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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA
Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade
Mestrado Profissional
ANÁLISE ERGONÔMICA DA ATIVIDADE DO
PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NO MUNICÍPIO DE
CARATINGA-MG
SYLVIO DA SILVA ARAÚJO JÚNIOR
CARATINGA
Minas Gerais – Brasil
Julho de 2008
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA
Programa de Pós-Graduação Meio Ambiente e Sustentabilidade
Mestrado Profissional
ANÁLISE ERGONÔMICA DA ATIVIDADE DO
PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NO MUNICÍPIO DE
CARATINGA-MG
SYLVIO DA SILVA ARAÚJO JÚNIOR
Dissertação apresentada ao Centro
Universitário de Caratinga, como parte
das exigências do Programa de Pós-
Graduação em Meio Ambiente e
Sustentabilidade, para obtenção do
título de Magister Scientiae.
CARATINGA
Minas Gerais – Brasil
Julho de 2008
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SYLVIO DA SILVA ARAÚJO JÚNIOR
ANÁLISE ERGONÔMICA DA ATIVIDADE DO
PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM NO MUNICÍPIO DE
CARATINGA-MG
Dissertação apresentada ao Centro
Universitário de Caratinga, como parte
das exigências do Programa de Pós-
Graduação em Meio Ambiente e
Sustentabilidade, para obtenção do
título de Magister Scientiae.
APROVADA: 17 de julho de 2008.
Prof. Luciano José Minette Prof. Marcos Alves de Magalhães
(Orientador) (Co-orientador)
Prof. Amaury Paulo de Souza Prof.ª Miriam Abreu Albuquerque
ii
"Escolha o trabalho de que gostas e não terás de
trabalhar um único dia em tua vida."
CONFÚCIO
iii
A Deus,
À minha esposa Daniela e filha Kaylane,
Aos meus pais Sylvio e Geralda,
A todos os amigos.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por permitir que eu alcance mais esta graça em minha
vida, guiando-me na escolha dos melhores caminhos.
À minha querida família, pela compreensão em todos os momentos que
necessitei afastar-me para a realização deste trabalho.
Ao professor D.Sc. Luciano José Minette, meus sinceros agradecimentos
pela colaboração e tempo dedicado à construção deste trabalho. Não poderia
esquecer da pesquisadora Emília Pio, pela atenção e colaboração sempre que
precisei.
Aos demais professores do Mestrado, Marcos Alves de Magalhães,
Miriam Albuquerque, Antônio Vieira e todos os outros que contribuíram em
minha formação no decorrer deste curso.
Aos meus colegas do Mestrado que fizeram com que todos os momentos
se tornassem valiosos para minha vida.
Aos trabalhadores de enfermagem que permitiram minha presença
durante sua jornada de trabalho e foram extremamente pacientes durante a
aplicação dos métodos.
Ao Centro Universitário de Caratinga/UNEC pela colaboração e
disponibilização de ferramentas essenciais para a execução do meu projeto.
Enfim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização
desse trabalho, os meus sinceros agradecimentos.
v
BIOGRAFIA
SYLVIO DA SILVA ARAÚJO JÚNIOR, filho de Sylvio da Silva Araújo e
Geralda Miranda do Carmo Araújo, nasceu em 17 de dezembro de 1981, na
cidade de Caratinga, estado de Minas Gerais.
Graduou-se em Educação Física no ano de 2004, pelo Centro
Universitário de Caratinga/UNEC.
Especializou-se em Administração e Marketing no ano de 2002, pelo
UNEC.
Em agosto de 2006 iniciou o Programa de Mestrado Profissional em Meio
Ambiente e Sustentabilidade pelo UNEC.
vi
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: Profissional aferindo sinais vitais do paciente. .............................. 20
FIGURA 2: Profissional de saúde durante a preparação dos medicamentos. . 21
FIGURA 3: Profissional de saúde preenchendo a requisição de medicamentos.
..................................................................................................... 22
FIGURA 4: Postura do profissional de saúde realizando procedimento de
higiene em um paciente. ............................................................... 23
FIGURA 5: Profissional de saúde efetuando a remoção do paciente para a
cadeira de roda. ............................................................................ 25
FIGURA 6: Profissional de saúde transportando paciente na maca. ............... 25
FIGURA 7: Freqüência cardíaca de um profissional de enfermagem,
observada durante a jornada de trabalho. .................................... 46
vii
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1: Evolução da Ergonomia e Foco de Atuação ................................. 6
QUADRO 2: Resultados da avaliação da carga cardiovascular ....................... 45
QUADRO 3: Resultados da análise biomecânica das atividades de
transporte e remoção de pacientes ......................................... 48
viii
LISTA DE TABELAS
TABELA 1: Classificação da carga de trabalho físico através da freqüência
cardíaca ........................................................................................ 10
TABELA 2: Dados pessoais dos trabalhadores de enfermagem ..................... 30
TABELA 3: Escolaridade dos trabalhadores de enfermagem .......................... 31
TABELA 4: Situação familiar dos trabalhadores de enfermagem .................... 32
TABELA 5: Dados ocupacionais ...................................................................... 32
TABELA 6: Saúde ocupacional ........................................................................ 36
TABELA 7: Saúde cognitiva ............................................................................. 38
TABELA 8: Associação entre presença ou ausência de disposição para o
trabalho em função do local .......................................................... 40
TABELA 9: Associação entre o respeito dos pacientes em função do local .... 41
TABELA 10: Associação entre presença ou ausência de tratamento médico
em função do local ........................................................................ 41
TABELA 11: Associação entre o tempo na função e a disposição para o
trabalho ......................................................................................... 42
TABELA 12: Associação entre o tempo na função e a satisfação para o
trabalho ......................................................................................... 43
TABELA 13: Associação entre o gênero e a percepção de esforço físico ....... 43
TABELA 14: Associação entre a forma que se sente mentalmente em função
da percepção da valorização pela empresa ................................. 44
TABELA 15: Força de compressão no disco L
5
– S
1
nas atividades de
transporte e remoção de pacientes .............................................. 49
ix
SIGLAS
AET Análise Ergonômica do Trabalho
Bpm Batimento por minuto
CCV Carga Cardiovascular
COFEN Conselho Federal de Enfermagem
CLR Carga Limite Recomendada Ultrapassada
EMG Eletromiograma
EPI Equipamento de Proteção Individual
FCL Freqüência Cardíaca Limite
FCM Freqüência Cardíaca Máxima
FCR Freqüência Cardíaca de Repouso
FCT Freqüência Cardíaca de Trabalho
IMC Índice de Massa Corporal
L
5
Quinta Vértebra Lombar
N Newton
PAM Pronto Atendimento Médico
PSF Programa Saúde da Família
S
1
Primeira Vértebra Sacral
SRL Sem Risco de Lesões nas Articulações
x
RESUMO
ARAÚJO Jr., Sylvio da Silva. Centro Universitário de Caratinga, Julho de 2008.
Análise Ergonômica da atividade do profissional de Enfermagem no
Município de Caratinga – MG. Orientador: Prof. D.Sc. Luciano José Minette.
Co-orientador: Prof. D.Sc. Marcos Alves de Magalhães.
O presente estudo foi realizado em unidades de saúde, localizadas no
município de Caratinga, estado de Minas Gerais. Os objetivos específicos
foram caracterizar o perfil dos trabalhadores, mensurar a carga de trabalho
físico em toda jornada de trabalho e avaliar a biomecânica das atividades de
remoção e transporte de pacientes. Os dados foram coletados por meio de
entrevistas individuais e de medições e avaliação das atividades
desenvolvidas. Os resultados indicaram que os trabalhadores de enfermagem
possuíam idade média de 35 anos e 80,5% são do gênero feminino. O sistema
de trabalho adotado é de 12h de trabalho por 36h de descanso em 90% dos
casos, 84% dos trabalhadores consideraram realizar esforço excessivo para
realização de suas tarefas. Apesar de 62% dos trabalhadores terem afirmado
se sentirem cansados para o trabalho, 64% se dizem satisfeitos com o mesmo.
A carga cardiovascular nas atividades gerais como aferição de sinais vitais,
preparação de medicamentos, requisição de medicamentos e higiene dos
pacientes foi igual a 17,2%. A freqüência cardíaca média era de 94 bpm e
estava abaixo da freqüência limite do trabalhador de 118 bpm. Estas atividades
foram classificadas como leves. A atividade de remoção e transporte de
xi
pacientes apresentou carga cardiovascular acima do valor recomendado e os
trabalhadores exerceram esta atividade acima do valor da freqüência cardíaca
limite de uma jornada de trabalho, visto que a carga foi de 53%. A freqüência
cardíaca média foi de 133 bpm e estava acima da freqüência limite do
trabalhador de 118. Esta atividade foi classificada como pesada. Através da
análise estatística conclui-se que não há dependência entre as variáveis
estudadas. Na avaliação biomecânica verificou-se que todas as articulações
dos profissionais de enfermagem de Caratinga que participaram do grupo de
estudo, apresentaram a carga limite ultrapassada, para suportar peso. A
atividade “empurrar a maca” oferece risco de compressão do disco L
5 – S1 da
coluna vertebral, com força de compressão igual a 5861,0N.
Palavras-chave: ergonomia, jornada de trabalho, profissional de enfermagem.
xii
ABSTRACT
ARAÚJO Jr., Sylvio da Silva. University Center of Caratinga, July 2008.
Ergonomic analysis of the professional activity of Nursing in the city of
Caratinga – MG. Advisor: D.Sc. Luciano Jose Minette. Committee member:
D.Sc. Marcos Alves de Magalhães.
This study was conducted in the health units, located in the city of Caratinga,
state of Minas Geraes. The specific objectives were to characterize the profile
of workers, measuring the burden of physical work throughout the working day
and evaluate the biomechanics of the activities of removal and transport of
patients. The data were collected through individual interviews and
measurements and evaluation of activities. The results indicated that
employees of nursing had an average age of 35 years and 80.5% are female.
The system of work is adopted by 12h-36h rest work in 90% of cases, 84% of
workers consider conducting unreasonable burden for carrying out their tasks.
While 62% of workers said they feel tired for work, 64% call themselves
satisfied with it. The load cardiovascular activities in general and measurement
of vital signs, preparation of medicines, requisition of medicines and hygiene of
patients was equal to 17.2%. The average heart rate was 94 beats per minutes
(bpm) and was often below the limit of the worker of 118 bpm. These activities
were classified as mild. The activity of removal and transport of patients had
cardiovascular cargo above the recommended amount and workers exercised
this activity above the value of heart rate limit of a day work, because the load
xiii
xiv
was 53%. The average heart rate was 133 bpm and was often above the limit
employee 118. This activity was classified as heavy. Through statistical analysis
concludes that there is dependency between these variables. In biomechanical
evaluation found that all the joints of Nurses of Caratinga, which participated in
the group studied, had exceeded the load limit, to support weight. The activity
pushing the gurney offers risk of compression of the disc L5 - S1 vertebral
column, the force of compression equal to 5861.0 N.
