de 10 horas após o tratamento. Além disso, o
intervalo mínimo dentro do qual os micronúcleos podem ser detectados corresponde à
duraçãodoestágiodepolicromático,entre10a24horas(RabeloGay,1991).
Amorfologiadosoutrostiposdecéluladamedulanãopermite dizerseelasestavam
mitoticamenteativasduranteoperíododoexperimento.Os micronúcleossãotipicamente
arredondados,comdiâmetrode1/20a1/5dodiâmetrodoeritrócito.Ataxaespontâneade
eritrócitos policromáticos com micr onúcleo é baixa e consistente, cerca de 3 por 1000
(RabeloGay,1991).
Alternativamente, em camundongo, os MN podem ser analisados em eritrócitos
normocromáticoscirculantes(ENC,eritrócitosmaduros),umavezque,aocontráriodobaço
de rato e do homem, o baço de camundongo não remove (seqüestra) do sangue os
eritrócitoscontendomicronúcleos(Ribeiro,2003).
OTeste doMNtem sidolargamente utilizadonaavaliação dopotencialgenotóxico
deagentesfísicosequímicos(Maffeietal.,2002;Chungetal.,2002;Dingetal.,2003),no
biomonitoramento de populações humanas ocupacionalmente expostas a agentes
mutagênicos(MachadoSantellietal.,1994;Majeretal.,2001;Laffonetal.,2002;Bolognesi
etal.,2004)napesquisadecompostosinibidoresdecarcinogênese(Royetal.,2003;Izzotti
etal.,2001)eemestudosecotoxicológicos(Gauthieretal.,1999;Lorenteetal.,2002).
Os resultados positivos obtidos com o Teste do Micronúcleo fornecem fortes
evidências de genotoxicidade sistêmica da substância química avaliada. Sob condições
experimentaisapropriadas(istoé,quandoocorreexposiçãodamedulaóssea),osresultados
35
negativospodemindicarqueaconclusãodequeasubstânciateste nãoégenotóxicainvivo
(Ribeiro,2003).
Figura10.Resumodoprocessodematuraçãodascélulasdalinhagemeritrocitária(Ribeiro,
2003).
36
Figura11.ConcentraçãodeRNAduranteamaturaçãodoeritrócito(Ribeiro,2003).
Figura12.Formaçãodemicronúcleosemeritrócitosdemedulaóssea(Ribeiro,2003).
37
2. OBJETIVOS
2.1.ObjetivoGeral
Analisar o extrato de Duguetia furfuracea pelo teste do micronúcleo em medula
óssea de camundongos e pelo teste de indução do profagoλ(Induteste SOS), em
relaçãoàssuaspossíveisatividadesgenotóxicaeantigenotóxica.
2.2.ObjetivosEspecíficos
Determinarapossívelatividadegenotóxicaeantigenotóxicadoextratoliofilizadode
folhasdeDuguetiafurfuraceapelotestedeinduçãodoprofagoλ(IndutesteSOS).
Determinar a possível atividade mutagênica e antimutagênica do extrato liofilizado
de folhas de Duguetia furfuracea pelo teste do micronúcleo em medula óssea de
camundongosinvivo.
38
3.REFERÊNCIASBIBLIOGRÁFICAS
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58
CapítuloI
___________________________________________________________________________
AVALIAÇÃODASATIVIDADESGENÓTOXICAEANTIGENOTÓXICADE
DUGUETIAFURFURACEAPELOTESTEDEINDUÇÃODOPROFAGOλ
(INDUTESTESOS)
CAROLINARIBEIROESILVA
UniversidadeFederaldeGoiás
InstitutodeCiênciasBiológicas
DepartamentodeBiologiaGeral
LaboratóriodeRadiobiologiadeMicrorganismoseMutagênese
59
AVALIAÇÃODASATIVIDADESGENÓTOXICAEANTIGENOTÓXICADE
DUGUETIAFURFURACEAPELOTESTEDEINDUÇÃODOPROFAGOλ
(INDUTESTESOS)
SILVA,C.R.
1
;CHENCHEN,L.
2
1
2
LaboratóriodeRadiobiolo gia deMicrorganismoseMutagênese/ICB/UFG_CampusII,
74001970,GoiâniaGO
RESUMO
A planta, Duguetia furfuracea (St. Hil.) Benth e Hook. F. (1862), pertence à família
Annonaceae,éconhecidapopularmentecomosofredorimquemquer,araticumseco,ata
domato,marolinho,araticumdocampo,araticumdocerrado,atabravaeatadelobo.Esta
plantaocorreemváriosestadosbrasileiros,comoAmazonas,Bahia,DistritoFederal,Goiás,
Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo. São descritos na literatura
diversas aplicações de D. furfuracea na medicina popular: o chá de suas folhas é indicado
para combater dismenorréia, metrorragia, diarréia e reumatismo; o chá da raiz é usado
como calmante,anti reumático, para cólicas renais e dores de coluna e de estômago e as
sementes são utilizadas contra pediculose. Estudos anteriores têm descrito a atividade
terapêuticadaplantacomaçãotripanomicida,antiprotozoáricaeantiplasmódica.Oobjetivo
dopresentetrabalhofoiavaliarasatividadesgenotóxica,antigenotóxicaetóxicadoextrato
liofilizado de folhas de D. furfuracea pelo teste de indução do profagoλ Induteste. O
procedimentoexperimentalfoirealizadodeacordocomMoreauetal.,(1976),utilizandoas
cepasdeE.coliWP2s(λ)eRJF013.Paraaavaliaçãodasatividadesgenotóxicaetóxicaforam
empregadas as doses de 1 mg, 2 mg, 5 mg e 10 mg, enquanto que na avaliação da ação
antigenotóxicaforam testadas asdosesde 0,5mg, 1mg, 2 mg,5 mg e10 mgcotratadas
com 0,5 µg de MMC. Os resultados mostraram ação tóxica sem, contudo, apresentar
atividadegenotóxica.Poroutrolado,foiobservadaaçãoantigenotóxica.
60
PALAVRASCHAVE: Duguetia furfuracea, toxicidade, antigenotoxicidade, E. coli,
IndutesteSOS.
61
ASSESSMENTOFTHEGENOTOXICANDANTIGENOTOXICACTIVITIESOF
DUGUETIAFURFURACEAbyLYSOGENICINDUCTIONTEST(INDUCTEST)
SILVA,C.R.
1
;CHENCHEN,L.
2
1
2
LaboratóriodeRadiobiolo gia deMicrorganismoseMutagênese/ICB/UFG_CampusII,
74001970,GoiâniaGO
ABSTRACT
TheplantDuguetiafurfuracea(St.Hil.)BentheHook.F.(1862),belongstothefamily
Annonaceae, is popularly known as sofredorimquemquer, araticumseco, atadomato,
marolinho, araticumdocampo, araticumdocerrado, ata brava e ata de lobo. This plant
occurres in several Brazilian states, as Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Minas
Gerais,MatoGrosso,MatoGrossodoSuleSãoPaulo.SeveralapplicationsofD.furfuracea
are described in folk medicine: the tea of their leaves is used to combat dysmenorrhea,
metrorrhagia,diarrheaandrheumatism,theteaoftherootisutilizedasatranquilizer,anti
rheumaticfor renalcolic painsinthe columnand stomachandthe seedsare usedagainst
pediculosis.Previousstudieshaveshownterapeuticactivityofthisplantwithtrypanocidal,
antiplasmodialandantiprotozoalactivity.Inthepresentwork,thegenotoxic,antigenotoxic
and cytotoxic activities of lyophilized leaf extract of D. furfuracea were evaluated by the
lysogenicinduction test(Inductest). Theexperimental procedurewasperformed according
Moreauetal.,(1976)usingE.coliWP2s(λ)andRJF013strains.Toevaluatethegenotoxicand
toxicactivities,thedosesemployedwere1mg,2mg,5mge10mg,whiletoevaluatethe
antigenotoxicactionthedoseswereof0,5mg,1mg,2mg,5mge10mgcotreatedwith0,5
µgdeMMC. Theresultsshowedtoxic action,however,itdidn’tshowgenotoxiceffects.In
theotherhand,itwasobservedantigenotoxicaction.
