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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA
Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade
Mestrado Profissional
AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DE CADEIRAS DE RODAS DA
ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS
(APAE) NO MUNICÍPIO DE CARATINGA – MG
CHRISTIAN CALDEIRA SANTOS
CARATINGA
Minas Gerais - Brasil
Julho de 2008
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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CARATINGA
Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade
Mestrado Profissional
AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DE CADEIRAS DE RODAS DA
ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS
(APAE) NO MUNICÍPIO DE CARATINGA – MG
CHRISTIAN CALDEIRA SANTOS
Dissertação apresentada ao Centro
Universitário de Caratinga, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação
em Meio Ambiente e Sustentabilidade, para
obtenção do título de Magister Scientiae.
CARATINGA
Minas Gerais - Brasil
Julho de 2008
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Sistema de Bibliotecas - UNEC
Ficha Catalográfica
616.803
S2373a
2008
SANTOS, Christian Caldeira.
Avaliação ergonômica de cadeiras de rodas da Associação de
Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) no minicípio de
Caratinga - MG. Christian Caldeira dos Santos. Centro
Universitário de Caratinga UNEC: Mestrado em Meio
Ambiente e Sustentabilidade, 2008.
68p; 29,7 cm.
Dissertação (Mestrado – UNEC – Área: Meio Ambiente e
Sustentabilidade).
Orientador: Prof. DSc. Luciano José Minette.
Co-orientador: Prof. DSc. Marcos Alves de Magalhães
1. Cadeiras de rodas
2. Ergonomia
3. Conforto
4. Segurança
I. Título II. Prof. DSc.Luciano José Minette
ii
CHRISTIAN CALDEIRA SANTOS
AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DE CADEIRAS DE RODAS DA
ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS
(APAE) NO MUNICÍPIO DE CARATINGA – MG
Dissertação apresentada ao Centro
Universitário de Caratinga, como parte das
exigências do Programa de Pós-Graduação
em Meio Ambiente e Sustentabilidade, para
obtenção do título de Magister Scientiae.
APROVADA: 17 de julho de 2008
Prof. Dr. Luciano José Minette
(Orientador)
Prof. Dr. Marcos Alves de Magalhães
(Co-Orientador)
Prof
a
. Dr
a
. Miriam Abreu Albuquerque
Prof. Dr. Amaury Paulo de Souza
iii
“44 minutos do segundo tempo, zero a zero;
O destino joga na retranca,
mas lá vou novamente pelas pontas,
tentar furar o bloqueio;
A cadeira de rodas já não atrapalha,
o problema é a falta de alguém para tabelar...”
TADEU PEREIRA (2003)
iv
AGRADECIMENTO
Agradeço à Deus por mais esta vitória, “tudo posso Naquele que me fortalece”.
À minha família: Pai e Mãe sempre presentes ao meu lado, vocês são o meu porto
seguro. Irmãos fontes de motivações e felicidades constantes e a minha filha, Ana Luísa,
fonte de amor incondicional, fundamental para esta vitória.
À Flavia, pela compreensão e carinho.
Ao meu cunhado Alexandre pelo respeito e incentivo.
Ao professor e orientador Dr. Luciano Minette pela construção do
desenvolvimento de pesquisa e do saber em ergonomia em mim.
À colega Emília pelo apoio.
Aos amigos que partilharam comigo o início, meio e fim desta etapa.
Aos professores do programa de mestrado Profissionalizante em Meio Ambiente e
Sustentabilidade do Centro Universitário de Caratinga, em especial ao professor Dr
Marcos Alves de Magalhães pelos constantes ensinamentos de vida e religiosidade.
Aos companheiros de sala do mestrado.
Ao Centro Universitário de Caratinga UNEC pelo apoio de capacitação
profissional.
À Associação de Pais e Amigos de Excepcionais de Caratinga – APAE pela
confiança e oportunidade.
v
BIOGRAFIA
CHRISTIAN CALDEIRA SANTOS, filho de Getúlio Jovelino dos Santos e
Maria das Graças Caldeira Santos, nasceu em 10 de novembro de 1976, na cidade de
Coronel Fabriciano, Estado de Minas Gerais.
Graduou-se em Fisioterapia no ano de 1998, pelas Faculdades Integradas de
Patrocínio – FIP, em Patrocínio – MG.
Em outubro de 2000 concluiu sua primeira Pós-Graduação Lato Senso em Saúde
Pública pela Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP e em dezembro de 2001
concluiu sua segunda em Fisioterapia Neurológica pela Universidade Estácio de
UNESA.
Em julho de 2006 iniciou o Programa de Mestrado Profissional em Meio
Ambiente e Sustentabilidade pelo Centro Universitário de Caratinga – UNEC.
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1
Medidas Antropométricas para Prescrição de Cadeira de Rodas .......
17
Figura 2
Componentes Básicos das Cadeiras de Rodas ....................................
19
Figura 3
Vista frontal (a) e lateral (b) da cadeira de rodas ................................
33
Figura 4
Vista frontal (a) e lateral (b) da cadeira de rodas ................................
36
Figura 5
Vista frontal (a) e lateral (b) da cadeira “J”.........................................
39
Figura 6
Vista frontal (a) e lateral (b) da cadeira “L”........................................
41
Figura 7
Vista frontal (a) e lateral (b) da cadeira “M” ......................................
43
Figura 8
Vista lateral (a) e frontal (b) da cadeira “N” .......................................
45
Figura 9
Vista frontal (a) e lateral (b) da cadeira “O” .......................................
47
Figura 10
Vista frontal (a) e lateral (b) da cadeira “P” .......................................
49
Figura 11
Presença de material pontiagudo no assento de cadeira de rodas .......
51
Figura 12
Aspecto visual do apoio de pé da cadeira de rodas danificado ...........
52
Figura 13
Ausência bilateral do apoio de pés da cadeira de rodas ......................
52
Figura 14
Sistema de fixação regulável (parafuso e chave) do apoio de pés de
uma cadeira .........................................................................................
56
Figura 15
Sistema de fixação regulável (parafuso) do apoio de cabeça de uma
cadeira .................................................................................................
56
vii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1
Formulário usado para anotar os dados da avaliação e descrição da
critica ergonômica dos componentes da cadeira de rodas .....................
25
Quadro 2
Formulário para descrição dos valores dos componentes básicos das
cadeiras de rodas ....................................................................................
26
Quadro 3 Dimensões padrão de cadeira de rodas ..................................................
27
Quadro 4
Formulário para anotações das medidas do corpo de acordo com
referências antropométricas para prescrição de cadeira de rodas ..........
28
Quadro 5
Avaliação ergonômicas dos componentes das cadeiras “A”, “B”, “C”,
“D” e “E”.................................................................................................
34
Quadro 6 Avaliação ergonômica dos componentes das cadeiras “F”, “G”, “H” e
“I” ...........................................................................................................
37
Quadro 7
Avaliação ergonômica dos componentes da cadeira “J”.........................
40
Quadro 8
Avaliação ergonômica dos componentes da cadeira “L”........................
42
Quadro 9
Avaliação ergonômica dos componentes da cadeira “M” ......................
44
Quadro 10
Avaliação ergonômica dos componentes da cadeira “N”.......................
46
Quadro 11
Avaliação ergonômica dos componentes da cadeira “O”.......................
48
Quadro 12
Avaliação ergonômicas dos componentes da cadeira “P”......................
50
viii
RESUMO
SANTOS, Christian Caldeira. Centro Universitário de Caratinga (UNEC). Julho de
2008. Avaliação ergonômica de cadeiras de rodas da Associação de Pais e Amigos
dos Excepcionais (APAE) no município de Caratinga MG. Orientador: Luciano
José Minette. Co-Orientador: Marcos Alves de Magalhães
Este estudo foi realizado na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais -
APAE, localizada no município de Caratinga - MG. Em face da importância da
prescrição correta de cadeiras de rodas para pessoas portadoras de necessidades
especiais, das inadequações ergonômicas existentes e da possibilidade de contribuição
para os ajustes necessários aos usuários, objetivou descrever com enfoque ergonômico
os componentes das cadeiras de rodas, caracterizar o perfil antropométrico dos usuários
e propor recomendações ergonômicas a elas. Inicialmente foi calculada a prevalência de
usuários de cadeira de rodas da APAE; posteriormente foram feitas as mensurações dos
segmentos corporais dos usuários para a caracterização do perfil antropométrico, onde
se utilizou a medida de: percentil, média, desvio padrão e coeficiente de variação para
esta caracterização. A avaliação ergonômica das cadeiras foi descritiva, onde criticou os
componentes básicos das cadeiras (encosto, assento, descanso para os braços, apoio para
os pés, cinto de segurança, apoio de cabeça, rodas e rodízios e base) juntamente com as
suas tomadas de medidas para comparação e classificação conforme tamanho dos
modelos padrão. Os resultados indicaram que das 15 cadeiras avaliadas foram
classificadas como de baixa complexidade, sendo 04 de modelo padrão e 11 de modelo
incrementada. Não se pôde classificar as dimensões das cadeiras de rodas com a
ix
classificação sugerida no estudo. Houve uma prevalência de usuários de cadeiras de
rodas na APAE de 14%, com idade entre 03 a 33 anos, portadores de patologias
crônicas. O perfil antropométrico indicou que 90% dos usuários estariam com larguras
de quadris entre 17,80 e 34,80 cm; comprimento das pernas entre 21,20 e 38,00 cm;
comprimento das coxas 23,00 e 48,40 cm; altura das costas 20,20 e 41,80 cm e altura
dos braços entre 7,60 e 18,40 cm. Diante da grande amplitude de idade do universo
estudado, todos os coeficientes de variações das medidas foram heterogêneos. Foi
identificada uma cadeira de rodas que atendesse as características antropométricas dos
usuários e as recomendações ergonômicas indicadas a elas convergiam para uma melhor
postura, conforto e segurança dos seus usuários.
Palavras-chave: cadeiras de rodas, ergonomia, conforto, segurança.
x
ABSTRACT
SANTOS, Christian Caldeira. Centro Universitário de Caratinga (UNEC). July 2008.
Ergonomic assessment of the wheelchair in Association of Parents and Friends of
Exceptional in the city of Caratinga MG. Adviser: Luciano José Minette.