Keywords: ergonomics, day of work, nursing professionals.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................... vii
LISTA DE QUADROS ...................................................................................... viii
LISTA DE TABELAS ......................................................................................... ix
SIGLAS .............................................................................................................. x
RESUMO .......................................................................................................... xi
ABSTRACT ...................................................................................................... xiii
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 1
2 OBJETIVOS ................................................................................................ 4
3 REVISÃO DE LITERATURA ....................................................................... 5
3.1 Ergonomia ................................................................................................. 5
3.1.2 Avaliação da carga de trabalho físico ........................................... 8
3.1.3 Biomecânica ............................................................................... 10
3.2 O Profissional de Enfermagem ................................................................ 13
4 METODOLOGIA ....................................................................................... 17
4.1 Local do Estudo ....................................................................................... 17
4.2 População e Amostragem........................................................................ 17
4.3 Atividades Analisadas .............................................................................. 19
4.3.1 Procedimentos para aferição dos sinais vitais ............................ 19
4.3.2 Preparação dos medicamentos .................................................. 21
4.3.3 Requisição de medicamentos ..................................................... 22
4.3.4 Higienização dos pacientes ........................................................ 22
4.3.5 Remoção e transportes de pacientes ......................................... 24
4.4 Caracterização do Perfil dos Trabalhadores e das Condições de Trabalho
................................................................................................................. 26
4.5 Avaliação da Carga de Trabalho Físico ................................................... 26
4.6 Análise Biomecânica ............................................................................... 27
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 29
5.1 Caracterização do Perfil dos Trabalhadores e das Condições de Trabalho
................................................................................................................. 29
5.1.1 Dados pessoais dos trabalhadores ............................................. 29
5.1.2 Escolaridade dos trabalhadores ................................................. 30
5.1.3 Situação familiar dos trabalhadores ............................................ 31
5.1.4 Dados ocupacionais ................................................................... 32
5.1.5 Saúde ocupacional ..................................................................... 36
5.1.6 Saúde cognitiva .......................................................................... 37
5.2 Análise Estatística ................................................................................... 40
5.3 Avaliação da Carga de Trabalho Físico por Meio da Freqüência Cardíaca .
................................................................................................................. 44
5.4 Avaliação Biomecânica ............................................................................ 47
6 CONCLUSÃO ........................................................................................... 50
7 RECOMENDAÇÕES ................................................................................ 51
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 52
9 ANEXOS ................................................................................................... 57
1 INTRODUÇÃO
A saúde e o bem estar do trabalhador são assuntos correntes nas últimas
décadas, porém vêm sendo prejudicados pelas modificações laborais, tanto de
ordem tecnológica quanto organizacional.
Segundo Carvalho (2001), o trabalho surgiu na terra junto com o homem,
no entanto, a relação entre trabalho e doença foi ignorada até algumas
décadas atrás. Este autor ainda afirma que a revolução industrial, marco da
moderna industrialização, foi a principal responsável pelo aparecimento dos
problemas de saúde do trabalhador, devido à organização dos locais de
trabalho que não ofereciam segurança, causando numerosos acidentes
provocados por máquinas que não ofereciam quaisquer tipos de proteção, além
da falta de treinamento que impedia o conhecimento do funcionamento dos
equipamentos por parte dos funcionários.
Com o avanço econômico, tornou-se comum a presença de problemas
relacionados aos postos de trabalho. Observa-se que a tendência ao aumento
de lucros, por parte de algumas empresas, impossibilita o conforto necessário
ao trabalhador. Para Rodrigues (1995), exigências constantes para o aumento
da produtividade, além da diminuição do número de empregados, devido à
competição entre empresas como forma de reduzir custos operacionais,
implicam em custos humanos que resultam em desgaste físico e mental dos
trabalhadores, causando desconforto, dores e doenças.
Com o aumento nos problemas de saúde relacionados às atividades
1
laborais e acidentes constantes, profissionais de várias áreas a exemplo de
médicos, psicólogos e engenheiros, têm atuado no sentido de interferir no
processo produtivo, visando adaptar os postos de trabalho às necessidades do
ser humano. Desta forma criou-se a ergonomia que, segundo Dul e
Weerdmeester (2004:1) “é uma ciência aplicada ao projeto de máquinas,
equipamentos, sistemas e tarefas, com o objetivo de melhorar a segurança,
saúde, conforto e eficiência no trabalho”.
A ergonomia engloba várias áreas como engenharia, psicologia,
sociologia, fisiologia, biomecânica, antropometria e medicina, portanto, possui
um caráter multidisciplinar que tem como objetivo o bem estar do ser humano.
O emprego da ergonomia nas atividades, independente do esforço, é de
fundamental importância para o aumento do rendimento, produtividade e
qualidade do serviço, todavia conciliado à saúde do trabalhador (IIDA, 1990).
Devido ao reduzido número de pesquisas realizadas no Brasil sobre a
ergonomia na saúde, o presente estudo será direcionado à situação de
trabalho dos serviços de saúde, mais especificamente, à enfermagem, visto
que é nesta área que se concentra a maior força de trabalho da saúde, além de
ser a que está mais exposta aos diversos riscos provenientes de suas
atividades. Nos estabelecimentos de saúde da cidade de Caratinga onde foi
realizada a pesquisa, no período de outubro a dezembro de 2007, existiam 21
profissionais afastados por problemas médicos, justificando a necessidade de
uma intervenção para identificar os possíveis fatores causadores destes
afastamentos.
Ao estudar o perfil do trabalhador, foram levantadas algumas variáveis
referentes à sua vida pessoal e profissional. Observa-se a importância deste
levantamento, visto que, todas as pessoas têm diferenças biopsicossociais e
muitas vezes, não estão preparadas para determinados trabalhos.
A avaliação da carga física de trabalho foi um dos primeiros assuntos
tratados pela fisiologia do trabalho e ainda é uma das questões centrais,
quando se fala de postos de trabalho. Corrêa (2003) defende que a
investigação dessa carga auxilia o ergonomista a chegar a conclusões rápidas
e precisas em relação aos problemas ergonômicos.
Para Alves (2001), a análise biomecânica do ser humano é feita com o
objetivo de minimizar ou mesmo eliminar os problemas causados por uma má
2
postura ou pela aplicação excessiva de forças, evitando desperdício
energético, obtendo maior eficiência, determinando a força máxima suportável,
entre outros.
Para Leopardi (1999), a enfermagem, em sua área de atuação
profissional, utiliza-se do cuidado com os seres humanos, onde estão
implicadas as dimensões da vida social, afetiva, psicológica e espiritual, e às
quais direcionam o sentido de bem-estar individual e coletivo das pessoas
assistidas. A finalidade dos profissionais de enfermagem corresponde ao
desejo de manutenção da saúde das pessoas. Mas, este trabalho é realizado
em condições adversas; muitas vezes, a lógica do cuidado à saúde dos outros
não se aplica a estes profissionais, visto que diversas unidades de saúde não
oferecem condições adequadas para que o trabalho destes profissionais seja
realizado com segurança. Durante a jornada de trabalho o enfermeiro, de
acordo com a tarefa realizada, pode estar sujeito à má postura, esforço
excessivo, entre outros.
3
2 OBJETIVOS
Este estudo teve como objetivo geral estudar os fatores ergonômicos
relacionados às atividades exercidas por profissionais de enfermagem do
município de Caratinga – MG, visando à melhoria da saúde, do bem-estar, da
segurança, do conforto e da produtividade e como objetivos específicos:
a) Caracterizar o perfil dos trabalhadores;
b) Avaliar a carga de trabalho físico;
c) Avaliar, através da análise biomecânica, a atuação de forças em
algumas atividades.
4
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Ergonomia
Para Laville (1977) o termo ergonomia foi criado e utilizado pela primeira
vez pelo inglês Murrel, e passou a ser adotado oficialmente em 1949, quando
foi criada a primeira sociedade de ergonomia, a Ergonomic Research Society,
que possuía psicólogos, fisiologistas e engenheiros ingleses, todos
interessados nos problemas relacionados ao trabalho.
Para Iida (1990), ergonomia é a ciência da organização do trabalho que
tem como base a biologia humana: anatomia, antropometria, psicologia e
fisiologia.
Para Wisner (1994), a ergonomia é o conjunto de conhecimentos
científicos relativos ao homem e necessários à concepção de instrumentos,
máquinas e dispositivos que possam ser utilizados com o máximo de conforto,
segurança e eficiência. Por ser uma ciência multidisciplinar, tem como base
científica, várias outras ciências como a psicologia, a sociologia, a anatomia, a
fisiologia, a antropologia, a antropometria e a biomecânica.
Existem diversos conceitos relacionados à ergonomia, porém alguns
aspectos são comuns em todos os conceitos como seu caráter multidisciplinar,
a aplicação dos estudos ergonômicos, o fundamento nas ciências e o objeto
que é a concepção do trabalho. O conceito adotado pela Internacional
Ergonomics Association (IEA) (2000), é o seguinte:
5
Ergonomia (ou fatores humanos) é uma disciplina científica que
estuda as interações dos homens com outros elementos do
sistema, fazendo aplicações da teoria, princípios e métodos de
projeto, com o objetivo de melhorar o bem-estar humano e o
desempenho global do sistema. (IEA, 2000).
O Quadro 1 demonstra a evolução da ergonomia, assim como a
ampliação de sua atuação, segundo Hendrick (1993).
QUADRO 1: Evolução da Ergonomia e Foco de Atuação
Fases da Ergonomia Foco de atuação
1949 – pós-guerra – ergonomia de
hardware
Surge na Inglaterra a Ergonomic
Research Society uma associação
de psicólogos, fisiologistas e
engenheiros centrada na adaptação
do trabalho ao homem. Evolução a
partir da área militar para a indústria.
Incremento da segurança, eficiência
e conforto do sistema.
Década de 70 – ergonomia do meio
ambiente
Tratam de postos e ambientes de
trabalho (aspectos físicos). O foco é
a relação do ser humano com seu
ambiente natural ou construído
Década de 80 – ergonomia cognitiva
ou ergonomia de software
Trata do processamento de
informações. É a ergonomia de
interface com o usuário, adaptando
a tecnologia ao homem.
Década de 90 – macroergonomia
Abordagem sócio-técnica focaliza o
homem, o processo de trabalho e a
organização, o ambiente e a
máquina como um todo de um
sistema mais amplo.
Fonte: HENDRICK, 1993.
No Brasil a ergonomia tornou-se objeto de legislação pertinente à saúde
dos trabalhadores, traduzida sob a forma de Normas Regulamentadoras (NRs).
A NR-17 (Portaria nº. 3.751, de 23 de novembro de 1990 do Ministério do
6
Trabalho) é um instrumento de controle das condições laborais que estabelece
parâmetros que possibilitam a adaptação do trabalho ao homem,
proporcionando a este melhora no desempenho, além de segurança e conforto
(MTE, 2007).
Dul e Weerdmeester (2004) afirmam que a ergonomia pode contribuir
para a solução de problemas sociais relacionados com a saúde, segurança,
conforto e eficiência, pois muitos acidentes podem ser causados por erros
humanos. Estes autores citam que ao analisar acidentes como os de carros,
guindastes, aviões e outros, pode-se concluir que muitos deles são causados
pelo relacionamento inadequado entre operador e tarefa. Portanto, a
probabilidade de ocorrerem acidentes pode ser reduzida, quando são levadas
em consideração algumas variáveis como, as capacidades e limitações
humanas, além das características do ambiente durante um projeto.
