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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CAMPUS DE BOTUCATU
COMPORTAMENTO EM SALA DE ORDENHA E NÍVEIS SÉRICOS
DOS HORMÔNIOS CORTISOL, T3 E T4 DE OVELHAS DA RAÇA
BERGAMÁCIA SOB TRÊS DIFERENTES SISTEMAS DE PRODUÇÃO
CLAUDIA DA COSTA BOUCINHAS
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia - Área de
Concentração: Nutrição e Produção
Animal, como parte das exigências para
obtenção do título de Doutora.
Botucatu-SP
Julho-2008
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
“JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CAMPUS DE BOTUCATU
COMPORTAMENTO EM SALA DE ORDENHA E NÍVEIS SÉRICOS
DOS HORMÔNIOS CORTISOL, T3 E T4 DE OVELHAS DA RAÇA
BERGAMÁCIA SOB TRÊS DIFERENTES SISTEMAS DE PRODUÇÃO
CLAUDIA DA COSTA BOUCINHAS
Zootecnista
Orientador: Prof. Dr. Edson Ramos de Siqueira
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia - Área de
Concentração: Nutrição e Produção
Animal, como parte das exigências para
obtenção do título de Doutora.
Botucatu-SP
Julho -2008
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ii
Dedicatória
Ao meu marido Emerson e ao meu filho José Francisco
pela paciência e compreensão dos momentos em que estive ausente.
Ao meu pai José Fernando e a minha avó Daisy (in memorian) que
sempre acreditaram em mim.
A minha mãe Maria Helena pelo apoio.
.
iii
Agradecimentos
Ao meu orientador Prof. Dr. Edson Ramos de Siqueira, pela orientação, pelos
ensinamentos, confiança e amizade.
Á Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo auxílio
financeiro à pesquisa.
À empresa Socil pela doação da ração fornecida aos animais.
À amiga Simone Fernandes, pela amizade, conselhos e dedicação.
Aos professores André Mendes e Denise Sartori pela contribuição dada nesse trabalho
durante o exame de qualificação.
À Professora Dra. Eunice Oba pelo auxilio nos cálculos nas análises hormonais.
Ao Prof.. Luciano Barbosa pela orientação nas análises estatísticas.
Aos queridos amigos Sirlei Maestá, Rodrigo Emediato e Jakilane de Menezes pela
amizade.
Aos companheiros Edicarlos Queiroz, Leila Serrão e Monalissa Stradiotto pelo apoio,
cooperação e incentivo.
Aos funcionários Moisés dos Santos e Benedito Aparecido Amorosino pelo auxílio
prestado na condução do experimento.
Aos funcionários da Seção de Pós Graduação Seila Cristina Vieira e Danilo José
Teodoro Dias, e a secretária do Departamento de Produção Animal Solange Aparecida
de Souza, pela boa vontade com que com que sempre me atenderam durante o curso.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Nível Superior (CAPES) pela concessão da
bolsa de doutorado.
iv
SUMÁRIO
Página
CAPÍTULO 1............................................................................................................. 01
CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................. 02
Referências Bibliográficas ........................................................................................ 12
CAPÍTULO 2............................................................................................................. 21
COMPORTAMENTO EM SALA DE ORDENHA DE OVELHAS DA
RAÇA BERGAMÁCIA SOB TRÊS DIFERENTES SISTEMAS DE
PRODUÇÃO
Resumo....................................................................................................................... 22
Abstract...................................................................................................................... 23
Introdução ................................................................................................................. 24
Material e Métodos .................................................................................................... 25
Resultados e Discussão.............................................................................................. 27
Conclusões ................................................................................................................. 31
Referências Bibliográficas......................................................................................... 32
Tabelas ....................................................................................................................... 36
v
CAPÍTULO 3............................................................................................................. 39
NÍVEIS SÉRICOS DOS HORMÔNIOS CORTISOL, T3 E T4 EM
OVELHAS BERGAMÁCIA SUBMETIDAS A TRÊS DIFERENTES
SISTEMAS DE PRODUÇÃO
Resumo....................................................................................................................... 40
Abstract ..................................................................................................................... 41
Introdução .................................................................................................................. 42
Material e Métodos .................................................................................................... 43
Resultados e Discussão.............................................................................................. 45
Conclusões ................................................................................................................. 49
Referências Bibliográficas......................................................................................... 50
Tabelas ....................................................................................................................... 54
CAPÍTULO 4............................................................................................................. 57
Implicações ................................................................................................................ 58
vi
LISTA DE TABELAS
CAPÍTULO 2
Página
Tabela 1. Composição bromatológica dos alimentos.............................................. 36
Tabela 2. Médias e desvios-padrões dos tempos (segundos) de descida e de
duração da ordenha nos três sistemas de produção................................. 37
Tabela 3. Médias e desvios-padrões de reatividade (0- tranqüila; 1- reativa; 2-
extremamente reativa), micção e defecação de ovelhas, Bergamácia
submetidas a três sistemas de produção............................................. 38
vii
CAPÍTULO 3
Página
Tabela 1. Composição bromatológica dos alimentos.............................................. 54
Tabela 2. Médias e desvios padrões dos níveis dos hormônios cortisol (mg/ mL),
T3 (ng/ mL) e T4 (mg/ dL) das ovelhas nos três sistemas de
produção ................................................................................................. 55
Tabela 3. Médias, desvios padrões e coeficiente de variação dos níveis de
cortisol encontrados nas ovelhas submetidas ao ordenhador com
comportamento aversivo ou neutro......................................................... 56
1
CAPÍTULO 1
2
Considerações Iniciais 1
2
No Brasil a ovinocultura vive um momento de crescente expansão e apesar da 3
carne ser o principal enfoque, tem-se observado um grande interesse pela produção 4
de leite, principalmente pelo valor agregado de seus derivados. 5
De maneira geral, a maior parte do leite de ovelha produzido por todo o mundo é 6
transformada em queijo, devido ao fato de possuir características que permitem 7
transformá-lo em produtos de elevado valor comercial (PLOUMI et al., 1998). 8
Sabe-se que nos sistemas extensivos de produção de leite, existe um período de 9
amamentação e somente após a desmama as ovelhas são ordenhadas; ao passo que 10
nos sistemas mais intensivos, utilizando-se ovelhas de elevada produção e boa 11
aptidão para a ordenha, os cordeiros são separados de suas mães e criados 12
artificialmente, com ordenha até o fim da lactação. Há ainda, em alguns países, o uso 13
do sistema misto, em que os cordeiros permanecem apenas um período com suas 14
mães, e estas são ordenhadas durante o tempo de aleitamento. Alguns trabalhos 15
revelam que a recria dos cordeiros tem sido a causa de maior custo dentro do sistema 16
de produção de leite, pois o aleitamento artificial com leite substituto é caro, além de 17
não existir no mercado sucedâneos que atendam às exigências do jovem cordeiro 18
(GARGOURI et al., 1993; FUERTES et al., 1998; McKUSICK et al., 2001). 19
O bem-estar de um indivíduo é o seu estado em relação às suas tentativas de 20
adaptar-se ao seu ambiente (BROOM, 1986). Segundo BROOM & MOLENTO 21
(2004) mensurações do comportamento têm igualmente grande valor na avaliação do 22
bem-estar; o fato de um animal evitar ou esquivar-se fortemente de um objeto ou 23
evento fornece informações sobre seus sentimentos e, em conseqüência sobre seu 24
bem-estar. Quanto mais forte a reação de esquiva, mais pobre será o bem-estar 25