Committee Member: Marcos Alves de Magalhães
This study was conducted in the Association of Parents and Friends of
Exceptional - APAE, located in the city of Caratinga - MG. Given the importance of
correct prescription for a wheelchair for people with special needs, inadequacies of
existing ergonomic and the possibility of contributing to the necessary adjustments to
users, focusing on ergonomic aimed to describe the components of wheelchairs,
characterize the profile anthropometric users' ergonomic and propose recommendations
to them. Initially it was estimated the prevalence of wheelchair users of the APAE; were
subsequently made the measurements of body segments of users to characterise the
profile anthropometric, where he used the extent of: percentile, average, standard
deviation and coefficient of variation for this characterization. The evaluation of
ergonomic chairs was descriptive, which criticised the basic components of chairs
(back, seat, to rest their arms, support for the feet, seat belts, head restraint, wheels and
small wheels and base) together with its acquisition of measures for comparison and
classification size as the standard models. The results indicated that from 15 seats
evaluated were classified as low-complexity, and 04 of standard model and 11,
increased. It was not possible to classify the size of a wheelchair with the classification
suggested in the study. There was a prevalence of users of the wheelchair in APAE of
xi
14%, aged 03 to 33 years, people with chronic conditions. The anthropometric profile
indicated that 90% of users would hips with widths of between 17.80 and 34.80 cm and
length of the legs between 21.20 and 38.00 cm; thigh length of 23.00 and 48.40 cm;
time the coasts 20.20 and 41.80 cm and height of the arms between 7.60 and 18.40 cm.
Given the sheer magnitude of age of the universe studied, all coefficients of variation of
the measures were heterogeneous. It identified a wheelchair to take account of the
characteristics anthropometric users and the recommendations given to them ergonomic
converged to better posture, comfort and safety of its users.
Keywords: wheelchairs, ergonomics, comfort, safety.
CONTEÚDO
LISTA DE FIGURAS...................................................................................................... vi
LISTA DE QUADROS ..................................................................................................vii
RESUMO.......................................................................................................................viii
ABSTRACT...................................................................................................................... x
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 12
2 REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 14
2.1 Ergonomia........................................................................................................... 14
2.2 Antropometria..................................................................................................... 15
2.3 Cadeiras de rodas ................................................................................................ 17
3 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................... 23
3.1 Local de Estudo .................................................................................................. 23
3.2 Objetos da Pesquisa e População........................................................................ 23
3.3 Considerações Éticas .......................................................................................... 24
3.4 Coleta de Dados.................................................................................................. 24
3.4.1 Descrição Ergonômica dos Componentes das Cadeiras de Rodas............. 24
3.4.2 Caracterização do Perfil Antropométrico dos Usuários de Cadeiras de
Rodas ...................................................................................................................... 27
3.4.3 Recomendações Ergonômicas para Cadeiras de Rodas da APAE................ 30
4 RESULTADO E DISCUSSÃO................................................................................. 31
4.1 Avaliação Ergonômica das Cadeiras de Rodas................................................... 31
4.2 Perfil Antropométrico dos Usuários de Cadeira de Rodas ................................. 53
4.3 Recomendações Ergonômicas para as Cadeiras de Rodas ................................... 54
5 CONCLUSÕES ......................................................................................................... 58
6 RECOMENDAÇÕES................................................................................................ 60
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 62
ANEXOS ........................................................................................................................ 66
12
1 INTRODUÇÃO
A ergonomia é definida pela Internacional Ergonomics Association (IEA, 2000)
como a disciplina que lida das interações entre o ser humano e outros elementos de um
sistema e que aplica teorias, princípios, dados, métodos a projetos que visam otimizar o
bem-estar humano. Ela se baseia nas disciplinas como antropometria, fisiologia,
psicologia e sociologia, entre outras.
Assim a antropometria trata das medidas físicas do corpo humano, com as quais
se produz dispositivos auxiliares mais adaptado ao seu usuário (IIDA, 1995). Seu uso
possibilita adquirir dados de determinada população e gerar informações para
dimensionar, verificar e avaliar produtos para adequação ao cotidiano do homem
(SILVA et al., 2006).
As cadeiras de rodas são dispositivos ortóticos usados por portadores de
necessidades especiais para o seu transporte e sua manutenção da postura sentada. Sua
prescrição baseia-se em informações ergonômicas complexas, a partir de dados
antropométricos fundamentais para a adaptação do usuário à cadeira. O reconhecimento
do perfil antropométrico do usuário de cadeira de rodas é um ponto fundamental no
processo de reabilitação.
A avaliação ergonômica de cadeira de rodas possibilita ajustes individualizados
em relação ao usuário, favorecendo uma melhor postura, maior estabilidade e conforto;
maior facilidade nas manobras; diminuição da energia gasta com a propulsão e
deslocamento, melhor desempenho em atividades específicas e maior e melhor
acessibilidade com inserção do usuário a sociedade.
13
Em face da importância da prescrição correta de cadeiras de rodas para pessoas
portadoras de necessidades especiais, a falta do conhecimento do número de usuários da
Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Caratinga MG (APAE), associado
à inexistência de dados antropométricos, às inadequações ergonômicas e os escassos
resultados de pesquisa, este estudo apresenta-se como uma contribuição na referida
temática, além da possibilidade de se ajustar ergonomicamente as cadeiras aos usuários
da APAE de Caratinga – MG.
Em função do exposto, objetivou-se com este trabalho avaliar ergonomicamente
as cadeiras de rodas usadas na APAE de Caratinga MG, visando gerar informações
que contribuam com o bem estar, conforto, segurança e conseqüentemente melhor
qualidade de vida aos usuários. os objetivos específicos: a) descrever com enfoque
ergonômico os componentes das cadeiras de rodas; b) caracterizar o perfil
antropométrico de seus usuários; c) propor recomendações ergonômicas para as cadeiras
de rodas;
14
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Ergonomia
Logo após a II Grande Guerra trabalhos interdisciplinares de profissionais da área
da saúde, exatas e humanas foram desenvolvidos na área de ergonomia ocorrendo
grande expansão, principalmente nas últimas décadas.
Na evolução da ergonomia, suas aplicações atravessaram do setor industrial ao
militar e expandiram, posteriormente para o setor agrícola, de serviços e de vida diária
do cidadão comum, o que fez surgir e aumentar a demanda de novos conhecimentos
sobre o público feminino, idosos e deficientes físicos (IIDA, 1995).
A ergonomia para Iida (1995) é definida como o estudo da adaptação do trabalho
ao homem. Para a Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO) que usa a definição
da IEA, a define como uma disciplina científica relacionada ao entendimento das
interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de
teorias, princípios, dados e métodos de projetos a fim de otimizar o bem estar humano e
o desempenho global do sistema (ABERGO, 2007).
Para Souza et al. (2004) a ergonomia é uma ciência que tem contribuído para o
desenvolvimento de maior usabilidade dos produtos, para garantir que eles e os sistemas
sejam adaptados às habilidades das pessoas que os utilizam, e que sejam apropriados
para o desempenho laboral. Ela mantém sempre seu foco no homem e na sua interação
com produtos, equipamentos e ambientes, no trabalho ou na vida diária (SOARES,
2005).
15
Segundo Abrahão e Pinho (2002) a ergonomia incorpora, na base do seu
arcabouço teórico, um conjunto de conhecimentos científicos oriundos de várias áreas:
antropometria, fisiologia, psicologia e sociologia, entre outras e os aplica com vistas às
transformações do trabalho. Seus critérios de avaliação do trabalho acontecem em três
eixos: 1) segurança; 2) eficiência; e 3) bem estar humano nas situações de trabalho,
portanto, ergonomia busca estabelecer articulação entre eles.
Ela contribui para que profissionais a utilizem como ferramenta para melhorar a
acessibilidade de pessoas, inclusive as de necessidades especiais, edificações,
mobiliário, espaço e equipamentos. A acessibilidade segundo Lopes Filho (2006)
fundamenta-se no direito universal do livre deslocamento.
Ela é uma disciplina que diminui com as barreiras arquitetônicas, urbanísticas ou
ambientais e favorece uma aproximação, transferência ou circulação de pessoas,
inclusive as com necessidades especiais. Isso contribui para uma melhor auto-estima,
diminuição de depressão angustia e revolta (GUIMARÃES, 2002).
A inclusão social aos portadores de necessidades especiais inicia e permanece
garantida com a remoção de barreiras arquitetônicas e pela prevenção dos seus
surgimentos (OLIVEIRA, 2003), assim a ergonomia contribui diretamente com este
processo social.
2.2 Antropometria
A antropometria nasceu na Europa e nos Estados Unidos, por volta de 1850, da
vontade de situar quantitativamente o homem entre as espécies vivas de forma, a
classificar os povos, de distribuí-los por grupos diferenciados (mensuração), segundo
princípios objetivistas e hierárquicos (BLANCKAERT, 2001).
A antropometria trata das medidas do corpo humano, que envolvem a descrição
entre dois pontos corporais, as quais são realizadas diretamente frente a uma amostra
específica de usuários ou consumidores do objeto a ser projetado (IIDA, 1995).
No Brasil inexistem dados antropométricos nacionais que norteiam a produção de
cadeiras de rodas infantis e adultas. As cadeiras de rodas, na sua grande maioria, são
fabricadas de modo industrial com moldes pré-fabricados que seguem medidas
internacionais (GALVÃO, 2006). A norma regulamentadora da Associação Brasileira
de Normas Técnicas (ABNT) para produção de cadeiras de rodas define os elementos
16
básicos das cadeiras de rodas (de propulsão manual, elétrica, motorizada ou qualquer
outro tipo) e estabelece os termos e definições destes elementos. Nesta norma as
dimensões comumente usadas para descreverem as características de uma cadeira de
rodas são apresentadas, porém inexistem valores antropométricos como referências
destas dimensões. (ABNT, 2002).
Para Silva et al. (2006) o levantamento de dados antropométricos de populações é
um instrumento importante nos estudos ergonômicos. Estes fornecem subsídios para
dimensionar e avaliar equipamentos e ainda, verificar a adequação destes às
características antropométricas dos seus usuários, dentro de critérios ergonômicos
adequados para que a atividade realizada não se torne fator de dano à saúde e
desconforto ao usuário.