Dentre os estudos realizados utilizando-se a abordagem ergonômica em
enfermeiros um dos primeiros trabalhos voltados a ergonomia na enfermagem
teve como objetivo a aplicação da ergonomia para o combate à fadiga (Mauro,
1977). Alexandre (1987), em sua dissertação de mestrado deu ênfase a fatores
como carga de trabalho, fatores pessoais, movimentacionais, ambientais e de
redução de riscos. Este mesmo autor em sua tese de doutorado (1993), avaliou
características das condições de vida e trabalho de profissionais de
enfermagem, detectando defeitos posturais e alterações musculoligamentares
nas cervicodorsolombalgias. Matos (1994) analisou o trabalho de enfermeiros
no centro cirúrgico com abordagem ergonômica, demonstrando a importância
da elaboração de um diagnóstico detalhado do trabalho e a inter-relação com
outras atividades, observando a compatibilidade de fatores físicos, cognitivos e
organizacionais. Linhares (1994) contribuiu para a reflexão dos enfermeiros
sobre sua carga de trabalho e seus recursos psicológicos. O estudo de
Marziale (1995), sobre as condições ergonômicas da situação de trabalho do
pessoal de enfermagem, em uma unidade de internação hospitalar, enfocou o
homem, representado pelo trabalhador de enfermagem. Mauro e Cupello
(2001) verificaram a fadiga e aspectos ergonômicos no trabalho de
enfermagem. A pesquisa de Abranches (2005) avaliou a situação ergonômica
do trabalho de enfermagem em unidade básica de saúde, identificando
variáveis como violência no trabalho, características dos enfermeiros e
7
caracterizando os postos de trabalho.
O importante ao realizar um estudo ergonômico é saber realmente o que,
como e por que o trabalhador realiza determinada tarefa.
“Finalmente, a ergonomia pode contribuir para a prevenção de erros,
melhorando o desempenho” (DUL e WEERDMEESTER, 2004:3).
3.1.1 Perfil dos trabalhadores
Conhecer o perfil dos trabalhadores de enfermagem é necessário para a
caracterização de seu trabalho e implementação de novas técnicas de
treinamento visando à melhoria das condições de trabalho, desempenho,
prazer em trabalhar na empresa, entre outras.
A necessidade de traçar um perfil dos trabalhadores se deve ao fato do
próprio objetivo da ergonomia de adaptar o trabalho ao homem. Iida (1990)
afirma que nem todos trabalhadores possuem as mesmas características e,
portanto, para diferentes funções exigem diferentes habilidades e, muitas
vezes, trabalhadores com características diferentes. Logo, a necessidade de se
traçar o perfil e identificar qual trabalhador é o mais apropriado ao cargo.
3.1.2 Avaliação da carga de trabalho físico
Para Alves et al. (2000), em estudos ergonômicos medem-se os índices
fisiológicos com o objetivo de determinar o limite da atividade física que um
indivíduo pode exercer, sendo possível determinar a duração da jornada de
trabalho e a duração e freqüência de pausas. Nesse aspecto, o estudo da
carga é uma necessidade instrumental dos analistas do trabalho na intervenção
de situações que promovam a saúde e o bem-estar do trabalhador.
Para Brito (1991), as cargas de trabalho podem ser agrupadas em
determinada situação, como físicas, químicas, biológicas e mecânicas e, em
outra, podem ser fisiológicas e psíquicas. As primeiras quando interagem com
o corpo se manifestam de forma externa, as últimas se manifestam de forma
interna e individualmente.
Wisner (1994) afirma que:
8
Toda a atividade, inclusive o trabalho, tem pelo menos três
aspectos: físico, cognitivo e psíquico. Cada um deles pode
determinar uma sobrecarga. Eles estão inter-relacionados e
são bastante freqüentes, embora isso, não seja necessário que
uma forte sobrecarga de um dos aspectos seja acompanhada
de uma carga bastante alta nos dois outros domínios.
(WISNER, 1994:13).
A avaliação da carga de trabalho em postos de labor é uma necessidade
constante, visto que um excesso de atividade prejudica o trabalhador, porém
uma equipe grande de trabalhadores implica em alto custo.
Para Couto (1987), para determinar se o trabalhador tem condições de
executar uma atividade laborativa durante uma jornada completa de trabalho, é
necessário que se compare o dispêndio energético da atividade com a
capacidade aeróbica média dos trabalhadores. Isto ocorre, pois, o ser humano,
além do seu baixo rendimento, ainda utiliza combustível muito caro, que é a
energia química dos alimentos e é por isso que sempre se buscam formas de
reduzir as forças para a execução do trabalho, evitando elevados esforços e
fadiga (MINETTE, 1996).
A indicação clara da existência de fadiga veio com a medida da
freqüência cardíaca durante a tarefa, tendo evidenciado que durante a jornada
de trabalho de 8 horas, ergonomicamente, se aceita que o valor da freqüência
cardíaca não deve exceder 110 batimentos por minuto (COUTO, 1995).
A freqüência cardíaca é um bom indicador da carga de trabalho. Sua
medição, geralmente expressa em batidas por minuto (bpm), pode ser
realizada através da palpação de artérias e do uso de medidores eletrônicos de
freqüência cardíaca. A Tabela 1 apresenta a relação entre a carga de trabalho
físico e a freqüência cardíaca.
9
TABELA 1: Classificação da carga de trabalho físico através da freqüência
cardíaca
Carga de trabalho físico Freqüência cardíaca em bpm
Muito leve
< 75
Leve
75-100
Moderadamente pesada
100-125
Pesada
125-150
Pesadíssima
150-175
Extremamente pesada
> 175
Fonte: APUD, 1989.
Observa-se que durante uma tarefa a sobrecarga de trabalho aumenta a
probabilidade de aparecimento de doenças físicas e psíquicas e o
conhecimento sobre a carga de trabalho contribui para a prevenção destas
doenças. A avaliação da carga de trabalho é um dos objetivos da ergonomia,
tendo contribuição imprescindível na manutenção da saúde do trabalhador
(ALVES, 2001).
3.1.3 Biomecânica
O estudo da biomecânica está diretamente relacionado com as interações
do homem com o trabalho, mais especificamente, do homem com o
movimento, dando importância aos movimentos músculo-esqueletais e suas
conseqüências. Para Iida (1990), a biomecânica analisa basicamente a
questão das posturas corporais no trabalho e a aplicação de forças envolvidas.
Para Dul e Weerdmeester (2004), no estudo da biomecânica são
aplicadas as leis físicas da mecânica ao corpo humano, podendo desta forma
estimar as tensões que ocorrem nos músculos e articulações durante uma
postura ou um movimento. Aborda aspectos do trabalho estático e dinâmico,
sendo o primeiro, aquele que exige contração contínua de alguns músculos,
para manter uma determinada posição, é um trabalho fatigante, devendo ser
10
evitado sempre que possível. O trabalho dinâmico é aquele que permite
contrações e relaxamentos alternados dos músculos, onde o corpo assume
diversas posturas que possuem diferenças, dados o tipo físico e sexo.
Amadio e Duarte (1996) citam que através da biomecânica e de suas
áreas correlatas, é possível analisar as causas e fenômenos do movimento.
Desta forma nota-se que a biomecânica é uma ciência multidisciplinar que leva
em consideração cada estrutura pertencente ao movimento humano.
Existem diversos campos de intervenção na biomecânica, como o esporte
de alto rendimento, esporte escolar, atividades de recreação, prevenção e
reabilitação orientados à saúde. Baumann (1995) relaciona também as
atividades do cotidiano e do trabalho:
Estudo da postura e da locomoção humana;
Classificação e sistematização de grupos de movimentos
em dependência de estações de trabalho;
Interface homem-máquina-ambiente; e
Saúde e segurança nas tarefas da vida diária e do trabalho.
(BAUMANN, 1995:5).
Existem vários métodos de avaliação da biomecânica, Baumann (1995)
propõe as seguintes definições:
A Cinemetria engloba todos os métodos para o registro e avaliação
numérica dos movimentos. As medidas básicas realizadas são tempo,
deslocamento/ângulo, velocidade e aceleração. Em geral os objetos
são pontos na superfície do corpo, representando propriedades
funcionais (articulações, braços de alavanca etc.). A resultante básica
da análise cinemática é a posição e a orientação dos segmentos
corporais;
A Dinamometria engloba todos os tipos de medição de força. As forças
mensuráveis são as forças externas, transmitidas entre o corpo e o
ambiente, isto é, forças de reação. De particular interesse são as forças
de reação do solo transmitidas na fase de apoio em atividades motoras
quase-estáticas ou dinâmicas. Juntamente com a constante massa
corporal, essas forças de reação do solo são a causa de qualquer
alteração do movimento do centro de gravidade;
11
A Antropometria em Biomecânica fornece as dimensões corporais
convencionais e – muito mais importante – a geometria do corpo e a
geometria das massas corporais. Os parâmetros obtidos são os
necessários à construção de modelos do corpo humano. Os valores
básicos são os comprimentos dos segmentos, circunferências e
volumes, posições articulares, braços de alavanca etc., outros valores
mais difíceis de se obter são as superfícies em 3D, secção transversa e
linha de ação dos músculos e ligamentos, secção transversa de osso
etc. Naturalmente os últimos valores estão no limite ou além das
nossas possibilidades experimentais atuais;
A Eletromiografia é o registro das atividades elétricas associadas às
contrações musculares. Diferentemente dos métodos acima
mencionados, que fornecem propriedades mecânicas, o
Eletromiograma – EMG representa ou pelo menos indica o estímulo
neural para o sistema muscular. Como um parâmetro de controle, o
EMG é de eminente importância para a modelagem do sistema
dinâmico neuro-músculo-esquelético. O resultado básico é o padrão
temporal dos diferentes grupos musculares sinergéticos, fornecendo
um bom quadro da coordenação das atividades musculares.
Segundo Alves (2001), no estudo da biomecânica, as leis físicas da
mecânica são aplicadas ao corpo humano. Desta forma é possível estimar as
tensões que ocorrem nos músculos e articulações durante uma postura ou um
movimento. Ao se fazer um movimento ou manter uma determinada postura, as
articulações devem ser conservadas, tanto quanto possível, em sua posição
neutra. Nesta posição os músculos e ligamentos que se estendem entre as
articulações são esticados o menos possível, ou seja, são tencionados o
mínimo. Além disto, é necessária a alternância de posturas e movimentos, pois,
a permanência por um longo período de tempo na mesma posição ou realizar o
mesmo movimento repetitivamente é muito fatigante. “Nenhuma postura ou
movimento repetitivo deve ser mantido por um longo período” (DUL e
WEERDMEESTER, 2004:7).
Alves (2001) considera que sendo a postura um elemento primordial da
atividade do homem, ela não se trata somente de se manter em pé ou sentado,
12
mas também da ação. Portanto, a postura é por um lado, suporte para a
tomada de informações e para a ação motriz, no meio exterior e, por outro lado
é, simultaneamente, meio de localizar as informações exteriores em relação ao
corpo e modo de preparar os seguimentos corporais e os músculos, com o
objetivo de agir sobre o ambiente.