durante a presença do objeto ou do fato. 26
A observação comportamental das ovelhas durante a ordenha é importante para 27
determinar o nível de bem-estar e o condicionamento diante dessa atividade. A 28
separação da ovelha e do cordeiro pode gerar desconforto para ambos e 29
conseqüências negativas durante a ordenha, pois o estímulo maior para a liberação 30
do leite, no caso o filhote, não está presente. Alguns estudos com ruminantes 31
3
domésticos têm demonstrado que altos níveis de cortisol são associados com o 1
estresse durante a ordenha (TANCIN et al., 1995; NEGRÃO et al., 1998). 2
3
Comportamento materno 4
A habilidade para identificar seu filhote dos outros, é desenvolvida dentro de 5
horas após o parto e é dependente do odor do cordeiro, normalmente feita ao cheirar 6
a área anal-genital, já o reconhecimento do cordeiro de sua mãe desenvolve-se 7
rapidamente na primeira semana de vida, principalmente pelo contato visual 8
(ARNOLD & DUDZINSKI, 1978; RAMÍREZ et al., 1996). O vínculo é 9
individualizado e estabelecido por experiências vividas durante a gestação, o parto e 10
os contatos iniciais com as crias (COSTA & CROMBERG, 1998). O conjunto de 11
comportamentos para chamar a atenção, incluindo cheirar, lamber e proteger o 12
neonato, serve como instrumento para a formação de um laço materno-filial seletivo 13
(ALEXANDER et al., 1974; PINHEIRO et al., 1997). 14
Conforme BROWN (1998), entre os inúmeros mecanismos disponíveis, a 15
estimulação vagino-cervical, que ocorre durante a passagem da cria pelo canal do 16
parto, é o primeiro evento físico importante. Este mecanismo inicia a cadeia de 17
transmissões de estímulos nervosos e hormonais que induz o ato de lamber e cheirar 18
o líquido amniótico que envolve o neonato após o parto, reduzindo também o 19
comportamento agressivo da mãe com os cordeiros. 20
De acordo com POINDRON et al. (1988), o segundo evento fisiológico mais 21
importante durante a parição é a excitação mecânica da área genital causada pela 22
expulsão final do feto, ao qual se associa uma curta, porem importante liberação de 23
ocitocina. 24
A manutenção do comportamento maternal é promovida pela ação hormonal e 25
sensorial (audição, olfato e visão). O olfato é extensivamente usado em muitos 26
aspectos maternais em mamíferos, assegurando a coordenação das interações 27
materno-filiais. Fora do período de parição e lactação, componentes olfatórios 28
exercem um papel de inibição da responsabilidade materna, fazendo com que as 29
fêmeas não prenhes, ou em estádio inicial de gestação, considere aversivo o odor de 30
um jovem (LEVY et al., 2004). 31
4
Na hora do parto ocorre uma mudança nos odores infantis, de forma que a cria 1
torna-se um estímulo muito potente, sendo este processo sensorial parte importante 2
do sistema motivacional da atividade materna. A estrutura neural do bulbo olfatório 3
principal sofre mudanças profundas quando exposta a odores do parto; que 4
contribuem para a responsabilidade materna e memorização dos odores, sendo 5
importante base para reconhecimento individual pelas mães e para a regulação de 6
vários aspectos do comportamento materno (POINDRON et al., 1993; KELLER et 7
al., 2003). Transcorrido o período crítico, a cria pode ser aceita pela mãe mesmo 8
após horas de separação; por meio de uma série de reações inatas, a ligação da mãe 9
com sua cria é motivada principalmente pelo impulso de proteção da prole (MARIZ 10
et al., 2007). 11
Na maioria das espécies, os jovens emitem determinados sinais (olfativos, 12
acústicos e visuais) que provocam reações de cuidado (ENCARNAÇÃO et al., 13
1995). A remoção dos fluídos pela mãe, minutos após o parto, pode ajudar a reduzir 14
a perda de calor e estimular a atividade de busca da teta pela cria, por meio de 15
movimentos exploratórios no corpo da mãe (visão e audição), resultando-se na 16
localização do úbere, pela detecção de odores característicos produzidos pelas 17
glândulas inguinais e pelos restos placentários presos à ovelha (VINCE, 1993; 18
SCHAAL et al., 1995). 19
No início da lactação, os cordeiros mamam pouca quantidade de leite e várias 20
vezes ao dia e depois com 1 a 2 semanas de idade, diminuem a freqüência e 21
aumentam a duração da mamada, preferência esta desenvolvida por cordeiros 22
gêmeos; e muito pouco por cordeiros únicos (EWBANK & MASON, 1967). 23
De acordo com BROOM & JOHNSON (1993) uma vez dada a oportunidade 24
de escolha para o animal, possibilita-se a satisfação de suas necessidades em relação 25
a determinado ambiente, sendo as expressões de tais preferências utilizadas para 26
avaliar o que é importante para o animal, o que refletiria na qualidade de seu bem 27
estar. RUSHEN et al. (1999) verificaram uma diminuição na produção de leite, 28
aumentos dos batimentos cardíacos e da vocalização e redução da sensibilidade ao 29
medo em vacas leiteiras isoladas em lugares desconhecidos. 30
5
Em geral as concentrações de glicocorticóides diminuem no início da gestação 1
e permanecem baixas durante a maior parte deste período. Nos últimos dias que 2
antecedem o parto, as concentrações de glicocorticóides no sangue na maioria das 3
espécies tem um aumento acentuado e alcança sua concentração máxima no parto 4
(TUCKER, 1994). Alterações nas concentrações séricas maternas de 5
glicocorticóides podem estar envolvidas na indução do parto uma vez que 6
glicocorticóides exógenos causam parto de ovelhas e vacas quando administrados 7
no final da gestação (ADAMS & WAGNER, 1969). Outra possibilidade seria que o 8
aumento súbito de glicocorticóides próximo ao parto resultasse de um estímulo 9
neural associado ao mesmo (CONVEY, 1974). Segundo CHALLIS et al. (1979), o 10
evento do parto é a mais provável causa do aumento nas concentrações de 11
glicocorticóides. 12
Conforme TILBROOK et al. (2006) a amamentação ou a presença do filhote é 13
um estímulo importante para atenuar as respostas causadas pelo estresse. A 14
amamentação pode possuir uma forte propriedade no estabelecimento do vínculo 15
mãe e filho, mas não é essencial, conforme observou NOWAK (1990), quando 16
cordeiros que foram impedidos de mamar até 6 horas após o nascimento e também 17
até os três dias de idade, conseguiram discriminar suas mães de ovelhas estranhas. 18
O desmame combina dois fatores que podem ser agentes potenciais de 19
estresse: separação física da mãe e do cordeiro e modificação do hábito alimentar 20
dos cordeiros. ORGEUR & MAVRIC (1998), compararam dois diferentes métodos 21
de desmama: progressiva, com separação diária a partir de 3,5 semanas de idade até 22
a definitiva aos 3 meses (progressiva); e súbita aos 3 meses de idade. Verificaram 23
que o método de desmama progressiva indicou uma maior situação de estresse, pela 24
separação diária repetida, do que os desmamados subitamente. 25
NAPOLITANO et al. (1995) notaram que a separação precoce dos cordeiros 26
de suas mães afetou a resposta imune e o desempenho dos cordeiros, e proporcionou 27
possíveis conseqüências como redução da habilidade de enfrentar estresse 28
emocional e nutricional. Resultados de SEVI et al., (2003) sugeriram que a 29
separação gradual dos cordeiros das ovelhas, não foi uma estratégia apropriada para 30
fornecer bem estar na produção de cordeiros recriados artificialmente. Nesse 31
6
experimento, a separação durante o dia com reencontro a noite induziu a distúrbios 1
comportamentais, endocrinológicos, menor resposta imune, e pior taxa de 2
crescimento. 3
Comportamento na sala de ordenha 4
Em algumas situações os seres humanos podem ser fontes de estresse para o 5
gado. SEABROOK (1994) citado por RUSHEN et al. (2001) reportou que as vacas 6
que receberam tratamento aversivo como falar alto, movimentos bruscos e falta de 7
paciência produziram menos leite, e tiveram mais dificuldade para serem 8
ordenhadas. Segundo RUSHEN et al. (1999) vacas assustadas com uma 9
determinada pessoa que estava presente durante a ordenha tiveram alta quantidade 10
de leite residual e diminuíram a produção, assim como, o aumento dos batimentos 11
cardíacos e dos movimentos durante a ordenha. RUSHEN et al. (2001) observaram 12
os efeitos do contato humano e da ordenha em locais desconhecidos e constataram 13
menor produção de leite, maior quantidade de leite residual e menor secreção de 14
ocitocina quando ordenhadas em salas desconhecidas; sem alterações com o contato 15
humano. Vacas leiteiras geralmente aumentam a defecação, os batimentos cardíacos 16
e a secreção de cortisol em lugares desconhecidos e isto reflete o medo ou a 17
ansiedade, que aumenta com ordenhador desconhecido em instalação não familiar. 18
