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Tem gente que faz, porque é remunerada. A gente vê muito disso só porque precisa.
Mas é assim, cada um tem seu objetivo. Aí no inicio me senti perdida. Imagina tudo
novo não conhecia ninguém que dirá o hospital até eu pegar. [...] eu ficava
perguntando para Deus e todo mundo onde que é o RX pelo amor de Deus a
dificuldade foi à adaptação ao local. [...] A dificuldade de inicio foi isso eu perguntava
muito, bastante ainda pergunto, mas não com tanta freqüência como antes
perguntava até porque tinha coisas que eu nem sabia. Comecei a aprender aqui. (B2)
[...] tem gente que valoriza bastante o bolsista assim até porque o bolsista faz tudo,
quebra um monte de galho, até “furo” na escala este tipo de coisa. O bolsista é
quebra galho mesmo, dá pra ver bem isso também. Eu acho que a equipe no geral
recepciona bem o bolsista. Eu me dou bem, por exemplo, com todo mundo, só que
tem gente que acha que o bolsista não sabe fazer nada. Tem muita gente que critica
bastante principalmente quando o bolsista entra. Depois que tu já te insere mais na
equipe acho que eles começam ver com outros olhos, mas no início é bem difícil até
se inserir na equipe todo mundo olha meio desconfiado Tu podes fazer assim,
criticando, porque cada um tem seu jeito de fazer as coisas. Quando eu entrei aqui,
no início foi meio assim porque o pessoal criticava. Tem um pessoal bastante antigo
aqui. Aí, que tinha que fazer assim. Ah, que tinha que por o lençol assim, até de um
lençol ficavam falando. Depois tu pegas a rotina da equipe, mas no início. Eu acho
que a bolsa poderia ser diferente, um pouco poderia mudar. Eu acho que até muito
técnico, que poderia acompanhar mais o enfermeiro só que eu não sei. Eu acho isso
um pouco difícil. (B7)
Percebi, nas falas acima descritas, que os bolsistas, muitas vezes, adotam
comportamentos que não são próprios, automatizados, condicionados. Eles são cópias do
estabelecido, que, por vezes, impõe-se como verdade e regra, como uma forma de
protegerem-se das agressões. Então, um ser humano, quando oprimido, raramente sente-se
capaz de mudanças, falta-lhe criatividade, dificuldade em interagir com os fatos e o contexto,
entregando-se à neutralidade e à passividade (CAMPOS, 2002). Isso é o reflexo da
imposição de saberes e regras, que ocorre, muitas vezes, no campo prático, levando o
bolsista a aceitar modelos prontos. Nesse sentido, cabe lembrar que “nem toda a experiência
gera automaticamente aprendizagens” (PERRENOUD, 2002, p.51). O aprendizado do
bolsista pode cair no vazio ou se resumir a uma reprodução de padrões estabelecidos.
Assim, os profissionais precisam desenvolver ações de acolhimento ao estudante bolsista,
sendo co-responsáveis pela formação profissional.
Concordo que estimular a formação de sujeitos competentes sem serem limitadas
estritamente por regras, modelos, programas, horários e procedimentos padronizados pode
realmente contribuir no desenvolvimento do futuro profissional. O estudante utilizando-se de
saberes, vivencias e experiências terá oportunidade de traçar estratégias de atuação