Para Iida (1990), adotar posturas incorretas e, ainda, o levantar e
transportar cargas com pesos acima dos limites máximos permitidos, tanto
esporádica, quanto continuamente, provoca dores, deforma as articulações e
causa artrites, além de poder incapacitar o trabalhador.
Enfim, o objetivo da biomecânica é estudar o movimento. A ergonomia,
que visa à otimização dos postos de trabalho, tem a biomecânica como
instrumento para contribuir no bem estar físico e mental de trabalhadores.
3.2 O Profissional de Enfermagem
Conforme a Lei 7.498, de 25 de julho de 1986 a equipe de enfermagem é
composta por enfermeiros, técnicos de enfermagem, auxiliares de enfermagem
e parteiras (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENFERMAGEM, 1987). Devido a
isto, constitui-se o maior grupo de profissionais do setor saúde. Os profissionais
de enfermagem cadastrados no Conselho Federal de Enfermagem (COFEN),
até a atualidade é estimado em 137.896 enfermeiros, 309.111 técnicos de
enfermagem, 553.354 auxiliares de enfermagem e 23.623 atendentes
(COFEN, 2007).
Pires (1999) afirma que nas instituições hospitalares são utilizadas duas
formas de prestar assistência ao paciente/cliente: a de cuidados funcionais e a
de cuidados integrais.
Nos cuidados funcionais os profissionais desenvolvem um trabalho
rotineiro por tarefas, ou seja, trabalham em setores e tarefas específicas. Como
exemplo, em um determinado setor um trabalhador é responsável por aferir os
sinais vitais, outro é responsável por medicar, o outro por higienizar e assim por
diante.
Já nos cuidados integrais a assistência de enfermagem é realizada de
13
forma integral, ou seja, o mesmo trabalhador é responsável por todos os
cuidados necessários ao paciente que está sobre seus cuidados, portanto este
enfermeiro deverá medicar, higienizar, aferir os sinais vitais e assim por diante.
Souza (2003) cita que estas duas formas de prestar cuidado aos
pacientes são supervisionadas ou gerenciadas pelo profissional enfermeiro,
que ainda, em algumas instituições é responsável pela monitoração de outros
profissionais como copeiros, cozinheiros, pessoal de limpeza, além de
supervisionar estagiários. Portanto, nota-se que em alguns casos, existe uma
sobrecarga de atividades para este profissional.
Há certo consenso entre os especialistas, de que as instituições de saúde
vivem um momento de crise. Existe a carência de recursos materiais e
humanos, associadas a precárias condições organizacionais, que por vezes
põem em risco o desempenho dos profissionais (LUNARDI et al., 2000).
A condição precária das unidades de saúde vem trazendo muita
insatisfação aos profissionais desta área. Em uma pesquisa realizada por
Matos (1999), com 102 técnicos e auxiliares de enfermagem em um hospital
universitário brasileiro, os profissionais apontaram como os aspectos mais
críticos da profissão: a baixa remuneração (72%), pouca valorização
profissional (35%) e o desgaste físico e mental (35%).
Outra pesquisa, que obteve um impacto, foi a de Aiken et al. (2001), que
pesquisou em mais de 43 mil enfermeiras em mais de 700 hospitais localizados
nos Estados Unidos, Inglaterra, Escócia e Alemanha. Nesta pesquisa
constatou-se que entre as mais insatisfeitas com a profissão estavam as
americanas, com um percentual de 40%, visto que na América se encontram
as menores remunerações para esta classe de profissionais.
Para Bulhões (1994), os agentes de riscos químicos, físicos, biológicos e
ergonômicos podem ser considerados os principais responsáveis pelas
condições de periculosidade e insalubridade as quais encontram-se expostos
os profissionais de enfermagem.
Porém, é possível observar que os profissionais de enfermagem possuem
uma rotina variada e incerta, pois, a cada dia de trabalho ocorrem situações
diferenciadas, e conseqüentemente, imprevisíveis. Alguns autores como
Shimizu e Ciampone (1999), afirmam que a forma em que são divididas as
tarefas dos enfermeiros favorece certo individualismo na execução das tarefas
14
e, esta forma de divisão do trabalho da enfermagem, favorece o desgaste
psíquico destes profissionais além de contribuir para a perda do prazer no
exercício da profissão.
Vários estudiosos (MAURO, 1977; ALEXANDRE, 1987; MATOS, 1994;
LINHARES, 1994; MARZIALE, 1995; MAURO e CUPELLO, 2001;
ABRANCHES, 2005) estudaram os riscos ocupacionais existentes em
unidades de saúde, dando o foco de suas pesquisas à ergonomia e
demonstrando os diversos problemas ergonômicos a que estes profissionais
estão expostos, como desgaste físico, psíquico e emocional.
Na enfermagem é comum o aparecimento de lesões no sistema músculo-
esquelético. Alexandre (1998) descreve em sua pesquisa as condições
ergonômicas do trabalho que causam lesões no sistema músculo-esquelético
da coluna vertebral relacionando-as com as atividades ocupacionais da equipe
de enfermagem e enfatiza que a ergonomia tem sido difundida como uma das
mais importantes estratégias para reduzir problemas de trabalho que causam
lesões músculo-esqueléticos.
Marziale e Carvalho (1998) afirmam que as condições de trabalho da
enfermagem, em hospitais, vêm atraindo o interesse de muitos pesquisadores,
devido aos riscos que o ambiente oferece e aos aspectos penosos e
sacrificantes das atividades peculiares à assistência de enfermagem,
destacando-se o desrespeito aos ritmos biológicos e aos horários de
alimentação, falta de programa de trabalho, longas distâncias percorridas
durante a jornada de trabalho, dimensão inadequada de mobiliários e a
inexistência, insuficiência ou inadaptação de materiais.
Avaliar os postos de trabalho e as tarefas realizadas nestes, torna-se
necessário para que a saúde dos profissionais seja preservada, assim como
seu desempenho e eficiência em cada tarefa sejam otimizados, garantindo
também, um melhor atendimento aos pacientes.
Marziale e Carvalho (1998) afirmam que:
A atividade de trabalho é composta pela tarefa prescrita
(formal), pela tarefa real (efetivamente realizada), pelos
instrumentos utilizados para realização da tarefa e pelo posto
de trabalho (onde a tarefa é realizada). (MARZIALE e
CARVALHO, 1998).
15
Após a identificação do profissional de enfermagem e caracterização de
seus postos de trabalho, assim como suas tarefas, torna-se possível conhecer
e caracterizar a situação de trabalho destes profissionais.
16
4 METODOLOGIA
4.1 Local do Estudo
O estudo foi realizado em unidades de saúde do município de Caratinga –
MG. Há treze unidades de saúde existentes na cidade de Caratinga, destas
duas são particulares e onze públicas, sendo um Pronto Atendimento Médico
(PAM) e dez Unidades do Programa Saúde da Família (PSFs).
Para este estudo foram selecionados profissionais que trabalham em uma
unidade particular de saúde e no PAM, pois o PSF tem um caráter preventivo,
portanto, o estudo foi concentrado em locais onde o trabalho da equipe de
enfermagem se faz de forma mais intensa, relacionado a aferição dos sinais
vitais, preparação dos medicamentos, requisição dos medicamentos, higiene e
transporte de pacientes.
4.2 População e Amostragem
A população estudada foi composta de 81 profissionais, sendo:
Unidade particular de saúde – 66 profissionais
01 enfermeira;
58 técnicos em enfermagem, sendo 07 do gênero masculino e 51
17
feminino;
07 auxiliares de enfermagem, sendo 03 do gênero masculino e 04
feminino.
PAM – 15 profissionais
03 enfermeiras;
06 técnicos em enfermagem sendo, 01 do gênero masculino e 05 do
gênero feminino;
06 auxiliares de enfermagem, todos do gênero feminino.
Para o cálculo da amostra foi utilizada a equação proposta por Barbetta
(2002). Foi definido 5% como erro amostral, sendo a amostra composta de 67
indivíduos, que foram avaliados proporcionalmente, ao número existente em
cada local. Portanto, foram avaliados 55 profissionais no Hospital e 12 no PAM.
Fórmula utilizada para o cálculo da amostra:
Onde:
n é o tamanho da amostra;
N é o número de elementos da população;
No é a primeira aproximação do tamanho da amostra;
Para as análises estatísticas entre as varáveis qualitativas foi utilizado o
teste qui-quadrado, cuja fórmula, citada por Spiegel (1993) é:
Onde:
X
2
= valor do qui-quadrado
o= é a freqüência observada para cada classe;
e= é a freqüência esperada para cada classe.
Para a análise estatísticas entre variáveis quantitativas e qualitativas foi
18
utilizado o teste t de student, cuja fórmula, citada por Spiegel (1993) é
Onde:
t= valor do t de student
m= é a média da amostra;
μ
= é a média da população;
s
m=
é a estimação do erro padrão.
4.3 Atividades Analisadas
No trabalho da enfermagem as atividades variam ao longo do turno.
Portanto, existem algumas atividades que são realizadas com mais freqüência
pelos profissionais que atuam nesta área.
Estas atividades são: aferição dos sinais vitais, preparação dos remédios,
requisição do medicamento, higiene e remoção dos pacientes. Vale ressaltar
que dentre as atividades descritas como rotineiras aos profissionais de
enfermagem, o banho é um procedimento que não ocorre no PAM, pois, neste
ambiente os pacientes não permanecem internados.
4.3.1 Procedimentos para aferição dos sinais vitais
Para a aferição dos sinais vitais o profissional caminha até o paciente, e
inicia suas atividades.
Primeiro é avaliado a pressão arterial. Para esta atividade o
esfignonamômetro é posicionado no braço do paciente. É notável que o
profissional de enfermagem não tem uma posição confortável para a realização
desta atividade, que permanece em pé e precisa se inclinar para conseguir
visualizar os dados obtidos. Logo após a aferição deste dado o profissional
caminha até a mesa que fica posicionada no ambiente e anota as informações.
Esta mesa é baixa, razão pela qual o profissional curva-se para que consiga
anotar os dados.
19
Outro sinal averiguado é a freqüência cardíaca, que possui as mesmas
características das posições adotadas na mensuração da pressão arterial. O
enfermeiro apóia-se com o cotovelo na lateral da cama e averigua os
batimentos do paciente.
Complementando o profissional de enfermagem averigua a temperatura
do paciente. Para isto ele se posiciona na lateral da cama coloca o termômetro
no paciente e aguarda alguns minutos. Durante o tempo que o profissional
aguarda, ele pega uma prancheta e questiona o paciente sobre sua situação
naquele momento. Estas questões são referentes à dor ou qualquer outro
sintoma que o paciente possa estar apresentando no momento.
Após a realização destas atividades o profissional as repete com todos
os outros pacientes do seu setor. A Figura 1 demonstra o profissional de
enfermagem aferindo os sinais vitais do paciente.
FIGURA 1: Profissional aferindo sinais vitais do paciente.
20
4.3.2 Preparação dos medicamentos
Para a preparação dos remédios o profissional pega os materiais como os
copos onde serão transportados os remédios, alguns papéis para anotação e
posiciona tudo sobre o balcão. Nota-se que o balcão é muito baixo para quem
está em pé, porém, se o profissional sentar-se ele não terá mobilidade para
preparar os remédios e, além disto, o balcão ficará alto demais para esta
posição.