Entretanto, uma grande dificuldade em dimensionar uma área humana
específica desejada, devido a grande variabilidade das medidas antropométricas em
relação às pessoas, as raças e aos sexos. Assim a ergonomia propõe como base as
medidas que sejam representativas da grande maioria da coletividade, ou seja a parcela
de 95% da coletividade, chamada de limite de confiança de 95% (GRANDJEAN,
1998).
Como freqüentemente as medidas antropométricas do sexo masculino são maiores
que as do sexo feminino, seu máximo é representado pelo percentil 95% para homens e,
o mínimo, pelo percentil 5% para mulheres. Portanto, alguns objetos universais usados
por homens e mulheres são pré-dimensionados a partir de medida máxima (95%) e de
medida mínima (5%) (IIDA, 1995).
Na prescrição de cadeira de rodas pode-se fazer uso do percentil para tomada das
medidas antropométricas da largura dos quadris, do comprimento da perna, e da coxa,
da altura do braço. Estas se caracterizam como medidas indispensáveis na sua
prescrição conforme Figura 1 (BRITELL, 1994).
17
FIGURA 1. Medidas antropométricas para prescrição de cadeira de rodas. Fonte: Britell (1994).
Onde:
A) Largura dos quadris: 2,54 cm a mais do que a medida tomada entre os glúteos;
B) Comprimento da perna: 5,08 cm a mais do que a distância da base do calcanhar à
região poplítea;
C) Comprimento da coxa - quadril: até 5,08 cm a mais do que a distância da região
poplítea à parte posterior dos glúteos;
D) A altura das costas: até 5,08 cm a menos do que a distância do ângulo inferior da
escápula á superfície do assento;
E) A altura do braço: distância da base dos glúteos ao cotovelo;
2.3 Cadeiras de rodas
Na Europa cerca de 48 milhões de pessoas apresentam problemas de mobilidade,
dos quais 3 milhões são usuários de cadeira de rodas (MIRET, 2000). No Brasil o Censo
Demográfico de 2000 não traz o número de pessoas que fazem deste dispositivo ortótico
(CORDE, 2007).
Para Bergen (1993) a cadeira de rodas é uma órtese móvel. Sabe-se que órtese é
um dispositivo usado para sustentar, retificar, corrigir uma deformidade e também
aumentar o vel de funcionalidade da pessoa. Portanto, ela bem prescrita pode ser um
bem útil na reintegração de uma pessoa insuficientemente capacitada na sociedade.
Segundo Bertoncello e Gomes (2002), a cadeira de rodas é um aparelho ortótico
que socialmente indicia a incapacidade aos seus usuários, que passa uma idéia de
inaptidão e fraqueza, conceito que nem sempre apresenta situação real para muitos dos
seus usuários.
Para Barroso Neto (1982) citado por Bertoncello e Gomes (2002), as cadeiras de
rodas são classificadas como: de baixa, de média e de alta complexidade tecnológica, ou
18
seja, as mecanomanuais, eletromecânicas e eletroeletrônicas, respectivamente. Assim as
do grupo mecanomanuais são conduzidas ou pelo trabalho muscular do próprio usuário,
ou por uma segunda pessoa. Elas não possuem mecanismo complexo de funcionamento,
mas os modelos variam funcionamento, conforme os subgrupos: incrementadas,
especiais e a padrão. As incrementadas são mais desenvolvidas, com maior tecnologia
projetual aplicada, e possui maior conforto, leveza, praticidade de desmontagem,
transporte e transferência. É de uso externo e possui roda pneumática, que diminui o
impacto e gera efeito amortecedor. as cadeiras de rodas especiais apresentam
tecnologia envolvida e são voltadas para um objetivo específico do usuário. São do tipo
esportivo ou terapêutico, como é o caso das cadeiras ortostáticas. Já as cadeiras de rodas
padrão são as que possuem rodas de borrachas maciça que diminui o atrito com o solo,
portanto sua locomoção interna é melhor. Podem ser fixas e dobráveis.
As cadeiras de rodas do grupo eletromecânico são conhecidas como motorizadas e
são usadas por diversos usuários que necessitam percorrer maiores distâncias ou se
houver impossibilidade da condução manual independente. Elas dão autonomia na
locomoção em lugares externos e podem ser dirigidos apenas com uma das mãos
(BARROSO NETO, 1982 citado por BERTONCELLO & GOMES, 2002).
No grupo das eletroeletrônicas estão incluídas as cadeiras que possuem
dispositivos elétricos e/ou eletrônicos que podem utilizar princípios computacionais. É o
grupo mais moderno de cadeira de rodas, embora seus usuários serem os que
apresentam perdas funcionais e motoras mais amplas e graves (BARROSO NETO,
1982 citado por BERTONCELLO & GOMES, 2002).
Independente da classificação das cadeiras de rodas quanto ao seu grau de
complexidade, todas são compostas por estrutura básica cujas partes são: o assento, o
encosto, a estrutura tubular, rodas dianteiras (rodízios) e traseiras, aro propulsor, apoio
para pés e braços, conforme a Figura 2 (BRITELL, 1994).
19
FIGURA 2. Componentes básicos das cadeiras de rodas: encosto (1), apoio de braço (2), assento
(3), roda traseira (4), apoio de (5), estrutura (6), roda dianteira (7) e aro propulsor (8). Fonte:
Adaptado de Britell (1994).
Para a ABNT (2002) os elementos básicos de cadeira de rodas são o sistema de
suporte do corpo, sistema de deslocamento, rodas e estrutura. O sistema de suporte do
corpo caracteriza-se pelas partes da cadeira que diretamente suportam ou que contém o
corpo do usuário (encosto, assento, apoio para os braços e pés, com suporte para as
pernas).
Algumas das dimensões comumente usadas para definir uma cadeira de rodas
incluem o comprimento, a altura e a profundidade do assento, a altura do encosto, a
altura do apoio de braços, largura total, largura e altura da cadeira, quando
dobrada/fechada e peso total.
As cadeiras de rodas possuem base móvel que pode ser acionada manualmente ou
por sistema motorizado, acoplado em uma estrutura em monobloco ou em “X” que
permite seu fechamento (GALVÃO, 2006).
O sistema de assento de uma cadeira de rodas pode variar em largura e
profundidade de acordo com o modelos e fabricantes. A superfície do assento também
pode variar ao ter acoplado em sua estrutura, almofadas em módulos do tipo assento
reto ou anatômico advinda de fábrica; ou ter adicionado ao seu sistema, a utilização de
diferentes tipos de almofadas (em gel, água, espuma, ar) adquiridas comercialmente
(GALVÃO, 2006).
20
Segundo Almeida (2005) o assento pode ser confeccionado sob uma base rígida
ou não, de espuma ou almofada (de ar ou água), os modelos podem ser planos,
anatômicos e digitalizados. O assento plano não há alteração na superfície, mas pode ter
densidades diferentes da espuma. O anatômico apresenta superfície com relevo
(elevação da região anterior do assento e ou elevação da região lateral) que se adequa ao
contorno do corpo. Já o digitalizado se faz por moldes da estrutura do quadril e tronco.
O encosto de uma cadeira de rodas é encontrado em alturas diversas e é
selecionado dependendo da agilidade ou dependência motoras do usuário. Varia
também em diversos tecidos e almofadas. Sua postura pode ser variada através do
sistema de inclinação do assento e encosto chamado tilt ou do encosto chamado
recline (GALVÃO, 2006).
O encosto pode também ser construído sob uma base rígida ao não e seus modelos
se diferem em plano (alto ou baixo), anatômico, pré-moldado e digitalizado. O plano
alto é para usuários que apresentam o controle de cabeça na vertical incompleto. O
plano baixo é indicado para usuários com controle de cabeça na vertical. O anatômico
apresenta superfície do encosto não regular com desníveis para receber a deformidade
da coluna. No encosto pode haver apoio para o tronco e para a cabeça. O primeiro
suporte lateral e o segundo dá segurança e ou suporte terapêutico (ALMEIDA, 2005).
Comercialmente as rodas podem ser de 20’’, 22’’, 24’’e 26’’, com aros comuns,
reforçados ou sem aros. O diâmetro e a localização da roda são de acordo com a
habilidade de propulsão do usuário, e dependem da prescrição do sistema de rolamento.
Os pneus maciços são duráveis e de fácil manutenção, porém, indicados para uso em
ambientes internos, e para ambientes externos, com terrenos irregulares são indicados os
pneus pneumáticos (GALVÃO, 2006).
É essencial que a cadeira de rodas seja corretamente prescrita, para satisfazer as
necessidades do paciente, com apoio, tamanho correto, conforto, segurança e
independência máxima (SCOTT, 1989).
Conforme Oliveira e (1989) a prescrição de cadeiras de rodas deverá
especificar rigorosamente os diferentes elementos e acessórios a serem contidos no
projeto individual, pois alguns desses elementos e acessórios podem ser indispensáveis
e outros facultativos.
De acordo com Jorge e Alexandre (2005) as características ergonômicas que se
deve levar em considerações no processo de seleção da cadeira de rodas são:
21
- Superfície de encosto: deve oferecer apoio para toda a região dorsal; ser
ajustável e de material resistente e confortável;
- Assento: deve ser de material confortável, resistente e passível de higienização
constante;
- Descanso para os braços: devem ser removíveis; ter formato anatômico
fornecendo um apoio confortável e seguro;
- Apoio para os pés: devem ser removíveis; deve ser composto por duas peseiras
anatômicas passiveis de serem levantadas e giradas;
- Rodas e rodízios: devem possuir travas; serem resistentes e de fácil manejo;
- Outras características: ser leve com modelos e tamanhos diferentes de acordo
com o biótipo do usuário e ter altura ajustável.
Segundo Levitt (2001) caso as cadeiras não apresentarem medidas adequadas para
seus usuários, elas podem obstruir o desenvolvimento da posição sentada, provocar ou
piorar posturas anormais e impedir a função da mão.
Para que a cadeira de rodas dê benefícios ao usuário ela deve proporcionar
comodidade e uma base de apoio estável que permita o sentar com uma postura
simétrica, uma máxima capacidade funcional com o menor gasto de energia e que tenha
uma menor pressão sobre os glúteos e músculos (SUNRISE MEDICAL, 2007).