KEYWORDS:Duguetiafurfuracea,toxicity,antigenotoxicity,E.coli,InductestSOS.
62
1.INTRODUÇÃO
Desde os tempos mais antigos, os produtos naturais, particularmente aqueles
origináriosdeplantas,têmsidoumaimportantefontedeagentesterapêuticos.Cercade25
a 30% de todas as drogas disponíveis na terapêutica são derivados de produtos naturais
(plantas, microorganismos e animais) (Vicentini et al., 2001; Teixeira et al., 2003; Calixto,
2005). As plantas medicinais são utilizadas mundialmente para o tratamento de doenças
(Bagatiniet al.,2007),entretanto,poucainformaçãoencontrasedisponívelsobreosriscos
queoferecemàsaúdehumana(Leiteetal.,2006).seconhecenaliteratura,queoscháse
infusõesde plantas medicinaispodem contersubstâncias tóxicascom efeitosmutagênicos
(Vicentinietal.,2001;Erdtmann,2003;Bagatinietal.,2007).Poroutrolado,oconsumode
chás pode suprimir os efeitos de agentes mutagênicos que estejam atuando sobre o
organismohumano(Silvaetal.,2004).Dessaforma,éextremamenteimportantequetestes
queavaliamagenotoxicidadedepreparaçõesvegetaissejamrealizadosafimdeavaliarseu
potencial mutagênico (Waters et al., 1999). Os ensaios de detecção com a utilização de
microorganismos têm como finalidade principal avaliar compostos químicos que são
potencialmente capazes de induzir processos carcinogênicos, avaliando, dessa maneira, a
atividademutagênicaetambémomododeaçãodeagentesgenotóxicos.Oconhecimento
destes mecanismos de interação com o DNA fornecem informações sobre a natureza da
alteração primáriaenvolvida, o tipo de mutação preferencialmente induzida e a influência
deprocessosdereparaçãonaatividadegenotóxica(Friedberg,1995;Hofnung&Quillardet,
1986).
A planta Duguetia furfuracea (St. Hil.) Benth e Hook. F. (1862), pertence à família
Annonaceae, e é conhecida popularmente como “sofredorimquemquer”, araticumseco
(Rodrigues & Carvalho, 2001), “atadomato” (Guarim Neto & Morais, 2003), marolinho,
araticumdocampo,araticumdocerrado,atabravaeatadelobo(Toledoetal.,2006).Esta
plantaocorreemváriosestadosbrasileiros,comoAmazonas,Bahia,DistritoFederal,Goiás,
Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo (Proença et al., 2000). São
descritos na literatura diversas aplicações de D. furfuracea na medicina popular: suas
sementes, raízes, cascas, folhas e frutos são utilizados para combater dismenorréia,
metrorragia,diarréia,reumatismoetambémutilizadacomocalmante,paradoresnosrinse
63
de coluna (Sangali, 2000; Pott & Pott, 1994; Silva, 1998; Gottsberge, 1987; Rodrigues &
Carvalho,2001;Carolloetal.,2006a;Gavilanes&Brandão,1998).
Toledoetal.,2006avaliaramaaçãofitotóxicadoextratoaquosoaquenteeafriodas
partesaéreasdeD.furfuraceaemratasprenhesemostraramatoxicidadeemembriõesde
ratos.
Estudo fitoquímico realizado por Carollo et al., (2006a), das partes aéreas de D.
furfuracearesultounoisolamentoecaracterizaçãodealcalóideseflavonóides.Estasfrações
apresentaramatividadestripanomicida,antiplasmódicaeantiprotozoárica.
Assim, considerando a grande utilização da planta D. furfuracea pela população e
pela descrição de várias atividades terapêuticas encontradas na literatura, o presente
trabalhotevecomoobjetivoavaliaropotencialgenotóxicoeantigenotóxiodeD.furfuracea,
embactérias pelo teste deindução do profagoλ‐IndutesteSOS (Moreau et al., 1976). O
induteste SOS fundamentase na avaliação quantitativa de uma das funções SOS, que é a
autoclivagemdorepressordoprofagoλmediadapelacoproteaseRecA(Little,1991).Certos
profagosficamnormalmentemantidosemestadodelatênciaembactériaslisogênicaseque
podemserinduzidosasedesenvolveremdemaneiraautônoma,quandooDNAdascélulas
queosabrigamélesadoouasuareplicaçãoébloqueada(Moreauetal.,1976).seconhece
naliteraturaqueosagentesgenotóxicospodempromoverainduçãodasfunçõesSOS,entre
asquais,a indução do profagoλ. Assim, monitorando esta função,podese avaliar a ação
genotóxicadeumcompostoemestudo.
2.MATERIALEMÉTODOS

A)Planta,Duguetiafurfuracea(St.Hil.)BentheHook.f.
OextratodaplantamedicinalDuguetiafurfuraceafoiobtidoapartirdasfolhas,que
foramcoletadasnoBairroItanhangánomunicípiodeGoiâniaeidentificadapeloprofessor
Heleno Dias Ferreira. As folhas foram submetidas à secagem, trituração e em seguida foi
preparadapormétododeinfusão.Oinfusofoisubmetidoaoprocessodeliofilização.Uma
exsicatafoidepositadanoHerbáriodaUFG,sobonúmero29.975.
64
B)CepasBacterianas
As cepas bacterianas que foram utilizadas no presente trabalho são as seguintes:
WP2s(λ)(cepalisogênica),RJF013(cepaindicadora),derivadasdeE.coliK12(Tabela1).
Tabela1.Principaiscaracterísticasdascepasbacterianasutilizadas.