Após estas atividades, o profissional pega a ficha de prescrição e coloca
os remédios em cada copo, logo após, posiciona o copo em uma bandeja
grande, e debaixo de cada um coloca o nome do paciente que deverá receber
aquele medicamento.
Após esta atividade, o profissional pega a bandeja e passa em cada
ambiente onde se encontra o paciente para administrar os remédios. A
administração depende de cada paciente, pois caso este tenha condições,
pegará o medicamento para ingestão. Caso o paciente esteja impossibilitado
de pegar seu medicamento este deverá ser administrado pelo profissional. A
Figura 2 demonstra o profissional durante a preparação dos medicamentos.
FIGURA 2: Profissional de saúde durante a preparação dos medicamentos.
21
4.3.3 Requisição de medicamentos
Para este procedimento o profissional utiliza duas fichas, uma para
requisição de medicamentos e outra lista dos medicamentos em falta. No
ambiente possui uma mesa para o preenchimento da ficha de requisição, por
isso o profissional fica impossibilitado de sentar-se para a realização desta
atividade. A Figura 3 demonstra o profissional de saúde preenchendo a
requisição de medicamentos
FIGURA 3: Profissional de saúde preenchendo a requisição de medicamentos.
A altura da mesa dificulta no preenchimento da ficha devido a grande
inclinação que o profissional deve fazer.
Após o preenchimento da requisição de medicamentos o profissional a
encaminha para o setor responsável pela liberação dos medicamentos
solicitados.
4.3.4 Higienização dos pacientes
O banho dos pacientes pode ser dado no leito ou no chuveiro. Porém,
nesta pesquisa não foi possível a observação de um banho no chuveiro, por
falta de autorização do paciente. Esta atividade permitiria observar a postura
22
adotada pelo profissional ao executar esta atividade.
Para o banho dos pacientes no leito, o profissional fecha as janelas e
portas para que não haja visualização desta atividade por outras pessoas,
preservando a intimidade do paciente. Neste procedimento são utilizados uma
toalha de rosto, uma tolha de banho, bacia de banho, um balde, jarro com água
quente e sabonete anti-séptico. No banho do paciente, o profissional começa
higienizando a cabeça e termina nos pés.
Inicialmente o profissional passa água e sabonete na cabeça do paciente,
logo após enxuga. Em seguida faz a higiene dos ouvidos e enxuga, devendo
ter cuidado de não deixar umidade em nenhuma parte do corpo. Com uma das
mãos o enfermeiro suspende a toalha e com a outra lava o tórax e abdômen do
paciente; enxágua, seca e cobre com o lençol; lava as pernas fazendo
movimentos passivos nas articulações, massageia as proeminências ósseas e
panturrilha;flexiona o joelho do paciente e lava os pés, secando bem entre os
dedos;coloca o paciente em decúbito lateral, com as costas voltadas para ele,
protegendo-a com a toalha, lava, enxuga e seca; faz massagem de conforto;
coloca o paciente em posição dorsal; oferece a luva de banho para que o
paciente possa fazer sua higiene íntima, mas se o paciente tiver limitações, o
profissional calça as luvas e faz a higiene. A Figura 4 demonstra o profissional
de enfermagem realizando o procedimento de higiene do paciente.
FIGURA 4: Postura do profissional de saúde realizando procedimento de
higiene em um paciente.
23
4.3.5 Remoção e transportes de pacientes
A remoção do paciente ocorre em dois momentos. Um, quando é retirado
do leito e é transportado para exames ou cirurgias e outro, quando ocorre o
retorno do paciente para seu leito.
Para retirar o paciente do leito, uma maca móvel é posicionada ao lado da
cama do mesmo. Um profissional se posiciona na lateral da maca e o outro na
lateral da cama. Desta forma, eles utilizam a força para que possam suspender
o paciente e colocá-lo na maca.
Para transportá-lo, um profissional empurra a maca e o outro puxa.
Observa-se que ocorre um grande esforço quando existe a necessidade de
subir uma rampa. O profissional mantém os braços em contração isométrica,
tanto para empurrar como para puxar, pois além do peso transportado é
necessário manter a direção da maca, que possui rodas móveis que podem
mudar de direção ao se deparar com um piso irregular.
Para retirar o paciente da maca móvel e passá-lo para seu leito
novamente, o procedimento de retirá-lo da maca é repetido, porém, um
colchonete que está debaixo do mesmo é utilizado para auxiliar sua retirada.
Portanto, a maca móvel é posicionada ao lado da cama, o profissional se
posiciona do lado da cama e outro profissional ao lado da maca. Um
profissional puxa o paciente e o outro apóia e empurra. Assim que o paciente é
colocado em cima de sua cama, o colchonete é retirado.
Esta atividade é descrita pelos profissionais como a atividade que mais
exige do condicionamento físico dos mesmos. Pois, depende se o paciente
pode ajudar um pouco ou não e, além disto, como maior agravante, o peso do
paciente é a variável que tem maior influência na execução desta tarefa. As
Figuras 5 e 6, respectivamente, demonstram o profissional de saúde
removendo e transportando o paciente.
24
FIGURA 5: Profissional de saúde efetuando a remoção do paciente para a
cadeira de roda.
FIGURA 6: Profissional de saúde transportando paciente na maca.
25
4.4 Caracterização do Perfil dos Trabalhadores e das Condições de
Trabalho
Nesta fase do estudo foi realizada a caracterização do trabalho de
enfermagem em unidades de saúde, levantando o perfil destes profissionais,
mediante a aplicação de um questionário que contemplou variáveis como:
idade, sexo, estado civil, número de filhos, escolaridade, renda familiar, altura e
peso. Para as condições de trabalho, as questões buscaram informações sobre
características gerais do trabalho, treinamento, tempo de trabalho na empresa,
experiência na função, efeito do trabalho na saúde física e mental, utilização de
equipamentos de segurança e grau de satisfação (Anexo II).
Os questionários foram aplicados individualmente no próprio local de
trabalho, com a presença do pesquisador, para evitar problemas como erros de
interpretação e respostas equivocadas, permitindo imediato esclarecimento aos
trabalhadores.
As entrevistas contribuíram para o pesquisador conhecer as atividades
desenvolvidas no processo do trabalho em estudo e a se familiarizar com os
termos utilizados, assim como, conhecer outras dificuldades relacionadas ao
trabalho.
4.5 Avaliação da Carga de Trabalho Físico
A carga de trabalho físico foi avaliada por intermédio do levantamento da
freqüência cardíaca durante a jornada de trabalho, em diversas atividades. Os
dados serão coletados e analisados por meio do sistema da Polar Eletro Oy, da
Finlândia. O equipamento utilizado, modelo Polar Vantage NV, é formado por
três partes, um receptor digital de pulso, uma correia elástica e um transmissor
com eletrodos. O transmissor fixado ao trabalhador na altura do tórax, por meio
da correia elástica, emite os sinais de freqüência que são captados e
armazenados pelo receptor de pulso em intervalos de tempo predeterminados.
Ao término da coleta de dados, esses podem ser descarregados em um
computador por intermédio da interface que acompanha o equipamento e,
posteriormente, serem analisados por meio de um software desenvolvido pelo
26
próprio fabricante para esta finalidade.
Para a coleta de dados de freqüência cardíaca, o equipamento foi fixado
ao trabalhador no início da jornada de trabalho e retirado no final. Os valores
de freqüência cardíaca foram armazenados em intervalos de 5 segundos,
durante toda a jornada de trabalho. Paralelamente, foi realizado um estudo de
tempo e movimento durante toda a jornada, sendo possível identificar em quais
atividades ocorrem as maiores variações da freqüência.
Com base nestes dados, foi possível calcular a carga de trabalho físico e
estabelecer os limites aceitáveis para uma “performance” contínua no trabalho,
bem como ajustar a carga de trabalho físico à capacidade dos trabalhadores
para melhoria dos seus níveis de saúde, bem-estar e satisfação.
Os dados fornecidos por esta avaliação permitiram calcular a carga de
trabalho, conforme metodologia proposta por Apud (1997), que corresponde à
percentagem da freqüência cardíaca durante o trabalho, em relação à
freqüência cardíaca máxima utilizável. A carga cardiovascular é dada pela
seguinte equação:
Onde:
CCV = carga cardiovascular, em %;
FCT = freqüência cardíaca de trabalho (bpm);
FCM = freqüência cardíaca máxima (220 - idade);
FCR = freqüência cardíaca de repouso.
A freqüência cardíaca limite (FCL), cujo valor é dado em bpm, para a
carga cardiovascular de 40% é obtida pela seguinte fórmula:
4.6 Análise Biomecânica
A avaliação biomecânica foi realizada por meio da análise bidimensional,
27
utilizando técnicas de filmagem com filmadora digital, com o trabalhador em
diversos ângulos. Os movimentos foram paralisados para medição dos ângulos
dos diversos segmentos corpóreos. As forças envolvidas foram medidas para
aplicação do programa computacional de modelo biomecânico bidimensional
de predição de posturas e forças estáticas, desenvolvido pela Universidade de
Michigan, Estados Unidos da América (1993) cedido pelo Departamento de
Ergonomia da Universidade Federal de Viçosa – MG –UFV.
Durante o manuseio de determinada carga, o modelo, que é utilizado em
um software computacional, considera o corpo humano dividido em cinco
articulações, sendo: braços, tronco, coxofemorais, joelhos e tornozelos. Para
realização da análise, devem ser fornecidos os ângulos de cada uma dessas
articulações durante a execução da operação, vistos por diferentes posições,
além dos dados de magnitude e direção das forças utilizadas e o número de
mãos utilizadas e os dados antropométricos de altura e peso do trabalhador
(UNIVERSITY OF MICHIGAN, 1993).
A análise, através do programa computacional, forneceu a carga-limite
recomendada, que corresponde ao peso que mais de 99% dos homens e 75%
das mulheres conseguem levantar. A carga-limite recomendada pelo software
induz a uma força (medida em Newton) de compressão da ordem de 3.426,3 N
sobre o disco L
5
-S
1
da coluna vertebral, que pode ser tolerada pela maioria dos
trabalhadores jovens e em boas condições de saúde (SILVA, 2003).
28
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Caracterização do Perfil dos Trabalhadores e das Condições de
Trabalho
5.1.1 Dados pessoais dos trabalhadores
No estudo do perfil dos trabalhadores foram analisados variáveis como
dados pessoais, grau de escolaridade, treinamento, tempo na função, carga
horária, satisfação salarial, percepção sobre seu trabalho, disponibilidade de
materiais e satisfação no trabalho.
A Tabela 2 apresenta alguns dados pessoais dos trabalhadores
entrevistados.
29
TABELA 2: Dados pessoais dos trabalhadores de enfermagem
Variáveis Analisadas Valores médios e porcentagem
Idade 35 anos
Peso 68 kg
Estatura 165 cm
Gênero
Masculino 19,5%
Feminino 80,5%
Lateralidade
canhoto 8,0%
destro 92,0%
Nota-se que a idade média dos trabalhadores é baixa. Durante a
entrevista, os trabalhadores afirmaram que dificilmente alguém se aposenta na
profissão, quase sempre abandonam antes da idade necessária para
aposentar, ou se aposentam com problemas de saúde.