Mas ao receberem alimento e serem tratadas gentilmente pelo ordenhador, podem 19
aproximar-se mesmo que ele não seja conhecido (MUNKSGAARD & SIMONSEN, 20
1995). 21
As relações entre os seres humanos e os animais podem ter grande impacto 22
sobre o bem estar de animais domésticos, constituindo-se um aspecto da criação 23
animal em que é possível alcançar boas mudanças sem grandes custos, com 24
melhoria dos níveis do bem estar animal (HEMSWORTH, 2003). 25
Originariamente presas, os ruminantes ainda mantêm suas características 26
comportamentais nativas que os levam à detecção e fuga de predadores. O medo tem 27
importante papel neste processo, ao motivar os animais a evitarem situações 28
potencialmente perigosas (BOISSY, 1995). 29
7
O ser humano pode causar medo aos animais em virtude de seu tamanho e sua 1
propensão a desenvolver movimentos rápidos e imprevisíveis (HEMSWORTH, 2
2003). 3
GONZALEZ & GODDARD (1998) forneceram colostro extra para cada um 4
dos pares de 18 cordeiros gêmeos Scottish Blackface, com o objetivo de avaliar o 5
efeito no comportamento entre mãe e filho. Obtiveram que cordeiros que receberam 6
colostro extra foram menos ativos, gastaram mais tempo deitados, vocalizaram 7
menos e receberam menor atenção de suas mães, com queda do desempenho 8
comportamental e conseqüentemente diminuição da interação de sucesso entre mãe 9
e filho. 10
KILGOUR & LANGEN (1970) observaram que ovelhas criadas 11
individualmente apresentaram níveis de cortisol no sangue mais elevados do que os 12
animais criados junto ao rebanho, quando submetidas a uma situação de estresse. 13
14
Ejeção de leite 15
A secreção de ocitocina seguida da estimulação da glândula mamária, em 16
cabras e ovelhas é importante para a remoção do leite durante a amamentação e 17
ordenha mecânica, como resultado de mecanismos neuroendócrinos, os quais 18
induzem contrações alveolares e expulsão do leite secretado (MARNET & 19
MCKUSICK, 2001). Devido às diferentes condições anatômicas das frações 20
cisternal e alveolar, a remoção do leite durante a ordenha mecânica é diferente a 21
fração do leite cisternal é proporcionalmente muito maior do que em vacas 22
(BRUCKMAIER & BLUM, 1992). 23
Durante a ordenha, o leite alveolar, rico em gordura (LABUSSIÈRE, 1969; 24
MCKUSICK et al., 2002), pode ser ejetado após a contração das células 25
mioepiteliais que circundam os alvéolos. Este processo é mediado pela ocitocina, 26
hormônio pituritário liberado na corrente sanguínea após um reflexo neural 27
(LABUSSIÈRE et al., 1969; BRUCKMAIER et al., 1997), induzido por um 28
estímulo externo que pode ser o começo da ordenha ou a sucção do cordeiro, ou 29
apenas a presença do cordeiro ou ordenhador usual, como também o som da 30
pulsação do vácuo da ordenhadeira (CASU et al., 2008). 31
8
Os ruminantes domésticos de modo geral, têm uma sensação de conforto 1
durante a amamentação ou ordenha. Entretanto em algumas situações, quando a 2
rotina da ordenha é mudada bruscamente ou quando estímulos auditivos, físicos ou 3
emocionais causam desconforto, medo ou dor durante a ordenha, pode haver uma 4
inibição do reflexo de ejeção do leite, mesmo para raças especializadas (GOREWIT 5
& AROMANDO, 1985; BRUCKMAIER et al., 1993; TANCIN et al., 1995; 6
NEGRÃO, 1996). 7
O volume das cisternas do teto podem propiciar um posicionamento 8
inadequado destes possibilitando torções na base do teto resultando em dificuldades 9
no momento da ordenha mecanizada e inibição do reflexo de ejeção do leite pela 10
dor. Neste caso, o estresse provocado pela dor pode resultar em aumentos nos níveis 11
plasmáticos de cortisol (LABUSSIÈRE, 1988). Este tipo de estresse pode causar 12
também a liberação de neurotransmissores do tipo opiáceos no sistema nervoso 13
central; estas substâncias por sua vez inibem a síntese de ocitocina, causando a 14
inibição da ejeção do leite (LEFCOURT & AKERS, 1984; BRUCKMAIER et al., 15
1992; BRUCKMAIER & BLUM, 1996). 16
A administração de doses fisiológicas de ocitocina durante a ordenha 17
promovem a ejeção do leite; mas um estresse agudo pode inibir a ejeção do leite 18
mesmo quando ocorre a liberação de doses fisiológicas de ocitocina, provocando-se 19
a liberação de neurotransmissores adrenérgicos como a noradrenalina, adrenalina, 20
dopamina e serotonina (LEFCOURT & AKERS, 1983; GOREWIT & 21
AROMANDO, 1985; BRUCKMAIER & BLUM, 1996). Estes hormônios impedem 22
que a ocitocina se ligue aos seus receptores no úbere, devido à vasoconstrição 23
periférica e conseqüente redução do fluxo sanguíneo que irriga a glândula mamária 24
(LEFCOURT & AKERS, 1983; GOREWIT & AROMANDO, 1985). 25
Os efeitos fisiológicos do medo tem repercussão negativa na produção animal, 26
devido ao aumento da atividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal 27
(HEMSWORTH, 2003). RUSHEN et al. (1999) expuseram vacas sistematicamente 28
a tratadores aversivo (falar alto, movimentos bruscos e falta de paciência) e gentil, e 29
verificaram que a presença do tratador aversivo durante a ordenha aumentou em 30
70% o leite residual, que aumenta em situações de estresse medido após a ordenha 31
9
depois da injeção intravenosa de ocitocina, que libera o leite retido nos alvéolos da 1
glândula mamária. HOTZEL et al. (2005) também testaram essa hipótese, e 2
obtiveram que vacas discriminaram tratadores aversivos de neutros, mas a ordenha 3
não foi afetada e nem a quantidade de leite residual. Já BREUER et al. (2000) 4
observaram que as vacas que receberam maus tratos ao entrarem na sala de ordenha, 5
apresentaram redução na produção de leite em relação àquelas tratadas gentilmente. 6
7
Cortisol 8
TANCIN et al. (1995) verificaram que um aumento acentuado nas 9
concentrações de cortisol no plasma resultou em um nível significante de estresse 10
associado com a separação na desmama, ou com a mudança de ambiente. MARNET 11
& NEGRÃO (2000) não encontraram diferenças nos níveis de cortisol no plasma 12
sangüíneo de ovelhas que amamentaram ou foram exclusivamente ordenhadas. A 13
liberação ou o pico de concentração de cortisol durante a amamentação nunca 14
diferiu entre ovelhas que pariram cordeiros únicos ou gêmeos, apesar da diferença 15
do tempo de mamada. Ao comparar três idades diferentes à desmama (2, 15 e 28 16
dias de idade) em cordeiros da raça Comisana, quanto aos níveis de cortisol e 17
desempenho produtivo, NAPOLITANO et al. (1995) obtiveram menor ganho de 18
peso médio diário para aqueles separados aos 15 dias de idade (37g /dia), do que aos 19
2 e 28 dias de idade (107,1 e 120 g/dia respectivamente). Os níveis de cortisol 20
aumentaram com a separação aos 15 dias de idade e demonstrou o laço materno-21
filial mais forte nessa fase, e não diferiu nas outras idades estudadas. 22
JUNIOR et al. (2003) avaliaram a eficiência da climatização do ambiente na 23
sala de espera sobre os níveis plasmáticos de cortisol em vacas de leite e observaram 24
concentrações elevadas em todos os tratamentos ( ventilação, ventilação mais 25
aspersão e controle). 26
T3 e T4 27
A tireóide, glândula que exerce influência sobre diversas funções orgânicas, 28
utiliza o iodo como parte integral de seus hormônios, a tiroxina (T4) e a 29
triiodotironina (T3). O T3
é a forma mais biologicamente ativa de hormônios 30
tireoideanos, podendo ser produzido diretamente na tireóide ou, perifericamente, a 31
10
partir do T4
,
pela ação de enzimas deiodinases (FREAKE & OPPENHEIMER, 1
1995). Estes hormônios controlam a atividade metabólica do organismo, regulando 2
os processos celulares oxidativos e a síntese do ácido ribonucléico e proteínas 3
citoplasmáticas, sendo afetados em sua secreção pelo fornecimento de energia, 4
interferindo nas suas funções de consumo de oxigênio, produção de ATP celular e 5
de calor (COOK, 1997). 6
Os hormônios T3 e T4 têm sido indicados como responsáveis por processos 7
endógenos de regulação energética, por sua ação sobre o consumo de oxigênio 8
(ROCHE et al., 2005). O efeito de uma modificação ambiental sobre o processo de 9
produção animal é uma conseqüente resposta neuroendócrina a esta alteração, 10
refletida nas concentrações de hormônios circulantes na corrente sangüínea. As 11
ações dos hormônios tireoideanos são mediadas pelo aumento nas atividades das 12
enzimas específicas que contribuem para o consumo de oxigênio, isso e a maior 13
atividade tireóidea que se segue à baixa atividade temperatura ambiental sustentam a 14
hipótese de que os hormônios da tireóide estejam envolvidos na termorregulação 15
pelo aumento da produção de calor interno (DICKSON, 1988). CAMPOS et al. 16
(2005) estudaram os indicadores do controle endócrino em vacas leiteiras de alta 17
produção e sua relação com a produção do leite e os resultados permitiram sugerir 18