Designação Genótiporelevante Outrascaracterísticas
RJF013 Amp
R
uvrD3,trpE
WP2s(λ) uvrA trpE
C)MeiosdeCultura,ReagentesQuímicoseSoluções
MeioLB
Triptona(Difco)............................................................ 10g
ExtratodeLevedura(Difco)......................................... 5g
CloretodeSódio‐NaCl(Vetec)................................... 10g
Águadestiladaestéril................................................... 1000mL
Ágar(Difco).................................................................. 15g

MeioLB
(1/2)(malt/amp)
Triptona(Difco)............................................................. 5g
ExtratodeLevedura(Difco).......................................... 2,5g
CloretodeSódioNaCl(Vetec).................................... 10g
Águadestiladaestéril.................................................... 990mL
Ágar(Difco)................................................................... 15g
Maltose(20%)(Merck)................................................. 10mL
Ampicilina.....................................................................0,02mg/mL

TopÁgar
CloretodesódioNaCl(Vetec).................................... 5g
Ágar(Difco)................................................................... 6g
Águadestilada............................................................... 1000mL





65

TampãoM9
Na
2
HPO
4
(Vetec).......................................................... 3g
KH
2
PO
4
(CinéticaQuímica).......................................... 1,5g
NH
4
Cl(Synth)................................................................. 0,5g
NaCl(Vetec)............................... ................................... 0,25g
Águadestiladaestéril..................................................500mL
CaCl
2
(0,1M)(Vetec)..................................................... 2,5mL
MgSO
4
(1M)(Synth)...................................................... 2,5mL

MitomicinaC(MMC)
MMC(Sigma)................................................................ 0,5µg
Águadestiladaestéril................................................... 5,0µL
2.1.ProcedimentoExperimental
2.1.1.Induteste
O procedimento experimental quantitativo para avaliação da atividade genotóxica
e/ou antigenotóxica, baseado nos trabalhos de Moreau et al., (1976), foi realizado da
seguinte maneira: a cepa lisogênica WP2s(λ) em fase exponencial de crescimento, foi
centrifugadaa5.000rpmpor15minutoseressuspensaemigualvolumeemtampãosulfato
de magnésio(M9). Para a avaliação da atividade genotóxica, amostras de 1 mLda cultura
foram incubadas nas doses de 1 mg; 2 mg; 5 mg e 10 mg do extrato de D. furfuracea,
enquantoquenaavaliaçãodaatividadeantigenotóxicafoiadicionadaumadoseúnica(0,5
µg)demitomicinaC(MMC)juntamentecomasdosesde0,5mg;1mg;2mg;5mge10mg
do extratoda planta em estudo. As culturas foram incubadaspor 25minutosa 37ºC com
agitaçãoeaeraçãoconstantes.Apósincubação,foramdiluídasemtampãoM9e0,1mLda
bactérialisogênicafoiadicionadaa0,3mLdaculturaRJF013(bactériaindicadora),seguindo
seoacréscimode2,5mLdetopágar.OconjuntofoivertidosobreplacasLB
(1/2)(malt/amp)
,em
duplicatas, as quais foram incubadas em estufa a 37ºC por 24 horas. Foram também
incluídoscontroles:positivo(MMC)enegativo(H
2
Odestiladaestéril).Decorridas24horas,
oscentros infecciosos foramcomputados e osresultados expressospelo Fator deIndução
em função da concentração de D. furfuracea. O Fator de Indução (FI) é calculado pelo
númerodeplaquesnaplacateste(F)sobreonúmerodeplaques naplacacontrolenegativo
66
(F
o
).Paraanálisedaatividadeantigenotóxica,oFatordeIndução(FI)édadopelonúmerode
plaquesnaplacateste(F)sobreonúmerodeplaquesnaplacacontrolepositivo(F
o
).
ParaelucidarainativaçãocelularemfunçãodadosedeD.furfuraceaparalelamente
foifeitaumacurvadesobrevivência.Paraaavaliaçãodaatividadetóxica,culturasdeE.coli
WP2s(λ)emfaseexponencialdecrescimentoforamcentrifugadas,ressuspensasemtampão
M9 e incubadas nas doses de 1 mg; 2 mg; 5 mg e 10 mg do extrato de D. furfuracea,
enquantoquenaavaliaçãodaatividadeanticitotóxicafoiadicionadaumadoseúnica(0,5µg)
deMMCjuntamentecomasdosesde0,5mg;1mg;2mg;5mge10mgdoextratodaplanta
em estudo. As culturas foram incubadas por 25 minutos a 37ºC com agitação e aeração
constantes.DiluídasemtampãoM9,foramsemeadasemplacascommeioLB.Após24horas
de incubação na estufa a 37ºC,procedeuse a contagem de colônias. Os resultados foram
expressos pela Fração de Sobrevivência (S) que é dada pelo número de colônias na placa
teste(N) sobreonúmerodecolôniasnaplacacontrolenegativo(N
o
)emfunçãodadosede
D. furfuracea. Paraverificaro perfilde inativaçãobacteriana provocadapeloextratode D.
furfuraceacotratadocomMMC,aFraçãodeSobrevivência(S)foicalculadapelonúmerode
colôniasnaplacateste(N)sobreonúmerodecolôniasnaplacacontrolepositivo(N
o
).
3.RESULTADOS
Osresultados obtidosnaavaliação datoxicidadee genotoxicidadedo extratodeD.
furfuraceapodemserobservadosnaTabela2enasfiguras1e2.
67
Tabela 2. Valores da média e desvio padrão do número de sobreviventes e plaques
formados, Fração de Sobrevivência (S) e Fator de Indução (FI) em função das doses do
extratodeDuguetiafurfuracea.
Tratamento
x±s
(sobrevivência)
x±s
(indução)
S FI
Controlenegativo* 1,96x10
8
±0,85x10
8
 4,13x10
7
±1,47x10
7
1,00 1,00
1mgED 2,34x10
8
±1,23x10
8
9,7x10
7
±4,3x10
7
1,19 2,34
2mgED 1,64x10
8
±0,99x10
8
3,48x10
7
±1,39x10
7
0,83 0,84
5mgED 1,01x10
8
±0,31x10
8
4,47x10
7
±2,76x10
7
0,52 1,08
10mgED 8,10x10
7
±1,62x10
7
2,09x10
7
±0,58x10
7
0,41 0,51
Controlepositivo** 2,18x10
6
±1,67x10
6
9,7x10
8
±0,4x10
8
0,01 23,4
*Águadestiladaestéril;**0,5μg/5μLdeMitomicinaC;ExtratodeDuguetiafurfuracea(ED).
Naavaliaçãodatoxicidade doextratodeD.furfuracea,expressapelaFraçãode
Sobrevivência(S) emfunçãodadose(Tabela2),pôdeseobservarque paraadosede1mg,
não foi constatada a inativação celular, porém houve um aumento do número de
sobreviventes (S=1,19) em relação ao controle negativo. A partir da dose de 2 mg, se
constatou uma diminuição do número de sobreviventes (S=0,83) em relação ao controle
negativo. Na dose de 5 mg, a fração de sobrevivência obtida foi de 0,52.A inativação
máximaconstatadafoinadosede10mgobtendoafraçãodesobrevivênciaiguala0,41.No
controlepositivo(MitomicinaC),afraçãodesobrevivênciaobtidafoide0,01quefoimuito
inferioremrelaçãoàsfraçõesdesobrevivênciaobtidasàsdiferentesdosesdoextrato.Este
resultado está em concordância com o esperado, pois se sabe que Mitomicina C é um
agente citotóxico (Estream & Vanleeuwen, 2000; Kraut & DrnovsekOlup, 1996). Os
resultados obtidos na avaliação da toxicidade do extrato de D. furfuracea também foram
representadosnaFigura1.
NaavaliaçãodagenotoxicidadedoextratodeD. furfuracea,expressapeloFatorde
Indução (FI) em função da dose (Tabela 2), verificouse que na dose de 1 mg houve um
pequeno aumento na indução do profagoλ(FI=2,34). Nas doses de 2 mg, 5 mg e 10 mg
foramobtidososvaloresde0,84;1,08e0,51,respectivamente.Osvaloresobtidospelofator
deindução(FI)mostraramumapequenadiminuiçãodainduçãodoprofagoλemrelaçãoao
grupo controle negativo, no entanto estão em concordância com os valores obtidos pela
68
fraçãodesobrevivência(S)quetambémapresentouumadiminuiçãonessasmesmasdoses.