De acordo com os dados contidos na Tabela 2, é notável que a maioria
dos trabalhadores de enfermagem são mulheres. Este dado é compatível com
a literatura, pois, Lopes e Leal (2005) afirmam que devido ao fato do
surgimento da enfermagem ter sido organizado pelas instituições de ordens
sacras, foi imposto à enfermagem, por um longo período, que seu exercício
profissional deveria ser majoritariamente feminino. Estes autores ainda
demonstram que até o ano de 2003, 86% dos trabalhadores de enfermagem no
Brasil eram do sexo feminino.
5.1.2 Escolaridade dos trabalhadores
A Tabela 3 apresenta os dados referentes à escolaridade dos
trabalhadores.
30
TABELA 3: Escolaridade dos trabalhadores de enfermagem
Escolaridade dos trabalhadores
Porcentagem de trabalhadores
1º grau 14,9
2º grau 76,0
3º grau incompleto 5,9
3º grau completo 3,2
Após a aplicação do questionário, em conversa com os profissionais, foi
possível constatar que muitos não continuam os estudos devido ao salário que
é considerado muito baixo. Os profissionais com curso superior em
enfermagem continuam atuando como técnicos e recebendo o mesmo salário.
Devido a isto, os demais não se sentem motivados a continuar estudando,
alegando a falta de recompensa financeira.
5.1.3 Situação familiar dos trabalhadores
Durante as entrevistas ficou evidenciado que os profissionais casados, ou
seja, 49% da amostra têm maiores dificuldades que os demais, visto que
possuem maiores necessidades financeiras. Alguns afirmaram que trabalham
para complementar a renda da família, pois gostariam de estar participando
mais da educação dos filhos. Outros profissionais, do grupo de divorciados,
afirmaram que perderam seus parceiros devido ao estresse ocasionado pelo
trabalho, visto que chegam em casa exaustos, não tendo condições alguma de
dar atenção a seus parceiros. A Tabela 4 demonstra a situação familiar dos
trabalhadores de enfermagem.
31
TABELA 4: Situação familiar dos trabalhadores de enfermagem
Variáveis analisadas Valores médios e porcentagem (%)
Estado civil
Casado 49,0
Solteiro 38,0
Divorciado 13,0
Número de filhos
Possuem filhos 48,0
Média de filhos 1,6 (nº.)
Média de pessoas que possuem
renda em casa
2,2 (nº.)
De acordo com as informações dos entrevistados, é necessária mais de
uma fonte de renda em casa, visto que o salário que recebem é muito baixo,
dificultando até mesmo, o atendimento de suas necessidades básicas.
5.1.4 Dados ocupacionais
A Tabela 5 apresenta dados ocupacionais referentes aos trabalhadores
de enfermagem no município de Caratinga.
TABELA 5: Dados ocupacionais
Variáveis analisadas Valores médios (%)
Função
Auxiliar 15,0
Técnico 85,0
Recebeu treinamento ao
entrar na empresa
Sim 45,0
Não 55,0
Recebe treinamento
periódico
Sim 20,0
Não 80,0
32
TABELA 5: Continuação
Turno
Diurno 60,0
Noturno 40,0
Carga horária dia de trabalho
12h 90,0
8h 10,0
Horas extras
Sim 7,5
Não 92,5
Pausas durante a jornada
Sim 83,5
Não 16,5
Considera o salário
adequado
Sim 1,5
Não 98,5
Quantidade de tarefas
Adequada 40,0
Excessiva 60,0
Distribuição das tarefas
Adequada 61,0
Inadequada 39,0
Para realizar as tarefas há
esforço significativo
Sim 86,0
Não 14,0
Você considera suas tarefas
Normais 15,0
Repetitivas 25,0
Imprevisíveis 60,0
Utiliza Equipamento de
Proteção Individual (EPI)
Sim 75,0
Não 25,0
Entre os trabalhadores de enfermagem entrevistados o número de
técnicos foi consideravelmente maior que o número de auxiliares. Durante as
entrevistas, os trabalhadores afirmaram que atualmente, não existem mais
cursos de auxiliar, portanto, a maioria é formada em cursos técnicos, porém,
alguns afirmam que apesar do técnico se encontrar em nível educacional acima
do auxiliar, a diferença salarial é ínfima, não motivando os auxiliares a se
especializarem mais.
O Parecer nº. 3814/76, do Conselho Federal de Educação, fixou os
33
conteúdos curriculares mínimos, em termos da formação do auxiliar de
enfermagem e revisou os estabelecidos pelo Parecer 45/72, em relação ao
técnico. As Resoluções nº. 7 e 8, do Conselho Federal de Educação, em 1977,
regulamentaram a formação de Técnicos e Auxiliares de Enfermagem. A
Resolução nº. 7 instituiu os dois cursos como habilitações referentes ao 2º grau
e a Resolução n° 8 permitiu que o auxiliar de enfermagem fosse preparado ao
nível de 1º grau, intensivamente, em caráter emergencial, dada a realidade
vivida pela clientela (GALVÃO, 1994).
Em relação ao treinamento, nota-se que 55% dos trabalhadores de
enfermagem não receberam treinamento ao entrar na empresa e 80% não
recebem treinamento periódico. Segundo Farias (2004), com a rapidez de
informação e transformações sucessivas, no que se refere a mudanças no
mundo moderno e a alta demanda, existe a necessidade de treinamentos, pois
o improviso para a realização de atividades, força o trabalhador a empregar
mais sua capacidade de concentração para não cometer erros, prejudicando
sua qualidade de vida no trabalho.
Os turnos diferenciados são necessários à profissão de enfermagem,
visto que é necessário que haja um acompanhamento dos pacientes 24h por
dia.
No que se refere à carga horária diária, percebe-se que os profissionais
enfermagem, estão sujeitos ao regime de plantões, trabalhando 12 (doze)
horas consecutivas, compensadas com folgas de 36 (trinta e seis) horas
consecutivas, respeitando-se os demais preceitos trabalhistas para repouso e
alimentação durante a jornada de trabalho.
No que se refere a horas extras, 7,5% dos profissionais afirmaram que,
algumas vezes, dobram o turno, ou seja, trabalham por 24 horas sem
descanso.
Ao se tratar do salário, apenas 1,5% dos entrevistados afirmou estar
satisfeito com sua remuneração. Os profissionais de enfermagem afirmaram
que recebem, praticamente, o salário mínimo, porém alegam que realizam uma
tarefa especializada e de uma grande importância, pois lidam com a saúde das
pessoas. Estes afirmam que a remuneração é o fator de maior desmotivação
na profissão. Este dado está compatível com a literatura, porque estudos como
de Matos (1999) que demonstrou que 72% de seus entrevistados fizeram
34
referência ao salário como sendo o aspecto mais crítico da profissão.
Durante a jornada de trabalho, 16,5% afirmaram que não possuem pausa
alguma, principalmente, quando existe um movimento além do normal. Sabe-se
que em uma jornada de 12 horas é necessário que o funcionário tenha uma
pausa, pois Gonçalves e Fischer (2004) afirmam que os turnos de 12 horas de
trabalho contínuo por 36 horas de descanso, exigem esforços físicos e mentais
intensos em profissionais da área de saúde, completando que existe a
necessidade de mudanças neste esquema de turnos, visto que, fora o horário
de almoço e café, não há preconização de pausas durante a jornada.
Em relação à quantidade de tarefas, a serem executadas na jornada de
trabalho, constatou-se que 60% dos trabalhadores consideram excessivas.
Durante depoimento, alguns afirmaram que quando aumenta o número de
pacientes, os funcionários de plantão não conseguem realizar suas tarefas
corretamente, e passam praticamente, todo o turno sem nenhum descanso,
realizando até mesmo, tarefas que não são de sua obrigação.
Quando questionados sobre a distribuição das tarefas, 39% dos
trabalhadores relataram que as mesmas são distribuídas de forma inadequada,
sendo que alguns profissionais realizam uma carga de atividades muito maior
do que a de outros. Além desta reclamação, alguns afirmaram que muitas
vezes existem algumas confusões em relação à função de cada um, ou seja,
um funcionário realiza a atividade de outro por ordens de seus superiores.
Em relação ao esforço, 14% dos trabalhadores afirmaram que a maioria
das atividades é leve, porém algumas, como o transporte de pacientes causam
diversos transtornos, como dores no corpo. Duas profissionais relataram que
quando vão transportar algum paciente, amarram uma faixa nas pernas, pois
acreditam que esta ação reduz as dores após os esforços e diminui o
aparecimento de varizes. Torres e Pinho (2006) afirmam que um dos fatores
responsáveis pelo afastamento de profissionais de enfermagem, em um
hospital do Distrito Federal, é o esforço excessivo, causando aos trabalhadores
lesões osteomusculares e do tecido conjuntivo. Neste estudo os autores
avaliaram 698 casos de afastamento.
Ao analisar a percepção dos trabalhadores sobre suas tarefas, 60% julga
suas tarefas imprevisíveis, pois, nunca sabem o que encontrarão em seu dia de
trabalho, visto que, se deparam com pacientes com acometimentos à saúde
35
considerados leves, outras vezes com pacientes baleados, esfaqueados, com
doenças fortes, agonizando, e outros.
Em relação à utilização dos EPIs (luvas, máscaras etc.) 75% afirmou que
utiliza, mas que muitas vezes, estes equipamentos não estão disponíveis e
outras vezes incomodam durante a realização das tarefas. Caetano et al.
(2006) afirmaram que a não utilização de EPI foi responsável por 50% dos
acidentes ocorridos com profissionais de enfermagem, e julgam que para
mudar este quadro, existe a necessidade de um programa de educação
continuada para o esclarecimento das necessidades de utilização destes
equipamentos.
5.1.5 Saúde ocupacional
A Tabela 6 demonstra alguns dados referentes à saúde ocupacional.
TABELA 6: Saúde ocupacional
Variáveis analisadas Valores médios (%)
Toma algum medicamento
Sim 27,0
Não 73,0
Fazendo tratamento médico
Sim 20,0
Não 80,0
Você se sente, fisicamente,
para este trabalho
Disposto 56,0
Indisposto 44,0
A maioria que declarou utilizar medicamentos informou que o uso é para
dores de cabeça e no corpo, principalmente na coluna. Alguns citaram que se
não tomassem remédios para dor não conseguiriam voltar no próximo plantão.
No item sobre tratamento médico, 20% dos profissionais de enfermagem
passaram por este processo. Destes 20% representado por 14 profissionais, 3
alegaram diabetes, 5 hipertensão arterial e 6 dores nas costas.
36
Dos que alegaram ter diabetes, descreveram que sua doença foi
adquirida, portanto possuem o diabetes mellitus tipo II. Estes trabalhadores
adquiriram a doença devido a obesidade, já na vida adulta. Aquino et al. (2001)
afirmaram em sua pesquisa que 16,5% dos profissionais de enfermagem
apresentavam obesidade estando estes suscetíveis a doenças oriundas deste
mal.
Aquino et al. (2001) descreveram em sua pesquisa com 494 profissionais
de enfermagem, com média de idade de 37,7 anos, que estes possuíam carga
de trabalho profissional bastante expressiva, constatando hipertensão arterial
em 36,4% destes profissionais.
