24
passa a fazer parte de sua vida, caracterizando-se como processo contínuo de apreensão da
realidade individual e social permitindo ao indivíduo construir uma visão geral do mundo.
Desse modo, não há como falar da prática pedagógica ou da docência desvinculando
tal atividade do pressuposto – ensinar e aprender, entendidos aqui como processos distintos
que envolvem sujeitos diferentes. E, apesar de muitos pensarem que são a mesma coisa, não o
são. Por si, esse já é um argumento suficientemente forte para criticarmos toda forma de
homogeneização tão presente no nosso ensino.
Ao freqüentar as salas de aula os alunos não “esquecem” ou “deixam” nos corredores
suas experiências, seus valores, suas diferenças. É certo que as diferenças são uma
propriedade do ser humano e, adotando o dizer de Macedo (2006, p.62), “[...] afinal, a riqueza
humana é a sua diversidade e a educação, principalmente, não pode desprezá-la, mas
potencializá-la, ética e politicamente, cada vez mais, através dos seus recursos pedagógicos
comunicantes e relacionais”.
No entanto, é preciso distinguir, neste cotidiano, as alternativas pontuais não
improvisadas que proporcionem emergir novos conhecimentos de todos os tipos, uma vez que
o dia-a-dia nos mostra estar cheio de alternativas. Pois, construí-las, é a sua própria forma de
ser, de ousar, de fazer.
E, muitas vezes, é na figura do professor que a sociedade abriga expectativas
diversas para a solução dos problemas educacionais. Esse professor, sobre a pressão das
múltiplas e simultâneas demandas da vida da aula, ativa seus recursos intelectuais no mais
amplo sentido da palavra (conceitos, teorias, crenças, procedimentos, técnicas) para elaborar
um diagnóstico rápido da mesma e, assim, propor uma alternativa.
À propósito, vale salientar o que nos afirma Gadotti (2003, p 10), “[...] o professor
precisa hoje adequar sua função, ensinar, educar no mundo globalizado, até para transformar
profundamente o modelo de globalização dominante, essencialmente perverso e excludente.”
Ao concordar com o autor acima, insisto que mudar este quadro da nossa realidade
pode ser difícil, mas em momento algum considero sua impossibilidade, pois acredito na
firmeza e determinação de todos que estão engajados no desafio de colocar o trabalho docente
no seu devido lugar, o qual, não sendo único da esfera escolar, é o ponto central: pois “[...]
dele e a ele convergem demandas, expectativas, compromissos e resultados que têm a ver com
a missão da escola.” (BUSSMAM; ABBUD, 2002, p. 142).
A colocação acima é bastante pertinente e direciona o olhar sobre a complexidade do
real, daquilo que acomete o trabalho docente exigindo do professor o desafio de vencer a si