Possivelmente,apequenainduçãoobservadanadosede1mgdoextratodeD.furfuracea,
sedeveparcialmenteaoaumentodonúmerodesobreviventesverificadoparaestadose
na curva de inativação celular (Figura 1). Não foi verificado o aumento da indução do
profagoλparaasdosesde2mg,5mge10mg.Nocontrolepositivo(MitomicinaC),oFI
obtidofoide23,4.Estevalorestáemconcordânciacomoda literaturaequesesabeque
o agente Mitomicina C é altamente genotóxico e mutagênico (Kang et al., 2006). Os
resultados obtidos na avaliação da genotoxicidade do extrato de D. furfuracea também
foramrepresentadosnaFigura2.
Figura1.FraçãodeSobrevivênciadacepaE.coli (WP2s(λ)),emfunçãodadosedoextrato
deDuguetiafurfuracea.
69
Figura 2. Fator de Indução da cepa E. coli (WP2s (λ)) em função da dose do extrato de
Duguetiafurfuracea.
Osresultadosobtidosnaavaliaçãodainativaçãobacterianaedaantigenotoxicidade
provocada pelo extrato de D. furfuracea cotratado com 0,5 µg de MMC, podem ser
observadosnaTabela3enasfiguras3e4.
70
Tabela 3. Valores da média e desvio padrão do número de sobreviventes e plaques
formados, Fração de Sobrevivência (S) e Fator de Indução (FI) em função das doses do
extratodeDuguetiafurfuraceacotratadocomMitomicinaC.
Tratamento
x±s
(sobrevivência)
x±s
(indução)
S FI
Controlepositivo* 9,3x10
6
±2,04x10
6
2,03x10
7
±0,45x10
7
1,00 1,00
0,5mgED+MMC 5,76x10
7
±1,29x10
7
1,09x10
7
±0,20x10
7
6,19 0,53
1mgED+MMC 4,70x10
7
±2,36x10
7
1,2x10
7
±0,78x10
7
5,05 0,59
2mgED+MMC 6,61x10
7
±2,28x10
7
8,1x10
6
±3,34x10
6
7,1 0,39
5mgED+MMC 4,27x10
7
±1,67x10
7
7,0x10
6
±1,65x10
6
4,59 0,34
10mgED+MMC 1,44x10
7
±0,72x10
7
8,3x10
6
±1,45x10
6
1,54 0,40
Controlenegativo** 2,01x10
8
±0,22x10
8
1,2x10
6
±0,65x10
6
21,61 0,05
*0,5μg/5μLdeMitomicinaC(MMC);**Águadestiladaestéril; ExtratodeDuguetiafurfuracea(ED).
Pelatabela, observousequepara asdoses do extratode D. furfuracea cotratadas
comMMC,ocorreuumaumento donúmerodecélulas sobreviventesquandocomparadas
com o controle positivo, mostrando dessa maneira, que o extrato atenuou os efeitos
citotóxicosdaMMC.Oaumentomáximodonúmerodesobreviventesocorreunadosede2
mg, obtendo uma fração de sobrevivênciade 7,1. Enquanto que a dose de 10 mg
apresentouomenoraumentodonúmerodesobreviventes(S=1,54).Nasdosesde0,5mg;1
mg e 5 mg foram obtidos os valores (S) de 6,19; 5,05 e 4,59, respectivamente. Estes
resultadostambémforamrepresentadosnaFigura3.
NaavaliaçãodaatividadeantigenotóxicadoextratodeD.furfuracea,expressapelo
Fator de Indução (FI) em função da dose (Tabela 3) e (Figura 4), pôdese verificar uma
diminuiçãodainduçãodoprofagoλemtodasasdosestestadasquandocomparadascomo
controlepositivo.Adosede5mgapresentouamaiordiminuiçãodeinduçãodoprofagoλ
(FI=0,34).Nasdosesde0,5mg;1mg;2mge10mgforamobtidososvaloresde0,53;0,59;
0,39e0,40,respectivamente.OsvaloresobtidosmostraramqueoextratodeD.furfuracea
cotratadocomMMC,diminuiuoníveldeinduçãodoprofagoλemaproximadamente55%.
OsresultadosobtidosnaavaliaçãodaantigenotoxicidadedoextratodeD.furfuraceaforam
tambémrepresentadosnaFigura4.
71
Figura3.CurvadeSobrevivênciadacepaE.coli(WP2s(λ))emfunçãodadosedoextratode
D.furfuracea+0,5µgdeMMC/placa.
Figura 4. Fator de Indução da cepa E. coli (WP2s(λ)) em função da dose do extrato de D.
furfuraceacotratadocom0,5µgdeMMC/placa.
72
4.DISCUSSÃO
Oobjetivodopresentetrabalhofoiavaliarasatividadesgenotóxica,antigenotóxicae
tóxica da planta Duguetia furfuracea, pelo teste de indução do profagoλ. Este teste,
desenvolvidoporPatriceMoreauetal.,(1976),baseia senoprincípiodainduçãodoprofago
λ,queéumadasmanifestaçõesdasfunçõesSOS.seconhecenaliteraturaqueagentes
genotóxicos podem causar a indução das funções SOS. Estudos realizados anteriormente
mostraramqueagentesquedanificamoDNAouqueinterferemnareplicação,comoaMMC
ealuzUV,provocamainduçãodoprofagoλ(Osterhoutetal.,2007).Assim,comautilização
deste ensaio é possível avaliar a ação genotóxica ou antigenotóxica de agentes físicos,
químicosebiológicos.
Na avaliação da atividade tóxica e genotóxica do extrato de D. furfuracea, foi
demonstradoaçãotóxicanas dosesmaiselevadas(5mge10 mg),porémnãoapresentou
ação genotóxica considerável, visto que não foi verificado um aumento considerável da
indução do profagoλpara todas as doses utilizadas. A ação tóxica do extrato de D.
furfuraceaencontradanestetrabalho,estáemconcordânciacomosresultadosobtidospor
Toledoetal.,(2006),quetambémmostraramtoxicidadeemembriõesderatos,utilizandoo
extratodaspartesaéreasdeD.furfuracea.
Os resultados obtidos na avaliação da atividade antigenotóxica do extrato de D.
furfuracea, mostraram uma diminuição da indução do profagoλpara todas as doses co
tratadas com MMC, quando comparadas com o controle positivo, apresentando uma
atenuação média de indução de 55%, assim pôdese mostrar que esta planta possui ação
antigenotóxica.
FoitambémrealizadaacurvadesobreviênciadacepadeE.coliWP2s(λ)cotratadas
com D. furfuracea e MMC e os resultados obtidos mostraram que o número de
sobreviventes aumentou em todas as doses testadas quando comparadas com o controle
positivo,mo strandodessamaneira,queoextratodeD.furfuraceaatenuouaaçãocitotóxica
deMMC.