Pinho et al. (2001) afirmaram que são diversos os fatores que levam o
profissional de enfermagem a sentirem dores na coluna, dentre os fatores
profissionais citaram: manutenção de uma mesma postura por tempo
prolongado, especialidades, tempo de serviço e condições de trabalho. Estes
autores ainda afirmaram que fatores de riscos individuais como idade, sexo,
riscos ergonômicos como exigência da tarefa, equipamentos e mobiliário,
também podem afetar o indivíduo no que se refere a dores na coluna.
Em relação ao item disposição no trabalho, 44% dos profissionais de
enfermagem afirmaram indisposição para o trabalho. Durante depoimento, os
profissionais citaram que além do desgaste físico, estes são acometidos a uma
grande carga mental de trabalho, devido a cobrança dos chefes, colegas e
pacientes.
5.1.6 Saúde cognitiva
Os dados referentes à saúde cognitiva dos trabalhadores de enfermagem
estão apresentados na Tabela 7.
37
TABELA 7: Saúde cognitiva
Variáveis analisadas Valores médios (%)
Como se sente mentalmente
para o trabalho
Bem 38,0
Cansado 62,0
Está satisfeito com o
trabalho
Sim 64,0
Não 36,0
Sua família encontra-se
Satisfeita 34,0
Insatisfeita 24,0
Não opina 42,0
Valorizado pela empresa
Sim 42,0
Não 58,0
Respeitado pelos colegas
Sempre 56,5
Nunca 13,5
Ás vezes 30,0
Respeitado pelos pacientes
Sempre 37,0
Ás vezes 63,0
Quando questionados como se sentem mentalmente para o trabalho, 62%
dos profissionais de enfermagem afirmaram que se sentiam cansados. Alguns
relataram que acordavam pela manhã como se estivessem acabado de deitar
para dormir, ou seja, com a sensação de cansaço do final da jornada de
trabalho. Sobre este tema Marziale e Rozestraten (1995) citam que, em relação
a carga mental de trabalho, tem-se a diversidade e a complexidade dos
procedimentos técnicos, a hierarquização, a organização do trabalho, a
vivência com o sofrimento, com a dor e a morte, sendo estes os principais
causadores de carga mental excessiva no trabalho dos profissionais de
enfermagem.
No que se refere à satisfação com o trabalho, 64% dos entrevistados
afirmaram que estão satisfeitos, pois, o índice de desemprego está elevado e é
melhor estar trabalhando do que desempregado. Os 36% que alegaram
insatisfação, afirmaram em depoimento que o salário que recebem, não
38
compensa o cansaço físico e mental, sem contar que a convivência com a dor
e morte que os leva, em alguns casos, a uma tristeza muito grande no fim da
jornada de trabalho.
No item referente à família, observa-se que uma considerável parte da
família, 24% está insatisfeita com o trabalho e 42% nem sequer opina sobre o
tema. Medina e Takahashi (2003) afirmam que para profissionais de
enfermagem o convívio familiar está aquém das expectativas, Lunardi (1997)
completa citando que o trabalho aos sábados e domingos impõe restrições à
vida familiar e social devido à dinâmica nas organizações que resulta em um
trabalho ininterrupto, principalmente na área da saúde. Ao ser questionado
sobre sua valorização pela empresa, 58% dos trabalhadores afirmaram que
não se sentem valorizados pela empresa. Esta percepção está associada,
principalmente, ao salário que recebem e a falta de melhorias nas condições de
trabalho, dando uma ênfase na organização do trabalho, pois os profissionais
alegam que o número de profissionais deveria ser maior. Elias e Navarro
(2006) afirmam que a insegurança gerada pelo medo do desemprego faz com
que as pessoas se submetam a regimes e contratos de trabalho precários,
percebendo baixos salários e arriscando suas vidas e saúde em ambientes
insalubres, de alto risco.
Em relação ao respeito por parte dos colegas, 13,5% afirmam que nunca
são respeitados pelos colegas e 30% relataram que são respeitados às vezes.
Ao explicar a questão do desrespeito, surgiu um novo agente, o médico. A
maioria relatou que os médicos, apesar de serem colegas, muitas vezes as
tratam com falta de respeito, o que acaba criando tensão no relacionamento,
devido até mesmo ao medo de críticas. Lunardi et al. (2007) afirmam em sua
pesquisa que sentimentos de sofrimento foram associados à mágoa, diante das
avaliações do trabalho da enfermagem, sem considerar as condições em que é
realizado. Ainda sobre os sentimentos de sofrimento destacam a necessidade
dos profissionais de cumprir o que reconhecem como incoerências
administrativas quanto a rotinas, normas e punições, a impotência, culpa e
medo, diante da impossibilidade de executar o que consideram como o correto
e de manifestar movimentos de resistência explícita frente ao risco de punição,
a angústia e preocupação em usar equipamentos e aparelhos avariados, a falta
de respeito de médicos, conduzindo a um clima de intranqüilidade e pavor,
39
dentre outros.
No item que questiona se o profissional se sente respeitado pelos
pacientes, 63% afirmaram que às vezes sentem respeito. Durante relato,
alguns afirmaram que muitas vezes os pacientes transferem seus problemas
para eles, tratando-os com falta de educação. Lunardi et al. (2007) afirmam
que, muitas vezes, os profissionais de enfermagem são submetidos ao
sofrimento moral, tanto por parte da equipe quanto pelo desrespeito dos
clientes.
5.2 Análise Estatística
Para avaliar a relação entre as variáveis, dando validade científica às
mesmas, foram realizadas análises estatísticas para averiguar associações
entre os dados levantados. As Tabelas abaixo representam as correlações
realizadas.
A Tabela 8 contém o resultado da associação entre a disposição para
trabalhar na unidade de saúde particular, e na unidade pública. Os resultados
demonstram que não há diferença, significativa, entre estes dois grupos de
profissionais.
TABELA 8: Associação entre presença ou ausência de disposição para o
trabalho em função do local
Disposição
Local
Total
particular pública
Disposto 31 7 38
Indisposto 16 7 23
Total 47 14 61
X² tabelado= 3,84
X² calculado= 1,17
A Tabela 9 contém a associação entre a unidade de saúde particular e
40
pública, em relação ao respeito dado pelos pacientes. Os resultados
demonstram que não há diferença de respeito dado pelos pacientes nestas
duas unidades.
TABELA 9: Associação entre o respeito dos pacientes em função do local
Respeito
pelos
pacientes
Local
Total
particular pública
Sempre 20 3 23
Nunca 0 0 0
Ás vezes 27 11 38
Total 47 14 61
X² tabelado= 3,84
X² calculado=2,05
A Tabela 10 contém a associação entre a quantidade de profissionais da
unidade particular e da pública que fazem algum tratamento médico. Os
resultados demonstram que não a diferença significativa entre estas duas
unidades.
TABELA 10: Associação entre presença ou ausência de tratamento médico em
função do local
Tratamento
médico
Local
Total
particular pam
Sim 9 4 13
Não 38 10 48
Total 47 14 61
X² tabelado= 3,84
X² calculado= 0,57
41
A Tabela 11 contém a associação entre o tempo na função e a disposição
para o trabalho. Os resultados demonstram que não relação entre estas duas
variáveis.
TABELA 11: Associação entre o tempo na função e a disposição para o
trabalho
Tempo na função
Disposição para o trabalho
Total
Bem disposto Mal disposto
Menos de 6 meses 0 0 0
6 meses a 1 ano 7 1 8
1 a 5 anos 10 7 17
5 a 10 anos 11 8 19
Mais de 10 anos 10 7 17
Total 38 23 61
X² tabelado= 7,81
X² calculado= 2,49
A Tabela 12 contém a associação entre o tempo na função e a satisfação
para o trabalho. Os resultados demonstram que não há relação significativa
entre estas duas variáveis.
42
TABELA 12: Associação entre o tempo na função e a satisfação para o
trabalho
Tempo na função
Satisfação
total
sim não
Menos de 6
meses
0 0 0
6 meses a 1 ano 9 0 9
1 a 5 anos 8 8 16
5 a 10 anos 9 9 18
Mais de 10 anos 11 7 17
Total 37 24 61
X² tabelado= 7,81
X² calculado= 7,46
A Tabela 13 contém a associação entre o gênero e a percepção que cada
um tem do esforço que realizam durante suas atividades. Os resultados
demonstram que não há relação significativa entre estas variáveis.
TABELA 13: Associação entre o gênero e a percepção de esforço físico
Gênero
Esforço físico
total
não sim
Masculino 2 10 12
Feminino 3 46 49
Total 5 56 61
X² tabelado= 3,84
X² calculado= 1,42
A Tabela 14 contém a associação entre a forma que os profissionais de
enfermagem se sentem mentalmente e a percepção, que os mesmos têm, em
relação à valorização de seus serviços, pela empresa. Os resultados
43
demonstram que não há relação significante entre estas variáveis.
TABELA 14: Associação entre a forma que se sente mentalmente em função
da percepção da valorização pela empresa
Se sente
mentalmente
Valorização pela empresa Total
sim não
Cansado 14 12 26
Bem 23 12 35
Total 37 24 61
X² tabelado= 3,84
X² calculado= 0,88
No estudo das correlações foi utilizado o teste qui-quadrado que mede
associação entre duas variáveis qualitativas. Após a aplicação do teste
percebe-se que o qui-quadrado calculado foi menor que o esperado (tabelado),
portanto, aceita-se a hipótese nula, ou seja, não há associação entre as
variáveis.
5.3 Avaliação da Carga de Trabalho Físico por Meio da Freqüência
Cardíaca
O Quadro 2 representa os resultados referentes ao comportamento da
freqüência cardíaca durante o período de trabalho dos profissionais de
enfermagem.
44
QUADRO 2: Resultados da avaliação da carga cardiovascular
Atividade
CCV
(%)
FCT FCL FCR FCM
Classificação
do trabalho
Bpm
Aferição dos
sinais vitais
17,2 94 118 75 185 Leve
Preparação
dos remédios
17,2 94 118 75 185 Leve
Requisição do
medicamento
17,2 94 118 75 185 Leve
Higiene 17,2 94 118 75 185 Leve
Remoção dos
pacientes
53,0 133 118 75 185 Pesada
CCV= carga cardiovascular, FCT= freqüência cardíaca no trabalho, FCL= freqüência cardíaca
limite, FCR= freqüência cardíaca de repouso, FCM= freqüência cardíaca máxima
Ao observar a aferição dos sinais vitais, preparação dos remédios,
requisição de medicamentos e banho, nota-se que são atividades classificadas
como leves, visto que está abaixo do limite de 40% recomendado pela
literatura, mais precisamente por Apud (1989). Isto se justifica, pois as
atividades anteriores, não exigem grande esforço físico, tendo apenas
implicações posturais.
As atividades remoção e transporte de pacientes exigem um grande
esforço físico dos trabalhadores de enfermagem. Para desenvolver esta
atividade, a carga cardiovascular exigida foi de 53%. Este valor está acima do
limite de 40% recomendado por Apud (1989). Durante a execução de
atividades que exigem grande esforço cardiovascular, o fluxo sanguíneo para o
coração pode ser prejudicado, a ponto de ocorrer tonteira e vertigem, quando
se reduz o fluxo sanguíneo para o cérebro (KATCH e MCARDLE, 1996).