Os benefícios do posicionamento adequado em cadeira de rodas para Ratliffe
(2002) são a neutralização do tônus muscular anormal, ampliação das funções
corpóreas, aumento da interação ambiental, prevenção de anormalidades músculo-
esqueléticas e úlceras de posicionamento, promoção do conforto e bem-estar,
diminuição do cansaço, facilitação do desenvolvimento sensório-motor normal com
função máxima com patologia mínima.
Portanto, os ajustes individualizados dos usuários de cadeira de rodas, quando
apropriados resultam em melhor postura, maior estabilidade e conforto; maior facilidade
nas manobras; diminuição da energia gasta com a propulsão e melhor desempenho em
atividades específicas (GILMOUR & KENTISH, 1999).
Diante disso, Almeida (2005) coloca que “a adequação da postura sentada é um
trabalho fundamental para auxiliar no processo de reabilitação, bem como realizar
tarefas requeridas para a inserção na sociedade”. Ela reforça que a adequação postural
na cadeira de rodas irá intervir na escolha do modelo de cadeira, no controle postural e
na administração das deformidades de modo a adequar o deficiente físico no meio
22
ambiente, para que este possa executar tarefas com maior êxito, deslocar-se com
facilidade, conforto e segurança.
23
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local de Estudo
Este estudo foi desenvolvido no município de Caratinga, situado nas seguintes
coordenadas geográficas: a 19º 37’ 30” latitude sul e 42º 09’ 00” longitude. O município
insere-se na região de planejamento denominada Rio Doce e na micro região
homogênea da Mata de Caratinga. Ele está posicionado na porção leste mineira, sua
ligação a partir de Belo Horizonte se pela BR-381 até a cidade de João Monlevade,
onde se tem acesso pela BR-262 até o entroncamento com a BR 116, no distrito de
Realeza, a partir do qual percorre-se mais 60 Km, aproximadamente, em direção ao
norte.
Em Caratinga está situada uma unidade da APAE que garante o atendimento às
pessoas portadoras de necessidades especiais, residentes no município e em outros oito
municípios vizinhos (Piedade de Caratinga, Santa Rita de Minas, Santa Bárbara, Entre
Folhas, Vargem Alegre, Imbé de Minas, Pinga D’água e Córrego Novo). O estudo foi
conduzido nas suas dependências, no horário de seu funcionamento normal.
3.2 Objetos da Pesquisa e População
Em março de 2008, a APAE possuía 15 cadeiras de rodas de cinco marcas (09
Tokleve, 02 CDS, 02 Baxmann, 01 Freedon e 01 Confort). Destas 15 cadeiras, 07 se
24
encontravam em más condições de uso por estarem incompletas quanto aos
componentes básicos e mal conservadas. Mesmo assim todas elas compuseram o
universo avaliado.
Em relação aos 397 portadores de necessidades especiais matriculados na APAE,
52 utilizavam cadeiras de rodas para manterem-se sentados e/ou para facilitar a
locomoção, portanto todos estes usuários foram selecionados e convidados a
participarem da pesquisa, entretanto, 07 não compareceram para mensuração dos seus
segmentos corporais, assim este estudo apresentou o perfil antropométrico de 45
usuários de cadeiras de rodas.
3.3 Considerações Éticas
Antes de ser iniciada a coleta de dados foi formalizado o pedido de autorização
para direção da APAE de Caratinga (ANEXO I) e aos responsáveis legais dos usuários
das cadeiras de rodas (ANEXO II). Após autorização da APAE e dos responsáveis
legais dos usuários de cadeira de rodas, a coleta de dados foi realizada. Tanto a
instituição e os sujeitos foram informados quanto ao propósito e aos procedimentos do
estudo e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, conforme a
Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 2007).
3.4 Coleta de Dados
3.4.1 Descrição Ergonômica dos Componentes das Cadeiras de Rodas
Inicialmente foram classificadas as cadeiras de rodas quanto a sua complexidade
tecnológica segundo Barroso Neto (1982) citado por Bertoncello e Gomes (2002).
Para a avaliação ergonômica foi usado um quadro adaptado de Comélio e
Alexandre (2005), que é aberto para criticar seus componentes, conforme Quadro 1.
25
QUADRO 1. Formulário usado para anotar os dados da avaliação e descrição crítica
ergonômica dos componentes da cadeira de rodas
Componentes da cadeira de rodas Avaliação e descrição da crítica ergonômica
Encosto
Assento
Descanso para os braços
Apoio para os pés
Rodas dianteira e traseira
Base (estrutura)
Apoio de cabeça
Cinto de segurança
Os componentes da cadeira de rodas foram avaliados em relação a:
- Forma (plana, anatômica, pré-moldada ou digitalizada);
- Altura (baixa ou alta);
- Conforto (presença de espuma de alta densidade);
- Higienização (retirável e lavável);
- Apoio de cabeça (removível e ajustável);
- Presença de cinto de segurança (presença e tipo);
- Presença de materiais perfurantes;
- Descansos para os braços (almofadados, de borracha maciça, ou de outros
materiais, removíveis, com protetor de roupas);
- Apoio para os pés (bilateral, ajustável, dobrável e apoio de panturrilhas);
- Largura do assento (regulável ou não).
Quanto ao peso foi usado a referência leve, para cadeiras de alumínio e pesadas
para as de ferro ou aço. Em relação às rodas dianteira e traseira, foi verificado se eram
infláveis ou maciças e para as bases, verificadas o tipo de material usado na sua
fabricação; a forma da estrutura, em “X” ou monobloco e se dobrável ou não.
Em outra avaliação foram mensuradas as medidas do assento (largura, altura e
profundidade), a altura do encosto e do braço das cadeiras. Elas foram tomadas
utilizando-se uma trena, com resolução de 1 mm e anotadas em formulários conforme
Quadro 2.
26
QUADRO 2. Formulário para descrição dos valores dos componentes básicos das
cadeiras de rodas
Componentes básicos Descrição Valor (cm)
Largura do assento Largura geral do assento
Altura do Assento Altura da superfície do assento
Profundidade do assento Profundidade do próprio estofado,
desde a borda posterior até à borda
anterior
Altura do Encosto Da superfície do assento ate o final da
estrutura do encosto
Altura do Braço Altura do assento até a superfície do
descanso dos braços
Estas medidas foram comparadas e classificadas conforme o tamanho dos
modelos-padrão sugeridos por Scott (1989), destinados a satisfazer as necessidades da
maioria dos usuários de cadeira de rodas de acordo com o Quadro 3.
27
QUADRO 3. Dimensões Padrão de Cadeira de Rodas
Dimensões
Padrão
Largura do
assento (cm)
Profundidade
do assento
(cm)
Altura do
assento (cm)
Altura do
braço (cm)
Altura
espaldar
(cm)
Adulto 45,72 40,64 50,80 25,40 41,91
Adulto Pequeno 40,64 40,64 50,80 25,40 41,91
Adulto Magro 35,56 40,64 50,80 25,40 41,91
Júnior 40,64 40,64 46,99 25,40 41,91
Assento baixo 45,72 40,64 44,45 25,40 41,91
Infantil ou Júnior
de 13 polegadas
40,64 33,02 46,99 21,59 40,64
Cadeira para
Crescimento
35,56 29,21 50,80 16,51 36,83
Cadeira Infantil 35,56 29,21 47,62 21,59 41,91
Pequena Tot-Hi 30,48 29,21 49,53 15,24 44,45
Pequena Tot-Lo 30,48 29,21 43,18 15,24 44,45
Pediátrica Pré-
Escolar
25,40 20,32 49,53 12,70 38,10
Fonte: SCOTT (1989)
3.4.2 Caracterização do Perfil Antropométrico dos Usuários de Cadeiras
de Rodas
Inicialmente foi calculada a prevalência dos usuários de cadeiras da APAE, que
segundo Kleimbaum (1982) citado por Fernandez et al. (2004) quantifica a proporção
de indivíduos de uma população que apresentam um determinado assunto, em um
momento, com tempo determinado. Para se saber a prevalência de usuários de cadeira
de rodas usou-se a equação 1.
100=
total
N
n
P
(equação 1)
onde:
P = prevalência
28
n = número de usuários de cadeira de rodas;
total
N = número de alunos matriculados na APAE;
Os dados antropométricos foram obtidos por intermédio das medidas do corpo dos
usuários das cadeiras de rodas. Elas foram tomadas utilizando-se uma trena graduada,
com precisão de 1 mm e um formulário para anotações dessas medidas conforme
Quadro 4.
QUADRO 4. Formulário para anotações das medidas do corpo de acordo com
referências antropométricas para prescrição de cadeira de rodas
Referências
antropométricas para
prescrição de cadeira
de rodas
Descrição
Medidas do corpo
dos usuários de
cadeira de rodas
(cm)
A Largura da pelve ou distância entre os glúteos
B
Distância da base do calcanhar à região
poplítea
C
Distância da região poplítea à parte posterior
dos glúteos
D
Distância da base da escapula à superfície do
assento
E Distância do glúteo ao cotovelo em 90°
As medidas destes segmentos corporais dos usuários foram realizadas na postura
sentada (90° de flexão de quadris, joelhos e tornozelos), com os pés apoiados no chão.
Caso não houvesse condição de mensuração nesta posição, as medidas foram realizadas
na postura deitada (GILMOUR & KENTISH, 1999).
Para a caracterização do perfil antropométrico foi proposto um quadro com
percentis, juntamente com a média, desvio padrão e coeficiente de variação dos
usuários.
O percentil é definido por Serrano (1996) como uma separatriz, que divide a
distribuição da freqüência ordenada em 100 partes iguais. Para o cálculo dos percentis
foi utilizada a equação 2.
29
N
i
P
i
=
100
(equação 2)
onde:
Pi = percentil;
i = percentil desejado;
N = total da freqüência acumulada desejada (nº total de cada medida
antropométrica dos usuários de cadeiras de rodas).