A análise fitoquímica das partes aéreas de D. furfuracea revelou a presença de
sesquiterpenos (Carollo et al., 2005), flavonóides e vários alcalóides (Carollo et al., 2006a;
Carolloetal.,2006b).Dadosdaliteraturadescrevemquesesquiterpenospodemapresentar
potencial como agentes anticancerígenos (Fraga, 2006). A presença de alcalóides foi
73
mencionada em ampla gama de atividades biológicas, entre as quais, podese citar
principalmente atividades: antihipertensivas, antimaláricas, antitumorais, diuréticos,
antivirais, entre muitos outras (Henriques et al., 2004). Os flavonóides são comumente
indicados como antiinflamatórios, anticarcinogênicos, diuréticos, antimicrobianos,
antiviróticoseantioxidantes(AlmassyJúnioretal.,2005;Zuanazzi&Montanha,2004).
Os resultados obtidos do extrato de D. furfuracea exibiram o perfil de um agente
antitumoral, por ser tóxico, não genotóxico e antigenotóxico. A ação tóxica pode ser
atribuída,pelomenosparcialmente,pelaaçãodosalcalóides,umavezqueforamisolados
alcalóides de outras espécies do nero Duguetia, os quais mostraram ação citotóxica
(Pereiraetal.,2003;Fechineetal.,2002;Maia etal.,2006;Leboeufetal.,1980;Muhammad
etal.,2001;Temponeetal.,2005).Aaçãoantigenotóxicapossivelmentepodeseratribuída,
pelomenosparcialmente,pelaaçãodosflavonóides,devidoàsuaatividadeantioxidante.
5.CONCLUSÃO
Pelos resultados obtidos, concluiuse que o extrato liofilizado de folhas de D.
furfuraceaapresentou atividadetóxica eanticitotóxica contraMMC,ausência deatividade
genotóxicaconsideráveleaçãoantigenotóxicacontraMMC.
6.AGRADECIMENTOS
OsautoresagradecemaoCNPqeFUNAPE,peloapoiofinanceiro.
7.REFERÊCIASBIBLIOGRÁFICAS
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78
CapítuloII
___________________________________________________________________________
AVALIAÇÃODASATIVIDADESMUTAGÊNICAEANTIMUTAGÊNICADE
DUGUETIAFURFURACEAPELOTESTEDOMICRONÚCLEOEM
MEDULAÓSSEADECAMUNDONGOS
CAROLINARIBEIROESILVA
UniversidadeFederaldeGoiás
InstitutodeCiênciasBiológicas
DepartamentodeBiologiaGeral
LaboratóriodeRadiobiologiadeMicrorganismoseMutagênese
79
AVALIAÇÃODASATIVIDADESMUTAGÊ NICAEANTIMUTAGÊNICADE
DUGUETIAFURFURACEAPELOTESTEDOMICRONÚCLEOEMMEDULAÓSSEA
DECAMUNDONGOS
SILVA,C.R.
1
;CHENCHEN,L.
2
1
2
LaboratóriodeRadiobiolo gia deMicrorganismoseMutagênese/ICB/UFG_CampusII,
74001970,GoiâniaGO
RESUMO
A planta, Duguetia furfuracea (St. Hil.) Benth e Hook. F. (1862), pertence à família
Annonaceae,éconhecidapopularmentecomosofredorimquemquer,araticumseco,ata
domato,marolinho,araticumdocampo,araticumdocerrado,atabravaeatadelobo.Esta
plantaocorreemváriosestadosbrasileiros,comoAmazonas,Bahia,DistritoFederal,Goiás,
Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo. São descritos na literatura
diversas aplicações de D. furfuracea na medicina popular: o chá de suas folhas é indicado
para combater dismenorréia, metrorragia, diarréia e reumatismo; o chá da raiz é usado
como calmante,anti reumático, para cólicas renais e dores de coluna e de estômago e as
sementes são utilizadas contra pediculose. Estudos anteriores têm descrito a atividade
terapêuticadaplantacomaçãotripanomicida,antiprotozoáricaeantiplasmódica.Oobjetivo
do presente trabalho foi avaliar as atividades mutagênica, antimutagênica e citotóxica do
extratoliofilizadodefolhasdeD.furfuraceapelotestedomicronúcleoemmedulaósseade
camundongos.Oprocedimentoexperimentalfoirealizadodeacordocomametodologiade
Schmid (1975). Para a avaliação da atividade mutagênica, os animais foram tratados com
trêsdiferentesdosesdoextratodaplanta(100,200e300mg/Kgp.c.),enquantoqueparaa
avaliação da atividade antimutagênica foram administradas as mesmas doses (100, 200 e
300mg/Kgp.c.)concomitantementedeumadosede4mg/KgdeMMC.Agenotoxicidadefoi
avaliada pela freqüência de eritrócitos policromáticos micronucleados (EPCMN) e a
citotoxicidade foi analisada pela razão eritrócitos policromáticos e normocromáticos
80
(EPC/ENC).Osresultadosobtidosnaavaliaçãodamutagenicidademostraramquetodasas
dosesdoextratodeD.furfuraceaoaumentaramsignificativamenteonúmerodeEPCMN
(p>0,05), comparativamente com o grupo controle negativo. A citotoxicidade foi evidente
em todas as doses testadas (p<0,05). Em relação à antimutagenicidade, todas as doses
administradasreduziramsignificativamenteafreqüência deEPCMN,comparativamentecom
ogrupocontrolepositivo(p<0,05).Dessamaneira,osresultadosobtidospermitiramconcluir
que o extrato de D. furfuracea apresentou ação citotóxica e não demonstrou atividade
mutagênica. Foi também observada atividade antimutagênica desse extrato nas condições
experimentaisrealizadas.
PALAVRASCHAVE: Duguetia furfuracea, citotoxicidade, antimutagenicidade,
camundongos,TestedoMicronúcleo.
81
ASSESSMENTOFTHEMUTAGENICANDANTIMUTAGENICACTIVITIESOF
DUGUETIAFURFURACEABYMICRONUCLEUSTESTINMICE
SILVA,C.R.
1
;CHENCHEN,L.
2
1
2
LaboratóriodeRadiobiolo gia deMicrorganismoseMutagênese/ICB/UFG_CampusII,
74001970,GoiâniaGO
ABSTRACT
TheplantDuguetiafurfuracea(St.Hil.)BentheHook.F.(1862),belongstothefamily
Annonaceae, is popularly known as sofredorimquemquer, araticumseco, atadomato,
marolinho, araticumdocampo, araticumdocerrado, ata brava e ata de lobo. This plant
occurres in several Brazilian states, as Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Goiás, Minas
Gerais,MatoGrosso,MatoGrossodoSuleSãoPaulo.SeveralapplicationsofD.furfuracea
are described in folk medicine: the tea of their leaves is used to combat dysmenorrhea,
metrorrhagia,diarrheaandrheumatism,theteaoftherootisutilizedasatranquilizer,anti
rheumaticfor renalcolic painsinthe columnand stomachandthe seedsare usedagainst
pediculosis. Previous studies have described therapeutic activity of this plant with
trypanocidal, antiplasmodial and antiprotozoal effects. In the present work, the cytotoxic,
mutagenicandantimutagenic activitiesoftheextract ofD. furfuraceaplantwasevaluated
by Micronucleus test in the bone marrow of mice. The experimental procedure was
performedaccordingto Schmid (1975). To evaluate mutagenic activity, mice were treated
with three different doses of plant extract (100, 200 and 300 mg/Kg body weight), to
evaluate antimutagenic activity, mice were treated with the same doses coadministered
with 4 mg/kg of MMC. The genotoxic action was evaluated by the frequency of
micronucleatedpolychromaticerythrocytes(MNPCE)andcytotoxicitywasevaluatedbythe
polychromaticandnormochromaticerythrocytesratio(PCE/NCE).Theresultsobtainedfrom
theevaluationofmutagenicityofthisplantshowedthattheextractofD.Furfuraceadidn’t
increase significantly (p>0.05) the frequency of MNPCE compared to negative control.
