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ESTUDO DA ASSOCIAÇÃO ENTRE VARIANTES MOLECULARES DO RECEPTOR
DE MELANOCORTINA 1 (MC1R) E O MELANOMA CUTÂNEO
O gene do receptor de melanocortina 1 (MC1R) codifica um receptor acoplado à
proteína G, o qual exerce um papel central na produção de melanina através de uma
via de sinalização mediada por cAMP e ativada pelo hormônio melanócito-
estimulante. A região codante do MC1R é altamente polimórfica, e algumas
variantes têm sido associadas com um risco elevado de melanoma cutâneo,
sugerindo que este seja um gene baixa penetrância na suscetibilidade ao
melanoma. Neste estudo nós procuramos determinar a contribuição das variantes do
MC1R para o risco de melanoma cutâneo na população brasileira. Este é o primeiro
estudo a descrever variantes do MC1R em indivíduos do Brasil. 34 pacientes com
melanoma e 71 controles não aparentados e saudáveis foram recrutados
consecutivamente entre setembro de 2006 e outubro de 2007. Informações sobre o
fototipo cutâneo e características de pigmentação foram coletadas por meio de
questionário padronizado. O DNA genômico foi extraído a partir do sangue venoso, e
o gene MC1R foi amplificado por reação em cadeia da polimerase (PCR). A
presença de variantes foi investigada por seqüenciamento com o kit BigDye
Terminator Cycle Sequencing. A análise das seqüências foi feita com a plataforma
SNPpipeline, mantida pelo Laboratório de Genética de Populações do Instituto
Nacional do Câncer dos Estados Unidos (NCI, NIH, USA). A sequência consenso foi
importada do GenBank (AF153431). Não foram detectadas associações de cor de
pele, olhos, cabelos e fototipo com o melanoma em níveis significantes, apenas uma
tendência de associação entre indivíduos com fototipos I e II e o melanoma
(OR=2,03; p=0,1358). Foram encontrados onze diferentes polimorfismos, dos quais
sete levam à troca de aminoácido no MC1R (Val60Leu, Val92Met, Arg151Cys,
Arg160Trp, Arg163Gln, Asp184His, e Asp294His), incluindo o novo alelo Asp184His;
e quatro são mutações silenciosas (Asp42Asp, Thr177Thr, Gln233Gln e
Phe300Phe). De todos os indivíduos, 41,90% eram portadores de pelo menos um
polimorfismo, incluindo 16 (47,06%) casos e 28 (39,44%) controles. As variantes
mais freqüentes foram Val60Leu, que foi encontrada em 13 indivíduos (2 casos e 11
controles) e Arg163Gln, que foi encontrada em 12 indivíduos (6 casos e 6 controles).
Nenhuma associação significante com risco de melanoma, subtipo histopatológico
de melanoma ou fototipo foi observada para portadores de variantes não sinônimas
do MC1R. Não obstante, foram observadas tendências de associação entre as
variantes Asp42Asp (OR=6,4; p=0,32), Val92Met (OR=4,6; p=0,08), Arg151Cys
(OR=6,8; p=0,10), Arg163Gln (OR=2,3; p=0,20), Asp184His (OR=6,4; p=0,32) e
Asp294His (OR=2,1; p=0,54) e o melanoma. Além disso, observamos uma
tendência de associação entre a presença de qualquer variante não sinônima e o
melanoma de subtipo “não nodular” (lentiginoso acral, extensivo superficial ou
lentigo maligna).
PALAVRAS-CHAVE: melanoma, receptor de melanocortina 1, polimorfismo de base
única.