A média aritmética é definida por Doria Filho (1999) como a soma dos valores
observados, dividida pelo número de observação. Para o cálculo da media aritmética foi
utilizada a equação 3.
n
x
X
i
=
(equação 3)
onde:
X
X
= média aritmética;
i
x
= soma do valor observado;
n
= número de observações.
O desvio-padrão é definido por Doria Filho (1999) é um modo de representar a
dispersão dos dados ao redor da média. Se os dados obedecerem a uma distribuição
normal, todos estarão compreendidos por uma curva em forma sino, simetricamente ao
redor da média.
O coeficiente de variação expressa o desvio-padrão como porcentagem do valor
da média. Se ele for igual a 100% indica que o desvio-padrão é igual à média; quanto
menor ele for, mais homogênea será a amostra. Para o calculo do coeficiente de
variação foi utilizada a equação 4.
100
X
CV(%)
___
δ
=
(equação 4)
30
onde:
CV (%) = coeficiente de variação;
δ = desvio-padrão;
___
X
= valor da média.
3.4.3 Recomendações Ergonômicas para Cadeiras de Rodas da APAE
Para indicar a cadeira de rodas adequada às características antropométricas dos
usuários foram confrontadas as medidas dos percentis com as medidas das cadeiras.
Assim usamos uma parcela de 90% da população, que é chamada limite de
confiança de 90%, isto significa que uma parcela de 5% dos menores e 5% dos maiores
foi excluída (GRANDJEAN, 1998).
Foi adotada as medidas largura e altura do assento, altura do encosto e do braço
como medidas máximas (percentil 95%) e profundidade do assento como medidas
mínimas (percentil 5%).
A partir das avaliações ergonômicas das cadeiras, foi sugerida a recomendação
ergonômica, levando-se em consideração aspectos que poderiam garantir a segurança, o
bem estar e a saúde do usuário.
31
4 RESULTADO E DISCUSSÃO
4.1 Avaliação Ergonômica das Cadeiras de Rodas
A APAE de Caratinga dispõe de 15 cadeiras de rodas de cinco marcas (9 Tokleve,
1 Freedon, 2 CDS, 2 Baxmann e 1 Confort) que foram classificadas como cadeiras de
baixa complexidade, ou seja, mecanomanuais. Destas 04 são de modelo padrão e 11 de
modelo incrementada conforme Barroso Neto (1982) citado por Bertoncello e Gomes
(2002). Segundo Galvão os modelos das cadeiras podem variar de acordo com seu
fabricante, tamanho e propriedades.
A descrição das dimensões quanto dos componentes básicos das cadeiras de rodas
foram ordenadas de “A” a “P” e estão apresentadas na Tabela 1.
32
TABELA 1. Descrição das dimensões dos componentes básicos das cadeiras de rodas
Assento Cadeiras/Marcas
Largura Altura Profundidade
(cm)
Altura do
encosto
Altura do
braço
A – Tok Leve 40,0 39,5 42,0 41,0 17,5
B – Tok Leve 39,0 34,5 41,0 51,5 15,5
C – Tok Leve 35,5 38,5 35,0 40,5 17,5
D – Tok Leve 39,5 36,5 42,0 42,5 17,5
E – Tok Leve 38,5 35,5 41,5 40,0 17,0
F – CDS 39,5 32,5 40,5 46,5 22,0
G – Baxmann 41,0 40,5 40,5 42,0 18,5
H – CDS 40,0 35,0 40,0 46,0 21,0
I – Baxmann 40,5 42,0 40,0 42,0 18,5
J - Tok Leve 43,0 - 39,5 39,0 21,0
L – Confort 43,5 - 42,0 46,0 23,5
M – Freedon 39,0 42,0 39,0 38,0 18,5
N – Tok Leve 34,0 - 37,0 56,5 14,5
O – Tok Leve 34,0 - 37,0 56,5 14,5
P – Tok Leve 42,0 30,0 44,0 39,0 20,0
(-) não foi possível dimensionar.
Através destes dados não foi possível classificar as cadeiras de rodas avaliadas,
pois as mesmas não se enquadraram na classificação sugerida por Scott (1989). A falta
de normas regulamentadoras da ABNT para a quantificação do dimensionamento das
cadeiras de rodas infantis e adultas pode favorecer o surgimento destas distorções. Neste
contexto vários fabricantes têm usado dimensões próprias, não valendo de medidas
antropométricas pré-existentes para a confecção de suas cadeiras.
De certa forma a não classificação das cadeiras de rodas mostra que elas devem
ser confeccionadas exclusivamente para cada usuário (SCOTT, 1989) e não em larga
escala como acontece atualmente, onde na sua grande maioria são fabricadas de modo
industrial e coletivo (GALVÃO, 2006).
As cadeiras J, L, N e O não apresentaram o componente, pois as mesmas
desproviam de apoio para os pés, o que implica em uma falta de manutenção das
cadeiras de rodas pela APAE.
33
Com o conhecimento dos dados apresentados na Tabela 1, a equipe de
reabilitação da APAE poderá utilizá-los para futuras prescrições e adaptações das
cadeiras para os seus usuários.
Por apresentarem as mesmas marca e estrutura, as cadeiras “A”, “B”, “C”, “D” e
“E” demonstraram as mesmas descrições ergonômicas sendo apenas diferentes em suas
dimensões dos seus componentes. O modelo destas cadeiras está representada Figura 3
e a avaliação ergonômica dos componentes está apresentada no Quadro 5.
(a)
(b)
FIGURA 3. Vista frontal (a) e lateral (b) da cadeira de rodas.
Fonte: Trabalho de campo.
34
QUADRO 5. Avaliação ergonômica dos componentes das cadeiras “A”, B”, “C”, “D”
e “E”
Componentes da cadeira de rodas Descrição da crítica ergonômica
Encosto
Plana e alta;
Confortável, de espuma com revestimento em tecido
automotivo;
Retirável e lavável com fixação em velcro;
Ausência de materiais perfurantes (parafusos) na
superfície do encosto;
Assento
Base não rígida;
Modelo anatômico;
Confortável, de espuma com revestimento em tecido
automotivo;
Retirável e lavável com fixação em velcro;
Ausência de materiais perfurantes (parafusos) na
superfície do assento;
Descanso para os braços
Bilaterais com protetor de roupas e apoio de braços em
borracha maciça (desconfortáveis);
Removíveis
Apoio para os pés
Bilaterais, ajustáveis em parafuso, com pés articulados
(dobráveis);
Faixa para apoio para panturrilhas;
Rodas e rodízios
Rodas traseiras infláveis e dianteiras maciças;
Freios bilaterais;
Base
Constituída em tubos de alumínio;
Estrutura em “X”;
Apoio de cabeça
Apresenta apoio para cabeça removível e ajustável;
Cinto de segurança
Ausência de cinto de segurança (faixa torácica para
fixação do paciente);
35
As cadeiras “A”, “B”, “C”, “D” e “E” apresentaram todos seus componentes
básicos. As mesmas foram confeccionadas sobre uma base gida tubular em alumínio,
com estrutura em “X”, superfícies para encostos são planas, confortáveis e com
revestimento em tecido automotivo retirável e lavável com fixações em velcro. Nelas
havia ausências de materiais perfurantes. Seus encostos eram altos, indicados para
usuários sem controle de cabeça, ou seja, dependente das funções de vida diárias. Havia
apoio de cabeça removível e ajustável acoplado aos encostos, com faixa torácica para
fixação do usuário inadequada, visto que o correto seria a presença de um cinto pélvico
ou faixa torácica em forma de “X” ou de borboleta.
Segundo Ratliffe (2002), o cinto pélvico impede que o usuário caia e mantém a
pelve em posição neutra e alinhada. Já a faixa torácica em forma de “X” ou de borboleta
ajuda o tronco do usuário a ficar em contato com a superfície do encosto de forma mais
segura. O fato de que estas cadeiras serem indicadas para usuário mais comprometido
fisicamente, acredita-se que estes dois dispositivos fixadores seriam de grande valia
para a segurança e posicionamento deles.
Os assentos foram confeccionados sobre uma base não rígida e, por serem
anatômicos, possuem superfícies com forma: anteriores apresentando elevação e
lateralmente apresentando contornos das coxas que delimitam a adução dos quadris.
Este tipo de assento facilita a manutenção da articulação do quadril e do joelho em um
mesmo plano, respeitando as condições músculo-esqueléticas do usuário. São
confortáveis com revestimentos em tecido automotivo, retiráveis e laváveis, com
fixações em velcro. Neles há ausências de materiais perfurantes em suas superfícies.
Os descansos para os braços eram bilaterais, removíveis, o que facilitava uma
maior liberdade para as transferências posturais realizadas pelo usuário, cuidadores e
equipe de reabilitação. Apresentaram protetores de braços e roupas que os protegiam
contra o aro das rodas, entretanto eram desconfortáveis por serem feitos de borracha
maciça. Segundo Almeida (2005), além de ajudarem nas transferências posturais e no
apoio ao antebraço, dão também suporte as bandejas para atividades escolares, lúdicas e
alimentares.
Os apoios dos pés eram bilaterais, ajustáveis em parafusos, articulados (dobráveis)
que facilitavam as transferências do usuário. A presença da faixa de apoio da panturrilha
impedia o deslocamento posterior da perna e o deslizamento dos pés para fora do apoio.
Segundo Almeida (2005) o apoio dos pés faz parte da base para sustentação do corpo
36
sentado, pois suporta todo o peso das pernas e pés, portanto tê-los é uma importante
ferramenta para o alinhamento do usuário na postura sentada.
As larguras do assento eram não reguláveis. Segundo Ratliffe (2002) uma largura
deve dar apoio postural adequado, pois, caso for estreita causará pressão corporal ao
usuário e se for larga demais causará obliqüidade pélvica e escoliose. A ausência de um
sistema de regulação de largura poderá gerar problemas posturais, além de não
acomodarem o crescimento físico do usuário, o que as tornam um instrumento de vida
curta.
As cadeiras “A”, “B”, “C”, “D” e “E”eram leves, visto que eram confeccionadas
em alumínio, com rodas traseiras infláveis, isto facilitava sua condução pelos pais,
cuidadores e equipe terapêutica.