que os processos metabólicos de alta exigência comprometem os níveis circulantes 19
dos hormônios tireoidianos e que, na medida em que os processos fisiológicos são 20
compensados e diminui a pressão metabólica para síntese de leite, conseguem elevar 21
sua concentração no sangue. 22
Os hormônios da tireóide aumentam as concentrações de outros hormônios, 23
como a somatotrofina (HERVAS et al., 1975). Estes hormônios também são 24
importantes para o crescimento e desenvolvimento da glândula mamária e para o 25
aumento na produção de leite (MAGDUB & JONHSON, 1987). 26
A produção e secreção de hormônios pela tireóide estão sob controle do 27
hormônio glicoprotéico hipofisário estimulador da tiroxina (TSH), o qual é regulado 28
negativamente pelo T
3
, em um eficiente mecanismo hemostático para a regulação do 29
‘status’ dos hormônios tireoideanos (FREAKE & OPPENHEIMER, 1995). 30
11
Cerca de 90% do hormônio secretado pela glândula tireóide é a tiroxina ( T4) e 1
somente 10% corresponde a T3, entretanto a maior parte da tiroxina é convertida em 2
triiodotironina nos tecidos. As funções desses dois hormônios são qualitativamente 3
as mesmas, porém elas diferem na rapidez e intensidade de suas ações, sendo a T3 4
cerca de quatro vezes mais potente que tiroxina, porém presente no sangue em 5
pequena quantidade e persistindo por um tempo menor que a tiroxina (GUYTON, 6
1991). 7
Estudos tem demonstrado que os hormônios lactogênicos da tireóide (T3 e T4
) 8
apresentam também uma importante função na regulação da resposta imune e que há 9
uma complexa inter-relação entre o estresse, o estado nutricional e a função 10
tiroidiana (GUERRINI & BERTCHINGER, 1983; BOBEK et al., 1986; COLE et 11
al., 1994). Ovelhas com um ano de idade submetidas ao estresse de isolamento 12
apresentaram aumento máximo de T
3
sérico, associado a um aumento da glicemia e 13
de cortisol após uma hora do início do estresse (BOBEK et al., 1986). 14
Este trabalho teve como objetivo avaliar a influência de três diferentes sistemas 15
de produção de leite ovino no comportamento dentro da sala de ordenha de ovelhas 16
da raça Bergamácia e verificar a função do ordenhador dentro do sistema de 17
produção de leite, em relação ao bem estar animal. 18
O capítulo 2, intitulado Comportamento em sala de ordenha de ovelhas da 19
raça Bergamácia sob três diferentes sistemas de produção teve como objetivo 20
observar a influência de três diferentes sistemas de produção de leite ovino no 21
comportamento dentro da sala de ordenha de ovelhas Bergamácia. 22
O capítulo 3 foi denominado Níveis séricos dos hormônios cortisol, T3 e T4 23
em ovelhas da raça Bergamácia sob três diferentes sistemas de produção e teve 24
como objetivo avaliar como o sistema de desmame e o ordenhador têm função 25
importante dentro do sistema de produção de leite em relação ao bem-estar animal. 26
Esses dois trabalhos estão redigidos conforme as normas da Revista Ciência 27
Rural. 28
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CAPÍTULO 2 14
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22
Comportamento em sala de ordenha de ovelhas da raça Bergamácia sob três 1
diferentes sistemas de produção 2
Resumo 3
Este estudo teve o objetivo de observar o comportamento de 68 ovelhas da raça 4
Bergamácia, em sala de ordenha durante 90 dias de lactação. As ovelhas foram 5
submetidas a três sistemas de produção: desmama dos cordeiros às 48 horas pós-6
parto (D2), desmama aos 30 dias de idade com a ordenha após esse período (D30) e 7
sistema misto com desmama aos 45 dias de idade e ordenha simultânea (D45). O 8
tempo de ejeção de leite durante a ordenha foi maior (P< 0,05) quando as ovelhas 9
foram ordenhadas e simultaneamente amamentaram seus cordeiros até os 45 dias de 10
idade. A reatividade e a micção não diferiram entre os tratamentos, mas as ovelhas 11
do tratamento D45 apresentaram maior número de defecações. A duração da 12
ordenha foi mais demorada nas ovelhas do sistema D45. 13
Palavras-chave: bem estar animal, estresse, sistema de produção. 14
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Behavior in milking parlor of Bergamacia breed ewes submitted to three 1
different productions systems 2
Abstract 3
The objective of this study was to observe the behavior in milking parlor of 68 4
Bergamacia ewes during 90 days of lactation, submitted to three production 5
systems: weaning of lambs 48 hours after parturition (D2), weaning at 30 days old 6
with milking after this period (D30) and mixed system with weaning at 45 days old 7
and simultaneous milking (D45). The time for milk ejection during milking was 8
higher (P<0,05) for treatment C, in which ewes were milked and nursed their lambs 9
simultaneously up to 45 days old. Reactivity and urination did not present 10
differences between treatments, but considering the variable defecation, ewes when 11
presented higher number of defecations. This work showed that production system 12
D45 affected the behavior of ewes in milking parlor, being that animals from this 13
system defecated more and had milk ejection delayed. 14
Keywords: animal well-being; stress, productions systems. 15
16
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Introdução 1
No Brasil a ovinocultura vive um momento de crescente expansão e apesar da 2
carne ser o principal enfoque, tem-se observado um grande interesse pela produção 3
de leite, principalmente pelo alto valor agregado que seus derivados possuem no 4
mercado. 5
De maneira geral, a maior parte do leite de ovelha produzido no mundo é 6
transformada em queijo, devido ao fato de possuir características que permitem 7
transformá-lo em produtos de elevado valor comercial (PLOUMI et al., 1998). 8
Sabe-se que nos sistemas extensivos de produção de leite, existe um período de 9
amamentação e somente após a desmama as ovelhas são ordenhadas; ao passo que 10
nos sistemas mais intensivos, utilizando-se ovelhas de elevada produção e boa 11
aptidão para a ordenha, os cordeiros são separados de suas mães e criados 12
artificialmente, com ordenha até o fim da lactação. Há ainda, em alguns países, o 13
uso do sistema misto, em que os cordeiros permanecem apenas um período com 14
suas mães, e estas são ordenhadas durante o tempo de aleitamento (GARGOURI et 15
al., 1993; FUERTES et al., 1998; McKUSICK et al., 2001). 16
O bem-estar de um indivíduo é o seu estado em relação às suas tentativas de 17
adaptar-se ao seu ambiente (BROOM, 1986). O fato de um animal evitar ou 18
esquivar-se fortemente de um objeto ou evento fornece informações sobre seus 19
sentimentos e, em conseqüência sobre seu bem-estar; quanto mais forte a reação de 20
esquiva, mais pobre será o bem-estar durante a presença do objeto ou do fato 21
(BROOM & MOLENTO, 2004). 22
A preocupação com o bem-estar animal tem aumentado ultimamente, pois o 23
manejo ou sistema de produção adotado poderá provocar estresse para o animal, 24
interferindo negativamente na produção (TANCIN et al., 1995; NEGRÃO et al., 25
1998). 26
A observação comportamental das ovelhas durante a ordenha é importante para 27
determinar o nível de bem-estar e o condicionamento diante dessa atividade. A 28
separação da ovelha e do cordeiro pode gerar desconforto para ambos e 29
conseqüências negativas durante a ordenha, pois o estímulo maior para a liberação 30
do leite, no caso o filhote, não está presente. Alguns estudos com ruminantes 31
25
domésticos têm demonstrado que altos níveis de cortisol e noradrenalina são 1
associados com o estresse durante a ordenha (TANCIN et al., 1995; NEGRÃO et 2
al., 1998). 3
A amamentação pode possuir uma forte propriedade no estabelecimento do 4
vínculo mãe e filho, mas não de manutenção da relação, conforme observou 5
NOWAK (1990), quando cordeiros impedidos de mamar até 6 horas após o 6
nascimento e até os três dias de idade, conseguiram discriminar suas mães de 7
ovelhas estranhas. 8
No início da lactação, os cordeiros mamam pouca quantidade e várias vezes ao 9
dia, mas com uma a duas semanas de idade, diminuem a freqüência mas aumentam 10
a duração da mamada; esse padrão é encontrado em cordeiros gêmeos (EWBANK 11
& MASON, 1967). 12
Este trabalho teve como objetivo avaliar a influência de três sistemas de 13
produção de leite sobre o bem-estar dentro da sala de ordenha e comparar as reações 14
comportamentais à ordenha mecânica e a latência de descida de leite em ovelhas 15
Bergamácia submetidas a três diferentes manejos de produção. 16
17
Material e Métodos 18
- Manejo dos Animais
19
O experimento foi realizado na Unidade de Pesquisa em Produção de Leite de 20
Ovelha da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP- Campus de 21