Cytotoxicitywasevidentinallapplieddoses(p<0.05).Concerningantimutagenicity,alldoses
82
of extract reduced significantly the frequency of MNPCE comparedto the positive control
group (p<0.05).Thus, our resultsdemonstratedthat the extract ofD. furfuracea exhibited
cytotoxicbutnotgenotoxicaction.Intheotherhand,itwasshowedantimutagenicactivity
ofthisplantinthemicebonemarrowmicronucleustestinourexperimentalconditions.
KEYWORDS:Duguetiafurfuracea,citotoxicity,antimutagenicity,mice,MicronucleusTest.
83
1.INTRODUÇÃO
Muitosextratosvegetaise seusprincípiosativostêmsidodescritoseutilizadoscomo
agentes terapêuticos. Existe considerável interesse em determinar os riscos que estes
extratospodemrepresentarparaasaúde,umavezquemuitasdestasplantaspodemconter
substânciasquesãoconhecidasporcausardoençase/ouatémesmoamortedeanimaise
seres humanos (Surh & Ferguson, 2003). Em contrapartida, muitas substâncias presentes
nos vegetais têm sido consideradas como uma alternativa para prevenir processos de
mutagênese e/ou carcinogênese, devido às suas propriedades quimiopreventivas de
mutações ao DNA e de interferência nas etapas de iniciação, promoção e progressão da
carcinogênese(Cambie&Ferguson,2003;Lee&Park,2003).
Aplantamedicinal,Duguetiafurfuracea(St.Hil.)BentheHook.F.(1862),pertenceà
família Annonaceae, e é conhecida popularmente como “sofredorimquemquer”,
araticumseco(Rodrigues&Carvalho,2001),“atadomato”(GuarimNeto&Morais,2003),
marolinho,araticumdocampo,araticum docerrado,atabravaeatadelobo(Toledoetal.,
2006). Esta planta ocorre em vários estados brasileiros, como Amazonas, Bahia, Distrito
Federal,Goiás,MinasGerais,MatoGrosso,MatoGrossodoSul eSãoPaulo(Proençaetal.,
2000).SãodescritosnaliteraturadiversasaplicaçõesdeD.furfuraceanamedicinapopular:
suas sementes, raízes, cascas, folhas e frutos são utilizados para combater dismenorréia,
metrorragia,diarréia,reumatismoetambémutilizadacomocalmante,paradoresnosrinse
de coluna (Sangali, 2000; Pott & Pott, 1994; Silva, 1998; Gottsberge, 1987; Rodrigues &
Carvalho,2001;Carolloetal.,2006a;Gavilanes&Brandão,1998).
foram também relatadas na literatura algumas atividades biológicas de D.
furfuracea como: toxicidade em embriões de ratos (Toledo et al., 2006) e atividades
tripanomicida,antiplasmódicaeantiprotozoárica(Carolloet al.,2006a;Fischeretal.,2004;
Mesquitaetal.,2007).
Dentre os testes de avaliação de genotoxicidade preconizados pelas agências
internacionais e instituiçõesgovernamentais, o teste do micronúcleo em medula óssea de
roedoresin vivoéamplamenteaceitoerecomendadoparaaavaliaçãoeoregistrodenovos
produtos químicos e farmacêuticos que entram anualmente no mercado mundial (Choy,
2001; Ribeiro, 2003). Este teste é amplamente utilizado para detecção de agentes
clastogênicos (que quebram cromossomos), e de agentes aneugênicos (que induzem
84
aneuploidiaousegregaçãocromossômicaanormal)(MacGregoretal.,1987;Hayashietal.,
1994), dessa forma, o teste do micronúcleo foi o teste escolhido para avaliar o potencial
mutagênicoeantimutagênicodoextratoliofilizadode folhasdeD.furfuracea.
2.MATERIALEMÉTODOS

A)Planta,Duguetiafurfuracea(St.Hil.)BentheHook.F.
OextratodaplantamedicinalDuguetiafurfuraceafoiobtidoapartirdasfolhas,que
foramcoletadasnoBairroItanhangánomunicípiodeGoiâniaeidentificadapeloprofessor
Heleno Dias Ferreira. As folhas foram submetidas à secagem, trituração e em seguida foi
preparadapormétododeinfusão.Oinfusofoisubmetidoaoprocessodeliofilização.Uma
exsicatafoidepositadanoHerbáriodaUFG,sobonúmero29.975.
B)Camundongos
Foramutilizados75camundongosMusmusculus(SwissWebster)outbred,dosexo
masculino,pesando35±10g,comidadede7a12semanas,procedentesdoBiotérioCentral
da Universidade Federal de Goiás. Antes da realização do experimento, os animais
permanecerampor7diasnolaboratório,ondeforammantidosemgaiolasdepolipropileno
de dimensão de 40x30x16 cm com 5 animais cada, forradas com maravalha trocadas
diariamente,ealimentadoscomraçãocomercial(Albina,EcibraLtda)eáguafiltrada,ambos
oferecidos "ad libitum". Os animais foram mantidos a temperatura ambiente de 25ºC,
umidade50%±20%eumciclodeluz12hclaro/escuro.
85
C)ReagentesQuímicoseSoluções
Solubilizaçãodascélulas
Sorofetalbovino(Soralli)

Fixador
Metanolabsoluto(CH
3
OH)(Labsynth)

TampãoFosfato(pH6,8)
SoluçãoA:
FosfatodepotássiomonobásicoKH
2
PO
4
(Reagen)..... 8,1654g
Águadestilada................................................................. 1000mL
SoluçãoB:
FosfatodesódiodibásicoanidroNa
2
HPO
4
(Synth)..... 8,5176g
Águadestilada................................................................. 1000mL

CoranteGiemsatamponado*
TampãoFosfato(pH6,8).................................................. 200mL
CoranteGiemsa(Doles)................................................... 9mL

MitomicinaC(MMC)
MMC(BristolMyersSquibb)............................................ 5mg
Águadestilada.................................................................. 5mL
*Filtradoempapelfiltro
2.1.ProcedimentoExperimental
2.1.1. TestedoMicronúcleo
Oscamundongosforamdivididosemgruposdecincoanimaiscada.Osanimaisforam
tratados,viagavage,comasdosesde100,200e300mg/Kgdoextratoliofilizadodefolhas
deDuguetiafurfuraceaemdiferentestempos(24e 48horas).Ogrupocontrolenegativofoi
tratadocomáguadestiladaenquantoqueogrupocontrolepositivorecebeuumadoseúnica
intraperitoneal (i.p.) de 4mg/Kg (80% da DL
50
) de mitomicina C (MMC).Para avaliação da
antimutagenicidade, foram administradas as doses de 100, 200 e 300 mg/Kg
86
concomitantementede umadose de4 mg/Kgde MMC.Os animaisforam sacrificadospor
deslocamento cervical e os fêmures retirados. As epífises do fêmur foram cortadas e a
medulaóssea lavadacom1 mLde sorofetal bovino.Após homogeneizaçãoda medulano
soro,estafoicentrifugadaa 1.000rpmdurante5minutos.Osobrenadantefoiparcialmente
descartado.Oprecipitadodecélulasfoi homogeneizadocompipeta Pasteur.Umagota de
suspensãocelularfoitransferida paraa lâmina devidro onde foifeito oesfregaço celular.