As cadeiras F”, “G”, “H”, e “I” apresentaram as mesmas críticas ergonômicas
por terem estruturas semelhantes, diferenciando apenas nas dimensões. O modelo destas
cadeiras está apresentado pela Figura 4 e a avaliação ergonômica dos componentes está
apresentada no Quadro 6.
(a)
(b)
FIGURA 4. Vista frontal (a) e lateral (b) da cadeira de rodas. Fonte: Trabalho de campo.
37
QUADRO 6. Avaliação ergonômica dos componentes das cadeiras “F”, “G”, “H” e “I”
Componentes da cadeira de rodas Descrição da crítica ergonômica
Encosto
Plana e baixa;
Desconfortável, feita de nylon;
Fixa;
Presença de materiais perfurantes (parafusos) na
superfície do encosto;
Assento
Base não rígida de nylon;
Plano;
Fixo;
Desconfortável;
Presença de materiais perfurantes (parafusos) na
superfície do assento;
Descanso para os braços
Bilaterais sem protetor de roupas e apoio de braços
em borracha maciça (desconfortáveis);
Fixos;
Apoio para os pés
Apoio fixo;
Dobrável;
Ausência de faixa para apoio de panturrilhas;
Apoio lado direito danificado em “F” e ausente do
lado esquerdo em “H”;
Apoio de cabeça
Não há apoio para cabeça;
Cinto de segurança
Ausência de cinto de segurança;
Rodas e rodízios
Rodas traseiras e dianteiras maciças;
Freios bilaterais;
Base
Constituída em tubos de ferro;
Estrutura em “X”;
Dobrável em “L”;
38
As cadeiras “G” e “I” apresentaram todos os componentes básicos, enquanto a “F”
e “H” demonstraram comprometimento do apoio do pé direito e ausência do apoio do pé
esquerdo respectivamente.
As bases eram constituídas por tubos de ferros, em “X” e dobrável na vertical em
“L”. As superfícies de encostos eram planas e baixas, ideais para usuários com controle
de cabeça, além de serem desconfortáveis (feitas de nylon), fixas, sem apoios de
cabeças e cinto de segurança. Havia presença de materiais perfurantes (parafusos) nas
superfícies dos encostos em todas as cadeiras. Os assentos eram de bases não rígidas de
nylon, planos, fixos, desconfortáveis com presença de materiais perfurantes (parafusos)
em todas as superfícies. Os descansos dos braços eram fixos, bilaterais, sem protetores
de roupas e feitos em borrachas maciças (desconfortáveis). Os apoios dos pés eram
fixos, dobráveis, com ausências de faixas para apoio de panturrilhas. As larguras não
eram reguláveis e pesadas por serem de ferro. As rodas não promovem absorções de
impactos satisfatórios durante a movimentação por serem feitas de borracha maciças.
Estas cadeiras foram contra as orientações ergonômicas propostas por Jorge e
Alexandre (2005), onde a cadeira deve ser leve, possuir uma superfície de encosto
ajustável, resistente e confortável; o assento confortável, resistente e passível de
higienização; os descansos para os braços removíveis, com formato anatômico, com
apoio confortável e seguro; os apoios para os pés devem ser removíveis, com peseiras
anatômicas, passíveis de serem elevadas e giradas; rodas e rodízios devem possuir
travas, resistentes e de cil manejo. Estas cadeiras são indicadas para usuários maiores,
visto suas dimensões.
A cadeira “J” representada pela Figura 5 apresentou as descrições das críticas
ergonômicas contidas no Quadro 7.
39
(a)
(b)
FIGURA 5. Vista frontal (a) e lateral (b) da cadeira de rodas “J”. Fonte: Trabalho de
campo.
40
QUADRO 7. Avaliação ergonômica dos componentes da cadeira “J”
Componentes da cadeira de rodas Descrição da crítica ergonômica
Encosto
Plana e alta;
Confortável, de espuma com revestimento em courino;
Fácil higienização;
Presença de materiais perfurantes (rebites) na superfície
do encosto;
Assento
Base não rígida;
Modelo plano;
Confortável, de espuma com revestimento em courino;
Fácil higienização;
Presença de materiais perfurantes (rebites) na superfície
do assento;
Descanso para os braços
Bilaterais com protetor de roupas e apoio de braços em
borracha maciça (desconfortáveis);
Removíveis;
Revestimento de courino de fácil higienização;
Apoio para os pés
Ausência bilateral dos apoios para os pés;
Sem faixa para apoio para panturrilhas;
Apoio de cabeça
Apresenta apoio para cabeça removível e ajustável;
Cinto de segurança
Ausência de cinto de segurança (faixa torácica para
fixação do paciente);
Rodas e rodízios
Rodas traseiras infláveis e dianteiras sem as partes
maciças;
Freios bilaterais;
Base
Constituída em tubos de alumínio;
Estrutura em “X”;
41
A cadeira “J” foi reformada e apresenta características idênticas do primeiro
conjunto de cadeira já relatado. A superfície de encosto e assento é revestida em
courino, o que facilitava sua higienização. Entretanto, na tentativa de melhorarem estes
aspectos deixaram proeminentes materiais perfurantes (rebites) na superfície do encosto
e do assento. Houve ausências dos apoios dos pés, isso dificulta a sustentação do corpo
sentado, pois não há como suportar o peso das pernas e pés. Segundo Jorge e Alexandre
(2005) este dispositivo deve propiciar a posição do quadril em 90° com uma
manutenção da pélvis em boa posição.
A cadeira “L” representada pela Figura 6 apresentou as descrições das críticas
ergonômicas contidas no Quadro 8.
(a)
(b)
FIGURA 6. Vista frontal (a) e lateral (b) da cadeira de rodas “L”. Fonte: Trabalho de
campo.
42
QUADRO 8. Avaliação ergonômica dos componentes da cadeira “L”
Componentes da cadeira de rodas Descrição da crítica ergonômica
Encosto
Plana e baixa;
Desconfortável, sem espuma, com revestimento em
courino;
Fácil higienização;
Presença de materiais perfurantes (arrebites) na
superfície do encosto;
Reclinável;
Assento
Base não rígida;
Modelo plano;
Desconfortável, sem espuma, com revestimento em
courino;
Fácil higienização;
Presença de materiais perfurantes (arrebites) na
superfície do assento;
Descanso para os braços
Bilaterais com protetor de roupas e apoio de braços em
borracha maciça (desconfortáveis);
Removíveis;
Apoio para os pés
Ausência bilateral dos apoios para os pés;
Sem faixa para apoio para panturrilhas;
Apoio de cabeça
Ausência de apoio para cabeça;
Cinto de segurança
Ausência de cinto de segurança;
Rodas e rodízios
Rodas traseiras infláveis e dianteiras maciças;
Freios bilaterais;
Base
Constituída em tubos de ferro cromados;
Estrutura em “X”;
43
A cadeira “L” apresentava estrutura em “X” com tubos de ferros cromados, o que
a tornava muita pesada. Ela é plana, baixa e desconfortável, indicada para usuários
maiores. Diferencia-se das outras cadeiras por ser mais robusta e reclinável, porém sem
apoio das pernas. Segundo Scott (1999) é necessário ter apoio das pernas se uma cadeira
for inclinável, pois facilita uma postura mais confortável ao usuário. Sua superfície de
encosto e o seu assento é de courino, lavável, neles havia proeminentes materiais
perfurantes (parafusos) vindos de fábrica. Não apresentavam faixas de apoio de
panturrilha e dos apoios dos pés.
A cadeira “M” representada pela Figura 7 apresentou as descrições das críticas
ergonômicas contidas no Quadro 9.
(a)
(b)
FIGURA 7. Vista frontal (a) e lateral (b) da cadeira de rodas “M”. Fonte: Trabalho de
campo.
44
QUADRO 9. Avaliação ergonômicas dos componentes da cadeira “M”
Componentes da cadeira de rodas Descrição da crítica ergonômica
Encosto
Plano, alto e reclinável;
Confortável, de espuma com revestimento em nylon;
Retirável e lavável com fixação em velcro;
Ausência de materiais perfurantes (parafusos) na
superfície do encosto;
Assento
Base não rígida;
Modelo plano;
Confortável, com espuma, com revestimento em nylon;
Retirável e lavável com fixação em velcro;
Ausência de materiais perfurantes (parafusos) na
superfície do assento;
Descanso para os braços
Bilaterais com protetor de roupas e apoio de braços
acolchoados (confortáveis);
Removíveis;
Apoio para os pés
Bilaterais, ajustáveis com sistema de tilt, com pés
articulados (dobráveis);
Ausência do apoio do lado esquerdo;
Ausência de faixa para apoio para panturrilhas;
Apoio de cabeça
Apresenta apoio para cabeça removível e ajustável;
Cinto de segurança
Ausência de cinto de segurança (faixa torácica para
fixação do paciente);
Rodas e rodízios
Rodas traseiras infláveis e dianteiras maciças;
Freios bilaterais;
Base
Constituída em tubos de alumínio;
Estrutura em “X”;
45
A cadeira de roda “M” apresentava base em alumínio e em forma de “X”, seu
encosto era plano, alto, reclinável e confortável, confeccionado em espuma com
revestimento de nylon, podendo ser retirável e lavável com fixação em velcro.
Apresentava apoio para cabeça removível e ajustável, ausência de cinto de segurança
(faixa torácica para fixação do paciente) e de materiais perfurantes (parafusos) na
superfície do seu encosto. Seu assento plano estava sobre uma base não rígida,
confortável, em espuma, com revestimento em nylon, retirável e lavável com fixação
em velcro. Havia ausência de materiais perfurantes (parafusos) em sua superfície. Os
descansos dos braços eram confortáveis e removíveis. O apoio dos pés era bilaterais,
ajustáveis com sistema de graduação escalonado, característica vista somente nesta
cadeira, articulados (dobráveis), com ausência do apoio do lado esquerdo e da faixa para
apoio para panturrilhas.
A cadeira “N” (Figura 8) apresentou as descrições das críticas ergonômicas
contidas no Quadro 10.
(a)
(b)
FIGURA 8. Vista lateral (a) e frontal (b) da cadeira “N”. Fonte: Trabalho de campo.
