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Secundário, Normal) era imposto aos alunos, convertidos ou não, a vivência da
disciplina História Sagrada, ou seja, estudar a Bíblia na perspectiva presbiteriana,
aprender cânticos e versículos, além do Canto Orfeônico, em que aprendiam as
notas musicais, os hinos pátrios e evangélicos. Eram também programadas,
geralmente para o segundo semestre, festividades em comemoração ao dia 12 de
agosto
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, considerado “Dia do Colégio”. Nessa programação, a culminância
acontecia com o desfile cívico:
[...] aquele desfile cívico mesmo! Só de uniforme e os personagens
da história, né? da História do Brasil? Da História do Brasil...
Geralmente saia assim: as fotos daqueles que ... dos fundadores do
colégio! O pelotão das figuras ilustres! (Raquel).
Ao relatar as atividades de rotina no IPN, Pedro faz a seguinte descrição:
Primeiro horário: levantar. Tinha campa pra levantar. Levantava, ia-
se pra o banheiro tomar banho, escovar dentes também! Lá do
internato feminino já vinha, já batia a campa. (...) Então, o pessoal
voltava para o internato escovar os dentes, pegar o material escolar.
Descia pra escola normal. Certo. As aulas, geralmente ... geralmente
as aulas fora ... alguma aula vaga que tivesse. A aula normal era de
oito as doze. Hum! Terminada as aulas, subia-se e ia para o
internato. Era o mesmo ritual do café: batia a campa: a gente ia,
almoçava, voltava. Tinha o intervalo. As aulas começavam ... porque
nos tínhamos dois períodos de aula diretos. Sim. Pela manhã e à
tarde. Aí ficavam duas horas. A gente descia ou descia antes de
duas. As aulas começavam duas horas e terminava às quatro.
Subíamos! Se tinha alguma atividade é ... Geralmente, a aula de
Fsica era ... ou então, se tinha algum treino de futebol, alguma coisa
ou alguma outra atividade pra fazer: ensaio de peça, ensaio de um
negócio ... que tinha também trabalho, tinha os trabalhos depois das
aulas, à tarde. As aulas terminavam três e meia, quatro horas. Então,
já tinha os trabalhos pré-determinados. Era trabalho na escola,
normal! Hum! É! ... Trabalhava na casa de dona Adal. Isso eu digo
no internato masculino porque no internato feminino eu não sei o que
é que tinha. Tinha outras atividades. Ai então, depois de terminadas,
a gente ia, tomava banho, ia jantar. Depois de jantar, antes da banca,
ai a gente tinha a seção de ... tinha o serviço de auto-falante, esses
negócios todos. A gente ficava ouvindo musica e... brincando,
conversando ... Ai era lazer. Batia campa: banca. Terminada a
banca: batia campa: dormir e no outro dia o mesmo ritual. Isso ...
agora, sábado já era diferenciado, porque sábado a gente só tinha
aula pela manhã.
Para Bourdieu e Passeron (1992, p. 68), “[...] toda cultura escolar é
necessariamente homogeneizada e ritualizada, isto é, rotinizada.” Nesse sentido,
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Data oficial da chegada do primeiro missionário presbiteriano no Brasil.