Botucatu-SP em fevereiro de 2006, quando 68 ovelhas multíparas da raça 22
Bergamácia de 2 a 5 anos de idade, com experiência anterior em sala de ordenha, 23
foram colocadas para a reprodução. 24
Estabeleceu-se a estação de monta de 60 dias, com acasalamentos controlados. 25
O estro das ovelhas foi detectado por rufiões vasectomizados, e estas foram levadas 26
ao carneiro para a realização da cópula. Para detectar os possíveis reinícios do ciclo, 27
utilizou-se tinta colorida no esterno do rufião trocada a cada 15 dias. 28
As matrizes permaneceram em pastagens de Panicum maximum cv. Tanzânia e 29
foram suplementadas no último mês de gestação e durante a lactação, com 30
26
concentrado comercial (Tech Ovin Unique peletizado- Socil) e silagem de sorgo, 1
segundo exigências do NRC (1985), para as fases referidas durante todo o período 2
experimental, fracionado em duas vezes ao dia, às 7h00 durante a ordenha e às 3
17h00 misturado à silagem, totalizando o oferecimento de 1kg de 4
concentrado/ovelha/dia. A dieta era composta por 40% de volumoso e 60% de 5
concentrado. A tabela 1 apresenta a composição bromatológica dos alimentos. 6
As infestações endoparasitárias foram monitoradas a cada 28 dias, através da 7
coleta de amostras de fezes, diretamente na ampola retal, em todas as ovelhas, e a 8
cada 14 dias para os cordeiros a partir de 30 dias de idade até a desmama. Médias 9
de OPG (ovos por grama de fezes) acima de 500 denotaram necessidade de 10
tratamento anti-helmíntico. O exame de fezes foi realizado pela técnica de 11
GORDON & WHITLOCK (1939). 12
Ao parto, as 68 ovelhas foram divididas em três grupos segundo diferentes 13
idades à desmama: 14
- a) D2: os cordeiros foram separados definitivamente de suas mães, 48 horas 15
após o parto, e alimentados com leite de vaca até 45 dias de idade; b) D30: os 16
cordeiros permaneceram com suas mães até a desmama, que aconteceu aos 30 dias, 17
e não houve ordenha até a desmama. A ordenha iniciou-se no dia seguinte à 18
desmama; c) D45: os cordeiros permaneceram com suas mães durante o dia até 45 19
dias de idade, sendo separados a noite quando tinham acesso ao concentrado, 20
reencontrando-as após a ordenha matinal. Nos três sistemas, todas as ovelhas foram 21
ordenhadas uma vez ao dia até a secagem ou até completarem 90 dias de lactação. 22
23
- Observação do comportamento durante a ordenha 24
- Durante a ordenha, um mesmo observador registrou diariamente em um 25
etograma o comportamento de todas as ovelhas de cada grupo, e foram 26
quantificados os comportamentos de: 27
- reatividade das ovelhas na sala de ordenha (0 para as ovelhas tranqüilas, 1 para 28
aquelas que apresentaram alguma reatividade e 2 para as extremamente reativas); 29
27
- a freqüência de eliminação ou não de urina ou fezes durante a colocação da 1
teteira; 2
- tempo (segundos) de latência de descida do leite logo após a colocação da 3
teteira; 4
- tempo (segundos) de ordenha de leite de cada ovelha. 5
- Análise Estatística 6
Utilizou-se a análise da variância (ANOVA) e o Teste de Tukey para a 7
comparação das médias. 8
No caso da Análise de Variância One Way o modelo estatístico utilizado foi: 9
xij = µ + ti+ Eij 10
onde: 11
xij = valor observado 12
µ = média geral 13
ti = efeito de tratamento 14
Eij = resíduo 15
16
Resultados e Discussão 17
Tempos de latência de descida do leite e de ordenha 18
Na tabela 2 constam os tempos de latência de descida do leite após a colocação 19
das teteiras e de duração de ordenha de cada sistema de produção. 20
O tempo de latência de descida do leite logo após a colocação das teteiras variou 21
de 3,9 a 4,9 segundos nos três sistemas, sem diferença entre eles. Já o tempo de 22
duração da ordenha foi maior (P< 0,05) para as ovelhas que foram ordenhadas e que 23
simultaneamente amamentaram seus cordeiros até os 45 dias de idade. 24
Provavelmente retinham o leite para os seus cordeiros, aumentando dessa forma o 25
tempo de ordenha em relação às outras ovelhas que já haviam desmamado seus 26
filhotes e não sofriam mais esse estresse. Conforme TILBROOK et al. (2006) a 27
amamentação ou a presença do filhote é um estímulo importante para atenuar as 28
28
respostas causadas pelo estresse. Alguns autores verificaram que o estresse causado 1
pelas primeiras ordenhas realizadas depois da desmama foi sempre acompanhado de 2
deficiência na liberação de ocitocina e distúrbios na ejeção do leite e 3
conseqüentemente um maior tempo de ordenha, devido à demora para liberá-lo 4
(LABUSSIÈRE et al., 1969; MARNET & NEGRÃO, 2000). 5
Em vacas altamente especializadas em produção de leite o número de animais 6
mal adaptados à ordenha que apresentam uma inibição da ejeção do leite é maior 7
durante a primeira lactação (10 a 15% em primíparas), que durante as lactações 8
sucessivas (de 5 a 8% em multíparas). Segundo BRUCKMAIER et al., (1992) e 9
NEGRÃO & MARNET (1996a), estima-se que 5 a 10% do rebanho de bovinos 10
leiteiros permanecem mal adaptados à ordenha, são difíceis de ordenhar e produzem 11
menos leite. A queda da produção pode ultrapassar 60% em casos extremos e ser 12
facilmente observada pelo produtor (BRUCKMAIER et al., 1992; NEGRÃO, 1996). 13
Este percentual pode estar relacionado tanto a alterações hormonais como devido a 14
características morfológicas da glândula mamária. De modo geral, quando a 15
retenção é grande e constante estes animais são descartados, porém raramente os 16
animais que retém entre 10-30% de leite são identificados e descartados (SÁ, 2004). 17
MACUHOVÁ et al. (2002) detectaram que em vacas holandesas a ordenha 18
mecanizada sem a presença do bezerro, provocou menor liberação de ocitocina e 19
aumento da porcentagem de leite residual quando comparada com aquelas que 20
permaneciam por mais tempo com suas crias. Essa inibição da ejeção de leite 21
também foi observada em vacas (TANCIN et al., 1995) e em ovelhas (MARNET & 22
NEGRÃO, 2000) mantidas com suas crias. 23
PAIVA et al. (2006) observaram um aumento gradual na ejeção do leite tanto 24
em vaca holandesa separadas dos bezerros (6 horas após o parto), quanto em vacas 25
mantidas com seus bezerros durante os três primeiros dias de lactação. 26
PORCIONATO et al. (2005) avaliaram três grupos genéticos de vacas e afirmaram 27
que todos os animais foram capazes de adaptar-se à ordenha mecanizada e em todos 28
os grupos estudados houve vacas com melhor ejeção de leite que outras. 29
Fisiologicamente, a rotina de ordenha pode refletir na proporção do 30
preenchimento intramamário e na capacidade da cisterna para armazenar leite. O 31
29
super preenchimento do úbere aumenta a pressão intramamária e a distenção dos 1
alvéolos, que pode comprometer a síntese do leite (PEAKER, 1980). Durante a 2
ordenha, o leite alveolar, rico em gordura (LABUSSIÈRE, 1969; MCKUSIC et al., 3
2002), pode ser ejetado após a contração das células mioepiteliais que circundam os 4
alvéolos. Este processo é mediado pela ocitocina, hormônio pituitário liberado na 5
corrente sanguínea após um reflexo neural (LABUSSIÈRE et al., 1969; 6
BRUCKMAIER et al., 1997), induzido por um estímulo externo que pode ser o 7
começo da ordenha ou a sucção do cordeiro, ou apenas a presença do cordeiro ou 8
ordenhador usual, como também o som da pulsação do vácuo da ordenhadeira. O 9
aumento na capacidade de armazenamento da cisterna contrariamente diminui a 10
produção de leite quando o intervalo entre ordenha aumenta em vaca de leite 11
(KINIGTH & DEWHURST, 1994) em cabras leiteiras (PEAKER & 12
BLATCHFORD, 1988) e em ovelhas leiteiras (LABUSSIÈRE, 1988). 13
SERRÃO (2006) avaliou a produção de leite das mesmas ovelhas e verificou 14
que as ordenhadas simultaneamente com a amamentação de seus cordeiros até 45 15
dias de idade, produziram mais leite (0,410 l/d) que aquelas que desmamaram seus 16
cordeiros com 48 horas após o parto (0,350 l/d), apenas na quarta semana de 17
lactação. Apesar dos cordeiros do sistema D45 consumirem grande parte do leite 18
produzido pelas ovelhas até este período, através da sucção estimularam a demora 19
na ejeção e uma maior produção de leite, sendo que, após a desmama, com a 20
ausência do estímulo da mamada, a quantidade de leite produzida igualou-se nos 21
dois sistemas. Durante a transição da desmama para ordenha mecânica exclusiva 22
verificou-se no sistema D45 uma diminuição na produção de leite. 23
De acordo com LABUSSIÈRE (1988) é comum ocorrer uma queda na produção 24
total de leite de aproximadamente 30% durante esse período. Essa menor quantidade 25
de leite produzida após a desmama pode ser parcialmente explicada pela menor 26
freqüência de esvaziamento do úbere, pois a produção total de leite obtida pelo 27
cordeiro é maior que a obtida pela ordenha, com a mesma freqüência 28