46
QUADRO 10. Avaliação ergonômica dos componentes da cadeira “N”
Componentes da cadeira de rodas Descrição da crítica ergonômica(s)
Encosto
Plano e alto;
Desconfortável, não há espuma;
Assento
Ausência do espuma do assento;
Descanso para os braços
Bilaterais sem protetor de roupas e apoio de braços
um em borracha outro em madeira maciça
(desconfortáveis);
Removíveis;
Apoio para os pés
Ausência bilateral;
Ausência de faixa para apoio para panturrilhas;
Apoio de cabeça
Não apresenta apoio para cabeça;
Cinto de segurança
Ausência de cinto de segurança (faixa torácica para
fixação do paciente);
Rodas e rodízios
Rodas traseiras infláveis e dianteiras maciças;
Freios bilaterais;
Base
Constituída em tubos de alumínio;
Estrutura em “X”;
A cadeira “N” apresentou incompleta em seus componentes básicos, visto que
havia ausência da espuma da superfície de encosto, do assento e do apoio bilateral dos
pés. Seu apoio de braço do lado direito foi reformado em madeira. Percebeu-se que esta
cadeira necessita de reforma para melhor posicionamento no transporte e tratamento dos
usuários, visto que o apoio do pé segundo Bergen (1993) interfere diretamente na
postura dos membros inferiores, tônus e postura do tronco, cabeça e braços.
A cadeira “O” (Figura 9) apresentou as descrições das críticas ergonômicas
contidas no Quadro 11.
47
(a)
(b)
FIGURA 9. Vista frontal (a) e lateral (b) da cadeira de rodas O”. Fonte: Trabalho de
campo
48
QUADRO 11. Avaliação ergonômica dos componentes da cadeira “O”
Componentes da cadeira
de rodas
Descrição da crítica ergonômica
Encosto
Plano e alto;
Confortável, com espuma, com revestimento em courino;
Presença de materiais perfurantes (rebites) na superfície do
encosto;
Assento
Base não rígida;
Modelo plano;
Confortável, sem espuma, com revestimento em courino;
Há de materiais perfurantes (rebites) na superfície do assento;
Descanso para os braços
Bilaterais sem protetor de roupas e apoio de braços em borracha
maciça (desconfortáveis);
Removíveis;
Apoio para os pés
Ausência bilateral;
Faixa para apoio para panturrilha adaptada como apoios de pés;
Apoio de cabeça
Apresenta apoio para cabeça;
Cinto de segurança
Ausência de cinto de segurança (faixa torácica para fixação do
paciente);
Rodas e rodízios
Rodas traseiras infláveis e dianteiras maciças;
Freios bilaterais;
Base
Estrutura em “X”, constituída em tubos de alumínio;
49
A cadeira “O” apresentou além das dimensões, a mesma base, rodas e rodízios,
peso, largura, descanso dos braços que a cadeira “N”. Sua superfície de encosto em
courino foi caracterizada como plana, alta, confortável, entretanto houve presença de
materiais perfurantes (rebites) em sua superfície, assim como no seu assento.
Apresentou ausência bilateral dos apoios dos pés e também o cinto de segurança.
A cadeira “P” representada pela Figura 10 apresentou as descrições das críticas
ergonômicas contidas no Quadro 12.
(a)
(b)
FIGURA 10. Vista frontal (a) e lateral (b) da cadeira de rodas “P”. Fonte: Trabalho de
campo.
50
QUADRO 12. Avaliação ergonômica dos componentes da cadeira “P”
Componentes da cadeira de rodas Descrição da crítica ergonômica
Encosto
Plano e alto;
Desconfortável, com revestimento em nylon;
Ausência de materiais perfurantes (parafusos) na
superfície do encosto
Assento
Base não rígida;
Modelo plano;
Desconfortável, sem espuma, com revestimento em
nylon;
Ausência de materiais perfurantes (parafusos) na
superfície do assento;
Apoio abdutor;
Descanso para os braços
Bilaterais com protetor de roupas e apoio de braços
acolchoados (confortáveis);
Removíveis;
Apoio para os pés
Único;
Ajustável em parafuso;
Ausência de faixa para apoio de panturrilha;
Apoio de cabeça
Apresenta apoio para cabeça removível e ajustável;
Cinto de segurança
Ausência de cinto de segurança (faixa torácica para
fixação do paciente);
Rodas e rodízios
Rodas traseiras infláveis e dianteiras maciças;
Freios bilaterais;
Base
Monobloco em alumínio;
51
A cadeira “P” apresentou base monobloco em alumínio, superfície de encosto
plana, alta, desconfortável e sem cinto de segurança. Seu assento plano e desconfortável
(sem espuma) apresentou ausência de materiais perfurantes. Nela havia presença de um
apoio abdutor de quadril. Este adicional, segundo Ratliffe (2002) é com freqüência
erroneamente utilizado para manter a pelve do usuário para trás, entretanto se o usuário
estiver sem apoio posterior suficiente, ele pode deslizar para frente e encostar os
genitais nesta estrutura abdutora. Isto pode gerar desconforto e lesão. Os descansos
para os braços eram bilaterais com protetores laterais, removíveis e confortáveis. O
apoio para os pés é único, ajustável em parafuso e com ausência de faixa para apoio de
panturrilha. Foi caracterizada como leve com ausência de regulagem da largura, sendo
as rodas infláveis e os rodízios maciços.
A presença de material que aumenta pressão sobre um ponto do corpo, como pode
ser visto na Figura 11, foi visível em algumas cadeiras de rodas, tanto na superfície de
encosto quanto no assento. Isso pode favorecer o aparecimento de úlceras e atrapalhar o
processo terapêutico dos usuários, como pode ser observado nas cadeiras “D”, “G”,
“H”, “I” e “L”.
FIGURA 11. Presença de material pontiagudo no assento de cadeira de rodas. Fonte:
Trabalho de campo.
A conservação das cadeiras da APAE provocou alterações estruturais, o que
contribui para diminuição da sua vida útil. Assim o objetivo de sustentar, retificar,
corrigir e aumentar o vel de funcionalidade do usuário (BERGEN, 1993) não é
52
atingindo, o que acarreta prejuízos no desenvolvimento sensório e motor dos usuários.
Esta má conservação e falta de zelo são vistos nas Figuras 12 e 13.
FIGURA 12. Aspecto visual do apoio de da cadeira de rodas danificado. Fonte:
Trabalho de campo.
FIGURA 13. Ausência bilateral do apoio de pés da cadeira de rodas. Fonte: Trabalho de
campo
Para Bertoncello e Gomes (2002), a manutenção de cadeira de rodas é
relativamente fácil, visto que utilizam dispositivos e peças simples. Com o passar do
tempo irão precisar de manutenção e troca de peças. Sua qualidade pode ser aferida pela
53
necessidade de manutenção ou pelo tempo de uso percorrido entre a aquisição e a sua
primeira ação corretiva.
Quanto os aspectos ergonômicos, todas as cadeiras, independentemente da marca,
modelo e tipo, apresentaram problemas na adaptação frente aos usuários e ao seu uso.
Problemas no encosto, assento, apoio de braços e pés, rodas e rodízios foram
observados, o que acarreta dificuldades no posicionamento estático e dinâmico dos
usuários. Estes dados corroboram com os estudos realizados por Bertoncellos e Gomes
(2002).
4.2 Perfil Antropométrico dos Usuários de Cadeira de Rodas
Em março de 2008 havia 397 alunos matriculados na APAE de Caratinga, destes
52 eram usuários de cadeiras de rodas (29 do sexo feminino e 23 do sexo masculino). A
prevalência neste período foi de 14%. Os usuários com idade de 03 a 33 anos eram
portadores de patologias como encefalopatia crônica não evolutiva da infância (paralisia
cerebral), mielomeningocele e miopatia (distrofia muscular progressiva tipo Duchenne).
O perfil antropométrico dos usuários, importante para futuras adaptações e
aquisições de cadeiras de rodas está apresentado na Tabela 2.
TABELA 2. Perfil antropométrico (médias, desvio padrão, coeficiente de variação e
percentis dos usuários de cadeiras de rodas
Medida (cm)
Média e
desvio
padrão (cm)
Coeficiente
de variação
(%)
Percentil 5
(cm)
Percentil 25
(cm)
Percentil 50
(cm)
Percentil 75
(cm)
Percentil 95
(cm)
Largura dos
quadris
24,9 ± 5,70 22,89 17,60 20,00 24,80 29,00 34,80
Comprimento
da perna
31,17 ±
5,96
19,12 21,20 26,00 34,00 36,00 38,00
Comprimento
da coxa
36,21 ±
8,36
23,08 23,00 30,00 38,00 41,50 48,40
Altura das
costas
32,34 ±
8,23
25,47 20,20 27,00 34,00 37,50 41,80
Altura dos
braços
12,72 ±
3,44
27,04 7,60 11,00 12,00 14,00 18,40
54
Os resultados encontrados mostraram que 5% dos usuários de cadeira de rodas da
APAE tinham largura dos quadris abaixo de 17,60 cm, como indica o percentil de 5%
para esta medida, e que 5% dos usuários de cadeira de rodas possuíam largura de
quadris acima de 34,80 cm, de acordo com o percentil de 95%. Portanto 90% estariam
com largura de quadris entre 17,80 e 34,80 cm. Esta mesma analise é considerada para
as demais medidas referentes aos percentis 5% e 95%.
Assim para futuras adaptações e aquisições de cadeiras, a equipe de reabilitação
da APAE deve-se levar em considerações as medidas da Tabela 2, as quais são as mais
adequadas para as próximas prescrições de cadeiras, portanto uma cadeira que atende
aos usuários atualmente, suas medidas tem que estar entre: 17,60 a 34,80 cm de largura
dos quadris que equivale à largura do assento da cadeira; 21,20 a 38,00 cm de
comprimento da perna que equivale à altura do assento da cadeira; 23 a 48,40 cm de
comprimento da coxa que equivale à profundidade do assento da cadeira; 20,20 a 41,80
cm de altura das costas que equivale à altura do encosto da cadeira; e 7,60 a 18,40 cm
de altura dos braços que equivale à altura do braço da cadeira.
Diante da grande amplitude de idade do universo estudado, todos os coeficientes
de variações das medidas foram heterogêneos, pois todas estavam acima de 19%.