A freqüência cardíaca limite calculada para que os trabalhadores
pudessem realizar as atividades com segurança foi de 118 bpm. No entanto, a
45
freqüência cardíaca média dos trabalhadores foi de 94 bpm em todas as
atividades, menos no transporte de pacientes que teve como média 133 bpm,
sendo possível observar picos de 153 bpm, caracterizando a atividade,
segundo Couto (2002), como pesada.
Para uma jornada de trabalho, a freqüência cardíaca não deve exceder a
110 bpm (COUTO, 1995). Todavia, esta não é a realidade da atividade de
remoção e transporte de pacientes. As oscilações da freqüência cardíaca
podem ser observadas na Figura7.
FIGURA 7: Freqüência cardíaca de um profissional de enfermagem, observada
durante a jornada de trabalho.
Segundo Couto (1987), um dos resultados esperados quando o
trabalhador é exigido acima de seu limite é a fadiga física, que pode se
manifestar das seguintes maneiras: tendência a cãibras, dores musculares,
lombalgias e tendinites; absenteísmo; tremores e erros que podem levar a
acidentes; envelhecimento precoce; uso excessivo do álcool como fonte de
energia e redução do ritmo de trabalho, de atenção e de rapidez de raciocínio,
tornando o operador sujeito a erros e acidentes. Além deste, Rio e Pires (1999)
afirmam que o trabalho pesado pode causar problemas músculo-esqueléticos,
além de obrigar o organismo a adaptações orgânicas que possibilitam o
funcionamento do corpo sob exigências físicas maiores. Assim, indivíduos não
46
habituados a trabalhos considerados pesados, mesmo que possuam condição
física, deverão assumi-lo gradativamente, criando condições para os músculos,
tendões e articulação.
5.4 Avaliação Biomecânica
Para a análise biomecânica foi levado em consideração o transporte e a
remoção do paciente, pois são as atividades que envolvem força.
O transporte, representado pela ação de empurrar a maca, apresentou
risco de lesão de 13% para os cotovelos, 27% para os ombros, 90% para o
dorso, 45% para os coxofemorais, 100% para os joelhos e 100% para os
tornozelos.
A remoção da maca, representada por três momentos sendo o primeiro, a
remoção do paciente da maca, fase 1, apresentou risco de lesão de 100% para
os cotovelos, 25% para os ombros, 38% para o dorso, 1% para os
coxofemorais, 15% para os joelhos e 4% para os tornozelos. A fase dois da
remoção apresentou risco de lesão de 10% para os cotovelos, 11% para os
ombros, 20% para o dorso, 1% para os coxofemorais, 10% para os joelhos e
3% para os tornozelos. A última etapa que é o posicionamento do indivíduo na
cadeira de rodas apresentou risco de lesão de 10% para os cotovelos, 2% para
os ombros, 3% para o dorso, 1% para os coxofemorais, 3% para os joelhos e
1% para os tornozelos.
O Quadro 3 apresenta o resultado da análise biomecânica para as
atividades de transporte e deslocamento de pacientes. Para cada uma das
fases destas atividades são mostrados se as articulações apresentam ou não
algum problema causado pela carga de trabalho. A sigla SRL representa “Sem
Risco de Lesão nas Articulações”, ou seja, mais de 99% dos trabalhadores
conseguem suportar a carga imposta pela atividade sem risco para as
articulações envolvidas e a sigla CLR representa “Carga Limite Recomendada
Ultrapassada”, ou seja, menos de 99% dos trabalhadores conseguem suportar
a carga imposta pela atividade sem risco para as articulações.
47
QUADRO 3: Resultados da análise biomecânica das atividades de transporte e
remoção de pacientes
Atividade Fase
Postura
estática
selecionada
para análise
Articulações e suas respectivas condições de suportar a carga.
Sem Risco de Lesão (SRL) e com risco de lesão, ou seja, Carga
Limite Recomendada Ultrapassada (CLR)
cotovelo Ombro
Disco
Coxo
Joelho tornozelo
Transporte
Empurrar
maca
CLR CLR CLR CLR CLR CLR
Remoção
Deslocar o
paciente da
maca
(posição
inicial)
CLR CLR CLR CLR CLR CLR
Deslocar o
paciente da
maca
(posição
final)
CLR CLR CLR CLR CLR CLR
Posicionar o
paciente na
cadeira de
rodas
CLR CLR CLR CLR CLR CLR
Fonte: Resultados obtidos após a aplicação modelo bidimensional de predição de posturas e
forças estatísticas, desenvolvido pela Universidade de Michigan, dos Estados Unidos
(MICHIGAN, 2005)
A Tabela 15 apresenta a força de compressão no disco vertebral L5 – S1
nas atividades de transporte e remoção de pacientes. Os resultados da análise
evidenciaram que a atividade de “empurrar a maca” oferece risco de
compressão do disco L5 – S1 da coluna vertebral, com força de compressão de
5861,0 + 459N. As demais atividades não oferecem risco para o disco vertebral
L
5 – S1, visto que estão abaixo do valor recomendado por Michigan (2005) que
é de 3426,3N. Valores superiores a este devem ser evitados, pois oferece
riscos à saúde do trabalhador.
48
TABELA 15: Força de compressão no disco L
5
– S
1
nas atividades de
transporte e remoção de pacientes
Atividade Fase do ciclo
Força de compressão
no disco
L
5
– S
1
(N)
Transporte Empurrar maca 5861 + 459
Remoção de
pacientes
Deslocar o paciente da maca
(posição inicial)
1976 + 549
Deslocar o paciente da maca
(posição final)
1011 + 268
Posicionar o paciente na
cadeira de rodas
1526 + 421
49
6 CONCLUSÃO
A idade média dos profissionais de enfermagem é de 35 anos e 80,5%
são do gênero feminino, estando estes resultados, compatíveis com o
que descreve a literatura.
A carga cardiovascular nas atividades gerais como aferição de sinais
vitais, preparação de medicamentos, requisição de medicamentos e
banho foi foram classificadas como leve.
A atividade de remoção e transporte de pacientes apresentou carga
cardiovascular acima do valor recomendado e os trabalhadores
exerceram esta atividade acima do valor da freqüência cardíaca limite
de uma jornada de trabalho, sendo a atividade classificada como
pesada.
Na avaliação biomecânica verificou-se que todas as articulações,
apresentaram a carga limite ultrapassada, para suportar peso.
A atividade de empurrar a maca oferece risco de compressão do disco
L5 – S1 da coluna vertebral, com força de compressão igual a 5861,0 +
459N.
50
7 RECOMENDAÇÕES
Como forma de melhoria das condições ergonômicas da atividade de
enfermagem, da saúde, do conforto, da segurança e do bem-estar dos
profissionais de enfermagem, visando uma maior satisfação tanto para esses
trabalhadores como para os pacientes, sugere-se a adoção das seguintes
medidas:
Realizar análise ergonômica do trabalho (AET), voltada aos mobiliários,
objetivando adequar os postos de trabalho aos profissionais de
enfermagem.
Para os equipamentos de remoção e transporte de pacientes é
necessário criar soluções que diminuam o esforço dos trabalhadores.
Discutir a questão salarial dos profissionais de enfermagem, pois os
mesmos se mostraram insatisfeitos;
Utilizar o método OWAS (1990) de análise biomecânica, para avaliar os
demais postos de trabalho, contemplando a postura destes
profissionais.
51
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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56
9 ANEXOS
Anexo 1: Questionário (Análise Ergonômica do Trabalho)
Dados pessoais
1. Nome: ______________________________________________________
2. Gênero ( ) masculino ( ) feminino
3. Idade ____________
4. Estado civil ( ) casado ( ) solteiro ( ) divorciado
5. Escolaridade ( ) 1º grau ( ) 2º grau ( ) 3º grau incompleto
( ) 3º grau completo
6. Você tem filhos? ( ) sim ( ) não
7. Quantas pessoas possuem renda em sua casa? ______________________
_______________________________________________________________
Características Físicas
8. Altura _________cm Peso _____________kg
9. Mão predominante ( ) direita ( ) esquerda ( ) ambas
57
Dados Ocupacionais
10. Função?
( ) auxiliar de enfermagem ( ) técnico de enfermagem ( ) enfermeiro
11. Ao entrar na empresa recebeu treinamento? ( ) sim ( ) não
12. Você recebe periodicamente treinamentos da empresa? ( ) sim ( ) não
13. Turno em que você trabalha ( ) matutino ( ) vespertino ( ) noturno
( )matutino e vespertino
14. Qual sua carga diária de trabalho? ( )6h ( )8h ( )12h ( )24h
15. Você faz horas extras? ( )sim ( ) não
Número de horas mensal:____
16. Você tem pausas durante sua jornada de trabalho? ( ) sim ( ) não
17. Tempo na função ( ) menos de 6 meses ( ) de 6 meses a 1 ano
( ) 1 a 5 anos ( ) 5 a 10 anos ( ) mais de 10 anos
18. Tempo na empresa ( ) menos de 1 ano ( ) 1 a 5 anos ( ) 5 a 10 anos
( ) mais de 10 anos
19. Você considera seu salário adequado à sua função? ( )sim ( ) não
20. A quantidade de tarefas que realiza em cada jornada de trabalho é:
( ) excessiva ( ) adequada
( ) outro ____________________________________________________
21. A distribuição de tarefas quanto a quantidade são:
( ) adequadas ( ) inadequadas
58
22. Para realizar suas tarefas há esforço físico significativo?
( ) não ( ) sim
23. Como você considera suas tarefas?
( ) normais ( ) repetitivas ( ) imprevisíveis ( ) monótonas
outra __________________________________________________________
24. Você considera o material utilizado por você:
( ) adequado na qualidade ( ) inadequado na qualidade. Especificar:________
( ) adequado na quantidade
( ) inadequado na quantidade. Especificar: ____________________________
25. Você utiliza equipamentos de proteção individual – EPI para execução de
suas atividades?
( ) sim ( ) não Por quê?________________________________________
Saúde Ocupacional
26. Você está tomando algum medicamento?
( ) sim ( ) não Quais? ________________________________________
Qual o diagnóstico? ______________________________________________
27. Você está fazendo algum tratamento médico?
( ) sim ( ) não
28. Você se sente, fisicamente, para este trabalho:
( ) bem disposto(a)
( ) Mal disposto(a)
( ) outro ____________________________________________________
Saúde Cognitiva
29. Você se sente, mentalmente, para este trabalho:
59
( ) cansado(a)
( ) bem
( ) outro
____________________________________________________________
30. Você está satisfeito(a) com seu trabalho?
( ) sim ( ) não
31. Sua família em relação a seu trabalho encontra-se:
( ) satisfeita ( ) insatisfeita ( ) não tem opinião
32. Você se sente valorizado(a) pela empresa?
( ) sim ( ) não
33. Você se sente respeitado (a) pelos seus colegas?
( ) sempre ( ) nunca ( ) às vezes
34. Você se sente respeitado (a) pelos pacientes?
( ) sempre ( ) nunca ( ) às vezes
60
ANEXO 2: Termo de aprovação emitido pelo comitê de ética em pesquisa
61
Livros Grátis
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