(LABUSSIÈRE et al. 1974). 29
30
31
30
Reatividade, micção e defecação 1
Na tabela 3 encontram-se os valores para reatividade, micção e defecação. 2
Observa-se que os valores médios para reatividade na colocação das teteiras 3
variou de zero a dois e que não houve diferenças para reatividade e micção. 4
Conforme RUSSEL et al., (2004) as ovelhas podem habituar-se ao manejo e com 5
isso diminuir a reatividade como uma forma de habituação ao procedimento 6
utilizado. ROSA et al. (2002) verificaram que a quebra da rotina diária em algumas 7
propriedades estudadas provocou maior reatividade das vacas no momento da 8
ordenha, aumentando o tempo para a fixação das teteiras. As ovelhas do sistema 9
D30 apresentaram o comportamento mais calmo e não demonstraram reatividade na 10
colocação da teteira nem nas primeiras semanas, provavelmente pelo fato da 11
ordenha ter-se iniciado após a desmama. Essa falta de estímulo ocasionada pela 12
desmama resultou também na diminuição da persistência da lactação, que a partir da 13
10ª semana as ovelhas apresentavam-se secas. 14
As ovelhas que desmamaram seus cordeiros mais tardiamente (D45) 15
apresentaram maior número de defecações na sala de ordenha (Tabela 3). Isso pode 16
demonstrar mais estresse devido a separação diária de seus cordeiros. Já ALAND et 17
al. (2002) observaram em vacas especializadas em produção de leite que nem o 18
número de micções ou de defecações foi correlacionado com a produção de leite ou 19
estádio da lactação, mas com a quantidade de concentrado ingerida. HAFEZ & 20
BOUISSOU (1975) afirmaram que a quantidade e a qualidade do alimento, a 21
temperatura ambiente, a umidade relativa, a produção de leite e a individualidade do 22
animal afetam a freqüência de eliminação de fezes. Segundo SEABROOK (1994) 23
vacas sob tratamento aversivo na sala de ordenha defecaram seis vezes mais que 24
aquelas tratadas gentilmente, sugerindo ativação do sistema nervoso simpático. 25
MUNKSGAARD et al. (1997) constataram que vacas aversivas ao tratador 26
defecaram e urinaram mais do que aquelas adaptadas e calmas ao manej 27
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29
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31
Conclusões 1
2
- O tempo de ordenha foi mais elevado para as ovelhas que foram ordenhadas e 3
simultaneamente amamentaram seus cordeiros até 45 dias de idade. 4
- A reatividade e a freqüência de micção não diferiram entre os sistemas de desmame, 5
porém a de defecação foi maior para as ovelhas do sistema D45d. 6
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29
30
31
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21
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Tabela 1. Composição bromatológica dos alimentos. 1
Composição (%) Silagem Concentrado Mistura
MS 30,61 84,94 63,20
PB 7,65 17,64 13,66
EE 4,01 6,60 5,56
MM 6,07 10,51 8,70
FB 29,58 11,14 18,50
FDN 62,30 28,20 41,84
FDA 35,88 16,22 24,08
ENN 52,06 56,76 54,80
NDT 62,42 73,53 69,10
Mistura = silagem de sorgo + concentrado das ovelhas 2
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Tabela 2- Médias, desvios-padrão e coeficientes de variação dos tempos (segundos) de 1
descida e de duração da ordenha nos três sistemas de produção. 2
SISTEMAS Tempo de
tempo de
latência de
descida do leite
CV
(%)
Tempo de
duração da
ordenha
CV
(%)
D2
4,40ª(± 2,04) 44,00% 148,22ª(±17,68) 17,96%
D30
3,90ª(± 1,29) 49,00% 141,12ª(±33,66) 18,86%
D45
4,90ª(±2,43) 40,00% 186,00
b
(±23,65)
14,31%
Medias seguidas de letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey ( P < 0,05). 3
Sistema D2= desmama 48horas após o parto; 4
Sistema D30 = desmama 30 dias seguida de ordenha; 5
Sistema D45 = desmama 45 dias com ordenha simultânea. 6
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Tabela 3- Médias e desvios-padrão de reatividade (0- tranqüila; 1
1- reativa; 2- extremamente reativa), micção e defecação 2
de ovelhas, Bergamácia submetidas a três sistemas de 3
produção. 4
5
SISTEMAS Reatividade Micção Defecação
D2
0,535ª(±0,40) 0,000
a
(±0,01) 0,003ª(±0,03)
D30
0,408ª(±0,54) 0,000
a
(±0,01) 0,000
a
(±0,01)
D45
0,601ª(±0,45) 0,400
a
(±0,11) 0,060
b
(±0,06)
Utilizou-se ANOVA quando comparou-se 3 médias. Medias seguidas de letras 6
diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey ( P < 0,05). 7
Sistema D2= desmama 48horas após o parto; 8
Sistema D30 = desmama 30 dias seguida de ordenha; 9
Sistema D45 = desmama 45 dias com ordenha simultânea 10
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2
3
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18
CAPÍTULO 3 19
20
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42
43
40
Níveis séricos dos hormônios cortisol, T3 e T4 em ovelhas da raça 1
Bergamácia sob três diferentes sistemas de produção 2
Resumo 3
Este estudo teve o objetivo de verificar os níveis séricos dos hormônios cortisol, 4
triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) durante 90 dias de lactação de ovelhas 5
submetidas a três sistemas de produção: ordenha das ovelhas cujos cordeiros foram 6
desmamados às 48 horas pós-parto (D2), desmama aos 30 dias de idade com a 7
ordenha após esse período (D30) e sistema misto com desmama aos 45 dias de idade 8
e ordenha simultânea (D45), e o papel do ordenhador na produção de leite e no bem-9
estar animal. Os níveis de cortisol apresentaram-se superiores (P<0,05) nas ovelhas 10
que desmamaram seus cordeiros precocemente (D2). Houve efeito do 11
comportamento do tratador sobre os níveis séricos de cortisol, independentemente 12
do tratamento. As concentrações dos hormônios T3 e T4 não diferiram entre as 13
ovelhas dos distintos sistemas de produção e nem com relação ao comportamento do 14
ordenhador. 15
Palavras-chave: comportamento, desmama, estresse, ansiedade 16
17
18
19
20
21
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27
28
41
Cortisol, T3 and T4 hormones in Bergamacia breed ewes submitted to three 1
different production systems 2
Abstract 3
The objective of this study was to observe the serum levels of cortisol, T
3
and T
4
4
during 90 days of lactation of ewes submitted to three production systems: weaning 5
of lambs 48 hours after parturition (D2), weaning at 30 days old with milking after 6
this period (D30) and mixed system with weaning at 45 days old and simultaneous 7
milking (mixed). Cortisol levels were higher (P<0,05) for ewes weaning of lambs 48 8
hours after parturition (D2). The ewes submitted to milker with nervous behavior 9
were affects independent of production systems. T3 and T4 doesn’t different 10
between production systems and milker behavior doesn’t interfered. 11
12
Keywords: behavior, wean, stress, anxiety. 13
14
15
16
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18
19
20
21
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29
30
31
42
Introdução 1
2
O leite ovino devido as suas características, principalmente ao alto teor de 3
gordura, possui ótimo potencial para a produção de queijos finos. 4
Existem vários sistemas de produção de leite ovino utilizados na Europa onde os 5
cordeiros podem ser desmamados precocemente, outro em que as ovelhas são 6
ordenhadas após a desmama ou em que são ordenhadas e amamentam seus cordeiros 7
simultaneamente. 8
O bem estar-animal deve ser observado junto do sistema de produção adotado, 9
pois pode interferir negativamente na produção, quanto maior a reatividade do 10
animal a determinado manejo adotado mais pobre é o seu bem-estar. 11
Os ruminantes ainda mantêm suas características comportamentais inatas que os 12
fazem reagir à presença de potenciais predadores . O medo e a ansiedade tem 13
importante papel neste processo, ao motivar os animais a evitarem situações 14
potencialmente perigosas. O ser humano pode causar medo aos animais em virtude 15
de seu tamanho e sua propensão a desenvolver movimentos rápidos e imprevisíveis 16
(BOISSY, 1995). 17
Os efeitos do medo na fisiologia se refletem, por sua vez, em resultados 18
negativos na produção animal, especialmente por meio da intensificação da 19
atividade do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, expressos em aumentos no cortisol, e 20
aumento do tônus simpático; que eleva as concentrações de adrenalina e a 21
freqüência dos batimentos cardíacos (HEMSWORTH et al. 2003). STARLING et 22
al. (2005) obtiveram variações nos valores médios de cortisol de 0,216 a 0,507 23
mg/mL em carneiros Corriedale submetidos a estresse térmico; valores inferiores 24
aos de HARGREAVES & HUTSON (1990) que observaram pico de cortisol de 25
2,63 mg/mL, ao utilizarem a tosquia como agente estressor. SEABROOK (1994) 26
citado por RUSHEN et al. (2001) reportou que as vacas que receberam tratamento 27