Segundo Doria Filho (1999) quanto menor for o coeficiente de variação, mais
homogênea será a amostra. Para Bussacos (1997) citado por Silva et al. (2001) quando
o coeficiente de variação for menor que 10%, pouca variabilidade na distribuição, ou
seja, todos os valores estão bem próximos do valor da média. Portanto evidenciou-se
que a grande variação de idade é um fator que dificulta a indicação de uma cadeira de
rodas adequada aos atuais usuários da APAE.
4.3 Recomendações Ergonômicas para as Cadeiras de Rodas
Após a adoção da medida largura do assento, altura do assento, altura do encosto e
altura do braço como medidas máximas (percentil 95%) e profundidade do assento
como medida nima (percentil 5%) a cadeira de rodas mais apropriada para os
usuários da APAE deveria apresentar as seguintes medidas: largura do assento de 34,80
cm, altura do assento de 38,00 cm, profundidade do assento de 23,00 cm, altura do
encosto de 41,80 cm e altura de braços de 18,40 cm (Tabela 3).
55
TABELA 3. Descrição dos valores encontrados, dos componentes básicos da cadeira de
rodas, indicadas aos usuários da APAE
Confrontando estas medidas com os dados da Tabela 2 foi possível perceber que
nenhuma cadeira de rodas da APAE está de acordo com as características
antropométricas de seus usuários. Percebe-se que a cadeira “Cé a que tem as medidas
antropométricas mais próxima da cadeira que supre as dimensões necessárias aos
usuarios. Somente a medida da profundidade do assento apresenta uma amplitude de
variação elevada, cerca de 12 cm. Para Panero e Zelnik (2002) citado por Fialho et al.
(2007), assentos com grande profundidade podem causar compressão nos tecidos e
gerar desconforto ao usuário. os assentos com pouca profundidade podem causar
falta de suporte na parte inferior das coxas, dando a sensação de insegurança
gravitacional. Entretanto, pequenos ajustes podem propiciar melhor adaptação dos
usuários por meio de aproximação do encosto, colocação de uma espuma de alta
densidade entre o usuário e o encosto da cadeira. Isso diminui a profundidade do
assento.
As recomendações ergonômicas quanto aos ajustes estruturais e nos componentes
básicos das cadeiras iniciaram com a indicação de colocação de espuma alta densidade
na superfície do encosto e assento das cadeiras que não apresentaram estes itens. Em
relação aos materiais perfurantes, uma solução seria a fixação de espuma para diminuir
a pressão sobre a pele dos usuários evitando possíveis ferimentos. Com relação a
segurança do usuário, as faixas torácicas poderiam ser trocadas por cintos pélvicos, em
forma de borboleta ou em “X”. Os quatro pontos de fixação permitem uma maior
cooptação na superfície do encosto e maior equilíbrio.
Medida (cm) Percentil 5 Percentil 25
Percentil 50
Percentil 75
Percentil 95
Medidas
adotadas
Largura dos
quadris
17,60 20,00 24,80 29,00 34,80 34,80
Comprimento
da perna
21,20 26,00 34,00 36,00 38,00 38,00
Comprimento
da coxa
23,00 30,00 38,00 41,50 48,40 23,00
Altura das
costas
20,20 27,00 34,00 37,50 41,80 41,80
Altura dos
braços
7,60 11,00 12,00 14,00 18,40 18,40
56
Em relação aos apoios de pés reguláveis, para as cadeiras de rodas que
apresentaram recursos que dispõem de um sistema de fixação em parafuso que
dificultou os ajustes individuais (Figura 14) foi indicada a troca do sistema por um
sistema idêntico ao da regulação do apoio de cabeça (Figura 15), sistema de rosca. Isto
já possibilitará os ajustes individuais em relação à altura do assento entre os usuários.
FIGURA 14. Sistema de fixação regulável (parafuso e chave) do apoio de pés de uma
cadeira. Fonte: Trabalho de campo
FIGURA 15. Sistema de fixação regulável (parafuso) do apoio de cabeça de uma
cadeira. Fonte: Trabalho de campo.
57
O apoio dos pés de uma cadeira de rodas pode ser regulado de acordo com o
tamanho do usuário através de uma rosca, possibilitando algumas graduações
(ZERBETTO e LANKAITES, 2002).
Para as cadeiras que não apresentaram apoio de pés foi indicada a colocação de
novas bases de suportes. Em relação aos descansos dos braços o acolchoamento foi
prescrito como recurso para torná-los mais confortáveis, além da colocação de
protetores laterais para as cadeiras que não os possuíam.
Os ajustes destes aparelhos ortóticos são um grande recurso de que a equipe que
lida com usuários de cadeiras de rodas deve usufruir. Segundo Galvão (2006), em seu
estudo, o apoio de pés de 42% dos usuários teve a necessidade de ajustes, como a
confecção de uma almofada para o suporte, ou substituição da peça do suporte para os
pés. Ainda, 36% dos usuários modificaram o sistema de assento (com ajuste de
profundidade), 36% regularam os apoios de braços, 33% tiveram seu cinto peitoral
recortado e outros 33% o apoio de cabeça foi regulado em altura ou profundidade. Estes
ajustes favorecem uma melhor adaptação do equipamento ortótico ao usuário de cadeira
de rodas.
58
5 CONCLUSÕES
Com base nos resultados desta pesquisa, conclui-se que:
Das 15 cadeiras de rodas da APAE que foram avaliadas
ergonomicamente, todas apresentaram seus valores dos componentes
básicos diferentes entre si, exceto as cadeiras “N” e “O” que possuíram o
mesmo modelo e tamanho. Nenhuma delas foi classificada quanto a
dimensão padrão sugerida por Scott (1989). Todas as cadeiras
apresentaram algum problema ergonômico quanto ao assento, encosto,
apoio dos braços e pés e rodas. As causas foram estruturais e de má
conservação.
A prevalência de usuários de cadeira de rodas da APAE em março de
2008 foi de 14%, 29 usuários do sexo feminino e 23 do sexo masculino,
sendo estes acometidos por encefalopatia crônica não progressiva da
infância, mielomeningocele e miopatias. O perfil dos usuários de cadeira
de rodas demonstraram uma grande amplitude de idade que se estendeu de
03 a 33 anos, portadores de doenças crônicas e perfil antropométrico
heterogêneo para as medidas largura dos quadris, comprimento da perna e
coxa, altura das costas e braços.
A cadeira “C”, atualmente, foi dentre os modelos de cadeiras avaliadas
a que apresentou as medidas antropométricas mais adequadas para os
59
usuários da APAE. Somente a medida de sua profundidade do assento
apresentou uma amplitude de variação elevada, cerca de 12 cm. Para
minimização deste problema foi sugerido o uso de espuma de alta
densidade entre a superfície de encosto e o usuário para diminuir a
profundidade do assento.
60
6 RECOMENDAÇÕES
1) Com base na avaliação ergonômica de cadeiras de rodas usadas na APAE de
Caratinga recomenda-se que nas futuras aquisições de cadeiras opte-se pela compra de
somente três modelos de cadeiras, segundo a classificação de Scott (1989). São elas: o
modelo adulto, o Júnior e o infantil, assim facilitariam o uso das cadeiras para vários
usuários em escala crescente e também as adaptações das cadeiras.
2) Em relação às adaptações das cadeiras aos seus usuários recomenda-se
adaptar as cadeiras o Maximo possível para cada usuário, visto que a APAE não dispõe
de recursos financeiros para aquisição de cadeiras de rodas para cada usuário.
3) Em relação aos componentes das cadeiras recomenda-se a troca das faixas
torácicas por cintos pélvicos e em forma de borboleta ou “X” para garantir uma melhor
postura, segurança e equilíbrio ao usuário, assim como a troca do sistema de fixação em
parafuso dos apoios de pés das cadeiras por sistemas de roscas e substituição dos apoios
de pés danificados. Já para os descansos dos braços, o acolchoamento foi prescrito
como recurso para torná-los mais confortáveis, somado a colocação de protetores
laterais para as cadeiras que não os possuíam.
4) Em relação à conservação e manutenção das cadeiras de rodas recomenda-se
que se faça um calendário de revisão semestral das cadeiras com intuito de repor peças e
61
realização de consertos básicos, ou sempre que necessário, para que se evite o
deterioramento das cadeiras de rodas da APAE.
5) Em relação a informações sobre cadeiras de rodas promover na APAE uma
sensibilização dos funcionários, onde esta terá a informação que a cadeira de rodas não
é somente um instrumento de transporte, mas também um instrumento terapêutico.
62
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65
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66
ANEXOS
67
ANEXO I: Termo de Consentimento Livre Esclarecido para realização da
pesquisa para a APAE – Caratinga – MG
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Caratinga – MG por meio do
seu Presidente autoriza o mestrando Christian Caldeira Santos, pesquisador do curso
de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade do Centro Universitário de
Caratinga (UNEC) a realizar em suas dependências a pesquisa AVALIAÇÃO
ERGONÔMICA DE CADEIRAS DE RODAS DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS E
AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS (APAE) NO MUNICÍPIO DE CARATINGA
MG, bem como posteriormente a publicação dos dados em eventos científicos e
acadêmicos.
______________________________________________________________________
Presidente da APAE de Caratinga – MG
Caratinga – MG, ________________de 2008.
68
ANEXO II: Termo de consentimento dos pais e responsáveis para realização da
pesquisa
Eu, _____________________________________________________________
portador (a) do RG _____________________ residente à rua
______________________________________________________________________
autorizo a participação do meu/minha filho(a)
_____________________________________________________________________
na pesquisa de mestrado intitulada AVALIAÇÃO ERGONÔMICA DE CADEIRAS
DE RODAS DA ASSOCIAÇÃO DE PAIS E AMIGOS DOS EXCEPCIONAIS
(APAE) NO MUNICÍPIO DE CARATINGA – MG, bem como autoriza a publicação
dos dados em eventos científicos e acadêmicos, estando ciente que esta pesquisa faz
parte do programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Sustentabilidade do Centro
Universitário de Caratinga – UNEC.
Ciente que esta pesquisa não traz risco a saúde dos participantes assino o
presente documento.
__________________________________________
Responsável
Caratinga, ___/ ___/ 2008.
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