Apóssecagem daslâminas, estasforamfixadas emmetanolabsoluto durante5 minutose
coradas em solução do Corante Giemsa tamponado com pH 6,8 por um período de 15
minutos (Heddle, 1973). Após este período, as lâminas foram lavadas em água corrente e
deixadassecaremtemperaturaambiente.
2.1.2. AnáliseCitogenética
AanálisedaslâminasfoirealizadaemmicroscópioópticocomumOlympusBH2com
afinalidadedesedetectarpossíveisalteraçõese/ouperdascromossômicas(micronúcleos)
noseritrócitospolicromáticos(EPC)damedulaósseadosanimaissubmetidosaosdiferentes
tratamentos. As células foram visualizadas em objetiva de imersão (1000x), avaliandose
2000 EPC em duas lâminas para cada animal. Para avaliação da citotoxicidade, foram
contados também eritrócitos normocromáticos (ENC), e a razão EPC/ENC foi determinada
conformeSchmid(1975).
2.1.3. AnáliseEstatística
Asfreqüências de eritrócitospolicromáticosmicronucleados (EPCMN)em2000 EPC
de cadagrupo foram comparadas emrelaçãoao grupo controle negativooupositivo pelo
testeANOVAeforamconsideradossignificativosvaloresdep<0,05.
AsfreqüênciasdeEPCeENCdecadagrupotratadocomoextratoforamcomparadas
com o grupo controle negativo ou positivo pelo teste quiquadrado e foram considerados
significativosvaloresdep<0,05.
87
3.RESULTADOS
OsresultadosobtidospelaanálisedafreqüênciadeEPCMNedarelaçãoEPC/ENCnos
animais submetidos aos diferentes tratamentos com o extrato de D. furfuracea e seus
controlesforamapresentadosnaTabela1.
Na investigaçãodo potencial mutagênicode D. furfuraceaexpressa pela média das
freqüências de EPCMN (Tabela 1), observouse que para os tratamentos de 24 horas, os
animaisapresentaramumamédiade6,0;5,0e5,6EPCMN/2000EPCparaasdosesde100,
200e300mg/Kgp.c.respectivamente,enquantoqueogrupocontrolenegativoapresentou
umamédiade3,8EPCMN/2000EPC(Figura1).Dessamaneira,pôdeseobservarquenãofoi
possível detectar diferença significativa pelo teste ANOVA para todas as doses testadas
(p>0,05). Nos resultados obtidos para os tratamentos de 48 horas com o extrato de D.
furfuracea,osanimaisapresentaramumamédiade5,8;4,4e4,2EPCMN/2000EPCparaas
doses de 100, 200 e 300 mg/Kg p.c. respectivamente, enquanto que o grupo controle
negativoapresentouumamédiade3,8EPCMN/2000EPC (Figura2).Assim,observouseque
nãofoipossíveldetectardiferençasignificativaparaasdiferentesdosesdoextratoeogrupo
controle negativo (p>0,05). Dessa maneira, os resultados obtidos não mostraram a ação
mutagênicadoextratodeD.furfuracea.
A avaliação da atividade citotóxica do extrato de D. furfuracea, é expressa pelas
razõesEPC/ENCdosanimaistratadoscomasdiferentesdosesemrelaçãoaogrupo controle
negativo (Tabela 1). As razões EPC/ENC encontradas nos tratamentos de 24 horas foram
0,92; 0,83 e 0,72 para os grupos tratados com 100, 200 e 300 mg/Kg de D. furfuracea,
respectivamente, enquanto que o grupo controle negativo apresentou a razão de 1,06
(Figura3).ArazãodeEPC/ENCdosgrupostratadosfoicomparadacomadogrupocontrole
negativopelotestequiquadradoefoimostradasignificânciaestatística(p<0,05),apesarde
apresentaraçãocitotóxicamoderada.AsrazõesdeEPC/ENCobtidasnostratamentosde48
horasforam0,83;0,67e0,72paraosgrupostratadoscom100,200e300mg/Kgdoextrato
deD.furfuracea,respectivamente,enquantoqueogrupocontrolenegativoapresentouuma
razão de 1,06 (Figura 4). Dessa maneira, a comparação das freqüências de EPC/ENC dos
grupos tratados em relação ao grupo controle negativo pelo teste quiquadrado, também
mostroudiferençasignificativa(p<0,05).Assim,foimostradaaaçãocitotóxicadoextratode
D.furfuraceaemtodasasdosesaplicadasnotempode48horas(p<0,05).
88
89
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Tratamentos e controles
Frequência de EPCMN/2000 EPC
Água destilada
MMC
100 mg/Kg p.c.
200 mg/Kg p.c.
300 mg/Kg p.c.
Figura 1. Freqüência de EPCMN após 24 horas de tratamento com o extrato de Duguetia
furfuraceaecontroles.
0
2
4
6
8
10
12
Tratamentos e controles
Frequência de EPCMN/2000 EPC
Água destilada
MMC
100 mg/Kg p.c.
200 mg/Kg p.c.
300 mg/Kg p.c.
Figura 2. Freqüência de EPCMN após 48 horas de tratamento com o extrato de Duguetia
furfuraceaecontroles.
90
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Tratamentos e controles
Razão EPC/ENC
Água destilada
MMC
100 mg/Kg p.c.
200 mg/Kg p.c.
300 mg/Kg p.c.
Figura3.RazãoEPC/ENCapós24horasdetratamentoecontroles.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Tratamentos e controles
Razão EPC/ENC
Água destilada
MMC
100 mg/Kg p.c.
200 mg/Kg p.c.
300 mg/Kg p.c.
Figura4.RazãoEPC/ENCapós48horasdetratamentoecontroles.
OsresultadosobtidospelaanálisedafreqüênciadeEPCMNedarelaçãoEPC/ENCnos
animaissubmetidosaosdiferentestratamentoscomoextratodeD. furfuraceacotratados
comMMCeseuscontrolesforamapresentadosnaTabela2.
91
92
NaavaliaçãodaatividadeantimutagênicadoextratodeD.furfuracea(Tabela2),os
resultadosmostraramqueparaostratamentosde24horas,osanimaisapresentaramuma
média de 18,4; 17,8 e 21,2 EPCMN/2000EPC nas doses de 100, 200 e 300 mg/Kg p.c.co
tratadoscom4mg/KgdeMMC,enquantoqueocontrolepositivoapresentouumamédiade
35,6EPCMN/2000EPC(Figura5).Osdadosobtidosmostraramqueotratamentosimultâneo
doextratodaplantacomMMCprovocouumareduçãosignificativadonúmerodeEPCMN
em relação ao grupo controle positivo (MMC) (p<0,05). Para as doses de 100, 200 e 300
mg/Kgcotratadoscom4mg/KgdeMMCnotempode48horasapresentaramumamédia
de 4,8; 4,0 e 5,8 EPCMN/2000 EPC e o controle positivo apresentou uma média de 9,6
(Figura 6). Os resultados obtidos também mostraram que o tratamento simultâneo do
extratodaplantacomocontrolepositivoMMCreduziusignificativamenteafrequênciade
EPCMN em relação ao grupo controle positivo (p<0,05). Assim, o extrato de D. furfuracea
apresentouaçãoantigenotóxicaparatodasasdosestestadasnostemposde24e48horas.