aversivo como falar alto, movimentos bruscos e falta de paciência produziram 28
menos leite, e tiveram mais dificuldade para serem ordenhadas. 29
O efeito de uma modificação ambiental sobre o processo de produção animal é 30
uma conseqüente resposta neuroendócrina a esta alteração, refletida nas 31
concentrações de hormônios circulantes na corrente sangüínea. As ações dos 32
43
hormônios tireoideanos são mediadas pelo aumento nas atividades das enzimas 1
específicas que contribuem para o consumo de oxigênio, e a maior atividade 2
tireóidea que se segue à baixa atividade temperatura ambiental sustentam a hipótese 3
de que os hormônios da tireóide estejam envolvidos na termorregulação pelo 4
aumento da produção de calor interno (DICKSON, 1988). 5
O T3
é a forma mais biologicamente ativa de hormônios tireoideanos, podendo 6
ser produzido diretamente na tireóide ou, perifericamente, a partir do T4
,
pela ação 7
de enzimas deiodinases (FREAKE & OPPENHEIMER, 1995). Os hormônios da 8
tireóide aumentam as concentrações de outros hormônios, como a somatotrofina 9
(HERVAS et al., 1975). Estes hormônios também são importantes para o 10
crescimento e desenvolvimento da glândula mamária e para o aumento na produção 11
de leite (MAGDUB & JONHSON, 1987). Esse trabalho teve como objetivo avaliar 12
os níveis hormonais de cortisol, triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) de ovelhas 13
submetidas a três sistemas de produção de leite, e o papel do ordenhador na 14
produção de leite e no bem-estar animal. 15
16
Material e Métodos 17
- Manejo dos Animais
18
O experimento foi realizado na Unidade de Pesquisa em Produção de Leite de 19
Ovelha da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, UNESP- Campus de 20
Botucatu-SP em fevereiro de 2006, quando 68 ovelhas multíparas da raça 21
Bergamácia de 2 a 5 anos de idade, com experiência anterior em sala de ordenha, 22
foram colocadas para a reprodução. 23
Estabeleceu-se a estação de monta de 60 dias, com acasalamentos controlados. 24
O estro das ovelhas foi detectado por rufiões vasectomizados, e estas foram levadas 25
ao carneiro para a realização da cópula. Para detectar os possíveis reinícios do ciclo, 26
utilizou-se tinta colorida no esterno do rufião trocada a cada 15 dias. 27
As matrizes permaneceram em pastagens de Panicum maximum cv. Tanzânia e 28
foram suplementadas no último mês de gestação e durante a lactação, com 29
concentrado comercial (Tech Ovin Unique peletizado- Socil) e silagem de sorgo, 30
segundo exigências do NRC (1985), para as fases referidas durante todo o período 31
44
experimental, fracionado em duas vezes ao dia, às 7h00 durante a ordenha e às 1
17h00 misturado à silagem, totalizando o oferecimento de 1kg de 2
concentrado/ovelha/dia. A dieta era composta por 40% de volumoso e 60% de 3
concentrado. A tabela 1 apresenta a composição bromatológica dos alimentos. 4
As infestações endoparasitárias foram monitoradas a cada 28 dias, através da 5
coleta de amostras de fezes, diretamente na ampola retal, em todas as ovelhas, e a 6
cada 14 dias para os cordeiros a partir de 30 dias de idade até a desmama. Médias 7
de OPG (ovos por grama de fezes) acima de 500 denotaram necessidade de 8
tratamento anti-helmíntico. O exame de fezes foi realizado pela técnica de 9
GORDON & WHITLOCK (1939). 10
11
Ao parto, as 68 ovelhas foram divididas em três grupos segundo diferentes 12
idades à desmama: 13
- a) D2: os cordeiros foram separados definitivamente de suas mães, 48 horas 14
após o parto, e alimentados com leite de vaca até 45 dias de idade; b) D30: os 15
cordeiros permaneceram com suas mães até a desmama, que aconteceu aos 30 dias, 16
e não houve ordenha até a desmama. A ordenha iniciou-se no dia seguinte à 17
desmama; c) D45: os cordeiros permaneceram com suas mães durante o dia até 45 18
dias de idade, sendo separados a noite quando tinham acesso ao concentrado, 19
reencontrando-as após a ordenha matinal. Nos três sistemas, todas as ovelhas foram 20
ordenhadas uma vez ao dia até a secagem ou até completarem 90 dias de lactação. 21
- Dosagens Hormonais 22
As coletas de sangue foram realizadas em 10 ovelhas sorteadas aleatoriamente 23
de cada sistema logo após a ordenha matinal, semanalmente com início na segunda 24
semana de lactação. As ovelhas do sistema D30 também eram retiradas do pasto e 25
submetidas a coleta de sangue no período da manhã até o início da ordenha, após os 26
30 dias de lactação. 27
Para as dosagens dos hormônios cortisol, T3 e T4, fez-se punção da veia jugular 28
externa, utilizando agulhas 21G acopladas em tubo a vácuo heparinizados, com 29
volume de 10 ml sempre das mesmas ovelhas de cada sistema. Após a centrifugação 30
o plasma foi separado e estocado em dois frascos tipo “eppendorf” devidamente 31
45
identificados, e então acondicionados à temperatura de -20
o
C até o momento da 1
determinação hormonal. 2
Durante a ordenha, um mesmo observador registrou diariamente em um 3
etograma o comportamento do ordenhador classificado como agitado (quando o 4
mesmo gritava, utilizava movimentos bruscos e demonstrava falta de paciência) ou 5
calmo. 6
7
- Análise Estatística 8
Utilizou-se a análise da variância (ANOVA) e o Teste de Tukey para a 9
comparação das médias. 10
No caso da Análise de Variância One Way o modelo estatístico utilizado foi: 11
xij = µ + ti+ Eij 12
Na Análise de Variância Two Way o modelo utilizado foi: 13
xij = µ + ti + bj + Eij 14
Onde: 15
xij = valor observado 16
µ = média geral 17
ti = efeito de tratamento 18
Eij = resíduo 19
bi = efeito de bloco (ordenhador) 20
21
22
Resultados e Discussão 23
24
Níveis de cortisol 25
26
As médias dos níveis dos hormônios cortisol, T3 e T4 nos sistemas de produção, 27
constam na tabela 2. Os níveis de cortisol diferiram entre as ovelhas dos sistemas 28
46
D2 (1,57 mg/mL) e D30 (0,99 mg/mL), talvez pelo fato das ovelhas do sistema D30 1
serem ordenhadas após o desmame, com trinta dias de lactação, quando já não era 2
mais tão forte o vínculo entre mãe e filhote. Provavelmente na ausência do fator 3
estressante nesse sistema de desmama os níveis apresentados foram menores. 4
De acordo com KOLB et al. (1984) os níveis plasmáticos basais de cortisol em 5
condições normais encontrado em ovelhas é de 1,10 mg/mL. Analisando-se a tabela 6
2, verifica-se que as ovelhas do tratamento D2 apresentaram concentração superior à 7
aquelas do D30 (P<0,05). Essa diferença pode ser explicada pelo fato da desmama 8
em D2 ter ocorrido numa fase em que o vínculo materno-filial é máximo. Com o 9
passar do tempo a descarga de cortisol em função desse fator, tende a diminuir. 10
Comprovou-se que a desmama aos 30 dias não alterou o nível de cortisol. O valor da 11
concentração deste hormônio no tratamento cujos cordeiros foram desmamados aos 12
45 dias localizou-se numa posição intermediária aos demais tratamentos tendo sido, 13
sob o ponto de vista estatístico, semelhante a ambos. Entretanto analisando-se 14
fisiologicamente o resultado, observou-se um nível médio 21% acima do normal 15
verificado em animais não estressados. Poder-se-ia inferir que as separações 16
cotidianas dos cordeiros de suas mães no período noturno tenha colaborado para a 17
tendência observada de anormalidade do teor desse hormônio na corrente 18
circulatória das fêmeas do tratamento D45. 19
NEGRÃO & MARNET (2003) afirmaram que os altos níveis de cortisol 20
observados em ovelhas primíparas após a primeira ordenha pode ser causado pelo 21
impacto ao novo ambiente ou pela ordenhadeira mecânica. PORCIONATO et al. 22
(2005) observaram que a liberação de cortisol em vacas ordenhadas mecanicamente 23
na ausência do bezerro em todos os tratamentos, não apresentou diferença nos 24
grupos genéticos estudados. 25
CASAMASSIMA et al., (2001) avaliaram o comportamento, as respostas no 26
metabolismo endócrino e o desempenho de ovelhas em lactação em ambiente 27
fechado ou aberto, e encontraram níveis de cortisol menores durante as quatorze 28
semanas em que ovelhas ficaram em ambiente aberto (8,36 ng/mL) do que as que 29
ficaram confinadas (9,67 ng/mL). RUSSEL et al. (2004) observaram um grupo de 30
ovelhas separadas para apresentar baixa reatividade depois de 35 minutos de 31
isolamento e outro para alta reatividade depois de 60 minutos e encontraram 32
47
diferenças nos níveis de cortisol menores para as ovelhas do tratamento de baixa 1
reatividade. 2
3
Níveis de T3 e
T4
4
Os níveis de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4) são apresentados na tabela 2. 5
Os níveis de T3 e T4 não diferiram entre as ovelhas dos sistemas de produção de 6
leite e foram independentes da produção, esta avaliada por SERRÃO (2006) com as 7
mesmas ovelhas deste trabalho, tendo obtido 0,410 l/d para as ovelhas do tratamento 8
D45 e 0,350 l/d para as ovelhas do tratamento D2, apenas na 4ª semana de lactação. 9
Provavelmente isso tenha ocorrido por que as ovelhas ainda não eram selecionadas 10
para alta produção de leite. Os processos metabólicos de alta exigência 11
comprometem os níveis circulantes dos hormônios tireoidianos e na medida em que 12
os processos fisiológicos são compensados, há diminuição da pressão metabólica 13
para a síntese de leite, com elevação da sua concentração no sangue (CAMPOS et 14
al. 2005). 15
Segundo SMITH (1993), para bovinos as concentrações plasmáticas normais de 16
tiroxina (T4) variam de 3,6 a 8,9 mg/dL. JUNIOR et al. (2003) observaram em 17
vacas holandesas níveis de T4
de 4,23 mg/dL para o tratamento controle (sem 18
climatização na sala de espera), 3,94 mg/dL para aquelas que receberam ventilação 19
e 3,65 mg/dL para os animais do tratamento com ventilação mais aspersão. 20
MAESTÁ et al. (2003) verificaram diferenças (P<0,05) nos níveis de T4 para as 21
ovelhas que desmamaram seus cordeiros 48 horas após o parto (3,38 mg/dL) e para 22
aquelas que foram ordenhadas simultaneamente com seus cordeiros até 45 dias de 23
idade (4,24 mg/dL); com as maiores concentrações observadas no período após 60 24
dias. 25
Na tabela 2 encontram-se os níveis de T4 (ng/ mL), obtidos nas ovelhas dos três 26
sistemas de produção, durante o experimento. 27
A triidotironina (T3)
e a tiroxina (T4
) fazem parte de mecanismos homeostáticos 28
responsáveis pela regulação térmica e pelo consumo de oxigênio nos diferentes 29
tecidos. MAESTÁ et al. (2003) encontraram diferenças (P<0,05) apenas para as 30
ovelhas que desmamaram seus cordeiros com 48 horas pós-parto, com maior 31
concentração no período após 60 dias (134,59 ng/dL). NASCIMENTO & SILVA 32
48
(2000) observou níveis de T3 de 52,90 ng/dL, ao verificar a ação do estresse 1
calórico sobre a concentração desse hormônio em ovinos Corriedale adultos 2
mantidos em câmara climática à temperatura de 45ºC. BOCQUIER et al. (1997) 3
avaliaram os níveis plasmáticos de prolactina e triiodotironina (T3) que foram 4
significativamente maiores em ovelhas mantidas sob fotoperíodo longo, entretanto 5
nenhuma diferença foi observada para a tiroxina (T4). 6
7
Influência do ordenhador nos níveis de cortisol 8
Na tabela 3 encontram-se os níveis médios de cortisol verificados nas ovelhas de 9
acordo com o comportamento agitado e calmo do ordenhador. 10
Conforme observado, os níveis médios de cortisol foram maiores (P<0,05) para 11
as ovelhas quando submetidas ao ordenhador com comportamento aversivo, 12
provavelmente devido ao fato de falar alto, utilizar movimentos mais bruscos 13
proporcionando medo aos animais. HEMSWORTH et al. (1995) compararam a 14
produção leiteira de 14 propriedades na Austrália, quando expostas a um simples 15
teste de medo, medido com base na distância que as vacas mantinham do 16
experimentador durante o teste, e observaram que de 30 a 50% da variação da 17
produção leiteira entre as propriedades foi explicada pelo medo das vacas por seres 18
humanos. 19
De acordo com SILANIKOVE (2000), as cabras são consideradas os ruminantes 20
domésticos que adaptam-se melhor em condições ambientais não favoráveis e isto 21
reflete-se nas respostas atenuadas às condições estressantes; ovelhas em lactação 22
têm demonstrado efeitos negativos na produtividade quando reagrupadas e 23
manejadas pelo mesmo ordenhador (SEVI et al. 2003). 24
De acordo com RUSHEN et al. (1999) a ejeção de leite em vacas leiteiras 25
também pode ser afetada pelo comportamento do ordenhador e verificaram menor 26
ejeção de leite e maior quantidade de leite residual na presença do ordenhador 27
aversivo. 28
29
30
31
32
49
Conclusões 1
2
Verificou-se que ovelhas cujos cordeiros foram desmamados mais precocemente 3
(2 dias) apresentaram níveis séricos superiores de cortisol àquelas cuja separação 4
ocorreu aos 30 dias. 5
Houve efeito do comportamento do tratador (calmo e agitado) sobre os níveis 6
séricos de cortisol, independentemente do tratamento. 7
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54
Tabela 1. Composição bromatológica dos alimentos. 1
Composição (%) Silagem Concentrado Mistura
MS 30,61 84,94 63,20
PB 7,65 17,64 13,66
EE 4,01 6,60 5,56
MM 6,07 10,51 8,70
FB 29,58 11,14 18,50
FDN 62,3 28,20 41,84
FDA 35,88 16,22 24,08
ENN 52,06 56,76 54,80
NDT 62,42 73,53 69,10
Mistura = silagem de sorgo + concentrado das ovelhas 2
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Tabela 2- Médias e desvios padrões dos níveis dos hormônios cortisol 1
(mg/ mL), T3 (ng/ mL) e T4 (mg/ dL) das ovelhas nos três 2
sistemas de produção. 3
SISTEMAS DE
PRODUÇÃO
CORTISOL T3 T4
D2
1,57
a
(±0,38) 126,50
a
(±16,27) 4,16
a
(±1,01)
D30
0,99
b
(±0,29) 120,90
a
(±14,42) 3,80
a
(±0,93)
D45
1,21
ab
(±0,46) 124,10
a
(±16,70) 3,56
a
(±1,02)
Médias seguidas de letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey ( P < 0,05). 4
Sistema D48h= desmama 48horas após o parto; 5
Sistema D30d = desmama 30 dias seguida de ordenha; 6
Sistema D45d = desmama 45 dias com ordenha simultânea. 7
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Tabela 3- Médias, desvios padrões e coeficiente de variação dos níveis de cortisol 1
(mg/ mL) encontrados nas ovelhas submetidas ao ordenhador com 2
comportamento agitado ou calmo. 3
COMPORTAMENTO
DO ORDENHADOR
NIVEIS MÉDIOS DE
CORTISOL
CV
(%)
AGITADO
1,58ª(±0,69) 43
CALMO
1,18
b
(±0,70) 39
Médias seguidas de letras diferentes diferem entre si pelo teste de Tukey ( P < 0,05). 4
Sistema D48h= desmama 48horas após o parto; 5
Sistema D30d = desmama 30 dias seguida de ordenha; 6
Sistema D45d = desmama 45 dias com ordenha simultânea 7
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CAPÍTULO 4 18
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1
2
Implicações 3
O bem estar-animal tornou-se essencial na atualidade, tanto pelas questões éticas 4
envolvidas como pela interferência positiva ou negativa na produção animal. É 5
importante salientar que o comportamento dos seres humanos em relação aos 6
cuidados ou manejo destinados aos animais e os diferentes sistemas de produção, 7
possuem papel fundamental no comportamento e bem estar dos mesmos. 8
A observação do comportamento animal e do ordenhador são variáveis muito 9
importantes que devem ser consideradas nos sistemas de produção, pois o bem estar 10
animal quando respeitado é um fator que auxilia no melhor desempenho dos animais 11
e proporciona maior retorno econômico. 12
O estudo de diferentes sistemas de produção de leite é essencial para se optar 13
por qual o melhor manejo a ser adotado. Através da separação mãe-filhote pode-se 14
gerar desconforto para ambos e conseqüências negativas durante a ordenha, pois o 15
estímulo maior para a liberação do leite, no caso o cordeiro, não está presente. 16
Nos sistemas de produção de leite ovino da Europa e dos Estados Unidos, 17
geralmente os cordeiros permanecem com as mães nas primeiras 48 horas de vida e 18
depois são separados e amamentados artificialmente, e as ovelhas são ordenhadas 19
mecanicamente. Entretanto, devido ao estresse causado por essa separação que pode 20
ocasionar diminuições na produção de leite e da persistência da lactação, novos 21
sistemas de desmames deverão ser estudados. Este trabalho teve como objetivo 22
avaliar a influência de três diferentes sistemas de produção de leite ovino no 23
comportamento dentro da sala de ordenha de ovelhas da raça Bergamácia e verificar 24
a função do ordenhador dentro do sistema de produção de leite, em relação ao bem-25
estar animal. 26
O sistema de produção afetou o comportamento das ovelhas na sala de 27
ordenha, sendo que no sistema onde as ovelhas foram ordenhadas e permaneceram 28
com seus cordeiros até os 45 dias de idade, a duração da ordenha foi mais demorada 29
59
e houve também maior número de defecações/ovelha na sala de ordenha, sinais estes 1
que demonstram estresse. 2
O sistema em que a ovelha é ordenhada após a desmama de seus cordeiros com 3
30 dias de idade, torna-se uma boa alternativa para reduzir o estresse da separação 4
no início da lactação. 5
As semanas em as ovelhas foram ordenhadas pelo ordenhador aversivo, 6
independente do sistema de produção, apresentaram níveis de cortisol mais 7
elevados. 8
Esse projeto demonstrou como o sistema de manejo e o comportamento do 9
ordenhador pode interferir no bem estar das ovelhas e desencadear estresse. 10
Observou-se como é importante o treinamento do funcionário e a afinidade com que 11
deve dispor com os animais em que realiza a atividade. 12
13
14
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