A comparação das razões EPC/ENC dos animais cotratados com o extrato de D.
furfuracea e MMC em relação ao grupo controle positivo possibilitou avaliar a
anticitotoxicidadedoextrato(Tabela2).Asrazõesencontradasnostratamentosde24horas
foram0,58;0,63e0,53paraosgrupostratadoscom100,200e300mg/KgdeD.furfuracea
simultaneamentecomMMC,enquantoqueogrupocontrolepositivoapresentouarazãode
EPC/ENC de 0,46 (Figura 7). A comparação das freqüências de EPC/ENC pelo teste qui
quadrado,mostrouqueoextratodeD.furfuraceaapresentouaçãoanticitotóxicaemtodas
as doses testadas (p<0,05). As razões de EPC/ENC obtidas nos tratamentos de 48 horas
foram 0,38; 0,40 e 0,35 para os grupos tratados com 100, 200 e 300 mg/Kg do extrato
simultaneamentecomMMC,enquantoqueogrupocontrole positivoapresentouumarazão
deEPC/ENCde0,26(Figura8).AcomparaçãodefreqüênciasdeEPC/ENCtambémmostrou
ação anticitotóxica do extrato de D. furfuracea em todas as doses do tempo de 48 hora s
(p<0,05).
93
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Tratamentos e controles
Frequência de EPCMN/2000 EPC
Água destilada
MMC
100 mg/Kg + MMC
200 mg/Kg + MMC
300 mg/Kg + MMC
Figura 5. Freqüência de EPCMN após 24 horas de tratamento com o extrato de Duguetia
furfuracea+MMCecontroles.
0
2
4
6
8
10
12
Tratamentos e controles
Frequência de EPCMN/2000 EPC
Água destilada
MMC
100 mg/Kg + MMC
200 mg/Kg + MMC
300 mg/Kg + MMC
Figura 6. Freqüência de EPCMN após 48 horas de tratamento com o extrato de Duguetia
furfuracea+MMCecontroles.
94
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Tratamentos e controles
Razão EPC/ENC
Água destilada
MMC
100 mg/Kg + MMC
200 mg/Kg + MMC
300 mg/Kg + MMC
Figura7.RazãoEPC/ENCapós24horasdetratamentocomoextratodeDuguetiafurfuracea
cotratadocomMMCecontroles.
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Tratamentos e controles
Razão EPC/ENC
Água destilada
MMC
100 mg/Kg + MMC
200 mg/Kg + MMC
300 mg/Kg + MMC
Figura8.RazãoEPC/ENCapós48horasdetratamentocomoextratodeDuguetiafurfuracea
cotratadocomMMCecontroles.
4.DISCUSSÃO
Oconhecimentotradicionalsobreasplantasmedicinaissetornouparteintegrante
dapráticamédicapopular (Silvaet al.,2006),entretantopoucainformaçãoestádisponível
sobre o risco potencial que podem oferecer à saúde humana. As plantas podem possuir
propriedadesfarmacológicas,bemcomocausardanos,inclusivedanosaoDNA.
95
Dessa forma, o presente trabalho avaliou o potencial citotóxico, mutagênico e
antimutagênico do extrato liofilizado de folhas de Duguetia furfuracea pelo teste do
micronúcleoemmedulaósseadecamundongos.Nadécadade70, otestedomicronúcleo
tornouseviáveleconfiável peloestudode eritrócitospolicromáticosda medulaóssea em
camundongos, passando a ser um dos mais úteis indicadores de dano citogenético na
medulaóssea (Heddle,1973;Schmid,1975).EstetestefoidesenvolvidoporSchmid(1975)e
é amplamente utilizado para detecção de agentes clastogênicos (que quebram
cromossomos), e de agentes aneugênicos (que induzem aneuploidia ou segregação
cromossômica anormal) (MacGregor et al., 1987; Hayashi et al., 1994), sendo capaz de
detectaragenotoxicidadedeprodutosquímicosebiológicos.
Os resultados obtidos na avaliação da ação mutagênica do extrato liofilizado de
folhas de D. furfuracea não mostraram a presença de ação mutagênica desse extrato. Na
avaliaçãodaatividadecitotóxica dessaplanta,foi observadoqueoextrato defolhasdeD.
furfuraceaexibiuaaçãocitotóxica.
Também foi avaliada a atividade antimutagênica do extrato de D. furfuracea e os
resultados obtidos mostraram uma diminuição da freqüência de EPCMN nos animais co
tratados com D. furfuracea e MMC, quando comparadas com o grupo controle positivo
(MMC), tanto para os tratamentos de 24 horas quanto para os tratamentos de 48 horas,
indicando, dessa maneira, uma ação moduladora da atuação da MMC pelo extrato de D.
furfuracea,demonstrando,assim,aaçãoantigenotóxicadaplanta.
Osresultados obtidospela análisedarelaçãoEPC/ENC, mostraramumaumento da
razãoEPC/ENCnosgruposadministradoscomoextratodeD.furfuracea+MMCemrelação
aogrupocontrolepositivoemtodasasdosestestadas,tantonotempode24horasquanto
node48horas,indicandoassim,umefeitoprotetordaaçãocitotóxicadaMMCnamedula
ósseadecamundongos.
foram isolados os seguintes constituintes químicos das partes aéreas (folhas e
ramos)quesão:sesquiterpenos,flavonóideseváriosalcalóides(Carolloetal.,2005;Carollo
et al., 2006a; Carollo et al., 2006b). Dados da literatura descrevem que sesquiterpenos
podem apresentar potencial como agentes anticancerígenos (Fraga, 2006). A presença de
alcalóidesfoimencionadaemamplagamadeatividadesbiológicas,entreasquais,podem
se citar principalmente atividades: antihipertensivas, antimaláricas, antitumorais,
diuréticos, antivirais, entre muitas outras (Henriques et al., 2004). Os flavonóides são
96
comumente indicados como antiinflamatórios, anticarcinogênicos, diuréticos,
antimicrobianos, antiviróticos e antioxidantes (Almassy Júnior et al., 2005; Zuanazzi &
Montanha,2004).
Os resultados obtidos do extrato de D. furfuracea exibiram o perfil de um agente
antitumoral, por ser citotóxico, não mutagênico e antimutagênico. A ação citotóxica pode
ser atribuída, pelo menos parcialmente, pela ação dos alcalóides, uma vez que foram
isolados alcalóides de outras espécies do gênero Duguetia, os quais mostraram ação
citotóxica(Pereiraetal.,2003;Fechineet al.,2002;Maiaetal.,2006;Leboeufetal.,1980;
Muhammadet al., 2001;Tempone et al.,2005). Aaçãoantigenotóxicapodeser atribuída,
pelomenosparcialmente,pelaaçãodosflavonóides,devidoàsuaatividadeantioxidante.
5.CONCLUSÃO
Pelaanálise dosresultadosobtidos,concluiusequeoextratoliofilizadodefolhasde
D. furfuracea, apresentou atividade citotóxica, ausência de mutagenicidade e ação
anticitotóxica e antimutagênica, pelo Teste do Micronúcleo em medula óssea de
camundongos.
6.AGRADECIMENTOS
OsautoresagradecemaoCNPqeFUNAPE,peloapoiofinanceiro.
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